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ANGELA MAZZEO RADIOFÁRMACOS: CONTROLE DE QUALIDADE, PRODUÇÃO E APLICAÇÕES DO TECNÉCIO SÃO PAULO 2007

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ANGELA MAZZEO

RADIOFÁRMACOS: CONTROLE DE QUALIDADE, PRODUÇÃO E APLICAÇÕES DO TECNÉCIO

SÃO PAULO 2007

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UniFMU: CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS

ANGELA MAZZEO

RADIOFÁRMACOS: CONTROLE DE QUALIDADE, PRODUÇÃO E APLICAÇÕES DO TECNÉCIO

Trabalho apresentado àdisciplina de Trabalho de Conclusão de Curso, do curso de Farmácia/FMU, sob a orientação do Prof. Dr. Hernani Aranha

São Paulo 2007

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“Grandes reimp

pequenas realizações."

Vincent Van Gogh

alizações não são feitas por ulso,mas por uma soma

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AGRADECIMENTOS

Agradeço pri orientar este

trabalho e pro toda dedicação e empenho a ele destinado

Agradeço à todos os funcionários da eio de Cultura do Instituto Butantan pelo apoio

Agradeço à todos aqueles que diret nte contribuíram para a conclusão deste trabalho

meiramente ao Prof. Dr. Hernani Aranha por ter aceitado

Sessão de M

a ou indiretame

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Resumo

os padrões exigidos, sendo

m

99m

mesmo câncer de próstata, uma

ez que o osso é uma via de disseminação do mesmo.

alavra-chave: radiofármaco, produção, controle de qualidade e tecnécio

Os radiofármacos são preparações farmacêuticas que apresentam em sua composição

um radionuclídio, que são geralmente, emissores de partículas gama. Estes são

utilizados para diagnóstico e monitoramento de doenças, enquanto os emissores de

partículas alfa e beta são empregados para tratamento de diversas patologias. O

processo de biotransformação está diretamente relacionado com a natureza radioativa do

composto, que incluem fatores como tipo de partícula emitida e tempo de meia-vida. Há

varias formas de se produzir radiofármacos, entre elas : geradores de molibdênio, kits

frios, kits liofilizados, kits com anticorpos marcados e a partir de células

autólogas.Assim como todo medicamento, as preparações radiofarmacêuticas devem ser

analisadas pelo Controle da Qualidade antes de sua expedição. O processo de produção

deve seguir as Boas Práticas de Fabricação, de modo que sejam realizadas ações

necessárias para que o produto seja manufaturado dentro d

que o produto tenha qualidade e que seja seguro e eficaz .

Um isótopo comumente empregado para a produção de radiofármacos é o 99 Tc, por

possuir um tempo de meia-vida curto ( 6 horas ) e baixo teor energético, o equivalente a

140KeV, não sendo prejudicial ao paciente.A cintilografia óssea é uma prática que

utiliza Tc associado com difosfonatos para a obtenção de imagens ósseas indicando

alterações teciduais tais como lesões, metástases e até

v

P

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Abstract

e nature of the compound, which includes factors as

99m

bone images indicating tissue alteration like

juries, metastasis and prostate cancer.

Key words: radiopharmaceuticals production, quality control, technetium.

Radiopharmaceuticals are medicines that have in its composition a radionuclide, gamma

particle emitter used on diagnoses and diseases monitoring. Those alpha and beta

particle emitter are used on several pathology treatments. The biotransformation process

is directly related to the radioactiv

emitted particle type and half-life.

There are many ways to produce radiopharmaceuticals, for instance: molybdenum

generators, cold kits, lyofilized kits, labeled antibodies kits and from autologous cells.

As any medicines, these radiopharmaceuticals must be analyzed by a Quality Control

before its release. The production process must follow the Good Manufacturing Practice

rules, which assures safe and effective products. The main isotope used on

radiopharmaceuticals is Tc, that have a short half-life (6h) and low energy content

(140keV) and does not jeopardize the patient health. Bone cintilography uses 99m Tc

associated to diphosphonates to obtain

in

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Lista de Figuras

igura 1………………………………………………………………………………12

igura 2………………………………………………………………………………13

igura 3………………………………………………………………………………15

igura 4………………………………………………………………………………21

igura 5………………………………………………………………………………22

igura 6………………………………………………………………………………23

igura 7………………………………………………………………………………28

igura 8………………………………………………………………………………29

igura 9………………………………………………………………………………30

igura 10……………………………………………………………………………..31

igura 11……………………………………………………………………………..35

igura 12……………………………………………………………………………..40

igura 13……………………………………………………………………………..48

igura 14……………………………………………………………………………..51

igura 15……………………………………………………………………………..52

igura 16……………………………………………………………………………..52

igura 17……………………………………………………………………………..54

igura 18……………………………………………………………………………...56

igura 19……………………………………………………………………………...56

igura 20……………………………………………………………………………...59

igura 21……………………………………………………………………………...61

igura 22………………………………………………………………………………65

igura 23………………………………………………………………………………68

F F F F F F F F F F F F F F F F F F F F F F F

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Figura 24………………………………………………………………………………69

igura 25………………………………………………………………………………69

igura 26………………………………………………………………………………70

igura 27………………………………………………………………………………71

igura 28………………………………………………………………………………74

igura 29………………………………………………………………………………79

igura 30………………………………………………………………………………80

igura 31………………………………………………………………………………80

igura 32………………………………………………………………………………83

igura 33………………………………………………………………………………85

igura 34………………………………………………………………………………86

igura 35………………………………………………………………………………87

igura 36………………………………………………………………………………88

igura 37………………………………………………………………………………89

F F F F F F F F F F F F F

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Lista de Tabelas

abela 1......................................................................................................................37

abela 2......................................................................................................................50

abela 3......................................................................................................................54

T T T

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Sumário

as..................................................................................29

1.0)INTRODUÇÃO 1.1)Radioatividade.........................................................................................................11 1.1.1) Histórico..............................................................................................................13 1.1.2)Descoberta do núcleo...........................................................................................14 1.2) Estrutura nuclear....................................................................................................16 1.2.1) Modelos nucleares..............................................................................................16 1.2.2) Cinética da desintegração nuclear......................................................................16 1.3) Isótopos..................................................................................................................16 1.3.1)Leis da Radioatividade........................................................................................18 1.4) Energia de ligação.................................................................................................19 1.5) Tipos de Decaimento.............................................................................................20 1.5.1) Radiação alfa......................................................................................................21 1.5.2) Radiação beta.....................................................................................................22 1.5.3) Radiação gama...................................................................................................23 1.6) Tempo de meia-vida..............................................................................................24 1.7)Reações nucleares: preparação de radioisótopos...................................................25 1.8) Fissão....................................................................................................................26 1.9) Fusão.....................................................................................................................27 1.10) Contadores..........................................................................................................28 1.11) Aceleradores de partícul 2.0) DESENVOLVIMENTO 2.1)Farmácia nuclear....................................................................................................32 2.2)Visão geral da indústria radiofarmacêutica..........................................................33 2.3)Radiofármacos........................................................................................................34 2.3.1) Reações adversas................................................................................................35 2.3.2)Principais radiofármacos de uso clínico..............................................................36 2.4)Obtenção de imagens.............................................................................................38 2.5) Biotransformação..................................................................................................40 2.6) Características ideais.............................................................................................42 2.7) Produção................................................................................................................44 2.7.1)Pronto para uso....................................................................................................48 2.7.2) “ kits”..................................................................................................................49 2.7.2.1) “ kits liofilizados”............................................................................................51 2.7.3) Geradores de radionuclídeos..............................................................................54 2.7.4) Precursores.........................................................................................................58 2.7.5) Marcação de anticorpos monoclonais................................................................58 2.7.5.1)Método direto...................................................................................................59 2.7.5.2)Método indireto................................................................................................61 2.7.6)Armazenamento...................................................................................................62 2.8)Controle de qualidade.............................................................................................63 2.8.1)Radiocromatografia.............................................................................................65 2.8.2)Controle de qualidade no gerador de tecnécio....................................................67 2.8.3)Controle físico-químico de radiofármacos..........................................................68 2.8.3.1)Pureza química.................................................................................................68 2.8.3.2) Característica física.........................................................................................69

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2.8.3.3) Característica organoléptica.............................................................................69 2.8.3.4) pH e força iônica..............................................................................................70 2.8.3.5) Umidade...........................................................................................................71 2.8.3.6) Teste de dissolução..........................................................................................72 2.8.4) Controle radioquímico........................................................................................73 2.8.4.1) Pureza radionuclídea........................................................................................73 2. 8.4.2)Concentração radioativa..................................................................................73 2.8.4.3) Atividade específica.........................................................................................74 2.8.5) Microbiológico....................................................................................................75 2.8.5.1) Esterilidade......................................................................................................75 2.8.5.2) Apirogenicidade...............................................................................................76 2.10)Garantia de qualidade............................................................................................77 2.10.1)Boas práticas de fabricação................................................................................77 2.10.2) Validação...........................................................................................................78 2.11) Tecnécio................................................................................................................79 2.11.1)Aplicação na cintilografia óssea.........................................................................83 2.11.2) Mecanismo de localização.................................................................................85 2.12)Imagens..............................................................................................................,...88

.0)CONCLUSÃO.........................................................................................................91

.0) REFERÊNCIAS.....................................................................................................93

.0) ANEXO..................................................................................................................100

3 4 5

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1.0) Introdução

1.1) Radioatividade

A radiação é um fenômeno no qual ocorre a transição de energia através da

matéria. Esta pode ser classificada de duas maneiras:

a) radiação corpuscular; que possuem sua origem em desintegrações nucleares naturais

ou artificiais ( radioisótopos)

b)radiações eletromagnéticas, que refere-se à propagação da energia através do

espaço.(FREITAS, 2000).

As radiações também podem ser produzidas por explosão, sendo classificadas de

como:

a)radiação instantânea: que ocorre com a propagação de nêutrons raios gama

abrangendo uma região de vários quilômetros quadrados

b) radiação residual: esta pode causar graves danos em zonas afastadas, mesmo que

estas não tenham sido atingidas pela explosão.Um clássico exemplo disso são os

produtos da fissão oriundos de elementos remanescentes de uma bomba nuclear,

permitem com que a radiação permaneça por dias, meses ou até mesmo anos.(

ENCARTA, 1999)

O terno radiação ionizante refere-se a processos nos quais se tem uma grande

quantidade de energia capaz de ionizar uma molécula .Neste caso, se encontra um

elétron no estado excitado consumindo uma quantidade de energia cujo valor é igual à

diferença das energia de ligação dos 2 orbitais considerados, representando desta forma

que para se ionizar um átomo é necessário utilizar uma energia igual à sua energia de

ligação.( TUBIANA, 1989).

Por meio de interações de ondas eletromagnéticas com a matéria , é possível

desencadear uma série de ionizações, através das quais haverá processos de dissipação

de energia , ocorrendo a transferência da mesma para átomos e moléculas. A radiação

ionizante também pode ser produzida por feixes de partículas que contenham massa, por

isso que elétrons de alto valor energético , como por exemplo partículas oriundas de

desintegrações nucleares , são consideradas radiações ionizantes.(BIRAL, 2002)

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No entanto, para que se possa compreender melhor este fenômeno é necessário o

conhecimento sobre a estrutura atômica.O átomo representa a menor parte de um

elemento , sendo este indivisível, e sua organização eletrônica está relacionada com o

elemento químico a que pertence.Cada átomo possui um núcleo com carga elétrica

positiva, elementos desprovidos de carga (denominados nêutrons) e ao seu redor estão

partículas negativas denominadas elétrons , que estão organizados em orbitais.(

LANGLAND, 2002)

A trajetória destes elétrons nos orbitais está relacionada com o nível de energia

que possuem, pois os mesmos são mantidos em seus orbitais pela energia de ligação,

que é maior nas camadas internas e menor nas camadas mais externas.No entanto, um

elétron pode ocupar um estado de energia maior , permanecendo assim em um estado

denominado excitado.(FREITAS, 2000).

Figura 1 :Estrutura do átomo: prótons, elétrons e nêutrons

Fonte: TAUHATA, 2002

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1.1) Histórico

1.1.1) Radioatividade

A história da radioatividade tem início em 1895, quando Wilhelm Roentgen

descobriu o raio-X , produzido por uma descarga elétrica, enquanto percorrida por um

gás a baixa pressão. Este tipo de radiação durante sua emissão tinha a capacidade de

penetrar objetos materiais, ao mesmo tempo que, o tubo de vidro no qual se aplicava a

descarga elétrica ficava com coloração fluorescente, relacionando assim uma ligação

entre os raio-X e a fluorescência.( HARVEY, 1969).

Este fato pode ser explicado pelo fato dos elétrons, quando acelerados em um

campo elétrico , colidem com o alvo metálico, reduzindo assim sua energia cinética e

mudando de direção , e alguns deles, emitem a diferença de energia na forma de ondas

eletromagnéticas, denominadas raio-X. Quanto maior a tensão aplicada no tubo , maior

será a energia produzida e consequentemente maior será o poder de penetração .(

TAUHATA, 2002).

Figura 2: Captura eletrônica e emissão de raio-X

Fonte: TAUHATA, 2002

Anterior ao advento de Roentgen, o cientista Henry Becquerel, já realizava

estudos com substâncias fluorescentes, e após a descoberta dos raio-X, Becquerel

começou a analisar as substâncias com que trabalhava a fim de verificar se as mesmas

emitiriam raio-x. (HARVEY,1969).

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Estudando a fluorescência de sais de urânio, Becquerel em 1896, verificou que

este liberava um novo tipo de radiação sendo capaz de escurecer uma chapa fotográfica,

de modo que a velocidade de emissão é diretamente proporcional à concentração da

amostra (MASTERTON, 1990)

Em 1898, Marie Sklodowska Curie e Pierre Curie , na tentativa de descobrir um

novo elemento químico isolaram a partir de uma tonelada de minério um grama de um

elemento que chamaram de Polônio em homenagem à Polônia( país de origem de

ambos). Posteriormente, os Curie conseguiram isolar um outro elemento: o rádio.Estes

adventos citados acima garantiram para os Curie e Becquerel o Prêmio Nobel da Física

em 1903.( MASTERTON, 1990)

No mesmo ano, Ernest Rutherford , caracterizou 2 tipos de radiações: alfa(

formada por partículas de carga positiva) e beta( partículas de carga negativa).As

partículas alfa sofriam um desvio menor , possuindo portanto uma massa maior em

relação à beta, Paul Villard, em 1900 identificou um terceiro tipo de radiação: a gama,

que não apresentava carga elétrica.( PERUZZO, 2001).

As radiações alfa e beta são corpusculares , enquanto a gama é uma onda

eletromagnética, semelhante ao raio-X , diferenciando-se apenas pelo conteúdo de

energia, pois os raios gama não são afetados pelo campo elétrico.( KOTZ, 2002)

Com esta variedade de conhecimentos sobre radioatividade , elementos

denominados radiofármacos forma introduzidos na prática médica com a finalidade de

examinar o organismo avaliando suas funções. Soluções de iodeto de sódio já eram

utilizadas em 1923 para urografia e angiografia. Posteriormente o dióxido de tório foi

introduzido para a realização de arteriografia cerebrais, no entanto, estes agentes

causavam inúmeras reação adversas. Em 1928, Swick introduziu derivado de iodado da

piridona.(KOROLKOVAS, 1988).

1.1.2) Descoberta do núcleo

Em 1897, J.J. Thomson admitiu que os elétrons deveriam fazer parte de uma

estrutura atômica e que pelo fato do átomo ser eletricamente neutro deveria haver

alguma estrutura que estabilizasse a carga negativa dos elétrons. (HARVEY, 1969).

J.J. Thomson apresentou um modelo atômico denominado “ pudim de passas”. Neste

modelo a carga positiva do átomo estava localizada por todo seu volume e os elétrons (

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as “passas” ) se encontravam vibrando em torno de pontos fixos no interior dessa esfera

de carga representada pela figura do “pudim”.( HALLIDAY, 1995)

Figura 3. Ilustra do modelo atômico de Thomson também denominado “pudim de

passas”

Fonte: RIBEIRO, 2007

Rutherford queria lançar partículas alfa em uma folha metálica delgada e medir

seu desvio ao atravessar a mesma .Sendo as partículas alfa 7300 vezes mais pesada do

que os elétrons e emitidas espontaneamente, para surpresa do cientista, uma fração

muito pequena destas partículas foram espalhas com ângulos de aproximadamente 180

graus.Logo, Rutherford concluiu que para haver o desvio da partícula alfa, teria que

haver uma força muito grande que somente seria obtida se a carga positiva do átomo ao

invés de estar espalhada, como sugeria Thomson , esta estivesse no centro do átomo.(

HALLIDAY,1995)

Ernest Rutherford e colaboradores introduziram o conceito de que o átomo é

indivisível e que teria um núcleo pesado , com carga positiva e vários elétrons com

carga negativa, cujo número varia de acordo com o elemento.( TAUHATA, 2002).

No mesmo ano, Ernest Rutherford , caracterizou 2 tipos de radiações: alfa(

formada por partículas de carga positiva) e beta( partículas de carga negativa).As

partículas alfa sofriam um desvio menor , possuindo portanto uma massa maior em

relação à beta. Em 1932 o cientista James Chadurck descobriu através de seus

experimentos que um outro tipo de partículas era produzida em conseqüência do

bombardeamento de partículas alfa no berílio, esta apresentava massa cujo valor era

igual da massa do próton. No entanto, este tipo de partícula não apresentava carga

elétrica, sendo assim chamada de nêutron.( HARVEY,1969).

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1.2) Estrutura nuclear

Atualmente o modelo nuclear compreende prótons , elétrons e nêutrons.O

número de prótons é chamado de número atômico cujo símbolo é Z e o número de

nêutrons é representado por sua vez pelo símbolo N e a relação entre o número total de

prótons e nêutrons ( número de massa) em um núcleo é representado pela letra A, sendo

que seu valor pode ser calculado a partir da seguinte fórmula:

A= Z+N

Por exemplo o elemento químico ouro( 197Au ) possui número atômico igual a

79 e número de massa 197, aplicando-se a fórmula descrita acima verifica-se que o

número de nêutrons é 118.( HALLIDAY, 1995)

1.2.1) Modelos nucleares

Quanto aos modelos nucleares pode-se ter os seguintes:

a) Modelo da gota líquida da estrutura nuclear: este modelo propõe que os núcleos

colidam constantemente e que se forme um núcleo composto, com uma vida

relativamente longa , quando um núcleo faz a captura de um projétil .

b)Modelo da partícula independente: a estrutura nuclear propõem que cada núcleo se

movimente , sem a presença de colisões , em uma órbita quantizada dentro do núcleo.O

modelo prediz os níveis de núcleos e os números dos mesmos de associados à camadas

fechadas de núcleons ; os nuclídios com qualquer um destes números de nêutrons ou

prótons são particularmente estáveis .

c)Modelo coletivo: neste os núcleons extras se movem em órbitas quantizadas em torno

de um cerne central de camadas fechadas , tem muito êxito na previsão de muitas

propriedades nucleares .( HALLIDAY, 1995)

1,2,2)Cinética de desintegração nuclear

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A cinética de desintegração nuclear é representada pela velocidade de

desintegração que é diretamente proporcional a quantidade de núcleos instáveis

encontrados na amostra. Na fórmula da velocidade de desintegração, k representa a

constante de proporcionalidade; t é o tempo e N a quantidade de núcleos “ pais” em uma

determinada amostra como mostra a equação:

Velocidade de desintegração = - dN / dt

Sendo esta portanto uma reação de primeira ordem, a qual segue a cinética de primeira

ordem cuja fórmula descreve N como o número de núcleos “pais” quando tempo t,

sendo No equivalente a zero como pode ser visualizado na equação abaixo.(RUSSEL,

2004)

ln N /No = - kt

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1.3) Isótopos

São nuclídeos que possuem o mesmo valor de Z( número atômico) e diferentes

quantidades de nêutrons.( HALLIDAY, 1995)

Atualmente é de conhecimento de que os elementos químicos apresentam

diversos isótopos, alguns produzidos artificialmente e outros naturalmente . Pode-se

citar, como exemplo os isótopos do oxigênio ; todos possuem núcleo com 8 prótons e

seus isótopos possuem 8, 9 ou 10 nêutrons são de origem natural, enquanto aqueles com

6, 7, 11, ou 12 nêutrons são de origem artificial.( HARVEY, 1969).

1,3,1) Leis da Radioatividade

1ª lei da radioatividade: Lei de Soddy, 1911

A 4 A -4

X = α + Y

Z 2 Z -2

Quando o núcleo de um átomo emite uma partícula α , o seu número de massa

diminui 4 unidades e o seu número atômico 2 unidades. (ETAPA, 1986)

2ª lei da Radioatividade: Lei de Soddy-Fajjans e Russel, 1913

A 0 A

X = β + Y

Z -1 Z+1

Quando o núcleo de um átomo emite uma partícula β o seu número de massa não

se altera e seu número atômico aumenta 1 unidade.( ETAPA, 1986)

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1.4) Energia de ligação

A energia de ligação nuclear pode ser definida como a quantidade de energia

utilizada para decompor um núcleo em prótons e nêutrons.( HALLIDAY, 1995)

Albert Einstein em 1905 , postulou a Teoria da Relatividade, na qual

demonstrava a relação entre massa e energia (E) , alegando que a energia contida em um

corpo é diretamente proporcional à sua massa (m) multiplicada pela velocidade da

luz(c) elevada ao quadrado como pode ser observado na equação (1).Logo a variação de

energia quando ocorre variação de massa é dada pela equação (2).( KOTZ, 2002)

(1) E= m.c2

(2) ΔE= (Δm)c2

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1.5) Tipos de decaimento

Estudos realizados por Rutherford em 1990, demonstraram que o decaimento de

uma substância radioativa não era constante em relação ao tempo , sendo portanto uma

característica do elemento radioativo ter sua diminuição exponencialmente em relação

ao tempo, indicando assim um processo estatístico. Fatores como pressão e temperatura

exercem um efeito desprezível ou até mesmo nulo sobre a taxa de desintegração do

núcleo radioativo. A equação da lei de decaimento é expressa por:

N = No e -λt

Onde N representa o número de núcleos remanescentes no tempo t , No indica a

quantidade de núcleos no tempo tempo t igual a zero, λ a constante de desintegração.A

atividade (R) da substância radioativa será representada pelo número de desintegrações

radioativas por unidade de tempo, tendo Ro atividade equivalente no tempo zero

R = λ N = Roe --λt

No Sistema Internacional ( SI) tanto a atividade radioativa quanto a taxa de

desintegração são indicados em becquerel( Bq) por segundo

1 Bq = 1 desintegração /s

Todavia a unidade curie (Ci) é utilizada para indicar todos os tipos de radioatividade,

onde a equivalência entre Ci e Bq é dada pela equação:

1Ci = 3,7 X 1010 desintegrações por segundo = 3,7 X 1010 Bq

Entretanto pelo fato de 1 Ci indicar o decaimento por 1 grama de rádio, consistindo em

uma unidade de grande valor numérico, também pode-se empregar unidades como

milicurie (mCi) e microcurie ( μCi)..(TIPLER, 1999)

1.5.1)Radiação alfa (α)

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Este tipo de radiação ocorre quando o número de prótons e nêutrons é

aumentado, tornando o núcleo instável como consequência da repulsão elétrica entre os

prótons , podendo ocasionar a emissão por parte do núcleo de partículas constituídas por

2 prótons e 2 nêutrons ( núcleo de 4He), descartando 2 cargas elétricas positivas ( 2

prótons e 2 nêutrons) totalizando 4 núcleons.Os elementos que emitem partículas alfa,

possuem número atômico elevado, de modo que a emissão pode ocorre até

espontaneamente.( TAUHATA, 2002)

Segundo autores não existem isótopos estáveis com número atômico maior que

83 , a grande parte destes emitem radiação alfa com o intuito de estabilizar o núcleo. Por

ser portadora de 2 cargas positivas a perturbação causada por esta em movimento é

maior do que a de um elétron de alta energia. Sabendo disso , percebe-se que a perda de

energia é maior quando ocorrem colisões( BIRAL, 2002).

Os raios alfa, por serem núcleos de hélio são pesados e provocam ao longo de

sua trajetória , ionizações muito próximas umas das outras, possuindo um percurso

curto.( TUBIANA, 1989).

Figura 4: Emissão de partícula alfa pelo núcleo

Fonte: TAUHATA, 2002

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A meia-vida de um núcleo que emite partículas alfa está diretamente relacionada

com a energia, porque aquelas que emitem partículas de alto valor energético , possuem

tempo de meia-vida curto.( HARVEY, 1969).

1.5.2)Radiação beta(β)

É emitida por núcleos de massa pequena ou intermediária, por meio de elétrons

oriundos do núcleos com carga positiva (β+) e negativa (β-), devido ao excesso de

prótons ou nêutrons em relação a sua forma estável.( TAUHATA, 2002)

As partículas beta possuem maior alcance e menor taxa de perda de energia, no

entanto pelo fato de serem menores ao colidirem provocam mudanças bruscas em suas

trajetórias, exigindo que o material de onde é incidida seja blindado por chumbo.(

BIRAL, 2002).

Figura 5: Ilustração de emissão beta

Fonte: : TAUHATA, 2002

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1.5.3)Radiação gama(γ)

Após a emissão alfa ou beta, há elétrons no núcleo que ficaram fora do seu

estado de equilíbrio, estando assim excitados, e ao atingirem o estado fundamental

liberam esse excesso de energia sobre a forma de ondas eletromagnéticas denominada

radiação gama.( TAUHATA, 2002)

Este tipo de radiação é produzido quando ocorre transições no interior do núcleo

de um átomo radioativo, sendo esta na prática fótons com elevado valor energético(

maior do que a emitida pelo raio-X). Neste caso o núcleo não ocorre transmutação por

parte do núcleo, sendo este processo chamado de isomérico, pois não ocorre mudança

no número de prótons, e sim liberação da energia para fora do núcleo, este intervalo de

tempo é denominado meta-estável.A emissão de raios gama ocorre geralmente após a

emissão de partículas alfa e beta.( BIRAL, 2002).

Figura 6: Emissão da radiação gama por parte do núcleo

Fonte: TAUHATA, 2002

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1.6) Tempo de meia-vida ( t ½ )

O tempo de meia-vida refere-se ao tempo necessário para reduzir à metade a

atividade de um radionuclídeo , sendo esta uma característica de cada elemento

independente de suas propriedades físico-químicas .( OLIVEIRA, 2006)

No momento em que o núcleo se encontra instável ( com excesso de energia) os

componentes do mesmo tendem a se acomodar em um estado de menor energia , para

isto emitem partículas liberando o excesso de energia e ficando mais estáveis.( BIRAL,

2002)

Segunda a Farmacopéia Brasileira (1977), a velocidade de decaimento

radioativo é constante, dependendo diretamente da característica do radioisótopo, o

tempo de meia –vida é a constante de transformação( λ )

Tempo de meia-vida = 0,693 / λ

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1.7) Reações Nucleares : preparação de radioisótopos

Os radioisótopos podem ser preparados em laboratório por meio de reações de

bombardeamento , através da qual um núcleo é convertido em núcleo radioativo .Um

exemplo clássico deste fenômeno é o que acontece com o 27Al. Este absorve um

nêutron e forma 28 Al que se apresenta na forma instável , que ao decair forma o isótopo 28 Si, que é estável.

Bombardeamento:

27 28

Al + 10 n = Al

13 13

Decaimento:

28 28 -0

Al = Si + e

13 14 1

A velocidade de decaimento radioativo pode ser medida a partir do número de

partículas liberadas por unidade de tempo por meio de uma aparelho chamado contador

Geiger.( MASTERTON, 1995)

A velocidade de decaimento esta relacionada diretamente com a concentração

como mostra a lei da velocidade de primeira ordem na equação abaixo:

Log10 Xo/ X = kt /2,30

Onde Xo a quantidade de radioativo no tempo zero; X a quantidade de radioativo após o

tempo t ; k a constante de primeira ordem, sendo que o valor de k pode ser calculado

através da expressão: k = 0,693/ t 1/2 .( MASTERTON, 1995)

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1.8) Fissão nuclear

Alguns anos após a descoberta do nêutron, em Roma, Enrico Fermi e

colaboradores observaram que novos elementos radioativos poderiam ser produzidos se

fossem bombardeados por nêutrons na forma de projéteis. Fermi previu que o nêutron

seria um bom projétil nuclear pois este ao contrário dos prótons e das partículas alfa,

não sofrem ação da força coulombiana repulsiva quando se aproxima da superfície do

núcleo.Em 1939 os cientistas Otto Hahn, Fritz Strassman e colaboradores deram

continuidade ao trabalho de Fermi, usando nêutrons térmicos (nêutrons em equilíbrio

térmico com a matéria e a temperatura ambiente) para bombardear soluções de sais de

urânio.Posteriormente descobriu-se que o núcleo de urânio podia se dividir em duas

partes após ter absorvido o nêutron térmico oriundo do processo de fissão como mostra

a equação abaixo:

235 U + n = 236 U = 140 Xe + 94 Sr + 2N

Os fragmentos de Xe e Sr são muito instáveis e na tentativa de se tornar mais estável,

emitem nêutrons na forma de partículas beta.( HALLIDAY, 1995)

Vale ressaltar que a reação de fissão nuclear pode produzir mais nêutrons do

que o necessário de modo para desencadear uma reação em cadeia são utilizados

somente 1 nêutron, no entanto a reação catalisada por ele pode gerar, por exemplo 3

nêutrons que irão induzir mais 3 reações de fissão que produzirá 9 nêutrons, sendo esta

seqüência denominada reação em cadeia .Em um reator nuclear a velocidade de fissão

pode ser controlada através do uso de barras de cádmio ou qualquer outro elemento que

absorva nêutrons , de modo que a adição ou redução de barras no interior do reator pode

aumentar ou diminuir a velocidade do processo.( KOTZ, 2002)

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1.9) Fusão nuclear

Este processo corre quando 2 núcleos ( leves ) se unem para formar um núcleo

maior a partir da repulsão coulombiana que evita que 2 partículas se unam por

consequência de forças nucleares atrativas.( HALLIDAY, 1995).

Neste processo a quantidade de energia gerada é muito grande. O controle da

fusão pode ser conseguido desde que sejam cumpridos os seguintes requisitos: alta

temperatura, o plasma deve estar armazenado durante um determinado tempo para que

ocorra a liberação de energia e esta deve estar na forma mais passível de

aproveitamento.Quando a temperatura está alta, a matéria se encontra no estado de

plasma .( KOTZ, 2002)

O aparelho utilizado para o processo de fusão é o tokamak ( “ câmara magnética

coloidal” ). Neste as partículas no estado de plasma ficam presas em um campo

magnético e a força magnética atua sobre as cargas em movimento, impedindo desta

forma que o plasma atinja as paredes.( HALLIDAY, 1995)

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1.10) Contadores

O contador é um instrumento utilizado para medir a radiação através da

contagem de partículas alfa, beta, gama e elétrons; podendo ser utilizado para um ou

dois tipos de partículas.Outra função deste aparelho é a de medir o teor de energia das

partículas diferenciando quanto ao tipo de radiação.O contador Geiger foi o primeiro

equipamento utilizado para contar partículas.( TAUHATA, 2002)

Figura 7: ilustra um contador de Geiger

Fonte: BECKETT, 1988

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1.11) Aceleradores de partículas

O processo de aceleração de partículas é dado por campos elétricos ,

eletromagnéticos e magnéticos os quais geram feixes intensos de partículas cujo valor

energético é variável. Há 3 principais tipos de aceleradores: os de elétrons, os de Van

der Graaff e os ciclotrons.No acelerador por elétrons, os mesmos são gerados por

emissão termoiônica, em seguida carregados por uma onda estacionária até atingir a

energia desejada .Já no acelerador de Van der Graaff são gerados campos eletrostáticos

de alta voltagem e os ciclotrons usam da diferença de potencial elétrico juntamente com

o campo magnético para defletir o feixe.(HALLIDAY, 1995)

Figura 8: Acelerador de Van der Graaff

Fonte: TAUHATA, 2002

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Figura 9: Esquema de um ciclotron

Fonte : TAUHATA, 2002

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Figura 10: Acelerador de elétrons

Fonte: TAUHATA, 2002

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2.0) Desenvolvimento

2,1) Farmácia nuclear

A primeira especialidade da área farmacêutica a ser reconhecida pelo Board of

Pharmaceutical Specialties ( BPS) foi a Farmácia nuclear, nesta o objetivo central é

associar o conhecimento técnico-científico do profissional farmacêutico visando a

promoção de saúde para o indivíduo que faz uso de radiofármacos , seja para

diagnósticos, seja para tratamento ; e também assegurando que as preparações

radiofarmacêuticas sejam seguras e eficazes. Nesta atividade o farmacêutico deve ter

uma visão macroscópíca (que envolve conhecimentos de medicina nuclear e suas

respectivas vantagens e desvantagens) e microscópica que envolve todo o processo de

manufatura). A prática da farmácia nuclear envolve s seguintes ações:

• Aquisição de radiofármacos e produção

• Controle de qualidade

• Dispensação

• Distribuição

• Implantação de procedimentos operacionais padrão ( pop)

• Prática de proteção contra radiação

Grande parte das preparações radiofarmacêuticas são administradas via intravenosa ,

portanto é responsabilidade do farmacêutico nuclear garantir que o produto esteja

estéril e revisar a prescrição ou pedido do hospital antes da administração da mesma.

Para tanto o farmacêutico deve fazer cálculos de dosagem e decomposição radioativa

para evitar maiores riscos de contaminação por parte do paciente. Outra competência do

farmacêutico nuclear deve ser a habilidade de passar informações requeridas sobre o uso

clínico de radiofármacos, em especial propriedades farmacocinéticas, efeitos adversos,

posologia, vias alternativas de administração e os cuidados especiais em caso de

gravidez e crianças.( ANSEL, 2000)

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2.2) Visão geral da indústria radiofarmacêutica

Indústrias farmacêuticas como Searle, Roche, Merck, Abbott e Squibb,.

investiram na produção de radiofármacos buscando se diferenciar no mercado. A

quantidade de produto utilizado na prática clínica é pequena quando comparada à

posologia de drogas tradicionais , contudo o radiofármaco apresenta um elevado preço

por dose. Esta realidade choca-se com a situação do mercado( pacientes utilizam drogas

repetidamente).O mercado, tende a crescer devido a uma forte tendência das empresas

investirem no desenvolvimento de radiofármacos para terapia baseados no utilizado

para diagnóstico, todavia, na medicina nuclear nem sempre a eficácia de um produto

justifica seu sucesso em termos mercadológicos, sendo que existem alternativas

comprovadas e disponíveis para consumo. Produtos radiofarmacêuticos exigem do

fabricante uma posição pró-ativa, de modo a providenciar um suporte adequado para o

produto e ampla cobertura para atender os consumidores , As empresas de radifármacos

tem mantido o preço de seus produtos numa faixa similar para os agentes de contraste

especializados para a aplicação de imagem de radiologia, tomografia computadorizada e

ressonância magnética. Esta postura tem feito com que o preço desses agentes sofra

redução como consequencia da competição.(SATO, 2006)

Segundo a Comissão Nacional de Energia Nuclear(CNEN), o custo de um

radiofármaco para diagnóstico é de R$64,48 para cada 1mCi e a cada mCi adicionado,

aumenta R$44,03 no valor total .(IEN, 2007)

Os preços de radiofármacos empregados na terapia são mais elevados dos que os

tradicionais radiofármacos , um exemplo é o Zvalin® que custa 21800 dólares por

dose. (SATO, 2006)

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2.3) Radiofármacos

As preparações radiofarmacêuticas são drogas que apresentam em sua

composição um radionuclídeo sendo utilizado para diagnóstico ou tratamento de

doenças. ( LIU, 1999)

Através deste advento, se obteve imagens de tecidos órgãos e sistemas do corpo

humano da emissão de radiação gama por parte dos mesmos( TAUHATA, 2002)

Os radiofármacos podem ter em sua composição moléculas orgânicas,

inorgânicas ou macromoléculas. Estes fármacos podem ser classificados de duas

maneiras: aqueles cujo processo de biotransformação é determinado pelas

características físico-químicas e aqueles que possuem um alvo específico que pode ser

um receptor ou uma estrutura biológica.( LIU, 1999) .

Fatores como a estabilidade e o comportamento fisiológico são aspectos de

grande importância no desenvolvimento de um radiofármaco, pois “ in vivo’’ , o

fármaco pode se comportar de modo diferente em relação ao modelo químico em

termos de termodinâmica , levando-se em consideração que o pH do sangue é 7,4 e que

a temperatura corpórea é de 37°C. Os metais são uma fonte para o desenvolvimento de

radiofármacos através de uma alteração no ambiente ao redor do metal permitindo uma

ligação específica “ in vivo ” visando sua incorporação junto a molécula. A estabilidade

do composto depende de sua geometria molcelular e propriedades químicas. (

JURISSON, 1993)

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Figura 11: Estão ilustrados na tabela periódica a seguir, os principais metais utilizados

na produção de radiofármacos, o tipo de radiação emitida por cada um ( alfa, beta ou

gama) é indicado de acordo com a legenda.

Figura 11: Metais utilizados na produção de radiofármacos, o tipo de radiação emitida

por cada um

FONTE: JURISSON, 1993

2.3.1) Reações adversas

Administração de radiofármacos libera no organismo o mesmo teor de

radioatividade quando o indivíduo é exposto a radiação ionizante , contudo durante a

fase de reprodução, onde as células estão se multiplicando continuamente, são mais

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sensíveis aos efeitos da radioatividade. Quando o indivíduo é exposto a altas doses os

principais efeitos ocasionados são: leucopenia, anemia, inflamação cutânea e

neoplasia.(MARTINDALE, 2005)

2,3.2)Principais radiofármacos de uso clínico

De acordo com IPEN(1996), as principais aplicações dos radiofármacos são as

seguintes:

• Tálio-201: utilizados para avaliar o fluxo sanguíneo e detecção de áreas

isquêmicas do coração e infarto do miocárdio

• Irídio-111: é utilizado para diagnóstico de trombose, atrite reumatóide,

arteroesclerose e alguns tipo de câncer, também pode ser usado para a marcação

de leucócitos

• Flúor-18: com ampla aplicação na neurologia, cardiologia e oncologia ;

administrado na forma de fluordioxigucose, é utilizado para avaliação do

metabolismo da glicose

Substâncias marcadas com isótopos:

• Iodo anfetamina: este composto é marcado com Iodo-123 e Iodo-131: são

empregados para diagnosticar doenças cerebrais e fluxo sanguíneo cerebral

• Iodofenilpentadecanioco: pode ser marcado com Iodo-123: muito utilizado em

cardiologia para obtenção do miocárdio, sendo este uma alternativa ao Tálio-201

• Anticorpo monoclonal: ao ser marcado com tecnécio-99 auxilia o diagnóstico de

carcinoma colo retal (imunocintilografia)

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• Peptídios: ao serem marcados com tecnécio-99, auxiliam o diagnóstico de

tumores específicos , sendo mais vantajosos do que os anticorpos monoclonais

murínicos, pelo fato de não produzirem reações alérgicas

• Reativos liofilizados de eritrócitos: são usados na diagnóstico de hemorragia

digestiva , marcado pelo tecnécio-99

• HMPO: marcado com tecnécio-99 faz o mapeamento e seletivo de tumores ,

doenças cerebrais oriundas da interação fármaco-receptor e disfunções cerebrais

Tabela 1: Principais radiofármacos e suas aplicações

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Fonte: OLIVEIRA, 2006

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2.4) Obtenção de imagens

A tomografia de emissão de pósitrons (PET) permite a obtenção de imagens

termos quantitativos de reações químicas e funções de vários órgãos e sistemas do corpo

humano. Considerada uma espécie de auto-radiografia com baixa resolução, a PET,

permite averiguar modificações na concentração do marcador no sangue ou no tecido a

cada instante , podendo ser calculada de modo absoluto. Entretanto outras tecnologia

como a tomografia computadorizada e a ressonância magnética nuclear geram imagens

anatômicas , sendo que a tomografia tem seu mecanismo relacionado com a propagação

dos raios-X que passam pelo corpo registrados como uma fotografia. Para tanto a

ressonância magnética produz informações a respeito das concentrações de hidrogênio e

água e fluxo sanguíneo relativo. Portanto a grande vantagem da PET em relação as

demais tecnologias é a possibilidade de detectar alterações funcionais que antecedem

alterações anatômicas.Nesta emissão de pósitron, o mesmo percorre 1 milímetro no

tecido até encontrar-se com um elétron ; o produto desta interação é a emissão de dois

fótons com ângulo de 180° entre ambos, todavia se houver detectores de cintilação em

cada lado do tecido ( que contêm o radioisótopo) ocorrerá a saída de uma quantidade de

radiação gama sendo detectada por ambos produzindo imagens de alta resolução.

Através da tecnologia de PET, pretende-se fazer estudo de novos radiofármacos no

futuro por meio de análise farmacocinética de modo que será possível quantificar um

fármaco , além de estudos de interação medicamentosa , em especial quando dois

fármacos competem pelo mesmo receptor. (ANSEL, 2000)

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2.5) Biotransformação

Assim como qualquer outro medicamento, o radiofármaco quando administrado

sofre o processo de biotransformação que compreende a distribuição, metabolização e

excreção; esta última ocorre por meio de mecanismos já conhecidos ( como a excreção

renal , biliar entre outras). No entanto, o processo ocorre de acordo com a lei de

decaimento exponencial ( do material radioativo ), de modo que o intervalo de tempo

necessário para reduzir à metade a concentração do radiofármaco no organismo é

determinado pela meia-vida biológica. Logo, em um organismo humano a eliminação

da preparação radiofarmacêutica se dará pelo decaimento físico da substância

radioativa. Convém que dentro do período de meia-vida seja possível a obtenção da

imagem para o diagnóstico e que, de preferência, o radionuclídeo presente na

formulação não seja emissor de partículas alfa e beta e sim somente gama, pois a

emissão das demais partículas culminariam em uma maior absorção de radiação por

parte do paciente.( OLIVEIRA, 2006)

Para que um radiofármaco produza as informações desejadas, é necessário que o

mesmo esteja em sua menor dose ( diminuindo a exposição por parte do paciente) de

modo que uma melhor qualidade de imagem possa ser obtida quando o radionuclídeo

apresentar tempo de meia-vida curto e por meio de emissão de radiação gama, que

possui baixo teor energético. Dos marcadores radioativos mais utilizados na

radiofarmácia tem-se o tecnécio-99, que possui um tempo de meia-vida equivalente à 6

horas e a quantidade de energia emitida é de 140 KeV ( raios gama) sendo estes mais

utilizados no diagnóstico. Para uso terapêutico é desejável a emissão de partículas alfa e

beta para que as mesmas consigam atingir o órgão-alvo. As imagens obtidas podem ser

classificadas como dinâmicas ou estáticas, sendo a primeira a que gera informações

úteis através da velocidade de acúmulo e de remoção do radiofármaco em órgão-alvo. O

estático reproduz dados referentes à morfologia, que compreende tamanho, forma e

presença de lesões ( ANSEL, 2002)

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Figura 12: Seringas para administração de radiofármacos

Fonte: CORTÉS-BLANCO, 2003

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2.6) Características ideais

A preparação radiofarmacêutica mais adequada para o diagnóstico por imagem é

aquela que apresenta a maior parte da sua energia sob a forma de raio gama , de modo

que tenha um mínimo de energia em particular, porque este tipo de energia se espalha

no tecido é pouco benéfico. No entanto, os radiofármacos mais utilizados na terapia são

emissores de partículas alfa e beta, pois apresentam um alcance curto, diminuindo os

danos às células adjacentes ( SATO, 2006)

Na prática clínica, o paciente pode ficar exposto à radiação por um intervalo de

tempo que pode variar de segundos à horas.( TAUHATA, 2002)

Podemos considerar as seguintes características para marcadores radioativos:

• Possuir alta afinidade e especificidade por um determinado órgão ou local

• Emitir radiação gama com teor energético adequado para ser detectado por

instrumentos

• A radiação a qual o paciente é exposto deve ser limitada

• Deve ser avaliado o custo e disponibilidade do material

• O processo de seleção de radiofármacos deve seguir as etapas mencionadas

abaixo:

• Criar critérios para selecionar o melhor análogo corporal (radiofármaco

específico)

• Estabelecer o intervalo de tempo necessário para que o radioativo alcance o

órgão ou alvo desejado, averiguando os efeitos nas regiões ao redor do mesmo,

pois estas são afetadas podem interferir na imagem diagnóstica

• Escolher um material com tempo de meio-vida curto, de modo que seja possível

prepará-lo, distribuí-lo e posteriormente administrá-lo para o paciente visando

sempre a menor dose possível, contudo também deve-se determinar a máxima

dose

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• Averiguar o tempo necessário para que o radiofármaco, ao ser administrado

alcance o órgão/local alvo, permitindo assim saber quanto tempo demora para a

geração de imagens

• Determinar ações complementares, no intuito de melhorar a qualidade do

diagnóstico, como por exemplo administrar tecnécio-albumina para fazer

perfusão pulmonar e ao mesmo tempo fazer estudo de ventilação com xenônio. (

SATO, 2006)

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2.7)Produção

A radiofarmácia usa por meio de reatores nucleares e aceleradores de partícula

para produzir radiofármacos, ou até mesmo, geradores de radioisótopos que visam o

uso de um radioisótopo com tempo de meia-vida curto que teve sua origem a partir de

um radioisótopo com tempo de meia –vida longo ; este último pode ser fabricado

utilizando tecnologia como reator ou ciclotron ( SAHA, 1998)

Em grande parte, as preparações radiofarmacêuticas são produzidas no interior

de um reator nuclear por meio de um processo de ativação do núcleo, de maneira que os

átomos estáveis sofrem reação de bombardeamento por uma quantidade excessiva de

nêutrons, originando desta forma átomos instáveis e isótopos radioativos. Constituídos

por uma resina de troca iônica ou de alumina dos geradores permitem a fixação do

radioisótopo “ pai ’’ que possui um tempo de meia-vida longo sendo que a partir deste,

com a decorrência do decaimento ocorre a formação do radioisótopo “filho”. Este

último, com uso de eluentes adequados, pode ser separado pelo processo de eluição à

substância radiofarmacêutica neste caso. O eluido pode ser empregado na prática clínica

ou servir como base para formulação de radiofármacos mais complexos . O processo

para obtenção do eluído deve ser estéril e apirogênico. O gerador deve conter uma

proteção de chumbo com a finalidade de reduzir a exposição ao material radioativo por

parte do operador. O processo como um todo deve ser rápido de modo a gerar

radiofármacos sem resquícios do radionulídeo “ pai ” evitando desta forma

contaminações por substância radioativa ( OLIVEIRA, 2006)

Dentre os fatores que influenciam a preparação de substâncias radiofarmacêuticas

podem-se citar:

• Qualidade no processo de marcação

• Estabilidade química entre a substância radioativa a qual a mesma vai se

ligar

• Característica físico-química : estrutura química, pH, propriedades

biológicas

• Armazenamento: o composto radioativo pode ser degradado sobre

determinadas condições de temperatura e luminosidade

• Radiólise: é conhecida como preparações muito específicas principalmente

compostos marcados, podem sofrem sofrer decomposição por meio da

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emissão de radiação gerando quebra da ligação química entre o radioisótopo

e a molécula ou mesmo levando a formação de radicais livres que leva a

formação de impurezas no composto.

• Prazo de validade para preparação do radiofármacos refere-se ao tempo

necessário para que a formulação seja utilizada de modo seguro e eficaz, no

entanto, neste caso a eficácia depende de fatores tais como: excipientes,

solventes, tipo de radiação emitida e tipo de ligação química entre o

radioisótopo e moléculas com que ele se liga( SAHA, 1998)

De acordo com Febrafarma (2007) a RDC( Resolução Diretoria Colegiada)

número 50 estabelece que os fabricantes de radiofármacos devem possuir farmacêutico

responsável técnico que deve assegurar:

:

• recursos humanos

• segurança e a proteção de pacientes, profissionais e público;

• plano de radioproteção;

• programa de garantia de qualidade

• educação permanente;

• manutenção dos registros;

• equipamentos de proteção individual e coletiva;

Segundo a portaria as principais atribuições do farmacêutico nuclear são:

• Estabelecer e assegurar o cumprimento dos protocolos, bem como as alterações

necessárias;

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• Elaboração e execução do Programa de Garantia da Qualidade;

• Garantir que os procedimentos sejam executados de acordo com o Plano de

Radioproteção;

• Orientar e supervisionar o processo de produção

• Fazer registro de procedimentos realizados

• Notificar à Vigilância Sanitária a ocorrência de eventos adversos relacionados

uso de radiofármacos assim como efeitos adversos decorrentes do trabalho no

Serviço de Medicina Nuclear;

Preparo e administração de radiofármacos, de acordo com RDC 50

• Os radiofármacos devem ser armazenados preservando a identidade, integridade,

segurança, qualidade do mesmo.

• Os radiofármacos cuja administração é via parenteral devem ser preparados e

administrados dentro de 48 horas de acordo com o que estabelece as disposições

da RDC/Anvisa nº. 214/06,

• Os produtos devem ser inspecionados visualmente com o objetivo de averiguar a

sua integridade física, ausência de corpos estranhos e as informações contidas

nos rótulos de cada unidade do lote.

• Exige-se que durante o processo de preparo, o operador esteja de avental de

manga longa e luvas de procedimento que devem ser trocadas a cada etapa do

processo ou quando sua integridade estiver comprometida.

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• Registro do número seqüencial de controle de cada um dos produtos( inclui

dados como: seus fabricantes, lote, nome do paciente, quem preparou, quem

administrou, atividade do radiofármaco. empregados durante o procedimento de

preparo dos radiofármacos,

• Deve ser realizada inspeção visual do produto final, averiguando a possível

existência de existência de perfurações e/ou vazamentos, corpos estranhos ou

precipitações na solução.

• Os frascos do produto final que contenham dose unitária devem ter as seguintes

informações nos rótulos: nome do radiofármaco, data e hora do preparo,

atividade radioativa e volume.

• O transporte de radiofármaco deve ser efetuado através recipientes blindados,

de acordo com os critérios de radioproteção.

• O controle de qualidade deve fazer análises do eluato dos geradores e dos

radiofármacos segundo as especificações dos fabricantes, evidências científicas

ou compêndios oficiais aceitos pela Anvisa.

• O processo de marcação de leucócitos com a finalidade de reinjeção deve ser

executado em uma Câmara de Segurança Biológica Classe II tipo A, atendendo

os requisitos de radioproteção

• Antes da administração do radiofármaco algumas informações devem ser

verificadas tais como: nome do paciente, o radiofármaco a ser administrado e

sua atividade.

• A Garantia da Qualidade deve assegurar boas práticas de fabricação e

administração dos radiofármacos, de modo que todas as ações sejam

documentadas e monitoradas.

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• Deve-se elaborar Programa de Gerenciamento de Rejeitos Radioativos de acordo

com o estabelecido na RDC/Anvisa nº. 306 de 2004

• Serviço de Farmacovigilância,

Deve-se Notificar à Vigilância Sanitária a ocorrência de efeitos adversos graves

relacionados com os processos de trabalho no Serviço de Medicina Nuclear. Por

meio de formulário eletrônico e investigar e registrar reações adversas relacionadas

ao radiofármaco quando:

a. o produto for administrado por equívoco a um paciente;

b. ocorrerem reações adversas a medicamentos e radiofármacos;

c. observarem alterações neurológicas ou cardiovasculares graves.

2.7.1) Tipos de preparações de radiofarmacêuticas

De acordo com a Portaria nº 354 de 11 de agosto de 2006 os radiofármacos

podem ser registrados como:

• Radiofármacos prontos para o uso

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• Kits: preparação ou conjunto de reagentes que devem ser reconstituídos ou

combinados com um radionuclídeo para a síntese do radiofármaco final, normalmente

antes da administração

• Geradores de radionuclídeos: sistema que incorpora um radionuclídeo “ pai ” que, por

decaimento, produz um radionuclídeo “ filho ” que pode ser removido por eluição, ou

por algum outro método para ser utilizado como parte integrante de um radiofármaco

• Precursores.: radionuclídeo produzido para a marcação de outra substância antes da

administração.

2.7.1.1) Pronto para uso

São fornecidos para pronto uso , pode-se efetuar uma diluição, reconstituição e

fracionamento sendo que estas operações devem ser feitas sobre condições higiênicas e

as doses devem ser etiquetadas e conter informações tais como: atividade , prazo de

validade , precauções e identificação do composto ( OLIVEIRA, 2006)

Estes radiofármacos são preparados minutos antes da sua administração,

utilizando conjuntos de reativos liofilizados ("kits"), por meio de uma reação de

complexação entre o fármaco e o tecnécio-99m ( a letra “m” indica que ele é

metaestável), de modo que o metal entre em estado de oxidação e leve a formação do

radiofármaco( MARQUES, 2001)

Figura 13: ilustra esquema geral de oxi-redução e complexação das preparações com

tecnécio

Fonte: MARQUES, 2001

↓H+

99mTcn+ - FÁRMACO + Sn4+ H2O

[n+ = estado de oxidação (1 à 6) ]

( 99mTc7+ O4 )- + Sn 2+ + FÁRMACO

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Fatores como a qualidade do eluato empregado, os componentes do

‘’kit’’ e a correta execução dos procedimentos para efetuar as marcações

podem alterar as reações de complexação, e gerar impurezas radioquímicas,

tais como o próprio pertecnetato (99mTcO-4), devido a sua não-redução; o

óxido de tecnécio (TcO2), também denominado de tecnécio hidrolisado e

reduzido (TcHR), oriundo da redução e não-complexação do metal; e

formação de outras espécies reduzidas e complexadas com arranjos

diferentes ao esperado (MARQUES, 2001)

2.7.1.2) “kits ”

É possível a preparação de radiofármacos a partir de "kits", neste caso, a

qualidade do produto formado( radiofármacos de 99mTc ) é diretamente ligada ao agente

redutor, principalmente o íon estanoso (Sn2+), cuja função é de produzir estados de

oxidação reduzidos do 99mTc, a partir dos quais vão formar ligações com fármacos. Em

situações de deficiência ou insuficiência do Sn2+, ocorre a geração de radiofármacos , os

quais apresentarão baixo índice de pureza radioquímica. No entanto, se durante o

processo de produção do "kit" for adicionado um excesso do íon, visando prevenir uma

possível deterioração deste nesta etapa, ou durante o processo de armazenamento dos

"kits".( MCBRIDE, 1979; CHERVU, 1982)

A quantidade de íons estanoso pode interferir também no processo de

biodistribuição: a quantidade recomendada é de 200 a 500μg de cloreto estanoso por

100 mg da fração fosfato.(ROCHA, 1979)

Com o intuito de garantir a integridade da marcação realizada, são adicionados

agentes estabilizantes, tais como o ácido ascórbico e o ácido gentísico, que seqüestram

ânions ou radicais livres, que estão presentes na decomposição do agente redutor.(

BERGER, 1982)

Contudo o uso de agentes estabilizantes pode alterar o processo de

biodistribuição do radiofármaco, como por exemplo quando se incorpora ácido

ascórbico em "kits" de pirofostafo e gluconato . (MALJA, 1996)

Em "kits" de MDP, o ácido gentísico favorece a formação de uma melhor

relação do radiofármaco com tecido ósseo e partes moles, em relação ao ácido

ascórbico. (HANDELAND, 1989) .

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O pH é um fator de grande importância durante o procedimento de marcação

pois este se não estiver dentro da faixa desejada pode gerar a formação de complexo

com estrutura química e alterar o comportamento biológico.( LO, 1993)

O ideal é que este esteja na faixa de 5,5 e 6,5.Todavia quando o valor do pH

tende a neutralidade ou é mais básico aumenta a probabilidade da formulação perder a

estabilidade e levar a produção de microcolóides em repouso após a marcação com 99mTc.No entanto há fosfonatos que são mais estáveis em pH básico, entretanto são

marcados com marcados 113In ou 111In.(ROCHA, 1979)

FONTE: MARQUES, 2001

A tabela cima ilustra o efeito do pH na biotransformação do

radiofármaco 99mTc-DMSA nos rins e np fígado.

Vale ressaltar que outros fatores como o grau de pureza dos reagentes,

a temperatura de armazenamento e o material de envase, podem afetar a

qualidade de radiofármacos. (MARQUES, 2001)

2.7.1.2.1)Kits liofilizados

Pode-se produzir ‘’kits’’ liofilizados nos quais o material é primeiramente

congelado e aplicado sobre o mesmo pressão à vácuo, seguida pelo

fornecimento de uma quantidade de calor suficiente para que material passe

do estado sólido para o gasoso (sublimação). Geralmente neste caso, as

temperaturas oscilam entre -10°C e -40°C e as pressões de 2,0 à , 1mmHg.

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Para sucesso da liofilização é preciso que a pressão e a temperatura estejam

abaixo do ponto triplo (ponto no qual se encontra a água nos três estados:

sólido, líquido e gasoso)como mostra a figura abaixo.(LACHMAN, 2001)

Figura 14: Diagrama de água

Fonte: PRISMA, 2007

A reconstituição de kits liofilizados que compreende adicionar solução

fisiológica sem a presença do radioisótopo, fracioná-los e em seguida guardá-

los em um "freezer" até o momento do uso altera a formulação original do

"kit" e de acordo com as condições de armazenamento, o produto fica sujeito,

a degradação do agente redutor, diminuindo a eficácia da marcação (PIERA,

1990; KUMAR, 1997)

Outro detalhe que pode afetar qualidade da marcação é a limpeza das

rolhas dos frascos dos radiofármacos. Neste procedimento não pode ser

utilizando álcool iodado, porque o iodo por ser um agente oxidante ao reagir

com os íons Sn2+, irá reduzir a eficácia da marcação do radiofármaco (HUNG

, 1996). Outros fatores como a diluição, a temperatura, a qualidade da solução

fisiológica, erro no processo de marcação e interações medicamentosas,

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alteram a qualidade da marcação e a biotransformação do

produto.(MARQUES, 2002)

Figura 15: Ilustra reagentes liofilizados armazenados em frascos

Fonte: IPEN, 2006

Figura 16: Preparo de “kits” liofilizados

Fonte: IPEN, 2006

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2.7.1.4)Preparações radiofarmacêuticas : tecnécio-99

As substâncias radiofarmacêuticas que contêm tecnécio-99 em sua formulação

são preparadas através de um “ kit ” liofilizado no qual é adicionado pertecnetato de

sódio. No “kit” se encontra agentes químicos responsáveis pela biotransformação após a

administração do fármaco, um agente redutor para reduzir o pertecnetato, aditivos,

conservantes, antioxidantes , estabilizantes ( SAHA, 1998; RAKIAS, 1996)

Segundo a Farmacopéia Européia ( 2005), durante o procedimento de rotulagem

de deve-se colocar as seguintes informações :

• Identificação do radiofármaco

• Nome do preparador

• Concentração radioativa

• Prazo de validade

• Atividade total

• Indicações especiais

O prazo de validade varia de acordo com a natureza radiofarmacêutica que pode

abranger de 30 minutos à 6 horas ( OLIVEIRA, 2006)

2.7.1.4.1) Gerador de tecnécio

Este sistema de produção de 99mTc a partir do 99Mo é constituído por

uma coluna cromatográfica empacotada com óxido de alumínio (Al2O3), na

qual é depositado o molibdato (99MoO2-4 ), o qual decai a

99mTcO4.(MARQUES, 2001)

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Figura 17: Diagrama de decaimento do molibdênnio em tecnécio

Fonte: MARQUES, 2001

Como estes dois elementos possuem diferentes afinidades pelo Al2O3,

permite que o 99mTcO-4, juntamente com seu isômero "não-radioativo" ou

carreador (99TcO-4), sejam extraídos do gerador. Entretanto as vezes também

são extraídos excessos de íons Al3+, 99MoO2-4 e compostos de tecnécio que se

encontram em outros estados de oxidação, sendo so mesmos considerados

impurezas observadas no eluato ; devendo ser quantificadas antes do uso,

averiguando se o grau de aceitação está de acordo com o descrito na

farmacopéia.(MARQUES, 2001)

Tabela 3: Parâmetros da Farmacopéia Européia (EP) e Americana (USP)

Fonte: MARQUES, 2001

Neste tipo de operação, rendimentos com valores inferiores à 90%

para geradores de leito seco podem insinuar problemas no empacotamento da

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coluna, com conseqüente aumento nos índices de contaminação. Contudo

ensaios que visam a determinação deste parâmetro indicam o regime de

eluição a ser seguido, porque é de conhecimento que a atividade máxima no

eluato é alcançada em diferentes tempos, em função do 99mTcO-4

remanescente na coluna.( HUSÁK, 1982; MOORE, 1984).

Recomenda-se que o processo de eluição faça parte da rotina de todos

os geradores, independente se os seus eluatos sejam utilizados ou não, sendo

que esta prática pode ocupar um intervalo de tempo de 24 horas ou em

intervalos inferiores a este.( MURPHY, 1989)

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Figura 18: Visão externa da câmera de produção

http

Fonte: IPEN, 2006

Figura 19: Produção no Gerador Mo- Tc. 99 99m

Fonte: IPEN, 2006

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2.7.1.4) Precursores

Este tipo de preparação é feita a partir da marcação de amostras ( células de

sangue do paciente) com o radioisótopo e em seguida administradas sendo considerada

uma fórmula magistral injetável ( RAKIAS , 1986)

2.7.1.5) Radiomarcação de anticorpos monoclonais

No processo de marcação de anticorpos monoclonais a escolha de uma

radioisótopo é um fator que pode ser influenciado por vários aspectos tais como:

• Meia-vida física e biológica

• Essência da radiação emitida

• Atividade específica

• O processo de introdução da proteína deve ser simples

• Estabilidade do sujeito a marcação

• A rota metabólica do radioisótopo no organismo

• Facilidade de detenção

• O preço e a disponibilidade comercial

A elaboração de preparações radiofármacêuticas depende de um sistema de marcação

que encaminhe a formação de uma ligação consistente entre o radioisótopo selecionado

e o anticorpo sem afetar significantivamente: a molécula do mesmo ; o processo de

purificação e a avaliação do composto marcado adequando-as “in vivo” de modo que

seja possível a visualização de componentes intracelulares empregados como antígenos

e antígenos associados a tumores( radioimunodetenção). Ao serem ligados com um

radioisótopo emissor de partículas alfa ou beta sobre elevadas doses são administrados

na radioimunoterapia. Com a prática da radiomarcação de anticorpos, os traçadores

radioativos mais visados para este processo são: Iodo-131, Índio-111 e Tecnécio-99m.

Baseados nestas informações foram desenvolvidos vários métodos para a marcação de

anticorpos monoclonais usando 131I e radiometálicos , principalmente o 99mTc

Para realizar este processo, se forem usados anticorpos fornecidos comercialmente cuja

especificidade e pureza passaram pelo controle de qualidade do fornecedor, não

precisam sofrer nova análise antes do uso, no entanto, se forem produzidos em

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laboratório há necessidade de serem caracterizados, por meio de metodologias

específicas antes de passar pela radiomarcação. (OKADA, 1992)

2.7.1.5.1)Radiomarcação de Anticorpos monoclonais com 99mTc

De acordo com Okada (1992), este procedimento pode ser efetuado de 2

maneiras: utilizando método direto de marcação ou método indireto de marcação.

2.7.1.5.1.1)Método direto de marcação

Os anticorpos são estruturas que possuem sítios potenciais ao qual se ligam íons

potenciais, todavia a estabilidade do radioisótopo possui certa limitação e os sítios de

ligação do metal são de modo geral, inespecíficos e pouco definidos. Metodologias

diretas são vantajosas por serem de execução simples, rápidas e apropriada para a

formulação de “kits” comerciais. Nestes métodos a reação do anticorpo com reagente

reduz algumas pontes de dissulfídicas em grupos sulfidrílicos livres que se ligam ao 99mTc. Geralmente os métodos possuem uma seqüência comum de reações químicas

apesar de que alguns agentes redutores podem variar para o anticorpo e para o [99mTc

pertecnetato].

2.7.1.5.1.2)Métodos alternativos de redução do anticorpo

O processo de redução de anticorpos pode ser realizado pelos seguintes agentes:

monotióis com 2-mercaptoetanol ou o 2-mercaptoetilamina; ditiotreitol.Também pode

ser feito com íon estanoso , cujo método se chama “pretinning” devido ao fato do

estanho exercer três funções: redução das pontes disulfídicas; formação de um

complexo reversível com os grupos sulfidrílicos e redução do pertecnetato. A formação

de um complexo intermediário é uma fase importante para posteriormente se fazer a

marcação com o 99mTc .Os grupos sulfidrílicos podem ser oxidados pela ação de

oxigênio estimulado por traços de íons metálicos como Cu (II ) e Fe (III) em pH

alcalino levando a formação de pontes dissulfídicas novamente.

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2.7.1.5.1.3)Redução do íon [99mTc] pertecnetato

O íon [99mTc] pertecnetato de sódio é encontrado facilmente em um gerador de 99mTc / 99Mo em meio `a solução salina isotônica. Os agentes mais empregados para esta

prática são íons estanosos e estudos demonstram que o ácido ascórbico é capaz de

reduzir o anticorpo e o Na2S2O4 ( ditionito de sódio) para reduzir pertecnetato de sódio.

Segundo dados literários, em 1990 , Mather e Ellison desenvolveram um método

simples para a marcação direta de anticorpos, através do qual pontes diussulfidicas são

quebradas por um agente redutor chamado 2-mercaptoetanol e após uma purificação; o

anticorpo reduzido é marcado com 99mTc.

Figura 20: Ilustra o processo de redução de anticorpos monoclonais

Fonte: OKADA, 2002

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2.7.1.5.1.2)Método indireto de marcação de anticorpo com 99mTc

Este método emprega um agente quelante bifuncional para reduzir anticorpos.

Os quelantes bifuncionais contêm radicais que se ligam fortemente a um determinado

íon metálico ou podem possuir também um grupo funcional reativo que tem a

capacidade de ligar-se covalentemente, por meio de aminoácidos disponíveis, à

moléculas do anticorpo. Ácidos poliaminocarboxílicos são considerados bons agentes

quelantes de íons metálicos.Neste tipo de marcação há duas formas de se proceder :

visar primeiramente a formação do quelato radiometálico e posteriormente fazer a

conjunção com o anticorpo, esta prática é vantajosa pois evitando a exposição do

anticorpo a condição de quelação.A segunda forma indica que os agentes quelantes

bifuncionais devem ser ligados primeiro ao anticorpo formando um imunoconjugado e

depois fazer a ligação com o radiometal.Os principais quelantes bifuncionais usados na

marcação indireta de anticorpos com 99mTc são: DTPA( dietileno triamina pentacétcio),

metalotionína, dimetilcemicarbazona e diamida-dimercaptida. As desvantagens do

método indireto estão relacionadas com a necessidade de efetuar várias etapas durante o

procedimento da marcação , assim como na purificação, fato que dificulta a preparação

de “kits” comerciais.

2.7.6) Armazenamento

Artifícios para isolar o material radioativo que pode ser unindo ou encapsulando

o mesmo para evitar a perda de radioatividade da formulação fontes consideradas não

isoladas são formas farmacêuticas que contêm material radioativo na forma líquida,

particulada ou gasosa são transportados em contêineres de aplicação. O armazenamento

destes produtos deve ser adequado pois fatores como a temperatura e a luminosidade

podem alterar a formulação ocasionando degradação de seus componentes bem como a

oxidação e redução de espécies químicas afetando assim diretamente a radioatividade e

as propriedades químicas dos demais elementos presentes na formulação

(MARTINDALE, 2005)

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O prazo de validade de um radiofármaco pode envolver dias, semanas ou meses.

Para compostos radioativos com meia-vida de 60 dias ou menos o prazo de validade

máximo são de 3 meia-vidas. Para os radiofármacos de vida longa o período de validade

é de no máximo 6 meses após a data de fabricação do mesmo, com o término do prazo

de validade o teor de radioatividade restante não será suficiente para a finalidade a qual

o produto foi proposto.( FARAMACOPÉIA BRASILEIRA, 1977)

Figura 21: Armazenamento de radiofármacos

Fonte: IPEN, 2007

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2.8.0)Controle de qualidade

O controle de qualidade assegura a realização de práticas tais como as Boas

Práticas de Fabricação, a amostragem, especificações, ensaios, procedimentos de

organização, documentação e aos procedimentos de liberação os quais representam

ações necessárias e relevantes com o objetivo de evitar que produto cuja qualidade não

é satisfatória seja liberados. Portanto o controle de qualidade deve estar presente em

todas as decisões relacionadas com a qualidade do produto.Compete ao controle de

qualidade as seguintes ações:

• As instalações e equipamentos devem ser adequados

• Pessoal treinado

POP (Procedimento Operacional Padrão ) deve ser estabelecidos e autorizados

• Os procedimentos aprovados permitem a realização de amostragens, inspeção,

ensaios da matéria-prima dos materiais de embalagem, dos produtos

intermediários, dos produtos a granel, e dos produtos acabados e quando

necessário para o monitoramento das condições ambientais das áreas.

• Deve ser feita amostragem de: matérias primas, material de embalagem , dos

produtos intermediários, dos produto a granel, dos produtos acabados

• As metodologias devem ser validadas

• Deve-se registrar devem todos os procedimentos de amostragem, inspeções, e

ensaios, de modo que possam ser rastreados em caso de desvios, sendo

posteriormente corrigidos e documentados

• A composição do produto acabado deve estar conforme os dados de registro,

tanto nos aspectos quantitativos quanto qualitativos, o mesmo envasado em

material adequado e rotulado

• Os resultados obtidos durante o processo de inspeção e dos ensaios devem ser

registrados

• Durante o procedimento de avaliação dos lotes, ações como a revisão e a

avaliação da documentação

• Anteriormente a aprovação( envolve verificação da conformidade e

especificações), nenhum lote pode ser liberado

• A quantidade de amostras retiradas(matérias primas e do produto acabado)

devem corresponder ao suficiente para que, caso necessário for, possam ser

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executados análise no futuro , entretanto o produto devem ser armazenado em

suas embalagens finais.

O controle de qualidade deve também estabelecer, validar e implementar

procedimentos, avaliar, manter e armazenar os padrões de referência das substâncias

ativas utilizadas, verificar a correta rotulagem, dos recipientes, de materiais e dos

produtos garantir a estabilidade dos princípios ativos e garantir que os produtos estejam

monitorados, participar da investigação de reclamações relacionadas com a qualidade

do produto e participar do monitoramento ambiental( MORETTO, 2001)

Cada radiofármaco exige um controle de qualidade específico que depende de

sua natureza química, no entanto é necessário salientar que a principal diferença entre

uma preparação radiofarmacêutica e uma forma farmacêutica não radioativa é o prazo

de validade . Na primeira situação a validade compreende a um intervalo de tempo de

vai de horas à no máximo dias enquanto a segunda este prazo pode variar de 2 à 4 anos

em média. Muitas vezes o radiofármaco deve ser produzido, aprovado pelo controle de

qualidade e administrado no mesmo dia ; para tanto é primordial que as boas práticas de

fabricação sejam, seguidas para evitar que por exemplo, uma preparação seja

administrada sem passar por testes de esterilidade e apirogenicidade.(RAKIAS , 1996)

De acordo com OLIVEIRA(2006)O controle de qualidade realiza para

preparações farmacêuticas não radioativas os seguintes testes:

• Ensaios da forma farmacêutica

• Controle físico-químico: característica física, pH e força iônica, isotonicidade

(para injetáveis) e pureza química

• Controle microbiológico: esterilidade e apirogencidade

Para radiofármacos há necessidade de se realizar ensaios específicos :

• Atividade total

• Atividade específica

• Concentração radioativa

• Pureza do radionulídeo

• Pureza radioquímica

Uma das técnicas mais utilizadas no controle de qualidade de

radiofármacos é cromatografia ascendente. Nesta uma amostra do produto é

colocada em um suporte , sendo este a fase estacionária, e arrastada por um

solvente que representa a fase móvel. Para radiofármacos lipofílicos pode-se

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utilizar a técnica de extração por meio de solvente, em que os radiofármacos

lipofílicos são extraídos da fase aquosa por solventes lipofílicos, como o

acetato de etila ou o clorofórmio. A grande vantagem desta metodologia é que

esta é prática , rápida e permite que se determine a atividade nas fases

líquidas por meio de um calibrador de dose.(MARQUES, 2001)

Segundo Pauwels (1977), há outras técnicas para se realizar o controle de

qualidade de radiofármacos, todavia são empregadas com menos freqüência

como:

• cromatografia de permeação em gel • eletroforese em papel

Esta última, é utilizada em radiofármacos derivados de 99mTc-IDA, 99mTc-DTPA, 99mTc-MDP, entre outros. O diferencial desta técnica é que

pode-se mensurar a atividade na coluna por meio de uma gama-

câmara.(DARTE, 1980)

2.8.1)Radiocromatografia

A radiocromatografia é um procedimento que segue as mesmas

diretrizes que a cromatografia convencional. Nesta se adiciona uma pequena

quantidade de amostra do material a ser analisado em uma extremidade de

uma fita. Em seguida coloca-se o solvente mais adequado para o material

radioativo. O objetivo deste teste é verificar o grau de pureza radioquímica,

pois a presença de impureza radioquímica pode ocasionar localização

indesejada e alteração na qualidade da imagem cintilográfica. Para esclarecer

melhor este processo, pode–se utilizar radiofármacos marcados com 99mTc

como exemplo. Neste caso é feita a pesquisa de pertecnetato livre , 99mTc

reduzido e hidrolisado insolúvel. Quando é feita a cromatografia de camada

fina, o solvente escolhido é a acetona, que permite que o pertecnetato migre

enquanto o 99mTc-difosfonato e o 99mTc reduzido e hidrolisado permanecem

na origem. Contudo quando deseja-se analisar o 99mTc reduzido e hidrolisado,

é empregado a fita de sílica gel e o solvente mais adequado é a salina , de

modo que o pertecnetato e o 99mTc-difosfonato migram, enquanto que o 99mTc

reduzido e hidrolisado permanecem na origem. Este sistema associado

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permite que uma avaliação de cada um dos três componentes seja feita .(

UFRGS, 2006)

Figura 22 : esquema de um processo de radiocromatografia

Fonte: UFRGS , 2006

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2.8.2)O controle de qualidade do gerador de tecnécio A prática do controle de qualidade do eluato do gerador,envolve ações

como verificação do calibrador de dose usado na determinação da eficiência

do processo de eluição e da pureza radionuclídica (99Mo) , de modo que a

quantificação dos radioisótopos esteja dentro da conformidade.( WILLIANS,

1981)

Em seguida, com o calibrador ajustado, o grau de eficiência da eluição

pode ser determinado, de maneira muito simples; apenas deve-se adequar a

atividade esperada, em função de três fatores: a atividade do 99Mo,

decaimentos do 99Mo/99mTc e o intervalo de tempo entre as eluições.(

HUSÁK, 1982)

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2.8.3)Controle físico-químico de radiofármacos

2.8.3.1)Pureza química

A pureza radioquímica é expressa pela percentagem de radionuclídeo encontrada

na forma indicada( Farmacopéia Brasileira, 1977)

Determina-se a quantidade total de radiofármaco e a presença de contaminantes

químicos não radioativos principalmente se forem metais pesados, substâncias tóxicas

ou que alteram o comportamento físico-químico e biológico do radiofármaco através de

análises qualitativamente e quantitativamente por meio de metodologias analíticas :

ensaios de gota (spot test), espectrofotometria de UV-VISÍVEL, espectroscopia de

absorção atômica, cromatografia em camada delgada e extração por solvente. ( IPEN,

2006)

Há com grande frequencia alterações na qualidade de radiofármacos,

ocasionados pela presença de íons Al3+,que causam: floculação do 99mTc-enxofre

coloidal(o produto pode ficar retido nos capilares pulmonares); aglutinação dos 99mTc-

eritrócitos ; produção de radioisótopos através da reação do íon Al3+ com 99mTc-

difosfonato( resultando na visualização da atividade hepática e esplênica; neste caso

indesejável); aumento no tamanho das partículas do 99mTc-microagregado de albumina(

pode ter ocasioanar aumento da concentração do deste nos pulmões; dissociação do

complexo 99mTc-DTPA( produzindo aumento da concentração de tecnécio livre

interferindo na taxa da filtração glomerular); e alteração da captação do 99mTcO-4 pela

tireóide em concentrações de Al3+ superiores a 4 g/ml.( LIN, 1971; . CHIA, 1983)

Quando detectada elevados índices do íon no eluato,o procedimento a ser feito é

o seguinte: o gerador deve ser eluído várias vezes até que se obtenha uma de solução

dentro dos limites desejado.( LIN, 1971)

O uso de medicamentos que aumentam as concentrações do íon Al3+ no

organismo, podem interferir no comportamento dos radiofármacos, como por exemplo o

do DTPA.)( SPECHT, 1987)

A pureza química pode ser determinada por técnicas quantitativa e

semiquantitativa, através da verificação do teor do íon Al3+, porque grande parte das

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reações de complexação do íon por agentes quelantes específicos,dão origem a um

composto colorido. Dentre os agentes complexantes mais utilizados são a

eriocromocianina, utilizando técnica de espectrofotométrica, a alizarina-S, empregada

para análise de gota em placa, e o aluminon, utilizado para análise de gota em papel.(

HOORY, 1986; MITTA, 1986)

2.8.3.2)Característica física

Observa-se a cor e a presença de partículas estranhas , quando a preparação for

de natureza coloidal ou agregados deve-se avaliar o tamanho e o número de partículas ,

porque o tamanho de uma partícula é um fator determinante durante o processo de

biotransformação.( SAHA, 1998)

2.8.3.3)Características organolépticas

A preparação radiofarmacêutica, em especial as injetáveis (exceto suspensões

coloidais) , não podem apresentar partículas visíveis quando observada com lâmpada

de tungstênio, sobre fundo branco e negro, todavia devem possuir um aspecto límpido e

sua coloração deve corresponder à especificação do material, porque uma alteração na

aparência física pode refletir em seu comportamento biológico. ( IPEN, 2000 )

Figura 23: Amostra sendo analisada sobre fundo negro

Fonte: IPEN, 2006

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2.8.3.4)Força iônica e pH

A estabilidade da preparação está diretamente relacionada com o valor do pH,

portanto exige-se que o mesmo seja próximo de 7,4 ( valor do pH do sangue ). No

entanto, caso necessário for é permitido alargar a faixa de pH devido ao tamponamento

do sangue .A medição do pH pode ser feita através do uso de um papel indicador, o qual

, após contato com a solução irá apresentar uma coloração que será característica de um

determinado valor ou um pHmetro.Fatores como a osmolaridade, isotonicidade e força

iônica devem ser avaliados em formas injetáveis.( SAHA, 1998)

Figura 24: pHmetro

Fonte: IPEN, 2006

Figura 25: Papel indicador

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Fonte: IPEN, 2006

A força iônica representa a concentração de cargas em uma dada solução.

Conforme a força iônica aumenta o coeficiente de atividade de um determinado íon

diminui, compostos não ionizados e apresentado a quantidade de cargas positivas igual

a de negativas (neutro) não contribui para a força iônica da solução.(SEGEL, 1979)

A osmolaridade compreende ao número de espécies dissolvidas , 1 Osmol

representa refere-se a um mol( molécula-grama) de moléculas ou íons contidos em uma

determinada solução.A isotonicidade é um termo utilizado para comparar a pressão

osmótica( que se refere ao número de partículas em uma solução) entre os dois

compartimentos , sendo o valor desta igual em ambos. ( ANSEL, 2000)

2.8.3.5)Umidade

A umidade em um radiofármaco pode variar, sendo esta um fator importante

sobre a atividade e o armazenamento do produto, porque uma quantidade excessiva de

água prejudicaria a efetividade da preparação de reagentes liofilizados ou kits utilizados

para marcação com 99mTc, de modo que o ativo entraria em estado de decomposição ou

não teria seu efeito máximo. Dentre as metodologias utilizadas para determinar teor de

umidade em uma amostra pode-se citar o coulométrico de Karl-Fischer, o qual permite a

determinação quantitativa da água em uma solução anidra de dióxido de enxofre e

iodo.( IPEN, 2006)

Figura 26: Coulométrico de Karl-Fisher

Fonte: IPEN, 2006

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2.8.3.6)Teste de dissolução

Esta avaliação é feita quando o radiofármaco é envasado em cápsulas

gelatinosas, com a finalidade de determinar se a quantidade do princípio ativo, que é

liberada durante o processo de dissolução (sob condições específicas) é equivalente e

enunciada no rótulo produto, é sob condições específicas( IPEN , 2000)

Figura 27: Equipamento utilizado para teste de dissolução

Fonte: IPEN, 2006

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2.8.4)Controle radioquímico

2.8.4.1)Pureza radionuclídea

É expressa através da percentagem de radioatividade total encontrada na forma

do radionuclídeo indicado. (Farmacopéia Brasileira, 1977)

O modo de produção ou preparação de um radiofármaco pode gerar

eventualmente impurezas radionuclídeas como por exemplo em uma preparação de 99m

Tc conter 99 Mo eluído. A presença de impureza pode alterar a qualidade de imagem e

aumentar a dose de radiação para o paciente, podendo ser retirada das preparações por

meio de métodos químicos.( OLIVEIRA, 2006)

De acordo com Saha (1998) e a Farmacopéia Portuguesa (1997), a pureza

radionuclídea pode ser avaliada utilizando parâmetros tais como: tipo de radiação

emitida e teor energético da mesma; a análise pode ser feita utilizando técnica de

espetrometria gama.Para os compostos que emitem radiação beta pode-se usar

espectrometria beta e cintilação líquida.

Impurezas radioquímicas também podem ser formas de 99mTc em, sendo

importante a detecção destas pois podem alterar a atividade biológica do radiofáramco.

outros estados de oxidação. (CÍFKA, 1982)

O 99Mo é considerado uma impureza radionuclídica, sua detecção é de vital

importância para prevenir a exposição do paciente à radiação beta, e consequentemente

ter a qualidade das imagens alterada por causa da função da emissão de radiação gama,

com alto teor energético.Em caso de contaminação, pode-se efetuar regeneração do

eluato passando-o pela coluna de um gerador recém-eluído cujo resultado foi negativo

para 99Mo.( LO, 1969)

2.8.4.2)Concentração radioativa

A concentração radioativa refere-se ao teor de radioatividade em uma unidade de

volume de uma solução.(Farmacopéias Brasileira, 1977)

Pode ser avaliada com auxílio de um medidor de atividade, de modo que se

conheça o volume total da amostra.( SAHA, 1998)

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2.8.4.3) Atividade específica

Envolve uma característica do eluato de 99mTcO-4 , o princípio é parte

integrantes das análises feitas pelo controles de qualidade, mas interfere na

qualidade dos radiofármacos. Esta é definida como a relação entre a atividade

da espécie radioativa (99mTcO-4) e a massa total da espécie (99mTcO-

4 + 99TcO4).(MARQUES, 2001)

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2.8.5)Microbiológico

As Boas Práticas de Fabricação, determinam técnicas assépticas para produção e

fracionamento de radiofármacos. Pelo fato destas preparações serem administradas em

humanos há necessidade de ser esterilizadas, por exemplo, por técnicas tais como: calor

úmido, calor seco, filtração por membrana e irradiação gama. O teste de esterilidade

deve ser realizado sob fluxo laminar, de modo asséptico, incubando-se amostras do

radiofármaco em meios de cultura que oferecem condições para o crescimento dos mais

diversos microorganismos.(IPEN, 2006)

2.8.5.1)Esterelidade

O termo esterilidade indica ausência de microorganismos em uma determinada

preparação. Em produtos injetáveis exige-se que passem por processo de esterilização,

que depende do solvente, excipiente, e natureza da mesma.( OLIVEIRA, 2006)

Dentre outros métodos, o mais utilizado para esterilizar radiofármacos são o calor

úmido ( que dever ser utilizado somente para compostos termoestáveis) , a esterilização

por membrana filtrante ( esta é considerada a mais adequada para o preparo de

radiofármaco, pois a quantidade de volume é pequena, e a metodologia é rápida ,

podendo ser utilizada para produtos termolábeis( RAKIAS, 1996)

De acordo com a Farmacopéia Européia ( 2005) os ensaios de esterilidade são

feitos a a partir da incubação em meio de cultura de amostras de produto , sob fluxo

laminar, de modo asséptico

Figura 28: Incubação de amostra em meio de cultura

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Fonte: IPEN, 2000

2.8.5.2)Apirogenicidade

É de extrema importância que os produtos de radiofarmacêuticos sejam

apirogênicos pois o pirogênio são produzidos pelo metabolismo de bactérias (

endotoxinas) sendo solúveis , capazes de induzir hipertermia e além disso são

termoestáveis. O fato de uma solução estar estéril não significa que a mesma esteja

apirogênica pois a esterilização não destrói o pirogênio presente na formulação , logo no

processo de manufatura de um radiofármaco deve-se utilizar processo asséptico (

OLIVEIRA, 2006)

O teste de apirogenicidade é feito da seguinte forma: injeta-se em um coelho via

endovenosa uma solução estéril com a preparação a ser analisada; se ocorrer aumento

na temperatura corpórea indica a presença de pirogênio na solução. Há outro teste para

avaliar a presença de pirogênio , este é considerado mais rápido que o citado

anteriormente e é denominado L.A.L. ( Limulus amooestbocytes lysati) no qual se

mensura o nível de endotoxinas utilizando lisado é de amebócitos do Limulus

pottyphemus. Sendo que as mesmas ao entrarem em contato com o microorganismo

precipitam, turvam ou gelificam a preparação em um intervalo de 1 hora (

FARMACOPÉIA EUROPÉIA , 2005)

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2.9.0)Garantia da qualidade

A garantia da qualidade deve assegurar que os radiofármacos sejam produzidos

de acordo com os padrões de qualidade requeridos, com o intuito de serem utilizados

para os fins propostos. Dentre as competências da garantia da qualidade estão:

• assegurar que os radiofármacos sejam projetados e desenvolvidos de acordo

com as Boas Práticas de Fabricação e as exigências da mesma cumpridas

• Processo de produção e controle estejam especificados

• Descrição de cargo e função e as respectivas responsabilidades

• Uso correto de matérias- primas e materiais de embalagem

• Execução de ensaios necessários para avaliar matérias-primas, produtos

intermediários, produtos a granel e,produtos terminado, além de calibrações e

validações

• Os radiofármacos devem armazenados, distribuídos e manuseados, de modo

que a qualidade seja mantida durante o prazo de validade

• Auto-inspeção e /ou auditoria interna de qualidade visando avaliar a efetividade

e a aplicação dos sistema de garantia de qualidade

É importante salientar que o fabricantes é o responsável pela qualidade, garantindo que

o produto é adequado à finalidade descrita no registro, de modo que o radiofármaco

tenha segurança e eficácia. (MORETTO, 2001)

2.9.1)Boas Práticas de Fabricação(BPF)

As BPF está contida na garantia de qualidade, tendo como objetivo assegurar

que os produtos sejam produzidos e controlados de acordo com rígidos padrões de

qualidade. Esta prática reduz os riscos inerentes por meio ensaios executados em

produtos acabados, redução do risco de contaminação-cruzada e contaminação por

partículas, troca ou mistura de produtos. As BPF asseguram que:

• O processo de produção seja definido e sistematicamente revisado

• As etapas criticas do processo devem passar pelo processo de validação

• Infra-estrutura necessária: pessoal qualificado e treinado, espaço e instalação

adequada , equipamento e serviço adequado, materiais e recipiente, rótulos

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corretos, procedimentos e instruções aprovadas, armazenamento e transporte

adequado, instalação , equipamento e pessoal qualificado para controle em

processo

• Os procedimentos devem ser escritos em linguagem clara inequívoca

• Operadores treinados

• Deve ser feito registro durante o processo de produção, gerando informações que

demonstrem as instruções tenham sido seguidas

• Os desvios da qualidade devem ser registrados e investigados; e o registro e

histórico completo de fabricação e distribuição dos lotes devem ser guardados,

que forma que permitir o rastreamento do lote

O fabricante deve ter um sistema capaz de recolher qualquer lote, após a venda do

mesmo e as reclamações ( por parte do consumidor ) devem ser examinadas ,

registradas e as possíveis causas da alteração na qualidade investigadas.( MORETTO,

2001)

2.9.2)Validação

A validação é um processo que integra as BPF, direcionada por protocolos pré-

definidos, determina como processos e procedimentos devem ser estabelecidos. Práticas

como revalidações periódicas, devem ser realizadas, para que seja assegurado a

capacidade de atingir os resultados desejados.A validação de ser: concorrente,

prospectiva e / ou retrospectiva. Ao se introduzir uma nova metodologia ou formulação

a mesma deve ser validada para melhor adequação à rotina de produção, de modo que o

processo de produção reproduza produtos uniformes e dentro dos padrões de qualidade

exigidos( MORETTO, 2001)

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2.10)O Tecnécio

O tecnécio é o elemento químico mais utilizado na preparação de radiofármacos

de imagem porque emite radiação gama cujo valor energético é igual a 140KeV e

apresenta um tempo de meia vida igual á 6 horas, que abrange o tempo suficiente para

seu preparo e administração. O tecnécio é um elemento de transição ( Z= 43), é um

isótopo instável ; estudos sobre suas propriedades químicas tem sido desenvolvidos

desde 1970 por causa de um dos isótopos o 99mTc, ser o mais usado na medicina

nuclear. O tempo de meia –vida curto pode gear uma inconveniência, durante o

processo de produção, ocorrendo a formação de mobilidênio 99Mo , que direciona o

equilíbrio transitório entre o radioisótopo Mo com tempo de meia vida de 66 horas e o

radioisótopo “filho” tecnécio com tempo de meia –vida de 6 horas

99Mo → 66 horas → 99Tc → 6 horas

99Tc → 2,12x108 anos → 99Ru ( estável )

O processo de eluição seletiva permite a separação do tecnécio do molibdênio da

seguinte forma: em uma coluna de alumina contendo 99MoO4 2- é colocado

99mTcO4- com salina estéril , gerando assim um equilíbrio transitório resultando no

isolamento ótimo da atividade máxima do 99 Tc com acúmulo mínimo de 99Tc durante

23 a 24 horas sendo ideal para hospitais. Este procedimento é rotineiro na farmácia

nuclear, havendo a necessidade de se adquirir toda semana eluato de 99mTcO4- para a

formulação de radiofármacos.Os auxiliares de diagnóstico derivado do tecnécio são

classificados em duas classes: tecnécio essencial e tecnécio marcado. No tecnécio

essencial o tecnécio apresenta-se como integrante da formulação, e o tecnécio marcado,

será empregado como marcador, como por exemplo em anticorpos, peptídios e

hormônios. Esta atividade bifuncional é dada por grupos metais e que contêm um grupo

funcional que faça ligação covalente auxiliando o sítio alvo como passageiro.Com o

objetivo de fazer uma avaliação de determinada função orgânica ou mesmo analisar o

“status” de uma patologia por meio de imagens uma série de radiofármacos derivados

do tecnécio, foram desenvolvidos, sendo o primeiro destes os agentes de mapeamento

ósseo, que produzem imagens dos ossos , estando o tecnécio em um estado de

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oxidação +4 , geralmente associado com difosfatos na forma de

hidroximetilenoposfonato ( HMDP) e metilenodifosfanato (MDP) que acumulam em

sítios de atividade de crescimento de osso, como metástases ósseas e fraturas.

(JURISSON, 1999)

Umas das características mais importantes do tecnécio é a grande variação do

número de óxido-redução, sendo possível encontrá-lo em diferentes estados de oxidação

e cooordenação geométrica. ( LIU, 1999)

Figura 29: decaimento do tecnécio em função do tempo

Fonte: BECKETT, 1988

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Figura 30: indica a estrutura de um gerador de tecnécio

Fonte: BECKETT, 1988

Figura 31: estratégia para desenvolvimento de radiofármacos

FONTE: LIU, 1999

A figura 31 mostra 2 estratégias para desenvolvimento de radiofármacos baseado no

tecnécio, sabendo que o tecnécio é uma molécula bifuncional, quando o mesmo se liga a

receptores pode gerar imagens do mesmo tanto intracelular quanto extracelular. A

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integração envolve a substituição de uma parte de alta-afinidade conhecida co-receptor

com um requisito “ não natural” de 99mTc quelante, diminuindo as mudanças no sítio de

conformação e a afinidade com o receptor. Sendo a principal causa da ligação do

tecnécio ao receptor, o fato dele ser um quelante. Infelizmente esta aproximação, com

freqüência, gera resultados como mudanças na molécula marcada ou diminuição da

afinidade com o receptor ( HOM, 1997)

Aparentemente a substituição de C-C ou C-heteroátomo unido com Tc-N ou Tc-S a

coordenação tem um significante impacto no sítio e na coordenação da molécula

marcada, as quais são críticas para interação com o receptor. A adição e introdução do [

Tc=O]3+ no centro poderia ser vantajoso para mudar a característica lipofílica .( LIU,

1999)

Quanto as reações adversas ao tecnécio é apenas relatado hipersensibilidade, e as

formas farmacêuticas encontradas são:

• Uso tópico: estudo intrauretral e nasolacrimal

• Via oral: estudo do cérebro e tireóide

• Via intravenosa (Pertecnetato de sódio) : gerando imagens do sangue, cérebro,

glândulas salivares e osso

Para a obetnção de imagens ósseas os radiofármacos derivados do tecnécio mais usados

são: medranato, oxidramato e pirofosfato. (MARTINDALE, 2005)

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2.11)Radiofármacos usados na cintilografia óssea

O tecido ósseo é caracterizado pela presença de fosfato e cálcio na forma de

hidroxiapatita [ Ca10(PO4)6(OH)2] , a qual adiciona a sua estrutura outros sais e íons ,

sendo esta responsável pela função e apoio mecânico do esqueleto ósseo.(ULUDAG,

2002)

De acordo com SUBRAMANIAM (1974), os radiofármacos mais utilizados na

cintilografia óssea são marcados com tecnécio e possuem fósforo em sua formulação,

estando divididos em 4 grupos:

• polifosfato( P-O-P): é o grupo mais simples, contêm pirofosfatos que possuem 2

átomos de fósforo

• disfosfonatos (P-C-P): nestes a ligação química mais forte que o anterior, porque

há um átomo de carbono entre os dois átomos de fósforo

• imidodifosfato (P-N-P): possui um nitrogênio no meio de 2 átomos de fósforo

• análogos (P-C-N-P): contêm análogos dos agentes quelantes EDTA e DTPA.

É de conhecimento que os bifosfonatos possuem elevada afinidade com a

hidroxiapatita, esta característica possibilitou a desenvolvimento de formas de liberação

de fármacos na estrutura óssea e na medula óssea. Os bifosfonatos, através de

mecanismo fisco –químico, podem prevenir a calcificação, pelo fato de se comportarem

como cristais após serem adsorvidos pela superfície óssea, também podem agir inibindo

a reabsorção óssea , neste caso agindo nas células dos osteoclastos.(CASTRO, 2004)

Este grupo assemelha-se estruturalmente aos pirofosfatos, que são encontrados

normalmente no soro e na urina, agem como reguladores fisilógicos da calcificação e

reabsorção óssea(EZRA, 2000)

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Figura 32: semelhança na estrutura química do ácido bifosfônico( primeira molécula da

esquerda para a direita ) e pirofosfórico.

FONTE: CASTRO, 2004

A complexação do bifosfato ( BF) com 99mTc , acumula-se preferencilmete no

osso e em locais com lesão, sendo os BFs empregados como transportadores, tais como

: HEDP(1-dihidroxietilideno-1,1-difosfanato) ; MDP( metileno-1,1-difosfanato) e

HMDP( 1-hidroximetano-1,1-difosfonato).( ULUDAG, 2002)

Os radioisótopos bifosfonatos tem sido empregados clinicamente para

tratamento de paciente com tumor ósseo por reduzir a dor e e inibir a progressão do

tumor.( McEWAN, 2000)

Dentre os métodos mais utilizados para detectar metástases nos ossos, a

cintilografica óssea com difosfonatos marcados com 99mTc é a mais usada ( LEE,2000)

Além do diagnóstico de doenças ósseas , este método também diagnostica

câncer de próstata pelo fato do osso ser a via de disseminação mais comum da

doença(RIGAUD, 2002)

No entanto o processo de captação dos difosfonatos por parte do osso esta

diretamente relacionado com o fluxo sanguíneo local, entretanto, apesar deste

mecanismo não estar totalmente elucidado, estudos indicam que, provavelmente estas

moléculas são incorporadas pelos cristais de hidroxiapatita presentes na superfícies

óssea. O radiofármaco mais utilizado para este tipo de diagnóstico é o MDP-99mTc ,

devido ao fato de permitir uma ótima visualização (contraste) entre um tecido com

traços de doença e um tecido normal. Outra grande vantagem da cintilografia, é que é

possível observar metástases múltiplas no esqueleto ósseo como um todo, indicando

também áreas com provável risco de fraturas e lesões. (O´SULLIVAN, 2002)

Dados literários demonstram que pacientes que não apresentavam dor ósseas,

43% destes obtiveram cintilografia óssea positiva.( SHAFFER, 1976)

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11,1)Mecanismo de localização

Segundo Subramanian, (1979), o mecanismo de ação depende da reação das

superfícies potenciais de intercâmbio do íon inorgânico e da reação com as várias

frações orgânicas. Agentes como 85Sr, 87mSr , 18F e 99mTc, Sn-fóforo. São responsáveis

pelo processo de intercâmbio ou absorção. O Sr possui mecanismo semelhante ao do

cálcio e se intercambiam pela substituição catiônica em hidroxiapatita. O 18F faz

substituição aniônica com o íon hidroxila ou , com o bicarbonato, na matriz óssea .

Complexos que contêm 99mTc – Sn- fósforo interagem, por meio dos grupos fósforo

com o cálcio da hidroxiapatita e com proteínas de elevado peso molecular. O agente de

mapeamento ósseo., deve conter as seguintes características:

• Disponíbilidade

• Fácil preparação

• Fácil esterilização

• Ausência de reações adversas

• Baixa dose de radiação, podendo ser empregado doenças benignas e em

crianças

• Efeitos não farmacológicos

• Elevada eficiência

• Captação óssea elevada

• Rápida depuração do tecido mole e baixa retenção

• Capacidade para proporcionar imagens eficientes pela câmera a cintilações

O radiofármaco, 99mTc-MDP possuem difusão sanguínea mais elevada,

semelhante ao 18F, devido a sua capacidade de ligação à proteínas plasmáticas,

demonstrando assim que o pirofosfato e do polifosfato possuem depuração sanguínea

maior que os difosfonatos .( SUBRAMANIAN,, 1979)

O HEDP e MDP apresentam taxa de excreção urinária cumulativa dentro de um

intervalo de tempo de 24 horas ; no entanto o MDP, é excretado primeiro em relação ao

HEDP.( RECHER, 1973).

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Figura 33 : processo de excreção em função do tempo

Fonte: SUBRAMANIAN,, 1979

Estest compostos são recuperados na urina após um intervalo de tempo

equivalente à 24 horas apenas 52% do 14C-HEDP, quando comparado ao 99m Tc –

HDEP que possui cerca de 80% da dose recuperada, indicando desta maneira que o 99mTc quando administrado como HEDP , provavelmente é excretado de outra maneira

além do complexo difosfonato. O pirofosfato e polifosfato, são observados valores

semelhantes de excreção urinária no período de duas á 24 horas após a injeção , mas

inferiores as do complexos difosfonato. Portanto compostos que contêm 99mTc em sua

composição possuem excreção urinária é maior do que o 18F e o 85Sr, como mostra a

figura, a qual expressa uma analise da curva de retenção exponencialmente em

voluntários normais que utilizaram radiofármacos para cintilografia óssea.(

SUBRAMANIAN, 1979)

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Figura 34:Relação entre tempo e porcentagem de radiofármaco na urina

Fonte: ROCHA, 1979

Uma das vantagens da cintilografia óssea é o fato da mesma ser executada

facilmente, não requer pré-medicação ou preparo do paciente. Esta produz a

informação diagnóstica em um período equivalente a 2 horas após a injeção intravenosa

de 99mTc –MDP. Não há relatos de morbilidade com o uso da metodologia. Este exame

permite a visualização de tumores (primário ou secundário) doenças inflamatórias,

artrite, fraturas, doenças metabólicas, doenças de Paget, vascularidade reativa ,

osteoporose traumática ou migratória passageira, além de O valor principal detectar

lesões sua localização, extensão, número e distribuição.( SUBRAMANIAN,, 1979)

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12.0)Imagens

Na cintilografia óssea observa-se pontos onde há maior retenção de tecnécio que

indicam cintilografia óssea positiva, ou seja há alguma alteração naquela parte do tecido

ósseo

Figura 35: Paciente com artrose na coluna dorsal,lesões escleróticas difusas e

adenocarcinoma de próstata

Fonte: NUCLEOMED, 2007

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Figura 36: ossificação heterotópica em paciente paraplégico

Fonte: NUCLEOMED, 2007

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Figura 37:. Osteosarcoma com metástase pulmonar

Fonte: NUCLEOMED, 2007

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91

3.0)CONCLUSÃO

Os radiofármacos são preparações que podem ser utilizadas como auxiliar de

diagnóstico ou no tratamento e prevenção de doenças . As formulações que contêm em

sua composição emissores de partículas alfa e betas são empregadas para tratamento de

diversas patologias, em especial o câncer. Os compostos emissores de partículas gama,

são amplamente empregados na prática clínica para a realização de diagnóstico por

imagem. Associados com tecnologia de PET ( Tomografia de Emissão de Pósitrons)

produz imagens em termos quantitativos de reações químicas e funções de vários

órgãos e sistemas do corpo humano, apresentando maior vantagem em relação à outras

tecnologias como a tomografia computadorizada e a ressonância magnética nuclear por

detectar alterações funcionais que antecedem alterações anatômicas, ao contrário das

demais que geram apenas imagens anatômicas.

O radiofármaco deve ser administrado , de preferência , em sua menor dose com o

intuito de reduzir o risco de exposição do paciente à radioatividade.

O radionuclídeo ideal para prática diagnóstica deve ser aquele cujo tempo de meia-

vida é curto e a radiação gama possui baixo teor energético.Dentre estes agentes o mais

utilizado é o 99mTc, que apresenta meia-vida equivalente à 6 horas e a quantidade de

energia emitida é de 140 KeV ( raios gama). O tecnécio tem uma atividade bifuncional

que permite que o mesmo se ligue a receptores e que exerça uma atividade quelante,

quando empregado na cintilografia óssea. O mesmo é conjugado com difosfonatos, os

quais são adsorvidos na superfície óssea, de modo que o mesmo decaia na forma de

radiação gama, gerando assim imagens do tecido ósseo. Qualquer alteração no tecido

ósseo são facilmente detectadas pela metodologia, assim como lesões , tendências à

fraturas e até mesmo câncer de próstata, uma vez que o osso é a via de disseminação

deste tipo de câncer.

Há diferentes formas de se produzir um radiofármaco, a partir de geradores de

tecnécio, células autólogas, kits entre outros. No entanto , todos os produtos finais

devem passar por análises do controle de qualidade, assim como o processo de

produção deve ser documentado, suas etapas validadas, e os profissionais devidamente

treinados Assim como qualquer outra preparação farmacêutica, os radiofármacos devem

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possuir atributos como segurança e eficácia, para tanto o fabricante deve zelar pela

qualidade .

O profissional farmacêutico deve promover o uso racional de radiofármacos ,

seja para diagnósticos, seja para tratamento, para tanto cabe ao mesmo ter conhecimento

de medicina nuclear assim como seus “prós” e “contras”.

A indústria radiofarmacêutica encontra nos radiofármacos um mercado

diferenciado, ao contrário dos medicamentos tradicionais. Estes produtos apresentam

um preço elevado preço por dose ( a dose administrada é única), este fato entra em

choque com a “cultura” dos pacientes os quais estão habituados com a idéia de tomar

uma terapêutica repetidamente. Em termos mercadológicos, o radiofármaco exige por

parte do fabricante uma divulgação do produto bem estruturada, associada com suporte

técnico para a correta manipulação uma vez que nem sempre a eficácia de um produto

justifica seu uso pois o consumidor pode encontrar, num primeiro momento,

tratamentos alternativos e à baixo custo.

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100

5.0)ANEXO Portaria nº 354 de 11 de agosto de 2006, que atribui à ANVISA a competência de regulamentar, controlar

e fiscalizar radioisótopos para uso diagnóstico in vivo e radiofármacos e produtos radioativos utilizados

em diagnóstico e terapia, que envolvam risco à saúde pública.

ANEXO

Resolução da Diretoria Colegiada - RDC nº

Dispõe sobre o Registro de Radiofármacos

A Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, no uso da atribuição que lhe confere

o inciso IV do art. 11 do Regulamento da ANVISA aprovado pelo Decreto nº 3.029, de 16 de abril de

1999, e tendo em vista o disposto no inciso II e nos §§ 1º e 3º do art. 54 do Regimento Interno aprovado

nos termos do Anexo I da Portaria nº 354 da ANVISA, de 11 de agosto de 2006, republicada no DOU de

21 de agosto de 2006;

considerando a definição de medicamento presente no art. 4º inciso II da Lei 5.991

de 1973; considerando o disposto no § 1, inciso IX do art. 3º da Portaria nº 354 de

11 de agosto de 2006, que atribui à ANVISA a competência de regulamentar,

controlar e fiscalizar radioisótopos para uso diagnóstico in vivo e radiofármacos e

produtos radioativos utilizados em diagnóstico e terapia, que envolvam risco à

saúde pública;

considerando a necessidade de regulamentar os procedimentos de registro uma vez

que a legislação

não atende às especificidades destes produtos;

considerando a necessidade de garantir a qualidade e avaliar o custo/benefício dos

radiofármacos, atentando-se para os critérios estritos que devem orientar esses

procedimentos;

considerando as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), sobre

Certificação de Qualidade de Produtos Farmacêuticos, objeto do comércio

internacional;

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101

adota a seguinte Resolução da Diretoria Colegiada e eu, Diretor-Presidente,

determino a sua publicação:

Art. 1º Fica aprovado o Regulamento Técnico que trata do registro de

radiofármacos, em anexo.

Art 2º Fica concedido o prazo de 360 (trezentos e sessenta) dias a contar da data

de publicação em "Diário Oficial da União", para que as empresas, radiofarmácias,

clínicas e institutos produtores de radiofármacos no País procedam à devida

adequação a esta legislação, a fim de obter o registro para a comercialização de

radiofármacos.

DIRCEU RAPOSO DE MELLO

ANEXO

REGULAMENTO TÉCNICO PARA REGISTRO DE RADIOFÁRMACOS

Os procedimentos regulatórios necessários para controlar radiofármacos são em

grande parte determinados pelas fontes destes produtos e pelos métodos de

fabricação, que incluem o preparo em radiofarmácias de hospitais, em

radiofarmácias centralizadas, em centros nucleares, institutos, indústrias e

hospitais. A meiavida física de alguns radionuclídeos é tão curta que, nestes casos,

a preparação final deve ser feita imediatamente antes da administração para o

paciente. Isto leva ao uso de produtos semi-fabricados como geradores de

radionuclídeos, precursores e kits, cujas especificações são fundamentais para a

qualidade, segurança e eficácia dos radiofármacos. Este Regulamento aplica-se às

seguintes categorias de classificação de radiofármacos e estabelece os critérios e a

documentação necessária para o registro de:

• Radiofármacos prontos para o uso;

• Kits;

• Geradores de radionuclídeos; e

• Precursores.

Capítulo 1: GLOSSÁRIO

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102

Para os fins desta resolução são adotadas as seguintes definições:

1. Atividade específica: radioatividade do radionuclídeo relacionada à massa

unitária do elemento ou composto.

2. Concentração radioativa: é a radioatividade do radionuclídeo contida no volume

unitário e geralmente referida como atividade por volume.

3. Equivalentes farmacêuticos: são medicamentos que contêm o mesmo fármaco,

isto é, mesmo sal ou

éster da mesma molécula terapeuticamente ativa, na mesma quantidade e forma

farmacêutica, podendo ou não conter excipientes idênticos. Devem cumprir com as

mesmas especificações atualizadas da Farmacopéia Brasileira e, na ausência

destas, com as de outros códigos autorizados pela legislação vigente ou, ainda,

com outros padrões aplicáveis de qualidade, relacionados à identidade, dosagem,

pureza, potência, uniformidade de conteúdo, tempo de desintegração e velocidade

de dissolução, quando for o caso.

4. Gerador: sistema que incorpora um radionuclídeo pai que, por decaimento,

produz um radionuclídeo filho que pode ser removido por eluição ou por algum

outro método para ser utilizado como parte integrante de um radiofármaco.

5. Kit: preparação ou conjunto de reagentes que devem ser reconstituídos ou

combinados com um radionuclídeo para a síntese do radiofármaco final,

normalmente antes da administração.

6. Matéria-prima: qualquer substância ativa ou inativa, com especificação definida,

utilizada na produção de medicamentos.

7. Medicamento de referência: medicamento inovador registrado no órgão federal

responsável pela vigilância sanitária e comercializado no País, cuja eficácia,

segurança e qualidade foram comprovadas cientificamente junto ao órgão federal

competente, por ocasião do registro.

8. Medicamento novo ou inovador: medicamento comercializado no mercado

nacional composto por, pelo menos, um fármaco ativo, sendo que esse fármaco

deve ter sido objeto de patente, mesmo já extinta, por parte da empresa

responsável por seu desenvolvimento e introdução no mercado do país de origem,

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103

ou o primeiro medicamento a descrever um novo mecanismo de ação, ou aquele

definido pela ANVISA que tenha comprovado eficácia, segurança e qualidade.

9. Medicamento similar: aquele que contém o mesmo ou os mesmos princípios

ativos, apresenta a mesma concentração, forma farmacêutica, via de

administração, posologia e indicação terapêutica, e que é equivalente ao

medicamento registrado no órgão federal responsável pela vigilância sanitária,

podendo diferir somente em características relativas ao tamanho e forma do

produto, prazo de validade, embalagem, rotulagem, excipientes e veículo, devendo

sempre ser identificado por nome comercial ou marca.

10. Medicamento: produto farmacêutico, tecnicamente obtido ou elaborado, com

finalidade profilática,

curativa, paliativa ou para fins de diagnóstico.

11. Meia-vida biológica: tempo necessário para um organismo remover, por

eliminação biológica, metade da quantidade de uma substância administrada.

12. Meia-vida efetiva: tempo necessário para um radionuclídeo em um organismo

diminuir sua atividade pela metade como um resultado combinado da eliminação

biológica e do decaimento radioativo.

13. Meia-vida física: tempo necessário para metade de uma população de átomos

de um radionuclídeo

decair para outra forma nuclear.

14. Precursor: radionuclídeo produzido para a marcação de outra substância antes

da administração.

15. Pureza química: razão, em porcentagem, da massa da substância presente na

forma química declarada e o total da massa contida na fonte, desprezados

excipientes ou solventes.

16. Pureza radionuclídica: razão, expressa em porcentagem, da atividade do

radionuclídeo determinada

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espectrometricamente, relacionada com a radioatividade total da preparação

radiofarmacêutica. A tolerância à presença de impureza radionuclídica será

expressa na monografia do radiofármaco.

17. Pureza radioquímica: razão, expressa em porcentagem, da radioatividade do

radionuclídeo em questão presente na preparação radiofarmacêutica na forma

química declarada, relacionada ao total da radioatividade do radionuclídeo presente

na fonte.

18. Radioatividade total: a radioatividade do radionuclídeo expressa por unidade

(frasco, cápsula, ampola, gerador, etc).

19. Radiofármaco: medicamento com finalidade diagnóstica ou terapêutica que,

quando pronto para o uso, contém um ou mais radionuclídeos.

20. Radiofármaco de uso consagrado: radiofármaco que está sendo comercializado

por um longo período de tempo e que tem sido reconhecido como tendo eficácia e

segurança.

Capítulo 2: ASPECTOS GERAIS

1. Somente os radiofármacos registrados na ANVISA, fabricados ou importados por

estabelecimentos devidamente autorizados pelo governo federal e licenciados pelo

governo estadual, poderão ser comercializados e distribuídos no país.

2. A autorização prevista nesta norma não será exigida para a preparação

extemporânea de um radiofármaco por pessoa qualificada para sua aplicação em

um centro ou instituição legalmente autorizado para isso, se forem realizados

exclusivamente a partir de geradores, kits e precursores autorizados e de acordo

com as instruções do fabricante.

3. No momento de protocolar a solicitação do registro, a empresa solicitante deve

pagar a taxa de fiscalização sanitária correspondente.

4. Para os radiofármacos de uso consagrado (anexo 2) e radiofármacos similares, a

taxa de fiscalização

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sanitária tem o mesmo valor da cobrada para os medicamentos similares. Para os

radiofármacos novos, a taxa de fiscalização sanitária tem o mesmo valor da

cobrada para os medicamentos novos.

5. Caso o radiofármaco a ser registrado contenha algum produto biológico na sua

formulação, o solicitante do registro deve apresentar documentação que comprove

que o produto biológico está registrado no Brasil.

6. Caso o radiofármaco esteja registrado e seu processo de fabricação seja

alterado, o titular de registro deve submeter à ANVISA a solicitação de alteração do

registro.

7. O Registro do radiofármaco tem validade de 5 (cinco) anos. O detentor do

Registro do radiofármaco deve solicitar sua revalidação 6 (seis) meses antes de

expirar sua validade, comprovando documentalmente que, durante o período de

validade de seu Registro o produto foi comercializado no país, de acordo com a

legislação vigente.

8. O radiofármaco cuja solicitação de revalidação de Registro não for protocolada

na ANVISA, dentro dos prazos determinados pela legislação vigente, terá seu

Registro caducado pela ANVISA, depois de expirada sua validade.

9. O detentor do registro do radiofármaco que tenha seu Registro cancelado,

somente poderá obter um

novo Registro do mesmo produto, se iniciar novamente os trâmites necessários

para obter o Registro do radiofármaco, de acordo com a legislação vigente.

10. O Registro do radiofármaco e a Renovação do Registro somente serão válidos

após publicação de seu deferimento, conforme legislação vigente.

11. As notificações de Alteração do texto de bula e Alteração de rotulagem,

somente serão válidas depois de aceitação da referida notificação pela área de

registro.

12. Ao protocolar o pedido de registro do radiofármaco, a empresa solicitante deve

entregar a documentação referente à validação do procedimento de transporte do

produto a registrar, quando aplicável.

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13. As alterações de registro devem seguir os processos especificados no GUIA

PARA REALIZAÇÃO DE

ALTERAÇÕES E INCLUSÕES PÓS-REGISTRO DE MEDICAMENTOS.

14. A ANVISA poderá realizar análise de controle de lotes comercializados para fins

de monitoramento da qualidade e conformidade do radiofármaco registrado em

laboratórios oficiais. A ANVISA poderá solicitar às empresas treinamento para seus

técnicos a fim de capacitá-los a este monitoramento, quando necessário.

15. Para os radiofármacos de uso consagrado (Anexo 2) já comercializados no

Brasil o proponente do registro deve apresentar relatório de ensaios clínicos para

comprovar a eficácia terapêutica ou dados da

literatura para comprovar a eficácia e segurança através de estudos clínicos

publicados em revistas indexadas (Medline, Chemical Abstracts, Biosis,

International Pharmaceutical Abstracts ou Biological Abstracts). Devem ser

apresentados ensaios pré-clínicos para todos os radiofármacos.

16. O conceito de similaridade é aplicado apenas aos conjuntos de reagentes para

marcação e deverá ser apresentado um teste de equivalência farmacêutica com o

reagente eleito como medicamento de referência.

17. Os radiofármacos já registrados na ANVISA terão que se adequar a esta

legislação no momento da renovação e não poderão ser eleitos como referência

enquanto não estiverem adequados.

18. Excepcionalmente, no caso de radiofármacos utilizados no tratamento ou

diagnóstico de doenças graves e/ou de alta mortalidade, com estudos clínicos fase

II já concluídos e os estudos clínicos fase III em andamento que demonstram uma

alta eficácia diagnóstica, terapêutica ou preventiva e/ou se não existir outra terapia

ou droga alternativa comparável para aquele estágio da doença, o solicitante pode

requerer o registro do produto junto a ANVISA. Se o registro for concedido pela

ANVISA, sua segurança e eficácia será monitorada e avaliada continuamente no

Brasil, pelo sistema de Farmacovigilância.

19. No caso de um novo radiofármaco, apresentar protocolos de pesquisas clínicas

e resultados do andamento destas pesquisas de acordo com a legislação vigente.

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20. No caso de novo radiofármaco importado que venha a fazer estudo clínico fase

III no Brasil, apresentar protocolo de pesquisa e resultado de seu andamento de

acordo com a legislação vigente.

21. No caso em que a fase III venha a ser realizada com produto novo fabricado no

País, apresentar previamente notificação para a produção de lotes piloto de acordo

com o GUIA PARA A NOTIFICAÇÃO DE LOTES PILOTO DE MEDICAMENTOS.

Capítulo 3: DOCUMENTOS NECESSÁRIOS À FORMAÇÃO DE PROCESSOS DE

REGISTRO DE RADIOFÁRMACOS DIAGNÓSTICOS E TERAPÊUTICOS

1. Orientações Gerais

1.1. A empresa solicitante, ao protocolar a solicitação de Registro deve apresentar

1 (uma) via de toda a documentação solicitada e 1 (um) CD-ROM com as mesmas

informações gravadas em linguagem eletrônica tipo pdf (o número de série do disco

deve estar explicitado na documentação).

1.2. A documentação deve ter as páginas seqüencialmente numeradas pela

empresa e deve ser assinada pelo representante legal e pelo responsável técnico da

empresa, o qual também deverá rubricar todas as páginas da parte técnica da

documentação.

1.3. Todos os documentos encaminhados à ANVISA, assim como todas as

informações contidas em rótulos, bulas, cartuchos e todo material impresso, devem

estar escritos em língua portuguesa atendendo à legislação em vigor.

1.4. Os documentos oficiais em língua estrangeira apresentados para fins de

registro devem ser acompanhados de tradução juramentada na forma da lei.

1.5. A empresa solicitante, ao protocolar sua solicitação de Registro deve ordenar a

documentação apresentada de acordo com a numeração indicada no item 2.-

(Documentação) do Capitulo 3 desta resolução.

1.6. A empresa solicitante, ao protocolar sua solicitação de Registro deve informar

sobre as normativas

Internacionais, Nacionais ou Internas da empresa, utilizadas na determinação das

especificações do radiofármaco.

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108

2. Documentação

Esta seção traz a documentação necessária para o registro do radiofármaco e

instruções específicas para as importações e para as renovações de registro. O

detalhamento técnico para efeito de execução e atendimento às exigências legais

pertinentes ao registro ou as alterações destes, estarão dispostas em guias

específicos por temas.

Do Registro

Documento 01:

Formulários de petição de registro - FP.1 e FP.2, no que couber (modelo da

ANVISA);

Documento 02:

Original do comprovante de pagamento da taxa de fiscalização de Vigilância

Sanitária, devidamente autenticada e/ou carimbado pelo banco ou comprovante de

isenção, quando for o caso;

Documento 03:

Cópia da Licença de Funcionamento da Empresa e/ou do Alvará Sanitário; cópia do

Certificado de Autorização de Funcionamento da Empresa ou de sua publicação em

Diário Oficial da União (DOU).

Documento 04:

Cópia do Certificado de Responsabilidade Técnica atualizada, emitida pelo Conselho

Regional de Farmácia comprovando que a empresa solicitante e/ou fabricante tem

assistência do farmacêutico responsável habilitado para aquele fim.

Documento 05:

Histórico da situação de Registro em outros países, quando for o caso.

Documento 06:

Cópia do protocolo da notificação da produção de lotes-piloto.

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109

Documento 07:

Certificado de Boas Práticas de Fabricação e Controle (BPFC) emitido pela ANVISA,

para a linha de produção na qual o radiofármaco será fabricado, ou ainda, cópia do

protocolo de solicitação de inspeção

para emissão do certificado de BPFC. Este protocolo será válido desde que a linha

de produção pretendida esteja satisfatória na última inspeção para verificação do

cumprimento de BPFC realizada.

Documento 08:

Quando aplicável, apresentar Relatório de Farmacovigilância atualizado, de acordo

com a legislação em

vigor, com dados obtidos de estudos clínicos e da comercialização do produto.

Documento 09:

Documento indicando:

-Nome e endereço do fabricante do princípio ativo, quando aplicável.

-Nome e endereço do fabricante do radiofármaco.

Documento 10:

Cópia do documento normativo Internacional, Nacional ou Interno da empresa que

determina as especificações do radiofármaco.

Documento 11:

Relatório Técnico do produto contendo:

1) Informações sobre as características físico-químicas do(s) princípio(s) ativo(s),

como segue, quando aplicável:

1a) fórmula estrutural;

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1b) fórmula molecular;

1c) peso molecular;

1d) sinonímia e referência completa;

1e) forma física;

1f) ponto de fusão;

1g) solubilidade;

1h) propriedades organolépticas (cor, odor, textura, ...);

1i) polimorfismo, descriminando as características do polimorfo utilizado e de

outros relacionados ao princípio ativo.

1j) descrever a relação sal/base e os excessos utilizados;

1k) espectro de infravermelho da molécula;

1l) pH;

1m) outras análises necessárias à correta identificação e quantificação da(s)

molécula(s), apresentadas pelo produtor ou a critério da ANVISA.

2) Informações sobre o radiofármaco

2a) Denominação do produto

2b) Forma Farmacêutica e apresentação

2c) Vias de administração

2d) Composição qualitativa. Deve ser indicada a origem do radionuclídeo, o tipo de

radiação e qualquer

composto essencial para a marcação. Para os geradores, devem ser indicados tanto

os radionuclídeos originais, como seus produtos de transformação.

2e) Composição quantitativa (concentração radioativa). A radioatividade deve ser

expressa em Becquerel (Bq) e em Curie (Ci).

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2f) Identificação: descrever o decaimento radioativo, a meia-vida física e a energia

da radiação.

2g) Medida da radioatividade total: acompanhada da data e da hora em que a

medida foi realizada.

2h) Armazenamento – para kits, indicar as condições de armazenamento antes e

após a reconstituição.

3) Descrição dos testes sobre propriedades radionuclídicas e radioquímicas:

3a) Pureza radionuclídica.

3b) Pureza radioquímica.

3c) Atividade (atividade específica e concentração radioativa).

3d) Pureza química

3e) Pureza enantiomérica

4) Informações sobre as propriedades farmacológicas:

4a) Classificação do radiofármaco: diagnóstico ou terapêutico

4b) Posologia: indicar a faixa de atividade por uso e especificar a indicação se

existirem diferentes combinações de dose por indicação.

4c) Meia-vida biológica;

4d) Biodistribuição;

4e) Propriedades farmacodinâmicas, farmacocinéticas e toxicologia na forma

aplicável ao radiofármaco,

incluindo o radionuclídeo e a porção não radionuclídica (carreador).

4f) Enviar informações adicionais de acordo com a legislação vigente sobre controle

da Encefalopatia Espongiforme Transmissível, quando aplicável.

5) Modelo de texto de bula.

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112

A embalagem de radiofármacos, geradores, kits e precursores deve conter texto de

bula com todas as informações pertinentes, segundo a legislação vigente. Algumas

especificidades das preparações radiofarmacêuticas devem ser incluídas:

- nome do produto e descrição de seu uso;

- conteúdo do kit;

- identificação e exigências de qualidade referentes aos materiais de radiomarcação

utilizados no preparo do radiofármaco:

a. instruções de preparo do radiofármaco, incluindo a faixa de atividade e o volume,

ambos com indicação das exigências de armazenagem para o radiofármaco

preparado;

b. a meia-vida física do radiofármaco preparado;

c. alertas e precauções referentes aos componentes e ao radiofármaco preparado,

incluindo aspectos relativos à radioproteção;

d. a farmacologia e toxicologia na forma aplicável aos radiofármacos, incluindo a

via de eliminação e a meia-vida efetiva;

e. a posologia recomendada do radiofármaco e especificar a indicação se houver

várias combinações diferentes de atividade/indicação;

f. as precauções a serem tomadas pelos manipuladores e pacientes durante o

preparo e administração do produto e as precauções especiais para o descarte do

recipiente e de porções não consumidas;

g. indicar os métodos e especificações necessárias para verificar a pureza

radioquímica.

6) Modelo de rótulo de embalagem primária e secundária. Além das exigências

mínimas de informação da regulamentação vigente, deve conter:

6a) A radioatividade por dose unitária:

- para gases e líquidos: a quantidade de radioatividade total no recipiente ou a

concentração de radioatividade por ml numa data e, se necessário, a hora,

juntamente com o volume no recipiente.

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113

- para sólidos: a quantidade de radioatividade total numa data e, se necessário, a

hora.

- para cápsulas: a radioatividade por cápsula numa data e, se necessário, a hora e

o número de cápsulas no recipiente.

6b) O símbolo internacional de radioatividade.

6c) Nome e concentração de qualquer conservante antimicrobiano.

7) Produção e Controle de Qualidade:

7a) Composição completa da formulação com todos os seus componentes

especificados pelos nomes técnicos correspondentes e sinônimos de acordo com a

Denominação Comum Brasileira - DCB (se houver), ou DCI ou, na sua ausência, a

denominação CAS;

7b) descrição da quantidade de cada substância expressa no sistema métrico

decimal ou unidade padrão, informando ainda as substâncias utilizadas como

veículo ou excipiente;

7c) funções que as substâncias desempenham na fórmula;

7d) indicar a respectiva referência de especificação de qualidade descrita na

Farmacopéia Brasileira ou, na ausência desta, em outros compêndios oficiais

autorizados pela legislação vigente.

7e) tamanho mínimo e máximo da capacidade de produção de um lote a ser

produzido;

7f) descrição de todas as etapas da produção, contemplando os equipamentos

empregados;

7g) metodologia dos controles em processo;

7h) Código ou convenção utilizados pela empresa para identificação do lote de

produção;

7i) Controle de qualidade de todas as matérias-primas. Pode ser substituído por

certificados do fornecedor destes materiais, desde que: exista uma história de

produção confiável; o produtor ou fornecedor seja regularmente auditado; seja

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114

realizado pelo menos um teste de identidade específica pelo produtor do

radiofármaco acabado.

- descrição pormenorizada das especificações dos parâmetros de análise;

- métodos analíticos de identificação e quantificação dos componentes da

formulação e de seus principais contaminantes. Os valores de referência de cada

parâmetro constarão de compêndios oficiais reconhecidos pela ANVISA, de acordo

com a legislação vigente, citando-se as respectivas referências bibliográficas. No

caso de não se tratarem de compêndios oficiais reconhecidos pela ANVISA,

apresentar especificações com os métodos analíticos devidamente validados para

o(s) princípio(s) ativo(s), indicando a sua fonte bibliográfica ou de

desenvolvimento. Neste último caso, apresentar tradução juramentada caso o

idioma não seja o inglês nem o espanhol.

7j) Controle de qualidade do produto terminado:

- descrição detalhada de todos os métodos analíticos;

- especificações acompanhadas de referência bibliográfica;

- gráfico do perfil de dissolução, quando aplicável.

7k) especificações do material de embalagem primária.

8) Prazo de validade: deve ser especificada e justificada a validade do produto

quando fornecido pelo fabricante e após a reconstituição, quando aplicável, levando

em conta produtos de degradação radioquímicos e radionuclídicos. Para kits, a

estabilidade do preparado deve ser definida e devem ser submetidos dados com os

detalhes dos níveis máximo e mínimo de radioatividade e outros fatores relevantes

na preparação do produto. Para radiofármacos preparados em frascos multi-dose,

deve ser documentada a estabilidade destes produtos durante o uso e deve ser

estabelecido o prazo de utilização.

9) Dados Complementares:

9a) Citar a inscrição da substância ou componentes básicos da fórmula em

farmacopéia, formulários ou

publicações oficiais de padronização farmacêutica e ou periódicos de conceituação

científica;

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115

9b) Anexar a bibliografia sobre o produto e a literatura pertinente. A ANVISA

poderá solicitar trabalhos que considere necessários à avaliação da documentação

científica, com duplicata para arquivo;

9c) No caso de produtos constituídos por associação de duas ou mais substâncias

ativas, fornecer evidência científica que comprove a eficácia e a segurança da

associação e demonstre o benefício que justifique a mesma;

9d) Outros elementos que sejam próprios ou necessários, inclusive os destinados a

ajuizar causa e efeito, de modo a facilitar conclusões corretas por parte das

autoridades sanitárias.

Documento 12:

Relatório de Experimentação Terapêutica, elaborado e apresentado de acordo com

o disposto nas legislações vigentes.

a) Relatório de ensaios pré-clínicos: toxicidade aguda e sub-aguda, toxicidade

reprodutiva e atividade mutagênica. Para radiofármacos diagnósticos, o Relatório

de Experimentação Terapêutica deve seguir as especificidades destes produtos

(Anexo 1).

b) Relatório de ensaios clínicos para comprovar a eficácia terapêutica de acordo

com a legislação específica. Os dados devem ser acompanhados de referências

bibliográficas quando disponíveis. A apresentação destas informações deve seguir a

ordem: estudos clínicos fase I (quando aplicável), II, III. A ANVISA poderá rever os

dados dos estudos clínicos fase III para averiguar se as amostras e as diferenças de

resultados entre os grupos que receberam diferentes intervenções foram suficientes

para a obtenção de significância estatística e clínico-epidemiológica.

c) No caso de associações de radiofármacos, ou duas ou mais apresentações em

uma mesma embalagem para uso concomitante ou seqüencial, além dos demais

itens, o proponente deve apresentar o resultado dos seguintes estudos:

- estudos farmacológicos relativos entre os princípios ativos associados e cada

princípio ativo isolado que garantam que as eficácias dos princípios ativos em

associação não são afetadas;

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116

- ensaios clínicos controlados para cada indicação terapêutica, provando que

associações com as mesmas doses tenham um efeito aditivo ou sinérgico sem

aumento dos riscos quando comparados com cada princípio ativo isoladamente;

d) No caso de novas formas farmacêuticas, concentrações, nova via de

administração e indicações no País com princípios ativos sintéticos ou semi-

sintéticos por parte de empresas não detentoras de registro inicial daquele(s)

principio(s) ativo(s), o proponente não precisa apresentar os relatórios de ensaios

clínicos solicitados em a e b. Entretanto, deverão apresentar nas circunstâncias

especificadas abaixo, os seguintes ensaios:

1- Os resultados dos estudos de Fase III para as empresas que descobrirem uma

nova indicação terapêutica no País para um radiofármaco registrado por uma outra

empresa, na mesma concentração e mesma forma farmacêutica.

2- Os resultados dos estudos de Fase II e III para as empresas que descobrirem

uma nova concentração, e/ou forma farmacêutica, e/ou via de administração no

País para a mesma indicação terapêutica para um fármaco registrado por uma

outra empresa. Estes estudos estão dispensados, sendo substituídos pela prova de

biodisponibilidade relativa quando estiverem dentro da faixa terapêutica já

aprovada.

Documento 13:

1) Relatório contendo o preço atualizado no varejo do medicamento em países

onde ele já esteja sendo

comercializado, acompanhado da respectiva fonte de informação. Em caso de

produto novo ainda não comercializado em outro País, encaminhar proposta de

preço do produto no varejo. A falta deste documento não impedirá a submissão,

mas impedirá a aprovação final.

Da Importação

Os fabricantes ou seus representantes que pretendem importar radiofármacos,

além dos dispositivos anteriores, terão que:

a) Especificar a fase do radiofármaco a importar como produto terminado, produto

a granel ou na embalagem primária;

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b) Apresentar autorização da empresa fabricante do medicamento para o registro,

representação comercial e uso da marca no Brasil, quando cabível;

c) Cópia do Certificado de BPFC emitido pela ANVISA para a empresa fabricante,

atualizado, por linha de produção;

c.1) No caso da ANVISA ainda não ter realizado inspeção na empresa fabricante,

será aceito comprovante do pedido de inspeção sanitária da ANVISA, acompanhado

do certificado de boas práticas de fabricação de produtos farmacêuticos por linha de

produção, emitido pelo órgão responsável pela Vigilância Sanitária do país

fabricante.

c.2) A ANVISA poderá, conforme legislação específica, efetuar a inspeção da

empresa fabricante no país ou bloco de origem.

d) Apresentar comprovante de registro emitido pela autoridade sanitária de um país

onde esteja localizada a empresa e o respectivo texto de bula. A falta deste

documento não impedirá a submissão, mas impedirá a aprovação final.

e) Apresentar metodologia de controle de qualidade de natureza física, físico-

química, química, microbiológica e biológica a ser realizada pelo importador, de

acordo com a forma farmacêutica, do produto terminado, granel ou na embalagem

primária. Caso o método não seja farmacopêico, enviar a validação da metodologia

analítica.

f) Para radiofármacos importados a granel, Certificado de Boas Práticas de

Fabricação emitido pela ANVISA para a linha de embalagem realizada no País.

g) Para radiofármacos importados a granel, deve ser especificada e justificada a

validade do produto quando fornecido pelo fabricante e após a reconstituição,

quando aplicável, levando em conta produtos de degradação radioquímicos e

radionuclídicos.

h) Contar o prazo de validade do produto a granel importado a partir da data de

fabricação do produto no exterior e não da data de embalagem aqui no Brasil,

respeitando o prazo de validade registrado na ANVISA.

Da Renovação do Registro

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Todas as empresas, no primeiro semestre do último ano do qüinqüênio de validade

do registro já concedido, deverão apresentar os seguintes documentos para efeito

de renovação à ANVISA:

a) Formulário de petição devidamente preenchido;

b) Comprovante de pagamento da taxa de fiscalização de vigilância sanitária ou

comprovante de isenção, quando for o caso;

c) Certificado de Responsabilidade Técnica, atualizado, emitido pelo Conselho

Regional de Farmácia;

d) Apresentar documento comprobatório de venda no período de vigência do

registro e os números das

notas fiscais e a relação de estabelecimentos compradores em um máximo de 3

(três) notas por forma farmacêutica. Poderá ser apresentada uma declaração

referente às apresentações comerciais não comercializadas para as quais a

empresa tenha interesse em manter o registro, desde que pelo menos uma

apresentação daquela forma farmacêutica tenha sido comercializada.

e) A última versão de bula impressa que acompanha o produto em suas

embalagens comerciais.

f) Listagem que contemple todas as alterações e/ou inclusões pós-registro ocorridas

durante o último período de validade do registro do produto, acompanhados de

cópia do D.O.U., ou na ausência, cópia do protocolo da(s) petição(ões)

correspondente(s);

g) Para produtos importados apresentar os respectivos laudos de três lotes

importados nos últimos três

anos do controle de qualidade de natureza física, físico-química, química,

microbiológica e biológica, de

acordo com a forma farmacêutica, realizado pelo importador no Brasil.

h) Dados relativos aos estudos de fase IV, se houver.

i) Dados de farmacovigilância de acordo com o modelo PSUR/ICH. Estes dados

poderão ser requisitados

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pela ANVISA antes dos prazos de renovação.

ANEXO 1

INFORMAÇÕES CLÍNICAS ESPECÍFICAS PARA OS RADIOFÁRMACOS

DIAGNÓSTICOS

1. Indicação e eficácia - determinada pela avaliação de sua habilidade em fornecer

informação clínica útil em um local clínico definido, relacionada às suas indicações

propostas para uso:

(a) delineação da estrutura – localizar estruturas anatômicas e caracterizar sua

anatomia;

(b) avaliação funcional ou bioquímica – apresentar medidas confiáveis das funções

ou dos processos fisiológico, bioquímico ou molecular.

(c) detecção ou avaliação de patologia – demonstrar precisão suficiente na

identificação ou caracterização da patologia.

(d) acompanhamento diagnóstico ou terapêutico do paciente – demonstrar que o

teste é útil no acompanhamento diagnóstico ou terapêutico do paciente.

(e) Para uma função que não se encontra dentro das categorias de indicação

identificadas acima, a empresa deve consultar a ANVISA sobre como estabelecer a

eficácia do radiofármaco diagnóstico para esta função.

2. Precisão e utilidade da informação diagnóstica - é determinada pela comparação

com uma avaliação confiável do status clínico atual. Uma avaliação confiável do

status clínico atual pode ser fornecida por um padrão diagnóstico ou por padrões de

precisão demonstrada. Na ausência de tal padrão diagnóstico, o status clínico deve

ser determinado de outra maneira como, por exemplo, pelo acompanhamento do

paciente.

3. Segurança - deve ser estabelecida a dose de radiação de um radiofármaco

diagnóstico pelas avaliações de dosimetria de radiação em humanos e modelos

animais apropriados. Não é preciso estabelecer a dose máxima tolerada.

4. As reações adversas do radiofármaco diagnóstico.

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5. Resultados de experiência humana com o radiofármaco diagnóstico

(radionuclídeo ou reagente liofilizado) para outros usos.

6. Resultados de qualquer experiência humana prévia com o radiofármaco

diagnóstico, quando a mesma entidade química foi utilizada em um produto

estudado previamente.

.

7. A quantidade de novos dados de segurança necessários dependerá das

características do produto e da informação disponível a respeito da segurança do

radiofármaco diagnóstico obtido de outros estudos e usos. Tal informação deve

incluir, mas não é limitada a:

- atividade;

- instruções adicionais detalhadas para a preparação extemporânea e o controle de

qualidade de tais preparações;

- tempo máximo de armazenamento (as condições de armazenamento como a

temperatura e a luz podem levar à degradação do composto radioativo, por isso, as

condições de armazenamento deverão ser controladas);

- via de administração;

- meia-vida biológica do reagente liofilizado;

- meia-vida física do radionuclídeo e meia-vida biológica e efetiva do radiofármaco;

- resultados de estudos clínicos e pré-clínicos.

ANEXO 2

Radiofármacos de Uso Consagrado

1. Moléculas Marcadas

• MIBG-131I (Metaiodobenzilguanidina)

• MIBG-123I (Metaiodobenzilguanidina)

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• SAH-131 I (Soro Albumina Humano)

• O-iodo-hipurato de sódio -131I

• Lipiodol-131I

• EDTA- 51 Cr (Sal de Crômio III do Ácido Etilenodiaminotetracético)

• SAH-51Cr (Soro Albumina Humano)

• EDTMP-153 Sm (ácido etilenodiaminotetrametilenfosfônico)

• Hidroxiapatita-153 Sm

• FDG-18 F (2- Flúor – 2 deoxi – D - Glicose)

• Octreotideo-DTPA-111In

• Octreotato-DOTA-177Lu

• Citrato-90 Y

• Hidroxiapatita-90 Y

2. Radioisótopos Primários

• 67Ga (Citrato de Gálio)

• 51Cr (Cromato de Sódio)

• 123I (Iodeto de Sódio)

• 131I (Iodeto de Sódio)

• 131I (Cápsula)

• 201Tl (Cloreto de Tálio)

• Gerador de 99mTc

3. Reagentes Liofilizados para Marcação com 99mTc

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• DTPA: Ácido Dietilenotriaminopentacético

• DMSA (III): Ácido Dimercaptosuccínico

• DMSA (V): frasco A: Ácido Dimercaptosuccínico; frasco B: solução de bicarbonato

de sódio 4,2%

• GHA: Glucoheptonato de Cálcio

• DISIDA: Ácido Diisopropiliminodiacético

• MDP: Ácido Metilenodifosfônico

• Piro: Pirofosfato de Sódio

• SAH: Soro Albumina Humano

• DEXTRAN - 500

• DEXTRAN - 70

• Sn Col: Estanho coloidal

• MAA: Macroagregado de Soro Albumina Humano Desnaturado

• EC: FRASCO “A”: Etilenodicisteina; FRASCO “B”: solução de fosfato de sódio pH

4,5

• ECD: FRASCO “A”: Etilenodicisteina Dietil Éster; FRASCO “B”: solução de tampão

fosfato pH 7,5

• Fitato: Fitato de Sódio

• MIBI: Metoxiisobutilisonitrila

• Glucarato: ácido glucárico

• Exametazina

REFERÊNCIAS

1. EMEA. Directive 89/343/EEC

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2. FDA. Title 21 Food and Drugs – Chapter I – Food and Drug Administration.

Department of Health and Human Services – Subchapter F – Biologics – Part 601 –

Licencing – Subpart D – Diagnostic Radiopharmaceuticals.

3. Schmitt-Rau, Karlheinz. The Regulatory Status of Radiopharmaceuticals in

Europe. J. Clin Pharmacol 1990; 30: 866-870.

4. IAEA (International Atomic Energy Agency). Nuclear Medicine Resources Manual

– Chapter 7 – Quality Assurance and Quality Control Protocols for

radiopharmaceuticals

5. WHO Expert Committee on Specifications for Pharmaceutical Preparations. WHO

Technical Report Series 908. Thirty-seventh Report, Geneva 2003.

6. Farmacopéia Brasileira (1988). 4.ed., São Paulo: Atheneu, São Paulo.

7. United States Pharmacopeia – USP, ed. 29-NF 24, Rockville, United States

Pharmacopeial Convention, 2005.

8. European Pharmacopoeia (2004), 5th edition, Council of Europe (COE) -

European Directorate for the Quality of Medicines.

9. Regulamento Técnico para Medicamentos Novos ou Inovadores com Princípios

Ativos Sintéticos ou Semi-Sintéticos. Resolução da Diretoria Colegiada - RDC Nº

136, DE 29 DE MAIO DE 2003, Anvisa.

10. Regulamento Técnico de Registro, Alterações Pós-Registro e Revalidação de

Registro dos Produtos Biológicos Terminados. Resolução da Diretoria Colegiada –

RDC Nº 315, DE 26 DE OUTUBRO DE 2005.

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