Apostila Analise de Investimentos 2010

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ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

PROFESSORA LUCIANA FERRAZ

CASCAVEL

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2009CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO

1.1 POR QUE INVESTIR?

Podemos fazer duas coisas com nossos recursos: gastá-los em consumo corrente (com alimentos, roupas, moradia e transporte) ou economizá-los, com planos de utilizá-los mais tarde. Essa troca de consumo presente por um nível mais alto de consumo no futuro é o motivo pelo qual se poupa. O que você faz com suas economias para fazê-las crescer com o tempo se chama INVESTIMENTO.

Assim, investimento é o comprometimento atual de recursos por um período, na expectativa de receber recursos futuros que compensarão o investidor:

a) pelo tempo durante o qual os recursos são comprometidos;b) pela taxa esperada de inflação; e,c) pelo risco – a incerteza quanto aos pagamentos futuros.O investidor, hoje, está trocando uma quantidade conhecida de recursos (por exemplo,

dinheiro) por recursos futuros esperados (como uma dada quantia ou um fluxo de rendimentos) que serão maiores que o valor corrente desembolsado. Uma palavra-chave aqui é esperado. Muitos investimentos contêm riscos e, por isso, os pagamentos futuros efetivos podem ser maiores ou menores que o almejado.

Você investe na expectativa de que esse investimento traga um retorno financeiro melhor no futuro, mas nem sempre isso acontece.

1.2 O VALOR DO DINHEIRO NO TEMPO

Aqueles que abrem mão da posse imediata de poupanças (ou seja, adiam seu consumo) esperam receber no futuro uma quantidade maior daquilo que eles sacrificaram. Inversamente, aqueles que consomem mais do que sua renda corrente, tomando dinheiro emprestado, devem estar dispostos a pagar no futuro um valor bem maior que a quantia emprestada. Um importante princípio de finanças é o conceito do valor do dinheiro no tempo: um real hoje vale mais do que o mesmo real no futuro. Há três motivos pelos quais o dinheiro tem valor no tempo:

a) taxa de juros real pura ou livre de risco – esperamos uma recompensa pelo adiamento dos gastos, mesmo em um investimento sem risco, quando inexiste inflação. Se não fosse assim, não haveria incentivo para poupar. O retorno, em uma situação como essa, é a taxa de juros real pura ou livre de risco.

b) Proteção contra a inflação – pois a inflação reduz o poder de compra do dinheiro mais tarde.

c) Risco – A promessa de um real no futuro pode ser quebrada: há sempre a possibilidade de não pagamento ou pagamento reduzido.

1.3 RAZÕES PARA INVESTIR

São três as necessidades básicas que levam a um investimento:a) Renda – os investimentos são feitos na expectativa de que proporcionem rendimentos no

futuro.b) Preservação de capital – preservação do valor original do capital, sem risco de perda do

poder aquisitivo.c) Valorização do capital – para satisfação de uma necessidade futura, como aposentadoria

ou a educação universitária dos filhos. O objetivo é fazer com que o investimento cresça a uma taxa mais alta que a da inflação, de tal modo que haja um retorno real positivo após os efeitos dos impostos e da inflação.

1.4 VERDADES FUNDAMENTAIS DO MUNDO DOS INVESTIMENTOS

Todo mundo conhece um pouco, pelo menos, a respeito de mercados financeiros – desde notícias sobre o mercado de ações até as taxas de juros no banco local. Estratégias de investimento bem-sucedidas exigem disciplina, paciência e uma boa base de conhecimento dos

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conceitos fundamentais de finanças em geral e de investimentos, em particular. Um componente importante é formado pelo tema verdades fundamentais e principais do mundo dos investimentos:

a) há uma compensação entre risco e retorno esperado. Investimentos de risco maior devem oferecer níveis mais altos de retorno esperado. Em outras palavras, um investimento de baixo risco, ou conservador, não deve oferecer retornos esperados altos.

b) É difícil encontrar ações e títulos de renda fixa subavaliados.c) Concentre a atenção naquilo que você pode preservar e não no que pode ganhar em seus

investimentos. Impostos, taxas e despesas de investimentos podem reduzir o retorno de um investidor em pelo menos um terço.

d) Diversifique ou distribua suas aplicações em ativos. Para um investidor de longo prazo, a colocação de todos os fundos em um certificado de depósito bancário é tão imprudente quanto a aplicação de todo o dinheiro em uma única ação.

Que tipos de ações levam as empresas à falência?- Um dos erros mais comuns, e também mais sérios, é o de confundir gastos pessoais com gastos da empresa. O patrimônio da empresa não deve ser misturado ao patrimônio dos donos. - Ausência de um plano de negócios compatível à realidade do mercado. - Investimento não planejado, ou seja, investir, e fixar metas, sem uma avaliação precisa das necessidades operacionais. - Ausência de controle dos custos, bem como de outros controles internos ligados à capacidade de gerenciamento de uma empresa, tais como: compras, vendas, estoques, finanças, contabilidade, recursos humanos, etc. - Estabelecer prazos de venda sem levar em conta o capital de giro. - Acumular dívidas e utilizar recursos emprestados, a uma alta taxa de juros, para suportar os gastos da empresa. - Fazer vendas a prazo, sem adotar uma análise de crédito criteriosa, como comprovante de renda ou residência, referências, consultas de crédito, etc. - Inexperiência dos sócios no ramo de atividade escolhido para o empreendimento. - Remuneração dos sócios incompatível com a situação financeira da empresa. Estes são alguns pontos que podem levar uma empresa à falência, porém existem outros. Ressaltamos, contudo, a importância da constante capacitação do empresário.

1.5 INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS E MERCADOS

São importantes elementos do ambiente operacional de uma empresa.Empresas que necessitam de fundos de fontes externas podem obtê-los de três formas:

através de instituições financeiras – (intermediários que canalizam as poupanças de indivíduos, empresas e governos para empréstimos ou investimentos) que captam poupança e as transferem para aqueles que precisam de fundos; através de mercados financeiros – foros organizados onde fornecedores e tomadores de vários tipos de fundos podem realizar transações; e através de colocação privada.

De acordo com Art. 17 da LEI Nº 4.595, de 31 de dezembro de 1964, consideram-se instituições financeiras, para os efeitos da legislação em vigor, as pessoas jurídicas públicas ou privadas, que tenham como atividade principal ou acessória a coleta, intermediação ou aplicação de recursos financeiros próprios ou de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, e a custódia de valor de propriedade de terceiros.

Existem dois mercados financeiros básicos: o mercado monetário e o mercado de capitais. As transações com instrumentos de dívida de curto prazo (vencimento de um ano ou menos) ou com valores mobiliários negociáveis (Letras do Tesouro, certificados de depósitos, entre outros) realizam-se no mercado monetário. Os títulos de longo prazo – com vencimento acima de um ano - (títulos de dívida e ações) são negociados no mercado de capitais.

1.6 TAXAS DE JUROS E RETORNOS REQUERIDOS

Taxa de juros é a compensação paga pelo tomador de fundos ao credor; do ponto de vista do tomador de fundos é o custo de tomar emprestado os fundos. O nível dessa taxa atua como um regulador que controla o fluxo entre fornecedores e tomadores de fundos. Quando os fundos são obtidos através da venda de um direito de propriedade – como na venda de ações – o custo para o emissor (tomador) é normalmente chamado de retorno requerido, o qual reflete o nível de retorno esperado pelo fornecedor de fundos. Ignorando o fator de risco, a taxa de juros nominal

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ou de mercado (custo dos fundos) é resultante da taxa de juros real ajustada pelas expectativas inflacionárias e pelas preferências por liquidez – preferências dos investidores em geral por títulos de menor prazo.Taxa de juros real = taxa que cria um equilíbrio entre o fornecimento de poupança e a demanda por fundos de investimento em um mundo perfeito, sem inflação, onde os fornecedores e tomadores de fundos não têm preferência por liquidez e todos os resultados são certos.Taxa de juros nominal ou corrente (retorno) = é a efetiva taxa de juros cobrada pelo fornecedor de fundos e paga pelo tomador. Ela difere da taxa de juros real devido a dois fatores: expectativas inflacionárias refletidas em um prêmio pela inflação (IP) e características do emissor e da emissão, tais como o risco de inadimplência e condições contratuais, refletidas em um prêmio pelo risco (RP). K1 = k* + IP + RP1

Onde:K1 = taxa de juros nominal ou correnteK* = taxa real IP = Prêmio pela inflaçãoRP = Prêmio pelo risco

Sendo k* + IP = taxa livre de Risco = RF

Temos: k1 = RF + RP1

Então, taxa livre de risco = RF = k* + IPA taxa de juros sem risco RF é o retorno requerido de um ativo sem risco, tipicamente uma

letra de 3 meses do Tesouro dos Estados Unidos.O prêmio pelas expectativas inflacionárias representa a taxa de inflação média esperada

(mudança no nível de preços) durante o prazo do empréstimo ou investimento. O prêmio pela expectativa inflacionária muda com o tempo, em resposta a muitos fatores, incluindo taxas de inflação recentes, políticas governamentais e eventos internacionais.

1.7 COMPONENTES DA TAXA DE JURO

As taxas de juros são formadas por uma série de componentes ou variáveis que, direta ou indiretamente, influenciam no seu nível. Sabemos que o volume/montante de dinheiro envolvido no negócio, o mercado, os subsídios, o prazo e o cadastro do tomador são variáveis que influenciam, no seu conjunto, a oferta e procura que determinam o nível de taxas de juro vigentes num mercado estável.

Além dessas, outras variáveis são determinantes das taxas de juros. As taxas de juros pagas pelas instituições financeiras decorrem:

Da política monetária do governo;Da atuação do Banco Central, que define a taxa de juro básica da economia, mediante a definição da remuneração dos títulos públicos federais;Do nível de liquidez da economia;Da expectativa de inflação, caso a operação seja pré-fixada;Da necessidade que as instituições têm de captar recursos;Dos segmentos de mercado nos quais as instituições atuam.

1.8 CLASSIFICAÇÃO DAS TAXAS

1.8.1 Taxas ProporcionaisDuas taxas são proporcionais quando há uma proporção entre as grandezas em que se

expressam e as durações dos períodos de tempo a que se referem.Obs.: Usa-se no cálculo de juros simples.Exemplo:

1) Encontrar a taxa de juro anual proporcional a 3% a.m. ( 3 x 12 = 36% a.a.)2) Encontrar a taxa de juro bimestral, proporcional a 48% a.a. (48/ 6 = 8% a.b.)

1.8.2 Taxas EquivalentesSão aquelas que, aplicadas a capitais iguais, produzem juros iguais (e montantes iguais) em

tempos iguais.Fórmula: iq = [(1 + it)q/t – 1] . 100

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Onde: iq = taxa que quero it = taxa que tenhoq = período que querot = período que tenho

Exemplo:1) uma taxa de 2% a.m. equivale a que taxa anual? 100 CHS PV 2 I 12 N FV 100 - =

26,82%A.A.2) Uma taxa de 8% a.m. equivale a que taxa diária? 100 CHS PV 8 I 30 1/X N FV 100 - =

0,26% A.D.

1.8.3 Taxa Nominal e EfetivaA taxa de juros contratada, declarada ou cotada numa operação financeira chama-se taxa

nominal. Essa taxa nem sempre é igual à taxa efetiva de rendimento que a operação financeira proporciona efetivamente. Assim:Taxa de juros nominal (declarada) – taxa de juros contratual cobrada por um fornecedor de fundos ou prometida pelo tomador de fundos.Taxa efetiva de juros – taxa de juros efetivamente paga ou ganha; a qual, por lei, deve ser claramente determinada aos tomadores de fundos e aos investidores.A taxa de juros efetiva difere da taxa de juros nominal por refletir o impacto da freqüência da capitalização. Exemplo:

1) A Caderneta de Poupança, além da atualização monetária, paga juros de 6% a.a., capitalizados mensalmente. Qual é a taxa efetiva anual paga pela poupança?6/12 = 0,5% A.M. (TAXA EFETIVA MENSAL)0,5 I 100 CHS PV 12 N FV 100 - = 6,17% A.A.

1.8.4 Taxa RealA taxa é calculada a partir da taxa efetiva depois de eliminados todos os efeitos inflacionários.

Fórmula: Ireal = [(1+ Iefetiva ) : (1+ Iinflação ) – 1] x 100Exemplo:

1) Foi feita uma aplicação por 30 dias, à taxa de 48% ao ano, capitalizado mensalmente. A inflação, neste período, foi de 3%. Calcule:

a) taxa nominal 48%A.A.b) taxa efetiva mensal 48/12 = 4% A.M.c) taxa real 103 ENTER 104 ∆ % = 0,97%

2) Um cliente fez uma aplicação no valor de R$ 2.000,00 para receber no final R$ 2.100,00, porém pagou R$ 10,00 de IR, no final da aplicação. Sabendo-se que a inflação no período ficou em 4,0%, calcule:

a) taxa nominal 2000 CHS PV 2100 FV 1 N I = 5% X 12 = b) taxa efetiva 2000 CHS PV 2090 FV 1 N I = 4,5%c) taxa real 104 enter 104,5% = 0,48%

EXERCÍCIOS PROPOSTOS

1) O seu banco de investimento remunera a 6% a.a, o que equivale a que taxa mensal? (R.: 0,48676%a.m.)

2) Supondo que um capital vai ser aplicado à taxa de juros compostos de 15% por trimestre ou 70% ao ano, qual é a melhor aplicação? (R.: 74,9% a.a.)

3) Um cliente recebeu uma oferta: aplicar R$ 50.000,00 e resgatar R$ 55.650,00 líquidos, no final de 181 dias. Qual a taxa efetiva mensal da operação? (R.: 1,79%a.m)

4) Calcular a taxa efetiva anual de um empréstimo de R$ 130.000,00 pelo prazo de 31 dias, sabendo-se que o banco cobra uma taxa de 43% ao ano, mais uma comissão antecipada de 0,3%. (R.: 48,08%a.a.)

5) Qual a taxa nominal anual, capitalizada mensalmente, equivalente a 635% ao ano? (R.: 217,01% a.a.)

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6) Calcular a taxa composta para um período de 61 dias corridos, equivalente a 25% ao ano composta. (R.: 3,8534% no período)

7) Uma empresa tem as seguintes opções para tomar um empréstimo pelo prazo de 32 dias, determinar a melhor alternativa para a empresa.

Opção A – 48% ao ano, composta, mais 0,3% de comissão antecipada.Opção B – 51% ao ano composta prefixada.

8) Calcular a taxa composta anual de uma operação pelo prazo de 14 dias, sabendo-se que o Banco cobra uma taxa de 55% a.a., mais uma comissão antecipada de 0,25%. (R.: 65,3%a.a.)

9) Qual a taxa efetiva anual cobrada pelo Banco na concessão de um empréstimo pelo prazo de 32 dias corridos, sabendo-se que a taxa praticada é de 15% ao ano mais a variação do IGPM. Considerar variação do IGPM no período de 2,5%.

(R.: 51,82% a.a.)

10) Calcular o valor do resgate e a taxa líquida efetiva mensal de uma aplicação em CDB no valor de R$ 10.000,00 pelo prazo de 32 dias à taxa composta de 25% ao ano. Considerar alíquota do IR de 20% e CPMF de 0,38%.

11) Um empréstimo, no valor de R$ 1.000,00, foi feito para vencimento em 30 dias, tendo sido acertada uma taxa de juros de 5% ao mês mais correção. Considerando que a inflação no período foi de 2%, qual o valor a ser pago?

12) Se a inflação mensal foi de 0,43%, qual a taxa real de uma aplicação que rendeu taxa de 1,15% no mesmo mês?

13) Qual é a taxa mensal de uma aplicação que remunera à taxa de 15,6% ao ano?CAPÍTULO 2 – AVALIAÇÃO DE ATIVOS

OBJETIVOS DO CAPÍTULO:

Descrever os principais fatores – fluxos de caixa (retornos), timing e retorno exigido (risco) – e o modelo básico usado no processo de avaliação;

Aplicar o modelo básico de avaliação para títulos de dívida, abordar o comportamento do valor do título de dívida, especialmente o impacto que o retorno exigido e o tempo até o vencimento têm sobre o seu valor;

Explicar o rendimento até o vencimento e o procedimento usado para avaliar títulos de dívida que pagam juros semestrais;

Fazer uma avaliação básica de ações ordinárias usando cada um dos três modelos: crescimento nulo, crescimento constante e crescimento variável.

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2.1 FUNDAMENTOS DA AVALIAÇÃO

Avaliação é o processo que associa retorno a risco para determinar o valor de um ativo. O valor de qualquer ativo é o valor presente de todos os seus fluxos de caixa futuros.

Há três insumos principais no processo de avaliação:a) fluxos de caixa (retornos) – o valor de qualquer ativo depende do fluxo de caixa que se espera

que ele gere durante o período considerado.b) Timing – a data em que os fluxos de caixa ocorrem. A combinação de fluxo de caixa e de seu

timing define o retorno esperado do ativo.c) Retorno exigido (medida de risco) – o nível de risco associado a um dado fluxo de caixa pode

afetar significativamente seu valor. Em geral, quanto maior for o risco de um fluxo de caixa (ou menos certo), menor será o seu valor.

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Exemplo: se somos administradores financeiro de uma empresa e temos 25 milhões para investir, devemos comprar mais estoque para captar vendas adicionais ou novos equipamentos para melhorar a eficiência operacional?

Para escolher, antes de qualquer coisa, devemos avaliar as duas situações para saber qual delas maximiza mais o valor da empresa.

Todas as decisões financeiras importantes devem ser vistas em termos do risco esperado, do retorno esperado e do impacto de sua combinação sobre o preço da ação.

2.1.1 Modelo básico de avaliação

O valor de qualquer ativo é o valor presente de todos os futuros fluxos de caixa que se espera que ele gere em um período de tempo relevante. Portanto, o valor de um ativo é determinado descontando-se os fluxos de caixa esperados para seu valor presente e usando-se o retorno exigido adequado para o risco do ativo como a taxa de desconto apropriada.

Exercício: Estimar o valor dos 3 ativos abaixo relacionados:- ação ordinária de uma determinada empresa, da qual espera receber dividendos em

moeda corrente de $ 300,00 por ano, indefinidamente (perpetuidade). Sabe-se que a taxa de oportunidade está na faixa de 12% a.a.

- um poço de petróleo do qual espera receber um fluxo de caixa de $ 2.000,00 ao final de um ano, $ 4.000,00 ao final de dois anos e $ 10.000,00 ao final de quatro anos, quando o bem for vendido. Neste caso, a taxa apropriada de retorno exigido é de 20% a.a..

- Uma pintura original de autenticidade comprovada que espera ser capaz de vender daqui a 5 anos por $ 85.000,00. Considerando o risco, a taxa de retorno exigida é de 15% a.a.

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2.2 AVALIAÇÃO DE TÍTULOS DE DÍVIDA

Os títulos de dívida são instrumentos de dívida de longo prazo usados pelas empresas e pelo governo para levantarem grandes somas em dinheiro, geralmente de um grupo diverso de fornecedores de recursos. A maior parte dos títulos de dívida privados paga juros semestrais a uma taxa de juros declarada no cupom, tem um vencimento inicial de 10 a 30 anos e um valor nominal, ou de face, de $ 1.000,00, que deve ser restituído no vencimento.

2.2.1 Avaliação básica de um título de dívida

O valor presente de um título de dívida é o valor presente dos pagamentos contratuais que seu emissor é obrigado a efetuar, por contrato, desde a data corrente até o seu vencimento. A taxa de desconto apropriada seria o retorno exigido, o qual depende das taxas de juros predominantes e do risco.

Ex.: A Companhia União, uma grande empreiteira do setor de segurança, em 1.º de janeiro de 2010 emitiu um título de dívida de 10 anos, com uma taxa de juros declarada no cupom de 10% e um valor de face de $ 1.000,00 que paga juros semestralmente. Os investidores que compram esse título de dívida recebem direitos contratuais (1) de juros anuais de $ 100,00 distribuídos como $ 50,00 ao final de cada 6 meses e (2) do valor de face de $ 1.000,00 no final do décimo ano.Considerando que os juros sobre a emissão do título de dívida sejam pagos anualmente e que o retorno exigido seja igual à taxa de juros de cupom do título de dívida, temos:Valor de face – $ 1.000,00 = FVJuros = 1.000,00 x 10% = 100,00 = PMTPeríodo = 10 anos = nTaxa de retorno exigido = 10% = iCalculando-se o PV teremos o valor do título hoje.

**IMPORTANTE: o valor futuro e o PMT deverão ter o mesmo sinal, diferente do PV.

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Após efetuado o cálculo, o que se observa é que o valor do título de dívida calculado é igual ao seu valor de face. Será sempre assim, quando o retorno exigido for igual à taxa de juros declarada no cupom.

2.2.2 Comportamento do valor do título de dívida

O valor de um título de dívida no mercado raramente é constante durante sua vida. Uma variedade de forças na economia, bem como a mera passagem do tempo, tendem a afetar o seu valor. Uma vez que essas forças externas não são realmente controladas pelos emissores dos títulos de dívida ou pelos investidores, é útil entender o impacto que o retorno exigido e o prazo de vencimento têm sobre o valor do título de dívida.

Retornos exigidos e valores dos títulos de dívida

Sempre que o retorno exigido sobre um título de dívida difere da taxa de juros de cupom desse título, o valor do título difere do seu valor nominal. O retorno exigido pode ser diferente da taxa de juros porque (1) as condições econômicas mudaram, causando uma mudança no custo básico de fundos a longo prazo, ou (2) o risco da empresa mudou. Independente da causa exata, o importante é a relação entre o retorno exigido e a taxa de juros de cupom: quando o retorno exigido for maior que a taxa de juros de cupom, o valor do título de dívida será menor que o seu valor nominal (vendido com desconto). Quando o retorno exigido cair abaixo da taxa de juros declarada no cupom, o valor do título será maior que o seu valor nominal (vendido com prêmio).

Exercício: No exemplo anterior, calcule o valor do título caso o retorno exigido aumente para 12% e depois que ele caia a 8%.

Data até o vencimento e valores dos títulos de dívida

Sempre que o retorno exigido é diferente da taxa de juros declarada no cupom, o período de tempo até o vencimento afeta o valor do título de dívida. Um fator adicional é se os retornos exigidos são constantes ou se estão mudando durante a vida do título de dívida. Retornos exigidos constantes – nesta situação, o valor do título de dívida se aproximará de seu valor nominal à medida que o valor do título de dívida se aproxima do vencimento.Mudando os retornos exigidos – quanto menor for o período de tempo até o vencimento do título de dívida, menor será a reação de seu valor de mercado a uma dada mudança no retorno exigido. Assim, prazo curto de vencimento tem menor risco de taxa de juros que os longos.

Exercício: No exemplo anterior, calcule o valor do título caso a mudança no retorno exigido de 10 para 12% acontecesse quando faltasse apenas três anos para o seu vencimento.

2.2.3 Rendimento até o vencimento (YTM)

Quando os investidores avaliam títulos de dívida, costumam considerar o rendimento até o vencimento (YTM – yield to maturiy), ou seja, a taxa de retorno que os investidores ganham quando compram o título de dívida a um preço específico e o mantêm até o vencimento. Supõe-se que o emissor faça todos os pagamentos de principal e juros programados, conforme prometido.

Exercício: Considere que o título do exercício anterior foi vendido por R$ 1.080,00, tem uma taxa de juros declarada no cupom de 10% e um valor de face de R$ 1.000,00, paga juros anualmente e tem dez anos até o vencimento. Calcule o retorno até o vencimento.

1080 PV1000 CHS FV100 CHS PMT10 ni

2.2.4 Juros semestrais e valores dos títulos de dívida

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O procedimento, nesse caso, é similar ao cálculo de juros com maior freqüência que anualmente, exceto que aqui nós precisamos calcular o valor presente. Isso envolve:a) a conversão dos juros anuais, J, para juros semestrais, dividindo-os por 2;b) a conversão do número de anos até o vencimento, n, para o número de semestres,

multiplicando-os por 2;c) a conversão do retorno exigido determinado para títulos de risco similar que também pagam

juros semestralmente, de uma taxa anual para uma taxa semestral, dividindo-o por 2.

Exercício: No título utilizado como exemplo até aqui, vamos considerar que o título de dívida pague juros semestrais e que o retorno exigido declarado seja de 12% para os títulos de risco similar que também pagam juros semestrais. Assim:

1000 CHS FV 50 CHS PMT ( 100 / 2)20 n (10 x 2)6 i (12 / 2)PV

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2.3 AVALIAÇÃO DA AÇÃO ORDINÁRIA

As ações preferenciais e os títulos de dívidas são similares, uma vez que os títulos possuem fluxos de caixa com juros declarados e as ações preferenciais possuem dividendos declarados.

Por outro lado, os dividendos das ações ordinárias não são conhecidos com antecipação. Os acionistas ordinários exigem que a empresa obtenha, no mínimo, um retorno compatível com o seu risco. Esperam ser recompensados com o recebimento periódico de dividendos em dinheiro e de um aumento – ou no mínimo, a não diminuição – no valor da ação.

Como os atuais donos, os donos potenciais e analistas de títulos estimam freqüentemente o valor da empresa. Os investidores compram ações quando acreditam que elas estejam subvalorizadas – quando seu verdadeiro valor é maior que o seu preço de mercado – e, vendem-nas quando acreditam que elas estão superavaliadas (seu preço de mercado é maior que seu verdadeiro valor).

2.3.1 Modelo de crescimento nulo

Considera um fluxo constante, não crescente, de dividendos. É a abordagem mais simples à avaliação de dividendo.

Equação: Po = D1 . Ks

A equação mostra que, com crescimento nulo, o valor de uma ação seria igual ao valor presente de uma perpetuidade de D1 unidades monetárias descontada a uma taxa k.

Exercício.: Qual o valor da ação de uma empresa sabendo-se que o dividendo esperado deverá permanecer constante em $ 3,00 por ação indefinidamente, se o retorno exigido sobre suas ações for de 15%? (R.:20,00)

***Obs: Como a ação preferencial costuma oferecer a seus portadores um dividendo anual fixo sobre sua vida supostamente infinita, a equação acima pode ser utilizada para se descobrir o valor da ação preferencial.

2.3.2 Modelo de crescimento constante (Modelo de Gordon)

É a abordagem mais citada de avaliação de dividendo. Considera que os dividendos crescerão a uma taxa constante, mas menor que o retorno exigido.Equação:

Po = D1 . (Ks – g)

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Ondeg = taxa de crescimento constanteD1 = próximo dividendo a ser pago = Do mais a taxa de crescimento (Do enter g% +)

Exemplo: Um pequeno fabricante de cosméticos que comercializa na internet, pagou os seguintes dividendos por ação:

2009 – $ 1,402008 – $ 1,292007 – $ 1,202006 – $ 1,122005 – $ 1,052004 – $ 1,00

Considerando que o retorno exigido seja de 15%, qual o valor das ações?Primeiramente, precisamos calcular a taxa de crescimento da empresa através da série histórica e para isso devemos retomar o conteúdo do capítulo 5, sobre taxas de crescimento:1 CHS PV 1,40 FV 5 n i (R.: 6,96 a qual para facilitar, neste exemplo, arredondaremos para 7%a.a.).Na seqüência, calculamos o dividendo esperado para o próximo exercício (2010).D1 = 1,40 ENTER 7% +D1 = 1,50Agora podemos aplicar a fórmula:

Po = 1,50 . = 18,75 (0,15 – 0,07)

2.3.3 Modelo de crescimento variável

Os modelos comuns de crescimento nulo e constante não permitem nenhuma alteração nas taxas de crescimento esperado. Como as taxas de crescimento futuro podem oscilar devido a mudanças nas expectativas, convém considerar um modelo de crescimento variável que permita uma mudança na taxa de crescimento de dividendos.

Para determinar o valor de uma ação em caso de crescimento variável, usaremos um procedimento que envolve 4 passos:

Primeiro passo – calcular o valor dos dividendos em dinheiro no final de cada ano, durante o período de crescimento inicial, do ano um até ano N.Segundo passo – calcular o valor presente dos dividendos esperados durante o período de crescimento inicial.Terceiro passo – calcular o valor das ações no final do período de crescimento inicial, que é o valor presente de todos os dividendos esperados do N + 1 ao infinito, considerando-se uma taxa constante de crescimento.Quarto passo – calcular o valor presente do valor da ação no final do período de crescimento inicial e somar aos valores encontrados no passo 2. O resultado será o valor da ação (Po).

Exemplo: O mais recente pagamento anual de dividendos de uma determinada empresa (2009) foi de $ 1,50 por ação. O gerente financeiro espera que esses dividendos cresçam a uma taxa anual de 10% nos próximos 3 anos, devido ao lançamento de um novo produto. No final de 3 anos, a linha de produto madura da empresa deve resultar em uma desaceleração da taxa de crescimento do dividendo para 5% ao ano, para o futuro previsível. O retorno exigido da empresa é de 15%. Qual o valor atual das ações da empresa? Resolução: Primeiro passo Segundo passoD1 = 1,50 enter 10% + = 1,65 1,65 CHS FV 1 n 15 i PV = 1,43D2 = 1,65 enter 10% + = 1,82 1,82 CHS FV 2 n 15 i PV = 1,38D3 = 1,82 enter 10% + = 2,00 2,00 CHS FV 3 n 15 i PV = 1,32 Total = 4,13Terceiro passoD4 = 2 enter 5% + = 2,10P3 = D4/ (Ks – g) = 2,10 / (0,15- 0,05) = 21,00Quarto passo

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21 CHS FV 3 n 15 i PV = 13,81 + 4,13 = 17,94

_______________________________________________

2.4 TOMADA DE DECISÃO E VALOR DA AÇÃO ORDINÁRIA

As equações de avaliação medem o valor da ação em um ponto no tempo com base no retorno e no risco esperados. Quaisquer decisões do gerente financeiro, que afetem essas variáveis, podem causar mudanças no valor da empresa.

2.4.1 Mudanças no retorno esperado

Considerando que as condições econômicas permaneçam estáveis, qualquer ação gerencial que fizesse os acionistas atuais e potenciais aumentarem suas expectativas de dividendos elevaria o valor da empresa. Então, qualquer ação que aumente o nível dos retornos esperados sem mudar o risco (o retorno exigido) deverá ser tomada, porque afetará positivamente a riqueza dos proprietários.

Exemplo: Usando o modelo de crescimento constante verificamos que o valor da ação da empresa utilizada como modelo era de $ 18,75. No dia seguinte, a empresa anunciou um avanço tecnológico importante que revolucionaria sua indústria. Não se esperava que os acionistas atuais e potenciais ajustassem seu retorno exigido de 15%, mas eles esperavam que os dividendos futuros aumentassem. Especificamente, esperavam que, embora o dividendo no próximo ano, D1, permanecesse em $ 1,50, a taxa de crescimento esperada daí em diante aumentasse de 7% para 9%. Qual seria então o valor da ação?Resolução: Po = 1,50 / (0,15 – 0,09) = 25,00

2.4.2 Mudanças no risco

Embora Ks seja definido como o retorno exigido, sabemos, de acordo com o capítulo 6, que ele se relaciona diretamente com o risco não diversificável, que pode ser medido pelo beta. Lembrando, a equação do modelo CAPM é:

Ks = Rf + [ b ( Km – Rf ) ]

Com a taxa livre de risco (Rf) e o retorno de mercado (Km) mantidos constantes, o retorno exigido (Ks) depende diretamente do beta. Qualquer ação tomada pelo gerente financeiro que aumente o risco (beta) também aumentará o retorno exigido. Um aumento no retorno exigido irá reduzir o valor da ação; da mesma maneira, uma diminuição no retorno exigido, aumentará o valor da ação. Assim, qualquer ação do gerente financeiro que aumente o risco contribuirá para uma redução em valor.

Exemplo: Considere que o retorno exigido de 15% da empresa resultasse de uma taxa livre de risco de 9%, um retorno de mercado de 13% e um beta de 1,50. Substituindo na fórmula acima, temos um retorno exigido de 15%. Com esse retorno, o valor da empresa foi calculado anteriormente como $ 18,75. Agora, imagine que o gerente financeiro tome uma decisão que, sem mudar os dividendos esperados, faça o beta da empresa aumentar para 1,75. Considerando que os outros valores permaneçam constantes, o retorno exigido aumentará para 16%, a fim de compensar os acionistas pelo risco aumentado (substitua os valores na fórmula anterior). Substituindo na fórmula:

D1 = 1,50; Ks = 0,16; g = 0,07obteremos um valor de ação igual a $ 16,67. Previsivelmente, elevar o retorno exigido sem nenhum aumento correspondente no retorno esperado faz o valor da ação da empresa declinar. A ação do gerente financeiro não atendeu aos melhores interesses dos proprietários.

2.4.3 Efeito combinado

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Uma decisão financeira raramente afeta o risco e o retorno independentemente, a maioria das decisões afeta ambos os fatores. O efeito resultante sobre o valor depende do tamanho das mudanças nessas variáveis. Assim, com um aumento no risco (beta), seria esperado um aumento no retorno (dividendo ou taxa de crescimento, ou ambos), considerando que a taxa livre de risco e o retorno do mercado permaneçam constantes.

Exemplo: Se esperamos que as duas mudanças ilustradas anteriormente ocorram simultaneamente, teremos D1 = 1,50, Ks = 0,16 e g = 0,09. Substituindo no modelo de avaliação, obtemos um preço para a ação de $ 21,43. Desta forma, a decisão que alterou essas medidas é positiva e parece visar ao melhor interesse dos proprietários da empresa, porque aumenta sua riqueza.

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CAPÍTULO 2 - EXERCÍCIOS PARA FIXAÇÃO DE CONTEÚDO

1) Imagine que você está tentando avaliar aspectos econômicos da compra de um carro. Você espera que ele ofereça benefícios anuais em dinheiro após o I.R., no final de cada ano, de $ 1.200,00 e supõe que possa vender o carro tendo rendimentos, depois de descontado o imposto, de $ 5.000,00 no final do período planejado de cinco anos. Todos os recursos para a compra do carro serão tirados de suas economias, que atualmente estão rendendo 6% após o I.R. Qual o preço máximo que você estaria disposto a pagar para adquirir o carro? Explique. (R.: 8.791,13)

2) Usando as informações abaixo, descubra o valor de cada ativo:Ativo A – Fluxos de caixa do ano 1 ao ano 3 de $ 5.000,00 Retorno exigido adequado = 18% (R.: 10.871,36)Ativo B – Fluxos de caixa do ano 1 até um tempo indeterminado de $ 300,00 Retorno exigido adequado = 15% (R.: 2.000,00)Ativo C – Fluxos de caixa do ano 1 até o ano 4 de $ 0 e no ano 5 de $ 35.000,00 Retorno exigido adequado = 16% (R.: 16.663,96)Ativo D – Fluxos de caixa do ano 1 até ano 5 de $ 1.500,00 e no ano 6 de $ 8.500,00 Retorno exigido adequado = 12% (R.: 9.713,53)Ativo E – Fluxos de caixa ano 1 = $ 2.000 Ano 2 = $ 3.000 Ano 3 = $ 5.000 Ano 4 = $ 7.000 Ano 5 = $ 4.000 Ano 6 = $ 1.000 Retorno exigido adequado = 14% (R.: 14.115,27)

3) Você deseja estimar o valor de um ativo que deve fornecer entradas de caixa de $ 3.000,00 por ano no final dos anos 1 a 4 e $ 15.000,00 no final do ano 5. Sua pesquisa indica que você deve ganhar 10% sobre ativos de baixo risco, 15% sobre ativos de risco médio e 22% sobre ativos de alto risco.a) determine o máximo que você deve pagar pelo ativo, sendo este classificado como de (1) baixo risco, (2) risco médio e (3) alto risco. (R.: 18.823,42; 16.022,59; 13.030,91)b) digamos que você seja incapaz de avaliar o risco do ativo e deseje ter certeza de que está fazendo um bom negócio. Com base nos dados encontrados no item anterior, qual é o máximo que deve pagar? Por quê? c) tudo sendo igual, que efeito o risco crescente tem sobre o valor de um ativo?

4) Uma empresa tem títulos de dívida em circulação de $ 1.000,00 de valor nominal, com taxa de juros de cupom de 12%. A emissão paga juros anuais e restam 16 anos até a data de seu vencimento.

a) se os títulos de dívida de risco similar estão rendendo uma taxa de retorno de 10%, por quanto os títulos de dívida desta empresa deveriam estar sendo vendidos? (R.: 1.156,47)b) descreva os dois motivos possíveis pelos quais títulos de dívida com risco similar estão ganhando um retorno abaixo da taxa de juros de cupom sobre o título de dívida dessa empresa?c) se o retorno exigido fosse de 12%, em vez de 10%, qual seria o valor atual do título de dívida da empresa? Compare e discuta esse dado com o resultado encontrado no item a.

5) Calcule o valor de cada título de dívida mostrado na tabela a seguir. Todos pagam juros anuais.

Título de Dívida Valor nominal - $ Taxa juros cupom Anos até o vcto. Retorno exigidoA 1.000 14% 20 12%B 1.000 8% 16 8%C 100 10% 8 13%D 500 16% 13 18%E 1.000 12% 10 10%

(R.: 1.149,39 / 1.000,00 / 85,60 / 450,90 / 1.122,89)

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6) A Culbert National tem uma emissão de título de dívida em circulação que vencerá com seu valor nominal de $ 1.000,00 em 12 anos. O título de dívida tem uma taxa de juros de cupom de 11% e paga juros anualmente.

a) Descubra o valor do título de dívida com um retorno exigido de (1) 11%, (2) 15% e (3) 8%. (R.: 1.000,00; 783,18; 1.226,08).

b) Trace um gráfico com os dados encontrados, tendo o retorno exigido no eixo x e o valor de mercado do título de dívida no eixo y.

c) Use os dados dos itens acima para discutir a relação entre a taxa de juros de cupom sobre um título de dívida e o retorno exigido e o valor de mercado do título de dívida relativo ao seu valor nominal.

7) Determinada empresa acabou de emitir um título de dívida que paga juros anuais, com valor nominal de $ 1.000,00, vencimento em 15 anos, a uma taxa de juros de cupom de 12%. O retorno exigido atualmente é de 14%, e a empresa está certa de que permanecerá em 14% até o vencimento do título de dívida.

a) Considerando que o retorno exigido permaneça em 14% até o vencimento, descubra o valor do título de dívida com (1) 15 anos, (2) 12 anos, (3) 9 anos, (4) 6 anos, (5) 3 anos e (6) 1 ano de vencimento. (R.: 877,16; 886,79; 901,07; 922,23; 953,57; 982,46).

b) Represente graficamente os dados encontrados, colocando o tempo até o vencimento no eixo x e o valor de mercado do título de dívida no eixo y.

c) Com todas as demais variáveis permanecendo iguais, quando o retorno exigido difere da taxa de juros de cupom e considera-se que seja constante até o vencimento, o que acontece ao valor do título de dívida à medida que este se aproxima do vencimento?

8) Como administrador financeiro, você está considerando investir em um de dois títulos de dívidas em circulação. Ambos têm valor nominal de $ 1.000,00, taxa de juros de cupom de 11% e pagam juros anuais. O título de dívida A tem exatamente 5 anos até o vencimento e o título de dívida B tem 15 anos.

a) calcule o valor do título de dívida A e também do B com um retorno exigido de (1) 8%, (2) 11% e (3) 14%.

b) Com os dados acima, complete a tabela a seguir e discuta a relação entre o tempo até o vencimento e as mudanças nos retornos exigidos.

Retorno exigido Valor do título de dívida A Valor do título de dívida B8%11%14%

c) Se você quisesse minimizar o risco da taxa de juros, qual o título de dívida você deveria comprar? Por quê?

9) Cada um dos títulos de dívida mostrados na tabela a seguir paga juros anualmente. Calcule o rendimento até o vencimento para cada título de dívida.

Título de dívida Valor nominal Taxa juros cupom Anos até o vcto. Valor atualA 1.000 9% 8 820B 1.000 12% 16 1.000C 500 12% 12 560D 1.000 15% 10 1.120E 1.000 5% 3 900

(R.: 12,71% ; 12% ; 10,22% ; 12,81% ; 8,95%)

10) Calcule o valor de cada título de dívida mostrado na tabela a seguir. Todos pagam juros semestrais.

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Título de dívida Valor nominal Taxa juros cupom Anos até o vcto. Retorno Exigido

A 1.000 10% 12 8%B 1.000 12% 20 12%C 500 12% 5 14%D 1.000 14% 10 10%E 100 6% 4 14%

(R.: 1.152,47 / 1.000,00 / 464,88 / 1.249,24 / 76,11)

11) A Connect Enterprises é uma empresa madura no setor de componentes de máquinas operatrizes. O dividendo mais recente das ações ordinárias da empresa foi de $ 2,40 por ação. Devido ao seu vencimento e a suas vendas e ganhos estáveis, o gerenciamento da empresa considera que os dividendos permanecerão no nível atual para o futuro previsível.

a) Se o retorno exigido for de 12%, qual será o valor das ações ordinárias da empresa? (R.: 20,00)b) Se o risco da empresa, percebido pelos participantes de mercado, subir de repente, fazendo o retorno

exigido subir para 20%, qual será o valor da ação ordinária? (R.: 12,00)c) Com base nos dados encontrados nos itens anteriores, qual o impacto que o risco tem sobre o valor?

12) Uma empresa deseja estimar o valor de sua ação preferencial em circulação. A emissão preferencial tem um valor nominal de $ 80,00 e paga um dividendo anual de $ 6,40 por ação. As ações preferenciais com risco similar atualmente rendem uma taxa anual de retorno de 9,3%.

a) Qual é o valor de mercado das ações preferenciais em circulação? (R.: 68,82)b) Se um investidor comprasse as ações preferenciais pelo valor calculado no item anterior, quanto ele ganharia ou perderia por ação se vendesse as ações quando o retorno exigido sobre as ações preferenciais com risco similar subisse para 10,5% ? Explique. (R.: - 7,87)

13) Use o modelo de crescimento constante (modelo de Gordon) para encontrar o valor de cada empresa da tabela a seguir.

Empresa Dividendo esperado no próximo ano ($)

Taxa de crescimento do dividendo

Retorno exigido

A 1,20 8% 13%B 4,00 5% 15%C 0,65 10% 14%D 6,00 8% 9%E 2,25 8% 20%

(R.: 24,00 / 40,00 / 16,25 / 600,00 / 18,75)

14) Determinada empresa pagou, nos últimos 6 anos, os dividendos mostrados abaixo:2009 $ 2,872008 $ 2,762007 $ 2,602006 $ 2,462005 $ 2,372004 $ 2,25

a) qual a taxa de crescimento da empresa? (R.: 4,99%)b) Se você pudesse ganhar 13% sobre investimentos com risco similar, até quanto estaria disposto a pagar por ação para essa empresa? (R.: 37,62)

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c) se pudesse ganhar apenas 10% em investimentos de risco similar, até quanto estaria disposto a pagar por ação? (R.: 60,14)d) Compare os dados encontrados e discuta o impacto de mudanças no risco sobre o valor da ação.

15) O dividendo anual mais recente da Florence Industries foi de $ 1,80 por ação (Do = $1,80), e o retorno exigido da empresa é de 11%. Descubra o valor de mercado das ações da empresa quando:

a) os dividendos devem crescer 8% anualmente, durante 3 anos, seguidos por uma taxa de crescimento constante, infinita, de 5% a partir do 4.º ano. (R.: 34,16)b) os dividendos devem crescer 8% anualmente, durante 3 anos, seguidos por uma taxa de crescimento constante, infinita, de 10% a partir do 4.º ano. (R.: 187,91)

16) Você está avaliando a compra potencial de uma pequena empresa que atualmente gera $ 42.500,00 de fluxo de caixa após o I.R. Com base em uma revisão das oportunidades de investimento com risco similar, você deve ganhar uma taxa de retorno de 18% sobre a compra proposta. Como você não tem certeza dos futuros fluxos de caixa, decide estimar o valor da empresa usando várias considerações possíveis sobre a taxa de crescimento dos fluxos de caixa.

a) qual é o valor da empresa quando se espera que os fluxos de caixa cresçam infinitamente a uma taxa anual de 0% a partir de agora? (R.: 236.111,00)b) qual é o valor da empresa quando os fluxos de caixa esperados cresçam infinitamente a uma taxa anual constante de 7% a partir de agora? (R.: 413.409,09)a) qual é o valor da empresa se os fluxos de caixa esperados cresçam a uma taxa anual de 12% para os

primeiros 2 anos, seguidos de uma taxa anual constante de 7% do terceiro ano em diante? (R.: 451.063,17)

17) O dividendo mais recente da Jezak Enterprises foi de $ 3,00 por ação. Sua taxa anual esperada de crescimento de dividendos é de 5%, e o retorno exigido agora, de 15%. Diversas propostas estão sendo consideradas pelo gerenciamento, para redirecionar as atividades da empresa. Determine o impacto sobre o preço das ações para cada uma das seguintes ações propostas e indique a melhor alternativa:

a) não fazer nada, o que deixará as principais variáveis-chaves inalteradas. (R.: 31,50)b) investir em uma nova máquina que aumentará a taxa de crescimento de dividendos para 6% e diminuirá o retorno exigido para 14%. (R.: 39,75)c) eliminar uma linha de produto não lucrativa, o que aumentará a taxa de crescimento do dividendo para 7% e o retorno exigido para 17%. (R.: 32,10)d) fundir-se com outra empresa, o que reduzirá a taxa de crescimento para 4% e aumentará o retorno exigido para 16%. (R.: 26,00)e) adquirir uma operação subsidiária de outro fabricante. A aquisição deverá aumentar a taxa de crescimento dos dividendos para 8% e o retorno exigido para 17%. (R.: 36,00)

18) Dadas as informações a seguir para as ações de uma empresa, calcule o seu beta.

Preço corrente por ação = $ 50,00Dividendo esperado por ação no próximo ano = $ 3,00Taxa de crescimento de dividendo anual constante = 9%Taxa de retorno livre de risco = 7%Retorno sobre a carteira de mercado = 10% (R.: 2,67)

19) A Japan Company deseja determinar o valor de uma empresa que está considerando adquirir. Ela deseja usar o modelo de precificação de ativos financeiros (CAPM) ao determinar a taxa de desconto aplicável para usar como um insumo no modelo de avaliação de crescimento constante. As ações dessa empresa não são negociadas publicamente. Depois de estudar os betas de empresas similares, que são negociadas publicamente, a Japan acredita que um beta adequado para as ações dessa empresa seja de

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1,25. A taxa livre de risco, atualmente, é de 9%, e o retorno de mercado, de 13%. O dividendo histórico por ação dessa empresa, para cada um dos últimos 6 anos, é mostrado a seguir:

2009 $ 3,442008 $ 3,282007 $ 3,152006 $ 2,902005 $ 2,752004 $ 2,45

a) considerando que a empresa em estudo deve pagar um dividendo de $ 3,68 no próximo ano, determine o preço máximo em dinheiro que a Japan pode pagar por ação? (R.: 52,72)b) descreva o efeito sobre o valor resultante de: (1) uma diminuição de 2% em sua taxa de crescimento de dividendo em relação à exibida no período de 2004 a 2009. (2) uma diminuição de seu beta para 1. (R.: 40,23; 61,54).

20) Você acaba de comprar um título emitido pela empresa Vanguarda. A obrigação tem um prazo de 6 anos e paga 6% a.a. de juros. Você também está analisando a possibilidade de comprar uma outra obrigação da mesma empresa que rende pagamentos semestrais de 3% a.s e tem ainda 6 anos de prazo até o seu vencimento. O valor de face dos títulos é de R$ 1.000,00. Sabendo-se que a taxa de retorno exigido de títulos similares é de 7% a.a., quanto você pagou pelo primeiro título e quanto estaria disposto a pagar pelo segundo?

21) Uma empresa está atravessando um período de crescimento rápido. Espera-se que os lucros e os dividendos cresçam a 18% a.a., nos 2 próximos anos, a 15% no terceiro ano e a uma taxa constante de 6% ao ano daí por diante. O último dividendo pago da empresa foi de R$ 1,15. Sendo a taxa exigida de retorno da ação igual a 12% a.a., qual é o preço justo da ação agora?

22) Espera-se que a World Estruturas Metálicas pague um dividendo de R$ 3,00 no próximo ano. Também se espera que este dividendo cresça à taxa de 8% ao ano, para sempre. Sabendo-se que a ação está sendo negociada a R$ 75,00, qual é a taxa que o mercado vem praticando em função de seu risco?

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CAPÍTULO 2 – ESTUDO DE CASO

No início de 2010, você foi incumbido (a) de avaliar o impacto de uma proposta de investimento arriscado sobre os valores do título de dívida e da ação da empresa. Para executar a análise necessária, o departamento reuniu os seguintes dados relevantes:

Títulos de dívida – a empresa tem, atualmente, uma emissão de títulos de dívida em circulação com valor de face de $ 1.000, uma taxa de juros declarada no cupom de 9%, e dezoito anos restantes até o vencimento e uma taxa de retorno exigido de 9%. Após ter realizado muita pesquisa e consultas, você concluiu que a proposta de investimento não poderia violar qualquer das provisões dos numerosos títulos de dívida. Uma vez que a proposta de investimento aumentaria o risco total da empresa, ela espera que se o investimento for realizado, o retorno exigido dos títulos de dívida deverá aumentar para 10%.

Ação – durante os cinco anos imediatamente anteriores, os dividendos pagos sobre a ação ordinária foram os seguintes:

Ano Dividendos por ação ($)2009 1,902008 1,702007 1,552006 1,402005 1,30

A empresa espera que, sem a proposta de investimento, o dividendo em 2010 será de $ 2,09 e a taxa de crescimento anual (arredondada para o percentual inteiro mais próximo) continuará no futuro. Atualmente, o retorno exigido sobre a ação ordinária é de 14%. A sua pesquisa indica que se a proposta de investimento for concretizada, o dividendo de 2010 aumentará para 2,15 por ação e a taxa de crescimento de dividendo anual aumentará para 13%. Você sente que, na melhor das hipóteses, o dividendo poderia continuar crescendo a essa taxa a cada ano no futuro e, na pior das hipóteses, a taxa de crescimento anual de 13% em dividendos poderia continuar somente até 2012 e, então, no começo de 2013 a taxa de crescimento poderia retornar à taxa alcançada no período de 2005 a 2009. Como resultado do aumento do risco associado com a proposta de investimento arriscado, espera-se que o retorno exigido da ação ordinária aumente em 2% para uma taxa anual de 16%, independentemente de qual taxa de crescimento ocorra como resultado.De posse dos dados acima, você deve avaliar o impacto da proposta de investimento arriscado sobre o valor de mercado dos títulos de dívida e da ação da empresa. Para simplificar seus cálculos, arredonde a taxa histórica de crescimento de dividendos da ação ordinária para o percentual inteiro mais próximo.Pede-se:a) encontre o valor corrente de cada título de dívida da empresa.b) Encontre o valor corrente por ação ordinária.c) Encontre o valor dos títulos caso a proposta de investimento seja levada adiante. Compare

esse valor ao encontrado na letra a. Que efeito a proposta de investimento poderia ter sobre os detentores de títulos de dívida da empresa? Explique.

d) Encontre o valor da ação ordinária caso a proposta de investimento arriscada seja concretizada e supondo que a taxa de crescimento de dividendos se situe em 13% para sempre. Compare este valor ao encontrado na letra b. Que efeito a proposta de investimento poderia ter sobre os detentores de ação?

e) Com base em seus resultados encontrados em c e d, quem ganha e quem perde em conseqüência da efetivação da proposta de investimento arriscado? A empresa deveria fazer isso? Por quê?

f) Reelabore as partes d e e supondo que no começo de 2013 a taxa de crescimento de dividendo anual retorne àquela taxa registrada entre 2005 e 2009.

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CAPÍTULO 3 – PRINCÍPIOS DE FLUXOS DE CAIXA E ORÇAMENTO DE CAPITAL

OBJETIVOS DO CAPÍTULO

Entender os motivos principais de dispêndio de capital e as etapas do processo de orçamento de capital;

Discutir os principais componentes dos fluxos de caixa relevantes; Calcular o investimento inicial associado a uma proposta de dispêndio de capital; Determinar as entradas de caixa operacionais que são relevantes em uma proposta de

orçamento de capital; Determinar o fluxo de caixa residual associado a uma proposta de orçamento de capital.

_________________________________________________________

3.1 O PROCESSO DE DECISÃO DE ORÇAMENTO DE CAPITAL

Um investimento é o comprometimento atual de recursos, por um período, na expectativa de receber recursos futuros que compensarão o investidor: pelo tempo durante o qual os recursos são comprometidos; pela taxa esperada de inflação e pelo risco.

A escassez dos recursos frente às necessidades ilimitadas faz com que cada vez mais se procure otimizar sua utilização. A análise de investimentos permite que se racionalize a utilização dos recursos de capital. E para a solução de um problema de análise de investimentos, dentro da complexidade do mundo atual, é necessário o conhecimento de técnicas especiais da ENGENHARIA ECONÔMICA (conjunto de técnicas que permitem a comparação, de forma científica, entre os resultados de tomadas de decisão referentes a alternativas diferentes), fundamentadas na ciência MATEMÁTICA FINANCEIRA, que descreve as relações do binômio tempo e dinheiro.

Exemplos típicos:a) efetuar o transporte de materiais manualmente ou comprar uma correia

transportadora?b) compara um veículo a prazo ou à vista?c) fazer o transporte das mercadorias vendidas utilizando veículo próprio ou terceirizando?d) aplicar o dinheiro em ações ou em renda fixa?e) comprar ou alugar uma máquina?f) lançar o produto X ou o produto Y?g) quando trocar a frota de veículos?h) fazer um empréstimo para comprar a mercadoria à vista, aproveitando o desconto dado,

ou comprá-la a prazo?Em qualquer tipo de empresa, existirá sempre a necessidade de tomar decisões. Essas

decisões apresentam sempre o sentido de maximizar o lucro da empresa e aumentar o valor da empresa no mercado. Portanto, é importante que sempre se avaliem todas as variáveis que influem no sistema, pois a alocação de recursos inicia um processo de execução, o qual, na maior parte das vezes, é irreversível.

O processo de orçamento de capital envolve a geração de propostas de investimento a longo prazo; a avaliação, análise e seleção delas; e a implementação e acompanhamento das que foram selecionadas. Uma vez que os investimentos a longo prazo representam desembolsos consideráveis de fundos são necessários certos procedimentos para analisá-los e selecioná-los adequadamente.

ORÇAMENTO DE CAPITAL é o processo que consiste em avaliar e selecionar investimentos a longo prazo, que sejam coerentes com o objetivo da empresa de maximizar a riqueza de seus proprietários.As empresas costumam fazer uma série de investimentos a longo prazo, mas o investimento mais comum em uma empresa industrial é em ativos imobilizados, os quais incluem imóveis (terrenos), instalações e equipamentos. Esses ativos, muitas vezes, são denominados de ativos rentáveis, porque geralmente fornecem a base para geração de lucro e valor à empresa.DISPÊNDIO DE CAPITAL – é um desembolso de fundos feito pela empresa, com a expectativa de gerar benefícios após um ano. DISPÊNDIO CORRENTE – é um desembolso que resulta em benefícios obtidos em prazo inferior a um ano.

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Desembolsos efetuados em ativos imobilizados são dispêndios de capital, mas nem todos os dispêndios de capital são classificados como ativos imobilizados.

Os motivos básicos para dispêndios de capital são: adquirir, substituir ou modernizar ativos imobilizados, ou ainda obter algum benefício menos tangível por um longo período.

3.1.1 Motivos Principais para fazer Dispêndios de Capital

a) Expansão – aquisição de novos ativos imobilizados.b) Substituição – substituir ou renovar ativos obsoletos ou gastos.c) Modernização – reconstrução, recondicionamento ou a adaptação de uma máquina ou das

instalações existentes.d) Outras finalidades – comprometimento de recursos a longo prazo, na expectativa de um

retorno futuro (propaganda, pesquisa e desenvolvimento, serviços de consultoria).

3.1.2 Etapas do Processo de Orçamento de Capital

O processo de orçamento de capital consiste de cinco etapas distintas, porém inter-relacionadas, que são:1) Geração de propostas – são feitas por pessoas em todos os níveis da organização;2) Avaliação e análise – para se assegurar de que as propostas são apropriadas tendo em vista

os objetivos e planos globais da empresa e para verificação de sua validade econômica;3) Tomada de decisão – a magnitude do desembolso, em valores monetários, e a importância do

dispêndio de capital determinam em qual nível hierárquico da organização a decisão será tomada;

4) Implementação – uma vez que aprovada a proposta e os fundos necessários estejam disponíveis, inicia-se a fase de implementação;

5) Acompanhamento – monitoramento dos resultados reais comparando com os valores estimados.

Os dois tipos mais comuns de projetos são:a) Projetos independentes – aqueles cujos fluxos de caixa não estão relacionados ou independem

um do outro; a aceitação de um deles não exclui a consideração posterior dos demais.b) Projetos mutuamente excludentes – aqueles que possuem a mesma função e,

consequentemente, competem entre si.A disponibilidade de fundos para dispêndios de capital afeta o ambiente decisório da empresa.

Se a empresa possuir FUNDOS ILIMITADOS para investimento, é muito simples tomar decisões sobre investimento de capital. Todos os projetos independentes que fornecem retornos superiores a um nível predeterminado podem ser aceitos. Porém, a maioria das empresas não se encontra nessa situação; ao contrário, opera sob RACIONAMENTO DE CAPITAL. Isso significa que as empresas dispõem de uma quantia fixa para fins de dispêndio de capital e que inúmeros projetos irão competir por essa quantia limitada. A empresa deve, então, racionar seus fundos, alocando-os aos projetos que irão maximizar o valor das suas ações.

_______________________________________________

3.2 FLUXOS RELEVANTES

Os fluxos de caixa relevantes utilizados para se tomarem decisões de orçamento de capital incluem o investimento inicial, as entradas de caixa operacionais e um fluxo de caixa residual. Todos os projetos – sejam de expansão, substituição, modernização ou algum outro motivo – têm os dois primeiros componentes. Alguns, todavia, não apresentam o terceiro componente, o fluxo de caixa residual.

O desenvolvimento de fluxos de caixa relevantes é mais direto no caso de decisões de expansão. Nesse caso, o investimento inicial, as entradas de caixa operacionais e o fluxo de caixa residual são simplesmente as entradas e saídas de caixa, após o imposto de renda, resultantes da proposta de investimento. Quando o projeto é de substituição de ativos é mais complicado. A empresa deve determinar as entradas e saídas de caixa incrementais que resultarão da proposta de substituição.

_______________________________________________

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3.2.1 1.º PASSO: CÁLCULO DO INVESTIMENTO INICIAL

O investimento inicial é a saída de caixa relevante ocorrida no instante zero para a implementação do investimento proposto a longo prazo. É calculado obtendo-se a diferença entre todas as saídas e entradas que ocorrem no instante zero (o momento em que o investimento é feito). As variáveis básicas que devem ser consideradas ao se determinar o investimento inicial relacionado a um projeto são: os custos de instalação do novo ativo, os recebimentos (se houver) pela venda do ativo velho depois de descontado o imposto de renda e as mudanças (se houver) no capital circulante líquido.

Algumas considerações:

Valor contábil de um ativo (VC) = Custo original do ativo instalado – depreciação acumulada. Valor do bem já depreciado.

Depreciação = atualização do valor de um bem em função de seu desgaste. Variação no Capital Circulante Líquido = é a diferença entre as alterações nos ativos

circulantes e as alterações nos passivos circulantes. Geralmente os ativos circulantes (usos de caixa – saídas de caixa ou investimentos) crescem mais do que os passivos circulantes (fontes de caixa – entradas de caixa ou financiamentos), resultando, assim, em um acréscimo no investimento em capital circulante líquido, o qual será tratado como uma saída inicial de caixa relacionada ao projeto.

O investimento inicial sempre acontece no tempo “zero”. A depreciação no sistema brasileiro é constante, ou seja, se o bem deprecia em 5 anos =

20% a.a. Para cálculo do rendimento líquido, usar os 4 passos seguintes:

Primeiro passo – cálculo do Valor Contábil (VC) = preço de compra + custos enter % que falta depreciar. Segundo passo – cálculo da base para IR = preço de venda – valor contábilTerceiro passo – cálculo do IR = base IR enter 40%Quarto passo – cálculo do rendimento líquido (RL) = preço de venda - IR

Observação:Para fins de cálculos, em nossos exercícios consideraremos que os ativos depreciam em 5 anos e uma alíquota de IR de 40% ao ano.

- Esquema básico para cálculo do Investimento Inicial:

(+) custo do novo ativo instalado(-) rendimento líquido do ativo velho *(+/-) variação CCL **____________________________(=) Investimento inicial

* zero no caso de expansão** variação do CCL = variação do AC – variação do PC

_______________________________________________3.2.2 2.º PASSO: ESQUEMA BÁSICO PARA CÁLCULO DAS ENTRADAS DE CAIXA

OPERACIONAIS E/OU INCREMENTAIS

Com a necessidade cada vez maior de profissionalização, a implementação de um planejamento econômico e financeiro deve ser priorizada, com o objetivo de sempre  buscar a redução dos custos e aumento de faturamento. Com isso, o gestor deve estar apto a analisar as planilhas gerenciais com capacidade de transformar as análises em ações capazes de melhorar a atividade.

Para o controle financeiro a principal ferramenta a ser implantada é o fluxo de caixa. O fluxo de caixa pode ser definido como um instrumento financeiro que tem como objetivo analisar  a movimentação de dinheiro da propriedade, diagnosticando precocemente possíveis faltas e sobras de caixa.

Esta ferramenta muitas vezes deve ser implementada antes mesmo de se começar a apurar o custo de produção, pois muitas vezes  o produtor não sobrevive à atividade mesmo produzindo seu produto a um baixo custo, devido a não ter uma previsão de investimentos e compras de insumos para capitalizar seu sistema de produção.

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Através do fluxo de caixa o gestor terá sempre uma previsão de receitas e despesas do período em que achar necessário. Com isso sempre poderá planejar suas compras  tendo então um poder de  barganha  muito maior e evitará surpresa de gastos não planejados.  Além de evitar as surpresas descritas acima, o fluxo de caixa servirá também  com uma ferramenta de diminuição de gastos e aumento de faturamento. Isto só é possível após termos um histórico de gastos e receitas da organização, calculando, então, metas do orçamento mensal e anual. E através de reuniões programadas, as análises financeiras serão feitos com o objetivo de ver excessos de gastos, criando então estratégias para sanar as falhas nos próximos  meses.

O simples fato de se ter este controle faz com que toda a equipe administrativa passe a dar mais importância a detalhes que antes passavam despercebidos. Isso pode levar a uma melhoria na postura capaz de por si só reduzir os custos de produção, pois a conscientização da equipe administrativa de reduzir gastos refletirá em uma maior economia de desembolsos e conseqüentemente menor custo de produção.

O controle e acompanhamento do fluxo de caixa permitem que a pessoa responsável pela atividade visualize quais são os gastos mais importantes, dando, então, a importância devida aos gastos  mais significativos, evitando grande dispêndio de tempo em itens que não representam quase nada no montante final.

- acontecem no tempo 1, 2, 3, 4, 5, ......... n- cálculo sobre o ativo novo para ver se o incremento de receita compensa o investimento.- Cálculo:

(+) receitas(-) despesas (excluindo depreciação)(=) lucro antes da depreciação de IR(-) depreciação(=) lucro líquido antes do IR(-) IR (40%)(=) lucro líquido após IR(+) depreciação(=) entrada caixa operacional ativo novo(-) entrada caixa operacional ativo velho(=) entrada de caixa incremental

3.2.3 3.º PASSO: CÁLCULO DO FLUXO DE CAIXA RESIDUAL

Fluxo de caixa residual é o fluxo de caixa resultante do término e liquidação de um projeto no final de sua vida econômica.

O formato básico para a determinação do fluxo de caixa residual é:Fluxo de caixa residual = Recebimento pela venda do novo ativo após IR – Recebimentos pela

venda do ativo velho após IR, +ou- variação no capital circulante líquido.

Esquema básico para cálculo do fluxo de caixa residual:

( + ) Rendimento líquido do ativo novo( - ) Rendimento líquido do ativo velho(+/-) Variação do CCL____________________________( = ) Fluxo de caixa residual

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CAPÍTULO 3 – EXERCÍCIOS PARA FIXAÇÃO DE CONTEÚDO

1) Ache o valor contábil para cada um dos ativos abaixo: Custos instalação Período depreciação Tempo de uso

Ativo A $ 950.000,00 5 anos 3 anos (R.: 380.000,00)

Ativo B $ 40.000,00 3 anos 1 ano (R.: 26.666.67)

Ativo C $ 96.000,00 5 anos 4 anos (R.: 19.200,00)

Ativo D $ 350.000,00 5 anos 1 ano (R.: 280.000,00)

Ativo E $ 1.500.000,00 7 anos 5 anos (R.: 428.571,43)

2) Uma empresa comprou uma máquina três anos atrás por $ 80.000,00. Suponha uma alíquota de 40% para o imposto de renda. Qual é o valor contábil da máquina? Calcule o IR a pagar se a empresa vender a máquina pelos seguintes valores: $ 100.000,00; $ 56.000,00 e $ 23.200,00.

(R.: 27.200; 9.600; 0)

3) A Empresa X está considerando a compra de uma nova máquina para substituir uma outra que se apresenta obsoleta. A empresa tem um ativo circulante total de $ 920.000,00 e um passivo circulante total de $ 640.000,00. Como resultado da proposta de substituição, as seguintes variações são previstas das contas de ativos e passivos circulantes:Contas a pagar + 40.000 Títulos negociáveis 0Estoques - 10.000 Duplicatas a pagar + 90.000Empréstimos 0 Duplicatas a receber + 150.000Caixa + 15.000Calcule a variação, se houver, no capital circulante líquido que é esperada como resultado da proposta de substituição. (R.: 25.000)

4) A Samoa Empreendimentos está considerando a compra de uma nova máquina para substituir uma já existente. A máquina atual foi comprada há 3 anos por um custo total de $ 20.000,00, depreciada por um período de 5 anos. Ela tem uma vida útil estimada de mais cinco anos. A nova máquina custaria $ 35.000,00 e exigiria mais $ 5.000,00 para instalação, ela seria depreciada por um período de 5 anos. A máquina existente pode ser vendida hoje por $ 25.000,00, livres de custo de venda ou remoção. A empresa paga imposto de renda a uma alíquota de 40%, tanto para os ganhos normais quanto para os ganhos de capital. Calcule o investimento inicial associado à compra da nova máquina.

(R.: 21.800)

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5) A Franklin Corporações está estudando a substituição de uma máquina. A máquina usada foi adquirida há 3 anos por um total de $ 10.000,00. A máquina nova custa $ 24.000,00 e requer $ 2.000,00 de custos de instalação. Suponha que a empresa tenha uma alíquota de IR de 40%, tanto para os ganhos normais como para os ganhos de capital. Calcule o investimento inicial da substituição se a máquina usada for vendida por $ 11.000,00; $ 7.000,00 e $ 2.900,00.

(R.: 17.800; 20.200; 23.100)

6) Uma empresa está avaliando a aquisição de um ativo que custa $ 64.000,00 e exige $ 4.000,00 de custos de instalação. Determine a despesa anual de depreciação.

(R.: 13.600)

7) Uma empresa está considerando a reforma de seu equipamento para atender à crescente demanda por seus produtos. O custo para as modificações no equipamento seria de $ 1.900.000,00 mais $ 100.000,00 de instalação. A empresa depreciará as modificações no equipamento por um período de 5 anos. As receitas de vendas adicionais proporcionadas pela reforma seriam de $ 1,2 milhão por ano, e as despesas operacionais adicionais e outros custos (excluindo a depreciação) serão no montante de 40% das vendas adicionais.a) quais serão os lucros incrementais antes da depreciação e impostos gerados pela reforma?b) quais serão os lucros incrementais após os impostos gerados pela reforma?c) quais serão as entradas de caixa operacionais incrementais geradas pela reforma?

(R.: 720.000; 192.000; 592.000)

8) As organizações Miller estão considerando a substituição de uma máquina que reduzirá as despesas operacionais (isto é, aumentará as receitas) em $ 16.000,00 ao ano, durante os 5 anos de vida útil da máquina nova. Embora a máquina velha tenha valor contábil nulo, ela poderá ser usada por outros cinco anos. O valor depreciável da máquina nova é de $ 48.000,00. Calcule as entradas de caixa operacionais incrementais geradas pela substituição. (R.: 13.440)

9) Uma empresa está considerando a substituição de um torno mecânico totalmente depreciado, que vai durar outros 5 anos. O novo torno deverá ter vida útil de 5 anos e despesas com depreciação de $ 2.000,00 por ano. A empresa estima as receitas e despesas (excluindo a depreciação) para o torno novo e para o usado apresentadas no quadro a seguir.

TORNO NOVO TORNO VELHO

ANO RECEITAS DESPESAS (-deprec) RECEITAS DESPESAS (-deprec)1 40.000 30.000 35.000 25.0002 41.000 30.000 35.000 25.0003 42.000 30.000 35.000 25.0004 43.000 30.000 35.000 25.0005 44.000 30.000 35.000 25.000

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Calcule as entradas de caixa operacionais associadas a cada torno, as entradas de caixa incrementais (relevantes) resultantes da proposta de substituição. (R.: 800; 1400; 2000; 2600 e 3200)

Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5

10)A Lunitti Indústria está atualmente analisando a compra de uma nova máquina que custa $ 160.000,00 e exige $ 20.000,00 para instalação. A compra dela irá resultar em um aumento no capital circulante líquido de $ 30.000,00, para atender à expansão do nível das operações. A empresa planeja depreciar o ativo durante um período de 5 anos e espera vender a máquina por um valor líquido de $ 10.000,00, antes dos impostos, no final de sua vida útil. Supondo uma vida útil de 5 anos, calcule o fluxo de caixa residual.

(R.: 36.000)

11)A Russel Manufaturas está considerando a substituição de uma máquina totalmente depreciada possuindo uma vida útil remanescente de dez anos por uma máquina mais nova e sofisticada que custará $ 200.000,00 e exigirá $ 30.000,00 de instalação. Ela será depreciada durante um período de 5 anos. Será necessário um aumento de $ 25.000,00 no capital circulante líquido para acompanhar a nova máquina. A empresa planeja avaliar a possível reposição em um período de 4 anos. Eles estimam que a velha máquina poderia ser vendida ao final de 4 anos por $ 15.000,00 líquidos antes dos impostos; e a nova máquina ao final de quatro anos terá um valor de $ 75.000,00 antes dos impostos. Calcule o fluxo de caixa residual que é relevante para a proposta de compra da nova máquina. A empresa está sujeita a uma alíquota de IR de 40%. (R.: 79.400)

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CAPÍTULO 3 – ESTUDO DE CASO

ACADÊMICO: TURMA DATA__/__/__

Uma gráfica de porte médio tem tido problemas de custo ao procurar realizar trabalhos extensos com bom padrão de qualidade, isso porque suas máquinas impressoras estão velhas e ineficientes. O gerente geral propôs duas alternativas para a aquisição de uma grande impressora de 6 cores, o que possibilitaria a empresa reduzir seus custos de mão de obra e, dessa forma, os preços aos seus clientes, colocando a empresa em uma posição mais competitiva. As características financeiras básicas da máquina velha e das duas propostas de substituição estão resumidas a seguir:

Impressora velha – comprada há 3 anos, a um custo total de R$ 400.000,00, vem sendo depreciada em um período de 5 anos. Essa máquina tem uma vida remanescente de cinco anos. Ela pode ser vendida hoje por R$ 420.000,00 líquidos, antes do imposto de renda; se ela for mantida na empresa, poderá ser vendida por R$ 150.000,00, antes do IR, ao final dos cinco anos.

Impressora A – Essa máquina altamente automatizada pode ser comprada por R$ 830.000,00 e exigirá R$ 40.000,00 de custos de instalação. Ao final do período de depreciação, poderá ser vendida por R$ 400.000,00, antes do IR. Se a máquina for adquirida, estima-se que ocorrerão as seguintes alterações nas contas circulantes: Caixa + 25.400,00; Duplicatas a Receber + 120.000,00; Estoques - 20.000,00; e Duplicatas a pagar + 35.000,00.

Impressora B – Este equipamento não é tão sofisticado quanto a outra opção. Custa R$ 640.000,00 e requer custos de instalação de R$ 20.000,00. Ao final do período de depreciação, poderá ser vendido por R$ 330.000,00 antes do IR. A compra desse equipamento não irá afetar o investimento da empresa em capital circulante líquido.

A empresa estima que os lucros antes da depreciação e do imposto de renda com a impressora velha e com as impressoras A ou B, para cada um dos próximos 5 anos, seriam como no quadro abaixo. Considerando a alíquota de IR de 40%, tanto para os ganhos operacionais como para os ganhos de capital, PEDE-SE:

A) Investimento Inicial,B) Entradas de caixa operacionais e incrementaisC) Fluxo residual.

Quadro 1 – Lucros antes da depreciação e do imposto de rendaAno Impressora velha Impressora A Impressora B

1 120.000 250.000 210.0002 120.000 270.000 210.0003 120.000 300.000 210.0004 120.000 330.000 210.0005 120.000 370.000 210.000

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CAPÍTULO 3 – EXERCÍCIOS PARA REFORÇO DE CONTEÚDO

1) Sua empresa está agora no último ano de um projeto. O equipamento custou originalmente R$ 20 milhões, dos quais 80% já foram depreciados. Ela pode vender o equipamento usado, hoje, para outra empresa aérea por 5 milhões. Sabendo-se que a alíquota de IR é de 40%, qual é o valor residual do equipamento após impostos?_______________________________________________________________________________

2) O presidente de sua empresa solicitou que você avaliasse a aquisição de uma nova máquina. O preço básico é de R$ 50.000,00 e custaria mais R$ 10.000,00 para modificá-la para utilização especial, mais R$ 5.000,00 para transportá-la e instalá-la. Ela substituirá um outro equipamento, com 4 anos de uso, que foi adquirido por R$ 40.000,00 e que hoje pode ser vendido por R$ 15.000,00. Considerando que seria necessário um aumento no capital de giro líquido (estoques de peças de reposição) de R$ 2.000,00 e uma alíquota de IR de 40%, qual seria o investimento inicial necessário para a substituição? _______________________________________________________________________________

3) A W.S. Company comprou uma máquina há 5 anos a um custo de R$ 100.000,00. Sabe-se que a vida esperada dela era de 10 anos na época em que foi comprada e um valor residual estimado de R$ 10.000,00 no final do 10.º ano. Uma nova máquina pode ser comprada por R$ 150.000,00, já inclusos os gastos de instalação. Ao longo de sua vida de cinco anos, ela reduzirá as despesas operacionais em R$ 50.000,00 por ano. As vendas não devem mudar. Ao final de sua vida útil, daqui a 5 anos, ela terá um valor de venda de R$ 30.000,00. A antiga máquina pode ser vendida hoje por R$ 65.000,00. Considerando a alíquota de IR de 40% , pergunta-se: a) qual o investimento inicial necessário para aquisição da máquina?; b) quais os fluxos de caixa incrementais para os próximos 5 anos?; c) qual o fluxo de caixa residual?_______________________________________________________________________________

4) Uma empresa está considerando a substituição de uma máquina que tem 8 anos de vida por uma nova que aumentará os lucros antes da depreciação de R$ 27.000,00 para R$ 54.000,00 por ano. A nova máquina custará R$ 82.500,00 e terá uma vida estimada de 8 anos sem nenhum valor residual. O período de depreciação considerado é de 5 anos. A antiga máquina já foi totalmente depreciada e não tem valor residual. Calcule os fluxos de caixa incrementais._______________________________________________________________________________

5) Uma empresa está avaliando a proposta de aquisição de um novo equipamento. O preço básico é de R$ 108.000,00 e custariam outros R$ 12.500,00 para adaptá-lo de acordo com as necessidades da empresa. Considere um período de depreciação de 5 anos e que ao final deles a máquina poderá ser vendida por R$ 65.000,00. A máquina exigiria um aumento no capital de giro líquido (estoques) de R$ 5.500,00. A máquina não terá efeito nenhum nas receitas, mas ela deverá economizar R$ 44.000,00 ao ano para a empresa em custos operacionais. Calcule o fluxo de caixa inicial, os fluxos incrementais e o fluxo residual._______________________________________________________________________________

6) Considere um projeto de substituição. A compra de um novo equipamento para uma grande empresa custaria hoje R$ 89.000,00. O equipamento antigo poderia ser vendido hoje por R$ 21.000,00, após 4 anos de uso, tendo sido adquirido por R$ 67.000,00. Considerando que a troca exigirá um investimento na ordem de R$ 5.000,00 de capital de giro, calcule qual será o dispêndio inicial da empresa?

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CAPÍTULO 4 – TÉCNICAS DE ANÁLISE DE ORÇAMENTOS DE CAPITAL

OBJETIVOS DO CAPÍTULO

Calcular, interpretar e avaliar o período de payback; Aplicar as técnicas sofisticadas de análise de orçamentos de capital – VPL (VALOR

PRESENTE LÍQUIDO) e TIR (TAXA INTERNA DE RETORNO) – aos fluxos de caixa relevantes, para escolha de dispêndios de capital aceitáveis e preferíveis;

Usar os perfis de valor presente líquido para comparar o VPL e as técnicas de TIR à luz de classificações conflitantes;

Reconhecer a análise de sensibilidade e a análise e a simulação de cenário como abordagens comportamentais para lidar com o risco de um projeto.

_______________________________________________

Orçamento de capital é um processo de análise e seleção apropriada de projetos de investimento a longo prazo. As técnicas de análise de orçamento de capital são utilizadas pelas empresas para a seleção de projetos que irão aumentar a riqueza de seus proprietários. Existem várias técnicas e as preferidas integram conceitos do valor do dinheiro no tempo, considerações de risco e retorno e conceitos de avaliação.

4.1 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA ENGENHARIA ECONÔMICA

a) não existe decisão a ser tomada considerando-se alternativa única – para tomar qualquer decisão, devem ser analisadas todas as alternativas viáveis.b) só se podem comparar alternativas homogêneas.c) os critérios para decisão entre alternativas econômicas devem reconhecer o valor do dinheiro no tempo.d) deve-se considerar o grau de incerteza presente nas variáveis consideradas por meio de ajustes nas previsões efetuadas.e) é necessário ordenar as alternativas por meio de um denominador comum (p.ex.; TIR)

_______________________________________________

4.2 TAXA MÍNIMA DE ATRATIVIDADE

Ao se analisar uma proposta de investimento, deve ser considerado o fato de se estar perdendo a oportunidade de auferir retornos do mesmo capital em outros projetos. A nova proposta, para ser atrativa, deve render, no mínimo, a taxa de juros equivalente à rentabilidade das aplicações correntes e de pouco risco. Esta é, portanto, a Taxa Mínima de Atratividade (TMA)

_______________________________________________

4.3 CUSTO DE CAPITAL

O custo de capital é a taxa de retorno que uma empresa precisa obter sobre seus investimentos para manter o valor da empresa inalterado. Ele pode ser também considerado como a taxa de retorno exigida pelos fornecedores de capital no mercado para atrair seus fundos para a empresa. Se o risco for mantido constante, a implementação de projetos com uma taxa de retorno acima do custo de capital aumentará o valor da empresa e projetos com a taxa de retorno abaixo do custo de capital diminuirão o valor dela.

O custo de capital é um conceito dinâmico afetado por uma variedade de fatores econômicos e empresariais. Para isolar a estrutura básica do custo de capital, foram elaboradas algumas premissas=chaves relativas ao risco e taxas:a) risco do negócio/risco operacional – é o risco que a empresa corre de ser incapaz de cobrir os custos operacionais – supõe-se que não se altere. Essa premissa significa que a aceitação de um determinado projeto pela empresa mantém sua capacidade em saldar os custos operacionais inalterada.

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b) risco financeiro – é o risco que a empresa corre de ser incapaz de cumprir com os compromissos financeiros exigidos (juros, pagamento de empréstimos, dividendos de ações preferenciais) – supõe-se que não se altere. c) custos depois dos impostos são considerados relevantes – em outras palavras, o custo de capital é medido após o imposto de renda.

_______________________________________________

4.4 PRINCIPAIS TÉCNICAS DE ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

As três técnicas mais comuns são: período de payback, valor presente líquido e taxa interna de retorno.

4.4.1 Período de Payback

Definição – período de Payback, também conhecido como período de recuperação, é o período de tempo exato necessário para a empresa recuperar seu investimento inicial em um projeto, a partir das entradas de caixa. Embora seja muito usado, ele geralmente é visto como uma técnica não sofisticada de orçamento de capital, uma vez que não considera explicitamente o valor do dinheiro no tempo, através do desconto do fluxo de caixa para se obter o valor presente.Critério de decisão quando o payback é usado em decisões de aceitar-rejeitar, o critério de decisão é o seguinte: se o período de payback for menor que o período de payback máximo aceitável, aceita-se o projeto; se o período for maior, rejeita-se o projeto.Comparando dois investimentos, o que proporcionar menor período de payback é o melhor.Forma de calcular - Considere os fluxos de caixa abaixo:

PROJETO A PROJETO BInvestimento Inicial 42.000 45.000Ano Entradas de caixa operacionais1 14.000 28.000 28.0002 14.000 12.000 40.0003 14.000 10.000 50.0004 14.000 10.000 60.0005 14.000 10.000 70.000Média 14.000 14.000

Para o projeto A, trata-se de uma anuidade: toma-se o investimento inicial e divide-se pelo valor das entradas de caixa anuais, ou seja: 42.000 dividido por 14.000 = 3 anos = período de payback.Fórmula - Payback = Investimento inicial / Fluxo de caixa (pmt)

Para o projeto B, trata-se de uma série mista: insere-se uma nova coluna e coloca-se o fluxo de caixa acumulado: observa-se que no ano 3 o valor acumulado ultrapassa o investimento inicial, então payback será menor que 3 anos, pois precisaria apenas de 5 mil no ano 3. Ai trabalha-se com regra de 3: 1 ano 10 mil

x anos 5 mil, donde terei que x = 0,5 anos, então período de payback será igual a 2,5 anos.Análise - se o período de payback máximo aceitável pela empresa fosse de 2,75 anos, apenas o projeto B seria viável; se os projetos tivessem de ser classificados, B seria preferível ao A, pois tem um menor período de payback.Prós e contras- Técnica amplamente utilizada, principalmente por pequenas e médias empresas, pela facilidade de cálculo. Ela é atraente porque utiliza fluxos de caixa e não lucros contábeis. Por ser visto como uma medida de risco, muitas empresas utilizam como critério básico de decisão ou como complemento a técnicas de decisão sofisticadas. Quanto mais tempo a empresa precisar esperar para recuperar seus fundos investidos, maior a possibilidade de perda. Portanto, quanto menor for o período de payback, menor será a exposição da empresa aos riscos.

A principal deficiência do payback é deixar de considerar integralmente o valor do dinheiro no tempo. Outra questão é que não reconhece os fluxos de caixa que ocorrem após o período de payback, além de que o limite de payback máximo aceitável é estabelecido de forma subjetiva pela própria empresa.

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4.4.2 Valor Presente Líquido (VPL OU NPV)

Definição - Por considerar explicitamente o valor do dinheiro no tempo, o VPL é considerado uma técnica sofisticada de análise de orçamentos de capital. É obtida subtraindo-se o investimento inicial de um projeto do valor presente das entradas de caixa, descontadas a uma taxa igual ao custo de capital da empresa. Essa taxa – também chamada de taxa de desconto, retorno exigido, custo de capital ou custo de oportunidade – é o retorno mínimo que deve ser ganho sobre um projeto para deixar inalterado o valor de mercado da empresa.Então:

VPL = VALOR PRESENTE DAS ENTRADAS DE CAIXA – INVESTIMENTO INICIALCritério de decisão - Quando o VPL é usado para tomar decisões do tipo “aceitar-rejeitar”, adota-se o seguinte critério: se o VPL for maior do que zero, aceita-se o projeto; se for menor que zero, rejeita-se. Isso porque se o VPL for maior do que zero significa que a empresa obterá um retorno maior do que seu custo de capital e, com isto, estaria aumentando o valor de mercado da empresa e, conseqüentemente, a riqueza de seus proprietários.Forma de calcular - No exemplo anterior, consideremos que a empresa tem um custo de capital de 10% a.a. Então para o projeto A e B podemos calcular:42.000 CHS g CFo 45.000 CHS g CFo14.000 g CFj 28.000 g CFj5 g Nj 12.000 g CFj10 i 10.000 g CFjF NPV = 11.071,01 3 g Nj 10 i f NPV = 10.924,40Análise: os dois projetos são viáveis, porém o melhor é o projeto A que apresenta um maior VPL.

VPL ANUALIZADO

Este cálculo é bastante utilizado quando os projetos em análise possuem tempos de vida diferentes. Ele irá proporcionar um VPL médio anual. Calcula-se após se ter o resultado do VPL e utilizam-se as teclas financeiras da HP 12C.Modo de calcular: o valor do VPL joga-se como CHS PV a taxa no I o número de fluxos de caixa no N e pede-se para calcular o PMT.Análise: Quanto maior o VPLA, melhor o investimento.

VPL PARA ANÁLISE RELACIONADA A CUSTOS

Até agora, trabalhamos com análise de retorno de investimento, mas pode-se utilizar a técnica do VPL para calcular qual investimento irá proporcionar o menor custo. Para tanto, é necessário que tenhamos os custos anuais de cada investimento, assim poderemos verificar não só que proporciona o maior retorno, como também aquele que proporciona o menor custo.Modo de calcular – da mesma forma como se calcula o VPL, só tendo o cuidado, pois agora nossos fluxos de caixa trarão informações de custos (sinal negativo).Análise- Quanto menor o custo, melhor o investimento.

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4.4.3 Taxa Interna de Retorno (TIR ou IRR)

É a técnica sofisticada mais utilizada para a avaliação de alternativas de investimentos. É definida como a taxa de desconto que iguala o valor presente das entradas do caixa ao investimento inicial referente a um projeto, resultando, desse modo, em um VPL = zero.

O cálculo da TIR utilizando fórmulas não é um cálculo fácil, para tanto utilizaremos a HP-12C para isso.Critério de decisão - se a TIR for maior do que o custo de capital, aceita-se o projeto; se for menor, rejeita-se. Na comparação entre dois projetos, o melhor será o que proporcionar a maior TIR.

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Forma de calcular - no cálculo anterior através dos fluxos de caixa só se acrescenta f IRR.Análise - os dois projetos terão TIR acima de 10%, porém o projeto B é preferível ao A, pois tem maior TIR. Observa-se que o VPL indica o projeto A e a TIR indica o B, resultados conflitantes.

Tais conflitos não são raros; não há nenhuma garantia de que essas duas técnicas classificarão os projetos da mesma forma. Contudo, os dois métodos devem levar à mesma conclusão quanto a aceitabilidade ou não do projeto.

TAXA INTERNA DE RETORNO MODIFICADA

Partindo-se do conceito de que em um fluxo de caixa a TIR calculada é a taxa que remunera todos os valores, quer seja para trazer os fluxos a valor presente ou levá-los a valor futuro, podemos modificar o diagrama de um fluxo de caixa e calcular a TIR modificada da seguinte forma:

a) trazer a valor presente (período zero) todos os fluxos negativos (ou investimentos) a uma taxa de financiamento compatível, obtendo-se um único valor presente;

b) levar a valor futuro (período n) todos os fluxos positivos (ou lucros) a uma taxa de reinvestimento compatível, obtendo-se um único valor futuro;

c) tem-se, então, um novo fluxo de caixa (convencional e muito simples) com apenas um valor PV e outro FV. Como o período (n) continua o mesmo, calcula-se a nova TIR – a TIR modificada.

Taxa de Reinvestimento – representa a taxa média do período do fluxo de caixa mais conveniente para reaplicar os lucros gerados em cada ano.Taxa de Financiamento – representa a taxa média do período de caixa mais compatível com a captação de recursos financeiros para os investimentos.

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4.5 COMPARAÇÃO ENTRE AS TÉCNICAS DE VPL E TIR

Para projetos com fluxos de caixa convencionais, o valor presente líquido e a taxa interna de retorno sempre levam à mesma decisão de aceitar ou rejeitar um projeto, mas as diferenças nas suas suposições básicas podem levar a classificações diferentes de projetos. Para entender as divergências e preferências relacionadas a essas técnicas, é necessário observar o perfil do valor presente líquido, as classificações conflitantes e a questão de qual abordagem é a melhor.

4.5.1 Perfis do valor presente líquido – representação gráfica que mostra o valor presente líquido de um projeto calculado com várias taxas de desconto.

No exemplo usado, consideremos taxas de desconto de 0%, 10% (custo de capital, k) e a TIR.Para uma taxa de 0%, basta somar os fluxos de caixa e diminuir o investimento inicial:Projeto A: (14.000 + 14.000 + 14.000 + 14.000 + 14.000) – 42.000 = 28.000Projeto B: (28.000 + 12.000 + 10.000 + 10.000 + 10.000) – 45.000 = 25.000Para uma taxa de 10% - já calculamos anteriormente:Projeto A: 11.074; Projeto B: 10.914Para taxa de desconto igual a TIR, o VPL será igual a zero, então:Projeto A: TIR = 20%; Projeto B: TIR = 22%Temos então três coordenadas, com as quais poderemos fazer um gráfico:

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Uma análise do gráfico mostra que para qualquer taxa de desconto inferior a aproximadamente 10,7%, o VPL para o projeto A é superior ao VPL do projeto B. Além desse ponto, o VPL de B é superior. Já que os perfis de valor presente para os projetos A e B interceptam-se em um VPL positivo, as TIRs para os projetos geram classificações conflitantes, sempre que eles forem comparados pelo critério de VPLs calculados a taxas de desconto inferiores a 10,7%. 4.5.2 Classificações conflitantes

A possibilidade de haver conflitos na classificação dos projetos deve estar clara. A classificação é muito importante quando os projetos forem mutuamente excludentes ou quando há racionamento de capital. Quando os projetos forem mutuamente excludentes, a classificação possibilita à empresa determinar qual é o melhor projeto, do ponto de vista financeiro. Na situação de racionamento, a classificação poderá não indicar o grupo de projetos a serem aceitos, mas propiciará um ponto de partida lógico.

Os conflitos de classificação, quando se utiliza o VPL e a TIR, resultam de diferenças na magnitude e na época de ocorrência dos fluxos de caixa. Embora ambos os fatores possam ser usados para explicar esse problema, a causa básica reside na premissa implícita referente ao reinvestimento das entradas de caixa intermediárias – aquelas que ocorrem antes do término do projeto. O VPL pressupõe que as entradas de caixa são reinvestidas a uma taxa igual ao custo de capital da empresa, ao passo que a TIR pressupõe o reinvestimento a uma taxa igual à própria TIR.

Em geral, projetos com investimentos de portes similares e baixas entradas de caixa nos primeiros anos tendem a ser preferíveis a taxas de desconto mais baixas. Projetos que tenham entradas mais altas de caixa nos primeiros anos tendem a ser preferíveis em uma situação de taxas de desconto mais altas. Em nosso exemplo, o projeto A tem entradas de caixa iguais e o projeto B tem entradas de caixa mais altas nos primeiros anos. Pelo gráfico, pudemos observar que o projeto B seria preferível ao A, em uma situação de taxas de desconto mais altas, a uma taxa de desconto superior a 10,7%, o VPL do projeto B é maior do que o do projeto A. Fica claro que a magnitude das entradas de caixa e o momento em que elas ocorrem afetam a classificação dos projetos.

4.5.3 Qual é o melhor método?

De um ponto de vista puramente teórico, o VPL é a melhor técnica para a análise de orçamento de capital. O mais importante fator é que o uso do VPL supõe, implicitamente, que todas as entradas de caixa intermediárias geradas pelo investimento sejam reinvestidas ao custo de capital da empresa.

Já as evidências sugerem que, a despeito da superioridade teórica do VPL, os administradores financeiros preferem usar a TIR. Essa preferência é atribuível à aceitação, por parte dos empresários, de taxas de retorno, ao invés de valores monetários.

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CAPÍTULO 4 – EXERCÍCIOS PARA FIXAÇÃO DE CONTEÚDO

1) A Logan Indústria está em um processo de escolha do melhor, dentre dois projetos de dispêndio de capital, mutuamente excludentes e com igual nível de risco. Os fluxos de caixa relevantes para cada projeto são apresentados a seguir. O custo de capital da empresa é de 14%.

Projeto M Projeto N

Investimento Inicial 28.500 27.000Ano Entradas de Caixa

1 10.000 11.0002 10.000 10.0003 10.000 9.0004 10.000 8.000

a) Calcule o período de payback para cada projeto (R.: 2,85/ 2,67 anos)b) Calcule o valor presente líquido (R.: 637,12/

1.155,18)c) Calcule a taxa interna de retorno (R.: 15,09%/ 16,19%

a.a.)d) Faça um resumo das preferências determinadas, de acordo com cada técnica e

indique qual projeto você recomendaria. Explique por quê.

2) A Nova Safra tem um período de payback máximo aceitável de cinco anos. A empresa está considerando a compra de uma nova máquina e deve escolher uma entre duas alternativas. A primeira máquina exige um investimento inicial de $ 14.000,00 e gera entradas de caixa, após IR, de $ 3.000,00 em cada um dos próximos sete anos. A segunda

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máquina exige um investimento inicial de $ 21.000,00 e propicia entradas de caixa anuais, após imposto, de $ 4.000,00 por um período de vinte anos.

a) calcule o período de payback para cada máquina. (R.: 4,67/ 5,25 anos)b) Comente sobre a aceitabilidade das máquinas, supondo que são projetos

independentes.c) Qual das máquinas a empresa deveria aceitar? Por quê?

3) Calcule o VPL para os seguintes projetos, que têm vidas de vinte anos. Comente a respeito da aceitabilidade de cada um deles. Suponha que a empresa tenha um custo de oportunidade de 14%.

a) Investimento inicial de $ 10.000,00 e entradas de caixa de $ 2.000,00 ao ano.b) Investimento inicial de $ 25.000,00 e entradas de caixa de $ 3.000,00 ao ano.

(R.: 3.246,26/ - 5.130,61)

4) A Dani Cosméticos está avaliando uma máquina nova de misturar fragrâncias. O ativo requer um investimento inicial de $ 24.000,00 e gerará entradas de caixa após imposto de $ 5.000,00 ao ano, por oito anos. Para cada uma das taxas de retorno requeridas, listadas abaixo: (1) calcule o valor presente líquido e (2) indique se a máquina deve ser aceita ou rejeitada e (3) explique sua decisão.

a) taxa de custo de capital de 10%. (R.: 2.674,63)b) Taxa de custo de capital de 12% (R.: 838,20)c) Taxa de custo de capital de 14%. (R.: - 805,68)

5) Utilizando uma taxa de custo de capital de 14%, calcule o valor presente líquido e a TIR para cada um dos projetos independentes listados no quadro seguinte e diga quais deles são aceitáveis ou não.

Projeto A Projeto B Projeto C Projeto D Projeto EInvestimento inicial 26.000 500.000 170.000 950.000 80.000ANO ENTRADAS DE CAIXA1 4.000 100.000 20.000 230.000 02 4.000 120.000 19.000 230.000 03 4.000 140.000 18.000 230.000 04 4.000 160.000 17.000 230.000 20.0005 4.000 180.000 16.000 230.000 30.0006 4.000 200.000 15.000 230.000 07 4.000 14.000 230.000 50.0008 4.000 13.000 230.000 60.0009 4.000 12.000 70.00010 4.000 11.000

Como os fluxos de caixa têm vidas diferentes, calcule o VPLA para ter uma análise mais completa.(R.: A = -5.135,54 e 8,71%a.a. / B= 53.887,93 e 17,41%a.a. e 13.857,69 / C = -83.668,24 e –1,82% a.a. / D = 116.938,70 e 17,59% e 25.208,48 / E = 9.963,63 e 15,94% a.a. e 2.014,33)

6) A Interprise está considerando a substituição de uma de suas velhas máquinas de perfurar. Três alternativas de substituição estão sendo estudadas. Os fluxos de caixa relevantes

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associados a cada uma delas são apresentados no quadro a seguir. O custo de capital da empresa é de 15%.

Máquina A Máquina B Máquina CInvestimento Inicial 85.000 60.000 130.000Ano Entradas de caixa

1 18.000 12.000 50.0002 18.000 14.000 30.0003 18.000 16.000 20.0004 18.000 18.000 20.0005 18.000 20.000 20.0006 18.000 25.000 30.0007 18.000 40.0008 18.000 50.000

a) calcule o VPL para cada máquina. (R.: -4.228,21/ 2.584,34/ 15.043,89)b) Utilizando o VPL, avalie a aceitabilidade de cada máquina.c) Faça a classificação das máquinas, da melhor para a pior alternativa, utilizando o VPL.7) A Nórdica Corporação tem três projetos em análise. Seus fluxos de caixa são apresentados no

quadro a seguir. A empresa tem um custo de capital de 16%.Projeto A Projeto B Projeto C

Investimento Inicial 40.000 40.000 40.000Ano Entradas de caixa

1 13.000 7.000 19.0002 13.000 10.000 16.0003 13.000 13.000 13.0004 13.000 16.000 10.0005 13.000 19.000 7.000

a) Calcule o período de payback para cada projeto. Qual deles é o preferido de acordo com esse método? (R.: 3,08/ 3,63/ 2,38 anos)

b) Calcule o VPL para cada projeto. Qual deles é o preferido de acordo com esse método.(R.: 2.565,82/ - 322,53 / 5.454,17)

c) Comente os resultados obtidos nas letras anteriores e faça a recomendação do melhor projeto. Explique sua escolha.

8) Calcule a taxa interna de retorno para os seguintes projetos: (R.: 17,43% / 8,62% / 25,41% / 21,16%)Projeto A Projeto B Projeto C Projeto D

Investimento inicial 90.000 490.000 20.000 240.000Ano Entradas de caixa

1 20.000 150.000 7.500 120.0002 25.000 150.000 7.500 100.0003 30.000 150.000 7.500 80.0004 35.000 150.000 7.500 60.0005 40.000 7.500

9) A Bell Informática está fazendo uma análise para escolher o melhor, dentre dois projetos mutuamente excludentes, para expandir sua capacidade de armazenagem. Os fluxos de caixa relevantes dos projetos são apresentados a seguir. O custo de capital da empresa é de 15%.

Projeto X Projeto YInvestimento Inicial 500.000 325.000Ano Entradas de caixa

1 100.000 140.0002 120.000 120.000

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3 150.000 95.0004 190.000 70.0005 250.000 50.000

Calcule a TIR de cada projeto, avalie a aceitabilidade de cada um e aponte o melhor projeto. (R.: 15,67% e 17,29% a.a.)

10)A OK Planejamentos aceita projetos que propiciem um ganho superior ao custo de capital de 15%. Ela está atualmente considerando um projeto cuja vida é de 10 anos, gera entradas de caixa anuais de $ 10.000 e exige um investimento inicial de $ 61.450. Este projeto é aceitável? (R.: -11.262,31)

11)A Benson Designs obteve as seguintes estimativas para um projeto a longo prazo que está analisando. O investimento inicial será de $ 18.250 e espera-se que o projeto renda entradas de caixa após o IR de $ 4.000 ao ano, por sete anos. A empresa tem uma taxa de custo de capital de 10%. Você recomendaria a aceitação do projeto? Justifique sua resposta. (R.: 1.223,68)

12)Uma empresa dispõe de $ 18.000,00 e conta com duas alternativas de investimentos em um tipo de equipamento industrial:Equipamento A – exige um investimento inicial de $ 14.000,00 e proporciona um saldo líquido anual de R$ 5.000,00 por 7 anos. (R.: 10,56 e 30,03% a.a.)Equipamento B – investimento inicial de $ 18.000,00 e saldo líquido de $ 6.500,00 por 7 anos. (R.: 213,73 e 30,51% a.a.)Calcule qual alternativa é melhor, sabendo que a Taxa Mínima de Atratividade (TMA) da empresa é de 30% ao ano.

13)Considere o exercício anterior, apenas com uma modificação, a empresa conta com $ 16.000,00 para investir, e não mais $ 18.000,00. O custo do empréstimo é de 40% ao ano e deverá ser pago ao final do 1.º ano. (R.: 59,88 e 30,15%a.a.)

14)Uma fábrica possui três alternativas para adquirir uma máquina, as informações abaixo referem-se às despesas anuais com sua manutenção. A TMA é de 10% ao ano e o período de análise é de 10 anos.

A – envolve despesas anuais de $ 10.000,00, sem investimento inicial (já possui a máquina). (R.: -61.445,67)B – tem despesas anuais de $ 5.000,00, um investimento inicial de $ 15.000,00, sem valor residual. (R.: -45.722,84)C – envolve despesas anuais de $ 4.000,00, um investimento inicial de $ 20.000,00 e um valor residual de $ 2.000,00. (R.: -43.807,18)

15)Uma empresa transportadora está analisando a conveniência da compra de um caminhão no valor de R$ 103.000,00. Segundo os técnicos dessa empresa, a utilização desse veículo

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deverá gerar receitas líquidas estimadas em R$ 30.000,00; R$ 35.000,00; R$ 32.000,00; R$ 28.000,00 e R$ 20.000,00, respectivamente. Sabendo-se que no final do 5.º ano espera-se vender esse caminhão por R$ 17.000,00 líquidos, verificar qual a decisão da empresa para taxa de retorno fixada em 15% ao ano e 18% ao ano. Calcule a TIR modificada.

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CAPÍTULO 4 – TRABALHO

Nome: Turma:

QUESTÕES

1) O departamento de marketing de uma empresa, estudando a viabilidade de lançamento de um novo produto, verificou, através de pesquisas de mercado, a possibilidade de uma demanda anual de 30.000 unidades desse produto, a um preço de $ 12,00 a unidade com um ciclo de vida de 5 anos. O departamento de produção, verificando o projeto, observou que a manutenção da nova linha de produção custaria $ 4.000,00 por ano e que um equipamento adicional no valor de $ 300.000,00 seria necessário, tendo vida econômica também de 5 anos, valor residual de $ 20.000,00 e um custo de manutenção de $ 10.000,00 por ano. Os custos diretos envolvidos com a fabricação do produto ascenderiam a $ 7,00 por unidade. A área financeira, por sua vez, manifestou a necessidade de um investimento inicial de $ 50.000,00 a título de capital de giro, e alertou que a empresa estaria operando com uma taxa mínima de atratividade de 10% ao ano.

Considerando-se, exclusivamente, o enfoque financeiro, atenda ao que se pede:a. O novo produto deve ser lançado? Por quê?b. Verifique, ainda, a sensibilidade do projeto para a hipótese de uma variação

negativa do preço de venda do produto em 15% e positiva de custos diretos de 10%.

(Sugestão: use o método do valor presente líquido.)

2) O Sr. José possui recursos no valor de $ 400.000,00, que pretende investir a longo prazo. Caso aplicasse o dinheiro no mercado financeiro, receberia 20% a.a., mas ele tem a alternativa de investir em dois projetos (A e B) aparentemente interessantes. No papel de consultor financeiro, avalie os investimentos e oriente o Sr. José para investir na alternativa mais rentável, justificando sua resposta.

Ano Projeto A Projeto BI.I. -150.000 -150.0001 38.000 24.5002 47.500 28.0003 72.000 53.0004 54.500 72.0005 58.000 97.500

3) Continuando com os dados do exercício anterior, suponha que exista mais um projeto (C), com o investimento inicial no valor de $ 350.000,00, que apresenta a taxa de retorno de 20,7% a.a.. O projeto parece interessante, pois apresenta taxa de retorno maior que a taxa de atratividade, de 20% a.a., mas não seria possível investir simultaneamente em dois projetos (A e C ou B e C), pois sua soma seria superior ao valor dos recursos de que o Sr. José dispõe. Oriente novamente o Sr. José a fazer a melhor escolha.

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4) Sua empresa gerará fluxos de caixas anuais de $ 20.000,00 durante os próximos oito anos, graças a um novo banco de dados. O sistema de computação necessário para instalar o banco de dados custa $ 150.000,00. Se puder tomar dinheiro emprestado para comprar o sistema de computação à taxa de juros de 11% ao ano, valerá a pena ter o novo sistema? Por quê?

5) A empresa Aves e Ovos tem um padrão de payback de 3 anos. Caso a empresa tenha que decidir se deve aceitar algum desses projetos, qual seria o escolhido? Considerando um custo de capital de 10% a.a., utilizando a técnica de VPL, você mantém a sua decisão? Justifique sua resposta.

Ano Fluxos de caixa de A

Fluxos de caixa de B

0 - 50.000 -120.0001 20.000 45.0002 18.000 45.0003 17.000 45.0004 14.000 45.000

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CAPÍTULO 3 e 4 – EXERCÍCIOS PARA REVISÃO DE CONTEÚDO

1) Uma construtora precisa escolher entre dois equipamentos. O equipamento A custa R$ 600.000,00 e dura cinco anos. Este equipamento exigirá R$ 110.000,00 de manutenção por ano. O equipamento B custa R$ 750.000,00, mas dura 7 anos, e seus custos de manutenção são de R$ 90.000,00. Sabendo-se que o custo de capital da construtora é de 12%, qual dos dois equipamentos a empresa deve comprar? Por quê?

2) Uma empresa está analisando a compra de um novo equipamento para substituir o existente. Ele foi comprado há 2 anos atrás, a um custo instalado de R$ 60.000,00, tendo um período de depreciação de 5 anos. A máquina nova pode ser comprada por R$ 105.000,00 e irá exigir R$ 5.000,00 para instalação; ela tem uma vida útil de 5 anos. A máquina usada pode ser vendida hoje por R$ 70.000,00. A empresa paga imposto de renda a uma alíquota de 40%. Qual o investimento inicial associado à substituição da máquina existente pela aquisição de uma nova?

3) Com base no exercício anterior e com os lucros estimados antes da depreciação e imposto de renda para os próximos 5 anos apresentados no quadro a seguir, determine as entradas de caixa operacionais e incrementais associadas à proposta de substituição

ANO LADIR MÁQUINA EXISTENTE LADIR MÁQUINA NOVA

1 26.000 43.000

2 24.000 43.000

3 22.000 43.000

4 20.000 43.000

5 18.000 43.000

4) Uma empresa deve escolher entre um caminhão guindaste movido a gasolina ou a eletricidade, para o transporte de materiais em sua fábrica. Como ambos executam a mesma função, a empresa escolherá apenas um deles. O caminhão movido a eletricidade custará mais, porém será mais barato para operar. O caminhão movido a eletricidade custará R$ 250.000,00, enquanto o movido a gasolina custará R$ 215.000,00. O caminhão movido a eletricidade tem uma vida útil de 7 anos e o seu custo de manutenção anual é de R$ 25.000,00 e o valor de revenda ao final do projeto é de R$ 37.000,00. O caminhão movido a gasolina tem um custo anual de manutenção de R$ 35.000,00 e tem uma vida útil de 9 anos, podendo ser vendido ao final do projeto por R$ 33.000,00. Considerando um custo de capital de 12% ao ano, qual dos dois investimentos é o melhor? Por quê?

5) Após ter descoberto um novo filão de ouro nas montanhas de Goiás, uma empresa tem que decidir se deve ou não minerar o depósito. Para prosseguir com a extração, a empresa deverá gastar R$ 1.065.000,00 com um novo equipamento e sua instalação. O ouro extraído deverá proporcionar uma receita de R$ 300.000,00 no primeiro ano, apresentando um crescimento de 10% ao ano durante os próximos 4 anos, quando então entrará num processo de esgotamento, mantendo sua receita no mesmo valor durante mais 2 anos, quando então terá que ser abandonada, sendo necessário, nesta ocasião, um desembolso de R$ 200.000,00 para que a mina

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seja devidamente lacrada. Sabendo que o custo de oportunidade da empresa é de 14%, calcule a viabilidade do projeto, justificando sua resposta.

6) Uma empresa possui uma pequena fábrica. No ano corrente, espera obter fluxos líquidos de caixa de R$ 120.000,00 em termos reais. A empresa opera em condições normais, mas espera que a pressão da concorrência reduza seus fluxos líquidos de caixa ao ritmo de 6% a.a. A taxa apropriada de desconto é de 11%. Todos os fluxos são recebidos no final do ano. Qual o valor que eu poderia pagar pela empresa numa negociação que está sendo feita hoje, considerando que pretendo permanecer com a empresa por um período de 10 anos.

7) Tua empresa precisa escolher uma copiadora. A copiadora X custa menos do que a Y, mas sua vida útil é mais curta. Os fluxos de caixa são fornecidos abaixo. Sabendo-se que o custo de capital é de 14%, que copiadora a empresa deveria preferir? Por quê?

X Y Ano 0 (700) (900)

Ano 1 500 600Ano 2 400 450Ano 3 400 400Ano 4 (50) (100)Ano 5 300 350Ano 6 300

8) Tua empresa está considerando patrocinar um pavilhão num próximo encontro internacional de administradores. O pavilhão custaria R$ 800.000,00 e espera-se que resulte em R$ 5 milhões de entrada de caixa durante o seu primeiro ano de operação. Entretanto, levaria mais um ano e teria um custo de R$ 5 milhões para demolir o local e retorná-lo a sua condição original. Estima-se que o projeto tenha um custo de capital de 10%. Esse projeto deve ser aceito? Por quê?

9) Uma empresa está considerando dois investimentos mutuamente excludentes. Os fluxos líquidos de caixa esperados são os seguintes:

Ano Projeto A Projeto B 0 (300) (405) 1 (387) 134 2 (193) 134 3 (100) 134 4 600 134 5 600 134 6 670 134Em qual projeto a empresa deveria investir? Por quê?

10) A Escrita Livre Publicações está analisando a compra de uma nova gráfica, que custa hoje R$ 2.000.000,00 a ser depreciada durante o período de 5 anos. A gráfica irá proporcionar receitas anuais de R$ 2.090.000,00 e despesas operacionais de R$ 1.045.000,00 por ano. Projeta-se um crescimento de 7% nas receitas e de 10% nas despesas em função da inflação e dos desgastes no equipamento. Sendo assim, calcule os fluxos de caixa operacionais para os 5 anos do projeto. Considere uma alíquota de IR de 40% ao ano. Ao final dos 5 anos, a gráfica terá um valor de venda de R$ 500.000,00. O custo de capital da empresa é de 15% ao ano. A empresa deve comprar a gráfica? Justifique sua resposta.

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11) Uma empresa está analisando a possibilidade de adquirir uma nova colheitadeira. A colheitadeira existente tem 4 anos de uso, foi comprada por R$ 150.000,00 e tem um valor de mercado, hoje, de R$ 70.000,00. O valor negociado com o fabricante para aquisição da nova máquina é de R$ 200.000,00, mais R$ 10.000,00 de despesas com frete. Sendo assim, qual o investimento inicial necessário?

12) O diretor da Toalhas Joinville Ltda. deseja substituir uma empacotadora mecânica por outra eletrônica. Existem três empacotadoras candidatas. Apesar de o investimento inicial ser o mesmo para todas as máquinas, a magnitude e a época de ocorrência dos fluxos de caixa intermediários diferem. O quadro e os perfis de Valor Presente Líquido (VPL) sintetizam os resultados encontrados.

Sabendo que o custo de oportunidade é de 11% ao ano, deve(m) ser escolhida(s) a(s) Empacotadora(s)(A) X (B) Y (C) Z (D) X ou Y (E) Y ou Z

13) O projeto de expansão de uma vinícula em Bento Gonçalves, cujo perfil de Valor Presente Líquido (VPL) encontra-se representado na figura abaixo, tem investimento inicial de R$ 500.000,00.

Os fluxos de caixa são de R$ 20.000,00 no primeiro ano, R$ 30.000,00 no segundo ano e R$ 90.000,00 por ano, do terceiro ao décimo segundo ano. Logo, a taxa interna de retorno do projeto é(A) 0% (B) 5% (C) 10% (D) 15% (E) 20%

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14)

Pede-se:a) Avalie a atratividade do projeto de investimento para os sócios;b) Considere a probabilidade de 60% do cenário previsto anteriormente se manter e 40% do custo do capital próprio aumentar para 19,5% a.a., o que acontece com a atratividade do projeto em análise? (Use o método de Valor Presente Líquido)

ESTUDO DE VIABILIDADE SOBRE ANÁLISE DE CUSTOS

O setor de Laboratório de Análises Clínicas do HUCF realiza exames internos e externos. O processo de realização dos exames de análise clínica compreende as seguintes etapas: marcar exame; coletar material; analisar a amostra; digitar e conferir resultado; entregar resultado.

Identificação dos recursos - Através de pesquisa documental e entrevistas realizadas com os funcionários do laboratório de análises clínicas foram identificados os recursos financeiros necessários para a realização dos diversos exames. Estes recursos correspondem ao pagamento de pessoal, material de escritório, material de laboratório, serviços de terceiros, energia elétrica, água e esgoto e telefonia.Alocação dos recursos às atividadesRecepcionar paciente - A recepção atenderá tanto o paciente interno como o externo. Esta atividade compreende as seguintes tarefas: atender ao público; marcar exame; entregar resultado de exame; prestar informações sobre os procedimentos para a realização dos exames. Os exames de pacientes externos serão marcados pelo paciente e os internos serão marcados pelo secretário do posto de enfermagem da clínica solicitante. Os resultados dos exames externos serão entregues aos pacientes e os internos serão entregues nas clínicas solicitantes. O custo desta atividade é de R$ 4.974,20.Coletar material - A coleta do material será realizada na data estipulada pelo laboratório para os pacientes externos. A coleta de material de paciente interno será realizada na própria clínica solicitante.Esta atividade abrange as seguintes tarefas: colocar o garrote; colher o sangue com uma seringa; colocar no recipiente, identificando o paciente. O custo desta atividade é de R$ 3.775,52.Analisar amostra - O material coletado será analisado conforme o tipo de exame nas seguintes áreas:hematologia; bioquímica; imunologia; parasitologia; urinálise e microbiologia. O custo desta atividade por grupo de exame é o seguinte: hematologia R$ 11.751,64; urinálise R$ 5.112,43; fezes R$ 923,57;

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imunosorologia R$ 896,84; liquor R$ 1.298,15; bacteriologia R$ 4.484,61, bioquímica do sangue R$ 19.029,47; rotina de líquido ascítico R$ 809,05; rotina de líquido pleural R$ 63,16 e rotina de líquido sinovial R$ 44,71.Interpretar e digitar resultado - Após a análise dos exames, estes serão interpretados e digitados os seus resultados. O custo desta atividade será de R$ 8.743,02Gerenciar setor - O custo do gerenciamento do setor é de R$ 1.153,30.A alocação dos custos das atividades deve seguir utilizando o direcionador número de exames.

TABELA – CUSTO DE CADA GRUPO DE EXAMESGrupo de Exames Valor

materialN.º exames

Valor unitário material

Valor unitário das atividades

Custo unitário exame

Custo total

Hematologia 11.751,64 3.287Urinálise 5.112,43 958Fezes 923,57 372Imunosorologia 896,84 269Liquor 1.298,15 329Bacteriologia 4.484,61 253Bioquímica do sangue

19.029,47 4.858

rotina de líquido ascítico

809,05 268

rotina de líquido pleural

63,16 13

rotina de líquido sinovial

44,71 11

TOTAL

TABELA – TOTAL DE EXAMES REALIZADOS INTERNOS E EXTERNOSGrupo de Exames

Clínica Médica 1

Clínica Médica 2

Psiquiatria

Ginecologia

Pediatria

Centro Cirúrgico

UTI Maternidade Externo

Hematologia 368 141 71 10 177 8 106 18 2.388Urinálise 86 38 19 10 48 9 29 4 715Fezes 38 17 8 4 21 3 13 2 266Imunosorologia 19 8 4 1 11 1 6 1 218Liquor 29 13 8 2 16 0 4 1 256Bacteriologia 19 8 4 0 11 2 6 1 202Bioquímica do sangue

440 195 98 4 244 1 146 22 3.708

rotina de líquido ascítico

13 6 3 2 7 2 4 1 230

rotina de líquido pleural

2 1 0 2 1 0 1 0 6

rotina de líquido sinovial

1 1 0 0 1 0 0 0 8

TOTAL 1.015 428 215 35 537 26 315 50 7.997

Considerando que o hospital investiu R$ 1.500.000,00 na implantação do laboratório; cobra no atendimento externo o valor de R$ 40,00 para os exames do grupo de bacteriologia e R$ 15,00 para os demais exames, em quanto tempo terá o retorno do capital investido? Levando-se em consideração uma taxa mínima de atratividade de 15% a.a. e um tempo de vida do projeto de 10 anos, qual o retorno proporcionado pelo mesmo?

ESTUDO DE VIABILIDADE ECONÔMICA E FINANCEIRA

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Um empresário quer montar um negócio de fabricação de um dispositivo para uso em computadores e tem as seguintes informações para tomar sua decisão:

a) existe um mercado garantido para 120.000 unidades por ano do produto (pesquisa mercadológica);b) o preço que cada unidade pode ser vendida no mercado é de R$ 12,00 (análise da concorrência e de

custos);c) o custo dos insumos de fabricação é de R$ 5,00 por unidade;d) o projeto das instalações ficará em R$ 50.000,00;e) uma máquina para produção do dispositivo tem a capacidade de 30 unidades por hora e custa R$

400.000,00;f) as instalações complementares custarão R$ 150.000,00;g) o local de instalação será alugado por R$ 12.000,00 mensais, mas será necessário pagar “luvas” de

R$ 100.000,00;h) serão necessários para a operação quatro empregados e um supervisor, que teriam um custo de

salários e encargos de R$ 40.000,00 por ano;i) a manutenção dos equipamentos e os serviços administrativos serão terceirizados a um custo de R$

50.000,00 por ano.j) Será necessário um estoque de insumos equivalente a um mês de produção e de produtos acabados

a 15 dias de produção;k) Os produtos vendidos são faturados em 30 dias. A matéria-prima é comprada e faturada em 60 dias.l) O imposto de renda, cuja alíquota é de 30%, permite a depreciação dos equipamentos e instalações

em 10 anos;m) Por causa da possibilidade de obsolescência do produto, a vida econômica considerada deve ser de

cinco anos, devendo-se usar um valor residual de 10% do investimento fixo.O investidor tem todo o dinheiro necessário para a realização do projeto e sua taxa mínima de atratividade é de 15% ao ano. O investimento é viável?Caso o investidor disponha de R$ 800.000,00 e precise financiar o restante pagando uma taxa de juros de 10% ao semestre em 10 parcelas semestrais, isso mudaria sua decisão de investir ou não?

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REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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GAMERO, J.B. Análise de Investimentos. 2001.

GITMAN, L.J.; MADURA, J. Administração financeira - uma abordagem gerencial. São Paulo: Addison Wesley, 2003.

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