Apostila Brasil - Port.

download Apostila Brasil - Port.

of 62

Transcript of Apostila Brasil - Port.

  • 8/18/2019 Apostila Brasil - Port.

    1/62

    1

    LÍNGUA PORTUGUESA1. Elementos de construção do texto e seu sentido: gênero dotexto (literário e não-literário, narrativo, descritivo e argumen-tativo); interpretação e organização interna.2. Semântica: sentido e emprego dos vocábulos; campossemânticos; emprego de tempos e modos dos verbos emportuguês.3. Morfologia: reconhecimento, emprego e sentido das clas-ses gramaticais; processos de formação de palavras; meca-nismos de flexão dos nomes e verbos.4. Sintaxe: frase, oração e período; termos da oração; proces-sos de coordenação e subordinação; concordância nominal everbal; transitividade e regência de nomes e verbos; padrõesgerais de colocação pronominal no português; mecanismosde coesão textual.5. Ortografia. Acentuação gráfica. Emprego do sinal indicativode crase. Pontuação.6. Estilística: figuras de linguagem.7. Reescritura de frases: substituição, deslocamento, parale-lismo; variação linguística: norma culta.

    COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS

    Os concursos apresentam questões interpretativas que têm por finali-dade a identificação de um leitor autônomo. Portanto, o candidato devecompreender os níveis estruturais da língua por meio da lógica, além denecessitar de um bom léxico internalizado.

    As frases produzem significados diferentes de acordo com o contextoem que estão inseridas. Torna-se, assim, necessário sempre fazer umconfronto entre todas as partes que compõem o texto.

    Além disso, é fundamental apreender as informações apresentadas portrás do texto e as inferências a que ele remete. Este procedimento justifica-se por um texto ser sempre produto de uma postura ideológica do autordiante de uma temática qualquer.

    Denotação e ConotaçãoSabe-se que não há associação necessária entre significante (expres-

    são gráfica, palavra) e significado, por esta ligação representar uma con-venção. É baseado neste conceito de signo linguístico (significante + signi-ficado) que se constroem as noções de denotação e conotação.

    O sentido denotativo das palavras é aquele encontrado nos dicionários,o chamado sentido verdadeiro, real. Já o uso conotativo das palavras é aatribuição de um sentido figurado, fantasioso e que, para sua compreensão,depende do contexto. Sendo assim, estabelece-se, numa determinadaconstrução frasal, uma nova relação entre significante e significado.

    Os textos literários exploram bastante as construções de base conota-tiva, numa tentativa de extrapolar o espaço do texto e provocar reaçõesdiferenciadas em seus leitores.

    Ainda com base no signo linguístico, encontra-se o conceito de polis-semia (que tem muitas significações). Algumas palavras, dependendo docontexto, assumem múltiplos significados, como, por exemplo, a palavraponto: ponto de ônibus, ponto de vista, ponto final, ponto de cruz ... Nestecaso, não se está atribuindo um sentido fantasioso à palavra ponto, e simampliando sua significação através de expressões que lhe completem eesclareçam o sentido.

    Como Ler e Entender Bem um Texto

    Basicamente, deve-se alcançar a dois níveis de leitura: a informativa ede reconhecimento e a interpretativa. A primeira deve ser feita de maneiracautelosa por ser o primeiro contato com o novo texto. Desta leitura, extra-em-se informações sobre o conteúdo abordado e prepara-se o próximonível de leitura. Durante a interpretação propriamente dita, cabe destacarpalavras-chave, passagens importantes, bem como usar uma palavra para

    resumir a ideia central de cada parágrafo. Este tipo de procedimento aga memória visual, favorecendo o entendimento.

    Não se pode desconsiderar que, embora a interpretação seja subjetihá limites. A preocupação deve ser a captação da essência do texto, a de responder às interpretações que a banca considerou como pertinente

    No caso de textos literários, é preciso conhecer a ligação daquele tecom outras formas de cultura, outros textos e manifestações de arte época em que o autor viveu. Se não houver esta visão global dos momtos literários e dos escritores, a interpretação pode ficar comprometida.não se podem dispensar as dicas que aparecem na referência bibliográda fonte e na identificação do autor.

    A última fase da interpretação concentra-se nas perguntas e opções resposta. Aqui são fundamentais marcações de palavras comonão, exce-to, errada, respectivamente etc. que fazem diferença na escolha adequa-da. Muitas vezes, em interpretação, trabalha-se com o conceito do "madequado", isto é, o que responde melhor ao questionamento proposto.isso, uma resposta pode estar certa para responder à pergunta, mas nãser a adotada como gabarito pela banca examinadora por haver uma oualternativa mais completa.

    Ainda cabe ressaltar que algumas questões apresentam um fragmendo texto transcrito para ser a base de análise. Nunca deixe de retornartexto, mesmo que aparentemente pareça ser perda de tempo. A desconttualização de palavras ou frases, certas vezes, são também um recurpara instaurar a dúvida no candidato. Leia a frase anterior e a posterior ter ideia do sentido global proposto pelo autor, desta maneira a resposerá mais consciente e segura.

    Podemos, tranquilamente, ser bem-sucedidos numa interpretação texto. Para isso, devemos observar o seguinte:

    01.Ler todo o texto, procurando ter uma visão geral do assunto;02. Se encontrar palavras desconhecidas, não interrompa a leitura,

    até o fim, ininterruptamente;

    03. Ler, ler bem, ler profundamente, ou seja, ler o texto pelo monumas três vezes ou mais;04. Ler com perspicácia, sutileza, malícia nas entrelinhas;05. Voltar ao texto tantas quantas vezes precisar;06. Não permitir que prevaleçam suas ideias sobre as do autor;07. Partir o texto em pedaços (parágrafos, partes) para melhor comp

    ensão;08. Centralizar cada questão ao pedaço (parágrafo, parte) do texto c

    respondente;09. Verificar, com atenção e cuidado, o enunciado de cada questão;10. Cuidado com os vocábulos: destoa (=diferente de ...), não, corre

    incorreta, certa, errada, falsa, verdadeira, exceto, e outras; palavras qaparecem nas perguntas e que, às vezes, dificultam a entender o que perguntou e o que se pediu;

    11. Quando duas alternativas lhe parecem corretas, procurar a maexata ou a mais completa;

    12. Quando o autor apenas sugerir ideia, procurar um fundamentológica objetiva;

    13. Cuidado com as questões voltadas para dados superficiais;14. Não se deve procurar a verdade exata dentro daquela respost

    mas a opção que melhor se enquadre no sentido do texto;15. Às vezes a etimologia ou a semelhança das palavras denuncia

    resposta;16. Procure estabelecer quais foram as opiniões expostas pelo auto

    definindo o tema e a mensagem;17.O autor defende ideias e você deve percebê-las;18.Os adjuntos adverbiais e os predicativos do sujeito são importan

    simos na interpretação do texto.Ex.: Ele morreude fome.de fome: adjunto adverbial de causa, determina a causa na realizaçã

    do fato (= morte de "ele").Ex.: Ele morreufaminto.faminto:predicativo do sujeito, é o estado em que "ele" se encontrav

    quando morreu.;

    ApostilasBrasil.com Seu Futuro é o Nosso Presente!

    Língua Portuguesa

  • 8/18/2019 Apostila Brasil - Port.

    2/62

    2

    19. As orações coordenadas não têm oração principal, apenas as idei-as estão coordenadas entre si;

    20. Os adjetivos ligados a um substantivo vão dar a ele maior clarezade expressão, aumentando-lhe ou determinando-lhe o significado. EraldoCunegundes

    ELEMENTOS CONSTITUTIVOSTEXTO NARRATIVO••• • As personagens:São as pessoas, ou seres, viventes ou não, for-

    ças naturais ou fatores ambientais, que desempenham papel no desenrolardos fatos.

    Toda narrativa tem um protagonista que é a figura central, o herói ouheroína, personagem principal da história.

    O personagem, pessoa ou objeto, que se opõe aos designos do prota-gonista, chama-se antagonista, e é com ele que a personagem principalcontracena em primeiro plano.

    As personagens secundárias, que são chamadas também de compar-sas, são os figurantes de influencia menor, indireta, não decisiva na narra-ção.

    O narrador que está a contar a história também é uma personagem,pode ser o protagonista ou uma das outras personagens de menor impor-tância, ou ainda uma pessoa estranha à história.

    Podemos ainda, dizer que existem dois tipos fundamentais de perso-nagem: as planas: que são definidas por um traço característico, elas nãoalteram seu comportamento durante o desenrolar dos acontecimentos etendem à caricatura;as redondas: são mais complexas tendo uma dimen-são psicológica, muitas vezes, o leitor fica surpreso com as suas reaçõesperante os acontecimentos.

    ••• • Sequência dos fatos (enredo): Enredo é a sequência dos fatos, atrama dos acontecimentos e das ações dos personagens. No enredo po-demos distinguir, com maior ou menor nitidez, três ou quatro estágiosprogressivos: a exposição (nem sempre ocorre), a complicação, o climax, odesenlace ou desfecho.

    Na exposição o narrador situa a história quanto à época, o ambiente,as personagens e certas circunstâncias. Nem sempre esse estágio ocorre,na maioria das vezes, principalmente nos textos literários mais recentes, ahistória começa a ser narrada no meio dos acontecimentos (“in média”), ouseja, no estágio da complicação quando ocorre e conflito, choque de inte-resses entre as personagens.

    O clímax é o ápice da história, quando ocorre o estágio de maior ten-são do conflito entre as personagens centrais, desencadeando o desfecho,ou seja, a conclusão da história com a resolução dos conflitos.

    ••• • Os fatos: São os acontecimentos de que as personagens partici-pam. Da natureza dos acontecimentos apresentados decorre o gê-nero do texto. Por exemplo o relato de um acontecimento cotidianoconstitui uma crônica, o relato de um drama social é um romancesocial, e assim por diante. Em toda narrativa há um fato central,que estabelece o caráter do texto, e há os fatos secundários, rela-cionados ao principal.

    ••• • Espaço: Os acontecimentos narrados acontecem em diversos lu-gares, ou mesmo em um só lugar. O texto narrativo precisa conterinformações sobre o espaço, onde os fatos acontecem. Muitas ve-zes, principalmente nos textos literários, essas informações sãoextensas, fazendo aparecer textos descritivos no interior dos textosnarrativo.

    ••• • Tempo: Os fatos que compõem a narrativa desenvolvem-se numdeterminado tempo, que consiste na identificação do momento,dia, mês, ano ou época em que ocorre o fato. A temporalidade sa-

    lienta as relações passado/presente/futuro do texto, essas relaçõespodem ser linear, isto é, seguindo a ordem cronológica dos fatos,ou sofre inversões, quando o narrador nos diz que antes de um fa-to que aconteceu depois.

    O tempo pode ser cronológico ou psicológico. O cronológico é o tempo

    material em que se desenrola à ação, isto é, aquele que é medido pnatureza ou pelo relógio. O psicológico não é mensurável pelos padfixos, porque é aquele que ocorre no interior da personagem, dependesua percepção da realidade, da duração de um dado acontecimento no espírito.

    ••• • Narrador: observador e personagem: O narrador, como já dis-semos, é a personagem que está a contar a história. A posição eque se coloca o narrador para contar a história constitui o focoaspecto ou o ponto de vista da narrativa, e ele pode ser caracterzado por :

    - visão “por detrás” : o narrador conhece tudo o que diz respeito àspersonagens e à história, tendo uma visão panorâmica dos acotecimentos e a narração é feita em 3a pessoa.

    - visão “com”: o narrador é personagem e ocupa o centro da narra-tiva que é feito em 1a pessoa.

    - visão “de fora”: o narrador descreve e narra apenas o que vê,aquilo que é observável exteriormente no comportamento da psonagem, sem ter acesso a sua interioridade, neste caso o narrador é um observador e a narrativa é feita em 3a pessoa.

    ••• • Foco narrativo:Todo texto narrativo necessariamente tem de a-presentar um foco narrativo, isto é, o ponto de vista através do qa história está sendo contada. Como já vimos, a narração é fei

    em 1a

    pessoa ou 3a

    pessoa.Formas de apresentação da fala das personagensComo já sabemos, nas histórias, as personagens agem e falam. H

    três maneiras de comunicar as falas das personagens.

    ••• • Discurso Direto:É a representação da fala das personagens atra-vés do diálogo.

    Exemplo:“Zé Lins continuou: carnaval é festa do povo. O povo é dono da

    verdade. Vem a polícia e começa a falar em ordem pública. No carna- val a cidade é do povo e de ninguém mais”.

    No discurso direto é frequente o uso dos verbo de locução ou descedizer, falar, acrescentar, responder, perguntar, mandar, replicar e etc.; etravessões. Porém, quando as falas das personagens são curtas ou rápidos verbos de locução podem ser omitidos.

    ••• • Discurso Indireto: Consiste em o narrador transmitir, com suaspróprias palavras, o pensamento ou a fala das personagens. Exemplo:“Zé Lins levantou um brinde: lembrou os dias triste e passa- dos, os meus primeiros passos em liberdade, a fraternidadeque nos reunia naquele momento, a minha literatura e os me- nos sombrios por vir”.

    ••• • Discurso Indireto Livre: Ocorre quando a fala da personagem semistura à fala do narrador, ou seja, ao fluxo normal da narraçExemplo:“Os trabalhadores passavam para os partidos, conversandoalto. Quando me viram, sem chapéu, de pijama, por aqueleslugares, deram-me bons-dias desconfiados. Talvez pensassemque estivesse doido. Como poderia andar um homem àquelahora , sem fazer nada de cabeça no tempo, um branco de pésno chão como eles? Só sendo doido mesmo”.

    (José Lins do Rego)

    TEXTO DESCRITIVODescrever é fazer uma representação verbal dos aspectos mais cara

    terísticos de um objeto, de uma pessoa, paisagem, ser e etc.

    As perspectivas que o observador tem do objeto são muito importantanto na descrição literária quanto na descrição técnica. É esta atitude

    vai determinar a ordem na enumeração dos traços característicos para o leitor possa combinar suas impressões isoladas formando uma imaunificada.

    Uma boa descrição vai apresentando o objeto progressivamente, vando as partes focalizadas e associando-as ou interligando-as pouco

    ApostilasBrasil.com Seu Futuro é o Nosso Presente!

    Língua Portuguesa

  • 8/18/2019 Apostila Brasil - Port.

    3/62

    3

    pouco.

    Podemos encontrar distinções entre uma descrição literária e outra téc-nica. Passaremos a falar um pouco sobre cada uma delas:

    ••• • Descrição Literária: A finalidade maior da descrição literária étransmitir a impressão que a coisa vista desperta em nossa menteatravés do sentidos. Daí decorrem dois tipos de descrição: a subje-tiva, que reflete o estado de espírito do observador, suas preferên-cias, assim ele descreve o que quer e o que pensa ver e não oque vê realmente; já a objetiva traduz a realidade do mundo objeti-vo, fenomênico, ela é exata e dimensional.

    ••• • Descrição de Personagem: É utilizada para caracterização daspersonagens, pela acumulação de traços físicos e psicológicos,pela enumeração de seus hábitos, gestos, aptidões e temperamen-to, com a finalidade de situar personagens no contexto cultural, so-cial e econômico .

    ••• • Descrição de Paisagem: Neste tipo de descrição, geralmente oobservador abrange de uma só vez a globalidade do panorama,para depois aos poucos, em ordem de proximidade, abranger aspartes mais típicas desse todo.

    ••• • Descrição do Ambiente: Ela dá os detalhes dos interiores, dosambientes em que ocorrem as ações, tentando dar ao leitor umavisualização das suas particularidades, de seus traços distintivos e

    típicos.••• • Descrição da Cena: Trata-se de uma descrição movimentada,que se desenvolve progressivamente no tempo. É a descrição deum incêndio, de uma briga, de um naufrágio.

    ••• • Descrição Técnica: Ela apresenta muitas das características ge-rais da literatura, com a distinção de que nela se utiliza um vocabu-lário mais preciso, salientando-se com exatidão os pormenores. Épredominantemente denotativa tendo como objetivo esclarecerconvencendo. Pode aplicar-se a objetos, a aparelhos ou mecanis-mos, a fenômenos, a fatos, a lugares, a eventos e etc.

    TEXTO DISSERTATIVODissertar significa discutir, expor, interpretar ideias. A dissertação cons-

    ta de uma série de juízos a respeito de um determinado assunto ou ques-

    tão, e pressupõe um exame critico do assunto sobre o qual se vai escrevercom clareza, coerência e objetividade.

    A dissertação pode ser argumentativa - na qual o autor tenta persuadiro leitor a respeito dos seus pontos de vista ou simplesmente, ter comofinalidade dar a conhecer ou explicar certo modo de ver qualquer questão.

    A linguagem usada é a referencial, centrada na mensagem, enfatizan-do o contexto.

    Quanto à forma, ela pode ser tripartida em :••• • Introdução:Em poucas linhas coloca ao leitor os dados funda-

    mentais do assunto que está tratando. É a enunciação direta e ob- jetiva da definição do ponto de vista do autor.

    ••• • Desenvolvimento:Constitui o corpo do texto, onde as ideias colo-cadas na introdução serão definidas com os dados mais relevan-tes. Todo desenvolvimento deve estruturar-se em blocos de ideiasarticuladas entre si, de forma que a sucessão deles resulte numconjunto coerente e unitário que se encaixa na introdução e de-sencadeia a conclusão.

    ••• • Conclusão: É o fenômeno do texto, marcado pela síntese da ideiacentral. Na conclusão o autor reforça sua opinião, retomando a in-trodução e os fatos resumidos do desenvolvimento do texto. Parahaver maior entendimento dos procedimentos que podem ocorrerem um dissertação, cabe fazermos a distinção entre fatos, hipótesee opinião.

    - Fato: É o acontecimento ou coisa cuja veracidade e reconhecida; éa obra ou ação que realmente se praticou.

    - Hipótese: É a suposição feita acerca de uma coisa possível ounão, e de que se tiram diversas conclusões; é uma afirmação so-bre o desconhecido, feita com base no que já é conhecido.

    - Opinião: Opinar é julgar ou inserir expressões de aprovação oudesaprovação pessoal diante de acontecimentos, pessoas e obje-tos descritos, é um parecer particular, um sentimento que se tem a

    respeito de algo.

    O TEXTO ARGUMENTATIVOUmtexto argumentativo tem como objetivo convencer alguém das

    nossas ideias. Deve ser claro e ter riqueza lexical, podendo tratar qualtema ou assunto.

    É constituído por um primeiro parágrafo curto, que deixe a ideia n

    depois o desenvolvimento deve referir a opinião da pessoa que o escrcom argumentos convincentes e verdadeiros, e com exemplos claros. Dtambém conter contra-argumentos, de forma a não permitir a meioleitura que o leitor os faça. Por fim, deve ser concluído com um paráque responda ao primeiro parágrafo, ou simplesmente com a ideia chavopinião.

    Geralmente apresenta uma estrutura organizada em três partea introdução, na qual é apresentada a ideia principal ou teso desenvolvimento, que fundamenta ou desenvolve a ideia principaa conclusão. Os argumentos utilizados para fundamentar a tese podemde diferentes tipos: exemplos, comparação, dados históricos, dadestatístico, pesquisas, causas socioeconômicas ou culturais, depoimentenfim tudo o que possa demonstrar o ponto de vista defendido pelo atem consistência. A conclusão pode apresentar uma possív

    solução/proposta ou uma síntese. Deve utilizar título que chame a atendo leitor e utilizar variedade padrão de língua.

    A linguagemnormalmente é impessoal e objetiva. O roteiro da persuasão para o texto argumentativo:

    Na introdução, no desenvolvimentoe na conclusão do texto argumen-tativo espera-se que o redator o leitor de seu ponto de vista. Alguns resos podem contribuir para que a defesa da tese seja concluída com sucso. Abaixo veremos algumas formas de introduzir um parágrafo argumtivo:

    • Declaração inicial: É uma forma de apresentar com assertivi-dade e segurança a tese.

    ‘ A aprovação das Cotas para negros vem reparar uma divida morum dano social. Oferecer oportunidade igual de ingresso no Ensino Suor ao negro por meio de políticas afirmativas é uma forma de admidiferença social marcante na sociedade e de igualar o acesso ao mercade trabalho.’

    • Interrogação: Cria-se com a interrogação uma relação próximacom o leitor que, curioso, busca no texto resposta as perguntas feitasintrodução.

    ‘ Por que nos orgulhamos da nossa falta de consciência coletiva? que ainda insistimos em agir como ‘espertos’ individualistas?’

    • Citação ou alusão:Esse recurso garante à defesa da tese cará-ter de autoridade e confere credibilidade ao discurso argumentativo,se apoia nas palavras e pensamentos de outrem que goza de prestigio

    ‘ As pessoas chegam ao ponto de uma criança morrer e os pais nchorarem mais, trazerem a criança, jogarem num bolo de mortos, viraas costas e irem embora’. O comentário do fotógrafo Sebastião Salgsobre o que presenciou na Ruanda é um chamado à consciência púca.’’

    • Exemplificação:O processo narrativo ou descritivo da exempli-ficação pode conferir à argumentação leveza a cumplicidade. Pordeve-se tomar cuidado para que esse recurso seja breve e não interfno processo persuasivo.

    ‘ Noite de quarta-feira nos Jardins, bairro paulistano de classe méRestaurante da moda, frequentado por jovens bem-nascidos, sofre o gundo ‘arrastão’ do mês. Clientes e funcionários são assaltados e am

    çados de morte. O cotidiano violento de São Paulo se faz presente.’’• Roteiro: A antecipação do que se pretende dizer pode funciona

    como encaminhamento de leitura da tese.

    ‘ Busca-se com essa exposição analisar o descaso da sociedade erelação às coletas seletivas de lixo e a incompetência das prefeituras.

    ApostilasBrasil.com Seu Futuro é o Nosso Presente!

    Língua Portuguesa

  • 8/18/2019 Apostila Brasil - Port.

    4/62

    4

    • Enumeração: Contribui para que o redator analise os dados eexponha seus pontos de vista com mais exatidão.

    ‘ Pesquisa realizada pela Secretaria de Estado da Saúde de São Pau-lo aponta que as maiores vítimas do abuso sexual são as crianças meno-res de 12 anos. Elas representam 43% dos 1.926 casos de violência se-xual atendidos pelo Programa Bem-Me-Quer, do Hospital Pérola Bying-ton.’’

    • Causa e consequência: Garantem a coesão e a concatenaçãodas ideias ao longo do parágrafo, além de conferir caráter lógico ao pro-cesso argumentativo.

    ‘ No final de março, o Estado divulgou índices vergonhosos do Idesp – indicador desenvolvido pela Secretaria Estadual de Educação para ava-liar a qualidade do ensino (…). O péssimo resultado é apenas conse-quência de como está baixa a qualidade do ensino público. As causassão várias, mas certamente entre elas está a falta de respeito do Estadoque, próximo do fim do 1º bimestre, ainda não enviou apostilas para al-gumas escolas estaduais de Rio Preto.

    • Síntese: Reforça a tese defendida, uma vez que fecha o textocom a retomada de tudo o que foi exposto ao longo da argumentação.Recurso seguro e convincente para arrematar o processo discursivo.

    ‘ Quanto a Lei Geral da Copa, aprovou-se um texto que não é o ideal,mas sustenta os requisitos da Fifa para o evento.

    O aspecto mais polêmico era a venda de bebidas alcoólicas nos es-tádios. A lei eliminou o veto federal, mas não exclui que os organizadoresprecisem negociar a permissão em alguns Estados, como São Paulo.’’

    • Proposta: Revela autonomia critica do produtor do texto e ga-rante mais credibilidade ao processo argumentativo.

    ‘ Recolher de forma digna e justa os usuários decrack que buscamajuda, oferecer tratamento humano é dever do Estado. Não faz sentidoisolar para fora dos olhos da sociedade uma chaga que pertence a to-dos.’’ Mundograduado.org

    Modelo de Dissertação-Argumentativa

    Meio-ambiente e tecnologia: não há contraste, há solução

    Uma das maiores preocupações do século XXI é a preservação ambi-ental, fator que envolve o futuro do planeta e, consequentemente, a sobre-vivência humana. Contraditoriamente, esses problemas da natureza, quan-do analisados, são equivocadamente colocados em oposição à tecnologia.

    O paradoxo acontece porque, de certa forma, o avanço tem um preço ase pagar. As indústrias, por exemplo, que são costumeiramente ligadas aoprogresso, emitem quantidades exorbitantes de CO2 (carbono), responsá-veis pelo prejuízo causado à Camada de Ozônio e, por conseguinte, pro-blemas ambientais que afetam a população.

    Mas, se a tecnologia significa conhecimento, nesse caso, não vemoscontrastes com o meio-ambiente. Estamos numa época em que preservaros ecossistemas do planeta é mais do que avanço, é uma questão decontinuidade das espécies animais e vegetais, incluindo-se principalmentenós, humanos. As pesquisas acontecem a todo o momento e, dessa forma,podemos considerá-las parceiras na busca por soluções a essa problemáti-ca.

    O desenvolvimento de projetos científicos que visem a amenizar ostranstornos causados à Terra é plenamente possível e real. A era tecnoló-gica precisa atuar a serviço do bem-estar, da qualidade de vida, muito maisdo que em favor de um conforto momentâneo. Nessas circunstâncias nãoexiste contraste algum, pelo contrário, há uma relação direta que poderá setransformar na salvação do mundo.

    Portanto, as universidades e instituições de pesquisas em geral preci-sam agir rapidamente na elaboração de pacotes científicos com vistas a

    combater os resultados caóticos da falta de conscientização humana. Nadamelhor do que a ciência para direcionar formas práticas de amenizarmos a“ferida” que tomou conta do nosso Planeta Azul.

    Nesse modelo, didaticamente, podemos perceber a estrutura textualdissertativa assim organizada:

    1º parágrafo: Introdução com apresentação da tese a ser defendi-da;

    “Uma das maiores preocupações do século XXI é a preservação amental, fator que envolve o futuro do planeta e, consequentemente, a sovivência humana. Contraditoriamente, esses problemas da natureza, qudo analisados, são equivocadamente colocados em oposição à tecnolog

    2º parágrafo: Há o desenvolvimento da tese com fundamentos ar-gumentativos;

    “O paradoxo acontece porque, de certa forma, o avanço tem um pra se pagar. As indústrias, por exemplo, que são costumeiramente ligaao progresso, emitem quantidades exorbitantes de CO2 (carbono), respsáveis pelo prejuízo causado à Camada de Ozônio e, por conseguinproblemas ambientais que afetam a população.

    Mas, se a tecnologia significa conhecimento, nesse caso, não vemcontrastes com o meio-ambiente. Estamos numa época em que preseros ecossistemas do planeta é mais do que avanço, é uma questão dcontinuidade das espécies animais e vegetais, incluindo-se principalmnós, humanos. As pesquisas acontecem a todo o momento e, dessa formpodemos considerá-las parceiras na busca por soluções a essa problemca.”

    3º parágrafo: A conclusão é desenvolvida com uma proposta deintervenção relacionada à tese.

    “O desenvolvimento de projetos científicos que visem a amenizatranstornos causados à Terra é plenamente possível e real. A era tecnogica precisa atuar a serviço do bem-estar, da qualidade de vida, muito do que em favor de um conforto momentâneo. Nessas circunstâncias existe contraste algum, pelo contrário, há uma relação direta que podertransformar na salvação do mundo.

    Portanto, as universidades e instituições de pesquisas em geral presam agir rapidamente na elaboração de pacotes científicos com vistacombater os resultados caóticos da falta de conscientização humana. Nmelhor do que a ciência para direcionar formas práticas de amenizarm“ferida” que tomou conta do nosso Planeta Azul.” Profª Francinete

    A ideia principal e as secundáriasPara treinarmos a redação de pequenos parágrafos narrativos, vam

    nos colocar no papel de narradores, isto é, vamos contar fatos com baseorganização das ideias.

    Leia o trecho abaixo:

    Meu primo já havia chegado à metade da perigosa ponte de fequando, de repente, um trem saiu da curva, a cem metros da ponte. Cisso, ele não teve tempo de correr para a frente ou para trás, mas, demotrando grande presença de espírito, agachou-se, segurou, com as mãoum dos dormentes e deixou o corpo pendurado.

    Como você deve ter observado, nesse parágrafo, o narrador conta-num fato acontecido com seu primo. É, pois, um parágrafo narrativo. A

    semos, agora, o parágrafo quanto à estrutura.As ideias foram organizadas da seguinte maneira:

    Ideia principal:

    Meu primo já havia chegado à metade da perigosa ponte de fequando, de repente, um trem saiu da curva, a cem metros da ponte.

    Ideias secundárias:

    Com isso, ele não teve tempo de correr para a frente ou para trás, mdemonstrando grande presença de espírito, agachou-se, segurou, commãos, um dos dormentes e deixou o corpo pendurado.

    A ideia principal, como você pode observar, refere-se a uma ação pgosa, agravada pelo aparecimento de um trem. As ideias secundárcomplementam a ideia principal, mostrando como o primo do narrconseguiu sair-se da perigosa situação em que se encontrava.

    Os parágrafos devem conter apenas uma ideia principal acompanhde ideias secundárias. Entretanto, é muito comum encontrarmos, em pgrafos pequenos, apenas a ideia principal. Veja o exemplo:

    ApostilasBrasil.com Seu Futuro é o Nosso Presente!

    Língua Portuguesa

  • 8/18/2019 Apostila Brasil - Port.

    5/62

    5

    O dia amanhecera lindo na Fazenda Santo Inácio.

    Os dois filhos do sr. Soares, administrador da fazenda, resolveram a- proveitar o bom tempo. Pegaram um animal, montaram e seguiram conten-tes pelos campos, levando um farto lanche, preparado pela mãe.

    Nesse trecho, há dois parágrafos.

    No primeiro, só há uma ideia desenvolvida, que corresponde à ideiaprincipal do parágrafo:O dia amanhecera lindo na Fazenda Santo Inácio.

    No segundo, já podemos perceber a relaçãoideia principal + ideiassecundárias.Observe:

    Ideia principal:

    Os dois filhos do sr. Soares, administrador da fazenda, resolveram a- proveitar o bom tempo.

    Ideia secundárias:

    Pegaram um animal, montaram e seguiram contentes pelos campos,levando um farto lanche, preparado pela mãe.

    Agora que já vimos alguns exemplos, você deve estar se perguntando:“Afinal, de que tamanho é o parágrafo?”

    Bem, o que podemos responder é que não há como apontar um pa-drão, no que se refere ao tamanho ou extensão do parágrafo.

    Há exemplos em que se veem parágrafos muito pequenos; outros, emque são maiores e outros, ainda, muito extensos.

    Também não há como dizer o que é certo ou errado em termos da ex-tensão do parágrafo, pois o que é importante mesmo, é aorganização dasideias. No entanto, é sempre útil observar o que diz o dito popular – “nemoito, nem oitenta…”.

    Assim como não é aconselhável escrevermos um texto, usando apenasparágrafos muito curtos, também não é aconselhável empregarmos osmuito longos.

    Essas observações são muito úteis para quem está iniciando os traba-lhos de redação. Com o tempo, a prática dirá quando e como usar parágra-fos – pequenos, grandes ou muito grandes.

    Até aqui, vimos que o parágrafo apresenta em sua estrutura, uma ideiaprincipal e outras secundárias. Isso não significa, no entanto, que sempre aideia principal apareça no início do parágrafo. Há casos em que a ideiasecundária inicia o parágrafo, sendo seguida pela ideia principal. Veja oexemplo:

    As estacas da cabana tremiam fortemente, e duas ou três vezes, o soloestremeceu violentamente sob meus pés. Logo percebi que se tratava deum terremoto.

    Observe que a ideia mais importante está contida na frase: “Logo per-cebi que se tratava de um terremoto”, que aparece no final do parágrafo.As outras frases (ou ideias) apenas explicam ou comprovam a afirmação:

    “as estacas tremiam fortemente, e duas ou três vezes, o solo estremeceuviolentamente sob meus pés” e estas estão localizadas no início do pará-grafo.

    Então, a respeito da estrutura do parágrafo, concluímos que as ideiaspodem organizar-se da seguinte maneira:

    Ideia principal + ideias secundárias

    ou

    Ideias secundárias + ideia principal

    É importante frisar, também, que a ideia principal e as ideias se-cundárias não são ideias diferentes e, por isso, não podem ser separadasem parágrafos diferentes. Ao selecionarmos as ideias secundárias deve-mos verificar as que realmente interessam ao desenvolvimento da ideiaprincipal e mantê-las juntas no mesmo parágrafo. Com isso, estaremosevitando e repetição de palavras e assegurando a sua clareza. É importan-te, ao termos várias ideias secundárias, que sejam identificadas aquelasque realmente se relacionam à ideia principal. Esse cuidado é de grandevalia ao se redigirparágrafos sobre qualquer assunto.

    ESTRUTURAÇÃO E ARTICULAÇÃO DO TEXTO

    Resenha Critica de Articulação do TextoAmanda Alves MartinsResenha Crítica do livro A Articulação do Texto, da autora Elisa G

    rães

    No livro de Elisa Guimarães, A Articulação do Texto, a autora presclarecer as dúvidas referentes à formação e à compreensão de um tee do seu contexto.

    Formado por unidades coordenadas, ou seja, interligadas entre sitexto constitui, portanto, uma unidade comunicativa para os membrouma comunidade; nele, existe um conjunto de fatores indispensáveis pasua construção, como “as intenções do falante (emissor), o jogo de igens conceituais, mentais que o emissor e destinatário executam.”(MaP. Ribeiro, 2004, p.397). Somado à isso, um texto não pode existir de fúnica e sozinha, pois depende dos outros tanto sintaticamente quasemanticamente para que haja um entendimento e uma compreensdeste. Dentro de um texto, as partes que o formam se integram e se excam de forma recíproca.

    Completando o processo de formação de um texto, a autora nos escrece que a economia de linguagem facilita a compreensão dele, senindispensável uma ligação entre as partes, mesmo havendo um cortetrechos considerados não essenciais.

    Quando o tema é a “situação comunicativa” (p.7), a autora nos esclce a relação texto X contexto, onde um é essencial para esclarecermooutro, utilizando-se de palavras que recebem diferentes significados forme são inseridas em um determinado contexto; nos levando ao entemento de que não podemos considerar isoladamente os seus conceitosim analisá-los de acordo com o contexto semântico ao qual está inseri

    Segundo Elisa Guimarães, o sentido da palavra texto estende-seuma enorme vastidão, podendo designar “um enunciado qualquer, ora

    escrito, longo ou breve, antigo ou moderno” (p.14) e ao contrário domuitos podem pensar, um texto pode ser caracterizado como um fragmto, uma frase, um verbo ect e não apenas na reunião destes com maalgumas outras formas de enunciação; procurando sempre uma objetivde para que a sua compreensão seja feita de forma fácil e clara.

    Esta economia textual facilita no caminho de transmissão entre o enciador e o receptor do texto que procura condensar as informações recdas a fim de se deter ao “núcleo informativo” (p.17), este sim, primorqualquer informação.

    A autora também apresenta diversas formas de classificação do discso e do texto, porém, detenhamo-nos na divisão de texto informativo um texto literário ou ficcional.

    Analisando um texto, é possível percebermos que a repetição de nome/lexema, nos induz à lembrar de fatos já abordados, estimula a nobiblioteca mental e a informa da importância de tal nome, que dentro dcontexto qualquer, ou seja que não fosse de um texto informacional, apenas caracterizado como uma redundância desnecessária. Essa repeção é normalmente dada através de sinônimos ou “sinônimos perfei(p.30) que permitem a permutação destes nomes durante o texto sem qusentido original e desejado seja modificado.

    Esta relação semântica presente nos textos ocorre devido às interptações feitas da realidade pelo interlocutor, que utiliza a chamada “semca referencial” (p.31) para causar esta busca mental no receptor atravépalavras semanticamente semelhantes à que fora enunciada, porém, exainda o que a autora denominou de “inexistência de sinônimo perf

    (p.30) que são sinônimos porém quando posto em substituição um ao onão geram uma coerência adequada ao entendimento.

    Nesta relação de substituição por sinônimos, devemos ter cautequando formos usar os “hiperônimos” (p.32), ou até mesmo a “hipon(p.32) onde substitui-se a parte pelo todo, pois neste emaranhado de su

    ApostilasBrasil.com Seu Futuro é o Nosso Presente!

    Língua Portuguesa

  • 8/18/2019 Apostila Brasil - Port.

    6/62

    6

    tituições pode-se causar desajustes e o resultado final não fazer com que aimagem mental do leitor seja ativada de forma corretamente, e outra assimi-lação, errônea, pode ser utilizada.

    Seguindo ainda neste linear das substituições, existem ainda as “nomi-nações” e a “elipse”, onde na primeira, o sentido inicialmente expresso porum verbo é substituído por um nome, ou seja, um substantivo; e, enquantona segunda, ou seja, na elipse, o substituto é nulo e marcado pela flexãoverbal; como podemos perceber no seguinte exemplo retirado do livro deElisa Guimarães:“Louve-se nos mineiros, em primeiro lugar, a sua presença suave. Mildeles não causam o incômodo de dez cearenses.

    __Não grita, ___ não empurram< ___ não seguram o braço da gente, ___ não impõem suas opiniões. Para os importunos inventaram eles umapalavra maravilhosamente definidora e que traduz bem a sua antipatia paraessa casta de gente (...)” (Rachel de Queiroz. Mineiros. In: Cem crônicasescolhidas. Rio de Janeiros, José Olympio, 1958, p.82).

    Porém é preciso especificar que para que haja a elipse o termo elípticodeve estar perfeitamente claro no contexto. Este conceito e os demais jáditos anteriormente são primordiais para a compreensão e produção textu-al, uma vez que contribuem para a economia de linguagem, fator de grande

    valor para tais feitos.Ao abordar os conceitos de coesão e coerência, a autora procura pri-

    meiramente retomar a noção de que a construção do texto é feita atravésde “referentes linguísticos” (p.38) que geram um conjunto de frases que irãoconstituir uma “microestrutura do texto” (p.38) que se articula com a estrutu-ra semântica geral. Porém, a dificuldade de se separar a coesão da coe-rência está no fato daquela está inserida nesta, formando uma linha deraciocínio de fácil compreensão, no entanto, quando ocorre uma incoerên-cia textual, decorrente da incompatibilidade e não exatidão do que foiescrito, o leitor também é capaz de entender devido a sua fácil compreen-são apesar da má articulação do texto.

    A coerência de um texto não é dada apenas pela boa interligação entreas suas frases, mas também porque entre estas existe a influência dacoerência textual, o que nos ajuda a concluir que a coesão, na verdade, éefeito da coerência. Como observamos em Nova Gramática Aplicada daLíngua Portuguesa de Manoel P. Ribeiro (2004, 14ed):

    A coesão e a coerência trazem a característica de promover a inter-relação semântica entre os elementos do discurso, respondendo pelo quechamamos de conectividade textual. “A coerência diz respeito ao nexoentre os conceitos; e a coesão, à expressão desse nexo no plano linguísti-co” (VAL, Maria das Graças Costa. Redação e textualidade, 1991, p.7)

    No capítulo que diz respeito às noções de estrutura, Elisa Guimarães,busca ressaltar o nível sintático representado pelas coordenações e subor-dinações que fixam relações de “equivalência” ou “hierarquia” respectiva-mente.

    Um fato importante dentro do livro A Articulação do Texto, é o valor atribuí-do às estruturas integrantes do texto, como o título, o parágrafo, as inter eintrapartes, o início e o fim e também, as superestruturas.

    O título funciona como estratégica de articulação do texto podendo de-sempenhar papéis que resumam os seus pontos primordiais, como tam-bém, podem ser desvendados no decorrer da leitura do texto.

    Os parágrafos esquematizam o raciocínio do escritos, como enunciaOthon Moacir Garcia:

    “O parágrafo facilita ao escritor a tarefa de isolar e depois ajustar con-venientemente as ideias principais da sua composição, permitindo ao leitoracompanhar-lhes o desenvolvimento nos seus diferentes estágios”.

    É bom relembrar, que dentro do parágrafo encontraremos o chamadotópico frasal, que resumirá a principal ideia do parágrafo no qual estainserido; e também encontraremos, segundo a autora, dez diferentes tiposde parágrafo, cada qual com um ponto de vista específico.

    No que diz respeito ao tópico Inicio e fim, Elisa Guimarães preferiu a-

    bordá-los de forma mútua já que um é consequência ou decorrênciaoutro; ficando a organização da narrativa com uma forma de estruclássica e seguindo uma linha sequencial já esperada pelo leitor, ondinício alimenta a esperança de como virá a ser o texto, enquanto que oexercer uma função de dar um destaque maior ao fechamento do textque também, alimenta a imaginação tanto do leito, quanto do próprio a

    No geral, o que diz respeito ao livro A Articulação do Texto de Guimarães, ele nos trás um grande número de informações e novos contos em relação à produção e compreensão textual, no entanto, essa granleva de informações muitas vezes se tornam confusas e acabam por dprenderem-se uma das outras, quebrando a linearidade de todo o textdificultando o entendimento teórico.

    A REFERENCIAÇÃO / OS REFERENTES / COERÊNCIA E CO

    A fala e também o texto escrito constituem-se não apenas numa squência de palavras ou de frases. A sucessão de coisas ditas ou escriforma uma cadeia que vai muito além da simples sequencialidade: háentrelaçamento significativo que aproxima as partes formadoras do tfalado ou escrito. Os mecanismos linguísticos que estabelecem a conecdade e a retomada e garantem a coesão são osreferentes textuais. Cadauma das coisas ditas estabelece relações de sentido e significado tan

    com os elementos que a antecedem como com os que a sucedem, constindo uma cadeia textual significativa. Essacoesão, que dá unidade aotexto, vai sendo construída e se evidencia pelo emprego de diferenprocedimentos, tanto no campo do léxico, como no da gramática. (esqueçamos que, num texto, não existem ou não deveriam existir elemtos dispensáveis. Os elementos constitutivos vão construindo o texto, eas articulações entre vocábulos, entre as partes de uma oração, entre orações e entre os parágrafos que determinam a referenciação, os contae conexões e estabelecem sentido ao todo.)

    Atenção especial concentram os procedimentos que garantem ao tecoesão e coerência. São esses procedimentos que desenvolvem a dinâ-mica articuladora e garantem a progressão textual.

    Acoesão é a manifestação linguística dacoerência e se realiza nasrelações entre elementos sucessivos (artigos, pronomes adjetivos, adjetem relação aos substantivos; formas verbais em relação aos sujeittempos verbais nas relações espaço-temporais constitutivas do texto ena organização de períodos, de parágrafos, das partes do todo, comformadoras de uma cadeia de sentido capaz de apresentar e desenvolvum tema ou as unidades de um texto. Construída com os mecanismgramaticais e lexicais, confere unidade formal ao texto.

    1. Considere-se, inicialmente, acoesão apoiada noléxico. Ela podedar-se pelareiteração, pelasubstituição e pelaassociação.É garantida com o emprego de:

    • enlaces semânticos de frases por meio darepetição.A mensa-gem-tema do texto apoiada na conexão de elementos léxicos scessivos pode dar-se por simples iteração (repetição). Cabe, nescaso, fazer-se a diferenciação entre a simples redundância resutado da pobreza de vocabulário e o emprego de repetições comrecurso estilístico, com intenção articulatória. Ex.: “As contaspatrão eram diferentes, arranjadas a tinta e contra o vaqueiro, mFabiano sabia que elas estavam erradas e o patrão queria enganálo.Enganava.”Vidas secas, p. 143);

    • substituição léxica, que se dá tanto pelo emprego desinônimos como depalavras quase sinônimas. Considerem-se aqui alémdas palavras sinônimas, aquelas resultantes de famílias ideolócas e do campo associativo, como, por exemplo, esvoaçar, revoar,voar ;

    • hipônimos(relações de um termo específico com um termo desentido geral, ex.:gato, felino) e hiperônimos(relações de umtermo de sentido mais amplo com outros de sentido mais especco, ex.:felino, gato);

    • nominalizações(quando um fato, uma ocorrência, aparece emforma de verbo e, mais adiante, reaparece como substantivo, econsertar , o conserto; viajar , a viagem). É preciso distinguir-se en-trenominalização estrita e. generalizações(ex.:o cão < o animal )e especificações (ex.: planta > árvore > palmeira);

    ApostilasBrasil.com Seu Futuro é o Nosso Presente!

    Língua Portuguesa

  • 8/18/2019 Apostila Brasil - Port.

    7/62

    7

    • substitutos universais (ex.: João trabalha muito. Também ofaço.O verbo fazer em substituição ao verbo trabalhar);

    • enunciados que estabelecem a recapitulação da ideia global.Ex.: O curraldeserto , o chiqueiro das cabrasarruinado e tambémdeserto , a casa do vaqueirofechada , tudo anunciava abandono (Vidas Secas, p.11). Esse enunciado é chamado deanáfora con-ceptual . Todo um enunciado anterior e a ideia global que ele referesão retomados por outro enunciado que os resume e/ou interpreta.Com esse recurso, evitam-se as repetições e faz-se o discurso a-vançar, mantendo-se sua unidade.

    2. Acoesão apoiada nagramáticadá-se no uso de:• certospronomes (pessoais, adjetivos ou substantivos). Destacam-

    se aqui os pronomes pessoais de terceira pessoa, empregadoscomo substitutos de elementos anteriormente presentes no texto,diferentemente dos pronomes de 1ª e 2ª pessoa que se referem àpessoa que fala e com quem esta fala.

    • certosadvérbiose expressões adverbiais;• artigos; • conjunções;• numerais;• elipses. A elipse se justifica quando, ao remeter a um enunciado

    anterior, a palavra elidida é facilmente identificável (Ex.:O jovem

    recolheu-se cedo. ... Sabia que ia necessitar de todas as suas for-ças. O termoo jovem deixa de ser repetido e, assim, estabelece arelação entre as duas orações.). É a própria ausência do termo quemarca a inter-relação. A identificação pode dar-se com o próprioenunciado, como no exemplo anterior, ou com elementos extraver-bais, exteriores ao enunciado. Vejam-se os avisos em lugares pú-blicos (ex.:Perigo! ) e as frases exclamativas, que remetem a umasituação não-verbal. Nesse caso, a articulação se dá entre texto econtexto (extratextual);

    • as concordâncias;• a correlação entre os tempos verbais.

    Os dêiticos exercem, por excelência, essa função de progressão textu-al, dada sua característica: são elementos que não significam, apenas

    indicam, remetem aos componentes da situação comunicativa. Já os com-ponentes concentram em si a significação. Referem os participantes do atode comunicação, o momento e o lugar da enunciação.

    Elisa Guimarães ensina a respeito dos dêiticos:Os pronomes pessoais e as desinências verbais indicam os participan-

    tes do ato do discurso. Os pronomes demonstrativos, certas locuçõesprepositivas e adverbiais, bem como os advérbios de tempo, referenciam omomento da enunciação, podendo indicarsimultaneidade, anterioridade ou posterioridade. Assim: este, agora, hoje, neste momento (presente); ulti-mamente, recentemente, ontem, há alguns dias, antes de (pretérito); deagora em diante, no próximo ano, depois de (futuro).

    Maria da Graça Costa Val lembra que “esses recursos expressam rela-ções não só entre os elementos no interior de uma frase, mas tambémentre frases e sequências de frases dentro de um texto”.

    Não só a coesão explícita possibilita a compreensão de um texto. Mui-tas vezes a comunicação se faz por meio de umacoesão implícita, apoia-da no conhecimento mútuo anterior que os participantes do processocomunicativo têm da língua.

    A ligação lógica das ideias Uma das características do texto é a organização sequencial dos ele-

    mentos linguísticos que o compõem, isto é, as relações de sentido que seestabelecem entre as frases e os parágrafos que compõem um texto,fazendo com que a interpretação de um elemento linguístico qualquer sejadependente da de outro(s). Os principais fatores que determinam esseencadeamento lógico são: a articulação, a referência, a substituição voca-bular e a elipse.

    ARTICULAÇÃOOs articuladores (também chamados nexos ou conectores) são conjun-

    ções, advérbios e preposições responsáveis pela ligação entre si dos fatos

    denotados num texto, Eles exprimem os diferentes tipos de interdepencia de sentido das frases no processo de sequencialização textual. ideias ou proposições podem se relacionar indicando causa, consequênfinalidade, etc.

    Ingressei na Faculdadea fim deascender socialmente.Ingressei na Faculdadeporquepretendo ser biólogo.Ingressei na Faculdadedepois deter-me casado.

    É possível observar que os articuladores relacionam os argumentosferentemente. Podemos, inclusive, agrupá-los, conforme a relação estabelecem.

    Relações de:adição: os conectores articula sequencialmente frases cujos conteúd

    se adicionam a favor de uma mesma conclusão:e, também, nãosó...como também, tanto...como, além de, além disso, ainda, nem .

    Na maioria dos casos, as frases somadas não são permutáveis, isto a ordem em que ocorrem os fatos descritos deve ser respeitada.

    Ele entrou, dirigiu-se à escrivaninha e sentou-se. alternância: os conteúdos alternativos das frases são articulados po

    conectores comoou, ora...ora, seja...seja. O articuladorou pode expres-sar inclusão ou exclusão.

    Ele não sabe se conclui o curso ou abandona a Faculdade.

    oposição: os conectores articulam sequencialmente frases cujos conteúdos se opõem. São articuladores de oposição:mas, porém, todavia,entretanto, no entanto, não obstante, embora, apesar de (que), aindaque, se bem que, mesmo que,etc.

    O candidato foi aprovado, mas não fez a matrícula. condicionalidade: essa relação é expressa pela combinação de duas

    proposições: uma introduzida pelo articuladorse oucaso e outra porentão (consequente), que pode vir implícito. Estabelece-se uma relação entantecedente e o consequente, isto é, sendo o antecedente verdadeiro possível, o consequente também o será.

    Na relação de condicionalidade, estabelece-se, muitas vezes, umcondição hipotética, isto é,, cria-se na proposição introduzida pelo artdor se/caso uma hipótese que condicionará o que será dito na proposiseguinte. Em geral, a proposição situa-se num tempo futuro.

    Caso tenha férias, (então) viajarei para Buenos Aires.

    causalidade: é expressa pela combinação de duas proposições, umadas quais encerra a causa que acarreta a consequência expressa na outrTal relação pode ser veiculada de diferentes formas:

    Passei no vestibular porque estudei muito

    visto que já queuma vez que

    _________________ _____________________consequência causa

    Estudei tanto que passei no vestibular.Estudei muito por isso passei no vestibular

    _________________ ____________________causa consequência

    Como estudei passei no vestibularPor ter estudado muito passei no vestibular

    ___________________ ___________________causa consequência

    finalidade: uma das proposições do período explicita o(s) meio(s) pase atingir determinado fim expresso na outra. Os articuladores princ

    ApostilasBrasil.com Seu Futuro é o Nosso Presente!

    Língua Portuguesa

  • 8/18/2019 Apostila Brasil - Port.

    8/62

    8

    são:para, afim de, para que.

    Utilizo o automóvela fim de facilitar minha vida.

    conformidade: essa relação expressa-se por meio de duas proposi-ções, em que se mostra a conformidade de conteúdo de uma delas emrelação a algo afirmado na outra.

    O aluno realizou a provaconforme o professor solicitara.segundoconsoantecomode acordo coma solicitação...

    temporalidade: é a relação por meio da qual se localizam no tempoações, eventos ou estados de coisas do mundo real, expressas por meio deduas proposições.

    QuandoMalLogo que terminei o colégio, matriculei-me aqui.Assim queDepois queNo momento em que

    Nem bema) concomitância de fatos: Enquantotodos se divertiam, ele estu-

    dava com afinco.Existe aqui uma simultaneidade entre os fatos descritos em cadauma das proposições.

    b) um tempo progressivo: À proporção queos alunos terminavam a prova, iam se retirando.

    • bar enchia de frequentadoresà medida quea noite caía.

    Conclusão: um enunciado introduzido por articuladores comoportan-to, logo, pois, então, por conseguinte, estabelece uma conclusão emrelação a algo dito no enunciado anterior:

    Assistiu a todas as aulas e realizou com êxito todos os exercícios.Por- tanto tem condições de se sair bem na prova.

    É importante salientar que os articuladores conclusivos não se limitama articular frases. Eles podem articular parágrafos, capítulos.

    Comparação: é estabelecida por articuladores :tanto (tão)...como,tanto (tal)...como, tão ...quanto, mais ....(do) que, menos ....(do) que,assim como.

    Ele étãocompetentequantoAlberto.

    Explicação ou justificativa:os articuladores do tipopois, que, por-que introduzem uma justificativa ou explicação a algo já anteriormentereferido.

    Não se preocupeque eu voltareipoisporque

    As pausas Os articuladores são, muitas vezes, substituídos por “pausas” (marca-

    das por dois pontos, vírgula, ponto final na escrita). Que podem assinalartipos de relações diferentes.

    Compramos tudo pela manhã: à tarde pretendemos viajar. (causalida-de)

    Não fique triste. As coisas se resolverão. (justificativa)Ela estava bastante tranquila eu tinha os nervos à flor da pele. ( oposi-

    ção)

    Não estive presente à cerimônia. Não posso descrevê-la. (conclusão) http://www.seaac.com.br/

    A análise de expressões referenciais é fundamental na interpretação dodiscurso. A identificação de expressões correferentes é importante emdiversas aplicações de Processamento da Linguagem Natural. Expressões

    referenciais podem ser usadas para introduzir entidades em um discurspodem fazer referência a entidades já mencionadas,podendo fazer usoredução lexical.

    Interpretar e produzir textos de qualidade são tarefas muito importana formação do aluno. Para realizá-las de modo satisfatório, é essensaber identificar e utilizar os operadores sequenciais e argumentativodiscurso. A linguagem é um ato intencional, o indivíduo faz escolhas do se pronuncia oralmente ou quando escreve. Para dar suporte a essescolhas, de modo a fazer com que suas opiniões sejam aceitas ou resptadas, é fundamental lançar mão dos operadores que estabelecem ligaç(espécies de costuras) entre os diferentes elementos do discurso.

    Tipologia TextualTino Lopez 1. Narração Modalidade em que se conta um fato, fictício ou não, que ocorreu determinado tempo e lugar, envolvendo certos personagens. Refere-sobjetos do mundo real. Há uma relação de anterioridade e posterioridadtempo verbal predominante é o passado. Estamos cercados de narraçõdesde as que nos contam histórias infantis até às piadas do cotidiano. tipo predominante nos gêneros: conto, fábula, crônica, romance, novdepoimento, piada, relato, etc.2. Descrição Um texto em que se faz um retrato por escrito de um lugar, uma pessum animal ou um objeto. A classe de palavras mais utilizada nessa prção é o adjetivo, pela sua função caracterizadora. Numa abordagem mabstrata, pode-se até descrever sensações ou sentimentos. Não há relaçde anterioridade e posterioridade. Significa "criar" com palavras a imdo objeto descrito. É fazer uma descrição minuciosa do objeto ou da pnagem a que o texto se Pega. É um tipo textual que se agrega facilmeaos outros tipos em diversos gêneros textuais. Tem predominância gêneros como: cardápio, folheto turístico, anúncio classificado, etc.3. Dissertação Dissertar é o mesmo que desenvolver ou explicar um assunto, discosobre ele. Dependendo do objetivo do autor, pode ter caráter expositivargumentativo.3.1 Dissertação-Exposição Apresenta um saber já construído e legitimado, ou um saber teórico. Asenta informações sobre assuntos, expõe, reflete, explica e avalia idéiamodo objetivo. O texto expositivo apenas expõe ideias sobre um detenado assunto. A intenção é informar, esclarecer. Ex: aula, resumo, tecientíficos, enciclopédia, textos expositivos de revistas e jornais, etc.

    3.1 Dissertação-Argumentação Um texto dissertativo-argumentativo faz a defesa de ideias ou um ponvista do autor. O texto, além de explicar, também persuade o interlocobjetivando convencê-lo de algo. Caracteriza-se pela progressão lógicideias. Geralmente utiliza linguagem denotativa. É tipo predominantesermão, ensaio, monografia, dissertação, tese, ensaio, manifesto, críteditorial de jornais e revistas.4. Dialogal / Conversacional Caracteriza-se pelo diálogo entre os interlocutores. É o tipo predominnos gêneros: entrevista, conversa telefônica, chat, etc.5. Injunção/Instrucional Indica como realizar uma ação. Utiliza linguagem objetiva e simpleverbos são, na sua maioria, empregados no modo imperativo, porém nse também o uso do infinitivo e o uso do futuro do presente do modo intivo. Ex: ordens; pedidos; súplica; desejo; manuais e instruções para mtagem ou uso de aparelhos e instrumentos; textos com regras de comptamento; textos de orientação (ex: recomendações de trânsito); receicartões com votos e desejos (de natal, aniversário, etc.).6. Predição

    Caracterizado por predizer algo ou levar o interlocutor a crer em algcoisa, a qual ainda estar por ocorrer. É o tipo predominante nos gêneprevisões astrológicas, previsões meteorológicas, previsões escatolcas/apocalípticas.Gêneros textuais

    ApostilasBrasil.com Seu Futuro é o Nosso Presente!

    Língua Portuguesa

  • 8/18/2019 Apostila Brasil - Port.

    9/62

    9

    Os Gêneros textuais são as estruturas com que se compõem os textos,sejam eles orais ou escritos. Essas estruturas são socialmente reconheci-das, pois se mantêm sempre muito parecidas, com características comuns,procuram atingir intenções comunicativas semelhantes e ocorrem emsituações específicas. Pode-se dizer que se tratam das variadas formas delinguagem que circulam em nossa sociedade, sejam eles formais ou infor-mais. Cada gênero textual tem seu estilo próprio, podendo então, seridentificado e diferenciado dos demais através de suas características.Exemplos:

    Carta: quando se trata de "carta aberta" ou "carta ao leitor", tende a ser dotipo dissertativo-argumentativo com uma linguagem formal, em que seescreve à sociedade ou a leitores. Quando se trata de "carta pessoal", apresença de aspectos narrativos oudescritivos e uma linguagem pessoal émais comum.Propaganda: é um gênero textual dissertativo-expositivo onde há a o intuitode propagar informações sobre algo, buscando sempre atingir e influenciaro leitor apresentando, na maioria das vezes, mensagens que despertam asemoções e a sensibilidade do mesmo.Bula de remédio: é um gênero textual descritivo, dissertativo-expositivo e injuntivo que tem por obrigação fornecer as informações ne-cessárias para o correto uso do medicamento.Receita: é um gênero textual descritivo e injuntivo que tem por objetivoinformar a fórmula para preparar tal comida, descrevendo os ingredientes eo preparo destes, além disso, com verbos no imperativo, dado o sentido deordem, para que o leitor siga corretamente as instruções.Tutorial: é um gênero injuntivo que consiste num guia que tem por finalida-de explicar ao leitor, passo a passo e de maneira simplificada, como fazeralgo.Editorial: é um gênero textual dissertativo-argumentativo que expressa oposicionamento da empresa sobre determinado assunto, sem a obrigaçãoda presença da objetividade.Notícia: podemos perfeitamente identificar características narrativas, o fatoocorrido que se deu em um determinado momento e em um determinadolugar, envolvendo determinadas personagens. Características do lugar,bem como dos personagens envolvidos são, muitas vezes, minuciosamen-te descritos.

    Reportagem: é um gênero textual jornalístico de caráter dissertativo-expositivo. A reportagem tem, por objetivo, informar e levar os fatos aoleitor de uma maneira clara, com linguagem direta.

    Entrevista: é um gênero textual fundamentalmente dialogal, representadopela conversação de duas ou mais pessoas, o entrevistador e o(s) entrevis-tado(s), para obter informações sobre ou do entrevistado, ou de algumoutro assunto. Geralmente envolve também aspectos dissertativo-expositivos, especialmente quando se trata de entrevista a imprensa ouentrevista jornalística. Mas pode também envolver aspectos narrativos,como na entrevista de emprego, ou aspectos descritivos, como na entrevis-ta médica.História em quadrinhos: é um gênero narrativo que consiste em enredoscontados em pequenos quadros através de diálogos diretos entre seus

    personagens, gerando uma espécie de conversação.Charge: é um gênero textual narrativo onde se faz uma espécie de ilustra-ção cômica, através de caricaturas, com o objetivo de realizar uma sátira,crítica ou comentário sobre algum acontecimento atual, em sua grandemaioria.Poema: trabalho elaborado e estruturado em versos. Além dos versos,pode ser estruturado em estrofes. Rimas e métrica também podem fazerparte de sua composição. Pode ou não ser poético. Dependendo de suaestrutura, pode receber classificações específicas, como haicai, soneto,epopeia, poema figurado, dramático, etc. Em geral, a presença de aspec-tos narrativos e descritivos são mais frequentes neste gênero.

    Poesia: é o conteúdo capaz de transmitir emoções por meio de uma lin-guagem , ou seja, tudo o que toca e comove pode ser considerado como

    poético (até mesmo uma peça ou um filme podem ser assim considerados).Um subgênero é a prosa poética, marcada pela tipologia dialogal.Gêneros literários:

    · Gênero Narrativo:

    Na Antiguidade Clássica, os padrões literários reconhecidos eram apenépico, o lírico e o dramático. Com o passar dos anos, o gênero épico sou a ser considerado apenas uma variante do gênero literário narratdevido ao surgimento de concepções de prosa com características difetes: o romance, a novela, o conto, a crônica, a fábula. Porém, praticamtodas as obras narrativas possuem elementos estruturais e estilísticos comum e devem responder a questionamentos, como: quem? o ququando? onde? por quê? Vejamos a seguir:

    Épico (ou Epopeia): os textos épicos são geralmente longos e narramhistórias de um povo ou de uma nação, envolvem aventuras, guerrviagens, gestos heroicos, etc. Normalmente apresentam um tom de exação, isto é, de valorização de seus heróis e seus feitos. Dois exempsãoOs Lusíadas, de Luís de Camões, eOdisséia, de Homero.

    Romance: é um texto completo, com tempo, espaço e personagens bemdefinidos e de caráter mais verossímil. Também conta as façanhas deherói, mas principalmente uma história de amor vivida por ele e umalher, muitas vezes, “proibida” para ele. Apesar dos obstáculos que o sram, o casal vive sua paixão proibida, física, adúltera, pecaminosa e,isso, costuma ser punido no final. É o tipo de narrativa mais comumIdade Média. Ex:Tristão e Isolda.

    Novela: é um texto caracterizado por ser intermediário entre a longeviddo romance e a brevidade do conto. Como exemplos de novelas, podser citadas as obras O Alienista, de Machado de Assis, e A Metamorfde Kafka.

    Conto: é um texto narrativo breve, e deficção, geralmente em prosa, queconta situações rotineiras, anedotas e até folclores. Inicialmente, fazia pda literatura oral. Boccacio foi o primeiro a reproduzi-lo de forma ecom a publicação deDecamerão. Diversos tipos do gênero textual contosurgiram na tipologia textual narrativa: conto de fadas, que envolve pnagens do mundo da fantasia; contos de aventura, que envolvem persogens em um contexto mais próximo da realidade; contos folclóricos (popular); contos de terror ou assombração, que se desenrolam em u

    contexto sombrio e objetivam causar medo no expectador; contos de mrio, que envolvem o suspense e a solução de um mistério.

    Fábula: é um texto de caráter fantástico que busca ser inverossímil. Apersonagens principais são não humanos e a finalidade é transmitir alglição de moral.Crônica: é uma narrativa informal, breve, ligada àvida cotidiana, comlinguagem coloquial. Pode ter um tom humorístico ou um toque de cindireta, especialmente, quando aparece em seção ou artigo de jornrevistas e programas da TV..Crônica narrativo-descritiva: Apresenta alternância entre os momentosnarrativos e manifestos descritivos.Ensaio: é um texto literário breve, situado entre o poético e o didátiexpondo ideias, críticas e reflexões morais e filosóficas a respeito de tema. É menos formal e mais flexível que o tratado. Consiste tambémdefesa de um ponto de vista pessoal e subjetivo sobre um tema (humanco, filosófico, político, social, cultural, moral, comportamental, etc.), sese paute em formalidades como documentos ou provas empíricas ou detivas de caráter científico. Exemplo:Ensaio sobre a cegueira, de JoséSaramago eEnsaio sobre a tolerância, de John Locke.· Gênero Dramático: Trata-se do texto escrito para ser encenado no teatro. Nesse tipo de texnão há um narrador contando a história. Ela “acontece” no palco, ou serepresentada por atores, que assumem os papéis das personagens nacenas.

    Tragédia: é a representação de um fato trágico, suscetível de provoca

    compaixão e terror. Aristóteles afirmava que a tragédia era "uma represen-tação duma ação grave, de alguma extensão e completa, em linguagfigurada, com atores agindo, não narrando, inspirando dó e terro".Ex:Romeu e Julieta,de Shakespeare.

    ApostilasBrasil.com Seu Futuro é o Nosso Presente!

    Língua Portuguesa

  • 8/18/2019 Apostila Brasil - Port.

    10/62

    10

    Farsa: é uma pequena peça teatral, de caráter ridículo e caricatural, quecritica a sociedade e seus costumes; baseia-se no lema latinoridendocastigat mores (rindo, castigam-se os costumes). A farsa consiste no exa-gero do cômico, graças ao emprego de processos grosseiros, como oabsurdo, as incongruências, os equívocos, os enganos, a caricatura, ohumor primário, as situações ridículas.Comédia: é a representação de um fato inspirado na vida e no sentimentocomum, de riso fácil. Sua origem grega está ligada às festas populares.Tragicomédia: modalidade em que se misturam elementos trágicos ecômicos. Originalmente, significava a mistura do real com o imaginário.Poesia de cordel: texto tipicamente brasileiro em que se retrata, com forteapelo linguístico e cultural nordestinos, fatos diversos da sociedade e darealidade vivida por este povo.· Gênero Lírico: É certo tipo de texto no qual um eu lírico (a voz que fala no poema e quenem sempre corresponde à do autor) exprime suas emoções, ideias eimpressões em face do mundo exterior. Normalmente os pronomes e osverbos estão em 1ª pessoa e há o predomínio da função emotiva da lingua-gem.

    Elegia: é um texto de exaltação à morte de alguém, sendo que a morte éelevada como o ponto máximo do texto. O emissor expressa tristeza,

    saudade, ciúme, decepção, desejo de morte. É um poema melancólico. Umbom exemplo é a peçaRoan e yufa, de william shakespeare.

    Epitalâmia: é um texto relativo às noites nupciais líricas, ou seja, noitesromânticas com poemas e cantigas. Um bom exemplo de epitalâmia é apeçaRomeu e Julieta nas noites nupciais.

    Ode (ou hino): é o poema lírico em que o emissor faz uma homenagem àpátria (e aos seus símbolos), às divindades, à mulher amada, ou a alguémou algo importante para ele. O hino é uma ode com acompanhamentomusical;

    Idílio (ou écloga): é o poema lírico em que o emissor expressa uma home-

    nagem à natureza, às belezas e às riquezas que ela dá ao homem. É opoema bucólico, ou seja, que expressa o desejo de desfrutar de tais bele-zas e riquezas ao lado da amada (pastora), que enriquece ainda mais apaisagem, espaço ideal para a paixão. A écloga é um idílio com diálogos(muito rara);

    Sátira: é o poema lírico em que o emissor faz uma crítica a alguém ou aalgo, em tom sério ou irônico.

    Acalanto:ou canção de ninar;

    Acróstico: (akros = extremidade; stikos = linha), composição lírica na qualas letras iniciais de cada verso formam uma palavra ou frase;

    Balada: uma das mais primitivas manifestações poéticas, são cantigas deamigo (elegias) com ritmo característico e refrão vocal que se destinam àdança;

    Canção (ou Cantiga, Trova): poema oral com acompanhamento musical;

    Gazal (ou Gazel): poesia amorosa dos persas e árabes; odes do orientemédio;

    Haicai: expressão japonesa que significa “versos cômicos” (=sátira). E opoema japonês formado de três versos que somam 17 sílabas assim distri-buídas: 1° verso= 5 sílabas; 2° verso = 7 sílabas; 3° verso 5 sílabas;

    Soneto: é um texto em poesia com 14 versos, dividido em dois quartetos edois tercetos, com rima geralmente em a-ba-b a-b-b-a c-d-c d-c-d.

    Vilancete: são as cantigas de autoria dos poetas vilões (cantigas de escár-nio e de maldizer); satíricas, portanto.

    COESÃO E COERÊNCIA

    Diogo Maria De Matos Polônio

    IntroduçãoEste trabalho foi realizado no âmbito do Seminário Pedagógico s

    Pragmática Linguística e Os Novos Programas de Língua Portuguesa,

    orientação da Professora-Doutora Ana Cristina Macário Lopes, que dreu na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.

    Procurou-se, no referido seminário, refletir, de uma forma geral, sobincidência das teorias da Pragmática Linguística nos programas oficiaLíngua Portuguesa, tendo em vista um esclarecimento teórico sobre deminados conceitos necessários a um ensino qualitativamente mais válisimultaneamente, uma vertente prática pedagógica que tem necessarmente presente a aplicação destes conhecimentos na situação real da sde aula.

    Nesse sentido, este trabalho pretende apresentar sugestões de aplicção na prática docente quotidiana das teorias da pragmática linguísticcampo da coerência textual, tendo em conta as conclusões avançadas referido seminário.

    Será, no entanto, necessário reter que esta pequena reflexão aqui presentada encerra em si uma minúscula partícula de conhecimentovastíssimo universo que é, hoje em dia, a teoria da pragmática linguístque, se pelo menos vier a instigar um ponto de partida para novas refleno sentido de auxiliar o docente no ensino da língua materna, já terá cprido honestamente o seu papel.

    Coesão e Coerência TextualQualquer falante sabe que a comunicação verbal não se faz geralm

    te através de palavras isoladas, desligadas umas das outras e do contexem que são produzidas. Ou seja, uma qualquer sequência de palavras nconstitui forçosamente uma frase.

    Para que uma sequência de morfemas seja admitida como frase, torse necessário que respeite uma certa ordem combinatória, ou seja,preciso que essa sequência seja construÍda tendo em conta o sistema língua.

    Tal como um qualquer conjunto de palavras não forma uma frase, tbém um qualquer conjunto de frases não forma, forçosamente, um texto

    Precisando um pouco mais, um texto, ou discurso, é um objeto matelizado numa dada língua natural, produzido numa situação concretpressupondo os participantes locutor e alocutário, fabricado pelo loatravés de uma seleção feita sobre tudo o que é dizível por esse locunuma determinada situação, a um determinado alocutário1.

    Assim, materialidade linguística, isto é, a língua natural em uso, odigos simbólicos, os processos cognitivos e as pressuposições do locsobre o saber que ele e o alocutário partilham acerca do mundo são indientes indispensáveis ao objeto texto.

    Podemos assim dizer que existe um sistema de regras interiorizadpor todos os membros de uma comunidade linguística. Este sistemaregras de base constitui a competência textual dos sujeitos, competênessa que uma gramática do texto se propõe modelizar.

    Uma tal gramática fornece, dentro de um quadro formal, determinaregras para a boa formação textual. Destas regras podemos fazer dericertos julgamentos de coerência textual.

    Quanto ao julgamento, efetuado pelos professores, sobre a coerênnos textos dos seus alunos, os trabalhos de investigação concluem queintervenções do professor a nível de incorreções detectadas na estruturafrase são precisamente localizadas e assinaladas com marcas convencnais; são designadas com recurso a expressões técnicas (construçãconjugação) e fornecem pretexto para pôr em prática exercícios de co

    ApostilasBrasil.com Seu Futuro é o Nosso Presente!

    Língua Portuguesa

  • 8/18/2019 Apostila Brasil - Port.

    11/62

    11

    ção, tendo em conta uma eliminação duradoura das incorreções observa-das.

    Pelo contrário, as intervenções dos professores no quadro das incorre-ções a nível da estrutura do texto, permite-nos concluir que essas incorre-ções não são designadas através de vocabulário técnico, traduzindo, namaior parte das vezes, uma impressão global da leitura (incompreensível;não quer dizer nada).

    Para além disso, verificam-se práticas de correção algo brutais (refazer;reformular) sendo, poucas vezes, acompanhadas de exercícios de recupe-ração.

    Esta situação é pedagogicamente penosa, uma vez que se o professordesconhece um determinado quadro normativo, encontra-se reduzido afazer respeitar uma ordem sobre a qual não tem nenhum controle.

    Antes de passarmos à apresentação e ao estudo dos quatro princípiosde coerência textual, há que esclarecer a problemática criada pela dicoto-mia coerência/coesão que se encontra diretamente relacionada com adicotomia coerência macro-estrutural/coerência micro-estrutural.

    Mira Mateus considera pertinente a existência de uma diferenciação

    entre coerência textual e coesão textual.Assim, segundo esta autora, coesão textual diz respeito aos processos

    linguísticos que permitem revelar a inter-dependência semântica existenteentre sequências textuais:

    Ex.: Entrei na livraria mas não comprei nenhum livro.

    Para a mesma autora, coerência textual diz respeito aos processosmentais de apropriação do real que permitem inter-relacionar sequênciastextuais:

    Ex.: Se esse animal respira por pulmões, não é peixe.

    Pensamos, no entanto, que esta distinção se faz apenas por razões desistematização e de estruturação de trabalho, já que Mira Mateus nãohesita em agrupar coesão e coerência como características de uma sópropriedade indispensável para que qualquer manifestação linguística setransforme num texto: a conetividade.

    Para Charolles não é pertinente, do ponto de vista técnico, estabeleceruma distinção entre coesão e coerência textuais, uma vez que se tornadifícil separar as regras que orientam a formação textual das regras queorientam a formação do discurso.

    Além disso, para este autor, as regras que orientam a micro-coerênciasão as mesmas que orientam a macro-coerência textual. Efetivamente,quando se elabora um resumo de um texto obedece-se às mesmas regrasde coerência que foram usadas para a construção do texto original.

    Assim, para Charolles, micro-estrutura textual diz respeito às relações

    de coerência que se estabelecem entre as frases de uma sequência textual,enquanto que macro-estrutura textual diz respeito às relações de coerênciaexistentes entre as várias sequências textuais. Por exemplo:

    • Sequência 1: O António partiu para Lisboa. Ele deixou o escritóriomais cedo para apanhar o comboio das quatro horas.

    • Sequência 2: Em Lisboa, o António irá encontrar-se com ami-gos.Vai trabalhar com eles num projeto de uma nova companhiade teatro.

    Como micro-estruturas temos a sequência 1 ou a sequência 2, enquan-to que o conjunto das duas sequências forma uma macro-estrutura.

    Vamos agora abordar os princípios de coerência textual3:1. Princípio da Recorrência4: para que um texto seja coerente, torna-se

    necessário que comporte, no seu desenvolvimento linear, elementos derecorrência restrita.

    Para assegurar essa recorrência a língua dispõe de vários recursos:- pronominalizações,- expressões definidas,

    - substituições lexicais,- retomas de inferências.

    Todos estes recursos permitem juntar uma frase ou uma sequênciauma outra que se encontre próxima em termos de estrutura de texto, rmando num elemento de uma sequência um elemento presente numsequência anterior:

    a)-Pronominalizações: a utilização de um pronome torna possível apetição, à distância, de um sintagma ou até de uma frase inteira.

    O caso mais frequente é o da anáfora, em que o referente antecipapronome.

    Ex.: Uma senhora foi assassinada ontem. Ela foi encontrada estranlada no seu quarto.

    No caso mais raro da catáfora, o pronome antecipa o seu referente.Ex.: Deixe-me confessar-lhe isto: este crime impressionou-me. Ou

    da: Não me importo de o confessar: este crime impressionou-me.

    Teremos, no entanto, que ter cuidado com a utilização da catáfora, ra nos precavermos de enunciados como este:

    Ele sabe muito bem que o João não vai estar de acordo com o Antón

    Num enunciado como este, não há qualquer possibilidade de identiele com António. Assim, existe apenas uma possibilidade de interpretele dirá respeito a um sujeito que não será nem o João nem o António, que fará parte do conhecimento simultâneo do emissor e do receptor.

    Para que tal aconteça, torna-se necessário reformular esse enunciadO António sabe muito bem que o João não vai estar de acordo com

    As situações de ambiguidade referencial são frequentes nos textos alunos.

    Ex.: O Pedro e o meu irmão banhavam-se num rio.Um homem estava também a banhar-se.Como ele sabia nadar, ensinou-o.

    Neste enunciado, mesmo sem haver uma ruptura na continuidade quencial, existem disfunções que introduzem zonas de incerteza no tex

    ele sabia nadar(quem?),ele ensinou-o (quem?; a quem?)

    b)-Expressões Definidas: tal como as pronominalizações, as exprsões definidas permitem relembrar nominalmente ou virtualmenteelemento de uma frase numa outra frase ou até numa outra sequêntextual.

    Ex.: O meu tio tem dois gatos. Todos os dias caminhamos no jardOs gatos vão sempre conosco.

    Os alunos parecem dominar bem esta regra. No entanto, os problemaparecem quando o nome que se repete é imediatamente vizinho daqu

    que o precede.Ex.: A Margarida comprou um vestido. O vestido é colorido e muitgante.

    Neste caso, o problema resolve-se com a aplicação de deíticos conttuais.

    Ex.: A Margarida comprou um vestido. Ele é colorido e muito elega

    Pode também resolver-se a situação virtualmente utilizando a elipseEx.: A Margarida comprou um vestido. É colorido e muito elegant

    ainda:A Margarida comprou um vestido que é colorido e muito elegante.

    c)-Substituições Lexicais: o uso de expressões definidas e de deíticontextuais é muitas vezes acompanhado de substituições lexicais. Eprocesso evita as repetições de lexemas, permitindo uma retoma do mento linguístico.

    Ex.: Deu-se um crime, em Lisboa, ontem à noite: estrangularam usenhora. Este assassinato é odioso.

    ApostilasBrasil.com Seu Futuro é o Nosso Presente!

    Língua Portuguesa

  • 8/18/2019 Apostila Brasil - Port.

    12/62

    12

    Também neste caso, surgem algumas regras que se torna necessáriorespeitar. Por exemplo, o termo mais genérico não pode preceder o seurepresentante mais específico.

    Ex.: O piloto alemão venceu ontem o grande prêmio da Alemanha. S-chumacher festejou euforicamente junto da sua equipa.

    Se se inverterem os substantivos, a relação entre os elementos linguís-ticos torna-se mais clara, favorecendo a coerência textual. Assim, Schuma-cher, como termo mais específico, deveria preceder o piloto alemão.

    No entanto, a substituição de um lexema acompanhado por um deter-minante, pode não ser suficiente para estabelecer uma coerência restrita.Atentemos no seguinte exemplo:

    Picasso morreu há alguns anos. O autor da "Sagração da Primavera"doou toda a sua coleção particular ao Museu de Barcelona.

    A presença do determinante definido não é suficiente para considerarque Picasso e o autor da referida peça sejam a mesma pessoa, uma vezque sabemos que não foi Picasso mas Stravinski que compôs a referidapeça.

    Neste caso, mais do que o conhecimento normativo teórico, ou lexico-

    enciclopédico, são importantes o conhecimento e as convicções dos parti-cipantes no ato de comunicação, sendo assim impossível traçar uma fron-teira entre a semântica e a pragmática.

    Há também que ter em conta que a substituição lexical se pode efetuarpor

    - Sinonímia-seleção de expressões linguísticas que tenham a maiorparte dos traços semânticos idêntica: A criança caiu. O miúdo nun-ca mais aprende a cair!

    - Antonímia-seleção de expressões linguísticas que tenham a maiorparte dos traços semânticos oposta: Disseste a verdade? Issocheira-me a mentira!

    - Hiperonímia-a primeira expressão mantém com a segunda uma re-lação classe-elemento: Gosto imenso de marisco. Então lagosta,adoro!

    - Hiponímia- a primeira expressão mantém com a segunda uma re-lação elemento-classe: O gato arranhou-te? O que esperavas deum felino?

    d)-Retomas de Inferências: neste caso, a relação é feita com base emconteúdos semânticos não manifestados, ao contrário do que se passavacom os processos de recorrência anteriormente tratados.

    Vejamos:P - A Maria comeu a bolacha?R1 - Não, ela deixou-a cair no chão.R2 - Não, ela comeu um morango.R3 - Não, ela despenteou-se.

    As sequências P+R1 e P+R2 parecem, desde logo, mais coerentes doque a sequência P+R3.

    No entanto, todas as sequências são asseguradas pela repetição dopronome na 3ª pessoa.

    Podemos afirmar, neste caso, que a repetição do pronome não é sufi-ciente para garantir coerência a uma sequência textual.

    Assim, a diferença de avaliação que fazemos ao analisar as várias hi-póteses de respostas que vimos anteriormente sustenta-se no fato de R1 eR2 retomarem inferências presentes em P:

    - aconteceu alguma coisa à bolacha da Maria,- a Maria comeu qualquer coisa.

    Já R3 não retoma nenhuma inferência potencialmente dedutível de P.

    Conclui-se, então, que a retoma de inferências ou de pressuposiçõesgarante uma fortificação da coerência textual.

    Quando analisamos certos exercícios de prolongamento de texto (ctinuar a estruturação de um texto a partir de um início dado) os alunoslevados a veicular certas informações pressupostas pelos professores.

    Por exemplo, quando se apresenta um início de um texto do tipo: Tcrianças passeiam num bosque. Elas brincam aos detetives. Que vão efazer?

    A interrogação final permite-nos pressupor que as crianças vão rmente fazer qualquer coisa.

    Um aluno que ignore isso e que narre que os pássaros cantavam equanto as folhas eram levadas pelo vento, será punido por ter apresentuma narração incoerente, tendo em conta a questão apresentada.

    No entanto, um professor terá que ter em conta que essas inferêncou essas pressuposições se relacionam mais com o conhecimento mundo do que com os elementos linguísticos propriamente ditos.

    Assim, as dificuldades que os alunos apresentam neste tipo de execios, estão muitas vezes relacionadas com um conhecimento de um muao qual eles não tiveram acesso. Por exemplo, será difícil a um alurecriar o quotidiano de um multi-milionário,senhor de um grande im

    industrial, que vive numa luxuosa vila.2.Princípio da Progressão: para que um texto seja coerente, torna

    necessário que o seu desenvolvimento se faça acompanhar de uma inmação semântica constantemente renovada.

    Este segundo princípio completa o primeiro, uma vez que estipula um texto, para ser coerente, não se deve contentar com uma repetiçconstante da própria matéria.

    Alguns textos dos alunos contrariam esta regra. Por exemplo: O ferrestava vestido com umas calças pretas, um chapéu claro e uma vestimepreta. Tinha ao pé de si uma bigorna e batia com força na bigorna. Toos gestos que fazia consistiam em bater com o martelo na bigornabigorna onde batia com o martelo era achatada em cima e pontiagudabaixo e batia com o martelo na bigorna.

    Se tivermos em conta apenas o princípio da recorrência, este texto será incoerente, será até coerente demais.

    No entanto, segundo o princípio da progressão, a produção de um to coerente pressupõe que se realize um equilíbrio cuidado entre contdade temática e progressão semântica.

    Torna-se assim necessário dominar, simultaneamente, estes dois prcípios (recorrência e progressão) uma vez que a abordagem da informanão se pode processar de qualquer maneira.

    Assim, um texto será coerente se a ordem linear das sequências

    companhar a ordenação temporal dos fatos descritos.Ex.: Cheguei, vi e venci.(e não Vi, venci e cheguei).

    O texto será coerente desde que reconheçamos, na ordenação das sas sequências, uma ordenação de causa-consequência entre os estados coisas descritos.

    Ex.: Houve seca porque não choveu. (e não Houve seca porque cveu).

    Teremos ainda que ter em conta que a ordem de percepção dos estdos de coisas descritos pode condicionar a ordem linear das sequênctextuais.

    Ex.: A praça era enorme. No meio, havia uma coluna; à volta, árvorcanteiros com flores.

    Neste caso, notamos que a percepção se dirige do geral para o partilar.

    3.Princípio da Não- Contradição: para que um texto seja coerente, na-se necessário que o seu desenvolvimento não introduza nenhum emento semântico que contradiga um conteúdo apresentado ou pressupo

    ApostilasBrasil.com Seu Futuro é o Nosso Presente!

    Língua Portuguesa

  • 8/18/2019 Apostila Brasil - Port.

    13/62

    13

    por uma ocorrência anterior