Aula 15 Fibromialgia
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Fibromialgia
Curso de FisioterapiaMaria Manuela Costa
Universidade Atlântica
Conceito
Dor músculo-esquelética generalizada
Etiologia é desconhecida
Sem uma causa orgânica
Epidemiologia
2% da população adulta
Predomínio do sexo feminino – F:M= 9:1
Idade início entre 20 – 50 anos
Raro na criança e adolescente
Quadro clínico
Dor generalizada
Fadiga
Sono não reparador
Distúrbios do sono
Rigidez
Dor generalizada
Dor localizada no lado esquerdo e no lado direito do corpo
Dor localizada acima e abaixo da cintura
Dor localizada no esqueleto axial (coluna cervical, ou tórax anterior ou coluna dorsal ou coluna lombar).
Duração superior a 3 meses
Intensidade dos sintomas
São referidos como muito intensos
Hipersensibilidade dolorosa
Pontos dolorosos
Hiperalgesia
Alodinia
Fadiga
Intensa e incapacitante
Pior de manhã e ao fim do dia
Sono não reparador
65% dos doentes
Sono de má qualidade
Os doentes sentem-se cansados e incapazes para suportar as contrariedades que ocorrem durante o dia
Dificuldade em iniciar o sono
Vários despertares nocturnos
Depressão ou ansiedade
30 a 50% dos doentes
Tristeza, apatia, desinteresse pelas suas actividades diárias (profissionais, lazer, familiares)
A depressão associa-se a fadiga, dor de maior intensidade, má qualidade do sono
A ansiedade associa-se a sudação, sensação de falta de ar, disfagia, palpitações, tontura, etc.
Distúrbios cognitivos:
Memória
Concentração
Aprendizagem
Cálculos aritméticos
Profissão
Contribuir para uma maior frustração e stress psicossocial
Outros sintomas associados:
Colón irritável
Fenómeno de Raynaud
Cefaleias
Edema subjectivo
Parestesias
Impotência funcional
Perturbações cognitivas
Ansiedade, depressão
Exame objectivo
Dor à palpação digital 11 de 18 pontos
Occipital: bilateral, nas inserções do músculo suboccipital
Cervical inferior: bilateral, na face anterior dos espaços inter-transversários de C5 a C7
Trapézio: bilateral, no ponto médio do bordo superior do músculo
Supra-espinhoso: bilateral, na origem do músculo acima da espinha da omoplata junto do bordo interno
Segunda costela: bilateral, imediatamente para fora da junção costocondral da 2ª costela e na face superior
Epicôndilo: bilateral, 2 cm externamente ao epicôndilo
Glúteo: bilateral, no quadrante superior externo da nádega
Grande trocanter: bilateral, posterior à proeminência trocantérica
Joelho: bilateral, na almofada adiposa interna, acima da entrelinha articular
Retirado do livro do Prof. Doutor Jaime C Branco
Exame objectivo
Normal
Com excepção dos pontos dolorosos
Exames complementares de diagnóstico
Normais
Diagnóstico
Critérios do Colégio Americano de Reumatologia, 1990 Arthritis Rheumatism, 1990;33: 160-72
Dor generalizada > 3 meses
Palpação digital dolorosa de 11/18 pontos
Polegar de forma a que o leito ungueal fique branco, que corresponde a cerca de 4Kg
Avaliar os sintomas funcionais adicionais
sono, fadiga, colón irritável, cefaleias
Estudar os sintomas psíquicos
depressão, ansiedade, “neuroticismo”, personalidade “pró-dolorosa”
Identificar agressores ou traumatismos psicológicos e físicos
família, trabalho, económico
Analisar as consequências da FM
depressão/ansiedade, “desuso”, incapacidade, insónia
Prognóstico
Não é progressiva nem fatal
Interfere com a qualidade de vida do doente
Impacto socio-económico
Fisiopatologia
A dor tem um importante papel fisiológico na protecção contra a lesão e por outro lado ao desencadear o processo de repouso permite que ocorra o processo de reparação.
E por isto a dor está interligado à resposta ao stress e ao movimento de afastamento.
Distúrbios nos mecanismos de processamento da dor a nível central
Menor resposta inibitória central Substância P diminui o limiar de excitabilidade sináptica
e sensibiliza o 2º neurónio da corda espinal – na FM aumentada em cerca de 3x
Serotonina – neurotransmissor envolvido no sono, percepção da dor e humor. É libertada pelos neurónios inibitórios – na FM está diminuída
Factor de crescimento nervo – diferenciação, manutenção neuronios sensitivos. Aumenta a produção de substância P nos neurónios aferentes – na FM está aumentado
Estudos de imagem Diminuição do fluxo sanguíneo no tálamo e núcleo
caudado (Single-photon-emission-computed-tomography imaging)
Aumento exagerado do fluxo sanguíneo nas áreas associadas a activação por estímulos dolorosos (usando estímulos que habitualmente não são dolorosos nos indivíduos normais)
PROCESSAMENTO ANORMAL DA DOR
SONO
Sono Non-REM (non-rapid eye movement) interrompido por ondas alfa
Privação do sono non-REM em individuos saudáveis causa hiperalgesia e pontos dolorosos
Durante o sono delta produz-se GH (envolvida na reparação tecidual) e esta por sua vez estimula a produção de insulin-like growth factor-1.
Na FM há diminuição de GH e insulin-like growth factor-1
As alterações na fase 4 (delta) do sono podem explicar estas alterações
Eixo hipotalamo-hipófise-suprarrenal
Diminuição do cortisol urinário
Perda do ritmo circadiano com níveis elevados à tarde
Excesso de produção de ACTH pela hipófise associado a hipoglicemia induzida pela insulina
Baixos níveis de GH
Insuficiente resposta da supra-renal ao estimulo com ACTH
Processamento anormal da dor
Perda do sono non-REM
Distúrbios do eixo hipotalamo-hipofise-suprarenal (distúrbios na reposta ao stress, distúrbios no sistema nervoso autonomo