Aula 3: Dra. Neysimélia Villela (Coord. do Serv. de TMO)
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Transcript of Aula 3: Dra. Neysimélia Villela (Coord. do Serv. de TMO)
Câncer na infância
Sinais de alerta do hemograma no diagnóstico precoce
Dra Neysimélia Costa Villela
Oncopediatria / TMO
Hemograma
Um dos exames laboratoriais mais frequentemente necessários na
prática clínica.
Entre os mais solicitados pelos profissionais que atuam na atenção
básica.
Manual de apoio aos gestores do SUS: organização da rede de
laboratórios clínicos / Ministério da Saúde, 2003.
Importante para:
- Fornecer informações sobre o estado de saúde geral do paciente,
- Auxiliar no diagnóstico de várias patologias hematológicas e
sistêmicas,
- Ajudar no diagnóstico diferencial e dirigir o raciocínio para solicitação
de outros exames.
No hemograma completo, temos um panorama das 3 séries
sanguíneas, sendo composto por:
- Eritrograma
- Leucograma
- Contagem de plaquetas
- Descrição da morfologia das células sanguíneas pela análise do
esfregaço.
A realização do hemograma se modernizou nas últimas décadas, com
a sofisticação tecnológica laboratorial.
Algumas células podem ser contadas erradamente pelos processos
automáticos.
Alguns aparelhos não contam células imaturas e podem levar a um erro
quanto a um diagnóstico de leucemia.
Daí a importância de se fazer um esfregaço que deve, porém, ser
avaliado por pessoal experiente.
A avaliação do esfregaço do sangue periférico é o exame inicial para
orientação diagnóstica de doenças onco-hematológicas.
Lâminas de vidros
Corados pelo Giemsa, Wright ou Leishmann
Caso clínico:
Criança do sexo masculino, 2 anos de idade, pardo,
natural e procedente de SP.
Veio ao PS com queixa de há cerca de 6 dias ter iniciado com dor de
garganta e aparecimento de manchas roxas pelo corpo. Febre há 3
dias (37.8 a 38ºC).
Exame físico:
BEG, descorado 1+/4+, eupneico, febril (37.8ºC), anictérico.
Pele: vários hematomas, equimoses de membros, petéquias em
pescoço e tronco.
Orofaringe: hiperemiada sem pus.
Sem outras alterações.
Hemograma foi solicitado pelo médico, como parte da investigação
inicial:
Nesta ocasião, foi feita a hipótese de PTI e administrada dose de imunoglobulina.
Diferencial: Seg 4%, Linfo 31%, Blastos
65%, 3 Eo/ 100 cels contadas
Eritrograma
Anemia
- Doença primária
- Sinalizador de doença sistêmica
E agora, José?
Eritrograma
História
- Perda de Peso
- Irritabilidade
- Artralgia/Claudicação/Dor Óssea
- Gengivorragia / Epistaxe
- Dispnéia Recente
Exame físico
- Hipertrofia Gengival
- Adenomegalias
- Hepato / Esplenomegalia
- Aumento de Partes Moles
- Equimose Periorbitária
- Dor Óssea
- Equimoses / Petéquias
Classificação fisiológica
- Distúrbio na Maturação
- Eritropoiese Ineficaz
- Destruição de glóbulos vermelhos
- Perda
- Falência na Produção
• Aplasias
• Substituição da medula óssea
Neoplasias
Outros
Contagem de reticulócitos
- Método útil para indicar se a causa primária é medular ou periférica
- Causa
• Falência da MO: Reticulocitopenia
• Hemólise/Sangramento: Reticulocitose
Alteração na Produção
da MO
Plaquetopeniae/ou
Leucopenia
Leucocitose+
Plaquetopenia
Anemia + reticulopenia
Mielograma
Caso clínico:
Criança do sexo feminino, branca, 3 anos de idade, natural e
procedente de São Paulo.
Há 5 meses iniciou com palidez, sudorese e sonolência. Nesta época,
iniciou com poliartralgia intermitente, acompanhada de febre.
Neste período, permaneceu internada pela dor e anemia durante 2
dias, recebendo concentrado de hemáceas.
Foi encaminhada para investigação da anemia. Teve inicialmente
hipótese diagnóstica de febre reumática, sendo solicitados exames,
com orientação de retorno em 1 mês.
No retorno, apresentava piora da anemia, além de anorexia.
Exame físico:
• BEG, descorada 3+/4+, afebril
• Gânglios: retroauricular E e microadenopatias em região
submandibular E
• Abdomen: flácido, indolor, fígado a 2,5cm RCD. Ausência de
esplenomegalia.
Reticulócitos diminuídos
Exames:
- Uréia: 24 mg/dl (10-50)
- Creatinina: 0,6 mg/dl (0,8-1,2)
- TGO: 41 U/L (até 38)
- TGP: 20 U/L (até 41)
- DHL: 2063 U/l (240-489)
Mielograma
Exames:
- TC de abdome: massa em adrenal esquerda, estendendo-se até
pelve.
- HVA: 548 u/mg creatinina (inferior a 13,5)
- VMA: 605,4 mg VMA/g de creatinina (2-10)
HD: Neuroblastoma
Tumores pediátricos que podem cursar com infiltração de medula
óssea:
- Neuroblastoma
- Rabdomiossarcoma
- Retinoblastoma
- PNET/ Sarcoma de Ewing
- Linfomas
O estudo da medula óssea em tumores sólidos tem como objetivos:
- Estadiamento inicial
- Monitorização da resposta ao tratamento
- Identificação de recaída
Menos frequentemente, faz o diagnóstico do sítio primário oculto.
A avaliação de metástases medulares deve incluir:
- Estudo do sangue periférico
- Estudo do aspirado medular
- Estudo da biópsia de medula óssea
Sangue periférico:
- Anemia
- Quadro leucoeritroblástico
- Plaquetopenia
- Pancitopenia (menos frequentemente)
- Células tumorais isoladas
Achados laboratoriais
Leucocitose
Resposta de fase aguda de várias doenças
- Processos infecciosos ( bacterianos, viriais, fungos, protozoários)
- Processos inflamatórios
Achado frequente nas leucemias.
Reação leucemóide
Ocorre quando o nº total de leucócitos no sangue é superior a
50.000/µL, podendo aparecer desvio até pro-mielócito e eventualmente
até mieloblasto.
Principais causas são infecções piogênicas, especialmente causadas
por S.aureus e pneumococo.
LMC
Linfocitose
Em geral, ocorre nas infecções virais, incluindo mononucleose
infecciosa, CMV, caxumba e rubéola.
Dentre as infecções bacterianas, a coqueluche pode levar a
leucocitose, geralmente superior a 20.000céls/mm³, com linfocitose.
Línfócitos atípicos aparecem nas infecções por EBV ou outros vírus
que causam reação mono-like. ALERTA: Diferenciar de linfoblastos
Linfocitose primária aparece nas leucemias linfóides,
podendo ou não haver blastos no sangue periférico
Leucopenia
Associada a uma variedade de infecções, em geral virais.
Pode ocorrer por consumo, menor produção ou menor sobrevida
intravascular.
Neutropenia
- Leve: 1.000 - 1500 /µL
- Moderada: 500 - 1000/µL
- Grave: menor que 500 /µL
Leucócitos abaixo de 5.000/mm³ ocorrem,
respectivamente, em 30% e 39% das crianças
com LLA e LMA à apresentação.
Odone Filho, V., 2005
Nos anos de 1980 a 1982, analisando todas
as crianças que chegaram com leucemia na
USP, 7% delas não apresentavam quadro
clínico ou laboratorial claramente sugestivos
de sua patologia.
Estas crianças haviam recebido, em função de
sintomas vagos, como artralgias, algum tipo de
tratamento reumatológico prévio, incluindo
corticóides.
Peixoto, V., et al, 1987
A
Principais causas de trombocitopenia na infância
Adaptado de Hematologia para o pediatra, 2007
Falsa plaquetopenia - grumos
Para lembrar...
Importância da história clínica, exame físico
Valor do esfregaço
Atentar sempre para as 3 séries
Alguns exames complementares podem ajudar
Na dúvida....
Melhor investigar....