CINEMÁTICA DIFERENCIAL. Cinemática Diferencial Cinemática De Velocidade =
AVALIAÇÃO DA CINEMÁTICA DA CAIXA TORÁCICA DE … · centro de ciÊncias da saÚde ... resumo...
Transcript of AVALIAÇÃO DA CINEMÁTICA DA CAIXA TORÁCICA DE … · centro de ciÊncias da saÚde ... resumo...
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
PÓS-GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA
NIVEL: MESTRADO
ANTÔNIO FRANCISCO DE ANDRADE FERREIRA FILHO
AVALIAÇÃO DA CINEMÁTICA DA CAIXA TORÁCICA DE CRIANÇAS COM DOENÇAS NEUROMUSCULARES ATRAVÉS DE
PLETISMOGRAFIA ÓPTICO ELETRÔNICA.
RECIFE, 2011
“AVALIAÇÃO DA CINEMÁTICA DA CAIXA TORÁCICA DE CRIAN ÇAS COM DOENÇAS NEUROMUSCULARES ATRAVÉS DE PLETISMOGRAFIA Ó PTICO ELETRÔNICA ”.
ANTÔNIO FRANCISCO DE ANDRADE FERREIRA FILHO
APROVADA EM: 28/07/2011 ORIENTADOR: PROFº DRº MURILO CARLOS AMORIM DE BRITT O COORIENTADOR: PROFª DRª ARMÈLE DE FÁTIMA DORNELAS D E ANDRADE COMISSÃO EXAMINADORA: PROFª DRª KARLA MÔNICA FERRAZ TEIXEIRA LAMBERTZ – F ISIOTERAPIA/UFPE PROFª DRª INDIANARA MARIA ARAÚJO DO NASCIMENTO – FI SIOTERAPIA/FIR PROFª DRª PATRÍCIA GOMES DE MATOS BEZERRA - PNEUMOL OGIA/IMIP
Visto e permitida à impressão
_______________________________________________ Coordenador do PPGFISIOTERAPIA/DEFISIO/UFPE
Ferreira Filho, Antônio Francisco de Andrade
Avaliação da cinemática da caixa torácica de crianças com doenças neuromusculares através de pletismografia óptico eletrônica / Antônio Francisco de Andrade Ferreira Filho. – Recife: O Autor, 2011.
v + 60 folhas: il., fig.; 30 cm.
Orientador: Murilo Carlos Amorim de Brito Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de
Pernambuco. CCS. Fisioterapia, 2011.
Inclui bibliografia, anexos e apêndice.
1. Doenças neuromuscular. 2. Teste de função respiratória. 3. Pletismografia óptico-oeletrônica. I. Brito, Murilo Carlos Amorim de . II.Título.
UFPE 618.92 CDD (20.ed.) CCS2011-203
ANTÔNIO FRANCISCO DE ANDRADE FERREIRA FILHO
AVALIAÇÃO DA CINEMÁTICA DA CAIXA TORÁCICA DE
CRIANÇAS COM DOENÇAS NEUROMUSCULARES ATRAVÉS DE PLETISMOGRAFIA ÓPTICO ELETRÔNICA.
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Fisioterapia do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal de Pernambuco, como parte dos requisitos para obtenção do título de mestre em Fisioterapia, Linha de Pesquisa: Instrumentação e Intervenção Fisioterapêutica
Orientador: Dr. Murilo Carlos Amorim de Britto Co-orientador: Dra. Armele Dornelas de Andrade
RECIFE, 2011
III
RESUMO
AVALIAÇÃO DA CINEMÁTICA DA CAIXA TORÁCICA DE CRIANÇ AS COM DOENÇAS NEUROMUSCULARES ATRAVÉS DE PLETISMOGRAFIA ÓPTICO
ELETRÔNICA.
Resumo: Introdução: A deterioração da função respiratória é uma das principais causas
da mortalidade dos pacientes com Doenças Neuromusculares (DNM). As alterações da
força e do tônus muscular causam progressiva perda de força muscular periférica e
respiratória, que determinam hipoventilação alveolar. Testes convencionais de função
pulmonar e de avaliação da musculatura respiratória necessitam de cooperação e em
crianças menores de seis anos não se obtém a acurácia desejada. Um método acurado
para estimar o volume absoluto e com boa discriminação de suas variações durante a
respiração é a Pletismografia Óptica Eletrônica (POE). Objetivo: O nosso estudo teve o
objetivo de avaliar a capacidade do POE em mensurar alterações da cinemática da caixa
torácica de crianças menores de seis anos portadoras de DNM. Métodos: Foi realizado
um estudo de série de casos, onde participaram do estudo crianças na faixa etária de um
a seis anos de idade, com DNM diagnosticadas previamente pelo neuropediatra
assistente. Resultados: Houve uma taxa de aproveitamento de 75% na posição supina e
83,3% na posição sentada das avaliações. A mudança de posição de sentada para supino
acarretou queda do volume pulmonar de 22,1%. Três pacientes apresentaram assicronia
importante entre os compartimentos da caixa torácica. Conclusão: a POE demonstrou
ser uma técnica útil para analisar a função respiratória de crianças menores de seis anos
de idade com DNM, gerando dados que podem identificar o inicio de sobrecargas a
função respiratória, como a assicronia entre os compartimentos e a queda do volume
pulmonar com a variação da posição de sentado para supino.
Palavras-Chaves: Doenças neuromuscular, teste de função respiratória, pletismografia
óptico-eletronica
IV
ABSTRACT
EVALUATION OF THE KINEMATICS OF THE CHEST WALL OF CHILDREN WITH NEUROMUSCULAR DISEASES THROUGH PLETHYSMOGRAPHY
OPTICAL ELECTRONICS.
Abstract: Introduction: The deterioration of respiratory function is a major cause of
mortality in patients with neuromuscular diseases (NMD). Changes in strength and
muscle tone causes progressive loss of peripheral and respiratory muscle strength,
which determines alveolar hypoventilation. Conventional pulmonary function tests and
evaluation of the respiratory muscles require cooperation and in children under six years
does not indicate the desired accuracy. An accurate method to estimate the absolute
volume and good discrimination of its variations during respiration is the electron
optical plethysmography (POE). Objective: Our study aimed to evaluate the ability of
POE measure changes in the kinematics of the rib cage in children under six living with
MND. Methods: We conducted a case series study, which involved the study of children
aged one to six years old with previously diagnosed by neurologist DNM wizard.
Results: There was a utilization level of 75% in the supine position and 83.3% in the
sitting position of the assessments. The change from sitting to supine position led to the
fall in lung volume of 22.1%. Three patients had asynchronous important among the
compartments of the rib cage. Conclusion: POE has proved a useful technique to
analyze the respiratory function of children under six years of age with DNM,
generating data that can identify the onset of respiratory function overloads, such as
asynchronous between compartments and the fall in lung volume with the change in
position from sitting to supine.
Key Words: neuromuscular diseases, respiratory function test, optoelectronic
plethysmography
V
Sumario
Capítulo 1- Introdução 1
1.1 Introdução 1
1.2 Justificativa 4
1.3 Revisão da Literatura 4
1.3.1 Espirometria 4
1.3.2 Determinação de Função Pulmonar em Portador es de DNM 5
1.3.3 Avaliação de Respiração Basal 6
1.3.4 Técnica de Oscilação forçada 7
1.3.5 Técnica de Interrupção 7
1.3.6 Técnica de Lavagem Interna de Gás 8
1.3.7 Pressão inspiratória e expiratória máxima 9
1.3.8 Pressão Nasal Máxima 10
1.3.9 Pressões: esofágica, gástrica, transdiafragmática 10
1.3.10 Estimulação Elétrica Magnética do Nervo Fr ênico 11
1.3.11 Estimulação Magnética do Nervo Frênico 11
1.3.12 Eletromiografia (EMG) dos músculos respira tórios 12
1.3.13 Pico de fluxo expiratório 12
1.3.14 Pletismografia Òptico Eletrônica 13
Capítulo 2 – Matérias e Métodos 15
2.1 Desenho de estudo 14
2.2 População 14
2.3 Amostra 14
2.4 Critérios de exclusão 14
2.5 Descrição da Avaliação 14
2.6 Avaliação por pletismográfia 15
2.7 Definição e Operacionalização das variáveis 17
2.8 Analise estatística 18
2.9 Aspectos Èticos
Capítulo 3 – Referencias Bibliográficas 19
Capítulo 4 – Artigo 26
Capítulo 5 – Considerações Finais 40
Anexo 1 – Aprovação do comitê de Ética para iníc io da coleta de dados 41
Anexo 2 - Artigo de Revisão 42
Apêndice 1- Termo de consentimento Livre Esclarecid o 59
1
CAPÍTULO 1-INTRODUÇÃO
_______________________________________________________________
1.1 Introdução
O termo “doenças neuromusculares” (DNM) engloba diferentes afecções
decorrentes do acometimento primário da unidade motora, composta pelo
motoneurônio medular, raiz nervosa, nervo periférico, junção mioneural e
músculo (REED, 2002). Este grupo de doenças tem manifestações clinicas
diferentes, dependente das estruturas neuro-anatômica comprometida (SANTA
MARIA et al, 2007).
As afecções podem ser classificadas de acordo com o acometimento da
unidade motora (tabela 1)(REED, 2002).
Tabela 1. Doenças Neuromusculares
Acometimento do Neurônio Motor Periférico
Causa genética: Amiotrafia espinal infantial (tipos I, II,III)
Causa adquirida: Enteroviroses, principalmente poliomielite
Acometimento de raízes e nervos periféricos
Causa genética: polineuropatias hereditárias sensitivo-motoras (várias), principalmente
Charcot-Marie Tooth tipo I e Déjerine- Sottas (tipo III)
Causa adquirida: várias, principalmente síndrome de Guillain-Barré
Acometimento da junção mioneural
Causa genética: síndrome miastênica congênita
Causa adquirida: miastenia grave e botulismo
Acometimento da fibra muscular: miopatias
Causa genética: distrofia muscular congênita (diversos subtipos), distrofia muscular
progressiva diversos subtipos, principalmente distrofia muscular ligada ao sexo de
Duchenne ou Becker), distrofia miotônica (doença de Steinert), miopatias congênitas
(diversos subtipos), miopatias metabólicas (diversos subtipos)
Causa adquirida: miosites de diferentes tipos, principalmente polidermatomiosite
REED, 2002
A maior parte destas doenças nas crianças é determinada
geneticamente, sendo as doenças neuromusculares adquiridas mais raras do
2
que nos adultos (ANDERSSON & RANDON, 1999). Dentre estas doenças, a
Distrofia Muscular Progressiva (DMP) forma de Duchene é a mais freqüente
(ZHOU & H.LU, 2010). Além desta a Distrofia Muscular Congênita, as
miopatias congênitas, as miopatias metabólicas e a forma congênita da
distrofia miotônica são as miopatias que cursam com hipotonia muscular e
fraqueza muscular precoce (REED,2002).
As alterações da força e do tônus muscular causam progressiva perda
de força muscular periférica e respiratória, que determinam hipoventilação
alveolar. Essa deterioração da função respiratória é uma das principais causas
da mortalidade dos pacientes com DNM (LANINI et al, 2008; MEHTA, 2006).
A hipoventilação alveolar das DNM é geralmente lenta e progressiva,
produzindo alterações dos gases sanguíneos, hipoxemia e hipercapnia. Muitas
vezes estes distúrbios só são detectados quando ocorre um episódio de
insuficiência respiratória aguda. (MEHTA, 2006;PASCHOAL et al 2007)
A fraqueza muscular também acarreta uma depuração mucociliar
deficiente das vias aéreas, pois para se ter uma tosse eficaz o pacientes têm
que ter a capacidade de atingir um adequado Pico de Fluxo Expiratório (PFE),
o qual estará comprometido nestes casos (TOUSSAINT et al, 2009).
O déficit na eliminação de secreção predispõe a microatelectasias, que
causam redução na complacência pulmonar e formação de áreas de baixa
relação ventilação perfusão que pode tomar maiores proporções levando a
hipercapnia, hipóxia e falha respiratória (TEITELBAUM & BOREL, 1994;
TZENG & BACH, 2000).
O déficit muscular também pode comprometer os músculos da face,
orofaringe e laringe, levando à obstrução de vias aéreas superiores,
principalmente na posição supina. Quando a obstrução ocorre durante o sono
pode haver hipopnéia ou apnéia, com hipoxemia (GRANGER et al, 1999;
MEHTA, 2006). O déficit de oxigenação intermitente determina complicações
pulmonares como hipertensão pulmonar, cor pulmonale e disfunção
neurocognitiva (ALVES et al, 2009; TOGEIRO & FONTES, 2010).
Todas essas alterações em momentos de infecção respiratória ou
quadros de aumento de demanda metabólica incrementam a carga imposta
aos músculos já fracos, levando o paciente à insuficiência respiratória e
3
necessidade de ventilação mecânica e alguns casos à morte (CABRERA
SERRANO & RABINSTEIN, 2010).
Tradicionalmente, a avaliação funcional desses pacientes inclui, além do
exame clínico, mensuração da função pulmonar e do registro polissonográfico.
O déficit funcional descrito relaciona-se à redução da capacidade vital e
fraqueza da musculatura respiratória (PHILLIPS et al, 2001). A mensuração do
volume pulmonar tem sido usada para quantificar a gravidade e progressão das
DNM (NICOT et al, 2006). A American Thoracic Society indica avaliar a
capacidade vital forçada (CVF), pressão inspiratória máxima (Pimax), pressão
expiratória máxima (Pemax) e PFE no início e no decorrer da doença (FINDER
et al, 2004).
Indivíduos assintomáticos podem exibir redução importante da
capacidade vital (MULREANY et al, 2003). Da mesma forma a redução na
Pimax e Pemax que se observa nestes casos pode não ser detectada de forma
acurada devido à dificuldade de realização do teste (NICOT et al, 2006).
Testes convencionais de função pulmonar e de avaliação da
musculatura respiratória necessitam de cooperação e em crianças menores de
seis anos não se obtém a acurácia desejada. Métodos invasivos, como a
medição da pressão esofágica, estímulo elétrico e ou magnético dos músculos
respiratórios têm maior potencial de efeitos adversos e não são bem tolerados
pelos pacientes (MAURO et al, 2010).
Um sistema opto-eletrônico para análise do movimento de um grande
número de marcadores reflexivos fixos no corpo foi descrito em 1985 por
Ferreigno e Pedotti. A técnica padronizada em 1994, chamada de
Pletismografia Óptico-Eletrônica (POE), mensura as variações dos volumes
pulmonares sem uso de bocais, clipes nasais ou qualquer outra conexão com o
paciente.
O POE é vantajosa no sentido permitir que os indivíduos respirarem sem
métodos invasivos ou qualquer interferências, tendo então o benefício
particular em estudos onde a cooperação é difícil de ser obtida, também pode
de estimar o volume da parede torácica diretamente sem requerer fator de
calibração (FERREIGNO et al,1994; CALA et al, 1996; ALIVERTI et al, 2002).
O método fornece acurácia, forte estimação do volume absoluto e boa
discriminação de suas variações durante a respiração (AGOSTINO &
4
D´ANGELO, 1988). Pode ser utilizado para avaliar os volumes, a cinemática e
em combinação com a mensuração da pressão, a mecânica pulmonar
(ALIVERTI & PEDOTTI, 2003).
Um estudo realizado por Mauro e col com POE para avaliar portadores
de distrofia neuromuscular de Duchene, com média de idade 12,6 anos,
mostrou que existe relação no padrão ventilatório destes com a variação
noturna da saturação de oxihemoglobina e com a mudança de posição de
supino para sentado.
Durante a revisão da literatura nenhum estudo foi encontrado sobre a
POE, em pacientes com DNM, com idade abaixo de seis anos. O nosso estudo
teve o objetivo de avaliar a capacidade do POE de mensurar alterações da
cinemática da caixa torácica de crianças portadoras de DNM.
1.2 Justificativa
Há necessidade de uma avaliação respiratória acurada de crianças com
DNM tanto na fase inicial da doença, como na sua progressão. Os testes de
função pulmonar são ferramentas importantes no diagnóstico, avaliação e
manejo de alterações respiratórias. A avaliação na DNM, do ponto de vista
prático, indicará necessidade de oxigenioterapia e suporte ventilatório não
invasivo domiciliar, prevenindo complicações decorrentes da progressão da
doença.
Em adultos e crianças maiores de seis anos de idade, dispomos de
metodologias bem definidas para avaliação da função pulmonar. Na faixa etária
entre dois e seis anos, apesar de alguns critérios padronizados, poucos
estudos identificaram métodos eficientes.
Há uma crescente demanda por estudos funcionais pulmonares em
crianças pequenas, e com a evolução da pletismografia óptico eletrônica
podemos utilizá-la nessas crianças.
1.3 Revisão da Literatura – Métodos de avaliação da função pulmonar
1.3.1 Espirometria
A espirometria é o método mais freqüente de mensuração da função
pulmonar. Embora seja comumente utilizada para avaliação de crianças e
5
adolescentes, estudos também tem confirmado que crianças em idade pré-
escolar conseguem realizar algumas medidas (EIGEN et al, 2001; VILOZNI et
al, 2001). Outros estudos descrevem que apesar de conseguirem realizar
algumas medidas essas crianças não atingem os critérios de qualidades do
teste (AURORA et al, 2004).
O mecanismo de alteração da função pulmonar de crianças com DNM,
que é causado por uma redução na capacidade de gerar força da musculatura
respiratória, acarreta conseqüentemente uma redução nas propriedades
viscoelâsticas do pulmão (HOPKINS et al, 1996). Este mecanismo caracteriza
um padrão restritivo na avaliação espirométrica (PERRIN et al, 2004).
Os valores obtidos com espirometria são utilizados com a comparação
de valores de uma população de referência (KRISTUFEK, 1987). Estes dados
são baseados em modelos de regressão linear, os quais utilizam idade, peso,
sexo e altura (SUBBARAO et al, 2004) Na população pediátrica, as equações
apresentam uma grande variação entre as idades (QUANJER et al, 1995). Não
encontramos no Brasil estudos com valores de referência para essa faixa
etária.
Pacientes menores de seis anos quando realizam espirometria podem
apresentar valores divergentes e diversos artefatos podem ser encontrados
(SUBBARAO et al, 2004). Para realização da medição os indivíduos devem
permanecer sentados confortavelmente com um clipe nasal e serem instruídos
sobre o procedimento. Os testes devem se realizados com espirômetros
calibrados diariamente. Pelo menos três manobras de expiração forçada são
necessárias para a análise dos dados, considerando curvas que não divergem
nas medidas de CVF e VEF1 em mais de 5% ou 100ml (ATS\ERS, 2002).
Como vantagem desse teste nas crianças abaixo de seis anos a
espirometria é de fácil realização e de bom custo-benefício (PEREIRA et al,
1992), no entanto nessas crianças, de idade pré-escolar com DNM, tem uma
baixa reprodutibilidade e acuracia(HOPKINS et al, 1996).
1.3.2 Determinação de Função Pulmonar em Portadores de DNM
A sobrevida do pacientes com DNM estar relacionada a CVF. A
velocidade de redução da CVF tende a ser linear com uma média de redução
6
de 3,5% (Lechtzin et al, 2002). Com a progressão da doença o
comprometimento pulmonar pode evoluir rapidamente com uma brusca
redução da CVF em seis meses. A queda da CVF abaixo de 50% do previsto
identifica um importante estágio de falência respiratória (ATS\ERS, 2002;
MENDONÇA & PEREIRA, 1984).
Em indivíduos normais a CVF decai da posição sentada para ortostática
em 5 a 10%, durante a fraqueza dos músculos respiratórios essa redução é
mais intensa. A redução da CVF de 25% da posição sentada para supina tem
sido considerado um indicador sensível de fraqueza diafragmática, tendo uma
sensibilidade e especificidade de 90% e 75% respectivamente para o
diagnóstico de fraqueza diafragmática (PERRIN et al, 2004).
Nas DNM o VEF1 reduz proporcionalmente ao CVF e o índice VEF1\CVF
é normal ou aumentado (MENDONÇA e PEREIRA, 1984), a American
Academy of Neurology recomenda medir a CVF nessas crianças no
diagnóstico e a cada três meses (LECHTIZN et al, 2002;,MILLER et al, 1995).
1.3.3 Avaliação de Respiração Basal
A mensuração da respiração basal inclui duas técnicas fundamentais:
análise do fluxo expiratório corrente (AFEC) e análise da movimentação da
caixa toracoabdominal (MCTA) (BEYDON et al, 2007).
Essas análises são feitas, respectivamente, utilizando um transdutor de
fluxo com a via aérea aberta (com máscara ou boquilha e um
pneumotacógrafo) e através da análise de movimentação da caixa torácica
(Faixas no abdômen e gradil costal)(BEYDON et al, 2007).
A MCTA é realizada principalmente pela pletismografia de indutância
respiratória (PIR), o teste é feito preferencialmente na posição sentada durante
respiração basal, no entanto pode ser realizado em outras posições
dependendo do objetivo da análise (BEYDON et al, 2007; WARREN &
ALDERSON, 1994). É um teste válido para avaliar assincronia respiratória
toracoabodominal e o incremento do trabalho respiratório, identificando
fraqueza muscular ou incremento de carga respiratória (ALLEN et al 1990;
BEYDON et al, 2007).
7
Com a vantagem de identificar assicronias respiratórias esta técnica
poderia ser utilizada na prática clínica para avaliação e progressão da doença
DNM. Futuros estudos são necessários para podermos considerar essa técnica
sensível e específica na avaliação de crianças com DNM.
1.3.4 Técnica de Oscilação forçada (TOF)
A TOF é um método simples, não invasivo, realizado durante a
respiração basal, que é relativamente fácil de aplicar em crianças de idade pré-
escolar. Uma onda de pressão externa é aplicada, geralmente na boca e a
conseqüente relação pressão-fluxo é analisada em termos de impedância
respiratória (OOSTEVEEN et al, 2003).
A TOF é realizada com sucesso tanto em estudos de campo como em
sala de emergência, foi demonstrado que é capaz de identificar a obstrução de
vias aéreas e respostas a broncodilatadores e broncoconstrictores (BEYDON et
al, 2007).
O beneficio da técnica é ser não invasiva, não precisar de cooperação
da criança e poder ser realizada em vários situações. No entanto, são
necessários mais estudos para testar a sensibilidade e especificidade dos
parâmetros avaliados e identificar o limite entre saúde e doença, principalmente
em crianças com DNM que podem ter alterações importantes na capacidade
ventilatória e não levar a aumento de resistência de vias aéreas (OOSTEVEEN
et al, 2003; BEYDON et al, 2007).
1.3.5 Técnica de Interrupção (TI)
A técnica de interrupção é atualmente usada de forma rotineira em
laboratórios de análise de função respiratória em crianças pré-scolares. Foi
demonstrado que a técnica é viável e reprodutível em crianças nessa faixa
etária (RECH et al, 2008).
A medição deve ser feita com a criança sentada, respirando através de
um bocal, utilizando um clipe nasal. A oclusão deve ser feita com a válvula de
fechamento em menos de 10 milissegundos e durando 100 milissegundos, esta
oclusão é iniciada por um fluxo definido para coincidir com o pico de fluxo
8
expiratório durante a expiração. Dez oclusões são necessárias com o objetivo
de atingir cinco manobras aceitáveis, a mediana de todas as oclusões
tecnicamente aceitáveis são relatadas (BEYDON et al, 2007).
A TI mede a resistência de interrupção de vias aéreas (Rint), essa
análise foi recentemente facilitada pela disponibilidade de valores de
referência(SONG et al, 2006; RECH et al, 2008). No entanto o uso de
diferentes técnicas dificulta a comparação dos resultados obtidos em diferentes
laboratórios e sublinha a necessidade da padronização da técnica (BEYDON et
al, 2007).
Necessitam de mais estudos para identificar os valores normais, o limiar
entre saúde e doenças e qual a variação da Rint é necessária para ser sensível
a resposta de broncodilatadores. Da mesma forma que á TOF os parâmetros
avaliados pela TI não são sensíveis ou específicos para avaliação de crianças
com DNM, pois analisa a Rint o que na maioria das vezes está normal nas
crianças com DNM. .
1.3.6 Técnica de Lavagem Interna de Gás (The Multiple-Breath
Inert Gas Washout Technique- MBW)
A MBW é um método usado para avaliar a distribuição de ventilação no
pulmão e para medir a CRF (GUSTAFSSON et al, 2003). MBW pode ser
utilizada em crianças de qualquer faixa etária, pois requer um mínimo de
cooperação. O índice de depuração pulmonar (IDP) é um marcador sensível de
doença de vias aéreas (BEYDON et al, 2007) e pode ser determinado por esta
técnica.
O MBW pode ser utilizado na maioria das crianças de três a seis anos
de idade, pois envolve a respiração basal. Nos pacientes com fibrose cística,
essa análise de comprometimento de vias aéreas parece ser mais sensível
que a espirometria e ou medições de resistência de vias aéreas (FREY et al,
2000). O conhecimento da MBW para monitorar a progressão da doença ou a
resposta ao tratamento em crianças com DNM é limitado, mais estudos são
necessários para uma padronização da técnica principalmente nessa faixa
etária (BEYDON et al, 2007; FREY et al, 2000).
9
1.3.7 Pressão inspiratória e expiratória máxima
A pressão inspiratória máxima (Pimax) e pressão expiratória
máxima(Pimax) são os testes mais utilizados para avaliação da força muscular
respiratória (POLKEY et al, 1995). A medida da Pimax pode ser feita a partir da
capacidade residual funcional (CRF) ou volume residual (VR) e a Pemax é
medida a partir da capacidade pulmonar total (LYALL et al, 2001).
O manovacuometro, que é o aparelho usado para medir a Pimax e
Pemax, permite fazer a avaliação da força respiratória tanto em ambulatórios
como a beira do leito, sendo um teste não invasivo (ATS\ERS, 2002). As
medidas são realizadas com o paciente sentado utilizando um clipe nasal e um
bucal padrão com um orifício de 2mm para diminuir o efeito dos músculos da
face na medida de pressão (FROMAGEOT et al, 2001).
O paciente inspira e expira com o máximo de força com um circuito
ocluído ligado ao manovacuometro. Os maiores valores de pressão obtidos
durante 1 segundo representam os valores de Pimax e Pemax, nos dois
métodos são realizados três medidas considerando o maior valor com uma
variação menor de 20% (ATS\ERS, 2002; POLKEY et al, 1995).
Uma Pimax com um valor menos negativo que -60cmH2O ou um valor
de Pemax maior que 90cmH2O em medidas tecnicamente boas, se associada
a medida de CVF excluem fraqueza respiratória em portadores de DNM
(BRUSCHI et al, 1992).
A principal vantagem deste teste é estimar a força de maneira simples e
bem tolerada pelos pacientes, apesar de não garantir que esteja sendo feito o
esforço máximo, principalmente nestas crianças jovens (BRUSCHI et al, 1992).
Durante a progressão da DNM a redução da força muscular ocorre antes da
redução do volume pulmonar ser detectado, desta forma a Pimax pode ser
mais sensível que a CVF no início da doença (LYALL et al, 2001).
Fatores como esforço submáximo ou escape de ar pelo bucal, podem
gerar medidas incorretas, principalmente em indivíduos com fraqueza da
musculatura orofacial. Por este motivo, novos testes têm sido propostos como
meio de medida da força muscular respiratória em crianças com DNM, o teste
de inspiração nasal máxima é mais fácil de ser realizado e tem um valor mais
fidedigno do que a Pimax (SANTA MARIA et al, 2007).
10
1.3.8 Pressão Nasal Máxima (Pnas,sn)
A técnica de Pnas,sn consiste na introdução de um cateter conectado ao
transdutor de pressão em uma das narinas, com a narina oposta obstruída e a
boca fechada. O paciente é orientado a realizar uma inspiração nasal máxima e
forte a partir da CRF, 10 vezes e com repouso de 30 segundos, considerando o
maior valor obtido (ATS\ERS, 2002).
A medida também pode ser feita com um cateter esofágico(Pes,sn),
realizando a mesma manobra, com a desvantagem de ser um método invasivo.
A Pes,sn representa a pressão pleural e não tem interferência do recolhimento
elástico do pulmão, refletindo a pressão gerada pelos músculos respiratórios.
(POLKEY et al, 1995; LECHTZIN et al, 2002; ATS\ERS, 2002).
A pressão transdiafragmatica (PDI,sn) também pode ser avaliada
durante uma inspiração nasal máxima, representa a força muscular
diafragmatica. Essa manobra necessita de um cateter duplo com balão
esofágico e gástrico (ATS\ERS, 2002)
A Pnas tem a vantagem de ser uma manobra natural , não invasiva e de
fácil realização (STEFANUTTI & FITTING, 1999). A Pes,sn é uma avaliação da
força muscular respiratória global e a PDI é a medida específica da força
diafragmática (POLKEY et al, 1995).
Nos pacientes com DNM a fraqueza muscular inicia-se antes da queda
da CVF (LYALL et al, 2001), desta forma a avaliação da Pnas,sn, Pes,sn e
PDI,sn pode ser utilizado para diagnostico de disfunção respiratória e
progressão da doenças, contudo mais estudos de sua utilização em crianças
portadoras de DNM são necessários.
1.3.9 Pressões: esofágica, gástrica, transdiafragmá tica
Medidas não voluntárias da força muscular respiratória podem ser feitas
através de métodos invasivos, analisando-se as pressões torácicas e
abdominais (mensurando as pressões esofágica (Pes), gástrica (Pga),
transdiafragmatica (Pdi) (POLKEY et al, 1995). A Pes reflete a pressão pleural,
11
a Pga reflete a pressão abdominal e a Pdi representa a força diafragmática
(ATS\ERS, 2002).
Para avaliação da Pes e Pga é inserido um cateter duplo com dois
balões na extremidade de cada cateter, um no terço médio do esôfago e outro
no interior do estômago, ambos conectados a transdutores de pressão
(LAPORTA & GRASSINO, 1985).
As vantagens dos testes invasivos para crianças de idade pré-escolar
com DNM é a não dependência de atividade voluntaria em comparação com a
PDI, Pimax e Pnas,sn, As desvantagens são as interferências da atividade
abdominal e ser um teste invasivo (ROCHESTER & SHARON, 1994)
1.3.10 Estimulação Elétrica Magnética do Nervo Frên ico
É localizado um eletrodo no pescoço no local por onde passa o nervo
frênico, enviando estímulos elétricos dosados e reprodutíveis. O estímulo é
aumentado gradativamente até que seja atingido um valor supramáximo. A
força gerada pode ser obtida através de Pes, Pdi ou da pressão em via aérea
proximal (boca, cateter nasal ou tubo traqueal) (MAN et al, 2004)
È um teste útil para analisar crianças com DNM incapazes de realizar
testes voluntários e volitivos (ATS\ERS, 2002), no entanto é um teste difícil de
ser realizado, pois se o estimulo elétrico não for exatamente no mesmo local,
há muita variação no estímulo gerado e em pacientes acordados pode ser
doloroso( POLKEY et al, 1995).
1.3.11 Estimulação Magnética do Nervo Frênico
A EM é realizada da mesma forma que a EEM, mas não é dolorosa e
não depende do posicionamento dos eletrodos tanto como na EEM. Por outro
lado, não estimula só o diafragma, mas também outros músculos respiratórios
(MAN et al, 2004).
A estimulação supramáxima do nervo frênico, bilateralmente pode ser
atingida utilizando-se uma bobina circular colocada acima da raiz cervical do
nervo frênico. A descarga da bobina gera um campo de pulso magnético, que
causa uma corrente no tecido nervoso, sem que o campo ao redor cause
12
contração muscular. E a estimulação bilateral, quando anterior, permite o
estudo da função diafragmática na posição supina(ATS\ERS, 2002; MAN et al,
2004).
Este teste possui limite inferior de normalidade mais bem definido que a
EEM, além de uma maior relação com a Pdi, o que aumenta a sensibilidade
diagnóstica em pacientes com fraqueza muscular moderada(POLKEY et al,
1995), no entanto há a necessidade de mais estudos em crianças com DNM.
1.3.12 Eletromiografia (EMG) dos músculos respirató rios
A EMG é o registro das ondas elétricas geradas pelo músculo estudado
e dos nervos que o estimulam, portanto, serve para avaliar aspectos da
inervação, junção neuromuscular e atividade intrínseca dos músculos. Permite
estudar separadamente o diafragma e os músculos torácicos, além de
diferenciar as formas de fadiga e avaliar aquelas de maior importância para os
músculos respiratórios, como a fadiga aos estímulos de baixa freqüência
(20Hz)(ATS\ERS, 2002).
A vantagem da EMG esta em não ser um método invasivo e, não
depender da colaboração das crianças. A desvantagem é que se trata de um
exame difícil de realizar e pouco acessível e não há estudos com crianças com
DNM(STEWART et al, 2001).
1.3.13 Pico de fluxo expiratório (PFE)
O pico de PFE na ausência de obstrução brônquica tem relação direta
com a Pemax (SANTA MARIA et al, 2007). Os valores de PFE são obtidos com
um medidor de fluxo (Pneumotacografo). As medidas devem ser realizadas
com o paciente sentado, utilizando um clipe nasal e orientado a tossir o mais
forte possível a partir da CPT(SUARES et al, 2002).
Devem ser realizadas três medidas, considerando o maior valor obtido.
O valor de referência para adultos é maior que 100l\min em ambos os sexos,
não encontramos estudos com valor de referência para crianças (SUARES et
al, 2002).
13
A desvantagem destes testes em pacientes com DNM está em refletir
uma pobre coordenação dos músculos respiratórios ao invés de perda de força
muscular respiratória (ATS\ERS, 2002).
1.3.14 Pletismografia Óptico-Eletrônico
Pletismografia Óptco-Eletrônica (POE), mensura as variações dos
volumes pulmonares sem uso de boquilhas, clipes nasais ou qualquer outra
conexão com o paciente. Esse sistema é capaz de detectar pequenos
movimentos da parede torácica ocorridos durante a respiração com a acurácia
necessária através do movimento de marcadores reflexivos aderidos a
superfície corporal por meio de adesivos dupla-face antialérgicos (DURANTINI
et al., 2002; GORINI et al., 1999).
Considerando o modelo geométrico de toda a superfície do tronco torna-
se possível obter as variações totais dos volumes da parede torácica e ainda
as contribuições dos diferentes compartimentos pulmonares nas mudanças do
volume total. O modelo pulmonar é então dividido em três diferentes
compartimentos: a caixa torácica pulmonar (CTp), a caixa torácica abdominal
(CTa), a parte da caixa torácica correspondente ao diafragma, e o abdômen
(AB), sendo o volume total a soma do volume desses compartimentos (CALA et
al., 1996).
Alguns estudos têm sido realizados em diferentes condições e tem
mostrado que o método fornece acurácia e estimação e a potencia da
estimação do volume absoluto e suas variações durante a respiração
(DELLACÀ et al., 2004; FILLIPPELLI et al., 2003; MAURO et al, 2010).
Apenas um estudo de pacientes com DNM utilizando o POE foi
encontrado, ele foi realizado em paciente com Distrofia Muscular de Duchenne
com media de idade de 12,7 anos (MAURO et al, 2010). Há a necessidade de
mais estudos utilizando o POE em crianças com DNM para considerar um
instrumento valido para estes pacientes.
14
CAPÍTULO 2 – MATÉRIAS E MÉTODOS
_______________________________________________________________
2. Materiais e Métodos
2.1 Desenho do estudo
O estudo foi do tipo descritivo de série de casos
2.2 População
Crianças portadoras de DNM usuárias do SUS.
2.3 Amostra e Local de estudo
Participaram do estudo crianças na faixa etária de um a seis anos de
idade com DNM diagnosticadas previamente pelo neuropediatra assistente. Os
pacientes entraram no estudo de forma consecutiva, selecionados a partir do
ambulatório de neurologia da AACD (Associação de Apoio a Criança com
Deficiência) do Recife. O estudo foi realizado no laboratório de Fisioterapia
Cardio-Pulmonar da Universidade Federal de Pernambuco.
2.4 Critérios de Exclusão
Pacientes com paralisia cerebral, distúrbio comportamental ou psiquiátrico
que impossibilitasse a realização do exame, trauma raquimedular, epilepsia,
alergia ou asma.
2.5 Descrição da Avaliação
Os participantes foram avaliados durante o período de 2 minutos através
da POE, tanto em posição sentada quanto em supino, utilizando 89 e 52
marcadores respectivamente.
As crianças quando chegavam ao laboratório eram acalmadas, foram
utilizados brinquedos coloridos e livros ilustrados para deixar elas calmas e
fixar os marcadores no corpo.Inicialmente os marcadores eram colocados na
região anterior do toraxa com o paciente em posição supina, após a avaliação
nesta posição, eram colocados na região posterior do tórax para a avaliação
sentada.
15
2.6 Avaliação por pletismográfia:
O protocolo de avaliação do POE seguiu as recomendações para a
posição ortostática com 89 marcadores e 52 para a posição supina (ALIVERTI
et al, 2001).
Utilizou-se um sistema opto-eletrônico, com oito câmeras especiais
emissoras de luz infravermelhas, posicionadas quatro frontalmente e quatro
posteriormente ao indivíduo, conectadas a um computador, que permitiu ao
sistema receber as imagens em tempo real e calcular o volume da parede
torácica através da triangulação da superfície (CALA et al, 1996).
Considerando o modelo geométrico de toda a superfície do tronco foi
possível obter as variações totais dos volumes da parede torácica e ainda as
contribuições dos diferentes compartimentos pulmonares nas mudanças do
volume total. O modelo pulmonar foi então dividido em três diferentes
compartimentos: a caixa torácica pulmonar (Rib Cage Pulmonary – RCp), a
caixa torácica abdominal (Rib Cage Abdominal – Rca), a parte da caixa
torácica correspondente ao diafragma, e o abdômen (AB), sendo o volume total
a soma do volume desses compartimentos (ALIVERTI & PEDOTI, 2003).
Todo procedimento descrito foi realizado com softwares da BTS
Bioengeneering. Todas as informações foram recebidas e capturadas através
do programa Smart Caputre do OEP System (BTS Bioengineering, Italy).
Foram utilizados os marcadores reflexivos à luz infravermelha
hemisféricos de seis mm de diâmetro aderidos a pele através de adesivos
antialergicos de dupla face. A disposição dos marcadores foi feita seguindo
linhas horizontais e verticais. Horizontalmente os marcadores foram dispostos
em sete linhas horizontais arranjadas circunferencialmente entre o nível da
clavícula e a espinha ilíaca ântero-superior. Ao longo das linhas horizontais os
marcadores foram alinhados de acordo com a organização de dez colunas,
sendo cinco anteriormente e cinco posteriormente e duas colunas laterais
bilateralmente na linha axilar média (figura 1).
16
Figura1. Linhas de posicionamento dos marcadores.
Para análise do indivíduo na posição supina o protocolo de 52
marcadores é baseado na disposição destes na posição ortostática (Figura 2).
A disposição dos marcadores é realizada com o indivíduo deitado.
Figura 2. Posicionamento de marcadores em supino.
A avaliação da função respiratória foi feita com o programa analyser do
computador do POE. Este analisando os volumes, capacidades pulmonares, os
17
fluxos inspiratórios e expiratórios, percentual de ventilação de cada
compartimento pulmonar, tempo inspiratório e tempo expiratório (figura 3).
Figura 3. Gráficos e Valores Gerados pelo POE analyzer.
2.7 Definição e Operacionalização das variáveis
• Idade: Variável numérica, referida em anos e meses.
• Sexo: Variável dicotômica, definida em masculino ou feminino.
• Saturação periférica de Oxigênio: Variável contínua, que representa a
proporção de hemoglobinas saturadas no sangue arterial, capturada por um
oxímetro de pulso (marca CML-50DLmr).
• Altura: Variável continua, definida em centímetros, aferida com um
estadiometro (Sanny®).
• Peso: Variável continua, definida em quilos, aferida em balança (Filizola®
Personal Line).
• Estado nutricional: Variável contínua, definida pela determinação do IMC
(índice de massa corpórea) para a idade em escores-Z, conforme
parâmetros do NCHS.
• Tipo de DNM: Variável Nominal, definida pelo diagnóstico clínico pelo
neuropediatra que o acompanhava no momento do estudo.
18
• Volume Corrente: Variável numérica, definida pelo valor do volume de ar
expirado ou inspirado em cada incursão respiratória basal gerado pelo
software analyzer do computador do POE.
• Curva fluxo X volume: Gráfico gerado pelo software analyzer do computador
do POE, formatado na ordenada com os valores dos fluxos e na abscissa os
volumes, foi gerado simultaneamente pelo POE. Utilizamos as áreas dos
gráficos de fluxos X volumes inspiratório e expiratórios.
Os dados foram comparados dividindo a caixa torácica em três
compartimentos e em sua totalidade. OS dados eram inseridos em um
questionário individual (Apêndice 1) e na tabela do programa estatístico.
2.8 Analise estatística
Após a coleta de dados foi realizada a análise estatística através do
programa Statistical Package for the Social Sciences - SPSS versão 15.0
(Statsoft Inc 2006). Os resultados foram expressos em médias e desvios
padrões, tendo sido apresentados de forma tabular em gráfica. O teste t de
Student de amostras independentes foi utilizado para comparar as medias,
considerado um nível de significância de 5%.
2.9 Aspectos Éticos
O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa Envolvendo
Seres Humanos do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal de
Pernambuco, protocolo nº140/2010. As crianças eram incluídas no estudo após
assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido pelos responsáveis
19
CAPÍTULO 3 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
_______________________________________________________________
1. AGOSTONI, E.; D’ANGELO, E.; Statics of the chest wall. The Thorax
New York: Dekker: p.259-295 1988.
2. ALIVERTI, A.; BRUSACO, V.; MACKLEM, P.T.; PEDOTTI, A. Mechanics
of Breathing: Pathophysiology, Diagnosis, and Treatment. Milan, Italy
Springer-Verlag, p.47-59 2002.
3. ALIVERTI. A; DELLACA. R; PELOSI. P; et al. Compartmental Analysis of
Breathing in the Supine and Prone Positions by Optoelectronic
Plethysmography. Annals of Biomedical Engineering . V.29 p.60-70.
2001.
4. ALIVERTI, A.; PEDOTTI, A. Opto-Electronic Plethysmography. Monaldi
ArchIve Chest Disases ; v.59 n.1, p.12-16, 2003.
5. ALLEN, J. L. ; WOLFSON, M. R. ; McDowell, K.; Shaffer, T.H.
Thoracoabdominal asynchrony in infants with airflow obstruction.
American Review Respiratory Disease, v.141, n.2, Feb, p.337-42.
1990.
6. ALVES, R. S., RESENDE, M. B.; SKOMRO, R.P.; SOUZA, F.J.F.B.;
REED, U.C.. Sleep and neuromuscular disorders in children. Sleep
Medicine Reviews , v.13, n.2, Apr, p.133-48. 2009.
7. AMERICAN ASSOCIATION FOR RESPIRATORY CARE CLINICAL.
Pratice Guideline: Spirometry. Respiratory Critical Care Medicine ;
v.41, p.629-636, 1996.
8. ANDERSSON, P.B.; RANDO, T.A.; Neuromuscular disorders of
childhood. Current Opinion in Pediatrics . v.11, n.6, Dec, p.497-503.
1999.
9. ATS/ERS Statement on respiratory muscle testing. American Journal of
Respiratory and Critical Care Medicine , v.166, n.4, Aug 15, p.518-624.
2002.
10. AURORA, P.; STOCKS, J.; OLIVER, C.; et al. Quality control for
spirometry in preschool children with and without lung disease.
20
American Journal of Respiratory and Critical Care M edicine , v.169,
p.1152–1159, 2004.
11. BEYDON, N. ; DAVIS, S. D. ; LOMBARDI, E. ; et al. An official American
Thoracic Society/European Respiratory Society statement: pulmonary
function testing in preschool children. American Journal of Respiratory
and Critical Care Medicine , v.175, n.12, Jun 15, p.1304-45. 2007.
12. BRUSCHI, C.; CERVAI, I.; ZOIA, M.C.; et al. Reference values of
maximal inspiratory mouth pressure: a population based study. Am Rev
Respir Dis, v.146, p.790-793, 1992.
13. CALA, S.J.; KENYON, C.M.; FERRIGNO, G.; et al. Chest wall and lung
volume estimation by optical reflectance motion analysis. Journal of
Applied Physiology v.81 p.2680-2689, 1996;
14. CABRERA SERRANO, M.; RABINSTEIN, A. A. Causes and outcomes of
acute neuromuscular respiratory failure. Archive of Neurology, v.67, n.9, Sep,
p.1089-94. 2010.
15. DELLACÀ, R.L.; BLACK, L.D.; ATILEH, H.; PEDOTTI, A.; LUTCHEN,
K.R. Effects of posture and bronchoconstriction on low-frequency input and
transfer impedances in humans. Journal of Applied Physiology, v.97, p.109-
118, 2004.
16. DURANTINI, R.; FILIPPELLI, M.; BIANCHI, R.; ROMAGNOLI, I.;
PELLEGRINO, R.; BRUSASCO, V.; SCANO, G. Inspiratory capacity and
decrease in lung hyperinflation with albuterol in COPD. Chest , v.122, n.6,
p.2009-2014, 2002.
17. EIGEN, H.; BIELER, H. ; GRANT, D. ; et al. Spirometric pulmonary
function in healthy preschool children. American Journal of
Respiratory and Critical Care Medicine, v.163, n.3 Pt 1, Mar, p.619-
23.2001
18. FREY, U.; STOCKS, J.;COATES, A.; et al. Specifications for equipment
used for infant pulmonary function testing. ERS/ATS Task Force on
Standards for Infant Respiratory Function Testing. European Respiratory
Society/ American Thoracic Society. European Respiratory Journal ,
v.16, n.4, Oct, p.731-40. 2000.
21
19. FERRIGNO, G.; PEDOTTI, A. elite: a digital dedicated hardware system
for movement analysis via real-time TV signal processing. IEEE
Transaction on Biomedical Engineering , v.32, p.943-950, 1985
20. FERREIGNO, G.; CARNEVALI, P.; ALIVERTI, A.; et al. Three-
dimensional optical analysis of chest wall motion. Journal of Applied
Physiology , v.77, p.1224-1231, 1994.
21. FINDER, J. D. ; BIRNKRANT D. ; CARL, J.; et al. Respiratory care of the
patient with Duchenne muscular dystrophy: ATS consensus statement.
American Journal of Respiratory and Critical Care M edicine , v.170,
n.4, Aug 15, p.456-65. 2004.
22. FROMAGEOT, C.; LOFASO, F.; ANNANE, D.; et al. Supine all in lung
volumes in the assessment of diaphragmatic weakness in neuromuscular
disorders. Archives of Physical Medicine and Rehabilitation . v.82,
p.123–128, 2001.
23. FILLIPPELLI, M.; DURANTI, R.; GIGLOITTI, F.; BIANCHI, R.; GRAZZINI,
M.; STENDARDI, L.; SCANO, G. Overall contribution of chest wall
hyperinflation to breathlessness in asthma. Chest , v.124, p.2164-2170,
2003.
24. GRANGER, M. W. ; BUSCHANG, P.H. ; THROCKMORTON, G.S.; et al.
Masticatory muscle function in patients with spinal muscular atrophy. Am
J Orthod Dentofacial Orthop, v.115, n.6, Jun, p.697-702. 1999.
25. GORINI, M.; IANDELLI, I.; MISURI, G.; BERTOLI, F.; FILIPPELLI, M.;
MANCINI, M.; DURANTI, R.; GIGLOTTI, F.; SCANO, G. Chest wall
hyperinflation during acute bronchoconstriction in asthma. American
Journal of Respiratory and Critical Care Medicine , v.160, p.808-816,
1999.
26. HOPKINS, L. C.; TATARIAN, G. T.; PIANTA, T.F. Management of ALS:
respiratory care. Neurology , v.47, n.4 Suppl 2, Oct, p.S123-5. 1996.
27. KRISTUFEK, P.; BREZINA, M.; CUTTI, P.; et al. Reference values and
modelling of lung function development as a transcendent function of
age, body height and mass. Bull Eur Physiopathol Respir, v.23, n.2, Mar-
Apr, p.139-47. 1987
22
28. LAPORTA, D.; GRASSINO, A. Assessment of transdiaphragmatic
pressure in humans. Journal of Applied Physiology , v.58, p.1469-
1476, 1985.
29. LANINI, B. ; MASOLINI, M. ; BIANCHI, R. ; et al. Chest wall kinematics
during voluntary cough in neuromuscular patients. Respiratory
Physiology & Neurobiology , v.161, n.1, Mar 20, p.62-8. 2008.
30. LECHTZIN, N. ; ROTHSTEIN J. ; et al. Amyotrophic lateral sclerosis:
evaluation and treatment of respiratory impairment. Amyotroph Lateral
Scler Other Motor Neuron Disord, v.3, n.1, Mar, p.5-13. 2002.
31. LYALL, R.A.; DONALDSON, N.; POLKEY, M.I.; et al. Respiratory muscle
strength and ventilatory failure in amyotrophic lateral sclerosis. Brain ,
v.124, p.2000–2013, 2001.
32. MAN, W.D.C.; MOXHAM, J.; POLKEY, M.I.; Magnetic stimulation for the
measurement of respiratory and skeletal muscle function. European
Respiratory Journal ; v.24, p.846-860, 2004.
33. MAURO, A.L.; D`ANGELO, M.G.; ROMEI, M. Abdominal volume
contribution to tidal volume as an early indicator of respiratory
impairment in Duchene muscular dystrophy. European Respiratory
Journal, v.35, p.1118- 1125, 2010.
34. MENDONÇA, E.M.C.; PEREIRA, C.A.C. Mecânica pulmonar nas
doenças neuromusculares. Journal of Pneumology , v.10, p.223-232,
1984.
35. MEHTA, S. Neuromuscular disease causing acute respiratory failure.
Respiratory Care , v.51, n.9, Sep, p.1016-21; discussion 1021-3. 2006.
36. MILLER, R.G.; ROSEMBERG, J.A.; GELINAS, D.F. Pratice parameter:
the care of pacients with ALS (a evidence based review). Report of the
quality standards subcommittee of American Academy of Neurology.
Neurology, v.52, p.1311-1323, 1995.
37. MULREANY, L.T.; WEINER, D.J.; MCDONOUGHT, J.M.; et al.
Noninvasive measurement of the tension-time index in children with
neuromuscular disease. Journal of Applied Physiology , v.95, p.931-
937, 2003.
38. NICOT, F. ; HART, N.; FORIN, V.; et al. Respiratory muscle testing: a
valuable tool for children with neuromuscular disorders. American
23
Journal of Respiratory and Critical Care Medicine , v.174, n.1, Jul 1,
p.67-74. 2006.
39. OOSTVEEN, E.; MACLEOD, D. ; et al. The forced oscillation technique
in clinical practice: methodology, recommendations and future
developments. European Respiratory Journal , v.22, n.6, Dec, p.1026-
41. 2003.
40. PASCHOAL, I.A.; WANDER, O.V.; PEREIRA, M.C. Insuficiência
respiratória crônica nas doenças neuromusculares: diagnostico e
tratamentos. Jornal Brasileiro de Pneumologia , v.33, n.1, p.81-92,
2007.
41. PEREIRA, C.A.C.; BARRETO, S.P.; SIMÕES, J.G.; et al. Valores de
referência para a espirometria em uma amostra da população brasileira
adulta. Journal of Pneumology , v.18, p.10-22, 1992.
42. PERRIN, C.; UNTERBORN, J.N.; AMBROSIO, C.; HILL, N.S. Pulmonary
complications of chronic neuromuscular disease and their management.
Muscle Nerve , v.29, p,5-27, 2004.
43. PHILLIPS, M.F.; QUINLIVAN, R.C.; EDWARDS, R.H. et al. Changes in
spirometry over time as prognostic marker in patients with Duchene
muscular dystrophy, American Journal of Respiratory and Critical
Care Medicine, v.164, p.2191–2194, 2001.
44. POLKEY, M.I.; GREEN, M.; MOXHAM, J. Measurement of respiratory
muscle strength. Thorax, v.50, p.1131-1135, 1995.
45. QUANJER, P. H.; BORSBOOM, G. J.; POLGAR, G.; et al. Spirometric
reference values for white European children and adolescents: Polgar
revisited. Pediatric Pulmonology, v.19, n.2, Feb, p.135-42. 1995.
46. RECH, V.V.; VIDAL, P.C.V.; MELO JUNIOR, H.T. et al. Resistência de
vias aéreas em crianças medida pela técnica de interruptor: valores de
referências. Jornal Brasileiro de Pneumologia . V.34,n.10, p.796-803.
2008
47. REED, C.U. Doenças neuromusculares. Jornal de pediatria, v.78, S89-
103, 2002.
48. ROCHESTER, D.F.; SHARON, A.E. Assessment of ventilatory function
in patients with neuromuscular disease. Clinical Chest Medicine , v.15,
p.751-763, 1994.
24
49. SANTA MARIA, N.N.; ZANELLI, E.M.; SILVA, M.B et al. Testes
utilizados para avaliação respiratória nas doenças neuromusculares.
Revista Neurociências , v.15; p.61-70, 2007.
50. STEWART, H.; EISEN, A.; ROAD, J.; et al. Electromyography of
respiratory muscle in amyotrophic lateral sclerosis. Journal of
Neurology and Science, v.191: p.67-73, 2001.
51. SONG, D. J. ; WOO, C. H. ; KANG, H. et al. Applicability of interrupter
resistance measurements for evaluation of exercise-induced
bronchoconstriction in children. Pediatric Pulmonology , v.41, n.3, Mar,
p.228-33. 2006.
52. STEFANUTTI, D.; FITTING, J.W. Sniff nasal inspiratory pressure.
American Journal of Respiratory and Critical Care M edicine , v.159,
p.107-111, 1999.
53. SUÁREZ, A.A.; PESSOLANO, F.A.; MONTEIRO, S.G.; et al. Peak Flow
and Peak Cough Flow in the evaluation of expiratory muscle weakness
and bulbar impairment in patients with neuromuscular disease.
American Journal of Physical Medicine and Rehabilit ation, v.81,
p.506–511, 2002
54. SUBBARAO, P. ; LEBECQUE, P. ; et al. Comparison of spirometric
reference values. Pediatric Pulmonology , v.37, n.6, Jun, p.515-22.
2004.
55. TOGEIRO, S.M.G.P; FONTES, F.H. Hipoventilação relacionada ao sono.
Jornal Brásileiro de Pneumologia , v.36, supl.2. p.1-61 2010.
56. TOUSSAINT, M. ; BOITANO, L. J. ; GATHOT, V. ; et al. Limits of
effective cough-augmentation techniques in patients with neuromuscular
disease. Respiratory Care , v.54, n.3, Mar, p.359-66. 2009.
57. TEITELBAUM, J. S.; BOREL, C. O. Respiratory dysfunction in Guillain-
Barre syndrome. Clinical Chest Medicine , v.15, n.4, Dec, p.705-14.
1994.
58. TZENG, A. C.; BACH, J. R.; Prevention of pulmonary morbidity for
patients with neuromuscular disease. Chest , v.118, n.5, Nov, p.1390-6.
2000.
25
59. VELLODY, V.; NASSERY, M.; DRUZ, W.; et al. Effects of body position
change on thoracoabdominal motion. Journal of Applied Physiology ;
v.45, p.581-589, 1978.
60. VILOZNI, D. ; BARKER, M..; JELLOUSCHEK, H.; et al. An interactive
computer-animated system (SpiroGame) facilitates spirometry in
preschool children. American Journal of Respiratory Critical Care
Medicine , v.164,n.12,Dec15,p.2200-5.2001.
61. WARREN, R. H.; ALDERSON, S. H. Chest wall motion in neonates
utilizing respiratory inductive plethysmography. Journal of
Perinatology, v.14, n.2, Mar-Apr, p.101-5. 1994.
62. ZHOU, L. & H. LU. Targeting fibrosis in Duchenne muscular dystrophy.
Journal Neuropathol Exp Neurol, v.69, n.8, Aug, p.771-6.
26
CAPÍTULO 4 – ARTIGO
Revista para Submissão: Jornal de Pneumologia
Avaliação da cinemática da caixa torácica de crianças com doenças neuromusculares através de pletismografia óptico eletrônica.
Evaluation of the kinematics of the chest wall of children with
neuromuscular diseases through plethysmography optical electronics.
Antônio Francisco de Andrade Ferreira Filho¹, Cyda Maria Albuquerque Reinaux2
Arméle Dornelas de Andrade3, Murilo Carlos Amorim Britto4,
¹ Estudante do Mestrado em Fisioterapia, programa de pós-graduação em Fisioterapia
da Universidade Federal de Pernambuco; Especialista em Fisioterapia em Terapia
Intensiva e em Fisioterapia Respiratória.
²Mestre em Fisioterapia; Professora da pós-graduação de fisioterapia cardiorespiratória
da Universidade Federal de Pernambuco.
³. Professor do Departamento de Fisioterapia da Universidade Federal de Pernambuco.
3 Doutor em Saúde Pública pela Fundação Oswaldo Cruz; Professor de Medicina da
Faculdade Pernambucana de Saúde.
Laboratório de Fisioterapia Cardiopulmonar da Universidade Federal de Pernambuco,
Laboratório: Av. Prof. Morais Rego, nº1235, Cidade Universitária, Revife-PE, Brasil
tel: (81) 2126-8496.
Endereço do Autor¹:Rua Lopes de Carvalho, nº72, Apt 401, Bairro: Madalena; Recife-
Pe; Tel: 81 3226-1956 E-mail:[email protected]
27
Resumo: Objetivo: Descrever a Pletismografia Óptico-Eletronica (POE) como uma
alternativa não invasiva para a avaliação de crianças portadoras de Doenças
Neuromusculares com idade inferior a sete anos. Métodos: estudo de serie de casos, 13
crianças com DNM eram analisadas por um período de dois minutos com o POE na
posição supina e sentada. Resultados: Houve uma taxa de aproveitamento de 75% das
avaliações na posição supina e 83,3% na posição sentada. Três pacientes apresentaram
assicronia importante entre os compartimentos da caixa torácica. Conclusão: a
Pletismografia Óptico-Eletrônica demonstrou ser uma técnica útil para analisar a função
respiratória de crianças menores de seis anos de idade com DNM, gerando dados que
podem identificar o início de sobrecargas a função respiratória, como a assicronia entre
os compartimentos.
Palavras Chaves: Doenças neuromusculares, teste de função respiratória, pletismografia
óptico-eletronica.
Abstract: Objective: Describe optoelectronic plethysmography (POE) as a non-invasive
alternative for the evaluation of children with NMD under the age of seven years.
Methods. Methods: A descriptive study of case series, 13 patients with neuromuscular
diseases (MND) were analyzed over a period of two minutes with POE in supine and
sitting positions. Results: There was a utilization levl of 75% of the assessmentes in the
supine position and 83,3% in the sitting position, three patients had an asynchronous
important among the compartments of the chest. Conclusion: POE shown to be able to
assess lung function in children under six years of age with MND, generating data that
can identify the beginning of overloads respiratory function as an asynchronous
between compartments
Keywords: Neuromuscular diseases, respiratory function test, optical-electronic
plethysmograph.
28
Introdução
As doenças neuromusculares (DNM) são caracterizadas por perda progressiva da
força muscular periférica e respiratória, resultando em tosse ineficaz e deterioração da
função respiratória, que pode ocorrer em surtos ou progressivamente1. A forma
progressiva da doença produz alterações dos gases sanguíneos, hipoxemia e
hipercapnia, decorrentes de hipoventilação2 e a inabilidade de executar adequadamente
o clearence das vias aéreas3. Esses pacientes também apresentam obstrução de vias
aéreas superiores, principalmente na posição supina durante o sono4,5.
Tradicionalmente a avaliação respiratória desses pacientes inclui o exame
clínico, mensuração da função pulmonar e o registro polissonográfico. O déficit
funcional está relacionado à redução da capacidade vital e fraqueza da musculatura
respiratória6 e surge antes dos indivíduos tornarem-se sintomáticos7. Testes
convencionais de função pulmonar e muscular respiratória necessitam de cooperação e
são difíceis de realizar em crianças menores de seis anos8,9.
A medição da pressão esofágica, estímulo elétrico e ou magnético dos músculos
respiratórios são exames mais invasivos, complexos e não são bem tolerados pelos
pacientes9,10 . Outros testes avaliam a mobilização da caixa torácica, a pletismografia de
induntancia respiratória (PIR) é a mais comum, no entanto precisa de coeficiente de
calibração em cada medição e deve ser utilizada em conjunto com espirometro ou
pneumotacografo11,12.
Um método acurado para estimar o volume absoluto e com boa discriminação de
suas variações durante a respiração é a Pletismografia Óptica Eletrônica (POE) 13,14. É
um procedimento aparentemente útil para pacientes com DNM porque não exige
participação ativa do indivíduo examinado, nem é invasivo. O objetivo deste estudo foi
29
avaliar a capacidade do POE de mensurar alterações da cinemática da caixa torácica de
crianças menores de sete anos de idade portadoras de DNM.
Materiais e Métodos
O estudo foi do tipo descritivo de série de casos. Foram incluídas 13 crianças
admitidas de forma consecutiva, provenientes do ambulatório de Neurologia da
Associação de Apoio a Criança com Deficiência (AACD) de Recife, Pernambuco. As
crianças portadoras de DNM eram encaminhadas ao Laboratório de Fisioterapia Cardio-
Pulmonar pelo neuropediatra assistente.
Crianças de um até seis anos com diagnóstico prévio de DNM e clinicamente
estáveis eram incluídas no estudo após assinatura do termo de consentimento livre e
esclarecido pelos responsáveis.
Os critérios de exclusão foram: paralisia cerebral, distúrbio comportamental ou
psiquiátrico que impossibilitasse a realização do exame, trauma raquimedular, epilepsia
e asma.
Os participantes foram analisados durante um período de dois minutos com a
POE (OEP System; BTS bioengineering, Milan, Italy) tanto em posição sentada quanto
em supino, utilizando 89 e 52 marcadores respectivamente15,16.A avaliação pulmonar foi
feita dividido-se a caixa torácica em três compartimentos: Caixa Torácica pulmonar
(CTp), diafragmática (CTa), e abdominal (AB), sendo o volume total a soma do
volume desses compartimentos14.
A avaliação da função respiratória foi realizada utilizando-se o programa
Analayser, que determinou os volumes pulmonares, os fluxos inspiratórios e
expiratórios, e os tempos inspiratórios e expiratórios, em decorrência da falta de valores
de referência os dados foram normalizados pela altura e peso. Outro dado avaliado foi
sincronia respiratória, pela falta de valores de normalidade do ângulo fase, nesse estudo
30
a assicronia só foi considerada significativa quando houve negativação do volume de
algum compartimento na inspiração, sendo identificado como um padrão paradoxal17,18.
O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa Envolvendo Seres
Humanos do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal de Pernambuco,
protocolo nº140\2010.
Analise Estatística:
Após a coleta de dados foi realizada a análise estatística através do programa
Statistical Package for the Social Sciences - SPSS versão 15.0 (Statsoft Inc 2006). Os
resultados foram expressos em médias e desvios padrões, tendo sido apresentados de
forma tabular e gráfica. O teste t de Student de amostras independentes foi utilizado
para comparar as médias, considerado um nível de significância de 5%.
Resultados:
Das 13 crianças elegíveis, uma foi excluída por apresentar asma após avaliação.
Das 12 restantes três não conseguiram ser analisados com a POE na posição supina e
dois na sentada, resultando em uma taxa de aproveitamento da avaliação de 83,3%
sentado e 75% supino. As crianças estavam em fase de avaliação da função respiratória
e motora e ainda não estavam realizando tratamento. As características das crianças
estudadas são descritas na tabela 1.
Tabela 1. Característica de pacientes com doença neuromuscular avaliados através de pletismografia óptco eletrônica. Pacientes Sexo Idade
(Meses) Altura (cm)
Peso (Kg)
IMC (Kg\m²)
Diagnóstico etiológico
1 F 36 90 11,7 14,40 Doença difusa de Motoneuronio 2 F 65 108 13,6 11,72 Amiotrofia Espinhal tipo 2 3 F 80 119 21,4 15,17 Distrofia Muscular Congênita 4 M 66 113 16,55 13,03 Neuropatia Congênita indefinida 5 F 36 93 15,9 18,48 Neuropatia Congênita indefinida 6 F 42 100 16,6 16,60 Distrofia Muscular Congênita 7 F 71 110 12,8 10,57 Distrofia Muscular Congênita 8 M 20 88 12 13,63 Miopatia Multiminicore 9 F 42 102 12,9 12,40 Neuropatia Congênita Indefinida
10# F 14 63 5,88 15,07 Distrofia Muscular Congênita F: feminino, M: masculino IMC: índice de massa corpórea.# Não se obteve analise em supino.
31
Os volumes pulmonares absolutos, os volumes de todos os compartimentos e a
porcentagem de participação de cada compartimento na formação do volume total estão
representados na tabela 2.
Os volumes pulmonares em relação ao peso tiveram valor médio de 10,77 ±3,1
ml/kg na posição sentada e 8,39±2,35 ml/kg na posição supina, apenas o volume total
apresentou uma redução significativa com a mudança de decúbito p=0,005.
Tabela 2 Representação absoluta de volumes pulmonares expresso em média e desvio padrão, percentual de ventilação dos compartimentos e percentual de queda de sentado para supino. Media
ml/Kg(±DP) Percentual Compartimentos %
Percentual de Queda %
Numero de pacientes
*V.t.sent 10,77±2,96 ---- ---- 10
V.CTp.sent 2,56±1,93 21,74 ---- ----
V.CTa.sent 1,55±0,90 14,20 ---- ----
V.AB.sent 6,62±1,98 64,06 ---- ----
*V.t.sup 8,39±2,35 ---- 22,1 9
V.CTp.sup 2,12±2,40 22,53 17,2 ----
V.CTa.sup 1,20±1,21 12,61 22,5 ----
V.AB.sup 5,06±1,89 62,86 23,5 ----
*p< 0,05; V.t.sent =volume total sentado; V.CTp.sent= vol. caixa torácica pulmonar sentado .CTa.sent= vol. caixa torácica abdominal sentado V.AB.sent= vol. abdominal sentado V.t.sup= vol. total em supino V.CTp.sup= vol. caixa torácica pulmonar em supino V.CTa.sup= vol. caixa torácica abdominal em supino V.AB.sup= vol. de abdômen em supino.
Três pacientes apresentaram assincronia entre os compartimentos
pulmonares. Esta assincronia é representada na figura 1. Um apresentou a assincronia
em posição supina e sentada, dois apresentaram somente na posição supina,
respectivamente os pacientes numero dois, um e oito da tabela 1. Estas ocorreram no
VCTp e VCTa.
32
Figura 1. Representação gráfica da POE com negativação de volume pulmonar na inspiração em supino e
sentado do paciente numero dois. Volume da caixa torácica pulmonar; Volume da caixa torácica
abdominal; Volume Abdominal.
Os tempos inspiratórios e expiratórios em relação à altura de cada criança
tiveram respectivamente uma média ± desvio padrão(DP) de 0,94 ± 0,21 e 1,45± 0,47
seg/m na posição sentada e 0,69± 0,36 e 1,12 ± 0,59 seg/m na posição supina. O volume
minuto em relação à altura teve uma média ± DP de 4,16±1,06 L/m em sentado e
3,34±0,62 L/m em supino.
Os picos de fluxos inspiratórios e expiratórios em relação à altura das crianças
tiveram uma média ±DP de 0,17 ±0,04 e 0,11 ± 0,03 L/seg/m na posição sentada e em
supino 0,15 ±0,05 e 0,09 ± 0,01 L/seg/m respectivamente.
Discussão
Este estudo evidencia que a POE é um método possível de ser realizado na
grande maioria das crianças menores de seis anos de idade com DNM. A avaliação
Ciclo respiratório de cada compartimento-supino Ciclo respiratório de cada compartimento-sentado
Ciclo % Ciclo %
33
funcional nestas crianças é importante para eleger as melhores opções terapêuticas,
evitando falência respiratória precoce19.
Alguns estudos avaliaram a função respiratória através de movimentação da
caixa torácica nessa faixa etária com pletismografia respiratória por indutância
(PRI)11,12. No entanto nenhum estudo realizado com POE em crianças nessa faixa etária
foi encontrado, o PRI utiliza faixas localizadas ao redor do abdômen e gradil costal, já o
POE utiliza marcadores em toda caixa torácica o que pode o tornar mais sensível.
Avaliados pré-escolares saudáveis, Eigen et al em 2001 encontraram uma taxa
de realização efetiva em alguns parâmetros da espirometria de 82,6%20, a ATS\ERSS
em 2007 descreve que a capacidade de realização de testes de função pulmonar em
crianças de idade pré-escolar acima de três anos pode variar de 58% à 73%, dependendo
da metodologia do teste e de qual parâmetro é levado em consideração na avaliação9.
Nosso estudo realizou a POE em crianças de idade mais jovem e portadores de DNM, o
que pode ter dificultado a sua realização. Mesmo assim encontramos uma maior
proporção de exames adequados do que o descrito por Eigen20.
Valores de referência para testes de função pulmonar em crianças de idade pré-
escolar são descritos para medidas como volume expiratório forçado no primeiro
segundo (VEF1), pico de fluxo expiratório e resistência na via aérea21,22, no entanto
poucos estudos foram encontrados com valores de referência para a avaliação de
ventilação em repouso, os quais não podem ser utilizados para comparação de nosso
estudo, pois utilizam técnicas e parâmetros diferentes do analisado pelo POE. A
ATS\ERSS em 2007 indica a necessidade de mais estudos clínicos de avaliação de
ventilação em repouso em crianças pré-escolares9. A avaliação ventilatória em repouso
atualmente é feita através de medidas de fluxo com interfaces que podem interferir nos
dados e pela avaliação de PRI23,24.
34
Esse estudo avaliou crianças tanto em posição supina quanto sentada, sem
comprometimento na taxa de aproveitamento, não precisou de calibração para cada
paciente o que é necessário na PRI e outros testes pulmonares para cálculo de volumes
pulmonares, além disso, a medida na PRI pode não ser confiável se a posição e
condição do paciente difere do momento da calibração9,25.
A mudança de posição de sentada para supino acarretou queda do volume
pulmonar de 22,1%, a mudança de decúbito leva a redução da CRF e maior
desvantagem mecânica do diafragma pela compressão abdominal em indivíduos com
déficit de força26, estudo espirométrico indica que piora de 40% ou mais no valor de
CVF em supino é indicativo de grande comprometimento do diafragma nessa posição e
indica a necessidade de se avaliar essa crianças nos dois decúbitos27.
A análise da ventilação entre os compartimentos pulmonares indicou uma maior
ventilação do compartimento AB, seguido pelo CTp e a menor ventilação na CTa, tanto
na posição supino quanto sentado. Um estudo em 2010 também encontrou maior
ventilação no compartimento AB em crianças com DMD acima de seis anos de idade.
Nesse estudo a contribuição da ventilação pelo compartimento AB reduziu com a idade
e automaticamente a contribuição do compartimento CTp aumentou, a variação da
ventilação se acentuou na posição supina, esses dados foram associados, no estudo, com
aumento no comprometimento da força muscular do diafragma10. Diferente do que foi
encontrado, o nosso estudo não encontrou variação do percentual dos volumes
compartimentais com a modificação da posição, isto pode ter ocorrido, pois os pacientes
eram mais jovens e progressão da doença não atingiu esses níveis.
Encontramos em três pacientes assincronia importante no padrão ventilatório,
com negativação do volume inspiratório, no padrão normal da ventilação a caixa
torácica se move para fora durante a inspiração completamente em fase com o
35
movimento para fora do abdômen18. Com o aumento progressivo do trabalho
respiratório ou da fraqueza muscular, e conseqüentemente maior negativação da pressão
intratorácica gerada ou fraqueza dos músculos intercostais, as costelas se movem para
dentro gerando assincronia entre os compartimentos, deixando os compartimentos fora
de fase28.
Os três pacientes que apresentaram a assincronia divergiram muito em relação à
idade, também eram portadores de doenças diferentes, cada doença com evolução
clinica característica, no entanto a assincronia apresentada nos três pacientes,
independente da fase de evolução da doença, pode estar demonstrando um maior
trabalho imposto e ou fraqueza da musculatura inspiratória. Necessitando de mais
trabalhos para se ter uma conclusão sobre a causa.
Alguns estudos descrevem o cálculo do ângulo fase para se identificar
assincronias, esse cálculo é feito com a diferença angular entre duas formas de onda da
mesma freqüência11, em nosso estudo não utilizamos o ângulo fase e sim a negativação
da ventilação pulmonar quando comparado com outro compartimento, pois queríamos
identificar um padrão paradoxal, o qual já poderia identificar uma fraqueza muscular
importante acarretando redução dos volumes pulmonares18,28 gerando dados para
terapias respiratórias como o uso de ventilação não invasiva29 e técnicas de fisioterapia
respiratória.
A percepção da padrão paradoxal em dois pacientes apenas na posição supina
identifica uma maior carga imposta nessa posição, a posição deitada gera desvantagem
mecânica aos músculos inspiratórios, acarretando uma maior sobrecarga nesses
pacientes26. A mudança da posição nesses dois pacientes talvez seja o limiar para
identificação da assincronia pelo POE.
36
Limitações do estudo:
A heterogeneidade da amostra levou a uma variabilidade grande nas doenças das
crianças. Idade, altura e peso também apresentaram variação. A falta de valores de
referência impediu a comparação dos dados e a sua normalização. Nosso estudo
também não teve grupo controle, estudos controlados são necessários para esclarecer
melhor os achados.
Conclusão
O estudo foi o primeiro a ser realizado com o POE em paciente com DNM nessa
faixa etária. O POE demonstrou ser capaz de analisar a função respiratória de crianças
menores de seis anos de idade com DNM, gerando dados que podem identificar o inicio
de sobrecargas a função respiratória como a assincronia entre os compartimentos, no
entanto pela falta de dados de referências nessa faixa etária, não foi possível comparar
as crianças portadoras de DNM e padrões normais. Há necessidade de mais estudos da
função respiratória de crianças pequenas, principalmente de portadores de doenças
neuromusculares.
Referencias Bibliográficas.
1. Lanini B, Masolini M, Bianchi R et al. Chest wall kinematics during voluntary
cough in neuromuscular patients. Resp Physi Neuro 2008; 161; 62-68.
2. Paschoal IA, Wander OV, Pereira MC. Insuficiência respiratória crônica nas
doenças neuromusculares: diagnostico e tratamentos. J Bras Pneumol 2007; 33
n1; 81-92.
3. Mehta S. Neuromuscular disease causing acute respiratory failure. Respir Care.
2006 Sep;51 n9;1016-21; discussion 21-3.
37
4. Alves RS, Resende MB, Skomro RP, Souza FJ, Reed UC. Sleep and
neuromuscular disorders in children. Sleep Med Rev 2009 Apr;13(2):133-48.
5. Katz SL. Assessment of sleep-disordered breathing in pediatric neuromuscular
diseases. Pediatrics. 2009 May;123 Suppl 4:S222-5.
6. Paschoal IA, Villalba WO, Pereira MC. Insuficiência respiratória crônica nas
doenças neuromusculares: diagnostico e tratamento. J Bras Pneumol. 2007;
33(1): 81-92
7. Mehta S. Neuromuscular disease causing acute respiratory failure. Respir Care
2006 Sep;51(9):1016-21; discussion 21-3.
8. Toussaint M, Boitano LJ, Gathot V, Steens M, Soudon P. Limits of effective
cough-augmentation techniques in patients with neuromuscular disease. Respir
Care. 2009 Mar;54(3):359-66
9. Beydon N, Davis SD, Lombardi E, Allen JL, Arets HG, Aurora P, et al. An
official American Thoracic Society/European Respiratory Society statement:
pulmonary function testing in preschool children. Am J Respir Crit Care Med.
2007 Jun 15;175(12):1304-45.
10. Mauro AL, D`Angelo MG, Romei M. Abdominal volume contribution to tidal
volume as an early indicator of respiratory impairment in Duchene muscular
dystrophy. Eur Respir J 2010; 35; 1118- 1125.
11. Brown KA, Bissonnette B, Holtby H, Shandling B, Ein S. Chest wall motion
during halothane anaesthesia in infants and young children. Can J Anaesth. 1992
Jan;39(1):21-6.
12. Prisk GK, Hammer J, Newth CJ. Techniques for measurement of
thoracoabdominal asynchrony. Pediatr Pulmonol. 2002 Dec;34(6):462-72.
38
13. Agostoni E, D’Angelo E. Statics of the chest wall. The Thorax New York:
Dekker 1988: 259-295.
14. Aliverti A, Pedotti A. Opto-Electronic Plethysmography. Monaldi Arch Chest
Dis 2003; 59 n.1:. 12-16.
15. Cala SJ, Kenyon CM, Ferrigno G, Carnevali P, Aliverti A, Pedotti A, Macklem
PT, Rochester DF. Chest wall and lung volume estimation by optical reflectance
motion analysis. Journal of Applied Physiology 1996; 81: 2680-2689.
16. Aliverti A, Dellaca R, Pelosi P, Chiumello D, Gatihnoni L, Pedoti A.
Compartmental analysis of breathing in the supine and prone positions by
optoelectronic plethysmography. Ann Biomed Eng. 2001 Jan;29(1):60-70.
17. Dellaca RL, Ventura ML, Zannin E, Natile M, Pedotti A, Tagliabue P.
Measurement of total and compartmental lung volume changes in newborns by
optoelectronic plethysmography. Pediatr Res. Jan;67(1):11-6.
18. Hammer J, Newth CJ. Assessment of thoraco-abdominal asynchrony. Paediatr
Respir Rev. 2009 Jun;10(2):75-80.
19. Lechtzin N, Rothstein J, Clawson L, Diette GB, Wiener CM. Amyotrophic
lateral sclerosis: evaluation and treatment of respiratory impairment ALS and
other motor neuron disorders 2002; 3: 5-13.
20. Eigen H, Bieler H, Grant D, Christoph K, Terrill D, Heilman DK, et al.
Spirometric pulmonary function in healthy preschool children. Am J Respir Crit
Care Med. 2001 Mar;163(3 Pt 1):619-23.
21. Rech VV, Vidal PCV, Melo Júnior HT, Stein RT, Pitrez PMC, Jones MH.
Resistência de vias aéreas em crianças medidas pela técnica de interruptor:
valores de referência. J Bras Pneumol. 2008; 34(10):796-803
39
22. Zapletal A, Chalupova J. Forced expiratory parameters in healthy preschool
children (3-6 years of age). Pediatr Pulmonol. 2003 Mar;35(3):200-7.
23. van der Ent C, Brackel H, van der Laag J, Bogaard J. Tidal breathing analysis as
a measure of airway obstruction in children three years of age and older. Am J
Respir Crit Care Med 1996;153:1253–1258.
24. Bates JHT, Schmalisch G, Filbrun D, Stocks J. Tidal breath analysis for infant
pulmonary function testing. Eur Respir J 2000;16:1180–1192.
25. Sackner MA, Belsito AS, Feinerman D, Suarez M, Gonzalez G, Bizousky F,
Krieger B. Calibration of respiratory inductive plethysmography during natural
breathing. J Appl Physiol 1989;66:410–420.
26. Perrin C, Unterborn JN, Ambrosio C, Hill NS. Pulmonary complications of
chronic neuromuscular disease and their management. Muscle Nerve 2004; 29:
5-27.
27. Villalba WO, Pereira MC, Paschoal IA. Forced vital capacity in seated and
supine position in patients with amyotrophic lateral sclerosis. Eur Respir J.
2003;22(Suppl 45):49S.
28. Hammer J, Newth CJL. Measurements of thoraco-abdominal asynchrony and
work of breathing in children. In: Hammer J, Eber E, eds: Paediatric Pulmonary
Function Testing. Karger: Basel, 2005; pp. 148–156.
29. Kiciman NM, Andreasson B, Bernstein G et al. Thoracoabdominal motion in
newborns during ventilation delivered by endotracheal tube or nasal prongs.
Pediatr Pulmonol 1998; 25: 175–181.
40
CAPÍTULO 5- CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo utilizou o POE para avaliar a função respiratória de crianças
com DNM, concluiu que o POE é exeqüível na analise da função pulmonar
destas crianças.
O POE foi uma ferramenta simples e de fácil avaliação destes pacientes,
não necessitou de cooperação para realização das manobras, apenas
estímulos externos, livros, brinquedos e vídeos foram dados aos pacientes para
que ficassem parados para a realização da técnica.
Os compartimentos pulmonares foram analisados pela percentagem de
contribuição de cada um e demonstrou uma pequena variação da posição
supina para sentada. Foi identificado assincronia respiratória de alguns
pacientes, este dado pode indicar uma sobrecarga respiratória ou fraqueza
muscular, visto que em dois pacientes esta assincronia só foi observada na
posição supina, a qual leva a uma desvantagem mecânica muscular.
Mais estudos controlados, randomizados são necessários para uma
melhor análise dos dados adquiridos pelo POE e um possível utilização clinica
dos dados obtidos.
42
ANEXO 2- ARTIGO DE REVISÃO
Revista para submissão- Jornal Português de Pneumologia
EFEITO DE BRONCODILATADORES NO TESTE DE FUNÇÃO PULMONAR EM
INDIVÍDUOS COM DISPLASIA BRONCOPULMONAR: REVISÃO
SISTEMÁTICA
EFFECT OF BRONCHODILATOR IN PULMONARY FUNCTION TEST IN
INDIVIDUALS WITH BRONCHOPULMONARY DYSPLASIA: A SYSTEMATIC
REVIEW
43
Autores: Antônio Francisco de Andrade Ferreira Filho¹, Arméle de Fátima Dornelas de
Andrade2, Alana Elza Da Gama³, Murilo Carlos Amorim Britto4,
¹ Estudante do Mestrado em Fisioterapia pelo programa de pós-graduação da
Universidade Federal de Pernambuco; Especialista em Fisioterapia em Terapia
Intensiva pela Faculdade Redentor.
². Professor do Departamento de Fisioterapia da Universidade Federal de Pernambuco.
³ Estudante do Mestrado em Fisioterapia pelo programa de pós-graduação da
Universidade Federal de Pernambuco.
4 Doutor em Saúde Pública pela Fundação Oswaldo Cruz; Professor de Medicina da
Faculdade Pernambucana de Saúde
Laboratório de Fisioterapia Cardiopulmonar da Universidade Federal de Pernambuco,
Laboratório: Av. Prof. Morais Rego, nº1235, Cidade Universitária, Revife-PE, Brasil
tel: (81) 2126-8496.
Endereço do Autor¹:Rua Lopes de Carvalho, nº72, Apt 401, Bairro: Madalena; Recife-
Pe; Tel: 81 3226-1956 E-mail:[email protected]
44
Resumo: Objetivo: Determinar a eficácia de broncodilatadores na melhora de
parâmetros de função pulmonar em indivíduos que apresentaram displasia
broncopulmonar (DBP) Métodos: Foi realizada uma busca por dois avaliadores
independentes na base dados da PUBMED, SCOPUS e BIREME. Utilizado-se os
descritores Bronchopulmonary Dysplasia, Bronchodilator Agents, Bronchodilator
Agents [Pharmacological Action], Respiratory Function Tests, foram incluídos os
ensaios clínicos que avaliavam a resposta de broncodiltadores simpaticomiméticos nos
testes de função pulmonar de pacientes com DBP Resultados: três ensaios clínicos
foram incluídos na revisão, apresentando desenhos de estudos e técnicas para avaliação
da função pulmonar diferentes, dois estudos encontraram uma melhora no teste de
função pulmonar após o uso de broncodilatadores e um não encontrou diferença em
relação ao grupo controle. Conclusão: Necessita-se de estudos controlados,
aleatorizados, com um maior rigor metodológico na avaliação da atuação dos
broncodilatadores no teste de função pulmonar em pacientes com DBP.
Palavras-chaves ( Displasia broncopulmonar, Agentes Broncodilatadores, teste de
função respiratória) e key-words (Bronchopulmonary Dysplasia, Bronchodilator
Agents, Respiratory Function Tests)
45
Abstract: Objective: To analyze the effect of bronchodilators on lung function test in
individuals who developed bronchopulmonary dysplasia (BPD) Methods: A search was
conducted by two independent investigators in the PUBMED database, SCOPUS and
indexed. Used the following descriptors Bronchopulmonary Dysplasia, Bronchodilator
Agents, Bronchodilator Agents [Pharmacological Action] Respiratory Function Tests,
were included in clinical trials that evaluated the changes that broncodiltadores
sympathomimetic provoked in the pulmonary function tests of patients with BPD.
Results: three trials were included in the review, with study designs and techniques to
evaluate the different lung function, two studies found an improvement in pulmonary
function test after the use of bronchodilators and one found no difference in the control
group. Conclusion: There is need for controlled studies, randomized, with a more
rigour evaluation of metodoligico acting bronchodilator in pulmonary function test in
patients with BPD.
Palavras-chaves ( Displasia broncopulmonar, Agentes Broncodilatadores, teste de
função respiratória)
key-words (Bronchopulmonary Dysplasia, Bronchodilator Agents, Respiratory Function
Tests).
46
Introdução
A displasia broncopulmonar(DBP) foi descrita inicialmente em 1967 como uma
doença pulmonar crônica que acometia recém-nascidos prematuros com síndrome do
desconforto respiratório, ou doença da membrana hialina, submetidos à ventilação
mecânica prolongada com níveis pressóricos e frações inspiradas de oxigênio (FiO2)
elevados1.
Com as mudanças no perfil epidemiológico e nas características clínicas e
histopatológicas da doença, em decorrência dos novos tratamentos e prevenções, foram
propostos novos critérios diagnósticos e de avaliação da gravidade da DBP2,3. Assim, a
DBP deve ser considerada em qualquer neonato que permaneça dependente de oxigênio
em concentrações acima de 21% por um período maior ou igual a 28 dias, utilizando os
critérios de Jobe e Bancalari ela deve ser classificada em leve, moderada e grave4.
O diagnóstico de doença pulmonar crônica, onde a DBP pode se enquadrar, é
associado com um maior taxa de readmissão hospitalar e morbidade nos 5 primeiros
anos de vida5, pode levar a um retardo no desenvolvimento motor6. Sobreviventes da
DBP podem ter disfunção pulmonar persistentes, sobre a função pulmonar mesmo que
clinicamente estável, estudos demonstram aumento da resistência de vias aéreas,
aumento da capacidade residual funcional (CRF) e aumento da razão do volume
residual e da capacidade pulmonar total7,8,9.
Aerossóis simpaticomiméticos, incluindo isoproterenol, terbutalina, albuterol, e
salbutamol, parecem melhorar a função pulmonar através da redução das resistências
das vias aéreas, aumento da complacência dinâmica, condutância específicas das vias
aéreas e bem como a capacidade vital forçada10,11,12.
No entanto, no estudo de revisão de 2006 os autores concluíram que apesar de
haver trabalhos que falam do uso de broncodilatador (BD) não se pode dar qualquer
47
recomendação clara ao uso ou desuso desses medicamentos em paciente com DBP
instáveis ou estáveis13.
O objetivo deste estudo foi realizar uma revisão sistemática do efeito de
broncodilatadores no teste de função pulmonar em indivíduos que apresentaram DBP.
Material e Métodos
Para identificar os estudos publicados sobre teste de função pulmonar levando-se
em conta o uso de broncodilatadores em pacientes com DBP, foi realizada uma revisão
sistemática da literatura, no mês de agosto de 2009, nos bancos de dados MEDLINE,
BIREME e SCOPUS. Os dados publicados em língua inglesa, portuguesa e espanhola
de janeiro de 1994 a agosto de 2009 foram incluídos no estudo.
Para a seleção dos artigos foram utilizados os termos do Medical Subject
Headings (MESH). Os descritores utilizados na pesquisa foram: Bronchopulmonary
Dysplasia, Bronchodilator Agents, Bronchodilator Agents [Pharmacological Action],
Respiratory Function Tests e suas combinações através de conectores. Dois
pesquisadores independentes avaliaram os artigos pelos títulos e resumos, selecionando
potenciais relevantes estudos.
Foram incluídos todos ensaios clinico encontrados que avaliavam as alterações
que broncodiltadores simpaticomiméticos ocasionavam nos testes de função pulmonar
em pacientes com DBP.
Foram excluídos estudos com publicação apenas em resumos, que utilizavam
pacientes em ventilação mecânica e com crianças com mais de seis anos de idade.
48
Resultados
Foram encontrados 66 artigos na busca nos bancos de dados com estes
descritores, onde um foi excluído por se encontrar em idioma não dominado (polonês),
o processo de seleção está descrito na figura 1.
Três publicações foram ensaios clínicos não aleatorizados, apresentando
diferentes desenhos de estudos. Robin et al em 200414 utilizaram um grupo com DBP e
um grupo controle formado em outro estudo com participantes sem displasia
broncopulmonar. Em 1998 De Boeck et al15, compararam as alterações provocadas, por
dois tipos de broncodilatadores, em um teste de função pulmonar em lactentes com e
sem diagnóstico prévio de DBP. Em 2007 Thamrin et al16 avaliaram o efeito de
broncodilatadores no teste de função pulmonar em lactentes saudáveis e compararam
esses resultados a dados de testes realizados previamente em crianças com fibrose
cística (FC), doença pulmonar crônica neonatal (DPCn), asmáticos e sibilantes sem
diagnósticos de asma.
Dados destes estudos com suas metodologias e conclusões estão relatados nas
tabelas 1 e 2.
Discussão
A displasia broncopulmonar é uma doença comum em recém nascidos
prematuros e suas alterações na função pulmonar são um desafio no tratamento.
Teoricamente o uso de broncodilatadores irá melhorar a resistência das vias aéreas e
assim diminuir o trabalho respiratório destes pacientes¹³.
Os lactentes pré-termos que tem DBP apresentam alterações na função pulmonar
com aumento de resistência de vias aéreas levando a hiperinsuflação17, esses dados
corroboraram com os resultados obtidos pelos artigos incluídos nesta revisão.
49
Contudo Baraldi et al em 2005 avaliando o Oxido nítrico exalado (ONE), que é
considerado um marcador indireto da eosinofilia, inflamação das vias aéreas e lesão
endotelial18,19, e a função pulmonar em um grupo de 31 pacientes de idade escolar que
sobreviveram a DBP, apresentaram reduzido valor de ONE e falta de reversibilidade a
beta2-agonistas quando comparados a pacientes com asma, provavelmente em
decorrência a mudanças estruturais das vias aéreas20.
Em relação à resposta a broncodilatadores estudada nesta revisão, dois dos
estudos incluídos observaram que quanto mais reduzida a função pulmonar maior seria
a resposta a esse tratamento, no entanto De Boeck et al em 199815 não encontraram uma
diferença no tratamento com BD nos testes de função pulmonar nos lactentes com DBP
e observou um decaimento nos valores do teste de função pulmonar em lactentes sem
DBP após o uso do BD, esse trabalho não utilizou a avaliação do fluxo expiratório
máximo, contudo em conjunto a American Thoracic Society / European Respiratory
Society indicam que a técnica de compressão abdominal com enchimento pulmonar
seria mais sensível para avaliar a resposta a broncodilatadores nessa faixa etária21 , essa
técnica sendo apenas utilizada no ensaio de Robin14.
Analisando as respostas a duas formas de entrega de aerossol, por forma de
nebulização a jato e inalação dosimetrada, em pacientes com DBP, Gappa et al em
199722 avaliaram as alterações na mecânica pulmonar destes pacientes ao
broncodilatador, concluindo que não há diferença entre os dois métodos e encontraram
uma tendência de lactentes que tem maior resistência basal ter maior resposta aos BD
Com a utilização de um pletismógrafo de corpo inteiro, recentemente um estudo
não aleatorizado publicado em 2008, avaliou a resposta a broncodilatadores em
neonatos e concluiu que os pacientes com DBP apresentavam redução significativa na
resistência de vias aéreas e aumento na condutância específica após a utilização do BD,
50
sugerindo contribuição importante da obstrução de vias aéreas na função pulmonar de
lactentes23 corroborando com alguns dos estudos incluídos na revisão.
Estudos de seguimento tipo coorte encontrados na pesquisa no banco de dados
,mas que não foram incluídos no trabalho, identificaram dados contrários a maior
resposta a broncodilatadores em pacientes com DBP, Kulasecaran et al em 2007 com
crianças ate oito anos de idade não acharam diferença a resposta a broncodilatadores em
relação ao grupo controle24, o que também foi observado por Halvorsen et al em 2004
em pessoas de idade adulta, no entanto nesse mesmo estudo foi observado uma maior
hiperresponsividade brônquica e um decaimento na prova de função pulmonar em
nascidos que adquiriram a DPC25.
Os estudos incluídos na revisão apresentaram desenho de estudos sem
aleatorização para a comparação do efeito de broncodilatador, Robin et al em 2004 e
Thamrin et al em 2007 utilizaram grupos controles de outros estudos e de resultados de
outros bancos de dados respectivamente14,17. Essas formas de ensaios clínicos
predispõem a vieses e exageram a resposta terapêutica26. Desta forma esses desenhos de
estudos diferenciados e essa falta de aleatorização impedem uma conclusão expressiva
sobre o efeito do broncodilatador no teste de função pulmonar em crianças com DBP
Conclusão
Os estudos encontrados são insuficientes para concluir sobre a eficácia de
broncodilatadores na melhora de parâmetros de função pulmonar em indivíduos que
apresentaram displasia broncopulmonar sendo necessários estudos controlados,
aleatorizados, com um maior rigor metodológico na avaliação da atuação dos
broncodilatadores no teste de função pulmonar em pacientes com DBP.
51
Referências
1. Northway WH, Jr., Rosan RC, Porter DY. Pulmonary disease following
respirator therapy of hyaline-membrane disease. Bronchopulmonary dysplasia. N Engl J
Med. 1967 16;276(7):357-68.
2. Jobe AH, Bancalari E. Bronchopulmonary dysplasia. Am J Respir Crit Care
Med. 2001; 163(7):1723-9.
3. Monte LF, Silva Filho LV, Miyoshi MH, Rozov T. [Bronchopulmonary
dysplasia]. J Pediatr (Rio J). 2005; 81(2):99-110.
4. Bancalari E, Claure N. Definitions and diagnostic criteria for bronchopulmonary
dysplasia. Semin Perinato. 2006;30(4):164-70.
5. Palta M, Sadek M, Barnet JH, Evans M, Weinstein MR, McGuinness G, et al.
Evaluation of criteria for chronic lung disease in surviving very low birth weight
infants. J Pediatr. 1998 ;132(1):57-63.
6. Anderson PJ, Doyle LW. Neurodevelopmental outcome of bronchopulmonary
dysplasia. Semin in Perinato. 2006 ;30(4):227-32.
7. Vrijlandt EJ, Boezen HM, Gerritsen J, Stremmelaar EF, Duiverman EJ.
Respiratory health in prematurely born preschool children with and without
bronchopulmonary dysplasia. J Pediatr. 2007;150(3):256-61.
52
8 . Allen J, Zwerdling R, Ehrenkranz R, Gaultier C, Geggel R, Greenough A, et al.
Statement on the care of the child with chronic lung disease of infancy and childhood.
Am J Respir Crit Care Med. 2003 ;168(3):356-96.
9. Chess PR, D'Angio CT, Pryhuber GS, Maniscalco WM. Pathogenesis of
bronchopulmonary dysplasia. Semin Perinato. 2006;30(4):171-8.
10. Rotschild A, Solimano A, Puterman M, Smyth J, Sharma A, Albersheim S.
Increased Compliance in Response to Salbutamol in Premature-Infants with Developing
Bronchopulmonary Dysplasia. J Pediatr. 1989;115(6):984-91.
11. Kao LC, Durand DJ, Nickerson BG. Effects of inhaled metaproterenol and
atropine on the pulmonary mechanics of infants with bronchopulmonary dysplasia.
Pediatr Pulmonol. 1989;6(2):74-80.
12. Nickerson BG, Durand DJ, Kao LC. Short-Term Variability of Pulmonary-
Function Tests in Infants with Bronchopulmonary Dysplasia. Pediatr Pulmonol.
1989;6(1):36-41.
13. Pantalitschka T, Poets CF. Inhaled drugs for the prevention and treatment of
bronchopulmonary dysplasia. Pediatr Pulmonol. 2006;41(8):703-8.
14. Robin B, Kim YJ, Huth J, Klocksieben J, Torres M, Tepper RS, et al. Pulmonary
function in bronchopulmonary dysplasia. Pediatr Pulmonol. 2004;37(3):236-42.
53
15. De Boeck K, Smith J, Van Lierde S, Devlieger H. Response to bronchodilators
in clinically stable 1-year-old patients with bronchopulmonary dysplasia. Eur J Pediatr.
1998;157(1):75-9.
16. Thamrin C, Gangell CL, Udomittipong K, Kusel MM, Patterson H, Fukushima
T, et al. Assessment of bronchodilator responsiveness in preschool children using forced
oscillations. Thorax. 2007;62(9):814-9.
17. Gross SJ, Iannuzzi DM, Kveselis DA, Anbar RD. Effect of preterm birth on
pulmonary function at school age: a prospective controlled study. J Pediatr.
1998;133(2):188-92
18. Payne DN, Adcock IM, Wilson NM, Oates T, Scallan M, Bush A. Relationship
between exhaled nitric oxide and mucosal eosinophilic inflammation in children with
difficult asthma, after treatment with oral prednisolone. Am J Respir Crit Care Med.
2001;164(8 Pt 1):1376-81.
19. Malmstrom RE, Tornberg DC, Settergren G, Liska J, Angdin M, Lundberg JO,
et al. Endogenous nitric oxide release by vasoactive drugs monitored in exhaled air. Am
J Respir Crit Care Med. 2003;168(1):114-20
20. Baraldi E, Bonetto G, Zacchello F, Filippone M. Low exhaled nitric oxide in
school-age children with bronchopulmonary dysplasia and airflow limitation. Am J
Respir Crit Care Med. 2005;171(1):68-72.
54
21 Beydon N, Davis SD, Lombardi E, Allen JL, Arets HG, Aurora P, et al. An
official American Thoracic Society/European Respiratory Society statement: pulmonary
function testing in preschool children. Am J Respir Crit Care Med. 2007;175(12):1304-
45
22 Gappa M, Gartner M, Poets CF, von der Hardt H. Effects of salbutamol delivery
from a metered dose inhaler versus jet nebulizer on dynamic lung mechanics in very
preterm infants with chronic lung disease. Pediatr Pulmonol. 1997;23(6):442-8.
23. Hilgendorff A, Reiss I, Gortner L, Schuler D, Weber K, Lindemann H. Impact of
airway obstruction on lung function in very preterm infants at term. Pediatr Crit Care
Med. 2008;9(6):629-35.
24. Kulasekaran K, Gray PH, Masters B. Chronic lung disease of prematurity and
respiratory outcome at eight years of age. J Paediatr Child Health. 2007;43(1-2):44-8.
25. Halvorsen T, Skadberg BT, Eide GE, Roksund OD, Carlsen KH, Bakke P.
Pulmonary outcome in adolescents of extreme preterm birth: a regional cohort study.
Acta Paediatr. 2004;93(10):1294-300.
26. Jadad AR, Moore RA, Carroll D, Jenkinson C, Reynolds DJ, Gavaghan DJ, et al.
Assessing the quality of reports of randomized clinical trials: is blinding necessary?
Control Clin Trials. 1996;17(1):1-12.
55
Estudos Relevantes em potencia incluídos pela pesquisa: n=66
Estudos obtidos para uma maior avaliação: N=46
Potenciais apropriados estudos para incluir na revisão: n=10
Estudos incluídos na revisão sistemática: N=3
Estudos excluídos pelo titulo: n=20 BD e Patologias diferentes do Objetivo
Estudos excluídos pelo resumo: n=36 Utilização de ventilação mecânica, Desenhos de estudos
divergentes do Objetivo
Estudos excluídos pela avaliação do texto completo: n=7 Desenhos de estudos e utilização de BD divergentes do objetivo
56
Tabela 1. Estudos incluídos na revisão sistemática.
Autor\ano Amostra Idade Tipo Estudo Aleatorização
Robin et al, 2004 -Grupo Investigado: 28 pacientes com doença grave e moderada
DBP¹, apenas 17 avaliaram a resposta a broncodilatador,
-grupo controle: dados de outro estudo
68,0 ± 35,6 semanas Ensaio Clinico Sem aleatorização
Boeck et al, 1998 -Grupo Investigado: 22 com DBP
-Grupo controle: 30 lactentes que não desenvolveram a DBP
52 ± 2 semanas Ensaio clinico Sem aleatorização
Thamrin et al, 2007 -Grupo intervenção: 78 crinças saudáveis,
-Primeiro Grupo: 39 com fibrose cística
-Segundo grupo: 49 com DPC² neonatal.
-Terceiro grupo: 59 com asma
-Quarto grupo:: 66 com simbilancia
-61 (50/62) meses
-60 (43/80) meses
-62 (43/71) meses,
-61 (47/80) meses
-61 (49/80) meses
Ensaio clinico Sem aleatorização
57
Tabela 2. Metodologia, resultados e discussão dos trabalhos incluídos.
Metodologia Broncodilatadores
utilizados
Resultados Conclusões
Sedados com hidrato de cloral, utilizava-se a técnica de RVRTC¹ e
eram avaliados por um pletismografo de corpo-total
Salbutamol por MDI6 Foi encontrado diminuição no fluxo expiratório forçado dos pacientes
com DBP7 antes do uso de BD.
Apresentaram ganho do FEF75 após uso de BD8
Lactentes com DBP sibilantes tem uma maior obstrução em vias aéreas,
apresentam uma maior resposta a BD em comparação ao grupo
controle, os sem sibilancia apresentam resposta intermediaria aos
normais
Sedados com cloropromazina, promethazina e sódio pentobarbital,
utilizava-se o sistema computadorizado (PEDS) para avaliar a
CPD², VM³, RPI4 e RPE5; o fluxo aéreo era avaliado por
pneumotacografo e um transdutor de pressão diferencial.
Sabultamol e bromidrato
de ipratopio,
A resistência inspiratória e expiratória foram maiores nos pacientes com
DBP antes do uso de BD.
Metade dos pacientes com DBP tinham diminuição da resistência após o
BD.
Pacientes com DBP tem uma RVA aumentada, os BD não
demonstraram melhora na mecânica pulmonar, houve piora da
mecânica pulmonar no grupo controlo após a intervenção
Pacientes eram avaliados com a técnica de oscilação forçada.
Sabultamol foi usado com
presurizado MDI
Crianças com doença pulmonar crônica (DPCn) tem uma maior
resistência e uma menor responsividade de vias aéreas.
Todas as crianças tiveram melhora dos parâmetros em relação à linha de
base após o uso de BD.
Pacientes com DPCn tem uma resposta a BD dependente da função
pulmonar basal, não acharam diferença na resposta com crianças
saudáveis.
58
Pagina de Legenda
Figura 1. Fluxograma de processo de seleção dos artigos
Tabela 1.Estudos incluídos na revisão sistemática.
¹Displasia broncopulmonar, ²Doença pulmonar crônica.
Tabela 2. Metodologia, resultados e discussão dos trabalhos incluídos.
¹the raised volume rapid thoracoabdominal compression technique ; ²Complacencia pulmonar dinâmica; ³Volume minuto; 4 Resistencia pulmonar
inspiratória; 5 Resistencia pulmonar expiratória; 6 Inalação dosimetrada; 7 Displasia broncopulmonar; 8 broncodilatador, 9 Doença pulmonar crônica
59
APÊNDICE 1. TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARE CIDO
TÍTULO: . Avaliação da cinemática da caixa torácica de crianças com doenças neuromusculares na
posição supina e sentada utilizando um pletismografo óptico eletrônico.
INVESTIGADOR : Antônio Francisco de Andrade Ferreira Filho
ORIENTADOR E PESQUISADOR RESPONSAVEL: Prof Dr. Murilo Carlos Britto,
CO-ORIENTADOR: Prof Dr. Armele Dornelas de Andrade
LOCAL DE ESTUDO
Laboratório de Fisioterapia Cardio-Respiratório do Departamento de Fisioterapia da Universidade
Federal de Pernambuco
ENDEREÇO
Laboratório: Av. Prof. Morais Rego, nº1235, Cidade Universitária, Revife-PE tel:2126-8496.
ENDEREÇO DO PESQUISADOR: Av. Beira Rio, nº130, apt:1001, Madalena, Recife-PE. Tel: 8837-
9852, e-mail:[email protected]
Contato com o Comitê de Ética em Pesquisa: Av. Prof. Moraes Rego s/n, Cidade Universitária, Recife-PE, CEP: 50670-901, Tel.: 2126 8588 Caro responsável, você está sendo convidado como voluntário a participar da pesquisa:
Avaliação do padrão ventilatório de crianças com doenças neuromusculares na posição supina e sentada
utilizando um pletismografo óptico eletrônico.
OBJETIVO E DESCRIÇAO DO ESTUDO
O objetivo desse trabalho é avaliar a ventilação pulmonar na posição deitada e sentada através do
pletismografo óptico eletrônico (POE), que é um aparelho para medir a função pulmonar, em crianças
com doenças neuromusculares.
Os pacientes serão avaliados no POE nas duas posições citadas acima por dois minutos cada. Para
a avaliação será fixado nas crianças marcadores com fitas adesivas antialérgicas. O POE é um sistema que
utiliza câmeras posicionadas na região frontal e posterior do paciente, registrando através de imagens
simultâneas a respiração.
RISCOS
Os marcadores podem causar a sensação leve de dor durante a retirada dos adesivos. Os
procedimentos realizados no estudo seguem protocolos padronizados, corroborando dessa forma para
segurança e viabilidade da pesquisa.
O Paciente apresentando qualquer alteração da função respiratória será encaminhado para o medico e
pesquisador responsável Dr. Murilo Britto.
BENEFICIOS
Contribuirá para identificar alterações do padrão respiratório, identificando pacientes que necessitam
de uma maior atenção e mais freqüente avaliação para uma eventual intervenção.
GARANTIA DE ESCLARECIMENTO, LIBERDADE DE RECUSA E G ARANTIA DE SIGILO
O participante será esclarecido sobre a pesquisa no que desejar. Estar livre para recusar-se a
participar, retirar seu consentimento ou interromper a participação a qualquer momento. A sua
participação é voluntária e a recusa em participar não irá acarretar qualquer penalidade ou perda de
benefícios.
60
O(s) pesquisador(es) irá(ão) tratar a sua identidade com profissionalismo e sigilo. Seu nome ou o
material que indique a sua participação não serão liberados sem a sua permissão. Você não será
identificado em nenhuma publicação que possa resultar deste estudo. Uma cópia deste consentimento
informado lhe será entregue.
CUSTOS DA PARTICIPAÇÃO, RESSARCIMENTO E INDENIZAÇÃO POR EVENTUAIS
DANOS
A participação no estudo não acarretará custos para o participante. O participante, se necessário,
receberá vale-transporte para deslocar-se da sua residência para o laboratório de Fisioterapia Cardio-
Respiratória da UFPE e para retornar deste para sua residência, durante o período do estudo. Todos os
exames serão realizados, laboratório de Fisioterapia Cardio-Respiratória da UFPE e o participante poderá
receber ressarcimento ou indenização, segundo as normas legais, para qualquer situação que se sinta
lesado.
CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Li e entendi as informações procedentes descrevendo este estudo. Todas as minhas duvidas em relação
ao estudo e minha participação foram respondidas satisfatoriamente. Dou livre meu consentimento para a
participação do estudo até que descida pelo o contrário.
Assinando este termo de consentimento, concordo em participar deste estudo e não abro mão, na
condição de participante de um estudo de pesquisa, de nenhuma dos direitos legais que eu terei de outra
forma.
-------------------------------------------- ---------------------------------------- -----------------
Nome do Responsável Assinatura Data
-------------------------------------------- ------------------------------------------ -----------------
Nome da testemunha Assinatura Data
-------------------------------------------- ------------------------------------------ -----------------
Nome da testemunha Assinatura Data
-------------------------------------------- ------------------------------------------ -----------------
Nome do investigador Assinatura Data