Avaliacao interesse

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ResumoEste ensaio discute alternativas de apoio

ao desenvolvimento da capacidade avali-atória em organizações da sociedade civil.Nele são debatidos elementos estratégicospara apoiar processos de aprendizagem nasorganizações e para forta-lecer conquista de autono-mia no campo da avalia-ção. Aborda-se a constru-ção da capacidade avali-atória como processo deconstrução de sujeitos, enão como um movimentode natureza predominante-mente técnica. Com basenos princípios de aprendi-zagem, autonomia, respei-to e participação são pro-postas cinco dimensões es-tratégicas para apoiar odesenvolvimento de capacidade avaliató-ria: 1) a consciência a respeito e a capaci-dade de lidar com as relações de poderpresentes nas ações avaliatórias; 2) a bus-ca de razões e motivação para avaliar aspráticas; 3) a construção de um certo graude identidade organizacional em torno daavaliação; 4) o desenvolvimento de com-petências no campo da facilitação e ges-

Da Construção de Capacidade

Avaliatória em Iniciativas Sociais:

Algumas Reflexões

Daniel Braga Brandão

Rogério Renato Silva

Cássia Maria Carraco Palos

Ensaio: aval. pol. públ. Educ., Rio de Janeiro, v.13, n.48, p. 361-374, jul./set. 2005

Daniel Braga Brandão

Mestrando em Educação, PUC/SPConsultor do Instituto Fonte

[email protected]ério Renato Silva

Doutor em Saúde Pública, USPCoordenador Editorial

do Instituto Fonte

Cássia Maria Carraco Palos

Mestre em Saúde Pública, USPConsultora do Instituto Fonte

[email protected]

tão de processos e da investigação da rea-lidade, necessárias a realização de avalia-ções; 5) a captação e alocação de recur-sos para criar as condições de trabalhonecessárias aos processos de avaliação.Palavras-chave: Avaliação. Capacidadeavaliatória. Avaliação de programas. Desen-

volvimento organizacional.Identidade organizacional.

AbstractSomeReflections onBuildingEvaluationCapacity onSocial Initiatives

This essay focuses onbuilding evaluation capacity

in civil society organizations. It considersaspects to support the organizational learningprocess and propose five dimensions to beconsidered in an evaluation capacity buildingprocess: 1) The power that involves therelationship among the stakeholders and itsconsequences in the decision makingprocess; 2) The reasons and motivations to

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Ensaio: aval. pol. públ. Educ., Rio de Janeiro, v.13, n.48, p. 361-374, jul./set. 2005

develop the evaluation process; 3) Thesearch to develop an organizationunderstanding of the meaning of evaluation;4) The need to develop skills in evaluationand 5) The need to raise and manageresources to the evaluation.Keywords: Evaluation. Capacity building.Organizational development. Organizationalidentity.

ResumenConstructión deCapacidad en Avaluación

Este texto trata de la construcción decapacidades en evaluación en organiza-ciones de la sociedad civil. Aborda el temaorientado por los proceso de aprendijageorganizacional y considera cinco dimensi-ones presentes en la construcción de lacapacidad en evaluación en una organi-zación: 1) Las relaciones de poder entrelos stakholders y sus consecuencias en lasdecisiones; 2) Las razones y los motivospara desarrollar una evaluación; 3) La ela-boración de una identidad organizacionalpara la evaluación; 4) La necesidad deldesarrollo de competencias en evaluaci-ón y 5) La necesidad de garantizar y ma-nejar fondos para la evaluación.Palabras clave: Evaluación. Capacidadevaluativa. Desarrollo organizacional.Aprendizaje organizacional.

Das razões quenos levaram aescrever este ensaio

A busca de melhores condições para oenfrentamento dos graves problemas sociaisno Brasil, assim como em toda a AméricaLatina, requer investimentos decisivos na pro-

dução e sistematização de conhecimentos epráticas a respeito dos problemas da regiãoe, sobretudo, de alternativas conceituais epossibilidades concretas de intervenção emudança dos cenários de exclusão e depen-dência que marcam as realidades locais.

Um dos pressupostos mais importantesna busca por melhores políticas públicas ouintervenções sociais que ajudem o processode desenvolvimento latino-americano encon-tra-se na necessidade de criar e fortalecerorganizações e programas que estruturemmodelos de gestão que tenham a reflexão ea aprendizagem entre seus pilares de sus-tentação. Neste cenário, o desenvolvimentode culturas de avaliação nas organizaçõesda região tem-se constituído como ação es-tratégica para o fortalecimento organizacio-nal. O caso brasileiro não foge à regra.

A ampliação daquilo que podemos de-nominar de “pensamentos avaliatórios” noBrasil tem sido acompanhado de fatos bas-tante significativos. Seja por meio da criaçãoda Rede Brasileira de Avaliação no ano de2002, das dezenas de cursos e semináriossobre avaliação que têm sido promovidos emdistintos espaços e organizações ou dos in-vestimentos públicos e privados para a con-tratação de avaliações internas e externas,parece já existir consenso em torno da neces-sidade de que projetos e programas sejamavaliados em busca de eficiência, transpa-rência e equidade, ainda que muitos dos de-senhos e métodos utilizados se apresentemfrágeis e, muitas vezes, pouco democráticos,superficiais e pouco confiáveis.

Ao olharmos para além do horizonte dosdiscursos existentes neste campo, identificamosdesafios complexos e de natureza estruturantepara o fortalecimento da cultura da avaliação

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no Brasil. Ao mesmo tempo em que muito sefala em avaliação, alguns fatores seguem de-terminando um certo grau de dificuldade paraque as organizações a incorporem em suaprática cotidiana. Dentre esses fatores, quere-mos destacar e analisar brevemente os de na-tureza econômica, os da natureza da forma-ção de gestores, educadores e consultores eos de natureza organizacional.

No que se refere ao aspecto econômi-co, os recursos alocados para avaliaçõesentre as organizações da sociedade civilainda são restritos. Rubricas destinadas aestudos avaliatórios ainda são difíceis denegociar e, muitas vezes, entre destinar re-cursos para realizar ações ou para avaliarações, não há dúvidas a respeito do cami-nho seguido. À natureza de programaçãoe prioridade do investimento deste aspecto,soma-se alguma dificuldade das organiza-ções em fazer prognósticos dos custos deuma avaliação. Pode até existir disposiçãode se investir neste processo, mas existe di-ficuldade e ausência de parâmetros paradefinir quanto investir. Mesmo quando osparâmetros recomendados por escolas maisestruturadas são utilizados, como as reco-mendações da escola americana em desti-nar 6 a 10% do orçamento global de umprojeto para avaliação, não parece haverqualquer sentido em estabelecer uma rela-ção cartesiana entre tal diretriz e a realida-de brasileira. Somente o acúmulo de expe-riências em processos de avaliação e, so-bretudo, a utilização de seus resultados,poderão dar às organizações condições dejulgar a relevância de se destinar recursosfinanceiros a essa finalidade.

Outra questão desafiadora encontra-se naformação de gestores, educadores e consul-tores para atuarem no campo da avaliação.

Ainda que já reunamos um bom volume deliteratura a respeito do tema, sobretudo noscampos da saúde e da educação, ainda sãoestritas e superficiais os espaços de forma-ção. Tanto a universidade quanto as organi-zações da sociedade civil que atuam no pre-paro de gestores e consultores ainda inves-tem pouco em conteúdos em avaliação.

Quanto aos fatores organizacionais, épossível identificar que gestores e educado-res convivem com uma polaridade entre fa-zer e refletir que muitas vezes inviabiliza oinvestimento em avaliação. A organizaçãodo trabalho, o ativismo, as demandas cons-tantes e a permanente escassez de temposão alguns dos fatores que impedem queum processo de reflexão sobre a prática seenraíze em muitas organizações, mantendoa avaliação em um lugar inviável, ainda quesempre reconhecido como importante.

A partir destes desafios é que procura-mos organizar algumas idéias, reunir al-gumas experiências, e compartilhar com osinteressados nossas reflexões. Queremostambém destacar três experiências que muitocontribuíram para o nascimento deste en-saio. Em primeiro lugar nossa participaçãono ciclo de “Seminários de AprofundamentoProfissional para o Consultor em Processosde Desenvolvimento”, ministrados por Jac-ques Uljeé (Núcleo Maturi). Em segundo,a coordenação que fizemos do SeminárioConstruindo Capacidade Avaliatória emIniciativas Sociais, promovido em parceriacom a Ashoka Empreendedores Sociais. Emterceiro, nossa participação como facilita-dores na avaliação da quinta edição doPrograma de Apoio a Projetos de Atendi-mento a Crianças e Jovens de 7 a 14 anosna Grande São Paulo, de Vitae Apoio àCultura, Educação e Promoção Social.

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A força de nossa aprendizagem está naforma como queremos dividir nossas expe-riências e, portanto, queremos afirmar queeste não é um modelo de avaliação, nemconsideramos as idéias aqui apresentadascomo definitivas. Buscamos colaborar como debate em torno do tema avaliação econhecer e discutir idéias e sugestões quepermitam incrementar nossa prática avali-atória, fortalecer a cultura de avaliação naAmérica Latina, sobretudo, ajudar o Brasila alcançar o desenvolvimento social queajude a erradicar iniqüidades.

Do conceito de avaliação:extrato de uma gramáticaem expansão

Há muitas formas de definir o conceito“avaliação”, percebido com intensa força po-lissêmica quando examinamos alguns traba-lhos de autores que escreveram sobre o tema,como Chianca, Marino e Schiesari (2001);Demo (1988); Guba e Lincoln (1988); Patton(1997); Worthen, Sanders e Fitzpatrick (1997);Stake (1995). Neste ensaio adotamos um con-ceito que, em certa medida, reflete os diálogosque temos estabelecido com as organizaçõescom as quais temos trabalhado. Apontamospara avaliação como um processo de apren-dizagem sistemático e intencional que um in-divíduo, grupo ou organização se propõe apercorrer para aprofundar a sua compreen-são sobre determinada intervenção social, pormeio da elaboração e aplicação de critériosexplícitos de investigação e análise, em umexercício compreensivo, prudente e confiável,com vistas a conhecer e julgar o mérito, a re-levância e a qualidade de processos e resulta-dos. A avaliação leva à ampliação de consci-ência sobre determinado programa ou projetoo que possibilita que escolhas e decisões ma-duras possam ser feitas.

Revisamos, com isso, o conceito queapresentamos em artigo anterior (SILVA;BRANDÃO, 2003).

Um dos princípios fundamentais quetemos em mente quando nos referimos aum processo avaliatório é o de que umaavaliação não se constitui apenas em umdispositivo técnico, mas sobretudo político.Quando agimos sem que este princípio es-teja em nossa consciência, podemos incor-rer em um exercício autoritário de poder,como afirma Demo (1988) e fazer com quea avaliação, ao invés de construir sujeitos,torne-se um mecanismo de controle e decoerção que impeça o desenvolvimento.

Entendemos avaliação a partir de umaótica emancipatória, participativa e colabo-rativa na qual propósitos e critérios de jul-gamento são construídos por meio da ne-gociação entre diferentes atores sociais. Te-mos certeza de que cada sujeito é capaz deavaliar suas ações e nesse fenômeno, demaneira reflexiva, ele se constrói e recons-trói a sua prática. Para nós, o papel de “ava-liadores externos” implica em desconforto,em contradição. Agimos como facilitadores,como educadores que, por meio da lingua-gem da avaliação, procuramos ajudar su-jeitos e organizações a se desenvolverem.

Da construção dacapacidade avaliatória:alguns princípios

Nas análises que fizemos de nossas ex-periências de consultoria, identificamos umconjunto de princípios que entendemoscomo importantes ao processo de constru-ção de capacidade avaliatória. Ao mesmotempo em que operam como espelhamen-to para nossas práticas de avaliação, per-

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cebemos que estes princípios se colocamcomo um escapulário que nos inspiram emtempos de luz e nos orientam em períodosde sombra. Os princípios são os seguintes:

a. O princípio da “aprendizagem”anuncia a avaliação como promo-tora de oportunidades, espaços emovimentos para que os sujeitos eas organizações aprendam. Avaliarpode se constituir em um processoaltamente educativo e transformadorda vida social. Para isso é precisocriar objetivos e condições de apren-dizagem. Aprenderemos com nossosacertos e erros se avaliarmos critica-mente o que fazemos. Sem avalia-ção não há desenvolvimento.

b. Os princípios do “respeito” e da “au-tonomia” anunciam que o caminhoa seguir em um processo de constru-ção de capacidade avaliatória deveestar orientado pelo contexto cultural,político e estrutural da organização.Como os sujeitos, as organizaçõesvivem seus momentos históricos asentradas forçadas podem mais des-truir do que construir capacidades. Oprocesso de construção de capacida-de avaliatória precisa ser endógeno.

c. Os princípios da “participação” e da“colaboração” se estruturam na cren-ça de que o processo de construçãode conhecimento e de produção deconhecimento é individual e social,ganhando sinergia nesta polaridade.Ainda que venhamos a escolher ca-minhos mais complexos e longos, nãose alcançarão práticas justas, orga-nizações socialmente responsáveis econdições sociais equânimes por ca-minhos que não sejam democráticos.

d. O princípio da “felicidade” surge sensí-vel e naturalmente nas esteiras da sa-

bedoria, do bom senso, da arte e, so-bretudo, da educação (DEMO, 1988).Felicidade é um processo que contémdimensões mágicas, lúdicas, religiosas,místicas e se constrói na cultura e nahistória, não simplesmente como supe-ração dos problemas materiais, mastambém como expressão sensível de de-senvolvimento. Nas palavras de Demo(1988, p. 27), a felicidade está “no cli-ma que pinta, na atmosfera que envol-ve, na influência que impregna, na so-lidariedade que inspira” os processos eas relações sociais.

Da construção decapacidade avaliatória:cinco dimensões

Os processos de construção de capaci-dade avaliatória com os quais nos envolve-mos e que revisamos para produzir este en-saio foram capazes de revelar cinco dimen-sões a respeito das quais queremos falaragora. Ainda que interligadas, conectadas,dependentes umas das outras, orgânicas,fazemos aqui uma divisão que, acreditamos,nos ajuda a explicitar a compreensão quetivemos do tema. São elas a dimensão do“poder”, da “motivação”, da “identidade”,das “competências” e dos “recursos”.

Quando discutíamos e procurávamosarticular essas cinco dimensões na formade uma figura que representasse sua liga-ção, chegamos ao pentagrama como umafigura simbólica formada por cinco linhas.

Em nossas reflexões e experimentos, nosvimos compreendendo o pentagrama comouma espécie de tradução geométrica do serhumano, ao mesmo tempo em que percebe-mos cada dimensão que construímos relaci-

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onada a distintas partes do corpo. Nos veioa imagem de Leonardo da Vinci superpostaao pentagrama, cujo sentido foi, ao menospara nós, expressão importante da centrali-dade do sujeito nesta discussão. O poder na

cabeça pensante, a identidade á esquerdado peito, a motivação na força da mão, ascompetências e recursos, sustentando – fisi-camente – o processo. Esperamos que nossoesforço criativo provoque reflexões.

Figura 1. Construção de capacidade avaliatória como construção de sujeitos.

Poder

Motivação Identidade

Competências Recursos

Do poderA arquitetura e a dinâmica das relações so-

ciais estabelecidas em um grupo envolvido emuma avaliação desempenham papel estruturan-te na construção de capacidade avaliatória emuma iniciativa social. As relações entre a organi-zação financiadora e a organização financiada,entre os sujeitos na organização, com as comu-nidades com as quais se trabalha e, muitas ve-zes, com a avaliadora externa, resulta em umadinâmica complexa de relações que vai determi-nar o processo decisório e o caminho a ser se-guido em uma avaliação. Conseqüentemente ocaminho de aprendizagem de um determinadogrupo também passa por estas relações.

Na perspectiva da construção da ca-pacidade avaliatória a partir da constru-ção de sujeitos, a participação efetiva eautônoma dos diversos atores envolvidosna iniciativa torna-se a alma do processode avaliação. Neste sentido, o exercício decompartilhar poder e de equilibrar forças eformas de tomar decisão ocupa posiçãocentral no processo. Para alguns, este exer-cício implica em abrir mão do controle so-bre a avaliação, sejam estes gestores daorganização ou consultores externos.

O exercício de compartilhar poder se cons-titui em um espaço privilegiado de negocia-

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ção, conforme observam Guba e Lincoln(1988) ao escreverem a respeito da Avaliaçãoda Quarta Geração. Negociam-se expectati-vas na forma de perguntas e de desejos. Ne-gociam-se pressupostos e conceitos na formade indicadores e critérios de julgamento. Ne-gociam-se compreensões da realidade pormeio da escolha de métodos de investigação.Negocia-se força e espaço por meio dos com-promissos políticos assumidos externa e inter-namente com o grupo que avalia.

A construção de um ethos político, noqual o porquê e o como avaliar são defini-dos de maneira colaborativa, tem granderepercussão metodológica no processo deavaliação. Quando operamos com a cren-ça de que a avaliação ganha sentido e re-levância à medida que envolve diferentesatores que atuam de maneira autônomapara orientar o processo, é preciso estarpreparado para lidar com as implicaçõesconcretas que as decisões do grupo trazempara o ato de investigação da realidade.O acolhimento destas implicações pode tra-zer legitimidade e crença no processo.

A discussão de poder que fazemosaqui quer marcar o princípio de que cons-truir capacidade avaliatória é um processocoletivo. Por ser coletivo, transforma-seem um caminho de pavimentação da au-tonomia dos sujeitos e das organizações.Nas palavras de Freire (1997, p. 35),“ninguém é autônomo primeiro para de-pois decidir. A autonomia vai se constru-indo na experiência das várias decisõesque vão sendo tomadas” no processo detrabalho. O caminho de construção decapacidade avaliatória será gerador deaprendizagem e autonomia à medida quecriar condições para lidar com a dimen-são do poder de forma consciente.

Um outro elemento que queremos exa-minar na dimensão do poder diz respeito àrelação entre organizações financiadas eorganizações financiadoras. Muitas vezes,a demanda por avaliações surge no seiode organizações financiadoras, que deli-mitam suas necessidades avaliatórias e de-finem as perguntas de avaliação que que-rem responder. Por sua vez, a fonte de in-formações para responder a essas pergun-tas costuma ser, na maioria dos casos, asorganizações financiadas, bem como aspopulações com as quais trabalha.

Se este percurso de orientação exter-na é seguido na avaliação, é comum queos resultados alcançados sejam apresen-tados ao financiador e sirvam, primaria-mente, para suas reflexões e decisões,cabendo à organização financiada umlugar de objeto, e não sujeito, da açãoavaliatória. Quando falamos em múlti-plos atores e na necessidade de que oprocesso de construção de capacidadeavaliatória resignifique relações de po-der, imaginamos que a relação entre asorganizações financiadas e financiado-ras também é objeto desta mudança.

Por fim, não podemos deixar de apontarpara a necessidade de que a relação entreorganizações e avaliadores externos sejatambém profundamente revisada em um pro-cesso de construção de capacidade avalia-tória. Mais do que em qualquer outro tipode trabalho no campo da avaliação, aquios avaliadores não são unicamente especi-alistas em avaliação, não são referências ouautoridades em determinadas áreas de co-nhecimento, mas sim são atores que aju-dam os sujeitos e as organizações a estabe-lecer sua dinâmica de trabalho e a fazer suasescolhas e descobertas.

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Da motivaçãoSe as implicações de poder são tratadas

como campo privilegiado no processo deconstrução de capacidade avaliatória, anecessidade de cuidar da motivação, en-quanto campo de interesse e disposição emparticipar do processo, constitui-se tambémem uma dimensão importante. Frente a tan-tas obrigações do do fazer administrativo,financeiro, político, pedagógico, entre ou-tros, depositar energia em processos de ava-liação constitui-se um grande desafio.

A motivação não pode, entretanto, sertratada de maneira estanque. Assim, perce-bemos a motivação como o fenômeno dasignificação permanente dos processos deavaliação e de construção de capacidadeavaliatória. Se, como afirma Falcão (2001,p. 27), a vontade é “um desejo que cismaque você é a casa dele”, esta casa apenasserá reconhecida e valorizada à medida quese constituir em espaço permanente de apren-dizagem, descobertas e transformações.

A dimensão da motivação se constituitambém em campo reflexivo à medida queo sujeito e o processo se reinventam demaneira permanente quando as condiçõespara tal são construídas. Usando uma da-quelas frases cuja causa e efeitos são denatureza não linear, somente terá espaço esentido para os sujeitos os processos deavaliação que forem desejados por eles, aomesmo tempo em que só serão desejadosos processos avaliatórios que tiverem senti-do para os sujeitos.

Para Sanders (2003), quatro razões di-ficultam a incorporação da avaliação comoparte estratégica da organização, sendo elas

(a) o fato de que os sujeitos desconheçamos benefícios das avaliações, (b) o fato doselevados investimentos de tempo e recur-sos nas avaliações, (c) a inexistência desujeitos que desempenhem certo papel deliderança frente aos processos de avalia-ção e (d) o fato da pouca ou nenhumautilização das avaliações para aprender emudar. A estas observações acrescentaría-mos, de forma radicular, o fato da insistên-cia em processos exógenos, burocráticos,persecutórios e não participativos.

Enfrentar estas condições, hegemônicasem muitos cenários, constitui-se como peçachave para atribuir sentido e trazer motiva-ção ao processo de construção de capacida-de avaliatória. Tratar a avaliação de formatransparente e democrática, relacioná-la aespaços e momentos de aprendizagem e de-cisão, encontrar lideranças interessadas emproblematizar e motivar os grupos sociais aavaliarem suas ações, são algumas das al-ternativas que contribuem para que os pro-cessos se tornem viáveis1 e sustentáveis.

Da identidadeAlgumas ferramentas aplicadas à gestão

de iniciativas sociais são amplamente reco-nhecidas como capazes de construir e signi-ficar conceitos e práticas, como a elabora-ção de projetos, o planejamento estratégicoe a sistematização. Neste conjunto a avalia-ção se afirma como ferramenta técnica-polí-tica efetiva para promover tais fenômenos.

Em si mesma, a avaliação espelha sujei-tos e organizações de maneira significativa.O que queremos, no que acreditamos, o quevalorizamos, com quem nos relacionamos, oque negociamos e como julgamos, constitu-

1 Viabilidade: assegurar que uma avaliação será feita de maneira realista, prudente, diplomática e moderada (SANDERS, 1994).

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em-se categorias com as quais operamos nosprocessos de avaliação e que irão revelar deforma marcante nossa identidade nos pro-cessos. Por isso mesmo, a dimensão da iden-tidade é de grande importância na constru-ção de capacidade avaliatória. É na cons-trução da identidade que percebemos os ou-tros e o que nos difere e nos aproxima da-queles com os quais trabalhamos.

Se por um lado nos preparamos paralidar com poderes e criar espaços de cons-trução e por outro enfrentamos a atribuiçãopermanente de sentido, uma terceira dimen-são nos convida a explorar gramáticas, pres-supostos e práticas. É nesta dinâmica quese irmanam os elementos que nos ajudarãoa responder, como sujeitos e grupos sociais:O que entendemos por avaliação? Por queavaliamos? O que queremos aprender?Como utilizaremos o que aprendemos emnossas ações? Como aprenderemos?

Para além das definições em torno dospróprios processos de avaliação, o que te-mos observado participativamente é que asavaliações criam espaços privilegiados paraque a prática dos sujeitos seja conceituadae para que seus pressupostos e conceitossejam revisitados e, muitas vezes, negocia-dos e revisados. Os processos de identifi-cação de perguntas e de definição de indi-cadores (critérios, sinais, marcadores, evi-dências) de avaliação, são campos férteispara se produzir e reinventar conceitos.

O processo de construção de capacida-de avaliatória é um processo de construçãode identidades, por isso também é processoque fortalece a construção de sujeitos. Am-pliar consciências, aprofundar conhecimen-tos, revisitar e revisar práticas, aprender,mudar. Por isso falamos em identidade.

Das competênciasOs processos de avaliação e de cons-

trução de capacidade avaliatória em ini-ciativas sociais não avançam quando seconstituem em mera sucessão de métodose técnicas que se aplica para “desvendar”a realidade. Avançam sim quando se con-formam em um caminho de desenvolvi-mento no qual as escolhas, elaborações ea organização do trabalho são produzi-dos de forma dinâmica, convivendo comreinvenção permanente.

Os processos avaliatórios oferecem es-paços nos quais muitas vezes nos confron-tamos com nosso conhecimento técnico nocampo da investigação, com nossas ha-bilidades de facilitação e nossa forma degerir processos. Por tudo isso percebemosque, ao mesmo tempo em que articula-mos poderes, que apoiamos motivações eque provocamos construção de identida-des, precisamos nos preparar para lidarcom estas dimensões de forma sensível eeficaz, ao mesmo tempo em que cuida-mos desse “lugar de investigação” sem oqual não há avaliação, ou confiança emseus resultados.

Assim articulamos três campos cujoconteúdo queremos compartilhar. As com-petências de facilitação de processos, degestão de processos e de investigação darealidade compõem um cenário relevantepara o desenvolvimento de sujeitos naárea. Entendemos que o cenário de com-petências é um campo de articulação dasdemais dimensões analisadas aqui, é umcampo no qual caminhamos em busca deapoiar processos que levem à reflexão,aprendizagem e desenvolvimento. A Figura2, a seguir, ilustra este cenário.

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Figura 2. Cenário de competências em avaliação.

a) a competência para afacilitação de processos

A facilitação de processos é competên-cia fundamental para garantir que as di-mensões aqui analisadas consigam existire buscar pontos de equilíbrio que assegu-rem o desenvolvimento dos sujeitos e gru-pos. A facilitação envolve trabalho comsentidos, com significados, com articula-ções, com negociações, com construções,com leituras da realidade, com acolhimen-to e com provocação.

Percebemos a facilitação como compe-tência chave para atribuir sentido a pro-cessos de avaliação. Por isso lida com po-deres, motivações e identidade de maneiraintensa. Além do mais, é a facilitação quearticulará as competências de gestão e deinvestigação da realidade a fim de garantirprocessos viáveis e confiáveis. Toda a cons-trução técnica da avaliação se dará a par-tir das habilidades de facilitação. A seguiridentificamos seis habilidades importantes,entre tantas outras.

ATRIBUIÇÃO DE SENTIDO

* motivos* utilidade* foco* negociações* problematização

APOIO À EMANCIPAÇÃO

* decisões* processos* reflexões* interações

ANÁLISE DO

CONTEXTO

* tempo* recursos $* equipe* comunicação* viabilidade* propriedade

PRECISÃO

* abordagens* técnicas* descrição* análise* julgamento* sensibilidade* criatividade* compreensão

REFLEXÃO

APRENDIZAGEM

DESENVOLVIMENTO

FACILITADOR

GESTOR

INVESTIGADOR

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• Capacidade de ouvir de forma aber-ta e sensível os integrantes do grupo;

• Capacidade de trabalhar de formacompreensiva as necessidades do grupo;

• Capacidade de problematizar ques-tões, de provocar e estimular reflexões so-bre o projeto e os elementos da avaliação;

• Habilidade para ajudar o grupo aconstruir compreensões e respostas, semlevá-las prontas;

• Capacidade de zelar pelo processode trabalho do grupo, cuidando de proce-dimentos, relações e estrutura;

• Capacidade de agir com profundorespeito pelas criações do grupo, acolhen-do-as de maneira integral.

b) a competência paragestão de processos

Trata-se da competência em lidar com asvariáveis internas e externas aos processos deavaliação, tais como o tempo, os recursos fi-nanceiros, a gestão de equipes de trabalho,os planos de avaliação, a comunicação, en-tre outras coisas. As habilidades para enfren-tar estes desafios serão fundamentais para queos processos de avaliação sejam sustentáveis.

c) a competência parainvestigação da realidade

Em essência, os processos de avaliaçãotêm na necessidade de investigar a realida-de um eixo comum e determinante para suaexistência. Por isso mesmo a necessidade dedesenvolver competências no campo da in-vestigação é vista com grande importânciapara os sujeitos e organizações que queremdesenvolver capacidade avaliatória.

É a competência para investigar a reali-dade que terá peso determinante na em as-

segurar a precisão2 do processo e, em con-seqüência, sua confiabilidade por parte dosdiferentes interessados. A necessidade deescolher as abordagens mais adequadas, degarantir os métodos mais apropriados, pro-fundos e capazes de revelar, de compor quan-tidade e qualidade de forma harmônica, sãoos desafios que se colocam no caminhodaqueles que se interessam por avaliação.

Fugir do cientificismo ingênuo e do rela-tivismo fundamentalista coloca aos sujeitos odesafio de estabelecer formas confiáveis deexplorar a realidade, de retratar os fatos, deaprofundar compreensões e de revelar infor-mações que soem verdadeiras aos interessa-dos. Por fim, como afirma Guba e Lincoln(1988), o uso exclusivo do método científicofecha as portas para maneiras alternativas dese pensar a respeito do objeto da avaliação.

Dos recursosA dimensão final a respeito da qual fa-

zemos breves comentários é a dimensão dosrecursos. Consideramos recursos o conjuntode elementos que são consumidos em pro-cessos de avaliação e que, por isso mes-mo, implicam em escolhas, definição de li-mites e certo controle. Tempo das pessoas,contratações externas, equipamentos, ma-teriais e estrutura de apoio muitas vezesserão necessários a determinados tipos deprocessos de avaliação.

Ainda que muitos desenhos avaliatóri-os, sobretudo os de natureza processual,demandam pouco ou quase nenhum inves-timento direto, certos casos precisarão seranalisados e ponderados com cuidado, afim de que a avaliação não se torne custosae pouco efetiva, traços que contribuiriam

2 Precisão: assegurar que uma avaliação irá revelar e produzir informações tecnicamente adequadas sobre os aspectos quedeterminam o mérito e a relevância do programa avaliado (SANDERS, 1994).

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para que cultura avaliatória não se enrai-zasse nos sujeitos e nas organizações.

Da síntese das dimensõesAs dimensões apresentadas assumem seu

sentido de existência ao se fazerem úteis noapoio ao desenvolvimento de iniciativas ava-

liatórias. No estímulo à reflexão, na reorde-nação da prática e na abertura para novaspercepções e sentimentos é que as cinco di-mensões ganham vida. Para auxiliar esteprocesso, propõe-se uma configuração di-dática das dimensões discutidas ao longodeste ensaio, apresentada no quadro 1.

3 As perguntas entre parênteses foram sugeridas por Cláudia Mara de Melo Tavares, durante a oficina “Iniciativas Inovadoras emAvaliação de Projetos e Programas Sociais”, por ocasião do V Congresso Nacional da Rede Unida, Londrina, PR, maio de 2003.

Quadro 1. Síntese das dimensões capacidade avaliatória de uma iniciativa social1 .

Dimensão Premissa O que gera Perguntas chave

Quem será envolvido?Quais suas aspirações?

Poder Agir em Participação e Qual o papel de cada um?(O que liberdade comprometimento Qual será a participação

podemos?) desses atores?Que conflitos existem?Como tomaremos decisões?

O que entendemos por avaliação?Por que iremos avaliar?

Identidade Para que iremos avaliar?(O que somos Conceitualizar Alinhamento Como vamos utilizar os resultados?e pensamos?) O que buscamos aprender?

O que iremos avaliar(pergunta avaliatória)?

Que sentimentos a avaliaçãonos desperta?

Vontade Queremos avaliar?(O que Desejar e inspirar Movimento Estamos dispostos a abrir

queremos?) espaço para a avaliação?Quem pode liderar o processo?

Competências Reconhecer União e busca Como iremos avaliar?

(O que competências e do desenvolvimento Quais conhecimentos e

sabemos?) habilidades do grupo habilidades temos (eu e o outro)? no grupo O que precisamos desenvolver?

Qual tempo/ envolvimentoRecursos Reconhecer o que Orientação pela vamos dispor?(O que se tem e o que é realidade: Qual o prazo?

conseguimos necessário “Pé no chão” De quais recursos dispomos?agora?) O que será necessário captar?

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Das considerações finaisAcreditamos que a construção de capa-

cidade avaliatória em iniciativas sociais podeencontrar boas reflexões com base na experi-ência que apresentamos aqui. Sabemos tam-bém que estas dimensões são dinâmicas enão obedecem a um processo equânime dedesenvolvimento. Há muito a ser feito, des-coberto, revisado e aprofundado. Nossa con-tribuição é circunscrita a este pressuposto.

Uma avaliação requer autenticidade,curiosidade e rigor, o que nos coloca odesafio permanente de lidar com a incerte-za, de sermos compreensivos com a reali-dade e de buscarmos, insistentemente, aconstrução de sujeitos.

A construção da capacidade avaliatóriacomo processo de construção de sujeitos estáconjugada a um processo pedagógico deperspectiva emancipatória que colabora como fortalecimento de indivíduos, grupos e or-ganizações. Está associada à profunda cren-ça de que mulheres e homens podem trans-formar a si próprios e a sua interação comos outros, num refazer do mundo e da pró-pria história. Está relacionada à percepçãode que qualquer ação empreendida devealcançar a liberdade de homens e mulhe-res. Significa dizer que se busca construirum conhecimento que enxergue além daindiferença cega e da ilusão ingênua.

Significa acreditar que se pode compar-tilhar uma utopia.

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Recebido em: 14/01/2005Aceito para publicação em: 27/06/2005