AZURITA – Cu 3 (CO 3 2 (OH) 2AZURITA – Cu 3(CO 3)2(OH)2 A azurita é um carbonato de cobre e,...

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AZURITA – Cu3(CO3)2(OH)2 A azurita é um carbonato de cobre e, como o próprio nome indica, possui uma cor azul profunda que é inconfundível, extremamente característica. Integra minérios oxidados de cobre. Cristais bem formados de azurita alcançam altos preços no mercado de minerais de coleção. Forma cristais prismáticos que são translúcidos nas arestas agudas. Os cristais atingem até 30 cm de comprimento e mais de 100 formas combinadas foram registradas. Possui duas variedades. A azurita, uma vez exposta à atmosfera, é instável e frequentemente é substituída pseudomorficamente pela malaquita. Uma feição diagnóstica importante é sua efervescência forte em HCl diluído. 1. Características: Sistema Cristalino Cor Hábitos Clivagem Monoclínica prismática. Azul profundo, Berlim- blue, azul muito escuro a pálido. prismática tabular, estalagtítico, maciça, equidimensional, terroso, acicular, crostas {011} perfeita, mas interrompida. {100} boa, {110} má Estrias // a z, às vezes Tenacidade Quebradiça Maclas Fratura Dureza Mohs Partição Raras segundo {- 101}, {-102} ou {001} Muito frágil, produzindo fragmentos conchoidais. 3,5 – 4 não Traço Brilho Diafaneidade Densidade (g/cm 3 ) Azul claro Vítreo, subadamantino a fosco. Transparente. 3,8 2. Geologia e depósitos: Forma-se na zona de oxidação de minérios sulfetados de cobre, associados a rochas carbonáticas, quase sempre a partir de enargita, famatinita ou tennantita-tetraedrita. A reação envolve dióxido de carbono + H2O + sulfetos de cobre. Também pode se formar por soluções contendo cobre reagindo com carbonatos. Entre os minerais secundários de cobre a azurita é muito mais rara que a malaquita. 3. Associações Minerais: Associa-se aos minerais primários e secundários de cobre e aos típicos minerais secundários de zonas de oxidação. Entre os minerais primários de cobre estão cobre nativo, calcocita, bornita, calcopirita, famatinita, enargita e tennantita-tetraedrita. Entre os minerais secundários de cobre estão um mineral preto (tenorita), um mineral vermelho (cuprita), os minerais verdes (malaquita, pseudomalaquita, brochantita, antlerita, atacamita, dioptásio, botallackita, libethenita, olivenita, duftita e natrocalcita) e os minerais azuis (crisocola, cyanotrichita, plancheita, sampleita, linarita, caledonita, calcantita, shattuckita, liroconita, mrázekita, connellita e kröhnkita). Vários dos minerais azuis podem se apresentar verdes e vice-versa. Outros típicos minerais de zonas de oxidação são quartzo, minerais secundários de Fe (limonita), minerais secundários de chumbo (cerussita), minerais secundários de zinco (smithsonita), minerais de Mn (wad), barita, calcita e dolomita, formando um conjunto muito colorido de minerais.

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Page 1: AZURITA – Cu 3 (CO 3 2 (OH) 2AZURITA – Cu 3(CO 3)2(OH)2 A azurita é um carbonato de cobre e, como o próprio nome indica, possui uma cor azul profunda que é inconfundível, extremamente

AZURITA – Cu3(CO3)2(OH)2 A azurita é um carbonato de cobre e, como o próprio nome indica, possui uma cor azul profunda que é inconfundível, extremamente característica. Integra minérios oxidados de cobre. Cristais bem formados de azurita alcançam altos preços no mercado de minerais de coleção. Forma cristais prismáticos que são translúcidos nas arestas agudas. Os cristais atingem até 30 cm de comprimento e mais de 100 formas combinadas foram registradas. Possui duas variedades.

A azurita, uma vez exposta à atmosfera, é instável e frequentemente é substituída pseudomorficamente pela malaquita.

Uma feição diagnóstica importante é sua efervescência forte em HCl diluído.

1. Características: Sistema Cristalino Cor Hábitos Clivagem

Monoclínica prismática.

Azul profundo, Berlim-blue, azul muito escuro a

pálido.

prismática tabular, estalagtítico, maciça,

equidimensional, terroso, acicular, crostas

{011} perfeita, mas interrompida.

{100} boa, {110} má Estrias // a z, às vezes

Tenacidade

Quebradiça

Maclas Fratura Dureza Mohs Partição

Raras segundo {-101}, {-102} ou {001}

Muito frágil, produzindo fragmentos conchoidais.

3,5 – 4 não

Traço Brilho Diafaneidade Densidade (g/cm3)

Azul claro Vítreo, subadamantino a fosco.

Transparente. 3,8

2. Geologia e depósitos:

Forma-se na zona de oxidação de minérios sulfetados de cobre, associados a rochas carbonáticas, quase sempre a partir de enargita, famatinita ou tennantita-tetraedrita. A reação envolve dióxido de carbono + H2O + sulfetos de cobre. Também pode se formar por soluções contendo cobre reagindo com carbonatos. Entre os minerais secundários de cobre a azurita é muito mais rara que a malaquita.

3. Associações Minerais:

Associa-se aos minerais primários e secundários de cobre e aos típicos minerais secundários de zonas de oxidação.

Entre os minerais primários de cobre estão cobre nativo, calcocita, bornita, calcopirita, famatinita, enargita e tennantita-tetraedrita.

Entre os minerais secundários de cobre estão um mineral preto (tenorita), um mineral vermelho (cuprita), os minerais verdes (malaquita, pseudomalaquita, brochantita, antlerita, atacamita, dioptásio, botallackita, libethenita, olivenita, duftita e natrocalcita) e os minerais azuis (crisocola, cyanotrichita, plancheita, sampleita, linarita, caledonita, calcantita, shattuckita, liroconita, mrázekita, connellita e kröhnkita). Vários dos minerais azuis podem se apresentar verdes e vice-versa.

Outros típicos minerais de zonas de oxidação são quartzo, minerais secundários de Fe (limonita), minerais secundários de chumbo (cerussita), minerais secundários de zinco (smithsonita), minerais de Mn (wad), barita, calcita e dolomita, formando um conjunto muito colorido de minerais.

Page 2: AZURITA – Cu 3 (CO 3 2 (OH) 2AZURITA – Cu 3(CO 3)2(OH)2 A azurita é um carbonato de cobre e, como o próprio nome indica, possui uma cor azul profunda que é inconfundível, extremamente

4. MICROSCOPIA DE LUZ TRANSMITIDA:

Índices de refração: nα: 1,730 nβ: 1,758 nγ: 1,838

ND Cor / pleocroísmo: azul com pleocroísmo forte.

Relevo: alto

Clivagem: perfeita em {011}, uma clivagem boa em {100} e uma clivagem em traços em {110}. Geralmente a clivagem é difícil a impossível de observar.

Hábitos: tende a prismático e tabular

NC Birrefringência e cores de interferência:

birrefringência máxima é 0,108, extremamente alta, mas as cores de interferência são mascaradas pela cor azul intensa. A cor quase não muda de ND a NC.

Extinção: oblíqua

Sinal de Elongação: sem informações

Maclas: não apresenta.

Zonação: não apresenta.

LC Caráter: B(+). A cor azul intensa dificulta ou impossibilita a obtenção da figura.

Ângulo 2V: 68º

Alterações: pode alterar para malaquita, um carbonato secundário de Cu de cor verde.

Pode ser confundida com: outros minerais secundários azuis de cobre. Conferir a lista de minerais associados para verificar as possibilidades.

Azurita a ND (esquerda) e a NC (direita), associada a outro mineral secundário de cobre, de cor verde. Percebe-se que a cor da azurita não muda muito de ND a NC, mas a NC alguns cristais estão em posição de extinção (pretos), o que não ocorre a ND, quando há apenas pleocroísmo.

Imagem de uma lâmina delgada com azurita, observada a olho desarmado. O azul da azurita continua se destacando, mesmo na espessura de padrão da lâmina de apenas 30 micra.

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5. MICROSCOPIA DE LUZ REFLETIDA: Preparação da amostra: o polimento da azurita não apresenta dificuldades e fica de boa qualidade.

ND Cor de reflexão: Cinza escura

Pleocroísmo: Muito fraco, mascarado pelas reflexões internas em azul, mesmo a ND.

Refletividade: ~8% Birreflectância: discreta

NC Isotropia / Anisotropia: Anisotropia forte em tons de cinza, pode estar mascarada pelas reflexões internas em azul.

Reflexões internas: Fortes, intensas, generalizadas, em azul profundo.

Pode ser confundida com: o fato de azurita apresentar efervescência com HCl diluído facilita muito seu reconhecimento em relação a outros minerais secundários de cobre de cor azul.

Connelita forma cristais diferentes e cornetita possui cor mais esverdeada.

Cyanotrichita possui azul mais claro e lirconita, também azul mais claro, é mais macia.

Linarita é mais macia (2,5) e mais densa (5,3). Lazurita e lazulita ocorrem em outros ambientes.

Esquerda: azurita a ND. À direita na imagem, em preto, cavidade na seção polida. Direita: mesma situação a NC. A azurita apresenta forte anisotropia entre azul e cinza claro, com as típicas reflexões internas em azul profundo. A ganga, à direita da imagem, mostra reflexões incolores.

Imagem macro de uma seção polida com malaquita (verde) e azurita (azul). A cor azul da azurita se destaca e é muito diagnóstica mesmo a olho desarmado.

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Versão de abril de 2020

Esquerda: calcário de granulação muito fina impregnado com minerais secundários de cobre. A ND não é possível identificar nem o carbonato devido à granulação muito fina nem os minerais de cobre. Direita: mesma situação a NC. O carbonato apresenta reflexões internas incolores e anisotropia marcante. As reflexões internas esverdeadas são de minerais secundários de cobre como malaquita e vários outros (não é possível identificar o mineral). As reflexões internas em azul são de azurita.

Esquerda: a ND, minério de cobre formado por minerais secundários de cobre. Em azul, covellita. No centro da imagem, azurita (cinza mais claro) e um outro mineral secundário de cobre. Direita: a NC, a covellita apresenta sua anisotropia laranja brilhante típica, a azurita mostra suas reflexões internas em azul e o outro mineral secundário de cobre (crisocola?) tem reflexões internas verde-amareladas.