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1 1. INTRODUÇÃO As uvas de mesa em cultivo no Brasil podem ser divididas em 2 grupos distintos: uvas rústicas e finas. As uvas rústicas de mesa, tem como base, variedades com características de uvas americanas (Vitis labrusca L.), sendo representada pelas variedades Niagara Rosada, Niagara Branca e Isabel. As uvas finas de mesa tem como base, variedades com características de uvas européias (Vitis vinifera L.), sendo representadas pelas variedades Itália, Rubi, Benitaka, Brasil, etc ( MARTINS, 1990). No Brasil, cerca de 9.000 ha de uvas rústicas são cultivados, concentrando suas produções nos estados de São Paulo, com 6.300 ha, Rio Grande do Sul, com 1.600 ha, Santa Catarina com 900 ha, seguido pelos Estados de Minas Gerais e Paraná, que juntos totalizam 200 ha. O Estado de São Paulo destaca-se como maior produtor concentrando sua produção nas regiões de Jundiaí (5.000 ha), Indaiatuba (1.000 ha) e São Miguel Arcanjo (300 ha). Com relação as uvas finas, são cultivados cerca de 10.000 ha, destacando-se o Estado

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1. INTRODUÇÃO

As uvas de mesa em cultivo no Brasil podem ser divididas em 2

grupos distintos: uvas rústicas e finas. As uvas rústicas de mesa,

tem como base, variedades com características de uvas americanas

(Vitis labrusca L.), sendo representada pelas variedades Niagara

Rosada, Niagara Branca e Isabel. As uvas finas de mesa tem como

base, variedades com características de uvas européias (Vitis

vinifera L.), sendo representadas pelas variedades Itália, Rubi,

Benitaka, Brasil, etc ( MARTINS, 1990).

No Brasil, cerca de 9.000 ha de uvas rústicas são cultivados,

concentrando suas produções nos estados de São Paulo, com 6.300

ha, Rio Grande do Sul, com 1.600 ha, Santa Catarina com 900 ha,

seguido pelos Estados de Minas Gerais e Paraná, que juntos totalizam

200 ha. O Estado de São Paulo destaca-se como maior produtor

concentrando sua produção nas regiões de Jundiaí (5.000 ha),

Indaiatuba (1.000 ha) e São Miguel Arcanjo (300 ha). Com relação as

uvas finas, são cultivados cerca de 10.000 ha, destacando-se o Estado

2

de São Paulo com 2890 ha, seguidos pelos Estados de Pernambuco e

Bahia com 4000 ha, Paraná (2660) e Minas Gerais com 400 ha

(BOLIANI & PEREIRA, 1995).

O Estado de São Paulo, destacando-se como maior produtor,

concentra a sua produção nas regiões sudoeste, noroeste e oeste. A

região noroeste do Estado de São Paulo, colonizada a partir da

década de 40, com economia essencialmente agrícola, baseada,

principalmente, na cafeicultura e bovinocultura, vem paulatinamente

substituindo estas atividades por outras de maior interesse econômico,

como por exemplo a viticultura.

O cultivo de uvas finas de mesa com base nos cultivares Itália,

Rubi, Benitaka e Brasil, tem-se constituído na mais expressiva

alternativa agrícola da região noroeste paulista, ocupando área de

1.085 ha. A alta produtividade com frutos de boa qualidade,

produzidos durante a entressafra ( junho-dezembro), tem viabilizado

esta atividade.

A tecnologia desenvolvida para o cultivo de uvas finas nas

condições climáticas de inverno seco e verão quente e chuvoso, com

dupla poda anual de ramos lenhosos (poda de produção - março a

maio com oito a doze gemas e poda de formação - outubro a

novembro com duas a cinco gemas), propicia a produção no

período da entressafra (junho a dezembro), época em que os preços

alcançados pelos viticultores têm sido compensadores.

TERRA et al. (1998) apresentaram o custo de investimento e

implantação no valor de R$ 49 889,86 e produção de R$ 25 906,95,

para um hectare de uva Itália, com densidade de 666 plantas

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(espaçamento de 5 x 3 m), e produtividade média de 34 650 kg.

Entretanto, os altos custos de implantação e condução dos vinhedos,

associados à grande exigência de tratos culturais e fitossanitários, tem

levado alguns viticultores a buscar alternativas, que possibilitem a

redução dos custos nos tratos culturais. Dentre os tratos culturais

utilizados na região, destacam-se : controle de plantas daninhas, podas

( formação e produção), desbaste de botões florais com escova plástica

e de bagas com tesoura apropriada, amarração de ramos, irrigação,

aplicação de reguladores vegetais, controle fitossanitário, cobertura

das videiras com “sombrite”, etc. Esses tratos culturais utilizados na

videira são responsáveis por grande porcentagem do custo da

produção da cultura (TARSITANO et al., 1992).

Em função do exposto, foi desenvolvido este trabalho, com o

objetivo de verificar o efeito de diferentes doses de ethephon, aplicado

antes da poda, na porcentagem de desfolha, rendimento de poda,

brotação dos ramos, produção e qualidade dos cachos e frutos da

videira, na região noroeste do Estado de São Paulo, tentando reduzir

os custos, melhorando a produtividade e a qualidade.

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. Características do cultivar

O cv. Rubi surgiu de mutação somática do cv. Itália, ocorrida

no Paraná em 1974, sendo a coloração rosada da baga a única

diferença do cultivar que lhe deu origem. A planta é muito vigorosa,

de ciclo longo (mais ou menos 150 dias no noroeste de São Paulo e

mais ou menos 180 dias no sul de São Paulo), com produtividade

média de 30 t/ha; apresenta pequena resistência à pragas e doenças.

Necessitando de poda longa (8 a 12 gemas). Os cachos têm a forma

cilíndrico-cônica, são grandes (400 a 800 g), um tanto alongados e

naturalmente muito compactos, necessitando de intenso desbaste;

apresentam boa resistência ao transporte e ao armazenamento,

podendo ser conservados em câmaras frigoríficas. As bagas são

grandes ( 8 a 12 g ), ovaladas, textura trincante e sabor neutro

levemente moscatel; para melhor intensidade do sabor, deve ser

colhida com pelo menos 16 °Brix. A aderência ao pedicelo é boa ,

bem como a resistência ao rachamento (TERRA et al., 1998).

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2.2. Reguladores Vegetais

Foi descoberto que substâncias de crescimento estão presentes

no desenvolvimento dos tecidos. Estas substâncias, de crescimento

endógenos, normalmente controlam o crescimento das plantas, e as

alterações do desenvolvimento podem ser produzidas por aplicações

exógenas de substâncias de crescimento, algumas das quais podem

produzir efeitos benéficos para o homem. Pesquisas básicas e

práticas têm levado ao uso de substâncias de crescimento na

agricultura, onde as mesmas têm assumido importância crescente

(CASTRO & FACHINELLO, 1993).

Reguladores de crescimento são todas as substâncias

empregadas exogenamente para promover o desenvolvimento das

plantas, são compostos produzidos sinteticamente (artificialmente) e

semelhantes aos hormônios, sintetizados naturalmente

(SCHIAPARELLI et al., 1995).

Dentre os reguladores vegetais, incluem as auxinas,

giberelinas, citocininas, ácido abscísico, etileno e outros inibidores

de crescimento, sintetizados quimicamente (KORBAN, 1998).

O modo de ação destes compostos são dependentes do local

de síntese ou tecido aplicado, do tempo de síntese ou da aplicação,

do nível de ação do composto, bem como a da sua interação e a

inter-relação funcional de diferentes hormônios e reguladores de

crescimento (KORBAN, 1998).

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2.2.1. Etileno

O etileno é um metabólito normal da planta e responsável

pelo controle da formação do gancho apical no estiolamento,

iniciação floral, abscisão de folhas e pela indução do período

climatérico na respiração do fruto, e os processos subsequentes da

maturação. O etileno é derivado do aminoácido metionina e

produzido em células somente intactas. A aplicação de etileno

exógeno pode provocar dilatação lateral das células e perda geral da

polaridade associada com um comportamento ageotrópico e

estimulação da divisão celular, que resulta na formação de raízes

adventícias (GALSTON & DAVIES, 1972).

Todos os orgãos de plantas superiores (frutas, flores, folhas,

raízes, sementes, tubérculo, etc.) podem produzir etileno, como

também cogumelos e bactérias. A intensidade de síntese varia de

organismo para organismo e de acordo com o estádio de

desenvolvimento, sendo normalmente baixa, porém é estimulado

durante a germinação das sementes, senescência, abscisão de tecidos

florais e folhas e durante o desenvolvimento do fruto. É elevada nos

tecidos onde há uma intensa divisão celular , enquanto diminui na

fase de distensão celular (SCHIAPARELLI et al., 1995).

A síntese de etileno é influenciada por fatores diferentes como

temperatura, teor carbônico (com efeitos de incentivo ou inibição de

acordo com os tecidos), oxigênio (baixas concentrações inibem), luz

(pelo fitocromo). Em muitos casos, também é correlacionado à

presença de outros hormônios (auxinas, citocininas, etc.) ou de

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reguladores de crescimento (por ex. auxina sintética, particularmente

ANA; retardantes de crescimento como SADH e CCC, etc). A

síntese de etileno também é induzida por fatores de estresses como

ferimentos, trauma, ataques de parasitas e infecções de vírus, frio,

seca, ação do vento e geralmente tigmotropismo, substâncias químicas

(como ozônio, SO2, exudatos de fungicidas, herbicidas), etc. Nestes

casos, ocorre um aumento (aproximadamente dez vezes) da produção

de etileno nas células adjacentes as danificadas, pois a síntese deste

hormônio é realizada em células somente intactas. Este aumento é

mantido durante muito tempo e também ocorre que em tecidos sob

condições normais a produção de etileno é pequena

(SCHIAPARELLI et al., 1995).

A resposta varia em intensidade e duração de acordo com o

tecido interessado e do tipo de estímulo. O papel fisiológico completo

do etileno ainda não está explicado, essencialmente, existe uma série

de processos fisiológicos com que a planta responde à situação de

estresse. Por exemplo, no caso dos ataques de patógenos, o etileno

aparece junto a síntese de enzimas que degrada a parede celular, de

substâncias envolvidas nos mecanismos de defesa da planta como

fenólicos, e emitem goma ou resinas. Em folhas, flores e frutos

danificadas por diversas causas, a abscisão pode ser acelerada

aumentando a produção de etileno, que permite a planta se livrar de

orgãos inúteis (SCHIAPARELLI et al., 1995).

O etileno apresenta características similares a outros reguladores,

simplicidade de estrutura química (CH2=CH2); estado gasoso a

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temperaturas e pressões fisiológicas; ausência de mecanismos de

transporte, etc. (SCHIAPARELLI et al., 1995).

2.2.1.1. Mecanismos de ação

O etileno se liga a um receptor com especificidade típica de

proteína e cuja ligação é do tipo não covalente e rapidamente

reversível. Quando o etileno está conectado a auxina postulou-se que

esse receptor seria uma proteína rica em hidroxiprolina associada à

parede celular. Outro sítio apontado como provável receptor primário

de etileno é a membrana celular, visto que esse gás parece

aumentar a permeabilidade passiva através da membrana

(DIETRICH, 1979).

O etileno, que é considerado um hormônio vegetal, exerce nas

plantas várias funções, dentre as quais: indutor da iniciação floral,

raleador de frutos, acelerador da maturação de frutos, interferindo não

só na distensão celular que causa a dilatação lateral, mas também, na

divisão celular, Janick (1966), Pratt & Goeschl (1969), Galston &

Davies (1972), Morgan (1973) e Childers (1975), citados por

ALBUQUERQUE & ALBUQUERQUE (s.d.). No entanto, a forma

como o etileno atua nos processos anteriormente citados ainda não

está esclarecida. ( Janick,1966 e Bonner & Galston 1973, citados por

ALBUQUERQUE & ALBUQUERQUE (s.d.)).

Lavee (1987), Lavee et al. (1984), Seyijewicz et al. (1984),

Mannini (1982), citados por BAUTISTA et al. (1987), relataram que

o ethephon é uma substância que libera lentamente etileno e quando

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incorporado ao processo metabólico da planta produz efeitos como

atraso no período de brotação , incremento de brotação de gemas e

redução do crescimento de brotos.

Morgan (1973), citado por ALBUQUERQUE &

ALBUQUERQUE (s.d.), encontrou no ácido 2 - cloroetil fosfônico

(ethephon, ethrel ou cepa ), um meio conveniente de tratar as plantas

com etileno. Isto porque o ácido 2 - cloroetil fosfônico é um precursor

do etileno e produz os mesmos efeitos podendo ainda ser armazenado

e aplicado na forma líquida.

Destaca-se entre as substâncias de crescimento, o ethephon,

cuja composição é o ácido 2-cloroetil fosfônico. Ele é um estimulante

vegetal, também denominado regulador vegetal, pertencente ao grupo

químico ácido fosfônico, de classe toxicológica III (faixa Azul).

Comercialmente, apresenta-se como um líquido claro, solúvel em

solventes polares (água, acetona, etc.) e insolúvel em solventes

apolares (óleos, etc.); pode ser encontrado em embalagens de 1 litro e

de 20 litros. Incompatível com produtos alcalinos, possui alta

estabilidade à temperatura (até 170 ºC) e pH estável, em condições

ácidas. Sua formulação é solução aquosa concentrada contendo

21,66% peso-peso (p/p) de ethephon, pH menor que um, sendo

considerado ácido forte (RHODIA AGRO , 1992).

Ethephon é um composto químico, que quando aplicado em

determinadas fases de desenvolvimento da planta e dos seus orgãos,

provoca alterações nos seus processos fisiológicos e bioquímicos,

podendo alterar todo o ciclo das plantas tratadas conforme o objetivo

pretendido (RHODIA AGRO, 1992).

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O Ethephon é utilizado pelos produtores e registrado para

culturas como : abacaxizeiro, o qual é utilizado para induzir

uniformemente o florescimento e também uniformizar a maturação

dos frutos; cafeeiro, utilizado para antecipar e uniformizar a

maturação dos frutos; cana de açúcar , com o objetivo de acelerar

a maturação, inibir o florescimento e induzir o perfilhamento; Pinus,

para estimular a produção de resina; tomateiro, para uniformizar a

maturação e melhorar a coloração dos frutos (RHODIA AGRO,

1992).

2.2.1.2. Abscisão foliar

A abscisão foliar pode ser o resultado de uma aplicação de

reguladores vegetais ou a produção natural de hormônios da própria

planta. A abscisão foliar resulta da formação de camadas celulares

(células parenquimatosas) especializadas na zona de abscisão, na base

do pecíolo, podendo ser formada no início do desenvolvimento da

folha ou somente depois da completa maturação dela (GALSTON &

DAVIES, 1972).

A queda da folha é causada pela senescência, sendo o

envelhecimento natural ou ambiental. O envelhecimento dos tecidos

da folha é importante, não somente para a produção de fatores de

senescência mas também para a resposta da zona de abscisão aos

hormônios (GALSTON & DAVIES, 1972).

Quando a senescência é retardada pela auxina, a abscisão

também é retardada, e nenhum tratamento que a acelera, pode

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estimular o processo (ex:. etileno). O etileno, no entanto, promove a

abscisão do pecíolo se aplicado após o envelhecimento dos tecidos

do pecíolo. Auxina geralmente inibe a abscisão, mas pode apresentar

efeitos promotores, dependendo da idade do tecido ao qual é

aplicada. À medida que a folha senesce, o efeito inibidor da auxina

é perdido e a abscisão se torna altamente suscetível aos efeitos

promotores de outros fatores (GALSTON & DAVIES, 1972).

A auxina produzida no limbo foliar retarda a abscisão, mas

uma vez iniciado o processo de senescência, tal hormônio promove o

fenômeno . Isto se deve, possivelmente à formação do etileno, que

por sua vez estimula a síntese de novas enzimas tais como a

celulase, promovendo a dissolução das paredes celulares na zona

de abscisão (GALSTON & DAVIES, 1972).

2.3. Uso de reguladores vegetais

Reguladores vegetais tem sido utilizados em várias culturas, e

estudos têm sido realizados com C14-Ethephon em oliveira e 3H-GA3

em videira cv. Thompson Seedless, para determinar a quantidade de

reguladores de crescimento aplicado e absorvido pelo tecido da

planta, e para determinar a quantidade que foi requerido para ação

fisiológica. Na videira, a absorção de GA3 foi afetada pelo estágio de

desenvolvimento da baga; durante o florescimento, a absorção foi

quase duas vezes maior do que na formação do fruto ou durante os

15 dias seguintes; a quantidade GA3 absorvida foi positivamente

correlacionado com tamanho da baga e negativamente correlacionado

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com atraso da maturação. Na oliveira, o ethephon foi absorvido

pelas folhas, frutos e pedicelos (órgãos aplicados); absorção foi

aumentada com a elevação da temperatura; aproximadamente,

6 nl (nanolitros) de ethephon/pedicelo foi suficiente para derrubar

frutos de oliveira. Estes resultados confirmam que, maior quantidade

de reguladores de crescimento aplicado não são absorvidos pela planta

ou por outro órgão da planta, mas sim pelo tecido alvo (BEN-TAL

et al., 1993).

SOULIE et al. (1994), trabalhando com cultura de tecido de

videira, com e sem reguladores de crescimento (ethephon), sendo

cultivado em um frasco de 380 ml a 25 ºC, com luz Flux 100

mumol m-2 s-1 e 16 horas de luz, durante 6 semanas avaliaram o

desenvolvimento da planta e a concentração de etileno dentro do

frasco. Verificaram que a adição de ethephon causou aumento na

concentração de etileno no frasco e houve inibição do

desenvolvimento da planta a um limite de concentração de 4 nmol/l ;

o efeito inibidor do etileno foi justificado ao íon prata e somente

ocorreu durante os primeiros dias de desenvolvimento da planta.

PEREIRA & McCOWN (1999), trabalharam com cultura de

tecido de Hancornia speciosa (Mangaba), observando o efeito da

aplicação do etileno em relação ao efeito da temperatura para

brotação lateral, e concluíram que : altas temperaturas (35°C)

proporcionaram aumento da brotação, e diminuição da taxa de

etileno nos tecidos; o crescimento da cultura a 35°C apresentou um

pico de etileno mais precoce, e uma taxa de etileno menor durante o

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restante do ciclo. Isto, está relacionado à diminuição de ACC-síntase

(precursor de etileno).

MASHEVA & MASHEV (1987) relataram que cultivares de

uvas de vinho Pamid, Cabernet Sauvignon ( ambos resistentes ao frio )

e Mavrud, foram pulverizados com 0,1 % de ethrel (ethephon) no

início da maturação. Observaram que : nitrogênio total e proteínas no

ramo foram pouco afetados pelo uso do ethrel; o nível de celulose e

amido foram aumentados na cv. Pamid; nos 3 cultivares, o ethrel

aumentou o número de fibras do floema, sendo o seu efeito maior no

cultivar Mavrud ( o de menor resistência ao frio); e, exame

microscópico das gemas de inverno apresentaram alguns aumentos no

comprimento embriônico dos brotos ( especialmente na Mavrud),

tamanho do cacho (Cabernet Sauvignon ), e o coeficiente potencial

produtivo foi ligeiramente aumentado (Pamid e Cabernet Sauvignon ).

Khanduya & Balasubrahmanyan (1971), citados por

BAUTISTA et al. (1987), afirmaram que o padrão de diferenciação

floral das gemas da videira é uma característica varietal,

possivelmente influenciada por condições ambientais onde

desenvolve a planta.

IWASAKI (1980), em estudos realizados com ethephon nas

doses de 500 ppm e 1000 ppm, observou atraso no início da brotação

em videira, cv. Moscatel de Alexandria.

ALBUQUERQUE et al. (1996) relataram que aplicando

ethephon em plantas de videira, em ciclos sucessivos, conseguiu-se

não só aumentar a porcentagem de gemas brotadas, mas também a

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fertilidade destas, o que concorreu para o aumento da produtividade

da cultura.

Os cultivares Vellaneuva, Alphonse Lavallée e Itália foram

divididos em 2 grupos, cada cultivar : um grupo foi pulverizado com

4000 ppm de ethephon, 10 dias antes da poda, e o outro grupo foi

deixado como testemunha. Foram avaliados: brotação, fertilidade de

gemas, número de cachos por planta, analisando ramos de 1 - 10 nós

(gemas ). A brotação de gemas da ponta do ramo não foi afetada pelo

tratamento de ethephon em quaisquer cultivares, mas foram

estimuladas as demais gemas dos ramos; desta forma, o ethephon

revelou-se reduzir a dominância apical. A fertilidade de gemas não

apresentou diferenças atribuídas ao regulador vegetal, considerada

normal, devido a indução floral ocorrer em ciclo anterior a sua

brotação. Nos 3 cultivares, o número de cachos por ramo aumentou

com o aumento de nós (gema) podado, atribuindo ao aumento da

brotação como sendo resposta da aplicação do ethephon (BAUTISTA

et al., 1987 ).

O mecanismo de dominância apical não está totalmente

esclarecido porém, a regularização da brotação de gemas laterais

são atribuídos a interação e antagonismo entre hormônios,

especialmente auxinas e citocininas , segundo Phillips ( 1975) e Sachs

et al. (1967) citados por BAUTISTA et al. (1987).

Street & Opik (1984), citados por ALBUQUERQUE et al.

(1996), descreveram que as gemas da videira, sob condições de clima

tropical, apresentam uma forte dominância apical, que é caracterizada

pelo desabrochamento mais vigoroso das gemas terminais das varas,

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resultando numa brotação desuniforme e irregular da planta como um

todo. Essa dominância está supostamente relacionada com a produção

e translocação de reguladores de crescimento, tais como as auxinas.

As auxinas promoveriam o transporte de assimilados diretamente para

a região meristemática da gema apical, bloqueando a disponibilidade

dos nutrientes para as gemas laterais, e também agiriam inibindo o

desenvolvimento das conexões vasculares entre as gemas laterais e o

tecido vascular principal.

Segundo ALBUQUERQUE et al. (1996), para diminuir os

efeitos da forte dominância apical nas videiras, é conveniente utilizar

alguns produtos químicos que force a brotação rápida e uniforme das

gemas. E, conforme pesquisa desenvolvida na região do Submédio

São Francisco (ALBUQUERQUE & ALBUQUERQUE, 1993), os

produtos mais eficientes para equilibrar a brotação são : a cianamida

hidrogenada (H2CN2), o ethephon (ácido 2-cloroetilfosfônico) e a

calciocianamida (CaCN2).

ALBUQUERQUE & ALBUQUERQUE (1993) trabalharam

com alguns produtos químicos como glifosate, SADH, citocinina,

dinoseb misturado com óleo mineral, calciocianamida, cianamida

hidrogenada e ethephon. Observaram que o ethephon também

demonstrou bons resultados para aumentar a brotação da videira,

quando pulverizado sobre toda a planta, 10 a 14 dias antes da poda,

na concentração de 8.000 ppm. Com 3 a 5 dias após a aplicação, a

folhagem começou a amarelar, entrando em senescência, acarretando

a queda quase que total das folhas.

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Shikhamany et al. (1989) citados por PIRES (1995), relataram

o efeito de agentes químicos associados à torção das varas com o

objetivo de induzir a quebra da dormência das gemas da videira

‘Thompson Seedless’, a qual apresenta uma brotação muito pobre

quando cultivada em condições de clima tropical. O experimento foi

conduzido em blocos ao acaso com dez tratamentos a saber :

paclobutrazol (PB) a 1000 e 1500 ppm, nitrato de potássio (KNO3) a

4 e 6 %, tiouréia 3 e 4,5 % , ethephon a 2000 e 3000 ppm, vara

torcida como controle 1 e vara íntegra como controle 2. As videiras

foram podadas uniformemente deixando-se 12 gemas por vara.

Todas as varas imediatamente após a poda, à exceção do controle 2 ,

foram torcidas à mão com objetivo de promover a ruptura do cambio

e, em seguida as cinco gemas terminais das varas tratadas foram

mergulhadas nas soluções contendo os produtos químicos em estudo.

A torção da vara associada à aplicação de solução de tiouréia 4,5%

foi a que apresentou o melhor resultado na quebra de dormência das

gemas ao longo da vara, apresentando 3,95 gemas brotadas contra

1,7 gemas brotadas do controle 2 . Os demais tratamentos

apresentaram em média 2,7 gemas brotadas.

Em estudos realizados por ALBUQUERQUE et al.(1984) a

eliminação da brotação apical das varas brotadas e o desfolhamento

manual das plantas, antes da poda, não causaram nenhuma influência

sobre a brotação das gemas.

LARIOS et al. (1987), trabalharam com uvas de mesa cv.

Morocco e de vinho cv. Carignane, pulverizadas com ethrel

(ethephon ), alar (daminozide ) e cycocel ( chlormequat ), aplicando-

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se 1000, 2000 e 3000 ppm, em três fases diferentes em cada

cultivar : logo após a colheita (outubro/84), após a poda (fevereiro e

março/85) e durante a intumescência das gemas. Todas as aplicações

de reguladores vegetais, atrasaram a brotação das gemas. Após a

colheita, o cv. Morocco, utilizando 1000 ppm de ethrel, atrasou em 9

dias a brotação das gemas. E, nos cvs. Morocco e Carignane

utilizando 2000 e 3000 ppm de ethrel atrasou 18 dias. No momento

da poda, ethrel, aplicado em doses de 2000 e 3000 ppm, atrasou a

brotação em 18 dias na cv. Morocco. E, dose de 3000 ppm na cv.

Carignane, atrasou de 19 a 24 dias. No inchamento das gemas o

ethrel, aplicado em doses de 3000 ppm, atrasou a brotação em 18

dias no cv. Morocco. E, dose de 2000 e 3000 ppm no cv. Carignane,

atrasou de 11 a 19 dias.

LARIOS et al. (1987), estudando a aplicação de ethrel,

observaram que não aumentou o número de cachos por planta na cv.

Morocco e Carignane, sendo notado no entanto diminuição em

alguns tratamentos, devido, possivelmente, a concentração de etileno

originado pelo ethrel, proporcionando como conseqüência uma

redução da concentração de auxinas , provocando abscisão de flores

e frutos.

Agaoglu & Eris (1982), citados por LARIOS et al. (1987),

trabalhando com pulverizações de ethrel, na dose de 500 ppm, cv.

Moscatel de Hamburgo, observaram diminuição da produção.

LARIOS et al.(1987), utilizando ethephon nas doses de 1000,

2000 e 3000 ppm, nas épocas : logo após a colheita, após a poda e

durante a intumescência das gemas, observaram pequena diminuição

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na produção. Relataram que a variação da influência dos reguladores,

é devido, provavelmente, a penetração não uniforme nas plantas em

relação as condições de manejo.

PEACOCK et al. (1978) trabalharam com doses de 0 , 100

ppm (ano 1974) e 200 ppm de ethephon, com cv. Red Málaga, nos

anos de 1974 e 1975, aplicado com 50 % de coloração(1974) e com

10% de coloração das bagas (1975). A dose de 200 ppm foi superior a

100 ppm, por este motivo, no ano de 1975 só foi utilizado a dose de

200 ppm. Observaram, diminuição da produção de 22 kg/planta

(produção de 1974), para 14 kg/planta (produção de 1975), na dose de

200 ppm; e constataram diminuição da acidez total titulável e não

observaram diferenças significativas no peso e na firmeza da baga.

ALBUQUERQUE & SOBRAL (1989), realizaram aplicações,

treze dias antes da poda de produção, na região do vale do São

Francisco, para determinar qual o mais eficiente produto químico na

brotação da videira cv. Itália, sendo utilizado ethephon 8000 ppm,

cianamida hidrogenada (H2CN2 3,5%), calciocianamida (CaCN2 30%)

e ethephon 8000 ppm + H2CN2 3,5%. Todos os produtos

apresentaram resultados superiores à testemunha, na porcentagem das

gemas brotadas, número de cachos e não influiu nos teores de sólidos

solúveis totais, concorrendo assim para uma melhor produtividade da

cultura. Em períodos de temperaturas mais elevadas, sugerem utilizar

concentrações mais baixas, em torno de 5000 ppm. Embora o

ethephon isolado tenha apresentado resultados inferiores à cianamida

hidrogenada, em relação ao aumento das gemas brotadas; quando

aplicados conjuntamente verificou-se uma potencialização do efeito da

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cianamida. O tratamento H2CN2 foi o mais eficiente dentre os

produtos utilizados separadamente.

GAY et al. (1984) afirmaram que videiras ‘Merlot’, tratadas

com 1000 ppm de ethephon, no início e com 50% de coloração, em 4

anos sucessivos obtiveram menor produtividade (de 12 a 40%) do que

a testemunha, isto devido principalmente a redução do peso do cacho.

A acidez e o número de cacho por planta foi reduzido e a intensidade

da cor aumentada. Alsol (etacelasil ) teve pouco efeito para os

mesmos parâmetros avaliados.

Foram estudados os efeitos do uso de ethephon, alzodef (50%

de cianamida ) e torção dos ramos nos cultivares de uva de mesa

Itália e Alphonse Lavallée, analisando a influência na brotação das

gemas e na produção. Verificou-se que, no cv. Itália, a brotação das

gemas foi aumentada, por alzodef em 7,5 % com torção. A maior

produção de frutos (16 kg/planta), foi obtida com ethephon a 5000

ppm, seguido pelo Alzodef 7,5 % com torção. A torção do ramo

somente aumentou significativamente a brotação das gemas (para

41,4%) sendo que a produção dos frutos foi de 12,6 kg / planta.

Tratamento nenhum teve efeito significativo para cv. Alphonse

Lavallée, na qual a brotação de gemas foi superior a 60 % , sem

receber tratamento (SIMANCAS et al., 1987).

CARRASQUILLA (1991), relatou que a videira ‘Itália’ tratada

com dormex a 5 ; 7,5 e 10 % foi comparado com aquela tratada com

ethephon a 5000 ppm e com a testemunha (sem aplicação), para

avaliar o efeito deles na brotação das gemas ao longo dos ramos e na

produção. Observou que, dormex a 7,5 % proporcionou melhor

20

resultado, com produção de 15,1 kg/pl, comparado com 12,4 kg/pl

quando aplicado ethephon, e 10,7 kg /pl em relação a testemunha

(sem aplicação). Também, foram vistos 3 formas de aplicação

(Pulverizador costal , atomizador e bastão), e o custo relativo usando

dormex e ethrel. O dormex nos três métodos foi mais efetivo que o

ethephon.

HARDIE et al. (1981) trabalharam com 3 níveis de regime

hídrico (máximo , moderado e mínimo estresse) e utilizaram

ethephon a 500 ppm, aplicado quando as bagas apresentavam-se

com 7 % de coloração no cv. Zinfandel. Observaram que o

crescimento das bagas foi influenciado pelo ethephon, exceto no

regime de máximo estresse. Comparado com videiras sem tratar

(testemunha), a diferença de peso de baga e o volume não foi

significativo. O ethephon não causou efeitos significativos na

produção e peso dos cachos. A aplicação de ethephon melhorou o

teor de sólidos solúveis totais e acidez total titulável

MANNINI et al. (1981), trabalhando com ethephon aplicado

nas doses de 0 (zero) , 300 ppm (em todo o cacho), 1000 ppm (porção

apical do cacho) e 1000 ppm (porção superior do cacho), no período

de pré florescimento, cv. Zinfandel, obtiveram melhores resultados

com o tratamento 300 ppm (em todo o cacho), ou seja, aumentou o

teor de sólidos solúveis totais, porém, não teve influencia na

produção, peso do cacho e baga, e acidez total titulável.

LARIOS et al. (1987), relataram que os níveis de auxina e

giberelina são elevados nos primeiros estádios de desenvolvimento

do fruto e pode afetar de alguma forma o balanceamento de auxinas-

21

giberelinas, vindo a favorecer este último, originando maior

crescimento do fruto, sendo que os tratamentos com ethrel

aumentaram o tamanho do fruto, nos cvs. Morocco e Carignane.

LARIOS et al.(1987), relataram que Mehta & Chundawat

(1979), utilizando 500 ppm de ethrel, pulverizado no período de

repouso da videira cv. Beauty Seedless, observaram melhor qualidade

dos frutos e adiantamento na maturação.

O tratamento com ethrel, antecipou a maturação e melhorou a

qualidade dos frutos (acidez total titulável, teor de sólidos solúveis

totais e ‘ratio’), para os cultivares Morocco e Carignane. A aplicação

de alar e cycocel atrasaram a maturação dos frutos, houve diminuição

do teor de sólidos solúveis totais e ‘ratio’, porém, aumentaram a

acidez e a produção (LARIOS et al., 1987).

MORRIS & CAWTHON (1981), realizaram aplicações de

ethephon, cv. Concord , em diferentes doses : 0 , 100, 200, 300,

400, 500 ppm, 08 dias antes da colheita. Observaram que não houve

influência na maturação e a abscisão pós colheita foi aumentada com

o uso de ethephon, quando a uva permaneceu durante 24 horas, a

30 °C.

O ethephon pode aumentar a quantidade do pigmento

antocianina e o grau de coloração em bagas de uvas de mesa e de

vinho; entretanto, existe pouco ou nenhum efeito sobre o teor de

sólidos solúveis totais. Foi constatado que, pulverizações com

ethephon causam uma maturação muito mais rápida de uva

‘Thompson Seedless’ usada para passa, quando não anelada.

Ethephon 250 ppm , aplicado na época em que as bagas começam a

22

amolecer e/ou colorir, adiantou a maturação em 16 dias quando

comparado ao controle. Esse acúmulo precoce de açúcar poderia ser

de valor para a indústria de uva passa onde um avanço na maturação

anteciparia a colheita. (CASTRO & FACHINELLO, 1993).

23

3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1. Caracterização da área experimental

O experimento foi conduzido em um vinhedo comercial do

cultivar Rubi, localizado em Urânia, região noroeste do Estado de

São Paulo, latitude 20°16’ S, longitude 50°33’ W e altitude média de

483 m.

Segundo sistema de Köppen, o clima da região é classificado

como subtropical úmido, CWa, com inverno seco e ameno e verão

quente e chuvoso. Os dados climáticos referentes ao período de

condução do experimento são apresentados na Tabela 01.

O índice pluviométrico médio anual é de 1280 mm distribuídos

de agosto a abril, sendo o mês de janeiro o que apresenta a maior

precipitação (265 mm). A estação seca ocorre de maio a setembro,

sendo o mês de julho de menor índice (16 mm). Apresenta

24

TABELA 01. Dados meteorológicos médios mensais de 1997. Estação Experimental de Jales- Jales-SP Mês T

(°°°°C) T máx (°°°°C)

T mín (°°°°C)

UR (%)

P* (mm)

E* (mm)

E (mm/dia)

1 24.0 30.2 20.8 84 273.6 140.50 5.62 2 25.5 31.9 21.0 81 88.6 168.38 6.01 3 25.3 31.2 19.1 82 182.2 166.76 5.75 4 23.4 30.2 17.4 81 37.0 148.86 4.96 5 20.8 28.0 16.8 79 51.1 136.06 4.39 6 18.6 25.8 14.5 84 159.5 98.07 3.50 7 19.8 28.2 14.9 77 2.8 135.95 4.39 8 21.0 30.6 15.5 73 0.0 188.28 6.24 9 23.7 33.9 18.9 74 26.2 197.20 6.57 10 23.9 32.8 19.8 78 125.2 210.82 6.80 11 25.7 32.0 20.6 74 178.6 173.02 5.77 12 24.2 31.5 20.3 84 202.4 163.84 6.30

Total 1327.2 1927.74 Média 23.0 30.5 18.3 79 110.6 160.65 5.53 Máxima 25.7 33.9 21.0 84 273.6 210.65 6.80 Mínima 18.6 25.8 14.5 73 0.0 98.07 3.50 (*) Valores totais do mês T – temperatura média do ar UR - umidade relativa do ar P – precipitação pluviométrica E - evaporação

FONTE: EMBRAPA (1997)

evapotranspiração média anual 2205 mm, sendo o mês de outubro o

de maior evapotranspiração (234,10 mm). E o mês de junho com a

menor (133,30 mm). A temperatura média anual é 22,3°C com média

das mínimas de 19,9°C e média das máximas de 29,0°C. Janeiro é o

mês mais quente com média de 24,3°C. A umidade relativa média é de

69%, com máxima em março (76%) e mínima em setembro (61%)

(BOLIANI, 1994).

O solo do local onde foi implantado o experimento, está

classificado como Podzólico Vermelho Amarelo. Esses solos em

geral, possuem um horizonte superficial A moderado, de textura

arenosa com teores médios de matéria orgânica e com o horizonte B

25

textural de coloração vermelho-amarelada e textura média a argilosa.

O relevo na região é suave-ondulado e ondulado (TERRA et al.,

1998).

3.2. Delineamento experimental

O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente

casualizado, com quatro tratamentos e cinco repetições, sendo que

uma planta constituiu uma parcela, separadas por uma planta de

bordadura.

3.3. Tratamentos utilizados

Os tratamentos utilizados foram:

T1 : Testemunha - sem aplicação de ethephon

T2 : 3 L/ha de ethrel (ethephon, 240 g/l ) – 4500 ppm

T3 : 4 L/ha de ethrel (ethephon, 240 g/l ) – 6000 ppm

T4 : 5 L/ha de ethrel (ethephon, 240 g/l ) – 7500 ppm

3.4. Implantação e condução do experimento

O experimento foi instalado em um vinhedo comercial do

cv. Rubi, em quinze de abril de 1997, sendo que as plantas foram

pulverizadas, com seus respectivos tratamentos, vinte dias antes da

poda de produção.

26

Por ocasião da implantação do experimento, os ramos

encontravam-se com aproximadamente 150 dias após a poda de

formação dos ramos, período este no qual as folhas estavam maduras

e com bom estado fitossanitário (ausência de manchas causadas por

pragas e doenças).

O vinhedo experimental utilizado foi implantado em 1990,

tendo como porta-enxerto IAC-572 ‘Jales’ e o sistema de condução

empregado foi o da “ latada ”, no espaçamento 5 x 3 m e condução

das plantas na forma de “espinha de peixe”.

A aplicação do produto foi realizada com pulverizador

tratorizado, modelo KO 500 litros, usando um litro de calda por

planta, cuja aplicação foi realizada até o ponto de escorrimento. A

aplicação foi realizada no espaçamento de 5 metros, denominado entre

linhas, em função da poda na região ser realizada de forma

escalonada, para facilitar tratos culturais e obter maior período de

colheita.

Os valores da temperatura média, máxima e mínima, umidade

relativa do ar, precipitação e a evaporação no dia da aplicação do

regulador de crescimento foram 24,8 °C, 31,4 °C, 17,8 °C, 80 %,

1,4 mm, 6,24 mm, respectivamente.

3.5. Tratos Culturais

Os tratos culturais utilizados foram os convencionais adotados

na região :

27

3.5.1. Poda de produção: realizadas no 1°. semestre ( 05 de maio ),

poda longa (8 a 12 gemas / ramo).

3.5.2. Aplicação de regulador vegetal

Ethephon : foi aplicado antes da poda, com as doses

especificadas anteriormente.

Cianamida hidrogenada : utilizada após a poda, na dose de 5%

em todos os tratamentos.

3.5.3. Desbaste dos Cachos: o desbaste dos cachos foi realizado em

duas fases : botão floral e entre ervilha e meia baga como descritas a

seguir.

3.5.3.1. Botão floral - desbaste no estádio de botão floral, com uso da

escova plástica, retirando-se aproximadamente 70 a 80% dos botões

(aproximadamente aos 28 dias após a poda )

3.5.3.2. Ervilha à meia baga - foi retirado através de uma tesoura

apropriada de lâmina comprida e estreita, com pontas arredondadas

(realizada em torno de 45 a 60 dias após a poda ), com o objetivo de

eliminar o excesso de bagas, bagas defeituosas, bagas com manchas ,

etc.

28

3.5.4. Irrigação - o sistema de irrigação utilizado foi do tipo aspersão

sub-copa, irrigando uma hora a cada 4 dias, ou seja, aplicando-se

22 mm de água por hora.

3.5.5. Adubação: a videira é uma planta perene e, como tal, a

adubação foi realizada acompanhando os diferentes estádios de

desenvolvimento da planta. Efetuando adubações de formação e

produção, realizadas de acordo com os resultados e interpretação da

análise do solo. O fertilizante utilizado foi 20-05-20 , na dose de

100 g/pl/semana, iniciando a aplicação com brotos de 10 cm de

comprimento até o início do amolecimento das bagas, exceto no

período de floração.

3.5.6. Controle fitossanitário - foi realizado visando o controle das

principais doenças e pragas:

Doenças: Míldio (Plasmopara viticola), oídio(Uncinula

necator), antracnose( Elsinoe ampelina) e botrites(Botrytis cinerea)

Pragas: Cochonilhas (Pseudococcus citri, Orthezia ,

Diapidiotus uvae, Hemiberlesia lataniae , Pseudaulacaspis pentagona

e Parassaissetia nigra), ácaros (Polyphagotarsonemus latus,

Panonychus citri).

3.6. Parâmetros Avaliados

Os parâmetros avaliados foram:

29

3.6.1. Porcentagem de desfolha - foi realizada a contagem das folhas

de quatro ramos por planta no dia da aplicação do regulador vegetal e

a contagem, no dia da poda, das folhas remanescentes. Calculou-se a

porcentagem de desfolha considerando-se a diferença entre as duas

contagens.

3.6.2. Rendimento de poda - foi avaliado o tempo médio em minutos

gasto para realizar a poda em cada parcela dos tratamentos.

3.6.3. Porcentagem das gemas brotadas - foi avaliado a

quantidade de gemas brotadas, obtida através do número total de

gemas remanescentes nos ramos podados e o número de gemas que

brotaram.

3.6.4. Número de brotos por ramo mestre - foi efetuado através da

contagem do número total de brotos emergentes no ramo mestre de

cada planta.

3.6.5. Períodos avaliados

3.6.5.1. Poda ao início da brotação - foi contado em dias, o período

utilizado para as plantas começarem a brotar.

3.6.5.2. Poda à colheita – foi contado em dias, o período para

realizar a colheita.

30

3.6.6. Número de cachos por broto - foi obtida a contagem do

número de cachos por broto.

3.6.7. Número de cachos por planta - foram contados todos os

cachos de cada planta.

3.6.8. Produção - foi pesado todos os cachos de cada planta, sendo

expresso os resultados em quilos por planta.

3.6.9. Características dos cachos

3.6.9.1. Comprimento e largura - foram medidos todos os cachos de

cada tratamento, na própria planta, uma semana antes da colheita.

3.6.9.2. Peso - na colheita, foi realizada a pesagem de todos os

cachos.

3.6.10. Características das bagas

3.6.10.1. Comprimento e largura - foram coletadas 10 bagas por

cacho, colhidos aleatoriamente, medidas com paquímetro, no

Laboratório de Tecnologia de Alimentos da Faculdade de

Engenharia - UNESP - Campus de Ilha Solteira .

31

3.6.10.2. Peso – foram coletadas 10 bagas por cacho, colhidas

aleatoriamente e pesadas com balança de precisão, no Laboratório de

Tecnologia de Alimentos da Faculdade de Engenharia - UNESP -

Campus de Ilha Solteira .

3.6.11. Análises tecnológicas

3.6.11.1. Teor de sólidos solúveis totais (SST) - foram analisados os

teores de Sólidos Solúveis Totais ( º Brix ), no Laboratório de

Tecnologia de Alimentos da Faculdade de Engenharia - UNESP -

Campus de Ilha Solteira, através do uso de refratômetro de bancada.

3.6.11.2. Acidez total titulável (ATT) – as análises de acidez total

titulável ( gramas de ácido málico / 100 gramas de polpa), foram

realizadas no Laboratório de Tecnologia de Alimentos da Faculdade

de Engenharia - UNESP - Campus de Ilha Solteira .

A análise de ATT foram realizadas, baseadas nas

recomendações de TRESSLER & LOSLYN (1961).

Após a coleta dos dados, os mesmos foram tabulados e

analisados através de regressão polinomial, cujo programa

computacional utilizado foi o SAS, no Laboratório de Matemática -

UNESP - Campus de Ilha Solteira .

32

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na Tabela 02, são apresentados os resultados das análises

estatísticas, para os parâmetros : porcentagem de desfolha, rendimento

de poda, porcentagem de gemas brotadas, número de brotos no ramo

mestre, número de cachos por broto, número de cachos por planta,

produção, comprimento, largura e peso do cacho, comprimento,

largura e peso da baga , teores de sólidos solúveis totais e acidez total

titulável.

4.1. Porcentagem de desfolha

Foi observado que cinco dias após a aplicação do produto, as

plantas que receberam a aplicação de ethrel (ethephon), apresentaram

início de amarelecimento das folhas, e nove dias após, iniciou-se a

queda delas.

33

TABELA 02. Teste “ F ”, coeficiente de variação e desdobramentos em efeitos Lineares e Quadráticos para cv. Rubi na

região noroeste do Estado de São Paulo - 1997. Teste “F” Coeficiente de

variação Efeito Linear

Efeito Quadrático

% desfolha 14.86**

84.62 38.06** 6.45**

Rendimento de poda

2.31 ns 10.43 4.74* 1.08 ns

% gema brotada

5.24** 31.30 13.37** 0.004 ns

Broto no ramo mestre

7.48** 55.32 20.44** 0.27 ns

Nº cacho/broto

0.61 ns 30.24 0.39 ns 1.43 ns

Nº cacho/Planta

20.97** 14.51 17.13** 35.64**

Produção ( kg / planta )

11.12** 17.17 5.90* 24.51**

Comprimento do cacho (cm)

2.12 ns 11.49 5.54* 0.04 ns

Largura do cacho (cm)

2.58 ns 11.84 0.002 ns 6.80*

Peso do cacho (kg)

1.93 ns 9.87 2.65 ns 0.16 ns

Diâmetro da Baga (mm)

1.28ns 5.61 0.10ns 1.44ns

Comprimento da Baga (mm)

6.00** 5.97 14.89** 3.07ns

Peso da Baga (g)

0.85ns 12.08 0.42ns 1.88ns

S.S.T. (º Brix)

6.89** 4.48 10.61** 5.12*

Acidez (g ác.má- lico/100 g polpa)

14.87** 6.70 0.02 ns 38.80**

Nas Fotos 01, 02, 03 e 04 (APÊNDICE), são mostrados o início

da queda das folhas 5 dias após a aplicação do ethrel, para os

tratamentos 0 L/ha (testemunha), 3 L/ha, 4 L/ha e 5 L/ha,

respectivamente.

34

Foi observado quinze dias após a aplicação do ethrel, que o

ramo estava quase desfolhado totalmente (80 a 90%) na parte acima

do aramado (região considerada apropriada para realizar a poda de

produção), desta forma, melhorou-se a visualização do ramo a ser

podado e consequentemente o rendimento de poda.

Nas Fotos 05, 06, 07 e 08(APÊNDICE), são mostradas a queda

das folhas após 15 dias da aplicação do ethrel, para os tratamentos

0 L/ha (testemunha), 3 L/ha, 4 L/ha e 5 L/ha, respectivamente.

Esses resultados concordam com as observações de

ALBUQUERQUE & ALBUQUERQUE (1993), os quais também

verificaram que, 3 a 5 dias após a aplicação do regulador vegetal

(ethephon) as folhas iniciaram o processo de senescência,

acarretando a queda quase total.

Observou-se que, a medida que foi aumentada a dose do ethrel,

houve aumento da porcentagem de desfolha. O tratamento 5 L/ha

foi o que apresentou a maior porcentagem de desfolha,

proporcionando desta forma um melhor rendimento de poda.

A menor porcentagem de desfolha foi de 4,41% quando não foi

utilizado regulador vegetal ( 0 L/ha), e o aumento da porcentagem de

desfolha foi proporcional ao aumento da dose , sendo 3 L/ha (12,8%),

4 L/ha (24,52%) e culminando com 5 L/ha (37,74%).

A desfolha é uma prática que facilita a poda, pois quando não

se utiliza regulador vegetal antes da poda, esta operação é

realizada manualmente por um ou dois funcionários, o que aumenta

consideravelmente o tempo gasto para a realização da mesma.

35

Na Figura 01, são apresentados os dados referentes a

porcentagem média de desfolha e seus respectivos tratamentos.

FIGURA 01. Efeito de diferentes doses de ethrel na porcentagem

de desfolha da videira cv. Rubi, para poda de

produção realizada em maio de 1997, região no-

roeste do Estado de São Paulo.

Através da análise de regressão polinomial, observou-se o

efeito altamente significativo do regulador vegetal na porcentagem de

desfolha (Tabela 02).

Na faixa das doses estudadas a equação que melhor

representou a porcentagem de desfolha foi :

Y = 1,879 x2 - 2,6604 x + 4,3609

4.2. Rendimento de poda

Através da Figura 02, são apresentados os dados referentes ao

rendimento de poda.

4,41

37,74

24,52

12,80

y = 1,879x2 - 2,6604x + 4,3609

R2 = 0,9986

0

5

10

15

20

25

30

35

40

0 1 2 3 4 5 6

Doses de ethrel (l/ha)

Por

cent

agem

méd

ia d

e de

sfol

ha

(%

)

36

FIGURA 02. Efeito de diferentes doses de ethrel no tempo de

poda da videira cv. Rubi, para poda de produção

realizada em maio de 1997, região noroeste do

Estado de São Paulo.

Para o tratamento 4 L/ha, gastou-se em média para podar uma

planta 11,92 minutos, ao passo que o tratamento 0 L/ha (testemunha) ,

gastou-se 12,45 minutos por planta, por pessoa.

Os tratamentos que proporcionaram maiores rendimentos

médios de poda foram aqueles que receberam 5 e 3 litros de

ethrel/ha, com 10,5 e 11,74 minutos por planta, por pessoa,

respectivamente, mostrando a vantagem da utilização do produto.

Assim, observou-se uma tendência em melhorar o rendimento

de poda, proporcionando desta forma uma redução de custos na mão-

de-obra para o viticultor (reduzindo o uso de desfolha manual),

devido a eficiência do regulador vegetal, o qual proporcionou queda

12,4511,74 11,92

10,50

y = -0,3163x + 12,604

R2 = 0,6828

0

2

4

6

8

10

12

14

0 1 2 3 4 5 6

Doses de ethrel (l/ha)

Tem

po m

édio

de

poda

(min

/pan

ta)

37

das folhas e consequentemente reduziu o tempo gasto para a

realização da poda.

Maiores rendimentos de poda foram obtidos quando foram

efetuadas as aplicações do regulador vegetal, com as maiores doses.

O tratamento 4 L/ha teve rendimento de poda menor que o

tratamento 3 L/ha, porém maior que o tratamento 0 L/ha

(testemunha), mostrando que o número de ramos não influenciou na

tendência dos resultados( tratamento 4 L/ha possuía o maior número

de ramos por planta), e que a desfolha favoreceu o rendimento de

poda.

Nas Fotos 09, 10, 11 e 12(APÊNDICE), são apresentadas a

realização da poda, após 20 dias da aplicação do ethrel, para os

tratamentos 0 L/ha (testemunha), 3 L/ha, 4 L/ha e 5 L/ha,

respectivamente.

Este resultado pode ser melhor enfatizado, quando realizar a

poda em 1 hectare ( 666 plantas ), utilizando-se 5 L/ha de ethrel, em

comparação com a testemunha (sem aplicação do regulador), o que

proporciona uma redução de mão-de-obra de 1,952 minutos por

planta, por pessoa, ou seja, uma diferença de 21 horas, 40 minutos e 1

segundo para efetuar a poda em 1 hectare. Transformando em dias de

trabalho, seria equivalente a 2,7 dias de trabalho de 8 horas, os quais

poderiam ser utilizados em outros serviços mais dispendiosos de

tempo, e que não podem ainda ser substituídos por outras técnicas,

como exemplo, o desbaste dos cachos.

A análise estatística mostrou através do teste “F” (Tabela 02)

efeito não significativo ao nível de 2,31% , mas quando fez o

38

desdobramento, observou-se efeito linear ao nível de 4,74 % de

significância. Na faixa das doses estudadas a equação que melhor se

adequou foi :

Y = - 0,3163 x + 12,604

4.3. Porcentagem de gemas brotadas

Verifica-se através da Figura 03 , que a tendência de aumento

da porcentagem de gemas brotadas por ramo está diretamente ligado

com o aumento da dose do regulador vegetal.

FIGURA 03. Efeito de diferentes doses de ethrel, na porcen-

tagem de gemas brotadas da videira cv. Rubi, para

poda de produção realizada em maio de 1997,

região noroeste do Estado de São Paulo.

54,1659,69

50,35

40,26

y = 3,4964x + 40,626

R2 = 0,8506

0

10

20

30

40

50

60

70

0 1 2 3 4 5 6

Doses de ethrel (l/ha)

Por

cent

agem

méd

ia d

e ge

mas

bro

tada

s po

r ra

mo

(%)

39

Observa-se, através dos dados da Figura 03, que os tratamentos

5 e 3 L/ha, foram os que apresentaram maiores porcentagens de

gemas brotadas. A porcentagem média de gemas brotadas por ramo,

no tratamento 5 L/ha foi de 59,69 %, enquanto os tratamento 4 , 3

e 0 L/ha (testemunha), apresentaram 50,35, 54,16 e 40,26 % de

gemas brotadas por ramo, respectivamente.

Nas Fotos 13, 14, 15 e 16(APÊNDICE), visualiza-se a brotação,

para os tratamentos 0 L/ha (testemunha), 3 L/ha, 4 L/ha e 5 L/ha,

respectivamente.

BOLIANI (1994), relata que a porcentagem de gemas brotadas

em cultivares Itália e Rubi, podados em Jales-SP, é superior a 35%,

estando de acordo com este trabalho, o qual apresenta brotação do

tratamento 0 L/ha (testemunha) de 40,26% e os tratamentos com

aplicações de ethephon, que apresentaram porcentagem de gemas

brotadas superiores a estes resultados, comprovando o efeito de

ethephon.

Desta forma, pode-se notar que, aumentando a dose de ethrel,

é aumentada a porcentagem de gema brotada, estando de acordo com

Phillips ( 1975) e Sachs et al. (1967) citados por BAUTISTA et al.

(1987) e BAUTISTA et al. (1987), que constataram redução da

dominância apical e maior brotação das gemas subsequentes.

Khanduya & Balasubrahmanyan (1971), citados por

BAUTISTA et al. (1987), afirmaram que o padrão de diferenciação

floral das gemas da videira é uma característica varietal,

possivelmente influenciada por condições ambientais onde se

desenvolve a planta.

40

Desta forma, verifica-se assim, que o aumento da

porcentagem de gemas brotadas, não é o único fator responsável pela

obtenção de maior número de cachos e produção.

SIMANCAS et al. (1987) obtiveram maior porcentagem de

gemas brotadas no cv. Itália, utilizando alzodef 7,5% com torção do

ramo mais ethephon, estando de acordo com este trabalho.

Os resultados obtidos neste trabalho, com apenas uma aplicação

de regulador vegetal, apresentou resultados semelhantes aqueles

obtidos por ALBUQUERQUE & SOBRAL (1989), que observaram

aumento da porcentagem de gemas brotadas, concorrendo para uma

melhor produtividade e ALBUQUERQUE et al. (1996), os quais,

relataram que, com aplicações de ethephon em ciclos sucessivos

aumentou-se a porcentagem de gemas brotadas, resultando em

aumento da produção.

Outra prática comum entre os produtores é a realização da

torção (massagem) dos ramos para melhorar a brotação. O tempo

gasto com esta operação pode ser economizado com o uso do

regulador vegetal pois, observou-se que, com o aumento da dose do

produto melhora a brotação, dispensando assim, esta prática.

Realizando a análise de regressão polinomial, obteve-se a

seguinte equação:

Y = 3,4964 x + 40,626

41

4.4. Número de brotos no ramo mestre

São apresentados na Figura 04 o número de brotos emitidos no

ramo mestre após a poda.

FIGURA 04. Efeito de diferentes doses de ethrel, no nú-

mero de brotos do ramo mestre da videira

cv. Rubi, para poda de produção realizada em

maio de 1997, região noroeste do Estado de

São Paulo.

Observa-se através dos dados que ocorreu um aumento do

número de brotos no ramo mestre com o aumento da dose do

regulador vegetal aplicado. O tratamento 0 L/ha (testemunha) foi o

que apresentou menor número de brotos, em média de 1,4 brotos por

ramo mestre.

6,40

1,40

13,20 13,60

y = 2,5857x + 0,8929

R2 = 0,9103

0

2

4

6

8

10

12

14

16

0 1 2 3 4 5 6

Doses de ethrel (l/ha)

Núm

ero

méd

io d

e br

otos

no

ram

o m

estr

e

42

Maiores números de brotos no ramo mestre foram obtidos nos

tratamentos que receberam as maiores doses de ethrel, sendo que, a

medida que aumentou a dose do regulador vegetal, houve um aumento

gradativo do número de brotos. O tratamento 5 litros de ethrel/ha,

apresentou em média 13,6 brotos por ramo, seguido dos tratamentos

4 L/ha e 3 L/ha com 13,2 e 6,4 brotos por ramo mestre,

respectivamente.

Realizando a análise estatística através da regressão polinomial

observou-se alta significância, como mostra a Tabela 02. Realizando

o desdobramento, observou-se efeito linear altamente significativo,

através do Teste “F” . Isto mostra que o aumento do número de

brotos no ramo mestre é uma reta crescente, ou seja, a dose de

ethrel está diretamente ligada ao número de brotos no ramo mestre.

Este resultado positivo da aplicação do ethrel, na estimulação

das gemas para brotação no ramo mestre, pode ser mais interessante

nas podas de recuperação (reforma da parte aérea) e formação de

novos ramos, o qual estimula a emissão de brotos no ramo mestre,

aumentando dessa forma o número de brotações, podendo auxiliar nas

correções das falhas da espinha de peixe ( sistema convencional de

condução, mais utilizado na região), etc. É aconselhável utilizar 4

litros de ethrel/ha (quando pretende somente reforma da parreira),

dose esta, que propicia o aumento de número de brotos por ramo

mestre e um menor gasto do produto, pois a diferença no número de

brotos é pequeno quando comparado com o tratamento 5 L/ha.

Foi observado, visualmente, que os brotos emitidos no ramo

mestre, nos tratamentos que receberam a aplicação de ethrel,

43

apresentavam maior vigor, comparado ao tratamento sem aplicação

do produto (testemunha), o que é bastante vantajoso, pois de maneira

geral, as plantas mais velhas apresentam maiores dificuldades para

emissão desses brotos e quando o fazem, normalmente são pouco

vigorosos e dificilmente se desenvolvem satisfatoriamente.

Realizando, a análise de regressão polinomial, obteve-se a

seguinte equação:

Y = 2,5857 x + 0,8929

4.5. Período - poda ao início da brotação

A Figura 05 mostra o período compreendido da poda ao

início da brotação das gemas do cv. Rubi.

Pode-se verificar, através dos dados, que não houve diferença

entre os tratamentos, sendo que todos apresentaram um período de 9

dias para iniciarem a brotação.

Este trabalho discorda dos resultados obtidos por IWASAKI

(1980), o qual obteve atraso no período de brotação no cv. Moscatel

de Alexandria, na dose de 500 e 1000 ppm de ethrel, e de LARIOS et

al. (1987), os quais obtiveram atraso no período de brotação no cv.

Morocco e Carignane, na dose de 1000, 2000 e 3000 ppm de ethrel.

Portanto, o uso do regulador vegetal não influenciou no

período de brotação, contrariando os resultados obtidos por

Mannini et al. (1982) citados por BAUTISTA et al. (1987), os quais

relataram que o ethephon é uma substância que libera lentamente

44

etileno, e quando incorporado ao processo metabólico da planta

produz efeitos como atraso no período de brotação.

Os resultados discordantes deste trabalho para os demais, pode

ter sido, devido a época de aplicação do regulador de crescimento,

cultivares e condições climáticas, serem diferentes.

FIGURA 05. Efeito de diferentes doses de ethrel, no período

da poda ao início da brotação da videira cv. Rubi, pa-

ra poda de produção realizada em maio de 1997,

região noroeste do Estado de São Paulo.

4.6. Ciclo : poda / colheita

A Figura 06, mostra os dados referentes ao ciclo da videira,

sendo o período compreendido da poda à colheita.

9 9 9 9

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

0 1 2 3 4 5 6

Doses de ethrel (l/ha)

Per

íodo

da

poda

a b

rota

ção

(dia

s)

45

Observa-se que não houve influência do uso de diferentes

doses de ethrel para antecipar ou retardar a colheita. Constatando-se

um período de 150 dias. Estes resultados estão de acordo com TERRA

et al. (1998), que verificaram o ciclo de 150 dias para a região de Jales

(SP).

Este trabalho, discorda de Mehta & Chundawat (1979), citados

por LARIOS et al. (1987), e de LARIOS et al. (1987), os quais,

observaram uma antecipação da maturação dos frutos com a

aplicação de ethephon.

FIGURA 06. Efeito de diferentes doses de ethrel, no ciclo da

poda à colheita da videira cv. Rubi, para poda

de produção realizada em maio de 1997, região

noroeste do Estado de São Paulo.

150 150 150 150

0

20

40

60

80

100

120

140

160

0 1 2 3 4 5 6

Doses de ethrel (l/ha)

Per

íodo

da

poda

à c

olhe

ita

cicl

o (d

ias)

46

4.7. Número de cachos por broto

Através da Figura 07, são apresentados os dados referentes aos

números médios de cachos por broto.

FIGURA 07. Efeito de diferentes doses de ethrel, no número de

cachos por broto da videira cv. Rubi, para poda de

produção realizada em maio de 1997, região

noroeste do Estado de São Paulo.

Observa-se que, o uso de doses diferentes de ethrel, 20 dias

antes da poda não interferiu no número de cachos emitidos por broto.

Maiores números de cachos por broto, foram emitidos, quando

efetuou-se a aplicação de 5 litros de ethrel/ha (1,12 cachos/broto),

seguidos de 0 L/ha e 4 L/ha perfazendo 1,03 cachos por broto, ao

passo que o tratamento 3 L/ha apresentou 0,98 cachos por broto.

1,03

0,98

1,03

1,12y = 0,0118x + 1,0058

R2 = 0,2151

0,96

0,98

1

1,02

1,04

1,06

1,08

1,1

1,12

1,14

0 1 2 3 4 5 6

Doses de ethrel (l/ha)

Núm

ero

méd

ios

de c

acho

s po

r br

otos

47

Khanduya & Balasubrahmanyan (1971), citados por

BAUTISTA et al. (1987), afirmaram que o padrão de diferenciação

floral das gemas da videira é uma característica varietal,

possivelmente influenciada por condições ambientais onde

desenvolve a planta e BAUTISTA et al., (1987 ), relataram que a

fertilidade das gemas não apresentaram diferenças atribuídas ao

regulador vegetal, considerando normal, devido a indução floral

ocorrer em ciclo anterior a sua brotação, desta forma, sabe-se que a

indução floral ocorre anteriormente. Observando-se os resultados

deste trabalho, pode-se afirmar que o ethrel, não interferiu na

produção, mesmo existindo tendência de aumentar o número de

cachos por broto.

Apesar de existir uma leve tendência de aumentar o número

de cachos por broto, esta é mínima, não sendo aconselhável o uso do

regulador para esta finalidade.

Pode-se observar na Tabela 02 os resultados não significativos.

Realizando a análise de regressão polinomial, obteve-se a

seguinte equação:

Y = 0,0118 x + 1,0058

4.8. Número de cachos por planta

Na Figura 08 observa-se os dados referentes ao número de

cachos por planta.

48

FIGURA 08. Efeito de diferentes doses de ethrel, no número de

cachos por planta da videira cv. Rubi, para poda

de produção realizada em maio de 1997, região no-

roeste do Estado de São Paulo.

O tratamento 0 L/ha apresentou 111,4 cachos em média por

planta, os tratamentos 3 , 4 e 5 L/ha apresentaram 75,6 ; 138,2 e

158,8 cachos por planta, respectivamente.

Verifica-se que os tratamentos com 5 L/ha e 4 L/ha,

apresentaram os maiores números de cachos por planta. Nota-se,

assim uma tendência em aumentar o número de cachos por planta com

o aumento da dose de ethrel.

O tratamento 3 L/ha, apresentou menor número de cachos que

a testemunha (0 L/ha), tornando-se inviável a sua aplicabilidade.

111,40

75,60

138,20

158,80

y = 9,2177x2 - 34,769x + 110,09

R2 = 0,8389

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

0 1 2 3 4 5 6

Doses de ethrel (l/ha)

Núm

ero

méd

io d

e ca

chos

por

pla

nta

49

Os dados obtidos no presente trabalho, são concordantes com os

resultados apresentados por LARIOS et al. (1987), os quais

mostraram que a aplicação de ethrel não aumentou o número de

cachos por planta nos cvs. Morocco e Carignane, sendo observado

diminuição em alguns tratamentos, nas doses de 1000, 2000 e 3000

ppm. Concorda também com GAY et al. (1984), os quais relataram

que aplicações em 04 anos sucessivos, diminuiu o número de cachos

por planta, na dose de 1000 ppm, ou seja, este trabalho concorda com

os anteriores quando foi utilizado doses baixas, como 3 L/ha

(equivalente a 4500 ppm) e concorda com ALBUQUERQUE &

SOBRAL (1989), quando utiliza-se doses maiores, acima de 3 L/ha,

os quais encontraram resultados semelhantes a este trabalho,

utilizando ethephon 8000 ppm + cianamida hidrogenada 3,5 % , em

cv. Itália, observaram aumento do número de cachos e

consequentemente aumento da produtividade.

BAUTISTA et al. (1987), estudando três cultivares de videira

Vellaneuva, Alphonse Lavallée e Itália, concluíram que o número de

cachos por ramo aumentou com o aumento de nós (gema) podada,

atribuindo ao aumento da brotação como sendo resposta da aplicação

do ethephon, estando de acordo com o presente trabalho.

Realizando a análise de regressão polinomial, obteve-se a

seguinte equação:

Y = 9,2177 x2 - 34,769 x + 110,090

50

4.9. Produção

Na Figura 09, pode-se observar os dados referentes a produção

média demonstrado em quilos por planta.

FIGURA 09. Efeito de diferentes doses de ethrel, na produção da

videira cv. Rubi, para poda de produção realizada em

maio de 1997, região noroeste do Estado de São Paulo.

Observou-se que houve um aumento na produção, em relação a

testemunha quando utilizou-se o ethrel nas doses de 4 L/ha e 5 L/ha.

O uso de baixa dose de ethrel (3 L/ha) diminuiu a produção,

quando comparado com a testemunha.

A análise estatística mostrou uma tendência em aumentar a

produção com o aumento da dose de ethrel aplicado (Figura 09). Isto,

40,28

77,54

64,0059,02

y = 4,5027x2 - 18,225x + 58,603

R2 = 0,9117

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

0 1 2 3 4 5 6

Doses de ethrel (l/ha)

Pro

duçã

o (k

g/pl

)

51

pode ser evidenciado através da Figura 08 (número de cachos por

planta), a qual teve a mesma tendência.

Os resultados obtidos utilizando 5 L/ha , 4 L/ha , 3 L/ha e

0 L/ha (testemunha) foram : 77,54 kg/pl, 64,00 kg/pl , 40,28 kg/pl

e 59,02 kg/pl, respectivamente .

Enfatizando melhor os resultados da forma como o produtor

avalia sua produção, pode-se concluir que o tratamento 0 L/ha

(testemunha) obteve uma produção de 39.307,32 kg/ha e o

tratamento 5 L/ha obteve 51.641,64 kg/ha, propiciando 31,38 % de

aumento de produção. E , para isto, o custo da aplicação(custo da

hora máquina e homem dia), de R$ 20,00/ha, segundo TERRA et al.

(1998), e do produto de R$ 59,00/litro (preço médio do mercado

local), equivalem a 350 kg de uva (considerando R$ 0,90/kg de uva ),

ou seja, 0,68% da produção. Desta forma, a produção líquida

foi de 51.291,64 kg/ha , e o uso do regulador proporcionou aumento

de 11.984,32 kg/ha, sendo equivalente a R$ 10.785,89 de ganho

líquido com a aplicação de ethrel na dose de 5 L/ha. Quando foi

utilizado a dose de 4 L/ha obteve uma produção de 42.624 kg/ha

comparado com o tratamento 0 L/ha (testemunha) 39.307,32 kg/ha ,

propiciando 8,44 % de aumento de produção. E , para isto, o custo

da aplicação (R$ 20,00/ha) e do produto (R$ 59,00/litro) equivalem

a 284,44 kg de uva (considerando R$ 0,90/kg de uva), ou seja, 0,66%

da produção. Desta forma, a produção líquida foi de 42.339,56 kg/ha ,

e o uso do regulador proporcionou aumento de 3.032,24 kg/ha, sendo

equivalente a R$ 2.729,02 de ganho líquido com a aplicação de ethrel

52

na dose de 4 L/ha, podendo afirmar, ser compensatório o uso de

ethrel, na dose de 5 L/ha, pelo maior ganho líquido.

A aplicação de ethrel em baixa dose, como 3 L/ha (equivalente

a 4500 ppm) não proporcionou bom resultado, pois sua aplicação

reduziu a produção em relação ao tratamento 0 L/ha (testemunha), o

que está de acordo com Agaoglu & Eris (1982), citados por LARIOS

et al. (1987), que trabalharam com ‘Moscatel de Hamburgo’,

utilizando 500 ppm e observaram diminuição no rendimento da

produção. HARDIE et al. (1981), também não observaram efeito

significativo utilizando 500 ppm de ethephon no cv. Zinfandel,

aplicado com 7% de coloração das bagas.

Os resultados deste trabalho, concordam com PEACOCK et

al. (1978), os quais trabalharam com cv. Red Málaga, em dois anos

seguidos, sendo aplicado com 50% e 10% das bagas coloridas, nas

doses de 100 e 200 ppm e obtiveram diminuição notável de produção

por planta.

LARIOS et al. (1987), atribuem a variação da influência dos

reguladores, provavelmente, a penetração não uniforme nas plantas

em relação as condições de manejo, e trabalhando com doses de

1000 , 2000 e 3000 ppm, obtiveram produção inferior com o uso de

ethephon, estando de acordo com este trabalho, comprovando assim,

que baixas doses de ethephon proporcionam menor produção.

Portanto, resultados encontrados neste trabalho, estão de acordo

com os encontrados por GAY et al. (1984), os quais afirmaram que

videiras tratadas com 1 000 ppm de ethephon, 4 anos sucessivos,

tiveram menor produtividade ( de 12 a 40%) do que a testemunha, isto

53

devido principalmente a redução do peso do cacho. Porém, contrários

aos resultados obtidos por ALBUQUERQUE et al. (1996), onde

relataram que aplicando ethephon em plantas de videira, em ciclos

sucessivos, consegue-se não só aumentar a porcentagem de gemas

brotadas, mas também a fertilidade destas, o que concorre para o

aumento da produtividade da cultura.

SIMANCAS et al. (1987), obtiveram maior produção

utilizando 5000 ppm de ethephon, no cv. Itália, estando de acordo

com este trabalho, no qual verifica-se tendência em aumentar a

produção com doses mais elevadas do produto.

Este trabalho apresentou resultados satisfatórios com doses

maiores obtendo-se desta forma aumento na produção.

E, realizando a análise de regressão polinomial, obteve-se a

seguinte equação de produção :

Y = 4,5027 x2 - 18,225 x + 58,603

4.10. Características dos cachos

4.10.1. Comprimento - Verifica-se na da Figura 10 , que existe

tendência em diminuir o comprimento dos cachos, com o uso de doses

crescentes de ethrel (ethephon).

O tratamento 0 L/ha (testemunha), foi o que proporcionou

cachos mais compridos, apresentando número de cachos superior ao

tratamento 3 L/ha , mas no entanto inferior aos tratamentos 4 e 5 L/ha.

54

FIGURA 10. Efeito de diferentes doses de ethrel, no comprimento

do cacho da videira cv. Rubi, para poda de produção

realizada em maio de 1997, região noroeste do Estado

de São Paulo.

Apesar do tratamento 0 L/ha (testemunha) apresentar cachos

mais compridos, estas diferenças não foram acentuadas em relação

aos demais tratamentos, os quais apresentaram também cachos de

padrão comercial.

BOLIANI (1994), determinou o comprimento do cacho para cv.

Rubi em Jales-SP, sendo de 21,25 cm, mostrando que os cachos

obtidos neste trabalho estão próximos do padrão obtido pela autora e

as diferenças de comprimento não influenciaram na produção.

19,61

21,55

21,08

23,49

y = -0,6927x + 23,51

R2 = 0,8723

19

19,5

20

20,5

21

21,5

22

22,5

23

23,5

24

0 1 2 3 4 5 6

Doses de ethrel (l/ha)

Com

prim

ento

méd

io d

oca

cho

(cm

)

55

O tratamento 5 L/ha, com média de 19,61 cm de comprimento,

proporcionou o menor tamanho de cacho, ou seja, a aplicação do

regulador proporcionou o maior número de cachos, porém com o

menor comprimento, não influenciando na produção. Enquanto que

os demais tratamentos apresentaram médias de comprimento de cacho

de 21,55 cm; 21,08 cm e 23,49 cm, na seguinte ordem: tratamento

4 L/ha, 3 L/ha e 0 L/ha (testemunha). Embora tenha ocorrido

diminuição do tamanho do cacho com a aplicação do regulador

vegetal, todos os tratamentos apresentaram cachos de comprimento

comercial e mais uniformes. A região noroeste paulista, está com

planos de intensificar as exportações de uva, e o tamanho do cacho

obtido com a aplicação de ethrel é ideal para uma perfeita

padronização do tamanho dos mesmos para a exportação. Cachos

uniformes e não muito grandes facilitam a embalagem e atendem a

exigência do mercado externo, principalmente o europeu.

Realizando a análise de regressão polinomial obteve-se a

seguinte equação:

Y = - 0,6927 x + 23,51

4.10.2. Largura - Na Figura 11 , observa-se que os tratamentos

0 L/ha, 3 L/ha, 4 L/ha e 5 L/ha apresentaram as seguintes médias de

largura de cacho : 12,38 cm; 14,61 cm , 12,93 cm e 12,16 cm de

largura de cacho, respectivamente.

O tratamento 3 L/ha proporcionou cachos mais largos que os

demais tratamentos. Os tratamentos 0 L/ha , 4 L/ha e 5 L/ha

56

resultaram em cachos mais estreitos; porém, esta diferença não

influenciou a qualidade dos mesmos, apresentando todos os

tratamentos cachos de padrão comercial.

FIGURA 11. Efeito de diferentes doses de ethrel, na largura dos

cachos da videira cv. Rubi, para poda de produção

realizada em maio de 1997, região noroeste do

Estado de São Paulo.

No entanto, o tratamento 3 L/ha apresentou cachos mais

largos, porém não contribuiu para aumento da produção, em função da

planta apresentar menor número de cachos. Observando que o

aumento da largura do cacho não interferiu na produção.

12,3814,61

12,93

12,16

y = -0,3537x2 + 1,6748x + 12,419

R2 = 0,8785

0

2

4

6

8

10

12

14

16

0 1 2 3 4 5 6

Doses de ethrel (l/ha)

Larg

ura

méd

ia d

os c

acho

s (c

m)

57

Realizando, a análise de regressão polinomial, obteve-se a

seguinte equação:

Y = - 0,3537 x2 + 1,6748 x + 12,419

4.10.3. Peso - Na Figura 12, observa-se que houve tendência de

diminuir o peso do cacho com a aplicação de diferentes doses de

ethrel. O tratamento 0 L/ha e 3 L/ha apresentaram as maiores médias

de peso, de 0,53 kg por cacho, e os tratamentos 4 e 5 L/ha

proporcionaram, 0,46 e 0,49 kg/cacho, respectivamente. Tem-se

observado, que de maneira geral, quando ocorre aumento na produção

há uma pequena redução no tamanho dos cachos, isso pode ser

observado nos resultados obtidos nos tratamentos 4 e 5 L/ha.

Neste trabalho, todos os tratamentos obtiveram cachos de

padrão comercial, estando de acordo com o que relataram TERRA et

al., (1998).

Realizando a análise de regressão polinomial, obteve-se a

seguinte equação:

Y = - 0,0017 x2 - 0,0016 x + 0,5278

58

FIGURA 12. Efeito de diferentes doses de ethrel, no peso do cacho

da videira cv. Rubi, para poda de produção realizada

em maio de 1997, região noroeste do Estado de São

Paulo.

4.11. Características das bagas

4.11.1. Comprimento – Verifica-se na Figura 13 tendência em

aumentar o comprimento das bagas nos tratamentos que receberam

aplicação de ethrel, apresentando médias superiores ao tratamento

0 L/ha ( testemunha ), com os seguintes valores: 31,42 mm (4 L/ha);

31,28 mm (3 L/ha); 31,24 mm (5 L/ha) e 30,40 mm (0 L/ha)

testemunha.

Nota-se mínima diferença entre os valores apresentados,

mostrando resultados não expressivos apesar de existir tendência

em aumentar o comprimento quando comparado à testemunha.

0,53

0,46

0,49

0,53

y = -0,0017x2 - 0,0016x + 0,5278

R2 = 0,4853

0,46

0,47

0,48

0,49

0,5

0,51

0,52

0,53

0,54

0 1 2 3 4 5 6

Doses de ethrel (l/ha)

Pes

o m

édio

s do

s ca

chos

(kg

)

59

FIGURA 13. Efeito de diferentes doses de ethrel, no comprimento da

baga da videira cv. Rubi, para poda de produção

realizada em maio de 1997, região noroeste do Estado

de São Paulo.

Independente da utilização, bem como da dose de ethrel, todas

as bagas apresentaram características desejáveis para a

comercialização em relação ao comprimento, ou seja, estão de acordo

com dados obtidos por BOLIANI (1994), onde relata que o

comprimento das bagas foi de 30,12 mm.

Os resultados neste trabalho estão de acordo com os obtidos

por LARIOS et al. (1987), os quais tiveram tendência de aumentar o

tamanho do fruto nos cvs. Morocco e Carignane, utilizando ethrel a

1000 ppm, 2000 ppm e 3000 ppm, nas seguintes fases : após

31,28

31,42

31,24

30,04y = 0,27x + 30,185

R2 = 0,8271

29,8

30

30,2

30,4

30,6

30,8

31

31,2

31,4

31,6

31,8

0 1 2 3 4 5 6

Doses de ethrel (l/ha)

Com

prim

ento

méd

io d

e

bag

a (m

m)

60

colheita, após poda e intumescência das gemas. Justificaram que os

níveis de auxina e giberelina são elevados nos primeiros estádios de

desenvolvimento do fruto e pode afetar de alguma forma o

balanceamento de auxinas-giberelinas, vindo a favorecer este último,

originando maior crescimento do fruto.

Realizando a análise de regressão polinomial obteve-se a

seguinte equação:

Y = 0,27 x + 30,185

4.11.2. Largura - Na Figura 14 verifica-se que os tratamentos

obtiveram as seguintes médias de largura de baga: 23,84 mm ; 23,82

mm ; 23,70 mm e 23,38 mm, respectivamente, para os tratamentos

4 L/ha, 0 L/ha, 5 L/ha e 3 L/ha de ethrel, mostrando que as

diferenças entre os valores obtidos foram mínimos, evidenciando

que não houve efeito do regulador vegetal para este parâmetro.

Independente da utilização ou não, e da dose de ethrel, todas as

bagas apresentaram características desejáveis para a comercialização

em relação a lagura, ou seja, estão de acordo com dados obtidos por

BOLIANI (1994), onde relata que o comprimento das bagas foi de

23,92 mm.

Realizando a análise de regressão polinomial obteve-se a

seguinte equação:

Y = 0,0444 x2 - 0,2249 + 23,805

61

FIGURA 14. Efeito de diferentes doses de ethrel, na largura da

baga da videira cv. Rubi, para poda de produção

realizada em maio de 1997, região noroeste do Estado

de São Paulo.

4.11.3. Peso – Verifica-se na Figura 15, que os tratamentos

proporcionaram os seguintes pesos, em ordem decrescente, 11,09 g ;

11,04 g ; 10,83 g e 10,74 g para 4 L/ha , 3 L/ha, 5 L/ha e 0 L/ha

de ethrel, respectivamente, mostrando que doses intermediárias (4 e 3

L/ha) de ethrel , proporcionaram tendência em aumentar o peso das

bagas. Por outro lado , dose maior (5 L/ha), apresentou tendência em

diminuir o peso da baga .

23,38

23,8223,84

23,70y = 0,0444x2 - 0,2249x + 23,805

R2 = 0,4011

23,3

23,4

23,5

23,6

23,7

23,8

23,9

0 1 2 3 4 5 6

Doses de ethrel (l/ha)

Larg

ura

méd

ia d

aba

ga (

mm

)

62

FIGURA 15. Efeito de diferentes doses de ethrel, no peso da baga

da videira cv. Rubi, para poda de produção realizada

em maio de 1997, região noroeste do Estado de São

Paulo.

Apesar das tendências demonstradas , nenhum dos tratamentos

apresentaram bagas fora do padrão comercial, estando de acordo com

TERRA et al., (1998), os quais relataram que o peso da baga do cv.

em questão , varia 8 a 12 gramas. Pode-se concluir, que não houve

influência significativa com o uso do regulador vegetal para este

parâmetro, ou seja, que a aplicação do produto não afeta o peso das

bagas.

Este trabalho concorda com HARDIE et al.(1981), que

trabalhando com o cv. Zinfandel, 500 ppm de ethephon, e PEACOCK

et al. (1978), que trabalhando com Red Málaga, 200 ppm de ethephon,

não observaram diferenças significativas no peso da baga.

10,74

11,04

10,83

11,09

y = -0,0503x2 + 0,2694x + 10,739

R2 = 0,899

10,7

10,75

10,8

10,85

10,9

10,95

11

11,05

11,1

11,15

0 1 2 3 4 5 6

Doses de ethrel (l/ha)

Pes

o m

édio

de

Bag

a (g

)

63

Realizando a análise de regressão polinomial obteve-se a

seguinte equação:

Y = - 0,0503 x2 + 0,2694 x + 10,739

4.12. Análises tecnológicas das bagas

4.12.1. Sólidos solúveis totais - Observa-se na Figura 16 que os

tratamentos 3 L/ha e 0 L/ha apresentaram 16,40 e 16,10 ºBrix,

respectivamente. Os tratamentos 4 L/ha e 5 L/ha, apresentaram

valores de 14,90 e 14,80° Brix , respectivamente.

FIGURA 16. Efeito de diferentes doses de ethrel, no teor de

Sólidos Solúveis Totais da videira cv. Rubi,

para poda de produção realizada em maio de

1997, região noroeste do Estado de São Paulo.

16,10

16,40

14,9014,80

y = -0,1387x2 + 0,3823x + 16,136

R2 = 0,7605

14

14,5

15

15,5

16

16,5

0 1 2 3 4 5 6

Doses de ethrel (l/ha)

Méd

ia d

e S

ólid

os S

olúv

eis

Tot

ais

(Gra

us

Brix

)

64

Concluiu-se que há tendência em diminuir o teor de sólidos

solúveis totais com maiores doses de ethrel aplicado. Portanto,

aumentando a dose de ethrel, aumentou-se a produção, mas em

contrapartida, ocorreu uma diminuição do teor de sólidos solúveis

totais. Isto, pode ser melhor evidenciado através da Figura 09

(Produção).

Para o tratamento 3 L/ha, a produção foi menor , sendo o teor

de sólidos solúveis totais mais elevado, enquanto nos tratamentos

mais produtivos ( 4 L/ha e 5 L/ha ), os teores de sólidos solúveis

totais diminuíram com o aumento da produção.

Porém, independentemente do tratamento utilizado, as bagas

apresentaram características desejáveis, estando dentro das

recomendações, exigidas para colheita e comercialização (acima de

14° Brix), de acordo com TERRA et al. (1998).

Este trabalho concorda com MANNINI et al. (1981) e Mehta &

Chundawat (1979), citados por LARIOS et al. (1987), LARIOS et

al. (1987) e HARDIE et al. (1981) os quais obtiveram melhorias no

teor de sólidos solúveis totais, utilizando doses de 500 ppm a 3000

ppm de ethrel, ou seja, a utilização de baixas doses de ethrel, como

utilizado neste trabalho, de 3 L/ha, a qual equivale a 4500 ppm,

aumenta o teor de sólidos solúveis totais.

ALBUQUERQUE & SOBRAL (1989), utilizando 8000 ppm

de ethephon, não observaram influência significativa no teor de

sólidos solúveis totais, a ponto de comprometer a qualidade da uva

para a comercialização, estando de acordo com este trabalho.

65

Através da análise de regressão polinomial obteve-se a

seguinte equação:

Y = - 0,1387 x2 + 0,3823 x + 16,136

4.12.2. Acidez total titulável - A Figura 17 mostra que os

tratamentos 4 L/ha e 3 L/ha apresentaram valores iguais de acidez

total titulável, sendo 0,44 gramas de ácido málico por 100 gramas

de polpa, e os tratamentos 0 L/ha e 5 L/ha, obtiveram valores de

0,38 e 0,35 gramas de ácido málico/ 100 g de polpa,

respectivamente. Percebe-se pequena tendência em diminuir a acidez

com o aumento da dose de ethrel aplicado.

Apesar da tendência dos resultados, todos os tratamentos estão

dentro das normas exigidas para comercialização, sendo no máximo

de 0,50 gramas de ácido málico para 100 gramas de polpa de uva.

Estes resultados estão de acordo com aqueles obtidos por BOLIANI

(1994), em Jales-SP, no cv. Rubi, o qual atingiu o ponto de colheita,

acidez em torno de 0,53 gramas de ácido málico/100g de polpa.

Este trabalho apresenta resultados que concordam com GAY et

al. (1984), os quais utilizaram ethephon no início e com 50% de

coloração da baga em 4 anos sucessivos. LARIOS et al. (1987)

utilizaram ethephon após a colheita, após a poda e na intumescência

das gemas e apresentaram resultados na melhoria do teor de acidez

total titulável.

66

FIGURA 17. Efeito de diferentes doses de ethrel, na Acidez

Total Titulável da videira cv. Rubi, para poda de

produção realizada em maio de 1997, região

noroeste do Estado de São Paulo.

HARDIE et al. (1981) utilizaram ethephon na dose de 500 ppm,

com 7 % de coloração da baga no cv. Zinfandel, e observaram

melhoria na acidez, estando de acordo com este trabalho, diferindo em

época de aplicação.

A análise de regressão mostrou resultados altamente

significativos, sendo mais evidenciado com o desdobramento.

E , a equação determinada foi :

Y = - 0,0153 x2 + 0,0719 x +0, 3806

0,35

0,44 0,44

0,38

y = -0,0153x2 + 0,0719x + 0,3806

R2 = 0,893

00,050,1

0,150,2

0,250,3

0,350,4

0,450,5

0 1 2 3 4 5 6

Doses de ethrel (l/ha)

Méd

ia d

a A

cide

z T

otal

Titu

láve

l (G

ram

as

de Á

cido

Mál

ico

/100

g po

lpa)

67

5. CONSIDERAÇÕES GERAIS

Observou-se neste trabalho, que a dose de 5 L/ha de ethrel,

proporcionou maior porcentagem de desfolha e consequentemente

maior rendimento de poda, dispensando a desfolha manual e a

torção do ramo.

Verificando a porcentagem de gemas brotadas, principalmente

quando foi utilizada a dose de 5 L/ha notou-se aumento da brotação.

E, quando relacionou-se com o número de cachos por broto, número

de cachos por planta e produção, observou-se que o regulador

vegetal não favoreceu o número de cachos por broto, tendo como

reflexo da brotação, maior número de cachos por planta e

consequentemente maior produção.

Portanto, o regulador vegetal utilizado não fez aumentar a

produção de forma direta, mas promoveu uma melhor brotação das

gemas, aumentando a probabilidade de emitir cachos (evidenciando

que a presença de cacho é inerente da própria planta). Logo, o ethrel

utilizado em maiores doses favorece a produção.

68

No tratamento 3 L/ha , provavelmente, pode ter ocorrido um

gasto energético maior , para tentar manter as folhas nas plantas (após

a aplicação do regulador), enquanto que, doses maiores, a planta não

teve condições mínimas de manter as folhas nas plantas, gastando-se

menos energia com a perda da mesma, e provavelmente translocando

suas reservas para outras partes das plantas mais rapidamente

(conservando-as).

Para obter maior brotação no ramo mestre, com economia de

produto, pode-se aplicar 4 L/ha de ethrel, gastando-se no mínimo

666 L/ha de calda ( 1 litro de calda por planta, espaçamento 5 x 3 m).

A resposta do regulador é muito positiva, para este parâmetro, pois o

produtor consegue em apenas uma poda (produção ou formação de

ramos), corrigir falhas de ramos laterais ou renovar parreiras velhas,

formando novas brotações.

O uso de ethrel não alterou o ciclo no período do início da

brotação até a colheita, portanto não deve ser utilizado para tentar

reduzir ciclo.

O uso de ethrel não afetou comercialmente o comprimento,

largura e peso do cacho e da baga, apresentando maior uniformidade

e padronização, para mercados interno e externo.

Com a utilização do regulador vegetal percebe-se uma tendência

em diminuir a acidez total titulável e o teor de sólidos solúveis totais,

não prejudicando comercialmente, suas qualidades tecnológicas.

Este trabalho, poderá servir de base para novos experimentos, o

qual abre um grande leque para ser pesquisado, como por exemplo: a

interferência da luminosidade, umidade do ar, temperatura em

69

diferentes épocas do ano e outros parâmetros climáticos em relação

aos efeitos ocasionados pelo regulador vegetal, trabalhando de

preferência com as maiores doses, utilizadas neste trabalho.

Poderia ser pesquisado a aplicação do produto em diferentes

épocas do ano e paralelamente fazer o acompanhamento do

intumescimento das gemas para a data mais propícia para realização

da poda.

Na instalação de novos trabalhos, pode-se aumentar o número

de tratamentos, incluindo a desfolha manual, tratamento somente com

ethephon (sem aplicação de cianamida hidrogenada) e a aplicação de

ethephon conjuntamente com cianamida hidrogenada, este último

produto em doses menores.

Seria interessante testar doses maiores de ethephon, realizar a

análise econômica envolvendo todos os custos, como por exemplo, a

economia de mão de obra para realizar a desfolha, torção do ramo,

rendimento de poda, economia de cianamida hidrogenada, hora

máquina e homem-dia, etc.

Poderia ser pesquisado também, os efeitos do regulador vegetal

em outros cultivares, como Benitaka e Niagara Rosada, os quais

possuem grande dificuldade de brotação na região em épocas mais

frias do ano, principalmente nos meses de abril-maio. E, no

cv. Centennial Seedless, o qual eliminaria a prática de torção do ramo,

evitando a entrada de doença através dos ferimentos.

Poderia também, avaliar a resistência à doenças, devido as

mudanças fisiológicas ocorridas no interior da planta ou pelo

70

desenvolvimento do ramo mais rápido, livrando-se rapidamente do

período mais susceptível às doenças.

A coleta dos dados, em vez de ser realizada na íntegra,

poderia-se, marcar em torno de 20 ramos por planta, aleatoriamente e

coletar os seguintes dados: porcentagem de desfolha, porcentagem de

gemas brotadas, períodos avaliados (poda-brotação e poda-colheita),

número de brotos por ramo, número de cacho por broto, número de

cachos por ramo, número de bagas por cacho, características dos

cachos (comprimento, largura e peso) e bagas (comprimento, largura e

peso) e as análises tecnológicas (sólidos solúveis totais e acidez total

titulável), sendo que os demais parâmetros (rendimento de poda,

número de brotos no ramo mestre, número de cachos por planta e

produção), pode-se coletar na íntegra.

É importante salientar, que o uso de regulador deve ser

realizado em plantas em bom estado fitossanitário, pois o produto é

absorvido pelo tecido alvo, diminuindo assim, a variação da influência

ocasionada pela uniformidade de penetração nas plantas. E, em bom

estado nutricional, para suportar as modificações fisiológicas

ocorridas nas plantas.

71

6. CONCLUSÕES

Nas condições em que foi conduzido o experimento, os

resultados permitiram as seguintes conclusões :

a. recomenda-se a aplicação de ethrel, na dose de 5 L/ha, 20

dias antes da poda;

b. o uso de ethrel na dose de 5 L/ha proporcionou : maior

porcentagem de desfolha, maior rendimento de poda, maior

porcentagem de gemas brotadas, maior número de

brotações no ramo mestre, maior número de cachos por

planta e menor acidez total titulável;

c. o uso do regulador em doses maiores aumentou a produção;

d. o custo do produto é compensado pelo aumento da

produção;

72

e. o uso de ethrel, não afetou os períodos da poda ao início da

brotação e poda à colheita, cachos por broto e as

características dos cachos e bagas.

f. houve tendência de diminuir o teor de sólidos solúveis

totais, com o aumento da dose de ethrel.

73

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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