Brasil de Fato RJ - 009

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Rio de Janeiro, de 27 de junho a 3 de julho de 2013 | ano 11 | edição 09 | distribuição gratuita | www.brasildefato.com.br | facebook.com/brasildefato Stedile analisa as mobilizações Em jogo tenso, Brasil vence o Uruguai e está na final É hora do governo aliar-se ao povo ou pagará a fatura no futuro. Essa é uma das avaliações de João Pedro Stedile, da coordenação nacional do MST, sobre os protestos no país Com gols de Fred e Paulinho, a seleção brasileira ven- ceu por 2 x 1 o time do Uruguai e garantiu seu lugar na final da Copa das Confederações. As equipes fizeram, na tarde de ontem (26), no Mineirão, em Belo Horizon- te (MG), um dos jogos mais disputados do torneio. entrevista | págs. 4 e 5 cidades | pág. 7 esporte | pág. 16 Uma visão popular do Brasil e do mundo Edição Edição Wander Roberto/VIPCOMM Pablo Vergara Fabio Teixeira/Folhapress Moradora relata chacina Na favela, a bala não é de borracha. Em entrevista, a moradora da Ma- ré Gizele Martins critica a operação do Batalhão de Operações Especiais (Bope), que resultou em 13 mortes. cidades | pág. 8 No palco com Lima Barreto Em cena, angústias e realizações de um dos mais importantes autores da literatura nacional. É a peça Lima Bar- reto, ao terceiro dia. A montagem re- toma o tema desigualdade. cultura | pág. 11 Está marcada para hoje, quinta-feira (27), nova mobilização que vai tomar as ruas do Rio de Janeiro. Manifestantes de todas as partes da cidade se concen- trarão na Candelária a partir das 14 horas. Todos vão protestar por melhores condições no transporte em frente à Fetranspor, a Federação das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Rio. Hoje tem novo protesto na Candelária Manifestantes no Centro do Rio: novas mobilizações Protesto contra ação do Bope na Maré

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Rio de Janeiro, de 27 de junho a 3 de julho de 2013 | ano 11 | edição 09 | distribuição gratuita | www.brasildefato.com.br | facebook.com/brasildefato

Stedile analisa as mobilizações

Em jogo tenso, Brasil vence o Uruguai e está na fi nal

É hora do governo aliar-se ao povo ou pagará a fatura no futuro. Essa é uma das avaliações de João Pedro Stedile, da coordenação nacional do MST, sobre os protestos no país

Com gols de Fred e Paulinho, a seleção brasileira ven-ceu por 2 x 1 o time do Uruguai e garantiu seu lugar na fi nal da Copa das Confederações. As equipes fi zeram, na tarde de ontem (26), no Mineirão, em Belo Horizon-te (MG), um dos jogos mais disputados do torneio.

entrevista | págs. 4 e 5

cidades | pág. 7

esporte | pág. 16

Uma visão popular do Brasil e do mundo Edição

Edição

Wander Roberto/VIPCOMM

Pablo Vergara

Fabio Teixeira/Folhapress

Moradora relata chacina Na favela, a bala não é de borracha. Em entrevista, a moradora da Ma-ré Gizele Martins critica a operação do Batalhão de Operações Especiais (Bope), que resultou em 13 mortes.

cidades | pág. 8

No palco comLima Barreto Em cena, angústias e realizações de um dos mais importantes autores da literatura nacional. É a peça Lima Bar-reto, ao terceiro dia. A montagem re-toma o tema desigualdade.

cultura | pág. 11

Está marcada para hoje, quinta-feira (27), nova mobilização que vai tomar as ruas do Rio de Janeiro. Manifestantes de todas as partes da cidade se concen-trarão na Candelária a partir das 14 horas. Todos vão protestar por melhores condições no transporte em frente à Fetranspor, a Federação das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Rio.

Hoje tem novo protesto na Candelária

Manifestantes no Centro do Rio: novas mobilizações Protesto contra ação do Bope na Maré

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Rio de Janeiro, de 27 de junho a 3 de julho de 2013 | opinião

sas vozes eram também uma só: queremos um Brasil me-lhor, um Brasil que se preocu-pe com os interesses do povo brasileiro.

Ao fi m da belíssima mani-festação, quebra-quebra. A mídia tenta colocar a culpa da violência nos manifestantes. Impossível. Toda aquela mas-sa de gente se manifestava pa-cifi camente até o momento em que se encontrava com a Polícia Militar.

A violência da Polícia se es-tendeu em confrontos com manifestantes por todo o cen-tro e pelas ruas da Lapa, utili-zando principalmente bom-bas de gás lacrimogêneo e ba-las de borracha.

As manifestações se multi-plicaram, e todos os dias ocor-reram atos menores em todos os cantos da cidade.

pressiva desde a “marcha pela família e a propriedade”, às vés-peras do golpe de 1964. Desde os anos de enfrentamento com a ditadura militar, as ruas são dos que defendem os interes-ses populares.

Agora, tentam instrumenta-lizar as atuais lutas que surgem por reivindicações legítimas e progressistas.

Buscam isolar a esquerda organizada dos atos, utilizan-do de pequenos grupos de ex-

trema direita que insufl am pa-lavras de ordem e agressões pa-ra impedir as organizações po-pulares de promoverem essa disputa.

As manifestações refl etem a situação que se instaurou nos últimos anos, nas grandes ci-dades, com o avanço da espe-culação imobiliária, o aumento no custo de vida – muito além dos salários – e o baixo inves-timento em serviços públicos. Em muitas delas, eles fi caram

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Editor-chefe: Nilton Viana • Editores: Aldo Gama, Marcelo Netto Rodrigues, Renato Godoy de Toledo • Subeditor: Eduardo Sales de Lima • Repórteres: Marcio Zonta,Michelle Amaral, Patricia Benvenuti • Correspondentes nacionais: Daniel Israel (Rio de Janeiro –RJ), Maíra Gomes (Belo Horizonte – MG), Pedro Carrano (Curitiba – PR),Pedro Rafael Ferreira (Brasília – DF), Vivian Virissimo (Rio de Janeiro –RJ) • Correspondentes internacionais: Achille Lollo (Roma – Itália), Baby Siqueira Abrão (OrienteMédio), Claudia Jardim (Caracas – Venezuela) • Fotógrafos: Carlos Ruggi (Curitiba – PR), Douglas Mansur (São Paulo – SP), Flávio Cannalonga (in memoriam), João R. Ripper(Rio de Janeiro – RJ), João Zinclar (in memoriam), Joka Madruga (Curitiba – PR), Leonardo Melgarejo (Porto Alegre – RS), Maurício Scerni (Rio de Janeiro – RJ) • Ilustrador:Latuff • Editor de Arte: Marcelo Araujo • Revisão: Marina Tavares Ferreira • Jornalista responsável: Nilton Viana – Mtb 28.466 • Administração: Valdinei Arthur Siqueira •Endereço: Al. Eduardo Prado, 676 – Campos Elíseos – CEP 01218-010 – Tel. (11) 2131-0800/ Fax: (11) 3666-0753 – São Paulo/SP – [email protected] • Gráfi ca:Info Globo • Conselho Editorial: Alipio Freire, Altamiro Borges, Aurelio Fernandes, Bernadete Monteiro, Beto Almeida, Dora Martins, Frederico Santana Rick, Igor Fuser, JoséAntônio Moroni, Luiz Dallacosta, Marcelo Goulart, Maria Luísa Mendonça, Mario Augusto Jakobskind, Milton Pinheiro, Neuri Rosseto, Paulo Roberto Fier, René Vicente dosSantos, Ricardo Gebrim, Rosane Bertotti, Sergio Luiz Monteiro, Ulisses Kaniak, Vito Giannotti • Assinaturas: (11) 2131– 0800 ou [email protected]

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Redação Rio:[email protected]

A hora e a vez do projeto popularAS MOBILIZAÇÕES que acon-tecem em todo o país abrem a possibilidade de avançar nas mudanças estruturais que inte-ressam ao povo brasileiro.

A retomada da luta de mas-sas confi gura o momento privi-legiado para que o governo fe-deral assuma compromissos com a pauta das mudanças es-truturais que conformam um projeto popular.

Os atos e marchas são pre-dominantemente progressistas até o momento, mas a disputa política e ideológica com as for-ças de direita se acelera.

Assistimos uma acirrada dis-puta pelos rumos das mobiliza-ções populares. As forças de di-reita não conseguem organizar uma manifestação política ex-

editorial | Brasil

Por uma vida melhor

paralisados, gerando um suca-teamento destes serviços, co-mo podemos identifi car clara-mente na péssima qualidade dos transportes.

Nos grandes centros urba-nos, a população, que vai pa-ra a escola e para o trabalho em ônibus e metrôs apertados, perde de três a quatro horas por dia no trânsito, tempo que po-deria utilizar para estar com a família, estudando ou partici-pando de atividades culturais.

As mobilizações também têm expressado forte senti-mento de rejeição ao atual sis-tema político. Nesse contexto, os partidos políticos e os pró-prios políticos são vistos como parte de uma mesma engrena-gem. Mesmo as bandeiras de

partidos de esquerda passama ser vistas como símbolos daburocracia, apesar de seu his-tórico de lutas.

Sem a entrada em cena dosmilhares de trabalhadores etrabalhadoras, do campo e dacidade, dos jovens negros e ne-gras das periferias, esse proces-so não se desenvolverá a pontode demonstrar ao conjunto dasociedade brasileira quais sãoos reais inimigos do povo.

Sabemos quem é o inimigo,podemos construir uma amplaunidade e apresentar um pro-grama que traga soluções paraos problemas básicos do povo.É a possibilidade que temos deacumular forças para avançar-mos na construção de um Pro-jeto Popular para o Brasil.

Sabemos quem é o inimigo, podemos construir uma ampla unidade e apresentar um programa que traga soluções para os problemas básicos do povo

SETE DIAS SEPARAM nos-sos leitores da última edição do Brasil de Fato Rio de Janei-ro. Porém, para o povo fl umi-nense, essa semana guarda a maior mobilização de massas que essa cidade já viu. Mais de um milhão de pessoas ocupa-ram todas as pistas da Avenida Presidente Vargas.

No dia 26 de junho de 1968, há exatos 45 anos, ocorria no Rio de Janeiro a Passeata dos 100 Mil, contra a ditadura mi-litar. Assim como naquele mo-mento, na última quinta-feira (20), jovens saíram às ruas em busca de um futuro melhor.

A redução da passagem de ônibus foi conquistada, e es-sa experiência deixa um sal-do maior para a maioria des-ses jovens que participaram pela primeira vez de uma ma-nifestação. Conquistaram nas

ruas sua primeira vitória das muitas que virão. Mas o prin-cipal: aprenderam que as ruas são o espaço de reivindicações populares, que lutando veem as conquistas. E que quem es-tá em luta, educa também to-da a sociedade para a necessi-dade de participar na constru-ção dos destinos da nação.

As vozes que saíram às ru-as eram muitas, e ao mesmo tempo, eram uma só. Diver-sas são as necessidades sen-tidas diretamente por todos nós, que ecoávamos gritos de mais recursos pra saúde e educação; por um transporte público gratuito e de qualida-de; por uma mídia que fale a nossa língua, muito diferente da Rede Globo; contra a vio-lência policial e a privatização do Maracanã; Fora Feliciano e muitos mais. Porém todas es-

editorial | Rio de Janeiro

Na segunda feira (24), um desses atos ocorria próximo a Favela da Maré e mais uma vez terminou em confl ito. Po-rém dessa vez, as balas não eram de borracha. O sangue da juventude que já escorreu na Favela do Borel, no Vidigal,

em Vigário Geral e na Chacinada Candelária, e tantas outras,mais uma vez escorreu na Ma-ré. Até quando?

Hoje (27), mais uma vez, va-mos ocupar a Candelária. Nãoé dia de luto, é dia de luta poruma vida melhor.

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das Pastorais da Juventude do Brasil, atuando nas comunida-des, trabalho, escola, zona ru-ral e nos movimentos popula-res, sindicatos e partidos.

Para os jovens destas pasto-rais, a importância desse even-to no país é a possibilidade de apresentar este rosto da Igreja no Brasil.

Uma Igreja que é engajada na realidade e que provoca a juventude a também ser sujei-to de transformação da realida-de de exclusão, tão evidente em terras brasileiras.

Thiesco Crisóstomoé Secretário Nacional

da Pastoral da Juventude

Emanuel Cancella Latuff

Petróleo pode garantir passe livre, saúde...

OS PROTESTOS QUE TÊM levado milhares de pesso-as às ruas, iniciados pelo Movimento do Passe Livre(MPL), representam a retomada das mobilizações his-tóricas do povo brasileiro. Dentre as mais signifi cativaslutas do passado, merece destaque a campanha “O Pe-tróleo é nosso!”. Talvez o maior movimento cívico des-se país, realizado nas décadas de 1940 e 1950, que re-sultou na criação da Petrobras e na instituição do mo-nopólio estatal do petróleo.

Naquela época, o petróleo era apenas uma promes-sa. Agora, a descoberta do pré-sal, tornou-se uma re-alidade que coloca o Brasil entre os cinco maiores domundo em reservas estimadas. Só o Campo de Libra,que o governo brasileiro pretende leiloar no próximodia 22 de outubro, poderia fi nanciar, com folga, o pas-se livre para todos os brasileiros e políticas de saúde eeducação públicas de qualidade para a população.

O campo de Libra dispõe, no mínimo, de 14 bilhõesde barris de petróleo, como confi rmam estudos deta-lhados, realizados em maio pela Agência Nacional dePetróleo (ANP). Ao custo de 100 dólares o barril, issorepresenta o equivalente a 1,4 trilhões de dólares!

No entanto, esse tesouro submerso no pré-sal podeser vendido por uma quantia infi nitamente menor, es-coando pelos dutos para abastecer outros países, semtrazer benefícios para os brasileiros.

Barrar o leilão de Libra é um grande desafi o. Mas sóconseguiremos se a maior parte da população enten-der que é necessário abraçar essa bandeira e se inte-grar à campanha “O Petróleo tem que ser nosso!”. Sóexistem dois caminhos: 1) a riqueza escondida no pré-sal estará a serviço da nação, sob controle estatal; 2) ouserá entregue às multinacionais do petróleo e algunsmegaempresários nacionais.

Na campanha presidencial, a presidenta Dilma ga-rantiu que jamais entregaria o pré-sal a países e em-presas estrangeiras. Então, Dilma chamou o petróleodo pré-sal de “Nosso passaporte para o futuro!”.

É importante que as lideranças do Movimento Pas-se Livre pautem esse debate, inclusive com a presi-denta Dilma, propondo o cancelamento do leilão. OConselho Nacional do Petróleo (CNPE) pode propor àPresidência da República que suspenda o leilão e façaum contrato direto com a Petrobras para a exploraçãoe produção no campo de Libra.

Com o dinheiro a ser arrecadado em Libra, fi nan-ciar o passe livre, saúde e educação de qualidade paraos brasileiros torna-se apenas uma questão de dispo-sição política, invertendo as atuais prioridades (que sófavorecem as elites) em favor dos legítimos interessesdo povo que está nas ruas.

Emanuel Cancellaé secretário-geral do Sindipetro-RJe coordenador da Frente Nacional

dos Petroleiros (FNP).

O papel da mídia de mercado

Jornada Mundial da Juventude

Só o Campo de Libra, que o governo brasileiro pretende leiloar no próximo dia 22 de outubro, poderia fi nanciar, com folga, o passe livre para todos os brasileiros e políticas de saúde e educação

EM JULHO, o Rio de Janeiro se-rá sede do maior evento católi-co do mundo. Aqui será reali-zada a Jornada Mundial da Ju-ventude (JMJ), encontro pro-movido pela Igreja Católica que reúne os jovens e promo-ve o encontro com o papa, che-fe da Igreja católica no mundo.

A JMJ ocorre todos os anos nas dioceses por ocasião da festa católica de Domingo de Ramos e a cada dois anos é es-colhida uma cidade para sediar o encontro mundial.

A JMJ será realizada na ar-quidiocese do Rio de Janeiro. É a segunda vez que uma Jorna-da é realizada na América La-tina. A primeira foi em Buenos

alternativos. Na questão dos transportes

coletivos, a mídia tradicional omite, por exemplo, a aber-tura das planilhas dos custos das empresas de ônibus. Es-condem o fato de que os pro-prietários aqui no Rio de Ja-neiro têm tanto poder que chegam até a nomear os se-cretários de Transportes, mu-nicipal e estadual.

Por tudo isso é urgente e ne-cessário democratizar os meios de comunicação.

Mário Augusto Jakobskind é correspondente no Brasil

do semanário uruguaio Brecha. Integra o Conselho Editorial do Brasil de Fato. É autor, entre ou-tros livros, de América que não

está na mídia, Dossiê Tim Lopes – Fantástico/IBOPE.

A JUVENTUDE está nas ruas do país. Mas a mídia de mer-cado, sobretudo a do Rio de Ja-neiro – os veículos da Globo – prefere criminalizar os protes-tos contra o aumento das tari-fas. Para isso, enfoca as ações de grupos que nada têm a ver com as manifestações.

Também tenta esconder o que as elites sempre quise-ram para o país. Ou seja, a re-pressão policial, como sempre acontece nas áreas das comu-nidades carentes.

A PM reprimiu os mani-festantes de forma truculenta até na porta do Hospital Sou-za Aguiar. Inclusive, o Secre-tário de Segurança do Estado do Rio de Janeiro, José Maria-no Beltrame, ameaçou cha-mar o Exército.

Os que viveram os anos de 1960, quando os jovens saíam às ruas contra a ditadura mi-litar, lembram como a mídia de mercado tratava os protes-tos. Total semelhança aos dias atuais.

A Rede Globo, que agora tenta se apresentar como de-fensora da democracia, na co-bertura dos atuais protestos procura pautar as manifesta-ções de acordo com seus in-teresses.

Para o Rio de Janeiro é al-go especialmente lamentável, porque a cidade tem o predo-mínio midiático deste grupo empresarial chamado Globo, o que não permite à população ter acesso a outro tipo de infor-mação. O contraponto fi ca por conta das redes sociais e meios

Aires (Argentina), em 1987, e foi a primeira fora de Roma. Ti-nha como lema “Nós conhece-mos o amor que Deus nos tem, pois cremos nele.” Na ocasião , um milhão de pessoas partici-param do evento.

Este ano, estão sendo es-peradas mais de 2 milhões de pessoas para celebrar juntas o lema “Ide e fazei discípulos em todas as nações”.

A escolha do Brasil para sede desse evento se deve por ser-mos um dos países com maior número de católicos.

Durante anos a CNBB con-tribuiu efetivamente para uma evangelização engajada na rea-lidade juvenil brasileira através

Mário Augusto Jakobskind

Thiesco Crisóstomo

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Rio de Janeiro, de 27 de junho a 3 de julho de 2013 | entrevista

sima qualidade dos ser-viços públicos, em espe-cial na saúde e mesmo na educação, desde a es-cola fundamental, ensi-no médio, em que os es-tudantes saem sem saber fazer uma redação. E o ensino superior virou lo-ja de vendas de diplomas a prestações, onde estão 70% dos estudantes uni-versitários.

Do ponto de vista polí-tico, por que isso acon-teceu?

Toda a juventude nas-cida depois das Diretas Já não teve oportunidade de participar da política. Hoje, para disputar qual-quer cargo, por exemplo, o de vereador, o sujei-to precisa ter mais de um milhão de reais. O de de-putado custa ao redor de dez milhões de reais. Os capitalistas pagam e de-pois os políticos os obe-decem. A juventude está de saco cheio dessa for-ma de fazer política bur-guesa, mercantil. Os par-tidos da esquerda institu-cional, todos eles, se mol-daram a esses métodos. Envelheceram e se buro-cratizaram. E, portanto, gerou na juventude uma ojeriza à forma dos par-tidos atuarem. E eles têm razão. A juventude não é apolítica, ao contrário, tanto é que levou a polí-

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José Cruz/ABr

João Pedro Stedile, da coordenação nacional do MST

“A juventude não é apolítica, ao contrario, tanto é que levou a política para as ruas, mesmo sem ter consciência do seu signifi cado”

Nilton Vianada Redação

É HORA DO GOVER-NO aliar-se ao povo ou pagará a fatura no futu-ro. Essa é uma das ava-liações de João Pedro Stedile, da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Ru-rais Sem Terra (MST) so-bre as recentes mobiliza-ções em todo o país

Nesta entrevista ex-clusiva ao Brasil de Fato, Stedile fala sobre o cará-ter desses protestos e faz um chamamento: deve-mos ter consciência da natureza dessas mani-festações e irmos todos para a rua disputar cora-ções e mentes para poli-tizar essa juventude que não tem experiência da luta de classes.

Brasil de Fato – Como você analisa as mani-festações que vêm sacu-dindo o Brasil?

João Pedro Stedi-le –Houve uma enorme especulação imobiliá-ria que elevou os preços dos aluguéis e dos terre-nos em 150% nos últimos três anos. O capital fi nan-ciou – sem nenhum con-trole governamental – a venda de automóveis pa-ra enviar dinheiro para o exterior e transformou nosso trânsito em um ca-os. Nos últimos dez anos, não houve investimen-to em transporte público. O programa habitacional Minha Casa, Minha Vida empurrou os pobres pa-ra as periferias, sem con-dições de infraestrutura. Tudo isso gerou uma cri-se estrutural. As pesso-as estão vivendo um in-ferno nas grandes cida-des, perdendo três, qua-tro horas por dia no trân-sito. Somado a isso, a pés-

O signifi cado e as perspectivas das mobilizações de rua

MANIFESTAÇÕES Para João Pedro Stedile, a juventude mobilizada, por sua origem de classe, não tem consciência de que está participando de uma luta ideológica

tica para as ruas, mesmosem ter consciência doseu signifi cado. Mas estádizendo que não aguen-ta mais assistir na televi-são essas práticas políti-cas que sequestraram ovoto das pessoas, basea-das na mentira e na ma-nipulação.

E por que as manifesta-ções eclodiram somen-te agora?

Somou-se todo o cli-ma que comentei, maisas denúncias de super-faturamento das obrasdos estádios, que sãoum acinte ao povo. A Re-de Globo recebeu do go-verno do estado do Riode Janeiro e da prefeituraR$ 20 milhões do dinhei-ro público para organi-zar o showzinho de ape-nas duas horas do sor-teio dos jogos da Copadas Confederações. O es-tádio de Brasília custouR$ 1,4 bilhão e não temônibus na cidade! As ma-racutaias que a Fifa/CBFimpuseram e que os go-vernos se submeteram. Areinauguração do Mara-canã foi um tapa no po-vo brasileiro. No maiortemplo do futebol mun-dial não havia nenhumnegro ou mestiço! O au-mento das tarifas foi ape-nas a faísca para acendero sentimento de revol-ta, de indignação. Ain-da bem que a juventu-de acordou. E nisso hou-ve o mérito do Movimen-to Passe Livre, que soubecapitalizar essa insatis-fação popular e organi-zou os protestos na ho-ra certa.

Por que a classe traba-lhadora ainda não foi à rua?

A classe trabalhadorademora a se mover, masquando se move afeta di-

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Rio de Janeiro, de 27 de junho a 3 de julho de 2013 entrevista |

retamente o capital. Coi-sa que ainda não come-çou acontecer. Acho que as organizações que fa-zem a mediação com a classe trabalhadora ain-da não compreenderam o momento e estão um pouco tímidas. Acho que é apenas uma questão de tempo. Nos últimos dias, já se percebe que em al-gumas cidades menores e nas periferias das gran-des cidades já começam a ter manifestações com bandeiras de reivindica-ções bem localizadas. E isso é muito importante.

Vocês do MST e dos camponeses também não se mexeram ainda...

É verdade. Nas capitais onde temos assentamen-tos e agricultores familia-res mais próximos já esta-mos participando. Acho que nas próximas sema-nas poderá haver uma adesão maior. Na nos-sa militância está todo

mundo doido para entrar na briga e se mobilizar.

Qual é a origem da vio-lência que tem aconte-cido em algumas mani-festações?

A burguesia, através de suas televisões, tem usa-do a tática de assustar o povo colocando apenas a propaganda dos bader-neiros e quebra-quebra. São minoritários e insig-nifi cantes. Para a direi-ta, interessa colocar no imaginário da população que isso é apenas bagun-ça e no fi nal, se tiver caos, colocar a culpa no gover-no e exigir a presença das Forças Armadas. Espero que o governo não come-ta essa besteira de cha-mar a guarda nacional e as Forças Armadas pa-ra reprimir as manifesta-ções. É tudo o que a direi-ta sonha! Quem está pro-vocando as cenas de vio-lência é a forma de inter-venção da Polícia Militar. A PM foi preparada des-de a ditadura militar para tratar o povo sempre co-mo inimigo.

Há, então, uma luta de classes nas ruas?

É claro que há uma luta de classes nas ruas. Embora ainda concen-trada na disputa ideológi-ca. E o que é mais grave, a

própria juventude mobi-lizada, por sua origem de classe, não tem consci-ência de que está partici-pando de uma luta ideo-lógica. Eles estão fazendo política da melhor forma possível, nas ruas. Os jo-vens estão sendo disputa-dos pelas ideias da direita e pela esquerda. Pelos ca-pitalistas e pela classe tra-balhadora.

E quais são os objetivos da direita e suas pro-postas?

A classe dominante, os capitalistas, os interes-ses do império Estaduni-dense e seus porta-vozes ideológicos, que apare-cem na televisão todos os dias, têm um grande ob-jetivo: desgastar ao máxi-mo o governo Dilma, en-fraquecer as formas orga-nizativas da classe traba-lhadora, derrotar quais-quer propostas de mu-danças estruturais na so-ciedade brasileira e ga-nhar as eleições de 2014.

Quais os desafi os para a classe trabalhadora e as organizações populares e partidos de esquerda?

Os desafi os são mui-tos. Primeiro devemos ter consciência da nature-za dessas manifestações e irmos todos para a rua disputar corações e men-

tes para politizar essa ju-ventude que não tem ex-periência na luta de clas-ses. Segundo, a classe tra-balhadora precisa se mo-ver, ir para a rua, manifes-tar-se nas fábricas, cam-pos e construções, co-mo diria Geraldo Vandré. Terceiro, precisamos ex-plicar para o povo quem são os principais inimi-gos do povo. E agora são os bancos, as empresas transnacionais que toma-ram conta de nossa eco-nomia, os latifundiários do agronegócio e os es-peculadores. Precisamos pautar o debate na socie-dade e exigir a aprovação do projeto de redução da jornada de trabalho pa-ra 40 horas; exigir que a prioridade de investi-mentos públicos seja em saúde, educação, refor-

ma agrária. E aprovar em regime de urgência, para que vigore nas próximas eleições, uma reforma política de fôlego, que, no mínimo, institua o fi nan-ciamento público exclu-sivo da campanha. Direi-to de revogação de man-datos e plebiscitos popu-lares autoconvocados.

O que o governo deveria fazer agora?

É hora de mudar. E mudar a favor do povo. Para isso o governo pre-cisa enfrentar a classe do-minante. Enfrentar a bur-guesia rentista, deslocan-do os pagamentos de ju-ros para investimentos em áreas que resolvam os problemas do povo. Pro-mover logo as reformas políticas, tributárias. En-caminhar a aprovação

do projeto de democra-tização dos meios de co-municação. Criar meca-nismos para investimen-to pesados em transpor-te público, que encami-nhem para a tarifa zero.Acelerar a reforma agrá-ria e um plano de produ-ção de alimentos sadiospara o mercado interno.Garantir logo a aplicaçãode 10% do PIB em recur-sos públicos para a edu-cação em todos os níveis.É hora do governo aliar-se ao povo ou pagará a fa-tura no futuro.

E que perspectivas essas mobilizações podem le-var para o país?

Tudo ainda é uma in-cógnita. Por isso que asforças populares e os par-tidos de esquerda preci-sam colocar todas as su-as energias para ir paraa rua; manifestar-se, co-locar as bandeiras de lu-ta de reformas que inte-ressam ao povo. Porquea direita vai fazer a mes-ma coisa e colocar as su-as bandeiras conservado-ras, atrasadas, de crimi-nalização e contra as mu-danças sociais. Em cadacidade, em cada mani-festação, precisamos dis-putar corações e mentes.(A íntegra desta entrevis-ta encontra-se em: www.brasildefato.com.br)

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Marcelo Camargo/ABr

José Cruz/ABr

Protestos estão levando milhares de pessoas às ruas do país

“A PM foi preparada desde a ditadura militar para tratar o povo sempre como inimigo”

“A classe trabalhadora demora a se mover, mas quando se move afeta diretamente ao capital”

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Rio de Janeiro, de 27 de junho a 3 de julho de 2013 | cidades

As condições precárias e a dupla jornada dos motoristas

“Para começar, en-quanto o cobrador é vis-to como uma função nes-sa engrenagem, as pesso-as colocam o motorista como profi ssional”, afi r-ma. Ela chegou à conclu-são de que também exis-tem diferenças no uso do tempo livre.

“Apesar de ocuparem o mesmo espaço nas fol-gas dos trabalhadores que entrevistei (23, no to-tal de 30), lazer e descan-so são categorias que se diferenciam pelo gênero. Quando estão de folga, as mulheres costumam des-cansar, devido ao acúmu-lo entre trabalho e tarefas domésticas. Enquanto is-so, os homens fazem uso do lazer duas vezes mais do que elas”.

Necessários para qual-quer trabalhador, lazer e descanso podem ser a melhor prevenção a aci-dentes de trabalho.

Falta ao trabalhoProfessor na Santa Ca-

sa de São Paulo, o mé-dico Luiz Carlos Morro-ne relata estudo feito em uma empresa paulista: dos 556 empregados, a classe dos motoristas de ônibus é a que mais falta ao trabalho.

“No total, trabalham

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Pablo Vergara

Dupla função: condições precárias de trabalho provocam grande rotatividade no setor

Daniel Israeldo Rio de Janeiro (RJ)

José é motorista de ônibus há mais de dois anos e cumpre a chama-da dupla função. A dupla função ocorre quando o motorista, além de diri-gir, é responsável pela co-brança da passagem.

A linha na qual tra-balha circula apenas no Centro, o que não dimi-nui as péssimas condi-ções a que está submeti-do.

“Nós não temos nem banheiro próprio, nem tempo para comer. En-tão, como estou estressa-do, sentindo muita dor de cabeça, na semana que vem eu vou ao médico para uma checagem ge-ral (check-up)”, argumen-ta ele, que mora na Baixa-da Fluminense.

Na mesma situação que ele, cada vez mais motoristas sofrem com condições precárias de trabalho. Até por isso, existe grande rotativida-de no setor, o que leva as empresas a colar carta-zes, em seus próprios ve-ículos, anunciando con-tratações.

“Muitos trabalham por sete horas e dobram com frequência. Acaba que sobra pouco tempo para lazer e descanso. No ca-so das mulheres, que tra-balham mais como co-bradoras do que motoris-tas, o cansaço é agravado pelas tarefas domésticas”, avalia a assistente social Juliana Ladeira.

Formada em Serviço Social, em 2010 Juliana terminou uma pesquisa em que analisava, entre outros pontos, a elimina-ção da função de cobra-dor.

TRABALHO Com menos cobradores, ônibus que circulam no Rio não apresentam melhorias e têm falhas de manutenção

“Muitos trabalham por sete horas e dobram com frequência. Acaba que sobra pouco tempo para lazer e descanso”

nessa empresa 273 mo-toristas. Durante a reali-zação da pesquisa, 77 fo-ram afastados, pelos mais diferentes problemas de saúde. Algumas das cau-sas incluem transtornos mentais (21 casos) e do-enças circulatórias (11) e nervosas (5)”, revela.

Morrone, que tam-bém é diretor-científi -co na Associação Nacio-nal de Medicina do Tra-balho (Anamt), diz que, para ser caracterizada como doença relaciona-da ao trabalho, é preci-so que a empresa avise a Previdência Social ou que o trabalhador vá até o sindicato.

Via-crúcisO motorista José che-

ga ao trabalho às 5h da manhã para pegar o car-ro (ônibus) na garagem, que fi ca na Zona Norte. De lá, segue para o Cen-tro, onde começa a rodar por volta das 5h30.

A cada semana, ele tra-

balha por sete horas, du-rante sete dias seguidos, com direito a apenas 24 horas para descansar. E não é só isso.

“Da garagem até o Centro, o deslocamento não é contado como tem-po de trabalho, da mes-ma forma quando aca-ba o meu serviço. Isso porque, antes de ir em-bora, eu preciso tirar di-nheiro meu (que o patrão não me devolve) para pe-gar um ônibus e entregar o montante das passa-gens de cada dia, em Vi-la Isabel”, conta o moto-rista, que não folga des-de o dia 16. No domingo (30) ele está liberado pa-ra fi car em casa.

Medicina Para piorar, o médi-

co Luiz Carlos Morro-ne destaca a inefi ciência do serviço prestado tan-to pelas empresas quan-to pelo Estado. Segundo ele, a Previdência só re-conhece doenças relacio-

nadas ao trabalho quan-do a empresa se manifes-ta. Porém, isto não costu-ma ocorrer, e se o traba-lhador reivindica que so-fre de doença ocupacio-nal, ele corre o risco de ser demitido.

O motorista José re-lata imposição feita pelo dono da concessionária. “Se não forem atingidos

300 passageiros pagantes,o motorista é suspenso etem o salário descontado,fi cando afastado de um acinco dias. Mas se Deusquiser, no mês que vem,eu não estarei mais nessaempresa”, despede-se ele. (José é nome fi ctício. Te-mendo represália, o mo-torista não quis se iden-tifi car)

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Rio de Janeiro, de 27 de junho a 3 de julho de 2013 cidades | 07

Pablo Vergara

Plenária do Fórum de Lutas contra o Aumento da Passagem defi niu trajeto da manifestação

Gilka Resende do Rio de Janeiro (RJ)

O fi nal da manifes-tação no Rio, na últi-ma quinta-feira (20), foi marcado por uma des-proporcional repressão do Batalhão de Choque. Balas de borracha, bom-bas de efeito moral e carros blindados, os Ca-veirões, ameaçaram os que foram às ruas.

Alguns agentes tam-bém usaram armas de fogo. O barulho das bombas era alto, trazia terror e sufocava os ma-

Repressão policialREPRESSÃO Balas de borracha, bombas de efeito moral e carros blindados

nifestantes. Solidaria-mente, outros comparti-lhavam uma mistura de água e vinagre, e guia-vam os que passavam mal.

As bombas iam ao céu e se repartiam em três, caindo a muitos metros e em diferentes pontos da Presidente Vargas.

Desesperadas, as pes-soas começavam a cor-rer. Imediatamente, em razão do perigo de piso-teamento, outras grita-vam “não corre, não cor-re!”. A investida da polí-cia militar não parava e

a revolta cresceu. Pessoas começaram

a quebrar agências ban-cárias, fachadas de pré-dios, placas de sinaliza-ção, lixeiras, câmeras de segurança. Já depois das 21h, foram ouvidos dis-paros de som diferente. Alertas como “é arma de fogo”, “é tiro de verdade” e “é o Bope!”, a famosa Tropa de Elite, desperta-ram uma correria tama-nha que, dessa vez, não pôde ser controlada.

Depois, era possível ver gotas de sangue pe-las calçadas. No Rio de

Janeiro, pelos menos 60fi caram feridos. Episó-dios de repressão tam-bém ocorreram nas Pra-ças XV, Mauá e da Ban-deira, nos arredores doIFCS da UFRJ e nos bair-ros Lapa e Glória. Pesso-as com medo buscavamabrigo em bares e porta-rias.

A violência chegouaté Laranjeiras, já na Zo-na Sul da cidade, ondeum grupo de manifes-tantes tentava chegar aoPalácio Guanabara, sededo governo estadual deSérgio Cabral (PMDB).

Vivian Virissimodo Rio de Janeiro (RJ)

Está marcada para ho-je, quinta-feira (27), nova mobilização que vai to-mar as ruas do Rio de Ja-neiro. Manifestantes de todas as partes da cidade se concentrarão na Can-delária a partir das 14h.

Todos vão protestar por melhores condições no transporte em frente à Fetranspor, a Federação das Empresas de Trans-porte de Passageiros do Estado do Rio. O trajeto foi defi nido em plenária do Fórum de Lutas contra o Aumento da Passagem com a presença de mais de três mil pessoas.

Diferente dos últimos atos, esta manifestação não terá como destino o prédio da Prefeitura ou da Câmara de Vereado-res, mas a federação que representa os donos do transporte público.

“Na atual conjuntu-ra, o verdadeiro inimi-go do povo do Rio é a Fe-transpor que mantém uma máfi a no transporte público. Agora, mais do que nunca, é importan-te questionar essa máfi a para que a tarifa seja sub-sidiada pelos lucros dos empresários e não pe-lo Estado”, disse Antonio Neto, integrante do Fó-rum de Lutas.

A prefeitura divulgou nesta terça-feira (25)

Povo nas ruasPROTESTO Manifestantes se concentrarão hoje (27) na Candelária, a partir das 14 horas

COPA DAS MANIFESTAÇÕES

Além do ato desta quinta-feira, nova mobilização es-tá programada para o pró-ximo domingo (30), às 15h na Praça Saens Peña (Tiju-ca), rumo ao Maracanã.

que os empresários de ônibus tiveram um lu-cro líquido de R$ 69,4 milhões em 2012. Essa foi a primeira vez que os lucros dos quatro con-sórcios que controlam o sistema público no Rio foram reveladas.

Na coletiva, o prefei-to Eduardo Paes também descartou a possibilida-de de repassar R$ 200 mi-lhões em subsídios pa-ra as empresas, ideia sus-tentada quando a tari-fa foi reduzida de R$ 2,95 para R$2,75.

“É importante manter o povo na rua para avan-çar na pauta do trans-porte. Precisamos de um processo transparente. Apenas divulgar o lucro líquido não basta, quere-mos a planilha geral com os custos reais do trans-porte”, explicou Neto.

Comissão quer abrir caixa-preta

Na tentativa de reve-lar essa caixa-preta, o ve-reador Eliomar Coelho (PSOL) conseguiu ga-rantir assinaturas para a criação de uma Comis-são Parlamentar de In-quérito (CPI) que vai in-vestigar os contratos da prefeitura com as empre-sas de ônibus.

“Desejamos abrir es-sa caixa-preta. A planilha de custos das empresas precisa ser analisada com muito detalhe, um ver-dadeiro pente-fi no. Tam-bém queremos saber co-mo opera a fi scalização do Executivo dos serviços prestados e as relações trabalhistas dessas em-presas”, afi rma.

Segundo Eliomar, o objetivo é fazer tudo que possa contribuir para construir um novo mode-lo de sistema de transpor-te no Rio, no qual a qua-lidade esteja garantida com pontualidade, con-forto e preço acessível.

Os trabalhos da CPI dos Ônibus só começa-rão em agosto em função do recesso parlamentar e vão durar 90 dias, pror-rogáveis por 45. A solici-tação para instalação da CPI ainda aguarda análi-se da Mesa Diretora.

No Rio, 42 empresas venceram a licitação pa-ra explorar o serviço de transporte público. Se-

gundo dados da Junta Comercial do Rio de Ja-neiro, alguns empresá-rios são sócios de várias dessas companhias. O caso mais emblemático é o da família Barata que tem participação em 12 empresas.

“Falta transparência do Estado e das empresas que lidam com o estado. Não vejo momento me-

lhor para cobrar de quem está no poder mais par-ticipação da população. Agora, queremos abrir a caixa-preta do transporte. Estes dados tinham que estar disponíveis muito antes de uma CPI”, disse a jornalista Natália Mazot-ti que, junto com outros pesquisadores, apurou e sistematizou os dados so-bre o empresariado.“É importante

manter o povo na rua para avançar na pauta do transporte. Precisamos de um processo transparente”

MOBILIZAÇÃO

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Rio de Janeiro, de 27 de junho a 3 de julho de 2013 | cidades08

Moradores protestam contra ação do Bope: “chacina na Maré”

Comunidade luta contra a criminalização da pobreza

Vania Bento/O Cidadão/Comunicação Comunitária

Vania Bento/O Cidadão/Comunicação Comunitária

Nesta quinta-feira (27), no centro do Rio, a par-tir das 17h, os profi ssio-nais de educação parti-cipam da passeata con-vocada pelos sindicatos e movimentos sociais. Um pouco mais cedo, professores e funcio-nários das redes mu-nicipal e estadual par-ticipam de assembleia unifi cada, no auditório da ACM (Rua da Lapa 86 - Lapa), às 13h.

Professores do Rio param hoje

Os sindicatos de tra-balhadores de todos o país realizarão atos, paralisações e mani-festações, no próximo dia 11 de julho, uma quinta-feira, em várias cidades do país. Os tra-balhadores querem re-dução da jornada de trabalho para 40 horas; melhorias na Educação e na Saúde; transporte público de qualidade; e a manutenção de to-dos os direitos dos tra-balhadores garantidos pela CLT.

Sindicatos marcam ato para 11 de julho

De acordo com de-núncia do Sindica-to dos Enfermeiros do Rio de Janeiro, o Hos-pital Municipal Salles Neto, que atende so-bretudo o público in-fantil, no Rio Compri-do, fechou todos os 23 leitos. “Não há justifi -cativa para isso. A po-pulação precisa de mais hospitais pú-blicos, gratuitos e de qualidade”, afi rma a presidenta da entida-de, Mônica Armada.

Enfermeiros protestam contra fechamento de leitos

SINDICAL

Camila Marins, Gilka Resende e

Vivian Virissimo do Rio de Janeiro (RJ)

A moradora da Maré e comunicadora popular Gizele Martins trabalha diariamente na defesa da favela e contra a crimina-lização da pobreza.

Nesta entrevista, a jo-vem conta a situação da comunidade após a re-cente operação do Bata-lhão de Operações Espe-ciais (Bope).

“Tivemos uma chaci-na na Maré, com 13 mor-tes. Não sabemos quan-tos, de fato, sumiram”, re-lata. “No protesto da Pre-sidente Vargas, as balas eram de borracha. Mas a bala que a gente leva to-do dia é de fuzil. Vem o barulho de tiro, seguido do silêncio, o sangue jor-ra no chão e depois levam o corpo para o caveirão”, compara.

Brasil de Fato – Como você avalia o papel do Estado em relação às manifestações?

Gizele Martins – Na favela, não temos o di-reito de nos manifestar. A gente não tem direi-to à vida. Pensar em pro-testar, dar entrevista ou falar em plenária são ris-cos. Queremos parar de sobreviver, queremos vi-ver. A classe média pode se manifestar, e nós? Ro-drigo Pimentel, comen-tarista da Globo, admitiu que a polícia não poderia ter utilizado balas de ver-dade na manifestação na Alerj. Mas ele justifi cou dizendo que as armas de

“O verdadeiro criminoso é o Estado”CHACINA NA MARÉ A moradaora Gizele Martins fala sobre o que conteceu durante a noite de segunda-feira (24), após uma manifestação; a Maré foi tomada por caveirões e a ação resultou em 13 mortes

fogo são para territórios como as favelas. O gover-nador Sérgio Cabral, em 2007, disse que as mulhe-res de favelas são fábricas de produzir marginal. Ou seja, o Estado já tem esse pensamento que crimi-naliza. Quem são os vân-dalos? Os verdadeiros? Para mim, o Estado que temos é o criminoso.

Como foi a mobilização na Maré?

Fomos denunciar o extermínio na Maré que aconteceu durante a noi-te de segunda-feira (24), após uma manifestação. A Maré foi tomada por ca-veirões e a ação resultou em 13 mortes. No dia se-guinte, nos reunimos na passarela 9 e fomos cami-nhando da Nova Holan-da até Parque União [du-as das 16 favelas que for-mam o conjunto de fave-las da Maré]. O Choque já estava entrando pelas ru-as de trás e, mesmo sem proteção ou coletes, nós moradores ocupamos as ruas com cartazes e gri-tos de denúncia. Éramos jovens, adultos, mais ve-lhos e muitas crianças en-frentando pacifi camente.

Gritávamos “Ão ão ão, fo-ra Caveirão!”. Expulsamos um dos caveirões da Ma-ré. Foi emocionante. Não queremos o extermínio, queremos o direito à vi-da. A favela é vista à mar-gem, mas fazemos parte da cidade.

Você acredita que es-ta ação policial po-de se desdobrar na en-trada de uma Unidade de Polícia Pacifi cadora (UPP)?

Há duas semanas,

desde o início da Co-pa das Confederações, a Força Nacional está na Maré. Todas as entradas foram cercadas, assim como aconteceu no Pan-Americano.

O Estado quer ocu-par o conjunto de Fave-las da Maré com a UPP, ainda mais pela proxi-midade do aeroporto in-ternacional. Certamen-te, a ação policial desta semana é uma prepara-ção para isso, porque a Maré é alvo.

Você, como morado-ra da favela, se sente re-presentada nos meios de comunicação?

Nunca me senti re-presentada nos grandes meios de comunicação. O favelado aparece como preguiçoso ou crimino-so. Por isso, é fundamen-tal a comunicação popu-lar e comunitária na fa-vela. Mostrar que somos pessoas que têm sua cul-tura e querem seus direi-tos, como saúde e educa-ção. Favela não é o pro-blema, mas consequên-cia da sociedade que te-mos. Vamos fi car de bra-ços cruzados? A gente en-tende o medo, mas quem tiver coragem tem que ir para as ruas.

E de onde vem a sua coragem?

A força vem da revolta, da defesa do que eu sou. A coragem vem quando uma professora da uni-versidade me chama de criminosa, e eu respondo: ‘sou favelada e sou gente, ser humano assim como você’. Depois de tantos assassinatos, a força vem de querer acreditar que não vai acontecer de no-vo. Sonho com uma so-ciedade justa, com direi-tos iguais. Ninguém tem o direito de passar fome. Ninguém tem o direito de sofrer essa violência.

“O governador Sérgio Cabral, em 2007, disse que as mulheres de favelas são fábricas de produzir marginal”

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Rio de Janeiro, de 27 de junho a 3 de julho de 2013 brasil |

de Brasília (DF)

Em reunião realiza-da nessa terça-feira (25), as centrais sindicais e o Movimento dos Traba-lhadores Rurais Sem Ter-ra (MST) marcaram para 11 de julho o Dia Nacio-nal de Lutas, com o lema “Pelas liberdades demo-cráticas e pelos direitos dos trabalhadores”.

As paralisações, gre-ves e manifestações te-rão como objetivo destra-var a pauta da classe tra-balhadora no Congresso Nacional e nos gabinetes dos ministérios, além de construir e impulsionar a pauta que veio das ruas nas manifestações reali-zadas em todo o país nos últimos dias.

Vão participar da mo-bilização nacional a Cen-tral Única dos Traba-lhadores (CUT), a Cen-tral dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), a Força Sindical, a União Geral dos Traba-lhadores (UGT), a Central Sindical e Popular (CSP) Conlutas, a Central Ge-ral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), a Central dos Sindicatos do Brasil (CSB) e a Nova Central Sindical dos Trabalhado-res (NCST), além do MST.

Na reunião dessa ter-ça-feira, as centrais sindi-cais e o MST estabelece-ram uma plataforma uni-tária de lutas: 1) Educação – pelos 10% do PIB, melhoria da qua-lidade, ciranda infantil

sentar medidas concre-tas para reduzir a tari-fa de transporte público no país.

Leia os 5 itens que fazem parte do pacto anunciado hoje pela pre-sidenta:1) responsabilidade fi s-cal para garantir a estabi-

bém que o país precisa dar um salto de qualida-de no transporte públi-co nas grandes cidades, com mais metrôs, VLTs e corredores de ônibus. A reunião está sendo reali-zada com prefeitos e go-vernadores das 27 unida-des federativas.

Antes, a presidenta se reuniu com integrantes do Movimento Passe Li-vre (MPL), que iniciou os protestos pelo país rei-vindicando a revogação das tarifas do transporte público.

Após o encontro com o MPL, representantes do movimento afi rma-ram que a luta continu-ará até o governo apre-

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Dilma recebe representantes de centrais sindicais, no Palácio do Planalto

Antonio Cruz/ABr

“Greves e manifestações terão como objetivo destravar a pauta da classe trabalhadora no Congresso Nacional”

“País precisa dar um salto de qualidade no transporte público nas grandes cidades”

de Brasília (DF)

A presidenta Dilma Rousseff apresentou a proposta de convocação de um plebiscito popu-lar para que os brasilei-ros opinem sobre a refor-ma política.

O anúncio, feito nes-ta segunda-feira (24) no Palácio do Planalto em Brasília (DF), propõe ainda um “pacto” com cinco itens, entre eles a destinação de 100% dos recursos dos royalties do petróleo para a educa-ção e a alteração na le-gislação para que o cri-me de corrupção se tor-ne hediondo.

Dilma afi rmou tam-

Centrais sindicais e MST marcam ato unitário para 11 de julho em todo o paísPARALISAÇÕES Em reunião com a presidenta Dilma, centrais sindicais apresentaram as pautas da mobilização nacional

Dilma propõe 5 pactosPLEBISCITO Cinco itens foram apresentados pela presidenta. Entre eles, a destinação de 100% dos recursos dos royalties do petróleo para a educação

nas cidades, etc.; 2) Saúde – garantia de investimentos confor-me a Constituição, me-lhoria do Sistema Único de Saúde (SUS), apoio à vinda dos médicos cuba-nos etc.;3) Redução da jornada de trabalho para 40 horas –aprovação do projeto que está na Câmara; 4) Transporte público de qualidade – proposta de tarifa zero em todas as grandes cidades; 5) Contra a PEC 4330 –projeto que instituciona-liza o trabalho terceiriza-do sem nenhum direito, como Fundo de Garan-tia por Tempo de Serviço (FGTS) e férias; 6) Contra os leilões do petróleo; 7) Pela Reforma Agrária – solução dos problemas dos acampados, desa-propriações, recursos pa-ra produção de alimentos sadios, legalização das áreas de quilombolas, en-tre outras reivindicações; 8) Pelo fi m do fator pre-videnciário, que afeta a classe trabalhadora ao se aposentar.

Além disso, os movi-mentos sociais defendem a reforma urbana para enfrentar a crise das gran-des cidades e a especula-ção imobiliária; e a de-mocratização dos meios de comunicação, com o encaminhamento ao Congresso Nacional do Projeto de Lei de Inicia-tiva Popular construído pelo Fórum Nacional de Democratização da Co-municação (FNDC).

A mobilização tam-bém denunciará o geno-cídio da juventude negra e dos povos indígenas; a repressão dos movimen-tos sociais; e a impuni-dade dos torturadores da ditadura. Além dis-so, demonstrarão repú-dio à aprovação do esta-tuto do nascituro e à re-dução da maioridade pe-nal. (Agência Brasil)

lidade da economia;2) a convocação de umplebiscito sobre reformapolítica e alteração na le-gislação para que o cri-me de corrupção se tor-ne hediondo;3) pacto pela saúde, coma criação de novas vagaspara médicos e a contra-tação de profi ssionais es-trangeiros;4) investimento de 50 bi-lhões de reais em mobili-dade urbana para trans-portes, como metrô eônibus;5) mais recursos para aeducação, repetindo adestinação de 100% dosrecursos dos royalties dopetróleo para a educa-ção. (Agência Brasil)

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Rio de Janeiro, de 27 de junho a 3 de julho de 2013 | mundo

Direitos Eleitorais favo-receriam os conservado-res, uma vez que os po-pulares votam maciça-mente nos Democratas, do afrodescendente Ba-rack Obama. Além disso, ajudariam a promover a segregação racial, embo-ra em número menor do que nas décadas passa-das. “Ontem a Suprema Corte defi niu, na verda-de, que acabou o racis-mo nos EUA”, ironizou o cientista político Adam Serwer, em entrevista ao portal Mother Jones.

Os exemplos de racis-mo e segregação acon-tecem diariamente nos EUA. Em 2011, em gram-po telefônico do FBI, o senador republicano Scott Beason, defensor das mudanças eleitorais, foi fl agrado se referindo aos negros do EUA como “aborígenas”.

Já na semana passada no Arizona, um aposen-tado negro foi detido sob acusação de dirigir em-briagado, mesmo com o teste do bafômetro apon-tando 0% de álcool no organismo do motoris-ta. “Sou parado em mé-dia cinco vezes a cada 20 quilômetros que percorro nessa cidade”, disse.

“A decisão de hoje mi-na décadas de práticas positivas que garantiram que o voto fosse justo, es-pecialmente em regiões onde a discriminação tem sido historicamen-te muito ativa”, declarou Obama. (Opera Mundi)

de São Paulo (SP)

Liderados por Mar-tin Luther King em 1964, milhares de pessoas mar-charam nos EUA a favor do direito de voto aos ne-gros. O confronto com autoridades policiais e a violenta repressão do movimento ganharam repercussão internacio-nal, pressionando o go-verno no ano seguinte a aprovar a Lei de Direitos Eleitorais. A medida deu acesso às urnas a milhões de norte-americanos.

“Estou profundamen-te decepcionado com a Suprema Corte”. Assim classifi cou Barack Oba-ma nesta terça-feira (26), quase 50 anos após a de-cisão da Justiça norte-a-mericana de declarar in-constitucional parte da Lei de Direitos Eleitorais.

Os parágrafos derru-bados ontem estabele-ciam que nove estados –conhecidos por promo-ver no passado segrega-ção racial e social – pre-cisavam de uma autori-zação para fazer altera-ções em suas leis eleito-rais. Com a decisão, os es-tados citados pela lei po-derão solicitar ao gover-no federal sua própria le-gislação acerca de, por exemplo, quem pode vo-tar ou não. São eles: Ala-bama, Alasca, Arizona, Geórgia, Louisiana, Mis-sissippi, Carolina do Sul, Texas e Virgínia.

A lei em questão fi cou conhecida por proteger durante décadas o direi-to ao voto de minorias – como negros e imigran-tes – das investidas con-servadoras dos estados segregacionistas. Diver-sos congressistas repu-blicanos, por exemplo, defendem a adoção de um documento “do go-verno norte-americano” para que o cidadão pos-sa votar.

Como nos EUA o prin-

cipal documento de iden-tidade é a habilitação de motorista, uma medida como essa impediria que milhares de cidadãos, so-bretudo os mais pobres, tivessem acesso às urnas. Existem outros diversos mecanismos – que os de-mocratras chamam de “manobras” – como o da “drive license” para blo-quear as camadas popu-lares do direito ao voto.

A questão da segrega-ção racial e social é, sem dúvida, o ponto-chave da discussão acerca da de-cisão da Suprema Corte ontem. “Hoje o país não

está mais dividido como estava em 1965 e, após 50 anos, as coisas mudaram muito”, disse o presidente da Suprema Corte, John Roberts, no texto que de-

fi niu as alterações. “Não podemos nos basear em dados de várias décadas e em práticas erradicadas”, reiterou em alusão aos dados referentes ao racis-mo e à discriminação so-cial nos nove estados.

SegregaçãoO argumento da Su-

prema Corte é que o pa-ís superou os problemas raciais e que é o momen-to de “seguir em frente”, confi ando na maturidade política e social nos EUA.

No entanto, dizem cientistas políticos, legis-lações locais acerca dos

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Reprodução

Protesto em Washington contra a alteração da Lei de Direitos Eleitorais

FATOS EM FOCO

A ONG Observatório Sírio dos Direitos Hu-manos (OSDH) infor-mou hoje (26) que pelo menos 100.191 pessoas, a maioria civis, foram mortas na Síria desde o início dos confron-tos no país, em mar-ço de 2011. Pelo ba-lanço da ONG, entre os mortos estão 36.661 ci-vis, 18.072 da oposição, 25.407 das forças gover-namentais e 2.571 não identifi cados.

O governo do Equador pode levar semanas pa-ra decidir sobre o pedi-do de asilo de Edward Snowden, ex-agen-te da Agência Nacional de Segurança dos Esta-dos Unidos (NSA), dis-se o ministro das Rela-ções Exteriores, Ricar-do Patiño. Sobre Snowden, que se encontra atualmen-te em Moscou, o presi-dente da Rússia, Vladi-mir Putin, disse que o governo russo não o ex-traditará para os EUA. “Ele é um homem livre e quanto antes decidir para onde quer ir, me-lhor”, disse Putin.

100 mil mortos na Síria

Snowden pede asilo ao Equador

Banco do VaticanoO papa Francisco anunciou a instalação de uma comissão pa-ra analisar e propor re-formas para o Institu-to de Obras da Religião, conhecido como Ban-co do Vaticano, alvo de uma série de denúncias de corrupção. A comissão deverá ser comandada pelo car-deal Raff aele Farina e, ao fi nal das atividades, será elaborado um re-latório. O Instituto é criticado pela falta de transparência.

Alteração de lei pode sufocar voto de minorias nos EUAEUA 50 anos após luta de Luther King, decisão da Suprema Corte pode favorecer segregacionistas

“Com a decisão, os estados citados pela lei poderão solicitar ao governo federal sua própria legislação”

“A questão da segregação racial e social é, sem dúvida, o ponto-chave da discussão acerca da decisão da Suprema Corte”

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Rio de Janeiro, de 27 de junho a 3 de julho de 2013 cultura |

TEATRO Peça permanece em cartaz até 30 de Junho e é uma excelente oportunidade de explorar o passado e repensar o presente, através do olhar bruto e sincero do autor

público a um mergulho nas angústias de um au-tor negro em um país pre-conceituoso e estagnado na manutenção de apa-rências que não são suas.

O espectador viaja num embalo mesclado entre a comédia e a tra-gédia, reproduzindo o drama do autor e de to-da uma sociedade que já nasce excluída de uma vi-da decente.

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Valéria Martins

Valéria Martins

Cena da peça Lima Barreto, ao terceiro dia, em cartaz na Cinelândia

Espetáculo resgata história do autor diante da marginalização e do preconceito

Mariane Matosdo Rio de Janeiro (RJ)

Nos palcos, as angús-tias e realizações de um dos mais importantes au-tores da história da litera-tura no Brasil. Trata-se da peça Lima Barreto, ao ter-ceiro dia, em cartaz desde 24 de maio no Teatro Dul-cina, na Cinelândia.

Por meio da adaptação do texto de Luis Alberto de Abreu, o espetáculo é dirigido e adaptado por Luiz Antônio Pilar – dire-tor reconhecido por sua trajetória sempre enlaça-da com a questão racial.

Pilar tomou conheci-mento do texto ao fi nal da década de 1980, enquan-to trabalhava em outra peça na capital paulista. O diretor da época desis-tiu da montagem e desde então Pilar guardou o de-sejo de realizar sua pró-pria peça. “Luiz Alberto de Abreu, autor da mon-tagem, é hoje o mais im-portante dramaturgo brasileiro em atividade”, explicou.

Muito além de reviver os trilhos por onde cami-nhou Lima Barreto, es-sa produção quer avivar a luta racial em um Brasil tão desigual. “É lamen-tável que as questões so-ciais abordadas no texto do Abreu e na literatura

do Lima ainda permane-çam atuais”, defendeu.

No espetáculo, o públi-co é conduzido a um des-pertar não apenas sobre o autor e suas obras, cuja importância por vezes é esquecida, mas princi-palmente para suas críti-cas e lutas que dialogam com a realidade atual.

Trata-se de um resga-te na história de um au-tor que em meio a suas difi culdades, diante da marginalização e do pre-conceito, em um país on-de o negro já nascia sem voz e era visto como me-nos inteligente, se man-teve fi rme na disputa não só de um espaço para si, mas também para aque-la maioria que dividia as “bibocas” do subúrbio com ele.

Tablado com Lima A peça promove o en-

contro envolvendo três “Limas”: o real (referin-do-se ao momento de sua internação no hospício); o da memória (engloban-do os sonhos de sua ju-ventude); e o do delírio (recordando a importân-cia de seu “sonhar”).

Tudo isso levando o

Além de trazer à tona para o público a lingua-gem artística e o senso estético da arte de Lima Barreto, que critica e ex-põe a realidade, a mon-tagem tenta expressar o desvio do caminho ha-bitual da literatura de sua época, que ele taxa-va de mecânica e apri-sionada.

Diante do contex-to histórico atual de luta e mobilização, o espetá-culo se concretiza como mais um elemento de for-mação e informação crí-tica, principalmente no que diz respeito à busca de igualdade e o respeito às diferenças.

Deixa claro, por meio das palavras e da história de Lima Barreto, que não devemos parar de sonhar e buscar nossos ideais, mesmo quando somos confrontados com reso-luções imediatas.

A peça continua em cartaz até 30 de Junho e é uma excelente oportu-nidade de explorar o pas-sado e repensar o pre-sente, através do olhar

bruto e sincero, inspira-do no mais atrevido au-tor. Conta, obviamente,com um belíssimo texto,bem adaptado e somadoà atuação de um elencoencantador.

Para o diretor, antesde tudo, o teatro é entre-tenimento, com sua fun-ção de divertir e emocio-nar: “Se conseguirmosdespertar uma consciên-cia crítica no público, te-remos alcançado um es-tado ideal”.

Muito além de reviver os trilhos por onde caminhou Lima Barreto, essa produção quer avivar a luta racial em um Brasil tão desigual

“Se conseguirmos despertar uma consciência crítica no público, teremos alcançado um estado ideal”

Em cartaz, a consciênciacrítica de Lima Barreto

LIMA BARRETO, AO TERCEIRO DIA

Temporada: De sexta a domingo, até 30 de junhoHorário: 19hOnde: Teatro DulcinaRua Alcindo Guanabara, nº 17 – CentroIngressos: R$20,00 (inteira)Duração: 90minClassifi cação: 14 anosAcesso cadeirantes: simInformações Tel.: (21) 2240-4879

SERVIÇO

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Rio de Janeiro, de 27 de junho a 3 de julho de 2013 | cultura

bairros de Sampaio e En-genho Novo, separada da Av. 24 de Maio pela linha do trem, Márcio Perrotta explica de onde se origi-nou a quadrilha. “A Sam-paio surgiu da necessi-dade de se prolongar os festejos de São João, de-pois de a minha mãe se dedicar à Paróquia por tantos anos”.

Márcio está à frente da quadrilha desde 2010, quando faleceu sua mãe. Ele faz questão de dividir o legado de sua mãe com os colegas de quadrilha.

“Para mim e meus amigos, fi cou a missão de não deixar a cultura ju-nina morrer. Queremos mostrar ao público que mais do que uma apre-sentação, a Quadrilha do Sampaio é uma aula de

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Pablo Vergara

Quadrilha do Sampaio: 57 anos de tradição

grama Ópera no Palácio, traz aos palcos brasilei-ros a versão nacional do clássico inglês Trial by Jury (1875). Ela narra a história do julgamento de um malandro carioca que quebrou a promes-sa de casamento com uma inocente mocinha. Em cartaz apenas até es-se fi nal de semana, nos dias 28 e 29 de junho (sexta-feira, às 19h, e sá-bado, às 16h). O espetáculo aconte-ce no Salão Histórico do Primeiro Tribunal do Jú-ri – Rua Dom Manuel, 29, 2º andar, Centro. A entrada é gratuita (dis-tribuição de senha 30 min. antes do recital).

AGENDA

BALÉ CELEBRANDO A FAVELAO projeto Dançando para não Dançar apre-senta, nessa sexta-feira (28), o espetáculo Fa-vela. Terá início às 18h e contará com a pre-sença da bailarina Ana Botafogo, madrinha do projeto, e do músico Geraldo Azevedo. Com entrada franca a apresentação aconte-cerá no Largo do 20, Ladeira dos Guarara-pes, Cosme Velho.

FESTA JUNINA A Grande Companhia

Brasileira de Mysterios e Novidades está con-vidando a todos para a sua Festa Junina. Além da atração de sua famo-sa Quadrilha de Pernas de Pau, a festa contará com a Banda Forró Sem Frescura, comidas típi-cas, brincadeiras e DJ. Marcada para o dia 29, sábado, às 17h, aconte-cerá na Praça da Har-monia, Gamboa. O evento é gratuito. SÃO JOÃO CARIOCAEm sua 4ª edição, o evento acontecerá em um local diferente dos outros três passados. Dessa vez, o espaço a protagonizar a festa ca-

rioca será o Parque Ma-dureira. O Arraial con-tará com diversas atra-ções que vão de comi-das típicas e brinca-deiras a apresentações de quadrilhas, grupos e cantores como Pre-ta Gil. Marcado partir das 10h do dia 29, sábado, o evento será gratuito e aberto para quem qui-ser aparecer.

FESTRILHANos últimos anos, des-de 2007, a Organização Festrilha Rio organiza um concurso de quadri-lhas. Somando cerca de 40 quadrilhas, o concur-so teve início em 16 de

Junho e está em sua fase eliminatória. As semifi -nais e fi nal estão marca-das para julho e agosto, ainda sem datas confi r-madas. Nesse fi nal de sema-na, terão apresentações a partir das 19h na Uni-dos de Vila Kennedy, Avenida Brasil. O evento é gratuito. GENESISNeste sábado (29), o Grupo Afroreggae, ce-lebrando seus 20 anos de existência, estreia o espetáculo Genesis. A apresentação conta a origem da humanida-de por meio da mistura de elementos das cultu-

ras indígena e afro-bra-sileira. Mesclando dança, circo, música e teatro, Genesis chegará aos palcos tra-zendo uma estética iné-dita no Brasil. A monta-gem estará em cartaz de 29 de junho até 21 de ju-lho, com apresentações todos os sábados, às 19h, e domingos, às 18h, no Anfi teatro Benjamim de Oliveira – Núcleo do AfroReggae, em Canta-galo. A entrada é gratui-ta (distribuição de se-nhas 1h antes do espe-táculo – 180 lugares).

ÓPERA NO PALÁCIO Caso no Júri, a opere-ta que faz parte do pro-

Daniel Israeldo Rio de Janeiro (RJ)

Na segunda (24), a Quadrilha do Sampaio comemorou 57 anos de atividade. Farta de comi-da, e também de adere-ços, alegria e danças, a festa serviu para a mais antiga quadrilha de roça do Brasil seguir o ritmo das festas juninas.

Com ensaios que ocorrem sempre entre a primeira semana após o Carnaval e o início de ju-nho, apresentações pa-ra os mais diversos pú-blicos se multiplicam to-dos os fi ns de semana, até agosto.

Nesses dois meses, a cada sábado e domingo, no máximo 20 casais em-balam tardes e noites em vários bairros da cidade.

Fundada pela italia-na Maria do Carmo Per-rotta (mais conhecida co-mo Carmem Perrotta), em 1956, a Quadrilha do Sampaio nasceu de um desejo da direção da Pa-róquia Nossa Senhora da Conceição.

Localizada entre os

Quadrilha do Sampaio comemora 57 anosFESTA Fundada por imigrante italiana, mais antiga quadrilha de roça do Brasil se apresenta pela cidade até agosto

“Eu continuo a dançar pelo amor que sinto por essa quadrilha”

folclore”, afi rma.Como em toda fes-

ta junina, a Sampaio não poderia deixar de ter um enredo em 2013. Neste ano, até a última dança, os casais serão guiados pelos brincantes.

Fruto dos mitos e san-tos católicos, lembra a professora de música Norma Nogueira, o enre-do está presente nas fes-tas juninas que se come-mora no nordeste e su-deste do Brasil.

“A origem da quadri-lha é francesa, não é à toa que existem termos co-mo ‘anarriê’ e ‘alavan-du’. No Brasil, essa cultu-ra surgiu nos terreiros de café, com traços bastante caipiras”, explica a profes-sora, que leciona na Es-cola de Música Villa-Lo-bos, na Carioca.

Nem tudo são fl ores...Vencedora de todos

os concursos juninos ofi -ciais organizados no es-

tado do Rio, dos anos 1970 até 2006, a Quadri-lha do Sampaio se tor-nou conhecida dentro e fora do Brasil.

Nos últimos 20 anos, destaca-se a homena-gem recebida em nome do Brasil, durante a lem-brança a Nossa Senhora de Fátima, em Portugal.

Atualmente, a pro-fessora Silvana Gomes é uma das mais antigas dançarinas da Sampaio. “Danço há 15 anos, até

que em 2006 fui convi-dada para representara fi lha do coronel, quesimboliza a menina ri-ca do povoado. Eu conti-nuo a dançar pelo amorque sinto por essa qua-drilha”, garante.

Mesmo com tantoprestígio e admiração, aQuadrilha do Sampaioamarga dívidas e sequerpossui transporte regula-rizado na Prefeitura.

“Já falei para o prefei-to da vergonha que sintopelo fato de a capital cul-tural do meu país não ga-rantir o transporte digno.E não adianta ele me darum ônibus de linha, seas catracas difi cultam nahora de levarmos nossosmateriais”, revela Márcio.

Pensando em atrairpatrocínio, além de co-memorar a data, a jorna-lista Denise Carla produ-ziu um vídeo que contauma história que já duramais de meio século.

“O vídeo surgiu da ne-cessidade de a quadrilhater um material desse ti-po. Assim, nós temos res-gatado as fotografi as queestavam perdidas”, relata.

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Rio de Janeiro, de 27 de junho a 3 de julho de 2013 variedades | 13

HORÓSCOPO

Período bom para questões profi ssionais. Momento para separar razão e emoção. Bom para lidar com questões familiares. No amor, cuidado ao colocar assuntos sem importância nas relações mais afetivas.

Áries(21/3 a 20/4)

Momento importante para fazer algumas re-visões e pôr fi m em antigos assuntos. O período ajuda para você dar direção a novos objetivos de forma mais segura. No amor, momento para uma nova postura diante de suas relações.

Câncer(21/6 a 22/7)

O momento é positivo para esclarecer questões familiares. Há tendências para im-previstos no trabalho. Busque mais envolvi-mento com grupos e situações sociais. No amor, procure expor mais o que sente.

Libra(23/9 a 22/10)

A semana aponta tendências para envolvi-mento mais intenso em seus relacionamentos. Período favorável à realização de novos objeti-vos profi ssionais. Na vida amorosa, momento para situações marcantes e decisões.

Capricórnio(22/12 a 20/1)

Momento para novos objetivos e questões profi ssionais. Assuntos relacionados a interesses materiais podem tomar seu tempo. No amor, período requer mais atenção com os sentimen-tos nas relações de maior vínculo afetivo.

Touro(21/4 a 20/5)

A semana traz infl uência positiva para novos convívios sociais, eventos e diversões. Tam-bém há tendências para realizar ajustes em questões profi ssionais. No amor, momento para levar mais a sério alguns sentimentos.

Leão(23/7 a 22/8)

Momento bom para se dedicar mais aos estudos. Período para refl etir mais sobre o que quer ser. No amor, período propenso para defi nir sentimentos e responsabili-dades. Fique atento a novas paqueras.

Escorpião(23/10 a 21/11)

Período para dedicação a novos ideais profi ssionais. Momento bom para mudanças no ambiente de trabalho. Cuidados com o corpo e a saúde. No amor, momento propício para o romantismo e surpresas.

Aquário(21/1 a 19/2)

O momento é bom para lidar com as questões materiais. Cuidado com as questões fi nancei-ras, elas podem causar a ansiedade. Paciência e jeito nos relacionamentos, procure conversar mais para evitar mal-entendidos.

Gêmeos(21/5 a 20/6)

Período bom para mais oportunidades e busca de novos objetivos profi ssionais. Momento para retomar antigas amizades. O intenso ritmo de trabalho requer, na vida amorosa, atenção especial para a família.

Virgem(23/8 a 22/9)

O período é especial para refl etir sobre gastos e despesas. Evite o consumismo, gastos que não são essenciais. Na vida amorosa, momen-to propício para revisões e esclarecimentos importantes sobre assuntos antigos da família.

Sagitário (22/11 a 21/12)

Semana boa para refl etir mais sobre a reali-dade. No amor, período sensível aos ambientes e emoções das pessoas. Aproveite para uma refl exão especial sobre sentimentos e também valores pessoais.

Peixes(20/2 a 20/3)

PALAVRAS CRUZADAS DIRETASwww.coquetel.com.br © Revistas COQUETEL 2013

BANCO 11

Partícula de cargapositiva

(símbolo)Formaindus-

trializadade leite

Base darelaçãoconjugalperfeita

Artefato que indicaa direçãodo vento

Escuderiade Kimi

Raikkonenna F1

(?) Ciata,figura doCarnavalcarioca

(?)públicas:

ruas eavenidas

"A (?) A-dormeci-da", conto

infantil

Álbum da bandade rock

Pearl Jam

Maria (?),mulher deLampião

(?) de si:perder o auto-controle

A 2a

maior hi-drelétricado mundo

Rio suíço quedeságuano Reno

Alessan-dra Negri-

ni, atrizpaulista

Deusromano do vinho

(Mit.)Thomas

(?) Edison,inventordos EUA

Espaçodeso-

cupado

Exame de(?): ajuda na soluçãode crimes

Antero deQuental,

poetaportuguês

Código daAlemanha na internet

Bairro carioca da

sede doFlamengo

Única letra comcedilha

Guarda-costas(bras.)

Alinguagemusada nocotidiano

Erg(símbolo)"Aérea",em FAB

O verbode conju-

gaçãoirregular

Que podem ser acio-nados a distânciaÍndice medido em

pesquisas de opinião

DivisãohospitalarPronomefeminino

O pai, em relação aofilho menor (jur.)

Itens da lista de presença

Verão, emfrancês

Emprego;aplicação

2, emromanos

Manobramilitar

ofensivaBrisa

Produtocontra osinsetos

Oncologistaque atua naTV, escre-veu "Car-cereiros"

Flor de monta-nhas

Árvore da MataAtlântica

O plano alternativo

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ASTROLOGIA - Semana de 27 de junho a 3 de julho Período positiva para conhecimentos; infl uência especial para novos ideais e realizar ajustes e revisões

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Rio de Janeiro, de 27 de junho a 3 de julho de 2013 | esporte

da Redação

Na Copa do Mundo de Anadia, em Portugal, a seleção brasileira de ginástica artística teve um bom saldo. A equipe ganhou quatro meda-lhas, sendo três de ouro e uma de bronze.

Arthur Zanetti mais uma vez demonstrou por que é o atual cam-peão olímpico nas argo-las e conquistou o ouro. A prata foi para o chinês Mingyong Yan. O argen-tino Federico Molinari fi cou com a medalha de bronze.

Diego Hypólito ga-

rantiu o ouro no solo. No mesmo aparelho, Arthur Mariano também fez uma boa apresentação e terminou com o quarto lugar. O segundo coloca-do foi o alemão Mathias Fahrig, e o terceiro foi o estadunidense Samuel Mikulak. Hipólito tam-bém conquistou o bron-ze com a prova do salto.

No salto feminino, o Brasil subiu ao pó-dio duas vezes, com Ja-de Barbosa conquistan-do o ouro, e Adrian Go-mes o bronze. A prata fi -cou com Oksana Chuso-vitina, do Uzbequistão.

Ótima série

O ginasta Arthur Za-netti conquistou a me-dalha de ouro nas ar-golas na etapa da Copa do Mundo de Anadia, em Portugal, com a no-ta 15.800. O chinês Min-gyong Yan levou a pra-ta (15.750) e o argentino Federico Molinari fi cou

os judocas de até 81 kg.Penalber chegou a li-

derar o ranking no início de maio, mas caiu para a

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FATOS EM FOCO

Diante do ucrania-no Sergiy Stakhovsky, o maior vencedor de Grand Slams conhe-ceu a sua pior derrota em dez anos ao sofrer a virada por 3 a 1, após pouco mais de três ho-ras de partida. Na pró-xima rodada, Stakho-vsky terá pela frente o austríaco Jurgen Mel-zer, que nesta quarta superou o alemão Ju-lian Reister também de virada.

Recém-promovido ao NBB, o Macaé já está reforçando sua equipe para a competição. Na terça-feira (25), o clube fechou a contratação do ala/armador Duda Machado, que estava no Flamengo.Duda se sagrou cam-peão com o rubro-ne-gro na última tempora-da. Além disso, o atle-ta de 30 anos também foi eleito o melhor sex-to homem do NBB na temporada 2012/13.

Federer cai

Macaé fecha com ex-Flamengo

Kobe Bryant faz avaliaçãomédica no Botafogo

Durante passagem pe-lo Brasil, o ala/armador do Los Angeles Lake-rs, Kobe Bryant, visitou o departamento médi-co do Botafogo. Através de indicação do bra-sileiro Leandrinho, do Washington Wizards, o astro da NBA fez uma avaliação com o fi sio-terapeuta do Bota, Alex Evangelista. Kobe faz tratamento no tendão de Aquiles des-de a lesão sofrida no jo-go contra o Golden Sta-te Warriros, em 13 de abril, na temporada re-gular da NBA. Desde então, o jogador fi cou afastado.

No salto feminino, o Brasil subiu ao pódio duas vezes

Se homologado pela FIG, poderá entrar para o código com o nome Zanetti

Na categoria até 48 kg, Sarah Menezes mantém vantagem tranquila de 654 pontos sobre a vice-líder

Luiz Pires/VIPCOMM

O ginasta Arthur Zanetti, medalha de ouro nas argolas na etapa da Copa do Mundo de Portugal

A judoca Mayra Aguiar (à esquerda)

da Redação

A última atualização do ranking mundial da Federação Internacional de Judô (IJF) foi históri-ca para o esporte brasi-leiro. Pela primeira vez, três categorias da lista são lideradas por atletas do país: enquanto Sarah Menezes e Mayra Aguiar mantiveram suas posi-ções nos rankings de 48 kg e 78 kg, respectiva-mente, Victor Penalber retomou a ponta entre

Ginástica artística conquista cinco medalhas em Portugal COPA DO MUNDO Diego Hypólito e Jade Barbosa garantiram medalhas de ouro

Brasil tem três líderes no judôRANKING Três categorias são lideradas por atletas do país. Sarah Menezes e Mayra Aguiar mantiveram suas posições e Victor Penalber retomou a ponta entre os judocas de até 81 kg

segunda colocação após o World Masters, dispu-tado no fi nal do mes-mo mês. Agora, o bra-sileiro volta à liderança com pequena vantagem de 36 pontos para o ge-orgiano Avtandil Tchri-kishvli.

Na categoria até 48 kg, Sarah Menezes man-tém vantagem tranqui-la de 654 pontos sobre a vice-líder belga Char-line van Snick. Já Mayra Aguiar tem 322 à frente da húngara Abigel Joo.

com o bronze (15.550). Arthur decidiu mostrar o novo elemento que in-corporou à sua série e que agora será avalia-do pela Federação In-ternacional de Ginástica (FIG) para entrar no có-

digo de pontuação.Na competição portu-

guesa, o elemento foi fi -xado como grau de difi -culdade. Se homologa-do pela FIG, poderá en-trar para o código com o nome Zanetti.

Jeff erson Bernardes/VIPCOMM

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Rio de Janeiro, de 27 de junho a 3 de julho de 2013 esporte |

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O volante Daniele deRossi, suspenso na der-rota para o Brasil, reapa-recerá no time. No en-tanto, o treinador ain-da tem dúvidas sobre osubstituto de Balotelli.

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mundo real.Pega mal ver a im-

prensa alemã agrade-cendo aos brasileiros por fazerem o que sul-a-fricanos e alemães não fi zeram: denunciar a FI-FA e seus desmandos nos países-sede!

Se quisermos impedir que a FIFA faça do Brasil o quintal de seus negó-cios quase nunca trans-parentes, devemos con-tinuar ocupando as ruas.

A repressão policial é covarde, quer assustar a quem nunca havia par-ticipado de manifesta-ções, mas estes devem espelhar-se no exemplo dos que já passam por isto cotidianamente.

Nas favelas e subúr-bios, todo dia é dia de Copa. As bombas e ba-las não são novidade al-guma. Seus moradores, ainda assim, resistem.

Neste jogo, temos que mostrar quem é o dono da casa!

Bruno Porpetta é autor do blog

porpetta.blogspot.com

opinião | Bruno Porpetta

A FIFA descartou qualquer possibilidade da Copa do Mundo não ser realizada no Brasil. Para a entidade, todas as manifestações ocorren-do pelo país não são pro-blema dela.

A Lei Geral da Copa, que dá garantias à FIFA de lucro certo, sem im-postos e sem problemas com a legislação brasi-leira, além de determi-nar que pedaços do ter-ritório das cidades este-jam subordinados à en-tidade, delimita até on-de o Brasil pode “criar problemas”.

Apesar de todos os protestos, a venda de in-gressos vai bem. A de produtos relacionados com o torneio, idem.

Para o planeta FIFA, vai quase tudo na mais perfeita ordem.

Como a Copa das Confederações é um evento-teste para a Co-pa do Mundo, o que de-ve estar se discutindo na organização dos even-tos é como torná-los mais “impermeáveis” ao

Os donos da casa

copa das confederações

Glauber Queiroz/PortalL da Copa/ME

da Redação

As seleções de Espa-nha e Itália se reencon-tram hoje, quinta-feira (27), um ano após a de-cisão da Euro 2012, em Fortaleza, na semifi nal da Copa das Confedera-ções. Na véspera do jo-go, os atuais campeões europeus assumem um tom de humildade e pe-dem para que a golea-da por 4 a 0 em Kiev, na Ucrânia, seja esquecida. A Fúria conquistou o bi-campeonato da Euroco-pa com gols de David Sil-va, Jordi Alba, Fernando Torres e Juan Mata.

Aliás, já na Copa do Mundo de 2010, a Fúria havia impressionado pe-la solidez defensiva. So-freu dois gols na primei-ra fase, um para a Suíça e um para o Chile, e depois não foi vazada em toda a caminhada até o títu-lo – 1 a 0 sobre Portugal nas oitavas de fi nal, Pa-

Azurra “mordida” contra Fúria tranquilaCOPA DAS CONFEDERAÇÕES Treinador italiano deverá confi rmar o retorno do volante Andrea Pirlo, recuperado de lesão

raguai nas quartas, Ale-manha na semi e Holan-da na fi nal.

Agora, eles entendem que o equilíbrio históri-co do confronto estará de volta no gramado do Castelão. Os campeões do mundo sofreram ape-nas um gol, na estreia, na vitória de 2 a 1 sobre o Uruguai.

AvanteA Azzurra, por seu la-

do, tem a terceira pior defesa da Copa das Con-federações. Sofreu oito gols – mais do que todos os outros semifi nalistas somados. A Itália sofreu gols em todos os jogos da primeira fase: vitórias

de 2 a 1 sobre o México e de 4 a 3 sobre o Japão, e a derrota de 4 a 2 para o Brasil. Apenas o Japão, com nove gols sofridos, e o Taiti, com 24, busca-ram mais bolas no fundo das redes.

O técnico Cesa-re Prandelli já tem em mente os 11 jogadores que irão ao campo do Castelão. Ele deverá con-fi rmar o retorno do vo-lante Andrea Pirlo, recu-perado de lesão, em trei-namento na quarta-feira (26), um dia antes do jo-go contra a Espanha.

Jogadores espanhóis treinam no Castelão, em Fortaleza (CE)

Maracanã | Rio de Janeiro (RJ) | 20/06 | 16h00

10 X 0Espanha Taiti

Fonte Nova | Salvador (BH) | 20/06 | 19h00

1 X 2Nigéria Uruguai

2 X 4Fonte Nova | Salvador (BH) | 22/06 | 16h00

Itália Brasil

Castelão | Fortaleza (CE) | 23/06 | 16h00

0 X 3Nigéria Espanha

Arena Pernambuco | Recife (PE) | 23/06 | 16h00

8 X 0Uruguai Taiti

Mineirão | Belo Horizonte (MG) | 22/06 | 16h00

1 X 2Japão México

Os campeões do mundo sofreram apenas um gol, na estreia, na vitória de 2 a 1 sobre o Uruguai

No entanto, o treinador ainda tem dúvidas sobre o substituto de Balotelli

ItáliaEspanha

Arena Castelão | Fortaleza (CE) | 27/06 | 16:00

FICHA TÉCNICA

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Rio de Janeiro, de 27 de junho a 3 de julho de 2013 | esporte

COPA DAS CONFEDERAÇÕES Classifi cada para a fi nal, equipe de Felipão aguarda o vencedor de Itália e Espanha

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Neymar disputa lance com uruguaios: vitória suada

Wander Roberto/VIPCOMM

Mesmo sem brilhar, seleção bate Uruguai

da Redação

Com gols de Fred e Paulinho, a seleção brasi-leira venceu por 2 x 1 o ti-me do Uruguai e garantiu seu lugar na fi nal da Co-pa das Confederações. Os times honraram a tradi-ção que envolve esse con-fronto e fi zeram, na tarde de ontem (26), no Minei-rão, em Belo Horizonte (MG), um dos jogos mais disputados do torneio.

Mesmo não sendo um exemplo de arte e técni-ca, a partida teve alguns lances emocionantes, com direito a defesa de pênalti e gol aos 40 minu-tos. Na fi nal, a seleção pe-ga o vencedor de Itália e Espanha, que jogam ho-je (27), às 16h, no Caste-lão (CE).

SustoLogo no começo da

partida, aos 12 minutos do primeiro tempo, Da-

da Redação

O protesto que reu-niu mais de 100 mil pes-soas em Belo Horizonte (MG), na última quarta-feira (26), terminou em tumulto e confronto nas áreas próximas ao estádio do Mineirão, onde o Bra-sil venceu o Uruguai.

Com barricadas de fo-go, parte dos manifestan-tes responderam à vio-lência policial, que lan-

Fora do Mineirão, dezenas de feridosREPRESSÃO Um manifestante que caiu do viaduto José Alencar teve traumatismo craniano e está em estado gravíssimo

vid Luiz fez pênalti no za-gueiro Lugano e calou a torcida no Mineirão. Poucos minutos depois, a tensão deu lugar à ale-gria quando Júlio César defendeu a cobrança de Diego Forlán, que bateu fraco na bola e não con-seguiu deslocar o goleiro.

O jogo seguiu mui-to disputado, mas sem lances de muito peri-go. Em uma das poucas

çou bombas de efeito moral e efetuou tiros com balas de borracha.

O ferido mais gra-ve é um manifestante que caiu do viaduto José Alencar. A PM e o Corpo de Bombeiros, que so-correram o rapaz, afi r-mam que ele teve um traumatismo cranioen-cefálico e foi levado pa-ra o hospital João 23. Se-gundo a assessoria do hospital, o rapaz tem 21

anos e passa por uma ci-rurgia na cabeça. O esta-do é muito grave.

Já no ambulatório do Mineirão, foram atendi-das oito pessoas, cinco delas tiveram problemas na manifestação. Uma outra pessoa caiu do via-duto, mas teve um feri-mento leve no pescoço. Outros três estão com di-fi culdades respiratórias por conta das bombas de efeito moral e gás lacri- Manifestantes são reprimidos pela PM durante protesto

Carlos Rhienck/ Folhapress

mogêneo. Números ofi -ciais dão conta de 24 pri-sões. Entretanto, o pre-sidente do Centro Aca-dêmico da Faculdade de Direito da UFMG, Felipe Galo, informou à impren-sa que ao menos 150 pes-soas foram presas, muitas delas injustamente. “Re-cebemos informações de que alunos e professo-res da UFMG estão sendo detidos sem motivos”, dis-se o estudante.

12UruguaiBrasil

X

Julio Cesar, Daniel Alves, Thiago Silva,

David Luiz, Marcelo, Luiz Gustavo,

Paulinho, Oscar (Hernanes), Hulk

(Bernard), Neymar (Dante) e Fred

Muslera, M. Pereira, Godin,

Lugano, Cáceres, A. Gonzalez

(Gargano), Arévalo, C. Rodriguez,

Cavani, Forlán e Suaréz

Mineirão | Belo Horizonte (MG) | 26/06 | 16:00Gols de Fred e Paulinho (Brasil) | Cavani (Uruguai)

FICHA TÉCNICA

oportunidades que te-ve, Neymar, aproveitan-do ótimo lançamento de Paulinho, conseguiu con-cluir, obrigando o goleiro uruguaio Muslera a rea-lizar uma defesa parcial. No rebote, Fred confi r-mou a fama de matador e colocou o Brasil na frente do marcador.

Luis Suárez ainda teve uma chance, mas o jogo foi para o intervalo com

vitória parcial do time brasileiro.

Segundo tempoA seleção uruguaia co-

meçou a segunda etapa pressionando e o esforço foi recompensado. Logo aos dois minutos, o ata-cante Edinson Cavani re-cuperou a posse de bola

do lateral Marcelo e con-cluiu com categoria igua-lando o placar.

A seleção brasileira se-guia sem conseguir cons-truir jogadas de ataque mais efi cientes. Aos 40 minutos, Neymar cobrou um escanteio na cabeça de Paulinho, que conse-guiu tirar a bola de Mus-

lera e colocar o Brasil no-vamente na frente domarcador.

O Uruguai pressionouaté o fi nal do jogo, masnão conseguiu marcar.Aos torcedores brasilei-ros restou, depois de umaapresentação sem brilho,comemorar a classifi ca-ção para a fi nal.