Bruxaria, Oráculos e Magia entre os Anzande0006

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    (I " , 1 / , 1 1 1 1 1 " 'll

    I ';\III'I'll f,1 1V . tl l\ I II 'H~ ' I 1 11 11 11 ( '1 11 1 0 1 1 1 1 1 uutplu, II to tu lld n d ~ d III1 1 1 1 1 1 1 ' 1 1 1 . r u n u l u o u d l v IdlilllH l 'OlllOCLlI ' IUOl'f l h l J 1 i 11 1 t1 1 [ I I I II ('/l'IIllIi/tl'(' N O O hu I' 1 I11 lb l~v" l .s na desig-

    ,I .Ilv 1 I 111~ 1 ' 1 1 1 1 , cuquunro IIpiIlllt: binza usa d o a o se" I Ilutim . Bill 1II.IIH,II OM[1Upci l l) su a funcao e amesma-

    I I , I 1 1 1 / 1 1 1 1 1 1v lu h o , 1 < , : . s c o b r e onde e s t a a b r u x a r i . a ;I II I till til l lIONl:IUIHdos por c l a ,III rill I II WI II l l v l n h o s 01110 urn de seus muitos oraculos,

    1 1 1 1 1 I 1 ' I I I I' M l l l I I I IiJ l 'mu. "'onsideramquesllasprofeciasere-II If 1 1I1~d IHi I J lm~tl lsdo oraculo de atrito, mas menos dignasII lilt lilli, Ii V 'II iuo au Q oraculo das terrnitas, J a descrevi

    II I If il II 1 '" 1 t 'l ll I L l g i nd o em seu nome) consulta sucessiva-l " I l l , 1 1 1 1 1 1 1 1 0 W 1 0 J10 oraculo de veneno, para determinarI ltilill W ' U NL~1rnbruxan do, Mas, em vezde seiniciarem asIll" II j1t' ln Ill' .ulo le atrito, um ou varies adivinhos podem

    I" I fill 1 I 1 1 1 1 1 1 l o b r 0 e n f e r r n o , ou sobre algum fracasso eco-I j I jllll I' [ l1 l1 i! : I atencao as revelacoes dos adivinhos, seus

    I IlIhll III v tlo r legal, e nao e aconselhavel abordar urn bruxoIII I I I I hili 'li do n s s afirmacoes de urn adivinho que nao tenham

    I I 1 " 1 1 1 11 11 V 'I " iicto do oraculo de veneno.

    o ad iv iuhas

    Talvez tenha ocorrido ao leitor que ha UI1'HIanu lngln t 'I II I' I' I I! I lilt IIbruxaria e nosso conceito de azar. Q uando, a p es ur do S t' lI l 0 1 11 1 11 1 11videncia e eficiencia tecnica, um homero sofre urn l't'V~Hi dlulHl l1 Ideve a ma sorte, enquanto osAzande dizem qu e 'Ierol 1 1 1 1 1 1 1 1 , , , I tcoes que evocam essas duas categorias sao similar 'So t J 11 11 I1 1 11 11 tillaconteceu, esta encerrado, e os Azande contenta 111~ I '1J l 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 Ir ia , exatamente como nos nos contentamos com a id~in li t 'ilh 1 1 1 1se deve a pouca sorte. Nessas situacoes, nao ha grande dlll 'I'IIi,1l III.sas reacoes e as deles. Mas quando um infortunio cstd CIlI pili I Ina doenca - ou e consider ado antecipadamente, no s s n 1' ( ' pli ,\da deles. Fazemos todo esforco possivel para nos livra r {Ill ~'IHHI'I I IInio por meio de nosso conhecimento das condicoes ob jc l lvn til! Io zande age de modo semelhante, mas, como em sell mudo Iiprincipal de todo infortunio e a bruxaria, ele concentrn su n 11 / 1 1 \ IItor de suprema importancia. Como nos, ele usa meios 1'lIl'1ll1lltj" tIdas condicoes que produzem 0 infortunio, mas nos con ' ph t' II I1 J _ H Icoes de outra forma.

    Como creern que os bruxos podern a qualquer monu-u lu IIdoenca emorte, osAzande necessitam manter contato con I t 'I!IW_III' Il ignos para, contra-atacando-os, controlar seu proprio c l e M I ttll IIbruxaria possa feri-los inesperadamente, eles nao desesp ' 1 '1111 , 1 1 1 1 1 'rem melancolicos, os Azande, como todos os observadorcs Ill! I "I Isao um povo alegre, sorridente e brincalhao. Nao precisarn V V II I Iconstante da bruxaria, ja que podem entrar em contato com rill llllilpor meio dos oraculos e da magia. Com os oraculos podem pI' V I' I , Isituacoes de bruxaria e muda-las antes que se desenvolvam, COIIIIIIH4dem ptoteger-se da bruxaria e destrui-la.o adivinho zan de e tambem um magico, Na condicao e l l ' III vlllhca os bruxos; como magico, impede-os de fazer mal. Mas e tc III I I I 'urn adivinho. Nesta condicao, e conhecido como ira avure, p O S l1 1 1 d i llre; a palavra avure surge tambem na expressao do avure, "dal1,'111ilII

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    U I II I I II ' ullv lnhos congrega profissionais especializados, comh i unh 1 1 m nto de drogas magicas, de forma que muitas deI I I II I I no 1 '1 i i lmente observaveis. Assim, minha descricao dos

    t 1 '11 '111 ' i t l , d a por uma analise da forma pela qual colhi asin-I IIII I IIH ' t e O de adivinhos, foi necessario dividir 0 campo de

    III dlhl p llJ'C 'S e empregar metodos diferentes em cada uma de-1 1 1 1 11I I' (' (' n l im . asatividades dessa corporacao em relacao ao res-I II I. !. ," S u papel na vida comunitaria, seu lugar na tradicao

    I ItllI"II(l~om os principes e as crencas e historias correntes l i-I t t l ' 1IIIpiniOo publica. Foi facil obter inforrnacao sobre essa parte1 1 11 1 11 I I t) h aviaproblema em assistir as dernonstracoes publicas,I 1 1 , 1 1 1 1 1 " ' 1 : 1 1 foi facil obter comentarios sobre 0que era obscure

    1 1 1 1 I dn~ Ior informantes regulares ou por assistentes casuais .II 1 1 1 1 1 1 , 'fa possivel empregar os metodos usuais de trabalho deII I I \III~1. 0 lireta e repetida do comportamento; entrevistas com

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    O ,Y IHlllvo, 1IIItO III flltlll~ Ii I II 1 11 1 11 1 , 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 ( , 1 1 \ to t 'NIIV) d l ' I H l d l l] ) "1'00 d S ' I 111 i n h o d O l - ! u l l v l n h n , 11 1 11 1 11 1 0 1 '1 1 11 1 1I 1V I 11 ' n jjlllH lit I I H l l l 1 IIj ('Illr ni nh a t en da au 11 1 suns 'all1ll" I ill 'II d lit' I I I I II 'I'll P 1 l'I I' Ip \ ~. (ldoetn6grafo nas atividades dos 1 1 1 1 l i v ( J H ,

    Mas a corporacao possui tamb nl unm vl d I "0 1 I'i '0 till' 'X 'lui 1 1 1 1nao-iniciados; isso forma a segunda parte c .I m .u \ s l u d o , Os estranl os (I C(II'poracao nao apenas sao excluidos do conhecimento das drogas e dos truqucsdo oficio, mas tarnbem ignoram muito de certas crencas e davida social i n terna da confraria . Os metodos usuais de pesquisa sao aqui ineficazes, assirucomo 0 sistema comum de controle eteste da informacao obtida. A unica fOI'rna de realizar observacoes diretas era tornando-me eu mesmo urn adiv inhotembora entre os Azande isso nao fosse impossivel, tenho minhas duvidas sobre seseria vantajoso. Experiencias previas de participacao em atividades desse tipo levaram-me a conclusao de que um antrop6logo pouco lucra ' 1 1 1intrometer-se como ator em certas cerim6nias, pois urn europeu jamais Iconsiderado seriamente membro de um grupo esoterico, tendo assim poucasoportunidades de verificar ate que ponto um desempenho foi modificado emseu beneficio, deliberadamente ou como reacao psico16gica dos participantcidos ritos, que sesentem afetados por sua presen

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    II 1 11 11 11 1/1 1 " It , I" , ,, , ,, h'd' unb I~ 1 I1 l >lIl,lu'ltl~,PWPllS 1 1 0 I ll , / 'l ll il l I unpo 'Ill I Uldobo ~ ' () 111 1 1 1 I 1 M I U ' IIf un lonar com o profe ssor c a se t pugo por s 'us S ' 1 'V ' i y o s ,

    Quando os informantes se desentendem, 0antropologo aa l gun lH tlH lo , Arivalidade entre esses dois praticos transformou-se numa amargu 'mnl d ~farcada hostilidade. Bogwozu deu-rne informacoes sobre drogas magi 'U H ( ' dc o s , de modo a provar que seu rival ignorava as primeiras e era in ornpctcn lno desempenho dos segundos. Com isso Badobo acordou, mostrando-sc 1 1 1 1 1 1rnenos ansioso em demonstrar seu conhecimento de magia para Kal11~lllKIII'para mim. Os dois adivinhos disputavam, alern disso, para ganhar ascend IIcia sobre os praticos locais. Eu e Kamanga aproveitamos ao maximo a bl' lf1,!1toda, nao so dos proprios protagonistas, mas tambem de outros adivin h os d rlvizinhanca e ate de leigos interessados.

    Contudo, apesar de sua rivalidade e de minha persistencia, os dois a d l vnhos mencionados nao transmitiram a Kamanga 0metodo de extract o d l'objetos do corpo dos pacientes, uma operacao cirurgica realizada por CllI' i111deiros em toda a Africa; pois sabiam muito bem que Kamanga era uma C IIponja de onde eu espremia to do 0 SLICO das inforrnacoes que eles 1 1despejassem. Menciono essefato porque, embora eu ostenha colocado em Mtuacoes incomodas para forca-los a revelar 0 t ruque exato, parece que m 'II~informantes nao transmitiram seu conhecimento integral para mim, mesnu iindiretamente, 0 que sugere a possibilidade de haver outros departamenlnsde seu saber que nao me franquearam. Seria inevitavel que cedo ou tard ' ('IIdescobrisse como sao removidos os objetos do corpo de enfermos, pois s u b 11de anternao 0que sucede entre outros povos africanos, mas e possivel que, e rnoutros assuntos - sobre os quais eu nao dispunha de uma base previa -, n 'os adivinhos quisessem mante-los ocultos, eles 0 fariam com maior SUCCHS(),S6 devo acrescentar que 0 interesse e a aplicacao de Kamanga permitiram-rurrecolher a essencia de suas experiencias num bom numero de textos nativos,colhidos semanalmente por muitos meses, e que minha constante associaencom ele tornou possivel uma discussao informal e tranquila de tais materia.Urn unico inform ante que conhecemos intimamente costuma ser uma fon IIIde inforrnacao mais segura que a simples acumulacao de afirmacoes feitas PUImuitos informantes que conhecemos menos.

    3Um europeu na terra zande em geral depara pela prime ira vez com os adivnhos numa sessao em que estes dan yam e adivinham, porque as sess6es s H upublicas, anunciadas e acompanhadas por tambores. Tais desempenhos pt

    ,I I I H r ,,II II liftllih 11 I1 1 'l 11 1 '1 1 1 0 1 , II, l

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    /III II I O , l l l d l l l / I ' I 1/1' II I

    IHlI:l 1I1l1'SI' " L o t i O l ' d' ~ l ls 1 I 1 lV l d l l l' lJ , 1101.11pll'lklpll~t10 IIt t ru C U l ' 1 pol t t l 'U du vkl \ l ' l o < , ; l l 1 l ~ 1 1 ! 1de n ao m arc ou a in stitu ica o d os a div in ho s, p ols s o o s p r in ci I cs f lz 's s u n p u r tda corporacao seriam necessariamente lideres,

    E muito raro que mulheres se tornem adivinhas, Algumas S eQ au to I'i "'IIdas a atuar como curadoras, e ocasionalmente uma mulher adquire consideravel reputacao entre seus pacientes - geralmente pessoas do mesrno s('w-, sendo entao designada para praticar no harem de um principe. Alguns homens tambem procuram curadoras para tratar-se, E muito raro, contudu,que uma mulher tome parte na danca dos adivinhos; elas nao part icipam dil lrefeicoes comunais, nem sao iniciadas no oficio pOl'meio do sepultamen to ,' Itual. Mulheres que atuam como adivinhas ecuradoras em geral sao velhas, en:sua maioria viuvas,

    4Os preparativos para uma danca consistern na demarcacao de uma area d Ioperacao e, em seguida, na paramentacao cerimonial. Cornecando nos t : : 1 I . 1 1bores, um grande circulo e desenhado no chao, sendo ressaltado por cin~1 Ibranca espalhada em cima. Nenhum leigo pode entrar no circulo reservadnpara a danca dos adivinhos, sob 0 risco de ter 0 corpo penetrado por um besouro ou pedaco de osso atirado por um magico enfurecido. Cada adivinhn,tirando do ombro seu saco de couro, dele extrai uma variedade de chifres d .varias especies de antilopes e de outros animais, fincando-os no chao aoIon (Ida linha circular de cinzas. Sobre um desses chifres costuma ficar um pollcom agua, para dentro do qual olham os adivinhos que desejam vel' Ibruxaria. Entre os chifres no chao erguem-se pedacos retorcidos de madeir Imagica, dos quais , como dos chifres, pendem os apitos magicos. Cada ad lvinho considera 0 espaco diante dos chifres que cravou no chao como se uproprio campo de operacoes, que nao pode ser invadido por nenhum outrnparticipante.

    Os chifres, primeiramente endireitados por aquecimento, sao entao J " I . 'curvados ainda quentes no chao e enchidos com uma pasta fei ta das cinzas Isumo de varias ervas e arbustos misturados com oleo. Elesvoltam a ser enchIdos cada vez que se esvaziam ou quando secao conteudo. Tais drogas s l omuito importantes, pois 0conhecimento sobre elas significa 0conhecimentuda arte da adivinhacao, A iniciacao na corporacao de adivinhos nao esta foculizada em palavras magicas ou sequencias rituais, mas em arvores e ervas. U II Iadivinho zande e essencialmente um homem que conhece asplantas e arvorc

    II "t / I I I I I I I I I

    jill IIlhIlIIIllIIO IIIPIl~ 111 dlll ldlttHI q l H " I I IW 1 1 d~INj l l l l du l Il tlPP~lld 'vnl '1 1 1 1 1 III 1 1 1 1 1 1 1 1 U ' l i l l P "I I l l ' II I l l l i l l l 1 , u b I' O l l d i ' 1 1 11 1 1 U P ! dl"l jl ll l I I IIId r MllIllI v I1 ,1 1 i! f1 ( ' ,Id v l n h o v,lIml ( 'X ' l' l' [' I 'O d t< I 't 'I 'l nlll'l'lllIltlwlN ('"dIlNlvlIlll'1I1 P O I ' -III ,IlIlIItWl' t il l d l 'oM l Il l C t ' I ' l l l H t' pOl'qllt IH I IIlW'I'!t1 r lu 111111 ' I1 'U ccr tu, SUt!:>Il,tlll H~d r lvum II 11111 Hkl l qlW Inli', d ' 11[1'0 d III; su n Il!spil'll.CIlO nao brota! I I I I I IPI ' 1 1 1 0 1 1 rm d O H 'H p fr i[ O M d o s 1110 1 ' (OH .

    II ~ 11II1'IIIlWilioH p ro l1 s Hi ol H ti , c om qu e o s u d i v i n h o s s c a do rn am e nq ua n-It n 11111111 ' 0 l i t- c l u u c u (!sttl H indo prcparado consistcm em.chapeus de palha

    It I l l h l l l I I p u r g r III 1'8 fcixcs de perms de ganso, papagaio, e outras aves doI\ 1 1 " 1 1 1 1 ' d! ll nl l( ~ ). P i iras de apitos rnagicos, feitos de madeiras especiais, saoI 1 1 11 1 11 11 hui 1 0 1 ' ira uo peito e atadas nos braces. Peles de civeta, gate-do-1 1 1 1 1 1 , W i lt ! n l 1 1 1 l scarado e serval, alern de outros carnivores, roedores e maca-

    t I ll ll jl ll llnl ll l mte Co lobus ) , sao enfiadas no cinto, formando uma saia queIIIH IIIHl'ilm mte a tanga de entrecasca usada por todos oshomens azande.

    1 1 1 1 j 1 1 M P 'I e s atam-se cordoes com os frutos da palmeira d o le ib ( Bo r as s u s1 /1, / 1 1 / 1 ' 1 ) . UI11 badalo de madeira inserido na cavidade desses frutos fa-1 1 1 1 1 1 1 lin 1 . 1 ' 0 1 1 ' 1 0 chocalhos ao menor movimento da cintura. Nas pernas,' 1 1 1 1 '1110 . S vezes nos braces arnarram-se molhosw de sementes alaranja-II 1 1 1 1 IlllOS t razem chocalhos, sinos de ferro com cabo de madeira, que sa-hili 1 ' 1 1 1 ' 1 'Ima e para baixo durante a danca. Assim, quando danca, cadaII IlIhlll uma orquestra completa que chacoalha, retine e estrepita ao ritmoI 1,IIUlllll' '8.

    5II Ilvinhos, ha muitas outras pessoas presentes a cada sessao, cum-f'tllU90esde espectadores, tamborileiros e, no caso dos meninos, de

    III I) 1 1 0 1 1 1 11 5 e meninos sentam -se debaixo de uma arvore ou celeiro, pro-1 1 11 '1 1 mmbore s . As mulheres sentam-se longe dos homens, pois os doisI 1 1 1 I 1 l 1 1 ~ sentam juntos em publico. A vizinhanca geralmente acorre em

    I II 'R S es, com pessoas que vern fazer consultas aos adivinhos, outrasIII Ouvil" os escandalos locais ou simplesmente apreciar a danca. Para as

    1 1 1 1 1 II~'II "pecialmente, e uma fuga da monotonia da vida familiar e da seca1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 stica a que estao amarradas pOl'suas tarefas e confinadas pelo ciu-1llIlIlIlfiriclos. 0l ider do grupo dornest ico que patrocina a danca abre suaI'IIi - m quiser comparecer, pois uma grande audiencia agrada aos atores1 1 11 1 1 '1 O.qll'l S que desejam consultar os adivinhos trazem pequenos presentes,t i l tH' lin diante do homem de cujos poderes oraculares desejam usufruir.1" 1 scntes podem ser pequenas facas, aneis, piastras e meias- piastras,

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    IIHISo n s l s tc rn m u ls 1 ' 1 ' " ( j i l L l l l l ' 1 1 l 1 1 1 1 t , ' l'IIIIJl'(jlll'llil III II till d~1~It!ll III, I " 1(1'd e cs pig as d e rn ilh o ' 1?1 ' l l1Of ; I' h n u t u - d o c c ,o a n fi tr ia o d e v c fe rne '1' 0 gO llg o ' os r n r n b o r 'S ; como lP' l1 l lS dp,lIl1ll1Hresidencias possuem tais instrumcn to s, clc quase . .rtum 'III ' t'l'll d ' IWl'tI"1parte da manha pedindo-os emprestado aos v i zi I 1 h05 .tra nsportando-os 1 1 1 1 1sua casa. Deve tambern supervisionar as diversas providcn ias Ix ig idl ls PI'll lvisita dos adivinhos. Severn apenas um ou dois adivinhos, L l I 1 1 anfitriao g~\ III 'roso oferece-Ihes uma refeicao, convidando talvez um ou outre espcctudotmais influente. Deve tambern arranjar alguns presentes para os adiviuhnscomo pagamento por seus services apos 0 trabalho da tarde. Ele passa a 1 1 1 < 1 i n lparte da tarde conversando com seus hospedes.

    Os tamborileiros nao sao especialmente convocados, mas apenas rccrutados na hora dentre jovens emeninos. Sao escolhidos (quando 0sao) por ~ i l l lhabilidade na arte, mas em geral nao ha selecao detamborileiros, etoea aqueh:que primeiro seapossa do tambor. Costuma haver muita competicao en('I'L' ')~rapazes para ver quem bate 0 tambor, 0que asvezes redunda em discussocs (Ibrigas. Urn tamborileiro so e substituido quando secansa ou se mostra i l1(:pto, a menos que, como asvezes acontece, ele estabeleca urn revezamento C O l l Iurn amigo. Em troca dos services dos tamborileiros, os adivinhos lhes fat, 'Illuma ou duas revelacoes inspiradas, de gra

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    I1lLISiu OI'(jU '~II'nl do s gO llg0 d/Hl I 111l1)(J1'~'Hltl!l '( 11 0 0111(1 ognlld" I Ii INcabecas para tras 0 1 1 ' mndo (Ipcltu xu n rm'IIMnl qu 0 , 1 1 IH ll' Ol : ! ' lV1I1'1I1torrentes sobre seLLSo rpos . Ou t ros iortnvuru u I n g l l o , '0 Ii 1 1 1il \ I II l s t u r u d n 11saliva espumava no canto I. SU'IS b ocas, s orr .ndo p '10 q u .ix o aI' flilldil' IIcom 0 suor. Os que laceram a lingua la r ic a m com , I ; ) p ' n d u r u d u p n I'll lill'l,para mostrar sua ar t e . Adotam ares ferozes, rnostrarn 0b ra nc o d os ollms t' ii izem esgares com aboca, como se as contorcoes causadas pela grande [l'IHIIIIfisica e a exaustao ja nao fossem repulsivas 0 bastante.

    Qual 0 significado de toda essa Furia e expressao grotescas? S6 U 1 1 1< 1d iml 'cacao e analise cuidadosa de todas as suas partes nos perrnitira descobrir.

    7Assessoes sao realizadas quando uma pessoa sofre um infortunio. E 0 C,IS0 ti lperguntarmos por que, nessas circunstancias, ela nao consulta um dos Oi't\( IIlos de forma privada, em vez de sedar ao trabalho de convocar varios . 1 1 0 1 ' , , _(os adivinhos) para uma representacao publica mais cara. Especialmentc pIlique, como veremos, os outros oraculos sao em geral considerados mais dillnos de confianca como Fontes de revelacao do que os adivinhos; c, illqualquer forma, eles terao de ser consultados para confirmar as declarnc 'hdos adivinhos antes que qualquer acao possa ser iniciada com essefundam 'IIto. Talvez 0 motivo seja porque as sessoes publicas aumentam 0 prestigio tillquele que as patrocina; e porque as revelacoes dos adivinhos possuern lIlIlvalor social peculiar ; embora consideradas mais expostas ao erro que os Ii Imais oraculos, tern a vantagem especial de que, em assuntos delicados c p I~soais, uma investigacao aberta e capaz de fornecer. Sobretudo, 0 ad i v i nhnfunciona nessas sessoes nao apenas como um agente oracular, mas tarnlu IIIcomo um guerreiro contra a bruxaria. Ele nao apenas indica a pessoa em \IIIdirecao busca-la e que medidas tomar para anula-la, como tambem, por 1 11 \' 1 1da danca, declara guerra imediata aos bruxos, podendo ter sucesso em " I I Ita-les do paciente; ao mostrar aos bruxos que esta ciente de sua identidadc.uadivinho fara com que elesabandonem definitivamente a residencia do enll' lmo. Mas creio que 0primeiro motivo - 0desejo de aumentar a propria rcputacao pelo patrocinio de um espetaculo publico - e 0mais importante. P 1 1 1 1os espectadores, uma sessao e algo divertido de ver, asvezes excitante, e S~'11 Ipre fornece assunto para comentario e fofocas por muito tempo. Para 0 d0111ida casa, e um meio de descobrir quem esta perturbando seu bem-estar; III Imodo de advertir 0 bruxo (provavelmente um dos espectadores) de queesta na pista dele e um meio deobter 0 apoio e reconhecimento publicos pn III

    III1

    1 11 11 t" tl i l " ' '1 11 1 t 'I II II '1 l tl ll l1 l l 1 1 1 . 1 1 1' I II HI dllillilill II I I 11 '111)1 '11(11 pUI 'II thlli! d 11 \ I 10 V 'Ildlll (' P ,10 ('II II 1I'('KIl I, ItOI'I' I

    ' I h ~ I' \ 1 0 I 1 I 1 l 1 1 1 Il'H ():I ('~ldl', 'flci'lll q u u u d o 'II v o l t u v a para usaI I I t i l l I " , 1 1 1 ( , I I I I 1I,IlINlldo, P - n n l t l r 1 I 1 1 H 1 jlwlll'I1~'l() a d i . i o n a l d .o que

    II ,I d , 1 1 1 1I 1 1 11 l

    1 1 1 1 II pulnvra: "Chefe, seus companheiros estao-lhe caluniando, estao fa-1 1 1 1 urul de voce e querem feri-lo; trate de consultar 0 oraculo de atrito aI 1 1 1 1 Ii "'H om frequencia." 0 chefe nao replica, mas alguem, que desejaIliI,I In~'mostrar que nao e daqueles que 0traem, grita: "Diga-nos 0nomeI 111111115," (Isso e mais dificil, porque 0 adivinho prefere evitar fazer ini-I II, ,I '1IMH'I:lclolguern pessoalmente.) 0 adivinho recua, dizendo que iraI II II qucstao. Faz um sinal para que os tamborileiros recomecem a tocar;filii dOlltambores, danca e salta freneticamente; seus sinos fazem "waiaI II'IIIt/", os frutos da palmeira doleib entrechocam-se em sua cintura; seu

    1 1 1 1 I " " [ I i \ de suor, ele e seus companheiros dao gritos selvagens. ArquejaII 'II, Imp ~aem direcao aos tambores, que um toque de seu sino silencia.IIItilt)Hilncio, estaca diante do chefe. Nada fala. De repente cai por terraIII , 1 lv sse desmaiado, ali f icando por varios minutos, a contorcer-seI I, 'jOrl:essegrandes dores, com a cara no chao. Recupera-se entao dra-III 1 1 1 1 H'1l t ) dando um salto, e profere uma revelacao: "Os homens que a es-I Itlldo om bruxaria, que 0 estao caluniando, sao fulano (menciona 0

    II I dll d efe que antecedeu 0 atual ocupante do cargo) e sicrano (da 0I ,I " IImhomem a quem 0chefe recentemente recusara a filha, para da-la, 1 11 11 'I to a um outre)". 0 adivinho hesita; art icula: "e.. ." ,e para, olhan-I 11111'nl para 0 chao, como sebuscasse alguem mais, enquanto todos es-

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    P'I'tll11 POI' UI11ll J10Vn u 'UHII~10, Ollll'o III v luhn Iii 1 1 1 1 1 1 1 I'.' d lz, Cilillseguranca: "E bcl trano, c le t umb III 0 s tn p rejucl lc Indo III II' d 'I'll," MI'IIciona as duas pessoas jA a lIS! las' ':ita que u I' 'S' ' 1 1 1 0 1 1 t ltstu , D utro lidvinho 0 interrornpe. "Nao", diz, "clcs silo qualm, i"UI:1I10 tnmb 1110 l ' , ~ 1 1embruxando" (rnenciona 0 nome de um le seus inimi ros p .ssoais, que ((111 ' 1depreciar junto ao chefe em beneftcio proprio. Os outros adivinhos COllIpreendem sua intencao, mas osadivinhos jamais secontradizem em u 1 1 1 ( 1 , ~ ( ' Msao publica, apresentando uma fachada unica diante dos nao-iniciados.)

    o chefe, por seu lado, escuta 0 que the foi dito, mas nao fala LImas() 1 ' 1 1 1 1 1vra. Mais tarde eleira apresentar esses quatro nomes diante do oraculo de V I'neno e descobrir a verdade. Ele pensa - disse-me urn zande - que (f~adivinhos devem, afinal, estar com a razao, pois sao bruxos tambern e couhrcem os de sua laia.

    Ap6s terem sido fei tos os pronunciamentos oraculares em beneflcio lillprincipal pessoa presente, a danca e retomada, continuando por horas ,I 1 1 1 1 .Um velho chama um dos adivinhos e the da algumas espigas de milho, H i l lquer saber sesua safra de eleusina vai ser boa este ano. 0 adivinho corre :III Ipote com drogas, para olhar. Observa por um ins tante a agua magica e cnl "pula adiante, dancando. Danca porque e na danca que as drogas dos a d l v ]nhos funcionam, fazendo-os ver as coisas ocultas. A danca mistura e ativllll_drogas que eles trazem dentro de si, de forma que, quando ouvem uma Ii 'Igunta, sempre dancam, em vez de refletir em busca da resposta. 0 adivinhuconclui sua danca, silencia ostambores e se dir ige para onde seu interlo uti liesta sentado. "Voce me pergunta sobre sua eleusina, se ela vai dar certo ~'liIano; onde voce a plantou?" "Doutor", replica 0outro, "plantei-a acola do 1 ' 1 1 1cho Bagomoro." 0 adivinho fala como que para si: "Voce a plantou alern tillriacho Bagomoro, hum! hum! Quantas esposas voce tern?" "Tres." "Vejo b ruxaria, bruxaria, bruxaria it frente: tome cuidado, porque suas mulheres Vnllembruxar sua safra de eleusina. A esposa principal, nao e ela, eh, eh! Nao, 1 1 I1 1 le ela.Voce esta me ouvindo? Nao e sua esposa principal. Posso ver isso em IIInha barriga, porque minhas drogas sao fortes. Nao e a esposa principnl, IIesposa principal, a esposa principal. Esta me ouvindo? Nao e a esposa print]pal ." 0 adivinho esta agora entrando numa especie de transe, com dificuldmhde falar mais do que palavras isoladas e frases entrecortadas. "Aesposa pritupal , nao e ela. Maldade. Maldade. Maldade. As outras duas esposas tern clumes dela. Maldade. Maldade - voce me ouve? Voce deve guardar-se con : IIIelas. Elas devem soprar agua sobre sua eleusina. Voce ouviu? Que elas SOPI'('1I1agua, para esfriar a bruxaria . Voce me ouviu? 0 ciume e uma coisa ruim. O IIume e coisa ruim, e fome. Sua eleusina vai fracassar. Voce sera assaltado 1 l l ' 1 1 1fome; voce esta ouvindo 0 que digo - fome?"

    1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 ' 1 1 1 1 1 1 1 1 11111 1 1 ' 1 1 III I 1 ' ( 1 0 1 1 1 '1 1 1 1 I I; IIfllll! !lII lolll I ljl( Ii IS*1 1 1 , 1 1 1 1 1 1 1 1 d, ll l ,II HI PI'O III" 1 1'1 11 I'I'VI'I'l11d1111 Ill'If~I""1 Il'll .1' r pond l -II 1 1 1 1 1 . 1 1 1 1 1 1 1 11 1 1 1 1 1'1 " , 1 1 , 1 1 1 11 0 1 11 I1 lH 'I ' ( J N l Il ( ' III II pO '~ w I O I l 1 t 1 1 ' nota de1 ,1 ,III Ii I III' u ,' ( " d U N Id Iv I l iho I I '1 1 , l i M 1 ' l' U Il lt ( " Ipo i s xim 1 1 1 1 q uc lo is o u

    1 1 1 1 , 1 1 1 " 1 1 1 1 1 1 ! l I l d o l'()IIHltill, 1 1 1 1 1 1 H~ ) l ' l l I I (l, 1 \, I II ' M il lO quando so t r a t a de ape-I 11111 . 1 1 1 1 'II ' Il l ' Il l! 'I'd' till' I ldll quando n ao scsabc cxatamente que per-IIlh It l 1 1 1 1 1 ! ~lI l1H I' ' SP O S l; lS I Ii )O : 1 .1 0 concisas c dirctas, mas discursos tortuo-

    IIIItW' t' 1 1 1 1 ' t ' i o r tudos . Os ud i v i nhos t ambe l 1~ ~ostumam f~z:r revela~6esIII IllIllllhl'lls till uud i n 'h sern terern sido explicitamente solicitados a ISS0;

    1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 d l l f o rn .ccr informacoes gratuitas sobre infortunios pendentes.1 1 1 1 1 1 1 I' 'PI ' 'Il >11[1\( ; :50 nacorte e um pouco diferente de uma sessao na resi-

    I II' IItil' 11 III pi 'b LI. I rincipe em geral senta-se sozinho, talvez com alguns1 1 1 ' 1 I II1III '110S paj ns no chao aseulado, enquanto os homens de boa posi-t III I t t ! Ill! I S 11 ontram na corte sentam-se no lade oposto, a uma b?aII 1 1 1 1 1 II, A mulheres 11aOpodem estar presentes. Nao ha um cora especialI lilt Iilllllll, I irnbora os espectadores - com excecao do principe - possam

    1 1 1 1 'III Ii 1 1 1 1 ' tiS .ancoes em voz baixa, geralmente 0 adivinho canta em solo.1 1 1 1 1 I i \' I I I I I Isde um adivinho de cada vez apresentando-se numa corte. Um"lllpl 1t'11lurn ou dois profissionais entre seus suditos, e os requisita quan-1 '1 1 1 I I d I , Ll S services. Asessao e uma representacao de gala, e 0 compor-II 1 11 11 d~ l to 1.0 os presentes se caracteriza pela quietude e composturaI IIIII~I Ilo rt . 0 adivinho danca apenas a respeito do assunto do pnncipe,II I lilt I I. I 'R obre 0nome do bruxo ou traidor, caminha ate 0pr~ncipe e sus-III tl' nOI11 em seu ouvido. As fanfarronadas e demonstracoes que des-I Ihl 'Mil es transcorridas em casas de plebeus nao tern lugar aqui, e 0I 1 1 1 1 1 1 1 [umais usa 0 tom arrogante com que se dirige aos plebeus. Tanto1 1 1 1 1 1 pn d ' observar, os cortesaos nao fazem consultas ao adivinho sobreI I'" 'I II ' os negocios, embora possam encoraja-lo, exigindo em voz alta ,

    I I l I t i 1 1'1 11 " lealdade ao principe, que exponha os nomes das pessoas que1 \ . 111111 b m-estar do principe. Ser solicitado a adivinhar na corte e uma

    1 1 1 1 1 1 I t 1 nra , e os adivinhos que ja 0 fizeram sao considerados por toda aI I I ' I I P .ssoas em cujas revelacoes se pode confiar.1IIII lido, as descricoes feitas neste capitulo sao de sess6es realizadas em.I , pic! eus, e a analise que sesegue refere-se ao comportamento dos adi-

    II I. I' d J sua audiencia longe das cortes.

    8ti l 1 .1 Ii; focalizar a atencao sobre a forma e 0 conteudo das revelacoes de1 1 1 1 uho. Deve-se tomar nota especialmente do modo pelo qual faz as

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    suns I, 'lUl"ly 'ii, pols VOU L ' ,I ' 'l'il' 1 1 1 ' I () q l l l 1 l H l l 1 III III III' Itldo II 1 I I I I I p i l i IId e c re r ic a s relacionadas '0111 suns irlv l 1 1 Id ~H . ' ) 11 Idlvlnlll l l i I I I 1 1 ', 1 11 1 1 11 1 1 1 11 1 1 1 11mas de e nun cia cao, am bas difcr '111'C5da s j'UI'Ii1l1S 'ull 1 1 1 l 1 1 1 S , 1 \ WillI , 1 1 1 1 I .1enunciacao truculenta. E l e s s ub jug am SUl lS a ud i n 'illS, t o r n un d n II I I'l'l ilH I ~que em contexto ordinario provocariam reac o. i\ni'11ll1111-S de I li ll 1 II II tl IIpresuncoso e exagerado, intimidando os tam borrlc iros, () .oro d ' i1lVllillllltos espectadores, ordenando-Ihes que parem de falar, que sc S ' 1 11 ' (; 1 11 , '1 lll ' I'll'.tem atencao e assim por diante. Ninguem seofende C 0 1 1 1 tais , )I 'Os, que ( ' 1 1 1 1 1 1 1t ras ocasioes seriam considerados de uma rudeza imperdoavcl. i\ 1 1 1 ( ' 1 1 1 1 1 1autoconfianca espalhafatosa envolve os pronunciamentos oracula r 'S , qlll' . 1 1 1 1acompanhados de todos os tipos de gestos dramaticos e poses extnlvllHlIllll~marcados pelo abandono da fala ordinaria em favor de um tom fani'l11'l'nillhalguem imbuido de poderes magicos e de cujas palavras nao sedey d l l v l l t l lEles impoern suas revelacoes sobre os ouvintes com muita veernen "inl' IIdundancia,Quando abandonam 0 tom arrogante, adotam atitudes ainda 111(1 is 1 I J 1 1 1 1mais. Depois de uma danca inspirada, revelam segredos e profecias na V I I I' I IIum medium que enxerga e ouve algo que vem do Alem. Transmi tcnt lillmensagens psiquicas por meio de sentencas desconexas - em geral, s 'ql IIcias de palavras nao-articuladas gramaticalmente - pronunciadas om 11I1l1voz sonhadora elonginqua. Falam com dificuldade, como homens em 1 1 ' 1 \ 1 1ou adormecidos. Tudo isso, como veremos, e apenas em parte uma I'I'PIsentacao, pois sedeve tambem a exaustao fisica e a fe que depositam 'I ll IIIdrogas.De que forma essa maneira de comunicacao afeta 0 conteudo das 11 1 II~Igens? Suas revelacoes e profecias baseiam-se num conhecimento dos esc 1 1 1 1 1los locais. Devemos lembrar que, na crenca zande, aposse debruxaria d l 1 11 11 11homem 0poder de ferir seus semelhantes, mas nao e 0motivo do crim ',I Imos como 0 impulso por tras de todos os atos de bruxaria deve ser bus 1 1 1 1 ,nas emocoes e sentimentos comuns aos homens - maldade,inveja, chILIcalunia, traicao, rancor etc. Ora, 0 escandalo, nessa sociedade, e como 1 1 1 1 1 1propriedade comunal, e os adivinhos, recrutados nas vizinhancas, semp t 'tao bem informados sobre as inimizades e rixas locais. Um adivinho emva uma provincia distante se aconselhara sobre esses assuntos com os P I ' 1 1 1sionais locais, antes e durante a sessao. Assim, quando um homem 0conaullusobre alguma doenca ou infortunio que 0 atingiu, fornecera 0 nome lIl! Iiguern que deseja mal ao consulente, real ou imaginariamente. Urn adlv 1 1 1 1tem sucesso porque diz 0 que seu ouvinte quer ouvir e porque age COllI Iilh

    Isso e facil para 0adivinho, pois ha inumeras inimizades padroniza II~Icultura zande: entre vizinhos, porque mantem muito contato e portanto I II I

    II

    [ 1 1 1 1 1 1 1 1 1 I l Id, tll'lli 1 \ 1 1 1 'III II I" ' 1 11 1 1 '1 1 11 11 11 .1 11 1 '1 11 11 1 '1 11 11 1[ ' 1 '" 1 1 tIII 1 1 1 1 1 1 1 / 1 1 1 1 1 1 , 1 1 1 1 1'1 1 1'1 1 11 '1 1 1l 'I II I, il l d'llIllllI~qlllllf\ II (1 1 t fill) ' ( I I '

    1 11 11 ' 1 11 11 I lillI' OM, ( I I J l I 1 11 1l 1 >1 ~fW 1 '0 1( 1 11 '1 11 1 I IId' l l I ( '1 11 1'1 1" 1) 1 ~(JII1 1 1 1 1 , 1 1 1 V IIlwH'I'f!,llIlllIllll l 'OIHHi! 'IHt' () IIOltt ' d \ , J H tiS v l z l u h o s , ' SpOS ' 1 S11 'I1 1 1 1 1 it 1 1 1 1 11 1 tI ' '(lI'I~'j ~(lllllll'l1ll' (1 .uso. i\o 1 ( l 1 J ~ 1 l ' " 1'111 ' 1 1 1 men te os no-Ii '" I_P '" h i I '" 'Vdllllllllkll'S S posstv ,I por impli a uma selecao por parte do primeiro.

    I II1 1 11 11 () 1 ulcm disso, por um recurso abundante no dogmatismo pro-I til pI Io liente favoravelmente assuas revelacoes, Tendo obtido dolilt 11 uornes, diz que vai dancar sobre eles. Depois das duas ou tresI d l1 ll \' i1 S , repete a questao colocada, assegurando ao cliente que iraII 1 1 1 1 1 0 ' J . 1 1 breve, Pavoneia -se diante da audiencia, dizendo que elaI III id Ihoie, porque ele possui uma magica poderosa, que nao pode

    I I t il l j lId.as profecias anteriores que se cumpriram. Depois de outra1 1 1 1 , 1 Il'Ifmaresposta parcial, de forma negativa. Assim, quando setra-1 1 1 1 I j i l l ulta sobre doenca de uma crianca, ele diz ao pai que duas deI.,,.11 0 sa.oresponsaveis, e que dancara agora sobre as outras. Quan-III 1 1 1 1 snfra ruim de alguma cultura, garantira ao dono da plantacaoIII IlllioH que vivem em certa direcao nao sao responsaveis , mas queIII dllll ar sobre outra direcao. Cheguei dessa forma aver adivinhosII dllllllrte metade de um dia sobre uma consulta a respeito de cacaI I II'!lois de dancarem por um longo tempo, informaram ao pro-

    II r iii

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    prietar io cia area d e > iucu ( 'U 1 1 1 '6 11 1 0) [uc t l n h u u : d ' , 0 1 , 'I'll \ I I I < 1 1 1 1 0 i'l II Inem as mulheres nem OS jovcns OS u lpados , mil, qu \ I ! ' il l I I ! dC fH : (J il l ,j luN 1 1 1 1 1 .do por-do-sol. Dancararn n ov am e nte , e p or f irn diss iru m q u 'o s 1''' POII1H1YPIeram certos homens casados; mais tarde , afirmararn qLI ,) mcsmn I I'll X I I I h ique estragara a caca no ana passado ainda rondava 0 tcrr no , d fonnu ~ I" I ' 11_homens casados que vieram para 0distrito depois disso pod riam s 'I' C)(( 1 1 1 1dos. Depois de mais dancas, pararam os tambores e anunciaram qu e lillillllildescoberto tres homens - nao deram os nomes - responsaveis pcJ"IS 1111il IIcadas. Danca ram de novo e anuncial' am a audiencia a descoberta de l I l 11 (1 1 1111to culpado, tendo certeza de que nao havia outros alem desses qualm. It rInoite divulgaram a af i rmacao de que 0motivo que fez com que e s sc s q u nl !nhomens usassem bruxaria para estragar as cacadas era que, no ana anll'1 1 11eles nao haviam sido convidados a tomar parte nessa atividade. Fora isso ' 1 1 1 1lhes causara inveja. Embora a pergunta tivesse sido feita pela manha , H( " tI ,pois do por-do-sol os nomes dos responsaveis foram sussurrados ao c lic n tr ( "processo normal na corte).

    Muitas vezes os adivinhos evitam ate mesmo sus surrar os nomes, C 11'1I11~mitem as informacoes por insinuacao - pOI' sanza, como dizem os Ar,llllliPara mim, era muito dificil seguir essa cornunicacao do significado por 1 1 1 < ' 1 1 ,de pistas e alusoes, ja que eu era ate certo ponto urn estranho a vida i n t im u IIcomunidade. Meu conhecimento dos usos Iinguisticos ordinaries s6 me I' IImitia entender parc ia lmente esse tipo de di scurso. Mesmo os ouvintes I uilvilas vezes nao captam 0s ignificado integral das palavras de urn adivinho, q tH ' 1 1e realmente acessivel ao homem que 0 consul tou sobre os propr ios p r o h hmas. Pa lav ras que para 0 e tn olo go n ao t ern sentido, e para as demais assh I'lltes 0 tern apenas em parte, sao facilmente interpretadas pelo consul 11(1',,,unico que possui visao completa da situacao. Assim, por exemplo, urn 1111mem pergunta ao adivinho quem esta causando a praga de seus amendolu Ie informado de que nao e ninguern estranho ao seu grupo domestico, n III Iesposa principal, mas uma das outras esposas, que quer mal a esposa prhupal. 0 adivinho pode nao dar sua opiniao sobre qual dessas outras esposnresponsavel, mas 0marido naturalmente tera suas proprias ideias sobr (IIIsunto, conhecendo bern os sentimentos de cada membro de seu grupo t i l trnestico, a hist6ria completa das relacoes ali estabelecidas e os evC',,111recentes que perturbam a calma de sua vida domest ica, Quando e in fornuuhde que nao e urn estranho que the esta prejudicando, mas sim uma de HIIIImulheres, logo desconfia de quem se trata, podendo entao verificar suas \Ipeitas por meio de uma consulta ao oraculo de veneno. Ja as pessoas estranluao caso, sem 0mesmo conhecimento dessas condicoes, ficam no escuro. " I.

    II It IIII IlIpll ' II1 1 1 Iii I t lIll', M u III'" l 'l l! ll ll 1111'11I'h ~,Itl '1 1 1 1 ' IIIllt,u,II'H dllil I V Itlllll' I 11I11'1'illl'hl~ "tio 1 ('111" 1 1 1 1 1 1 0 1 1 1 1 1 1 I I I ( P i t H I I.

    III, V l'HlU 1 1l1 11 () () i1111 Ilitllllt' ' 0 111101 ' II 1111 I) ullvlnhu, No xim '\0I lIkl il l~" . ], 1(( 1'('1'10pOlll() Hl'kdolll l (), IIOIIH'N dllN P '11.~(lllllsobr , qu m 0111111 VII dllli~ II" 1 1 0 1 1 1 1 1 1 , ruutrlhul purclulmcu! 'COlli limnlnt rpreracaoI'llllIllllI IIW'lIln, d o I{ 'blilldo, IIpnrtlr d I s u ns 1 '1 " 6 ) r i a s circunstancias'II ~lllill'tllll -nto, I) 's '011 rio tamb m que , como L im. adiv inho faz suas11~1I ' . 1I11I1 h oc u lo s, quus \ 01110 sugcsu cs (OLI mesmo perguntas), ele ob -I [1I"hlll! , 1 1 1 1 ' 1 11 ' \ 0 interlocutor para saber se sua resposta se ajusta asI III d Hllll. ulcnt '. u a n 1 0 adquire tal cer teza, torna-se mais veemente.1 II I I I I t i i 1 11 1 0 r Iran nte acusara um aristocrata de bruxaria, pelas mes-H IIII !III: l1Z'I11 om que urn plebeu nao consulte oraculos sobre os

    I " 1,11,111.l,1 -p o I la r in fo rm ac oe s a urn principe importante a respe ito deI "IIII1Lvll, I' usar feiticaria contra ele, por parte de membros de suaI" I f lllllll1 l ()U l.) mas sem jamais sugerir que sejam bruxos. Os princi-1 1 1 1 1 II!lliN I nv " j os os que sejam uns em relacao aos outros, possuem umaIII It l!rlll' d \ lasse que nao permite a qualquer plebeu afrontar urn deJIll' 1 11 1' Nt 0 reio que no passado urn adivinho tenha jamais trazido aII1111111(', om nobre como bruxo; hoje em dia, observei em raras oca-1 11 11 11 1 I 'usa los de bruxaria, mas estes nao eram aparentados de muito

    1 I1 1 1 1 1 11 1 rlr ipe s governantes.t ll Il ll~ to tarnbem se faz recomendavel ao se revelarem os nomes deII I 1 '[ I os Azande nem sempre aceitam calmamente uma acusacao, Vi

    1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 il tar de seu lugar na audiencia e ameac;:ar esfaquear urn adivinho, 1 11 1 II IIll'I'ario 0 bastante para acusa-lo de bruxaria; seu protesto foi taohi 11 11 1 ' * 1 0 adivinho dancou de novo e admitiu seu erro. Mais tarde,IIt1It1"lldou que nao tinha realmente se enganado, mas apenas recuado

    1 1 1 1 1 nm lena. 0 homem era mesmo urn bruxo e demonstrou sua cul-l.. 1 1 1 1 " ortamento violento.1111111111ue os adivinhos transmitam confidencialmente 0 nome dosI " I II. lientes depois que a sessao terminou e os espectadores foram

    1 II EI11publico, eles procuram evi ta r afi rmacoes dire ta s, e sobre tudo1 1 1 1 1 1 inte ao denunciar pessoas fracas, ou mulheres , e que se mostram

    IIU 111I~ulosos.Deve-se ter em mente que , ademais da possibi lidade de1 \ 1111 lmed ia t a , um adivinho e urn cidadao comum quevive em contatoII IIIlld iano com seus vizinhos, e nao te rn 0men or desejo de antagoniza-I 1Ill lll1do-os publicamente . Tambem nao se pode esquecer que os adivi -II tu m em bruxos tanto quanta os leigos. Embora, ao dancar numalulnm-se seguros, protegidos como estao pelas drogas e alert as con tra

    / f ' l l ' I " " " I " ' , I I I i '

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    qualqucr ataqu " quando h IiXII111,~llll~lIl1l'd I IH) culhllunu UlI'Il'1I1 IIlud, IIde s er er n v it im a s de L im b ruxo Y in t ut iv o. POI' 01111'0 II In H I II 1 1 1 ' 1 " 1 1 ' 1 1 1 1 1 1 1nome do bruxo no ouvido do li nt ,;] '{ l isa 1 1 1 I i is S 'g U l 'U , p()I,~os cun ,lIh'lItes nao 0 divulgam imediatamente, subrnet .ndo-o nlll 'S no orr . uk : d ~ VilWno para corroboracao, de forma que e por mcio 1 0 vcrc Ii '1 0 do on .ul,nao do adivinho, que 0 nome setorna publico. MCSll10quando 0 IIOIlll' t l l l idguem e mencionado em publico pOl' um adivinho, dif ici lmcntc cstc 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1t ratar-se de um bruxo. Ele diz apenas que 0 hom em dcseja mal a oulrvut, "IIfalamal de alguem. Todos sabem que ele esta acusando 0 bOLT1CI11I 'bl'lIxlli IImas ele proprio nao afirma isso.

    Nao e diftcil vel'que asrevelacoes de um adivinho se base iarn amplunu nte nos escandalos locais; e que ele calcula as respostas a dar a s consuluu fillquanta danca e se exibe. Os Azande estao perfeitarnente cientes do 1 1 1 1 1 1Contudo, sou da opiniao de que sedeve atribuir ao adivinho zandc L l I 1 l 1 1 1 1 1 H Idose de intuicao, sem reduzir seus pronunciamentos apenas a urn cal . u l u IIIcional. 0 adivinho e seu cliente selecionam conscientemente as pessoilil ,!1iIprovavelmente causaram a doenca ou os prejuizos; 0 primeiro comccu ( 1 1 1 1 I 1 t .a dancar com 0nome dessas pessoas na mente, ate decidir qual delas C~It1'1judicando 0 consulente; creio que este segundo processo de selecao \ JlIII IIIpouco influenciado pela logica. Quando se pergunta a um zande, J ' iM " 1 1 1 1profissional, sobre isso, ele diz que 0 adivinho come

  • 8/2/2019 Bruxaria, Orculos e Magia entre os Anzande0006

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    A n r c s d o i n t i o d l HTW HC 8S 1 tl , o s p a r tl iPIJ1Lt'NitllJ,:ll'l. . 'lll dglll lHl dllllllillgas que lhes dao 0 podcr de v 'I' 0 invislv '1 , IPI'ln i[indo (jIW rl'IlIMi1111 II() lllllNIyo. Alguns adivinhos disseram-rne que ns 0 scr inrn ' O p f t ~CS d 1 1 1 ;1 [ \ 0 1 1 1 1 1 1 ' lilllillesforco se nao tivessem antes ingerido as drogas, q u \ lhc s .o n ferc m 0 P t l t l p ,de resistir a bruxaria. Este poder vai para 0 estomago j unto ' 0111 OSd " ( ] K I I H Iagitado pela danca, que 0 transmite ao corpo toclo, ativando a s s i m 0 d u r u ililprofecia. Nesse estado ativo, asdrogas revelam quem sa o os bruxos c dlt'glllllate a faze-los ver as emanacoes espirituais da bruxaria flutuando no l1I ' , ruruuluzinhas. Contra tais poderes malignos, os adivinhos empre ende rn umn 1 1 1 I1 Iterrivel. Correm de urn lade para outro, estacando bruscarnente a csprcltu t I ,algum som, de alguma luz; de repente um deles vebruxaria numa roca I)1 ' (1 ~ma - embora ela seja invisivel ao nao-iniciado - e corre ate la COIn gCHI(J~ 1111mesmo tempo de resolucao e repugnancia. Retorna rapidament:e parn p t ' W I Ialguma droga guardada em seu chifre, aplicando-a sobre a planta O L i 1 1 1 'V I II Iem que viu pousar a bruxaria. Essas corridas ao mato sao muito f r C l l i l t ' I I I I J _quando os adivinhos buscam ansiosamente abruxaria aolongo de picudus 1 1 1 1capinzal ou no alto de uma termiteira.

    Cada movimento da danca tem tanto significado quanta a fala. TotiuH I .ses saltos e piruetas envolvem um mundo de insinuacoes. Se um a d i v l u h ndanca em frente a um espectador, ou olha fixamente para um outro, IO H(l1 pessoas pensam que ele achou um bruxo, ou 0 individuo focalizado sentmal. Os espectadores nunca podem estar certos do signif icado do compur tnmento do adivinho, mas podem interpreta-lo a part ir de suas acoes e d 'dll~io que ele sente eve. Cada movimento, gesto, ou esgar exprime a luta que i lt lsendo travada contra a bruxaria, e e preciso que 0 significado de uma dilll~11seja explicado pelos adivinhos e pelos leigos para que se possa aprecia-Iu 1 1 1 1todo 0 seu rico simbolismo.

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    "I 1 ' 1 1 1 1 ' 1 1 ( 1 ( ' nbs e rva r, ecomum que um jovem manifeste 0desejo de setor-'I 1 .1 V I Il lt ) p u r a tun mernbro mais velho da corporacao em seu distrito, eI I III qllo ' t ja sen patrono. Assim, ao falar do modo pelo qual os novi-

    1 1 1 1 III trutdos, tenho ern mente a transmissao normal de magia de umII t u l u 1 1 1 1 1 1 '1 I I L 1 jovem aprendiz. Cheguei aver, contudo, rapazes de menosIII tlllllll, t-' Ite mesrno criancas de quatro ou cinco anos, receberem drogas1 1 1 1 1 \ 1 ' 1 1 1 ' , l tm tais cases, trata-se em geral de um pai ou tio materna que de-

    1 II II m h o ou sobrinho seguir a profissao, e que comeca a treina-Io des-1 1 1 1 1 , \ 1 1 ( h !; alem de buscar fortalecer seu espirito com asdrogas. Vi garotosI'll lilt d tn. arern a danca dos adivinhos e ingerirem suas drogas, copiando1 1 1 1 1 \ 1 1 1 1 1 '1 1 '1 0 8 dos mais velhos nas sessoes e nas refeicoes magicas coletivas.1 I 11 \ ' l l I l I o s ncorajavam-nos de modo jovial , e os garotos tratavam aquiloI , 1 1 1 1 1 1 1 1 fosse uma brincadeira. Esses garotos vao-se acostumando gra-I 1 1 11 1 I II 1 I representar, e quando chegam aos 15 anos seus pais os levam

    1 . 1 1 1 \I n vlsitar alguma casa para dancar, permitindo que participem daIIIHIII II. unbora nao possam usar os paramentos do oficio. Desta forma, 0II I lun-nto das drogas e do ritual e transmitido pouco a pouco, ao longo

    1 1 1 1 1 1 1 II' pai para filho.thllldo'Lun rapaz se inscreve como aprendiz de um adivinho, a trans-II urulto mais curta , f icando ainda ao sabor dos pagamentos fei tos e da

    I~ll d ,attitudes pessoais que devem ser construidas fora da familia e doI" " 1 1 1 stico. 0 jovem e interrogado por seu futuro professor, que procu-1 1 1 1 { ' ti l esta certo de que deseja ser iniciado, exortando-o a considerar

    t II{IJ'I ' lL1C ameacam sua vida e familia setentar adquirir a magia leviana-t I"1 ' ( tambem advertido de que a magia e algo raro e caro, e que seuIII rldgira presentes constantes e substanciais. Se0 rapaz insiste em seuItll'lorl1ar-se um profissional, 0 homem mais velho consente em the en-

    1 1 11 I t' . S e u s parentes nao farao objecao - se 0 oraculo de veneno naoIII tIll equencias nefastas para 0 jovem ou para eles.

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