CANAIS DE MARKETING · Web viewDe acordo com Raz (2000) declínios psicológicos podem estar...

28

Click here to load reader

Transcript of CANAIS DE MARKETING · Web viewDe acordo com Raz (2000) declínios psicológicos podem estar...

Page 1: CANAIS DE MARKETING · Web viewDe acordo com Raz (2000) declínios psicológicos podem estar ligados a mudanças do sistema nervoso. (...) alguns declínios psicológicos do envelhecimento

1

VISÃO DE CUIDADORES PROFISSIONAIS SOBRE O ENVELHECIMENTO EM INSTITUIÇÃO PARTICULAR DE ATENDIMENTO À IDOSOS

VISION OF PROFESSIONAL CAREGIVERS ABOUT AGING IN A PARTICULAR INSTITUTION OF ATTENDANCE TO ELDERLY

Jéssica Stefani Lima - [email protected]

Miriam Vieira - [email protected]

Graduandas do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium

Prof. Ms. Gislaine Lima Silva – UniSALESIANO – [email protected]

RESUMO

Este estudo apresenta a visão de cuidadores sobre o envelhecimento em instituição

particular de atendimento a idosos. O objetivo é avaliar a visão dos cuidadores sobre

o envelhecimento. O interesse pelo tema surgiu a partir de um trabalho voluntario

realizado numa instituição de atendimento a idosos. A pesquisa de campo foi

realizada na Clínica Geriátrica, situada no município de Lins, São Paulo, no mês de

outubro de 2017.Trata-se de uma pesquisa descritiva, com caráter exploratório e

análise qualitativa, tendo como método a ida a campo. Utilizou-se uma entrevista

com questionário estruturada. Participou-se da pesquisa 5 cuidadores, e todos eles

assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. Dentre os relatos

encontrados percebeu-se que os cuidadores em sua maioria não possuem formação

específica e que esta pendência acaba por limitar sua visão do âmbito do cuidado

que prestam, visto que não foram relatados pelos participantes nenhuma dificuldade

o que nos leva a entender que não apresentam consciência plena das implicações

do atendimento que prestam e que pode-se melhorar o atendimento com o

adequado preparo que não se limita apenas ao que é dispensado ao idoso mas,

também ao próprio cuidador que deve estar consciente da importância do seu

exercício profissional.

Palavras-chave: Cuidadores profissionais. Envelhecimento. Idosos.

Page 2: CANAIS DE MARKETING · Web viewDe acordo com Raz (2000) declínios psicológicos podem estar ligados a mudanças do sistema nervoso. (...) alguns declínios psicológicos do envelhecimento

2

ABSTRACT

This study presents the view of caregivers about aging in a private care institution for

the elderly. The goal is to assess caregivers' views about aging. The interest for the

theme arose from a voluntary work carried out in an institution for the care of the

elderly. The field research was carried out at the Geriatric Clinic, located in the city of

Lins, São Paulo, in October 2017. It is a descriptive research, with exploratory

character and qualitative analysis, having as a method the going to field. An interview

with a structured questionnaire was used. Participants were 5 caregivers, and all of

them signed the informed consent form. Among the reports found that caregivers

mostly do not have specific training and that this pending ends up limiting their view

of the scope of care they provide, since the participants were not reported any

difficulty what makes us understand that are fully aware of the implications of the

care they provide and can improve care with the appropriate preparation that is not

limited only to what is given to the elderly but also to the caregiver himself who must

be aware of the importance of his professional practice.

Keywords: Caregivers professionals . Aging. Seniors.

Page 3: CANAIS DE MARKETING · Web viewDe acordo com Raz (2000) declínios psicológicos podem estar ligados a mudanças do sistema nervoso. (...) alguns declínios psicológicos do envelhecimento

3

INTRODUÇÃO

A sociedade contemporânea nunca se preocupou tanto com a terceira idade

quanto nos dias atuais. Isto torna-se justificável pelo fato de que nunca houve uma

população tão expressiva de idosos também. Apesar de vários avanços fica patente

a necessidade de adequar técnicas e procedimentos em conjunto com a

infraestrutura para oferecer melhores condições de existência para o idoso.

Uma das tarefas que se destacam para este público é a que se refere ao

cuidado. Foi devido a necessidade do cuidado que surge a figura do cuidador, onde

já se encontra até mesmo cursos que buscam oferecer treinamento e preparo para

este profissional. Entretanto há instituições que acolhem o profissional sem preparo

e acaba por formá-lo no dia a dia, muitas vezes sendo orientado por quem já exerce

essa função. Importante então torna-se conhecer quem é esse profissional, quais

suas perspectivas e pensamentos que forma no exercício de sua função a respeito

do idoso, tendo em vista que seus paradigmas vão nortear a qualidade e o exercício

de sua tarefa. Foi pensando neste profissional, que buscamos compreender como

eles percebem o idoso a quem atendem e como refletem a respeito da função que

exercem.

A partir da premissa na qual entendemos que os idosos são vistos de maneira

depreciativa pelo cuidador, já que culturalmente o idoso tem uma percepção social

historicamente marcada por suas limitações, realizamos um questionário nesta

pesquisa de caráter descritivo, que foi aplicado em uma clinica de longa

permanencia particular e a partir das respostas encontradas, tecemos algumas

reflexões.

No primeiro capítulo abordamos os aspectos físicos, psicológicos e sociais do

idoso buscando compreender melhor essa faixa etária. No segundo capítulo

abordamos o ato de cuidar, na instituição particular ou quando ela é realizada por

uma pessoa próxima, geralmente um familiar e as dificuldades que o cuidado nesta

faixa etária tão delicada. Por fim apresentamos as respostas obtidas dos próprios

cuidadores, procurando tecer algumas ideias a respeito dos mesmos.

Considerando as dificuldades e a necessidade de formação adequada,

entendemos que faz-se necessário um olhar pormenorizado neste profissional que

tem diante de si uma tarefa desafiadora na qual tem nas mãos momentos críticos da

vida de uma pessoa muitas vezes limitada no âmbito físico, social e psíquico e

Page 4: CANAIS DE MARKETING · Web viewDe acordo com Raz (2000) declínios psicológicos podem estar ligados a mudanças do sistema nervoso. (...) alguns declínios psicológicos do envelhecimento

4

merece ser cuidada de maneira digna e respeitosa. Este profissional cuidador

precisa estar ciente da responsabilidade que assume no momento no qual opta por

exercer esta tarefa e a sociedade também deve oferecer ao profissional, não apenas

desta área entendemos, condições técnicas, estruturais e econômicas que

certamente contribuirão para melhorias na tarefa do cuidado.

Page 5: CANAIS DE MARKETING · Web viewDe acordo com Raz (2000) declínios psicológicos podem estar ligados a mudanças do sistema nervoso. (...) alguns declínios psicológicos do envelhecimento

5

1 ASPECTOS FÍSICOS E COGNITIVOS

De acordo com Bee (1997) ao tratar das mudanças físicas na vida é

importante mencionar a expectativa de vida ativa, ou seja, a quantidade de anos

adicionais sem uma incapacitação que possa interferir na capacidade da pessoa de

atender as suas necessidades diárias.

As mudanças físicas atingem sistemas específicos do corpo. “Pode ocorrer

uma aceleração do declínio após os 75 ou 80 anos, embora isso não pareça se

aplicar a todos os sistemas” (BEE, 1997, p.518).

Bee explica que as mudanças físicas podem ocorrer no cérebro nos sentidos

(audição, gosto e olfato) e no sono. A partir dos 65 anos percebe-se no

desenvolvimento físico um declínio significativo na audição, na velocidade de

reação, no aumento na incidência de doenças e incapacitações. Dos 75 aos 95 anos

ocorre um declínio acelerado da maioria das medidas físicas, com uma variação

individual ampla nessa faixa etária.

Com relação ao desenvolvimento cognitivo, Bee (1997) explica que, em

habilidades cristalizadas há, em geral, pouca perda, mas, ocorre um declínio

gradativo nas habilidades fluidas. Do mesmo modo que no desenvolvimento físico,

dos 70 aos 95 anos há também uma ampla variação individual no declínio das

medidas cognitivas.

Conforme Bee (1997) as mudanças no cérebro associado ao envelhecimento

incluem perda na densidade dendrítica dos neurônios acarretando o retardo no

tempo de reação das tarefas. A perda de audição, em geral, após os 65 anos, inclui

a perda de audição para sons mais altos e na capacidade para discriminar palavras,

com maior dificuldade para ouvir em condições de ruído. Menos perda de

discriminação gustativa do que olfativa. Além disso, os idosos apresentam padrões

diferenciados de sono devido a menos sono REM, o que os faz acordar mais cedo e

com mais frequência durante a noite. Aumento da incapacitação física: artrite,

hipertensão e doenças cardíacas. Os idosos também podem ser afetados pela

doença de Alzheimer, mas, deve-se considerar os fatores de risco incluindo a

história familiar de demência, doença de Parkinson, entre outros fatores. A

depressão apresenta uma frequência maior após os 70 ou 75 anos.

Page 6: CANAIS DE MARKETING · Web viewDe acordo com Raz (2000) declínios psicológicos podem estar ligados a mudanças do sistema nervoso. (...) alguns declínios psicológicos do envelhecimento

6

Devido as mudanças físicas ocorre uma desaceleração generalizada em

todas as reações. Decréscimos nas funções cognitivas são encontrados após os 70

anos. Além disso, adultos mais velhos parecem menos capazes de encontrar

soluções variadas, mas há muitas diferenças individuais que devem ser

consideradas para compreender a velhice (BEE, 1997).

2 ASPECTOS PSICOLÓGICOS

Não há uma compreensão clara do processo de mudança da personalidade

em adultos mais velhos. Enquanto Erikson sugere a integridade do ego como a

tarefa básica, Neugarten sugere a interioridade, e Cunming e Henry sugerem o

descomprometi mento. Sendo que, nenhum dos autores possui segundo Bee (1997)

apoio empírico.

Além das alterações no corpo, o envelhecimento traz ao ser

humano uma série de mudanças psicológicas, que pode

resultar em: dificuldade de se adaptar a novos papéis falta de

motivação e dificuldade de planejar o futuro, necessidade de

trabalhar as perdas orgânicas, afetivas e sociais, dificuldade de

se adaptar as mudanças rápidas que tem reflexos dramáticos

nos velhos, alterações psíquicas que exigem tratamento,

depressão, hipocondria, somatização, paranóia, suicídios,

baixas auto-estima (ZIMERMAN, 2000 apud LIMA; DELGADO,

2010, p.83-84

Bee (1997) explica que, no período de 75 a 95 anos pode ocorrer uma

elevação na incidência de depressão, no entanto isto não parece ser causado pela

idade. Também enfoca a questão da importância do apoio social nesta idade para

enfrentamento de situações estressantes.

O apoio social desempenha um papel similar, na correlação

entre mudanças de vida e satisfação. Os que possuem uma

rede adequada estão, no mínimo, em parte protegidos dos

Page 7: CANAIS DE MARKETING · Web viewDe acordo com Raz (2000) declínios psicológicos podem estar ligados a mudanças do sistema nervoso. (...) alguns declínios psicológicos do envelhecimento

7

piores efeitos dos acontecimentos estressantes da vida (BEE,

1997, p.574).

De acordo com Bee (1997) os fatores de previsão da satisfação de vida em

adultos mais velhos incluem os fatores demográficos e as qualidades pessoais.

Estão incluídos nos fatores demográficos: rendimentos (classe social),

educação, sexo, estado civil e raça. Percebe-se que os idosos que possuem

rendimento maior são mais satisfeitos com suas vidas, do mesmo modo que os que

possuem maior grau de educação. Os adultos mais velhos casados costumam

relatar maior satisfação de vida. As qualidades pessoais incluem: personalidade,

senso de controle interação social, saúde, religião e mudança negativa de vida. Com

relação a personalidade percebe-se que, adultos extrovertidos e os que possuem

baixo índice de neuroses costumam ser mais satisfeitos com suas vidas. E quanto

maior o senso de controle, maior a satisfação de vida. Nas interações sociais os que

mantém contato mais íntimo e de apoio são mais satisfeitos. Os adultos mais velhos

que percebem sua saúde como melhor e, os que descrevem a si mesmos como

mais religiosos são mais satisfeitos. Quanto mais negativas as mudanças de vida

vivenciadas recentemente por um idoso, mais reduzida é a satisfação de vida.

Apesar da vivência de limites próprios do desenvolvimento,

Rolla (1991) afirma que um envelhecer positivo fortalece o

sentimento de identidade, sem necessariamente envolver tanta

deterioração psíquica quanto comumente se associa a essa

fase (OLIVEIRA; PASIAN; JACQUEMIN, 2001, p. 68).

De acordo com Raz (2000) declínios psicológicos podem estar ligados a

mudanças do sistema nervoso.

(...) alguns declínios psicológicos do envelhecimento estariam

ligados há algumas mudanças do sistema nervoso ligado ao

plano neuranâtomico (redução da massa cerebral),

neurofisiológico (diminuição dos números e do tamanho dos

neurônios e perda da eficácia dos contatos sinápticos e

neuroquímica (redução da concentração de

Page 8: CANAIS DE MARKETING · Web viewDe acordo com Raz (2000) declínios psicológicos podem estar ligados a mudanças do sistema nervoso. (...) alguns declínios psicológicos do envelhecimento

8

neurotransmissores, entre eles a dopamina). (apud LIMA;

DELGADO, 2010, p. 84-85).

Mas Light (2000) enfatiza a existência de aspectos psicológicos positivos no

envelhecimento.

Muitas características positivas são encontradas no aspecto

psicológico no processo de envelhecimento, dentre elas estão

a sabedoria, a maturação emocional, a capacidade de

desenvolver estratégias de adaptação eficazes. (apud LIMA;

DELGADO, 2010, p.85).

3 ASPECTOS SOCIAIS

Na opinião de Vieira (2004) é frequente o idoso sentir-se marginalizado pela

sociedade.

A socialização é um aspecto muito relevante na terceira idade,

onde é muito comum o idoso sentir-se uma “pessoa marginal” a

sociedade, que, em geral, está voltada para interesses

diferentes. A dificuldade de inserção grupal leva o idoso a se

fechar em seus pares ou isolar-se socialmente, evitando os

conflitos que possam surgir desta diversidade de interesses e

hábitos entre ele e as gerações mais novas. (apud LIMA;

DELGADO, 2010, p. 86)

Vono (2007) esclarece questões importantes sobre o isolamento na velhice,

entendendo-o como comum entre esta população e submetidas a cobranças

familiares e sociais que acabam por conduzi-la ao isolamento.

O isolamento por parte dos idosos é um aspecto social muito

comum nessa fase da vida, onde esses indivíduos por estar

Page 9: CANAIS DE MARKETING · Web viewDe acordo com Raz (2000) declínios psicológicos podem estar ligados a mudanças do sistema nervoso. (...) alguns declínios psicológicos do envelhecimento

9

com sua auto-estima comprometida, devido o ambiente em que

ele vive e as pessoas com as quais convive desconhecem ou

desconsideram o envelhecimento, a partir daí surgem

cobranças familiares e sociais, e a pessoa antes ativa,

participativa, contribuinte, é isolada . (apud LIMA; DELGADO,

2010, p. 86).

Em torno dos 65 anos, de acordo com Bee (1997) ocorre uma permanência

de taxa elevada de envolvimento social; sendo o grau de envolvimento social em

geral relacionado com a satisfação de vida. Outro aspecto percebido nesse período

é a chegada da aposentadoria para os trabalhadores. Dos 75 aos 95, com relação

as relações e papéis sociais, ocorre um declínio no desenvolvimento social para os

indivíduos que apresentam incapacitações físicas, por tornar mais problemática a

mobilidade.

O que torna mais fácil o enfrentamento do declínio biológico é a

mudança simultânea nas exigências de muitos papéis sociais.

Adultos mais velhos conseguem adaptar-se a perdas físicas ou

mentais, em parte, porque estão menos limitados pelas

expectativas dos papéis, o que inclui o papel de pai e o de

profissional (BEE, 1997, p.580).

Com relação ao risco de doença e depressão devido a carência nas relações

humanas (sociais) Bee (1997) esclarece que,

Adultos mais velhos podem libertar-se da maioria das

prescrições dos papéis, mas eles não perdem seu desejo de

intimidade ou apoio emocional por parte dos outros; eles

podem estar bem mais propensos a não ficar solitários do que

na fase de adulto jovem, mas ainda é valido dizermos que

aqueles idosos que carecem de relações humanas mais

intimas e de apoio correm maior risco de doenças e depressão

(BEE, 1997, p.580).

Page 10: CANAIS DE MARKETING · Web viewDe acordo com Raz (2000) declínios psicológicos podem estar ligados a mudanças do sistema nervoso. (...) alguns declínios psicológicos do envelhecimento

10

Para Bee (1997) a satisfação com a vida é prevista pelos mesmos fatores

básicos, incluindo o apoio social adequado, senso de controle, baixa incidência de

mudanças de vida inesperadas ou não-planejadas e condições financeiras

adequadas, a diferença mais importante percebida entre adultos mais jovens e

adultos mais velhos é de que para os jovens a satisfação profissional é um dos

ingredientes mais importantes para a satisfação, enquanto que para os mais velhos

a saúde tem maior relevância.

4 O ATO DE CUIDAR NO ÂMBITO FAMILIAR E INSTITUCIONAL

Algumas pesquisas têm apontado que ainda não é adequada a qualidade do

cuidado que os cuidadores de idosos prestam a este público. Estudos como o de

Sampaio (2011) apontam que a falta de preparação é um dos aspectos de maior

relevância na contribuição de um serviço pouco adequado a quem precisa muitas

vezes de cuidados especializados nos quais a família não pode ou não assume esta

tarefa.

Entretanto, o aumento da população idosa tem atraído diversos setores da

sociedade para oferecer maiores serviços e produtos ditos especiais para esta faixa

etária. Surgem também cursos para cuidadores que procuram além de oferecer

oportunidades de trabalho, melhorar a qualidade do cuidado recebido pelo idoso.

Historicamente, grande parte das instituições de longa

permanência possui um perfil assistencialista, no qual, prestar

cuidados aos idosos resume-se a oferecer abrigo e

alimentação a pessoas em situação de pobreza, com

problemas de saúde e sem suporte social. (SAMPAIO, 2011,p.

593).

É fato que, ainda é presente, com determinada força a ideia na qual o idoso

só precisa de alimento e abrigo nas instituições. No entanto é necessário também

pesar a qualidade de vida que não se restringe a alimentação e ao abrigo somente.

Contato com os familiares e amigos, ou mesmo uma rede de apoio pode significar

Page 11: CANAIS DE MARKETING · Web viewDe acordo com Raz (2000) declínios psicológicos podem estar ligados a mudanças do sistema nervoso. (...) alguns declínios psicológicos do envelhecimento

11

maiores sentimentos resilientes para suportar as limitações que a idade avançada

acarreta na vida do indivíduo.

5 METODOLOGIA

A pesquisa teve como objetivo conhecer a visão sobre o envelhecimento que

cuidadores de idosos em instituição particular de atendimento possuem a respeito

da terceira idade, caracterizando o perfil sócio-demográfico dos cuidadores, verificar

a visão que possuem a respeito do envelhecimento, suas dificuldades no trabalho e

conhecer a maneira como lidam com ela.

A pesquisa descritiva observa, registra, analisa e correlaciona

fatos ou fenômenos (variáveis), sem manipulá-los; estuda fatos

e fenômenos do mundo físico e, especialmente, do mundo

humano, sem a interferência do pesquisador. A pesquisa

descritiva procura pois, descobrir, com precisão possível, a

frequência com que um fenômeno ocorre, sua relação e sua

conexão com outros, sua natureza e suas características.

Busca conhecer as diversas situações e relações que ocorrem

na vida social, política e econômica e demais aspectos do

comportamento humano, tanto do indivíduo tomado

isoladamente como de grupos e comunidades mais complexas

(RAMPAZZO; LINO, 2005, p.53).

Neste contexto, procuramos através de entrevista estruturada conhecer

descritivamente algumas questões relacionadas ao dia a dia dos cuidadores, tendo

como aporte teórico alguns autores de abordagem cognitiva comportamental que

embasem esta pesquisa de caráter qualitativo, tendo em vista que partimos do

pressuposto que a visão dos cuidadores a respeito da terceira idade apresenta uma

depreciação conforme nos aponta Sampaio (2011)

Segundo Trentini, Chachamovich, Figueiredo, Hirakata e Fleck

(2006), os cuidadores de idosos têm uma percepção deturpada

Page 12: CANAIS DE MARKETING · Web viewDe acordo com Raz (2000) declínios psicológicos podem estar ligados a mudanças do sistema nervoso. (...) alguns declínios psicológicos do envelhecimento

12

em relação ao processo de envelhecimento. Os autores

também ressaltam a tendência que esse profissional tem em

enxergar de forma mais negativa a velhice do que o próprio

idoso (SAMPAIO et al., 2011, p.606).

Entende-se, portanto que apenas confrontando-se os atores do processo de

cuidado prestado ao idoso podemos chegar a uma conclusão que confirme ou refute

nossa hipótese inicial.

6 RESULTADOS

Percebeu-se com o estudo a grande diferença de tempo de experiência

apresentada pelos cuidadores e destaca-se também que apenas 1 possui o curso de

Técnico em enfermagem, corroborando a fala de autores como Gorzoni e Pires

(2006) que tratam desta temática de forma singular, atentando para o fato de que a

formação é aspecto que impacta diretamente na qualidade do atendimento prestado

ao idoso.

A jornada de trabalho dos cuidadores que aceitaram participar da pesquisa

está concentrada e um dos participantes chegou a relatar que trabalha 11 horas

diárias, no entanto sem especificar intervalos ou tempo para descanso. É relevante

para a instituição que trabalha com idosos, planejar a jornada de trabalho bem como

revezamentos que contemplem adequado descanso para que os profissionais

possam refazer as forças e assim prestar com mais disposição o atendimento

adequado aos idosos. Uma sobrecarga de trabalho pode trazer consequências

físicas e mentais para o cuidador, prejudicando assim o auto cuidado com o idoso.

(TERRA et al., 2015).

Ao abordar a respeito das dificuldades de trabalho, é possível percebeu-se

que apenas 1 entrevistado relatou dificuldades, o que nos leva a entender que a

questão foi recebida de forma invasiva, visto que mesmo o cuidador com menor

tempo de experiência não apresentou na resposta escrita ter dificuldades, resposta

na qual nos faz levantar várias indagações (ARAÚJO, 2013) que poderão ser

elucidadas por pesquisas futuras. Procurou-se também conhecer as estratégias de

refazimento dos cuidadores, visto que é de fundamental importância o bem estar do

profissional do cuidado (MIRANDA; BANHATO, 2008) pois não pode realizar bem a

Page 13: CANAIS DE MARKETING · Web viewDe acordo com Raz (2000) declínios psicológicos podem estar ligados a mudanças do sistema nervoso. (...) alguns declínios psicológicos do envelhecimento

13

tarefa de cuidar do outro sem ter também a visibilidade do próprio bem estar como

um aspecto relevante do trabalho como um todo. É de extrema importância que o

cuidador cuide de sua saúde, e busque alternativas que contribua para a

manutenção da mesma, para que seu trabalho seja desempenhado

adequadamente, (TERRA et al., 2015).

Questionou-se quanto ao número de pacientes na instituição e percebeu-se

certa discrepância nas respostas apresentadas onde o participante da pesquisa A

relata 16, o participante C 41 pacientes e os participantes seguintes B, D e E

relataram 50 pacientes na instituição.

Quanto às enfermidades presentes, foram relatadas Alzheimer, diabetes,

hipertensão, depressão e artrose. As doenças crônicas fazem parte do

envelhecimento, existindo modificações morfológicas, funcionais e bioquímicas,

provocando mudanças no processo do organismo.

No quesito do impacto psicológico, apenas um participante da pesquisa relata

que não sente impacto algum e os quatro demais participantes relataram o

sentimento de tristeza como elemento presente nas situações de luto pela perda do

interno. Um dos relatos também apontou que tal fato, a perda de um interno ser um

elemento presente na rotina de trabalho que empreende. É indispensável o cuidador

saber que estas doenças crônicas citadas na tabela acima, principalmente a doença

de Alzheimer, em alguns casos agravam rapidamente. Alguns cuidadores sentem

angústia em ver o idoso no seu leito apático, sendo importante o cuidador buscar

técnicas de enfrentamento, para lidar com estas questões, para que não interfira na

sua saúde.

Entre os participantes pesquisados apenas um relata trabalhar em outra

instituição e os demais relatam apenas trabalhar na instituição na qual realizou-se

esta pesquisa.

Page 14: CANAIS DE MARKETING · Web viewDe acordo com Raz (2000) declínios psicológicos podem estar ligados a mudanças do sistema nervoso. (...) alguns declínios psicológicos do envelhecimento

14

CONCLUSÃO

A pesquisa com cuidadores, profissionais da área da saúde nos oportunizou

refletir a respeito da importância do próprio cuidado quando lidamos com a saúde e

a qualidade de vida do ser humano. Em nossa formação, percebemos as diversas

contribuições que a psicologia pode oferecer no quesito da conscientização da

importância do trabalho na saúde e o quanto impacta a própria saúde daquele que

cuida, visto que existe reflexo desta para a saúde daquele de quem se cuida.

O cuidado como um todo, nos oportunizou compreender melhor o quanto

estamos ligados, seja pela dependência uns dos outros, não apenas na fase final da

vida humana mas também desde o nosso nascimento estamos sendo cuidados ou

cuidamos de alguém. E cada um de nós apresenta uma dificuldade, cada um de nós

está em uma fase distinta e com características singulares, o que torna ao nosso

ver, ser fascinante tudo que se relaciona ao humano.

Podemos ter a experiência de uma vida inteira ao trabalho e ainda

encontraremos algo a aprender com o outro que nos cerca a existência. No que se

refere ao cuidador, estamos cientes dos grandes desafios que a limitação física e

psíquica causa nas pessoas e do quanto precisamos de profissionais capacitados e

envolvidos no constante aperfeiçoamento que o aspecto do cuidado exige dos

profissionais da saúde como um todo e não apenas dos cuidadores.

Esperamos que esta pesquisa possa estimular e motivar novas pesquisas

nesta fascinante experiência que é o cuidado com o outro. Temática que a

psicologia muito tem a contribuir e muito mais a aprender a cada dia.

Page 15: CANAIS DE MARKETING · Web viewDe acordo com Raz (2000) declínios psicológicos podem estar ligados a mudanças do sistema nervoso. (...) alguns declínios psicológicos do envelhecimento

15

REFERÊNCIAS

BECK, J. S. Terapia cognitivo-comportamental. 2.ed. Porto Alegre: Artmed, 2013.

CORTELLETI, I. A.; CASARA, M. B.; HERÉDIA.V.B.M. Idoso asilado: um estudo gerontológico. Caxias do Sul, RS: Edipucrs,2004.

FREITAS, M. A. V. de; SCHEICHER, M. E. Qualidade de vida de idosos institucionalizados. REV. BRAS. GERIATR. GERONTOL. Universidade do Estado do Rio Janeiro, v.13, n.3, p.395-401, 2010. Disponível em:<http://hdl.handle.net/11449/114406>. Acesso em: 25 mar. 2017.

GORZONI, M. L.; PIRES, S. L. Idosos asilados em hospitais gerais. Rev. Saúde Pública, São Paulo , v. 40, n. 6, p. 1124-1130, dez. 2006. Disponível em:<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-89102006000700024 &lng=pt&nrm=iso>. Acesso em 19 set. 2017

LIMA, A. P. de.; DELGADO, E. I. A melhor idade do brasil: aspectos biopsicossociais decorrentes do processo de envelhecimento. Ulbra e Movimento (REFUM), Ji- Paraná, v.1 n.2, p.76-91, set./out. 2010. Disponível em:<http://www.periodicos.ulbra.br/index.php/actabrasileira/article/view/3063/2 253>. Acesso em: 26 ago. 2017.

MIRANDA, L. C.; BANHATO, E. F. C. Qualidade de vida na terceira idade: a influência da participação em grupos. Psicol. pesq., Juiz de Fora, v. 2, n. 1, p. 69- 80, jun. 2008. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=s ci_arttext&pid=S1982-2472008000100009&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 11 set. 2017.

SAMPAIO, A. M. O. et al. Cuidadores de idosos: percepção sobre o envelhecimento e sua influência sobre o ato de cuidar. Estud. pesqui. psicol. UERJ – Rio de Janeiro. v.11, n.2, p. 590-613, 2011. Disponível em: < http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=451844635015>. Acesso em: 10 jul. 2017.

TERRA,L.N. et al. Capacitando o cuidador de idoso . Porto Alegre: EDIPUCRS, 2017.

Envelhecimento e suas múltiplas áreas do conhecimento. Porto Alegre:EDIPUCRS, 2010.

VECCHIA, R. D.; et al. Qualidade de vida na terceira idade: um conceito subjetivo. Rev. Bras. Epidemiol. São Paulo, v.8, n.3, p.246-252, set. 2005. Disponível em:<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415- 790X2005000300006&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 15 set. 2016.