CÂNCER DE ESÔFAGO Discussão de caso clínico I GASTRINCA IV Congresso da Sociedade Brasileira de...

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CÂNCER DE ESÔFAGO Discussão de caso clínico I GASTRINCA IV Congresso da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica Autores: Carlos Eduardo Rodrigues Santos Cirurgião Oncológico do HC I - INCA Jurandir de Almeida Dias Chefe da Seção de Cirurgia Abdomino- Pélvica do INCA Eduardo Linhares Cirurgião da Seção de Cirurgia Abdomino- Pélvica do INCA Antonio Carlos Accetta Residente de Cirurgia Oncológica do INCA

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CÂNCER DE ESÔFAGODiscussão de caso clínico

I GASTRINCAIV Congresso da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica

CÂNCER DE ESÔFAGODiscussão de caso clínico

I GASTRINCAIV Congresso da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica

Autores:

Carlos Eduardo Rodrigues SantosCirurgião Oncológico do HC I - INCA

Jurandir de Almeida DiasChefe da Seção de Cirurgia Abdomino- Pélvica do INCA

Eduardo LinharesCirurgião da Seção de Cirurgia Abdomino- Pélvica do INCA

Antonio Carlos AccettaResidente de Cirurgia Oncológica do INCA

Autores:

Carlos Eduardo Rodrigues SantosCirurgião Oncológico do HC I - INCA

Jurandir de Almeida DiasChefe da Seção de Cirurgia Abdomino- Pélvica do INCA

Eduardo LinharesCirurgião da Seção de Cirurgia Abdomino- Pélvica do INCA

Antonio Carlos AccettaResidente de Cirurgia Oncológica do INCA

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Relato do casoRelato do caso

Identificação: CS, masculino, 37 anos, pardo, matriculado em maio de 2000 no INCa

Queixa principal: Emagrecimento

História da doença atual: Relato de pirose retroesternal e disfagia para alimentos sólidos nos últimos 2 meses

História patológica pregressa: sem doenças associadas

Antecedentes familiares: sem história de câncer na família

Antecedentes pessoais: história de tabagismo de 35 maços/ano nos últimos 10 anos e etilismo social

Identificação: CS, masculino, 37 anos, pardo, matriculado em maio de 2000 no INCa

Queixa principal: Emagrecimento

História da doença atual: Relato de pirose retroesternal e disfagia para alimentos sólidos nos últimos 2 meses

História patológica pregressa: sem doenças associadas

Antecedentes familiares: sem história de câncer na família

Antecedentes pessoais: história de tabagismo de 35 maços/ano nos últimos 10 anos e etilismo social

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Relato do casoRelato do caso

Exame físico

PS 1

Hidratado, corado, eupnéico, anictérico

Não havia achados anormais ao exame físico

Exame físico

PS 1

Hidratado, corado, eupnéico, anictérico

Não havia achados anormais ao exame físico

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Exames Complementares

Endoscopia digestiva alta: lesão ulcarada e estenosante no esôfago inferior com 5 cm de extensão, ocupando 60% da sua circunferência e invadindo a JEG. Realizada biópsia da lesão com laudo de carcinoma epidermóide G2

TC Tórax: espessamento concêntrico da parede do esôfago distal e ausência de linfonodomegalias

TC abdome: não havia evidências de metástases

Exames Complementares

Endoscopia digestiva alta: lesão ulcarada e estenosante no esôfago inferior com 5 cm de extensão, ocupando 60% da sua circunferência e invadindo a JEG. Realizada biópsia da lesão com laudo de carcinoma epidermóide G2

TC Tórax: espessamento concêntrico da parede do esôfago distal e ausência de linfonodomegalias

TC abdome: não havia evidências de metástases

Relato do caso

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Relato do caso

Tratamento

Esofagogastrectomia subtotal trans-hiatal e reconstrução em tubo gástrico (junho de 2000)

Cirurgia R0

Boa evolução recebendo alta no 14o dia de pós-operatório

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Relato do casoRelato do caso

Patologia

Exame macrocópico:

Peça cirúrgica com lesão tumoral ulcerada medindo 7,5x 6,0x 0,6 cm ocupando a JEG e terço distal do esôfago

37 linfonodos isolados sendo 20 cárdicos D 08 cárdicos E 04 pedículo hepático 05 mediastinais

Patologia

Exame macrocópico:

Peça cirúrgica com lesão tumoral ulcerada medindo 7,5x 6,0x 0,6 cm ocupando a JEG e terço distal do esôfago

37 linfonodos isolados sendo 20 cárdicos D 08 cárdicos E 04 pedículo hepático 05 mediastinais

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Relato do caso

Patologia

Exame microscópico:

-Carcinoma epidermóide G2 do esôfago e adenocarcinoma G2 da JEG, TUMORES DE COLISÃO

- Êmbolos neoplásicos nos vasos linfáticos e invasão perineural

- Adenocarcinoma metastático em 2 LFN cárdicos D e carcinoma epidermóide em outros 2 LFN cárdicos D

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Corte histológico mostra colisão entre carcinoma escamoso (lado direito) e adenocarcinoma (lado esquerdo) (x100, HE)

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Relato do caso

Encaminhado a Oncologia clínica e Radioterapia para tratamento adjuvante

Considerado sem indicação de adjuvância com QT ou RXTerapia

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Relato do caso

Seguimento

- 7o mês pós-operatório: recidiva da doença com metástase pulmonar bilateral, sendo encaminhado ao CSTO

- 11o mês pós-operatório: óbito

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TUMORES DE COLISÃO

DEFINIÇÃO

TC representam a coexistência de duas neoplasias adjacentes, mas morfologicamente distintas, sem mistura

histológica em um mesmo sítio anatômico

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TUMORES DE COLISÃO

LOCALIZAÇÃO

• Trato gastrointestinal : esôfago, estômago, fígado, intestino delgado e reto

• Demais órgãos: cérebro, ovário, útero, pulmão, tireóide, osso, rim, glândula adrenal, pele e linfonodos

A grande maioria deles é descrito na forma de relatos de casosA grande maioria deles é descrito na forma de relatos de casos

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TUMORES DE COLISÃO

FORMADOS PELAS MAIS DIVERSAS COMBINAÇÕES :

ESÔFAGO:

CEC x Leiomioma

AdenoCa x Ca pequenas células / Ca grandes células

ESTÔMAGO:

AdenoCa x linfoma / tumor carcinóide / GIST / gastrinoma

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TUMORES DE COLISÃO

MECANISMO DE FORMAÇÃO

Ele é incerto e algumas teorias tentam explicar a sua origem:

1- Encontro acidental de 2 tumores

2- Agente carcinogênico interagindo com dois tecidos vizinhos, induzindo o desenvolvimento de tumores de diferentes tipos histológicos num mesmo órgão

3- Alteração do ambiente local devido a um tumor promovendo o desenvolvimento de um segundo tumor

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TUMORES DE COLISÃO

A ocorrência de colisão entre um carcinoma de células escamosas do

esôfago e um adenocarcinoma gástrico na JEG é muito rara, existindo apenas

10 relatos prévios na literatura

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TUMORES DE COLISÃO

Dodge (1961) descreveu o 1o caso de carcinoma de colisão da JEG propondo 3 critérios para o seu diagnóstico :

1- os 2 componentes do tumor deveriam mostrar uma separação topográfica parcial

2- o componente escamoso deveria estar do lado esofageano e o adenocarcinoma do lado gástrico

3- não haveria evidência de mistura histológica entre os 2 componentes na zona de colisão

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TUMORES DE COLISÃO DA JEG

DIAGNÓSTICO

-A maioria dos TC da JEG são diagnosticados ao exame da peça cirúrgica, com o 2o tumor sendo descoberto como um achado incidental

-Diagnóstico diferencial: tumores compostos, cujo exemplo típico é o carcinoma adenoescamoso :

-proveniente de uma célula tronco comum

-ocorre mistura entre seus 2 componentes histológicos,

sem uma interface definindo ambos

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TUMORES DE COLISÃO DA JEG

TRATAMENTO

-Cirurgia

-QT/RxT

-QT/RxT neoadjuvante + cirurgia

Como os relatos da literatura são muito escassos, não há um consenso sobre qual o melhor tratamento a ser instituído nestes casos