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    Captulo 2

    Tcnicas de Remediao

    Silvio Roberto de Lucena Tavares

    2.1 TECNOLOGIAS DE REMEDIAO MAISUSADAS NO MUNDO

    O processo de remediao de solos contaminados serefere reduo dos teores de contaminantes a nveis segurose compatveis com a proteo sade humana, seja

    impedindo ou dificultando a disseminao de substnciasnocivas ao ambiente.

    Atualmente em todo o mundo, a tendncia de darpreferncia s tcnicas de remediao in situ, porapresentarem baixos custos e no provocarem contaminaessecundrias, fato observado na remediao ex situ, j queocorre o transporte do material contaminado at o stio detratamento.

    Seja qual for a tecnologia de remediao adotada para adescontaminao de uma determinada rea, esta deve seraplicada conforme as caractersticas intrnsecas de cada stiocontaminado, alm de atender a legislao ambiental vigente,sendo compatvel ao risco que a contaminao apresenta.

    A maioria dos solos apresenta alguma contaminao. Aquesto determinar o ponto no qual a contaminao do solorepresenta um risco inaceitvel, seja pela existncia em si da

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    espcie contaminante ou pelo uso pretendido para o solo. Umaabordagem objetiva para identificar e avaliar o problema dacontaminao de solos deve levar em considerao a gernciade risco, que o processo de analisar riscos: compreendendoa identificao de reas potencialmente contaminadas; aanlise do perigo ou do mal que pode advir aos receptoresvulnerveis exposio ao contaminante; uma estimativa daprobabilidade de um dano ou malefcio ocorrer; e umaavaliao da aceitabilidade do risco; e a ao de reduzir riscos:compreendendo a seleo, implementao e monitoramento deestratgias de remediao, definida como qualquer ao quevise remediar o problema, incluindo a conteno ou aremediao do contaminante.

    Na avaliao do risco ambiental, comumente conhecidano Brasil como anlise de risco, as definies de perigo e riscoso fundamentais, j que existe muita confuso conceitual porparte dos agentes envolvidos nas questes ambientais:

    Perigo: uma ameaa s pessoas ou ao que elasvalorizam (propriedades, meio ambiente, futuras geraes,

    etc). Risco: a quantificao do perigo; a probabilidade dedano (pessoal, ambiental ou material), doena ou morte sobcircunstncias especficas.

    No Brasil, no existe ainda uma metodologia paraavaliao de risco ambiental totalmente aceita e definida pelosrgos competentes da rea de meio ambiente, tanto da esferafederal, como nas esferas politico-administrativas inferiores. Narealidade, so utilizados diversos programas computacionaispara este fim, e logicamente muitos cuidados devem serdespendidos a essas anlises.

    As tendncias mundiais hoje so de estabelecimento de

    valores orientadores (Guide Line); com duas tendnciasprincipais: valores numricos pr-estabelecidos, com ou semdiferenciao de uso e valores baseados na avaliao de risco,caso a caso.

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    Vale ressaltar, que a contaminao dos solos e guassubterrneas por compostos orgnicos volteis,Hidrocarbonetos Poli-Aromticos (PAHs), herbicidas,nitroaromticos e metais pesados so de extrema importnciadevido ao seu elevado grau de toxicidade e potencial demigrao na fase gasosa, dissolvida e como fase imiscvel.Diante disso, a escolha da tcnica de remediao deve serbaseada na avaliao da heterogenidade fsica do solo, naextenso do contaminante, na localizao das fontes primriasdos contaminantes, na existncia de zonas de descarga, bemcomo na presena do contaminante em suas fases imiscvel,residual ou adsorvida no meio geolgico.

    As tecnologias de remediao de solos e guassubterrneas sofreram inmeras mudanas nas duas ltimasdcadas, em particular na Amrica do Norte. As mudanasocorreram num ritmo relativamente rpido, sobretudo comoresultado de presses exercidas pela indstria para quehouvesse uma contnua melhoria da relao custo-benefciopara as tecnologias disponveis e com maior preferncia no

    mercado.As tecnologias atualmente disponveis para aremediao de locais contaminados, usados principalmente empases desenvolvidos, so citadas a seguir, sendo enfatizadasas tcnicas de fitorremediao para metais pesados, por seruma tecnologia de baixo custo e com grande potencial parautilizao em pases tropicais como o Brasil.

    2.1.1. PUMP AND TREAT

    A tecnologia Pump and Treat (Bombeamento eTratamento / Controle Hidrulico), refere-se ao processo fsico

    de extrao de guas contaminadas da zona saturada, atravsde poos de extrao, e seu tratamento acima do solo (on-site),podendo tambm ser transportado para um sistema fora do

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    stio (off-site), utilizando diversas tecnologias com o objetivo deatingir o nvel de descontaminao desejvel.

    Para se ter uma maior eficincia neste mtodo, necessrio um bom conhecimento hidrogeolgico da rea e daextenso da pluma contaminada. Se as condieshidrogeolgicas forem favorveis, pode-se melhorar aeficincia do sistema, reinjetando no aqufero a guasubterrnea contaminada, aps o tratamento, j que osuperbombeamento pode alterar o gradiente hidrulico doaqufero em tratamento.

    O sistema pode ser composto por um poo com umabomba simples que recupera gua e contaminante ao mesmotempo (Figura 2.1) ou pode ser um sistema de duas bombas,uma rebaixando o nvel dgua s retirando a gua subterrneae outra retirando o contaminante (Figura 2.2).

    Tendo em vista a necessidade de remediao de reas

    contaminadas, essa tcnica utilizada em muitoas ocasies, pois a

    tcnica em si relativamente mais barata do que muitas outras, pois

    refere-se ao bombeamento e tratamento das guas subterrneas, por

    meio da utilizao de poos de bombeamento. Mas em reasgeologicamente complexas, a distribuio das litologias apresenta

    incertezas associadas heterogeneidade, e portanto, deve-se projetar

    muito bem o uso ou no dessa tecnologia de remediao.

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    Figura 2.1: Sistema de um poo com uma bomba

    Fonte: Fetter, C. W. citado por Mendona (1998)

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    Figura 2.2: Sistema de um poo com duas bombas

    Fonte: Fetter, C. W. citado por Mendona (1998)

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    O objetivo do controle e tratamento da gua subterrneacontaminada envolve uma ou mais das quatro estratgias:

    1) Conter a pluma de contaminao;2) Remover a pluma de contaminao, aps terem sido

    tomadas medidas para deter a fonte geradora dacontaminao;

    3) Desviar a gua subterrnea visando evitar que amesma passe pela fonte de contaminao; e,

    4) Evitar que a gua subterrnea contaminada atinjauma rea de abastecimento de gua potvel ou debens a proteger.

    Geralmente o sistema de Pump and Treat estassociado com outras tecnologias de remediao visandoacelerar o tempo da descontaminao. A tecnologiageralmente aplicada aos stios mais contaminados. A plumade contaminao pode ser contida ou manipulada atravs de

    poos de bombeamento ou de poos de injeo. O princpio damanipulao da pluma pelo controle hidrulico consiste emefetuar uma mudana no padro de fluxo da gua subterrnea,de forma que os contaminante possam ser direcionados paraum ponto ou pontos especficos de controle. Esseprocedimento feito por meio de descarga e/ou recarga noaqufero.

    Vrios modelos matemticos so usados para estimar ataxa de remoo dos contaminantes e, deste modo, estimar adurao da remediao. Os diversos modelos consideram ovolume da pluma, a taxa de bombeamento, e os coeficientesde partio dos contaminantes na gua e nas partculas

    orgnicas.Quando as caractersticas geolgicas do sistema no

    permitem a reinjeo da gua contaminada aps o tratamentoe/ou em muitos casos devido lentido do processo de difuso

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    hidrulica em alguns solos, necessrio o uso de enormestanques de tratamento devido ao grande volume de guaenvolvido, elevando o tempo de tratamento e tornando oprocesso bastante oneroso. Em contrapartida, permite otratamento de solos saturados e aqferos contaminados aomesmo tempo. Aplica-se na remoo de compostos dehidrocarbonetos clorados (CHCs) e hidrocarbonetosmonoaromticos (BTEX).

    Segundo SANTOS et al., 2000, nos Estados Unidos,trs quartos dos stios com gua subterrnea contaminadautilizam a tecnologia pump and treat para a conteno deplumas/remoo de massa de poluentes dissolvidos. Segundoa Agncia de Proteo Ambiental Americana (USEPA), 73%dos stios altamente contaminados remediados com recursosdo Superfund, entre 1982 e 1992, alcanaram o nvel dedescontaminao (cleanup) estabelecido pela agncia.Entretanto, a USEPA ressalta que a tecnologia pump and treat frequentemente ineficiente como tecnologia nica a serutilizada em sites contaminados por causa do excesso de

    tempo que a tecnologia leva para atingir o cleanup. Segundoesses mesmos autores, no Brasil, foram extrados com essatecnologia, 70 toneladas de organoclorados no PoloCloroqumico em Macei (AL) e 1,3 toneladas de BTEX; 13,8toneladas de hidrocarbonetos clorados e 3,3 toneladas dehidrocarbonetos nitrogenados no Polo Petroqumico deCamaar (BA). Entretanto, ressalta os autores que o objetivomaior da implantao do sistema pump and treat nesses doispolos industriais foi a conteno da pluma de contaminao,embora grandes quantidades de massas de contaminantesforam extradas.

    Como toda a tecnologia de remediao ambiental, a

    pump and treat apresenta suas vantagens e desvantagens ealgumas delas esto listadas na tabela 2.1.

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    Tabela 2.1: Principais vantagens e desvantagens da tecnologiaPump and Treat.

    Fonte: Adaptado de SANTOS, et al., (2000).

    2.1.2. EXTRAO DE VAPOR DO SOLO (SVE)

    Neste processo h a remoo fsica dos contaminantes,principalmente os compostos orgnicos volteis, clorados ouno, e os BTEX da zona saturada (camada mais profunda do

    solo onde se concentram as guas subterrneas), atravs depoos perfurados no solo, aplicando extrao a vcuo (Figura2.3).

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    Sua eficincia pode ser aumentada se combinado aoutros mtodos como a injeo de ar. Neste caso, o ar injetadoretira a gua dos poros do solo, causando uma dessoro docontaminante da estrutura do solo, fazendo com que este semovimente para a superfcie, com a ajuda do sistema SVE.

    Figura 2.3: Extrao a vcuo.

    Fonte: Revista Qumica e derivados (2003), vol. 7, n 417

    Essa tcnica pode ser utilizada na descontaminao desolos com baixa mdia permeabilidade, tendo seufuncionamento limitado se o nvel dgua apresentar-se rasa.

    2.1.3. DESSORO TRMICA

    Neste mtodo os resduos so aquecidos para provocara volatilizao dos compostos orgnicos volteis e semi-volteis, includos nestes ltimos, muitos PAHs.

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    sempre utilizada a injeo de gua ou vapor quentedentro do solo para aumentar a mobilidade dos contaminantes,sendo que estes so transportados na fase de vapor para umafonte de condensao onde podem ser removidos porbombeamento. Tem sua aplicao limitada a solos grosseiros,onde a contaminao encontra-se pouca profunda, alm disso,pode matar microorganismos, animais e vegetais em volta darea contaminada devido propagao do calor.

    2.1.4. AERAO in situ(Air Sparging)

    Este mtodo de remediao utilizado para extraircompostos volteis e semi-volteis que se encontram na zonasaturada do solo. Envolve a injeo de ar (figura 2.4) para aremoo de contaminantes como CHCs, BTEX, PAHs,promovendo tambm a biodegradao aerbica dedeterminados compostos, por incrementar a quantidade deoxignio dissolvido nas guas do aqfero. Entretanto, a

    injeo de ar abaixo do nvel dgua pode causar uma elevaoda superfcie da gua subterrnea, levando o contaminante amigrar para fora da rea de tratamento, ou seja, a espessurasaturada e a profundidade do lenol fretico devem ser osfatores controladores da injeo de ar.

    Em resumo, a tcnica do Air Sparging utilizada pararemediao de compostos orgnicos volteis dissolvidos nagua subterrnea ou sorvidos em partculas de solo da zonasaturada, atravs de injees controladas de ar.

    O processo de remediao in-situ pode ser definidocomo uma injeo atravs de um compressor de ar a presso evazo controladas na zona saturada, causando o

    desprendimento dos contaminantes da gua subterrnea,atravs da volatilizao dos mesmos.

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    projetadas para serem mais permeveis do que os materiais aoredor do aqfero, de modo que os contaminantes das guassubterrneas possam serem tratadas e flurem facilmente semalterar significativamente a hidrologia das guas subterrneas(THIRUVENKATACHARI et al., 2008).

    Estas barreiras promovem a passagem das guassubterrneas atravs de pores reativas que possibilitam aremediao, por processos fsicos, qumicos e/ou biolgicos,de solos contaminados com CHC e metais pesados. feitauma escavao no terreno at a profundidade desejada,preenchendo-o com um reaterro que feito com um materialreativo, at a profundidade do nvel dgua, sendo que acimadele pode-se utilizar o prprio material escavado.

    Seu uso cada vez maior nos EUA e Canad, sendouma das alternativas de remediao de guas subterrneas demaior preferncia no mercado.

    No Brasil a tecnologia de barreiras reativas permeveistem grandes perspectivas de utilizao devido a vrios estudos

    nas universidades e centro de pesquisas em diferentes regiesdo Pas que mostram boa eficincia da utilizao das BRPs emvrias regies.

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    Figura 2.5: Sistema de Barreiras Reativas Permeveis

    Fonte: Adaptado da USEPA (1998)

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    Tabela 2.2: Principais vantagens e desvantagens naimplementao de uma BRP.

    Fonte: USEPA (2005).

    2.1.6. INCINERAO

    A Incinerao um processo de destruio trmicarealizado sob alta temperatura (900 a 1250 C) com tempo de

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    residncia controlada (Figura 2.6). utilizado para o tratamentode resduos de alta periculosidade, ou que necessitam dedestruio completa e segura. muito usado para a extraode compostos orgnicos volteis e semi-volteis, como PAHs,PCBs, pesticidas, entretanto, pode ocasionar emisses desubstncias que poluem a atmosfera, a gua e o solo e comefeitos nocivos na sade humana.

    Figura 2.6: Fluxograma do processo de incinerao.

    Fonte: Essencis. Disponvel em www.essencis.co.br/serv.inc.asp .

    2.1.7. SOLIDIFICAO/ESTABILIZAO

    Mtodo que promove o isolamento de poluentes, comoCHC e metais pesados, mas no a sua remoo.

    Trata-se da imobilizao fsica ou qumica doscontaminantes, atravs da introduo de material que pode

    provocar a solidificao ou pode causar uma reao qumicaou modificao do pH que acarretar na imobilizao destescompostos.

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    considerado um processo simples e barato, por utilizarequipamentos convencionais e facilmente disponveis, contudoo processo exige um longo perodo de monitoramento porque oprocesso pode reverter e liberar os contaminantes.

    2.1.8. LAVAGEM DO SOLO

    Este processo de remediao efetuado pela injeode fludos (podendo ser gua ou uma soluo cida ou bsica)atravs de cavidades situadas no subsolo, sendo os mesmoscoletados em outros poos auxiliados da tecnologiaconvencional pump-and-treat.

    O mtodo extrai ons metlicos atravs da solubilizao,que feita com o uso de aditivos qumicos para ajustar o pH dosolo, auxiliando na quelao ou promovendo a troca catinica.

    2.1.9. BIORREMEDIAO

    Esta tcnica de remediao se refere ao uso de

    microorganismos capazes de degradar resduos provenientes,principalmente, de depsitos de lixos e solos contaminadoscom hidrocarbonetos de petrleo, incluindo os PAHs e osBTEX.

    Os microorganismos geralmente utilizados nabioremediao so as bactrias e fungos, e estas degradam,normalmente, substncias mais simples e menos txicas.

    O maior projeto de biorremediao da histria foi otratamento do petrleo derramado pelo navio Exxon Valdez noAlasca, no ano de 1989, onde foram adicionadas toneladas defertilizantes, ao longo dos 100 Km de litoral contaminado,estimulando dessa maneira o crescimento de microorganismos

    nativos, inclusive os que podiam degradar hidrocarbonetos. uma tecnologia que apresenta atualmente umcrescimento rpido, sobretudo em colaborao com aengenharia gentica, utilizada para desenvolver linhagens de

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    microorganismos que tenham capacidade de lidar compoluentes especficos.

    A biorremediao in situ (Figura 2.7) pode serestimulada com a injeo de nutrientes, como nitrognio (N) efsforo (P), diretamente na gua subterrnea, objetivandoaumentar a habilidade e multiplicao dos microorganismosnativos do solo, em cumprir o seu potencial biorremediador.

    Figura 2.7: Bioremediao in situ.

    Fonte: Revista Qumica e derivados (2003), vol. 7, n 417

    2.1.10.FITORREMEDIAO

    Os vegetais se adaptam a ambientes extremamentediversos, de forma to eficaz que poucos lugares socompletamente desprovidos de sua presena, sendo que

    algumas species apresentam a capacidade de interagirsimbioticamente com diversos organismos, facilitando suaadaptao em solos salinos, cidos, pobres e ricos em

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    nutrientes ou excessivamente contaminado em elementosqumicos como metais pesados.

    A fitorremediao se refere ao uso de plantas nadescontaminao de solos poludos, principalmente commetais pesados e poluentes orgnicos, reduzindo seus teores anveis seguros sade humana, alm de contribuir na melhoriadas caractersticas fsicas, qumicas e biolgicas destas reas.

    Na atualidade, o uso desta tecnologia em pasesdesenvolvidos, como os Estados Unidos, Canad e Alemanhavem se expandido cada vez, seja por sua grande viabilidadetcnica e/ou econmica (Tabela 2.3).

    De acordo com GLASS (1999) citado por ANDRADE etal., (2007), a fitoremediao no ano de 1999, movimentouvalores entre 34 e 58 milhes de dlares, sendo que osEstados Unidos foram os responsveis pela maior parte destemercado.

    Tabela 2.3: Valores despendidos no mercado mundial referente fitorremedia durante o ano de 1999 em diversos pases.

    Fonte: GLASS(1999) citado por ANDRADE et al., (2007)Infelizmente no Brasil, o uso desta tecnologia ainda

    desconhecido pela maioria dos profissionais envolvidos na reaambiental, apesar de apresentar condies climticas eambientais favorveis ao desenvolvimento deste processo.

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    Uma das suas maiores vantagens o seu baixo custo,porm o tempo que leva para que se observem os resultadospode ser considerada como uma desvantagem, dependendodas perspectivas envolvidas na remediao.

    Segundo NOBRE et al. (2003), houve uma reduo doscustos de remediao nos ltimos 20 anos, como por exemplo,tcnicas de extrao ex situ como a conteno hidrulica,foram sendo substitudas por tcnicas de extrao in situcomoa extrao de gs de solo e aerao do solo. Posteriormente,essas tcnicas de extrao in situderam lugar s tcnicas deremediao passiva como as barreiras reativas permeveis.

    Como a evoluo das tecnologias vem se direcionandopara solues cada vez mais naturais (Figura 2.8), j h umreconhecimento comprovado de que processos de atenuaonatural, como a biorremediao e fitorremediao, podemcontribuir de forma significativa no controle das plumas decontaminao no solo e guas subterrneas, alm de seremeconomicamente mais viveis que as outras tecnologiasempregadas, como tambm pode ser visualizado na Tabela

    2.4.

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    Figura 2.8: Relao dos custos nos processos de remediao.

    Fonte: Revista Qumica e derivados (2003), vol. 7, n 417

    Tabela 2.4: Custo da fitorremediao comparado com outrastecnologias.

    Tipo de Tratamento Custo varivel/ton (US$)Fitorremediao 10-35

    Biorremediao in situ 50-150Aerao no solo 20-200Lavagem do solo 80-200

    Solidificao 240-340Incinerao 200-1500

    Fonte: SCHNOOR (1997) citado por ANDRADE et al.,(2007)

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    A fitorremediao possui tambm, como importantecaracterstica, sua grande versatilidade, podendo ser utilizadapara remediao do meio aqutico, ar ou solo, com variantesque dependem dos objetivos a serem atingidos.

    2.1.10.1. MECANISMOS DE FITORREMEDIAO

    Na fitorremediao, os vegetais podem atuar de formadireta ou indireta na reduo e/ou remoo dos contaminantes.Na remediao direta, os compostos so absorvidos eacumulados ou metabolizados nos tecidos, atravs damineralizao dos mesmos. Na forma indireta, os vegetaisextraem contaminantes das guas subterrneas, reduzindoassim a fonte de contaminao ou quando a presena deplantas propicia meio favorvel ao aumento da atividademicrobiana, que degrada o contaminante.

    Os mecanismos de fitorremediao consideradosdiretos subdividem-se em fitoextrao, fitotransformao e

    fitovolatilizao, e os mecanismos indiretos em fitoestabilizaoe fitoestimulao (Figura 2.9).

    FITOEXTRAO

    Este mecanismo se refere capacidade da planta emabsorver o contaminante do solo, armazen-lo em suas razesou em outros tecidos (folhas e caules), facilitandoposteriormente seu descarte.

    Estima-se que a fitoextrao possa reduzir aconcentrao de contaminantes a nveis aceitveis numperodo de 3 a 20 anos.

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    FITOTRANSFORMAO

    Neste mecanismo, a planta absorve o contaminante dagua e do solo fazendo a sua bioconverso, no seu interior ouem sua superfcie, para formas menos txicas. empregado,principalmente, na remediao de compostos orgnicos

    FITOVOLATILIZAO

    A planta aps absorver os contaminantes, provenientesdo solo ou da gua, converte-os para formas volteis, sendoposteriormente liberados na atmosfera. A volatilizao podeocorrer pela biodegradao na rizosfera ou aps a passagemna prpria planta e dependendo da atuao ou no dosprocessos metablicos, a liberao do contaminante para aatmosfera pode ocorrer na forma original ou transformada.

    FITOESTIMULAO / RIZODEGRADAO

    Neste mecanismo indireto, a planta estimula abiodegradao microbiana dos contaminantes presentes nosolo ou na gua, atravs de exsudados radiculares,fornecimento de tecidos vegetais como fonte de energia,sombreamento e aumento da umidade do solo, favorecendo ascondies ambientais para o desenvolvimento dosmicroorganismos.

    FITOESTABILIZAO

    Este mecanismo se refere a capacidade que algumasplantas possuem em reduzir a mobilidade e a migrao doscontaminantes presentes no solo, seja atravs da imobilizao,lignificao ou humidificao dos poluentes nos seus tecidos

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    vegetais. Os contaminantes permanecem no local. A vegetaoe o solo podem necessitar de um longo tempo de manutenopara impedir a liberao dos contaminantes e uma futuralixiviao dos mesmos ao longo do perfil do solo.

    Figura 2.9: Mecanismos utilizados pelas plantas no processo defitorremediao.

    Fonte : ANDRADE et al(2007)

    FITODEGRADAOMetabolismo na planta

    FITOESTIMULAOMetabolismo microbiano na rizosfera da planta

    FITOEXTRAORemoo e destruio

    CONTAMINANTE

    HUMIFICAOIMOBILIZAO NO SOLO

    ABSORO PELAS RAZES

    TRANSLOCAO

    FITOVOLATILIZAO

    FITODEGRADAO

    FITOEXTRAO

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    2.1.10.2. VANTAGENS DA FITORREMEDIAO

    As principais vantagens que a fitorremediao podeapresentar, segundo a literatura consultada, so descritas aseguir:

    O investimento em capital e o custo de operao sobaixos, j que usa como fonte de energia a luz solar; Aplicvel in situ sendo que o solo pode ser

    posteriormente reutilizado; Aplica-se a grande variedade de poluentes, podendoremediar vrios contaminantes simultaneamente,incluindo metais, pesticidas e hidrocarbonetos; Tcnica esteticamente bem aceita pela sociedade,limitando as perturbaes ao meio ambiente secomparado a outras tecnologias, pois evita trfegopesado e escavaes; Plantas podem ser mais facilmente monitoradas doque, por exemplo, microorganismos, sendo que muitas

    espcies vegetais so capazes de se desenvolver emsolos cujas concentraes de contaminantes sotxicas para os microorganismos; Aplica-se a reas extensas, onde outras tecnologias

    so proibitivas; Acarretam em melhoria da qualidade do solo, no quediz respeito as suas caractersticas fsicas e qumicas,

    j que aumentam a porosidade, a infiltrao de gua,fornecem e reciclam nutrientes, alm da preveno daeroso.

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    2.1.10.3. DESVANTAGENS DA FITORREMEDIAO

    As principais desvantagens apresentadas por estatcnica de remediao, segundo a literatura consultada, so:

    Resultados mais lentos do que aqueles apresentadospor outras tecnologias, j que os processos dedescontaminao esto na dependncia daimplantao, estabilizao e crescimento vegetal nosstios contaminados, tendo comparativamente a outrastcnicas, um perodo de resposta descontaminaomais demorado. O crescimento e o desenvolvimento de algumasplantas so dependentes da estao, do clima e dosolo, envolvendo adequado fornecimento de nutrientese gua; Os contaminantes podem encontrar-se emconcentraes muito txicas a ponto de no permitir odesenvolvimento das plantas;

    Apresenta resultados mais satisfatrios quandoaplicado superfcie do solo ou s guas existentes apouca profundidade; H a necessidade de a planta apresentar uma boabiomassa vegetal, quando ocorre a fitoextrao depoluentes no metabolizveis, seguida de umadisposio apropriada aps sua remoo; No reduz 100% da concentrao do poluente; Podem ser produzidos metablitos mais txicos do queos compostos originais, sendo que na fitovolatilizaoestes contaminantes podem ser liberados para aatmosfera;

    Caso no sejam tomados os devidos cuidados, podefavorecer o bioacmulo na cadeia trfica, aumentandoos riscos relativos contaminao e induo de efeitosdeletrios em seres vivos.

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    2.1.10.4. APLICAES DE MECANISMOS DAFITORREMEDIAO

    Como mencionado anteriormente, a fitorremediaopode ser utilizada na remoo de contaminantes contidos nosolo, na gua e no ar. Dependendo do tipo de contaminante, aplanta pode utilizar diferentes mecanismos para sua remoo,seja atravs da fitoextrao, fitotransformao, fitovolatilizao,fitoestabilizao e fitoestimulao ou rizodegrao. Para umamelhor compreenso do assunto, a seguir so descritas asdiferentes formas de aplicao dos mecanismos desta tcnicana remoo de poluentes inorgnicos e orgnicos.

    2.1.10.5. FITORREMEDIAO DE METAIS PESADOS

    Segundo BAIRD (2002) certas plantas sohipermaculadoras de metais, ou seja, so capazes de absorveratravs de suas razes, nveis muito mais altos dessescontaminantes do que a mdia e de concentr-los muito maisdo que as plantas normais, porm uma dificuldade doshipermaculadores que so em geral, plantas de crescimentovagaroso, o que indica o acmulo lento dos metais.

    Na fitorremediao de metais pesados so usados afitoextrao e a fitovolatilizao, como mtodos diretos, bemcomo a fitoestabilizao, como mtodo indireto.

    importante ressaltar que um dos fatores consideradoslimitantes na fitorremediao de metais pesados aconcentrao do contaminante no solo e na gua presente no

    solo, isso porque nveis muito elevados podem causarfitotoxidez planta, ocasionando muitas vezes sua morte.A fitoextrao ocorre principalmente atravs de plantas

    hipermaculadoras, as quais se caracterizam pelo acmulo demetais pesados em nveis at 100 vezes superiores queles

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    comumente encontrados em outras plantas. Aps acumularestes metais em seus tecidos, o vegetal pode ser incinerado,depositado em aterro ou utilizado para a produo de fibras emveis.

    At o ano de 2000, eram conhecidas 400 espcies deplantas acumuladoras pertencentes a 45 famlias diferentes,destacando-se as famlias Brassicacea (B. juncea - mostarda-da-ndia, B. napus - canola), Asteracae (Heliantus annuus -girassol), Euphorbiaceae e Leguminosaea (Medicago sativa -alfafa) (BOSZSZOWSKI, 2003).

    A fitovolatilizao caracteriza-se pela absoro do metalpesado e sua posterior liberao para a atmosfera em formasmenos txicas, sendo um dos mecanismos mais utilizados naremediao do mercrio, arsnio e slenio.

    A obteno de plantas transgnicas tem despontadocomo uma das alternativas de aumentar o potencial deremediao das plantas. Exemplo disso o uso da plantatransgnicaArabidopsis thaliana, resistente ao HgCl2, capaz deconverter o on txico Hg+2em mercrio metlico, que voltil

    e relativamente inerte. Entretanto, os riscos associados a essavolatilizao ainda no foram suficientementes estudados.A fitoestabilizao ocorre quando a presena de plantas

    evita a eroso superficial e lixiviao do poluente, sendo maiseficaz em solos contaminados com Al, Cd, Cr, Cu, Hg, Pb e Zn.

    H preferncia que este mtodo ocorra juntamente coma fitoextrao, pois a simples permanncia do contaminante nolocal em formas solveis ou incorporadas matria orgnicapode sofrer reverso com a ocorrncia de mudanasambientais, ficando novamente disponvel.

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    ibliogr fi

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    BAIRD, C., 2002. Qumica Ambiental. 2 ed. So Paulo,Bookman. 622pp. BARCEL J. & POSCHENRIEDER, C.,1992. Plant water relations as effected by heavy metalstress: Areview. J. Plant Nutr. Vol. 13. pp. 1-37.

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    Essencis. Disponvel em : www.essencis.co.br/serv.inc.asp(Acesso em 14/01/2004).

    FETTER, C. W., 1993, Contaminant Hydrogeology. MacmillanPublishing Company, U. S, 458pp. FIORI, A. A., 2008, Uso doagente quelante alternativo EDDS na remediao de areacontaminada por resduo de sucata automobilstica.

    Dissertao de Mestrado em Gesto 319 de RecursosAgroambientais Instituto Agronmico de Campinas - IAC,Campinas - SP, 102pp.

    NOBRE, M. M.; NOBRE, R. C. M.; PEREIRA & GALVO, A. S.S., 2004. A permeable Reactive Barrier to Control MercuryContamination in Groundwater. IN: Fourth InternationalConference on Remediation of Chlorinated and Recalcitrant