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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO FORMAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE REDES FORMAIS DE MICRO E PEQUENAS EMPRESAS: um estudo de caso de uma Sociedade de Propósito Específico CRISTIANO GOMES CONSENTINO Belo Horizonte 2015

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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO

MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO

FORMAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE REDES FORMAIS DE MICRO E PEQUENAS EMPRESAS: um estudo de caso de uma

Sociedade de Propósito Específico

CRISTIANO GOMES CONSENTINO

Belo Horizonte 2015

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CRISTIANO GOMES CONSENTINO

FORMAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE REDES FORMAIS DE

MICRO E PEQUENAS EMPRESAS: um estudo caso de uma Sociedade de Propósito Específico

Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado Profissional em Administração do Centro Universitário UNA, como requisito para a obtenção do título de mestre. Área de concentração: Dinâmica organizacional e inovação Linha de Pesquisa: Inovação, Redes Empresariais e Competitividade. Orientador: Professor Dr. Ricardo Viana Carvalho de Paiva.

Belo Horizonte 2015

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Ficha catalográfica desenvolvida pela Biblioteca UNA campus Guajajaras

C744f

Consentino, Cristiano Gomes

Formação e desenvolvimento de redes formais de micro e pequenas empresas:

um estudo caso de uma sociedade de propósito específico./Cristiano

GomesConsentino. –2015.

183f.

Orientador: Prof. Dr. Ricardo Viana Carvalho de Paiva.

Dissertação (Mestrado) – CentroUniversitário UNA,2015. Programa de Pós-

Graduação em Administração.

Inclui bibliografia.

1. Pequenas e médias empresas. 2.Pequenas e médias empresas - Legislação.3.

Comércio varejista. 4. Alianças estratégicas (Negócios).I.Paiva, Ricardo Viana

Carvalho.II. Centro Universitário UNA. III. Título.

CDU: 658

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, pelo privilégio de fazer parte da melhor rede de seres humanos

que já conheci. Todos, mesmo que de forma sutil, cumpriram seu papel para que um

sonho individual se realizasse. Familiares, amigos, mestrandos, professores,

clientes, colaboradores e colegas de profissão devem ser lembrados e contemplados

com o meu “Muito Obrigado!”

Esta dissertação é a concretização do sucesso do trabalho em rede baseado em

profissionalismo e confiança. Nada seria possível, se não existisse confiança e apoio

de todos.

Um muito obrigado, em especial, ao professor, Dr. Ricardo Viana Carvalho de Paiva,

pela orientação dispensada a este trabalho. Seus ensinamentos e compromisso com

a qualidade do conhecimento contribuíram para que possibilitasse uma mudança

para o patamar superior de minha educação.

Ao meu maior ídolo e pai, Paulo Cezar Consentino dos Santos, por ensinar que as

dificuldades são apenas mais uma etapa da vida. A minha mãe Elizabeth Gomes

Consentino, obrigado por todos os seus abraços, que sempre me instigaram a

merecer um novo abraço. Obrigado por participarem ativamente dos melhores

momentos de minha vida e embasarem a rede mais perfeita de todas as redes,

nossa família.

Ao meu super irmão, Frederico Gomes Consentino, que enfrentou todos os desafios

de nossas empresas sem a minha presença e ampliou nossos negócios

eficientemente, assumindo funções e papéis de minha responsabilidade. Você é um

exemplo para a minha vida. Muitíssimo obrigado.

À minha amada esposa, Tatiana Fontainha, que, mesmo sentindo a minha ausência,

permaneceu ao meu lado. Seu amor, apoio e companheirismo foram fundamentais

para essa conquista. Se não fossem seu carinho e dedicação, a atenção à

conclusão deste trabalho ficaria comprometida.

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Muito obrigado também a todos os empresários e funcionários da rede, que foram

objeto deste estudo, que generosamente abriram suas portas e espaço em suas

agendas, possibilitado a realização deste trabalho.

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RESUMO

Uma das características do ambiente organizacional é a necessidade de empresas de micro e

pequeno porte do comércio varejista associar-se para ganhar competitividade. Como possibilidade

para o desenvolvimento de empresas desse porte, a legislação brasileira regulamentou o

associativismo no Brasil. Sociedade de propósito específico (SPE), como descreve a Lei

complementar nº 128, art. 56, de 19 de dezembro de 2008, regula práticas de redes de cooperação

formadas por micro e pequenas empresas (MPE) e estabelece um novo formato capaz de oficializar a

associação de empresas desse porte. Para iniciar a operação de uma SPE, é necessário que os

empresários envolvidos planejem e criem uma organização em conjunto. Os empresários

pertencentes a grupos de empresas, a partir dessa lei, passaram a ter, então, a oportunidade de

capturar todos os valores e benefícios esperados de uma Rede Empresarial formal. O objetivo deste

trabalho é analisar os fatores que influenciam na associação e no desenvolvimento da primeira rede

formal de MPEs do setor varejista de papelaria do Brasil. A fim de atender ao objetivo proposto, a

metodologia utilizada no presente estudo foi uma abordagem qualitativa e, quanto aos fins, descritiva.

Quanto aos meios, a pesquisa foi um estudo de caso. O trabalho teve, como unidade de análise, a

primeira sociedade de propósito específico de Minas Gerais, composta por 21 empresas de pequeno

porte. Os sujeitos de pesquisa são 12 empresários representantes das empresas associadas. Os

dados foram coletados por meio de um roteiro de entrevista semiestruturado. A interpretação dos

dados foi feita por meio de uma análise de conteúdo qualitativa. A conclusão deste trabalho classifica

SPE de compras de MPEs como um novo formato de rede empresarial com característica

burocrática, simétrica, proprietária, horizontal, de longo prazo, inter-relação tangível, intangível,

concorrente, com estrutura livre de barreiras e compartilhamento de responsabilidade solidária. A

análise dos fatores permitiu concluir que a divergência de expectativas quanto aos objetivos das

empresas individuais influenciam na associação e no desenvolvimento da primeira rede formal de

MPEs do setor de papelarias do Brasil.

Palavras-chave: Alianças estratégicas. SPE. Redes de Micro e pequenas empresas.

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ABSTRACT One of the characteristics of the organizational environment is the need for micro and small

companies from the retail associate to gain competitiveness. As a possibility for the development of

companies of this size, Brazilian law regulated the association in Brazil. A special purpose entity

(SPE), as described in the Complementary Law No. 128, art. 56 of December 19, 2008, regulates

cooperation networks practices formed by micro and small enterprises (MSEs) and establishes a new

format able to officiate at this size companies association. To start the operation of the SPE, it is

necessary that business people involved to plan and create an organization together. Entrepreneurs

belonging to groups of companies, from this law, now have then the opportunity to capture all the

expected values and benefits of a formal Business Network. The objective of this study is to analyze

the factors that influence the association and the development of the first formal network of MSEs in

the retail sector stationery Brazil. In order to attain the goal, the methodology used in this study was a

qualitative approach and, for purposes descriptive. As for the means, the research was a case study.

The work was, as the unit of analysis, the first special purpose company of Minas Gerais, comprised of

21 small businesses. The research subjects are 12 business representatives from member

companies. Data were collected through a semi-structured interview guide. The interpretation of the

data was made by means of a qualitative content analysis. The conclusion of this work ranks MEPs

shopping SPE as a new enterprise network format with bureaucratic, symmetrical feature, proprietary,

horizontal, long-term, tangible inter-relationship intangible, competing with free structure of barriers

and several liability sharing . Analysis of factors led to the conclusion that the divergence of

expectations regarding the goals of individual companies influence the association and the

development of the first formal network of MEPs stationery sector in Brazil.

Key-words: Strategic alliances, SPE, Micro and small business networks.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Características das Micro e pequenas empresas e condições do mercado

em que se insere .......................................................................................................21

Figura 2: Esquema representativo de uma sociedade de propósito específico de

compras......................................................................................................................63

Figura 3: Componentes de análise de conteúdo .......................................................72

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Relevância dos fatores associativos de MPEs para os empresários da

SPE..........................................................................................................................124

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Estrutura da dissertação..........................................................................17

Quadro 2: Classificação das micro e pequenas empresas de acordo com o número

de empregados e faturamento anual bruto ...............................................................18

Quadro 3: Conceitos de redes ..................................................................................28

Quadro 4: Fatores para entrar em uma rede empresarial.........................................36

Quadro 5: Fatores para associação em redes.........................................................38

Quadro 6: Vantagens proporcionadas por redes empresariais ................................42

Quadro 7: Importância dos fatores de sucesso em redes de PMES, tal como

avaliado pelas PMEs..................................................................................................45

Quadro 8: As desvantagens da associação em redes empresariais .......................48

Quadro 9: Taxonomia das formas de redes organizacionais formais.......................56

Quadro 10: Características de redes.........................................................................66

Quadro 11: Fatores que influenciam MPEs a associarem a uma rede.....................67

Quadro 12: Fatores que influenciam no desenvolvimento associativo de redes

empresariais...............................................................................................................69

Quadro 13: Perfil dos empresários entrevistados.....................................................74

Quadro 14: Protocolo de pesquisa............................................................................77

Quadro 15: Vantagens e desvantagens dos tipos de governança segundo os micro

e pequenos empresários da Rede MX de papelarias Ltda......................................139

Quadro 16: Características identificadas de SPE...................................................159

Quadro 17: Taxonomia das formas organizacionais formais .................................162

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS DOU - Diário Oficial da União

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

MPE - Micro e pequena empresa

SEBRAE - Serviço Brasileiro de Apoio a Micro e Pequenas Empresas

SPE - Sociedade de Propósito Específico

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 10

1.1 Objetivos ................................................................................................................. 15

1.1.1 Objetivo geral ....................................................................................................... 15

1.1.2 Objetivos específicos............................................................................................ 15

1.2 Justificativa e relevância.......................................................................................... 15

1.3 Estrutura da disssertação ........................................................................................ 16

2 REFERENCIAL TEÓRICO ......................................................................................... 18

2.1 Micro e pequenas empresas ................................................................................... 18

2.2 Redes empresariais ................................................................................................ 22

2.2.1 Conceitos ............................................................................................................. 23

2.2.2 Classificação das redes ........................................................................................ 30

2.2.3 Fatores que influenciam na associação e no desenvolvimento de redes ............. 33

2.2.4 Fases para a Criação de uma aliança estratégica em rede e fatores de sucesso 42

2.2.5 Desvantagens da associação em redes empresariais ......................................... 45

2.3 Redes empresariais formais .................................................................................... 48

2.4 Redes empresariais informais ................................................................................. 57

2.5 Redes de cooperação de MPE ................................................................................ 59

2.6 Sociedade de Propósito Específico de micro e pequenas empresas ...................... 61

2.7 Governança, gestão e tendências de redes ............................................................ 64

2.7 Síntese do referencial teórico a ser utilizado para a pesquisa ................................ 66

3 METODOLOGIA ........................................................................................................ 70

3.1 Caracterização da pesquisa .................................................................................... 70

3.2 Categorias de análise .............................................................................................. 71

3.3 Técnicas de interpretação e análise de dados ........................................................ 72

3.4 Coleta, análise e interpretação dos dados .............................................................. 73

4 A REDE MX DE PAPELARIAS ................................................................................. 79

5 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE RESULTADOS ................................................ 81

5.1 Categoria de análise 1: Classificação de SPE como rede empresarial. .................. 81

Categoria de análise 1: Classificação de SPE como rede empresarial. ........................ 81

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5.2 Categoria de análise 2: Vantagens e desvantagens da associação de MPEs a

uma SPE no varejo de papelaria ................................................................................... 90

4.4 Categoria de análise 3: Fatores influenciadores do desenvolvimento de uma SPE

no varejo de papelaria. .................................................................................................. 125

4.5 Categoria de análise 4: Recomendações para o desenvolvimento da SPE. ........... 140

5 CONCLUSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................ 151

5.1 Classificação de SPE como rede empresarial. ........................................................ 152

5.2 Vantagens e desvantagens da associação de MPEs a uma SPE no varejo de

papelaria........................................................................................................................ 152

5.3 Fatores influenciadores do desenvolvimento de uma SPE no varejo de papelaria. 154

5.4 Recomendações para o desenvolvimento da SPE. ................................................ 156

5.5- Contribuições quanto aos métodos e quanto à teoria ............................................ 159

5.6 Limitações da Pesquisa e Sugestões para Novos Estudos..................................... 163

5.6.1 Limitações da pesquisa ........................................................................................ 163

5.6.2 Sugestões para novos estudos ............................................................................ 163

REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 165

ANEXOS ....................................................................................................................... 171

APENDICE A - Protocolo para o estudo de caso .......................................................... 171

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1 INTRODUÇÃO

Ambientes cada vez mais complexos e turbulentos fazem com que a competição

entre as empresas torne-se cada vez mais acirrada. A globalização e a rápida

mudança nos ambientes econômico, institucional e tecnológico empresarial geram

altos níveis de incerteza e acirram a competitividade das organizações (PECI, 1999;

HOFFMANN; SCHOLOSSER, 2001; RODRIGUES, 2014).

O setor varejista brasileiro, em função dos avanços tecnológicos, logísticos e de

comunicação, está passando por mudanças. Informatização e busca constante por

eficiência para ganhar agilidade nos processos são marcas dessa constante

evolução. A necessidade de reduzir custos, aumentar a qualidade operacional e

maximizar lucros são demandados por fatores externos ao setor, como recessão

econômica (RODRIGUES, 2014). Nessas condições, surge a necessidade de as

empresas estabelecerem parcerias, como as alianças estratégicas e redes de

cooperação empresariais. Essas parcerias atualmente são consideradas importante

instrumento de gestão para melhorar a competitividade das organizações (PECI,

1999; HOFFMANN; SCHOLOSSER, 2001).

As micro e pequenas empresas (MPEs), especificamente, por possuírem recursos

limitados têm uma condição particular de risco (HOFFMANN; SCHLOSSER, 2001).

Uma solução que supostamente pode aumentar a competitividade de MPEs é o

ganho de sinergia esperado da união com outras empresas de mesmo porte,

formando as chamadas redes de cooperação empresariais. Nesse processo, as

empresas permanecem independentes, mas trabalham em busca de objetivos

comuns de forma conjunta (THORGEN; WINCENT; ÖRTQVIST, 2009). A maioria

das redes de cooperação tem como proposta original o relacionamento com

fornecedores em busca de melhores preços e condições comerciais para aquisição

de mercadorias, mas as atividades baseadas em aprendizagem estão,

progressivamente, ganhando espaço na agenda comum (TIGRE, 2006).

Mesmo em busca de vantagens competitivas, redução de custos e maximização de

lucros, para um agrupamento de empresas alcançar objetivos comuns, muitos

desafios e sacrifícios devem ser enfrentados. Segundo Castells (1999), uma rede

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empresarial é a união de empresas cujo objetivo é a redução de custos através da

excelência administrativa alcançada coletivamente suportada pela tecnologia. Essa

definição de redes presume a busca de complementaridade e eficiência para que

ganhos coletivos sejam possíveis.

Muitas vantagens podem ser percebidas nesse tipo de associação em redes de

cooperação, à medida que as pesquisas evoluem. Em suas pesquisas, diversos

autores destacam suas percepções, como Vilella (2005), que apresenta como

principal vantagem “o fim do isolacionismo” das organizações e a ampliação do

relacionamento para aprimorar a gestão particular de cada empresa, assim como da

própria rede. Balestrin, Vargas e Fayard (2005) complementam que participantes de

redes conseguem, dentre os muitos benefícios da associação, melhores preços de

compras com fornecedores, além de mais acesso à pesquisa e ao desenvolvimento,

à tecnologia e a menores custos em atividades de risco. De acordo com Pacagnan

(2006), as empresas participantes de redes ficam mais competitivas e adquirem

novas competências. A evolução das empresas impacta diretamente na evolução da

rede: quanto mais colaborativa e maior sua abrangência, maior a possibilidade de

ganhos dos associados (ZOCHKE ET AL., 2009). Todas essas vantagens

apresentadas oferecem aos integrantes de redes empresariais maior acesso a

recursos capazes de melhorar o desenvolvimento organizacional e, ainda, a redução

do nível de incerteza do mercado (MAZZAROL; LIMNIOS; REBOUD, 2013).

Em contrapartida, muitas desvantagens da associação em redes também são

apresentadas, frequentemente, na literatura. Knorriga e Meyer-Stamer (1998)

destacaram quatro fatores que levam empresários a preferir permanecerem isolados

à associação. Primeiro, as condições macroeconômicas muitas vezes são

desencorajadoras. Segundo, muitos temem expor segredos comerciais com o

aumento do relacionamento entre os concorrentes. Terceiro, coordenar a

cooperação envolve tempo, preparação, participação em reuniões e administração

de conflitos. E, por último, é necessário grande esforço para reduzir os custos de

transação.

Pacagnan (2006) destaca, como principais desvantagens da união em redes, o

nivelamento de parte da concorrência com a extinção de vantagens competitivas

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diante das empresas de menor porte, além da perda da identidade individual, que se

dá devido ao nome da rede utilizado pelas empresas membro. Apesar de agrupadas

em rede, as empresas continuam buscando seus interesses individuais e podem

existir atividades oportunistas dentro da rede, como destaca Tigre (2006). Olsen,

Elvekrok e Nilsen (2012), complementarmente, apresentam que a necessidade de

um gestor profissional, para atender as formalidades do negócio coletivo, eleva o

custo de operação da rede. Sendo assim, fica mais difícil perceber as vantagens da

associação. Além disso, os empresários participantes de redes dispõem de pouco

tempo para gerir o negócio comum, o que pode limitar o desenvolvimento da rede.

Mazzarol, Limnios e Reboud (2013) alertam que uma das desvantagens da

associação entre empresas concorrentes é a dificuldade de relacionamento com

rivais antes da formação da rede.

De acordo com Leone (1999), o perfil de um administrador de uma pequena e média

empresa é mais de um estrategista que corre riscos do que de um gestor que

procura aplicar uma estratégia minimizando riscos. Esse perfil de administrador

possibilita a busca de alternativas para a realização de mudanças.

Como as redes empresariais baseiam-se em parcerias colaborativas podem

demandar mudanças gerenciais e comportamentais, Peci (1999) destaca que a

principal mudança enfrentada por um relacionamento colaborativo é na forma de

hierarquização das empresas, que muda de vertical para horizontal. Além da

necessidade de confiar, descentralizar as tomadas de decisão, cooperar e difundir

as informações de forma rápida e eficaz.

Com o objetivo de inibir atitudes oportunistas de membros de redes empresariais, a

maioria das formas de associação existentes é formal. Sendo assim, acordos e

contratos regulam a cooperação, prevendo deveres e obrigações de membros

associados, assim como os direitos e benefícios relacionados à união (FUSCO,

2005). Há várias taxonomias utilizadas para definir tipos de redes empresariais

formais. No entanto, Verschoore Filho (2006) afirma que os agrupamentos de MPEs

formalizados não eram regulados por entidades governamentais e também não

possuíam uma taxonomia que os definisse.

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Embora a maioria das formas de associação sejam formalizadas, a primeira

característica de cooperação entre empresas é baseada na confiança mútua entre

os parceiros e existe cooperação entre empresas sem que ocorra a presença de

contratos. Isso é o que acontece em redes estratégicas, clusters e pólos

tecnológicos (FUSCO, 2005). Em busca de sobrevivência e aumento de

competitividade, principalmente as MPEs optam por esse tipo de associação. Dessa

forma, as MPEs não perdem as suas principais vantagens em relação às grandes

corporações que são a flexibilidade e agilidade na tomada de decisões.

Como estímulo ao associativismo no Brasil, a Lei complementar nº 128, art. 56, em

19 de dezembro de 2008, regulamentou a Sociedade de Propósito Específico (SPE).

A formalização de uma rede de cooperação composta por MPEs e sua

personificação jurídica cria uma SPE. A SPE deve ser constituída como sociedade

limitada, ter como sócios exclusivamente MPEs e um único objetivo específico de

cooperação determinado em sua constituição: compras para revenda às empresas

associadas ou de vendas de produtos adquiridos das empresas associadas para

empresas não associadas. Cada MPE designa um representante legal que será

responsável por votar em ações estratégicas da SPE e também decisões

compartilhadas.

Adicionalmente, a fim de se formalizar uma rede de cooperação, deve-se elaborar

um acordo de colaboração entre as empresas. De acordo com Hoffmann e

Schlosser (2001), um contrato colaborativo deve incluir a definição de mercados

específicos, áreas geográficas, atribuições dos participantes, estabelecimento de

recursos necessários.

O presente trabalho tem como motivação o estudo da primeira sociedade de

propósito específico (SPE) de papelarias do Brasil, a Rede MX de papelarias Ltda,

que recebeu nome fictício para preservar a sua identidade. A Rede MX de

papelarias Ltda é o resultado da união de duas redes de cooperação empresariais

informais concorrentes do segmento varejista de papelaria, da região metropolitana

de Belo Horizonte, a rede M e a rede X, que também tiveram seus nomes alterados.

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Apesar de concorrentes, associados de ambas as redes reuniam-se em entidades

de classe patronais e discutiam as dificuldades enfrentadas pelo setor. Nessas

reuniões, as lideranças das redes compartilharam a idéia de associação, com o

objetivo de minimizar problemas comuns, otimizar soluções e ficarem mais fortes em

conjunto. Essa união originou uma SPE, que, para seu embasamento, valeu-se da

Lei complementar nº 128, art. 56, §2º, inc. I, de 19 de dezembro de 2008, publicada

no DOU em 22/12/2008. A Rede MX de papelarias Ltda foi formada em 08 de

setembro de 2011 e era composta por 13 empresas associadas. Em 19 de abril de

2013, a SPE registrou, na Junta Comercial do Estado de Minas Gerais, alteração da

composição societária. Com essa nova formação, duas empresas deixaram de

participar da SPE e dez novas empresas aderiram à sociedade empresarial. Assim,

em dois anos, a SPE registrou um crescimento de 61,54% em número de empresas

participantes.

Apesar de redes empresariais serem um tema bastante estudado, Olsen, Elvekrok e

Nilsen (2012) relatam que ainda existe pouco conhecimento de como construir redes

prósperas e são necessários, portanto, progressos teóricos.

Sendo assim, o problema de pesquisa deste trabalho consiste em responder à

seguinte questão norteadora: quais os fatores que influenciam na associação e no

desenvolvimento da primeira rede formal de MPEs do setor varejista de papelaria do

Brasil?

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1.1 Objetivos

Para responder à questão norteadora desta pesquisa foram definidos os seguintes

objetivos:

1.1.1 Objetivo geral

Analisar os fatores que influenciam na associação e no desenvolvimento da primeira

rede formal de MPEs do setor varejista de papelaria do Brasil.

1.1.2 Objetivos específicos

a) classificar SPE de compras de acordo com as características de redes

encontradas na literatura;

b) identificar e caracterizar os fatores favoráveis e desfavoráveis à associação de

uma MPE a de uma rede formal de MPEs no varejo de papelaria;

c) identificar e caracterizar os fatores que influenciam no desenvolvimento

associativo de uma rede formal de MPEs no varejo de papelaria;

d) propor recomendações práticas para o desenvolvimento da Rede MX de

Papelarias Ltda, tendo como base a identificação dos fatores que levam ao

associativismo.

1.2 Justificativa e relevância

A necessidade de se conhecer quais são os fatores que influenciam na associação e

no desenvolvimento de uma rede formal de MPEs, regulada pela lei complementar

nº 128, art. 56, de 19 de dezembro de 2008, e os desafios enfrentados para gestão

da união para alcançar os objetivos esperados pela cooperação mútua, segundo a

perspectiva dos diretores das micro e pequenas empresas, é a justificativa para essa

pesquisa. Portanto, este trabalho pretende contribuir para que os gestores de MPEs

varejistas avaliem quais os fatores mais relevantes para a associação e para o

desenvolvimento da primeira SPE de MPEs de Minas Gerais.

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Este trabalho também pretende demonstrar que a associação colaborativa entre

micro e pequenas empresas, através de uma SPE, pode contribuir para a criação de

negócios maiores, alcançar sinergia e benefícios em conjunto, que dificilmente

seriam explorados isoladamente ou através de redes informais. Por isso, este

trabalho justifica-se por auxiliar a responder quais os fatores que influenciam na

associação e no desenvolvimento de uma rede formal de MPEs do varejo de

papelaria.

Esta pesquisa pretende auxiliar o entendimento de redes empresarias formais

composta por MPEs, apresentar características e soluções disponíveis pela literatura

de redes para melhorar a integração entre os membros de agrupamentos

empresariais e a produtividade da associação. Procura-se também conhecer e

identificar para esse tipo de relacionamento empresarial os motivos que geram

conflitos, as vantagens e desvantagens da associação entre empresas de micro e

pequeno porte.

A relevância desta pesquisa é ajudar na compreensão da complexidade gerencial de

uma rede empresarial composta de várias MPEs varejistas concorrentes e que

devem cooperar entre si para reduzir as ameaças do mercado e ampliar as suas

chances de sobrevivência e de sucesso. A necessidade de conhecer os aspectos

mais importantes do processo de desenvolvimento de uma SPE, bem como custos

envolvidos, riscos e incertezas dos participantes, responsabilidades e possibilidades

de crescimento das empresas associadas também justificam a elaboração desse

estudo. Adicionalmente, o presente estudo permitirá a identificação de interesses

que levam empresas a se associarem em busca de colaboração. Além de permitir

verificar como as inovações podem ser implantadas e qual o impacto nas empresas

associadas.

1.3 Estrutura da disssertação

O presente estudo está estruturado em 5 capítulos, como apresentado no quadro 1,

iniciando-se por essa introdução, com a subsequente apresentação da justificativa e

relevância, problema e contexto, objetivos gerais e específicos, norteadores desta

pesquisa. No capítulo 2, apresenta-se o referencial teórico que sustenta este

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trabalho, que está dividido em 3 subcapítulos, nos quais se descrevem as micro e

pequenas empresas (MPEs), as redes empresariais e a sociedade de propósito

específico (SPE), de acordo com a lei complementar nº 128, art. 56, de 19 de

dezembro de 2008 publicada no DOU em 22/12/2008. No capítulo 3, apresentam-se

os procedimentos metodológicos. O capítulo 4 conterá apresentações do contexto

de pesquisa e exposição e análise dos resultados do estudo de caso realizado,

tendo como orientadores as dimensões e categorias de análises adotadas. O

capítulo 5 apresentará as conclusões da pesquisa e considerações finais, além de

relacionar o resultado alcançado com a pergunta problema. As limitações da

pesquisa realizada e sugestões para futuras pesquisas e recomendações e

implicações gerenciais complementarão esse capítulo.

Quadro 1 – Estrutura da dissertação

1-Introdução 1- Contextualização, problematização.

1.1- Objetivos.

1.2- Justificativa e relevância.

2- Referencial Teórico 2.1-Micro e pequenas empresas.

2.2 - Redes Empresariais, conceitos e definições,

motivos para formação, criação de uma aliança e

vantagens e desvantagens da associação em redes.

Classificações quanto à tipologia, redes de MPEs e

detalhamento sobre a lei de SPE.

3- Metodologia Descrição da metodologia utilizada.

4- Contexto de pesquisa e exposição e

análise dos dados

Apresentação das características da lei que regulam a

SPE. Informações sobre a SPE estudada e exposição

dos dados coletados e análise de acordo com a

metodologia proposta.

5- Conclusões Apresentação da solução para o problema de

pesquisa proposto e dos objetivos; contribuições

acadêmicas; limitações e sugestões para novas

pesquisas.

6- Referências

Fonte: Elaborado pelo autor.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Micro e pequenas empresas

De acordo com Alves et al. (2013), existem vários pesquisadores, no Brasil,

preocupados em compreender as especificidades de um grupo singular de

organizações que são as micro e pequenas empresas (MPEs). Compreender como

as MPEs administram e enfrentam seus desafios gerenciais e quais os fatores de

sucesso de negócios é um tema bastante recorrente na literatura (BOWEN;

MORARA; MUREITHI, 2009).

As MPEs são classificadas de acordo com o número de empregados e com o

faturamento bruto anual em função do setor de sua atividade (indústria, comércio e

serviços), como apresentado no quadro 1.

QUADRO 2. Classificação das micro e pequenas empresas de acordo com o

número de empregados e faturamento anual bruto

Número de empregados Faturamento anual bruto

(R$)

Porte/Setor Indústria Comércio e serviços

Microempresas Até 19 Até 9 Até 360 mil

Empresas de Pequeno Porte De 20 a 99 De 10 a 49 Entre 360 mil até 3,6 milhões Fonte: Lei Complementar 139 de 10/11/2011, adaptada pelo autor.

Segundo o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São

Paulo (Sebrae-SP), em 2013, existiam, no Brasil, 6,3 milhões de empresas, sendo,

desse total, 99% micro e pequenas empresas. Os pequenos negócios respondiam

por mais de 67% dos postos de trabalho oferecidos pelo setor privado, independente

da formalidade. Esses dados mostram o importante papel que as MPEs

desempenham atualmente no Brasil no contexto econômico, social e empresarial.

Em contrapartida, o fraco desempenho das empresas no Brasil nos anos seguintes à

sua fundação gera dúvidas sobre a capacidade do setor de criar vagas de empregos

sustentáveis. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em

2012, 48,2% das empresas encerraram suas atividades após os três primeiros anos

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de funcionamento, na maioria dos casos, por falhas gerenciais ou falta de

planejamento.

Apesar das fragilidades das MPEs, elas são mais capazes de se relacionarem e

permitirem uma relação de proximidade com seus consumidores. Essa relação

próxima é uma das principais forças que as MPEs possuem para enfrentar os

desafios impostos pelo mercado (VEIGA NETO ET AL, 2014).

A fim de compreender melhor as MPEs, é necessário conhecer as características

que as distinguem das empresas de maior porte. Mesmo com a enorme variedade

de segmentos e ramos de atuação existentes, podem-se constatar algumas

características comuns às MPEs. O tipo de gestão, a forma como são tomadas as

decisões, a estrutura da empresa e o relacionamento com o ambiente externo são

principalmente centralizados na pessoa do dirigente proprietário e tem por base suas

experiências e intuições (LEONE, 1999; CHILD; HSIEH, 2013). Leone (1999)

também destaca como especificidades das MPEs a mão de obra utilizada, que é

desqualificada e mal treinada; a ausência de escala; e a relação pessoal próxima

entre todos os envolvidos com a empresa. Os recursos financeiros da empresa e

pessoais do proprietário confundem-se e as MPEs fazem investimentos em curto

prazo e dependem do retorno rápido. Assim, as MPEs são caracterizadas por

possuírem, em sua maioria, recursos escassos, e muitas vezes insuficientes.

De Almeida Moraes e Escrivão Filho (2006) ainda destacam que o nível de

formalização dos processos, a falta de estrutura hierárquica e o tratamento das

informações recebidas do mercado pelas MPEs são baixos, quando comparados às

empresas de maior porte. Essa diferenciação existe devido às dificuldades

enfrentadas principalmente pela escassez de recursos financeiros e tecnológicos. A

única especificidade das MPEs citada como um fator positivo pelos autores foi a

informalidade que, na visão dos dirigentes, pode ajudar na pronta resolução de

problemas, além de facilitar a obtenção de informação de algumas fontes.

Apesar da informalidade ser citada por De Almeida Moraes e Escrivão Filho (2006)

como fator positivo para ajudar a rápida resolução de problemas, Child e Hsieh

(2013), ao analisar a tomada de decisão em pequenas e médias empresas, alertam

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que é preciso saber diferenciar quando é melhor para os tomadores de decisão fazer

um planejamento de modo a aumentar a racionalidade em sua tomada de decisão e

quando se deve confiar apenas na sua intuição e/ou oportunismo.

Bowen, Morara e Mureithi (2009) estudaram os desafios enfrentados por 198 MPEs,

constatando que os principais desafios que as MPEs têm que enfrentar é o aumento

da concorrência, insegurança, dificuldade de obtenção de crédito e cobrança de

dívidas. Bowen, Morara e Mureithi (2009) também identificaram alguns fatores

críticos de sucesso do negócio, tais como a associação a redes de negócios e a

organizações profissionais, preços competitivos, variedade de produtos e serviços e

melhoria contínua da qualidade do serviço. De acordo com Bowen, Morara e

Mureithi (2009), cada empresa tem sua própria combinação de fatores e estratégias

para alcançar o sucesso, mas alguns fatores são importantes para todas as

empresas. Por exemplo, é importante que as MPEs tenham uma visão global - todas

as empresas ao redor de todo o mundo podem e devem interagir e compartilhar

informações, tecnologia e produtos.

Veiga Neto et al (2014) destaca que as MPEs apresentam atitudes inovadoras que

podem variar de acordo com a motivação desse comportamento. São elas: inovação

motivada pelo espírito empreendedor; inovação motivada pela atuação estratégica

da empresa; inovação apesar das dificuldades; inovação motivada pelo aumento da

rentabilidade; inovação motivada pelo ambiente externo; e inovação motivada por

pura necessidade.

A figura 1 sintetiza as fraquezas e os fatores que levam ao sucesso uma MPE. Além

de apresentar as atitudes inovadoras de uma MPE como reflexo da visão de

mercado, das necessidades ou do espírito empreendedor do empresário,

proprietário da MPE.

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FIGURA 1 – Características das Micro e pequenas empresas e condições do

mercado em que se insere

Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de Leone (1999), De Almeida Moraes e Escrivão Filho (2006),

Bowen, Morara e Mureithi (2009), Alves et al (2013), Child e Hsieh (2013), Veiga Neto et al (2014).

Dessa maneira, uma das formas das MPEs minimizarem suas fragilidades,

enfrentarem seus desafios e ganharem vantagem competitiva é a associação às

redes empresariais. Como alternativa para reduzir parte de seus problemas

estruturais, gerenciais, de escala e de comunicação com o mercado, as redes

formam-se a partir do agrupamento de MPEs, com o objetivo de serem mais fortes

em grupo do que isoladas (LAGEMANN, 2004).

Mercado

Inovação

Inovação apesar das

dificuldades, inovação por pura necessidade.

Fraquezas Recursos escassos

Tecnologia insuficiente Informalidade

Aumento da concorrência Insegurança

Fatores de sucesso Associação a redes

Associação a organizações profissionais Preços competitivos Variedade de produtos e serviços Melhoria contínua da qualidade

Micro e pequenas empresas

Proprietário

Atitudes inovadoras motivadas pelo ambiente externo

Atitudes inovadoras motivadas pelo ambiente externo

Motivada pelo espirito

empreendedor, por atuação

estratégica, ou por aumento da

rentabilidade.

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2.2 Redes empresariais

Olsen, Elvekrok e Nilsen (2012) relatam que ainda há pouco conhecimento de como

construir redes prósperas e de fatores essenciais para o sucesso das redes

empresariais e, portanto, são necessários progressos teóricos. Hoffmann e

Schlosser (2001) afirmam que há, sobretudo, uma forte necessidade de pesquisa

sobre colaboração adaptada às especificidades das MPEs.

No entanto, o fenômeno de redes já acontece de forma organizada há bastante

tempo. Desde o final do século XIX, já havia associações de varejistas em todas as

regiões da Alemanha e, em 1907, ocorreu a criação da Rede Edeka, a maior rede de

varejo de alimentos alemã (WEGNER; PADULA, 2011). Entretanto, o estudo de

redes como disciplina estratégica começou a ser realizado apenas em meados dos

anos 1980, sendo considerado novo tanto na teoria quanto na aplicação em

empresas (OSBORN; HAGEDOORN, 1997).

As empresas que formam redes não são iniciantes e disponibilizam recursos

consideráveis para responder tanto às obrigações quanto às expectativas dos

empresários participantes desse tipo de organização (PECI, 1999). Os empresários

devem dispor de tempo suficiente para cuidar da manutenção de seus negócios e

aumentar a demanda direcionada à rede. Porém, quanto maior a demanda de tempo

e de responsabilidade destinados ao gerenciamento da rede, maior a necessidade

de profissionalizar a gestão (WEGNER; PADULA 2011).

Grandori e Soda (1995) afirmaram que a associação em redes visa à redução de

custos maiores do que os custos necessários para administrar a cooperação com o

resultado obtido pela eficiência proporcionada pela união. Essa eficiência é

resultado das economias de escala, escopo, especialização e experiência

acumuladas pelas empresas.

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2.2.1 Conceitos

O comportamento cooperativo está presente em muitos casos de sucesso

corporativo (JARILLO, 1988). No entanto, cooperar e competir com parceiros

concorrentes exige um grande esforço dos envolvidos. Por isso, as redes são o

resultado de um inter-relacionamento empresarial complexo e cuidar dessas

relações vira o foco de atenção gerencial. Assim, considera-se que as relações

interempresariais são fundamentais para as empresas envolvidas, que são

interdependentes em algumas dimensões e independentes em outras.

O conceito de redes apresentado por Jarillo (1988) é um formato organizacional

usado por gestores de empresas distintas para obter uma posição competitiva mais

forte de forma coletiva. Sendo assim, a busca pela eficiência e superioridade

estratégica frente aos concorrentes externos à rede é o principal objetivo para se

sustentarem as vantagens da cooperação.

Mas a eficiência do trabalho em redes apenas é percebida pelos membros após o

alcance do propósito de sua formação, redução de custos, proporcionado por

ganhos cooperativos. Portanto, se uma empresa é capaz de reduzir custos sem a

necessidade de cooperar, ela será mais eficiente que as outras e não precisará

relacionar-se com outras para obter vantagens competitivas. Por isso, para um

relacionamento em redes ser eficiente é o custo total coletivo para uma atividade

que importa, comparado à capacidade de alcance individual de custo para a mesma

atividade (JARILLO, 1988).

Jarillo (1988) considera que a viabilidade econômica de uma rede é alcançada após

o resultado obtido pela soma das especializações de cada membro que chega ao

final do processo de forma coletiva com um custo menor do que se trabalhassem

isoladamente. Para ser economicamente mais eficiente que outros tipos de

organização, uma rede deve considerar fundamentalmente o nível de confiança

existente entre os membros, a fim de evitar atitudes oportunistas.

Apesar de demonstrar que o termo redes utilizado isoladamente representa um

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vasto campo teórico que pode variar entre diversas teorias, entre elas:

neurociências, teorias de comunicação, sociologia, psicologia social e campos

organizacionais. Grandori e Soda (1995) definiram redes empresariais como forma

organizada das atividades econômicas através de cooperação coordenada entre as

empresas.

Para Grandori e Soda (1995) as redes organizacionais possuem duas propriedades

de coordenação para equilibrar a presença do complexo relacionamento entre as

empresas membro. A primeira propriedade é a interdependência empresarial

baseada em comunicação entre os membros. A segunda propriedade está

relacionada à estrutura e aos processos que levam à cooperação, objetivando

reduzir custos, ganhar escala, especialização, experiência e escopo.

As redes são sustentadas por dez mecanismos de coordenação organizacionais que

regulam a cooperação entre as empresas (GRANDORI; SODA, 1995). Os

mecanismos de menor custo e presentes em todos os relacionamentos anteriores ou

posteriores à formação de redes estão relacionados à comunicação, negociação e

decisão. O controle social faz-se presente através de regras que preservem o

espírito de grupo. À medida que interesses coletivos devem ser preservados, surge

a necessidade de integração de funções e unidades, além de funcionários comuns

que devem estar empenhados em realizar funções operacionais demandadas pelas

empresas membro. Grandori e Soda (1995) destacaram, ainda, que a necessidade

de supervisão hierárquica, planejamento e controle, sistemas de informação,

sistemas de incentivo a cooperação, sistemas de seleção de novos parceiros para

ampliar a possibilidade de ganhos cooperativos e, por último, apoio público através

de incentivos à associação complementam os mecanismos de coordenação

empresarial.

De acordo com Castells (1999), a cooperação em redes é a única maneira que

possibilita empresas a compartilharem custos e riscos. Além das oportunidades

serem mais frequentes dentro das redes, a sobrevivência mercadológica

isoladamente é cada vez mais árdua. Assim, as redes funcionam como unidades

operacionais ao invés de as empresas individualmente realizarem esse papel. A

busca de eficiência é a principal função da existência de uma rede, que dependerá

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fundamentalmente da conectividade entre os participantes e do equilíbrio das

decisões que sejam coerentes com os interesses coletivos.

Castells (1999) afirma que o funcionamento de redes evoluiu após a revolução da

tecnologia da informação ocorrida nas últimas duas décadas do século XX. Essa

revolução tecnológica deu capacidade às redes de progredir e impulsionar a

competitividade frente a empresas maiores. No entanto, o que determina que as

empresas evoluam tecnologicamente para serem mais competitivas é a busca pelo

aumento de lucratividade e o aumento do valor da empresa. Castells (1999) destaca

quatro possibilidades para aumentar os lucros em ambiente em que os preços são

regulados pelo mercado: 1º redução de custos, incluindo redução de custos relativos

à mão de obra; 2º aumento da produção; 3º ampliação de mercado; e 4º maior giro

de capital.

Castells (1999) conceituou uma rede empresarial como a união de empresas cujo

objetivo é reduzir custos através da excelência tecnológica, possibilitada pela

conexão e interação de todos os membros pela internet e também pela excelência

administrativa alcançada coletivamente.

Para Fusco e Sacomano (2005), as redes são o resultado de um processo de

adaptação da indústria para alcançarem redução de custos através da otimização de

processos proporcionados pela união de empresas independentes com

especialidades diferentes e até similares. Assim, as empresas focavam em suas

competências essenciais e formavam parcerias com outras empresas que pudessem

complementar suas atividades de forma mais eficiente do que realizado

anteriormente. O resultado esperado dessa união era a redução de custos de

produtos e agregação de valor para o consumidor final.

Fusco e Sacomano (2005, p.117) definiram rede de empresas como: “a origem de

arranjos inter-organizacionais baseados em vínculos sistemáticos - muitas vezes de

caráter cooperativo – entre empresas formalmente independentes”. Apesar dessa

definição, Fusco e Sacomano (2005) consideram que a maior parte das redes é

regida por contratos entre as empresas, que se referem aos direitos e deveres e

também à divisão de propriedade entre os acionistas da rede.

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Conforme Fusco e Sacomano (2005), a busca constante de vantagens competitivas

em sistemas de produção levou à opção de terceirização das atividades

complementares às essenciais, por ser menos oneroso adquiri-las externamente.

Administrar todo o processo produtivo, desde a concepção da matéria prima até a

venda do produto acabado para o consumidor final de forma excelente e com baixo

custo, é o papel de uma rede empresarial eficiente.

Segundo Verschoore Filho (2006), a dificuldade de conceituar redes é relevante

devido à super exposição do termo. O termo redes é usado para explicação de

diversos fenômenos que envolvam dois ou mais agentes interligados. Por outro lado,

mais atenção foi dada por pesquisadores ao tema e mais conhecimento disseminado

sobre os possíveis benefícios de redes de empresas. Sendo assim, a percepção da

necessidade de cooperação tornou-se primordial entre as organizações. Mas como e

o quê compartilhar passaram a ser questionamentos feitos por empresas com tal

necessidade. Porém, os modelos de gestão utilizados em empresas individuais não

são suficientes para a gestão de redes empresariais, em que o processo de decisão

não precisa ser compartilhado. Dessa forma, o gerenciamento da união, passou a

ser o diferencial competitivo de empresas que buscaram êxito através da

cooperação (VERSCHOORE FILHO, 2006).

Provan e Kenis (2008) argumentam que, sem algum mecanismo de controle, seria

impossível potencializar investimentos de forma eficaz e eficiente para todas as

empresas simultaneamente. Portanto, uma forma de visar o desenvolvimento da

união implica em estimular a cooperação, definir metas coletivas e estratégias para

alcançá-las, prever situações que podem criar conflitos entre os participantes,

coordenar as atividades conjuntas, medir e divulgar os resultados alcançados. Dessa

maneira, as redes utilizam mecanismos de governança para sua gestão.

Provan e Kenis (2008) definiram redes como uma forma de governança

multiorganizacional, em que três ou mais empresas independentes concentram

esforços para buscar coletivamente melhores resultados individuais e também

coletivos. Dessa forma, entendem-se redes como uma forma de controlar ações

empresariais, através de acordo coletivo, para se atingirem, em conjunto, resultados

que não poderiam ser alcançados individualmente.

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Provan e Kenis (2008) apontam para o fato de redes não serem entidades jurídicas.

Por isso, apresentam orientações de três tipos de governança para redes, caso

ocorram variações no nível de confiança entre os membros, número de

participantes, meta coletiva e também na tarefa a ser realizada.

Embora, o consenso seja ideal para estimular o alcance de uma meta coletiva, o

conflito pode estimular inovação e gerar resultados surpreendentes. Provan e Kenis

(2008) explicam que a variação de consenso para a meta pode estimular ou

desestimular o comprometimento e o interesse de participação dos membros. Por

isso, coordenar a coletividade é muito importante para o desenvolvimento saudável

de redes.

A definição de “redes empresariais” foi objeto de diversos estudos sobre o tema por

ser focada em empresas alvo de diversos conceitos. Portanto, muitos autores

delimitaram o conceito de acordo com a abordagem de rede de sua pesquisa. Nesse

subcapítulo de conceitos e definições, foram apresentadas as conceituações de rede

de empresas no seu sentido mais amplo e, em um tópico específico, apresentar-se-

ão definições de redes de empresas de acordo com as classificações e taxonomias

encontradas na literatura.

Percebe-se que todas as definições de redes empresariais abrangem empresas

distintas que se relacionam de maneira cooperativa para alcançarem vantagens

individuais, coletivamente. De acordo com a abordagem das pesquisas de Jarillo

(1998), Castells (1999), Peci (1999), Fusco e Sacomano (2005), Verschoore e Filho

(2006), Provan e Kenis (2008), Wegner e Padula (2011), a eficiência da coletividade

é alcançada quando se é possível perceberem benefícios individuais, como a

redução de custos provenientes da união. Para sintetizar conceitos e definições

apresenta-se o quadro 3.

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Quadro 3- Conceitos de redes

Autor Conceitos e definições de redes

Jarillo (1988)

Redes são um formato organizacional usado por gestores de empresas distintas para obterem uma posição competitiva mais forte, de forma coletiva.

O comportamento cooperativo está presente em muitos casos de sucesso corporativo.

Para um relacionamento em redes ser eficiente é o custo total coletivo para uma atividade que importa, comparado à capacidade de alcance individual de custo para a mesma atividade.

A viabilidade econômica de uma rede é alcançada após o resultado obtido pela soma das especializações de cada membro que chega ao final do processo de forma coletiva com um custo menor do que se trabalhassem isoladamente.

Grandori e Soda (1995) Redes são modos de organização das atividades econômicas através de cooperação coordenada entre as empresas.

A associação em redes visa à redução de custos maiores do que os custos necessários para administrar a cooperação, com o resultado obtido pela eficiência proporcionada pela união.

Castells (1999)

Rede empresarial é a união de empresas cujo objetivo é reduzir custos através da excelência tecnológica, possibilitada pela conexão e interação de todos os membros pela internet e também pela excelência administrativa alcançada coletivamente.

Quatro possibilidades para aumentar os lucros em ambiente em que os preços são regulados pelo mercado: 1º redução de custos, incluindo redução de custos relativos à mão de obra; 2º aumento da produção; 3º ampliação de mercado; e 4º maior giro de capital.

A cooperação em redes é a única maneira que possibilita empresas a compartilharem custos e riscos.

Peci (1999) Empresas que formam redes não são iniciantes e disponibilizam recursos consideráveis para responder às obrigações e às expectativas dos empresários participantes desse tipo de organização.

Fusco e Sacomano (2005)

A origem de arranjos interorganizacionais baseados em vínculos sistemáticos - muitas vezes de caráter cooperativo – entre empresas formalmente independentes.

Redes são o resultado de um processo de adaptação da indústria para alcançarem redução de custos através da otimização de processos proporcionados pela união de empresas independentes com especialidades diferentes e até similares.

A busca constante de vantagens competitivas em sistemas de produção levou à opção de terceirização das atividades complementares às essenciais, por ser menos oneroso adquiri-las externamente.

Verschoore Filho (2006) O gerenciamento da união passou a ser o diferencial competitivo de empresas que buscaram êxito através da cooperação.

Continua

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Quadro 3- Conceitos de redes – continuação

Provan e Kenis (2008)

Redes empresarias é uma forma de governança multiorganizacional, em que três ou mais empresas independentes concentram esforços para buscar coletivamente melhores resultados individuais e também coletivos.

Sem algum mecanismo de controle, seria impossível potencializar investimentos de forma eficaz e eficiente para todas as empresas simultaneamente.

A variação de consenso para a meta pode estimular ou desestimular o comprometimento e o interesse de participação dos membros.

Redes não são entidades jurídicas.

Wegner e Padula (2011)

Quanto maior a demanda de tempo e de responsabilidade destinados para o gerenciamento da rede, maior a necessidade de profissionalizar a gestão.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Jarillo (1988), Grandori e Soda (1995) e Castells (1999) apresentaram suas

definições de rede que objetivam à redução de custos e aumentos de lucros dos

participantes. Fusco e Sacomano (2005), Verschoore Filho (2006), Provan e Kenis

(2008) e Wegner e Padula (2011) visam, em suas definições, evidenciar

principalmente os mecanismos de controle necessários para o alcance de êxito

através da cooperação.

Jarillo (1988) apresenta que o comportamento cooperativo está presente em

empresas participantes de rede que buscam alcançar uma posição competitiva mais

forte. No entanto, a viabilidade econômica só pode ser avaliada se o custo total

coletivo for menor do que a soma dos custos individuais dos participantes. Grandori

e Soda (1995) complementam que redes são uma cooperação coordenada que

objetiva reduzir custos que sejam maiores do que os necessários para administrar o

conjunto de empresas. Castells (1999) também complementa que a única

possibilidade de empresas compartilharem custos e riscos é participando de redes

empresariais, por isso objetivam reduzir custos através da excelência tecnológica de

forma coletiva e aumentar seus lucros: 1º reduzindo custos, incluindo custos

relativos à mão de obra; 2º aumentando a produção; 3º ampliando mercado; e 4º

realizando maior giro de capital. Peci (1999) afirma que empresas que formam redes

não são iniciantes e possuem recursos consideráveis para atender às obrigações

cooperativas.

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Fusco e Sacomano (2005), Verschoore Filho (2006), Provan e Kenis (2008) e

Wegner e Padula (2011), apesar de também atentarem para os custos, definem

redes principalmente quanto à forma de controle, gestão e governança necessárias

para otimizar a cooperação.

Assim, a partir da comparação entre as definições de rede propostas por Jarillo

(1998), Castells (1999), Peci (1999), Fusco e Sacomano (2005), Verschoore e Filho

(2006), Provan e Kenis (2008) e Wegner e Padula (2011), no decorrer desta

dissertação, ao ser utilizado o termo rede, entende-se rede como o relacionamento

cooperativo de empresas independentes em busca de vantagens individuais e

eficiência através de esforços coletivos.

2.2.2 Classificação das redes

As redes possuem diversas características, por isso podem ser classificadas em:

formais, informais, de longo prazo ou tempo limitado e, ainda, verticais e horizontais

(KNORRIGA; MEYER-STAMER, 1998). Para Tigre (2006), a tipologia usada para

redes verticais é hierarquizada e, para redes horizontais, não hierarquizada, sem

nenhuma modificação de características.

Knorriga e Meyer-Stamer (1998) definem como redes formais aquelas que têm uma

base legal sancionada contratualmente. Como exemplos, citam-se alianças

estratégicas, consórcios de exportação, associações empresariais. As redes

informais não possuem qualquer base contratual e existem devido aos interesses

mútuos das partes envolvidas.

Guerrini (2005) complementa que as redes classificam-se de acordo com o tipo de

formalização existente entre os membros participantes e podem ser simétricas

(igual poder de decisão entre os membros) ou assimétricas (com um agente

centralizador), citando as redes sociais, as quais não registram formalidades em

contrato. Para as redes sociais assimétricas, pode haver contratos para a

negociação de produtos e serviços, mas não para o relacionamento entre empresas.

Já, nas redes burocráticas, há formalização registrada em contrato. Nas redes

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proprietárias, os contratos referem-se ao direito de propriedade entre os acionistas

de empresas.

Tigre (2006) apresenta classificações de rede de acordo com a forma de cooperação

existente, sendo as redes hierarquizadas ou verticais, coordenadas por uma

empresa âncora que integra um conjunto de fornecedores de diferentes níveis,

articulados em uma cadeia de valor. A própria definição sugere uma posição de

liderança frente aos demais parceiros e confere ao líder poder de definir as regras e

fiscalizar a conduta dos demais parceiros. As empresas líderes de uma rede

hierarquizada podem ser grandes produtoras; grandes compradores ou

fornecedoras exclusivas de tecnologias ou insumos críticos. Tigre (2006) ilustra,

como líderes de redes hierarquizadas, empresas grandes compradoras como

Walmart, que comandam uma rede de fornecedores e a fabricante de brinquedos

Mattel, que possui a propriedade de marcas famosas, como a boneca Barbie. Como

líderes de redes hierarquizadas fornecedoras exclusivas de tecnologias ou insumos

críticos, o autor cita empresas, como Coca-Cola, que é detentora da fórmula secreta

da principal matéria prima do refrigerante mais vendido no mundo e empresas como

a Sony, a Nintendo e a Microsoft, que disponibilizam a plataforma para

desenvolvimento de jogos que devem ser comercializados apenas para os produtos

fabricados por elas.

Contraditoriamente, as redes não hierarquizadas ou horizontais são inspiradas na

aglomeração geográfica das empresas, por concentrarem oferta de mão de obra,

desenvolvimento de serviços de transporte e comercialização de produtos

específicos (TIGRE, 2006). Apenas o agrupamento de empresas em um

determinado local não configura a rede, que só passa a existir quando as

organizações assumem ações conjuntas, como a formação de consórcios,

investimentos compartilhados, compartilhamento de estruturas tecnológicas, entre

outros. Geralmente, a falta de hierarquia em redes caracteriza-se pela união de

empresas de pequeno e médio porte com especialização horizontal e vertical, além

de simultaneamente fornecerem e concorrerem entre si. Não há uma hierarquia

clara. Uma rede não hierarquizada pode ter, dentre seus objetivos, a realização de

ações conjuntas comercialmente, tecnologicamente, operacionalmente e

politicamente (TIGRE, 2006).

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Balestrin e Vargas (2002) complementam a definição de Tigre (2006), dizendo que

as redes não hierarquizadas são constituídas por empresas que se mantêm

independentes na condução de suas estratégias de mercado, na gestão de

informação e de tecnologias e em seus objetivos organizacionais. Há um processo

cooperativo que caminha em paralelo à competição entre seus membros e facilita a

liberdade de ação individual simultaneamente com as ações coletivas.

Knorringa e Meyer-Stamer (1998) demonstram ainda que algumas redes formam-se

para realizar um objetivo concreto, portanto por um período limitado de tempo, sendo

denominadas flexíveis. As outras formas são de longo prazo. Nessas condições, as

redes são formadas sem data para encerrar suas operações. Isso acontece, por

exemplo, em distritos e associações empresariais.

Para Porter (1989), são três os possíveis tipos de inter-relações existentes entre

empresas: inter-relações tangíveis, inter-relações intangíveis e inter-relações

concorrentes. Todas as formas de inter relacionamento, de maneira isolada, podem

ter impactos importantes para as empresas, mas não são mutuamente exclusivas.

As inter-relações tangíveis surgem a partir de oportunidades de compartilhamento

de quaisquer atividades de valor entre empresas. Essas atividades de valor são

divididas em cinco categorias: produção, mercado, aquisição, tecnologia e

infraestrutura. As inter-relações intangíveis surgem de estratégias semelhantes,

mesmo tipo de comprador, atividades de valor similares, assim como a configuração

da cadeia de valor. Esse tipo de inter-relação resulta em transferência de

conhecimento, para que seja possível tornar uma empresa semelhante mais

competitiva. E as inter-relações concorrentes ocorrem quando as empresas são

concorrentes em uma ou mais unidades de negócios. Como Porter (1989) afirmou,

mais de um tipo de inter-relação podem impactar simultaneamente empresas que se

relacionam.

De forma complementar, Guerrini (2005) apresenta características quanto ao tipo de

estrutura apresentado quanto às fronteiras organizacionais em redes. Os tipos de

estrutura podem ser modular, em que a organização mantém as atividades

essenciais da cadeia de valor e terceiriza as atividades de suporte, exercendo

controle sobre elas. Pode ser também estrutura virtual, que une redes de

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fornecedores, clientes e concorrentes temporariamente para a redução de custos e o

acesso a mercados. E ainda a estrutura livre de barreiras, com definições menos

rígidas de funções e tarefas.

2.2.3 Fatores que influenciam na associação e no desenvolvimento de redes

Pelas mais diversas razões, as empresas estabelecem relacionamentos

interorganizacionais. Segundo Oliver (1990), relacionamentos interorganizacionais

são transações relativamente duradouras que ocorrem entre duas ou mais

empresas. A análise dos motivos e condições que estabelecem relacionamentos

organizacionais ajuda a definir sobre a prosperidade ou não desse relacionamento.

As organizações iniciam essas relações conscientemente por razões específicas,

sendo que as condições do ambiente e suas limitações influenciam as suas

escolhas, de forma que alcancem competências complementares no relacionamento

desenvolvido. Oliver (1990) apresentou seis fatores como potencialmente

generalizáveis, pelos quais acontece a formação de relacionamento e chamou-os de

contingências críticas. De acordo com o autor, as contingências críticas são:

necessidade, assimetria, reciprocidade, eficiência, estabilidade e legitimidade.

A interação das contingências apresentadas por Oliver (1990) fica evidente quanto à

formação de uma rede empresarial, as empresas participantes aumentam o poder

de mercado e também as barreiras de entrada, apresentando-se assim o fator da

assimetria proporcionado pelo relacionamento. A reciprocidade pode acontecer nas

sinergias proporcionadas pelo compartilhamento de informações e tecnologias. A

eficiência está presente, quando ocorrem aumentos de escala, assim como quando

há redução de riscos propiciada pelo relacionamento interorganizacional, gerando a

estabilidade. E, por fim, quando o reconhecimento acontece no ambiente de

inserção empresarial, a legitimidade da interação estará estabelecida.

Isoladamente, as contingências críticas apresentadas não determinam uma causa

suficiente para a formação de uma aliança. Logo a decisão de iniciar a relação com

outras empresas é comumente baseada em múltiplas contingências

simultaneamente. Segundo Oliver (1990), as empresas estão mais dispostas a se

relacionarem com outras organizações, quando existe a escassez de recursos, ou

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quando há a incapacidade de produzir os recursos necessários por parte das

mesmas. Nessas condições, algumas contingências facilitam a criação do

relacionamento, começando pela assimetria individual caracterizada pelo baixo

potencial competitivo. A reciprocidade apresenta-se na ocorrência de negociações

em que prevalece o equilíbrio de vantagens aos envolvidos. O baixo custo esperado,

nas relações interorganizacionais, comparado ao obtido pelo mercado demonstra a

eficiência, reduz-se, assim, o risco das atividades desenvolvidas pela estabilidade

criada. E a legitimidade será percebida pelo acolhimento gerado pelo ambiente.

Os impactos da globalização, a disputa do mercado por novos participantes, a

introdução de novas exigências governamentais, a mecanização de rotinas

operacionais e a falta de informação alcançam cada dia mais empresas no Brasil e

no mundo. Líderes de mercados nacionais ou mundiais tentam englobar parte do

mercado, centralizá-lo e aumentar a rentabilidade de seus negócios. Por outro lado,

pequenas empresas, com a intenção de se protegerem, unem forças e enfrentam

grandes desafios para traçar objetivos comuns, formando redes empresariais.

Segundo Peci (1999) vários fatores influenciam a emergência dessas novas formas

organizacionais, entre os quais é possível destacar: “as mudanças ambientais, as

limitações da organização integrada verticalmente e da pequena empresa isolada e

as características da tarefa”. Portanto, as redes organizacionais baseiam-se em

cooperação e demandam uma drástica mudança no comportamento gerencial.

Para Todeva e Knoke (2005), muitos são os motivos para que empresas entrem em

um relacionamento interorganizacional. A decisão de cooperar acontece

principalmente quando as empresas individualmente não são capazes de

alcançarem seus objetivos de forma isolada, em tempo necessário para evoluírem

sozinhas. Os autores apresentam a cooperação entre empresas como uma ação

estratégica que pretende alcançar benefícios futuros para todos os envolvidos na

parceria em quatro níveis distintos: organizacional, econômico, estratégico e político.

No nível organizacional, as empresas buscam adquirir vantagens e capacidade

técnica para alcançar melhores resultados do que agindo de forma isolada, através

da aquisição de meios de produção, aprendizagem do conhecimento tácito do

parceiro, reestruturação da própria empresa, melhoria de desempenho

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proporcionada pela cooperação, complementariedade de produtos e serviços

ofertados ao mercado, legitimação da empresa frente ao mercado amparada pela

coletividade, além de melhoria na relação com fornecedores que resulta em

condições de fornecimento diferenciadas e ainda melhor adaptação aos ajustes

ambientais. No nível econômico, a intenção de cooperar, segundo Todeva e Knoke

(2005), é baseada na possibilidade de ampliar mercados, criar escala para

economizar e partilhar custos, reduzir riscos e ainda se coespecializar em alguma

atividade específica. No nível estratégico, a participação em um grupo colaborativo

pode significar o alcance da integração vertical, acesso a novas tecnologias,

cooperação dos concorrentes, sinergia, proporcionando vantagens competitivas

frente aos não participantes, diversificação para novos negócios, além de seguir

tendências do setor. E, no nível político, a força proporcionada pela união de várias

empresas pode resultar no desenvolvimento de normas técnicas e na superação de

barreiras legais e regulatórias. O quadro 4 apresenta um resumo dos fatores

apontados por Todeva e Knoke (2005) para a participação das empresas em redes.

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QUADRO 4 – Fatores para entrar em uma rede empresarial

1 Ampliação de mercado

2 Aquisição de meios de distribuição

3 Acesso a novas tecnologias

4 Aprendizagem do conhecimento tácito do parceiro.

5 Economia de escala.

6 Diversificação para novos negócios

7 Reestruturação

8 Melhoria de desempenho

9 Partilha de custos

10 Sinergia

11 Redução e diversificação de riscos

12 Desenvolvimento de normas técnicas

13 Alcance de vantagens competitivas

14 Cooperação dos concorrentes

15 Complementariedade de produtos e serviços para os mercados

16 Coespecialização

17 Superação de barreiras legais e regulatórias

18 Legitimação

19 Tendências do setor

20 Melhoria das relações de fornecimento

21 Ajuste às mudanças ambientais

22 Alcance da integração vertical Fonte: Todeva e Knoke (2005), traduzido pelo autor.

Crescimento, profissionalização, troca de informações, aumento da competitividade

e lucratividade são oportunidades que podem ser proporcionadas a um membro de

redes empresariais. Aproveitar essas alternativas, quebrar paradigmas,

proporcionando vantagens aos antigos concorrentes que se tornaram parceiros para

enfrentar os desafios corporativos são pontos que podem parecer contraditórios para

os gestores de pequenas empresas (PACAGNAN, 2006).

Mesmo dispostos a enfrentar os desafios da mudança de perspectiva em relação

aos antigos concorrentes e tê-los como parceiros, outros fatores são fundamentais

para alcançar melhores resultados coletivamente. Ameaças encontradas

individualmente por gestores empresariais, o histórico empresarial, o relacionamento

dos gestores, a distância entre as empresas, as políticas comerciais utilizadas e a

visão empresarial individual são exemplos de fatores que são observados para a

criação de organização coletiva. Uma rede tem por objetivo o crescimento coletivo

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de todas as empresas associadas e a manutenção da participação de mercado

(MAZZAROL; LIMNIOS; REBOUD 2013).

De acordo com Castells (1999), as redes surgem devido a crises de lucratividade

que as empresas enfrentam e a fórmula para o sucesso da união é a soma da

excelência tecnológica e administrativa com custos mais baixos que a concorrência.

Segundo essa afirmação, o momento crítico para as empresas dispostas a formar

redes é a organização inicial, dificultada pela escassez de recursos financeiros para

o investimento inicial e pela necessidade de retorno em curto prazo apresentado

pelas empresas envolvidas com a união. No entanto, a excelência em uma

associação pode ser vista apenas após o alcance de uma estrutura eficiente que

reduz custos de transação e aumenta a eficiência econômica das empresas

associadas, permitindo o aumento da lucratividade.

Cada membro efetivo de uma rede empresarial envolve-se na formação,

inicialmente, para concretizar a aliança com os demais membros. Vale, Amâncio e

Lima (2006) apontam que relações de confiança facilitam a coordenação e a

cooperação, tornando possível a ação coletiva, de natureza voluntária, para

benefício mútuo no interior dos grupos e das organizações. Tal constatação suscita

que os associados a redes empresariais buscam benefícios para todos os membros,

não sendo remunerados pela rede. Os ganhos dos empresários membros de redes

são unicamente provenientes de suas empresas, que se associaram com objetivo de

aumentar a lucratividade e ampliar seus conhecimentos.

Vários fatores foram apresentados como motivadores para a criação de uma rede

empresarial. Mas apenas bons motivos não são capazes de gerar resultados

positivos a todos os membros envolvidos em um agrupamento interorganizacional.

Para síntese dos conceitos relatados, apresenta-se o quadro 5, que se propõe a

sintetizar os pensamentos dos autores citados.

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QUADRO 5 – Fatores para associação em redes

Autor Fatores motivadores do relacionamento entre empresas

Oliver (1990) A formação de relacionamento entre as empresas acontece por

uma ou pela interação das contingências de críticas que são:

necessidade, assimetria, reciprocidade, eficiência, estabilidade e

legitimidade.

Peci (1999) As mudanças ambientais, as limitações da organização

integrada verticalmente e da pequena empresa isolada e as

características da tarefa influenciam a constituição de novas

formas organizacionais.

Castells (1999) As crises de lucratividade que as empresas enfrentam é um fator

determinante para o surgimento de redes.

Todeva e Knoke (2005) Quando as organizações procuram novas eficiências e

vantagens competitivas a fim de evitar as incertezas do mercado

várias formações interorganizacionais podem surgir.

Pacagnan (2006) Uma forma de permanência no mercado para pequenas

empresas é através da união cooperativa entre empresas

concorrentes ou não, que também percebem incerteza do setor.

Vale, Amâncio e Lima

(2006)

A ação coletiva, de natureza voluntária para benefício mútuo é

facilitada quando há a presença de confiança, o que facilita a

coordenação e a cooperação.

Mazzarol, Limnios e

Reboud (2013)

Ameaças encontradas individualmente por gestores

empresariais são exemplos de fatores motivadores para a

criação de uma nova organização, que tem por objetivo o

crescimento coletivo de todas as empresas associadas e a

manutenção da participação de mercado.

Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de Oliver (1990), Peci (1999), Todeva e Knoke (2005),

Pacagnan (2006), Vale, Amâncio e Lima (2006) e Mazzarol, Limnios e Reboud (2013).

Como vários motivos foram apresentados para a formação de redes empresariais,

as vantagens proporcionadas pela união após o desenvolvimento e trabalho em

conjunto também devem ser conhecidas. Verschoore Filho (2006) destaca que o fato

de ocorrer cooperação em redes é resultado de ganhos coletivos para todos os

envolvidos, caso contrário não haveria estímulo para cooperação. No entanto, o

autor apresenta que o tempo de atuação de uma rede e o seu tamanho afetam os

benefícios que podem ser alcançados por parte dos membros da associação.

Ganhos de Escala e de poder de Mercado, provisão de soluções, aprendizagem e

inovação dependem do número de associados e o grau de envolvimento de cada um

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e podem ser ampliados à medida que esse número cresce, o que significa mais

força frente a fornecedores, representatividade para o mercado, mais pensadores

envolvidos em uma mesma causa, além de uma maior cobertura de território das

empresas participantes . Contrariamente a esse argumento, à medida que o número

de associados cresce, as relações sociais entre os membros tendem a reduzir,

nesse caso, destacam-se a falta de tempo e a proximidade para interação entre os

membros (VERSCHOORE FILHO, 2006).

As empresas em rede complementam-se umas às outras tecnicamente e

comercialmente. A constituição em rede pode também traduzir-se, por exemplo, pela

criação de uma central de compras comum e exclusiva às empresas da rede. Trata-

se de uma estrutura adaptada às pequenas e médias empresas, para as quais esse

tipo de associação é uma maneira de concretizar o lema “a união faz a força” e,

nesse caso, conseguir um dos benefícios mais visíveis da associação, custos mais

baixos de negociação para a aquisição de mercadorias (LAGEMANN, 2004).

Balestrin, Vargas e Fayard (2005) reforçam que a lógica da atuação em rede surgiu

a partir da consciência da necessidade de atuação conjunta e da cooperação entre

as MPEs. As redes existiam como agrupamentos de empresas que se reuniam para

tentar obter vantagens comerciais, como melhores preços junto a fornecedores, mais

acesso à pesquisa e desenvolvimento, acesso à tecnologia e menores custos em

atividades que envolviam risco. Balestrin, Vargas e Fayard (2005) também afirmam

que situações de interação entre empresários membros de redes, que compartilham

informações, emoções, e know-how, por meio de comunicação face a face,

proporcionam vantagens competitivas de longo prazo aos participantes.

De forma complementar, Mazzarol, Limnios e Reboud (2013) observam que uma

oportunidade de reduzir substancialmente o nível de incerteza do ambiente externo

e fortalecer pequenas empresas é a adesão a uma rede. A associação proporciona

acesso a recursos que poderão melhorar o desenvolvimento organizacional

individual e coletivo. O nível de cooperação, o tipo de governança e as relações de

oferta e demanda dos associados define a capacidade de crescimento e de uma

possível estabilidade ao longo do tempo. De forma antagônica, a ampliação dos

negócios de grandes empresas e a facilidade de acesso a produtos e serviços,

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através do mundo virtual, limita a capacidade de geração de lucros para comércios

varejistas de micro e pequeno porte. Assim, as margens de contribuição das vendas

das MPEs diminuem, e para continuar a atender as expectativas do mercado, as

MPEs elevam seus custos. Com a lucratividade reduzida, as expectativas de

desenvolvimento diminuem e incertezas quanto ao futuro do negócio ficam mais

evidentes. A união fortalece e aumenta a capacidade de enfrentamento de

concorrentes de grande porte por parte das empresas de menor tamanho.

Para assegurar as empresas uma posição sustentável em longo prazo, os

empresários devem superar a tradicional visão individualista e direcionar seus

esforços para ganhos coletivos, reforçando assim o relacionamento existente entre

as empresas. Marchi et al. (2012) observam que a estratégia de redes pode ir além

das centrais de compra, havendo outras possibilidades que, melhor exploradas,

oferecem mais vantagens a serem percebidas e alcançadas. Em suas pesquisas, os

autores identificaram que os empresários participantes de redes percebem como

benefício da associação a ampliação de acesso a fornecedores por meio da central

de compras, bem como melhores condições de compra. Mais benefícios podem ser

alcançados para redes empresariais horizontais, como, por exemplo, citam-se os

ganhos relacionados à relação com os clientes. Publicidade e propaganda conjunta

e também o uso de uma marca compartilhada. Outras vantagens relacionadas ao

ganho de escala podem ser proporcionadas até aos prestadores de serviços

terceirizados, que podem se especializar em atender redes e suas empresas, já que

os serviços demandados são semelhantes. Cita-se a compra de equipamentos de

tecnologia e a contratação de serviços contábeis, jurídicos, consultoria, o

compartilhamento do custo de estoque para alguns produtos e ainda mais opções de

pagamento ao consumidor.

Marchi et al. (2012) destacam também que o compartilhamento de custos e as

vantagens obtidas pela melhores condições de aquisição podem ser momentâneas

e de curto prazo, já que a percepção de ganhos em relação às condições anteriores

oferecidas individualmente por fornecedores acontece apenas da primeira vez em

que a negociação é feita em conjunto. Os autores apontam que, para uma rede

perceber mais benefícios, a criação de valor deve ser bem planejada e refletir no

aumento das margens de lucro.

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Outros benefícios podem ser compartilhados por membros de redes organizacionais,

como exemplo Villela e Pinto (2009, p.1075 apud VILLELA, 2005) afirmam que “o fim

do isolacionismo das organizações e a quebra de paradigma da administração

clássica sobre as hierarquias organizacionais” é uma das vantagens de uma

empresa se associar a outra ou outras. Assim, as empresas passam a se relacionar

para aprimorar sua gestão e outros pontos relacionados à estrutura da organização

De acordo com Rodrigues et al. (2009), quanto maior a abrangência das redes,

quanto maior o número de associados e quanto maior o desenvolvimento percebido

resultante da união, maior a possibilidade de ganhos a serem obtidos. Os ganhos

das redes podem ir além de ganhos financeiros, abrangendo também troca de

informações estratégicas e de conhecimentos nesses tipos de organizações. Quanto

maior a expressão da rede diante do seu mercado de atuação, mais benefícios

surgirão em relação a ganhos financeiros e também em troca de conhecimentos e

experiências por parte dos membros integrantes da associação de cooperação.

O quadro 6 apresenta uma síntese das vantagens proporcionadas pelas redes

empresariais, de acordo com Lagemann (2004), Balestrin, Vargas e Fayard (2005),

Verschoore Filho (2006), Rodrigues et al. (2009), Marchi et al. (2012) e Mazzarol,

Limnios e Reboud (2013):

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Quadro 6 – Vantagens proporcionadas por redes empresariais

Autor Vantagens proporcionadas por redes empresariais

Lagemann (2004) Um dos benefícios mais visíveis da associação como custos mais

baixos na aquisição de mercadorias é muitas vezes fruto da criação

de uma central de compras comum e exclusiva às empresas da rede.

Balestrin, Vargas e Fayard

(2005)

Situações de interação entre empresários membros de redes, que

ocorrem pelo compartilhamento de informações, emoções e know-

how, por meio de comunicação face a face proporcionam vantagens

competitivas de longo prazo aos participantes.

Verschoore Filho (2006) O tempo de atuação de uma rede e o seu tamanho afetam os

benefícios que podem ser alcançados por parte dos membros da

associação. Exemplos são ganhos de escala

e de poder de Mercado, provisão de soluções, aprendizagem,

inovação e a percepção de redução de riscos.

Rodrigues et al. (2009) Quanto maior a abrangência das redes, quanto maior o número de

associados e quanto maior o desenvolvimento percebido resultante

da união, maior a possibilidade de ganhos a serem obtidos.

Marchi et al. (2012) Melhores condições de compra, porém momentâneas e de curto

prazo. Publicidade e propaganda conjunta e também o uso de uma

marca compartilhada. Outras vantagens relacionadas ao ganho de

escala podem ser proporcionadas até aos prestadores de serviços

terceirizados, que podem se especializar em atender redes e suas

empresas, já que os serviços demandados são semelhantes.

Mazzarol, Limnios e Reboud

(2013)

O nível de cooperação, o tipo de governança e as relações de oferta

e demanda dos associados definem a capacidade de crescimento e

de uma possível estabilidade ao longo do tempo

Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de Lagemann (2004); Balestrin, Vargas e Fayard (2005);

Verschoore Filho (2006); Rodrigues et al. (2009); Marchi et al. (2012); Mazzarol, Limnios e Reboud

(2013).

2.2.4 Fases para a Criação de uma aliança estratégica em rede e fatores de

sucesso

Para Knorringa e Meyer-Stamer (1998), três características estão presentes na

cooperação entre as empresas, sendo elas a troca de informação e aprendizagem

conjunta, a ação coletiva e a relação contratual. Esse conjunto de características,

adicionado a vários outros fatores, pode formar uma rede empresarial de sucesso.

Hoffman e Schlosser (2001) identificaram doze fatores essenciais para o sucesso

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de redes, são eles: evidência do potencial de criação de valor em conjunto; acordo

com objetivos claros e realistas; apoio da alta gestão; colaboração em pontos fortes

específicos; definição dos direitos e deveres; contribuições complementares de

todos os parceiros; construção da confiança baseada em relacionamentos;

derivação dos objetivos da aliança da estratégia de negócios; rescisão da parceria

somente após a aprovação de todos os parceiros; avaliação contínua do

desempenho da aliança; acordo de valores e convicções fundamentais e

manutenção e proteção das principais competências individuais.

Por isso, o principal esforço para o desenvolvimento de parcerias sustentáveis

baseadas em cooperação e colaboração deve estar na configuração escolhida e nas

condições favoráveis a todos os participantes desde o início. Se houver condições

desfavoráveis para algum membro, toda dedicação em criar colaboração estará em

risco. De acordo com Hoffman e Schlosser (2001), a criação de uma aliança

estratégica passa por cinco fases. A primeira fase envolve a análise sobre a decisão

da empresa de participação na aliança, que contempla compreender em quais

aspectos a organização irá cooperar, quais recursos dos parceiros complementarão

suas capacidades e como a participação de uma rede poderá impactar o seu

negócio em particular. A segunda fase contempla a seleção dos parceiros,

baseando-se nas relações de confiança estabelecidas, na possibilidade de criação

de sinergias. Dessa forma, as empresas, que pretendem se associar, deverão

possuir estratégias e valores similares para que acordos possam ser concretizados.

A terceira fase envolve o projeto da parceria estratégica e define direitos e deveres,

assim como qual será a contribuição de cada empresa associada. Destaca-se a

criação de valor conjunto, assim como se mantêm e se protegem as competências

essenciais das partes envolvidas. A fim de se evitarem atitudes oportunistas,

acordos unilaterais para a criação de confiança são importantes, além do

planejamento de um cronograma para implementação da parceria. A quarta fase

contempla as definições da fase de projetos e administração da parceria. Nessa

fase, é muito importante que os recursos necessários para implementação e gestão

da parceria estejam definidos, como sistemas de informação e comunicação.

Medidas necessárias para evitar transferências de conhecimento devem ser

tomadas e a capacidade de aprendizagem ampliada, porém de forma transparente,

deve ser previamente comunicada ao parceiro. Nessa etapa, é primordial que a

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gestão do topo apoie a união e que as empresas tenham habilidade para agir

rapidamente após as decisões compartilhadas. E finalmente, medir e avaliar

continuamente os resultados coletivos. A quinta fase deve prever como e em quais

circunstâncias ocorrerá a rescisão da parceria.

Hoffmann e Schlosser (2001), em seus estudos, identificaram os fatores críticos de

sucesso de alianças estratégicas em pequenas e médias empresas e classificaram-

nos em ordem de importância, de acordo com a avaliação de PMES, desde a

seleção dos membros até a fase de término das alianças. Os autores ressaltam o

fato de que o valor total de uma aliança só pode ser desenvolvido durante a sua

evolução.

O quadro 7 apresenta a relevância dos fatores críticos de sucesso de alianças

estratégicas de redes de MPEs, assim como a ordem de importância de cada fator

de acordo com pesquisas realizadas (HOFFMANN; SCHLOSSER 2001). A maioria

dos fatores críticos de sucesso deve ser considerado desde a fase inicial da

evolução de uma aliança, ou seja, a análise e seleção dos parceiros, projeto de

desenvolvimento, implantação até a possibilidade de término da parceria. Devem ser

definidas regras claras para que ocorram condições de cooperação eficientes e

eficazes para que todo o processo funcione.

O quadro 7 destaca ainda que, para as MPEs da pesquisa de Hoffmann e Schlosser

(2001), as duas variáveis mais importantes referem-se à fase do projeto da parceria.

Das oito variáveis mais importantes destacadas pelos autores, seis podem ser

consideradas orientadas para o conteúdo da parceria, em outras palavras, seis dos

oito fatores de sucesso em redes de micro e pequenas empresas dependem da

elaboração e do planejamento da formação que devem estar presentes ou no

conteúdo das fases de projeto, implementação, análise e seleção dos parceiros. Por

outro lado, quase metade das medidas avaliadas como muito importante relacionam-

se a variáveis orientadas para o processo (por exemplo, "Acordo de objetivos claros

e realistas" e "Derivando objetivos da aliança de estratégia de negócios"). O que

significa que não existe sucesso em redes empresariais, se as empresas não

realizarem o processo planejado. Hoffmann e Schlosser (2001) afirmam que a teoria

é capaz de transferir apenas conhecimento explícito, mas que uma organização

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apenas desenvolverá o conhecimento necessário de como formar e gerenciar

alianças, formando e gerenciando.

QUADRO 7 Importância dos fatores de sucesso em redes de MPES, tal como

avaliado pelas MPEs

Número Fator de Sucesso Fase Tipo

1 Evidência do potencial de criação de valor em conjunto Projeto Conteúdo

2 Acordo com objetivos claros e realistas Projeto Processo 3 Apoio da alta gestão Implementação Conteúdo 4 Colaboração em pontos fortes específicos Análise Conteúdo 5 Definição dos direitos e deveres Projeto Conteúdo 6 Contribuições complementares de todos os parceiros Seleção Conteúdo

7 Construção de confiança baseada em relacionamentos Seleção Conteúdo

8 Derivação dos objetivos da aliança da estratégia de negócios Análise Processo

9 Rescisão somente após aprovação de todos os parceiros Rescisão Processo

10 Avaliação contínua do desempenho da aliança Implementação Processo 11 Acordo de valores e convicções fundamentais Seleção Processo 12 Manutenção e proteção das principais competências Projeto Conteúdo

Fonte: Hoffmann e Schlosser (2001), traduzido pelo autor.

Após o entendimento da necessidade de cooperar com outras empresas e a

importância dos fatores críticos de sucesso de alianças estratégicas desde a

formação até a rescisão da parceria, várias vantagens decorrentes da associação

podem gerar benefícios duradouros a todos os envolvidos em uma rede empresarial.

2.2.5 Desvantagens da associação em redes empresariais

Apesar de as vantagens da cooperação em rede serem facilmente percebidas e

analisadas na teoria, na prática, Knorringa e Meyer-Stamer (1998) encontraram, em

sua pesquisa, quatro razões pelas quais os empresários ainda preferem permanecer

isolados. A primeira é que alguns empresários consideram empresas do mesmo

setor como concorrentes e não querem se comunicar com elas, a fim de evitar

revelar segredos comerciais. A segunda razão é que as condições

macroeconômicas podem desencorajar a cooperação interfirmas. Terceiro,

coordenar a cooperação envolve tempo para preparação e participação de reuniões

e administração de conflitos. Por isso, é preciso maior esforço para diminuir os

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custos de transação. E, finalmente, se houver ocorrências de comportamento

predatório no mercado, uma cultura empresarial, que se caracteriza pelo isolamento

e baixa confiança, surge, o que pode ser interpretado como instinto de defesa.

Sendo assim, a necessidade de um gestor profissional para atender as formalidades

necessárias ao desenvolvimento do negócio e inibir atitudes oportunistas faz com

que os custos de operação subam e as vantagens da associação também sejam

mais difíceis de serem percebidas. Olsen, Elvekrok e Nilsen (2012 apud FULOP,

2000) afirmam que, quando as redes são altamente formalizadas, elas parecem

limitar a vantagem de participação. As redes formais criadas por contratos englobam

algumas redes de empresas de micro e pequeno porte que organizam suas

atividades por meio de regimentos internos e estatutos de compromissos com a

associação.

Além disso, Tálamo e Carvalho (2004) destacam que, à medida que as interações

acontecem e uma empresa líder se destaca e passa a exercer considerável

influência nas estratégias das outras empresas, o desempenho de toda a

organização coletiva pode ser comprometido e as ações conjuntas de cooperação

inibidas. Tal fato pode afetar o desenvolvimento da rede e promover o

distanciamento de membros importantes para o grupo.

Mesmo em busca de cooperar e obter cooperação em algumas áreas, isto não

significa que as empresas associadas às redes não concorram entre si e que não

existam atitudes oportunistas dentro dessas organizações (TIGRE, 2006). Sendo

assim, é necessário coordenar e controlar a cooperação.

Como as empresas membro não são acostumadas a trabalhar em grupo, existe o

risco de as ações de uma passarem despercebidas por outra. O gerenciamento

dessas redes é bastante diferente do tipo de gestão a que os diretores de micro e

pequenas empresas estão acostumados. A decisão compartilhada, por exemplo, é

um dos fatores que difere da rotina dos membros de redes. Dependendo do

tamanho e do número de membros associados, uma rede pode precisar de uma

equipe maior para administrar solicitações dos próprios membros e também atender

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às expectativas e obrigações externas, o que aumenta ainda mais o custo da gestão

da empresa comum (THORGEN; WINCENT; ÖRTQVIST, 2009).

Apesar de organizadas em rede, as empresas continuam disputando mercados e

buscando alcançar interesses individuais. Outra desvantagem quanto à capacidade

de evolução da aliança formada por micro e pequenos empresários é que os

associados dispõem de pouco tempo para gerir o negócio comum, limitando assim o

desenvolvimento da rede empresarial (OLSEN; ELVERKROK; NIELSEN, 2012).

Mazzarol, Limnios e Reboud (2013) observam que um fator a ser considerado na

formação de redes horizontais é a possibilidade de os participantes serem

concorrentes, o que limita a participação e a cooperação. Tanto a proximidade

geográfica da empresa sócia quanto a rivalidade pré-existente à formação da rede

pode causar situações de constrangimento aos associados que não querem revelar

seus segredos particulares em favor da troca de experiência e construção de

conhecimento.

Pelos mais diversos motivos algumas organizações preferem permanecer isoladas a

relacionarem-se de forma cooperativa. A fim de organizar as citações dessa seção e

facilitar o entendimento, criou-se o quadro 8 que apresenta a síntese das

desvantagens da associação em redes empresariais a partir das considerações de

Knorringa e Meyer-Stamer (1998), Fulop (2000), Tálamo e Carvalho (2004), Tigre

(2006), Thorgen, Wincent, e Örtqvist (2009), Olsen, Elverkrok e Nielsen (2012) e

Mazzarol, Limnios e Reboud (2013).

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QUADRO 8 – As desvantagens da associação em redes empresariais

Autor Desvantagens da associação em redes empresariais

Knorringa e

Meyer-Stamer

(1998)

Alguns empresários consideram empresas do mesmo setor como concorrentes

e temem revelar segredos comerciais.

As condições macroeconômicas podem desencorajar a cooperação interfirmas.

É preciso grande esforço para diminuir os custos de transação.

Quando há ocorrências de comportamento predatório no mercado, uma cultura

empresarial, que se caracteriza pelo isolamento e baixa confiança, surge.

Fulop (2000) Quando as redes são altamente formalizadas, elas parecem limitar a vantagem

de participação.

Tálamo e

Carvalho (2004)

Quando as assimetrias ficam evidentes, surgem empresas que influenciam

todas as outras e isso pode inibir ações de cooperação coletiva.

Tigre (2006)

Empresas associadas às redes podem concorrer entre si e por isso atitudes

oportunistas podem ocorrer dentro dessas organizações.

Thorgen,

Wincent, e

Örtqvist (2009)

O gerenciamento dessas redes é bastante diferente do tipo de gestão a que os

diretores de micro e pequenas empresas estão acostumados. Quanto maior o

número de associados, mais onerosa a estrutura necessária para a gestão.

Olsen, Elverkrok

e Nielsen (2012)

Os empresários de micro e pequenas empresas dispõem de pouco tempo para a

gestão do negócio comum.

Mazzarol,

Limnios e

Reboud (2013)

A possibilidade de os participantes serem concorrentes limita a participação e a

cooperação. Tal fato pode afetar o desempenho de toda a organização e

promover o distanciamento de membros importantes para o grupo.

Fonte: Elaborado pelo autor a partir de Knorringa e Meyer-Stamer (1998), Fulop (2000), Tálamo e

Carvalho (2004), Tigre (2006), Thorgen, Wincent, e Örtqvist (2009), Olsen, Elverkrok e Nielsen (2012)

e Mazzarol, Limnios e Reboud (2013).

2.3 Redes empresariais formais

O processo de consolidação de redes acontece entre empresas geralmente

inseguras do resultado da união, que se arriscam para perceber o que poderá

ocorrer. Por esse motivo, um fator determinante para a gestão de redes é a definição

de direitos e deveres, bem como a definição do papel de cada integrante,

formalizados em contrato. Assim, reduz-se a desconfiança inicial dos membros

envolvidos. Segundo Guerrini (2005), a maior parte das formas organizacionais são

redes burocráticas, caracterizadas por formalização contratual de cooperação. Há

várias terminologias possíveis de serem usadas para definir tipos de redes

empresariais formais. De forma comparativa, cada forma organizacional será

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caracterizada pelo tipo de simetria entre os membros, a direção de comando, a

flexibilidade temporal, o tipo de estrutura, a inter-relação e as ligações entre as

empresas (TÁLAMO, 2008). O objetivo das redes é maximizar a competitividade e

rentabilidade das empresas (LAMBERT; COOPER; PAGH, 1998).

Na tentativa de reunir a flexibilidade e a agilidade das empresas de menor porte com

a escala e o poder das grandes organizações, várias taxonomias das formas

organizacionais e classificações surgiram ao longo do tempo (VERSCHOORE

FILHO, 2006). Guerrini (2005) caracterizou como redes formais: Joint ventures,

alianças estratégicas, consórcios, redes virtuais, holding, franquias, redes dinâmicas

e flexíveis, redes de valor agregado, empresa estendida, cadeias de suprimentos,

redes de empresas (cadeias de suprimentos), redes de organizações (cadeias de

suprimentos), outsourcing, terceirização, subcontratação, unidade virtual de negócio,

logística integrada, consórcio modular, condomínio industrial e redes de cooperação

entre empresas. A seguir, apresentar-se-á cada taxonomia, bem como seus

elementos morfológicos e detalhes característicos de cada forma organizacional

burocratizada de redes.

A Joint venture é formada por participantes da mesma posição da cadeia de

suprimentos (horizontal), que se mantêm autônomas quanto à gestão de seus

negócios (modular), porém trabalham em sintonia para estabelecer uma complexa

cadeia produtiva com fornecedores. As empresas membro de joint ventures

formalizam acordos simétricos através de instrumentos legais e de longo prazo. As

empresas concorrem em uma ou mais unidades de negócios (inter-relação

concorrente). A produção é conjunta e ocorre a transferência de tecnologia e

conhecimento técnico (KARLSSON, 2003).

A aliança estratégica são redes formadas por empresas de grande porte e do

mesmo setor (horizontal), que mantêm estruturas separadas e focam nas

competências essenciais e complementares dos parceiros (vertical). Essa

associação de cooperação objetiva complementar as capacidades e vantagens

competitivas das organizações membro, reduzindo custos e compartilhando

conhecimentos tecnológicos e técnicos (virtual), aceleram o desenvolvimento de

novos projetos e diminuem riscos (intangível). Evitando, assim, as incertezas de

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mercado e a rigidez hierárquica. Mesmo assim, os acordos não excluem a

concorrência preexistente na maioria dos campos de atuação empresarial. Os

contratos são de longo prazo e simétricos, pois todos os envolvidos têm o mesmo

poder de decisão (TODEVA; KNOKE 2005).

Para Guerrini (2005), consórcio é uma rede entre empresas de grande porte,

coordenadas por uma empresa líder (assimétrica), com competências

complementares e que atuam em ramos de atividades distintos. Estabelecido para o

atendimento de uma oportunidade específica de negócio no Mercado (flexível), o

consórcio é capaz de unir fornecedores, concorrentes e até clientes (virtual), sendo

que cada um permanece focalizado em suas competências essenciais,

compartilhando tecnologia e investimentos, executam parte do projeto proposto e

obtêm parte proporcional do produto final (horizontal). Através da transferência de

conhecimentos técnicos e tecnológicos (intangível), são capazes de alcançar

mercados e realizar projetos que seriam impossíveis de serem realizados

individualmente.

Segundo Guerrini (2005), as Redes virtuais são criadas por uma estrutura

organizacional específica através de empresas subcontratadas para a realização da

mão de obra em um projeto específico (flexível). Uma empresa centralizadora

(assimétrica) realiza a coordenação de projetos definidos que podem sofrer

alterações de acordo com as necessidades do mercado. Para que os resultados

sejam alcançados, a união temporária de fornecedores, clientes e concorrentes é

necessária (virtual). Os serviços terceirizados são integrados ao sistema produtivo

(horizontal). As redes virtuais de subcontratação utilizam-se de parcerias para

desenvolver, produzir e distribuir produtos, nesse processo, ocorre transferência de

conhecimento (intangível).

A holding caracteriza-se pela associação de empresas geralmente de diferentes

setores (vertical) em busca de reduções de custo que podem ser combinações de

serviços corporativos (tangível), como, por exemplo: a centralização de

departamentos financeiros e até realizações de atividades de marketing, que serão

melhor integrados e compartilhados, se ocorrerem sem prazo definido para término

da parceria (longo prazo), conforme Pérez e Salinero (2005). As organizações

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participantes são legalmente independentes, geralmente controladas por uma

grande empresa multinacional (modular), mas quem determina a estratégia, a

alocação de recursos e o retorno esperado é a associação (simétrica) através de

acordos formais de relacionamento. Os papéis de cada empresa são bem definidos

e ocorre um alto grau de integração financeira, além de busca por vantagens fiscais.

A terceirização, definida por Amato Neto (1995), é uma rede coordenada por uma

empresa (assimétrica) que se concentra na sua principal atividade e passa a delegar

(modular), a partir de acordos firmados em contratos, parte do processo produtivo ou

apenas funções de apoio, como limpeza, manutenção, serviços de entrega a

empresas especializadas (vertical). A flexibilidade da terceirização é estática, mas a

inter-relação é tangível, com a obtenção de um produto final.

A Subcontratação é decorrente do processo de terceirização, segundo Amato Neto

(1995). Para esse tipo de rede, as empresas terceirizadas por uma contratante

(assimétrica) mantêm suas especializações e também delegam outras atividades a

empresas subcontratadas (modular), focando somente em suas especialidades. A

empresa contratante compartilha atividades da cadeia de valor com a contratada

(tangível), sendo que operam em diferentes níveis (vertical). A contratada da

empresa terceirizada supre apenas uma deficiência temporária da contratante

(flexível).

A unidade de negócios virtual é formada pelo agrupamento de unidades,

representadas por empresas distintas, que compõem determinada cadeia produtiva.

O compartilhamento de funções e a busca de benefícios ocorrem através da gestão

integrada do processo da cadeia de suprimentos. De acordo com Parra e Pires

(2003), a necessidade da eficiência nas unidades virtuais de negócios formadas pela

cadeia de suprimentos demonstra que a competitividade de produtos e serviços

diante do consumidor final é o resultado da eficiência na unidade de negócios virtual

frente a outras cadeias de suprimento distintas. Guerrini (2005) complementa a

caracterização desse tipo de rede como simétrica por não possuir um elemento

coordenador, vertical (as funções da cadeia são compartilhadas diretamente),

flexível (alta capacidade de flexibilização), virtual (une rede de fornecedores, clientes

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e/ou concorrentes para maximizar competências) e tangível (as relações surgem de

oportunidades para compartilhar a cadeia de valor).

O outsourcing é a formação de um grupo de empresas industriais estabelecida por

uma empresa líder (assimétrica). Baseada em contratos de longo prazo, com

empresas comprovadamente eficientes e especializadas, que complementam as

capacidades (tangível), a empresa, que lidera, coordena o fluxo de produtos e

informações, mas mantém suas competências internas essenciais ou aquelas mais

lucrativas (modular). Essas atividades de gerenciamento da cadeia de suprimentos

são marcadas por um relacionamento de parcerias e cumplicidade com um ou mais

fornecedores. Pires (1998) destaca, como objetivo do outsourcing, entregar um

produto ou serviço ao consumidor final desde o fornecimento da matéria prima

(vertical). Por envolver fatores estratégicos de produção, esse tipo de

relacionamento é tipicamente abrangente e de difícil reversão.

O termo Logística integrada deriva de um agrupamento de empresas que integram

toda a cadeia de suprimentos desde o fornecimento da matéria prima até o consumo

(vertical). Estabelecida a partir de uma unidade produtiva (assimétrica) que

compartilha as atividades da cadeia de valor (tangível), os membros têm papéis e

funções bem definidas (modular) e acordos contratuais estabelecidos por longo

prazo (GUERRINI, 2005).

O consórcio modular apresenta uma grande semelhança com o outsourcing.

Porém, no consórcio modular, os fornecedores não precisam ser necessariamente

indústrias, instalam-se dentro da planta fabril e participam diretamente da produção

do produto (tangível). Pires (1998), definiu como “um caso radical de outsourcing

entre uma montadora e pequeno número de seus fornecedores diretos (chamados

de modulistas)”. Os fornecedores são responsáveis por coordenar a cadeia de

suprimentos (vertical) do módulo e a montagem diretamente na linha de produção da

empresa líder, que mantém a sua atividade essencial (modular). Os fornecedores

respondem por perdas, danos e atrasos de produção ocasionados por ineficiência

de operação. O relacionamento é de longo prazo, regidos por contratos e

coordenados por uma empresa âncora (assimétrica), sendo que cada empresa tem

o seu papel bem definido.

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Condomínio Industrial é uma rede de empresas formada por um conjunto seleto de

fornecedores diretos, inspirado em condomínios comuns, em que as empresas se

agrupam nas mediações de uma empresa líder (assimétrica), com o objetivo de

compartilhar custos de instalação e operação (tangível) (TÁLAMO, 2008). Guerrini

(2005) classifica Condomínio Industrial como uma rede vertical que compartilha

atividades na cadeia de valor e como modular, pois concentra a unidade produtiva

na atividade fim, delegando as atividades que não estão diretamente relacionadas à

missão da empresa. Os acordos são estáticos.

A Rede Dinâmica/flexível possui um elemento coordenador (assimétrica) que tem

um objetivo maior, como ampla expansão de mercado ou aumento da produtividade,

a ser atingido através de cooperação (intangível). Geralmente formada através de

um consórcio que faz aportes de capital. Os elos são verticais já que o produto de

uma empresa é insumo para outra. Segundo Guerrini (2005), a rede

dinâmica/flexível possui alta capacidade de customização (flexível), com fronteira

virtual, unindo redes de fornecedores, clientes e/ou concorrentes temporariamente

para maximizar competências.

As Redes de valor agregado constituem uma forma de associação entre empresas

para produção de bens de alto valor agregado, que visam ao atendimento da

demanda do consumidor final em tempo real, de acordo com as suas necessidades

(TÁLAMO, 2008). Para que isso ocorra, as funções da cadeia produtiva são

compartilhadas ou desempenhadas por um consórcio (modular) coordenado por

uma empresa que lidera (assimétrica) diretamente cada função da cadeia de valor

(vertical). Os contratos firmados são de longo prazo, o fluxo de informações e

tecnológico compartilhado de forma digital e as relações são baseadas na obtenção

de um produto customizado (tangível).

A Empresa Estendida, conforme Guerrini (2005), é uma rede geralmente

gerenciada por uma empresa principal, portanto assimétrica. Essa empresa principal

normalmente terceiriza atividades de suporte, integrando cada etapa do processo

produtivo (vertical). Mas mantém as principais atividades da cadeia de valor

(modular). Os acordos normalmente são de longo prazo. As funções da cadeia

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produtiva são interdependentes, ao compartilhar o resultado das atividades

(tangível), mas cada empresa é independente.

De acordo com Lambert, Cooper e Pagh (1998), a cadeia de suprimentos é a rede

de membros e ligações existentes entre esses membros envolvidos nas relações

desde a extração de materiais até o consumo do produto gerado pela cadeia de

abastecimento (vertical). Como membros da cadeia de suprimentos, incluem-se

todas as organizações que a empresa coordenadora (assimétrica) inter-relaciona-se

direta ou indiretamente para terceirizar atividades de suporte por meio de seus

fornecedores ou clientes desde o início do processo até a entrega do produto final

(modular). A inter-relação existente entre os membros da cadeia de suprimentos é

tangível, por serem compartilhadas entre os membros da rede as atividades da

cadeia de valor. Quanto à flexibilidade, os contratos tendem a ser de longo prazo.

Segundo Tálamo (2008), o conceito de rede de empresas e rede de organizações

baseado na cadeia de suprimentos “são termos genéricos que caracterizam uma

ampla gama de taxonomias de agrupamentos empresariais”. Nesse tipo de rede, as

ligações entre empresas através da união de fornecedores, clientes e concorrentes,

para maximizar competências (virtual), acontecem ao longo de diferentes atividades

na cadeia de suprimentos (vertical), baseadas em contratos flexíveis que variam de

acordo com a variação da demanda, até que as empresas entreguem o produto

final. As empresas trabalham de forma independente, com o mesmo poder de

decisão (simétrica) e transferem conhecimentos técnicos e tecnologia (intangível).

Guerrini (2005) classifica ambas as taxonomias como simétricas, quanto à

centralização, vertical, flexível, de fronteiras virtuais e de inter-relação intangível.

A franquia constitui uma rede regida por acordos formais regulados pela

administração central (assimétrica) que autoriza o uso da marca e determina o

padrão de operação de forma rigorosa, equivalente entre as franqueadas, e

duradoura (longo prazo). Todas as unidades atuam no mesmo setor de negócios

com padrão de desempenho preestabelecido (horizontal). A organização mantém as

atividades essenciais da cadeia de valor e transfere conhecimento técnico e

tecnologia (modular). Apesar de compartilharem o uso de uma mesma marca, as

franquias operam de forma independente e são frequentemente auditadas pelo

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franqueador para a verificação de padrões de procedimentos. Franqueados e

franqueador associam-se sob a motivação de compartilhamento (tangível) de

ganhos de escala referentes à publicidade, desenvolvimento de tecnologias,

aumento do volume de compras e distribuição e desenvolvimento de procedimentos

administrativos (SILVA, 2004).

A rede de cooperação entre empresas é formada por empresas que produzem,

adquirem ou vendem produtos semelhantes e objetivam ganhos coletivos como

aumento de lucratividade e busca de sobrevivência, reduzindo assim as incertezas

mercadológicas (horizontal). De acorco com Verschoore Filho (2006), os contratos

preveem uma coordenação compartilhada de forma simétrica para todos os

participantes envolvidos, definições menos rígidas de funções e tarefas dentro das

organizações (livre de barreiras), prazo ilimitado de existência (longo prazo), além de

cada empresa manter sua individualidade legal. Nesse tipo de agrupamento, ocorre

a transferência de conhecimento para sua utilização em cadeias de valores

independentes e há divisão de benefícios e ganhos obtidos coletivamente

(intangível).

Nessa seção, procurou-se caracterizar e classificar redes empresariais

burocratizadas de acordo com cada definição previamente encontrada na literatura

existente. Como resumo das características de cada taxonomia de rede das formas

organizacionais formais descritas anteriormente, como sugerem Guerrini (2005),

Knorriga e Meyer-Stamer (1998), Porter (1989), Tigre (2006), quanto à classificação

em tipo de centralização, direção, flexibilidade, fronteiras e inter-relação apresenta-

se o quadro 9, a seguir:

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QUADRO 9. Taxonomia das formas de redes organizacionais formais

Terminologia Centralização Direção Flexibilidade Fronteiras Inter-relação

Joint Venture Simétrica Horizontal Longo prazo Modular Concorrentes

Aliança Estratégica Simétrica Horizontal/ Vertical Longo prazo Virtual Intangível

Consórcios Assimétrica Horizontal Flexível Virtual Intangível

Redes Virtuais ( subcontratação) Assimétrica Horizontal Flexível Virtual Intangível

Holding Simétrica Vertical Longo prazo Modular Tangível

Franquias Assimétrica Horizontal Longo prazo Modular Tangível

Redes dinâmicas/ flexíveis Assimétrica Vertical Flexível Virtual Intangível

Redes de valor agregado Assimétrica Vertical Longo prazo Modular Tangível

Empresa estendida Assimétrica Vertical Longo prazo Modular Tangível

Cadeias de suprimentos Assimétrica Vertical Longo prazo Modular Tangível

Redes de empresas (cadeia de suprimentos) Simétrica Vertical Flexível Virtual Intangível Redes de organizações (cadeia de suprimentos) Simétrica Vertical Flexível Virtual Intangível

Outsourcing Assimétrica Vertical Longo prazo Modular Tangível

Terceirização Assimétrica Vertical Longo prazo Modular Tangível

Subcontratação Assimétrica Vertical Flexível Modular Tangível

Unidade Virtual de negócio Simétrica Vertical Flexível Virtual Tangível

Logística integrada Assimétrica Vertical Longo prazo Modular Tangível

Consórcio modular Assimétrica Vertical Longo prazo Modular Tangível

Condomínio industrial Assimétrica Vertical Longo prazo Modular Tangível

Redes de cooperação entre empresas Simétrica Horizontal Longo prazo Livre Intangível

Autores GUERRINI (2005) TIGRE (2006)

KNORRIGA E MEYER-STAMER (1998)

DESS (1998)

PORTER (1989)

Fonte: Guerrini (2005), adaptado pelo autor.

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2.4 Redes empresariais informais

Segundo Varvakis e Santos (1999), em busca de sobrevivência e aumento de

competitividade, as pequenas e médias empresas procuram estabelecer várias

formas de cooperação, sem perder as suas principais vantagens em relação às

grandes corporações, que são a flexibilidade e agilidade na tomada de decisões.

Inicialmente, as empresas aproximam-se por contatos previamente existentes e

relacionam-se principalmente baseadas em confiança mútua. Sendo assim, inexiste

a presença de contratos que formalizem a cooperação entre os membros. Fusco

(2005) apresenta apenas três formatos de redes sem formalização contratual: as

redes estratégicas, Cluster e Pólo tecnológico. A seguir, apresentar-se-á cada tipo

de rede de cooperação informal:

De acordo com Santos e Varvakis (1999), duas abordagens definem empresa virtual.

O conceito que se enquadra em redes empresariais define como empresa virtual

organizações independentes, que se unem em busca de vantagem competitiva, em

caráter temporário ou não, dependendo da funcionalidade da empresa virtual ao

atender à demanda dos participantes. O outro conceito está ligado a empresas

ligadas ao mundo virtual.

De acordo com Jägers et al. (1998), as empresas virtuais apresentam uma

combinação de características de modo a influenciar a cooperação complementar de

múltiplos especialistas membros da união, sendo que os participantes podem variar

de acordo com o objetivo a ser alcançado pela organização. Azevedo (2000)

complementa que esse tipo de rede é assimétrica, pois depende de uma empresa

que identifique uma nova oportunidade de negócios e coordena a integração. Todas

as relações são baseadas em confiança mútua, sem a presença de contratos e com

o mesmo poder de decisão por parte dos membros. Grande parte da interação é

realizada através das tecnologias de comunicação. O principal objetivo dessa

característica é quebrar a barreira do tempo, para otimização desse fator escasso, e

ainda pouco ou nenhum controle sobre as atividades com a presença de elevado

grau de incerteza ambiental.

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Cluster é uma aglomeração de empresas e instituições interligadas em um campo

particular, em que, geralmente, não há a formalização em contratos e também não

possui um elemento coordenador (PORTER, 1998). A maior vantagem competitiva

global que uma empresa pertencente a um cluster pode ter é a sua localização, que

é impossível de ser igualada por um concorrente distante. Uma das características

marcantes de praticamente todos os mercados são os clusters, os ganhos

empresariais obtidos na participação são principalmente a transferência de

conhecimento técnico gerencial entre as cadeias de valores independentes. O Vale

do Silício e Hollywood são um dos clusters mais famosos do mundo, abrangendo

todo tipo de necessidades que as empresa dessas regiões apresentam para se

desenvolverem. Normalmente, clusters englobam várias empresas e instituições de

relação estável, importantes para a concorrência, como fornecedores, instituições

governamentais, universidades, empresas de pesquisa e clientes que buscam

produtos complementares em um mesmo aglomerado (PORTER, 1998).

Apesar de estimular a concorrência, estimulando a produtividade, direcionando as

inovações e estimulando a criação de novas empresas, os clusters promovem a

cooperação. O mercado das empresas melhora, à medida que o cluster desenvolve-

se: já que os membros são mutuamente dependentes, o sucesso de um pode

estimular o desempenho de outros. Com o tempo, as organizações percebem que

nem todas as empresas são concorrentes diretas e que vários pontos da

aglomeração podem compensar o aumento da competição, como, por exemplo,

maior oferta de mão de obra especializada (PORTER, 1998).

Segundo Porter (1998), uma das vantagens de participar de um cluster é a

exposição à pressão de melhorias por parte da comparação constante com o

concorrente. Ainda há benefícios como uma maior oferta de mão de obra qualificada,

que pode compensar o aumento da rivalidade competitiva.

Para Perussi Filho (2001), pólo tecnológico é criado pela iniciativa privada em

parceria com órgãos governamentais que apoiam a atividade empreendedora.

Projetado para estimular o desenvolvimento de empresas baseadas em

conhecimento, os pólos tecnológicos possuem a gestão administrativa compartilhada

e assistem à transferência de tecnologia das instituições de ensino para as

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59

empresas ou entre empresas. Apesar de ocorrerem ligações operacionais formais

com uma instituição de ensino superior, para uso de instalações e equipamentos,

não há a presença de contratos que regulem a cooperação entre empresas

participantes de pólos tecnológicos.

2.5 Redes de cooperação de MPE

Micro e pequenas empresas perdem competitividade e percebem as ameaças de

competir individualmente em mercados altamente disputados e globalizados. Em

busca de ampliar o acesso à informação, à tecnologia e alcançar novos mercados,

essas empresas reúnem-se e formam redes em busca de otimizar os resultados

individuais, a partir do cooperativismo. Especialmente para empresas de menor

porte, as redes representam uma oportunidade de melhores condições para

competir (VERSCHOORE FILHO, 2006).

Assim, muitas redes formadas inicialmente por MPEs nos mais variados setores de

atuação proliferam-se nos mercados nacionais e internacionais. As mais variadas

formas de associação e cooperação motivam MPEs a participarem de redes.

Wegner e Padula (2010) apresentaram a centenária rede Edeka, do setor

supermercadista alemão, que começou como uma associação de pequenas

empresas e transformou-se em líder do mercado em que atua com mais de quatro

mil pontos de venda que variam de pequenas lojas a até hipermercados (EDEKA,

2014). Olsen, Elvekrok e Nielsen (2012) estudaram uma rede composta por 101

empresas do ramo alimentício na Noruega. Godarth et al. (2014) citam a união de

cinco empresas do setor de materiais de construção em busca de cooperação para

aquisição de mercadorias com custos mais baixos.

São muitos os fatores motivadores para a formação de redes no setor varejista.

Segundo Mazzarol, Limnios e Reboud (2013), a participação de MPEs em redes

sugere uma oportunidade de reduzir o nível de risco e incerteza frente ao mercado,

além de acesso a recursos que poderão melhorar o desenvolvimento organizacional

ao invés de aumentar os riscos empresariais, trabalhando isoladamente. De maneira

complementar, Da Silva et al. (2014) apresentam que empresas pertencentes a

redes de varejistas podem compartilhar serviços comuns, a fim de centralizar

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informações, eliminar redundâncias, padronizar processos e ainda diminuir o custo

operacional.

De acordo com Godarth et al. (2014), pequenas e médias empresas, que se utilizam

de redes para realizar compras, melhoram seus resultados. Assim, adquirem

mercadorias em conjunto a custos mais baixos do que comprando individualmente e

vendem pelos mesmos preços anteriores á utilização dessa forma de associação.

Para Godarth et al. (2014), aumentar o poder de barganha junto a grandes

fornecedores gera a necessidade de expandir a união, trazendo ainda mais

empresas para participar do grupo. Outra forma de crescimento de pequenos e

médios varejistas seria a utilização de marca própria de produtos importados pela

rede, nesse caso, não seria possível a comparação de preços em outras lojas senão

as da própria rede (WEGNER; PADULA, 2011). Assim, cria-se uma fidelidade à

marca e uma independência do grupo diante dos fornecedores locais que impõem

suas condições, sem perder a identidade da marca criada. Godarth et al. (2014)

destacam ainda que os membros de redes visam proteger o mercado de novos

entrantes e diminuir o poder das grandes empresas.

Contudo, Hoffman e Schlosser (2001) ressaltam que a criação de uma parceria de

sucesso depende da observação de vários fatores, como a disposição para

cooperar, a seleção dos parceiros, as definições dos direitos e obrigações, os

recursos necessários para a formação e até o planejamento da rescisão da parceria.

Os autores destacaram, como resultado de suas pesquisas sobre os fatores críticos

de sucesso em alianças de MPEs, que as próprias MPEs, em sua maioria,

minimizam e subestimam a importância dos fatores em todas as etapas da parceria.

Pereira et al.(2010) observam que as redes são uma estratégia alcançável para

pequenas empresas tornarem-se competitivas e enfrentar concorrentes maiores e

melhor estruturados. Porém, a cooperação envolve custos, tempo, risco, além de

variáveis que podem contribuir para que muitas empresas desistam da estratégia

cooperativa. De acordo com Pereira et al.(2010), a análise das diferenças de perfil

das empresas como público alvo, localização, mix de produtos, volume de compras

e o perfil dos empresários tornam-se fatores essenciais para a formação de uma

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61

rede. Caso exista grande divergência cultural ou na forma de gestão, pode haver a

ocorrência de motivos para o desmembramento e, em casos mais extremos, a

extinção da rede.

2.6 Sociedade de Propósito Específico de micro e pequenas empresas

A rápida proliferação de redes no Brasil e o desenvolvimento criaram a necessidade

de regulação dessas organizações coletivas. Provan e Kenis (2008) afirmaram que,

excluindo as joint ventures, as redes até então não tinham personalidade jurídica.

Para auxiliar o desenvolvimento da cooperação entre MPEs, o governo brasileiro

regulamentou, através da Lei complementar nº 128, art. 56, o associativismo entre

empresas desse porte, estabelecendo assim a possibilidade de criação de uma

personalidade jurídica também para redes de empresas de micro e pequeno porte.

Com as regras estabelecidas, a criação de uma Sociedade de Propósito Específico,

conforme denomina a lei, passou a ser objeto de análise dos empresários

interessados na formalização da união de suas redes que passariam a buscar

identificar os fatores que influenciam desde a formação de SPE, as vantagens e

desvantagens da união e também a forma ideal de governança e gestão.

Denomina-se por Sociedade de Propósito Específico (SPE) uma nova empresa

constituída no Brasil como sociedade limitada, que tenha como sócias duas ou mais

empresas de micro e pequeno porte, sendo seu objetivo específico estimular o

associativismo, conforme determina a Lei complementar nº 128, art. 56, de 19 de

dezembro de 2008, publicada no Diário Oficial da União.

As principais características de uma SPE, determinadas pela lei complementar nº

128, art. 56, são que todas as empresas associadas devem ser sempre de micro e

pequeno porte, ter seus atos constitutivos registrados e arquivados no Registro

público de empresas mercantis, como sociedade limitada, serem optantes pelo

mesmo regime tributário, o Simples Nacional. E ainda terem exclusivamente como

finalidade o propósito específico de compras, para revenda às empresas associadas

ou ter exclusivamente por finalidade o propósito específico de vendas, revendendo

produtos adquiridos das empresas associadas para empresas que não sejam

associadas.

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Em casos de revenda de bens adquiridos de MPEs que sejam suas sócias, a SPE

deverá observar preço, no mínimo, igual ao das aquisições desses bens. Da mesma

maneira, nas revendas às MPEs que sejam suas sócias a SPE deverá observar

preço mínimo igual ao das aquisições realizadas. (Lei complementar nº 128, art. 56,

§2º, inc. VII, 2008). Dessa forma, a SPE adquire mercadorias de acordo com a

demanda individual de cada empresa e repassa-as sem aumentos de custo. As

despesas de operação são rateadas entre as empresas participantes da SPE.

Para alcançar economias associativas, uma SPE deverá manter toda a estrutura de

comunicação, informação, operação, logística, contabilidade, administração e todos

os fatores que envolvam custos (Lei complementar nº 128, art. 56, §2º, inc. II, 2008).

Dessa forma, todos os benefícios provenientes da associação devem ser alcançados

pela eficiência da coletividade e de suas ações proporcionadas pela sinergia criada

e pelas economias de escala criada por parcerias associativas.

As empresas associadas a uma SPE não podem se associar a outra organização

com o mesmo formato. Em caso de ocorrência de uma MPE associada à SPE

associar-se a outra SPE, isso acarretará a responsabilidade solidária das MPEs

sócias na hipótese que seus titulares, sócios ou administradores conhecessem ou

devessem conhecer tal inobservância (Lei complementar nº 128, art. 56, §6º, 2008).

Assim, a lei considera todos os associados à SPE corresponsáveis por todas as

ações de seus parceiros cooperativos.

A figura 2 ilustra o fluxo de produtos adquiridos por intermédio de uma SPE de

compras até as MPEs associadas. A SPE mantém toda a estrutura de comunicação,

informação, operação, logística, contabilidade, administração e todos os fatores que

envolvam custos para auxiliar as MPEs a reduzirem custos de aquisição de

mercadorias.

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FIGURA 2 – Esquema representativo de uma sociedade de propósito específico de

compras.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Uma SPE deve ser constituída como sociedade limitada, apurar o Imposto de Renda

com base no Lucro Real e manter a escrituração dos livros Diário e Razão, assim

como todas as obrigações contábeis e fiscais relacionadas a esse regime de

tributação. Como exemplo, podem-se citar a apuração do Cofins e a Contribuição

para o PIS/Pasep de modo não-cumulativo. (Lei complementar nº 128, art. 56, §2º,

2008). Dessa forma, a lei garante que as empresas participantes de uma SPE não

terão seus custos relativos a impostos aumentados.

A SPE não poderá ser filial, sucursal, agência ou representação no país de pessoa

jurídica com filial no exterior. Além de ser proibida de participar do capital de outra

pessoa jurídica, uma SPE também não poderá exercer atividade de banco

comercial, de investimentos e de desenvolvimento, de caixa econômica, de

sociedade de crédito, financiamento e investimento ou de crédito imobiliário, de

corretora ou de distribuidora de títulos, valores mobiliários e câmbio, de empresa de

arrendamento mercantil, de seguros privados e de capitalização ou de previdência

complementar (Lei complementar nº 128, art. 56, §5º).

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Uma SPE não poderá ser resultante ou remanescente de cisão ou qualquer outra

forma de desmembramento de pessoa jurídica que tenha ocorrido em prazo de 5

anos; além de também não poder exercer atividades vedadas às MPEs optantes

pelo Simples Nacional (Lei complementar nº 128, art. 56, §5º, inc. V). Essa

característica cria um aprisionamento ao grupo total e evita a formação de

subgrupos que por algum motivo pretendam diminuir o tamanho da SPE e formar um

grupo menor.

2.7 Governança, gestão e tendências de redes

Uma rede de cooperação bem administrada e com objetivos definidos pode criar

muitas oportunidades de ganhos aos associados. De acordo com Provan e Kenis

(2008), as redes são reconhecidas por estudiosos e profissionais como uma

importante ferramenta de governança interorganizacional. Por isso, a governança de

redes tem um papel fundamental para o alcance de resultados coletivos.

Em seus estudos, Provan e Kenis (2008) apresentaram três formas de governança

em redes: a governança compartilhada, a liderança regulada e as Organizações

Administrativas da Rede (OAR). A governança compartilhada, normalmente, é a

forma mais desejada entre associados de uma rede. Esse tipo de governança é

caracterizado pela descentralização e cada participante tem o mesmo poder de

decisão. As decisões são tomadas em reuniões periódicas e sem coordenação. A

liderança regulada, normalmente é exercida por uma empresa de fundamental

importância para a rede. Muitas vezes, essa empresa é quem subsidia a existência

do agrupamento. Nesse caso, uma liderança pode assumir para “destravar” decisões

e assumir o controle para que a rede continue seu desenvolvimento. E, finalmente, a

OAR, que é uma entidade independente com autonomia e papel de desempenhar a

coordenação e manutenção da rede, gerir conflitos e ser o facilitador e interlocutor

da coletividade. Provan e Kenis (2008) afirmam que uma coordenação de rede terá

melhor condições de responder à demanda de membros quando for

profissionalizada e possuir autonomia e poder de decisão sobre suas ações. No

entanto, também afirmam que não há um tipo de governança ideal a ser seguido por

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todas as redes e sim momentos e situações necessárias para a utilização de cada

tipo de governança. Quando as empresas associadas percebem a eficiência no

serviço oferecido pelas redes, tende a ocorrer maior flexibilidade dos membros

quanto à participação ou não nas decisões, que afetam a todos.

Baseados em estudos realizados no varejo alemão, em que as redes estão

consolidadas por parcerias duradouras, algumas com centenas de empresas, nos

mais diversos setores, representando, assim, o êxito da estratégia cooperativista,

Wegner e Padula (2010) apresentaram como tendências da cooperação: alto grau

de profissionalismo da gestão, governança centralizada, modelos mistos de

organização, que combinam o sistema de franquias, filiais e cooperativista em nível

nacional e até internacional. Wegner e Padula (2010) destacaram também que

fusões entre redes poderão criar megacooperações entre múltiplos setores, nesse

caso, as empresas devem ser classificadas de acordo com o tipo de atividade

exercida e o porte. Para que isso possa ocorrer todas as empresas da rede deverão

estar equipadas para integrar dados e informações de demanda em tempo real

através de sistemas de tecnologia de informação eficientes.

Para Wegner e Padula (2010), o aumento de número de afiliados das redes, de

segmento de negócio similar ou não, pode proporcionar a economia de escala e

multiplicar a capacidade das redes para oferecer serviços aos seus associados.

Serviços que independem do setor de atuação poderão ser agrupados ao portfólio

da rede para serem oferecidos aos integrantes, entre eles: consultoria, logística,

treinamentos gerais, capacitações, campanhas para datas festivas, gerando

sinergias. Segundo Wegner e Padula (2010), todos os serviços que contribuam para

o desenvolvimento e continuidade das organizações que compõem a rede e sua

legitimidade podem ser oferecidos, bem como apoio ao processo sucessório entre

gerações, a formação e o estímulo a novos empreendedores para assumirem lojas

associadas e outros, de acordo com a demanda dos membros.

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66

2.7 Síntese do referencial teórico a ser utilizado para a pesquisa

O presente trabalho adotou a definição de redes como o relacionamento cooperativo

de empresas independentes em busca de vantagens individuais e eficiência através

de esforços coletivos.

De acordo com a literatura de redes utilizada para a construção desse referencial

teórico, destacaram-se os conceitos e definições, as classificações quanto às

características, os fatores que influenciam na associação e os fatores que

influenciam no desenvolvimento associativo de redes empresariais, inclusive quanto

à governança, gestão e tendências de uma organização coletiva.

A fim de enfatizar os pontos do referencial teórico que embasaram as respostas dos

objetivos deste trabalho, elaboraram-se quadros que ajudaram a sintetizá-los. Dessa

forma, o quadro 10 apresenta as características de rede encontradas em Porter

(1989), Knorriga e Meyer-Stamer (1998), Balestrin e Vargas (2002), Guerrini (2005),

Tigre (2006), quanto à formalidade da associação, quanto ao poder de decisão entre

os membros demonstrando a simetria apresentada, quanto ao direito de propriedade

entre os acionistas sobre a rede e seus resultados, quanto à hierarquia e à posição

de liderança frente aos associados, quanto ao tempo de duração da rede, quanto ao

tipo de estratégia e concorrência em relação aos outros parceiros (compartilhamento

de produção, mercado, aquisição, tecnologia e infraestrutura) e quanto ao tipo de

estrutura apresentado quanto às fronteiras organizacionais em redes.

Quadro 10 – Características de redes

Características de rede encontradas na literatura

Burocratizadas ou informais.

Simétrica ou assimétrica.

Proprietária ou não.

Verticais ou horizontais

Flexíveis ou de longo prazo.

Inter-relação tangível, intangível ou concorrentes (Não são exclusivas).

Estrutura modular, virtual ou livre de barreiras. Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de Porter (1989), Knorriga e Meyer-Stamer (1998), Balestrin e

Vargas (2002), Guerrini (2005), Tigre (2006).

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O quadro 11 apresenta a síntese dos fatores encontrados em Oliver (1990), Castells

(1999), Peci (1999), Todeva e Knoke (2005), Pacagnan (2006), Mazzarol, Limnios e

Reboud (2013) que podem influenciar, favoravelmente ou desfavoravelmente, as

MPEs a se associarem a redes empresariais. A análise desses fatores por parte de

cada empresário proprietário de MPE e também das condições em que estabelecem

relacionamentos organizacionais ajudam a definir sobre a prosperidade ou não

dessa associação que poderá gerar benefícios futuros para todos os envolvidos na

parceria em quatro níveis distintos: organizacional, econômico, estratégico e político.

Quadro 11 - Fatores que influenciam MPEs a se associarem a uma rede

Acesso a novas tecnologias

Acolhimento ambiental

Alcance de vantagens competitivas Ameaças encontradas individualmente.

Ampliação mercadológica

Aprendizagem do conhecimento tácito do parceiro

Aquisição de meios de distribuição Assimetria

Baixo desempenho individual

Baixo poder competitivo

Benefícios futuros para todos os envolvidos Características similares do negócio

Complementariedade técnica e comercial

Condição ambiental

Cooperação dos concorrentes

Criação de central de compras

Criação de sinergia

Crises de lucratividade individual

Custos e riscos elevados

Desenvolvimento de normas técnicas Distância entre as empresas

Diversificação Eficiência

Escassez de recursos financeiros para o investimento inicial Estabilidade Incapacidade de alcançar objetivos de forma isolada

Isolamento empresarial Legitimidade frente ao mercado.

Limitação individual Marca, publicidade e propaganda compartilhada

Continua

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68

Quadro 11 - Fatores que influenciam MPEs a se associarem a uma rede -

continuação

Melhoria de desempenho

Necessidade

Necessidade de retorno em curto prazo Histórico empresarial

Relacionamento dos gestores

Políticas comerciais utilizadas

Proporcionar vantagens aos antigos concorrentes Reciprocidade

Tendência setorial

Visão empresarial individual Fonte: Oliver (1990), Castells (1999), Peci (1999), Todeva e Knoke (2005), Pacagnan (2006),

Mazzarol, Limnios e Reboud (2013).

O quadro 12 apresenta, em síntese, os fatores que influenciam redes empresariais

identificados em Knorringa e Meyer-Stamer (1998), Fulop (2000), Lagemann (2004),

Tálamo e Carvalho (2004), Balestrin, Vargas e Fayard (2005), Tigre (2006),

Verschoore Filho (2006), Provan e Kenis (2008), Rodrigues et al. (2009), Thorgen,

Wincent, e Örtqvist (2009), Wegner e Padula (2010), Marchi et al. (2012), Olsen,

Elverkrok e Nielsen (2012) e Mazzarol, Limnios e Reboud (2013), como vantagens,

desvantagens, tipo de governança, gestão e tendências de uma organização

coletiva proporcionados pelo desenvolvimento.

Com relação a redes, este trabalho pretende ajudar na construção de conhecimento

relativo às SPEs compostas por MPEs e aplicar os fatores apresentados nos

quadros 10, 11 e 12 para obter respostas sobre quais fatores influenciam na

associação e no desenvolvimento de uma rede formal de MPEs, de acordo com a

perspectiva dos empresários associados à primeira SPE do Brasil no setor de varejo

de papelarias.

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Quadro 12- Fatores que influenciam no desenvolvimento associativo de redes empresariais

Vantagens

Desvantagens

Governança, Gestão e tendência Custos mais baixos na aquisição de mercadorias.

Empresas do mesmo setor são consideradas concorrentes e a interação apresenta o risco de revelar segredos comerciais.

A governança compartilhada, normalmente é a forma mais desejada entre associados de uma rede.

Vantagem competitiva proporcionada por compartilhamento de informações

Condições macroeconômicas podem desencorajar a cooperação inter firmas.

A liderança regulada, normalmente é exercida por uma empresa de fundamental importância para a rede.

A coordenação da cooperação envolve tempo e é preciso grande esforço para reduzir custos.

Legitimidade frente ao mercado.

OAR, é autonôma e deve coordenar e manter a rede, gerir conflitos e ser a facilitadora e interlocutora da coletividade.

Os benefícios da associação tendem a ampliar-se com o crescimento do número de participantes e tempo da união.

Participantes concorrentes limitam a cooperação e interação.

Não há um tipo de governança ideal a ser seguido por todas as redes.

O desempenho de todas as organizações pode ficar comprometido caso uma empresa líder passe a exercer influência sobre as estratégias de outras empresas.

As tendências da cooperação: alto grau de profissionalismo da gestão, governança centralizada, modelos mistos de organização, que combinam o sistema de franquias, filiais e cooperativista em nível nacional e internacional.

Redução de custos com publicidade, propaganda e serviços terceirizados.

Risco de atitudes oportunistas.

Pouco tempo dos membros para gestão do negócio coletivo.

Fusões entre redes poderão criar megacooperações entre múltiplos setores.

Melhoria do desenvolvimento organizacional individual e coletivo.

A necessidade de um gestor profissional faz com que os custos subam.

A economia de escala e capacidade de oferecer serviços aos afiliados dependerá do número de participantes, independente do setor de atuação.

Redes altamente formalizadas parecem limitar as vantagens da participação.

Estabilidade ao longo do tempo.

Quanto maior a quantidade de membros, maior o custo administrativo.

Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de: Knorringa e Meyer-Stamer (1998), Fulop (2000), Lagemann

(2004), Tálamo e Carvalho (2004), Balestrin, Vargas e Fayard (2005), Tigre (2006), Verschoore Filho

(2006), Provan e Kenis (2008), Rodrigues et al. (2009), Thorgen, Wincent e Örtqvist (2009), Wegner e

Padula (2010), Marchi et al. (2012), Olsen, Elverkrok e Nielsen (2012) e Mazzarol, Limnios e Reboud.

(2013).

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3 METODOLOGIA

3.1 Caracterização da pesquisa

Quanto à abordagem, a pesquisa é qualitativa. Segundo Godoy (1995, p. 21- 58) “A

pesquisa qualitativa envolve a obtenção de dados descritivos sobre pessoas, lugares

e processos interativos pelo contato direto do pesquisador com a situação estudada,

procurando compreender os fenômenos segundo a perspectiva dos sujeitos”. Um

fenômeno pode ser melhor compreendido no contexto em que ocorre e do qual é

parte, devendo ser analisado numa perspectiva integrada, com a utilização de

métodos qualitativos. O objetivo é analisar o caso com profundidade e apresentar

riqueza de detalhes na apresentação dos dados alcançados, sendo assim esta é a

abordagem mais adequada para realização deste trabalho.

Quanto aos fins, a pesquisa é descritiva. Segundo Collis e Hussey (2005, p. 24), a

pesquisa descritiva é usada para identificar e obter informações sobre as

características de um determinado problema ou questão, ou seja, descrevê-lo. Por

meio desta pesquisa, espera-se encontrar quais os fatores que influenciam na

associação e no desenvolvimento da primeira rede formal de MPEs no varejo de

papelaria do Brasil, segundo a perspectiva dos diretores das empresas associadas,

amparado pela literatura de redes empresariais.

Quanto aos meios, a pesquisa é um estudo de caso. Segundo Yin (2010, p.39), o

estudo de caso investiga um fenômeno contemporâneo em profundidade e em seu

contexto de vida real, especialmente quando os limites entre o fenômeno e o

contexto não são claramente evidentes.

A unidade de análise da pesquisa é constituída pela primeira sociedade de propósito

específico de Minas Gerais, composta por 21 empresas de pequeno porte

provenientes da união de duas redes empresariais informais que formaram a SPE

citada, sendo os sujeitos de pesquisa: 12 empresários sócios da empresa coletiva,

que representam a totalidade das empresas participantes, por alguns serem sócios

em mais de uma empresa. Essa unidade de análise engloba todos os

representantes legais das 21 empresas associadas à SPE. A SPE foi escolhida por

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conveniência e fácil acesso do entrevistador às informações necessárias a esta

pesquisa e também aos empresários associados.

3.2 Categorias de análise

Definiram-se quatro categorias de análise para nortear a pesquisa com o propósito

de auxiliar no entendimento do estudo de caso sobre quais os fatores que

influenciam na associação e no desenvolvimento de uma rede formal de MPEs no

varejo de papelaria. As categorias de análise operacionalizam o que o analista de

conteúdo sabe, suspeita ou assume sobre o contexto da pesquisa, esperando

encontrar inferências a partir do texto disponível para a análise (KRIPPENDORFF,

2012). Segundo Krippendorff (2012), a categorização destina-se a nortear o analista

ao longo de um caminho lógico, para ajudar a alcançar os objetivos do trabalho.

Com base no referencial teórico apresentado, foram propostas as seguintes

categorias de análise:

1- Classificação de rede empresarial como SPE.

2- Vantagens e desvantagens da associação de MPEs a uma rede formal de

MPE no varejo de papelaria.

3- Fatores influenciadores do desenvolvimento de uma rede formal de MPEs no

varejo de papelaria.

4- Recomendações para o desenvolvimento da rede formal de MPEs.

Definidas as categorias de análise, formatou-se um Protocolo de estudo de caso

(APÊNDICE A), documento que propõe situar cada respondente sobre os objetivos

desta proposta de estudo científico. Em seguida, informou-se a base teórica que

norteou a construção deste trabalho, para assim realizar os questionamentos que

serão discutidos ao longo desta pesquisa, através da entrevista semiestruturada

como instrumento de coleta de dados.

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3.3 Técnicas de interpretação e análise de dados

A fim de analisar os dados coletados com base no protocolo de estudo de caso

apresentado na seção ANEXOS, adota-se o modelo de análise de conteúdo de

Krippendorff (2012) que é proposto, conforme a figura 3.

Figura 3 – Componentes de análise de conteúdo

Fonte: Krippendorf (2012), traduzido pelo autor.

O modelo de Krippendorff (2012), conforme apresentado na figura 2, é proposto nas

seguintes etapas: unitização, amostragem, gravação ou codificação, redução,

inferências e narração das respostas, a fim de responder de forma compreensível a

pergunta de pesquisa. Para explicar cada uma das etapas, apresenta-se uma

síntese do modelo proposto:

1- Unitização de dados: A informação necessária para a pesquisa deve ser

representada pelo conjunto de informações de imagens, texto, fala e outros

capazes de serem observados.

2- Amostragem: limita as observações a um subconjunto gerenciável de

unidades que represente o conjunto de todas as unidades possíveis de

interesse.

3- Registro / codificação: objetiva criar registros duráveis para que os analistas

possam compará-los ao longo do tempo, aplicar métodos diferentes para eles,

e replicar as análises de outros pesquisadores diferentes.

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4- Redução: seleção, concentração, simplificação, sumarização e transformação

dos dados brutos que aparecem nas anotações da pesquisa de campo.

5- Inferências: representação da significação dos textos, quais suas implicações

e causas.

6- Narração das respostas, a fim de responder de forma compreensível a

pergunta de pesquisa. De acordo com Krippendorff (2012), isto pode significar

a explicação das conclusões e contribuições para a literatura disponível e

também a discussão quanto à adequação da análise de conteúdo ao invés de

outras técnicas de observação direta. A narração de respostas pode ainda

implicar em recomendações para futuras pesquisas.

Definidos os procedimentos pelos quais se desenvolveu a pesquisa – instrumentos

de coleta de dados, categorias de análise e modelo de análise de dados, sintetizou-

se a conexão da metodologia com o todo do trabalho. O corrente trabalho propôs-se

a responder à pergunta proposta no problema de pesquisa. Este se desdobrou em

objetivo geral e específicos dos quais derivaram quatro categorias de análise.

Segundo Krippendorff (2012), a categorização destina a nortear o analista ao longo

de um caminho lógico, para ajudar a alcançar os objetivos do trabalho. Cada

categoria de análise encontra-se amparada por um subcapítulo do referencial

teórico. O método de pesquisa já explicitado conduziu a busca e análise dos dados

que, por fim, resultaram nas conclusões, que pretendem responder ao problema de

pesquisa.

3.4 Coleta, análise e interpretação dos dados

O instrumento de coleta de dados usado foi a entrevista semiestruturada. Segundo

Boni e Quaresma (2005), “entrevistas semiestruturadas combinam perguntas

abertas e fechadas, onde o informante tem a possibilidade de discorrer sobre o tema

proposto”. Nesse tipo de entrevista, o entrevistador deve deixar o entrevistado

discorrer sobre as perguntas em um contexto de conversa informal, dirigindo a

entrevista para que consiga alcançar clareza e não deixando que o entrevistado

“fuja” do tema principal. As entrevistas foram gravadas e transcritas, em seguida

analisadas. Para esta pesquisa, foram entrevistados 12 empresários sócios da

primeira rede formal de MPEs de papelarias do Brasil, que representam a totalidade

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74

das empresas participantes e serão nomeados de E1 a E12, de acordo com a ordem

da realização das entrevistas.

As empresas associadas à Rede MX Ltda finalizaram o ano de 2014 com

faturamento aproximado de R$ 25.000.000,00 e cerca de 170 funcionários. O perfil

dos empresários é heterogêneo quanto à idade dos associados, escolaridade, tempo

como proprietário e experiência em outras redes. A idade dos lojistas varia de 29 a

71 anos, com média de 44. A escolaridade varia de 1º grau incompleto à pós-

graduação, as idades das empresas variam de 44 anos de existência a 13 anos.

Apenas uma empresa nunca participou anteriormente de redes em outros formatos.

Criou-se o quadro 13 para apresentar o perfil dos empresários que foram

entrevistados.

Quadro 13 – Perfil dos empresários entrevistados

Empresário Idade Tempo de empresa (anos)

Nº de empresas

Particpa de redes

há (anos)

Nº de Empregados Aproximado

Faturamento aproximado

(mil R$) Escolaridade

E 1 41 24 2 5 12 2.000 Ensino Médio E 2 33 15 1 15 7 2.000 Pós Graduado E 3 71 27 1 17 16 1.500 Superior

E 4 43 25 3 10 30 4.000 Ensino Fundamental

E 5 29 15 1 10 23 2.400 Pós Graduado E 6 39 19 1 0 15 2.000 Pós Graduado E 7 43 26 1 10 7 1.000 Superior E 8 37 13 1 10 6 1.300 Ensino Médio E 9 45 28 1 17 35 1.200 Superior E 10 57 18 2 4 15 2.000 Ensino Médio E 11 49 24 2 10 7 2.000 Ensino Médio E 12 46 44 5 17 32 3.500 Pós Graduado

Fonte: Elaborado pelo autor.

Embora a Rede MX Ltda apresente uma presidência e diretoria formada pelos

associados, sabe-se que a governança é compartilhada entre todos os membros.

Por isso para identificar quais os fatores que influenciam na associação e no

desenvolvimento de uma rede formal de MPEs no varejo de papelaria, as entrevistas

foram realizadas com os diretores responsáveis pelas empresas sócias.

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75

Ao todo, foram realizadas 12 entrevistas semiestruturadas que incluíram os diretores

responsáveis por todas as MPEs participantes da Rede MX Ltda, orientadas pelo

Protocolo de Estudo de Caso (Apêndice A), desenvolvido conforme apresentado no

quadro 13.

As entrevistas totalizaram 504 minutos de gravação e 138 páginas de transcrição.

Cabem alguns comentários sobre os fatos ocorridos durante essa etapa da

pesquisa, a seguir.

Todas as entrevistas foram realizadas na sede das empresas associadas a SPE.

Todos os entrevistados apresentaram solícitos quando a disponibilidade de tempo

para com o pesquisador. Apesar de todas as entrevistas serem gravadas, muitos

após a gravação confidenciaram alguns fatores perguntados que não foram

revelados. Um entrevistado, telefonou ao entrevistador para completar suas

respostas quanto às sugestões para o desenvolvimento da rede.

A análise e interpretação dos dados foram feitas mediante análise de conteúdo

qualitativa, assim definida por Bardin (2011):

Um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) dessas mensagens (BARDIN, 2011, p. 48).

Segundo Bardin (2011), essa técnica objetiva superar a incerteza de forma a validar

ou não, pré-julgamentos do pesquisador, além de enriquecer a leitura, descrevendo

e aprofundado nas mensagens e seus significados.

O roteiro de entrevistas utilizado apresenta questões especificamente desenvolvidas

para avaliar quais os fatores que influenciam na associação e no desenvolvimento

da primeira rede formal de MPEs de Minas Gerais, atuante no setor varejista de

papelaria. O roteiro de entrevistas foi estruturado e amparado pelo referencial teórico

apresentado, assim como as categorias de análise foram amparadas pelos objetivos

específicos deste trabalho. O quadro 14 apresenta o protocolo de pesquisa que

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relaciona objetivo geral, objetivos específicos, categorias de análise, elementos para

coleta de dados e questões elaboradas, a fim de atingir o objetivo geral.

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Quadro 14- Protocolo de pesquisa

Objetivo Geral: Identificar os fatores que influenciam na associação e no desenvolvimento de uma rede formal de MPEs no varejo de papelaria.

Objetivos específicos Base Teórica Categorias de Análise Referencial Teórico adotado Questões do Roteiro

a) Classificar SPE de acordo com as características de redes encontradas na literatura.

Subcapítulos: 2.2.1 2.2.2 2.3 2.4 2.5

Classificação de SPE como rede empresarial. Quadro 10

1 a 9

b) Identificar os fatores favoráveis e desfavoráveis à associação de uma MPE a de uma rede formal de MPEs no varejo de papelaria.

Subcapítulos: 2.2.3 2.3

Vantagens e desvantagens da associação de MPEs a uma SPE no varejo de papelaria.

Quadro 11 10 e 11

c) Identificar os fatores que influenciam no desenvolvimento de uma rede formal de MPEs no varejo de papelaria

Subcapítulos: 2.2.3 2.2.5 2.3 2.6

Fatores influenciadores do desenvolvimento de uma SPE no varejo de papelaria.

Quadro 12 12 a 15

d) Propor um guia de recomendações práticas para o desenvolvimento da SPE estudada, tendo como base a identificação dos fatores que levam ao associativismo.

Subcapítulos: 2.2.4 2.3 2.5

Recomendações para o desenvolvimento da SPE. .

Quadro 13 16 a 20

Fonte: Elaborado pelo autor.

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Após a realização de todas as entrevistas, deu-se início aos procedimentos de

unitização, amostragem, codificação e redução de dados. Nesse ponto, é importante

reiterar o compromisso do uso das múltiplas fontes de evidências para reforço da

validade das conclusões, sendo assim utilizou-se também da Lei complementar nº

128, art. 56, de 19 de dezembro de 2008, publicada no Diário Oficial da União, que

foi apresentada no subcapítulo 4.2. As etapas referentes ao expediente de

verificação foram realizadas através do software Nvivo 10 e seguiu a ordem do

roteiro de entrevistas (Anexos), desenvolvido em quatro blocos de perguntas que

contemplam objetivos e categorias de análise propostos para responder à pergunta

de pesquisa:

Quais os fatores que influenciam na associação e no desenvolvimento da primeira

rede formal de MPEs do setor varejista de papelaria do Brasil?

Cada categoria de analise foi apresentada sequencialmente em subcapítulos

específicos. As nove questões introdutórias do Protocolo subsidiaram as

informações a respeito da classificação da SPE como rede empresarial. Em seguida,

as perguntas 10 e 11 ajudaram a identificar os fatores favoráveis e desfavoráveis à

associação de uma MPE a de uma rede formal de MPEs no varejo de papelaria. As

questões 12 a 15 propuseram-se a identificar os fatores que influenciam no

desenvolvimento associativo de uma rede formal de MPEs no varejo de papelaria. E

finalmente, os questionamentos contidos entre as perguntas 16 e 20 objetivam a

propor um guia de recomendações práticas para o desenvolvimento da SPE

estudada, tendo como base a identificação dos fatores que levam ao associativismo.

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4 A REDE MX DE PAPELARIAS

A escolha da Rede MX de papelarias para identificar quais os fatores que

influenciam na associação e no desenvolvimento de uma rede formal de MPEs no

varejo de papelaria deveu-se ao fato de a rede em questão ser a primeira sociedade

de propósito específico de Minas Gerais. Somente após a Lei complementar nº 128,

art. 56, de 19 de dezembro de 2008, o associativismo entre empresas desse porte

foi regulamentado, criando assim a possibilidade de criação de uma personalidade

jurídica para redes de empresas de micro e pequeno porte.

A Rede MX de papelarias foi fundada em 04 de setembro de 2011. Em sua primeira

formação, 13 micro e pequenas empresas associaram-se com o objetivo específico

de compras e comércio atacadista de artigos de papelaria, brinquedos, material de

escritório e suprimentos de informática. As empresas participantes da SPE estão

sediadas em Belo Horizonte, Betim e Contagem, no estado de Minas Gerais. A Rede

MX Ltda é o resultado da união de duas redes de cooperação empresariais informais

concorrentes do segmento varejista de papelaria, da região metropolitana de Belo

Horizonte, a rede M e a rede X, que também tiveram seus nomes alterados para

preservarem sua identidade.

Apesar de concorrentes, associados de ambas as redes reuniam-se em entidades

de classe patronais e discutiam em conjunto as dificuldades enfrentadas pelo setor.

Nessas reuniões, as lideranças das redes compartilharam a ideia de associação,

com o objetivo de minimizar problemas comuns e otimizar soluções e ficarem mais

fortes em conjunto. Essa união originou uma SPE, que, para seu embasamento,

valeu-se da Lei complementar nº 128, art. 56, §2º, inc. I, de 19 de dezembro de

2008, publicada no DOU em 22/12/2008. A Rede MX Ltda constituiu-se em 08 de

setembro de 2011 e recebeu sua identidade jurídica composta por 13 empresas

associadas. Em 19 de abril de 2013, a SPE registrou, na Junta Comercial do Estado

de Minas Gerais, alteração da composição societária. Com essa nova formação,

duas empresas deixaram de participar da SPE e dez novas empresas aderiram à

sociedade empresarial.

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As regras de conduta dos associados estão descritas em um regimento interno e

também em um documento chamado de Estatuto da associação. Nesses

documentos, destacam-se as regras destinadas a cooperação, responsabilidade dos

sócios, distância mínima necessária entre pontos de venda, regras para abertura de

novas lojas, entrada e saída de empresas associadas, presença em reuniões. Assim

como todas as punições aplicadas por inadimplência, oportunismo, falta de

comprometimento e ausência em reuniões. As regras formais de divisão de direitos e

propriedade estão destacadas no contrato social devidamente registrado na junta

comercial de Minas Gerais.

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5 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE RESULTADOS

Uma vez gravadas e transcritas as entrevistas aplicadas, foi feita a categorização,

que, conforme exposto na Metodologia deste trabalho, destina-se a nortear o

analista ao longo de um caminho lógico, levando-o ao alcance dos objetivos do

trabalho. Ao longo desta análise, cada categoria de análise encontra-se amparada

por um subcapítulo do referencial teórico.

5.1 Categoria de análise 1: Classificação de SPE como rede empresarial.

Categoria de análise 1: Classificação de SPE como rede empresarial.

A categoria de análise número 1 objetivou a classificação de SPE como rede

empresarial quanto às principais características apresentadas na literatura quanto à

formalização e centralização, conforme Guerrini (2005); quanto à direção, de acordo

com Tigre (2006); quanto à flexibilidade, segundo Knorriga e Meyer_Stamer (1998);

quanto às fronteiras caracterizadas por Dess (1998) e quanto à inter-relação como

em Porter (1998).

A fim de analisar essa categoria, o Protocolo de Estudo de Caso propôs nove

questionamentos, os quais buscaram ter uma visão geral da Rede MX como SPE

estudada. A seguir, apresentam-se as respostas dos empresários respondentes, às

questões apresentadas no roteiro de entrevistas.

Pergunta 1- Classificação da SPE quanto à formalidade.

As respostas mais significativas apresentadas pelos entrevistados foram as

seguintes:

Contrato social que define as empresas sócias, o percentual de propriedade de cada empresa, bem como o seu representante legal [...] (E2). [...]a rede tem um contrato com as suas normas , deveres e direitos[...] (E3). [...] contrato de associação da rede toda [...]. (E4). [...] contrato social, estatuto, e regimento interno. (E6).

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[...] estatuto da rede registrado no cartório [...] (E7).

Quanto à questão relativa a formalidades registradas em contrato, deve-se realçar

que este aspecto foi observado por Knorriga e Meyer-Stamer (1998). A análise das

respostas demonstrou que algumas são referentes à legislação que criou e

regulamentou a SPE e os relatos dos empresários associados destacaram a

presença de formalidades registradas de acordo com a legislação e também outros

registros em contrato que destacam os acordos e valores fundamentais para a Rede

MX em seu estatuto interno registrado em cartório. Assim, pode-se afirmar que uma

SPE é burocratizada e deve possuir registro público para sua existência, além de

poder possuir outras formalidades que evidenciam suas regras e convicções

referentes à união. Ficou evidente que os respondentes mostraram conhecimento

das formalidades que devem ser respeitadas para a criação de uma SPE.

De acordo com a Lei complementar nº 128, art. 56, § 2º, a sociedade de propósito

específico terá seus atos arquivados no Registro Público de Empresas Mercantis.”

Pergunta 2 - Classificação da SPE quanto à simetria.

A questão pretendia verificar se algum membro da rede tem maior poder de decisão

entre os associados (assimetria) ou se todos os membros têm igual poder de

decisão (simetria). As respostas emitidas pelos respondentes foram as seguintes:

[...] maioria das decisões são tomadas em reuniões por comum acordo da maioria dos associados [...] E2. Todos os membros têm o mesmo poder de decisão, porem nós temos a nossa diretoria onde cada um tem uma responsabilidade [...] E3. Todos têm igual poder de decisão, mas têm alguns que se destacam mais e acabando sendo mais influentes [...] E6. Todos os membros lá tem o mesmo poder de decisão. E7. (...) Todos tem o mesmo poder, a maioria vence. E11. [...] o poder de decisão é igual [...] alguns sempre se escoram nas decisões dos outros; ou avalizam [...]. E12.

Tomando como base a teoria exposta por Guerrini (2005), percebe-se na resposta

de todos os associados que a SPE estudada tem características de simetria relativa

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ao poder de decisão dos participantes. No entanto, as respostas apresentam sinais

de que alguns participantes omitem-se ao apontar suas opiniões e permitem que

lideranças destaquem e influenciem os acordos coletivos. Apesar da influência de

uma liderança espontânea, todos preservam o mesmo poder de decisão nas

situações que quiserem opinar, o que leva a concluir que a Rede MX de papelarias

Ltda é simétrica.

Pergunta 3 - Classificação da SPE quanto ao direito de propriedade

No tocante à rede que define o direito de propriedade em contrato, foram obtidas as

seguintes respostas dos empresários:

[...] cada um tem um pouco de cota. E1. O direito de propriedade é definido em contrato social e cada empresa participante tem a mesma quantidade de cotas das outras empresas. E2. [...] Eu tenho uma participação, meus direitos [...], no mesmo contrato de associação. E4. [...] a definição está em cotas [...]. E9. [...] cada um tem uma cota, [...] quem tem mais lojas tem cota maior. E11. [...] cada uma das empresas associadas ou sócias tem o seu percentual já definido no contrato. E12.

Segundo Guerrini (2005), nas redes proprietárias, os contratos referem-se ao direito

de propriedade entre os acionistas de empresas. A totalidade dos empresários

sócios da Rede MX de papelarias Ltda respondeu que os contratos referem-se ao

direito de propriedade de cada empresa associada, podendo-se concluir que essas

respostas evidenciam que eles compreendem o direito de propriedade e que as

SPEs são redes proprietárias.

Pergunta 4 - Classificação da SPE quanto à direção.

Esta questão tinha como objetivo verificar se algum membro da rede tem uma

posição de liderança frente aos demais, mostrando-se capaz de definir regras e

fiscalizar a conduta dos seus pares.

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As respostas dos empresários mostraram algumas contradições como se verifica a

seguir. Para os dois empresários designados como E2 e E5 não existe uma

hierarquia entre os membros:

Não existe uma hierarquia clara entre os membros, apesar de a rede contar com presidente, vice-presidente, esses papéis são apenas formalidades para que seja possível cumprir burocracias externas à rede. E2. [...] todos são responsáveis em conjunto e individualmente [...] E5.

Já os empresários E7 e E12 realçam a existência de uma liderança:

[...] é claro que você percebe em alguns uma personalidade de liderança, né, maior, que tem maior influência sobre os outros de alguma forma, mas não necessariamente, em contrato. E7. [...] a gente sempre estabelece alguém para tomar conta de alguma coisa [...] você sempre coloca alguém para vigiar mais de perto. Então, ele exerce uma liderança [...] E12.

Apesar das respostas dos empresários evidenciar contradição, pode-se inferir que

na Rede MX de papelarias Ltda, existem características de redes não hierarquizadas

ou horizontais, por ser inspirada na comercialização de produtos específicos,

conforme elucidado em Tigre (2006). A posição hierárquica, apontada pelos

respondentes do questionário, define a divisão de tarefas entre os membros para

cumprir rotinas operacionais e exigências legais externas à rede.

Ainda referente ao tipo de direção definido em Tigre (2006), a legislação define a

finalidade de realizar operações em conjunto como na Lei complementar nº 128, art.

56. § 2º alínea a.

[...] operações de compras para revenda às microempresas ou empresas de pequeno porte que sejam suas sócias. (BRASIL, 2008).

Pergunta 5 - Classificação da SPE quanto à flexibilidade.

A questão pretendia identificar se a rede do estudo de caso tinha tempo definido de

duração (flexível) ou se não existia definição de prazo de existência (longo prazo).

As respostas mais completas e significativas foram evidenciadas para a ilustração da

análise.

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O prazo dela é indefinido, ela tem prazo para começar e ela corre por prazo indefinido. E5. [...] no momento não há definição de prazo não, enquanto estiver sendo bom para os membros estaremos dando continuidade. E6. Não há definição de prazo de existência, isso aí o que a gente entende é que enquanto houver vantagens para todos a rede vai continuar existindo, se as vantagens cessarem, de comum acordo todos vão desistir de ter a rede. E12.

Todos os entrevistados evidenciaram que não existe prazo para o encerramento das

atividades em conjunto realizadas na Rede MX de Papelarias Ltda e que a união

continuará existindo, enquanto forem percebidas vantagens pelos participantes.

Portanto, classifica-se a SPE como de longo prazo, nessa condição, a rede forma-se

sem data para encerrar suas operações, conforme Knorringa e Meyer-Stamer

(1998).

Pergunta 6 a - Classificação da SPE quanto ao tipo de inter-relação tangível.

A questão pretendia verificar se existe algum tipo de compartilhamento entre os

membros participantes da rede (inter-relação tangível). As respostas emitidas pelos

respondentes foram às seguintes:

Adquirimos mercadorias para revenda, fretes em conjunto, sistemas de informação, equipamentos de reprografia. E2. Aquisição de máquinas, prateleiras e mercadorias. E4. Compartilhamos em algumas lojas o mesmo sistema de informação e o mesmo banco de dados. E5. Já fizemos a prospecção de escolas como clientes de forma conjunta. E6. Hoje compartilhamos a publicidade de placas, e a plotagem de alguns carros. Já fizemos panfletos, banners, e eventos em conjunto. E8. Compartilhamento de mão de obra [...] só a mão de obra que está destinada ao centro de distribuição. E10. [...] compartilhamos tudo. E11.

Segundo os empresários participantes da Rede MX de papelarias Ltda, ocorre o

compartilhamento de aquisição, tecnologia, infraestrutura, marcas, publicidade e

propaganda, mão de obra, participação em feiras, prospecção de novos clientes.

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Segundo a lei complementar nº 128, art. 56, § 6º, ocorre o compartilhamento de

responsabilidade entre todas as empresas associadas.

§ 6º A inobservância do disposto no § 4º deste artigo acarretará a responsabilidade solidária das microempresas ou empresas de pequeno porte sócias da sociedade de propósito específico de que trata este artigo na hipótese em que seus titulares, sócios ou administradores conhecessem ou devessem conhecer tal inobservância. (BRASIL, 2008)

Sendo assim, pode-se classificar a SPE como possuidora de inter-relações

tangíveis já que existem oportunidades de compartilhamento de quaisquer

atividades de valor entre empresas independente de serem compartilhadas ou não.

Essas atividades de valor são divididas em cinco categorias: produção, mercado,

aquisição, tecnologia e infraestrutura (PORTER, 1989). No entanto, não há uma

classificação existente na literatura para o compartilhamento de responsabilidade,

demonstrando ser uma particularidade da SPE.

Pergunta 7 - Classificação da SPE quanto ao tipo de inter-relação intangível.

No tocante ao tipo de inter-relação intangível a questão pretendia identificar se as

estratégias das empresas parceiras são semelhantes. As respostas mais completas

e significativas seguem:

[...] no fundo, no fundo, nosso ideal é comprar bem, é vender bem, e ter outras informações paralelas que a gente consegue ouvir. E3. A estratégia de nossa empresa é semelhante [...], por causa de foco em varejo, de facilidade de atendimento ao cliente, de relacionamento, alguns diferenciais no atendimento, como prazo, entrega, embalagem e, em alguns casos, com venda corporativa focadas em escolas. E5. [...] algumas empresas parceiras têm estratégias semelhantes [...]. E6. [...] uma estratégia de todos é comprar melhor, é o que faz, por exemplo, essa ideia da rede valer a pena. E7. [...] na verdade, vemos que pouquíssimas ou quase nenhuma das empresas participantes têm estratégia. E8. A estratégia de vendas é semelhante, a gente conversa bastante [...]. E10. [...] a estratégia de compra é bem parecida. E12.

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Como os entrevistados evidenciaram uma semelhança estratégica entre as

empresas participantes à Rede MX de papelarias Ltda, quanto à compra, condições

de venda, atendimento aos clientes, prazo de pagamento oferecido um tipo de inter-

relação existente na SPE é intangível. As inter-relações intangíveis surgem de

estratégias semelhantes, mesmo tipo de comprador, atividades de valor similares,

assim como a configuração da cadeia de valor (PORTER, 1989). Esse tipo de inter-

relação resulta da transferência de conhecimento, para que seja possível tornar uma

empresa semelhante mais competitiva.

Pergunta 8 - Classificação da SPE quanto ao tipo de inter-relação concorrente.

O propósito do questionamento foi identificar se as empresas parceiras concorrem

entre si em algum tipo de operação, assim apresentando características de possuir a

inter-relação concorrente. As respostas mais significativas seguem:

Somos todos concorrentes [...], concorremos em todos os aspectos, concorremos em todas as possíveis operações de venda dos produtos que ofertamos. Vendemos por telefone, internet, no varejo local e realizamos entrega via correios, é impossível não concorrer. E2. [...] é claro que nós somos concorrentes. E3. Concorre, com algumas sim. Porque todos vendem materiais de escritório, papelaria, brinquedos. E4. Concorremos com nossos parceiros sim, em vendas corporativas em alguns momentos. E5. Sim, a gente concorre em várias operações. As vezes tem cliente em comum. Acontece mais concorrência no material escolar, o cliente faz a tentativa de leilão preços. E6. Sim, por não haver uma definição de mercado, não existe restrição nem nada, concorremos o tempo todo. E8. Concorre sim, a gente concorre com preço, com venda também. Nós somos tudo concorrente (risos). E11. Concorre, a gente acaba batendo no cliente. Por que nós não colocamos isso como regra. Apesar do nosso estatuto delimitar de área. Mas mesmo distante as empresas ainda acabam concorrendo porque no mercado hoje a informação corre muito rápido. E12

Conforme nove dos entrevistados, ocorre algum tipo de concorrência entre as

empresas parceiras da SPE estudada. As empresas concorrem quanto a disputas de

clientes na oferta de seus produtos, apesar de atuarem em áreas delimitadas

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algumas empresas fazem atendimentos corporativos por telefone, vendas pela

internet e realizam entregas na grande BH com equipe própria e por correios em

todo o Brasil, o que impossibilita a invasão de território.

No entanto, os entrevistados E1, E9, E10 afirmaram que suas empresas não

concorrem com as empresas parceiras. Os dois motivos apresentados são a

distância entre as empresas e o foco em vendas por licitação. Como relatado a

seguir:

Não, a minha não concorre não. Estou longe de todo mundo. E1. Meu principal foco é a venda por licitação, nenhuma empresa da rede trabalha com isso. E9. As minhas empresas estão bem isoladas, não percebo que alguém da rede concorre comigo. E10.

Apesar das respostas dos entrevistados serem contraditórias quanto à concorrência,

o campo de atuação das empresas referente à internet não pode ser demarcado o

que enfraquece o argumento de distância apontado por E1 e E10. Segundo Porter

(1989), quando as empresas são concorrentes em uma ou mais unidades de

negócios as inter-relações são concorrentes. Assim a SPE também possui inter-

relação concorrente.

Ainda, conforme Porter (1989), mais de um tipo de inter-relação podem impactar

simultaneamente empresas que se relacionam. Foi verificado que o estudo de caso

em questão possui os três possíveis tipos de inter-relações existentes, tangível,

intangível, concorrente, além de ocorrer o compartilhamento de responsabilidade

solidária, como previsto na lei complementar nº 128, art. 56, § 6º.

Pergunta 9 - Classificação da SPE quanto ao tipo de estrutura da rede.

Referente ao tipo de estrutura da rede, foram obtidas respostas semelhantes por

todos os membros, destacou-se as mais completas, que apresentam-se a seguir:

Nossa rede não define funções e tarefas de nenhum associado, geralmente cada um ajuda naquilo que se sente mais confortável em ajudar. E1.

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[...] toda a rede faz de tudo, e não faz nada. Então, ninguém tem uma responsabilidade específica, nenhuma obrigação específica [...]. E5.

Quanto ao questionamento relacionado ao tipo de estrutura da rede, foi possível

identificar características de definições menos rígidas de funções e tarefas na Rede

MX de papelarias Ltda. Portanto a SPE do estudo de caso apresenta uma estrutura

livre de barreiras, conforme Guerrini (2005).

Pode-se concluir que a SPE apresenta características de redes burocráticas,

segundo Knorriga e Meyer-Stamer (1998), por possuir formalidades registradas em

contrato social e também em contrato que define as regras da associação. O tipo de

centralização é simétrica, apesar de ocorrer influência de uma liderança espontânea,

todos preservam o mesmo poder de decisão, conforme descrito em Guerrini (2005),

nas situações que quiserem opinar. Pelo fato do contrato social da Rede MX de

papelarias Ltda referir-se ao direito de propriedade entre os acionistas, de acordo

com Guerrini (2005), ela é uma rede proprietária. Apresenta características de redes

não hierarquizadas ou horizontais, por ser inspirada na comercialização de produtos

específicos, conforme elucidado em Tigre (2006), e ocorrer divisão de funções e

tarefas. Classifica-se como de longo prazo, nessa condição a rede forma-se sem

data para encerrar suas operações, conforme Knorringa e Meyer-Stamer (1998),

mantendo suas atividades enquanto a união for vantajosa para os envolvidos.

Mantém ainda os três possíveis tipos de inter-relações apontados em Porter (1989)

que afirmou que mais de um tipo de inter-relação podem impactar simultaneamente

empresas que se relacionam. A inter-relação tangível por existir a possibilidade de

benefícios adicionais pelo compartilhamento de quaisquer atividades de valor. Inter-

relação intangível por as empresas participantes possuírem estratégias

semelhantes. A inter-relação concorrente por ocorrer concorrência entre os parceiros

da SPE em mais de um tipo de operação e ainda o compartilhamento de

responsabilidade solidária, como previsto na lei complementar nº 128, art. 56, § 6º,

2008, ainda não definido na literatura. Quanto ao tipo de estrutura da rede, foi

possível identificar características de definições menos rígidas de funções e tarefas.

Portanto a SPE do estudo de caso apresenta uma estrutura livre de barreiras,

conforme Guerrini (2005).

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90

Prosseguir-se-á com a categoria de análise 2, que trata dos fatores favoráveis e

desfavoráveis à associação de uma MPE a uma SPE.

5.2 Categoria de análise 2: Vantagens e desvantagens da associação de MPEs

a uma SPE no varejo de papelaria

Sabe-se que as organizações associam-se conscientemente por razões específicas,

sendo que as condições do ambiente e suas limitações influenciam as suas

escolhas, de forma que alcancem competências complementares no relacionamento

desenvolvido, buscando obtenção de benefícios na parceria. Após levantamento

teórico e identificação de 40 fatores que podem influenciar o associativismo de

MPEs a uma rede empresarial, realizou-se pesquisa, em 2015, entre os 12

empresários associados à Rede MX de papelarias Ltda para se conhecer a

aplicação prática da teoria. O questionamento apresentado na pergunta 10

demonstra os cuidados do entrevistador para cada fator apontado, visando assim,

identificar os fatores favoráveis e desfavoráveis à associação de MPEs à Rede MX

de papelarias Ltda.

A partir de agora, destaca-se cada fator relativo à associação a SPE. Em seguida, os

principais argumentos apontados pelos empresários sócios da Rede MX de

papelarias para que considerassem cada fator vantajoso, desvantajoso ou

irrelevante no momento de concretizar a organização coletiva e a análise do

pesquisador.

Pergunta 10.1 - Identificação de acesso a novas tecnologias como fator favorável ou

desfavorável à associação de MPEs à Rede MX de papelarias Ltda.

Sou favorável a novas tecnologias pela redução de custos e eficiência no processo de trabalho. E5. A gente tem um grupo que tem condição de conseguir novas tecnologias e um sistema de trabalho mais competitivo. E8. Eu não sabia nem usar um computador, né. Nem whatsapp eu tinha (risos). Pra mim, ajudou. E11.

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Acesso a novas tecnologias influenciou a formação da Rede MX de papelarias Ltda.

A possibilidade de redução de custos para aquisição, maior eficiência e controle nas

operações das MPEs devido ao maior número de parceiros para ter acesso a

tecnologias favoreceu a associação de MPEs à SPE estudada. No entanto, o

entrevistado E2 destacou que a rede possibilita o acesso de conhecimento da

tecnologia já utilizada pelos parceiros, mas que o acesso independe da participação

a rede.

Não foi o que me fez associar, mas com certeza depois de unir a mais empresas tive conhecimento da tecnologia que utilizavam e pude conhecer mais sobre. Mas, com relação a acesso, não é preciso estar associado a nenhuma rede para se ter acesso a nada, talvez é preciso associar-se para obter melhores condições de compra. E2.

Pergunta 10.2 - Identificação de acolhimento ambiental como fator favorável ou

desfavorável à associação de MPEs à Rede MX de papelarias Ltda.

Muita gente me parabenizou por buscar o associativismo. E2. Em relação a isso, não teve hora nenhuma que a gente achou que não ia ser bom entrar nessa rede. E7.

O acolhimento ambiental, de maneira geral, também favoreceu a associação das

MPEs à SPE. A criação da SPE deu-se a partir da união de duas redes concorrentes

anteriormente à formação. Alguns membros mais visionários buscaram reforçar suas

capacidades, propondo a fusão das redes e a constituição da Rede MX de

papelarias Ltda. Mas as diferentes formas de buscar informações utilizadas pelos

empresários sobre os possíveis futuros parceiros resultaram em posicionamentos

favoráveis, desfavoráveis e até irrelevantes na opinião dos entrevistados.

Na verdade, ninguém ficou nem sabendo. Quando alguém pergunta como é lá eu não dou muita confiança não. E1. [...] Ninguém nunca falou nada sobre minha participação na rede, a decisão foi minha e qualquer coisa tenho que assumir a responsabilidade. E9.

Os associados E1 e E9 disseram não se importar com outras opiniões e

apresentaram o fator como irrelevante.

A gente não teve realmente, aconselhamento de fora não. A gente mesmo,

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é que chamou um, chamou outro, né. Ninguém aconselhou não. Muita gente ficava era contrário. Oh! Fica esperto, hein! E11.

O entrevistado E11 considerou que não ocorreu acolhimento ambiental. E que ao invés de apoio, muitas pessoas o influenciaram de forma negativa a participar da rede estudada.

Pergunta 10.3 - Identificação do alcance de vantagens competitivas como fator

favorável ou desfavorável à associação de MPEs à Rede MX de papelarias Ltda.

As respostas mais significativas sobre o fator estão destacadas a seguir:

É o que eu esperava da rede, se não favorecesse a associação, com certeza não faria parte da rede hoje (...) eu precisava ficar mais forte. E2. [...] tudo que o associado procura são vantagens nas compras e nas informações. E3. Procurava vantagens em questão de comprar melhor, trocar ideia na hora da compra, pra ter um preço mais competitivo no mercado. E4. [...] junto com a rede a gente tem acesso a preços e a fornecedores que sozinhos a gente não teria. [...] à medida que você consegue comprar melhor, num volume menor, isso favorece muito sua posição no mercado. E7.

O alcance de vantagens competitivas favoreceu a associação de forma unânime

entre os empresários da Rede MX de papelarias Ltda. Cada associado buscou

vantagens competitivas que melhorassem seu desempenho individual. Destacou-se

que as fragilidades individuais para acesso a fornecedores e aquisição de

mercadorias para revenda foi um dos principais pontos de vantagem competitiva

buscado.

Pergunta 10.4 - Identificação ameaças encontradas individualmente como fator

favorável ou desfavorável à associação de MPEs à Rede MX de papelarias Ltda.

Seguem os principais relatos que comprovam a análise do pesquisador:

[...] se não me sentisse ameaçado por grandes empresas que chegaram a BH, pela divulgação, vendas virtuais e pelo preço que praticavam, eu não buscaria a associação. E2. [...] muitas vezes a gente não conseguia concorrer com alguns “players” no mercado. Com a rede, a gente consegue. E5.

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Acho que a gente no mercado está sempre sofrendo ameaças, todo dia tem um concorrente chegando, empresas maiores chegando. Eu acho que a maior ameaça era essa, as empresas maiores engolirem a gente. E7. [...] todo mundo tinha alguma dificuldade ou mercadológica ou de gestão. E8.

As ameaças encontradas individualmente devido à concorrência cada vez mais forte

e acirrada, profissionalizada e com novos players influenciaram favoravelmente a

associação da maioria das MPEs à Rede MX de papelarias Ltda. Apesar de

constantemente ameaçadas por empresas de maior porte, aumento gradual da

informação por parte do público consumidor, a união de MPEs e as diversas

possibilidades de criação de sinergias de uma rede proporciona, à medida de seu

desenvolvimento, a redução das ameaças enfrentadas por cada empresa

participante.

Não me sentia ameaçado. Hoje, as ameaças são maiores porque mais pessoas podem influenciar o meu negócio. Isso com certeza desfavoreceu a minha participação. E1.

No entanto, como apontado pelo entrevistado E1, existem ameaças na participação

por existirem riscos de influências negativas sobre o seu negócio, por parte de outro

associado.

Pergunta 10.5 - Identificação da ampliação mercadológica como fator favorável ou

desfavorável à associação de MPEs à Rede MX de papelarias Ltda.

[...] eu acho que todo mundo da rede tem condição de ter um crescimento maior em conjunto, do que isolado. E6. [...] cada loja permanece só com a sua região de atuação e consegue expandir dentro da sua região. E8. A rede te dá mais condições de ampliar, a primeira rede que participei, eu tinha duas lojas e fui pra seis. E12.

O desenvolvimento da associação possibilita o crescimento individual das

organizações parceiras e a busca de mercados que não estejam ocupados.

A rede reduz o mercado para você crescer, por causa das regras da própria associação. E5.

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Contraditoriamente, a ampliação mercadológica de uma MPE participante da Rede

MX de papelarias Ltda também pode ser restringida pelas regras da empresa

coletiva. Segundo o estatuto da rede, cada associado preserva o direito de

permanecer isolado em seu raio de atuação, o que diminui consideravelmente a

possibilidade de crescimento e a abertura de novas lojas nas cidades que atuam.

Não foi o que me fez associar, naquele momento o que eu mais precisava era não sair do mercado. Hoje, ampliei os negócios. Muito da ampliação devo a melhoria proporcionada pela rede. E2. Acho que não chega a importar muito, para ampliar mercados temos que aumentar as vendas e não só comprar melhor. O objetivo da rede é de compras. E6. Ampliar, por enquanto não está dando não, estou no mesmo patamar. Não queria ampliar, só não podia reduzir. E10.

A divergência obtida nas respostas dos entrevistados evidencia que a associação a

uma SPE de compras de MPEs acontece por vários motivos, entre eles a ampliação

mercadológica. No entanto, o real motivo da existência da SPE que é comprar

melhor, e a necessidade de sobrevivência fez com que a ampliação de mercado no

momento da associação se tornasse indiferente para E2, E6 e E10. Mas,

comparando o número de respostas favoráveis e desfavoráveis ao fator ampliação

mercadológica, pode-se afirmar que sua influência favoreceu a associação das

MPEs à SPE.

Pergunta 10.6 - Identificação da aprendizagem do conhecimento tácito do parceiro

como fator favorável ou desfavorável à associação de MPEs à Rede MX de

papelarias Ltda.

Seguem as respostas mais representativas:

Com certeza, esse é um grande estímulo para associação. Mas, no fim das contas, você só aprende o que o outro oculta se também for capaz de ensinar algo que ele não sabia. Acredito que todos ganham se houver transparência nos negócios, inclusive para se impor limites. E2. [...] isso só foi possível pelos comentários das reuniões, visão de outros empreendedores, eu acho que, inclusive, a gente tem que ficar ligado em todos os pontos de vista. E3. [...] pela forma que os associados vão trabalhando, a gente vai aprendendo e vai corrigindo a nossa maneira de trabalho, não que a maneira dele esteja certa, mas como aprendizado é favorável. E5.

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[...] a gente tem um intercâmbio muito grande de informações ali dentro da SPE com os outros sócios, é bastante favorável a troca de ideias [...] uma coisa ou outra você aprende, né. E6. [...] o que me fez associar foi que eu estava novo no mercado, então a oportunidade de conhecer mais o segmento, de dividir... não de dividir a experiência por que eu tinha pouca né, mas de absorver esse conhecimento que foi o fator que mais me motivou a participar da rede. E8.

A aprendizagem do conhecimento tácito do parceiro foi um fator favorável à

associação das MPEs à Rede MX de papelarias Ltda. Os empresários buscam

aprender os pontos fortes de cada empresa parceira para tentar melhorar seu

desempenho. É importante ressaltar que a transferência de conhecimento deve

acontecer espontaneamente e não de forma investigativa. Para que exista a

possibilidade de trocas de informações, é necessário que exista confiança entre os

sócios e que todos sejam capazes de ajudar no desenvolvimento do conhecimento

alheio. Ao apontar diretamente como um fator relevante para a associação a

aprendizagem do conhecimento tácito do parceiro, o entrevistador percebeu um

desconforto nos relatos dos empresários para tratar do assunto, evidenciando assim,

que ocorre a busca de conhecimento dos parceiros por parte dos empresários. No

entanto, um entrevistado declarou ser desfavorável por acreditar que nem todos são

transparentes no relacionamento. Como relatado a seguir:

Eu acho que desfavorece né, mas isso aí é do ser humano, ele nunca conta tudinho, tudinho não né, mas... eu aprendo muito coisa lá. Mas, mesmo assim, tem gente que esconde um tiquinho. E10.

Pergunta 10.7 - Identificação de aquisição de meios de distribuição como fator

favorável ou desfavorável à associação de MPEs à Rede MX de papelarias Ltda.

A seguir, apresentam-se trechos das respostas mais significantes para confirmar a análise apresentada.

Não é relevante.E1. Não considerei essa hipótese no momento da associação, acredito não estar nos planos de ninguém adquirir uma distribuidora ou uma indústria em sociedade. E2 Não foi uma coisa que me fez associar não, a rede queria outras. Não, não

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me associei para adquirir um meio de distribuição não. E7. [...] não me associei para adquirir um meio de distribuição nenhum. E10.

Aquisição de meios de distribuição não foi relevante para a associação a Rede MX

de papelarias Ltda para oito entrevistados.

Favorável, acabou que a gente conseguiu abrir alguns fornecedores,alguns distribuidores que a gente não tinha ... que não tinha contato antes com a minha empresa. E6. [...] a gente tem condições de comprar um caminhão, recolher mercadorias na indústria e fazer entregas compartilhadas. E12.

Contraditoriamente, quatro associados evidenciaram que esse foi um fator que

influenciou favoravelmente à associação de sua empresa. Por se tratar da união de

duas redes pequenas que anteriormente não tinham essa necessidade, supõe-se

que esse fator não foi sequer apresentado ou discutido pelos sócios da SPE antes

da formação e que essa é mais uma das possibilidades futuras criadas pela

participação em redes e vislumbrada pelos empreendedores no momento da

entrevista.

Assim considerou-se a aquisição de meios de distribuição fator irrelevante à

associação de MPEs à SPE.

Pergunta 10.8 - Identificação de assimetria como fator favorável ou desfavorável à

associação de MPEs à Rede MX de papelarias Ltda.

Apresenta-se a seguir as respostas mais completas e significativas dos empresários:

Inicialmente, acreditava que as empresas de meus parceiros eram muito maiores que a minha e me sentia inibido por isso. E1. [...] tem uma divergência muito grande, principalmente no volume individual de compras e no tipo específico de produtos que cada um trabalha. E9. [...] associar à rede na época que a montamos era muito mais favorável pra todos em conjunto [...] ninguém de nós apenas deu forças e nivelou a concorrência, cada um é mais forte em uma linha de produtos. E2. A minha loja é pequena, eu não tenho condição de trabalhar e seguir esse tipo de padrão de todo mundo não. E11.

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A assimetria entre as empresas dividiu as opiniões dos entrevistados. O julgamento

de cada empresário quanto ao seu potencial e à sua real situação influenciaram

suas decisões, além das diferenças entre mix de produtos. No entanto, todas as

empresas participantes de uma SPE devem ser de micro e pequeno porte e,

especificamente, no caso da Rede MX de papelarias Ltda, todas são empresas de

pequeno porte e possuem faturamentos aproximados. Assim, assimetria quanto ao

porte foi irrelevante e a assimetria quanto ao mix de produtos favoreceu a

associação, possibilitando diversificação aos futuros parceiros.

Pergunta 10.9 - Identificação de baixo desempenho individual como fator favorável

ou desfavorável à associação de MPEs à Rede MX de papelarias Ltda.

A seguir, apresenta-se as respostas que melhor representam a opinião dos

empresários:

Por minha empresa ser muito pequena, mal conseguia comprar o mínimo exigido pela maioria dos fornecedores. Quando comprava, meu estoque ficava muito alto e acabava vendendo os produtos adquiridos com margens muito pequenas e até com prejuízo para honrar os pagamentos com fornecedores. Eu ficava muito apertado o ano inteiro. E2. Essa baixa, eu também não observo como obstáculo, porque a gente tem que começar aos poucos, aí vai aumentando. E3. O meu desempenho era pífio. Trocava seis por meia dúzia nas melhores épocas de venda do ano para poder honrar os meus compromissos. E6.

O baixo desempenho individual favoreceu a associação de 6 das MPEs à Rede MX

de papelarias Ltda, segundo alguns dos entrevistados. Pode-se concluir que o baixo

desempenho favoreceu a união por relatos confidenciados ao pesquisador em

outros pontos da entrevista e também pela irrelevância apontada pelos outros 6

membros. Assim, a busca da união para alcançar melhorias coletivas, a

determinação para buscar a sobrevivência de suas empresas, aumentar o poder de

compras e alcançar vantagens competitivas foram importantes e evidenciam a busca

por uma evolução de desempenho por parte da metade dos empresários

associados.

Acredito, não foi o nosso caso. Não tinha um baixo desempenho. E7.

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Não vejo que um baixo desempenho levou à associação, não vejo que isso aconteceu. Nem no meu caso, nem no caso dos outros. E9.

Não, pra dizer a verdade. Há muitos anos que eu já pensava um negócio desse associativo. Eu ficava cutucando os outros, até ter a chance de montar a rede. Demorou, mas foi. A rede está aí. E10.

Antagonicamente, a metade dos entrevistados não se associaram a Rede MX de

papelarias Ltda por possuir baixo desempenho. Uns consideravam não ter um baixo

desempenho e o entrevistado E10 considera que sua associação a rede é fruto de

sua persistência de buscar o associativismo.

Pergunta 10.10 - Identificação de baixo poder competitivo individual como fator

favorável ou desfavorável à associação de MPEs à Rede MX de papelarias Ltda.

Como comprava muito para as quantidades que precisava, conseguia destacar minha empresa e competir com as grandes empresas através de promoções que fazia, muitas vezes fui alvo de mídia espontânea por vender tão barato e acho que foi isso que me credenciou a participar da rede. Ninguém sabia que eu vendia muito barato pra pagar as contas. Aumentar a minha competitividade foi poder comprar menos e vender tudo que comprava. A rede proporciona isso. E2. Eu não tinha um poder competitivo muito baixo, é lógico tive um ganho com a rede, mas só em alguns pontos... alguns fornecedores. E6. A gente estava perdendo competitividade. A gente estava comprando por um preço que a gente perdia um pouco a competitividade com outras redes ou com outras empresas maiores. E7. Eu não tinha um baixo poder competitivo, isso não acontecia, pelo menos comigo não. Talvez, não tivesse boas condições com um ou outro fornecedor e não vendia o que eles ofereciam. E9.

O baixo poder competitivo anterior à associação à SPE não foi explicitado de forma

espontânea pelos entrevistados, que apontaram ganhos de competitividade, mas

não consideram que tinham baixo poder competitivo individualmente. Algumas

respostas evidenciaram as fraquezas de forma individual e outras apenas

contradizem o apontamento inicial favorável, desfavorável ou irrelevante por parte

dos empresários.

Desfavorável, a rede aumenta o poder de competição dos novos parceiros. Acontece um nivelamento que pode prejudicar que tinha maior poder de competição. E5.

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Apenas o entrevistado E5, demonstrou a preocupação de nivelar os parceiros como

fator desfavorável a sua associação. Dessa forma, pode-se concluir que a

participação na Rede MX de papelarias Ltda poderia influenciar favoravelmente o

aumento do poder competitivo das empresas individuais, mesmo que apenas para

alguns casos como para E6 e para E9 que não trabalhava com um fornecedor

quando percebia suas incapacidades.

Pergunta 10.11 - Identificação de benefícios futuros como fator favorável ou

desfavorável à associação de MPEs à Rede MX de papelarias Ltda.

Favoreceu, e continua ainda, com o decorrer do tempo nós temos que procurar outras alternativas de beneficiarmos. E3. [...] hoje, estamos aquém do potencial e a gente não explora esse potencial. E6. [...] se a rede não der um retorno satisfatório para esses que são maiores, ao invés de ter benefícios e der prejuízo, em algum momento, esse cara que é maior pode sair da rede. E8. [...] acho que todo mundo teve benefício desde a entrada e continua tendo e no futuro também vai continuar tendo. E10.

Os benefícios futuros foram favoráveis à associação dos entrevistados. Apesar de

da expectativa de retorno dos benefícios da associação nas respostas dos

empresários não terem sido atendidas. No, entanto, existe um otimismo na

expectativa de mais benefícios.

Eu acho que dentro da nossa rede os associados não conseguem enxergar isso, eles estão preocupados muitas vezes com o beneficio imediato. E5.

Contraditoriamente aos onze empresários que apontaram o fator como favorável, o

entrevistado E5 apontou o fator como neutro. Por perceber que alguns parceiros

preocupam-se com benefícios imediatos.

Assim, pode-se concluir que os parceiros esperavam mais benefícios antes da

associação do que conseguiram perceber após três anos do início da Rede MX de

papelarias Ltda. E que a presença do imediatismo pode gerar frustrações.

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Pergunta 10.12 - Identificação de características similares do negócio como fator

favorável ou desfavorável à associação de MPEs à Rede MX de papelarias Ltda.

A maior parte favoreceu né, a linha que eu trabalho eles trabalham [...] E1. Se não fosse isso não nos uniríamos, [...] estamos muito longe da sonhada padronização de mix de produtos, mas com o tempo da união, cada dia mais, aumenta a semelhança entre as lojas. E2. Se você tiver uma rede de lojas dentro mais ou menos do mesmo padrão, é mais interessante, eu acho que dá pra ter um retorno melhor. E7. [...] quanto mais similar for, mais sinergia você pode ter. E12.

Percebe-se que a consciência quanto à similaridade está contida nas respostas

apresentadas pelos entrevistados. Apresentou-se as mais significativas que

generalizam a opinião de todos quanto as características similares do negócio.

Assim, o fator favoreceu a associação dos empresários à SPE estudada e continua

favorecendo a medida que o negócio coletivo se desenvolve. Quanto mais similares

as empresas fossem anteriormente, mais benefícios poderiam ser alcançados e a

sinergia poderia acontecer mais rapidamente com a união.

Pergunta 10.13 - Identificação de complementaridade técnica e comercial como

fator favorável ou desfavorável à associação de MPEs à Rede MX de papelarias

Ltda.

O principal objetivo da nossa rede é a complementaridade comercial proporcionada pela união para comprar com custos menores.E2. [...] tem parceiros que são mais comerciais, tem parceiros que tem mais conhecimento técnico, toda essa troca de informações é favorável [...]. E6. [...] à medida que você consegue comprar melhor, num volume menor, isso favorece muito sua posição no mercado. E7. A cada dia que passa a gente aprende, a gente complementa a nossa parte técnica e também a gente melhora a nossa parte comercial. Todo dia a gente está melhorando.E8. (...) tem coisa que a gente não sabia nem que vendia bem, e outro parceiro ajudou ué, ajudou você colocar o produto na sua loja [...]. E11.

A complementaridade esperada por futuros membros de uma SPE de compras é

poder adquirir produtos dentro de suas necessidades de revenda a preços melhores

e em quantidades menores do que se comprassem individualmente. Os parceiros de

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uma SPE esperam também, por meio de troca de informações, ampliar suas

capacidades. De acordo com dez dos doze empresários a complementaridade

técnica e comercial influenciou sua associação à Rede MX de papelarias Ltda

favoravelmente.

Não favoreceu, acho que por eu ser um dos mais experientes no segmento, não consegui aprender muita coisa, eu esperava mais. E3. Pra mim, ainda não favoreceu. Estou tentando aprender mais do negócio para tentar buscar mais benefícios. Achava que ia ser mais fácil. E10.

Dois entrevistados consideraram o fator desfavorável por ainda não considerar-se

beneficiado. O que demonstrou uma frustração de suas expectativas quanto ao

fator. Assim, pode-se concluir que a complementaridade técnica e comercial está

entre os fatores favoráveis à associação de MPEs à SPE segundo a maioria dos

empresários. Mas apenas o desenvolvimento individual alcançado pela força coletiva

proporciona a percepção de resultados positivos.

Pergunta 10.14 - Identificação de condição ambiental como fator favorável ou

desfavorável à associação de MPEs à Rede MX de papelarias Ltda.

[...] tenho muito medo de nosso setor ficar ultrapassado. E1. [...] nossa associação foi uma condição imposta pelo mercado de papelarias de Belo Horizonte. [...] E2. Hoje o mercado está cercado por grandes empresas que trabalham com atacado e varejo e isso estava nos deixando preocupados. E8. [...] se não fosse a rede provavelmente já tinha sido engolido por um tubarão desses. E11.

A condição ambiental do varejo de papelarias e as mudanças previstas para o setor

pelos empresários entrevistados de Belo Horizonte e região metropolitana,

expuseram as fragilidades e inseguranças das MPEs que buscaram participar da

SPE. Dessa forma, o fator favoreceu à associação de nove dos entrevistados. O que

pode ser confirmado nas respostas mais significativas do questionamento acima

apresentadas. No entanto, diversos foram os motivos que levaram a participação de

empresários a rede e como pode-se perceber no relato de E10 a condição ambiental

não influenciou a todos de forma espontânea.

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A condição ambiental não favoreceu a minha participação na rede. Só estou na rede porque a empresa caiu no meu colo pra tomar conta. Estou aprendendo com todos, mas se não fosse o falecimento do meu irmão, não trabalhava com papelaria. E10.

Pergunta 10.15 - Identificação de cooperação dos concorrentes como fator favorável

ou desfavorável à associação de MPEs à Rede MX de papelarias Ltda.

A cooperação dos concorrentes foi um fator favorável à associação para onze dos

entrevistados. O que se pode perceber, analisando os dados, é que os empresários

que buscavam colaborar com a empresa coletiva também esperavam a cooperação

de todos os outros envolvidos para desenvolverem em conjunto. Em entrevista, a

maioria dos membros da Rede MX de papelarias evidenciou esperar cooperação

dos concorrentes.

Se os concorrentes não sentirem reciprocidade, não existe regra, lei ou qualquer coisa que os façam cooperar. E2 [...] dentro da associação você passa a não ser visto apenas como um concorrente. E5. [...] o meu maior concorrente é o cara da rede que eu faço parte. Ele é o meu maior concorrente direto. Por que está no bairro do lado, mas nós somos parceiros.” E7. [...] se não tivesse cooperação, a rede nem aconteceria.E12.

Apenas um entrevistado preocupou-se em ser alvo de concorrência de quem não o

conhecia anteriormente e apresentou sinais de desconfiança quanto ao fator, como

é possível observar em sua resposta, a seguir:

[...] às vezes quem não se preocupava com você começa a se preocupar, você cria mais visibilidade, então acho que nesse aspecto ela desfavorece. E8.

Assim, a cooperação dos concorrentes foi favorável a associação, mas exige um

pouco de cautela e de regulamentos que limitem a concorrência entre os parceiros.

Pergunta 10.16 - Identificação de criação de uma central de compras como fator

favorável ou desfavorável à associação de MPEs à Rede MX de papelarias Ltda.

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A rede no formato que é hoje, SPE, só poderia existir se fosse criada uma central de compras. E2. É claro que favoreceu, na central de compras a gente consegue comprar bem melhor que se tivesse comprando individualmente.E3. [...] a associação pede uma central de compras. E5. [...] Na rede, você compra menos com preço de volume, então isso faz a diferença. E7. [...] nossa rede foca única e exclusivamente na parte de compras. E8.

A criação de uma central de compras consiste no principal fundamento para se criar

uma SPE que tem o objetivo de comprar melhor. A grande possibilidade de

obtenção de benefícios em uma SPE deve-se à unificação de pedidos de várias

MPEs em uma única personificação jurídica. Assim, considera-se a criação de uma

central de compras favorável à formação da Rede MX de papelarias Ltda e também

o mais importante para a criação desse formato de rede.

Pergunta 10.17 - Identificação de criação de sinergia como fator favorável ou

desfavorável à associação de MPEs à Rede MX de papelarias Ltda.

Quando duas cabeças pensam é muito melhor do que uma só, né patrão. E1. [...] ainda estamos muito longe do potencial que temos. Hoje, praticamente aproveitamos a sinergia criada para compras de produtos para revenda. E2. Quando você tem afinidade com os associados a sinergia ocorre mais fácil. Devagarinho, vai chegando.E4. A sinergia acontece em todos os sentidos e tem muita coisa interessante ainda na rede que falta explorar. E12.

A criação de sinergia esperada, conforme os relatos dos entrevistados, ainda não foi

plenamente alcançada pelos participantes da Rede MX de papelarias Ltda. Essa

convicção de que existem mais sinergias a serem exploradas para aumentar os

benefícios coletivos evidenciam que este fator foi muito favorável à associação das

MPEs. De forma unânime, o fator foi apontado como favorável à associação de

todos os empresários à SPE estudada.

Pergunta 10.18- Identificação de crises de lucratividade individual como fator

favorável ou desfavorável à associação de MPEs à Rede MX de papelarias Ltda.

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Apontado como fator relevante para a associação, as crises de lucratividade

individual enfrentadas pelos empresários antes da associação também

demonstraram-se favoráveis à associação das MPEs à SPE pela maioria dos

entrevistados. As respostas dos entrevistados apresentam que individualmente são

mais frágeis e que as crises de lucratividade influenciaram de forma a estimular o

empreendedorismo e busca de soluções para as dificuldades individuais em uma

organização coletiva.

Quando você tem um problema em sua empresa, você busca todas as alternativas possíveis para resolvê-lo, ou então conviverá com o problema até a empresa fechar. A rede foi mais uma opção para melhorar os negócios. E2. [...] normalmente na dificuldade você tende a procurar novos caminhos. E5. “[...] sozinho a gente pode ter alguma perda de lucro. E11.

Apesar de dois membros definirem-no como fator desfavorável, apenas um

entrevistado justificou sua resposta e relatou ao pesquisador que percebeu grande

melhora na lucratividade de suas empresas após a participação na SPE.

Na verdade, a gente quase não vê crise, pra mim nunca teve crise, Não favoreceu a minha entrada. [...] é lógico que percebo mais lucro depois que estou na rede. E9.

Assim, é possível concluir que crises de lucratividade individual foram favoráveis à

associação à Rede MX de papelarias Ltda e que a participação pode proporcionar a

melhoria da lucratividade.

Pergunta 10.19 - Identificação de custos e riscos elevados como fator favorável ou

desfavorável à associação de MPEs à Rede MX de papelarias Ltda.

Com o propósito de identificar o fator custos e riscos elevados como favorável ou

desfavorável a associação de MPEs à Rede MX de papelarias Ltda, As respostas

dos entrevistados demonstram que os micro empresários divergem opiniões quanto

ao risco. Dois respondentes minimizaram o fator e demonstraram conscientemente

que todo negócio tem custos e riscos elevados. Como segue:

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Risco é normal, tanto da empresa da gente quanto da associação, isso aí não tem muito jeito não! E3. [...] Se o custo e o risco forem altos para poucos, se diluído entre os sócios for razoável é possível que favoreça a entrada para usar o ditado do mercado financeiro, quanto maior o risco, maior a capacidade de retorno. E12.

Apesar de quatro respostas serem favoráveis a associação, o fator custos e riscos

elevados foi apontado como o mais desfavorável de todos entre os apresentados

para os empresários. O que apresenta risco para todas as empresas é que alguma

atitude individual oportunista implique em prejuízos coletivos que devem ser

assumidos para evitar a restrição de crédito de todas as empresas, o que pode

manter uma desconfiança, quando ocorrerem casos de utilização da SPE para

realização de compras otimistas quanto à venda do produto por parte de um ou

outro associado. A seguir, apresentam-se as respostas dos entrevistados quanto ao

fator citado:

[...] agora posso ser responsável por uma dívida realizada pela rede, mesmo sem ter participado da compra. E isso, é muito arriscado. E1. O maior problema da rede neste formato é que temos o risco muito alto de participação, porque somos corresponsáveis por todas as dívidas que a rede possa ter. Inclusive se um dos membros tiver o nome negativado em entidades de proteção ao crédito, todos os membros podem sair prejudicados e perder o crédito. Nesse caso, a rede, empresa que eu também sou sócio, tem um membro negativado e isso restringe o crédito de todos no mercado. E2. [...] se o cara tem um risco muito grande você já não vai querer se associar a ele. E4 Sem uma garantia dos associados como é hoje, o risco é alto. Se ocorrer algum problema com alguém, acredito que vá mexer com a estrutura de vários. E8. [...] nós temos um custo e um risco muito elevado na rede. E11.

Assim, identificou-se o fator custos e riscos elevados como desfavorável à

associação das MPES à Rede MX de papelarias Ltda.

Pergunta 10.20 - Identificação de desenvolvimento de normas técnicas como fator

favorável ou desfavorável à associação de MPEs à Rede MX de papelarias Ltda.

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No tocante ao desenvolvimento de normas técnicas como fator influente na

associação de MPEs a SPE estudada, foram obtidas as seguintes respostas:

Não temos essa capacidade, mas o segmento de papelaria é muito bem regulado. Compramos apenas produtos de primeira linha e todos já vêm com INMETRO e outros selos de qualidade. E2. [...] nem foi favorável, nem desfavorável, porque não envolveu isso. E6. Não tem norma técnica nenhuma na minha loja, nada. Irrelevante. E11.

Por todas as empresas participantes da Rede MX de papelarias serem MPEs

varejistas e não fabricarem nada, o fator desenvolvimento de normas técnicas não

foi considerado relevante para a maioria dos entrevistados, que sequer

consideraram sua importância por se sentirem incapazes de criar normas técnicas

para o setor.

[...] não foi um fator que me levou a me associar a rede não. Mas pode ser interessante você normatizar uma empresa e utilizar aquilo como um parâmetro para os outros associados. E7. [...] se vai escrever alguma coisa, vai padronizar (...), por exemplo, o manual do colaborador, a cartilha do vendedor, isso ajuda [...] E12.

No entanto, dois empresários esperavam no momento da sua associação que a SPE

pudesse desenvolver manuais e regras de conduta para todas as lojas participantes

e normatizar as empresas parceiras. Conclui-se que o fator foi irrelevante para a

associação da maioria das MPEs, ressalvando o posicionamento de dois membros

que esperam a padronização de algumas funções e atividades.

Pergunta 10.21 - Identificação de distância entre as empresas como fator favorável

ou desfavorável à associação de MPEs à Rede MX de papelarias Ltda.

A distância entre as empresas tem fundamental importância na proteção das áreas

de atuação e evita a concorrência entre os membros. Quanto maior a distância entre

as lojas, maior a possibilidade de cooperação e colaboração entre os parceiros.

Dessa forma, mais benefícios podem surgir da associação. Segundo nove dos

entrevistados, a distância entre as empresas favoreceu a associação à Rede MX de

papelarias Ltda conforme as respostas obtidas:

Tem que ter uma distância de uma papelaria pra outra pra se associar. Eu acho que isso aí é bom, porque protege, em partes, o seu ganho.E3.

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[...] hoje não tem tanta concorrência entre nós. E4. Eu acho que uma distância maior é favorável, porque ninguém quer um parceiro que está muito próximo nessa rede, ou em um campo de atuação bem próximo. E6. A distância entre as empresas favorece, porque ela cria um limite entre as empresas [...] ela cria regras entre os associados.E8. Quanto maior a distância, mais favorável.E12.

No entanto dois associados relataram que a longa distância pode comprometer o

envolvimento dos parceiros.

Para reunir todos quando precisamos, é complicado. E1. Quanto mais distante o parceiro, menos parceiro ele é. O contato pessoal é mais difícil, aí demora mais pra ganhar confiança. E10.

Para solucionar esse problema, a Rede MX tem sua sede a uma distância média

aproximada equivalente de todas as sedes das empresas fundadoras. Por isso,

conclui-se que o fator distância entre as empresas favoreceu a associação das

MPEs à SPE estudada e que o envolvimento do parceiro depende de distância

adequada para proteção de mercado e participação sem grandes esforços.

Pergunta 10.22- Identificação de diversificação como fator favorável ou desfavorável

à associação de MPEs à Rede MX de papelarias Ltda.

No que refere-se a diversificação como fator que influencia a associação de MPEs a

SPE estudada, os empresários divergem opiniões. Três participantes acreditam que

quanto maior a possibilidade de diversificação anteriormente à formação, mais mais

difícil para se criar foco, controlar uma linha ampla e relacionamentos duradouros

com fornecedores. Portanto, a diversificação deve ser tratada com especial atenção

para que seja possível reforçar parcerias existentes e não apenas multiplicá-las.

Ela é desfavorável, antes da criação da rede, pois fica mais difícil para visualizar os benefícios E5.

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Pra começar o negócio coletivo, quanto mais diversificado pior é. Fica muito mais difícil perceber a interseção entre os negócios.E9.

Porém nove dos entrevistados definiram a diversificação proporcionada pela união

como favorável à sua associação. Apresenta-se as respostas mais significativas:

Conheci novos fornecedores que eu não tinha acesso de compras [...] quanto maior o número de itens pra você trabalhar na empresa, melhor. E1. [...] em grupo, podemos fazer testes mais frequentes, sem a necessidade de grandes investimentos. E2. Se você chegar e for comprar um negócio desse aqui (produtos importados) o que você vai ter muito em estoque e pouca variedade. Então é melhor você poder ter mais variedade e menos estoque. E4. A diversificação ajuda com certeza, porque ela traz a experiência de outros associados de outros ramos e, às vezes, encaixa no seu negócio e você nem pensava nisso. E8.

O fator é favorável por criar a opção de desenvolvimento. Ressalta-se que um grupo

diversificado pode trazer dificuldades para a criação de sinergias.

Pergunta 10.23 - Identificação de eficiência proporcionada como fator favorável ou

desfavorável à associação de MPEs à Rede MX de papelarias Ltda.

A seguir apresentam-se relatos que possam justificar a análise quanto a eficiência

proporcionada pela associação de MPEs a SPE estudada:

Hoje, ampliei os negócios. Muito da ampliação devo à eficiência proporcionada pela rede. E1. Hoje é possível comprar de cada fornecedor, [...] apenas os itens mais comerciais, não preciso de fazer grandes estoques. Isso me ajuda muito, principalmente a ter disponibilidade financeira para continuar equipando e melhorando minha empresa. E2. Ter o custo menor e o mesmo esforço de venda melhora a nossa eficiência. E4. Ainda vai chegar ao ponto em que eu gostaria, porque o fato de simplesmente comprar em grupo é bom, mas nós podemos dizer que a eficiência ainda não foi trabalhada. E9.

Apesar de um dos associados não estar totalmente satisfeito com a eficiência

proporcionada pela rede, todos apontaram a eficiência possibilitada pela coletividade

como um fator favorável à sua associação. A análise realizada para concluir que a

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eficiência proporcionada foi um fator favorável para a associação de MPEs à Rede

MX de papelarias Ltda deve-se à parte dos empresários não estarem satisfeitos com

a eficiência de suas empresas após algum tempo de união, o que é capaz de

demonstrar suas expectativas quanto ao fator.

Pergunta 10.24 - Identificação de escassez de recursos financeiros para o

investimento inicial como fator favorável ou desfavorável à associação de MPEs à

Rede MX de papelarias Ltda.

Não teve que gastar muito para associar a rede, foi só um pouco. E1. Não aconteceu isso, nossa rede antiga entrou com o que tinha em caixa e facilitamos a vida dos novos associados, que puderam fazer o investimento inicial de forma parcelada. E4. Eu já tinha uma empresa sólida, não era uma questão financeira. E7. Quando a gente entrou pra rede já tinha muitos anos de loja. Praticamente não tivemos investimento inicial, não. Eu não investi muito dinheiro não. E11.

Nos relatos de 3 empresários associados, pode-se perceber que a criação da Rede

MX de papelarias Ltda não exigiu grandes investimentos e que uma das redes

anteriores facilitou o investimento inicial para os membros da rede concorrente que

estavam se associando.

Acho que sempre tive escassez de recursos [...] se fosse esperar ter dinheiro para fazer isso ou aquilo, provavelmente, eu nunca teria feito nada. E2. [...] quanto mais escasso o recurso, maior o pulo do gato pra você estar junto. E5. [...] a facilidade de não parcelar o investimento para iniciar o negócio facilitou a minha entrada e também demonstrou que os novos parceiros confiavam na gente e na força da rede. E11.

Contrariamente, 3 dos entrevistados relataram que a escassez de recursos foi um

estímulo para a associação a SPE. As circunstâncias de parcelamento e os relatos

de busca de melhorias de forma empreendedora como relatado ao pesquisador

evidencia que a falta de recursos para investimento inicial de parte dos associados

favoreceu a associação de 5 das MPEs à SPE por ser a primeira demonstração de

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confiança por parte dos possuidores de recursos. Assim, pode se concluir que o

equilíbrio de recursos entre as partes favoreceu o associativismo.

Pergunta 10.25 - Identificação da estabilidade proporcionada como fator favorável

ou desfavorável à associação de MPEs à Rede MX de papelarias Ltda.

[...] naquele momento o que eu mais precisava era não sair do mercado. E1. A possível estabilidade antes da associação à rede me atraia muito, pois minha empresa não vivia o seu melhor momento. E2. [...] pode ser uma estabilidade comercial. E6. [...] quando você associa a uma rede, você tem uma estabilidade melhor no mercado. Seu risco fica um pouco menor. E7.

Segundo dez dos empresários, a estabilidade proporcionada por serem membros de

uma SPE foi fator favorável às suas associações à Rede MX de papelarias Ltda.

[...] percebo que muitos dos membros da rede se contentam em estar estabilizados e não se importam em prosperar. Acreditam que por serem mais fortes em grupo, não precisam mais evoluir. E3.

No entanto, um dos empresários aponta a estabilidade como um ponto de conforto

que pode levar à estagnação de alguns membros da rede. De acordo como as

respostas obtidas, a estabilidade proporcional e financeira proporcionada pela

associação favoreceu a associação das MPEs, o autor ressalta o alerta de um

respondente quanto ao comodismo que pode tirar essa estabilidade, caso ocorra.

Pergunta 10.26 - Identificação da incapacidade de alcançar objetivos de forma

isolada como fator favorável ou desfavorável à associação de MPEs à Rede MX de

papelarias Ltda.

A análise das respostas obtidas permitiu identificar o fator como favorável à

associação, já que onze dos empresários demonstraram suas incapacidades

individuais, frente aos resultados que já obtiveram na associação, referindo-se à

incapacidade individual de compras, incapacidade de divulgar suas empresas e até

de tomada de decisões. A seguir, demonstra-se, nas respostas, a conclusão quanto

ao fator favorável:

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“Muito grande a minha incapacidade de alcançar objetivos de forma isolada, a minha loja é afastada do centro, os fornecedores nunca vinham à minha loja.” E1. [...] num primeiro momento a nossa antiga rede pensava muito em marca, em padronização de loja, isoladamente você não consegue. Se você for fazer um panfleto fica muito caro para uma empresa pequena [...] E7. [...] a rede, ela é um facilitador, a velocidade de reação é mais lenta. Mas isso acaba ajudando para pensarmos em conjunto sobre um ou outro assunto. E8. Eu sempre procurei isso, já estava no meu intuito pensar um negócio associativo (...) é lógico que sozinho você se sente muito mais incapaz mesmo. E11.

Apenas um entrevistado declarou que não percebia incapacidade de alcançar

objetivos de forma isolada, mas em contradição em sua resposta evidenciou uma

incapacidade.

Eu sempre alcancei os meus objetivos isoladamente, quando não dava pra mim eu não fazia negócio. E9.

Pergunta 10.27 - Identificação do isolamento empresarial como fator favorável ou

desfavorável à associação de MPEs à Rede MX de papelarias Ltda.

Quanto ao questionamento sobre o isolamento empresarial como fator que influencia

a associação de MPEs a SPE estudada nove dos entrevistados declararam

movimentarem-se de alguma forma para fugir do isolamento antes da formação da

rede. Alguns buscavam relacionar-se com concorrentes em entidades de classe e

outros buscavam relacionar-se para se manterem informados.

Eu até não me sentia isolado. Desde que entrei para o comércio procurava participar de entidades de classe patronais como uma extinta associação do setor de papelarias, a Arseng, e depois da CDL. E2. Sempre busquei criar relacionamentos com empresários de vários setores. E5. [...] acho que o empresário tem muitos meios de estar se mantendo em contato com os outros empresários. E6. O mais importante é você estar sempre buscando e compartilhando informação. E9. (...) você tem que sair do isolamento, se o cara ficar sem informação ‘tá ferrado’.” E12.

No entanto, o isolamento foi desfavorável para três empresários que afirmaram

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sentirem-se desconfortáveis durante a formação da Rede Mx de papelarias Ltda.

Eu não participava das reuniões do setor, quando a rede fundiu eu fiquei bem desconfiado do pessoal da outra rede. Pra mim foi desfavorável. E1. Ficar isolado é sempre desfavorável. Pra ser bom, tem que ficar ligado o tempo todo. E3.

A busca por relacionamento e aproximação permite à conclusão de que o fator

favoreceu a associação das MPEs à SPE.

Pergunta 10.28 - Identificação da legitimidade frente ao mercado como fator

favorável ou desfavorável à associação de MPEs à Rede MX de papelarias Ltda.

Melhorou frente aos fornecedores. Claro, que para os que fazem negócios conosco; os que não fazem mais, ou não se adaptaram à nossa nova forma de fazer negócio, odeiam a rede e acabam falando mal dela E4. Você fazer parte de uma SPE, só frente aos fornecedores que você vai ter legitimidade, porque eles têm uma visão diferente da gente como rede.E7. Melhorou sim, o pessoal procura a gente mais pra negociar, antigamente nem me conheciam aqui no bairro. E11.

Para todos os entrevistados, a legitimidade frente ao mercado, por se fazer parte de

uma SPE de compras, é apenas para os fornecedores que reconhecem as MPEs

como parte de um grupo mais forte e que merece atenção. No entanto, a

legitimidade das MPEs não se alterou frente ao público consumidor. Se realmente o

acordo da constituição da SPE limitar-se à Lei complementar nº 128, art. 56, de 19

de dezembro de 2008, a legitimidade alcançada seria somente frente a

fornecedores, mas como não existia essa limitação e muitos demonstraram a

expectativa de evolução dessa legitimidade perante o público consumidor. Como no

relato a seguir, que sugere perda de identidade perante ao consumidor:

Atingimos legitimidade frente aos fornecedores, mas em compensação minha empresa sofre com a perda de uma identidade. Hoje eu tenho duas marcas. A antiga, que estava começando a ser reconhecida pelos clientes e a atual da rede, que é registrada, mas sem divulgação, então perdemos o reconhecimento dos clientes. E 2.

Sendo assim, conclui-se que a legitimidade frente ao mercado também foi um fator

que influenciou a associação de MPEs à SPE favoravelmente, apesar de apenas ter

acontecido frente ao público consumidor.

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Pergunta 10.29 - Identificação das limitações individuais como fator favorável ou

desfavorável à associação de MPEs à Rede MX de papelarias Ltda.

No que refere-se a limitações individuais, dez empresários afirmaram que o fator foi

favorável a associação. Como percebe-se nas respostas a seguir:

No individual, eu não consigo fazer uma compra de importados daquela. Então o grupo facilita. Pra todas as importadoras principalmente. E 1. Minha empresa sempre foi muito limitada individualmente, sozinho eu sou muito pequeno. E a vontade de reduzir isso favoreceu a minha associação. E2. A limitação maior da nossa empresa era a localização. Representante e informação não chegavam, era muito difícil das oportunidades virem até a gente. E8.

Várias limitações individuais influenciaram favoravelmente à associação das MPEs à

Rede MX de papelarias Ltda, dentre elas a incapacidade individual de cada

participante, a distância dos principais centros de negócios e também o porte das

empresas. Apenas por serem empresas de pequeno porte, que vendem produtos

industrializados não exclusivos, podem-se identificar limitações individuais em cada

uma. Porém, o reconhecimento da limitação é o que determinou a busca por

associação de cada empresário. Apesar do favorecimento do fator, um entrevistado

relatou que as limitações individuais de várias MPEs juntas não desaparecem,

apenas são minimizadas, portanto considerou desfavorável para sua associação.

Como destacado, a seguir:

Várias MPEs unidas são mais fortes, mas a limitação individual de cada um permanece, só que minimizada. Para que acabassem as limitações individuais, elas tinham que ser as mesmas. E não é o que acontece. Por isso, pra mim não favoreceu. E9.

Assim, considera-se que apesar de um posicionamento desfavorável, as limitações

individuais favoreceram a associação das MPEs a Rede MX de papelarias Ltda.

Pergunta 10.30 - Identificação do compartilhamento de marcas, publicidade e

propaganda como fator favorável ou desfavorável à associação de MPEs à Rede MX

de papelarias Ltda.

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A identificação sobre o compartilhamento de marcas, publicidade e propaganda

como fator favorável ou desfavorável à associação de MPEs à Rede MX de

papelarias Ltda apresentou diferentes expectativas dos entrevistados. Oito

empresários foram favoravelmente influenciados pela possibilidade de

compartilhamento de marcas, publicidade e propaganda e três opostamente

influenciados. A seguir, apresenta-se as respostas mais relevantes:

[...] acreditava que a unificação das marcas era uma tendência e, em seguida, fossem ocorrer divulgações frequentes de forma compartilhada. E3. [...] hoje tem vários que usam a mesma marca, em vários locais diferentes. E4.

Devido ao histórico de concorrência existente anterior à criação da SPE, a principal

intenção era reforçar o poder de compras para aumentar a competitividade frente ao

mercado, no entanto algumas empresas participantes de redes anteriores já faziam

esse compartilhamento.

Nessa rede, essa não era a nossa intenção desde o início [...] isso não ocorre hoje, a rede hoje utiliza várias marcas. Na rede antiga, a ideia de compartilhamento era maior. E2.

[...] a rede favorece isso, mas a gente, na prática, não faz, não colhemos esse benefício, temos que trabalhar isso melhor. E8.

Apesar de declarações afirmarem que o compartilhamento de marcas, publicidade e

propaganda não era a intenção inicial da rede, ninguém se opôs a essa

possibilidade de forma contundente nas entrevistas. Portanto, o compartilhamento

de marcas, publicidade e propaganda favoreceu a associação das MPEs à a Rede

MX de papelarias Ltda.

Pergunta 10.31 - Identificação de melhoria de desempenho esperada como fator

favorável ou desfavorável à associação de MPEs à Rede MX de papelarias Ltda.

De forma unânime, os sócios da SPE afirmaram que a melhoria de desempenho

esperada pela associação de suas empresas à Rede MX de papelarias favoreceu

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suas associações. A análise realizada sobre esse fator demonstra que os

empresários estavam conscientes de que a união, cooperação e colaboração são

capazes de proporcionar melhor desempenho aos envolvidos, principalmente

quando se trata de compras coletivas. Assim, também, classificou-se como favorável

à associação a melhoria de desempenho esperada pelas MPEs. Como se pode

perceber nas respostas obtidas:

Doze pensam melhor do que um. Desgastamos muito menos, a informação corre rápida, fazemos negócios melhores e melhoramos consideravelmente as nossas margens. Com certeza, o desempenho melhora. E2. A partir do momento que a gente consiga comprar melhor, uma negociação melhor significa um desempenho melhor da empresa. E6. Se você compra mais barato, você tem uma margem melhor, você consegue ter um desempenho melhor na questão preço. E7. A melhoria foi efetiva, a decisão de compra é mais rápida, é mais segura. E9.

Pergunta 10.32 - Identificação da necessidade como fator favorável ou desfavorável

à associação de MPEs à Rede MX de papelarias Ltda.

Outro fator unânime favorável à associação foi a necessidade percebida pelos

empresários de associação. Se não existisse a consciência de suas limitações

individuais, como já apresentado anteriormente, e o empreendedorismo presente

nas ações de cada empresário em busca de melhorias, talvez não ocorresse a

criação da Rede MX de papelarias Ltda. Cada resposta apresentou que, se não

existisse necessidade de melhorias organizacionais em diversos pontos, a

associação talvez não fosse necessária, como relatos apresentados a seguir:

[...] naquele momento o que eu mais precisava era não sair do mercado. E1. Eu não era suficientemente capaz para continuar muito tempo sozinho, entrar para a rede foi também questão de necessidade. E2. Dentro de diversos pontos de dificuldade, cria-se uma necessidade de estar em conjunto com alguém. E5. Se não tivesse necessidade, não associava. E9.

Pergunta 10.33 - Identificação da necessidade de retorno em curto prazo como fator

favorável ou desfavorável à associação de MPEs à Rede MX de papelarias Ltda.

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No tocante a identificação da necessidade de retorno em curto prazo o fator

apresentou uma variação equilibrada entre favorável e desfavorável à associação de

MPEs A Rede MX de papelarias Ltda. A seguir apresenta-se alguns dos sete

posicionamentos favoráveis com maior significância:

Claro que favoreceu, a gente precisa de ter retorno rápido, por que senão a gente deixa o negócio pra lá. Pra que investir em um negócio que não é bom. Se não for bom rápido temos que procurar mais alternativas. E3. Todo negócio tem que dar retorno de curto prazo, ou sinais de que será positivo. Quando formamos a rede, fomos beneficiados desde a primeira compra em conjunto. E4 [...] estou preocupado com o beneficio imediato, nem sei se vou estar vivo amanhã. E6.

Os entrevistados demonstraram que quando não é possível perceber retorno de

algum empreendimento, a possibilidade de abandoná-lo em situações em que

existem outras prioridades ou falta de recursos existem. Apesar de todas as

empresas terem o mesmo porte, nenhuma delas é iniciante, sendo assim supõe-se

que tenham recursos suficientes para investir sem a necessidade de retorno em

curto prazo. A seguir, apresentam-se trechos das respostas dos quatro entrevistados

que consideraram o fator foi desfavorável:

Nossa antiga rede entrou com o que tinha em caixa e facilitamos a vida dos outros associados, [...] na nossa rede ninguém estava precisando do dinheiro rápido. E 2. [...] por ser um negócio, não se pode pensar em curto prazo. Tem que pensar em longo prazo,é ruim pra quem tiver essa necessidade. E8. Eu não precisava não. Acho que a necessidade nossa, no caso a rede seria de longo prazo. Isso desfavorece a associação. E11. [...] qualquer coisa que você precisar em curto prazo você dança. E12.

Dessa forma, o pesquisador considerou a necessidade de retorno a curto prazo

como fator favorável a associação das MPEs a Rede MX de papelarias LTDA por

mais entrevistados perceberem o fator como favorável. No entanto, os entrevistados

com opinião contrária afirmaram que esse fator pode prejudicar o empresário que

tiver tal necessidade.

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Pergunta 10.34 - Identificação do histórico empresarial dos parceiros como fator

favorável ou desfavorável à associação de MPEs à Rede MX de papelarias Ltda.

Referente ao histórico empresarial dos parceiros, obteve-se as seguintes respostas:

Eu vim da rede X, tinha relacionamento comercial com metade dos membros, só precisava observar e avaliar os novos parceiros. Pesquisei o histórico de cada parceiro em órgãos de proteção de crédito e entre os fornecedores. Todos eram idôneos e experientes para evitar loucuras. E2. Favoreceu, quando nos unimos a outra rede M comprava muito melhor que a gente. E4

Sempre estive em praticamente todos os eventos do setor, sempre tive um bom relacionamento e proximidade com todos os outros parceiros que não eram associados. Apenas um, conheci em uma das reuniões que estávamos realizando com possíveis candidatos para participar da rede. Mas como tinha bom histórico, aprovei sua associação prontamente. E5. --…- Nossa rede fundiu com outra, e mais um avulso. Não tinha confiança plena na outra rede, mas as informações que colhi no mercado eram muito boas. A outra rede era bem mais organizada. E9.

Segundo relatos dos entrevistados, a Rede MX de papelarias Ltda foi estruturada

pela confiança existente entre os que já se relacionavam e o histórico empresarial

dos outros parceiros. Apesar da confiança relatada, a busca de mais informações

sobre os outros possíveis parceiros também ocorreu, sendo assim, se existisse

histórico negativo de algum parceiro, provavelmente não seria oficializada a união. O

histórico empresarial dos parceiros favoreceu a associação das MPEs à SPE

estudada.

Pergunta 10.35 - Identificação do relacionamento dos gestores como fator favorável

ou desfavorável à associação de MPEs à Rede MX de papelarias Ltda.

O questionamento sobre o relacionamento dos gestores objetivou analisar o fator

como favorável ou desfavorável. A seguir, apresentam-se respostas:

Sempre tive um bom relacionamento e proximidade com todos os outros parceiros que não eram associados. Apenas um único empresário que conheci em uma das reuniões que estávamos realizando com possíveis candidatos para participar da rede. E2

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Nosso relacionamento foi até interessante, um conhecia um, o outro conhecia o outro (...). E o engraçado é que um conhecia um ou dois no máximo. Então, essa união foi assim, a gente não conhecia todos não. E7. O relacionamento anterior foi fundamental. Se a gente não tivesse pelo menos o mínimo de conhecimento e confiança nos integrantes não seria possível criar a rede. E9. Os próprios fornecedores que indicaram praticamente. E11.

De acordo com as respostas das entrevistas quanto ao relacionamento dos gestores

antes da formação da parceria, evidenciou-se que o fator foi de fundamental

importância para o surgimento da Rede MX de papelarias Ltda. Apesar de nem

todos se relacionarem, a confiança entre os membros conhecidos possibilitou a

indicação e a aprovação de sócios para a formação da SPE com maior número de

participantes. Assim, o relacionamento dos gestores anterior à associação foi

favorável à associação de MPEs à SPE estudada.

Pergunta 10.36 - Identificação das políticas comerciais utilizadas como fator

favorável ou desfavorável à associação de MPEs à Rede MX de papelarias Ltda.

Quanto ao fator políticas comerciais utilizadas anteriormente à associação à SPE,

um empresário divergiu das opiniões de nove dos parceiros, dois avaliaram o fator

como irrelevante. A seguir, apresenta-se o posicionamento desfavorável a união

quanto ao fator:

Não favoreceu, o mercado que dita as condições. Ainda somos muito pequenos para influenciar isso. E8.

Os relatos favoráveis a associação quanto as políticas comerciais utilizadas seguem:

Todos praticavam políticas comerciais semelhantes com preços justos para a venda de varejo. Nada que fosse muito diferente do que eu também utilizava. E2. Cada um usava a sua política e dentro do razoável. E4. Ela é um limitador, mas pode ser favorável, ninguém quer se associar a alguém muito agressivo no mercado. E5. As políticas dos parceiros são muito iguais as que a gente utiliza mesmo. E 10.

O posicionamento indiferente quanto ao fator segue:

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Na verdade, ela nem favoreceu nem desfavoreceu, porque as políticas comerciais são bem diferentes e eu acho que não faz diferença nesse caso não. E6.

Apesar dos relatos apresentarem a presença de diferenças e semelhanças nas

políticas comerciais utilizadas pelas MPEs, nenhuma crítica à política comercial

utilizada pelo parceiro foi realizada. O que permitiu concluir que as políticas

comerciais utilizadas pelos parceiros também favoreceram suas associações à Rede

Mx de papelarias Ltda.

Pergunta 10.37 - Identificação de proporcionar vantagens aos antigos concorrentes

como fator favorável ou desfavorável à associação de MPEs à Rede MX de

papelarias Ltda.

O questionamento visou identificar se proporcionar vantagens aos antigos

concorrentes foi favorável ou desfavorável a associação de MPEs a SPE estudada.

Apresenta-se as respostas mais significativas e relevantes sobre o fator,

primeiramente as desfavoráveis que representam a opinião de três empresários:

Foi desfavorável. Eu não gostaria de beneficiar meu concorrente, mas fui tão beneficiado ou até mais do que eles. E2. Isso é desfavorável, mas é um efeito natural. Você não pode pensar no cara como seu concorrente, mas como seu convergente, seu parceiro. E12.

Como relatado pelos empresários, às vantagens proporcionadas aos antigos

concorrentes de forma individualizada é muito inferior aos benefícios que todos os

parceiros em conjunto podem alcançar. Contraditoriamente, seis entrevistados

relataram que o fator foi favorável a sua associação. A seguir apresentam-se os

relatos:

Para eu ser mais forte, eu tenho que tornar o meus parceiros mais forte, senão não faz sentido. E1. Esse é o segredo do negócio, proporcionar vantagens aos concorrentes e receber vantagens simultaneamente. E8. Eu sozinho não era capaz disso. Em grupo, todos somos muito mais fortes. E10.

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Apesar do posicionamento quanto à associação das MPES a SPE dos participantes

serem opostos. Os relatos apresentados apontam que os benefícios adquiridos

pelos concorrentes parceiros e o oferecido acontecem simultaneamente. Por isso,

concluiu-se que o fator foi favorável à associação.

Pergunta 10.38 - Identificação de reciprocidade esperada como fator favorável ou

desfavorável à associação de MPEs à Rede MX de papelarias Ltda.

No tocante, a reciprocidade esperada pelos participantes no momento da

associação a Rede MX de papelarias Ltda o questionamento objetivou identificar o

fator como favorável ou desfavorável. A seguir apresenta-se relatos favoráveis:

Ali, na rede nossa, cada um faz o papel de cada um. Se um faltar o outro faz. E1. [...] alguns se dedicam muito mais do que outros. Uns por serem líderes natos e outros por serem os mais interessados em se beneficiar de uma ação coletiva. No dia que não for assim, não precisa mais de existir rede. E5. Se os concorrentes não sentirem reciprocidade, não existe regra, lei ou qualquer coisa que os façam cooperar. E8.

Dez dos empresários entrevistados opinaram favoravelmente à reciprocidade

esperada entre os associados. No entanto, dois empresários apontaram o fator

como desfavorável, como destaca-se a seguir:

A reciprocidade desfavoreceu, porque eu acho que tinha que ser mais eu, eu esperava mais, mas infelizmente... E6. Isso não favoreceu, a outra rede era concorrente. Eu demorei a entender que seríamos parceiros a partir de então e não mais concorrentes. Só me soltei, depois que percebi que estava sendo beneficiado. E7.

O entrevistado E6 destacou que esperava mais reciprocidade o que aponta uma

expectativa frustrada. O empresário E7 relatou ter ficado apreensivo e somente com

o tempo de união percebeu a reciprocidade. Após análise, percebeu-se que a

sensação negativa relacionada à reciprocidade expõe uma expectativa favorável à

sua associação que não se concretizou. O contrário também aconteceu, como a

concretização da reciprocidade após a ausência de expectativa. Portanto, conclui-se

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que a reciprocidade foi fator favorável à associação de MPEs à Rede MX de

papelarias Ltda.

Pergunta 10.39 - Identificação de tendência setorial como fator favorável ou

desfavorável à associação de MPEs à Rede MX de papelarias Ltda.

Todos os entrevistados relataram que a tendência do setor favoreceu a associação

de suas MPEs à Rede MX de papelarias Ltda. Apesar de a previsão setorial relatada

ser bastante pessimista, mais uma vez a marcante presença de empreendedorismo

nas personalidades dos empresários foi destacada para buscar soluções individuais.

Por isso, identificou-se a tendência setorial como fator favorável à associação de

MPEs à Rede MX de papelarias Ltda. A seguir apresentam-se as respostas quanto

ao fator:

Como percebo o setor de papelaria como um dos próximos a serem extintos ou a serem absorvidos por outros setores, participar de uma mudança coletiva é menos doloroso do que individualmente. E2. [...] vejo que os empresários têm que adequar as novas tendências sempre com o pé no chão, porque um vacilo pode ser fatal. E3. “[...] a tendência é essa mesmo, se não fizer isso a gente morre. E4. “O setor de papelaria é um setor que a tendência é a redução de vendas, então eu acho unir favorável, para poder continuar no mercado. E6. “[...] acho que em qualquer setor da economia hoje é importante o cooperativismo. E7. [...] é aquele negócio né, viemos passando por uma transformação tão grande e acho que uma solução é estar buscando alternativas aí para sobreviver no setor. E9.

Pergunta 10.40 - Identificação de visão empresarial individual como fator favorável

ou desfavorável à associação de MPEs à Rede MX de papelarias Ltda.

O questionamento visou identificar a visão empresarial individual dos participantes

como fator favorável ou desfavorável à associação de MPEs à SPE estudada. A

seguir, apresenta-se o relato de dois respondentes que consideraram o fator

desfavorável:

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Eu acho que é uma coisa que trava a rede. Seria interessante que os parceiros tivessem a mesma visão, os mesmos objetivos. Se você tem um objetivo muito diferente um do outro trava, você é capaz de travar as decisões.E7. [...] acho que o diferente é bom, o contraditório é bom, por que a gente passa a refletir mais. Mas é difícil entrar em um consenso. E8.

Conforme as opiniões de dez dos entrevistados, a visão empresarial individual de

cada parceiro também foi um fator que favoreceu o associativismo, conforme

descrito a seguir:

Na verdade, cada um tem uma visão, mas no final graças a Deus sai certo. E aí a gente vai consertando. E1. “Acredito que, todos de nossa rede buscaram se associar por motivos diferentes. Uns por necessidade de sobrevivência, outros para ganhar poder de mercado, outros só participam porque já participavam de uma ou outra rede anteriormente e como seus parceiros iriam associar-se aos concorrentes, viajaram no mesmo barco pra ver onde chegariam. Só estamos juntos porque todos sabem que ficariam mais fortes do que antes, senão ainda estaríamos no formato antigo, ou nem existiríamos mais.” E2. Acho que tem que tentar e tem que fazer alguma coisa para poder melhorar [...] ficar só esperando as coisas melhorarem, não tem como melhorar não. E6.

Apesar de dois empresários perceberem que as diferenças de opinião podem travar

decisões, todos os empresários buscaram participar da SPE estudada por

vislumbrarem possibilidades de alcançar benefícios em conjunto. Por isso, também,

identificou-se o fator visão individual como favorável à associação de MPEs à Rede

MX de papelarias Ltda.

Dos 40 possíveis fatores que poderiam favorecer ou desfavorecer o associativismo

colaborativo em uma SPE, pode-se perceber que apenas o fator custos e riscos

elevados influenciou a maior parte dos empresários entrevistados negativamente

quanto ao associativismo à Rede MX de papelarias Ltda. O alto risco de participação

em uma SPE ocorre, primeiramente, porque todas as empresas participantes são

corresponsáveis de todas as dívidas que a rede possa adquirir. Além disso, caso

uma das empresas membro tiver o nome negativado em entidades de proteção ao

crédito, todos podem ser prejudicados e também perderem o crédito por serem

sócios do devedor. Todos os demais fatores favoreceram o associativismo a SPE

estudada, com destaque para o alcance de vantagens competitivas, características

similares do negócio, criação de uma central de compras, criação de sinergia,

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eficiência esperada, melhoria de desempenho e tendência setorial que favoreceram

todos os empresários a participarem da SPE estudada.

Ainda realizou-se a questão 11, que visou identificar algum possível fator que

influenciasse à associação de uma MPE à SPE. No entanto, mais nenhum fator foi

identificado ou citado pelos empresários.

Pergunta 11 - Identificação sobre a possibilidade de um novo fator percebido

individuamentel como fator favorável ou desfavorável à associação de MPEs à Rede

MX de papelarias Ltda.

Para ilustrar a relevância de todos os fatores, o gráfico 1 apresenta a opinião dos

empresários relativa a cada fator. Cada fator benéfico, desfavorável à associação de

uma MPE à SPE recebeu um ponto, os fatores apontados como irrelevantes pelos

entrevistados foram desconsiderados.

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Gráfico 1 - Influência dos fatores associativos de MPEs para os empresários da SPE

Fonte: Elaborado pelo autor.

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4.4 Categoria de análise 3: Fatores influenciadores do desenvolvimento de

uma SPE no varejo de papelaria.

A terceira categoria de análise visou identificar os fatores influenciadores do

desenvolvimento da SPE Rede MX de papelarias Ltda, destacando-se as vantagens

apresentadas por Lagemann (2004), Balestrin, Vargas e Fayard (2005), Verschoore

Filho (2006), Rodrigues et al. (2009), Marchi et al. (2012), Mazzarol, Limnios e

Reboud (2013) e as desvantagens apontadas por Knorringa e Meyer-Stamer (1998),

Fulop (2000), Tálamo e Carvalho (2004), Tigre (2006), Thorgen, Wincent, e Örtqvist

(2009), Olsen, Elverkrok e Nielsen (2012) e Mazzarol, Limnios e Reboud (2013). As

questões 12 a 15 encarregaram-se de buscar a opinião de cada empresário

associado, de forma que os instigassem a expor sobre as vantagens e

desvantagens provenientes da expectativa do desenvolvimento do relacionamento

associativo da Rede MX de papelarias Ltda. A seguir, apresentam-se as questões,

as análises do pesquisador e algumas respostas para cada fator apontado:

Pergunta 12a - Vantagens quanto a custos.

A maior vantagem de uma rede em formato de SPE segundo a opinião da maioria

dos entrevistados é a redução de custos referente à aquisição de mercadorias para

revenda. No entanto, alguns empresários relataram que não têm o poder de

compras suficiente para ver a questão custos como vantajosa à participação. Como

existe um rateio de custos referente a despesas administrativas comuns aos

participantes da Rede MX de Papelarias, as empresas que possuem menor poder de

compra não conseguem perceber grandes vantagens financeiras na sua

participação. Para que esses associados continuem a participar da SPE, mais

vantagens financeiras devem ser constantemente oferecidas e analisadas. Dessa

forma, apenas as empresas com poder de compra suficiente para se beneficiar mais

pelos descontos oferecidos nas compras coletivas do que para honrar as despesas

rateadas entre os membros da SPE percebem vantagens na sua participação

quanto a custos. A seguir, apresentam-se alguns trechos de entrevistas, referindo-se

ao custo:

A grande vantagem de participar de uma rede como a nossa é devido à redução de custos quanto à compra. Essa redução é proporcionada por uma centralização de pedidos de várias empresas que fazem suas compras

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através de uma empresa centralizadora. A rede divide a compra de acordo com o pedido de cada empresa participante sem ser bitributada.E 2. Hoje, pra nossa empresa, pelo volume que a gente compra, a gente está empatando com o que a gente gasta [...] E7. [...] quanto mais se aproveita da rede proporcionalmente, menor custo você vai ter. E9.

Pergunta 12b- Vantagens quanto à vantagem competitiva quanto ao

compartilhamento de informações.

Segundo a unanimidade dos empresários sócios da Rede MX de papelarias Ltda, o

compartilhamento de informações entre os participantes apresenta uma grande

vantagem competitiva para o desenvolvimento de suas empresas. No entanto,

apenas um entrevistado apontou o fato de que o rápido compartilhamento de

informação pode abalar a confiança dos parceiros quando a informação

compartilhada não for positiva. Dessa forma, é possível concluir que, em rede, as

informações circulam rapidamente, apresentando vantagens aos participantes, como

também os expondo a desconfianças e intrigas. A seguir, apresentam-se trechos de

entrevista que podem confirmar essa análise:

[...] a informação pode ser a coisa mais valiosa da participação (...) mas algumas desvantagens também existem. Se for uma situação desfavorável a um sócio, gera desconfiança quanto à sua permanência. E2. [...] a informação chega mais rápido. E5. [...] conversando com outras pessoas, você vai só somando informações que no dia a dia, te ajuda com certeza. E10 Esse é o primeiro ganho que acontece em uma rede, você acaba se antecipando a vários procedimentos [...] E12.

Pergunta 12c - Vantagens quanto à legitimidade frente ao mercado.

Os entrevistados, em sua maioria, relatam que a Rede MX de papelarias ainda está

aquém de sua capacidade quanto às possíveis vantagens possibilitadas pela

legitimidade. Os empresários afirmam terem adquirido maior respeito entre os

fornecedores, porém não é o que aconteceu entre o público alvo que atingem.

Assim, a percepção dos associados da SPE apresenta na legitimidade uma

capacidade de obtenção de vantagens não explorada adequadamente, o que

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significa que o fator é considerado favorável à associação de MPES a redes. A

seguir, apresentam-se trechos de entrevistas sobre o fator:

Apenas percebo essa legitimidade frente aos fornecedores. Ainda temos que evoluir muito para alcançarmos o reconhecimento da clientela por fazermos parte da rede. E1. [...] nós somos parceiros há tempo, os fornecedores já tem uma certa confiança na rede, eles fazem pra gente o que não fazem pra outras pessoas, outras empresas”. E3. A legitimidade muda o valor da marca, e dá mais segurança para o consumidor. E8. Junto aos representantes, a rede tem a vantagem dos associados que são antigos e sólidos no mercado. Agora, frente ao consumidor, ela possibilita ganhos quanto à imagem da empresa, mas deixa a desejar também. E8.

Pergunta 12d - Vantagens quanto ao crescimento do número de participantes e

tempo da união.

De acordo com a maioria dos empresários entrevistados, quanto maior o tempo da

união, maior a confiança entre os membros e também melhor o grau de

profissionalismo em uma rede empresarial. No entanto, todos relataram que

acreditam que poderiam ter avançado mais do que o fizeram. Referente às

vantagens quanto ao número de participantes da união, as respostas indicam que

quanto maior o número de participantes, melhor as condições de compras e menor o

custo proporcional a ser rateado entre os associados; além de que quanto maior o

número de empresas participantes, menor é o risco proporcional de cada empresa,

caso uma ou outra se torne inadimplente. No entanto, mais lentas e complexas

serão as decisões, caso não ocorram mudanças no atual tipo de governança

utilizado pela Rede MX de papelarias Ltda. Como é possível observar nos trechos

das entrevistas seguintes:

Quanto ao tempo, permite que a experiência nos ensine e que as práticas e os processos sejam aperfeiçoados. E2. Eu vejo uma desvantagem no crescimento de participantes, porque a gente não definiu uma metodologia para a tomada de decisão, então quanto mais associados a rede tiver mais complexa são as decisões.E8. Quanto mais associados você tem, menor é o risco de algum deles sucumbir e prejudicar a todos. Maior é a vantagem na hora de negociar qualquer tipo de custo. E12.

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Figura 12e - Vantagens quanto à redução de custos com publicidade, propaganda e

serviços terceirizados.

Uma das possíveis vantagens da Rede MX de Papelarias Ltda seria uma redução de

custos com publicidade, propaganda e serviços terceirizados, como relatado por

todos os seus participantes. No entanto, esse potencial apresentou-se mal explorado

e com elevado grau de insatisfação por parte dos empresários. Baseado nos relatos

dos entrevistados, a SPE estudada está muito aquém de sua capacidade de

compartilhamento de marcas que justifiquem o investimento em publicidade e

propaganda em conjunto. Quanto a serviços terceirizados, o mesmo acontece, não

ocorrendo também os benefícios de contratações conjuntas para a SPE. Assim,

pode-se definir como irrelevante aos associados às possíveis vantagens de redução

de custos referentes ao compartilhamento de publicidade, propaganda e serviços

terceirizados na Rede MX de papelarias Ltda. A seguir apresentam-se as respostas

que ajudaram a compor essa análise:

[...] usufruímos muito pouco dessa capacidade de benefício que a rede pode nos proporcionar.” E2. Acredito que hoje nós não temos vantagem quanto a isso, por não compartilhar isso tão bem como a gente teria potencial. E5. Hoje a gente tem que trabalhar isso melhor. Isso aí é uma grande vantagem para a rede. E 7. A rede viabiliza essa situação, essa publicidade que individualmente você não consegue fazer, só que hoje isso infelizmente não está dentro dos objetivos da rede. E8.

Pergunta 12f - Vantagens quanto à melhoria do desenvolvimento organizacional

individual e coletivo.

Solicitados a apontar vantagens da melhoria e do desenvolvimento organizacional

individual e coletivo proporcionado pela participação de suas empresas na Rede MX

de papelarias Ltda, as respostas variaram entre o retrocesso, a estagnação e um

avanço considerável das empresas individuais. Coletivamente, a evolução é

constante, mas menos perceptível para os empresários individualmente. Apesar de a

divergência das respostas, na coleta de dados, o pesquisador pode perceber que o

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empresário que se queixou de retrocesso ampliou recentemente sua loja, dobrando

sua área de venda, segundo o próprio empresário após a entrevista. O que se diz

estagnado e não percebeu melhorias individuais, utiliza sistema de informação

moderno para se manter nivelado aos outros participantes e também confessou ter

tido acesso a mais tecnologias. Assim, pode-se identificar o fator melhoria do

desenvolvimento organizacional individual e coletivo como uma vantagem

possibilitada aos participantes. A seguir, apresentam-se algumas respostas dos

empresários:

Aprendi a trabalhar com muitos outros empresários da rede. Aprendi a ser mais organizado e a negociar melhor. Acho que todo mundo melhorou um pouco desde que estamos juntos. E2. Por mais que algumas empresas dentro da rede, não sejam tão organizadas você vê os pontos de melhoria, vê os erros dos outros também e é um ponto para você talvez não errar e aprender. E5. Eu acho que não trouxe nenhuma vantagem pra mim não. Eu não vejo muita melhoria, se pensar bem houve até um retrocesso. E6. Minha empresa sempre foi assim, do mesmo jeito que é hoje, não mudou nada. Mas acho que pros outros melhorou um pouco. E11.

Pergunta 12g - Vantagens quanto à estabilidade ao longo do tempo.

. Quanto à estabilidade proporcionada pelo desenvolvimento, a maioria dos

empresários afirmou que essa é uma vantagem considerável na participação da

Rede MX de papelarias Ltda. No entanto, um empresário apontou a estabilidade

como um risco de acomodação para todos os associados. De acordo com os relatos,

conclui-se que a estabilidade proporcionada pela empresa coletiva deve-se à

capacidade de gerar benefícios que a SPE possui, comparados a empresas

individuais. Assim para que a estabilidade proporcionada permaneça como uma

vantagem aos participantes, mais possibilidades de benefícios às empresas

individuais devem ser concedidas. As respostas das entrevistas seguintes

embasaram a análise apresentada para o fator:

A estabilidade nos ajuda a ter segurança para dar o próximo passo. No comércio, temos que ser eternamente insatisfeitos, só assim somos capazes de continuar a evoluir todos os dias. E2.

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A rede facilita atravessar uma crise, por mais que cada um seja responsável individualmente pelo seu negócio, acaba que a rede segura alguns associados e dá alguma sobrevida por algum tempo. E5. Quando mais tempo no mercado, mais compromisso, a coisa vai ficando sólida, mais estável. E8. Se você tem mais vantagem competitiva com relação ao resto do mercado a sua perenidade fica mais garantida. E12.

As possíveis desvantagens da participação em redes foram apresentadas aos

empresários participantes da SPE na questão 13 do roteiro de entrevistas e foi

solicitado a cada um que opinasse quanto a cada uma delas. Para cada

desvantagem da união citada, apresenta-se a análise do pesquisador e trechos de

respostas relacionadas ao questionamento.

Pergunta 13 – Identificação das desvantagens quanto a empresas do mesmo setor

serem consideradas concorrentes e a interação apresenta o risco de revelar

segredos comerciais.

Os entrevistados consideraram o fator como uma desvantagem da associação no

início da parceria, no entanto a maioria minimizou a desvantagem a favor da união.

Constatou-se que o desenvolvimento da rede e a confiança adquirida entre os

parceiros durante o tempo de existência permitem que alguns não temam revelar

seus segredos, ainda assim confessaram que não são transparentes em seus

relacionamentos dentro da rede. Dessa forma, conclui-se que as empresas

participantes da Rede MX de Papelarias consideram seus parceiros concorrentes e

interagem-se de forma a não revelar seus segredos comerciais. Assim, considerou-

se o fator como uma desvantagem para o desenvolvimento da Rede MX de

papelarias Ltda.

É por isso, que acho que alguns não conheciam as empresas dos outros. E2. Quando se lida com concorrentes, o concorrente tende sempre a olhar com alguma desconfiança. Então acaba que você não consegue ter uma relação de total transparência alguma coisa é sempre escondida. E5. A gente não é nenhuma Coca Cola que tem que ficar escondendo segredo não. E7. Só se alguém sair do grupo e tiver alguma maldade pra fazer isso, quiser montar uma loja perto de alguém que vende muito. E11.

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Esse é um grande medo no início, depois a gente percebe que não faz muito sentido isso. Cada um tem o seu nicho de mercado e dificilmente a gente atrapalha um ao outro.E12.

Pergunta 13b - Identificação das desvantagens quanto a condições

macroeconômicas que podem desencorajar a cooperação interfirmas.

Quanto às condições macroeconômicas que podem desencorajar a cooperação

interfirmas, todos os associados da Rede MX de papelarias Ltda não percebem que

possa ser uma desvantagem para atividades coletivas. Assim, pode-se concluir que

o fator é considerado irrelevante para os entrevistados que percebem que a

cooperação entre as empresas é essencial para quaisquer condições

macroeconômicas.

Quanto pior for o cenário econômico, melhor será se você estiver unido a alguém, assim você poderá sofrer menos qualquer impacto negativo. E2. Não vejo nenhuma condição macroeconômica que possa interferir ou desencorajar essa cooperação. A não ser que viesse uma lei, que pudesse interferir nessa lei da SPE. E7. Acho que não, por que a inflação aumentou, mas as vantagens continuam. O governo aumentou impostos, mas as vantagens continuam. A taxa de desemprego aumentou e as vantagens continuam, a macroeconomia não importa.E12.

Pergunta 13c - Identificação das desvantagens quanto à coordenação e

cooperação envolvem tempo e é preciso grande esforço para redução de custos.

Os relatos dos entrevistados indicam que o tempo para coordenar a cooperação é

escasso para a maioria dos associados e, por isso, regras e limites de despesas

devem ser acordados no início das operações, para que não sejam necessários

grandes esforços para redução de custos. Assim, considerou-se o fator como uma

desvantagem para o desenvolvimento da Rede MX de papelarias Ltda.

A gente não tem tempo pra isso, né. Cada um cuida do seu negócio, nós não temos uma equipe hoje formada, uma central pra fazer esse tipo de coisa.E1. Já conseguimos formatar a estrutura de nossa rede para que seja sempre enxuta. E2. Quando a gente fala em tempo, é um custo. E a rede toma muito tempo mesmo. E3.

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Muitos sócios não têm muito tempo para se dedicar à rede. Então acaba que nunca fica cem por cento. E6. A coordenação envolve tempo mesmo, mas uma vez estabelecidas regras, rotinas, padronizada a forma de trabalho, não é necessário tanto esforço assim. E9. Tem que ter uma vontade muito grande de continuar levando, né? Porque isso exige sacrifício de todo mundo.E10.

Pergunta 13d - Identificação das desvantagens quanto a participantes concorrentes

limitam a cooperação e a interação.

A maioria dos participantes da Rede MX de papelarias Ltda demonstrou em suas

respostas não estarem limitados para cooperar e também demonstrou que

interagem entre si. No entanto, apresentam sinais que o fazem pela condição de

parceria que estão envolvidos e não por se sentirem confortáveis em ajudar. Sendo

assim, o fator demonstrou-se uma desvantagem para o desenvolvimento da Rede

MX de papelarias Ltda, que pode ser minimizada, caso a distância entre as lojas seja

maior.

No meu caso, não tem disso, eu estou muito longe. E1. Percebo que as empresas mais próximas em distância são as que mais se comunicam e as que mais aprendem umas com as outras. È melhor termos um parceiro próximo do que um concorrente. E2. Sempre que você trabalha com concorrentes você fica um pouco receoso em relação à situação. Então você tende a ajudar, cooperar, mas sem saber exatamente onde você está pisando muitas vezes.E5. Desde o início não colocamos nenhum associado que esteja muito próximo, porque o nosso setor ele é baseado em venda por conveniência, pra não termos esse problema. E12.

Pergunta 13e - Identificação das desvantagens quanto ao desempenho de todas as

organizações que pode ficar comprometido, caso uma empresa líder passe a

exercer influência sobre as estratégias de outras empresas.

Quanto à influência de uma liderança nas estratégias de outras empresas, ocorreu

uma divergência de opiniões entre os entrevistados. Alguns acreditam que uma

liderança que influencia a estratégia de outras empresas busca melhorar a eficiência

coletiva e outros a interferência de uma liderança pode prejudicar o negócio

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individual. Em uma rede simétrica como a Rede Multimix de papelarias Ltda, para

que seja possível uma liderança exercer influência sobre as estratégias de outras

empresas, essa liderança deve ser convincente ou tido comprovado sucesso anterior

a conseguir seguidores. Caso isso não ocorra, o fator deve ser tratado como uma

desvantagem para o desenvolvimento da Rede MX de papelarias Ltda.

Quando uma empresa líder é capaz de exercer influência positiva sobre as outras pode estar atrás de algum tipo de padronização, eficiência e identidade que pode ser inicialmente um problema para quem não quer mudar. Normalmente depois de um grande transtorno, aparecem as melhorias. E2. Na minha opinião, temos que nivelar as empresas da rede em alto nível.E5. Pode ser uma desvantagem, porque muitas vezes quem conhece o seu mercado é você. Se a empresa líder começar a ditar normas e te fazer engolir goela abaixo, as coisas podem complicar. E7. Você pode receber influencias de alguém que compra mais, que tem um poder compra maior, mas isso tem que ficar a critério de cada sócio. Se alguém quiser se impor, nós tiramos ele da rede. E8.

Pergunta 13f - Identificação das desvantagens quanto ao risco de atitudes

oportunistas.

Segundo a unanimidade dos entrevistados, o fator está contido no negócio da Rede

MX de papelarias Ltda. De acordo com as respostas dos empresários, o risco de

atitudes oportunistas individuais existe e também o risco de formação de cartel pela

coletividade. No entanto, alguns acreditam que, caso isso ocorra, a reputação de

quem realizar tal infração estará comprometida. Dessa forma, pode-se definir o fator

como uma desvantagem para o desenvolvimento da associação.

Em nossa rede já aconteceu isso uma vez e, hoje, o empresário não faz mais parte de nossa rede. Sei que sua empresa está em dificuldades financeiras e que muitos do mercado sabem da sua má conduta. A reputação dele ficou comprometida para o resto da vida, a vida real é diferente de política. E2 Esse é o mal de qualquer negócio que envolve dinheiro. Normalmente, um oportunista não se dá bem por muito tempo. E3. A gente tem que ficar de olho, é igual uma empresa uai (...). você não vê lá o governo, por exemplo. E11. [...] pode ocorrer atitudes oportunistas individuais e até coletivas. Pode ocorrer a formação de cartel e apropriação indébita de bens alheios. Todos dois são crimes e mancham a reputação de quem os comete.” E12.

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Pergunta 13g - Identificação das desvantagens quanto ao pouco tempo dos

membros para a gestão de um negócio coletivo.

O pouco tempo dos membros para a gestão do negócio coletivo implica em falta de

debates e falta de trocas de informações. Dessa forma, pode ocorrer a sensação de

não participação nas decisões por parte dos membros e o desestímulo em seguir as

recomendações para que seja possível alcançarem benefícios coletivamente.

Apenas o cumprimento de regras da cooperação não permite que os associados

percebam as necessidades de melhoria nos processos e na gestão da SPE. Assim,

considerou-se o fator como uma desvantagem para o desenvolvimento da Rede MX

de papelarias Ltda. A seguir, apresentam-se os relatos dos entrevistados:

[...] todo mundo está envolvido nas suas atividades e, se tivesse mais tempo de dedicação, eu acredito que a gente conseguiria fazer algo bem avantajado. E3. A rede fica estagnada por essa falta de gestão no negócio coletivo. E7. Ninguém tem uma responsabilidade definida quanto a isso, então acaba que algumas coisas ficam por fazer, ou não ficam tão bem feitas e não pode haver cobranças nesse aspecto. E8 Não perdemos muito tempo, devemos apenas seguir as regras e orientações da rede, aí saí tudo redondinho. E10. Se a pessoa não tiver conseguindo tempo, ela pode ir largando, ir desanimando, pagando um tanto de despesa e não vendo retorno. E11.

Pergunta 13h - Identificação das desvantagens quanto à necessidade de um gestor

profissional faz com que os custos subam.

Após a realização da coleta de dados, o pesquisador pode perceber que a Rede MX

de papelarias Ltda tem um gestor profissional que realiza funções operacionais da

organização coletiva, desenvolvendo o trabalho burocrático. Segundo relatos dos

entrevistados, a contratação da gerência era necessária para que não houvesse

grande dispêndio de tempo dos associados para a gestão. Apesar de fazer com que

os custos subam, a presença do gestor profissional é essencial para o

desenvolvimento da organização. No entanto, os custos não podem subir a ponto de

inviabilizar a associação para empresas com menor poder de compra. Dessa forma,

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o fator também pode ser considerado como uma desvantagem ao desenvolvimento

da SPE estudada. A seguir, apresentam-se respostas dos entrevistados quanto ao

fator:

[...] para termos uma empresa que funcione precisamos de bons profissionais. Custo alto é quando não funciona. E2. Sempre achei que a rede tivesse que andar sozinha, ter um gestor, uma pessoa que gerisse a rede. Isso é muito caro, mas quem vai tomar conta? Ninguém lá tem tempo, não. E7. Ou mais gente vai ficar por conta da gestão da associação e vai ter que perder tempo, ou vai se pagar um gestor profissional. E12.

Pergunta 13i - Identificação das desvantagens quanto a redes altamente

formalizadas parecem limitar as vantagens da participação.

Uma SPE tem obrigações fiscais rígidas. No caso da Rede MX de papelarias Ltda,

são 21 empresas associadas e 12 empresários responsáveis pela operação. Assim,

para que exista organização, algumas formalidades são necessárias para que a

gestão da rede seja eficiente. No entanto, as formalidades não devem dificultar a

flexibilidade característica das MPEs. Para que não ocorram conflitos, todas as

regras devem ser definidas de modo a deixar todas as rotinas operacionais

dinâmicas e sem alto dispêndio de tempo. Essa análise permitiu identificar o fator

como uma desvantagem ao desenvolvimento da SPE estudada.

Alguns custos são mais altos do que quando éramos mais desorganizados, mas sem formalidades é impossível administrar os interesses de 12 empresários. E2. A gente precisa ser mais dinâmico, e, se ela for muito formalizada, ela vai travando as vantagens que a gente tem e o tempo passa. E5. Os associados tendem a perder sua individualidade, aquele diferencial que ele poderia ter com o cliente, caso isso aconteça, seríamos uma franquia e não sócios de uma rede de compras. E8 A própria legislação exige que a rede seja de lucro real, então ela tem que ter muitas formalidades. Essa é uma limitação realmente e, por isso, tem ser muito bem vigiada, para que não aconteçam falhas. E12.

Pergunta 13j - Identificação das desvantagens quanto maior a quantidade de

membros maior o custo administrativo.

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Segundo o relato dos participantes, a SPE estudada opera aquém de sua

capacidade, portanto o aumento de membros não proporcionaria aumento de custos

administrativos. Assim, o custo individual rateado seria reduzido. Além disso, mais

vantagens poderiam ser alcançadas pelo aumento do número de associados, como

aumento de escala referente a compras de mercadorias. Dessa forma, conclui-se

que quanto maior a quantidade de membros, mais vantagens podem ser alcançadas

pelas empresas individuais, mesmo que os custos administrativos totais subam.

Portanto, para a Rede MX de papelarias Ltda, quanto maior a quantidade de

membros, menor o custo proporcional de cada associado, o que foi considerado

como uma vantagem para o desenvolvimento da associação.

Se a gente aumentar com bons parceiros, é claro, que vão cair as despesas. Não adianta colocar empresas que não somam em nada. E3. Quanto maior a quantidade de membros, menor o custo administrativo. Porque divide, rateia o custo. E4 Estamos muito abaixo do nosso limite de capacidade. Podemos usar a mesma estrutura e aumentar o número de membros sem muita alteração de custos administrativos. E5. Sempre há vantagens no aumento do número de associados, aumentam os custos variáveis, mas reduz os custos fixos, então, no final das contas, dá mais certo. E12.

Após a apresentação do entrevistador sobre cada possível tipo de governança para

redes, de acordo com Provan e Kenis (2008), a questão 14 do roteiro de entrevistas

solicitou a cada empresário que apontasse as vantagens e as desvantagens de cada

tipo. Apesar de todos os tipos de governança receberem pareceres vantajosos dos

micro e pequenos empresários sócios da Rede MX de papelarias Ltda, a maioria

considera que não participaria de uma rede que praticasse a liderança regulada ou

gerida por uma OAR e ainda assim apresentam várias críticas à governança

compartilhada. A seguir, apresentam-se a pergunta, a análise do pesquisador e

trechos de repostas dos entrevistados para cada tipo de governança apresentado:

Pergunta 14a – Vantagens e desvantagens quanto à governança compartilhada.

A governança compartilhada é utilizada na SPE do estudo de caso. Apesar de todos

os participantes possuírem o mesmo poder de decisão, não há regras definidas, na

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SPE estudada, que evitem a morosidade das ações, quando não há consenso de

opiniões por parte dos empresários. Portanto, se forem criadas alternativas para

solucionar impasses, a governança compartilhada tende a ser vantajosa para o

desenvolvimento da Rede MX de papelarias Ltda.

Poder ouvir a todos de forma democrática, mas ações que não são de fundamental importância para a rede são travadas com frequência. E2. Cada um teria espaço para poder colocar suas ideias, mas pode vir a dar desunião e formar panelinhas. E4. Cada um pode assumir o papel de liderança no momento em que lhe convier, então ninguém precisa ficar parado. E5. [...] um monte de gente tentando participar e tentando pôr as suas opiniões em prática. E6. É mais democrático pela maioria, individualmente ninguém tem poder algum, mas, quando você junta um monte de gente, é complicado você chegar em um denominador comum. E10.

Pergunta 14b – Vantagens e desvantagens quanto à liderança regulada.

De acordo com as respostas dos entrevistados, a liderança regulada, como um

possível tipo de governança a ser utilizado pela Rede MX de papelarias Ltda,

facilitaria seu desenvolvimento, destravaria decisões, melhoraria o controle e

definiria a liderança. No entanto, possíveis desvantagens também foram apontadas,

como a dependência do bom senso da liderança, a imposição de regras, o aumento

do número de conflitos e a individualidade de cada empresa desconsiderada. Com

esses dados apresentados, percebeu-se que as empresas parceiras apontam as

vantagens desse tipo de governança, as desvantagens da governança

compartilhada, que é utilizada pela SPE, e que as desvantagens apontadas

representam o medo de serem controladas por uma empresa líder. Portanto,

concluiu-se que se a liderança regulada for utilizada na Rede MX de papelarias, será

uma desvantagem para o desenvolvimento da união.

Facilita a evolução da rede que pode evoluir sem interrupções e sem muitas burocracias, mas depender do bom senso de terceiros é difícil, algumas situações podem implicar em rescisões. E2. A vantagem é que um líder faz a rede andar, não deixar ela parar. Mas quando uma empresa é líder e tem uma expressão maior na rede, vai ditar as normas. E5.

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A vantagem é de organização e um controle melhor, a desvantagem é que não consegue respeitar a individualidade de cada um. E6. Uma liderança a quem possamos reportar as necessidades e demandas é vantagem, só que você ter que ficar subordinado às decisões deles é ruim. E9.

Pergunta 14c– Vantagens e desvantagens quanto à Organização Administrativa da

Rede (OAR).

A maioria dos entrevistados conteve-se a relatar o alto custo e o risco de

oportunismo como as desvantagens da OAR. As vantagens apontadas referem-se à

maior facilidade de expansão, imparcialidade nas decisões e na gestão de

interesses coletivos. Ao basear-se no tipo de governança utilizado pela rede

estudada e no principal objetivo da SPE que é a redução de custos quanto à

aquisição de mercadorias para a revenda, possibilitada pela eficiência coletiva,

concluiu-se que a OAR, como possível tipo de governança para a Rede MX de

papelarias, será uma desvantagem para o desenvolvimento da união, podendo

aumentar os custos coletivos e frustrar parceiros que buscaram custos baixos ao se

associar. No entanto, algumas vantagens citadas relacionadas à OAR podem ser

utilizadas na gestão compartilhada, se ocorrer o estabelecimento de regras e planos

de expansão que visem beneficiar todos os parceiros.

[...] fantástica para redes que começam a expandir por franquia, como negócio que objetiva lucro com o volume de operação dos associados e rápido crescimento, mas seríamos fácil alvo de oportunismo. E2. Uma empresa que vai brigar pelos interesses do grupo, o que importa é beneficiar o associado. Seria muito mais caro manter uma organização assim e deixaríamos terceiros pensar agir por nós. E5. [...] não tem a união que nós temos, nem dá pra conhecer um ao outro. E4. [...] Você perde um pouco do relacionamento, não troca informações e fica um mais difícil de colocar algumas coisas em prática. E6. “[...] fica muito distante do grupo, longe da nossa realidade. E10.

Os principais pontos apresentados como vantagens e desvantagens dos tipos de

governança proposto por Provan e Kenis (2008), de acordo com o ponto de vista dos

empresários sócios da Rede MX de papelarias Ltda, estão apresentados no quadro

15.

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Quadro 15 - Vantagens e desvantagens dos tipos de governança segundo os micro

e pequenos empresários da Rede MX de papelarias Ltda

Vantagens Desvantagens

Governança

compartilhada

Democracia, mesmo poder

de decisão, a liderança é

voluntária e alternada,

mais oportunidade de

apresentar ideias, decisão

pela maioria.

Liderança sem

representatividade, morosidade

nas decisões, confusão de

ideias, descentralização,

formação de subgrupos.

Liderança regulada Facilita a evolução da

rede; destrava decisões;

melhor controle; liderança

forte.

Dependência da liderança;

aumento do número de

conflitos, imposição de regras,

individualidade desconsiderada.

Organização

Administrativa da

rede

Facilidade de expansão;

padronização;

imparcialidade nas

decisões; gestão de

interesses coletivos.

Alto custo; baixo grau de

relacionamento entre os

associados; favorece o

oportunismo; desfavorece o

debate e as trocas de

informação.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Para finalizar a análise dos fatores influenciadores do desenvolvimento da SPE em

questão, o pesquisador apresentou algumas tendências da evolução de redes,

conforme proposto por Provan e Kenis (2008) e Wegner e Padula (2010) para os

micro e pequenos empresários associados à Rede MX de papelarias Ltda e pediu

que apontassem qual delas seriam possíveis para a rede que participam. A seguir,

apresentam-se a pergunta 15 do roteiro de entrevistas, a análise do pesquisador e

as respostas dos entrevistados:

Pergunta 15– Tendências da cooperação da Rede MX de papelarias, segundo os

empresários associados.

De acordo com a grande maioria das respostas, a capacidade de oferecer serviços

aos afiliados dependerá do crescimento do número de empresas sócias da SPE,

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desde que estejam dentro do mesmo ramo de atuação ou em setores comerciais

complementares. Apesar de a semelhança obtida nos relatos sobre a tendência do

desenvolvimento da rede que participam, alguns empresários projetaram uma

expectativa de desenvolvimento mais arrojada do que o apontado e lembraram que

a Rede MX é composta da fusão de duas redes distintas.

Pela diversidade de opções apontadas como a tendência da evolução, percebeu-se

que ainda não há um plano de expansão definido pela Rede MX de papelarias Ltda.

e que este assunto ainda não foi discutido em suas reuniões. Dessa forma, espera-

se que essa pergunta e os resultados dessa pesquisa possam trazer alternativas

para que aconteça a evolução da empresa coletiva. A seguir, apresentam-se as

repostas que embasaram essa análise:

Alto grau de profissionalismo da gestão, é interessante pra ensinar coisas. Às vezes, eu saio de casa com um negócio na cabeça e, por algum assunto da rede, eu tenho uma visão melhor lá na frente.E1. Criamos a rede em conjunto, somos empreendedores e não repetidores de funções e modelos. Podemos fazer mais, evoluir com um pouco de tudo, mais serviços, filiais, fusões, franquias com profissionalismo. E2. Vai demorar a chegar nesse ponto, mas o meu desejo seria fundir em diversos setores. Seríamos a Mitsubishi das redes (risos). E5. O caso na nossa rede aconteceu principalmente em função de fusão de duas redes que formou uma maior, não vamos dizer ainda que chegou a ser uma mega, mas estamos em busca disso. E9.

4.5 Categoria de análise 4: Recomendações para o desenvolvimento da SPE.

A quarta categoria de análise visou recomendar ações que possam influenciar o

desenvolvimento da Rede MX de papelarias Ltda, destacando os doze fatores

essenciais para o sucesso de redes de acordo com Hoffman e Schlosser (2001) e as

opiniões dos empresários proprietários das empresas associadas. Os

questionamentos 16 a 20 instigaram os respondentes a opinar sobre o

desenvolvimento. Cabe ressaltar que essas recomendações são necessárias para

cumprir o requisito do mestrado profissional que o pesquisador participa como aluno.

Para tanto, foram realizadas as análises das recomendações e desenvolveu-se o

produto técnico que se encontra na seção anexos (Apêndice B).

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A seguir apresentam-se os questionamentos realizados a cada empresário, a análise

do pesquisador e algumas respostas dos entrevistados:

Pergunta 16 – Fatores que poderão influenciar o sucesso da Rede MX de

papelarias Ltda, segundo a opinião dos empresários associados.

Quando apresentado os 12 fatores essenciais de sucesso de redes propostos por

Hoffman e Schlosser (2001) aos membros da SPE, alguns desprezaram a sua

relevância. Apesar desse posicionamento evidenciado, uma pequena parte dos

associados relatou que a Rede MX de papelarias Ltda trata praticamente todos os

itens no seu estatuto da associação e também em seu regimento interno e deram

suas opiniões sobre cada fator.

O potencial de criação de valor conjunto em uma rede empresarial evidenciado

estimulará os participantes a buscarem em grupo benefícios que isoladamente

poderiam ser impossíveis de alcançar. Esse fator pode ser considerado essencial

para o sucesso da rede, pois mesmo os empresários que, de certa forma,

minimizaram sua relevância, em outras partes da entrevista evidenciaram as

possibilidades de criação de valor através da força da união. A seguir, apresentam-

se trechos de entrevistas:

Se todos souberem o que podemos em grupo, aumentamos o nosso poder e a curiosidade dos outros sobre os benefícios que podemos oferecer. E2. Se quisermos mais associados ou interessados em nossos negócios, temos que aprender a falar sempre bem de nossa rede, mostrar a força do grupo, aí sim vamos progredir mais. E5. (...) quando você se associa a uma rede que já está pronta, você já entrou ganhando, senão tem que despertar o interesse dos outros e mostrar a força da rede. E7. Uma rede pode maximizar o potencial principalmente de marca. Então você está criando o valor em conjunto de uma marca. Isso é um fator que pode influenciar o sucesso.E8.

Um acordo com objetivos claros e realistas define uma cooperação entre empresas

concorrentes que têm realidades e capacidades financeiras diferentes, mas em

busca de um objetivo definido. Dessa forma, evitam-se surpresas na duração do

contrato e, também, evita-se que as assimetrias entre os membros sejam

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destacadas e gerem conflitos. De acordo com alguns entrevistados, a formação da

Rede MX de papelarias Ltda só foi possível devido à criação de seu estatuto em

reuniões anteriores e à concretização da parceria com todos os interessados em

participar da união. Nesse estatuto, constam definições de áreas de atuação, rateio

de despesas, responsabilidades de adimplência e os impactos da inadimplência,

definição de participantes e poder de decisão e voto igual de todos os diretores

participantes ativos da SPE. Por isso, já estar definido na SPE estudada considerou-

se como essencial para o seu sucesso. A seguir apresentam-se algumas respostas

dos entrevistados quanto ao fator:

Somos todos pequenos e vamos evoluir dentro de nossa capacidade, principalmente financeira. Não podemos viajar e só querer ficar grande. Manter o pé no chão é fundamental. E1. Sempre, os objetivos têm que ser claros, tem que ser real, não adianta a gente ficar só vivendo uma situação que não existe. E6. O interessante que os parceiros tenham as mesmas visões, os mesmos objetivos. Se você tem um objetivo muito diferente um do outro, trava, por exemplo, as decisões. E7. Não adianta criar um grupo, onde exista uma diferença entre os seus integrantes na necessidade de compras, na necessidade de trabalho, e não criar objetivos e regras realistas, vira bagunça. E9. Quanto ao apoio da alta gestão, o fator mostrou-se redundante para os empresários participantes, já que em MPEs, na maioria das vezes, as ações da empresa estão personificadas no proprietário. Sendo assim, considerou-se o fator essencial para influenciar o sucesso da rede. Uma resposta que representou a unanimidade dos associados à Rede MX é: (...) Se você não tiver um apoio dos donos das empresas, não tem rede não uai. Quem que vai fazer isso por nós?” E7.

A colaboração em pontos fortes específicos foi definida sobre um ponto forte das

duas redes anteriores que formaram a Rede MX Ltda, o poder de compras de cada

uma delas. No entanto, mais oportunidades de benefícios surgem a cada dia e todas

as empresas devem atentar-se para outros benefícios que podem complementar as

vantagens proporcionadas pela escala da união e pela organização da empresa

coletiva. Assim, considerou-se o fator como essencial para o sucesso da SPE

estudada. O que também foi evidenciado por algumas respostas dos entrevistados,

como segue:

Esse é o principal motivo de existência da rede, colaboração em um ponto

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específico, compras. Podemos ampliar os benefícios, assim criaremos mais

pontos fortes para cada associado.E2.

A gente tem que definir, o que precisamos melhorar e trabalhar firme para

melhorar aquilo. Depois vai aumentando os pontos de melhoria de acordo

com a necessidade de cada um. E6.

Existem projetos para compartilharmos serviços contábeis, jurídicos,

limpeza e até telefonia. Mas precisamos nos organizar melhor. E7.

[...] eu acho que a gente tem que melhorar cada vez mais essa sinergia da

rede. E12.

Referente à definição de direitos e deveres, a SPE estudada tem um regimento

interno que define todas as regras da participação dos associados, seus deveres

com a coletividade e as possíveis penalidades em caso de desrespeito a uma delas

e também as obrigações em caso da rescisão da parceria. No caso da Rede MX de

papelarias Ltda, a sociedade rateia os prejuízos operacionais e os direitos de

propriedade são definidos em contrato social. Assim, também, considerou-se o fator

como essencial para o sucesso da rede objeto desta pesquisa. Nas palavras de

entrevistados:

Este é um item básico, como tudo da vida. Para chegarmos a algum lugar temos que saber qual é o nosso papel e qual é o nosso direito. E2. [...] a gente não pode montar uma rede sem cada um saber o que faz, e qual é o direito de cada um. Se não vira uma bagunça.” E6. Tem que ser bem definido quais são os direitos do associado. Porque se não for definido é muito difícil. Você tem que ter uma coisa a seguir. E7. Acho isso importante até já temos isto escrito no nosso estatuto. E12.

Um ponto que necessita ser ajustado na SPE do estudo de caso é a ampliação das

contribuições complementares de todos os parceiros. De acordo com os

entrevistados, alguns associados acumulam funções, o que limita a cooperação por

parte dos outros e ainda alguns não cooperaram ou não têm maiores

responsabilidades com o grupo, fazem apenas o essencial para continuar

participando, mantendo suas obrigações financeiras em dia. Sendo assim, é possível

perceber insatisfação contida na fala dos entrevistados, o que pode criar o desgaste

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da relação. Portanto, as contribuições complementares de todos os parceiros são

essenciais, para que a Rede MX de papelarias Ltda tenha sucesso. A seguir,

apresentam-se as respostas dos entrevistados referentes ao fator:

Se todos procuramos nos associar por alguma dificuldade, se pensarmos em grupo, seremos muito mais fortes. Dois é mais do que um sempre. E2. [...] tem uns que não fazem nada, e aí ficam só incomodando e sugando os outros. E5. Todos têm que contribuir, ajudar com novas ideias e reforçar a rede. E6. [...] 80% das planilhas de compra, negociação com gerentes e donos de fábricas ficam comigo, eu perco muito tempo com isso. A turma tinha que absorver um pouco disso. E12.

Um fator que indica que a Rede MX de papelarias Ltda está caminhando em direção

ao sucesso da coletividade é a confiança construída no relacionamento entre os

associados. Todos estão conscientes que, a cada dia, é preciso reforçá-lo e

exteriorizaram suas convicções a esse respeito. Como a seguir:

[...] devemos ser como uma boa família, existirão momentos de diversidades e problemas. Mas se conhecermos bem uns aos outros, não existirão motivos de desconfiança. E2. Com o passar do tempo, a gente vai peneirando as operações, as pessoas, os associados, as empresas participantes e vai construindo um relacionamento mais duradouro, que vai contribuir melhor com o associativismo. E3. Imagina, uma rede onde você não confia no seu parceiro, aí fica difícil. E7. Eu acho que foi o start, e ainda é o pilar que segura à rede. E8.

Derivar os objetivos da aliança da estratégia de negócios no caso da SPE estudada

pode ser um dos riscos ao sucesso da rede. Segundo o relato de alguns

entrevistados, o setor de papelarias passa por dificuldades e precisa de grandes

mudanças para não ser extinto. Por isso, um dos objetivos da união era a

sobrevivência das empresas sócias. Hoje o objetivo específico da Rede MX de

papelarias Ltda é comprar coletivamente com preços e condições melhores do que a

capacidade individual de cada associado. Como já existe a consciência do risco ao

setor, um dos objetivos da aliança deveria ser proporcionar uma adaptação das

empresas à mudança enfrentada pelo setor. Para ilustrar a recomendação do

pesquisador, apresentam-se trechos das entrevistas com os empresários:

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[...] com o crescente risco de extinção do setor de papelarias do comércio. A nossa estratégia tem que ser de sobrevivência e adaptação às mudanças. E2. Derivar os objetivos da aliança da estratégia de negócios, meio complicado... esquece! E12.

Outro fator que demonstra que a Rede MX de papelarias Ltda trilha o caminho do

sucesso refere-se à rescisão da parceria somente após a aprovação de todos.

Segundo todos os entrevistados, o estatuto da associação, o regimento interno, é

isso o que acontece no caso de necessidade de exclusão de associado. Para casos

de saída espontânea, não é necessária a aprovação de todos, apenas deve haver o

rateio das despesas coletivas por 180 dias após a saída. A Lei complementar nº 128,

art. 56, §5º, inc. V também prevê uma punição para qualquer forma de

desmembramento em uma SPE, não permitindo que a mesma pessoa jurídica

participe de outra organização de mesmo formato.

A rescisão para exclusão de um sócio sim. Mas para saída espontânea, não precisa da aprovação de todos. E2. Há um respeito a isso. Só tomar decisões de exclusão de associado quando todo mundo estiver ciente e de acordo. E8. Rescisão somente após aprovação de todos os parceiros é óbvia, tem que ser unanimidade e já está definida no nosso estatuto. Pra entrar alguém, tem que ser a mesma coisa. E12.

A avaliação contínua do desempenho da aliança é um importante fator que pode

influenciar o sucesso da SPE que precisa ser melhorado. Uma dos benefícios de

fazer o acompanhamento do desenvolvimento da operação coletiva é poder

demonstrar aos associados dados relevantes para a permanência ou mudança dos

objetivos do grupo. Se isso acontecer, cada empresário poderá defrontar custos e

benefícios alcançados por sua empresa individual, além de, em casos de

desvantagens financeiras, buscar alternativas para aumentar as capacidades de

favorecer a Rede MX de papelarias Ltda. Considerou-se o fator essencial para o

sucesso da SPE estudada. Segundo relato dos entrevistados, não existe avaliação

do desempenho da aliança, mas todos percebem que ajudaria a prosperidade

coletiva, portanto considerou o fator como essencial para estimular o sucesso da

associação. A seguir, apresentam-se as entrevistas que embasaram a análise:

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Seria o ideal, até para que tenhamos dados para vender uma nova associação. Um gráfico comparativo de crescimento, ou faturamento por empresa, pode representar os benefícios de uma rede sem muitas explicações. E2. É importante apesar da gente não fazer, mas é o sentimento é de estar sempre melhorando. E6. É importante você estar sempre avaliando, pra ver o que está acontecendo, para você tomar certas decisões na rede. Ou mesmo individual. E7. A rede ela devia fazer uma avaliação melhor de mercado, por que às vezes não sabemos a nossa real situação. E8.

Para acordo de valores e convicções fundamentais, a SPE estudada relaciona em

seu estatuto pontos que credenciam e permitem o associado a participar ativamente.

Dentre eles, o cadastro positivo de crédito, a regularidade fiscal, a ética trabalhista e

a distância mínima entre as lojas dos associados. A recomendação do pesquisador

refere-se à avaliação contínua para que todos os valores e convicções fundamentais

possam permanecer vigentes durante todo o período da parceria. Sendo assim,

considerou-se o fator essencial para o sucesso da Rede MX de papelarias Ltda. A

seguir, apresentam-se respostas referentes ao fator:

Se não for assim, um puxa pra um lado e outro puxa pro outro. E7. A regra mais rígida da rede é a distância mínima de 1,0 Km entre as lojas. E8. Isso é importante, já está no estatuto. Claro que é uma coisa dinâmica e que temos que acompanhar mais. E12.

Referente a manter e proteger as principais competências das empresas membro é

um fator que não está bem definido para a Rede MX de papelarias Ltda e para os

seus membros. Segundo os empresários entrevistados, as empresas concorrem

entre si, trocam informações e devem ser transparentes uma com as outras e

colaborar com o desenvolvimento coletivo. Porém, não existe uma definição clara

sobre quais pontos podem ser tratados e quais devem ser evitados para evitar

constrangimentos entre os parceiros que também são concorrentes. À sua maneira,

cada empresário assume proteger suas competências de alguma forma, por isso

considerou o fator como essencial para o sucesso da empresa coletiva. Seguem

relatos:

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De certa forma, mantemos nossas competências essenciais. Ninguém ensina o pulo do gato, nem o gato. Mas todos tentam pular parecido com ele. É muito importante que todos saibam que somos todos parceiros, mas concorrentes. Dependemos do mesmo mercado, não é possível revelar os nossos segredos.E2. [...] a gente até troca muita coisa, mas clientes nunca. E3. Cada um tem um foco, uns tem o foco corporativo, outros, tem foco no varejo. Ninguém pode querer o focar no cliente do outro. E6. Você tem que manter e proteger as suas principais competências que vão ajudar a fortalecer a rede. E7. Algumas competências você não pode perder de jeito nenhum, tem que proteger e também melhorar. E12.

Segundo a percepção dos empresários entrevistados e a análise de cada fator

realizada pelo pesquisador, dos doze fatores essenciais para o sucesso de redes de

MPES apresentados por Hoffman e Schlosser (2001), apenas o fator “Derivar os

objetivos da aliança da estratégia de negócios” não é adequado para a Rede MX de

papelarias Ltda, já existe uma necessidade de mudanças estratégicas no setor de

papelarias, conforme os relatos dos entrevistados.

Pergunta 17– Cooperação e colaboração a favor do desenvolvimento de parcerias

sustentáveis em SPE, segundo os participantes.

Para a colaboração e cooperação serem favoráveis ao desenvolvimento de

parcerias sustentáveis na Rede MX de papelarias Ltda, todos os empresários deram

opiniões que se complementam e demonstram a multiplicação da capacidade de um

grupo frente a um indivíduo. Segundo os associados da SPE, a troca de

informações com limites responsáveis, a capacidade de mobilizar, o hábito de

colaboração e cooperação, a divisão de tarefas, a representação da rede como um

influenciador do sucesso individual, o preparo coletivo para enfrentar o mercado, a

responsabilidade com a coletividade e a participação são fundamentais para a

prosperidade da parceria que mantêm atualmente. Baseado nessas opiniões, pode-

se perceber que alguns associados à SPE apontaram como sugestões para o

desenvolvimento de parcerias sustentáveis aquilo que consideram que ainda precisa

ser melhor explorado e desenvolvido na rede que participam. A seguir, apresentam-

se respostas que contêm opiniões que justificam a análise do pesquisador:

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Você sabe que em grupo você é mais forte? Então, cooperar e colaborar tem que ser hábito! E2. A rede deve ocupar um lugar de destaque no seu negócio e de todos os participantes, tem que ser importante para o negócio de cada um.E7. [...] desenvolver novas oportunidades. E8. Você tem que estar trabalhando com todo mundo em uma mesma sintonia. E9. O grupo tem que estar unido, pelos seus interesses. Para que ocorra esse desenvolvimento da parceria com fornecedor, e entre grupo, tem que ter responsabilidade e acreditar naquilo que esta fazendo.E10. A pessoa participar mais das reuniões. E11. Se todo mundo fizer um pouquinho, não sobrecarrega uns e outros. E12.

Pergunta 18– Otimização de resultados, segundo empresários associados à Rede

MX de papelarias Ltda.

Referente à possibilidade de otimização de resultados individuais possibilitados pela

rede, os empresários apresentaram muitas sugestões de melhorias. Primeiramente,

partiu-se do aumento do poder de barganha com o aumento do número de

associados. Em seguida, padronização de rotinas comuns, compartilhamento de

serviços contábeis, jurídicos, limpeza, telefonia, marcas, publicidade, software de

gestão, dados cadastrais e frota para entregas. Ainda foram sugeridos: troca de

mercadorias encalhadas, fidelização contratual com fornecedores, criação de

embalagens padronizadas para aumento da representatividade frente ao consumidor

e informatização de todos os processos para maior utilização de recursos

tecnológicos disponíveis. A única ressalva quanto a otimizar os resultados é

referente ao dispêndio de capital comparado ao tempo de retorno do investimento e

à economia proporcionada.

Essas opiniões representam que existem inúmeras possibilidades de otimizar os

resultados individuais participando de uma rede. Assim, devem-se definir prioridades

que sejam capazes de proporcionar vantagens e que possam ser percebidas por

cada empresa individualmente sem que implique em grandes dispêndios financeiros.

Se isso ocorrer, o grupo ficará estimulado para buscar novos benefícios de forma

coletiva. A seguir apresentam-se repostas quanto ao questionamento.

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Tudo pode acontecer rápido se não tiver que gastar muito e quanto maior for a economia que der pra cada um. E1. Podemos compartilhar serviços contábeis, jurídicos, limpeza e até telefonia. Participação conjunta em feiras e exposições e prospecção e desenvolvimento conjunto de novos clientes aumenta nossa representatividade.E2. O aumento do poder de barganha, acaba desencorajando alguns novos entrantes, pela força que muitas vezes a gente acaba exercendo. E5. Padronizar serviços comuns. E6. Padronizar ações de atendimento, sotware, visual de loja, propaganda, isso tudo favorece a unidade de um grupo de trabalho. E7. Acho que a gente tem que melhorar cada vez mais a sinergia da rede, a gente tem condições de comprar um caminhão e fazer coletas e entregas compartilhadas. E12.

Pergunta 19 – Sugestões de otimização de processos gerenciais utilizados pela

Rede MX de papelarias Ltda, segundo empresários participantes.

Como sugestão para melhorar os processos gerenciais utilizados pela SPE, o

posicionamento entre os empresários variou entre o ideal e muita coisa pra

melhorar. Segundo os participantes que sugeriram mudanças, para que ocorram

avanços na gestão da Rede MX de papelarias Ltda, primeiramente deve haver

algumas adaptações tecnológicas nas empresas individuais e padronização para

que seja possível ocorrer a integração entre as lojas e a rede de forma automática.

Como ocorreram grandes divergências de opiniões entre os entrevistados, foi

possível identificar que já existe satisfação por parte de alguns empresários por

apenas fazerem parte de uma rede empresarial, o que o pesquisador considera

como um risco para a evolução do negócio coletivo. A presença constante da

insatisfação estimula a busca por desenvolvimento. A seguir, apresentam-se

respostas quanto ao questionamento:

O sistema tem de ser fácil pra trabalhar, igual o que tem hoje. E1. Utilização de um sistema de gestão único entre todos os associados, que só não compartilhe o cadastro de clientes. Se conseguirmos isso, tudo poderia ser automático depois do pedido. E2. Primeiro a padronização de alguns processos dentro das lojas, mas a rede é muito informal ainda. E5.

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Para otimizar, a gente tem que talvez enxugar um pouco o número de fornecedores e padronizar as linhas de produto das lojas e definir uma rotina melhor para os processos serem mais rápidos. E6

Pergunta 20 – Essencial para o desenvolvimento e sucesso da SPE.

Segundo os gestores das MPEs entrevistados, para que ocorra o desenvolvimento e

o sucesso da SPE estudada, é essencial que exista postura de grupo, respeito no

relacionamento, compromisso com a coletividade, comprometimento, a persistência,

a união, o planejamento em conjunto, o estabelecimento de metas, companheirismo

e principalmente que seja financeiramente vantajoso a todos os participantes. Não

menos importante para o sucesso e também apresentado pelos associados como de

suma importância para a prosperidade da rede é que continuem a existir ameaças

para que o acompanhamento de custos, o aumento do empenho para questões

coletivas estimule o empreendedorismo de cada empresário. Assim, sempre

buscarão cobrir todas as possibilidades para aumentar as vendas, reduzir custos e

serem mais eficientes frente ao mercado. Essa consciência de que vários fatores

inter-relacionados podem proporcionar o sucesso e o desenvolvimento da Rede MX

de papelarias Ltda demonstra que os empresários participantes sabem que juntos

são mais fortes. E que o sucesso individual de cada empresa sócia da SPE

estudada está diretamente relacionado ao sucesso das empresas associadas. A

seguir, apresentam-se respostas que justificam a análise.

O companheirismo, e compromisso é essencial. E1. A rede só existe por ser vantajosa aos associados, se deixarem de existir vantagens por quaisquer motivos, a rede deixará de existir e constante ameaça também é um estímulo para buscar otimização de resultados. E2. Confiança, vigiar de perto os custos e que todos colaborem e participem. E3. Respeito entre os sócios e o comprometimento de todos. E4. A postura de grupo. Na rede os associados precisam entender que o beneficio vai ser sempre maior em grupo. E5. O que precisa é sempre buscar melhorar, mesmo aquilo que já fizemos e não deu certo. E6. É preciso estabelecer metas. E8.

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5 CONCLUSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS

A presente pesquisa visou responder à seguinte questão: quais os fatores que

influenciam na associação e no desenvolvimento da primeira rede formal de MPEs

do setor varejista de papelaria do Brasil?

Como objetivo geral, o presente trabalho buscou identificar os fatores que

influenciam na associação e no desenvolvimento da primeira SPE do setor varejista

de papelaria do Brasil. Os objetivos específicos do trabalho foram:

a) Classificar SPE de acordo com as características de redes encontradas na

literatura.

b) Identificar os fatores favoráveis e desfavoráveis à associação de uma MPE a

uma rede formal de MPEs no varejo de papelaria.

c) Identificar os fatores que influenciam no desenvolvimento associativo de uma

rede formal de MPEs no varejo de papelaria.

d) Propor recomendações práticas para o desenvolvimento da Rede MX de

Papelarias Ltda, tendo como base a identificação dos fatores que levam ao

associativismo.

O conceito de redes empresariais e Sociedade de Propósito Específico (SPE),

sugeridos neste trabalho, permitiram o seu desenvolvimento e o atendimento de

todos os objetivos propostos, através do desmembramento em categorias de

análises.

Como estratégia de pesquisa, adotou-se o estudo de caso da primeira SPE de

papelarias do Brasil, a Rede MX de Papelarias Ltda. A coleta de dados foi realizada

através de entrevista semiestruturada. Como técnica de análise de dados utilizou-se

o método qualitativo com a realização de análise de conteúdo para tratamento das

entrevistas facilitado pelo uso do software Nvivo 10. A seguir, são apresentadas as

conclusões da pesquisa de acordo com as categorias de análise propostas. Em

seguida, são discutidas as contribuições da pesquisa quanto ao método e à teoria. E

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finalmente, as limitações da pesquisa e sugestões para novos estudos são

apresentadas.

Entre os aprendizados do pesquisador, o mais marcante refere-se à exteriorização

de parte da experiência de micro e pequenos empresários e suas trajetórias de

persistência e empreendedorismo. Apesar de todas as dificuldades enfrentadas por

empresas desse porte, os empreendedores transmitem a serenidade de aprender

com todos os desafios de seu setor e ainda que a insatisfação pelo fraco

desempenho é a fonte de energia para continuar a busca por melhorias de forma

contínua.

5.1 Classificação de SPE como rede empresarial.

De forma a introduzir a pesquisa, a primeira categoria de análise objetivou a

classificação de SPE como rede empresarial quanto às principais características

apresentadas na literatura. Assim, buscaram-se as evidências quanto à formalização

e centralização, conforme Guerrini (2005); quanto à direção, de acordo com Tigre

(2006); quanto à flexibilidade, segundo Knorriga, Meyer-Stamer (1998); quanto às

fronteiras caracterizadas por Dess (1998); e quanto à inter-relação, como em Porter

(1998) na Rede MX de papelarias Ltda .

O que permitiu concluir que sociedade de propósito específico é um novo formato de

rede empresarial brasileira, composta exclusivamente de micro e pequenas

empresas, com formalização e direitos de propriedade das empresas definidos em

contrato. Simétrica, por todos os membros possuírem o mesmo poder de decisão.

Horizontal, por não existir uma hierarquia clara entre os membros. De longo prazo,

por não existir prazo de existência definido. Com inter-relação tangível, intangível e

concorrente por existir compartilhamento entre as empresas membro, possuírem

estratégias semelhantes e concorrerem entre si. E ainda por possuirem uma

estrutura livre de barreiras com definições menos rígidas de funções e tarefas.

5.2 Vantagens e desvantagens da associação de MPEs a uma SPE no varejo

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de papelaria.

A segunda categoria de análise derivada do objetivo de identificar os fatores

favoráveis e desfavoráveis à associação de uma MPE a de uma rede formal de

MPEs no varejo de papelaria, pretendeu identificar, de acordo com os 40 fatores

encontrados em Oliver (1990), Castells (1999), Peci (1999), Todeva e Knoke (2005),

Pacagnan (2006), Mazzarol, Limnios e Reboud (2013), o que pode influenciar a

associação de MPEs do varejo de papelaria da região metropolitana de Belo

Horizonte a uma SPE.

Dos 40 possíveis fatores que poderiam favorecer ou desfavorecer o associativismo

colaborativo em uma SPE, pode-se perceber que apenas o fator custos e riscos

elevados influenciou negativamente o associativismo na Rede MX de papelarias

Ltda. Apesar dos custos elevados para a criação e manutenção de um SPE, os

riscos de responsabilidade por oportunismo de terceiros e pelas eventuais dívidas de

empresas parceiras apresentaram-se como o principal fator capaz de desestimular

uma organização desse tipo. O alto risco de participação em uma SPE ocorre

primeiramente porque todas as empresas participantes são corresponsáveis em

todas as dívidas que a rede possa adquirir. Além disso, caso uma das empresas

membro tiver o nome negativado em entidades de proteção ao crédito, todos podem

ser prejudicados e também perderem o crédito por serem sócios do devedor. Todos

os demais fatores que favoreceram a associação das MPEs a Rede MX de

papelarias Ltda segundo a maioria dos empresários foram o acesso a novas

tecnologias, o acolhimento ambiental, ameaças encontradas individualmente,

ampliação mercadológica, aprendizagem do conhecimento tácito do parceiro,

aquisição de meios de distribuição, assimetria, baixo desempenho individual, baixo

poder competitivo, benefícios futuros para todos os envolvidos, complementaridade

técnica e comercial, a condição ambiental, a cooperação dos concorrentes, crises de

lucratividade individual, desenvolvimento de normas técnicas, distância entre as

empresas, diversificação, escassez de recursos financeiros para investimento inicial,

estabilidade, incapacidade de alcançar objetivos de forma isolada, isolamento

empresarial, legitimidade frente ao mercado, limitação individual, marca, publicidade

e propaganda compartilhada, necessidade, necessidade de retorno em curto prazo,

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histórico empresarial, relacionamento dos gestores, políticas comerciais utilizadas,

proporcionar vantagens aos antigos concorrentes, reciprocidade e visão empresarial

individual.

Destaca-se ainda, fatores que influenciaram favoravelmente a unanimidade dos

empresários a participar de uma empresa coletiva no formato de SPE, são eles:

alcance de vantagens competitivas, características similares do negócio, criação de

uma central de compras, criação de sinergia, eficiência esperada, melhoria de

desempenho e tendência setorial.

Assim, pode-se concluir que, para uma MPE do varejo de papelaria de Belo

Horizonte e região metropolitana, a associação a uma rede em formato de SPE é

muito mais vantajoso do que permanecer isoladamente no setor. No entanto, é

coerente a avaliação dos riscos apresentados pela união.

5.3 Fatores influenciadores do desenvolvimento de uma SPE no varejo de

papelaria.

A terceira categoria de análise visou identificar os fatores influenciadores do

desenvolvimento da SPE Rede MX de papelarias Ltda, destacando-se as vantagens

apresentadas por Lagemann (2004), Balestrin, Vargas e Fayard (2005), Verschoore

Filho (2006), Rodrigues et al. (2009), Marchi et al. (2012), Mazzarol, Limnios e

Reboud (2013) e as desvantagens apontadas por Knorringa e Meyer-Stamer (1998),

Fulop (2000), Tálamo e Carvalho (2004), Tigre (2006), Thorgen, Wincent, e Örtqvist

(2009), Olsen, Elverkrok e Nielsen (2012) e Mazzarol, Limnios e Reboud (2013).

Derivou-se do objetivo de identificar os fatores que influenciam no desenvolvimento

associativo de uma rede formal de MPEs no varejo de papelaria.

A principal vantagem de uma rede em formato de SPE de compras é a redução de

custos referente à aquisição de mercadorias para revenda para as empresas sócias

que, além do poder de escala proporcionado pela união de MPEs, beneficiam-se de

não precisar recolher os impostos relativos à transferência de mercadorias. Outra

vantagem proporcionada por uma SPE é a vantagem competitiva referente ao

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compartilhamento de informações, com apenas uma ressalva que pode abalar a

confiança dos parceiros, quando a informação compartilhada não for positiva.

Quanto à legitimidade frente ao mercado, para as MPEs, é maior entre os

fornecedores, porém pode-se estender ao público consumidor, caso a Rede MX de

papelarias Ltda também promova um compartilhamento de marcas, publicidade e

propaganda, extrapolando o propósito específico de compras. O aumento do número

de participantes pode ser vantajoso para aumentar o poder de barganha da SPE,

ratear o custo operacional entre os associados e reduzir o risco proporcional de cada

empresa, caso uma ou outra se torne inadimplente. A estabilidade proporcionada ao

empresariado associado à SPE é uma vantagem considerável, no entanto, um risco

à acomodação.

As possíveis desvantagens apontadas por Knorringa e Meyer-Stamer (1998), Fulop

(2000), Tálamo e Carvalho (2004), Tigre (2006), Thorgen, Wincent, e Örtqvist (2009),

Olsen, Elverkrok e Nielsen (2012) e Mazzarol, Limnios e Reboud (2013) da

participação de MPEs em uma SPE foram minimizadas com argumentos positivos

da associação. O que permitiu concluir que as vantagens percebidas da inclusão de

MPES em uma SPE superam os fatores negativos a ela relacionados. Mesmo assim,

os fatores relacionados à: concorrência no mesmo setor e riscos de revelar segredos

comerciais, tempo e esforço necessários para coordenação da cooperação de forma

a reduzir custos, limitação da interação entre concorrentes, risco de atitudes

oportunistas, necessidade de gestão profissionalizada e aumentos de custo, redes

altamente formalizadas que limitam os benefícios da união, pouco tempo dos

membros para gestão da empresa coletiva e comprometimento do desempenho,

caso uma empresa líder passe a exercer influência sobre as demais associadas,

foram consideradas como desvantagens para o desenvolvimento da rede

empresarial.

Não foi possível identificar desvantagem referente às condições macroeconômicas

que possam desencorajar a cooperação interfirmas como em Knorriga e Meyer-

Stamer (1998), que possam comprometer o desenvolvimento da Rede MX de

papelarias Ltda. Sendo assim, conclui-se que o fator é irrelevante para o

desenvolvimento de redes empresariais e que as vantagens proporcionadas pela

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cooperação são independentes da macroeconomia.

Outro fator citado como desvantagem é que quanto maior o número de membros de

uma rede empresarial, maior o custo administrativo dessa rede. Segundo as análises

da pesquisa, quanto maior o número de participantes, o custo administrativo rateado

entre as empresas tende a reduzir até que seja alcançado o limite da capacidade de

operação da rede. Até esse limite operacional, o custo administrativo proporcional a

cada empresa tende a ser reduzido gradativamente. Contrariando, assim, as

afirmações de Thorgen, Wincent E Örtqvist (2009).

Não foi possível identificar um melhor tipo de governança que se enquadre nas

necessidades apresentadas pelos empresários sócios da Rede MX de papelarias

Ltda. Assim, o pesquisador propõe para a SPE estudada uma interseção dos três

tipos de governança de redes propostos por Provan e Kenis (2008). Dessa forma,

prevaleceria a democracia, com uma liderança alternada e poderes para destravar

decisões e cobrar atitudes para a evolução da coletividade.

A tendência da evolução da SPE dependerá do crescimento do número de

empresas associadas. No entanto, quando se trata de empreendedores como é o

caso do micro e pequenos empresários associados à Rede MX de papelarias Ltda, é

impossível prever a capacidade de criação de valores provenientes de esforços

coletivos.

5.4 Recomendações para o desenvolvimento da SPE.

A quarta categoria de análise visou recomendar ações que possam influenciar o

desenvolvimento da Rede MX de papelarias Ltda, derivando-se do quarto e último

objetivo específico que é propor recomendações práticas para o desenvolvimento da

SPE estudada, tendo como base a identificação dos fatores que levam ao

associativismo, segundo a percepção dos empresários entrevistados e a análise de

cada fator realizada pelo pesquisador. De acordo com os doze fatores essenciais

para o sucesso de redes de MPEs apresentados por Hoffman e Schlosser (2001),

apenas o fator “Derivar os objetivos da aliança da estratégia de negócios” não é

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adequado para a Rede MX de papelarias Ltda, já existe uma necessidade de

mudanças estratégicas no setor de papelarias, conforme os relatos dos

entrevistados.

Para que ocorra o desenvolvimento e o sucesso da SPE estudada, segundo os

empresários, é essencial que exista postura de grupo, respeito no relacionamento,

compromisso com a coletividade, comprometimento, persistência, união,

planejamento em conjunto, estabelecimento de metas, companheirismo e

principalmente que seja financeiramente vantajoso para todos os participantes. Não

menos importante que o sucesso e também apresentado pelos associados como de

suma importância para a prosperidade da rede, é que continuem a existir ameaças

para que o acompanhamento de custos e aumento do empenho dos sócios para

questões coletivas estimule o empreendedorismo. Assim, micro e pequenos

empresários continuarão a buscar as possibilidades que estiverem aos seus

alcances para aumentar as vendas, reduzir custos e serem mais eficientes frente ao

mercado.

Com essa consciência coletiva apresentada pelo autor para que ocorra o sucesso e

o desenvolvimento da Rede MX de papelarias Ltda os empresários devem fazer

suas ações confirmarem as suas palavras e tenham atitude para buscar o sucesso.

Sempre evidenciando o potencial de criação de valor conjunto para estimular o

associativismo coletivo beneficiar a todos, e também o interesse de novos

participantes.

A elaboração de novos acordos também deve basear-se em objetivos claros e

realistas, assim permitir-se-á que realidades e capacidades financeiras diferentes

trabalhem estimuladas a melhorar continuamente. Sem que a frustração por o não

cumprimento de metas possa prejudicar a união.

A alta gestão não deve apenas apoiar, mas envolver-se mais para buscar

colaboração em pontos fortes e específicos além de compras em conjunto. De forma

que, mais benefícios possam ser alcançados coletivamente.

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Como a Rede MX de papelarias Ltda já definiu os direitos e deveres dos associados,

a recomendação do pesquisador quanto ao fator é a realização de acompanhamento

contínuo. Assim, caso necessário, a tomada decisão pode ser rápida. Evitando

assim, que eventuais problemas possam ser prolongados e afetem o desempenho

coletivo.

Um ponto que necessita ser ajustado na SPE do estudo de caso é a ampliação das

contribuições complementares de todos os parceiros. Assim, sugere-se uma

redistribuição de funções e tarefas de forma voluntária, sendo que cada empresário

deve comprometer-se a colaborar em um ponto específico. Dessa forma, cada

participante deverá contribuir com a SPE, naquilo que se propôs a fazer.

A confiança construída pelo relacionamento entre os associados, à rescisão da

parceria somente após a aprovação de todos, acordo de valores e convicções

fundamentais indicam que a Rede MX de papelarias Ltda está caminhando em

direção ao sucesso da coletividade. Sugere-se que a manutenção da confiança e o

acompanhamento do cumprimento dos acordos e convicções, sejam realizados

constantemente para evitar que rescisões sejam necessárias.

Apenas o fator “Derivar os objetivos da aliança da estratégia de negócios” não é

adequado para a Rede MX de papelarias Ltda, já existe uma necessidade de

mudanças estratégicas no setor de papelarias conforme os relatos dos

entrevistados. Como já existe a consciência do risco ao setor, um dos objetivos da

aliança deveria ser proporcionar uma adaptação das empresas a mudança.

O sucesso de uma SPE é o resultado do sucesso das empresas participantes. Para

que seja possível aos empresários perceberem os benefícios de cooperar e

colaborar é importante que a avaliação contínua do desempenho da aliança seja

realizada. Sugere-se ainda que as MPEs mantenham e protejam suas principais

competências, afim de, evitar que seus parceiros se tornem concorrentes.

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5.5- Contribuições quanto aos métodos e quanto à teoria

O presente trabalho sugeriu classificar SPE de acordo com as características de

redes encontradas na literatura. Apresenta-se, a seguir, o quadro 16 que evidencia

as características de SPE identificadas na pesquisa:

Quadro 16- Características de SPE de MPE de compras identificadas

Burocratizada. Possuir formalidades registradas em contrato social e também em contrato que define as regras da associação.

Simétrica. Todos preservam o mesmo poder de decisão.

Proprietária. O contrato refere-se ao direito de propriedade entre os acionistas.

Horizontais. Inspirada na comercialização de produtos específicos, ocorre divisão de funções e tarefas.

De longo prazo. A rede forma-se sem data para encerrar suas operações.

Inter-relação tangível. Possibilidade de benefícios adicionais pelo compartilhamento de quaisquer atividades de valor.

Inter-relação intangível. Empresas participantes possuem estratégias semelhantes.

Inter-relação concorrente. Ocorre concorrência entre os parceiros da SPE em mais de um tipo de operação.

Livre de barreiras. Definições menos rígidas de funções e tarefas.

Compartilhamento de responsabilidade solidária (Não previsto na teoria)

Previsto na lei complementar nº 128, Art 56, § 6º, 2008.

Fonte: Elaborado pelo autor.

A literatura mostrou-se válida e eficiente para auxiliar a caracterização de SPE de

acordo com Guerrini (2005), quanto à direção de acordo com Tigre (2006), quanto à

flexibilidade segundo Knorriga e Meyer-Stamer (1998), quanto às fronteiras

caracterizadas por Dess (1998) e quanto à inter-relação como definida em Porter

(1998). No entanto, a teoria não contempla o compartilhamento de responsabilidade

solidária, previsto na lei complementar nº 128, art. 56, § 6º, 2008. Assim, baseado

nesta pesquisa, sugere-se a inter-relação de responsabilidade que prevê este tipo

de compartilhamento entre associados em redes empresariais.

Apesar de se tratarem de apenas 12 entrevistados, o referencial teórico desta

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pesquisa contemplou todos os fatores que podem influenciar a associação de uma

MPE a uma rede encontrados em Oliver (1990), Castells (1999), Peci (1999),

Todeva e Knoke (2005), Pacagnan (2006), Mazzarol, Limnios e Reboud (2013). Fato

evidenciado após a não identificação de um possível outro fator que influenciasse a

associação das MPEs à Rede MX de papelarias Ltda, logo após a apresentação aos

empresários dos 40 fatores contemplados pela literatura.

As vantagens apresentadas por Lagemann (2004), Balestrin, Vargas e Fayard

(2005), Verschoore Filho (2006), Rodrigues et al. (2009), Marchi et al. (2012),

Mazzarol, Limnios e Reboud (2013) também mostraram-se válidas para uma rede

em formato de SPE. Dessa forma, vantagens quanto à redução de custos, poder de

escala proporcionado pela união, legitimidade frente ao mercado, compartilhamento

de marcas, publicidade e propaganda, o aumento do número de participantes foram

evidenciadas nesta pesquisa. No entanto, a estabilidade proporcionada ao

empresário participante de uma SPE representa um risco à acomodação. A ressalva

também é válida para vantagens competitivas adquiridas pelo compartilhamento de

informações, que demonstrou poder abalar a confiança dos parceiros quando a

informação compartilhada não for positiva. Assim, sugere-se uma revisão da

literatura quanto à estabilidade e também o risco do compartilhamento de

informações de MPEs participantes de redes.

Por outro lado, as desvantagens apontadas em Fulop (2000), Tálamo e Carvalho

(2004), Tigre (2006), Olsen, Elverkrok e Nielsen (2012) e Mazzarol, Limnios e

Reboud (2013) sobre o desenvolvimento de redes se confirmaram para a pesquisa

em SPE. Assim, a concorrência no mesmo setor e os riscos de revelar segredos

comerciais, tempo e esforço necessários para coordenação da cooperação de forma

a reduzir custos, a limitação da interação entre concorrentes, risco de atitudes

oportunistas, a necessidade de gestão profissionalizada e os aumentos de custo,

redes altamente formalizadas que limitam os benefícios da união, pouco tempo dos

membros para gestão da empresa coletiva e ao comprometimento do desempenho

caso uma empresa líder passe a exercer influência sobre as demais associadas, o

que evidenciou a eficiência da teoria.

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Evidências encontradas na Rede MX de papelarias Ltda contradizem a teoria quanto

às desvantagens do desenvolvimento de redes. Knorriga e Meyer-Stamer (1998)

afirmaram que condições macroeconômicas podem desencorajar a cooperação

interfirmas, o que contrariou o resultado sugerido de que as vantagens obtidas pela

cooperação independem das condições macroeconômicas. O mesmo também

ocorreu com a afirmação de Thorgen, Wincent e Örtqvist (2009) de quanto maior o

número de membros de uma rede empresarial, maior o custo administrativo da rede,

o que não se confirmou na SPE, que quanto maior o número de participantes o

custo administrativo rateado entre as empresas tende a reduzir até que seja

alcançado o limite da capacidade de operação da rede que deverá se manter

estável.

Dos doze fatores essenciais para o sucesso de redes de MPEs apresentados por

Hoffman e Schlosser (2001), apenas o fator “Derivar os objetivos da aliança da

estratégia de negócios” não é adequado para a Rede MX de papelarias Ltda. A

percepção dos empresários participantes da SPE estudada apresenta indícios de

que o setor de papelarias necessita de mudanças estratégicas para não ser extinto.

Assim, se os objetivos da aliança forem derivados da estratégia, a mudança poderia

ser dificultada e a sobrevivência coletiva ameaçada.

O método qualitativo utilizado foi capaz de mostrar os fatores favoráveis e

desfavoráveis à associação de MPES em uma SPE, bem como as vantagens e

desvantagens que influenciam o desenvolvimento nesse tipo de organização. Nesse

sentido, o método adotado contribuiu para a teoria de redes, bem como para o

estudo de micro e pequenas empresas.

Para facilitar o reconhecimento de Sociedade de Propósito Específico como um novo

formato de rede empresarial formal, apresenta-se o quadro 16 com as taxonomias

das formas organizacionais e suas características, inclusive SPE de compras de

MPE.

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QUADRO 17 - Taxonomia das formas organizacionais formais Terminologia Centralização Direção Flexibilidade Fronteiras Inter-relação

Joint Venture Simétrica Horizontal Longo prazo Modular Concorrentes

Aliança Estratégica Simétrica Horizontal/ Vertical Longo prazo Virtual Intangível

Consórcios Assimétrica Horizontal Flexível Virtual Intangível

Redes Virtuais ( subcontratação) Assimétrica Horizontal Flexível Virtual Intangível

Holding Simétrica Vertical Longo prazo Modular Tangível

Franquias Assimétrica Horizontal Longo prazo Modular Tangível

Redes dinâmicas/ flexíveis Assimétrica Vertical Flexível Virtual Intangível

Redes de valor agregado Assimétrica Vertical Longo prazo Modular Tangível

Empresa estendida Assimétrica Vertical Longo prazo Modular Tangível

Cadeias de suprimentos Assimétrica Vertical Longo prazo Modular Tangível

Redes de empresas (cadeia de suprimentos) Simétrica Vertical Flexível Virtual Intangível Redes de organizações (cadeia de suprimentos) Simétrica Vertical Flexível Virtual Intangível

Outsourcing Assimétrica Vertical Longo prazo Modular Tangível

Terceirização Assimétrica Vertical Longo prazo Modular Tangível

Subcontratação Assimétrica Vertical Longo prazo Modular Tangível

Unidade Virtual de negócio Simétrica Vertical Flexível Virtual Tangível

Logística integrada Assimétrica Vertical Longo prazo Modular Tangível

Consórcio modular Assimétrica Vertical Longo prazo Modular Tangível

Condomínio industrial Assimétrica Vertical Longo prazo Modular Tangível

Redes de cooperação entre empresas Simétrica Horizontal Longo prazo Livre Intangível Sociedade de propósito específico de compras de MPE Simétrica Horizontal Longo prazo

Livre de barreiras

Tangível Intangível Concorrentes

Autores Fusco (2005) TIGRE (2006) Knorringa e Meyer-Stamer (1998) DESS (1998) PORTER (1989)

Fonte: Guerrini (2005), adaptado pelo autor.

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163

5.6 Limitações da Pesquisa e Sugestões para Novos Estudos

5.6.1 Limitações da pesquisa

A presente pesquisa apresentou diversas limitações.

1- Ausência de literatura sobre Sociedade de Propósito Específico.

2- As características de redes foram analisadas apenas por pesquisa de uma

única SPE de compras, portanto o resultado não deve ser generalizado e

nem ampliado para SPE de vendas.

3- Por ser um estudo de caso os resultados quanto às vantagens e

desvantagens da associação de MPEs a SPEs não devem ser

generalizados. O mesmo ocorre para os fatores e práticas que influenciam o

desenvolvimento de uma SPE.

4- Em função do tipo de análise de conteúdo por categorias adotada, aspectos

contextuais e intersubjetivos dos entrevistados foram desconsiderados.

5.6.2 Sugestões para novos estudos

Para futuras pesquisas, sugere-se:

1- Busca de mais características de redes que possam melhor definir e

classificar SPE.

2- Adoção de outras técnicas de análise de conteúdo para analisar

questões contextuais e intersubjetivas do entrevistado, visando postular

posições críticas com relação ao discurso pronunciado.

3- Desenvolvimento de estudos que visam comparar o desenvolvimento de

empresas participantes de SPEs com empresas que não participam de

redes. Para que seja possível auxiliar tomadas de decisões de MPEs a

participarem ou não de organizações colaborativas.

4- Expandir a pesquisa para SPEs que tenham o propósito específico de

vendas, para que seja possível comparar os resultados.

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164

5- Medir através de pesquisa quantitativa a relevância dos fatores que

levam ao associativismo de MPEs, bem como as vantagens e

desvantagens do desenvolvimento da associação.

6- Avaliar a estabilidade e também o risco do compartilhamento de

informações de MPEs participantes de redes.

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171

ANEXOS

APENDICE A - Protocolo para o estudo de caso

Dados da entrevista

Data: Horário de início: Horário de término:

Local:

Tipo da entrevista: Face a face

Registro dos dados:

Anotação ( ) Gravação ( ) Áudio ( ) Vídeo ( )

A qual grupo o entrevistado pertence: Diretor de empresa

A identidade do entrevistado deve ser mantida em sigilo:

Sim ( ) Não ( ).

Dados pessoais

Nome:

Idade:

Telefone: E-mail:

Formação:

Dados profissionais

E m p r e s a :

T e m p o d e e m p r e s a :

Pertencente à rede de empresas desde:

Número de lojas:

Faturamento anual aproximado:

Dados gerais

Número de funcionários:

Linha de produtos:

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Principais clientes:

Principais concorrentes:

Dados sobre a pesquisa

Pesquisador: Cristiano Gomes Consentino

Telefone: (31) 8829-4161 E-mail: [email protected]

Orientador: Dr. Ricardo Viana Carvalho de Paiva

E-mail:

[email protected]

Centro Universitário UNA Endereço: Avenida João Pinheiro, 515. Funcionários.

Belo Horizonte – Minas Gerais. Si te: www.una.br

T ipo de pesquisa: Dissertação de mestrado

Linha de pesquisa: Redes Empresariais, Inovação e Competitividade

Objetivo da pesquisa:

Este trabalho tem como objetivo identificar os fatores que influenciam na

associação e no desenvolvimento da primeira rede formal de MPEs de Minas

Gerais do setor de varejo de papelaria.

Contribuições da pesquisa:

Este trabalho pretende contribuir para que os empresários de MPEs varejistas

identifiquem quais os fatores influenciam na associação e no desenvolvimento

da primeira SPE de MPEs de Minas Gerais. Adicionalmente, pretende propor

um guia de recomendações práticas para auxiliar o desenvolvimento da SPE

estudada. Também pretende demonstrar que a associação colaborativa entre

micro e pequenas empresas através de uma SPE pode contribuir para a

criação de negócios maiores, alcançar sinergia e benefícios em conjunto, que,

dificilmente, seriam explorados isoladamente ou através de redes informais.

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Esta pesquisa pretende auxiliar o entendimento de redes empresariais formais

compostas por MPEs, apresentar características e soluções disponíveis pela

literatura de redes para melhorar a integração entre os membros de

agrupamentos empresariais e a produtividade da associação.

A relevância desta pesquisa é ajudar na compreensão da complexidade

gerencial de uma rede empresarial composta de várias MPEs varejistas

concorrentes e que devem cooperar entre si para reduzir as ameaças do

mercado e ampliar as suas chances de sobrevivência e de sucesso.

Observações gerais ao entrevistado sobre a entrevista

Nesta entrevista, será bem vinda a fala espontânea do entrevistado, que tem

liberdade para usar seu conhecimento e experiência profissional e opinião

pessoal para responder às perguntas, que deverá ser gravada. O objetivo da

gravação é apenas retratar com fidelidade os dados informados e dar

credibilidade à pesquisa. O entrevistado poderá citar exemplos que facilitem ou

ilustrem sua resposta, assim como fazer comentários gerais ou específicos

sobre o assunto e seu contexto. Porém dados sigilosos poderão ser

preservados, caso seja da vontade do entrevistado. Nesse caso, será fornecido

um documento que formalize o compromisso.

A entrevista terá objetivos acadêmicos. Por esse motivo é importante ressaltar

que não existe uma resposta desejável, que será julgada como certa ou errada.

Todas as respostas serão analisadas e consideradas para o encerramento da

pesquisa. Ao final da análise, o pesquisador compromete-se a apresentar os

resultados a todos os envolvidos nesta pesquisa.

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Definição de termos utilizados no roteiro de entrevistas

A governança compartilhada - caracterizada pela descentralização, cada

participante tem o mesmo poder de decisão (PROVAN; KENIS, 2008).

A liderança regulada - exercida por uma empresa de fundamental importância

para a rede. Nesse caso, a liderança pode assumir o controle para “destravar”

decisões e para que a rede continue seu desenvolvimento (PROVAN; KENIS,

2008).

OAR (Organização administrativa da rede) - entidade independente com

autonomia e papel de desempenhar a coordenação e manutenção da rede,

gerir conflitos e ser o facilitador e interlocutor da coletividade (PROVAN;

KENIS, 2008).

MPE- Micro e pequena empresa.

Rede Empresarial – Entende-se redes empresariais como o relacionamento

cooperativo de empresas independentes em busca de vantagens individuais e

eficiência através de esforços coletivos (Definição do autor).

Sociedade de propósito específico (SPE) – É uma nova empresa constituída no

Brasil como sociedade limitada, que tenha como sócias duas ou mais

empresas de micro e pequeno porte, sendo seu objetivo específico regular e

estimular o associativismo entre MPEs.

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175

ROTEIRO DE ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADO

O roteiro de entrevista foi estruturado da seguinte maneira: (I) Classificação de

SPE como rede empresarial; (II) Vantagens e desvantagens da associação de

MPEs a uma rede formal de MPE no varejo de papelaria; (III) Fatores

influenciadores do desenvolvimento de uma rede formal de MPEs no varejo de

papelaria e (IV) Práticas para o desenvolvimento de uma rede formal de MPEs

no varejo de papelaria.

1. A rede que você é associado possui formalidades registradas em contrato

(burocratizada) ou não (Informal)?

2. Existe algum membro da rede com maior poder de decisão entre os

associados (assimétrica) ou todos os membros têm igual poder de decisão

(simétrica)?

3. A rede que você é associado define o seu direito de propriedade em

contrato (proprietária) ou não?

4. Existe algum membro da rede que você participa com uma posição de

liderança frente aos demais parceiros, que é capaz de definir regras e

fiscalizar a conduta dos demais (vertical) ou não há uma hierarquia clara

(horizontal)?

5. Existe tempo definido para a duração da rede que você participa (flexível)

ou não há definição de prazo de existência (longo prazo)?

6. Existe algum tipo de compartilhamento existente entre os membros na rede

que participa (inter-relação tangível)?

Aquisição de quaisquer tipos.

Produção.

Tecnologia.

Infraestrutura.

Compartilhamento de marcas.

Compartilhamento de mão de obra.

Contratação conjunta de prestação de serviços.

Participação conjunta em feiras e exposições.

Processamento de dados cadastrais.

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Prospecção e desenvolvimento conjunto de novos clientes.

Prospecção conjunta de novos mercados.

Publicidade e propaganda conjuntas.

Combate a práticas enganosas e concorrência desleal (questões éticas e

legais).

7. Você considera a estratégia de sua empresa semelhante à de outras

empresas parceiras (inter-relação intangível)?

8. Sua empresa concorre em algum tipo de operação com as empresas

parceiras (Inter relação concorrente)?

9. Como você define sua rede quanto à estrutura?

a) A organização mantém as atividades essenciais da cadeia de valor e

terceiriza as atividades de suporte, exercendo controle sobre elas

(modular).

b) Une redes de fornecedores, clientes e concorrentes temporariamente para

redução de custos e acesso a mercados (virtual).

c) Com definições menos rígidas de funções e tarefas (livre de barreiras).

10. Nessa parte, apresentarei alguns fatores que influenciam MPEs a se

associarem em redes. Peço que identifique os fatores favoráveis e

desfavoráveis à sua associação à rede que sua empresa participa. Atente-

se para os benefícios esperados antes da associação e também aos

problemas, dificuldades e constrangimentos que julgava poder enfrentar

antes de associar-se. Justifique sua resposta para cada um dos itens que

serão apresentados.

Acesso a novas tecnologias

Acolhimento ambiental

Alcance de vantagens competitivas

Ameaças encontradas individualmente.

Ampliação mercadológica

Aprendizagem do conhecimento tácito do parceiro

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Aquisição de meios de distribuição

Assimetria

Baixo desempenho individual

Baixo poder competitivo

Benefícios futuros para todos os envolvidos

Características similares do negócio

Complementariedade técnica e comercial

Condição ambiental

Cooperação dos concorrentes

Criação de central de compras

Criação de sinergia

Crises de lucratividade individual

Custos e riscos elevados

Desenvolvimento de normas técnicas

Distância entre as empresas

Diversificação

Eficiência

Escassez de recursos financeiros para o investimento inicial

Estabilidade

Incapacidade de alcançar objetivos de forma isolada

Isolamento empresarial

Legitimidade frente ao mercado.

Limitação individual

Marca, publicidade e propaganda compartilhada

Melhoria de desempenho

Necessidade

Necessidade de retorno em curto prazo

Histórico empresarial

Relacionamento dos gestores

Políticas comerciais utilizadas

Proporcionar vantagens aos antigos concorrentes

Reciprocidade

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Tendência setorial

Visão empresarial individual

11. Existe mais algum fator relevante para a sua associação que gostaria de

apontar?

12. Você poderia apontar as vantagens de sua rede quanto a:

a) custos.

b) vantagem competitiva quanto ao compartilhamento de informações.

c) legitimidade frente ao mercado.

d) crescimento do número de participantes e tempo da união.

e) redução de custos com publicidade, propaganda e serviços

terceirizados.

f) melhoria do desenvolvimento organizacional individual e coletivo.

g) estabilidade ao longo do tempo.

13. Você poderia apontar as desvantagens quanto a:

a) empresas do mesmo setor são consideradas concorrentes e a interação

apresenta o risco de revelar segredos comerciais.

b) condições macroeconômicas podem desencorajar a cooperação

interfirmas.

c) a coordenação da cooperação envolve tempo e é preciso grande

esforço para reduzir custos.

d) participantes concorrentes limitam a cooperação e interação.

e) o desempenho de todas as organizações pode ficar comprometido caso

uma empresa líder passe a exercer influência sobre as estratégias de

outras empresas.

f) risco de atitudes oportunistas.

g) pouco tempo dos membros para gestão do negócio coletivo.

h) a necessidade de um gestor profissional faz com que os custos subam.

i) redes altamente formalizadas parecem limitar as vantagens da

participação.

j) quanto maior a quantidade de membros, maior o custo administrativo.

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14. Você poderia apontar as vantagens quanto aos possíveis tipos de

governança que podem ser utilizados pela rede?

a) A governança compartilhada.

b) A liderança regulada.

c) Organizações administrativas da rede (OAR).

15. Para você, quais são as tendências da cooperação de sua rede. Justifique

sua resposta.

a) Alto grau de profissionalismo da gestão.

b) Governança centralizada.

c) Modelos mistos de organização, que combinam o sistema de franquias,

filiais e cooperativista em nível nacional e internacional.

d) Fusões entre redes poderão criar megacooperações entre múltiplos

setores.

e) A economia de escala e capacidade de oferecer serviços aos afiliados

dependerá do número de participantes associados à rede, independente

do setor de atuação.

16. Em sua opinião, quais são os fatores que poderão influenciar o sucesso da

rede a que você pertence? Justifique sua resposta para cada um dos itens

que serão apresentados.

Evidenciar o potencial de criação de valor em conjunto

Acordo com objetivos claros e realistas

Apoio da alta gestão

Colaboração em pontos fortes específicos

Definição dos direitos e deveres

Contribuições complementares de todos os parceiros

Construção de confiança baseada em relacionamentos

Derivar os objetivos da aliança da estratégia de negócios

Rescisão somente após aprovação de todos os parceiros

Avaliação contínua do desempenho da aliança

Acordo de valores e convicções fundamentais

Manutenção e proteção das principais competências

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17. Em sua opinião, como a cooperação e a colaboração podem ser favoráveis

aos participantes para que ocorra o desenvolvimento de parcerias

sustentáveis em sua rede?

18. Em sua opinião, otimizar resultados através de compartilhamento de

serviços comuns, eliminação de redundâncias, padronização de processos,

aumento do poder de barganha e proteção de mercado seria possível em

sua rede?

19. Qual sua sugestão para otimizar os processos gerenciais utilizados pela

SPE?

20. O que você se considera essencial para o desenvolvimento e o sucesso da

SPE?