Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

161

description

ESCRITO PARA OFERECE R DICAS AOS VIAJANTES QUE IRÃO CONHECER O GRANDE POVO DO EGITO , EM PARTICULAR A CIDADE DE TEBAS , EST E LIVRO FOI AMBIENTADO NO ANO DE 1200 A.C .

Transcript of Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

Page 1: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito
Page 2: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

Copyright © 2008 de Quid Pubíishing

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta

publicação pode ser reproduzida, armazenada em

sistema informatizado, ou transmitida, de qualquer

forma ou por qualquer meio - eletrônico, mecânico,

fotocópia, gravação ou outro - , sem autorização

por escrito do editor e do detentor dos direitos.

© desta edição

Ciranda Cultural Editora e Distribuidora lida.

Rua Frederico Bacchin Neto, 140 - cj. 06

Parque dos Príncipes

0539o-100 - São Paulo - SP - Brasil

Direção geral: Donaldo Buchweitz

Coordenação editorial: Jarbas C. Cerino

Assistente editorial: Elisângela da Silva

Tradução: Silvio Antunha

Preparação: Sueli Brianezi Carvalho

Revisão: Rafael Faber Fernandes e Michele de Souza Lima

Diagramação: Eduardo Barletta

Page 3: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

^ M H

G U I A D O VIAJANTE

PELO M U N D O A N T I G O

EGITO

N O A N O D E 1 2 0 0 A . C .

Charlotte Booth

Page 4: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

G U I A DO V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : E G I T O

SUMÁRIO

Introdução 0

. ' • • • • • • • ; ' '

•:M :V

P A N O R A M A C O N C I S O

História: Dos Deuses aos Faraós 14

História: De Narmer às Pirâmides 16

História: O Reino do Meio

e o Reino Novo 18

Política: O Governo dos Reis 20

Política: A Administração do Egito ...,22

Política: A Estrutura da Sociedade ....24

Religião: Os Deuses do Egito 26

Religião: Vida Após a Morte 28

Vida Doméstica:

A Família e o Papel das Mulheres 30

Vida Doméstica:

Educação e Carreiras.. .32

Agricultura e Indústria 34

As Forças Armadass 36

A C I D A D E D E T E B A S

Visão Geralde Tebas 40

O Templo de Karnak 42

O Templo de Luxor. 46

Os Templos de Thutmosís Menkheperre

e Mentuhotep Nebhetepre 50

O Templo de Amenhotep Nebmaatra.. 52

O Palácio em Malkata ....54

O Ramesseum (ou Khnemet-Waset).... 56

A Capela da Rainha Branca 58

O Vale dos Reis 60

O Vale das Rainhas ..62

Pinturas nas Tumbas Locais 64

Caminhadas Entre Animais

Selvagens ao Longo do Nilo 66

4

Page 5: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

S U M Á R I O

Á R E A S P R Ó X I M A S

A Capital de Pi-Ramsés 70

A Capital de Mennefer. 72

O Templo de Rd em Iunu 74

O Complexo de Saqqara 76

A Grande Pirâmide de Khufu 80

Kbemenu (Hermopólis) 84

BeníHasan 86

iju 88

Kebet (Coptas) 90

Medamud 92

Núbia 94

C O N S I D E R A Ç Õ E S

P R Á T I C A S

Como Chegar 120

Como Circular Pela Cidade 122

Acomodações 124

Usos e Costumes. 126

Roupas e Acessórios 128

Comida e Bebida 130

Dinheiro.... 132

Compras 134

Tratamento Médico 136

O Crime e a Lei... 138

? Estudo 140

D I V E R S Ã O E C O N Ó M I C A

Festivais 100

Esportes Aquáticos 102

Esportes em Geral. 104

Caça, 706"

Jogos de Tabuleiro 108

Música e Canto 110

Dança 112

Praças Públicas 114

Sexo e Prostituição 116

R E F E R Ê N C I A S

E R E C U R S O S

Soberanos do Egito .• 144

Leituras Recomendadas 146

Hieróglifos Úteis 148

Termos Úteis e Frases 150

Notas Para ò Leitor Moderno 154

Índice 158

Page 6: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

G U I A DO V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : E G I T O

INTRODUÇÃO: Q U A N D O ESTE

LIVRO F O I ESCRITO

ESCRITO PARA OFERECER DICAS AOS VIAJANTES QUE IRÃO CONHE­

CER O GRANDE POVO DO EGITO, EM PARTICULAR A CIDADE DE T E ­

BAS, ESTE LIVRO FOI AMBIENTADO NO ANO DE 1 2 0 0 A . C .

L I N H A DO

Mais de 2.000 anos atrás

1.950 anos atrás

1.468 anos atrás

1.389 anos atrás

1.078 anos atrás

940-700 anos atrás

Ó42 anos atrás

550-370 anos atrás

370 anos atrás

300 anos atrás

290 anos atrás

280 anos atrás

186 anos atrás

120 anos atrás

70 anos atrás

60 anos atrás

TEMPO H I S T Ó R I C A

Os deuses eram os soberanos da Terra

Unificação do Egito pela primeira vez

sob Narmer

Construção da Pirâmide de Degraus

de Djoser

Construção da Pirâmide de Khufu

Pepi Neferkara reinou por quase

100 anos

Egito dividido

Nymaatra Amenemhat construiu sua

complexa pirâmide em Hawara

Egito dividido

Reinado de Ahmose Nebpehtyre e

expulsão dos Heqa Haswt

Reinado de Thutmosis Menkheperre,

o grande construtor do império

Lendária expedição a Punt no reinado de

Thutmosis Menkheperre

Batalha de Megiddo vencida por

Thutmosis Menkheperre

Reinado de Amenhotep Nebmaatra

Horemheb escolheu o primeiro rei da

dinastia ramessida

Fundação de Pi-Ramsés por Seti Menmaatra

Batalha de Kadesh

Page 7: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

I N T 8 O D i: ÇÃ O

O Q U E H Á

P A R A V E H

• i i li U M A HISTÓRIA DE DIVISÃO

É3 Embora o Egito seja em grande

parte uma sociedade homogénea:, e;

apesar de sua paisagem de"extremos,,

o país possuí uma estrutura política

claramente definida. O' Nilo flui pelo

centro do Egito, è isso- determinou o

história da região; assim;, o grande

rio criou as divisões que- persistem: até

hoje. O Nilo é a força vital da área e

todas as pessoas e animais dependem

í dele para ter alimentos, água, lazer

: e transporte.

O Vale db Nilo é uma faixa de

terra fértil, em ambos os lados dó rio,

onde vivem todos aqueles que moram

no Egito. A leste e a oeste do Vale do

Nilo há õ deserto implacável, habi­

tado apenas por arrimais selvagens e

tribos de beduínos separado do vale,

a oeste, por altas falésias de rocha. No

entanto, nem mesmo o deserto é des-

II perdiçado pelos egípcios: é o cenário

das caçadas e das corridas de bigas, ...! |

tanto do reicamoda elite.

O território do Egito também, está j |

politicamente dividido entre o norte e o

sul: as principais cidades scto.Mennefer

(Mênfis;);, no norte, e Tebas (Waset), no.

sul. Mermefer e o centro administra- 1

tívo, no momento em. que este livro

foí escrito, e Tebas a capital religiosa... í j

Ambas são cidades cosmopolitas, com: ..

um palácio real. No entanto, existem 1

diferenças culturais bem distintas entre j

elas, com. o norte' habitado por um "

grande número de asiáticos, especial- -

mente na região do Delta. •

' ' " " ' "'" • ' " ; - . ' • ' • " • • . ' . • • • : • • '

v . '• . .

1

31 anos atrás Conclusão de Abu Simbel por Ramsés

Usermaatra-Setepenra

Dias atuais Ano 05 do reinado de Ramsés

Usermaatra-Setepenra

* Nota para o leitor moderno: para uma observação sobre a confiabilidade

dessas datas, ver a página 156.

7

Page 8: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

G U I A DO V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : E G I T O

INTRODUÇÃO: O EGITO E O

M U N D O C O N H E C I D O

. Esparta

E S F E R A S DE INFLUÊNCIA NO

MUNDO CONHECIDO

EGITO

MlCENEANOS

A S I Á T I C O S

Page 9: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

I N T R O D U Ç Ã O

1 A

f

KWm

Moniu

EtílT

11,111 I I . I S

* >

SITUADO NO NORTE DA ÁFRICA, O EGITO É A MAIOR CIVILIZAÇÃO

DO MUNDO. E COMPOSTO DE ALTO E BAIXO EGITO, BEM COMO DA

NÚBIA, E É DELIMITADO PELAS TERRAS DOS ASIÁTICOS E PELO MAR

DO G R A N D E V E R D E .

«™™~™~~~™~~~, ™_~^ ^ ^ - ~ ™ ~ . * - ™ . — , ~ * - ~ w » ~ *™~** ; w~ , _ ^ ™ ^ * . ^ ^ .

V'' :::'' J% ' ' -":' „ <• • •>. '-<<fU. : • ' ' ' - - . '

' : Í X i r Ó ' ' ' • ' " • • : • ..' V * . . - , * * » ,•

í ^Megido • V 'V • "'•''• ;>'••.... v J ° P P a / . \].''• • X \ " ';.

nu ::' ' '"Gaza •]' '• '••.. • . ; . V" . ** *, •..* Pí-Ramséí. ' j

-e (t.,«" IlipuA . ... • 1

> Saqqárá '•• . •• ._ '"• * | fer .'•••..- ^ \ S I N ^ I ( / j .

»• / : • ALTO ' ' \ ' ' \ :, " ' ; • ' '".1 i

EGJTO , \ \ . Kebet- : \ ' ' V • <

Abdju* ' .;Tebas ' ' \ ,^_ : "1

• MeJamud " ^

\ .. \_ '̂ «oVv... •":"'•.': ":.-' , NIÍBÍA .;""'. . K . ' . . - • ' . ; .

.'*••:-':i- Swenet l ,..í'. h

. , / "" s • • • ; ' : V ' . . ' : - . . ' " • ' • • ' . ' " '"AbuSimbel , \ \

• ÍÍiX-i~ ':: í ' À ^\-' ' ' " N '1

y ^r

Page 10: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

G U I A DO VI

INTRODUÇÃO: C O M O APROVEITAR

Ao M Á X I M O SUA VIAGEM

O EGITO É UM LUGAR FANTÁSTICO PARA VISITAR, COM ALGO INTE­

RESSANTE PARA TODOS. MUITOS LOCAIS EM TODO O PAÍS MERECEM

SER CONHECIDOS, POIS OFERECEM GLAMOUR, RELIGIÃO, MERCADOS

E B O A C O M I D A . T E B A S , N O S U L , É A C A P I T A L R E L I G I O S A E, NO E N ­

T A N T O , CONTA COM TUDO ISSO; ENTÃO, É ESSE O LUGAR QUE ESTE

GUIA IRÁ ENFOCAR.

O foco deste guia é Tebas, à margem oriental do Nilo - a

capital religiosa do Egito.

Embora o rei Ramsés não viva nesse lugar, trata-se de uma cidade importante e cosmopolita, onde ficam o cemitério real e os templos funerários reais; trata-se, portanto, de um local de importância espiritual.

Esse papel da região como cemitério real garante um suprimento constante de riquezas, sob a forma de ofertas, pilhagens e impostos, para os templos lá existentes, sendo que, em seguida, são injetados de volta na sociedade.

Embora Ramsés tenha termi­nado a maior parte de suas grandes obras de construção, Tebas, de tanta atividade, ainda parece um formi­gueiro, com ampliações e melhorias em muitos monumentos de Ramsés ainda em andamento na área.

Há muita coisa para fazer em Tebas, como visitar templos, tumbas, mercados, participar da caça e da pesca e também excursionar pelo deserto; além disso, a cidade de Tebas é um grande ponto de partida para viagens para a Núbia, no sul, e também para lugares mais ao norte, como Abidos.

LÍNGUA E DlALETOS

Entre o norte e o sul do Egito, a língua é muito diferente, com dialetos

distintos na maioria das grandes cidades, tanto que existe um conhe­

cido ditado local que afirma: "Parecem palavras de um homem do Delta

quando conversa com um homem de Elefantina". Essa questão do dia-

leto será, obviamente, problemática para o turista, mas se frases simples

forem ditas devagar e com clareza, isso deverá ser suficiente para que

você seja compreendido.

Page 11: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

I N T RO D i: Ç AO

O Q U E H Á PARA V E R

As CHEIAS DO N I L O

Desnecessário dizer que, em um

ambiente como o deserto, faz muito

calor no Ecjito e, portanto, isso precisa

ser levado ern conta quando você •pla­

nejar sua viagem. :

Existe também' a complicação

suplementar da cheia dó Nilo, que,

todo ano, deixa grande parte do país

debaixo de água durante os quatro

meses do verão. É certo também que,

durante esses meses, p clima é insu­

portavelmente quente e a maioria

dos viajantes procura evitar o país

nessa época. No entanto, fora isso, a

inundação é acima dê tudo um tempo

mágico e pitoresco, quando até mesmo

os templos ficam inundados, de modo

que assim você só pode ver o topo dos

portais ou estes emergindo dos rede­

moinhos das águas.

Porém, com a água e o calor vêm

os mosquitos, alguns dos quais car­

regam doenças desagradáveis - por

isso é importante levar essas coisas em

consideração. Se quiser ver a cheia

em sua plenitude, você deve: fazer

uma viagem ao sul, em pleno verão,

ou para o norte, um pouca mais tarde.

Até ao final do quarto mês do verão,

as águas terão baixado e os agriculto­

res retornarão a seus campos.

Q U A N D O V I S I T A R

A época ideal para visitar o Egito são os meses de inverno, quando o clima é quente durante o dia e frio à noite. Ao planejar sua viagem, tenha em mente que o norte do Egito, embora mais frio que o sul, é muito úmido, que os meses do verão podem ser insuportáveis e que no inverno pode chover.

Se você visitar o país quando faz calor, é essencial beber muito líquido para evitar a desidratação. O mais comum é beber cerveja, que

está disponível em várias texturas, da mais fraca à mais vigorosa, e pode ser muito refrescante. É essen­cial também proteger do sol impla­cável a pele e a cabeça. Mantenha a cabeça coberta com um enfeite ou uma peruca, como fazem os egíp­cios, e trate de hidratar a pele com óleo ou unguentos. É melhor cobrir a pele quando tomar sol, para evitar queimaduras, e não há nada melhor para isso do que as túnicas de linho egípcio.

Page 12: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

: •.

Page 13: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

* « M •'•'•'"•" -••• " ^

P A N O R A M A

C O N C I S O

A história do Egito é extensa e variada. Ao t

2.000 anos, muitas mudanças e desenvolvimentos

levaram à grande sociedade que o Egito é hoje, um pai:

que prospera sob o domínio do deus-rei

Ramsés Usermaatra-Setepenra.

Page 14: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

G U I A DO V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : E G I T O

H I S T Ó R I A : D O S D E U S E S AOS FARAÓS

-Çvri N A É P O C A A N T E S DO REI N A R M E R ( H Á C E R C A DE

JLAÇ«S(« 2 . 0 0 0 A N O S ) , O S D E U S E S GOVERNAVAM O E G I T O .

§S9F-€ O MAIOR D E S S E S D E U S E S ERA O S Í R I S . E L E ERA UM

li -OÇfj REI SÁBIO E BENEVOLENTE E O PERÍODO EM QUE ELE

/ G O V E R N O U É C O N S I D E R A D O C O M O UMA IDADE DE O U R O .

1 / E L E E N S I N O U O POVO E G Í P C I O A VIVER, A ADORAR O S

F D E U S E S , A O B E D E C E R À S L E I S , E ATÉ A IRRIGAR A

\ [ T E R R A — T O R N A N D O - O S I N D E P E N D E N T E S DAS DIVINDA-

— - " D E S . T O D O S O S R E I S , D E S D E E N T Ã O , EMULARAM E S S E

G R A N D E D E U S , E MUITAS V E Z E S S Ã O R E P R E S E N T A D O S ESCAVANDO C A ­

NAIS D E IRRIGAÇÃO À MANEIRA DE O S Í R I S (VER A I N S E R Ç Ã O AO L A D O ) .

Eessencial que todos os reis

consigam provar que sua árvore

genealógica pode ser rastreada até

esses deuses e, se eles não forem

capazes de mostrar essa conexão,

nesse caso não são considerados ver­

dadeiros reis do Egito. Existiram dez

soberanos divinos antes que os reis

mortais conquistassem o controle:

O primeiro deus foi Ptah, o deus

criador, que criou todas as coisas sim­

plesmente pronunciando seus nomes.

Rá (Atum) foi o primeiro deus

criado por Ptah e é o deus do pri­

meiro nascer do sol.

Shu, deus do ar e filho mais velho

de Rá (Atum).

Geb era filho de Shu e deus da terra.

Osíris era o filho mais velho de

Geb e se tornou o deus do submundo,

depois de seu assassinato brutal nas

mãos de seu irmáo Seth.

Sefh é o deus do caos e também

irmão de Osíris. Ele assassinou Osíris,

e alguns o vêem como um usurpador.

Horus é filho de Osíris e seu her­

deiro legítimo. O rei do Egito sempre

se associa a ele.

T h o t h é o deus da escrita e do

conhecimento. Ele também é consi­

derado um árbitro, uma posição que

convém a sua sabedoria.

Depois do reinado de T h o t h

veio Horus , em sua segunda encar­

nação. Ele andava acompanhado de

espíritos Akh - mortos abençoados

- aqueles que haviam renascido na

vida após a morte.

Começou, então, o reino dos

mortais, que são os ancestrais antigos

do atual rei Ramsés.

t4

Page 15: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

P A N O R A M A C O N C I S O

g v gj

\ í 1 111 ÍW*

i nu Li *V

li) j SÂW

Os principais deuses do

1 o&i \

| l i OÍ/W

li )A

1 L\L Horus

i . — Ú _ Í „ — ^ ^

fff\ t li v>4, li ÍÍM \

Rd (Atum)

3 l ,-•'3

ffi /Ti-

y\ 1

G*è

sistema religioso egípcio:

fefli ItíOLU SeíÃ

//H-yt

Thoth

J

Page 16: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

G U I A DO V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : E G I T O

H I S T Ó R I A : D E N A R M E R

Às PIRÂMIDES

A N T E S DA U N I F I C A Ç Ã O D O E G I T O S O B A S O R D E N S D E N A R M E R , O

P A I S ERA DIVIDIDO EM MUITAS Á R E A S G O V E R N A D A S P O R S O B E R A N O S

I N F E R I O R E S . N A R M E R T O R N O U - S E , E N T Ã O , O Ú N I C O R E I , E T O D O S O S

S O B E R A N O S I N F E R I O R E S R E S P O N D I A M A E L E , E M B O R A A I N D A M A N T I ­

V E S S E M UM P O U C O D E C O N T R O L E S O B R E A S R E S P E C T I V A S R E G I Õ E S

L O C A I S . Q E S T A D O FOI G R A D U A L M E N T E S E F O R M A N D O NO S I S T E M A

D E G O V E R N O Q U E A I N D A É A D O T A D O NO E G I T O ATÉ O S D I A S DE H O J E .

Um dos desenvolvimentos mais

importantes desse período foi

o uso da escrita hieroglífica. Embora

inventada pelo deus Thoth , na época

em que os deuses governavam o Egito,

foi utilizada pela primeira vez pelos

mortais somente durante o reino de

Narmer. Inicialmente utilizada para

rotular caixas e jarros, e depois para

selar correspondência, caixas e portas,

foi apenas na "Idade das Pirâmides"

que a escrita hieroglífica passou a ser

mais amplamente adotada.

No final desse período, o estado

enconttava-se totalmente formado e o

rei, com o poder fortalecido, teve meios

e foi capaz de construir monumentos

funerários elaborados e enterrar bens.

O REINO ANTIGO

A Idade das Pirâmides, há cerca

de 1.400 anos, foi u m período eco­

nomicamente sólido e politicamente

estável, caracterizado pela construção

de grandes monumentos funerários.

Houve, no entanto, uma lenta série

de avanços que levaram das tumbas

mastaba (que se parecem com um

banco) dos primeiros reis, às pirâmi­

des maiores. O desenho da mastaba

foi ampliado pelo rei Djoser para

consttuir a primeira pirâmide em

Saqqara. Esse projeto em degraus

foi melhorado ainda mais no decor­

rer do século seguinte, até que fosse

criada uma pirâmide "verdadeira".

O maior construtor de pirâmides

foi Sneferu, que construiu duas pirâ­

mides em Dashur. A primeira esteve

cercada de problemas, causados por

erros de cálculo no ângulo necessário

para a rampa, considerando o peso

das pedras utilizadas, mas a segunda

foi perfeita. O rei seguinte, Khufu,

simplesmente pegou esse projeto e

ampliou-o para construir seu monu­

mento em Gize.

Embota a economia da Idade das

Pirâmides fosse forte, houve períodos

de instabilidade, mesmo durante o

reinado de Djoser, devido a colhei­

tas ruins e à fome. Djoser foi acon-

16

Page 17: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

P A N O R A M A C O N C I S O

selhado por seu vizir a apelar para o deus Khnum, que reside na nascente do Nilo, e a economia posterior­mente melhorou.

Contudo, no final da Idade das Pirâmides, no reino deTeti, a economia começou a desmoronar, quando o rei passou a conceder isenções fiscais para

manter a lealdade da corte. Esse erro, o qual os egípcios esperam que nunca mais se repita, significou que a nobreza ficou mais rica do que o rei, e assim as pirâmides reais ficaram menores e as tumbas dos nobres maiores e mais ela­boradas; no entanto, vale a pena visitar ambas, caso lhe seja possível.

O G R A N D E A N C E S T R A L

O rei mais importante desse

primeiro período, há cerca de

2.000 anos, foi Narmer (represen­

tado na "paleta de Narmer"). Ele

governou na época em que o Egito

estava dividido em muitos reinos.

Narmer foi primeiro a governar

de acordo com a lei de Maat e, ao

unir esses chefetes inferiores, ele

garantiu que o Egito fosse gover­

nado por um rei. Essa unificação,

a primeira de uma civilização em

larga escala, foi o ponto culmi­

nante de muitas pequenas cam­

panhas que o empurravam para o

norte desde sua morada no sul, até

que ele vencesse as tribos asiáticas

no norte e conquistasse o Delta.

Narmer também foi o primeiro rei

a ser ajudado pelo deus Horus em

suas campanhas, o que realçou

seu direito divino de governar.

/ / 7

<M <è

• • • &

IJ

Page 18: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

G U I A n o V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : E G I T O

H I S T Ó R I A : O R E I N O DO M E I O E O

R E I N O N O V O

No FIM DA IDADE DAS PIRÂMIDES, O EGITO ESTAVA ENFRAQUECIDO

E DIVIDIDO, COM MUITOS SOBERANOS QUE DOMINAVAM PEQUENAS

ÁREAS. Foi SOMENTE NO REINADO DE MENTUHOTEP NEBHETEPRE,

HÁ CERCA DE 1 . 2 0 0 ANOS, QUE O E d T O FOI REUNIDO — EMBORA

O PODER DO REI AINDA DEPENDESSE DOS SOBERANOS LOCAIS. N o

FINAL DO REINADO DE S E N U S R E T K H A K H A U R E , 2 0 0 ANOS DEPOIS,

O REI ERA SUFICIENTEMENTE PODEROSO PARA NÃO MAIS DEPENDER

DESSES GOVERNANTES LOCAIS.

Embora o que se considera agora a Idade das Pirâmides houvesse

acabado, os reis do Reino do Meio ainda construíam as pirâmides onde seriam enterrados, sendo uma das mais impressionantes a de Nymaatra Amenemhat, em Hawara, a qual merece a visita. Apesar dos problemas políticos do período, os limites do Egito continuaram sendo expandidos.

O rei seguinte, Amenemhat Sehetepre, fortificou as fronteiras ao norte do Delta oriental contra a ameaça asiática; além disso, Senusret Kheperkara e Senusret Khakhaure

estenderam os limites ao sul do Egito em direçáo à Núbia, com a constru­ção de 17 fortalezas, para afirmar o poder do Egito de comandar o acesso às pedreiras e às minas de ouro e de manter os núbios sob controle.

O REINO NOVO

Tal fato lançou os fundamentos para a criação do império da era cristã. Porém, nesse meio tempo, o Egito mais uma vez ficou dividido, com a soberania dos Heqa Haswt no norte e, depois, em todo o Egito. Foi só a bravura militar da família de Ahmose Nebpehtyre que levou à expulsão deles; depois disso, demo­rou algum tempo para que o Egito se tornasse a nação forte que é hoje.

O primeiro grande rei desse Reino Novo foi Thutmosis Menkheperre, que construiu a maior parte do impé­rio, e passou quase toda a vida adulta

A Pirâmide inclinada de Sncfcru.

18

Page 19: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

JOALH

O período do Reino do Meio viu as

jóias mais requintadas feitas de contas

e ouro - e vale a pena comprar algu­

mas como lembrança.

Apesar de criarem belos objetos,

os fabricantes de jóias estão longe

de serem honrados. Na Sátira das

Profissões, escrita durante o Reino do

Meio, o joalheiro é descrito como tendo

"dedos de crocodilo" e sendo "mais

fedorento que ova de peixe", uma des-

EIROS

crição, no mínimo, afetuosa! Contudo,

todos são altamente especializados

em algum aspecto do processo de

produção. Os metalúrgicos derretem

e fundem o ouro, a prata e o cobre;

os fabricantes de contas utilizam fura­

deiras de arco para perfurar as pedras

semipreciosas antes do polimento final

das contas; finalmente, outros enfiam

essas contas em um fio de linho para

criar a peça acabada.

em campanha, capturando centenas de cidades para o Egito.

A pedra angular dessa nova era foi a introdução de um exército permanente. Antes dessa época, os exércitos eram organizados con­forme a necessidade surgia, mas agora o exército permanente for­necia a oportunidade para homens buscarem carreiras militares - e a disciplina resultante tornou formi­dáveis as forças de Egito. Um grande número de reis de nossa própria era surgiram de suas fileiras, inclusive o pai de Thutmosis Menkheperre,

Thutmosis Akheperkara, o grande Horemheb, e Seti Menmaatra, pai do amai rei Ramsés.

A era cristã foi de inovações, com a introdução da roda, utilizada em bigas e carroças, na guerra de cerco, e no transporte cotidiano, e do fole em serralheria, além da descoberta do bronze, que possibilitou armas mais fortes e mais afiadas. Outra invenção, o arco composto, melhorou o predo­mínio militar do Egito sobre seus inimigos, ao permitir que os arquei­ros alcançassem maior exatidão em maiores distâncias.

19

Page 20: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

G U I A D O V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : F, c; i i o

POLÍTICA: O GOVERNO DOS REIS

A HISTÓRIA DO EGITO ESTÁ INFESTADA POR CENTENAS DE REIS.

T O D O S O S R E I S S Ã O D I V I N O S , E N C A R N A Ç Õ E S D O D E U S H O R U S , T O ­

D O S GOVERNAM TANTO O ALTO COMO O BAIXO EGITO (VER P. 2 2 )

DE ACORDO COM A LEI DE MAAT, ASPIRAM EXPANDIR O IMPÉRIO E

PROTEGEM SUAS FRONTEIRAS. CONTUDO, EMBORA TODOS ELES SE­

JAM DIVINOS, ALGUNS SE DESTACAM MAIS QUE OUTROS.

KHUFU

Um dos primeiros reis, Khufu governou durante 24 anos, há cerca de 1.300 anos. Construtor da maior pirâmide de Gize, ele era filho do grande Sneferu e da rainha Hetepheres. Teve pelo menos quatro esposas e muitos filhos, inclusive os reis Djedefra e Khafra.

Seu maior legado é a Grande Pirâmide, que demorou 20 anos para ser construída e é a maior estrutura do mundo conhecido. O arquiteto, ou mestre da construção, foi seu primo Hemon, que está enterrado

em um cemitério próximo. Apesar do legado, Khufu tinha

fama de tirano. Nos Contos das Maravilhas, escritos 500 anos depois, Khufu é representado como mimado e lascivo, exigindo que fosse entretido por 20 mulheres jovens seminuas, alvoroçadas ao redor dele no lago do prazer de seu palácio. Outro "rumor" se refere à pirâmide satélite do meio, possivelmente aquela de sua filha, a qual, ao que parece, ele colocou para trabalhar em um bordel para que pudesse pagá-la. Porém, se isso é ver­dade ou não, jamais saberemos.

A Grande Pirâmide de

Gize, o legado do rei

Khufu.

Page 21: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

P A N O R A M A C O S" C l S O

THUTMOSIS MENKHEPERRE

Há cerca de 300 anos, Thutmosis governou o Egito durante 54 anos. Ele subiu ao trono ainda rapaz, após ã morte do pai. Thutmosis passou a juventude treinando com o exército; então, no 23° ano de seu reinado, começou a fazer campanhas pelo Oriente Próximo para restabelecer o território perdido. Isso lhe pro­porcionou uma grande vitória em Megido, que era dominada pelos hititas. Em vez de entrar na cidade pela via fácil, Thutmosis mostrou sua coragem e inventividade pegando o caminho difícil, que só permitia a entrada dos soldados em fda única, e ele próprio assumiu a liderança.

Em menos de cinco meses, Thutmosis capturou três cidades sírias, inclusive Megido e Joppa, e voltou vitorioso para Tebas. Nos 18 anos seguintes de seu reino, ele viajou anualmente para a Síria, cap­turou outras 350 cidades e expandiu as fronteiras do Egito muito além do que elas jamais tinham existido antes.

Um registro cia famosa caçada de touros de Amenhotef.

AMENHOTEP NEBMAATHA

Amenhotep foi o último grande rei antes que a atual família real assu­misse o trono. Filho de Thutmosis Menkheperre e da Grande Esposa Real Mutemwia, Amenhotep reali­zou muita coisa durante seu reinado de 38 anos.

Sua principal esposa foi Tiye, embora boatos afirmassem que ele teria mais de mil mulheres em seu harém. Também foi . considerado um grande caçador, tendo mandado esculpir dois escaravelhos comemora­tivos que registram a caçada na qual ele matou 102 leões.

Apesar de não ter lutado em muitas batalhas, Amenhotep melho­rou a economia do Egito dez vezes com a mineração extensiva de ouro em Wadi Hámmamat e Kush, além do aumento do comércio nos terri­tórios asiáticos. Essa prosperidade foi utilizada para custear vários projetos de construção, inclusive o templo funerário à margem ocidental de Tebas, e vastas melhorias no templo de Luxor, que, mesmo depois das obras feitas pelo atual rei, ainda é considerado o templo de Amenhotep.

Page 22: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

G U I A D O V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : K G I T O

POLÍTICA: A ADMINISTRAÇÃO DO

EGITO

O SISTEMA ADMINISTRATIVO MAIS ANTIGO ERA A DIVISÃO DO EGITO

EM 4 2 NOMOS (DISTRITOS, VILAS OU MUNICÍPIOS): 2 2 AO NORTE E

2 0 AO S U L . E M B O R A T O D O S R E S P O N D A M AO R E I , C A D A NOMO P O S ­

S U I UM NOMARCA, OU PREFEITO, QUE ADMINISTRA A ÁREA LOCAL E

SE REPORTA AO V1ZIR, O QUAL, POR SUA VEZ, INFORMA O REI.

Cada nomo também tem uma

cidade, que é sua própria capi­

tal, divindades e templos locais, além

de tabus e rituais religiosos próprios.

Cada nomo é instado a fazer um

tributo anual dos recursos locais ao

rei, e é identificável a partir de um

padrão local - a estátua de uma

divindade local, animal ou planta.

A divisão ideológica mais impor­

tante do Egito encontra-se entre o

norte e o sul. O sul do Egito é conhe­

cido como o Alto Egito e o norte é

o Baixo Egito; coletivamente, essas

regiões são chamadas de as "Duas

Terras". É essencial que todos os

reis verdadeiros, após o reinado de

Narmer, governem sobre um Egito

unido, e apenas o rei verdadeiro

recebe o título de "Rei do Alto e do

Baixo Egito".

Os nomos numerados

(áreas administrativas) do Egito.

ftz ' '"'7

3

Mc

15

17

16

15

7

N

1 i w 1. ~*r |

TT : 12 1? 5 4 !

15 l ê 1?

. Hm Ji i<r~l§ ' '—' 13

2 . ••

GfcuP. 1 nnefer

22

.:' 21 20

•• \<s

$ 18

1

13 12 11, « ~

! NOMOS DO

70 w*&

9

9- 14 BAIXO EGITO

ALTO EGÍTO

- / -' 7 \

4 .

EGITO

!

*

1

5 Tebas

3

x

22

Page 23: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

P A N O R A M A C O N C I S O

O vizir é identifica- ÍÍSx^m»>^y"\ J i • K < X W \ do pela vestimenta U\ ;. y N|| \

de cintura alta, í 1 ,,/ . , (IY1'

mantida no J í l*ií,;\ .sffiV'

lugar por duas tiras, I m!í~jjjlj*^íl\l enquanto o sumo f ,;, '."NíM /

/ f 1 / WÍ/ sacerdote usa um /<& Jjfí % ,§} j manto de pele de \&Jj JI*

leopardo.

L E S T E E O E S T E

O Egito também pode ser divi­dido ao longo das margens leste (oriental) e oeste (ocidental) do Nilo. A margem ocidental é desti­nada, principalmente, a cemitérios e templos funerários, pois é no oeste que o sol se póe. Na verdade, diz-se que os falecidos "residem no oeste". A margem oriental, do outro lado, é "a terra dos vivos" e é onde você encontrará as aldeias e os templos de culto. Contudo, sempre existem exceções à regra, portanto, não se surpreenda caso aviste uma aldeia à margem ocidental ou mesmo um cemitério no lado oriental.

O C A R G O M A I S A L T O

A sociedade egípcia é organizada com o rei no topo e a importância dos funcionários está relacionada à proximidade com ele. O poder é cen­tralizado em torno de três cargos, e se algum dia eles fossem ocupados pelo mesmo homem, seu poder seria con­sideravelmente maior que o do rei.

O mais importante dos três é o vizir, um conselheiro próximo do rei que controla o funcionamento do palácio e do Estado; depois dele, o poder fica nas mãos de um gene­ral militar e do Sumo Sacerdote de Amon, que protege o bem-estar físico e espiritual da população.

23

Page 24: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

G U I A D O V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : E G I T O

POLÍTICA: A ESTRUTURA

DA SOCIEDADE

A POSIÇÃO DO INDIVÍDUO DENTRO DA SOCIEDADE EGÍPCIA ESTÁ I N ­

TIMAMENTE ASSOCIADA À SUA OCUPAÇÃO. A ESTRUTURA DA SOCIE­

DADE REFLETE A ABUNDÂNCIA RELATIVA DAS CAPACIDADES; POR

EXEMPLO, SERVOS E AGRICULTORES FORMAM AS MULTIDÕES QUE

COMPÕEM AS CLASSES MAIS BAIXAS, AO PASSO QUE SACERDOTES,

ERUDITOS E ESCRIBAS, GRAÇAS A SUAS HABIL IDADES EXCLUSIVAS,

OCUPAM OS ESCALÕES SUPERIORES DA SOCIEDADE.

Os S A C E R D O T E S DOS T E M P L O S

A maioria dos sacerdotes dos templos permanece ali meio período e trabalha durante um mês em cada quatro (três meses por ano). Eles não têm acesso à estátua sagrada, pois executam as tarefas mais terrestres necessárias ao funcionamento de um templo ocupado. Somente um punhado de sacerdotes é empregado em base de tempo integral.

E S C R I B A S E E R U D I T O S

Os níveis de alfabetização são altos no Egito em comparação com a maior parte do mundo conhecido, mas os escribas e os eruditos ainda continuam sendo valorizados, já que apenas cerca de uma pessoa a cada cem sabe ler. A maior parte das aldeias conta com um escriba para as necessidades locais, enquanto outros trabalham em tem­plos, forças militares ou na adminis­tração de palácios. Os eruditos mais prestigiados são os sacerdotes leitores, pois eles têm acesso a textos antigos e sagrados e aos grandes segredos que esses textos preservam.

A R T E S Ã O S

Na escala social, um pouco mais abaixo dos escribas ficam os artesãos, como os que vivem no "Lugar da Verdade", responsáveis pela criação das tumbas reais nos Vales dos Reis e Rainhas. Esses artistas, pedreiros e car­pinteiros (ou escultores e marcenei-

2 4

Page 25: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

P A N O R A M A C O N C I S O

IOS) estão no topo de suas profissões e são bem pagos e muito respeitados.

AGRICULTORES

Os agricultores são especialmente importantes para a economia egípcia, pois são responsáveis pela produção de todo o alimento do Egito. A maioria das terras cultivadas em Tebas perrence ao Templo Karnak e é arrendada aos agricultores. Eles pagam o imposto e o arrendamento com a produção, que vai para os armazéns do templo para ser redistribuída em forma de salário aos artesãos, sacerdotes e funcionários do palácio, além dos militares.

S E R V O S

A maior parte da elite egípcia tem empregados domésticos para ajudar nas atividades cotidianas. No entanto, algumas aldeias contam com uma associação central de servos para todos os aldeões, por meio da cobrança de uma taxa horária, o que ajuda quem não pode dispor de um empregado em tempo integral.

Os servos variam de carregadores de água, amas de leite para crianças recém-nascidas, mordomos, tinturei­ros, pessoas que tratam de animais e até mesmo abanadores, ou agitadores de abanicos e leques, da casa real.

O Que HA PARA VER

A IMPORTÂNCIA DA ROUPA

Os egípcios são tradicionalis­tas e, assim, os membros de certas classes e ocupações "vestem-se de, um determinado tnodo que às Jorna fáceis de identificar; O egípcio médio veste-se com simplicidade, ou seja, usa uma túnica branca de linho que vai até o chão '-'seta mangas no verão e de mangas compridas no inverno - ou uma túnica curta com um saiote branco. A qualidade do linho também pode ser identificada pela delicadeza e, portanto, o linho transparente ê um sinal dé riqueza. Assim como a prosperidade da pessoa, também é possível identifi­car sua ocupação a partir da roupa.

Por exemplo, o escriba é identificá­vel pela paleta atirada por cima do ombro ê petos dedos manchados de tinta, ao passo que o homem calvo de saiote branco com manto de pele de leopardo é um sumo sacerdote; já o homem com um manto pare­cido, mas dé peruca, provavelmente será um sacerdote sem (funerário). Se encontrar um homem com saiote longo amarrado embaixo das axilas e sustentado por duas tiras em volta do pescoço, tome cuidado: você está ria presença do vizír e, portanto, do homem mais poderoso dé Tebas depois do rei.

2.5

Page 26: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

RELIGIÃO: O S DEUSES DO EGITO

h u

N MUITAS DIVINDADES SÃO ADORADAS EM TORNO

, \ \ DE TEBAS, DENTRE AS QUAIS A MAIS IMPORTAN­

TE É AMON (VER A INSERÇÃO AO LADO), O DEUS

SOL E CRIADOR, ADORADO NOS TEMPLOS DE

KARNAK E LUXOR. N A MARGEM OCIDENTAL DO

N I L O , MUITAS OUTRAS DIVINDADES SÃO ADORA­

DAS NA CIDADE DE DEIR EL MEDINA, INCLUSIVE

A DEUSA NAJA M ERETSEGAR, QUE PROTEGE CON­

TRA MORDIDAS DE COBRA E ESCORPIÃO; O DEUS

H A CRIADOR PTAH, PATRONO DE TRABALHADORES;

E HATHOR, A DEUSA MÃE QUE TAMBÉM REPRE­

SENTA A BELEZA, O AMOR SEXUAL E A FRIVOLIDADE. QUALQUER QUE

SEJA SUA POSIÇÃO OU SEU STATUS, COM CERTEZA HÁ UMA DIVINDA­

DE TEBANA ADEQUADA A SUAS NECESSIDADES.

LM

O CULTO SOLAR EM IUNU

Embora a maioria de templos egípcios seja dedicada a uma deusa ou deus Sol (ou pelo menos com conexões solares), a principal cidade da adoração solar está em Iunu, um local ao norte onde está situado o grande templo de Ra-Horakhty. O primeiro templo solar foi constru­ído ali há cerca de 1.400 anos e era de tais proporções que podia ser visto de muitos campos de pirâmides, inclu­sive de Gize, no lado oposto do Nilo. Esse local perdurou como centro de adoração solar desde então.

Iunu é parte fundamental das crenças solares no Egito, pois é o local do Monte da Criação, onde toda a vida começou, ao irromper das águas primitivas. Essa crença é mencionada

nos Textos das Pirâmides e, por isso, data da história mais antiga do Egito. O criador supremo é Atum, que criou a geração seguinte de deuses a partir de seu sémen. Por seu turno, estes criaram a nova geração e assim por diante, até que o atual rei Ramsés fosse concebido.

Embora Atum tenha se originado no local, o principal deus cultuado lá atualmente é Ra-Horakhty, que tem corpo de ser humano, mas cabeça de falcão, sendo a confluência de Rá e Horus. Existente já há 1.400 anos, o culto em Iunu foi tão poderoso que influenciou grandemente a ideologia da realeza, e muitos reis integraram desde então Rá em seus próprios nomes, acrescentando a exptessão "Filho do Rá" a seus títulos, a fim de

i6

Page 27: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

P A N O R A M A C

acentuarem sua divindade. A influên­cia do deus Rá desde então entrou na esfera funerária, com muitas tumbas reais em Tebas ostentando a "Litania de Rá" nas paredes, na qual Rá se asso­cia a Osíris, o deus do submundo, e é, portanto, essencial para o renasci­mento do rei.

I Ra-Horakbty, a incorporação de Rá,

e Horus, com cabeça de falcão.

O QUE HÁ

O VlZIR DOS

Muitos visitantes vão a Tebas na

peregrinação ao oráculo do deus

Amofi/ o principal deus da região, -

Àmon é conhecido como O "vizir

dos humildes'" © é ao mesmo tempo

justo e bom.. Há dois modos de.

encaminhar um pedido' para Amon,

e nenhuma questão é considerada:

demasiadamente pequena ou insigni­

ficante. Se estiver em Tebas durante um

festival, você verá o deus desfilando

O N C I S O

X V ídw\

P A R A V E R

HUMILDES

• ' - ' - ^ ' : " ' ; ' " ' ; ' ; ' : ' • • • ' • • ' •

pelas ruas em sua barca: sagfddci,

sendo, possível, ..'então, dirigir-se díre™

lamente a ele. Sé, no entanto, preferir I

uma comunhão mais discreta o u s e

nenhuma .procissão, estiver planejada,

você pode se dirigir ao próprio templo

com seu pedido ou questão por escrito,

O sacerdote, mediante o pagamento' • I

de uma. taxa módica, intercederá junto

a: Amon com o pedido em. seu nome.

27

Page 28: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

G U I A O O V I A J A N T E P E I O M U N D O A N T I G O : E G I T O

RELIGIÃO: V I D A A P Ó S A M O R T E

O S EGÍPCIOS ACREDITAM QUE OS FALECIDOS TÊM A OPORTUNIDADE

DE RENASCER APÓS A MORTE, DESDE QUE PREENCHAM CERTOS CRI­

TÉRIOS, COMO A MUMIFICAÇÃO E O SEPULTAMENTO COMPLETO POR

MEIO DE CERTOS RITUAIS, INCLUSIVE A " A B E R T U R A DA B O C A " ,

A " P E S A G E M DO C O R A Ç Ã O " E A REPETIÇÃO CONSTANTE DO SEU

NOME PELOS VIVOS.

Os vivos desempenham impor­tante papel na vida após a

morte, sendo responsáveis pelo sus­tento físico e espiritual dos mortos. As oferendas ajudam a garantir a eter­nidade no Amduat - um local con­siderado muito parecido com o que existe de melhor no Egito, com um rio que o divide em duas partes, vege­tação abundante, animais e peixes.

MUMIFICAÇÃO

Os mortos são conservados antes do sepultamento pelo processo da mumificação, para garantir que o corpo funcione na vida após a morte. O processo inteitó demora 70 dias e é executado por embalsamadores que trabalham em estruturas temporárias

Um sacerdote sem realiza a

Abertura cia Boca.

nos cemitérios da margem ociden­tal. Os 35 primeiros dias, mais ou menos, são reservados para a secagem do corpo, o que começa com a remo­ção dos órgãos internos. O cérebro é retirado por uma das narinas com o uso de um longo gancho de cobre e os órgãos internos são retirados por uma fenda no lado esquerdo do abdome. O único órgão deixado no lugar é o coração, que é o centro de tudo, do pensamento, da emoção e da inteli­gência. As cavidades deixadas são lava­das com vinho de palma e preenchidas com natráo (carbonato de sódio).

Uma vez preparado, o corpo é exposto, completamente coberto de natráo, e deixado para secar. Quando o corpo está seco, o natráo é removido e suas cavidades são preenchidas com serragem, linho e temperos, antes de setem embrulhadas com linho. Esse processo é supervisionado por um sacerdote que recita orações e encan­tamentos conforme cada membro é enrolado. Entre as bandagens, são colocados muitos amuletos pata pro­teger o defunto na vida após a morte.

28

Page 29: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

P A N O R A M A C O N C I S O

O QUE Hi

O A P R E N D I Z DE

Se visitar a margem ociden­

tal , não f ique surpreso ao ver um

rapaz ser perseguido pelas ruas,

com seus superiores, e até mesmo

os transeuntes, gr i tando ofensas

e at irando pedras. Não chame

os medjay (ver p. 37) - isso é

apenas um ritual. O aprendiz de

P E S A G E M DO C O R A Ç Ã O

Uma parte-chave das crenças funerárias egípcias é que antes dos mortos renascerem na vida após a morte, eles passam pelo Salão do Julgamento - presidido por Osíris, o deus do submundo. Nesse lugar, seu coração é pesado contra a deusa Maat, que representa a verdade e o equilíbrio. Se o coração pesar mais do que Maat, será devorado por um demónio, deixando o morto no limbo. A situação ideal existe quando o coração e Maat têm o mesmo peso.

A Pesagem do Coração.

P A R A VE R

EMBALSAMADOR

embalsamador, que é quem faz o

pr imeiro corte no tronco, precisa

ser punido por essa violação; por

isso o espetáculo na rua. Fique à

vontade para part icipar e acres­

centar seus próprios insultos ao

coro - af inal , tudo isso faz parte

do emprego dele!

O L I V R O DOS M O R T O S

Os textos funerários funcionam como guias de viagem ou mapas do além, já que fornecem informações sobre a jornada na vida após a morte, inclusive nomes de portas e fechadu­ras e encantamentos para repelir o mal. Há também imagens de quando os mortos se encontram com os por­teiros e os demónios protetores.

O Livro dos Mortos é o mais popular desses textos e deriva dos "Textos de Caixão", de cerca de 500 anos atrás, os quais, por sua vez, derivam dos "Textos da Pirâmide", muito mais antigos.

29

Page 30: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

G U Í A DO V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : E G I T O

V I D A D O M É S T I C A : A F A M Í L I A E O

P A P E L DAS M U L H E R E S

A VIDA DOMÉSTICA É MUITO IMPORTANTE PARA OS EGÍPCIOS, E UMA

FAMÍLIA GRANDE É A PARTE PRINCIPAL DISSO. À s VEZES, NADA ME­

NOS DO QUE I S PESSOAS PODEM VIVER NA MESMA CASA DE TIJOLOS

DE BARRO DE DOIS ANDARES, COM ATÉ TRÊS GERAÇÕES DEBAIXO DO

MESMO TETO. O CASAMENTO OCORRE EM TENRA IDADE, GERALMEN­

TE DENTRO EM VEZ DE ENTRE CLASSES SOCIAIS, MAS, COMO REGRA

GERAL, NÃO É ARRANJADO PELAS FAMÍLIAS.

/ ^ \ uase todas as meninas se casam V ^ t ã o logo,entram na idade de gravidez, geralmente entre 12 e 15 anos. Por outro lado, alguns homens decidem concentrar-se primeiro em suas carreiras, acumulando riquezas e status, antes de iniciatem uma famí­lia. É bastante comum ver meninas de 12 anos casadas com homens de 30 anos ou mesmo mais velhos.

Não há nenhuma cerimónia elabo­rada, e o ato de casar é simplesmente a mudança da noiva para a casa de seu novo marido. As aldeias locais podem ter uma procissão pelas ruas para marcar a ocasião, como meio de exibir o dote da noiva. Esse dote permanece propriedade da mulher e ela pode fazer com ele o que quiser: vender, deixar de herança ou simplesmente guardar. Os contratos de casamento são redigidos apenas se o casal for particularmente rico e muiras vezes estabelece a divisão de bens em caso de divórcio.

Nas ruas de Tebas você pode se surpreender ao ouvir pessoas casadas

tratarem um ao outro como "irmão" e "irmã", mas estes são simplesmente termos carinhosos e não se refe­rem a nenhuma relação de sangue. Existe a proibição social de irmãos se casarem, a menos que perrençam à família real; e, apesar de o matri­mónio entre primos ou meio-irmáos ser considerado aceitável, raramente acontece. Embora seja inaceitável que o homem tenha mais de uma esposa, ele pode ter concubinas.

A simplicidade do casamento se reflete no processo do divórcio, no qual o marido ou a esposa simples­mente declara "eu me divorcio de você". A esposa então leva suas posses de volta para a casa de sua família, inclusive o dote e, se o homem for cul­pado, um terço dos bens dele também. É perfeitamente aceitável qualquer parceiro casar-se novamente, se quiser.

As famílias no Egito são grandes, e não é incomum o casal ter até dez filhos. Os índices de mortalidade infantil são altos c poucas crianças

30

Page 31: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

P A N O R A M A COS CASO

sobrevivem acima dos cinco anos de­idade. Considera-se essencial que as famílias tenham pelo menos um filho sobrevivente para assumir a ocupação de seu pai depois que ele morrer, bem como para cuidar dos pais na velhice. Embora as meninas sejam mais dis­pendiosas, visto que elas recebem o dote, o infanticídio feminino não é praticado, já que todas as crianças são consideradas sagradas - embora os rapazes sejam preferidos às meninas.

O P A P E L D A S M U L H E R E S

Em muitos casos, as mulheres egíp­cias sáo iguais aos homens da mesma classe e é comum ver mulheres desa­companhadas pechincharem no porto, ou mascatearem seus próprios pro­dutos no barranco. Não há restrição quanto ao fato de homens e mulheres fazerem negócios uns com os outros, mesmo que não tenham parentesco, e as mulheres muitas vezes ganham ren­dimentos separados de seus maridos.

As mulheres podem fazer tudo o que os homens fazem, inclusive comprar, vender, herdar ou transmitir proprie­dade em herança; elas podem processar pessoas da mesma classe e podem teste­munhar em documentos legais, desde que, é claro, sejam alfabetizadas.

Embora na maioria das vezes as mulheres não sejam instruídas, isso não acontece porque não seja permitido, mas sim pela questão de se a família pode arcar com a educação tanto de suas filhas como de seus filhos. Além disso, um dito popular afirma que "ensinar a mulher é o mesmo que ter um saco de grãos com um rasgo do

As mulheres egípcias compartilham

de muitos dos direitos dos homens. De

fato, você pode encontrar muitas delas

comprando e vendendo mercadorias no

barranco do rio.

lado", pois quase sempre elas vão se casar e deixarão de usar a educação.

Mesmo quando educadas com alto padrão, as mulheres não con­seguem trabalhar na administração oficial ao lado dos homens. Durante os 2 mil anos da história egípcia, até agora, houve apenas um punhado de escribas femininas, ou supervisoras; a restrição principal é que elas seriam incapazes de controlar o rrabalho dos homens. Por isso, tendem a tra­balhar em serviços domésticos (em suas próprias casas ou nas casas dos ricos), como chefes do pessoal, ou governánras, ou naquelas indústrias que são dominadas por mulheres, como a de costura e a de fabricação de perucas, ou, ainda, como médicas de mulheres.

Page 32: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

G U IA D O V 1 A J A N T F. P F. I. O \'1 U N" D O A N T [ G O ; F. G 1 T O

V I D A DOMÉSTICA: EDUCAÇÃO E

CARREIRAS

A EDUCAÇÃO ESTÁ DISPONÍVEL PARA TODOS A Q U E L E S QUE PODEM

PAGAR, H O M E N S OU M U L H E R E S , EMBORA SEJAM EDUCADOS P R I N ­

CIPALMENTE O S R A P A Z E S . N Ã O EXISTEM I N S T I T U I Ç Õ E S ORGANIZA­

DAS DE APRENDIZAGEM DENTRO DE COMUNIDADES MAIORES, E AS

CRIANÇAS APRENDEM ONDE QUER QUE UM E S C R I B A ESTABELEÇA

UM G R U P O DE E N S I N O . C O N T U D O , EXISTEM C E N T R O S OFICIAIS DE

APRENDIZADO PARA A ELITE.

Muitos templos abrigam o que é conhecido como a "Casa da

Vida", uma instituição dirigida pelos sacerdotes leitores para os sacerdotes docentes sobre os textos sagrados e rituais realizados no templo. A Casa da Vida também ensina aos médicos reais e da elite essa profissão, além de funcionar como arquivo de centenas de textos. Os príncipes reais são ensi­nados dentro do palácio, e os rapa­zes afortunados das famílias nobres também são ensinados ali.

Uma educação média começa com as habilidades básicas da escrita, quando a criança tem cerca de 5 anos de idade. Inicialmente, as crianças aprendem a escrever em escrita cur­siva e, assim que progridem — se parecem prováveis candidatos à car­reira de escriba —, aprendem os hie­róglifos. As crianças são ensinadas a partir do método do ditado, no qual um escriba lê em voz alta algum texto clássico (às vezes, com mais de mil anos de antiguidade) e as crianças o

escrevem para depois serem corrigi­das pelo escriba. Esses textos incluem cartas modelos, que servem de exem­plos de boa gramática e vocabulário,-e também como "textos de sabedo­ria", pois fornecem conselhos sobre a maneira correta de viver e agir.

Aos 9 anos de idade, o estudante deve decidir a respeito da futura carreira

- se militar, administrativa ou clerical - e, então, passará pelo aprendizado antes de se tornar empregado pleno.

OPÇÕES DE CARREIRA

Para o rapaz egípcio comum exis­tem poucas opções de carreira. O filho mais velho tradicionalmente segue os passos de seu pai, treinando como aprendiz desde tenra idade e assumindo o ofício quando morre o pai.

Os outros filhos, dependendo de suas habilidades, podem escolher a carreira militar - com a promessa de viagens, bom pagamento e agitação

- ou entrar para a classe sacerdotal, tanto em uma posição secular ou

3-1-

Page 33: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

P A N o R A M A C O N C I S O

como parte do quadro de auxiliares. Os rapazes educados com talento para a escrita podem seguir a car­reira de escriba, tanto na aldeia local, com um rendimento regular, quanto como membro da administração real, militar ou do templo - todas estas, carreiras bem pagas e com boas opor­tunidades de progresso.

As garotas, por outro lado, têm uma escolha mais limitada, pois espera-se que a maioria se case e fique em casa

Os instrumentos de escrita de um escri­

ba egípcio, uma das melhores carreiras

disponíveis para um rapaz egípcio.

para cuidar da família. Porém, algu­mas mulheres trabalham em indús­trias domésticas, como a tecelagem do linho, os assados e a preparação de cerveja. Algumas mulheres mais ricas ganham a vida oferecendo emprésti­mos de cobre e prata, cobrando ele­vadas taxas de juros.

O TRABALHO DA PARTEIRA

N o caso de mulheres que têm até

dez cr ianças a par t i r dos 12 anos de

i dade , o papel da par te i ra é cruc ia l .

A lgumas são t re inadas prof issional­

mente no templo de Ne i th , em Sais, e

são dest inadas a papéis dentro do pa lá ­

c io ou entre a elite da sociedade.

Para mi lhares de mulheres comuns,

há uma par te i ra t re inada localmente,

que desde mui to jovem aprende junto

com a par te i ra residente, até que esteja

bastante exper imentada para atender

sozinha aos nascimentos. A ma ior par te

dos partos também é a c o m p a n h a d a

por encantamentos que invocam as

d iv indades Bes e Taweret, que a j u d a m

a d a r à luz e espantam demónios

per igosos. A mulher g ráv ida co loca

um t i jo lo de par to , que representa a

deusa Meskenet, emba ixo de c a d a pé,

e var inhas de mar f im esculpidas com

imagens pròtêtoras a tocam durante o

t raba lho de par to.

3 3

Page 34: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

G U I A D O V I A J A M T E [ ' E L O M U N D O A N T I G O : E G I T O

AGRICULTURA E INDÚSTRIA

COMO QUALQUER GRANDE ECONOMIA BASEADA EM UM ESTADO CEN­

TRALIZADO, NO EGITÓ A IMPORTÂNCIA DO COMÉRCIO, DA PRODUÇÃO

DE ALIMENTOS E DA INDÚSTRIA É PRIMORDIAL. EMBORA ESSES ELE­

MENTOS MUITAS VEZES SEJAM NEGLIGENCIADOS, A MAIORIA DOS EGFP-

CIOS TRABALHA EM UM DESSES CAMPOS E SÃO, POR ISSO, INDIRETA-

MENTE RESPONSÁVEIS PELO FUNCIONAMENTO REGULAR DO ESTADO.

O comércio internacional é espe­cialmente importante para

a economia do Egito, com muitos itens importados de longe. O ouro, o ébano, o marfim, os animais sel­vagens (inclusive leopardos, maca­cos e girafas) e determinadas pedras são todos importados da Núbia, no sul. O lápis-lazúli é importado do Afeganistão, embora por intermé­dio de comerciantes independentes. A madeira do cedro é importada de Biblos, de onde também são prove­nientes os barcos, os marinheiros e os construtores de navios. A prata vem das ilhas ao norte e, apesar de um dia ter sido mais valiosa que o ouro, agora

é mais barata, por causa da ampliação da oferta. Muitos óleos vegetais e per­fumados são importados da Síria e são altamente valorizados pelos egípcios.

AGRICULTURA

Os agricultores formam a maior parte da população. Apesar do papel crucial que desempenham, eles exe­cutam as tarefas mais difíceis, que também são os empregos de pior remuneração e, como realizam ser­viços que não exigem qualificação, os agricultores provém dos escalões inferiores da sociedade. Na maioria dos casos, toda a família ajudará na colheita. Muitos agricultores arren-

Um agricultor egípcio cuida de seus campos.

34

Page 35: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

P A N O RA M A C O N C I S O

dam (erras diretamente do templo ou do palácio e pagam o arrendamento e os impostos com o que produzem. Tudo o que sobrar pode ser guardado. () ónus das colheitas ruins é um fardo particularmente pesado para os agri­cultores, pois eles ttabalham tanto como sempre, mas somente para entregar a maior parte dos magtos rendimentos ao estado. Eles também são ameaçados de surras caso as cotas especificadas não sejam alcançadas.

I N D Ú S T R I A

O Egito é grande produtot de muitos artigos, alguns dos quais sâo exportados para o Oriente próximo. O linho é um desses valiosos produtos

de exportação, e é produzido em oficinas anexas aos templos maiores e aos haréns reais, onde o trabalho mais delicado é feito por rainhas do mais alto status. Os artistas mais requintados, pedreiros e carpinteiros (ou escultores e marcenei­ros) que trabalham para o rei vivem no Lugar da Verdade, em Tebas, e produ­zem muitos artigos dignos de nota.

Na capital de Pi-Ramsés há muitas fábricas de faiança, as quais produzem milhares de telhas colo­ridas decorativas utilizadas em tem­plos e palácios. Um pouco mais ao sul da região de Tebas existem alguns dos melhotes vinhedos, cujo vinho produzido é exportado para todas as partes do mundo conhecido.

O v E H A V A R A

C O L H E I T A S LOCAIS

v Vários grãos • è cereais são culti­

vados no Egito e, embora haja uma

boa rede comercial, a maior parte

do alimento é produzida localmente,

.Inclusive a cevada; -*• utilizada para

fabricar cerveja, uma bebida impor-

fante tanto para adultos como para

crianças -• além de Bmmer, emkom e

espeifo, variedades de trigo utilizadas

para fazer o pão {o çjrQo utilizado é

mostrado péla forma do pão).

Muitos agricultores,, e até famílias,

•^cultivam diversos produtos, inclusive

:: cebolas doces pequenas para serem

comidas cruas; alho para tempero;

ervilhas, lentilhas e feijões para

• engrossar guisados e sopas; rabane­

tes, repolhos, pepinos e alfaces; tâma­

ras para cerveja, temperada e para

serem comidas inteiras; e uma ampla

e deliciosa variedade de figos.

Muitos agricultores também culti­

vam o sésamo e o rícino para fabricar

óleo, assim como a linhaça para a pn>

duçãode linho. Eles também colhem

...fibras de árvores,', as quais são utiliza­

das para fazer cestos e cordas.

35

Page 36: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

G U I A D O V I A J A N T F. I* E I O M U N D O AN"T 1 G o : E G i i o

As F O R Ç A S A R M A D A S

S O M E N T E NA ERA M O D E R N A O E X É R C I T O P E R M A N E N T E FOI I N T R O ­

D U Z I D O E , N O S ÚLTIMOS 4 0 0 A N O S , T O R N O U - S E T E M I D O EM T O D O O

M U N D O C O N H E C I D O . O E X É R C I T O C O N S I S T E D E MUITAS D I V I S Õ E S DE

5 MIL H O M E N S C A D A UMA ( I N C L U S I V E INFANTARIA, A R Q U E I R O S , L A N -

C E I R O S E C O N D U T O R E S D E B I G A S ) ; ALÉM D I S S O , É DIVIDIDO EM H O S ­

T E S D E 5 0 0 , C O M P A N H I A S DE 2 5 0 , P E L O T Õ E S D E 5 0 E E S Q U A D R A S

D E I O H O M E N S . E S S A MÁQUINA MILITAR G A R A N T E Q U E C A D A S O L D A ­

D O S E R Á C U I D A D O S A M E N T E G O V E R N A D O , T R E I N A D O E C O N T R O L A D O .

A s forças militares egípcias são

bem armadas para qualquer

tarefa, com grande quantidade de

armas, algumas tradicionais e outras

introduzidas mais recentemente.

As armas básicas de projétil mais

utilizadas são as pedras, lançadas à

mão ou com a funda; mas as lanças de

arremesso, inicialmente utilizadas na

caça, também são eficazes no combate.

As armas fabricadas incluem as

maças de pedra para golpear opo­

nentes; os arcos e flechas, que têm o

alcance máximo de quase 550 cúbitos;

lanças para arremessar ou apunhalar;

e machados, punhais e espadas para o

combate corpo a corpo.

O soldado egípcio é protegido por

uma armadura leve, usa uma sobres­

saia de couro e carrega um escudo

que protege o corpo inteiro, com

cerca de 3 cúbitos de altura, feito de

madeira sólida ou com uma armação

de madeira oculta e recoberta.

O exército é empregado em muitos

papéis além daquele de travar a guerra

contra os inimigos de Egito, incluindo

a vigilância de rotas comerciais, o

transporte de pedras para sarcófa­

gos e obeliscos e até mesmo ajuda na

colheita. As forças armadas também

estão envolvidas no policiamento

e na arrecadação de impostos. No

momento, a área mais intensamente

policiada é o Vale dos Reis, embora

essa segurança pareça relativamente

ineficaz, já que muitas tumbas foram

roubadas e profanadas.

Existem ainda vários papéis auxi­

liares denrre os militares, os quais,

embora não façam parte das forças

de combate, são essenciais para seu

funcionamento regular. Tais ocu­

pações incluem os músicos, os car­

regadores padrão, os seguidores de

campo, que a tuam como servos e

transportadores de água, e os escri­

bas militares, responsáveis por regis­

trar as muitas vitórias.

36

Page 37: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

P A N O R A M A C O N C I S O

O exército egípcio utiliza as bigas como carro de combate, uma arma de efeito devastador, com o condutor acompanhado pelo lanceiro.

MERCENÁRIOS

Durante cerca de 2.000 anos, o exército egípcio teve mercenários estrangeiros, e isso não mudou nos últimos tempos; de qualquer maneira, o número deles aumentou desde a batalha de Kadesh.

As vezes, esses homens são pri­sioneiros de guerra que tiveram a opção de se juntar ao exército egíp­cio ou enfrentar a execução, ao passo que outros se juntaram voluntaria­mente, por causa das vantagens do emprego. Outras nacionalidades que marcham ao lado das tropas egípcias incluem os sírios, os líbios, os serdenos

(identificados pelos pequenos elmos recurvados) e os hititas. Na cidade de Pi-Ramsés, há muitos soldados hititas e uma oficina para suas armas.

Os núbios são os mercenários mais comuns e muitas vezes fotmam o corpo de arqueiros do exército, graças à sua renomada habilidade com o arco. Contudo, os núbios medjay dos desettos orientais da Núbia também foram usados como batedores e infantaria leve durante séculos. Tantos indivíduos dessa tribo são empregados nessa ocupação que a força de polícia local é simples­mente chamada de medjay.

37

Page 38: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

Iliíí

míSw MÊiM

Page 39: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

A região de Tebas é rica em atraçóes turísticas e há algo

para todo mundo ver. Contudo, muitos templos e

tumbas estão oficialmente fechados para o público, e é

preciso muita astúcia, e talvez até algumas gorjetas,

para obter acesso a alguns desses lugares. Mas, com a

carteira bem recheada, nada é impossível.

Page 40: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

G U I A DO V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : E G I T O

V I S Ã O G E R A L D E T E B A S

VOCÊ ENCONTRARÁ TEBAS À MARGEM ORIENTAL DO N I L O , NO SUL

DO EGITO, O LOCAL TEM UMA LONGA HISTÓRIA QUE SE DESENVOL­

VEU A PARTIR DE UMA PEQUENA CIDADE PROVINCIAL ATÉ A VASTA

METRÓPOLE QUE É ATUALMENTE. O DEUS LOCAL É A M O N , CUJA

POPULARIDADE SE ESPALHOU DEVIDO AO FATO DE SEU TEMPLO EM

KARNAK ( I P E T - S U T ) SER O MAIS RICO DO EGITO E PORQUE TEBAS

É A CAPITAL RELIGIOSA DE EGITO. TEBAS É REALMENTE UMA CIDA­

DE COM TUDO DISPONÍVEL PARA ENTRETER O VISITANTE.

J J / /~ O templo de Thutmosis

1

ih j \KyJ

À

\ O templo de Horemheb

RMN

:\ O palácio de Amenhotep

\ ' .A

40

Page 41: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

A C I 1> A l) I. D E T F B AS

O Q U E H Á 1'ARA V E R

A CIDADE Q U E NUNCA DORME

Como capital religiosa e sede a própria cidade é muito baru-

do cemitério real, Tebas é uma Ihenta. Mesmo à noite o barulho

metrópole movimentada, contando não cessa; mas não se desespere,

com uma das maiores populações pois você pode descobrir a paz na

do Egtto. Por isso, fique sabendo beleza do Nilo.

que encontrará multidões, e que

Ipet-Sul (Templo de K;irn;ik)

.YlAttGt: OcniHNI

MARGE:

OKIENT.

Ipet-Resvl f lèniplo de Luxor)

TEBAS: PANORAMA

4 1

Page 42: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

G U I A DO V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : E G I T O

O T E M P L O D E K A R N A K

IPET-SUT, OU TEMPLO DE KARNAK, À MARGEM ORIENTAL DO N I L O

EM TEBAS, É O SEGUNDO MAIOR COMPLEXO DE TEMPLOS NO EGITO E

É DEDICADO À DIVINDADE SOLAR A M O N . O TEMPLO ESTÁ ALINHADO

E CONECTADO COM IPET-RESYT, OU TEMPLO DE LUXOR, POR UMA

LONGA AVENIDA DE ESFINGES, UTILIZADA EM PROCISSÕES RELIGIO­

SAS. CONFORME VOCÊ SE APROXIMA DO TEMPLO, SE DEPARA COM

AS ESFINGES MAIS PRÓXIMAS DO PORTAL, CONSTRUÍDAS PELO ATUAL

REI. N O FINAL DA AVENIDA VOCÊ É ACOLHIDO POR UM PORTÃO MO­

NUMENTAL QUE LEVA AO GRANDE SALÃO DE HIPOST1LO (UM SALÃO

SUSTENTADO POR PILARES), AMBOS CONSTRUÍDOS POR RAMSÉS. A

ENTRADA DO SALÃO É FLANQUEADA POR DUAS COLOSSAIS ESTATUAS

DE RAMSÉS EM GRANITO VERMELHO, O QUE DEIXA BEM CLARO QUE

ESTA É A ENTRADA DELE.

Na parede externa ao norte do salão de hipostilo existem relevos de

batalhas, tanto de Seti como de Ramsés, ambos lutando contra os hititas, e na parede externa do sul há o tratado de paz com os hititas, assinado por Ramsés depois da batalha de Kadesh.

Seguindo o eixo central do templo pelo salão do hipostilo, o visitante passa pelo portal de entrada de Amenhotep Nebmaatra, com a porta incrustada de ouro e pedras semipreciosas, e encontra-se no pátio central, que abriga os grandes obelis­cos fixos de Thutmosis Akheperkara e Thutmosis Menkheperre. O visi­tante, então, passa por outros dois portais construídos por Thutmosis Akheperkara antes de chegar ao Salão dos Registros, construído por Thutmosis Menkheperre. É nesse lugar que muitos textos sagrados do

templo, além dos registros de pilha­gens e presentes dados ao templo, ficam guardados, e provavelmente não estatão acessíveis nem mesmo para os visirantes mais afluentes. O último portal leva ao santuário do templo, que abriga o santuá­rio dentro do qual fica a estátua de Amon. Somente o rei e o sumo sacer­dote têm acesso a essa câmara.

A CAPELA DA ORELHA

A Capela da Orelha é possivel­mente a única parte do templo à qual os turistas terão acesso. Ela está situada na parte de trás do templo principal de Amon, ao norte da cons­trução, perro do santuário.

A parede externa dessa capela é decorada com blocos de orelha de esteias — blocos de pedra com orelhas esculpidas neles.

42

Page 43: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

A C I D A D E D E T E B A S

N

f

'f ' \ \

i

[_._.;

-%

• " o

.'f V cT

•.!?'*••!•'•'••- % , :

• " ' . VÒ".'

M ' / ' ~ w[ i • •.: •".

\ , ' /"COM

i

l,EXO

\ / DE M u t

; í

ff

I

A B C D E

£

G H

8 |

' C O M

COMPLEXO

X O I M O N T O

#

'1.EXO

DE ÁMON

P E T - S U T (KARNAK)

Salão de Hipostiio Templo de Ptah Templo de Maat Templo de Montu TemplodeHarpara Templo de Thutmosis Templo de Opet Templo de Khonsu

I Templo de Amenhotep

] Lago Sagrado K Templo de Amon L Barca de

Thutmosis M Templo de Amon N Templo de Ramsés 0 Templo de Mut

Os peregrinos se aproximam dessas

orelhas e sussurram suas orações e

desejos nelas. Acredita-se que tais ora­

ções vão ditetamente para os ouvidos

do deus Ptah, a divindade criadora e o

deus patrono dos artesãos.

Essa capela em Karnak é de fato

muito especial, pois é comum o deus

responder instantaneamente aos

pedidos. A voz dele pode ser ouvida

instruindo o peregrino sobre o que

ele deve fazer para que seu pedido

seja atendido. Essas instruções nor­

malmente implicam na criação de

uma capela ou santuário ou na con­

sagração de uma estátua ao deus.

Alguns céticos podem dizer que a

tal "voz do deus" não é de fato outra

senão a de um sacerdote de Karnak

- mas não é bom que alguém seja

ouvido dizendo isso publicamente.

O Lago Sagrado representa as

águas primitivas de Nun.

43

Page 44: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

G U I A DO V I A J A N T E Pr.1.0 M U N D O A N T I G O : E G I T O

O L A G O S A G R A D O

Outra área que pode ser acessível é o Lago Sagrado de Karnak, o lugar mais belo e pacífico, reminiscência das águas primitivas de antes da cria­ção. É lá que os sacerdotes se puri­ficam antes de entrarem no templo. O lago foi construído por Thutmosis Menkheperre e tem dois terços do tamanho do próprio templo. Está localizado ao sul do templo, perto do salão de hipostilo. As cozinhas também ficam situadas por perto, e há rumores de que um túnel une o lago, as cozinhas e as fêmeas dos gansos. De vez em quando, uma dessas gansas chega ao lago através desse túnel, já que surge no lago como se viesse do nada, o que sim­boliza Amon na criação e demons­tra que os poderes criativos do lago ainda continuam em atívidade.

O SALÃO DE HIPOSTILO

A parte mais impressionante do templo de Karnak é o grande salão de hipostilo de Ramsés. Planejado pelo primeiro Ramsés, iniciado por Seti Menmaatra e concluído por Ramsés, o Grande, esse salão cobre uma área de 9.401 cúbitos quadrados e con­siste de 134 colunas em 16 fileiras, que sustentam o teto. As colunas ao longo do eixo central são mais altas do que as outras e alcançam 39 cúbi­tos de altura; elas têm capitéis florais ao passo que as outras têm capitéis em botão.

De cima dessas colunas, no alto do teto, vem a única luz no salão, a partir de gretas de pedra. Assim, o

salão é escuro e sombrio, com hastes intermitentes de luz iluminando apenas pequenas áreas de uma vez. O salão inteiro, inclusive os portais, é decorado em relevo esculpido. Na parede do norte encontram-se as belas imagens em alto-relevo de Seti Menmaatra e, na parede do sul, o baixo-relevo de seu filho. Essas ima­gens de Ramsés incluem sua coroação e o papel dos deuses nessa ocasião. Os próprios portais também são decorados em relevo policromático, que mostra o rei abraçando várias divindades. Um pilar solitário, o pri­meiro na sexta fileira, exibe o nome do primeiro Ramsés, e o turista de olhos de lince pode reparar nisso.

O magnífico salão de hipostilo

concluído por Ramsés.

44

Page 45: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

A C. 1 I) A D E D E T E B AS

O Q u e HÁ P A R A V E R

!| i

O FESTIVAL DE O P E T

Se estiver em Tebas no segundo

mês da cheia, você pode assistir ao

Festival de Opet. Com duração de 11

dias, esse feriado de Tebas é um tempo

de frivolidade, de novos começos e

de fertilidade, quando as multidões

enchem as ruas, esperando vislumbrar

o rei ou o barca divina.

A í festividades começam quando

a estátua: de Âmon é" levada . em

procissão de Karnctk ao Templo

de tuxor, percorrendo a distância de

3.84Ó cúbitos ao longo da avenida

de esfinges. Essa parte da procissão

não pode ser vista: pelo público, pois

o caminho cerimonial fica encoberto

O COMPLEXO DE M U T

O complexo de Mut fica na parte mais ao sul do complexo Karnak. E alcançado pelo portão sul, pas­sando por uma avenida de esfinges. A leste da avenida de esfinges há um pequeno templo para Amon-Kamutef e, no lado ocidental, existe uma barca santuário, construída por Thutmosis Menkheperre como ponto de descanso durante as procissões.

O templo conta com dois pátios abertos e um santuário rodeado de ante­câmaras; mas o templo principal é excep­cional, pois é rodeado em três lados por um lago em forma de ferradura.

atrás dos grandes muros que cercam

o terreno, mas o barulho dos músicos

e dos cantores acompanhantes ainda

pode ser ouvido.

Á viagem de volta é feita peio rio, I

sendo um evento muito mais público.

A barca" divina qué carrega a estâfea

do deus é rebocada por uma pequena:

flotilha de barcos que navegam acam~: • 1

panhádos' pela barcaça mú, a qual i

também é rebocada pelos militares i

conforme eles correm: ao longo das ' | j

margens do Nilo. Embora os soldados . • j

possam atrapalhar a visão, é possível |

avistar o rei sentado em sua barcaça.

!

Uma atração importante é a capela de Sekhmet, repleta de centenas de estátuas de granito preto com o tama­nho natural da deusa. Seldimet é a deusa da guerra, das pragas e das epi­demias, e acredita-se que Amenhotep encomendou tantas estátuas dela devido à saúde debilitada em seus últi­mos anos de vida.

Ao norte do recinto encontra--se um pequeno templo dedicado a Khonsu, filho de Mut e Amon, que mostra algumas cenas interessantes de nascimento divino e uma das duas únicas imagens no Egito de uma ceri­mónia de circuncisão.

45

Page 46: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

G U T A DO V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : E G I T O

O TEMPLO DE LUXOR

O TEMPLO DE LUXOR EM TEBAS (CONHECIDO LOCALMENTE COMO

AMENEMOPET — " A M O N DE O P E T " ) , É MENOR QUE O DE KARNAK,

MAS NÃO MENOS IMPRESSIONANTE, E AMBOS ESTÃO UNIDOS POR

UM CAMINHO CERIMONIAL. ESTE, DURANTE MUITOS ANOS, ERA UM

CANAL CHEIO DE AGUA DO NLLO E PERMITIA QUE A BARCA SAGRA­

DA QUE CARREGA A ESTÁTUA DO DEUS NAVEGASSE ENTRE OS DOIS

TEMPLOS. E M ANOS RECENTES, AS CHEIAS NÃO FORAM SUFICIEN­

TES PARA ALCANÇAR ESSE CANAL, ENTÃO ISSO ESTÁ SENDO FEITO

POR UMA AVENIDA DE ESFINGES. ESSE CAMINHO PROCESSIONAL $

UTILIZADO DURANTE O FESTIVAL DE OPET, QUANDO O DEUS AMON

VIAJA DE KARNAK PARA O TEMPLO DE LUXOR.

O próprio Templo de Luxor é basicamente o Templo de

Amenhotep Nebmaatra, embora fique no local de um templo menor dedi­cado ao deus Amon, construído há mais de 700 anos. No entanto, todos os visitantes do templo são acolhidos pelo maravilhoso portão monumen­tal construído pelo soberano atual,

Ramsés Usermaatra-Setepenra. Em frente ao portal existem 6 colossais estátuas de granito do tei, 2 com ele sentado e 4 com ele em pé, e 2 enor­mes obeliscos de 47 cúbitos de altura - eliminando qualquer dúvida do visi­tante sobre quem construiu esse portão e, também, dando a falsa impressão de que ele construiu o templo inteiro.

i ii(i«isiwiiiiiiHiai«n

™5k—-*JBS»"~'~,fi! OTifflf»«|^ , '-AjA

Á imponente fachada do Templo de Luxor. Note as colossais

estátuas de granito de Ramsés nos flancos do portal.

Page 47: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

A CIDADE DE TEBAS

e g ™

| A M E N E M O P E T ( T E M P L O DE L U X O R )

} A Salão das Horas í B Santuáiio ! dá Barca

] C Sala do | . Nascimento

|: • •• Divino | ]D_ Salão de Hipostilo

£ Pátio Solar G. Pátio do I de Amenhotep Peristilo de Nebmaatra Ramsés

F Colunata de Amenhotep H Usermaaira-Nebmaatra -Setepenra

Capelas de Amou, M u t e Khonsu

•• • " ' . • ' • • • • "

• ' • • J , i

'.H "-Í-"-)

G

~ -. L: !

Portão Monu­mental de Ramsés

De acordo com a tradição, o portal é decorado com cenas de batalha, prin­cipalmente a vitória de Ramsés contra os hititas em Kadesh no ano 5 de seu reinado. Imagens desse tipo intimi­dam quem planeja causar danos aos egípcios ou ao próprio remplo. Se tiver autorização para entrar no templo pelas enormes portas de madeira, você estará no pátio em colunata de Ramsés, o qual conta com 74 colunas. Nos intervalos da primeira fileira de colunas ao sul encontram-se as mais imponentes estátuas de. Ramsés, bem como a estonteante díade de Ramsés e Nefettari, sua Grande Esposa Real, representados como Amon e Mut.

Dentro desse pátio existem três peque­nas capelas dedicadas à tríade tebana, Amon, Mut e o filho deles, Khonsu. Originalmente, isso foi consrruído por Thutmosis Menkheperre, mas Ramsés, o atual rei adotou-as para si próprio. Elas são utilizadas durante o Festival de Opet para a estátua de Amon receber refrigério em sua jornada. Esses santuá­rios, originalmente, eram mais centrais no pátio, mas Ramsés mudou-os para mais perto da parede noroeste.

As paredes dessa colunata são decoradas com cenas policromáticas de Ramsés fazendo oferendas aos deuses, bem como imagens de suas esposas e filhos. Trata-se de uma visão

47

Page 48: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

G U I A no Vi A I A S T F P E L O M U N D O A N T I G O : EG I T o

única da família real, geralmente não visível para estranhos. No entanto, é possível, se a pessoa for muito rica, encomendar uma estátua de si mesma e mandar colocá-la dentro desse pátio, na presença do deus e com os rituais de praxe. Mesmo se você não puder acessar esse templo, é possível que sua estátua seja consa­grada por um sacerdote, a partir do pagamento de uma pequena quantia.

A OBRA DE AMENHOTEP

Continuando pelo templo, o visi­tante depara-se com as estruturas mais antigas de Amenhotep, que come­çam com a colunata que comporta sete pares de colunas. Originalmente, ao ser construída, ela funcionaria como entrada. Trata-se de uma área compacta, escura, com luz fornecida apenas por pequenas janelas altas nas paredes, o que representa um contraste marcante com a vastidão reluzente do primeiro pátio. Embora a colunata faça parte do desenho de Amenhotep Nebmaatra, a decoração foi acrescen­tada por Horemheb e Seti Menmaatra.

.As colunas são adornadas com ima­gens do Festival de Opet celebrado em Luxor e Karnak. Essa colunata eneontra-se em um eixo com o Templo de Khonsu em Karnak e se junta ao mesmo por outro caminho cerimonial.

Ao atravessar a colunata, o visitante entrará no pátio solar de Amenhotep, que é outro pátio em colunata com duas fileiras de 60 pila­res ao redor das paredes. Essas pare­des são decoradas com imagens de Amenhotep e do deus Amon. Você entra, então, no salão de hipostilo, que foi reparado pelo pai do atual rei, Seti Menmaatra. Há 32 colunas de papiro e as paredes são decoradas com imagens de Amenhotep fazendo várias oferendas ao deus Amon.

No início do salão de hipos­tilo há muitas câmaras, capelas e vestíbulos com várias funções dife­rentes. Duas delas, de particular interesse para o visitante, são a Sala do Nascimento Divino, que repre­senta a concepção divina e o nasci­mento de Amenhotep, e o Vestíbulo das Oferendas, que exibe a imagem

de Amenhotep conduzindo

(gado cevado ao templo

| . a fim de ser sacrificado 5 para Amon.

Uma representação do gado cevado

(gordo) sendo oferecido a Amon.

Page 49: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

A C I D A D F DE FE B A S

O P O R T A L D E R A M S É S

Conforme se aproxima do portal do presente rei, Ramsés Usermaatra--Setepenra, no Templo Luxor, você verá as imagens elaboradas e colo­ridas da, assim chamada, vitória de Ramsés em Kadesh, ocorrida no ano 5 de seu reinado.

A expedição a Kadesh foi lançada a partir da cidade de Pi-Ramsés, no Delta. Foram quatro divisões mili­tares, com a divisão Amon liderada pelo próprio rei. Três divisões egíp­cias acamparam do lado de fora da cidade, e os batedores capturaram dois espiões hítitas. Infelizmente, eles mentiram para o rei e informaram--lhe que os hititas haviam fugido

com medo, quando na verdade eles aguardavam em emboscada.

Os egípcios continuaram rumo à cidade fortificada, só para serem atacados pelos hititas que estavam à sua espera.

A divisão Amon teve tamanha surpresa que acabou fugindo pelo mesmo caminho por onde veio, çom os hititas em seu encalço. A quarta divisão egípcia chegou alguns dias depois, surpreendendo os hititas que fugiram para sua cidade fortifi­cada. Os egípcios sitiaram Kadesh, mas foram incapazes de penetrar as muralhas. Finalmente, eles voltaram ao Egito "vitoriosos". Desde então, Ramsés registrou essa vitória de Kadesh em oito lugares.

O N A S C I M E N T O DE A M E N H O T E P NEBMAATRA

Existem muitas salas laterais pela deusa Isis. Isis abraça a rainha,

ao salão de hipostilo no Templo de enquanto Djehuty (o deus da sabe-

Luxor, e uma delas 'exibe as trrra- dória) leva Amon ao leito da mesma,

gens mais interessantes da concep- Sua presença é anunciada pelo odor

ção divina e do nascimento do rei do incenso, o odor do corpo do deus.

Amenhotep Nebmaatra. A criança e seu ka, já preparados,

As imagens começam com a con- são colocados no ventre da rainha,

cepção da rainha Mutemwia, mãe de e o nascimento é auxiliado por Bes e

Amenhotep, pelo deus Amon. O corpo Taweret, as divindades do parto, que

de Amenhotep e o seu ka (espírito) garantem que a divindade do rei seja

estão representados sendo criados na incontestável. O rei então é amamen-

roda de um oleiro pelo deus Khnum tado pelas divindades e apresentado a

com cabeça de carneiro, observado Amon por Horus.

49

Page 50: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

G U I A DO V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : E G I T O

Os TEMPLOS DE THUTMOSIS

M E N K H E P E R R E E M E N T U H O T E P

N E B H E T E P R E

A O SUL DO TEMPLO FUNERÁRIO DO ATUAL REI FICA O VALE

QUE ABRIGA OS TEMPLOS DE THUTMOSIS MENKHEPERRE E

MENTUHOTEP N E B H E T E P R E . THUTMOSIS CONSTRUIU SEU TEMPLO

EM UMA DAS FACES NO ALTO DE UM PENHASCO, MAS NÃO VIVEU

PARA VÊ-LO CONCLUfDO. G R A Ç A S A SUA ELEVAÇÃO, É POSSÍVEL VER

E S S E BELO TEMPLO À MARGEM ORIENTAL DO N I LO EM DIAS C L A R O S .

Otemplo consiste de três terra­ços, cada um deles ligado por

rampas flanqueadas por pórticos de ambos os lados, todos decora­dos em relevo esculpido e pintado. Infelizmente, como o templo e as rampas de acesso foram construí­dos sobre as ruínas do Templo de Mentuhotep, fica difícil identifi­car elementos dessa estrutura mais

D

C

antiga, embora ainda restem alguns, pilares e o teto sustente o peso do monumento mais novo em cima. A parede traseira do terraço mais baixo do Templo de Thutmosis foi, na verdade, construída na frente do templo de Mentuhotep, prejudi­cando a visão do mesmo, embora o turista aventureiro talvez possa explorar um pouco.

TEMPLO DE FUNERÁRIO

DE THUTMOSIS

A Santuário da Caverna de Hathor B Santuário de Amon-Rá-Kamutef C Santuário de Amon-Rá D Pátio Solar E Grande Salão de Hipostilo

RESTOS no TEMPLO DE MENTUHOTEP \KBHETEPRE

5o

Page 51: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

A C I D A D E

O templo de Thutmosis é acessado por uma calçada longa e arborizada, bem na entrada do vale; há um ponto de parada que fornece abrigo tempo­rário para a estátua sagrada do rei ou deus durante as longas procissões. Essa calcada tem impressionantes 63 cúbitos, 3 palmos e 2 dedos de largura, feitos da pedra calcária brilhante. Como a cal­cada é rodeada de muros que cercam o terreno, geralmente não é possível andar ao longo dela, mas, em dias sem festival, alguns "palmos untados" podem levar a um longo caminho.

D E U S E S DO TEMPLO

Os principais deuses adorados no templo são Amon-Rá e Amon--Rá-Kamutef, ambas divindades reais - embora haja um pequeno santuário na caverna para Hathor logo atrás do canto norte do Templo de Mentuhotep. A visita a essa parte do lugar é fortemente recomendada. Trata-se de uma câmara abobadada pequena, decorada e dominada por uma estátua de tamanho natural de Hathor em forma de vaca. Na parte de trás, há uma figura ajoelhada de Amenhotep Akheperure, que dedi­cou o santuário, amamentando na vaca sagrada, e uma figura em pé do mesmo rei embaixo do queixo de Hathor. O santuário ainda funciona e é possível deixar oferendas ali.

Acima do santuário, o génio dos construtores de Thutmosis pode ser visto: uma plataforma falsa foi criada, projetando-se para fora da face do penhasco, a fim de nivelar e alargar o afloramento natural sobre o qual o

A vaca sagrada de Hathor se projeta para fora de seu pequeno santuário.

templo principal foi construído. Isso forma o nível superior dos rrês terra­ços e abriga um grande salão de hipos-tilo de 32 colunas, com um pequeno quiosque no centro. Existem muitas salas que levam ao salão, inclusive um santuário de Amon-Rá, outro de Amon-Rá-Kamutef, e uma pequena capela solar, com teto aberto. Todas as salas, além do salão de hipostilo, são altamente decorados, com cenas do rei fazendo oferendas a Amon e belas imagens do deus em sua barca sagrada na procissão durante o Belo Festival do Vale, realizado anual­mente à margem ocidental de Tebas.

Para alcançar o terraço a partir do nível do chão, a pessoa precisa subir uma rampa 100 cúbitos de comprimento, que sobe 38 cúbitos, 3 palmos e 2 dedos. Embora difí­cil de alcançar, se houver oportu­nidade, uma visita a esse templo é altamente recomendada.

5>

Page 52: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

C U I A D O V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : E G I T O

O TEMPLO DE

A M E N H O T E P NEBMAATRA

ít;í::;i O TEMPLO FUNERÁRIO DE AMENHOTEP NEBMAATRA (VER

A INSERÇÃO AO LADO), À MARGEM OCIDENTAL DO N l L O ,

É UM DOS MAIORES E MAIS BELOS TEMPLOS DO EGITO, APE­

SAR DE NOS ÚLTIMOS ANOS O LOCAL TER SIDO ESCAVADO

PARA A RETIRADA DE PEDRAS PARA A CONSTRUÇÃO DOS

MONUMENTOS POSTERIORES DA MARGEM OCIDENTAL,

O primeiro portão de templo é flanqueado por duas colossais

estátuas do rei sentado, as quais alcan­çam 34 cúbitos de altura. Imagens menores de sua esposa Tiye e de sua mãe Mutemwia ficam a seus pés.

A pedra dessas estátuas foi extraída da Montanha Vermelha, perto de lunu, que fica no extremo norte do Egito - por si só, uma grande façanha. Além dessas duas estátuas colossais, Amenhotep construiu uma grande quantidade de outras estátuas dentro do templo, inclusive quatro estátuas maciças na frente de dois novos portais. Cada uma delas apresenta detalhes realçados em azul, vermelho, verde, amarelo e branco, e os próprios portais são altamente decorados com murais coloridos do rei combatendo seus inimigos. Cada portal foi um dia adornado com ban­deiras em mastros de ouro, mas essas foram as primeiras coisas retiradas quando o templo caiu em desuso.

Entre o primeiro e o segundo, e entre o segundo e o terceiro por­

tais, há dois grandes pátios abertos. Atrás do terceiro portal há um longo corredor processional, semelhante ao do mesmo rei no Templo Luxor. Esse corredor leva a um grande pátio solar, aberto no centro, com três filei­ras de colunas para o leste, o oeste e o sul do pátio, além de quatro fileiras ao norte do pátio.

O PÁTIO SOLAR E O ALÉM

A entrada do pátio solar é flan­queada por duas grandes esteias, ou marcos, que exaltam as construções realizadas pelo rei. Entre cada um desses pilares papiriformes ficam as estátuas colossais de reis, como Osíris, mostrando que o rei morto deve ser adorado nesse lugar. Essa área também é utilizada como salão do festival de sedução, em que, a cada 30 anos, o rei prova sua virili­dade e sua capacidade de governar o Egito. No contexto funerário, isso garante que ele viverá para sempre como rei na vida após a morte.

Ao longo da parede oriental do

5 i

Page 53: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

A C I D A D E D E T E B A S

^

A-.p. B A B /

GRANDE MURO QUE CERCA O TERRENO DO TEMELO

O TEMPLO DE AMENHOTEP

I A Estátuas de Amenhotep D Esteias

I B Pátio Aberto E Pátio Solat

| C Cortedot Ptocessional F Pátio do Hipostilo

G Ruínas do Templo de

Ptah-Sokar-Osíris

H Estátuas Colossais

templo, existem mais de 70 está­

tuas em tamanho natural da deusa

das pragas e epidemias, Sekhmet,

esculpidas em granito preto e colo­

cadas ali pelo rei em uma oferta por

boa saúde. No Templo de Mut em

Karnak há também centenas dessas

estátuas - consideradas como a

última esperança do velho rei contra

a saúde debilitada.

Ao norte do pátio, uma

porta central leva a um pequeno

salão de hipostilo antes de você

chegar ao santuário na parte de

trás, o qual foi construído sobre

um pequeno monte saliente.

É melhor visitar esse templo durante

os meses da cheia, pois ele foi cons­

truído na planície inundável e toda

a área se enche de água por inteiro

nessa época, sendo que apenas o

santuário permanece no seco; remi­

niscência do Monte da Criação sur­

gindo das águas primitivas.

Na parte norte do grande muro

que cerca o terreno existem restos

de outro pequeno templo dedicado

a Ptah-Sokar-Osíris, com duas está­

tuas colossais do lado de fora das

paredes muradas que flanqueiam

o portão. Esse pequeno templo foi

construído com calcário local e

é uma parte importante do culto

funerário. Infelizmente, sobrou

pouco desse templo remanescente.

O resto do templo funerário também

encontra-se em um estado ruinoso

e é, portanto, um dos poucos tem­

plos onde o turista pode entrar livre­

mente, visto que não é mais ocupado

pelos sacerdotes e há muito foi negli­

genciado pelos medjay.

53

Page 54: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

G U I A D O V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : E G I T O

O P A L Á C I O EM M A L K A T A

S E HOUVER UM JUMENTO DISPONÍVEL QUANDO VOCÊ ESTIVER NA

MARGEM OCIDENTAL, POR QUE NÃO VIAJAR PARA O SUL ADIANTE

DO TEMPLO FUNERÁRIO DE HOREMHEB ATÉ O PALÁCIO DO GRANDE

A M E N H O T E P N E B M A A T R A ? C O M O NÃO É M A I S H A B I T A D O , O M A T E ­

R IAL DA CONSTRUÇÃO ESTÁ SENDO REUTILIZADO EM OUTRA OBRA,

MAS AINDA SOBROU MUITA COISA QUE MERECE SER VISTA.

Areferência ao "Esplendor do Aten" como um palácio é uma

designação bastante incorreta, pois em seu auge o local era uma enorme cidade. Havia até mesmo uma cal­çada que levava ao templo funerário de Amenhotep, mais ao norte, e o turista aventureiro pode andar por essa calçada.

A cidade inteira foi construída com tijolos de barro, e as áreas que não foram saqueadas desse valioso material acabaram sendo danifica­das pela chuva de uma tempestade recente. A cidade em si é bem orga­nizada, com uma combinação de residências reais e oficiais. A aldeia do norte abrigava as instalações necessá­rias para o funcionamento da cidade; na aldeia do sul ficavam as oficinas e as fábricas de faiança, além de uma área à parte, destinada aos alojamen­tos dos servos.

O Palácio do Norte pertenceu à filha e esposa de Amenhotep; Sitamon, o Palácio do Meio, perten­ceu ao rei; o Palácio do Sul perten­ceu a Tiye, a Grande Esposa Real.

Os pisos em todas as áreas do palácio foram minuciosamente decorados, com ladrilhos coloridos que representam cenas da vida selva­gem e, também, cenas mais tradicio­nais, como os inimigos do rei sendo pisoteados a seus pés. Um dos pisos mais belos mostra uma cena colorida em um pântano repleto de patos, peixes e gansos nadando, quase uma réplica das belas paisagens que podiam ser vistas no Lago do Prazer que ficava no jardim, ainda visível no meio da areia.

o PALÁCIO REAL

O Palácio Real, chamado de "Casa do Regozijo", é especial­mente belo e teve seus dias de glória. Trata-se de uma estrutura térrea, com muitas salas abertas para o céu, o que permite a entrada de sol quente e brisas frescas nos aposentos internos. A parte exterior do palácio era pintada de branco, com desenhos incrustados de faiança azul que exibem inscrições hieroglíficas, algu­mas das quais ainda são visíveis.

54

Page 55: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

A C I D A D E D E T E B A S

Dentro do palácio há muitas pequenas câmaras de audiência, todas altamente decoradas. A maior parte da decoração dentro do palá­cio é geométrica ou naturalista, mas há exceções e, em uma das câmaras de audiência, existem belas imagens de meninas dançando e até mesmo uma fantástica cena do rei caçando. O piso que leva ao trono ostenta desenhos de prisioneiros asiáticos, núbios e os nove arcos que represen­tam a superioridade do rei sobre esses inimigos do Egito.

O salão dos banquetes é o mais impressionante de todos; observe a complicada decoração na ponta do rei, em comparação com a ponta mais simples.

Ao visitar o palácio arruinado, não perca a oportunidade de visitar o harém e o quarto dos reis - uma experiência de vida única.

O harém compõe-se de quatto suites de salas de ambos os lados do salão de banquetes, cada uma com quatto câmaras, as quais funciona­vam como aposentos, quartos de dormir e os banheiros das damas reais. Obviamente, o local não abrigou as mil mulheres do harém de Amenhotep, mas apenas umas poucas favoritas em uma base tem­porária. A alcova do rei tinha as pare­des mais grossas do palácio, as quais eram decoradas com hieróglifos pro-tetores, para ajudar na guarda e na fertilidade do rei.

= = O Q U E HÁ PARA VEK

O LAGO DO PRAZER DE AMENHOTEP

ExafQifiente ao sol do palácio de Amenhotep há um logo artificial que o rei mandou escavar pata Tiye, sua esposa principal. Esse enorme lago em forma de T está ligado ao Nilo,

O rei ficou tõo orgulhoso de sua realização que encomendou vários escaravelhos comemorativos que registram a escavação de 15 dias. Uma grande quantidade de homens deve ter trabalhado no local, e você

ainda pode ver o solo removido em montes artificiais ao redor do lago,

Como esse lago é preenchido pelo Nifo; também fica cheio de peixes e animais selvagens:, e é grande o bastante para acomo­dar ura barco. Portanto) antes de chegar ao local, contrate um barqueiro no Nilo para levá-lo a passar uma agradável tarde remando no lago real.

55

Page 56: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

G U I A D O V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : E G I T O

O RAMESSEUM

(ou. KHNEMET-WASET)

O TEMPLO DOS MILHÕES DE A N O S DO ATUAL REI ESTÁ SITUADO

À MARGEM OCIDENTAL DÈ TEBAS E É UMA DAS MAIS VIBRANTES

INSTITUIÇÕES DA CIDADE. E M B O R A SEJA UM TEMPLO FUNERÁRIO,

JA ESTA EM USO DURANTE A VIDA DE R A M S É S . D E M O R O U 2 0 ANOS

PARA SER CONCLUÍDO. E S S E GRANDE COMPLEXO, COM DOIS T E M ­

PLOS, UM PALÁCIO, MUITOS DEPÓSITOS E PRÉDIOS ADMINISTRATI ­

VOS, É ACESSADO PELAS AVENIDAS DE ESFINGES UTILIZADAS NAS

PROCISSÕES DA ESTÁTUA DO REI .

Essa é a mais impressionante de todas as estruturas de Ramsés e

inclui o primeiro portal de pedra do Egito, além da maior estátua jamais construída. Essa estátua é feita com o granito das pedreiras de Assuan, sendo impossível levá-la para Tebas em um único bloco.

o TEMPLO PRINCIPAL

O templo principal é orientado para que seus portais fiquem de frente para os do Templo Luxor e foi construído para ficar alinhado com o templo dedicado a Tuya, mãe de Ramsés, a leste do salão de hipostilo,

A entrada do templo principal compõe-se de um portal de pedra decorado com cenas da famosa bata­lha de Kadesh, seguido por um pátio aberto. O foco desse pátio é a colossal estátua do rei, flanqueada em ambos os lados por sua mãe Tuya.

Uma porta na parede oeste leva a um pátio de peristilo, com uma colu-nata em volta do exterior e aberto no centro. Cada pilar nas paredes orien­tais e ocidentais foi construído com estátuas de reis, como Osíris. Entre esses pilares, o rei instalou mais está­tuas colossais dele próprio.

O muro norte desse pátio também ostenta imagens da batalha de Kadesh, mostrando a vitória do rei para a eternidade. Há também uma representação detalhada do Festival da Fertilidade de Min, quando a estátua do deus é levada em procissão e adorada pelo rei. Esse festival ocorreu na coroação de Ramsés e é lembrado por muitos moradores tebanos mais velhos.

Na parte de trás do primeiro pátio, o rei é representado com 11 filhos, mas infelizmente todos eles faleceram desde que o templo foi construído.

Page 57: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

A CIDADE DE TEBAS

Os SALÕES DE HIPOSTILO

A continuação ao longo do eixo central leva ao salão de hipostilo, um pouco menos impressionante que o salão de Ramsés em Karnak, mas ainda assim de escala monumental. Iluminado por pequenas janelas altas no teto, é sustentado por 48 colunas papiriformes. As paredes que rodeiam o salão de hipostilo são altamente decoradas, com imagens do rei na presença de vários deuses, inclusive uma cena maravilhosa mostrando a coroação do rei, quando seu nome está sendo escrito na árvore sagrada de lunu pelo deus Atum, com as divindades da escrita e da inteligên­cia, Thoth e Seshat, ao lado. Outras cenas mostram vitórias militares dele, sendo a que ocorreu na cidade asiática de Zapur a mais digna de nota.

Na parte de trás do salão de hipostilo principal há mais três pequenos pátios antes de você alcan­çar o santuário de barca que abriga a estátua de culto ao rei.

No primeiro desses pátios menores há um teto astronómico que mostra as constelações e as divisões do céu à noite, pintado em cores vibrantes com a douração realçando os detalhes. Há mais relevos astronómicos na parede oriental. O salão é utilizado principal­mente como biblioteca, sendo guar-dados ali os arquivos.

E M V O L T A DO T E M P L O

Como em quase todos os tem­plos, há um lago sagrado no lugar, dentro do qual os sacerdotes purifi-

O mais impressionante monumento de

Ramsés — seu templo funerário.

cam a si mesmos antes de entrarem no templo. Não tente nadar no lago - a punição para pessoas não perten­centes ao templo encontradas dando um mergulho é a morte.

A oeste do primeiro pátio encon-tra-se o Palácio de Ramsés, utilizado como acomodação temporária durante os festivais, quando o rei deve estai- pre­sente para a realização de rituais dentro do templo. Existe um poço a oeste, que serve ao palácio.

A leste do templo há uma pequena casa de parto que celebra o nascimento divino de Ramsés. Em três lados do templo, do lado de fora dos muros, há muitos depósitos de armazenamento e edifícios administrativos que guardam e distribuem rações de grãos e outros géneros alimentícios para aqueles que trabalham com a realeza.

Na época de colheita os depósitos são preenchidos com grãos pelos bura­cos no topo de suas estrututas. Esses depósitos são todos feitos de tijolos de barro e têm tetos abobadados; eles são muito interessantes de ver, embora entrar ali esteja fora de questão.

57

Page 58: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

G U I A DO V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : E G I T O

A C A P E L A DA

R A I N H A B R A N C A

ASSIM QUE TERMINAR A VISITA AO TEMPLO FUNERÁRIO DE RAMSÉS,

A UMA DISTÂNCIA CURTA PARA O NORTE VOCÊ DESCOBRIRÁ A PEQUE­

NA " C A P E L A DA RAINHA B R A N C A " . O LOCAL TEM ESSE NOME POR

C A U S A DA B E L A E S T Á T U A D E C A L C Á R I O DE M E R I T A M O N , A A M A D A F I ­

L H A DO ATUAL REI RAMSÉS, EM SEU PAPEL DE "TOCADORA DE SlS-

TRO ( M A T R A C A OU G U I Z O ) D E M U T " E " D A N Ç A R I N A DE H O R U S " .

O próprio local foi sagrado durante mais de 700 anos,

e as tumbas nessa área estão espalha­das ao redor das colinas e no fundo do vale. Embora provavelmente ina­cessível a turistas, talvez seja possível ver um pouco da decoração esculpida no pátio e, também, deixar algumas pequenas lembranças como sinal de respeito nessa área aberta.

A capela, como está, foi construída pelo rei herege, mas estranhamente não foi totalmente destruída com as outras de seu reinado, embora deter­minados elementos possam ser data­dos do reino anterior de Amenhotep Akheperre, e algumas edificações da cozinha ainda produzam a comida para os festivais na margem ocidental.

Apesar de abandonada após o reinado do rei herege, ela foi desde então anexada por Ramsés, e o grande muro que cerca o terreno do templo funerário fica ao lado de sua parede ocidental.

•safes*3*!

mh J A bela estátua de calcário de

Meritamon, filha de Ramsés.

A Capela da Rainha Branca foi assim

denominada em sua homenagem.

Page 59: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

A C I D A D E D L IEBAS

DENTRO DA CAPELA

A pessoa pode se aproximar do templo pela estrada, embora o cami­nho mais panorâmico seja entrar pelo porto. Assim que deixa o barco, você se aproxima de uma rampa que leva ao primeiro dos dois portais de entrada de pedra calcária. Como o local é uma capela real, não está aberto para o público, mas ao chegar à enorme porta de madeira, é possí­vel pagar ao porteiro para deixá-lo espreitar por trás do grande muro que cerca o terreno do templo.

Atrás dos portais, você verá, dentro do grande muro que

O Q U E

O T E M P L O I

!: Se você estiver pronta para ver

os muros externos de mais cape-

i | las na área, logo ao sul do templo

i j funerário de Ramsés e da Capela da

' Rainha Branca fica o pequeno templo

i j de Wadjmose, o filho de Thutmosjs

I i: Akheperkara, Esse príncipe morreu em

i { tenra idade e o templo foi construído

i pela família em sua: homenagem.

\ji;: O acesso ao Complexo cio templo

j L é feito por rima avenida de esfinges;

j r Dentro dos muros que cercam o fer-

o terreno, duas estruturas idênticas compostas de duas salas pequenas, ambas ligadas por um longo corredor murado. Em frente de cada uma, há um grande pátio.

Uma capela mais tradicional pode ser encontrada perto desses dois prédios, consistindo de três pequenas câmaras que acomodam a tríade divina — o deus, sua consorte e o filho. Nesse lugar está o foco principal do templo, onde os sacerdotes fazem as oferendas diárias, e é possível para o visitante deixar uma oferenda com os sacerdotes que a colocarão diante do deus em seu nome.

HÁ P A R A V E R

~. W A D J M O S E

reno há dois pátios, com o segundo j j

abrigando três santuários que ocupam

toda a parte de trás do monumento.

O1 santuário central era destinada â

adoração o Wadjmose, o do norte a

sua mSè, Mutnéfersf, :e o do sul abriga

o oráculo. Durante séculos, Wadjmose

foi abordado como um oráculo, para

aconselhar em vários assuntos, mas

agora isso é considerado fera de

moda e bem menos popular do que já: j

foi rio passado.

Bi ||

59

Page 60: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

G U I A DO V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T J C . O : E G I T O

O VALE D O S R E I S

O VALE DOS REIS , CONHECIDO LOCALMENTE COMO A " G R A N D E

N E C R Ó P O L E N O B R E DE M I L H Õ E S DE A N O S DO R E I " FOI O C E M I ­

T É R I O DE MAIS DE 6 0 REIS NOS ÚLTIMOS TRÊS SÉCULOS. A ÁREA

ESTÁ SITUADA À MARGEM OCIDENTAL DO NlLO E, DOS DOIS VALES,

A MAIORIA DAS TUMBAS FICA NO VALE OCIDENTAL.

Os penhascos que rodeiam o vale

são patrulhados pelos medjay,

e postos de vigilância em cima dos

penhascos fornecem visões pano­

râmicas. O local foi escolhido por

causa de uma montanha semelhante

a uma pirâmide na ponta sul, sendo

conhecida como Meretsegar, em

referência a uma deusa local ("Aquela

Que Ama o Silêncio") considerada a

protetora do vale.

A JORNADA DO DEUS SOL

Há mais de 50 tumbas na necró­

pole, e a maior parte delas segue uma

estrutura semelhante baseada na

jornada do deus sol. Os elementos

básicos são:

A Passagem do Caminho de Shu

- entrada da tumba.

A Passagem de Rá - trata-se de

um corredor longo cujo início ainda

é alcançado pelos raios do sol.

O. VALE D O S R E I S

A Tumba de Ramsés íl C fí Tumba de Usermaatra- : 'Jjk

-Seteperira

: • • . : . " :

. . ; ' • : : ' ! .

G

| .. N

1 "ÍK*r-

i

,•/'l £ A

£

• •• j j \

{ T O M B A S Í S E L E Ç I Q N A D A S )

Tumba de Horemheb' Tumba de Ramsés IV Tumba de Seti I \

' ••'•• ê

D

|

| ' Tumba de Thutmosls IY j S Tumba de Ámentohep II

\ v H Tumba de Thutmosis III

\.

' ' : ' ••• ' j

' : " E • :

. , . . . • . . . •

éo

Page 61: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

A C I D A D E D E T E B A S

O Salão Onde os Deuses da Litania de Rá Residem - uma pequena câmara ou corredor, acessada por uma escadaria curta ou por uma rampa.

O Salão do Impedimento — câmara bem profunda que age como dissuasão para ladrões e, também, como sepulta-mento simbólico de Osíris.

O Salão das Bigas - câmara sus­tentada por pilares.

Quase sempre existem outros cor­redores e câmaras que também levam ao "Salão Onde Alguém Descansa", ou câmara funerária.

Cada um deles é decorado de maneira elaborada, tanto com rele­vos esculpidos quanto com reboco pintado. A decoração compreende vinhetas do Livro dos Mortos, do Livro dos Portões ou da Litania de Rá, todos os quais tratam da jornada noturna do deus sol Rá, e por asso­ciação da jornada do rei falecido.

A T U M B A DE USERMAATRA-SETEPENRA

Um dos acréscimos mais novos ao Vale dos Reis foi a tumba construída para

os filhos de Ramsés Usermaatra-Setepenra. Ela está situada na entrada do vale,

do lado esquerdo, com a entrada escondida no fundo do penhasco.

Rumores dão conta da existência de mais de 130 câmaras funerárias na

tumba, todas precedidas de longos corredores, cada uma projetada para aco­

modar o sepultamento de um filho ou neto de Ramsés. Por enquanto, 1 2 prínci­

pes foram enterrados dentro da tumba. Cada uma das câmaras foi esculpida e

pintada com elaboradas cenas de oferendas e vinhetas do livro dos Mortos e do

Livro dos Portões, bem como de imagens dos próprios príncipes entrando na vida

após a morte. Embora haja pouca chance de o visitante ter acesso a esse sepulcro

real, vale a pena saber onde o mesmo se localiza e o que existe lá dentro.

A pirâmide natural de Meretsegar,

"Aquela Que Ama o Silêncio".

E N T R A D A N O V A L E

E altamente improvável que os turistas tenham acesso a algu­mas tumbas da "Grande Necrópole Nobre de Milhões de Anos do Rei" e, de fato, os medjay podem impe­dir completamente o acesso ao vale. Dito isso, a tumba dos filhos de Ramsés ainda continua sendo cons­truída e aberta a sepultamentos reais.

6i

Page 62: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

G U I A DO V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : E G I T O

O VALE DAS R A I N H A S

O VALE DAS RAINHAS, OU " T A S E T N E F E R U " (LUGAR DAS PES­

SOAS B E L A S ) , É O LUGAR ONDE SÃO ENTERRADAS AS CRIANÇAS E

AS MULHERES REAIS — UMA DUPLICATA DO VALE DOS REIS , SITUADO

HÁ 2 . 8 3 0 CÚBITOS A SUDOESTE DALI. ESSA ÁREA FOI ESCOLHIDA

POR CONTA DE SUA GEOGRAFIA; TRATA-SE DE UM VALE EM FORMA DE

U , COM UMA PEQUENA CAVERNA NO FUNDO DO PENHASCO, QUE SE

ENCHE DA ÁGUA QUANDO CHOVE. ESSAS ÁGUAS ENTÃO INUNDAM O

VALE, QUE REPRESENTA O VENTRE DE HATHQR, DO QUAL OS FALE­

CIDOS PODEM RENASCER.

Contudo, esse acréscimo rela­tivamente recente à margem

ocidental foi iniciado há apenas 300 anos. Antes disso, as mulheres reais eram enterradas com os maridos nas tumbas dos reis.

Existem mais de 50 tumbas no Lugar das Pessoas Belas, embora muitas delas estejam inacabadas e sem decoração - algumas são pouco mais que pequenas cavernas esculpi­das no solo do deserto.

PRIMEIROS SEPULTAMENTOS

A tumba mais antiga do local pertence a Ahmose — filha do rei Seqenenre Tao e irmã do rei Ahmose, que expulsou os odiados Heqa Haswt do Egito há cerca de 300 anos.

Embora tenham ocorrido outros sepultamentos nesse lugar desde o de Ahmose, os nomes dessas rainhas há muito foram esquecidos, até o sepul-

tamento de Safra, esposa do primeiro Ramsés, avô do atual rei.

Os FILHOS PE RAMSÉS

Durante os últimos 50 anos do reinado do atual Ramsés, aconte­ceram muitos funerais reais, e pelo menos três de suas filhas reais estão enterradas no local: Bintanath, Meritamon e Nebtawy, além de Ramsés, afilho mais velho. Todos os outros filhos de Ramsés estão enter­rados na tumba construída para eles no Vale dos Reis.

Todas as tumbas da era moderna foram construídas de maneira ela­borada, com salões sustentados por pilares, escadarias e corredores, enquanto as mais antigas são de desenho mais simples, com um cor­redor que leva à câmara funerária ou apenas uma cova simples.

62

Page 63: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

A C I D A D E DE T E B A S

O Q U E HÁ P A R A T E R

A TUMBA DE NEFERTARI

"A.iumba mais impressionante

no Lugar dos'Pessoas Belas-é a de,..::

Nefertarí, a Grande Esposa Real; de

•Ramsés, que foi' levada para descansar

.. em sua tumba no ano 24 da,.reÍriad©.A.

:dío. atua! .rei. •, i "

Ela foi muito pranteada e sua

tumba. foi.a primeira a ser construída

para uma. .rainha desse f i n a d a no

Vale das Raih;h.ãs>

Infelizmente., para o• visitante, não

. :hâ absolutamente nenhuma possibili­

dade de. obter acesso, .mas-'talvez seja

possível Ir ao vale e depositar oferen­

das eofações nã: entrada da tumba ™ a

qual ainda é visível.

Dizem que •& decoração interna da

tumba ê a mais. bela em todo o: igito,

o reflexo do grande amor que Ramsés

nutria por Nefertarí. t tradição que as

tumbas apresentem vinhetas coloridas

do Livro dós /Mortos e do Livro dos

Portões,- terido: • estes servido de guia

para a rainha falecida assim que ela

passou para a. vida-após a morte. Essa

tumba foi concluída pelos trabalhado­

res que vivem: no lugar da Verdade,

especialistas em: hieróglifos e imagens

coloridas finamente desenhadas, e

como urna tumba real, a dela só pode­

ria ser do mais alto padrão.

w Uma representação de Nefertarí,.,,.

a Grande Esposa Real em

sua tumba.

^

Page 64: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

G U I A D O V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : F . C I T O

P I N T U R A S NAS T U M B A S L O C A I S

A ARTE DAS TUMBAS EM TUMBAS NÃO REAIS É V IBRANTE E DIN­

MICA, E NÃO EXISTEM DUAS TUMBAS PARECIDAS. S Ã O UTILIZADOS,

TODAVIA, TEMAS FAMILIARES COMO PROVISÕES DE AL IMENTOS, VIDA

DIÁRIA E FERTILIDADE. A MAIORIA DAS IMAGENS DAS TUMBAS CAI

EM UMA DESSAS CATEGORIAS.

Omodo mais fácil de assegurar a abundância de comida na vida

após a morte é pintar ou esculpir nas paredes da tumba imagens de empre­gados carregando braçadas de comida para as mesas de oferendas já cheias. Isso pode ser visto em praticamente todas as tumbas. Muitas delas dão um passo adiante, com imagens da comida sendo produzida. Por isso, há muitas cenas de pescadores em açáo, caçadores pegando pássaros, padarias e cervejarias. Tais imagens garantem que o falecido estará sempre abaste­cido na vida após a morte.

Essas imagens também se transfe­rem para a categoria da vida cotidiana, pois o proprietário da tumba deve se preocupar com tais atividades em seu

cuidando de sua obra.

trabalho do dia a dia. Muitas tumbas têm cenas elaboradas de oficinas em açáo, com o proprietário da tumba supervisionando as atividades que variam do treinamento militar à cria­ção de jóias. Algumas imagens também mostram o morto com sua família.

Este último tema também está interligado à terceira categoria de obras de arte, pois a família do falecido ajudará a garantir sua fertilidade na vida após a morte. Do mesmo modo, as cenas de pesca e de caça de aves sel­vagens em família são exemplos perfei­tos desse duplo significado, quando o proprietário da tumba é mostrado em uma viagem com a família aos pân­tanos, uma atividade que o apresenta como fisicamente em forma, fértil e ostentando grande coragem.

TUMBAS REAIS

As tumbas reais contam com coleções de imagens completamente diferentes nas paredes, e há diretrizes mais estritas que devem ser seguidas durante a escolha dessas imagens. Em sua maioria, as tumbas reais são deco­radas com vinhetas de textos funerá­rios, que ajudam o ocupante na vida

64

Page 65: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

A C I D A D E D E T E B A S

após a morte. Os textos mais comuns são o Livro do Amduat, o Livro dos Portões e o Livro das Cavernas.

Os Feitiços Para Lançar Todo Dia (ou o Livro dos Mortos), são especial­mente comuns tanto em tumbas reais quanto em não reais, e compreendem 189 feitiços baseados nos Textos da Pirâmide e de Caixão mais antigos, alguns dos quais devem ser escritos em objetos e materiais particulares. O feitiço mais importante desse texto funerário é o de n° 125, o "Juízo dos Mortos", que inclui a pesagem do coração e a confissão negativa.

Tanto o Livro do Amduat como o Livro dos Portões esboçam a jornada noturna de 12 horas do deus sol. Cada hora é separada por um portal guardado por um demónio, e muitas vezes são estes que estão representa­dos nas paredes das tumbas. O deus sol viaja pelas 12 horas em uma barca

solar, acompanhado de seu séquito; ele é a divindade de cabeça de car­neiro no centro.

Ele renasce para o mundo no final das 12 horas e se transforma no besouro escaravelho, que repre­senta o deus Sol no alvorecer. Algumas imagens mostram a deusa do céu, Nut, engolindo o sol no crepúsculo e dando-lhe à luz ao amanhecer.

A partir do reino de Thutmosis Menkhepette, a Litania de Rd foi introduzida e Seti, o pai do rei atual, colocou-a no corredor de entrada de sua tumba. Acredita-se que Ramsés fez o mesmo. A Litania de Rá mostra o deus sol em todas as 75 formas, muitas delas conectando-o a outras divindades, a fim de mostrar o sol como a chave de toda a vida e, também, acentuar a conexão solar com o rei.

As FERRAMENTAS DOS ARTISTAS

Os artistas que criam essas obras de arte o fazem com as ferramentas

mais simples. Os pincéis são feitos de junco, cuja ponta é desgastada e

dobrada, com as extremidades firmemente atadas ao cabo para criar um

laço na ponta. Esse laço é cortado, criando o pincel.

As próprias tintas são feitas de pigmentos, moídos em um pó fino que é

misturado com uma goma solúvel em água. Cada cor é composta apenas

quando for necessário e, como algumas delas são mais caras que outras,

são utilizadas com moderação.

. . ^ V • w S '

• • . • . : • • • v . - ; . . :

Page 66: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

G U I A D O V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : E G I T O

C A M I N H A D A S E N T R E A N I M A I S

SELVAGENS AO L O N G O D O N I L O

U M A VEZ Q U E VQCÊ FICOU SATURADO PELA CULTURA E A A R Q U I T E T U -

RA DA REGIÃO DE T E B A S , POR Q U E NÃO FAZER U M CURTO PASSEIO

A G R A D Á V E L AO LONGO DO N I L O E DESFRUTAR DA A B U N D Â N C I A DA

VIDA SELVAGEM Q U E VIVE N A A G U A E NOS P Â N T A N O S ? V A L E A P E N A

OBSERVAR Q U E UM POUCO DA VIDA SELVAGEM A L I EXISTENTE PODE SER

PERIGOSA, MAS É TOTALMENTE POSSÍVEL O B S E R V A - L A DE U M A D I S T Â N ­

CIA SEGURA, A BORDO DE UM BARCO OU ESCONDIDO NOS PÂNTANOS.

A s criaturas mais perigosas no PÁSSAROS E INSETOS

Nilo são seus famosos crocodilos. Se quiser ver algo um pouco Convém ressaltar que eles também se menos perigoso, os pântanos são o escondem nos pântanos e são os maio- lugar ideal, especialmente se você se res matadores do Egito. O segundo interessa por pássaros e insetos. animal mais perigoso é o hipopótamo, Entre as aves, você pode esperar que pode regularmente ser visto chafur- ver a poupa egípcia e o martim-pes-dando nos lugares rasos. Geralmente cador multicolorido, que constroem eles são pacíficos, mas, se forem pertur- seus ninhos no meio dos juncos. Se bados, especialmente quando os filho­tes estão por perto, podem se tornar bastante malvados, sendo até capazes de matar um crocodilo.

O bocejo ameaçador do

crocodilo do Nilo.

^i^ife *n'H^,

tiver muita sorte, talvez você até veja mangustos rastejando furtivamente para roubar ovos.

Outros pássaros a serem obser­vados incluem a íbis, sagrada para o deus Thoth, e o falcão, sagrado

\m

w ááfc^W"

^ ^

66

Page 67: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

A C I D A D E DE T E B A S

AM i

O martim-pescador multicolorido.

pita. o deus Horus. Avistar esses pássaros em voo além de ser uma bela visão, é também considerado um bom agouro.

Ao lado dos muitos pássaros, mirí­ades de borboletas e libélulas agitam--se ao som da incessante cacofonia do coaxar dos sapos e do chilreio dos gafanhotos, mesmo quando eles ficam escondidos no meio dos juncos.

P E I X E S

No Nilo propriamente dito, peixes nadam em grande abundân­cia, e sempre é possível ver muitos pescadores pescando com suas redes de arrasráo. Contudo, se o pescador

A poupa egípcia.

capturar uma lampreia ou peixe-gato do Nilo, ele devolverá o peixe ime­diatamente, pois o mesmo está asso­ciado à fertilidade de Osíris: matá-lo e comê-lo seria realmente muito azar.

Dentre os peixes comuns mais consumidos estão o peixe-palhaço, a carpa e a enguia-elétrica, sendo, de fato, uma beleza vê-los nadando em seu habitat natural.

A lampreia sagrada do Nilo.

Cf "ntsspz^m -s, ,ÂJ l

V^"'' '."7T.>x

'li 'í:?./' :

. . . • , ; • ; • - • • ' •

67

Page 68: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito
Page 69: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

ÁREAS

PRÓXIMAS

Embora haja em Tebas mais do que o suficiente para

manter ocupado até mesmo o visitante mais ativo,

o resto do Egito também tem muito a oferecer, desde

cidades cosmopolitas e portos comerciais movimenta­

dos, até pequenos templos. Se você procura um fim

de semana agitado ou um retiro religioso, o Egito

tem tudo isso.

O país está dividido em três regiões: o Baixo, o Alto

Egito e a Núbia. O Egito do Norte, ou Baixo Egito,

cobre o Delta, desde o Grande Verde (o Mar

Mediterrâneo) até Mennefer, inclusive a cidade de

Pi-Ramsés e os campos de pirâmides de Gize e

Saqqara. O Egito do Sul, ou Alto Egito, começa em

Mennefer e continua para o sul até a Núbia, a qual

se estende ainda mais para o sul.

Page 70: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

GUIA DO VIAJANTE PELO MUNDO A N T I G O : EGITO

A CAPITAL DE P I - R A M S É S

QUANDO ESTIVER NO NORTE DO EGITO, NAO DEIXE DE

VISITAR A CIDADE REAL DE P | - R A M S É S , A CIDADE

APRIMORADA PELO REI ATUAL. E S S A CIDADE LOCALI-

ZA-SE NO DELTA ORIENTAL E PODE SER ALCANÇADA

POR VIA MARÍTIMA, A PARTIR DOS LAGOS DE H O R U S ,

OU PELA ESTRADA DE H O R U S , DESDE O S IN AI . ELA

ESTÁ SITUADA SOBRE DOIS MONTES RODEADOS DE

PÂNTANOS, QUE OFERECEM MARAVILHOSAS PESCA­

RIAS E CAÇADAS DE AVES SELVAGENS.

Embora seja uma antiga cidade portuária, Pi-Ramsés passou

por reformas recentemente e Ramsés pretende torná-la rival de Tebas tanto em beleza como na arquitetura.

A cidade é bem popular e muita gente mudou para lá, vindo de todas as partes do Egito. Nas ruas da cidade, especialmente no centro, perto do palácio, não fique surpreso se encon­trar pessoas conhecidas: os príncipes reais, o vizir ou funcionários reais como o escriba do rei ou até mesmo o

comandante do exército — um viri uai Quem ê Quem da corte ramessida.

o Q U E VER

A cidade conta com uma grande presença militar - tanto as casernas como os estábulos reais estão situados ali. A cidade também é notável por ter sido o ponto de partida da grande batalha de Ramsés em Kadesh, no quinto ano de seu reinado (há 60 anos). Os estábulos, se você tiver a oportunidade de visitá-los, são imen-

Muitas mansões ostentam uma banheira funda de calcário.

70

Page 71: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

Á R E A S P R Ó X I M \ s

sos c mantêm nada menos que 500 dos melhores cavalos do Egito.

Como porto, a cidade Pi-Ramsés é também um ótimo lugar para o visitante adquirir muitos artigos importados diretamente do barco, inclusive óleos, perfumes, madeiras, pedras e metais.

Pi-Ramsés é a residência oficial de Ramsés Usermaatra-Setepenra e o palácio dele pode ser encontrado em pleno coração da cidade - embora não esteja aberto ao público.

Há também muiros templos na cidade: quatro maiores, todos aces-sados por elaboradas avenidas de

í i

I \

\ S II !-!; I I ' Há muitos templos para o deus

[ Seth em Pi-Ramsés, algo que você não

\ p verá em nenhum outro lugar no Egito.

l i Geralmente-as pessoas ficam aborre-

! j cidas com o deus do caos, sentindo-se

r mais seguras ao não adorá-lo.

Pata o visitante do Egifo, essa divin­

dade pode parecer incomum, já que

\ I é parte homem e parte animal, mas et

j l parteanimal éirreconhecível O animal

. representa , o- caos, um antianimal.

j I,

esfinge, c inúmeros santuários e cape­las menores, cujo acesso é mais fácil.

O templo principal, que é dedi­cado a Amon-Rá-Horakhty-Atum, fica no centro da cidade, perto do palácio, e iguala Ipet-Sut em tama­nho. Seu portão principal é domi­nado por quatro estátuas colossais, criando uma fachada semelhante à de Abu Simbel (ver p. 94). A maio­ria desses templos é dedicada a vários deuses pessoais de Ramsés, embora o culto principal no Delra Oriental e em Pi-Ramsés seja para o deus do caos, Seth — que é a divindade prote-tora da família ramessida.

Embora Seth, o deus do caos, ngp seja '

mau, ele è simplesmente o oposto: dá

ordem representada pelo deus Horus. •

Sem: o caos, a ordem não pode existir;

sem Seth, Horus seria irrelevante.

Do começo ao fim, na história

egípciao rei tem sido a encarnaçãodo

deus Horus, embora boa parte deles

— inclusive o rei atua! e seu pai , Setí -

continuem sendo o "Horus Vivo", ado-

taram o deus Seth por conta própria. :

••'• O Q.(JE H& P A R A V S R

0'"CULXO'bE'SETH

71

Page 72: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

G U I A DO V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : E G I T O

A CAPITAL DE M E N N E F E R

N O N O R T E D O E G I T O É E S S E N C I A L VISITAR A C I D A ­

D E D E M E N N E F E R ( O U M Ê N F I S , " E S T A B E L E C I D A E

J | B E L A " ) . C A P I T A L D O P R I M E I R O NOMO ( D I S T R I T O ,

VILA OU MUNICfPIO) DO BAIXO EGITO E CAPITAL AD­

MINISTRATIVA EGÍPCIA, ELA CONSERVOU SUA IMPOR­

TÂNCIA COMO CENTRO RELIGIOSO E ADMINISTRATIVO

DESDE OS TEMPOS MAIS REMOTOS. ACREDITA-SE

QUE TENHA SIDO FUNDADA PELO REI MENES, SU­

CESSOR DE N A R M E R . F O I A R E S I D Ê N C I A R E A L N O S P R I M Ó R D I O S

E F I C O U C O N H E C I D A C O M O I N E B - H E D J ( M U R O S B R A N C O S ) , P O R

C A U S A D E S E U P A L Á C I O F O R T I F I C A D O .

Como se tratava da residência

real, os cemitérios reais de lá

são imensos, cobrindo 6.603 cúbitos

quadrados. Apenas alguns túmu­

los ficam de fato dentro da própria

cidade, em uma pequena necrópole

utilizada durante cerca de 130 anos

após o fim da idade das pirâmides.

Todos os outros cemitérios ficam na

margem ocidental do Nilo.

A posição de Mennefer é impor­

tante para o controle do tráfego no sul e

no Delta; e como está situada no Nilo, é

uma excelente posição para um grande

porto. De fato, todo o comércio dos

territórios do norte passa por lá.

Isso elevou Mennefer à categoria

de cidade comercial, com as ruas api­

nhadas de comerciantes, marinheiros

e soldados, além de oficinas que pro­

duzem constantemente mercadorias

para exportação.

1 V

1 .. „!# J

\

ç_

A ! í

£ '©' E i

TEMPLOS DE MENNEFER j

A Portal de entrada B Grande salão de liipostilo C Grande muro que cerca o terreno

do Templo de Ptah D Templo de Hathor E Templo de Seti F .... Casa de embalsamar touros Ápis G Templo de Ramsés

72-

Page 73: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

Á R E A S P R Ó X I M A S

A T E O L O G I A M E N F I T A

como o deus sol, que foi então respon­

sável pela criação da geração seguinte

de divindades, Shu e Tefnut (ar e

Ao visitar a cidade sagrada de umidade) pelo ato da masturbação.

Mennefer, você notará que o deus Ptah Por seu turno, eles deram origem, da

é honrado ali como o criador supremo. maneira mais habitual, a Geb e Nut (a

Segundo a lenda, Ptah estava pre- terra e o céu), que também se uniram,

sente antes do monte primitivo e criou dando origem a Osíris, Isis, Nephthys

para si próprio uma forma física, antes e Seth.

de criar o monte sobre o qual

o mundo conhecido nasceu.

A criação ocorreu por causa

de um desejo do coração de

Ptah, o qual se tornou mani­

festo quando ele proferiu a

Palavra. Desse modo, ele

pronunciou o nome do deus

Atum, que passou a existir

Enquanto isso, Ptah criou o

resto do mundo conhecido,

inclusive todos os deuses, a

humanidade inteira, todo

gado e todas as coisas vivas

que rastejam. Em Mennefer,

acredita-se que Ptah esteja

presente em todas as criatu­

ras vivas.

Ptah, o criador supremo.

O CULTO DE PTAH

Mennefer é o centro de culto de Ptah, sua consorte Sekhmet, e o filho Neferturn. O templo princi­pal do lugar é para Ptah. Durante séculos, havia ali um templo, mas o que lá está hoje foi construído recentemente por Ramsés. Ele reu­tilizou alguns blocos de cobertura da pirâmide de Saqqara e substituiu templos mais antigos de Amenemhat Nymaatra, Thutmosis Menkheperre e Amenhotep Nebmaatra.

O portal de entrada a oeste do muro religioso que cerca o terreno pertence a Ramsés, assim como as

entradas menores no norte e no sul do recinto cercado. Estas são feitas de maneira mais elaborada, até pela colocação pouco sutil das colossais estátuas dele próprio, que servem para enfatizar que o mesmo Ramsés deificado é adorado ali.

Logo do lado de fora dos muros do complexo de Ptah, a leste, Ramsés construiu um pequeno templo dedicado a Hathor; e a sudoeste do templo de Ptah há um templo está­tua dedicado à forma deificada do próprio, a fim de marcar firmemente o nome dele em Mennefer como o construtor de templos.

73

Page 74: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

G U I A DO V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : E G I T O

O T E M P L O D E RÁ EM I U N U

A CIDADE DE IUNU É IMPORTANTE DESDE A IDADE DAS P I R Â M I D E S

E DESDE ENTÃO SERVIU DE MODELO PARA MUITAS CIDADES P R I N ­

CIPAIS, INCLUSIVE A PRÓPRIA T E B A S . T R A T A - S E DA CAPITAL DO

1 3 o NOMO DO BAIXO EGITO E CONTINUA NA VANGUARDA DO CULTO

SOLAR; OS REIS TÊM AMPLIADO ESSE TEMPLO E, NA VERDADE,

ESSA GRANDE CIDADE HÁ MAIS DE MIL ANOS. U M DOS REIS MAIS

ANTIGOS REGISTRADOS NO LOCAL FOI DJOSER, O CONSTRUTOR DA

PIRÂMIDE DE DEGRAUS.

Iunu foi um lugar especialmente importante para os cultos sola­

res e funerários e, por isso, vários campos de pirâmides são avistados do templo na margem ocidental do Nilo. Não apenas as tumbas eram visíveis do templo, mas o templo era visto das tumbas.

No sudeste de Iunu fica a Montanha Vermelha, com sua pedreira de quartzito, que caracteriza muitos aspectos das construções de Gize, Mennefer e dos monumentos Iunu. Essa é uma pedra destinada especialmente à mineração e, por­tanto, é utilizada apenas em estátuas e inscrições da mais alta qualidade.

o TEMPLO PRINCIPAL

O templo principal de Iunu, conhecido como Hwt Aat (o Grande Santuário), foi construído em um monte conhecido como a "Areia Alta" no centro do grande muro que cerca o terreno do templo, o qual se estende por mais de 1.886 cúbiios

de leste a oeste. Esse monte é con­siderado pelos egípcios o Monte da Criação, de onde surgiu a própria vida pela primeira vez.

Os obeliscos também são adapta­ções da pedra benben, representativa do Monte da Criação e, portanto, um foco apropriado do templo; na verdade, muitos foram erguidos ali. O primeiro templo visível nesse monte foi construído logo após o final da Idade das Pirâmides.

Os destaques desse projeto são os dois obeliscos verticais de Senusret Kheperkara que flanqueiam a entrada do grande templo no centro do grande muro que cerca o terreno religioso, embora os obeliscos mais antigos do lugar tenham sido cons­truídos por Teti, um dos reis poste­riores à Idade das Pirâmides, e pode existir alguma estrutura, de data mais anterior, embaixo desta. Thutmosis Menkheperre também acrescentou três pares de obeliscos ao local, e o tamanho deles é, em média, o mesmo

74

Page 75: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

ÁREAS PRÓXIMAS

O C O M P L E X O DO

T E M P L O DE R Á

A Grande portai de entrada

B Pátio aberto C Pátio em coiunata

0 Obeliscos

E Santuário da barca

daqueles de Ramsés em Luxor. No total, existem 16 obeliscos

no templo e, com isso, o olho é automaticamente levado em direçáo ao céu e ao sol.

AMPLIAÇÕES RECENTES

O atual rei Ramsés também deixou suas contribuições em Iunu, na forma de estátuas colossais, e Seti, seu pai, ergueu dois portais de pedra calcária repletos de obelis­cos e estátuas colossais, criando uma fachada impressionante.

A entrada do templo principal fica no leste e o acesso se dá pela estrada do deserto montanhoso ou por via marítima, mais paisagística, que chega

ao porto do templo pelo canal de Ity antes de entrar no templo ao longo do caminho processional alinhado com esfinges de calcário, cada qual com mais de 14 cúbitos de comprimento.

Isso vai levá-lo a dois templos: o templo de Atum, que fica de costas para o templo de Rá-Horakhty. Existem, de fato, muitos santuários e muitas capelas, dedicados por reis durante os últimos 500 anos, que ficam anexos ao templo principal de Rá, e a quantidade deles está aumentando.

Sendo assim, o complexo desse templo é maior que Ipet-sut (Karnak), em Tebas, e o visitante, se conseguir o acesso, realmente deve dedicar uma tarde inteira ao luear.

Page 76: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

G U I A DO V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : E G I T O

O C O M P L E X O DE SAQQARA

S E R I A UMA PENA NÃO VISITAR AS FAMOSAS PIRÂMIDES DO EGITO

QUANDO VOCÊ ESTIVER NA REGIÃO. C A D A UMA DELAS É UM MO­

NUMENTO ESPETACULAR COM MAIS DE I . 2 0 0 A N O S . C O N T U D O ,

HÁ MAIS DE CEM PIRÂMIDES NO E G I T O ; PORTANTO, NÃO CONSIDE­

RE VIÁVEL A VISITA A TODAS ELAS. P O R ISSO, PROCURE SEGUIR

A ORDEM CRONOLÓGICA PARA AQUELAS QUE P R E T E N D E VISITAR.

Isto significa que a primeira parada deve ser o complexo da Pirâmide

de Degraus de Djoser - a primeira estrutura monumental de pedra do mundo conhecido - em Saqqara, na necrópole de Mennefer. O próprio local está salpicado com complexos de pirâmide e tumbas desde a Idade das Pirâmides até os dias de hoje.

Essa pirâmide começou como uma tumba mastaba tradicional (semelhante a um banco), e consistia de uma cova funerária escavada na terra com uma superestrutura de tijo­los de barro no topo. Inicialmente,

Uma precursora das pirâmides

posteriores: a Pirâmide dos Degraus de Djoser.

tais estruturas eram apenas montes de pedregulhos do deserto, mas, gradualmente, foram se tornando mais complexas, com câmaras e passagens internas, porém, ainda mantendo a câmara funerária sub­terrânea. Inicialmente, Djoser tinha uma mastaba de cerca de 130 cúbitos de comprimento por 20 cúbitos de altura, mas ele decidiu melhorá-la estendendo-a para cima e acrescen­tando mais construções parecidas com bancos, até que se formassem os seis degraus que são vistos ainda hoje.

Cada bloco de pedra utilizado na construção dessa estrutura tem o mesmo tamanho e as mesmas dimen­sões que um tijolo de barro tradicional e foi projetado para durar para a eterni­dade. Ela se eleva a mais de 120 cúbi­tos de altuta e, quando concluída, foi revestida com blocos de calcário, rece­bendo um acabamento liso e brilhante.

Assim como todas as pirâmides, a Pirâmide dos Degraus faz parte de um complexo mais amplo, embora este em especial seja muito diferente dos outros. Djoser construiu um

76

Page 77: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

ÁREAS PRÓXIMAS

\ ' * . . . . . • • • • í "

C , )

Ml i '•>•

" - • . . _ _ ;',•>' j "'-';• ' 'Bi,

\ .....j | '•...:'..':" 1 Y .

C O M P L E X O DE S A Q Q A R A

! A Pirâmide de Sekbemkhet D Tumbas de Mastaba i B Tumbas de Horemheb e Tia E Pirâmide de Degraus

I C Pirâmide de Unas deDjoser

1

£

•" D

g •• ""-• 11'. '" -., i

•D

D

D

F Pirâmide de Userkaf G Pirâmide de Tetl H Tumba do Touro Ápis

'—, Z

reino completo em tamanho natural para que pudesse governar na vida após a morte. Porém, cada prédio é uma "imitação", com as portas petmanentemente abertas e sem a possibilidade de se encaixarem nos batentes de pedra; as salas e os corre­dores levam a paredes de tijolos, e as escadarias não vão a lugar nenhum. Mas, como é de conhecimento geral, na vida após a morte esse local magi­camente se torna "de verdade", for­necendo ao rei tudo o que ele precisa.

Muitos dos elementos desse com­plexo são interessantes para o visi­tante, a começar pela sala sustentada por pilares que leva ao complexo principal, onde cada pilar representa um feixe de juncos. Cada pilar é esculpido para fora das paredes em

vez de ficarem soltos na vertical, criando, a partir disso, uma série de pequenas câmaras. Esse salão leva a um pátio aberto com marcadores da corrida do hebsed — quando o rei corre em volta dos marcadores para provar seu valor como rei. Embora isto não esteja mais em uso, os turis­tas mais atléticos podem testar sua agilidade correndo por esses marca­dores no calor escaldante do deserto.

OUTROS LUGARES

INTERESSANTES

Depois de examinar os edifícios simulados do complexo de Djoser, o visitante poderá passear pelas outras estruturas e monumentos em Saqqara.

Embora o complexo Djoser não esteja mais em uso, outros recursos

77

Page 78: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

( i I I I A l> O V I A ) A N T I' I ' I'. 1. <> M u N nu A N T I Í; < i: Ui: i r o

da área ainda estão sendo utilizados e, de fato, Tia — a irmã de Ramsés, o rei atual — tem seu monumento funerário e sua tumba construídos nesse lugar. A tumba do templo do grande rei Horemheb fica bem ao lado da tumba de Tia, e Ramsés de fato ampliou o sepulcro do mesmo, em gratidão ao fato de ele ter nomeado o primeiro Ramsés, avô do rei, como seu sucessor.

Embora fechado para o público, é possível deixar oferendas para o ka do falecido rei no portal de entrada.

A T U M B A DO T O U R O Á P I S

Ao noroeste da Pirâmide de Degraus de Djoser fica a tumba do Touro Ápis, uma grande estrutura subterrânea composta pelas grandes câmaras funerárias dos touros sagra­dos e suas mães.

O Touro Ápis, quando vivo, abriga o espírito do deus Ptah e é adorado localmente; porém, após a morte, o Touro Apis é associado ao deus Osíris, enquanto após a morte a mãe do touro seja associada a Isis.

Embora as catacumbas fiquem fechadas para o público, é possível deixar oferendas ou esteias votivas na tumba, havendo, de fato, muitos desses objetos coloridos à mostra.

As T U M B A S D E M A S T A B A D A

I D A D E DA P I R Â M I D E

As tumbas de mastaba eram utili­zadas tanto como tumbas reais como não reais na época de Narmer, embora tenham sido abandonadas pela família real durante a Idade das Pirâmides.

As primeiras mastabas consistem de

uma cova funerária subterrânea com estrutura de tijolos de barro no topo, mas lentamente elas se desenvolve­ram em estruturas subterrâneas mais complexas, com câmaras separadas por repartições de tijolos. No con­junto, elas não são decoradas, mas há algumas com câmaras funerárias cui­dadosamente pintadas. Como os sepul-tamentos foram realizados anres que as superestruturas fossem construídas no topo, as estruturas mais antigas não são acessíveis ao turista, embora as que foram expostas possam ser visitadas.

As mastabas posteriores, porém, foram terminadas antes do sepulta-mento, e a superestrutura é oca, com uma escadaria ou rampa que leva às câmaras funerárias embaixo da terra. Essas rampas foram bloqueadas depois do sepultamento, na tentativa de impedir a infiltração de ladrões na tumba e o roubo de objeros funerá­rios. As superestruturas funcionam como capelas, onde a família pode ir e deixar oferendas e orações ao fale­cido sem ingressar na própria câmara funerária. Estas, muitas vezes, com­preendem intricados labirintos de salas altamente decoradas.

D E N T R O D A S T U M B A S

Embora não oficialmente abertas ao público, é possível entrar em algu­mas estruturas - aquelas sem paren­tes vivos que conservem a tumba ou aquelas em que as famílias estão dispostas a permitir o acesso. Existem cemitérios de centenas de tumbas de mastaba em muitos campos de pirâmides no Egito, ocupados pela

?8

Page 79: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

Am

nobreza sob proteçáo do proprietário da pirâmide. Porém, os mais belos rncontram-se em Gize, Saqqara e Abdju — de modo que sempre haverá alguns por perto para visitar.

Tendo conseguido acesso a uma mastaba, você será recompensado por muitos relevos belamente esculpidos ou pintados da vida diária do proprie­tário da tumba, inclusive cenas de pesca e caça de aves selvagens, de caçadas e imagens bastante semelhantes à vida de pescadores e açougueiros em seu trabalho. Se for capaz de ler hieróglifos, as conversas escritas acima das cabeças deles podem fazê-lo corar de vergo­

nha - especialmente as dos pescadores e de outros trabalhadores dos barcos. Entretanto, o visitante mais refinado pode se encantar com as cenas dos fabricantes de jóias, dos fabricantes de perfume e dos pedreiros e, em seguida, examinar a obra ao redor, na forma das estátuas nas serdabs ou das estátuas de ka, em todas as partes das tumbas.

Mesmo quem não consegue obter acesso às tumbas deve perambu­lar pelo local, que mais parece uma cidade dos mortos. Trata-se de uma experiência das mais enriquecedoras, tendo apenas o vento e, eventual­mente, um chacal como companhia.

Mererukct foi vizir, presidente

do supremo tribunal, inspetor dos

sacerdotes e dos locatários e, ainda,

supervisor do harém durante o rei­

nado de Teti, há cerca de 1.200

anos. Embora fosse de nobre nas­

cimento, ele conseguiu seus cargos

importantes, basicamente, graças

ao casamento com Seshseshat, a

filha do rei.

A tumba mastaba dele, em

Saqqara, fica no campo de visão da

pirâmide de Teti e é a maior tumba

da necrópole, contando com 32 salas

divididas em duas suites, uma para

ele próprio e outra para a esposa.

Um de seus filhos, Meri-Teti, também

foi enterrado no lugar. As paredes

de cada uma das salas mostram

muitas cenas da vida diária escul-

M E R E R U K A

pidas com requinte, inclusive sobre

a agricultura, a pesca e as oficinas

dos artesãos que ele supervisionava,

por dever de ofício. Uma cena espe­

cialmente interessante na suite de

Seshseshat mostra até mesmo a prin­

cesa sentada em sua cama, entre­

tendo Mereruka com seu belo jeito de

tocar harpa.

Por toda parte, na tumba, há

diversas estátuas de Mereruka,

inclusive uma que surge da parede

do salão de pilares, e, ainda, muitas

estátuas de tamanho natural, escon­

didas a distância em serdabs. Há

também muitas portas falsas, escul­

pidas em muitas câmaras para ofe­

rendas de comida a serem deixadas

pelos sacerdotes ou visitantes - por­

tanto, vá preparado.

79

Page 80: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

G U I A D O V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : E G I T O

A GRANDE P I R Â M I D E DE K H U F U

A MAIOR PIRÂMIDE DO PLANALTO DE GlZÉ É CONHECIDA LO­

CALMENTE C O M O " A K H E T K H U F U " — o H O R I Z O N T E DE K H U F U .

TRATA-SE DA MAIOR PIRÂMIDE DO EGITO, SENDO UMA VERSÃO EM

GRANDE ESCALA DAQUELA DE SNEFERU, PAI DE K H U F U , LOCALI­

ZADA EM DASHUR.

Ocomplexo de Khufu compõe-se

da própria pirâmide principal e

mais três pirâmides-satélite a leste da

estrutura principal, pertencentes a

suas rainhas. A pirâmide-satélite ao

norte foi para sua mãe Hetepheres, a

do centro para sua esposa Meritetes e

a mais ao sul pertenceu a Henutsen,

sua meia-irmá.

Todas essas pirâmides ficam dentro

de um grande recinto fechado por um

muro que cerca o terreno funerário,

composto de um vale e um templo

1 ' Hh__

mortuário ligados por uma longa cal­

çada coberta, utilizada para a procis­

são da múmia de um templo a outro,

antes do sepultamento. Há também

um grande cemitério de tumbas mas-

taba de sua família e outros nobres.

A P I R Â M I D E D E K H U F U

A Pirâmide de Khufu tem 275

cúbitos de altura e é revestida de blocos

polidos de calcário. Alguns desses

blocos, porém, estão sendo lamentavel­

mente retirados para a construção de

D

COMPLEXO

DE GlZÉ

â Pirâmide de Kliuíu B Pirâmides das Rainhas de Kliuiài

C Pirâmide de Khephren D A Esfinge E Pirâmide de Menkaure F Pirâmides das Rainhas

de Menkanre

80

Page 81: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

Á R E A S P R Ó X I M A S

edifícios modernos na área. É impro­vável que a pirâmide esteja aberta ao turista, mas dizem que ela possui uma estrutura interna muito complexa, JÍÊBBBÊS A'

com uma longa passagem em descida ^ = = 5 E ^ M H que leva a duas ou três câmaras sub­terrâneas, com corredores extras que levam à câmara funerária do rei.

Devido ao tamanho do monu­mento, a estrutura interna precisa suportar um grande peso, provavel­mente do mesmo modo que a pirâ­mide Dashur, que tem um corredor central com o teto apoiado em cava­letes. Acima da câmara funerária, no centro da estrutura, em vez de no subterrâneo, há câmaras que prova­velmente suportam o peso e impe­dem que o telhado caia sob pressão.

Como não é possível entrar nas pirâmides, o visitante deve se con-

[ • • O' Q U E ' H Á P A U A V E R • .'••

O QUE É PRECISO PARA COKSTRUIR XJMA PIRÂMIDE? |

: ••

•Quando-"você chega ô Grande

Pirâmide cie Krtufu, a primeira coisa

a chamar a atenção é o tamanha.

1 Cada bloco é quase da altura de um

[ homem, e cada um foi arrastada para

j o.lugar fDórwma, equipe de trabalha-,

; dores fories. Assim que se recupe-

• iam do susto causado pelo tamanho,

í " muitas' pessoas, especulam: a respeito.

de; quantos blocas foram utilizados

'"••na construção; Mais de uma noite

.'..lof passada discutindo essa questão,..."...'

com estimativas entre 700 mil e quase

4 milhões de blocos. No entanto,» nin­

guém jamais saberá a resposta sem |

desmontar a pirâmide! ... 1

A estrutura é fatalmente revestida ] j

do belo calcária branco; da pedreira i |

de lura, perto deGizé. . ]

O complexo de Gize é muito mais do

que apenas a Grande Pirâmide.

centrar na área circundante. Bem ao lado da Pirâmide de Khufu existem cinco covas de barca em tamanho natural, seladas com enormes lajes de calcário; presumivelmente, em cada uma delas existem barcas de tamanho natural. O funeral do rei incluía pelo menos uma barca de madeira para trazer a múmia da margem oriental para a ocidental; por isso, pelo menos

8 i

Page 82: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

G U I A DO V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : E G I T C

uma dessas covas contém a barca funerária. As dimensões e o material da barca foram perdidos no decor­rer dos séculos, mas, não raramente, essas embarcações eram desmontadas para o sepultamento.

Uma vez que o visitante se maravi­lhou com o tamanho e a estrutura das pirâmides no local, o próximo lugar lógico para se visitar seriam as tumbas mastaba da Idade das Pirâmides - a saber: a necrópole dos nobres de Khufu, Khafra e Menkaure.

C O M O AS P I R Â M Í D E S F O R A M

C O N S T R U Í D A S

A pergunta que vem à mente de todos os visitantes quando estão diante de um monumento como a Pirâmide de Khufu, é: "como isso foi construído?". Bem, para come­çar, mais de 20 mil pessoas foram empregadas na construção da Pirâmide de Khufu.

A primeira etapa consistia em nivelar o terreno antes de orientar os cantos da pirâmide para os quatro pontos cardeais, em alinhamento com a estrela do norte. Uma vez con­cluídas essas preliminares, começava o edifício propriamente dito.

Os blocos eram arrastados desde as pedreiras, com homens colocando totas de madeira na frente de cada

nfif

bloco para criar um sistema de rola-gem. Conforme a estrutura crescia, os métodos mudavam. A manipulação dos blocos, da segunda camada para cima, era facilitada por alavancas e balancins, cada qual manejado por uma equipe de quatro trabalhadores.

Quando a pirâmide ficava mais alta, eram utilizadas rampas de cons­trução: nas pirâmides menores, uma rampa única projetada de um lado, mas nas maiores, uma rampa em espiral era empregada. Na Pirâmide de Khufu, essas rampas seriam impróprias, por conta do tamanho absoluto; portanto, quatto escada­rias foram utilizadas - uma em cada lado da pirâmide.

Uma vez construída a pirâmide inteira, os blocos do revestimento de calcário eram deslizados no lugar, antes de serem alisados e polidos. A parte mais importante da pirâmide era a pedra benben, ou o monre de pedra em forma de pirâmide colo­cado no vértice. Algumas dessas pedras eram banhadas em ouro ou electro, mas mesmo com o patrulha­mento dos medjay, esse ouro era rapi­damente retirado e derretido.

A E S F I N G E

Um dos aspectos mais notáveis do Planalto de Gize é a colossal esfinge, o primeiro monumento desse tipo no

Egito. Ela fica situada no fim da calçada que leva à Pirâmide de Khufu.

Foram necessários cerca de 20 mil

homens para construir a Grande

Pirâmide de Khufu. 1.

Page 83: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

ÁREAS PRÓXIMAS

A Esfinge de Khafra protege o

Planalto de Gize.

A esfinge mostra o rosto casta-nho-avermelhado do rei Khafra, uti­lizando o enfeite de cabeça nemes azul e dourado, e a barba postiça, tudo sobre o corpo de um leão. Seu papel era, basicamente, proteger o planalto, embora a esfinge seja uma divindade por si própria: o deus solar Horemakhet (Horus no Horizonte). Essa divindade está estreitamente ligada ao rei, e seu poder divino e o leão representam um símbolo solar e o poder e a força do rei. Uma está­tua colossal recentemente esculpida existe agora para suportar o queixo da esfinge, mostrando que o deus pro­tege o rei e reafirmando essa conexão.

A esfinge e o templo vizinho da esfinge, dedicado ao rei e a Horemakhet, foram concluídos por Khafra, mas desde então cada rei fez ampliações e melhorias. O acréscimo mais notável é a capela ao ar livre entre os pés da esfinge. Para conseguir aprovação e apoio da divindade solar, Thutmosis limpou a areia do monu­mento e fez reparos na parede do temenos. Embutidas dentro dessa nova parede de tijolos de barro há 17 esteias esculpidas, dedicadas por Thutmosis à Esfinge, além de diversas esteias

pequenas dedicadas por funcionários ricos. Como elas têm mais de 300 anos, vale a pena o esforço para vê-las, mesmo que seja apenas por causa das inscrições e das imagens coloridas.

Acréscimos maiores que esses também foram feitos, inclusive uma parada no caminho, para refrescar os deuses durante as procissões, cons­truída por Amenhotep Aakheperure, e até mesmo um alojamento de caçada real, da época anterior a Horemheb. Esse alojamento era uti­lizado pelo séquito real enquanto caçava no deserto e visitava os tem­plos da esfinge. Existem duas estátuas colossais, construídas por Thutmosis Menkhepeture, que ficam sobre os plintos de pedra no norte e no sul do corpo da esfinge, dedicadas a Osíris, que são lugares ideais para deixar ofe­rendas de comida e orações. Embora seja, principalmente, um lugar de peregrinação real, o visitante não deve desistir de deixar suas próprias oferendas votivas. Qualquer pessoa pode deixar tais oferendas, as inscri­ções mostram os nomes e os títulos de soldados e funcionários, até mesmo de humildes pastores de cabras.

Page 84: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

G U ! A D O V I A J A N T I- P.ELO M l1 N O O A N T I G O : E C T T O

K H E M E N U ( H E R M O P Ó L I S )

/ " ~ j _ . . , \ A CIDADE DE HERMOPÓLIS, CONHECIDA LOCALMENTE

['VÍmri COMO KHEMENU ( " A S O I T O " ) , ESTÁ SITUADA NO M É -

Mm)L DIO EGITO, À MARGEM OCIDENTAL DO N I L O , E É ASSIM

W í \J CHAMADA POR CAUSA DAS OITO DIVINDADES LIGADAS

1 j / ^ 8 i " K AO MITO DA CRIAÇÃO DE O G D O A D . A CIDADE ERA A

^-—IZVMtm»^ CAPITAL DO 1 5 o NOMO DO ALTO EGITO E É DEDICADA

AO DEUS DA SABEDORIA E DA CURA, T H O T H (VEJA NA

INSERÇÃO) . O LUGAR TEM UMA LONGA HISTÓRIA, MAS, NA VER­

DADE, SOMENTE NOS ÚLTIMOS 5 0 0 ANOS COMEÇARAM AS NOVAS

CONSTRUÇÕES POR LÁ.

Oprincipal centro religioso fica

cercado por uma grande área

murada. Os restos mais antigos

do lugar pertencem ao reinado de

Amenemhat Nubkaure, que cons­

truiu um pequeno santuário para

Djehuty e os deuses primordiais; os

seguidores desse culto acreditam que

esse templo foi construído sobre o

Monte da Criação primevo original.

Na área oriental, há um muro

que cerca o terreno menor e secun­

dário, com outro santuário dedicado

a Djehuty e, no oeste, encontra-se a

capela de Amon, orientada no sentido

leste-oeste e construída pelo rei atual,

Ramsés, Na verdade, esse grande

muro que cerca o terreno inteiro é

acessado pelo portão monumental

construído por ele, o qual, por sua

\

KHEMENU

A Colossos de Thoth co

B Templo deTnoth C Templo de Amou

D Colosso de Ramsés

no babuínos

..

" N • •

1

84

Page 85: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

Á R E A S P R Ó X I M A S

vez;, é acessado a partir de um cami­nho processional. O pequeno santuá­rio de Amon apresenta o estilo de uma "Casa de Milhões de Anos" ou templo funerário e possui uma muralha de for­taleza com torres e um palácio de culto. Ao sul do muro maior que cerca o ter­reno, Ramsés construiu também um pequeno santuário para o deus Ptah, a divindade criadora de Mennefer e deus dos artesãos.

Ao norte da entrada do muro menor que cerca o terreno, fica o templo principal do lugar, orientado no sentido do norte para o sul e aces­sado por um novo portal e um cor­redor sustentado por pilares. Dentro do templo existem quatro colossais

estátuas de quartzito de Djehuty em forma de babuínos dedicadas ao grande Amenhotep Nebmaatra. Essas estátuas são o foco do templo e o local de muitas peregrinações para pedir a ajuda ao deus da cura.

Os funcionários que residiam em Khemenu há 700 anos eram enter­rados na necrópole próxima a el Bersha, que compreende algumas das mais belamente decoradas tumbas de rochas cortadas, bem semelhates às de Beni Hasan. Os Textos de Caixão dessa área são especialmente impres­sionantes, como seria de esperar daqueles que dedicaram suas vidas a Djehuty, deus do conhecimento e inventor de hieróglifos.

O K H N U M DE K H E M E N U ( O G D O A D DE H E R M O P Ó L I S )

A cidade de Khemenu recebeu esse nome por causa do mito da criação do

Ogdoad de Khemenu. Havia oito divindades presentes antes que o Monte da

Criação emergisse das águas primitivas - quatro sapos (machos} e quatro cobras

(fêmeas) que se acasalaram dentro das águas primevas, tendo sido seus movi­

mentos responsáveis por desencadear a dinâmica que empurrou o monte para

fora da água, de onde toda a criação começou. Cada casal desses representa um

conceito: Nun (macho) e Naunet (fêmea) representam a água; Amon (macho) e

Amonet (fêmea) representam o oculto; Heh (macho) e Hauhet (fêmea) representam

o infinito, ao passo que Kek (macho) e Kauket (fêmea) representam as trevas.

Assim que o Monte da Criação emergiu da água primitiva, o pássaro henu (a

fénix) pôs o ovo cósmico do qual o sol nasceu pela primeira vez. Esse nascer do sol

viu o "surgimento" de Atum e o início do mito héiiopolitano de lunu.

Page 86: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

G U I A D O V I A J A S T Í. P E L O M U N D O A N T I G O : E G I T O

B E N I H A S A N

ESSE LUGAR NA MARGEM LESTE DO N I L O , NO EGITO MÉDIO, É A

NECRÓPOLE DOS PREFEITOS DO NOMO DE Ó R Y X ( 1 6 ° NOMO DO

ALTO EGITO) , APRESENTANDO PICO ENTRE 9 0 0 E 7 0 0 ANOS

ATRÁS. H Á 3 9 TUMBAS DE PEDRA CORTADA NO LOCAL, EM UM ALTO

CUME NOS PENHASCOS.

Para alcançar o lugar é mais diver­tido chegar de barco e providen­

ciar para que burros o levem pela face do penhasco - embora um pouco do caminho deva ser atravessado a pé. Apesar da dificuldade de ir a esse lugar, vale a pena o esforço, pois são atordoantes as paisagens do Nilo vistas do cume, e há algumas capelas encantadoras sob cuja sombra o visi­tante pode sentar-se e almoçar.

A decoração dentro de tais cape­las é muito informativa no que diz respeito à vida nessa região e ao papel desempenhado pelos prefeitos locais. Muitas das próprias capelas estão abertas, se não para o público, ao menos para os descendentes, que podem comparecer para deixar ofe­rendas para os espíritos dos falecidos. As câmaras funerárias ficam embaixo das capelas, no final de fundos poços.

DENTRO DAS TUMBAS

O esquema geral de todas as tumbas começa pelo átrio na frente da tumba, com a fachada sustentada por pilares eventualmente decorada com relevo esculpido e pintado. A entrada da tumba leva o visitante à face do

penhasco e a um grande salão susten­tado por pilares, reminiscências de um interior doméstico, mas altamente decorado com relevo pintado. Na parte de trás do salão há um pequeno san­tuário de estátua que contém a estátua do ka do proprierário da tumba - em cujos pés podem ser deixados os obje-tos e as oferendas de comida.

Vai depender de muita sorte a quais tumbas você terá acesso, mas todas apresentam uma bela deco­ração. Na tumba de Khnumhotep, procure pela imagem dos agriculto­res que colhem figos e os colocam em um grande cesto - o babuíno na árvore está ajudando a si mesmo a colher frutas, e geralmente causa pro­blemas para os agricultores. A tumba de Baqet tem algumas cenas encan­tadoras de tecelões, fiandeiros, ouri­ves e escultores. A tumba de Khety mostra algumas imagens muito dinâ­micas de soldados em treinamento, inclusive luta livre, levantamento de pesos e luta de varas.

Muitas tumbas contam com as famosas cenas de pesca e caça de aves selvagens, mostrando o pro­prietário da tumba nos pântanos

86

Page 87: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

ÁREAS PRÓXIMAS

íiiilIilllillIltoMlililí

l i : jr^-w* f

;^f|t!lilftflfl HísíHííisiniiii:

f^fí 3 » * ^

A re»i« de pesca e caça de aves selvagens que decoram muitos interiores de tumbas.

caçando pássaros e capturando peixes. A tumba de Khnumhotep também ostenta a imagem de uma expedição comercial entre o gover­nador local e os Heqa Haswt, os asi­áticos, que controlaram o Egito até que o grande Ahmose os expulsasse — uma representação muito rara.

O SPEOS ARTEM1DOS

Logo ao sul da necrópole de Beni Hasan encontra-se o santuário de pedra cortada de Seti Menmaatra, chamado de Speos Artemidos, que consiste de um vestíbulo e um san­tuário ligados por um corredor curto.

Seti não foi o construtor original do santuário, pois ele o usurpou, embora Thutmosis Menkheperre já houvesse acrescentado seu nome às inscrições originais.

Esse santuário foi dedicado a Pakhet, a deusa local de cabeça de leão ("Aquela que Coça"), mas ficou inacabado. Há esboços de colunas de cabeça de Hathor na fachada da

entrada e colunas de Osírides inaca­badas na parte de trás. Um santuário na parte de trás do templo conta com uma estátua da deusa Pakhet.

Um texto interessante descreve um pouco da destruição causada pelos Heqa Haswt e os reparos exe­cutados pelo construtor do templo. Apesar de ser um texto importante, trata-se de pura propaganda, já que o templo foi construído cerca de um século depois que os Heqa Haswt foram expulsos do Egito.

O santuário de Speos Artemidos, ao Sul da necrópole de Beni Hasan.

87

Page 88: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

G U I A D O V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : E G I T O

ABDJU

A LOCALIDADE DE A B D J U , LOGO AO NORTE DE T E B A S , FOI IMPOR­

TANTE DURANTE MILHARES DE ANOS. TODOS OS REIS DO PERÍODO

MAIS ANTIGO ESTÃO ENTERRADOS NESSE LUGAR, ONDE O PAI DO

ATUAL REI CONSTRUIU SEU TEMPLO FUNERÁRIO, O QUAL FOI C O N ­

CLUÍDO E MELHORADO POR R A M S É S . O LUGAR SE ORGULHA DE

CONEXÕES COM O DEUS O S Í R I S .

Na mitologia de Seth e Osíris,

quando Osíris foi desmem­

brado e seu corpo espalhado por

todas as partes do Egito, diz-se que

sua cabeça foi deixada em Abdju.

Porém, é mais comum essa loca­

lidade ser considerada o lugar do

sepultamento do próptio deus, e

todos os reis desejam ser enterrados

no mesmo lugar.

A maior parte dos sepultamentos

reais não se realiza de fato nesse lugar,

mas as tumbas postiças simbólicas do

sepultamento e os monumentos reais

significam que nesse lugar o ka de um

rei pode viajar na vida após a morte.

Ahmose, o rei que derrotou os

Heqa Haswt soberanos do Egito,

construiu um complexo funerário

nesse local. Este é composto de uma

construção semelhante a uma pirâ­

mide, uma capela dedicada a sua avó,

Tetisheti, um templo com terraço e

uma tumba inacabada para Osíris.

o TEMPLO DE SETI MENMAATRA

O edifício principal no lugar é o

templo funerário de Seti Menmaatra,

V E

%;-":"\ \\- li" •• \

ABDJU

A, Templo cie Ahmose

B Capela para a máe de

Ahmose

C Pirâmide inacabada

D Templo com terraço

E Templo ftmcniiio de Seti

• Menmaatra -, \

F / {Templo de ccnotáfio.de

Ramsés-.. \

G Tumba de Osíris

88

Page 89: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

Á R E A S P R Ó X I M A S

0 pai do rei atual, que o expandiu. Trata-se de um templo complexo, com um pouco da decoração em alto-relevo mais impressionante do Egito. Um elemento arquitetônico do templo Seti é composto pelas sete capelas que começam no salão de hipostilo principal, cada uma deco­rada com ilustrações coloridas dos fes­tivais que eram realizados lá dentro. Uma das cenas mais espetaculares é a do jovem príncipe Ramsés (antes de chegar ao trono) participando da primeira caçada ao touro selvagem, ajudado pelo pai. Isso aconteceu na época em que o rei Seti percebeu que seu filho era adequado para ascender ao trono.

O próprio Ramsés construiu um templo de cenotáfio no lugar, a

• . O Q U E HÁ'

l i , . . . ' • . • ' • • . ' . ' • " ; • • • : • .

M O N U M E N T O IDE

; Um dòs maiores monumentos no

• . Egito ê o grande muro que cerca o

1 l" terreno funerário eta Khasekhemwy,

I-;: pai de Pjoser. Esse- m 'tem dois. monu-

mentos, was o mais impressíofiante fico

• em Abdju. Sua tumba tem 132 cúbitos

| de comprimento è incíui, no total, 42

despensas, outrora cheias de objetos

funerários, embora estes tenham sido

roubados há muito tempo.

O templo de Seti em Abdju ostenta o mais perfeito alto-relevo do Egito.

noroeste do templo de seu pai. Embora em menor escala, era uma cópia de seu templo funerário em Tebas, composto de um portal e de um pátio em colunata, que levavam a duas capelas na parte de trás do templo, um dedicado a Seti deificado, e outro aos Ennead dos mitos da criação.

P A R A V E R

KHASEKHEMWY

' " ' ' " ' • ' " ' ' • • " ' • • ' '

: ' - • , • •

Também em Abdju fica Shenut

el-Zebib, uma:, enorme muralha que

cerca o'terreno, feita de tijolos de

barro de muros duplas., construída par

Khasekhemwy na borda Úo planalto

do deserto, onde encontrasse a vege­

taçãoque rodeia a necrópole.

A visita a esse lugar vale a pena o

esforço, mesmo que seja apenas para í

ver seu tamanho monumental.

Page 90: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

G U I A DO V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : E G I T O

KEBET ( C O P T O S )

A CIDADE DE KEBET É IMPORTANTE PARA TODO O EGITO E, POR

ISSO, MERECE SER VISITADA. COMO A CAPITAL DO QUINTO NOMO

DO ALTO EGITO, FICA HÁ CERCA DE 7 . 5 4 7 CÚBITOS AO NORTE DE

TEBAS, NA ENTRADA PARA O W A D I HAMMAMAT À MARGEM LESTE

DO N I L O , E É O PONTO DE PARTIDA DE EXPEDIÇÕES ÀS MINAS DE

OURO E ÀS PEDREIRAS DE BRECCIA (BRECHA), PERTO DO DESER­

TO ORIENTAL. TAMBÉM FICA NA ROTA PARA O MAR VERMELHO;

ASSIM, COMO O VISITANTE PODE BEM IMAGINAR, TRATA-SE DE UMA

CIDADE MUITO MOVIMENTADA, COM COMERCIANTES, SOLDADOS E

OS COMPRADORES INDO E VINDO EM GRANDE AGITAÇÃO — E SUA

LONGA HISTÓRIA REVELA QUE O LUGAR VEM SENDO ASSIM HÁ MAIS

DE 2 . 0 0 0 ANOS.

Um dos passeios mais especiais será ver os soldados que des­

montam barcos a serem transporta­dos pelo deserto oriental para o Mar Vermelho, onde eles sáo reconstruí­dos e depois utilizados no comércio ou em expedições militares. Se tiver sorte, você verá as expedições em andamento, em longas linhas regula­res de burros carregados com merca­dorias para trocar. Por esse motivo, tal cidade é um bom lugar para adquirir mercadorias exóticas antes que apare­çam no mercado aberto.

O CULTO DE M I N

Além de Kebet ser uma cidade antiga, ela também é um importante centro de culto da divindade Min, um deus da fertilidade, muitas vezes associado ao deus Amon, em Karnak. Em Kebet, existem pelo menos três novos templos, embora os locais

onde encontram-se venham sendo utilizados há milhares de anos.

Evidências de cultos antigos podem ser vistas nas três estátuas colossais de Min, cada uma com 9 cúbitos de altura, sendo considera­das as primeiras estátuas colossais do Egito, datando de mais de 2.300 anos. Na época, Kebet era uma cidade grande, e há um grande cemitério ao leste do povoado moderno, embora náo existam superestruturas fúnebres visíveis para marcar as sepulturas.

Os templos do lugar atualmente sáo construções mais novas, rodea­das por um muro grosso que cerca o terreno. O templo principal de Min foi inicialmente construído no final da Idade das Pirâmides, por Senusret Kheperkara, mas foi reconstruído por Thutmosis Menkheperre — seu portão monumental ainda é utilizado como entrada para a estrutura.

90

Page 91: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

Á R E A S P R Ó X I M A S

M IN

O deus Min, "Aquele do Deserto

Oriental" é adorado na região de

Kebet há quase 2.500 anos.

Min é mostrado em forma de

múmia, com o braço direito levantado

e o braço esquerdo mantendo o falo

ereto, como um sinal de sua fertilidade.

Às vezes, sua pele é mostrada pintada

de preto - um reflexo da fertilidade do

lodo preto do Nilo. Trata-se de uma

divindade muito antiga, que, nos últi­

mos séculos, esteve mais estreitamente

associada a Horus e Amon.

Min muitas vezes é representado

ao lado da sua alface sagrada, o

fetiche estreitamente associado a ele.

A alface é considerada de propriedades

afrodisíaca, e o líquido que sai do talo

muitas vezes é associado à fertilidade.

No início da temporada de

colheita, uma pequena estátua de Min

dentro dos santuários dos templos é

levada em procissão pelos campos,

onde lança sua proteção, garantindo

assim que uma boa safra está por vir.

A estátua de Min, deus de fertilidade — a estátua colossal mais antiga do J

Thutmosis também construiu um templo menor para Min e Isis, novamente pelo desmonte do templo mais antigo de Amenemhat Sehetepibre e Senusret Kheperkara.

Embora não reste nada dos templos anteriores, é de conhecimento geral que o lugar propriamente dito está em uso constante desde antes da época de Narmer.

9*

Page 92: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

G U I A D O V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O ; E G I T O

M E D A M U D

AINDA NA REGIÃO DE T E B A S , SE VOCÊ QUISER ALGO UM POUCO

FORA DA TRILHA BATIDA, POR QUE NÃO VISITAR O ANTIGO TEMPLO

DE MEDAMUD (CONHECIDO LOCALMENTE COMO M A D U ) , SITUADO A

9 . 4 3 3 CÚBITOS A NORDESTE DO TEMPLO KARNAK?

No local existia um templo da Idade das Pirâmides dedicado

à divindade lunar Montu, o deus da guerra. O lugar consiste de dois montes, sobre os quais o templo ori­ginal foi construído. Esse templo era muito raro (ver na outra página) e alguns acham vergonhoso que tenha sido derrubado, embora o templo que o substituiu seja muito mais bonito.

i

A estrutura mais antiga foi subs­tituída por Senusret Khakhaure e é agora uma pequena construção feita de tijolos de barro. As colunas e os portais, porém, são construídos de pedra maciça, dando à aproximação do templo uma aparência de esplen­dor. Cada rei, desde Thutmosis, fez ampliações no templo, que perma­neceu popular entre os reis como local de adoração.

Há também um muro que cerca o terreno que rodeia as casas de muitos sacerdotes, silos de grãos e um pequeno templo de culto com pilares de estátuas reais. Este pode ser o único lugar ao qual os turistas terão acesso e é, por isso, um bom lugar para começar, pois os sacerdo­tes podem ser convencidos a permitir que o visitante entre no muro que cerca o terreno principal.

Montu, o deus egípcio da guerra, ao

qual o templo de Medamud

é consagrado.

92

Page 93: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

ARE P R O X I M A S

O TEMPLO DE IDADE DA PIRÂMIDE DE MEDAMUD

O templo de Idade da Pirâmide

em Medamud é diferente de qualquer

outro templo do Egito.

O templo fica cercado por uma

parede trapezoidal. Esse grande muro

que cerca o terreno era acessado pelo

primeiro dos dois portais de tijolo.

O templo dentro do muro que cerca o

terreno é composto de um pátio entre

o primeiro e o segundo portais, e o

segundo leva à parte de trás do templo.

E nessa área que o templo se torna

incomum. Do lado de fora das pare­

des desse templo existem dois montes

e, em cima de cada um, foi construído

um pequeno muro que cerca o terreno,

rodeado de um viçoso jardim arbori­

zado. As câmaras subterrâneas dentro

dos montes são alcançadas por dois

corredores (um em cada estrutura),

que começam na parte de trás do

templo principal.

A quem esse templo era consa­

grado foi há muito tempo esquecido,

especialmente porque agora o lugar é

dedicado ao deus Montu. Acredita-se

que os montes representem o Monte da

Criação e que as árvores demonstrem

a fertilidade do lugar. Algumas pes­

soas sugeriram que o templo também

pode ter sido dedicado a uma pri­

meira forma de Hathor, a Senhora do

Plátano, e as árvores podem represen­

tar o nutrimento dessa deusa.

O impressionante batente de Senusret dá ao templo de Medamud

uma extraordinária via de acesso.

93

Page 94: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

G U I A D O V I A J A N T E P R L O M U N D O A N T I G O : E G I T O

NÚBIA

O s LIMITES DA NÚBIA FORAM MUDANDO LENTAMENTE NO DECOR­

RER DOS SÉCULOS, ESTENDENDO-SE MAIS PARA O SUL, EMBORA

O LIMITE OFICIAL FIQUE EM ELEFANTINA. PORÉM, DURANTE O

REINADO DE RAMSÉS, HOUVE UMA GRANDE PRESENÇA EGÍPCIA,

E EXISTEM MUITAS ESTRUTURAS CONSTRUÍDAS PELO PRÓPRIO REI

ALÉM DE ELEFANTINA.

ASSUAN

Para o visitante que deseja esca­par da confusão e do burburinho da metrópole de Tebas, por que não viajar rumo ao sul, até Assuan, logo ao sul da fronteira egípcia? Um cru­zeiro vagaroso pelo Nilo é a maneira mais relaxante de chegar, pois lhe oferece a oportunidade de ver o belo cenário e chegar refrescado e rela­xado. Tenha em mente, porém, o fato de que, quanto mais para o sul você for, mais quente o local ficará.

Há muita coisa para ver na região, embora alguns templos sejam mais impressionantes que outros. Quando você chega pela primeira vez, por que não dar uma volta pelo cemitério com tumbas da Idade das Pirâmides adiante? A tumba mais antiga, de Sabni e Mehu, é alcançada por meio de uma escadaria diretamente da margem do rio. Ao chegar à entrada, há uma bela estela em forma de obelisco, que vale a pena ser vista, mesmo se você não conseguir entrar no sepulcro.

As tumbas de mil anos de Sarenput e Heqaib também são alcançadas a partir de uma escadaria

desde o Nilo, mas elas têm um grande pátio nos penhascos com um pórtico na parte de trás antes de você chegar à entrada da tumba propriamente dita.

Dentro das tumbas, caso consiga acesso, na área de capela você pode ver algumas estátuas mumiformes muito elaboradas, esculpidas direta­mente na rocha, e para onde a luz foi canalizada. Trata-se de um ambiente muito sereno e atmosférico.

Os T E M P L O S EM A B U SIMBEL.

Os maravilhosos templos de Abu Simbel, construídos pelo atual rei do Egito, são apenas dois dos sete tem­plos de pedra cortada construídos por ele na área, mas são, sem dúvida, os mais impressionantes. Os monu­mentos de Abu Simbel exigiram 30 anos para o rei concluir, e foram dedicados aos deuses no ano 35 de seu reinado - há cerca de 30 anos.

Existem dois templos no lugar: um dedicado a Rá-Horakhty, Ptah, Amon-Rá, e ao próprio Ramsés, conhecido localmente como "o Templo de Ramsés, Amado de Amorí', e outro dedicado a Nefertari,

94

Page 95: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

Á R E A S P R Ó X I M A S

Quatro colossais estátuas de Ramsés protegem a entrada de seu templo

em Abu Simbel.

a primeira Grande Esposa Real do rei, que morreu um pouco antes de o templo ser dedicado à deusa Hathor.

Ao chegar ao local, siga até o maior dos dois templos, dedicado a Ramsés deificado. A fachada desse templo pode ser vista bem antes de ser alcançada, e da rocha viva surgem quatro colossais estátuas sentadas do rei, cada uma se erguendo a 39 cúbitos de altura. Em volta dos pés e das pernas do rei existem imagens de Nefertari, a Grande Esposa Real, e de Tuya, mãe de Ramsés, além de muitas de suas filhas.

Antes da fachada existe um grande átrio acessado por uma avenida de esfinges, com dois tanques utilizados pelos sacerdotes para se purificarem, antes de entrarem no templo.

Na entrada do templo principal, pela porta entre a segunda e a terceira das estátuas colossais, você irá notar que está em um imponente salão sustentado por pilares e dominado por oito colossais estátuas de pilares, que mostram Ramsés em forma de múmia segurando o cajado e o açoite. Nas paredes atrás desses pilares, há imagens policrômicas das grandes vitórias de Ramsés em batalhas, inclu­sive outra representação da batalha de Kadesh. Conforme continua ao longo do eixo central do templo, você entra em outro salão sustentado por pilares, menor que o primeiro e decorado com imagens do rei fazendo oferendas aos deuses. Na parte de trás do templo, no fundo da lateral do penhasco, há um pequeno santuário com quatro

95

Page 96: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

GUIA DO VIAJANTE PELO MUNDO A N T I G O : EGITO

• , - : y

9\

A fachada do templo de Nefertari mostra várias figuras alternadas de

Ramsés e Nefertari.

estátuas de pedra cortada das divinda­des às quais o templo é dedicado. As pequenas salas dessa câmara são desti­nadas ao armazenamento dos objetos de culto e estatão estritamente proibi­das para os turistas.

Se o tempo permitir, ao sair desse templo, caminhe rumo ao norte, em direção ao pequeno templo de Hathor e Nefertari. Você será rece­bido pela fachada de pedra cortada com seis colossais estátuas que se

O Q U E H Á P A R A V E R

O NASCER DO SOL EM. AB.U SIMBEL

O templo principal; de Ramsés

fica de frente para o leste e, assim,

o sol nascente brilha na fachada do

templo. Há um friso de babuínos no

topo da fachada, representando os

babuínos solares que cumprimen­

tam o sol diariamente. Duas vezes

por ano, no segundo mês de Akhet

e no segundo mês de Prover, o sol

nasce através da porta diretamente

embaixo do eixo central nas quatro

estátuas do santuário nos fundos,

enfatizando os aspectos solares do

culto do templo. As estátuas são pin­

tadas em cores vívidas, e mostram o

rei como um ser divino.

WÊà:

96

Page 97: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

Á li E A S P li Ó X ) \ ! A S

erguem, cada uma, a 18 cúbitos de aberto para o sol, como é tradicional altura, mais duas de Neferrari e três em templos desse período, tem oito de Ramsés. Dentro do templo existe colossais pilares sólidos de estátuas apenas um salão sustentado por pila- do rei e seis pilares comuns. Ramsés res, com belas colunas com cabeças de adotou o estilo artístico núbio Hathor pintadas. A câmara seguinte, maciço, em vez da forma delgada uti-ao longo do eixo central, é pequena e lizada no Egito. decorada com imagens tanto do tei A, parte posterior do templo é como da rainha, que interagem com cortada na face da rocha e lembra os deuses. No santuário, na parte Abu Simbel, com, um salão susten-de trás do templo, há uma imagem tado por pilares e quatro nichos de espetacular da deusa Hathor, como estátuas que abrigam estátuas da uma vaca que emerge da rocha viva, tríade divina; na parte de trás há um

um foco que se encaixa no culto do santuário de barca com uma mesa de templo. oferendas e estátuas das principais

divindades do templo. Se conseguir

acesso a esta parte do templo, você descobrirá que tais estátuas são res­plandecentes à luz de lâmpadas, pois todas são banhadas pelo abundante ouro da área. A estátua de Ptah--Tanen tem até um falcão esplendi­damente esculpido sobre a cabeça.

í At •

GERF H U S S A I N

Ao viajar pela região da Núbia, por que não visitar o pequeno templo, recentemente construído, em Gerf Hussain (conhecido local­mente como "o Templo de Ramsés--Meryamun no Domínio de Ptah"), pelo rei atual, Ramsés Usermaatra--Setepenra, no ano 35 de seu reinado? Ele fica situado na margem ocidental do Nilo e é dedicado a Ptah, Ptah--Tanen, Hathor e ao próprio Ramsés divino. Há estátuas dessas divinda­des esculpidas diretamente na rocha viva atrás dó templo do santuário. Esse templo foi construído em duas partes: uma independente e outra esculpida diretamente no penhasco, cuja construção foi supervisionada por Setau, vice-rei de Kush.

Você chega ao templo pelo rio e depara-se com uma avenida ceri­monial de esfinges de cabeça de car­neiro que levam ao primeiro portal, independente. O átrio do templo.

A impressionante entrada do templo de Ramsés em Gerf Hussain,

9"

Page 98: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito
Page 99: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

D I V E R S Ã O

ECONÓMICA

Há muitas maneiras de passar o tempo no Egito, e os

egípcios são pessoas que gostam de se divertir.

A variedade das atividades esportivas e culturais

oferecidas dará a você uma ampla compreensão da

sociedade egípcia, tanto se estiver apenas descansando

em uma praça pública, como entrando em contato com

um habitante local para o jogo dos "Cães e Chacais",

ou, ainda, assistindo ao emocionante espetáculo do

esporte mais popular de Egito: a luta livre.

Page 100: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

G U I A DO V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : E G I T O

FESTIVAIS

N E N H U M V I S I T A N T E DO E G I T O VAI DEIXAR D E NOTAR C O M O O S E G Í P ­

C I O S GOSTAM DE FESTIVAIS, QUE SÃO REALIZADOS COM O OBJETIVO

DE ADORAR OS DEUSES, JANTAR COM A FAMÍLIA E OS AMIGOS E

APROVEITAR O MERECIDO DESCANSO DO TRABALHO. N A REGIÃO DE

T E B A S , COM PELO M E N O S D O I S FESTIVAIS OU P R O C I S S Õ E S R E L I G I O ­

SAS POR SEMANA, ATÉ A VISITA MAIS BREVE PERMITE ASSISTIR A

PELO MENOS UM DELES.

Aquantidade de festivais e práticas religiosas é a mesma em todas as

partes do Egito, inclusive a procissão da estátua do deus em questão pelas ruas, transportada na barca sagrada acompanhada por sacerdotes, sacer­dotisas, cantores e dançarinas, o que permite que o povo comum se dirija ao deus com seus dramas.

Isso pode ser seguido por ofe­rendas aos deuses, seja no templo ou em santuários domésticos — o que toma alguns festivais assuntos intensamente pessoais. Em seguida, as oferendas dadas nos templos são distribuídas às pessoas, criando uma atmosfera de grande frivolidade. Alguns festivais duram apenas um dia, ao passo que outros demoram semanas. Assim que chegar a Tebas, procure os funcionários do templo

local para obter informações sobre os festivais da área na ocasião.

Os F E S T I V A I S D E T E B A S

Os festivais específicos da região de Tebas incluem o "Belo Festival do Vale", realizado no décimo mês do ano, há mais meio século. Embora seja um festival funerário, vale a pena ser visto, pois é a oportunidade para que todos lembrem-se de seus antepassados.

Este festival começa no templo de Ipet-Sut quando as estátuas de Amon, Mut e Khonsu são coloca­das dentro de pequenos santuários e carregadas nas barcas sagradas. Estas, em seguida, são transportadas pelo Nilo com grande esplendor, em uma barcaça espetacular.

Essa parte da viagem, embora curta, também inclui uma grande

A barca sagrada é carre- é

gada pelas ruas durante > i. i festival público.

Page 101: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

D I V E R S Ã O E C O N Ó M I C A

frota de barcos menores que trans­portam vários participantes, sendo difícil imaginar visão mais bela.

Uma vez na margem ocidental, a procissão viaja a cada templo funerário por vez, inclusive o do rei atual Ramsés Usermaatra-Setepenra, e é acompa­nhada por músicos e dançarinas. Os eventos que se realizam dentro desses templos não estão abertos ao grande público, mas, se tiver sorte, talvez você aviste o rei quando ele deixar o templo durante a jornada do deus.

O povo de Tebas é incentivado a participar com estátuas e esteias de seus próprios antepassados, tirando--as das capelas funerárias que ficam nas colinas próximas.

Para uma visão pitoresca, esteja na margem leste no crepúsculo, de onde você poderá ver centenas de fogueiras espalhadas entre os penhas­cos da margem ocidental, conforme os habitantes locais festejam seus antepassados.

O Q U E HÁ P A R A VE

O FESTIVAL £>A BEBEDEIRA

Se viajar para Tebas 20 dias

ciepois dos Festivais de Ano .Novo,., você.

poderá ter q sorte de participar da

Festival da Bebedeira, um evento em

honra a Preciosa, a deusa Haíhor,

Esse festival dura cinco dias e,

•coma. 0' nome sugere, envolve :er

ingestão de quantidades excessi­

vas de vinho e cerveja. Embora k

alguns participem exclusiva-

' mente para desfrutar de bebida

e dança comos amigos, muitas

pessoas utilizam, o estado de- - y l

::. embriaguez • como . meio- de '{•jí

comunicação com ã deusa.

As festividades começam com .,. |

uma oferenda para amadas deusas de

cabeça de leoa,, Mut au Seknmét, e a

cerveja bebida ~ pelo menos inicial­

mente ~ é vermelha, em referência à"

crença: de q.ue Sekhmet uma vez quase

.chegou a. destruir toda 0 "humanidade/

só porque foí enganada ao beber

••," ace.rveiacoiorídq:devermeího.:,

já. • '•• o qual ela pensava: ser .sangue,

fcj, ' ÚmQ. vez concluída essa

ijf parte, asfestividades passa-

^ f f \ j . . .. râo para a- aldeia:, em ceie-

1 Cf- •• brações mais- orientadas.

',$" f ::'"' -"para a: família,

Page 102: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

G U I A D O V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : E G I T O

ESPORTES AQUÁTICOS

^ s * * ^ - ^ - * ^ , . . .

' .\^,^ - f l

O NILO É O GRANDE RESPONSÁVEL PELO CA-

RÁTER TANTO DO E G Í T O COMO DOS EGÍPCIOS,

E É TAMBÉM FONTE DE MUITO PRAZER. T o D O S

OS EGÍPCIOS NADAM DESDE A TENRA IDADE,

EMBORA SEJA PRECISO TOMAR CUIDADO COM O

.-*' " " ^ " _ J ^ y / - " LOCAL-> p o l s ° NILO ABRIGA MUITAS CRIATU-

_ —' RAS PERIGOSAS. H Á , PORÉM, VÁRIOS CANAIS

E VIAS MARÍTIMAS QUE FLUEM DO N l L O , OS

QUAIS SAO QUASE TOTALMENTE ISENTOS DE PERIGO E ESTÃO DISPO­

NÍVEIS PARA QUE TODOS POSSAM NADAR.

Para o visitante mais rico, uma viagem de atividades no pântano

de Fayum é obrigatória. Esses pânta­nos estão repletos de vida selvagem, e a visita já valeria a pena apenas pelas pai­sagens, além da oportunidade de ver várias espécies de peixes, aves, borbo­letas, gafanhotos e rãs. O excursionista mais ativo pode participar de pescarias e caçadas de aves selvagens, ambos passatempos populares - tão popula­res, de fato, que há em circulação um

texto intitulado Prazeres da Pesca e da

Caça de Aves Selvagens. Existem muitos modos de fazer ambas as atividades, dependendo de sua motivação.

A PESCA

As redes são empregadas para pegar peixes em grandes quantidades, tanto para a alimentação como para a venda no mercado. Dois barcos navegam em conjunto com uma rede esticada entre eles, enquanto uma

Arpoando peixes nos pântanos de Fayum.

Page 103: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

D I V E R S Ã O E C O N Ó M I C A

Um caçador atlético

atinge sua presa

com uma vara de

arremesso cuidadosa­

mente mirada.

7M * s^-»»/

pessoa na barca bate na superfície da água com uma vara larga para atrair os peixes até a rede. Porém, os viajan­tes mais atléticos podem querer exibir suas habilidades com uma lança, ao arpoarem os peixes que passam por cima de um franzino esquife de papiro. Se isso parece um pouco pre­cário demais para seu gosto ou se você prefere um passeio mais relaxante, porque não pescar com anzol e linha, e colocar seus pés na beira dos pânta­nos ou mesmo na piscina do jardim de seus aposentos? Esse método de pescaria talvez não produza os mesmos resultados que a pesca com rede, mas pode proporcionar uma tarde diver­tida; e muitos nobres levam suas famí­

lias nessas viagens.

A CAÇA DE AVES SELVAGENS

Outra atividade no pântano, no mesmo estilo, é a caça de aves selva­gens — a captura de pássaros. O caçador mais sério pega os pássaros lançando uma grande rede sobre os juncos, esperando pacientemente até que eles sejam perseguidos nos arbustos por um homem aos gritos ou por cães ou gatos. Esse método permite capturar

centenas de pássaros que podem ser vendidos no mercado ou comidos no final do dia. Novamente, porém, há um método mais divertido que pode interessar ao viajante atlético - o uso de uma vara de arremesso, que exige um bom equilíbrio quando a vara é lançada desde a bordo de um esquife de papiro. Para desentocar a caça, gatos treinados correm pelos pânta­nos ao longo da beira da água, per­seguindo os pássaros; como eles voam para o ar, o caçador arremessa sua lança curva com a maior força possí­vel e qualquer pássaro atingido é recu­perado de onde eles caem pelos gatos.

Não se surpreenda se os egípcios deixarem oferendas queimadas para Sobek, o deus de cabeça de crocodilo, antes de partirem depois de uma tarde de pesca ou caça de aves selvagens. Isso, simplesmente, deve garantir que os crocodilos não se incomodem com os intrusos nos pântanos. No final da viagem, os egípcios oferecerão um pouco do que foi apanhado durante o dia para os deuses, em agradecimento pelo retorno em segurança. Você não terá nenhum problema se participar desses rituais.

103

Page 104: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

G U I A DO V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : E G I T O

ESPORTES EM GERAL

COMO TODAS AS PESSOAS, OS EGÍPCIOS GOSTAM DE ESPORTES

COMPETITIVOS. A MAIORIA DOS ESPORTES PRATICADOS NAS RUAS

DE TEBAS TEM SUAS RAÍZES NO TREINAMENTO MILITAR. O MAIS

POPULAR É A LUTA LIVRE, PRATICADA HÁ MAIS DE MIL ANOS. N O S

ÚLTIMOS CINCO SÉCULOS, MAIS OU MENOS, A LUTA LIVRE TAMBÉM

SE DESENVOLVEU COMO ESPORTE DE EXIBIÇÃO, PARA MOSTRAR A

FORÇA, A HABILIDADE E A RESISTÊNCIA DOS PARTICIPANTES — E

MUITAS VEZES FAZ PARTE DE APRESENTAÇÕES MILITARES.

Normalmente, os lutadores com­petem nus, embora às vezes

um cinto seja usado para permitir melhor aperto. Embora possa parecer tentador, apenas os corajosos devem considerar a participação, visto que as regras são frágeis - na melhor das hipóteses - e um concorrente pode agarrar qualquer parte do corpo para incapacitar seu adversário!

As exibições de luta livre muitas vezes são acompanhadas pela luta de varas, outra demonstração de força e habilidade. Em algumas apresenta­ções práticas, os lutadores utilizam hastes leves de papiro em vez de varas

A luta livre egípcia é brutal, sem

nenhum agarramento proibido!

de madeira, ao passo que os soldados, e muitas vezes os praticantes de rua, geralmente lutam com varas de cerca de 2 cúbitos de comprimento com ambas as mãos, ou uma vara simples em uma das mãos e uma defesa pro-tetora por cima do pulso da outra.

C O R R E R E S A L T A R

Outros esportes competitivos incluem a corrida e o salto. Em geral, a corrida é vista como um esporte de resistência e é realizada em longas distâncias, sob calor extremo. Muitas vezes, soldados podem ser vistos correndo uns contra os outros, com direito a premio e apresentação do vencedor; porém, talvez você queira participar de uma corrida menor que acontece nas ruas da cidade.

Outro esporte especialmente popular entre os homens é o salto, considerado exibição de força. É bas­tante simples: cada concorrente pula verticalmente de uma posição em pé e aquele que pula mais alto é decla­rado o vencedor. Crianças, muitas

104

Page 105: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

D I V E R S Ã O E C O N Ó M I C A

O Q U E HÁ P A R A VE,K . ':; 1

As CORRIDAS DK BICAS I

Pata o viajante intrépido inte­

ressado em corridas de bigqs, Kam

el 'Abd, um lugar antigo perto da;

cidade de "Ater» está em Esplendor",

ao sul dé Tebas, merece a: visita,

O local pode parecer estéril,

mas com um pouco de imaginação

a esplendor das corridas dé bigas

pode ser revivido.

A característica principal é uma

estrada reta que segue até alcançar

a base dos penhascos. A estrada,-

porém, não é pavimentada e não

teve manutenção durante um século.

vezes, podem ser vistas disputando o precursor desse esporte em forma de "barreiras humanas". Duas crianças sentam-se uma de frente à outra com os braços e as pernas esticados, for­mando uma barreira, enquanto outra tenta pular por cima dos braços.

O esporte também foi incorporado em alguns festivais religiosos e sua rela­ção com a religião data, no mínimo, do reinado de Pepi Neferkara. Um ritual como esse é composto de quatro postes escorados contra um poste cen­tral que os escaladores disputavam como parte de um ritual de fertilidade. Alguns homens mantêm cordas atadas aos poios exteriores para estabilizá-los

Para obter uma boa visão das j

corridas, os observadores deveriam j j

subir por uma' rampa especialmente •

construída cortada no penhasco ',.1

circundante:, em yma: plataforma ,

retangular que exibe os restos de sete. j j

estruturas que formavam o povoado

temporário dos vigias e guardas para

quando o rei Amenhotep Nebmaatra -

vinha ac lugar. Por que não seguir . ]

os passos deles montando urna bar-

raça na plataforma para observar j

o mundo e â estrada embaixo desse

mirante privilegiado? ".

\ m m w . - « - * * • • • • •'•• "i ' /

Três rapazes brincam de "barreiras

humanas".

ou — se o escalador estiver em boa forma - para realizar a tarefa mais duramente, agitando-os. Se você vir um adulto subindo em árvores ou poios em volta da cidade acredite, talvez ele esteja treinando para esse ritual.

105

Page 106: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

G U I A D O V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : l i e I T O

CAÇA

T A N T O PARA OS H A B I T A N T E S LOCAIS COMO PARA OS TURISTAS, A

C A Ç A , N O E G I T O , É U M PASSATEMPO POPULAR. O S DESERTOS Q U E

RODEIAM O V A L E DE N I L O SÃO RICOS EM A N I M A I S DE G R A N D E PORTE,

COMO L E Õ E S , LEOPARDOS, TOUROS SELVAGENS, AVESTRUZES, A N T Í L O ­

PES, VEADOS E G A Z E L A S , TODOS ADEQUADOS AOS C A Ç A D O R E S MAIS

E X P E R I E N T E S . A N T I G A M E N T E , OS EGÍPCIOS PRECISAVAM CAÇAR PARA

C O M E R , MAS NA RICA S O C I E D A D E DE HOJE ISSO NÃO É M A I S N E C E S S Á ­

RIO, EMBORA TUDO O Q U E SEJA MORTO A INDA P E R T E N Ç A AO CAÇADOR.

A pesar de muitos grupos pequenos realmente se arriscarem a caçar

no deserto, pode ser melhor tentar conseguir uma vaga em uma caçada organizada em grande escala, em que os animais são "emboscados" por uma linha de caçadores que utilizam cáes para desentocar as presas. Durante essas caçadas é possível matar centenas de animais e os registros comemo­rativos de Thutmosis Menkheperre e Amenhotep Nebmaatra registram esses importantes eventos.

A C A Ç A DO H I P O P Ó T A M O

Os hipopótamos, que vivem em abundância no Nilo, também são populares entre os caçadores. Mas eles são extremamente perigosos - especialmente quando protegem os mais jovens - e já custaram a vida para muitos egípcios. A caça do hipopótamo é praticada há mais de 1.500 anos, embora originalmente só a realeza gostasse dela - tanto pela exibição de coragem física como pela simbologia de superar o demónio

— mas agora os escalões superiores da sociedade adotaram-na mais ampla­mente como esporte.

Só os valentes ou os imprudentes acei­tam o desafio de caçar hipopótamos.

106

Page 107: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

D I V E R S Ã O E C O N Ó M I C A

H A B I L I D A D E S N E C E S S Á R I A S

Para aproveitar ao máximo a caça

na região de Tebas, você precisa estar

preparado em várias habilidades, e é

possível recuperar suas capacidades

em relativa segurança antes de se arris­

car em uma caçada.

A maioria dos caçadores pega

suas presas utilizando arco e flecha,

e o arco composto recentemente

introduzido propicia maior exatidão

de alcance que o arco tradicional.

Varias competições de arco e flecha

oferecem a possibilidade de melhorar,

ou até mesmo de mostrar, sua capaci­

dade. Embora inicialmente destinado a

exibir as habilidades do rei, não há nada

que impeça os não membros da família

real de participarem desses torneios, nos

quais o condutor de um carro de com­

bate, cavalgando em alta velocidade,

deve atirar contra alvos de madeira ou

de cobre com até 3 dedos de espessura.

Arqueiros especialmente talentosos

são capazes de penetrar o alvo em

qualquer parte do trajeto, ou até atingi-

-lo com mais de uma flecha ao mesmo

tempo. Muitos reis se orgulhavam de

atirar pelo menos quatro flechas de uma

só vez! Como são considerados divinos,

talvez isso nem pareça surpreendente,

mas poucos mortais conseguem equipa­

rar seus feitos.

Para caçar animais maiores e peri­

gosos - como leões, touros selvagens

e até avestruzes - é preciso utilizar um

carro de combate com uma equipe de

dois cavalos e pelo menos duas pessoas

na prancha de direção: um controla as

rédeas e o outro as armas. A corrida de

bigas de alta velocidade - espontânea ou

planejada - no deserto, é um meio útil

para aprender a conhecer o terreno.

Além do arco e flecha, alguns con­

dutores também sentem que uma lança

fornece proteção útil se um grande

animal chegar muito perto. A destreza

com o arpão é essencial para pegar e

matar hipopótamos.

A prática do tiro ao alvo a partir de um carro de combate rápido em movi­mento é um grande teste da habilidade.

107

Page 108: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

G U I A D O V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : E G I T O

JOGOS DE TABULEIRO

O S J O G O S D E T A B U L E I R O S Ã O P A S S A T E M P O S M U I T O P O P U L A R E S N O

E G I T O , C O M T O D O S , I N C L U S I V E O P R Ó P R I O R E I , J O G A N D O - O S . A O

VIAJAR P E L O E G I T O , V O C Ê V E R Á P E S S O A S D I S P U T A N D O J O G O S IM­

P R O V I S A D O S EM TABULEIROS PROVISÓRIOS, ESCULPIDOS EM PISOS

D E P E D R A OU D E S E N H A D O S NA A R E I A , E U S A N D O P E Q U E N O S S E I X O S

C O M O P E Ç A S . O U T R A S P E S S O A S T Ê M T A B U L E I R O S E L A B O R A D O S , A L ­

G U N S GRANDES E QUE FICAM EM CASA, OUTROS MENORES E PORTÁ­

TEIS, COM ESPAÇO PARA GUARDAR AS PEÇAS NA BASE.

SENET há mais de mil anos. Hoje, cada O jogo de tabuleiro mais comu- jogador tem cinco peças (ou "dança-

mente jogado é o senet, o "jogo rinas"), e o objetivo é movimentar as de passar", disputado em um tabu- peças pelos 30 quadrados, trocando leiro de 30 quadrados ou "casas", em de direção no final de cada linha até linhas de dez. É um jogo da estraté- que todas as peças tenham se movi-gia e versões do mesmo são jogadas mentado pelo tabuleiro. O número

Um jogador de senet prepara-se para fazer sua próxima jogada.

toS

Page 109: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

D I V E R S Ã O E C O N Ó M I C A

Um elaborado tabuleiro de "cães de caça e chacais"

mostrado no meio do jogo.

de espaços em que uma peça deve se movimentar é determinado pelo lan­çamento de quatro "varetas de arre­messo" (varetas de madeira com um lado claro e um lado escuro) e pela observação da combinação resultante. Alternativamente, sáo utilizados um ou dois ossos de canela de carneiro ou, ainda, peças esculpidas em marfim de quatro tipos: chato, côncavo, convexo e torcido. Cada lado tem um valor numérico e a combinação arremes­sada determina o movimento.

Nos primeiros anos, o senet era um jogo puramente recreativo, mas atualmente se misturou também com o culto funerário, e vencer um jogo na vida após a morte ajuda no renascimento. Talvez por isso seja tão popular; as pessoas sentem a necessidade de praticá-lo antes de morrerem. O jogo foi até incorpo­rado no capítulo 17 do Livro dos Mortos, e a cena também é reprodu­zida em muitos papiros e até mesmo nas paredes das tumbas.

109

Page 110: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

GUIA DO VIAJANTE PELO MUNDO A N T I G O : EGITO

M Ú S I C A E C A N T O

No EGITO, NENHUM FESTIVAL PÚBLICO OU RELIGIOSO, BANQUETE

ou CELEBRAÇÃO, ESTARIA COMPLETO SEM MÚSICOS E CANTORES.

D E FATO, A MÚSICA E A CANÇÃO SÃO TÃO POPULARES QUE ESTÃO

INTEGRADOS EM TODOS OS ASPECTOS DA VIDA.

Para as pessoas que têm empregos monótonos, como esmagar uvas

nos vinhedos ou puxar redes de pesca, uma canção bem conhecida tanto serve para manter o ritmo de traba­lho como ajuda a passar o tempo. Portanto, não fique surpreso com o canto constante nos campos e nas ofi­cinas. Em geral, as letras dessas can­ções não são esctitas, mas, se escutar cuidadosamente, é provável que você consiga captar o suficiente pata par­ticipar — mas tome cuidado, talvez se surpreenda com as palavras rudes nos versos das canções dos pescadores.

A música e o canto são tão impor­tantes para o povo egípcio que exis­tem divindades associadas a essas

As cantoras dos templos praticam sua

arte acompanhadas por uma tocadora

de sistrum.

atividades, a saber: Bes, Ihy e Hathor. Além disso, acredita-se que o deus que criou tanto a música como o canto seja Thoth, o deus da sabedo­ria. Essa conexão religiosa garantiu que a música e a canção desempe­nhassem um papel importante dentro dos templos, e muitas procis­sões e rituais são acompanhados por mulheres musicistas que sacodem o sistrum (um guizo sagrado) e o menat (um colar enfeitado com pérolas ou contas) enquanto uma cantora entoa orações e hinos junto à música. Essas musicistas dos templos gozam da mais alta estima, e ainda mais como animadoras de banquetes, sendo tra­tadas com muita teverência e respeito.

Cantotas e musicistas estão dispo­níveis para serem contratadas como animadoras profissionais de celebrações privadas ou públicas. A maioria dos banquetes da classe alta terá um grupo de mulheres artistas escassamente vesti­das tocando alaúdes, harpas, chocalhos e flautas, acompanhadas pot batidas de tambor ou aplausos para marcar o ritmo. Durante todo o tempo, dan­çarinas insinuantes circulam no meio dos hóspedes, balançando os cabelos de um lado para o outro. Algumas até

Page 111: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

D I V E R S Ã O E C O K Ò M Í C A

amarram pesos aos cabelos para torna- CANÇÕES DE AMOR

-los mais controláveis. Ao perambular pelas ruas de Tebas As grandes casas particulares à noite, muitas canções de amor podem

também podem contratar uma har- ser ouvidas cantadas por famílias que pista, quase sempre cega, para for- gostam de passar algum tempo reuni-necer entretenimento à tarde, ou em das ou por trabalhadores embriagados

jantares festivos íntimos. Embora que descansam depois de um dia longo, alguns nobres sejam capazes de tocar Tais canções variam em estilo e dura-instrumentos e as paredes das grandes çáo: algumas são cantadas por homens, casas às vezes reverberem ao som de outras por mulheres; algumas contam harpas ou flautas, eles jamais tocam os sofrimentos do amor, enquanto em público, pois fazer isso é conside- outras oferecem descrições românticas rado de posição social inferior à deles. da beleza e de parceiros idealizados.

::R]

O Q U E HÁ PAK* VÉK

A MÚSICA POPULAR

Uma canção popular do moimento fala a; respeito de um filho de Seti

Menmaátra, irmão dpatuai rei Ramsés. A cançãodescreve o dilema de um

admirador que demora o ser aceito pelo; príncipe Mehy, para se tornar um

dos cortesãos reais: •

O meu coração, pretendia ver a sua beleza,

• Para assentar-sè dentro dele.

Encontrei Mehy nâ beira do caminho;

Junto coro seus jovens companheiros.

Bi sábia não como me retirar da frente dele.

Devia passar por ele, corajosamente?

to, o rio, é o caminho,

Não vejo lugar para meus pés.

Tolo é você, ó meu coração valente,

Por que seguiu atrás de Mehy?

Observe, se eu passar diante dele,

Contarei dos meus rodeios;

"Obserye, sou seu"direi a ele, ''-".•"

E ele vai se orgulhar do meu nome,

Destinando-me ao palácio interior de um de seus seguidores.

i n

Page 112: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

G u rA D O Vi ,- I N U O A N T I G O ; E G I r o

D A N Ç A

A S S I M C O M O A M Ú S I C A E O C A N T O , A D A N Ç A T A M B É M É P O P U L A R N O

E G I T O . A S C O M P A N H I A S D E A R T I S T A S DE D A N Ç A S Ã O UMA F O R M A

M U I T O P O P U L A R DE E N T R E T E N I M E N T O P A R A B A N Q U E T E S E E V E N T O S

P R I V A D O S E Q U A S E S E M P R E A C O M P A N H A M G R U P O S D E M Ú S I C O S . E M

G E R A L , E L A S FAZEM P A R T E DA M E S M A C O M P A N H I A D E A R T I S T A S ,

S E J A D E A N I M A D O R E S R E L I G I O S O S OU D E B A N Q U E T E S , E P O D E M S E R

A G E N D A D O S C O M O UM P A C O T E C O M P L E T O .

A lgumas dançarinas também

tocam instrumentos, e é muito

comum a animadora utilizar o tam­

borim como parte da rotina — a fim

de manter seu próprio ritmo. As dan­

çarinas vestem pouca roupa, às vezes

apenas um cinto e um colar, embora

algumas usem vestidos diáfanos de

linho de alta qualidade, o que ainda

deixa muito pouco para a imaginação.

A maioria das dançarinas é muito ágil

em suas apresentações, pois a acroba­

cia desempenha um papel importante

na rotina. Não se sutpreenda se vir

mulheres jovens nuas dando camba­

lhotas no ar, plantando bananeiras

e fazendo piruetas no chão; a roupa

limitada ajuda a conservar a agilidade

e a flexibilidade delas.

Embora o traje não seja tão impor­

tante para as dançarinas profissionais,

o cabelo muitas vezes é usado como

parte integrante da apresentação.

Uma rotina de exercícios, chamada

de dança ih, talvez pareça muito

bizarra para o recém-chegado, pois as

dançarinas têm o cabelo compensado

pot bolas, e elas os arrastam no chão

para exibir a flexibilidade. Mesmo em

danças mais banais, o cabelo quase

sempre é usado na rotina; seja com­

pensado ou não, é sacudido etotica-

mente, primeiro escondendo e depois

revelando o rosto. Por isso, raramente

as dançarinas usam perucas, já que,

de preferência, elas deixam o pró­

prio cabelo crescer de acordo com as

modas modernas, e, às vezes, acres-

WHtw Uma companhia de

artistas de dança anima

uma reunião pública.

r i%

Page 113: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

D I V E R : Ec

Os dançarinos de Muu executam o ritual que permite a entrada de uma

procissão funerária em uma necrópole.

centam apliques para dar volume ao mesmo, tornando-o, assim, mais atraente.

Dançarinos sáo parte essencial dos rituais funerários, com uma compa­nhia de artistas masculinos conhecida como os dançarinos de Muu se apre­sentando regularmente. Há três tipos de dançarinos de Muu: dois têm o uni­forme de saiotes e altos enfeites de cana para a cabeça, enquanto os terceiros não têm chapéus e sempre dançam aos pares. O primeiro grupo utiliza gestos de máos específicos para dar permis­são para a procissão do funeral entrar na necrópole, os segundos guardam a necrópole a partir de um alto ponto de observação, e os membros do terceiro grupo dançam aos pares como parte do ritual de proteção.

QUEM PODE DANÇAR?

Não há restrições para quem dese­jar tornar-se dançarino, embora algum adetismo seja necessário. Não existe treinamento formal, mas, como outras

profissões no Egito, há um esquema de ensino; assim, o aprendiz em potencial deve encontrar um dançarino que se tornará seu mentor e lhe ensinará os fundamentos básicos. Algumas pes­soas - anões e pigmeus do sul princi­palmente - são de fato estimulados a entrarem para a profissão, pois muitos egípcios consideram-nos engraçados - embora eles também sejam emprega­dos em algumas exibições nos templos.

Homens e mulheres nunca dançam em conjunto. Embora exis­tam dançarinos e dançarinas, ambos trabalham em grupos separados. Quando são executadas danças aos pares, elas são efetuadas por membros do mesmo sexo, e os dançarinos refle-tirão exatamente cada movimento do outro, exibindo a habilidade e a prática consideráveis que sáo neces­sárias aos animadores profissionais. Mas, apesar de tudo isso, durante sua viagem a Tebas, por que não contra­tar um dançarino por uma tarde para tentar aprender alguns movimentos?

" 3

Page 114: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

G U I A D O V1 A J A N r L P F. L O M U N D o A N r i G O : E G I T O

PRAÇAS P Ú B L I C A S

POR CONTA DO CLIMA QUENTE PREDOMINAN­

TE NO EGITO — ESPECIALMENTE DURANTE OS

MESES DE VERÃO — MUITAS AT1VIDADES CO-

TIDIANAS REALIZAM-SE AO AR LIVRE, POIS É

SIMPLESMENTE QUENTE E ABAFADO DEMAIS

EM AMBIENTES INTERNOS. EMBORA OS EGÍP­

CIOS SEJAM FAMOSOS COMO UM POVO MUITO

SOCIÁVEL, EM GERAL AS PRAÇAS PÚBLICAS

NÃO FAZEM PARTE DO PROJETO DA MAIORIA DAS ALDEIAS E CIDA­

DES, MAS VOCÊ DESCOBRIRÁ QUE MUITAS VEZES UM ESPAÇO ABERTO

DENTRO DE UMA ALDEIA OU NA ÁREA AO REDOR FOI ADOTADO PELOS

HABITANTES LOCAIS COMO PONTO DE ENCONTRO.

Mesmo com a existência desses pontos de encontro, os al­

deões também se reúnem em santuá­rios locais, em tumbas e capelas, para se inteirarem dos fuxicos e das novi­dades locais, assim que termina o culto. Eles também podem se encon­trar no Nilo, enquanto pescam, tomam banho ou lavam roupa.

E N T R A N D O E M C O N T A T O

Mas esses espaços públicos não sáo úteis apenas para as pessoas se encontrarem para conversar, eles também são valiosas áreas para a realização de negócios, e recomenda--se que qualquer visitante de Tebas localize um desses locais. Essas áreas públicas fornecem um ótimo lugar para as pessoas ouvirem as últimas notícias, muitas vezes trazidas por mensageiros do rei, das forças mili­

tares ou de outras partes do Egito. As companhias de artistas de dança e os músicos às vezes até realizam apresentações ad hoc nesses lugares, sempre por um pagamento simbólico ou para anunciar o próprio negócio. Os escribas locais também podem ser encontrados à cata de novos tra­balhos, como ler ou escrever cartas, assinar testemunhos ou redigir docu­mentos legais para os habitantes do lugar. Alguns escribas podem se esta­belecer como professores nessas áreas e ajudam os rapazes locais a apren­derem os fundamentos básicos da leitura e da escrita em troca de uma pequena remuneração. Eles também podem entreter os aldeões do local com histórias.e poesias, tanto antigas como novas, já que a literatura escrita não está disponível para muitas pes­soas no Egito.

1 1 4

Page 115: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

D I V 1- R SÁ O ti, C O N Ô M I C A

COMPRA E VENDA

Na ausência de um mercado de verdade, a praça pública é colocada para o bom uso dos habitantes locais que quiserem vender suas mercado­rias e para os potenciais compradores que desejarem conferir o que está disponível. Tal área fornece espaço para os agricultores trazerem ani­mais para a venda, permitindo que os potenciais compradores os vejam, e um lugar amplamente conhe-

Í!

eido (especialmente em Tebas ou Mennefer) pode atrair mercadores esirangeiros que queiram vender suas mercadorias viajando pela área. Esse espaço tão público, mesmo não sendo oficial, é parte importante da vida coti-diana da maioria dos aldeões egípcios. De fato, qualquer viajante que quiser ver o "verdadeiro" Egito e, possivel­mente, levar algumas lembranças ou presentes para os que ficaram em casa, realmente deve visitar a praça pública.

O Q u i HÁ P A R A VKR

FESTIVAIS

Na época cios festivais,, alguns,

membros cia comunidade recebem do

estado porções extras de comida para

ajudá-los a celebrar e recompensá-los

pelo trabalho realizado. Essa comida

extra às vezes é concedida em grarr

dês quantidades; por exemplo, uma

comunidade pode receber cerca de

í 50 cargas de burros de mantimertfas,

inclusive 9 mil peixes, sâl para seca­

gem:, 10 bois prontos para a matança,,

4 cargas de burras de feijões e óleos

doces, 8 cargas de burros de malte

de cevada, 9. mil filões de pão e 8

cargas de burros de sódio, utilizado

para fazer sabão e.pára secar o peixe.

Espera-sè que essas, provisões sejam.

compartilhadas entre a aldeia inteira

e que todos cooperem com: a prepa­

ração da comida durante as festivi­

dades públicas; •

•Qs. bois sâo mortos e assados em

espetos na centro da aldeia, pois as

cozinhas das casas não são suficien­

temente grandes para assar um boi

inteiro. Os peixes são eviscerados e

secados em sai no telhado das casas,

conservando:os por algum tempo. Não

sé surpreenda com o irresistível cheiro

éa comida, na época dos festivais... Tudo

oque não se consome nessas festas é

. vendido no mercado.

t i 5

Page 116: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

G U J A D O V | A | A N T E P !•. LO M U N D O A N T I G O : E C 1 T O

SEXO E PROSTITUIÇÃO

C O M O ACONTECE NO RESTO DO MUNDO CONHECIDO, EXISTEM

PROSTITUTAS E BORDÉIS EM T E B A S ; NO EGITO, PORÉM, A IN­DÚSTRIA SEXUAL É MUITO FRACA, SENDO ASSIM, FICA DIFÍCIL

INDICAR AONDE IR PARA ENCONTRAR ESSE TIPO DE DIVERSÃO.

M A S , EM CIDADES METROPOLITANAS, COMO T E B A S OU M E N N E -

FER, HAVERÁ MULHERES DISPONÍVEIS PARA ISSO, BASTA APENAS

SABER PARA ONDE OLHAR.

Algumas cantoras e dançarinas profissionais podem prestar

favores sexuais por dinheiro, mas náo compensa fazer propostas assim a uma dama a menos que você tenha certeza a respeito daquilo que ela está oferecendo; como as rotinas de exer­cícios e os trajes são eróticos por natu­reza, isso nem sempre é indicação de que o resto também está em oferta.

Em Tebas são abundantes os rumores sobre as "prostitutas sagra­das" — sacerdotisas que executam atos sexuais nas estátuas dos deuses, quase

como se o fizessem em nome dos próprios deuses. O título para essas sacerdotisas é a "Mão de Atum" — a história da criação conta que o deus Atum se masturbou para criar a gera­ção seguinte de deuses. O que real­mente a "Mão de Atum" precisa fazer em nome de seu cargo é desconhe­cido, mas os boatos são numerosos. A "Esposa do Deus de Amon" é outro título religioso ao qual foram anexa­das conotações sexuais, embora nova­mente a verdade sobre o assunto seja impossível saber, já que as funções do

As O U T R A S

Boatos podem sugerir que na aldeia dos trabalhadores, conhecida

localmente como o "Lugar da Verdade", e também possivelmente no local

de Abdju, haja um grupo de mulheres conhecidas como as "outras", que

provavelmente são prostitutas. As "outras" são mulheres solteiras que vivem

juntas e sem maridos, sendo que algumas delas têm filhos. Porém, diferente

do que acontece em algumas outras sociedades, essas mulheres são aceitas

como membros legítimos da comunidade e, devido à natureza relaxada da

sexualidade no Egito, embora o matrimónio seja considerado preferível, não

é pré-requisito para a atividade sexual.

H6

Page 117: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

> I V E R S A O E<

Um papiro popular, cómico e erótico mostra um cliente idoso se escondendo das prostitutas embaixo da cama.

papel dela são guardadas em segredo. Contudo, a pergunta que realmente surge em relação a esses títulos reli­giosos é se o pagamento que essas sacerdotisas recebem é pelo papel religioso delas em geral ou, especial­mente, pelos atos sexuais; e, se este for o caso, elas realmente podem ser classificadas como prostitutas?

A S S U N T O D E L E I T U R A

Um papiro de caricaturas eróti­cas está circulando atualmente em Tebas — ele trata de um bordel e ilus­tra algumas atividades realizadas no local. Os clientes são vários homens idosos de classe mais baixa, identi­ficados pelas características cabeças meio carecas e pelas tangas, que ficam abertas na frente e caídas para baixo nas costas, de maneira pouco nobre. Todos eles têm membros enormes e estão se divertindo com as jovens senhoras casadoiras em várias

posições, algumas delas de aparência quase improvável. Uma cena espe­cialmente divertida mostra que um dos clientes idosos se esconde, por falta de melhor palavra, debaixo da cama devido ao cansaço. A prostituta está dando uma espiada pela beira da cama, na desesperada tentativa de persuadi-lo a continuar. Se você tiver a oportunidade de ler uma cópia, certamente dará boas risadas; mas, é bom dizer, isso não serve para os olhos dos jovens ou dos puritanos!

Um aspecto da transação sexual não revelado no papiro erótico é o pagamento no final (ou no começo, dependendo da mulher). Isso é algo que obviamente precisa ser negociado entre o cliente e a mulher, mas tenha em mente que ela provavelmente não vai querer o pagamento em moedas de cobre, mas sim em mercadorias, como linho, jóias, comida ou ani­mais domésticos.

117

Page 118: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

ú \ IC vf":^*B'

w m. W'%M:r''^

Page 119: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

••; ••.;•• J l i s í .... ..

' • : , : . . .

CONSIDERAÇÕES

PRÁTICAS

Embora os egípcios sejam muito acolhedores, ê sempre

útil conhecer os fundamentos básicos de como andar

pela cidade e adjacências, onde ficar, onde conseguir as

melhores lembranças e qual a comida disponível. Este

capítulo fornece todas as informações necessárias para

que tudo corra bem durante sua visita.

Page 120: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

G U I A DO V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : E G I T O

C O M O CHEGAR

O MEIO MAIS FÁCIL DE VIAJAR POR LONGAS DISTÂNCIAS É PELO RIO, E

EXISTEM MUITOS BARCOS DE ALUGUEL AO LONGO DO N l L O . D E P E N D E N ­

DO DO LUGAR PARA ONDE VOCÊ DESEJA VIAJAR, DIFERENTES BARCOS

ESTÃO DISPONÍVEIS; GRANDES EMBARCAÇÕES MARÍTIMAS, BARCOS ME­

NORES D O N I L O E B A R C O S D E P A P I R O P A R A U S O N O S P Â N T A N O S .

EMBARCAÇÕES MARÍTIMAS

Para viagens de longas distân­cias, um grande barco mercante de madeira será o meio mais fácil de chegar ao Egito. Os barcos maio­res são feitos da madeira de cedro, importada de Biblos, com mais de 37 cúbitos de comprimento. Esses barcos são construídos com o uso de pran­chas de madeira longas, amarradas em conjunto com cordas. Quando a madeira e a corda ficam molhadas, a

i ' JÁ 'w/Ill' / / v. I n\ nATv

madeira expande e a corda encolhe, criando uma superfície impermeável. As amuradas são altas nessas embar­cações marítimas, suficientemente grandes para receberem muitos rema­dores e, também, grande contingente de marinheiros. Haverá ainda bas­tante espaço para alojar os viajantes e suas bagagens. Esses barcos atracam em Pi-Ramsés ou em Mennefer, a partir de onde os passageiros precisa­rão continuar suas viagens em navios menores ou no lombo de burros.

assèsísísísifei-3 f

|l M

Embarcações marítimas atracam em Pi-Ramsés e Mennefer.

Page 121: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

C O N S I D E R A Ç Õ E S P R Á T I C A S

Viagem pelo Nilo em um barco a vela.

B A R C O S A V E L A DO N I L O

Navios de madeira menores são utilizados para viajar no Nilo, se você estiver indo de Mennefer a Tebas, ou de Tebas a Abdju. Construídos tendo em mente a viagem de rio, eles são pequenos, com remos e uma vela para navegação confortável, tanto em direçáo ao norte como para o sul ao longo do rio. Muitos desses navios menores teráo formato papiriforme, parecendo-se com esquifes de papiro, mas sáo mais seguros e mais duráveis do que suas cópias de papiro.

A maioria desses navios terá uma pequena cabine cercada no centro do convés, permitindo que os viajantes tomem sol, e uma capota coberta que propicia um lugar perfeito para a pessoa sentar e observar o belo

cenário e a vida selvagem do Nilo. A cabine cercada tem duas ou três salas dentro, e as portas sáo colocadas de modo que do convés é impossível ver o interior da cabine, oferecendo aos passageiros certo grau de privacidade.

Muitos navios alugados para via­gens entre cidades serão acompanha­dos pelos medjay, e como aviso de sua presença a bordo, eles colocarão seus escudos contra a cabine cercada, de modo que qualquer pessoa ao longo da margem do rio saberá que não deve atacar o barco. Embora em geral o Egito seja seguro, como a maioria dos lugares, a região pode ser pertur­bada por ladrões, especialmente se o ricaço se aventurar desacompanhado por trechos tranquilos do Nilo.

I Z I

Page 122: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

G U I A DO V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : E G I T O

C O M O CIRCULAR PELA C I D A D E

QUANDO ESTIVER NA REGIÃO DE T E B A S , MUITOS PASSEIOS PODEM

SER FEITOS A PÉ, E ESSE É, DE FATO, O MEIO DE TRANSPORTE

PREFERIDO PELOS HABITANTES LOCAIS. VOCÊ NOTARÁ QUE MUITA

GENTE NÃO USA SAPATOS. S E ALGUÉM ESTIVER USANDO SAPATOS,

MUITAS VEZES É SINAL DE STATUS, POIS ISSO MOSTRA QUE O IN ­

DIVÍDUO NÃO ANDA MUITO, DE MODO QUE SEUS PÉS DELICADOS

PRECISAM DE PROTEÇÃO. PORÉM, É ACONSELHÁVEL, AO ANDAR NO

DESERTO NA MARGEM OCIDENTAL, PROTEGER OS PÉS CONTRA OS

ESCORPIÕES E AS COBRAS.

Melhor do que andar, é possível alugar uma cadeira de trans­

porte ou liteira, que exige dois homens (ou quatro, se você for de maior porte), mas isso pode custar caro. Essas litei­ras consistem de uma caixa baixa, com encosto e laterais levantados, dentro da qual o viajante pode teclinar-se em almofadas, sentar-se de pernas cruzadas ou até mesmo sentar-se em um ban­quinho. É preciso um pouco de prática para a pessoa se deslocar confortavel­mente, mas isso é considerado uma grande exibição de riqueza e status.

Para viagens mais longas, é acon­selhável alugar um burro. Em geral,

A liteira é sinal de luxo.

os habitantes locais utilizam os burros como animais de carga e não serão vistos muitas vezes montando-os, mas a maior parte dos donos ficará feliz de aluga­dos por um preço combinada Alguns burros estão disponíveis com uma liteira amarrada no lombo, o que permite ao viajante sentar-se com algum grau de dignidade. Dito isso, o burro não é o meio mais cómodo para viajar.

o CARRO DE COMBATE

O carro de combate é, sem dúvida, o meio de transporte mais comum em torno das principais cidades. As bigas utilizadas em Tebas são leves, com rodas de quatro raios. As armações são feitas da madeira e cobertas de canas de junco ou couro.

Essas bigas transportam duas pes­soas. No caso do contexto militar, seriam o condutor e o arqueiro, ao passo que para viajar pela cidade, esses carros transportam o condutor e o pas-sageiro. O veículo é puxado por dois

Page 123: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

C O N S I D 1: R A ç Õ F. S P R Á T 1 C A S

A INTRODUÇÃO DO CAVALO

Embora o burro seja comum no

Egito, o cavalo também é utilizado no

transporte. Ao passo que o burro é um

animal de carga, o cavalo é mais de

elite, tendo sido introduzido apenas um

pouco antes do reinado de Ahmose,

que utilizou cavalos em sua campanha

para expulsar os Heqa Haswt da Egito.

Gradualmente, no século passado, a

nobreza egípcia adquiriu o hábito de

treinar habilidades de equitação desde

a mais tenra idade.

Embora quase sempre os cava­

los sejam usados para puxar bigas,

com certeza não é incomum ver um

membro da nobreza montando a

cavalo. O cavalo é equipado com uma

manta arremessada em seu lombo,

para ficar mais confortável para o

cavaleiro, além de rédeas e freio para

maior controle.

cavalos, e é preciso levar em conside­ração que para percursos de distâncias longas são necessários força e equilíbrio.

Os ESQUIFES DE PAPIRO

Os barcos de papiro são bons para viagens curtas, talvez no Nilo ou nos pântanos de papiros. Você deve veri­ficar se o papiro ainda está verde no barco que escolher, pois isso indicará que o mesmo é, novo. Eles têm uma durabilidade de apenas dois meses, depois perdem a resistência.

Os barcos de papiro mais parecem

balsas, sem o cercado das amuradas, e são afilados em cada extremidade. Esses barcos têm tamanhos diferen­tes, com os maiores ostentando quase uma dúzia de remos de cada lado.

Os esquifes utilizados nos pânta­nos têm convés reforçado de madeira e suportam apenas duas ou três pes­soas, mas são um pouco mais estáveis, permitindo liberdade de movimen­tos. Esses são de longe os meios mais seguros de viajar no Nilo, e local­mente são conhecidos pelo fato de serem ignorados pelos crocodilos.

Um esquife básico de papiro. »,, .._„_ 9t-

Page 124: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

G U I A D O V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : L Í C I T O

ACOMODAÇÕES

T E B A S É U M A C I D A D E A G I T A D A , DE MODO Q U E P O D E SER C O M P L I ­

C A D O ENCONTRAR ACOMODAÇÕES, ESPECIALMENTE PORQUE NÃO

E X I S T E M H O T É I S OU T A B E R N A S O F I C I A I S . P O R I S S O , É E S S E N C I A L

E N C O N T R A R U M A F A M Í L I A D ISPOSTA A A L U G A R U M A S A L A O U SULTE.

P O R T A N T O , VÁ ATÉ A P R A Ç A P Ú B L I C A DO B A I R R O E FAÇA P E R G U N ­

TAS POR L Á . A s FAM(L IAS N O E G I T O SÃO G R A N D E S E AS C A S A S

P E Q U E N A S , E MUITAS V E Z E S O ESPAÇO É A P E R T A D O . M A S NÃO D E ­

S A N I M E , POIS AS ACOMODAÇÕES SÃO DE BOA QUALIDADE E VOCÊ

SERÁ TRATADO COMO MEMBRO DA FAMÍLIA.

Oestilo das casas no Egito é bem básico, e a casa média é com­

posta de quatro ou cinco salas, uma cozinha e um telhado horizontal. Todas as casas são construídas de tijolos de barro, com vigas de madeira cobertas por canas de juncos e barro, formando o telhado. Algumas casas ainda contam com um andar superior, alcançado por uma escadaria de pedra, quase sempre do lado de fora do edifício para econo­mizar espaço dentro da estrutura. Há três tipos de acomodações disponíveis: casernas, grandes mansões e pequenas casas rústicas de bairro ou aldeia.

C A S E R N A S

Para os militares e alguns trabalha­dores temporários, existem as casernas em galerias. Durante parte do ano, contudo, essas casernas ficam vazias, e são perfeitamente adequadas como acomodações de curto prazo.

Cada galeria acomoda até 40 homens em plataformas levantadas. Essas galerias são acessadas por uma

entrada fora do eixo que leva, na frente, a uma área aberta, colunada, e depois, nos fundos, a quartos privativos e gran­des (alojamentos de supervisores), com uma área de cozinha na parte de trás.

Há uma grande área de jantar adjacente aos quartos de dormir, composta de uma sala sustentada por pilares cheia de bancos construídos de tijolos de barro. As casernas, apesar de básicas, são ideais para grupos que pretendem caçar ou pescar, pois possuem grandes cozinhas para pre­parar os proventos do dia. E possível também contratar uma família local para organizar as áreas de dormir além de preparar e cozinhar a comida.

A L U G U E L , D E P R O P R I E D A D E

Os viajantes que quiserem peque­nos luxos devem alugar salas no centro da cidade. As casas medianas na cidade são pequenas e básicas, enquanto as casas maiores podem ter uma série de salas pequenas, depósitos e salas maio­res colunadas, que ficam de frente para

17.4

Page 125: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

C O N S I D E R A Ç Õ E S P R Á T I C A S

O ponto de encontro focal é o melhor lugar para encontrar acomodações.

pátios internos. A maioria das casas modações mais luxuosas. Se este for abre-se para a rua e são térreas, com o caso, então por que não alugar uma uma escadaria que leva ao telhado suite em uma mansão de elite? As man-plano. Elas também contam com soes podem ser de qualquer tamanho, celeiros para armazenamento e, em mas são compostas de várias suites

alguns casos, para o enterro de crian- menores, cada uma seguindo o esquema ças. As casas são caiadas de branco e as de pequenas casas rústicas. As principais portas pintadas de vermelho. áreas de convivência de uma grande casa

As casas menores, rústicas, seguem de elite serão arranjadas em volta de um o modelo geral composto de quatro pátio aberto com uma piscina de água cómodos, com uma primeira sala que no centro e uma colunata na borda, se abre para a rua, e o telhado plano As áreas de banho em cada suite

sendo utilizado para armazenamento consistem de uma sala de chuveiro ou espaço extra para dormir. ou banheira. Muitas salas também

Essa primeira sala também é ado- possuem belos murais pintados, rada como lugar de culto, enquanto a telhas coloridas e mosaicos no piso, segunda terá uma grande plataforma dando a sensação de grande luxo. no centro, coberta de almofadas, a qual é utilizada como assento durante o dia e como cama à noite. Janelas altas deixam entrar a luz, e muitas vezes há acesso para um celeiro de armazena-

ACAMPAMENTOS

Para os realmente aventuteiros, por que não acampar no deserto que circunda o Vale do Nilo? Barracas ou

mento. A terceira sala serve como área tendas estão largamente disponíveis e de trabalho, despensa e área de dormir são feitas de couro, lã ou linho grosso das mulheres, e provavelmente será a sala alugada para os viajantes.

A cozinha fica atrás da casa, em uma área murada, mas aberta, com um forno de barro e um silo para guardar os grãos excedentes.

Alguns turistas talvez desejem aco-

drapeado por cima de estacas de madeira. Não é aconselhável acam­par sozinho, sendo melhor contratar alguns guias beduínos locais, que for­necerão tendas convenientes, impe­dirão que você se perca e indicarão onde ficam os poços naturais.

r i 5

Page 126: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

(.1 i: IA n O Vi A J A N T E P E L O M U N D O A N I i G O : Li c, i T O

Usos E COSTUMES

O S EGfPCIOS SÃO ZELOSOS DE COSTUMES, COMPORTAMENTOS A D E ­

QUADOS E CONHECEM SEU LUGAR. H A MUITOS TEXTOS CIRCULANDO

CONHECIDOS COMO " I N S T R U Ç Õ E S " , SENDO, EM GERAL, ESCRITOS

POR PAIS QUE ACONSELHAM SEUS FILHOS SOBRE O COMPORTAMEN­

TO ADEQUADO.

Essas "instruções" são claras em assuntos como comer na

companhia de outras pessoas, uma vez que o fato de comer demais é especialmente considerado falta de educação. O hóspede deve comer frugalmente, não deve ser glutão e lançar-se sobre a comida logo que ela é servida. Mas, por outro lado, considera-se grosseria recusar qual­quer coisa oferecida pelo anfitrião.

BEBIDA

Embora seja aceitável beber cer­veja e vinho, sendo aquela, de faro, um elemento básico da dieta egípcia, não é aceitável beber em excesso, pois acredita-se que o álcool faça de tolo o homem mais ajuizado, além de fazer com que as pessoas falem mal umas das outras. Os bêbados são detestados na sociedade, e ninguém estenderá a mão para ajudar alguém que caiu por causa da bebida - por isso, deve-se beber o mínimo de álcool.

COMPORTAMENTO

É desejável que o bom cidadão, aquele que respeita a lei, seja tímido e tranquilo, e acredita-se que esse

tipo da pessoa atraia benefícios. Também se considera educado quem só responde quando perguntado. E, especialmente, se você estiver na companhia de superiores, tente ser o mais inofensivo quanto possível.

Considera-se estranho o fato de uma pessoa ser orgulhosa ou hostil, e isso resultará em agressão. Se estiver perto de uma briga, então você não deve intervir, pois o autocontrole é apreciado acima de tudo; até em uma discussão entre amigos e iguais considera-se melhor não participar, já que "o silêncio lhe cairá bem".

DISCRIÇÃO

A discrição também é um traço estimado, enquanto a bisbilhotice é desaconselhada. O que for visto ou ouvido em casas de amigos ou conhe­cidos deve ser guardado confidencial­mente. Quando convidado para ir à casa de alguém, o hóspede deve ser respeitoso, não deve bisbilhotar ou comentar os assuntos da casa fora dela. E essencial, por isso, conquis­tar a confiança e tentar conservá-la a qualquer custo possível. Os inteli­gentes, na sociedade, certamente não

126

Page 127: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

C O S S I D E li A Ç Õ RS P R Á T I c: A S

devem agir como superiores àqueles que não tiveram o benefício de sua educação e devem consultar tanto o educado como o sem educação, igualmente para 0 aconselhamento, pois acredita-se que o bom conselho e a sabedoria podem ser encontrados nos lugares mais surpreendentes. Por isso, todos devem ser tratados com respeito.

D I C A S P A R A O V I A J A N T E

Como visitante, é melhor ser educado e amistoso com todos; cum­primente as pessoas que encontrar e apresente-se e responda às pergun­tas que lhe fizerem sem hesitação. Lembre-se de que uma das principais leis do Egito é a de Maat - a verdade ou o equilíbrio cósmico - e, por isso, é melhor ser verdadeiro ou ficar calado.

O QUE HÁ PARA VER

Existem algumas palavras e frases

Interessantes utilizadas, ria "conversa*

ção diária no Egito, que podem surpre­

ender o visitante mais Insuspeito. Por

exemplo, não se assuste se for cumpri­

mentado com ''que: você possa viver

120 anos". No'Egito, essa. é conside­

rada uma idade ideal, e a pessoa está

apenas desejando vida longa a você.

Sé'alguém"fizer a previsão' de que

"você vaí morrer em sua cidade", não

procure os weâpy - mais uma vez,

trata-se de uma frase respeitosa. Nada

é mais horroroso para a mente egípcia

do que falecer longe de sua cidade, de

sua família: e de seus amigos. Como

os egípcios têm práticas fúnebres dife­

renciadas, eles se preocupam sé vão

morrer longe de casa e se-IÍÇÍO. serão.

enterrados adequadamente,' para ..que

a vida após a morte não seja afetada.

Os egípcios floreiam bastante sua

linguagem e anunciam ó início de

muitas frases com "pela' marca de" ou

"em nome dê", garantindo que terão

ioda a atenção; além disso, outro

hábito linguístico que você notará, e

que se espera venha a aderir, é que

depois dé cada menção do nome do

rei ou do palácio,, voeê deve responder

com 'Vida, prosperidade è saúde",

como sinal dé respeito e boa vontade

em relação ao soberano divino.

1 2 7

Page 128: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

G V IA U O V [ A J A N '! I- P E 1. O M U N D O A X T I G O : E"G 1 I O

ROUPAS E ACESSÓRIOS

COM O CLIMA EGIPCIO SENDO COMO É, AS MODAS EGÍPCIAS SÃO

CENTRADAS NO FRESCOR E, POR ISSO, O ÚNICO TECIDO UTILIZADO É

o LINHO. NORMALMENTE, O LINHO MANTÉM SUA COR NATURAL, QUE

VARIA DO BRANCO A TONS DE MARROM E DOURADO, DEPENDENDO

DA MATURIDADE DO LINHO UTILIZADO PARA PRODUZI-LO. O LINHO

É CARO PARA TINGIR E IMPOSSÍVEL DE SE COLORIR RAPIDAMENTE,

O QUE SIGNIFICA QUE DESBOTARÁ AOS POUCOS.

Embora existam vários acessórios a serem acrescentados a esse artigo

obrigatório, na forma de cintas ou faixas coloridas, xales plissados ou jóias, o item básico de vestimenta tanto para homens como por mulheres é a túnica, uma roupa em forma de T, cujo com­primento pode variar da cintura até os pés, dependendo da escolha pessoal. Muitas dessas túnicas têm mangas removíveis para o verão; um linho mais grosso é utilizado em túnicas de inverno ou para tardes frias.

As túnicas de comprimento na cintura são usadas com saiotes de comprimento até a panturrilha, que consistem de uma peça retangular simples de tecido enrolado em volta do corpo e atada na frente para criar um efeito cheio, em cascata, embora muitas vezes a frente seja mais curta que as costas. A moda no momento é focada no volume - assim, quanto mais tecido você puder incorporar a seus saiotes ou xales, mais rico e na moda você parecerá. Os saiotes são

SSk

pas egípcias tradicio­

nais: a túnica básica para

os homens, e a túnica mais

comprida com um xale

plissado para as mulheres.

Page 129: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

C O N S I D E R AC Õ E S P R k T K A S

mantidos no lugar com uma faixa ou cinta, quase sempre brilhantemente colorida, com franjas ou enfeites - que se destacam da brancura total do saiote ou da túnica. As mulheres usam faixas, que caem até o chão, e seguram no lugar seus xales ou as elaboradas pregas de suas túnicas.

Embora o desenho das túnicas seja liso, há meios de torná-los mais elabo­rados com a ajuda de dobras e pregas, seja no còrpete e nas mangas ou na saia. Porém, o modo mais fácil de tornar a túnica exclusiva é com acessó­rios. As mulheres, muitas vezes, pren­dem um xale plissado em volta dos ombros da túnica de maneira compli­cada, criando interessantes pregas de decote ou até mangas cheias - tudo isso com o retângulo do material. Esses xales, muitas vezes, sáo deco­rados com enfeites ou franjas ou, às vezes, bordados com desenhos colori­dos; os xales mais caros são enfeitados com apliques de contas e rosetas.

Muitas túnicas da mais alta qua­lidade também sáo decoradas com desenhos de tapeçarias, que de fato fazem parte do tecido e sáo utiliza­dos como ornamentos em volta do pescoço aberto, da bainha ou das mangas. Muitas vezes, colarinhos também são actescentados à túnica lisa — e, em geral, também são de linho, mas decorados com tapeçarias, bordados ou contas. Estas são cos­turadas à túnica e, depois, retiradas, quando são levadas para limpeza.

P R O T E Ç Õ E S P A R A A C A B E Ç A

Para proteger a cabeça do forte calor, os egípcios muitas vezes usam turbantes, e isso é recomendado para todos os visitantes. Não fique surpreso, porém, se a maioria dos egípcios que você encontrar raspou a cabeça como precaução contra os piolhos, precisando proteger a careca sensível contra o sol. A maior parte das pessoas usa um turbante sim­ples feito de um retângulo ou de um semicírculo de linho (conhecido como a touca khat), drapeado por cima da cabeça e do pescoço e preso no lugar com uma banda de linho. Os turbantes são sempre brancos, para refletir o calor, embora os ricos às vezes tenham turbantes coloridos ou com enfeites bordados.

C A L Ç A D O S

As sandálias básicas também estão na moda em Tebas atualmente, com bem poucas diferenças entre as dos homens e as das mulheres. As mais caras são feitas de papiro ou de couro, e as mais comuns sáo feitas de juncos simples do Nilo. Elas têm um desenho simples, com uma cor­reia que passa entre os dedos do pé e uma tira por cima do pé, permitindo que os pés respirem. Para algo um pouco diferente, por que não tingir os juncos para criar sapatos colori­dos? Embora a cor não dure muito tempo, você criará um acabamento encantador para seu traje egípcio.

129

Page 130: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

G U I A D O V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : E G I T O

C O M I D A E BEBIDA

N Ã O É DIFÍCIL COMER EM T E B A S , MAS NÃO EXISTEM LUGARES COMO

TABERNAS OU RESTAURANTES. C O N T U D O , ALGUMAS CASAS ABREM

SUAS PORTAS PARA OS VIAJANTES E FORNECEM REFEIÇÕES CASEI ­

RAS E BEBIDAS FRESCAS. E M B O R A HAJA AUTORIZAÇÃO OFICIAL,

FICA SEMPRE CLARO QUAIS CASAS NA CIDADE DÃO AS BOAS-VINDAS

PARA HÓSPEDES. T A M B É M É FÁCIL COMPRAR COMIDA, COMO PEIXE

SECO, FRUTAS, PÃO E CERVEJA, NA PRAÇA PÚBLICA, POR UM PE­

QUENO PAGAMENTO — TUDO PREPARADO EM CASA PELAS MULHERES

DAS ALDEIAS.

Em geral, a comida no Egito é a farinha é moída com uma pedra

simples. Muitas vezes consiste socada contra uma placa de pedra, às de peixes e verduras, que são servidos vezes o pão pode parecer um pouco com vários molhos que acrescentam grosso para o paladar do estrangeiro, sabor extra e realçam a textura. Os pães que são feitos são vendi-

A comida fundamental, porém, dos moldados de várias formas que é o pão feito do trigo emmer. Como indicam seus ingredientes, e assim.

t 3 0

Page 131: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

C O N S I D E R A Ç Õ E S P R Á T I C A S

existem muitos pães diferentes e saborosos no mercado, inclusive pães de mel e tâmaras.

A maioria dos egípcios não come muita carne em sua dieta, mas o turista rico será capaz de obter carne de vaca e de pato, além de carnes de quali­dade mais baixa, inclusive de porcos e aves. A carne é na maior parte assada em cima de uma fogueira aberta, e a gordura é utilizada nos molhos. Os molhos de carne também incluem grão de bico, mel, tâmaras e romãs temperadas com pimenta e alho. E mais comum lhe oferecerem peixe salgado ou seco para comer. O peixe é capturado diariamente no Nilo, coberto de sal, e deixado para secar ao sol. O peixe e a carne são servi­dos com uma mistura de verduras que inclui pepino, alface e cebolas.

BEBIDA

Outro item fundamental da dieta egípcia é a cerveja, feita de pão de cevada parcialmente cozido ou enve­lhecido ou de trigo emmer. Essa cer­veja parece mais uma sopa do que um líquido, e às vezes pode ser tomada com colher. Conhecida localmente como henket, essa bebida é feita em casa para ser vendida no mercado ou consumida pela família, ou em cer­vejarias anexas aos templos, para a distribuição oficial como salário. Para o turista mais aventureiro, por que não experimentar a saborosa cerveja? Durante a fermentação, são acrescen­tados tâmaras, mel e condimentos, que aceleram a fermentação e dão o sabor característico. Essa cerveja é

alcoólica, mas não induzirá a bebedei­ras, a menos que tomada em excesso; ela é, inclusive, servida para as crian­ças, como parte da dieta diária.

Uma alternativa para a cerveja é o vinho vermelho ou branco, uma bebida muito superior. Existem muitos vinhedos em Tebas, e é possí­vel fazer passeios em alguns deles para provar as diferentes combinações de uvas. Alguns vinhedos mais conheci­dos, porém, ficam nos oásis de BCharga e Dalda, embora os vinhos importa­dos da Síria sejam particularmente preferidos pelos tebanos e pela elite de Pi-Ramsés; eles são feitos de tâmaras e romãs, em vez de uvas. Os melho­res vinhos são aqueles que fermen­taram durante vários anos, e alguns vinhedos também acrescentam mel e temperos ao vinho para acentuar o sabor. O vinho egípcio é preferido por muitos estrangeiros, embora possa ter um sabor residual ligeiramente oleoso para quem não estiver acostumado com ele. Se o vinho for um pouco oleoso, acrescente um pouco de água para resolver isso — embora os egípcios não façam o mesmo.

Muito popular na casa real é a shedeh, uma bebida bastante seme­lhante ao vinho, feita com uvas vermelhas e servida quente; trata-se de uma bebida condimentada, espe­cialmente refrescante para as noites de inverno. A shedeh é muito cara e difícil de encontrar, portanto, se você tiver a oportunidade de prová--la, é aconselhável aceitar. Mas, como todas as bebidas alcoólicas, desfrute com responsabilidade.

i3;i

Page 132: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

G U I A D O V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : E G I T O

DINHEIRO

F A Z E R C O M P R A S NO E G I T O P O D E SER U M A

E X P E R I Ê N C I A D I V E R T I D A , E É A L G O Q U E TODO

V I A J A N T E DEVE TER A P O S S I B I L I D A D E DE R E ­

A L I Z A R , A E C O N O M I A EGLPCIA É B A S E A D A N A

PERMUTA E, POR I S S O , V O C Ê P R E C I S A R Á L E ­

VAR U M B O M S U P R I M E N T O DE M E R C A D O R I A S

PARA T R O C A - L A S P E L O S A R T I G O S Q U E D E S E ­

JAR. T R A T A - S E DE U M S I S T E M A DE C Â M B I O C O M P L E X O E, F A Z E N D O

COMPRAS ASSIM, PODE DEMANDAR TEMPO. NÃO ESPERE ESGOTAR O

ASSUNTO EM UM PASSEIO CURTO — VOCÊ PODE LEVAR A TARDE TODA

APENAS PARA COMPRAR DOIS OU TRÊS ITENS.

Não existem locais semelhantes a um mercado, mas, se você

se dirigir para a costa do Nilo, nos portos ou nas praças das aldeias, encontrará bancas onde os comer­ciantes e os aldeões locais se estabe­lecem para vender suas mercadorias. Para certas mercadorias, talvez seja necessário visitar os próprios arte­sãos em suas oficinas ou casas, e, de fato, muitas coisas podem ser feitas sob encomenda se você tiver tempo para esperar.

Negociar preços é uma situação em que as coisas podem ser compli­

cadas, pois as mercadorias são troca­das por outras. Porém, há um preço relativo medido em pesos de cobre ou prata, conhecido como deben. A maior parte dos habitantes locais conhece a taxa de câmbio relativa, ao passo que o turista pode ter alguma dificuldade, portanto, tente desco­brir quais as tarifas locais de certas mercadorias.

Lembre-se de que os objetos só têm valor se alguém os deseja - então, que tal trazer artigos raros de sua terra natal ou de sua cidade, algo que talvez nem esteja disponível no próprio Egito?

Existe de tudo disponível para se comprar no Egito, dos animais domésticos às jóias mais finas.

132

Page 133: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

C O NT S I D E R A Ç Õ E S P R Á T I C A S

O Q i i HA P A R A V t n

' • - • ' • • • - • • • • • • . . ]

' • ; • • • ; • • • . • • • • ; • . : , • ' - ; • : > ,

A TAXA DE SAÍDA • ""

Fará evitar que o viajante desprecr'

cupacfo seja extorquido por comerciara

tes espertos, aqui vão algumas dicas de

negócios. £ preciso notar, porém, que

como Tebas rido se. encontra em uma

rota comerciai direta, provavelmente as

coisas serão um pouco mais caras- lá

do que em Mennefer, onde fica o porto.

£m Mènnerer, comerciantes de todas as

partes, podem- .ser vistos vendendo; seus

•produtos:; mas, esse não- é o caso da

Tebas, embota a maioria das mesmas

mercadorias esteja à disposição:,

.' • • • ftaOPA*

Uma; túnica de linho de qualidade

mediana yale cerca d© $ cfêípen de

cobre ou 3 hm (jarros) de óleo, ao

passo que uma tanga triangular cus­

tará algo entre 4 e 16 debende cobre.

Se você precisa comprar um novo

par" de. sandálias;, isso .'lhe, custará, até

.3 deben dé. cobre ou" uma tanga, dé-

baixa qualidade.

J Ó I A S "

O ígito é muito conhecido, peja

produção de jóias e é possível com­

prar algumas relativamente baratas.

Porém, se você deseja qualidade, terá

de gastar mais. Um colar dé faiança

é a forma mais barata, por 5 deben,

ao passo que um color de lápis-lazúlí

. custará, pelo menos 8 dèben, % um •con- I

trapeso de ouro para um colar saíra

por 30 deben de cobre, quase o preço j

de um burra jovem!

% • • • • • ' • • • ' • ' I

•. A V t T i d ô s 0 f i C o n s u m o • . •]

Muitas mercadorias à venda serão

artigos d© consumo:, comida;, bebidas •

e. "óleo. Os- filões -de pão- sfío vendi­

dos a granel, com dez filões custeando

2 deb&n de.•cobre -ou 2 hm de óleo» :j

Uma ânfora grande de cerveja custará

2 deben, e 4 deben compram a mesma 1

quantidade de vinho..

Gomo nao e pratico transportar

balsas dè- cobre- por aí , é "bom saber'

•que: 'umã cabra- pode. ser trocada

pelo equivalente m l -3 : deben, e s$m\ .,

o papiro (prontamente disponível no j

norte) pode ser trocado por 4 deben

de cobre - portanto, é recomendável:

que você verifique se dispõe de papiro

suficiente para negociar, pois é muito

mais leve- de você transportar por aí -• e

talvez também ter um par de cabras â,

disposição.,

133

Page 134: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

G U I A DO V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : E G I T O

COMPRAS

H Á MUITAS COISAS PARA COMPRAR AO REDOR DE T E B A S , DESDE

COMIDA E ARTIGOS DE CONSUMO A ROUPAS E MERCADORIAS DE

FUNERAIS. TUDO O QUE VOCÊ QUISER ESTÁ DISPONÍVEL, E MUITAS

COISAS PODEM SER FEITAS POR ENCOMENDA, DE ACORDO COM AS

ESPECIFICAÇÕES PESSOAIS, PORTANTO, É POSSÍVEL COMPRAR ALGO

ABSOLUTAMENTE EXCLUSIVO.

L I N H O

O material mais comum dispo­nível é o linho, pois é disso que a maioria das roupas é feita. Contudo, a qualidade e a espessura variam muito. Quanto mais perfeito, mais caro, o linho da mais fina qualidade será quase transparente. Para peças de roupas de inverno, são utilizados o linho mais grosso ou a lá, e podem ser tecidos em capotes e túnicas de mangas compridas. O linho, basica­mente, não será tingido, mas varia do branco a tons de marrom e dourado, dependendo da maturidade se escon­dendo. Embora a cor não seja muito utilizada, cintas coloridas ou faixas de tapeçaria são feitas para enfeitar os principais artigos de vestuário. E pos­sível encomendar as peças de roupas coloridas necessárias, mas as tinturas não são de cores firmes e irão desbotar quando lavadas.

JÓIAS

Embora as roupas usadas pelos egípcios sejam bem simples, com poucas cores ou enfeites, as jóias deles são bastante requintadas, e

nisso, certamente, o visitante ira investir. Existem jóias de todas as formas, feitas do material que você puder imaginar. Se seu orçamento não alcança as pedras semipreciosas, elas podem ser copiadas em faiança.

A peça de jóia mais comum é o colar solto, feito de uma fiada de contas ou amuletos, que pode ter qualquer formato (ankhs, animais,

As mulheres examinam a qualidade dos produtos em uma oficina de linho.

334

Page 135: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

C O ST S I D E R A Ç Õ K S P R Á T I Ç A S

O Q U E H Á P A R A V E R

A COMPRA DE JÓIAS

Ao comprar jóias, você precisa ter

muito claro o que quer e o vafor que

está disposto: a pagar. ,

A grande maioria- das jóias dis­

poníveis é de faiança, uma substân­

cia colorida parecida com c* barro,

mas feita de areia aquecida, a qual

pode ser encontrada ern várias cores

e formas, © enquanto quente é maleá­

vel: Contudo, você precisa saber que

á faiança pode ser produzida para

parecer com qualquer pedra: semi-,

preciosa, e fica quase irreconhecível

« então, cuidado para não ser enga­

nado por falsificações. Se, par outro

lado, você quiser jóias de pedra, elas

também estarão disponíveis, mas a

maioria das pedras importadas pode

custar caro. As pedras mais baratas

são a comalína:, a.ametista, o jaspe

vermelho e o cristal de rocha:, pois

estão disponíveis no Egíto; mas a lazu-

lita.de lápis-lazúli, muito na moda, e

o ônix, precisam ser importadas, fato

que se reiete na preço.

Se quiser que essas pedras sejam

montadas, ou que tenham ganchos ou

terminais metálicos, tenha em mente

qu©' a prata é importada, ©, por isso,

mais cara que ó ouro; uma alternativa

extraordinária para ambos é o electra,

uma Combinação dos- dais metais.'

l-z

flores, ou frutas) e, também, de qual­quer cor. Para equilibrar o peso, um contrapeso de bronze ou ouro é neces­sário, suspenso nas costas. Braceletes, pulseiras e tornozeleiras podem ser feitas para combinar com o colar.

Os brincos são de dois tipos, e os mais baratos sáo os de botão ou tampa, que simplesmente mostram uma forma redonda no lóbulo da orelha. Além disso, os outros, do tipo mais caro, formam pingentes, e você talvez mande fazer alguns para combinar com as outras jóias que comprou.

INCENSO

Um produto muito importante no Egito é o incenso. Ele é fabricado local­mente a partir de uma combinação de plantas nativas e importadas e de goma de árvore. Os mais caros sáo os cha­mados kyphi, compostos de 16 ingre­dientes diferentes, que incluem mirra seca, bagas de junípero, galhos finos de resina de lentisco e feno-grego. São vendidos como pílulas de incenso para perfumar a casa e as roupas ou mistu­rados com mel e moldados em pílulas, utilizados para refrescar a respiração.

'35

Page 136: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

G U 1 A D O V í A I A N T E P f I O M l I S D O A N T I G O : E G I T O

TRATAMENTO M É D I C O

I N F E L I Z M E N T E , T O D O M U N D O F I C A D O E N T E , E , C A S O I S S O O C O R R A

D U R A N T E S U A V I A G E M , HÁ M U I T A S P E S S O A S Q U E V O C Ê P O D E VISITAR

P A R A UMA C O N S U L T A . O S M É D I C O S E G Í P C I O S S Ã O O S M E L H O R E S N O

M U N D O , O F E R E C E N D O O T R A T A M E N T O MAIS E F I C A Z . O S M E L H O R E S

M É D I C O S , E P O R I S S O M E S M O O S MAIS C A R O S , S Ã O O S S A C E R D O ­

T E S , Q U E A P R E N D E M A P R O F I S S Ã O EM C A S A S DA V L D A , A N E X A S

A O S T E M P L O S , S E N D O A M E L H O R E MAIS F A M O S A F U N D A D A P E L O

P R Ó P R I O G R A N D E S Á B I O I M H O T E P EM M E N N E F E R , E M B O R A T E B A S

T A M B É M O S T E N T E A L G U N S C E N T R O S D E T R E I N A M E N T O ( P R I N C I P A L ­

M E N T E EM K A R N A K ) .

Anatureza da sua doença dita

quem você visitará. Em casos

de mordidas de escorpião ou cobra,

você precisa ver os sacerdotes de

Selqet, que apelarão para a deusa

pela cura. Se, no entanto, você pegar

uma peste, os sacerdotes de Sekhmet

devem ser procurados. Os sacerdotes

apelam para as divindades pelo alívio

da doença que elas próprias causa­

ram. O preço do tratamento depen­

derá, obviamente, da gravidade da

condição. A facilidade da abordagem

dos sacerdotes também dependerá

da época do ano e da atividade do

templo, mas, se você explicar seu

caso para o porteiro, ele pode abor­

dar os sacerdotes em seu nome.

Se os médicos sacerdotais esti­

verem um pouco fora do seu orça­

mento, médicos leigos podem ser

procurados. Muitas vezes eles são

escribas e você precisará perguntar

pelo médico mais indicado a sua

doença em particular, pois todos

eles têm determinadas especialida­

des, inclusive olhos, parto, picadas

e mordidas. O preço do tratamento

será negociado.

O homem egípcio é tratado de suas

doenças pela "mulher sábia".

136

Page 137: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

C O N S I D E R A Ç Õ E S P R Á T I C A S

DOENÇAS MENORES

Se a sua doença for menor — cortes, escoriações, diarreia ou dores de cabeça - por que não visitar a mulher sábia da aldeia? Na maioria das aldeias haverá uma mulher trei­nada nas habilidades necessárias, e é melhor perguntar qual é a mais ade­quada. Essas mulheres sábias quase sempre são as melhores pessoas para visitar em casos de gravidez e parto, pois elas possuem muita prática nesse campo.

R E M É D I O S FÁCEIS DE P R O D U Z I R

Ao viajar pela região de Tebas, você pode ficar indisposto, mas não deseja

necessariamente contratar os serviços de um médico. Muitos remédios para

queimaduras, indigestão ou diarreia podem ser comprados nas ruas.

Para quem sofre de diarreia, uma boa cura local compõe-se de 1/8

de um recipiente de figos e uvas, massa de farinha de pão, milho em

grãos, terra fresca, cebola e sabugo, tudo misturado e ingerido até que a

condição melhore.

Se você tiver uma indigestão, esmague um dente de cerdo e misture

com massa de farinha de quatro bolos de açúcar. Coma durante quatro

dias e a indigestão deve passar - se isso não acontecer, pelo menos os

bolos são saborosos.

Para queimadura deve ser feita uma compressa com pão de cevada,

gordura de animais e sal, misturando-se tudo e enfaixando por cima da

queimadura para aliviar a dor e diminuir a inflamação.

Um remédio popular na região de Tebas para dores contínuas e dores em

geral é fazer uso do grande deus sol Rá. A área dolorida é untada com óleos

e, depois, exposta aos raios do Sol que curam, o que aliviará a dor. Faça isso

antes de sair à procura do médico e economize a conta salgada.

'37

Como as habilidades dos médicos e das mulheres sábias são passadas de geração em geração, é essencial esco­lher alguém de uma linhagem longa de médicos para garantir o melhor rraramento. Para garantir sua saúde, use muito kohl em volta dos olhos como proteçáo contra o sol, poeira e moscas e mantenha sua pele bem untada com óleos e perfumes para impedir o ressecamento. Além disso, beba muitos líquidos.

Page 138: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

G U I A ri O V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : E G I T O

O C R I M E E A LEI

EMBORA JAMAIS VOCÊ ENCONTRE ESCRITAS AS LEIS DO EGITO, EM

GERAL OS EGÍPCIOS SÃO CIDADÃOS QUE OBEDECEM Ã LEI, E HÁ PU­

NIÇÕES SEVERAS PARA OS QUE NÃO O FAZEM. O S MEDJAY FORMAM

A FORÇA DE POLÍCIA LOCAL DE TEBAS E, ASSIM, SÃO RESPONSÁVEIS

PRINCIPALMENTE POR PATRULHAR OS CEMITÉRIOS OCIDENTAIS PARA

IMPEDIR ROUBOS DE TUMBAS. POR CAUSA DISSO, ELES TÊM POUCO

A VER COM O CRIME COTIDIANO, EMBORA SEJAM DEFINITIVAMENTE

UMA PRESENÇA ARMADA EFICAZ NA CIDADE.

Os crimes são tratados com base no indivíduo, e não exis­

tem crimes classificados como tal, a menos que a vítima decida prosse­guir com a questão. Desse modo, por exemplo, quando ocorre um roubo, o mesmo só é tratado oficialmente se a parte ofendida informar. Geralmente o ladrão precisa devolver as mercado­rias roubadas, às vezes com o paga­mento de uma compensação - por exemplo, se três cabras forem rouba­das, o ladrão terá de devolver quatro.

Tome cuidado, porém, pois essa atitude relativamente leniente não se estende à propriedade do estado. Se

você tentar roubar algo pertencente ao estado ou a um templo, tenha certeza de que tal crime será investi­gado pela autoridade mais alta, com punições muito severas se for consi­derado culpado.

PROCESSO DE JÚRI

Os casos suficientemente sérios para serem processados oficialmente são encaminhados ao kenbet ou tri­bunal, composto de 16 indivíduos da localidade e do vizir. Embora o objetivo seja descobrir a verdade, o kenbet mantém, sobretudo, a ordem pública, e muitas vezes as punições

tuMáM « # » ? ? £ _Jl»IK; 'i~X\_j „_<n.«\« um* O castigo físico é uma

forma comum dz punição administrada

pelos tribunais.

• • • • - : ' . . • • • • . . . . '.....'••:•

i 3 8

Page 139: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

C O N S I DE R A Ç Õ FS P R Á T I C A S

são definidas de acordo com a opi­nião do grande público. Se, contudo, a pessoa mentir no kenbet, ela será processada por perjúrio, e isso pode resultar em pena de morte.

Caso você esteja no kenbet como acusado, é possível subornar o vizir para que o caso vire a seu favor; ou apenas para jurar que você náo vai transgredir novamente, e esse é o modo mais comum de encerrar um caso. Porém, essa náo é uma promessa a ser feita levianamente, pois se esse juramento for quebrado, as penalida­des sáo realmente muito pesadas.

A CONDENAÇÃO

Ser processado no kenbet é algo muito sério, pois o vizir tem o poder de destruir náo só o acusado, mas sua família inteira. Não é rara para certos crimes a punição da perda de ocupação do acusado e de seus descendentes. Em alguns casos, o criminoso e sua família podem ser condenados a trabalhar pelo resto da vida como operários estatais - uma punição terrível, pois muitas vezes a família inteira é enviada às minas ou às pedreiras. Por si só, a viagem até lá já é perigosa, e muitas famí­lias morrem antes de chegarem ao destino. Contudo, essa punição só funciona em sentido único, pois o marido não pode ser punido pelos crimes de sua esposa.

Outras penalidades para uma gama de crimes, dos, menores aos maiores, nem sempre são táo duras,

embora ainda sejam desagradáveis. Há pouca coerência entre o crime e a punição, mas as formas preferidas são as surras de chicotadas (normalmente em múltiplos de dez), para certas más condutas menores, aumentando para até cinco feridas abertas infligidas com uma faca, ou mutilação, tendo o nariz e as orelhas cortadas. Esta última punição muitas vezes é administrada a mulheres que cometem adultério, a mando dos maridos traídos.

Os crimes mais graves, como assassinato, roubo de tumbas ou quaisquer crimes contra o rei ou o estado, são punidos com a pena de morte, com a empalação de uma vara pontuda no estômago - uma morte lenta, agonizante - ou com o conde­nado sendo queimado vivo, muitas vezes publicamente, funcionando como meio de intimidação.

Quando o criminoso é executado, o enterro é negado, o que nega para ele a vida após a morte; em alguns casos isso vai além, com a supres­são ou a mudança de seu nome, que jamais será repetido depois da morte, a fim de garantir que não haja nenhum renascimento.

Como cada crime é tratado indivi­dualmente, a punição muitas vezes se ajusta ao crime. Contudo, a parte pre­judicada pode querer levar o assunto adiante, reivindicando a punição mais severa possível, mesmo que despro­porcional em relação ao crime. Assim, sempre que possível, é melhor não parar no tribunal de modo algum!

139

Page 140: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

G U I A D O V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : E G I T O

TRABALHO E ESTUDO

O s EGÍPCIOS FORMAM UMA NAÇÃO MUITO DEDICADA, E OS HOMENS

TRABALHAM À LUZ DO DIA, DEZ DIAS DE UMA VEZ, ANTES DE DOIS

DIAS DE DESCANSO. ESSE PADRÃO DE TRABALHO É SEGUIDO QUAL­

QUER QUE SEJA O STATUS DA PESSOA, EMBORA OS MILITARES EM EX­

PEDIÇÕES (DE COMÉRCIO OU EM CAMPANHA) TRABALHEM DURANTE

PERÍODOS MAIS LONGOS SEM QUALQUER DIA DE DESCANSO.

Durante a semana de trabalho, a maioria das aldeias estará des­

provida de homens, que foram traba­lhar, deixando exclusivamente para as mulheres, as crianças e os idosos a rea­lização de todas as tarefas domésticas. Algumas mulheres, porém, ainda tra­balham na produção caseira de roupas, sandálias, pão e cerveja para levar ao mercado ou como governantas ou empregadas em alguma casa de elite.

Há muitas ocupações que um homem pode realizar, e um texto conhecido localmente como a Sátira das Profissões descreve sem papas na língua as diferentes opor­tunidades disponíveis.

"O barbeiro barbeia até o anoitecer,

Ele vai até a cidade,

Instala-se em uma esquina,

Muda-se de rua a rua

À procura de alguém para barbear.

O jardineiro carrega um jugo,

Seus ombros vão curvar com a idade;

O pescoço é inchado,

E tem úlcera.

O mensageiro vai para o deserto,

Levando mercadorias para seus filhos;

Temendo leões e asiáticos,

Só ele sabe quando está no Egito."

O texto pretende mostrar que a profissão de escriba é a melhor, pois "é o maior de todos os chamados, não há nada parecido na terra". Porém, poucas pessoas podem se tornar escribas, já que cerca de menos de 1 % da população é alfabetizada. A instrução para os que escolhem essa carreira é intensa, come­çando aos 5 anos de idade. As crianças adquirem a habilidade de aprender de cor textos antigos e a copiar "cartas modelos" que são perfeitas em gramá­tica, estrutura e conteúdo.

140

Page 141: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

C O N S I D E R A Ç Õ E S P R A T I C A S

Embora os escribas trabalhem

bastante, muitos deles passam o

tempo livre escrevendo textos literá­

rios, como o Marinheiro Naufragado

(um conto sobre aventuras em

altos mares), os Cinco Contos das

Maravilhas (contos sobre magia e

coisas maravilhosas) e, ainda, poesia

de amor erótico e "Instruções" que

dão conselhos sobre boa vida, eti­

queta e boas maneiras. Dizem que

há um escriba no Lugar da Verdade

em Tebas que está em vias de escrever

um livro de interpretação de sonhos

- o primeiro fora de um ambiente de

templo. O viajante afortunado, com

certeza, terá a sorte de encontrá-lo e

consultá-lo sobre seus sonhos.

T ,-v' r""t

ÍA-uÇ VH Hl

•^dK-sT

t£-&-

XyL

%

\JlA

W

2 ; • " " (

^-; í > ; - ' " >

x<

Escriba escreve em seu papiro

com a escrita cursiva.

%,>

SALÁRIOS

Ao viajar, é sempre bom ficar sabendo que o dia de pagamento é o 28°

dia de cada mês, portanto, essa é a época de frivolidades e de aumento de

atividades nos mercados. Os salários são pagos não em cobre, mas em quan­

tidades de grãos - uma quantidade específica para as diferentes posições.

A pessoa com alto salário ganha cerca de 5,5 khar de grãos por mês,

o suficiente para alimentar uma família de 10 a 15 membros. Para aqueles

com famílias pequenas, isso significa que há um excedente, o qual poderá ser

comercializado com outras mercadorias, aumentando a riqueza ou melho­

rando a dieta e o estilo de vida. Normalmente, as pessoas com famílias maio­

res complementam esses salários com os de outros membros da família que

também trabalham. Raramente uma família muito grande conta com apenas

uma pessoa trazendo rendimentos para casa.

Para os que trabalham para o estado, o governo fornece outras merca­

dorias básicas, como alojamento, lenha, peixes, verduras, água e óleo, além

dos salários. Rações extras também são fornecidas para ajudar os empregados

durante os festivais religiosos, ou como bónus se eles agradarem ao rei.

141

Page 142: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

cer W "? á^NX

II é^W -" * % K

H

Page 143: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

J

REFERENCIAS

E RECURSOS

Se você precisa de mais informações para sua viagem ao

Egito, por que não consultar algumas obras literárias

egípcias que podem trazer esclarecimentos sobre a

mente, as crenças e os maneirismos dos egípcios? Nesta

seção você também descobrirá alguns hieróglifos que

irão ajudá-lo a identificar os construtores de certos

monumentos e as divindades adoradas nos templos.

Page 144: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

G U I A D O V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : E G I T O

SOBERANOS DO EGITO

N O S ÚLTIMOS 2 MIL ANOS DA HISTÓRIA EGÍPCIA, EXISTIRAM C E N ­

TENAS DE REIS — UMA LISTA GRANDE DEMAIS. M A S , AQUI ESTÃO OS

NOMES DAS DINASTIAS E DOS MONARCAS MAIS IMPORTANTES.

O EGITO PRÉ-DINÁSTICO

A partir da criação, o Egito foi governado por deuses - e, de fato, ainda o é, pois uma série de reis deuses assumiu o trono. O primeiro rei de verdade de todo o Egito, contudo, foi Natmer, quem uniu o Baixo e o Alto Egito, há pouco menos de 2 mil anos.

PRIMEIRO PERÍODO DINÁSTICO

Depois da unificação do Egito sob Natmer, o Primeiro Período Dinástico estabeleceu o regime da Primeira Dinastia, que se man­teve no poder durante cerca de 200 anos. Depois, a Segunda Dinastia dominou durante aproximadamente outros 200 anos.

O REINO ANTIGO

A ascensão da Terceira Dinastia, há cerca de 1.500 anos, trouxe com ela o grande rei Djoser, construtor da Pirâmide de Degraus de Saqqara.

O Reino Antigo chegou ao auge de seu poder com o surgimento da Quarta Dinastia sob Snefru, o grande construtor de pirâmides, há aproximadamente 1.300 anos. Seu sucessor, Khufu, construiu a Grande

Pirâmide de Gize. O enfraquecimento do poder central sob a Quinta Dinastia viu o declínio do Reino Antigo, com fome crescente e guerra civil.

A última dinastia do Reino Antigo foi a Sexta Dinastia, que surgiu há cerca de 1.100 anos. O reinado de 160 anos de seus reis Teti, Pepi Meryre, Merenre Nemtyemzaf e Pepi Neferkara, viu o poder crescente da nobreza e o relativo declínio do poder real.

o PRIMEIRO PERÍODO

INTERMEDIÁRIO

Sob a Sexta Dinastia, a nação do Egito ficou mais uma vez dividida.

Os registros da época são escassos, mas o Egito permaneceu dividido sob a Sétima e a Oitava Dinastias. Então, há aproximadamente 900 anos, o surgimento da Nona e da Décima Dinastias reuniu o Baixo Egito (do norte); enquanto, no sul, a Décima Primeira Dinastia reuniu o Ato Egito, com Tebas como a capital.

O conflito resultante levou a Décima Primeira Dinastia ao poder sobre todo Egito, e o resultado foi o surgimento da era do Reino do Meio.

144

Page 145: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

R E P E R È N C I A S I-. R E C U R S O S

O R E I N O DO M E I O

A era do Reino do Meio surgiu há cerca de 800 anos, durante a Décima Primeira Dinastia. O primeiro sobe­rano a reunir o Alto e Baixo Egito foi Mentuhotep Nebhetepre; porém, ele ainda dependia da ajuda de governadores locais, e somenre no reino de Senusret Khakhaure, aproximadamente 200 anos depois, foi que o poder do rei mais uma vez se tornou absoluto.

Uma transição suave para o regime da Décima Segunda Dinastia realizou--se há cerca de 750 anos, no governo de Amenemhat I. Seus sucessores incentivaram o poderio militar do Egito, com Amenemhat Nymaatra for­tificando as fronteiras do norte e, mais tarde, Senusret Kheperkara e Senusret Khakhaura estendendo as terras do sul de Egito até a Núbia, com a construção de muitas fortalezas.

O SEGUNDO PERÍODO

INTERMEDIÁRIO

Um período de relativa fraqueza e divisão da nação do Egito começou há aproximadamente cinco séculos e meio, com a subida da Décima Terceira Dinastia ao trono. A fraca família dirigente perdeu o poder no Sul para a Décima Quarta Dinastia Nubiana e, consequentemente, os asiáticos Heqa Haswt tiraram pro­veito disso para invadir e fundar a Décima Quinta Dinastia, aproxima­damente um século depois.

O Egito permaneceu dividido sob os reis da Décima Sexta e da Décima

Sétima Dinastias até Seqenenre Tao (pai de Amhose Nebpehryre), e seu primeiro filho, Kamose, iniciou as guerras que finalmente libertariam o Egito dos soberanos Heqa Haswt e levariam à reunificação.

o Novo REINO

Teve início no reinado de Ahmose Nebpehtyre há cerca de 400 anos, quando o Egito foi reunido e renasceu na época da Décima Oitava Dinastia. O maior rei dessa era foi Thurmosis Menkheperre, que governou por mais de 50 anos, até aproximada­mente dois séculos e meio. A dinas­tia também incluiu muitos outros grandes reis, como Tutâncamon Nebkheperure. Ela terminou no rei­nado de Horemheb Djeserkheperure, que deixou o poder para o primeiro rei da dinastia atual, há pouco menos de cem anos.

A Décima Nona Dinastia, a dinastia que reina, começou no governo de Ramsés I, que foi seguido por Seti Menmaatra e, agora, pelo rei atual, Ramsés II.

145

Page 146: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

G U I A DO V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : E G I T O

LEITURAS RECOMENDADAS

Q U A L Q U E R Q U E SEJA A RAZÃO D E S U A VISITA A T E B A S , D E D I C A R - S E

A A L G U M A S L E I T U R A S D E R E F E R Ê N C I A C O M C E R T E Z A VAI M E L H O R A R

S U A C O M P R E E N S Ã O T A N T O DO LUGAR C O M O DAS P E S S O A S E, A S S I M ,

A J U D Á - L O A APROVEITAR MUITO M A I S S U A V I A G E M .

A S Á T I R A DAS P R O F I S S Õ E S

Escrito há aproximadamente 500

anos, esse é um texto divertido que

descreve as aflições das muitas ocu­

pações exercidas no Egito.

CONTOS SOBRE AS MARAVILHAS

Embora escritos há cerca de 500

anos, esses cinco contos foram esta­

belecidos na Idade das Pirâmides.

Eles acontecem na corte real, onde

um príncipe relata a seu pai, Khufu,

contos mágicos sobre reis do passado.

O M A R I N H E I R O N A U F R A G A D O

Um conto de aventuras em altos

mares, em que o pobre marinheiro

naufragado chega exausto a uma ilha

abandonada contando apenas com

uma gigantesca cobra falante como

companhia.

it!// Jl\rJ"1f

T Gil

T E X T O S D E S A B E D O R I A

Existe uma coleção desses textos

em circulação, trazendo conselhos

sobte a etiqueta correta na vida cotí-

diana. O mais novo é a insttução

de Amenemope a seu filho sobre os

méritos de ser um bom estudante e

de levar uma boa vida.

C A N Ç Õ E S D E A M O R

Essas canções podem ser ouvi­

das, cantadas e recitadas nas ruas das

grandes cidades, mas em Tebas circu­

lam cópias escritas desses poemas de

amor. Embora possam parecer sobre

assuntos triviais, foram escritos com

o mais culto talento.

Um trecho do Livro dos Mortos.

MJ MZ ef

Jwfrr\Ê

f | F 1 !•*"•"%

r r 1 H-

'K I *- i ***

zmmme 146

Page 147: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

R L I E R K N C I A S E R E C U R S O S

O QUE HÁ 'FAEU

COMO ENCOMENDAR UM TEXTO

Se enquanto estiver em Tebas você

•decidir ter u tw •cópia dos Feitiços

'•Para..lançar Todo Dia encomendado

para. seu próprio enterro,•ha diversas

opções, dependendo de seu tempo é de

suas finanças. Você pode ter os textos

sagrados produzidos em vários pbjefos:

I" caixas, caixões e papiros ou,. se- você

I" • for muito rico, èm um hípocéfalo, um

í objefo raro em forma de díscoque só

f usa o; feitiço 162, utilizado apenas em

t sepulturas muito especiais,

A encomenda mais comum; porém,

é um papiro/ tanto, monpcrâmíço com.

escrita cursiva, como em escrita hiero-

glífica com vinhetas coloridas. Oficinas

espalhadas por todas as partes da.

região de: Tebas podem, fornecer papi­

ros feito sob encomenda:, permitindo

que você seiecione ás capítulas do

texto que gostaria de incluir - portanto,

faça sua pesquisa com antecedência,

•Alternativamente, versões • ''prontas

para: levar" estão disponíveis para

aqueles com orçamento apertado, ao

qual os artistas acrescentarão apenas

seu nome e seus títulos como meio de

personalização. Os. preços dependem

da soFisticação do objeto acabado.

L I V R O DO A M D U A T E E

L I V R O DOS P O R T Õ E S

Trata-se da coletânea dos 12 textos que acompanham as 12 horas da viagem noturna do deus sol. São altamente ilustrados e muito bonitos.

L I T A N I A DE RÁ

Mais um texto religioso ligado ao deus solar e ao culto funerário, enu­merando as 72 formas do deus sol e permitindo ao falecido apelar para

qualquer aspecto dessa divindade em sua viagem noturna.

O L I V R O DOS M O R T O S ( F E I T I Ç O S

P A R A L A N Ç A R T O D O D I A )

Há centenas de cópias deste em circulação (ver à esquerda) e é pos­sível encomendar uma cópia pessoal. Não é um livro de leitura geral, mas uma coleção de feitiços religiosos preparados para proteger o falecido na vida após a morte.

' 4 7

Page 148: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

G U I A DO V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : E G I T O

H I E R Ó G L I F O S Ú T E I S

C O M O A M A I O R I A DOS E G Í P C I O S NÃO É I N S T R U Í D A , NÃO É E S P E C I A L ­

M E N T E IMPORTANTE QUE VOCÊ SEJA CAPAZ DE LER A LÍNGUA HIE-

ROGLÍFICA DURANTE SUA VIAGEM; PORÉM, ISSO PODE DEMONSTRAR

CULTURA. A ESCRITA HIEROGLÍFICA É UTILIZADA PRINCIPALMENTE

EM TEMPLOS E TUMBAS, AO PASSO QUE AS CONTAS DIÁRIAS E OS

REGISTROS SÃO ESCRITOS EM UMA VERSÃO TAQUIGRÁFICA CONHECI­

DA COMO HIERÁTICA (OU CURSIVA).

Aprender hieróglifos é um processo complicado, pois cada

sinal (existem mais de 700 deles) tem um valor fonético diferente, e também pode ser utilizado sozinho para representar uma palavra inteira ou em combinação com outros para soletrar uma palavra letra por letra. Porém, a compreensão de hierógli­

fos com certeza tornará sua viagem mais agradável; portanto, a seguir vem uma lista das palavras de que você pode precisar em suas ativida-des cotidianas. Mas não espere que alguém que venda páo no mercado seja capaz de ler a palavra, por isso é mais importante que você também seja capaz de pronunciá-la.

P A L A V R A S O M H I E R Ó G L I F O

Água Cerveja Vinho Verduras Páo

Ave Bois Figo Pepino Marido Esposa Mãe Pai Egito

Moo Henqet Eerip Renpoot

Tee Aped-oo Ka-oo Daboo Shespet He Humet Moot It Kemet

— 0 i

IT* •=» D f B

oS

ÍLLV a

•=>ÍJ? jm ^ , , ,

mil? 23 ¥ÍJJ

C á flkS

148

Page 149: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

R E F E R Ê N C I A S E R r. c f R s o s

N O M E S DOS D E U S E S

Ao visitar nimbas e templos,

muitas vezes você observará o nome

do deus escrito acima da imagem, o

que ajuda a reconhecer a ortografia

DEUS

Amon

Mut

Khonsu

Rá-Horakhty

Osíris

Isis

Horus

Seth

Hathor

Nut

I

i l ':: '

Há" uma per ankh (Casa da

I i Vida), ou escola de treinamento de

I [:. escribas, situada no Ramesseum

(Khnemef), que treina sacerdotes em

potencial, médicos e nobres, e talvez

filhos de reis. O,sacerdote' leitor

j [ ensina aos rapazes os sinais hierá-

| ] ticos básicos e, depois, lê para eles

j ; textos clássicos, enquanto os jovens

| os escrevem. Essa instituição também

dos deuses mais comuns. Existem

centenas de deuses no panteão, c

muitos de seus nomes combinam

mais de um nome.

produz cópias do livro dos Mortos

para compra, além de outros textos

religiosos que circulara dentro da -j

comunidade religiosa.

•Para; o; visitante que busca

educar o filho e o coloca no caminho

de uma carreira: dentro do pessoal . j

do templo, pode valer a pena nego­

ciar o preço com o sacerdote leitor j

dessa instituição impressionante, j

H I E R Ó G L I F O P A P E L

t *~~ a Deus solar e deus de Tebas.

^ jès n Cônjuge de Amon, às vezes mostrada

com cabeça de ieoa.

— T Jt n Deus lunar, filho de Amon e Mut.

.fes ^= Divindade solar, uma combinação de Rá e

Horus. Mostrado com cabeça de falcão.

J} z! Deus do submundo.

J] ̂ n Deusa mãe e irmã/esposa de Osíris.

-H W Deus da ordem, filho de Osíris e Isis;

é rei, e ã encarnação viva desse deus.

<*̂ Í3 Deus do caos, mostrado com a cabeça

de um animal desconhecido.

LSI Deusa mãe, mostrada como vaca ou

com cabeça de coruja.

i==i n! Deusa do céu, muitas vezes mostrada dentro de caixões

149

Page 150: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

G U I A D O V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : E G I T O

TERMOS Ú T E I S E FRASES

EXISTEM MUITAS PALAVRAS E FRASES COMUNS QUE VOCÊ OUVIRÁ

DURANTE TODA SUA VIAGEM, AS QUAIS, CERTAMENTE, PRECISAM DE

ESCLARECIMENTOS. ELAS SÃO APRESENTADAS ABAIXO EM ORDEM

ALFABÉTICA, JÁ QUE EM SEU PASSEIO DEVEM AJUDÁ-LO A IDENTIFI­

CAR ELEMENTOS ARQUITETÔNICOS, ÍCONES RELIGIOSOS E CRENÇAS,

ALÉM DE OUTROS TERMOS LOCAIS QUE VOCÊ PODE ENCONTRAR.

TAMBÉM NESTA SEÇÃO VOCÊ ENCONTRARÁ MUITAS FRASES ÚTEIS

EM EGLPCIO, QUE PODEM TORNAR AS TRANSAÇÕES COTIDIANAS BEM

MAIS FÁCEIS.

PALAVRAS ÚTEIS

Aamw - Asiáticos; pessoas que

vêm da terra a leste do Egito, de além do Mar Vermelho.

Alto Egito - 0 sul do Egito defi­

nido pelo começo em Mennefer, e pela continuidade até os limites

do Egito e da Núbia.

Amduat - Termo utilizado pelos

egípcios para referência à vida após a morte, o lugar onde os mortos

renascem para a eternidade.

Baixo Egito - Nome dado ao norte

do Egito, de Mennefer ao Grande

Verde (o Mar Mediterrâneo).

Benben — Pedra em forma pira­

midal no topo das pirâmides e

obeliscos, reminiscência da forma

do Monte da Criação e do início

de toda a vida.

Confissão Negativa - Na Sala

do Juízo os falecidos devem fazer

a confissão negativa -perante os 42 juízes dos mortos, explicando todas

as coisas que não fizeram.

Vasos de Canopo — (Quatro vasos

que são colocados nas tumbas e são

utilizados para manter os órgãos internos dessecados do falecido.

Cábito — Medida oficial adotada

no Egito, que corresponde apro­

ximadamente à distância entre o cotovelo e a extremidade das

pontas dos dedos.

150

Page 151: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

R E F E R Ê N C I A S I. R E C U R S O S

Deben — Peso de cobre ou prata

em relação ao qual é estabelecida a

padronização de preços do mercado.

Estela - Placa de pedra com o

topo curvo, que é esculpida com

imagens ou inscrições religiosas.

Hapy — Inundação anual do Nilo

essencial para a irrigação da terra

e a fertilidade do solo.

Heb sed — Festival realizado a

cada 30 anos pelo rei para provar

que ele está qualificado para conti­

nuar no poder. A corrida é aparte

mais importante, quando ele pre­

cisa correr em volta de marcadores

que representam o comprimento e

a largura do Egito.

Heqa Haswt — Nome dos asiáti­

cos da região sírio-palestina que

assumiram o controle do Egito

durante 100 anos antes de serem

expulsos por Ahmose Nebpehttyra.

Hin — Medida de líquidos ado-

tada, como o deben, como padrão

de preços do mercado.

Hipocéfalo — Peça redonda de papiro ou bronze colocada atrás da cabeça da múmia. O feitiço do Livro dos Mortos nela escrita aquecerá a cabeça para ajudar no renascimento.

Ka — Espírito humano que precisa

ser nutrido com comida e bebida

na vida após a morte, para que

possa renascer.

Maat (lei de) — Lei religiosa do Egito, estabelecida por Maat, a deusa da verdade e da justiça. Se a sua lei for sustentada, o equilíbrio do universo é equilibrado, ao passo que se não o for, o universo mergu­lhará no caos primordial.

Mastaba — Superestrutura em forma de banco, em cima das sepulturas da nobreza, na Idade das Pirâmides, e da realeza, na época da unificação.

Medjay — Força de polícia do Egito. Esse nome é proveniente de uma tribo nubiana que inicial­mente ocupou o cargo; mas agora qualquer homem jovem apto pode ser um medjay.

Nove Arcos — Nome simbólico dado aos inimigos tradicionais do Egito, muitas vezes representado em escabelos e sandálias como arcos enfileirados.

Nomarca - Soberano local de

um nomo.

i S I

Page 152: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

G C I . A D O V l A J A X T E P B L O M u N U O A N T [ G O : f. G I T O

Nomo - Uma das 42 regiões do Egito, que são pequenas áreas governadas por um soberano local, tendo uma cidade que é a capital, um templo local e um culto religioso.

Obelisco — Monumento de pedra

alto, coberto de uma pedra benben,

inscrita com orações para o deus sol.

Per ankh — A Casa da Vida, nome dado à sede de aprendiza­gem dentro do templo que educa escribas, sacerdotes e médicos.

Pilares osirides - São pilares escul­pidos para parecerem com Osíris, o deus mumificado do submundo.

Pilares papiriformes - Pilares

projetados para parecerem com

fardos d£ papiro.

Portal - Grande entrada, cerimo­nial de um templo, feita de duas asas com uma grande passagem no centro. As portas são feitas da mad-eira de cedro, incrustadas de

Iras semipreciosas.

Remech — Termo que os egípcios uti­

lizam para descreverem a si mesmos.

O termo significa apenas "pessoas".

sagrada do deus.

Sala do Juízo — Lugar onde os mortos encontrarão o deus do sub­mundo, e onde terão seus corações pesados por Maat, a deusa da ver­dade, antes de serem admitidos no submundo.

Sódio — Sal natural do leito do

Wadi Natron que é utilizado no

processo de mumificação, também

usado para cozinhar e como sabão.

Tawy — Termo utilizado no Alto

e no Baixo Egito, quando eles

estão sob o controle de um sobe­

rano. O rei, então, seria mencio­

nado com.o Neb Tawy (o Senhor

das Duas Terras).

Templo de Milhões de Anos Templo mortuário utilizado

para adorar o fca de um rei fale­

cido e manter seu espírito na

vida após a morte.

Tjaty — O vizir é o segundo no comando após o rei. Ele super­visiona o trabalho de todas as oficinas do palácio, os locais de construção e todas as atividades

Santuário — A menor parte

do templo, normalmente nos

fundos, e que aloja a estátua

i Ç i

Page 153: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

R E F E R Ê N C I A S K R E C L li S O S

Aped-oo ave

Daboo figo

Eerip vinho

He marido

Henqet cerveja

Humet esposa

It ' pai

F R A S E S

Im-eoo em renek?

Qual o seu nome''!

Renee... Meu nome é...

Itee pen/Mootee ten/Senee pen Este é meu pailmãelirmão

Im-eoo chen ... Ees/Hoot Netcher/per? Onde está alo... tumbaltemplol

casa?

Im-eooish-set eebek m wa/ senoo/khemet? Quanto por umldoisltrês?

Ka-oo

Kemet

Moo

Moot

Renpoot

Shespet

Tee

ÚTEIS

Im-eoo

bois

Egito

água

mãe

verduras

pepino

pão

eebee ... Tee/Henket Eu gostaria... de pão/cerveja

Im-eoo earek jar-too-ee er... Você pode me atravessar [de

balsa] para...

Nefei-wee per pen. Essa casa é bonita.

Im-eoo Quando

chen shem-en? partimos?

Reddi hekenoo air-ek. Dou graças a você (obrigado).

Ankh, Oo-jar, Seneb. Vida, prosperidade e saúde.

153

Page 154: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

G U I A D O V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : E G I T O

NOTAS PARA O LEITOR M O D E R N O

O LEITOR MODERNO DEVE SABER QUE O GUIA SE DESTINA AOS

VISITANTES DA NAÇÃO DO EGITO, ESPECIALMENTE DA CIDADE DE

T E B A S , N O Ú L T I M O R E I N A D O D E R A M S É S I I - N O R M A L M E N T E D A ­

T A D O EM TORNO DE 1 2 0 0 A . C . O TEMPO PRESENTE É UTILIZADO

SEMPRE, EXCETO QUANDO O TEMPO PASSADO FOR USADO PARA

SIGNIFICAR EVENTOS OCORRIDOS ANTES DO "PRESENTE". A SE­

GUIR, O LEITOR MODERNO ENCONTRARÁ UMA BREVE HISTÓRIA DO

PERÍODO QUE VAI DO REINADO DE RAMSÉS II ATÉ A ROMANIZAÇÃO

DO EGITO. HA TAMBÉM BREVES NOTAS SOBRE O SISTEMA DE DA­

TAS QUE É UTILIZADO E, TAMBÉM, DO SISTEMA DE MEDIDAS.

Oreinado de Ramsés II foi um tempo rico na história do

Egito - em termos de economia, artes e arquitetura. Este livro foi esta­belecido no ano 65 do íeinado de 67 anos de Ramsés, na época em que todas as suas realizações estavam em estado de conclusão, desde os tem­plos de Abu Simbel, à sua tumba e às de sua esposa e filhos.

O reinado de Ramsés II foi na altura do Novo Reino, e depois dos problemas de Kadesh no ano 5, foi uma época relativamente pacífica. Contudo, os íeis que governaram depois de Ramsés não tiveram a mesma sorte.

Ramsés foi sucedido no trono por seu 13° filho, Merenptah, cujo curto reinado foi flagelado pela invasão das tribos líbias do deserto ociden­tal. Esse problema líbio só piorou no reinado de Ramsés III, que lutou em uma grande batalha contra eles

no ano 5 de seu reinado, e depois contra os "Povos do Mar" (que for­maram um conglomerado de muitas tribos estrangeiras), no ano 8 de seu reinado. Embora fosse uma luta san­grenta, Ramsés III comprovou que foi um general muito melhor do que Ramsés II, ele até comandou e venceu a primeira batalha naval da história do Egito.

O E G I T O D I V I D I D O

Considera-se que Ramsés III tenha sido o último glande rei da história egípcia, já que depois de sua motte o Egito entrou em declínio político devido às inúmeras divisões dentro do país, com as facções invasoras gover­nando a partir de diferentes centros.

O Egito, desde a época de Narmer, sempre foi mais forte quando unido e, portanto, essa divisão inevitavel­mente causou problemas, enfraque­cendo o poder do trono a tal ponto

154

Page 155: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

R E F E R Ê N C I A S E R E C U R S O S

que os Sumo Sacerdotes de Amon conseguiram assumir a área de Tebas na 21a Dinastia, quando o rei Ramsés XI ainda estava no trono. Ao mesmo tempo, um grupo de líbios con­quistou o poder no Delta, depois os núbios tomaram o controle dos sumo sacerdotes; em seguida, veio outra dinastia líbia e, mais tarde, os persas assumiram o controle no norte.

Entre a 21a Dinastia e o tempo de Alexandre, em 332 a.C. (um período de aproximadamente 700 anos), a rotatividade de soberanos e dinas­tias foi frequente e bastante confusa.

Depois que Alexandre, o Grande, invadiu o Egito, embora ele manti­vesse a religião e a cultura egípcias, a afluência dos helenos lentamente se infiltrou na cultura egípcia, até que a

n O Q U E H Á P A R A V E R

MEDIDAS

Neste livro, as medidos- foram

dados em duas formas ~ cúbitos e

deben - ao passo que os egípcios de

fato utilizavam uma variedade maior

de unidades.. ,•-.,.

O d&beri: era, uma medida de

cobre ou prata utilizada como padrão

de valor do mercado./e pesava cerca

de 93 gramas; obviamente a prata era

• mais valiosa.que o cobre. Para quan­

tidades menores, havia o papagaio,

que pesava de 9 a 10 gramas.

O; padrão da medida líquida era

o hm, muitas vesçes utilizado para o

óleo e equivalente a mais ou menos

0,47 litro,

Os grãos aram medidos em khart

com aproximadamente 75 litros.

A distância'era medida em muitas

unidades, embora a cúbito seja a mais

conhecida e a ma ís fácil de visualizar,

com aproximadamente 53 centímetros, a

distância do cotovelo a ponta dos dedos

ou; a distancia, entre' as mãos quando'

separadas pela; largura do ombro.

Para medições menores* as mãos

e os dedos eram utilizados como

medidas, com: quatro dedos sendo o

mesmo que uma mão, Em. um cúbito

Havia sete mãos. ' . . - . .

Para áreas maiores, o uso de cúbi­

tos, mãos ou dedos era inadequado,

e a s distâncias longas, por isso, eram

medidas em: m&h-ta (100 cúbitos), e

as grandes áreas em sefjai'ou qvrora

(100 cúbitos quadrados},

155

Page 156: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

G U I A D O V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : E G I T O

mesma que se tornasse híbrida, com características egípcias e gregas.

Com a morte de Alexandre, o trono foi herdado por Ptolomeu I, seu general, e assim começou o perí­odo ptolomaico - um período de 300 anos de reis chamados Ptolomeus e rainhas chamadas Cleópatra, Berenice ou Arsenais.

A rotatividade real continuava rápida, e esse período viu o declínio da cultura egípcia, pois ninguém da família real, exceto a última Cleópatra, sabia falar o egípcio — o que isolou o povo e os soberanos.

A P E R D A DA I N D E P E N D Ê N C I A

O fim da soberania indepen­dente do Egito chegou com a morte

de Cleópatra VIL O período de aumento da interferência romana em assuntos egípcios culminou com Otávio (que depois se tornaria o imperador Augusto), a invasão do Egito, e a anexação do país, que virou uma província do Império Romano.

A religião egípcia lentamente se romanizou, embota somente no rei­nado de Teodósio, no século IV d.C, o último templo egípcio foi fechado, e a capacidade de ler hieróglifos foi finalmente perdida.

REFERÊNCIAS

A permanente popularidade do Egito Antigo significa que existem muitas fontes de pesquisa para escolher. Além dos muitos museus que abri-

DATAS EGÍPCIAS

O calendário dos egípcios antigos era registrada. Todavia, a última data

era único e pode ser confuso. Embora conhecida de um rei não é necessaria-

marcasse os dias do ano, não havia um mente o último ano de seu reinado - se

ponto de partida único do qual cada alguma coisa for considerada como

ano subsequente fosse datado. Em vez sendo do "ano 32" de determinado

disso, no início do reinado de cada rei, rei, isso é impossível de saber, até que

0 calendário era reiniciado como o ano algum artefato seja encontrado para

1 - depois a passagem do tempo era provar se ele não governou durante

marcada segundo o ano do reinado do 33, 40 ou até 50 anos.

rei; por exemplo, ano 02 de Ramsés 1!. Por causa desse problema, nossa

É só quando se tenta combinar compreensão das datas egípcias anti-

esses anos de reinado com o calen­

dário moderno que as dificuldades

ocorrem, pois podemos basear a

duração do reinado de um rei apenas

nas evidências arqueológicas que res­

taram, já que a data da morte jamais

gas está sempre mudando e os histo­

riadores muitas vezes discordam. Por

isso, às vezes, é melhor simplesmente

fazer a referência às datas do reinado

ou às dinastias em vez das datas de

antes da era cristã.

1 5 6

Page 157: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

R E F E R Ê N C I A S - R K C U R S O S

gani antiguidades egípcias no mundo inteiro, e dos inúmeros documentá­rios de televisão, há uma fartura de livros e wehsites.

LIVROS

Há milhares de livros sobre o Egito Antigo. A seguir, alguns cuja leitura certamente vale a pena:

Booth, C. - Ancient Egyptians for

Dummies. Se você deseja uma intro­dução geral para todas as coisas egíp­cias, este é um bom começo. O livro delineia todos os aspectos da vida e da cultura dos egípcios antigos de modo fácil e divertido.

Clayton, P. - Chronicle ofthe Phamohs. É um livro mais detalhado, que se Concentra em todos os reis do Egito. A vida, o sepultamento e o governo de cada rei são discutidos com todos os detalhes que as evidências atqueológi-cas permitem, sendo uma boa intro­dução aos soberanos do Egito.

Kitchen, K. - Pharaoh Triumphant. É a biografia inestimável e detalhada de Ramsés II, rei enigmático e fascinante.

Tyldesley, J. — Ramsés: Egypts Greatest Pharaoh. É uma boa leitura para os interessados em Ramsés II, em cuja vida este livro foi estabelecido.

WEBSITES

Assim como existem milhares de livros sobre o Egito Antigo, os wehsites

são simplesmente incontáveis, alguns do quais são melhores do que outros.

Há muitos sites que tratam da egiptologia como um todo, e um dos melhores sites introdutórios é www.touregypt.net (em inglês), que conta com artigos de praticamente cada aspecto do Egito Antigo e Moderno, sendo um bom ponto de partida para qualquer pesquisa.

Se estiver procurando por infor­mações mais detalhadas sobre lugares históricos no Egito, acesse www.egyptsites.co.uk (em inglês), um ótimo recurso, com informações bem pesquisadas, tanto dos lugares famosos como dos pouco conhecidos.

Existem muitos sites de esca­vações, produzidos pelo próprio pessoal dos projetos, que trazem informações detalhadas sobre o andamento das escavações. O Projeto do Mapeamento de Tebas, em www.KV5.com (em inglês), é um dos melhores e fornece o registro minucioso das pesquisas no Vale dos Reis, inclusive imagens detalhadas da tumba dos filhos de Ramsés II, KV5 e do próprio grande rei.

Page 158: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

G U I A DO V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : H G I T O

Í N D I C E

Abdju 9, 79, 88, 116, 120

Acomodações

57, 124, 125

agricukura 25, 34, 35, 79

Ahmose, rei 6, 18,62,87,

88, 123, 145, 151

Akh 14

álcool 35, 131

etiqueta de bebida 126

festival da bebedeira 101

Alexandre, o Grande

155,156

Amenemhat Nubkaure 84

Amenemhat Nymaatra

73, 145

Amenemhat Sehetepre 18

Amenhotep Akbeperure

51

Amenhotep Nebmaatra

21 ,42 ,48 ,49 ,54 ,73 ,

84, 105, 106

Amon 23, 26, 27, 40,

42, 44, 45, 46, 47, 48,

49 ,51 ,85 ,91 ,95 ,

100, 116

arco e flecha 19, 107

artesãos

24,25,79,85,132

Assuan 56, 94

aves 64, 66, 70, 79, 85,

87, 101, 103, 106, 107,

131, 148, 153

barcos

barcos a vela do Nilo

121

embarcações marítimas

120

esquifes de papiro 123

Beni Hasan 9, 85, 86, 87

Bersha, necrópole de el 85

Bes33, 49, 110

Bordéis 20, 116, 117

Burros

86,90, 117, 120, 122

caça, caçadas 7, 10, 21,

64, 70, 79, 83, 86, 89,

102, 103, 106, 107

calçados 129

calendário egípcio 156

canção 110, 111

canções de amor

111, 147

Capela da Rainha Branca

58,59

Capela da Orelha, A 42

carreiras 19, 30, 32, 33,

140, 149

Casa da Vida

32, 149, 152

casamento 30

cavalos 71, 107, 123

Cinco Contos das

Maravilhas 140

clima 11, 114, 128

comércio

21, 34, 72, 90, 140

comida e bebida

35, 130, 131, 133

e festivais 101, 115

ver também álcool

compras 132, 134

corrida 77, 104, 151

corrida de bigas 7, 105

crocodilos 66, 103, 123

dança 101, 112, 113, 114

dança ib 112

dançarinos de Muu 113

deben 132, 133, 152, 155

Deir el Medina 26

Djedefra 20

Djoser 16, 74, 76, 77,

89, 144

educação 31, 32, 149

mulheres 31

escribas 24, 25, 31,32,

33,36,70, 114, 136,

140, 141, 149,152

esfinge 42, 75,980, 82,

8.3, 97

espaços públicos 114, 115

esporte 102, 105

estudantes 32, 146

faiança

35, 54, 133, 134, 135

festivais

100, 101, 105, 115

Festival de Opet 45, 46,

47, 48

forças armadas 19, 36, 37

Geb 14, 15, 73

Hathor26, 51,62, 73,

87,93,95,97, 101,

110,149

Hemon 20

henketlòl, 135, 153

hieróglifos 32, 55, 63, 79,

85, 143, 148, 149, 156

158

Page 159: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

1 N D [ C r

hipopótamos

66, 106, 107

história 7, 16, 21

linha do tempo 6

para o leitor moderno

154,155, 156

soberanos e dinastias

144,145

hititas 21, 37, 47, 49

Horemheb 19, 48, 78

Horus 14, 17

incenso 135

indústria 35

Iunu 74, 75

jogos de tabuleiro

108, 109

jóias, joalheria 19, 64,

79, 117, 128,132, 133,

134,135

Kadesh, vitória de Ramsés

em 42, 47, 49

Kebet (Coptos) 90

Khasekhemwy,

monumento de 89

Khemenu (Hermopólis)

9,84

Ogdoad de Khemenu

85

libios37, 154, 155

língua e dialetos

frases úteis 150, 153

variações locais 10

linho 25, 35, 128, 134

Litania de Rá 27, 61,

65, 147

liteiras 122

Livro do Amduat 65, 147

Livro dos Mortos 29, 61,

63,65, 109,146, 147,

149,151

Livro dos Portões 61, 63,

65, 147

luta livre 104

Maat29, 150

lei de 17, 20, 127

Malakata, palácio de

54, 55

Marinheiro Naufragado

140, 146

Medamud 9, 92, 93

medidas 155

medjay 29, 37, 53, 60,

61,82, 121, 127,138,

151

Mennefer, Mênfis 7, 9,

22, 69, 72, 73, 74, 76,

116, 120, 121, 133,

136,152

Menruhotep Nebhetepre

18,50, 145

mercenários 37

Mereruka, tumba de 79

Meretsegar 26

Min 90, 91

mitos da criação 26, 27

mulher sábia 137

mulheres, papel das

31,33

mumificação 28, 29

música 110, 111, 114

Mut, Complexo de 45

Narmer 16, 17, 144

Nefertari 47, 63, 95,

96,97

tumba de 63

Nilo 7, 50, 52, 55, 60,

67 ,72,84,86,91,94,

97, 100, 102, 106, 114,

120, 121, 123, 129,

131. 132, 151

nadando no 102

caminhadas entre

animais selvagens

66,67

nomos 22

núbia/núbios 18, 34, 37,

94,97, 145, 155

obeliscos 74, 75

Osíris 14, 27, 29, 67,

73, 88

ouro 18, 20, 21, 34, 42,

52, 82, 97, 133

parteira 33

pedras benben 82

pesca, pescaria 102, 103

pintura nas tumbas 64, 65

pirâmides 16, 17

método de construção

81,82,83

Dashur 16

Gize 16, 20, 80, 82, 83

Hawara 18

Saqqara

16, 76, 77, 78, 79

Pi-Ramsés 6, 9, 35, 37,

49 ,69 ,70 ,71 , 120,

131

política, políticos 22, 23

estrutura da sociedade

24,25

governo do Egito 22, 23

praças de mercado 114,

115

prata 19, 33, 34, 132,

135, 150, 155

prostituição 116, 117

Ptah 14, 26, 43, 72, 73

quartzito 74, 85

159

Page 160: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

GUTA DO V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : F G I T O

Ri (Atum) 14, 15,26,

57,73,85, 116

Ramsés III 154

Ramsés Usermaatra-

-Setepenra (Ramsés II)

10,42,46,47,49,56,

65 ,70,71,73,75,78,

84, 85, 88, 89, 97, 101,

145, 154

Ramusseum 56, 57

Reino Amigo 16, 17, 144

Reino do Meio 18, 145

Reino Novo 18, 19, 145

religião

culto solar em Iunu 26

deuses 14, 15,26,27

"prostitutas sagradas"

116, 117

vida após a morte

28,29

roda, introdução da 19

roupas e acessórios 25,

128, 129, 133

sacerdotes

médicos 136

sacerdotes dos templos

24

sacerdotes leitores

32, 149

traje 25

salários 141

salto 104, 105

Saqqara, pirâmide

complexo de

16, 76, 77, 78, 79

Sátira das Profissões 19

Sekhmet45, 101

senet 108, 109

Senusret Khakhaure

18,92, 145

Senusret Klieperkara

18,74,90,145

servos 25

Sethl4, 15,71,73,88,

149

Seti Menmaatra 19, 42,

44, 48, 65,75

templo de 88, 89

sexo 116, 117

Sherdan 37

Shu 14, 73

Síria/sírios 21, 34, 37

sistema legal 138, 139

Sneferul6, 18,20, 80

soberanos e dinastias

144, 145

Speos Artemidos, o 87

taxa de câmbio 132, 133

templos

Abu Simbel

94, 95, 96, 97

Amenhotep Nebmaatra

52,53

Gerf Hussain 97

Iunu 26, 74, 75

Kamak 42, 43, 44

Luxor

21,46,47,48,49

Medamud 92, 93

Ramusseum 56, 57

rocha cortada 94, 97

Seti Menmaatra 88, 89

Thutmosis

Menkheperre 50,51

Wadjmose 59

Teti 17, 74, 144

Textos de Sabedoria 146

rextos fúnebres 147

Thoth (Djehuty)

14, 16,84, 110

Thutmosis Aldbeperkara

19, 42, 59

Thutmosis Menkheperre

18, 19,21,42,44,45,

75,87,90,91,106,

145

Tiye21, 54

transporte

liteiras 122

burros 122

cavalos 123

ver também barcos

tratamento médico

136,137

tumbas

Khasekhemwy 89

mastaba 16, 76, 77, 78,

79,80, 151

Mereruka 79

Neferrari 63

rocha cortada

85, 86, 87

Tumba do Touro Apis 78

Usermaatra-Secepenra 61

usos e costumes 126, 127

Vale das Rainhas 62, 63

Vale dos Reis 36, 60, 61

vida familiar 30,31

vida selvagem, animais

selvagens 66, 67, 102

vizir, o 23, 25, 139

Wadi Hammamar 21

160

Page 161: Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito

HISTORIA

IMAGINE COMO SERIA VIAJAR DE VOLTA NO

TEMPO E EXPLORAR UMA CIDADE CLÁSSICA,

VER AS MARAVILHAS ANTIGAS QUANDO ELAS

ERAM NOVAS E ENCONTRAR AS PESSOAS QUE

VIVIAM E TRABALHAVAM POR LA.

ESCRITO NO ESTILO DE UM GUIA DE VIAGENS CONTEMPORÂNEO,

O GUIA DO VIAJANTE PELO MUNDO ANTIGO: EGITO RETRATA

A VIDA NO PASSADO COMO UM QUADRO NÍTIDO: APRESENTA

INFORMAÇÕES DE TODO TIPO, DESDE A VISITA ÀS PIRÂMIDES

ATÉ ONDE COMPRAR UM CAMELO, E ESTÁ REPLETO DE MAPAS E

ILUSTRAÇÕES, COM TODAS AS DICAS E SUGESTÕES FASCINANTES

QUE O TURISTA PODERIA ESPERAR DE UM GUIA DE VIAGENS.

AO TRAZER A HISTÓRIA DE VOLTA À VEDA, O GUIA DO VLAJANTE

PELO MUNDO ANTIGO: EGITO FORNECE UM PANORAMA PRÁTICO E

DETALHADO DO E D T O E DE SEUS ARREDORES NO ANO I 2 0 0 D . C .

COM A NOVA ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA.

IS8N 978-85-380-0794-4

T&ÍWMd&ÔídtWfçiÃ