Charlotte Booth - Guia do viajante pelo mundo antigo - Egito
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por escrito do editor e do detentor dos direitos.
© desta edição
Ciranda Cultural Editora e Distribuidora lida.
Rua Frederico Bacchin Neto, 140 - cj. 06
Parque dos Príncipes
0539o-100 - São Paulo - SP - Brasil
Direção geral: Donaldo Buchweitz
Coordenação editorial: Jarbas C. Cerino
Assistente editorial: Elisângela da Silva
Tradução: Silvio Antunha
Preparação: Sueli Brianezi Carvalho
Revisão: Rafael Faber Fernandes e Michele de Souza Lima
Diagramação: Eduardo Barletta
^ M H
G U I A D O VIAJANTE
PELO M U N D O A N T I G O
EGITO
N O A N O D E 1 2 0 0 A . C .
Charlotte Booth
G U I A DO V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : E G I T O
SUMÁRIO
Introdução 0
. ' • • • • • • • ; ' '
•:M :V
P A N O R A M A C O N C I S O
História: Dos Deuses aos Faraós 14
História: De Narmer às Pirâmides 16
História: O Reino do Meio
e o Reino Novo 18
Política: O Governo dos Reis 20
Política: A Administração do Egito ...,22
Política: A Estrutura da Sociedade ....24
Religião: Os Deuses do Egito 26
Religião: Vida Após a Morte 28
Vida Doméstica:
A Família e o Papel das Mulheres 30
Vida Doméstica:
Educação e Carreiras.. .32
Agricultura e Indústria 34
As Forças Armadass 36
A C I D A D E D E T E B A S
Visão Geralde Tebas 40
O Templo de Karnak 42
O Templo de Luxor. 46
Os Templos de Thutmosís Menkheperre
e Mentuhotep Nebhetepre 50
O Templo de Amenhotep Nebmaatra.. 52
O Palácio em Malkata ....54
O Ramesseum (ou Khnemet-Waset).... 56
A Capela da Rainha Branca 58
O Vale dos Reis 60
O Vale das Rainhas ..62
Pinturas nas Tumbas Locais 64
Caminhadas Entre Animais
Selvagens ao Longo do Nilo 66
4
S U M Á R I O
Á R E A S P R Ó X I M A S
A Capital de Pi-Ramsés 70
A Capital de Mennefer. 72
O Templo de Rd em Iunu 74
O Complexo de Saqqara 76
A Grande Pirâmide de Khufu 80
Kbemenu (Hermopólis) 84
BeníHasan 86
iju 88
Kebet (Coptas) 90
Medamud 92
Núbia 94
C O N S I D E R A Ç Õ E S
P R Á T I C A S
Como Chegar 120
Como Circular Pela Cidade 122
Acomodações 124
Usos e Costumes. 126
Roupas e Acessórios 128
Comida e Bebida 130
Dinheiro.... 132
Compras 134
Tratamento Médico 136
O Crime e a Lei... 138
? Estudo 140
D I V E R S Ã O E C O N Ó M I C A
Festivais 100
Esportes Aquáticos 102
Esportes em Geral. 104
Caça, 706"
Jogos de Tabuleiro 108
Música e Canto 110
Dança 112
Praças Públicas 114
Sexo e Prostituição 116
R E F E R Ê N C I A S
E R E C U R S O S
Soberanos do Egito .• 144
Leituras Recomendadas 146
Hieróglifos Úteis 148
Termos Úteis e Frases 150
Notas Para ò Leitor Moderno 154
Índice 158
G U I A DO V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : E G I T O
INTRODUÇÃO: Q U A N D O ESTE
LIVRO F O I ESCRITO
ESCRITO PARA OFERECER DICAS AOS VIAJANTES QUE IRÃO CONHE
CER O GRANDE POVO DO EGITO, EM PARTICULAR A CIDADE DE T E
BAS, ESTE LIVRO FOI AMBIENTADO NO ANO DE 1 2 0 0 A . C .
L I N H A DO
Mais de 2.000 anos atrás
1.950 anos atrás
1.468 anos atrás
1.389 anos atrás
1.078 anos atrás
940-700 anos atrás
Ó42 anos atrás
550-370 anos atrás
370 anos atrás
300 anos atrás
290 anos atrás
280 anos atrás
186 anos atrás
120 anos atrás
70 anos atrás
60 anos atrás
TEMPO H I S T Ó R I C A
Os deuses eram os soberanos da Terra
Unificação do Egito pela primeira vez
sob Narmer
Construção da Pirâmide de Degraus
de Djoser
Construção da Pirâmide de Khufu
Pepi Neferkara reinou por quase
100 anos
Egito dividido
Nymaatra Amenemhat construiu sua
complexa pirâmide em Hawara
Egito dividido
Reinado de Ahmose Nebpehtyre e
expulsão dos Heqa Haswt
Reinado de Thutmosis Menkheperre,
o grande construtor do império
Lendária expedição a Punt no reinado de
Thutmosis Menkheperre
Batalha de Megiddo vencida por
Thutmosis Menkheperre
Reinado de Amenhotep Nebmaatra
Horemheb escolheu o primeiro rei da
dinastia ramessida
Fundação de Pi-Ramsés por Seti Menmaatra
Batalha de Kadesh
I N T 8 O D i: ÇÃ O
O Q U E H Á
•
P A R A V E H
• i i li U M A HISTÓRIA DE DIVISÃO
É3 Embora o Egito seja em grande
parte uma sociedade homogénea:, e;
apesar de sua paisagem de"extremos,,
o país possuí uma estrutura política
claramente definida. O' Nilo flui pelo
centro do Egito, è isso- determinou o
história da região; assim;, o grande
rio criou as divisões que- persistem: até
hoje. O Nilo é a força vital da área e
todas as pessoas e animais dependem
í dele para ter alimentos, água, lazer
: e transporte.
O Vale db Nilo é uma faixa de
terra fértil, em ambos os lados dó rio,
onde vivem todos aqueles que moram
no Egito. A leste e a oeste do Vale do
Nilo há õ deserto implacável, habi
tado apenas por arrimais selvagens e
tribos de beduínos separado do vale,
a oeste, por altas falésias de rocha. No
entanto, nem mesmo o deserto é des-
II perdiçado pelos egípcios: é o cenário
das caçadas e das corridas de bigas, ...! |
tanto do reicamoda elite.
O território do Egito também, está j |
politicamente dividido entre o norte e o
sul: as principais cidades scto.Mennefer
(Mênfis;);, no norte, e Tebas (Waset), no.
sul. Mermefer e o centro administra- 1
tívo, no momento em. que este livro
foí escrito, e Tebas a capital religiosa... í j
Ambas são cidades cosmopolitas, com: ..
um palácio real. No entanto, existem 1
diferenças culturais bem distintas entre j
elas, com. o norte' habitado por um "
grande número de asiáticos, especial- -
mente na região do Delta. •
' ' " " ' "'" • ' " ; - . ' • ' • " • • . ' . • • • : • • '
v . '• . .
1
31 anos atrás Conclusão de Abu Simbel por Ramsés
Usermaatra-Setepenra
Dias atuais Ano 05 do reinado de Ramsés
Usermaatra-Setepenra
* Nota para o leitor moderno: para uma observação sobre a confiabilidade
dessas datas, ver a página 156.
7
G U I A DO V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : E G I T O
INTRODUÇÃO: O EGITO E O
M U N D O C O N H E C I D O
. Esparta
E S F E R A S DE INFLUÊNCIA NO
MUNDO CONHECIDO
EGITO
MlCENEANOS
A S I Á T I C O S
I N T R O D U Ç Ã O
1 A
f
KWm
Moniu
EtílT
11,111 I I . I S
* >
SITUADO NO NORTE DA ÁFRICA, O EGITO É A MAIOR CIVILIZAÇÃO
DO MUNDO. E COMPOSTO DE ALTO E BAIXO EGITO, BEM COMO DA
NÚBIA, E É DELIMITADO PELAS TERRAS DOS ASIÁTICOS E PELO MAR
DO G R A N D E V E R D E .
«™™~™~~~™~~~, ™_~^ ^ ^ - ~ ™ ~ . * - ™ . — , ~ * - ~ w » ~ *™~** ; w~ , _ ^ ™ ^ * . ^ ^ .
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> Saqqárá '•• . •• ._ '"• * | fer .'•••..- ^ \ S I N ^ I ( / j .
»• / : • ALTO ' ' \ ' ' \ :, " ' ; • ' '".1 i
EGJTO , \ \ . Kebet- : \ ' ' V • <
Abdju* ' .;Tebas ' ' \ ,^_ : "1
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. , / "" s • • • ; ' : V ' . . ' : - . . ' " • ' • • ' . ' " '"AbuSimbel , \ \
• ÍÍiX-i~ ':: í ' À ^\-' ' ' " N '1
y ^r
G U I A DO VI
INTRODUÇÃO: C O M O APROVEITAR
Ao M Á X I M O SUA VIAGEM
O EGITO É UM LUGAR FANTÁSTICO PARA VISITAR, COM ALGO INTE
RESSANTE PARA TODOS. MUITOS LOCAIS EM TODO O PAÍS MERECEM
SER CONHECIDOS, POIS OFERECEM GLAMOUR, RELIGIÃO, MERCADOS
E B O A C O M I D A . T E B A S , N O S U L , É A C A P I T A L R E L I G I O S A E, NO E N
T A N T O , CONTA COM TUDO ISSO; ENTÃO, É ESSE O LUGAR QUE ESTE
GUIA IRÁ ENFOCAR.
O foco deste guia é Tebas, à margem oriental do Nilo - a
capital religiosa do Egito.
Embora o rei Ramsés não viva nesse lugar, trata-se de uma cidade importante e cosmopolita, onde ficam o cemitério real e os templos funerários reais; trata-se, portanto, de um local de importância espiritual.
Esse papel da região como cemitério real garante um suprimento constante de riquezas, sob a forma de ofertas, pilhagens e impostos, para os templos lá existentes, sendo que, em seguida, são injetados de volta na sociedade.
Embora Ramsés tenha terminado a maior parte de suas grandes obras de construção, Tebas, de tanta atividade, ainda parece um formigueiro, com ampliações e melhorias em muitos monumentos de Ramsés ainda em andamento na área.
Há muita coisa para fazer em Tebas, como visitar templos, tumbas, mercados, participar da caça e da pesca e também excursionar pelo deserto; além disso, a cidade de Tebas é um grande ponto de partida para viagens para a Núbia, no sul, e também para lugares mais ao norte, como Abidos.
LÍNGUA E DlALETOS
Entre o norte e o sul do Egito, a língua é muito diferente, com dialetos
distintos na maioria das grandes cidades, tanto que existe um conhe
cido ditado local que afirma: "Parecem palavras de um homem do Delta
quando conversa com um homem de Elefantina". Essa questão do dia-
leto será, obviamente, problemática para o turista, mas se frases simples
forem ditas devagar e com clareza, isso deverá ser suficiente para que
você seja compreendido.
I N T RO D i: Ç AO
O Q U E H Á PARA V E R
As CHEIAS DO N I L O
Desnecessário dizer que, em um
ambiente como o deserto, faz muito
calor no Ecjito e, portanto, isso precisa
ser levado ern conta quando você •pla
nejar sua viagem. :
Existe também' a complicação
suplementar da cheia dó Nilo, que,
todo ano, deixa grande parte do país
debaixo de água durante os quatro
meses do verão. É certo também que,
durante esses meses, p clima é insu
portavelmente quente e a maioria
dos viajantes procura evitar o país
nessa época. No entanto, fora isso, a
inundação é acima dê tudo um tempo
mágico e pitoresco, quando até mesmo
os templos ficam inundados, de modo
que assim você só pode ver o topo dos
portais ou estes emergindo dos rede
moinhos das águas.
Porém, com a água e o calor vêm
os mosquitos, alguns dos quais car
regam doenças desagradáveis - por
isso é importante levar essas coisas em
consideração. Se quiser ver a cheia
em sua plenitude, você deve: fazer
uma viagem ao sul, em pleno verão,
ou para o norte, um pouca mais tarde.
Até ao final do quarto mês do verão,
as águas terão baixado e os agriculto
res retornarão a seus campos.
Q U A N D O V I S I T A R
A época ideal para visitar o Egito são os meses de inverno, quando o clima é quente durante o dia e frio à noite. Ao planejar sua viagem, tenha em mente que o norte do Egito, embora mais frio que o sul, é muito úmido, que os meses do verão podem ser insuportáveis e que no inverno pode chover.
Se você visitar o país quando faz calor, é essencial beber muito líquido para evitar a desidratação. O mais comum é beber cerveja, que
está disponível em várias texturas, da mais fraca à mais vigorosa, e pode ser muito refrescante. É essencial também proteger do sol implacável a pele e a cabeça. Mantenha a cabeça coberta com um enfeite ou uma peruca, como fazem os egípcios, e trate de hidratar a pele com óleo ou unguentos. É melhor cobrir a pele quando tomar sol, para evitar queimaduras, e não há nada melhor para isso do que as túnicas de linho egípcio.
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* « M •'•'•'"•" -••• " ^
P A N O R A M A
C O N C I S O
A história do Egito é extensa e variada. Ao t
2.000 anos, muitas mudanças e desenvolvimentos
levaram à grande sociedade que o Egito é hoje, um pai:
que prospera sob o domínio do deus-rei
Ramsés Usermaatra-Setepenra.
G U I A DO V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : E G I T O
H I S T Ó R I A : D O S D E U S E S AOS FARAÓS
-Çvri N A É P O C A A N T E S DO REI N A R M E R ( H Á C E R C A DE
JLAÇ«S(« 2 . 0 0 0 A N O S ) , O S D E U S E S GOVERNAVAM O E G I T O .
§S9F-€ O MAIOR D E S S E S D E U S E S ERA O S Í R I S . E L E ERA UM
li -OÇfj REI SÁBIO E BENEVOLENTE E O PERÍODO EM QUE ELE
/ G O V E R N O U É C O N S I D E R A D O C O M O UMA IDADE DE O U R O .
1 / E L E E N S I N O U O POVO E G Í P C I O A VIVER, A ADORAR O S
F D E U S E S , A O B E D E C E R À S L E I S , E ATÉ A IRRIGAR A
\ [ T E R R A — T O R N A N D O - O S I N D E P E N D E N T E S DAS DIVINDA-
— - " D E S . T O D O S O S R E I S , D E S D E E N T Ã O , EMULARAM E S S E
G R A N D E D E U S , E MUITAS V E Z E S S Ã O R E P R E S E N T A D O S ESCAVANDO C A
NAIS D E IRRIGAÇÃO À MANEIRA DE O S Í R I S (VER A I N S E R Ç Ã O AO L A D O ) .
Eessencial que todos os reis
consigam provar que sua árvore
genealógica pode ser rastreada até
esses deuses e, se eles não forem
capazes de mostrar essa conexão,
nesse caso não são considerados ver
dadeiros reis do Egito. Existiram dez
soberanos divinos antes que os reis
mortais conquistassem o controle:
O primeiro deus foi Ptah, o deus
criador, que criou todas as coisas sim
plesmente pronunciando seus nomes.
Rá (Atum) foi o primeiro deus
criado por Ptah e é o deus do pri
meiro nascer do sol.
Shu, deus do ar e filho mais velho
de Rá (Atum).
Geb era filho de Shu e deus da terra.
Osíris era o filho mais velho de
Geb e se tornou o deus do submundo,
depois de seu assassinato brutal nas
mãos de seu irmáo Seth.
Sefh é o deus do caos e também
irmão de Osíris. Ele assassinou Osíris,
e alguns o vêem como um usurpador.
Horus é filho de Osíris e seu her
deiro legítimo. O rei do Egito sempre
se associa a ele.
T h o t h é o deus da escrita e do
conhecimento. Ele também é consi
derado um árbitro, uma posição que
convém a sua sabedoria.
Depois do reinado de T h o t h
veio Horus , em sua segunda encar
nação. Ele andava acompanhado de
espíritos Akh - mortos abençoados
- aqueles que haviam renascido na
vida após a morte.
Começou, então, o reino dos
mortais, que são os ancestrais antigos
do atual rei Ramsés.
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P A N O R A M A C O N C I S O
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Os principais deuses do
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sistema religioso egípcio:
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G U I A DO V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : E G I T O
H I S T Ó R I A : D E N A R M E R
Às PIRÂMIDES
A N T E S DA U N I F I C A Ç Ã O D O E G I T O S O B A S O R D E N S D E N A R M E R , O
P A I S ERA DIVIDIDO EM MUITAS Á R E A S G O V E R N A D A S P O R S O B E R A N O S
I N F E R I O R E S . N A R M E R T O R N O U - S E , E N T Ã O , O Ú N I C O R E I , E T O D O S O S
S O B E R A N O S I N F E R I O R E S R E S P O N D I A M A E L E , E M B O R A A I N D A M A N T I
V E S S E M UM P O U C O D E C O N T R O L E S O B R E A S R E S P E C T I V A S R E G I Õ E S
L O C A I S . Q E S T A D O FOI G R A D U A L M E N T E S E F O R M A N D O NO S I S T E M A
D E G O V E R N O Q U E A I N D A É A D O T A D O NO E G I T O ATÉ O S D I A S DE H O J E .
Um dos desenvolvimentos mais
importantes desse período foi
o uso da escrita hieroglífica. Embora
inventada pelo deus Thoth , na época
em que os deuses governavam o Egito,
foi utilizada pela primeira vez pelos
mortais somente durante o reino de
Narmer. Inicialmente utilizada para
rotular caixas e jarros, e depois para
selar correspondência, caixas e portas,
foi apenas na "Idade das Pirâmides"
que a escrita hieroglífica passou a ser
mais amplamente adotada.
No final desse período, o estado
enconttava-se totalmente formado e o
rei, com o poder fortalecido, teve meios
e foi capaz de construir monumentos
funerários elaborados e enterrar bens.
O REINO ANTIGO
A Idade das Pirâmides, há cerca
de 1.400 anos, foi u m período eco
nomicamente sólido e politicamente
estável, caracterizado pela construção
de grandes monumentos funerários.
Houve, no entanto, uma lenta série
de avanços que levaram das tumbas
mastaba (que se parecem com um
banco) dos primeiros reis, às pirâmi
des maiores. O desenho da mastaba
foi ampliado pelo rei Djoser para
consttuir a primeira pirâmide em
Saqqara. Esse projeto em degraus
foi melhorado ainda mais no decor
rer do século seguinte, até que fosse
criada uma pirâmide "verdadeira".
O maior construtor de pirâmides
foi Sneferu, que construiu duas pirâ
mides em Dashur. A primeira esteve
cercada de problemas, causados por
erros de cálculo no ângulo necessário
para a rampa, considerando o peso
das pedras utilizadas, mas a segunda
foi perfeita. O rei seguinte, Khufu,
simplesmente pegou esse projeto e
ampliou-o para construir seu monu
mento em Gize.
Embota a economia da Idade das
Pirâmides fosse forte, houve períodos
de instabilidade, mesmo durante o
reinado de Djoser, devido a colhei
tas ruins e à fome. Djoser foi acon-
16
P A N O R A M A C O N C I S O
selhado por seu vizir a apelar para o deus Khnum, que reside na nascente do Nilo, e a economia posteriormente melhorou.
Contudo, no final da Idade das Pirâmides, no reino deTeti, a economia começou a desmoronar, quando o rei passou a conceder isenções fiscais para
manter a lealdade da corte. Esse erro, o qual os egípcios esperam que nunca mais se repita, significou que a nobreza ficou mais rica do que o rei, e assim as pirâmides reais ficaram menores e as tumbas dos nobres maiores e mais elaboradas; no entanto, vale a pena visitar ambas, caso lhe seja possível.
O G R A N D E A N C E S T R A L
O rei mais importante desse
primeiro período, há cerca de
2.000 anos, foi Narmer (represen
tado na "paleta de Narmer"). Ele
governou na época em que o Egito
estava dividido em muitos reinos.
Narmer foi primeiro a governar
de acordo com a lei de Maat e, ao
unir esses chefetes inferiores, ele
garantiu que o Egito fosse gover
nado por um rei. Essa unificação,
a primeira de uma civilização em
larga escala, foi o ponto culmi
nante de muitas pequenas cam
panhas que o empurravam para o
norte desde sua morada no sul, até
que ele vencesse as tribos asiáticas
no norte e conquistasse o Delta.
Narmer também foi o primeiro rei
a ser ajudado pelo deus Horus em
suas campanhas, o que realçou
seu direito divino de governar.
/ / 7
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IJ
G U I A n o V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : E G I T O
H I S T Ó R I A : O R E I N O DO M E I O E O
R E I N O N O V O
No FIM DA IDADE DAS PIRÂMIDES, O EGITO ESTAVA ENFRAQUECIDO
E DIVIDIDO, COM MUITOS SOBERANOS QUE DOMINAVAM PEQUENAS
ÁREAS. Foi SOMENTE NO REINADO DE MENTUHOTEP NEBHETEPRE,
HÁ CERCA DE 1 . 2 0 0 ANOS, QUE O E d T O FOI REUNIDO — EMBORA
O PODER DO REI AINDA DEPENDESSE DOS SOBERANOS LOCAIS. N o
FINAL DO REINADO DE S E N U S R E T K H A K H A U R E , 2 0 0 ANOS DEPOIS,
O REI ERA SUFICIENTEMENTE PODEROSO PARA NÃO MAIS DEPENDER
DESSES GOVERNANTES LOCAIS.
Embora o que se considera agora a Idade das Pirâmides houvesse
acabado, os reis do Reino do Meio ainda construíam as pirâmides onde seriam enterrados, sendo uma das mais impressionantes a de Nymaatra Amenemhat, em Hawara, a qual merece a visita. Apesar dos problemas políticos do período, os limites do Egito continuaram sendo expandidos.
O rei seguinte, Amenemhat Sehetepre, fortificou as fronteiras ao norte do Delta oriental contra a ameaça asiática; além disso, Senusret Kheperkara e Senusret Khakhaure
estenderam os limites ao sul do Egito em direçáo à Núbia, com a construção de 17 fortalezas, para afirmar o poder do Egito de comandar o acesso às pedreiras e às minas de ouro e de manter os núbios sob controle.
O REINO NOVO
Tal fato lançou os fundamentos para a criação do império da era cristã. Porém, nesse meio tempo, o Egito mais uma vez ficou dividido, com a soberania dos Heqa Haswt no norte e, depois, em todo o Egito. Foi só a bravura militar da família de Ahmose Nebpehtyre que levou à expulsão deles; depois disso, demorou algum tempo para que o Egito se tornasse a nação forte que é hoje.
O primeiro grande rei desse Reino Novo foi Thutmosis Menkheperre, que construiu a maior parte do império, e passou quase toda a vida adulta
A Pirâmide inclinada de Sncfcru.
18
JOALH
O período do Reino do Meio viu as
jóias mais requintadas feitas de contas
e ouro - e vale a pena comprar algu
mas como lembrança.
Apesar de criarem belos objetos,
os fabricantes de jóias estão longe
de serem honrados. Na Sátira das
Profissões, escrita durante o Reino do
Meio, o joalheiro é descrito como tendo
"dedos de crocodilo" e sendo "mais
fedorento que ova de peixe", uma des-
EIROS
crição, no mínimo, afetuosa! Contudo,
todos são altamente especializados
em algum aspecto do processo de
produção. Os metalúrgicos derretem
e fundem o ouro, a prata e o cobre;
os fabricantes de contas utilizam fura
deiras de arco para perfurar as pedras
semipreciosas antes do polimento final
das contas; finalmente, outros enfiam
essas contas em um fio de linho para
criar a peça acabada.
em campanha, capturando centenas de cidades para o Egito.
A pedra angular dessa nova era foi a introdução de um exército permanente. Antes dessa época, os exércitos eram organizados conforme a necessidade surgia, mas agora o exército permanente fornecia a oportunidade para homens buscarem carreiras militares - e a disciplina resultante tornou formidáveis as forças de Egito. Um grande número de reis de nossa própria era surgiram de suas fileiras, inclusive o pai de Thutmosis Menkheperre,
Thutmosis Akheperkara, o grande Horemheb, e Seti Menmaatra, pai do amai rei Ramsés.
A era cristã foi de inovações, com a introdução da roda, utilizada em bigas e carroças, na guerra de cerco, e no transporte cotidiano, e do fole em serralheria, além da descoberta do bronze, que possibilitou armas mais fortes e mais afiadas. Outra invenção, o arco composto, melhorou o predomínio militar do Egito sobre seus inimigos, ao permitir que os arqueiros alcançassem maior exatidão em maiores distâncias.
19
G U I A D O V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : F, c; i i o
POLÍTICA: O GOVERNO DOS REIS
A HISTÓRIA DO EGITO ESTÁ INFESTADA POR CENTENAS DE REIS.
T O D O S O S R E I S S Ã O D I V I N O S , E N C A R N A Ç Õ E S D O D E U S H O R U S , T O
D O S GOVERNAM TANTO O ALTO COMO O BAIXO EGITO (VER P. 2 2 )
DE ACORDO COM A LEI DE MAAT, ASPIRAM EXPANDIR O IMPÉRIO E
PROTEGEM SUAS FRONTEIRAS. CONTUDO, EMBORA TODOS ELES SE
JAM DIVINOS, ALGUNS SE DESTACAM MAIS QUE OUTROS.
KHUFU
Um dos primeiros reis, Khufu governou durante 24 anos, há cerca de 1.300 anos. Construtor da maior pirâmide de Gize, ele era filho do grande Sneferu e da rainha Hetepheres. Teve pelo menos quatro esposas e muitos filhos, inclusive os reis Djedefra e Khafra.
Seu maior legado é a Grande Pirâmide, que demorou 20 anos para ser construída e é a maior estrutura do mundo conhecido. O arquiteto, ou mestre da construção, foi seu primo Hemon, que está enterrado
em um cemitério próximo. Apesar do legado, Khufu tinha
fama de tirano. Nos Contos das Maravilhas, escritos 500 anos depois, Khufu é representado como mimado e lascivo, exigindo que fosse entretido por 20 mulheres jovens seminuas, alvoroçadas ao redor dele no lago do prazer de seu palácio. Outro "rumor" se refere à pirâmide satélite do meio, possivelmente aquela de sua filha, a qual, ao que parece, ele colocou para trabalhar em um bordel para que pudesse pagá-la. Porém, se isso é verdade ou não, jamais saberemos.
A Grande Pirâmide de
Gize, o legado do rei
Khufu.
P A N O R A M A C O S" C l S O
THUTMOSIS MENKHEPERRE
Há cerca de 300 anos, Thutmosis governou o Egito durante 54 anos. Ele subiu ao trono ainda rapaz, após ã morte do pai. Thutmosis passou a juventude treinando com o exército; então, no 23° ano de seu reinado, começou a fazer campanhas pelo Oriente Próximo para restabelecer o território perdido. Isso lhe proporcionou uma grande vitória em Megido, que era dominada pelos hititas. Em vez de entrar na cidade pela via fácil, Thutmosis mostrou sua coragem e inventividade pegando o caminho difícil, que só permitia a entrada dos soldados em fda única, e ele próprio assumiu a liderança.
Em menos de cinco meses, Thutmosis capturou três cidades sírias, inclusive Megido e Joppa, e voltou vitorioso para Tebas. Nos 18 anos seguintes de seu reino, ele viajou anualmente para a Síria, capturou outras 350 cidades e expandiu as fronteiras do Egito muito além do que elas jamais tinham existido antes.
Um registro cia famosa caçada de touros de Amenhotef.
AMENHOTEP NEBMAATHA
Amenhotep foi o último grande rei antes que a atual família real assumisse o trono. Filho de Thutmosis Menkheperre e da Grande Esposa Real Mutemwia, Amenhotep realizou muita coisa durante seu reinado de 38 anos.
Sua principal esposa foi Tiye, embora boatos afirmassem que ele teria mais de mil mulheres em seu harém. Também foi . considerado um grande caçador, tendo mandado esculpir dois escaravelhos comemorativos que registram a caçada na qual ele matou 102 leões.
Apesar de não ter lutado em muitas batalhas, Amenhotep melhorou a economia do Egito dez vezes com a mineração extensiva de ouro em Wadi Hámmamat e Kush, além do aumento do comércio nos territórios asiáticos. Essa prosperidade foi utilizada para custear vários projetos de construção, inclusive o templo funerário à margem ocidental de Tebas, e vastas melhorias no templo de Luxor, que, mesmo depois das obras feitas pelo atual rei, ainda é considerado o templo de Amenhotep.
G U I A D O V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : K G I T O
POLÍTICA: A ADMINISTRAÇÃO DO
EGITO
O SISTEMA ADMINISTRATIVO MAIS ANTIGO ERA A DIVISÃO DO EGITO
EM 4 2 NOMOS (DISTRITOS, VILAS OU MUNICÍPIOS): 2 2 AO NORTE E
2 0 AO S U L . E M B O R A T O D O S R E S P O N D A M AO R E I , C A D A NOMO P O S
S U I UM NOMARCA, OU PREFEITO, QUE ADMINISTRA A ÁREA LOCAL E
SE REPORTA AO V1ZIR, O QUAL, POR SUA VEZ, INFORMA O REI.
Cada nomo também tem uma
cidade, que é sua própria capi
tal, divindades e templos locais, além
de tabus e rituais religiosos próprios.
Cada nomo é instado a fazer um
tributo anual dos recursos locais ao
rei, e é identificável a partir de um
padrão local - a estátua de uma
divindade local, animal ou planta.
A divisão ideológica mais impor
tante do Egito encontra-se entre o
norte e o sul. O sul do Egito é conhe
cido como o Alto Egito e o norte é
o Baixo Egito; coletivamente, essas
regiões são chamadas de as "Duas
Terras". É essencial que todos os
reis verdadeiros, após o reinado de
Narmer, governem sobre um Egito
unido, e apenas o rei verdadeiro
recebe o título de "Rei do Alto e do
Baixo Egito".
Os nomos numerados
(áreas administrativas) do Egito.
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P A N O R A M A C O N C I S O
O vizir é identifica- ÍÍSx^m»>^y"\ J i • K < X W \ do pela vestimenta U\ ;. y N|| \
de cintura alta, í 1 ,,/ . , (IY1'
mantida no J í l*ií,;\ .sffiV'
lugar por duas tiras, I m!í~jjjlj*^íl\l enquanto o sumo f ,;, '."NíM /
/ f 1 / WÍ/ sacerdote usa um /<& Jjfí % ,§} j manto de pele de \&Jj JI*
leopardo.
L E S T E E O E S T E
O Egito também pode ser dividido ao longo das margens leste (oriental) e oeste (ocidental) do Nilo. A margem ocidental é destinada, principalmente, a cemitérios e templos funerários, pois é no oeste que o sol se póe. Na verdade, diz-se que os falecidos "residem no oeste". A margem oriental, do outro lado, é "a terra dos vivos" e é onde você encontrará as aldeias e os templos de culto. Contudo, sempre existem exceções à regra, portanto, não se surpreenda caso aviste uma aldeia à margem ocidental ou mesmo um cemitério no lado oriental.
O C A R G O M A I S A L T O
A sociedade egípcia é organizada com o rei no topo e a importância dos funcionários está relacionada à proximidade com ele. O poder é centralizado em torno de três cargos, e se algum dia eles fossem ocupados pelo mesmo homem, seu poder seria consideravelmente maior que o do rei.
O mais importante dos três é o vizir, um conselheiro próximo do rei que controla o funcionamento do palácio e do Estado; depois dele, o poder fica nas mãos de um general militar e do Sumo Sacerdote de Amon, que protege o bem-estar físico e espiritual da população.
23
G U I A D O V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : E G I T O
POLÍTICA: A ESTRUTURA
DA SOCIEDADE
A POSIÇÃO DO INDIVÍDUO DENTRO DA SOCIEDADE EGÍPCIA ESTÁ I N
TIMAMENTE ASSOCIADA À SUA OCUPAÇÃO. A ESTRUTURA DA SOCIE
DADE REFLETE A ABUNDÂNCIA RELATIVA DAS CAPACIDADES; POR
EXEMPLO, SERVOS E AGRICULTORES FORMAM AS MULTIDÕES QUE
COMPÕEM AS CLASSES MAIS BAIXAS, AO PASSO QUE SACERDOTES,
ERUDITOS E ESCRIBAS, GRAÇAS A SUAS HABIL IDADES EXCLUSIVAS,
OCUPAM OS ESCALÕES SUPERIORES DA SOCIEDADE.
Os S A C E R D O T E S DOS T E M P L O S
A maioria dos sacerdotes dos templos permanece ali meio período e trabalha durante um mês em cada quatro (três meses por ano). Eles não têm acesso à estátua sagrada, pois executam as tarefas mais terrestres necessárias ao funcionamento de um templo ocupado. Somente um punhado de sacerdotes é empregado em base de tempo integral.
E S C R I B A S E E R U D I T O S
Os níveis de alfabetização são altos no Egito em comparação com a maior parte do mundo conhecido, mas os escribas e os eruditos ainda continuam sendo valorizados, já que apenas cerca de uma pessoa a cada cem sabe ler. A maior parte das aldeias conta com um escriba para as necessidades locais, enquanto outros trabalham em templos, forças militares ou na administração de palácios. Os eruditos mais prestigiados são os sacerdotes leitores, pois eles têm acesso a textos antigos e sagrados e aos grandes segredos que esses textos preservam.
A R T E S Ã O S
Na escala social, um pouco mais abaixo dos escribas ficam os artesãos, como os que vivem no "Lugar da Verdade", responsáveis pela criação das tumbas reais nos Vales dos Reis e Rainhas. Esses artistas, pedreiros e carpinteiros (ou escultores e marcenei-
2 4
P A N O R A M A C O N C I S O
IOS) estão no topo de suas profissões e são bem pagos e muito respeitados.
AGRICULTORES
Os agricultores são especialmente importantes para a economia egípcia, pois são responsáveis pela produção de todo o alimento do Egito. A maioria das terras cultivadas em Tebas perrence ao Templo Karnak e é arrendada aos agricultores. Eles pagam o imposto e o arrendamento com a produção, que vai para os armazéns do templo para ser redistribuída em forma de salário aos artesãos, sacerdotes e funcionários do palácio, além dos militares.
S E R V O S
A maior parte da elite egípcia tem empregados domésticos para ajudar nas atividades cotidianas. No entanto, algumas aldeias contam com uma associação central de servos para todos os aldeões, por meio da cobrança de uma taxa horária, o que ajuda quem não pode dispor de um empregado em tempo integral.
Os servos variam de carregadores de água, amas de leite para crianças recém-nascidas, mordomos, tintureiros, pessoas que tratam de animais e até mesmo abanadores, ou agitadores de abanicos e leques, da casa real.
O Que HA PARA VER
A IMPORTÂNCIA DA ROUPA
Os egípcios são tradicionalistas e, assim, os membros de certas classes e ocupações "vestem-se de, um determinado tnodo que às Jorna fáceis de identificar; O egípcio médio veste-se com simplicidade, ou seja, usa uma túnica branca de linho que vai até o chão '-'seta mangas no verão e de mangas compridas no inverno - ou uma túnica curta com um saiote branco. A qualidade do linho também pode ser identificada pela delicadeza e, portanto, o linho transparente ê um sinal dé riqueza. Assim como a prosperidade da pessoa, também é possível identificar sua ocupação a partir da roupa.
Por exemplo, o escriba é identificável pela paleta atirada por cima do ombro ê petos dedos manchados de tinta, ao passo que o homem calvo de saiote branco com manto de pele de leopardo é um sumo sacerdote; já o homem com um manto parecido, mas dé peruca, provavelmente será um sacerdote sem (funerário). Se encontrar um homem com saiote longo amarrado embaixo das axilas e sustentado por duas tiras em volta do pescoço, tome cuidado: você está ria presença do vizír e, portanto, do homem mais poderoso dé Tebas depois do rei.
2.5
RELIGIÃO: O S DEUSES DO EGITO
h u
N MUITAS DIVINDADES SÃO ADORADAS EM TORNO
, \ \ DE TEBAS, DENTRE AS QUAIS A MAIS IMPORTAN
TE É AMON (VER A INSERÇÃO AO LADO), O DEUS
SOL E CRIADOR, ADORADO NOS TEMPLOS DE
KARNAK E LUXOR. N A MARGEM OCIDENTAL DO
N I L O , MUITAS OUTRAS DIVINDADES SÃO ADORA
DAS NA CIDADE DE DEIR EL MEDINA, INCLUSIVE
A DEUSA NAJA M ERETSEGAR, QUE PROTEGE CON
TRA MORDIDAS DE COBRA E ESCORPIÃO; O DEUS
H A CRIADOR PTAH, PATRONO DE TRABALHADORES;
E HATHOR, A DEUSA MÃE QUE TAMBÉM REPRE
SENTA A BELEZA, O AMOR SEXUAL E A FRIVOLIDADE. QUALQUER QUE
SEJA SUA POSIÇÃO OU SEU STATUS, COM CERTEZA HÁ UMA DIVINDA
DE TEBANA ADEQUADA A SUAS NECESSIDADES.
LM
O CULTO SOLAR EM IUNU
Embora a maioria de templos egípcios seja dedicada a uma deusa ou deus Sol (ou pelo menos com conexões solares), a principal cidade da adoração solar está em Iunu, um local ao norte onde está situado o grande templo de Ra-Horakhty. O primeiro templo solar foi construído ali há cerca de 1.400 anos e era de tais proporções que podia ser visto de muitos campos de pirâmides, inclusive de Gize, no lado oposto do Nilo. Esse local perdurou como centro de adoração solar desde então.
Iunu é parte fundamental das crenças solares no Egito, pois é o local do Monte da Criação, onde toda a vida começou, ao irromper das águas primitivas. Essa crença é mencionada
nos Textos das Pirâmides e, por isso, data da história mais antiga do Egito. O criador supremo é Atum, que criou a geração seguinte de deuses a partir de seu sémen. Por seu turno, estes criaram a nova geração e assim por diante, até que o atual rei Ramsés fosse concebido.
Embora Atum tenha se originado no local, o principal deus cultuado lá atualmente é Ra-Horakhty, que tem corpo de ser humano, mas cabeça de falcão, sendo a confluência de Rá e Horus. Existente já há 1.400 anos, o culto em Iunu foi tão poderoso que influenciou grandemente a ideologia da realeza, e muitos reis integraram desde então Rá em seus próprios nomes, acrescentando a exptessão "Filho do Rá" a seus títulos, a fim de
i6
P A N O R A M A C
acentuarem sua divindade. A influência do deus Rá desde então entrou na esfera funerária, com muitas tumbas reais em Tebas ostentando a "Litania de Rá" nas paredes, na qual Rá se associa a Osíris, o deus do submundo, e é, portanto, essencial para o renascimento do rei.
I Ra-Horakbty, a incorporação de Rá,
e Horus, com cabeça de falcão.
O QUE HÁ
O VlZIR DOS
Muitos visitantes vão a Tebas na
peregrinação ao oráculo do deus
Amofi/ o principal deus da região, -
Àmon é conhecido como O "vizir
dos humildes'" © é ao mesmo tempo
justo e bom.. Há dois modos de.
encaminhar um pedido' para Amon,
e nenhuma questão é considerada:
demasiadamente pequena ou insigni
ficante. Se estiver em Tebas durante um
festival, você verá o deus desfilando
O N C I S O
X V ídw\
P A R A V E R
HUMILDES
• ' - ' - ^ ' : " ' ; ' " ' ; ' ; ' : ' • • • ' • • ' •
pelas ruas em sua barca: sagfddci,
sendo, possível, ..'então, dirigir-se díre™
lamente a ele. Sé, no entanto, preferir I
uma comunhão mais discreta o u s e
nenhuma .procissão, estiver planejada,
você pode se dirigir ao próprio templo
com seu pedido ou questão por escrito,
O sacerdote, mediante o pagamento' • I
de uma. taxa módica, intercederá junto
a: Amon com o pedido em. seu nome.
27
G U I A O O V I A J A N T E P E I O M U N D O A N T I G O : E G I T O
RELIGIÃO: V I D A A P Ó S A M O R T E
O S EGÍPCIOS ACREDITAM QUE OS FALECIDOS TÊM A OPORTUNIDADE
DE RENASCER APÓS A MORTE, DESDE QUE PREENCHAM CERTOS CRI
TÉRIOS, COMO A MUMIFICAÇÃO E O SEPULTAMENTO COMPLETO POR
MEIO DE CERTOS RITUAIS, INCLUSIVE A " A B E R T U R A DA B O C A " ,
A " P E S A G E M DO C O R A Ç Ã O " E A REPETIÇÃO CONSTANTE DO SEU
NOME PELOS VIVOS.
Os vivos desempenham importante papel na vida após a
morte, sendo responsáveis pelo sustento físico e espiritual dos mortos. As oferendas ajudam a garantir a eternidade no Amduat - um local considerado muito parecido com o que existe de melhor no Egito, com um rio que o divide em duas partes, vegetação abundante, animais e peixes.
MUMIFICAÇÃO
Os mortos são conservados antes do sepultamento pelo processo da mumificação, para garantir que o corpo funcione na vida após a morte. O processo inteitó demora 70 dias e é executado por embalsamadores que trabalham em estruturas temporárias
Um sacerdote sem realiza a
Abertura cia Boca.
nos cemitérios da margem ocidental. Os 35 primeiros dias, mais ou menos, são reservados para a secagem do corpo, o que começa com a remoção dos órgãos internos. O cérebro é retirado por uma das narinas com o uso de um longo gancho de cobre e os órgãos internos são retirados por uma fenda no lado esquerdo do abdome. O único órgão deixado no lugar é o coração, que é o centro de tudo, do pensamento, da emoção e da inteligência. As cavidades deixadas são lavadas com vinho de palma e preenchidas com natráo (carbonato de sódio).
Uma vez preparado, o corpo é exposto, completamente coberto de natráo, e deixado para secar. Quando o corpo está seco, o natráo é removido e suas cavidades são preenchidas com serragem, linho e temperos, antes de setem embrulhadas com linho. Esse processo é supervisionado por um sacerdote que recita orações e encantamentos conforme cada membro é enrolado. Entre as bandagens, são colocados muitos amuletos pata proteger o defunto na vida após a morte.
28
P A N O R A M A C O N C I S O
O QUE Hi
O A P R E N D I Z DE
Se visitar a margem ociden
tal , não f ique surpreso ao ver um
rapaz ser perseguido pelas ruas,
com seus superiores, e até mesmo
os transeuntes, gr i tando ofensas
e at irando pedras. Não chame
os medjay (ver p. 37) - isso é
apenas um ritual. O aprendiz de
P E S A G E M DO C O R A Ç Ã O
Uma parte-chave das crenças funerárias egípcias é que antes dos mortos renascerem na vida após a morte, eles passam pelo Salão do Julgamento - presidido por Osíris, o deus do submundo. Nesse lugar, seu coração é pesado contra a deusa Maat, que representa a verdade e o equilíbrio. Se o coração pesar mais do que Maat, será devorado por um demónio, deixando o morto no limbo. A situação ideal existe quando o coração e Maat têm o mesmo peso.
A Pesagem do Coração.
P A R A VE R
EMBALSAMADOR
embalsamador, que é quem faz o
pr imeiro corte no tronco, precisa
ser punido por essa violação; por
isso o espetáculo na rua. Fique à
vontade para part icipar e acres
centar seus próprios insultos ao
coro - af inal , tudo isso faz parte
do emprego dele!
O L I V R O DOS M O R T O S
Os textos funerários funcionam como guias de viagem ou mapas do além, já que fornecem informações sobre a jornada na vida após a morte, inclusive nomes de portas e fechaduras e encantamentos para repelir o mal. Há também imagens de quando os mortos se encontram com os porteiros e os demónios protetores.
O Livro dos Mortos é o mais popular desses textos e deriva dos "Textos de Caixão", de cerca de 500 anos atrás, os quais, por sua vez, derivam dos "Textos da Pirâmide", muito mais antigos.
29
G U Í A DO V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : E G I T O
V I D A D O M É S T I C A : A F A M Í L I A E O
P A P E L DAS M U L H E R E S
A VIDA DOMÉSTICA É MUITO IMPORTANTE PARA OS EGÍPCIOS, E UMA
FAMÍLIA GRANDE É A PARTE PRINCIPAL DISSO. À s VEZES, NADA ME
NOS DO QUE I S PESSOAS PODEM VIVER NA MESMA CASA DE TIJOLOS
DE BARRO DE DOIS ANDARES, COM ATÉ TRÊS GERAÇÕES DEBAIXO DO
MESMO TETO. O CASAMENTO OCORRE EM TENRA IDADE, GERALMEN
TE DENTRO EM VEZ DE ENTRE CLASSES SOCIAIS, MAS, COMO REGRA
GERAL, NÃO É ARRANJADO PELAS FAMÍLIAS.
/ ^ \ uase todas as meninas se casam V ^ t ã o logo,entram na idade de gravidez, geralmente entre 12 e 15 anos. Por outro lado, alguns homens decidem concentrar-se primeiro em suas carreiras, acumulando riquezas e status, antes de iniciatem uma família. É bastante comum ver meninas de 12 anos casadas com homens de 30 anos ou mesmo mais velhos.
Não há nenhuma cerimónia elaborada, e o ato de casar é simplesmente a mudança da noiva para a casa de seu novo marido. As aldeias locais podem ter uma procissão pelas ruas para marcar a ocasião, como meio de exibir o dote da noiva. Esse dote permanece propriedade da mulher e ela pode fazer com ele o que quiser: vender, deixar de herança ou simplesmente guardar. Os contratos de casamento são redigidos apenas se o casal for particularmente rico e muiras vezes estabelece a divisão de bens em caso de divórcio.
Nas ruas de Tebas você pode se surpreender ao ouvir pessoas casadas
tratarem um ao outro como "irmão" e "irmã", mas estes são simplesmente termos carinhosos e não se referem a nenhuma relação de sangue. Existe a proibição social de irmãos se casarem, a menos que perrençam à família real; e, apesar de o matrimónio entre primos ou meio-irmáos ser considerado aceitável, raramente acontece. Embora seja inaceitável que o homem tenha mais de uma esposa, ele pode ter concubinas.
A simplicidade do casamento se reflete no processo do divórcio, no qual o marido ou a esposa simplesmente declara "eu me divorcio de você". A esposa então leva suas posses de volta para a casa de sua família, inclusive o dote e, se o homem for culpado, um terço dos bens dele também. É perfeitamente aceitável qualquer parceiro casar-se novamente, se quiser.
As famílias no Egito são grandes, e não é incomum o casal ter até dez filhos. Os índices de mortalidade infantil são altos c poucas crianças
30
P A N O R A M A COS CASO
sobrevivem acima dos cinco anos deidade. Considera-se essencial que as famílias tenham pelo menos um filho sobrevivente para assumir a ocupação de seu pai depois que ele morrer, bem como para cuidar dos pais na velhice. Embora as meninas sejam mais dispendiosas, visto que elas recebem o dote, o infanticídio feminino não é praticado, já que todas as crianças são consideradas sagradas - embora os rapazes sejam preferidos às meninas.
O P A P E L D A S M U L H E R E S
Em muitos casos, as mulheres egípcias sáo iguais aos homens da mesma classe e é comum ver mulheres desacompanhadas pechincharem no porto, ou mascatearem seus próprios produtos no barranco. Não há restrição quanto ao fato de homens e mulheres fazerem negócios uns com os outros, mesmo que não tenham parentesco, e as mulheres muitas vezes ganham rendimentos separados de seus maridos.
As mulheres podem fazer tudo o que os homens fazem, inclusive comprar, vender, herdar ou transmitir propriedade em herança; elas podem processar pessoas da mesma classe e podem testemunhar em documentos legais, desde que, é claro, sejam alfabetizadas.
Embora na maioria das vezes as mulheres não sejam instruídas, isso não acontece porque não seja permitido, mas sim pela questão de se a família pode arcar com a educação tanto de suas filhas como de seus filhos. Além disso, um dito popular afirma que "ensinar a mulher é o mesmo que ter um saco de grãos com um rasgo do
As mulheres egípcias compartilham
de muitos dos direitos dos homens. De
fato, você pode encontrar muitas delas
comprando e vendendo mercadorias no
barranco do rio.
lado", pois quase sempre elas vão se casar e deixarão de usar a educação.
Mesmo quando educadas com alto padrão, as mulheres não conseguem trabalhar na administração oficial ao lado dos homens. Durante os 2 mil anos da história egípcia, até agora, houve apenas um punhado de escribas femininas, ou supervisoras; a restrição principal é que elas seriam incapazes de controlar o rrabalho dos homens. Por isso, tendem a trabalhar em serviços domésticos (em suas próprias casas ou nas casas dos ricos), como chefes do pessoal, ou governánras, ou naquelas indústrias que são dominadas por mulheres, como a de costura e a de fabricação de perucas, ou, ainda, como médicas de mulheres.
G U IA D O V 1 A J A N T F. P F. I. O \'1 U N" D O A N T [ G O ; F. G 1 T O
V I D A DOMÉSTICA: EDUCAÇÃO E
CARREIRAS
A EDUCAÇÃO ESTÁ DISPONÍVEL PARA TODOS A Q U E L E S QUE PODEM
PAGAR, H O M E N S OU M U L H E R E S , EMBORA SEJAM EDUCADOS P R I N
CIPALMENTE O S R A P A Z E S . N Ã O EXISTEM I N S T I T U I Ç Õ E S ORGANIZA
DAS DE APRENDIZAGEM DENTRO DE COMUNIDADES MAIORES, E AS
CRIANÇAS APRENDEM ONDE QUER QUE UM E S C R I B A ESTABELEÇA
UM G R U P O DE E N S I N O . C O N T U D O , EXISTEM C E N T R O S OFICIAIS DE
APRENDIZADO PARA A ELITE.
Muitos templos abrigam o que é conhecido como a "Casa da
Vida", uma instituição dirigida pelos sacerdotes leitores para os sacerdotes docentes sobre os textos sagrados e rituais realizados no templo. A Casa da Vida também ensina aos médicos reais e da elite essa profissão, além de funcionar como arquivo de centenas de textos. Os príncipes reais são ensinados dentro do palácio, e os rapazes afortunados das famílias nobres também são ensinados ali.
Uma educação média começa com as habilidades básicas da escrita, quando a criança tem cerca de 5 anos de idade. Inicialmente, as crianças aprendem a escrever em escrita cursiva e, assim que progridem — se parecem prováveis candidatos à carreira de escriba —, aprendem os hieróglifos. As crianças são ensinadas a partir do método do ditado, no qual um escriba lê em voz alta algum texto clássico (às vezes, com mais de mil anos de antiguidade) e as crianças o
escrevem para depois serem corrigidas pelo escriba. Esses textos incluem cartas modelos, que servem de exemplos de boa gramática e vocabulário,-e também como "textos de sabedoria", pois fornecem conselhos sobre a maneira correta de viver e agir.
Aos 9 anos de idade, o estudante deve decidir a respeito da futura carreira
- se militar, administrativa ou clerical - e, então, passará pelo aprendizado antes de se tornar empregado pleno.
OPÇÕES DE CARREIRA
Para o rapaz egípcio comum existem poucas opções de carreira. O filho mais velho tradicionalmente segue os passos de seu pai, treinando como aprendiz desde tenra idade e assumindo o ofício quando morre o pai.
Os outros filhos, dependendo de suas habilidades, podem escolher a carreira militar - com a promessa de viagens, bom pagamento e agitação
- ou entrar para a classe sacerdotal, tanto em uma posição secular ou
3-1-
P A N o R A M A C O N C I S O
como parte do quadro de auxiliares. Os rapazes educados com talento para a escrita podem seguir a carreira de escriba, tanto na aldeia local, com um rendimento regular, quanto como membro da administração real, militar ou do templo - todas estas, carreiras bem pagas e com boas oportunidades de progresso.
As garotas, por outro lado, têm uma escolha mais limitada, pois espera-se que a maioria se case e fique em casa
Os instrumentos de escrita de um escri
ba egípcio, uma das melhores carreiras
disponíveis para um rapaz egípcio.
para cuidar da família. Porém, algumas mulheres trabalham em indústrias domésticas, como a tecelagem do linho, os assados e a preparação de cerveja. Algumas mulheres mais ricas ganham a vida oferecendo empréstimos de cobre e prata, cobrando elevadas taxas de juros.
O TRABALHO DA PARTEIRA
N o caso de mulheres que têm até
dez cr ianças a par t i r dos 12 anos de
i dade , o papel da par te i ra é cruc ia l .
A lgumas são t re inadas prof issional
mente no templo de Ne i th , em Sais, e
são dest inadas a papéis dentro do pa lá
c io ou entre a elite da sociedade.
Para mi lhares de mulheres comuns,
há uma par te i ra t re inada localmente,
que desde mui to jovem aprende junto
com a par te i ra residente, até que esteja
bastante exper imentada para atender
sozinha aos nascimentos. A ma ior par te
dos partos também é a c o m p a n h a d a
por encantamentos que invocam as
d iv indades Bes e Taweret, que a j u d a m
a d a r à luz e espantam demónios
per igosos. A mulher g ráv ida co loca
um t i jo lo de par to , que representa a
deusa Meskenet, emba ixo de c a d a pé,
e var inhas de mar f im esculpidas com
imagens pròtêtoras a tocam durante o
t raba lho de par to.
3 3
G U I A D O V I A J A M T E [ ' E L O M U N D O A N T I G O : E G I T O
AGRICULTURA E INDÚSTRIA
COMO QUALQUER GRANDE ECONOMIA BASEADA EM UM ESTADO CEN
TRALIZADO, NO EGITÓ A IMPORTÂNCIA DO COMÉRCIO, DA PRODUÇÃO
DE ALIMENTOS E DA INDÚSTRIA É PRIMORDIAL. EMBORA ESSES ELE
MENTOS MUITAS VEZES SEJAM NEGLIGENCIADOS, A MAIORIA DOS EGFP-
CIOS TRABALHA EM UM DESSES CAMPOS E SÃO, POR ISSO, INDIRETA-
MENTE RESPONSÁVEIS PELO FUNCIONAMENTO REGULAR DO ESTADO.
O comércio internacional é especialmente importante para
a economia do Egito, com muitos itens importados de longe. O ouro, o ébano, o marfim, os animais selvagens (inclusive leopardos, macacos e girafas) e determinadas pedras são todos importados da Núbia, no sul. O lápis-lazúli é importado do Afeganistão, embora por intermédio de comerciantes independentes. A madeira do cedro é importada de Biblos, de onde também são provenientes os barcos, os marinheiros e os construtores de navios. A prata vem das ilhas ao norte e, apesar de um dia ter sido mais valiosa que o ouro, agora
é mais barata, por causa da ampliação da oferta. Muitos óleos vegetais e perfumados são importados da Síria e são altamente valorizados pelos egípcios.
AGRICULTURA
Os agricultores formam a maior parte da população. Apesar do papel crucial que desempenham, eles executam as tarefas mais difíceis, que também são os empregos de pior remuneração e, como realizam serviços que não exigem qualificação, os agricultores provém dos escalões inferiores da sociedade. Na maioria dos casos, toda a família ajudará na colheita. Muitos agricultores arren-
Um agricultor egípcio cuida de seus campos.
34
P A N O RA M A C O N C I S O
dam (erras diretamente do templo ou do palácio e pagam o arrendamento e os impostos com o que produzem. Tudo o que sobrar pode ser guardado. () ónus das colheitas ruins é um fardo particularmente pesado para os agricultores, pois eles ttabalham tanto como sempre, mas somente para entregar a maior parte dos magtos rendimentos ao estado. Eles também são ameaçados de surras caso as cotas especificadas não sejam alcançadas.
I N D Ú S T R I A
O Egito é grande produtot de muitos artigos, alguns dos quais sâo exportados para o Oriente próximo. O linho é um desses valiosos produtos
de exportação, e é produzido em oficinas anexas aos templos maiores e aos haréns reais, onde o trabalho mais delicado é feito por rainhas do mais alto status. Os artistas mais requintados, pedreiros e carpinteiros (ou escultores e marceneiros) que trabalham para o rei vivem no Lugar da Verdade, em Tebas, e produzem muitos artigos dignos de nota.
Na capital de Pi-Ramsés há muitas fábricas de faiança, as quais produzem milhares de telhas coloridas decorativas utilizadas em templos e palácios. Um pouco mais ao sul da região de Tebas existem alguns dos melhotes vinhedos, cujo vinho produzido é exportado para todas as partes do mundo conhecido.
O v E H A V A R A
C O L H E I T A S LOCAIS
v Vários grãos • è cereais são culti
vados no Egito e, embora haja uma
boa rede comercial, a maior parte
do alimento é produzida localmente,
.Inclusive a cevada; -*• utilizada para
fabricar cerveja, uma bebida impor-
fante tanto para adultos como para
crianças -• além de Bmmer, emkom e
espeifo, variedades de trigo utilizadas
para fazer o pão {o çjrQo utilizado é
mostrado péla forma do pão).
Muitos agricultores,, e até famílias,
•^cultivam diversos produtos, inclusive
:: cebolas doces pequenas para serem
comidas cruas; alho para tempero;
ervilhas, lentilhas e feijões para
• engrossar guisados e sopas; rabane
tes, repolhos, pepinos e alfaces; tâma
ras para cerveja, temperada e para
serem comidas inteiras; e uma ampla
e deliciosa variedade de figos.
Muitos agricultores também culti
vam o sésamo e o rícino para fabricar
óleo, assim como a linhaça para a pn>
duçãode linho. Eles também colhem
...fibras de árvores,', as quais são utiliza
das para fazer cestos e cordas.
35
G U I A D O V I A J A N T F. I* E I O M U N D O AN"T 1 G o : E G i i o
As F O R Ç A S A R M A D A S
S O M E N T E NA ERA M O D E R N A O E X É R C I T O P E R M A N E N T E FOI I N T R O
D U Z I D O E , N O S ÚLTIMOS 4 0 0 A N O S , T O R N O U - S E T E M I D O EM T O D O O
M U N D O C O N H E C I D O . O E X É R C I T O C O N S I S T E D E MUITAS D I V I S Õ E S DE
5 MIL H O M E N S C A D A UMA ( I N C L U S I V E INFANTARIA, A R Q U E I R O S , L A N -
C E I R O S E C O N D U T O R E S D E B I G A S ) ; ALÉM D I S S O , É DIVIDIDO EM H O S
T E S D E 5 0 0 , C O M P A N H I A S DE 2 5 0 , P E L O T Õ E S D E 5 0 E E S Q U A D R A S
D E I O H O M E N S . E S S A MÁQUINA MILITAR G A R A N T E Q U E C A D A S O L D A
D O S E R Á C U I D A D O S A M E N T E G O V E R N A D O , T R E I N A D O E C O N T R O L A D O .
A s forças militares egípcias são
bem armadas para qualquer
tarefa, com grande quantidade de
armas, algumas tradicionais e outras
introduzidas mais recentemente.
As armas básicas de projétil mais
utilizadas são as pedras, lançadas à
mão ou com a funda; mas as lanças de
arremesso, inicialmente utilizadas na
caça, também são eficazes no combate.
As armas fabricadas incluem as
maças de pedra para golpear opo
nentes; os arcos e flechas, que têm o
alcance máximo de quase 550 cúbitos;
lanças para arremessar ou apunhalar;
e machados, punhais e espadas para o
combate corpo a corpo.
O soldado egípcio é protegido por
uma armadura leve, usa uma sobres
saia de couro e carrega um escudo
que protege o corpo inteiro, com
cerca de 3 cúbitos de altura, feito de
madeira sólida ou com uma armação
de madeira oculta e recoberta.
O exército é empregado em muitos
papéis além daquele de travar a guerra
contra os inimigos de Egito, incluindo
a vigilância de rotas comerciais, o
transporte de pedras para sarcófa
gos e obeliscos e até mesmo ajuda na
colheita. As forças armadas também
estão envolvidas no policiamento
e na arrecadação de impostos. No
momento, a área mais intensamente
policiada é o Vale dos Reis, embora
essa segurança pareça relativamente
ineficaz, já que muitas tumbas foram
roubadas e profanadas.
Existem ainda vários papéis auxi
liares denrre os militares, os quais,
embora não façam parte das forças
de combate, são essenciais para seu
funcionamento regular. Tais ocu
pações incluem os músicos, os car
regadores padrão, os seguidores de
campo, que a tuam como servos e
transportadores de água, e os escri
bas militares, responsáveis por regis
trar as muitas vitórias.
36
P A N O R A M A C O N C I S O
O exército egípcio utiliza as bigas como carro de combate, uma arma de efeito devastador, com o condutor acompanhado pelo lanceiro.
MERCENÁRIOS
Durante cerca de 2.000 anos, o exército egípcio teve mercenários estrangeiros, e isso não mudou nos últimos tempos; de qualquer maneira, o número deles aumentou desde a batalha de Kadesh.
As vezes, esses homens são prisioneiros de guerra que tiveram a opção de se juntar ao exército egípcio ou enfrentar a execução, ao passo que outros se juntaram voluntariamente, por causa das vantagens do emprego. Outras nacionalidades que marcham ao lado das tropas egípcias incluem os sírios, os líbios, os serdenos
(identificados pelos pequenos elmos recurvados) e os hititas. Na cidade de Pi-Ramsés, há muitos soldados hititas e uma oficina para suas armas.
Os núbios são os mercenários mais comuns e muitas vezes fotmam o corpo de arqueiros do exército, graças à sua renomada habilidade com o arco. Contudo, os núbios medjay dos desettos orientais da Núbia também foram usados como batedores e infantaria leve durante séculos. Tantos indivíduos dessa tribo são empregados nessa ocupação que a força de polícia local é simplesmente chamada de medjay.
37
Iliíí
míSw MÊiM
A região de Tebas é rica em atraçóes turísticas e há algo
para todo mundo ver. Contudo, muitos templos e
tumbas estão oficialmente fechados para o público, e é
preciso muita astúcia, e talvez até algumas gorjetas,
para obter acesso a alguns desses lugares. Mas, com a
carteira bem recheada, nada é impossível.
G U I A DO V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : E G I T O
V I S Ã O G E R A L D E T E B A S
VOCÊ ENCONTRARÁ TEBAS À MARGEM ORIENTAL DO N I L O , NO SUL
DO EGITO, O LOCAL TEM UMA LONGA HISTÓRIA QUE SE DESENVOL
VEU A PARTIR DE UMA PEQUENA CIDADE PROVINCIAL ATÉ A VASTA
METRÓPOLE QUE É ATUALMENTE. O DEUS LOCAL É A M O N , CUJA
POPULARIDADE SE ESPALHOU DEVIDO AO FATO DE SEU TEMPLO EM
KARNAK ( I P E T - S U T ) SER O MAIS RICO DO EGITO E PORQUE TEBAS
É A CAPITAL RELIGIOSA DE EGITO. TEBAS É REALMENTE UMA CIDA
DE COM TUDO DISPONÍVEL PARA ENTRETER O VISITANTE.
J J / /~ O templo de Thutmosis
1
ih j \KyJ
À
\ O templo de Horemheb
RMN
:\ O palácio de Amenhotep
\ ' .A
40
A C I 1> A l) I. D E T F B AS
O Q U E H Á 1'ARA V E R
A CIDADE Q U E NUNCA DORME
Como capital religiosa e sede a própria cidade é muito baru-
do cemitério real, Tebas é uma Ihenta. Mesmo à noite o barulho
metrópole movimentada, contando não cessa; mas não se desespere,
com uma das maiores populações pois você pode descobrir a paz na
do Egtto. Por isso, fique sabendo beleza do Nilo.
que encontrará multidões, e que
Ipet-Sul (Templo de K;irn;ik)
.YlAttGt: OcniHNI
MARGE:
OKIENT.
Ipet-Resvl f lèniplo de Luxor)
TEBAS: PANORAMA
4 1
G U I A DO V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : E G I T O
O T E M P L O D E K A R N A K
IPET-SUT, OU TEMPLO DE KARNAK, À MARGEM ORIENTAL DO N I L O
EM TEBAS, É O SEGUNDO MAIOR COMPLEXO DE TEMPLOS NO EGITO E
É DEDICADO À DIVINDADE SOLAR A M O N . O TEMPLO ESTÁ ALINHADO
E CONECTADO COM IPET-RESYT, OU TEMPLO DE LUXOR, POR UMA
LONGA AVENIDA DE ESFINGES, UTILIZADA EM PROCISSÕES RELIGIO
SAS. CONFORME VOCÊ SE APROXIMA DO TEMPLO, SE DEPARA COM
AS ESFINGES MAIS PRÓXIMAS DO PORTAL, CONSTRUÍDAS PELO ATUAL
REI. N O FINAL DA AVENIDA VOCÊ É ACOLHIDO POR UM PORTÃO MO
NUMENTAL QUE LEVA AO GRANDE SALÃO DE HIPOST1LO (UM SALÃO
SUSTENTADO POR PILARES), AMBOS CONSTRUÍDOS POR RAMSÉS. A
ENTRADA DO SALÃO É FLANQUEADA POR DUAS COLOSSAIS ESTATUAS
DE RAMSÉS EM GRANITO VERMELHO, O QUE DEIXA BEM CLARO QUE
ESTA É A ENTRADA DELE.
Na parede externa ao norte do salão de hipostilo existem relevos de
batalhas, tanto de Seti como de Ramsés, ambos lutando contra os hititas, e na parede externa do sul há o tratado de paz com os hititas, assinado por Ramsés depois da batalha de Kadesh.
Seguindo o eixo central do templo pelo salão do hipostilo, o visitante passa pelo portal de entrada de Amenhotep Nebmaatra, com a porta incrustada de ouro e pedras semipreciosas, e encontra-se no pátio central, que abriga os grandes obeliscos fixos de Thutmosis Akheperkara e Thutmosis Menkheperre. O visitante, então, passa por outros dois portais construídos por Thutmosis Akheperkara antes de chegar ao Salão dos Registros, construído por Thutmosis Menkheperre. É nesse lugar que muitos textos sagrados do
templo, além dos registros de pilhagens e presentes dados ao templo, ficam guardados, e provavelmente não estatão acessíveis nem mesmo para os visirantes mais afluentes. O último portal leva ao santuário do templo, que abriga o santuário dentro do qual fica a estátua de Amon. Somente o rei e o sumo sacerdote têm acesso a essa câmara.
A CAPELA DA ORELHA
A Capela da Orelha é possivelmente a única parte do templo à qual os turistas terão acesso. Ela está situada na parte de trás do templo principal de Amon, ao norte da construção, perro do santuário.
A parede externa dessa capela é decorada com blocos de orelha de esteias — blocos de pedra com orelhas esculpidas neles.
42
A C I D A D E D E T E B A S
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COMPLEXO
X O I M O N T O
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'1.EXO
DE ÁMON
P E T - S U T (KARNAK)
Salão de Hipostiio Templo de Ptah Templo de Maat Templo de Montu TemplodeHarpara Templo de Thutmosis Templo de Opet Templo de Khonsu
I Templo de Amenhotep
] Lago Sagrado K Templo de Amon L Barca de
Thutmosis M Templo de Amon N Templo de Ramsés 0 Templo de Mut
Os peregrinos se aproximam dessas
orelhas e sussurram suas orações e
desejos nelas. Acredita-se que tais ora
ções vão ditetamente para os ouvidos
do deus Ptah, a divindade criadora e o
deus patrono dos artesãos.
Essa capela em Karnak é de fato
muito especial, pois é comum o deus
responder instantaneamente aos
pedidos. A voz dele pode ser ouvida
instruindo o peregrino sobre o que
ele deve fazer para que seu pedido
seja atendido. Essas instruções nor
malmente implicam na criação de
uma capela ou santuário ou na con
sagração de uma estátua ao deus.
Alguns céticos podem dizer que a
tal "voz do deus" não é de fato outra
senão a de um sacerdote de Karnak
- mas não é bom que alguém seja
ouvido dizendo isso publicamente.
O Lago Sagrado representa as
águas primitivas de Nun.
43
G U I A DO V I A J A N T E Pr.1.0 M U N D O A N T I G O : E G I T O
O L A G O S A G R A D O
Outra área que pode ser acessível é o Lago Sagrado de Karnak, o lugar mais belo e pacífico, reminiscência das águas primitivas de antes da criação. É lá que os sacerdotes se purificam antes de entrarem no templo. O lago foi construído por Thutmosis Menkheperre e tem dois terços do tamanho do próprio templo. Está localizado ao sul do templo, perto do salão de hipostilo. As cozinhas também ficam situadas por perto, e há rumores de que um túnel une o lago, as cozinhas e as fêmeas dos gansos. De vez em quando, uma dessas gansas chega ao lago através desse túnel, já que surge no lago como se viesse do nada, o que simboliza Amon na criação e demonstra que os poderes criativos do lago ainda continuam em atívidade.
O SALÃO DE HIPOSTILO
A parte mais impressionante do templo de Karnak é o grande salão de hipostilo de Ramsés. Planejado pelo primeiro Ramsés, iniciado por Seti Menmaatra e concluído por Ramsés, o Grande, esse salão cobre uma área de 9.401 cúbitos quadrados e consiste de 134 colunas em 16 fileiras, que sustentam o teto. As colunas ao longo do eixo central são mais altas do que as outras e alcançam 39 cúbitos de altura; elas têm capitéis florais ao passo que as outras têm capitéis em botão.
De cima dessas colunas, no alto do teto, vem a única luz no salão, a partir de gretas de pedra. Assim, o
salão é escuro e sombrio, com hastes intermitentes de luz iluminando apenas pequenas áreas de uma vez. O salão inteiro, inclusive os portais, é decorado em relevo esculpido. Na parede do norte encontram-se as belas imagens em alto-relevo de Seti Menmaatra e, na parede do sul, o baixo-relevo de seu filho. Essas imagens de Ramsés incluem sua coroação e o papel dos deuses nessa ocasião. Os próprios portais também são decorados em relevo policromático, que mostra o rei abraçando várias divindades. Um pilar solitário, o primeiro na sexta fileira, exibe o nome do primeiro Ramsés, e o turista de olhos de lince pode reparar nisso.
O magnífico salão de hipostilo
concluído por Ramsés.
44
A C. 1 I) A D E D E T E B AS
O Q u e HÁ P A R A V E R
!| i
O FESTIVAL DE O P E T
Se estiver em Tebas no segundo
mês da cheia, você pode assistir ao
Festival de Opet. Com duração de 11
dias, esse feriado de Tebas é um tempo
de frivolidade, de novos começos e
de fertilidade, quando as multidões
enchem as ruas, esperando vislumbrar
o rei ou o barca divina.
A í festividades começam quando
a estátua: de Âmon é" levada . em
procissão de Karnctk ao Templo
de tuxor, percorrendo a distância de
3.84Ó cúbitos ao longo da avenida
de esfinges. Essa parte da procissão
não pode ser vista: pelo público, pois
o caminho cerimonial fica encoberto
O COMPLEXO DE M U T
O complexo de Mut fica na parte mais ao sul do complexo Karnak. E alcançado pelo portão sul, passando por uma avenida de esfinges. A leste da avenida de esfinges há um pequeno templo para Amon-Kamutef e, no lado ocidental, existe uma barca santuário, construída por Thutmosis Menkheperre como ponto de descanso durante as procissões.
O templo conta com dois pátios abertos e um santuário rodeado de antecâmaras; mas o templo principal é excepcional, pois é rodeado em três lados por um lago em forma de ferradura.
atrás dos grandes muros que cercam
o terreno, mas o barulho dos músicos
e dos cantores acompanhantes ainda
pode ser ouvido.
Á viagem de volta é feita peio rio, I
sendo um evento muito mais público.
A barca" divina qué carrega a estâfea
do deus é rebocada por uma pequena:
flotilha de barcos que navegam acam~: • 1
panhádos' pela barcaça mú, a qual i
também é rebocada pelos militares i
conforme eles correm: ao longo das ' | j
margens do Nilo. Embora os soldados . • j
possam atrapalhar a visão, é possível |
avistar o rei sentado em sua barcaça.
!
Uma atração importante é a capela de Sekhmet, repleta de centenas de estátuas de granito preto com o tamanho natural da deusa. Seldimet é a deusa da guerra, das pragas e das epidemias, e acredita-se que Amenhotep encomendou tantas estátuas dela devido à saúde debilitada em seus últimos anos de vida.
Ao norte do recinto encontra--se um pequeno templo dedicado a Khonsu, filho de Mut e Amon, que mostra algumas cenas interessantes de nascimento divino e uma das duas únicas imagens no Egito de uma cerimónia de circuncisão.
45
G U T A DO V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : E G I T O
O TEMPLO DE LUXOR
O TEMPLO DE LUXOR EM TEBAS (CONHECIDO LOCALMENTE COMO
AMENEMOPET — " A M O N DE O P E T " ) , É MENOR QUE O DE KARNAK,
MAS NÃO MENOS IMPRESSIONANTE, E AMBOS ESTÃO UNIDOS POR
UM CAMINHO CERIMONIAL. ESTE, DURANTE MUITOS ANOS, ERA UM
CANAL CHEIO DE AGUA DO NLLO E PERMITIA QUE A BARCA SAGRA
DA QUE CARREGA A ESTÁTUA DO DEUS NAVEGASSE ENTRE OS DOIS
TEMPLOS. E M ANOS RECENTES, AS CHEIAS NÃO FORAM SUFICIEN
TES PARA ALCANÇAR ESSE CANAL, ENTÃO ISSO ESTÁ SENDO FEITO
POR UMA AVENIDA DE ESFINGES. ESSE CAMINHO PROCESSIONAL $
UTILIZADO DURANTE O FESTIVAL DE OPET, QUANDO O DEUS AMON
VIAJA DE KARNAK PARA O TEMPLO DE LUXOR.
O próprio Templo de Luxor é basicamente o Templo de
Amenhotep Nebmaatra, embora fique no local de um templo menor dedicado ao deus Amon, construído há mais de 700 anos. No entanto, todos os visitantes do templo são acolhidos pelo maravilhoso portão monumental construído pelo soberano atual,
Ramsés Usermaatra-Setepenra. Em frente ao portal existem 6 colossais estátuas de granito do tei, 2 com ele sentado e 4 com ele em pé, e 2 enormes obeliscos de 47 cúbitos de altura - eliminando qualquer dúvida do visitante sobre quem construiu esse portão e, também, dando a falsa impressão de que ele construiu o templo inteiro.
i ii(i«isiwiiiiiiHiai«n
™5k—-*JBS»"~'~,fi! OTifflf»«|^ , '-AjA
Á imponente fachada do Templo de Luxor. Note as colossais
estátuas de granito de Ramsés nos flancos do portal.
4é
A CIDADE DE TEBAS
e g ™
| A M E N E M O P E T ( T E M P L O DE L U X O R )
} A Salão das Horas í B Santuáiio ! dá Barca
] C Sala do | . Nascimento
|: • •• Divino | ]D_ Salão de Hipostilo
£ Pátio Solar G. Pátio do I de Amenhotep Peristilo de Nebmaatra Ramsés
F Colunata de Amenhotep H Usermaaira-Nebmaatra -Setepenra
Capelas de Amou, M u t e Khonsu
•• • " ' . • ' • • • • "
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'.H "-Í-"-)
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~ -. L: !
Portão Monumental de Ramsés
De acordo com a tradição, o portal é decorado com cenas de batalha, principalmente a vitória de Ramsés contra os hititas em Kadesh no ano 5 de seu reinado. Imagens desse tipo intimidam quem planeja causar danos aos egípcios ou ao próprio remplo. Se tiver autorização para entrar no templo pelas enormes portas de madeira, você estará no pátio em colunata de Ramsés, o qual conta com 74 colunas. Nos intervalos da primeira fileira de colunas ao sul encontram-se as mais imponentes estátuas de. Ramsés, bem como a estonteante díade de Ramsés e Nefettari, sua Grande Esposa Real, representados como Amon e Mut.
Dentro desse pátio existem três pequenas capelas dedicadas à tríade tebana, Amon, Mut e o filho deles, Khonsu. Originalmente, isso foi consrruído por Thutmosis Menkheperre, mas Ramsés, o atual rei adotou-as para si próprio. Elas são utilizadas durante o Festival de Opet para a estátua de Amon receber refrigério em sua jornada. Esses santuários, originalmente, eram mais centrais no pátio, mas Ramsés mudou-os para mais perto da parede noroeste.
As paredes dessa colunata são decoradas com cenas policromáticas de Ramsés fazendo oferendas aos deuses, bem como imagens de suas esposas e filhos. Trata-se de uma visão
47
G U I A no Vi A I A S T F P E L O M U N D O A N T I G O : EG I T o
única da família real, geralmente não visível para estranhos. No entanto, é possível, se a pessoa for muito rica, encomendar uma estátua de si mesma e mandar colocá-la dentro desse pátio, na presença do deus e com os rituais de praxe. Mesmo se você não puder acessar esse templo, é possível que sua estátua seja consagrada por um sacerdote, a partir do pagamento de uma pequena quantia.
A OBRA DE AMENHOTEP
Continuando pelo templo, o visitante depara-se com as estruturas mais antigas de Amenhotep, que começam com a colunata que comporta sete pares de colunas. Originalmente, ao ser construída, ela funcionaria como entrada. Trata-se de uma área compacta, escura, com luz fornecida apenas por pequenas janelas altas nas paredes, o que representa um contraste marcante com a vastidão reluzente do primeiro pátio. Embora a colunata faça parte do desenho de Amenhotep Nebmaatra, a decoração foi acrescentada por Horemheb e Seti Menmaatra.
.As colunas são adornadas com imagens do Festival de Opet celebrado em Luxor e Karnak. Essa colunata eneontra-se em um eixo com o Templo de Khonsu em Karnak e se junta ao mesmo por outro caminho cerimonial.
Ao atravessar a colunata, o visitante entrará no pátio solar de Amenhotep, que é outro pátio em colunata com duas fileiras de 60 pilares ao redor das paredes. Essas paredes são decoradas com imagens de Amenhotep e do deus Amon. Você entra, então, no salão de hipostilo, que foi reparado pelo pai do atual rei, Seti Menmaatra. Há 32 colunas de papiro e as paredes são decoradas com imagens de Amenhotep fazendo várias oferendas ao deus Amon.
No início do salão de hipostilo há muitas câmaras, capelas e vestíbulos com várias funções diferentes. Duas delas, de particular interesse para o visitante, são a Sala do Nascimento Divino, que representa a concepção divina e o nascimento de Amenhotep, e o Vestíbulo das Oferendas, que exibe a imagem
de Amenhotep conduzindo
(gado cevado ao templo
| . a fim de ser sacrificado 5 para Amon.
Uma representação do gado cevado
(gordo) sendo oferecido a Amon.
A C I D A D F DE FE B A S
O P O R T A L D E R A M S É S
Conforme se aproxima do portal do presente rei, Ramsés Usermaatra--Setepenra, no Templo Luxor, você verá as imagens elaboradas e coloridas da, assim chamada, vitória de Ramsés em Kadesh, ocorrida no ano 5 de seu reinado.
A expedição a Kadesh foi lançada a partir da cidade de Pi-Ramsés, no Delta. Foram quatro divisões militares, com a divisão Amon liderada pelo próprio rei. Três divisões egípcias acamparam do lado de fora da cidade, e os batedores capturaram dois espiões hítitas. Infelizmente, eles mentiram para o rei e informaram--lhe que os hititas haviam fugido
com medo, quando na verdade eles aguardavam em emboscada.
Os egípcios continuaram rumo à cidade fortificada, só para serem atacados pelos hititas que estavam à sua espera.
A divisão Amon teve tamanha surpresa que acabou fugindo pelo mesmo caminho por onde veio, çom os hititas em seu encalço. A quarta divisão egípcia chegou alguns dias depois, surpreendendo os hititas que fugiram para sua cidade fortificada. Os egípcios sitiaram Kadesh, mas foram incapazes de penetrar as muralhas. Finalmente, eles voltaram ao Egito "vitoriosos". Desde então, Ramsés registrou essa vitória de Kadesh em oito lugares.
O N A S C I M E N T O DE A M E N H O T E P NEBMAATRA
Existem muitas salas laterais pela deusa Isis. Isis abraça a rainha,
ao salão de hipostilo no Templo de enquanto Djehuty (o deus da sabe-
Luxor, e uma delas 'exibe as trrra- dória) leva Amon ao leito da mesma,
gens mais interessantes da concep- Sua presença é anunciada pelo odor
ção divina e do nascimento do rei do incenso, o odor do corpo do deus.
Amenhotep Nebmaatra. A criança e seu ka, já preparados,
As imagens começam com a con- são colocados no ventre da rainha,
cepção da rainha Mutemwia, mãe de e o nascimento é auxiliado por Bes e
Amenhotep, pelo deus Amon. O corpo Taweret, as divindades do parto, que
de Amenhotep e o seu ka (espírito) garantem que a divindade do rei seja
estão representados sendo criados na incontestável. O rei então é amamen-
roda de um oleiro pelo deus Khnum tado pelas divindades e apresentado a
com cabeça de carneiro, observado Amon por Horus.
49
G U I A DO V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : E G I T O
Os TEMPLOS DE THUTMOSIS
M E N K H E P E R R E E M E N T U H O T E P
N E B H E T E P R E
A O SUL DO TEMPLO FUNERÁRIO DO ATUAL REI FICA O VALE
QUE ABRIGA OS TEMPLOS DE THUTMOSIS MENKHEPERRE E
MENTUHOTEP N E B H E T E P R E . THUTMOSIS CONSTRUIU SEU TEMPLO
EM UMA DAS FACES NO ALTO DE UM PENHASCO, MAS NÃO VIVEU
PARA VÊ-LO CONCLUfDO. G R A Ç A S A SUA ELEVAÇÃO, É POSSÍVEL VER
E S S E BELO TEMPLO À MARGEM ORIENTAL DO N I LO EM DIAS C L A R O S .
Otemplo consiste de três terraços, cada um deles ligado por
rampas flanqueadas por pórticos de ambos os lados, todos decorados em relevo esculpido e pintado. Infelizmente, como o templo e as rampas de acesso foram construídos sobre as ruínas do Templo de Mentuhotep, fica difícil identificar elementos dessa estrutura mais
D
C
antiga, embora ainda restem alguns, pilares e o teto sustente o peso do monumento mais novo em cima. A parede traseira do terraço mais baixo do Templo de Thutmosis foi, na verdade, construída na frente do templo de Mentuhotep, prejudicando a visão do mesmo, embora o turista aventureiro talvez possa explorar um pouco.
TEMPLO DE FUNERÁRIO
DE THUTMOSIS
A Santuário da Caverna de Hathor B Santuário de Amon-Rá-Kamutef C Santuário de Amon-Rá D Pátio Solar E Grande Salão de Hipostilo
RESTOS no TEMPLO DE MENTUHOTEP \KBHETEPRE
5o
A C I D A D E
O templo de Thutmosis é acessado por uma calçada longa e arborizada, bem na entrada do vale; há um ponto de parada que fornece abrigo temporário para a estátua sagrada do rei ou deus durante as longas procissões. Essa calcada tem impressionantes 63 cúbitos, 3 palmos e 2 dedos de largura, feitos da pedra calcária brilhante. Como a calcada é rodeada de muros que cercam o terreno, geralmente não é possível andar ao longo dela, mas, em dias sem festival, alguns "palmos untados" podem levar a um longo caminho.
D E U S E S DO TEMPLO
Os principais deuses adorados no templo são Amon-Rá e Amon--Rá-Kamutef, ambas divindades reais - embora haja um pequeno santuário na caverna para Hathor logo atrás do canto norte do Templo de Mentuhotep. A visita a essa parte do lugar é fortemente recomendada. Trata-se de uma câmara abobadada pequena, decorada e dominada por uma estátua de tamanho natural de Hathor em forma de vaca. Na parte de trás, há uma figura ajoelhada de Amenhotep Akheperure, que dedicou o santuário, amamentando na vaca sagrada, e uma figura em pé do mesmo rei embaixo do queixo de Hathor. O santuário ainda funciona e é possível deixar oferendas ali.
Acima do santuário, o génio dos construtores de Thutmosis pode ser visto: uma plataforma falsa foi criada, projetando-se para fora da face do penhasco, a fim de nivelar e alargar o afloramento natural sobre o qual o
A vaca sagrada de Hathor se projeta para fora de seu pequeno santuário.
templo principal foi construído. Isso forma o nível superior dos rrês terraços e abriga um grande salão de hipos-tilo de 32 colunas, com um pequeno quiosque no centro. Existem muitas salas que levam ao salão, inclusive um santuário de Amon-Rá, outro de Amon-Rá-Kamutef, e uma pequena capela solar, com teto aberto. Todas as salas, além do salão de hipostilo, são altamente decorados, com cenas do rei fazendo oferendas a Amon e belas imagens do deus em sua barca sagrada na procissão durante o Belo Festival do Vale, realizado anualmente à margem ocidental de Tebas.
Para alcançar o terraço a partir do nível do chão, a pessoa precisa subir uma rampa 100 cúbitos de comprimento, que sobe 38 cúbitos, 3 palmos e 2 dedos. Embora difícil de alcançar, se houver oportunidade, uma visita a esse templo é altamente recomendada.
5>
C U I A D O V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : E G I T O
O TEMPLO DE
A M E N H O T E P NEBMAATRA
ít;í::;i O TEMPLO FUNERÁRIO DE AMENHOTEP NEBMAATRA (VER
A INSERÇÃO AO LADO), À MARGEM OCIDENTAL DO N l L O ,
É UM DOS MAIORES E MAIS BELOS TEMPLOS DO EGITO, APE
SAR DE NOS ÚLTIMOS ANOS O LOCAL TER SIDO ESCAVADO
PARA A RETIRADA DE PEDRAS PARA A CONSTRUÇÃO DOS
MONUMENTOS POSTERIORES DA MARGEM OCIDENTAL,
O primeiro portão de templo é flanqueado por duas colossais
estátuas do rei sentado, as quais alcançam 34 cúbitos de altura. Imagens menores de sua esposa Tiye e de sua mãe Mutemwia ficam a seus pés.
A pedra dessas estátuas foi extraída da Montanha Vermelha, perto de lunu, que fica no extremo norte do Egito - por si só, uma grande façanha. Além dessas duas estátuas colossais, Amenhotep construiu uma grande quantidade de outras estátuas dentro do templo, inclusive quatro estátuas maciças na frente de dois novos portais. Cada uma delas apresenta detalhes realçados em azul, vermelho, verde, amarelo e branco, e os próprios portais são altamente decorados com murais coloridos do rei combatendo seus inimigos. Cada portal foi um dia adornado com bandeiras em mastros de ouro, mas essas foram as primeiras coisas retiradas quando o templo caiu em desuso.
Entre o primeiro e o segundo, e entre o segundo e o terceiro por
tais, há dois grandes pátios abertos. Atrás do terceiro portal há um longo corredor processional, semelhante ao do mesmo rei no Templo Luxor. Esse corredor leva a um grande pátio solar, aberto no centro, com três fileiras de colunas para o leste, o oeste e o sul do pátio, além de quatro fileiras ao norte do pátio.
O PÁTIO SOLAR E O ALÉM
A entrada do pátio solar é flanqueada por duas grandes esteias, ou marcos, que exaltam as construções realizadas pelo rei. Entre cada um desses pilares papiriformes ficam as estátuas colossais de reis, como Osíris, mostrando que o rei morto deve ser adorado nesse lugar. Essa área também é utilizada como salão do festival de sedução, em que, a cada 30 anos, o rei prova sua virilidade e sua capacidade de governar o Egito. No contexto funerário, isso garante que ele viverá para sempre como rei na vida após a morte.
Ao longo da parede oriental do
5 i
A C I D A D E D E T E B A S
^
A-.p. B A B /
GRANDE MURO QUE CERCA O TERRENO DO TEMELO
•
O TEMPLO DE AMENHOTEP
I A Estátuas de Amenhotep D Esteias
I B Pátio Aberto E Pátio Solat
| C Cortedot Ptocessional F Pátio do Hipostilo
G Ruínas do Templo de
Ptah-Sokar-Osíris
H Estátuas Colossais
templo, existem mais de 70 está
tuas em tamanho natural da deusa
das pragas e epidemias, Sekhmet,
esculpidas em granito preto e colo
cadas ali pelo rei em uma oferta por
boa saúde. No Templo de Mut em
Karnak há também centenas dessas
estátuas - consideradas como a
última esperança do velho rei contra
a saúde debilitada.
Ao norte do pátio, uma
porta central leva a um pequeno
salão de hipostilo antes de você
chegar ao santuário na parte de
trás, o qual foi construído sobre
um pequeno monte saliente.
É melhor visitar esse templo durante
os meses da cheia, pois ele foi cons
truído na planície inundável e toda
a área se enche de água por inteiro
nessa época, sendo que apenas o
santuário permanece no seco; remi
niscência do Monte da Criação sur
gindo das águas primitivas.
Na parte norte do grande muro
que cerca o terreno existem restos
de outro pequeno templo dedicado
a Ptah-Sokar-Osíris, com duas está
tuas colossais do lado de fora das
paredes muradas que flanqueiam
o portão. Esse pequeno templo foi
construído com calcário local e
é uma parte importante do culto
funerário. Infelizmente, sobrou
pouco desse templo remanescente.
O resto do templo funerário também
encontra-se em um estado ruinoso
e é, portanto, um dos poucos tem
plos onde o turista pode entrar livre
mente, visto que não é mais ocupado
pelos sacerdotes e há muito foi negli
genciado pelos medjay.
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G U I A D O V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : E G I T O
O P A L Á C I O EM M A L K A T A
S E HOUVER UM JUMENTO DISPONÍVEL QUANDO VOCÊ ESTIVER NA
MARGEM OCIDENTAL, POR QUE NÃO VIAJAR PARA O SUL ADIANTE
DO TEMPLO FUNERÁRIO DE HOREMHEB ATÉ O PALÁCIO DO GRANDE
A M E N H O T E P N E B M A A T R A ? C O M O NÃO É M A I S H A B I T A D O , O M A T E
R IAL DA CONSTRUÇÃO ESTÁ SENDO REUTILIZADO EM OUTRA OBRA,
MAS AINDA SOBROU MUITA COISA QUE MERECE SER VISTA.
Areferência ao "Esplendor do Aten" como um palácio é uma
designação bastante incorreta, pois em seu auge o local era uma enorme cidade. Havia até mesmo uma calçada que levava ao templo funerário de Amenhotep, mais ao norte, e o turista aventureiro pode andar por essa calçada.
A cidade inteira foi construída com tijolos de barro, e as áreas que não foram saqueadas desse valioso material acabaram sendo danificadas pela chuva de uma tempestade recente. A cidade em si é bem organizada, com uma combinação de residências reais e oficiais. A aldeia do norte abrigava as instalações necessárias para o funcionamento da cidade; na aldeia do sul ficavam as oficinas e as fábricas de faiança, além de uma área à parte, destinada aos alojamentos dos servos.
O Palácio do Norte pertenceu à filha e esposa de Amenhotep; Sitamon, o Palácio do Meio, pertenceu ao rei; o Palácio do Sul pertenceu a Tiye, a Grande Esposa Real.
Os pisos em todas as áreas do palácio foram minuciosamente decorados, com ladrilhos coloridos que representam cenas da vida selvagem e, também, cenas mais tradicionais, como os inimigos do rei sendo pisoteados a seus pés. Um dos pisos mais belos mostra uma cena colorida em um pântano repleto de patos, peixes e gansos nadando, quase uma réplica das belas paisagens que podiam ser vistas no Lago do Prazer que ficava no jardim, ainda visível no meio da areia.
o PALÁCIO REAL
O Palácio Real, chamado de "Casa do Regozijo", é especialmente belo e teve seus dias de glória. Trata-se de uma estrutura térrea, com muitas salas abertas para o céu, o que permite a entrada de sol quente e brisas frescas nos aposentos internos. A parte exterior do palácio era pintada de branco, com desenhos incrustados de faiança azul que exibem inscrições hieroglíficas, algumas das quais ainda são visíveis.
54
A C I D A D E D E T E B A S
Dentro do palácio há muitas pequenas câmaras de audiência, todas altamente decoradas. A maior parte da decoração dentro do palácio é geométrica ou naturalista, mas há exceções e, em uma das câmaras de audiência, existem belas imagens de meninas dançando e até mesmo uma fantástica cena do rei caçando. O piso que leva ao trono ostenta desenhos de prisioneiros asiáticos, núbios e os nove arcos que representam a superioridade do rei sobre esses inimigos do Egito.
O salão dos banquetes é o mais impressionante de todos; observe a complicada decoração na ponta do rei, em comparação com a ponta mais simples.
Ao visitar o palácio arruinado, não perca a oportunidade de visitar o harém e o quarto dos reis - uma experiência de vida única.
O harém compõe-se de quatto suites de salas de ambos os lados do salão de banquetes, cada uma com quatto câmaras, as quais funcionavam como aposentos, quartos de dormir e os banheiros das damas reais. Obviamente, o local não abrigou as mil mulheres do harém de Amenhotep, mas apenas umas poucas favoritas em uma base temporária. A alcova do rei tinha as paredes mais grossas do palácio, as quais eram decoradas com hieróglifos pro-tetores, para ajudar na guarda e na fertilidade do rei.
= = O Q U E HÁ PARA VEK
O LAGO DO PRAZER DE AMENHOTEP
ExafQifiente ao sol do palácio de Amenhotep há um logo artificial que o rei mandou escavar pata Tiye, sua esposa principal. Esse enorme lago em forma de T está ligado ao Nilo,
O rei ficou tõo orgulhoso de sua realização que encomendou vários escaravelhos comemorativos que registram a escavação de 15 dias. Uma grande quantidade de homens deve ter trabalhado no local, e você
ainda pode ver o solo removido em montes artificiais ao redor do lago,
Como esse lago é preenchido pelo Nifo; também fica cheio de peixes e animais selvagens:, e é grande o bastante para acomodar ura barco. Portanto) antes de chegar ao local, contrate um barqueiro no Nilo para levá-lo a passar uma agradável tarde remando no lago real.
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G U I A D O V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : E G I T O
O RAMESSEUM
(ou. KHNEMET-WASET)
O TEMPLO DOS MILHÕES DE A N O S DO ATUAL REI ESTÁ SITUADO
À MARGEM OCIDENTAL DÈ TEBAS E É UMA DAS MAIS VIBRANTES
INSTITUIÇÕES DA CIDADE. E M B O R A SEJA UM TEMPLO FUNERÁRIO,
JA ESTA EM USO DURANTE A VIDA DE R A M S É S . D E M O R O U 2 0 ANOS
PARA SER CONCLUÍDO. E S S E GRANDE COMPLEXO, COM DOIS T E M
PLOS, UM PALÁCIO, MUITOS DEPÓSITOS E PRÉDIOS ADMINISTRATI
VOS, É ACESSADO PELAS AVENIDAS DE ESFINGES UTILIZADAS NAS
PROCISSÕES DA ESTÁTUA DO REI .
Essa é a mais impressionante de todas as estruturas de Ramsés e
inclui o primeiro portal de pedra do Egito, além da maior estátua jamais construída. Essa estátua é feita com o granito das pedreiras de Assuan, sendo impossível levá-la para Tebas em um único bloco.
o TEMPLO PRINCIPAL
O templo principal é orientado para que seus portais fiquem de frente para os do Templo Luxor e foi construído para ficar alinhado com o templo dedicado a Tuya, mãe de Ramsés, a leste do salão de hipostilo,
A entrada do templo principal compõe-se de um portal de pedra decorado com cenas da famosa batalha de Kadesh, seguido por um pátio aberto. O foco desse pátio é a colossal estátua do rei, flanqueada em ambos os lados por sua mãe Tuya.
Uma porta na parede oeste leva a um pátio de peristilo, com uma colu-nata em volta do exterior e aberto no centro. Cada pilar nas paredes orientais e ocidentais foi construído com estátuas de reis, como Osíris. Entre esses pilares, o rei instalou mais estátuas colossais dele próprio.
O muro norte desse pátio também ostenta imagens da batalha de Kadesh, mostrando a vitória do rei para a eternidade. Há também uma representação detalhada do Festival da Fertilidade de Min, quando a estátua do deus é levada em procissão e adorada pelo rei. Esse festival ocorreu na coroação de Ramsés e é lembrado por muitos moradores tebanos mais velhos.
Na parte de trás do primeiro pátio, o rei é representado com 11 filhos, mas infelizmente todos eles faleceram desde que o templo foi construído.
5«
A CIDADE DE TEBAS
Os SALÕES DE HIPOSTILO
A continuação ao longo do eixo central leva ao salão de hipostilo, um pouco menos impressionante que o salão de Ramsés em Karnak, mas ainda assim de escala monumental. Iluminado por pequenas janelas altas no teto, é sustentado por 48 colunas papiriformes. As paredes que rodeiam o salão de hipostilo são altamente decoradas, com imagens do rei na presença de vários deuses, inclusive uma cena maravilhosa mostrando a coroação do rei, quando seu nome está sendo escrito na árvore sagrada de lunu pelo deus Atum, com as divindades da escrita e da inteligência, Thoth e Seshat, ao lado. Outras cenas mostram vitórias militares dele, sendo a que ocorreu na cidade asiática de Zapur a mais digna de nota.
Na parte de trás do salão de hipostilo principal há mais três pequenos pátios antes de você alcançar o santuário de barca que abriga a estátua de culto ao rei.
No primeiro desses pátios menores há um teto astronómico que mostra as constelações e as divisões do céu à noite, pintado em cores vibrantes com a douração realçando os detalhes. Há mais relevos astronómicos na parede oriental. O salão é utilizado principalmente como biblioteca, sendo guar-dados ali os arquivos.
E M V O L T A DO T E M P L O
Como em quase todos os templos, há um lago sagrado no lugar, dentro do qual os sacerdotes purifi-
O mais impressionante monumento de
Ramsés — seu templo funerário.
cam a si mesmos antes de entrarem no templo. Não tente nadar no lago - a punição para pessoas não pertencentes ao templo encontradas dando um mergulho é a morte.
A oeste do primeiro pátio encon-tra-se o Palácio de Ramsés, utilizado como acomodação temporária durante os festivais, quando o rei deve estai- presente para a realização de rituais dentro do templo. Existe um poço a oeste, que serve ao palácio.
A leste do templo há uma pequena casa de parto que celebra o nascimento divino de Ramsés. Em três lados do templo, do lado de fora dos muros, há muitos depósitos de armazenamento e edifícios administrativos que guardam e distribuem rações de grãos e outros géneros alimentícios para aqueles que trabalham com a realeza.
Na época de colheita os depósitos são preenchidos com grãos pelos buracos no topo de suas estrututas. Esses depósitos são todos feitos de tijolos de barro e têm tetos abobadados; eles são muito interessantes de ver, embora entrar ali esteja fora de questão.
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G U I A DO V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : E G I T O
A C A P E L A DA
R A I N H A B R A N C A
ASSIM QUE TERMINAR A VISITA AO TEMPLO FUNERÁRIO DE RAMSÉS,
A UMA DISTÂNCIA CURTA PARA O NORTE VOCÊ DESCOBRIRÁ A PEQUE
NA " C A P E L A DA RAINHA B R A N C A " . O LOCAL TEM ESSE NOME POR
C A U S A DA B E L A E S T Á T U A D E C A L C Á R I O DE M E R I T A M O N , A A M A D A F I
L H A DO ATUAL REI RAMSÉS, EM SEU PAPEL DE "TOCADORA DE SlS-
TRO ( M A T R A C A OU G U I Z O ) D E M U T " E " D A N Ç A R I N A DE H O R U S " .
O próprio local foi sagrado durante mais de 700 anos,
e as tumbas nessa área estão espalhadas ao redor das colinas e no fundo do vale. Embora provavelmente inacessível a turistas, talvez seja possível ver um pouco da decoração esculpida no pátio e, também, deixar algumas pequenas lembranças como sinal de respeito nessa área aberta.
A capela, como está, foi construída pelo rei herege, mas estranhamente não foi totalmente destruída com as outras de seu reinado, embora determinados elementos possam ser datados do reino anterior de Amenhotep Akheperre, e algumas edificações da cozinha ainda produzam a comida para os festivais na margem ocidental.
Apesar de abandonada após o reinado do rei herege, ela foi desde então anexada por Ramsés, e o grande muro que cerca o terreno do templo funerário fica ao lado de sua parede ocidental.
•safes*3*!
mh J A bela estátua de calcário de
Meritamon, filha de Ramsés.
A Capela da Rainha Branca foi assim
denominada em sua homenagem.
A C I D A D E D L IEBAS
DENTRO DA CAPELA
A pessoa pode se aproximar do templo pela estrada, embora o caminho mais panorâmico seja entrar pelo porto. Assim que deixa o barco, você se aproxima de uma rampa que leva ao primeiro dos dois portais de entrada de pedra calcária. Como o local é uma capela real, não está aberto para o público, mas ao chegar à enorme porta de madeira, é possível pagar ao porteiro para deixá-lo espreitar por trás do grande muro que cerca o terreno do templo.
Atrás dos portais, você verá, dentro do grande muro que
O Q U E
O T E M P L O I
!: Se você estiver pronta para ver
os muros externos de mais cape-
i | las na área, logo ao sul do templo
i j funerário de Ramsés e da Capela da
' Rainha Branca fica o pequeno templo
i j de Wadjmose, o filho de Thutmosjs
I i: Akheperkara, Esse príncipe morreu em
i { tenra idade e o templo foi construído
i pela família em sua: homenagem.
\ji;: O acesso ao Complexo cio templo
j L é feito por rima avenida de esfinges;
j r Dentro dos muros que cercam o fer-
o terreno, duas estruturas idênticas compostas de duas salas pequenas, ambas ligadas por um longo corredor murado. Em frente de cada uma, há um grande pátio.
Uma capela mais tradicional pode ser encontrada perto desses dois prédios, consistindo de três pequenas câmaras que acomodam a tríade divina — o deus, sua consorte e o filho. Nesse lugar está o foco principal do templo, onde os sacerdotes fazem as oferendas diárias, e é possível para o visitante deixar uma oferenda com os sacerdotes que a colocarão diante do deus em seu nome.
HÁ P A R A V E R
~. W A D J M O S E
reno há dois pátios, com o segundo j j
abrigando três santuários que ocupam
toda a parte de trás do monumento.
O1 santuário central era destinada â
adoração o Wadjmose, o do norte a
sua mSè, Mutnéfersf, :e o do sul abriga
o oráculo. Durante séculos, Wadjmose
foi abordado como um oráculo, para
aconselhar em vários assuntos, mas
agora isso é considerado fera de
moda e bem menos popular do que já: j
foi rio passado.
Bi ||
59
G U I A DO V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T J C . O : E G I T O
O VALE D O S R E I S
O VALE DOS REIS , CONHECIDO LOCALMENTE COMO A " G R A N D E
N E C R Ó P O L E N O B R E DE M I L H Õ E S DE A N O S DO R E I " FOI O C E M I
T É R I O DE MAIS DE 6 0 REIS NOS ÚLTIMOS TRÊS SÉCULOS. A ÁREA
ESTÁ SITUADA À MARGEM OCIDENTAL DO NlLO E, DOS DOIS VALES,
A MAIORIA DAS TUMBAS FICA NO VALE OCIDENTAL.
Os penhascos que rodeiam o vale
são patrulhados pelos medjay,
e postos de vigilância em cima dos
penhascos fornecem visões pano
râmicas. O local foi escolhido por
causa de uma montanha semelhante
a uma pirâmide na ponta sul, sendo
conhecida como Meretsegar, em
referência a uma deusa local ("Aquela
Que Ama o Silêncio") considerada a
protetora do vale.
A JORNADA DO DEUS SOL
Há mais de 50 tumbas na necró
pole, e a maior parte delas segue uma
estrutura semelhante baseada na
jornada do deus sol. Os elementos
básicos são:
A Passagem do Caminho de Shu
- entrada da tumba.
A Passagem de Rá - trata-se de
um corredor longo cujo início ainda
é alcançado pelos raios do sol.
O. VALE D O S R E I S
A Tumba de Ramsés íl C fí Tumba de Usermaatra- : 'Jjk
-Seteperira
: • • . : . " :
. . ; ' • : : ' ! .
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1 "ÍK*r-
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{ T O M B A S Í S E L E Ç I Q N A D A S )
Tumba de Horemheb' Tumba de Ramsés IV Tumba de Seti I \
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| ' Tumba de Thutmosls IY j S Tumba de Ámentohep II
\ v H Tumba de Thutmosis III
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éo
A C I D A D E D E T E B A S
O Salão Onde os Deuses da Litania de Rá Residem - uma pequena câmara ou corredor, acessada por uma escadaria curta ou por uma rampa.
O Salão do Impedimento — câmara bem profunda que age como dissuasão para ladrões e, também, como sepulta-mento simbólico de Osíris.
O Salão das Bigas - câmara sustentada por pilares.
Quase sempre existem outros corredores e câmaras que também levam ao "Salão Onde Alguém Descansa", ou câmara funerária.
Cada um deles é decorado de maneira elaborada, tanto com relevos esculpidos quanto com reboco pintado. A decoração compreende vinhetas do Livro dos Mortos, do Livro dos Portões ou da Litania de Rá, todos os quais tratam da jornada noturna do deus sol Rá, e por associação da jornada do rei falecido.
A T U M B A DE USERMAATRA-SETEPENRA
Um dos acréscimos mais novos ao Vale dos Reis foi a tumba construída para
os filhos de Ramsés Usermaatra-Setepenra. Ela está situada na entrada do vale,
do lado esquerdo, com a entrada escondida no fundo do penhasco.
Rumores dão conta da existência de mais de 130 câmaras funerárias na
tumba, todas precedidas de longos corredores, cada uma projetada para aco
modar o sepultamento de um filho ou neto de Ramsés. Por enquanto, 1 2 prínci
pes foram enterrados dentro da tumba. Cada uma das câmaras foi esculpida e
pintada com elaboradas cenas de oferendas e vinhetas do livro dos Mortos e do
Livro dos Portões, bem como de imagens dos próprios príncipes entrando na vida
após a morte. Embora haja pouca chance de o visitante ter acesso a esse sepulcro
real, vale a pena saber onde o mesmo se localiza e o que existe lá dentro.
A pirâmide natural de Meretsegar,
"Aquela Que Ama o Silêncio".
E N T R A D A N O V A L E
E altamente improvável que os turistas tenham acesso a algumas tumbas da "Grande Necrópole Nobre de Milhões de Anos do Rei" e, de fato, os medjay podem impedir completamente o acesso ao vale. Dito isso, a tumba dos filhos de Ramsés ainda continua sendo construída e aberta a sepultamentos reais.
6i
G U I A DO V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : E G I T O
O VALE DAS R A I N H A S
O VALE DAS RAINHAS, OU " T A S E T N E F E R U " (LUGAR DAS PES
SOAS B E L A S ) , É O LUGAR ONDE SÃO ENTERRADAS AS CRIANÇAS E
AS MULHERES REAIS — UMA DUPLICATA DO VALE DOS REIS , SITUADO
HÁ 2 . 8 3 0 CÚBITOS A SUDOESTE DALI. ESSA ÁREA FOI ESCOLHIDA
POR CONTA DE SUA GEOGRAFIA; TRATA-SE DE UM VALE EM FORMA DE
U , COM UMA PEQUENA CAVERNA NO FUNDO DO PENHASCO, QUE SE
ENCHE DA ÁGUA QUANDO CHOVE. ESSAS ÁGUAS ENTÃO INUNDAM O
VALE, QUE REPRESENTA O VENTRE DE HATHQR, DO QUAL OS FALE
CIDOS PODEM RENASCER.
Contudo, esse acréscimo relativamente recente à margem
ocidental foi iniciado há apenas 300 anos. Antes disso, as mulheres reais eram enterradas com os maridos nas tumbas dos reis.
Existem mais de 50 tumbas no Lugar das Pessoas Belas, embora muitas delas estejam inacabadas e sem decoração - algumas são pouco mais que pequenas cavernas esculpidas no solo do deserto.
PRIMEIROS SEPULTAMENTOS
A tumba mais antiga do local pertence a Ahmose — filha do rei Seqenenre Tao e irmã do rei Ahmose, que expulsou os odiados Heqa Haswt do Egito há cerca de 300 anos.
Embora tenham ocorrido outros sepultamentos nesse lugar desde o de Ahmose, os nomes dessas rainhas há muito foram esquecidos, até o sepul-
tamento de Safra, esposa do primeiro Ramsés, avô do atual rei.
Os FILHOS PE RAMSÉS
Durante os últimos 50 anos do reinado do atual Ramsés, aconteceram muitos funerais reais, e pelo menos três de suas filhas reais estão enterradas no local: Bintanath, Meritamon e Nebtawy, além de Ramsés, afilho mais velho. Todos os outros filhos de Ramsés estão enterrados na tumba construída para eles no Vale dos Reis.
Todas as tumbas da era moderna foram construídas de maneira elaborada, com salões sustentados por pilares, escadarias e corredores, enquanto as mais antigas são de desenho mais simples, com um corredor que leva à câmara funerária ou apenas uma cova simples.
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A C I D A D E DE T E B A S
O Q U E HÁ P A R A T E R
A TUMBA DE NEFERTARI
"A.iumba mais impressionante
no Lugar dos'Pessoas Belas-é a de,..::
Nefertarí, a Grande Esposa Real; de
•Ramsés, que foi' levada para descansar
.. em sua tumba no ano 24 da,.reÍriad©.A.
:dío. atua! .rei. •, i "
Ela foi muito pranteada e sua
tumba. foi.a primeira a ser construída
para uma. .rainha desse f i n a d a no
Vale das Raih;h.ãs>
Infelizmente., para o• visitante, não
. :hâ absolutamente nenhuma possibili
dade de. obter acesso, .mas-'talvez seja
possível Ir ao vale e depositar oferen
das eofações nã: entrada da tumba ™ a
qual ainda é visível.
Dizem que •& decoração interna da
tumba ê a mais. bela em todo o: igito,
o reflexo do grande amor que Ramsés
nutria por Nefertarí. t tradição que as
tumbas apresentem vinhetas coloridas
do Livro dós /Mortos e do Livro dos
Portões,- terido: • estes servido de guia
para a rainha falecida assim que ela
passou para a. vida-após a morte. Essa
tumba foi concluída pelos trabalhado
res que vivem: no lugar da Verdade,
especialistas em: hieróglifos e imagens
coloridas finamente desenhadas, e
como urna tumba real, a dela só pode
ria ser do mais alto padrão.
w Uma representação de Nefertarí,.,,.
a Grande Esposa Real em
sua tumba.
^
G U I A D O V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : F . C I T O
P I N T U R A S NAS T U M B A S L O C A I S
A ARTE DAS TUMBAS EM TUMBAS NÃO REAIS É V IBRANTE E DINÂ
MICA, E NÃO EXISTEM DUAS TUMBAS PARECIDAS. S Ã O UTILIZADOS,
TODAVIA, TEMAS FAMILIARES COMO PROVISÕES DE AL IMENTOS, VIDA
DIÁRIA E FERTILIDADE. A MAIORIA DAS IMAGENS DAS TUMBAS CAI
EM UMA DESSAS CATEGORIAS.
Omodo mais fácil de assegurar a abundância de comida na vida
após a morte é pintar ou esculpir nas paredes da tumba imagens de empregados carregando braçadas de comida para as mesas de oferendas já cheias. Isso pode ser visto em praticamente todas as tumbas. Muitas delas dão um passo adiante, com imagens da comida sendo produzida. Por isso, há muitas cenas de pescadores em açáo, caçadores pegando pássaros, padarias e cervejarias. Tais imagens garantem que o falecido estará sempre abastecido na vida após a morte.
Essas imagens também se transferem para a categoria da vida cotidiana, pois o proprietário da tumba deve se preocupar com tais atividades em seu
cuidando de sua obra.
trabalho do dia a dia. Muitas tumbas têm cenas elaboradas de oficinas em açáo, com o proprietário da tumba supervisionando as atividades que variam do treinamento militar à criação de jóias. Algumas imagens também mostram o morto com sua família.
Este último tema também está interligado à terceira categoria de obras de arte, pois a família do falecido ajudará a garantir sua fertilidade na vida após a morte. Do mesmo modo, as cenas de pesca e de caça de aves selvagens em família são exemplos perfeitos desse duplo significado, quando o proprietário da tumba é mostrado em uma viagem com a família aos pântanos, uma atividade que o apresenta como fisicamente em forma, fértil e ostentando grande coragem.
TUMBAS REAIS
As tumbas reais contam com coleções de imagens completamente diferentes nas paredes, e há diretrizes mais estritas que devem ser seguidas durante a escolha dessas imagens. Em sua maioria, as tumbas reais são decoradas com vinhetas de textos funerários, que ajudam o ocupante na vida
64
A C I D A D E D E T E B A S
após a morte. Os textos mais comuns são o Livro do Amduat, o Livro dos Portões e o Livro das Cavernas.
Os Feitiços Para Lançar Todo Dia (ou o Livro dos Mortos), são especialmente comuns tanto em tumbas reais quanto em não reais, e compreendem 189 feitiços baseados nos Textos da Pirâmide e de Caixão mais antigos, alguns dos quais devem ser escritos em objetos e materiais particulares. O feitiço mais importante desse texto funerário é o de n° 125, o "Juízo dos Mortos", que inclui a pesagem do coração e a confissão negativa.
Tanto o Livro do Amduat como o Livro dos Portões esboçam a jornada noturna de 12 horas do deus sol. Cada hora é separada por um portal guardado por um demónio, e muitas vezes são estes que estão representados nas paredes das tumbas. O deus sol viaja pelas 12 horas em uma barca
solar, acompanhado de seu séquito; ele é a divindade de cabeça de carneiro no centro.
Ele renasce para o mundo no final das 12 horas e se transforma no besouro escaravelho, que representa o deus Sol no alvorecer. Algumas imagens mostram a deusa do céu, Nut, engolindo o sol no crepúsculo e dando-lhe à luz ao amanhecer.
A partir do reino de Thutmosis Menkhepette, a Litania de Rd foi introduzida e Seti, o pai do rei atual, colocou-a no corredor de entrada de sua tumba. Acredita-se que Ramsés fez o mesmo. A Litania de Rá mostra o deus sol em todas as 75 formas, muitas delas conectando-o a outras divindades, a fim de mostrar o sol como a chave de toda a vida e, também, acentuar a conexão solar com o rei.
As FERRAMENTAS DOS ARTISTAS
Os artistas que criam essas obras de arte o fazem com as ferramentas
mais simples. Os pincéis são feitos de junco, cuja ponta é desgastada e
dobrada, com as extremidades firmemente atadas ao cabo para criar um
laço na ponta. Esse laço é cortado, criando o pincel.
As próprias tintas são feitas de pigmentos, moídos em um pó fino que é
misturado com uma goma solúvel em água. Cada cor é composta apenas
quando for necessário e, como algumas delas são mais caras que outras,
são utilizadas com moderação.
. . ^ V • w S '
• • . • . : • • • v . - ; . . :
G U I A D O V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : E G I T O
C A M I N H A D A S E N T R E A N I M A I S
SELVAGENS AO L O N G O D O N I L O
U M A VEZ Q U E VQCÊ FICOU SATURADO PELA CULTURA E A A R Q U I T E T U -
RA DA REGIÃO DE T E B A S , POR Q U E NÃO FAZER U M CURTO PASSEIO
A G R A D Á V E L AO LONGO DO N I L O E DESFRUTAR DA A B U N D Â N C I A DA
VIDA SELVAGEM Q U E VIVE N A A G U A E NOS P Â N T A N O S ? V A L E A P E N A
OBSERVAR Q U E UM POUCO DA VIDA SELVAGEM A L I EXISTENTE PODE SER
PERIGOSA, MAS É TOTALMENTE POSSÍVEL O B S E R V A - L A DE U M A D I S T Â N
CIA SEGURA, A BORDO DE UM BARCO OU ESCONDIDO NOS PÂNTANOS.
A s criaturas mais perigosas no PÁSSAROS E INSETOS
Nilo são seus famosos crocodilos. Se quiser ver algo um pouco Convém ressaltar que eles também se menos perigoso, os pântanos são o escondem nos pântanos e são os maio- lugar ideal, especialmente se você se res matadores do Egito. O segundo interessa por pássaros e insetos. animal mais perigoso é o hipopótamo, Entre as aves, você pode esperar que pode regularmente ser visto chafur- ver a poupa egípcia e o martim-pes-dando nos lugares rasos. Geralmente cador multicolorido, que constroem eles são pacíficos, mas, se forem pertur- seus ninhos no meio dos juncos. Se bados, especialmente quando os filhotes estão por perto, podem se tornar bastante malvados, sendo até capazes de matar um crocodilo.
O bocejo ameaçador do
crocodilo do Nilo.
^i^ife *n'H^,
tiver muita sorte, talvez você até veja mangustos rastejando furtivamente para roubar ovos.
Outros pássaros a serem observados incluem a íbis, sagrada para o deus Thoth, e o falcão, sagrado
\m
w ááfc^W"
^ ^
66
A C I D A D E DE T E B A S
AM i
O martim-pescador multicolorido.
pita. o deus Horus. Avistar esses pássaros em voo além de ser uma bela visão, é também considerado um bom agouro.
Ao lado dos muitos pássaros, miríades de borboletas e libélulas agitam--se ao som da incessante cacofonia do coaxar dos sapos e do chilreio dos gafanhotos, mesmo quando eles ficam escondidos no meio dos juncos.
P E I X E S
No Nilo propriamente dito, peixes nadam em grande abundância, e sempre é possível ver muitos pescadores pescando com suas redes de arrasráo. Contudo, se o pescador
A poupa egípcia.
capturar uma lampreia ou peixe-gato do Nilo, ele devolverá o peixe imediatamente, pois o mesmo está associado à fertilidade de Osíris: matá-lo e comê-lo seria realmente muito azar.
Dentre os peixes comuns mais consumidos estão o peixe-palhaço, a carpa e a enguia-elétrica, sendo, de fato, uma beleza vê-los nadando em seu habitat natural.
A lampreia sagrada do Nilo.
Cf "ntsspz^m -s, ,ÂJ l
V^"'' '."7T.>x
'li 'í:?./' :
. . . • , ; • ; • - • • ' •
67
ÁREAS
PRÓXIMAS
Embora haja em Tebas mais do que o suficiente para
manter ocupado até mesmo o visitante mais ativo,
o resto do Egito também tem muito a oferecer, desde
cidades cosmopolitas e portos comerciais movimenta
dos, até pequenos templos. Se você procura um fim
de semana agitado ou um retiro religioso, o Egito
tem tudo isso.
O país está dividido em três regiões: o Baixo, o Alto
Egito e a Núbia. O Egito do Norte, ou Baixo Egito,
cobre o Delta, desde o Grande Verde (o Mar
Mediterrâneo) até Mennefer, inclusive a cidade de
Pi-Ramsés e os campos de pirâmides de Gize e
Saqqara. O Egito do Sul, ou Alto Egito, começa em
Mennefer e continua para o sul até a Núbia, a qual
se estende ainda mais para o sul.
GUIA DO VIAJANTE PELO MUNDO A N T I G O : EGITO
A CAPITAL DE P I - R A M S É S
QUANDO ESTIVER NO NORTE DO EGITO, NAO DEIXE DE
VISITAR A CIDADE REAL DE P | - R A M S É S , A CIDADE
APRIMORADA PELO REI ATUAL. E S S A CIDADE LOCALI-
ZA-SE NO DELTA ORIENTAL E PODE SER ALCANÇADA
POR VIA MARÍTIMA, A PARTIR DOS LAGOS DE H O R U S ,
OU PELA ESTRADA DE H O R U S , DESDE O S IN AI . ELA
ESTÁ SITUADA SOBRE DOIS MONTES RODEADOS DE
PÂNTANOS, QUE OFERECEM MARAVILHOSAS PESCA
RIAS E CAÇADAS DE AVES SELVAGENS.
Embora seja uma antiga cidade portuária, Pi-Ramsés passou
por reformas recentemente e Ramsés pretende torná-la rival de Tebas tanto em beleza como na arquitetura.
A cidade é bem popular e muita gente mudou para lá, vindo de todas as partes do Egito. Nas ruas da cidade, especialmente no centro, perto do palácio, não fique surpreso se encontrar pessoas conhecidas: os príncipes reais, o vizir ou funcionários reais como o escriba do rei ou até mesmo o
comandante do exército — um viri uai Quem ê Quem da corte ramessida.
o Q U E VER
A cidade conta com uma grande presença militar - tanto as casernas como os estábulos reais estão situados ali. A cidade também é notável por ter sido o ponto de partida da grande batalha de Ramsés em Kadesh, no quinto ano de seu reinado (há 60 anos). Os estábulos, se você tiver a oportunidade de visitá-los, são imen-
Muitas mansões ostentam uma banheira funda de calcário.
70
Á R E A S P R Ó X I M \ s
sos c mantêm nada menos que 500 dos melhores cavalos do Egito.
Como porto, a cidade Pi-Ramsés é também um ótimo lugar para o visitante adquirir muitos artigos importados diretamente do barco, inclusive óleos, perfumes, madeiras, pedras e metais.
Pi-Ramsés é a residência oficial de Ramsés Usermaatra-Setepenra e o palácio dele pode ser encontrado em pleno coração da cidade - embora não esteja aberto ao público.
Há também muiros templos na cidade: quatro maiores, todos aces-sados por elaboradas avenidas de
í i
I \
\ S II !-!; I I ' Há muitos templos para o deus
[ Seth em Pi-Ramsés, algo que você não
\ p verá em nenhum outro lugar no Egito.
l i Geralmente-as pessoas ficam aborre-
! j cidas com o deus do caos, sentindo-se
r mais seguras ao não adorá-lo.
Pata o visitante do Egifo, essa divin
dade pode parecer incomum, já que
\ I é parte homem e parte animal, mas et
j l parteanimal éirreconhecível O animal
. representa , o- caos, um antianimal.
j I,
esfinge, c inúmeros santuários e capelas menores, cujo acesso é mais fácil.
O templo principal, que é dedicado a Amon-Rá-Horakhty-Atum, fica no centro da cidade, perto do palácio, e iguala Ipet-Sut em tamanho. Seu portão principal é dominado por quatro estátuas colossais, criando uma fachada semelhante à de Abu Simbel (ver p. 94). A maioria desses templos é dedicada a vários deuses pessoais de Ramsés, embora o culto principal no Delra Oriental e em Pi-Ramsés seja para o deus do caos, Seth — que é a divindade prote-tora da família ramessida.
Embora Seth, o deus do caos, ngp seja '
mau, ele è simplesmente o oposto: dá
ordem representada pelo deus Horus. •
Sem: o caos, a ordem não pode existir;
sem Seth, Horus seria irrelevante.
Do começo ao fim, na história
egípciao rei tem sido a encarnaçãodo
deus Horus, embora boa parte deles
— inclusive o rei atua! e seu pai , Setí -
continuem sendo o "Horus Vivo", ado-
taram o deus Seth por conta própria. :
••'• O Q.(JE H& P A R A V S R
0'"CULXO'bE'SETH
71
G U I A DO V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : E G I T O
A CAPITAL DE M E N N E F E R
N O N O R T E D O E G I T O É E S S E N C I A L VISITAR A C I D A
D E D E M E N N E F E R ( O U M Ê N F I S , " E S T A B E L E C I D A E
J | B E L A " ) . C A P I T A L D O P R I M E I R O NOMO ( D I S T R I T O ,
VILA OU MUNICfPIO) DO BAIXO EGITO E CAPITAL AD
MINISTRATIVA EGÍPCIA, ELA CONSERVOU SUA IMPOR
TÂNCIA COMO CENTRO RELIGIOSO E ADMINISTRATIVO
DESDE OS TEMPOS MAIS REMOTOS. ACREDITA-SE
QUE TENHA SIDO FUNDADA PELO REI MENES, SU
CESSOR DE N A R M E R . F O I A R E S I D Ê N C I A R E A L N O S P R I M Ó R D I O S
E F I C O U C O N H E C I D A C O M O I N E B - H E D J ( M U R O S B R A N C O S ) , P O R
C A U S A D E S E U P A L Á C I O F O R T I F I C A D O .
Como se tratava da residência
real, os cemitérios reais de lá
são imensos, cobrindo 6.603 cúbitos
quadrados. Apenas alguns túmu
los ficam de fato dentro da própria
cidade, em uma pequena necrópole
utilizada durante cerca de 130 anos
após o fim da idade das pirâmides.
Todos os outros cemitérios ficam na
margem ocidental do Nilo.
A posição de Mennefer é impor
tante para o controle do tráfego no sul e
no Delta; e como está situada no Nilo, é
uma excelente posição para um grande
porto. De fato, todo o comércio dos
territórios do norte passa por lá.
Isso elevou Mennefer à categoria
de cidade comercial, com as ruas api
nhadas de comerciantes, marinheiros
e soldados, além de oficinas que pro
duzem constantemente mercadorias
para exportação.
1 V
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TEMPLOS DE MENNEFER j
A Portal de entrada B Grande salão de liipostilo C Grande muro que cerca o terreno
do Templo de Ptah D Templo de Hathor E Templo de Seti F .... Casa de embalsamar touros Ápis G Templo de Ramsés
72-
Á R E A S P R Ó X I M A S
A T E O L O G I A M E N F I T A
como o deus sol, que foi então respon
sável pela criação da geração seguinte
de divindades, Shu e Tefnut (ar e
Ao visitar a cidade sagrada de umidade) pelo ato da masturbação.
Mennefer, você notará que o deus Ptah Por seu turno, eles deram origem, da
é honrado ali como o criador supremo. maneira mais habitual, a Geb e Nut (a
Segundo a lenda, Ptah estava pre- terra e o céu), que também se uniram,
sente antes do monte primitivo e criou dando origem a Osíris, Isis, Nephthys
para si próprio uma forma física, antes e Seth.
de criar o monte sobre o qual
o mundo conhecido nasceu.
A criação ocorreu por causa
de um desejo do coração de
Ptah, o qual se tornou mani
festo quando ele proferiu a
Palavra. Desse modo, ele
pronunciou o nome do deus
Atum, que passou a existir
Enquanto isso, Ptah criou o
resto do mundo conhecido,
inclusive todos os deuses, a
humanidade inteira, todo
gado e todas as coisas vivas
que rastejam. Em Mennefer,
acredita-se que Ptah esteja
presente em todas as criatu
ras vivas.
Ptah, o criador supremo.
O CULTO DE PTAH
Mennefer é o centro de culto de Ptah, sua consorte Sekhmet, e o filho Neferturn. O templo principal do lugar é para Ptah. Durante séculos, havia ali um templo, mas o que lá está hoje foi construído recentemente por Ramsés. Ele reutilizou alguns blocos de cobertura da pirâmide de Saqqara e substituiu templos mais antigos de Amenemhat Nymaatra, Thutmosis Menkheperre e Amenhotep Nebmaatra.
O portal de entrada a oeste do muro religioso que cerca o terreno pertence a Ramsés, assim como as
entradas menores no norte e no sul do recinto cercado. Estas são feitas de maneira mais elaborada, até pela colocação pouco sutil das colossais estátuas dele próprio, que servem para enfatizar que o mesmo Ramsés deificado é adorado ali.
Logo do lado de fora dos muros do complexo de Ptah, a leste, Ramsés construiu um pequeno templo dedicado a Hathor; e a sudoeste do templo de Ptah há um templo estátua dedicado à forma deificada do próprio, a fim de marcar firmemente o nome dele em Mennefer como o construtor de templos.
73
G U I A DO V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : E G I T O
O T E M P L O D E RÁ EM I U N U
A CIDADE DE IUNU É IMPORTANTE DESDE A IDADE DAS P I R Â M I D E S
E DESDE ENTÃO SERVIU DE MODELO PARA MUITAS CIDADES P R I N
CIPAIS, INCLUSIVE A PRÓPRIA T E B A S . T R A T A - S E DA CAPITAL DO
1 3 o NOMO DO BAIXO EGITO E CONTINUA NA VANGUARDA DO CULTO
SOLAR; OS REIS TÊM AMPLIADO ESSE TEMPLO E, NA VERDADE,
ESSA GRANDE CIDADE HÁ MAIS DE MIL ANOS. U M DOS REIS MAIS
ANTIGOS REGISTRADOS NO LOCAL FOI DJOSER, O CONSTRUTOR DA
PIRÂMIDE DE DEGRAUS.
Iunu foi um lugar especialmente importante para os cultos sola
res e funerários e, por isso, vários campos de pirâmides são avistados do templo na margem ocidental do Nilo. Não apenas as tumbas eram visíveis do templo, mas o templo era visto das tumbas.
No sudeste de Iunu fica a Montanha Vermelha, com sua pedreira de quartzito, que caracteriza muitos aspectos das construções de Gize, Mennefer e dos monumentos Iunu. Essa é uma pedra destinada especialmente à mineração e, portanto, é utilizada apenas em estátuas e inscrições da mais alta qualidade.
o TEMPLO PRINCIPAL
O templo principal de Iunu, conhecido como Hwt Aat (o Grande Santuário), foi construído em um monte conhecido como a "Areia Alta" no centro do grande muro que cerca o terreno do templo, o qual se estende por mais de 1.886 cúbiios
de leste a oeste. Esse monte é considerado pelos egípcios o Monte da Criação, de onde surgiu a própria vida pela primeira vez.
Os obeliscos também são adaptações da pedra benben, representativa do Monte da Criação e, portanto, um foco apropriado do templo; na verdade, muitos foram erguidos ali. O primeiro templo visível nesse monte foi construído logo após o final da Idade das Pirâmides.
Os destaques desse projeto são os dois obeliscos verticais de Senusret Kheperkara que flanqueiam a entrada do grande templo no centro do grande muro que cerca o terreno religioso, embora os obeliscos mais antigos do lugar tenham sido construídos por Teti, um dos reis posteriores à Idade das Pirâmides, e pode existir alguma estrutura, de data mais anterior, embaixo desta. Thutmosis Menkheperre também acrescentou três pares de obeliscos ao local, e o tamanho deles é, em média, o mesmo
74
ÁREAS PRÓXIMAS
O C O M P L E X O DO
T E M P L O DE R Á
A Grande portai de entrada
B Pátio aberto C Pátio em coiunata
0 Obeliscos
E Santuário da barca
daqueles de Ramsés em Luxor. No total, existem 16 obeliscos
no templo e, com isso, o olho é automaticamente levado em direçáo ao céu e ao sol.
AMPLIAÇÕES RECENTES
O atual rei Ramsés também deixou suas contribuições em Iunu, na forma de estátuas colossais, e Seti, seu pai, ergueu dois portais de pedra calcária repletos de obeliscos e estátuas colossais, criando uma fachada impressionante.
A entrada do templo principal fica no leste e o acesso se dá pela estrada do deserto montanhoso ou por via marítima, mais paisagística, que chega
ao porto do templo pelo canal de Ity antes de entrar no templo ao longo do caminho processional alinhado com esfinges de calcário, cada qual com mais de 14 cúbitos de comprimento.
Isso vai levá-lo a dois templos: o templo de Atum, que fica de costas para o templo de Rá-Horakhty. Existem, de fato, muitos santuários e muitas capelas, dedicados por reis durante os últimos 500 anos, que ficam anexos ao templo principal de Rá, e a quantidade deles está aumentando.
Sendo assim, o complexo desse templo é maior que Ipet-sut (Karnak), em Tebas, e o visitante, se conseguir o acesso, realmente deve dedicar uma tarde inteira ao luear.
G U I A DO V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : E G I T O
O C O M P L E X O DE SAQQARA
S E R I A UMA PENA NÃO VISITAR AS FAMOSAS PIRÂMIDES DO EGITO
QUANDO VOCÊ ESTIVER NA REGIÃO. C A D A UMA DELAS É UM MO
NUMENTO ESPETACULAR COM MAIS DE I . 2 0 0 A N O S . C O N T U D O ,
HÁ MAIS DE CEM PIRÂMIDES NO E G I T O ; PORTANTO, NÃO CONSIDE
RE VIÁVEL A VISITA A TODAS ELAS. P O R ISSO, PROCURE SEGUIR
A ORDEM CRONOLÓGICA PARA AQUELAS QUE P R E T E N D E VISITAR.
Isto significa que a primeira parada deve ser o complexo da Pirâmide
de Degraus de Djoser - a primeira estrutura monumental de pedra do mundo conhecido - em Saqqara, na necrópole de Mennefer. O próprio local está salpicado com complexos de pirâmide e tumbas desde a Idade das Pirâmides até os dias de hoje.
Essa pirâmide começou como uma tumba mastaba tradicional (semelhante a um banco), e consistia de uma cova funerária escavada na terra com uma superestrutura de tijolos de barro no topo. Inicialmente,
Uma precursora das pirâmides
posteriores: a Pirâmide dos Degraus de Djoser.
tais estruturas eram apenas montes de pedregulhos do deserto, mas, gradualmente, foram se tornando mais complexas, com câmaras e passagens internas, porém, ainda mantendo a câmara funerária subterrânea. Inicialmente, Djoser tinha uma mastaba de cerca de 130 cúbitos de comprimento por 20 cúbitos de altura, mas ele decidiu melhorá-la estendendo-a para cima e acrescentando mais construções parecidas com bancos, até que se formassem os seis degraus que são vistos ainda hoje.
Cada bloco de pedra utilizado na construção dessa estrutura tem o mesmo tamanho e as mesmas dimensões que um tijolo de barro tradicional e foi projetado para durar para a eternidade. Ela se eleva a mais de 120 cúbitos de altuta e, quando concluída, foi revestida com blocos de calcário, recebendo um acabamento liso e brilhante.
Assim como todas as pirâmides, a Pirâmide dos Degraus faz parte de um complexo mais amplo, embora este em especial seja muito diferente dos outros. Djoser construiu um
76
ÁREAS PRÓXIMAS
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C O M P L E X O DE S A Q Q A R A
! A Pirâmide de Sekbemkhet D Tumbas de Mastaba i B Tumbas de Horemheb e Tia E Pirâmide de Degraus
I C Pirâmide de Unas deDjoser
1
£
•" D
g •• ""-• 11'. '" -., i
•D
D
D
F Pirâmide de Userkaf G Pirâmide de Tetl H Tumba do Touro Ápis
'—, Z
reino completo em tamanho natural para que pudesse governar na vida após a morte. Porém, cada prédio é uma "imitação", com as portas petmanentemente abertas e sem a possibilidade de se encaixarem nos batentes de pedra; as salas e os corredores levam a paredes de tijolos, e as escadarias não vão a lugar nenhum. Mas, como é de conhecimento geral, na vida após a morte esse local magicamente se torna "de verdade", fornecendo ao rei tudo o que ele precisa.
Muitos dos elementos desse complexo são interessantes para o visitante, a começar pela sala sustentada por pilares que leva ao complexo principal, onde cada pilar representa um feixe de juncos. Cada pilar é esculpido para fora das paredes em
vez de ficarem soltos na vertical, criando, a partir disso, uma série de pequenas câmaras. Esse salão leva a um pátio aberto com marcadores da corrida do hebsed — quando o rei corre em volta dos marcadores para provar seu valor como rei. Embora isto não esteja mais em uso, os turistas mais atléticos podem testar sua agilidade correndo por esses marcadores no calor escaldante do deserto.
OUTROS LUGARES
INTERESSANTES
Depois de examinar os edifícios simulados do complexo de Djoser, o visitante poderá passear pelas outras estruturas e monumentos em Saqqara.
Embora o complexo Djoser não esteja mais em uso, outros recursos
77
( i I I I A l> O V I A ) A N T I' I ' I'. 1. <> M u N nu A N T I Í; < i: Ui: i r o
da área ainda estão sendo utilizados e, de fato, Tia — a irmã de Ramsés, o rei atual — tem seu monumento funerário e sua tumba construídos nesse lugar. A tumba do templo do grande rei Horemheb fica bem ao lado da tumba de Tia, e Ramsés de fato ampliou o sepulcro do mesmo, em gratidão ao fato de ele ter nomeado o primeiro Ramsés, avô do rei, como seu sucessor.
Embora fechado para o público, é possível deixar oferendas para o ka do falecido rei no portal de entrada.
A T U M B A DO T O U R O Á P I S
Ao noroeste da Pirâmide de Degraus de Djoser fica a tumba do Touro Ápis, uma grande estrutura subterrânea composta pelas grandes câmaras funerárias dos touros sagrados e suas mães.
O Touro Ápis, quando vivo, abriga o espírito do deus Ptah e é adorado localmente; porém, após a morte, o Touro Apis é associado ao deus Osíris, enquanto após a morte a mãe do touro seja associada a Isis.
Embora as catacumbas fiquem fechadas para o público, é possível deixar oferendas ou esteias votivas na tumba, havendo, de fato, muitos desses objetos coloridos à mostra.
As T U M B A S D E M A S T A B A D A
I D A D E DA P I R Â M I D E
As tumbas de mastaba eram utilizadas tanto como tumbas reais como não reais na época de Narmer, embora tenham sido abandonadas pela família real durante a Idade das Pirâmides.
As primeiras mastabas consistem de
uma cova funerária subterrânea com estrutura de tijolos de barro no topo, mas lentamente elas se desenvolveram em estruturas subterrâneas mais complexas, com câmaras separadas por repartições de tijolos. No conjunto, elas não são decoradas, mas há algumas com câmaras funerárias cuidadosamente pintadas. Como os sepul-tamentos foram realizados anres que as superestruturas fossem construídas no topo, as estruturas mais antigas não são acessíveis ao turista, embora as que foram expostas possam ser visitadas.
As mastabas posteriores, porém, foram terminadas antes do sepulta-mento, e a superestrutura é oca, com uma escadaria ou rampa que leva às câmaras funerárias embaixo da terra. Essas rampas foram bloqueadas depois do sepultamento, na tentativa de impedir a infiltração de ladrões na tumba e o roubo de objeros funerários. As superestruturas funcionam como capelas, onde a família pode ir e deixar oferendas e orações ao falecido sem ingressar na própria câmara funerária. Estas, muitas vezes, compreendem intricados labirintos de salas altamente decoradas.
D E N T R O D A S T U M B A S
Embora não oficialmente abertas ao público, é possível entrar em algumas estruturas - aquelas sem parentes vivos que conservem a tumba ou aquelas em que as famílias estão dispostas a permitir o acesso. Existem cemitérios de centenas de tumbas de mastaba em muitos campos de pirâmides no Egito, ocupados pela
?8
Am
nobreza sob proteçáo do proprietário da pirâmide. Porém, os mais belos rncontram-se em Gize, Saqqara e Abdju — de modo que sempre haverá alguns por perto para visitar.
Tendo conseguido acesso a uma mastaba, você será recompensado por muitos relevos belamente esculpidos ou pintados da vida diária do proprietário da tumba, inclusive cenas de pesca e caça de aves selvagens, de caçadas e imagens bastante semelhantes à vida de pescadores e açougueiros em seu trabalho. Se for capaz de ler hieróglifos, as conversas escritas acima das cabeças deles podem fazê-lo corar de vergo
nha - especialmente as dos pescadores e de outros trabalhadores dos barcos. Entretanto, o visitante mais refinado pode se encantar com as cenas dos fabricantes de jóias, dos fabricantes de perfume e dos pedreiros e, em seguida, examinar a obra ao redor, na forma das estátuas nas serdabs ou das estátuas de ka, em todas as partes das tumbas.
Mesmo quem não consegue obter acesso às tumbas deve perambular pelo local, que mais parece uma cidade dos mortos. Trata-se de uma experiência das mais enriquecedoras, tendo apenas o vento e, eventualmente, um chacal como companhia.
Mererukct foi vizir, presidente
do supremo tribunal, inspetor dos
sacerdotes e dos locatários e, ainda,
supervisor do harém durante o rei
nado de Teti, há cerca de 1.200
anos. Embora fosse de nobre nas
cimento, ele conseguiu seus cargos
importantes, basicamente, graças
ao casamento com Seshseshat, a
filha do rei.
A tumba mastaba dele, em
Saqqara, fica no campo de visão da
pirâmide de Teti e é a maior tumba
da necrópole, contando com 32 salas
divididas em duas suites, uma para
ele próprio e outra para a esposa.
Um de seus filhos, Meri-Teti, também
foi enterrado no lugar. As paredes
de cada uma das salas mostram
muitas cenas da vida diária escul-
M E R E R U K A
pidas com requinte, inclusive sobre
a agricultura, a pesca e as oficinas
dos artesãos que ele supervisionava,
por dever de ofício. Uma cena espe
cialmente interessante na suite de
Seshseshat mostra até mesmo a prin
cesa sentada em sua cama, entre
tendo Mereruka com seu belo jeito de
tocar harpa.
Por toda parte, na tumba, há
diversas estátuas de Mereruka,
inclusive uma que surge da parede
do salão de pilares, e, ainda, muitas
estátuas de tamanho natural, escon
didas a distância em serdabs. Há
também muitas portas falsas, escul
pidas em muitas câmaras para ofe
rendas de comida a serem deixadas
pelos sacerdotes ou visitantes - por
tanto, vá preparado.
79
G U I A D O V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : E G I T O
A GRANDE P I R Â M I D E DE K H U F U
A MAIOR PIRÂMIDE DO PLANALTO DE GlZÉ É CONHECIDA LO
CALMENTE C O M O " A K H E T K H U F U " — o H O R I Z O N T E DE K H U F U .
TRATA-SE DA MAIOR PIRÂMIDE DO EGITO, SENDO UMA VERSÃO EM
GRANDE ESCALA DAQUELA DE SNEFERU, PAI DE K H U F U , LOCALI
ZADA EM DASHUR.
Ocomplexo de Khufu compõe-se
da própria pirâmide principal e
mais três pirâmides-satélite a leste da
estrutura principal, pertencentes a
suas rainhas. A pirâmide-satélite ao
norte foi para sua mãe Hetepheres, a
do centro para sua esposa Meritetes e
a mais ao sul pertenceu a Henutsen,
sua meia-irmá.
Todas essas pirâmides ficam dentro
de um grande recinto fechado por um
muro que cerca o terreno funerário,
composto de um vale e um templo
1 ' Hh__
mortuário ligados por uma longa cal
çada coberta, utilizada para a procis
são da múmia de um templo a outro,
antes do sepultamento. Há também
um grande cemitério de tumbas mas-
taba de sua família e outros nobres.
A P I R Â M I D E D E K H U F U
A Pirâmide de Khufu tem 275
cúbitos de altura e é revestida de blocos
polidos de calcário. Alguns desses
blocos, porém, estão sendo lamentavel
mente retirados para a construção de
D
COMPLEXO
DE GlZÉ
â Pirâmide de Kliuíu B Pirâmides das Rainhas de Kliuiài
C Pirâmide de Khephren D A Esfinge E Pirâmide de Menkaure F Pirâmides das Rainhas
de Menkanre
80
Á R E A S P R Ó X I M A S
edifícios modernos na área. É improvável que a pirâmide esteja aberta ao turista, mas dizem que ela possui uma estrutura interna muito complexa, JÍÊBBBÊS A'
com uma longa passagem em descida ^ = = 5 E ^ M H que leva a duas ou três câmaras subterrâneas, com corredores extras que levam à câmara funerária do rei.
Devido ao tamanho do monumento, a estrutura interna precisa suportar um grande peso, provavelmente do mesmo modo que a pirâmide Dashur, que tem um corredor central com o teto apoiado em cavaletes. Acima da câmara funerária, no centro da estrutura, em vez de no subterrâneo, há câmaras que provavelmente suportam o peso e impedem que o telhado caia sob pressão.
Como não é possível entrar nas pirâmides, o visitante deve se con-
[ • • O' Q U E ' H Á P A U A V E R • .'••
O QUE É PRECISO PARA COKSTRUIR XJMA PIRÂMIDE? |
: ••
•Quando-"você chega ô Grande
Pirâmide cie Krtufu, a primeira coisa
a chamar a atenção é o tamanha.
1 Cada bloco é quase da altura de um
[ homem, e cada um foi arrastada para
j o.lugar fDórwma, equipe de trabalha-,
; dores fories. Assim que se recupe-
• iam do susto causado pelo tamanho,
í " muitas' pessoas, especulam: a respeito.
de; quantos blocas foram utilizados
'"••na construção; Mais de uma noite
.'..lof passada discutindo essa questão,..."...'
com estimativas entre 700 mil e quase
4 milhões de blocos. No entanto,» nin
guém jamais saberá a resposta sem |
desmontar a pirâmide! ... 1
A estrutura é fatalmente revestida ] j
do belo calcária branco; da pedreira i |
de lura, perto deGizé. . ]
O complexo de Gize é muito mais do
que apenas a Grande Pirâmide.
centrar na área circundante. Bem ao lado da Pirâmide de Khufu existem cinco covas de barca em tamanho natural, seladas com enormes lajes de calcário; presumivelmente, em cada uma delas existem barcas de tamanho natural. O funeral do rei incluía pelo menos uma barca de madeira para trazer a múmia da margem oriental para a ocidental; por isso, pelo menos
8 i
G U I A DO V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : E G I T C
uma dessas covas contém a barca funerária. As dimensões e o material da barca foram perdidos no decorrer dos séculos, mas, não raramente, essas embarcações eram desmontadas para o sepultamento.
Uma vez que o visitante se maravilhou com o tamanho e a estrutura das pirâmides no local, o próximo lugar lógico para se visitar seriam as tumbas mastaba da Idade das Pirâmides - a saber: a necrópole dos nobres de Khufu, Khafra e Menkaure.
C O M O AS P I R Â M Í D E S F O R A M
C O N S T R U Í D A S
A pergunta que vem à mente de todos os visitantes quando estão diante de um monumento como a Pirâmide de Khufu, é: "como isso foi construído?". Bem, para começar, mais de 20 mil pessoas foram empregadas na construção da Pirâmide de Khufu.
A primeira etapa consistia em nivelar o terreno antes de orientar os cantos da pirâmide para os quatro pontos cardeais, em alinhamento com a estrela do norte. Uma vez concluídas essas preliminares, começava o edifício propriamente dito.
Os blocos eram arrastados desde as pedreiras, com homens colocando totas de madeira na frente de cada
nfif
bloco para criar um sistema de rola-gem. Conforme a estrutura crescia, os métodos mudavam. A manipulação dos blocos, da segunda camada para cima, era facilitada por alavancas e balancins, cada qual manejado por uma equipe de quatro trabalhadores.
Quando a pirâmide ficava mais alta, eram utilizadas rampas de construção: nas pirâmides menores, uma rampa única projetada de um lado, mas nas maiores, uma rampa em espiral era empregada. Na Pirâmide de Khufu, essas rampas seriam impróprias, por conta do tamanho absoluto; portanto, quatto escadarias foram utilizadas - uma em cada lado da pirâmide.
Uma vez construída a pirâmide inteira, os blocos do revestimento de calcário eram deslizados no lugar, antes de serem alisados e polidos. A parte mais importante da pirâmide era a pedra benben, ou o monre de pedra em forma de pirâmide colocado no vértice. Algumas dessas pedras eram banhadas em ouro ou electro, mas mesmo com o patrulhamento dos medjay, esse ouro era rapidamente retirado e derretido.
A E S F I N G E
Um dos aspectos mais notáveis do Planalto de Gize é a colossal esfinge, o primeiro monumento desse tipo no
Egito. Ela fica situada no fim da calçada que leva à Pirâmide de Khufu.
Foram necessários cerca de 20 mil
homens para construir a Grande
Pirâmide de Khufu. 1.
ÁREAS PRÓXIMAS
A Esfinge de Khafra protege o
Planalto de Gize.
A esfinge mostra o rosto casta-nho-avermelhado do rei Khafra, utilizando o enfeite de cabeça nemes azul e dourado, e a barba postiça, tudo sobre o corpo de um leão. Seu papel era, basicamente, proteger o planalto, embora a esfinge seja uma divindade por si própria: o deus solar Horemakhet (Horus no Horizonte). Essa divindade está estreitamente ligada ao rei, e seu poder divino e o leão representam um símbolo solar e o poder e a força do rei. Uma estátua colossal recentemente esculpida existe agora para suportar o queixo da esfinge, mostrando que o deus protege o rei e reafirmando essa conexão.
A esfinge e o templo vizinho da esfinge, dedicado ao rei e a Horemakhet, foram concluídos por Khafra, mas desde então cada rei fez ampliações e melhorias. O acréscimo mais notável é a capela ao ar livre entre os pés da esfinge. Para conseguir aprovação e apoio da divindade solar, Thutmosis limpou a areia do monumento e fez reparos na parede do temenos. Embutidas dentro dessa nova parede de tijolos de barro há 17 esteias esculpidas, dedicadas por Thutmosis à Esfinge, além de diversas esteias
pequenas dedicadas por funcionários ricos. Como elas têm mais de 300 anos, vale a pena o esforço para vê-las, mesmo que seja apenas por causa das inscrições e das imagens coloridas.
Acréscimos maiores que esses também foram feitos, inclusive uma parada no caminho, para refrescar os deuses durante as procissões, construída por Amenhotep Aakheperure, e até mesmo um alojamento de caçada real, da época anterior a Horemheb. Esse alojamento era utilizado pelo séquito real enquanto caçava no deserto e visitava os templos da esfinge. Existem duas estátuas colossais, construídas por Thutmosis Menkhepeture, que ficam sobre os plintos de pedra no norte e no sul do corpo da esfinge, dedicadas a Osíris, que são lugares ideais para deixar oferendas de comida e orações. Embora seja, principalmente, um lugar de peregrinação real, o visitante não deve desistir de deixar suas próprias oferendas votivas. Qualquer pessoa pode deixar tais oferendas, as inscrições mostram os nomes e os títulos de soldados e funcionários, até mesmo de humildes pastores de cabras.
G U ! A D O V I A J A N T I- P.ELO M l1 N O O A N T I G O : E C T T O
K H E M E N U ( H E R M O P Ó L I S )
/ " ~ j _ . . , \ A CIDADE DE HERMOPÓLIS, CONHECIDA LOCALMENTE
['VÍmri COMO KHEMENU ( " A S O I T O " ) , ESTÁ SITUADA NO M É -
Mm)L DIO EGITO, À MARGEM OCIDENTAL DO N I L O , E É ASSIM
W í \J CHAMADA POR CAUSA DAS OITO DIVINDADES LIGADAS
1 j / ^ 8 i " K AO MITO DA CRIAÇÃO DE O G D O A D . A CIDADE ERA A
^-—IZVMtm»^ CAPITAL DO 1 5 o NOMO DO ALTO EGITO E É DEDICADA
AO DEUS DA SABEDORIA E DA CURA, T H O T H (VEJA NA
INSERÇÃO) . O LUGAR TEM UMA LONGA HISTÓRIA, MAS, NA VER
DADE, SOMENTE NOS ÚLTIMOS 5 0 0 ANOS COMEÇARAM AS NOVAS
CONSTRUÇÕES POR LÁ.
Oprincipal centro religioso fica
cercado por uma grande área
murada. Os restos mais antigos
do lugar pertencem ao reinado de
Amenemhat Nubkaure, que cons
truiu um pequeno santuário para
Djehuty e os deuses primordiais; os
seguidores desse culto acreditam que
esse templo foi construído sobre o
Monte da Criação primevo original.
Na área oriental, há um muro
que cerca o terreno menor e secun
dário, com outro santuário dedicado
a Djehuty e, no oeste, encontra-se a
capela de Amon, orientada no sentido
leste-oeste e construída pelo rei atual,
Ramsés, Na verdade, esse grande
muro que cerca o terreno inteiro é
acessado pelo portão monumental
construído por ele, o qual, por sua
\
KHEMENU
A Colossos de Thoth co
B Templo deTnoth C Templo de Amou
D Colosso de Ramsés
no babuínos
..
" N • •
1
84
Á R E A S P R Ó X I M A S
vez;, é acessado a partir de um caminho processional. O pequeno santuário de Amon apresenta o estilo de uma "Casa de Milhões de Anos" ou templo funerário e possui uma muralha de fortaleza com torres e um palácio de culto. Ao sul do muro maior que cerca o terreno, Ramsés construiu também um pequeno santuário para o deus Ptah, a divindade criadora de Mennefer e deus dos artesãos.
Ao norte da entrada do muro menor que cerca o terreno, fica o templo principal do lugar, orientado no sentido do norte para o sul e acessado por um novo portal e um corredor sustentado por pilares. Dentro do templo existem quatro colossais
estátuas de quartzito de Djehuty em forma de babuínos dedicadas ao grande Amenhotep Nebmaatra. Essas estátuas são o foco do templo e o local de muitas peregrinações para pedir a ajuda ao deus da cura.
Os funcionários que residiam em Khemenu há 700 anos eram enterrados na necrópole próxima a el Bersha, que compreende algumas das mais belamente decoradas tumbas de rochas cortadas, bem semelhates às de Beni Hasan. Os Textos de Caixão dessa área são especialmente impressionantes, como seria de esperar daqueles que dedicaram suas vidas a Djehuty, deus do conhecimento e inventor de hieróglifos.
O K H N U M DE K H E M E N U ( O G D O A D DE H E R M O P Ó L I S )
A cidade de Khemenu recebeu esse nome por causa do mito da criação do
Ogdoad de Khemenu. Havia oito divindades presentes antes que o Monte da
Criação emergisse das águas primitivas - quatro sapos (machos} e quatro cobras
(fêmeas) que se acasalaram dentro das águas primevas, tendo sido seus movi
mentos responsáveis por desencadear a dinâmica que empurrou o monte para
fora da água, de onde toda a criação começou. Cada casal desses representa um
conceito: Nun (macho) e Naunet (fêmea) representam a água; Amon (macho) e
Amonet (fêmea) representam o oculto; Heh (macho) e Hauhet (fêmea) representam
o infinito, ao passo que Kek (macho) e Kauket (fêmea) representam as trevas.
Assim que o Monte da Criação emergiu da água primitiva, o pássaro henu (a
fénix) pôs o ovo cósmico do qual o sol nasceu pela primeira vez. Esse nascer do sol
viu o "surgimento" de Atum e o início do mito héiiopolitano de lunu.
G U I A D O V I A J A S T Í. P E L O M U N D O A N T I G O : E G I T O
B E N I H A S A N
ESSE LUGAR NA MARGEM LESTE DO N I L O , NO EGITO MÉDIO, É A
NECRÓPOLE DOS PREFEITOS DO NOMO DE Ó R Y X ( 1 6 ° NOMO DO
ALTO EGITO) , APRESENTANDO PICO ENTRE 9 0 0 E 7 0 0 ANOS
ATRÁS. H Á 3 9 TUMBAS DE PEDRA CORTADA NO LOCAL, EM UM ALTO
CUME NOS PENHASCOS.
Para alcançar o lugar é mais divertido chegar de barco e providen
ciar para que burros o levem pela face do penhasco - embora um pouco do caminho deva ser atravessado a pé. Apesar da dificuldade de ir a esse lugar, vale a pena o esforço, pois são atordoantes as paisagens do Nilo vistas do cume, e há algumas capelas encantadoras sob cuja sombra o visitante pode sentar-se e almoçar.
A decoração dentro de tais capelas é muito informativa no que diz respeito à vida nessa região e ao papel desempenhado pelos prefeitos locais. Muitas das próprias capelas estão abertas, se não para o público, ao menos para os descendentes, que podem comparecer para deixar oferendas para os espíritos dos falecidos. As câmaras funerárias ficam embaixo das capelas, no final de fundos poços.
DENTRO DAS TUMBAS
O esquema geral de todas as tumbas começa pelo átrio na frente da tumba, com a fachada sustentada por pilares eventualmente decorada com relevo esculpido e pintado. A entrada da tumba leva o visitante à face do
penhasco e a um grande salão sustentado por pilares, reminiscências de um interior doméstico, mas altamente decorado com relevo pintado. Na parte de trás do salão há um pequeno santuário de estátua que contém a estátua do ka do proprierário da tumba - em cujos pés podem ser deixados os obje-tos e as oferendas de comida.
Vai depender de muita sorte a quais tumbas você terá acesso, mas todas apresentam uma bela decoração. Na tumba de Khnumhotep, procure pela imagem dos agricultores que colhem figos e os colocam em um grande cesto - o babuíno na árvore está ajudando a si mesmo a colher frutas, e geralmente causa problemas para os agricultores. A tumba de Baqet tem algumas cenas encantadoras de tecelões, fiandeiros, ourives e escultores. A tumba de Khety mostra algumas imagens muito dinâmicas de soldados em treinamento, inclusive luta livre, levantamento de pesos e luta de varas.
Muitas tumbas contam com as famosas cenas de pesca e caça de aves selvagens, mostrando o proprietário da tumba nos pântanos
86
ÁREAS PRÓXIMAS
íiiilIilllillIltoMlililí
l i : jr^-w* f
;^f|t!lilftflfl HísíHííisiniiii:
f^fí 3 » * ^
A re»i« de pesca e caça de aves selvagens que decoram muitos interiores de tumbas.
caçando pássaros e capturando peixes. A tumba de Khnumhotep também ostenta a imagem de uma expedição comercial entre o governador local e os Heqa Haswt, os asiáticos, que controlaram o Egito até que o grande Ahmose os expulsasse — uma representação muito rara.
O SPEOS ARTEM1DOS
Logo ao sul da necrópole de Beni Hasan encontra-se o santuário de pedra cortada de Seti Menmaatra, chamado de Speos Artemidos, que consiste de um vestíbulo e um santuário ligados por um corredor curto.
Seti não foi o construtor original do santuário, pois ele o usurpou, embora Thutmosis Menkheperre já houvesse acrescentado seu nome às inscrições originais.
Esse santuário foi dedicado a Pakhet, a deusa local de cabeça de leão ("Aquela que Coça"), mas ficou inacabado. Há esboços de colunas de cabeça de Hathor na fachada da
entrada e colunas de Osírides inacabadas na parte de trás. Um santuário na parte de trás do templo conta com uma estátua da deusa Pakhet.
Um texto interessante descreve um pouco da destruição causada pelos Heqa Haswt e os reparos executados pelo construtor do templo. Apesar de ser um texto importante, trata-se de pura propaganda, já que o templo foi construído cerca de um século depois que os Heqa Haswt foram expulsos do Egito.
O santuário de Speos Artemidos, ao Sul da necrópole de Beni Hasan.
87
G U I A D O V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : E G I T O
ABDJU
A LOCALIDADE DE A B D J U , LOGO AO NORTE DE T E B A S , FOI IMPOR
TANTE DURANTE MILHARES DE ANOS. TODOS OS REIS DO PERÍODO
MAIS ANTIGO ESTÃO ENTERRADOS NESSE LUGAR, ONDE O PAI DO
ATUAL REI CONSTRUIU SEU TEMPLO FUNERÁRIO, O QUAL FOI C O N
CLUÍDO E MELHORADO POR R A M S É S . O LUGAR SE ORGULHA DE
CONEXÕES COM O DEUS O S Í R I S .
Na mitologia de Seth e Osíris,
quando Osíris foi desmem
brado e seu corpo espalhado por
todas as partes do Egito, diz-se que
sua cabeça foi deixada em Abdju.
Porém, é mais comum essa loca
lidade ser considerada o lugar do
sepultamento do próptio deus, e
todos os reis desejam ser enterrados
no mesmo lugar.
A maior parte dos sepultamentos
reais não se realiza de fato nesse lugar,
mas as tumbas postiças simbólicas do
sepultamento e os monumentos reais
significam que nesse lugar o ka de um
rei pode viajar na vida após a morte.
Ahmose, o rei que derrotou os
Heqa Haswt soberanos do Egito,
construiu um complexo funerário
nesse local. Este é composto de uma
construção semelhante a uma pirâ
mide, uma capela dedicada a sua avó,
Tetisheti, um templo com terraço e
uma tumba inacabada para Osíris.
o TEMPLO DE SETI MENMAATRA
O edifício principal no lugar é o
templo funerário de Seti Menmaatra,
V E
%;-":"\ \\- li" •• \
ABDJU
A, Templo cie Ahmose
B Capela para a máe de
Ahmose
C Pirâmide inacabada
D Templo com terraço
E Templo ftmcniiio de Seti
• Menmaatra -, \
F / {Templo de ccnotáfio.de
Ramsés-.. \
G Tumba de Osíris
88
Á R E A S P R Ó X I M A S
0 pai do rei atual, que o expandiu. Trata-se de um templo complexo, com um pouco da decoração em alto-relevo mais impressionante do Egito. Um elemento arquitetônico do templo Seti é composto pelas sete capelas que começam no salão de hipostilo principal, cada uma decorada com ilustrações coloridas dos festivais que eram realizados lá dentro. Uma das cenas mais espetaculares é a do jovem príncipe Ramsés (antes de chegar ao trono) participando da primeira caçada ao touro selvagem, ajudado pelo pai. Isso aconteceu na época em que o rei Seti percebeu que seu filho era adequado para ascender ao trono.
O próprio Ramsés construiu um templo de cenotáfio no lugar, a
• . O Q U E HÁ'
l i , . . . ' • . • ' • • . ' . ' • " ; • • • : • .
M O N U M E N T O IDE
; Um dòs maiores monumentos no
• . Egito ê o grande muro que cerca o
1 l" terreno funerário eta Khasekhemwy,
I-;: pai de Pjoser. Esse- m 'tem dois. monu-
mentos, was o mais impressíofiante fico
• em Abdju. Sua tumba tem 132 cúbitos
| de comprimento è incíui, no total, 42
despensas, outrora cheias de objetos
funerários, embora estes tenham sido
roubados há muito tempo.
O templo de Seti em Abdju ostenta o mais perfeito alto-relevo do Egito.
noroeste do templo de seu pai. Embora em menor escala, era uma cópia de seu templo funerário em Tebas, composto de um portal e de um pátio em colunata, que levavam a duas capelas na parte de trás do templo, um dedicado a Seti deificado, e outro aos Ennead dos mitos da criação.
P A R A V E R
KHASEKHEMWY
' " ' ' " ' • ' " ' ' • • " ' • • ' '
: ' - • , • •
Também em Abdju fica Shenut
el-Zebib, uma:, enorme muralha que
cerca o'terreno, feita de tijolos de
barro de muros duplas., construída par
Khasekhemwy na borda Úo planalto
do deserto, onde encontrasse a vege
taçãoque rodeia a necrópole.
A visita a esse lugar vale a pena o
esforço, mesmo que seja apenas para í
ver seu tamanho monumental.
G U I A DO V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : E G I T O
KEBET ( C O P T O S )
A CIDADE DE KEBET É IMPORTANTE PARA TODO O EGITO E, POR
ISSO, MERECE SER VISITADA. COMO A CAPITAL DO QUINTO NOMO
DO ALTO EGITO, FICA HÁ CERCA DE 7 . 5 4 7 CÚBITOS AO NORTE DE
TEBAS, NA ENTRADA PARA O W A D I HAMMAMAT À MARGEM LESTE
DO N I L O , E É O PONTO DE PARTIDA DE EXPEDIÇÕES ÀS MINAS DE
OURO E ÀS PEDREIRAS DE BRECCIA (BRECHA), PERTO DO DESER
TO ORIENTAL. TAMBÉM FICA NA ROTA PARA O MAR VERMELHO;
ASSIM, COMO O VISITANTE PODE BEM IMAGINAR, TRATA-SE DE UMA
CIDADE MUITO MOVIMENTADA, COM COMERCIANTES, SOLDADOS E
OS COMPRADORES INDO E VINDO EM GRANDE AGITAÇÃO — E SUA
LONGA HISTÓRIA REVELA QUE O LUGAR VEM SENDO ASSIM HÁ MAIS
DE 2 . 0 0 0 ANOS.
Um dos passeios mais especiais será ver os soldados que des
montam barcos a serem transportados pelo deserto oriental para o Mar Vermelho, onde eles sáo reconstruídos e depois utilizados no comércio ou em expedições militares. Se tiver sorte, você verá as expedições em andamento, em longas linhas regulares de burros carregados com mercadorias para trocar. Por esse motivo, tal cidade é um bom lugar para adquirir mercadorias exóticas antes que apareçam no mercado aberto.
O CULTO DE M I N
Além de Kebet ser uma cidade antiga, ela também é um importante centro de culto da divindade Min, um deus da fertilidade, muitas vezes associado ao deus Amon, em Karnak. Em Kebet, existem pelo menos três novos templos, embora os locais
onde encontram-se venham sendo utilizados há milhares de anos.
Evidências de cultos antigos podem ser vistas nas três estátuas colossais de Min, cada uma com 9 cúbitos de altura, sendo consideradas as primeiras estátuas colossais do Egito, datando de mais de 2.300 anos. Na época, Kebet era uma cidade grande, e há um grande cemitério ao leste do povoado moderno, embora náo existam superestruturas fúnebres visíveis para marcar as sepulturas.
Os templos do lugar atualmente sáo construções mais novas, rodeadas por um muro grosso que cerca o terreno. O templo principal de Min foi inicialmente construído no final da Idade das Pirâmides, por Senusret Kheperkara, mas foi reconstruído por Thutmosis Menkheperre — seu portão monumental ainda é utilizado como entrada para a estrutura.
90
Á R E A S P R Ó X I M A S
M IN
O deus Min, "Aquele do Deserto
Oriental" é adorado na região de
Kebet há quase 2.500 anos.
Min é mostrado em forma de
múmia, com o braço direito levantado
e o braço esquerdo mantendo o falo
ereto, como um sinal de sua fertilidade.
Às vezes, sua pele é mostrada pintada
de preto - um reflexo da fertilidade do
lodo preto do Nilo. Trata-se de uma
divindade muito antiga, que, nos últi
mos séculos, esteve mais estreitamente
associada a Horus e Amon.
Min muitas vezes é representado
ao lado da sua alface sagrada, o
fetiche estreitamente associado a ele.
A alface é considerada de propriedades
afrodisíaca, e o líquido que sai do talo
muitas vezes é associado à fertilidade.
No início da temporada de
colheita, uma pequena estátua de Min
dentro dos santuários dos templos é
levada em procissão pelos campos,
onde lança sua proteção, garantindo
assim que uma boa safra está por vir.
A estátua de Min, deus de fertilidade — a estátua colossal mais antiga do J
Thutmosis também construiu um templo menor para Min e Isis, novamente pelo desmonte do templo mais antigo de Amenemhat Sehetepibre e Senusret Kheperkara.
Embora não reste nada dos templos anteriores, é de conhecimento geral que o lugar propriamente dito está em uso constante desde antes da época de Narmer.
9*
G U I A D O V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O ; E G I T O
M E D A M U D
AINDA NA REGIÃO DE T E B A S , SE VOCÊ QUISER ALGO UM POUCO
FORA DA TRILHA BATIDA, POR QUE NÃO VISITAR O ANTIGO TEMPLO
DE MEDAMUD (CONHECIDO LOCALMENTE COMO M A D U ) , SITUADO A
9 . 4 3 3 CÚBITOS A NORDESTE DO TEMPLO KARNAK?
No local existia um templo da Idade das Pirâmides dedicado
à divindade lunar Montu, o deus da guerra. O lugar consiste de dois montes, sobre os quais o templo original foi construído. Esse templo era muito raro (ver na outra página) e alguns acham vergonhoso que tenha sido derrubado, embora o templo que o substituiu seja muito mais bonito.
i
A estrutura mais antiga foi substituída por Senusret Khakhaure e é agora uma pequena construção feita de tijolos de barro. As colunas e os portais, porém, são construídos de pedra maciça, dando à aproximação do templo uma aparência de esplendor. Cada rei, desde Thutmosis, fez ampliações no templo, que permaneceu popular entre os reis como local de adoração.
Há também um muro que cerca o terreno que rodeia as casas de muitos sacerdotes, silos de grãos e um pequeno templo de culto com pilares de estátuas reais. Este pode ser o único lugar ao qual os turistas terão acesso e é, por isso, um bom lugar para começar, pois os sacerdotes podem ser convencidos a permitir que o visitante entre no muro que cerca o terreno principal.
Montu, o deus egípcio da guerra, ao
qual o templo de Medamud
é consagrado.
92
ARE P R O X I M A S
O TEMPLO DE IDADE DA PIRÂMIDE DE MEDAMUD
O templo de Idade da Pirâmide
em Medamud é diferente de qualquer
outro templo do Egito.
O templo fica cercado por uma
parede trapezoidal. Esse grande muro
que cerca o terreno era acessado pelo
primeiro dos dois portais de tijolo.
O templo dentro do muro que cerca o
terreno é composto de um pátio entre
o primeiro e o segundo portais, e o
segundo leva à parte de trás do templo.
E nessa área que o templo se torna
incomum. Do lado de fora das pare
des desse templo existem dois montes
e, em cima de cada um, foi construído
um pequeno muro que cerca o terreno,
rodeado de um viçoso jardim arbori
zado. As câmaras subterrâneas dentro
dos montes são alcançadas por dois
corredores (um em cada estrutura),
que começam na parte de trás do
templo principal.
A quem esse templo era consa
grado foi há muito tempo esquecido,
especialmente porque agora o lugar é
dedicado ao deus Montu. Acredita-se
que os montes representem o Monte da
Criação e que as árvores demonstrem
a fertilidade do lugar. Algumas pes
soas sugeriram que o templo também
pode ter sido dedicado a uma pri
meira forma de Hathor, a Senhora do
Plátano, e as árvores podem represen
tar o nutrimento dessa deusa.
O impressionante batente de Senusret dá ao templo de Medamud
uma extraordinária via de acesso.
93
G U I A D O V I A J A N T E P R L O M U N D O A N T I G O : E G I T O
NÚBIA
O s LIMITES DA NÚBIA FORAM MUDANDO LENTAMENTE NO DECOR
RER DOS SÉCULOS, ESTENDENDO-SE MAIS PARA O SUL, EMBORA
O LIMITE OFICIAL FIQUE EM ELEFANTINA. PORÉM, DURANTE O
REINADO DE RAMSÉS, HOUVE UMA GRANDE PRESENÇA EGÍPCIA,
E EXISTEM MUITAS ESTRUTURAS CONSTRUÍDAS PELO PRÓPRIO REI
ALÉM DE ELEFANTINA.
ASSUAN
Para o visitante que deseja escapar da confusão e do burburinho da metrópole de Tebas, por que não viajar rumo ao sul, até Assuan, logo ao sul da fronteira egípcia? Um cruzeiro vagaroso pelo Nilo é a maneira mais relaxante de chegar, pois lhe oferece a oportunidade de ver o belo cenário e chegar refrescado e relaxado. Tenha em mente, porém, o fato de que, quanto mais para o sul você for, mais quente o local ficará.
Há muita coisa para ver na região, embora alguns templos sejam mais impressionantes que outros. Quando você chega pela primeira vez, por que não dar uma volta pelo cemitério com tumbas da Idade das Pirâmides adiante? A tumba mais antiga, de Sabni e Mehu, é alcançada por meio de uma escadaria diretamente da margem do rio. Ao chegar à entrada, há uma bela estela em forma de obelisco, que vale a pena ser vista, mesmo se você não conseguir entrar no sepulcro.
As tumbas de mil anos de Sarenput e Heqaib também são alcançadas a partir de uma escadaria
desde o Nilo, mas elas têm um grande pátio nos penhascos com um pórtico na parte de trás antes de você chegar à entrada da tumba propriamente dita.
Dentro das tumbas, caso consiga acesso, na área de capela você pode ver algumas estátuas mumiformes muito elaboradas, esculpidas diretamente na rocha, e para onde a luz foi canalizada. Trata-se de um ambiente muito sereno e atmosférico.
Os T E M P L O S EM A B U SIMBEL.
Os maravilhosos templos de Abu Simbel, construídos pelo atual rei do Egito, são apenas dois dos sete templos de pedra cortada construídos por ele na área, mas são, sem dúvida, os mais impressionantes. Os monumentos de Abu Simbel exigiram 30 anos para o rei concluir, e foram dedicados aos deuses no ano 35 de seu reinado - há cerca de 30 anos.
Existem dois templos no lugar: um dedicado a Rá-Horakhty, Ptah, Amon-Rá, e ao próprio Ramsés, conhecido localmente como "o Templo de Ramsés, Amado de Amorí', e outro dedicado a Nefertari,
94
Á R E A S P R Ó X I M A S
Quatro colossais estátuas de Ramsés protegem a entrada de seu templo
em Abu Simbel.
a primeira Grande Esposa Real do rei, que morreu um pouco antes de o templo ser dedicado à deusa Hathor.
Ao chegar ao local, siga até o maior dos dois templos, dedicado a Ramsés deificado. A fachada desse templo pode ser vista bem antes de ser alcançada, e da rocha viva surgem quatro colossais estátuas sentadas do rei, cada uma se erguendo a 39 cúbitos de altura. Em volta dos pés e das pernas do rei existem imagens de Nefertari, a Grande Esposa Real, e de Tuya, mãe de Ramsés, além de muitas de suas filhas.
Antes da fachada existe um grande átrio acessado por uma avenida de esfinges, com dois tanques utilizados pelos sacerdotes para se purificarem, antes de entrarem no templo.
Na entrada do templo principal, pela porta entre a segunda e a terceira das estátuas colossais, você irá notar que está em um imponente salão sustentado por pilares e dominado por oito colossais estátuas de pilares, que mostram Ramsés em forma de múmia segurando o cajado e o açoite. Nas paredes atrás desses pilares, há imagens policrômicas das grandes vitórias de Ramsés em batalhas, inclusive outra representação da batalha de Kadesh. Conforme continua ao longo do eixo central do templo, você entra em outro salão sustentado por pilares, menor que o primeiro e decorado com imagens do rei fazendo oferendas aos deuses. Na parte de trás do templo, no fundo da lateral do penhasco, há um pequeno santuário com quatro
95
GUIA DO VIAJANTE PELO MUNDO A N T I G O : EGITO
• , - : y
9\
A fachada do templo de Nefertari mostra várias figuras alternadas de
Ramsés e Nefertari.
estátuas de pedra cortada das divindades às quais o templo é dedicado. As pequenas salas dessa câmara são destinadas ao armazenamento dos objetos de culto e estatão estritamente proibidas para os turistas.
Se o tempo permitir, ao sair desse templo, caminhe rumo ao norte, em direção ao pequeno templo de Hathor e Nefertari. Você será recebido pela fachada de pedra cortada com seis colossais estátuas que se
O Q U E H Á P A R A V E R
O NASCER DO SOL EM. AB.U SIMBEL
O templo principal; de Ramsés
fica de frente para o leste e, assim,
o sol nascente brilha na fachada do
templo. Há um friso de babuínos no
topo da fachada, representando os
babuínos solares que cumprimen
tam o sol diariamente. Duas vezes
por ano, no segundo mês de Akhet
e no segundo mês de Prover, o sol
nasce através da porta diretamente
embaixo do eixo central nas quatro
estátuas do santuário nos fundos,
enfatizando os aspectos solares do
culto do templo. As estátuas são pin
tadas em cores vívidas, e mostram o
rei como um ser divino.
WÊà:
96
Á li E A S P li Ó X ) \ ! A S
erguem, cada uma, a 18 cúbitos de aberto para o sol, como é tradicional altura, mais duas de Neferrari e três em templos desse período, tem oito de Ramsés. Dentro do templo existe colossais pilares sólidos de estátuas apenas um salão sustentado por pila- do rei e seis pilares comuns. Ramsés res, com belas colunas com cabeças de adotou o estilo artístico núbio Hathor pintadas. A câmara seguinte, maciço, em vez da forma delgada uti-ao longo do eixo central, é pequena e lizada no Egito. decorada com imagens tanto do tei A, parte posterior do templo é como da rainha, que interagem com cortada na face da rocha e lembra os deuses. No santuário, na parte Abu Simbel, com, um salão susten-de trás do templo, há uma imagem tado por pilares e quatro nichos de espetacular da deusa Hathor, como estátuas que abrigam estátuas da uma vaca que emerge da rocha viva, tríade divina; na parte de trás há um
um foco que se encaixa no culto do santuário de barca com uma mesa de templo. oferendas e estátuas das principais
divindades do templo. Se conseguir
acesso a esta parte do templo, você descobrirá que tais estátuas são resplandecentes à luz de lâmpadas, pois todas são banhadas pelo abundante ouro da área. A estátua de Ptah--Tanen tem até um falcão esplendidamente esculpido sobre a cabeça.
í At •
GERF H U S S A I N
Ao viajar pela região da Núbia, por que não visitar o pequeno templo, recentemente construído, em Gerf Hussain (conhecido localmente como "o Templo de Ramsés--Meryamun no Domínio de Ptah"), pelo rei atual, Ramsés Usermaatra--Setepenra, no ano 35 de seu reinado? Ele fica situado na margem ocidental do Nilo e é dedicado a Ptah, Ptah--Tanen, Hathor e ao próprio Ramsés divino. Há estátuas dessas divindades esculpidas diretamente na rocha viva atrás dó templo do santuário. Esse templo foi construído em duas partes: uma independente e outra esculpida diretamente no penhasco, cuja construção foi supervisionada por Setau, vice-rei de Kush.
Você chega ao templo pelo rio e depara-se com uma avenida cerimonial de esfinges de cabeça de carneiro que levam ao primeiro portal, independente. O átrio do templo.
A impressionante entrada do templo de Ramsés em Gerf Hussain,
9"
D I V E R S Ã O
ECONÓMICA
Há muitas maneiras de passar o tempo no Egito, e os
egípcios são pessoas que gostam de se divertir.
A variedade das atividades esportivas e culturais
oferecidas dará a você uma ampla compreensão da
sociedade egípcia, tanto se estiver apenas descansando
em uma praça pública, como entrando em contato com
um habitante local para o jogo dos "Cães e Chacais",
ou, ainda, assistindo ao emocionante espetáculo do
esporte mais popular de Egito: a luta livre.
G U I A DO V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : E G I T O
FESTIVAIS
N E N H U M V I S I T A N T E DO E G I T O VAI DEIXAR D E NOTAR C O M O O S E G Í P
C I O S GOSTAM DE FESTIVAIS, QUE SÃO REALIZADOS COM O OBJETIVO
DE ADORAR OS DEUSES, JANTAR COM A FAMÍLIA E OS AMIGOS E
APROVEITAR O MERECIDO DESCANSO DO TRABALHO. N A REGIÃO DE
T E B A S , COM PELO M E N O S D O I S FESTIVAIS OU P R O C I S S Õ E S R E L I G I O
SAS POR SEMANA, ATÉ A VISITA MAIS BREVE PERMITE ASSISTIR A
PELO MENOS UM DELES.
Aquantidade de festivais e práticas religiosas é a mesma em todas as
partes do Egito, inclusive a procissão da estátua do deus em questão pelas ruas, transportada na barca sagrada acompanhada por sacerdotes, sacerdotisas, cantores e dançarinas, o que permite que o povo comum se dirija ao deus com seus dramas.
Isso pode ser seguido por oferendas aos deuses, seja no templo ou em santuários domésticos — o que toma alguns festivais assuntos intensamente pessoais. Em seguida, as oferendas dadas nos templos são distribuídas às pessoas, criando uma atmosfera de grande frivolidade. Alguns festivais duram apenas um dia, ao passo que outros demoram semanas. Assim que chegar a Tebas, procure os funcionários do templo
local para obter informações sobre os festivais da área na ocasião.
Os F E S T I V A I S D E T E B A S
Os festivais específicos da região de Tebas incluem o "Belo Festival do Vale", realizado no décimo mês do ano, há mais meio século. Embora seja um festival funerário, vale a pena ser visto, pois é a oportunidade para que todos lembrem-se de seus antepassados.
Este festival começa no templo de Ipet-Sut quando as estátuas de Amon, Mut e Khonsu são colocadas dentro de pequenos santuários e carregadas nas barcas sagradas. Estas, em seguida, são transportadas pelo Nilo com grande esplendor, em uma barcaça espetacular.
Essa parte da viagem, embora curta, também inclui uma grande
A barca sagrada é carre- é
gada pelas ruas durante > i. i festival público.
D I V E R S Ã O E C O N Ó M I C A
frota de barcos menores que transportam vários participantes, sendo difícil imaginar visão mais bela.
Uma vez na margem ocidental, a procissão viaja a cada templo funerário por vez, inclusive o do rei atual Ramsés Usermaatra-Setepenra, e é acompanhada por músicos e dançarinas. Os eventos que se realizam dentro desses templos não estão abertos ao grande público, mas, se tiver sorte, talvez você aviste o rei quando ele deixar o templo durante a jornada do deus.
O povo de Tebas é incentivado a participar com estátuas e esteias de seus próprios antepassados, tirando--as das capelas funerárias que ficam nas colinas próximas.
Para uma visão pitoresca, esteja na margem leste no crepúsculo, de onde você poderá ver centenas de fogueiras espalhadas entre os penhascos da margem ocidental, conforme os habitantes locais festejam seus antepassados.
O Q U E HÁ P A R A VE
O FESTIVAL £>A BEBEDEIRA
Se viajar para Tebas 20 dias
ciepois dos Festivais de Ano .Novo,., você.
poderá ter q sorte de participar da
Festival da Bebedeira, um evento em
honra a Preciosa, a deusa Haíhor,
Esse festival dura cinco dias e,
•coma. 0' nome sugere, envolve :er
ingestão de quantidades excessi
vas de vinho e cerveja. Embora k
alguns participem exclusiva-
' mente para desfrutar de bebida
e dança comos amigos, muitas
pessoas utilizam, o estado de- - y l
::. embriaguez • como . meio- de '{•jí
comunicação com ã deusa.
As festividades começam com .,. |
uma oferenda para amadas deusas de
cabeça de leoa,, Mut au Seknmét, e a
cerveja bebida ~ pelo menos inicial
mente ~ é vermelha, em referência à"
crença: de q.ue Sekhmet uma vez quase
.chegou a. destruir toda 0 "humanidade/
só porque foí enganada ao beber
••," ace.rveiacoiorídq:devermeího.:,
já. • '•• o qual ela pensava: ser .sangue,
fcj, ' ÚmQ. vez concluída essa
ijf parte, asfestividades passa-
^ f f \ j . . .. râo para a- aldeia:, em ceie-
1 Cf- •• brações mais- orientadas.
',$" f ::'"' -"para a: família,
G U I A D O V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : E G I T O
ESPORTES AQUÁTICOS
^ s * * ^ - ^ - * ^ , . . .
' .\^,^ - f l
O NILO É O GRANDE RESPONSÁVEL PELO CA-
RÁTER TANTO DO E G Í T O COMO DOS EGÍPCIOS,
E É TAMBÉM FONTE DE MUITO PRAZER. T o D O S
OS EGÍPCIOS NADAM DESDE A TENRA IDADE,
EMBORA SEJA PRECISO TOMAR CUIDADO COM O
.-*' " " ^ " _ J ^ y / - " LOCAL-> p o l s ° NILO ABRIGA MUITAS CRIATU-
_ —' RAS PERIGOSAS. H Á , PORÉM, VÁRIOS CANAIS
E VIAS MARÍTIMAS QUE FLUEM DO N l L O , OS
QUAIS SAO QUASE TOTALMENTE ISENTOS DE PERIGO E ESTÃO DISPO
NÍVEIS PARA QUE TODOS POSSAM NADAR.
Para o visitante mais rico, uma viagem de atividades no pântano
de Fayum é obrigatória. Esses pântanos estão repletos de vida selvagem, e a visita já valeria a pena apenas pelas paisagens, além da oportunidade de ver várias espécies de peixes, aves, borboletas, gafanhotos e rãs. O excursionista mais ativo pode participar de pescarias e caçadas de aves selvagens, ambos passatempos populares - tão populares, de fato, que há em circulação um
texto intitulado Prazeres da Pesca e da
Caça de Aves Selvagens. Existem muitos modos de fazer ambas as atividades, dependendo de sua motivação.
A PESCA
As redes são empregadas para pegar peixes em grandes quantidades, tanto para a alimentação como para a venda no mercado. Dois barcos navegam em conjunto com uma rede esticada entre eles, enquanto uma
Arpoando peixes nos pântanos de Fayum.
D I V E R S Ã O E C O N Ó M I C A
Um caçador atlético
atinge sua presa
com uma vara de
arremesso cuidadosa
mente mirada.
7M * s^-»»/
pessoa na barca bate na superfície da água com uma vara larga para atrair os peixes até a rede. Porém, os viajantes mais atléticos podem querer exibir suas habilidades com uma lança, ao arpoarem os peixes que passam por cima de um franzino esquife de papiro. Se isso parece um pouco precário demais para seu gosto ou se você prefere um passeio mais relaxante, porque não pescar com anzol e linha, e colocar seus pés na beira dos pântanos ou mesmo na piscina do jardim de seus aposentos? Esse método de pescaria talvez não produza os mesmos resultados que a pesca com rede, mas pode proporcionar uma tarde divertida; e muitos nobres levam suas famí
lias nessas viagens.
A CAÇA DE AVES SELVAGENS
Outra atividade no pântano, no mesmo estilo, é a caça de aves selvagens — a captura de pássaros. O caçador mais sério pega os pássaros lançando uma grande rede sobre os juncos, esperando pacientemente até que eles sejam perseguidos nos arbustos por um homem aos gritos ou por cães ou gatos. Esse método permite capturar
centenas de pássaros que podem ser vendidos no mercado ou comidos no final do dia. Novamente, porém, há um método mais divertido que pode interessar ao viajante atlético - o uso de uma vara de arremesso, que exige um bom equilíbrio quando a vara é lançada desde a bordo de um esquife de papiro. Para desentocar a caça, gatos treinados correm pelos pântanos ao longo da beira da água, perseguindo os pássaros; como eles voam para o ar, o caçador arremessa sua lança curva com a maior força possível e qualquer pássaro atingido é recuperado de onde eles caem pelos gatos.
Não se surpreenda se os egípcios deixarem oferendas queimadas para Sobek, o deus de cabeça de crocodilo, antes de partirem depois de uma tarde de pesca ou caça de aves selvagens. Isso, simplesmente, deve garantir que os crocodilos não se incomodem com os intrusos nos pântanos. No final da viagem, os egípcios oferecerão um pouco do que foi apanhado durante o dia para os deuses, em agradecimento pelo retorno em segurança. Você não terá nenhum problema se participar desses rituais.
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G U I A DO V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : E G I T O
ESPORTES EM GERAL
COMO TODAS AS PESSOAS, OS EGÍPCIOS GOSTAM DE ESPORTES
COMPETITIVOS. A MAIORIA DOS ESPORTES PRATICADOS NAS RUAS
DE TEBAS TEM SUAS RAÍZES NO TREINAMENTO MILITAR. O MAIS
POPULAR É A LUTA LIVRE, PRATICADA HÁ MAIS DE MIL ANOS. N O S
ÚLTIMOS CINCO SÉCULOS, MAIS OU MENOS, A LUTA LIVRE TAMBÉM
SE DESENVOLVEU COMO ESPORTE DE EXIBIÇÃO, PARA MOSTRAR A
FORÇA, A HABILIDADE E A RESISTÊNCIA DOS PARTICIPANTES — E
MUITAS VEZES FAZ PARTE DE APRESENTAÇÕES MILITARES.
Normalmente, os lutadores competem nus, embora às vezes
um cinto seja usado para permitir melhor aperto. Embora possa parecer tentador, apenas os corajosos devem considerar a participação, visto que as regras são frágeis - na melhor das hipóteses - e um concorrente pode agarrar qualquer parte do corpo para incapacitar seu adversário!
As exibições de luta livre muitas vezes são acompanhadas pela luta de varas, outra demonstração de força e habilidade. Em algumas apresentações práticas, os lutadores utilizam hastes leves de papiro em vez de varas
A luta livre egípcia é brutal, sem
nenhum agarramento proibido!
de madeira, ao passo que os soldados, e muitas vezes os praticantes de rua, geralmente lutam com varas de cerca de 2 cúbitos de comprimento com ambas as mãos, ou uma vara simples em uma das mãos e uma defesa pro-tetora por cima do pulso da outra.
C O R R E R E S A L T A R
Outros esportes competitivos incluem a corrida e o salto. Em geral, a corrida é vista como um esporte de resistência e é realizada em longas distâncias, sob calor extremo. Muitas vezes, soldados podem ser vistos correndo uns contra os outros, com direito a premio e apresentação do vencedor; porém, talvez você queira participar de uma corrida menor que acontece nas ruas da cidade.
Outro esporte especialmente popular entre os homens é o salto, considerado exibição de força. É bastante simples: cada concorrente pula verticalmente de uma posição em pé e aquele que pula mais alto é declarado o vencedor. Crianças, muitas
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D I V E R S Ã O E C O N Ó M I C A
O Q U E HÁ P A R A VE,K . ':; 1
As CORRIDAS DK BICAS I
Pata o viajante intrépido inte
ressado em corridas de bigqs, Kam
el 'Abd, um lugar antigo perto da;
cidade de "Ater» está em Esplendor",
ao sul dé Tebas, merece a: visita,
O local pode parecer estéril,
mas com um pouco de imaginação
a esplendor das corridas dé bigas
pode ser revivido.
A característica principal é uma
estrada reta que segue até alcançar
a base dos penhascos. A estrada,-
porém, não é pavimentada e não
teve manutenção durante um século.
vezes, podem ser vistas disputando o precursor desse esporte em forma de "barreiras humanas". Duas crianças sentam-se uma de frente à outra com os braços e as pernas esticados, formando uma barreira, enquanto outra tenta pular por cima dos braços.
O esporte também foi incorporado em alguns festivais religiosos e sua relação com a religião data, no mínimo, do reinado de Pepi Neferkara. Um ritual como esse é composto de quatro postes escorados contra um poste central que os escaladores disputavam como parte de um ritual de fertilidade. Alguns homens mantêm cordas atadas aos poios exteriores para estabilizá-los
Para obter uma boa visão das j
corridas, os observadores deveriam j j
subir por uma' rampa especialmente •
construída cortada no penhasco ',.1
circundante:, em yma: plataforma ,
retangular que exibe os restos de sete. j j
estruturas que formavam o povoado
temporário dos vigias e guardas para
quando o rei Amenhotep Nebmaatra -
vinha ac lugar. Por que não seguir . ]
os passos deles montando urna bar-
raça na plataforma para observar j
o mundo e â estrada embaixo desse
mirante privilegiado? ".
\ m m w . - « - * * • • • • •'•• "i ' /
Três rapazes brincam de "barreiras
humanas".
ou — se o escalador estiver em boa forma - para realizar a tarefa mais duramente, agitando-os. Se você vir um adulto subindo em árvores ou poios em volta da cidade acredite, talvez ele esteja treinando para esse ritual.
105
G U I A D O V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : l i e I T O
CAÇA
T A N T O PARA OS H A B I T A N T E S LOCAIS COMO PARA OS TURISTAS, A
C A Ç A , N O E G I T O , É U M PASSATEMPO POPULAR. O S DESERTOS Q U E
RODEIAM O V A L E DE N I L O SÃO RICOS EM A N I M A I S DE G R A N D E PORTE,
COMO L E Õ E S , LEOPARDOS, TOUROS SELVAGENS, AVESTRUZES, A N T Í L O
PES, VEADOS E G A Z E L A S , TODOS ADEQUADOS AOS C A Ç A D O R E S MAIS
E X P E R I E N T E S . A N T I G A M E N T E , OS EGÍPCIOS PRECISAVAM CAÇAR PARA
C O M E R , MAS NA RICA S O C I E D A D E DE HOJE ISSO NÃO É M A I S N E C E S S Á
RIO, EMBORA TUDO O Q U E SEJA MORTO A INDA P E R T E N Ç A AO CAÇADOR.
A pesar de muitos grupos pequenos realmente se arriscarem a caçar
no deserto, pode ser melhor tentar conseguir uma vaga em uma caçada organizada em grande escala, em que os animais são "emboscados" por uma linha de caçadores que utilizam cáes para desentocar as presas. Durante essas caçadas é possível matar centenas de animais e os registros comemorativos de Thutmosis Menkheperre e Amenhotep Nebmaatra registram esses importantes eventos.
A C A Ç A DO H I P O P Ó T A M O
Os hipopótamos, que vivem em abundância no Nilo, também são populares entre os caçadores. Mas eles são extremamente perigosos - especialmente quando protegem os mais jovens - e já custaram a vida para muitos egípcios. A caça do hipopótamo é praticada há mais de 1.500 anos, embora originalmente só a realeza gostasse dela - tanto pela exibição de coragem física como pela simbologia de superar o demónio
— mas agora os escalões superiores da sociedade adotaram-na mais amplamente como esporte.
Só os valentes ou os imprudentes aceitam o desafio de caçar hipopótamos.
106
D I V E R S Ã O E C O N Ó M I C A
H A B I L I D A D E S N E C E S S Á R I A S
Para aproveitar ao máximo a caça
na região de Tebas, você precisa estar
preparado em várias habilidades, e é
possível recuperar suas capacidades
em relativa segurança antes de se arris
car em uma caçada.
A maioria dos caçadores pega
suas presas utilizando arco e flecha,
e o arco composto recentemente
introduzido propicia maior exatidão
de alcance que o arco tradicional.
Varias competições de arco e flecha
oferecem a possibilidade de melhorar,
ou até mesmo de mostrar, sua capaci
dade. Embora inicialmente destinado a
exibir as habilidades do rei, não há nada
que impeça os não membros da família
real de participarem desses torneios, nos
quais o condutor de um carro de com
bate, cavalgando em alta velocidade,
deve atirar contra alvos de madeira ou
de cobre com até 3 dedos de espessura.
Arqueiros especialmente talentosos
são capazes de penetrar o alvo em
qualquer parte do trajeto, ou até atingi-
-lo com mais de uma flecha ao mesmo
tempo. Muitos reis se orgulhavam de
atirar pelo menos quatro flechas de uma
só vez! Como são considerados divinos,
talvez isso nem pareça surpreendente,
mas poucos mortais conseguem equipa
rar seus feitos.
Para caçar animais maiores e peri
gosos - como leões, touros selvagens
e até avestruzes - é preciso utilizar um
carro de combate com uma equipe de
dois cavalos e pelo menos duas pessoas
na prancha de direção: um controla as
rédeas e o outro as armas. A corrida de
bigas de alta velocidade - espontânea ou
planejada - no deserto, é um meio útil
para aprender a conhecer o terreno.
Além do arco e flecha, alguns con
dutores também sentem que uma lança
fornece proteção útil se um grande
animal chegar muito perto. A destreza
com o arpão é essencial para pegar e
matar hipopótamos.
A prática do tiro ao alvo a partir de um carro de combate rápido em movimento é um grande teste da habilidade.
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G U I A D O V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : E G I T O
JOGOS DE TABULEIRO
O S J O G O S D E T A B U L E I R O S Ã O P A S S A T E M P O S M U I T O P O P U L A R E S N O
E G I T O , C O M T O D O S , I N C L U S I V E O P R Ó P R I O R E I , J O G A N D O - O S . A O
VIAJAR P E L O E G I T O , V O C Ê V E R Á P E S S O A S D I S P U T A N D O J O G O S IM
P R O V I S A D O S EM TABULEIROS PROVISÓRIOS, ESCULPIDOS EM PISOS
D E P E D R A OU D E S E N H A D O S NA A R E I A , E U S A N D O P E Q U E N O S S E I X O S
C O M O P E Ç A S . O U T R A S P E S S O A S T Ê M T A B U L E I R O S E L A B O R A D O S , A L
G U N S GRANDES E QUE FICAM EM CASA, OUTROS MENORES E PORTÁ
TEIS, COM ESPAÇO PARA GUARDAR AS PEÇAS NA BASE.
SENET há mais de mil anos. Hoje, cada O jogo de tabuleiro mais comu- jogador tem cinco peças (ou "dança-
mente jogado é o senet, o "jogo rinas"), e o objetivo é movimentar as de passar", disputado em um tabu- peças pelos 30 quadrados, trocando leiro de 30 quadrados ou "casas", em de direção no final de cada linha até linhas de dez. É um jogo da estraté- que todas as peças tenham se movi-gia e versões do mesmo são jogadas mentado pelo tabuleiro. O número
Um jogador de senet prepara-se para fazer sua próxima jogada.
toS
D I V E R S Ã O E C O N Ó M I C A
Um elaborado tabuleiro de "cães de caça e chacais"
mostrado no meio do jogo.
de espaços em que uma peça deve se movimentar é determinado pelo lançamento de quatro "varetas de arremesso" (varetas de madeira com um lado claro e um lado escuro) e pela observação da combinação resultante. Alternativamente, sáo utilizados um ou dois ossos de canela de carneiro ou, ainda, peças esculpidas em marfim de quatro tipos: chato, côncavo, convexo e torcido. Cada lado tem um valor numérico e a combinação arremessada determina o movimento.
Nos primeiros anos, o senet era um jogo puramente recreativo, mas atualmente se misturou também com o culto funerário, e vencer um jogo na vida após a morte ajuda no renascimento. Talvez por isso seja tão popular; as pessoas sentem a necessidade de praticá-lo antes de morrerem. O jogo foi até incorporado no capítulo 17 do Livro dos Mortos, e a cena também é reproduzida em muitos papiros e até mesmo nas paredes das tumbas.
109
GUIA DO VIAJANTE PELO MUNDO A N T I G O : EGITO
M Ú S I C A E C A N T O
No EGITO, NENHUM FESTIVAL PÚBLICO OU RELIGIOSO, BANQUETE
ou CELEBRAÇÃO, ESTARIA COMPLETO SEM MÚSICOS E CANTORES.
D E FATO, A MÚSICA E A CANÇÃO SÃO TÃO POPULARES QUE ESTÃO
INTEGRADOS EM TODOS OS ASPECTOS DA VIDA.
Para as pessoas que têm empregos monótonos, como esmagar uvas
nos vinhedos ou puxar redes de pesca, uma canção bem conhecida tanto serve para manter o ritmo de trabalho como ajuda a passar o tempo. Portanto, não fique surpreso com o canto constante nos campos e nas oficinas. Em geral, as letras dessas canções não são esctitas, mas, se escutar cuidadosamente, é provável que você consiga captar o suficiente pata participar — mas tome cuidado, talvez se surpreenda com as palavras rudes nos versos das canções dos pescadores.
A música e o canto são tão importantes para o povo egípcio que existem divindades associadas a essas
As cantoras dos templos praticam sua
arte acompanhadas por uma tocadora
de sistrum.
atividades, a saber: Bes, Ihy e Hathor. Além disso, acredita-se que o deus que criou tanto a música como o canto seja Thoth, o deus da sabedoria. Essa conexão religiosa garantiu que a música e a canção desempenhassem um papel importante dentro dos templos, e muitas procissões e rituais são acompanhados por mulheres musicistas que sacodem o sistrum (um guizo sagrado) e o menat (um colar enfeitado com pérolas ou contas) enquanto uma cantora entoa orações e hinos junto à música. Essas musicistas dos templos gozam da mais alta estima, e ainda mais como animadoras de banquetes, sendo tratadas com muita teverência e respeito.
Cantotas e musicistas estão disponíveis para serem contratadas como animadoras profissionais de celebrações privadas ou públicas. A maioria dos banquetes da classe alta terá um grupo de mulheres artistas escassamente vestidas tocando alaúdes, harpas, chocalhos e flautas, acompanhadas pot batidas de tambor ou aplausos para marcar o ritmo. Durante todo o tempo, dançarinas insinuantes circulam no meio dos hóspedes, balançando os cabelos de um lado para o outro. Algumas até
D I V E R S Ã O E C O K Ò M Í C A
amarram pesos aos cabelos para torna- CANÇÕES DE AMOR
-los mais controláveis. Ao perambular pelas ruas de Tebas As grandes casas particulares à noite, muitas canções de amor podem
também podem contratar uma har- ser ouvidas cantadas por famílias que pista, quase sempre cega, para for- gostam de passar algum tempo reuni-necer entretenimento à tarde, ou em das ou por trabalhadores embriagados
jantares festivos íntimos. Embora que descansam depois de um dia longo, alguns nobres sejam capazes de tocar Tais canções variam em estilo e dura-instrumentos e as paredes das grandes çáo: algumas são cantadas por homens, casas às vezes reverberem ao som de outras por mulheres; algumas contam harpas ou flautas, eles jamais tocam os sofrimentos do amor, enquanto em público, pois fazer isso é conside- outras oferecem descrições românticas rado de posição social inferior à deles. da beleza e de parceiros idealizados.
::R]
O Q U E HÁ PAK* VÉK
A MÚSICA POPULAR
Uma canção popular do moimento fala a; respeito de um filho de Seti
Menmaátra, irmão dpatuai rei Ramsés. A cançãodescreve o dilema de um
admirador que demora o ser aceito pelo; príncipe Mehy, para se tornar um
dos cortesãos reais: •
O meu coração, pretendia ver a sua beleza,
• Para assentar-sè dentro dele.
Encontrei Mehy nâ beira do caminho;
Junto coro seus jovens companheiros.
Bi sábia não como me retirar da frente dele.
Devia passar por ele, corajosamente?
to, o rio, é o caminho,
Não vejo lugar para meus pés.
Tolo é você, ó meu coração valente,
Por que seguiu atrás de Mehy?
Observe, se eu passar diante dele,
Contarei dos meus rodeios;
"Obserye, sou seu"direi a ele, ''-".•"
E ele vai se orgulhar do meu nome,
Destinando-me ao palácio interior de um de seus seguidores.
i n
G u rA D O Vi ,- I N U O A N T I G O ; E G I r o
D A N Ç A
A S S I M C O M O A M Ú S I C A E O C A N T O , A D A N Ç A T A M B É M É P O P U L A R N O
E G I T O . A S C O M P A N H I A S D E A R T I S T A S DE D A N Ç A S Ã O UMA F O R M A
M U I T O P O P U L A R DE E N T R E T E N I M E N T O P A R A B A N Q U E T E S E E V E N T O S
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G E R A L , E L A S FAZEM P A R T E DA M E S M A C O M P A N H I A D E A R T I S T A S ,
S E J A D E A N I M A D O R E S R E L I G I O S O S OU D E B A N Q U E T E S , E P O D E M S E R
A G E N D A D O S C O M O UM P A C O T E C O M P L E T O .
A lgumas dançarinas também
tocam instrumentos, e é muito
comum a animadora utilizar o tam
borim como parte da rotina — a fim
de manter seu próprio ritmo. As dan
çarinas vestem pouca roupa, às vezes
apenas um cinto e um colar, embora
algumas usem vestidos diáfanos de
linho de alta qualidade, o que ainda
deixa muito pouco para a imaginação.
A maioria das dançarinas é muito ágil
em suas apresentações, pois a acroba
cia desempenha um papel importante
na rotina. Não se sutpreenda se vir
mulheres jovens nuas dando camba
lhotas no ar, plantando bananeiras
e fazendo piruetas no chão; a roupa
limitada ajuda a conservar a agilidade
e a flexibilidade delas.
Embora o traje não seja tão impor
tante para as dançarinas profissionais,
o cabelo muitas vezes é usado como
parte integrante da apresentação.
Uma rotina de exercícios, chamada
de dança ih, talvez pareça muito
bizarra para o recém-chegado, pois as
dançarinas têm o cabelo compensado
pot bolas, e elas os arrastam no chão
para exibir a flexibilidade. Mesmo em
danças mais banais, o cabelo quase
sempre é usado na rotina; seja com
pensado ou não, é sacudido etotica-
mente, primeiro escondendo e depois
revelando o rosto. Por isso, raramente
as dançarinas usam perucas, já que,
de preferência, elas deixam o pró
prio cabelo crescer de acordo com as
modas modernas, e, às vezes, acres-
WHtw Uma companhia de
artistas de dança anima
uma reunião pública.
r i%
D I V E R : Ec
Os dançarinos de Muu executam o ritual que permite a entrada de uma
procissão funerária em uma necrópole.
centam apliques para dar volume ao mesmo, tornando-o, assim, mais atraente.
Dançarinos sáo parte essencial dos rituais funerários, com uma companhia de artistas masculinos conhecida como os dançarinos de Muu se apresentando regularmente. Há três tipos de dançarinos de Muu: dois têm o uniforme de saiotes e altos enfeites de cana para a cabeça, enquanto os terceiros não têm chapéus e sempre dançam aos pares. O primeiro grupo utiliza gestos de máos específicos para dar permissão para a procissão do funeral entrar na necrópole, os segundos guardam a necrópole a partir de um alto ponto de observação, e os membros do terceiro grupo dançam aos pares como parte do ritual de proteção.
QUEM PODE DANÇAR?
Não há restrições para quem desejar tornar-se dançarino, embora algum adetismo seja necessário. Não existe treinamento formal, mas, como outras
profissões no Egito, há um esquema de ensino; assim, o aprendiz em potencial deve encontrar um dançarino que se tornará seu mentor e lhe ensinará os fundamentos básicos. Algumas pessoas - anões e pigmeus do sul principalmente - são de fato estimulados a entrarem para a profissão, pois muitos egípcios consideram-nos engraçados - embora eles também sejam empregados em algumas exibições nos templos.
Homens e mulheres nunca dançam em conjunto. Embora existam dançarinos e dançarinas, ambos trabalham em grupos separados. Quando são executadas danças aos pares, elas são efetuadas por membros do mesmo sexo, e os dançarinos refle-tirão exatamente cada movimento do outro, exibindo a habilidade e a prática consideráveis que sáo necessárias aos animadores profissionais. Mas, apesar de tudo isso, durante sua viagem a Tebas, por que não contratar um dançarino por uma tarde para tentar aprender alguns movimentos?
" 3
G U I A D O V1 A J A N r L P F. L O M U N D o A N r i G O : E G I T O
PRAÇAS P Ú B L I C A S
POR CONTA DO CLIMA QUENTE PREDOMINAN
TE NO EGITO — ESPECIALMENTE DURANTE OS
MESES DE VERÃO — MUITAS AT1VIDADES CO-
TIDIANAS REALIZAM-SE AO AR LIVRE, POIS É
SIMPLESMENTE QUENTE E ABAFADO DEMAIS
EM AMBIENTES INTERNOS. EMBORA OS EGÍP
CIOS SEJAM FAMOSOS COMO UM POVO MUITO
SOCIÁVEL, EM GERAL AS PRAÇAS PÚBLICAS
NÃO FAZEM PARTE DO PROJETO DA MAIORIA DAS ALDEIAS E CIDA
DES, MAS VOCÊ DESCOBRIRÁ QUE MUITAS VEZES UM ESPAÇO ABERTO
DENTRO DE UMA ALDEIA OU NA ÁREA AO REDOR FOI ADOTADO PELOS
HABITANTES LOCAIS COMO PONTO DE ENCONTRO.
Mesmo com a existência desses pontos de encontro, os al
deões também se reúnem em santuários locais, em tumbas e capelas, para se inteirarem dos fuxicos e das novidades locais, assim que termina o culto. Eles também podem se encontrar no Nilo, enquanto pescam, tomam banho ou lavam roupa.
E N T R A N D O E M C O N T A T O
Mas esses espaços públicos não sáo úteis apenas para as pessoas se encontrarem para conversar, eles também são valiosas áreas para a realização de negócios, e recomenda--se que qualquer visitante de Tebas localize um desses locais. Essas áreas públicas fornecem um ótimo lugar para as pessoas ouvirem as últimas notícias, muitas vezes trazidas por mensageiros do rei, das forças mili
tares ou de outras partes do Egito. As companhias de artistas de dança e os músicos às vezes até realizam apresentações ad hoc nesses lugares, sempre por um pagamento simbólico ou para anunciar o próprio negócio. Os escribas locais também podem ser encontrados à cata de novos trabalhos, como ler ou escrever cartas, assinar testemunhos ou redigir documentos legais para os habitantes do lugar. Alguns escribas podem se estabelecer como professores nessas áreas e ajudam os rapazes locais a aprenderem os fundamentos básicos da leitura e da escrita em troca de uma pequena remuneração. Eles também podem entreter os aldeões do local com histórias.e poesias, tanto antigas como novas, já que a literatura escrita não está disponível para muitas pessoas no Egito.
1 1 4
D I V 1- R SÁ O ti, C O N Ô M I C A
COMPRA E VENDA
Na ausência de um mercado de verdade, a praça pública é colocada para o bom uso dos habitantes locais que quiserem vender suas mercadorias e para os potenciais compradores que desejarem conferir o que está disponível. Tal área fornece espaço para os agricultores trazerem animais para a venda, permitindo que os potenciais compradores os vejam, e um lugar amplamente conhe-
Í!
eido (especialmente em Tebas ou Mennefer) pode atrair mercadores esirangeiros que queiram vender suas mercadorias viajando pela área. Esse espaço tão público, mesmo não sendo oficial, é parte importante da vida coti-diana da maioria dos aldeões egípcios. De fato, qualquer viajante que quiser ver o "verdadeiro" Egito e, possivelmente, levar algumas lembranças ou presentes para os que ficaram em casa, realmente deve visitar a praça pública.
O Q u i HÁ P A R A VKR
FESTIVAIS
Na época cios festivais,, alguns,
membros cia comunidade recebem do
estado porções extras de comida para
ajudá-los a celebrar e recompensá-los
pelo trabalho realizado. Essa comida
extra às vezes é concedida em grarr
dês quantidades; por exemplo, uma
comunidade pode receber cerca de
í 50 cargas de burros de mantimertfas,
inclusive 9 mil peixes, sâl para seca
gem:, 10 bois prontos para a matança,,
4 cargas de burras de feijões e óleos
doces, 8 cargas de burros de malte
de cevada, 9. mil filões de pão e 8
cargas de burros de sódio, utilizado
para fazer sabão e.pára secar o peixe.
Espera-sè que essas, provisões sejam.
compartilhadas entre a aldeia inteira
e que todos cooperem com: a prepa
ração da comida durante as festivi
dades públicas; •
•Qs. bois sâo mortos e assados em
espetos na centro da aldeia, pois as
cozinhas das casas não são suficien
temente grandes para assar um boi
inteiro. Os peixes são eviscerados e
secados em sai no telhado das casas,
conservando:os por algum tempo. Não
sé surpreenda com o irresistível cheiro
éa comida, na época dos festivais... Tudo
oque não se consome nessas festas é
. vendido no mercado.
t i 5
G U J A D O V | A | A N T E P !•. LO M U N D O A N T I G O : E C 1 T O
SEXO E PROSTITUIÇÃO
C O M O ACONTECE NO RESTO DO MUNDO CONHECIDO, EXISTEM
PROSTITUTAS E BORDÉIS EM T E B A S ; NO EGITO, PORÉM, A INDÚSTRIA SEXUAL É MUITO FRACA, SENDO ASSIM, FICA DIFÍCIL
INDICAR AONDE IR PARA ENCONTRAR ESSE TIPO DE DIVERSÃO.
M A S , EM CIDADES METROPOLITANAS, COMO T E B A S OU M E N N E -
FER, HAVERÁ MULHERES DISPONÍVEIS PARA ISSO, BASTA APENAS
SABER PARA ONDE OLHAR.
Algumas cantoras e dançarinas profissionais podem prestar
favores sexuais por dinheiro, mas náo compensa fazer propostas assim a uma dama a menos que você tenha certeza a respeito daquilo que ela está oferecendo; como as rotinas de exercícios e os trajes são eróticos por natureza, isso nem sempre é indicação de que o resto também está em oferta.
Em Tebas são abundantes os rumores sobre as "prostitutas sagradas" — sacerdotisas que executam atos sexuais nas estátuas dos deuses, quase
como se o fizessem em nome dos próprios deuses. O título para essas sacerdotisas é a "Mão de Atum" — a história da criação conta que o deus Atum se masturbou para criar a geração seguinte de deuses. O que realmente a "Mão de Atum" precisa fazer em nome de seu cargo é desconhecido, mas os boatos são numerosos. A "Esposa do Deus de Amon" é outro título religioso ao qual foram anexadas conotações sexuais, embora novamente a verdade sobre o assunto seja impossível saber, já que as funções do
As O U T R A S
Boatos podem sugerir que na aldeia dos trabalhadores, conhecida
localmente como o "Lugar da Verdade", e também possivelmente no local
de Abdju, haja um grupo de mulheres conhecidas como as "outras", que
provavelmente são prostitutas. As "outras" são mulheres solteiras que vivem
juntas e sem maridos, sendo que algumas delas têm filhos. Porém, diferente
do que acontece em algumas outras sociedades, essas mulheres são aceitas
como membros legítimos da comunidade e, devido à natureza relaxada da
sexualidade no Egito, embora o matrimónio seja considerado preferível, não
é pré-requisito para a atividade sexual.
H6
> I V E R S A O E<
Um papiro popular, cómico e erótico mostra um cliente idoso se escondendo das prostitutas embaixo da cama.
papel dela são guardadas em segredo. Contudo, a pergunta que realmente surge em relação a esses títulos religiosos é se o pagamento que essas sacerdotisas recebem é pelo papel religioso delas em geral ou, especialmente, pelos atos sexuais; e, se este for o caso, elas realmente podem ser classificadas como prostitutas?
A S S U N T O D E L E I T U R A
Um papiro de caricaturas eróticas está circulando atualmente em Tebas — ele trata de um bordel e ilustra algumas atividades realizadas no local. Os clientes são vários homens idosos de classe mais baixa, identificados pelas características cabeças meio carecas e pelas tangas, que ficam abertas na frente e caídas para baixo nas costas, de maneira pouco nobre. Todos eles têm membros enormes e estão se divertindo com as jovens senhoras casadoiras em várias
posições, algumas delas de aparência quase improvável. Uma cena especialmente divertida mostra que um dos clientes idosos se esconde, por falta de melhor palavra, debaixo da cama devido ao cansaço. A prostituta está dando uma espiada pela beira da cama, na desesperada tentativa de persuadi-lo a continuar. Se você tiver a oportunidade de ler uma cópia, certamente dará boas risadas; mas, é bom dizer, isso não serve para os olhos dos jovens ou dos puritanos!
Um aspecto da transação sexual não revelado no papiro erótico é o pagamento no final (ou no começo, dependendo da mulher). Isso é algo que obviamente precisa ser negociado entre o cliente e a mulher, mas tenha em mente que ela provavelmente não vai querer o pagamento em moedas de cobre, mas sim em mercadorias, como linho, jóias, comida ou animais domésticos.
117
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CONSIDERAÇÕES
PRÁTICAS
Embora os egípcios sejam muito acolhedores, ê sempre
útil conhecer os fundamentos básicos de como andar
pela cidade e adjacências, onde ficar, onde conseguir as
melhores lembranças e qual a comida disponível. Este
capítulo fornece todas as informações necessárias para
que tudo corra bem durante sua visita.
G U I A DO V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : E G I T O
C O M O CHEGAR
O MEIO MAIS FÁCIL DE VIAJAR POR LONGAS DISTÂNCIAS É PELO RIO, E
EXISTEM MUITOS BARCOS DE ALUGUEL AO LONGO DO N l L O . D E P E N D E N
DO DO LUGAR PARA ONDE VOCÊ DESEJA VIAJAR, DIFERENTES BARCOS
ESTÃO DISPONÍVEIS; GRANDES EMBARCAÇÕES MARÍTIMAS, BARCOS ME
NORES D O N I L O E B A R C O S D E P A P I R O P A R A U S O N O S P Â N T A N O S .
EMBARCAÇÕES MARÍTIMAS
Para viagens de longas distâncias, um grande barco mercante de madeira será o meio mais fácil de chegar ao Egito. Os barcos maiores são feitos da madeira de cedro, importada de Biblos, com mais de 37 cúbitos de comprimento. Esses barcos são construídos com o uso de pranchas de madeira longas, amarradas em conjunto com cordas. Quando a madeira e a corda ficam molhadas, a
i ' JÁ 'w/Ill' / / v. I n\ nATv
madeira expande e a corda encolhe, criando uma superfície impermeável. As amuradas são altas nessas embarcações marítimas, suficientemente grandes para receberem muitos remadores e, também, grande contingente de marinheiros. Haverá ainda bastante espaço para alojar os viajantes e suas bagagens. Esses barcos atracam em Pi-Ramsés ou em Mennefer, a partir de onde os passageiros precisarão continuar suas viagens em navios menores ou no lombo de burros.
assèsísísísifei-3 f
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Embarcações marítimas atracam em Pi-Ramsés e Mennefer.
C O N S I D E R A Ç Õ E S P R Á T I C A S
Viagem pelo Nilo em um barco a vela.
B A R C O S A V E L A DO N I L O
Navios de madeira menores são utilizados para viajar no Nilo, se você estiver indo de Mennefer a Tebas, ou de Tebas a Abdju. Construídos tendo em mente a viagem de rio, eles são pequenos, com remos e uma vela para navegação confortável, tanto em direçáo ao norte como para o sul ao longo do rio. Muitos desses navios menores teráo formato papiriforme, parecendo-se com esquifes de papiro, mas sáo mais seguros e mais duráveis do que suas cópias de papiro.
A maioria desses navios terá uma pequena cabine cercada no centro do convés, permitindo que os viajantes tomem sol, e uma capota coberta que propicia um lugar perfeito para a pessoa sentar e observar o belo
cenário e a vida selvagem do Nilo. A cabine cercada tem duas ou três salas dentro, e as portas sáo colocadas de modo que do convés é impossível ver o interior da cabine, oferecendo aos passageiros certo grau de privacidade.
Muitos navios alugados para viagens entre cidades serão acompanhados pelos medjay, e como aviso de sua presença a bordo, eles colocarão seus escudos contra a cabine cercada, de modo que qualquer pessoa ao longo da margem do rio saberá que não deve atacar o barco. Embora em geral o Egito seja seguro, como a maioria dos lugares, a região pode ser perturbada por ladrões, especialmente se o ricaço se aventurar desacompanhado por trechos tranquilos do Nilo.
I Z I
G U I A DO V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : E G I T O
C O M O CIRCULAR PELA C I D A D E
QUANDO ESTIVER NA REGIÃO DE T E B A S , MUITOS PASSEIOS PODEM
SER FEITOS A PÉ, E ESSE É, DE FATO, O MEIO DE TRANSPORTE
PREFERIDO PELOS HABITANTES LOCAIS. VOCÊ NOTARÁ QUE MUITA
GENTE NÃO USA SAPATOS. S E ALGUÉM ESTIVER USANDO SAPATOS,
MUITAS VEZES É SINAL DE STATUS, POIS ISSO MOSTRA QUE O IN
DIVÍDUO NÃO ANDA MUITO, DE MODO QUE SEUS PÉS DELICADOS
PRECISAM DE PROTEÇÃO. PORÉM, É ACONSELHÁVEL, AO ANDAR NO
DESERTO NA MARGEM OCIDENTAL, PROTEGER OS PÉS CONTRA OS
ESCORPIÕES E AS COBRAS.
Melhor do que andar, é possível alugar uma cadeira de trans
porte ou liteira, que exige dois homens (ou quatro, se você for de maior porte), mas isso pode custar caro. Essas liteiras consistem de uma caixa baixa, com encosto e laterais levantados, dentro da qual o viajante pode teclinar-se em almofadas, sentar-se de pernas cruzadas ou até mesmo sentar-se em um banquinho. É preciso um pouco de prática para a pessoa se deslocar confortavelmente, mas isso é considerado uma grande exibição de riqueza e status.
Para viagens mais longas, é aconselhável alugar um burro. Em geral,
A liteira é sinal de luxo.
os habitantes locais utilizam os burros como animais de carga e não serão vistos muitas vezes montando-os, mas a maior parte dos donos ficará feliz de alugados por um preço combinada Alguns burros estão disponíveis com uma liteira amarrada no lombo, o que permite ao viajante sentar-se com algum grau de dignidade. Dito isso, o burro não é o meio mais cómodo para viajar.
o CARRO DE COMBATE
O carro de combate é, sem dúvida, o meio de transporte mais comum em torno das principais cidades. As bigas utilizadas em Tebas são leves, com rodas de quatro raios. As armações são feitas da madeira e cobertas de canas de junco ou couro.
Essas bigas transportam duas pessoas. No caso do contexto militar, seriam o condutor e o arqueiro, ao passo que para viajar pela cidade, esses carros transportam o condutor e o pas-sageiro. O veículo é puxado por dois
C O N S I D 1: R A ç Õ F. S P R Á T 1 C A S
A INTRODUÇÃO DO CAVALO
Embora o burro seja comum no
Egito, o cavalo também é utilizado no
transporte. Ao passo que o burro é um
animal de carga, o cavalo é mais de
elite, tendo sido introduzido apenas um
pouco antes do reinado de Ahmose,
que utilizou cavalos em sua campanha
para expulsar os Heqa Haswt da Egito.
Gradualmente, no século passado, a
nobreza egípcia adquiriu o hábito de
treinar habilidades de equitação desde
a mais tenra idade.
Embora quase sempre os cava
los sejam usados para puxar bigas,
com certeza não é incomum ver um
membro da nobreza montando a
cavalo. O cavalo é equipado com uma
manta arremessada em seu lombo,
para ficar mais confortável para o
cavaleiro, além de rédeas e freio para
maior controle.
cavalos, e é preciso levar em consideração que para percursos de distâncias longas são necessários força e equilíbrio.
Os ESQUIFES DE PAPIRO
Os barcos de papiro são bons para viagens curtas, talvez no Nilo ou nos pântanos de papiros. Você deve verificar se o papiro ainda está verde no barco que escolher, pois isso indicará que o mesmo é, novo. Eles têm uma durabilidade de apenas dois meses, depois perdem a resistência.
Os barcos de papiro mais parecem
balsas, sem o cercado das amuradas, e são afilados em cada extremidade. Esses barcos têm tamanhos diferentes, com os maiores ostentando quase uma dúzia de remos de cada lado.
Os esquifes utilizados nos pântanos têm convés reforçado de madeira e suportam apenas duas ou três pessoas, mas são um pouco mais estáveis, permitindo liberdade de movimentos. Esses são de longe os meios mais seguros de viajar no Nilo, e localmente são conhecidos pelo fato de serem ignorados pelos crocodilos.
Um esquife básico de papiro. »,, .._„_ 9t-
G U I A D O V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : L Í C I T O
ACOMODAÇÕES
T E B A S É U M A C I D A D E A G I T A D A , DE MODO Q U E P O D E SER C O M P L I
C A D O ENCONTRAR ACOMODAÇÕES, ESPECIALMENTE PORQUE NÃO
E X I S T E M H O T É I S OU T A B E R N A S O F I C I A I S . P O R I S S O , É E S S E N C I A L
E N C O N T R A R U M A F A M Í L I A D ISPOSTA A A L U G A R U M A S A L A O U SULTE.
P O R T A N T O , VÁ ATÉ A P R A Ç A P Ú B L I C A DO B A I R R O E FAÇA P E R G U N
TAS POR L Á . A s FAM(L IAS N O E G I T O SÃO G R A N D E S E AS C A S A S
P E Q U E N A S , E MUITAS V E Z E S O ESPAÇO É A P E R T A D O . M A S NÃO D E
S A N I M E , POIS AS ACOMODAÇÕES SÃO DE BOA QUALIDADE E VOCÊ
SERÁ TRATADO COMO MEMBRO DA FAMÍLIA.
Oestilo das casas no Egito é bem básico, e a casa média é com
posta de quatro ou cinco salas, uma cozinha e um telhado horizontal. Todas as casas são construídas de tijolos de barro, com vigas de madeira cobertas por canas de juncos e barro, formando o telhado. Algumas casas ainda contam com um andar superior, alcançado por uma escadaria de pedra, quase sempre do lado de fora do edifício para economizar espaço dentro da estrutura. Há três tipos de acomodações disponíveis: casernas, grandes mansões e pequenas casas rústicas de bairro ou aldeia.
C A S E R N A S
Para os militares e alguns trabalhadores temporários, existem as casernas em galerias. Durante parte do ano, contudo, essas casernas ficam vazias, e são perfeitamente adequadas como acomodações de curto prazo.
Cada galeria acomoda até 40 homens em plataformas levantadas. Essas galerias são acessadas por uma
entrada fora do eixo que leva, na frente, a uma área aberta, colunada, e depois, nos fundos, a quartos privativos e grandes (alojamentos de supervisores), com uma área de cozinha na parte de trás.
Há uma grande área de jantar adjacente aos quartos de dormir, composta de uma sala sustentada por pilares cheia de bancos construídos de tijolos de barro. As casernas, apesar de básicas, são ideais para grupos que pretendem caçar ou pescar, pois possuem grandes cozinhas para preparar os proventos do dia. E possível também contratar uma família local para organizar as áreas de dormir além de preparar e cozinhar a comida.
A L U G U E L , D E P R O P R I E D A D E
Os viajantes que quiserem pequenos luxos devem alugar salas no centro da cidade. As casas medianas na cidade são pequenas e básicas, enquanto as casas maiores podem ter uma série de salas pequenas, depósitos e salas maiores colunadas, que ficam de frente para
17.4
C O N S I D E R A Ç Õ E S P R Á T I C A S
O ponto de encontro focal é o melhor lugar para encontrar acomodações.
pátios internos. A maioria das casas modações mais luxuosas. Se este for abre-se para a rua e são térreas, com o caso, então por que não alugar uma uma escadaria que leva ao telhado suite em uma mansão de elite? As man-plano. Elas também contam com soes podem ser de qualquer tamanho, celeiros para armazenamento e, em mas são compostas de várias suites
alguns casos, para o enterro de crian- menores, cada uma seguindo o esquema ças. As casas são caiadas de branco e as de pequenas casas rústicas. As principais portas pintadas de vermelho. áreas de convivência de uma grande casa
As casas menores, rústicas, seguem de elite serão arranjadas em volta de um o modelo geral composto de quatro pátio aberto com uma piscina de água cómodos, com uma primeira sala que no centro e uma colunata na borda, se abre para a rua, e o telhado plano As áreas de banho em cada suite
sendo utilizado para armazenamento consistem de uma sala de chuveiro ou espaço extra para dormir. ou banheira. Muitas salas também
Essa primeira sala também é ado- possuem belos murais pintados, rada como lugar de culto, enquanto a telhas coloridas e mosaicos no piso, segunda terá uma grande plataforma dando a sensação de grande luxo. no centro, coberta de almofadas, a qual é utilizada como assento durante o dia e como cama à noite. Janelas altas deixam entrar a luz, e muitas vezes há acesso para um celeiro de armazena-
ACAMPAMENTOS
Para os realmente aventuteiros, por que não acampar no deserto que circunda o Vale do Nilo? Barracas ou
mento. A terceira sala serve como área tendas estão largamente disponíveis e de trabalho, despensa e área de dormir são feitas de couro, lã ou linho grosso das mulheres, e provavelmente será a sala alugada para os viajantes.
A cozinha fica atrás da casa, em uma área murada, mas aberta, com um forno de barro e um silo para guardar os grãos excedentes.
Alguns turistas talvez desejem aco-
drapeado por cima de estacas de madeira. Não é aconselhável acampar sozinho, sendo melhor contratar alguns guias beduínos locais, que fornecerão tendas convenientes, impedirão que você se perca e indicarão onde ficam os poços naturais.
r i 5
(.1 i: IA n O Vi A J A N T E P E L O M U N D O A N I i G O : Li c, i T O
Usos E COSTUMES
O S EGfPCIOS SÃO ZELOSOS DE COSTUMES, COMPORTAMENTOS A D E
QUADOS E CONHECEM SEU LUGAR. H A MUITOS TEXTOS CIRCULANDO
CONHECIDOS COMO " I N S T R U Ç Õ E S " , SENDO, EM GERAL, ESCRITOS
POR PAIS QUE ACONSELHAM SEUS FILHOS SOBRE O COMPORTAMEN
TO ADEQUADO.
Essas "instruções" são claras em assuntos como comer na
companhia de outras pessoas, uma vez que o fato de comer demais é especialmente considerado falta de educação. O hóspede deve comer frugalmente, não deve ser glutão e lançar-se sobre a comida logo que ela é servida. Mas, por outro lado, considera-se grosseria recusar qualquer coisa oferecida pelo anfitrião.
BEBIDA
Embora seja aceitável beber cerveja e vinho, sendo aquela, de faro, um elemento básico da dieta egípcia, não é aceitável beber em excesso, pois acredita-se que o álcool faça de tolo o homem mais ajuizado, além de fazer com que as pessoas falem mal umas das outras. Os bêbados são detestados na sociedade, e ninguém estenderá a mão para ajudar alguém que caiu por causa da bebida - por isso, deve-se beber o mínimo de álcool.
COMPORTAMENTO
É desejável que o bom cidadão, aquele que respeita a lei, seja tímido e tranquilo, e acredita-se que esse
tipo da pessoa atraia benefícios. Também se considera educado quem só responde quando perguntado. E, especialmente, se você estiver na companhia de superiores, tente ser o mais inofensivo quanto possível.
Considera-se estranho o fato de uma pessoa ser orgulhosa ou hostil, e isso resultará em agressão. Se estiver perto de uma briga, então você não deve intervir, pois o autocontrole é apreciado acima de tudo; até em uma discussão entre amigos e iguais considera-se melhor não participar, já que "o silêncio lhe cairá bem".
DISCRIÇÃO
A discrição também é um traço estimado, enquanto a bisbilhotice é desaconselhada. O que for visto ou ouvido em casas de amigos ou conhecidos deve ser guardado confidencialmente. Quando convidado para ir à casa de alguém, o hóspede deve ser respeitoso, não deve bisbilhotar ou comentar os assuntos da casa fora dela. E essencial, por isso, conquistar a confiança e tentar conservá-la a qualquer custo possível. Os inteligentes, na sociedade, certamente não
126
C O S S I D E li A Ç Õ RS P R Á T I c: A S
devem agir como superiores àqueles que não tiveram o benefício de sua educação e devem consultar tanto o educado como o sem educação, igualmente para 0 aconselhamento, pois acredita-se que o bom conselho e a sabedoria podem ser encontrados nos lugares mais surpreendentes. Por isso, todos devem ser tratados com respeito.
D I C A S P A R A O V I A J A N T E
Como visitante, é melhor ser educado e amistoso com todos; cumprimente as pessoas que encontrar e apresente-se e responda às perguntas que lhe fizerem sem hesitação. Lembre-se de que uma das principais leis do Egito é a de Maat - a verdade ou o equilíbrio cósmico - e, por isso, é melhor ser verdadeiro ou ficar calado.
O QUE HÁ PARA VER
Existem algumas palavras e frases
Interessantes utilizadas, ria "conversa*
ção diária no Egito, que podem surpre
ender o visitante mais Insuspeito. Por
exemplo, não se assuste se for cumpri
mentado com ''que: você possa viver
120 anos". No'Egito, essa. é conside
rada uma idade ideal, e a pessoa está
apenas desejando vida longa a você.
Sé'alguém"fizer a previsão' de que
"você vaí morrer em sua cidade", não
procure os weâpy - mais uma vez,
trata-se de uma frase respeitosa. Nada
é mais horroroso para a mente egípcia
do que falecer longe de sua cidade, de
sua família: e de seus amigos. Como
os egípcios têm práticas fúnebres dife
renciadas, eles se preocupam sé vão
morrer longe de casa e se-IÍÇÍO. serão.
enterrados adequadamente,' para ..que
a vida após a morte não seja afetada.
Os egípcios floreiam bastante sua
linguagem e anunciam ó início de
muitas frases com "pela' marca de" ou
"em nome dê", garantindo que terão
ioda a atenção; além disso, outro
hábito linguístico que você notará, e
que se espera venha a aderir, é que
depois dé cada menção do nome do
rei ou do palácio,, voeê deve responder
com 'Vida, prosperidade è saúde",
como sinal dé respeito e boa vontade
em relação ao soberano divino.
1 2 7
G V IA U O V [ A J A N '! I- P E 1. O M U N D O A X T I G O : E"G 1 I O
ROUPAS E ACESSÓRIOS
COM O CLIMA EGIPCIO SENDO COMO É, AS MODAS EGÍPCIAS SÃO
CENTRADAS NO FRESCOR E, POR ISSO, O ÚNICO TECIDO UTILIZADO É
o LINHO. NORMALMENTE, O LINHO MANTÉM SUA COR NATURAL, QUE
VARIA DO BRANCO A TONS DE MARROM E DOURADO, DEPENDENDO
DA MATURIDADE DO LINHO UTILIZADO PARA PRODUZI-LO. O LINHO
É CARO PARA TINGIR E IMPOSSÍVEL DE SE COLORIR RAPIDAMENTE,
O QUE SIGNIFICA QUE DESBOTARÁ AOS POUCOS.
Embora existam vários acessórios a serem acrescentados a esse artigo
obrigatório, na forma de cintas ou faixas coloridas, xales plissados ou jóias, o item básico de vestimenta tanto para homens como por mulheres é a túnica, uma roupa em forma de T, cujo comprimento pode variar da cintura até os pés, dependendo da escolha pessoal. Muitas dessas túnicas têm mangas removíveis para o verão; um linho mais grosso é utilizado em túnicas de inverno ou para tardes frias.
As túnicas de comprimento na cintura são usadas com saiotes de comprimento até a panturrilha, que consistem de uma peça retangular simples de tecido enrolado em volta do corpo e atada na frente para criar um efeito cheio, em cascata, embora muitas vezes a frente seja mais curta que as costas. A moda no momento é focada no volume - assim, quanto mais tecido você puder incorporar a seus saiotes ou xales, mais rico e na moda você parecerá. Os saiotes são
SSk
pas egípcias tradicio
nais: a túnica básica para
os homens, e a túnica mais
comprida com um xale
plissado para as mulheres.
C O N S I D E R AC Õ E S P R k T K A S
mantidos no lugar com uma faixa ou cinta, quase sempre brilhantemente colorida, com franjas ou enfeites - que se destacam da brancura total do saiote ou da túnica. As mulheres usam faixas, que caem até o chão, e seguram no lugar seus xales ou as elaboradas pregas de suas túnicas.
Embora o desenho das túnicas seja liso, há meios de torná-los mais elaborados com a ajuda de dobras e pregas, seja no còrpete e nas mangas ou na saia. Porém, o modo mais fácil de tornar a túnica exclusiva é com acessórios. As mulheres, muitas vezes, prendem um xale plissado em volta dos ombros da túnica de maneira complicada, criando interessantes pregas de decote ou até mangas cheias - tudo isso com o retângulo do material. Esses xales, muitas vezes, sáo decorados com enfeites ou franjas ou, às vezes, bordados com desenhos coloridos; os xales mais caros são enfeitados com apliques de contas e rosetas.
Muitas túnicas da mais alta qualidade também sáo decoradas com desenhos de tapeçarias, que de fato fazem parte do tecido e sáo utilizados como ornamentos em volta do pescoço aberto, da bainha ou das mangas. Muitas vezes, colarinhos também são actescentados à túnica lisa — e, em geral, também são de linho, mas decorados com tapeçarias, bordados ou contas. Estas são costuradas à túnica e, depois, retiradas, quando são levadas para limpeza.
P R O T E Ç Õ E S P A R A A C A B E Ç A
Para proteger a cabeça do forte calor, os egípcios muitas vezes usam turbantes, e isso é recomendado para todos os visitantes. Não fique surpreso, porém, se a maioria dos egípcios que você encontrar raspou a cabeça como precaução contra os piolhos, precisando proteger a careca sensível contra o sol. A maior parte das pessoas usa um turbante simples feito de um retângulo ou de um semicírculo de linho (conhecido como a touca khat), drapeado por cima da cabeça e do pescoço e preso no lugar com uma banda de linho. Os turbantes são sempre brancos, para refletir o calor, embora os ricos às vezes tenham turbantes coloridos ou com enfeites bordados.
C A L Ç A D O S
As sandálias básicas também estão na moda em Tebas atualmente, com bem poucas diferenças entre as dos homens e as das mulheres. As mais caras são feitas de papiro ou de couro, e as mais comuns sáo feitas de juncos simples do Nilo. Elas têm um desenho simples, com uma correia que passa entre os dedos do pé e uma tira por cima do pé, permitindo que os pés respirem. Para algo um pouco diferente, por que não tingir os juncos para criar sapatos coloridos? Embora a cor não dure muito tempo, você criará um acabamento encantador para seu traje egípcio.
129
G U I A D O V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : E G I T O
C O M I D A E BEBIDA
N Ã O É DIFÍCIL COMER EM T E B A S , MAS NÃO EXISTEM LUGARES COMO
TABERNAS OU RESTAURANTES. C O N T U D O , ALGUMAS CASAS ABREM
SUAS PORTAS PARA OS VIAJANTES E FORNECEM REFEIÇÕES CASEI
RAS E BEBIDAS FRESCAS. E M B O R A HAJA AUTORIZAÇÃO OFICIAL,
FICA SEMPRE CLARO QUAIS CASAS NA CIDADE DÃO AS BOAS-VINDAS
PARA HÓSPEDES. T A M B É M É FÁCIL COMPRAR COMIDA, COMO PEIXE
SECO, FRUTAS, PÃO E CERVEJA, NA PRAÇA PÚBLICA, POR UM PE
QUENO PAGAMENTO — TUDO PREPARADO EM CASA PELAS MULHERES
DAS ALDEIAS.
Em geral, a comida no Egito é a farinha é moída com uma pedra
simples. Muitas vezes consiste socada contra uma placa de pedra, às de peixes e verduras, que são servidos vezes o pão pode parecer um pouco com vários molhos que acrescentam grosso para o paladar do estrangeiro, sabor extra e realçam a textura. Os pães que são feitos são vendi-
A comida fundamental, porém, dos moldados de várias formas que é o pão feito do trigo emmer. Como indicam seus ingredientes, e assim.
t 3 0
C O N S I D E R A Ç Õ E S P R Á T I C A S
existem muitos pães diferentes e saborosos no mercado, inclusive pães de mel e tâmaras.
A maioria dos egípcios não come muita carne em sua dieta, mas o turista rico será capaz de obter carne de vaca e de pato, além de carnes de qualidade mais baixa, inclusive de porcos e aves. A carne é na maior parte assada em cima de uma fogueira aberta, e a gordura é utilizada nos molhos. Os molhos de carne também incluem grão de bico, mel, tâmaras e romãs temperadas com pimenta e alho. E mais comum lhe oferecerem peixe salgado ou seco para comer. O peixe é capturado diariamente no Nilo, coberto de sal, e deixado para secar ao sol. O peixe e a carne são servidos com uma mistura de verduras que inclui pepino, alface e cebolas.
BEBIDA
Outro item fundamental da dieta egípcia é a cerveja, feita de pão de cevada parcialmente cozido ou envelhecido ou de trigo emmer. Essa cerveja parece mais uma sopa do que um líquido, e às vezes pode ser tomada com colher. Conhecida localmente como henket, essa bebida é feita em casa para ser vendida no mercado ou consumida pela família, ou em cervejarias anexas aos templos, para a distribuição oficial como salário. Para o turista mais aventureiro, por que não experimentar a saborosa cerveja? Durante a fermentação, são acrescentados tâmaras, mel e condimentos, que aceleram a fermentação e dão o sabor característico. Essa cerveja é
alcoólica, mas não induzirá a bebedeiras, a menos que tomada em excesso; ela é, inclusive, servida para as crianças, como parte da dieta diária.
Uma alternativa para a cerveja é o vinho vermelho ou branco, uma bebida muito superior. Existem muitos vinhedos em Tebas, e é possível fazer passeios em alguns deles para provar as diferentes combinações de uvas. Alguns vinhedos mais conhecidos, porém, ficam nos oásis de BCharga e Dalda, embora os vinhos importados da Síria sejam particularmente preferidos pelos tebanos e pela elite de Pi-Ramsés; eles são feitos de tâmaras e romãs, em vez de uvas. Os melhores vinhos são aqueles que fermentaram durante vários anos, e alguns vinhedos também acrescentam mel e temperos ao vinho para acentuar o sabor. O vinho egípcio é preferido por muitos estrangeiros, embora possa ter um sabor residual ligeiramente oleoso para quem não estiver acostumado com ele. Se o vinho for um pouco oleoso, acrescente um pouco de água para resolver isso — embora os egípcios não façam o mesmo.
Muito popular na casa real é a shedeh, uma bebida bastante semelhante ao vinho, feita com uvas vermelhas e servida quente; trata-se de uma bebida condimentada, especialmente refrescante para as noites de inverno. A shedeh é muito cara e difícil de encontrar, portanto, se você tiver a oportunidade de prová--la, é aconselhável aceitar. Mas, como todas as bebidas alcoólicas, desfrute com responsabilidade.
i3;i
G U I A D O V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : E G I T O
DINHEIRO
F A Z E R C O M P R A S NO E G I T O P O D E SER U M A
E X P E R I Ê N C I A D I V E R T I D A , E É A L G O Q U E TODO
V I A J A N T E DEVE TER A P O S S I B I L I D A D E DE R E
A L I Z A R , A E C O N O M I A EGLPCIA É B A S E A D A N A
PERMUTA E, POR I S S O , V O C Ê P R E C I S A R Á L E
VAR U M B O M S U P R I M E N T O DE M E R C A D O R I A S
PARA T R O C A - L A S P E L O S A R T I G O S Q U E D E S E
JAR. T R A T A - S E DE U M S I S T E M A DE C Â M B I O C O M P L E X O E, F A Z E N D O
COMPRAS ASSIM, PODE DEMANDAR TEMPO. NÃO ESPERE ESGOTAR O
ASSUNTO EM UM PASSEIO CURTO — VOCÊ PODE LEVAR A TARDE TODA
APENAS PARA COMPRAR DOIS OU TRÊS ITENS.
Não existem locais semelhantes a um mercado, mas, se você
se dirigir para a costa do Nilo, nos portos ou nas praças das aldeias, encontrará bancas onde os comerciantes e os aldeões locais se estabelecem para vender suas mercadorias. Para certas mercadorias, talvez seja necessário visitar os próprios artesãos em suas oficinas ou casas, e, de fato, muitas coisas podem ser feitas sob encomenda se você tiver tempo para esperar.
Negociar preços é uma situação em que as coisas podem ser compli
cadas, pois as mercadorias são trocadas por outras. Porém, há um preço relativo medido em pesos de cobre ou prata, conhecido como deben. A maior parte dos habitantes locais conhece a taxa de câmbio relativa, ao passo que o turista pode ter alguma dificuldade, portanto, tente descobrir quais as tarifas locais de certas mercadorias.
Lembre-se de que os objetos só têm valor se alguém os deseja - então, que tal trazer artigos raros de sua terra natal ou de sua cidade, algo que talvez nem esteja disponível no próprio Egito?
Existe de tudo disponível para se comprar no Egito, dos animais domésticos às jóias mais finas.
132
C O NT S I D E R A Ç Õ E S P R Á T I C A S
O Q i i HA P A R A V t n
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A TAXA DE SAÍDA • ""
Fará evitar que o viajante desprecr'
cupacfo seja extorquido por comerciara
tes espertos, aqui vão algumas dicas de
negócios. £ preciso notar, porém, que
como Tebas rido se. encontra em uma
rota comerciai direta, provavelmente as
coisas serão um pouco mais caras- lá
do que em Mennefer, onde fica o porto.
£m Mènnerer, comerciantes de todas as
partes, podem- .ser vistos vendendo; seus
•produtos:; mas, esse não- é o caso da
Tebas, embota a maioria das mesmas
mercadorias esteja à disposição:,
.' • • • ftaOPA*
Uma; túnica de linho de qualidade
mediana yale cerca d© $ cfêípen de
cobre ou 3 hm (jarros) de óleo, ao
passo que uma tanga triangular cus
tará algo entre 4 e 16 debende cobre.
Se você precisa comprar um novo
par" de. sandálias;, isso .'lhe, custará, até
.3 deben dé. cobre ou" uma tanga, dé-
baixa qualidade.
J Ó I A S "
O ígito é muito conhecido, peja
produção de jóias e é possível com
prar algumas relativamente baratas.
Porém, se você deseja qualidade, terá
de gastar mais. Um colar dé faiança
é a forma mais barata, por 5 deben,
ao passo que um color de lápis-lazúlí
. custará, pelo menos 8 dèben, % um •con- I
trapeso de ouro para um colar saíra
por 30 deben de cobre, quase o preço j
de um burra jovem!
% • • • • • ' • • • ' • ' I
•. A V t T i d ô s 0 f i C o n s u m o • . •]
Muitas mercadorias à venda serão
artigos d© consumo:, comida;, bebidas •
e. "óleo. Os- filões -de pão- sfío vendi
dos a granel, com dez filões custeando
2 deb&n de.•cobre -ou 2 hm de óleo» :j
Uma ânfora grande de cerveja custará
2 deben, e 4 deben compram a mesma 1
quantidade de vinho..
Gomo nao e pratico transportar
balsas dè- cobre- por aí , é "bom saber'
•que: 'umã cabra- pode. ser trocada
pelo equivalente m l -3 : deben, e s$m\ .,
o papiro (prontamente disponível no j
norte) pode ser trocado por 4 deben
de cobre - portanto, é recomendável:
que você verifique se dispõe de papiro
suficiente para negociar, pois é muito
mais leve- de você transportar por aí -• e
talvez também ter um par de cabras â,
disposição.,
133
G U I A DO V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : E G I T O
COMPRAS
H Á MUITAS COISAS PARA COMPRAR AO REDOR DE T E B A S , DESDE
COMIDA E ARTIGOS DE CONSUMO A ROUPAS E MERCADORIAS DE
FUNERAIS. TUDO O QUE VOCÊ QUISER ESTÁ DISPONÍVEL, E MUITAS
COISAS PODEM SER FEITAS POR ENCOMENDA, DE ACORDO COM AS
ESPECIFICAÇÕES PESSOAIS, PORTANTO, É POSSÍVEL COMPRAR ALGO
ABSOLUTAMENTE EXCLUSIVO.
L I N H O
O material mais comum disponível é o linho, pois é disso que a maioria das roupas é feita. Contudo, a qualidade e a espessura variam muito. Quanto mais perfeito, mais caro, o linho da mais fina qualidade será quase transparente. Para peças de roupas de inverno, são utilizados o linho mais grosso ou a lá, e podem ser tecidos em capotes e túnicas de mangas compridas. O linho, basicamente, não será tingido, mas varia do branco a tons de marrom e dourado, dependendo da maturidade se escondendo. Embora a cor não seja muito utilizada, cintas coloridas ou faixas de tapeçaria são feitas para enfeitar os principais artigos de vestuário. E possível encomendar as peças de roupas coloridas necessárias, mas as tinturas não são de cores firmes e irão desbotar quando lavadas.
JÓIAS
Embora as roupas usadas pelos egípcios sejam bem simples, com poucas cores ou enfeites, as jóias deles são bastante requintadas, e
nisso, certamente, o visitante ira investir. Existem jóias de todas as formas, feitas do material que você puder imaginar. Se seu orçamento não alcança as pedras semipreciosas, elas podem ser copiadas em faiança.
A peça de jóia mais comum é o colar solto, feito de uma fiada de contas ou amuletos, que pode ter qualquer formato (ankhs, animais,
As mulheres examinam a qualidade dos produtos em uma oficina de linho.
334
C O ST S I D E R A Ç Õ K S P R Á T I Ç A S
O Q U E H Á P A R A V E R
A COMPRA DE JÓIAS
Ao comprar jóias, você precisa ter
muito claro o que quer e o vafor que
está disposto: a pagar. ,
A grande maioria- das jóias dis
poníveis é de faiança, uma substân
cia colorida parecida com c* barro,
mas feita de areia aquecida, a qual
pode ser encontrada ern várias cores
e formas, © enquanto quente é maleá
vel: Contudo, você precisa saber que
á faiança pode ser produzida para
parecer com qualquer pedra: semi-,
preciosa, e fica quase irreconhecível
« então, cuidado para não ser enga
nado por falsificações. Se, par outro
lado, você quiser jóias de pedra, elas
também estarão disponíveis, mas a
maioria das pedras importadas pode
custar caro. As pedras mais baratas
são a comalína:, a.ametista, o jaspe
vermelho e o cristal de rocha:, pois
estão disponíveis no Egíto; mas a lazu-
lita.de lápis-lazúli, muito na moda, e
o ônix, precisam ser importadas, fato
que se reiete na preço.
Se quiser que essas pedras sejam
montadas, ou que tenham ganchos ou
terminais metálicos, tenha em mente
qu©' a prata é importada, ©, por isso,
mais cara que ó ouro; uma alternativa
extraordinária para ambos é o electra,
uma Combinação dos- dais metais.'
l-z
flores, ou frutas) e, também, de qualquer cor. Para equilibrar o peso, um contrapeso de bronze ou ouro é necessário, suspenso nas costas. Braceletes, pulseiras e tornozeleiras podem ser feitas para combinar com o colar.
Os brincos são de dois tipos, e os mais baratos sáo os de botão ou tampa, que simplesmente mostram uma forma redonda no lóbulo da orelha. Além disso, os outros, do tipo mais caro, formam pingentes, e você talvez mande fazer alguns para combinar com as outras jóias que comprou.
INCENSO
Um produto muito importante no Egito é o incenso. Ele é fabricado localmente a partir de uma combinação de plantas nativas e importadas e de goma de árvore. Os mais caros sáo os chamados kyphi, compostos de 16 ingredientes diferentes, que incluem mirra seca, bagas de junípero, galhos finos de resina de lentisco e feno-grego. São vendidos como pílulas de incenso para perfumar a casa e as roupas ou misturados com mel e moldados em pílulas, utilizados para refrescar a respiração.
'35
G U 1 A D O V í A I A N T E P f I O M l I S D O A N T I G O : E G I T O
TRATAMENTO M É D I C O
I N F E L I Z M E N T E , T O D O M U N D O F I C A D O E N T E , E , C A S O I S S O O C O R R A
D U R A N T E S U A V I A G E M , HÁ M U I T A S P E S S O A S Q U E V O C Ê P O D E VISITAR
P A R A UMA C O N S U L T A . O S M É D I C O S E G Í P C I O S S Ã O O S M E L H O R E S N O
M U N D O , O F E R E C E N D O O T R A T A M E N T O MAIS E F I C A Z . O S M E L H O R E S
M É D I C O S , E P O R I S S O M E S M O O S MAIS C A R O S , S Ã O O S S A C E R D O
T E S , Q U E A P R E N D E M A P R O F I S S Ã O EM C A S A S DA V L D A , A N E X A S
A O S T E M P L O S , S E N D O A M E L H O R E MAIS F A M O S A F U N D A D A P E L O
P R Ó P R I O G R A N D E S Á B I O I M H O T E P EM M E N N E F E R , E M B O R A T E B A S
T A M B É M O S T E N T E A L G U N S C E N T R O S D E T R E I N A M E N T O ( P R I N C I P A L
M E N T E EM K A R N A K ) .
Anatureza da sua doença dita
quem você visitará. Em casos
de mordidas de escorpião ou cobra,
você precisa ver os sacerdotes de
Selqet, que apelarão para a deusa
pela cura. Se, no entanto, você pegar
uma peste, os sacerdotes de Sekhmet
devem ser procurados. Os sacerdotes
apelam para as divindades pelo alívio
da doença que elas próprias causa
ram. O preço do tratamento depen
derá, obviamente, da gravidade da
condição. A facilidade da abordagem
dos sacerdotes também dependerá
da época do ano e da atividade do
templo, mas, se você explicar seu
caso para o porteiro, ele pode abor
dar os sacerdotes em seu nome.
Se os médicos sacerdotais esti
verem um pouco fora do seu orça
mento, médicos leigos podem ser
procurados. Muitas vezes eles são
escribas e você precisará perguntar
pelo médico mais indicado a sua
doença em particular, pois todos
eles têm determinadas especialida
des, inclusive olhos, parto, picadas
e mordidas. O preço do tratamento
será negociado.
O homem egípcio é tratado de suas
doenças pela "mulher sábia".
136
C O N S I D E R A Ç Õ E S P R Á T I C A S
DOENÇAS MENORES
Se a sua doença for menor — cortes, escoriações, diarreia ou dores de cabeça - por que não visitar a mulher sábia da aldeia? Na maioria das aldeias haverá uma mulher treinada nas habilidades necessárias, e é melhor perguntar qual é a mais adequada. Essas mulheres sábias quase sempre são as melhores pessoas para visitar em casos de gravidez e parto, pois elas possuem muita prática nesse campo.
R E M É D I O S FÁCEIS DE P R O D U Z I R
Ao viajar pela região de Tebas, você pode ficar indisposto, mas não deseja
necessariamente contratar os serviços de um médico. Muitos remédios para
queimaduras, indigestão ou diarreia podem ser comprados nas ruas.
Para quem sofre de diarreia, uma boa cura local compõe-se de 1/8
de um recipiente de figos e uvas, massa de farinha de pão, milho em
grãos, terra fresca, cebola e sabugo, tudo misturado e ingerido até que a
condição melhore.
Se você tiver uma indigestão, esmague um dente de cerdo e misture
com massa de farinha de quatro bolos de açúcar. Coma durante quatro
dias e a indigestão deve passar - se isso não acontecer, pelo menos os
bolos são saborosos.
Para queimadura deve ser feita uma compressa com pão de cevada,
gordura de animais e sal, misturando-se tudo e enfaixando por cima da
queimadura para aliviar a dor e diminuir a inflamação.
Um remédio popular na região de Tebas para dores contínuas e dores em
geral é fazer uso do grande deus sol Rá. A área dolorida é untada com óleos
e, depois, exposta aos raios do Sol que curam, o que aliviará a dor. Faça isso
antes de sair à procura do médico e economize a conta salgada.
'37
Como as habilidades dos médicos e das mulheres sábias são passadas de geração em geração, é essencial escolher alguém de uma linhagem longa de médicos para garantir o melhor rraramento. Para garantir sua saúde, use muito kohl em volta dos olhos como proteçáo contra o sol, poeira e moscas e mantenha sua pele bem untada com óleos e perfumes para impedir o ressecamento. Além disso, beba muitos líquidos.
G U I A ri O V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : E G I T O
O C R I M E E A LEI
EMBORA JAMAIS VOCÊ ENCONTRE ESCRITAS AS LEIS DO EGITO, EM
GERAL OS EGÍPCIOS SÃO CIDADÃOS QUE OBEDECEM Ã LEI, E HÁ PU
NIÇÕES SEVERAS PARA OS QUE NÃO O FAZEM. O S MEDJAY FORMAM
A FORÇA DE POLÍCIA LOCAL DE TEBAS E, ASSIM, SÃO RESPONSÁVEIS
PRINCIPALMENTE POR PATRULHAR OS CEMITÉRIOS OCIDENTAIS PARA
IMPEDIR ROUBOS DE TUMBAS. POR CAUSA DISSO, ELES TÊM POUCO
A VER COM O CRIME COTIDIANO, EMBORA SEJAM DEFINITIVAMENTE
UMA PRESENÇA ARMADA EFICAZ NA CIDADE.
Os crimes são tratados com base no indivíduo, e não exis
tem crimes classificados como tal, a menos que a vítima decida prosseguir com a questão. Desse modo, por exemplo, quando ocorre um roubo, o mesmo só é tratado oficialmente se a parte ofendida informar. Geralmente o ladrão precisa devolver as mercadorias roubadas, às vezes com o pagamento de uma compensação - por exemplo, se três cabras forem roubadas, o ladrão terá de devolver quatro.
Tome cuidado, porém, pois essa atitude relativamente leniente não se estende à propriedade do estado. Se
você tentar roubar algo pertencente ao estado ou a um templo, tenha certeza de que tal crime será investigado pela autoridade mais alta, com punições muito severas se for considerado culpado.
PROCESSO DE JÚRI
Os casos suficientemente sérios para serem processados oficialmente são encaminhados ao kenbet ou tribunal, composto de 16 indivíduos da localidade e do vizir. Embora o objetivo seja descobrir a verdade, o kenbet mantém, sobretudo, a ordem pública, e muitas vezes as punições
tuMáM « # » ? ? £ _Jl»IK; 'i~X\_j „_<n.«\« um* O castigo físico é uma
forma comum dz punição administrada
pelos tribunais.
• • • • - : ' . . • • • • . . . . '.....'••:•
i 3 8
C O N S I DE R A Ç Õ FS P R Á T I C A S
são definidas de acordo com a opinião do grande público. Se, contudo, a pessoa mentir no kenbet, ela será processada por perjúrio, e isso pode resultar em pena de morte.
Caso você esteja no kenbet como acusado, é possível subornar o vizir para que o caso vire a seu favor; ou apenas para jurar que você náo vai transgredir novamente, e esse é o modo mais comum de encerrar um caso. Porém, essa náo é uma promessa a ser feita levianamente, pois se esse juramento for quebrado, as penalidades sáo realmente muito pesadas.
A CONDENAÇÃO
Ser processado no kenbet é algo muito sério, pois o vizir tem o poder de destruir náo só o acusado, mas sua família inteira. Não é rara para certos crimes a punição da perda de ocupação do acusado e de seus descendentes. Em alguns casos, o criminoso e sua família podem ser condenados a trabalhar pelo resto da vida como operários estatais - uma punição terrível, pois muitas vezes a família inteira é enviada às minas ou às pedreiras. Por si só, a viagem até lá já é perigosa, e muitas famílias morrem antes de chegarem ao destino. Contudo, essa punição só funciona em sentido único, pois o marido não pode ser punido pelos crimes de sua esposa.
Outras penalidades para uma gama de crimes, dos, menores aos maiores, nem sempre são táo duras,
embora ainda sejam desagradáveis. Há pouca coerência entre o crime e a punição, mas as formas preferidas são as surras de chicotadas (normalmente em múltiplos de dez), para certas más condutas menores, aumentando para até cinco feridas abertas infligidas com uma faca, ou mutilação, tendo o nariz e as orelhas cortadas. Esta última punição muitas vezes é administrada a mulheres que cometem adultério, a mando dos maridos traídos.
Os crimes mais graves, como assassinato, roubo de tumbas ou quaisquer crimes contra o rei ou o estado, são punidos com a pena de morte, com a empalação de uma vara pontuda no estômago - uma morte lenta, agonizante - ou com o condenado sendo queimado vivo, muitas vezes publicamente, funcionando como meio de intimidação.
Quando o criminoso é executado, o enterro é negado, o que nega para ele a vida após a morte; em alguns casos isso vai além, com a supressão ou a mudança de seu nome, que jamais será repetido depois da morte, a fim de garantir que não haja nenhum renascimento.
Como cada crime é tratado individualmente, a punição muitas vezes se ajusta ao crime. Contudo, a parte prejudicada pode querer levar o assunto adiante, reivindicando a punição mais severa possível, mesmo que desproporcional em relação ao crime. Assim, sempre que possível, é melhor não parar no tribunal de modo algum!
139
G U I A D O V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : E G I T O
TRABALHO E ESTUDO
O s EGÍPCIOS FORMAM UMA NAÇÃO MUITO DEDICADA, E OS HOMENS
TRABALHAM À LUZ DO DIA, DEZ DIAS DE UMA VEZ, ANTES DE DOIS
DIAS DE DESCANSO. ESSE PADRÃO DE TRABALHO É SEGUIDO QUAL
QUER QUE SEJA O STATUS DA PESSOA, EMBORA OS MILITARES EM EX
PEDIÇÕES (DE COMÉRCIO OU EM CAMPANHA) TRABALHEM DURANTE
PERÍODOS MAIS LONGOS SEM QUALQUER DIA DE DESCANSO.
Durante a semana de trabalho, a maioria das aldeias estará des
provida de homens, que foram trabalhar, deixando exclusivamente para as mulheres, as crianças e os idosos a realização de todas as tarefas domésticas. Algumas mulheres, porém, ainda trabalham na produção caseira de roupas, sandálias, pão e cerveja para levar ao mercado ou como governantas ou empregadas em alguma casa de elite.
Há muitas ocupações que um homem pode realizar, e um texto conhecido localmente como a Sátira das Profissões descreve sem papas na língua as diferentes oportunidades disponíveis.
"O barbeiro barbeia até o anoitecer,
Ele vai até a cidade,
Instala-se em uma esquina,
Muda-se de rua a rua
À procura de alguém para barbear.
O jardineiro carrega um jugo,
Seus ombros vão curvar com a idade;
O pescoço é inchado,
E tem úlcera.
O mensageiro vai para o deserto,
Levando mercadorias para seus filhos;
Temendo leões e asiáticos,
Só ele sabe quando está no Egito."
O texto pretende mostrar que a profissão de escriba é a melhor, pois "é o maior de todos os chamados, não há nada parecido na terra". Porém, poucas pessoas podem se tornar escribas, já que cerca de menos de 1 % da população é alfabetizada. A instrução para os que escolhem essa carreira é intensa, começando aos 5 anos de idade. As crianças adquirem a habilidade de aprender de cor textos antigos e a copiar "cartas modelos" que são perfeitas em gramática, estrutura e conteúdo.
140
C O N S I D E R A Ç Õ E S P R A T I C A S
Embora os escribas trabalhem
bastante, muitos deles passam o
tempo livre escrevendo textos literá
rios, como o Marinheiro Naufragado
(um conto sobre aventuras em
altos mares), os Cinco Contos das
Maravilhas (contos sobre magia e
coisas maravilhosas) e, ainda, poesia
de amor erótico e "Instruções" que
dão conselhos sobre boa vida, eti
queta e boas maneiras. Dizem que
há um escriba no Lugar da Verdade
em Tebas que está em vias de escrever
um livro de interpretação de sonhos
- o primeiro fora de um ambiente de
templo. O viajante afortunado, com
certeza, terá a sorte de encontrá-lo e
consultá-lo sobre seus sonhos.
T ,-v' r""t
ÍA-uÇ VH Hl
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^-; í > ; - ' " >
x<
Escriba escreve em seu papiro
com a escrita cursiva.
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SALÁRIOS
Ao viajar, é sempre bom ficar sabendo que o dia de pagamento é o 28°
dia de cada mês, portanto, essa é a época de frivolidades e de aumento de
atividades nos mercados. Os salários são pagos não em cobre, mas em quan
tidades de grãos - uma quantidade específica para as diferentes posições.
A pessoa com alto salário ganha cerca de 5,5 khar de grãos por mês,
o suficiente para alimentar uma família de 10 a 15 membros. Para aqueles
com famílias pequenas, isso significa que há um excedente, o qual poderá ser
comercializado com outras mercadorias, aumentando a riqueza ou melho
rando a dieta e o estilo de vida. Normalmente, as pessoas com famílias maio
res complementam esses salários com os de outros membros da família que
também trabalham. Raramente uma família muito grande conta com apenas
uma pessoa trazendo rendimentos para casa.
Para os que trabalham para o estado, o governo fornece outras merca
dorias básicas, como alojamento, lenha, peixes, verduras, água e óleo, além
dos salários. Rações extras também são fornecidas para ajudar os empregados
durante os festivais religiosos, ou como bónus se eles agradarem ao rei.
141
cer W "? á^NX
II é^W -" * % K
H
J
REFERENCIAS
E RECURSOS
Se você precisa de mais informações para sua viagem ao
Egito, por que não consultar algumas obras literárias
egípcias que podem trazer esclarecimentos sobre a
mente, as crenças e os maneirismos dos egípcios? Nesta
seção você também descobrirá alguns hieróglifos que
irão ajudá-lo a identificar os construtores de certos
monumentos e as divindades adoradas nos templos.
G U I A D O V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : E G I T O
SOBERANOS DO EGITO
N O S ÚLTIMOS 2 MIL ANOS DA HISTÓRIA EGÍPCIA, EXISTIRAM C E N
TENAS DE REIS — UMA LISTA GRANDE DEMAIS. M A S , AQUI ESTÃO OS
NOMES DAS DINASTIAS E DOS MONARCAS MAIS IMPORTANTES.
O EGITO PRÉ-DINÁSTICO
A partir da criação, o Egito foi governado por deuses - e, de fato, ainda o é, pois uma série de reis deuses assumiu o trono. O primeiro rei de verdade de todo o Egito, contudo, foi Natmer, quem uniu o Baixo e o Alto Egito, há pouco menos de 2 mil anos.
PRIMEIRO PERÍODO DINÁSTICO
Depois da unificação do Egito sob Natmer, o Primeiro Período Dinástico estabeleceu o regime da Primeira Dinastia, que se manteve no poder durante cerca de 200 anos. Depois, a Segunda Dinastia dominou durante aproximadamente outros 200 anos.
O REINO ANTIGO
A ascensão da Terceira Dinastia, há cerca de 1.500 anos, trouxe com ela o grande rei Djoser, construtor da Pirâmide de Degraus de Saqqara.
O Reino Antigo chegou ao auge de seu poder com o surgimento da Quarta Dinastia sob Snefru, o grande construtor de pirâmides, há aproximadamente 1.300 anos. Seu sucessor, Khufu, construiu a Grande
Pirâmide de Gize. O enfraquecimento do poder central sob a Quinta Dinastia viu o declínio do Reino Antigo, com fome crescente e guerra civil.
A última dinastia do Reino Antigo foi a Sexta Dinastia, que surgiu há cerca de 1.100 anos. O reinado de 160 anos de seus reis Teti, Pepi Meryre, Merenre Nemtyemzaf e Pepi Neferkara, viu o poder crescente da nobreza e o relativo declínio do poder real.
o PRIMEIRO PERÍODO
INTERMEDIÁRIO
Sob a Sexta Dinastia, a nação do Egito ficou mais uma vez dividida.
Os registros da época são escassos, mas o Egito permaneceu dividido sob a Sétima e a Oitava Dinastias. Então, há aproximadamente 900 anos, o surgimento da Nona e da Décima Dinastias reuniu o Baixo Egito (do norte); enquanto, no sul, a Décima Primeira Dinastia reuniu o Ato Egito, com Tebas como a capital.
O conflito resultante levou a Décima Primeira Dinastia ao poder sobre todo Egito, e o resultado foi o surgimento da era do Reino do Meio.
144
R E P E R È N C I A S I-. R E C U R S O S
O R E I N O DO M E I O
A era do Reino do Meio surgiu há cerca de 800 anos, durante a Décima Primeira Dinastia. O primeiro soberano a reunir o Alto e Baixo Egito foi Mentuhotep Nebhetepre; porém, ele ainda dependia da ajuda de governadores locais, e somenre no reino de Senusret Khakhaure, aproximadamente 200 anos depois, foi que o poder do rei mais uma vez se tornou absoluto.
Uma transição suave para o regime da Décima Segunda Dinastia realizou--se há cerca de 750 anos, no governo de Amenemhat I. Seus sucessores incentivaram o poderio militar do Egito, com Amenemhat Nymaatra fortificando as fronteiras do norte e, mais tarde, Senusret Kheperkara e Senusret Khakhaura estendendo as terras do sul de Egito até a Núbia, com a construção de muitas fortalezas.
O SEGUNDO PERÍODO
INTERMEDIÁRIO
Um período de relativa fraqueza e divisão da nação do Egito começou há aproximadamente cinco séculos e meio, com a subida da Décima Terceira Dinastia ao trono. A fraca família dirigente perdeu o poder no Sul para a Décima Quarta Dinastia Nubiana e, consequentemente, os asiáticos Heqa Haswt tiraram proveito disso para invadir e fundar a Décima Quinta Dinastia, aproximadamente um século depois.
O Egito permaneceu dividido sob os reis da Décima Sexta e da Décima
Sétima Dinastias até Seqenenre Tao (pai de Amhose Nebpehryre), e seu primeiro filho, Kamose, iniciou as guerras que finalmente libertariam o Egito dos soberanos Heqa Haswt e levariam à reunificação.
o Novo REINO
Teve início no reinado de Ahmose Nebpehtyre há cerca de 400 anos, quando o Egito foi reunido e renasceu na época da Décima Oitava Dinastia. O maior rei dessa era foi Thurmosis Menkheperre, que governou por mais de 50 anos, até aproximadamente dois séculos e meio. A dinastia também incluiu muitos outros grandes reis, como Tutâncamon Nebkheperure. Ela terminou no reinado de Horemheb Djeserkheperure, que deixou o poder para o primeiro rei da dinastia atual, há pouco menos de cem anos.
A Décima Nona Dinastia, a dinastia que reina, começou no governo de Ramsés I, que foi seguido por Seti Menmaatra e, agora, pelo rei atual, Ramsés II.
145
G U I A DO V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : E G I T O
LEITURAS RECOMENDADAS
Q U A L Q U E R Q U E SEJA A RAZÃO D E S U A VISITA A T E B A S , D E D I C A R - S E
A A L G U M A S L E I T U R A S D E R E F E R Ê N C I A C O M C E R T E Z A VAI M E L H O R A R
S U A C O M P R E E N S Ã O T A N T O DO LUGAR C O M O DAS P E S S O A S E, A S S I M ,
A J U D Á - L O A APROVEITAR MUITO M A I S S U A V I A G E M .
A S Á T I R A DAS P R O F I S S Õ E S
Escrito há aproximadamente 500
anos, esse é um texto divertido que
descreve as aflições das muitas ocu
pações exercidas no Egito.
CONTOS SOBRE AS MARAVILHAS
Embora escritos há cerca de 500
anos, esses cinco contos foram esta
belecidos na Idade das Pirâmides.
Eles acontecem na corte real, onde
um príncipe relata a seu pai, Khufu,
contos mágicos sobre reis do passado.
O M A R I N H E I R O N A U F R A G A D O
Um conto de aventuras em altos
mares, em que o pobre marinheiro
naufragado chega exausto a uma ilha
abandonada contando apenas com
uma gigantesca cobra falante como
companhia.
it!// Jl\rJ"1f
T Gil
T E X T O S D E S A B E D O R I A
Existe uma coleção desses textos
em circulação, trazendo conselhos
sobte a etiqueta correta na vida cotí-
diana. O mais novo é a insttução
de Amenemope a seu filho sobre os
méritos de ser um bom estudante e
de levar uma boa vida.
C A N Ç Õ E S D E A M O R
Essas canções podem ser ouvi
das, cantadas e recitadas nas ruas das
grandes cidades, mas em Tebas circu
lam cópias escritas desses poemas de
amor. Embora possam parecer sobre
assuntos triviais, foram escritos com
o mais culto talento.
Um trecho do Livro dos Mortos.
MJ MZ ef
Jwfrr\Ê
f | F 1 !•*"•"%
r r 1 H-
'K I *- i ***
zmmme 146
R L I E R K N C I A S E R E C U R S O S
O QUE HÁ 'FAEU
COMO ENCOMENDAR UM TEXTO
Se enquanto estiver em Tebas você
•decidir ter u tw •cópia dos Feitiços
'•Para..lançar Todo Dia encomendado
para. seu próprio enterro,•ha diversas
opções, dependendo de seu tempo é de
suas finanças. Você pode ter os textos
sagrados produzidos em vários pbjefos:
I" caixas, caixões e papiros ou,. se- você
I" • for muito rico, èm um hípocéfalo, um
í objefo raro em forma de díscoque só
f usa o; feitiço 162, utilizado apenas em
t sepulturas muito especiais,
A encomenda mais comum; porém,
é um papiro/ tanto, monpcrâmíço com.
escrita cursiva, como em escrita hiero-
glífica com vinhetas coloridas. Oficinas
espalhadas por todas as partes da.
região de: Tebas podem, fornecer papi
ros feito sob encomenda:, permitindo
que você seiecione ás capítulas do
texto que gostaria de incluir - portanto,
faça sua pesquisa com antecedência,
•Alternativamente, versões • ''prontas
para: levar" estão disponíveis para
aqueles com orçamento apertado, ao
qual os artistas acrescentarão apenas
seu nome e seus títulos como meio de
personalização. Os. preços dependem
da soFisticação do objeto acabado.
L I V R O DO A M D U A T E E
L I V R O DOS P O R T Õ E S
Trata-se da coletânea dos 12 textos que acompanham as 12 horas da viagem noturna do deus sol. São altamente ilustrados e muito bonitos.
L I T A N I A DE RÁ
Mais um texto religioso ligado ao deus solar e ao culto funerário, enumerando as 72 formas do deus sol e permitindo ao falecido apelar para
qualquer aspecto dessa divindade em sua viagem noturna.
O L I V R O DOS M O R T O S ( F E I T I Ç O S
P A R A L A N Ç A R T O D O D I A )
Há centenas de cópias deste em circulação (ver à esquerda) e é possível encomendar uma cópia pessoal. Não é um livro de leitura geral, mas uma coleção de feitiços religiosos preparados para proteger o falecido na vida após a morte.
' 4 7
G U I A DO V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : E G I T O
H I E R Ó G L I F O S Ú T E I S
C O M O A M A I O R I A DOS E G Í P C I O S NÃO É I N S T R U Í D A , NÃO É E S P E C I A L
M E N T E IMPORTANTE QUE VOCÊ SEJA CAPAZ DE LER A LÍNGUA HIE-
ROGLÍFICA DURANTE SUA VIAGEM; PORÉM, ISSO PODE DEMONSTRAR
CULTURA. A ESCRITA HIEROGLÍFICA É UTILIZADA PRINCIPALMENTE
EM TEMPLOS E TUMBAS, AO PASSO QUE AS CONTAS DIÁRIAS E OS
REGISTROS SÃO ESCRITOS EM UMA VERSÃO TAQUIGRÁFICA CONHECI
DA COMO HIERÁTICA (OU CURSIVA).
Aprender hieróglifos é um processo complicado, pois cada
sinal (existem mais de 700 deles) tem um valor fonético diferente, e também pode ser utilizado sozinho para representar uma palavra inteira ou em combinação com outros para soletrar uma palavra letra por letra. Porém, a compreensão de hierógli
fos com certeza tornará sua viagem mais agradável; portanto, a seguir vem uma lista das palavras de que você pode precisar em suas ativida-des cotidianas. Mas não espere que alguém que venda páo no mercado seja capaz de ler a palavra, por isso é mais importante que você também seja capaz de pronunciá-la.
P A L A V R A S O M H I E R Ó G L I F O
Água Cerveja Vinho Verduras Páo
Ave Bois Figo Pepino Marido Esposa Mãe Pai Egito
Moo Henqet Eerip Renpoot
Tee Aped-oo Ka-oo Daboo Shespet He Humet Moot It Kemet
— 0 i
IT* •=» D f B
oS
ÍLLV a
•=>ÍJ? jm ^ , , ,
mil? 23 ¥ÍJJ
C á flkS
148
R E F E R Ê N C I A S E R r. c f R s o s
N O M E S DOS D E U S E S
Ao visitar nimbas e templos,
muitas vezes você observará o nome
do deus escrito acima da imagem, o
que ajuda a reconhecer a ortografia
DEUS
Amon
Mut
Khonsu
Rá-Horakhty
Osíris
Isis
Horus
Seth
Hathor
Nut
I
i l ':: '
Há" uma per ankh (Casa da
I i Vida), ou escola de treinamento de
I [:. escribas, situada no Ramesseum
(Khnemef), que treina sacerdotes em
potencial, médicos e nobres, e talvez
filhos de reis. O,sacerdote' leitor
j [ ensina aos rapazes os sinais hierá-
| ] ticos básicos e, depois, lê para eles
j ; textos clássicos, enquanto os jovens
| os escrevem. Essa instituição também
dos deuses mais comuns. Existem
centenas de deuses no panteão, c
muitos de seus nomes combinam
mais de um nome.
produz cópias do livro dos Mortos
para compra, além de outros textos
religiosos que circulara dentro da -j
comunidade religiosa.
•Para; o; visitante que busca
educar o filho e o coloca no caminho
de uma carreira: dentro do pessoal . j
do templo, pode valer a pena nego
ciar o preço com o sacerdote leitor j
dessa instituição impressionante, j
H I E R Ó G L I F O P A P E L
t *~~ a Deus solar e deus de Tebas.
^ jès n Cônjuge de Amon, às vezes mostrada
com cabeça de ieoa.
— T Jt n Deus lunar, filho de Amon e Mut.
.fes ^= Divindade solar, uma combinação de Rá e
Horus. Mostrado com cabeça de falcão.
J} z! Deus do submundo.
J] ̂ n Deusa mãe e irmã/esposa de Osíris.
-H W Deus da ordem, filho de Osíris e Isis;
é rei, e ã encarnação viva desse deus.
<*̂ Í3 Deus do caos, mostrado com a cabeça
de um animal desconhecido.
LSI Deusa mãe, mostrada como vaca ou
com cabeça de coruja.
i==i n! Deusa do céu, muitas vezes mostrada dentro de caixões
149
G U I A D O V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : E G I T O
TERMOS Ú T E I S E FRASES
EXISTEM MUITAS PALAVRAS E FRASES COMUNS QUE VOCÊ OUVIRÁ
DURANTE TODA SUA VIAGEM, AS QUAIS, CERTAMENTE, PRECISAM DE
ESCLARECIMENTOS. ELAS SÃO APRESENTADAS ABAIXO EM ORDEM
ALFABÉTICA, JÁ QUE EM SEU PASSEIO DEVEM AJUDÁ-LO A IDENTIFI
CAR ELEMENTOS ARQUITETÔNICOS, ÍCONES RELIGIOSOS E CRENÇAS,
ALÉM DE OUTROS TERMOS LOCAIS QUE VOCÊ PODE ENCONTRAR.
TAMBÉM NESTA SEÇÃO VOCÊ ENCONTRARÁ MUITAS FRASES ÚTEIS
EM EGLPCIO, QUE PODEM TORNAR AS TRANSAÇÕES COTIDIANAS BEM
MAIS FÁCEIS.
PALAVRAS ÚTEIS
Aamw - Asiáticos; pessoas que
vêm da terra a leste do Egito, de além do Mar Vermelho.
Alto Egito - 0 sul do Egito defi
nido pelo começo em Mennefer, e pela continuidade até os limites
do Egito e da Núbia.
Amduat - Termo utilizado pelos
egípcios para referência à vida após a morte, o lugar onde os mortos
renascem para a eternidade.
Baixo Egito - Nome dado ao norte
do Egito, de Mennefer ao Grande
Verde (o Mar Mediterrâneo).
Benben — Pedra em forma pira
midal no topo das pirâmides e
obeliscos, reminiscência da forma
do Monte da Criação e do início
de toda a vida.
Confissão Negativa - Na Sala
do Juízo os falecidos devem fazer
a confissão negativa -perante os 42 juízes dos mortos, explicando todas
as coisas que não fizeram.
Vasos de Canopo — (Quatro vasos
que são colocados nas tumbas e são
utilizados para manter os órgãos internos dessecados do falecido.
Cábito — Medida oficial adotada
no Egito, que corresponde apro
ximadamente à distância entre o cotovelo e a extremidade das
pontas dos dedos.
150
R E F E R Ê N C I A S I. R E C U R S O S
Deben — Peso de cobre ou prata
em relação ao qual é estabelecida a
padronização de preços do mercado.
Estela - Placa de pedra com o
topo curvo, que é esculpida com
imagens ou inscrições religiosas.
Hapy — Inundação anual do Nilo
essencial para a irrigação da terra
e a fertilidade do solo.
Heb sed — Festival realizado a
cada 30 anos pelo rei para provar
que ele está qualificado para conti
nuar no poder. A corrida é aparte
mais importante, quando ele pre
cisa correr em volta de marcadores
que representam o comprimento e
a largura do Egito.
Heqa Haswt — Nome dos asiáti
cos da região sírio-palestina que
assumiram o controle do Egito
durante 100 anos antes de serem
expulsos por Ahmose Nebpehttyra.
Hin — Medida de líquidos ado-
tada, como o deben, como padrão
de preços do mercado.
Hipocéfalo — Peça redonda de papiro ou bronze colocada atrás da cabeça da múmia. O feitiço do Livro dos Mortos nela escrita aquecerá a cabeça para ajudar no renascimento.
Ka — Espírito humano que precisa
ser nutrido com comida e bebida
na vida após a morte, para que
possa renascer.
Maat (lei de) — Lei religiosa do Egito, estabelecida por Maat, a deusa da verdade e da justiça. Se a sua lei for sustentada, o equilíbrio do universo é equilibrado, ao passo que se não o for, o universo mergulhará no caos primordial.
Mastaba — Superestrutura em forma de banco, em cima das sepulturas da nobreza, na Idade das Pirâmides, e da realeza, na época da unificação.
Medjay — Força de polícia do Egito. Esse nome é proveniente de uma tribo nubiana que inicialmente ocupou o cargo; mas agora qualquer homem jovem apto pode ser um medjay.
Nove Arcos — Nome simbólico dado aos inimigos tradicionais do Egito, muitas vezes representado em escabelos e sandálias como arcos enfileirados.
Nomarca - Soberano local de
um nomo.
i S I
G C I . A D O V l A J A X T E P B L O M u N U O A N T [ G O : f. G I T O
Nomo - Uma das 42 regiões do Egito, que são pequenas áreas governadas por um soberano local, tendo uma cidade que é a capital, um templo local e um culto religioso.
Obelisco — Monumento de pedra
alto, coberto de uma pedra benben,
inscrita com orações para o deus sol.
Per ankh — A Casa da Vida, nome dado à sede de aprendizagem dentro do templo que educa escribas, sacerdotes e médicos.
Pilares osirides - São pilares esculpidos para parecerem com Osíris, o deus mumificado do submundo.
Pilares papiriformes - Pilares
projetados para parecerem com
fardos d£ papiro.
Portal - Grande entrada, cerimonial de um templo, feita de duas asas com uma grande passagem no centro. As portas são feitas da mad-eira de cedro, incrustadas de
Iras semipreciosas.
Remech — Termo que os egípcios uti
lizam para descreverem a si mesmos.
O termo significa apenas "pessoas".
sagrada do deus.
Sala do Juízo — Lugar onde os mortos encontrarão o deus do submundo, e onde terão seus corações pesados por Maat, a deusa da verdade, antes de serem admitidos no submundo.
Sódio — Sal natural do leito do
Wadi Natron que é utilizado no
processo de mumificação, também
usado para cozinhar e como sabão.
Tawy — Termo utilizado no Alto
e no Baixo Egito, quando eles
estão sob o controle de um sobe
rano. O rei, então, seria mencio
nado com.o Neb Tawy (o Senhor
das Duas Terras).
Templo de Milhões de Anos Templo mortuário utilizado
para adorar o fca de um rei fale
cido e manter seu espírito na
vida após a morte.
Tjaty — O vizir é o segundo no comando após o rei. Ele supervisiona o trabalho de todas as oficinas do palácio, os locais de construção e todas as atividades
Santuário — A menor parte
do templo, normalmente nos
fundos, e que aloja a estátua
i Ç i
R E F E R Ê N C I A S K R E C L li S O S
Aped-oo ave
Daboo figo
Eerip vinho
He marido
Henqet cerveja
Humet esposa
It ' pai
F R A S E S
Im-eoo em renek?
Qual o seu nome''!
Renee... Meu nome é...
Itee pen/Mootee ten/Senee pen Este é meu pailmãelirmão
Im-eoo chen ... Ees/Hoot Netcher/per? Onde está alo... tumbaltemplol
casa?
Im-eooish-set eebek m wa/ senoo/khemet? Quanto por umldoisltrês?
Ka-oo
Kemet
Moo
Moot
Renpoot
Shespet
Tee
ÚTEIS
Im-eoo
bois
Egito
água
mãe
verduras
pepino
pão
eebee ... Tee/Henket Eu gostaria... de pão/cerveja
Im-eoo earek jar-too-ee er... Você pode me atravessar [de
balsa] para...
Nefei-wee per pen. Essa casa é bonita.
Im-eoo Quando
chen shem-en? partimos?
Reddi hekenoo air-ek. Dou graças a você (obrigado).
Ankh, Oo-jar, Seneb. Vida, prosperidade e saúde.
153
G U I A D O V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : E G I T O
NOTAS PARA O LEITOR M O D E R N O
O LEITOR MODERNO DEVE SABER QUE O GUIA SE DESTINA AOS
VISITANTES DA NAÇÃO DO EGITO, ESPECIALMENTE DA CIDADE DE
T E B A S , N O Ú L T I M O R E I N A D O D E R A M S É S I I - N O R M A L M E N T E D A
T A D O EM TORNO DE 1 2 0 0 A . C . O TEMPO PRESENTE É UTILIZADO
SEMPRE, EXCETO QUANDO O TEMPO PASSADO FOR USADO PARA
SIGNIFICAR EVENTOS OCORRIDOS ANTES DO "PRESENTE". A SE
GUIR, O LEITOR MODERNO ENCONTRARÁ UMA BREVE HISTÓRIA DO
PERÍODO QUE VAI DO REINADO DE RAMSÉS II ATÉ A ROMANIZAÇÃO
DO EGITO. HA TAMBÉM BREVES NOTAS SOBRE O SISTEMA DE DA
TAS QUE É UTILIZADO E, TAMBÉM, DO SISTEMA DE MEDIDAS.
Oreinado de Ramsés II foi um tempo rico na história do
Egito - em termos de economia, artes e arquitetura. Este livro foi estabelecido no ano 65 do íeinado de 67 anos de Ramsés, na época em que todas as suas realizações estavam em estado de conclusão, desde os templos de Abu Simbel, à sua tumba e às de sua esposa e filhos.
O reinado de Ramsés II foi na altura do Novo Reino, e depois dos problemas de Kadesh no ano 5, foi uma época relativamente pacífica. Contudo, os íeis que governaram depois de Ramsés não tiveram a mesma sorte.
Ramsés foi sucedido no trono por seu 13° filho, Merenptah, cujo curto reinado foi flagelado pela invasão das tribos líbias do deserto ocidental. Esse problema líbio só piorou no reinado de Ramsés III, que lutou em uma grande batalha contra eles
no ano 5 de seu reinado, e depois contra os "Povos do Mar" (que formaram um conglomerado de muitas tribos estrangeiras), no ano 8 de seu reinado. Embora fosse uma luta sangrenta, Ramsés III comprovou que foi um general muito melhor do que Ramsés II, ele até comandou e venceu a primeira batalha naval da história do Egito.
O E G I T O D I V I D I D O
Considera-se que Ramsés III tenha sido o último glande rei da história egípcia, já que depois de sua motte o Egito entrou em declínio político devido às inúmeras divisões dentro do país, com as facções invasoras governando a partir de diferentes centros.
O Egito, desde a época de Narmer, sempre foi mais forte quando unido e, portanto, essa divisão inevitavelmente causou problemas, enfraquecendo o poder do trono a tal ponto
154
R E F E R Ê N C I A S E R E C U R S O S
que os Sumo Sacerdotes de Amon conseguiram assumir a área de Tebas na 21a Dinastia, quando o rei Ramsés XI ainda estava no trono. Ao mesmo tempo, um grupo de líbios conquistou o poder no Delta, depois os núbios tomaram o controle dos sumo sacerdotes; em seguida, veio outra dinastia líbia e, mais tarde, os persas assumiram o controle no norte.
Entre a 21a Dinastia e o tempo de Alexandre, em 332 a.C. (um período de aproximadamente 700 anos), a rotatividade de soberanos e dinastias foi frequente e bastante confusa.
Depois que Alexandre, o Grande, invadiu o Egito, embora ele mantivesse a religião e a cultura egípcias, a afluência dos helenos lentamente se infiltrou na cultura egípcia, até que a
n O Q U E H Á P A R A V E R
MEDIDAS
Neste livro, as medidos- foram
dados em duas formas ~ cúbitos e
deben - ao passo que os egípcios de
fato utilizavam uma variedade maior
de unidades.. ,•-.,.
O d&beri: era, uma medida de
cobre ou prata utilizada como padrão
de valor do mercado./e pesava cerca
de 93 gramas; obviamente a prata era
• mais valiosa.que o cobre. Para quan
tidades menores, havia o papagaio,
que pesava de 9 a 10 gramas.
O; padrão da medida líquida era
o hm, muitas vesçes utilizado para o
óleo e equivalente a mais ou menos
0,47 litro,
Os grãos aram medidos em khart
com aproximadamente 75 litros.
A distância'era medida em muitas
unidades, embora a cúbito seja a mais
conhecida e a ma ís fácil de visualizar,
com aproximadamente 53 centímetros, a
distância do cotovelo a ponta dos dedos
ou; a distancia, entre' as mãos quando'
separadas pela; largura do ombro.
Para medições menores* as mãos
e os dedos eram utilizados como
medidas, com: quatro dedos sendo o
mesmo que uma mão, Em. um cúbito
Havia sete mãos. ' . . - . .
Para áreas maiores, o uso de cúbi
tos, mãos ou dedos era inadequado,
e a s distâncias longas, por isso, eram
medidas em: m&h-ta (100 cúbitos), e
as grandes áreas em sefjai'ou qvrora
(100 cúbitos quadrados},
155
G U I A D O V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : E G I T O
mesma que se tornasse híbrida, com características egípcias e gregas.
Com a morte de Alexandre, o trono foi herdado por Ptolomeu I, seu general, e assim começou o período ptolomaico - um período de 300 anos de reis chamados Ptolomeus e rainhas chamadas Cleópatra, Berenice ou Arsenais.
A rotatividade real continuava rápida, e esse período viu o declínio da cultura egípcia, pois ninguém da família real, exceto a última Cleópatra, sabia falar o egípcio — o que isolou o povo e os soberanos.
A P E R D A DA I N D E P E N D Ê N C I A
O fim da soberania independente do Egito chegou com a morte
de Cleópatra VIL O período de aumento da interferência romana em assuntos egípcios culminou com Otávio (que depois se tornaria o imperador Augusto), a invasão do Egito, e a anexação do país, que virou uma província do Império Romano.
A religião egípcia lentamente se romanizou, embota somente no reinado de Teodósio, no século IV d.C, o último templo egípcio foi fechado, e a capacidade de ler hieróglifos foi finalmente perdida.
REFERÊNCIAS
A permanente popularidade do Egito Antigo significa que existem muitas fontes de pesquisa para escolher. Além dos muitos museus que abri-
DATAS EGÍPCIAS
O calendário dos egípcios antigos era registrada. Todavia, a última data
era único e pode ser confuso. Embora conhecida de um rei não é necessaria-
marcasse os dias do ano, não havia um mente o último ano de seu reinado - se
ponto de partida único do qual cada alguma coisa for considerada como
ano subsequente fosse datado. Em vez sendo do "ano 32" de determinado
disso, no início do reinado de cada rei, rei, isso é impossível de saber, até que
0 calendário era reiniciado como o ano algum artefato seja encontrado para
1 - depois a passagem do tempo era provar se ele não governou durante
marcada segundo o ano do reinado do 33, 40 ou até 50 anos.
rei; por exemplo, ano 02 de Ramsés 1!. Por causa desse problema, nossa
É só quando se tenta combinar compreensão das datas egípcias anti-
esses anos de reinado com o calen
dário moderno que as dificuldades
ocorrem, pois podemos basear a
duração do reinado de um rei apenas
nas evidências arqueológicas que res
taram, já que a data da morte jamais
gas está sempre mudando e os histo
riadores muitas vezes discordam. Por
isso, às vezes, é melhor simplesmente
fazer a referência às datas do reinado
ou às dinastias em vez das datas de
antes da era cristã.
1 5 6
R E F E R Ê N C I A S - R K C U R S O S
gani antiguidades egípcias no mundo inteiro, e dos inúmeros documentários de televisão, há uma fartura de livros e wehsites.
LIVROS
Há milhares de livros sobre o Egito Antigo. A seguir, alguns cuja leitura certamente vale a pena:
Booth, C. - Ancient Egyptians for
Dummies. Se você deseja uma introdução geral para todas as coisas egípcias, este é um bom começo. O livro delineia todos os aspectos da vida e da cultura dos egípcios antigos de modo fácil e divertido.
Clayton, P. - Chronicle ofthe Phamohs. É um livro mais detalhado, que se Concentra em todos os reis do Egito. A vida, o sepultamento e o governo de cada rei são discutidos com todos os detalhes que as evidências atqueológi-cas permitem, sendo uma boa introdução aos soberanos do Egito.
Kitchen, K. - Pharaoh Triumphant. É a biografia inestimável e detalhada de Ramsés II, rei enigmático e fascinante.
Tyldesley, J. — Ramsés: Egypts Greatest Pharaoh. É uma boa leitura para os interessados em Ramsés II, em cuja vida este livro foi estabelecido.
WEBSITES
Assim como existem milhares de livros sobre o Egito Antigo, os wehsites
são simplesmente incontáveis, alguns do quais são melhores do que outros.
Há muitos sites que tratam da egiptologia como um todo, e um dos melhores sites introdutórios é www.touregypt.net (em inglês), que conta com artigos de praticamente cada aspecto do Egito Antigo e Moderno, sendo um bom ponto de partida para qualquer pesquisa.
Se estiver procurando por informações mais detalhadas sobre lugares históricos no Egito, acesse www.egyptsites.co.uk (em inglês), um ótimo recurso, com informações bem pesquisadas, tanto dos lugares famosos como dos pouco conhecidos.
Existem muitos sites de escavações, produzidos pelo próprio pessoal dos projetos, que trazem informações detalhadas sobre o andamento das escavações. O Projeto do Mapeamento de Tebas, em www.KV5.com (em inglês), é um dos melhores e fornece o registro minucioso das pesquisas no Vale dos Reis, inclusive imagens detalhadas da tumba dos filhos de Ramsés II, KV5 e do próprio grande rei.
G U I A DO V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : H G I T O
Í N D I C E
Abdju 9, 79, 88, 116, 120
Acomodações
57, 124, 125
agricukura 25, 34, 35, 79
Ahmose, rei 6, 18,62,87,
88, 123, 145, 151
Akh 14
álcool 35, 131
etiqueta de bebida 126
festival da bebedeira 101
Alexandre, o Grande
155,156
Amenemhat Nubkaure 84
Amenemhat Nymaatra
73, 145
Amenemhat Sehetepre 18
Amenhotep Akbeperure
51
Amenhotep Nebmaatra
21 ,42 ,48 ,49 ,54 ,73 ,
84, 105, 106
Amon 23, 26, 27, 40,
42, 44, 45, 46, 47, 48,
49 ,51 ,85 ,91 ,95 ,
100, 116
arco e flecha 19, 107
artesãos
24,25,79,85,132
Assuan 56, 94
aves 64, 66, 70, 79, 85,
87, 101, 103, 106, 107,
131, 148, 153
barcos
barcos a vela do Nilo
121
embarcações marítimas
120
esquifes de papiro 123
Beni Hasan 9, 85, 86, 87
Bersha, necrópole de el 85
Bes33, 49, 110
Bordéis 20, 116, 117
Burros
86,90, 117, 120, 122
caça, caçadas 7, 10, 21,
64, 70, 79, 83, 86, 89,
102, 103, 106, 107
calçados 129
calendário egípcio 156
canção 110, 111
canções de amor
111, 147
Capela da Rainha Branca
58,59
Capela da Orelha, A 42
carreiras 19, 30, 32, 33,
140, 149
Casa da Vida
32, 149, 152
casamento 30
cavalos 71, 107, 123
Cinco Contos das
Maravilhas 140
clima 11, 114, 128
comércio
21, 34, 72, 90, 140
comida e bebida
35, 130, 131, 133
e festivais 101, 115
ver também álcool
compras 132, 134
corrida 77, 104, 151
corrida de bigas 7, 105
crocodilos 66, 103, 123
dança 101, 112, 113, 114
dança ib 112
dançarinos de Muu 113
deben 132, 133, 152, 155
Deir el Medina 26
Djedefra 20
Djoser 16, 74, 76, 77,
89, 144
educação 31, 32, 149
mulheres 31
escribas 24, 25, 31,32,
33,36,70, 114, 136,
140, 141, 149,152
esfinge 42, 75,980, 82,
8.3, 97
espaços públicos 114, 115
esporte 102, 105
estudantes 32, 146
faiança
35, 54, 133, 134, 135
festivais
100, 101, 105, 115
Festival de Opet 45, 46,
47, 48
forças armadas 19, 36, 37
Geb 14, 15, 73
Hathor26, 51,62, 73,
87,93,95,97, 101,
110,149
Hemon 20
henketlòl, 135, 153
hieróglifos 32, 55, 63, 79,
85, 143, 148, 149, 156
158
1 N D [ C r
hipopótamos
66, 106, 107
história 7, 16, 21
linha do tempo 6
para o leitor moderno
154,155, 156
soberanos e dinastias
144,145
hititas 21, 37, 47, 49
Horemheb 19, 48, 78
Horus 14, 17
incenso 135
indústria 35
Iunu 74, 75
jogos de tabuleiro
108, 109
jóias, joalheria 19, 64,
79, 117, 128,132, 133,
134,135
Kadesh, vitória de Ramsés
em 42, 47, 49
Kebet (Coptos) 90
Khasekhemwy,
monumento de 89
Khemenu (Hermopólis)
9,84
Ogdoad de Khemenu
85
libios37, 154, 155
língua e dialetos
frases úteis 150, 153
variações locais 10
linho 25, 35, 128, 134
Litania de Rá 27, 61,
65, 147
liteiras 122
Livro do Amduat 65, 147
Livro dos Mortos 29, 61,
63,65, 109,146, 147,
149,151
Livro dos Portões 61, 63,
65, 147
luta livre 104
Maat29, 150
lei de 17, 20, 127
Malakata, palácio de
54, 55
Marinheiro Naufragado
140, 146
Medamud 9, 92, 93
medidas 155
medjay 29, 37, 53, 60,
61,82, 121, 127,138,
151
Mennefer, Mênfis 7, 9,
22, 69, 72, 73, 74, 76,
116, 120, 121, 133,
136,152
Menruhotep Nebhetepre
18,50, 145
mercenários 37
Mereruka, tumba de 79
Meretsegar 26
Min 90, 91
mitos da criação 26, 27
mulher sábia 137
mulheres, papel das
31,33
mumificação 28, 29
música 110, 111, 114
Mut, Complexo de 45
Narmer 16, 17, 144
Nefertari 47, 63, 95,
96,97
tumba de 63
Nilo 7, 50, 52, 55, 60,
67 ,72,84,86,91,94,
97, 100, 102, 106, 114,
120, 121, 123, 129,
131. 132, 151
nadando no 102
caminhadas entre
animais selvagens
66,67
nomos 22
núbia/núbios 18, 34, 37,
94,97, 145, 155
obeliscos 74, 75
Osíris 14, 27, 29, 67,
73, 88
ouro 18, 20, 21, 34, 42,
52, 82, 97, 133
parteira 33
pedras benben 82
pesca, pescaria 102, 103
pintura nas tumbas 64, 65
pirâmides 16, 17
método de construção
81,82,83
Dashur 16
Gize 16, 20, 80, 82, 83
Hawara 18
Saqqara
16, 76, 77, 78, 79
Pi-Ramsés 6, 9, 35, 37,
49 ,69 ,70 ,71 , 120,
131
política, políticos 22, 23
estrutura da sociedade
24,25
governo do Egito 22, 23
praças de mercado 114,
115
prata 19, 33, 34, 132,
135, 150, 155
prostituição 116, 117
Ptah 14, 26, 43, 72, 73
quartzito 74, 85
159
GUTA DO V I A J A N T E P E L O M U N D O A N T I G O : F G I T O
Ri (Atum) 14, 15,26,
57,73,85, 116
Ramsés III 154
Ramsés Usermaatra-
-Setepenra (Ramsés II)
10,42,46,47,49,56,
65 ,70,71,73,75,78,
84, 85, 88, 89, 97, 101,
145, 154
Ramusseum 56, 57
Reino Amigo 16, 17, 144
Reino do Meio 18, 145
Reino Novo 18, 19, 145
religião
culto solar em Iunu 26
deuses 14, 15,26,27
"prostitutas sagradas"
116, 117
vida após a morte
28,29
roda, introdução da 19
roupas e acessórios 25,
128, 129, 133
sacerdotes
médicos 136
sacerdotes dos templos
24
sacerdotes leitores
32, 149
traje 25
salários 141
salto 104, 105
Saqqara, pirâmide
complexo de
16, 76, 77, 78, 79
Sátira das Profissões 19
Sekhmet45, 101
senet 108, 109
Senusret Khakhaure
18,92, 145
Senusret Klieperkara
18,74,90,145
servos 25
Sethl4, 15,71,73,88,
149
Seti Menmaatra 19, 42,
44, 48, 65,75
templo de 88, 89
sexo 116, 117
Sherdan 37
Shu 14, 73
Síria/sírios 21, 34, 37
sistema legal 138, 139
Sneferul6, 18,20, 80
soberanos e dinastias
144, 145
Speos Artemidos, o 87
taxa de câmbio 132, 133
templos
Abu Simbel
94, 95, 96, 97
Amenhotep Nebmaatra
52,53
Gerf Hussain 97
Iunu 26, 74, 75
Kamak 42, 43, 44
Luxor
21,46,47,48,49
Medamud 92, 93
Ramusseum 56, 57
rocha cortada 94, 97
Seti Menmaatra 88, 89
Thutmosis
Menkheperre 50,51
Wadjmose 59
Teti 17, 74, 144
Textos de Sabedoria 146
rextos fúnebres 147
Thoth (Djehuty)
14, 16,84, 110
Thutmosis Aldbeperkara
19, 42, 59
Thutmosis Menkheperre
18, 19,21,42,44,45,
75,87,90,91,106,
145
Tiye21, 54
transporte
liteiras 122
burros 122
cavalos 123
ver também barcos
tratamento médico
136,137
tumbas
Khasekhemwy 89
mastaba 16, 76, 77, 78,
79,80, 151
Mereruka 79
Neferrari 63
rocha cortada
85, 86, 87
Tumba do Touro Apis 78
Usermaatra-Secepenra 61
usos e costumes 126, 127
Vale das Rainhas 62, 63
Vale dos Reis 36, 60, 61
vida familiar 30,31
vida selvagem, animais
selvagens 66, 67, 102
vizir, o 23, 25, 139
Wadi Hammamar 21
160
HISTORIA
IMAGINE COMO SERIA VIAJAR DE VOLTA NO
TEMPO E EXPLORAR UMA CIDADE CLÁSSICA,
VER AS MARAVILHAS ANTIGAS QUANDO ELAS
ERAM NOVAS E ENCONTRAR AS PESSOAS QUE
VIVIAM E TRABALHAVAM POR LA.
ESCRITO NO ESTILO DE UM GUIA DE VIAGENS CONTEMPORÂNEO,
O GUIA DO VIAJANTE PELO MUNDO ANTIGO: EGITO RETRATA
A VIDA NO PASSADO COMO UM QUADRO NÍTIDO: APRESENTA
INFORMAÇÕES DE TODO TIPO, DESDE A VISITA ÀS PIRÂMIDES
ATÉ ONDE COMPRAR UM CAMELO, E ESTÁ REPLETO DE MAPAS E
ILUSTRAÇÕES, COM TODAS AS DICAS E SUGESTÕES FASCINANTES
QUE O TURISTA PODERIA ESPERAR DE UM GUIA DE VIAGENS.
AO TRAZER A HISTÓRIA DE VOLTA À VEDA, O GUIA DO VLAJANTE
PELO MUNDO ANTIGO: EGITO FORNECE UM PANORAMA PRÁTICO E
DETALHADO DO E D T O E DE SEUS ARREDORES NO ANO I 2 0 0 D . C .
COM A NOVA ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA.
IS8N 978-85-380-0794-4
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