CIAPA 2009.1 - QUALIDADE AMBIENTAL - D. HELDER E ABENÇOADA
-
Upload
marie-carangi -
Category
Documents
-
view
22 -
download
1
Transcript of CIAPA 2009.1 - QUALIDADE AMBIENTAL - D. HELDER E ABENÇOADA
1
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO
DISCIPLINA DE ESTUDOS SOCIAIS E AMBIENTAIS
Qualidade Ambiental: natural e construída
nos assentamentos populares
Ana Paula Oliveira de França
Fabiana Braz do Nascimento
Josiane Maria de Melo
Mirela Vieira
Miriam Gomes da Silva
Rebeka Carolina C. F. do Monte
Silvana Sampaio
RECIFE, JUNHO DE 2009.
2
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO
DISCIPLINA DE ESTUDOS SOCIAIS E AMBIENTAIS
Qualidade Ambiental: natural e construída
nos assentamentos populares
Trabalho acadêmico apresentado como requisito para
cumprimento da disciplina de Estudos Sociais e Ambientais,
ministrada no Curso de Arquitetura e Urbanismo
da Universidade Federal de Pernambuco
pelo professor Luis de la Mora.
Orientadora: Cynthia Lucienne da Fonseca.
RECIFE, JUNHO DE 2009.
3
SUMÁRIO
1. APRESENTAÇÃO 4
2. INTRODUÇÃO 6
3. O RELATÓRIO 7
4. OBJETIVOS 8
4.1 Objetivo Geral 8
4.2 Objetivos Específicos 8
5. METODOLOGIA 8
6. LEVANTAMENTO FÍSICO
Critérios de avaliação da qualidade ambiental
Conjunto Habitacional Abençoada por Deus
10
6.1 LEVANTAMENTO FÍSICO – Análise das Variáveis
Conjunto Habitacional Abençoada por Deus 14
7. LEVANTAMENTO FÍSICO
Critérios de avaliação da qualidade ambiental
Conjunto Habitacional Dom Hélder
19
7.1 LEVANTAMENTO FÍSICO – Análise das Variáveis Conjunto Habitacional Dom Hélder
23
8. ANÁLISE COMPARATIVA DE AMBOS OS CONJUNTOS 27
9. CONCLUSÃO 30
10. REFERENCIAS 31
4
1. APRESENTAÇÃO
Solicitado na Disciplina de Estudos Sócios Ambientais no primeiro
semestre de 2009, esse relatório aborda a Produção Social do Habitat através da
Comunidade Interdisciplinar de Ação, Pesquisa e Aprendizagem – CIAPA.
A Ciapa é uma iniciativa de universitários da Universidade Federal de
Pernambuco - UFPE (professores, funcionários e alunos) que realizam atividades
indissociáveis de ação social, pesquisa e aprendizagem no campo da produção
social do habitat, em parceria com membros de ONGs, movimentos sociais,
organismos públicos e empresas.
O objetivo da CIAPA é produzir e socializar conhecimentos sobre a
natureza, princípios, pré-condições, estratégias da Produção Social do Habitat de
forma interdisciplinar, assim como avaliando os seus resultados para a qualidade
de vida da população.
Para realizar esse objetivo, a CIAPA congrega professores, funcionários e
alunos de vários níveis – graduação, mestrado e doutorado, junto com parceiros
para, à partir de ações sociais de apoio à processos de produção social do habitat
realizem pesquisas e produzam conhecimentos a serem compartilhados entre os
participantes, parceiros, mundo acadêmico, técnico e administrativo, através da
participação em eventos com a apresentação de artigos e publicação dos
resultados das pesquisa:
- Alunos de graduação do curso de Arquitetura e Urbanismo, Geografia, Ciências
Sociais e de outros cursos da UFPE ou de outra universidade inscritos na
disciplina Estudos Sócios Ambientais.
- Alunos do programa de pós-graduação em Desenvolvimento Urbano ou de
outros programas de pós-graduação inscritos na disciplina Tópicos Avançados em
Gestão Urbana: Produção Social do Habitat
- Técnicos da UFPE ou outros profissionais de nível superior, inscritos como
alunos especiais na disciplina Tópicos Avançados em Gestão Urbana: Produção
Social do Habitat.
5
Objeto de ação, pesquisa e aprendizado 2009.
Comunidades dos assentamentos
a) Abençoada por Deus. Famílias transferidas de palafitas para um conjunto
construído pela Prefeitura Municipal de Recife.
b) Dom Hélder Câmara. 200 famílias orientadas e apoiadas pelo Movimento
de Luta nos Bairros conquistaram a terra, financiamento e apoio técnico
para construir casas térreas em regime de mutirão.
Temas:
a) A solidariedade como força propulsora da colaboração na produção e
conservação social do habitat. Doutoranda Edinéa Alcântara;
b) O desenho urbano e a criminalidade em assentamentos populares.
Doutoranda Gabriela Barbosa;
c) A qualidade ambiental em assentamentos populares. Cynthia Lucienne da
Fonseca. Mestra e candidata ao Doutorado MDU;
d) A reconfiguração dos movimentos sociais em projetos de produção social
do habitat. Mestranda MDU Liana Ferreira, Marcos Silvestre Conexões de
Saberes, Candidato ao Mestrado;
e) Das palafitas ao conjunto residencial. Mudanças na qualidade do habitat,
Joanna, Mestranda MDU;
Esse relatório tratará exclusivamente do tema “A qualidade ambiental em
assentamentos populares ”. O grupo foi coordenado por Cynthia Lucienne da
Fonseca e foi composto por alunos de quarto período do curso de Arquitetura e
Urbanismo na UFPE:
- Ana Paula Oliveira.
- Fabiana Braz
- Josiane Melo
- Mirela Vieira
- Miriam Gomes
- Rebeka Carolina do Monte.
- Silvana Sampaio
6
2. INTRODUÇÃO
A política habitacional do Brasil apresenta um déficit quantitativo e
qualitativo consideráveis. Milhões de pessoas ainda necessitam de moradia, e
boa parte das pessoas de baixa renda que tem onde morar está em locais que
não apresentam, ou apresentam baixo nível de saneamento. Boa parte dos
domicílios urbanos permanentes do país carecem de pelo menos um dos serviços
públicos de abastecimento de água, esgotamento sanitário, coleta de lixo e
energia elétrica.
A estrutura habitacional e o saneamento básico, junto com a falta de
conscientização da preservação do meio ambiente, conduzem a entraves na
degradação do ambiente natural nas cidades devido ao crescimento
descontrolado destas. Trabalhar com uma arquitetura responsável e sustentável,
integrada as questões sociais e urbanas pode contribuir satisfatoriamente para a
melhoria das condições de vida nas cidades e a solução de sérios problemas
ambientais como a impermeabilização crescente do solo; a redução contínua da
vegetação urbana, especialmente nos lotes privados; o alto consumo energético,
necessário para minimizar o desconforto de soluções arquitetônicas inadequadas
às condições climáticas; o alto custo do tratamento público da água e dos
esgotos.
Levando-se em conta as considerações anteriores, ao construir habitações
populares, a fim de amenizar o déficit de habitação e qualidade habitacional, o
governo deveria adotar uma política de sustentabilidade nos projetos
arquitetônicos destas construções. Com isto, ao amenizar a carência quantitativa,
também aumentaria a qualidade das moradias oferecidas à população de baixa
renda, além de contribuir para preservação do ambiente natural, fundamental para
uma cidade em equilíbrio.
7
3. O RELATÓRIO
Nesse trabalho, para definir o termo “qualidade ambiental”, o grupo utilizou
o documento chileno “Bienestar Habitacional - Guía de Diseño para un Hábitat
Residencial Sustentable” realisado em 2004 pela Universidade de Chile,
Facultade de Arquitectura e Urbanismo, Instituto de la Vivienda, Universidade
Técnica Federico Santa María e Fundación Chile.
Esse documento foi escolhido pelo fato de ser muito didático, bastante
completo e adaptável aos casos estudados. Mesmo assim, ele apresenta o
defeito de não tratar da questão social, das relações entre as pessoas que vão
morar no conjunto e de suas características.
Através desse trabalho, dois tipos de operações de urbanização de
assentamentos informais foram analisados:
O de iniciativa governamental, através da Prefeitura do Recife (conjunto
Abençoada por Deus, 428 famílias).
E da iniciativa comunitária: os habitantes de varias favelas se organizaram
com o apoio dum movimento popular e foram beneficiados do programa federal
Crédito Solidário (Conjunto Dom Helder Câmara, 200 famílias).
Foram realizados aproximadamente 40 entrevistas com os moradores do
Abençoada por Deus e futuros moradores do Dom Hélder, homens e mulheres de
todas as idades (jovens , adultos e idosos), para que pudessemos ter uma visão
mais próxima da realidade das comunidades de baixa renda e sua relação com o
meio ambiente.
8
4. OBJETIVOS
4.1 Objetivo Geral
Avaliar se o ambiente construído dos dois projetos apresenta uma
qualidade ambiental proporcionando ambientes adequados.
4.2 Objetivos Específicos
• Fazer um levantamento físico dos elementos de qualidade ambiental nos dois
projetos;
• Analisar o levantamento físico, para um possível diagnóstico sobre a qualidade
ambiental nas comunidades;
• Analisar se a qualidade do ambiental natural e construído dos assentamentos
era adequada e provocava bem-estar dos moradores,
• Visualizar o nível de consciência ecológica dos moradores;
• Apresentar uma comparação entre os dois projetos para determinar se a
qualidade ambiental foi melhor trabalhada num projeto que no outro.
5. METODOLOGIA
A fim de realizar os objetivos estabelecidos, uma metodologia foi seguida:
1°fase : Leitura de documentos relacionados aos temas da habitabilidade,
da qualidade ambiental
A fim de definir quais elementos físicos iam servir como indicadores do nível
de qualidade ambiental dos dois projetos. O documento chileno foi selecionado
como base de trabalho e uma tabela de levantamento de dados foi estabelecida
9
(primeira fase de resultado), que foi preenchida para cada um dos projetos a partir
do estudo das plantas do projeto e de varias visitas aos assentamentos.
2° fase : Leitura de documentos relacionados aos dois proje tos
O projeto integrado de urbanização de assentamentos subnormais – UAS
elaborado pela Prefeitura Municipal de Recife em abril de 2004 para a
comunidade Abençoada por Deus. Esse projeto integrado reagrupa vários
volumes, relacionados ao projeto ambiental, participação comunitária, partido
urbanístico, sistema de esgotamento sanitário, regularização fundiária. Ele
fornece informações importantes sobre o método que a Prefeitura elaborou para
conduzir esse projeto, tão ao nível da qualidade ambiental que da implicação da
população. O projeto de trabalho técnico social elaborado pelo professor Luis de
la Mora para a comunidade Dom Helder Câmara e os relatórios de
acompanhamento do trabalho técnico social .
3°fase : Realização de entrevistas com responsáveis técnic os e/ou
administrativos dos projetos
Para Abençoada por Deus: com a socióloga, Marina Sobral
Para Dom Helder: com Marcus Silvestre, responsável do acompanhamento do
trabalho técnico social.
4° fase : Realização de entrevistas com os moradores dos do is conjuntos
As entrevistas tiveram como objetivo de determinar se os moradores
tiveram um papel na elaboração, execução e monitoramento dos projetos e o
nível de consciência ecológica deles.
5º fase:
Realização de uma tabela com o levantamento físico dos locais estudados.
10
6. LEVANTAMENTO FÍSICO – Critérios de avaliação da qualidade ambiental – Conjunto Habitacional Abenço ada por Deus Áreas de avaliação Variável Indicador Descrição No projeto urbano
Desenho do conjunto
Estrutura
organizativa
Condições climáticas
Respeito dos prédios as
condições do vento, iluminação, chuva
A disposição dos edifícios dificulta a ventilação e iluminação, e não existem beirais ou instrumentos de proteção (brises, toldos...) que proteja o edifício da
ação da chuva e do sol.
Desenho do conjunto
Estrutura organizativa
Ocupação espacial do terreno
Harmonizar a densidade habitacional, % de uso de solo,
tipologia do alojamento e tipologia de agrupamento,
a fim de favorecer a qualidade espacial do conjunto.
Edificação de 4 pavimentos, sendo um térreo, são 4
apartamentos por andar, onde é pequeno o afastamento entre as edificações, levando em
consideração o grande número de apartamentos. Foi projetado para o número máximo de pessoas,
priorizando o máximo potencial de construção. Cada unidade tem 39m², dois quartos, sala, cozinha,
área de serviço e banheiro.
Desenho do conjunto
Áreas verdes Proporções áreas verdes Razão entre as áreas
construídas e as áreas verdes
As áreas verdes observadas são poucas, se comparadas às apresentadas em projeto.
Não existe arborização, nem ao longo das vias do
conjunto, nem nas áreas de convívio.
Desenho do conjunto
Equipamentos
Existência e funcionamento dum
sistema de tratamento dos esgotos
Tratamento de esgoto eficiente que garanta salubridade aos
moradores.
Existe uma estação de tratamento de esgoto, que, às vezes, apresenta alguns problemas devido ao
entupimento, dos dutos que transportam os dejetos, esgoto fica desprotegido, já que a tampa foi roubada, o que provoca mau cheiro e proliferação de insetos.
11
Áreas de avaliação Variável Indicador Descrição No projeto urbano
Desenho do conjunto
Equipamentos
Existência e funcionamento dum
sistema de drenagem das águas pluviais
Coleta e destino das águas pluviais
Existe a coleta das águas pluviais por meio de caixas coletoras que direcionam as águas para as vias
públicas.
Desenho do conjunto
Equipamentos
Existência e funcionamento dum
sistema de recuperação das águas pluviais
Coleta e aproveitamento das águas pluviais Não existe
Desenho do conjunto
Equipamentos
Existência e manutenção de tecnologia de
produção limpa de energia
Painéis solares, fotovoltaicas Não existe
Desenho do conjunto
Equipamentos Existência e manutenção de telhado verde
______ Não existe
Desenho do conjunto
Equipamentos
Existência dum local de acondicionamento e coleta de resíduos
sólidos
Existência de práticas de higiene e acondicionamento dos resíduos sólidos para prevenção de doenças. Impactos sócio-ambientais dos resíduos sólidos no conjunto e no entorno imediato.
Existem práticas de higiene para o devido acondicionamento dos resíduos sólidos, porém os
coletores não são utilizados. Provocam impactos sócio-ambientais, pois são
acondicionados por alguns moradores em locais inadequados, ou seja, fora dos coletores, nas calçadas,
próximos aos acessos do condomínio.
12
Areas de avaliação Variável Indicador Descrição No projeto urbano
Desenho do conjunto
Equipamentos
Existência de um
sistema de tratamento e aproveitamento dos
resíduos sólidos.
Existência da prática da coleta
seletiva e venda do material coletado para geração de renda.
Não existe
Desenho do conjunto
Equipamentos
Contadores individuais de água.
______
Não existe. O contador de consumo de água é
coletivo, sendo uma das maiores causas de reclamação dos moradores.
Desenho interior dos alojamentos
Alojamento saudável
Ventilação adequada
Orientação adequada, para um
maior aproveitamento dos ventos
A disposição dos edifícios não beneficiou a circulação dos ventos, devido à proximidade dos edifícios
formando barreiras físicas. Além disso, os apartamentos possuem pequenas aberturas, gerando
ambientes desconfortáveis.
Desenho interior dos alojamentos
Alojamento saudável
Iluminação adequada
Natural e artificial. Boa
disposição dos prédios em relação à luminosidade.
Os apartamentos possuem uma deficiência enquanto a iluminação natural, pois apresentam pequenas janelas com comprimento de 0,80m, não sendo
suficiente para um bom aproveitamento da iluminação natural. Outro agravante é a proximidade dos
edifícios.
Desenho interior dos alojamentos
Alojamento saudável
Aspectos acústicos
Material usado adequado a proteção contra poluição sonora. Espaço suficiente entre os prédios para garantir proteção contra o barulho.
Não existe um tratamento específico para proteção
acústica das casas térreas, o que existe são as paredes de alvenaria que divide os edifícios.
Desenho interior dos alojamentos
Materiais apropriados
Durabilidade e manutenção
Propostas tecnológicas que pela taxa, pela qualidade dos materiais e as especificações técnicas asseguram um grau adequado de durabilidade das soluções e a facilidade da manutenção.
Os materiais utilizados nos alojamentos (como as
bacias sanitárias, esquadrias,etc), são comuns e de fácil manutenção,boa durabilidade, e fácil substituição
por serem produtos comuns no mercado da construção.
13
Áreas de avaliação Variável Indicador Descrição No projeto urbano
Entorno
Infra-estrutura
Transporte
Disponibilidade de linhas e
pontos de ônibus e facilidade de acesso
Sim. As linhas de Monsenhor Fabrício e Barbalho DETRAN, por exemplo, atendem a comunidade.
Entorno
Infra-estrutura
Serviços de apoio
Escolas, lojas, hospitais, postos
de saúde, mercados.
Sim. A comunidade fica próxima à Escola Municipal
da Iputinga. Há, no entorno, grande variedade de mercados de pequeno porte e o hospital Barão de
Lucena é o mais próximo da comunidade, ligado ao SUS.
Comportamentos sustentáveis
Reciclagem
Resíduos orgânicos
Existência duma plataforma de
compostagem de resíduos orgânicos.
Não existe
Comportamentos sustentáveis
Reciclagem
Horta comunitária
Cultivo de hortas, para se obter
alimento para a própria comunidade ou venda
Não existe
14
6.1 LEVANTAMENTO FÍSICO – Análise das Variáveis Abençoada por Deus
• Análise da estrutura organizativa do conjunto
É um conjunto habitacional vertical, que priorizou em projeto as áreas
construídas, dimensionado para o máximo potencial construtivo do terreno, com 4
pavimentos sendo um térreo, onde o excesso de construções e áreas de piso,
tornam o conjunto uma “ilha de calor”, principalmente nos horários próximos ao
meio dia, pois os raios solares são refletidos, liberando calor nas superfícies, o
que prejudica os apartamentos térreos pois estes recebem todo esse calor
diretamente, e num local com tanta área pavimentada o solo logo torna-se
impermeável, impedindo a penetração da água no solo, empoçando em diversas
áreas com maior desnível. O acoplamento dos edifícios do lado esquerdo forma
um paredão dificultando a passagem dos ventos predominantes, de direção
sudeste, portando os prédios das extremidades recebem maior ventilação e
iluminação que os demais.
Planta baixa do terreno: Disposição dos prédios e orientação dos ventos predominantes.
N
S L
S
Proximidade na disposição dos prédios.
15
• Áreas Verdes
As áreas verdes são mínimas, localizadas onde não se pode construir, nos
limites do terreno, devido a disposição das edificações. Inicialmente nestas áreas
foram plantas alguns arbustos, e não árvores (que propiciariam sombra). Hoje
essas áreas foram depredadas, e as áreas verdes que existem (na entrada de
cada bloco), são alguns moradores que estão plantando e cuidando, enquanto em
outras áreas como, estacionamento e as áreas de convívio não têm nenhuma
arborização, portanto não são áreas de permanência agradáveis nos horários
mais quentes, fugindo assim de sua função primordial que é a de ponto de
encontro dos moradores, pois os mesmo refugiam-se sob as sombras dos
edifícios e nos jardins entre os prédios, exemplificando o desejo de áreas de
convívio mais agradáveis.
• Equipamentos
Mesmo com existência de um sistema de tratamento de esgotos, cuja
responsabilidade de manutenção é da Compesa, o serviço prestado não é
eficiente, ficando esta manutenção muitas vezes a cargo dos moradores, ela
arriscam a própria saúde entrando em contato direto com os dejetos a fim de
solucionar o problema existente.
O sistema de drenagem das águas pluviais funciona satisfatoriamente através
de caixas coletoras e dutos que direcionam as águas para vias públicas, sendo
Área de convivência sem arborização, mais utilizadas no final da tarde, quando o sol já está se pondo e clima é mais ameno.
Área de verde, localizada na área frontal de cada bloco, cuja manutenção é feita pelos moradores.
16
assim desperdiçada podendo ser aproveitada para outros fins como usos
domésticos não potáveis, caso houvesse um projeto de conservação de águas.
O abastecimento de água é medido através de contadores de consumo de
água coletivo, ou seja, um para cada bloco sendo este consumo dividido de
acordo com a quantidade de apartamentos o que causa insatisfação dos
moradores, pois não se tem o controle dos gastos individuais, como acontece
com o consumo de energia que é individual e cada morador controla seu próprio
consumo.
Com relação aos resíduos sólidos neste conjunto habitacional, há depósitos
coletores do lixo para que este seja acondicionado de forma organizada e com as
mínimas condições de higiene. A Prefeitura dá suporte ao condomínio fazendo a
coleta diária do lixo, conforme informações dos moradores. Entretanto, alguns
moradores não colaboram, depositando os resíduos sólidos fora e distante dos
coletores destinados, principalmente na entrada principal do conjunto,
acondicionados de forma inadequada causam mau cheiro, atraem animais e
contribui para a proliferação de doenças, além do grande impacto visual
observado em relação ao entorno.
Não existe a prática da coleta seletiva dos resíduos sólidos no habitacional, o
que poderia ser de grande aproveitamento e aprendizado para a comunidade,
investir na educação ambiental para conscientizar ecologicamente as pessoas,
além de contribuir para uma nova fonte e geração de renda.
Estação de tratamento do esgoto Depósito de coleta dos resíduos sólidos (lixo)
17
• Alojamento Saudável
No conjunto Abençoada por Deus encontramos edifícios (aproximadamente 52
edifícios) com quatro pavimentos, contendo quatro apartamentos por andar. Cada
unidade possui 39m², apresentando dois quartos, sala, cozinha, área de serviço e
banheiro. A maioria das edificações estão acopladas lateralmente seguindo o eixo
longitudinal do terreno. Esse tipo de construção não beneficiou na obtenção de
uma ventilação adequada, pois formaram barreiras físicas impedindo a circulação
dos ventos nas vias internas, que vem com predominância do sudeste, do sul e
do leste. A proximidade dos edifícios também foi um fator agravante nesse
aspecto, causando diversos efeitos como o afunilamento dos ventos, a mudança
de direção ou diminuído a velocidade dos ventos. Todas essas observações
refletem diretamente na qualidade do ambiente construído, onde encontramos
vários apartamentos amontoados, com áreas mínimas, que apresentam pequenas
aberturas e que na maioria das vezes os ventos nem chegam nesses
apartamentos, devido as dificuldades que já citamos, não existindo um conforto
térmico nem a renovação do ar, tão importante para se obter um ambiente
saudável.
De acordo com as análises realizadas foi possível observar que não houve
uma preocupação prévia sobre a qualidade do ambiente construído, prevalecendo
a necessidade de se obter o maior número de edificações naquela área
(12.770,06 m²), que pudesse abrigar aquela comunidade.
Sistema de coleta de águas pluviais. Exposição indevida dos resíduos sólidos na entrada principal do Conjunto Abençoada por Deus
18
• Infra-Estrutura
A disponibilidade de linhas e pontos de ônibus é satisfatória, apresentando-
se melhor que antes, onde os moradores tinham que andar mais para pegar o
ônibus, agora os pontos de ônibus que existem são dois próximos ao condomínio,
e um só que é mais longe, na Av. Caxangá.
Os equipamentos de apoio, escolas, hospitais, mercados, etc... encontram-se
em nível satisfatório, no entanto algumas crianças ficaram em escolas um pouco
longe por questão de falta de vagas, a maioria continua na escola que estudavam
perto da antiga ocupação no Bairro da Torre, já que antes as escolas ficavam
perto da comunidade, acarretando assim num maior tempo de deslocamento e de
desgaste físico, além de que as crianças correm diversos perigos no trajeto da
escola sem acompanhamento, já que a maioria delas vai sozinha a escola.
Existe o Hospital Barão de Lucena, que atende pelo SUS - Sistema Único de
Saúde, além da unidade de saúde da família (USF) que fica bem em frente ao
conjunto.
Planta baixa do edifício
19
7. LEVANTAMENTO FÍSICO – Critérios de avaliação da qualidade ambiental – Conjunto Habitacional Do m Hélder
Áreas de avaliação Variável Indicador Descrição No projeto urbano
Desenho do conjunto
Estrutura
organizativa
Condições climáticas
Respeito dos prédios às condições do vento, iluminação,
chuva.
As casas estão dispostas em fileiras e acopladas lateralmente. Como essas fileiras estão muito
próximas entre si, a circulação dos ventos fica um pouco dificultada. Porém as casas possuem um
pequeno beiral, que pouco protege a edificação das chuvas e da insolação.
Desenho do conjunto
Estrutura organizativa
Ocupação espacial do terreno
Harmoniza a densidade habitacional, % de uso de solo,
tipologia do alojamento e tipologia de agrupamento,
a fim de favorecer a qualidade espacial do conjunto.
Casas térreas acopladas lateralmente e dispostas em fileiras paralelas entre si, onde o espaço entre essas
fileiras é relativamente pequeno devido à grande quantidade de casas (200 casas).
Há um grande eixo destinado as áreas de estacionamento e áreas de convívio, onde também
estará locada a associação dos moradores. O terreno possui um elevado potencial de construção e as áreas verdes projetadas encontram-se ao redor
do terreno.
Desenho do conjunto
Áreas verdes Proporções áreas verdes Razão entre as áreas
construídas e as áreas verdes
No projeto, devido a grande quantidade de casas, área verde não foi bem explorada, e a quantidade de árvores ainda está longe do ideal para uma melhor
qualidade ambiental.
Desenho do conjunto
Equipamentos
Existência e funcionamento de um sistema de tratamento
de esgoto
Tratamento de esgoto eficiente que garanta salubridade aos
moradores
O esgoto será tratado no próprio condomínio através de uma estação de tratamento que está em fase de
construção e depois direcionado ao riacho adjacente.
20
Áreas de avaliação Variável Indicador Descrição No projeto urbano
Desenho do conjunto
Equipamentos
Existência e funcionamento de
sistema de drenagem de águas pluviais.
Coleta e destino das águas pluviais
Uma vez que o terreno é originariamente encharcado, há uma canaleta de profundidade crescente que
direciona as águas pluviais ao riacho.
Desenho do conjunto
Equipamentos
Existência e funcionamento de
sistema de recuperação das águas pluviais
Coleta e reaproveitamento das águas pluviais
Não existe.
Desenho do conjunto
Equipamentos
Existência e manutenção de tecnologia de
produção limpa de energia
Painéis solares, fotovoltaicas Não existe.
Desenho do conjunto
Equipamentos Existência e manutenção de telhado verde.
______ Não existe.
Desenho do conjunto
Equipamentos
Existência de local adequado a
acondicionamento e coleta de resíduos
sólidos.
Existem práticas de higiene e acondicionamento dos resíduos sólidos para prevenção de doenças. Os resíduos sólidos provocam impactos sócio-ambientais no conjunto e no entorno.
Quanto às práticas de higiene, ainda não é possível observar, pois o conjunto não se encontra
efetivamente ocupado, o mesmo acontece em relação aos impactos sócio-ambientais.
Contudo está previsto depósito para o devido acondicionamento dos resíduos sólidos.
21
Áreas de avaliação Variável Indicador Descrição No projeto urbano
Desenho do conjunto
Equipamentos
Existência de sistema de
tratamento e aproveitamento de resíduos sólidos
Existência da prática da coleta seletiva e venda do material
coletado para geração de renda.
Não, pois ainda não se encontra efetivamente ocupado. Embora os condôminos tenham participado
de cursos sobre a importância da coleta seletiva e geração de renda.
Desenho do conjunto
Equipamentos
Contadores individuais de água
______
Não existe. O contador de consumo de água é coletivo.
Desenho interior dos alojamentos
Alojamento saudável Ventilação adequada Orientação adequada para um
maior aproveitamento dos ventos
As casas são acopladas lateralmente, perdendo assim a possibilidade de aberturas laterais, o que
dificulta um pouco a circulação dos ventos.Contudo há uma boa ventilação permitindo a renovação
constante do ar no interior das residências
Desenho interior dos alojamentos
Alojamento saudável
Iluminação adequada
Natural e Artificial.
Disposição dos prédios em relação à luminosidade.
As janelas de vidro permitem iluminação natural. Quanto a iluminação artificial, esta é realizada por
lâmpadas incandescentes através de energia elétrica.
Desenho interior dos alojamentos
Alojamento saudável
Aspectos acústicos
Material usado é adequado a proteção contra poluição sonora. Espaço suficiente entre os prédios para garantir proteção contra o barulho.
São utilizados materiais comuns.
Há espaçamento de uma residência a outra, talvez não o suficiente contra o barulho porque o objetivo era subir alguma estrutura, segundo o mestre de
obras.
Desenho interior dos
alojamentos
Materiais apropriados
Durabilidade e manutenção
Qual a qualidade dos materiais e as especificações técnicas asseguram um grau adequado de durabilidade das soluções e facilidade da manutenção.
Como se trata de um projeto popular, o recurso financeiro precisa ser viabilizado a todas as etapas.
22
Áreas de avaliação Variável Indicador Descrição No projeto urbano
Entorno
Infra-estrutura
Transporte
Disponibilidade de linhas de ônibus e facilidade de
acesso
Sim.
Monsenhor Fabrício e Barbalho DETRAN.
Entorno
Infra-estrutura
Serviços de apoio
Escolas, lojas, hospitais, postos
de saúde, mercados.
Sim. Escolas municipais como Casarão do Barbalho e
Diná de Oliveira atendem a comunidade. O Barão de Lucena é o hospital mais próximo, ligado
ao SUS; e há três postos de saúde próximos à comunidade.
Comportamentos sustentáveis
Reciclagem Resíduos orgânicos
Existência de plataforma de compostagem de resíduos
orgânicos.
Não existe
Comportamentos sustentáveis
Reciclagem Horta comunitária
Cultivo de hortas, para se obter
alimento para a própria comunidade ou venda.
No projeto existe uma área destinada a uma horta comunitária, e a maioria dos moradores deseja a
implantação dessa horta.
23
7.2 LEVANTAMENTO FÍSICO – Análise das Variáveis Dom Hélder Câmara
• Análise da estrutura organizativa do conjunto
No conjunto habitacional Dom Hélder Câmara a existência de uma enorme
quantidade de casas (200 casas) é um dos fatores que mais prejudica a qualidade
ambiental, pois como o terreno é relativamente pequeno para a implantação de
duzentas casas, tiveram que ser dispostas em fileiras paralelas, ou seja,
acopladas lateralmente, perdendo assim a possibilidade de aberturas laterais, o
que dificulta um pouco a circulação dos ventos. Além disso, as casas possuem
beirais muito curtos, que protegem pouco contra a ação das intempéries.
Conjunto Dom Hélder: Casas acopladas lateralmente, formando fileiras.
Conjunto Dom Hélder: Planta baixa. Disposição das edificações e orientação dos ventos predominantes no terreno.
S
SE
L
N
24
● Áreas Verdes
Devido a enorme área construída, a área verde não foi bem explorada, as
árvores presentes no projeto ainda estão longe do ideal, isso prejudica ainda mais
a qualidade ambiental do conjunto, pois as árvores previstas no projeto não são
suficientes para trazer sombra, conforto térmico e renovação de ar para os
moradores.
• Equipamentos
O sistema de tratamento de esgotos e drenagem no próprio condomínio
demonstra uma atitude de consciência ambiental, por outro lado desperdiçar as
águas pluviais sem acondicioná-las revela um contracenso, pois existem
tecnologias relativamente simples e com o custo acessível que poderiam ser
aplicadas neste habitacional onde a água pluvial é coletada por caixas e
canaletas que direcionam as águas para um riacho adjacente.
Quanto ao fornecimento de água, a implantação de contador que registre o
consumo coletivo da água se dá pelo fator financeiro, custo que de forma
individualizada se tornaria bastante oneroso.
Por ainda o conjunto não se encontrar efetivamente habitado, não é possível
avaliar as condições de higiene e acondicionamento dos resíduos sólidos,
contudo estão previstos depósitos adequados a este fim. Percebe-se pela
descrição do projeto a preocupação de sensibilizar os futuros moradores a
minimizarem os impactos sócio-ambientais no conjunto, através da
conscientização ambiental por meio de cursos e palestras sobre a importância da
coleta seletiva, também como forma de gerar renda para as famílias, uma vez que
são oriundas de comunidades carentes.
• Alojamento Saudável
No conjunto Dom Hélder Câmara projetou-se casas térreas com um programa
arquitetônico de dois quartos, um banheiro, uma sala, um pequeno terraço, uma
cozinha e no exterior uma pequena área destinada para área de serviço. As casas
estão dispostas a norte, sul, oeste, leste, o que possibilita a circulação dos ventos
em algumas casas que são mais favorecidas que outras devido a orientação com
N
25
ventos vindos predominantemente do sudeste, leste e nordeste. Embora as
edificações estejam acopladas lateralmente, o que vem a ser um fator prejudicial
para a ventilação. A análise feita mostra que a circulação dos ventos além de
proporcionar conforto térmico também permite uma ventilação higiênica,
renovando o ar dentro das casas. Esse conforto térmico também é proporcionado
pela existência de telhas cerâmicas na coberta dessas casas, onde amenizam a
temperatura e permitem a circulação dos ventos. No que se refere a iluminação,
observou-se que todos os cômodos das casas possuem a existência de janelas
que permitem uma boa iluminação natural, só necessitando/requisitando de uma
iluminação artificial durante a noite.
De acordo com análises realizadas foi possível observar que houve um
planejamento prévio no projeto das casas, proporcionando ambientes saudáveis,
mesmo possuindo uma área pequena e poucos recursos financeiros.
Foto acima: Casas acopladas lateralmente, em fase de acabamento. Fotos abaixo: Alterações e acabamentos internos feitos pelos próprios moradores.
26
• Infra-Estrutura
Tem duas linhas de ônibus que atendem a região, Monsenhor Fabrício e
Barbalho DETRAN, mas poderia haver mais linhas, porque o intervalo de tempo
entre eles é considerável.
A mobilidade é precária por condições naturais e urbanísticas: limitada pelo
rio Capibaribe.
Em relação a escolas e educação infantil, lazer e políticas para a juventude
também observou-se que há muitas carências. Por exemplo não há escola da
rede pública que atenda o ensino médio (com exceção da Escola São Domingos,
que dispõe de poucas salas e está sobrecarregada).
Esse segmento é atendido por escolas públicas ou privadas que ficam na Avenida
Caxangá, longe da comunidade.
A maioria dos futuros moradores do conjunto morava nas suas
redondezas, o que significa que convivem a um certo tempo com esses déficits de
serviços e de políticas públicas.
Há diversos estabelecimentos privados, de pequeno porte, nas
redondezas, que atendem a faixa pré-escolar. Também há variedade, de
empresas de pequeno porte, que atendem principalmente nas áreas de
confecções, lan house, sorveterias, lanchonetes, restaurantes, padarias,
mercearias, quitandas, miudezas (armarinhos e fiteiros), farmácias e armazém de
material de construção.
Há alguns mercadinhos na Avenida São Mateus e na Estrada do Barbalho.O
Hospital Barão de Lucena é o mais próximo, ligado ao SUS.
Postos de saúde, há um nas proximidades da Creche Casinha Azul,
Avenida São Mateus. Atende a USF Vila União (Unidade de Saúde da Família).
Há duas USFs, uma ao lado da outra, em frente ao Conjunto Abençoada por
Deus.
27
• Reciclagem
Com relação aos comportamentos sustentáveis, não existe um projeto de
compostagem de resíduos orgânicos, e com base nas entrevistas realizadas com
os moradores, a maioria deles não conhece o processo de compostagem, nem os
benefícios que isso traria para a comunidade, e provavelmente por isso, não
gostariam de participar de uma possível organização desse sistema na
comunidade. Porém, há um projeto de uma horta comunitária, que é bem vista e
desejada pela maioria dos moradores, que disseram nas entrevistas que
gostariam de cuidar de uma horta. Foi possível notar que a maior parte dos
moradores conhece os benefícios que essa horta traria para a comunidade.
8. ANÁLISE COMPARATIVA DE AMBOS OS CONJUNTOS HABITA CIONAIS
Abençoada por Deus: Residencial multifamiliar
vertical cujas 428 famílias que viviam em
palafitas e em situação de extrema pobreza,
desprovidas de serviços e equipamentos sociais
e qualidade ambiental, hoje mudaram
completamente a realidade devido a nova infra
estrutura estabelecida.
Dom Hélder: Condomínio de residencial
multifamiliar horizontal, cujas 200 famílias
provém de assentamentos populares cujo
processo de transformação da realidade vem da
luta pelo direito a uma moradia em condições
dignas de habitabilidade a partir da ação
coletiva em regime de mutirão.
28
Os conjuntos habitacionais acima citados apresentam sistema de tratamento
de esgotos, um deles ainda em fase de construção é caso de Dom Hélder, o qual
ainda não se pode ter avaliações concretas, contudo está previsto que a
manutenção do sistema se dará por iniciativa privada, ou seja, com
responsabilidade dos próprios moradores. Já em Abençoada por Deus cujo
sistema já encontra-se implantado a iniciativa de manutenção fica a cargo do
setor público, o que dificulta o processo ao invés de ajudar, devido a demora no
atendimento e manutenção do sistema. O entupimento dos dutos e o acúmulo dos
dejetos provocam mau cheiro e proliferação de insetos o que pode acarretar
doenças, transformando o ambiente num local insalubre para os moradores. A
gravidade do problema não é percebida por grande parte dos habitantes, pois nas
palafitas não tinham a disposição nenhuma instalação sanitária, não havia um
local adequado para fazer as necessidades básicas, os dejetos eram lançados
diretamente no rio, na maré, as condições de insalubridade eram piores.
Nos habitacionais o sistema de coleta de águas pluviais não tem objetivo de
aproveitamento, apenas de drenagem, isto revela uma falta de educação
ambiental por parte dos profissionais e do setor público na elaboração dos
projetos. Um crescente número de grandes cidades e regiões metropolitanas
brasileiras vive situação de escassez e degradação dos recursos hídricos
impondo a adoção de programas de conservação de água. O aproveitamento não
potável da água pluvial em edifícios diminui a demanda e reduz as despesas com
água potável. Entre os usos domésticos podemos citar; a descarga de bacias
Palafitas: não há sistema de esgotamento sanitário. Depósito para acondicionamento dos resíduos sólidos: má utilização pelos moradores do Abençoada por Deus.
29
sanitárias, a limpeza de pisos e paredes, a lavagem de veículos, a rega de jardins
e a água de reserva para combate a incêndio entre outros fins.
A implantação de novas tecnologias como o telhado verde e painéis solares
dependem de incentivos governamentais uma vez que a primeira é de custo
elevado e a segunda precisa de adaptações ao nosso clima, além do
conhecimento e técnicas especializadas, nas quais oneram bastante o sistema de
projetos de habitação popular.
Percebe-se em Dom Hélder uma maior preocupação em preparar os
moradores a um melhor convívio em comunidade utilizando recursos que a
natureza pode oferecer, como por exemplo, a implantação de uma horta
comunitária, a conscientização ambiental demonstrando as vantagens da
reciclagem, e o beneficio que esta pode trazer como geração de renda para a
comunidade, o que não ocorre em Abençoada por Deus, não há interesse por
parte dos moradores, pois não há maiores incentivos e integração do setor
público para com a comunidade para que esta se sinta mais envolvida e
beneficiada.
Para ambos habitacionais, o grande ganho da coleta seletiva está na
conscientização da população para as questões sanitárias e de preservação
ambiental, uma vez que sua atuação desenvolverá formas corretas de
acondicionamento do lixo, assim como meios de poupar fontes de recursos
naturais não renováveis. Assim como ter um sistema de esgotamento sanitário
completo, devidamente planejado, de forma a atender grande parte da população
urbana com coleta, transporte e tratamento para as águas domésticas e pluviais,
além da preservação dos recursos naturais e a não poluição do meio ambiente é
um grande passo de conscientização ambiental para toda e qualquer
comunidade.
30
9. CONCLUSÃO
O conceito de meio ambiente é abstrato, pois cada ser tem sua interpretação
própria sendo ela leiga ou baseada em estudos sobre o assunto, dessa forma
através de conceitos formados pelo grupo desenvolvemos o trabalho e
analisamos a qualidade ambiental existente nos conjuntos habitacionais.
Nos dois conjuntos habitacionais, a qualidade ambiental é baixa, analisando
por alguns aspectos podendo ser até nula. A disposição das edificações, seus
interiores, o mau agenciamento do terreno, a falta de arborização e até mesmo de
um bom convívio da comunidade são os principais fatores agravantes dessa
situação.
A qualidade ambiental está diretamente ligada a qualidade de vida.
Saneamento, saúde e educação com foco na qualificação e melhor desempenho
do ambiente construído são prioridades de extrema importância na qualidade de
vida da população.
31
10. REFERENCIAS
▪ COSTA LIMA, Gustavo F. – “Consciência ecológica: emergência, obstáculos e
desafios” - Revista Eletrônica "Política e Trabalho" - Setembro 1998 / p. 139-154
▪ DE LA MORA, Luis – “Projeto de trabalho técnico social – Ocupação Dom
Helder Câmara (Iputinga, Recife - PE)” – Janeiro de 2005 – 49 p
▪ GUIMARÃES de Araújo, Suely Mara Vaz - “O estatuto das cidades e a questão
ambiental” – Estudo Abril de 2003 – Câmara dos deputados – 12 p
▪ MARICATO, Ermínia - “O ministério das cidades e a política nacional de
desenvolvimento urbano” – no Ipea - Políticas sociais – Acompanhamento e
análise – 12 de fevereiro de 2006 – 10p
▪ Ministério das cidades – “Política Nacional de desenvolvimento urbano” – Texto
para os cadernos – Versão preliminar – 17 de novembro de 2004
▪ SILVESTRE GOMES, Marcos Antônio, RIBEIRO SOARES, Beatriz – Reflexões
sobre qualidade ambiental urbana – Universidade Estadual Paulista – 2004 – 10p.
▪ Universidad de Chile, Facultad de Arquitectura y Urbanismo, Instituto de la
Vivienda, Universidad Técnica Federico Santa María e Fundación Chile -
“Bienestar Habitacional - Guía de Diseño para un Hábitat Residencial
Sustentable” – Agosto de 2004 – 64p
▪ WIENS Simone, Luiz da Silva Christian – Indicadores de qualidade ambiental:
uma análise comparativa – UniFAE – Centro Universitário - 2004 - 11p