Coisas que não há que há: a escrita poética para a...

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  • ABZ da Leitura | Orientaes Tericas

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    Originalmente publicado em: Actas do 6 Encontro Nacional (4 Internacional) de Investigao em Leitura, Literatura Infantil e Ilustrao, Braga: Universidade do Minho, Outubro 2006

    Coisas que no h que h: a escrita potica para a infncia de Manuel Antnio Pina

    Sara Reis Silva*

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    RESUMO

    A produo literria de Manuel Antnio Pina, potencialmente destinada a crianas e jovens, constitui o

    cerne do estudo que pretendemos apresentar. Considerado por muitos como um dos mais inovadores

    escritores portugueses, intentamos realizar uma leitura mais pormenorizada de duas obras poticas

    deste autor, O Pssaro da Cabea (1983/2005) e Pequeno Livro de Desmatemtica (2001), destacando

    alguns traos singulares da sua criativa escrita, designadamente de algumas das mais recorrentes

    estratgias de humor ou de original aco ldica sobre a lngua. Na nossa anlise, ressaltaremos temas

    como a infncia, tempo e memria, razo vs. imaginao ou mundo s avessas, e processos tcnico-

    expressivos como o paradoxo, a paronmia ou a reinveno verbal.

    Numa envolvente crnica intitulada Sintomas de Poesia, afirma, a dado momento, Manuel Antnio Pina:

    A lngua tem uma irreprimvel vontade de poesia e, se no estivermos atentos, ou se nos distramos e lhe damos um pouco de liberdade e a deixamos respirar, faz poesia. mais forte do que ela. (Pina, 2006: 114).

    Um olhar mais demorado lanado sobre as obras publicadas por MAP, ao longo das ltimas trs dcadas, faz perceber, de facto, esse encanto quase avassalador que a poesia ou essa lngua incontrolvel exercem no autor de Os Livros (2003). Em MAP, no incio (para ser, depois, sempre) foi a poesia, uma poesia que teve como nomes Ainda no o fim nem o princpio do mundo calma apenas um pouco tarde (1974), Aquele Que Quer Morrer (1978) e, mais tarde, O Pssaro da Cabea (1983/2005), que determinou o percurso literrio do escritor. Na verdade, em muitos momentos, mesmo quando parece que nos situamos, por exemplo, no universo dramtico, como em O Invento (1987),

    *Instituto de Estudos da Criana da UM

  • a poesia que acabamos por a pressentir. , pois, possvel encontrar diversos fragmentos poticos em outras obras de potencial destinatrio infanto-juvenil, como se verifica, por exemplo, logo na abertura de O Invento, com a epgrafe de estruturao quiasmtica Penso coisas to profundas e sinto-me to mal / que penso se no serei um Intelectual. / E penso coisas to mal e sinto-me to profundo / que devo ser o Maior Intelectual do Mundo (Pensamento do Invento) (Pina, 1987) ou, em O Tpluqu, com o poema-prtico dedicado Ana no dia dos anos, ou mesmo, ainda, com Para Baixo e Para Cima e Giges & Anantes, textos presentes na colectnea tambm assim intitulada (Pina, 1974)1. At data, so, porm, duas as colectneas poticas, formalmente diferenciadas, que MAP destina preferencialmente ao leitor infanto-juvenil. Intitulam-se O Pssaro da Cabea (1983) e Pequeno Livro de Desmatemtica (2001)2 e, ainda que distantes no tempo, evidenciam uma pluralidade de traos similares, um conjunto de marcas que, como explicitaremos mais adiante, acabam por diferenciar a poesia de MAP de outras escritas suas contemporneas.

    So dez, regra geral breves, os poemas que constituem O Pssaro da Cabea, um conjunto antecedido pela epgrafe Um poema uma coisa sem importncia (R. Queneau)3 e que testemunha um estilo muito peculiar anunciado j, como sugerimos, em algumas poesias includas quer entre as narrativas de Giges & Anantes, de 1974, e O Tpluqu, de 1976, quer entre as peas de teatro em verso de O Invento (Gomes, 1993: 26), editadas, pela primeira vez, em 1987, mas levadas cena pela Companhia de Teatro P de Vento entre 1978 e 1983.

    Alis, como, noutro lugar (Silva, 2006), demoradamente explicitmos, em termos estruturais, importa salientar que, entre O Pssaro da Cabea (1983/2005), primeira colectnea potica para a infncia de MAP, e as peas de teatro em verso que compem O Invento (Aventuras do Maior Intelectual do Mundo) (1987), se verifica uma relao simultaneamente de recuperao textual, transmigrao ou confluncia, na justa medida em que vrios excertos desta obra integram, na forma de composies poticas isoladas e semanticamente ntegras, essa colectnea. Veja-se, por exemplo, que:

    a) a composio potica A Cabea no Ar, stimo texto de O Pssaro da Cabea (Pina, 1983: 20), corresponde primeira interveno da personagem Dubidu da pea com esse mesmo ttulo do poema, includa em O Invento (Pina, 1987: 38);

    b) esta situao verifica-se tambm em relao ao poema Basta Imaginar (Pina, 1983: 22), que constitui, nesta mesma obra, uma das falas do Homem que pensa em Pssaros (Pina, 1987: 38);

    1 De referir, a este propsito, que, na segunda edio (2005) de O Pssaro da Cabea, foram includos, numa seco final intitulada Mais versos, os textos Para Baixo e Para Cima, Giges & Anantes e Versos Ana no dia do aniversrio.

    2 Na capa de Pequeno Livro de Desmatemtica, pode ler-se Versos de Manuel Antnio Pina. Na folha de rosto da segunda edio (2005) de O Pssaro da Cabea, tambm se regista poemas de Manuel Antnio Pina.

    3 Como mencionmos noutro lugar (Silva, 1006), desta epgrafe, da autoria do surrealista francs Raymond Queneau (1903-1976), parece ressumar uma certa auto-ironia e, ainda, alguma hetero-ironia, sendo at talvez um disfarado modo de sugerir o valor menor destes poemas para crianas, em contraste com a escrita para adultos. Alm disso, parece introduzir o tpico da desformalizao do texto potico, anunciando veladamente o carcter ldico, decorrente, por exemplo, da valorizao da matria lingustica, que marcar no s os textos presentes em O Pssaro da Cabea, mas tambm, em larga medida, quase toda a escrita de MAP para crianas e jovens.

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  • c) o mesmo se constata em relao a O Pssaro da Cabea (Pina, 1983: 25), que a surge com o ttulo Cano do Pssaro da Cabea (Pina, 1987: 39).

    d) similarmente, com o poema Coisas que no h que h (Pina, 1983: 17-19) que a personagem Invento abre o texto A Arca do No (Pina, 1987: 47), tambm em O Invento;

    e) A Sopa de Letras (Pina, 1983: 14), terceiro poema de O Pssaro da Cabea, coincide com a segunda interveno do Invento, no texto Ano Ano & Assim Assim (Pina, 1987: 66-67), em O Invento.

    Observa-se, portanto, a insero semanticamente frtil de fragmentos de uma obra, originalmente divulgada apenas em forma de voz dramtica ou de texto-espectculo (peas levadas cena pela P de Vento), num novo conjunto textual (O Pssaro da Cabea), um processo que resulta numa renovada totalidade, distinta do objecto literriomatriz, e que nos faz encarar as peas de O Invento enquanto pr-textos da colectnea potica O Pssaro da Cabea, um caminho criativo em que se atenuam expressivamente fronteiras entre modos literrios, neste caso livremente interseccionados4.

    Conjunto de textos poticos aglutinados por um processo de titulao simples, j que o ttulo do stimo poema que empresta o nome colectnea, os textos de O Pssaro da Cabea so o espao de poetizao de temticas que acabam por percorrer efectivamente toda a escrita de MAP, independentemente do seu potencial destinatrio. Na verdade, nos poemas de O Pssaro da Cabea, cruza-se uma pluralidade de tpicos, desde a ruptura da rigidez do real5 ao tpico do mundo s avessas, passando pelos binmios infncia / adultez, aparncia / essncia, razo / imaginao ou absoluto / relativo, eixos que testemunham essa lgica dialctica dos contraditrios que, por exemplo, Joana Matos Frias considera perpassar como fio condutor [de] toda a estrutura profunda da obra de Manuel Antnio Pina (Frias, 2000: 6).

    O texto de abertura de O Pssaro da Cabea, A Ana Quer, introduz, no sem um surpreendente efeito cmico, uma atitude de relativizao do real emprico. Neste poema, o sujeito potico joga com a ordem, dilui as fronteiras entre o interior (na barriga da me) e o exterior (c fora) e quebra o inaltervel esquema inerente pontualidade ou irrepetibilidade do nascimento, impossibilidade de regresso ao ventre materno e, ainda, do irreversvel processo de crescimento. , pois, o mundo subjectivo e imaginativo da infncia que subjaz este texto e outros desta colectnea de MAP, como acontece com

    4 Em nota de abertura, a anteceder o texto da segunda edio de Histria com Reis, Rainhas, Bobos, Bombeiros e Galinhas, declara MAP: Algumas pessoas so de opinio que o resultado (este texto, como outros que tenho escrito) no bem teatro; inclinam-se para reconhecer neste texto, e nos outros textos, uma estrutura mais potica que dramtica. Trata-se, naturalmente, de pessoas que sabem o que teatro e o que no teatro, e o que poesia e o que no poesia, e eu tenho imensas dvidas sobre essa questo (e mesmo sobre se isso uma questo). No deixa de ser tranquilizante, em matria to perplexa como a literria (o teatro, julgo eu, ou julgo que julgo, s visto, contado ningum acredita), encontrar gente segura de si e das suas definies de teatro, poesia, prosa, etc. Queira, pois, o leitor chamar a esta Histria o que entender (teatro, ou outra coisa qualquer); eu chamei-lhe Histria com reis, etc. mas quem sabe qual o seu verdadeiro nome? (Pina, 2004).

    5 A corroborar a prevalncia deste eixo temtico, veja-se, por exemplo, a insero de dois poemas de O Pssaro da Cabea, A Ana Quer (captulo 4) e Basta Imaginar (captulo 5), na obra Isto que Foi Ser! (Asa, 2001), de lvaro Magalhes, tratando-se esta de uma narrativa na qual participa como personagem o prprio MAP e em que se ficcionaliza o desejo de libertao da rgida linha que determina a sucesso natural nascer-viver-morrer. A dado momento, escreve lvaro Magalhes: Eu estava com vontade de o ajudar mas no sabia como. Pus-me a pensar e lembrei-me de ter lido uns versos dum poeta meu amigo que se chama Manuel e o pai da Ana e da Sara. Ele deve saber alguma coisa sobre o assunto pensei eu porque o poema assim: (). (Magalhes, 2001: 19 e ss.).

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  • o texto potico com que encerra a obra, A Cano dos Adultos, por exemplo, que acaba por propor, igualmente, uma reflexo sobre a infncia e a adultez e, mais especificamente, sobre o que se ganha ou perde com o crescimento. O reconhecimento por parte do sujeito potico da crescente incapacidade de compreenso do real ou das suas coisas grandes o amor que h, a alegria que h (Pina, 1983: 34) redunda na oposio aparncia / essncia.

    No segundo poema, em que, alis, nos reencontramos com a figura infantil de Ana, mas, desta vez, como em outras situaes, acompanhada de Sara6, a presena da frmula hipercodificada de abertura Era uma Vez, aqui transformada em ttulo do texto, faz prever a centralidade do tpico da leitura de histrias ou da viagem por entre os mistrios das letras e das palavras dos livros. O sujeito potico diferencia, assim, as atitudes de Ana e Sara, fazendo sobressair a forma como a primeira saboreia uma letra de cada vez, bem como o seu carcter sereno e reflexivo, em oposio ao modo ansioso, entusiasmado e apressado, mas tambm sonhador da segunda: () A Ana l e pe-se a pensar / nos qus, nos porqus, nos para qus / e volta atrs para confirmar / porque, afinal de contas, talvez. // A Sara prefere entrar / nas palavras, nos desenhos, e ficar. / Existir no meio das histrias, em vez / de ver, viver; em vez // de pensar, de pausar, de perspicar, / ser ela a ser o que o heri fez. / Sai dos livros sem sair do lugar, / e corre o mundo de ls a ls. () (Pina, 1983: 11-12).

    tambm de leitura, mas, desta vez, poetizada a partir do recurso a uma realidade metaforizada, a sopa de letras, que trata o poema assim intitulado. Neste terceiro poema, composto por uma estrofe, sendo central a figura de um menino insensvel beleza das palavras, porque desconhecedor desse misterioso cdigo, sugere-se que saber as letras saber o seu sabor: comia coisas lindssimas sem saber, / mas ele queria l sabor! / At que um amigo com todas as letras / lhe ensinou a soletrar a sopa. / E ele passou a ler a sopa toda, / o peixe, a carne, a sobremesa, etc. (Pina, 1983: 14).

    Num tom que apelidaramos de ndole metafsica, nos sete textos que se seguem, percebe-se que, em todos, de uma forma ou de outra, se lida com tpicos como o real e o imaginado / onrico, o poder livre e criador da imaginao ou a liberdade de sonhar. A rejeio em ficar pelo visvel, pelo superficial e pelo aparente ou, tambm, aquilo que Antnio Guerreiro define como a interrogao sem limites (Guerreiro, 2004), representam, com efeito, eixos fundamentais destes poemas, testemunhando, assim, que a poesia de MAP se configura como pregunta o inaceptacin, ms que como respuesta. (Villalba, 2005: 204).

    Com uma estruturao paradoxal, o texto Coisas que no h que h, por exemplo, deixa perceber o constrangimento do sujeito potico face impossibilidade de fazer existir aquilo que , para ele, uma parte do real, do outro lado do real: aquilo que apenas

    6 A ttulo meramente exemplificativo, veja-se, a propsito da presena destes dois nomes femininos, a figurao reiterada, nos quatro textos de Giges & Anantes (1974), tambm de uma personagem chamada Ana, a abertura de O Tpluqu e Outras Histrias (1995-2 ed.) com o poema dedicado Ana no dia dos anos, bem como, em A Histria do Contador de Histrias e em Histria com os Olhos Fechados, os dois patentes em Histrias que me Contaste Tu, a co-presena de ambas. As duas personagens, Sara e Ana, tero sido seguramente inspiradas nas duas filhas do autor, uma opo, alis, que acaba por parecer justificar-se pelo facto de, como sublinha Maria Leonor Nunes, num extenso ensaio biobibliogrfico, as primeiras histrias terem sido escritas a pensar nas filhas Sara e Ana ainda pequenas. (Nunes, 2001: 16).

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  • se alcana na esfera da imaginao ou no espao da memria7. So, ainda, os topoi da imaginao e do sonho, cenrios incorruptveis e seguros de liberdade individual, que prevalecem nos poemas A Cabea no Ar, Basta imaginar, O Pssaro da Cabea, O Aviador Interior e No desfazendo. A presena reiterada de formas verbais como sonhar, libertar, cantar e voar, aliadas a vocbulos como cabea, pssaro, ar, asas ou, at mesmo, aviador, parece desvelar metaforicamente essa profunda aspirao do poeta em alcanar o inalcanvel, em dizer o indizvel, em viver livre do outro lado das coisas. Em termos mais especficos, o referido conjunto lexical forma um campo semntico particular que simbolicamente, e em ltima instncia, remete, ainda, para as ideias de espiritualizao8, de desmaterializao, aligeiramento e libertao9, bem como de procura de uma harmonia interior10.

    Em O Pssaro da Cabea, a linguagem, que o leitor inevitavelmente sente como diferente ou motivadora de um sentimento de estranheza11, constitui um instrumento para um olhar regenerador, um pensamento, uma lgica diferentes (Blot e Porcher, 1980: 48), fazendo prever a co-existncia de um mundo real e de um mundo imaginado. Processos tcnico-expressivos como o oximoro, o paradoxo, a anttese, a paronmia (com evidentes efeitos humorsticos12), a reinveno verbal, as estruturas paralelsticas e enumerativas ou a presentificao do discurso contribuem para a construo de um discurso potico marcadamente desautomatizado, para um registo que, a todo o momento, convida aceitao imediata de um inventivo universo semntico e fnico-rtmico, artisticamente reforado, ainda, pelas sugestivas ilustraes de Maria Priscila, um conjunto de segmentos em papel recortado em que prevalecem o verde, o vermelho e o azul a representar, por exemplo, o mundo de pernas para o ar13 ou o voo14.

    O contacto inaugural com Pequeno Livro de Desmatemtica, operado a partir do seu ttulo, elemento que, desde logo, faz prever simultaneamente a conciso15 subjacente macroestrutura textual e o carcter neolgico que tambm o distinguir16, suscita tambm

    7 () pessoas to boas ainda por nascer () / Tantas lembranas de que no me lembro / () pases por achar, / () tudo o que eu nem posso imaginar / porque se o imaginasse j existia / embora num stio onde s eu ia (Pina, 1983: 19).

    8 Simbolicamente, o ar representa a espiritualizao, a vida invisvel e o meio prprio do voo (Chevalier e Gheerbrant, 1994: 77-78).

    9 Cf., por exemplo, simbologia das asas (Chevalier e Gheerbrant, 1994: 92-93).

    10 Cf., por exemplo, simbologia do voo, fundida, alis, parcialmente com a de Ar (Chevalier e Gheerbrant, 1994: 700).

    11 Glria Bastos (1999), fazendo sobressair a perspectiva de Bernard Blot e Louis Porcher, refere-se especificidade do discurso potico, sintetizando os seguintes ncleos: a poesia como linguagem motivada (ambiguidade e pluralidade do discurso potico); a poesia como linguagem redundante (a intensificao emocional e a repetio potica); a poesia como linguagem de estranheza (a transformao do real) (Bastos, 1999: 159).

    12 Cf., por exemplo, os seguintes versos de A Sopa de Letras: Tinha no prato uma FLOR, / um NAVIO na colher, / comia coisas lindssimas sem saber /, mas ele queria l sabor! (Pina, 1983: 14).

    13 Vide, por exemplo, pg. 20.

    14 Vide, por exemplo, pg. 29.

    15 MAP, no prefcio da segunda grande seco da obra, refere abertamente o seu propsito de apenas intentar um breve livro: Ainda pensei em trazer os nmeros primos, as fraces e a malta da geometria, mas ficaria um grande livro e eu s queria escrever um pequeno livro. Alm disso, olhei para o relgio e verifiquei que comeava a fazer-se tarde (o tempo merecia um livro s para ele!) Ficam todos para outra vez. Talvez. (Pina, 2001: 39)

    16 Neste contexto, o da expressividade do ttulo Pequeno Livro de Desmatemtica, interessante referir que, curiosamente, na verso dactilografada desta obra, antes da sua edio (documento cedido pelo prprio autor a Jos

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  • no leitor a expectativa de que, nesta obra, possvel a celebrao de um encontro ainda que pouco convencional entre dois planos fundidos: o plano plurisotpico, subjectivo e conotativo da fico e o plano objectivo da matemtica, enquanto cincia exacta.

    Elementos paratextuais como a epgrafe de Agostinho da Silva como, similarmente, destacmos relativamente expresso-prtico de O Pssaro da Cabea e os textos prologal e epilogal da ltima parte (Onde se fala de alguns seres extraordinrios) representam, de igual modo, autnticas chaves de leitura da colectnea. Note-se que, desde o incio, com a inscrio da autoria de Agostinho da Silva (1906-1994), pensador que sempre sublinhou os limites das cincias exactas ou das solues positivas, se introduz, como veio temtico fundamental, a anttese imaginao / razo. Na exclamao Que a imaginao te engorde e a matemtica te emagrea! percebe-se, de facto, o jogo enunciado ou uma das dicotomias estruturantes de toda a obra, que instaura uma proximidade bem-humorada entre o autor e a instncia receptora, sugerindo, ainda, o desejo de celebrao de um encontro desafiador, aberto ao inesperado ou receptivo face ao livre e ao inexacto. A ludicidade tambm aqui sugerida, semelhana do que, alis, se constata quer no prprio ttulo da colectnea, quer na prpria componente pictrica da responsabilidade de Pedro Proena17, quer, ainda, explicitamente, no pargrafo final do eplogo, uma afirmao que o autor pede, de novo, de emprstimo a Agostinho da Silva18 o importante no ser a matemtica um jogo: mostrar-nos que tambm o mundo um jogo (Pina, 2001: 57) , reflecte-se, posteriormente, no corpo da obra, sendo, de modo directo, referida pelo prprio autor textual no segmento prologal da terceira parte:

    Este pequeno livro est cheio de jogos com palavras e com alguns conceitos simples da matemtica (por pouco ia a escrever a palavra com letra maiscula!). Eu gosto de palavras. E de matemtica tambm. Por isso brinco com elas. Brincar uma coisa muito sria: quem quereria brincar com gente ou com coisas de que no gosta?

    Este livro um livro de desmatemtica porque, aqui, os personagens da matemtica, os nmeros, os sinais, as contas, so tratados como gente, tm sentimentos, sonhos, at fraquezas e defeitos. Como tu e como eu. um jogo que eu gosto muito de jogar: imaginar como as coisas seriam se fossem ao contrrio. Nem imaginas como o Reino do Des s vezes divertido! (Pina, 2001: 37).

    Com uma arquitectura mais complexa do que a que se observa em O Pssaro da Cabea, Pequeno Livro de Desmatemtica estrutura-se a partir da conjugao de duas

    Antnio Gomes, que gentilmente nos facultou a sua consulta), o ttulo registado era apenas O Livro de Desmatemtica. Comparativamente, a verso final resultou, em nosso entender, mais eficazmente, sendo muito significativa, em termos de ligao prpria estrutura interna da obra e, ainda, aos propsitos do autor, a introduo do adjectivo pequeno. Importa, ainda, referir que este aspecto corresponde alterao mais importante verificada entre a verso dactilografada e a verso final editada.

    17 Note-se que o discurso visual deste artista plstico, na obra em apreo, reflecte ou responde s linhas estticas fundamentais do texto verbal. Pedro Proena pontua, assim, as suas ilustraes de elementos resgatados ao mundo da Matemtica: por exemplo, representaes de nmeros, de operadores matemticos e de operaes aritmticas. Alm disso, nos seus segmentos pictricos, como acontece nos poemas de MAP, muitos algarismos surgem personificados, sendo pintados com braos, pernas e faces humanas.

    18 Note-se que a opo pela abertura e pelo encerramento da obra com duas afirmaes da mesma autoria parece dotar a colectnea no s de uma expressiva circularidade estrutural, mas tambm de uma sugestiva unidade temtica que possui como pilar fundamental o tpico do jogo.

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  • grandes partes modalmente distintas, mas semantica e profundamente ligadas. Assim, primeira parte, subdividida em Pequeno Livro dos Problemas e Pequeno Livro das Histrias, segue-se Onde se fala de alguns seres extraordinrios, uma seco qual se encontra subjacente uma construo simultaneamente metatextual e educativa ou informativa, ainda que levemente perceptvel e superada pela coloquialidade e pela vivacidade do registo, bem como pelo tom dialgico e interpelativo.

    Em Pequeno Livro dos Problemas, renem-se quatro concisos poemas centrados nas operaes aritmticas da adio (Um problema de somar), da subtraco (Um problema de subtrair), da multiplicao (um problema de multiplicar) e da diviso (Um problema de dividir). Nestes quatro textos, as ideias de desafio, de dvida, de questo a resolver ou de soluo a encontrar so dominantes e neste sentido que se percebe, portanto, a presena, por exemplo, de expresses interpelativas e interrogativas directas (Pina, 2001: 9, 12), de oraes condicionais (idem, ibidem: 9, 12) e de formas dos verbos resolver (idem, ibidem: 9) e calcular (idem, ibidem: 11, 13). A partir de um exerccio ldico de simulao e imprimindo aos poemas a aparncia formal dos problemas matemticos, MAP desmonta e mescla sentidos de palavras, lana mo de vocbulos da gria matemtica, introdu-los em outros contextos e constri um discurso figurado ou metafrico, com evidentes efeitos cmicos. Veja-se, por exemplo, logo o primeiro poema desta seco, texto no qual o vocbulo quntico, termo relativo, por exemplo, Fsica ou Mecnica, se encontra a substituir o determinante interrogativo quanto, e, ainda, o carcter neolgico da palavra equacinema, nascida da aglutinao de equao ou equacionar e cinema:

    Um problema de somarDiz-me, se s bom matemtico:2 mais muitos soma quntico?Se resolveres o poemaLevo-te ao equacinema! (Pina, 2001: 9)

    A seco Pequeno Livro das Histrias destaca-se pela narratividade presente na generalidade dos textos que a enformam. Nestes, elementos abstractos do universo matemtico surgem personificados, agindo como figuras actuantes em pequenas aces, dialogando com outras personagens e expressando algumas das suas angstias e preocupaes.

    No poema A triste histria do zero poeta, por exemplo, o protagonista o algarismo Zero, que revela uma densidade psicolgica e afectiva muito distante da objectividade numrica, mas muito perto da vivncia humana. A manifestao do forte desejo de realizao de um sonho secreto (Pina, 2001: 18), fugir para o alfabeto (idem, ibidem: 18) e tornar-se um O (note-se, aqui, a aproximao expressiva entre a forma do algarismo 0 e da letra maiscula O), bem como a vontade de dizer ao mundo quer os sonhos de glria, esperanas, / nsias, melancolia, / recordaes de criana, quer um grande vazio de tipo existencial / e de uma caixa que um tio / lhe pedira para guardar; // e ainda as chaves do carro / e uma mscara de entrudo (idem, ibidem: 19) porque No tinha bolsos, coitado, / guardava na alma tudo! (idem, ibidem: 19) fazem deste zero dado poesia (idem, ibidem: 18) uma figura simultaneamente dramtica

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  • e cmica. Igualmente dramtica a Histria de um 1, algarismo j idoso tambm dotado de alma e de imaginao, que se demorava ao espelho a contemplar o 1. J nas quatro quadras que constituem Os conselhos do matemtico prudente, ltimo poema de Pequeno Livro de Histrias, cada uma tendo como mote uma operao aritmtica (soma, subtraco, multiplicao e diviso), o discurso afigura-se mais sentencioso ou moralizante, com um dominante tom apelativo, no sem evidenciar um leve carcter humorstico:

    SOMANo te fies em balelasNem somes mais do que a conta.s vezes muitas parcelasDo soma de pouca conta

    SUBTRACOCuidado com a subtraco!Se subtrais soma alheiaPodes ir para a cadeia!Tenta outra operao

    MULTIPLICAOMultiplica, multiplica,Que o que faz a gente rica!Peixes por pes que no: muita multicomplicao!

    DIVISOA diviso a arteDe ficar com a melhor parte.Se duvidas no dividas!Ou divide s as dvidas! (Pina, 2001: 34).

    Sumariamente, importa, uma vez mais, ressaltar o facto de, nos oito poemas que compem a seco Pequeno Livro das Histrias, se observar a presena de elementos marcadamente narrativos, como so os casos da presena de protagonistas e de outras personagens com quem interagem, umas adjuvantes e outras oponentes19, do discurso directo, de sugestes espaciais20 e temporais, de uma moral21 e at de narrativas breves encaixadas nascidas da imaginao, como acontece em Histria do i: O i, nmero imaginrio / com muita imaginao, / imaginara o cenrio / para um filme de fico. // A histria comeava / dentro de uma equao () (Pina, 2001: 24). Alm disso, semelhana do que acontece na seco inicial da colectnea, tambm em Pequeno Livro de Histrias se assiste ao jogo lexical a partir da paronmia e da construo neolgica

    19 Cf. () e o vilo / era uma raiz quadrada // da frmula resolvente / assaltava mo armada / um pobre x que passava, / roubando-lhe o expoente. // O heri, um matemtico, / perseguia-a tenazmente / de equao em equao / at uma de quinto grau. (Pina, 2001: 24)

    20 Vide, por exemplo, quadra inicial do poema A triste histria do zero poeta: Numa certa conta havia / um zero dado poesia / que tinha um sonho secreto: / fugir para o alfabeto (Pina, 2001: 18).

    21 Vide, por exemplo, quadra final do poema Histria de um 1: Tirem daqui a moral / os 1 de idade avanada: / um -1 igual / a 1-1, a nada! (idem, ibidem: 23).

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  • como em inquociente (Pina, 2001: 17) e multicomplicao (idem, ibidem: 34), bem como explorao das potencialidades plurissignificativas de termos como incgnitas, em Dois anncios de jornal (idem, ibidem: 28), ou subtraco, em Os conselhos do matemtico prudente (idem, ibidem: 33).

    O desfecho de Pequeno Livro de Desmatemtica, como anteriormente mencionmos, ocorre com a seco intitulada Onde se fala de alguns seres extraordinrios. Esta ltima parte do livro, como refere Maria do Sameiro Pedro, composta por textos que narran a historia de determinados conceptos matemticos (soporte dos poemas includos nas das partes anteriores), utilizando estratexias articuladas cos datos historicamente situados (por exemplo, ligados Historia da Matemtica); constituuse as un metadiscurso sobre o xogo creado nas partes anteriores e explicitamente asumido polo autor, o cal recorre personificacin en canto estratexia para referirse a os personagens da matemtica. (Pedro, 2002: 43).

    Dedicados, assim, ao Zero, aos nmeros negativos, aos nmeros imaginrios, aos nmeros irracionais e ao , estes cinco textos procuram facilitar a descodificao dos poemas presentes na colectnea, como, alis, menciona abertamente o autor, na nota introdutria, ou como sugere, ainda, o convite que lana no segmento epilogal: () apesar de este no ser nem, valha-me Deus, querer ser um compndio de Matemtica (agora j se justifica, se calhar, a letra maiscula), e ser apenas um pequeno livro de versos (com teoremas escondidos), imaginei que, se tu conhecesses melhor dois ou trs dos personagens deste livro, talvez a leitura dele pudesse ser um pouco mais interessante. Por isso te venho apresentar o amigo zero (uma verdadeira nulidade, pensam alguns; o que eles se enganam!), os nmeros negativos, os nmeros imaginrios, os nmeros irracionais (raio de nome!), o misteriosssimo e famosssimo . Talvez, quem sabe?, depois de teres conhecido estes, tu queiras conhecer outros. (Pina, 2001: 39); Agora que j sabes algumas coisas sobre a vida e as aventuras de alguns personagens do estranho mundo da matemtica, gostava de te propor uma experincia: torna a ler os versos. Talvez agora os percebas melhor e, quem sabe?, os aches mais divertidos (idem, ibidem: 57). A proximidade com o leitor e/ou o tom coloquial e dialgico22 que pautam a nota introdutria, que acabmos de citar, comunica-se, ainda, aos cinco textos a que nos reportmos, um conjunto preenchido por dados matemticos veiculados com rigor e com notrio entusiasmo23.

    Em Pequeno Livro de Desmatemtica, como em Maldita Matemtica! (1 ed., 1989; 2 ed 2000), de lvaro Magalhes24, por exemplo, um conto que este autor curiosamente

    22 Cf., por exemplo, com a abertura do segmento dedicado aos nmeros negativos Quando eu tinha a tua idade achava que o zero era uma espcie de espelho oval. (Pina, 2001: 44) ou do centrado nos nmeros imaginrios A raiz quadrada de um nmero o nmero que, multiplicado por si prprio, d esse nmero. Acho que mais ou menos isto, mas o teu professor de matemtica explica-te, de certeza, melhor (idem, ibidem: 47).

    23 Cf. O outro personagem fascinante e misterioso. Anda pelo mundo desde que o mundo mundo, mas ningum o conhece inteiramente. dos nmeros mais irracionais que h Mas, s vezes, mais irracional parece o af com que os matemticos infinitamente puxam pelas suas casas decimais (pelo seu quase), que como quem diz, lhe puxam pela cauda (idem, ibidem: 53).

    24 Nesta narrativa, assistimos evaso do mundo por parte do protagonista Joo, uma fuga concretizada atravs das narrativas ficcionadas que constri, um conjunto de aventuras encaixadas na (des)aventura que a sua prpria vida, permitindo-lhe viajar livremente a partir do aparentemente rgido mundo da matemtica, soltando a imaginao e alcanando uma terra povoada de nmeros. a que faz um amigo, o nmero 7, um nmero real no [teu] imaginrio

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  • dedica a seu amigo Manuel Antnio Pina, a poesia e a matemtica dividem, assim, o espao ficcional e acabam por fundir-se.

    Comuns a O Pssaro da Cabea e a Pequeno Livro de Desmatemtica so, partida, o carcter inovador dos ttulos, que, com eficcia, situam o receptor num universo ficcional25, bem como as epgrafes, elementos fundamentais na criao de expectativas e na orientao da leitura da obra. Alm disso, como procurmos sucintamente ressaltar a partir de O Pssaro da Cabea e Pequeno Livro de Desmatemtica, uma leitura global dos ttulos que compem a produo literria de MAP faz pressentir, no raras vezes, uma original interseco de modos e gneros literrios, num percurso criativo em que a possvel especificidade de esquemas, formas ou tcnicas destronada pela orientao ldica e, essencialmente, pelo gosto pela matria lingustica enquanto objecto semanticamente polimrfico, generoso nas suas possibilidades / potencialidades criativas. , pois, neste sentido que entendemos a afirmao de Arnaldo Saraiva, quando, a propsito da edio de Algo Parecido com Isto, da Mesma Substncia, obra que rene a totalidade da poesia publicada desde 1974 por MAP, refere que: estaramos perante um volume muito mais slido se ele inclusse, como me parece que devia incluir, textos poticos aparentemente destinados a crianas (que no deixaro de surpreender ou tocar os adultos) como os de O Pssaro da Cabea, Histrias com Reis, Rainhas, Bobos, Bombeiros e Galinhas, O Invento, sem esquecer os dois poemas iniciais de Giges & Anantes. (Saraiva, 1993: 14).

    Em termos globais e conforme salienta Jos Antnio Gomes, MAP herdou das tradies anglo-saxnica e surrealista a atraco pelo nonsense, associando-o a uma irreverncia inteligente e a um culto da ironia, do paradoxo e do jogo verbal, que no dispensam a explorao criativa de ambiguidades e aspectos ldicos da linguagem (Gomes, 1997: 52), traos que tm contribudo para individualizar aquela que uma das obras mais originais do momento (idem, ibidem: 52).

    As obras O Pssaro da Cabea e Pequeno Livro de Desmatemtica testemunham, assim, a sempre desejada e infinita liberdade que a linguagem e os seus usos ldicos possibilitam, dando corpo, com inovao e criatividade (Lotman, 1975), ao que defende e no se cansa de lembrar o seu autor: escrever um espao e um tempo de liberdade, de liberdade livre (Freire, 1987). Na complexa simplicidade da sua escrita (Frias, 2000: 7), quer O Pssaro da Cabea, quer Pequeno Livro de Desmatemtica, quer, ainda, muitos dos restantes textos de MAP que no nos foi possvel incluir no tempo e no espao desta abordagem, reflectem aquilo que a linguagem esttica guarda de libertador e de cognitivo (Corral, 2003). Porque, na escrita, h sempre lugar para muitas coisas que no h que h.

    [do Joo] (Magalhes, 2000: 15), que, angustiado com um teste de poesia, confessa: Estou farto de resolver poemas. Os poemas existem para ns os sentirmos, para gostarmos deles e os tornarmos nossos. No devem ser resolvidos, devem ser ouvidos como a msica (idem, ibidem: 22). Joo, por seu turno, tornando-se um sonhador acordado (idem, ibidem: 16), ainda que no consiga mostrar ao seu professor de matemtica, um homem que olhava o mundo atravs duns culos de lentes grossas que faziam com que as coisas lhe parecessem mais pequenas do que eram. (idem, ibidem: 19), aprende que, muitas vezes, apenas a imaginao possibilita a realizao de um sonho ou a resoluo de um problema (mesmo que este seja de matemtica).

    25 Sobre este assunto, vide Silva e Azevedo, 2006.| 10 |

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