Como escrever para o “Recreio” -...

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SEKE IA BINDO | Nas terras de Txissessenge havia grande fartura de comida e todos vi- viam felizes. A água corria cristalina no Méchi, a dois passos da aldeia. Nas chanas havia tanta caça que até as crianças traziam carne para casa. A abundância era comemorada com a txianda, ao som do txinguvo e belos coros. Nem o luar da Lua Cheia derra- mava sobre a terra tal alegria. Um dia, Samaíca voltou a casa com tanta carne que todas as mesas ficaram repletas. No terreiro a festa estava animada, mas o caçador não saiu de casa. Quando a Lua ia alta, a txianda co- meçou a esmorecer. Os coros mal se ouviam. Os guizos não marcavam o ritmo. O som do txinguvo nem che- gava às margens do Méchi. Ante o si- lêncio, os peixes foram dormir nos buracos. Então Samaíca saiu de casa e entrou na dança. Cantou, cantou, percutiu o txinguvo trepidante. E a ani- mação renasceu. No auge da festa, Samaíca falou: - A minha voz é potente. Só o pás- saro cungo canta mais forte do que eu. A partir de hoje o meu nome é Cungo Samaíca, o caçador. O coro das mulheres acompanhou a procla- mação e a festa continuou. Cungo, alta madrugada, cantou: - Minha mãe, querida mãe. Eu vou perder-me na caçada. Vou perder-me nesses caminhos traiçoeiros. Minha mãe, eu vou perder-me. O coro acompanhou Cungo Samaíca: - Uéiéhé mama é/mungúizacarito- quela! Cungo Samaíca percutia o txinguvo, sua canção chegava aos ouvidos da Lua. Os guizos marcavam o passo da dança. O cantor lamen- tava-se assim: - Mãe minha mãe, infelicidade. Mãe, querida mãe, tristeza! Hei-de perder- me algum dia! A festa estava no auge e o som do txinguvo chegava lá longe, ao grande rio Lóvua. No meio de tanta anima- ção o coro lançava sobre todos um manto de tragédia: - Ué iéhé mama é/mungúizacarito- quela/Cungo é! Ao amanhecer a festa esmoreceu e em breve chegou o silêncio que precede o alvorecer. Novo dia nasceu e a abundância na aldeia duplicou. Cungo Samaíca era muito estimado entre os seus. Até que veio o dia em que se perdeu completamente. Naquele ano tinha chovido tanto que o capim ganhou a altura das árvores. O destemido ca- çador perseguiu uma cabra do mato até caçá-la. Mas uma vez senhor da presa descobriu que estava perdido. À sua volta só via capim. Esperou que nascesse a Lua e brilhassem as estrelas, para que esses sinais lhe re- velassem o caminho de regresso a casa. Mas estava tão desorientado que as estrelas o conduziram para mais longe da aldeia. Abandonou a presa e partiu em direcção ao Norte, sempre virado para as terras sagra- das do Chitato. O novo dia encon- trou-o ainda mais perdido. Mas à luz do Sol conseguiu desco- brir os trilhos das suas últimas caça- das, regressando a casa, exausto e triste. Não falou com ninguém, nada mais quis ver. Cungo Samaíca sempre soube que havia de se perder. A meio da manhã ouviu-se o canto potente do cungo e todos se lem- braram do intrépido caçador que numa txianda trepidante, ouviu o co- ração dizer-lhe que um dia havia de se perder. CONSELHOS CONTOS POPULARES ANGOLANOS O dia em que o homem pássaro ficou sem asas PROVÉRBIO ADIVINHAS Soluções: 1. Livro; 2. Laranja; 3. Melão; 4. Mesa posta e convivas; 5. Lebre; 6. Livro. A chuva atrapalha as aulas A seca já acabou, pelo menos aqui na província do Kwanza- Norte, onde começou a cair chuva miúda desta época. Os que vivem no meio rural andam felizes porque já podem semear os produtos do campo que vão dar de comer a todas as pes- soas das nossas aldeias, mesmo as que estão mais longe dos grandes centros urbanos. A chuva é boa para regar as plantações novas e desenvolver as nossas lavras. E significa sempre abundância de comida. Mas também atrapalha as aulas, sobretudo nas aldeias e comunas que ainda não têm estradas asfaltadas. Todas as povoações que são servidas por picadas, nesta altura começam a ficar mais iso- ladas. E há crianças que devido aos lamaçais têm muita dificul- dade em chegar às suas escolas. Eu vivo num bairro de Ndala- tando e aqui na nossa zona, quando chove os caminhos ficam in- transitáveis. Nesses dias temos dificuldades em chegar às aulas. Como as grandes vias da província já estão asfaltadas e é fácil a ligação entre os principais centros urbanos, penso que chegou a hora das autoridades começarem a pensar em asfaltar as vias se- cundárias e terciárias, para facilitar a mobilidade. MARIQUINHA JOAQUIM|12 ANOS|NDALATANDO 1.Sou de longe, longe vou, não sou feio nem bonito, tudo quanto tenho dou. 2.Muitas damas num castelo, todas se vestem de amarelo! 3.Letras me puseram, que nunca se lêem; diz que me calasse, eu nunca falei; logo que me calaram meus dias acabei. 4.Sobre pinho, linho; sobre linho, flores; ao redor, amores. 5.Qual é a fêmea afamada, ligeira e decidida, que mesmo macho, será fêmea toda a vida? 6.Sou nobre muito rico. Feito por sábio engenho. Dou-vos tudo quanto tenho. Com quanto tenho me fico. «Um inimigo inteligente é me- lhor que um amigo estúpido. Domingo, 6 de Outubro de 2013 Nº 123 SÉRIE III |11 Como escrever para o “Recreio” O nosso endereço é: Recreio - Página Infantil do Jornal de Angola - Rua Rainha Ginga, 18/26 - Luanda, ou para o e-mail: [email protected]. R R ecreio ecreio Suplemento infantil do Jornal de angola BRINCAR E APRENDER CARTAS DOS AMIGUINHOS AA pêra é o fruto de uma árvore que pertence à mesma família da macieira. Existem inúmeras variedades de pêra, que se dife- renciam em forma, tamanho, cor, consistência, sabor, aroma e casca. Pode ter o formato de um violão oude uma bola, com ta- manhos que podem variar de seis a 15 centímetros de compri- mento. A cor pode variar entre o verde, o amarelo, o castanho e o vermelho. Quanto à consistência, os tipos de pêra variam entre a dura e granulosa e a macia e cremosa, que se desmancha em sumo na boca. A O valor nutritivo da pêra depende do seu grau de maturação. Quando estragada, perde cerca de 3/4 do valor dos seus nu- trientes. Verde, faz mal ao estômago porque torna-se indigesta. No entanto, quando está no ponto, ela é uma fruta excelente. Contém proteínas, gorduras, sais minerais e vitaminas, quase todos concentrados junto à casca. Para as pessoas com apa- relho digestivo delicado, recomendam-se as peras macias, des- cascadas. Na geleira perdem o aroma e o sabor. S S A A B B I I A A S S Q Q U U E E . . . . . . Preparar as provas Amigos e amigas o ano ano lecti- vo está no fim. É momento de se prepararem para as provas fi- nais. Pensem que assim como o fim das aulas está próximo, o Na- tal também está. E só vai ter pre- sente quem for um excelente alu- no. Então todos os meninos e meninas estão convidados a en- trar neste desafio. Mostrar aos seus papás que são alunos ma- ravilhosos e por isso merecem presentes lindos no dia de Natal. Estudem muito, tirem todas as dúvidas com os professores, com o papá ou a mamã ou até mesmo com os colegas. CASIMIRO PEDRO VAMOS COLORIR

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SEKE IA BINDO |

Nas terras de Txissessenge haviagrande fartura de comida e todos vi-viam felizes. A água corria cristalina noMéchi, a dois passos da aldeia. Naschanas havia tanta caça que até ascrianças traziam carne para casa. Aabundância era comemorada com atxianda, ao som do txinguvo e beloscoros. Nem o luar da Lua Cheia derra-mava sobre a terra tal alegria. Um dia,Samaíca voltou a casa com tanta carneque todas as mesas ficaram repletas.No terreiro a festa estava animada, maso caçador não saiu de casa.Quando a Lua ia alta, a txianda co-

meçou a esmorecer. Os coros mal seouviam. Os guizos não marcavam oritmo. O som do txinguvo nem che-gava às margens do Méchi. Ante o si-lêncio, os peixes foram dormir nosburacos. Então Samaíca saiu de casae entrou na dança. Cantou, cantou,percutiu o txinguvo trepidante. E a ani-mação renasceu. No auge da festa,Samaíca falou:

- A minha voz é potente. Só o pás-saro cungo canta mais forte do queeu. A partir de hoje o meu nome éCungo Samaíca, o caçador. O corodas mulheres acompanhou a procla-

mação e a festa continuou. Cungo,alta madrugada, cantou: - Minhamãe, querida mãe. Eu vou perder-mena caçada. Vou perder-me nessescaminhos traiçoeiros. Minha mãe, eu

vou perder-me. O coro acompanhouCungo Samaíca:- Uéiéhé mama é/mungúizacarito-

quela! Cungo Samaíca percutia otxinguvo, sua canção chegava aosouvidos da Lua. Os guizos marcavamo passo da dança. O cantor lamen-tava-se assim:- Mãe minha mãe, infelicidade. Mãe,

querida mãe, tristeza! Hei-de perder-me algum dia!A festa estava no auge e o som do

txinguvo chegava lá longe, ao granderio Lóvua. No meio de tanta anima-ção o coro lançava sobre todos ummanto de tragédia:- Ué iéhé mama é/mungúizacarito-

quela/Cungo é!Ao amanhecer a festa esmoreceu

e em breve chegou o silêncio queprecede o alvorecer. Novo dia nasceu e a abundância

na aldeia duplicou. Cungo Samaícaera muito estimado entre os seus.Até que veio o dia em que se perdeucompletamente. Naquele ano tinhachovido tanto que o capim ganhou a

altura das árvores. O destemido ca-çador perseguiu uma cabra do matoaté caçá-la. Mas uma vez senhor dapresa descobriu que estava perdido. À sua volta só via capim. Esperou

que nascesse a Lua e brilhassem asestrelas, para que esses sinais lhe re-velassem o caminho de regresso acasa. Mas estava tão desorientadoque as estrelas o conduziram paramais longe da aldeia. Abandonou apresa e partiu em direcção ao Norte,sempre virado para as terras sagra-das do Chitato. O novo dia encon-trou-o ainda mais perdido.Mas à luz do Sol conseguiu desco-

brir os trilhos das suas últimas caça-das, regressando a casa, exausto etriste. Não falou com ninguém, nadamais quis ver. Cungo Samaíca sempresoube que havia de se perder. A meio da manhã ouviu-se o canto

potente do cungo e todos se lem-braram do intrépido caçador quenuma txianda trepidante, ouviu o co-ração dizer-lhe que um dia havia dese perder.

CONSELHOS

CONTOS POPULARES ANGOLANOSO dia em que o homem pássaro ficou sem asas

PROVÉRBIO

ADIVINHAS

Soluções:1. Livro; 2. Laranja; 3. Melão; 4. Mesa posta e convivas; 5. Lebre; 6. Livro.

A chuva atrapalha as aulasA seca já acabou, pelo menos aqui na província do Kwanza-Norte, onde começou a cair chuva miúda desta época. Os quevivem no meio rural andam felizes porque já podem semearos produtos do campo que vão dar de comer a todas as pes-soas das nossas aldeias, mesmo as que estão mais longe dosgrandes centros urbanos.A chuva é boa para regar as plantações novas e desenvolver asnossas lavras. E significa sempre abundância de comida. Mastambém atrapalha as aulas, sobretudo nas aldeias e comunasque ainda não têm estradas asfaltadas. Todas as povoações quesão servidas por picadas, nesta altura começam a ficar mais iso-ladas. E há crianças que devido aos lamaçais têm muita dificul-dade em chegar às suas escolas. Eu vivo num bairro de Ndala-tando e aqui na nossa zona, quando chove os caminhos ficam in-transitáveis. Nesses dias temos dificuldades em chegar às aulas.Como as grandes vias da província já estão asfaltadas e é fácil aligação entre os principais centros urbanos, penso que chegou ahora das autoridades começarem a pensar em asfaltar as vias se-cundárias e terciárias, para facilitar a mobilidade.

MARIQUINHA JOAQUIM|12 ANOS|NDALATANDO

1.Sou de longe, longe vou, não sou feio nem bonito, tudoquanto tenho dou.2.Muitas damas num castelo, todas se vestem de amarelo!3.Letras me puseram, que nunca se lêem; diz que me calasse,eu nunca falei; logo que me calaram meus dias acabei.4.Sobre pinho, linho; sobre linho, flores; ao redor, amores.5.Qual é a fêmea afamada, ligeira e decidida, que mesmomacho, será fêmea toda a vida?6.Sou nobre muito rico. Feito por sábio engenho. Dou-vos tudoquanto tenho. Com quanto tenho me fico.

«Um inimigo inteligente é me-lhor que um amigo estúpido.

Domingo, 6 de Outubro de 2013Nº 123 SÉRIE III

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Como escrever para o “Recreio”O nosso endereço é:Recreio - Página Infantil do Jornalde Angola - Rua Rainha Ginga,18/26 - Luanda, ou para o e-mail:[email protected].

RRecreioecreioSuplemento infantil do Jornal de angola

RecreioSuplemento infantil do Jornal de angola

BRINCAR E APRENDERCARTAS DOS AMIGUINHOS

AA pêra é o fruto de uma árvore que pertence à mesma famíliada macieira. Existem inúmeras variedades de pêra, que se dife-renciam em forma, tamanho, cor, consistência, sabor, aroma ecasca. Pode ter o formato de um violão oude uma bola, com ta-manhos que podem variar de seis a 15 centímetros de compri-mento. A cor pode variar entre o verde, o amarelo, o castanho eo vermelho. Quanto à consistência, os tipos de pêra variam entrea dura e granulosa e a macia e cremosa, que se desmancha emsumo na boca.AO valor nutritivo da pêra depende do seu grau de maturação.Quando estragada, perde cerca de 3/4 do valor dos seus nu-trientes. Verde, faz mal ao estômago porque torna-se indigesta.No entanto, quando está no ponto, ela é uma fruta excelente.Contém proteínas, gorduras, sais minerais e vitaminas, quasetodos concentrados junto à casca. Para as pessoas com apa-relho digestivo delicado, recomendam-se as peras macias, des-cascadas. Na geleira perdem o aroma e o sabor.

SSAABBIIAASS QQUUEE......

Preparar as provasAmigos e amigas o ano ano lecti-vo está no fim. É momento de seprepararem para as provas fi-nais. Pensem que assim como ofim das aulas está próximo, o Na-tal também está. E só vai ter pre-sente quem for um excelente alu-no. Então todos os meninos emeninas estão convidados a en-trar neste desafio. Mostrar aosseus papás que são alunos ma-ravilhosos e por isso merecempresentes lindos no dia de Natal.Estudem muito, tirem todas asdúvidas com os professores,com o papá ou a mamã ou atémesmo com os colegas.

CASIMIRO PEDRO

VAMOS COLORIR