Como o ambiente se torna ácido

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COMO O AMBIENTE SE TORNA ÁCIDO Poucas pessoas na Europa ou na América do Norte ainda não ouviram falar da "chuva ácida". Esse termo é usado com freqüência na imprensa escrita e na televisão. A chuva ácida é amplamente reconhecida como uma das causas de sérios problemas ambientais, especialmente nas florestas e lagos! Essa expressão é empregada porque constitui um modo simples e dramático de descrever um problema muito complexo. Entidades ambientalistas falam geralmente em "precipitação ácida", incluindo aí neve, neblina e granizo, além da chuva. QUAL A ACIDEZ DA ÁGUA DA CHUVA? Quando a água do mar, dos lagos ou do solo se evapora, o vapor não é ácido nem alcalino. É neutro. Entretanto, esse vapor d'água combina-se com gases como o dióxido de carbono, encontrado na atmosfera, transformando-se num ácido fraco. A chuva tem um pH entre 5 e 6 (o pH 7 é neutro). Ela pode dissolver rochas e criar cavernas calcárias espetaculares, desfiladeiros e formações rochosas, num processo que normalmente leva milhares de anos. Fenômenos naturais podem aumentar a acidez da chuva. Quando vulcões entram em erupção violenta, lançam muitos gases na atmosfera. Alguns deles se combinam com o vapor d'água e se precipitam sob forma de chuva ácida, entretanto o efeito das erupções geralmente se faz sentir por pouco tempo. POLUIÇÃO DO AR A maior parte da poluição do ar é produzida como resultado da queima de combustíveis fósseis, como o carvão e o petróleo. Esses combustíveis foram formados durante milhares de anos a partir de plantas e animais mortos. Os depósitos se formavam e eram finalmente cobertos por outras rochas e comprimidos. Eles permaneceram praticamente intactos até a metade do século XIX. Desde então, são usados em quantidades cada vez maiores para mover veículos, aquecer edifícios nos países frios e fundir metais como o ferro. Quando o combustível é queimado, não libera apenas energia, mas muitos produtos químicos, incluindo enxofre e nitrogênio contidos no material orgânico. Essas substâncias são dois dos mais importantes ingredientes na chuva ácida. Enxofre e nitrogênio são subprodutos indesejáveis na queima dos combustíveis, sendo geralmente lançados diretamente na atmosfera onde se acreditava que se dispersavam sem riscos. Hoje sabemos que não é assim. Eles se convertem rapidamente em dióxido de enxofre e óxidos de nitrogênio, os quais podem ser julgados prejudiciais ao meio ambiente. A chuva pode dissolver o calcário criando formas estranhas, como estas formações rochosas na Austrália. Visão espetacular do Monte Augustina em erupção no Alasca. Quando vulcões entram em erupção, espalham muitos gases no ar, incluindo o dióxido de enxofre. Entretanto, fenômenos naturais como este provocam apenas 10% da poluição atmosférica - o resto é causado por atividades humanas.

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COMO O AMBIENTE SE TORNA ÁCIDO

Poucas pessoas na Europa ou na América do Norte ainda não ouviram falar da "chuva ácida". Esse termo é usado com freqüência na imprensa escrita e na televisão. A chuva ácida é amplamente reconhecida como uma das causas de sérios problemas ambientais, especialmente nas florestas e lagos! Essa expressão é empregada porque constitui um modo simples e dramático de descrever um problema muito complexo. Entidades ambientalistas falam geralmente em "precipitação ácida", incluindo aí neve, neblina e granizo, além da chuva.

QUAL A ACIDEZ DA ÁGUA DA CHUVA?

Quando a água do mar, dos lagos ou do solo se evapora, o vapor não é ácido nem alcalino. É neutro. Entretanto, esse vapor d'água combina-se com gases

como o dióxido de carbono, encontrado na atmosfera, transformando-se num ácido fraco. A chuva tem um pH entre 5 e 6 (o pH 7 é neutro). Ela pode dissolver rochas e criar cavernas calcárias espetaculares, desfiladeiros e formações rochosas, num processo que normalmente leva milhares de anos.

Fenômenos naturais podem aumentar a acidez da chuva. Quando vulcões entram em erupção violenta, lançam muitos gases na atmosfera. Alguns deles se combinam com o vapor d'água e se precipitam sob forma de chuva ácida, entretanto o efeito das erupções geralmente se faz sentir por pouco tempo.

POLUIÇÃO DO AR

A maior parte da poluição do ar é produzida como resultado da queima de combustíveis fósseis, como o carvão e o petróleo. Esses combustíveis foram formados durante milhares de anos a partir de plantas e animais mortos. Os depósitos se formavam e eram finalmente cobertos por outras rochas e comprimidos. Eles permaneceram praticamente intactos até a metade do século XIX. Desde então, são usados em quantidades cada vez

maiores para mover veículos, aquecer edifícios nos países frios e fundir metais como o ferro.

Quando o combustível é queimado, não libera apenas energia, mas muitos produtos químicos, incluindo enxofre e nitrogênio contidos no material orgânico. Essas substâncias são dois dos mais importantes ingredientes na chuva ácida. Enxofre e nitrogênio são subprodutos indesejáveis na queima dos combustíveis, sendo geralmente lançados diretamente na atmosfera onde se acreditava que se dispersavam sem riscos.

Hoje sabemos que não é assim. Eles se convertem rapidamente em dióxido de enxofre e óxidos de nitrogênio, os quais podem ser julgados prejudiciais ao meio ambiente.

As quantidades lançadas na atmosfera são espantosas: cerca de 24 milhões de toneladas de dióxido de enxofre por ano na América do Norte e 44 milhões de toneladas na Europa, É o suficiente para encher completamente cerca de 150 superpetroleiros! A maior parte do enxofre vem das fábricas e usinas termelétricas.

A chuva pode dissolver o calcário criando formas estranhas, como estas formações rochosas na Austrália.

Visão espetacular do Monte Augustina em erupção no Alasca. Quando vulcões entram em erupção, espalham muitos gases no ar, incluindo o dióxido de enxofre. Entretanto, fenômenos naturais como este provocam apenas 10% da poluição atmosférica - o resto é causado por atividades humanas.

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A quantidade de óxidos de nitrogênio produzida é menor, mas mesmo assim chega a 22 milhões de toneladas na América do Norte e 15 milhões de toneladas na Europa Ocidental.

A maior parte dos óxidos de nitrogênio provém da emissão dos motores dos veículos. À medida que o tráfego aumenta em até 20% ao ano na Europa, é provável que o problema se agrave, a menos que se tomem providências imediatas.

O QUE ACONTECE COM A POLUIÇÃO DO AR?

Uma parte da poluição rapidamente se precipita ao solo, antes de ser absorvida pela umidade do ar. Deposita-se nas árvores, edifícios e lagos, geralmente na área onde foi produzida. É a chamada precipitação seca. Estes depósitos se formam e mais tarde se combinam com a água da chuva, transformando-se em ácidos.

O resto da poluição pode permanecer no ar por mais de uma semana e é transportada pelo vento a longas distancias. Durante esse período, as substancias químicas reagem com o vapor d'água na atmosfera, transformando-se nos ácidos sulfúrico e nítrico diluídos. Estão prontos, então, para se transformar em chuva ácida. Esses ácidos também

reagem com outras substâncias químicas na atmosfera formando poluentes secundários. Destes, o ozônio é um dos mais perigosos, pois prejudica a vegetação.

Quando a precipitação ácida ocorre sob a forma de neve, os problemas para o meio ambiente são retardados, mas podem ser muito piores posteriormente. Durante o inverno, a neve se acumula no solo, retendo seus ácidos. Na primavera, quando a neve derrete, há um súbito fluxo de água que corre pelo chão até os rios e lagos. Eventualmente, ácidos que ficaram retidos por seis meses são liberados em poucas semanas. Estas correntezas ácidas, como são chamadas, são particularmente prejudiciais para plantas e animais.

AGRICULTURA E SILVICULTURA

A poluição atmosférica não é o único fator que torna o ambiente mais ácido. Quando as plantas crescem, elas absorvem e utilizam nutrientes do solo, aumentando a acidez. Quando morrem, decompõem-se, devolvendo os nutrientes e diminuindo a acidez. A natureza cria seu próprio ciclo para manter estáveis os níveis de pH. Na agricultura, as plantas são removidas para a alimentação e na silvicultura, as árvores são abatidas por causa da

madeira. Dessa forma, os nutrientes não são devolvidos ao solo para reduzir a acidez. Para manter a fertilidade do solo, são empregados fertilizantes artificiais, especialmente nitratos. Entretanto, eles podem aumentar ainda mais a acidez do solo e, então, agravar o problema.

Ácidos e bases são contrários

Normalmente pensamos os ácidos em suas formas mais fortes, quando são muito perigosos. Entretanto, eles podem ser neutralizados até se tornarem tão fracos como o suco de limão, o vinagre ou um refrigerante com gás.

As bases são o oposto dos ácidos, embora, sob forma concentrada, possam também causar danos. Velhos

Centrais termelétricas, como esta em Maryland, EUA, queimam combustíveis fósseis para produzir energia. Muitos gases são lançados na atmosfera, alguns deles causam chuva ácida.

Durante o degelo da primavera, a acidez dos rios é muito maior. Esta fotografia mostra o derretimento da neve na Colúmbia Britânica, Canadá

Quando as árvores são derrubadas para a obtenção de madeira, seus nutientes não são devolvidos ao solo, como ocorre na morte e decomposição natural. Isso torna o solo mais ácido e menos capaz de manter futuras gerações de árvores. A fotografia mostra pilhas de madeira na Finlândia, onde a exploração florestal faz parte de uma atividade industrial importante.

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móveis de madeira são freqüentemente submetidos a um banho de soda cáustica para remover camadas de tinta que recobrem a madeira. Bases mais fracas que a soda cáustica são usadas para fins domésticos, tais como o carbonato de sódio e o bicarbonato de sódio.

Se você acrescentar um ácido a uma base, a concentração de ambos se reduz. Controlando cuidadosamente as quantidades adicionadas, é possível obter uma solução neutra, isto é, nem ácida nem alcalina.

POLUIÇÃO DO AR E DO VENTO

Por volta de 1661, cientistas da Grã-Bretanha descobriram que a poluição industrial podia afetar a saúde das pessoas e as plantas das redondezas. Com o crescimento industrial nos séculos XVIII e XIX, aumentaram os danos para a saúde das pessoas e para o meio ambiente. Entretanto, ninguém pensava que a poluição pudesse ser transportada para muito longe. Então, em 1881, um cientista norueguês descobriu um fenômeno que ele chamou de precipitação suja, o qual ocorria na costa oeste da Noruega, onde não havia indústria poluidora. Ele suspeitou que viesse da Grã-Bretanha. Hoje os cientistas provam, sem sombra de dúvida, que a poluição é conduzida pelo ar a grandes distâncias. Se alguma prova adicional fosse necessária, seria fornecida pelo acidente na usina nuclear de Chernobyl, que produziu chuva radioativa em áreas da Europa Oriental e Ocidental. Os efeitos dessa chuva radioativa sobre o ambiente podem perdurar por dezenas de anos.

Os países escandinavos reconheceram que a chuva ácida era uma das causas principais da acidificação de seus lagos. Muita pesquisa tem sido desenvolvida para mostrar as relações significativas entre as precipitações de dióxido de enxofre e os danos ambientais. Aceitando essa evidência, a maioria dos países concorda em reduzir suas emissões. Alguns, entretanto, mostram muita má vontade e afirmam que são necessárias evidências mais contundentes para provar se o dióxido de enxofre causa de fato um grande malefício ao meio ambiente.

A QUE DISTÂNCIA A POLUIÇÃO PODE SER TRANSPORTADA?

Se você olhar para a fumaça que sai de uma chaminé, verá que em poucos dias do ano ela sobe verticalmente. Na maior parte das vezes ela se inclina, porque o ar ao redor da chaminé está em movimento. Mesmo quando parece haver apenas uma brisa próxima ao solo, nas camadas mais altas o vento pode ser bem mais forte.

A poluição que sai das chaminés é levada pelo vento. Uma parte dela pode permanecer no ar durante uma semana ou mais, antes de se depositar no solo. Nesse período ela pode ter viajado muitos quilômetros. Mesmo um vento fraco de 16 km/h poderia transportá-la para além de 1600 km em cinco dias. Quanto mais a poluição permanece na atmosfera, mais a sua composição química se altera, transformando-se num complicado coquetel de poluentes que prejudica o meio ambiente.

Nas mais importantes áreas industriais do Hemisfério Norte, o vento predominante (aquele que sopra com maior freqüência) vem do oeste. Isso significa que as áreas situadas no caminho do vento, que sopra dessas regiões industriais, recebem uma grande dose de poluição. Cerca de 3 milhões de toneladas de poluentes ácidos são levados a cada ano dos Estados Unidos para o Canadá. De todo o dióxido de enxofre precipitado no leste canadense, metade dele provém das regiões industriais situadas no nordeste dos EUA. Na Europa, a poluição ácida é soprada sobre a Escandinávia, vinda dos países circunvizinhos, especialmente da Grã-Bretanha e do Leste Europeu. Os poluentes gerados no Pólo Petroquímico de Cubatão (SP) freqüentemente são levados para o litoral norte de São Paulo (Ubatuba, Caraguatatuba), onde ocorre a chuva ácida. O dióxido de enxofre da Termelétrica de Candiota (RS) precipita-se no Uruguai.

COMO A CHUVA AFETA O AMBIENTE

Por que alguns lagos do condado de Telemark, ao sul da Noruega, são extremamente afetados pela chuva ácida, enquanto outros, a poucos quilômetros de distância, não o são? Por que as florestas, junto a

Fábricas como esta em Cúmbria, Grã-Bretanha, liberam fumaça que é transportada por longas distâncias pelo vento.

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algumas áreas industriais, não são tão seriamente prejudicadas pela chuva ácida, como outras a milhares de quilômetros de distância? A resposta encontra-se no solo.

Os solos surgem quando as rochas se desagregam pela ação do clima e da erosão, e se misturam com a matéria orgânica de origem vegetal e animal. Sem o solo, a maioria das plantas não se desenvolveria. As rochas que dão origem ao solo podem ser ácidas, neutras e alcalinas. Giz e calcário são rochas feitas a partir de carapaças minúsculas, ricas em cálcio. O cálcio é alcalino e os solos que se desenvolvem a partir dessas rochas são igualmente alcalinos.

Quando a chuva ácida se precipita sobre solos alcalinos, o ácido é enfraquecido, ou neutralizado, e os problemas ambientais são poucos.

O granito é uma rocha ácida e muito dura que se desagrega muito lentamente. Os solos surgidos do granito são em geral muito finos, mas capazes de reduzir a acidez da chuva comum a um nível tolerável para as plantas e os animais, mantendo-se, assim, um equilíbrio. A chuva ácida sobrecarrega esse sistema natural e, gradualmente, o meio ambiente se torna ácido demais para manter saudáveis a fauna e a flora. Posteriormente, um novo equilíbrio pode ser atingido, mas num nível de acidez que não pode manter uma variedade tão rica de espécies.

Em áreas afetadas pela chuva ácida, os animais e as plantas enfrentam, ainda, outras dificuldades. Os solos contêm naturalmente pequenas quantidades de minerais tóxicos como alumínio, cádmio e

mercúrio. Normalmente não causam problemas sérios, mas à medida que a acidez do solo aumenta, intensificam-se as reações químicas que permitem a absorção desses minerais pelas plantas. As plantas são, então, contaminadas e qualquer animal que se alimente delas absorverá os tóxicos, que permanecerão em seus corpos. Os minerais nocivos são também lixiviados do solo para os rios e lagos, onde podem matar peixes e outros seres vivos. O problema se agrava quando a poluição deposita ainda mais minerais no solo. Em certas regiões da Polônia, descobriu-se que as colheitas continham 10 vezes mais chumbo do que o limite considerado aceitável.

ACIDEZ EM LAGOS

Um dos passatempos mais populares na América do Norte e na Europa é a pesca em lagos e rios. Ela é apreciada por milhões de pessoas e dificilmente se encontra um lago, riacho ou rio que não seja usado pelos pescadores. A pesca também é um grande negócio. Não somente porque os direitos de pesca são vendidos para clubes de pescadores, mas também porque muitas pessoas são empregadas na pesca comercial, principalmente de salmão e truta. A criação de peixes tornou-se uma atividade econômica importante em muitas áreas remotas, oferecendo em

Cerca de 90% da água dos rios e lagos passou previamente pelo solo. Como a capacidade do solo para neutralizar os ácidos está diminuindo, e a acidez da chuva está aumentando, a acidez da água nos rios e lagos também está aumentando. Os lagos também recebem a água da chuva que cai diretamente da atmosfera, não havendo possibilidade de reduzir a acidez dessa água pela ação do solo. Desde 1950, a situação tornou-se, certamente, pior nas áreas mais sensíveis da América do Norte e Europa, embora haja indícios de que as condições estão se estabilizando.

Um lago em condições naturais tem pH ao redor de 6,5 e pode manter uma grande variedade de plantas, insetos e peixes. Além disso, há inúmeros animais, incluindo aves, que se nutrem do farto alimento encontrado nesses lagos.

Solos calcários mantém ampla variedade de plantas. O calcário também neutraliza os efeitos da chuva ácida.

Solos de granito podem ser seriamente afetados pela chuva ácida, de modo que poucas espécies de plantas e animais podem sobreviver neles.

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Quando o pH de um lago diminui (com o aumento do nível de acidez), os peixes encontram maior dificuldade para se reproduzir com êxito. A acidez é maior na primavera quando a neve derrete. Esta também é a época em que os ovos dos peixes eclodem, nascendo filhotes. Eles são incapazes de tolerar os altos níveis de acidez e morrem. Não é somente o ácido que os mata, mas também os minerais tóxicos como o alumínio, que são lixiviados dos terrenos circunvizinhos para a água.

As aves que comem esses peixes também sofrem as conseqüências, pois os minerais tóxicos tornam-se ainda mais concentrados em seus corpos. As cascas de seus ovos tornam-se mais frágeis e podem se quebrar, e quando

os filhotes nascem, seus ossos podem estar deformados.

A CHUVA ÁCIDA E OS MARES

Pensava-se que os mares não eram afetados pela chuva ácida, mas um relatório do Fundo de Defesa Ambiental (EUA) afirma que a chuva ácida está prejudicando os peixes ao longo da costa atlântica dos Estados Unidos. Baías e águas costeiras, que são importantes áreas de procriação, são as mais afetadas. No entanto, a administração do presidente Ronald Reagan permaneceu firmemente oposta a qualquer tentativa de restringir as emissões porque, afirmava-se, não havia evidência suficiente de prejuízos. No referido relatório, o doutor Oppenheimer declara: "Ao ignorar o problema da chuva ácida, o Congresso e a Administração decidiram sacrificar milhares de lagos. Virando as costas deste modo, eles mostraram também não darem a mínima importância aos nossos estuários e águas costeiras".

DANO PARA AS ÁRVORES E FLORESTAS

Até os anos 60 a chuva ácida não era reconhecida como uma ameaça séria para as florestas. A primeira evidência foi encontrada nos Sudetos, uma cadeia de montanhas entre a Polônia e a República Tcheca importante na produção de madeira. Alguns pinheiros apresentavam ramos muito nós e outros estavam morrendo. Em meados dos anos 70 houve um acentuado agravamento desses problemas. Constatou-se que morriam lotes inteiros de árvores, enquanto outros sequer chegavam a se desenvolver.

Atualmente, quase 40% da floresta está morta ou em extinção. Extensas áreas que já foram cobertas pela floresta são atualmente campos abertos. Não passou despercebido que os Sudetos estão situados na direção dos ventos que sopram de uma

região cuja dependência do linhito é intensa e que, quando queimado, libera bastante enxofre. O uso dessa substância aumentou de 30 milhões de toneladas, em 1950, para 100 milhões de toneladas, em 1980.

Nem todas as regiões se encontram tão seriamente afetadas, mas atualmente há informações vindas de todas as partes do mundo sobre árvores prejudica das. É fácil reconhecer uma árvore morta, mas na maioria dos casos a morte não se deve diretamente à chuva ácida, que as enfraquece e elas morrem

Em um lago sadio, a vida é abundante tanto acima como abaixo da superfície. Aqui, uma libélula repousa sobre a flor de um lírio d'água.

A madeira é um importante produto de exploração para a Suécia. Entretanto, essa indústria está ameaçada pela chuva ácida, que causa danos para muitas florestas suecas.

Ao sofrer os efeitos da chuva ácida, esta árvore está produzindo muitas pinhas, o que indica a proximidade da morte.

Bordos canadenses constituem a fonte do xarope do bordo, mas atualmente estão sendo destruídos pela chuva ácida.

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derrubadas pelo vento, ou atacadas por insetos e fungos. As árvores coníferas correm risco maior, embora as árvores decíduas sejam igualmente afetadas.

O PREJUÍZO PARA AS CONSTRUÇÕES

Se você olhar para as diversas construções, especialmente as velhas, poderá notar muito bem que os materiais de construção estão se dissolvendo. Eles desgastam-se naturalmente pela ação do tempo, mas isso leva muitos anos, geralmente alguns séculos. A chuva ácida acelera o processo. Em 1984, a Estátua da Liberdade, em Nova Iorque, Estados Unidos, teve, de ser parcialmente desmontada para restauração, porque a poluição ácida corroeu a estrutura

metálica e o revestimento de cobre. Milhões de dólares foram gastos para recuperar o seu antigo resplendor, mas quem deveria pagar por isso? Quem paga impostos em Nova Iorque, ou as fábricas que, em princípio, são as responsáveis pela poluição?

A CHUVA ÁCIDA PODE PREJUDICAR SUA SAÚDE?

Em algumas regiões, respirar ar puro implica ameaças à saúde, especialmente para os mais velhos e os que sofrem de asma, ou outros problemas respiratórios, ou, ainda, para aqueles que têm um problema cardíaco. Na Alemanha, as concentrações de dióxido de enxofre na atmosfera tornaram-se tão perigosas, que as pessoas são aconselhadas a não saírem de casa. Em Los Angeles, Estados Unidos, em 1978, algumas indústrias suspenderam por 23 dias a queima de carvão e petróleo, e as atividades escolares externas tiveram de ser canceladas.

Entretanto, uma legislação posterior, que visava reduzir a emissão de poluentes dos escapamentos dos carros (a maior fonte dessa poluição), melhorou a situação. 1984 foi o primeiro ano, desde 1955, em que nenhuma medida de emergência precisou ser tomada. A poluição não é, portanto, um resultado inevitável do progresso industrial. Se nós a controlarmos, todos poderemos desfrutar de uma vida mais saudável.

Prejuízo para a floresta

"Minha família mora nessa fazenda há mais de 100 anos. Ela se estende por cerca de 29 hectares, 23 dos quais são cobertos por floresta. Todo ano são derrubadas algumas árvores. As mais velhas têm mais de 100 anos e alcançam um preço elevado, pois podem ser empregadas como madeira de construção. Contudo, muitas dessas árvores velhas estão atualmente danificadas pela chuva ácida e morrendo atacadas por insetos. Há dois anos, um forte vento derrubou algumas delas. As árvores jovens jamais atingirão aquela idade. O dano causado pela chuva ácida torna-se tão grave, quando elas têm mais de 50 anos, que eu tenho de derrubá-las enquanto ainda podem ser usadas como madeira, em vez de polpa de madeira." Ingemar Zachrisson

A águia-pescadora

O mais famoso símbolo dos EUA, a Estátua da Liberdade, sendo restaurada em 1984.

A corrosão desta estátua, numa igreja inglesa, é acelerado pela chuva ácida.

No vale do Ruhr, região industrial da Alemanha, a smog pode ser tão perigosa que se tornam necessários desvios de tráfego.

Ingemar Zachrisson esclarece os visitantes a respeito da chuva ácida.

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A águia-pescadora é uma ave de rapina de grande porte, que voa rente à superfície dos lagos e captura os peixes com suas garras. Está se tornando rara na Europa e atualmente

existe uma grande preocupação pelo seu futuro, pois 60% de todos os casais são encontrados na Suécia. Se os peixes estão desaparecendo dos lagos suecos por causa da chuva ácida, a

águia-pescadora também desaparecerá.

Prejuízo para os lagos"Como muitos noruegueses, temos uma casa de veraneio nas colinas à margem de um lago. Costumávamos comer muito peixe que capturávamos nos rios e lagos. Recentemente, fomos aconselhados a não consumi-los, pois estão contaminados por metais tóxicos arrastados do solo para a água."Ulf Pederson

RESOLVENDO OS PROBLEMAS

Os dois países mais relutantes em aceitar que a chuva ácida possa causar problemas, a Alemanha e a Grã-Bretanha, estão adotando medidas para reduzir a poluição. A Alemanha mudou sua política praticamente da noite para o dia, quando se descobriu que suas próprias florestas estavam sendo seriamente prejudicadas. Ela é atualmente uma das primeiras nações a exigir controles mais rigorosos da poluição. A Grã-Bretanha, que não se defronta com problemas tão sérios como a Alemanha, prefere esperar por provas mais convincentes. Contudo, outros governos europeus a pressionam para que atue imediatamente. Os Estados Unidos são uma das poucas nações que ainda exigem mais pesquisas e debates, antes de se comprometer a tomar decisões futuras.

Vai demorar muito tempo para que todas as causas da chuva ácida sejam eliminadas. Enquanto isso, algo deve ser feito para reduzir seu impacto atual sobre o ambiente.

CALAGEM

As bases ajudam a neutralizar ácidos. O calcário moído é uma base capaz de reduzir a acidez quando aplicado em lagos, rios ou solo. A isso se denomina calagem. É o que se usa com mais freqüência para diminuir a acidez de lagos. A quantidade necessária para corrigir a acidez e atingir um pH adequado (6,5) varia de acordo com o tamanho e o grau de acidez do lago. Conforme o caso, cerca de 4 toneladas por hectare serão necessárias para elevar o pH de 5,5 para 6,5. Depois da aplicação, espécies de plantas e animais poderão retornar prontamente ao lago. Como os metais tóxicos são arrastados para o fundo, os peixes poderão se reproduzir com êxito. As únicas espécies afetadas serão as que vivem no fundo do lago, onde os metais se acumulam. Para evitar que os problemas se repitam, a calagem deve ser feita em intervalos de dois a cinco anos. Contudo, manter lagos em condições favoráveis leva tempo e é muito dispendioso, principalmente em regiões remotas.

Diferentes sistemas de calagem têm sido testados. Em algumas regiões, a cal é constantemente liberada na água corrente, mas isso requer o emprego de aparelhagem muito cara. Em áreas remotas é lançada na água por avião ou helicóptero. Um método especialmente eficaz consiste em espalhar a cal sobre lagos cobertos de gelo no inverno. Na primavera, quando o gelo derrete, a cal vai para a água ao mesmo tempo em que a acidez aumenta, quando toda a água do degelo corre para os lagos. Em algumas regiões a cal é misturada na terra. É o que se costuma fazer no cerrado brasileiro, onde parte do solo é naturalmente ácido, É muito eficiente para reduzir a acidez do solo, bem como da água, sendo, portanto, benéfica para a vegetação.

Uma camada de poluição retida sobre o vale do Hüttental, na Alemanha. Quando os alemães perceberam que a poluição estava danificando suas florestas, resolveram adotar rapidamente medidas preventivas.

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A extensão do prejuízo causado pela chuva ácida é tão grande que a calagem nunca solucionará o problema. Calcula-se que seriam necessárias mais de 300 mil toneladas de cal por ano, ao custo de 25 milhões de libras esterlinas, para neutralizar os ácidos somente no sul da Noruega. Mas localmente os resultados são muito importantes.

Não existem problemas técnicos para evitar a poluição do ar. Os obstáculos a serem superados consistem em reunir recursos financeiros e, talvez, mais importantes do que isso, criar o desejo de acabar com a chuva ácida. Dois procedimentos se fazem necessários. Um é adotar as medidas práticas exigidas para reduzir as emissões de dióxido de enxofre e óxidos de nitrogênio. A outra é conseguir acordos internacionais que assegurem a execução das medidas pertinentes. São relacionadas a seguir algumas medidas práticas para reduzir o

problema da chuva ácida. Veja como você pode ajudar a resolver esse problema.

CONSERVAÇÃO DE ENERGIA

O modo de vida ocidental envolve o consumo de grande quantidade de energia no transporte, na indústria, na refrigeração, na iluminação e na preparação de alimentos. Todavia, calcula-se que se empregássemos os combustíveis de modo mais eficiente e adotássemos medidas para conservar energia, ainda poderíamos desfrutar de um alto padrão de vida consumindo a metade da energia. Quanto menor for a quantidade de energia consumida, será proporcionalmente menor a quantidade de poluição produzida.

USO DE FONTES ALTERNATIVAS DE ENERGIA

Carvão, petróleo e gás natural são usados para suprir mais de 75% das exigências mundiais. Essas fontes fatalmente se esgotarão um dia. É possível utilizar fontes naturais inesgotáveis de energia. São as chamadas fontes renováveis de energia. Elas incluem a energia hidrelétrica (uso de energia das quedas d'água para acionar geradores); biomassa (queima de matéria orgânica de origem vegetal ou animal); energia geotérmica (uso do calor natural das profundezas da crosta terrestre); energia das ondas do mar e das marés; e a energia eólica dos moinhos de vento. A energia nuclear, que é gerada a partir de fissões atômicas, também é renovável e não produz poluentes como o dióxido de enxofre e os óxidos de nitrogênio. Por outro lado, existe muita gente que vive atemorizada pelos perigos dos acidentes nucleares e se preocupa com o acondicionamento do lixo atômico.

Entre os recursos renováveis, a energia hidrelétrica é uma das mais desenvolvidas, fornecendo 25% da eletricidade mundial. No entanto, essa quantidade poderia ser extremamente aumentada, com um mínimo de prejuízo para o meio ambiente. Atualmente, destina-se muito pouco dinheiro para a pesquisa e o desenvolvimento da energia eólica e a das ondas do mar. Contudo, as fazendas de vento da Califórnia, Estados Unidos, mostram que energia não poluente pode ser produzida, de modo economicamente viável e em quantidade suficiente.

USO DE COMBUSTÍVEIS COM BAIXO TEOR DE ENXOFRE

As usinas termelétricas fornecem uma grande parte da energia que as nações do Primeiro Mundo usam para manter o seu modo de vida. Métodos modernos de conservação de energia poderiam reduzir em 50% o consumo de combustível, permitindo-nos ainda desfrutar de um elevado padrão de vida.

Muitas árvores na Escandinávia são mortas por chuva ácida. A acidez do solo pode ser neutralizada com cal, mas é difícil aplicá-la em florestas muito densas.

Moinhos de vento são usados para gerar eletricidade nesta fazenda de vento, na Califórnia, EUA.

A estação de energia solar em Odeillo, França, utiliza a energia solar.

A usina hidrelétrica, como esta, na Suíça, usa água para gerar eletricidade.

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Nem todo o carvão ou petróleo contém grande quantidade de enxofre. Passando a explorar essas fontes, a quantidade de poluição poderia ser reduzida. Mas qual seria o efeito sobre aquelas áreas onde as pessoas trabalham na mineração de combustíveis fósseis com alto teor de enxofre. Haveria muito desemprego.

REMOÇÃO DE POLUIÇÃO NA FONTE

O enxofre pode ser removido do combustível antes de ser queimado e vendido para a indústria como subproduto. Isso realmente melhoraria as perspectivas de emprego nas áreas de mineração, mas somente se o carvão ainda pudesse ser vendido por um preço elevado. Alternativamente, o enxofre pode ser removido da fumaça antes que esta seja lançada na atmosfera. Pode-se fazer isso utilizando dispositivos chamados dessulfurizadores, que são instalados nas chaminés. Sua função é borrifar cal sobre a fumaça.

MUDANÇA NAS TÉCNICAS AGRÍCOLAS E SILVICULTURAIS

A agricultura e a silvicultura podem aumentar a acidez do solo. Se os engenheiros florestais utilizassem toda a árvore, incluindo galhos e raízes, isso equivaleria a uma exposição do solo à chuva ácida por cerca de 60 anos. Se apenas o tronco fosse aproveitado e o resto apodrecesse no chão, o solo se tornaria menos ácido.

MUDANÇA NO NOSSO COMPORTAMENTO

Há atitudes que cada um de nós pode tomar agora para reduzir os problemas de poluição. Por exemplo, diminuindo apenas 2º no termostato do aquecimento central nos países frios, se gastaria bem menos combustível. Em vez de aumentar o aquecimento, as pessoas poderiam se agasalhar melhor. Dirigindo mais devagar, reduz-se a quantidade de óxido de nitrogênio produzida pelos motores. Em alguns países, os limites de velocidade poderiam ser reduzidos. Um limite de 80 km/h parece estabelecer uma boa combinação entre velocidade e poluição. Uma grande quantidade de energia e poluição poderia ser poupada, se mais pessoas utilizassem regularmente o transporte coletivo, em vez de se deslocarem em seus próprios carros. Isso, evidentemente, exigirá uma atuação mais decidida do poder público para melhorar esse tipo de transporte.

PURIFICAR OS ESCAPAMENTOS DOS VEÍCULOS

Os motores dos veículos produzem óxidos de nitrogênio e outros poluentes. Os gases emitidos pelos motores dos carros podem ser purificados usando gasolina sem chumbo e adaptando um conversor catalítico, Esses dispositivos convertem 90% dos gases nocivos presentes nos escapamentos em dióxido de carbono, nitrogênio e vapor d'água, bem menos prejudiciais. Uma alternativa seria desenvolver motores de combustão branda que são mais eficientes e poluem menos. Os motores a diesel são mais econômicos porque consomem menos combustível do que os motores a gasolina. Entretanto, produzem mais fumaça, duas vezes mais óxido de nitrogênio e seis vezes mais dióxido de enxofre.

Alguns países, como os Estados Unidos e o Japão, já têm leis rigorosas que controlam a poluição dos carros. Nos anos 90, normas da Comunidade Econômica Européia exigirão que todos os veículos, com motores de capacidade acima de dois litros, sejam equipados com conversores catalíticos. Isso melhoraria consideravelmente a qualidade do ar. Um jeito simples de evitar a poluição do ar é desligar o motor do carro quando este não estiver em movimento. Na Suíça e na Alemanha, anúncios junto aos semáforos instruem os motoristas a desligarem os motores enquanto esperam, em vez de deixá-los espalhando fumaça tóxica no ar.

EDUCAÇÃO

Os cientistas podem identificar problemas e encontrar soluções para eles, mas a não ser que as pessoas se conscientizem da seriedade do problema, pouco incentivo haverá para que atuem adequadamente. A educação desempenha, sem dúvida alguma, um papel importante na conscientização sobre os problemas ambientais.

AÇÃO INTERNACIONAL

A termelétrica de Drax, na Grã-Bretanha, usará um processo de calagem para remover 90% de sua poluição por dióxido de enxofre.

Cada vez mais os engenheiros florestais deixam as raízes e os galhos das árvores derrubadas apodrecerem no solo. Isso devolve nutrientes ao solo, permitindo reflorestamentos futuros.

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Custa muito dinheiro acabar com a chuva ácida. Muitos países relutaram em adotar medidas até que os cientistas lhes mostraram o quanto de poluição precisa ser cortada. Esses especialistas têm feito cálculos para o dióxido de enxofre e os óxidos de nitrogênio e indicam que as regiões mais sensíveis da Noruega e da Suécia são capazes de absorver apenas entre 0,3 e 0,5 grama de dióxido de enxofre e entre 1 e 2 gramas de óxidos de nitrogênio por m'. Em diversas regiões da Escandinávia, os níveis estão muito acima. Por exemplo: de 2 a 3 gramas de enxofre e de 2 a 3 gramas de nitrogênio por m'. Os cientistas avaliam que o mundo, como um todo, precisa reduzir as emissões desses dois poluentes em 80 ou 90%. Isso significa que as 100 toneladas despejadas atualmente na atmosfera devem ser reduzidas para 10 toneladas, o mais rápido possível.

Na Europa, nos últimos 10 anos, as emissões de dióxido de enxofre diminuíram em cerca de 25%.

A quantidade total que se precipita sobre a Escandinávia baixou quase a esse mesmo índice, e a boa notícia é que alguns lagos estão se recuperando lentamente. Muitos países se comprometeram a reduzir ainda mais a poluição e calcula-se que, em meados da década de 90, será conseguida uma redução suplementar de 30%.

Esses resultados somente foram conseguidos porque as pesquisas têm sido capazes de demonstrar que a poluição prejudica o meio ambiente e é carregada pelos ventos de um país a outro. Os estudos prosseguirão, mas ao mesmo tempo os países estão trabalhando em conjunto para tentar reduzir ainda mais as emissões, fazendo acordos uns com os outros.

REDUÇÃO DOS ÓXIDOS DE NITROGÊNIO

O dióxido de nitrogênio é somente um dos poluentes a causar os problemas da chuva ácida, mas é o mais pesquisado de todos. Os óxidos de nitrogênio são mais difíceis de serem estudados, mas em 1986 iniciaram-se as negociações para um acordo internacional, com a finalidade de reduzir a poluição gerada por esses óxidos. Há dificuldades para se chegar a um acordo sobre quão ambiciosas deveriam ser as metas a serem alcançadas. A Alemanha propôs que, por volta de 1995, os níveis de dióxido de nitrogênio deveriam estar reduzidos em 30% com relação aos níveis de 1985. Isso é apoiado por vários países. A Grã-Bretanha e a França, entretanto, parecem estar querendo chegar apenas a um congelamento, o que significa nenhum aumento das emissões além das já existentes. A Itália, o Canadá, os Estados Unidos e a maioria dos países do Leste Europeu parecem rejeitar ambas as propostas.Cerca da metade dos óxidos de nitrogênio presentes no ar provém

das emissões dos veículos. Se a quantidade de poluentes que saem dos escapamentos for reduzida, a quantidade de óxidos de nitrogênio no ar também diminuirá. O Japão e os Estados Unidos são os mais avançados quanto a leis rigorosas que controlam o nível de emissões dos escapamentos, Nos Estados Unidos, os motoristas podem ser parados, seus escapamentos testados e, se os gases que saem do escapamento não estiverem suficientemente limpos, o motorista poderá ser impedido de continuar. Talvez a atitude positiva tomada pelos Estados Unidos e pelo Japão encorajem outros países a adotar controles mais severos sobre as fumaças emitidas pelos escapamentos.

Salvando um lago sueco

"Nosso lago foi salvo pelos estudantes da cidade. Eles chegaram aqui para um trabalho de campo com seu professor e ficaram sabendo que antigamente o lago apresentava muitas formas de vida. Depois, tornou-se acidificado e muitas espécies estavam desaparecendo. As crianças queriam ajudar-nos a salvá-lo; então, voltaram no inverno e nos ajudaram a espalhar 9 toneladas de cal sobre a superfície gelada do lago. Naquele verão, quando eles retornaram, mediram a acidez e verificaram que ela havia diminuído, passando o pH de 5,7 para 6,8. Eles trabalharam muito, mas pareciam divertir-se também e sentiram-se orgulhosos com o resultado obtido. Não poderíamos tê-lo feito tão depressa sem eles."Björn Hansen

GLOSSÁRIO Ácido: substância com um valor de pH menor que 7,0. É capaz de neutralizar uma base.

Membros do Parlamento Europeu reunem-se freqüentemente para discutir questões ambientais.

Los Angeles foi uma das primeiras cidades a controlar a poluição dos carros para resolver os problemas com o smog.

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Árvores decíduas: árvores típicas de regiões de clima temperado que costumam perder suas folhas no outono.

Atmosfera: a camada gasosa que circunda a Terra. Sem considerar o vapor d'água, é constituída de nitrogênio (78%), oxigênio (21%), argônio (1%), e em quantidades muito pequenas de dióxido de carbono, neônio, ozônio, hidrogênio, criptônio e poluentes. O vapor d'água representa geralmente entre 1 e 4% da atmosfera.

Base: substância capaz de neutralizar um ácido, Tem um valor de pH maior que 7,0. Calagem: aplicação de substâncias alcalinas, como calcário triturado, nos cursos d'água, lagos

ou no solo. Isso é feito para neutralizar os altos níveis de acidez. Combustíveis fósseis: combustíveis derivados de substâncias orgânicas, por exemplo carvão,

petróleo e gás natural. Coníferas: são vegetais comuns nas regiões de clima temperado e subártico, que não possuem

frutos, mas têm suas sementes dentro de pinhas. Suas folhas são finas e compridas como agulhas. Abetos e pinheiros são dois exemplos.

Convenção ou protocolo: acordo feito por um grupo de países para trabalharem em conjunto por um objetivo comum.

Conversor catalítico: dispositivo adaptado aos escapamentos dos veículos para remover grande parte dos poluentes.

Dessulfurizador: dispositivo acoplado às chaminés, que borrifa um líquido através dos gases para remover poluentes como o dióxido de enxofre.

Dióxido de enxofre: gás incolor, de cheiro muito forte, formado principalmente a partir da queima de combustíveis fósseis.

Ecossistema: comunidade de plantas e animais integrados ao ambiente no qual vivem, formando um conjunto harmônico.

Emissões: substâncias despejadas no ar pelas chaminés e escapamentos de veículos. Linhito: vegetação morta não totalmente comprimida para se tornar carvão. Trata-se de um

combustível fóssil no estágio intermediário entre a turfa e o carvão. Lixiviação: o processo pelo qual a água desloca minerais de uma camada do solo para outra, ou

para os rios. Material orgânico: matéria viva ou que já foi viva. Meio ambiente: aquilo que envolve uma planta ou animal, incluindo o ar, água, solo e tipos de

rochas. Metais pesados: metais como cádmio, alumínio e mercúrio, que são encontrados no solo e são

tóxicos para plantas e animais. Nações Unidas: organização internacional que reúne todos os países do mundo para discutir e

tentar resolver problemas mundiais. Neutralizar: ação de reduzir, por exemplo, o nível de acidez de uma substância, de modo que

não fique ácida nem alcalina, isto é, com pH 7,0. Organismo: qualquer animal ou planta capaz de manter-se vivo. Óxido de nitrogênio: gases formados principalmente a partir do nitrogênio da atmosfera,

quando combustíveis são queimados em temperatura elevada. Ozônio: composto com três átomos de oxigênio que pode prejudicar o crescimento das plantas,

irritar os olhos e o sistema respiratório. No entanto, o ozônio forma uma camada vital da atmosfera, protegendo a Terra dos perigosos raios ultravioleta do Sol.

pH: a unidade de medida da acidez. Poluentes: substâncias que podem danificar o ar, a água ou o solo quando neles liberados. Poluição: a presença de substâncias nocivas (poluentes) no meio ambiente. Precipitação: umidade que cai sobre a Terra sob forma de chuva, geada, neve ou neblina. Silvicultura: ciência que estuda as técnicas de exploração racional das florestas. Smog: mistura de neblina e fumaça carregada de poluentes. Tóxico: nocivo ou venenoso. Vento predominante: a direção em que o vento sopra com maior freqüência.