Concentração do mercado ERP no Brasil

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REVISTA DE INFORMÁTICA APLICADA VOL. 7 - Nº 02 - JUL/DEZ 2011 15

Concentração do mercado ERP no BrasilERP Market Concentration in Brazil

Mariana Lara Bottazzini1 e Robisom Damasceno Calado2

1 PUC Campinas2 CTI Campinas

Resumo: Muitas empresas optam pelo uso de sistemas ERP, pois possibilita melhor visualização detodas as informações de negócios, facilitando tomadas de decisão. Dentro do mercado de software, oERP é um dos principais, junto com sistemas operacionais e de banco de dados. Os principais fabrican-tes deste tipo de software no Brasil são: Oracle, SAP, Infor e TOTVS. Através de pesquisa bibliográficae análise, os resultados da pesquisa Administração de Recursos de TI – Tecnologia da Informação feitapela FGV são montados tabelas e gráficos, que utilizam os índices CR(4) e IHH, verificando-se a con-centração do mercado de ERP no Brasil, com pouca concorrência entre as pequenas empresas, onde hádomínio de 54% do market share pela TOTVS e das grandes, onde predomina com 50% a SAP.

Palavras-chave: Enterprise Resource Planning (ERP), concentração de mercado, market share, ÍndiceHirschman-Herfindahl (IHH).

Abstract: Many companies choose to use ERP system, so it allows better visualization of all businessinformation and facilitates decision-making. The ERP software is a major player inside software market,along with operating systems and database. The main manufacturers of this type of software in Brazil are:Oracle, SAP, Infor and TOTVS. Based on literature review and analysis of the results of ResourcesAdministration IT - Information Technology research made by FGV, some tables and graphs are builtusing the indices CR(4) and HHI. They showed the concentration of the ERP market in Brazil, with littlecompetition among small businesses, where there is a presence of 54% in market share by TOTVS andfor large companies the market share is dominated by SAP with 50%.

Keywords: Enterprise Resource Planning (ERP), market concentration, market share, Hirschman-Herfindahl Index (HHI).

1 INTRODUÇÃOMuitas empresas optaram pelo uso de sistemas

ERP (Enterprise Resource Planning), traduzidocomo Planejamento de Recursos da Corporação,sendo um sistema integrado de gestão empresa-rial conhecido por integrar vários departamentosde uma empresa, possibilitando a automação earmazenamento de todas as informações de ne-gócios (PINHEIRO, 2006), o que facilita as tomadasde decisão.

Os sistemas ERPs tiveram sua popularizaçãonos anos 1990. Este fenômeno ocorreu devido àspressões competitivas sofridas pelas empresas eque as obrigaram a buscar alternativas para aredução de custos e diferenciação de produtos eserviços (SOUZA, ZWICKER, 2000).

O mercado brasileiro de software está entre osmaiores do mundo. Segundo o IBGE (InstitutoBrasileiro de Geografia e Estatística), as duas milmaiores empresas de tecnologia da informaçãobrasileiras movimentaram 39,4 bilhões de reais em2009, dos quais 13 bilhões de reais foram oriun-dos da produção nacional de software.

Em relação aos ERPs, pesquisas como as daempresa IDC Brasil identificaram ser o Brasilum dos três principais mercados de software,junto com sistemas operacionais e banco dedados (SOARES; DORNELAS; GUIMARÃES; PEREIRA,2007).

Este artigo visa analisar os comportamentos domercado para os ERPs e medir a concentração domercado deste tipo de software, fazendo uso dos

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índices de Razão de Concentração (CR(k)) e doÍndice Hirschman-Herfindahl(IHH).

Primeiramente, será feita uma análise concei-tual através de uma revisão de literatura. Em se-guida, o estudo de caso selecionado é tratado deforma a mostrar os dados relevantes para seremestudados. Para finalizar, serão aplicados os índi-ces mencionados anteriormente para verificar omercado do produto em questão.

2 DEFINIÇÃO DE ERPOs Enterprise Resource Planning (ERP) são sis-

temas de informação adquiridos na forma de pa-cotes comerciais de software que integram todosos dados e processos de uma organização em umúnico sistema (ANDRADE; RHODES; DAVIS, p. 11,2004 apud PINHEIRO, 2006, p. 1).

Devido a esta integração, o sistema permiteuma análise e observação de todo o funcionamen-to de uma empresa, desde a venda, fabricação,distribuição, compras, controle de estoque e con-tabilidade até finanças e recursos humanos etc.Assim, são evitados erros na comunicação de umsistema para outro e também reduzindo custos,evitando retrabalho.

Os principais motivos para a implantação de umsistema ERP são: maior produtividade e visibilida-de; maior produtividade e eficiência operacionaldentro e fora dos limites da organização; maior fle-xibilidade, resultado em menores custos; suporteaos requisitos da indústria, em constante mudan-ça; riscos reduzidos; melhor gestão financeira egovernança corporativa; otimização dos gastos deTI; retorno dos investimentos mais rápido e maissignificativo; retenção dos melhores profissionais eacesso imediato dos profissionais às informaçõescorporativas pertinentes (GOMES, 2007, p. 22).

2.1 Surgimento do ERP e seus principaisfabricantes

Os sistemas de gestão empresarial surgiram danecessidade de planejar a produção, no início fei-to com base estatística para reposição de estoque(JUNIOR, 2005). Em 1960, teve origem o MRP, Ma-terial Requirements Planning (Planejamento dasNecessidades de Materiais).

Evoluído dos sistemas MRP, MRP II e planeja-mento dos recursos de manufatura, surge o termoERP, porém não se tem registro de quando este ter-mo começou a ser utilizado. Houve melhorias nacomunicação entre os departamentos, nas áreas definanças, compras, vendas, logística, recursos hu-manos e controladoria (GOMES, 2007).

Os sistemas de informação evoluíram com aadministração: os novos modelos de gestão neces-sitavam de informações mais ágeis e completas.As informações apenas dos materiais, encontra-dos em versões anteriores, não atendiam à atualnecessidade (JUNIOR, 2005).

ERP é uma extensão do conceito de plane-jamento de recursos de manufatura (MRPII)padronizada pela produção americana eSociedade de Controle de Inventário(APICS). APICS define que o ERP é “UmSistema de Informação de contabilidadeorientada para a identificação e planea-mento dos recursos da empresa de largurapara atender pedidos de clientes para o na-vio”. O propósito do sistema de ERP é apoi-ar os processos de negócio que apoiam opor-tunidades estratégicas da empresa (PAIRAT;JUNGTHIRAPANICH, 2005).

A SAP é uma empresa sediada em Walldorf,Alemanha. Foi fundada em 1972 em Mannheimpor um grupo de ex-engenheiros da IBM com baseem uma boa ideia: desenvolver um software queintegrasse e combinasse as muitas funções de umnegócio. O R/3, atualmente com o nome de ECC,é um dos produtos da empresa SAP e foi o pri-meiro verdadeiro sistema de processamento detransações on-line (OLTP) baseado na arquitetu-ra e cliente-servidor da SAP – um sistema voltadopara atender às necessidades de transações diá-rias de muitos usuários típicos. Assim como o seupredecessor (SAP R/2), baseado em computado-res de grande porte (mainframes), o SAP R/3 é umacomposição de módulos voltados aos negócios,como financeiro, logística, gestão de recursos hu-manos, gestão de estoque e armazéns, e assim pordiante (ANDERSON; RHODES; DAVIS, 2009).

A Oracle deixou de ser uma empresa que tra-balhava apenas com banco de dados e passou a

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ser uma empresa que desenvolve ERP a partir de1994 (ORACLE, 2011).

A TOTVS é uma holding que controla a Micro-siga, Datasul, Logocenter, RM Sistemas, e aMidbyte. Surgiu com o nome de SIGA (SistemasIntegrados de Gerência Automática), em 1969, eem 1983, com o surgimento de Microcomputa-dores, foi fundada a Microsiga Software SA. Como crescimento do setor de ERP, a TOTVS reforçouseu crescimento com aquisição das demais em-presas (TOTVS, 2011).

A Infor foi fundada em 2002 sob o nomeAgilisys, em Malvern, Pensilvânia. Em fevereirode 2004, a sede Agilisys foi transferida para Alpha-retta, na área metropolitana de Atlanta, e Agilisysadquiriu a empresa alemã Infor Business Solu-tions, com sede em Friedrichsthal (Saar). Após estaaquisição, Agilisys mudou seu nome para InforGlobal Solutions (INFOR, 2011).

2.2 Estruturas de mercadoSão dois elementos que determinam as estru-

turas mercadológicas, os vendedores e os compra-dores em que são processadas as relações, impac-tos e desdobramentos nas decisões de negócio,incluindo a formação de preços, a quantidade deagentes em um plano e a natureza do produtofinal/serviço ou fator de produção (PINHO; VAS-CONCELOS, 2009).

Mercado é o conjunto de pontos de contatoentre vendedores de um bem ou prestadoresde serviço e os potenciais compradores des-se bem ou os usuários de tal serviço, demodo a serem estabelecidas as condiçõescontratuais de venda e compra ou da pres-tação de serviço, de modo a serem estabe-lecidas as condições contratuais de venda ecompra ou da prestação e uso do serviço,bem como concretizados os negócios resul-tantes do acordo (PINHO; VASCONCELOS,2009).

A quantidade de agentes pode desencadear doismercados: os mercados atomizados, onde a gran-de quantidade de agentes está presente e, sendoassim, as decisões de cada uma não são captadas

pelos outros, e os mercados não atomizados, ondepoucos agentes estão presentes e a ideia de altera-ções comportamentais são captadas pelos demais.Ao contrário do caso anterior, nesse contexto, osindivíduos conseguem, em certas circunstâncias,ditar preços. Quanto à natureza do produto fi-nal/serviço ou fator de produção, é possível classi-ficar os mercados em duas categorias: mercadospuros, quando há homogeneidade entre os bensobjetos nas negociações, e assim os produtos fi-nais/serviços ou fatores de produção são idênticosou padronizados, ou seja, qualquer um deles seráum perfeito substituto aos demais; e os mercadosimperfeitos, onde as negociações dos produtos/serviços são diferenciados, não homogêneos, eassim os elementos podem quando muito ser subs-titutos próximos de si, mas não muito bons subs-titutos (PINHO; VASCONCELOS, 2009).

Como mostra na Tabela 1, a quantidade deagentes influencia no tipo de mercado e sua con-corrência. A concorrência pura ou perfeita é onde aquantidade de agentes é tão grande que um agen-te por sua insignificância não afeta o nível da ofer-ta ou tampouco o preço de equilíbrio. O monopó-lio é o extremo oposto da concorrência perfeita.Também é muito difícil de ser encontrado, é carac-terizado por um agente e este possui um produtoou serviço que não existe um bom substituto.

O oligopólio, como extenção do monopólio,representa uma estrutura mercadológica nãootimizada que incorpora um número reduzido deagentes, e assim cria uma interdependência mú-tua e incerteza quanto aos eventuais procedimen-tos desses agentes. Uma das causas do oligopóliosão as fusões e aquisições. Nessa sistemática, al-gumas empresas vão aos poucos eliminando aconcorrência em potencial e passam a dominar

Tabela 1: Estruturas mercadológicasQuantidade Natureza, produto final/Serviço ou

Fator de produçãoAgentes Homogênea DiferenciadaMuitos Concorrência Concorrência

(atomização) pura / perfeita monopolíticaPoucos Oligopólio Oligopólio(alguns) puro diferenciado

Um Monopólio Não aplicávelFonte: PINHO, VASCONCELOS (2009).

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parcelas crescentes de mercado com o objetivo deobter maiores lucros (PINHO; VASCONCELOS, 2009).

2.3 Concentração de mercadoOs índices de concentração são importantes por

fornecer um indicador da concorrência existenteem um determinado mercado. Quanto maior ovalor da concentração, menor é o grau da con-corrência entre as empresas e mais concentradoestará o poder de mercado (KUPFER; HASENCLEVER,2002).

O poder de mercado de uma empresa indivi-dual está relacionado com sua capacidade de con-trolar o preço de venda do produto. Mais particu-larmente, o poder de mercado se manifesta pelasua capacidade de fixar e sustentar o preço devenda em um nível acima daquele fixado pelosconcorrentes, sem prejuízo para a sua participa-ção no mercado, assumindo de forma aparente,na participação do mercado (market share) daempresa, a razão entre sua oferta e a oferta totalda indústria.

A razão de concentração de ordem k é um ín-dice positivo que fornece a parcela de mercadodas k maiores empresas da indústria (k = 1, 2, ...,n). Assim , onde S é a porcenta-gem de determinada empresa no mercado. Nasaplicações empíricas, toma-se comumente k = 4ou k = 8, isto é, considera-se apenas a participa-ção das quatro ou das oito maiores empresas. Es-tas razões são conhecidas respectivamentes porCR(4) e CR(8).

Por considerar as maiores empresas da indús-tria, este índice ignora a presença das empresasmenores. Deste modo, fusões horizontais ou trans-ferência de mercado não afetam o índice. Alémdisso, esse índice não leva em consideração a par-ticipação relativa de cada empresa das k maiores.Assim, fusões deste grupo não afetarão o índice.Estas omissões dificultam o uso do CR(k) comouma medida do poder de mercado existente naindústria.

O índice Hirchman-Herfindal (IHH) é outro in-díce também positivo definido por .Elevar cada parcela de mercado ao quadrado im-plica atribuir um peso maior às empresas relativa-mente maiores. Assim quanto maior for o HH, mais

elevada será a concentração e, portanto, menor aconcorrência entre os produtores (KUPFER;HASENCLEVER, 2002).

Este índice pode potencialmente variar entre 0e 10.000. Três são as faixas propostas para balizaras análises preliminares de processos de fusões.Se 0 ≤ HH < 1000, então não existe preocupaçãoquanto à competição na indústria, se o aumentodo índice for maior que 100 pontos; se 1000 ≤ HH≤ 1800, então existe uma preocupação quanto àcompetição; se HH > 1800 e o aumento do índicefor maior que 50 pontos (KUPFER; HASENCLEVER,2002).

3 METODOLOGIAEsta é pesquisa bibliográfica, incluindo os es-

tudos de caso mencionados, buscas nos sites dossistemas mencionados, livros e monografias so-bre ERP. Serão utilizados dados dos últimos oitoanos de pesquisa da FGV, pois são os disponibi-lizados pela instituição. Além da montagem degráficos usando a ferramenta Microsoft Excel, sãoutilizados os índices de Razão de Concentraçãodas quatro maiores empresas do mercado (CR(4))e o Índice Hirschman-Herfindahl(IHH) ou, eminglês, Hirschman-Herfindahl Index (HHI).

4 MARKET SHARE E EVOLUÇÃODOS SISTEMAS ERP NO BRASILO FGV-EAESP-CIA – Centro de Tecnologia de

Informação Aplicada da Escola de Administraçãode Empresas de São Paulo da Fundação GetúlioVargas (GVcia) realiza uma pesquisa anual cha-mada de Administração de Recursos de TI –Tecnologia da Informação, sendo que os resulta-dos dessa pesquisa são disponibilizados no site dainstituição, cujo objetivo é estudar o uso do TI nasempresas (MEIRELLES, 2011)

Os indicadores utilizados pela pesquisa deMeirelles são o CAPT (Custo Anual por Teclado),o CAPU (Custo Anual por Usuário) e o CAPF(Custo Anual por Funcionário). Todos os indica-dores levam em consideração o número de tecla-dos em uso instalados na empresa.

A pesquisa da FGV tem como foco a adminis-tração de recursos em TI em geral e não especifi-

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camente a pesquisa sobre o uso dos ERPs pelasempresas. Além dos dados disponibilizados, tam-bém estão publicados os gastos gerais com TI; aevolução do TI nos bancos; o uso dos sistemasoperacionais pelas empresas; a evolução do mer-cado de planilhas; entre outros.

No ano de 2011, a pesquisa obteve 2.148 res-postas válidas, dentro de mais de cinco mil em-presas pesquisadas por alunos de graduação epós-graduação da GV, e mais de 60% das quinhen-tas maiores empresas estão presentes nas amos-tras. Pesquisas similares também são realizadaspela Gartner Group e pelo International DataCorporation – IDC, contudo estas não são divulga-das gratuitamente (MEIRELLES, 2011).

Para a análise, foram obtidos os seguintes grá-ficos divulgados pela FGV entre os anos de 2004 e2011.

A Gráfico 1 mostra a fatia de mercado entre osanos de 2004 e 2011 dos ERPs no Brasil. Obser-vando a figura, é possível verificar que o númerode fornecedores deste produto vem diminuindoatravés de fusões e aquisições da empresa TOTVS,o que pode caracterizar um oligopólio. A Oracle,até 2006, obteve maior fatia de mercado e depoisse estabilizou com média de 16%. A SAP e a Inforse mantiveram estáveis durante estes anos.

Além destes gráficos, alguns outros divulgadospela pesquisa da FGV também são interessantespara serem analisados, como o gráfico que mostra

Gráfico 1: Market Share de sistemas ERP, por ano, desde 2004Fonte: Meirelles (2011).

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a porcentagem de empresas que possuem os ERPspor número de teclados e o gráfico que mostra aevolução dos sistemas ERP ao longo dos anos.

A Figura 1 mostra a fatia de mercado dos ERPsno ano de 2011 por número de teclados, ou seja,quanto mais teclados a empresa possui, maior elaé. É possível observar que, mesmo com fusões eaquisições, a TOTVS não possui muito mercadodentre as maiores empresas, sendo esse mercadocom 50% de domínio da empresa SAP.

Figura 1: Market Share dos sistemas ERP por número deteclado no ano de 2011Fonte: MEIRELLES (2011).

Figura 2: Evolução dos sistemas de gestão empresarialFonte: MEIRELLES (2011).

Os dois diagramas da Figura 2 mostram umaperspectiva histórica da evolução dos sistemasempresariais para os ERPs ou Sistemas Integra-dos de Gestão, que já se encontra nas sua 3º ou 5ºgeração ou onde depende do autor ou fabricante.Mostra, também, a passagem do foco do uso in-terno para o uso externo e das novas arquiteturasdas aplicações, na busca pelo grande objetivo detodas as empresas: mais processos, mais funcio-nalidades e mais integração dos seus sistemas(MEIRELLES, 2011).

Na Figura 2, é possível observar bem o surgi-mento dos sistemas ERP e com o segundo diagra-ma o surgimento de novas tecnologias para a ges-tão empresarial, que, integrados com o ERP, estãofocados em planejamento e decisões estratégicas.

Fornecedores de tecnologia, incluindo fabrican-tes de ERP como SAP, Oracle, PeopleSoft, que sãoespecializados em análises mais avançadas, de-senvolveram novas soluções analíticas, mas paraserem produtivos dependem de dados precisosvindos do ERP. Os gestores, muitas vezes, combi-nam esses aplicativos para produzir melhor paratoda cadeia de suprimentos. Esta nova era, ondehá uma combinação de ERP, SCM (Supply ChainManagement), CRM (Customer RelationshipManagement), BI (Business Intelligence) entre ou-tras novas tecnologias, é chamada de ERP II(PAIRAT; JUNGTHIRAPANICH, 2005).

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5 ANÁLISE DO COMPORTAMENTO DOMERCADO BRASILEIRO DE ERPPara análise dos resultados são montadas as

seguintes tabela/gráficos:a) Uso do ERP no Brasil em porcentagem

Gráfico 2: Uso do ERP no Brasil em porcentagem de 2004até 2011

Neste Gráfico 2, é possível observar como aTOTVS desde 2004 possui a maior faixa do mer-cado de ERP, chegando a 40% entre os anos de2007 e 2008. No entanto, é importante salientarque a TOTVS passou a existir apenas em 2008,ganhando mercado rapidamente com a comprade outras empresas e formando um holding. Tam-bém é notável a ascensão da Oracle entre os anosde 2005 e 2006 e, em seguida, sua estabilidade.Estabilidade também notada na SAP, que man-teve a faixa dos 25% com uma leve melhoria en-tre os anos de 2010 e 2011.

b) Uso do ERP no Mercado por número de te-clados em 2011

Como mostrado anteriomente, a pesquisa rea-lizada é baseada em número de teclados ativospela empresa, e assim é possível gerar esta tabelae gráfico. Quanto maior o número de teclados,maior é a empresa que utiliza o ERP. Esta repre-sentação é uma visão dos dados do ano de 2011.No Gráfico 3, é relevante porque mostra, clara-mente, que, mesmo a TOTVS possuindo umaporcentagem bastante expressiva, quando obser-va-se o total de empresas, a SAP chega a possuir50% do mercado das grandes empresas e aTOTVS, 54% das pequenas.

Gráfico 3: Porcentagem do uso de ERP no mercadobrasileiro por número de teclados no ano de 2011

c) Índice CR(4) ao longo dos anos

Gráfico 4: Gráfico da relação do índice CR das quatromaiores empresas desde 2004

Para a formulação do Gráfico 4, foi levada emconsideração a soma do market share das quatromaiores empresas do setor, ou seja, Infor, Oracle,TOTVS e SAP entre os anos de 2004 e 2011. Ográfico 4 mostra que o mercado de ERP no anode 2005 esteve mais concentrado que os demais,mas desde 2006 se encontra bastante estável.

d) Índice CR(4) por número de teclados no anode 2011

Esta tabela é gerada através da soma do marketshare das quatro maiores empresas do setor, as-sim como gráfico anterior, porém a sumarizaçãoocorreu por número de teclados. Dados do anode 2011. Observando o Gráfico 5, é possível per-

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ceber que, quanto maior é a empresa (maior nú-mero de teclados), mais concentrado se encontrao mercado de ERP no Brasil.

e) Índice Herfindahl–Hirschman ao longo dosanos

O gráfico a seguir é calculado elevando ao qua-drado a porcentagem da tabela do item a e entãosomado na linha IHH para obter o índice.

Gráfico 5: Relação do índice CR das quatro maioresempresas por número de teclados

Gráfico 6: Gráfico da relação do índice HH entre os anosde 2004 e 2011

O índice IHH, ilustrado no Gráfico 6, mostraque o mercado de ERP desde 2004 sempre esteveconcentrado, já que, segundo Kupfer eHasenclever, a concentração torna-se alta com oíndice maior que 1800.

f) Índice Herfindahl-Hirschman por númerode teclado em 2011

O gráfico seguinte mostra o índice IHH. Utili-zando o mesmo princípio de cálculo do item an-terior, esta tabela visa mostrar o índice por tama-nho da empresa (número de teclados). Dados doano de 2011. No Gráfico 7, pode-se observar queo mercado independente de tamanho está con-centrado, já que é possível considerar como con-centrado o mercado com o índice acima de 1800.Apesar disso, o caso se agrava quando analisa-mos apenas as maiores empresas, onde o índiceaumenta consideravelmente.

Gráfico 7: Gráfico do índice HH por número de teclados noano de 2011

6 CONCLUSÃOEm conclusão, com o uso dos índices IHH e

CR(4), pode-se observar que o mercado de ERPpossui pouca concorrência, o que se agravou comas aquisições e fusões nos últimos anos. É possívelobservar também que há grande concentraçãopara as empresas maiores, já que a SAP chega apossuir 50% do mercado, e, com aquisições, aTOTVS está dominando o mercado das peque-nas empresas. Isso mostra que o poder de merca-do corre o risco de ficar apenas com algumasempresas inflacionando o preço dos seus produ-tos e ditando comportamentos, como menciona-do no tópico “Estruturas de mercado”. Este tra-balho analisou apenas os sistemas ERP, mas estemercado tem crescido com a popularização deoutros sistemas evoluídos do ERP, divulgado daFGV, como Supply Chain, CRM e BI. Como sãoos mesmos fornecedores tanto para ERPs comopara estes novos sistemas e existe uma necessida-de de integração muito grande, podemos dizerque o mercado para sistemas de gestão empresa-rial em geral é concentrado.

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