Contabilidade Geral

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  • CONTABILIDADE GERAL

    2009

    Csar Augusto Tibrcio Silva

    Ministrio da Educao MEC

    Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior CAPES

    Diretoria de Educao a Distncia DED

    Universidade Aberta do Brasil UAB

    Programa Nacional de Formao em Administrao Pblica PNAP

    Bacharelado em Administrao Pblica

  • S586c Silva, Csar Augusto TibrcioContabilidade geral / Csar Augusto Tibrcio Silva. Florianpolis : Departamento de

    Cincias da Administrao / UFSC; [Braslia] : CAPES : UAB, 2009.136p. : il.

    Inclui bibliografiaBacharelado em Administrao PblicaISBN: 978-85-61608-99-6

    1. Contabilidade. 2. Balano (Contabilidade). 3. Sistemas de informao. 4. Educao adistncia. I. Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior (Brasil). II.Universidade Aberta do Brasil. III. Ttulo.

    CDU: 657

    Catalogao na publicao por: Onlia Silva Guimares CRB-14/071

    2009. Universidade Federal de Santa Catarina UFSC. Todos os direitos reservados.

    A responsabilidade pelo contedo e imagens desta obra do(s) respectivo(s) autor(es). O contedo desta obra foi licenciado temporria e

    gratuitamente para utilizao no mbito do Sistema Universidade Aberta do Brasil, atravs da UFSC. O leitor se compromete a utilizar o

    contedo desta obra para aprendizado pessoal, sendo que a reproduo e distribuio ficaro limitadas ao mbito interno dos cursos.

    A citao desta obra em trabalhos acadmicos e/ou profissionais poder ser feita com indicao da fonte. A cpia desta obra sem autorizao

    expressa ou com intuito de lucro constitui crime contra a propriedade intelectual, com sanes previstas no Cdigo Penal, artigo 184, Pargrafos

    1 ao 3, sem prejuzo das sanes cveis cabveis espcie.

  • PRESIDENTE DA REPBLICA

    Luiz Incio Lula da Silva

    MINISTRO DA EDUCAO

    Fernando Haddad

    PRESIDENTE DA CAPES

    Jorge Almeida Guimares

    UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

    REITORAlvaro Toubes Prata

    VICE-REITORCarlos Alberto Justo da Silva

    CENTRO SCIO-ECONMICO

    DIRETORRicardo Jos de Arajo Oliveira

    VICE-DIRETORAlexandre Marino Costa

    DEPARTAMENTO DE CINCIAS DA ADMINISTRAO

    CHEFE DO DEPARTAMENTOJoo Nilo Linhares

    SUBCHEFE DO DEPARTAMENTOGilberto de Oliveira Moritz

    SECRETARIA DE EDUCAO A DISTNCIA

    SECRETRIO DE EDUCAO A DISTNCIACarlos Eduardo Bielschowsky

    DIRETORIA DE EDUCAO A DISTNCIA

    DIRETOR DE EDUCAO A DISTNCIACelso Jos da Costa

    COORDENAO GERAL DE ARTICULAO ACADMICANara Maria Pimentel

    COORDENAO GERAL DE SUPERVISO E FOMENTOGrace Tavares Vieira

    COORDENAO GERAL DE INFRAESTRUTURA DE POLOSFrancisco das Chagas Miranda Silva

    COORDENAO GERAL DE POLTICAS DE INFORMAOAdi Balbinot Junior

  • COMISSO DE AVALIAO E ACOMPANHAMENTO PNAP

    Alexandre Marino CostaClaudin Jordo de CarvalhoEliane Moreira S de Souza

    Marcos Tanure SanabioMaria Aparecida da SilvaMarina Isabel de Almeida

    Oreste PretiTatiane Michelon

    Teresa Cristina Janes Carneiro

    METODOLOGIA PARA EDUCAO A DISTNCIA

    Universidade Federal de Mato Grosso

    COORDENAO TCNICA DED

    Soraya Matos de VasconcelosTatiane Michelon

    Tatiane Pacanaro Trinca

    AUTOR DO CONTEDO

    Csar Augusto Tibrcio Silva

    EQUIPE DE DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS DIDTICOS CAD/UFSC

    Coordenador do ProjetoAlexandre Marino Costa

    Coordenao de Produo de Recursos DidticosDenise Aparecida Bunn

    Superviso de Produo de Recursos DidticosFlavia Maria de Oliveira

    Designer InstrucionalDenise Aparecida Bunn

    Andreza Regina Lopes da Silva

    Superviso Administrativarika Alessandra Salmeron Silva

    CapaAlexandre Noronha

    IlustraoIgor Baranenko

    Projeto Grfico e FinalizaoAnnye Cristiny Tessaro

    EditoraoRita Castelan

    Reviso TextualSergio Meira

    Crditos da imagem da capa: extrada do banco de imagens Stock.xchng sob direitos livres para uso de imagem.

  • PREFCIO

    Os dois principais desafios da atual idade na reaeducacional do Pas so a qualificao dos professores que atuamnas escolas de educao bsica e a qualificao do quadrofuncional atuante na gesto do Estado brasileiro, nas vriasinstncias administrativas. O Ministrio da Educao (MEC) estenfrentando o primeiro desafio com o Plano Nacional de Formaode Professores, que tem como objetivo qualificar mais de 300.000professores em exerccio nas escolas de ensino fundamental e mdio,sendo metade desse esforo realizado pelo Sistema UniversidadeAberta do Brasil (UAB). Em relao ao segundo desafio, o MEC,por meio da UAB/CAPES, lana o Programa Nacional de Formaoem Administrao Pblica (PNAP). Esse Programa engloba umcurso de bacharelado e trs especializaes (Gesto Pblica, GestoPblica Municipal e Gesto em Sade) e visa a colaborar com oesforo de qualificao dos gestores pblicos brasileiros, comespecial ateno no atendimento ao interior do Pas, por meio dosPolos da UAB.

    O PNAP um Programa com caractersticas especiais.Em primeiro lugar, surgiu do esforo e da reflexo de uma redecomposta pela Escola Nacional de Administrao Pblica (ENAP),pelo Ministrio do Planejamento, pelo Ministrio da Sade, peloConselho Federal de Administrao, pela Secretaria de Educaoa Distncia (SEED) e por mais de 20 instituies pblicas de ensinosuperior (IPES), vinculadas UAB, que colaboraram na elaboraodo Projeto Poltico Pedaggico dos cursos. Em segundo lugar, esseProjeto ser aplicado por todas as instituies e pretende manterum padro de qualidade em todo o Pas, mas abrindo margem para

  • que cada IPES, que ofertar os cursos, possa incluir assuntos ematendimento s diversidades econmicas e culturais de sua regio.

    Outro elemento importante a construo coletiva domaterial didtico. A UAB colocar disposio das IPES ummaterial didtico mnimo de referncia para todas as disciplinasobrigatrias e para algumas optativas. Esse material est sendoelaborado por profissionais experientes da rea da AdministraoPblica de mais de 30 diferentes instituies, com o apoio de equipemultidisciplinar. Por ltimo, a produo coletiva antecipada dosmateriais didticos libera o corpo docente IPES para uma dedicaomaior ao processo de gesto acadmica dos cursos; uniformiza umelevado patamar de qualidade para o material didtico e garante odesenvolvimento ininterrupto dos cursos, sem paralisaes quesempre comprometem o entusiasmo dos estudantes.

    Por tudo isso, estamos seguros de que mais um importantepasso em direo democratizao do ensino superior pblico ede qualidade est sendo dado, desta vez contribuindo tambm paraa melhoria da gesto pblica brasileira.

    Celso Jos da Costa

    Diretor de Educao a Distncia

    Coordenador Nacional da UAB

    CAPES-MEC

  • SUMRIO

    Apresentao.................................................................................................... 11

    Unidade 1 Informaes Contbeis

    Formas de Organizao de uma Entidade............................................................ 15

    Usurios............................................................................................ 18

    Usurios Internos.................................................................................. 18

    Usurios Externos................................................................................... 19

    Atividades de uma Entidade...................................................................... 21

    Comunicao com os Usurios.............................................................. 23

    Demonstrao do Resultado do Exerccio..................................................... 24

    Balano Patrimonial................................................................................... 26

    Demonstrao dos Fluxos de Caixa..................................................... 33

    Outras Informaes................................................................................... 35

    Pressupostos Bsicos............................................................................. 38

    Regime de Competncia....................................................................... 38

    Continuidade................................................................................... 39

  • Unidade 2 Sistema Contbil

    Transao e Contabilidade.............................................................................. 45

    Dbito e Crdito.................................................................................. 51

    Balancete de Verificao............................................................................... 59

    Efeitos das Partidas Dobradas no Ativo e no Passivo....................................... 62

    Elaborando a Demonstrao dos Fluxos de Caixa............................................. 64

    Unidade 3 Regime de Caixa e de Competncia

    Reconhecimento da Receita............................................................................... 73

    Confrontao da Despesa.................................................................................... 75

    Ajustes.............................................................................................. 78

    Despesas Antecipadas.................................................................................. 79

    Receitas Antecipadas............................................................................... 84

    Despesas a Pagar............................................................................... 86

    Receita a Receber............................................................................... 87

    Resumo dos Ajustes............................................................................... 88

    Fechamento do Exerccio Social......................................................................... 94

    Regime de Caixa e de Competncia em Ativos No Circulantes............................ 98

    Sistema de Informao Computadorizado........................................................... 100

    Unidade 4 Analisando as Demonstraes Contbeis

    Anlise Vertical e Anlise Horizontal.................................................................... 107

    Indicadores de Liquidez................................................................................... 111

    Liquidez Corrente.................................................................................. 112

    Liquidez Seca.................................................................................. 112

    Liquidez Imediata.................................................................................. 113

    Liquidez Geral.................................................................................. 114

  • Indicadores de Atividade...................................................................................... 115

    Prazo de Estocagem.................................................................................. 115

    Prazo de Pagamento.................................................................................. 117

    Prazo de Cobrana.................................................................................. 118

    Ciclo Financeiro.................................................................................. 119

    ndices de Endividamento e Estrutura................................................................. 121

    Relao Capital de Terceiros e Capital Prprio............................................. 121

    Estrutura do Endividamento.......................................................................... 122

    Indicadores de Rentabilidade................................................................. 123

    ROA........................................................................................................ 123

    ROE........................................................................................................ 124

    Margem Lquida........................................................................................... 125

    Indicadores da DFC....................................................................................... 126

    Fluxo sobre Receitas...................................................................................... 126

    Cobertura de Investimento............................................................................. 127

    Fluxo sobre Lucro........................................................................................... 128

    Consideraes finais................................................................................. 133

    Referncias.................................................................................................... 134

    Minicurrculo.................................................................................................... 136

  • 10Bacharelado em Administrao Pblica

    Contabilidade Geral

  • 11Mdulo 2

    Apresentao

    APRESENTAO

    Prezado estudante!

    Seja bem-vindo disciplina de Contabilidade Geral. Nessadisciplina voc ter contato com um instrumento muito importantede informao, planejamento e controle da atividade de umaentidade, inclusive na Administrao Pblica.

    Voc ir perceber que nos ltimos anos a Contabilidade temapresentado mudanas significativas. Isso decorre do processo deconvergncia das normas internacionais de contabilidade.Recentemente, a base legal da Contabilidade apresentou alteraesimportantes por meio da Lei n. 11.638, de 28 de dezembro de 2007,e de diversas resolues do Conselho Federal de Contabilidade,algumas aprovadas ao longo de 2008 e outras que sero aprovadasnos prximos anos.

    O foco desta disciplina mostrar que a Contabilidade umimportante instrumento para a administrao. Convm destacarmosque o objetivo do curso no ensinar voc a ser um contador, masusar a Contabilidade como um instrumento de gesto, pois oadministrador deve entender todo seu potencial como principalsistema de informao de uma entidade, sem a necessidade dediscutir complexos aspectos contbeis.

    Vamos comear?

    Bons estudos!

    Professor Csar Augusto Tibrcio Silva

  • UNIDADE 1

    OBJETIVOS ESPECFICOS DE APRENDIZAGEM

    Ao finalizar esta Unidade, voc dever ser capaz de: Conhecer quem so os usurios das informaes contbeis e suas

    demandas de informao; Descrever as trs atividades que so exercidas por uma entidade; Apresentar a forma como a contabilidade se comunica com os

    usurios; e Apresentar os pressupostos bsicos da informao contbil.

    INFORMAES CONTBEIS

  • 14Bacharelado em Administrao Pblica

    Contabilidade Geral

  • 15Mdulo 2

    Unidade 1 Informaes Contbeis

    FORMAS DE ORGANIZAODE UMA ENTIDADE

    Caro estudante,Nesta primeira Unidade do nosso curso, voc ir conhecero contexto no qual a contabilidade est inserida. Ao longodesta Unidade, vamos estudar as formas de organizao deuma entidade. Posteriormente, mostraremos quais so ospotenciais usurios da informao contbil. Essa discussopreliminar mostra que a contabilidade se ajusta ao ambientee s necessidades dos usurios.Falaremos ainda sobre as trs atividades tpicas de umaentidade. Essa classificao tem sido ressalvadarecentemente, at mesmo na rea pblica. O entendimentodessas atividades til para conhecer o processo deobteno e alocao de recursos dentro da entidade.A Unidade finalizada com alguns conceitos importantesque esto presentes na linguagem contbil e so relevantespara entendermos, por exemplo, algumas das limitaesdas informaes contbeis.Por fim, importante lembrarmos que a nossa disciplinafoi construda com a finalidade de mostrar a Contabilidadecomo um instrumento para a administrao, no um fimem si prprio.Ento, vamos l.

    As transaes e os eventos econmicos que acontecem acada instante na economia podem ocorrer por meio de indivduosou de entidades devidamente estruturadas e organizadas.Comumente, essas entidades esto classificadas da seguinte forma:

  • 16Bacharelado em Administrao Pblica

    Contabilidade Geral

    Primeiro Setor: envolve o governo, seja federal,estadual ou municipal. A finalidade obter recursosde maneira compulsria, por meio dos tributos, eaplic-los visando distr ibuio de renda, estabilidade da economia ou mesmo a prover algumbem ou servio para a populao.

    Segundo Setor: incluem as entidades que visam aobter resultados financeiros para seus proprietrios.No segundo setor, os proprietrios esto interessadosem explorar atividades que possam produzir essesresultados.

    Terceiro Setor: rene as entidades no governamentaisque tm por finalidade fornecer algum bem ou servio,geralmente para pessoas carentes.

    O nosso curso de Administrao Pblica estaria, portanto,

    focado no Primeiro Setor. Mas voc concorda que igualmente

    importante conhecer o segundo e o terceiro setor?

    A organizao do Estado (primeiro setor) pode ocorrer porintermdio da Administrao Direta ou Indireta. A escolha da formade atuao do Estado ir depender de uma srie de fatores, como:

    o setor onde vai ser a sua atuao; a necessidade, ou no, de flexibilidade na ao; a permisso das leis do Pas; e interesses polticos, entre outros.

    No que tange ao segundo setor, essa compreende asempresas com fins lucrativos. A nossa legislao permite uma sriede formas de entidades. A mais complexa a sociedade annimade capital aberto, que possui capital negociado na bolsa de valores.Nessas organizaes a contabilidade bastante desenvolvida,podendo ser considerada como um parmetro para outrasorganizaes.

    vO estudo da

    contabilidade do

    Primeiro Setor ser feito

    na disciplina de

    Contabilidade Pblica, no

    prximo semestre do

    nosso curso.

  • 17Mdulo 2

    Unidade 1 Informaes Contbeis

    J o terceiro setor compreende as denominadas Entidadesde Interesse Social, que segundo o Conselho Federal deContabilidade (2004) esto organizadas em:

    Associaes: so pessoas jurdicas formadas pelaunio de pessoas com objetivo comum, sem finalidadeslucrativas.

    Fundaes : so entes jurdicos que tm porcaracterstica o patrimnio, podendo ser constitudaspara fins religiosos, morais, culturais ou de assistncia.

    Para a finalidade do curso, mais importante que conhecermosas diferentes formas de como uma entidade est estruturada, e asconsequncias legais dessa deciso, entendermos como isso afetaa contabilidade.

    Para cada tipo de entidade h exigncias contbeisdiferentes.

    Nas organizaes do terceiro setor, a contabilidade estfocada em mostrar os benefcios sociais obtidos com as suas aes.Outra funo importante da contabilidade nessas entidades demonstrar que as doaes recebidas esto sendo aplicadasconforme sua finalidade.

    J uma empresa com aes negociadas na bolsa de valorester, por exemplo, preocupao em informar aos investidores o seuresultado. Essas organizaes, conhecidas como companhiasabertas, divulgam seus resultados com uma periodicidade trimestral.

    Nesta disciplina, iremos focar preferencialmente as entidades

    do segundo setor. Essa escolha por razes didticas, uma

    vez que mais fcil compreendermos a contabilidade sob a

    tica de uma organizao.

  • 18Bacharelado em Administrao Pblica

    Contabilidade Geral

    USURIOS

    A finalidade da informao contbil fornecer dados parao processo decisrio, pois a Contabilidade um sistema deinformao que identifica, registra e comunica os eventoseconmicos de uma entidade aos usurios interessados.

    A forma como ocorre o processo contbil ser detalhada nas

    unidades seguintes. Vamos primeiro entender melhor quem

    so estes usurios da informao contbil. Podemos comear?

    USURIOS INTERNOS

    Os usurios internos da contabilidade so os administradoresque planejam, executam e controlam as atividades da instituio.Isso inclui as pessoas que decidem sobre preo, alocam recursosentre as diversas unidades, gerenciam recursos humanos, entreoutras atividades, como est mostrado na Figura 1. So as pessoasque atuam dentro da entidade.

  • 19Mdulo 2

    Unidade 1 Informaes Contbeis

    Figura 1: Questes do usurio internoFonte: Elaborada pelo autor

    Para responder s questes da Figura 1 e a muitas outras,os usurios internos necessitam de informaes, passadas e futuras,da entidade. Um ramo importante da contabilidade que auxilia ousurio interno a contabilidade de custos. Pela contabilidade decustos o usurio interno poder determinar qual produto lucrativo,como melhorar o processo de produo, entre outras questes.

    USURIOS EXTERNOS

    Existem muitos usurios fora da entidade que necessitamde informaes sobre ela. Por exemplo, uma instituio financeiraque v emprestar recursos para a entidade precisa saber a chancede recuperar os valores emprestados e os juros. Os fornecedores eclientes necessitam das informaes para saber a possibilidade deestabelecer um vnculo de longo prazo. Os sindicatos queremconhecer a possibilidade de melhor remunerao. As autoridadesfiscais acompanham para determinao de padro mais justo de

    vPara conhecer diversosestudos na rea decustos veja o congresso

    da Associao Brasileira

    de Custos .

  • 20Bacharelado em Administrao Pblica

    Contabilidade Geral

    tributao. As agncias reguladoras querem informaes paraveri f icar se a entidade est atuando conforme as regrasestabelecidas.

    Para voc entender melhor, observe a Figura 2, que trazalgumas das questes interessantes que a contabilidade pode ajudara responder.

    v

    Para conhecer mais

    sobre a legislao,

    regulao e atos da CVM

    acesse o stio

    .

    Figura 2: Questes do usurio externoFonte: Elaborada pelo autor

    importante observarmos que o interesse de cada tipo deusurio externo pode ser divergente, criando um problema para acontabilidade da instituio em satisfazer a diferentes demandasdos mais diversos usurios.

    Em algumas situaes, o usurio externo tem poder de fazerexigncias para a divulgao das informaes. o caso, porexemplo, das companhias abertas, que, por exigncia da Comissode Valores Mobilirios (CVM), responsvel pela regulao dessasentidades, so obrigadas a divulgar para o pblico externo suasinformaes.

  • 21Mdulo 2

    Unidade 1 Informaes Contbeis

    ATIVIDADES DE UMA ENTIDADE

    So trs os possveis tipos de atividade em uma entidade:financiamento, investimento e operao.

    Uma entidade obtm financiamentos por meio deemprstimos com terceiros ou recursos dos proprietrios, que serousados em investimentos, como prdios, mquinas e computadores,que possibilitaro a execuo de suas operaes. Podemos dizerque atividades de financiamento so as que correspondem obteno de dinheiro.

    Assim, quando se faz um emprstimo com um banco, osrecursos obtidos sero considerados dentro da atividade definanciamento. Logo, uma das formas de medir o desempenho deuma entidade mensurar o custo das formas de financiamento ecomparar com o que est sendo obtido com a aplicao dessedinheiro. Espera-se que essa relao seja favorvel para a entidade.

    As atividades de investimentos dizem respeito alocaodo dinheiro obtido na atividade financiamento em recursosnecessrios para a entidade operar. No estgio inicial da vida, umaentidade ir necessitar de muitos desses recursos, como mveis,prdios, mquinas, automveis e computadores. Esses recursospossuem uma vida til longa e auxiliam a entidade por vrios anos.

    importante lembrarmos que os investimentos devemser teis nas suas operaes.

    vNessa atividade, o ciclo

    produtivo, que ser

    registrado pela

    contabilidade, ser

    ento dividido.

  • 22Bacharelado em Administrao Pblica

    Contabilidade Geral

    Quando falamos de operaes, fazemos referncia ao usodos recursos aplicados nos investimentos. Em uma empresacomercial, as operaes consistem na compra e na venda dasmercadorias. Em uma indstria, incluem a compra de insumos, suatransformao e venda do produto final.

    Diante disso, podemos afirmar que toda entidade em seu

    estgio inicial da vida, provavelmente, enfrenta problemas para

    gerar riqueza com as atividades derivadas das operaes. Voc

    concorda?

    Para visualizar melhor, imagine uma empresa comercial. Comcerteza necessrio um certo tempo para conquistar clientes, oque influencia diretamente nos resultados das operaes. Mas nolongo prazo crucial que uma entidade possa ter um desempenhopositivo nas suas operaes.

    Na sequncia, ainda nesta Unidade, iremos mostrar comoisto mensurado. Por ora, importante afirmarmos que a Portariado Ministrio da Fazenda n. 184/2008 adota a tipologia queapresentamos (MINISTRIO DA FAZENDA, 2008).

  • 23Mdulo 2

    Unidade 1 Informaes Contbeis

    COMUNICAO COM OS USURIOS

    Estudamos os usurios da Contabilidade e algumas dasquestes que eles se interessam em fazer. A Contabilidade informaaos usurios, ao final de cada perodo, por intermdio de uminstrumento denominado de demonstraes contbeis. As trsdemonstraes mais importantes so:

    Balano Patrimonial: apresenta o que a entidadepossui para gerar riqueza e as obrigaes atuais. Essademonstrao mostra a situao em uma determinadadata, geralmente o ltimo dia do ano.

    Demonstrao do Resultado do Exerccio: tema finalidade de mostrar o desempenho da entidade,comparando a gerao de receita com o esforonecessrio para isto. Essa comparao feita paraum perodo de tempo, que pode ser um ano, umtrimestre ou at mesmo um ms.

    Demonstrao dos Fluxos de Caixa: mostra amovimentao financeira ocorrida durante umdeterminado perodo (um ano, um trimestre ou um msespecfico) no caixa da entidade.

    A Demonstrao dos Fluxos de Caixa e a no Demonstraodo Fluxo de Caixa eram opcionais para as grandes organizaesno Brasil. Mas uma lei aprovada no final de 2007 (BRASIL, 2007)alterou essa situao. Isso reduziu a diferena da nossa legislaoem relao a de outros pases, em que essa demonstrao j eraobrigatria.

  • 24Bacharelado em Administrao Pblica

    Contabilidade Geral

    Para voc entender melhor veja, a seguir, um detalhamento de

    cada uma dessas demonstraes.

    DEMONSTRAO DO RESULTADO DO EXERCCIO

    A finalidade da Demonstrao do Resultado do Exerccio(DRE) mostrar como o desempenho da entidade indica qual oresultado para um determinado perodo de tempo. Considere oexemplo apresentado na Figura 3, da Empresa Ondas do Mar. Essademonstrao comea com o nome da empresa, o nome dademonstrao e a data a que se refere a informao. No exemplo, ademonstrao faz referncia ao exerccio social* que terminouno dia 31 de dezembro de 2009. Se o exerccio tiver a duraoanual o que o mais comum de ocorrer , isso significa quetodas as informaes dizem respeito ao perodo entre 1 de janeirode 2009 e 31 de dezembro de 2009.

    Agora, vamos analisar a Demonstrao que apresentamoscomo exemplo.

    *Exerccio Social per-

    odo de tempo da conta-

    bi l idade. Em geral o

    exerccio social possui a

    durao de doze meses,

    coincidindo com o ano

    civil. Mas isso pode va-

    riar conforme o pas

    onde a entidade atua.

    Fonte: Elaborado pelo

    autor.

    Figura 3: Demonstrao do Resultado da Empresa Ondas do MarFonte: Elaborada pelo autor

  • 25Mdulo 2

    Unidade 1 Informaes Contbeis

    A Demonstrao comea expondo as receitas que a empresaobteve durante o ano de 2009. Voc pode notar que as receitastotalizaram R$ 50 mil. Podemos observar, ainda, as despesas* daempresa, que foram de R$ 41 mil. A mais relevante a Despesa deSalrios, que est totalizada em R$ 22 mil. Aparecem ainda asdespesas com o aluguel, com seguros feitos, com depreciao (maisadiante iremos detalhar esta despesa) e com despesas financeiras,que so os juros dos emprstimos.

    Na ltima linha da Demonstrao podemos verificar acomparao entre as receitas e as despesas. Como, nesse caso, ovalor das receitas maior que o das despesas, a empresa teve umresultado positivo, ou seja, teve lucro*. Caso a soma das despesasfosse maior que as receitas, o resultado seria negativo, ou prejuzo*.

    Essa ltima linha de extrema importncia empresa.O lucro sinnimo de desempenho. Nesse exemplo, a empresaobteve um lucro de 9 mil reais.

    Esse valor pode ser melhor entendido quando calculamos oseu significado em relao a outra medida, como a receita. Ouseja, se dividirmos os R$ 9 mil por R$ 50 mil, teremos uma relaode R$ 0,18. Em outras palavras, para cada R$ 1 de receita que aempresa gerou, ela obteve um lucro de R$ 0,18, ou 18 centavos.

    Voc saberia dizer como ns podemos descobrir se esse valor

    muito ou pouco?

    Outra observao importante e necessria antes definalizarmos esse assunto diz respeito Demonstrao do Resultadodo Exerccio. Seguindo a ordem apresentada na Figura 3, observeque ela inicia com as receitas, depois aparecem listadas as despesase termina com a diferena entre as receitas e despesas, ou seja, olucro ou prejuzo.

    Veja a Figura 4, que traz um resumo dessa informao para,voc, futuro Gestor Pblico.

    *Despesa esforo neces-

    srio para gerar a recei-

    ta por parte de uma enti-

    dade. Fonte: Elaborado

    pelo autor.

    vEventualmente podemexistir algumaspequenas variaes

    conforme as

    caractersticas da

    entidade.

    *Lucro resultado posi-

    tivo que ocorre quando

    as receitas so maiores

    que as despesas. Fonte:

    Elaborado pelo autor.

    *Prejuzo resultado ne-

    gativo, ou seja, as despe-

    sas so maiores que as

    receitas. Fonte: Elabora-

    do pelo autor.

  • 26Bacharelado em Administrao Pblica

    Contabilidade Geral

    Figura 4: Demonstrao do Resultado do Exerccio e a DecisoFonte: Elaborada pelo autor

    BALANO PATRIMONIAL

    O Balano Patrimonial apresenta os ativos* e os passivos*(incluindo o patrimnio lquido*) de uma entidade em um perodode tempo especfico. Em outras palavras, podemos dizer que o ativo algo que ir contribuir para gerar riqueza. Entre os ativos maiscomuns temos terrenos, mquinas, computadores, mercadorias quesero vendidas, direitos a receber de clientes (denominados tambmde valores a receber), dinheiro e aplicaes financeiras. Muitosativos foram obtidos por meio das atividades de investimentos,como os terrenos, mas alguns outros foram por meio das atividadesoperacionais.

    Em algumas obras comum encontrarmos a definio de ativo

    como sendo bens e direitos. Essa uma definio simplista,

    que no corresponde realidade. Um computador antigo, que

    j no usado, no um ativo, apesar de ser um bem da

    entidade. Voc saberia dizer qual a razo? Volte na definio

    *Ativo representa

    todo recurso, controla-

    do pela entidade em ra-

    zo de uma operao

    que ocorreu no passa-

    do, que ir gerar rique-

    za futura. Fonte: Elabo-

    rado pelo autor.

    *Passivo uma obriga-

    o atual, decorrente

    de um evento passado,

    cuja liquidao ir re-

    sultar num desembolso

    de recursos. Fonte: Ela-

    borado pelo autor.

    *Patrimnio Lquido

    refere-se diferena

    entre os ativos e os pas-

    sivos circulantes e no

    circulantes. Fonte: Ela-

    borado pelo autor.

  • 27Mdulo 2

    Unidade 1 Informaes Contbeis

    de ativo e verifique o que falta para este computador que no

    mais usado ser um ativo.

    O potencial em contribuir, direta ou indiretamente, para ofluxo de caixa da empresa condio indispensvel para um itemser classificado como ativo. Se uma conta do ativo perder essacapacidade, dever ser transformada em despesa no momento emque se identificar essa ocorrncia.

    E quanto ao passivo, voc saberia citar algum exemplo?

    Partindo do princpio de que o passivo envolve todas asobrigaes que a entidade possui atualmente e que representaro,geralmente, um pagamento, podemos classificar um emprstimoobtido no passado junto a um banco como um exemplo de passivo.Ou ainda uma compra a prazo feita pela entidade que gera umaobrigao de efetuar pagamento no futuro tambm um passivo.Outro tipo comum de passivo a obrigao com empregados(salrios a pagar, por exemplo).

    O passivo pode ser denominado de exigvel ouexigibilidades.

    Na contabilidade o passivo possui dois significados, sendoum no sentido restrito e outro no sentido amplo. No sentido amplo,o passivo representa o lado direito do balano. O passivorepresentaria todas as fontes de financiamento de uma entidadenum determinado momento.

    J no sentido restr i to, o passivo cor responde aoscompromissos da entidade com terceiros. Nessa definio, noseriam considerados como passivo os recursos que foram colocadosna entidade pelos acionistas, ou o patrimnio lquido. Alguns

    v

    Mudanas recentes na

    legislao societria,

    ocorridas em 2007,

    definiram que passivo

    corresponde ao seu

    sentido amplo (BRASIL,

    2007) conceito que

    adotaremos nesta

    disciplina , j a

    Estrutura Conceitual

    para Elaborao e

    Apresentao das

    Demonstraes

    Contbeis utiliza o termo

    passivo no seu sentido

    restrito (CFC, 2008a).

  • 28Bacharelado em Administrao Pblica

    Contabilidade Geral

    autores, para diferenciar, usam o termo exigibilidades, ou capitalde terceiros, para passivo. Esquematicamente podemos dizer que:

    A base conceitual do Balano Patrimonial a equaocontbil bsica:

    De acordo com essa expresso, o total dos ativos da entidadeser igual ao passivo (inclui o passivo no sentido restrito e opatrimnio lquido). A expresso importante, sendo observadaem qualquer situao apresentada pela entidade. No prximocaptulo iremos detalhar mais o seu funcionamento. Por hora, importante que voc considere que numa entidade o volume derecursos existentes para gerar riqueza no futuro (os ativos) iguals exigibilidades existentes e aos recursos prprios.

    Para melhor entendimento apresentamos um exemplo numricode Balano Patrimonial da Empresa Ondas do Mar. Veja a Figura 5.

    Figura 5: Balano Patrimonial da Empresa Ondas do MarFonte: Elaborada pelo autor

  • 29Mdulo 2

    Unidade 1 Informaes Contbeis

    Analisando com ateno essa demonstrao, podemosobservar que o Balano mostra dois lados: o lado esquerdo com oativo e o lado direito com as exigibilidades e o patrimnio lquido.Essa disposio uma conveno histrica da contabilidadebrasileira e de alguns pases com influncia estadunidense na suacontabilidade. E, podemos observar ainda que o total do ladoesquerdo (ativo) igual ao lado direito (passivo). Isso se deve equao contbil bsica.

    O Ativo est dividido em dois grandes grupos. So eles:

    Circulante: so o caixa ou aqueles itens que iro setransformar em caixa at o final do prximo exercciosocial, ou seja, so as disponibilidades, os direitosrealizveis no curso do exerccio social subsequente eas aplicaes de recursos em despesas do exerccioseguinte. So os ativos de curto prazo.

    No circulante: inclui os direitos de longo prazo*,os investimentos de longo prazo, o imobilizado(prdios, computadores, equipamentos, entre outros)e o intangvel.

    investimentos fazem referncia s participaes perma-nentes em outras sociedades e aos direitos de qualquernatureza, no classificveis no ativo circulante, e queno se destinem manuteno da atividade dacompanhia ou da empresa;

    ativo imobilizado diz respeito aos direitos que tenhampor objeto bens corpreos destinados manutenodas atividades da companhia ou da empresa ouexercidos com essa finalidade, inclusive os decorrentesde operaes que transf iram companhia osbenefcios, riscos e o controle desses bens; e

    intangvel faz meno aos direitos que tenham porobjeto bens incorpreos destinados manuteno dacompanhia ou exercidos com essa finalidade, inclusiveo fundo de comrcio adquirido. Fonte: Brasil (2007).

    vEm alguns pases, por

    exemplo, o ativo

    apresentado em cima e

    as exigibilidades e o

    patrimnio lquido,

    embaixo.

    *Ativo Realizvel a Longo

    Prazo os direitos reali-

    zveis aps o trmino do

    exerccio seguinte, assim

    como os derivados de

    vendas, adiantamentos

    ou emprstimos a socie-

    dades coligadas ou con-

    troladas, diretores, acio-

    nistas ou participantes

    no lucro da companhia,

    que no constiturem ne-

    gcios usuais na explora-

    o do objeto da compa-

    nhia. Fonte: Brasil (2007).

  • 30Bacharelado em Administrao Pblica

    Contabilidade Geral

    Volte Figura 5 e analise o ativo da empresa. Observe que

    existe um ativo total de R$ 42 mil, a maior parte

    correspondente aos computadores. Mas como sabido, o

    computador um bem que regularmente necessita de

    investimento, em razo da defasagem tecnolgica. Voc sabe

    o que isso significa?

    Significa dizer que a empresa possui um ativo que necessitaser reposto regularmente. Existem dois outros ativos que estoclassificados como circulante, ou seja, so de curto prazo. Caixarepresenta a moeda corrente e os valores existentes em contacorrente. J Despesa Antecipada representa valores que a empresaj pagou, mas que tero usufruto em perodos seguintes, comoseguros, salrios adiantados, aluguis pagos antes do prazo ou atmesmo estoques.

    Antes de olharmos o lado direito do balano, importantedestacarmos a ordem com que os itens do ativo so apresentados.Observe que o balano inicia com o dinheiro existente em caixa.So os recursos mais lquidos representam os recursos mais fceisde serem usados em uma transao, ou seja, que a empresa podelanar mo quando necessitar. O Balano finaliza com um recursoque a empresa ter dificuldade de converter em moeda corrente,que so os computadores. Essa ordem tambm uma conveno,e tem suas origens na histria da contabilidade.

    Analisado o lado esquerdo, vamos agora observar o lado direito

    do balano?

    Quando o passivo representa uma obrigao que dever oupoder ser quitada at o final do perodo seguinte, ele classificadocomo passivo circulante. Geralmente esto classificados comocirculante as obrigaes com os funcionrios (salrios a pagar, porexemplo), com o governo (dvidas com o fisco ou a previdncia),

    vNa Unidade 3, iremos

    discutir sobre as

    despesas.

    vConhea mais sobre a

    histria da Contabilidade

    no vdeo disponvel em:

    .

  • 31Mdulo 2

    Unidade 1 Informaes Contbeis

    com fornecedores ou com clientes (as receitas antecipadas, queestudaremos mais adiante na disciplina) e algumas dvidas combancos de curto prazo.

    O passivo que somente ir vencer a partir do final do prximoexerccio social considerado como no circulante. O maiscomum passivo no circulante so os emprstimos de longo prazo.

    Para melhor entender a distino entre o circulante e o nocirculante, considere uma empresa que est fazendo seu balanode 31 de dezembro de 2009. A empresa possui dois emprstimos.O primeiro ir vencer no dia 30 de outubro de 2010 e o segundosomente ser quitado, contrato feito com o banco, no dia 5 de abrilde 2011. O primeiro emprstimo ir vencer at o final do prximoexerccio social (31 de dezembro de 2010) e ser classificado comopassivo circulante. O segundo ir vencer aps o encerramento doprximo exerccio social, sendo classificado como passivo nocirculante.

    Temos ainda o patrimnio lquido, que se refere aos recursosque foram investidos na entidade pelos acionistas, ou seja, osrecursos prprios. Esses valores podem ter sido aplicados por meiode uma integralizao do capital, quando os acionistas soconvocados para comprar aes de empresa, ou por meio doresultado obtido nos exerccios anteriores, que no foramdistribudos.

    Novamente retorne Figura 5 e observe que o passivocirculante totaliza R$ 5.400 e incluiu dvidas com fornecedores,salrios de funcionrios a pagar e receitas antecipadas. Essespassivos devero ser quitados at o final do prximo perodo, ouseja, at o dia 31 de dezembro de 2010 (pois o balano foi encerradoem 31 de dezembro de 2009). J o passivo de longo prazocorresponde aos emprstimos, no valor de R$ 7.600. Com isso,podemos concluir que de um passivo de R$ 42 mil, R$ 13 mil estono grupo das exigibilidades (passivo no sentido restrito). Issocorresponde a 31% do total. Essa percentagem muito usada nomundo financeiro. Representa o endividamento da empresa, isto ,quanto maior o seu valor, mais endividada estar a empresa.

  • 32Bacharelado em Administrao Pblica

    Contabilidade Geral

    No podemos afirmar que endividamento bom ou ruim.Basicamente dois aspectos so relevantes na deciso de aumentarou diminuir o nvel de endividamento: o risco e o custo do dinheiro.Em geral, exigibilidades possuem mais risco, mas o seu custo paraa entidade menor. As caractersticas do administrador, se ele avesso ou no ao risco, podem influenciar nesta deciso. Outrasvariveis que podem influenciar o nvel de endividamento incluema situao da economia, o acesso ao mercado financeiro e aexistncia de expanso na empresa.

    Finalmente, o lado esquerdo encerra-se com o patrimniolquido. Conforme afirmamos anteriormente, esse grupo apresentaos recursos investidos pelos acionistas na empresa. Pela legislaobrasileira est dividido em capital social, reservas de capital, ajustesde avaliao patrimonial, reservas de lucros, aes em tesouraria eprejuzos acumulados (BRASIL, 2007).

    Para esta disciplina, iremos usar o capital social, quecorresponde, basicamente, s aes que foram subscritas; e asreservas, que correspondem a uma das possveis destinaes dolucro. As outras contas devem ser objeto de estudo em um cursomais avanado de Contabilidade.

    Voc deve estar se perguntando: como uti l izar essas

    demonstraes contbeis?

    Para usar melhor as demonstraes contbeis, comum oclculo de ndices que representam relaes entre os itens dessasdemonstraes. J comentamos sobre uma delas na Demonstraodo Resultado do Exerccio, a relao entre o lucro e a receita, esobre outra quando estudamos o passivo, o endividamento. Osresultados obtidos nos clculos podem ser comparados com outrasempresas ou com a evoluo ao longo do tempo.

    v

    Existem muitos outros

    ndices e voc pode

    encontrar uma relao

    dos mais comuns na

    Unidade 4 ou

    consultando as

    indicaes apresentadas

    na seo

    Complementando

    apresentada no final

    desta Unidade.

  • 33Mdulo 2

    Unidade 1 Informaes Contbeis

    A Figura 6 apresenta o resumo da relevncia do BalanoPatrimonial para o gestor.

    *Caixa Compreende o

    numerrio em espcie e

    depsitos bancrios dis-

    ponveis. Fonte: CFC

    (2009b).

    *Equivalentes de Caixa

    Compreende o numer-

    rio em espcie e depsi-

    tos bancrios dispon-

    veis. Fonte: CFC (2009b).

    Figura 6: Balano Patrimonial e a DecisoFonte: Elaborada pelo autor

    DEMONSTRAO DOS FLUXOS DE CAIXA

    A Demonstrao dos Fluxos de Caixa detalha amovimentao com os recursos monetrios da empresa, incluindoo caixa* e os equivalentes de caixa*. A contabilidade daentidade prepara essa demonstrao em razo da importncia desaber sobre a movimentao desses recursos. Em outras palavras,essa demonstrao est dividida em fluxos de caixa decorrentes deatividades operacionais, de investimento e de financiamento.

    Antes da Lei n. 11.638/07, essa demonstrao no era obrigatriano Brasil. Com essa legislao, a Demonstrao dos Fluxos de Caixasubstituiu a Demonstrao das Origens e Aplicaes de Recursos.

    A Figura 7 traz um exemplo de Demonstrao dos Fluxos deCaixa. Inicialmente, apresentamos os valores originrios dasatividades operacionais.

  • 34Bacharelado em Administrao Pblica

    Contabilidade Geral

    Figura 7: Demonstrao dos Fluxos de CaixaFonte: Elaborada pelo autor

    Observe que a empresa teve recebimento de clientes epagamento de salrios, seguros e aluguel. Uma conveno adotadana apresentao foi de que as entradas de caixa (os recebimentos)esto com sinal positivo e as sadas (os pagamentos), com o sinalnegativo (entre parnteses). O resultado final indica que obteveR$ 15.400 nas atividades.

    Esperamos que toda entidade apresente resultadopositivo nas atividades operacionais, como o casodo nosso exemplo.

    Com base na Figura 7 podemos identificar os fluxos deinvestimento (em computadores); os financiamentos, com recursosdos acionistas e emprstimos obtidos com terceiros; e que a somados fluxos corresponde a uma variao no Caixa e Equivalentes deR$ 6 mil.

  • 35Mdulo 2

    Unidade 1 Informaes Contbeis

    De uma maneira resumida, a empresa obteve recursos dasatividades operacionais e de financiamento, que foram destinados compra de computadores (atividade de investimento).

    A Figura 8 apresenta, de forma resumida, o uso dessademonstrao para a deciso do administrador.

    Demonstraes Contbeis

    As grandes entidades, algumas por determi-

    nao legal e outras por opo prpria, divul-

    gam suas demonstraes contbeis na

    internet. Para conhecer, basta clicar no menu

    relao com investidor ou outro link seme-

    lhante. Voc poder obter essas informaes

    no st io da Comisso de Valores Mobil irios

    . Uma alternativa gratuita

    o endereo da Bovespa . Outra opo comprar as informa-

    es de empresas que tornam essas informa-

    es mais amigveis, sendo a principal de-

    las a Economtica .

    Saiba mais

    Figura 8: Demonstrao dos Fluxos de Caixa e DecisoFonte: Elaborada pelo autor

    OUTRAS INFORMAES

    Apresentaremos trs demonstraescontbeis importantes: a Demonstrao doResultado do Exerccio, o BalanoPatrimonial e a Demonstrao dos Fluxosde Caixa. Com essas demonstraes j possvel fazer diversas anlises. Existemoutras informaes sobre uma empresa quepodem ser encontradas e que foramproduzidas pela contabilidade ou a partirdesta. As mais usuais so: demonstraodas mutaes do patr imnio l quido,

  • 36Bacharelado em Administrao Pblica

    Contabilidade Geral

    relatrio de administrao, notas explicativas, relatrio de auditoria,demonstrao do valor adicionado e balano social. Vamos, aseguir, discutir brevemente essas informaes.

    Demonstrao das Mutaes do PatrimnioLquido: essa demonstrao, conhecida como DMPL,mostra as variaes ocorridas no Patrimnio Lquidoda entidade no decorrer de um exerccio social.Evidencia o destino do lucro do exerccio, o aumentoou a diminuio do capital, as movimentaes dasreservas, entre outras movimentaes. Algumasentidades costumam divulgar somente aDemonstrao de Lucros ou Prejuzos Acumulados,que apresenta parte da DMPL.

    Relatrio de Administrao: difere das informaesanteriores por duas razes: um texto e no possuiuma estrutura rgida, previamente definida em lei ouregulamentos. Essas caractersticas fazem com que esseRelatrio seja um instrumento de apresentao dosresultados, incluindo justificativas sobre o desempenhoda entidade, anlise do contexto econmico e seusefeitos no resultado, perspectivas da administrao,entre outros aspectos. De uma maneira geral, o textodesse Relatrio bastante otimista e favorvel administrao da empresa. Sua leitura pode indicar aviso dos administradores sobre a entidade.

    Notas Explicativas: apresentam o detalhamento deinformaes que esto contidas nas principaisdemonstraes contbeis. Podem ser expressas emtexto ou tabelas, mas sua linguagem tcnica. Emgrandes empresas, as notas explicativas podem ocuparinmeras pginas. Existe uma tendncia no Brasil emencurtar o Balano Patrimonial e a Demonstrao doResultado do Exerccio e fazer o detalhamento nasnotas explicativas. Podem trazer tambm os critrios

  • 37Mdulo 2

    Unidade 1 Informaes Contbeis

    que foram usados na mensurao dos itens quecompem estas duas demonstraes.

    Relatrio de Auditoria: uma entidade pode contrataruma empresa de auditoria que ir verificar se asinformaes prestadas expressam a realidade e estode acordo com a boa tcnica contbil. Caso existaalgum problema com a contabilidade, a empresa deauditoria deve informar isto no Relatrio de Auditoria esse documento uma leitura importante para sabera qualidade das informaes. Devemos tomar cuidadocom as demonstraes de uma entidade cujo Relatriode Auditoria possui ressalvas ou reprova os valoresapresentados.

    Demonstrao do Valor Adicionado: tornou-seobrigatria para as sociedades annimas de capitalaberto com a Lei n. 11.638/07. Mostra a riquezagerada pela entidade e a sua distribuio entre osempregados (salrios e participaes no lucro),financiadores, acionistas, governo e outros. Essainformao interessante para sabermos como ariqueza est sendo distribuda. Pode ser til comoinstrumento de poltica econmica, pois mostra o queuma entidade est adicionando de valor para aeconomia. A rigor, a soma do valor adicionado de todasas empresas de um pas deveria corresponder aoProduto Interno Bruto.

    Balano Social: uma informao que apresenta acontribuio da empresa para a sociedade em termosde gerao de empregos, benefcios concedidos amovimentos sociais, polticas de defesa dos direitosdas parcelas menos valorizadas pela sociedade, entreoutros aspectos. Existem alguns modelos de BalanoSocial, como o do Ibase, mas no existe uma estruturargida. Por suas caractersticas, um interessanteinstrumento de marketing para certas empresas.

    vVeja sobre o PIB no stio

    .

    v

    Para conhecer mais

    sobre o Balano Social,

    acesse o stio .

    Outra alternativa ao

    Ibase o GRI .

  • 38Bacharelado em Administrao Pblica

    Contabilidade Geral

    PRESSUPOSTOS BSICOS

    A contabilidade de uma entidade geralmente produzida edivulgada segundo dois pressupostos bsicos: o Regime deCompetncia e a Continuidade (CFC, 2008a).

    Precisamos conhecer e entender esses pressupostos, pois issoafeta a informao que divulgada pela contabilidade.

    REGIME DE COMPETNCIA

    Dizer que a demonstrao contbil elaborada pelo regimede competncia significa dizer que os eventos so consideradospela contabilidade quando ocorrem. Considere uma entidade queefetue uma venda a prazo no ms de abril para recebimento emjunho. O registro da operao como receita ocorrer no ms deabril, quando ocorreu, e no em junho, quando existiu o recebimento.Da mesma forma, suponha que a mesma entidade utilizou um imvelalugado em abril, cujo pagamento do aluguel foi realizado em maio.A despesa com o aluguel ir aparecer na Demonstrao do Resultadodo Exerccio do ms em que houve o evento, no caso abril.

    A uti l izao do Regime de Competncia possibi l i tainformaes melhores e mais adequadas sobre a situao de umaentidade. Com isto, as demonstraes contbeis informam nosomente as transaes passadas relacionadas ao pagamento erecebimento de caixa, mas tambm os passivos futuros e recursosque sero recebidos no futuro.

    vNs iremos ampliar

    nossa discusso sobre o

    Regime de Competncia

    na Unidade 3 e tambm

    na disciplina

    Contabilidade Pblica.

  • 39Mdulo 2

    Unidade 1 Informaes Contbeis

    CONTINUIDADE

    Quando uma demonstrao contbil preparada, um dospressupostos que a entidade continue existindo no futuro. Ou seja,no existe previso de que ir reduzir de forma expressiva suasoperaes ou at mesmo encerrar as atividades. Esse pressuposto importante, pois reflete na forma de medir os elementos quecompem as demonstraes da entidade. Caso exista apossibilidade de a entidade no continuar existindo no futuro, deve-se usar uma forma diferente de mensurar.

    Uma entidade em dificuldades financeiras pode ter suacontinuidade questionada. Isso pode ocorrer, por exemplo, noRelatrio de Auditoria. Nessa situao, a empresa de auditoriainforma que, apesar das demonstraes contbeis terem sidoelaboradas com o pressuposto da continuidade, isso talvez no sejao mais adequado.

    Complementando...Para saber mais sobre os assuntos discutidos nesta Unidade, leia os textospropostos a seguir:

    Contabilidade de Custos de Eliseu Martins. Essa obra traz umaabordagem tradicional sobre custos.

    A Meta: um processo de melhoria contnua um best-seller de EliyahuGoldratt e Jeff Cox. Nesse livro voc encontra uma leitura mais instigantede custos.

    Custos no Setor Pblico de Csar Augusto Tibrcio Silva. Aqui vocpode aprofundar seus estudos sobre custos no setor pblico.

    Estrutura e anlise de balanos de Alexandre Assaf Neto.Estrutura, anlise e interpretao das Demonstraes Contbeis de

    Alexandre Alcantara.

    A mensurao da Realidade de Alfred Crosby. Nessa obra vocencontra um estudo interessante sobre a relevncia da Contabilidadena sociedade ocidental.

  • 40Bacharelado em Administrao Pblica

    Contabilidade Geral

    ResumindoVimos nesta Unidade que a Contabilidade comunica

    ao usurio, interno e/ou externo, a situao de uma entida-

    de. O conjunto dessas informaes, as demonstraes

    contbeis, permite ao usurio conhecer o desempenho da

    entidade.

    Destacamos, particularmente, o Balano Patrimonial,

    a Demonstrao do Resultado do Exerccio e a Demonstra-

    o dos Fluxos de Caixa.

    Na prxima Unidade, mostraremos como os nmeros

    surgem nessas demonstraes. Voc ir conhecer ainda o

    procedimento de contabilizao.

  • 41Mdulo 2

    Unidade 1 Informaes Contbeis

    Atividades de aprendizagemConfira se voc teve bom entendimento do que tratamosnesta Unidade realizando as atividades propostas, a seguir.Se precisar de auxlio, no hesite em fazer contato com seututor.

    1. Suponha que voc v comprar um bem (automvel, por exemplo).

    Faa uma lista de questes que voc gostaria de saber sobre a

    organizao que est vendendo esse produto para voc. Como

    voc acredita que isto poder afetar a sua compra?

    2. Entre no stio de uma organizao, como a Vale do Rio Doce

    e acesse as suas demonstraes contbeis. Lo-

    calize o ativo total, o endividamento, o lucro lquido e o fluxo de

    caixa das operaes.

    3. Alm das demonstraes contbeis, as companhias abertas de-

    vem divulgar para o mercado o mais rpido possvel qualquer fato

    revelante que possa afetar o seu desempenho. V at a pgina da

    CVM e clique em Fatos Relevantes.

    Escolha uma organizao e procure verificar como o fato pode

    afetar o seu desempenho.

    4. Um dos usos mais interessantes das informaes contbeis na

    criao de rankings. Existem diversas organizaes que fazem isso

    no Brasil, como o jornal Valor Econmico (Valor 1000), a revista

    Exame (Maiores e Melhores) ou o jornal Gazeta Mercantil.

    Pesquise na internet como essas publicaes usam as informa-

    es contbeis.

  • 42Bacharelado em Administrao Pblica

    Contabilidade Geral

    Respostas dasAtividades de aprendizagem

    1) Resposta individual.

    2) Resposta individual.

    3) Resposta individual.

    4) Resposta individual.

  • 43Mdulo 2

    Unidade 1 Informaes Contbeis

    UNIDADE 2

    OBJETIVOS ESPECFICOS DE APRENDIZAGEM

    Ao finalizar esta Unidade, voc dever ser capaz de: Mostrar como a contabilidade registra os eventos por meio do

    mecanismo de dbito e crdito; Descrever os efeitos das partidas dobradas no ativo e no passivo; e Detalhar a elaborao da Demonstrao dos Fluxos de Caixa.

    SISTEMA CONTBIL

  • 44Bacharelado em Administrao Pblica

    Contabilidade Geral

  • 45Mdulo 2

    Unidade 2 Sistema Contbil

    TRANSAO E CONTABILIDADE

    Caro estudante,Na Unidade anterior mostramos as principais informaescontbeis disposio do usurio. Agora, iremos apresentarcomo a contabilidade chega s informaes que foramapresentadas na Unidade anterior. importante que vocacompanhe todas as etapas do processo.Inicialmente trataremos do mtodo contbil das partidasdobradas. Esse mtodo surgiu h mais de 700 anos e no sesabe ao certo quem o inventou. O certo que com as partidasdobradas a contabilidade tem condies de registrar oseventos que ocorrem numa entidade e que ainda hoje soa base do trabalho dirio do contador.A seguir discutiremos a questo do dbito e do crdito eiremos mostrar o significado deles para a contabilidade.Voc provavelmente j deve ter escutado estes termos nalinguagem coloquial.Vamos comear?

    O sistema de informao contbil precisa de uma forma deregistrar os eventos que ocorrem numa entidade. importante notarque nem todos eventos so registrados pela contabilidade, massomente aqueles que afetam a posio financeira. Por exemplo, opagamento de uma dvida, a compra de uma mquina e a receitaobtida com a prestao de servio so exemplos de eventos queso registrados.

    Mas a discusso com um cliente potencial, a aprovao deum plano de contratao de novos funcionrios ou a possibilidadede obter um novo emprstimo no so eventos registrados pelacontabilidade, pois ainda no afetaram a posio financeira.

  • 46Bacharelado em Administrao Pblica

    Contabilidade Geral

    Feita essa distino, vamos relembrar a equao bsica dacontabilidade:

    Com base nessa equao, podemos afirmar que para cadaevento que ocorrer em uma entidade podemos verificar os efeitosna equao contbil. Assim, se um ativo aumenta, dever existiruma reduo em outro ativo ou um aumento no passivo.

    Para cada evento registrado pela contabilidade, aigualdade dada pela equao bsica da contabilidadedeve se manter.

    Para mostrarmos como os eventos afetam a contabilidadede uma entidade, vamos considerar sete eventos da empresa FcilS/A, apresentados e analisados a seguir.

    Evento 1

    Investimento em Dinheiro pelos Acionistas

    No primeiro dia do ms algumas pessoas decidiram criaruma empresa que recebeu a denominao de Fcil. Para isso, juntouR$ 80 mil de recursos para o seu capital em dinheiro. A novaempresa passa, a partir deste momento, a ter recursos em dinheiro(denominado de Caixa na contabilidade), indicando um aumentono ativo. Ao mesmo tempo foi investido na empresa pelos acionistaseste valor, que constitui o seu Capital Social. Desse modo, o aumentono ativo Caixa foi seguido do aumento do Capital Social, que faz partedo Patrimnio Lquido. O efeito do evento na equao bsica :

  • 47Mdulo 2

    Unidade 2 Sistema Contbil

    Evento 2

    Obteno de um Emprstimo

    Logo aps a criao da empresa, foi solicitado e obtido umemprstimo de longo prazo em um banco. Esses recursos serousados no futuro para os investimentos da empresa. Por um lado, oevento ir aumentar o ativo Caixa, com um aumento de R$ 40 mil.Por outro lado, a empresa passa a ter um passivo do mesmo valor.O efeito na equao bsica o seguinte:

    Observe que o Ativo agora tem um valor de R$ 120 mil e opassivo, que a soma dos Emprstimos e do Capital Social, tambmtem esse valor.

    Evento 3

    Compra de Terrenos

    A empresa utilizou os recursos existentes em Caixa paracomprar um terreno onde no futuro pretende construir sua sede.O valor de compra foi de R$ 60 mil. Essa uma situao em queocorreu um aumento no ativo da empresa, Terrenos, e ao mesmotempo uma reduo em outro ativo, Caixa, no mesmo valor. Comisso, a equao contbil permanece vlida, conforme mostramos aseguir:

    Assim, o ativo continua com um valor de R$ 120 mil, comR$ 60 mil no Caixa e R$ 60 mil aplicados em Terrenos. Do lado direitotemos R$ 40 mil em Emprstimos e R$ 80 mil em Capital Social.

  • 48Bacharelado em Administrao Pblica

    Contabilidade Geral

    Evento 4

    Prestao de Servio

    A empresa prestou servio para terceiros e recebeu R$ 18mil. Essa prestao de servio corresponde a uma receita para aempresa. Durante um exerccio social, uma empresa poder obterreceitas, que quando confrontadas com as despesas, determinaroa existncia de lucro ou prejuzo. Esse resultado far parte dopatrimnio lquido at que seja distribudo ao acionista sob a formade dividendo. Por essa razo, por um lado podemos dizer que areceita gerada afeta a equao bsica do lado direito. Mas orecebimento aumenta o Caixa, mantendo a igualdade na equaocontbil, conforme mostrado a seguir:

    O ativo passa a ter um valor de R$ 138 mil, sendo R$ 60 milde Terrenos e R$ 78 mil de Caixa. O passivo tambm possui essevalor, sendo R$ 40 mil de Emprstimo e R$ 98 mil de PatrimnioLquido.

    Evento 5

    Pagamento do Aluguel de Imvel

    A empresa efetuou um pagamento de R$ 7 mil referente aoaluguel de um imvel. Observe que esse aluguel foi usado no processode obteno de receita, sendo portanto uma despesa da empresa.A despesa reduz o resultado da empresa e, como consequncia, opatrimnio lquido. Ao mesmo tempo que esse evento reduziu olado direito da equao, ocorreu tambm uma diminuio do Caixa,do lado esquerdo. Com isso, a igualdade se manteve, conforme podeser notado a seguir:

  • 49Mdulo 2

    Unidade 2 Sistema Contbil

    O pagamento do aluguel reduziu o total ativo para R$ 131mil em razo da diminuio do Caixa. O passivo tambm diminuiuem virtude da mudana no Patrimnio Lquido.

    Voc pode notar que uma conta de despesa pode reduzir,portanto, o Patrimnio Lquido de uma empresa. Na realidade,certas empresas em dificuldades podem ter um valor elevado dedespesas, em relao s suas receitas, em um ou mais exercciossociais, que terminam por gerar um Patrimnio Lquido negativo.Essa situao conhecida como passivo a descoberto, sendoconsiderada um sinal de fragilidade da empresa.

    Evento 6

    Compra de Material de Escritrio

    A empresa comprou R$ 4 mil de material de escritrio aprazo. Isso significa dizer que, por um lado, passa a existir um novoativo, Material, e um passivo com terceiros. Essa dvida com ofornecedor do material dever ser quitada num futuro prximo,representando um aumento no passivo. Com isso, a equao mantma igualdade, conforme pode ser visualizado a seguir:

    Observe que o ativo total aumentou para R$ 135 mil, agoradividido entre o Caixa (R$ 71 mil), Material (R$ 4 mil) e Terrenos(R$ 60 mil). J o passivo revela que a maioria do financiamento com o Patrimnio Lquido (R$ 91 mil), seguido de Emprstimo(R$ 40 mil) e Fornecedores (R$ 4 mil).

  • 50Bacharelado em Administrao Pblica

    Contabilidade Geral

    Evento 7

    Pagamento de Salrios

    Ao final do ms a empresa efetuou o pagamento de salrios,no valor de R$ 5 mil. Isso corresponde a uma despesa e ir reduziro resultado da empresa. Com isso, o valor do Patrimnio Lquidotambm ficar menor. Ao mesmo tempo, o pagamento ir diminuiros recursos existentes no Caixa, mantendo a igualdade na equaocontbil:

    O pagamento de salrio diminuiu o ativo, de R$ 135 milpara R$ 130 mil, assim como o passivo. O Patrimnio Lquidoreduziu de R$ 91 mil para R$ 86 mil.

    Para melhor entendimento, preparamos um resumoapresentando os eventos que ocorreram na empresa:

    Ao longo desse exemplo, analisamos detalhadamente osefeitos no ativo e no passivo da empresa. Aps cada anlise,mostramos que a igualdade contbil permaneceu. Assim, a igualdadeentre o ativo e passivo, conforme consta da equao bsica, sersempre verdadeira. Caso isso no esteja ocorrendo, deve ter existidoum erro na contabilidade da entidade.

  • 51Mdulo 2

    Unidade 2 Sistema Contbil

    DBITO E CRDITO

    A forma que utilizamos para explicar como considerar oseventos em termos da equao bsica muito didtica, mas invivelna prtica. Imagine a complexidade do quadro em uma entidadecom muitos eventos ocorrendo diariamente e com um grandedetalhamento. Todo esse processo pode ser simplificado com omecanismo do dbito e crdito.

    Na linguagem contbil, dbito no significa algo negativo;da mesma forma, crdito no algo bom. Na realidade, em cadaevento, podemos responder a duas questes cruciais:

    Para onde foram os recursos? Ou seja, qual o destinodos recursos?

    De onde vieram os recursos? Em outras palavras, quala sua origem?

    Em cada evento que ocorre na entidade e que registradopela contabilidade, essas duas perguntas devem ser feitas. A respostada primeira pergunta qual o destino dos recursos? correspondeao dbito. Enquanto a resposta da segunda questo correspondeao crdito. Em cada evento que ocorre em uma entidade, semprehaver uma origem para os recursos e um destino; em outraspalavras, em qualquer evento que ser registrado teremoslanamentos a dbito e a crdito.

    O que estamos estudando corresponde ao mtodo daspartidas dobradas. A existncia dos dois lados nummesmo evento conduziu a esta denominao.O lanamento contbil diz respeito ao processo emque so respondidas as questes qual a origem equal o destino dos recursos em termos contbeis.Alm do dbito e do crdito fazem parte de umlanamento o local, a data, o valor e o histrico. Oprocedimento que envolve o lanamento sermostrado mais adiante.

  • 52Bacharelado em Administrao Pblica

    Contabilidade Geral

    Agora, vamos mostrar como o mtodo das partidas dobradaspode ser aplicado ao exemplo que apresentamos anteriormente. Paracada evento, iremos responder s duas perguntas e fazer oslanamentos contbeis.

    So duas as formas de fazermos um lanamento, porintermdio de Livro Dirio e de Razonetes. Ambas as formas noso excludentes e geralmente so realizadas pela contabilidademanual por uma razo prtica que mostraremos adiante.

    Um lanamento no Livro Dirio iniciado com o local e adata do evento. Logo a seguir, e sempre nessa ordem por conveno,vm a conta a ser debitada e o valor do dbito. Abaixo, a conta aser creditada e o valor monetrio. O lanamento termina com umbreve histrico do evento. Esse histrico opcional, mas til que

    conste do lanamento para que no futuro se possater uma ideia precisa do que foi o evento. O textodo histrico livre, podendo fazer referncia, porexemplo, ao nmero do documento que comprovaa operao.

    A Figura 9 apresenta um exemplo delanamento no Dirio do primeiro evento doexemplo que usamos no incio da Unidade.Observe a presena dos elementos local, data,conta a ser debitada (indicada por um D), contaa ser creditada (ou C), o valor do evento e umbreve histrico. Daqui a pouco explicaremos arazo de termos debitado Caixa e creditadoCapital Social. Observe tambm que o valor dodbito est mais esquerda do que o valor docrdito. Essa tambm uma conveno e deveser observada no lanamento.

    Conta

    Faz referncia a um item que compe

    um ativo ou passivo especfico, inclu-

    sive do resultado. Na medida do pos-

    svel a denominao da conta deve ser

    autoexplicativa. Cada entidade possui

    um conjunto de contas que sero uti-

    lizadas nos lanamentos, que so or-

    ganizados e definidos no Plano de

    Contas. Em algumas entidades, como

    o caso das instituies financeiras

    e do setor pblico, este Plano de Con-

    tas padronizado, para faci l itar a

    comparao e o controle. Fonte: Ela-

    borado pelo autor.

    Saiba mais

  • 53Mdulo 2

    Unidade 2 Sistema Contbil

    Figura 9: Lanamento no DirioFonte: Elaborada pelo autor

    Quanto aos Razonetes, importante destacarmos que elesforam uma criao da contabilidade durante a fase na qual aconferncia dos lanamentos era dificultada pela ausncia decomputadores. Assim, os Razonetes surgiram como uma maneirade facilitar o trabalho manual, reduzindo os erros nos lanamentose tornando mais rpida a construo das demonstraes contbeis.Nos dias de hoje, com os computadores, o lanamento por meio deDirio gera de forma automtica o lanamento dos Razonetes.

    Por funcionar como um auxlio no trabalho contbil,os Razonetes possuem uma estrutura mais simples que o Dirio.A Figura 10 mostra um exemplo de lanamento em razonetes.

    Figura 10: Lanamento no RazoneteFonte: Elaborada pelo autor

  • 54Bacharelado em Administrao Pblica

    Contabilidade Geral

    v

    Por questo didtica

    vamos considerar

    somente o efeito do

    evento que est sendo

    estudado, deixando de

    lado os eventos j

    contabilizados.

    Note que cada item que iremos usar do Plano de Contas irdar origem a um Razonete. No exemplo temos dois Razonetes, umpara o Caixa e outro para o Capital Social. Abaixo do nome apareceum desenho sob a forma da letra T. O dbito no Caixa foi realizadodo lado esquerdo da letra T, no valor de R$ 80.000,00; do ladodireito da outra letra T a do Capital Social foi feito o lanamentodo crdito. Voc pode observar que a Figura 10 apresenta tambmum nmero 1. Colocamos esse nmero para fins didticos, paraidentificar que trata do Evento 1 do exemplo que usamos.

    Vamos agora mostrar como funciona isso para todos oseventos. Em cada situao, iremos novamente mostrar o efeito naequao contbil, indicar o dbito e o crdito (para simplificardeixaremos de lado o Local, Data e Histrico), fazer o lanamentono Dirio e no Razonete.

    Agora com voc. Tente, em cada evento, acompanhar o efeito

    na equao contbil, verificar o evento e as duas perguntas

    (de onde vieram e para onde foram os recursos), e como foi

    realizado o lanamento no Dirio e nos Razonetes. Acompanhe

    o processo, de acordo com as Figuras de 11 a 17, com ateno.

    Figura 11: Evento 1 ExemploFonte: Elaborada pelo autor

  • 55Mdulo 2

    Unidade 2 Sistema Contbil

    Figura 12: Evento 2 ExemploFonte: Elaborada pelo autor

    Figura 13: Evento 3 ExemploFonte: Elaborada pelo autor

  • 56Bacharelado em Administrao Pblica

    Contabilidade Geral

    Figura 14: Evento 4 ExemploFonte: Elaborada pelo autor

    Figura 15: Evento 5 ExemploFonte: Elaborada pelo autor

  • 57Mdulo 2

    Unidade 2 Sistema Contbil

    Figura 16: Evento 6 ExemploFonte: Elaborada pelo autor

    Figura 17: Evento 7 ExemploFonte: Elaborada pelo autor

  • 58Bacharelado em Administrao Pblica

    Contabilidade Geral

    Finalizamos os lanamentos contbeis dos sete eventos. Aofinal das operaes, seria interessante saber quanto a empresapossui em cada um dos itens do Balano Patrimonial. Vamosdetalhar isso a seguir na Figura 18.

    Figura 18: Razonetes do ExemploFonte: Elaborada pelo autor

    Com os Razonetes podemos saber, para cada conta, o valordo saldo existente aps o registro dos eventos que ocorreram naentidade.

    As contas de resultado, receitas e despesas, socontas de controle, ou seja, servem para permitir oacompanhamento dos ganhos e dos gastos dasentidades, mesmo que no recebidos ou pagos.

  • 59Mdulo 2

    Unidade 2 Sistema Contbil

    BALANCETE DE VERIFICAO

    Na Figura 19 colocamos juntos todos os Razonetes queusamos no exemplo. Observe atentamente que a figura apresentaum resumo que permite rapidamente determinar o valor existenteao final do perodo para cada conta do ativo e do passivo, assimcomo ter uma ideia sobre o montante do resultado do perodo. Osnmeros ao lado de cada valor permitem o vnculo com o nmerodo evento.

    Resumimos, mais ainda, as informaes dos saldos existentesem cada conta na Figura 20. Podemos observar que, em lugar decolocar todas as movimentaes, s apresentamos o saldo final.Verifique que o valor do Caixa, de R$ 66 mil, o resultado da somade todos os eventos que significaram entrada ou sada de dinheiro.Esse valor est na coluna do dbito, pois os valores debitados somaiores em R$ 66 mil do que os valores creditados.

    Agora, verifique cada item da Figura 19 e compare com osRazonetes da Figura 18. Perceba que estamos simplificando oseventos que ocorreram na empresa por meio da Figura 19.

    Figura 19: Balancete de VerificaoFonte: Elaborada pelo autor

    Com base na Figura 19 podemos ver a listagem das contascom os saldos finais, se do lado devedor ou do lado credor. Aprimeira finalidade do Balancete de Verificao provar que existe

  • 60Bacharelado em Administrao Pblica

    Contabilidade Geral

    a igualdade entre a soma dos dbitos e a soma dos crditos. Omtodo das partidas dobradas pressupe que os valores dos dbitossejam iguais aos valores dos crditos. Caso isso no ocorra, oprocesso contbil foi feito com algum erro.

    A partir do Balancete de Verificao fica fcil fazermos aDemonstrao do Resultado do Exerccio e o Balano Patrimonialda empresa. Observe a Figura 20.

    vA opo sobre o destino

    do resultado tomada

    pela assembleia,

    conforme regulamentado

    em lei e no estatuto de

    cada empresa.

    Figura 20: Demonstrao do ResultadoFonte: Elaborada pelo autor

    Podemos notar que durante o perodo demonstrado asReceitas foram de R$ 18 mil e as Despesas, R$ 12 mil, o que resultouem um lucro de R$ 6 mil. Podemos dizer ento que a relao entreo lucro do exerccio e a receita de 33%, indicando que para cadaunidade monetria de receita a empresa tem um lucro de R$ 0,33.

    Esse lucro pode ter vrias destinaes. Uma delas remunerar os acionistas que aplicaram na empresa. A outrapossibi l idade reter os recursos na empresa para novosinvestimentos. Nesse caso, os valores podem aumentar o CapitalSocial ou compor as Reservas de Lucros. Nesse pequeno exemplovamos considerar que o resultado do exerccio far parte dasReservas de Lucros. Observe a Figura 21, que apresenta o BalanoPatrimonial da empresa.

  • 61Mdulo 2

    Unidade 2 Sistema Contbil

    Figura 21: Balano PatrimonialFonte: Elaborada pelo autor

    Claramente podemos ver que do lado do Ativo, o destaque para a participao dos recursos em Caixa (R$ 66 mil, ou 51% doativo) e Terrenos. Enquanto do lado do passivo, o destaque est nopatrimnio lquido, que representa 66% do valor total.

  • 62Bacharelado em Administrao Pblica

    Contabilidade Geral

    EFEITOS DAS PARTIDAS DOBRADASNO ATIVO E NO PASSIVO

    Agora que sabemos que dbito est associado ao destinodos recursos; e crdito sua origem, vamos ver uma regra simplese til sobre o efeito das partidas dobradas no ativo e no passivo.Para tanto, considere o primeiro evento da empresa, no qual foirealizado o aporte de recursos por parte dos acionistas. Nesse evento,debitamos o Caixa e creditamos o Capital Social, e voc poderverificar esse lanamento na Figura 11, apresentada anteriormente.Ao fazer esse lanamento, a equao contbil sofreu um aumento noativo e um aumento no passivo (grupo do patrimnio lquido).

    Agora, considere o evento 7, que corresponde ao pagamentode salrios, cujo detalhamento est na Figura 17, evento que reduziuo ativo Caixa. No evento 7, creditamos Caixa.

    Aqui ns temos a seguinte regra geral: toda vez quedebitamos um ativo, estamos aumentando esse ativoe quando creditamos, estamos reduzindo-o.

    Voltemos ao primeiro evento que corresponde ao aporte decapital. Ao creditar Capital Social, estamos aumentando o ladodireito. Observe agora o evento 7 pagamento de salrios. Esse

    Esperamos que voc tenha entendido o significado dodbito e do crdito para contabilidade. Em caso de dvidas,no hesite em consultar seu tutor.

  • 63Mdulo 2

    Unidade 2 Sistema Contbil

    evento teve um dbito em Despesa de Salrios que entrou naequao contbil com o sinal negativo do lado direito.

    Agora podemos anunciar como regra geral: toda vezque debitamos um passivo, estamos diminuindo essepassivo e quando creditamos, estamos aumentando-o.

    A Figura 22 uma adaptao da Figura 5, com a expansopara essas duas regras gerais.

    Figura 22: Equao Contbil Bsica e Partidas DobradasFonte: Elaborada pelo autor

  • 64Bacharelado em Administrao Pblica

    Contabilidade Geral

    ELABORANDO A DEMONSTRAODOS FLUXOS DE CAIXA

    Finalmente, vamos elaborar a Demonstrao dos Fluxos deCaixa. Voltando Figura 18, que apresentou os Razonetes doexemplo, podemos analisar as movimentaes que afetaram o Caixada empresa: integralizao de capital, no valor de R$ 80 mil;obteno de emprstimo, em R$ 40 mil; compra de terrenos, porR$ 60 mil; recebimento de receita, de R$ 18 mil; pagamento deR$ 7 mil de aluguel; e pagamento de salrios, no valor de R$ 5 mil.Agora, iremos classificar as transaes, conforme os grupos queatividade estudados na Unidade 1.

    Os dois primeiros eventos, integralizao de capital eemprstimo, so classificados como atividades de financiamento.A compra de terrenos um investimento e os outros eventos (receita,aluguel e salrios) so atividades operacionais. Com base nessaclassificao, a Figura 25 apresenta a Demonstrao dos Fluxos deCaixa do exemplo.

    Analisando o exemplo, voc consegue ver que a empresa gerou

    caixa com as atividades operacionais e por meio de

    financiamentos? Os recursos captados foram parcialmente

    aplicados na compra de terrenos?

  • 65Mdulo 2

    Unidade 2 Sistema Contbil

    Outro aspecto interessante comparar a Demonstrao dosFluxos de Caixa (Figura 25) com a Demonstrao do Resultado doExerccio (Figura 20). Observe que o lucro lquido igual ao Fluxode Caixa das atividades operacionais. Isto uma coincidncia, emrazo da simplicidade do exemplo adotado aqui. Em situaesprticas o normal existir diferena.

    A anlise entre o resultado do exerccio e os fluxos de caixa til para verificar a existncia de variaes expressivas entre oresultado contbil, expresso na DRE, e a movimentao do dinheirodas operaes.

    Figura 23: Demonstrao dos Fluxos de Caixa ExemploFonte: Elaborada pelo autor

    A existncia de diferena entre o fluxo de caixa das operaese o resultado lquido deve-se aos denominados accruals, quecorrespondem aos ajustes em razo da adoo do regime decompetncia. Esse ser objeto de estudo da prxima Unidade.

  • 66Bacharelado em Administrao Pblica

    Contabilidade Geral

    ResumindoNesta Unidade, estudamos que em cada evento res-

    pondemos a duas questes: de onde vieram os recursos?

    e para onde foram os recursos? A primeira pergunta diz

    respeito ao crdito; a segunda, ao dbito.

    Aprendemos tambm como representar isso em ter-

    mos da equao contbil, do dirio e do razonete. Ao final

    da Unidade, chegamos s principais demonstraes

    contbeis.

  • 67Mdulo 2

    Unidade 2 Sistema Contbil

    Atividades de aprendizagemVamos verificar como foi seu entendimento at aqui? Umaforma simples de verificar isso voc realizar as atividadespropostas, a seguir.

    1. Suponha que voc possua uma dvida de R$ 450 com uma loja.

    Como voc no tem esse dinheiro, procura dois amigos e pede

    R$ 250 para cada um. Com os R$ 500 que voc conseguiu, voc vai

    at a loja e quita a dvida de R$ 450, sobrando R$ 50. Depois disso,

    voc deixa R$ 30 em casa e fica com R$ 20. Encontrando por acaso

    com seus amigos, resolve devolver R$ 10 para cada um. Com isto,

    sua dvida reduz para R$ 240 para cada um deles. Mas R$ 240 +

    R$ 240 igual a R$ 480. Como voc possui R$ 30 em casa, isso

    totaliza R$ 510. Isso significa que voc ganhou R$ 10? Tente res-

    ponder a esse enigma usando as partidas dobradas.

    2. Considere uma empresa de informtica que presta servios por

    R$ 300 a prazo. Como seria o lanamento contbil dessa prestao

    de servio? Suponha agora que voc esteja na empresa que con-

    tratou o servio de informtica. Como seria o lanamento?

    3. Aproveite o exemplo numrico da questo anterior e discuta como

    o mtodo das partidas dobradas pode ser um eficiente meio de

    controle. Imagine que voc seja um colaborador do governo que

    esteja investigando a primeira empresa. Como a contabilidade

    da segunda empresa poderia ajudar no seu trabalho?

  • 68Bacharelado em Administrao Pblica

    Contabilidade Geral

    4. No final da Unidade 1 estudamos a continuidade. Com base no que

    voc j estudou, voc seria capaz de imaginar uma situao na

    qual, por meio das demonstraes contbeis, seria possvel per-

    ceber que a empresa poderia ter problemas com a continuidade?

    5. Considere que no exerccio social seguinte, a empresa do exem-

    plo teve os seguintes eventos: (a) pagamento de metade da dvi-

    da com fornecedores; (b) receita com a prestao de servios, a

    prazo, no valor de R$ 15 mil; (c) despesa de salrios, no valor de

    R$ 10 mil; (d) compra de computadores, por R$ 20 mil. Faa os

    lanamentos e elabore as trs demonstraes contbeis.

  • 69Mdulo 2

    Unidade 2 Sistema Contbil

    Respostas das Atividadesde aprendizagem

    1. Situao original => Um passivo de R$ 450,00 e zero de dinheiro;

    Toma emprestado => Passivo de R$ 450,00 + R$ 500,00 e Caixa de

    R$ 500,00; Paga para Loja => Passivo = R$ 500,00 e Caixa = R$ 50,00;

    Paga R$ 20,00 a cada amigo => Passivo = R$ 480,00 e Caixa =

    R$ 30,00. Sua dvida lquida de R$ 450,00, a mesma dvida que

    voc tinha no incio da brincadeira. Ou seja, voc no melhorou

    nem piorou.

    2. Na prpria empresa, debita Valores a Receber e credita Receita.

    Na empresa que contratou, debita Despesas e credita Fornece-

    dores.

    3. O evento deve ser lanado na contabilidade das duas empresas.

    O governo pode investigar uma empresa por meio da contabili-

    dade de outra.

    4. Resposta individual.

  • UNIDADE 3

    OBJETIVOS ESPECFICOS DE APRENDIZAGEM

    Ao finalizar esta Unidade, voc dever ser capaz de: Explicar o reconhecimento da receita e a confrontao da despesa; Descrever o processo de ajuste e o consequente encerramento

    do exerccio social; Diferenciar o regime de caixa e o regime de competncia; e Mostrar o impacto da evoluo tecnolgica na contabilidade.

    REGIME DE CAIXA E DE COMPETNCIA

  • 72Bacharelado em Administrao Pblica

    Contabilidade Geral

  • 73Mdulo 2

    Unidade 3 Regime de Caixa e de Competncia

    RECONHECIMENTO DA RECEITA

    Voc estudou, na Unidade anterior, como a contabilidadefaz o seu trabalho dirio de registrar os eventos queocorrem em uma empresa e como isso se traduz nasdemonstraes contbeis, em especial no BalanoPatrimonial, na Demonstrao do Resultado do Exerccio ena Demonstrao dos Fluxos de Caixa.Agora, nesta Unidade, iremos estudar os conceitosrelacionados com o reconhecimento da receita e aconfrontao da despesa. Com isso, tambm estudaremosa distino entre o Regime de Competncia e o Regime deCaixa, tema relevante para a Administrao Pblica.A contabilidade divide a vida de uma entidade em perodosde tempo artificiais. Essa diviso denominada de exercciosocial, conceito que estudamos na Unidade 1. Isso gera anecessidade de que ao final de cada perodo sejamrealizados ajustes contbeis. Finalizando a Unidade, vamosmostrar o processo de encerramento de um exerccio social.Vamos iniciar?

    O reconhecimento da receita faz referncia ao momento emque a receita registrada pela contabilidade. Para entender essefato, vamos considerar uma empresa que recebeu, no tempo 1, umaproposta de prestao de servio para terceiros. Dias depois, foiassinado o contrato com as condies do negcio, incluindo prazoe valores. O servio foi prestado, a seguir, no tempo 3. O recebimentopela prestao do servio e o encerramento do contrato ocorreramno tempo 4. A Figura 24 apresenta, de forma ilustrada, essa situao.

  • 74Bacharelado em Administrao Pblica

    Contabilidade Geral

    Figura 24: Reconhecimento da ReceitaFonte: Elaborada pelo autor

    A questo : quando a contabilidade dever registrar a receita?

    Temos, a princpio, quatro possibilidades. Pelo regime decompetncia, que comeamos a estudar na Unidade 1, a receitadever ser registrada, ou reconhecida, no momento que ocorre. Emoutras palavras, quando o servio executado, no quando dorecebimento. No exemplo tempo 3, a empresa dever fazer umlanamento reconhecendo a receita. Nesse caso, a receita deverser creditada, como fizemos no exemplo da Unidade 2, no evento 4.

    Observe que apesar de no ter recebido o dinheiro ainda, aentidade possui um direito a receber no futuro. Esse direitorepresenta um ativo, conforme o conceito que estudamos. Dessaforma, seria debitado esse ativo, sob uma denominao comoValores a Receber ou Duplicatas a Receber ou outra desse tipo.O registro seria feito conforme a Figura 25.

    Logo, quando ocorrer o recebimento, a entidade deve fazero lanamento creditando Valores a Receber e debitando Caixa.

  • 75Mdulo 2

    Unidade 3 Regime de Caixa e de Competncia

    CONFRONTAO DA DESPESA

    A questo da confrontao da despesa diz respeito aomomento em que ela registrada pela contabilidade.

    A regra geral muito simples: siga a receita.

    Em termos tcnicos, a despesa deve ser confrontada com areceita.

    Figura 25: Reconhecimento da Receita ExemploFonte: Elaborada pelo autor

  • 76Bacharelado em Administrao Pblica

    Contabilidade Geral

    Se durante a execuo do servio a entidade utilizou mode obra, o salrio e os encargos correspondentes devem serregistrados no mesmo instante em que a receita for reconhecida.

    A confrontao da despesa a forma mais recomendadapara o registro da despesa. Quando uma entidade comercial vendeum produto, deve registrar a receita no momento da venda. O valor o preo de venda praticado na transao. O confronto da despesa,nesse caso, refere-se ao registro do valor de custo da mercadoriageralmente denominado de Custo da Mercadoria Vendida. Umaoutra situao parecida ocorre na venda de um imvel com lucro.

    Suponha, por exemplo, uma empresa que comprou umterreno por R$ 60 mil, vista. No momento da compra tem-se oseguinte lanamento:

    Se dois meses depois a empresa vender o imvel porR$ 70 mil, a prazo, devemos reconhecer a receita:

    Como o imvel j no faz parte do ativo da empresa, necessrio retir-lo do Balano, ou seja, dar baixa no ativo:

    Com esses lanamentos, reconhecemos a receita e o ativo,um direito a receber. Mas o imvel que foi vendido foi adquirido nopassado. O ltimo lanamento confronta a despesa com a receita eretira o imvel do ativo.

    Entretanto, existem algumas situaes nas quais difcil paraa contabilidade usar a confrontao. Uma possibilidade fazer o

  • 77Mdulo 2

    Unidade 3 Regime de Caixa e de Competncia

    que os tericos denominam de alocao sistemtica e racional, cujoexemplo da depreciao iremos estudar ainda nesta Unidade.

    Uma situao mais complicada se d quando a impreciso muito maior. Nesses casos, o reconhecimento da despesa deveser imediato. Um exemplo seriam as perdas que ocorrem em razode um desastre natural como uma enchente ou de um sinistro comum ativo sem seguro, como um acidente com um automvel comperda total. Nessa situao, a contabilidade deve dar baixa noativo por meio de um lanamento no qual se debita uma conta dademonstrao do resultado e se credita a conta do ativo. A Figura26 apresenta essa discusso.

    Figura 26: Reconhecimento da DespesaFonte: Niyama e Silva (2008, p. 204)

    Tanto o reconhecimento da receita quanto a confrontaoda despesa esto vinculados ao momento em que iremos registrara receita e a despesa. Usar essas regras significa adotar o Regimede Competncia.

    Uma alternativa o Regime de Caixa, em que a receita registrada somente quando o Caixa recebido, e a despesa contabilizada quando existe uma sada de caixa. Pela EstruturaConceitual para Elaborao e Apresentao das DemonstraesContbeis adotada no Brasil, somente devemos usar o Regime deCompetncia (CFC, 2008a).

  • 78Bacharelado em Administrao Pblica

    Contabilidade Geral

    AJUSTES

    Os lanamentos de ajustes so importantes por asseguraremque o reconhecimento da receita e o confronto da despesa sejamgarantidos. Esses lanamentos so feitos na contabilidade no finaldo perodo contbil.

    Com os ajustes, as demonstraes contbeismostraro a real situao da empresa.

    Os ajustes so necessrios por diversos motivos. Em algunscasos, eles so feitos pois muito dispendioso fazer lanamentosno momento em que ocorrem. o caso do registro da despesa comsalrios, que pela confrontao deveria ser realizado diariamente,mas por razes prticas o lanamento realizado no ajuste. Emoutras situaes, as despesas esto associadas no decorrer dotempo. o caso do uso de prdios e de contratos de seguros.

    Existem quatro tipos bsicos de ajustes, que iremos estudara seguir. So eles:

    despesas antecipadas; receitas antecipadas; despesas a pagar; e receitas a receber.

    Em todos esses casos existe uma diferena temporal entre amovimentao do caixa e o reconhecimento ou confrontao. Issosignifica dizermos que existiro pelo menos dois lanamentos: oque afeta o caixa e o que afeta o resultado.

  • 79Mdulo 2

    Unidade 3 Regime de Caixa e de Competncia

    DESPESAS ANTECIPADAS

    As despesas antecipadas (ou despesas diferidas) so aquelasem que o pagamento ocorre antes de a despesa aparecer naDemonstrao do Resultado. Os exemplos mais comuns de despesasantecipadas so aluguel, seguros, estoques e depreciao.

    Em todos os casos ocorre primeiro a movimentao no caixa,o pagamento a terceiros. A contrapartida para o crdito no Caixaser o lanamento a dbito em uma conta de ativo. Posteriormente,a conta do ativo ser creditada, com dbito em uma conta daDemonstrao do Resultado.

    Aluguel Antecipado

    Considere o exemplo de uma empresa que fez um contratode aluguel com pagamento antecipado de R$ 3.000,00 por trsmeses de aluguel. No momento em que feito o pagamento, aempresa adquire o direito de usufruir do imvel alugado pelosprximos meses. Veja a Figura 27, que mostra como seria feitoesse lanamento contbil.

    Figura 27: Aluguel Antecipado ExemploFonte: Elaborada pelo autor

  • 80Bacharelado em Administrao Pblica

    Contabilidade Geral

    Nesse momento, o lanamento no afeta o resultado daempresa, somente altera o