Copa do Mundo e Olimpíada: motores para · permanentemente de um volume expressivo de...

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Copa do Mundo e Olimpíada: motores para um novo Rio de Janeiro Os eventos esportivos como catalisadores e aceleradores de inovação, melhorias de infraestrutura e transformações sociais também devem fazer do Rio um porto seguro para negócios Revista da CâmaRa de ComéRCio ameRiCana paRa o BRasil desde 1921 nº275 mai/jun 2012 Perfil Ibeu, tradição e excelência no ensino do inglês Brasil Urgente As mudanças e consequências da nova lei do Cade Entrevista O novo vice-presidente da Alog, Eduardo Carvalho, fala sobre o crescimento da empresa

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Copa do Mundo e Olimpíada: motores para um novo Rio de JaneiroOs eventos esportivos como catalisadores e aceleradores de inovação, melhorias de infraestrutura e transformações sociais também devem fazer do Rio um porto seguro para negócios

Revista da CâmaRa de ComéRCio ameRiCana paRa o BRasildesde 1921 nº275 mai/jun 2012

Perfil Ibeu, tradição e excelência no ensino do inglês

Brasil Urgente As mudanças e consequências da nova lei do Cade

Entrevista O novo vice-presidente da Alog, Eduardo Carvalho, fala sobre o crescimento da empresa

64_Edição 275_mai/jun 2012 Edição 274_Brazilian Business_65

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13 de AgostoHouston, Texas

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Participe de um dos maiores eventos brasileiros de energia realizado no exterior. Compartilhe os conhecimentos e experiências de autoridades e renomados especialistas do setor.

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Em julho e agosto próximos, Londres será a sede de mais uma edição dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos, e a cidade estará se beneficiando permanentemente de um volume expressivo de investimentos que, entre

várias intervenções, permitiu a recuperação e revitalização de áreas degradadas e que passam, a partir de agora, a realmente se reintegrar à cidade.

Aproveitando esse momento, esta edição da Brazilian Business apresenta um caderno especial com um conjunto de artigos que abordam o que vem sendo feito no Rio de Janeiro e por quais transformações a cidade deve passar, espe-cialmente após 2016, ou seja, o que se entende por um verdadeiro legado. Esses artigos trazem a visão e os depoimentos tanto de autoridades do setor público quanto de representantes da iniciativa privada que, de alguma forma, estão par-ticipando dessa grande mobilização.

Chamamos a atenção especialmente para o artigo da ex-prefeita de Atlanta, Shirley Franklin, que aborda, com muita propriedade, os efeitos positivos que a realização dos Jogos Olímpicos naquela cidade, em 1996, deixaram como legado.

Muito embora Atlanta seja uma cidade tipicamente americana, na qual o automóvel ainda tem papel relevante na locomoção dos habitantes, os investi-mentos em mobilidade urbana foram responsáveis por uma transformação ra-dical no transporte da população, com a instalação de um moderníssimo siste-ma de metrô integrado à rede ferroviária em uma das regiões que se cristalizou como um dos maiores entroncamentos rodoferroviários dos Estados Unidos.

Atlanta, pouco lembrada como uma das experiências positivas como cida-de-sede dos Jogos Olímpicos, é, sem dúvida, um dos casos de maior sucesso, tendo apresentando resultado lucrativo, além de atrair mão de obra especializa-da e ver o seu aeroporto se tornar o mais movimentado do mundo em tráfego de passageiros.

Buscando objetivos semelhantes, observa-se no artigo do prefeito Eduardo Paes a mesma preocupação com a realização de investimentos estruturantes que possam se perenizar após os grandes eventos programados para o Rio de Janeiro.

Eventuais inconvenientes temporários são inevitáveis, especialmente no que se refere à mobilidade, uma vez que as intervenções mais visíveis são aquelas que necessariamente acabam por afetar o trânsito, como é o caso do que hoje ocorre na Zona Portuária.

Entretanto, o desejo e a esperança de todos os cariocas é que, quando con-cluídos, tais investimentos sejam capazes de melhorar substancialmente a qua-lidade de vida de todos aqueles que aqui vivem e dos que nos visitam.

É, portanto, esse legado que todos nós queremos ver concretizado.

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Conselho editorial Helio Blak

Henrique Rzezinski João César Lima

Omar Carneiro da Cunha Rafael Sampaio da Motta Roberto Castello Branco

Robson Barreto

Editora-chefe e jornalista responsável Andréa Blum (MTB 031188RJ) [email protected]

Colaboraram nesta edição: Fábio Matxado (edição de arte), Luciana Areas, Pedro Kirilos e Reinaldo Hingel (fotos), Luciana

Maria Sanches (revisão), Cláudio Rodrigues, Giselle Saporito e Guilherme Zabael (textos)

Canal do lEitor [email protected]

Os artigos assinados são de total responsabilidade dos autores, não representando,

necessariamente, a opinião dos editores e a da Câmara de Comércio Americana do Rio de Janeiro

ComErCial E markEting

gerente Ricardo Santos

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Publicidade Liliane Dippolito

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A tiragem desta edição, de 8 mil exemplares, é comprovada por Ernst & Young Terco

Impressão: Walprint

Uma publicação da Câmara de Comércio americana do rio de Janeiro

Praça Pio X, 15, 5º andar

20040-020 Rio de Janeiro RJ Tel.: (21) 3213-9200 Fax: (21) 3213-9201

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editorial

Brasil Urgente A nova lei do Cade, por Patrícia Sampaio, professora da FGV Direito Rio e advogada de Chediak Advogados

Em Foco Notícias sobre as empresas associadas e os principais acontecimentos da Amcham Rio

EntrevistaO novo vice-presidente da Alog, Eduardo Carvalho, e os desafios com a entrada da Equinix, uma das maiores empresas de data center do mundo

PerfilO Ibeu comemora 75 anos de ensino da língua inglesa

Ponto de VistaFabiane Turisco, sócia da Martinelli Advocacia Empresarial, explica como a Felicidade Interna Bruta pode ser um novo indicador a ser considerado pelas empresas

Ponto de VistaOs impactos da boa administração do patrimônio na visão de Raul Hey, sócio de Dannemann Siemsen Gestão e Avaliação de Ativos Intelectuais

Ponto de Vista“As recentes medidas protecionistas podem prejudicar o futuro do País”, defende Marcilio Rodrigues Machado no artigo “O paradoxo do protecionismo”

radarPrograma Jogue Limpo: o primeiro Acordo Setorial a ser assinado dentro da Política Nacional de Resíduos Sólidos

Especial – o legado dos megaeventos esportivos para as cidades

Ponto de Vista Eduardo Machado, sócio do escritório Montaury Pimenta, Machado & Vieira de Mello, evidencia a importância das decisões relativas ao marketing de emboscada

amcham newsOs eventos realizados pela Amcham Rio em abril e maio

artigos relacionados

36 Eduardo Paes_prefeito do Rio de Janeiro

38 dolores Piñeiro_diretora de vendas do Sheraton Rio Hotel & Resort e vice-chairperson do Comitê de Entretenimento, Cultura e Turismo da Amcham Rio

40 andré Coutinho_sócio-líder de IARCS – Internal Audit Risk & Compliance Services da KPMG no Brasil

42 michel davidovich_diretor-geral da Coca-Cola para a Copa do Mundo da Fifa

44 Shirley Franklin_ex-prefeita de Atlanta

46 Pedro almeida_vice-presidente de vendas da IBM Brasil

48 márcio Fortes_presidente da Autoridade Pública Olímpica (APO)

50 marcos nicolas_diretor-executivo da Ernst & Young Terco

52 Benedicto Barbosa da Silva Junior_presidente da Odebrecht Infraestrutura

Henrique rzezinski, PRESIdEnTE dA CâMARA

dE COMéRCIO AMERICAnA dO RIO dE JAnEIRO

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A transformação do Rio de Janeiro: o que podemos esperar como legado dos eventos esportivos

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O Brazil Energy & Power, evento re-alizado anualmente pela Câmara de Co-mércio Americana do Rio de Janeiro em Houston, no Texas (Estados Unidos), che-ga à décima edição, este ano em parce-ria com a Brazil–Texas Chamber of Commerce e o Brazil-U.S. Business Council. Entre os temas das palestras estarão, além da indústria de óleo e gás, as fontes renováveis de energia, o Diálogo Estratégico de Energia, o marco regulatório do setor de petróleo e gás e a eficiência energética. Informações sobre como participar do evento com Ana Macieira (21-3213-9229/[email protected]) e cota de patrocínios com Ri-cardo Santos (21-3213-9226/[email protected]).

Cidade do México sedia Mid-Year Meeting da AACClA

em foco

Entre os dias 14 e 16 de maio, a Associação das Câmaras Latino-Americanas de Comércio (Association of American

Chambers of Commerce in Latin America – AACCLA) se reu-niu, na Cidade do México, para o 16º Mid-Year Meeting. Entre os variados temas ali tratados, destacou-se a questão do cresci-mento da importância da América Latina, em especial de países como Brasil, México, Chile, Colômbia e Peru, que têm apresen-tado desempenhos econômicos saudáveis mesmo diante da crise internacional. As questões do protecionismo intrarregional e da pressão que o grupo dos países desenvolvidos faz nessa direção também foram amplamente discutidas.

Nos seus pronunciamentos, tanto o presidente do México,

Felipe Calderón, quanto o ex-presidente do Peru, Alan García, ma-nifestaram-se otimistas com o futuro da América Latina, ainda que considerando o retrocesso no caminho democrático que se verifica presentemente em alguns países.

Outra questão bastante discutida levou em conta o crescimento do comércio dos países da Zona do Pacífico com a Ásia, especial-mente a China, e seus reflexos no comércio com os Estados Unidos.

Ressalte-se ainda a visão otimista da Colômbia e do Panamá, que recentemente assinaram Acordos de Livre Comércio com os EUA (FTAs – Free Trade Agreements) e que, com base nos resultados já atingidos por outros signatários, tais como Chile e Peru, estimam crescimento substancial nas suas relações comerciais com o país.

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Estão abertas as inscrições para a 8ª edição do Prêmio Brasil Ambiental, que tem como objetivo reconhecer as melhores práticas ambientais desenvol-vidas por empresas com atuação no País. A grande novidade este ano é que as ins-crições agora são feitas totalmente on-line, pelo hotsite premiobrasilambiental.com. O prêmio é uma iniciativa do Comitê de Meio Ambiente da Amcham Rio, que a cada edição coloca em evidência um assunto da pauta sustentável, este ano a causa da Gestão de Resíduos Sólidos. Mas os projetos inscritos podem abordar qualquer tema relativo às categorias Responsabilidade Socioambiental, Preservação e Manejo de Ecossistemas, Inovação Ambiental, Uso Racional de Recur-sos Hídricos, Inventário de Emissões e Gestão de Resíduos Sólidos. Poderão concorrer ao Prêmio Brasil Ambiental so-mente empresas que tenham projetos ambientais já conclu-ídos ou em fase final de implantação, mesmo em parceria com outras companhias, instituições de pesquisa ou ONGs. As inscrições podem ser feitas até o dia 6 de julho. Empresas associadas estão isentas de taxa de inscrição. Para as não associadas, o valor é de R$ 500. A cerimônia de premiação do 8º Prêmio Brasil Ambiental acontecerá em 9 de agosto, no Rio de Janeiro, quando serão anunciados os vencedores.

agenda 2012 amcham Rio

JUnHo25/6 Seminário Acidentes com Vazamento de Óleo – Aspectos Técnicos e legais26/6 – 1º Young Professionals28/6 – Parcerias, investimentos e casos de sucesso na área de educação29/6 – Tax Friday: Projetos do Fisco para a Mudança no Sistema Tributário8º Prêmio Brasil ambiental Inscrições de projetos até 6 de julho

JULHo6/7 – Round Table lei de Direito Autoral30/7 – Seminário Portos do Rio: Desafios e Perspectivas31/7 – Almoço de relacionamento | Comitê de RHcafé da manhã de novos sócios da Amcham Rio

agoSTo9/8 – Cerimônia 8º Prêmio Brasil Ambiental13/8 – Brazil Energy & Power 10

SeTemBRoRio oil & gas expoEspaços disponíveis no stand coletivo

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Um dos comitês setoriais mais atuantes da Câmara de Comércio Americana do Rio de Janeiro é o de Meio Ambiente. O comitê

é liderado este ano pela sócia do escritório Veirano Advogados, a chairperson Kárim Ozon, que mostra como a estratégia de trabalho do grupo está relacionada aos planos determinantes de negócios e a forma como a área de meio ambiente tem implicações diretas nos resultados e nas definições relevantes para as empresas, o governo e a sociedade. Acompanhe a entrevista concedida à Brazilian Business e veja como a sua empresa também pode participar.

Brazilian Business: Qual o papel e a importância do Comitê de Meio Ambiente no cenário atual?Kárim Ozon: O impacto de ações ambientais e de sustentabili-dade no valor de mercado das ações das empresas é indiscutível. Temas como sustentabilidade, economia verde e meio ambiente estão como nunca na ordem do dia. Nesse sentido, o comitê é um fórum importante, pois permite a troca de experiências entre os associados e a orientação de políticas e veículo de diálogo com autoridades. A cada encontro mensal do comitê, há a apresen-tação de um case para fomentar o aprendizado para as demais empresas aqui presentes. Não estamos restritos a nenhuma in-dústria. Todas são muito bem-vindas.

BB: Existe algum projeto para trabalhar de forma integrada com os demais comitês da Amcham Rio e com as empresas associadas?KO: Nosso comitê tem sinergia com muitos outros da Amcham Rio, pois os temas aqui tratados são transversais às empresas e aos setores e áreas de atuação. Teremos um evento conjunto, por exemplo, com o Comitê de Assuntos Jurídicos. Além disso, estamos trabalhando há quase um ano em parceria com o Comitê de Tecnologia da In-formação e Comunicação na Força-Tarefa do Lixo Eletrônico. Este projeto ficou entre os finalistas, em 2011, do Most Creative Amcham Awards, prêmio promovido pela Association of American Cham-bers of Commerce in Latin America (Aaccla). Por fim, o grupo está organizando uma missão internacional para visitar instituições e empresas nos Estados Unidos, para intercâmbio de práticas ambien-talmente responsáveis.

BB: Quais as expectativas de eventos do comitê para este ano?KO: No dia 25 de junho faremos, em parceria com o Comitê de Assuntos Jurídicos, o evento Acidentes com Vazamento de Óleo – Aspectos Técnicos e Legais, que terá um painel técnico e outro legal. O painel técnico discutirá o futuro Plano Nacional de Con-tingência, e o legal, a responsabilidade das empresas e de seus di-rigentes. Já temos presença confirmada do coordenador-geral de petróleo e gás do Ibama, Cristiano Vilardo Nunes Guimarães. O assunto está na pauta do dia de empresas e autoridades, mas pouco é debatido em fóruns neutros como o nosso.

A chairperson do comitê de Meio Ambiente da Amcham Rio, Kárim Ozon

Preocupações do Comitê de Meio Ambiente estimulam o engajamento dos demais grupos da Amcham RioSustentabilidade, economia verde e resíduo eletroeletrônico são alguns dos temas que mobilizam os trabalhos

BB: Outro marco do trabalho do comitê é a realização do Prêmio Brasil Ambiental. Quais as novidades da edição deste ano, a oitava?KO: As inscrições para o 8º Prêmio Bra-sil Ambiental já estão abertas e vão até o dia 6 de julho. A grande novidade este ano é que as inscrições agora são feitas totalmente on-line, pelo hotsite pre-miobrasilambiental.com. Desta forma, reduziremos drasticamente a geração de papel. Além disso, temos a nova catego-ria Gestão de Resíduos Sólidos, além das já consagradas Responsabilidade Socio-ambiental, Inovação Ambiental, Inven-tário de Emissões, Preservação e Ma-nejo de Ecossistemas e Uso Racional de Recursos Hídricos. Os vencedores serão conhecidos no evento de premiação, em 9 de agosto. Outro projeto em gestação é promover dois encontros com as em-presas vencedoras do prêmio, um com o público empresarial e outro com estu-dantes da PUC-Rio. Com isso, pretende-mos conectar a realidade das empresas e os projetos que são desenvolvidos pelas universidades, trazendo eficiência para os dois lados na busca de soluções.

eM foCo

BB: Quais as perspectivas da força-tarefa promovida pela Amcham Rio em prol dos resíduos sólidos? Como as empresas podem participar?KO: A destinação de resíduos sólidos é crucial para o desenvol-vimento sustentável mundial e, como não poderia deixar de ser, o comitê tem se engajado nessa questão. A nossa Força-Tarefa do Lixo Eletrônico tem a perspectiva de, neste ano, evoluir na elabo-ração de um modelo viável de desmanufatura e reciclagem do re-síduo eletroeletrônico, tendo um olhar diferenciado para a cultura do reúso como mecanismo de inclusão digital e qualificação de mão de obra. Objetivamos ser propositivos e atuantes na elabora-ção dos planos de gerenciamento de resíduos sólidos do município e do Estado, oferecendo os inputs da iniciativa privada e a visão de mercado como forma de tornar as diretrizes factíveis e as metas as mais críveis possíveis. As empresas são muito bem-vindas a se juntar ao grupo de trabalho, colaborando fortemente com ideias, benchmarking e experiências em prol desses objetivos.

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Presidente da Amcham Rio participa de encontro com Dilma Rousseff e empresários nos Estados Unidos

Brazilian Business: Qual o balanço que o senhor faz dessa visita de Dilma aos Estados Unidos?Henrique Rzezinski: A visita da presiden-te Dilma aos EUA teve grande sucesso, à medida que serviu para colocar na mesa alguns aspectos da relação Brasil–EUA de uma maneira bastante pragmática, já que a presidente foi preparada para discutir te-mas delicados, mas também atrativos para o futuro dessa relação.

BB: Qual a importância desse encontro entre Dilma e lideranças brasileiras?HR: Achei interessante a maneira como ela se relacionou com o setor privado nessa visita, já que, logo na noite de sua chega-da, reuniu-se com um pequeno grupo de empresários brasileiros e organizações en-gajadas com a relação Brasil-EUA. O setor privado destacou a importância de o Brasil ter mais participação nos órgãos de gover-nança global, demonstrando que o País está definitivamente se inserindo nessa agenda global. Além disso, deixou claro que esses assuntos bilaterais têm uma dimensão mul-tilateral de suma importância, já que a rela-ção entre Brasil e EUA, como protagonistas desse processo, pode fixar posições de inte-resses mútuos na agenda global.

em foco

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Presidente Dilma e comitiva se reúnem nos EUA com empresários brasileiros

BB: Como foi a receptividade de Dilma aos pontos levantados pelos empresários?HR: Ela quis escutá-los sobre temas importantes, como os avanços das negociações de um acordo comercial com os EUA e, princi-palmente, sobre um acordo de bitributação. Também foi debatida uma maneira de avançar com o Diálogo Estratégico de Energia, um mecanismo importante na relação entre os dois países que a presidente pretende aprofundar, no campo dos renováveis e não renováveis, já que Brasil e Estados Unidos produzem juntos cerca de 80% do etanol do mundo. Os aspectos estratégicos como as oportunidades de cooperação no pré-sal e como este pode servir de base de negociação entre os dois países também foram discu-tidos. Ainda em termos comerciais, tratou-se da área de aviação, que teve avanços importantes, apesar de alguns retrocessos.

BB: Qual a potencialidade dessa relação entre os dois países?HR: Acredito que, apesar de ser uma relação bilateral, é uma re-lação determinante para o papel que o Brasil quer assumir na governança global neste século 21. São dois países que têm po-tencial de estabelecer uma relação estratégica global muito im-portante, pois há questões complementares e convergentes, como as relações comerciais com a China, e temas comuns entre os dois países de “ganha-ganha”, muito mais atrativos do que em outras relações. Há que se ter uma questão fundamental de soberania histórica que, neste momento, permite ao Brasil uma posição ne-gociadora muito mais vantajosa e protagônica.

BB: Como os Estados Unidos percebem este momento do Brasil?HR: Os Estados Unidos notam o Brasil de uma maneira diferente que no passado, pois o País oferece hoje uma série de vantagens competitivas, pelo menos se comparado a outros Brics, que possibilitam visualizar uma perspectiva de uma relação estratégica muito interessante entre os dois países. Claro que há obstáculos a ser transpostos, mas que podem ser colocados em discussão, como, por exemplo, a área de aviação civil, que oferece oportunidades de interesse mútuo, como a indústria de tecnologia, mas ainda é preciso superar percepções e posições enraizadas nos dois lados. De qualquer forma, sou muito otimista em relação a isso e acredito que a visita da presidente Dilma tenha sido bastante proveitosa nesse sentido.

Por Andréa Blum, do Rio de Janeiro

Na visita aos Estados Unidos, realizada entre os dias 9 e 11 de abril, a presidente

Dilma Rousseff reservou a noite de sua chegada àquele país para se reunir com empresários e organizações brasileiras no intuito de ouvi-los sobre as expectativas de negócios e fomentar uma maior parceria e entrosamento entre empresas brasileiras e americanas. Entre os presentes no encontro, organizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) em parceria com o Brazil-U.S. Business Council, no hotel Four Seasons de Washington, estava o presidente da Câmara de Comércio Americana do Rio de Janeiro (Amcham Rio), Henrique Rzezinski, que falou à Brazilian Business sobre os principais pontos discutidos e revelou sua impressão sobre a visita.

“ApesAr de ser umA relAção bilAterAl, é umA relAção

determinAnte pArA o pApel que o brAsil quer Assumir

nA governAnçA globAl neste século 21”

10_Edição 275_mai/jun 2012 Edição 275_Brazilian Business_11

PRACTICE AREAS

Administrative Law

Corporate Law

Financial and Capital Markets

Competition Law

Energy Law

Tax Law

Judicial and Administrative Litigation

Arbitration

Contracts

Real-Estate Law

Labor Law

Pension Law

Environmental Law

Election Law

Intellectual Property

International Law

ÁREAS DE ATUAÇÃO

Direito Administrativo, Regulação e Infraestrutura

Direito Societário

Mercado Financeiro e de Capitais

Direito da Concorrência

Direito da Energia

Direito Tributário

Contencioso Judicial e Administrativo

Arbitragem

Contratos

Direito Imobiliário

Direito do Trabalho

Direito Previdenciário

Direito Ambiental

Direito Eleitoral

Propriedade Intelectual

Direito Internacional

Rua Dias Ferreira 190, 7º andar

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Av. Juscelino Kubitschek 1726, 18º andar

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04543-000 – Brasil

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clcmra.com.br

em foco

BB: Qual o papel da Câmara de Comércio Americana do Rio de Janeiro nesse processo?HR: O papel da Câmara de Comércio Americana do Rio de Janeiro é muito importante por ela ter uma história de formadora de opinião. A Câmara não está apenas empenhada em defender os aspectos comerciais, que são fundamentais e seguem recebendo destaque, mas sobretudo a relação com os Estados Unidos de uma forma político-estratégica. Dentro desta ótica, acredito que temos um papel importante em traduzir a visão do setor privado sobre qual deva ser essa relação nas próximas décadas. Cabe a nós o papel de formador de opinião para discutir esses temas com o governo brasileiro e as empresas, no sentido de defender os interesses do País e perceber o que dessa relação pode ajudar a acelerar e aprimorar o desenvolvimento do Brasil.

BB: E, naturalmente, as empresas associadas à Câmara serão beneficiadas por esse esforço?HR: Sem dúvida. Quando se trata de relações estratégicas, o reba-timento comercial é imediato. Quanto mais aprofundadas forem essas relações, maiores serão as oportunidades comerciais e de intercâmbios cultural, científico e tecnológico. Quanto mais apro-fundada e soberana for essa relação, melhores serão as perspectivas para o País e as empresas aqui instaladas.

BB: As áreas de educação e ciência e tecnologia foram prioridades do segundo dia da visita da presidente aos Estados Unidos, que promoveu a reunião de Dilma com duas das melhores universidades do mundo, o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e a Universidade de Harvard, em Cambridge, para negociar o recém-lançado Ciência Sem Fronteiras. O programa vai oferecer bolsas de estudos e formar 100 mil estudantes brasileiros no exterior em áreas tecnológicas até 2014. Como vocês percebem e pretendem estar envolvidos nesse programa, já que o objetivo é buscar financiamento também entre o empresariado e boa parte dessas bolsas de graduação e pós-graduação deve ser nos EUA?HR: Certamente estaremos envolvidos, uma vez que uma das maiores áreas de atuação será com as universidades americanas e o empresariado local. Queremos contribuir com essa iniciativa, que tem o mérito de abrir as portas das universidades do mundo todo para os estudantes brasileiros, gerando massa crítica fundamental para o Brasil se desenvolver, principalmente com cientistas, que vão trabalhar na aplicação desse aprendizado dentro das indústrias, o que pode ser capaz de colocar o Brasil na fronteira do conhecimento.

Rzezinski durante coquetel com a

presidente Dilma

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divulgação

REconhEcimEnto dE lídEREsPesquisa realizada pela Robert half, especializada em

recrutamento, com cerca de 300 profissionais de empresas de médio e grande porte em todo o Brasil, indicou que 64,2% dos entrevistados demostraram que suas empresas não têm programas sistemáticos para identificar líderes. os dados também mostraram que 90% das organizações no País con-tam com profissionais com esse perfil. o cenário aponta a im-portância da criação de programas para reconhecer talentos, conforme avaliação de Eduardo shinyashiki, especialista em desenvolvimento das competências de liderança e prepara-ção de equipes. “As organizações necessitam, na complexida-de do contexto atual, de sistemas que preparem líderes para atuar de forma contagiante, carismática e consciente de sua força e responsabilidade. com isso temos condições de es-colher hoje os caminhos que construirão as organizações do futuro”, sugere.

KPmG dE olho nos fRutos dos mEGAEvEntos EsPoRtivos

Atenta aos negócios que serão gerados com a re-alização da copa do mundo no Brasil, em 2014, e da olimpíada do Rio, em 2016, a KPmG no Brasil criou um grupo para assessorar empresas que investirão em oportunidades produzidas por esses megaeven-tos esportivos. de acordo com estudo divulgado pelo ministério do Esporte, somente a realização da copa do mundo no Brasil tem potencial de gerar impactos econômicos no montante de R$ 183,2 bilhões.

uma equipe multidisciplinar e especializada por segmento de negócios da KPmG atua auxiliando os agentes envolvidos na preparação para os eventos, visando atender exclusivamente às oportunidades e demandas públicas e privadas que serão criadas. o grupo presta assessoria nas áreas estratégica e fi-nanceira, captação de recursos e impostos, auditoria e governança, riscos e negócios para os segmentos de infraestrutura, construção, produtos e serviços e sustentabilidade.

Eduardo Shinyashiki, especialista em desenvolvimento das competências de liderança e preparação de equipes

Compromisso de longo prazocom o desenvolvimento do país.

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Marko SiStEMaS MEtálicoS De olho no bom momento do mercado da

construção civil, a Marko Sistemas Metálicos decidiu apostar no crescimento da sua capacidade produtiva e aumentar a variedade de componentes metálicos para estruturas de diversos setores, como logística e indústria. A expansão começou em 2012 com o início das operações da sua nova fábrica, no Polo Industrial de Itaguaí, na Zona Oeste do Rio, na qual foram investidos R$ 15 milhões. O objetivo para os próximos anos é aumentar a produção de 1,5 mil toneladas para 6 mil toneladas por mês. A expectativa da empresa é que o faturamento aumente em 30% com a fabricação de novos produtos.

Há vagaSA Michael Page inaugurou, em maio, uma nova

unidade em Macaé (RJ), principal polo petrolífero do País. O grande desafio é encontrar profissionais técnicos para preencher as posições. Alguns dos cargos mais demandados para offshore são drillers, assistant drillers e oficiais de náutica e máquinas. Para as posições onshore, entre os cargos mais demandados estão gerentes de base, de operações e profissionais voltados para planejamento e manutenção. Para alguns cargos, os salários ultrapassam os R$ 40 mil mensais.

algar tElEcoMO presidente da Algar Telecom, Divino Sebastião de

Souza, foi eleito para assumir a direção do Conselho Consultivo da TelComp para o biênio 2012-2014.

em foco

Doing BuSinESS witH carolinaSA Amcham Rio recebeu em sua sede, no dia 14 de maio, uma delegação dos Estados da Carolina do Norte e do Sul para o evento Doing Business with Carolinas, que teve como objetivo promover com o empresariado local a região metropolitana de Charlotte, que é o coração dos negócios dos dois Estados.

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entrevista

Uma das principais operadoras de data center do Brasil, a Alog aumentou seu faturamento anual de R$ 9 milhões para R$ 130 milhões em menos de seis anos. Com a recente compra da empresa pela Equinix – líder mundial no setor – a Alog quer se transformar no seu braço para toda a América do Sul

Por Guilherme Zabael Fotos Pedro Kirilos

Eduardo Carvalho está otimista. O novo vice-presidente da Alog, uma das principais empresas de

data center do País, com sede no Rio de Janeiro, acredita que a Alog continuará crescendo fortemente, entre 25% e 30% ao ano. E o otimismo desse paulista de 42 anos, nascido em Mogi Mirim, não é para menos. Se na fundação da empresa, em 2005, o faturamento anual foi de R$ 9 milhões, agora já ronda os R$ 130 milhões. “E o momento de crise não nos assusta. No passado, chegamos a crescer mais em momentos de turbulência”, diz. Um dos fundadores da Alog, ao lado de Sidney Breyer, Carvalho deixou a direção comercial da empresa para assumir, em março deste ano, a vice-presidência. O novo cargo vem acrescido de uma enorme responsabilidade: ajudar a companhia a se tornar a principal fornecedora no Brasil de carrier neutral colocation, serviço de hospedagem compartilhada para servidores de empresas e organizações. Isso porque há um ano, 90% da Alog foram comprados pela norte-americana Equinix – líder mundial de data centers, com 100 estações em 38 mercados mundiais e faturamento anual de US$ 1,6 bilhão –, em parceria com o fundo de investimento Riverwood Capital, entidade americana focada em tecnologia. “Agora temos mais fôlego para grandes projetos”, afirma Carvalho, que está auxiliando a empresa a montar o quarto data center no Brasil, o segundo no Rio, cidade que ele acredita viver um bom momento e que deve crescer também com os eventos esportivos, além da exploração de petróleo e gás natural. Mas ele não se contenta apenas com isso e vai trabalhar para preparar a Alog para ser o braço da Equinix para toda a América do Sul. Para ele, o momento da região e do Brasil não podia ser mais apropriado.

Eduardo CarvalhoVice-presidente da Alog

Eduardo Carvalho, o novo vice-presidente da companhia

O grande salto da alog

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entrevista EduArdo cArVAlho

Brazilian Business: Qual o diferencial da Alog para crescer nesse ritmo?Eduardo Carvalho: Somos agressivos, te-mos a intenção de expandir nos próximos anos, principalmente, a nossa oferta de colocation, o que vai ao encontro do DNA do nosso principal acionista, a Equinix. Temos uma conexão muito forte com os seus clientes internacionais, que têm uma necessidade latente de vir para o Brasil. Foi essa a estratégia da empresa na aqui-sição da Alog, de ter um local no Brasil para conseguir expandir a atuação com seus principais clientes, principalmente do mercado financeiro.

BB: O que mudou com a entrada do sócio estrangeiro?EC: Tínhamos uma atuação muito restrita, nós não alavancávamos a grande empre-sa, não entrávamos em grandes projetos e tínhamos algumas restrições em relação a espaços e também em relação a inves-timentos. Com a entrada da Equinix e da Riverwood Capital, muita coisa mudou. Tivemos o ingresso de dois novos acionis-tas importantes: a Equinix, que é a maior operadora de data center no mundo, com 100 data centers espalhados em diversos locais do planeta; e a Riverwood Capital, um fundo de investimento do Vale do Silício, que investe basicamente em em-presas do setor de tecnologia. A principal mudança é que agora temos uma possibi-lidade de oferta muito mais agressiva em relação a projetos que exijam investimen-tos de capital intensivo, como é o caso do colocation. Para se ter uma ideia, estamos prospectando, quase em vias de se iniciar a obra, um novo data center no Rio. Já te-mos um data center novo em Tamboré, em São Paulo. Além disso, temos uma ex-pectativa de atender demandas crescentes, principalmente com a chegada de empre-sas e negócios que virão atraídos com a re-alização dos Jogos Olímpicos aqui no Rio de Janeiro e com a expansão dos negócios por conta do crescimento do mercado de óleo e gás.

BB: Como esse produto da Equinix pode interessar as empresas locais?EC: A Equinix conecta os negócios de parceiros e clientes, entre companhias, instituições financeiras e empresas de serviços de cloud e de conteúdo digital ao redor do mundo por meio de uma plataforma global de data centers de alto desempenho. Mais de 4 mil clientes se conectam a cerca de 700 prestadores de serviços de rede e contam com a plataforma Equinix para expandir seus negócios, melhorar o desempenho de seus aplicativos e proteger seus ativos digitais. A Equinix atua em 38 mercados estratégicos nas Américas, na Emea (Europa, Oriente Médio e África) e Ásia-Pacífico e investe continuamente na expansão de sua plataforma.

BB: A Alog agora conta com um sócio que tem uma posição global relevante. Vocês sentem que realmente é efetivo este momento mais auspicioso do Brasil? As empresas esperam isso?EC: Isso é uma verdade inegável. Se for-mos falar dos Brics, hoje, o Brasil é a bola da vez. A Índia, por exemplo, tem 50 dia-letos, tem um problema social muito ele-vado. A Rússia e a China têm problemas estruturais difíceis de serem resolvidos. O Brasil é a bola da vez, e percebemos que esta é também a percepção dos sócios e dos clientes. O Brasil hoje tem uma capa-cidade única de atrair capital. Temos atu-almente uma oferta generosa de estrutura e de mão de obra, e nosso mercado cresce de forma regular e com uma constância muito grande.

BB: Quanto a Equinix aportou à Alog?EC: A transação foi avaliada em aproxima-damente US$ 126 milhões. Pelo acordo, a Equinix passa a ter participação majori-tária na empresa brasileira, a Riverwood detém uma participação minoritária sig-nificativa e aproximadamente 10% da em-presa ficou com os atuais executivos ma-joritários da Alog. Após três anos, com a conclusão da transação, a Equinix terá o direito de adquirir 100% da Alog.

BB: Quantos data centers vocês têm atualmente?EC: Hoje nós temos três data centers no Brasil de porte mundial, sendo que o de Tamboré é o mais moderno do País. Ele recebeu o certificado Tier III, o mais importante do Brasil (concedido pelo Uptime Institute, que atesta a qualidade e a disponibilidade da infraestrutura do data center, a apenas cinco empresas no Brasil). Além deste, temos um no centro de São Paulo e o do Rio de Janeiro. Os data centers da Alog no Rio de Janeiro, São Paulo e Tamboré ocupam cerca de 16 mil m² de área construída e têm capacidade total para 56 mil servidores.

“O mercadO de data center é um mercadO em expansãO, e imaginO que será um dOs que, na

área de ti, mais crescerá nOs próximOs anOs”

“existe hOje nO riO um clima mOtivaciOnal para nOvas

empresas e, principalmente, de nOvOs setOres”

BB: A Alog terá um novo data center no Rio. Como vocês percebem o momento da cidade?EC: São Paulo acabou ficando com grande parte do setor financeiro, principalmente depois que a bolsa do Rio foi absorvida pela bolsa paulista. Mas, em contrapartida, nós enxergamos no Rio de Janeiro, hoje, um novo clima, que foi dado pelas últimas administrações no Estado e na Prefeitura, com Sérgio Cabral e Eduardo Paes, que nos trouxe credibilidade novamente. Então, com o crescimento do mercado de óleo e gás, com o advento da Copa do Mundo de 2014 e com os Jogos Olímpicos de 2016, nós estamos enxergando um crescimento muito grande do mercado de TI no Rio de Janeiro. E nós temos também o nascimento de novas organizações no setor financeiro da cidade, além das empresas que já haviam mudado para São Paulo e que estão retornando. Existe hoje no Rio um clima motivacional para novas empresas, principalmente, de novos setores. E também há uma série de novas instituições financeiras, butiques de investimento e, com certeza, essas empresas estão no nosso foco.

BB: Como a Alog vê o setor atualmente?EC: O mercado de data center é um mercado em expansão, e imagino que será um dos que, na área de TI, mais crescerá nos próximos anos. Antigamente, havia muitas empresas que não externavam esse serviço, não permitiam que seu banco de dados ficasse fora da empresa. Hoje em dia esse paradigma está mudando, e estamos sentindo uma procura enorme de empresas que, no passado, não pensavam em terceirizar e que já estão usando os serviços de data center.

BB: Vocês conseguirão crescer nesse mercado? Quais as oportunidades?EC: Esse mercado de colocation é um mercado que vai explodir aqui no Brasil. Nós apostamos muito forte nele, e as empresas vão começar a enxergar as vantagens que esse serviço pode trazer. Nós temos infraestrutura integrada, atendimento personalizado e uma oferta muita agressiva em relação a preços.

BB: A Alog pensa em exportar serviços?EC: Esse vai ser o ponto focal da Equinix para a América Latina, em particular para a América do Sul. A Equinix já tem outros locais, são 100 data centers no mundo, e nós podemos internacionalizar a atuação dessas empresas no Brasil. Se uma instituição tem a necessidade de estar em Nova York, Londres, Berlim ou Paris pode nos consultar que conseguimos fazer uma oferta de data center para eles lá fora. Agora nós temos uma rede, não estamos mais restritos ao Brasil. Se tivermos um grande banco brasileiro com a necessidade de expansão ou de estar perto das principais bolsas do mundo, a gente consegue atender essa demanda, pois hoje abrigamos as principais bolsas de valores mundiais no sistema financeiro Equinix.

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“se uma empresa tem restrições de

investimentOs, nós temOs agOra capital para investir

para eles”

BB: E a América do Sul será prioridade?EC: Seremos uma espécie de hub concentra-dor da América do Sul. A Equinix não tem nenhum outro site na região, o foco inicial de investimento dela na América do Sul foi o Brasil. O Brasil é a bola da vez até nisso. Eles pediram para concentrar as operações aqui, pois perceberam que há uma demanda latente e, por isso, daqui é possível atender outros países.

BB: Uma empresa de data center tem que ter sempre o foco na segurança dos dados. Como é essa política na Alog?EC: Nós analisamos a necessidade de cada apli-cação e de cada cliente. Analisamos sempre cada projeto e então adequamos a questão de segurança para cada projeto. Há aplicações que necessitam de degraus muito maiores de segu-rança, e isso podemos garantir. As empresas de mercado financeiro, por exemplo, têm um tra-tamento totalmente diferente das demais, que exigem uma atuação muito mais proativa. Mas a segurança é um grande desafio, com certeza. Temos que estar sempre atentos.

BB: A burocracia e os altos impostos do Brasil podem ser complicadores para a exportação de serviços?EC: Nós não sentimos tanto essa dificuldade de exportar serviços porque conseguimos fazer com que nossas empresas sejam atendidas diretamente pela Equinix lá fora. O negócio fica mais profissional. Se eles precisarem de um consultor para discutir inclusive as diferenças de impostos e taxas entre serviços em diferentes países, nós temos profissionais para isso, e a contrapartida é verdadeira, ou seja, somos um braço do grupo no Brasil. Estamos totalmente preparados para esse tipo de solicitação.

BB: Um dos problemas do Brasil é a falta de mão de obra qualificada. Como a Alog enfrenta este problema?EC: Nós investimentos de R$ 3 milhões a R$ 4 milhões por ano em treinamento. Este ano o orçamento para treinamento será de R$ 3,5 milhões. Nós temos a Universidade Alog, que promove cursos internos, presenciais e on-line periodicamente, tanto para a área técnica como para a área comercial. É muito importante dizer isso, nossos vendedores são preparados tecnicamente até para assumir um projeto se for preciso. A saída que encontramos é formar gente a todo momento.

BB: A Alog passou de um faturamento de R$ 9 milhões em 2005 para R$ 130 milhões agora foi um salto formidável. O crescimento continuará nesse ritmo?EC: Realmente, foi um salto considerável de crescimento. A gente tem uma expectativa de crescimento nessa base: temos crescido, anualmente, de 25% a 30% nos últimos tempos e queremos manter esse crescimento nos próximos anos.

BB: Só com crescimento orgânico ou aquisições são previstas?EC: Com a oportunidade dos eventos esportivos, pensamos em criar novos data centers, mas sem aquisições de empresas. A intenção é expandir, é poder abrigar os grandes players que estão vindo para o Rio de Janeiro, atender os negócios que estão crescendo. Agora o Rio, mais que são Paulo, merece um site robusto.

BB: E a crise global? Pode atrapalhar esses planos?EC: No nosso caso, não. Se uma empresa tem restrições de investimentos, nós temos agora capital para investir para eles. Quando uma empresa quer fazer uma expansão, ela sempre precisará de internet, ela sempre precisará de servidores, e nós podemos assumir parte desses investimentos. Essa é uma maneira que temos de tratar a questão neste momento. Mesmo na crise do passado não deixamos de crescer, chegamos até a acelerar o crescimento. A crise para nós é oportunidade.

entrevista EduArdo cArVAlho

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perfil

Ao completar 75 anos, o Ibeu lança novas unidades e aperfeiçoa modelo de ensino atento ao momento atual do Rio de Janeiro e à vida moderna Por Andréa Blum Foto Reinaldo Hingel

“O Brasil vive um mOmentO muitO prOpíciO para O

investimentO em idiOmas, principalmente O inglês, em virtude da vinda de eventOs

espOrtivOs mundiais e até mesmO pelO destaque dO país

nO cenáriO internaciOnal”

RReconhecido pela Embaixada dos Estados Unidos como centro de excelência no ensino do inglês, o Instituto Brasil-Estados Unidos (Ibeu), uma das escolas de lín-

gua inglesa mais tradicionais do Rio de Janeiro, completou, em janeiro, 75 anos, período em que mais de 80 mil alunos foram formados com domínio do idioma. Para estar sempre na lide-rança do conhecimento, a instituição sem fins lucrativos vem se atualizando às mudanças, cada vez mais velozes, atenta a três movimentos: a inserção da tecnologia como ferramenta de aprendizado, o investimento em novas modalidades de cursos e a constante percepção de que educação também é valorizar a cultura e as ações de relacionamento com a comunidade local.

Em termos de inovação, todas as salas de aula das 18 unida-des do Ibeu contam com smart boards, quadros com tecnologia touch screen que permitem ao professor, entre outras facilida-des, acessar a internet para complementar o conteúdo didático com a possibilidade de armazenar dados e enviá-los por e-mails aos alunos. “Nesses 75 anos, observamos todo tipo de mudança e novas necessidades das pessoas no que se refere ao aprendiza-do do inglês. Por conta disso, acompanhamos e nos moldamos para atender o mercado. Hoje o inglês não é apenas uma opção, principalmente no Brasil. É imprescindível”, destaca o presiden-te do Ibeu, Ítalo Mazzoni.

Eventos esportivos no RioAtenta ao fortalecimento do Brasil no cenário mundial e à reto-

mada econômica do Rio de Janeiro – e também às oportunidades que se anunciam com os grandes eventos que a cidade irá sediar –, a instituição reformulou os cursos dirigidos a empresas, o Ibeu Cor-porate, e lançou o Welcome to Rio by Ibeu, um produto específico para profissionais que lidam com estrangeiros no seu dia a dia. Ofe-recido a taxistas e funcionários de hotéis, lojas e restaurantes, agentes de turismo e policiais militares, entre outros, o curso é rápido e de uso prático do idioma, aprimoramento essencial para garantir à ci-dade não apenas bons serviços e negócios, mas boa imagem e repu-tação no exterior. “O Brasil vive um momento muito propício para o investimento em idiomas, principalmente o inglês, em virtude da vinda de eventos esportivos mundiais e até mesmo pelo destaque do País no cenário internacional, atraindo empresas e empresários es-trangeiros”, reforçou o presidente do Ibeu. Além do ensino do inglês, o Ibeu oferece o curso Português para Estrangeiros, que registrou, somente do ano passado para cá, um crescimento de 25% no núme-ro de novos alunos. “Também é grande o número de estrangeiros que, de olho em desenvolver negócios por aqui, investem em cursos para aprender português”, explica Mazzoni.

Além do curso regular de Português para Estrangeiros, a instituição recebe, anualmente, grupos de universidades americanas que aproveitam os meses de maio a agosto para aperfeiçoar a língua portuguesa no Rio de Janeiro. Dentre os parceiros estão Lauder Institute, Whar-ton School of Business, Northeastern University, Princeton, assim como uni-versidades da Flórida e Georgetown. Os alunos aprendem a língua e ainda contam com palestras e eventos que possibilitam conhecer mais sobre a cul-tura brasileira. Alguns grupos também visitam instituições públicas como Pe-trobras e BNDES e empresas privadas, conhecendo mais sobre o universo cor-porativo brasileiro.

Jovens e comunidades pacificadasNo tocante à comunidade local, o

Ibeu mantém parcerias sólidas com a Embaixada e o Consulado-Geral dos EUA no Rio de Janeiro e com a Secretaria Municipal de Educação para fortalecer a inserção de jovens no mercado de traba-lho. Há dez anos, são oferecidas aulas de inglês a cerca de 70 escolas da rede mu-nicipal de ensino para ajudar jovens de menor poder aquisitivo a transformar o aprendizado de um segundo idioma em oportunidades no futuro. Em parceria com a Cambridge University Press, res-ponsável pelo material didático, o curso atende cerca de 2 mil alunos por ano. O Ibeu também é o braço do programa UP with English – Uso Prático da Língua In-glesa, criado pelo Consulado-Geral dos EUA no Rio para ensinar inglês aos jo-vens de comunidades pacificadas da ci-dade, garantindo a segunda língua como diferencial ao mercado de trabalho. As salas de aula são os espaços da própria comunidade, como as Unidades de Polí-cia Pacificadora. O curso tem o apoio da iniciativa privada e, com a ajuda das em-presas Amil, BG do Brasil e Case Benefí-cios e Seguros, já está nas comunidades do Pavão-Pavãozinho, do Cantagalo, do Complexo do Alemão e da Providência.

Ítalo Mazzoni, presidente do Ibeu

inglês global

Treinamento de professores e responsabilidade socialO Ibeu realiza, anualmente, um treinamento de todo o cor-

po gerencial da instituição e dos professores, com o objetivo de oferecer aos alunos o que há de mais avançado no aprendizado do idioma inglês, evoluindo sempre sua abordagem de ensino. Quando o assunto é gestão de negócios, instituições renoma-das, como a Fundação Dom Cabral e o Coppead, capacitam os gerentes do Ibeu para aprimorar também o serviço de atendi-mento e gestão da empresa.

Como uma entidade filantrópica, o Ibeu investe em ações culturais e de fortalecimento do aprendizado. Na sede no bairro de Copacabana, Zona Sul do Rio, há uma biblioteca equipada com modernas instalações e um acervo disponível para consul-ta do público em geral. A instituição dispõe ainda de um centro cultural, que abriga cerca de dez exposições de novos artistas plásticos por ano e eventos musicais, com apresentações sema-nais gratuitas, além de um festival de rock para revelar jovens talentos. Eliminar o desperdício de plástico e orientar seus alu-nos ao correto descarte de resíduos também são responsabili-dades adotadas pelo grupo, determinado a avançar e aprimorar o ensino do inglês global.

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ponto de vista

A função social da empresa pode ser analisada a partir de dois eixos: o primeiro privilegia a relação empresa/sociedade,

estudando o tipo de interação estabelecida com a dinâmica da sociedade; o segundo enfatiza o que a empresa faz de fato para assegurar a coesão e mobilização de seus funcionários.

É comum ver uma empresa se posicionando como social-mente responsável quando contribui, por exemplo, para o desenvolvimento de uma comunidade carente vizinha a sua planta. Embora não se despreze nenhum esforço empresarial nesse sentido, não parece coerente, tampouco sustentável, que essa empresa parceira da comunidade descumpra leis traba-lhistas ou ainda não considere em nenhum aspecto a qualida-de de vida de seus empregados no trabalho.

Sabe-se que os indivíduos passam a maior parte da vida no trabalho. Assim, não há como manter a produtividade de uma empresa sem pensar na qualidade de vida de seu traba-lhador. É fato que as empresas determi-nam e influenciam o modo de vida do homem, exercendo, portanto, importante influência em sua busca pela felicidade.

Como regra, pensar ou falar sobre feli-cidade no ambiente corporativo traz pre-conceitos e afasta o interesse daqueles que a estudam ou pretendem melhor entendê-la.

Contudo, empresas visionárias já começam a traçar um planejamento de responsabilidade social baseado na busca da felicidade de seus empregados, demonstrando que felicidade não é mais um tema utópico ou descabido. Essas empresas refletem sobre como apoiar a busca pela felicidade de seus funcionários, como ter conhecimento a respeito do impacto que causam na vida das pessoas e como podem possibilitar a busca de significado de vida no trabalho. Entendem que é possível empoderar seus trabalhadores, investindo tempo e estratégia com o objetivo de auxiliá-los não só no desenvolvi-mento profissional como no pessoal. O desenvolvimento real é integral e concomitante, ocorre na esfera pessoal e profissio-nal do empregado, e é esse desenvolvimento individual que será insumo para a produção crescente, para a qualidade do produto ou serviço de uma empresa e seu consequente desen-volvimento e aumento de resultados.

Quebrando tabus: responsabilidade social corporativa, felicidade e desenvolvimento econômico

Fabiane TuriscoSócia da MartinElli advocacia EMprESarial E

vicE-chairpErSon do coMitê dE rESponSabilidadE Social EMprESarial da aMchaM rio

Para dar suporte a esse enfoque algumas empresas estão aplicando a metodologia da Felicidade Interna Bruta (FIB) em seus negócios. O FIB é um indicador sistêmico desenvolvido no Butão, com o apoio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), que traz a fórmula para medir o progresso de uma comunidade ou nação. Este indicador e sua metodologia foram customizados para o ambiente empresarial pela Dra. Susan Andrews, embaixadora do FIB no Brasil, que desenvolveu experiências práticas em empresas brasileiras. O cálculo da “riqueza” em qualquer um desses contextos deve considerar outros aspectos além do desenvolvimento econô-mico, como a qualidade da vida das pessoas.

As informações geradas pelo processo FIB têm se revelado úteis para as empresas melhorarem suas relações e têm alcan-

çado menor rotatividade de mão de obra, alta satisfação por parte dos clientes e crescente produtividade e inovação.

Felicidade e desenvolvimento finan-ceiro são complementares e não só podem como devem coexistir.

Não se subestima a resistência aos novos tempos, temas e novas aborda-gens, notadamente em assuntos que lidam com questões subjetivas e abstra-

tas em cenários não habituados a esses contornos. A melhor forma de entender é vivenciando e aprendendo com os casos concretos de aplicação do FIB no contexto empresarial, com projetos inclusive em comunidades do Brasil e aplicados den-tro de algumas das maiores empresas do País.

Debates em torno do tema são cada vez mais frequentes no Brasil, como a Conferência Fib Rio 2012 – Um Novo Paradigma de Bem-Estar: Desenvolvimento Social e Ambiental (fibrio.org.br), realizado no dia 19 de junho, com a presença de palestrantes internacionais. Até o ilustre economista Paul Singer esteve presente para demonstrar que economia e feli-cidade podem caminhar juntas.

Vale a pena conferir.

“Felicidade e desenvolvimento

Financeiro são complementares

e não só podem como devem coexistir”

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brasil urgente

A nova lei reformula o Conselho Administrativo de Defesa Econômica e promete transformar a legislação nacional de defesa da concorrência

Patrícia Sampaio_professora da FGV Direito Rio e advogada de Chediak Advogados

“Com o advento da lei 12.529/11, as funções

investigativa e julgadora passam a ser

aCometidas ao Cade. a sde deixa de integrar o sbdC, e as atribuições

da seae fiCam restritas à advoCaCia da ConCorrênCia”

A proteção jurídica da livre con-corrência surgiu ainda no fim do século 19, tendo por marco

histórico a promulgação do Sherman Act, em 1890, nos Estados Unidos.

De lá para cá a relevância do tema só fez crescer. No Brasil, o Conselho Admi-nistrativo de Defesa Econômica (Cade) foi criado em 1962. Em 1988, a Consti-tuição Federal elevou a defesa da concor-rência a princípio fundador da Ordem Econômica e, no contexto da reforma do Estado e abertura da economia nacional, o Cade foi transformado em autarquia e teve suas competências ampliadas por meio da Lei 8.884/94.

Quase duas décadas mais tarde vem a ser aprovada a Lei 12.529/11, que entrou em vigor em maio deste ano, promoven-do profundas alterações na legislação nacional de defesa da concorrência.

Uma das principais modificações ocorre na organização institucional do Sistema Brasileiro de Defesa da Con-corrência (SBDC). Durante a vigência da Lei 8.884/94, o SBDC apresentava uma composição tripartite, que incluía a Secretaria de Acompanhamento Econô-mico do Ministério da Fazenda (Seae), a Secretaria de Direito Econômico do Ministério da Justiça (SDE) e o Cade. Em linhas gerais, a Seae e a SDE tinham competências instrutórias – a elas cabia instruir tanto os processos relacionados a atos de concentração (fusões e aquisi-ções) quanto os referentes a investiga-ções de condutas anticompetitivas – en-quanto ao Cade incumbia o julgamento dos casos.

Com o advento da Lei 12.529/11, as funções investigativa e julgadora passam a ser acometidas ao Cade. A SDE deixa de integrar o SBDC, e as atribuições da Seae ficam restritas à advocacia da con-corrência, isto é, a difundir a cultura concorrencial, especialmente no âmbito do próprio poder público. Assim, deverá se manifestar acerca de matérias concor-rencialmente relevantes em consultas e audiências públicas nos processos ad-ministrativos de elaboração de normas, opinar sobre pedidos de revisão tarifária, realizar estudos setoriais. Por outro lado, deixa de ter competência para instruir atos de concentração e processos rela-cionados a condutas anticompetitivas.

Essas funções serão consolidadas no Cade, cuja organização interna terá dois ór-gãos principais: a Superintendência-Geral e o Tribunal Administrativo de Defesa Eco-nômica. À Superintendência-Geral caberão os principais atos de instrução processual, tendo, ainda, relevantes poderes decisó-rios. Enquanto na vigência da Lei 8.884/94 todos os atos de concentração eram julga-dos pelo Plenário do Cade, pela nova lei o superintendente-geral poderá aprová-los monocraticamente. Da mesma forma, po-derá arquivar procedimentos preparatórios e inquéritos administrativos instaurados para apurar a existência de práticas anticompe-titivas, quando considerar inexistentes sufi-cientes indícios a justificar a abertura de um processo administrativo. No regime anterior, as decisões de arquivamento de averiguações preliminares pelo secretário de Direito Eco-nômico eram objeto de recurso de ofício ao

Cade, de modo que, uma vez instauradas, apenas uma decisão colegiada era capaz de encerrá-las definitivamente.

O tribunal, por sua vez, será o órgão má-ximo do Cade, de natureza colegiada e com-petente para decidir sobre atos de concentra-ção que tenham sido objeto de impugnação pelo superintendente-geral ou avocados por um de seus conselheiros, assim como sobre os processos administrativos relacionados às condutas anticompetitivas.

Outra alteração relevante trazida pela nova lei consiste em que, em conformida-de com as principais jurisdições mundiais, o Brasil passará a adotar a análise prévia das operações de concentração, isto é, a aprovação do Cade se torna condição le-gal de validade dos negócios que sejam de notificação obrigatória. A lei determina serem nulos os atos consumados antes da aprovação do Conselho.

sxc

novidades na defesa da concorrência

A Lei 12.529/11 traz ainda uma lis-ta de situações que caracterizarão atos de concentração e modifica os critérios que ensejam o dever de sua notificação ao Cade. A partir da sua entrada em vigor e sua regulamentação, deverão ser obrigatoriamente apresentadas as operações em que um dos grupos eco-nômicos tenha experimentado fatura-mento bruto anual ou volume de negó-cios total no País de pelo menos R$ 750 milhões e outro grupo envolvido tenha obtido pelo menos R$ 75 milhões em faturamento anual ou volume de negó-cios no País.

Espera-se que as mudanças acima mencionadas venham a colaborar para o fortalecimento institucional do Cade e para mais eficiência no exercício de suas funções neste ano em que a autar-quia completa 50 anos.

26_Edição 275_mai/jun 2012

ponto de vista

Desde que o Brasil foi incluído na sigla Bric, em 2001, existe grande expectativa de que o País poderá se situar

entre as quatro maiores economias do mundo até 2020. Contudo, a perspectiva de confirmação do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), de apenas 0,5%, no primeiro trimestre de 2012, provocou muitas incertezas. Será que as expectativas otimistas se concretizarão?

O País realizou progressos inserindo cerca de 40 milhões de pessoas na classe média e deverá continuar atraindo um grande fluxo de investimentos do exterior em razão da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos. Além disso, diversificou suas exportações para países emergentes e se beneficiou da demanda crescente de commodities, provenientes, principal-mente, da China.

O bom desempenho de exportações de commodities não foi, contudo, acompanhado pela indústria de transformação. A participação da indústria no PIB brasileiro caiu de 19,2%, em 2004, para 14,6%, em 2011. Esta perda provocou pressões de natureza protecionista e obsessão por obtenção de saldos positivos na balança comercial.

O Brasil forçou uma renegociação do acordo automotivo com o México, que durava mais de dez anos, alegando que havia um prejuízo de US$ 1,5 bilhão na balança comercial.

O governo brasileiro abriu, também, uma investigação para imposição de salvaguardas e pode, em breve, estabelecer uma cota de entrada ou aumentar os tributos de vinhos importados.Valerá a pena?

Em meados do século 17, a Inglaterra, que tinha um défi-cit comercial com a França, impôs tarifas para restringir a importação de vinhos. Apesar das restrições, a Inglaterra jamais conseguiu competir com o vinho francês, mas produz um ótimo uísque.

As recentes medidas protecionistas nos reportam ao retor-no da doutrina mercantilista que predominou do século 16 ao 18 na Europa. Ela consistia no fortalecimento do Estado, que intervia no mercado, restringindo importações, e concedia subsídios às exportações.

O novo mercantilismo tem surgido disfarçado pelo nome de “comércio exterior administrado”. Seus defensores argu-mentam sobre a necessidade de manutenção de uma forte manufatura doméstica à custa do resto da economia.

o paradoxo do protecionismo

Marcilio rodrigues MachadoDirEtor DE NEgócios iNtErNacioNais Da amcham

Espírito saNto, DirEtor Da FamEx comErcial importaDora E ExportaDora ltDa. E Doutor

Em aDmiNistração DE EmprEsas pEla Nova southEastErN uNivErsity

Existe certa atração em proteger as indústrias domésticas. Ao dificultar a entrada de competidores estrangeiros, os polí-ticos acreditam que podem salvar empregos e dar suporte às indústrias até que possam se fortalecer. Entretanto, os brasi-leiros já conhecem o paradoxo do protecionismo que, em vez de fortalecer, acaba debilitando a indústria. Isso aconteceu no Brasil com o setor de informática, que, apesar da reserva de mercado, não conseguiu criar ou desenvolver o crescimento de empresas competitivas do setor.

Muitos exportadores reclamam, com razão, que uma moeda forte é um problema. Eles argumentam que não podem aumentar os preços de seus produtos para compensar a des-valorização do dólar porque existe uma fraca demanda de produtos no exterior.

Entretanto, os mesmos exportadores que reclamam da apreciação do real também concordam que enquanto os seus competidores estão envolvidos em atividades de vendas, eles têm que se preocupar com logística, burocracia governamen-tal e, principalmente, infraestrutura.

Com uma carga tributária próxima de 36% do PIB, fica difícil entender o apoio dos trabalhadores brasileiros por aumento de tarifas de importação. Será que os trabalhadores entendem que tarifas são equivalentes a impostos sobre vendas de produtos?

Os consumidores devem ser forçados a apoiar os produto-res? Adam Smith apontou, em 1776, que não há nada mais absurdo do que a doutrina do saldo comercial, pois um país só enriquece se seus habitantes ficam ricos, e eles ficam ricos se aumentam sua produtividade.

O Japão foi altamente mercantilista nas décadas de 1980 e 1990. Naquela época existia uma obstinação do governo japo-nês em apenas vender. Em 2011, o Japão apresentou um défi-cit na balança comercial. Quando se trata de produtos de tec-nologia, como smartphones e tablets, as marcas japonesas são uma raridade.

As recentes medidas protecionistas podem prejudicar o futuro do País, uma vez que podem estimular retaliações dos parceiros comerciais e inibir investimentos em infraestrutura necessários para a sustentabilidade dos avanços conquistados. Apesar do ambiente favorável de negócios existentes, tais medidas podem implicar, como no caso japonês, em um retro-cesso na próxima década ou até mesmo antes.

CUIDAR DO MUNDO TAMBÉM É O

NOSSO NEGÓCIO.

A preocupação com a sustentabilidade faz parte do dia a dia de nossa empresa e está presente

em nossa estratégia de negócios. Além de trilharmos o caminho da sustentabilidade,

ajudamos nossos clientes a fazerem o mesmo, por meio de nossos serviços oferecidos.

E uma das comprovações de que nossas ações fazem a diferença é o

recebimento do prêmio de “Organização Sustentável do Ano”, concedido pelo IAB

(International Accounting Bulletin).

Somos a única organização de serviços profi ssionais do mundo a participar do programa de cadeia de suprimentos

do CDP (Carbon Disclosure Project). E, desde 2007, reduzimos em 29%

nossas emissões globais de carbono.

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Estruturado e disponibilizado pelos fabricantes, importa-dores e distribuidores de lubrificantes, o programa Jogue Limpo é liderado pelo Sindicato Nacional das Empresas

Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom). Conta com a participação do Sindicato Interestadual das Indús-trias Misturadoras e Envasilhadoras de Produtos Derivados de Petróleo (Simepetro) e de diversos sindicatos de revenda de lu-brificantes e com o apoio do Ministério de Meio Ambiente e das secretarias estaduais e municipais de Meio Ambiente.

O programa está plenamente implementado nos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catariana, Paraná e Rio de Janeiro e no município de São Paulo, expandindo-se, este ano, para todo o Estado de São Paulo, Minas Gerais e Distrito Federal, com a perspectiva de encerrar 2012 com cerca de 200 milhões de emba-lagens recicladas desde a sua inauguração.

Iniciado, em 2005, no Rio Grande do Sul, o programa se ante-cipou aos conceitos definidos pela Política Nacional de Resíduos Sólidos, com especial ênfase à responsabilidade compartilhada en-tre todos os elos da cadeia produtiva, e tem por principal caracte-rística os aspectos de segurança, saúde, meio ambiente e controles informatizados de todas as suas etapas.

Totalmente alinhada com a Política Na-cional de Resíduos Sólidos, a Logística Re-versa de Embalagens Plásticas Usadas de Lubrificantes está prevista como o primeiro Acordo Setorial a ser assinado dentro da Po-lítica Nacional, já tendo atendido a todos os trâmites definidos pelo Comitê Orientador de Logística Reversa, entrando em consulta pública em junho.

O programa em sua modelagem defini-da para as regiões Sul e Sudeste prevê que o consumidor devolva as embalagens usadas à cadeia de revenda varejista. Essas embalagens devem ser entre-gues às Centrais de Recebimento do fabricante ou comerciante atacadista ou, ainda, a uma frota de caminhões de recebimento itinerante que visita, periodicamente, postos de serviços e con-cessionárias automotivas.

As embalagens são transportadas em caminhões com siste-ma de proteção contra vazamento, monitoramento eletrônico georeferenciado da rota do veículo, programa de atendimento a emergências acidentais e sistema eletrônico de controle de rece-bimento, que atualiza on-line as informações no site do progra-ma (programajoguelimpo.com.br).

Essa frota de caminhões leva as embalagens para um processa-mento inicial em centrais de recebimento especializadas, em que elas são drenadas, segregadas e compactadas, ou picotadas, para ser, em seguida, encaminhadas às empresas recicladoras licencia-das. Estas ficam responsáveis perante os órgãos ambientais pela re-ciclagem e destinação final dos rejeitos e emissões desse processo.

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Logística reversa para embalagens de lubrificantesPrograma Jogue Limpo já reciclou 145 milhões de embalagens usadas de lubrificantes desde o seu lançamento, em 2005

Antônio Nobrega_gerente de meio ambiente e segurança do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom)

“a Logística reversa de embaLagens

PLásticas Usadas de LUbrificantes

está Prevista como o Primeiro acordo

setoriaL a ser assinado dentro da PoLítica

nacionaL”

Gestoras operacionais, por Estado, são contratadas pelo pro-grama como responsáveis pela administração das diversas cen-trais de recebimento, bem como pela gestão da frota de cami-nhões de recebimento itinerante.

O sistema informatizado de controle de recebimento, utili-zando tecnologia de GPS, GPRS e smartphones, oferece atualiza-ção on-line dos dados de coleta. Isso permite que cada município e Estado tenha acesso, via senha, às informações do que foi en-tregue por todos os comerciantes que fazem parte do programa, assim como seu encaminhamento para reciclagem, identificando aqueles que não estão atendendo às suas atribuições dentro da responsabilidade compartilhada.

Todo o programa é controlado por rígidos procedimentos devidamente manualizados e por um sistema de autoauditorias periódicas que asseguram sua integridade e eficácia.

As embalagens usadas, adequadamente recicladas, servem como matéria-prima para novos produtos plásticos. Assim, o programa cumpre seu principal objetivo: garantir a destinação adequada dos recipientes descartados.

Apesar das embalagens de lubrificantes corresponderem de 1% a 2% do total das embalagens plásticas movimentadas anualmente no País, os fabri-cantes consideram prioridade assegurar que esse programa complemente o de Logística Reversa do Óleo Lubrificante Usado e Con-taminado, implementado desde a década de 2000. A embalagem plástica é considerada um produto perigoso e, como o plástico, tem uma expectativa de degradação na natureza de cerca de 400 anos, podendo, ainda, quan-do não adequadamente destinada, contribuir para obstruções de cursos e redes de escoa-mento de águas.

Futuro ainda mais LimPoA expectativa para o ano de 2012 consiste no processo de

aprovação do Acordo Setorial, o qual estabelece, em detalhes, a expansão do Sistema de Logística Reversa de Embalagens Plásticas de Lubrificantes pelo restante do País. Seguindo o conceito de responsabilidade compartilhada, participarão do Acordo Setorial os principais agentes envolvidos no ciclo de vida das embalagens plásticas de óleo lubrificante, tais como: comerciantes atacadistas e varejistas, fabricantes, importadores e o poder público, representado pelas respectivas entidades em nível nacional.

Neste contexto, o consumidor também é um importante agente, portanto convidamos a sociedade a endossar a atuação do Jogue Limpo por meio de ações simples: devolver as embalagens vazias aos comerciantes e não descartar o produto restante nos francos na rede de esgoto ou mesmo no meio ambiente. Somente a partir de um esforço conjunto poderemos garantir um desen-volvimento ordenado e um ambiente mais saudável e limpo para esta e as próximas gerações.

divulgacão

as embalagens usadas podem ser entregues

pelo consumidor aos postos de combustíveis

cadastrados no programa

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ponto de vista

Qualquer pessoa (física ou jurídica) possui um patrimônio e, mesmo sem perceber, toma medidas para administrá-

lo e dele usufruir da melhor maneira possível. Um patrimônio pode ser formado por bens materiais ou

imateriais. Em qualquer das hipóteses é, por definição, algo que deve ser suscetível de apreciação econômica, o que leva à conclusão de que, para cumprir suas diversas funções, deve ter seu valor conhecido a cada momento e ser administrado de modo a ter esse valor maximizado.

No caso das empresas, a boa administração de seu portfó-lio de bens imateriais ou intangíveis é fator determinante e essencial para o aumento de lucratividade e competitividade. Cada ativo deve contribuir para agregar valor aos demais, fazendo com que o desempenho do portfólio seja sempre maior do que a simples soma dos desempenhos individuais.

Para que essa gestão estratégica seja possível, algumas eta-pas básicas devem ser seguidas no planejamento da empresa, tais como: a precisa determinação dos bens intangíveis deti-dos e de fato utilizados pela empresa, sua classificação e a determinação de seu desempenho (aqui entendido como con-tribuição para atingir os objetivos da empresa), o tratamento individualizado para cada categoria de bens, o monitoramen-to dinâmico do desempenho individual e de conjunto dos bens que compõe o portfólio, planos de extração de valor e de aquisição de novas tecnologias, e assim por diante.

O valor dessa gestão estratégica para o portfólio de intan-gíveis de uma empresa pode ser constatado pela análise do valor das maiores empresas do mundo divulgado por publi-cações especializadas como a Fortune, a Forbes e o jornal The Economist, em que estão no topo da lista as empresas que investem maciçamente na gestão inteligente de tecnologia, inovação e mecanismos de controle de qualidade. Exemplos mais usualmente citados incluem a Apple e a Nike, cujos fatu-ramentos decorrem quase que exclusivamente de suas tecno-logias e marcas, enquanto que seus disputados produtos são fabricados na China, em Taiwan e em outros países com mão de obra barata, sob um rígido controle de qualidade. Tais empresas se situam no topo da cadeia alimentar não apenas por desenvolver tecnologias avançadas e inovadoras, mas por administrar de forma otimizada o que produzem, segundo uma estratégia bem definida e reexaminada continuamente.

Quanto às empresas que não procedem dessa forma, embora grandes e rentáveis, serão sempre meras seguidoras das líderes, aproveitando-se das sobras do mercado.

patrimônio: administração, mercado e lucro

Raul HeySócio dE dannEmann SiEmSEn GEStão E avaliação

dE ativoS intElEctuaiS – dSGav

Com a globalização da economia hoje já um fato consu-mado, as noções de mercado como ensinadas no século 20 sofreram transformações profundas, no sentido de que come-çam a se confundir mercados antes tidos como estanques e com regras próprias. Por exemplo, há duas décadas, dificil-mente alguém ousaria discordar de que os mercados de óleo e gás, veículos automotivos, eletrônico e agrícola eram distin-tos e tinham, cada um, suas próprias e diferentes regras. Hoje, quem não consegue enxergar a permeabilidade e influência cruzada de cada um dos citados nos demais? Quem nunca viu ou pelo menos ouviu falar de carros híbridos (combustível fóssil + eletricidade) ou os chamados flex (combustível fóssil + vegetal), exemplos tornados possíveis graças a estritos con-troles eletrônicos e computacionais? O mesmo raciocínio se estende a qualquer área tecnológica.

As empresas que possuem um portfólio de bens intangíveis produzem produtos e/ou serviços de qualquer natureza e desejam fazer uso efetivo desse portfólio para participar do novo mercado global em condições de igualdade, ou seja, podendo competir e vencer além das fronteiras de seu país de origem, devem cumprir algumas etapas básicas que podem ser resumidas (muito resumidas, diga-se) como segue:

• Definir claramente seus objetivos no tempo: aonde queremos chegar daqui a cinco, dez, 15, 20 anos;

• Traçar uma estratégia para atingir esses objetivos, com base na exploração planejada e otimizada de seus bens intangíveis;

• Montar um projeto de gestão de seu portfólio de intangíveis de forma alinhada com a mencionada estratégia;

• Montar planos de aquisição de tecnologias e de extração de valor dos intangíveis;

• Monitorar continuamente o desempenho individual dos intangíveis e do portfólio como um todo e estabelecer mecanismos de realinhamento da estratégia, sempre tendo em vista os objetivos de curto, médio e longo prazo.

A execução consciente das etapas acima elencadas cria as condições ideais para o surgimento de elementos como ino-vação, criatividade, sustentabilidade e atratividade de mercado – o que faz com que cada novo produto da Apple crie filas intermináveis nas madrugadas anteriores ao seu lançamento EM TODO O MUNDO. Foi claro o exemplo?

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Há cinco anos, quando não havia sequer uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) no Rio de Janeiro, eram os Jogos Pan-Americanos que mexiam com a cidade.

Naquela época, o professor da Faculdade de Economia do IBMEC Luiz Ozorio calculou que o evento esportivo movimentaria R$ 5,7 bilhões. Hoje, com 22 UPPs instaladas – além da Rocinha, ocupada pela PM, do Complexo da Penha, pelo Exército, e do Santo Amaro, recém-tomado pela Força Nacional de Segurança –, são a Copa do Mundo e a Olimpíada que atraem grandes investimentos. Estudo da consultoria PricewaterhouseCoopers (PwC) feito para a agência Rio Negócios (da Prefeitura) prevê a geração de mais de 90 mil empregos e a aplicação de R$ 53,2 bilhões em áreas como infraestrutura, turismo, inovação, indústria criativa e serviços financeiros.

Se este valor representasse o Produto Interno Bruto (PIB) de uma cidade, ela seria a quarta maior do Brasil, superando o PIB de Curitiba (R$ 45,7 bilhões, de acordo com os dados mais recentes divulgados pelo IBGE, em 2009). A “cidade olímpica” perderia apenas para São Paulo (R$ 389,3 bilhões), Rio de Janeiro (R$ 175,7 bilhões) e Brasília (R$ 131,4 bilhões). Em 2007, o dinheiro movimentado pelo Pan pôde ser comparado com o PIB de Niterói, que, atualmente, é o 41º do ranking nacional.

Os múltiplos benefícios gerados pelos investimentos que a Cidade Maravilhosa vem recebendo nos últimos anos animam especialistas. Nessa conta entram não apenas a Olimpíada de 2016 e o Pan de 2007 como as melhorias em segurança pública desde a primeira UPP, inaugurada no dia 19 de dezembro de 2008, cujo programa tem sido mantido e ampliado até hoje; grandes eventos culturais como o Rock in Rio, seja na cidade de origem ou levando a marca carioca para Lisboa e Madri; a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), em 2012; a Jornada Mundial da Juventude, que reunirá jovens católicos de todo o mundo e o Papa, em 2013; e as copas das Confederações, em 2013, e do Mundo, em 2014, incluindo o jogo da finalíssima. Com a agenda lotada, a cidade anfitriã não pode deixar a casa desarrumada.

“A própria reforma que a cidade está sendo obrigada a efetuar para receber tantos eventos é um legado fundamental. O Rio está se reorganizando. Se você fosse fazer uma festa de casamento em casa, corrigiria antigos problemas, não daria para ficar adiando obras. Da mesma forma, o Rio tem compromissos com a Olimpíada, com data e hora marcadas”, explicou Luiz Ozorio. “Durante muitos anos, obras fundamentais vinham sendo postergadas. Entre elas, destaco os investimentos em transportes.”

A expansão do metrô em direção à Barra da Tijuca e, principalmente, as novas linhas expressas de ônibus, os BRTs (bus rapid transit, em inglês, ou “ligeirão”, em “carioquês”), além da organização dos ônibus convencionais nos chamados corredores preferenciais (BRSs ou bus rapid service) e projetos de bonde moderno (VLT, o veículo leve sobre trilhos), no Centro, são considerados, por muitos especialistas, os maiores legados para a cidade que os grandes eventos vão deixar. De acordo com a Prefeitura, hoje, 18% da população é usuária de transportes de alta capacidade, como trens, barcas e metrô. Em 2015, após US$ 8 bilhões em investimentos, a porcentagem será de 63%, considerando também o total transportado pelos BRTs.

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Rio

em jogo: medalhas, negócios e o legado olímpico

Por Cláudio Rodrigues, do Rio de Janeiro

O prefeito Eduardo Paes, o ex-presidente Lula e o governador Sérgio Cabral inauguraram, em 6 de junho, a Transoeste, o primeiro corredor exclusivo para BRT (bus rapid transit) do Rio, e abriram ao tráfego o Túnel da Grota Funda

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“O legado para o Rio é amplo, pode ser verificado de diversas formas e já há benefícios acontecendo. Grandes inves-timentos internacionais e a atenção do mundo já estão voltados para o Rio, que é uma das cidades com maior taxa de crescimento e menor de desemprego”, salientou Osório. “Os impactos não podem ser medidos apenas pelo aspecto econômico. Há melhorias urbanísticas, como na Zona Portuária; a revolução dos transportes, o BRT; o legado ambiental, com a recuperação das lagoas de Jacarepaguá e o fechamento do aterro sanitário de Gramacho; e o social, com o programa Morar Carioca. Mas, talvez, o grande legado seja o intangível. O aumento da autoestima do carioca e a construção de um ambiente espetacular de negócios.”

“As transformações no Rio por conta dos eventos esportivos já estão acontecendo. A universalização do ensino da língua inglesa, que agora é obrigatória em todas as escolas municipais, é um exemplo disso. Sem dúvida, infraestrutura será nossa maior herança. Teremos 140 quilômetros de novas vias para os BRTs, e os transportes públicos de alta capacidade passarão a ser usados por 63% dos cariocas – atualmente, essa taxa não passa de 18%. Os projetos de revitalização urbana, que têm no Porto Maravilha seu maior símbolo, também não podem ser esquecidos. E nesse grupo também entram os programas de reurbanização das comunidades”, disse o diretor-executivo da Rio Negócios, Marcelo Haddad.

Ficar perdendo tempo em engarrafamentos diários custa muito caro para qualquer cidade. Influencia até mesmo no preço dos imóveis, de acordo com Luiz Ozorio. “Coloque-se no centro do Rio e faça uma linha imaginária de 30 quilômetros para cada lado, para cima e para baixo. Assim, você cria um quadrado de 60 quilômetros de lado e 3.600 km2 de área. Quem está aí, gasta pelo menos uma hora para chegar ao trabalho, em estimativa conservadora”, calculou o economista, que fez a mesma comparação com outras cidades. “Onde há mais mobilidade, em cidades como Nova York, dá para percorrer 80 quilômetros em uma hora. O quadrado ficaria com área de 25.600 km2 e seria cerca de sete vezes maior do que o do Rio. Isso se reflete no preço dos imóveis e no custo de vida.”

Um transporte eficiente também diminui a emissão de gases do efeito estufa – e atrai novos negócios. Nesse campo, o Rio de Janeiro quer se estabelecer como um dos principais locais de negociações de assuntos relacionados à sustentabilidade. Além das florestas preservadas no coração do Rio, a cidade investe em plantio de milhares de árvores, construção de ciclovias e promove eventos como o Rio Clima, fórum paralelo à Rio+20 que pretende ser um espaço permanente de discussão das mudanças climáticas.

Mais que a economia verde, o estudo da PwC mapeou 22 setores que podem fazer com que 146 empresas internacionais sejam atraídas para o Rio. Por exemplo, a rede hoteleira se movimenta com força. Grandes bandeiras, como Windsor, Accor, BHG, Hyatt e Atlantica, têm projetos em andamento. O apelo turístico da cidade, impulsionado pelos grandes eventos, associados à capacidade ociosa do Aeroporto Internacional Tom Jobim, também é usado como argumento para tentar trazer centros de operações de novas companhias, principalmente as asiáticas. Há muito tempo o Rio de Janeiro planeja recuperar um papel mais expressivo no setor aéreo.

Depois de destacar os benefícios que a cidade terá em diversas áreas por causa da Olimpíada, Carlos Roberto Osório, que trabalhou na candidatura da cidade aos Jogos Olímpicos quando atuava no Comitê Olímpico Brasileiro e hoje é secretário municipal de Conservação, aponta o que considera ser o maior trunfo para o Rio.

“Talvez, o grande legado seja o inTangível. o aumenTo da auToesTima do carioca e a consTrução de um ambienTe

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O aterro sanitário de Gramacho, fechado em junho, será recuperado e dará lugar a uma usina de biogás

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“o rio é um bom lugar para invesTir, porque demonsTra enorme capacidade de gerenciar

suas conTas, aumenTar cusTeio e, ainda assim, permanecer equilibrado”, segundo avaliações

da sTandard & poor’s e da moody’s and FiTch

Revoluções urbanas são historicamente propiciadas por fatores que conduzem as cidades a novos patamares de desenvolvi-

mento. Dependem de capacidade de investimento, alianças dos três níveis governamentais, políticas públicas consolidadas, atra-ção de empresas e profissionais de ponta, tecnologia e inovação. Em nossa história, houve casos em que surgiram, isoladamente, alguns desses elementos, mas em pouquíssimas oportunidades em 447 anos, desde a fundação da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, o carioca assistiu a tal momento favorável. Some-se ainda um agente catalisador tão poderoso quanto inédito: a Olim-píada de 2016.

Os Jogos Olímpicos são, nesse sentido, um potente motor com capacidade de tirar a cidade da letargia e da estagnação de décadas. Se o mundo já estava de olhos no Rio há tempos, a conquista da Olimpíada foi o impulso para que a cidade finalmente conquistasse o merecido protagonismo. Cabe ao poder público aproveitar essa oportunidade única para construir um legado para cariocas e bra-sileiros, criando ainda um ambiente de negócios seguro e confiável para o investidor. O mercado tem percebido mudanças que já fa-zem parte do cotidiano da população. Em maio, a cidade recebeu o terceiro investment grade, ou grau de investimento. Para a Standard & Poor’s e a Moody’s and Fitch, o Rio é um bom lugar para investir, porque demonstra enorme capacidade de gerenciar suas contas, au-mentar custeio e, ainda assim, permanecer equilibrado.

Os fundamentos da economia carioca são sólidos. Sozinha, a cidade representa metade do PIB do Estado (US$ 60 bilhões) e recebe um a cada quatro dólares de investimento externo direto no País. O Rio tem a menor taxa de desemprego e a mais elevada taxa de investimento do Brasil. O município espera receber nos próximos anos R$ 614 bilhões, um salto de 59% sobre o período de 2006 a 2009. A iniciativa privada tem papel essencial na engre-nagem desse motor. Por isso, criamos um escritório especializado em atrair investimentos para o Rio. A agência Rio Negócios atua basicamente em seis grandes temas: energia; polos tecnológicos e inovação; indústria criativa; indústria hoteleira; eventos esporti-vos; infraestrutura e transportes.

A parceria da iniciativa privada com o poder público na cidade do Rio de Janeiro tem no projeto Porto Maravilha, de revitalização da Zona Portuária, seu maior exemplo. O modelo adotado pela Prefeitura do Rio para o porto é inovador, no que se tornou a maior Parceria Público-Privada do Brasil. A primeira

etapa é financiada com dinheiro público – R$ 350 milhões –, mas a segunda fase das obras e sua conservação durante 15 anos será totalmente custeada pela venda de Certificados de Potencial Adicional de Construção (Cepacs) e terrenos públicos, em operação orçada em R$ 8 bilhões, sem ônus para os cofres municipais.

rio olímpico: rio do futuroA Zona Portuária não é só central, é

essencial. Com as melhorias na infraestru-tura, resgatamos a história do local, com a revitalização do Morro da Conceição, da Praça Mauá, do bairro da Saúde e da Igreja de São Francisco da Prainha. Reforça ainda o potencial cultural e turístico do porto a construção do Museu do Amanhã – pro-jetado pelo arquiteto espanhol Santiago Calatrava –, ícone da revitalização de uma região relegada a um passado de abandono. Com as obras de infraestrutura e os incen-tivos fiscais que oferecemos, os investido-res detectaram a oportunidade única. As principais intervenções, como a derrubada do Elevado da Perimetral e a construção de novas vias, estarão concluídas até a Olim-píada, em 2016. Nossa previsão é de que a população residente na região aumente de 22 mil para 100 mil pessoas.

A principal preocupação da Prefeitura do Rio é com o legado que os Jogos Olímpicos – e os demais grandes eventos internacionais que a cidade receberá até 2016, como a Jornada da Juventude de 2013 e a Copa do Mundo de 2014 – deixarão para aqueles que vivem e trabalham na Cidade Maravilhosa. Intervenções que vão ampliar de forma sensível e sustentável a mobilidade do carioca, como os corredores BRT (bus rapid transit), estão entre as prioridades. Acabamos de inaugurar, em junho, a Transoeste, entre Barra da Tijuca e Santa Cruz, passando por Campo Grande. As intervenções do segundo lote da Transcarioca – ligação da Barra ao Aeroporto do Galeão – começaram pela construção da ponte estaiada sobre a Baía de Guanabara para ligar o Fundão à Ilha do Governador e ficarão prontas no fim de 2013. A Transolímpica, da Barra a Deodoro, está em processo de licitação, e a Transbrasil (Deodoro ao Aeroporto Santos Dumont) teve a liberação de recursos pelo Governo Federal aprovada recentemente. Estamos diante de uma conjunção de fatores inédita na história e temos certeza de que o impulso que estamos dando nos permitirá dar um salto gigante em direção ao futuro.

Eduardo PaEs_prefeito do Rio de Janeiro

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especial

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“o rio em poucos anos poderá ser o desTino número 1 da

américa laTina e um dos melhores do mundo para

realizar evenTos”

A época de ouro que o Rio de Janeiro está vivenciando com investimentos, crescimento das indústrias, criação de empregos

e revitalização da cidade é um acontecimento que devemos valorizar, além de considerar os vários efeitos que isso terá nas futuras gerações. A conferência internacional Rio+20, de junho de 2012, a visita do Papa, em julho de 2013, a Copa das Confederações, em 2013, a Copa do Mundo, em 2014, e a Olimpíada e a Paraolimpíada, em 2016, representam oportunidades únicas para consolidar a imagem do Rio de Janeiro como importante destino mundial e sede de grandes eventos e para a cidade se posicionar com excelência em termos de serviço e atenção aos visitantes.

Até a Olimpíada de 2016 as mudanças da cidade podem ser divididas entre tangíveis (novas estradas, hotéis, meios de trans-portes, logística de comunicações e novos produtos turísticos) e intangíveis. Os efeitos intangíveis, mas não menos importantes, se-rão gerados pela grande e poderosa mídia, com a cobertura global dos grandes eventos. A cidade tem a enorme oportunidade de ser apresentada ao mundo, desenvolvendo imagem própria e identi-dade única, que permita atrair novos consumidores e clientes de vários mercados. O grande desafio é que o crescimento não se en-cerre nos Jogos Olímpicos, mas que depois desses grandes eventos continue uma constante fonte de ingresso para todos os âmbitos da economia local.

A organização de grandes eventos tem sido uma tendência de cidades que queiram fazer promoção e marketing em grande es-cala internacional. Mas os investimentos necessários e o altíssimo nível de obras envolvidas devem ser planejados de maneira muito cuidadosa para não deixar de herança “elefantes brancos” que de-pois não possam ser mais utilizados e acabem gerando um custo muito alto nos anos seguintes.

Desenvolvimento da hotelaria sustentávelDe acordo com estimativa da Associação Brasileira da Indústria

de Hotéis (Abih), a oferta de apartamentos de hotel deverá subir até 2016 das atuais 28,2 mil unidades para 48 mil. Como fazer com que este aumento de hotéis esteja baseado em atitudes ambiental-mente corretas, socialmente justas e economicamente viáveis?

De acordo com a Organização Mundial do Turismo, o desen-volvimento do turismo sustentável significa: a gestão de todos os recursos de forma que as necessidades econômicas, sociais e es-téticas possam ser satisfeitas, mantendo-se, ao mesmo tempo, a integridade cultural, os processos ecológicos essenciais, a diversi-dade biológica e os sistemas de apoio à vida. Para que o desen-volvimento sustentável seja alcançado, a sociedade deverá estar intrinsecamente compatível com o ambiente. Os novos hotéis a ser construídos devem levar em consideração a qualidade do local em que serão inseridos, e deverá ser colocada ênfase no melhor apro-veitamento de recursos, a utilização de técnicas de reciclagem e diminuição de desperdícios.

Transformação estrutural do rio de janeiro em vista dos grandes jogos na cidade

dolorEs PiñEiro_diretora de vendas do Sheraton Rio Hotel & Resort e vice-chairperson do Comitê de Entretenimento, Cultura e Turismo da Amcham Rio

Como exemplo podemos mencionar o compromisso que a Starwood Hotels anunciou em 2010, que tem o objetivo de reduzir o consumo de energia de seus hotéis no mundo todo em 30% e o consumo de água em até 20%, ambos até 2020. “Não vemos esses objetivos como uma obrigação, mas como uma oportunidade”, dis-se Frits van Paasschen, presidente e CEO da Starwood. “Esses obje-tivos não são números, mas uma mostra da nossa paixão para criar uma mudança positiva nas nossas comunidades e no mundo.”

O sucesso das empresas hoteleiras sustentáveis deveria estar associado à melhora do meio ambiente em que estão inseridas, proporcionando oportunidades de conservação e de reaproveita-mento dos recursos limitados, minimizando os desperdícios, sen-do conscientes da fragilidade da natureza e da enorme responsabi-lidade de preservar o planeta.

Criação de empregos e qualificação profissionalA qualificação profissional deve ser uma constante na hote-

laria em expansão. A busca permanente pela excelência em to-dos os serviços e contínua melhora no atendimento dos clientes é base fundamental para conseguir atingir as metas de rentabi-lidade e satisfação dos clientes. Acredito que esse é o principal desafio a ser solucionado para contar com uma excelente estrutura, podendo receber turistas e clientes do mundo inteiro nos anos futuros.

A existência de programas regulares de qualificação profissional no Rio de Janeiro é o primeiro passo nessa direção, que deve ser complementado com ações constantes de aperfeiçoamento e requalificação dos profissionais já formados e daqueles que ainda não passaram por qualquer capacitação. Um dos focos principais será a formação de profissionais bilíngues e prontos para atender clientes internacio-nais. Com o crescente aumento no número de visitantes da China, Índia, Rússia e do Oriente Médio, o aprendizado do inglês é um desafio para poder oferecer um ótimo atendimento. Os clientes do exterior servirão como multiplicadores para divulgar a cidade e realizar uma excelente promoção do destino, baseados em expe-riência pessoal.

Competitividade do mercado hoteleiroA vinda de novos players ao mercado local com novas marcas

de hotéis e produtos de luxo até 2014 (por exemplo, o Hyatt na Barra da Tijuca e o novo Hotel Glória, do empresário Eike Batista) sem dúvida permitirá diversificar a oferta e gerar mais competiti-vidade no setor, aumentando a qualidade dos serviços oferecidos e gerando mais atrativos para sediar congressos, eventos corporati-vos e convenções. Gostaria também de destacar o crescimento em mais de 30% do mercado doméstico, corporativo e individual no último ano, posicionando o Rio de Janeiro como uma excelente al-ternativa para convenções, incentivos e reuniões de negócios, além de ser um ótimo destino de lazer.

A variedade e o aumento de ofertas permitirão absorver uma demanda crescente de todos os segmentos nacionais e internacio-nais, equilibrando as tarifas hoteleiras e mantendo os preços com-petitivos em comparação com outros destinos concorrentes.

Transformação urbana e posicionamento internacional As melhoras na estrutura da cidade, com novas estradas, meios

de transportes e comunicações, é uma constante em todos os lo-cais que sediaram Jogos Olímpicos no passado. Barcelona é um exemplo de incrível transformação antes da Olimpíada de 1992. A imagem da cidade mudou totalmente, de uma cidade industrial a uma cidade moderna e com tendências únicas de moda, estilo e vanguarda. Famosos arquitetos foram convidados a participar do desenho dos prédios e das novas obras que marcaram o renascer da cidade. Barcelona fez um desenvolvimento estratégico para po-der contar com excelente estrutura para ser utilizada depois dos Jogos Olímpicos. Foram redesenhadas as estradas e os meios de transportes, criados novos bairros residenciais e comerciais, novos hotéis e locais esportivos, melhoradas as formas de telecomunica-ções, além de haver um maior cuidado com o meio ambiente, um dos pontos principais do projeto.

O grande sucesso de Barcelona depois dos jogos a consolidou como um grande centro para realizar eventos internacionais – hoje a cidade ocupa o terceiro lugar no mundo, de acordo com o ranking atual da International Congress and Convention Association (Icca), referente ao ano de 2011. Nesta lista, o Rio de Janeiro passou a ser

novamente o primeiro destino brasileiro, com 69 eventos internacionais realizados no ano passado, à frente de São Paulo, com 60 eventos. Na América Latina, o Rio ficou atrás apenas de Buenos Aires, que lidera o ranking com 94 eventos internacionais rea-lizados em 2011. Na classificação internacio-nal, a cidade ganhou quatro posições, pas-sando da 31ª para a 27ª colocação.

Seria muito ambicioso pensar que o Rio em poucos anos po-derá ser o destino número 1 da América Latina e um dos melhores do mundo para realizar eventos?

O desenvolvimento hoteleiro, a melhora de espaços para eventos, infraestrutura e comunicações contribuirão para que o Rio continue ganhando posições nesse ranking, consolidando-se como líder na América Latina. Mas, para ter sucesso, é necessário um planejamento adequado, feito pelos órgãos públicos e privados, com a colaboração das áreas de turismo locais, todos trabalhando juntos para um objetivo comum.

Como conclusão, acredito que o que foi realizado em outras cidades do mundo deve ser uma fonte de aprendizado e inspira-ção para tomar excelentes decisões para o futuro do Rio de Janei-ro. Todos nós que trabalhamos e amamos o Rio devemos estar conscientes do importante momento que estamos vivenciando. Temos muita sorte de poder compartilhar essa etapa de transfor-mações positivas. Mas devemos ser cidadãos responsáveis, cui-dadosos dos recursos limitados da natureza, levando em conta a fragilidade do ecossistema em que moramos e a necessidade de preservar a cidade para que sempre o Rio seja sempre a Cidade Maravilhosa, próspera e forte.

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Os profissionais, organizadores e amantes do esporte estão com os olhos voltados para o Brasil. Em um intervalo de dois

anos, o País receberá os maiores eventos esportivos do mundo, a Copa do Mundo de Futebol, em 2014, e os Jogos Olímpicos, em 2016, realizados no Rio de Janeiro. Além disso, a cidade será uma das sedes da Copa das Confederações, já em 2013, o que servirá como um termômetro para o que ainda deve ser feito.

Principal destino turístico do Brasil e sinônimo de belezas na-turais, o Rio de Janeiro tem uma ótima oportunidade de mostrar uma nova face e intensificar seu brilho para o mundo todo. O ano de 2011 foi o melhor da história para o turismo brasileiro. O País recebeu mais de 5,4 milhões de turistas estrangeiros, número re-corde, e a entrada de cerca de US$ 6,7 bilhões por meio dessa ativi-dade. O valor supera a meta traçada, que era de US$ 6,4 bilhões.

São inúmeros os desafios de organizar eventos de tamanha pro-porção, chamados de megaeventos, e eles se tornam maiores em pa-íses como o Brasil, que, apesar de estar em pleno e acelerado cresci-mento e desenvolvimento, ainda não é uma nação rica e totalmente estruturada. Apenas para ter uma ideia, grande parte da infraestru-tura em transporte público, hospedagem, segurança e telecomunica-ções deve ser reformulada ou, simplesmente, construída do zero.

Tudo isso faz parte de exigências da Fifa e do Comitê Olímpico Internacional (COI). Com a evolução dos esportes, sua exibição em todo o mundo e o impacto econômico que eles produzem, as exigências impostas por essas entidades vêm aumentando cada vez mais.

Para ilustrar o vulto que têm tomado esses eventos, na Copa do Mundo de 2010, na África do Sul, foi registrado 1 milhão de acessos por minuto ao site da Fifa; 3,5 milhões de pessoas compareceram às Fifa Fans Fests internacionais; 2,6 milhões estiveram presentes nas Fifa Fan Fests sul-africanas; 3,6 milhões foram aos estádios; e 245 emissoras de TV de todo o mundo cobriram o evento.

O Rio de Janeiro precisa estar preparado para as particularida-des de cada evento. Enquanto a Copa do Mundo dura seis semanas e envolve 32 países, com as torcidas e os jogos distribuídos pelas 12 cidades-sede, a Olimpíada concentra um número muito maior de países e torcedores em uma única cidade, diariamente, por um

período de cerca de dois meses, conside-rando-se a realização dos Jogos Paraolím-picos. Isso sem contar a grande variedade de modalidades esportivas e a infraestrutu-ra específica necessária para atender a cada uma delas.

segredos para o sucesso das melhorias infraestruturais exigidas para os megaeventos no rio

Esses eventos podem deixar um impor-tante legado para a melhoria de diversas instâncias. A criação de uma governança co-ordenada pode ser essencial nesse item, pois existem diversas instâncias governamentais, departamentais, privadas e agências envol-vidas, assim como outras várias instituições, como o Corpo de Bombeiros, a Defesa Civil, as polícias Militar, Civil, Federal e Rodovi-ária etc.

Especificamente para os megaeventos, as exigências são tão diversas que vão desde a implantação e operacionalização de centros de controle e monitoramento até o alinha-mento de condutas por parte dos agentes de segurança, além de planos de ação para emergências. Sem contar, ainda, com a utili-zação de equipamentos e softwares de segu-rança e gestão dedicados.

Outro ponto que exige atenção é o da mobilidade urbana, que é um grave proble-ma no Brasil, e em especial no Rio de Janei-ro, até por suas características geográficas. Isso é refletido no dado de que 30% dos in-vestimentos para a Copa estão voltados para esse segmento.

A cidade do Rio de Janeiro possui atual-mente 6,3 milhões de habitantes, concentra-dos em 1.182 km2, o que equivale a uma den-sidade populacional de 5.300 habitantes por km2. Analisando a infraestrutura do trans-porte público carioca, percebemos uma alta taxa de veículos particulares por habitante, elevada concentração no transporte público rodoviário e baixa cobertura de metrô, o que deve redundar em congestionamentos signi-ficativos e graves problemas quando a cidade se tornar a Capital Mundial dos Esportes.

A previsão é que a cidade aplique, entre recursos da União e financiamento da Caixa Econômica Federal, cerca de R$ 3 bilhões em projetos de mobilidade urbana. Com previsão de término para dezembro de 2013, a maior obra é o sistema de BRT (bus rapid transit), batizado de Transcarioca. Com 39 quilômetros de extensão, o projeto terá 45 estações, três terminais, três mergulhões, dez viadutos e nove pontes. A estimativa é transportar 400 mil pessoas por dia no per-curso entre a Barra da Tijuca e o Aeropor-to Internacional Tom Jobim, reduzindo em até 60% o tempo gasto no trajeto. Com 18,3 metros de extensão e capacidade para 160 passageiros, o ônibus apelidado de “ligeirão” será o veículo utilizado na linha.

Outra solução que está levando obras de vulto às ruas da capital fluminense é a ampliação do metrô. As obras da linha 4 devem durar quatro anos, para ligar Ipa-nema, na Zona Sul, à Barra da Tijuca, na Zona Oeste. O novo trajeto deve beneficiar milhares de pessoas que se deslocam dia-riamente entre as duas regiões, separadas por inúmeros acidentes geográficos que são característicos e que conferem parte da beleza à cidade do Rio.

O legado que deverá ser deixado pelos megaeventos poderá propiciar saltos qua-litativos em diversas áreas para a sociedade carioca. O intangível também deve ser con-siderado, já que a imagem que o País passa será importantíssima para a continuidade dos investimentos estrangeiros e o cres-cimento do turismo. Para exemplificar: a África do Sul era considerada, em 2000, pela revista britânica The Economist um hopeless continent (continente sem esperança). Após a Copa, o discurso pregava um hopeful con-tinent (continente com esperança).

O sucesso de conquistar uma infraes-trutura adequada dependerá da capacidade dos gestores públicos e privados em geren-ciar e articular projetos e planos de atuação, transformação e implantação de estruturas, sem ampliar descontroladamente os gastos previstos nem comprometer sua qualidade e a segurança envolvida. A capacidade admi-nistrativa dos realizadores será fundamental, portanto. Até 2016, o Rio de Janeiro vai res-pirar (e transpirar) esporte e muito trabalho, com certeza.

andré Coutinho_sócio-líder de Iarcs – Internal Audit Risk & Compliance Services da KPMG no Brasil

“o legado que deverá ser deixado pelos megaevenTos

poderá propiciar salTos qualiTaTivos em diversas áreas para a sociedade

carioca”

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A Copa do Mundo da Fifa e os Jogos Olímpicos são os princi-pais eventos do mundo. Nenhum outro evento é tão eficaz

em captar corações e mentes de tantas pessoas nas mais diversas partes do planeta. A Copa do Mundo da Fifa de 2010, por exem-plo, teve uma audiência acumulada de 5 bilhões de pessoas em mais de 200 países.

Com tantos potenciais consumidores conectados, não é difícil entender o apetite das grandes marcas de consumo de massa em se associar aos eventos. Essa associação oferece, no mínimo, um alto grau de visibilidade e um atestado de grandeza. No entanto, nem tudo são flores. O simples acesso ao selecionado time de patroci-nadores da Copa do Mundo da Fifa ou dos Jogos Olímpicos não é suficiente para garantir um retorno adequado do investimento.

A decisão sobre o patrocínioO primeiro passo é avaliar como o patrocínio irá alavancar a

estratégia da empresa, que deve direcionar a decisão do patrocí-nio, e não vice-versa. Decidir por patrocinar um evento porque o principal concorrente patrocina outro pode inflacionar o custo, comprometendo o retorno do investimento. Fechar um contrato para só depois pensar em como utilizá-lo tende a limitar a capa-cidade do patrocinador de alavancar o evento para gerar impacto no negócio.

Adicionalmente, é preciso fazer uma análise financeira robusta para garantir que a empresa tenha “pulmão” para suportar os in-vestimentos necessários. O custo da cota de patrocínio é, muitas vezes, pouco relevante em comparação com o que deve ser inves-tido na ativação desse patrocínio (por exemplo, compra de mídia). Além disso, o retorno do investimento não é imediato, e, portanto, o descasamento temporal entre os investimentos realizados antes e durante o evento e o retorno posterior requer um gerenciamento cuidadoso de fluxo de caixa e um forte pré-alinhamento com a li-derança da empresa e/ou acionistas.

Finalmente, é crítico entender com clareza o que está sendo adquirido na prática. Em alguns casos, a cota de patrocínio é ape-nas o “abre-alas” que dá acesso a adquirir, mediante investimento adicional, as propriedades que realmente interessam. Em outros casos, restrições impostas por contratos preexistentes com outros patrocinadores podem limitar a ativação efetiva do patrocínio. Portanto, entender quais direitos (e deveres) estão incluídos e, mais importante, quais não estão incluídos, é fundamental. Parece bá-sico, mas muitas vezes os executivos responsáveis pela tomada de decisão não têm tempo nem paciência para executar a diligência adequada. A consequência é frustração futura tanto para o patro-cinador como para o organizador do evento, pois ambos acabam gastando mais tempo discutindo divergências do que construindo iniciativas de criação de valor mútuo.

os maiores eventos do mundo chegam juntos ao brasil – oportunidades (e desafios) para patrocinadores

A ativação do patrocínioQuando, em 1928, a Coca-Cola decidiu

patrocinar os Jogos Olímpicos, a oportuni-dade de vender produtos durante o evento era o principal atrativo do patrocínio. Já em 1974, quando a empresa se tornou parceira oficial da Fifa, a possibilidade de associar a marca ao evento por meio das placas de campo e campanhas de marketing passou a ser vista como o principal ativo do contra-to. Atualmente, ambas as parcerias são tra-tadas como peças estratégicas fundamen-tais para acelerar o atingimento da visão de longo prazo do negócio como um todo.

O exemplo da Coca-Cola, parceira mais antiga do Comitê Olímpico Internacional (COI) e da Fifa, ilustra a evolução na uti-lização do patrocínio de grandes eventos: ao princípio, uma oportunidade comercial; posteriormente, uma plataforma de marke-ting; finalmente, uma alavanca de resulta-dos de negócio.

No entanto, para efetivamente gerar o impacto no negócio, é preciso muito mais do que uma assinatura de contrato. É ne-cessário um planejamento de longo prazo, investimentos que vão muito além da cota de patrocínio e pessoas dedicadas a fazer isso acontecer.

Em primeiro lugar, é fundamental de-finir as alavancas que se quer mover por meio da ativação do evento: os legados de negócio. Os Jogos Olímpicos e a Copa do Mundo da Fifa duram apenas 16 e 31 dias, respectivamente. Portanto, o que acontece antes e, principalmente, o que fica depois é mais importante do que o que é feito du-rante o evento em si.

Para a Coca-Cola Brasil, além do ob-jetivo de aumentar a conexão com con-sumidores, definimos como legados o desenvolvimento do movimento de reci-clagem, o estímulo à vida ativa e saudá-vel e o estabelecimento de parcerias com comunidades carentes. Nesse contexto, um exemplo de iniciativa é a criação da Copa Coca-Cola, campeonato de futebol para meninos e meninas de 13 a 15 anos que ocorre nas comunidades e que tem como objetivo estimular a vida ativa com os participantes e suas famílias. A Copa Coca-Cola tem mais de 10 mil jogadores por ano em todo o País, e parte destes jo-gadores terá a oportunidade de participar da Copa do Mundo como gandulas.

MiChEl davidoviCh_diretor-geral da Coca-Cola para a Copa do Mundo da Fifa

Após definir os legados, deve-se ter uma clara estratégia de marketing para a ativação do evento. Nos seis meses antecedentes, a população será bombardeada por mensa-gens relativas ao evento, e as marcas que conseguirem oferecer experiências diferen-ciadas aos seus consumidores serão as que otimizarão o benefício. Um exemplo de ati-vação diferenciada nos Jogos Olímpicos de Londres é o programa Chamas do Futuro, no qual a Coca-Cola oferece a 8 mil jovens de toda a Grã-Bretanha que demonstrem causar um impacto positivo em suas comu-nidades a oportunidade de participar do re-vezamento da tocha olímpica.

Finalmente, é importante criar uma estrutura para viabili-zar a implementação das iniciativas relacionadas ao evento. Na Coca-Cola temos um time dedicado aos eventos que começou a ser montado em 2010 e chegará a 300 pessoas em 2014 e 600 em 2016. Esse time é multifuncional, tem um orçamento próprio e li-dera rotinas e processos específicos para garantir o engajamento de todas as áreas da companhia no projeto.

As oportunidades que os maiores eventos do mundo trarão para o Brasil são significativas, e os parceiros atuais e futuros desses even-tos têm a chance de usar o patrocínio como uma plataforma de alta aceleração de iniciativas estratégicas. Mas, para isso, precisarão ga-rantir o nível de investimento e planejamento necessários.

“o exemplo da coca-cola, parceira mais anTiga

do coi e da FiFa, ilusTra a evolução na uTilização do paTrocínio de grandes

evenTos: ao princípio, uma oporTunidade comercial;

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Arena Coca-Cola Copa do Mundo da FIFA 2010, São Paulo

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“a população de aTlanTa uTilizou os jogos para conquisTar o apoio da comunidade e do seTor

privado e, assim, promover o desenvolvimenTo econômico

da cidade, aprimorar a malha de inFraesTruTura e melhorar a qualidade de

vida de seus cidadãos”

“O sucesso dos Jogos Olímpicos de 1996 permanece registrado no co-

ração das pessoas que fizeram do evento uma realidade. As memórias de colabo-ração, boa vontade e amizade irão marcar nosso futuro e serão recordadas como o le-gado mais permanente da Olimpíada.” Com essas palavras, Ginger Watkins, uma das mais importantes autoridades do Comitê Olímpico de Atlanta e editora do relatório oficial dos Jogos Olímpicos do Centenário, também conhecidos informalmente como os Jogos de Atlanta, capturou o espírito e os sentimentos de milhares de pessoas que planejaram o evento e recepcionaram o mundo na cidade no verão de 1996. O em-baixador Andrew Young e o presidente do Comitê Olímpico de Atlanta, Billy Payne, relatam sentimentos semelhantes sempre que são entrevistados. Os Jogos Olímpicos permanecem registrados no coração dos habitantes da capital da Geórgia – sejam eles idosos ou jovens.

Pessoas de todo o Estado, provenien-tes das mais diversas esferas da sociedade e com orientações políticas variadas, pas-saram seis anos preparando a cidade para receber delegações de 197 países, 10 mil atletas e mais de 2 milhões de visitantes. No maior evento da história de Atlanta, os habitantes da cidade aproveitaram essa oportunidade única para promover sua história, sua hospitalidade sulista e seu am-biente empresarial. A população de Atlanta utilizou os jogos para conquistar o apoio da comunidade e do setor privado e, assim, promover o desenvolvimento econômico da cidade, aprimorar a malha de infraes-trutura e melhorar a qualidade de vida de seus cidadãos. Ao longo do período pre-paratório para a Olimpíada, e durante sua realização, Atlanta se mostrou uma cidade emergente no cenário internacional, com seus líderes empresariais e cívicos utilizan-do cada oportunidade oferecida pela mídia para promover a imagem do local. Essa mensagem coordenada foi essencial para atingir o objetivo de garantir que os Jogos Olímpicos tivessem sucesso e deixassem um sólido legado de investimento privado e desenvolvimento econômico.

os jogos olímpicos de 1996 mudaram atlantaOs organizadores dos jogos e as pessoas

que os apoiaram trabalharam por uma ex-tensa cobertura de mídia em nível nacional e global, com a Olimpíada desempenhando um papel de extremo valor para alavancar o branding da cidade.

Atlanta investiu tanto na construção de novos estádios esportivos, hotéis e restau-rantes quanto na melhoria de ruas, calçadas e cabos de fibra ótica. Esses investimentos renderam frutos, com o impacto econômico dos jogos excedendo US$ 5 bilhões. Todas as instituições importantes – tanto do setor público como do privado – desenvolveram e implementaram uma “estratégia olímpica” para preparar Atlanta para seu grande dia: a abertura dos jogos. Cada hotel foi renovado, e muitos novos hotéis e restaurantes constru-ídos. Cinco anos após a Olimpíada, o núme-ro de convenções sediadas pela cidade e de visitantes internacionais cresceu exponen-cialmente. Atlanta permanece sendo uma das principais cidades dos Estados Unidos na atração de turistas e convenções.

Os líderes empresariais de Atlanta, incluindo a Metro Atlanta Chamber of Commerce, implementaram um robusto programa de desenvolvimento empresarial internacional, e organizações setoriais am-pliaram seus programas para refletir a imagem de Atlanta como uma cidade internacional destinada a se tornar um importante ator econômico global. Empresas desenvolveram parcerias com instituições artísticas para patrocinar a Olimpíada Cultural de Atlanta por meio de investimentos nas instituições culturais locais e na divulgação das artes e dos artistas da região. Os eventos culturais, ocorridos durante os quatro anos que ante-cederam os jogos e durante nove semanas no verão de 1996, incluíram quatro festivais internacionais, produziram a primeira ex-posição de artistas mulheres na história da Olimpíada e culminaram com exposições, apresentações e atividades públicas assistidas por milhares de visitantes e pelos habitantes da cidade. A amplitude global desses eventos se reflete hoje em parcerias e programas culturais envolvendo a comunidade artística de Atlanta, como a colaboração do High Museum com o Museu do Louvre.

shirlEy Franklin_ex-prefeita de Atlanta e, à época da Olimpíada, vice-presidente sênior de relações externas da cidade que ajudou no desenvolvimento do Centennial Olympic Park

A Atlanta Housing Authority, agência responsável pelo desen-volvimento e pela administração de residências subsidiadas para fa-mílias de baixa renda da cidade, criou um amplo modelo para o es-tabelecimento de comunidades de renda mista. Esse projeto obteve grande sucesso na conquista de investimentos privados, encorajou a reforma de escolas e continua a promover bairros sustentáveis de economia integrada em áreas que, antes dos jogos, foram marcadas pela degradação. Esse modelo é hoje reconhecido em nível nacional como uma estratégia de sucesso para energizar e revitalizar comu-nidades de baixa renda. Para aqueles que têm interesse em temas de justiça social, esse modelo contribuiu significativamente para a refor-ma da política nacional de habitação pública dos Estados Unidos.

Os Jogos de Atlanta adotaram um programa rigoroso de inclusão no emprego e nos negócios, fundamentado nos princípios da justiça e de oportunidades econômicas iguais para todos os residentes. A ini-ciativa foi elaborada a partir dos modelos desenvolvidos com suces-so pela cidade nas áreas de programas para minorias e empresas de mulheres. Os resultados foram nada menos que espetaculares: mais de 30% dos funcionários do Comitê Organizador eram minorias e mais de 50% de mulheres estavam representadas nos níveis mais elevados da organização. Mais de 350 trabalhadores provenientes de bairros economicamente desfavorecidos conseguiram treinamento e empregos na construção das instalações olímpicas. Centenas de estudantes universitários receberam treinamento e, durante os jo-gos, atuaram como estagiários na indústria de rádio e TV. Na área da construção civil, empresas de minorias e mulheres representaram 35% dos contratos relacionados a design e construção. Centenas de pequenas empresas, de minorias e mulheres, atuando em dezenas de áreas de especialização forneceram bens e serviços, gerando um re-torno maior que 30% para cada dólar gasto. Os Jogos de Atlanta ex-pandiram a experiência empresarial e as oportunidades de negócio para centenas de empresas de minorias e mulheres, proporcionaram treinamento e emprego para centenas de trabalhadores de baixa ren-da e geraram estágios em broadcasting para centenas de jovens.

Shirley Franklin discute o legado social dos Jogos Olímpicos de Atlanta em seminário no Rio de Janeiro, em outubro de 2011

Centennial Olympic Park, Geórgia, Atlanta

Milhares de jovens da Geórgia participaram de programas educativos como estudantes e voluntários. Todos os alunos do quinto ano aprenderam sobre a Olimpíada por intermédio de um currículo multidisciplinar especialmente desenvolvido para os jo-gos. Outros estudantes participaram de Olympic Youth Camps, da Banda Olímpica, do programa de liderança Dream Team e do Dia Olímpico nas Escolas. Os estudos regulares foram, dessa forma, conectados aos ideais olímpicos.

O legado físico dos Jogos de Atlanta foi abundante. O aspecto mais notável foi o Centennial Olympic Park, que substituiu uma área degradada no centro da cidade, repleta de construções dila-pidadas, por um parque comemorativo com 21 acres de extensão. Hoje, o Centennial Olympic Park recebe milhares de turistas e re-sidentes que o visitam com família e amigos em busca de recre-ação e também para assistir a shows. O parque estimulou o in-vestimento de milhões de dólares em novas residências e espaços comerciais no centro de Atlanta. O Estádio Olímpico foi adaptado para servir como sede para o Atlanta Braves, time profissional de beisebol da cidade. A adaptação da Vila Olímpica para dormitó-rios universitários dos quais a cidade tinha muita necessidade, a construção de novos estádios esportivos nos espaços de faculdades e universidades de Atlanta, os vários quilômetros de ruas e calça-das recuperadas, a instalação de fibras óticas no centro da cidade, dezenas de instalações de arte pública e o desenvolvimento de no-vos parques urbanos são alguns dos diversos legados permanentes da Olimpíada.

Nada na história de Atlanta nos últimos cem anos se compara à importância dos jogos para a cidade. Com os Jogos Olímpicos do Centenário, Atlanta se definiu como uma cidade vibrante, global e progressiva, pronta para o século 21.

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“invesTimenTos em Tecnologia são imprescin-díveis para adapTar a inFraesTruTura das

cidades em busca de susTenTabilidade, crescimenTo e progresso social”

Empresas e governos em todo o mundo têm trabalhado para criar tecnologias que ajudem a modernizar as infraestruturas e desen-

volver as cidades para que sejam capazes de se adaptar tanto a perío-dos de crescimento quanto de contração. Apesar da crise financeira internacional, cerca de 1 milhão de pessoas em todo o mundo mi-gram para as cidades a cada semana. Até 2050, 70% da população do planeta estará vivendo nas cidades e, no Brasil, esse número já terá chegado a 80%. A alta urbanização representa grandes oportunida-des econômicas, mas também desafios sociais e ambientais. Inves-timentos em tecnologia são imprescindíveis para adaptar a infraes-trutura das cidades em busca de mais sustentabilidade, crescimento e progresso social.

Foi o que ocorreu no Rio de Janeiro, considerado a primeira cidade inteligente do País. Além dos desafios normais de qualquer município em crescimento, a cidade apresenta necessidades ainda mais urgentes de se adaptar para receber os megaeventos dos próxi-mos anos, principalmente os jogos da Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016. Como parte de sua preparação, a cidade investiu em tecnologias inteligentes e infraestrutura capazes de transformar seus sistemas e melhorar a vida de seus cidadãos.

O exemplo mais emblemático disso foi a criação do Centro de Operações Rio. O projeto foi idealizado em 2010, quando a cidade sediou um fórum para discussão de inovações que ajudassem os centros urbanos do mundo a sustentar seu crescimento e se de-senvolver de forma inteligente. A partir daí foram iniciadas as con-versas para a criação do Centro de Operações, o maior centro do mundo, que integra informações de 30 órgãos de gestão da cidade para melhorar a capacidade de resposta da Prefeitura em relação a vários tipos de incidentes.

Além disso, o laboratório de pesquisa da IBM Brasil desenvol-veu, especialmente para a cidade, o Pmar, um sistema pioneiro de Previsão Meteorológica de Alta Resolução, elaborado de acordo com as necessidades e características topográficas do Rio, o qual é capaz de prever chuvas fortes com até 36 horas de antecedência. Sabendo de antemão as condições históricas e topográficas da cidade, a Pre-feitura pode estruturar e acionar as forças públicas para responder a eventos como enchentes e deslizamentos de forma mais rápida e efi-caz. Não se pode fazer com que uma encosta não deslize, mas é pos-sível salvar vidas e minimizar situações de risco para os cidadãos.

A implantação do centro tem inspirado outras metrópoles bra-sileiras a buscar soluções que aumentem a eficiência e a agilidade da administração urbana. Iniciativas como esta tangibilizam o compro-misso dos gestores públicos em investir em sistemas que contribuam não apenas para o funcionamento e a organização das cidades du-rante os megaeventos, mas, principalmente, que sejam um legado para os cidadãos. Esses projetos confirmam a grande oportunidade que as cidades brasileiras têm nas mãos para infligir enormes transformações em suas in-fraestruturas e, consequentemente, na quali-dade de vida da população.

a transformação das cidades em uma década de oportunidadesEssa necessidade de investimentos nos

centros urbanos ocorre em um momento de crescimento da economia brasileira, que tem impulsionado ações importantes em outras áreas cruciais para o desenvol-vimento de um país. Além das demandas criadas pela proximidade dos grandes eventos, o crescimento de setores-chave, como a indústria petrolífera, torna o in-vestimento em infraestrutura uma priori-dade. Áreas como transporte, telecomu-nicações, aeroportos, segurança pública, construção civil e energia devem receber aportes relevantes tanto do governo como da iniciativa privada. Dados da Associa-ção Brasileira da Infraestrutura e Indús-trias de Base (Abdib) mostram que o País precisa de, pelo menos, R$ 188,6 bilhões em investimentos por ano até 2015. Se-gundo a Abdib, a maior demanda vem do segmento de petróleo e gás, que seria de R$ 434 bilhões até 2015. Em seguida, está o setor de transporte de logística, com R$ 175,9 bilhões, seguido pelo segmento de energia, com R$ 145,3 bilhões.

O cenário econômico, político e social que o País vivencia hoje impele governos e empresas a tomar ações concretas de transformação de infraestruturas e sis-temas. O que precisamos garantir é que as decisões por investimentos levem em consideração as demandas imediatas e as projeções futuras, analisando aspec-tos como sustentabilidade e qualidade de vida. A herança que esta década de cres-cimento pode deixar para os cidadãos re-presentará um salto de desenvolvimento para o Brasil, desde que se aproveite essa oportunidade como um grande catalisa-dor de transformações em nossas cidades e infraestruturas.

PEdro alMEida_vice-presidente de vendas da IBM Brasil e 2º vice-presidente da Amcham Rio

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A presidente Dilma durante visita ao Centro de Operações Rio

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Para concorrer a sediar grandes eventos, como a Copa do Mun-do e os Jogos Olímpicos, a União, os Estados e municípios

assumiram, em cada caso, compromissos específicos por meio de respectivos documentos garantidores, firmados pelos titulares dos três níveis federativos.

O porto do Rio de Janeiro está incluído nos compromissos para a realização tanto da Copa do Mundo de 2014 quanto da Olimpí-ada de 2016. Em ambos os casos, o tema básico diz respeito ao item acomodações.

A importância do porto está sendo considerada não como ponto de entrada de passageiros e cargas para os eventos, mas pela possibilidade de contribuir para resolver a questão da insuficiência de quartos da rede hoteleira no Rio de Janeiro, em paralelo aos estímulos oficiais em curso para aumento dos investimentos pri-vados nesse setor. Como? Por intermédio da utilização de navios cruzeiros de passageiros que ficarão atracados durante a realização das competições. Para ser viável essa solução, foi necessária a deci-são de ampliar a área de atracação desses navios, com a construção de um novo píer.

Depois de muitas discussões quanto à melhor área para sua lo-calização, que menos interferisse na operação dos navios de carga e que menos exigisse em termos de dragagem, ficou acertada a cons-trução de um píer em formato de Y entre os armazéns 2 e 3, com uma perna de 350 metros e dois braços de 400 metros cada um. Com isso, poderão ser atracados seis navios, além da alternativa de mais um ao longo do cais. Toda essa área estará reservada à des-tinação hoteleira, continuando no restante do cais a presença dos demais navios cruzeiros em seus roteiros turísticos rotineiros. O término da construção do novo píer, ora em fase final de licitação, deverá ocorrer em março de 2014.

Em 2016, cerca de 10 mil quartos estarão disponíveis nesses sete hotéis flutuantes, para abrigar 24 mil hóspedes, incluindo, ba-sicamente, dirigentes, patrocinadores e equipes de apoio. Ainda está em avaliação a possibilidade de utilização por parte dos espec-tadores dos eventos.

Uma complexa adequação do porto será necessária para asse-gurar, ao longo do período dos eventos, abastecimento de água, tratamento de esgotos, fornecimento de alimentos e materiais de consumo a bordo, proteção de corpo de bombeiros, serviços de emergência hospitalar, telefonia, banda larga e caixas eletrônicos; e logística de transporte para a circulação dos passageiros no píer, com integração aos táxis, ônibus, BRTs, VLTs, metrô e trens. O item segurança exigirá especial atenção, assim como as questões tributárias da atividade hoteleira.

o porto do rio, da copa e da olimpíada

Vale lembrar que os navios, uma vez atracados, farão operações nacionais, uma vez que seus hóspedes terão chegado ao Brasil por outros modais. Serão hóspedes, e, não, passageiros. Para isso ocorrer, uma parte do porto deverá ser desalfandegada.

O Grupo de Trabalho coordenado pela Autoridade Pública Olímpica (APO), com a participação de representantes da Com-panhia Docas do Rio de Janeiro (CDRJ), da Prefeitura, do Governo do Estado e do Comitê Rio 2016, encaminha as soluções necessárias a todos esses pontos. Intrinca-das questões de interligação de estruturas de transportes de dentro com as de fora do por-to foram finalmente há pouco resolvidas.

A progressiva revitalização da área por-tuária contribuirá para proporcionar um melhor ambiente a essa operação hoteleira, a começar com a estação de passageiros e com os primeiros armazéns recuperados, onde vários eventos culturais e comerciais de porte já são realizados.

MárCio FortEs_presidente da Autoridade Pública Olímpica (APO) e ex-ministro das Cidades no governo Lula

O Museu do Amanhã, no velho píer; a nova Praça Mauá, com o Museu de Arte do Rio (MAR), ambos parcerias culturais com a Fundação Roberto Marinho; a refor-mulação de todo o esquema de circulação viária na região portuária e a construção de modernos edifícios comerciais, impul-sionados pelo mecanismo dos Certificados de Potencial Adicional de Construção (Ce-pacs), além de projetos habitacionais privados e governamentais, se inserem em um novo contexto urbanístico que se integra à bela paisagem da Baía de Guanabara.

Ainda na região portuária funcionarão, na Olimpíada, instala-ções de acomodações como as vilas dos árbitros e de mídia, além de centro de controle dos jogos e área para credenciamento e dis-tribuição de uniformes.

O Rio vem passando por mudanças e assim continuará, e não apenas no porto. Mas nem tudo se deve aos grandes eventos. Muitas mudanças são decorrentes de políticas públicas em curso ou programadas no âmbito do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), desde 2007, antes mesmo da escolha do Rio como sede olímpica, nas parcerias da União com o Estado ou o município do Rio de Janeiro. Mas os eventos podem contribuir para ações novas ou para antecipar a realização de outras.

O importante é lembrar que haverá legados de peso: para a imagem do País, o turismo, o estímulo às atividades esportivas, a modernização da infraestrutura, mais ações voltadas para a sus-tentabilidade e acessibilidade e melhoria da qualidade de vida. E para algo intangível: o orgulho de ser nacional do País que se afirma cada vez mais no cenário internacional ao demonstrar sua capacidade para realizar, com o maior êxito, eventos da magnitude de uma Copa do Mundo e de uma Olimpíada.

“a imporTância do porTo esTá sendo considerada pela

possibilidade de conTribuir para resolver a quesTão da insuFiciência de quarTos da

rede hoTeleira no rio”

No caso do porto do Rio, a efetivação de vigoroso programa de dragagem no âmbito do PAC impulsionou suas operações, que estão sendo revigoradas com as autorizações da Agência Nacional de Transportes Aqua-viários (Antaq) para ampliação de berços, por meio de substanciais investimentos do setor privado, que se consolida no modelo de gestão da estrutura portuária pública.

Mas não há como negar que, em decorrência da Copa e dos Jogos Olímpicos, ficarão como legados importantíssimos a radical melho-ria das condições de recepção aos passageiros que demandam o Rio via marítima e o aumento significativo da área de cais destinada aos modernos e cada vez maiores navios cruzeiros, com a construção do novo píer – novo e original píer, vizinho do antigo, que, em nova função não mais portuária, passará a sustentar estrutura arquitetô-nica futurista de um belo museu, abrigando importantes iniciativas culturais no âmbito do Porto Maravilha.

Em síntese, somam-se de maneira altamente positiva as ações dos dirigentes públicos e privados de nosso País com as deman-das da Fifa e do Comitê Olímpico Internacional (COI) no senti-do da realização de uma grande Copa do Mundo e dos melhores Jogos Olímpicos, ao mesmo tempo que se objetiva tornar o Rio uma cidade cada vez mais maravilhosa. Ganha o porto, ganha o Rio de Janeiro!

Imagem de como será o Museu do Amanhã, uma das obras que promete revitalizar a Zona Portuária do Rio

50_Edição 275_mai/jun 2012

especial

Edição 275_Brazilian Business_51

“desejamos os reFlexos ineviTáveis, como o aumenTo

de empregos, renda, produção, consumo e,

consequenTemenTe, de riqueza desTe país”

A Copa do Mundo da Fifa de 2014 será um grande catalisador de investimentos privados e de ações do setor público para

montar a infraestrutura necessária à sua organização. O megae-vento esportivo atrairá olhares de mais de 30 milhões de espec-tadores. De acordo com o relatório Brasil Sustentável – Impactos Socioeconômicos da Copa do Mundo 2014, produzido pela Ernst & Young Terco em parceria com a Fundação Getulio Vargas, a movimentação econômica gerada pelo evento será muito signifi-cativa. Considerando os investimentos diretos e os reflexos sobre a produção de bens e serviços, o impacto econômico será na ordem de R$ 142 bilhões. Estima-se que as despesas com visitantes movi-mentem pelo menos R$ 6 bilhões, ou seja, impacto direto provo-cado pelo fluxo de aproximadamente 600 mil vindos do exterior e três milhões internos, entre profissionais, fãs e turistas atraídos por um País que respira futebol, sua hospitalidade e belezas naturais.

Os setores de construção civil, hotelaria e turismo, alimentos e bebidas, energia, saneamento e serviços em geral serão os mais beneficiados. O impacto na renda da população será superior a R$ 63 bilhões, e a arrecadação tributária terá um crescimento de R$ 18 bilhões em função do aumento da produção. Por tudo isso, é fundamental que os empresários e empreendedores entendam bem as oportunidades para os negócios o mais rápido possível e se preparem para capturá-las visando o desenvolvimento empre-sarial que ultrapassa 2014 e nos colocará em posição de oferecer nosso know-how para outros países e eventos similares.

A pouco mais de dois anos até o grande evento, e a cerca de um ano da Copa das Confederações para que seis das 12 cidades-sede se apresentem, temos a chance de mostrar ao mundo a capacidade brasileira de realização, quem realmente somos e o que queremos ser nas próximas décadas. Vejo o período que se aproxima como a oportunidade para impor uma marcha de desenvolvimento cons-tante e consistente para as próximas décadas, bem diferente do mi-lagre passado, que empurrou o País para uma inflação corrosiva e estagnação nos setores estruturantes da economia.

Nossos desejos para a Copa e a Olimpíada no Brasil incluem passar do status de uma grande aposta para uma realidade de de-senvolvimento, com a atração de investimentos e a consolidação do País na economia global. Mais ainda, desejamos os reflexos ine-vitáveis, como o aumento de empregos, renda, produção, consumo e, consequentemente, de riqueza. Mas isso exige que o Brasil en-care grandes desafios em inovação, buscando a geração de novos negócios e de novas tecnologias. A oportunidade de desenvolvi-mento de negócios e da economia nacional é inegável. No entanto, tais investimentos trazem riscos e a necessidade de capital e mão de obra qualificada, além de mudanças nos modelos tecnológicos, de negócios e estruturas de gestão.

não temos tempo a perder: as transformações do brasil de 2020 já começaram!

Entre 2007 e 2009, estivemos envolvidos com a euforia dos anúncios como país-sede dos dois principais eventos esportivos mun-diais. Após as eleições e a Copa na África em 2010, em 2011 vencemos a etapa de planeja-mento dos projetos de infraestrutura. Vive-mos agora, em 2012, uma verdadeira corrida para fechar o ciclo de projetos complemen-tares à infraestrutura de suporte e serviços. Só então será possível partir para o ciclo decisivo – o de operação –, quando teremos dado o pontapé inicial para os maiores even-tos midiáticos do planeta, capazes de trans-formar o comportamento do cidadão, do empresariado e dos governantes brasileiros em prol de uma gestão eficiente.

A lista de compromissos para a realiza-ção da Copa e dos eventos associados em cada uma das 12 cidades-sede é extensa. Passa não apenas pelos estádios, como pe-los seus entornos, pela infraestrutura de tec-nologia da informação e telecomunicação, pelos centros de mídia (IMCs) e de trans-missão dos jogos (IBCs) e pelas instalações dos Fan Parks (grandes áreas de lazer para diversão pública e gratuita). E não acaba por aí: a infraestrutura local deve atender aos pa-drões para viabilizar o evento, com comple-xos hoteleiros para recepcionar as seleções e os torcedores e capacidade de transporte e mobilidade urbana. A estrutura se estende ainda às cidades que receberão as 32 sele-ções classificadas até um mês antes do even-to. Em menores proporções, os chamados Centros de Treinamento de Seleções exigem infraestrutura para receber visitantes, mídia e torcedores que acompanham suas sele-ções. Diante disso, não há muito tempo para que as empresas se adaptem aos impactos na economia brasileira estimados em R$ 142 bilhões, que já são percebidos pelos investi-mentos em infraestrutura desde 2010.

Para as empresas que já deveriam ter suas estratégias de negó-cio traçadas, o momento é de se lançar na realização de planos de negócios e na capacitação de profissionais. Se a opção escolhida for expansão para além das fronteiras e aproveitar a visibilida-de que esses eventos trarão, é preciso definir onde e como agir, pensar grande e endereçar essas questões com profissionalismo e visão empresarial.

Está em jogo o futuro das próximas gerações e lideranças deste País. A Copa já começou e não há mais tempo ou mo-tivos de espera. O setor privado entra de vez nesse jogo, trazendo sua capacidade de realização e compartilhando experiências e melhores práticas com o setor público. Só com essas duas forças juntas, alcançare-mos a inovação e a integração de um país continental. Direcionadas essas questões de infraestrutura e posição estratégica, governos e iniciativa pri-vada devem focar em modelos de negócio, planejamento opera-cional e gestão para agregar eficiência e credibilidade ao quadro de grandes expectativas e perigosos desafios. União é a palavra de ordem na criação de uma agenda positiva para alcançar o ciclo virtuoso que o cenário promete.

MarCos niColas_diretor-executivo da Ernst & Young Terco

Cumprir exigências impostas pela Fifa significa muito mais do que selar a imagem do Brasil como país capaz de organizar com seriedade uma competição de dimensões internacionais. Alcançaremos outro patamar socioeconômico e estrutural, che-gando mais perto do almejado status de quinta maior economia do planeta. A vitória em campo será motivo de orgulho, mas bus-camos também a vitória fora do campo, com competência, pro-

fissionalismo e desenvolvimento. O que importa agora não é saber se teremos os estádios prontos a tempo, este medo ficou no passado. Faremos a Copa e ela será um sucesso! O que mais importa é o que ela deixará para os cidadãos e para nossa eco-nomia, e se teremos condições de dar con-tinuidade ao que se começou e deverá ir muito além de 2014. Para isso precisamos de fato ter uma mudança de mentalidade

para não pensar apenas em ganhar durante os 30 dias do evento e olhar adiante para continuar os investimentos e a consolidação de nossas empresas e negócios de forma mais duradoura e sus-tentável. Este será o grande capital e legado para uma nação que, muito além de ser conhecida como país do futebol ou economia emergente, quer ser um expoente entre os países desenvolvidos e estar preparada para os desafios de 2020 e das próximas décadas a partir das grandes transformações que se iniciaram.

impacTos consolidados da copa do mundo de 2014

setores mais beneficiados (atividades econômicas com maior aumento na produção)

Construção civil

Alimentos e bebidas

Serviços prestados às

empresas

Eletricidade e gás, água,

esgoto e limpeza urbana

Serviços de informação

Turismo e hotelaria

A) Impacto sobre a demanda final (gastos no Brasil relacionados à Copa)

Investimentos

Despesas operacionais

Despesas de visitantes

B) Impacto sobre a produção nacional de bens e serviços

C) Impacto sobre a renda (gerada pelo item a)

D) Impacto sobre o emprego (ocupações/ano geradas pelo item a)

E) Impacto sobre a arrecadação tributária

r$ 29,6 bilhõesR$ 22,46 bilhões

R$ 1,18 bilhão

R$ 5,94 bilhões

r$ 112,79 bilhões

r$ 63,48 bilhões

3,63 milhões

r$ 18,13 bilhões

52_Edição 275_mai/jun 2012

especial

Edição 275_Brazilian Business_53

“FalTava o plano para ressarcir o rio pela perda de sua condição de capiTal

Federal. essa oporTunidade chegou com os grandes evenTos que a cidade irá

sediar nos próximos anos”

Quando o Rio de Janeiro deixou de ser a capital do País, não houve um pla-

no para compensar as perdas que a cidade iria ter com a mudança. Na época, havia até mesmo a ingênua aspiração de que o esva-ziamento poderia diminuir as demandas por transportes e serviços públicos, o que acabaria resultando em benefícios para os moradores que aqui permaneceriam.

Com a mudança, a partir dos anos 1960, o Rio passou a sofrer um processo de esva-ziamento econômico, que se agravou com o declínio de sua importância política e com os sucessivos desencontros entre os gover-nantes locais e o Governo Federal. Feliz-mente, esse processo começou a ser sanado nos últimos anos e, hoje, todos que aqui moramos podemos sentir os seus efeitos benéficos, pois não há dúvidas de que este é um lugar de futuro e não mais apenas de lembranças do passado.

Mas faltava ainda o plano para ressarcir o Rio pela perda de sua condição de capital federal, vivida por quase dois séculos. Essa oportunidade chegou com os grandes even-tos que a cidade irá sediar nos próximos anos, com destaque para a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016. A conjunção das exigências geradas por esses eventos e o alinhamento entre Prefeitura, Governo do Estado, União e as organizações represen-tativas da sociedade criou um cenário propício para grandes in-vestimentos, que irão resultar em uma melhora sensível na quali-dade de vida dos moradores, bem como em novo impulso para a continuidade de um processo de desenvolvimento sustentável.

Entre as iniciativas que estão em curso, talvez a mais emble-mática seja a reforma do Maracanã, que significa o rejuvenesci-mento do estádio construído para ser o marco da Copa de 1950, a última sediada pelo Brasil. Na época, o gigante era a demons-tração da capacidade brasileira de empreender obras complexas. Agora, o estádio passa por um processo completo de revitaliza-ção que certamente o tornará uma referência em conforto, segu-rança e tecnologia, em sintonia com as mais rigorosas exigências do século 21.

Porém, é a Olimpíada que define o horizonte de transforma-ções pelas quais o Rio está passando. Em 2016, a cidade terá um sistema de transporte urbano muito mais abrangente e adequado para atender sua população, e estão em curso iniciativas para ex-pandir os seus serviços de saneamento e despoluição. São essas obras que constituirão o grande legado olímpico para os cariocas, somadas, é claro, às arenas e aos equipamentos esportivos que serão instalados para os jogos, tendo como exemplo de destaque o Parque Olímpico, em Jacarepaguá.

o legado da copa e da olimpíada para o rio

Um dos primeiros melhoramentos na área de transporte urbano é o corredor expresso de ônibus Transoeste, que liga a Barra da Tijuca à Santa Cruz, na Zona Oeste da cidade, com 56 quilômetros de extensão. A primeira etapa da Transoeste está sendo entregue à cidade e, em breve, começarão as obras da Transolím-pica, nova via de ligação entre o Recreio dos Bandeirantes e Deodoro, com faixas para o trânsito de veículos e pistas exclusivas para o sistema de BRTs (bus rapid transit).

Os novos corredores se ligarão na Barra da Tijuca à expansão do sistema de metrô, cuja construção segue avançada em direção à Gávea e, neste bairro, se completa com as obras entre Ipanema e Leblon. O conjunto de novas vias, corredores de BRTs e expansão do metrô tornará a cidade mais integrada, facili-tando o deslocamento de seus moradores e, certamente, impulsionará ainda mais a gera-ção de novos negócios, renda e empregos.

Outro grande desafio em curso é o plano de modernização do sistema de trens da região metropolitana do Rio, trabalho que já está em execução, em ação conjunta do Governo do Estado com a SuperVia, a empresa concessionária. Até a Olimpíada, estão sendo investidos R$ 2,4 bilhões na

compra de novos trens, em reformas e na construção de estações, recuperação de trilhos e de sinalização. Até hoje circulam trens que são da época em que o Rio era a capital federal, composições que sujeitam o carioca a um sofrimento diário. Já está mais do que na hora de mudar essa história.

Falando em história, com certeza a Olimpíada de 2016 será lembra-da nas próximas décadas pela revitalização e reurbanização da Região Portuária, o projeto Porto Maravilha, que é a maior operação de Parceria Público-Privada urbana do País. A iniciativa, comandada pela Prefeitu-ra, significa a recuperação de uma região que foi o coração econômico da cidade desde o século 17. Novas avenidas, túneis, equipamentos e ser-viços públicos, além da remoção da Perimetral, farão dos bairros portu-ários a área privilegiada de investimentos e crescimento econômico do Rio. Sem demérito para as outras intervenções, esta talvez seja a que terá maior impacto positivo para a cidade, pelo seu conjunto e localização.

A Construtora Norberto Odebrecht chegou ao Rio nos anos 1970 para a construção do Aeroporto do Galeão e da Usina Nuclear de An-gra 1. Para cá transferiu, em 1993, sua sede e aqui permaneceu mesmo quando os ventos não eram tão favoráveis. Obras como a sede da Petro-bras, do BNDES, o Rio Sul, a Uerj e a usina Angra 2 mostram como são sólidos os nossos laços com esta cidade e este Estado.

Nos próximos anos, queremos renovar esses laços e trabalhar para que o Rio ofereça ainda mais qualidade de vida para toda a população, o maior legado que os grandes eventos podem deixar.

BEnEdiCto BarBosa da silva Junior_presidente da Odebrecht Infraestrutura

54_Edição 275_mai/jun 2012

ponto de vista

O marketing de emboscada é um con-ceito relativamente recente que evo-

luiu da concorrência acirrada e dos lucra-tivos benefícios gerados pelos grandes eventos esportivos como a Olimpíada e a Copa do Mundo.

Embora não constitua necessariamente uma violação das leis tradicionais de pro-priedade intelectual que protegem as mar-cas e concorrência desleal, considera-se que o marketing de emboscada ocorre quando há associação indevida e não auto-rizada com o evento ou o uso de símbolos e marcas registradas do evento por parte de não patrocinadores.

O exemplo mais citado ocorreu na África do Sul, com um grupo de torcedoras usando roupas de uma cor associada a uma marca de cerveja que, no caso, não era patrocinadora do evento.

Para tornar mais atraentes suas propos-tas para sediar um evento e face à crescen-te demanda por patrocinadores, muitos países aprovaram legislações especiais para evitar o marketing de emboscada, sem dar, porém, a devida consideração aos legíti-mos direitos dos proprietários de marcas de empresas não patrocinadoras.

Os países que planejam adotar uma legislação sobre o marketing de emboscada devem, primeiramente, permitir que todas as partes envolvidas participem do proces-so. Assim, a legislação resultante estará adaptada ao seu propósito, sem colidir com direitos preexistentes.

O objetivo da legislação de marketing de emboscada é proteger os interesses e inves-timentos dos organizadores e patrocinado-res do evento. As atividades comerciais (ou não) que não criem uma falsa implicação de patrocínio ou de associação com o evento não devem portanto ser proibidas pela legis-lação de marketing de emboscada.

Marketing de emboscada: uma abordagem mais equilibrada sobre a proteção desejada

Eduardo MachadoSócio do EScritório Montaury PiMEnta,

Machado & ViEira dE MEllo

Além disso, uma vez que as proteções concedidas aos orga-nizadores e patrocinadores na legislação sobre o marketing de emboscada não estão previstas em leis tradicionais de proprie-dade intelectual e concorrência desleal, é apropriado que tenham validade por um tempo determinado.

Já houve exemplos de legislação de marketing de embos-cada que restringiram o uso de termos descritivos ou genéri-cos associados a um evento. A lei canadense que regulou as marcas olímpicas e paraolímpicas incluiu restrições ao uso de termos como “jogos”, “2010”, “inverno” e “ouro”. Algumas legislações sobre marketing de emboscada limitaram o espaço

físico de publicidades e estabeleceram “zonas lim-pas” e “zonas limpas de transporte”.

Vale lembrar que há uma série de atividades em curso no país que irá sediar o evento esportivo que claramente não são tentativas de faturar desle-almente em cima da popu-laridade do acontecimen-to. A legislação específica, deve excluir tais atividades e direitos anteriores das proibições contra o marke-ting de emboscada. As

exceções, contudo, devem ser definidas para acomodar ativi-dades e direitos anteriores, sem invalidar o propósito da legis-lação sobre o marketing de emboscada.

Por fim, há que se notar que as atividades de marketing de emboscada resultam em danos econômicos e de reputação. É conveniente, assim, prever o mesmo tipo de ação civil permi-tido em causas dessa natureza, tais como ações inibitórias contra violações constantes ou danos monetários. A imposi-ção de sanções penais, como prisão por violações, no entanto, tem se mostrado desproporcional.

Uma abordagem equilibrada da legislação sobre o marke-ting de emboscada proporciona uma proteção razoável para todas as partes envolvidas e ajuda a evitar a percepção do público de que os patrocinadores dos eventos estão sendo excessivamente agressivos ao proteger seus interesses.

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“para tornar Mais atraentes suas propostas para

sediar uM evento e face à crescente

deManda por patrocinadores,

Muitos países aprovaraM

legislações especiais para evitar

o Marketing de eMboscada”

60_Edição 275_mai/jun 2012

Por Giselle Saporito

Qualquer empresa está suscetível a uma crise, e a melhor for-ma de enfrentá-la é estar previamente preparada. Conside-

rar essa possibilidade e envolver as várias áreas da empresa para conduzir uma crise de forma ordenada são os caminhos apon-tados pela diretora de comunicação da CEG, Fernanda Amaral, e pela diretora de atendimento da agência de comunicação In Press Porter Novelli, Jacqueline Breitinger, palestrantes do even-to Gerenciamento de Crise no Planejamento Estratégico das Em-presas, organizado pela Câmara de Comércio Americana do Rio de Janeiro (Amcham Rio).

Estabelecer fluxos de comunicação, definir papéis e respon-sabilidades dentro da empresa, criar e reforçar relacionamentos, definir as potenciais crises e identificar e treinar porta-vozes são alguns dos principais pontos do planejamento estratégico elencados para gerenciar apropriadamente crises nas empresas. Esse foi o tema do café da manhã realizado no dia 30 de maio, pelo Comitê de Marketing, no auditório da Amcham Rio, no centro da cidade. O chairperson do comitê, Noel De Simone, chamou atenção para o primeiro evento do comitê realizado no novo espaço de eventos da instituição. “O tema deste evento foi escolhido por una-nimidade pelo grupo dada a importância do assunto para a boa gestão das compa-nhias”, afirmou.

Gerenciamento de crise nas empresas reúne especialistas em evento promovido pela Amcham Rio

“Nenhuma empresa está imune à crise. Por isso, esse gerencia-mento deve estar muito bem inserido dentro do planejamento estra-tégico das empresas”, colocou Jacqueline Breitinger, que citou como exemplo uma grande corporação transnacional muito antiga que atua em todas as partes do mundo e com fundadores de reputação ilibada, a Igreja Católica. “Já teve um CEO baleado em praça pública, diversos executivos foram acusados de abuso sexual e está em um mercado extremamente competitivo na busca de clientes. Isso mos-tra que ninguém está imune”, acrescentou.

Segundo ela, esse momento sempre gera muita emoção e fragi-lidade, principalmente nos dias de hoje, em que as mídias eletrôni-cas e, principalmente, as redes sociais dão um impacto maior e com muito mais velocidade aos momentos de crise, e nem sempre se está preparado para isso. “As empresas devem estar estruturadas para uma rápida resposta, que seja transparente e verdadeira, mesmo que não se tenha toda a informação concreta em um primeiro momento. O importante é mostrar que há um comprometimento na reversão do quadro”, destacou.

A diretora de comunicação da CEG, Fernanda Amaral, fez coro a Jacqueline no que diz respeito à agilidade e transparência da in-formação no momento de crise. Segundo ela, sua equipe, que conta com uma emergência 24 horas e sete dias na semana, está sempre a postos. Fernanda citou alguns incidentes ocorridos, como o desaba-mento de três prédios no centro do Rio no dia 25 de janeiro. “Mes-mo sem saber as causas do acidente, encaminhamos uma equipe e emitimos uma nota aos meios de comunicação de que estava sendo verificada a possibilidade de vazamento de gás, o que acabou não se concretizando”, disse, destacando que esse canal com a mídia é pri-

mordial para que a empresa tenha um bom relacionamento no dia a dia. “Porém, não se pode procurar a mídia só nos momentos de crise. Criar a cultura é muito mais importan-te do que controlar a crise”, afirmou.

Rei

nal

do

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gel

news

Job: 19138 -- Empresa: Ogilvy RJ -- Arquivo: 19138 An 210x280 BP-Fifa_pag001.pdfRegistro: 76779 -- Data: 12:18:38 03/05/2012

Diretoras da CEG e da agência de comunicação In Press Porter Novelli falam sobre as estratégias para um planejamento estruturado de comunicação que ajude as empresas a lidar com possíveis crises

“Não sE podE pRocuRAR A mídiA só Nos momENtos dE

cRisE. cRiAR A cultuRA é muito mAis impoRtANtE do

quE coNtRolAR A cRisE”

As palestrantes do evento, a diretora de comunicação da CEG, Fernanda Amaral (à esq.), e a diretora de atendimento da In Press Porter Novelli, Jacqueline Breitinger (à dir.)

58_Edição 275_mai/jun 2012

As expectativas e os desafios para o setor empresarial deba-tidos durante e após a Rio+20 – Conferência das Nações

Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, que acontece em junho, no Rio de Janeiro, motivaram o debate na sede da Câ-mara de Comércio Americana do Rio em 18 de abril. O objetivo da Amcham Rio, por meio de seu Comitê de Responsabilidade Social Empresarial, foi clarear a executi-vos as possibilidades de participação na conferência e o papel da iniciativa pri-vada na promoção do desenvolvimento sustentável e sua responsabilidade dian-te dos temas levantados na conferência. Entre os palestrantes estavam o coorde-nador de relações com a sociedade civil do Comitê Nacional de Organização da Rio+20, Roberto Furian Ardenghy, e a gerente de responsabilidade social do grupo Invepar, Claudia Jeunon.

Para Ardenghy, a Conferência das Na-ções Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável – que tem como temas centrais o conceito de economia verde e o desenvolvimen-to sustentável e de que forma o mundo deverá se organizar para possibilitar o crescimento – é uma ótima oportunidade para o Brasil expor os projetos em desenvolvimento, como o do bio-combustível, e os desenvolvidos nas áreas de melhoria da renda, educação e no combate ao desmatamento, entre outros. “Este é

Rio+20 e seu legado mobilizam debate na Amcham Rio

um ótimo momento para o Brasil trazer suas experiências e mos-trar aos demais países que a economia verde deve ser enfocada no contexto do desenvolvimento sustentável, assim como a er-radicação da pobreza. Economia e meio ambiente nunca podem ser separados dos temas de cunho social, porque a redução da desigualdade é fundamental para o desenvolvimento sustentável do mundo”, afirmou.

Ele defende ainda que a Rio+20 é de suma importância para o Brasil e, principalmente, para o Rio, como um teste para a agenda de eventos prevista para os próximos anos, como a Jornada Mun-dial da Juventude de 2013, a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpí-ada de 2016. “A Rio+20 é um dos maiores eventos já organizados nos últimos 20 anos e pretende reunir 50 mil participantes entre 100 e 120 chefes de Estado”, disse.

Claudia Jeunon, gerente de responsabilidade social da Inve-par, empresa que controla, entre outros empreendimentos, o Me-trôRio e a Linha Amarela, destacou a importância do conceito de mobilidade urbana: “Sustentabilidade está ligada também à qua-lidade de vida. A integração modal e o uso do transporte coletivo e solidário, além de menos poluente, possibilitam deslocamentos

mais rápidos e são determinantes para o bem-estar do usuário e para a preservação dos recursos naturais. Por isso, o conceito de mobilidade urbana é tão debatido atu-almente”, disse.

Ela destacou a importância da criação de um estudo que inclua indicadores de trânsito e tráfego, tempo gasto pelas pes-soas e o uso da energia limpa para poder planejar uma cidade que suporte o movi-mento e a mobilidade da população. Se-gundo Claudia, as empresas têm o papel fundamental de promover e estimular a

mobilidade em termos de qualidade de vida da população. “Esta questão é um grande desafio para as empresas. Onde eu posso contribuir mais e com inteligência me agregando ao que já exis-te? O outro ponto é o que eu vou fazer depois da Rio+20? Como vamos debater o indicador para saber o que vamos fazer para melhorar as cidades, analisar com as entidades, construindo in-dicadores de mobilidade?”, indagou.

À esquerda, o coordenador de relações com a sociedade civil do Comitê Nacional de Organização da Rio+20, Roberto Furian Ardenghy, e, à direita, a gerente de responsabilidade social do grupo Invepar, Claudia Jeunonlu

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Em abril, a Câmara de Comércio Americana do Rio reuniu lideranças ligadas ao setor privado e à organização da Rio+20 para debater com o empresariado como a conferência deve impactar na vida das empresas Por Giselle Saporito

“EstE é um ótimo momEnto pARA o BRAsil tRAzER suAs

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60_Edição 275_mai/jun 2012 Edição 275_Brazilian Business_61

A Offshore Technology Conference (OTC) realizada entre 30 de abril e

3 de maio, em Houston, no Texas (Esta-dos Unidos), no gigantesco Reliant Park, foi considerada a maior edição da história do evento. Uma área de 59 mil m² abrigou cerca de 2.500 expositores e mais de 70 mil visitantes de 110 países.

Houston, a quarta maior cidade dos EUA, é assim denominada em homena-gem ao presidente Sam Houston. Ela já foi a terra dos índios karankawa, produ-tora de algodão e descobriu o petróleo em 1901. A partir de 1914, desenvolveu-se com a inauguração do Houston Ship Channel, no estuário do rio Oaks, e hoje é referência mundial em logística de pe-tróleo e gás.

Durante a OTC, a cidade recebe enge-nheiros, executivos, operadores, cientistas e industriais que participam das discus-sões focadas em projetos de segurança para as explorações petrolíferas, avanços tecnológicos e políticas energéticas apre-sentadas por lideranças industriais.

A OTC é reconhecida como o espaço adequado para ampliar a network, fazer negócios, familiarizar-se com novas tec-nologias e verificar como o mundo evolui em torno da indústria de petróleo e gás.

O evento funciona com uma programa-ção rica e variada e deixa a percepção aos visitantes de que o seu tempo foi bem gas-to e que na próxima edição a sua presença está garantida. Esta talvez seja a maior ra-zão para o encontro de tantos participantes internacionais atuantes na área.

Milhares de profissionais se esbarram para promover suas empresas e prospec-tar clientes, reafirmando a ideia de que não existe nenhum outro local do planeta mais adequado para a socialização entre os atores desse setor.

A edição 2012 da Offshore Technology Conference (OTC)

A programação técnica do evento oferece uma oportunidade ímpar de aprendizagem sobre o que está acontecendo na área de petróleo e gás, por meio de dezenas de sessões técnicas, mostras de trabalhos técnicos e painéis conduzidos por especialistas da indústria petrolífera, apresentando os desafios e as oportunida-des futuras para esse segmento.

Percebe-se que a OTC começa a incluir jovens profissionais, permitindo seu entrosamento com o que há de mais avançado nesse segmento. São eles que irão herdar as posições de respon-sabilidade no futuro próximo, ainda que com menos experiência que seus antecessores, em um momento de crescentes desafios e responsabilidades na área de petróleo e gás.

A OTC também favorece os educadores por lhes permitir a possibilidade de aprender formas de in-clusão desse setor nas salas de aula.

Funcionando desde 1969, a OTC é re-conhecidamente o evento mais importan-te para o desenvolvimento dos recursos offshore nas áreas de perfuração, produ-ção e proteção ambiental da indústria de petróleo e gás em todo o mundo.

Da esq. à dir., o diretor-executivo da Amcham ES, Clóvis Vieira, o embaixador Mario Ernani Saade e o diretor-executivo da agência Rio Negócios, Marcelo Haddad

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A última edição da OTC, em Houston, no Texas (EUA), aos olhos do diretor-executivo da Amcham ES, Clóvis Abreu Vieira

“PErCEBE-sE quE A OTC COmEçA A inCluir jOvEns

PrOfissiOnAis, PErmiTindO sEu EnTrOsAmEnTO COm O quE há dE mAis AvAnçAdO

nEssE sEgmEnTO”

54_Edição 273_jan/fev 2011 Edição 272_Brazilian Business_55

Agência Rio 360 Comunicação Ltda.(Rio 360)David Zylbersztajn – Diretor-GeralRua Álvaro Ramos, 376 A - Botafogo22280-110 Rio de Janeiro, RJTel: (21) 3223-0360 Fax: (21) [email protected]

Star Nail Brasil Import. Export. Comércio e Distribuição Produtos de Embelezamento Ltda.Roberta Vieira Mendonça – Diretora de ImportaçãoRua Capitão Félix, 110, galeria 5, loja 4 - Benfica20920-310 Rio de Janeiro, RJTel: (21) 2589-4400/ 4330 Fax: (21) 2589-4330 [email protected]

Kasznar Leonardos Dale Barbosa Colonna Rosman Vianna Agentes da Propriedade Industrial (Kasznar Leonardos Propriedade Intelectual)Gustavo José Ferreira Barbosa – Sócio-Administrador Rua Teófilo Otoni, 63/ 5º ao 8º - Centro20090-080 Rio de Janeiro, RJTel: (21) 2113-1919 Fax: (21) [email protected]

Tocantins AdvogadosBruno de Medeiros Tocantins – SócioAv. Presidente Wilson, 113/ 9º - Centro20030-020 Rio de Janeiro, RJTel: (21) 2212-2400 Fax: (21) [email protected]

Luiz Leonardos & Cia. Propriedade Intelectual(Luiz Leonardos & Cia.)Gustavo Starling Leonardos – Sócio-Administrador Rua Teófilo Otoni, 63/ 9º ao 11º - Centro20090-080 Rio de Janeiro, RJTel: (21) 3514-0400 Fax: (21) [email protected]

por dentro da câmara

Novos Sócios

Rio de JaneiroAv. Rio Branco, 311, 4º e 10º andares Centro - Rio de Janeiro - RJ CEP: 20.040-903Tel. 5521 3231 3700

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São Paulo

Paraíso - São Paulo - SP

MacaéRua Teixeira de Gouveia, 989, Sala 302 Centro - Macaé - RJCEP: 27.910-110Tel. 5522 2773 3318

Resultado: parcerias sólidas e excelência em produtividade.

Gestão contábil e empresarial baseada em transparência e confiança mútua. Accounting and business management based on transparency and mutual trust.

Result: solid partnerships and excellence in productivity.

solidity partnership

reliability transparency

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Rua do Paraíso, 45, 4º andar

CEP 04103-000Tel. 5511 3330-3330

Carlos Roberto Teixeira Levy Diretor Regional De EnergiaRolls-Royce Brasil Ltda.

alteração no Quadro de associados

Omar Pereira MattarAdvogado

novo sócio individual - es

64_Edição 275_mai/jun 2012 Edição 274_Brazilian Business_65

COMITÊ EXECUTIVO PRESIDENTE Henrique Rzezinski_Vice-presidente de Assuntos Corporativos, BG E&P do Brasil Ltda.

1º. VICE-PRESIDENTE Fabio Lins de Castro_Presidente, Prudential do Brasil Seguros de Vida S.A.

2º. VICE-PRESIDENTE Pedro Paulo Pereira de Almeida_Vice-presidente de vendas da IBM Brasil.

3º. VICE-PRESIDENTE Rafael Sampaio da Motta_CEO, Case Benefícios e Seguros

DIRETOR-SECRETÁRIO Steve Solot_Presidente & CEO, LATC - Latin American Training Center

DIRETOR-TESOUREIRO Manuel Domingues e Pinho_Presidente, Domingues e Pinho Contadores

CONSELHEIRO JURÍDICO Julian Fonseca Peña Chediak_Sócio, Chediak Advogados

EX-PRESIDENTES João César Lima, Robson Goulart Barreto e Sidney Levy

PRESIDENTES DE HONRA Mauro Vieira_Embaixador do Brasil nos EUA Thomas Shannon_Embaixador dos EUA no Brasil

DIRETORES Álvaro Emídio Macedo Cysneiros_Diretor Regional Rio de Janeiro, TOTVS Rio de Janeiro

Benedicto Barbosa da Silva Junior_Diretor-presidente, Odebrecht Infraestrutura

Carlos Affonso d’Albuquerque_Diretor Financeiro e de Relações com Investidores, Valid

Carlos Alexandre Guimarães_Diretor Regional Rio de Janeiro e Espírito Santo, SulAmérica Companhia Nacional de Seguros

Carlos Henrique Moreira_Presidente do Conselho, Embratel

Cassio Zandoná_Superintendente Amil Rio de Janeiro, Amil - Assistência Médica Internacional Ltda.

David Zylbersztajn_Engenheiro

Eduardo de Albuquerque Mayer_Private Banker, Banco Citibank S.A.

Fabio Lins de Castro_Presidente, Prudential do Brasil Seguros de Vida S.A.

Fernando José Cunha_Gerente-executivo para América, África e Eurásia - Diretoria internacional, Petrobras

Guillermo Quintero_Presidente, BP Energy do Brasil Ltda.

Henrique Rzezinski_Vice-presidente de Assuntos Corporativos, BG E&P do Brasil Ltda.

Ítalo Mazzoni da Silva_Presidente, Ibeu

Julian Fonseca Peña Chediak_Sócio, Chediak Advogados

Luiz Ildefonso Simões Lopes_Presidente, Brookfield Brasil

Manuel Domingues e Pinho_Presidente, Domingues e Pinho Contadores

Manuel Fernandes R. de Sousa_Sócio, KPMG

Marco Antônio Gonçalves_Diretor-gerente, Bradesco Seguros S.A.

Mauricio Vianna_Diretor, MJV Tecnologia Ltda.

Patricia Pradal_Diretora de Desenvolvimento de Negócios e Relações Governamentais, Chevron Brasil Petróleo Ltda.

Pedro Paulo Pereira de Almeida_Vice-presidente de vendas da IBM Brasil.

Petronio Ribeiro Gomes Nogueira_Sócio-diretor, Accenture do Brasil

Rafael Sampaio da Motta_CEO, Case Benefícios e Seguros

Ricardo Karbage_Presidente, Xerox Comércio e Indústria Ltda.

Richard Klien_Presidente do Conselho, Multiterminais Alfandegados do Brasil Ltda.

Roberto Castello Branco_Diretor de Relações com Investidores, Vale S.A.

Roberto Prisco Paraíso Ramos_Diretor-presidente, Odebrecht Óleo e Gás S.A.

Rodrigo Tostes Solon de Pontes_Diretor Financeiro, ThyssenKrupp Companhia Siderúrgica do Atlântico

Rogério Rocha Ribeiro_VP Sênior e Diretor de Área América Latina e Caribe, GlaxoSmithKline Brasil

Steve Solot_Presidente & CEO, LATC - Latin American Training Center

DIRETORES EX-OFÍCIO

Andres Cristian Nacht | Carlos Augusto C. Salles | Carlos Henrique de Carvalho Fróes | Gabriella Icaza | Gilberto Duarte Prado | Gilson Freitas de Souza | Ivan Ferreira Garcia | João César Lima | Joel Korn | José Luiz Silveira Miranda | Luiz Fernando Teixeira Pinto | Omar Carneiro da Cunha | Peter Dirk Siemsen | Raoul Henri Grossmann | Robson Goulart Barreto | Ronaldo Camargo Veirano | Rubens Branco da Silva | Sidney Levy

PRESIDENTES DE COMITÊS

Assuntos Jurídicos - Julian Chediak

Propriedade Intelectual - Andreia de Andrade Gomes Tax Friday - Richard Edward Dotoli

Energia – Roberto Furian Ardenghy

Entretenimento, Cultura e Turismo - Steve Solot

Logística e Infraestrutura - Em definição

Marketing - Noel De Simone

Meio Ambiente - Kárim Ozon

Recursos Humanos - Claudia Danienne Marchi

Relações Governamentais - João César Lima

Responsabilidade Social Empresarial - Silvina Ramal

Saúde - Gilberto Ururahy

Seguros, Resseguros e Previdência - Luiz Wancelotti

Tecnologia da Informação e Comunicação - Álvaro Cysneiros

ADMINISTRAÇÃO DA AMCHAM RJ

Diretor-superintendente_Helio Blak

Gerente Administrativo_Ednei Medeiros

Gerente Comercial e Marketing_Ricardo Santos

Gerente de Comitês e Eventos_Helen Mazarakis

DIRETORIA AMCHAM ESPÍRITO SANTOPRESIDENTE Otacílio José Coser Filho_Membro do Conselho de Administração, Coimex Empreendimentos e Participações Ltda.VICE-PRESIDENTE Maurício Max_Diretor do Departamento de Pelotização, Vale S.A.DIRETORESAntónio Diogo_Diretor-geral, Chocolates GarotoBruno Moreira Giestas_Diretor, Realcafé Solúvel do Brasil S.A.Carlos Fernando Lindenberg Neto_Diretor-geral, Rede GazetaJoão Carlos Pedroza da Fonseca_Superintendente, Rede TribunaMárcio Brotto Barros_Sócio, Bergi Advocacia – Sociedade de AdvogadosMarcos Guerra_Presidente, FindesPaulo Ricardo Pereira da Silveira_Gerente-geral Industrial, Fibria CeluloseRicardo Vescovi Aragão_Presidente, Samarco MineraçãoRodrigo Loureiro Martins_Advogado-sócio Principal, Advocacia Rodrigo Loureiro MartinsSimone Chieppe Moura_Diretora-geral, Metropolitana Transportes e ServiçosVictor Affonso Biasutti Pignaton_Diretor, Centro Educacional Leonardo da VinciNegócios Internacionais Marcilio Rodrigues MachadoRelações Governamentais Maria Alice Paoliello LindenbergADMINISTRAÇÃO DA AMCHAM ESDiretor-executivo Clóvis VieiraCoordenadora de Associados Keyla Corrêa

LINHA DIRETA COM A AMCHAM RIOAdministração e Finanças: Ednei Medeiros (21) 3213-9208 | [email protected]

Comercial e Marketing: Ricardo Santos (21) 3213-9226 | [email protected]

Associados: Terezinha Marques (21) 3213-9220 | [email protected]

Mantenedores e Publicidade: Liliane Dippolito (21) 3213-9286 | [email protected]

Novos Associados: Eduarda Polibiano (21) 3213-9294 | [email protected]

Relacionamento e Missões Internacionais: Andrezza Siqueira (21) 3213-9204 | [email protected]

Vistos: Vanessa Monte (21) 3213-9291 | [email protected]

Comitês e Eventos: Helen Mazarakis (21) 3213-9231 | [email protected]

Ana Macieira | (21) 3213-9229 | [email protected]

Giuliana Sirena | (21) 3213-9227 | [email protected]

Aluguel de salas: Jaqueline Paiva (21) 3213-9232 | [email protected]

Revista Brazilian Business: Andréa Blum (21) 8105-9338 | [email protected]

Espírito Santo: Keyla Corrêa (27) 3324-8681 | [email protected]

expediente

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66_Edição 275_mai/jun 2012

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deias recicladasvalem ouro.Todo ano um assunto entra em destaque. Nesta edição, o Prêmio Brasil Ambiental abraça a causa da Gestão de Resíduos Sólidos, mas os projetos podem abordar qualquer tema relativo às seguintes categorias:

Gestão de Resíduos SólidosInovação AmbientalInventário de EmissõesPreservação e Manejo de EcossistemasResponsabilidade SocioambientalUso Racional de Recursos Hídricos

INSCRIÇÕES ATÉ 06 DE JULHOwww.premiobrasilambiental.com

Participe. Mostre o que a sua

empresa está fazendo pelo

Meio Ambiente.

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