Correio Fraterno 442

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Ano 44 • Nº 442 • Novembro - Dezembro 2011 M ais um ano se despede do calendário e o inevitável ba- lanço interior começa a sua ronda, principalmente na- queles que são afeitos à busca do autoaprimoramento. A proposta de Allan Kardec, no século 19, de analisar as máxi- mas evangélicas, reunindo-as de acordo com seu sentido moral, é de uma utilidade indiscutível. Bem fácil seria se a nós bastasse apenas lê-las. Mas a humanidade não dá saltos em sua evolução moral. Comenta Herminio Miranda, em seu livro O que é fenô- meno anímico anímico (Edições Correio Fraterno), que estamos vivendo momento importante, no qual o modelo materialista apresenta rachaduras, exigindo que a humanidade se debruce urgentemente sobre novas ideias. Paira no ar uma vontade de coisa nova, que preencha os vazios existenciais, que nos ensine a perguntar, a pensar, muito mais do que a dar respostas. Isso tal- vez porque a felicidade que o mundo oferece ainda esteja restrita à condição material, de momentos felizes fugidios. Afinal, tudo escapa muito fácil das mãos: a beleza, o dinheiro, os relaciona- mentos, o emprego, a vida. Há ares de mudanças na civilização terrena, que desperta para o aspecto espiritual do homem em todos os campos do conhecimento. Leia nas páginas 8 e 9. CORREIO FRATERNO SEMPRE ATUAL, COM O MELHOR DO CONTEÚDO ESPÍRITA ISSN 2176-2104 Acesse nossa loja virtual Promoção de Natal! Colorido na história do espiritismo Lançado livro que resgata, com imagens em cores, a história dos pioneiros espíritas, muitos deles até então desconhecidos. Leia na pág. 7 O espiritismo numa aventura fantástica através dos sonhos “Minha intenção era contar as aventuras de um menino que viajasse por mundos diferentes. Aca- bei descobrindo que esse lugar era justamente o plano espiritual” – Rogério Pietro. Leia na pág. 5 www.correiofraterno.com.br/loja Ares de mudanças na civilização O exemplo das formigas Em artigo inédito, André Trigueiro traça comparação entre as relações sociais humanas e as do reino animal. Leia na pág. 15

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Correio Fraterno, um dos mais conceituados veículos de informação espírita do Brasil.

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A n o 4 4 • N º 4 4 2 • N o v e m b r o - D e z e m b r o 2 0 1 1

M ais um ano se despede do calendário e o inevitável ba-lanço interior começa a sua ronda, principalmente na-queles que são afeitos à busca do autoaprimoramento.

A proposta de Allan Kardec, no século 19, de analisar as máxi-mas evangélicas, reunindo-as de acordo com seu sentido moral, é de uma utilidade indiscutível. Bem fácil seria se a nós bastasse apenas lê-las. Mas a humanidade não dá saltos em sua evolução moral. Comenta Herminio Miranda, em seu livro O que é fenô-meno anímico anímico (Edições Correio Fraterno), que estamos vivendo momento importante, no qual o modelo materialista apresenta rachaduras, exigindo que a humanidade se debruce urgentemente sobre novas ideias. Paira no ar uma vontade de coisa nova, que preencha os vazios existenciais, que nos ensine a perguntar, a pensar, muito mais do que a dar respostas. Isso tal-vez porque a felicidade que o mundo oferece ainda esteja restrita à condição material, de momentos felizes fugidios. Afinal, tudo escapa muito fácil das mãos: a beleza, o dinheiro, os relaciona-mentos, o emprego, a vida. Há ares de mudanças na civilização terrena, que desperta para o aspecto espiritual do homem em todos os campos do conhecimento. Leia nas páginas 8 e 9.

CORREIOFRATERNO

SEMPRE ATUAL, COM O MELHOR DO CONTEÚDO ESPÍRITA

ISSN

217

6-21

04

Acesse nossa loja virtualPromoção de Natal!Colorido na história

do espiritismoLançado livro que resgata, com imagens em cores,

a história dos pioneiros espíritas, muitos deles até então desconhecidos. Leia na pág. 7

O espiritismo numa aventura fantástica

através dos sonhos“Minha intenção era contar as aventuras de

um menino que viajasse por mundos diferentes. Aca-bei descobrindo que esse lugar era justamente

o plano espiritual” – Rogério Pietro. Leia na pág. 5www.correiofraterno.com.br/loja

Ares de mudanças na civilização

O exemplo das formigas

Em artigo inédito, André Trigueiro traça comparação entre as

relações sociais humanas e as do reino animal.

Leia na pág. 15

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EdIToRIAL

Mais um final de ano se aproxi-ma. O tempo passa rápido e nos surpreende outra vez, mas

o que importa é que para o espírito tudo é acréscimo e nada se perde. Embora a sen-sação seja de que os momentos se escorre-garam pelas nossas mãos, a lei divina nos abraça, como eterno presente da Criação, permitindo que tudo esteja justamente de acordo com o que conseguimos perceber

e suportar. Nada está fora do lugar ou no tempo errado.Esta edição nos convida a pensar sobre o momento atual. A ordem é compartilhar, trocar experiências e somar esforços para o progresso. Vamos falar sobre a união da TV Mundo Maior e da TVCEI num mes-mo satélite, veremos as opiniões de dois autores bem diferentes – Rogério Pietro (Entrevista), escritor de aventuras, e a fi-lósofa Astrid Sayegh (Leitura), analisando a renovação de atitudes. O articulista Ari Marques aborda Quem é Jesus para os es-píritas? e o jornalista André Trigueiro, em artigo inédito, defende a urgente necessi-dade da união social em Aprendendo com as formigas. Aliás, o tema de capa, de Elia-na Haddad, demonstra que há evidências de mudanças no ar, de um modelo novo de vida, mais adequado que o atual, com

suas rachaduras cada vez mais aparentes. Tudo se encaixa no balanço desses tem-pos de Natal e Ano Novo. E, se tudo se encadeia e se soma na vida do Espírito, há de se valorizar também o passado, que estrutura e fortalece a base para se seguir em frente. É o que traz Izabel Vitusso no Baú de memórias, sobre a pesquisa de Wa-shington Fernandes sobre os centros espí-ritas centenários no mundo. Ainda tem Laurinha, a história do Vade mecum espí-rita e as lembranças de Neyde Schneider sobre materializações, no Foi assim. Agradecemos pela companhia em mais um ano que estivemos juntos nos mesmos ideais em favor do bem.Feliz Natal e que 2012 seja repleto de paz e luz!

Equipe Correio Fraterno

CORREIO DO CORREIO Simples e diretoAdorei o texto “Os aventureiros do coração” da Laurinha (edição 441 set/out 2011), por-que muitas vezes não sabemos explicar al-guns termos para as crianças e com uma pe-quena frase a mãe da Laurinha conseguiu fa-cilmente explicar.

Eliana dos Santos – SP, por e-mail

Quando o mundo vai acabar?Oportuna matéria “Quando o mundo vai acabar?” (edição 440 jul/ago 2011). A cada hora aparece uma nova data, nova forma de ‘fim’; não perceberam que a coisa toda já está em andamento! Abraço!

Paulo Santos – MG, por e-mail

Envio de artigosEncaminhar por e-mail: [email protected] Os artigos deverão ser inéditos e na dimensão máxima de 3.800 caracteres, constando referência bibliográfica e pequena apresentação do autor.

CORREIOFRATERNO

JORNAL CORREIO FRATERNOFundado em 3 de outubro de 1967 Vinculado ao Lar da Criança Emmanuel

www.laremmanuel.org.br

Diretor: Raymundo Rodrigues EspelhoEditora: Izabel Regina R. Vitusso

Jornalista responsável: Eliana Ferrer Haddad (Mtb11.686)Apoio editorial: Cristian Fernandes

Internet: Giovanna Verrone Editor de arte: Hamilton Dertonio

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Impressão: Lance Gráfica

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Periodicidade bimestralPermitida a reprodução parcial de textos,

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necessariamente a opinião do jornal.

Editora Espírita Correio FraternoCnPJ 48.128.664/0001-67

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Presidente: Izabel Regina R. VitussoVice-presidente: Tânia Teles da MotaTesoureiro: Vicente Rodrigues da Silva

Secretária: Ana Maria G. CoimbraAv. Humberto de Alencar Castelo Branco, 2955

Vila Alves Dias - CEP 09851-000 São Bernardo do Campo – SP

Uma ética para a imprensa escrita

Em dois artigos, escritos por Allan Kardec e publicados na Revista Espírita, em 1858, estão encerradas as diretrizes que o Cor-reio Fraterno adota como norte para o trabalho de divulgação:

•A apreciação razoável dos fatos, e desuas conseqüências.

•Acolhimento de todas observações anós endereçadas, levantando dúvidas e esclarecendo pontos obscuros.

•Discussão, porém não disputa. As in-conveniências de linguagem jamais ti-veramboasrazõesaosolhosdepessoassensatas.

•A história da doutrina espírita, de al-guma forma, é a do espírito humano.O estudo dessas fontes nos fornecerá umamina inesgotável de observações,sobre fatos gerais pouco conhecidos.

• Os princípios da doutrina são os de-correntes do próprio ensinamento dos Espíritos. Não será, então, uma teoriapessoal que exporemos.

•Não responderemos aos ataques diri-gidos contra o Espiritismo, contra seus partidários emesmo contra nós.Aliás,nos absteremos das polêmicas que po-dem degenerar em personalismo. discu-tiremososprincípiosqueprofessamos.

•Confessaremosnossainsuficiênciasobretodos os pontos aos quais não nos for possível responder. Longe de repelir asobjeçõeseasperguntas,nósassolicita-mos. Serão um meio de esclarecimento.

•Se emitirmos nosso ponto de vista,isso não é senão uma opinião indivi-dual que não pretenderemos impor a ninguém.Nósaentregaremosàdiscus-sãoeestaremosprontospararenunciá--la, se nosso erro for demonstrado.

Estapublicaçãotemcomofinalidadeofe-recer um meio de comunicação a todos quese interessamporessasquestões.Eligar, por um laço comum, os que com-preendem a doutrina espírita sob seuverdadeiropontodevistamoral:apráticado bem e a caridade do evangelho para com todos.

Envie seus comentários para [email protected]. Os textos poderão ser publicados também no nosso site www.correiofraterno.com.br

ISSN 2176-2104

para mudançasUm novo ano

O Correio no siteGostaria de parabenizar pelo belo site. Tive a oportunidade de conhecer através do programa da Rádio Boa Nova. Forte abraço.

Márcio Ferreira Cosma – RS,por e-mail

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Desde o dia 7 de novembro, a TVCEI transmite sua progra-mação em conjunto com a TV

Mundo Maior. O sinal que era trans-mitido pelo Satélite Estrela do Sul agora passa a ser veiculado pelo Satélite C2, di-vidindo a grade de programação em três horas intercaladas para cada emissora.

Um dos propósitos da fusão é se criar uma tevê espírita mais forte e consolidada, juntando-se três frentes já existentes: aTVCEI, TV Mundo Maior – da Fundação Espírita André Luiz, e a Fraternidade Francisco de Assis, que produz o programa Transição, transmi-tido em rede nacional pela RedeTV aos domingos, às 15 horas.

A ideia da união de esforços sur-giu por uma iniciativa da TV Mundo Maior, na expansão da TV aberta, que procurou a Federação Espírita Brasilei-ra para ampliar este processo. “Juntos, vamos fazer uma tevê única com expe-riência, beleza e técnica visual”, opina Luis Hu, diretor da TVCEI. A opinião é também compartilhada pelo diretor da TV Mundo Maior, André Marouço. “Sairemos todos fortalecidos, com um planejamento estratégico geral para um único canal que traga o melhor da pro-gramação audiovisual espírita”, afirma.

Num só satélite agora, a rede soma 45 operadoras de tevê a cabo da TVCEI e a rede aberta, em quatro cidades, da TV Mundo Maior, atingindo-se um número total de pessoas que futuramente con-tarão com uma programação renovada, variada e com menos reprises.

Segundo Luis Hu, o principal desafio estará na prospecção de recursos econô-micos. “Infelizmente, até agora há muita pedra e pouco dinheiro. O movimento

espírita ainda precisa ver a televisao como principal fonte de divulgação e caridade com o espiritismo”. “Os empresários es-píritas e diversos companheiros poderiam se unir neste desafio, que vai ajudar a diminuir suicídios, abortos, crimes e le-var luz a muitos lares”, sugere Luis Hu, lembrando que os recursos financeiros se fazem necessários para expansão da rede aberta em todas as cidades do Brasil. “Em

tevê, tudo é ainda muito caro”, avisa. E logo contabiliza: “contamos, por exem-plo, com o Clube Amigos da TVCEI onde é possível se associar por trezentos reais anuais e ajudar a tevê, recebendo-se todo mês uma revista e dois dvds. Em um ano e meio, apenas 980 espíritas se asso-ciaram. Se conseguíssemos dobrar esse número de associados, hoje estaríamos em rede aberta, nacional e internacional”.

André Marouço conta que esse ‘na-moro’ entre as emissoras existe há cerca de quatro anos e que ainda vai precisar de pelo menos mais três meses para co-meçar a mostrar mudanças. “Há mui-tos acertos ainda a serem discutidos, que vão gerar melhoria de qualidade da programação e quem vai ganhar será o telespectador”, destaca.

“Queremos agradecer aos espíritos superiores que estão apoiando os es-forços em prol da divulgacão massiva do espiritismo”, diz Luis Hu. Segundo ele, tudo se encaixa perfeitamente nos planos de expansão e multiplicação. Ele agradece especialmente a um grupo de cinco empresários espíritas que têm au-xiliado a expansão da TV com aporte de capital. “Esperamos que a meta sensibi-lize almas que contribuam na expansão da doutrina que ilumina consciências e consola corações”, conclui.

Como assistir:Pela internetAtravés dos sites www.tvcei.com e www.tvmundomaior.com.br: acesso ao conteúdo transmitido via satélite e a outros canais.

Pelas TVs por assinaturaAtravés da retransmissão do sinal nos estados: Bahia, Espírito Santo, Distrito Federal, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Ca-tarina e São Paulo

Pelo satélite Brasilsat C2No satélite C2, com sinal aberto e gratuito para todo o território brasileiro e alguns países da América do Sul.

Novo endereço para sintonizar:Satélite Star One C2Posição orbital: 70º WFrequência: 3964 HSymbol Rate (SR): 1875

AConTECE

REdAção

TVs espíritas se unem e se preparam para aprimorar divulgação

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EnTREvISTA

tos já viveram muitas encarnações e têm em si a experiência de todas as fases da vida. Em meu livro, as crianças fazem esse papel. Na aventura, sua missão é limpar o plano astral das formas-pensamento noci-vas que afetam a saúde de todos.

Quem são os anjos, os arcanjos e os querubinos na visão espírita?Rogério: A palavra anjo significa ‘mensa-geiro’. No Antigo e no Novo Testamento existem centenas de espíritos desencar-nados trazendo mensagem do plano su-perior, sendo por isso chamados de an-jos. No meio espírita, a palavra tem sido usada para designar espíritos mais evo-luídos, mas no contexto bíblico, ela foi usada para descrever qualquer desencar-nado, inclusive os moralmente atrasados. Já a palavra arcanjo não deveria ter um significado diferente de anjo, mas a cul-tura católica criou ordens e hierarquias para os anjos – sempre os considerando seres criados à parte. Considerando a re-encarnação e a evolução constante dos seres, essas hierarquias perdem o valor. Em meu livro, porém, dei a ‘arcanjo’ o significado de ‘anjo antigo’ e usei a pala-vra ‘querubino’ para nomear as crianças encarnadas que trabalham no plano espi-ritual enquanto dormem.

É por isso que Gabriel, apesar de um querubim, ainda se atrapalha em determinadas circunstâncias,

o que dá graça ao enredo...Rogério: Um dos ganchos principais do livro é a evolução. Ao contrário de todas as literaturas que citam anjos e arcanjos, Gabriel Querubim mostra que todo mun-do pode fazer coisas certas e erradas. Se o Universo é uma grande escola, todos esta-mos na condição de alunos e professores, alguns mais adiantados, outros menos.

Quais outros conteúdos espíritas da obra?Rogério: Mesmo sendo um livro de aventura e fantasia, é impossível ne-gar que o conteúdo dos ensinamentos da doutrina espírita permeie a obra em todas as páginas. Uma delas são as for-mas-pensamento, chamadas na obra de psicoformas ou temulentos. Estudadas por André Luiz, nada mais são do que matéria astral materializada e ‘animada’ por nossos pensamentos e emoções for-tes. Além disso, a responsabilidade por nossos atos, palavras e pensamentos está presente no livro, bem como os planos inferiores e as colônias espirituais. Ga-briel visita todos esses lugares e nos leva de alguma forma a refletir sobre a missão de cada um de nós na Terra.

Na sua opinião, qual a contribui-ção que a sua obra traz ao espi-ritismo? Rogério: Ela preenche duas imensas la-cunas. Uma delas é a ausência de litera-

tura juvenil que vá além de doutrinar o leitor, mas diverti-lo. A obra pode tam-bém ser lida por pessoas de qualquer re-ligião. A outra contribuição é que o livro traz a história de um encarnado (o pe-queno Gabriel) que não é médium, mas convive naturalmente com outros espí-ritos enquanto dorme. Esse fenômeno é pouco explorado na literatura.

Que mundo é esse em que vive a turma do Gabriel? Como os per-sonagens conseguem ir das esfe-ras mais elevadas para as regiões mais inferiores, por exemplo?Rogério: No livro, o local para onde as pessoas vão quando dormem é chamado de Mundo Real. Ele é uma alusão ao plano astral ou espiritual, nossa verdadeira casa. O lugar que os personagens ocupam quan-do estão acordados é chamado de Mundo Entorpecido, que nada mais é do que a vida na matéria densa. Estar entorpecido é encontrar-se em condições de pouca luci-dez. O cérebro não tem noção de tudo o que nos rodeia. No Mundo Real, Gabriel e seus amigos visitam vários ambientes. Al-guns iluminados e outros muito perigosos, como as Trevas. A passagem de um para o outro não é simples, como o leitor vai per-ceber ao ler a obra. Espero que gostem!

Veja mais sobre o livro no site www.correiofraterno.com.br

Por ELIAnA HAddAd

Desdecriança,RogérioPietrogostadecriaraventuras.Farmacêutico,mestreembiotecnologiaedoutoremciênciadosalimentos, se inspira na arte em geral para criar suas histórias. DirigentedamocidadedoCentroEspíritaEduardoCarvalhoMonteiro,emSãoBernardodoCampo,SP,Rogérionãotemmedodeousar.FoiassimquesurgiuolivroGabriel Querubim e os guardiões dos sonhos (Correio Jovem), trazen-doumaenvolventehistóriadeumgrupodecriançasque,duranteosono,vivemumaaventurafantásticanoMundoReal,umambientecheiodedesafios.

enquanto se dorme?

Por que você recorreu ao ‘mis-tério’ dos sonhos para reunir os personagens nessa aventura?Rogério: Minha intenção era contar as aventuras de um menino que viajasse por mundos desconhecidos, onde tomaria contato com situações totalmente dife-rentes das que vivemos. Acabei perce-bendo que esse mundo é justamente nos-sa vivência no plano espiritual enquanto estamos dormindo, e do qual lembramos apenas com a roupagem fantástica com a qual nosso cérebro a reveste

Jovens também se reúnem para fazer o bem durante o sono?Rogério: Quando dormimos, o espírito que somos se desprende parcialmente do corpo e adquire a capacidade de trafegar pelo plano invisível. Ali, escolhemos as companhias e atividades que mais nos agradam, de acordo com nossas tendên-cias e estado de espírito. Sabendo disso, é fácil perceber que algumas pessoas se re-únem com a missão de ajudar,, indepen-dentemente da idade – porque os espíri-

Trabalhar pela paz

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Nesta edição revisada e ampliada deste grande sucesso editorial, temas ainda mais atuais foram incorporados.

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e muitos mais tratados de forma objetiva e pertinente. Acompanhando o valoroso conteúdo, estão dispostas

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O BAÚ DE MEMÓRIAS PODE SER FEITO POR VOCÊ!Envie para nós um fato marcante sobre o Espiritismo em sua cidade. Ele pode ser publicado aqui nesta seção. E-mail: [email protected].

Que o trabalho de divulgação da doutrina espírita é intenso e an-tigo, grande parte de nós já sa-

be. Movidos pelo ideal de estudar as obras que acabavam de ser publicadas por Allan Kardec, a partir de 1857 muitos grupos se formaram, em torno dos pioneiros, que ajudaram o espiritismo a alcançar rapida-mente todos os continentes.

Porém esses fatos, principalmente com imagens de pessoas e instituições que iniciaram a consolidação do espiritismo no Brasil, poucas vezes são retratados em livros, e quando o são, permanecem em âmbito regional. Pois foi este manancial de informação que entusiasmou o pesqui-sador Washington Nogueira Fernandes e o levou a iniciar o projeto que acaba de ser

BAÚ dE MEMÓRIAS

lançado em seu primeiro volume, o livro A história viva do espiritismo.

Incluindo as instituições do Exterior, a obra enfeixa dados da fundação de 64 ca-sas espíritas e mais cinco periódicos, que já completaram 100 anos de existência e continuam em atividade. O livro, com edição de capa dura e índice com mais de 3.500 remissões, é ricamente ilustrado com imagens em cores e reconstituição de retratos dos pioneiros, recurso que permite ao leitor ‘viajar no tempo’ e encontrar os antepassados da história. Para se ter uma ideia, data de 1877 a instituição espírita mais antiga do mundo ainda em funcio-namento: a Asociación Espiritista Cons-tancia, de Buenos Aires, na Argentina, e aqui você vê o retrato reconstituído de seu

primeiro presidente. O livro dá notícias de que o centro teve início em 1869, com o comerciante espanhol Don Justo de Es-pada, vindo de Mágala, que se estabele-ceu no país em busca de novos negócios, trazendo consigo as práticas espíritas da Espanha, país onde elas se encontravam bem desenvolvidas.

Segundo Washington, o livro resga-ta um número muito maior de pioneiros do espiritismo além dos que já conhece-mos. “São desconhecidos que muito fize-ram pela implantação da doutrina espírita no Brasil e no mundo.”

A obra foi editada pelo Centro de Cul-tura Eduardo Carvalho Monteiro, de São Paulo e faz parte do projeto há anos aca-lentado pelo pesquisador, de formar, em volumes uma Enciclopédia Internacional do Espiritismo. Mas aguarda formas de viabilizar financeiramente o projeto.

Veja no site quais são os centros espíritas mais antigos do Brasil.

CCDPE – Centro de Cultura Documentação e Pes-quisa do Espiritismo Eduardo Carvalho Monteiro Fone: (11) 5072-2211 – www.ccdpe.org.br

Por IzABEL vITUSSo

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Angel Scarnicchia (1815 -1889), primeiro presidente do centro espírita mais antigo ainda em funcionamento - Asociación Espiritista Constancia

Augusto Elias da Silva, em sua casa, no Rio de Janeiro, foi fundada em 1884 a Federação Espírita Brasileira

Capa do livro A História Viva do Espiritismo, de Washington Nogueira Fernandes.

Joaquim Carlos Travassos foi quem fez as primeiras traduções da Codificação do francês para o português, a partir de 1873

José Lorena de Souza, fundador do C.E. João Evangelista em 1880, o mais antigo no Brasil ainda em funcionamento, na cidade de Sete Barras, SP

Sinhô Mariano: quem iniciou o médium Eurípedes Barsanulfo no espiritismo. Fundador do C.E Fé e Amor, em 1900, primeiro centro espírita do interior de Minas

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8 CORREIO FRATERNO

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ESPECIAL

tos, não apenas como leis a seguir, mas um caminho a ser trilhado rumo à felicidade, com os próprios pés.

Sim, a humanidade não dá saltos na evolução moral. Embora constante, tudo é muito lento no progresso do espírito, até que o aprendizado se torne autônomo, ou seja, livre, de dentro para fora. O pro-cesso contínuo de lutas deixa suas marcas indeléveis na memória espiritual dos ho-mens, cuja história vai se repetindo em lições cada vez mais aprimoradas, como a lembrar na consciência os lampejos cons-tantes de orgulho, vaidade e egoísmo pela momentânea impossibilidade de um olhar mais abrangente da vida, que paute as ações presentes. Aqui e agora, afinal é nos-sa condição existencial, ‘no mundo’.

Lembra Léon Denis, em sua obra O problema do ser, do destino e dor que che-garam a censurar Kardec por ter, em suas obras, repisado a ideia de castigo e expia-ção. “Diz-se que ela dá uma falsa noção da ação divina; implica um luxo de punições incompatível com a Suprema Bondade”. Segundo Denis, tal apreciação seria super-ficial, faltando-lhe justamente o discerni-mento daquele olhar mais abrangente. “A ideia, a expressão de castigo, excessiva tal-vez quando ligada a certas passagens insu-ladas, mal interpretadas em muitos casos, atenua-se e apaga-se quando se estuda a obra inteira”.

Assim, aos mais atentos, fica claro que a felicidade em seu sentido teleológico não é mesmo deste mundo, porque exige que seja compreendida numa extensão muito maior, que ultrapasse as ideias materialistas, não apenas como alegrias transitórias, mas como um estado de alma, apenso à condi-ção evolutiva do espírito, que aos poucos vai aprendendo a senti-la através das suas múltiplas experiências reencarnatórias. As-

Bem poucas vezes a expressão “vive-mos num mundo de expiações e provas” serve de reflexão real e pro-

funda sobre a nossa condição ainda frágil, em que alegrias e aflições se misturam, numa Terra que exige respeito, cuidados e gratidão dos seus sete bilhões de habitan-tes, que ainda demonstram uma infância moral que preocupa.

Falta serenidade e até mesmo tempo para perceber que a vida não pode ser apenas agitação, que exige momentos de calmaria, que não se traduzam em tédio, mas em prazer, em alargamento de visão de esperança e de fé, aquela mesma que move montanhas, ainda que seja peque-na como um grão de mostarda, mas fir-me, por trazer em si toda a potenciali-dade para se tornar amparo e incentivo para se seguir em frente.

Não há como repetir e repetir o Evan-gelho, “segundo o espiritismo”, ou seja, em sua concepção moral e não mítica, sem se perceber que não dá mesmo para ser feliz com tantas dificuldades. A mora-da é de expiações ainda, campo de provas, porque reúne amorosamente os que ainda têm muito a aprender e a conhecer, com as dificuldades individuais e coletivas, con-quistas amealhadas pelo nosso conjunto de ações, de acertos e desacertos que conse-guimos até hoje.

Não há mais como alegar desconhe-cimento. A proposta de Allan Kardec, no século 19, de analisar, em uma das obras básicas do espiritismo, as máximas evangé-licas, reunindo-as de acordo com seu senti-do moral, é de uma utilidade indiscutível. Está tudo ali e bem fácil seria se bastasse ler e reler seus itens e capítulos. Mas a ética espírita vai muito mais longe. Solicita além do entendimento racional dos ensinamen-tos, a vivência em si mesmo de tais precei-

Cheiro de mudanças no ar

Por ELIAnA HAddAd

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sim, o que nos deixava felizes no passado não é mais o que nos faz plenos hoje. Nos-sas necessidades também se refinam.

Como a felicidade que o mundo ofe-rece ainda está restrita à condição mate-rial, de momentos felizes e fugidios, a hu-manidade sente-se atônita no seu desafio existencial. Afinal, tudo lhe escapa fácil: a beleza, o dinheiro, os relacionamentos, o emprego, a vida.

Comenta Herminio Miranda, em seu livro O que é fenômeno anímico, (recém--lançado pela Editora Correio Fraterno), que estamos vivendo um momento im-portante, no qual o modelo materialista apresenta rachaduras consideráveis, exi-gindo que a humanidade se debruce ur-gentemente sobre novas ideias.

É assim que, ao mesmo tempo em que a geração atual se debate, paira no ar uma vontade de coisa nova, que preencha os va-zios existenciais, que ensine a perguntar, a pensar, muito mais do que a dar respostas.

Como tudo está gravado no espírito, que tem a própria lei divina em sua cons-ciência, atestando a imanência de Deus na Criação, a humanidade terrena já sente, ainda que em momentos fugazes, a ne-cessidade de buscar novas respostas para

a aflição que se lhe assalta e ensaia sair do torpor dogmático que ainda a prende nas amarras da espera que defina o certo e o errado, quando a verdadeira sanção do bem e do mal é da consciência. Ainda se-gundo Denis, é a consciência que registra “minuciosamente” todos os nossos atos. “Mais cedo ou mais tarde, erige-se em juiz severo para o culpado que, em consequ-ência de sua evolução, acaba sempre por lhe ouvir a voz e sofrer as sentenças”.

Aí está a explicação lógica da dor. O preconceito de que sofremos apenas porque somos imperfeitos e devedores, como se fôssemos prisioneiros, marione-tes indefesos de um mundo de expiação e provas pode ser, em vez de consolador, acomodador. É urgente a conscientização de nossas potencialidades, para que assu-mamos posições seguras e intransferíveis com relação à nossa evolução e à evolu-ção da sociedade da qual fazemos parte. Por mérito, pelo o tanto que já conquis-tamos. Por oportunidade, pelo tanto de campos de ensaio que a existência nos oferece para o aprendizado do amor.

A dor, também, não fere somente os culpados, mas a alma virtuosa, como ex-plica Denis, por ser mais sensível. “É mais adiantado o seu grau de evolução, o que a impulsiona muitas vezes até mesmo a procurar a dor, por lhe conhecer todo o valor”, assinala.

Em tempos de crise, numa sociedade consumista de enormes diferenças, onde uns morrem de fome e outros jogam co-mida no lixo, não é tão fácil pensar num futuro solidário, de progresso e de paz. Mais fácil imaginar que, a continuar as-sim, o mundo vai mesmo acabar. E aí o desespero e o comodismo abrem suas asas, gerando a paralisação, a espera da solução que venha de fora.

É bom lembrar que nada está perdido e que Jesus está no comando do Planeta, da humanidade terrena. Um comando que não representa um conjunto de atitudes autoritárias e arbitrárias, a separar os bons dos maus, tornando-nos passivos diante da dor e tragicamente destinados a ‘pagar’ pe-los nossos erros. Não. Estamos todos juntos nesse ideal de amor por um mundo me-lhor, porque essa é finalidade maior. Caso contrário, ele não teria vindo à Terra para nos exemplificar as lições. Pessoalmente.

Deixemos a atitude de espera sem tra-

balho. Responsabilizemo-nos. Resignação é uma conquista do coração, mas não combina com acomodação. Jesus também espera por nós, pelas nossas mudanças, pelos nossos exemplos, pelos nossos es-forços, pelas nossas atitudes de amor, que serão o bom fermento que levedará a mas-sa, que necessita crescer e se multiplicar no Bem. Jesus conta, sim, com a nossa evolução para a manutenção da harmonia do orbe terrestre. O que vamos oferecer? Como vamos contribuir?

Há ares de mudanças na civilização terrena, que desperta para o aspecto espi-ritual do homem em todos os campos do conhecimento. E, então, o que aprende-mos? Que transformações já observamos? O que modificou em nós o conhecimento do Evangelho? O que temos feito com es-sas lições todas, lidas e relidas, para a cons-trução de um mundo melhor?

Se a maior lição de Jesus foi o exemplo, se ele é mestre a seguir, como discípulos, devemos fazer o mesmo: exemplificar o que sabemos. Esses exemplos não podem mais ficar apenas contidos nas quatro pa-redes dos centros espíritas, mas terão que de se exteriorizar em atitudes responsáveis de amor. E atitude quer dizer participa-ção, contribuição, compartilha.

Quando falamos em sacrifício, em sofrimento, em dor, lembramos de Jesus, Sócrates, Joana d’Arc e tantos outros fa-mosos da História, mas quantos, no dia a dia, não sofrem solitários no silêncio e no esquecimento, no cumprimento do seu dever moral, deixando exemplos infindos, impulsionando núcleos familiares, profis-sionais e sociais?

Amemos, pois. E, se amar melhor de-pende do nosso coração e do nosso enten-dimento, que possamos então nos livrar das máscaras do nada-tenho-a-ver-com--isso, como se fôssemos seres à parte da Criação, à espera da salvação, quando ela clama por nossa atenção.

Como narra o evangelista João, Ni-codemos – senador e mestre judeu – procurou Jesus um dia para conversar sigilosamente, espantando-se ao ouvi-lo dizer que o Reino de Deus não chegaria a quem não nascesse de novo, ou seja, a quem se habilitasse a buscar uma nova forma de vida, novos valores, uma nova forma de fé. E para isso só há uma saída: mudança.

Há ares de mudanças na civilização terrena, que

desperta para o aspecto

espiritual do homem em todos

os campos do conhecimento”

LIVROS & CIA.

Editora EMETel.: (19) 3491-7000 www.editoraeme.com.br

Boa Nova EditoraTel.: (17) 3531-4444 www.boanova.net

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10 CORREIO FRATERNO novEMBRo - dEzEMBRo 2011

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NOVOsatélite

TVCEI e TV Mundo Maior Agora juntas no mesmo satélite

A partir do dia 7 de novembro de 2011, a TVCEI e a TV Mundo Maior iniciam uma importante parceria que irá beneficiar a divulgação espírita através da televisão.

Esta união de experiências irá trazer para os telespectadores uma TV Espírita muito mais forte, consolidada e com uma programação ainda melhor, além de ampliar a área de cobertura, através do satélite C2 e diversas operadoras de TV a cabo.

A programação será intercalada em três horas para cada emissora.

Dados para assistir com antena parabólica: Satélite StarOne C2 (Banda C digital)Frequência: 3964 HSymbol Rate (SR): 1875

Você que possui o kit de recepção da TVCEI poderá manter o mesmo receptor, bastando trocar a antena para outra compatível com banda C digital. O sinal do Estrela do Sul já está desativado.Informações: www.tvcei.com/satelite

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novEMBRo - dEzEMBRo 2011 CORREIO FRATERNO 11

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EnSAIo

Pouca gente sabe o que real-mente é Jesus para os espíritas, sem contar os que fantasiam em torno de conjecturas vazias, por total desconhecimento. Persona-lidade mais comentada de todos os tempos, Jesus, por sua impor-

tância, ensejou a fragmentação da História em duas partes — antes da sua vinda e depois de sua pas-sagem pela Terra.

Os espíritas não costumam cultuar imagens, muito menos a imagem de Jesus na cruz, aba-tido, vitimado pela incompre-ensão dos homens. Para eles, o Jesus real é “um ser iluminado, belo, forte, irradiando amor de uma forma ampla e total, como um verdadeiro sol cujos raios se direcionam para todos os lados e atingem a todas as pessoas do Universo. Médico, psicólogo, pedagogo, consolador, redentor, Jesus nunca usou de uma classi-ficação dicotômica da humanida-de — os condenados a um futuro terrível num inferno eterno, em função de seus erros, e os eleitos, os únicos a se salvar, em função da sua fidelidade. Assim, os es-píritas veem esse tal de inferno apenas como um estado íntimo da consciência. Nada de demô-nios, nada de Pai vingativo.. Esse conceito encerrou-se com Moisés — teve valor somente a seu tem-po, quando a humanidade exigia o tratamento do olho-por-olho--dente-por-dente. A partir de Je-sus, Deus passa a ser infinitamen-te bom e misericordioso.

Quando se diz que Jesus é o caminho, o espírita entende que uma estrada leva sempre a algum lugar. Ao classificar-se o mestre como caminho, afirma Emma-

nuel, afasta-se a possibilidade de uma estrada sem proveito. Acei-tando a receita de Jesus, caminhar em sua companhia “é aprender sempre e servir diariamente, com renovação incessante para o bem infinito, porque o trabalho cons-trutivo, em todos os momentos da vida, é a jornada sublime da alma, no rumo do conhecimento e da virtude, da experiência e da elevação”. Zonas com estradas de-sativadas, sem serviço, sem trans-porte, refletem economia paralí-tica. Assim arremata Emmanuel:1 “Cristãos que não aproveitam o caminho do Senhor para alcançar a legítima prosperidade espiritu-al são criaturas voluntariamente condenadas à estagnação”. Nada de inferno. E toda estagnação é temporária, até que o espírito desperte. Disso tem certeza o es-pírita. Esse despertar, comumen-te, acontece sobre o aguilhão da dor, em função da sábia lei divina de causa e efeito.

O destino de todos nós? A per-feição. Todos, sem exceção verão a Deus, alcançarão os patama-res maiores da evolução. E mais, independentemente da religião que abraçaram. O que manda é a prática indiscriminada do Amor, com maiúscula, e não a escolha da prática religiosa, rotulada.

Jesus, para o espírita, não é Deus. O mestre chamou a si mes-mo de Filho do Homem, filho de Deus. A distância, em medidas de perfeição, que existe entre Jesus – pela sua superioridade moral – e nós mesmos é que nos faz imagi-ná-lo como Deus... Compreen-sível que para nós ele seja quase isso, um Deus.

A prática do perdão, mecanis-mo expresso no Pai-Nosso como condição para o perdão do Pai, e a máxima “amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”, são a receita maior para rumarmos sem delongas na dire-ção do Criador.

A regra áurea do “fazer aos ou-tros o que gostaríamos que nos fizessem” não foi trazida por Je-sus. Ela datava de muitos séculos passados. Buda a citava, os gregos, os persas, os chineses, os egípcios, os hebreus, até os romanos: “A lei gravada nos corações humanos é amar os membros da sociedade como a si mesmo”.2 A grande di-ferença é que Jesus vivenciou essa regra áurea, “em plenitude de tra-balho, abnegação e amor”.

A maioria dos espíritas con-corda com Gandhi quando ele diz que a mais pura essência do cris-tianismo está no Sermão da Mon-tanha (é lá que Jesus nos ensina a orar, por meio do Pai-Nosso). Se todo acervo da sabedoria humana sobre a Terra fosse destruído, só restando o Sermão da Montanha, “as gerações futuras teriam nele toda a beleza e sabedoria neces-sárias para a vida”, disse o grande estadista hindu.

Aliás, o espírita entende tam-bém que Gandhi, Buda, Lutero, Chico Xavier, Tereza de Ávila, Madre Tereza de Calcutá, Irmã Dulce, Santo Agostinho, os pro-fetas que constam das escrituras sagradas e tantos outros, todos, sem exceção, foram colaborado-res do Cristo, na sua estratégia de estabelecer o Reino de Deus na Terra. Todos foram, em maior ou menor grau, “inspirados pelos planos mais altos da vida”. Tudo faz parte de um trabalho árduo e constante para a instalação defi-nitiva do amor entre os homens. Afinal, Jesus é o diretor espiritual desse planeta e espera a colabora-ção de todos para a redenção da Humanidade. Nisso, até nós, na nossa pequenez, estamos incluí-dos. Operários do Cristo, nas mí-nimas coisas.

1- “O caminho”, em Vinha de luz, psico-grafado por Francisco Xavier, FEB.2- “A regra áurea”, Caminho, Verdade e Vida, idem.

QueméJesus para os

espíritasPor ARy MARqUES BRASIL

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12 CORREIO FRATERNO novEMBRo - dEzEMBRo 2011

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Centenário de Inauguração da sede da FEB Será realizado nos dias 10 e 11 de dezembro,

das 9:00 às 13:00h, o evento de comemora-ção do centenário de inauguração da sede histórica da Federação Espírita Brasileira,

que contará com palestras e exposição. Local: Av. Pas-sos, 30 – Centro, Rio de Janeiro, RJ. Maiores informa-ções: www.feb.com.br

Congresso Estadual em Franca-SPEstão abertas as inscrições para o 15º Con-

gresso Estadual de Espiritismo, a ser reali-zado de 28 de abril a 30 de maio de 2012, na cidade de Franca, SP, na Escola Pesta-

lozzi, Rua José Marques Garcia, 197. O evento será promovido pela USE da cidade. Informações: www.usesp.org.br, ou pelo email: [email protected]

26ª CONJEBAcontece entre os dias 17 e 21 de fevereiro,

em Feira de Santana, BA, a 26ª Confrater-nização das Juventudes Espíritas do Esta-do da Bahia. Sob a coordenação da Fede-

ração Espírita do Estado da Bahia, o evento tem como tema “Jovem, espiritismo em movimento”. Maiores informações: [email protected]

Conferência Estadual Espírita no ParanáSerá realizado do dia 16 a 18 de março, no

Expotrade, Paraná, a XIV Conferência Es-tadual Espírita, com o tema “Transição planetária”. O evento contará com pales-

trantes como Alberto Almeida, Divaldo Franco, San-dra Borba, Haroldo Dutra e André Trigueiro. Inscri-ções: http://www.conferenciaespirita.com.br

Curso de capacitação de evangelizadoresA Fraternidade Paulo de Tarso realizará duran-

te todos os sábados, de 14 de janeiro a 11 de fevereiro, das 14:00 às 18:00h, o Curso de capacitação de evangelizadores de São José

dos Campos, SP. (Rua Casemiro de Abreu, 4, J. Ma-ringá). Para inscrições, enviar nome e casa espírita que frequenta para: [email protected]

Acesse a Agenda Eletrônica Correio Fraterno e fique atualizado sobre o que

acontece no meio espírita. Participe.www.correiofraterno.com.br

qualquer hora, em qualquer lugar

FEV

17

MAR

16

JAN

14

ABR

28

ENIGMA

Qual o nome do

instrumento descrito nas

obras de André Luiz

que identifica a vibração

dos médiuns do plano espiritual?

CAçA-PALAVRAS DO CORREIO

Resposta do Enigma:

Solução da Palavra Cruzada

Veja em:www.correiofraterno.com.br

Psicoscópio

VOCÊ PODE AJUDAR A FAZER UM NATAL DIFERENTE PARA ESSAS CRIANçAS!

DEZ

10

http://www.laremmanuel.org.br/doacoes.html

Livro de J. Herculano

Pires

Devaneio

Crença

Sílaba de “Eurípedes”

Grande quantidade de armas

Verbo que expressa

posse

Terceira Vogal

Maior usina geradora de energia do

Brasil

Personagem do livro - Há 2000 anos

Companhia Consoantes de “Luna”

Estado brasileiro

Sempre a melhor solução

O primeiro homem da Terra (Bib.)

Interjeição

Diminutivo de Eduardo

Consoantes de “Tela”

5ª nota musical

Quem ___, educa

Marcha

7ª nota musical

Carta de baralho

Cidade do interior

de SP Oposto de

irreal

Onde

Existir

SorrirOnde

depositamos nossos votos

(pl.)

Livro de J. W. Rochester

Filme espírita lançado em 2011: Filme _______

Coloque

Trama narrada em capítulos

Eleva-se no mar

20

Oposto de não

Consoantes de duas

Estuda

Pronome pessoal Livro de

André Luiz

Despenca Objeto

com campo magnético

Óbito ConjunçãoDá à luz ou cria filhos

Doutrina espírita

Instituto de Pesquisa

Silaba de “chorar”

Primeira letra do alfabeto

Interjeição

Espírito Santo

Inteligência suprema

Tribuna para palestras

País europeu

Avó em italiano

Interjeição de dor

Elaborado por Tatiana Benites e Hamilton Dertonio, especialmente para o Correio Fraterno

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novEMBRo - dEzEMBRo 2011 CORREIO FRATERNO 13

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Laurinhaestáemcasaedizasuamãe:

– Mãe, na próxima aula do centro vamos falar de servir a deus e ao Mamão.–Quebom,filha,éumapassagemmuito importante do Evangelho.–PorqueagenteservepraDeus,né?–Nãoéserve“praDeus”esimser-ve“aDeus”...Laurinha a interrompe:–Éamesmacoisa,némanhê?–Nãoénão.NósservimosaDeusquando administramos os dons que Ele nos colocou nas mãos, sem ego-ísmo.Quando somosumexemploda representação da bondade, do amor, do respeito...– do desrespeito, da raiva, do ódio.... Tem muita gente ruim no mundotambém–retrucaLaurinha.

– Issoéverdade,filha.Masquemserve a deus se ocupa com o bem.–Mas se é servir aDeus, porquetambémsedizserviraoMamão?–Mamonéa representaçãoda ri-queza. Serve a Mamon quem se preocupamaiscomoqueémate-rial, acima do viver bem, com saú-de, amor e...– Ah! Entendi.Mamão é amaté-ria....– Isso mesmo!– Mas por que tinha que ser um mamão? Podia ser representado por um morango, uma maçã, tem tanta fruta mais bonitinha!– Mas não é mamão, é Mamon,queemhebraicosignificadinheiro!–Ah,tá!Mamon!!

Laurinha vai para o quarto e co-meça a falar com uma amiga ao

telefone e explica o que acabara de conversar com sua mãe. depois que desliga o telefone, continuaodiálogo coma mãe:–Mãe,jáex-pliquei para a Aninha a lição da aula que vem.– que bom, Lauri-nha,agoravocêsjápodemexplicaraos amigos.– É mesmo, vou contar pro pessoal osignificadodoMelon.–Mamon!Filha,Mamoooon!–falasua mãe com ênfase.– É isso aí, Mamão, manhê, Ma-mãããão!!!!

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SERVIR A DEUS E AO MAMãO

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Mais um livro da coleção “Histó-rias que os espíritos contaram”, de Herminio C. Miranda, resgatado pela editora Correio Fraterno nesta nova edição.

Mais vinte histórias reais de espíri-tos endividados perante a lei maior, avaliando seus equívocos e sua re-jeição sistemática da mensagem amorosa de Deus.

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Page 14: Correio Fraterno 442

14 CORREIO FRATERNO novEMBRo - dEzEMBRo 2011

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Na primeira metade do século 20 eram comuns os fenômenos de efeitos físicos. Depois dos anos

cinquenta eles foram rareando e, hoje, não sei mais deles. No começo do século passado, eles eram importantes para com-provar a existência do mundo espiritual e sua possibilidade de manifestação no mundo físico.Assim, existem inúmeras fotos de espíritos materializados, moldes em parafina, gesso e objetos em diversas obras espíritas.Na década de 1940, mamãe (Anita Briza) e eu, a convite do dr. João Della Monica Pe-reira de Castro, estivemos, por duas vezes,

em centro espírita da região leste da capital paulista, assistindo a duas sessões de efei-tos físicos e materialização com o médium Zezinho. Os membros da casa sentavam-se nas cadeiras das duas primeiras fileiras. Na segunda vez mamãe foi convidada a sentar--se à frente. Fiquei na quarta ou quinta fileira. O médium sentava-se em uma ca-deira, pés amarrados (creio que mãos tam-bém), dentro de uma cela com grade de ferro, em frente aos assistentes. Presenciamos troca de discos e música em ‘vitrola’ manual, fenômeno de voz direta, que disseram ser do padre Zabeu, megafo-ne e outros objetos, com tinta fosforescente

FOIASSIM

Eu viPor nEydE SCHnEIdER

circulando no ar do salão às escuras, e al-guns outros efeitos físicos. Houve também materialização de dois espíritos diferentes, uma com luz própria e outra com luz ver-melha amortecida. Um deles com turbante na cabeça e, do outro, recordo-me braços musculosos, dobrados à frente.De onde eu estava, foi possível vê-los ape-nas do torso para cima; a oportunidade, todavia, foi inesquecível.

Neyde Schneider é presidente do Conselho de Coopera-ção da Sociedade de Estudos Espíritas 3 de Outubro e secretária geral da USE do Estado de São Paulo.

voCÊ SABIA?

Confrontar e checar a coerência das informações dos espíritos

nas diversas obras de base da dou-trina espírita foi o que levou umpesquisador brasileiro a iniciar, há30 anos, uma das mais completas obras de referências bibliográficasdatemáticaespírita.Tudo começou por curiosidade. de origem presbiteriana, ao analisar os livrosdeestudosespíritasdesuaes-posa, Luiz Pessoa Guimarães achava estranho não encontrar no espiritis-moas‘chavesbíblicas’–oulinksen-tre passagens que se referem a um mesmo assunto, como estava acos-tumado em sua religião. Lendo as

obrasespíritas,Pessoapreocupou-seemfazeranotaçõesparaverseosdi-ferentesespíritosdavamasmesmasdefiniçõesparaosmesmosassuntos,situaçõesoulocalidades.Semquerer,nasciaalioVademecumespírita.Umvademecumé,deformageral,um livro de referência, cuja palavra origina-se de uma expressão latina que significa “vem comigo”e eminglês pode ser traduzido como manual ou guia.OVademecumespíritatevesuapri-meira edição em 1982, com apenas 20 exemplares. Chega agora em sua oitava edição com vinte mil exempla-res, e contando a partir de agora com

a parceria do CCdPE - Centro de Cul-tura e documentação Eduardo Car-valho, de São Paulo. o livro, conhe-cidoem82países, juntamentecomo site que recebe diariamente mais de duzentos acessos, faz referência a maisdetrezemillivros–640espíritas– e a cerca de 2.500 assuntos.Fonte de pesquisa para expositores, bibliotecas, livrarias e escritores, ele passa a contar agora com a cola-boração também dos leitores, quepoderão sugerir a inclusão de novas obras e assuntos.

Para saber mais: www.vademecumespirita.com.br

A dúvida que fez nascer um projeto

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Guimarães: nova edição do Vade mecum espírita

Por IzABEL vITUSSo

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novEMBRo - dEzEMBRo 2011 CORREIO FRATERNO 15

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MUndo SUSTEnTÁvEL

As formigas constituem um dos mais sofisticados sistemas sociais conhecidos. Existem há cem mi-

lhões de anos, apareceram no planeta muito antes de nós e se dividem em mais de 12.500 espécies diferentes. De apa-rência frágil, este inseto vem resistindo às intempéries da natureza e às ações pre-datórias do homem graças a seu apurado senso de organização coletiva.

Formigueiros são sistemas sociais on-de há ordem e hierarquia. Os papéis es-tão muito bem definidos e todos tra-balham para mantê-los em equilíbrio e paz. O exemplo da formiga é apenas um, dentre tantos na natureza, em favor do trabalho coletivo que assegura a paz e o bem-estar social.

Na questão 766 de O livro dos espíri-tos, Allan Kardec pergunta à Espirituali-dade Maior:

P: A vida social está na natureza?R: Certamente. Deus fez o homem para

viver em sociedade. Somos seres sociais e só podemos

ser explicados e compreendidos a par-tir das relações estabelecidas com os ou-tros que nos cercam. Nos alimentamos dessas relações e precisamos delas pa-

o exemplo das formigasPor AndRÉ TRIGUEIRo

ra crescer e evo-luir. O espiritismo não avaliza o es-tilo ‘ermitão’, da-quele que se exclui do convívio social para seguir sozi-nho, encapsulado em si mesmo. Es-sa é a paz do ‘Mar Morto’. Na tradi-ção do budismo, quando o príncipe Siddhartha alcan-ça o nirvana atra-vés da meditação à sombra de uma árvore, em vez de permanecer em seu mundo perfeito, ele retorna para com-partilhar com os homens o seu conhe-cimento e a sua sabedoria. Não fosse as-sim, não seria o Buda.

Evoluímos renunciando ao egoísmo, ao orgulho, à vaidade, em favor do pró-ximo. O outro nos serve de instrumen-to para alcançarmos a evolução. O amor--doação, o amor-renúncia, o amor-sacri-fício são exercícios espirituais fantásticos que nos projetam na direção da luz. Em

sociedade, encon-traremos sempre opo r tun idade s evolutivas precio-sas, ao nosso al-cance, para seguir em frente. Sem-pre haverá ao nos-so redor alguém privado de saúde, de alimento, de es-perança, de conso-lo, de conforto, de trabalho, de paz. Alguém que nos instigará a cons-truir a ponte na

direção do amor. Não alcançaremos a plenitude se não for assim. E não haverá paz efetiva enquanto algum de nós ainda estiver em sofrimento.

O grande desafio é que precisamos nos organizar socialmente para alcançar-mos a paz. Não somos formigas, mas de-vemos buscar o bom exemplo do formi-gueiro para entendermos a importân-cia de consagrar parte do nosso tempo e energia em favor de um projeto coletivo, contribuindo efetivamente para esse sis-

tema em equilíbrio. Como alcançar esse objetivo numa das sociedades mais desi-guais do mundo? Sim, a maior nação es-pírita do planeta (que vem a ser também a maior nação católica e uma das maiores potências evangélicas) acolhe um dos sis-temas sociais mais desiguais da atualidade. Quem trabalha em favor da paz, jamais poderá tolerar a desigualdade. Na questão 806 de O livro dos espíritos, quando Kar-dec indaga se a “desigualdade das condi-ções sociais” é algo inerente à natureza, a resposta é direta: “Não. É obra do homem e não de Deus.” Promover com coragem e abnegação a igualdade de gênero, raça e credo é um bom começo. Não repetir pia-das prontas que reforcem o preconceito é outra boa dica. Reservar parte do tempo para alguma atividade voluntária, não re-munerada, em favor de alguma causa que esteja na linha de frente do combate à de-sigualdade é uma das expressões mais bo-nitas e urgentes de caridade. Para que se-jamos efetivamente ‘irmãos em Cristo’, há muito que fazer. Comecemos já.

André Trigueiro é jornalista, apresentador do Jornal das Dez e editor do programa Cidades & Soluções. www.mundosustentavel.com.br

A morte nos separa das pessoas que amamos?Encarar a morte, na teoria, é mais fácil. Porém, ao sermos visitados por ela através de um ente querido, tudo muda.Estas duas obras são portadoras da mensagem consoladora do Espi­ritismo, ajudando a encarar a morte de uma forma menos dolorida, trazendo compreensão e fortaleza nesse momento tão delicado.As pessoas que amamos continuam vivas depois da morte, e estão ligadas a nós por meio dos laços de amor.

Perda de pessoas amadas Armando Falconi Filho16x23 cm • 160 pp. • R$ 22,00

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O grande desafio é que precisamos

nos organizar socialmente para

alcançarmos a paz”

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16 CORREIO FRATERNO novEMBRo - dEzEMBRo 2011

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Aprofundando-se na temática do autoconheci-mento, a filósofa Astrid Sayegh mostra que é pos-sível encontrar formas de exteriorizar, manifestar

potenciais. A felicidade, assim, seria um processo, caben-do a cada um mobilizar forças e sentimentos para tirar de si mesmo aquilo que não imaginava possuir.

Único ser livre no universo, o Espírito precisa agir com conhecimento de causa, não havendo nada mais reconfortante que saber que sua libertação também está em suas mãos. Para tanto, é preciso conquistar o auto-domínio e é justamente do que trata o livro Como re-novar atitudes? (Editora Correio Fraterno). Vale a pena acompanhar a autora.

Em que seu livro se diferencia com relação à

temática do autoconhecimento, tão enalteci-da no meio espírita?Astrid: Eu não diria que se diferencia da temática enalte-cida pelo meio espírita, mas trata-se de uma abordagem antes filosófica. Sob esse prisma o autoconhecimento não é apenas a consciência de nossos defeitos, mas a consci-ência da essência que nos habita, da presença do Ser em nós, no que ela tem de infinito e não de limitação, no que ela possui de qualidade interior a se multiplicar e não imperfeições. Autoconhecer significa ‘existir’ como afir-ma Herculano Pires, e não apenas ‘viver’. Existir consiste na mundivivência com consciência do porquê de nossas condições existenciais, nossa destinação e sobretudo o significado de nossa existência. Não basta viver, importa existir de forma autêntica e liberta.

Como é possível a renovação de atitudes? Astrid: Não temos a pretensão de oferecer uma fórmula pronta e acabada, mas renovar significa ‘viver o novo’ den-tro de si mesmo. Renovar atitudes não consiste, portanto, apenas em mudanças de hábitos e regras, mas adequar-se ao senso divino, ao senso moral interior através da educa-ção do modo de sentir e de pensar.

O espírita fala muito sobre reforma íntima. Por que é tão difícil essa transformação?Astrid: Primeiramente julgo que a expressão ‘reforma’ não é tão precisa, uma vez que não se trata de des-contruir para construir novamente. Não se trata de negar nada, mas antes de afirmar a substância, a presença divina em nós. Trata-se de uma postura ativa da alma de liberar o interior de forma liberta, e não reprimir atitudes exteriores. A repressão não educa, condiciona; já a renovação interior é uma

consciência moral pautada na adequação ao sentido es-piritual, à causa imanente em nós, e que será, portanto, geradora dos efeitos e de atitudes. É assim que afirma Jesus, “buscai primeiramente o reino de Deus e o resto vos virá por acréscimo”.

Qual seria a melhor receita? Quais passos você recomendaria? Astrid: Não utilizaria o termo receita, pois sugere regras para algo pronto e acabado; trata-se antes de algo a ser descoberto dentro de si mesmo, uma edificação interior. O primeiro passo é querer sentir o amor, fonte de toda conduta e da palavra...

Hoje há tantos livros de autoajuda. Em sua opinião, essas obras realmente nos ajudam? Por quê? Astrid: A autojuda, conforme o próprio termo ‘ajuda’, mas não nos parece resolver profundamente, pois a com-preensão filosófica da substância divina, do itinerário do ser, do princípio imanente é que permite a compreensão pela razão, e, portanto, pela lógica o processo de edu-cação de dentro para fora, e não de fora para dentro; e desse modo o indivíduo passa a liberta-se por si mesmo, de forma autônoma, porque compreendeu, e não porque foi consolado. Filosofia, como costumo dizer, é educação para a liberdade, para a autonomia de ser e de pensar.

LEITURA

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Astrid Sayegh: Filosofia é educação para a liberdade