CT98 Racas e Tipos de Cruzamentos Para Producao de Leite

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Heterose ou vigor de híbrido O conhecimento e entendi- mento do conceito da hete- rose ou vigor de híbrido pode ajudar o produtor na escolha do tipo de cruzamento mais adequado conforme o sistema de produção adotado em sua propriedade. O acasalamento de animais de raças diferentes é a maneira mais rápida de fazer melhora- mento genético dos bovinos, reunindo em um só animal as boas características de duas ou mais raças, aprovei- tando-se a heterose ou vigor de híbrido. A heterose é o fenômeno pelo qual os filhos apresentam melhor desempenho (mais vigor ou maior produção) do que a média dos pais. A heterose será tão mais pronunciada quanto mais divergentes (geneticamente diferentes) forem as raças ou linhagens envolvidas no cruzamento. Existem resultados de pesquisas científicas mostrando heterose para produção de leite variando de 17,3% até 28% nos cruzamentos entre animais da raça Holan- dês e animais das raças zebuínas. A heterose afeta características particulares e não o indivíduo como um todo. A heterose é máxima nos animais híbridos F1 ou de ‘primeira cruza’. O animal F1 reúne as boas características de ambos os proge- nitores. No caso do cruzamento de vaca Gir com touro Holandês PO, as fêmeas F1 irão apresentar maior precocidade e maior aptidão leiteira (características típi- cas do Holandês) do que a Gir e também maior resistência a ectoparasitas, maior tolerância ao calor e maior rusticidade do que o Holandês, pois essas são características marcantes das raças zebuínas. O desempenho (produção) do animal F1 depende da qualidade genética dos progenitores (do touro e da vaca) envolvidos em cada cruzamento. Assim, existem bons e maus animais F1 (ou meio-sangue), refletin- do a qualidade genética do touro e da vaca envolvidos em cada cruzamento. Portanto, é importante utilizar sempre touros provados para leite, sejam eles europeus ou zebuínos. Até início da década de 1990, a recomendação técnica para obter animais F1 HZ era acasalando vacas Gir com touros Holandês puros de origem (PO). Isso porque a população de Gir era grande, a vaca Gir era relativamente de baixo custo e dispunha-se de touros Holandeses provados para leite, sendo as vacas da raça Holandês de maior valor monetário. Mas desde 1993 dispõe-se no Brasil de touros Gir Leiteiro provados e selecionados para produção de leite. Além disso, as vacas da raça Holandês não estão com preço muito elevado e a população de bovinos da raça Gir Leiteiro é pequena. Assim, pode-se utilizar tanto o cruzamento de vacas Gir Leiteiro com touro Holandês puro, como o cruzamento recíproco, ou seja, vacas da raça Holandês com touro Gir Leiteiro. Geneticamente, a qualidade do F1 HZ é a mesma, com o mesmo potencial genético para a produção de leite. Raças e tipos de cruzamentos para produção de leite Juiz de Fora, MG Agosto, 2009 98 ISSN 1517-4816 Autores João Eustáquio Cabral de Miranda – Engenheiro- agrônomo, D.Sc. – Pesquisador da Embrapa Gado de Leite [email protected] Ary Ferreira de Freitas – Engenheiro-agrônomo, D.Sc. – Pesquisador da Embrapa Gado de Leite [email protected]

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  • Heterose ou vigor de hbrido

    O conhecimento e entendi-mento do conceito da hete-rose ou vigor de hbrido pode ajudar o produtor na escolha do tipo de cruzamento mais adequado conforme o sistema de produo adotado em sua propriedade.

    O acasalamento de animais de raas diferentes a maneira mais rpida de fazer melhora-mento gentico dos bovinos,

    reunindo em um s animal as boas caractersticas de duas ou mais raas, aprovei-tando-se a heterose ou vigor de hbrido. A heterose o fenmeno pelo qual os filhos apresentam melhor desempenho (mais vigor ou maior produo) do que a mdia dos pais. A heterose ser to mais pronunciada quanto mais divergentes (geneticamente diferentes) forem as raas ou linhagens envolvidas no cruzamento. Existem resultados de pesquisas cientficas mostrando heterose para produo de leite variando de 17,3% at 28% nos cruzamentos entre animais da raa Holan-ds e animais das raas zebunas. A heterose afeta caractersticas particulares e no o indivduo como um todo. A heterose mxima nos animais hbridos F1 ou de primeira cruza. O animal F1 rene as boas caractersticas de ambos os proge-nitores. No caso do cruzamento de vaca Gir com touro Holands PO, as fmeas F1 iro apresentar maior precocidade e maior aptido leiteira (caractersticas tpi-cas do Holands) do que a Gir e tambm maior resistncia a ectoparasitas, maior tolerncia ao calor e maior rusticidade do que o Holands, pois essas so caractersticas marcantes das raas zebunas. O desempenho (produo) do animal F1 depende da qualidade gentica dos progenitores (do touro e da vaca) envolvidos em cada cruzamento. Assim, existem bons e maus animais F1 (ou meio-sangue), refletin-do a qualidade gentica do touro e da vaca envolvidos em cada cruzamento. Portanto, importante utilizar sempre touros provados para leite, sejam eles europeus ou zebunos.

    At incio da dcada de 1990, a recomendao tcnica para obter animais F1 HZ era acasalando vacas Gir com touros Holands puros de origem (PO). Isso porque a populao de Gir era grande, a vaca Gir era relativamente de baixo custo e dispunha-se de touros Holandeses provados para leite, sendo as vacas da raa Holands de maior valor monetrio. Mas desde 1993 dispe-se no Brasil de touros Gir Leiteiro provados e selecionados para produo de leite. Alm disso, as vacas da raa Holands no esto com preo muito elevado e a populao de bovinos da raa Gir Leiteiro pequena. Assim, pode-se utilizar tanto o cruzamento de vacas Gir Leiteiro com touro Holands puro, como o cruzamento recproco, ou seja, vacas da raa Holands com touro Gir Leiteiro. Geneticamente, a qualidade do F1 HZ a mesma, com o mesmo potencial gentico para a produo de leite.

    Raas e tipos de cruzamentos para produo de leite

    Juiz de Fora, MGAgosto, 2009

    98

    ISSN 1517-4816

    Autores

    Joo Eustquio Cabral de Miranda Engenheiro-agrnomo, D.Sc. Pesquisador da Embrapa Gado de [email protected]

    Ary Ferreira de Freitas Engenheiro-agrnomo, D.Sc. Pesquisador da Embrapa Gado de [email protected]

  • 2 Raas e tipos de cruzamentos para a produo de Leite

    Poder haver efeito materno (DNA mitocondrial) no tamanho dos animais F1, e as filhas (e os filhos) das vacas Holandesas sero maiores.

    Escolha da raa ou do tipo de cruzamento

    Na escolha de uma ou outra raa, ou de alguma das diferentes opes de cruzamentos, devem ser consi-derados vrios aspectos, como o sistema de produ-o a ser adotado na propriedade, o clima (tempe-ratura, ventos, radiao solar, umidade relativa do ar, precipitao mdia anual), o tipo e a fertilidade do solo, a topografia do terreno, o preo dos animais, a preferncia pessoal do produtor, a capacidade de investimento etc. Basicamente, pode-se utilizar qualquer raa ou tipo de cruzamento e ter sucesso, dependendo do sistema de produo adotado na propriedade, das tecnologias usadas, da capacidade gerencial e administrativa do produtor, do preo de venda do leite etc. Entretanto, sem dvida, o siste-ma de produo a ser adotado na propriedade o item mais importante a ser considerado na escolha da raa ou do tipo de cruzamento mais apropriado. Assim, a raa ou o tipo de cruzamento so apenas al-guns dos itens componentes do sistema de produo.

    Existem vrias opes de raas e tipos de cruzamentos para produo de leite. As principais so:

    Raa europeia pura, especialmente selecionada para a produo de leite. Existem a Holands (H), a Jersey (J), a Sua-Parda ou Schwyz, a Guernsey, a Ayrshire e a Sueca Vermelha. Dessas raas, a mais conhecida e difundida no Brasil a Holands.

    Raa europeia de dupla-aptido (produo de leite e de carne). H a Flamenga, a Normanda, a Simental, a Dinamarquesa e a Red Poll. Dessas raas, a mais conhecida a Simental.

    Raa de dupla-aptido adaptada aos trpicos (pro-duo de leite e de carne). H a Girolando, a Caracu e a Pitangueiras. Dessas raas, a mais conhecida e difundida no Brasil a Girolando. A raa Girolando uma raa sinttica, bimestia, desenvolvida no Brasil a partir do cruzamento de Holands com o Gir Leiteiro, tendo a composio de 5/8 H e 3/8 Gir (ou simplesmente 5/8 HZ).

    Raas zebunas leiteiras. Existem a Gir Leiteiro (G), a Guzer (Guz), a Sindi e a Indubrasil. Dessas raas, a Gir Leiteiro a mais importante. Entretanto, vacas zebunas de alta produo leiteira ainda so de preo muito elevado, em virtude do pequeno tamanho da populao.

    Vacas mestias. So geralmente derivadas do cruza-

    mento de animais de uma raa pura de origem euro-peia (E) com animais de uma das raas zebunas (Z), em vrios graus de sangue. Entre as muitas opes de cruzamentos, os mais comuns so:

    - Absoro por raa europeia especializada, at atingir o puro por cruza (PC). - Cruzamento alternado simples europeu x zebu (E x Z). - Cruzamento alternado com repetio do europeu (E-E-Z) ou (E-E-E-Z). - Formao de uma nova raa sinttica. Exemplo: 5/8 Holands + 3/8 Gir, bimestia, que a raa Girolando. - Utilizao contnua de vacas meio-sangue HZ ou uso do F1 HZ. - Cruzamento com Holands e venda de fmeas 3/4 HZ. - Cruzamento terminal. - Rebanho meio-sangue (F1 HZ) e 3/4 HZ. - Uso de vacas 3/4 HZ. - Cruzamento triplo. Pode ser usado o cruzamento triplo (tricross, em ingls) para poder manter a hetero-se (vigor de hbrido) e aumentar a produo e o teor de slidos do leite. Normalmente se cruzam animais mestios (por exemplo: 1/2 HZ) com animais da raa Jersey ou Sua-Parda, obtendo-se o cruzamento triplo. - Cruzamento de Jersey com Gir Leiteiro. comumente chamado de Girsey. Ainda no um cruzamento muito popular no Brasil. - Cruzamento de europeu com europeu. Normalmente se cruza Holands (H) com Jersey (J), obtendo um animal FI HJ, hbrido chamado popularmente de Jersolando.

    No mundo todo, a mais utilizada na produo de leite a raa Holands, por ser a de maior especializao leiteira e a que foi mais selecionada para essa finalidade. Porm, os animais da raa Holands, bem como os animais de todas as demais raas de origem europeia, so mais exigentes em termos de cuidados, de conforto, de manejo e tambm so os que mais sofrem com as condies tropicais de nosso pas, principalmente com os carrapatos, os bernes etc.

    Na produo de leite no Brasil, predominam vacas mestias de Holands x Zebu, em seus vrios graus de sangue, para aproveitar a capacidade produtiva, a precocidade e a mansido do Holands e a rusticidade das raas zebunas, sendo que, no F1 HZ, aproveitam-se 100% da heterose ou vigor de hbrido. Essas opes de cruzamentos so discutidas neste texto.

    Sistema de produo

    Cada fazenda considerada como um sistema de produo diferenciado, particular. O sistema de

  • 3Raas e tipos de cruzamentos para a produo de Leite

    produo adotado em uma propriedade leiteira decorrente do desempenho dos animais existentes e das tecnologias utilizadas na fazenda. Esse de-sempenho pode ser estimado pela mdia da pro-duo de leite por lactao (litros/vaca/lactao), produo de leite diria (litros/vaca/dia), entre outros. De maneira bastante simplificada, e apenas para um melhor esclarecimento do assunto, alm de dispor de parmetros para comparaes, os rebanhos podem ser divididos em quatro nveis, de acordo com a produo dos animais:

    Muito alto, que propiciam produes acima de 8.000 kg/lactao.

    Alto, que propiciam produes variando de 6.000 kg/lactao a 7.000 kg/lactao.

    Mdio, com produes variando de 3.500 kg/lactao a 4.500 kg/lactao.

    Baixo, com produes abaixo de 3.000 kg/lactao.

    Escolha o recurso gentico conforme o sistema de produo

    De acordo com o sistema e o nvel de produo, deve-se considerar:

    Em propriedades com mdias de produo de leite muito altas, acima de 8.000 kg/lactao, devem ser utilizadas prioritariamente raas europeias especializadas, com animais de alta gentica, sendo a raa Holands a mais indicada.

    Em fazendas com mdias de produo de leite altas, variando de 6.000 kg/lactao a 7.000 kg/lactao, devem ser utilizadas raas europeias especializadas, sendo a raa Holands uma boa opo, alm da Jersey e da Sua-Parda. Nesses sistemas de alta produo leiteira, pode-se tambm utilizar vacas mestias de Holands com Zebu, ou mesmo o cru-zamento triplo, desde que sejam vacas bem selecio-nadas e de alta gentica.

    Em propriedades com mdias de produo de leite entre 3.500 kg/lactao e 4.500 kg/lactao, tm-se vrias opes, como o uso do cruzamento alternado com repetio do europeu (E-E-Z ou E-E-E-Z), o uso de fmeas F1 HZ, o uso de vacas 3/4 HZ, ou o uso do cruzamento triplo, ou ainda o Jersolando (F1 HJ).

    Para fazendas que utilizam sistemas de produo mais simples, com mdias de produo de leite inferior a 3.000 kg/lactao, o mais indicado escolher uma raa de dupla-aptido, que produza leite e carne, sendo, nesse caso, a melhor indicao a raa Girolando (5/8 H + 3/8 Z). Outras boas opes so as raas zebunas leiteiras, como a Gir Leiteira ou a Guzer, alm da Caracu e da Pitangueiras. Ainda pode ser utilizado o cruzamento alternado simples (E-Z).

    Entretanto, nos sistemas com mdias de produo de leite alta ou muito alta, como acima referido, pode-se utilizar qualquer raa pura, tanto de origem europeia como alguma das zebunas, ou algum dos tipos de cruzamentos, nas mais diferentes regies do Pas, desde que sejam utilizados animais selecio-nados e de alta gentica e que se adotem as tecno-logias adequadas a cada caso. necessrio lembrar que h diferentes solues tecnolgicas apropriadas para pequenos, mdios e grandes produtores, ou para aqueles que adotam os mais diversos sistemas de produo.

    De maneira geral, e apenas como uma sugesto de bom senso, o produtor iniciante na atividade leiteira deve comear com gado mestio, especialmente com o meio-sangue (F1 HZ), por serem animais mais rsticos, menos sensveis aos carrapatos, menos exigentes em trato, menos exigentes em conforto etc. E, medida que o produtor for aperfeioando os seus conhecimentos e melhorando a tecnologia de produo, tambm poder ir apurando o gado para uma raa mais pura, mais especializada na pro-duo leiteira.

    Formao de uma nova raa sinttica: o Girolando

    Para fixao de uma nova raa, necessrio o aca-salamento entre touros e vacas mestias, geralmente de um mesmo grau de sangue, por exemplo, bimestio Girolando, que o 5/8 H e 3/8 Z, geralmente conhecido como 5/8 HZ.

    A partir do hbrido F1 HZ, pode-se obter o Girolando (5/8 HZ), como indicado na Tabela 1 e na Fig. 1, fixando o grau de sangue da nova raa.

  • 4 Raas e tipos de cruzamentos para a produo de Leite

    Na tentativa de obter e fixar uma raa leiteira tropical, o Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento (Mapa), por meio da Portaria 79, de 7 de fevereiro de 1996, oficializou a criao da raa Girolando, que o cruzamento do Holands com o Gir Leiteiro, tendo 5/8 de sangue Holands + 3/8 de Gir. A Associao Brasileira de Criadores de Girolando (Girolando) a entidade oficial encarregada do registro genealgico da nova raa, tendo como finalidade incrementar a criao da raa. Uma raa de dupla-aptido (leite e carne), gado produtivo e padronizado, adaptado regio tropical e subtropical. A sede da associao fica em Uberaba (MG).

    Na Fig. 1a, ilustrada a estratgia de acasalamento mais comum utilizada para obteno do gado Giro-lando (5/8 HG). Touros da raa Holands, puros de origem, de preferncia provados e selecionados para produo de leite, so acasalados com vacas Gir Leiteiro, obtendo-se o F1 HG. As fmeas F1 HG so acasaladas com touro Gir Leiteiro, tambm provado, obtendo-se o 1/4 H + 3/4 G. As fmeas 1/4 H +

    3/4 G so ento acasaladas com touro Holands PO, obtendo-se animais 5/8 H + 3/8 G, que, acasalados entre si, formam o bimestio, que se pretende fixar como raa pura, adaptada aos trpicos. Para imple-mentar esse esquema, esto disponveis no mercado smen de touros Holands PO e de Gir Leiteiro PO provados (pelo teste de prognie) para produo de leite.

    Outra opo para obter animais da raa Girolando acasalar touro Holands PO com vacas Gir Lei-teiro, obtendo-se o F1 HG. As fmeas F1 HG so acasaladas com touro Holands PO, obtendo-se as 3/4 H + 1/4 Gir. As fmeas 3/4 H + 1/4 G so ento acasaladas com touros 1/2 HG (F1 HG), ou o inverso, fmeas 1/2 HZ acasaladas com touro 3/4 HZ, obtendo-se o 5/8 H + 3/8 G. O proble-ma nesse esquema que existem poucos touros meio-sangue e 3/4 HZ provados e selecionados para produo de leite. Nesse caso, outra opo escolher o touro pelo pedigree e pela produo de leite da me.

    A Associao Girolando aceita o uso de touros 5/8 H + 3/8 G (monta natural ou inseminao artificial) para acasalar com vacas 3/4 H + 1/4 G, visando formar um grupamento de animais prximo ao grau de sangue desejado de 5/8 H + 3/8 G (4,5 H + 3,5/8 G), con-forme apresentado na Fig. 1b e na Tabela 1.

    Aps atingir o grau de sangue desejado de 5/8 H + 3/8 G, o rebanho deve ser estabilizado, utilizando-se touros 5/8 H + 3/8 G. Assim, mantm-se o bimestio Girolando. Esse o exemplo clssico de estabilizao de raas bimestias em todo o mundo. Isso ser cada vez mais acelerado aps dispor de um maior nmero de touros 5/8 H + 3/8 G provados para leite. Com o processo de melhoramento gentico, a raa poder aumentar sua mdia de produo de leite, conforme pode-se ver a evoluo da produo de leite das vacas da raa Girolando na Tabela 2.

    O tempo requerido para estabilizar a raa Girolando em 5/8 H + 3/8 G considervel, no mnimo, de 10 a 15 anos. Para acelerar o processo, o produtor poder adquirir fmeas 3/4 H + 1/4 G e cruz-las com touro 1/2 HG, ou ento usar fmeas 1/2 HG acasaladas com touro 3/4 HG. Fmeas 1/4 H + 3/4 G tem pouca disponibilidade no mercado, mas quan-do acasaladas com touro Holands PO vai dar o 5/8 H + 3/8 G, como mostrado na Fig. 1a.

  • 5Raas e tipos de cruzamentos para a produo de Leite

    A Tabela 2 mostra a evoluo de alguns ndices zootcnicos da raa Girolando, conforme dados do controle leiteiro oficial da raa, como as mdias da produo de leite no total da lactao, produo diria, durao da lactao, intervalo de partos, idade da vaca ao primeiro parto.

    A produtividade dos animais da raa Girolando aumen-tou nas ltimas duas dcadas, pela melhoria na quali-dade gentica dos animais, em virtude do avano dos programas de melhoramento gentico e da seleo dos animais, conjugado com as melhorias na alimen-tao dos rebanhos e adoo de outras tecnologias usadas na criao, melhoria na assitncia tcnica etc. Em 1989 a durao da lactao da raa Girolan-do era de 240 dias, a produo total era de 1.990 kg/vaca e a produo diria era de 8,29 litros/vaca/dia. Veja na Tabela 2 como estes ndices evoluram bastante a partir de 1992 at 2007. Com o desen-volvimento do programa de melhoramento gentico via teste de prognie de touros, e com a constante seleo dentro da raa, ser possvel aumentar mais ainda a produtividade de leite da raa Girolando.

    Atualmente, a Associao Girolando e a Embrapa Gado de Leite, tendo como parceiras diversas fazen-das e instituies nacionais, executam um programa

    de teste de prognie de touros, nos graus de sangue 3/4 H G e 5/8 H G. Os produtores interessados em participar desse programa devem contatar a As-sociao Brasileira dos Criadores de Girolando, no endereo: Rua Orlando Vieira do Nascimento, 74, Caixa Postal 493, CEP 38040-280, Uberaba MG. Pode-se entrar em contato tambm pela internet: www.girolando.com.br ou por telefone (34) 3331-6000.

    Vacas mestias

    Cerca de 70% de toda a produo de leite no Brasil provm de vacas mestias Holands-Zebu. Na pecuria leiteira, considera-se gado mestio aqueles animais derivados do cruzamento de uma raa pura de origem europeia e que seja especializada na produo de leite (Holands, Jersey, Sua-Parda), com uma raa pura de origem indiana, uma das vrias que formam o grupo Zebu (Gir Leiteiro, Guzer, Sindi e Indubrasil). A raa Holands pre-domina nos cruzamentos, sendo o mais comum o cruzamento de Holands com o Gir Leiteiro, mais conhecido como Girolando (ressalte-se que o termo Girolando empregado de modo errado. O correto dizer animais mestios). H tambm o Guzolando, resultado do cruzamento de Holands com Guzer, e j h alguns produtores fazendo o Nerolando, que o cruzamento do Holands com o Nelore (muito embora, nesse ltimo exemplo, a produo de leite seja mais baixa, pois Nelore essencialmente uma raa de gado de corte).

    Quando se acasala uma vaca mestia F1 HZ com um touro Holands puro, obtm-se o 3/4 HZ. Ao acasalar as fmeas 3/4 HZ com touro Holands puro, tem-se o 7/8 HZ. Acasalando-se as fmeas 7/8 HZ com touro Holands puro, obtm-se o 15/16 HZ. Acasalando-se as fmeas 15/16 HZ com touro Holands puro, obtm-se o 31/32 HZ. E se continuar acasalando com touro Holands PO, vai-se apurando os animais para a raa Holands, at obter animais puros por cruza ou PC.

    Pesquisa realizada durante mais de 15 anos pela Embrapa Gado de Leite mostrou que o desempenho de cada tipo de animal mestio varivel com a tecnologia adotada nas fazendas (Tabela 3 e Tabela 4). Nas propriedades com melhor nvel de manejo, as vacas mais holandesadas (3/4 HZ; 7/8 HZ; 15/16 HZ e H) foram as mais produtivas (Tabela 4). Nas fazendas com sistema de produo mais simples, em que se emprega menos tecnolo-

  • 6 Raas e tipos de cruzamentos para a produo de Leite

    gia, as vacas mais azebuadas foram as mais pro-dutivas, com exceo das vacas 5/8 HZ, confor-me se pode ver na Tabela 4. O baixo desempenho das vacas 5/8 HZ nessa pesquisa foi porque no se considerou a seleo gentica dos animais, ou seja, no foram usados touros mestios provados e selecionados para produo de leite na obteno dos animais 5/8 HZ usados nesse experimento, pois tais touros provados no estavam disponveis no mercado naquela poca. Em qualquer caso, as vacas mais azebuadas foram as mais resistentes a ectoparasitas (Tabela 3), as mais pesadas e as mais longevas.

    Teoricamente, quanto mais puxada para o lado do Holands, maior o potencial gentico da vaca para a produo de leite, e mais leite a vaca vai dar, porque a raa Holands tem maior especializao leiteira do que as zebunas (Confira Tabela 4). necessrio ressaltar que a raa Holands vem sendo selecionada para produo de leite h centenas de anos, enquanto o trabalho de melhoramento gen-tico das raas zebunas para a produo leiteira muito recente. No entanto, quanto mais holandesa-do (ou seja, animais com maior grau de sangue de Holands) o rebanho for, mais ser exigente em tra-to, susceptvel a carrapato (Confira Tabela 3), sen-svel ao calor, alm de os animais terem dificuldade

    em subir morros muito altos para pastar etc. Alm disso, aps o grau de sangue 3/4 HZ, os machos no so bons para ser criados para corte.

    Nas fazendas com melhor manejo, ou seja, com melhor nvel tecnolgico, a produo de leite (litros/vaca/dia) foi bastante semelhante entre vacas mes-tias com graus de sangue 1/2 HZ, 3/4 HZ, 7/8 HZ e 15/16 HZ. As vacas mais holandesadas foram as mais produtivas (litros/lactao) porque tiveram pe-rodo de lactao maior do que as mais azebuadas, como se pode observar na Tabela 4.

    Para manter o rebanho mestio, o que seria mais apropriado cruzar ou inseminar as vacas 1/2 HZ, as 3/4 HZ e as 7/8 HZ com touro Holands PO. E as vacas com grau de sangue 15/16 HZ devem ser acasaladas com touro zebuno de boa gentica, preferencialmente Gir Leiteiro ou Guzer provado para leite, voltando o gado para prximo do meio-sangue. Nesse caso, os animais filhos desse cruza-mento tero 47% de gentica (sangue) de Holands e 53% de Zebu.

    Ao se cruzar ou inseminar vacas 7/8 HZ ou 15/16 HZ com touro Gir Leiteiro (ou Guzer) puro, volta-se muito o gado para o lado do Zebu (as crias tero maior percentagem de genes de Zebu) e podero ocorrer alguns casos de vacas com lactao curta e (ou) que no desam o leite sem a presena do bezerro ao p, mas nada que no se resolva com uma pequena seleo ou descarte de alguns ani-mais. O produtor poder adotar alguns critrios para a seleo, como: novilhas que no desam o leite sem a presena do bezerro ou com perodo de lactao abaixo de 240 dias e (ou) com produo total inferior a 1.800 litros de leite (durante a primeira lactao) sero descartadas imediatamente do rebanho.

  • 7Raas e tipos de cruzamentos para a produo de Leite

    Absoro por uma raa europeia especializadaConsiste no acasalamento contnuo de fmeas mestias HZ com touros europeus de uma raa pura especia-lizada na produo de leite, at atingir o puro por cruza ou PC, podendo-se absorver para qualquer raa europeia pura. Entretanto, a raa Holands, por ser a mais conhecida e difundida, dada a sua alta produo de leite, a mais utilizada.

    Absoro por HolandsAs fmeas mestias F1 HZ e suas descendentes (filhas, netas, bisnetas) so acasaladas (monta natural ou inseminao artificial) seguidamente com touro Holands PO at obteno de animais puros por cruza ou PC. um esquema indicado para produto-res de melhor nvel tecnolgico.

    Cruzamento alternado simples Europeu x Zebu (E-Z)Pode-se utilizar qualquer raa europeia pura, mas, na prtica, a mais usada a Holands, transformando o esquema em cruzamento alternado simples Holan-ds x Zebu (H x Z). Nesse esquema, alternam-se as raas paternas (touros) a cada gerao, obtendo-se animais com aproximadamente 3/4 Holands + 1/4 Zebu e, na prxima gerao, 3/4 Z + 1/4 H. As raas zebunas mais usadas so a Gir Leiteiro e a Guzer.

    um esquema bom para pequenos e mdios produ-tores de leite que desejam produzir leite a pasto e recriar os machos para corte. Porm, pode ser mais caro para os pequenos produtores, pela necessidade de manter dois touros na propriedade, um Holands e um zebuno. Isso facilitado nas fazendas que usam inseminao artificial.

    Cruzamento alternado com repetio do Europeu (E-E-Z) ou (E-E-E-Z)No caso do (E-E-Z), as fmeas mestias de Europeu com Zebu so acasaladas com touros de uma raa europeia pura por duas geraes seguidas, obtendo-se animais com, no mximo, 7/8 Europeu + 1/8 Zebu e depois retorna com o touro da outra raa, no caso o touro zebuno.

    No caso do esquema (E-E-E-Z), repete-se o touro europeu de uma raa pura por trs vezes (em trs geraes seguidas), obtendo-se animais com at 15/16 E + 1/16 Z, e depois retorna com touro zebuno. Esse pode ser um esquema bom se as condies de manejo e de alimentao forem satisfatrias. Nesse

    sistema, o Holands a raa europeia mais utilizada, transformando o esquema em H-H-Z ou H-H-H-Z, sendo este ltimo utilizado no Sistema Intensivo de Produo de Leite a Pasto da Embrapa Gado de Leite, em Coronel Pacheco (MG), que funciona com bons resultados desde novembro de 1977.

    Na prtica, esse esquema (H-H-Z) funciona da seguinte maneira: as fmeas mestias F1 HZ so acasaladas com touro Holands puro por duas geraes seguidas, obtendo-se 3/4 HZ e depois o 7/8 HZ. Em seguida, utiliza-se touro zebuno (Gir Leiteiro ou Guzer) para cruzar as vacas 7/8 HZ, voltando o gado para prxi-mo do meio-sangue. Os produtores de melhor nvel tecnolgico podem utilizar touro Holands puro por trs geraes seguidas (esquema H-H-H-Z) at obten-o de 15/16 HZ, quando, ento, devem utilizar um touro zebuno para voltar o gado. Assim como o touro Holands, recomenda-se tambm utilizar touro zebuno provado para leite, Gir Leiteiro ou Guzer, para obteno de melhores animais cruzados.

    Ao se acasalarem vacas mestias 7/8 HZ ou 15/16 HZ com touro Zebu, voltando o gado para prximo do meio-sangue, podero ocorrer casos de vacas com lactao curta ou que no desam o leite sem a presena do bezerro ao p. Nesse caso, o produtor dever fazer alguma seleo para eliminar do rebanho as fmeas com lactao curta (por exemplo, novilhas ou vacas com lactao menor que 250 dias devero ser descartadas) ou que no se adaptem ordenha mecnica (no descer o leite sem a presena do bezerro). Alm disso, novilhas de primeira cria com lactao baixa (por exemplo, abaixo de 1.800 litros/lactao) devem ser descartadas. Isso permite um melhoramento gentico do rebanho e, consequente-mente, aumenta a produtividade mdia da fazenda.

    Um problema que ocorre nesse esquema a falta de padronizao racial no rebanho, havendo vacas mais azebuadas e outras mais holandesadas, o que dificulta as prticas de manejo usadas na fazenda, principalmente no que se refere ao controle de ectoparasitas (principal-mente carrapatos), ao estresse de calor, ao manejo de ordenha com ou sem bezerro etc.

    Utilizao de vacas meio-sangue H Z ou uso do F1 HZA fmea mestia F1 HZ permite explorar ao mximo a heterose ou o vigor de hbrido entre a raa Holands e as raas Zebunas. Os animais F1 HZ so rsticos, com boa resistncia a carrapatos e ao calor, bom por-

  • 8 Raas e tipos de cruzamentos para a produo de Leite

    te, boa produo leiteira, e so animais muito valoriza-dos no mercado. Os machos F1 HZ podem ser recriados com sucesso para corte. O produtor de leite pode optar por comprar fmeas F1 HZ no mercado ou dispor de um rebanho de vacas zebunas, ou de vacas da raa Holands, para obter o F1 HZ e poder fazer a reposio anual de cerca de 20% a 25% do seu rebanho.

    Em pesquisa realizada pela Embrapa Gado de Leite, as fmeas 1/2 HZ, tambm conhecidas como F1 HZ, apresentaram desempenho superior aos animais de outros tipos de cruzamentos (Tabela 4) nas con-dies predominantes de manejo na regio onde a pesquisa foi feita, sendo, portanto, uma alternativa recomendvel para essas mesmas regies e para propriedades de outras regies que adotem manejo semelhante.

    Dispondo-se de animais F1 HZ, vrios esquemas de acasalamentos so possveis, como mostrados a seguir.

    Cruzamento com Holands e venda de fmeas 3/4 HZAs fmeas mestias F1 HZ so acasaladas com touro Holands PO obtendo-se o 3/4 H + 1/4 Z. As fmeas 3/4 HZ so boas produtoras de leite e so muito valorizadas no mercado, porm so mais exigentes em trato do que as F1 HZ e so mais sensveis aos carrapatos e ao calor. Produtores que no desejarem manter as fmeas 3/4 HZ no rebanho leiteiro pode-ro recri-las e acasal-las (ou inseminar) em julho e agosto, de modo a parirem em abril e maio do ano seguinte, quando podero ser vendidas a bom preo, j que so fmeas muito valorizadas no mercado bra-sileiro. Nesse sistema, o rebanho leiteiro seria forma-do apenas por vacas mestias F1 HZ, fazendo-se a reposio anual sempre com fmeas F1 HZ.

    Cruzamento terminalAs fmeas F1 HZ so acasaladas com touros de raas de corte, como Nelore, Tabapu, Guzer, Canchim etc., destinando-se para abate todas as crias, os ma-chos e as fmeas. Nesse caso, o produtor necessitar comprar bezerras F1 HZ para fazer a reposio das vacas descartadas do seu rebanho, ou dever ter um rebanho de vacas zebunas (Gir Leiteira ou Guzer), ou mesmo de vacas da raa Holands, para produzir as fmeas F1 HZ na prpria fazenda. No caso de se utilizar touro Guzer, que deve ser de preferncia provado para leite, poder vender as novilhas 3/4 HZ para produtores de leite, obtendo uma melhor renda do que vend-las para abate.

    Esse o esquema conhecido como vaca de leite, bezerro de corte. Uma vaca mestia F1 HZ de boa gentica, mantida em pasto de boa qualidade e mais o uso de 1 kg de concentrado/vaca/dia, pode produzir uma mdia de sete litros de leite por dia, em lactao de 300 dias. Nesse caso, so 2.100 litros de leite para venda, o que ren-de cerca de R$ 1.260,00/ano (2.100 litros x R$ 0,60). Se considerar o bezerro criado ao p da vaca, e vendido por R$ 300,00 logo aps a desma-ma aos dez meses, pode-se ter uma renda bruta de R$ 1.560,00 por vaca/ano. Nenhuma vaca de corte rende tanto, exceto as de gentica de ponta (ou gado de elite). Mas preciso tomar cuidado, pois o preo do leite, do gado leiteiro e do gado de corte varia bastante ao longo dos anos.

    Esse um esquema que pode ser usado por pequenos e mdios produtores de leite visando aumentar a renda da propriedade, principalmente nas pocas em que o preo do leite no mercado estiver baixo. Mas o produtor precisa ter conscincia de que o preo do leite sobe ou desce conforme dita o mercado (de acordo com a clssica lei da economia, chamada de lei da oferta e da procura), e o mesmo processo acontece com o preo das vacas leiteiras. E bom ressaltar que em determinadas ocasies poder ha-ver falta de vacas mestias leiteiras para reposio dos rebanhos, o que certamente acarretar o aumento de preo das fmeas mestias F1 HZ para fazer a reposio do rebanho.

    Rebanho meio-sangue (F1 HZ) e 3/4 HZNesse caso, o rebanho leiteiro formado por vacas mestias F1 HZ e 3/4 HZ. De vez em quando, o produtor dever adquirir bezerras F1 HZ para repor at 25% das vacas F1 HZ e selecionar no prprio rebanho as fmeas jovens para repor as vacas 3/4 HZ.

    O produtor deve acasalar as fmeas F1 HZ com um touro Holands PO, obtendo-se animais mestios 3/4 HZ, podendo ou no aproveitar os machos 3/4 HZ para corte, fazendo a cria e recria, dependendo da disponibilidade de pastagem, ou vendendo os machos no mercado local, logo aps a desmama.

    As fmeas 3/4 HZ podero ser acasaladas com touro Holands PO, obtendo-se animais com o grau de sangue 7/8 HZ. Nesse caso, o mais indicado criar e recriar apenas as fmeas 7/8 HZ, descar-tando-se os machos logo na primeira semana aps o nascimento. E uma boa possibilidade de negcio

  • 9Raas e tipos de cruzamentos para a produo de Leite

    monitorar o desenvolvimento e a reproduo das novilhas 7/8 HZ, de modo a fazer a cobertura delas em julho e agosto, para que elas possam parir em abril ou maio do ano seguinte, quando podero ser vendidas, pois geralmente as fmeas 7/8 HZ so bem valorizadas no mercado leiteiro.

    As fmeas 3/4 HZ podero tambm ser acasaladas com touros de raas de gado de corte (Guzer, Nelore, Tabapu, Canchim etc.) e destinando para abate tan-to os machos como as fmeas, repetindo o bordo vaca de leite, bezerro de corte.

    Uso de vacas 3/4 HZAs vacas mestias 3/4 HZ so boas produtoras de leite, tm maior perodo de lactao, e no tm tanto problema de carrapatos como as mais holandesadas. Assim, muitos produtores preferem produzir leite s com rebanho de vacas 3/4 HZ.

    As fmeas 3/4 HZ podem ser acasaladas com touro Holands PO, obtendo-se animais 7/8 HZ. Nesse caso, os machos devero ser descartados na primeira semana de vida, criando-se apenas as bezerras, as quais pode-ro ser vendidas no mercado de gado leiteiro.

    Outra possibilidade acasalar as fmeas mestias 3/4 HZ com touros de raas de corte, como Nelore, Taba-pu, Guzer, Canchim etc., destinando-se para abate todas as crias, machos e fmeas. Nesse caso, o pro-dutor obtm uma boa renda com a venda de animais para corte, mas dever adquirir as fmeas 3/4 HZ no mercado regional para reposio do rebanho, quando isso for necessrio. No caso de se utilizar touro Guzer, poder vender as novilhas (filhas das vacas 3/4 HZ) para produtores de leite, obtendo melhor renda do que vend-las para abate. Esse esquema retorna ao conhe-cido vaca de leite, bezerro de corte, com as mesmas vantagens e riscos j citados anteriormente.

    Cruzamento triplo ou tricrossConsiste na utilizao de touros (monta natural ou inseminao artificial) de uma segunda raa euro-peia, geralmente a Jersey ou a Sua-Parda, para fazer cruzamentos com vacas mestias Holands X Zebu, obtendo-se animais denominados tricross, mantendo-se um bom nvel de heterose.

    Embora no se disponha de muitos resultados de pesquisa no Brasil, tecnicamente recomendvel que as fmeas F1 HZ sejam acasaladas com touro Jersey, para obteno do cruzamento triplo, man-

    tendo-se o vigor de hbrido. Se as fmeas forem mestias F1 HZ, as crias sero 50% Jersey, 25% Holands e 25% Zebu (Gir ou Guzer). No acasala-mento com touro Jersey, os machos so de baixo valor como animais para corte e devem ser descar-tados na primeira semana logo aps o nascimento, criando e recriando apenas as bezerras. As fmeas so muito valorizadas no mercado porque a raa Jer-sey transmite precocidade, alta fertilidade, docilidade, longevidade, alm de que as fmeas so menores, de peso menor, possibilitando criar maior nmero de animais por hectare. Alm disso o uso de touro Jersey permite corrigir muitos defeitos de teto e bere, alm de que as vacas tricross filhas de Jersey produzem leite com maior teor de slidos totais, o que muito importante para quem faz queijos, ou no caso de se vender o leite para empresas que fazem o pagamento do leite pelo teor de slidos (gordura e protena).

    Cruzamento de Jersey com Gir LeiteiroEsse cruzamento comumente chamado de Girsey, mas ainda no muito popular no Brasil. O objetivo principal desse cruzamento obter um animal hbrido F1 JG, mais rstico do que as mestias de Holan-ds x Zebu, com animais de menor porte e menor peso (o que permite colocar mais animais na mes-ma rea e aumentar a produo de leite por rea), e produo de leite com maior teor de slidos. As fmeas Girsey so geralmente de cores claras, amareladas ou avermelhadas, mas nunca pretas. Nesse cruzamento, pode-se usar tanto fmeas Jersey acasaladas com touros Gir Leiteiro, como o cruzamento recproco, ou seja, vacas Gir Leiteiras acasaladas com touros Jersey puros de origem, pois geneticamente o potencial para produo de leite ser o mesmo, dependendo apenas da qualidade ge-ntica dos animais envolvidos no acasalamento. No entanto, se usar as vacas Jersey para acasalar com touro Gir Leiteiro, as crias sero um pouco menores em virtude do efeito materno, pois a Jersey reco-nhecidamente uma raa de pequeno porte. Entretan-to, no se dispe de muitos resultados de pesquisa cientfica sobre tal cruzamento.

    Cruzamento de europeu com europeuNormalmente, acasala-se Holands (H) com Jersey (J), obtendo um animal mestio FI HJ, hbrido, que chamado popularmente de Jersolando. Quando se faz esse tipo de cruzamento, o objetivo princi-pal aproveitar a heterose (que deve ser pequena para a produo de leite), diminuir o tamanho e o peso das vacas, melhorar a qualidade do leite pelo

  • 10 Raas e tipos de cruzamentos para a produo de Leite

    aumento no teor de slidos, o que muito importan-te quando a empresa paga pelo teor de slidos do leite, ou quando o produtor faz queijos. Os animais mestios Jersolandos so menores do que os mestios de Holands com Zebu, o que permite colocar mais animais na mesma rea e aumentar a produo de leite por rea. Nesse tipo de cruzamento, os machos no tm valor como animais para corte e devero ser descartados logo aps o nascimento, criando e recriando apenas as bezerras. As fmeas Jersolandas podem ser usadas para fazer o cruza-mento triplo, com touro de uma das raas zebunas, como o Gir Leiteiro ou o Guzer, mantendo um bom nvel de heterose e obtendo-se animais mais rsti-cos, maiores, mais pesados, com possibilidade de aproveitar os machos para corte.

    Distino entre animais cruzadosComo existem vrios graus de mestiagem, prin-cipalmente entre as raas Holands e Gir, muito difcil estabelecer um padro racial nico, uniforme. Entretanto, com um pouco de prtica e ateno, relativamente fcil distinguir entre as fmeas meio-sangue (F1 HZ), a Girolando (5/8 HZ) e as mestias 3/4 HZ, pois algumas caractersticas permitem dife-renciar bem o grau de sangue de tais animais.

    Meio-sangue HZ ou F1 HZAs fmeas adultas so de estatura mdia a elevada, pesadas, de constituio corporal mdia, ossatura forte, ossos chatos, de forma angulosa. Apresentam silhueta feminina, delicada e harmoniosa, andar fcil e elegante. O temperamento dcil, porm ativo. A cabea descarnada, proporcional, com largura e comprimento mdio. O perfil retilneo a ligeiramen-te subconvexo. A fronte larga e plana. O chanfro de comprimento mdio, reto, mais estreito e compri-do nas fmeas. O focinho preto, largo, com narinas amplas e dilatadas. Os olhos so grandes, escuros e brilhantes, de formato elptico, situados lateralmente e protegidos por rugas da pele. As orelhas so de comprimento mdio, relativamente largas, estreitando-se na ponta, de textura fina, com pelos mais curtos, posicionando-se para a frente e abaixo dos olhos. A barbela de comprimento mdio e pregueada. O peito largo e amplo. Apresenta trax amplo e profundo, com boa capacidade respiratria. O umbigo mdio. Os pelos do corpo so curtos, finos, brilhantes, delicados e sedosos. A pelagem pode ser preta, preta pintada de branco, preta mamona, mamona de castanho, castanho mamona, castanha em todas as suas tonalidades, castanha pintada de branco, vermelha em tonalida-

    des tpicas. Como particularidades, apresenta estrela, gargantilha e bargada.

    Raa Girolando (ou 5/8 HZ)As fmeas 5/8 HZ so parecidas com as meio-sangue, diferindo principalmente pelo perfil retilneo, orelhas de comprimento e largura mdios (porm menores que as orelhas das meio-sangue), textura mdia, no pendentes, com as faces internas do pavilho voltadas para a frente, posicionando-se ao nvel dos olhos; o umbigo reduzido. A barbela ligeiramente reduzida e pregueada.

    Vacas Mestias 3/4 HZAs fmeas 3/4 HZ so de estatura mdia, com ossatura forte, ossos chatos, forma angulosa, com evidncia de mais refinamento. A silhueta bem feminina, delicada e harmoniosa, com andar fcil e elegante. Temperamento dcil, porm ativo. A cabe-a descarnada, proporcional, ligeiramente mais curta (que as meio-sangue e as 5/8 HZ). O perfil retilneo a subcncavo, fronte larga, com chanfro curto. Focinho largo com narinas amplas e dilata-das. Os olhos so grandes, escuros, brilhantes, de formato arredondado e ligeiramente salientes. As orelhas so pequenas, curtas, com muitos pelos, com as faces internas do pavilho auricular voltadas para a frente, posicionando-se um pouco acima dos olhos. A barbela reduzida e lisa. O umbigo muito reduzi-do, pouco evidente. Os pelos so curtos (porm bem mais peluda que as meio-sangue e as 5/8 HZ), finos, brilhantes, delicados, sedosos e so mais densos. A vassoura da cauda abundante. A cor caracterstica predominante preta, preta malhada de branco, ou branca malhada de preto, embora existam animais de cor castanha em todas as suas tonalidades.

    Zonas de Conforto TrmicoConhecendo as exigncias ecolgicas ou as zonas de conforto trmico das diferentes raas de bovinos, o produtor de leite poder escolher melhor a raa ou o tipo de cruzamento mais adequado para as con-dies climticas de sua propriedade, mas levando sempre em considerao o sistema de produo adotado na propriedade.

    As condies ambientais exercem fortes influn-cias nos bovinos (e na verdade, em todos os seres vivos). Diretamente afetam as funes orgnicas envolvidas na manuteno do equilbrio interno do organismo (homeostasia). A influncia indireta se d na qualidade e quantidade de volumoso, no favore-

  • 11Raas e tipos de cruzamentos para a produo de Leite

    cimento ou no de doenas infecto-contagiosas, na ocorrncia de endoparasitos e ectoparasitos, no conforto dos animais, na reproduo, na alimenta-o, na produo de leite etc.

    Os principais componentes do meio ambiente que afetam os bovinos so: clima (temperatura, umidade relativa do ar, radiao solar, ventos), solo (fertilida-de, composio textural, topografia), luminosidade e precipitao. Esses fatores agem isoladamente, ou em conjunto, e interferem na ocorrncia de doenas e de ecto e endoparasitos, na alimentao, na pro-duo, na reproduo, na longevidade e no conforto trmico dos bovinos.

    As raas bovinas de origem europeia (Bos taurus) foram selecionadas naturalmente ao longo de cente-nas de anos para viverem e produzirem leite e carne em condies de clima temperado, estando, portanto, bem adaptadas a tal ambiente.

    As condies mais adequadas para os bovinos de origem europeia correspondem temperatura mdia mensal inferior a 20 C em todos os meses do ano e umidade relativa do ar variando entre 50% e 80%. A temperatura crtica, ou seja, a temperatura acima da qual cai o consumo de alimentos e a produo de leite est entre 24 C e 26 C para a raa Holands, entre 27 C e 29 C para a Jersey e acima de 29,5 C para a Sua-Parda. A zona de conforto trmico para animais adultos est entre -1 C e 21 C, com poucas variaes conforme a raa europeia.

    J as raas zebunas (Bos indicus) foram seleciona-das, ou se adaptaram, naturalmente para viverem, produzirem e se reproduzirem nas condies de am-biente tropical da ndia, onde o clima mais quente e at mesmo rido. A raa Gir originria (ou foi adaptada h milhares de anos, via seleo natural) da regio ao sul da pennsula de Kathiawar, na costa ocidental da ndia, sob o Trpico de Cncer, em am-biente quente e seco. A raa Guzer originria da regio norte de Gujarat, territrio vizinho ao do Gir. A regio tem clima muito quente, quase inspito. Alguns autores afirmam que os zebunos desfrutam, no Brasil Central, um ambiente mais adequado que o de sua regio de origem na ndia.

    O intervalo de temperatura que limita o conforto tr-mico dos zebunos de 10 C a 32 C, com tempe-ratura crtica mxima de 35 C e mnima de 0 C.

    No existem muitos dados de pesquisa para os ani-mais mestios Europeus x Zebu. Mas bem aceito pelos especialistas que os animais mestios tm to-lerncia ao calor intermediria entre as raas paren-tais. Alguns autores indicam que a zona de conforto trmico est limitada pela temperatura ambiente mnima de 5 C e mxima de 31 C.

    Na prtica, para gado mestio mais azebuado, pode-se considerar os mesmos limites dos zebunos. Para os mestios mais holandesados, pode-se considerar os limites da raa Holands, mas isso depende mui-to do nvel de produo de leite dos animais.

    Em qualquer caso, recomendvel o provimento de sombra natural nos pastos (plantio de rvores), principalmente para os bovinos de origem europeia e seus mestios, mormente na primavera e no vero.

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