Dadaísmo

5

Click here to load reader

description

Trabalho acerca do movimento dadaísta no inicio do século XX, no âmbito da disciplina de História do 12ºano.

Transcript of Dadaísmo

Page 1: Dadaísmo

Dadaísmo

O movimento dadaísta nasceu em Zurique – Suíça – em 1916, por um grupo de jovens de várias nacionalidades que se refugiavam da guerra que já mostrava os seus efeitos destrutivos, protegidos pela neutralidade suíça – O grupo Cabaret Voltaire. O seu nome, geralmente abreviado para DADA, foi escolhido aleatoriamente do dicionário Petit Larousse pelo poeta e ensaísta romeno Tristan Tzara (1896-1963), um dos integrantes do grupo.

Este movimento artístico desenvolvia uma temática anti-artísta, ou seja, era a negação radical das formas tradicionais e da produção da arte com efeito académico e para comercialização. Deste modo, os dadaístas procuravam negar que a arte fosse criada como “emprego” do qual um artista tirava partido (como se a arte fosse usurpada se o seu fim fosse a quantia recebida na sua venda), ou como uma construção que tivesse como fim uma nota académica. Estes ideais radicais reflectiam a instabilidade social e cultural provocada pela grande guerra.

Os seus protagonistas foram Tzara, Hugo Ball, Richard Hulsenbeck e Hans Harp, os fundadores do Cabaret Voltaire. O nome dado a este grupo remete para o próprio local onde o dadaísmo surgiu: um bar com este mesmo nome. Criado a 5 de Fevereiro de 1916, em Zurique, pelo filósofo, poeta e romancista Hugo Ball e pela sua companheira, a cantora e poetisa Emmy Hennigs. Aqui surge toda a “construção” dos ideais do dadaísmo. Além disso, foi também neste local que foram expostas obras de artistas como Picasso, Modiglini e Kandinsky, quando estes se refugiavam do caos da guerra. Este foi também o nome da revista criada pelo grupo dadaísta de Zurique, em Maio de 1916.

- Tristan Tzara - Nasceu em Moinesti, na Roménia, em 1896. O seu verdadeiro nome é Sami Rosentock, no entanto, escolheu o seu nome artístico, Tristan Tzara, que significa “triste no país” ou “triste terra”, no sentido de poder protestar o tratamento dos Judeus no seu país sem ser capturado. Foi um poeta e ensaísta francês e, claro, um dos percursores do Dadaísmo.

Algumas das suas obras: “Coração de Gás”, 1921, “A Anticabeça”, 1923, e “O Homem Aproximativo”, 1931, que foram criadas após a partida de Hugo Ball de Zurique e são uma reflexão da necessidade de abater os costumes da sociedade actual, ou seja, uma interpretação total dos ideais do dadaísmo. Em 1924, dá a sua contribuição para a criação do Manifesto Dadaísta.

Com o declínio do movimento dada, Tzara partiu para o surrealismo. Faleceu em dezembro de 1963, em Paris.

- Hugo Ball nasceu em Pismasens, na Alemanha, a 22 de Fevereiro de 1886. Após o começo da Pirmeira Guerra Mundial, ele e a sua mulher Emmy Hennings, cantora e poetisa, emigram para a Suíça, onde encontram trabalho como pianista e declamadora de poesia, respetivamente, até que, em Fevereiro de 1916, fundam o café e clube nocturno Cabaret Voltaire, onde foram criadas as bases do dadaísmo.Uma marca indiscutível deste artista são os poemas sonoros (poemas sem palavras), tais como "Gadji Beri Bimba" e "Karawane" (1917), poema em alemão com palavras sem sentido, metáfora da insignificância do homem frente à barbárie. Sua poesia interagia com um novo formato de teatro, a performance, da qual foi um precursor[2].A sua obra é constituída, nomeadamente, por “Tenderenda, der Phantast” (romance não publicado escrito no período dada”, “Cristicism of German Intelligence”, 1919 (análise do

Page 2: Dadaísmo

estado de espírito do povo alemão) e por “Flucht aus der Zeit” (excertos do seu diário do período dadaísta. No dia 19 de Setembro de 1927, Hugo Ball faleceu em San Abbondio, Suiça.|

Por sua vez, em Nova Iorque fundou-se também um grupo de impulsionadores do movimento Dada, o grupo Stieglitz, formado pelo fotógrafo Man Ray, pelo pintor espanhol Francis Picabia, pelo francês Marcel Duchamp e, claro, pelo próprio Alfred Stieglitz, um fotógrafo conhecido como o “maior responsável pela introdução da arte moderna na América”. Apesar de não ter contribuído vivamente para o dadaísmo, foi a sua exposição “291” que impulsionou o movimento nos Estados Unidos.

Duchamp foi talvez o expoente máximo do dadaísmo nos Estados Unidos, pois foi percursor da vertente mais destrutiva e anti-artística desta corrente. Tornou-se famoso pelos ready-made, que constituía no uso de objetos banais como arte; estes eram retirados do seu contexto tradicional e expostos como arte, para quem a soubesse apreciar, ou seja, para “ninguém”, como eles denominavam aos seus críticos.

Este movimento teve uma grande expansão principalmente após a guerra na Alemanha, que atravessava uma grave crise a todos os níveis. Em Berlim fundou-se mais um grupo de jovens artistas, em 1917, por Hulsenbeck, e integrava o caricaturista George Grosz e o pintor e escritor Kurt Schwitters. Por sua vez, em Colónia, outra localidade da Alemanha, Max Ernst e Hans Arp, ambos pintores, assim como Franz Seiwert e Oskar Panizza fundam o quarto grupo de ideais dadaístas.

É também de salientar que o seu gosto pelo non sense e pelo irracional foram essenciais como inspiração para o desenvolvimento do Surrealismo, na década de 20; para a Pop arte, a Arte Cinética e o Fluxus, já na segunda metade do século XX.

Características principais do dadaísmo:

- Objetos comuns do quotidiano são apresentados de uma nova forma e dentro de um contexto artístico;

- Combate às formas de arte institucionalizadas;

- Crítica ao capitalismo e ao consumismo;

- Ênfase no absurdo e nos temas e conteúdos sem lógica;

- Forte caráter pessimista e irónico

- Hans Arp Max Ernst George Grosz Marcel Janco Sophie Täuber

Object to be destroyed, Man Ray.

Object to be destroyed foi o seu primeiro nome, sendo mais tarde alteado. Nesta peça podemos ver, em primeiro lugar, que foi utilizado um simples objeto e, com

Page 3: Dadaísmo

ele, foi criado algo que, aparentemente, não tem conteúdo. Este objeto era muitas vezes utilizado pelo próprio artista enquanto pintava e, como fazia o tic-tac do relógio, Man Ray fazia as suas obras, principalmente pinturas, ao som do objecto. No entanto, como Man Ray dizia, “todos os pintores precisam de uma plateia” e, por isto, colocava um olho para se sentir observado enquanto criava. Além disso, se notarmos bem, e note-se o seu título “objeto para ser destruído”, Man Ray pretendeu criar um sentimento de fúria e irritação no observador, dado que este ponteiro fica constantemente a andar e, ao colocarem um olho na ponta, quem o vê sente-se constantemente observado, e torna-se alguém impotente porque não existem palavras que possam parar um objecto de nos fixar, quase como se Man Ray lhe quisesse dar uma vida própria. E por isto, em 1957, de acordo com a sua autobiografia, esta peça foi alvo de imensa controvérsia por um grupo de jovens até que um deles pegou nela e levou-a da galeria, outra história diz que um dos jovens a partiu durante a exposição.

Machine Turn Quickly, Francis Picabia

The Gift, Man Ray

Esta peça é, antes de mais, a transformação de um objeto doméstico do dia-a-dia

em algo, estranho, sem lógica, e até sádico. Arturo Schwarz, amigo de Man Ray, disse que esta obra é um exemplo perfeito do humor quase bipolar de Man Ray. É sádico e erótico, nas palavras do próprio Man Ray: “É possível rasgarmos um vestido com ele”. Deste modo, podemos notar que isto pode ser um reflexo da própria emancipação feminina da altura, pois retira o papel doméstico de um objeto que seria exclusivamente utilizado pela mulher, e torna-o num objeto quase fatal. Uma pequena curiosidade: no dia em que a obra foi colocada na galeria foi também o dia em que foi roubada, durante a exposição.

Poison (film), Man Ray

Rayograph, Man Ray

Suicide, Man Ray

Juliet and the Non-Eucilidian Object, Man Ray

La Nuit en Espagnole, Francis Picabia

The Handsome Pork-Butcher, Francis Picabia

Fountain, Marcel Duchamp

Mona Lisa, Marcel Duchamp

The Massacre of Innocents, Max Ernst

Raoul Hausmann, The Art Critic

Raoul Hausmann, ABCD

Franz Seiwert, The Workmen

George Grosz, Homage to Oskar Panizza

Page 4: Dadaísmo

Neste caso, convido-vos a notar principalmente nesta figura, um padre, que foge do caos, que será um reflexo da instabilidade e da destruição da guerra. E, além disso, estas figuras aqui, os prédios, que dão um traço mais pesado ao quadro, como se a inovação dos prédios fosse mais um motivo de caos, mais uma peça de destruição.

George Grosz, Suicide, 1916

Aqui podemos ver, em primeiro lugar, a sátira à promiscuidade da cidade de Berlim durante a Grande Guerra. Vamos também os tons vermelho-sangue, que são reflexo do caos e da morte. Além disso, o próprio título remete-nos não para a destruição causada pela guerra, mas sim os efeitos que a mesma teve no foro psicológico dos indivíduos – isto são suicídios, não mortes causadas pela guerra. Os cães passam apenas pelos corpos mortos, como se de nada se tratasse e reparem na igreja, ao fundo. Claro que é visível a sátira aqui colocada, a impotência da igreja como “salvadora” e até o próprio pecado do suicídio. (já agora, estas análises não são exclusivamente minhas, eu anoto uma ou outra opinião pessoal, mas as palavras foram retiradas dos museus MOMA e TATE).

Dada Mouvement Photograph

1st Row: Tristan Tzara, Céline Arnauld, Francis Picabia, André Breton; 2nd: Benjamin Péret, Paul Dermée, Philippe Soupault, Georges Ribemont-Dessaignes; 3rd: Louis Aragon, Théodore Fraenkel, Paul Eluard, Clément Pansaers, Emmanuel Faÿ

At the Rendezvous of friends, Max Ernst

A Reunion of Friends. Front row from left to right: René Crevel, Max Ernst (sitting on Dostoyevsky's knee), Theodor Fraenkel, Jean Paulhan, Benjamin Péret, Johannes Th. Baargeld, Robert Desnos. Back row: Philippe Soupault, Hans Arp, Max Morise, Raffaele Sanzio, Paul Eluard, Louis Aragon (with Laurel wreath around his hips), André Breton, Giorgio de Chirico, Gala Eluard