Depoimento - Jetro Missias - aprovado no TCU com 22 anos _ Estratégia Concursos

09/12/13 Depoimento - Jetro Missias - aprovado no TCU com 22 anos | Estratégia Concursos

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Olá, pessoal! Tudo bem?

É uma enorme alegria entrevistar, hoje, o meu amigo Jetro Missias, aprovado em 11º lugar para Auditor Federalde Controle Externo, do TCU. Pessoalmente, acho que essa foi uma das entrevistas mais bem-humoradas eemocionantes que já fizemos aqui no Estratégia. Eu, talvez por estar grávida e mais sensível que o normal, fiqueicom os olhos cheios de lágrimas. Espero que essa história também toque o seu coração. O Jetro, com apenas22 anos, nos traz um fantástico exemplo de como é possível vencer quaisquer obstáculos com disciplina,perseverança e fé!.

Nádia Carolina: Bom dia, Jetro! Nós, do Estratégia, ficamos muito felizes quando lemos seu depoimento noFórum Concurseiros e percebemos que vários de nossos cursos fizeram a diferença em sua preparação. Na suaopinião, quais as vantagens dos cursos online em formato pdf? Desde que iniciou seus estudos, você fez cursosem vídeo também?

Jetro: Obrigado, Nádia, pelo convite! Fiquei super feliz de poder dizer sim a essa imensa responsabilidade que éconceder uma entrevista ao Estratégia. Responsabilidade, porque sei que milhares de concurseiros por todo oBrasil vão tirar inspiração de algumas de minhas palavras. Além de tudo isso, é uma honra pra mim serentrevistado por você. Nos idos de 2010, quando eu ainda nem sabia o que eram os remédios constitucionais, foio seu depoimento de aprovação na Receita Federal que me inspirou.

Respondendo sua pergunta, a vantagem dos cursos em pdf é a objetividade. Sei que milhares de outrosaprovados já falaram isso, mas é verdade. As vezes, alguma matéria aparece de surpresa, quase como umapegadinha do Mallandro, e, depois do edital, não tem como destrinchar um livro de mil páginas. Os cursos em pdfsão ótimos porque suprem essa lacuna. Outras vezes, o candidato até consegue estudar por livros, mas teriaque estudar uns 3 ou 4 pra fechar o conteúdo. Nos cursos em pdf, o candidato tem tudo num material só, o quefacilita o planejamento, a organização e a revisão perto da prova. Também tem o lado da boa didática, que étransmitir o conteúdo de uma forma que fique agradável a quem precisa estudar a matéria. Tenho vários amigosque não gostavam de determinada matéria por causa do professor e quando encontraram bons professores, queexplicavam a matéria de forma simples, apaixonaram-se pela disciplina que antes não gostavam. Boa didática éfundamental e um dos pontos fortes dos cursos em pdf.

Durante minha caminhada de concurseiro, eu quase não usei vídeoaulas. Me inscrevi somente em alguns cursosnessa modalidade. Um dos cursos foi de Estatística, que usei para a STN, os outros dois foram: um deLicitações e Contratos e outro um de Serviços Públicos, para o TCU. Gostaria de ter até aproveitado mais essamodalidade, ainda mais depois do bizú de acelerar a velocidade de reprodução da vídeo aula!

Nádia Carolina: Você foi aprovado em três concursos disputadíssimos (Técnico do Bacen, Analista deFinanças e Controle da STN e Auditor do TCU). Na sua opinião, quais foram os erros que cometeu em suatrajetória como concurseiro? E quais seus maiores acertos?

Jetro: Vish, tive vários erros!!! Muitos mesmo. Mas acho que o principal erro foi não conhecer a situação atualdos meus estudos. É muito comum o concurseiro fazer muitos concursos e sair batendo na trave em todos,terminando fora das vagas, mas muito perto delas. Isso dá um desânimo imeeeenso! Parece que seus estudosnão estão rendendo e que você vai ficar sempre no quaaaaaase. Passei por isso também. Mas aí o que fiz foifazer o levantamento de todos os concursos que eu tinha feito até então e me surpreendi com os resultados queeu tinha alcançado. A melhora no rendimento era muito perceptível quando fiz o levantamento. E percebi que omeu desânimo não tinha razão alguma.

Um outro erro, e acho que é um erro de muitos concurseiros, é se empolgar com todos os editais que saem! Saium edital de ICMS, o cara empolga. Duas semanas depois sai um TCE, o cara empolga. Mais duas semanas e ocara tá empolgado porque saiu o concurso para diplomata! O pior é quando essa empolgação toda vemacompanhada de gastos altíssimos em materiais que nunca serão estudados. Passei por essa também. Gastavauma nota e não estudava nada! (Às vezes me sinto um péssimo exemplo de administrador... asahuuhash)

Meu maior acerto foi descobrir por qual órgão eu era apaixonado. As coisas começaram a mudar desde que caiua ficha que era o TCU que eu queria. Isso acaba com a empolgação com todo edital que sai, estabelece umobjetivo e dá forças para a caminhada. Lá no fundo você sabe que nunca ficará satisfeito se não estiver noórgão/entidade que você é apaixonado e isso é uma fonte de motivação constante. Sei que existem muitos



concurseiros que não podem se dar ao luxo de fazer só o concurso tão sonhado, até porque as vezes esseconcurso morango com nutella parece inalcançável, inatingível, quase uma utopia. Pra estes, o ideal é irgalgando cargos menores, alimentando sua auto-estima cada vez mais, ganhando confiança a cada novaaprovação e continuar tendo como foco seu concurso Yakult 20 litros. Se continuar firme na caminhada, um diavc vai perceber que estará tomando posse no cargo que vc sempre sonhou. Só não consegue chegar onde quer,quem desiste.

Nádia Carolina: Durante o seu período como concurseiro, como conciliou trabalho, estudos e vida pessoal?Quantas horas por dia eram dedicadas ao estudo (antes e após a publicação do edital)?

Jetro: Então, essa era a parte mais dolorida... Dizer não a uma pizza com a namorada no sábado a noite não épra qualquer um...

Antes do edital, os meus compromissos eram sempre marcados com antecedência para que eu pudessereprogramar os estudos e não ficar atrasado. Eu reservava também os domingos para as atividades na igreja e ossábados quando tinha alguma programação especial (aniversário de namoro, casamento de algum amigo, etc),mas sempre estudava um pouquinho nesse período, apesar do estudo não ser a prioridade nos finais de semana.

Eu procurava estudar sempre em períodos distintos. Geralmente, durante a manhã, durante a noite e tambémnas idas e vindas para/de o trabalho. Isso era bom porque eu alternava o estudo com atividades obrigatórias. Aí,não ficava cansado e nem enjoado de estudar. Antes do edital, eu fazia pouco mais de 3 horas de estudo por dia.Parece pouco, mas 3 horas todos os dias dá 1095 horas por ano, o suficiente para ser aprovado em concursosda área fiscal (que exigem, em média, maior número de matérias).

Após o Edital, meus estudos duravam 5,5 horas por dia. Às vezes 6 horas quando eu dormia muito pouco.Depois do edital, eu dispensava compromissos durante a semana e só reservava tempo para o lazer aos finais desemana. Geralmente era assim. O fato curioso é que durante os meus estudos pós-edital, tanto para a STNquanto para o TCU, eu viajei! Durante os estudos para o Tesouro, viajei durante 1 semana e estudei muito pouco.Durante os estudos para o TCU viajei durante 3 dias, mas voltei com o relógio biológico todo desarrumado. Nasduas eu consegui estudar um pouco (na primeira viagem, Estatística; na segunda, AFO e Direito Constitucional),mas claro que não foi o que eu poderia ter estudado se não tivesse viajado. Foram, ambas, viagensimprescindíveis para mim. Prejudicaram um pouco os estudos? É claro que sim, mas a minha preparação não foifeita pós-edital, ela vinha de muito tempo antes. Meus estudos para o TCU começaram quando saiu aautorização para a Receita Federal em 2012. Eu estava na dúvida se estudaria para a RFB ou para o TCU. Decidipelo TCU e foquei desde então. Creio que o estudo pós-edital é o mais intenso, mas essa intensidade sóresultará em aprovação se for construída numa preparação mais serena, tranqüila e reflexiva nos momentosanteriores ao edital.

Nádia Carolina: Como você organizava sua grade de estudos? Qual o tempo máximo de dedicação a umamatéria? Alternava o estudo da teoria com a resolução de questões? Como estabelecia a ordem das matérias aserem estudadas a cada dia?

Jetro: Então, meu primeiro passo, antes de começar a verdadeira preparação, foi identificar meus pontos fracos.No concurso do Senado em 2011, errei uma questão que versava sobre a diferença entre concorrência e tomadade preços. Pensei comigo mesmo: Ser Auditor do TCU e não saber a 8.666 é que nem falar de basquete semmencionar o Charles Barkley, o Michael Jordan, o Larry Bird e o Isaiah Tthomas. Então, teria que priorizar essasmatérias que seriam importantes pra mim, mas que eu ainda estava meio capenga. Um outro fator que pesou naminha organização foi a transição de concursos de nível médio para concursos de nível superior. Estes últimosexigem muita jurisprudência e doutrina, coisas que eu não sabia, pois estava acostumado somente com acobrança da literalidade da CF e das leis.

Preocupei, primeiramente, em me preparar bem nas matérias básicas para o TCU: Direito Constitucional, DireitoAdministrativo, Controle Externo, Administração Pública, Administração Financeira e Orçamentária,Contabilidade Pública e Auditoria Governamental. Eu pegava uma matéria e ia até o final dela, lendo os livros, asleis, os normativos e fazendo muitos exercícios, muitos mesmo. Acho que somando DCO, DAD, AFO e CEX,devo ter feito umas 20.000 questões, fora as outras matérias e os livros de questões comentadas. Esse é operíodo de preparação mais difícil, em que o esforço é muito maior. Lembro que comecei com DAD e, quandopassei a DCO, continuei fazendo exercícios de DAD pra manter os conhecimentos na cabeça.



Depois que adquiri maturidade nessas matérias básicas, passei às outras: Direito Civil, Penal, Processual Civil eAnálise das Demonstrações Contábeis. Mas isso sempre revisando as básicas com exercícios, leitura de artigosno site do Estratégia e fazendo concursos em que as matérias básicas eram cobradas. Antes do edital eu nãotinha uma grade de estudos, eu estudava o que mais estava precisando, de forma a cobrir o edital do TCU 2011.O que eu fazia, e que me deixava bastante tranqüilo, era marcar com uma caneta marca texto as partes maisimportantes do livro. Eu sabia que, quando começasse outras matérias, mesmo fazendo exercícios, eu perderiaalguns detalhes, alguns pulos do gato e alguns macetes, então essas partes marcadas serviam de âncora paramim. Eu também anotava os comentários no livro com um lápis. Depois de uns 3 meses sem tocar no livro, erasó ler as partes marcadas e os comentários e tava tudo na cabeça de novo. Eu lia mais ou menos 20 páginas porhora. Se eu pegasse um livro de 1000 páginas, demoraria, em média, 50 horas para terminar de lê-lo. Com asmarcações, eu revisava um livro de 1000 páginas em menos de 4 horas. Ou seja, em uma semana, e com umamédia de 5 horas por dia, daria pra revisar mais de 6000 páginas! E se eu estivesse de férias, TODA a matéria doedital poderia ser revisada em uma única semana sem problema nenhum.

No entanto, eu tinha convicção que essas marcações teriam que acontecer no período de estudo anterior aoedital.

Nádia Carolina: Após o edital, você se dedicava a organizar alguma grade de estudos? Ela levava emconsideração todo o período até a prova ou era organizada semanal/mensalmente? Havia alguma preocupaçãoem estudar mais algumas matérias que outras e, caso positivo, como esse peso na grade de estudos eradefinido?

Jetro: Depois do edital o papo é outro! Publicado o edital, o concurseiro tem que ter em mente que precisaráaprender as matérias novas, revisar as antigas, fazer muitos exercícios. E isso só é possível com muitaorganização. É muito comum o concurseiro passar a dar maior valor às matérias novas e esquecer as antigas.Aí, no dia da prova, ele tira 90% em Física Quântica e é reprovado em Direito Administrativo porque não leu umdecreto com 10 artigos.

O certo, então, é manter um equilíbrio. E uma grande diferença na minha preparação foi as minhas planilhas.Quando estudei para o Bacen, fui na cara e na coragem! Saía estudando o que precisava, não tinha um método.Mas nos concursos para nível superior foi diferente. Nos dois que passei dentro das vagas, STN e TCU, assimque saiu o edital, eu fiz uma planilha contendo todas as matérias, as metas de acerto pra cada matéria, todos osmateriais utilizados e a grade de estudos. Essa grade era montada no mesmo esquema dos ciclos: Eu dividiaum período de 20 horas com as matérias e reservava de meia a 1,5 hora pra cada matéria, conforme suaimportância no concurso. Matérias muito importantes, como Macroeconomia e Finanças para o TesouroNacional, eu estudava de 2 a 4 horas a cada período de 20 horas. Matérias menos importantes, ou que eu játinha algum domínio, eu estudava por um período menor. O ideal era rodar o ciclo quanto mais vezes euconseguisse por semana. Quando eu apertava muito, conseguia rodar o ciclo 2 vezes por semana, mesmotrabalhando.Mas o normal era eu conseguir rodar o ciclo 1,3 vezes por semana, pra ser bem exato.

Esse ciclo levava em consideração só o estudo semanal. Ao final de um ciclo, eu analisava o andamento de cadamatéria. As matérias que eu conseguia fechar o conteúdo com o horário normal do ciclo eu reduzia o tempo deestudo para ela e dedicava a uma que eu estava avançando menos. Eu, então, refazia o ciclo com mais tempopara as matérias que ainda faltavam muito conteúdo. Eu só tomava o cuidado de tentar terminar todo o conteúdopelo menos 2 semanas antes da prova, para poder revisar tudo. Repito que ver toda a matéria de um edital comoo da STN ou do TCU só é possível caso você comece a estudar antes do edital sair. E, no meu caso, nessesdois concursos eu tive esse prazer.

O peso entre as matérias era estimado com base no edital, quando o edital prevê pontuação diferenciada (casoda STN) ou com base nas disciplinas medula (caso do TCU). Por exemplo, a parte específica da STN tinha muitomais peso do que a parte geral. E é óbvio que eu dediquei muito mais tempo a essas matérias. No edital do TCU,não tinha uma ponderação maior entre as matérias, mas dei prioridade às matérias que são base para oconcurso do TCU, porque sabia que o diferencial estaria ali.

Mas assim, a análise de peso nas matérias é uma análise relativa. Ela só vale quando você tem que decidir entreduas disciplinas. Mas, na maioria dos casos, o concurseiro só chega a ter que tomar essa decisão porque seuplanejamento foi falho. O planejamento é muito importante e deve ser muito bem feito. Compensa muito gastarum pouco mais de tempo no planejamento e evitar problemas mais à frente.



Eu também gostaria de ressaltar que o concurseiro deve estudar TODAS as matérias (exceção: área fiscal). Doumeu exemplo: Percebi que nas provas em que eu ia mal em Português eu ficava perto das vagas, mas nãodentro, mesmo tendo um aproveitamento de 70% em todas as outras matérias. Eu ficava sempre no quase. Oque faltava para minha aprovação era garantir alguns pontinhos a mais em Português e esses pontinhos a maisme jogariam dentro das vagas. Na STN, eu fiquei com 18/20 em Português e no TCU, fiquei com 16/18 e emambos terminei o concurso dentro das vagas. O concurseiro tem que ter ciência de qual matéria ele podemelhorar o desempenho, ainda mais se for uma matéria que cai em todo concurso, como Português, e trabalharpra isso. Qualquer pontinho faz diferença. Eu tive um professor que disse: Tem gente que daria um dedo da mãopra ter um pontinho a mais no resultado final.

Nádia Carolina: Você fazia alguma planilha de acompanhamento da execução da grade planejada, ou deavaliação do seu desempenho nas diferentes disciplinas?

Jetro: Eu não fazia nenhuma planilha de acompanhamento da execução. É que ao final do dia, eu sabia se tinhaconseguido cumprir pelo menos uma linha do ciclo ou não. E, se não tivesse cumprido, sabia que no outro diateria que tirar o atraso.

No entanto, quando estudei para a STN eu usei muitos cursos em pdf. E tinha um controle de cada aula, prasaber quantas eu já tinha estudado e quantas ainda faltavam, de acordo com o número de aulas de cada matéria.Esse controle me ajudou a ter uma noção do quanto eu teria que estudar pra conseguir cobrir todas as aulas decada disciplina.

Nádia Carolina: Como se preparou para as provas discursivas? Alguma dica para os concurseiros que têmdificuldade para escrever?

Jetro: Para as discursivas, orientei meus estudos a partir dos livros porque eles proporcionam o q algunsespecialistas chamam de leitura "reflexiva". Essa leitura reflexiva é o tipo de leitura que faz mais sinapsescerebrais, que interliga os assuntos no seu cérebro. É uma leitura mais profunda que faz com q determinadosassuntos entrem na cabeça e fiquem lá por um bom tempo. Esse tipo de leitura só acontece quando você estudapor livros. Nem quando lemos um ebook no Kindle ela acontece. Como as discursivas exigem um grau dematuridade maior no estudo, recomendo a todos o estudo por livros. Fiz também alguns cursos de redação empdf! Todos eles muito bons e ajudam a organizar as idéias e como se adaptar a cada banca.

Quando as matérias que possam ser cobradas na discursiva não estão explícitas no edital, é bom que oconcurseiro faça uma pesquisa em provas anteriores e busque levantar quais as matérias mais cobradas nasdiscursivas. No TCU, por exemplo, historicamente, essas disciplinas aqui são objeto de cobrança: DAD, DCO,AFO, AUD, CEX, além da Lei de Responsabilidade Fiscal e da Lei de Licitações e Contratos. Ir preparado paradissertar sobre qualquer ponto dessas matérias é básico para o TCU. É bom ficar atento também se sua provadiscursiva é uma redação, uma questão dissertativa ou um parecer ( ou até os 3, como foi no TCU! Concurseirodo TCU só se lasca! Ahahahahah). Se adaptar ao tipo de discursiva é fundamental para um bom aproveitamentotambém.

Sei que o que vou falar agora parece óbvio, mas é sempre bom repetir: preste atenção àquilo que o examinadorpediu! O tema da discursiva é efeito da introdução de um imposto em um mercado concorrencial e conheçopessoas que vão traçar as diferenças entre monopólio, oligopólio e concorrência. Fique ligado nisso!

Para o pessoal que tem dificuldades em escrever, saiba que isso não se muda da noite para o dia. Você não vaiter que criar só um hábito, mas uma cultura! A leitura é importante demais na escrita. Crie o hábito de ler, não sópra concursos, mas outros livros também. Eu amo histórias infanto-juvenis como Crônicas de Nárnia e Ordemdos Arqueiros. Gosto de ler também Senhor dos Anéis e Eragon. Fico muito a vontade lendo livros sobreeconometria. Me deleito em livros sobre lógica formal de argumentação e metafísica. Me amarro em DomCasmurro e livros de relatos históricos. Descubra também o prazer da leitura! Isso já te influenciará muito paraescrever bem. E o outro fator é praticar. Só se aprende a escrever, escrevendo. Se possível, até arrume alguémpra te acompanhar durante o começo da caminhada!

Nádia Carolina: Onde você costuma estudar: em casa ou em alguma biblioteca? Utiliza algum ritual para seconcentrar? Costuma sublinhar o material e imprimi-lo ou prefere ler diretamente pela tela do computador?



Jetro: Eu costumava estudar em casa, deitado na cama! Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

Sei que não é recomendado, mas era o único jeito de eu conseguir estudar alguma coisa assim que acordava.Pra driblar o sono, eu usava um tablet. Com a luz do ipad, eu não voltava a dormir e conseguia me manterestudando.

Durante o horário do almoço, eu estudava na biblioteca do Bacen. Esse lugar foi um alento. Bem agora, me vemà cabeça que estudei os livros inteiros de AFO, DAD, APU, DCO nessa biblioteca. Ela também teve um papelespecial na minha revisão para o TCU. Foram duas semanas alucinantes naquela biblioteca!

Mas eu confesso que também comprei uma cadeira super confortável e uma mesinha pra poder estudar em casa.Nessa mesinha eu fazia meus resumos e alguns mapas mentais que me ajudaram bastante. E, com algunslivros gigantes, só tinha como estudar com a mesa! kkkkkkkkkkkkkk

Nádia Carolina: No seu depoimento no Fórum Concurseiros, notei o quão importante foi o apoio familiar em suapreparação. Você teria alguma dica para as pessoas que têm dificuldade em transformar a pressão familiar emalgo positivo? Sabemos que o limite entre apoio e pressão pode se tornar bastante tênue (risos)...Houve algummomento em que seu relacionamento com os familiares foi abalado? Como lidou com essa situação (caso tenhaocorrido)?

Jetro: Acho que antes de você envolver a família nos seus estudos, você mesmo tem que estar completamenteenvolvido. Até que ponto você está disposto a sacrificar? Você está preparado para pagar o preço de umaaprovação? Se você realmente estiver, seus familiares vão reconhecer isso em você. Mesmo que no começodigam que concurso é cheio de fraude e outras coisas mais, se virem você estudar, se anular, se trancar noquarto pra abrir os livros, acordar cedo e dormir tarde fazendo exercícios, uma hora eles vão entender que vocêestá falando sério e vão começar não só a tolerar o seu estudo como a incentivá-lo.

Acho também que uma conversa franca sobre os estudos deve ser feita. Seus familiares devem saber porquevocê quer fazer concurso, que horas vai estudar e etc. Você terá que explicar a eles o motivo de sua ausênciaem alguns compromissos familiares e porque passar em um concurso é tão importante pra você.

E, sim, Nádia, passei por um aperreio! Foi quando estava estudando para o Bacen. O edital tinha acabado de saire meu pai não queria que eu fizesse o concurso! Ele queria que eu fizesse o curso de verão na Universidade deBrasília pra poder adiantar algumas matérias. Nem discuti com ele nem nada, orei a Deus e ele mudou o coraçãodo meu pai. Mas também fiz por onde: Meus pais viajaram pro Rio e eu fiquei em Brasília, sozinho, estudando.Acho que ganhei o coração dos meus pais nessa hora. Eles viram que o negócio era sério e isso me beneficioubastante: Desde o apoio pra fazer qualquer concurso que eu quisesse quanto na compreensão para permitir queeu ajudasse menos em casa em um determinado mês para poder comprar livros e cursos.

Nádia Carolina: Durante sua preparação para concursos, você praticava algum exercício físico? O que faziapara espairecer nos intervalos dos estudos? Alguma dica para quando o estudo não está rendendo?

Jetro: Vish, minha namorada vai ter um treco agora! Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

Eu sempre fui um cara hipermagricelo! Mas também bem ativo. Tocava bateria na igreja, até hoje, e jogavabasquete, futebol, peteca, tudo que aparecesse. Quando comecei a trabalhar no Bacen, fiquei sedentário eengordei um pouquinho a ponto de criar uma barriguinha. Agora que passei no TCU, é vontade minha voltar a meexercitar todos os dias da semana pra poder ficar mais saudável. Prometi duas coisas pra minha namorada, nocomeço do namoro: 1 Que nós iríamos casar só depois que ela terminasse a faculdade; 2 Que eu iria casartrincado. Como ela forma no meio do ano que vem, to correndo contra o tempo! Hahahahaha

Eu procurava não estudar mais que 2 horas e meia seguidas. E mesmo nessas 2 horas e meia, alternava por, nomínimo, duas matérias, o que já ajudava a manter a concentração.

Quando o estudo não está rendendo, o bom é relaxar, ver um bom filme. Mas aqui, um cuidado: tem gente que oestudo nunca rende! Acho que o jeito correto de identificar quando o estudo não está rendendo é quando vc estáestudandro, QUER continuar estudando, mas você já está a ponto de cair desmaiado!Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk



Aí, sim é a hora de parar. Se está só fazendo corpo mole, é melhor repensar as prioridades.

Nádia Carolina: Qual o papel da fé em sua trajetória como concurseiro? Peço a você algumas palavras deincentivo para aquelas pessoas cuja fé, quer em Deus, quer em si mesmas, encontra-se abalada.

Jetro: Hebreus 11:1 diz: Ora, a fé é a certeza das coisas que se esperam, e a prova das coisas que não sevêem. É a certeza das coisas que se esperam... Fé é a confiança que vc vai alcançar algo. Uma certeza. Équando vc não vê uma coisa, mas sabe que pode alcançá-la. O interessante é que a fé tem ganhado contornosmais científicos ao longo do tempo. Quando falamos de planejamento e de visão estratégica, por exemplo, nãotemos certeza de que, se seguirmos aquele plano, poderemos alcançar a meta? Pois é... inclusive, as empresasjá estão trabalhando um outro componente da inteligência: A inteligência espiritual.

Tem gente que afirma que é ver para crer. Eu não consigo entender essas pessoas. Pois aí, vc não precisa crer,vc tá VENDO! Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk Se bem que, do jeito que as coisas tão hoje, existem pessoas quemesmo que vissem, não creriam...

A questão é em quem colocar a fé. Em quem ter confiança. Tem gente que a coloca nos métodos de estudo, nosprofessores, nos materiais, nos colegas, em si mesmo; eu preferi colocá-la em Deus. E meu depoimento noFórum Concurseiros é um testemunho de como Ele agiu em minha trajetória, seja me orientando nos momentosdifíceis, seja fazendo com que alguns compromissos fossem adiados, seja me colocando pra estudar no melhorcolégio de Brasília, seja permitindo que eu errasse uma questão no concurso do Bacen pra que eu fossechamado só depois, seja fazendo com que o mau momento econômico vivido pelo país hoje tenha sidotransformado em benefício para mim, criando mais tempo pra que eu pudesse estudar pro TCU (Se alguém ficoucurioso, leia meu depoimento no FC!!!).

Se formos pensar bem, não temos razão nenhuma para sermos otimistas ou ter esperança. Grande parte dasvezes, nosso sentimento de otimismo é irracional, baseado no que nós QUEREMOS e não no que realmenteACONTECE. Mas, por algum motivo, sempre procuramos ter esperança de que tudo vai dar certo e de que tudovai ficar bem. Nossa sociedade está cada vez mais degradada. Cada vez mais definhando. As pessoas estãocada vez mais frias. Nós andamos nas ruas cada vez mais desconfiados, a ponto de estranharmos um gestosimples de amor. E o pior, é que nós humanos é que somos os culpados. Nós permitimos que issoacontecesse. Afinal, somos nós que viramos a cara quando algum mendigo se aproxima. Ou fingimos que elenão existe, sei lá, pra ver se ele não me incomoda. E nessa hora, nem lembramos o art. 1º, inciso III, daConstituição Federal. Jogamos a culpa em A, B ou C e nós mesmos não fazemos nada. Sei lá, eu não me sentiaconfortável em colocar minha esperança em qualquer coisa que fosse humana. E, por isso, resolvi colocá-la emDeus.

Acho que a luta do concurseiro é tão grande que ele fica até mais sensível a essas coisas. Suas aflições diárias,frustrações por não ter passado no concurso, estar estudando a tanto tempo e ainda não ter nenhum resultado,problemas com a família, entre outras coisas, fazem com que o concurseiro seja um cara batalhador pornatureza. E é na guerra que o caráter é forjado. É na guerra que criamos empatia. A guerra da vida ensina a viver.

Gosto muito de ler os depoimentos do FC. Nossa, são tantas histórias!! E é muito legal ver como cada pessoasuperou seus problemas e conseguiu passar no seu concurso. São exemplos de vida que merecem serseguidos. E, se essas pessoas conseguiram, você também pode conseguir! É só ter a coragem de continuarfirme e sempre em frente. Gosto de uma citação do Tolkien que até deixei ela no meu depoimento do FC:

É como nas grandes histórias, Sr.Frodo, as que realmente têm importância. Repletas de escuridão eperigo. E, às vezes, você não queria saber o fim...Por que como podiam ter um final feliz? Como omundo podia voltar a ser o que era depois que tanto mal aconteceu? Mas, no fim, é só uma coisapassageira, essa sombra. Até a escuridão tem de passar. Um novo dia virá.E quando o sol brilhar,brilhará ainda mais forte. Eram essas histórias que ficavam na lembrança, que significavam algo.Mesmo que você seja pequeno demais para entender por quê.Mas eu acho, Sr. Frodo, que eu entendo, sim. Agora eu sei. As pessoas destas histórias tinham váriasoportunidades de voltar atrás, mas não voltaram.Elas seguiam em frente porque tinham no que se agarrar." (J.R.R. Tolkien, meu xará, no seu livro O senhordos Anéis - As duas torres).



Nádia Carolina: Deixo esse espaço para que você faça seus agradecimentos às pessoas que foram essenciaispara o seu sucesso. Como cada uma delas contribuiu para que você atingisse seus objetivos, não só nosconcursos, mas na vida?

Jetro: Vish, vou ter que agradecer mó galera! Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

Queria agradecer primeiramente a Aslam. Obrigado pela oportunidade de ter te conhecido, por estar presentecomigo em todos os momentos. Por conhecer meu caminhar, meu deitar, meu levantar e meu cair e por ter acerteza que, um dia, estarei contigo para sempre.

Papai e mamãe! auhasuhasuhasahusauhasuh

Cara, não tenho palavras para expressar o apoio que vocês me deram. Pagaram meus cursinhos, vários livros,haha!!! Como é bom saber que em vocês eu posso encontrar um modelo de vida que o mundo já não tem. Vocêssão jóias raras!

Minha irmã que sempre me fazia rir quando eu tava pra baixo! Vc é demais, Mi!!

Agradecer muitão também a minha namorada, Ana! Nossa, vc é um presentão de Deus pra mim! Obrigado peloapoio e incentivo! Estamos cada vez mais perto do nosso casamento (e vai ser blindado,viu?)! Te amo,mozinhoooo!

Também ao pessoal do NVC da UnB! Poder ser benção pra vocês é simplesmente fantástico.

Agradeço também ao pessoal da minha igreja, que sempre estava orando por mim.Obrigaaaadoooooooooooooooooooooo

A todos os meus professores: André Luis, Marcel Guimarães, Érick Alves e suas aulas ninja de ControleExterno, Gabriel Rabelo e Luciano Rosa, Fábio Santos, todos os autores dos livros que eu usei. Vocês são feras!Muito obrigado!

Nádia Carolina: Depois de tanta felicidade pela aprovação no TCU, resta algum pedido especial para esteNatal? Você pretende continuar estudando ou vai encerrar sua trajetória como concurseiro?

Jetro: Engraçado, ano passado, eu comecei um tópico no FC desejando que o Natal e o Ano Novo de 2012fossem os últimos em que eu tivesse estudando. E, graças a Deus, isso aconteceu! Estou aposentado dosestudos! E nossa, como é bom ser aposentado! Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

Assim, Nádia, eu ainda tenho como objetivo alguns cargos mais altos na Adm. Pública como ConselheiroSubstituto em algum Tribunal de Contas. Mas é exigido pela Constituição pelo menos 35 anos de idade. Comoeu tenho 22, ainda tem um bom tempo de aposentadoria. Perto dos 30, aí eu faço a reversão (8.112? Hã?) daminha aposentadoria e volto aos estudos. Talvez eu encare algum outro concurso de Tribunal de contas ou aCarreira de Consultor no Congresso Nacional, mas por hora, é a vez de dar um tempo mesmo e tocar outrosprojetos na vida e na igreja que acabaram ficando um pouco de lado. Ainda quero fazer Doutorado em Oxford!!(sonho maluco, mas quem sabe?)

E sim, eu tenho um pedido de Natal. Gostaria que você que está lendo esse depoimento refletisse no porque vcestá estudando para ser servidor público. Qual a sua motivação? É lógico que eu me interesso pelo salário e umavida confortável pra mim e pra minha família. Mas se buscamos um cargo público só por isso somos egoístas emesquinhos. Gostaria que surgisse em nós amor pelo nosso sofrido povo brasileiro. E amor não é sentimento, éescolha. Que nós escolhamos amar o nosso semellhante. E mais ainda como servidores públicos, quando ointeresse público colidir com o nosso interesse particular, que escolhamos o interesse público paraengrandecimento da amada terra do Brasil.

Nádia Carolina: Muitíssimo obrigada pela entrevista, Jetro. Peço que termine esta entrevista com algumas dicasespecíficas para os concurseiros que se preparam para o TCU.



Jetro: Pra galera que se prepara para o TCU, uma dica: Vocês estão lascados!Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

Brincadeiras a parte, vocês fizeram uma ótima escolha! Conheçam a fundo o órgão, apaixonem-se pelas suasatribuições. Se esforcem muito e estudem bastante. E, apesar das poucas vagas a cada concurso, sei que embreve vocês estarão do lado de cá. Eu estarei esperando por vocês, hein? To a disposição também no FC!

Nádia, eu que agradeço pelo convite e por essa entrevista. Vocês do Estratégia ajudam a transformar sonhos emrealidade! Valeu!

Depoimento - Jetro Missias - aprovado no TCU com 22 anos _ Estratégia Concursos

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