DEPRESSÃO E EDUCAÇÃO: O TRABALHO DO SERVIÇO DE...

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UNISAL Érika Penha DEPRESSÃO E EDUCAÇÃO: O TRABALHO DO SERVIÇO DE PSICOLOGIA DO HOSPITAL SAMAM JUNTO ÀS CRIANÇAS E ADOLESCENTES DAS ESCOLAS PÚBLICAS DO MUNICÍPIO DE AMERICANA - SP Americana 2010

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UNISAL

Érika Penha

DEPRESSÃO E EDUCAÇÃO: O TRABALHO DO SERVIÇO DE

PSICOLOGIA DO HOSPITAL SAMAM JUNTO ÀS CRIANÇAS E

ADOLESCENTES DAS ESCOLAS PÚBLICAS DO MUNICÍPIO DE

AMERICANA - SP

Americana

2010

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UNISAL

Érika Penha

DEPRESSÃO E EDUCAÇÃO: O TRABALHO DO SERVIÇO DE

PSICOLOGIA DO HOSPITAL SAMAM JUNTO ÀS CRIANÇAS E

ADOLESCENTES DAS ESCOLAS PÚBLICAS DO MUNICÍPIO DE

AMERICANA - SP

Dissertação apresentada como

exigência parcial para obtenção do grau

de Mestre em Educação à Comissão

Julgadora do Unisal - Centro

Universitário Salesiano de São Paulo -,

sob a orientação do Prof. Dr. Marcos

Francisco Martins.

Americana

2010

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Penha, Érika

P457d Depressão e educação: o trabalho do serviço de psicologia do hospital SAMAM junto às crianças e adolescentes das escolas públicas do município de Americana – SP / Érika Penha. – Americana: Centro Universitário Salesiano de São Paulo, 2010.

87 f. Dissertação (Mestrado em Educação). UNISAL – SP. Orientador: Profº Drº. Marcos Francisco Martins. Inclui bibliografia. 1. Depressão. 2. Educação. 3. Orientação escolar.

4. Psicologia hospitalar. I. Título. CDD – 616.8528

Catalogação elaborada por Terezinha Aparecida Galassi Antonio

Bibliotecária do Centro UNISAL – UE – Americana – CRB-8/2606

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BANCA EXAMINADORA

_______________________________________________ Profº. Dr. Marcos Francisco Martins

UFSCar

_______________________________________________ Profª. Dra. Sueli Maria P. Caro

Unisal

________________________________________________ Profª. Dra. Viviane Melo de Mendonça

UFSCar

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Agradecimentos

Primeiramente a Deus, que ilumina meus passos.

A minha mãe, que plantou a semente da educação da paciência.

Aos meus filhos Beatriz e Yonathan, por compreenderem os momentos de

ausência no decorrer desta pesquisa.

Aos diretores-clínicos e colaboradores do Hospital SAMAM.

Aos professores do mestrado em Educação do UNISAL, que proporcionaram o

conhecimento nesta jornada científica.

Ao meu orientador Prof. Dr. Marcos Francisco Martins, que brilhantemente me

conduziu na metodologia desta pesquisa.

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RESUMO

Este trabalho tem como objetivo analisar as relações da depressão de crianças

e adolescentes no ambiente escolar. Da pesquisa realizada participaram 70

crianças com a idade de 6 a 16 anos, alunos de escolas públicas do município

de Americana, atendidas no Hospital SAMAM pelo Serviço de Psicologia. Este

Serviço hospitalar procura orientar pais e professores no convívio com as

crianças, com o intuito de minimizar o sofrimento delas. As crianças

encaminhadas ao Hospital pelas escolas apresentavam queixas de fortes dores

de cabeça, abdômen, náusea, dificuldade de concentração, recusa em ir à

escola, choro, irritação, nervosismo. Por meio de abordagem quantitativa e

qualitativa, a coleta de dados estruturou-se em dois momentos: no primeiro

realizou-se a pesquisa bibliográfica sobre a depressão de crianças e

adolescentes; no segundo, trabalhou-se com as informações obtidas nos

atendimentos das 70 crianças atendidas, juntamente com os dados obtidos

com os pais e professores sobre a depressão dessas crianças e adolescentes

e sua repercussão no ambiente escolar. Entre os resultados alcançados,

ressalta-se o que indica que a escola e os pais são peças-chave para o

tratamento da depressão de crianças e adolescentes.

Palavras-chave: Depressão, Educação, Orientação Escolar, Psicologia

Hospitalar.

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ABSTRACT

This work aims to analyze the relations of childish depression in scholar

environment. A research was done with 70 children, who were from 6 to 16

years old, and were also students of public schools from Americana city,

attended at Sammam Hospital, by the Psychology Service. This hospitalar

service aims to orient parents and teachers on how to deal with children, trying

to minimize the sufferings of these kids. The children who were sent to the

hospital by their schools complained of strong headaches, bellyaches, nausea,

concentration difficulties, irritation, crying, anxiety and they denyed to go to

school. By qualitative and quantitative approaches, the research for data was

structured in two phases: on the first one, a bibliographical research about

childish depression was done; on the second phase, the information which were

collected on the process of attending these 70 children were investigated, and

this investigation was linked to the information which were obtained with the

parents and teachers about the childish depression of these kids and its

repercussions on scholar environment. Ammong the reached results, it is

possible to highlight the one which indicates that the schools and parents are

indispensable for the treatment of childish depression.

Key-Words: Depression, Education, Scholar Orientation, Hospitalar

Psychology.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .................................................................................................... 7

CAPÍTULO I - SOBRE A METODOLOGIA DA COLETA DE DADOS DA PESQUISA ....................................................................................................... 11

1.1 A PESQUISA BIBLIOGRÁFICA ........................................................................ 11 1.2 OS INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS ................................................... 12

CAPÍTULO II - DEPRESSÃO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES E SUAS REPERCUSSÕES NA ESCOLA ...................................................................... 16

2.1 HISTÓRIA DA DEPRESSÃO ........................................................................... 16 2.2 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE OS PROBLEMAS PSICOLÓGICOS NO

AMBIENTE ESCOLAR.......................................................................................... 25

CAPÍTULO III - A DEPRESSÃO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES NAS ESCOLAS PÚBLICAS DE AMERICANA – SP ................................................ 35

3.1 O SERVIÇO DE PSICOLOGIA DO HOSPITAL SAMAN ......................................... 35 3.2 OS SUJEITOS DA PESQUISA ........................................................................ 37 3.3 HISTÓRICO DOS ATENDIMENTOS DOS SUJEITOS DA PESQUISA. ....................... 39

CAPÍTULO IV - A DEPRESSÃO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES E SUAS REPERCUSSÕES NO AMBIENTE ESCOLAR ................................................ 47

4.1 O TRATAMENTO DA DEPRESSÃO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES REALIZADO

PELO S.P.H.S ................................................................................................. 47 4.2 A REPERCUSSÃO DOS ATENDIMENTOS REALIZADOS NO AMBIENTE ESCOLAR ... 58

CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................. 66

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 68

APÊNDICE 1: ROTEIRO DA ANAMNESE INFANTIL ..................................... 70

APÊNDICE 2: QUESTIONÁRIO PROFESSOR ............................................... 78

APÊNDICE 3: H.T.P. DE N° 43 ........................................................................ 80

APÊNDICE 4: H.T.P. DE N° 53 ........................................................................ 84

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INTRODUÇÃO

A saúde mental é tão importante quanto à saúde física para o ser

humano, para que se possa ter uma vida saudável e equilibrada. Segundo a

Organização Mundial da Saúde (OMS), calcula-se que 300 milhões de pessoas

no mundo sofrem de depressão, sendo um terço de crianças e adolescentes

que adquirem este transtorno de humor, o que gera incapacidade na qualidade

de vida. O adulto começa a enfrentar problemas relacionados ao convívio

social, o trabalho fica prejudicado e, conseqüentemente, a vida familiar sofre

modificações. Em crianças o sofrimento ocasiona transtorno na vida familiar,

repercutindo em sua vida escolar.

De acordo com a Classificação Internacional de Doenças (CID10), a

depressão causa diminuição da atividade por causa do estado emocional,

apatia, abatimento moral, falta de coragem para enfrentar a vida. E em

crianças, além desses, a irritação e o nervosismo.

Tentativas de estudar a depressão de crianças e adolescentes têm

surgido desde início do século XIX, atualmente não existem dúvidas quanto à

existência da depressão em crianças em idade escolar.

O referencial teórico no qual esses atendimentos psicológicos são

embasados é o fenomenológico e existencial, partindo da premissa de que o

ser humano é sujeito e objeto do conhecimento e que vivencia

intencionalmente sua existência, atribuindo-lhe sentido e significado. Heidegger

(2005) afirma que a essência da existência humana é existir em pluralidade

com suas percepções, sentimentos, pensamentos, e não em si mesma de

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forma isolada, uma vez que pertence a um mundo em transformação

constante, portanto o homem está em constante transformação também.

O tema desta pesquisa refere-se às repercussões da depressão de

crianças e adolescentes no ambiente escolar. Avaliou-se como a criança se

comporta em sala de aula, segundo os dados coletados a partir de questionário

respondido pelos professores. Posteriormente, orientou-se a como “lidar” com

esta questão em sala de aula, concomitantemente com o tratamento de

psicoterapia realizado no Serviço de Psicologia do Hospital Saman (SPHS), e

com a orientação dos pais.

O que motivou esta pesquisa foi a minha prática como psicóloga no

Hospital Saman (SPMS), em Americana/SP, e uma considerável demanda que

o serviço de Psicologia deste Hospital tem recebido de encaminhamentos

escolares de crianças com sintomas de depressão de crianças e adolescentes,

bem como outros problemas psicológicos que prejudicam a aprendizagem

escolar.

O primeiro capítulo enfoca a metodologia e os instrumentos utilizados na

coleta de dados desta pesquisa. Apresentamos a bibliografia acerca dos

problemas psicológicos, dentre eles a Hiperatividade, Transtorno de

Ansiedade, Transtorno de Pânico, Transtorno Obsessivo-Compulsivo,

Transtorno Desafiador-Oposicionista, Transtorno de Conduta, que interferem

na aprendizagem escolar e a Depressão de crianças e adolescentes. Bem

como os primeiros procedimentos empregados no atendimento dos casos que

chegam ao SPHS.

No segundo capítulo apresentaremos, de forma sucinta, a história da

depressão e algumas interpretações históricas acerca desta questão, assim,

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será possível ao leitor compreender o caminho percorrido por especialistas

mediante esse problema tão comum nos dias atuais. Discutiremos também

sobre as repercussões da depressão de crianças e adolescentes na escola

neste momento.

No terceiro capítulo apresentamos alguns dados sobre a estrutura física

e humana do Hospital Saman, bem como do SPHS. Apresentamos e

analisamos o perfil das crianças atendidas, sujeitos da pesquisa.

Neste momento também apresentamos relato de todos os

encaminhamentos realizados pelas escolas, e como eles repercutiram no

ambiente escolar. Descrevemos como ocorre o tratamento desde o

encaminhamento até o tratamento, contando com o auxílio dos pais e

professores a partir da orientação dada a ambos no decorrer do tratamento da

criança. Consideramos importante a descrição do teste casa-árvore-pessoa

(HTP), do inglês: House-Tree-Person, para elucidar o processo de avaliação e

diagnóstico dos casos que chegaram até nós no Serviço de Psicologia.

Descrevemos casos exemplares, desde a chegada ao Hospital Samam

até o retorno no que se refere ao comportamento da criança no ambiente

escolar elucidado pela escola.

O capítulo quatro traz a relação dos atendimentos realizados no

ambiente escolar com o relato dos resultados que a escola observou nos

alunos tratados.

Foi possível inferir, na conclusão, os limites e possibilidades deste

trabalho, que aponta pontos positivos e negativos observados nos processos

de atendimento. Um dos aspectos positivos apontados é que as crianças

tiveram significativas melhoras, a maioria já recebeu alta, e um dos pontos

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negativos que observamos foi que, como o SPHS está sendo implantado, ele

sofre de algumas debilidades, como espaço físico, por exemplo, mas a partir de

março de 2010 este Serviço mudou de endereço e o espaço físico já está se

adequando à demanda e aos atendimentos.

Minha prática profissional tem demonstrado que o número de casos de

depressão de crianças e adolescentes vem aumentando proporcionalmente ao

crescimento demográfico, conseqüentemente, surgem problemas de natureza

humana, pois há um déficit na quantidade de especialista na área, como

também de recursos financeiros, para o atendimento adequado de todos os

casos que surgem, isto tendo em vista as complexas interações sociais e

familiares que repercutem no ambiente escolar.

Não há distinção da complexidade dos problemas relacionados à

depressão por classe social, gênero, religião, sexo, caráter geográfico, idade.

Crianças e adolescentes sofrem de problemas que fazem parte do universo

adulto e isso é cada vez mais preocupante.

O reflexo no ambiente escolar é parte integrante destas repercussões e

é clara a visualização de que somente com a interdisciplinaridade podemos

vislumbrar seres humanos mais preparados para enfrentar, infelizmente, o

inevitável: os problemas de ordem psicológica como é a depressão.

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CAPÍTULO I - SOBRE A METODOLOGIA DA COLETA DE DADOS DA PESQUISA

Para que se torne compreensível o caminho percorrido para a

concretização desta pesquisa é necessária a apresentação da metodologia

empregada na coleta de dados. Neste início esta apresentação será realizada

de forma breve, pois na própria descrição dos resultados da pesquisa, este

processo ficará bastante claro.

1.1 A pesquisa bibliográfica

O livro de referência para a depressão de crianças e adolescentes foi o

de Miller (2003). Ele guiou, forneceu informações e considerações acerca de

conceitos técnicos ao esclarecimento do estado da arte do tema depressão de

crianças e adolescentes. Sua abrangência e qualidade reconhecidas na área

muito nos ajudou a esclarecer conceitos, aspectos técnicos e o

desenvolvimento futuro de nossa pesquisa de campo.

Phelan (2005) e Peres (2006) também figuram em bibliografias citadas

ao longo da dissertação, embasando pontos de vista e enriquecendo nosso

estudo.

Obras de referências, guia de doenças e outros trabalhos ao longo do

texto são citados, parametrizando dados e doenças dentro de padrões já

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normalizados internacionalmente. Bases de dados nacionais e internacionais

de publicações periódicas também foram consultadas.

1.2 Os instrumentos de coleta de dados

Esta pesquisa é fruto da implantação do S.P.H.S. e os instrumentos

utilizados na coleta de dados fazem parte do dia-a-dia da instituição hospitalar.

O encaminhamento dos alunos ao SPHS é feito pela escola. Eles

chegam acompanhados pelos pais. A escola envia um relatório, no qual é

narrado como a criança se socializa em sala de aula, se existe alguma

dificuldade em seu aprendizado, como se comporta na escola, se realiza ou

não as tarefas escolares e, muitas vezes, relatam também sintomas físicos

como dores de cabeça, abdominais, náusea e vômito.

Após a leitura desse relatório de encaminhamento escolar, inicia-se a

primeira entrevista com os pais da criança.

A primeira entrevista é “semi-aberta” ou também chamada de “semi-

dirigida”. Nela os pais têm a liberdade para expor os problemas da criança por

onde quiser e como preferir. Assim, o psicólogo analisa e observa o contexto

familiar em que a criança está inserida.

Na primeira entrevista a criança não está presente, somente os pais.

Esta condição é informada pela recepção do Hospital no momento em que se

marca o horário da entrevista; a recepcionista informa que a criança não

entrará na sessão.

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Já que se refere a uma entrevista com os pais é importante a presença

de ambos, mas nem sempre isso ocorre, porque muitos pais são atualmente

separados e, assim, ocorre de os pais preferirem ser atendidos

separadamente. E a ansiedade e/ou depressão são demonstradas na primeira

entrevista. Em muitos momentos têm-se a impressão de que, tanto quanto as

crianças e adolescentes, os pais também necessitam de psicoterapia.

A este respeito, Campos (1986) comenta:

Os primeiros sinais de ansiedade aparecem, normalmente, na primeira entrevista, quando os pais começam a relatar a história do filho [...]. Na primeira entrevista é importante registrar o que diz cada um dos pais, como e quando o dizem, o que lembram e como fazem, o que esquecem, de maneira a poder reconstruir posteriormente, com a maior fidelidade possível, o diálogo e os elementos não verbais do encontro. (p. 37)

Estas questões acima comentadas acerca da primeira entrevista são de

fundamental importância para a coleta de dados, pois observa-se como é a

dinâmica de família. E no caso do filho de pais separados, como a criança e

seus pais lidam com a distância, a separação, a perda.

Depois da primeira entrevista, marca-se uma segunda com os pais. Esta

é uma entrevista mais estruturada, que na psicologia é chamada de anamnese

infantil. Caracteriza-se por uma série de perguntas que abordam desde o

desenvolvimento gestacional, até como é o seu desenvolvimento físico, motor e

da linguagem, formando enfim um histórico médico e psicológico. É um relato

sobre a sequência de fatos importantes a respeito da situação atual, escolar e

pregressa da criança. É um instrumento muito valioso porque faz com que o

psicólogo conheça a história de vida e do desenvolvimento da criança.

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Embora haja um roteiro orientador, as entrevistas são conduzidas com

naturalidade e de forma espontânea, criando um processo dinâmico, pois

estabelece a inter-relação entre o psicólogo e os pais da criança.

Quando encerra a anamnese infantil com os pais, passa-se a eles o

questionário a ser entregue ao professor da criança. Neste questionário o

psicólogo saberá diretamente do professor a queixa escolar, como a criança se

socializa com outros colegas, as dificuldades apresentadas na aprendizagem,

se chora sem motivo em sala de aula, enfim o questionário respondido pelo

próprio professor torna-se mais um instrumento utilizado como coleta de dados.

Ocasionalmente, muitos professores marcam horários e vão até o S.P.H.S.

entregar o questionário e falar com o psicólogo sobre determinada criança.

Segundo Groppo e Martins (2007) “[...] o questionário visa coletar dados

através de questões que facilitam o pesquisador na coleta de dados.” (p. 55) E

neste caso, aproxima a distância física entre o psicólogo-pesquisador e o

professor, pois há intermediários, e então os pais, muitas vezes, levam ao

S.P.H.S. relatos como: “trouxe meu filho porque a escola encaminhou”. Tais

relatos são muito comuns e eles demonstram o quanto as pessoas são

distantes uma das outras. E esta “distância” gera recorrentemente angústia,

depressões.

Terminadas as entrevistas e os questionamentos com pais e

professores, inicia o tratamento com a criança. E quando o psicólogo a recebe,

procura-se colocar em “suspenso” tudo o que sabe a seu respeito: suas

queixas escolares, sua história relatada pelos pais; conversa e, muitas vezes,

até brinca para conhecê-la melhor, pois toda relação necessita de um vínculo.

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A criança mostra-se como é, a partir de sua essência, ou melhor, do que

guarda em si sem receios de admoestações de qualquer espécie.

Muitas vezes, há uma distância muito grande entre o que os pais, o

professor ou os familiares relatam da criança e o que é observado dela.

Levando em conta a individualidade e a singularidade de cada um, esta

primeira sessão com a criança é muito importante, pois cada um tem uma

história de vida e cada um tem um repertório de convivência e de relações

sociais.

De acordo com Dolto (1999),

Palavra, representação, desenho, mímica, modelagem, é isso que faz a cultura, a literatura, a escultura, a música, a pintura, o desenho, a dança - tudo isso são representações de desejos e não vivências no corpo-a-corpo com o outro. (p. 27).

Assim a linguagem está expressa no brincar, no falar, no desenho, está

em tudo, pois tudo é linguagem. “As crianças sabem. Elas lhe contam através

dos desenhos, sem saber o que contam. Elas sabem inconscientemente. É

muito melhor que a coisa expressa com palavras” (DOLTO, 1999, p. 83).

Nunca cessa o conhecer o outro, de modo que a coleta de dados se dá

até no tratamento. E isso porque nele a criança expressa suas fobias, medos,

angústias e também suas alegrias, euforias no brincar, no falar, no dançar,

enfim estão em constante transformação. Assim, o processo de coleta de

dados nunca cessa, num processo psicoterápico, pois estamos em constantes

transformações é preciso continuar conhecendo e coletando dados durante o

tratamento e analisando as repercussões da depressão de crianças e

adolescentes no ambiente escolar.

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CAPÍTULO II - DEPRESSÃO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES E SUAS REPERCUSSÕES NA ESCOLA

Neste capítulo abordaremos, além da história da depressão, tratada

brevemente a título de situação do problema na história, da repercussão que

este problema pode ter na vida escolar.

2.1 História da depressão

A depressão é atualmente uma doença ou transtorno que causa

incapacitação do homem no trabalho, na escola e na vida social. Constitui-se

em grande desafio para os profissionais da área da saúde. A estimativa atual

da O.M.S. é de que aproximadamente 340 milhões de pessoas no mundo

apresentam pelo menos um episódio depressivo ao longo da vida. Ela pode

afetar pessoas em qualquer fase da vida, inclusive na infância e na

adolescência, e evolui de forma crônica para, aproximadamente, 20% dos

indivíduos.

O humor deprimido é mencionado como uma sensação forte de tristeza

ou desesperança, como falta de coragem ou ainda uma angústia indescritível.

A diminuição ou falta de energia em 97% dos casos ou falta de motivação,

cansaço, fadiga ou preguiça exagerada que impossibilitam as atividades

domésticas, no trabalho e, no caso de crianças e adolescentes, na escola

(KAPLAN e SADOCK, 1993).

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Provavelmente, a depressão é tão antiga quanto a humanidade, ou seja,

a tristeza acompanha o homem desde sua origem.

Na Antiguidade, ainda no século IV a.C., Hipócrates teria uma teoria ao

investigar esses sentimentos de angústia, solidão, denominada de Quatro

Humores. Segundo esta teoria o homem, para ter saúde, precisa estar em

equilíbrio, em harmonia com os Quatro Humores que são os seguintes: a bílis

negra, a bílis amarela, o sangue e a pituíta ou fleugma (muco secretado pela

membrana mucosa). A bílis negra é secretada pelo baço, já a bílis amarela é

secretada pelo fígado. O sangue é o responsável pelo bombeamento do

coração, e a pituíta ou fleugma é responsável pelo sistema respiratório.

Aristóteles escreve sobre a melancolia pela primeira vez em “A

Problemata 30”, texto no qual fala da relação entre a genialidade e a loucura. A

melancolia é vista como inata ao homem e surge, assim, a condição da

genialidade indispensável à criação, à filosofia, à arte, à literatura.

A este respeito, Peres (2006) comenta:

Uma ambigüidade se estabelece, pois, no uso da palavra melancolia: por um lado um humor natural e não necessariamente patogênico e, por outro lado, uma doença mental produzida por um excesso de desequilíbrio dos humores. (PERES, 2006, p. 15).

Na Idade Média, a Igreja Católica identificava as pessoas melancólicas

ou com comportamentos diferenciados dos esperados como possuídos de

influências demoníacas, consideravam hereges e bruxos e muitos nessa época

foram mortos pela Santa Inquisição.

No final do século XVIII, Phillipe Pinel (1745-1826), médico responsável

pelo estudo das perturbações mentais na medicina, baseou-se, sobretudo na

observação clínica da melancolia, atual depressão, que era definida por uma

tristeza, abatimento e desgosto de viver.

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No início do século XIX, chega ao fim a teoria dos humores de

Hipócrates e a designação de melancolia também cai por terra.

Em 1883, o psiquiatra alemão Emil Kraepelin (1856-1926) escreve o

primeiro Compêndio de Psiquiatria, no qual a melancolia ou depressão recebeu

o nome de psicose maníaco-depressiva.

No final do século XIX, a Europa passou por transformações no modo de

vida, principalmente em conseqüência da Revolução Industrial. Palco de uma

aceleração do desenvolvimento industrial, desta forma surgem novas

condições de vida. Com a agitação dos grandes centros urbanos, a neurastenia

ganha a dimensão da “doença da modernidade”. Segundo a Classificação de

Transtornos Mentais da CID-10 (1993), a neurastenia é classificada como

transtorno de humor, isto é, como depressão.

Georg Beard (1839-1883) definiu a neurastenia como doença da vida

moderna, pois fatores sociais de diferentes modalidades podem ser

considerados fonte do adoecimento.

Jean Martin Charcot (1825-1893), um dos grandes nomes da neurologia

na Europa, questionou a maior incidência de neurastenia nas classes

trabalhadoras e elevou a noção de traumas como elemento entre os fatores

etiológicos. Após muito estudo e pesquisa, se junta a Charcot um dos seus

discípulos mais famosos, Sigmund Freud (1856-1939), nascendo a Psicanálise.

Freud comprova que os sintomas não tinham correspondentes orgânicos, e sim

psíquicos, emocionais.

Em O mal-estar na civilização (1930) Freud narra que a felicidade é

episódica e que a depressão é gerada por mudanças, enfatizando aspectos

sociais e econômicos responsáveis por elas. Surge, então, pela primeira vez a

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palavra depressão para caracterizar a melancolia de algumas épocas e

neurastenia em outras.

Segundo Freud, a infelicidade é experimentada mais facilmente, pois

padecemos de três ameaças de sofrimento: nosso próprio corpo, que nos envia

sinais de alarme de dor e de angústia devido ao inevitável processo de

envelhecimento; o mundo externo, e o desgosto fruto das relações com outros

indivíduos.

Freud (1930) comenta:

Parece certo que nos sentimos confortáveis na civilização atual, mas é muito difícil formar uma opinião sobre se, e em que grau os homens de épocas anteriores se sentiram mais felizes, e sobre quais condições culturais desempenham nessa questão. (FREUD, 1930, p. 95).

Freud nos chama a atenção para situação paradoxal de o próprio

homem ser responsável por criar situações que se revertam mais à frente em

mal-estar. O homem, por natureza, tem a tendência de criar situações que no

futuro sejam complicadas. De outra maneira: ou mudamos o nosso pensar e

agir ou adoecemos, ficando depressivos. Advoga a idéia já citada

anteriormente, considerando a depressão uma patologia das mudanças.

Do ponto de vista social e histórico, a depressão pode ser determinada

por grandes modificações, como no pós-guerra, quando surgem as

infelicidades, as melancolias e as depressões.

Ainda nesta obra de 1930, Freud discute como a repressão coercitiva

imposta pela sociedade priva o sujeito de seu próprio desenvolvimento,

gerando uma angústia, a depressão. Pois, o instinto humano é, segundo ele,

naturalmente agressivo.

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20

Já a história da depressão de crianças e adolescentes está cheia de

incompreensões. Os estudos sobre a depressão na infância e do adolescente

iniciaram-se em 1852, quando alguns pesquisadores acreditavam que os

sintomas são iguais aos dos adultos. Outros pesquisadores, por sua vez,

advogavam a idéia da não existência dos mesmos sintomas em crianças e

adultos.

De acordo com Barbosa e Lucena (1995), há a correlação entre

depressão de crianças e adolescentes e pais depressivos. Portanto, segundo

esses autores, filhos de pais depressivos muito provavelmente terão

depressão. “A família é um dos grandes fatores estressantes de Depressão de

crianças e adolescentes [...]” (BARBOSA e LUCENA, 1995, s/p).

Até a década de 1960, não se aceitava a idéia de que as crianças

ficassem deprimidas. O diagnóstico em adultos surgiu no final do século XIX,

com o surgimento da Psicologia.

A primeira e mais precisa pesquisa realizada acerca da depressão de

crianças e adolescentes ocorreu no final da década 1950, nos Estados Unidos,

desenvolvida pelo Dr. Leon Aytryn, pediatra que observou que as crianças

internadas em hospitais para a realização de cirurgia muitas vezes demonstram

tristeza e reclusão. Ele realizou diversas pesquisas e, por meio delas, concluía

que aproximadamente 50% das crianças vivenciavam sintomas de depressão,

incluindo tristeza, desamparo, irritabilidade, isolamento social, distúrbio do

sono, ansiedade de separação, evasão escolar ou recusa em ir à escola,

dificuldade de aprendizagem e desenvolvimento de fobias.

O trabalho do Dr. Aytryn foi de grande importância, pois provou que os

sintomas da depressão na infância eram iguais aos dos adultos.

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21

Em 1970, Warren Weinberg e seus colegas colaboradores

desenvolveram os primeiros critérios para o diagnóstico da depressão em que

as diferenças de desenvolvimento entre crianças e adultos eram consideradas.

Antes de Weinberg, os pesquisadores dividiram-se em dois grupos

divergentes: um advogava a idéia de que a depressão em crianças era muito

parecida com aquela dos adultos, pois os sintomas eram considerados como

auto-imagem negativa, experienciavam abatimento, apatia, alterações no

apetite, o sono e reclusão social; o outro grupo acreditava que as crianças

portavam sintomas “encobertos”, que normalmente não eram observados na

depressão de adultos. Em crianças acreditava-se que a depressão era

encoberta por sintomas como mau humor, fobias escolares e rebeldias. E nos

adolescentes, era caracterizada por inquietação, tédio, delinqüência, agressão

e ansiedade. Este segundo grupo, o que defendia a “depressão encoberta”,

com o passar do tempo observou que a depressão na criança é igual ou

parecida com a do adulto. “Atualmente não se questiona o fato de que as

crianças podem ficar deprimidas e realmente ficam” (MILLER, 2003, p. 7).

Tradicionalmente o diagnóstico é orientado por duas formas:

1) Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento da

O.M.S., CID-10 (1992);

2) Manual de Diagnóstico e Estatístico dos Distúrbios Mentais da

Associação Americana de Psiquiatria, DSM-IV (1994).

A Classificação Internacional de Doenças - C.I.D., formulada pela

O.M.S., define e classifica a depressão como um transtorno de humor, que

pode ser expresso segundo o quadro a seguir:

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Quadro 1 – CLASSIFICAÇÃO DA DEPRESSÃO

Fonte: SENE-COSTA (1996, p. 42)

A depressão é diagnosticada a partir desses transtornos: o transtorno

depressivo é chamado também de Depressão Unipolar, pode ser um

Transtorno Depressivo Maior - T.D.M. ou Distimia; e o Transtorno Bipolar, que

é chamado também de Depressão Bipolar ou Episódio Maníaco, pode ser

Bipolar I ou Bipolar II ou ainda Ciclotimia. Portanto, há quatro tipos de

depressão: T.D.M., Distimia, Bipolar e Ciclotimia.

O T.D.M. afeta pessoas em qualquer fase da vida, inclusive na infância e

na adolescência. Tem a seguinte característica: ocorre no período mínimo de

duas semanas durante os quais há um humor deprimido ou perda no interesse

social. Segundo a Classificação Internacional de Doenças (CID), o indivíduo

também deve experimentar pelo menos quatro sintomas para o diagnóstico da

T.D.M.:

Transtornos do Humor

Transtorno Depressivo

(depressão unipolar)

Transtornos

Bipolares (mania ou

hipomania e

depressão bipolar)

Transtorno Depressivo Maior

(TDM)

Distimia Bipolar I

Bipolar II

Ciclotimi

a

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→ 1- humor deprimido na maior parte do dia, com sintomas de choro,

sentimento de tristeza e vazio. Em criança e adolescente, observa-se humor

irritável;

→ 2- diminuição do interesse por atividades do dia a dia;

→ 3- perda ou ganho significativo de peso;

→ 4- insônia ou hipersonia (muito sono) quase todos os dias;

→ 5- agitação ou retardo psicomotor;

→ 6- fadiga ou perda de energia quase todos os dias;

→ 7- sentimento de inutilidade ou culpa (baixa auto-estima);

→ 8- capacidade diminuída de pensar ou concentrar-se ou ainda

indecisão quase todos os dias; e,

→ 9- pensamento de morte.

Crianças com T.D.M. têm maior propensão ao choro, irritabilidade,

ansiedade, fobias, queixas de dores. As mais comuns são dores abdominais e

de cabeça, pois um número significativo de crianças encaminhadas por escolas

ao S.P.H.S, apresentavam queixas de dores no abdômen e na cabeça.

Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais -

DSM-VI, é maior o número de meninas adolescentes de que em meninos

adolescentes. Já na menor idade a incidência é igual em meninas e meninos.

De acordo com Miller (2003), a depressão inicia-se por volta dos seis anos de

idade.

Não descartamos nesta pesquisa a hereditariedade, mas nos fixaremos

mais nas questões comportamentais, sociais, familiares, econômicas dessas

crianças com depressão de crianças e adolescentes.

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Por sua vez, o Transtorno Distímico caracteriza-se pela predominância

do humor deprimido na maior parte do dia, por pelo menos dois anos. Em

crianças, o humor pode ser irritável em vez de deprimido, este aparece em

adultos e adolescentes.

Para a comprovação do diagnóstico, segundo a Classificação

Internacional de Doenças (CID), é necessário apresentar dois ou mais dos

sintomas a seguir:

→ 1- irritação na maior parte do dia;

→ 2- diminuição no apetite;

→ 3- insônia ou hipertonia;

→ 4- baixa energia ou fadiga;

→ 5- fraca concentração; e,

→ 6- sentimento de desesperança.

A distimia é considerada, por alguns especialistas, como um subtipo

depressivo, pois é uma forma menos grave de T.D.M. A palavra distimia tem

origem grega e significa, etimologicamente, mal-humorado. É caracterizado por

um estado depressivo crônico (não tão intenso quanto o T.D.M.) por isso o seu

diagnóstico se dá após dois anos.

Os Transtornos Bipolares são caracterizados por mudanças, ora está

bem, ora fica deprimido, pois a alternância de humor é muito significativa.

Apresenta episódios de mania (euforia) que se alternam com episódios de

depressão.

Os sintomas podem se manifestar em qualquer fase da vida, embora

seja muito comum no início da adolescência. Os Transtornos Bipolares são

subdivididos em três tipos: Bipolar I, Bipolar II e Ciclotimia.

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O Transtorno Bipolar I é caracterizado pela ocorrência de um ou mais

episódios maníacos acompanhados de um ou mais episódios depressivos. É

uma doença crônica e recorrente, na qual mais de 90% dos sujeitos que

tiveram algum episódio maníaco apresentarão outros episódios durante suas

vidas.

Já o Transtorno Bipolar II, caracteriza-se por um ou mais episódios

depressivos, não ocorrendo o episódio maníaco. E, por último, a Ciclotimia ou

Transtorno Ciclotímico é caracterizado por uma instabilidade de humor leve,

por isso o seu diagnóstico recorrentemente passa despercebido, e a pessoa é

vista como “temperamental”, “de lua”.

2.2 Algumas considerações sobre os problemas psicológicos no ambiente escolar

Os problemas psicológicos na infância e na adolescência refletem-se no

ambiente escolar, dificultando a atenção e concentração do aluno em sala de

aula, mas antes de entrar nas questões relacionadas à depressão, farei uma

pequena definição de criança e adolescente.

Conforme a faixa etária, de acordo com o Estatuto da Criança e do

Adolescente (ECA) (2009), a pessoa é considerada criança até 12 anos

incompletos, e considera-se adolescente a que possui entre 12 e 18 anos de

idade. De acordo com Cordeiro (2007), no que se refere às características

gerais destas faixas etárias, há variações conforme o contexto, ou seja, há

diversidade na compreensão e experiência de infância e adolescência de

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acordo com a cultura, pois se tratam de construções culturais e sociais. A

adolescência é um período da vida situada entre a infância a idade adulta, no

entendimento de Cordeiro (2007) esta é uma fase crucial para a formação da

identidade da pessoa. Quanto à infância, esta pode ser subdividida em

primeira, segunda e terceira infância. É entendida como uma fase em que

ocorre a socialização, quando se supera o egocentrismo.

De acordo com a classificação de transtorno mentais e de

comportamento da CID-10 Problemas psicológicos começam cedo no

desenvolvimento (usualmente nos primeiros cinco anos de vida), persistindo

através dos anos escolares (p. 256).

Dentre os problemas psicológicos, o que ocorre com maior incidência é

o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (T.D.A.H), pois,

aproximadamente 60% das crianças que foram encaminhadas ao serviço de

psicologia do Hospital Samam (SPHS), no ano de 2009 apresentavam o

T.D.A.H. Outros problemas psicológicos que Reno cita como presentes no

ambiente escolar são: Transtorno Obsessivo-Compulsivo; Transtorno de

Pânico; Distúrbio Oposicionista-Desafiador; Distúrbio de Conduta.

Esses problemas psicológicos citados fazem parte da gama de

conseqüências da depressão, são como características dela. Todos serão

expostos a ela com certa brevidade, com exceção do T.D.A.

No ambiente escolar o professor de escola pública depara-se com uma

série de dificuldades. Entre elas a dificuldade de aprendizagem dos alunos,

problemas comportamentais desses alunos, entre outros.

O TDAH é uma doença que afeta de 3 a 5% da população escolar

infantil, comprometendo o desempenho, dificultando as relações interpessoais

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e provocando baixa auto-estima (SMITH e STRICK, 2001). As crianças que

estão com este problema psicológico, são freqüentemente acusadas de “não

prestar atenção”, mas na verdade elas prestam atenção a tudo. Não

conseguem planejar, contudo, com antecedência, finalizar e organizar

respostas rápidas.

Na escola é que a criança hiperativa vai demonstrar as características

que definem a doença, como: dificuldade em se concentrar; não ficar envolvida

com uma atividade só; movimentar-se e conversar constantemente. Outro

sintoma é a impulsividade, comportamento que se caracteriza por não pensar

antes de agir, podendo provocar situações perigosas.

A classificação de transtornos mentais e de comportamento da CID-10

apresenta sintomas que caracterizam o TDAH, são eles: atenção

comprometida; parece não ouvir quando se fala com ela; dificuldade em

organizar-se; inquietação; dificuldade em permanecer sentada; fala

excessivamente; agressividade; dificuldade na aprendizagem; problema de

sono; responde perguntas antes de serem formuladas; corre sem destino ou

sobe nas coisas excessivamente; dificuldade no relacionamento com colegas;

não tem noção do perigo.

Para se dar o diagnóstico de TDAH é necessário a presença de pelo

menos seis desses sintomas citados, com duração mínima de seis meses. A

hiperatividade é caracterizada pela inquietude e dificuldade de concentração;

geralmente quem primeiro observa esses sintomas é o professor em sala de

aula.

De acordo com Phelan (2005)

Se você maldosamente tentasse produzir um ambiente que deixasse uma criança com TDAH louca todos os dias, provavelmente não

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conseguiria investigar nada pior do que a escola. A escola exige que o jovem não fique só. (p. 35)

Phelan (2005) argumenta que a escola não oferece alternativas que

estimule, que desperte o interesse dos jovens, que os levem a envolver-se com

as atividades, mas exige que os alunos não fiquem sem fazer nada, e se

concentre em temas que considera desinteressante.

O Serviço de Psicologia do Hospital Samam recebeu, no ano de 2009,

uma demanda grande de crianças de 6 a 16 anos com problemas psicológicos.

Os sintomas mais comuns eram o de falta de concentração em sala de aula,

agressividade, hiperatividade, problemas de sono e fala excessiva em sala de

aula. Segundo Phelan (2005), é no ambiente escolar que a criança com TDAH

fica mais irritada, pois no local escolar há regras, normas e criança com

hiperatividade não aceitam regras, é na escola que se convive socialmente, e

elas possuem baixa tolerância ao convívio social.

O tratamento dos problemas psicológicos na infância e na adolescência

com repercussão no ambiente escolar envolve pais e professores. No caso do

TDAH, as recomendações dadas aos pais pelo Serviço de Psicologia, é ter

coerência nas ações e atividade diárias propostas às crianças, como por

exemplo, colocar horário para todas as suas rotinas diárias; os pais necessitam

estar em intermediação constante com a escola; é sugerido que os pais

incentivem seus filhos quando estes agem de forma adequada, dando os

parabéns, orientamos que aprendam a reagir ao limites de seu filho de maneira

positiva; as regras devem ser claras e concisas.

As recomendações feitas pelo Serviço de Psicologia aos professores

das crianças atendidas com TDAH são para que o professor tenha um bom

relacionamento com o aluno, pois, desta forma, incentiva um comportamento

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mais adequado; sempre elogiar as atividades que são relacionadas com

sucesso; propor atividades curtas ou intercaladas para que possam concluí-las

antes de se dispersarem e estabelecer limites claros e objetivos na realização

das atividades.

O trabalho coletivo entre pais, professores, psicólogos permitirá à

criança incluir uma rotina em seu cotidiano de forma organizada e planejada,

criando possibilidades de desenvolvimento, superando assim seus sintomas.

Outro problema psicológico, que repercute no ambiente escolar é o

transtorno de ansiedade. É caracterizado por medo e insegurança,

acompanhados de sintomas físicos: dor de cabeça, dor de barriga, mãos e pés

gelados, falta de ar, boca seca.

De acordo com a CID-10, os sintomas são: sofrimento excessivo, sem

motivo aparente; medo de perder alguém ou algum objeto; cefaléia; dores

abdominais; náusea; vomito; fobias; dificuldade em dormir; insegurança.

Dentre os transtornos de ansiedade há a fobia; este quadro recebe o

nome de Transtorno Fóbico Ansioso, que é caracterizado pela presença de

medos anormais.

Quando exposta ao estímulo fóbico, seja uma situação ou objeto, a

criança sente-se mal com a presença desses sintomas físicos citados

anteriormente. As fobias mais comuns que foram observadas pelo Serviço de

Psicologia, foram as de pequenos animais, injeções, escuridão, monstros, ou

figuras de lendas urbanas.

O transtorno de ansiedade, muitas vezes é causado por medo. A pessoa

que o sente tem muita insegurança, desconforto, o que implica em sintomas

físicos, como: tonturas, falta de ar, falta de concentração, taquicardia, entre

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outros sintomas conforme a Classificação Internacional de Doenças (CID),

repercutindo na insegurança.

Outro problema psicológico, que está enquadrado dentre os transtornos

de ansiedade, é o Transtorno Obsessivo-Compulsivo (T.O.C.). Seu sintoma é o

medo excessivo, que gera uma relação funcional, a chamada compulsão. Os

sintomas mais comuns são: os de lavar as mãos repetidas vezes, por medo de

ser contaminado por algum germe, são caracterizados por compulsões de

verificação, repetição; essas compulsões podem ser chamadas por leigos de

tiques. Mas este problema psicológico gera muito sofrimento para a pessoa,

tornando-a uma pessoa muito vulnerável, insegura. É mais comum o

aparecimento na adolescência ou na vida adulta.

O Transtorno de Conduta e Comportamento Anti-social é outro problema

psicológico muito comum em crianças e adolescentes. Com bases em critérios

diagnóstico da CID-10, o Transtorno de Conduta é caracterizado pelo

comportamento anti-social, que muitas vezes violam as normas sociais. Os

sintomas são: freqüentemente persegue, ameaça ou intimida os outros;

freqüentemente inicia lutas corporais; foi cruel com as pessoas e já tentou feri-

las fisicamente; crueldade com animais; submete alguém a atividade sexual

forçada; ateia fogo; mente e engana para obter ganhos naturais e foge de casa

sem avisar ninguém.

Este transtorno e comportamento anti-social são atribuídos, conforme e

Organização Mundial de Saúde (OMS), pela CID-10, a fatores ambientais e

sociais, pois sofreram privações afetivas. Do ponto de vista psicodinâmico,

estes comportamentos demonstram a falta gerada na privação afetiva.

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Outro problema psicológico que repercute no ambiente escolar é o

Transtorno Desafiador Opositor (TDO), que consiste em comportamentos

desafiadores, contrariando aquilo que se pede ou se espera dela.

De acordo com Serra Pinheiro:

O transtorno de posição (TDO) é um transtorno disruptivo, caracterizado por um padrão global de desobediência, desafio e comportamento hostil. Os pacientes discutem excessivamente com adultos, não aceitam responsabilidade por sua má conduta, incomodam deliberadamente os demais, possuem dificuldades de aceitar regras e perdem facilmente o controle se as coisas não seguem as forma que eles desejam (PINHEIRO, 2004, p. 273).

Este transtorno é caracterizado pelo ato de desafiar, desobedecer e

provocar. É considerado um subtipo de Transtorno de Conduta.

Todos esses problemas psicológicos, assim como a depressão de

crianças e adolescentes, que será abordada no próximo item dificultam a

aprendizagem da criança no ambiente escolar.

Cabe ao médico e ao psicólogo diagnosticar a depressão a partir de uma

análise muito detalhada para não errar.

Os sintomas da depressão são, na maioria das vezes, observados na

escola. Os professores relatam desmotivação e preguiça, que muitas vezes

são sintomas da depressão de crianças e adolescentes.

A criança com depressão enfrenta dificuldades nas suas relações

familiares e principalmente dificuldade em sua aprendizagem escolar.

Miller (2003) fez uma lista dos sintomas da depressão em relação ao

desenvolvimento da criança:

Crianças com depressão apresentam os sintomas: tristeza, negatividade, reclamação de tédio, falta de iniciativa; desobediência; choram com freqüência, baixa auto-estima; incapacidade de prestar atenção, lembrar ou tomar decisões, distraem-se facilmente, esquecem o que estavam pensando, problemas de alimentação e sono; urinam na cama; preocupação ou medo crônico; fala ou

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movimentos corporais lentos; sintomas físicos como tontura, dor de cabeça, dor abdominal, dor nos braços e pernas, ato de roer unhas, raramente existe pensamentos sobre o suicídio. (MILLER, 2003, p. 34) Já em um adolescente, os sintomas são tristeza persistente, irritabilidade, negatividade; raiva; excesso de auto-crítica, baixa auto-estima; incapacidade de concentrar-se, pensar ordinariamente, tomar decisões, perda de interesse em atividade outrora prazerosa; pouca energia, fadiga crônica; alteração no apetite, perda ou ganho de peso flagrante; excesso de medo; interesse por temas relacionados à morte em livros, músicas, desenhos; conversa repetidamente sobre a morte, fascinação por armas, facas; planos ou tentativas suicidas; sintomas físicos como tontura, dores de cabeça, abdominais, dores nos braços e pernas por causa da tensão muscular, problemas digestivos, exemplo: gastrite nervosa. (MILLER, 2003, p. 35).

As escolas podem se tornar os maiores aliados nos tratamentos da

depressão de crianças e adolescentes se o psicólogo, ao longo do tratamento,

orientar os pais e professores em como lidar com uma criança depressiva.

Os encaminhamentos escolares são, na maioria das vezes,

acompanhados de relatos dos professores sobre algum ou alguns desses

sintomas. Os mais freqüentes relatados por professores ao S.P.H.S. foram:

dores de cabeça, dores abdominais, choros sem motivos, falta de

concentração, fadiga e irritabilidade.

Na escola, as crianças adolescentes depressivos podem acabar sendo

taxadas como quem tem níveis baixos de capacidade intelectual. Quase

sempre apresentam dificuldade de concentração, que leva ao desinteresse e

fracasso.

Corroborando, Ballone (2003) acrescenta que a depressão de crianças e

adolescentes é caracterizada pelos sintomas de irritabilidade, rebeldia, medo,

tique, problemas na escola, tais como falta de concentração, recusa em ir á

escola, problemas ou dificuldades de aprendizagem.

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Portanto, a depressão de crianças e adolescentes acrescenta mais

problemas escolares. Referimos aqui à depressão de crianças e adolescentes,

mas os sintomas e diagnósticos são os mesmo que os adultos. O que ocorre

com a criança com a dificuldade de concentração na escola ocorre com o

adulto no trabalho.

Aos pais das crianças e adolescentes atendidos pelo serviço de

Psicologia do Hospital Saman (SPHS), são orientados sobre a importância de

estimular, encorajar sempre que a criança apresentar uma melhora no

aprendizado, pois a baixa auto-estima é um sintoma muito comum na

depressão de crianças e adolescentes.

Sem auto-estima, será difícil à criança e ao adolescente enfrentar seus

problemas educacionais; já a criança com auto-estima mantém uma estreita

relação com a motivação. A opinião que a criança tem de si mesma, diz Coll

(1995), está intimamente relacionado com sua capacidade de aprendizagem e

com seu rendimento escolar.

De acordo com Cruvinel (2003), as crianças e adolescentes com

depressão passam a ser vistas como agressivas agitadas, tímidas, preguiçosas

ou distraídas. Outras vezes pais e professores não dão a importância

necessária para o problema da criança alegando: “vai passar logo ou esta

querendo chamar atenção” (discurso dos pais e professores). Contudo, é

preciso levar a sério os sentimentos e sofrimentos da criança, pois elas não

sabem expressar e dizer, estou deprimido, angustiado, mas suas emoções são

tão intensas quanto às do adulto.

Muitos fracassos escolares em crianças e adolescentes estão

relacionados a transtornos emocionais como a depressão.

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No século passado, as causas dos fracassos escolares eram atribuídas

a fatores físicos; os testes de QI eram requisitos para classificação das

crianças que apresentavam problemas de aprendizagem e recebiam a

terminologia de “criança-problema”. Por volta da década 1930, há uma

mudança na concepção de fracassos escolares e eles deixam de serem

anomalias de ordem orgânicas, neurológicas (por isso que eram aplicados os

testes de QI), e passam a ser inspirados pela psicanálise, que busca no

ambiente sócio-familiar as causas dos problemas emocionais, assim como a

depressão (cf. PATTO, 1999).

Muitas crianças e adolescentes com problemas emocionais vivenciam

problemas sócio-familiares. Assim como no adulto, problemas sociais na

infância podem estar relacionados ao fracasso escolar.

Portanto, uma criança ou um adolescente com problemas escolares ou

fracassos escolares freqüentemente apresenta uma dificuldade de

comportamento. Assim, como o seu inverso também é verdadeiro, uma criança

com problemas emocionais, como a depressão também pode apresentar

dificuldades escolares, pois é uma via de mão dupla: o fracasso escolar gera

problemas emocionais, como a depressão, que, por sua vez, geram o fracasso

escolar.

Patto (1999) aponta para a necessidade de se quebrar o estigma de que

o fracasso é culpa do aluno ou de sua família, e alerta para proporção muito

maior dos determinantes institucionais e sociais na produção do fracasso

escolar do que problemas emocionais, orgânicos e neurológicos, rompendo,

portanto, com as visões psicologizantes, de carência cultural e das dificuldades

de aprendizagem.

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CAPÍTULO III - A DEPRESSÃO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES NAS ESCOLAS PÚBLICAS DE AMERICANA – SP

Neste tópico, será abordado, especificamente, o Serviço de Psicologia

do Hospital SAMAM, apresentando o histórico dos atendimentos e um breve

perfil dos atendidos por depressão que são encaminhados pelas escolas

públicas de Americana-SP.

3.1 O Serviço de Psicologia do Hospital Saman

O Hospital SAMAM, fundado em 1975, é um hospital particular. Sua

estrutura física é composta por um prédio de cinco andares; no térreo há a

recepção, o pronto-socorro, a sala de observação, refeitório, cozinha hospitalar

e consultórios, que são chamados ambulatórios; o Serviço de Psicologia tem

seu consultório próprio; no primeiro andar está localizado o Raio X, a farmácia,

laboratório, pediatria, sala de exames; no segundo andar fica o C.T.I. ou U.T.I.,

que possui quatro leitos, a administração e outras salas de exames; no terceiro

andar está a enfermaria, com aproximadamente 25 leitos; no quarto andar é a

lavanderia e outras salas administrativas. O trabalho destes profissionais é

multidisciplinar. O Serviço de Psicologia do Hospital Samam (SPHS) existe há

dois anos.

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36

No S.P.H.S, as sessões com as crianças duram aproximadamente trinta

minutos. A demanda é grande, aproximadamente 100 pessoas passam por

atendimento psicológico, com sessões semanais. Neste último ano foram

atendidos 802 pacientes, sendo 222 adultos e 80 crianças pelo Serviço.

Dessas 80 crianças, 40 já pararam o tratamento e as outras 40 estão em

tratamento semanais ou quinzenais.

O S.P.H.S., desde julho de 2009, conta com as estagiárias do Centro

Universitário Salesiano de São Paulo (UNISAL), curso de Psicologia, pois estão

realizando no Hospital estágios obrigatórios; cinco estagiárias acompanharam

semanalmente os atendimentos hospitalares, no total de 40 horas de estágio.

Portanto, o UNISAL, tem a partir desta data, convênio de estágio com o

Hospital Samam, e foi o S.P.H.S. que incentivou este convênio.

O S.P.H.S. surgiu como ambulatório que funcionava desta maneira: o

psiquiatra avaliava o paciente, medicava e encaminhava ao Serviço os

pacientes com o diagnóstico de esquizofrenia, depressão, transtornos de

ansiedade, entre outros; a partir dos encaminhamentos iniciavam-se os

atendimentos psicológicos, com atendimentos semanais ou quinzenais. No

início do ano de 2009, a psicologia hospitalar passou a existir no Hospital.

Nesses atendimentos, o psicólogo atende no pronto-socorro, U.T.I. e

enfermagem. É um trabalho de humanização da internação, com o objetivo de

minimizar as dores, as perdas que o paciente está vivenciando com a

internação.

Enfim, o Serviço de Psicologia é caracterizado pela Psicologia Hospitalar

e por atendimentos de psicoterapia. Este último é o atendimento que foi

realizado nos sujeitos desta pesquisa.

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37

3.2 Os sujeitos da pesquisa

Os sujeitos desta pesquisa são 70 crianças e adolescentes de 6 a 16

anos, estudantes de escolas públicas no município de Americana, que foram

encaminhadas ao Serviço de Psicologia durante o ano de 2009.

Seguem abaixo as tabelas referentes ao perfil dos sujeitos desta

pesquisa.

A tabela 1 é a divisão pelo sexo das crianças e adolescentes que

participaram desta pesquisa:

Tabela 1: Gênero dos sujeitos atendidos pelo S.P.H.S.

Sexo %

Masculino 55 %

Feminino 45 %

Total 100%

Fonte: Coletada pela autora nos atendimentos do S.P.H.S.

Segundo esta pesquisa, a depressão afeta mais os meninos do que as

meninas. Diferente do que ocorre com adultos, a incidência é maior em

mulheres, de acordo com o D.S.M. - IV.

A tabela 2 divide o número de crianças que participaram desta pesquisa

e a maior incidência ocorre com crianças de 6 a 8 anos:

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Tabela 2: Incidência da depressão nas idades entre 6 e 16 anos

Idade (anos) %

6 25,7 %

7 10 %

8 14,3 %

9 10 %

10 8,5 %

11 7,3 %

12 5,8 %

13 7,1 %

14 5,7 %

15 0

16 5,8%

Total 100 %

Fonte: Coletada pela autora nos atendimentos do S.P.H.S.

Observamos que a depressão se inicia com maior freqüência em

crianças que estão ingressando no ensino fundamental; aqui existe uma

mudança, a saída da pré-escola e o inicio das responsabilidades escolares. Há,

portanto, um stress que foi gerado por esta mudança. Pois, mudança de nível

escolar gera stress e irritação, podendo se tornar uma depressão de crianças e

adolescentes.

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39

A partir das entrevistas, dos questionários com os pais e com os

professores, observamos o perfil das 70 crianças.

3.3 Histórico dos atendimentos dos sujeitos da pesquisa.

As crianças que participaram desta pesquisa, totalizando 70, foram

selecionadas a partir de um critério: todas elas são estudantes de escolas

públicas de Americana. Além dessas crianças, 12 que estudam em escolas

particulares que não participaram da pesquisa, totalizando 82 crianças

atendidas no S.P.H.S., em 2009. A tabela 3 demonstra como surgiram os

encaminhamentos destas crianças.

Tabela 3: Origem do encaminhamento da criança ao S.P.H.S.

Encaminhamento realizado Quantidade

Escola 46 crianças

Médico 16 crianças

Família 8 crianças

Total 70

Fonte: Coletada pela autora nos atendimentos do S.P.H.S.

O S.P.H.S. recebe os encaminhamentos através da assistente social do

hospital. Como o convênio médico cobre o custo de duas sessões mensais por

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40

conveniado, a demanda é muito grande, tanto que possui uma lista de espera.

Mas no máximo um mês é o período em que o paciente adulto ou criança

iniciará o tratamento.

As crianças passam pela assistente social, que realiza a triagem junto

com o histórico da família e com o encaminhamento da Secretaria da

Educação. Por dia, são atendidas aproximadamente 20 pacientes (adultos ou

crianças) pelo S.P.H.S.

A escola realiza um trabalho junto à Secretaria da Educação, por meio

de um relatório onde relata como esta criança está se desenvolvendo

cognitivamente, socialmente, emocionalmente, enfim todo o histórico desta

criança é encaminhado ao Serviço.

O corpo médico do Hospital, quando observa que a criança fisicamente

está bem, mas emocionalmente não, dirige-a ao S.P.H.S.

E também a própria família se observa a irritação sem motivo, o choro

sem explicação, a rebeldia, leva a criança à psicoterapia do S.P.H.S.

Nesta pesquisa, observou-se que é na escola que as crianças e

adolescentes apresentam os primeiros e mais significativos sintomas da

depressão e entre eles estão: falta de concentração, irritabilidade, dificuldade

de aprendizagem, assim como as dores de cabeça e abdominais.

Os sujeitos desta pesquisa, na maioria dos casos, apresentavam dores

de cabeça, náusea, até vômito e dores abdominais, portanto, este foi o sintoma

mais comum entre estas crianças e adolescentes.

Das 70 crianças atendidas pelo S.P.H.S., 30 ainda estão em

atendimento semanalmente, nove interromperam o tratamento, e o maior

motivo dado pelos pais à assistente social é que não tinham tempo para levar a

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criança para o tratamento, e outro, por não terem muitas vezes dinheiro para

pagar o passe do ônibus para ir até o Hospital. E as outras 31 crianças e

adolescentes que foram acompanhados pelo S.P.H.S. no ano de 2009,

observou-se que as queixas foram superadas.

Após avaliarmos todas as 70 crianças que participam desta pesquisa, foi

realizado uma tabela acerca dos dados das crianças que foram encaminhadas

ao S.P.H.S no ano de 2009.

Segue a tabela citada:

Tabela 4: Dados das 70 crianças e adolescentes atendidos pelo S.P.H.S.

No. Atend

Idade (anos)

Sexo Forma Encaminhamento

Histórico familiar de depressão

Sintomas e/ou queixas

1 6 M Médico Mãe depressiva Hiperativa, ansiosa, chora 2 14 M Escola Pai ansioso Rebelde, obeso, dificuldade

socialização 3 10 M Escola Mãe depressiva Eplepsia, desatento, notas

baixas 4 8 F Família Nenhum transtorno

foi observado Abuso sexual, problemas

de aprendizagem 5 12 M Escola Mãe esquizofrênica Nervoso, desatento, medo,

ansioso 6 16 F Médico (P.S.) Nenhum transtorno

foi observado Abuso sexual padrasto,

dificuldades de aprendizagem

7 16 F Escola Pai esquizofrênico Mãe depressiva

Nervosa, explosiva, dificuldade de aprendizagem

8 8 F Médico Mãe depressiva Enurese noturna, ansiedade, insegura

9 6 M Escola Mãe esquizofrênica Chora, irritação

10 14 M Escola Mãe depressiva Chora, notas baixas

11 7 F Escola Nenhum transtorno foi observado

Chora, dor de cabeça, irritação

12 6 M Escola Nenhum transtorno foi observado

Dor de cabeça, nervosa, não tem limites

13 9 M Escola Nenhum transtorno foi observado

Hiperativo, não tem limites

14 7 M Família Mãe depressiva Não totalmente alfabetizada

15 8 M Médico Nenhum transtorno foi observado

Desatento na escola

16 7 M Médico Nenhum transtorno foi observado

Agitada, chora muito

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17 10 F Família Nenhum transtorno foi observado

Insônia, agressiva

18 9 F Médico Mãe neurastênica Ansiosa, nervosa, baixa auto-estima

19 6 M Família Nenhum transtorno foi observado

Chora muito, agitada

20 6 F Médico Mãe depressiva Dor de cabeça, chora

21 6 M Médico Mãe depressiva Terror noturno

22 6 F Escola Mãe depressiva Chora, agitada, emotiva

23 6 M Escola + Médico Mãe depressiva Chora muito, não come

24 6 M Escola Mãe bipolar Afogou a irmã na banheira duas vezes

25 6 M Escola Mãe depressiva Chora, bate muito nas outras crianças

26 8 F Escola Nenhum transtorno foi observado

Dificuldade na concentração, chora

27 6 M Escola Nenhum transtorno foi observado

Dificuldade de socialização

28 16 M Escola + Médico Nenhum transtorno foi observado

Dificuldade de aprendizagem, chora

29 13 F Médico Nenhum transtorno foi observado

Dor de estomago

30 11 M Médico Mãe ansiosa Enurese noturna

31 7 F Escola Nenhum transtorno foi observado

Ansiedade, choro, dor de cabeça

32 6 M Escola Nenhum transtorno foi observado

Agressividade, violento

33 8 M Escola Nenhum transtorno foi observado

Pânico, fobia social

34 12 F Médico Mãe depressiva Chora sem motivo

35 11 M Escola Mãe depressiva Baixo rendimento escolar

36 11 F Escola Mãe depressiva Tímida, chora

37 12 F Escola Nenhum transtorno foi observado

Baixa auto-estima

38 13 F Escola Nenhum transtorno foi observado

Baixa auto-estima

39 6 M Família Mãe ansiosa Não tem limites, choro, birra

40 11 F Escola Mãe ansiosa Recusa ir para escola

41 10 M Família Nenhum transtorno foi observado

Medo de tudo, choro

42 13 M Escola Nenhum transtorno foi observado

Dificuldade de falar na escola, timidez

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43

43 10 M Escola Nenhum transtorno foi observado

Enxaqueca, fala demais na escola

44 10 F Escola Mãe depressiva Auto-estima baixa, timidez 45 13 F Escola Nenhum transtorno

foi observado Briga muito na escola

46 16 F Escola Nenhum transtorno foi observado

Chora, rebeldia, desanimada na escola

47 6 M Escola Pai depressivo Recusa em ir a escola 48 8 F Escola Nenhum transtorno

foi observado Recusa em ir a escola

49 9 M Escola Nenhum transtorno foi observado

Chora muito, notas baixas

50 10 M Escola + Médico Nenhum transtorno foi observado

Chora, angustiada, não tem vontade de viver

51 13 F Escola Pais viciados em crack

Notas baixas, mente, furta

52 8 F Escola Mãe ansiosa Grita muito, fala muito na aula

53 7 F Escola Nenhum transtorno foi observado

Dor de cabeça, chora na escola

54 9 M Escola Nenhum transtorno foi observado

Distraído, desatento, chora

55 6 F Escola + Médico Nenhum transtorno foi observado

Vitiligo, ansiosa

56 9 M Escola Nenhum transtorno foi observado

Desatento, desinteresse na aprendizagem

57 9 F Escola Nenhum transtorno foi observado

Furtos na escola, colegas a isolam

58 6 M Escola Nenhum transtorno foi observado

Apanha muito dos colegas

59 14 F Escola Nenhum transtorno foi observado

Baixo rendimento escolar, recusa em ir a escola

60 6 M Médico Mãe ansiosa Chora, diz que ninguém gosta dela

61 8 F Escola Nenhum transtorno foi observado

Baixo rendimento escolar, recusa ir a escola

62 12 M Escola Mãe ansiosa Ansiosa, não presta atenção na aula

63 8 M Médico Abuso sexual do pai Regressão, fala infantilizada, bate nos

amigos 64 9 M Família Nenhum transtorno

foi observado Insegura, síndrome do

pânico 65 8 M Escola Mãe depressiva Distúrbio de conduta e

opositor 66 8 F Família Nenhum transtorno

foi observado Pânico, terror noturno

67 19 F Escola + Família

Nenhum transtorno foi observado

Não respeita ninguém

68 7 M Escola Adotivo Agressiva, nervosa, chora 69 11 M Médico Nenhum transtorno

foi observado Nervosa, chora, obesidade

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70 7 F Escola Nenhum transtorno foi observado

Não respeita ninguém, bate

Fonte: Coletada pela autora nos atendimentos do S.P.H.S.

A numeração de 1 a 70 da tabela 4 ocorreu de forma aleatória e

somente existiu a tabulação de coleta de dados na realização desta pesquisa,

portanto esta numeração caracteriza-se por uma identificação que no próximo

capítulo desta pesquisa, serão anunciados alguns casos de atendimento

realizados S.P.H.S. Contudo, de forma geral, apresento os dados da tabela em

gráficos para possibilitar uma leitura mais clara e objetiva quanto à idade, forma

de encaminhamento, histórico familiar de depressão e principais queixas das

crianças e adolescentes atendidos.

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47

CAPÍTULO IV - A DEPRESSÃO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES E SUAS REPERCUSSÕES NO AMBIENTE ESCOLAR

O presente capítulo apresenta uma síntese sobre o tratamento à

depressão de crianças e adolescentes realizado pelo Serviço de Psicologia do

Hospital SAMAM, tomando como sujeitos de análise dois casos: os de nº 53 e

43 expostos na Tabela 4, e também uma análise sobre a repercussão que este

trabalho psicológico está tendo no ambiente escolar, o critério de seleção

desses dois sujeitos foi de modo aleatório.

4.1 O tratamento da depressão de crianças e adolescentes realizado pelo S.P.H.S

O tratamento realizado pelo S.P.H.S. é caracterizado por sessões de

psicoterapia semanais de duração aproximada de trinta minutos para cada

paciente.

Os dados analisados são sexo, idade, religião, se a criança faz uso de

medicamento, por quem foi encaminhado até percorrer o caminho da escola

até chegar ao S.P.H.S.

Para melhor compreensão e entendimento de como são realizados os

tratamentos destas crianças, foram selecionados dois casos de depressão de

crianças e adolescentes desde sua chegada ao S.P.H.S. até a devolução de

relatórios escolares após o tratamento.

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O primeiro caso é o de nº. 53 da Tabela 4: cursando a 2ª série do ensino

fundamental. É uma criança do sexo feminino, de sete anos de idade, cuja

família é de formação católica. O encaminhamento foi realizado pela escola, os

pais são casados, é filha única e seus sintomas, segundo relato da mãe, são:

dor de cabeça (já havia passado por consulta com neuropediatra do Hospital

Samam, cujo diagnóstico foi de enxaqueca); muitas vezes apresenta vômitos e

segundo a mãe tem medo de ir sozinha ao banheiro e chora com facilidade.

Para dormir é muito agitada e o pai relata que a noite coloca colchão ao

lado da cama da menina porque ela cai com freqüência.

A escola, por sua vez, relata que a criança tem ótima interação social,

fazendo amizades com facilidade. Em relação à aprendizagem da criança, a

professora relata: “[...] a aprendizagem da criança está em ritmo regular; o nível

alfabético e não ortográfico” (este relato chega ao psicólogo em forma de

relatório já na primeira sessão com os pais). Em outro momento, o relatório

narra: “[...] a criança comenta em sala de aula que tem medo da loira do

banheiro”, pois segundo a mãe no ano anterior foi trabalhado com as crianças

em sala de aula o tema de Lendas Urbanas e as crianças tinham como tarefa

pesquisar sobre estas lendas a qual foi identificada via Internet pelos pais e

narradas pela professora em sala de aula. A partir de então, passou a ter medo

de ir sozinha ao banheiro.

Esta criança mora com ambos os pais. O pai trabalha fora o dia todo, a

mãe é do lar. Na anamnese a mãe relata que na gestação da criança, teve

muita enxaqueca. Foi amamentada até os três anos de idade, tinha uma ótima

saúde, seu desenvolvimento psicomotor foi normal e, desde os dois anos de

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idade, tornou-se muito agitada e chorava muito sem motivo e, quando

contrariada, ficava muito nervosa, gritava muito.

Entrou na escola com cinco anos de idade, na educação infantil, desde

quando reclama de dor de cabeça e às vezes vomita. Chorou muito no primeiro

mês de adaptação na escola. Antes disso ficava com a mãe o dia inteiro, em

casa.

Na primeira sessão da criança com a psicóloga foi aplicado o H.T.P

(House, Tree, People), os desenhos do teste encontram-se no apêndice 4

desta pesquisa.

A avaliação do H.T.P. é realizada a partir do desenho como instrumento

de diagnóstico da personalidade (BUCK, 2003). Esse teste, o HTP – casa-

árvore-pessoa – força o indivíduo a utilizar seus recursos psíquicos de forma

muito mais independente.

O teste HTP (casa-árvore-pessoa – House-Tree-Person), é um teste

projetivo que é administrado em clínicas e hospitais a crianças acima de seis

anos de idade, adolescentes e adultos. Seu tempo de realização é livre, mas

geralmente não ultrapassa a média de 30 a 90 minutos. O material utilizado é

uma folha sulfite “A4” em branco e lápis preto nº 2. Os desenhos são feitos à

mão livre, ou seja, sem réguas ou objetos que sirvam para auxiliar a realizá-lo.

De acordo com Buck (2003), o HTP, tem como objetivo obter

informações sobre como uma pessoa vivencia sua individualidade em relação a

outras pessoas, projetando elementos da personalidade e de áreas de

conflitos, identificados como avaliação ou diagnóstico. Ainda para o autor, os

“[...] desenhos também estimulam o estabelecimento de interesse, conforto e

confiança entre o psicólogo e o paciente” (p. 2). A avaliação clínica é pautada a

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partir dos desenhos da casa e da árvore, pois é fundamentada na teoria

psicanalítica projetiva de imagem de si mesmo. O desenho da figura humana,

segundo Alves (apud WECHSLER, 2003), é um dos modelos mais usados por

psicólogos brasileiros.

Durante a aplicação do teste é solicitado o mínimo de três desenhos

(casa-árvore-pessoa), às vezes, após esses, é solicitado o desenho da família.

Então se inicia a fase do inquérito. Este consiste num roteiro padronizado de

perguntas que são feitas após a conclusão de cada desenho. Nesta etapa do

inquérito é extraído o maior número possível de informações e descrições

subjetivas.

Para Deleuze (1997) o devir não é imaginário, bem como uma viagem

não é real, o indivíduo faz do mínimo de um imaginário um devir. O desenho é

uma forma de linguagem por meio do qual o inconsciente também se

manifesta. Para Campos (1999), o desenho reflete uma impressão do todo do

indivíduo, como uma “gestalt” (do alemão: forma de ver o mundo).

No primeiro desenho da casa, realizado pela criança citada

anteriormente, apêndice 4 de nº 53, foi observado: inibição, introversão, pois

tem dificuldade de expressar seus sentimentos, a partir da localização no papel

de seu desenho, – no canto esquerdo – apresentando inibição, introversão

(CAMPOS, 1986, p. 36). No que diz respeito à pressão do lápis ao desenhar,

possui traços leves, o que é comum em pessoas deprimidas (idem). A

caracterização do traço é trêmulo, o que significa insegurança e esgotamento

nervoso (idem). O tamanho do desenho é normal, o que representa sua

inteligência e possui equilíbrio emocional (idem, p. 40). O desenho da janela da

casa apresenta grades, o que significa que ela se sente cercada de muita

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51

proteção (CAMPOS, 1986, p. 44), cujo exagero gera insegurança e

sufocamento.

O desenho da árvore foi observado com o teste também. Notou-se

novamente desenho no canto esquerdo da folha, denotando timidez e

introversão (idem, p. 36). O tronco é mais longo e sobe até a copa, significando

imaturidade (idem, p. 52). A copa da árvore é esférica, que significa medo,

pânico, emotividade falta de concentração (idem, p. 57).

O desenho da figura humana foi representado com duas crianças. Uma

menina na posição horizontal, que segundo a criança era ela, e outra criança

no canto esquerdo e na vertical, sendo uma coleguinha da classe (idem, p. 75).

Após algumas sessões, a criança relata que uma coleguinha de classe a

assustava com a lenda urbana da “loira do banheiro”. Este teste HTP é um

teste projetivo, nele são projetadas suas emoções, medos de forma

inconsciente. Quando isso foi descoberto, conversamos com os pais, que

avisaram ao professor que determinada criança a estava assustando, e este

problema foi solucionado. Voltando ao desenho da figura humana, observou-se

desenhada de forma inclinada, representando para o seu psiquismo a

enxaqueca (idem).

Após o teste e com a entrevista de anamnese realizada com os pais,

realizou-se o diagnóstico da depressão de crianças e adolescentes. Em

seguida, iniciou-se o tratamento com a caixa lúdica, que tem como materiais:

bonecas de pano, lápis de cor, massinha, bichinhos de fazenda, carrinhos de

plástico.

A caixa-lúdica, figura abaixo, é o instrumento que o psicólogo utiliza

durante o atendimento com a criança, através da ludoterapia, que é um método

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terapêutico usado nas sessões com crianças em que o psicólogo realiza o

atendimento de forma lúdica. Pois é brincando, por exemplo, com os bonecos

de pano que há na caixa lúdica, que as crianças projetam suas inseguranças,

problemas familiares, medos, etc. desta forma o psicólogo intervém durante as

sessões. Assim, orientam pais e professores de acordo com problemas

diagnosticados nesses atendimentos.

Figura 1: caixa lúdica

Fonte: Arquivo pessoal da autora

As sessões com a criança foram inter relacionadas com a orientação dos

pais e professor. Este veio ao hospital algumas vezes para receber orientação

do psicólogo sobre como lidar com a criança em sala de aula.

Após 07 meses de tratamento a criança não apresentava mais medo de

ir sozinha ao banheiro, não chorava com freqüência, estava menos ansiosa,

pois apresentava melhoras significativas. Sua mãe foi diagnosticada com tumor

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53

no intestino grosso e, daí em diante, a criança passou a apresentar choro,

ansiedade, insegurança e começou a decair todo o avanço que havia adquirido

em sala de aula. Ela piorou na escola drasticamente quando a mãe ficou

internada no Hospital para a realização da cirurgia e depois quimioterapia. A

criança passou a não querer ir à escola, ficou agitada, voltou a ter dor de

cabeça. Enquanto a mãe estava internada, ficou na casa da avó paterna, não

tendo mais limites. Não obedecia a ninguém e começou a fazer “birras”. Com

esta piora significativa do comportamento da criança frente à doença da mãe, o

reflexo apareceu na escola. O trabalho do psicólogo junto com a escola se

intensificou. Foi necessária a ida do psicólogo à escola para conversar com o

professor e coordenador da criança. Segundo a professora, a criança passou a

não prestar atenção à aula, a partir daí houve a orientação da professora de

que esta criança estava com medo de “perder” a mãe. Este assunto passou a

ser falado tanto pela psicóloga como pela professora. Depois de um mês, ela

começou a apresentar melhoras no comportamento em sala de aula e na casa

da avó. Depois de dois meses, a mãe voltou para casa e foram trabalhadas

todas as questões com a criança a partir da ludoterapia, discutindo-se em

muitas sessões a questão da doença, da perda, da mudança, da dor, pois ela

estava vivenciando todas estas questões em sua vida.

Assim, o tratamento, como a história de vida da criança, sofre

oscilações; ora esta melhora, ora tem piora. Mas depois de um ano e um mês

de tratamento a criança não teve mais sintomas de depressão de crianças e

adolescentes. Dessa maneira, o diagnóstico assim como a pessoa, sofre

oscilações ou modificações, pois ora a criança está com depressão, ora não

tem depressão. Esta é uma das questões que o S.P.H.S. enfrenta com os

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54

médicos do Hospital, pois para eles o diagnóstico é fechado, é depressivo.

Para o S.P.H.S. ele está depressivo, num dado momento, portanto, o

diagnóstico é aberto, sujeito a modificações.

A escola enviou, no final do ano de 2009, um relatório em que

apresentou que a referida paciente não apresentava mais insegurança, nem

medo, tampouco dor de cabeça. Faz amizades com mais segurança, está

menos tímida. Sua aprendizagem está melhor, assim como sua concentração.

O segundo caso a ser detalhado mais detidamente neste trabalho é o de

número 43, que se refere a um menino, cujos desenhos encontram-se no

apêndice três desta dissertação.

De acordo com o relato da professora, ele não conseguia concentrar-se

em sala de aula. Desatento e, quanto à organização do próprio material e das

atividades, não colocava as lições na ordem correta, chegava até a perdê-las.

Muito desinibido, gostava de falar coisas para a turma na sala rir e não

acompanha a tarefa em sala de aula porque contava histórias, especialmente

sobre tubarões, aos colegas de classe, dispersando a atenção de todos. Em

momentos isolados, envolvia-se em pequenas confusões com meninos ou

meninas fora da sala de aula.

Na entrevista com a mãe, é relatado que ele não tem limites, sendo

muito agitado, não a respeitando nem ao pai e, muito menos, ao professor.

Muitas vezes, o via chorando e a criança não dizia o porquê.

Em casa, segundo os pais, nunca quer entrar no banho e, quando entra,

demora muito a sair; o pai comenta que a criança desiste facilmente das

coisas, que joga tudo pelo chão, não tem organização, é teimoso e que tem

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muito apego a objetos, não aceitando doações de seus brinquedos antigos

desde bebê.

Em outra entrevista somente com a mãe, esta relata que o pai da

criança tem dificuldade em se desfazer das coisas antigas, que é muito

impaciente com o filho, gritando muito com ele e que é perfeccionista. Desde

os cinco anos de idade, a criança sofria crises de dores de cabeça e em alguns

episódios foi necessário internação.

Na aplicação do teste psicológico HTP, antes de iniciar os testes, a

criança relata que a mãe é muito autoritária e que não permite que cometa

erros e comenta: “[...] ela é Hitler na versão mulher, ela me sufoca”.

Seus desenhos do teste encontram-se no apêndice quatro desta

pesquisa.

No desenho da casa, foi observado que ela é insegura, está passando

por um esgotamento nervoso e conflito. No lado esquerdo da parede da casa,

há um sombreamento, o que caracteriza traços de exibicionismo (CAMPOS,

1986, p. 38), gosta de chamar atenção, contar histórias, para na verdade

camuflar sua insegurança, gerando um conflito e um nervosismo. É como se

vivesse “atrás das cortinas” numa dissimulação, fazendo-se de “engraçadinha”

para esconder que sua fragilidade a faz sofrer, pois sua mãe diz a ela que deve

ser forte. Desenhar as janelas com grades significa sentir-se cercado

(CAMPOS, 1986, p. 44) e, como ela mesma diz, sufocada.

No desenho da árvore, observa-se que ela está levemente inclinada

para a direita, representando que a criança está presa ao passado (CAMPOS,

1986, p. 51), o que se percebe claramente no relato da mãe quando esta diz

que ele não se desprende de nenhum brinquedo antigo, remetendo-o ao

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passado. Outra observação da inclinação à direita da árvore, diz respeito,

segundo a avaliação do teste, à impulsividade (CAMPOS, 1986, p. 51), pois ela

fala o que vem à cabeça, sem pensar. O desenho de um esquilo no galho

significa o sentimento de condenação (CAMPOS, 1986, p. 54); a mãe exerce

este papel com muita rigidez e exigência.

Já no desenho da figura humana, expressa o desejo de triunfar: ser o

“engraçadinho da classe” (CAMPOS, 1986, p. 75), o tronco da figura humana é

maior e desproporcional ao desenho (idem), representando desejo de força,

exibicionismo. O desenho dos olhos é oblíquo, o que significa depressão ou

fraco controle diante do meio (casa) em que vive (idem). O desenho tem ênfase

na orelha, o que representa que ela é muito resistente à autoridade. No boné, a

parte inferior está em negrito, significando dificuldade de aprendizagem (idem).

Após a análise deste teste, junto com a anamnese e entrevista com os

pais, observou-se que quando atribuída a ele a responsabilidade como ir à

escola, gera a dor de cabeça. A mãe exige que ele somente tenha conceitos

“A” nas disciplinas, do contrário, é punido com castigo, cobrando muito desta

criança e, por esse motivo, muitas vezes chora e não diz o porquê aos pais.

Conforme o procedimento rotineiro iniciou-se o tratamento. Observamos

que nesses dias ele reclamava de fortes dores de cabeça, logo pela manhã.

Foi encaminhado ao professor o questionário e este, na observação,

relata que nestes dias a mãe o pega na escola uma hora após sua saída, e a

criança fica na sala dos professores a esperando. Frente a este relato,

chamamos a mãe da criança no S.P.H.S. e pedimos a ela que arrumasse uma

maneira de buscá-lo mais cedo nestes dias. O problema foi solucionado.

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O professor relatou também que no intervalo de aula ela ficava com a

mãe, que trabalha na escola, na sala dos professores e que esta trazia o

lanche e o almoço para ela. A professora relata também que a mãe da criança

não aceita críticas e nem opinião a respeito da criação de seu filho. Pedimos a

ela que mudasse a atitude de levar o lanche e o almoço e deixá-lo com as

crianças e não na sala de professores, no horário de intervalo. Observamos um

pouco de resistência, mas, após três semanas, a criança já estava no intervalo

com as outras crianças.

A criança diz: “não tenho tempo de brincar, minha mãe quer que eu seja

adulto”.

Em uma das sessões de orientação com a mãe ela chorou e afirmou que

é a culpada pelo que o filho vem passando; que no passado era noviça e

estudou em colégios católicos muito rígidos em São Paulo. Falamos a ela que

não devia se culpar, que somente deveria mudar seu modo de agir com o filho.

E de fato ela mudou muito e parou de “pressionar” e de exigir demais do filho e

as dores de cabeça e de barriga foram desaparecendo.

Após um ano e meio de psicoterapia, de orientação com os pais,

contando com a ajuda da escola, a criança não teve mais dores de cabeça, dor

de barriga, não chora mais sem motivo, começou a prestar atenção na aula,

não falava mais em sala de aula.

Na última sessão, ela e a mãe trouxeram uma carta da coordenadora da

escola ao S.P.H.S. que tratou do comportamento da criança, a qual melhorou

significativamente. Não se apresentava mais exibicionista, não dispersava a

classe com suas histórias e, por fim, não reclamava mais de dores de cabeça e

dores abdominais.

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Nos dois atendimentos citados, as crianças receberam o diagnóstico de

depressão de crianças e adolescentes, mas a primeira criança apresentava

sintomas de medo, insegurança, choro, enquanto a segunda criança

apresentava o sintoma de nervosismo, agitação e exibicionismo, tendo apenas

em comum fortes dores de cabeça. Por isso o diagnóstico parece, aos pais e

professores, confusos.

4.2 A repercussão dos atendimentos realizados no ambiente escolar

Das 70 crianças atendidas pelo S.P.H.S., há 16 atendimentos no final do

tratamento (por meio de sessões de psicoterapia), os quais as escolas deram o

retorno de como estavam as crianças com o término das sessões.

Dois dos casos já foram citados no item anterior, que foram

respectivamente os casos de nº. 53 e 43 da tabela 7. Para os demais 16 casos,

serão apresentadas as repercussões no ambiente escolar após o tratamento.

O caso de atendimento de nº 4 é de uma menina de oito anos, da 2ª

série do ensino fundamental, que sofreu abuso sexual e, consequentemente,

apareceram sintomas depressivos. A criança recusava-se a ir à escola,

chorava muito, sentia dor de cabeça. Apresentava muita desconfiança e

insegurança, mas o tratamento durou nove meses e no final estava mais

segura, não chorava mais e gostava de ir à escola. De acordo com o professor,

seu rendimento escolar havia melhorado, assim como a concentração em sala

de aula e começou a participar de oficinas de jogos que foram incluídas nas

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sessões de psicoterapia – que são caracterizadas por sessões individuais, com

as crianças e na orientação dos respectivos pais de acordo com o diagnóstico

e necessidades dos pequenos – e sugeridas pelo S.P.H.S. à escola para

melhor adaptação social do aluno que está sendo atendido. O mesmo

procedimento foi aplicado aos demais casos desta pesquisa.

O outro atendimento que houve repercussão significativa no ambiente

escolar é o de nº. 22. Uma menina de seis anos de idade que chorava e

recusava-se em ir à escola; era agitada e muito nervosa. Após as sessões de

psicoterapia, que durou cerca de seis meses, a escola encaminhou um relatório

onde relatou significativa melhora; a criança não chorava mais para ir à escola,

deixou de apresentar comportamentos agressivos (muitas vezes batia nos

colegas e gritava muito). Com o tratamento, observou-se através das

orientações com os pais, que o pai brigava muito com a mãe, pois o casal

estava passando por uma crise conjugal. Este casal foi encaminhado à

psicoterapia e, após algumas sessões, as brigas do casal diminuíram e,

conseqüentemente, a criança não apresentou mais irritação, agitação e

nervosismo. Na sala de aula, segundo o relatório enviado pela professora, não

batia mais nos colegas e estava mais tranqüila.

Já o atendimento de nº. 28 é de um menino de 16 anos de idade, o qual

apresentava sintomas de ânsia de vômito. Foram realizados vários exames

clínicos por meio dos quais os médicos diagnosticaram transtorno de

ansiedade e o encaminharam a psicoterapia. De acordo com as sessões de

psicoterapia a escola foi avisada e um dos relatórios da coordenação dizia que

ele não se concentrava em sala de aula, muitas vezes chorava na escola no

intervalo e apresentava dificuldade de aprendizagem. Após o tratamento, que

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durou um ano e dois meses, ele apresentou uma melhora na aprendizagem,

conseguia se concentrar e não se queixava de ânsia de vômito, sintoma de

depressão.

O atendimento de nº. 38 é de uma menina de 13 anos de idade que

segundo a escola, era insegura; quando há atividades culturais e sociais como

jogos, brincadeiras, ficava isolada; tem a auto-estima baixa, muitas vezes

chorava na escola. Após as sessões de psicoterapia, observamos que o pai é

muito autoritário e por ser de uma família evangélica, a qual não permitia que

ela tivesse amigas, até na escola, que não fossem evangélicas. Chamamos os

pais e, após algumas orientações de como proceder em , o pai diminuiu a

exigência em relação à filha. E após três meses de tratamento ela começou a

se envolver nas atividades escolares, parou de chorar, as notas melhoraram,

recebendo alta do tratamento.

A criança, cujo atendimento é equivalente ao nº 10, é uma menina de 11

aos de idade que se recusava em ir à escola e a mãe já havia trocado de

escola várias vezes. Ela não tem limites, não obedece e não respeita ninguém.

Durante o tratamento ela agrediu a mãe e a avó, até o Conselho Tutelar foi

acionado pela escola. As sessões de psicoterapia duraram um ano e foi

observado ao longo deste que a mãe e o pai eram agressivos e usuários de

drogas. A mãe foi internada em clínica de recuperação e após o tratamento dos

pais, juntamente com o da criança, esta apresentou grandes avanços. Passou

a ir à escola e até gostava, estando menos agressiva. A escola encaminhou o

relatório agradecendo toda a equipe do Hospital Samam, inclusive o S.P.H.S.

que cuidou e tratou a criança e toda a família.

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O atendimento de nº 49 é de um menino de nove anos de idade que

segundo o relatório do professor não conseguia prestar atenção na explicação,

que se distraia com facilidade, apresenta estar no “mundo da lua”, era

esquecido com oscilações no seu humor: ora chegava na escola alegre e ora

chora e que, em atuações em trabalho em grupo, ficava isolado e não

participava. Após seis meses de atendimento em sessões de psicoterapia, o

professor veio até o Hospital e disse pessoalmente à equipe que ele melhorou

em sala de aula no quesito concentração e não se dispersa com tanta

facilidade e mais, se tornou mais comunicativo.

A criança correspondente ao atendimento de nº 10 é um menino de 10

anos de idade, estudava na 4ª série do ensino fundamental. A escola informou

através de um relatório que ele em sala de aula não se concentra nas

atividades e que suas maiores dificuldades estavam na leitura e na escrita, nos

erros ortográficos. A mãe dele relatou que é um menino emotivo, que chora até

quando vê um morador de rua, e que todos os dias chora e diz que sente “um

aperto no peito” todo entardecer. Este é um caso específico de depressão

denominada angústia. Este sintoma relatado pela mãe é comum em adultos.

Após o atendimento em sessões de psicoterapia, que durou aproximadamente

11 meses, a escola envia outro relatório e disse que a aprendizagem melhorou

muito e que está mais seguro, presta mais atenção em sala de aula. A mãe

relata que não chora e não sente mais angústia ao entardecer.

O atendimento de nº 53 é de um menino de sete anos de idade, que

segundo relatório da escola, reclama quase todos os dias de dor de cabeça e

que era muito inseguro e chorava com frequência quando não conseguia

realizar ou finalizar as atividades realizadas em sala de aula. O atendimento

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em sessões de psicoterapia iniciou e, por razões de doenças familiares, foi

interrompido algumas vezes, mas, após um ano, a escola enviou outro relatório

relatando a grande melhora no caso da insegurança e diminuição de dor de

cabeça. Quanto à aprendizagem, havia melhorado significativamente.

Já o atendimento de nº 56, de uma menina de seis anos de idade,

apresentava um quadro clínico de uma doença de pele que aparece em forma

de manchas brancas de fundo emocional, chamada de vitiligo. Na escola era

muito dispersa, não ficava quieta no lugar, saia de sua sala de aula e entrava

em outra sem autorização do professor. Após longo período de tratamento, de

quase dois anos, a criança não tinha mais vitiligo e sua ansiedade em sala de

aula, assim como sua hiperatividade havia melhorado. Mas até o presente

momento continua em acompanhamento psicológico.

A criança cujo atendimento é de nº 56, é de um menino de nove anos de

idade que, segundo a escola, era desatento e não apresentava motivação em

seu aprendizado. As sessões de psicoterapia duraram aproximadamente oito

meses, os pais separadamente também colocaram limites no filho. Após o

tratamento a escola pediu que ele continuasse a terapia, pois ainda

apresentava dificuldade de concentração, por isso permaneceu ainda em

tratamento psicológico, contudo já estava muito melhor.

O atendimento de nº 57 é de uma menina de nove anos de idade. Ela

viveu até os sete anos em uma aldeia indígena em Rondônia com os pais. O

pai é teólogo e dessa forma possui hábitos diferentes das crianças da região

sudeste e as crianças da escola estavam isolando-a. Alguns objetos como

lápis, borracha de outras coleguinhas da classe desapareceram, e o pai,

conversando com ela, encontrou este material que não pertenciam à sua filha,

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em seu estojo. Ele se certificou na escola e perceberam que ela estava

pegando estes objetos de outras crianças. A escola a encaminhou ao S.P.H.S.,

onde se seguiram as sessões de psicoterapia, com intervenções

psicoterápicas; no momento ela está interagindo com outras crianças. Não

pega mais objetos dos coleguinhas, mas ainda não foi liberada da psicoterapia.

O menino do atendimento de nº 58 tem seis anos de idade. O

encaminhamento da escola dizia que ele sempre era agredido por colegas da

classe e não reagia, nem contava para o professor. Quando o via, já estava

chorando e não dizia nada. Após o atendimento em sessões de psicoterapia,

de durou quatro meses, descobriu-se que os meninos que batiam queriam

sentar no lugar dele; os pais foram chamados na escola e este problema foi

solucionado. Mas o tratamento tem agora a função de fazer com que este

menino consiga se expressar; somente chorava, mas com o acompanhamento

psicológico começou a se expressar e o problema foi solucionado segundo a

coordenação da escola.

O atendimento de nº 61 é de uma menina de oito anos de idade que

apresentava dificuldade de aprendizagem e se recusava em ir à escola. Após

as sessões de psicoterapia, esta criança começou a gostar de ir à escola

segundo a coordenação que veio até o Hospital Samam para relatar

pessoalmente de como a criança havia melhorado. Esta encaminhou outras

sete crianças da escola ao S.P.H.S.

O último atendimento que o S.P.H.S. recebeu o retorno ou devolutiva de

como repercutiu o atendimento no ambiente escolar foi o de nº 67. Uma

menina de 14 anos de idade que não respeita ninguém, nem professores e

nem os pais. Com o término de tratamento, que durou nove meses, ela

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aprendeu a respeitar o próximo, lidou com limites, pois o tratamento incluiu os

pais que receberam orientações sobre como colocar limites no relacionamento.

A escola enviou um relatório sobre a melhora substancial.

Assim, dos 70 atendimentos no ano de 2009 (muitos iniciaram em 2008

e continuaram o tratamento até 2009 e entraram para a pesquisa), 16

atendimentos foram acompanhados até o pós-tratamento e como foi a

repercussão no ambiente escolar.

A partir destas amostras, observa-se que a depressão de crianças e

adolescentes é heterogênea quanto à classificação de seus sintomas. Mas com

o tratamento psicoterápico, juntamente com o acompanhamento dos pais e dos

professores as crianças deixam de ter o diagnóstico de depressão de crianças

e adolescentes. E, por último, a intenção desta pesquisa foi de esclarecer a

importância dos pais e principalmente dos professores no tratamento de

crianças com depressão de crianças e adolescentes.

Com a conscientização do professor acerca da depressão de crianças e

adolescentes, compreendendo-o, auxiliando e valorizando em suas infinitas

possibilidades, pode-se contribuir para a melhoria do desenvolvimento escolar

das crianças e dos adolescentes.

Tendo em vista a complexidade desse fenômeno, é uma tarefa difícil

para pais e professores identificá-lo. De acordo com Colbert e Cols (1992), a

depressão em crianças não é reconhecida adequadamente pelos educadores.

Elas são identificadas por eles como tendo um problema específico de

aprendizagem. A partir do momento que pais e professores conhecem os

sintomas da depressão de crianças e adolescentes, se bem orientados, sabem

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como encaminhar essas crianças ao tratamento e, conseqüentemente, a

melhora de sua aprendizagem.

No contexto educacional, o professor deve observar e olhar o aluno em

sua totalidade, considerando suas características de personalidade, seu estado

emocional, suas potencialidades no que se refere a aprendizagem. Conhecer

esta associação pode ser muito importante para aqueles que trabalham com

crianças que apresentam dificuldade de aprendizagem.

Portanto, o fato de o professor ou pais conhecerem melhor a depressão

de crianças e adolescentes e suas características, possibilita o

encaminhamento precoce, atuando preventivamente com a criança.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados desta pesquisa corroboram com a hipótese de que a

depressão de crianças e adolescentes interfere na aprendizagem. A partir da

amostra de 70 crianças que foram diagnosticadas com depressão de crianças

e adolescentes de 6 a 16 anos pelo S.P.H.S. foi observado que grande

número, ou a grande maioria, apresentava repercussões no ambiente escolar.

Conforme foi observado, a depressão de crianças e adolescentes, assim

como outros problemas psicológicos, gera uma dificuldade de aprendizagem,

pois, como constatou o Serviço de Psicologia, crianças convivem com seus

familiares que muitas vezes apresentam a depressão, o transtorno de

ansiedade, de pânico, enfim, fazendo com que as crianças também se tornem

depressivas, ansiosas, com pânicos. A criança ou a família pode ter vivenciado

uma ou várias perdas, essas podem ser reais como a morte de um ente

querido, perdas financeiras ou até perda de liberdade de brincar. Muitas vezes

a criança entra na escola às 7 horas da manhã e sai às 5h da tarde, gerando

perdas, como a de brincar, de ficar ocioso em casa com os familiares, gerando

uma angústia e, conseqüentemente, a depressão e outros problemas

emocionais.

A depressão também pode ser gerada pelo baixo rendimento escolar,

uma criança que não consegue tirar boas notas, tem a auto-estima afetada e,

conseqüentemente, ficará deprimido e apresentará sintomas da depressão de

crianças e adolescentes.

Daí a importância de orientar pais e professores acerca da depressão de

crianças e adolescentes, ensinando-lhes os sintomas e como atuar no dia a dia

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com esta criança, incentivando-a e não a criticando, fazendo com que ela fique

mais segura e aumentando sua auto-estima. As orientações passadas aos pais

e professores, aliado com a psicoterapia realizada no Serviço de Psicologia do

Hospital Saman, melhoraram a aprendizagem das crianças e os sintomas de

depressão deixaram de existir.

O tratamento foi realizado a partir do tripé: psicoterapia, orientação aos

pais, orientação aos professores. Com a orientação dos pais, observou-se

maior progresso das crianças e adolescentes na superação da depressão.

Dessa maneira é de grande importância que professores possuam maior

conhecimento e conscientização da depressão de crianças e adolescentes. Na

escola é necessário criar um ambiente que possibilite melhor aproveitamento e

desenvolvimento desta criança.

Os sintomas da depressão manifestam-se de diferentes formas no

contexto escolar. O professor deve estar atento a alguns sinais indicativos de

desanimo, isolamento social, dificuldade na aprendizagem, agressividade,

irritabilidade, além de sintomas físicos como fortes dores de cabeça, náusea,

vomito e dores abdominais. O compartilhamento desses sintomas com seus

familiares para que juntos busquem um tratamento junto a especialistas, como

é o caso do Serviço de Psicologia do Hospital Saman, é o procedimento mais

adequado.

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http://www.algosobre.com.br/psicologia/teste-do-desenho-um-espelho-da-alma.html Acesso em: 1º de novembro de 2010.

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SMITH, C.; STRICK, L. Dificuldades de aprendizagem de A a Z: um guia

completo para pais e educadores. Porto Alegre: Artmed, 2001. WECHSLER, S. M. Avaliação do desenvolvimento cognitivo infantil pelo desenho da figura humana. Revista Boletim de Psicologia. Vol. LIII, n. 119,

jul/dez. São Paulo: Sociedade de Psicologia de São Paulo, 2003.

APÊNDICE 1: Roteiro da Anamnese infantil

I - Identificação

Nome:_________________________________________________________

Idade:____________________Data de nascimento:_____________________

Sexo: _________________________________________________________

Nome do colégio:________________________________________________

Ano:______________

Pai: ___________________________________________________________

Nome: (iniciais) _________________________________________________

Profissão: ______________________________________________________

Idade:_________________________________________________________

Mãe: __________________________________________________________

Nome: (iniciais) _________________________________________________

Profissão:______________________________________________________

Idade: _________________________________________________________

II - Queixa ou motivo da consulta:

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______________________________________________________________

______________________________________________________________

III - Antecedentes pessoais:

1 - Concepção:

Nasceu quanto tempo após o casamento?____________________________

A criança foi planejada?___________________________________________

Quantos filhos tiveram o casal?_____________________________________

Moram todos juntos? _____________________________________________

2 - Gestação:

Foi uma gestação planejada?

______________________________________________________________

Passou nervoso na gestação?

______________________________________________________________

______________________________________________________________

Quais as sensações psicológicas sentidas durante a gravidez?

_______________________________________________________________

_____________________________________________________________

Nasceu de cesária ou parto normal?

_______________________________________________________________

_____________________________________________________________

3 - Condição de nascimento:

A criança chorou após-nascer?

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_______________________________________________________________

_____________________________________________________________

Ficou roxo ao nascer?

______________________________________________________________

Precisou de oxigênio?

______________________________________________________________

Teve icterícia?

______________________________________________________________

Chorou muito nas primeiras horas de vida?

_________________________________________________________OBS.:

______________________________________________________________

______________________________________________________________

______________________________________________________________

4 - Desenvolvimento da criança:

Amamentou o peito? _____________________________________________

Tirou a fralda com quanto tempo?___________________________________

Andou com quanto tempo? ________________________________________

Falou com quanto tempo?_________________________________________

5 - Desenvolvimento da conduta:

A) Sono

A criança dorme bem?____________________________________________

Pula quando dorme?_____________________________________________

Desde quando? _________________________________________________

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Baba a noite? _______________Desde quando? ______________________

Sua durante o sono? ____________________Desde quando?____________

Fala dormindo? ________________________Desde quando?____________

Grita durante o sono? ___________________ Desde quando?____________

Range os dentes? _______________________Desde quando?___________

É sonâmbulo? _________________________ Desde quando?____________

Acorda várias vezes à noite e torna a dormir facilmente? _________________

Dorme do lado da cabeceira e acorda nos pés da cama? ________________

Dorme em quarto separado dos pais? _______________________________

Até quando dormiu o quarto dos pais? _______________________________

Qual a atitude tomada para separá-lo? _______________________________

Acorda e vai para cama dos pais? __________________________________

Atitude dos pais? ________________________________________________

______________________________________________________________

Observações:

______________________________________________________________

______________________________________________________________

______________________________________________________________

B) Alimentação:

Come bem?____________________________________________________

Rejeitou alimentação alguma vez?__________________________________

______________________________________________________________

Atitude tomada__________________________________________________

______________________________________________________________

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É ou foi forçada a comer?__________________________________________

Observações:

______________________________________________________________

______________________________________________________________

6 - Desenvolvimento psicomotor:

Quando sorriu pela primeira vez?________________________________

______________________________________________________________

Engatinhou? __________________ Sentou? _________________________

Ficou de pé? _________________Andou?____________________________

Qual foi a primeira palavra falada?__________________________

______________________________________________________________

Trocou letras?__________________________________________________

______________________________________________________________

Falou muito errado? ___________________Gaguejou?__________________

Controle dos esfíncteres:

Anal diurno:__________________Anal noturno: _______________________

Vesical diurno:_________________Vesical noturno:____________________

7 - Manipulações e hábitos:

Usou chupeta?______________________Até quando? _________________

Chupou dedo?______________________ Até quando? _________________

Roeu ou roe as unhas? ___________________________________________

Puxa as orelhas? ________________________________________________

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Arranca os cabelos? _____________________________________________

Morde os lábios? ________________________________________________

Teve tiques nervosos? ________________Quais? _____________________

Observações:

______________________________________________________________

8 - Socialização:

Tem amigos? ___________________________________________________

Prefere brincar sozinho ou com amigos? _____________________________

Faz amigos facilmente? ___________________________________________

Da-se bem com eles? ____________________________________________

Desinteressa-se logo pelos brinquedos? ______________________________

Que tipo de brinquedos prefere? ____________________________________

Lidera nas brincadeiras? __________________________________________

Observações:

______________________________________________________________

______________________________________________________________

9 - Escolaridade:

Vai bem na escola?__________________________________________

______________________________________________________________

Gosta de estudar?_______________________________________________

Os pais estudam com as crianças?_______________________________

______________________________________________________________

Gosta da professora? _________________ E da escola? ________________

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É castigada quando não tira boas notas?_____________________________

______________________________________________________________

Dificuldade em que matéria?_______________________________________

______________________________________________________________

Qual matéria gosta mais?__________________________________________

Tem dificuldade na escrita?_________________E na leitura? _____________

Alguma outra dificuldade?_________________________________________

______________________________________________________________

Mudou muito de escola?___________________________________________

10 - Saúde:

Já desmaiou? __________________________________________________

Teve convulsões? _______________________________________________

Foi operada? ______________________Qual cirurgia? _________________

É nervosa? ____________________________________________________

É ansiosa? ____________________________________________________

Chora sem motivo? ______________________________________________

11 - Antecedentes familiares:

Alguém nervoso na família?_________________Quem? ________________

Atraso intelectual?______________________ Quem? __________________

Doença mental? ________________________Quem?__________________

Alcoolismo?_____________________Drogas?_________________________

Vícios?_________________________Suicídio?________________________

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Observações:

______________________________________________________________

______________________________________________________________

12 - Descrição do dia a dia da criança:

Qual a rotina da criança?______________________________________

_______________________________________________________________

_____________________________________________________________

_______________________________________________________________

_____________________________________________________________

______________________________________________________________

Desde o momento que acorda até a hora de dormir? ____________________

______________________________________________________________

______________________________________________________________

Com é o lazer desta criança?______________________________________

______________________________________________________________

______________________________________________________________

______________________________________________________________

Gostariam de falar mais alguma coisa?________________________

______________________________________________________________

______________________________________________________________

______________________________________________________________

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APÊNDICE 2: Questionário professor

I – O (a) aluno(a) nome da criança_____________________________

______________________________________________________________

Realiza as tarefas exigidas em sala de aula?

1. sim, todas ( )

2. as vezes sim outras não ( )

3. nunca realiza as tarefas ( )

II - A criança tem colegas na sala de aula?

1. sim ( )

2. não ( )

III - A criança se irrita facilmente?

1. sim ( )

2. não ( )

IV - Ela briga com freqüência com colegas em sala de aula?

1. sim ( )

2. não ( )

V - A criança presta atenção nas explicações em sala de aula?

1. sim ( )

2. não ( )

VI - Descreva como a criança se comporta em sala de aula:

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_______________________________________________________________

_____________________________________________________________

______________________________________________________________

______________________________________________________________

VII - A criança queixa-se em sala de aula? Sente alguma dor?

1. sim ( )

2. não ( )

Qual?

______________________________________________________________

______________________________________________________________

VIII - Quais são as queixas sobre esta criança?

_______________________________________________________________

_____________________________________________________________

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APÊNDICE 3: H.T.P. de n° 43

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APÊNDICE 4: H.T.P. de n° 53

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