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DESEMPENHO ECONÔMICO-FINANCEIRO DAS EMPRESAS BRASILEIRAS APÓS A PRIVATIZAÇÃO RESUMO O tema privatizações vem sendo amplamente discutido no Brasil nos últimos anos. Contrários a essa prática, alegam haver maiores benefícios sociais, quando o Governo controla os meios de produção. Já os favoráveis as privatizações, inferem que a redução da presença do Estado nessas empresas, geram mais riquezas e melhorias econômicas. Este trabalho tem por objetivo avaliar o desempenho econômico-financeiro das ex-estatais após sua privatização. Para este estudo foram coletadas as demonstrações entre 1986 a 2014 da base Economática ® e calculados os sete índices que avaliam o risco e a liberdade financeira, a capacidade de pagamento das dívidas de curto prazo e os reflexos dos investimentos na lucratividade. A análise dos dados parte em separar esses índices nos períodos antes e depois da privatização, para cada empresa, comprovando através de ferramenta estatística quais amostras são significativamente diferentes e então comparar os dois períodos. Das 80 empresas privatizadas no âmbito federal, de acordo com o Plano Nacional de Desestatização (PND), apenas 20 possibilitaram uma análise dos períodos pré e pós-privatização. Como resultado, foram encontradas evidências estatisticamente relevantes de que as empresas privatizadas, quando em posse da iniciativa privada, apesar de tornaram-se mais endividadas, apresentam melhora nos demais índices. Palavras-chave: Privatizações, análise por índices, desempenho econômico-financeira. 1 INTRODUÇÃO Muito se discutiu a respeito da possível privatização da Petrobrás nas eleições presidenciais em 2014 e seus debates. Matérias veiculadas na imprensa relacionadas a este assunto, como divulgou a Exame (2006) atribuída ao Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), explicitou melhorias com as privatizações, tais como: o nível de serviços, redução da dívida pública e crescimento de vários setores. Essa linha de opinião reconheceu que empresas privatizadas, livres da influência política, reverteram resultados negativos ao estabelecer planos claros de crescimento, sendo eles: reduzir o quadro de funcionários e modernizar a gestão. Foi destacado também o crescimento da arrecadação de impostos advindos dessas empresas após a privatização, em comparação ao período que estavam estatizadas. Acrescenta-se o fato de a Petrobrás ter sido alvo de um escândalo de corrupção recentemente. A operação Lava Jato, da Policia Federal, investigou um grande esquema de lavagem e desvio de dinheiro envolvendo a estatal, grandes empreiteiras do país e políticos (FOLHA UOL, 2014). Em adição, a linha de investigação da Procuradoria da República, indica que as empreiteiras citadas nessa operação já tinham se unindo com a estatal para conquistar contratos bilionários (MACEDO; BRANDT, 2014 APUD MACEDO, 2015). Fatos como esses acabam por tornar questionável o nível de influência do Governo na economia, pois situações como essa, exercem evidências de que a privatização possa ser o caminho correto. Acerca desse tema, Pena (2013) apresentou argumentos de privatistas (defensores da privatização) e estatistas (contra). Os privatistas argumentam que a administração pública brasileira, além de centralizadora, é precária, travando a evolução das empresas e da economia. Com as privatizações, a lucratividade dessas empresas aumentaria, gerando mais riquezas. Contrários as privatizações questionam, por exemplo, a venda da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), que na ocasião era uma das maiores mineradoras do mundo e foi vendida por pouco mais de 3 bilhões de dólares. Quanto ao grau de influência do Estado na economia, a visão política libertária e direitista defende a menor presença do Governo. Já o maior controle por parte do Estado, é defendido pelos estadistas e esquerdistas (NOLAN, 1969 APUD GAZETA DO POVO, 2014).

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DESEMPENHO ECONÔMICO-FINANCEIRO DAS EMPRESAS BRASILEIRAS

APÓS A PRIVATIZAÇÃO

RESUMO

O tema privatizações vem sendo amplamente discutido no Brasil nos últimos anos. Contrários

a essa prática, alegam haver maiores benefícios sociais, quando o Governo controla os meios

de produção. Já os favoráveis as privatizações, inferem que a redução da presença do Estado

nessas empresas, geram mais riquezas e melhorias econômicas. Este trabalho tem por objetivo

avaliar o desempenho econômico-financeiro das ex-estatais após sua privatização. Para este

estudo foram coletadas as demonstrações entre 1986 a 2014 da base Economática® e calculados

os sete índices que avaliam o risco e a liberdade financeira, a capacidade de pagamento das

dívidas de curto prazo e os reflexos dos investimentos na lucratividade. A análise dos dados

parte em separar esses índices nos períodos antes e depois da privatização, para cada empresa,

comprovando através de ferramenta estatística quais amostras são significativamente diferentes

e então comparar os dois períodos. Das 80 empresas privatizadas no âmbito federal, de acordo

com o Plano Nacional de Desestatização (PND), apenas 20 possibilitaram uma análise dos

períodos pré e pós-privatização. Como resultado, foram encontradas evidências

estatisticamente relevantes de que as empresas privatizadas, quando em posse da iniciativa

privada, apesar de tornaram-se mais endividadas, apresentam melhora nos demais índices.

Palavras-chave: Privatizações, análise por índices, desempenho econômico-financeira.

1 INTRODUÇÃO

Muito se discutiu a respeito da possível privatização da Petrobrás nas eleições

presidenciais em 2014 e seus debates. Matérias veiculadas na imprensa relacionadas a este

assunto, como divulgou a Exame (2006) atribuída ao Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

(IPEA), explicitou melhorias com as privatizações, tais como: o nível de serviços, redução da

dívida pública e crescimento de vários setores. Essa linha de opinião reconheceu que empresas

privatizadas, livres da influência política, reverteram resultados negativos ao estabelecer planos

claros de crescimento, sendo eles: reduzir o quadro de funcionários e modernizar a gestão. Foi

destacado também o crescimento da arrecadação de impostos advindos dessas empresas após a

privatização, em comparação ao período que estavam estatizadas.

Acrescenta-se o fato de a Petrobrás ter sido alvo de um escândalo de corrupção

recentemente. A operação Lava Jato, da Policia Federal, investigou um grande esquema de

lavagem e desvio de dinheiro envolvendo a estatal, grandes empreiteiras do país e políticos

(FOLHA UOL, 2014). Em adição, a linha de investigação da Procuradoria da República, indica

que as empreiteiras citadas nessa operação já tinham se unindo com a estatal para conquistar

contratos bilionários (MACEDO; BRANDT, 2014 APUD MACEDO, 2015). Fatos como esses

acabam por tornar questionável o nível de influência do Governo na economia, pois situações

como essa, exercem evidências de que a privatização possa ser o caminho correto.

Acerca desse tema, Pena (2013) apresentou argumentos de privatistas (defensores da

privatização) e estatistas (contra). Os privatistas argumentam que a administração pública

brasileira, além de centralizadora, é precária, travando a evolução das empresas e da economia.

Com as privatizações, a lucratividade dessas empresas aumentaria, gerando mais riquezas.

Contrários as privatizações questionam, por exemplo, a venda da Companhia Vale do Rio Doce

(CVRD), que na ocasião era uma das maiores mineradoras do mundo e foi vendida por pouco

mais de 3 bilhões de dólares.

Quanto ao grau de influência do Estado na economia, a visão política libertária e

direitista defende a menor presença do Governo. Já o maior controle por parte do Estado, é

defendido pelos estadistas e esquerdistas (NOLAN, 1969 APUD GAZETA DO POVO, 2014).

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Pesquisa publicada pela Data Folha (2015) indica que a maioria dos brasileiros é contra

a privatização da Petrobras, mesmo após as denúncias de corrupção. Essa pesquisa denota que

a maioria dos entrevistados acredita que a participação de capital estrangeiro na estatal traz mais

prejuízo do que benefício. Há também o entendimento de que a privatização resulta em redução

do nível de emprego, tanto em quantidade quanto nas condições de trabalho, devido às fortes

pressões para obter lucros.

Entretanto, mesmo sendo a realidade imediata na transferência do controle da estatal,

por uma série de motivos, como por exemplo, mudança tecnológica, ao mesmo passo que as

empresas podem reduzir seus quadros de emprego, estes podem ser preenchidos à medida que

a empresa retoma seu crescimento (EXAME, 2006).

Pode-se destacar, como argumentos favoráveis a privatização: a corrupção, os custos

com funcionários e o maior volume de impostos arrecadados advindos do aumento dos lucros.

Por outro lado, a sua capacidade de controle inflacionário por meio dos seus preços e

principalmente a forma que a população encara a manutenção de postos de emprego, são os

principais fatores contrários à privatização.

Diante do exposto, entende-se que o tema privatizações é de grande importância. A

maturação dessas empresas após anos desse processo e o aumento do nível de informações

sobre elas, justificam nova pesquisa com a finalidade de responder: Qual o desempenho

econômico-financeiro das ex-estatais após a privatização?

Além desta seção introdutória, a sequência desta pesquisa apresenta as seguintes seções:

na segunda seção é apresentado o referencial teórico utilizado para embasar a análise e a

interpretação dos resultados; a terceira seção apresenta a metodologia e a composição da

análise; a quarta seção apresenta os resultados e análises; e por fim, na quinta seção é

apresentada a conclusão do trabalho, limitações do estudo e sugestões para pesquisas futuras.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Processo de privatização no Brasil

Privatização é o processo de transformação em uma empresa privada que era estatal

(AURÉLIO, 2015a). Logo, privatizar é passar para domínio de empresa privada o que era do

poder do Estado (AURÉLIO, 2015b). Para fins desta pesquisa, considerou-se que empresas

privatizadas são aquelas que o Estado deixou de ser o acionista majoritário.

O processo de privatização no Brasil teve início na década de 1980. Nesse período foram

reprivatizadas 38 empresas de pequeno porte por 780 milhões de dólares que estavam em

dificuldades financeiras (BNDES, 2009).

Prevista no Art. 1° da Lei 8.031/90, também conhecida como Plano Nacional de

Desestatização (PND), as privatizações tinham por objetivos: (i) transferir à iniciativa privada

as atividades exploradas pelo setor público; (ii) reduzir a dívida pública; (iii) incentivar a

“retomada de investimentos” a essas empresas privatizadas; (iv) modernizar as indústrias e

ampliar sua competitividade; (v) focar a administração pública nas atividades que sua presença

é fundamental; e (vi) fortalecer o mercado de capitais. Inclusive, a mesma Lei estabeleceu em

seu Art. 4°, que as estatais seriam privatizadas mediante a: (i) transferência da participação

societária por pulverização de ações junto ao público, empregados, acionistas, fornecedores e

consumidores; (ii) abertura de capital; (iii) aumento de capital por meio de direitos de

subscrição; (iv) transformação, incorporação, fusão ou cisão; (v) alienação, arrendamento,

locação, comodato ou cessão de bens e instalações; ou (vi) dissolução de empresas ou

desativação parcial de seus empreendimentos, com a consequente alienação de seus ativos

(BRASIL, 1990).

Nesse processo, as privatizações foram realizadas por meio de leilões públicos ou

pregão especial na bolsa de valores (PIMENTA, 2010 APUD SOUTO, 2011), e, embora a Lei

estabelecesse que a venda deveria ser realizada de modo que o controle fosse pulverizado, o

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procedimento adotado pelo Governo foi de vender as ações por meio de blocos de controle,

cuja finalidade era atrair os grandes investidores ao proporcionar a possibilidade de aquisição

do controle acionário (SOUTO, 2011).

O quadro 01 a seguir apresenta, de modo resumido, o processo de privatização no país

a partir da década de 1990 com o PND. Seus valores estão em US$ Milhões e demonstra o

acumulado dos valores arrecadados acrescidos da dívida transferida aos compradores, bem

como o porcentual do capital vendido. Assim, empresas cujas ações foram vendidas em mais

de um momento, estão apresentadas em apenas um. Quadro 01 – Detalhamento das privatizações brasileiras (continua)

Ano Empresa % do capital

vendido

Resultado

Acumulado Critérios * Setor

1991

Celma 89,1% 95.6 AD Outros

Cosinor 99,8% 15 AD Siderúrgico

Mafersa 100,0% 49.2 AD Outros

Usiminas 86,1% 2310.3 AC Siderúrgico

1992

Acesita 74,0% 697.6 AD Siderúrgico

Álcalis 100,0% 87.1 BD Químico

CBE 23,0% 10.9 BD Químico

Copesul 82,0% 870.7 AC Químico

CST 89,5% 837.2 AC Siderúrgico

Fosfertil 88,3% 226 AC Fertilizantes

Goiasfértil 100,0% 22.4 AD Fertilizantes

Indag 35,0% 6.8 BD Fertilizantes

Nitriflex 40,0% 35.4 BD Químico

Petroflex 100,0% 254.7 AC Químico

Piratini 72,4% 109.1 AD Siderúrgico

Polisul 31,0% 187.8 BC Químico

PPH 19,0% 94.4 BD Químico

SNBP 90,0% 12 AD Outros

1993

Gerdau 99,9% 720.5 AC Siderúrgico

Cosipa 83,9% 1469.9 AC Siderúrgico

CSN 90,7% 2028.2 AC Siderúrgico

Oxiteno 15,2% 55.9 BC Químico

Poliolefinas 31,4% 87.1 BD Químico

Ultrafértil 100,0% 225.8 AD Fertilizantes

1994

Caraíba 100,0% 5.8 AC Mineração

Ciquine 31,4% 30 BD Químico

Coperbo 23,0% 31.7 BD Químico

Embraer 60,4% 455.6 AC Outros

Polialden 13,6% 18.2 BC Químico

Politeno 24,9% 73.3 BC Químico

PQU 50,3% 328.4 AC Químico

1995

CBP 23,7% 0 BD Químico

Copene 14,9% 745.9 BD Químico

CPC 20,8% 160.5 BD Químico

CQR 36,9% 1.7 BD Químico

Escelsa 72,3% 521.3 AC Elétrico

Nitrocarbono 19,0% 37.1 BC Químico

Pronor 20,1% 98.2 BC Químico

Salgema 29,3% 183.1 BD Químico

1996

Deten 7,0% 12.1 BD Químico

EDN 26,7% 16.6 BC Químico

Koppol 46,6% 70 BC Químico

Light 100,0% 3094.4 AC Elétrico

Polibrasil 25,7% 111.8 BD Químico

Polipropileno 34,2% 85.8 BC Químico

Quadro 01 – Detalhamento das privatizações brasileiras (final)

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Ano Empresa % do capital

vendido

Resultado

Acumulado Critérios * Setor

1997

Meridional 52,2% 240.1 BD Financeiro

Codesp 82,4% 251.1 AD Portuário

CVRD 52,2% 8754.3 AC Mineração

1998

Gerasul 100,0% 1962.4 AD Elétrico

CODESA (2 Portos) 35.6 AD Portuário

CDRJ (3 Portos) 113.4 AD Portuário

1999 Datamec 97,9% 49.6 AD Outros

CODEBA (1 Porto) 20.9 AD Portuário

2000 Banco do Estado de São Paulo 30,0% 3604.3 BC Financeiro

Petrobrás 16,6% 4840.4 BC Químico

2001 Banco do Estado de Goiás 84,5% 269.5 AD Financeiro

2002 Banco do Estado do Amazonas 98,5% 76.8 AD Financeiro

2004 Banco do Estado do Maranhão 90,0% 26.6 AD Financeiro

2005 Banco do Estado do Ceará 89,3% 297.9 AD Financeiro

Concessões da RFFSA (7 malhas

regionais)

1696.9 BD Ferroviário

Leilões de ações (Previsto no Decreto

1.068)

1169.4 BD -

Total 40000.3 14 9

Fonte: Adaptado de BNDES (2009); Receita Federal; Economática®.

* Dados no Economática® (Sim = A, Não = B); Controle em posse da iniciativa privada (Sim = C, Não = D).

O quadro 01 demonstra que 79 empresas foram privatizadas e elas estão distribuídas em

9 setores, arrecadando um total de 40 bilhões de dólares. Deste total, estão incluídas a venda

das participações minoritárias previstas no Decreto 1.068/94, em que o Governo incluía no PND

a venda de ações que possuía em fundações, autarquias, empresas públicas, sociedades de

economia mista e quaisquer entidades controladas, direta ou indiretamente (BRASIL, 1994),

mas não estão contabilizadas como empresas que foram privatizadas.

Em 1998 ocorreu o leilão do Sistema Telebrás, através de 12 leilões, pela venda do

controle dessas empresas. O próximo quadro apresenta resumidamente o processo de

privatização das telecomunicações no país, obedecendo os mesmos critérios do quadro 01. Quadro 02 – Detalhamento das privatizações das telecomunicações

Ano Empresa % do capital

vendido

Resultado

Acumulado Critérios * Setor

1998

Telesp 100,0% 4967 AC Telefonia

Tele Centro Sul 100,0% 1778 AD Telefonia

Tele Norte Leste 100,0% 2949 AD Telefonia

Embratel 100,0% 2276 AC Telefonia

Telesp Celular 100,0% 3082 AC Telefonia

Tele Sudeste Celular 100,0% 1168 AC Telefonia

Telemig Celular 100,0% 649 AC Telefonia

Tele Celular Sul 100,0% 601 AD Telefonia

Tele Nordeste Celular 100,0% 567 AC Telefonia

Tele Leste Celular 100,0% 368 AC Telefonia

Tele Centro Oeste Celular 100,0% 378 AC Telefonia

Tele Norte Celular 100,0% 161 AC Telefonia

Oferta dos empregados 100,0% 293 AD -

22 Concessões de áreas de cobertura 100,0% 9813 AD -

Total 29050 9 1

Fontes: Adaptado de BNDES (2009); Receita Federal; Economática®.

* Vide Quadro 01.

O quadro 02 demonstra o arrecadado com a cisão do sistema Telebrás. Na ocasião foram

12 leilões consecutivos na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro, sendo vendidos o controle das

três holdings de telefonia fixa (Telesp, Tele Centro Sul e Tele Norte Leste), uma de longa

distância (Embratel) e oito de telefonia celular (demais citadas no quadro). O mesmo quadro

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também apresenta o arrecadado com a compra de ações pelos empregados e as 22 concessões

de áreas de cobertura. Esse processo arrecadou o total de 29 bilhões de dólares.

2.2 Efeitos da Privatização

A literatura que trata do processo de privatização explorou diferentes aspectos

relacionados à transferência de empresas públicas para o setor privado. Como o trabalho de La

Porta e Silane (1997), que analisou dados de 218 privatizações não financeiras no México entre

1983 até 1991 e encontrou evidências de grandes aumentos na rentabilidade, como resultado da

privatização. As vendas aumentaram rapidamente no período pós-privatização, embora o

estoque de ativos fixos permaneceu basicamente inalterado e o número de trabalhadores caiu

drasticamente. Em sua interpretação, os ganhos de produtividade são o fator dominante nos

resultados pós-privatização.

Na mesma linha de pesquisa, Anuatti Neto et al (2005) analisaram todas as empresas do

setor produtivo privatizadas do Brasil entre 1991 e 2002, por meio de 15 indicadores de

desempenho, detectando um aumento na lucratividade e na eficiência operacional dessas

empresas, aumento da liquidez corrente e reduzindo o endividamento de longo prazo.

Soma-se também a esse estudo, o trabalho de Silva Júnior e Ness Júnior (1999), que

estudaram os efeitos da privatização sobre o desempenho financeiro e operacional das ex-

estatais brasileiras, avaliando em que medida a promessa de melhoria de eficiência com a

privatização se concretizou efetivamente. Os pesquisadores concluíram que a privatização

promoveu uma elevação da rentabilidade, eficiência operacional, investimentos, vendas reais e

distribuição de dividendos, porém, apontaram uma redução no nível de emprego.

Adicionalmente aos trabalhos acima citados, a pesquisa de Oliveira, Lustosa e Sales

(2007) buscou testar a hipótese de melhoria da eficiência produtiva da Companhia Vale do Rio

Doce a partir da identificação empírica dos seus custos de produção. Concluiu-se que os custos

operacionais variáveis, no período posterior à privatização, sofreram significativa redução.

Por fim, a produção de Reis, Pires e Teixeira (2007) que, ao procurar a resposta a

respeito do impacto das privatizações sobre a qualidade dos serviços prestados aos

consumidores, encontraram evidências, com graus de confiança de 95%, de que houve melhora

na qualidade do serviço prestado pelas empresas de distribuição de energia elétrica privatizadas.

A exemplo dos trabalhos de Anuatti-Neto et al (2005) e Silva Júnior e Ness Júnior

(1999), esta pesquisa utiliza a análise econômico-financeira através de índices.

2.3 Análise através dos índices

A análise das demonstrações por meio de índices é o método utilizado neste trabalho

para estudar o desempenho das ex-estatais. Como explica Morante (2009), os índices são uma

relação entre duas grandezas que expressam um resultado por meio de sua razão, mas, por mais

contundente o resultado, há de se ter cautela e chegar a um parecer com no mínimo três

exercícios sociais. Adicionalmente, Matarazzo (2010) explica que os índices são uma relação

entre contas dos demonstrativos financeiros que evidenciam a situação financeira ou econômica

da empresa, fornecendo uma visão ampla de sua situação. Para Oliveira et al. (2010), a análise

por índices consiste na confrontação entre as contas patrimoniais e de resultados, de modo a

mensurar a situação econômica e financeira da empresa, desde que essa relação seja lógica.

Adicionalmente, Assaf Neto (2012) esclarece que os indicadores econômico-financeiros

relacionam os elementos das demonstrações contábeis de modo a extrair as melhores

conclusões a respeito da situação da empresa. Nessa linha, Fernandes et al. (2014), defendem

que os índices são uma forma de transformar os dados das demonstrações em informação,

permitindo que analistas ou gestores analisem a situação da empresa e tomem decisões ligadas

ao controle e planejamento.

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A avaliação dos índices é dada pelo seu significado intrínseco e pela comparação ao

longo dos exercícios. O quadro 03 a seguir apresenta, de maneira resumida, as variáveis usadas

para alcançar a conclusão deste trabalho e suas respectivas formas de medição. Quadro 03 – Indicadores de desempenho

Critério Variável Descrição Curta avaliação

Avaliação de

risco e

liberdade

financeira

Participação de

capitais de terceiros

Razão entre capital de terceiros e patrimônio

líquido (CT/PL).

Quanto menor,

melhor.

Composição do

endividamento

Razão entre passivo circulante e capitais de

terceiros (PC/CT).

Quanto menor,

melhor.

Capacidade de

pagamento das

dívidas de

curto prazo

Liquidez corrente Razão entre ativo circulante e passivo

circulante (AC/PC).

Quanto maior,

melhor.

Liquidez seca

Razão entre a soma do ativo financeiro com os

clientes de rápida conversibilidade em

dinheiro e passivo circulante [(AF+Cl)/PC].

Quanto maior,

melhor.

Reflexos dos

investimentos

na

lucratividade

Margem líquida Razão entre lucro líquido e receita líquida

(LL/RL).

Quanto maior,

melhor.

Rentabilidade do

ativo

Razão entre lucro líquido e ativo total

(LL/AT).

Quanto maior,

melhor.

Rentabilidade do

patrimônio líquido

Razão entre lucro líquido e patrimônio líquido

médio (média aritmética entre patrimônio

líquido inicial e o patrimônio líquido final)

[LL/(PLI+PLF/2)].

Quanto maior,

melhor.

Fontes: Adaptado de Marion (2002); Morante (2009); Matarazzo (2010); Assaf Neto (2012).

O quadro 03 divide os índices utilizados nesta pesquisa em três critérios de avaliação: a

avaliação de risco e liberdade financeira (representada pela participação de capitais de terceiros

e composição do endividamento); a capacidade de pagamento de dívidas de curto prazo (em

que os índices de liquidez corrente e liquidez seca compõe a análise); e os reflexos dos

investimentos na lucratividade (indicados pelos índices de margem líquida, rentabilidade do

ativo e rentabilidade do patrimônio líquido).

Os índices que compõe a avaliação de risco e liberdade financeira representam a

estrutura de capital e demonstram as decisões das empresas durante o período da análise, no

que diz respeito a obtenção e aplicação de recursos (MATARAZZO, 2010). Como os recursos

das empresas são oriundos do passivo, a empresa em sua essência nasce endividada tanto por

seus acionistas (capital próprio), quanto por credores (capital de terceiros). Desta forma, esses

índices mostram como estão a distribuição entre os capitais e se são convenientes ou não

financeiramente (MORANTE, 2009). Paralelemente, Fernandes, Ferreira e Rodrigues (2014)

definem que esses indicadores representam a composição dos recursos da empresa, podendo

ser próprios (dos acionistas e sócios) ou de terceiros (empréstimos e financiamentos).

A capacidade de pagamento das dívidas de curto prazo representam a liquidez da

empresa, pois medem o quão sólida é sua base financeira. Os indicadores desse grupo expõem

se a empresa tem uma capacidade boa ou ruim de pagar suas dívidas (MATARAZZO, 2010).

Em outras palavras, eles medem a capacidade da empresa cumprir suas obrigações de curto

prazo e corresponde à solvência financeira geral da empresa (GITMAN, 2014 APUD

FERNANDES et al, 2014).

Para entender os reflexos dos investimentos na lucratividade ou, a eficiência da empresa

em converter seus investimentos em lucro, foram utilizados os índices de rentabilidade das ex-

estatais. Esses indicadores definem a rentabilidade da empresa, do acionista e seu potencial de

gerar resultados (MARION, 2002). Também possibilitam responder aos acionistas como está

sendo a sua remuneração sob vários ângulos (MORANTE, 2009). Conforme indica Matarazzo

(2010), esses índices definem o grau de êxito econômico da empresa, por mostrar qual a

rentabilidade dos investimentos nela.

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3 METODOLOGIA

Este trabalho se caracteriza como pesquisa quantitativa e se utiliza de análise descritiva.

A análise quantitativa, como descreve Beuren et al. (2006), trata-se do emprego de instrumentos

estatísticos na coleta e no tratamento dos dados. Esta pesquisa por sua vez se utiliza da

ferramenta estatística teste t de variância separadas para diferença entre duas médias

aritméticas, para se garantir a relevância dos dados analisados e então compará-los.

Define-se por pesquisa descritiva porque o desempenho das ex-estatais foi avaliado

conforme interpretação dos índices obtidos através da base de dados do Economática®. Pois,

conforme Silva (2008), seu objetivo é descrever as características desse fenômeno e estabelecer

relações entre as variáveis.

3.1 Teste estatístico

Assim como os trabalhos de Anuatti-Neto et al (2005) e Silva Júnior e Ness Júnior

(1999), esta pesquisa se utiliza de ferramentas estatísticas para compor sua análise e resultados.

Foi realizada uma análise para cada índice. Cada empresa representa duas amostras, uma com

os índices antes da privatização (incluindo o ano da privatização) e outra após. O número de

observações são diferentes, pois os anos da privatização são diferentes em cada empresa e seus

dados disponíveis possuem quantidade de anos distintas, como apresentado no Quadro 04.

O método estatístico utilizado foi o teste t de variância separadas para diferença entre

duas médias aritméticas, pois as amostras possuem menos que 30 observações, se diferem em

observações e as variâncias não são agrupadas. O cálculo foi realizado no Microsoft® Excel,

através de sua ferramenta de análise de dados: Teste-T – duas amostras presumindo variâncias

diferentes, conhecido como procedimento de aproximação de Satterthwaite, que “inclui o

cálculo da estatística do teste t as duas variâncias de amostras separadas” (SATTERTHWAITE,

1946 APUD LEVINE et al, 2011, p. 330). Como parâmetros, foram utilizadas as hipóteses H0:µ1=µ2 (em que não há diferença de

resultados da primeira em relação à segunda amostra) e H1:µ1≠µ2 (havendo diferença de

resultados entre as duas amostras), sendo que a amostra µ1 se trata dos dados coletados do

período de pré-privatização e µ2 é a amostra da pós-privatização.

Esse teste rejeita H0 quando o p-valor bi-caudal for menor que: (i) se p-valor < 0,01 =

rejeita-se H0 a um nívet al.fa de 1%; e (ii) se p-valor < 0,05 = rejeita-se H0 a um nívet al.fa de

5%. Isso significa que a estatística do teste t calculada é menor que o valor crítico e está fora da

região de rejeição, ou seja, aceita-se H1. Logo, somente foram aceitas as média das amostras,

para comparação, que estão estatisticamente diferentes a um grau de confiança de até 95%.

3.2 Seleção da amostra

Os quadros 01 e 02 codificaram as empresas com “AC” na coluna “Critérios”. Isto

significa que além das empresas terem sido privatizadas a âmbito federal, seus dados foram

encontrados no Economática®, entre 1986 e 2014 e o controle foi passado a iniciativa privada.

Foram excluídas do grupo as participações minoritárias vendidas em leilão previstas

pelo PND, devido a impossibilidade de determinação desse grupo e pelo fato de não ser possível

classifica-las como estatais.

Os dados retirados do Economática® compõe os balanços patrimoniais e as

demonstrações do resultado de cada exercício, padronizados para o cálculo dos índices.

Segundo Matarazzo (2010), as demonstrações financeiras devem ser preparadas de modo

igualitário e simplificadas para que haja comparabilidade entre as empresas analisadas,

garantindo melhor precisão nos dados e análise.

Outro critério que qualifica a empresa para a análise é quanto a sua natureza. Como

somente as sociedades anônimas abertas são obrigadas a divulgar seus demonstrativos, torna-

se impossível uma análise das empresas enquadradas nas demais naturezas econômicas.

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Quanto aos demais bancos de dados, a opção foi por não usá-las, pois podem haver

divergências entre informações em uma mesma empresa, de modo a comprometer a

confiabilidade da pesquisa. Por exemplo, a Vale S/A tem seus demonstrativos disponíveis na

base Comdinheiro® desde 1997. Respeitando o objetivo da pesquisa de gerar opinião quanto ao

desempenho econômico-financeiro antes e depois da privatização, a base Economática® foi a

escolhida por fornecer dados desde 1986.

Das 80 empresas, 24 possuem dados no Economática® e o controle foi passado a

iniciativa privada. O Quadro 04 a seguir, demonstra as empresas selecionadas para análise, o

ano da privatização e os anos em que há demonstrativos disponíveis no Economática®. Quadro 04: Critérios para análise

Ex-estatal Ano da

Privatização

Disponibilidade no

Economática®

Amostra pré-

privatização

Amostra pós-

privatização

Escelsa jul/1995 Entre 1993 e 2014 1993 à 1994 1995 à 2014

Light mai/1996 Entre 1997 e 2014 Não há 1997 à 2014

Fosfertil ago/1992 Entre 1991 e 2010 1991 à 1992 1993 à 2010

Caraíba jul/1994 Entre 1995 e 2008 Não há 1995 à 2008

Vale mai/1997 Entre 1986 e 2014 1986 à 1997 1998 à 2014

Copesul mai/1992 Entre 1992 e 2006 Não há 1992 à 2006

Petroflex abr/1992 Entre 1991 e 2007 1991 à 1992 1993 à 2007

PQU jan/1994 Entre 1993 e 2007 1993 à 1994 1995 à 2007

Usiminas out/1991 Entre 1987 e 2014 1987 à 1991 1992 à 2014

CST jul/1992 Entre 1986 e 2004 1986 à 1992 1993 à 2004

Gerdau set/1993 Entre 1986 e 2014 1986 à 1993 1994 à 2014

Cosipa ago/1993 Entre 1986 e 2004 1986 à 1993 1994 à 2004

CSN abr/1993 Entre 1988 e 2014 1988 à 1993 1994 à 2014

Embraer dez/1994 Entre 1986 e 2014 1986 à 1994 1995 à 2014

Sistema Telebrás jul/1998 Entre 1986 e 1998 1986 à 1997 Demais telefônicas

Telesp jul/1998 Entre 1998 e 1999 Telebrás 1998 à 1999

Embratel jul/1998 Entre 1998 e 2013 Telebrás 1998 à 2013

Telesp Cel. jul/1998 Entre 1998 e 1999 Telebrás 1998 à 1999

Tele Sudeste Cel. jul/1998 Entre 1998 e 2005 Telebrás 1998 à 2005

Telemig Cel. jul/1998 Entre 1998 e 2008 Telebrás 1998 à 2008

Tele Nordeste Cel. jul/1998 Entre 1998 e 2003 Telebrás 1998 à 2003

Tele Leste Cel. jul/1998 Entre 1998 e 2005 Telebrás 1998 à 2005

Tele Centroeste Cel. jul/1998 Entre 1998 e 2005 Telebrás 1998 à 2005

Tele Nort Cel. jul/1998 Entre 1998 e 2011 Telebrás 1998 à 2011

Fonte: Elaborado pelo autor.

O quadro 04 demonstra que a Light, Caraíba e Copesul ficaram impossibilitadas de

apresentar um comparativo entre períodos, por não possuírem amostras antes da privatização.

Para comparar as empresas de Telefonia, uma vez que todas advém do Sistema Telebrás, a

amostra pré-privatizada se dá no período entre 1986 e 1997, contra cada uma das empresas no

período pós-privatização, dado após 1998.

Para averiguar se ocorreu diferença nos índices, foi comparado a variação das médias,

somente das amostras em que há diferença estatisticamente significativa a no máximo 5%.

Com a finalidade de padronizar a amostra, foram analisadas somente as demonstrações

no encerramento dos exercícios.

4 RESULTADOS E ANÁLISES

Cada índice foi analisado separadamente para o grupo das empresas selecionadas. Seus

dados estão dispostos nas tabelas 01 a 07 juntamente com seus resultados.

Cada tabela representa a média de cada amostra, a variação entre elas, o grau de

liberdade (gl), a estatística t-student encontrada e o p-valor bicaudal.

A tabela 01 a seguir apresenta a situação das empresas quanto ao índice de participação

capital de terceiros (endividamento). Essa variável indica o quanto de recursos a empresa tomou

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de terceiros. Este índice é um fator de risco, em que expõe a dependência de capital de terceiros

por parte da empresa. Em outras palavras, quanto maior essa dependência de capital de

terceiros, menor é a liberdade financeira dessa empresa. (MATARAZZO, 2010). Quanto a

questão do endividamento, a alta participação de capital de terceiros em relação ao capital

próprio torna a empresa vulnerável a qualquer intempérie, pois as instituições financeiras

comumente não estão dispostas a conceder financiamentos a empresas cuja situação é

desfavorável (MARION, 2002). Tabela 01: Participação de capitais de terceiros

�̅� pré-

privatização

�̅� pós-

privatização

∆ das

Média gl t-Student

P (T <= t)

bi-caudal

Escelsa 0,26 2,64 2,38 18 -5,3937 0,000040

Fosfertil 0,41 1,13 0,72 3 -3,2149 0,048772

Vale 0,74 1,03 0,29 21 -2,2945 0,032173

Petroflex 0,38 2,04 1,66 14 -5,1970 0,000135

PQU 0,21 1,02 0,81 12 -7,1858 0,000011

Usiminas 1,29 1,26 -0,03 9 0,0987 0,923568

CST 0,77 0,58 -0,19 6 0,4747 0,651816

Gerdau 0,64 1,16 0,52 26 -4,1796 0,000292

Cosipa 1,53 2,30 0,77 14 -1,4972 0,156536

CSN 2,72 2,68 -0,04 5 0,0210 0,984057

Embraer 5,04 2,71 -2,33 9 1,6896 0,125374

Telesp 0,28* 0,28 - 5 0,2091 0,842641

Embratel 0,28* 0,94 0,66 17 -7,8504 0,0000005

Telesp Cel. 0,28* 1,57 1,29 1 -3,5636 0,174168

Tele Sudeste Cel. 0,28* 0,54 0,26 9 -4,0870 0,002729

Telemig Cel. 0,28* 1,19 0,91 11 -6,9359 0,000025

Tele Nordeste Cel. 0,28* 0,71 0,43 5 -3,9882 0,010445

Tele Leste Cel. 0,28* 1,40 1,12 7 -4,5530 0,002627

Tele Centroeste Cel. 0,28* 0,62 0,34 8 -3,3054 0,010771

Tele Nort Cel. 0,28* 1,70 1,42 13 -4,3239 0,000826

Fonte: Elaborado pelo autor. * Foi utilizado o mesmo índice do sistema Telebrás.

Observa-se que na tabela 01, há diferença estatisticamente significativa à 1% em nove

observações e à 5% em quatro, isso significa que 65% das amostras são significativamente

diferentes e, deste grupo, todas as empresas obtiveram variação positiva. Assim, as empresas

privatizadas apresentam aumento do endividamento. Isso sugere que quando em poder da

iniciativa privada, possuem maior fator de risco, pois dependem mais do capital de terceiros.

Logo, têm menor liberdade financeira e são mais vulneráveis a volatilidades do mercado.

A tabela 02 abaixo apresenta a situação das empresas quanto ao índice de composição

do endividamento. Esse índice demonstra a proporção das dívidas no curto prazo em relação às

obrigações totais. Trata-se de um indicador de risco, pois comumente a empresa tem maior

dificuldade de gerar recursos de curto prazo para honrar suas dívidas (MATARAZZO, 2010).

Para Fernandes et al. (2014), é importante que a empresa mantenha esse índice baixo, assim ela

precisa de menos recursos de curto prazo e tem mais tempo para pagar suas dívidas. Tabela 02: Composição do endividamento (continua)

�̅� pré-

privatização

�̅� pós-

privatização

∆ das

Média Gl t-Student

P (T <= t)

bi-caudal

Escelsa 0,51 0,39 -0,12 9 2,7208 0,023577

Fosfertil 0,68 0,55 -0,13 2 0,6713 0,571168

Vale 0,38 0,31 -0,07 27 1,9537 0,061170

Petroflex 0,68 0,55 -0,13 1 1,0264 0,491717

PQU 0,68 0,54 -0,14 2 1,2415 0,340268

Usiminas 0,55 0,42 -0,13 7 3,0412 0,018814

CST 0,42 0,47 0,05 16 -1,3069 0,209714

Gerdau 0,47 0,37 -0,10 13 2,5552 0,023957

Cosipa 0,59 0,40 -0,19 13 3,5456 0,003586

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Tabela 02: Composição do endividamento (final)

�̅� pré-

privatização

�̅� pós-

privatização

∆ das

Média Gl t-Student

P (T <= t)

bi-caudal

CSN 0,62 0,34 -0,28 9 4,5150 0,001457

Embraer 0,73 0,58 -0,15 11 2,3877 0,036010

Telesp 0,59* 0,75 0,16 7 -3,4999 0,009995

Embratel 0,59* 0,56 -0,03 23 0,6196 0,541638

Telesp Cel. 0,59* 0,58 -0,01 2 0,2315 0,838469

Tele Sudeste Cel. 0,59* 0,81 0,22 16 -4,0370 0,000955

Telemig Cel. 0,59* 0,61 0,02 17 -0,2304 0,820536

Tele Nordeste Cel. 0,59* 0,69 0,10 6 -0,9392 0,383893

Tele Leste Cel. 0,59* 0,56 -0,03 17 0,5170 0,611807

Tele Centroeste Cel. 0,59* 0,77 0,18 18 -3,5191 0,002451

Tele Nort Cel. 0,59* 0,59 - 24 -0,0235 0,981443

Fonte: Elaborado pelo autor. * Foi utilizado o mesmo índice do sistema Telebrás.

Observa-se que na tabela 02, há diferença estatisticamente significativa à 1% em cinco

observações e à 5% em quatro, isso significa que 45% das amostras são significativamente

diferentes e, deste grupo, 67% reduziram esse índice e 33% aumentaram. Desta forma, as

empresas privatizadas apresentam diminuição do endividamento a curto prazo, representando,

por assim dizer, que as empresas no período após a privatização, dispõe de mais recursos de

curto prazo para honrar essas dívidas e que suas dívidas estão mais concentradas no longo prazo.

Na tabela 03 adiante é apresentada a situação das empresas quanto ao índice de liquidez

corrente. Esse índice indica a quantidade de recursos que a empresa possui em seus ativos

circulantes em contrapartida aos seus passivos circulantes (ASSAF NETO, 2012). Para um fator

positivo nesse índice (maior que 1), significa dizer que a empresa analisada possui uma margem

de segurança de recursos financeiros de curto prazo e que pode aumentar seu grau de liberdade

no que diz respeito as decisões financeiras. Podendo pagar suas dívidas de curto prazo, adiantar

obrigações de longo prazo, realizar novos investimento ou criar reservas. Em casos de fatores

negativos (menor que 1), significará que a empresa, no período analisado, criou uma situação

de dependência de recursos de longo prazo por sua capacidade de gerar recursos de curto prazo

estar insuficiente (MATARAZZO, 2010). Tabela 03: Liquidez corrente

�̅� pré-

privatização

�̅� pós-

privatização

∆ das

Média Gl t-Student

P (T <= t) bi-

caudal

Escelsa 1,07 1,19 0,12 3 -0,5063 0,647516

Fosfertil 0,76 1,43 0,67 18 -13,4979 0,0000000001

Vale 1,28 1,64 0,36 20 -2,5126 0,020670

Petroflex 1,46 1,10 -0,36 1 1,3142 0,414099

PQU 0,65 0,76 0,11 4 -0,6986 0,523300

Usiminas 1,03 1,66 0,63 18 -2,8413 0,010833

CST 1,13 1,08 -0,05 8 0,2061 0,841897

Gerdau 1,12 1,98 0,86 25 -5,5170 0,000010

Cosipa 0,42 0,73 0,31 15 -2,7897 0,013744

CSN 0,80 1,90 1,10 13 -3,9053 0,001808

Embraer 0,86 1,57 0,71 27 -5,6439 0,000005

Telesp 0,81* 0,84 0,03 5 -0,1593 0,879651

Embratel 0,81* 0,88 0,07 13 -0,4428 0,665190

Telesp Cel. 0,81* 0,50 -0,31 12 2,1415 0,053447

Tele Sudeste Cel. 0,81* 1,31 0,50 18 -2,9270 0,009004

Telemig Cel. 0,81* 1,37 0,56 21 -2,9908 0,006967

Tele Nordeste Cel. 0,81* 1,43 0,62 10 -2,6322 0,025066

Tele Leste Cel. 0,81* 0,90 0,09 16 -0,5810 0,569345

Tele Centroeste Cel. 0,81* 1,79 0,98 15 -4,3923 0,000525

Tele Nort Cel. 0,81* 1,14 0,33 24 -1,6534 0,111278

Fonte: Elaborado pelo autor. * Foi utilizado o mesmo índice do sistema Telebrás.

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Observa-se que na tabela 03, há diferença estatisticamente significativa à 1% em sete

observações e à 5% em quatro, isso significa que 55% das amostras são significativamente

diferentes e, deste grupo, todas aumentaram esse índice. Deste modo, as empresas que deixaram

de ser controladas pelo governo apresentam alto grau de ativos circulantes em relação aos

passivos circulantes. Desse modo, possuem boa margem de segurança em seus recursos

financeiros de curto prazo e podem aumentar seu grau de liberdade no que diz respeito as

decisões financeiras.

. A tabela 04 a seguir é apresentada a situação das empresas quanto ao índice de liquidez

seca. Esse índice determina a capacidade de pagamento das dívidas de curto prazo com as

contas do disponível e valores a receber (ASSAF NETO, 2012). Caso a liquidez corrente esteja

em ótima situação e a seca não, pode-se concluir que o nível dos estoques da empresa estão

altos e ela está sendo mal gerida nesse quesito. Também há a possibilidade de uma boa gestão

dos estoques ou baixo nível de estoques no período avaliado quando ocorrer o contrário, ou

seja, liquidez corrente baixa e liquidez seca alta (MATARAZZO, 2010). Tabela 04: Liquidez seca

�̅� pré-

privatização

�̅� pós-

privatização

∆ das

Média gl t-Student

P (T <= t)

bi-caudal

Escelsa 0,29 0,18 -0,11 3 0,9351 0,418696

Fosfertil 0,54 1,12 0,58 12 -7,0532 0,000013

Vale 0,69 0,71 0,02 23 -0,2211 0,827001

Petroflex 1,05 0,71 -0,34 1 0,9495 0,516478

PQU 0,30 0,32 0,02 3 -0,2224 0,838255

Usiminas 0,58 1,01 0,43 14 -2,9017 0,011603

CST 0,71 0,73 0,02 9 -0,1044 0,919113

Gerdau 0,47 1,25 0,78 27 -5,8987 0,000003

Cosipa 0,25 0,45 0,20 15 -2,4619 0,026417

CSN 0,55 0,59 0,04 9 -0,2986 0,772025

Embraer 0,59 1,04 0,45 27 -4,7313 0,000063

Telesp 0,29* 0,20 -0,09 2 0,4154 0,718191

Embratel 0,29* 0,18 -0,11 14 0,9054 0,380597

Telesp Cel. 0,29* 0,08 -0,21 8 1,6356 0,140553

Tele Sudeste Cel. 0,29* 0,38 0,09 16 -0,7365 0,472112

Telemig Cel. 0,29* 0,87 0,58 21 -3,6688 0,001430

Tele Nordeste Cel. 0,29* 0,59 0,30 11 -1,6747 0,122158

Tele Leste Cel. 0,29* 0,31 0,02 16 -0,1927 0,849607

Tele Centroeste Cel. 0,29* 1,00 0,71 15 -4,0648 0,001016

Tele Nort Cel. 0,29* 0,39 0,10 22 -0,7020 0,490035

Fonte: Elaborado pelo autor. * Foi utilizado o mesmo índice do sistema Telebrás.

Observa-se que na tabela 04, há diferença estatisticamente significativa à 1% em cinco

observações e à 5% em duas, isso significa que 35% das amostras são significativamente

diferentes e, deste grupo, todas as empresas obtiveram variação positiva. Posto isto, as empresas

vendidas apresentaram aumento da capacidade de pagamento das dívidas de curto prazo com

as contas do disponível, demonstrando que essas empresas melhoraram sua eficiência gerencial

por reduzirem seus estoques, quando em poder da iniciativa privada.

A tabela 05 adiante apresenta a situação das empresas quanto a margem líquida. Esse

índice representa o quanto a empresa obtém de lucro em suas vendas (MATARAZZO, 2010).

Como indica Assaf Neto (2012), a margem líquida representa os resultados da gestão quanto as

taxas, prazos, receitas e despesas. Os resultados apresentados por este índice possibilitam a

administração reestudar os custos, despesas e os preços aplicados, de modo a adequar esse

resultado a uma situação favorável (FERNANDES et al., 2014).

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Tabela 05: Margem líquida

�̅� pré-

privatização

�̅� pós-

privatização

∆ das

Média gl t-Student

P (T <= t)

bi-caudal

Escelsa -0,15 0,12 0,27 2 -1,8432 0,206627

Fosfertil -0,06 0,13 0,19 2 -3,5286 0,071775

Vale 0,13 0,22 0,09 26 -2,8097 0,009293

Petroflex -0,03 - 0,03 1 -0,7751 0,580246

PQU - 0,04 0,04 13 -2,8352 0,014049

Usiminas 0,14 0,12 -0,02 5 0,4054 0,701979

CST -0,21 0,10 0,31 7 -2,1985 0,063874

Gerdau 0,03 0,08 0,05 12 -3,3329 0,005966

Cosipa -0,35 -0,05 0,30 9 -2,3149 0,045867

CSN -0,19 0,15 0,34 5 -2,2847 0,071118

Embraer -0,42 0,01 0,43 10 -2,5299 0,029874

Telesp 0,15* 0,14 -0,01 12 0,3558 0,728148

Embratel 0,15* 0,03 -0,12 17 4,0380 0,000854

Telesp Cel. 0,15* 0,16 0,01 1 -0,0173 0,988987

Tele Sudeste Cel. 0,15* 0,08 -0,07 17 2,2671 0,036717

Telemig Cel. 0,15* 0,11 -0,04 19 1,2521 0,225726

Tele Nordeste Cel. 0,15* 0,11 -0,04 11 0,9114 0,381609

Tele Leste Cel. 0,15* -0,05 -0,20 12 3,8460 0,002327

Tele Centroeste Cel. 0,15* 0,20 0,05 17 -1,4001 0,179483

Tele Nort Cel. 0,15* 0,04 -0,11 24 2,9699 0,006666

Fonte: Elaborado pelo autor. * Foi utilizado o mesmo índice do sistema Telebrás.

Observa-se que na tabela 05, há diferença estatisticamente significativa à 1% em cinco

observações e à 5% em quatro, isso significa que 45% das amostras são significativamente

diferentes e, deste grupo, 56% aumentaram esse índice e 44% reduziram. Então, as empresas

em posse da iniciativa privada aumentaram seus lucros proporcionalmente em suas vendas,

melhorando seu nível de gestão, possivelmente quanto as taxas, prazos, receitas e despesas.

A tabela 06 abaixo apresenta a situação das empresas quanto a rentabilidade do ativo.

Também chamada de rentabilidade da empresa ou return on investment (ROI), cuja tradução é

retorno sobre investimento (MARION, 2002), descreve o quanto a empresa obtém de lucro a

cada R$ 1 de seu investimento total. Este índice define a capacidade da empresa de poder

capitalizar-se e o ritmo de crescimento da empresa (MATARAZZO, 2010). Em adição, esse

índice representa a eficiência no que diz respeito a qualidade do gerenciamento dos ativos e

seus efeitos sobre a lucratividade (ASSAF NETO 2012). Além disso, esse índice mede a

eficácia geral, pois representa os lucros que a empresa consegue gerar com os ativos disponíveis

(GITMAN, 2004, p. 55, APUD FERNANDES et al, 2014). Tabela 06: Rentabilidade do ativo (continua)

�̅� pré-

privatização

�̅� pós-

privatização

∆ das

Média gl t-Student

P (T <= t)

bi-caudal

Escelsa -0,04 0,06 0,10 2 -2,2926 0,148902

Fosfertil -0,02 0,10 0,12 5 -4,9508 0,004282

Vale 0,04 0,10 0,06 24 -3,6904 0,001148

Petroflex -0,01 0,02 0,03 2 -1,0152 0,416846

PQU - 0,06 0,06 12 -4,4254 0,000828

Usiminas 0,09 0,06 -0,03 5 0,6532 0,542443

CST -0,02 0,03 0,05 14 -2,4466 0,028226

Gerdau 0,02 0,06 0,04 18 -3,2547 0,004400

Cosipa -0,08 -0,01 0,07 12 -2,0369 0,064339

CSN -0,07 0,05 0,12 6 -2,4856 0,047441

Embraer -0,10 0,03 0,13 12 -2,7866 0,016449

Telesp 0,04* 0,04 - 12 -0,1781 0,861642

Embratel 0,04* 0,02 -0,02 26 2,0613 0,049401

Telesp Cel. 0,04* 0,09 0,05 1 -0,8605 0,547643

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Tabela 06: Rentabilidade do ativo (final)

�̅� pré-

privatização

�̅� pós-

privatização

∆ das

Média gl t-Student

P (T <= t)

bi-caudal

Tele Sudeste Cel. 0,04* 0,05 0,01 12 -0,9379 0,366781

Telemig Cel. 0,04* 0,08 0,04 15 -2,3760 0,031253

Tele Nordeste Cel. 0,04* 0,08 0,04 6 -1,3804 0,216692

Tele Leste Cel. 0,04* -0,03 -0,07 8 2,6192 0,030689

Tele Centroeste Cel. 0,04* 0,12 0,08 11 -4,8267 0,000530

Tele Nort Cel. 0,04* 0,02 -0,02 17 1,1286 0,274737

Fonte: Elaborado pelo autor. * Foi utilizado o mesmo índice do sistema Telebrás.

Observa-se que na tabela 06, há diferença estatisticamente significativa à 1% em cinco

observações e à 5% em seis, isso significa que 55% das amostras são significativamente

diferentes e deste grupo, 82% aumentaram esse índice e 18% reduziram. Assim sendo, quando

essas empresas não estavam sob o controle do Governo, seu retorno sobre o investimento

aumentou, elevando seu poder de capitalizar-se e aumentando seu ritmo de crescimento.

A tabela 07 abaixo apresenta a situação das empresas quanto a rentabilidade do

patrimônio líquido. Também conhecida como rentabilidade do empresário, ou return on equity

(ROE), cuja tradução é retorno sobre o patrimônio (MARION, 2002), define o lucro que a

empresa teve a cada R$ 1 investido de capital próprio. Esse índice fornece um indicativo da

consequência da eficiência operacional, do leverage (alavancagem) e do planejamento eficiente

do negócio (ASSAF NETO, 2012). Este índice pode ser comparado com outros rendimentos

alternativos no mercado, como a poupança, CDB, letras de câmbio, ações, alugueis, entre

outros, no intuito de saber se, dado os riscos avaliados por outros índices apresentados, a

rentabilidade apresentada pela empresa analisada é ou não atrativa para acionistas, debenturistas

e outros investidores (MATARAZZO, 2010). Tabela 07: Rentabilidade do patrimônio líquido

�̅� pré-

privatização

�̅� pós-

privatização

∆ das

Média gl t-Student

P (T <= t)

bi-caudal

Escelsa -0,08 0,20 0,28 4 -3,8408 0,018446

Fosfertil -0,03 0,25 0,28 5 -4,4769 0,006537

Vale 0,11 0,22 0,11 27 -2,5435 0,017013

Petroflex -0,03 0,08 0,11 3 -1,4817 0,235034

PQU - 0,13 0,13 12 -4,3001 0,001032

Usiminas 0,39 0,16 -0,23 4 1,1944 0,298297

CST -0,07 0,06 0,13 12 -2,6532 0,021055

Gerdau 0,06 0,15 0,09 18 -2,5834 0,018741

Cosipa -0,26 -0,01 0,25 14 -2,0434 0,060303

CSN -1,16 0,20 1,36 5 -1,4059 0,218738

Embraer -1,19 0,09 1,28 9 -2,3611 0,042528

Telesp 0,08* 0,08 - 2 -0,0293 0,979293

Embratel 0,08* 0,03 -0,05 26 2,0408 0,051550

Telesp Cel. 0,08* 0,35 0,27 1 -1,0815 0,475072

Tele Sudeste Cel. 0,08* 0,10 0,02 11 -0,5651 0,583336

Telemig Cel. 0,08* 0,18 0,10 16 -2,7404 0,014517

Tele Nordeste Cel. 0,08* 0,16 0,08 6 -1,1952 0,277093

Tele Leste Cel. 0,08* -0,06 -0,14 8 1,9308 0,089616

Tele Centroeste Cel. 0,08* 0,23 0,15 10 -3,7111 0,004034

Tele Nort Cel. 0,08* 0,04 -0,04 16 0,8323 0,417510

Fonte: Elaborado pelo autor. * Foi utilizado o mesmo índice do sistema Telebrás.

Observa-se que na tabela 07, há diferença estatisticamente significativa à 1% em três

observações e à 5% em seis, isso significa que 45% das amostras são significativamente

diferentes e, deste grupo, todas aumentaram esse índice. Logo, a rentabilidade dos acionistas

dessas empresas aumentou no período pós-privatização, elevando sua eficiência operacional,

leverage (alavancagem) e representando melhoria no planejamento eficiente do negócio.

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5 CONCLUSÃO

Este trabalho tem por objetivo avaliar o desempenho econômico-financeiro das ex-

estatais após sua privatização. Através dos resultados apresentados, foi possível apresentar um

parecer a respeito desta questão.

Das empresas cujas amostras são significativamente diferentes, quando em posse da

iniciativa privada, o resultado indica que elas se tornaram mais endividadas. Isso não é

necessariamente algo ruim, pois em contra partida, em sua maioria, essas empresas apresentam

melhora nos demais índices aplicados nesta pesquisa. Pode-se então afirmar que a gestão do

governo é mais conservadora, visto que o endividamento é menor, mas em compensação o

crescimento é menor. Essas empresas assumem maiores riscos e tornam-se mais vulneráveis as

possíveis oscilações dos mercados, pois dependem muito mais do capital de terceiros.

Porém, como os resultados indicam que as empresas privatizadas reduziram seu

endividamento no curto prazo no período pós-privatização, o risco de não possuírem ativos de

rápida circulação para honrar suas dívidas é diminuído. Em contrapartida, por essas empresas

terem aumentado seu endividamento geral e reduzido seu endividamento de curto prazo,

implica em dizer que suas dívidas no longo prazo aumentaram, o que mostra diferença nos

resultados deste trabalho com os de Anuatti Neto et al (2005), em que seus resultados

detectaram redução do endividamento de longo prazo.

Quanto a capacidade de pagamento das dívidas no curto, das amostras em que há

diferença estatisticamente significativa, as ex-estatais que deixaram de ser controladas pelo

Governo apresentam aumento no grau de ativos circulantes em relação aos passivos circulantes.

Sendo assim, possuem maior margem de segurança em seus recursos financeiros de curto prazo

e apresentam maior grau de liberdade no que diz respeito as decisões financeiras. O resultado

também indica que as empresas melhoraram sua eficiência gerencial por reduzirem seus

estoques, mas ainda e cedo para tal afirmação, visto que apenas 35% das amostras são

significativamente diferentes e estudos posteriores com maior número de períodos podem gerar

maior grau de comparação.

Ainda não é possível afirmar com grande certeza se houve melhoria na margem líquida

das ex-estatais após a privatização, visto que apenas 45% das amostras são significativamente

diferentes, em que 56% aumentaram esse índice e 44% reduziram. O resultado indica que as

empresas em posse da iniciativa privada aumentaram seus lucros proporcionalmente em suas

vendas, melhorando seu desempenho econômico financeiro, mas, assim como a análise da

liquidez seca, o ideal é que hajam estudos posteriores a fim de averiguar tais dados.

Por fim, as ex-estatais quando em posse da iniciativa privada, aumentaram sua eficiência

em converter seus investimentos em lucro, elevando seu poder de capitalizar-se e seu nível de

crescimento e tornando-se mais atrativas ao mercado, devido ao aumento da rentabilidade dos

acionistas, à elevação da eficiência operacional e alavancagem e melhoria no planejamento

eficiente do negócio.

Uma das limitações da pesquisa foi a utilização do Economática® como única fonte de

dados. Isto ocorreu porque este trabalho tinha por objetivo averiguar a evolução dos índices

econômico-financeiros antes e depois das privatizações, e esta base disponibiliza dados desde

1986. Foram analisadas 30% das empresas no âmbito federal. Muitas dessas empresas eram

sociedade anônima aberta e fecharam seu capital com o passar dos anos. Logo, além do número

limitado de empresas analisadas, as empresas não tiveram todos os seus anos averiguados. Não

foi possível analisar empresas cujo capital foi fechado devido à dificuldade de acesso aos dados

e por elas não serem obrigadas a contratar auditoria independente, o que comprometeria o grau

de confiabilidade das informações disponíveis por essas empresas.

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Outra limitação é o fato de o trabalho não comparar o desempenho das empresas

privatizadas com as outras empresas. A mudança que ocorreu com elas pode ser reflexo de

mudanças na economia como um todo, mas isso não foi objeto de estudo no trabalho.

Nesta pesquisa não foi incluída a análise de índices de prazo médios, para não misturar

com a análise de índices econômico-financeiros como recomenda Matarazzo (2010). Estes

índices avaliam o desempenho operacional e financeiro da empresa. Nessa linha, pesquisas

futuras podem usar esses índices para avaliar o desempenho por esse aspecto das ex-estatais

antes e depois da privatização.

Como sugestão para pesquisas futuras, no que diz respeito a distribuição dos recursos

das ex-estatais para os diferentes agentes da sociedade, uma análise horizontal e vertical,

corrigida pelos métodos contábeis de ajuste inflacionário, nas demonstrações do valor

adicionado (DVA), poderiam detectar a evolução dessa distribuição e gerar conclusões a

respeito de como essas empresas distribuem sua riqueza gerada. Infelizmente, esses

demonstrativos não estão disponíveis no período anterior a privatização, assim, não sendo

possível uma comparação entre estas duas amostras, como separadas neste trabalho. Mas ainda

assim, podem ser usadas para se averiguar a evolução dessa distribuição com os dados

disponíveis.

Outra sugestão é a análise quanto ao valor das empresas. Confrontando a evolução de

seus valores antes, no ano da privatização e no período após a privatização. Confrontado

também seus valores avaliados através de seus demonstrativos contábeis contra o valor da

venda, gerando conclusões quanto aos benefícios ou malefícios aos cofres públicos.

Sugere-se também a realização de um pesquisa com o indicador Ebitda, pois esse

indicador é amplamente utilizado pelo mercado. Apesar de Matarazzo (2010) não recomendar

a utilização do Ebitda, devido esse indicador não considerar receitas e despesas não

operacionais, não mensurar a necessidade de reinvestimentos dos ativos e ignorar as variações

de capital de giro, Assaf Neto (2012) interpreta o Ebitda como a genuína capacidade

operacional de geração de caixa de uma empresa.

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