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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO AMANDA MUSSATO AMORIM DESENVOLVIMENTO DE UMA FERRAMENTA DE GESTÃO VISUAL PARA CONTROLE DE PRODUTIVIDADE DE OBRAS: ESTUDO DE CASO NITERÓI RJ 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

ESCOLA DE ENGENHARIA

GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

AMANDA MUSSATO AMORIM

DESENVOLVIMENTO DE UMA FERRAMENTA DE GESTÃO VISUAL

PARA CONTROLE DE PRODUTIVIDADE DE OBRAS: ESTUDO DE

CASO

NITERÓI – RJ

2016

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AMANDA MUSSATO AMORIM

DESENVOLVIMENTO DE UMA FERRAMENTA DE GESTÃO VISUAL

PARA CONTROLE DE PRODUTIVIDADE DE OBRAS: ESTUDO DE

CASO

Orientador: PROF. JOSÉ RODRIGUES DE FARIAS FILHO

NITERÓI – RJ

2016

Projeto Final apresentado ao curso de

Graduação em Engenharia de Produção da

Universidade Federal Fluminense, como

requisito parcial para a aquisição do Grau

de Engenheiro de Produção.

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AMANDA MUSSATO AMORIM

DESENVOLVIMENTO DE UMA FERRAMENTA DE GESTÃO VISUAL

PARA CONTROLE DE PRODUTIVIDADE DE OBRAS: ESTUDO DE

CASO

Aprovada em:

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________

Professor José Rodrigues de Farias Filho – Orientador

_____________________________________________

Professor Helder Gomes Costa

_____________________________________________

Professor Huamanchumo Gutierrez

NITERÓI – RJ

2016

Projeto Final apresentado ao curso de

Graduação em Engenharia de Produção da

Universidade Federal Fluminense, como

requisito parcial para a aquisição do Grau

de Engenheiro de Produção.

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RESUMO

O objetivo deste projeto final é discutir o processo de formulação de um sistema de

gerenciamento visual, por meio de quadros de controle, no contexto de obras de tubulações e

suportes, como uma forma para alcançar um dos princípios da construção enxuta: a

transparência. A pesquisa foi estruturada em cinco etapas, seguindo o modelo do Design

Thinking a fim de gerar e evoluir ideias centrais, o DIIEE (Descoberta, Interpretação, Ideação,

Exploração, Evolução). A primeira etapa, de descoberta, consiste em uma pesquisa

exploratória, uma busca de ideias e práticas de melhoria da produtividade, bem como

demandas do setor; a segunda etapa destina-se à concepção de um painel teórico de gestão

visual; a terceira etapa consiste na realização de protótipos a serem usados em campo; a

quarta etapa foi o teste dos protótipos e a identificação de oportunidades de melhorias; na

quinta etapa, por fim, chegou-se a uma versão final do painel, criando um modelo. O painel

foi dividido em quatro espaços: Planejamento; Indicadores; Equipe; e QSMS. Na composição

desses espaços, estão presentes diversas práticas enxutas. Assim, este trabalho apresenta um

grande avanço na utilização de práticas Lean e gestão visual para a indústria da construção e

para obras de tubulações e suportes, com o propósito de reduzir e/ou eliminar desperdícios.

Palavras-chave: Gerenciamento Visual, Construção Enxuta, Painel de Controle.

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ABSTRACT

The aim of this academic paper is to discuss the process of formulating a visual management

system, through dashboards in the context of works of pipes and supports, as a way to achieve

the principles of lean construction: transparency. The research was structured into five

stages, following the structured approach to generate and evolve the Design Thinking ideas,

DIIEE (Discovery, Interpretation, Ideation, Exploration, Evolution). The first stage,

discovery, consists of an exploratory research, a search of ideas and productivity

improvement practices and demands of the sector; the second step is intended to design a

theoretical panel visual management; the third step is the development of prototypes to be

used in the field; fourth step was the testing of prototypes and to identify opportunities for

improvement; in the fifth stage, finally, it reached a final version of the panel, creating a

model. The panel was divided into four areas: Planning; Indicators; Team; and QHSE. On

the composition of the’se spaces are several lean practices. So, this work presents a

breakthrough in the use of Lean and visual management practices for the construction

industry and works of pipes and supports, in order to reduce and / or eliminate waste.

Keywords: Visual Management, Lean Construction, Dashboard.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 8

1.1 O PROBLEMA DA PESQUISA ................................................................................. 8

1.2 FORMULAÇÃO DA SITUAÇÃO PROBLEMA ....................................................... 9

1.3 OBJETIVO ................................................................................................................ 10

1.4 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO ................................................................................ 10

1.5 ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO ............................................................................... 11

2 REVISÃO DA LITERATURA ........................................................................................ 12

2.1 PRODUÇÃO ENXUTA ............................................................................................ 12

2.1.1 Os sete desperdícios ........................................................................................... 12

2.1.2 Os princípios da Produção Enxuta...................................................................... 13

2.1.3 Lean Construction .............................................................................................. 14

2.2 GESTÃO VISUAL .................................................................................................... 15

2.3 PRÁTICAS ENXUTAS RELACIONADAS À GESTÃO VISUAL ........................ 18

2.3.1 5S ........................................................................................................................ 18

2.3.2 A3 ....................................................................................................................... 19

2.3.3 Andon .................................................................................................................. 21

2.3.4 Painel de Controle (Dashboard) ......................................................................... 21

2.3.5 Scrum .................................................................................................................. 22

2.3.6 Quadro Kamishbai .............................................................................................. 23

2.3.7 Kanban ................................................................ Erro! Indicador não definido.

2.3.8 Last Planner System® (LPS) .............................................................................. 24

2.3.9 Nivelamento da Produção através do Heijunka .................................................. 25

2.3.10 Obeya .................................................................................................................. 25

2.3.11 Mapeamento de Fluxo de Valor (Value Stream Mapping - VSM) ..................... 25

2.4 CONCLUSÃO ........................................................................................................... 26

3 METODOLOGIA ............................................................................................................. 27

3.1 METODOLOGIA DE PESQUISA ........................................................................... 27

3.1.1 Descoberta .......................................................................................................... 28

3.1.2 Interpretação ....................................................................................................... 28

3.1.3 Ideação ................................................................................................................ 29

3.1.4 Experimentação .................................................................................................. 29

3.1.5 Evolução ............................................................................................................. 29

4 ESTUDO DE CASO ........................................................................................................ 30

4.1 O PROJETO DE PESQUISA .................................................................................... 30

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4.2 DESCOBERTA ......................................................................................................... 30

4.3 INTERPRETAÇÃO ................................................................................................... 31

4.4 IDEAÇÃO ................................................................................................................. 33

4.4.1 Primeira versão ................................................................................................... 34

4.3.2. Segunda versão ..................................................................................................... 36

4.5 EXPLORAÇÃO ......................................................................................................... 41

4.6 EVOLUÇÃO ............................................................................................................. 43

5. CONCLUSÃO .................................................................................................................. 51

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA .......................................................................................... 54

ANEXOS .................................................................................................................................. 57

ANEXO 1 – Cartão Tarefa (exemplo para etapa de acoplamento do Pipe Shop) ................ 57

Frente: ............................................................................................................................... 57

Verso: ............................................................................................................................... 58

ANEXO 2 – Cartão Peça (exemplo para Pipe Shop) ........................................................... 59

Frente: ............................................................................................................................... 59

Verso: ............................................................................................................................... 59

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LISTA DE ABREVIATURAS

CQ – Controle de Qualidade

DIIEE – Descoberta, Interpretação, Ideação, Exploração, Evolução

EPC – Equipamento de Proteção Coletiva

EPI – Equipamento de Proteção Individual

LPS – Last Planner System

PCP – Planejamento e Controle da Produção

QDIP – Quality, Delivery, Inventory, Productivity

QHSE – Quality, Health, Safety, Environment

QSMS – Qualidade, Segurança, Meio Ambiente e Saúde

VSM – Value Stream Mapping

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Lógica Scrum ........................................................................................................... 23

Figura 2 - Etapas do Design Thinking (Fonte: Design Thinking for Educators, versão em

português: Instituto Educadigital) ............................................................................................ 27

Figura 3 - Processo Mapeado de Tubulações e Suportes ......................................................... 32

Figura 4 - Estrutura do Painel ................................................................................................... 33

Figura 5 - Evolução dos protótipos .......................................................................................... 34

Figura 6 - Primeira Versão do Protótipo .................................................................................. 35

Figura 7 - Segunda versão do Painel de Planejamento ............................................................. 37

Figura 8 - Segunda versão do Painel de Indicadores ................................................................ 37

Figura 9 - Segunda versão do Painel de Equipe e QSMS ........................................................ 38

Figura 10 - Adaptação do QDIP ............................................................................................... 40

Figura 11 - Triângulo de Sinalização de Local de Trabalho .................................................... 43

Figura 12 - Terceira Versão do Protótipo do Painel de Planejamento ..................................... 44

Figura 13 - Terceira Versão do Protótipo do Painel de Indicadores ........................................ 45

Figura 14 - Terceira Versão do Protótipo do Painel de Equipe e QSMS ................................. 45

Figura 15 - Modelo Painel de Planejamento ............................................................................ 46

Figura 16 - Modelo Painel de Indicadores................................................................................ 46

Figura 17 - Modelo Painel de Equipe ....................................................................................... 47

Figura 18 - Modelo Painel de QSMS ....................................................................................... 47

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1. INTRODUÇÃO

1.1 O PROBLEMA DA PESQUISA

No livro A máquina que mudou o mundo, Womack et al. (2004) contam a história da

Manufatura lean ou produção enxuta. Para caracterizar o contexto, os autores relatam que a

produção em massa, liderada por Henry Ford e Alfred Sloan, surgiu no fim da década de 1900

e foi consolidada após a I Guerra Mundial. Com essa nova era nos sistemas industriais, foi

viabilizada a produção em massa, pois, de acordo com Paranhos Filho (2007), quanto maior a

produção menor seria o custo do produto final. Porém, para alcançar baixos custos, a

variabilidade do produto final deve ser mínima.

Após da II Guerra Mundial, surgiu o conceito de Manufatura lean, vindo da Toyota

japonesa e cunhado por Eiji Toyoda e Taiichi Ohno. Este conceito alçou o Japão ao destaque

da economia mundial e levou indústrias do mundo inteiro a se espelharem nessa nova

dinâmica (WOMACK et al., 2004).

Com a vinda desse novo modelo de produção, mudanças na realidade corporativa

trouxeram o desafio de desenvolver empresas dinâmicas, alinhadas às demandas de mercado e

capacitadas para reduzir ao máximo suas perdas produtivas. Em busca de melhores resultados,

organizações passaram a adotar princípios e práticas enxutas a fim de criar valor aos clientes

com custos mais baixos, melhorar processos com pessoas qualificadas, motivadas e proativas

(LEAN INSTITUTE BRASIL, 2011), além de tornar o conhecimento simples, acessível e

disponível. Essas mudanças não aconteceram somente no setor de manufatura, mas em outros

também, como o setor de construção. Uma prova disso é o crescente número de estudos sobre

Lean Construction, adequação da manufatura enxuta para o setor de construção.

Em uma empresa enxuta, o esforço de desenvolver uma estratégia vai muito além da

iniciativa de um líder; trata-se de uma persistência participativa e coordenada. Para haver

maior coordenação entre os colaboradores de uma empresa, entende-se que o gerenciamento

de informações deve ser estratégico o suficiente para que os envolvidos em processos

produtivos possam fazer uso do conhecimento exato, de forma estruturada e no momento em

que se fizer necessário (GREIF, 1991). Tal estruturação é concebida na manufatura enxuta

através dos princípios e práticas de um Sistema de Gerenciamento Visual, no qual

dispositivos visuais são intencionalmente projetados para interligar a necessidade de uma

atividade com as informações necessárias para sua realização (GALSWORTH, 1997).

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Na definição de Liff e Posey (2004), o Gerenciamento Visual é um sistema de gestão

que procura melhorar o desempenho organizacional através da conexão e do alinhamento da

visão, dos valores, dos objetivos e da cultura de uma empresa por meio de estímulos

sensoriais. Dentre as principais vantagens, constam a melhor exposição das informações

necessárias e a facilidade de assimilação dessas informações no ambiente de trabalho

(MESTRE et al., 2000). Esse sistema visual é composto por um grupo de dispositivos visuais,

que objetiva uma comunicação ativa através de controles que explicitem como determinadas

atividades devem ser executadas de maneira ágil e organizada, identificando se há alguma

inconsistência ou desvio no processo para evitar futuras perdas produtivas.

O Gerenciamento Visual, como apontou Tezel et al. (2009), é análogo a uma estrada.

As vias são designadas e separadas para cada mão, com marcações pintadas na estrada, que

inclusive dizem se o motorista pode ultrapassar naquela área ou não. Redutores de velocidade

são devidamente integrados e limitam a velocidade com sucesso. Sinalizadores de velocidade

são indicadores de feedback imediato para o motorista verificar se está dentro do limite

permitido. Placas sinalizam melhores práticas no trânsito, como “use o cinto de segurança”.

Policiais rodoviários são facilmente reconhecidos por seus uniformes, distintivos, e os postos

são sempre bem sinalizados, normalmente tendo que reduzir a velocidade para passar por eles.

Ou seja, uma estrada é visualmente estruturada, então ela é gerenciada por si mesma. Esse é o

papel da Gestão Visual no contexto da construção.

Desse modo, este trabalho apresenta a gestão visual com foco no setor de construção,

como uma ferramenta que informa o desempenho produtivo de uma forma clara para qualquer

funcionário de uma organização, construída através da análise de atividades críticas do setor,

da integração com a missão e estratégia da organização, e principalmente do diálogo

constante com os elementos envolvidos nos processos, dando completa noção do que está

acontecendo na área de trabalho.

1.2 FORMULAÇÃO DA SITUAÇÃO PROBLEMA

Sacks et al. (2009) afirmam que os projetos de construção envolvem vários fatores

interventores distintos que, em muitos casos, trabalham simultaneamente, resultando em

canteiros congestionados e consequentemente em improdutividade como tempo de espera,

retrabalho, movimentação e manuseio desnecessários de materiais, estoques de materiais e

espaços de trabalho não utilizados, etc. Com isso, um dos grandes desafios da construção é

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controlar seus processos para que eles ocorram conforme planejado e, caso algo saia do

programado, seja possível detectar os desvios com facilidade para assim poder realizar

alguma melhoria.

O contexto de construção está totalmente inserido em obras de tubulações e suportes,

setor foco desse trabalho. Os desvios de produtividade citados no parágrafo acima acarretam

aumento de custos refletindo-se na redução da lucratividade e rentabilidade dos Ativos e

aumento dos prazos, causando atrasos consideráveis na implementação de empreendimentos e

em sua respectiva transformação em Ativos. Constata-se que há uma ausência de sistemática

para controlar e registrar os desvios, bem como tratar de suas causas e medir os consequentes

prejuízos.

Os projetos dessas obras têm planejamentos muito grandes, é um desafio de

transformar em planejamentos semanais ou diários de forma articulada, de modo a facilitar a

gestão dos processos sem exigir alta tecnologia e permitir integração entre a equipe que

planeja, a que executa e a que controla.

1.3 OBJETIVO

O objetivo do presente trabalho é mostrar, em um estudo de caso, a discussão do

processo de formulação de um sistema de gerenciamento visual, por meio de quadros de

controle, no contexto de obras de tubulações e suportes em empreendimentos complexos no

setor de Óleo e Gás. Todo o processo é cunhado por conceitos da filosofia Lean. Desta forma,

uma saída para os problemas enfrentados no ambiente de construção é a implementação do

Lean Construction, e um pontapé inicial para incorporar essa filosofia pode ser um sistema de

gerenciamento visual, fazendo com que todos os envolvidos comecem a enxergar os

problemas, fornecendo feedback imediato do que acontece na área de trabalho, para assim

poder controlar os processos e consequentemente melhorá-los. Para o desenvolvimento do

sistema, serão feitos testes num canteiro de obras, a fim de adaptar a teoria à prática.

1.4 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO

Dado o contexto de crise econômica no país, com grande impacto no setor de Óleo e

Gás, a empresa em que foi testada a ferramenta estava com poucas atividades em andamento

no período de análise e teste piloto. Portanto foram analisadas apenas algumas etapas do

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processo produtivo, o que inviabilizou aplicar a proposta como o todo. Isso também

impossibilitou de realizar novos testes após modificações da ferramenta; desse modo, a

verificação da versão final foi feita apenas em reuniões com especialistas do setor, inclusive

com alguns funcionários da empresa em questão.

1.5 ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO

O projeto está organizado em cinco capítulos:

O primeiro de caráter introdutório, explicando a situação problema a ser estudada, as

delimitações do projeto e os objetivos do estudo;

O segundo oferece toda a fundamentação teórica do trabalho, dos assuntos envolvidos

e necessários para a proposição da ferramenta, trazendo ao leitor toda informação para

o entendimento do estudo;

O terceiro explica a metodologia utilizada pelo pesquisador para realizar o projeto;

O quarto descreve como foi desenvolvido o trabalho, mostrando toda a trajetória da

ferramenta, desde sua concepção até sua versão final;

Por fim, o quinto conclui o projeto, considerando fatores críticos e favoráveis do

trabalho.

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2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 PRODUÇÃO ENXUTA

Antes da II Guerra Mundial, os sistemas industriais, em sua maioria, se baseavam no

modelo fordista de produção, que pregava a produção em massa e a padronização da

produção, fazendo pouco uso da variabilidade de produtos. Após a segunda guerra mundial,

diante de problemas econômicos no setor automobilístico ante à crise do petróleo época,

surgiu uma nova maneira de gerenciar a produção sustentou os processos da Toyota com

êxito, o que despertou interesse de organizações não apenas no Japão, mas em diversos países

(DOMBROWSKI, MIELKE e ENGEL, 2012). Segundo Ferreira (2011), a Toyota na luta

para sobreviver à crise, identificou que precisa entregar produtos com variedade e qualidade,

além de produzir de forma enxuta, evitando qualquer desperdício ou processo que não

agregasse valor. Esse novo modo de gerenciar, que procurava fazer mais com menos, ficou

conhecido como Produção Enxuta.

Para Lonnie Wilson (2010), a produção enxuta é um conjunto abrangente de técnicas e

práticas que, usadas em sinergia, permite reduzir e eliminar os sete desperdícios.

2.1.1 Os sete desperdícios

Ohno (1997) identificou sete tipos de desperdícios que impactam um sistema

produtivo, sendo eles:

Superprodução;

Espera;

Transporte;

Processamento;

Produtos defeituosos;

Movimentação;

Estoque.

Liker e Meier (2007) explicam os desperdícios da seguinte maneira:

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Superprodução: produzir mais do que a demanda ou produzir mais cedo. Para Ohno,

esse é o desperdício fundamental, já que ele contribui com a maioria dos outros

desperdícios listados;

Espera (tempo à disposição): trabalhadores esperando por uma máquina, material ou

informação para realizar suas tarefas;

Transporte ou transferência desnecessários: movimentação durante a execução do

trabalho em processo de um local para outro. Pode ser também a movimentação de

materiais, peças ou produtos acabados;

Processamento desnecessário: utilizar etapas desnecessárias para a execução de uma

tarefa;

Estoque: matéria-prima em excesso, trabalho sendo transportado em processo ou

produtos acabados, causando maiores custos com prazos de entrega, obsolescência,

bens danificados, transporte e armazenagem;

Movimentação (deslocamentos desnecessários): qualquer movimento que não agrega

valor que os funcionários têm que fazer durante seu período de trabalho;

Defeito: produção de itens defeituosos que necessitam de reparo.

Os pesquisadores Bertelsen e Koskela (2004) argumentam que, além dos sete

desperdícios apresentados por Ohno, existe um oitavo que deveria ser adicionado a essa lista,

chamada de making-do, situação na qual uma tarefa é iniciada sem todos os recursos

necessários, ou ainda, quando a execução de uma tarefa continua apesar de pelo menos um

desses recursos não estar mais disponível.

2.1.2 Os princípios da Produção Enxuta

Segundo Womack e Jones (2004), a Produção Enxuta tem cinco princípios, que são:

Determinar valor: como o valor é definido pelo cliente, o pensamento enxuto deve

definir com muito cuidado o valor de forma distinta em termos de produtos, preços e

tempo de entrega;

Definir cadeia de valor: expressa o pleno conhecimento da cadeia produtiva, desde a

matéria-prima até a entrega do produto final ao cliente. Através de sua análise, deve-se

separar a cadeia produtiva e os processos em três tipos: aqueles que geram valor,

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aqueles que não geram valor, mas são inevitáveis, e os que não agregam valor e

podem ser evitados;

Trabalho em fluxo: após especificar o valor e mapear valores na cadeia produtiva, as

etapas que não agregam valor devem ser eliminadas. Em seguida, deve-se fazer com

que as etapas restantes que criam valor fluam. Para que isso ocorra, é necessário fazer

uma redefinição do trabalho entre departamentos, permitindo que diferentes elementos

do sistema interajam. O importante é fazer o valor fluir, focando no objetivo de criar

valor e abordar as necessidades reais dos funcionários em cada ponto da cadeia;

Produção puxada: a empresa deve permitir que o cliente puxe o produto quando

necessário, ou seja, a demanda deve ser o gatilho da produção. Para que isso seja

viável, deve-se reduzir o tamanho dos lotes e simplificar a programação da produção,

dentre outras ações;

Perfeição: o intuito é melhorar constantemente os princípios anteriores, ou seja, a

melhoria contínua. Ela deve ser buscada em toda a cadeia produtiva.

2.1.3 Lean Construction

Koskela (1992) defende a adoção da produção enxuta pela construção, afirmando que,

tradicionalmente, a construção é vista e modelada simplesmente como uma série de atividades

de conversão, ou seja, que agregam valor, e que atividades como espera, estoque,

movimentação de materiais e inspeções não são, em geral, consideradas em modelos de

caminho crítico ou em outras ferramentas de controle. Apesar dos esforços despendidos pela

construção para melhorar sua competitividade por meio do aperfeiçoamento das atividades da

construção, Koskela (1992) afirma ainda que, conforme a experiência da manufatura mostra, é

possível realizar melhorias drásticas simplesmente identificando e eliminando atividades que

não agregam valor.

Segundo Khanzode et al. (2006), os pesquisadores de Lean Construction argumentam

em favor de uma mudança na visão tradicional de transformação na construção para uma

visão mais holística, que trata com igual importância os conceitos de transformação, fluxo e

valor. Alinhado a essa concepção, Koskela (2000) defende que a transformação na construção

acontece quando um conjunto de entradas é convertido em um conjunto de saídas, assim o

processo mantém essa transformação reunindo restrições que normalmente incluem custo,

cronograma, entre outras.

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Para auxiliar no controle dos processos, Koskela (1992) propôs onze princípios da

construção enxuta:

Reduzir a parcela de atividades que não agregam valor;

Aumentar o valor do produto através da consideração das necessidades dos clientes;

Reduzir variabilidade;

Reduzir o tempo de ciclo;

Simplificar atividades reduzindo o número de etapas ou partes;

Aumentar flexibilidade do produto;

Aumentar a transparência do processo;

Focar o controle no processo global;

Introduzir melhoria contínua ao processo;

Balancear as melhorias no fluxo com as melhorias das conversões;

Benchmark (Referências de ponta).

2.2 GESTÃO VISUAL

A abordagem enxuta prega que a gestão visual auxilia no controle dos prazos,

indicadores e não necessariamente precisa de software ou altos investimentos: ela pode ser

eficaz de maneira bem simples (DAL FORNO et al., 2014). Segundo Smadi (2009), tornar os

problemas visíveis é o primeiro passo para a melhoria contínua, pois só assim é possível

aumentar a produtividade e minimizar problemas similares no futuro.

Para Mello (1998), gestão à vista é o sistema de comunicação intuitivo, de fácil

entendimento e visualização das informações e/ou dados ali expostos. Greif (1991) descreve o

Gerenciamento Visual como uma orientação da produção através de controles visuais,

práticas de qualidade e organização do local de trabalho. Em suma, através de Ferramenta

Visual:

Um mecanismo, dispositivo ou aparelho que é intencionalmente projetado para

tornar as informações do local de trabalho vital para a tarefa disponível em um

relance - sem falar uma palavra. Sua finalidade é influenciar, direcionar, limitar,

garantir ou de outra forma afetar o comportamento humano em relação a um

processo de execução específica ou resultado. (GALSWORTH, 1997, p. 309).

Logo, essa ferramenta estabelece uma comunicação visual, ou, como define Hall

(1987), uma comunicação “sem palavras, sem voz”, não excluindo nenhum tipo, compondo

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um verdadeiro mapa das condições da empresa para que todos possam ler sinais físicos. Desta

forma, a proposta de visibilidade que a Gestão Visual oferece é o efetivo e imediato feedback,

cujo objetivo é oferecer informações acessíveis e simples, capazes de facilitar o trabalho

diário e o controle do mesmo. Esse modo de gestão busca aumentar o conhecimento de

informações para o maior número de pessoas possível, assim como reforçar a autonomia dos

funcionários, no sentido de enriquecer os relacionamentos ao tornar o compartilhamento das

informações parte da cultura da empresa.

No contexto empresarial, Gerenciamento Visual é um sistema de gestão que procura

melhorar o desempenho organizacional através da junção e alinhamento da visão da empresa,

dos valores, das metas e da cultura com sistemas de gestão, processos de trabalho, elementos

do local de trabalho, e stakeholders, por meio de estímulos, que esteja diretamente ligado a

um ou mais dos cinco sentidos humanos (visão, audição, olfato, paladar, tato) (Liff e Posey,

2004).

O estudo de Saurin et al. (2010) mostra, através de resultados de questionários

aplicados a diversos profissionais, que dentre as práticas enxutas o gerenciamento visual é a

segunda mais utilizada.. Ainda nesse estudo, os pesquisadores ressaltam essa importância

apontando para a facilidade de sua implementação, bem difundida há tempos por meio de

programas de 5S.

Segundo Koskela (1992) os dispositivos visuais são uma das formas mais conhecidas e

simples de implantar a transparência (um dos princípios da construção enxuta) em processos e

operações nas empresas.

Tezel et al. (2009) realizou uma revisão para identificar as funções do Gerenciamento

Visual, que estão ilustrados na Tabela 1:

Função Definição Prática Alternativa

Transparência A habilidade do processo de

produção (ou as partes) de

comunicar com as pessoas

(Formoso et al1., 2002 apud

Tezel et al., 2009).

Informações mantidas na

mente das pessoas e nas

prateleiras.

Disciplina Criar um hábito de manter

adequadamente os

Aviso, repreensão,

advertência, infligir punições,

1 Formoso, C T, Santos, A d & Powell, J (2002), 'An Exploratory Study on the Applicability of Process

Transparency in Construction Sites', Journal of Construction Research, 3(1), pp. 35-54.

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procedimentos corretos

(Hirano2, 1995 apud Tezel et

al., 2009).

demissões e etc.

Melhoria Contínua Um processo para a

organização da inovação

incremental focada e

sustentada. (Bessant e

Francis3, 1999 apud Tezel et

al., 2009).

Organizações estáticas ou

grandes saltos de melhoria

através de um investimento

considerável.

Facilitação do Trabalho Tentativa consciente para

aliviar fisicamente e/ou

mentalmente os esforços das

pessoas em tarefas de rotina,

já conhecidos por oferecer

vários recursos visuais.

Expectativa de que as pessoas

tenham boa performance em

seus trabalhos sem prover

algum recurso.

“On-the-job Training” (pode

ser traduzido como

Treinamento em Serviço)

Aprendizado pela experiência

(Mincer4, 1962 apud Tezel et

al., 2009) ou integração do

trabalho com aprendizado

(Summer et al5., 1999 apud

Tezel et al., 2009).

Práticas de treinamento

convencional ou não oferecer

nenhum treinamento.

Criação de Participação

Compartilhada

Um sentimento de

apropriação e de ser

psicologicamente vinculado a

um objeto (material ou

imaterial) (Pierce et al6., 2001

apud Tezel et al., 2009)

Ordens da gestão para

esforços de mudança, visão e

criação de cultura.

Gerenciamento por Fatos Usar fatos e dados baseados Gerenciamento por

2 Hirano, H (1995), 5 Pillars of the Visual Workplace: The Sourcebook for 5S Implementation, Productivity

Press, Portland. 3 Bessant, J & Francis, D (1999), 'Developing Strategic Continuous Improvement Capability', International

Journal of Operations and Production Management, 19(11), pp. 1106-1119. 4 Mincer, J (1962), 'On-the-Job Training: Costs, Returns, and Some Implications', The Journal of Political , 70(5

(part 2)), pp. 50-79. 5 Sumner, T, Domingue, J, Zdrahal, Z, Millican, A & Murray, J (1999), Moving from On-the-job Training

towards Organisational Learning, In Proceedings of the KAW‟99 12th Workshop on Knowledge Acquisition,

Modelling and Management, Alberta, Canada. 6 Pierce, J L, Kostova, T & Dirks, K T (2001), 'Toward a Theory of Psychological Ownership in Organizations',

The Academy of Management Review, 26(2), pp. 298-310

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em estatísticas (Gunasekaran

et al7., 1998 apud Tezel et al.,

2009).

julgamentos subjetivos ou

termos vagos.

Simplificação Constantes esforços em

monitoramento,

processamento, visualização e

distribuição de um grande

sistemas de informação para

indivíduos e equipes.

Esperar que as pessoas

monitorem, processem ou

entendam a complexidade do

sistema de informação por

elas mesmas.

Unificação Parcialmente removendo os

quatro limites principais

(vertical, horizontal, externos

e geográficos) e criar empatia

dentro de uma organização

através do compartilhamento

de informação eficaz.

Fragmentação ou

comportamento “esse não é

meu trabalho”.

2.3 PRÁTICAS ENXUTAS RELACIONADAS À GESTÃO VISUAL

2.3.1 5S

Essa prática pode ser considerada como o primeiro passo para a implementação do

Gerenciamento Visual de acordo com Galsworth (1997). A nomenclatura 5S surgiu devido às

cinco atividades sequenciais e cíclicas que devem ser postas em prática. Cada etapa deriva da

palavra de origem japonesa “sei”, que em português significa senso (LOUREIRO, 1999).

Portanto, temos: Senso de Utilização (Seiri), Senso de Arrumação ou organização (Seiton),

Senso de Limpeza (Seiso), Senso de Saúde e Higiene (Seiketsu) e Senso de Autodisciplina

(Shitsuke).

O Senso de Utilização é o responsável pela distinção dos equipamentos necessários ou

não, que serão classificados, guardados ou descartados e, por fim, utilizados. Já o Senso de

Arrumação define a organização do ambiente de trabalho, baseado em fatores como a

frequência de uso e a ergonomia. O Senso de Limpeza se responsabiliza pela limpeza e

7 Gunasekaran, A, Goyal, S K, Martikainen, T & Yli-Olli, P (1998), 'Total quality management: A New

Perspective for Improving Quality and Productivity',International Journal of Quality and Reliability

Management, 15(8/9), pp. 947-968.

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preservação do ambiente de trabalho, para evitar perdas e acidentes. O Senso de Saúde e

Higiene tem o intuito de preservar a saúde física e mental do trabalhador, com um ambiente e

equipamentos apropriados. E, por último, mas não menos importante, há o Senso de

Autodisciplina que está ligado à educação e obediência às regras (MONTEIRO et al., 2011).

2.3.2 A3

É um processo de gerenciamento expresso em uma folha de papel de tamanho internacional

297 x 420 mm. É uma forma estruturada de solução de problemas, que comunica todos os

elementos da empresa, deixando o processo visível. No geral, ele é dividido em duas partes:

do lado esquerdo, para identificar o problema e, do lado direito, as possíveis contramedidas,

dividido nas seguintes seções (LEAN INSTITUTE BRASIL):

Definição do contexto ou histórico: Todo relatório começa com um “tema” ou título.

O tema indica o problema a ser abordado e é bastante descritivo. O tema deve ser

focado no problema e não defender uma solução particular. Depois, o autor do

relatório A3 descreve qualquer informação do contexto que é essencial para o

entendimento da extensão e da importância do problema. Alguns itens devem ser

incluídos nessa seção: como foi descoberto o problema, por que o problema é

importante para os objetivos da empresa, as partes envolvidas, o sintoma do problema,

experiências anteriores, estrutura da empresa, e assim por diante;

Condição atual: Nesta seção o autor deve desenhar um diagrama que mostra como o

sistema que produziu o problema funciona atualmente. Os problemas são evidenciados

no diagrama com clareza. O autor deve também quantificar a extensão do problema e

mostrar essas informações em gráficos ou numericamente em algum lugar na condição

atual. Os diagramas devem ser desenhados com capricho e fácil de entender por

qualquer pessoa com algum conhecimento. É útil possuir alguns ícones padrão para

diferentes atividades;

Análise da causa raiz: Na medida em que o autor entende a condição atual e seu

significado profundamente, ele começa a entender a causa raiz dos sintomas dos

problemas. Falhar em identificar a causa raiz dos problemas significa que ele irá

retornar. Uma técnica comum para analisar a causa raiz dos problemas é método dos

“5 porquês”. Basta perguntar cinco vezes seguido por que para um problema.

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Experiências mostram que parar no segundo ou terceiro por que normalmente significa

que o questionamento não foi fundo o suficiente;

Condição alvo: após o solucionador de problemas ter entendido como o trabalho é

feito e qual é a causa raiz dos problemas do sistema, ele está pronto para considerar

como o sistema deveria ser melhorado. Com as contramedidas em mente, o autor

desenha um diagrama da condição alvo, o diagrama de como o sistema irá funcionar

com as contramedidas colocadas. As contramedidas podem ser anotadas no diagrama

com “nuvens” (para destacar) ou separadamente. Assim como o estado atual, o

diagrama da condição alvo ou futura deve ser bem claro para todos que leiam o A3;

Plano de implementação: O plano de implementação esboça os passos que devem ser

completados para se atingir o estado futuro. O autor lista os passos, quando devem ser

feitos e quem será o responsável;

Indicadores: Como a organização saberá que o novo sistema é melhor que o anterior?

Os indicadores mostram como e quando o autor irá medir as melhorias do sistema ou

os resultados de um teste específico. Deve incluir uma previsão realista e quantificada

de como será o desempenho do novo sistema.

Relatório dos resultados: A etapa de demonstrar os resultados é absolutamente

critica para maximizar a aprendizagem através da organização. A Toyota doutrina suas

pessoas com a sua própria versão do método – cada melhoria é designada como um

experimento. O processo A3 de solução de problemas é a estrutura para a

implementação do método científico. A condição inicial e a causa raiz constituem o

conhecimento anterior necessário, a condição alvo e o plano de implementação são o

design experimental, e o plano de implementação as hipóteses. Por fim, a seção de

relatório de resultados é criticamente importante para a avaliação do suporte dado às

hipóteses. Se sim, confirmamos o nosso entendimento e continuamos para o próximo

problema. Se não, sabemos que o nosso entendimento atual do trabalho é incorreto ou

insuficiente e uma experiência adicional do trabalho é necessária.

De acordo com Shook (2008), o uso efetivo dessa ferramenta facilita a mudança de um

discurso focado em autoridade, onde se procura saber quem possui o quê, para um diálogo

com foco na responsabilidade, buscando qual ação apropriada a ser tomada.

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2.3.3 Andon

De acordo com o Tezel et al. (2010), quando o trabalho está consideravelmente

padronizado, qualquer desvio pode gerar múltiplos efeitos. Para detectar o desvio

rapidamente, usa-se o Andon, termo japonês que pode ser traduzido como “lâmpada”.

Para Ohno (1997), Andon é um sistema que evidencia os problemas existentes no

cotidiano das fábricas e pode promover a participação de todas as pessoas envolvidas no

processo de melhorias. A função do Andon é mostrar o status do processo para toda a fábrica

através de uma sinalização visual, informando que um problema existe e que é necessário

resolvê-lo num tempo de resposta imediato.

Pode ser um dispositivo eletrônico que acende uma luz vermelha quando há uma

parada, luz verde quando a produção está ocorrendo conforme planejado. Pode também ser

algo que indique quantas peças foram processadas e quantas são planejadas. Enfim, existem

diversos exemplos, normalmente são intuitivos e fazem uso de cores para informar as pessoas

de forma clara e precisa.

2.3.4 Painel de Controle (Dashboard)

Pode ser definido como uma ferramenta visual e interativa de gerenciamento de

desempenho que fornece em uma única tela as informações mais importantes para alcançar

um ou vários objetivos organizacionais individualmente, permitindo o usuário identificar,

explorar e comunicar áreas problemáticas que precisam de ação corretiva (YIGITBASIOGLU

et al., 2012).

Segundo Pauwels et al., (2009), o propósito do painel de controle é permitir:

a) Coerência: obriga a coerência entre medidas e procedimentos de medição através de

departamentos e unidades de negócio;

b) Monitoramento: ajuda a monitorar o desempenho, tanto em termos de avaliação (quem

ou o que teve bom desempenho?), quanto em termos de desenvolvimento (o que

aprendemos?);

c) Planejamento: pode ser usado para planejar (dado o ponto inicial, quais deveriam ser

os objetivos e estratégias a serem tomados?);

d) Comunicação: deve ser usado para comunicar stakeholders, ele não comunica apenas

qual é o desempenho, mas também o que a organização valoriza como desempenho

pela escolha das métricas e indicadores no painel.

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Pauwels et al., (2009) também defendem que para a eficácia de um painel de controle

pode ser avaliada por cinco benefícios:

O compartilhamento de métricas é fundamental para estabelecer a cultura da

organização;

Uma estrutura que reconhece um bom desempenho, que diagnostica mau desempenho

e avalia diferentes opções para as ações corretivas. O plano de marketing e / ou de

negócios deve mostrar as consequências esperadas da aplicação do plano e o painel

deve mostrar a posição atual e, talvez, as previsões;

Fornece aprendizagem organizacional;

Uma ferramenta que aumenta a lucratividade, na medida em que o aumento da

rentabilidade é uma meta primária;

Ajuda na tomada de decisão.

2.3.5 Scrum

Ken Schwaber e Jeff Sutherland criaram esse processo para auxiliar no gerenciamento

de desenvolvimento de produtos complexos na década de 90. No guia desse processo, eles

definem scrum como:

Um framework dentro do qual pessoas podem tratar e resolver problemas complexos

e adaptativos, enquanto produtiva e criativamente entregam produtos com o mais

alto valor possível”. O scrum tem sido usado para gerenciar o desenvolvimento de

produtos complexos desde o início de 1990. Scrum não é um processo ou uma

técnica para construir produtos; em vez disso, é um framework dentro do qual você

pode empregar vários processos ou técnicas. O Scrum deixa claro a eficácia relativa

das práticas de gerenciamento e desenvolvimento de produtos, de modo que você

possa melhorá-las. (SCHWABER E SUTHERLAND, 2013)

Este Framework é composto por:

Sprint: no Scrum, os projetos são divididos em ciclos (tipicamente mensais) chamados

de Sprints;

Sprint Backlog: as funcionalidades a serem implementadas no projeto são mantidas

em uma lista que é conhecida como Product Backlog;

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Kanban: Quadro de Trabalho para organizar as atividades dos itens de Backlog da

Sprint. Quadro pode ser dividido em quatro estados: “A fazer”, “Em andamento”, “Em

Testes” e “Concluído”;

Daily Scrum: reuniões diárias, com duração de aproximadamente 15 minutos, feitas

em pé, para cada um compartilhar o que foi feito no dia anterior, o que será feito no

dia e se tem algum impedimento para as atividades do dia;

Sprint Review Meeting: ao final de um Sprint, a equipe faz uma reunião para mostrar

as funcionalidades implementadas e o que foi alcançado;

Burn Down Chart: é um simples gráfico, onde o eixo X indica o número de tarefas

existentes no Sprint e o eixo Y os dias que representam o tamanho do Sprint.

Para ilustrar essa lógica, tem-se a figura:

Figura 1 - Lógica Scrum

2.3.6 Quadro Kamishbai

Para o Lean Enterprise Institute (2016), o quadro kamishibai é uma ferramenta que

pode ser usada para fazer auditorias dentro de um processo, mostrando com clareza as

condições normais e anormais. Este quadro expõe informações sobre as auditorias dentro de

um cartão, tais como: se a auditoria ocorreu, quais foram os resultados, comentários sobre

anormalidades e contramedidas.

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2.3.7 Kanban

A palavra japonesa “Kanban” pode ser traduzida como registro visível ou cartão. Em

um ambiente industrial, um Sistema Kanban de Controle da Produção tem por função

transmitir a informação no tempo certo e de acordo com a demanda de um determinado

produto (PACE, 2003). Faz parte do princípio enxuto Just in Time, pois o Kanban “puxa” a

produção. Ainda segundo Pace (2003), por meio desse sistema a responsabilidade de controlar

o que deve ser produzido e todo o inventário é passada para o chão de fábrica, trasendo

indiretamente um maior comprometimento dos colaboradores da produção.

Existem três tipos de cartões Kanban: de produção, de movimentação e de aquisição.

Para o presente estudo, o de produção é mais próximo do objetivo da pesquisa. Este cartão

tem a função de designar o tipo e a quantidade do produto que a produção deve gerar e

normalmente informa o centro de trabalho, código e descrição da peça e materiais necessários.

2.3.8 Last Planner System® (LPS)

Desenvolvido por Ballard (2000), “o Last Planner System de controle de produção é

uma filosofia, regras e procedimentos, e um conjunto de ferramentas que facilitam a

implementação dos procedimentos”. Trata-se de um sistema de planejamento e controle de

produção com a finalidade de gerar um fluxo de trabalho previsível e um rápido entendimento

das etapas de programação, design, construção e comissionamento de projetos de construção,

com o intuito de visualizar melhor o mapeamento do processo.

O Last Planner aborda as operações de planejamento e controle em curto prazo. Ele

procura assegurar que todos os pré-requisitos condicionantes de uma atividade estejam

resolvidos quando a mesma se inicia, de forma a permitir que esta seja executada sem

perturbações e completada de acordo com o planejado (GRENHO, 2009). Ainda no mesmo

trabalho, o pesquisador defende que a forma de trabalhar com planejamento semanal não

apenas se preocupa com que as atividades sejam executadas de acordo com o plano geral do

projeto. Na base da estruturação do planejamento semanal surge a conversação, na qual a

pessoa responsável pela execução da tarefa se compromete a terminá-la como planejado

perante os gestores da obra.

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2.3.9 Nivelamento da Produção através do Heijunka

Segundo Silva et al. (2010), o nivelamento diário da produção à demanda é importante

para que os pedidos sejam atendidos no menor tempo possível, reduzindo o tempo entre a

compra da matéria prima e a entrega do pedido ao cliente, além de reduzir também os

estoques de qualquer natureza, o que exige menor espaço físico com instalações industriais.

O nivelamento da produção pode ser feito através de uma ferramenta chamada

heijunka box, ou caixa de nivelamento que, de acordo com o Lean Enterprise Institute (2016),

é essencialmente uma matriz com o tempo dividido em intervalos da preferência do usuário

em colunas e nas linhas horizontais são designadas a cada tipo de produto. Dentro dos

espaços, coloca-se cartões Kanban a serem retirados e distribuídos por um movimentador de

material para os respectivos processos.

2.3.10 Obeya

É um termo em japonês que pode ser traduzido como “sala de guerra”. É uma prática

que se tornou muito importante na Toyota por aumentar a efetividade da comunicação e

auxiliar na gestão de projetos. Assim como em uma sala de guerra, obeya é um local com

elementos visuais que permitem verificar o andamento do projeto, os pontos de controle e as

contramedidas para problemas identificados. O propósito dessa prática é garantir o sucesso do

projeto (LEAN ENTERPRISE INSTITUE, 2016).

2.3.11 Mapeamento de Fluxo de Valor (Value Stream Mapping - VSM)

Em Aprendendo a Enxergar (2012), Mike Rother e John Shook explicam o que é um

fluxo de valor, para em seguida explicar seu mapeamento dele. Um fluxo de valor é toda ação

(agregando valor ou não) compulsória a ser feita na produção, desde a matéria prima até o

consumidor, da concepção ao lançamento. Assim, a perspectiva abre-se para um quadro mais

amplo, ou seja, melhora-se o todo e não apenas partes do processo. O VSM procura diagramar

todos os materiais e informações envolvidos nessas ações, servindo de base para propor

melhorias e um novo diagrama.

Essa ferramenta pode ser utilizada para a implementação dos quadros de controle, já

que ela fornece conhecimento dos processos da empresa e identifica lacunas.

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2.4 CONCLUSÃO

A revisão da literatura traz que levar o Lean para a construção civil representa um

desafio, e um meio de defrontar essa situação é a gestão visual, com uso de ferramentas

periféricas que ajudam que esse propósito aconteça. Para alcançar esse desafio, será utilizada

a metodologia Design Thinking, descrita no próximo capítulo.

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3 METODOLOGIA

3.1 METODOLOGIA DE PESQUISA

A metodologia da pesquisa pode ser classificada conforme as definições clássicas

encontrados em Silva e Menezes (2001). Quanto à natureza, pode ser classificada como

Pesquisa Aplicada, pois objetiva gerar conhecimentos para aplicação prática, dirigidos à

solução de problemas específicos. A forma de abordagem sugere uma Pesquisa Qualitativa,

uma vez que considera que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito. Do ponto

de vista do objetivo, pode ser classificado como Pesquisa Explicativa, já que visa identificar

os fatores que determinam ou contribuem para a ocorrência dos fenômenos, aprofunda o

conhecimento da realidade porque explica a razão, o “por quê” das coisas. Quanto aos

procedimentos técnicos, pode ser classificado como Estudo de Caso, pois envolve o estudo

profundo e exaustivo de poucos objetos de modo a permitir seu amplo e detalhado

conhecimento.

A metodologia para aplicação ao estudo de caso foi elaborada conforme o Design

Thinking. É uma abordagem estruturada para gerar e evoluir ideias através de cinco fases que

ajudam a navegar no desenvolvimento da identificação de um desafio de projeto para

encontrar e construir uma solução. Todo esse modelo foi retirado do livro “Design Thinking

for Educators” na versão em português: Instituto Educadigital, fornecido pelo site

http://www.dtparaeducadores.org.br.

As cinco etapas estão descritas na figura a seguir:

Figura 2 - Etapas do Design Thinking (Fonte: Design Thinking for Educators, versão em português: Instituto

Educadigital)

1. Descoberta

2. Interpretação

3. Ideação

4. Experimentação

5. Evolução

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Na etapa de descoberta procura-se entender a fundo o desafio, o que pode guiar as

questões da pesquisa e ajudar a manter o foco durante a trajetória do projeto. É o momento de

preparar a pesquisa, identificando fontes de inspiração, entrando em contato com especialistas

do assunto, visitando locais que encaram desafios semelhantes. Já na etapa de Interpretação é

feita uma análise crítica do material desenvolvido na primeira fase, para identificar os reais

problemas e necessidades. No momento da Ideação, é a hora de projetar aonde se quer chegar,

de ter um esboço do projeto, com metas, mudanças e melhorias a serem atingidas. Onde já se

pode chegar a um protótipo da ideia. Na Experimentação, coloca-se em prática o que foi

desenvolvido na Ideação em busca de feedbacks, para melhorar e refinar o projeto. Por fim,

na Evolução, é feita uma avaliação da experiência da etapa anterior para achar oportunidades

de melhoria e verificar se o projeto chegou aonde era pretendido. A seguir veremos como se

deu a aplicação das cinco etapas.

3.1.1 Primeira etapa: Descoberta

A fase de descoberta se deu em um levantamento bibliográfico através de bases de

pesquisa como Google Acadêmico, Eletronic Library Online (ScIELO), SCOPUS, Periódicos

Capes. Dentre outras fontes que foram utilizadas, pode-se citar: anais de congressos Lean, site

do “Lean Institute Brasil” (LIB), biblioteca da Universidade Federal Fluminense, livros e

trabalhos acadêmicos sobre Lean, Lean Contruction e Gerenciamento Visual.

Houve também pesquisa exploratória por meio de visitas a empresas do setor de Óleo

e Gás buscando entender a fundo como funcionam os processos em empresas do setor e quais

são os problemas recorrentes, para assim identificar e confirmar as oportunidades de

melhoria.

3.1.2 Segunda etapa: Interpretação

A partir da pesquisa bibliográfica, com todos os conceitos bem definidos e para que

são utilizadas as ferramentas, e da pesquisa exploratória, com demandas das empresas do

setor e práticas existentes, foi proposta uma ferramenta de gestão visual. Essa ferramenta tem

como objetivo controlar os processos, de forma visível e iconográfica, para assim ser possível

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padronizar e melhorar as atividades da empresa. Para tanto, foi feita a definição do conteúdo

dela e também uma divisão de setores no painel.

3.1.3 Terceira etapa: Ideação

Foram feitos “Mockups” (rascunho, ou protótipo, que nesse caso feito em papel

Paraná e cartolina) do painel de gestão visual para concretizar as ideias da proposta da

ferramenta. A partir disso, foram feitas reuniões com especialistas para ver a aplicabilidade do

painel e as modificações que cabiam. No total foram feitos quatro protótipos até chegar na

proposta final.

3.1.4 Quarta etapa: Experimentação

Durante esta etapa, o painel foi testado em uma empresa que realiza serviços de

construção naval e engenharia offshore. Então, foram registradas todas as observações

apontadas pelos funcionários da empresa e as dificuldades da equipe no momento da

implementação. Foram feitos registros com fotos também, que no decorrer do trabalho serão

anexadas.

3.1.5 Quinta etapa: Evolução

A partir dos fatores de sucesso e barreiras do teste piloto, de reuniões com

especialistas da área, foi feito um ajuste na ferramenta para melhor atender à empresa. Todos

os ajustes serão justificados e a partir deles foi feita uma proposta final do painel. Nessa fase,

é importante verificar se o objetivo do estudo foi alcançado.

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4 ESTUDO DE CASO

O estudo de caso do presente trabalho trata-se sobre um projeto de pesquisa realizado

em um laboratório de pesquisa no qual a autora participou, aplicando a metodologia descrita

no capítulo anterior. O estudo foi organizado em seis tópicos: 4.1 O Projeto de Pesquisa; 4.2

Descoberta; 4.3 Identificação; 4.4 Ideação; 4.5 Exploração; 4.6 Evolução.

4.1 O PROJETO DE PESQUISA

O projeto surgiu de uma demanda para aumentar a produtividade e a transparência em

obras de tubulações e suportes, motivada por uma carência de controles que leva a uma

quantidade significativa de retrabalho não apropriado e, consequentemente, à improdutividade

não aparente.

Desta forma, o desenvolvimento de um sistema de gestão visual e o estabelecimento

de controles, com o objetivo de aumentar a transparência e a coordenação dos processos,

auxilia na tomada de decisão e no acumulo de dados para futuras melhorias no processo. De

tal forma que a ferramenta é flexível para cada canteiro podendo ser adaptada às

características de cada obra como etapas mapeadas, indicadores usados, normas de segurança,

procedimentos padrão, etc.

4.2 DESCOBERTA

Com o objetivo de coletar informações e dados úteis para o painel foi feita uma

pesquisa por trabalhos acadêmicos, livros, sites, visita a empresas, reuniões com especialistas,

sempre com foco em gestão (ou gerenciamento) visual, fábrica visual, práticas enxutas e

construção enxuta. Toda essa base viabilizou o gerenciamento da produção de forma clara e

que comunique setores de planejamento, execução e controle.

Essa pesquisa permitiu observar que a transparência é um dos fundamentos da

construção enxuta e o alicerce de excelência de para empresas de construção. Trata-se de um

princípio muito utilizado em indústrias de manufatura, o que gera um grande contraste com o

setor de construção, que pouco faz uso desse princípio. Para alcançar esse princípio, faz-se o

uso de mecanismos visuais.

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No estudo sobre Gestão Visual, pôde-se observar o uso de diversas práticas enxutas,

como as citadas na revisão da literatura, dentre muitas outras. Foi observado que a maioria

dessas práticas procuram: comunicar as pessoas, dar feedback de maneira eficiente sobre o

que está ocorrendo na produção, promover maior senso de responsabilidade entre os

envolvidos, evidenciar problemas, dar apoio a tomada de decisão, estruturar procedimentos,

avaliar desempenho através de indicadores.

Nas visitas às empresas, foi percebido que normalmente a gestão visual é feita de

maneira simples e faz parte do cotidiano de uma cultura Lean. Os problemas são evidenciados

sem medo de punições e o esforço para resolvê-los é feito de forma conjunta, normalmente

através de reuniões periódicas, de maneira estruturada. Também foi observado o frequente

uso de sinalizações de segurança no ambiente de trabalho, o que incentiva os trabalhadores a

terem uma atitude segura.

Nas experiências durante a pesquisa, foi possível perceber ainda a necessidade de um

bom gerenciamento das pessoas, mapeando qualificações e funções, para poder utilizar da

melhor forma os recursos humanos de uma organização.

Ao estudar mais a fundo o ambiente de construção, foi notado que há uma grande

ocorrência de mudança de escopo nos projetos e isso normalmente acarreta uma série de

problemas, porque até todas as áreas terem conhecimento da mudança, muitas atividades já

aconteceram e provavelmente terão que ser refeitas. Isso representa um grande desperdício de

recursos na organização e um funcionamento abaixo da capacidade. Portanto, para evitar isso,

é fundamental que o planejamento seja compartilhado e acompanhado frequentemente por

todos os colaboradores de uma organização.

4.3 INTERPRETAÇÃO

Tendo os conhecimentos citados no tópico anterior, o passo seguinte foi a realização

de um brainstorming com a participação da equipe de pesquisa e de engenheiros do ramo de

construção civil e de engenharia de produção, com a finalidade de conhecer quais

informações seriam fundamentais para incluí-las em um painel de gestão visual, a ser

utilizado em obras de tubulações e suportes.

Feita essa reunião, primeiramente chegou-se a conclusão que os painéis deveriam ser

específicos para cada área de trabalho, para ter um acompanhamento mais focado em cada

setor, com informações e indicadores específicos. Caso os painéis tenham rodas, numa

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possível reunião entre diferentes áreas, cada representante da área poderia levar seu painel

para discussão.

Portanto, é necessário que seja elaborado um mapeamento de processos, para ter

conhecimento de todas as etapas e áreas que contemplarão um painel. No caso em questão, foi

criado um processo geral para a área de tubulações e suportes, através de discussões com

especialistas do setor, como pode ser visto na Figura 3.

Figura 3 - Processo Mapeado de Tubulações e Suportes

Definiu-se que os painéis deveriam contemplar os seguintes espaços: Planejamento;

Indicadores; Equipe; e QSMS. Em cada um desses espaços diversas informações sobre os

respectivos temas foram inseridas seguindo a lógica Lean. A estrutura do painel pode ser vista

na Figura 4.

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Figura 4 - Estrutura do Painel

A seguir detalhe-se a ideia de cada um desses espaços:

A. Para o planejamento optou-se pelo espaço temporal de uma semana, pois no ramo de

construção o volume não é alto e as tarefas podem ser demoradas. A ideia é que sejam

utilizados cartões de planejamento Kanban e informações geradas pelo Last Planner®

para alimentar esse painel. E em relação aos cartões, decidiu-se que esses seriam

duplos, um permanecendo no quadro e o outro com o operário.

B. Para o espaço de indicadores, foram definidos aqueles que poderiam refletir como a

obra estava sendo executada e que fossem específicos da área de trabalho. Aplicaram-

se meios iconográficos para tornar visível o alcance dos resultados desejados,

deixando claro também as métricas e valores obtidos.

C. O espaço de dados da equipe buscou intensificar o sentimento de responsabilidade do

trabalhador através de informações pessoais e profissionais do mesmo, bem como o

acompanhamento de presença.

D. E o espaço de QSMS buscou melhorar a conscientização e importância de uso dos

equipamentos de proteção bem como sanar possíveis dúvidas e diminuir acidentes.

4.4 IDEAÇÃO

A partir do painel teórico, foram elaborados protótipos para concretização das ideias e

aplicação em campo. Nesses protótipos, foram contemplados os quatro espaços planejados:

Planejamento; Indicadores; Equipe; e QSMS. A seguir será caracterizado a evolução e

especificações de cada versão de protótipo utilizado. No total, foram elaboradas três versões,

duas antes da aplicação em campo e a última após ser aplicada em campo, que será descrita

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no item de evolução deste trabalho. A Figura 5 ilustra de forma resumida como se alcançou a

evolução dos protótipos.

Figura 5 - Evolução dos protótipos

Vale ressaltar que a terceira versão está na seção 4.6 – Evolução.

4.4.1 Primeira versão

Esta versão foi a concretização das ideias do painel teórico para o painel físico,

procurando agregar todas as informações que foram julgadas serem necessárias, de forma

simples e visível. Foi escolhida aleatoriamente a etapa mapeada “Almoxarifado” para

exemplificação, presente na Erro! Fonte de referência não encontrada. e explicada a

seguir. Logo após, está a explicação do conteúdo de cada espaço.

1º Versão

•Concretização das ideias

•Um quadro agregando os quatro espaços

2º Versão

•Separação dos espaços em quadros diferentes

•Versão ampliada para ser testada em um estaleiro

Versão 3

•Versão com ajustes considerando aprendizado com a aplicação no campo

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Figura 6 - Primeira Versão do Protótipo

E. Para o Planejamento, foi elaborado um quadro Kanban. As colunas coloridas

correspondem às fases “Para fazer” (em verde), “Em processo” (em amarelo) e

“Finalizado” (em vermelho) e as linhas apontam os dias da semana. Os cartões

Kanban continham espaços para preenchimento das seguintes informações: número de

ordem, quantidade, data e hora de início e fim da atividade e setor de trabalho. Para a

visualização do andamento das tarefas, foi feito um histograma refletindo o

rendimento da produção, inspirado no gráfico de Burnout, no qual o eixo X representa

os dias da semana e o eixo Y é o percentual de tarefas concluídas em relação às tarefas

planejadas de cada dia. Então, a meta de cada dia (linha em destaque) é onde Y =

100%. Para facilitar as contas, ao lado do gráfico há um espaço para informar a

produção planejada na semana e a do dia. Dependendo do percentual alcançado no dia,

uma cor é sinalizada: vermelho para indicar o percentual muito aquém do esperado e a

consequente exigência de uma ação rápida; amarelo para estado de atenção; verde para

estado aceitável de produção;

F. No espaço de Indicadores, há um local para ser colocada a métrica de cálculo de cada

indicador. Nesse caso optou-se por gráficos no formato de barras para exibir o

A

B C D

A

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resultado do indicador de cada dia, cada qual dividida em duas: uma metade para

refletir a meta e outra para mostrar o que foi alcançado no dia. Uma sinalização de

cores também foi usada num pequeno quadro onde cada linha se refere a um indicador

e cada coluna a um dia da semana. No caso de a meta ser alcançada no dia, é colocado

um adesivo verde; se o resultado está um pouco fora da meta, um adesivo amarelo; e

no caso do resultado ser muito aquém da meta, um adesivo vermelho. Essa sinalização

por cores procura facilitar a percepção da situação, permitindo o entendimento do

indicador de forma rápida para todos que ali passam;

G. Nesse espaço reservado para dados de Equipe, foi feito uma espécie de organograma

que informa qual é a equipe do setor em questão, com o nome de cada um, foto e

cargo, representando o nível dos funcionários, do mais alto, à esquerda, para o mais

baixo, à direita;

H. Já o espaço de QSMS contém informações de uso de EPI (Equipamento de Proteção

Individual) obrigatório na área e de EPC (Equipamento de Proteção Coletiva) quando

necessário, com ilustrações dos equipamentos. Há também uma área para mostrar

políticas de comportamento seguro a ser incorporado pelos trabalhadores de acordo

com a atividade que exercem.

4.3.2. Segunda versão

Feita a proposta inicial, foi realizada uma reunião com as mesmas pessoas que

participaram do brainstorming realizado para a primeira versão a fim de discutir os elementos

sugeridos ao painel e refletir se ele atendia às demandas de obras de tubulações e suportes.

Foram feitas algumas mudanças, como pode ser visto na Figura 7, Figura 8 e Figura 9. Para

melhor visualização de cada espaço, foi feito um protótipo separado para o espaço de

Planejamento e de Indicadores. Esses protótipos foram realizados também com a finalidade

testá-los em um estaleiro offshore. Esses painéis agregam duas etapas, uma de acoplamento e

outra de solda, por serem as atividades que ocorriam naquele local durante o período do teste;

ambas estão no mesmo painel por acontecerem no mesmo local.

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Figura 7 - Segunda versão do Painel de Planejamento

Figura 8 - Segunda versão do Painel de Indicadores

A

B

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Figura 9 - Segunda versão do Painel de Equipe e QSMS

As alterações realizadas nos quadros foram:

A. Espaço de Planejamento: para o quadro Kanban foi recomendado não dividir as

atividades por dias da semana, pois muitas delas levam mais de um dia para serem

finalizadas. Também foi notado que as cores do Kanban deviam ser invertidas, “a

fazer” ser em vermelho, para dar um senso de urgência aos trabalhadores, e

“finalizado” em verde. Além disso, os cartões Kanban precisavam ter mais

informações. Para tanto, foram propostos dois cartões, o Cartão Tarefa (Anexo 1) e

Cartão Peça (Anexo 2). O Cartão Peça percorreria o processo inteiro (ex: Pipe Shop8),

pela trajetória do spool, de painel a painel, contando a “história” do produto, enquanto

o Cartão Tarefa percorreria apenas uma etapa (ex: a etapa de corte dentro do processo

de Pipe Shop), ou seja, apenas por um painel, assim, esse cartão fica com o operário

para disponibilizar todas as informações necessárias para a execução da tarefa. Os

cartões fornecem informações como: código do spool; identificação do responsável;

início e fim da tarefa planejado; início e fim da tarefa realizada; motivo de

8 Pipe Shop é a instalação no canteiro para fabricação de estruturas metálicas, suportes, tubulações e etc. No

trabalho, “Pipe Shop” representa um processo contendo cinco etapas, como pode-se ver na Figura 3.

C D

C

D

E

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improdutividade; tempo de parada. As informações planejadas dos cartões já devem

vir preenchidas e impressas pela área de PCP (Planejamento e Controle da Produção),

enquanto os dados, que devem ser preenchidos no campo, retratam o que foi realizado,

o que permite uma comparação entre o que foi planejado e o que de fato foi realizado.

Os dados dos cartões alimentam todos os indicadores dos painéis. Para a visualização

do andamento das tarefas, optou-se pelo gráfico de Burnout, conhecido como “gráfico

de queima”, no qual o eixo X representa os dias da semana e o eixo Y o percentual de

atividades cumpridas em relação ao planejado. Considerando “segunda-feira” como o

ponto inicial em que há 100% das atividades planejadas para a semana a serem feitas e

“sexta-feira” como ponto final no qual deveria ter 0% de atividades na situação “a

fazer”, a linha que liga esses dois pontos representa a programação planejada. Assim,

ao final de um dia de trabalho, o encarregado deve checar a posição dos cartões e

preencher no gráfico quanto percentualmente foram processados no dia. Em volta da

linha que representa o percentual planejado, tem um espectro de cores na ordem verde,

amarelo e vermelho para mostrar como as tarefas estão sendo realizadas em relação ao

programado de forma visual;

B. Espaço de indicadores: foi discutido o fato de que o gráfico em barra não demonstra os

resultados da forma desejável para o indicador e não é de fácil preenchimento em

campo. Para resolver essas questões, foi elaborada uma tabela para preencher os dados

do indicador e o resultado. Acima dessa tabela tem o nome do indicador e em baixo

tem a fórmula do mesmo. Ao lado da tabela, foi colocado um gráfico de farol9 no

formato de um termômetro para mostrar o status do indicador, onde na extremidade

inferior está o resultado ideal, na cor azul, e na extremidade superior na cor vermelha,

que significa que o indicador está muito fora do desejado. Em baixo do quadro, tem o

fluxo de etapas e, circulado em vermelho, a etapa da área em questão;

C. Espaço de Equipe: foi concluído que seria interessante prover mais informações sobre

os funcionários para deixar visível e mapeado o que cada um pode fazer. Portanto,

para cada pessoa, têm-se os seguintes dados: nome, foto, função, qualificação, turno,

responsabilidades. Em um local separado há um marcador indicando se o funcionário

está presente ou não. As sinalizações coloridas indicam a função de cada trabalhador;

a ideia é que essa seja a mesma que a usada na identificação de capacetes da área.

9 O Gráfico de farol, também conhecido como gráfico de pré-controle, trata-se de um gráfico para monitorar a

proporção de não conformidades num processo de manufatura. A palavra “farol” denomina-se às margens de

erro representadas por cores, como por exemplo: entre 0% e 5%, a área é verde, entre 5% e 10% a área fica

vermelha, entre 10% e 100% a área é vermelha.

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Também foi criado um espaço para identificar o funcionário do mês, a fim de destacar

quem obteve melhor rendimento e pode servir de exemplo para outros da equipe, para

compartilhar técnicas que o faz ser mais produtivo;

D. Espaço de QSMS: além de fornecer informações de segurança como uso de EPI e

EPC, foi decidido que este espaço contemplaria alguns indicadores de QSMS a serem

acompanhados, com um local em cada letra para marcar por dia da semana de verde

caso a meta seja alcançada e de vermelho caso a meta não seja alcançada. Tal estrutura

foi inspirada na ferramenta QDIP, de gerenciamento diário de processos, que visa

prover uma avaliação visual do desempenho em campo usando cinco critérios:

segurança, qualidade, estoque, produtividade e meio ambiente. No caso da adaptação

da ferramenta, foram considerados apenas quatro critérios: qualidade, segurança, meio

ambiente e saúde. A Figura 10 mostra abaixo como foi estruturado esse controle,

formatado logo após a confecção do quadro – logo, a figura a seguir é a versão atual.

Figura 10 - Adaptação do QDIP

E. Foi colocado neste local informações gerais, como horário de expediente, e um

compartimento para colocar a data em questão.

Paralelamente ao quadro, cogitou-se fazer uma sinalização no local de trabalho. Essa

sinalização seria uma espécie de bandeira para avisar o status da atividade, como, por

exemplo, enquanto o operador está realizando sua tarefa, ele levanta uma bandeira amarela, se

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ele tem um problema durante a operação, ele levanta uma bandeira vermelha, se ele já

finalizou sua atividade ele usa uma bandeira verde.

4.5 EXPLORAÇÃO

No desenvolvimento de uma ferramenta, é importante testá-la em uma situação real

para verificar sua aplicabilidade. Logo, os painéis de Planejamento e de Indicadores foram

levados a uma empresa que realiza serviços de construção naval e engenharia offshore durante

uma semana de atividades nas áreas de acoplamento e solda da montagem. Foram então

registrados todos os apontamentos feitos pelos envolvidos na empresa, dificuldades de

implementação e sugestões feitas durante a semana. Dentre as principais oportunidades de

melhoria encontradas para os painéis, pode-se citar:

A. Espaço de Planejamento: foi apontado por uma pessoa da área que não é possível o

operário carregar o Cartão Tarefa em seu bolso, como proposto, pois em seu ambiente

de trabalho ele transpira muito, o que danificaria o cartão rapidamente, já que ele é de

papel. Para evitar esse problema, foi feito um compartimento no local que tem as

informações do funcionário no quadro de Equipe, para quando o operário for executar

a tarefa ele depositar o cartão nesse compartimento. Ainda em relação ao cartão, para

um preenchimento mais rápido dos dados do cartão sugeriu-se destacar os lugares que

devem ser preenchidos, já que o cartão possui muita informação. Um apontamento

interessante foi o mal-estar em sinalizar o Cartão Tarefa com um adesivo vermelho

por incomodar e despertar um senso de urgência para realizar as tarefas. Outro

problema encontrado foi um certo desconforto gerado pelo gráfico de Burnout, pois

ele dá a entender que na programação as atividades ocorrem de forma linear durante a

semana, como se todas tivessem a mesma duração, o que distanciaria os apontamentos

do gráfico da prática em ambiente de construção. Por isso foi alterada a estrutura do

gráfico: uma linha reta em Y = 100% de segunda a sexta feira, indicando que o

programado é que 100% das tarefas de cada dia sejam realizadas. O esquema de cores

em volta dessa linha “ideal” foi mantido;

B. Espaço de indicadores: foi apontado que o gráfico de farol em formato de termômetro

não era prático de manipular e a visualização do status de cada dia poderia ficar

confusa. Então foi decidido substituí-lo por um histograma, onde no eixo X é o tempo

em dias da semana e o eixo Y é o resultado do indicador. Esse formato parte da

premissa de que todos os indicadores são dados em percentual. De acordo com

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indicador, há um resultado ideal destacado por uma linha azul (ex: em um indicador de

não conformidade, o ideal é 0%, portanto a linha está em Y = 0%), e em volta dela

tem-se a margem de erro sinalizada por cores, sendo na cor verde uma margem

aceitável, na cor amarela aquela que exige atenção e, por fim, na cor vermelha uma

que exige ação. O gráfico deve ser preenchido manualmente pelo encarregado. A

fórmula de cálculo do indicador, que antes ficava em um quadrado separado, foi

acoplada à tabela de preenchimento de dados, localizada na última linha, onde se põe

o resultado do indicador;

C. Espaço de equipe: assim como comentado no tópico Espaço de Planejamento, foi

criado um compartimento para deixar o Cartão Tarefa na área de cada funcionário. Foi

sugerido que o controle de presença, que antes ficava em local separado, fosse

realocado para a seção de cada trabalhador. Foi sugerido ainda que, no espaço de cada

pessoa, tivesse uma espécie de “Check” de EPI’s a ser preenchido pelo próprio

operador para conscientizar melhor sobre o uso de todos os EPI’s;

D. Espaço de QSMS: algumas informações sobre segurança seriam muito específicas de

cada empresa; portanto foi proposto que elas fossem retiradas do espaço,

permanecendo o controle de indicadores QSMS e os EPI’s obrigatórios a serem

usados na área em questão.

Em relação à ideia de fábrica visual, do uso de bandeiras, foi percebido que não seria

possível usá-las pois na área de montagem os operários trabalham praticamente dentro do

módulo, portanto não teria local de apoio. Para resolver esse problema, foi pensado em fazer

placas em formato de triângulo, fixadas em uma argola. Essa argola poderia ficar presa em

qualquer suporte e, ao passar o triângulo para trás, uma cor diferente seria apresentada. A

figura a seguir ilustra a ideia:

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Figura 11 - Triângulo de Sinalização de Local de Trabalho

No projeto, cada cor significaria o seguinte:

Laranja: necessidade de retrabalho;

Amarela: tarefa em andamento;

Branca: necessidade de movimentação de peças;

Verde: apto para próxima atividade;

Azul: necessidade de controle de qualidade e/ou inspeção;

Vermelha: espera.

Os trabalhadores foram muito receptivos com a equipe de pesquisa. Um encarregado

disse que o quadro ajudaria muito ele, pois assim “tiraria responsáveis de outras áreas (como

qualidade e PCP) do ar condicionado e os trariam para o canteiro”. Ou seja, de fato esta

ferramenta movimentaria a interação entre setores, melhorando a comunicação.

Eles também alertaram sobre uma possível resistência a mudanças devido à impressão de

que ferramentas de gestão servem apenas para acusar erros, apesar da finalidade de mitiga-los.

4.6 EVOLUÇÃO

A partir dessa experiência em campo e das discussões entre a equipe, levando em

conta todas as considerações citadas no tópico anterior, foi feita a terceira versão dos painéis.

Na Figura 12 observa-se o espaço de Planejamento, na Figura 13 o quadro de Indicadores, e

na Figura 14 o espaço de “Equipe” e “QSMS” no mesmo protótipo.

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Figura 12 - Terceira Versão do Protótipo do Painel de Planejamento

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Figura 13 - Terceira Versão do Protótipo do Painel de Indicadores

Figura 14 - Terceira Versão do Protótipo do Painel de Equipe e QSMS

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Por fim, foi feita uma versão digital (Figura 15, Figura 16, Figura 17, Figura 18), para

ser usada de modelo para desenvolvimento de quadros a serem implementados futuramente.

Como já foi dito anteriormente, a ferramenta é flexível e pode ser adaptada de acordo com as

características do canteiro.

Figura 16 - Modelo Painel de Planejamento

Figura 15 - Modelo Painel de Indicadores

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Para melhor entender a dinâmica dos painéis, foi feita uma espécie de roteiro que

simula o funcionamento dos mesmos. A seguir, tem-se o roteiro.

Na área de planejamento, o respectivo quadro é composto por um controle Kanban,

onde na parte vermelha colocam-se as tarefas que estão ‘Para Fazer’, na parte amarela as

tarefas que estão ‘Em Processo’ e na parte verde as tarefas ‘Finalizadas’. Para cada spool a ser

Figura 17 - Modelo Painel de Equipe

Figura 18 - Modelo Painel de QSMS

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fabricado serão gerados dois cartões pelo PCP: o Cartão Peça e o Cartão Tarefa. O Cartão

Peça percorre todo o processo do Pipe Shop, registrando toda a evolução do spool. Já o Cartão

Tarefa percorre apenas uma etapa da construção e montagem, que aqui estamos simulando a

etapa de Acoplamento da fabricação.

Para monitorar o andamento das tarefas, há um gráfico Burnout que mostra como as

atividades estão sendo executadas em relação ao planejado. Abaixo do gráfico tem uma tabela

para registrar os dados do planejamento e da execução.

A Área de Indicadores contém os indicadores de retrabalho e de produtividade, as

tabelas para registrar os dados dos indicadores e gráficos para ilustrar como os indicadores

estão em relação à meta.

A Área de QSMS é composta por um diagrama de monitoramento de metas diárias

para a Qualidade, a Segurança, o Meio Ambiente e a Saúde Ocupacional. No diagrama pode-

se assinalar de verde os dias em que as respectivas metas de QSMS forem alcançadas e de

vermelho quando tais metas não forem alcançadas.

Na área de Equipe, há um espaço para cada colaborador relacionado à frente de

trabalho, contendo foto, nome, função, qualificação, turno, responsabilidades e EPI’s

necessários para o desempenho de sua função. Nesse local, o colaborador deve dar um ‘check’

para mostrar que está com todos os EPI’s. Há um espaço também para um check do técnico de

segurança responsável pela frente de trabalho.

Os painéis deverão estar a mostra no canteiro, visíveis e de fácil acesso para todos os

envolvidos, de forma a fazer parte de suas rotinas individuais e coletivas.

A etapa de planejamento semanal se inicia com reunião envolvendo a Coordenação do

Projeto, o Planejamento, a Produção, o Suprimento, a Logística e o Comissionamento, de

modo a garantir que a programação semanal seja executada.

Após a reunião de integração e planejamento, o responsável pelo PCP elabora o

programa para a semana. Para cada spool programado será emitido um par de cartões, um

Peça e um Tarefa. O Cartão Tarefa será colocado no quadro de planejamento com a

sinalização vermelha para frente, o que indica que há tarefa pendente. Em seguida, o PCP

deverá preencher os dados de planejamento da tabela de Burnout e dos indicadores. Depois o

operário, o encarregado, o inspetor da qualidade e o técnico de segurança deverão atualizar o

status de presença no painel de Equipe e confirmar o uso de EPIs.

O técnico de segurança deverá conferir se todos estão de fato com seus equipamentos

e realizar a checagem no painel de Equipe. Com os cartões no painel, o encarregado pega o

Cartão Tarefa e entrega ao operário.

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Com o Cartão Tarefa em mãos, o operário preenche os dados de Nome, Data e Hora

do início da tarefa. Tendo preenchido o Cartão Tarefa, o operário deposita o cartão em seu

espaço com foto/nome, na área de equipe. No posto de trabalho, haverá um triângulo para

sinalizar o status de atividade do local.

A cor vermelha indica que existe uma tarefa a ser realizada. A cor amarela indica que

o local está com atividade em andamento. Já a cor verde indica que a área está liberada para a

realização de outra atividade. A cor azul significa que a área está aguardando inspeção. A cor

laranja indica que há necessidade de retrabalho apontado pelo Controle da Qualidade. Por fim,

a cor branca indica que a peça precisa ser movimentada para realização da próxima atividade.

O operário, ao chegar em seu posto de trabalho, atualiza o triângulo para a cor amarela

e dá início a sua atividade. Terminada a tarefa, o operário atualiza o triângulo para a cor azul,

acionando o Controle da Qualidade. Feito isso, ele vai até o painel de equipe e pega seu

Cartão Tarefa e preenche os dados de data e horário de finalização de tarefa.

Em seguida, o operário entrega o cartão ao encarregado. O encarregado pega o Cartão

Peça, junta com o Cartão Tarefa, e deposita os cartões no espaço de inspeção. O controle da

qualidade (CQ) observa que há um cartão no espaço de Inspeção no quadro de planejamento,

vai até o quadro e pega o Cartão Tarefa em questão.

Depois o CQ preenche os dados como nome, data e hora do início de sua atividade de

inspeção. Tendo preenchido os dados, o CQ coloca o Cartão Tarefa em seu espaço da área de

equipe. Após isso, o CQ vai para o posto de trabalho e atualiza o triângulo da cor azul para a

cor amarela.

Ao final da inspeção, o CQ pode aprovar ou não o serviço que foi realizado. No caso

de ser aprovado, o Inspetor atualiza o triângulo para a cor verde, indicando que a peça está

apta para a próxima atividade. Após isso, ele vai até o painel de equipe e pega o Cartão

Tarefa. Com o cartão em mãos, o Inspetor preenche a data e hora do término de sua atividade,

retorna ao painel de planejamento, pega o Cartão Peça, une com o Cartão Tarefa e os coloca

em “Finalizado”.

No caso do CQ não aprovar o acoplamento, ele atualiza o triângulo para a cor laranja,

indicando que será necessário um retrabalho. Após isso, ele vai ao painel de equipe, pega o

Cartão Tarefa e o preenche, marcando que a atividade foi reprovada e anota a data e hora de

sua inspeção.

Em seguida, o Inspetor vai até o painel de planejamento, pega o Cartão Peça e une

com o Cartão Tarefa e coloca ambos os cartões na etapa de Acoplamento, com a face da

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sinalização laranja voltada para frente. Quando o operário for realizar a atividade de reparo ou

retificação, ele terá que registrar o início e o fim de sua tarefa retrabalhada.

Da mesma forma, o CQ também terá que registrar o início e o fim da sua atividade de

retrabalho. Ao final do dia, o encarregado vai ao painel de planejamento e preenche os dados

de desempenho na tabela abaixo do gráfico de Burnout. Feito isso, ele vai até o painel de

indicadores e preenche os dados de desempenho nas tabelas.

O técnico de segurança vai para o quadro de QSMS e pinta na cor verde se a meta

diária de cada letra foi alcançada ou na cor vermelha se a meta não foi alcançada.

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5. CONCLUSÃO

Este trabalho teve como objetivo discutir o desenvolvimento de um sistema de

gerenciamento visual, composto por quadros e sinalizações visuais na fábrica, a fim de reduzir

desperdícios em obras de tubulações e suportes, assim como transformar planejamentos

grandes em planejamentos semanais de forma articulada, não exigindo muita tecnologia.

A proposta do projeto foi apresentar um modelo, passível de mudanças de acordo com

as características da empresa que for implementar. Esse sistema, dependendo da disposição

para investimentos, pode fazer uso de tecnologias como tablets, painéis digitais, rastreamento

por código de barras de cartões e de produtos. Ao mesmo tempo, pode ser simples e de baixo

custo, utilizando quadro branco ou quadro magnético, sinalizações de plástico e canetas

esferográficas, etc.

A formulação da ferramenta apresenta um grande avanço na utilização de práticas

Lean e gestão visual para a indústria da construção e de empreendimentos complexos, que no

caso foi usada para obras de tubulações e suportes. Foram necessárias algumas adaptações do

Lean Manufacturing para Lean Construction, visando sua aplicabilidade na obra. Muitos

desperdícios nesses setores podem ser reduzidos e/ou eliminados através da gestão visual,

gerando lucros e melhorias de receitas para as empresas.

A estrutura proposta para o painel pode significar o começo da implantação do Lean

na empresa, já que ela deixa os problemas visíveis e permite um feedback rápido,

possibilitando e viabilizando melhorias agilizadas. Com isso, pode levar a uma mudança na

cultura da empresa, dando abertura para aplicação de outras práticas enxutas. Na aplicação do

painel, podem ser usadas outras práticas enxutas. Em um pensamento enxuto, pode-se dizer

que é sempre possível melhorar a ferramenta.

Analisando os painéis de forma crítica, vê-se que eles cumprem as funções do

gerenciamento visual, citadas na revisão da literatura. Para melhor demonstrar como o sistema

se relaciona com as funções, serão comparadas por função:

Transparência: os quadros comunicam às pessoas o que está acontecendo no processo

produtivo através dos indicadores e seus respectivos gráficos, além da disposição dos

cartões no quadro Kanban (por exemplo, se têm muitos cartões em “a fazer” e nenhum

“em processo”, nota-se rapidamente que há algo de errado);

Disciplina: os painéis exigem uma rotina dos trabalhadores para manter os dados

atualizados e preencher os cartões. Essa rotina promove o sentimento de apropriação,

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trazendo maior preocupação com o trabalho realizado e fazendo com que se tenha

maior disciplina para cumprir suas obrigações;

Melhoramento Contínuo: através dos indicadores, os quadros mostram de forma clara

e objetiva o que está acontecendo na área de produção, dando oportunidades de

melhoria imediatas para qualquer problema que venha aparecer;

Facilitação do trabalho: os Cartões Peça e Tarefa instruem os trabalhadores, evitando

possíveis dúvidas sobre o que deve ser feito e o que é necessário para realizar a

atividade. Os avisos de uso de equipamentos lembram constantemente a importância

do uso deles, não deixando questionamentos sobre o uso;

“On-the-job Training” – traduzido como treinamento em serviço: os painéis integram

o trabalho com o aprendizado, mostrando sempre como está o processo sendo feito e

como deve ser feito;

Criar participação compartilhada: como dito anteriormente, a rotina dos painéis podem

trazer um sentimento de apropriação aos trabalhadores, por eles estarem mais

envolvidos com o trabalho e terem maior visão sistêmica do que acontece na área. O

painel de equipe destaca como cada pessoa contribui para a área, podendo trazer maior

comprometimento dos funcionários;

Gerenciamento por fatos: os indicadores medem o desempenho da produção, e seus

resultados podem ajudar na tomada de decisão de gestores, já que fornece plena

ciência de como está o andamento da produção;

Simplificação: os painéis mostram constante esforço de monitorar, visualizar e

distribuir informações a qualquer indivíduo que passe por eles;

Unificação: o compartilhamento de informações para todos através dos painéis visuais

pode diminuir barreiras entre setores, já que os obriga a interagir e a alinhar as

equipes.

Dentre as dificuldades possíveis na implementação dos painéis está a cultura de

empresas do setor, que se mostra resistente à mudanças e “medo” de problemas, por se pensar

que ferramentas de apoio à gestão são feitas para procurar culpados e não problemas que

podem significar oportunidades de melhoria. Porém, a implementação do Lean numa empresa

envolve um processo de mudança de cultura, de forma gradual, o que pode aos poucos superar

essas dificuldades.

Portanto, a gestão visual através dos quadros é capaz de desdobrar o planejamento de

longo prazo, em planejamentos de médio e curto prazo, de maneira articulada, de modo a

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facilitar a gestão dos processos, com apoio de indicadores estratégicos. Isso torna o processo

fluido em seu percurso, comunicando todas as partes interessadas, estabelecendo um local

auto gerenciável.

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ANEXOS

ANEXO 1 – Cartão Tarefa (exemplo para etapa de acoplamento do Pipe Shop)

Frente:

AÇO INOX

Área de armazenamento: PIPE SHOP Peso do spool 107,48 Kg Nº juntas 0

Área de montagem: PIPE SHOP

HH Montagem Início Fim HH Montagem Início Fim

Data

Não Sim Impacto

1

Identificação da peça/spool: P123-4567-8_AI

RevisãoRetrabalho

Montagem autorizada por:

Planejado Realizado Aplicação

estimada

Desenho montagem/isométrico:Liberado para Montagem

DE-123456

FABRICAÇÃO

CARTÃO TAREFA - FABRICAÇÃOProjeto: Sistema operacional:

987

Ordem de Serviço/Programação:

1234

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Verso:

NA NA

55 min

11h 12h

Reprovado

5 min 10 min

50 min45 min

15 min 20 min 25 min 30 min 35 min 40 min

55 min

5 min 10 min 15 min 20 min 25 min 30 min 35 min

HH Realizado: HH Realizado:

Mês Dia Hora Minuto Mês Dia

Realizado (2. Retrabalho I) Realizado (2. Retrabalho I)

Início InícioFim Fim

Hora Minuto Mês Dia Minuto

Mês

HH Realizado: HH Realizado:

Início Fim

Realizado (1. Execução) Realizado (1. Execução)

Início Fim

Dia Hora Minuto Mês DiaDia

2. Retrabalho I Aprovado Reprovado

3. Retrabalho II Aprovado Reprovado 3. Retrabalho II

2. Retrabalho I Aprovado

Aprovado

Execução Inspeção

Identif.do profissional Fulano Identif.do profissional 1.

1. Execução Aprovado Reprovado 1. Execução Aprovado Reprovado

2. 3. 2. 3.

Hora

Reprovado

HH Planejado:

Início Fim Início

Minuto

Mês Dia Hora Minuto DiaMês Dia Hora Minuto Mês Dia Hora Mês

Hora Minuto

Realizado (3. Retrabalho II)

HH Realizado:

Fim

Realizado (3. Retrabalho II)

Minuto Hora Minuto

Planejado Planejado

HH Planejado:

MêsDia Hora Minuto Mês

Mês Dia Hora Minuto

Início Fim Início Fim

Mês Dia Hora Hora MinutoMês Dia Hora Minuto Mês Dia

Hora Minuto Mês Dia Hora

Spool extraviado

Necessidade de manutenção Necessidade de manutenção

Espera para acessar altura Espera para acessar altura

24h 36h +48h

Tempo de parada: 3h 4h

Falta de equipamento / ferramenta

Spool mal armazenado / mal preservado

Outra causa de improdutividade ou retrabalho

Tipo/especificação:

Mudança de projeto

Causa de Parada

Outra causa de improdutividade ou retrabalho

40 min

45 min 50 min

HH Realizado:

24h 36h +48h

Spool mal armazenado / mal preservado

Outra causa de improdutividade ou retrabalho

Tipo/especificação:

Mudança de projeto

Falta de equipamento / ferramenta

Causa de Parada

Erro de execução de tarefa

Tempo de parada: 3h 4h

11h 12h

Spool extraviado

Minuto

ACOPLAMENTO

5h 6h 7h 8h 9h

1h 2h

10h

1h 2h

5h 6h 7h 8h 9h 10h

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ANEXO 2 – Cartão Peça (exemplo para Pipe Shop)

Frente:

Verso:

Verso – Cartão Peça - Do Almoxarifado A Fabricação

AÇO INOX

Área de armazenamento: PIPE SHOP Peso do spool 107,48 Kg Nº juntas 0

Área de montagem: PIPE SHOP

PROJETO EXTRAVIO ERRO HH Fabricação Início Fim HH Fabricação Início Fim

Data

Não Sim Impacto

1

PROJETO EXTRAVIO ERRO HH Montagem Início Fim HH Montagem Início Fim

Data

Não Sim Impacto

1

Revisão

DE-123456

Identificação da peça/spool: P123-4567-8_AI

Desenho fabricação/spool:Liberado para Montagem

CARTÃO PEÇA

MONTAGEM

FABRICAÇÃORetrabalho Planejado Realizado Aplicação

estimada

1234

Ordem de Serviço/Programação:

123

Sistema operacional:Projeto:

RevisãoRetrabalho

Montagem autorizada por:

Retrabalho

Montagem autorizada por:

Retrabalho Planejado Realizado Aplicação

estimada

Desenho montagem/isométrico:Liberado para Montagem

DE-456789

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NA NA NA

Espera para acessar altura SIM SIM

Falta de equipamento / ferramentaSIM SIM

Mudança de projeto SIM SIM

1h 2h 1h 2h 1h 2h

5h 6h 7h 8h 9h 10h 5h 6h 7h 8h 9h 10h 5h 6h 7h 8h 9h 10h

5 min 10 min 15 min 20 min 25 min 30 min 35 min 40 min 5 min 10 min 15 min 20 min 25 min 30 min 35 min 40 min 5 min 10 min 15 min 20 min 25 min 30 min 35 min 40 min

45 min 50 min 55 min 45 min 50 min 55 min 45 min 50 min 55 min

NA NA NA

5 min 10 min 15 min 20 min 25 min 30 min 35 min 40 min 5 min 10 min 15 min 20 min 25 min 30 min 35 min 40 min 5 min 10 min 15 min 20 min 25 min 30 min 35 min 40 min

45 min 50 min 55 min 45 min 50 min 55 min 45 min 50 min 55 min

Espera para acessar altura

Falta de equipamento / ferramenta

Mudança de projeto

2h 1h 2h

5h 6h 7h 8h 9h 10h 5h 6h 7h 8h 9h 10h

1h 2h

5h 6h 7h 8h 9h 10h

1h

11h 12h 11h 12h11h 12h

24h 36h +48h 24h 36h +48h

Spool extraviado Spool extraviado

Spool mal armazenado / mal preservado Spool mal armazenado / mal preservado

Outra causa de improdutividade ou retrabalho Outra causa de improdutividade ou retrabalho

Tipo/especificação: Tipo/especificação:

Tempo de parada: 3h 4h Tempo de parada: 3h 4h

Necessidade de manutenção Necessidade de manutenção

Espera para acessar altura Espera para acessar altura

Falta de equipamento / ferramenta Falta de equipamento / ferramenta

Mudança de projeto Mudança de projeto

Início

Mês Dia Hora Minuto Mês Dia Hora Minuto

Início Fim Início FimFim

Hora Minuto Mês Dia Hora MinutoMês Dia

HH Planejado:

FimInício

HH Realizado: HH Realizado: HH Realizado:

Mês DiaMês Dia Hora Minuto Mês Dia Hora Minuto Hora Minuto Mês Dia Hora Minuto

Realizado (2. Retrabalho I)

HH Realizado:

Realizado (3. Retrabalho II) Realizado (3. Retrabalho II)

Dia Hora MinutoMês Dia

Necessidade de manutenção

Realizado (3. Retrabalho II)

Hora

Dia Hora

HH Realizado:

Início Fim

Mês Dia Hora Minuto

Fim

24h 36h

HH Realizado: HH Realizado:HH Realizado:

+48h

HH Realizado:

Tipo/especificação:

Tempo de parada: 3h 4h

Mês

Spool extraviado

Spool mal armazenado / mal preservado

Outra causa de improdutividade ou retrabalho

Início Fim

12h

Acoplamento

Corte

1. Execução

ReprovadoAprovado

Realizado (1. Execução) Realizado (1. Execução)

HH Realizado:

Planejado Planejado

Início Fim Início

FimInício

Tempo de parada: 3h 4h

2.

3.2.

Minuto

Minuto

Realizado (3. Retrabalho II)

Mês Dia

24h 36h +48h

Necessidade de manutenção

Reprovado

Reprovado

Mês Dia HoraMês Dia Hora Minuto

HH Planejado: HH Planejado:

Hora Minuto Mês

HH Planejado: N/A

HH Realizado:

Aprovado Reprovado

End

Identif.do profissional 1.

3.

11h

Hora Minuto

Dia Hora

Mês Dia

Dia Hora

Espera para acessar altura

Mudança de projeto

Aprovado Reprovado

2. Retrabalho I Aprovado Reprovado 2. Retrabalho I

Reprovado 3. Retrabalho II3. Retrabalho II

Outra causa de improdutividade ou retrabalho

Tipo/especificação:

Spool extraviado

Hora Minuto Mês

Mês

Início Fim Início

Minuto

Fim

Fim

HH Realizado:

Realizado (2. Retrabalho I)

Dia

Início

Mês Dia Hora Minuto Mês Dia Hora Hora Minuto

Realizado (2. Retrabalho I)

Início

Realizado (1. Execução)

Realizado (2. Retrabalho I)

Hora Minuto Mês Dia Hora Minuto

Hora Minuto Mês

Mês

Minuto

Mês

Tempo de parada:

Fim

Início Fim

4h

Falta de equipamento / ferramenta Falta de equipamento / ferramenta

24h 36h +48h 24h 36h +48h

Dia

3h

Spool mal armazenado / mal preservado

Espera para acessar altura

Realizado (1. Execução)

Realizado (3. Retrabalho II) Realizado (3. Retrabalho II)

HH Realizado: HH Realizado:

Início Fim Início Fim

Mês Dia Hora Minuto Mês Dia Hora Minuto

FimInício

Minuto

HoraHora Minuto Dia

Realizado (2. Retrabalho I) Realizado (2. Retrabalho I)

Mês Dia Hora Minuto Mês Dia

Início InícioFim

Hora Minuto Mês Dia

Identif.do profissional 1.

Identif.do profissional 1.

1. Execução

Aprovado Reprovado

Dia Hora Minuto

Mudança de projeto

Spool extraviado Spool extraviado

Necessidade de manutenção Necessidade de manutenção

Tempo de parada: 3h 4h

Spool mal armazenado / mal preservado Spool mal armazenado / mal preservado

Outra causa de improdutividade ou retrabalho Outra causa de improdutividade ou retrabalho

Tipo/especificação:

Mês

Planejado

Planejado

11h 12h 11h 12h

Tipo/especificação:

Realizado (1. Execução) Realizado (1. Execução)

Início Fim

HH Realizado: HH Realizado:

Início Fim Início Fim

Início Fim

Mês Dia

3. Retrabalho II Aprovado

Soldagem

Identif.do profissional 1.

Dia Hora MinutoMês

Dia Hora Minuto Mês

2. Retrabalho I Aprovado2. Retrabalho I Aprovado Reprovado

Minuto

Início

HH Realizado:

HH Planejado:

Mês Dia Hora Minuto MêsMês Dia Hora

Reprovado

2. Retrabalho I Aprovado

HH Planejado:

Mês Dia Hora Minuto Mês Dia Hora Minuto

3.

1. Execução Aprovado

Hora Minuto

3. Retrabalho II Aprovado Reprovado3. Retrabalho II

Planejado Planejado

Almoxarifado Estoque 1

Identif.do profissional 1. Identif.do profissional 1.

2. 3. 2. 3.

1. Execução Aprovado Reprovado 1. Execução Aprovado Reprovado

Aprovado Reprovado

2. Retrabalho I Aprovado Reprovado

3. Retrabalho II Aprovado Reprovado

Minuto

Mês Dia Hora Minuto Mês Dia Hora Minuto

Aprovado Reprovado

2.

Fim

Mês

2. 3.

1. Execução Aprovado Reprovado

Fim

Minuto

HH Realizado:

Mês Dia

Dia Hora

Dia Hora Minuto Mês

Dia Hora Minuto

Mês Dia Hora Minuto Mês Dia Hora Minuto Mês Dia Hora Minuto Mês Dia Hora Minuto Mês Dia Minuto

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Verso – Cartão Peça - Da Fabricação A Montagem

NA NA NA

Espera para acessar altura SIM SIM

Falta de equipamento / ferramentaSIM SIM

Mudança de projeto SIM SIM

1h 2h 1h 2h 1h 2h

5h 6h 7h 8h 9h 10h 5h 6h 7h 8h 9h 10h 5h 6h 7h 8h 9h 10h

5 min 10 min 15 min 20 min 25 min 30 min 35 min 40 min 5 min 10 min 15 min 20 min 25 min 30 min 35 min 40 min 5 min 10 min 15 min 20 min 25 min 30 min 35 min 40 min

45 min 50 min 55 min 45 min 50 min 55 min 45 min 50 min 55 min

NA NA NA

5 min 10 min 15 min 20 min 25 min 30 min 35 min 40 min 5 min 10 min 15 min 20 min 25 min 30 min 35 min 40 min 5 min 10 min 15 min 20 min 25 min 30 min 35 min 40 min

45 min 50 min 55 min 45 min 50 min 55 min 45 min 50 min 55 min

2. 3. 2. 3. 2. 3.

Estoque 2 Acesso à Altura Movimentação

Identif.do profissional 1. Identif.do profissional 1. Identif.do profissional 1.

1. Execução Aprovado Reprovado

2. Retrabalho I Aprovado Reprovado 2. Retrabalho I Aprovado Reprovado 2. Retrabalho I

1. Execução Aprovado Reprovado 1. Execução Aprovado Reprovado

Aprovado Reprovado

3. Retrabalho II Aprovado Reprovado 3. Retrabalho II Aprovado Reprovado 3. Retrabalho II Aprovado

Início Fim Início Fim Início Fim

Reprovado

Planejado Planejado Planejado

HH Planejado: HH Planejado: HH Planejado: N/A

Hora Minuto Mês Dia Hora MinutoMês Dia Hora Minuto Mês Dia Hora Minuto Mês Dia Hora MinutoMês Dia Hora Minuto Mês Dia

Início Fim Início Fim Início Fim

Realizado (1. Execução) Realizado (1. Execução) Realizado (1. Execução)

HH Realizado: HH Realizado: HH Realizado:

Hora Minuto Mês Dia Hora MinutoMês Dia Hora Minuto Mês Dia Hora Minuto Mês Dia Hora MinutoMês Dia Hora Minuto Mês Dia

Início Fim Início Fim Início Fim

Realizado (2. Retrabalho I) Realizado (2. Retrabalho I) Realizado (2. Retrabalho I)

HH Realizado: HH Realizado: HH Realizado:

Hora Minuto Mês Dia Hora MinutoMês Dia Hora Minuto Mês Dia Hora Minuto Mês Dia Hora MinutoMês Dia Hora Minuto Mês Dia

Início Fim Início Fim Início Fim

Realizado (3. Retrabalho II) Realizado (3. Retrabalho II) Realizado (3. Retrabalho II)

HH Realizado: HH Realizado: HH Realizado:

Mês Dia Hora MinutoMês Dia Hora Minuto Mês Dia Hora MinutoHora Minuto Mês Dia Hora MinutoMês Dia Hora Minuto Mês Dia

Necessidade de manutenção Necessidade de manutenção Necessidade de manutenção

Espera para acessar altura Espera para acessar altura

Falta de equipamento / ferramenta Falta de equipamento / ferramenta

Outra causa de improdutividade ou retrabalho Outra causa de improdutividade ou retrabalho Outra causa de improdutividade ou retrabalho

Tipo/especificação: Tipo/especificação: Tipo/especificação:

Mudança de projeto Mudança de projeto

Spool extraviado Spool extraviado Spool extraviado

Spool mal armazenado / mal preservado Spool mal armazenado / mal preservado Spool mal armazenado / mal preservado

3h 4h

11h 12h 11h 12h 11h 12h

Tempo de parada: 3h 4h Tempo de parada: 3h 4h Tempo de parada:

24h 36h +48h 24h 36h +48h 24h

1.

2. 3. 2. 3. 2. 3.

36h +48h

Acoplamento Soldagem End

Identif.do profissional 1. Identif.do profissional 1. Identif.do profissional

1. Execução Aprovado Reprovado

2. Retrabalho I Aprovado Reprovado 2. Retrabalho I Aprovado Reprovado 2. Retrabalho I

1. Execução Aprovado Reprovado 1. Execução Aprovado Reprovado

Aprovado Reprovado

3. Retrabalho II Aprovado Reprovado 3. Retrabalho II Aprovado Reprovado 3. Retrabalho II Aprovado

Início Fim Início Fim Início Fim

Reprovado

Planejado Planejado Planejado

HH Planejado: HH Planejado: HH Planejado:

Hora Minuto Mês Dia Hora MinutoMês Dia Hora Minuto Mês Dia Hora Minuto Mês Dia Hora MinutoMês Dia Hora Minuto Mês Dia

Início Fim Início Fim Início Fim

Realizado (1. Execução) Realizado (1. Execução) Realizado (1. Execução)

HH Realizado: HH Realizado: HH Realizado:

Hora Minuto Mês Dia Hora MinutoMês Dia Hora Minuto Mês Dia Hora Minuto Mês Dia Hora MinutoMês Dia Hora Minuto Mês Dia

Início Fim Início Fim Início Fim

Realizado (2. Retrabalho I) Realizado (2. Retrabalho I) Realizado (2. Retrabalho I)

HH Realizado: HH Realizado: HH Realizado:

Hora Minuto Mês Dia Hora MinutoMês Dia Hora Minuto Mês Dia Hora Minuto Mês Dia Hora MinutoMês Dia Hora Minuto Mês Dia

Início Fim Início Fim Início Fim

Realizado (3. Retrabalho II) Realizado (3. Retrabalho II) Realizado (3. Retrabalho II)

HH Realizado: HH Realizado: HH Realizado:

Hora Minuto Mês Dia Hora MinutoMês Dia Hora Minuto Mês Dia Hora Minuto Mês Dia Hora MinutoMês Dia Hora Minuto Mês Dia

Falta de equipamento / ferramenta Falta de equipamento / ferramenta Falta de equipamento / ferramenta

Mudança de projeto Mudança de projeto Mudança de projeto

Necessidade de manutenção Necessidade de manutenção Necessidade de manutenção

Espera para acessar altura Espera para acessar altura Espera para acessar altura

Outra causa de improdutividade ou retrabalho Outra causa de improdutividade ou retrabalho Outra causa de improdutividade ou retrabalho

Tipo/especificação: Tipo/especificação: Tipo/especificação:

Spool extraviado Spool extraviado Spool extraviado

Spool mal armazenado / mal preservado Spool mal armazenado / mal preservado Spool mal armazenado / mal preservado

Tempo de parada: 1h 2h 3h 4h Tempo de parada: 1h 3h 4h

5h 6h 7h 8h 9h 10h 11h 12h

2h 3h 4h Tempo de parada: 1h 2h

9h 10h 11h 12h11h 12h 5h 6h 7h 8h5h 6h 7h 8h 9h 10h

24h 36h +48h24h 36h +48h 24h 36h +48h