dez 2005 ATHENEU - Ateneu Comercial do PortoEm nome do Governo, que represento no Distrito, felicito...

18
boletim ~ dez 2005 JÚLIO AMARO BRILHANTE COLECÇÃO DE PINTURA DO ATENEU COMERCIAL DO PORTO Ediçao Semestral - Ateneu Comercial do Porto COMMERCIAL DO PORTO ATHENEU >> 2 euros N. 1

Transcript of dez 2005 ATHENEU - Ateneu Comercial do PortoEm nome do Governo, que represento no Distrito, felicito...

Page 1: dez 2005 ATHENEU - Ateneu Comercial do PortoEm nome do Governo, que represento no Distrito, felicito o Ateneu Comercial do Porto por este projecto que, certamente, irá enriquecer

boletim ~ dez 2005

JÚLI

O A

MA

RO

BR

ILH

AN

TEC

OLE

ÃO

DE

PIN

TUR

A D

O A

TEN

EU C

OM

ERC

IAL

DO

PO

RTO

Ediçao Semestral - Ateneu Comercial do Porto

COMMERCIAL DO PORTO

ATHENEU>> 2 eurosN. 1

Page 2: dez 2005 ATHENEU - Ateneu Comercial do PortoEm nome do Governo, que represento no Distrito, felicito o Ateneu Comercial do Porto por este projecto que, certamente, irá enriquecer

Estamos praticamente a chegar ao fim do primeiro ano de mandato dos actuais Corpos Gerentes. Pelo que, sem pretender efectuar neste

espaço um balanço das realizações desenvolvidas pelo Ateneu nos últimos meses - matéria que será devidamente tratada no Relatório e

Contas – importa, porém, sublinhar que estamos orgulhosos do trabalho até agora efectuado.

Foram várias as iniciativas – cívicas, culturais, recreativas e desportivas - entretanto concretizadas. Acções às quais aderiram, com força,

um grande número de associados, mas também muitos milhares de pessoas que nos honraram com a sua visita. Foram os casos, por exemplo,

do grande impacto causado pelas comemorações do 136.º aniversário, do debate com os candidatos à Câmara Municipal do Porto, do Festival

Nacional de Bridge, da edição do Catálogo de Pintura, ou mesmo da reedição do Boletim do ATHENEU, cujo interregno durou bastantes

anos.

Esta constatação, sendo motivo de orgulho, não nos deixa, contudo, tranquilos. Antes pelo contrário. Pelo Ateneu e pelos nossos associados

queremos fazer mais. Haveremos de querer sempre mais. A “inércia” não é palavra que entra nos nossos objectivos. E a motivação que

continuamos a receber por parte de todos vós dá-nos coragem para prosseguir, para realizar, por vezes sonhar, mas acima de tudo concretizar.

Por outro lado, estas realizações assumem um sabor redobrado quando, como todos sabem, os nossos recursos são diminutos. Dependem,

fundamentalmente, dos nossos associados, da ajuda de alguns amigos do ATENEU e das iniciativas que vamos empreendendo. Porque vos

digo isto? Porque até ao momento em que escrevo estas palavras – e digo-o com uma certa tristeza - ainda não obtivemos qualquer ajuda,

ou apoio, de qualquer Instituição ou Organismo público, embora o tenhamos solicitado por diversas vezes. Afinal, pensamos, esse apoio é

justificadamente devido, quer pelas iniciativas desenvolvidas, quer pela disponibilidade demonstrada pelo Ateneu sempre que algo nos é

solicitado por essas instituições, mas acima de tudo porque o Ateneu não é uma instituição corporativa. É um espaço com história que pertence

a um país.

Este facto é ainda mais difícil de entender porque - sendo o Ateneu uma Instituição de Utilidade

Pública, localizada na baixa da cidade do Porto, aberto a toda a população, com um horário

de funcionamento das 10 às 24 horas, todos os dias da semana - ainda não obteve dos responsáveis

eleitos qualquer apoio, designadamente no que se refere ao cumprimento das promessas, ao

Ateneu, efectuadas.

Não serão, no entanto, adversidades como estas que nos farão vergar. A força é inata quando a

causa é justa. Propusemos objectivos, haveremos de os realizar a todos. Um, por um.

É também com esse propósito que a Direcção decidiu colocar à disposição dos senhores associados

e amigos alguns brindes, com a marca do Ateneu. A sua excelente relação/preço/qualidade, faz

com que sejam excelentes prendas de Natal. Por outro lado, originarão uma pequena, mas

preciosa, fonte de receita para a nossa Instituição.

Gostaria ainda de realçar o esforço levado a efeito para melhorar a qualidade gráfica desta revista, visível já neste número. Da mesma forma,

gostaria de sublinhar a enorme receptividade que encontrámos na sua aceitação, o aumento significativo da participação dos senhores

associados e amigos do Ateneu, todos a título gracioso, bem como agradecer o apoio das empresas que, ao associarem o seu nome a esta

iniciativa, permite que a sua concretização - sem que seja mais um encargo – se possa prolongar no próximo ano, com uma periodicidade

quadrimestral.

Por último, e atendendo à época natalícia que se aproxima, aproveito este meio para formular a todos os senhores associados, familiares e

amigos do Ateneu, votos de um Santo e Feliz Natal, com muita Saúde e que o próximo ano seja o da concretização de todos os projectos

pessoais e profissionais.

Muito brigado.

O Presidente da Direcção

Hélder Firmino Ribeiro Pereira

“Pelo Ateneu e pelos nossos associados queremos fazer mais. Haveremos de querer sempre mais. A “inércia” não é

palavra que entra nos nossos objectivos. E a motivação que continuamos a receber por parte de todos vós dá-nos

coragem para prosseguir, para realizar, por vezes sonhar, mas acima de tudo concretizar.”

EDITORIAL

Caros leitores, Estimados Consócios

pags 1

HÉL

DER

FIR

MIN

O R

IBEI

RO

PER

EIR

A

Page 3: dez 2005 ATHENEU - Ateneu Comercial do PortoEm nome do Governo, que represento no Distrito, felicito o Ateneu Comercial do Porto por este projecto que, certamente, irá enriquecer

Não tenho qualquer intenção de recordar o passado como exercício

de saudosismo. Saudosismo de quê, se o passado é, em muitos

aspectos, um estendal de injustiças, carências e baixesas? Basta olhar

as condições da habitação Portuense dos finais do século XIX para

comprovar isso. Basta olhar as infâmias cometidas em nome da luta

política de então, para percebermos que não existem paraísos

depositados nos nossos pretéritos.

De qualquer modo, o conhecimento do passado, desde as suas

realizações materiais às formas de pensamento, dos medos, angústias

e obscurantismos às zonas de luz e aos avanços cívicos que o tempo

foi sedimentando, é fundamental para podermos compreender muitas

dificuldades e contradições do presente e estabelecer termos de

comparação com a bondade ou o retrocesso do viver contemporâneo.

Além de outros factores importantes para a correcta compreensão

da História.

Por exemplo: temos ideia de como hoje transcorre a existência de

um jovem da alta burguesia portuense (se é que ela ainda existe,

numa cidade em que a sua classe progressiva por excelência quase

desapareceu da dinâmica da sociedade tripeira). Mas o que acontecia,

há um século, com uma criança nascida em meio favorável ao

desenvolvimento de uma personalidade destinada ao desempenho

do papel social que lhe fora previamente determinado? Acontece

que certas famílias tinham o hábito (excelente) de, além de álbuns

e diários íntimos, elaborarem registos pormenorizados relativos, por

exemplo, às despesas, aos relatos de viagens ou aos nascimentos

ocorridos. Descobri, no meio dos milhentos papéis que navegam

em minha casa, um desses registos de finais de oitocentos, relativo

a família das minhas relações.

Embora sucinto e reduzido a uma só página, podemos analisar o

resumo de uma vida contada do seu primeiro dia até aos 27 anos,

em permanente ascensão. A partir do casamento o registo cessa.

Considerava o registador a sua missão terminada? Talvez, já que o

jovem estava (bem) criado, (bem) instalado no mundo do trabalho

e na própria sociedade, depois de (bem) sucedida carreira escolar.

Vejamos então o retrato milimétrico de um membro ilustre da austera,

sólida, pragmática e requintada burguesia da Invicta: nasceu em

2.2.1883. Foi baptizado na sé Catedral, em 4 de Abril do mesmo

ano. (E adquire, então, enorme vantagem relativamente à maioria

das crianças: a família tem possibilidades de o vacinar. O relato é

omisso contra qual ou quais doenças). Foi vacinado em 1 de Outubro

de 1883 e apartaram-no (isto é: foi retirado do peito da ama), em 20

do mesmo mês. Apareceu-lhe o primeiro dente em Maio de 1884.

De maleitas - felizmente para ele -, só aparecem registadas uma

bronquite aos 6 e outra aos 25 meses.

DA BURGUESIA PORTUENSE

“…o conhecimento do passado, desde as suas realizações materiais às formas de pensamento, dos medos, angústias

e obscurantismos às zonas de luz e aos avanços cívicos que o tempo foi sedimentando, é fundamental para podermos

compreender muitas dificuldades e contradições do presente e estabelecer termos de comparação com a bondade ou

o retrocesso do viver contemporâneo. Além de outros factores importantes para a correcta compreensão da História.”

É com elevada honra que, neste momento de grande significado para o Ateneu Comercial do Porto, me associo ao lançamento do nº 1 da

sua Revista. Relevo este momento pois, se é certo que o ATENEU já adquiriu um estatuto muito próprio, não é menos verdade que a palavra

escrita permitirá fortalecer a memória dos seus feitos, legando às gerações futuras um património histórico-cultural notável e, não menos

importante, os valores e os princípios que desde sempre nortearam a Instituição.

O reaparecimento da Revista é revelador da dinâmica a que o Ateneu Comercial do Porto habituou a cidade e que já logrou levar o seu nome

muito além das suas fronteiras. Esta nova forma de comunicação constitui mais um passo no fortalecimento das relações entre os seus membros,

sendo esta a base de toda e qualquer entidade.

Permitam-me que, nestas breves palavras, homenageie aqueles que, ao longo das várias gerações que se cruzaram nessa Casa, têm conseguido

manter um tão elevado sentido cívico e de partilha. Cívico pelo que de serviço público tem a sua intensa actividade; de partilha por sempre

ter tido as suas portas abertas à sociedade.

Em nome do Governo, que represento no Distrito, felicito o Ateneu Comercial do Porto por este projecto que, certamente, irá enriquecer

todos quantos dele beneficiam, e, em particular, os seus corpos dirigentes e associados por mais uma iniciativa que consolida a sua história.

A Governadora Civil do Distrito do Porto

Isabel Oneto

MENSAGEM

Page 4: dez 2005 ATHENEU - Ateneu Comercial do PortoEm nome do Governo, que represento no Distrito, felicito o Ateneu Comercial do Porto por este projecto que, certamente, irá enriquecer

Saiu (repare-se no pormenor) “sem ser acompanhado por criada”,

pela primeira vez, em 22 de Maio de 1885 (mas não certamente

sozinho, tal como acontece na importante e primeira viagem). Foi

ao Buçaco e Figueira, em 14 de Agosto seguinte. Rapou o cabelo

(medida higiénica que, como vemos, também as famílias prósperas

praticavam) pela 1.ª vez em 18.6.1886 (mas não se livrou de uma

das pragas de época), teve bexigas loucas em 3 de Outubro. Foi ao

Bom Jesus (passeio obrigatório dos Portuenses) em 10.7.1887; (vem,

depois, a pré-Escola temporã) entrou na Mestra a 1 de Agosto (sendo

mestra-caseira, vemos que trabalhava no Verão). Tirou o 1.º dente

a 31 de Agosto de 1888 e tomou o 1.º banho, na Foz, em 4 de Agosto

de 1889 (aos 6 anos, nada mal). Foi para o Bom Jesus em 12 de

Junho de 1890.

Aos 7 anos, ei-lo no limiar da Instrução Primária: entrou no Colégio

«do Vasconcellos» a 15 de Novembro de 1890; (a seguir, férias)

esteve em Famalicão 8 dias no mesmo mês. Confessou-se pela 1.ª

vez em 1.4.1891, esteve um mês de Vizela, em Julho e (o que era

quase obrigatório na cidade burguesa) entrou para Irmão da Ordem

Terceira da Santíssima Trindade, em Outubro de 1892.

Fez exame de Instrução Primária – Aprovado – em 15.5.1893 e foi

(comemorar?) a Viana, Valença e Vigo, em Junho seguinte. Fez a 1.ª

Comunhão em 8.4.1894, na Igreja de Santo Ildefonso (entretanto a

progressão escolar seguia em crescendo). Fez exame de Português

a 14 e de Francês em 18 de Julho de 1894 - Aprovado -. Entrou no

Colégio Nacional, em Outubro, tendo começado com a Ginástica

em Dezembro.

(Sempre a andar) Exames de Desenho e Inglês (Junho e Julho de

1895) e do 2.º ano de Desenho (8.7.1896). De matemática, Alemão,

Geografia e História (Julho de 1897). E (já antevendo a prática)

«meteu professora de palestras Inglesas», em Outubro. Exames de

Matemática, Álgebra, Economia, Alemão e Física em Junho de 1898,

concluindo o Preparatório para o Instituto Comercial.

(Vida nova) Exame de Direito Comercial Português (26.6.1900 –

Distinto!).

E (além de outras distinções) exame de Contabilidade e Cálculo

Comercial Financeiro, em 25.7.1900 (significando a conclusão do

Curso Superior de Comércio).

Aqui, o registo muda de tom e de figura dizendo «Partiu Sua Ex.ª

para Hamburgo em 10.7.1901, regressando um ano depois». Em

Outubro de 1902 esteve em Bragança 16 dias. «Entra na Vinícola»

(que certamente lhe reservara o lugar) para trabalhar, em 20.7.1904.

Esteve 4 e 6 dias no Bom Jesus (em Maio de 1905 e Julho de 1906),

nas Taipas (Agosto de 1906) e Vizela (Julho de 1910).

Casou em 21 de Maio de 1910, na Igreja de Nevogilde (com as

respectivas escrituras elaboradas, no dia anterior, no tabelião Tibério

– tudo como mandavam as regras). Viagem de núpcias a Vigo (que,

como vemos, era destino apreciado) e férias nas Caldinhas em Julho

seguinte. Infelizmente o relato fica pelo casamento, como quem

diz: casado e arrumado, objectivo cumprido. Ficamos assim com

a curiosidade de saber o que aconteceu a esta vida vocacionada

para o sucesso social.

Na cidade de luz e sombra, claros e escuros, pobreza e prosperidade

é óbvio que carreira tão fulgurante seria uma excepção. Há um

século, as desigualdades de oportunidades eram evidentes. Se

pensarmos que, em 1910, morriam no primeiro ano de vida cerca

de 25% das crianças nascidas no Porto, compreendemos como este

jovem, pelo simples facto de chegar incólume e com posição familiar,

social e profissional assegurada até ao casamento, era um felizardo,

numa cidade onde se morria por quase tudo e vivia por quase nada.

Hélder Pacheco

pags 2, 3

Foto

ced

ida

por

José

Car

mo

- “J

N”

HÉL

DER

PA

CH

ECO

Page 5: dez 2005 ATHENEU - Ateneu Comercial do PortoEm nome do Governo, que represento no Distrito, felicito o Ateneu Comercial do Porto por este projecto que, certamente, irá enriquecer

ENTRE DOURO E MINHOENTRANDO PELO PORTO

No Minho, o caldo verde a fumegar feito de cebola nova e batatas

esmagadas com finíssimas tiras de couves verdes e a indispensável

tora de chouriço caseiro era comido em malgas de barro vermelho,

o arroz de Lagosta, pescada em Viana, já esperava ao lume e o aroma

da frescura do mar espalhava-se pela salão do Solar setecentista,

onde sobre a lareira o brasão da família lembrava a fidalguia da casa

e de todos os momentos, divino manjar que Neptuno guardava nos

seus mares que pescadores sapientes raptam para nossa delícia. Pela

porta entram os rojões de Porco, soberbos, fumegantes, tal como um

desfile militar, travessas de castanhas, batatinhas, gomos de maçã,

pedaços de carne fritos em banha, redenho, tripa enfarinhada,

belouras, posicionaram-se na mesa de madeira antiga coberta de

linho bordada com as armas de Portugal, os vinhos verdes branco

e tinto enchiam os copos e saciavam a sede alimentando a alma,

elevando-nos à condição de deuses.

O leite creme, acabado de queimar, regado ligeiramente com vinho

do Porto e salpicado subtilmente com canela, perfumou a sala fazendo

inveja às rubras rosas do centro de mesa, enquanto nos copos de

cristal o vinho de Porto com mais de quarenta anos acompanhava

este doce de colher tal como um piano a voz de uma soprano. O

café, servido no jardim da casa sobre o caramanchão, ainda se

atreveu a vir com doces de gema e beijinhos de amor, uma aguardente

de vinho verde acompanhava um soberbo charuto e a paisagem

verde deste Minho, morgado de Portugal, era a moldura perfeita

para este quadro.

Adormecendo num sono leve bafejado pela brisa do mar sonhei e

em sonho visitei castelos e solares, ermidas esquecidas, pontes

romanas, locais de culto Mariano, pequenos mosteiros da estrada

de Santiago, tudo é perfeito neste local... No alto da serra, preste a

entrar na igreja de Santa Luzia, uma noiva vestida de negro toda

bordada a lantejoulas e pedraria, voava para o altar e neste raio de

luz emanado pelo contraste do seu vestido reflectido pelo brilho

do seu traje, vi o sol que sorria nos costumes deste povo que teima

em manter as suas tradições.

É preciso que este Entre Douro e Minho se abra ao Mundo e passe

a mensagem que em Portugal o turismo é único pela forma como

as pessoas se entregam aos visitantes, fazendo-os sentirem-se eleitos

e cada refeição como se fosse um banquete celestial onde nem

sequer falta a música animada e ritmada no colorido dos trajes.

O turismo tem viver de sonhos e emoções pois é isso que as pessoas

procuram nas viagens que fazem.

O Porto, como disse Camilo Castelo Branco, é a Capital do Minho

e a entrada de Portugal para um Norte onde o Douro é um tesouro

por desenterrar, onde para além da paisagem humanizada nas encostas

rasgadas por braços de Homens, conseguiram arrancar às pedras um

vinho único no Mundo, onde o quadro que se nos apresenta nos

esmaga pela beleza e pela certeza de uma tenacidade única.

Dar a conhecer este Norte de Entre Douro e Minho é obrigação de

todos e do qual todos devemos fazer parte deste projecto.

Hélio Loureiro (Sócio do Ateneu)

“ Oh! paisagem etérea e doceDepois do ventre que me trouxea ti eu devo tudo que sou!”

António Nobre - Só

Foto

ext

raíd

a do

Cat

álog

o/ In

vent

ário

de

Pint

ura

do A

tene

u C

omer

cial

do

Port

o.“T

rech

o de

Rio

” JO

SÉ D

E B

RIT

O

Aproveitando o tempo precioso das férias, fiz um percurso pelo Norte de Portugal num encontro de sabores e prazeres onde

Baco e Eros se sentaram na mesma mesa e, ébrio das luxuriantes paisagem de entre Minho e Douro, deixei-me levar pelas

mãos da exuberante cozinha onde cada garfada é uma sinfonia ao bom gosto pantagruélico.

Page 6: dez 2005 ATHENEU - Ateneu Comercial do PortoEm nome do Governo, que represento no Distrito, felicito o Ateneu Comercial do Porto por este projecto que, certamente, irá enriquecer

Domingos José da Costa Guimarães Júnior

Notável associado do Ateneu, admitido em 1914 com vinte anos de idade, frequentou assiduamente até 1986, data do seu falecimento, a

sala de bilhares da nossa Instituição.

Perdura na memória de todos os que tiveram o privilégio de com ele ter convivido a imagem de um Homem de uma inexcedível integridade,

correcção e humanismo.

Um Grande Senhor.

O interesse pelo bilhar estendia-se também a outros familiares do Senhor Guimarães Júnior, que eram associados do clube e que participavam,

regularmente, nos campeonatos inter-sócios que a casa organizava.

Com boas capacidades técnicas para o bilhar “Livre”, que era a sua modalidade preferida, o Sr. Domingos Guimarães, além de desfrutar de

todo o convívio que o bilhar lhe proporcionava, usava-o, com notoriedade, também como um bom meio para a manutenção da sua invejável

forma física. No fundo, era a procura da “Mente Sana en Corpore Sano”, de que ele foi um excelente exemplo.

Quando faleceu, era o associado mais antigo do Ateneu com 72 anos de filiação.

Honra-nos como associado Seu filho, Sr. Dr. Manuel de Sousa Guimarães, ilustre médico da nossa cidade, a quem enviamos fortes saudações

bilharísticas. Fazemos votos de que tão distinta família nunca perca o vínculo ao Ateneu e que, através das novas gerações, continue ligada

a ele pela via do associativismo que é, no fundo, a sua essência mais genuína e a razão da sua existência.

Manuel Gaspar Abreu Lima Gama

Natural da lindíssima cidade de Viana do Castelo, onde reside, este nosso associado, quer pela sua simpatia, quer pela sua afabilidade, quer

pelo trato amigo que lhe é peculiar, faz de cada um que o conhece um seu incontornável admirador. A juntar a tudo isto, e já não era pouco,

é possuidor de invulgares atributos para a prática do bilhar de competição com evidência para a modalidade de “Pool” - para os menos

conhecedores desta matéria, poder-se-á descrever como um jogo parecido com o popular “Snoocker”.

Jogador de topo no panorama bilharístico Português, ocupa desde há vários anos os lugares cimeiros do ranking oficial da Federação Portuguesa

de Bilhar, tendo atingido, aos 25 anos, o auge da sua ainda curta carreira, ao sagrar-se Campeão Nacional Individual Masters (categoria

máxima no bilhar) da época 2004 / 2005.

Pelo Ateneu e por Equipas já tinha conquistado um Campeonato Nacional da 1.ª Divisão, uma Taça de Portugal, uma Super-Taça e um

Campeonato Nacional da 2.ª Divisão.

A sua vinda para o Ateneu fica a dever-se a um seu conterrâneo, nosso associado, grande amigo da secção e não menos brilhante bilharista

que é o Sr. António Azevedo que, com toda a razão, via no então candidato, Sr. Manuel Gama, uma pessoa com o perfil e com as qualidades

desejáveis para um associado do Ateneu. E em boa hora o propôs.

Com a presença dos Senhores Presidentes da Assembleia Geral, do Conselho Fiscal, da Direcção e de muitos Senhores Associados que

esgotaram todos os lugares disponíveis, realizou-se no passado dia 4 de Novembro, no restaurante do Ateneu, um grandioso jantar de

homenagem a este nosso associado, tendo-se também prestado no decorrer do mesmo um justo e veemente agradecimento ao associado e

reputado bilharista, Sr. Dr. Jorge Tavares Bastos, por toda a disponibilidade que tem tido para com A SECÇÃO DE BILHAR. Os Senhores

Presidentes enalteceram a dedicação e o empenho dos homenageados para com o Ateneu, tendo sido oferecido, a ambos, um livro do espólio

das pinturas do clube: “Percursos – A Pintura do Ateneu Comercial do Porto”.

Um Muito Obrigado e um Bem Hajam por tudo quanto têm feito pelo Ateneu.

José Manuel Barros (Sócio do Ateneu)

DUAS GERAÇÕES DIFERENTES

pags 4, 5

o mesmo prazer pelo BILHAR

MA

NU

EL G

AM

A

SEN

HO

RG

UIM

AR

ÃES

NIO

R

Page 7: dez 2005 ATHENEU - Ateneu Comercial do PortoEm nome do Governo, que represento no Distrito, felicito o Ateneu Comercial do Porto por este projecto que, certamente, irá enriquecer

22h00 ABERTURA JANTAR (SERVIÇO DE BUFFET)2 Pratos Quentes, Saladas Variadas, Sobremesas Tradicionais

Vinhos Verdes e Maduros, Águas e Sumos à discrição

12h00 MEIA NOITEUvas Passas, Bolo Rei e Champanhe

1h15 ABERTURA DA MESA DE FRIOSLeitão, perú, salmão, carnes frias, quiches diversos,

mesa de queijos, etc.

3h00 CHOCOLATE QUENTE

INSCRIÇÕES NOS SERVIÇOS DE SECRETARIA ATÉ AO DIA 22 DE DEZEMBRO OU PELOS TELEFONES 223 395 410/2Só serão consideradas reservas contra pagamento. Após o prazo, as inscrições sofrerão uma multa de 5 ATHENEUS

MÚSICA AO VIVOE MUITA ANIMAÇÃO

COMERCIAL DO PORTOATENEU

NÃO SÓCIOS

65 ATENEUS

SÓCIOS

55 ATENEUS

FUNCIONARÁ UM BAR TODA A NOITE PARABEBIDAS ESPIRITUOSAS E LICOROSAS (PAGAS À PARTE)

Page 8: dez 2005 ATHENEU - Ateneu Comercial do PortoEm nome do Governo, que represento no Distrito, felicito o Ateneu Comercial do Porto por este projecto que, certamente, irá enriquecer

Quando a crónica histórico-mundana dos meados de 1978 noticiou o casamento da princesa

Carolina do Mónaco, filha do príncipe Rainier e da princesa Grace, não faltou quem associasse

o apelido do seu consorte, Filipe Junot, ao do notável general das hostes napoleónicas

Andoche Junot e se persuadisse que eram ambos da mesma linhagem e, até, que este era

ascendente daquele.

No entanto, nada disso corresponde à realidade, conforme o demonstraram os termos da

entrevista que o conhecido historiador Joseph Valynseele concedeu à revista “Point de VUE

IMAGES du Monde” e que ali vem publicada, no exemplar n.º 1562, de 30 de Junho do

dito ano.

Com efeito, e muito embora as duas famílias procedam da mesma região, qualquer base de

consanguinidade que entre ambas pudesse eventualmente existir, teria de situar-se, necessariamente, para trás de 1623, pois Joseph Valynseele

pesquisou a ancestralidade de Filipe Junot até aquela data, sem que ela se cruzasse com qualquer dos ascendentes do favorito de Napoleão

Bonaparte.

É que, apesar da semelhança dos apelidos, pode perfeitamente dar-se o caso das respectivas linhagens serem de origens diferentes, como

aliás acontece com a maioria das famílias portuguesas de idêntica designação antroponímica.

DUAS FIGURAS DA SOCIEDADE LISBOETA DE HÁ 200 ANOS – DUQUES DE ABRANTES

É muito extensa a bibliografia portuguesa respeitante a Junot e a sua mulher, dado o facto deles terem sido duas figuras com notória implantação

na sociedade lisboeta dos primórdios do século XIX.

Ele, por ter estado entre nós, primeiramente como representante diplomático do governo francês (1804-1805) e, em seguida, como comandante

do exército que invadiu o nosso país de 1807 a 1808 e garantiu o Tratado de Fontainebleau (27.10.1807). E ela, na qualidade de escritora,

através dos seus romances e, principalmente, do seu famigerado e controverso livro de “Memórias”, que, em dados lances, se manifesta tão

pouco lisonjeiro com a mulher portuguesa.

Além disso, em 1808, foram ambos distinguidos com o título português de duques de Abrantes* que, em França e conforme se verá, se

transmitiu oficialmente à respectiva posteridade.

RAMIFICAÇÕES GENEALÓGICAS DE ANDOCHE JUNOT E QUEBRA DA RESPECTIVA VARONIA

1. Oriundo da Borgonha, Jean-Andoche Junot nasceu a 23.10.1771 em Bussy-le-Grand (Côte-d’Or) e suicidou-se em Montbard, a 29.07.1813; e sua mulher,

Laura St.-Martin Permon, nasceu em Montpellier a 06.11.1784 e faleceu em Paris a 07.06.1838.

Do seu casamento, ocorrido em 1800, resultaram duas meninas e dois rapazes:

2 A filha mais velha, chamada Josefina, nascida em Paris em 1802, foi escritora de certa nomeada. Seguiu primeiro a vida religiosa e fez-se irmã de caridade,

em que atingiu o título de cónega, mas depois, reconciliando-se com o mundo, casou em 1841 e teve uma filha de quem descende o conde Jean de

Mouy e a família Grevenkop-Castenkiold, de origem dinamarquesa. Depois de casada, Josefina Junot passou a assinar as suas obras sob o nome de

Madame Amet, cujo apelido lhe adveio do marido.

2 O filho varão mais velho, Napoléon-Andoche Junot, segundo duque de Abrantes, morreu solteiro e sem descendência. Nasceu e faleceu em Paris (1807-

1851), sendo afilhado de Napoleão Bonaparte e da imperatriz Josefina. Dedicando-se às Letras, colaborou em diversas publicações do seu tempo e foi

autor de alguns romances, que o Grand Larousse enuncia. Também seguiu a vida diplomática, mas teve de abandoná-la, por dificuldades surgidas no

seu exercício.

2 O filho mais novo, Alfredo Junot – cujo nome completo, mas menos corrente, era o de Adolphe-Alfred-Michel Junot – nasceu em Ciudad Rodrigo em

1810 e, abraçando a carreira militar, serviu em África, fez parte do estado-maior do exército e faleceu em 1859, no posto de tenente-coronel, em

consequência de ferimentos recebidos em combate, na batalha de Solferino. Foi o Terceiro duque de Abrantes, por morte do antecedente. Casou duas

vezes. Do primeiro matrimónio ficou-lhe uma filha, a que foi dado o nome de Joana e do segundo nasceram-lhe mais dois rebentos:- Margarida e Jerónimo.

Mas Jerónimo morreu com a idade de 3 anos, assim se apagando na família o apelido Junot, procedente do respectivo genearca, Robert Junot, nascido

em 1600 em Fontaine-les-Sèches (Côte-d`Or) e aí proprietário-agricultor.

OS DESCENDENTES PORTUGUESESDO GENERAL NAPOLEÓNICO

pags 6, 7

Andoche Junot

AN

TÓN

IO D

E SO

UZ

A-B

RA

ND

ÃO

* Por falta de legitimidade jurídica, o título de duque de Abrantes não é reconhecido em Portugal, sendo, além disso, atentório da nossa identidade nacional, por evocar um períodode usurpação e ameaça para a nossa independência.

Page 9: dez 2005 ATHENEU - Ateneu Comercial do PortoEm nome do Governo, que represento no Distrito, felicito o Ateneu Comercial do Porto por este projecto que, certamente, irá enriquecer

Apesar disso, por morte de Alfredo Junot e decreto de 06.10.1869, o título de duque de Abrantes foi restabelecido na pessoa de seu genro, Maurice Le

Ray, marido da sobredita Joana. O sexto e actual duque de Abrantes é neto deste casal, que, aliás, também se encontra simultaneamente representado

pelas famílias Hervé, La Villesbrune, Surmont, Rivet de Chaussepierre, Heliot, Escande, Bès de Berc e Millecam.

Quanto à descendência da segunda filha de Alfredo Junot, acima designada com o nome de Margarida, encontra-se actualmente representada pelas

famílias Jarroson, Olphes Gaulard, Magne e Delafosse.

Posto isto, é chegado o momento de nos debruçarmos sobre a descendência da segunda filha de Andoche Junot, denominada:

2 Constança, a que, de resto, se atribuirá um maior desenvolvimento, por ter sido dela que irradiou um ramo para Portugal.

O REPRESENTANTE DE JUNOT EM PORTUGAL

De George Aubert a D. Jorge de Serpa Pimentel

2. Constança Junot nasceu em Paris em 1803 e a despeito da sua infância ter decorrido sob um clima de luxo e dissipação e da adolescência lhe ser perturbada

por tragédias e decepções, nem se tornou melancólica ou exageradamente introvertida, nem atreita a frivolidades. Pelo contrário, foi uma mulher de talento,

além de espirituosa, inteligente e equilibrada.

Muito perspicaz e vocacionada para as Letras, colaborou em notáveis publicações do seu tempo, tendo

fundado e sido redactora de uma revista intitulada Les Abeilles Illustrées. Além disso, foi autora de Le

Dévouement (1842); de um Manuel d’ Écónomie Élégante (1859); e de Les Femmes Sages et Les Femmes

Folles (1865).

Assinava-se Constance Aubert.

Casou com Louis-Antoine Aubert, ex-oficial do exército, que foi seguidor do general Cavaignac

e renunciou à carreira militar (quando era capitão), apesar de ter adquirido prestígio durante o

seu exercício e de ser condecorado com apenas 23 anos de idade.

A tradição familiar retrata-o psicologicamente como sendo um temperamento fortemente arrebatado

e exageradamente intolerante.

Tiveram os seguintes 3 filhos:

3 George-Auguste-Antoine Aubert, de quem sequentemente falaremos;

3 Alfredo, que não parece ter tido descendência;

3 e Laura, que foi casada e teve geração. Foi um bisneto desta senhora, chamado Raimond, quem

escreveu ao príncipe Rainier, pai de Carolina do Mónaco, a informá-lo de que o seu futuro

genro, Filipe Junot, ao contrário do que então se apregoava, não pertencia à estirpe procedente

de Andoche Junot e Laura Permon.

Este ramo encontra-se actualmente representado pelas famílias Labelle-Rojoux e Riesser.

3. Herdando a audácia e tenacidade do avô materno – cuja extraordinária bravura lhe valeu a alcunha de “La Tempête” – George-Auguste-Antoine Aubert,

que nasceu em Paris em 1838 e faleceu em Donville a 16.04.1899, foi um distintíssimo oficial de “Infantaria de Marinha”, que tendo participado briosamente

em todas as campanhas do segundo Império até à guerra Franco-Prussiana, muito se notabilizou pelo heroísmo e espírito de abnegação, demonstrados na

Batalha de Sedan (01.09.1870), cuja célebre resistência contra os Bávaros seria perpetuada pelo pintor Alphonse de Neuville no seu quadro intitulado “Les

Dernières Cartouches”.

Em 27.08.1967, nas comemorações do 97.º aniversário dos combates de Bazeilles, foi-lhe prestada em Granville, com honras especiais, justa e significativa homenagem,

em que se incluiu, além de outras realizações, a inauguração do seu novo túmulo, no cemitério de Nossa Senhora daquela cidade.

Casou em 1867 com Berthe Maréchal, cuja expressão invulgarmente distinta e anatomicamente encantadora lhe alcançou o cognome de “a duquesa”, com

o qual a alta sociedade parisiense costumava designa-la quando se lhe referia.

Em Portugal, na casa dos seus trisnetos, encontra-se um seu retrato, em que pode contemplar-se tão singular formosura.

Os seus olhos, lindíssimos e muito expressivos, de um castanho dourado pouco vulgar, resplandecem-lhe num rosto perfeitíssimo, emoldurado por excelentes

cabelos, de idêntica tonalidade, levemente acobreados. Tinha, então, 33 ou 34 anos de idade, pois a tela está datada de 1873*.

O autor deste esplêndido retrato foi Jean-Marie Fouque, que nasceu em Arles em 1819 e ingressou na Escola de Belas-Artes em 07.10.1846, onde foi discípulo

de Lestang-Parade.

Expôs no Salão de Paris desde o ano em que se matriculou até ao de 1879 e durante as viagens que realizou ao Extremo Oriente, as suas obras despertaram

tal interesse no rei do Sião, que este o nomeou pintor da sua real câmara.

Secretário, lugar-tenente e ajudante de campode Napoleão Bonaparte, comandante geralda Praça de Paris, coronel-general deHussards, general de divisão, embaixador nacorte de Lisboa, governador militar de Paris,comandante em chefe da 1.ª invasão francesade Portugal, grande oficial da Legião deHonra, “duque de Abrantes”, etc.JE

AN

-AN

DO

CH

E JU

NO

T“La

Tem

pête

”(se

gund

o um

des

enho

fran

cês,

da

époc

a)

* Berthe Maréchal nasceu em Lorient a 25.06.1840, sendo filha de Jean-Henri Maréchal, distinto oficial da Marinha, e de sua mulher Jeanne-Eudoxie Verguet.

Page 10: dez 2005 ATHENEU - Ateneu Comercial do PortoEm nome do Governo, que represento no Distrito, felicito o Ateneu Comercial do Porto por este projecto que, certamente, irá enriquecer

Ao leitor desprevenido, mas eventualmente interessado na vida e obra deste bom artista, se chama a atenção para o facto de alguns biógrafos seus o tratarem,

erradamente, pelo nome de Jean-Marie Baptiste.

O herói de Sedan, George-Auguste-Antoine Aubert e a sua formosa mulher, Berthe Maréchal, tiveram dois filhos denominados:

› George-Henri, nascido em Lorient a 03.09.1868 e Madeleine-Clemence.

4. Madeleine-Clemence Aubert nasceu na mesma localidade a 08.06.1870 e faleceu em Matosinhos (Portugal), a 17.03.1969, com a provecta idade

de quase 99 anos.

O Jorge, seu irmão, tinha morrido com 18 anos de idade e ela vivia com a mãe, em Paris, na Rua Halelin, n.º 46, quando se relacionou com o marido.

Este, de nacionalidade portuguesa, chamava-se Bernardo Joaquim Vieira de Faria e tendo nascido na rua de Santa Catarina da cidade do Porto, a 23.08.1856,

era filho de Manuel Joaquim de Faria, bacharel-formado em Medicina, natural do Rio de Janeiro (Brasil), e de sua mulher D. Ana Alexandrina Vieira de Araújo,

natural e moradora no Porto.

Proprietário e de boa família, com grande ilustração e sólidos bens de fortuna, Bernardo de Faria costumava estanciar longos períodos em Paris, onde criou

amizades e se enamorou de Madalena Aubert, com quem viria a casar-se em Passy (Seine),

no 1.º de Maio de 1900.

Pouco depois vieram para Portugal e estabeleceram residência em Matosinhos, onde Bernardo

de Faria possuía casa própria e se finou a 26.12.1907.

Foi nessa “casa-museu”, onde havia boas peças de mobiliário francês do século XVII e um

imponente e belíssimo lustre de cobre trabalhado, que Madalena Aubert trouxera de França

consigo, que lhes nasceram, a 09.01.1901 e a 17.11.1903, as suas duas filhas:

5 Marcelle e Georgette. Georgette ficou solteira, mas:

5. Marcelle Aubert de Faria – que faleceu na sua terra natal a 12.03.1984 e foi uma das mulheres

mais elegantes da boa sociedade tripeira e alfacinha de há meio século – casou em Matosinhos,

a 14.09.1922, com D. José de Serpa Pimentel de Sousa Coutinho, sobrinho do marquês de

Gouveia, D. Afonso, e filho primogénito do contra-almirante D. Fernando de Serpa Pimentel

e de sua mulher D. Maria Ana Victória de Sousa Coutinho (filha dos terceiros condes de

Linhares).

D. José de Serpa Pimentel, que nasceu em Lisboa, na freguesia da Estrela, a 24.05.1879 e

faleceu com 50 anos incompletos, na freguesia de Santa Catarina da mesma cidade, a 01.05.1929,

foi coronel de Cavalaria, governador da companhia do Niassa e comendador e cavaleiro da

Ordem da Torre e Espada.

Tomou parte na expedição a Lourenço Marques (1900) e na Campanha da Guiné (1908) e

foi comandante do 1.º batalhão de Dragões de Mocâmedes (Angola) e chefe do estado-maior

do Corpo Expedicionário Português, em França (1917-1918), na primeira guerra mundial.

A forma como se houve no desempenho da comissão de serviço que lhe foi cometida durante

a expedição a Lourenço Marques, mereceu-lhe ser elogiado em portaria do governo-geral de Moçambique.

Além disso, foi condecorado e distinguido com o grau de Oficial da Legião de Honra, de França; com a Medalha de Serviços Distintos, da Grã-Bretanha;

com a Cruz de Guerra de 1.ª classe; com as Medalhas de Campanha e da Victória; com a Medalha de Valor; com a Medalha da Expedição a Lourenço

Marques; com a Medalha D. Amélia (comemorativa de serviços em campanha); com a comenda de S. Bento de Aviz; e, consoante já foi dito, com a da

Torre e Espada.

Tinha os cursos da antiga Academia Politécnica, de Lisboa; o da Arma de Cavalaria da Escola do Exercito; e o do Estado-Maior e jaz sepultado no cemitério

do Alto de S. João da cidade de Lisboa.

Do seu casamento de amor com D. Marcelle Aubert de Faria resultou um único filho denominado:

6. D. Jorge de Serpa Pimentel, que nasceu na freguesia do Bonfim da cidade do Porto, a 07.11.1923 e foi 2.º marquês de Gouveia, por alvará de 01.12.1956,

em sucessão a seu tio-avô, o engenheiro D. Afonso de Serpa Leitão Freire Pimentel.

Foi aluno do Colégio Militar e cursou Engenharia no Instituto Superior Técnico, de Lisboa, tendo sido aspirante miliciano de Cavalaria e ingressado na

companhia de navegação aérea Pan American World Airways (aeroporto de Lisboa), onde foi funcionário superior até 1981.

Faleceu em 1998 e havia casado em Lisboa, na Basílica da Estrela, a 08.03.1954, com D. Maria Alexandra Margarida de Sárrea Brack-Lamy de Paiva Brandão,

de quem teve duas filhas e o licenciado:

7. D. Jorge de Paiva Brandão de Serpa Pimentel, que sendo o actual representante português do general Andoche Junot é, também, o actual marquês de Gouveia

e o principal representante de uma família bem numerosa e multisecular, que muito se empenhou na expulsão dos Franceses do nosso território, quando

eles o invadiram por execranda determinação de Napoleão Bonaparte.

António de Souza-Brandão (Sócio do Ateneu)Do Centro de Estudos de Genealogia, Heráldica e História da Família da Universidade Moderna (actualmente na Lusófona)

pags 8, 9

LAU

RA

ST.

MA

RTIN

PER

MO

N

Escritora e uma das mulheres mais brilhantesda corte francesa durante o Consuladoe Império. Laura Permon arrogava-se,descendente dos Comnèni. Os seus luxuosossalões eram frequentados pela melhorsociedade bonapartista e por literatos eartistas, e a vida dessa época encontra-sereproduzida nas suas notáveis “Memórias”.

Page 11: dez 2005 ATHENEU - Ateneu Comercial do PortoEm nome do Governo, que represento no Distrito, felicito o Ateneu Comercial do Porto por este projecto que, certamente, irá enriquecer

POESIA

MA

NU

EL B

AR

RO

CA

Manuel Barroca (Sócio do Ateneu)

Y

Y

o dia de severinoa expressão fixa do poeta severino

encontrado domingo cerca do meio dia

ainda na cama morto por cima a sorrir

exprime num lance a imaginação com que

inventara passar o dia sentar-se à brisa abrir

um livro aconchegar a malha tecida por

mariana fixar no horizonte um petroleiro a

sair do terminal em leça o cigarro esquecido

até á hora do almoço ela quase a chegar

havia de sentir a eau de toilette pour femme

touch of pink oferecida a crédito enquanto

as suas mãos alissavam a barba dependurada

numa escada por onde ela costumava subir

até ficar no patamar ao nível daqueles olhos

poeticamente tristes pateticamente poetas

umas rimas aqui umas dicas ali a beberem

um chá uma tisana como ela dizia e depois

caminharem sobre a areia para quase em

segredo murmurar-lhe com as vagas um

conto de natal acabado “eramos tão pobres

a miséria era tanta que não tinhamos nada

para pôr na chaminé nem botas nem

sapatilhas nem alparcatas ou socos o pai

natal quando chegou à nossa casa fez um

desvio pensando que estava desabitada”

mas nem naquele sorriso desistiu quando

veio para ouvir o saibro da sua entrada no

cemitério e sentir os beijos de mariana que

ponteavam o seu poético corpo em confetis

de sangue mesmo morto ficou a dançar com

um cravo um abril uma revolução as barbas

fitas de carnaval até que no ar ficou suspenso

para amar no dia da ressureição os poetas

hão-de chegar uns virão com deus outros

pela sua mão acenando ao amor

entre as estações coimbra está suspensa num retrato de lídia uma jovem vivida

à travessa dos martas onde dormia foi urbanizada elevou-se imóvel perdeu a virgindade

perto do portugal dos pequeninos não se dislumbra el rei d. Sebastião voltando com o

corpo dela ainda esbelto coberto de pó estampado no calor de alcacer quibir a leveza de

nevoeiro a subir recria nos cabelos húmidos a minha brilhantina anos sessenta a brisa de

sais de banho dela enquanto quatro cavalos fugidos galopavam em direcção ao jardim num

alvoroço em frente ao hotel astória numa manhã espantados de portugal em vertigem uma

tarde perdi os sentidos copiei do vinicius de morais cadernos de poesia 4 o poeta mais

brasileiro de mais directa comunicação com o público e mandei um postal parecia a

liberdade a chegar elegante com parte do poema desespero da piedade tende piedade

senhor das primeiras namoradas de corpo hermético e coração patético que saem à rua

felizes mas entram sempre desgraçadas que se crêm vestidas mas que

em verdade vivem nuas e quando voltei lídia estava ausente pelo chão corria um silêncio

calmo sem resposta então o verão secou naquela cidade branca e preta donde voltei fazia

tanto tempo mas revolto á cidade em defesa dum fabricante de decotes não facturados um

vento de memórias embaraça a sala de audiências esvoaça a demência naquela escrivã de

direito que passa ondulada em tabu aprisionada em cortina de tabaco embrulhada numa

capa coçada pelo movimento dos tributos em fuga ela será a sombra de lídia sentada no

quarto a escrever-me envio-te como prova de nosso amor esta folha que apanhei no recreio

se passar anti tache pelas manchas de pigmentação na face se encaixar as ancas escancaradas

de partos se estilizar as sobrancelhas se limar as unhas roídas se esmaltar os dentes e

substituir o terceiro molar do primeiro quadrante se passar pó de limpar pratas a polir o

olhar baço de cansaço se libertar aquele ventre jesus dum inchaço surge então lídia saída

da poesia brasileira nua namorada aberta e coração sintético bendita dum vinicius renascido

no palco aplaudido mais o copo de whisky no prazer da palavra dançarina em volta dum

astor piazolla contorcendo o tango pelas argentinas e pelo silêncio das palavras amarguradas

todos libertando notas de sensualidade anotações á margem sobre a paixão prescrita não

garanto se reconhecido neste local ficarei sob prisão no seu domicilio para presenciar o

descalçar os joanetes o desabrochar das rendas em campos de celulite o escurecer dos

mamilos metamorfoseados duas máscaras voltadas para o soalho que se aproximam

desavergonhadas num abraço sem elasticidade nem plasticidade oh jesus corta-me a

placenta embrulha-me este filme em papel seda para alcançar no espaço a sublimação de

amar o nada de subir ao amor perfeito quero ser absolvido da poesia com que escureci o

seu retrato preto e branco excepto a dedicatoria como prova de nossa amizade eterna para

que nunca te esqueças estou a suar neste cenário o horizonte destas imagens asfixia o

ambiente quase fulmina até chegar um arcanjo de luto que primeiro lavou as mãos à pilatos

a seguir admirado sintetizou nem tinham dinheiro para telefonar ou selo para colar

evidentemente não se podiam enamorar nesta cidade é absolvido do crime de olhar a

paixão vai regressar pela noite

esta noite vieste-me esperar noutro amor ao porto regressei era madrugada apreciava o porte

fino na pele das tuas luvas a proteger carícias promessas de porcelana enquanto me conduzias

no teu lancia pelo brilho da estrada molhada presentia o vigor das tuas mudanças a humidade

dos vidros o limpa pára-brisas em gritos de borracha esmagada do coração até ao teu

Page 12: dez 2005 ATHENEU - Ateneu Comercial do PortoEm nome do Governo, que represento no Distrito, felicito o Ateneu Comercial do Porto por este projecto que, certamente, irá enriquecer

Património Mundial da Cultura, cioso dos

seus bairros antigos de ruelas entrançadas,

do fulgor místico das suas igrejas de talha

dourada, da ribeira cosmopolita, o Porto é

a sua gente “gente de um só rosto, de uma

só fé, de antes quebrar que torcer”. Gente

que sabe dizer sim e gritar não, que se atreve,

sonha, espera mas não desespera, age, ousa

ser sujeito determinante da história da sua

cidade. Gente que flui nas ruas e avenidas,

cruza-se nas escadas rolantes dos shoppings,

que se toca nas mágicas noites de S. João,

cheira a alho porro e a erva cidreira,

emociona-se com as cascatas, orgulha-se

de ser tripeiro, grita “ O Porto é uma nação”,

“ até os comemos”, “campeões, nós somos

campeões”!

O Porto é o ruído de quotidianos apressados

de percursos e destinos de trabalho, de

palavras que se trocam, dos táxis, dos

autocarros, dos eléctricos, do metro...

O Porto é o Douro sinuoso de pontes

imponentes espreitando-o expectantes e

aplaudindo a ternura com que abraça a zona

ribeirinha nos dias preguiçosos de verão e

se espantam e revoltam com a sua violência

nos dias tempestuosos de Inverno.

Falar do Porto é falar da Torre dos Clérigos,

elegante e majestosa, em desafio com o

céu ora azul solarengo, ora cinzento

pedrento e frio.

É lembrar a estação de S. Bento, lugar de

chegadas e partidas, de encontros e

desencontros, de emoções e sentimentos

vários.

É deixar-se seduzir pelos jardins do Palácio

de Cristal, encantar-se com as tílias vestidas

de verde na Primavera, provocantemente

nuas no Outono.

É maravilhar-se com os arcos de Miragaia,

admirar o estranho bailado das roupas que,

nas varandas, secam ao vento e ao tempo.

É sentir o perfume, o sabor, o colorido do

seu vinho que, generoso, se oferece às suas

gentes e àqueles, viajantes de mil caminhos,

desembocam no seu território em busca de

um “ Porto sentido”, “Porto vivo e vivido”.

É sentir a força avassaladora da Praça da

Liberdade, lugar de eleição onde as gentes

se unem para festejar datas marcantes -

25 de Abril, 1º de Maio, vitórias e

conquistas dos seus ídolos, ovacionar o

F.C.P. ,defender e lutar pelos valores e

tradições da sua cidade.

Mas o Porto também é a Foz, a Foz onde o

Douro, depois de louca cavalgada por

montes agrestes e vales profundos, se

abandona, cansado, no Atlântico.

A Foz do Douro das manhãs de brumas

misteriosas, das praias orvalhadas onde o

mar se espreguiça languidamente e se

confunde com a areia.

A Foz do Douro onde, quem sabe, talvez

Sofia, menina do mar, etérea, em noites de

lua cheia, vestida de ondas, cabelos

enfeitados de luar dança na praia e canta “

Se em frente do esplendor do mundo nos

alegramos com paixão, também em frente

do sofrimento do mundo, nos revoltamos

com paixão”.

Também nas margens do Douro, em

Sobreiras, destaca-se, pela beleza, paz que

irradia do rosto, olhar, postura das mãos,

um Anjo. Anjo esculpido por Irene Vilar, que

muita da sua arte tem oferecido

discretamente à cidade, e aí escolheu o lugar

onde as suas cinzas serão lançadas e

descansarão no regaço do rio que tanto ama.

Anjo, qual mensageiro, parece querer dizer

ao Porto, que mesmo nos piores momentos,

enquanto houver quem ame perdidamente

esta cidade, as suas gentes farão com que o

milagre aconteça.

Tudo isto é o Porto, e o mais que as palavras

não podem traduzir mas que vivem

perpetuamente nos corações dos tripeiros.

Isaura de Melo (Sócia do Ateneu)

PORTO

pags 10, 11

“O Porto é o ruído de quotidianos apressadosde percursos e destinos de trabalho,

de palavras que se trocam,dos táxis, dos autocarros, dos eléctricos, do metro...”

ISA

UR

A M

ELO

O Porto, cidade de perfil granítico e barroco, afirma-se na sua singularidade,identitária, numa das mais belas e antigas cidades da Europa.

Page 13: dez 2005 ATHENEU - Ateneu Comercial do PortoEm nome do Governo, que represento no Distrito, felicito o Ateneu Comercial do Porto por este projecto que, certamente, irá enriquecer

“Estes nomes são cortados. Estes escritores

morreram”. Para António de Oliveira Salazar,

escritores e livros eram tão diabólicos e

“subversivos”, como o eram as obras

enumeradas no “Índex”, o famoso e triste

livro negro da Inquisição, criado

explicitamente para dar a conhecer os livros

proibidos, considerados como “desviadores

da fé”. Afinal, argumentava reiteradamente

o antigo presidente do Conselho Nacional,

“Autoridade e Liberdade são dois conceitos

incompatíveis. Onde existe uma não pode

existir a outra”. Perante isto, todos os escritos,

incluindo os livros, a Imprensa e os próprios

autores, deveriam ser sujeitos - ficou decidido

pelo Governo de Salazar - à Censura prévia,

porque “a liberdade não se mede pelos

textos, mas pelos seus costumes”, sublinhava

o governante do regime, que durou quase

40 anos em Portugal.

Muitos dos escritores das obras que integram

o vasto espólio da Biblioteca do Ateneu

Comercial do Porto passaram, nesses anos

em que vigorava o corte de textos a azul ou

vermelho, pelos carimbos tortuosos das

comissões de Censura. Pela escuridão à qual

Salazar decidiu votá-los. Ferreira de Castro,

Aquilino Ribeiro, Sofia de Mello Breyner,

Jorge Amado, José Saramago, Fernanda

Botelho, Marx, Lenine, Trotsky, Mão Tsé-

Tung, Tolstoi, Zola, Malraux, Camus ou Egas

Moniz. Um rol de nomes ligados à cultura

– essa actividade “subversiva” – interditos,

pelo regime, de circular e de serem lidos.

Escritores e livros assinalados num “Index”

mais moderno, onde constavam, sobretudo,

os nomes daqueles que a Censura garantia

estarem conotados com a “esquerda”. Como

era o caso de Ferreira de Castro, cuja obra

mereceu longos cortes dos censores. Em

1959, o escritor, então recém-chegado do

Brasil, viu-se rodeado de cuidados especiais

por parte das comissões censórias. De tal

forma que, em 9 de Novembro desse ano,

a Censura fez chegar às redacções dos jornais

nacionais uma informação peculiar: “A

notícia da chegada do escritor Ferreira de

Castro é cortada quase totalmente e o pouco

que fica deve ser encabeçado com este título:

‘Ferreira de Castro regressou do Brasil’”.

No Brasil, recordava Manuel Ramos, antigo

director do Jornal de Notícias, “o público

tinha recebido o autor de ‘A Selva’, como

se fosse um rei”. Mas “em Portugal, era a

tristeza que se via. E assim decorria a vida

cultural no nosso país”.

Muita dessa cultura – impedida de circular

por Salazar – continuou, no entanto, a fazer

sonhar centenas de mentes. A Biblioteca do

Ateneu foi, nesses anos, um espaço onde os

cidadãos acediam, livremente, à leitura, sem

que, por isso, estivessem sob a alçada do

olhar fiscal da Censura.

Tanto tempo depois, a Biblioteca do Ateneu

continua a ser o mesmo espaço de liberdade

e acesso. Hoje, porém, parte deste espólio

não pode ser consultado. Não por motivos

censórios, mas por imposições físicas e

práticas, que se prendem com a brutalidade

do tempo e as chagas que vai espalhando e

cravando em algumas das mais importantes

obras históricas que incluem o espólio da

Biblioteca do Ateneu. Cuidar de mais de 40

mil títulos e mais de 80 mil volumes – onde

se inclui a primeira edição de “Os Lusíadas”,

uma Bíblia de 1500 ou velhos manuscritos

de Fernão Lopes, que fazem desta Biblioteca

uma das melhores da Península Ibérica –

não é tarefa fácil. Implica imenso tempo,

imenso dinheiro e, sobretudo, depende da

ajuda – que ainda não chegou – de

organismos públicos. É que a Biblioteca do

Ateneu não é só nossa. Faz parte da história

deste país.

A Direcção do Ateneu, no entanto, não

desiste. Dia, após dia, dá mais um passo no

sentido de revitalizar a Biblioteca. De a

tornar num verdadeiro espaço difusor de

cultura. E, para isso, o futuro da Biblioteca

pas sa pe la modern ização , pe la

informatização, de forma a ligá-la à Rede

Municipal de Leitura e, mais tarde, à

Biblioteca da Universidade do Porto e à

própria Rede Nacional de Leitura. A ideia

não é megalómana. É justa, é real, é solidária,

é nacional. Como os valores que sempre

estiveram na base do trabalho do Ateneu

Comercial do Porto.

Isabel Forte (Jornalista)

“… a Biblioteca do Ateneu continua a ser o mesmo espaço de liberdade e acesso. Hoje, porém, parte deste espólio não podeser consultado. Não por motivos censórios, mas por imposições físicas e práticas, que se prendem com a brutalidade do tempoe as chagas que vai espalhando e cravando em algumas das mais importantes obras históricas que incluem o espólio daBiblioteca do Ateneu.”

UMA BIBLIOTECA ONDE NÃO ENTRAA PALAVRA CENSURA

A B

IBLI

OTE

CA

DO

ATE

NEU

foi,

nos

anos

do

sala

zari

smo,

um

esp

aço

onde

os

cida

dãos

ace

diam

, liv

rem

ente

, à le

itur

a.A

BIB

LIO

TEC

A D

O A

TEN

EU fo

i, no

s an

os d

o sa

laza

rism

o, u

m e

spaç

oon

de o

s ci

dadã

os a

cedi

am, l

ivre

men

te, à

leit

ura.

Page 14: dez 2005 ATHENEU - Ateneu Comercial do PortoEm nome do Governo, que represento no Distrito, felicito o Ateneu Comercial do Porto por este projecto que, certamente, irá enriquecer

Este ano o Programa iniciar-se-á, como já

é tradicional, com um almoço oferecido aos

senhores Associados com pelo menos 50

anos de filiação, seguindo-se uma palestra

pelo Dr. António Arnaut subordinada ao

tema “Estado de Direito, Autoridade e Ética”.

No final, proceder-se-á à entrega das

medalhas de 25 e 50 anos de filiação.

De referir que, para além dos senhores

Associados com 50 anos de filiação, no

almoço podem também participar todos os

Associados e Amigos do Ateneu, bastando

para o efeito que efectuem a sua inscrição

nos Serviços de Secretaria até ao dia 8 de

Dezembro e ainda que procedam ao

pagamento de € 15,00 (Quinze Euros).

PARTICIPE!

12 DE DEZEMBROFESTA DA BIBLIOTECA

A B

IBLI

OTE

CA

DO

ATE

NEU

não

é s

ó no

ssa.

Faz

par

te d

a hi

stór

iade

ste

país

.

O Ateneu Comercial do Porto vai festejar, no próximo dia 12 de Dezembro, mais um aniversário da sua Biblioteca,

efeméride há muitos anos designada como “Festa da Biblioteca”.

pags 12, 13

COM 50 ANOS

Silvino Aníbal Neves de Sousa

COM 25 ANOS

Júlia Pereira Gonçalves

José Lourenço Pinto (Dr.)

Maria Helena Valdrez Silva Cepeda

Alberto Eduardo Matos Camacho (Dr.)

Francisco Manuel Espinha Almeida

António Martins Moutinho (Eng.)

Carlos Manuel Silva Milho (Dr.)

Artur Francisco Oliveira Santos (Dr.)

Maria Margarida Vasconcelos Patrício Albuquerque (Dra.)

Carlos Miguel Martins Ramalho Fernandes

Mário Ramiro Gonçalves Trigo

Maria José Alves Moura Direito

Rui Filipe Vasconcelos Patrício Albuquerque (Dr.)

Olívia Flora Silva Monteiro Carvalho (Dra.)

Luís Filipe Pereira Domingues Ponce Medeiros

Alice Maria Sousa Oliveira Soares (Dra.)

Maria Odete Magalhães da Cunha Campos Albuquerque Carvalho

12h30ALMOÇO

14h30PALESTRA PELO DR. ANTÓNIO ARNAUT

15h30ENTREGA DE MEDALHAS AOS SÓCIOS COM 25 E 50 ANOS DE FILIAÇÃO

PROGRAMA

DE REFERIR QUE SERÃO GALARDOADOS NESTA CERIMÓNIA OS SÓCIOS

HORÁRIO DE FUNCIONAMENTO

16 às 19h30

ACESSO

A Biblioteca está aberta a toda a

população que requisite o acesso e

desde que o mesmo seja autorizado

pela Direcção do Ateneu. De qualquer

forma, existe a possibilidade de se

frequentar, habitualmente, a Biblioteca,

desde que se seja sócio. Ou seja, ao

pagar uma quota anual de dois euros

e 50 cêntimos (2,50 euros), recebe-se

um cartão de acesso única e

exclusivamente para a Biblioteca.

LEITORES ASSÍDUOS

Estudantes - que recolhem informação

para mestrados, doutoramentos ou teses

- mas também por professores

universitários, ávidos de informação

para trabalhos de investigação.

PROVENIÊNCIA

De todo o país, com destaque para

cidadãos do Grande Porto, Lisboa,

Aveiro e Coimbra.

OBRAS MAIS PROCURADAS

Ciências histórico-geográficas, Ciências

filosófico-sociais; Poligrafia; Belas-Artes,

Didáctica; Indústrias, Amena,

Manuscritos, Religiões.

Page 15: dez 2005 ATHENEU - Ateneu Comercial do PortoEm nome do Governo, que represento no Distrito, felicito o Ateneu Comercial do Porto por este projecto que, certamente, irá enriquecer

O Núcleo Filatélico já organizou 42 leilões. O primeiro teve lugar

há mais de vinte anos, mais precisamente no dia 23 de Abril de

1983, numa altura em que não havia tradição de realizar leilões.

Todos decorreram nas instalações do Ateneu Comercial do Porto.

Realizaram-se dois por ano e o último foi a 15 de Novembro de

2003. Houve uma interrupção, em parte devida ao falecimento

do sócio que foi o mentor de mais esta actividade, o Eng. Armando

Mário O. Vieira. Mas uma nova equipa de sócios decidiu retomar

esta iniciativa e encontra-se a preparar o 43.º leilão, que irá ter

lugar no Sábado, dia 1 de Abril de 2006. O espírito dos nossos

leilões é o de permitir a troca de material filatélico, não só de

selos, como de cartas, postais e literatura filatélica, principalmente

de filatelia portuguesa e das ex-colónias. Apesar de Macau já ter

passado para administração chinesa há alguns anos, ainda continua

a ser muito procurado a nível filatélico. Como ilustração apresenta-

se na figura um exemplo de uma peça vendida no nosso 32.º leilão

(a 14 de Novembro de 1998).

Há muitas raridades mundiais que passam pelos nossos leilões.

Assim, também o catálogo é distribuído por todo o mundo, por

mais de 800 clientes, uma oportunidade de intercâmbio que faz

com que várias pessoas das diferentes partes do mundo (Inglaterra,

Espanha, Macau, África do Sul, Estados Unidos da América) venham

até cá, proporcionando a oportunidade de dar a conhecer um

pouco da história postal e, para os que cá se deslocam, o próprio

Ateneu Comercial do Porto, alguns dos quais acabam mesmo por

se tornar sócios.

O Núcleo Filatélico pretende sempre contribuir para o

desenvolvimento e divulgação da filatelia, através das diferentes

iniciativas: leilões, publicação de livros, mostras filatélicas sem

carácter competitivo, seminários, palestras e com os encontros

regulares das quintas-feiras à noite.

O NÚCLEO FILATÉLICOE OS LEILÕES

1926

- C

ERES

CO

M S

OB

REC

AR

GA

. “Ex

posi

ção/

Indu

stri

al/1

926”

. 2ª,

CE6

4, e

m s

obre

scri

to c

ircu

lado

em

Mac

au15

NO

V.19

26 -

com

eti

quet

a de

pro

paga

nda

à Ex

posi

ção.

Pro

va d

e qu

e os

sel

os c

ircu

lara

m e

de

que

fora

m a

ceit

es p

elos

Cor

reio

s lo

cais

. Pe

ça b

onit

a e

de e

xtre

ma

rari

dade

.

Fazendo jus a uma tradição que se vem

mantendo ao longo dos anos, vai realizar-

se mais um Jantar de Natal dos Associados

e Familiares do Ateneu Comercial do

Porto no próximo dia 17 de Dezembro,

a partir das 20.00 horas.

Também como mandam as (boas) regras

da tradição nacional, o repasto terá como

ementa o denominado Bacalhau com

Todos e as sobremesas a condizer com

a respectiva quadra natalícia. Um vinho

“Ateneu” de excelente qualidade regará

o jantar e, no final, os habituais presentes-

surpresa serão distribuídos a todos os

participantes.

No entanto, para dar ainda maior brilho

a esta Festa, este ano, por volta das

21h.30, os senhores Associados poderão

assistir à actuação do excelente grupo

coral do “Orfeon Portus Cale” do Grupo

Cultural e Desportivo dos Empregados

do Banco BPI.

Por isso, caro Consócio, não se deixe

para a última hora. As inscrições estão

abertas nos Serviços de Secretaria, onde

deverá efectuar o pagamento da multa

para o jantar e que é de

20 “ateneus”

18 DEZEMBROJantar de Natal

Page 16: dez 2005 ATHENEU - Ateneu Comercial do PortoEm nome do Governo, que represento no Distrito, felicito o Ateneu Comercial do Porto por este projecto que, certamente, irá enriquecer

PRODUTOS

pags 14, 15

Vinho AteneuEngarrafado por Bago de TourigaVinhos, Lda.Santa Marta de PenaguiãoTinto de 200313% vol.Garrafa de 75 cl.

Preço 1 grf. € 6,00 6 grfs. € 33,00

6

BrindesConjunto de bar em caixa de madeira deluxo para garrafa

5 peças em metal e madeira365x 115x 111 mm

Preço € 50,00

7

BrindesJogo de cartas e póker com caixa emmadeira

90x 100x 27 mm

Preço € 5,00

8

BrindesEstação de secretária dispõe de calculadora,relógio com várias horas mundiais, alarme,data e calendárioduas pilhas LR-44 incluídas

Aberta: 86x 106x 80 mm

Preço € 15,00

9

BrindesPrata › Estojo com esferográfica e rollerem caixa forrada a veludo e fecho comíman

Caixa: 180x 70x 25 mm

Preço € 15,00

10

Medalha Comemorativados 125 AnosDo Ateneu Comercial do Porto

Módulo ›100 x 80 mm (trapezoidal)Metal › Latão

Preço € 7,50

4

Percursos › A PinturaDo Ateneu Comercial do Porto

Catálogo › InventárioCapa dura com sobrecapa

Com 204 páginas e 236 ilustraçõesSobre o património pictórico do Ateneu

Preço € 30,00

1

Álbum de MemóriasDo Ateneu Comercial do Porto (1869-1994)

DocumentoCapa dura com sobrecapa couché mate de 160 gr. einterior em papel couché mate de 160 gr.

Com 336 páginas e 324 ilustraçõesA História do Ateneu ao longo dos seusprimeiros 125 anos de existência

Preço € 50,00

2

Faiança PortuguesaDo Ateneu Comercial do Porto

Catálogo › InventárioEm edição bilingue (Português e Inglês)Capa dura com sobrecapa couché mate de 160 gr. einterior em papel couché mate de 160 gr.

Com 192 páginas e 165 ilustraçõesSobre a Colecção de Faiança do Ateneu

Preço € 10,00

3

Medalha Evocativa da Memóriade João Araújo CorreiaMódulo › 80 mm (redonda)Metal › Latão com banho em prata

Preço € 10,00

5

PARA OFERTAS DE NATAL

Page 17: dez 2005 ATHENEU - Ateneu Comercial do PortoEm nome do Governo, que represento no Distrito, felicito o Ateneu Comercial do Porto por este projecto que, certamente, irá enriquecer

Proponho para sócio o Exmo(a). Sr.(a)

Profissão

Empresa

Com sede em Telef.

Ramo de Actividade

Data do Nascimento

Bilhete de Identidade n.º do Arq.º , de / /

Filiação

Estado Cônjuge

Residência Telef.

Cobrança por conta bancária

Banco

NIB

Quais as colectividades de que faz ou fez parte

Porto, de de 200

Aprovado em sessão de Direcção

de de de 200

O Secretário,

Sócio n.º

Anexo 2 fotos tipo passe

CARO CONSÓCIO

Só com a sua colaboração podemos tornar o Ateneu Comercial do Porto ainda maior. Proponha mais um Associado.Para tal, basta que nos envie, devidamente preenchida, esta PROPOSTA DE ADESÃO

COMERCIAL DO PORTOATENEU REGISTO ANUAL N.º

O Proponente

Sócio n.º

Assinatura do Proposto,

Page 18: dez 2005 ATHENEU - Ateneu Comercial do PortoEm nome do Governo, que represento no Distrito, felicito o Ateneu Comercial do Porto por este projecto que, certamente, irá enriquecer

Ficha Técnica | Periodicidade Semestral Distribuição Correio de Sede de Redacção Rua de Passos Manuel, 44 - 4000-381 PortoTelefone 22 339 5410/2 Fax 22 339 5419 E-mail [email protected] Site www.ateneucomercialporto.pt DirectorDr. Hélder Firmino Ribeiro Pereira Director Adjunto Dra. Iza Maria Barbosa Flores Marcos Vieira Editor Ateneu Comercial do Porto ResponsávelEditorial Direcção Ateneu Grafismo, Pré-impressão, Impressão e Acabamento Empresa Diário do Porto, Lda. Depósito Legal 231656/05