DIAGNÓSTICO DA DOR TORÁCICA CRITÉRIOS BASEADOS EM EVIDÊNCIA.

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DIAGNÓSTICO DA DOR TORÁCICA CRITÉRIOS BASEADOS EM EVIDÊNCIA

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DIAGNÓSTICO DA DOR TORÁCICA

CRITÉRIOS BASEADOS EM EVIDÊNCIA

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Características dos Testes Diagnósticos

• Sensibilidade : Proporção de resultados ( anormais) em pacientes com a doença - A alta sensibilidade é desejada para rastreamento ( descartar a doença )

• Especificidade : proporção de resultados negativos ( normais ) em pacientes sem a doença - alta especificidade mais útil para confirmar a doença

• “Poucos testes são perfeitos”

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Características de um Teste na Presença ou Ausência da Doença

Resultado Doença presente Doença ausente

Positivo Verdadeiro positivo Falso positivo

Negativo Falso negativo Verdadeiro negativo

Sensib = VP / VP + FN Esp = VN / FP + FN

FN = FN / VP + FN FP = FP / FP + VN

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Processo Diagnóstico

o que sabemos antes o que sabemos depois

Probabilidade pré-teste + LR = Probabilidade pós-teste

valor incremental de cada teste

LR = likelihood ratio ( razão de probabilidades )

Positiva : S / 1- E ou VP / FP Negativa : 1- S / E ou FN / VN

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Características de um teste diagnóstico

LR = razão de probabilidades - valores

LR Interpretação > 10 = evidência forte para confirmar a doença 5 a 10 = evidência moderada ( muito provável ) 2 a 5 = evidência fraca ( provável ) 0.5 a 2 = não muda a probabilidade 0.2 a 5 = evidência fraca para excluir

0.1 a 0.2 = evidência moderada para excluir

< 0.1 = evidência forte para excluir a doença

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Probabilidade da dor torácica ser causada por DAC de acordo com os resultados da ergometria em 2 estimativas de probabilidade

Ergometria DAC presente DAC ausente

n = 900 n = 100

n = 100 n = 900

POSITIVA VP n =774 FP n = 23 PPT = 97%

n = 86 n = 207 PPT = 29%

NEGATIVO FP n =126 VN n =77 PPT = 62% . n = 14 n = 693 PPT = 2 %

E = 86% E = 77%

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Probabilidade para dor torácica por DCA de acordo com ergometria quando a P.pré-teste é intermediária

Ergometria DAC presente DAC ausente n = 500 n = 500

POSITIVA VP n = 430 FP n = 115 PPT = 79%

NEGATIVO FP n = 70 VN n = 385 PPT = 15%

E = 86% E = 77%

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Elevação da CPK-MB (massa) em 3h confirma IAM e normal em 20h exclui

LR + ( 95% IC ) = infinito LR - ( 95%IC ) = 0 (0,0 a 0,02)

Dor torácica precordial + CPK MB = I A M (Prob.Pré-Teste = 18% ) elevada em 3h ( Prob.Pós-teste = 100% ) normal em 20h ( Prob.Pós-teste = 0 % )

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DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL

CAUSAS COMUNS• infarto do miocárdio• angina• tromboembolismo pulmonar• pneumonia• dor músculo esquelética• pericarditeCAUSAS RARAS• dissecção aórtica• espasmo esofágico

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Dor torácica na sala de emergênciaLee, TH. Arch Intern Med 1985; 145:65-9

Causa (prevalência = probabilidade pré-teste) % ____________________________________ __________________________

IAM 12% a 20%Angina instável 24%Angina estável 9.0 %TEP 5,8%Outras causas pulmonares 5,8%Dor da parede do tórax 5,4%Pericardite 5,0%Psicogênica 2,9%Outras de causa cardíaca 1,1%Outras doenças 1,1%Desconhecida 11 %

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Infarto do miocárdio e Angina são causas comuns de dor torácica em adultos

A probabilidade de doença das artérias coronárias pode ser predita com base nos aspectos clínicos do paciente: idade, sexo e características da dor torácica.

• A dor torácica é retroesternal ?• Os sintomas são precipitados por esforço ?• A dor é aliviada em menos de 10 min. com repouso ou uso de

nitroglicerina ?

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Estimando a probabilidade pré-testeDiamond GA, Forrester JS. N Engl J Med 1979; 300:1350-8

ID Assintomático Dor não anginosa Angina atípica Angina típica H M H M H M H M________________________________________________________________

30 -39 1.9 0.3 5.2 0.8 21.8 4.2 69.7 25.8

40 - 49 5.5 1.0 14.1 2.8 46.1 13.3 87.3 55.2

50 - 59 9.7 3.2 21.5 8.4 58.9 32.4 92.0 79.5

60 - 69 12.3 7.5 28.1 18.6 67.1 54.4 94.3 90.6

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Características Clínicas da Dor (prob. pós-teste)Ball CC; Phillips RL. Acute Medicine - Evidence-Based on Call

Fator IAM Diss. Aorta Pneumonia TEP Outras • Local e irrad 40% 64% - - • duração longa 100% 1.5% • pleurítica 0% 0% 8 a 65% 29% 25% • posicional 0.1% 0% + + +• náuseas e vôm. 32% - - - +• sudorese 40% > 60%• história de angina 62% - -• Hipertensão 5.3% - -• Hipotensão 44% - - -• Tosse, febre 10%• Demência - - 15% - + • B 3 31% • respiração assimétrica, macicez, estertores 8 a 16% 10%

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INVESTIGAÇÃO DO INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO

Teste Sens Espec LR + LR -

ECG Q nova e elevação ST 68% 94% 11 0.3 qualquer alteração 99% 23% 1.3 0.04

Enzimas (24h) CPK seriada 99% 98% 50 0.01 Troponina I (>9h) 95% 98% 47 0.03Enzimas (> 24h) Troponina I 95% 98% 47 0.03 CPK MB 55% 97% 18 0.46 DHL 81% 94% 14 0.20

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Valorização do ECG e enzimas no IAM

• CPK MB e Troponina I normais em > 6h excluem IAM ( LR- 0.04 ) , positivas precoces < 20h diagnosticam ( LR + 9 a 11 ) A

• Mioglobinemia elevada favorece o diagnóstico de IAM ( LR+ 34 ), mas normal não auxilia a exclusão C

• ECG e enzimas seriadas ( CPK, LDH ) em 24h fazem o diagnóstico de IAM em 98% dos casos A

• ECG com alteração aguda: elevação de ST em 2 derivações ( LR + 62 ); depressão de ST ( LR+ 3.2 ); onda Q em 2 derivacões ( LR+ 3.9 ); inversão de onda T ( LR+ 2.4 ) B

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Avaliação para o paciente com baixo risco para IAM

• CPK MB seriada ( 0, 4, 8, 12h ) normal e dor recurrente em 12h tem baixa probabilidade de IAM ( LR- 0.006) A

ECG seriado e exame clínico ( 0, 6, 12h )ergometria indicada se os anteriores forem negativos ( LR+ 3.0)

• Hospitalizar se tiver : Dor recurrente mais intensa que angina prévia, PA sistólica < 110 mmHg; estertores basais bilaterais; alterações de ST e T novas indicativas de isquemia A

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Outros testes para avaliar doença coronariana em paciente adulto com dor torácica

• Ergometria : depressão > = 2 mm ( LR+ 11 a 39 ) B

• Ecocardiografia de stress ( LR+ 3.3 ) A

• Cintilografia de perfusão miocárdica com com defeito reversível para dor torácica ( LR+ 2.5 ) A para suspeita de coronariopatia ( LR+ 12 ) B

• Coronariografia - exame definitivo . Menos de 2% dos pacientes com exame normal morrem nos próximos 7 anos A

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Utilidade da radiografia de tórax na dor torácica aguda

• Presença de infiltrado lobar torna o diagnóstico de pneumonia mais provável C

• Derrame pleural agudo em pneumonia B

• desvio traqueal ou colapso pulmonar em pneumotórax B

• alargamento da aorta no mediastino sugere dissecção da aorta ( ( LR+ 7.3 ) , mas concordância entre radiologistas é fraca ( kappa = 0,27 ) B

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Sinais Clínicos em Pneumonia Comunitária

• Tosse positiva ( LR+ 1.8 ) B negativa ( LR- 0,31 )• Febre positiva ( LR+ 2.10 ) negativa ( LR - 0,59 )• taquipnéia > 30/min ( LR+ 2.60 ) • respiração assimétrica ( LR + infin )• estertores ( LR+ 1.6 )• outros sinais clínicos não são particularmente úteis para o

diagnóstico

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Escore Clínico para PneumoniaHeckerling PS Ann Intern Med 1990; 113: 664-70

Pacientes com infiltrado pulmonar na Radiografia de tórax:• ausência de asma (1); pulso > 100bpm (1); febre de 37,8 (1);

estertores crepitantes (1) ; m.vesicular diminuido (1) A

Risco de pneumonia escore

Alto 4 ou 5 Moderado 2 ou 3 Baixo 0 ou 1

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Escore clínico para tromboembolismo pulmonar

• Modelo de predição ( Wells,PS el col. Ann Intern Med 2001; 135:98-107 ) estudo prospectivo em 930 pacientes no setor de emergência usando o modelo probabilístico clínico e D-dimeros:

( PPT : < 2= baixa ; 2 - 6 = moderada ; > 6= alta )

• sinais de TVP (diâmetro e palpação ) = 3 pontos

• FC > 100 bpm = 1.5 pontos

• imobilização (leito ou cirurgia < 4 sem.) = 1.5 pontos

• TVP ou TEP prévios = 1,5 pontos

• hemoptise = 1 ponto

• malignidade = 1 ponto

• TEP igual ou maior do que outro diagnóstico = 3 pontos

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Modelo probabilístico de Wells para TEP

Resultados seguimento de 3 meses : Prob pré-teste TEP

____________________________________

baixa 1.3%

moderada 16.2 %

alta 37.5 %

VPN ( mod clínico + D-dímero) = 99.5% (IC 95% 99.1-100%) 1 caso em 759 pacientes

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Outras investigações

Testagem de sintomas esofágicos:• testes de motilidade esofágica e refluxo gastro-esofágico, podem

auxiliar o esclarecimento do sintoma , mas mesmo quando alterados não podem excluir coronariopatia em pacientes com dor precordial ao esforço recurrente ( LR+ 1.6 ) C

• Paciente com coronáriografia normal e dor precordial pode ter causas variadas inclusive doenças psíquicas C