Didática e aprendizagem da inteligencia

download Didática e aprendizagem da inteligencia

If you can't read please download the document

Transcript of Didática e aprendizagem da inteligencia

  • 1. DIDTICA E APRENDIZAGEM DA INTELIGNCIA E SEUS PROCESSOS PEDAGGICOS NO ENSINO DE CINCIAS1 Hebert Jos Balieiro Teixeira Evandro Ghedin Sandra Roselly Santos Correia Universidade do Estado do Amazonas RESUMO: O presente artigo visa o aprofundamento do conceito de inteligncia a fim de contribuir para uma educao mais proveitosa, sendo este, um fruto do um trabalho de iniciao cientfica da Escola Normal Superior, da Universidade do Estado do Amazonas, o qual, trata-se de pesquisa bsica e tecnolgica aplicada na rea da formao de professores e no ensino de cincias que toma as neurocincias, as cincias cognitivas e a filosofia da mente como epistemologias estruturantes para elaborao dos fundamentos terico-prticos da Neurodidtica.O artigo comea com um breve histrico das teorias evolucionistas da inteligncia. Em segundo plano estuda-se o Sistema Nervoso Central (o crebro). Estudam-se os autores Piaget e Vigotski. No decorrer do artigo conceitua-se a didtica, a aprendizagem e a inteligncia. Conforme o andamento do texto observa-se os vrios conceitos de inteligncia no ponto de vista fisiolgico, filosfico e o cognitivo. PALAVRAS-CHAVE: Didtica; Aprendizagem; Conceito de Inteligncia. 1 Introduo O presente artigo visa o conhecimento e o aprofundamento do conceito de inteligncia do ponto de vista biolgico, filosfico e cognitivo, a fim de contribuir para uma educao mais proveitosa. Tenta-se compreender como ocorre o processo da aprendizagem, sendo esta questo de suma importncia para a educao. necessrio compreender como ocorre o processo individual cognitivo do indivduo em relao aprendizagem, e para tanto, estuda-se as relaes neurais do Sistema nervoso (crebro), com base nas Neurocincias, Cincias Cognitivas e Filosofia da Mente. 2 Histrico das teorias evolucionistas da inteligncia Vrias teorias surgiram para se explicar s origens da evoluo intelectual humana antes dos estudos de Piaget (1987), a qual relata que h cinco pontos de vista, 1 Trabalho apresentado no III Seminrio de Educao em Cincias na Amaznia. Programada Ps- Graduao em Educao em Cincias na Amaznia. Universidade do Estado do Amazonas, Manaus, Amazonas, Brasil. 2008.

2. dentre as quais se situa a do lamarckismo, em que o organismo amoldado de fora para dentro pelo meio ambiente. O ponto de vista do vitalismo interpreta a adaptao atribuindo ao ser vivo um poder especial de construir rgos teis. Para o pr-formismo, as estruturas tem uma origem puramente endgenas, atualizando-se as variaes virtuais, simplesmente no contato permanente com o meio. O quarto ponto de vista, para o qual reserva-se o nome de mutacionismo, o dos bilogos que, tambm pensam que as estruturas aparecem por via puramente endgena, mas consideram-nas como se surgisse ao acaso de transformaes internas e s posteriormente se adaptassem ao meio, graas a uma seleo. Segundo uma quinta soluo, o organismo e o meio constituem um todo indissocivel; isso significa que, preciso levar em conta as variaes adaptativas que implicam, ao mesmo tempo, uma estruturao prpria do organismo e uma ao do meio. 3 O crebro O crebro composto por aproximadamente cerca de 100 bilhes de neurnios com diferentes formatos e funes, cada neurnio tem potencial para fazer em torno de 60 mil conexes entre os neurnios. Em si, existem dois tipos de neurotransmisso, a eltrica e a qumica. SHUTTER STOCK Fig. 01: Esta imagem ilustra uma sinapse, que o local de contato entre os neurnios no crebro, onde ocorre a transmisso de impulsos nervosos de uma clula para outra. Fonte: TEIXEIRA, Joo de Fernandes. Impondervel mente. In. Filosofia, Cincia & Vida especial. So Paulo, ano I, N 3, 2007, p. 54. Os neurnios so clulas compostas por corpo celular ou soma onde se localizam o citoplasma, o citoesqueleto e o ncleo. Compem-se tambm de neuritos com formato prolongado e finos que podem ser de dois tipos: dentrites e axnios. medida que os dentrites se afastam do soma ou rvore dentrtica, apresentando muitas molculas de protenas receptoras especializadas na recepo de informao. Os 3. axnios por sua vez tm a estrutura especializada na transferncia de informao entre pontos distantes do sistema nervoso. Fig. 02: O formato do corpo celular, os Dentrites e o Axnio. Disponvel em Acessado no dia 25/6/2008 s 20h 25min. O crebro dividido em dois hemisfrios que ao mesmo tempo so unidos por estruturas de conexo que atuam juntos, existe o que se chama de dominncia hemisfrica, ou seja, um trabalha melhor com certos aspectos daquela funo enquanto que o outro trabalha melhor com outros aspectos da mesma funo. A diviso dos hemisfrios cerebrais em lobos, de valor didtico para que se possa entender as funes de cada lobo. Fig. 03: Representao do crtex cerebral dividido em lobos. Disponvel em acessado em 20/05/2008 s 20h15min. 4 Os tericos clssicos: Jean Piaget e Lev Vigotski Em suas pesquisas, Piaget (1987, p. 17) afirmou que a inteligncia assimilao na medida em que incorpora nos seus quadros todo e qualquer dado da experincia. A inteligncia se incorpora atravs da estrutura da realidade exterior vivida pelo sujeito, ou seja, a assimilao dos objetos aos sujeitos. A inteligncia est 4. integrada em virtude da capacidade de adaptao de um corpo ao meio que est inserido. Ela mantm uma relao de interdependncia entre o organismo e as coisas. Vigotski (2007, p. 09), considera que a fala tem um papel essencial na organizao das funes psicolgicas superiores. Analisada sob um prisma discursivo, a linguagem , essencialmente, enunciao polissmica e polifnica. Pelo processo, ento de interao verbal em que o locutor e destinatrio possuem papel ativo. Antes de controlar o prprio comportamento, a criana comea a controlar o ambiente com a ajuda da fala. Assim, a discusso do papel social da interao social no desenvolvimento da cognio, da aprendizagem e do conhecimento est diretamente ligada relao entre fala externa e pensamento (fala) interior. 5 Didtica Entre os nossos ancestrais histricos, a didtica foi utilizada, especialmente, na transmisso de contedos morais desejveis, pois, Segundo Haydt (1988, p. 14), no sculo XVII, havia uma idia difundida de que o ser humano fosse como uma tbua lisa, um papel em branco, sem nada escrito, onde tudo podia ser impresso. Entretanto, nos dias contemporneos Candau (2001, p. 14) considera que a didtica tem o processo de ensino-aprendizagem como o seu objeto de estudo, sendo este implcito ou explicitamente, tratando-se de uma didtica de base psicolgica; afirma-se a necessidade de aprender fazendo e de aprender a aprender enfatizando a subjetividade da criana. Para Libneo (1994, p. 23), o trabalho docente isto , a efetivao da tarefa de ensinar uma modalidade de trabalho pedaggico e dele se ocupa a Didtica. A ela cabe converter objetivos scio-polticos e pedaggicos em objetivos de ensino. A Didtica descreve e explica os nexos, relaes e ligaes entre o ensino e a aprendizagem; investiga os fatores co-determinantes desses processos; Indica princpios, condies e meios de direo do ensino, tendo em vista a aprendizagem. Dos estudos realizados pelos especialistas Campos (2002, p. 29), conceitua a aprendizagem, de um ponto de vista funcional, como a modificao sistemtica do comportamento, em caso de repetio da mesma situao estimulante ou na 5. dependncia da experincia anterior com dada situao. Assim, a aprendizagem pode ser definida como uma modificao sistemtica do comportamento. 6 Inteligncia filosfica, biolgica e cognitiva. A respeito da inteligncia filosfica Khalfa (1996, p. 7/8), diz que os dualistas postulam que a inteligncia era uma faculdade exclusiva dos seres regrados por uma substancia imaterial, um esprito. E, Ryle (1949/1980) apud Lopes and Abib, Damsio (2003), relata que a mente cartesiana compromete-se com a chamada doutrina oficial, pois, coloca o problema do dualismo. Essa diviso uma caracterstica exclusivamente humana, sendo o principal fator de diferenciao em relao aos demais animais. Concernente inteligncia biolgica Michael e Sommer (2006, p. 50), afirma que a reestruturao neural dos mais velhos pode compensar eventuais dficits de rendimento, pois, possuem a inteligncia cristalizada, que abrange os conhecimentos gerais e o vocabulrio dominado pela pessoa que so adquiridos no decorrer de sua vida, sendo que no envelhecimento s alguns processos cerebrais so afetados. A respeito da inteligncia cognitiva Spelke apud Dobbs (2005), relata que todos os humanos nascem com habilidades cognitivas que lhes permitem entender o mundo. Esse conhecimento bsico fundamenta tudo o que seremos ao longo de nossa vida. A criana ao decorrer do seu desenvolvimento vai familiarizando-se com o mundo ao seu redor, sendo subjacentes os instrumentos cognitivos e adquiridos ao longo do crescimento. Esse conhecimento de base que levamos conosco no decorrer da vida, ajuda o ser humano na sua velhice, pois, algumas capacidades cognitivas so fortalecidas, devido o fato de as redes neurais se reestruturarem. 7 A natureza da inteligncia: horizontes ps-piagetianos A epistemologia do conhecimento aprofunda-se em fundamentar o conceito de inteligncia, o qual Gardner (1994, p. x), conceitua-a como uma capacidade de resolver problemas ou de criar produtos que sejam valorizados dentro de um ou mais cenrios culturais. J para Ryle (1949/1980) apud Lopes and Abib (2003), a ao s exibe 6. inteligncia quando o sujeito est pensando no que est fazendo, durante o que fazendo e, conseqentemente, no desempenhar to bem a tarefa se no pensar para fazer. Nos estudos feitos por Gregory In: Kalfa (1999, p. 20), encontramos dois tipos de inteligncias: a inteligncia do conhecimento armazenado e a inteligncia do processo, de resolues de problemas, a qual ele chama a essas inteligncias de inteligncia potencial e cintica. Considere-se assim, que quase tudo o que temos devemos imensa inteligncia potencial que herdamos das centenas de milhes de anos de inveno cintica da seleo natural desde as primeiras formas de vida na Terra. Gregory In: Khalfa (1996, p. 21) afirma que a inteligncia o resultado dos processos. No o crebro como objeto que inteligente, mas os processos que ele executa que produzem solues inteligentes. 8 Consideraes finais A presente pesquisa em andamento teve como base o estudo das Neurocincias e Filosofia da mente, atravs do estudo pode-se dizer que estamos concluindo a primeira faze de uma pesquisa que se prolongar por mais algum tempo, sendo este, o incio de um trabalho em busca da compreenso do processo individual cognitivo da aprendizagem. Pretendeu-se abordar os vrios conceitos de inteligncia para facilitar a compreenso de como ocorre o processo de ensino-aprendizagem no ser humano para que o profissional do ensino de Cincias compreenda o funcionamento do crebro e atravs dessa compreenso possa desenvolver metodologias facilitadoras do processo de ensino-aprendizagem, pois sem a compreenso dos vrios conceitos de inteligncia no daria para dar prosseguimento ao estudo. 9 Referncias DOBBS, David. Gente pequena, grandes respostas. In: Viver mente e crebro. Ano XIV, N 154, novembro de 2005. CAMPOS, Dinh. Psicologia da aprendizagem. Rio de Janeiro: Vozes, 2002. p. 28-36. CANDAU. Vera Maria (org.) A didtica em questo. Petrpolis, RJ: Vozes, 2001. 7. GARDNER, Howard. Estruturas da Mente: A Teoria das Inteligncias Mltiplas / trad. Sandra Costa Porto Alegre: Artes Mdicas Sul, 1994. HAYDT, Regina Clia C. Curso de Didtica Geral. So Paulo: tica, 1998, p. 11-22. KHALFA, Jean (Org.). A natureza da inteligncia: Uma viso interdisciplinar. Traduo de Luiz Paulo Rouanet. So Paulo: Fundao Editora da UNESP, 1996. (UNESP/Cambridge). LIBNEO, Jos Carlos. Didtica. So Paulo: Cortez, 1994, p. 15-29. LOPES, Carlos Eduardo and ABIB, Jos Antnio Damsio. O Behaviorismo Radical como filosofia da mente. Psicol. Reflex. Crit., 2003, vol.16, no.1, p.85-94. MICHAEL, Falkenstein e SOMMER, Sascha. Os benefcios do tempo. In: Viver mente e crebro. So Paulo, Vol. 14 N 160, maio de 2006, p. 48-53. PIAGET, Jean. O nascimento da inteligncia na criana. 4. Ed. Rio de Janeiro, RJ: LTC Editora, 1987. p. 09-389 VIGOTSKI, L. S. A formao da mente: O desenvolvimento dos processos psicolgicos superiores. 7 ed. So Paulo: Martins Fortes, 2007.