DIDÁTICA GERAL

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INSTITUTO NACIONAL DE EDUCAÇÃO E PESQUISA ACADÊMICA ADE Quadra 03 Conjunto H Lote 25 Sala 05 - CEP: 72.237-380 - CEILÂNDIA/DF Fone: (61) 3082-7060 Site: www.inepa.com.br E-mail: [email protected] I I I N N N E E E P P P A A A DIDÁTICA GERAL SUMÁRIO CAPÍTULO I PRÁTICA EDUCATIVA, PEDAGOGIA E DIDÁTICA................................... CAPÍTULO II O CURRÍCULO E SEU PLANEJAMENTO.................................................. CAPÍTULO III PLANEJAMENTO DE ENSINO................................................................ CAPÍTULO IV AVALIAÇÃO......................................................................................... CAPÍTULO V A MOTIVAÇÃO DA APRENDIZAGEM...................................................... BIBLIOGRAFIA.......................................................................................

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Pós Graduação na INEPA

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DIDÁTICA GERAL

SUMÁRIO

CAPÍTULO I – PRÁTICA EDUCATIVA, PEDAGOGIA E DIDÁTICA................................... CAPÍTULO II – O CURRÍCULO E SEU PLANEJAMENTO.................................................. CAPÍTULO III – PLANEJAMENTO DE ENSINO................................................................ CAPÍTULO IV – AVALIAÇÃO......................................................................................... CAPÍTULO V – A MOTIVAÇÃO DA APRENDIZAGEM...................................................... BIBLIOGRAFIA.......................................................................................

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CAPÍTULO I

I - PRÁTICA EDUCATIVA, PEDAGOGIA E DIDÁTICA

Iniciamos nosso estudo de Didática situando-a no conjunto dos conhecimentos

pedagógicos e esclarecendo seu papel na formação profissional para o exercício do magistério. Do mesmo modo que o professor, na fase inicial de cada aula, deve propor e examinar com os alunos os objetivos, conteúdos e atividades que serão desenvolvidos, preparando-os para o estudo da disciplina, também neste módulo cada capítulo se inicia com o delineamento dos temas, indicando objetivos a alcançar no processo de assimilação consciente de conhecimentos e habilidades.

Este capítulo tem como objetivos compreender a Didática como um dos ramos de estudo da Pedagogia, justificar a subordinação do processo didático a finalidades educacionais e indicar os conhecimentos teóricos e práticos necessários para orientar a ação pedagógico-didática na escola.

Consideremos em primeiro lugar, que o processo de ensino – objeto de estudo da Didática - não pode ser tratado como atividade restrita ao espaço da sala de aula. O trabalho docente é uma das modalidades específicas da prática educativa mais ampla que ocorre na sociedade. Para compreendermos a importância do ensino na formação humana, é preciso considerá-lo no conjunto das tarefas educativas exigidas pela vida em sociedade. A ciência que investiga a teoria e a prática da educação nos seus vínculos com a prática social global é a Pedagogia. Sendo a Didática uma disciplina que estuda os objetivos, os conteúdos, os meios e as condições do processo de ensino tendo em vista finalidades educacionais, que são sempre sociais, ela se fundamenta na Pedagogia; é assim, uma disciplina pedagógica.

Ao estudar a educação nos seus aspectos sociais, políticos, econômicos, psicológicos, para descrever e explicar o fenômeno educativo, a Pedagogia recorre à contribuição de outras ciências como a Filosofia, a História, a Sociologia, a Psicologia, a Economia. Esses estudos acabam por convergir na Didática, uma vez que essa reúne em seu campo de conhecimentos objetivos e modos de ação pedagógicas na escola. Além disso, sendo a educação uma prática social que acontece numa grande variedade de instituições e atividades humanas (na família, na escola, no trabalho, nas igrejas, nas organizações políticas e sindicais, nos meios de comunicações de massa, etc.), podemos falar de uma pedagogia familiar, de uma pedagogia política etc. e, também, de uma pedagogia escolar. Nesse caso, constituem-se disciplinas propriamente pedagógicas tais como a Teoria da Educação, Teoria da Escola, Organização Escolar, destacando-se a Didática como Teoria do Ensino.

Nesse conjunto de estudos indispensáveis à formação teórica e prática dos professores, a Didática ocupa um lugar especial. Com efeito, a atividade principal do profissional do magistério é o ensino, que consiste em dirigir, organizar, orientar e estimular a aprendizagem escolar dos alunos. É em função da condução do processo de ensinar, de suas finalidades, modos e condições que se mobilizam os conhecimentos pedagógicos gerais e específicos.

1. PRÁTICA EDUCATIVA E SOCIEDADE O trabalho docente é parte integrante do processo educativo mais global pelo qual os

membros da sociedade são preparados para a participação na vida social. A educação – ou

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seja, a prática educativa – é um fenômeno social e universal, sendo uma atividade humana necessária à existência e funcionamento de todas as sociedades. Cada sociedade precisa cuidar da formação dos indivíduos, auxiliar no desenvolvimento de suas capacidades físicas e espirituais, prepará-los para a participação ativa e transformadora nas várias instâncias da vida social. Não há sociedade sem prática educativa nem prática educativa sem sociedade. A prática educativa não é apenas uma exigência da vida em sociedade, mas também o processo de prover os indivíduos dos conhecimentos e experiências culturais que os tornam aptos a atuar no meio social e a transformá-lo em função de necessidades econômicas, sociais e políticas da coletividade. Através da ação educativa o meio social exerce influências sobre os indivíduos e estes, ao assimilarem e recriarem essas influências, tornam-se capazes de estabelecer uma relação ativa e transformadora em relação ao meio social. Tais influências se manifestam através de conhecimentos, experiências, valores, crenças, modos de agir, técnicas e costumes acumulados por muitas gerações de indivíduos e grupos, transmitidos, assimilados e recriados pelas novas gerações. Em sentido amplo, a educação compreende os processos formativos que ocorrem no meio social, nos quais os indivíduos estão envolvidos de modo necessário e inevitável pelo simples fato de existirem socialmente; neste sentido, a prática educativa existe numa grande variedade de instituições e atividades sociais decorrentes da organização econômica, política e legal de uma sociedade, da religião, dos costumes, das formas de convivência humana. Em sentido estrito, a educação ocorre em instituições específicas, escolares ou não, com escolas ou outras agências de instrução e educação (igrejas, partidos, empresas) implicando ações de ensino com objetivos pedagógicos explícitos, sistematização, procedimentos didáticos. Cumpre acentuar, no entanto, que a educação propriamente escolar se destaca entre as demais formas de educação intencional por ser suporte e requisito delas. Com efeito, é a escolarização básica que possibilita aos indivíduos aproveitar e interpretar, consciente e criticamente, outras influências educativas ( mormente os meios de comunicação em massa), a participação efetiva dos indivíduos e grupos nas decisões que permeiam a sociedade sem a educação intencional e sistematizada provida pela educação escolar.

As formas que assume a prática educativa, sejam não-intencionais ou intencionais, formais ou não-formais, escolares ou extra-escolares, se interpenetram. O processo educativo, onde quer que se dê, é sempre contextualizado social e politicamente; há uma subordinação sociedade que lhe faz exigências, determina objetivos e lhe provê condições e meios de ação. Vejamos mais de perto como se estabelecem os vínculos entre sociedade e educação.

Conforme dissemos, a educação é um fenômeno social. Isso significa que ela é parte integrante das relações sociais, econômicas, políticas e culturais de uma determinada sociedade. Na sociedade brasileira atual, a estrutura social se apresenta dividida em classes e grupos sociais com interesses distintos e antagônicos; esse fato repercute tanto na organização econômica e política quanto na prática educativa. Assim, as finalidades e meios da educação subordinam-se à estrutura e dinâmica das relações entre as classes sociais, ou seja, são socialmente determinados. Que significa a expressão “a educação é socialmente determinada”? Significa que a prática educativa, e especialmente os objetivos e conteúdos do ensino e o trabalho docente, estão determinados por fins e exigências sociais, políticas e ideológicas. Com efeito, a prática educativa que ocorre em várias instâncias da sociedade – assim como os acontecimentos da vida cotidiana, os fatos políticos e econômicos etc. – é determinada por valores, normas e particularidades da estrutura social a que está subordinada. A estrutura social e as formas sociais pelas quais a sociedade se organiza são uma decorrência do fato de que, desde o início

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da sua existência, os homens vivem em grupos; sua vida está na dependência da vida de outros membros do grupo social, ou seja, a história humana, a história da sua vida e a história da sociedade se constituem e se desenvolvem na dinâmica das relações sociais. Este fato é fundamental para se compreender que a organização da sociedade, a existência das classes sociais, o papel da educação estão implicados nas formas que as relações sociais vão assumindo pela ação prática concreta dos homens. Desde o início da história da humanidade, os indivíduos e grupos travam relações recíprocas diante da necessidade de trabalharem conjuntamente para garantir sua sobrevivência. Essas relações vão passando por transformações, criando novas necessidades, novas formas de organização do trabalho e, especificamente, uma divisão do trabalho conforme sexo, idade, ocupações, de modo a existir uma distribuição das atividades entre os envolvidos no processo de trabalho. Na história da sociedade, nem sempre houve uma distribuição por igual dos produtos do trabalho, tanto materiais quanto espirituais. Com isso, vai surgindo nas relações sociais a desigualdade econômica e de classes. Nas formas privativas de relações sociais, os indivíduos têm igual usufruto do trabalho comum. Entretanto, nas etapas seguintes da história da sociedade, cada vez mais se acentua a distribuição desigual dos indivíduos em distintas atividades, bem como do produto dessas atividades. A divisão do trabalho vai fazendo com que os indivíduos passem a ocupar diferentes lugares na atividade produtiva. Na sociedade escravista os meios de trabalho e o próprio trabalhador (escravo) são propriedades dos donos de terras; na sociedade feudal, os trabalhadores (servos) são obrigados a trabalhar gratuitamente as terras do senhor feudal ou pagar-lhe tributo. Séculos mais tarde, na sociedade capitalista, ocorreu uma divisão entre proprietários privados dos meios de produção (empresas, máquinas, bancos instrumentos de trabalho etc.) e os que vendem a sua força de trabalho para obter os meios da sua subsistência, os trabalhadores que vivem do salário.

As relações sociais no capitalismo são, assim, fortemente marcadas pela divisão da sociedade em classes, onde capitalistas e trabalhadores ocupam lugares opostos e antagônicos no processo de produção. A classe social proprietária dos meios de produção retira seus lucros da exploração do trabalho da classe trabalhadora. Esta, à qual pertencem cerca de 70% da população brasileira, é obrigada a trocar sua capacidade de trabalho por um salário que não cobre as suas necessidades vitais e fica privada, também, da satisfação de suas necessidades espirituais e culturais. A alienação econômica dos meios e produtos do trabalho dos trabalhadores, que é ao mesmo tempo uma alienação espiritual, determina desigualdade social e conseqüências decisivas nas condições de vida da grande maioria da população trabalhadora. Este é o traço fundamental do sistema de organização das relações sociais em nossa sociedade. A desigualdade entre os homens, que na origem é uma desigualdade econômica no seio das relações entre as classes sociais, determina não apenas as condições materiais de vida e de trabalho dos indivíduos mas também a diferenciação no acesso à cultura espiritual, a educação. Com efeito a classe social dominante retém os meios de produção material como também os meios de produção cultural e da sua difusão, tendendo a colocá-la a serviço dos seus interesses. Assim, a educação que os trabalhadores recebem visa principalmente prepará-los para trabalho físico, para atitudes conformistas, devendo contentar-se com uma escolarização deficiente. Além disso, a minoria dominante dispõe de meios se difundir a sua própria concepção de mundo (idéias, valores, prática sobre a vida, o trabalho, as relações humanas etc.) para justificar , ao seu modo , o sistema de relações sociais que caracteriza a sociedade capitalista. Tais idéias, valores e práticas, apresentados pela maioria dominante como representativos dos interesses de todas as classes sociais, são os que se costuma denominar de ideologia. O sistema educativo, incluindo as escolas, as igrejas, as agências de formação

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profissional, os meios de comunicação de massa, é um meio privilegiado para o repasse da ideologia dominante.

Consideremos algumas afirmações que são passadas nas controversas, nas aulas, nos livros didáticos:

“O Governo sempre faz o que é possível; as pessoas é que não colaboram”; “Os professores não têm que se preocupar com política; o que devem fazer é

cumprir sua obrigação na escola”; “A educação é a mola do sucesso, para subir na vida”; “Nossa sociedade é democrática porque dá oportunidades iguais a todos. Se a

pessoa não tem bom emprego ou não consegue estudar é porque tem limitações individuais”; “As crianças repetem de ano porque não se esforçam; tudo na vida depende de

esforço pessoal”. Essas e outras opiniões mostram idéias e valores que não condizem com a realidade social. Fica parecendo que o governo se põe acima dos conflitos entre as classes sociais e das desigualdades, fazendo recair os problemas na incompetência das pessoas, e que a escolarização pode reduzir as diferenças sociais, porque dá oportunidade a todos. Problemas que são decorrentes da estrutura social são tomados como problemas individuais. Entretanto, são meias-verdades, são concepções parciais da realidade que escondem os conflitos sociais e tentam passar uma idéia positiva das coisas. Pessoas desavisadas acabam assumindo essas crenças, valores e práticas, como se fizessem parte da normalidade da vida; acabam acreditando que a sociedade é boa, os indivíduos é que destoam.

A prática educativa, portanto, é parte integrante da dinâmica das relações sociais, das formas da organização social. Suas finalidades e processos são determinados por interesses antagônicos das classes sociais. No trabalho docente, sendo manifestação da prática educativa, estão presentes de toda ordem – sociais, políticos, econômicos, culturais – que precisam ser compreendidos pelos professores. Por outro lado, é preciso compreender, também, que as relações sociais existentes na nossa sociedade não são estáticas, imutáveis, estabelecidas para sempre. Elas são dinâmicas, uma vez que se constituem pela ação humana na vida social. Isso significa que as relações sociais podem ser transformadas pelos próprios indivíduos que a integram. Portanto, na sociedade de classes, não é apenas a minoria dominante que põe em prática os seus interesses. Também as classes trabalhadoras podem elaborar e organizar concretamente os seus interesses e formular objetivos e meios de processo educativo alinhados com as lutas pela transformação do sistema de relações sociais vigente. O que devemos ter em mente é que uma educação voltada para os interesses majoritários da sociedade efetivamente se defronta com limites impostos pelas relações de poder no seio da sociedade. Por isso mesmo, o reconhecimento do papel político do trabalho docente implica a luta pela modificação dessas relações de poder. Fizemos essas considerações para mostrar para mostrar que a prática educativa, a vida cotidiana, as relações professor alunos, os objetivos da educação, o trabalho docente, nossa percepção do aluno estão carregados de significados sociais que se constituem na dinâmica das relações entre classes, entre raças, entre grupos religiosos , entre homens e mulheres, jovens e adultos. São os seres humanos que, na diversidade das relações recíprocas que travam em vários contextos, dão significado às coisas, às pessoas, às idéias; é socialmente que se formam idéias, opiniões, ideologias. Este fato é fundamental para compreender como cada sociedade se produz e se desenvolve, como se organiza e como caminha a prática educativa através dos seus conflitos e suas contradições. Para quem lida com a educação tendo em vista a formação humana dos indivíduos vivendo em contextos sociais determinados, é

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imprescindível que desenvolva a capacidade de descobrir as relações sociais reais implicadas em cada acontecimento, em cada situação real da sua vida e da sua profissão, em cada matéria que ensina como também nos discursos, nos meios de comunicação de massa, nas relações cotidianas na família e no trabalho.

O campo específico de atuação profissional e política do professor é a escola, à qual cabem tarefas de assegurar aos alunos um sólido domínio de conhecimentos e habilidades, o desenvolvimento de suas capacidades intelectuais, de pensamento independente, crítico e criativo. Tais tarefas representam uma significativa contribuição para a formação de cidadãos ativos, criativos e críticos, capazes de participar nas lutas pela transformação social. Podemos dizer que, quanto mais se diversificam as formas de educação extra-escolar e quanto mais a minoria dominante refina os meios de difusão da ideologia burguesa, tanto mais a educação escolar adquire importância, principalmente para as classes trabalhadoras. Vê-se que a responsabilidade social da escola e dos professores é muito grande, pois cabe-lhes escolher qual concepção de vida e de sociedade deve ser trazida à consideração dos alunos e quais conteúdos e métodos lhes propiciam o domínio dos conhecimentos e a capacidade de raciocínio necessários à compreensão da realidade social e a atividade prática, na profissão, na política, nos movimentos sociais. Tal como a educação, também o ensino é determinado socialmente. Ao mesmo tempo que cumpre objetivos e exigências da sociedade cria condições metodológicas e organizativas para o processo de transmissão e assimilação de conhecimento e desenvolvimento das capacidades intelectuais e processos mentais dos alunos tendo em vista o entendimento crítico dos problemas sociais .

2. EDUCAÇÃO, INSTRUÇÃO E ENSINO Antes de prosseguirmos nossas considerações, convém esclarecer o significado dos

termos educação, instrução e ensino. Educação é um conceito amplo que se refere ao processo de desenvolvimento onilateral da personalidade, envolvendo a formação de qualidades humanas – físicas, morais, intelectuais, estéticas – tendo em vista a orientação da atividade humana na sua relação com o meio social, num determinado contexto de relações sociais. A educação corresponde, pois a toda modalidade de influências e inter-relações que convergem para a formação de traços de personalidade social e do caráter, implicando uma concepção de mundo, idéias, valores, modos de agir, que se traduzem em convicções ideológicas, morais, políticas, princípios de ação frente a situações reais e desafios da vida prática. Nesse sentido, educação é instituição social que se ordena no sistema educacional de um país, num determinado momento histórico; é um produto significando os resultados obtidos da ação educativa conforme propósitos sociais e políticos pretendidos; é processo por consistir de transformações sucessivas tanto no sentido histórico quanto no de desenvolvimento da personalidade.

A instrução se refere à formação intelectual, formação e desenvolvimento das capacidades cognoscitivas mediante o domínio de certo nível de conhecimentos sistematizados. O ensino corresponde a ações, meios e condições para realização da instrução; contém, pois, a instrução.

Há uma relação de subordinação da instrução à educação, uma vez que o processo e o resultado da instrução são orientados para o desenvolvimento das qualidades específicas da personalidade. Portanto, a instrução, mediante o ensino, tem resultados formativos quando converge para o objetivo educativo, isto é, quando os conhecimentos, habilidades e

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capacidades apropriados pelo ensino se tornam princípios reguladores da ação humana, em convicções e atitudes reais frentes à realidade. Há, pois, uma unidade entre educação e instrução, embora sejam processos diferentes; pode-se instruir sem educar, e educar sem instruir; conhecer os conteúdos de uma matéria, conhecer os princípios morais e normas de conduta não leva necessariamente a praticá-los, isto é, a transformá-los em convicções e atitudes efetivas frente aos problemas e desafios da realidade. Ou seja, o objetivo educativo não é um resultado natural e colateral do ensino, devendo-se supor por parte do educador um propósito intencional e explícito de orientar a instrução e o ensino para objetivos educativos. Cumpre acentuar, entretanto, que o ensino é o principal meio e fator de educação – ainda que não o único – e, por isso, destaca-se como campo principal da instrução e educação escolar, referimo-nos a ensino. Conforme estudaremos adiante, a educação é o objeto de estudo da Pedagogia, colocando a ação educativa como objeto de reflexão, visando descrever e explicar sua natureza, seus determinantes, seus processos e modos de atuar. O processo pedagógico orienta a educação para suas finalidades específicas, determinadas socialmente, mediante a teoria e a metodologia da educação e instrução. O trabalho docente – isto é, a efetivação da tarefa de ensinar – é uma modalidade de trabalho pedagógico e dele se ocupa a Didática.

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3. EDUCAÇÃO ESCOLAR, PEDAGOGIA E DIDÁTICA

Como vimos, a atividade educativa acontece nas mais variadas esferas da vida social ( nas famílias, nos grupos sociais, nas instituições educacionais ou assistenciais, nas associações profissionais, sindicais e comunitárias, nas igrejas, nas empresas, nos meios de comunicação em massa etc). e assume diferentes formas de organização. A educação escolar constitui-se num sistema de instrução e ensino com propósitos intencionais, práticas sistematizadas e alto grau de organização, ligado intimamente às demais práticas sociais. Pela educação escolar democratizam-se os conhecimentos, sendo na escola que os trabalhadores continuam tendo a oportunidade de prover a escolarização formal aos seus filhos, adquirindo conhecimentos científicos e formando a capacidade de pensar criticamente os problemas e desafios postos pela realidade social.

O processo educativo que se desenvolve na escola pela instrução e ensino consiste na assimilação de conhecimentos e experiências acumulados pelas gerações anteriores no decurso do desenvolvimento histórico-social. Entretanto, o processo educativo está condicionado pelas relações sociais em cujo interior se desenvolve; e as condições sociais, políticas e econômicas aí existentes influenciam decisivamente o processo de ensino e aprendizagem. As finalidades educativas subordinam-se, pois, as escolhas feitas frente a interesses de classes determinados pela forma de organização das relações sociais. Por isso, a prática educativa requer uma direção de sentido para a formação humana dos indivíduos e processos que assegurem a atividade prática que lhes corresponde. Em outras palavras, para tornar efetivo o processo educativo, é preciso dar-lhe uma orientação sobre as finalidades e meios da sua realização, conforme opções que se façam quanto ao tipo de homem que se deseja formar e ao tipo d sociedade a que se aspira. Esta tarefa pertence à Pedagogia como teoria e prática do processo educativo.

A pedagogia é um campo de conhecimentos que investiga a natureza das finalidades da educação numa determinada sociedade, bem como os meios apropriados para a formação dos indivíduos, tendo em vista prepará-los para as tarefas da vida social. Uma vez que a prática educativa é o processo pelo qual são assimilados conhecimentos e experiências acumulados pela prática social da humanidade, cabe à Pedagogia assegurá-lo, orientando-o para finalidades sociais e políticas, e criando um conjunto de condições metodológicas e organizativas para viabilizá-lo.

O caráter pedagógico da prática educativa se verifica como ação consciente, intencional e planejada no processo de formação humana, através de objetivos e meios estabelecidos por critérios socialmente determinado e que indicam o tipo de homem a formar, para qual sociedade, com que propósitos. Vincula-se, pois, a opções sociais e políticas referentes ao papel da educação num determinado sistema de relações sociais. A partir daí a Pedagogia pode dirigir e orientar a formulação de objetivos e meios do processo educativo.

Podemos, agora, explicitar as relações entre educação escolar, Pedagogia e ensino: A educação escolar, manifestação peculiar do processo educativo global; a Pedagogia como determinação do rumo desse processo em suas finalidades e meios de ação; o ensino como campo específico da instrução e educação escolar. Podemos dizer que o processo ensino-aprendizagem é, fundamentalmente, um trabalho pedagógico no qual se conjugam fatores externos e internos. De um lado, atuam na formação humana como direção consciente e planejada, através de objetivos/conteúdos/métodos e formas de organização propostos pela escola e pelos professores; de outro, essa influência externa depende de fatores internos, tais como as

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condições físicas, psíquicas e sócio-culturais dos alunos. A Pedagogia, sendo ciência da e para a educação, estuda a educação, a instrução e o

ensino. Para tanto compõe-se de ramos de estudo próprios como a Teoria da Educação, a Didática, a Organização Escolar e a História da Educação e da Pedagogia. Ao mesmo tempo, busca em outras ciências os conhecimentos teóricos e práticos que concorrem para o esclarecimento do seu objeto, o fenômeno educativo. São elas a Filosofia da Educação, Sociologia da Educação, Psicologia da Educação, Biologia da Educação, Economia da Educação e outras.

O conjunto desses estudos permite aos futuros professores uma compreensão global do fenômeno educativo, especialmente de suas manifestações no âmbito escolar. Essas compreensão diz respeito a aspectos sócio-políticos da escola na dinâmica das relações sociais; dimensões filosóficas da educação (natureza, significado e finalidades, em conexão com a totalidade da vida humana); relações entre a prática escolar e a sociedade no sentido de explicitar objetivos político-pedagógicos sem condições históricas e sociais determinadas e as condições concretas do ensino; o processo do desenvolvimento humano e o processo da cognição; bases científicas para seleção e organização do ensino; articulação entre a mediação escolar de objetivos/conteúdos/métodos e os processos internos atinentes ao ensino e à aprendizagem.

A Didática é o principal ramo de estudos da Pedagogia. Ela investiga os fundamentos, condições e modos de realização da instrução e do ensino. A ela cabe converter objetivos sócio-políticos e pedagógicos em objetivos de ensino, selecionar conteúdos e métodos em função desses objetivos, estabelecer os vínculos entre o ensino e aprendizagem, tendo em vista o desenvolvimento das capacidades mentais dos alunos. A Didática está intimamente ligada à Teoria da Educação e a teoria da Organização Escolar e, de modo muito especial, vincula-se à Teoria do Conhecimento e à Psicologia da Educação.

A Didática e as metodologias específicas das matérias de ensino formam uma unidade, mantendo entre si relações recíprocas. A Didática trata da teoria geral do ensino. As metodologias específicas, integrando o campo da Didática, ocupam-se dos conteúdos e métodos próprios de cada matéria na sua relação com fins educacionais. A Didática, com base em seus vínculos com a Pedagogia, generaliza processos e procedimentos obtidos na investigação das matérias específicas, das ciências que dão embasamento ao ensino e à aprendizagem e das situações concretas da prática docente. Com isso, pode generalizar para todas as matérias, sem prejuízo das peculiaridades metodológicas de cada uma, o que é comum e fundamental no processo educativo escolar.

Há também estreita ligação da Didática com os demais campos do conhecimento pedagógico. A Filosofia e a História da Educação ajudam a reflexão em torno das teorias educacionais, indagando em que consiste o ato educativo, seus condicionantes externos e internos, seus fins e objetivos; busca os fundamentos da prática educativa. A Sociologia da Educação estuda a educação como processo social e ajuda os professores a reconhecerem as relações entre o trabalho docente e a sociedade. Ensina a ver a realidade social no seu movimento, a partir da dependência mútua entre seus elementos constitutivos, para determinar os nexos constitutivos da realidade educacional. A par disso, estuda a escola como “fenômeno sociológico”, Isto é, uma organização social que tem sua estrutura interna de funcionamento interligada ao mesmo tempo com outras organizações sociais (conselho de pais, associações de bairros, sindicatos, partidos políticos etc.). a própria sala de aula é um ambiente social de forma junto com a escola como um todo, o ambiente global da atividade docente organizado para cumprir os objetivos de ensino.

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A Psicologia da Educação estuda importantes aspectos do processo de ensino e de aprendizagem, como as implicações das fases de desenvolvimento dos alunos conforme idades e os mecanismos psicológicos presentes na assimilação ativa de conhecimentos e habilidades. A Psicologia aborda questões como: o funcionamento da atividade mental, a influência do ensino no desenvolvimento intelectual, a ativação das potencialidades mentais para a aprendizagem, a organização das relações professor-alunos e dos alunos entre si, a estimulação e o despertamento do gosto pelo estudo etc. A Psicologia, de sua parte, fornece importante contribuição, também, para a orientação educativa dos alunos.

A Estrutura e Funcionamento do Ensino inclui questões da organização do sistema escolar nos seus aspectos políticos e legais, administrativos, e aspectos do funcionamento interno da escola como a estrutura organizacional e administrativa, planos e programas, organização do trabalho pedagógico e das atividades discentes etc.

4. A DIDÁTICA E A FORMAÇÃO PROFISSIONAL DO PROFESSOR A formação profissional do professor é realizada nos cursos de Habilitação ao Magistério

a nível de 2º. Grau e superior. Compõe-se de um conjunto de disciplinas coordenadas entre si, cujos objetivos e conteúdos devem confluir para uma unidade teórico-metodológica do curso. A formação profissional é um processo pedagógico, intencional e organizado, de preparação teórico-científica e técnica do professor para dirigir competentemente o processo de ensino.

A formação do professor abrange, pois, duas dimensões: a formação teórico-científica,

incluindo a formação acadêmica específica nas disciplinas em que o docente vai especializar-se e a formação pedagógica, que envolve os conhecimentos da Filosofia, Sociologia, História da Educação e da própria pedagogia que contribuem para o esclarecimento do fenômeno educativo no contexto histórico-social; a formação técnico-prática visando a preparação profissional específica para a docência, incluindo a Didática, as metodologias específicas das matérias, a Psicologia da Educação, a pesquisa educacional e outras.

A organização dos conteúdos da formação do professor em aspectos teóricos e práticos de modo algum significa considerá-los isoladamente. São aspectos que devem ser articulados. As disciplinas teórico-científicas são necessariamente referidas à prática escolar, de modo que os estudos específicos realizados no âmbito da formação acadêmica sejam relacionados com os de formação pedagógica que tratam das finalidades da educação e dos condicionantes históricos, sociais e políticos da escola. Do mesmo modo, os conteúdos das disciplinas específicas precisam ligar-se às suas exigências metodológicas. As disciplinas de formação técnico-prática não se reduzem ao mero domínio de técnicas e regras, mas implicam também os aspectos teóricos, ao mesmo tempo que fornecem à teoria os problemas e desafios da prática. A formação profissional do professor implica, pois, uma contínua interpretação entre teoria e prática, a teoria vinculada aos problemas reais postos pela experiência prática e a ação prática orientada teoricamente.

profissão, assim como se sabe que mais tempo de experiência ajuda no desempenho profissional. Entretanto, o domínio das bases teórico- científicas e técnicas, e sua articulação como as exigências concretas do ensino, permitem maior segurança profissional, de modo que o docente ganhe base para pensar sua prática e aprimore sempre mais a qualidade do seu trabalho.

Entre os conteúdos básicos da Didática figuram os objetivos e tarefas do ensino na nossa sociedade. A Didática se baseia numa concepção de homem e sociedade e, portanto, subordina-se a propósitos sociais, políticos e pedagógicos para a educação escolar a serem

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estabelecidos em função da realidade social brasileira. O processo de ensino é uma atividade conjunta de professores e alunos, organizado

sob a direção do professor, com a finalidade de prover as condições e meios pelos quais os alunos assimilam ativamente conhecimentos, habilidades, atitudes e convicções. Este é o objeto de estudo da Didática.

Os objetivos-conteúdos-métodos e formas organizativas do ensino, especialmente a aula, constituem o objeto da mediação escolar.

CAPÍTULO II

I - O CURRÍCULO E SEU PLANEJAMENTO 1. O QUE É CURRÍCULO?

Um programa de ensino só se transforma em currículo após as experiências que a criança vive em torno do mesmo. A palavra currículo vem do latim – curriculum – e significa percurso, carreira, curso, ato de correr. E seu significado não abrange apenas o ato de correr, mas também o modo, a forma de fazê-lo (a pé, de carro, a cavalo) o local (estrada, pista, hipódromo) e o que ocorre no curso ou percurso efetuado.

Da palavra curriculum temos, analogamente, a expressão curriculum vitae, que engloba todos os dados pessoais, cursos, experiências e atividades que possam dar uma idéia do que a pessoa conseguiu realizar durante sua vida. Os dados são apresentados como um todo integrado, variável para cada pessoa, mas que revela continuidade, seqüência e objetivos atingidos e / ou a atingir.

Aplicado à educação, o termo currículo apresenta uma variação no decorrer do tempo. Essa variação depende da concepção de educação e de escola e, também, das necessidades de determinada sociedade num dado momento histórico.

Tradicionalmente currículo significou uma relação de matérias ou disciplinas, com um corpo de conhecimentos organizados seqüencialmente em termos lógicos.

Alguns fatos históricos, no entanto, impuseram mudanças no modo de ver pensar do próprio homem, determinando-lhe, também, novas necessidades e atitudes perante a vida.

Os principais fatos que determinaram tais mudanças foram: A Revolução Industrial – Com a Revolução Industrial, a sociedade urbana que se

desenvolve torna tudo muito mais complexo. Por exemplo, aprofunda-se a especialização, a produção passa a ser feita em série e aumenta a interdependência entre os homens e os países.

As descobertas científicas – Em decorrência desse novo estilo de vida, sucedem-se inúmeras descobertas científicas que, geralmente, levam a criação de empregos mais especializados.

A explosão demográfica – As populações aumentam e se concentram nas cidades. Consequentemente, as escolas começam a ser oferecidas a um número cada vez maior

de pessoas. Os meios de comunicações de massa – Com o avanço da tecnologia surgem os meios

de comunicação de massa que passam a veicular um número muito maior de informações. As conseqüências desse fato são, ainda hoje, um assunto bastante controvertido.

Diante das novas necessidades surgidas a partir desses fatos, os educadores

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passaram a questionar o conceito de educação, de aprendizagem e, Conseqüentemente, de currículo. A preparação dos alunos para enfrentar um mundo em constante transformação, passou a exigir uma dinâmica diferente da instituição escolar. Nessa dinâmica, o aluno não é mais visto como um ser passivo que deve apenas assimilar os conhecimentos que lhe são transmitidos pelos seus professores. É visto, antes de mais nada, como um ser ativo que aprende não apenas através do contato com o professor e com a matéria (conteúdo), mas através de todos os elementos do meio. A partir desse novo enfoque, o currículo deixou de ser confundido com distribuição de matéria ou carga horária de trabalho escolar.

O que é então currículo atualmente? “Currículo é tudo que acontece na vida de uma criança, na vida de seus pais e

professor. Tudo que cerca o aluno, em todas as horas do dia, constitui matéria para o currículo.”(SPERB, D. Problemas gerais de currículo. In: Reis, A e JOULLIÉ, V. Didática geral através de módulos instrucionais. Petrópolis, Vozes, 1982. P. 64.)

Vejamos outra definição de currículo: “Currículo significa muito mais do que o conteúdo a ser aprendido – significa toda a

vida escolar da criança. Um programa de ensino só se transforma em currículo após as experiências que a criança vive em torno de si mesmo” (REGO, M.S. e outros. Ensinando a criança. In.: Reis, A e JOULLIÉ, V. Didática Geral através de módulos instrucionais. Petrópolis, Vozes, 1982. P. 64)

Do que vimos até aqui sobre Currículo podemos concluir o seguinte: a) Tradicionalmente, currículo tem significado as matérias ensinadas na escola ou a

programação de estudos. b) A tendência, nas décadas recentes, tem sido de usar o termo currículo num sentido

mais amplo, para referir-se à vida e a todo o programa da escola, inclusive às atividades extraclasse. Aliás, as atividades extraclasse são muito importantes para a formação da personalidade da criança. Elas enriquecem o plano escolar e, conseqüentemente, a personalidade da criança. Além disso são uma importante fonte de motivação.

Julgamos oportuno chamar a atenção também para o dominado currículo oculto. A escola – além de desenvolver o currículo explícito, referente a transmissão do saber ao aluno – desenvolve o currículo oculto, referente à transmissão de valores, normas e comportamentos.

Enquanto o currículo explícito hierarquiza os graus escolares e os critérios de avaliação por mérito ou prestígio, o oculto desenvolve nos alunos a aceitação da hierarquia e do privilégio.

2. CONSEQÜÊNCIA DO NOVO CONCEITO DE CURRÍCULO Segundo William Ragan são as seguintes as principais conseqüências do novo conceito

de currículo: a) O currículo existe somente nas experiências das crianças. Não existe em livros de

texto e nem nos programas de estudo. Em face do currículo, o programa de ensino apresenta a mesma relação que o mapa de uma estrada tem com a experiência da viagem. Para avaliar o currículo de uma escola, é necessário observar cuidadosamente a qualidade das vivências que existem dentro dela.

b) O currículo inclui mais do que o conteúdo a ser aprendido. É verdade que a seleção de conteúdo útil e exato é um importante responsabilidade do professor, mas o programa não se constitui currículo enquanto não se transforma em parte da experiência da criança. A porção do conteúdo que se torna currículo para uma criança pode diferir daquela que se transforma

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em currículo para outra. As relações humanas na sala de aula, os métodos de ensino e os processos de avaliação usados são partes tão importantes do currículo como o conteúdo a ser aprendido.

c) O currículo é um ambiente especializado de aprendizagem, deliberadamente ordenado, com o objetivo de dirigir os interesses e as capacidades das crianças para eficiente participação na vida da comunidade e da nação. Ele diz respeito ao auxílio dado às crianças para enriquecer suas próprias vidas e contribuir para o aperfeiçoamento da sociedade através da aquisição de informações, habilidades e atitudes.

d) A questão que preocupa o planejador do currículo não é apenas decidir que matérias devem ser ensinadas para desenvolver o entendimento e alargar os conhecimentos dos alunos; ele deve visar também à melhoria da vida do indivíduo e da comunidade.

3. DIMENSÕES DO CURRÍCULO O currículo pode ser determinado a partir de três dimensões fundamentais: Dimensão filosófica – Refere-se ao tipo de educação apropriada a uma cultura. Trata-se

das opções de valor, baseadas na concepção que se faz do homem, da sociedade, etc. Nessas concepções baseiam-se as escolhas feitas quanto aos fins da educação, propósitos e conteúdo da escola.

Dimensão sócio-antropológica – Devido às transformações sociais que se processam de forma acelerada, é necessário que a escola tenha uma visão lúcida da realidade social com a qual está lidando para que possa desenvolver um trabalho educativo, dinâmico e atual. Daí a necessidade de um levantamento de dados sobre as características da cultura na qual a escola está inserida. A escola precisa saber quais são os padrões de comportamento que influenciam os alunos, as forças econômicas atuantes, as formas de estrutura familiar existentes, as tensões sociais e as formas de comunicação.

Dimensão psicológica – Para que um currículo escolar seja bem-sucedido, é necessário dar atenção ao desenvolvimento psicológico do aluno. Sabemos que nem todas as crianças raciocinam com a mesma rapidez nem possuem o mesmo ritmo de desenvolvimento psicomotor. É necessário, também, que se tenha uma boa definição de aprendizagem.

4. PLANEJAMENTO DE CURRÍCULO Considerando que o currículo é a soma de experiências vividas pelos alunos de uma

escola, é fácil concluir que o planejamento do currículo é o planejamento dessas experiências. Cada escola deve elaborar o seu planejamento de currículo com a participação de todos

aqueles que direta ou indiretamente estão ligados à dinâmica do processo educativo: diretor, supervisor pedagógico, orientador educacional e professores. Juntos definirão os objetivos finais, o conteúdo básico e delinearão os métodos e as estratégias de avaliação, pesquisando ainda os recursos que poderão utilizar.

No planejamento do currículo devemos levar em conta a realidade de cada escola e as sugestões apresentadas pelo Conselho Estadual de Educação (C.E.E.) que abrangem os seguintes aspectos:

subsídios para a elaboração dos currículos; relação das matérias que podem construir a parte diversificada numa tentativa de

atender peculiaridades locais;

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normas de avaliação; recuperação de alunos. Esta orientação fornecida pelo Conselho Estadual de Educação baseia-se nas diretrizes

que emanam do conselho Federal de Educação (C.F.E.). estas diretrizes, por sua vez, refletem a política educacional expressa na Constituição.

Cabe ao Conselho Federal de Educação fixar, para cada grau, as matérias relativas ao

núcleo comum, definindo também seus objetivos e sua amplitude. O Conselho Estadual de Educação estabelece as matérias que constituirão a parte

diversificada do currículo de primeiro grau. A escola poderá ainda assumir a iniciativa da proposição de outras matérias e incluí-las em seu currículo, se aprovado pelo Conselho de Educação competente.

Quem planeja ?

Conselho Federal de Educação (C.F.E.)

Fixa diretrizes para a organização curricular a nível nacional

- Leis - Pareceres - Resoluções - Estabelecimento de

conteúdos mínimos

Conselho Estadual de Educação(C.E.E.)

Faz as adequações necessárias, considerando as peculiaridades

- Relação das matérias que a escola elegerá para a parte diversificada do currículo.

- Estabelecimento de normas (transferencia, matrícula, avaliação e recuperação)

- Julgamento de casos

Unidade Escolar

Elabora o currículo pleno atendendo às possibilidades do estabelecimento e às necessidades e características da clientela

- Objetivos educacionais - Conteúdos - Métodos - Recursos - Avaliação

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CAPÍTULO III

I – PLANEJAMENTO DE ENSINO

1 – O QUE É PLANEJAMENTO E QUAL A SUA IMPORTÂNCIA?

Hoje, em todos os setores da atividade humana, fala-se muito em planejamento.

Vejamos, através de um texto de Paulo Freire, em que consiste o planejamento e qual a sua importância.

“Tinha chovido muito toda noite. Havia enormes poças de água nas partes mais baixas do terreno. Em certos lugares, a terra, de tão molhada, tinha virado lama. Às vezes, os pés apenas escorregavam nela, às vezes mais do que escorregar, os pés se atolavam na lama até acima dos tornozelos. Era difícil andar. Pedro e Antônio estavam a transportar, numa camioneta, cestos cheios de cacau, para o sítio onde deviam secar.

Em certa altura perceberam que a camioneta não atravessaria o atoleiro que tinha pela frente. Pararam, desceram da camioneta, olharam o atoleiro, que era um problema para eles. Atravessaram a pé uns dois metros de lama, defendidos pelas suas botas de cano longo. Sentiram a espessura do lamaçal. Pensaram. Discutiram como resolver o problema. Depois, com a ajuda de algumas pedras e de galhos secos de árvores, deram terreno a consistência mínima para que as cordas da camioneta passassem sem atolar.

Pedro e Antônio estudaram. Procuraram compreender o problema que tinha de resolver e, em seguida, encontraram uma resposta precisa. Não se estuda apenas nas escolas. Pedro e Antônio estudaram enquanto trabalhavam. Estudar é assumir uma atitude séria e curiosa diante de um problema.

Podemos dizer que planejar é estudar. Planejar é, portanto, “assumir uma atitude séria e curiosa diante de um problema”. Diante de um problema eu procuro refletir para decidir quais as melhores alternativas de ação possíveis para alcançar determinados objetivos a partir de certa realidade. Foi isso que fizeram Pedro e Antônio. Analisaram a realidade, discutiram como resolver o problema, decidiram qual seria a melhor alternativa e agiram.

O planejamento é, hoje, uma necessidade em todos os campos da atividade humana. Aliás, sempre foi. Só que hoje adquiriu maior importância por causa da complexidade

dos problemas. Quanto mais complexos forem os problemas, maior é a necessidade de planejamento.

No processo de planejamento procuramos responder às seguintes perguntas: O que pretendo alcançar? Em quanto tempo pretendo alcançar? Como posso alcançar isso que pretendo? O que fazer e como fazer? Quais os recursos necessários? O que e como analisar a situação a fim de verificar se o que pretendo foi alcançado?

2 – PLANEJAMENTO EDUCACIONAL, DE CURRÍCULO E DE ENSINO seguintes tipos de planejamento: Planejamento educacional

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Planejamento de currículo Planejamento de ensino Planejamento educacional – Consiste na tomada de decisões sobre a educação no

conjunto do desenvolvimento geral do país. A elaboração desse tipo de planejamento requer a proposição de objetivos a longo prazo que definem uma política da educação.

Planejamento de currículo – Já vimos o que é planejamento de currículo. O problema central do planejamento curricular é formular objetivos educacionais a partir daqueles expressos nos guias curriculares oficiais. Nesse sentido, a escola deve procurar adaptá-los às situações concretas, selecionando aquelas experiências que mais poderão contribuir para alcançar os objetivos dos alunos, das suas famílias e da comunidade.

Planejamento de ensino – Podemos dizer que o planejamento de ensino é a especificação do planejamento de currículo. Consiste em traduzir em termos mais concretos e operacionais o que o professor fará na sala de aula, para conduzir os alunos a alcançar os objetivos educacionais propostos. Um planejamento de ensino deverá prever:

Objetivos específicos (ou instrucionais) estabelecidos a partir dos objetivos educacionais.

Conhecimentos a serem adquiridos pelos alunos no sentido determinado pelos objetivos.

Procedimento de recursos de ensino que estimulam as atividade de aprendizagem. Procedimentos de avaliação que possibilitem verificar, de alguma forma, até que

ponto os objetivos foram alcançados.

3 – ETAPAS DO PLANEJAMENTO DE ENSINO São quatro as etapas do planejamento de ensino: a) Conhecimento da realidade. b) Elaboração do Plano. c) Execução do Plano. d) Avaliação e Aperfeiçoamento do Plano. Conhecimento da realidade – Para poder planejar adequadamente a tarefa de ensino e

atender às necessidades do aluno é preciso, antes de mais nada, saber para quem se vai planejar. Por isso, conhecer o aluno e seu ambiente é a primeira etapa do processo de planejamento. É preciso saber quais as aspirações, frustrações, necessidades e possibilidades dos alunos. Fazendo isso, estaremos fazendo uma Sondagem, isto é, buscando dados.

Uma vez realizada a sondagem, deve-se estudar cuidadosamente os dados coletados. A conclusão a que chegamos, após o estudo dos dados coletados, constitui o Diagnóstico.

Sem a sondagem e o diagnóstico corre-se o risco de propor o que é impossível alcançar ou o que não interessa ou, ainda, o que já foi alcançado.

Elaboração do plano – A partir do dados fornecidos pela sondagem e interpretadas pelo diagnóstico, temos condições de estabelecer o que é possível alcançar, como fazer para alcançar o que julgamos possível e como avaliar os resultados.

“Que venho eu fazer aqui? E o que vêm eles, eles todos e cada um por seu lado? Que espero eu deles?

Que esperam eles de mim?” (GUSDORF, G. In: Turra, C. M.G. Op. Cit. P. 29.) Por isso, passamos a elaborar o plano através dos seguintes passos:

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Determinação dos objetivos. Seleção e organização dos conteúdos. Seleção e organização dos procedimentos de ensino Seleção de recursos. Seleção de procedimentos de avaliação. Estruturação do plano de ensino. Execução do plano – Ao elaborarmos o plano de ensino, antecipamos, de forma

organizada, todas as etapas do trabalho escolar. A execução do plano consiste no desenvolvimento das atividades previstas. Na execução, sempre haverá o elemento não plenamente previsto. Às vezes, a reação dos alunos ou as circunstâncias do ambiente exigirão adaptações e alterações no planejamento. Isso é normal e não dispensa o planejamento, pois, uma das características de um bom planejamento deve ser a flexibilidade.

Avaliação e aperfeiçoamento do plano – Ao término da execução do que foi planejado, passamos a avaliar o próprio plano com vistas ao replanejamento.

Nessa etapa, a avaliação adquire um sentido diferente da avaliação do ensino-aprendizagem e um significado mais amplo. Isso porque, além de avaliar os resultados de

ensino aprendizagem, procuramos avaliar a qualidade do nosso plano, a nossa eficiência como professor e a eficiência do sistema escolar

4 – COMPONENTES BÁSICOS DO

PLANEJAMENTO DE ENSINO Vejamos, agora, cada um dos componentes básicos do planejamento de ensino. Objetivos – É a descrição clara do que se pretende alcançar como resultado da nossa

atividade. Os objetivos nascem da própria situação: da comunidade, da família, da escola, da disciplina, do professor e principalmente do aluno. Os objetivos, portanto, são sempre do aluno e para o aluno.

Os objetivos educacionais são as metas e os valores mais amplos que a escola procura atingir, e os objetivos instrucionais são proposições mais específicas referentes às mudanças comportamentais esperadas para um determinado grupo-classe.

Para manter a coerência interna do trabalho de uma escola, o primeiro cuidado será o de selecionar os objetivos instrucionais que tenham correspondência com os objetivos gerais das áreas de estudo que, por sua vez, devem estar coerentes com a linha de pensamento da entidade à qual o plano se destina. Vejamos, agora, alguns exemplos de objetivos educacionais e instrucionais. Na área de Estudos Sociais, podemos ter os seguintes objetivos educacionais:

Criar situações de aprendizagem para que a criança adquira conhecimentos que facilitem a localização de sua comunidade e de seu município, possibilitando-lhe a compreensão das características naturais, culturais, sociais e econômicas do ambiente em que vive.

Desenvolver o hábito de observação do meio ambiente. Estimular no aluno o ideal de consciência grupal. Para alcançar esses objetivos educacionais, podemos estabelecer os seguintes objetivos

instrucionais: Identificar na comunidade os seus diferentes aspectos naturais, culturais, sociais e

econômicos. Utilizar os recursos da comunidade como fonte de informação. Identificar matéria-prima e produto. Identificar os centros comerciais e industriais.

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Usar adequadamente os serviços públicos. Reconhecer o mapa do município e sua configuração. Localizar o país, o Estado e o município, no mapa-múndi. Conteúdo – Refere-se à organização do conhecimento em si, com base nas suas

próprias regras. Abrange também as experiências educativas no campo do conhecimento, devidamente selecionadas e organizadas pela escola.

O conteúdo é um instrumento básico para poder atingir os objetivos. Em geral, os guias curriculares oficiais oferecem uma relação de conteúdos das várias

áreas que podem ser desenvolvidos em cada série. Pode-se selecionar o conteúdo com base nesses guias. Não devemos esquecer, no entanto, de levar em conta a realidade da classe.

Outros cuidados devem ser observados na seleção dos conteúdos: O conteúdo selecionado precisa estar relacionado com os objetivos definidos.

Devemos escolher os conhecimentos indispensáveis para que os alunos adquiram os comportamentos fixados.

Um bom critério de seleção é a escolha feita em torno de conteúdos mais importantes, mais centrais e mais atuais.

O conteúdo não importa tanto. O mais importante é o fato do mestre está apto a levantar a idéia central do conhecimento que deseja trabalhar. Para que tal ocorrência se verifique, é indispensável que o professor conheça em profundidade a natureza do fenômeno que pretende que seus alunos conheçam.

O conteúdo precisa ir do mais simples para o mais complexo, do mais concreto para o mais abstrato.

Para alcançar os objetivos propostos no último tópico, por exemplo, podemos desenvolver o seguinte conteúdo:

Comunidade no Município: - localização da comunidade no município; - localização do Município no Estado; - localização do Estado no país.

Aspectos naturais do município: - Hidrografia, relevo, clima, recursos naturais, etc.

Influência dos aspectos naturais da vida da comunidade e do município. Aspectos culturais, aproveitamento e modificações nos aspectos naturais. Aspectos econômicos:

- Tipos de matérias-primas que o município fornece, sua atividade industrial e comercial.

Procedimentos de ensino – “Procedimentos de ensino são ações, processos ou comportamentos planejados pelo professor para colocar o aluno em contato direto com coisas, fatos ou fenômenos que lhes possibilitem modificar sua conduta, em função dos objetivos previstos”. (TURRA, G. M. G. Op. Cit. P. 36.) O professor, ao organizar as condições externas favoráveis à aprendizagem, utiliza meios ou modos organizados de ação, conhecidos como técnicas de ensino. As técnicas de ensino são maneiras particulares de provocar a atividade dos alunos no processo de aprendizagem.

Ao planejar os procedimentos de ensino, não é suficiente fazer uma listagem de técnicas que serão utilizadas, como aula expositiva, trabalho dirigido, excursão, trabalho em grupo, etc. Devemos prever como utilizar o conteúdo selecionado para atingir os objetivos propostos. As técnicas estão incluídas nessa descrição. Os procedimentos, portanto, não

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são apenas uma coletânea de técnicas isoladas. Eles têm uma abrangência bem mais ampla, pois envolvem todos os passos do desenvolvimento da atividade de ensino propriamente dita. Os procedimentos de ensino selecionados pelo professor devem:

ser diversificados; estar coerentes com os objetivos propostos e com o tipo de aprendizagem previsto

nos objetivos; adequar-se às necessidades dos alunos; servir de estímulo à participação do aluno no que se refere a descobertas; apresentar desafios. Recursos de ensino – Os recursos de ensino são os componentes do ambiente da

aprendizagem que dão origem à estimulação para o aluno.

Humanos

Materiais

[

A mesma observação que fizemos com relação aos procedimentos de ensino é válida

também para os recursos necessários, como giz, gráficos, mapas, etc. Deve-se prever também como serão utilizados esses recursos.

Avaliação – Avaliação é o processo pelo qual se determinam o grau e a quantidade de resultados alcançados em relação aos objetivos, considerando o contexto das condições em que o trabalho foi desenvolvido.

No planejamento da avaliação é importante considerar a necessidade de : Avaliar continuamente o desenvolvimento do aluno. Selecionar situações da avaliação diversificadas, coerentes com os objetivos

propostos. Selecionar e / ou montar instrumentos de avaliação Registrar os dados da avaliação. Aplicar critérios aos dados da avaliação. Interpretar resultados da avaliação. Comparar os resultados com critérios estabelecidos (feedback).

Utilizar dados da avaliação no planejamento. O feeddback deve ser encarado como retroinformação para o professor sobre o

andamento de sua atuação. Dessa forma, a avaliação desloca-se do plano da competição entre professor e aluno, para significar a medida real do conhecimento, tornando-se assim menos arbitrária.

5 – OS OBJETIVOS

Professor Aluno Pessoal escolar (diretor e outros profissionais) Comunidade (pais, profissionais, autoridades, etc...

Da comunidade (bibliotecas, indústrias, lojas, repartições públicas, etc. )

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5.1 – Importância dos objetivos de ensino O professor precisa determinar inicialmente o que o aluno será capaz de fazer ao final

do aprendizado. Se não define os objetivos, não pode avaliar o resultado de sua atividade de ensino, nem escolher os procedimentos mais adequados.

5.2 – Tipos de objetivos Os objetivos podem ser educacionais ou instrucionais e tanto um como outro podem

referir-se aos domínios cognitivo, afetivo e psicomotor. 5.3 – Funções dos objetivos instrucionais Classificar as mudanças desejadas. Orientar na escolha de conteúdos, experiências de aprendizagem e processo de

avaliação.

5.4 – Como definir objetivos instrucionais Os objetivos instrucionais: devem indicar os comportamentos do aluno e não do professor. devem indicar claramente a intenção do professor e não dar margem a muitas

interpretações. devem especificar o que o aluno deve realizar para demonstrar que alcançou o

objetivo. podem estabelecer as condições em que o aluno deverá demonstrar ser capaz de

fazer – no final do curso, da unidade ou aula – o que está previsto no objetivo. podem especificar o grau de perfeição que se espera do aluno.

CAPÍTULO IV

I – AVALIAÇÃO

Sabatina, prova, exame, verificação, avaliação... Para a grande maioria das pessoas que passaram por uma escola, esses termos têm

uma conotação negativa. Isto deve-se, sem dúvida, a experiências negativas com relação à

Do ambiente Natural (água, folha, pedra, etc. Escolar (quadro, giz, cartazes, etc.)

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avaliação. Vejamos o que um aluno de 6ª série do primeiro grau escreveu sobre um dia de prova:

“A hora da aula chegou. O professor de Geografia entra na sala e anuncia: Hoje é dia de prova. Vê-se ansiedade em todos os rostos. Com afobação, cada um pega uma folha de papel.

Durante o ditado das questões, escutam-se gritos de alegria ou desolação. Depois se põem imediatamente ao trabalho e escrevem sem parar. Outros, ao contrário, têm um ar pensativo e olham o teto acreditando lá encontrar uma inspiração. Alguns chupam o lápis, os olhos fixos sobre as folhas que continuam brancas, e às vezes lhes vem de repente uma idéia e por sua vez eles se põem a trabalhar. Alguns, com a mão sobre a testa, refletem profundamente.

O professor pede os trabalhos, porque é tempo de devolver. Os alunos cujas folhas ficaram quase brancas, tentam nos últimos momentos que restam acrescentar alguma coisa. E, com tristeza, os retardatários devem devolver suas folhas.

O último pensamento que nós temos em relação a prova é a nota. Aqueles que foram bem sucedidos a esperam com impaciência e os outros, com temor”.

Através dessa descrição podemos perceber o clima de insegurança, de ansiedade, de medo e de competitividade gerado pela prova. Essa situação é muito comum em nossas escolas, elas nos sugere várias perguntas:

A prova tem de ser assim mesmo? Não pode ser diferente? Como poderia ser? Qual o objetivo da prova? O que é avaliação? Responder a essas perguntas é o objetivo desse capítulo. Estamos convencidos de que

uma concepção demasiado “estreita” de avaliação por parte dos professores traz mais problemas do que ajuda aos alunos.

Vejamos inicialmente, o que é avaliação. 1 – CONCEITO DE AVALIAÇÃO

Avaliação é um processo contínuo de pesquisas que visa interpretar os conhecimentos,

habilidades e atitudes dos alunos, tendo em vista mudanças esperadas no comportamento, propostas nos objetivos, a fim de que haja condições de decidir sobre alternativas do planejamento do trabalho do professor e da escola como um todo.

A partir dessa definição, que julgamos a mais completa, podemos concluir que: a) A avaliação não é um fim, mas um meio. Ela é um meio que permite verificar até

que ponto os objetivos estão sendo alcançados, identificando os alunos que necessitam de atenção individual e reformulando o trabalho com a adoção de procedimentos que possibilitem sanar as deficiências identificadas.

b) O próprio aluno precisa perceber que a avaliação é apenas um meio. Nesse sentido o professor deve informá-lo sobre os objetivos da avaliação e analisar com ele os resultados alcançados.

c) A avaliação, sendo um processo contínuo, não é algo que termine num determinado momento, embora possa ser estabelecido um tempo para realizá-la.

2 – FUNÇÕES DA AVALIAÇÃO

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A avaliação se desenvolve, nos diferentes momentos do processo ensino-aprendizagem, com objetivos distintos. No início do processo temos a avaliação diagnóstica que é utilizada para verificar: Conhecimento que os alunos têm; Pré-requisitos que os alunos apresentam;

Particularidade dos alunos. Aplica-se este tipo de avaliação no início de uma unidade, semestre ou ano letivo. Ao longo do processo de ensino-aprendizagem temos a avaliação formativa que tem

uma função controladora. São os seguintes os propósitos da avaliação formativa: Informar o professor e o aluno sobre o rendimento da aprendizagem. Localizar as deficiências na organização do ensino.

No fim do processo de ensino-aprendizagem temos a avaliação somativa que tem uma função classificatória, isto é, classifica os alunos no fim de um semestre, ano, curso ou unidade, segundo níveis de aproveitamento.

Identifica alunos com padrão aceitável de conhecimentos.

Constata deficiências em termos de pré-requisitos.

Constata particularidades.

Encaminha os que não têm padrão aceitável para novas aprendizagens.

Propõe atividades com vistas a superar as deficiências.

Individualiza o ensino.

Função controladora

Informa sobre o rendimento.

Localiza deficiências.

Replanejamento

Função classificatória

Classifica segundo níveis de aproveitamento

Classificação final

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Função Modalidade correspondente de diagnóstico avaliação diagnóstica de controle avaliação formativa de classificação avaliação somativa

3 – TESTAR, MEDIR E AVALIAR

Os conceitos de testar, medir e avaliar muitas vezes são utilizados como sinônimos.

Embora intimamente relacionados, eles não são sinônimos. Tanto os testes como as noções de medida e de avaliação referem-se à verificação do rendimento escolar, porém, com uma amplitude de significação diferente.

Vejamos em que consiste essa diferença: Testar significa verificar algo através de situações previamente arranjadas, as quais são

chamadas de testes, portanto, é um meio ou conjunto de meios que serve para determinar as qualidades ou características de algo que está sendo objeto de observação. Faz-se um teste para estabelecer a eficiência de um motor, por exemplo, assim como se aplica um teste de Matemática para verificar o nível de conhecimento de um aluno ou de uma classe nessa matéria. Os testes são instrumentos de medida, mas não são os únicos.

Medir significa determinar a extensão, as dimensões, a quantidade e o grau ou a capacidade de algo. É atribuir valores segundo determinadas regras anteriormente estabelecidas. O resultado de uma medida é sempre expresso em números e não por descrição, havendo para isso um sistema de unidades convencionais, de uso mais ou menos universal, que facilita a interpretação dos resultados. “Dizer, por exemplo, que uma sala é quadrada, ou que uma bola é redonda, ou mesmo grande, não satisfaz ao aspecto quantitativo da definição de tamanho que queremos expressar. Mas quando usamos unidades de medida, tais como o metro, quilo, metro cúbico, etc., estamos expressando com muito mais exatidão e simplicidade a idéia que queremos transmitir.” (ESTEVES, O. P. Testes, medidas e avaliação. Rio de Janeiro, Arte & Indústria, 1972. P. 14.)

A medida, portanto, tem um conceito mais amplo, incluindo outros instrumentos além dos testes. Avaliar é um conceito ainda mais amplo que o de testes e medidas. “Um programa de avaliação inclui a utilização dos instrumentos quantitativos acima mencionados e se completa e se perfaz predominantemente através de dados qualitativos, tais como: observação casual em qualquer hora ou situação, trabalhos de aula, anedotários, etc., e tais processos não são, a rigor, medidas como as definidas anteriormente, pois se baseiam em julgamentos, descrições e opiniões”.

4 – PRINCÍPIOS BÁSICOS DE AVALIAÇÃO Para que a avaliação adquira a importância que realmente tem no processo de ensino-

aprendizagem, é necessário seguir alguns princípios básicos. Um dos erros didáticos mais freqüentes é o da não-integração dos critérios e processos

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de avaliação na dinâmica geral do ensino. “Avalia-se com um quadro de referência diferente daquele com que se ensinou. Assim, trabalhando com métodos e técnicas dinâmicas de ensino, o professor, não por contar com auxiliar ou com tempo suficiente, não faz convenientemente o controle do rendimento dos alunos e, ao final (na hora do exame), oferece questões memorísticas, em desacordo com as situações de aprendizagem que ofereceu e que visavam desenvolver pensamento reflexivo e imaginação criadora”. (MARQUES, J. C. Ensinar não é transmitir, Porto Alegre, Globo, 1977. p.46.)

Para evitar que isso aconteça deve-se seguir os seguintes princípios: a) Estabelecer com clareza o que vai ser avaliado. Se não sei o que vou avaliar não

poderei avaliar de maneira eficiente. Por isso o primeiro passo consiste em estabelecer se vou avaliar o aproveitamento, a inteligência, o desenvolvimento sócio-emocional, etc.

a) Selecionar técnicas adequadas para avaliar o que se pretende avaliar. Nem todas as técnicas e instrumentos são adequados aos mesmos fins.

Utilizar, na avaliação, uma variedade de técnicas. Para se ter um quadro mais completo do desenvolvimento do aluno, é preciso: c) Utilizar uma série de técnicas. Deve-se utilizar técnicas que sirvam para avaliar aspectos quantitativos e técnicas que sirvam para avaliar aspectos qualitativos. d) Ter consciência das possibilidades e limitações das técnicas de avaliação. Muitas são as margens de erro que encontramos, não só nos próprios instrumentos de avaliação (provas, testes, etc.), como também no próprio processo (modos como os instrumentos são usados). No entanto, a principal fonte de erro, sem dúvida, é a interpretação inadequada dos resultados. Em geral, os professores atribuem aos instrumentos uma precisão que estes não possuem. Na melhor das hipóteses, nossos instrumentos e técnicas de avaliação proporcionam somente resultados aproximados, que devem, portanto, ser assim considerados”. (TURRA, M. G. e outros. Planejamento de ensino e avaliação. Porto Alegre, Emma, 1982. p. 188.)

d) A avaliação é um meio para alcançar fins e não um fim em si mesma. “O uso da avaliação implica propósito útil, significativo. É necessário que a escola, os professores e os alunos retomem com mais clareza e atenção esse princípio. Isso implica atribuir a avaliação seu verdadeiro papel, ou seja, de que deve esse processo contribuir para melhorar as decisões de natureza educacional – melhorar o ensino e a aprendizagem, bem como o planejamento e o desenvolvimento curricular.

5 – ETAPAS DE AVALIAÇÃO Determinar o que vai ser avaliado. Estabelecer os critérios e as condições para a avaliação. Selecionar as técnicas e os instrumentos de avaliação. Realizar a aferição dos resultados.

6 – TÉCNICAS E INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO

– Medidas de rendimento escolar:

Verdadeiro-falso Múltipla escolha Associação Completar lacunas Ordenação

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Evocação Perguntas e dissertação Situações-problemas.

– Medidas do desenvolvimento geral: Anedotários ou registros de ocorrências

Fichas cumulativas Entrevistas Reunião e entrevistas com os pais Observação de trabalhos Observação direta do comportamento Auto-avaliação

Sociograma.

7 – UTILIZAÇÃO DOS RESULTADOS DA AVALIAÇÃO

Resultados da avaliação diagnóstica – Poderão ser utilizados para o estabelecimento dos objetivos e planos de ensino.

Resultados da avaliação formativa – Servirão para verificar se os objetivos estabelecidos são adequados aos alunos e se estão sendo alcançados.

Resultados da avaliação somativa – Servirão para promover aos alunos, estabelecer novos objetivos e iniciar novo planejamento.

8 – RECUPERAÇÃO

Recuperação preventiva – Consiste em retomar o processo, para pôr os estudantes carentes em condições de continuar os estudos.

Recuperação terapêutica – Consiste em aluno refazer o trabalho não realizado ou malfeito até assimilar todos os elementos importantes propostos.

[

9 – FICHA DO ALUNO A ficha do aluno também denominada anamnese é muito importante para se poder

compreender certos fatos relacionados com o aluno. Muitos fatos nebulosos da vida do educando podem ser esclarecidos através do preenchimento da anamnese.

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CAPÍTULO V

I – A MOTIVAÇÃO DA APRENDIZAGEM

Comecemos com um exemplo apresentado por Robert Mager. (MAGER, R. Atitudes

favoráveis ao ensino. Porto Alegre, Globo, 1976. p. 65.) Um menino de 9 anos pretendia aprender a tocar violão. Admirava seu pai, que tocava

maravilhosamente. Aguardava com impaciência o dia de aprender a tocar também. Quando o dia chegou, com o violão debaixo do braço, dirigiu-se para uma experiência completamente nova no campo da aprendizagem.

Uma história como esta poderia terminar de diversas maneiras: O menino se tornou um grande violonista. Não tendo muita aptidão para a música, mas demonstrando muito interesse,

conseguiu pelo menos tocar violão como passatempo. Apesar de possuir aptidão para chegar a ser um grande músico, o menino passou a

odiar o som do violão e a própria música. O final de qualquer experiência de aprendizagem depende do que sucede ao aluno

durante as atividades de aprendizagem. No caso do relato acima, vamos supor que o aprendiz, apesar de ter aptidões, abandonou totalmente o violão e nunca mais voltou a tocá-lo.

Alguns fatos contribuíram decisivamente para que isso acontecesse, mas os principais foram os seguintes:

O professor, geralmente, mostrava-se irritado por ter que ensinar um principiante. O professor nunca estava satisfeito com os progressos de seu aluno. Às vezes ridicularizava e insultava o aluno. Utilizava o violão como instrumento de castigo: Como você não aprendeu a lição de

ontem, hoje praticará uma hora a mais. A janela da sala de aula dava para um campo de futebol, onde o aluno via seus

amigos jogando. Os amigos zombavam dele. O aluno nunca sabia o que o professor esperava dele em relação ao progresso na

aprendizagem. O professor não utilizava nem um recurso didático (partituras, manual de violão, etc.) O professor nunca perguntava se o aluno havia entendido as explicações. Às vezes queria que o aluno soubesse coisas que ele nunca havia explicado. Analisando esses fatos podemos concluir que o professor de violão falhou por não saber

motivar adequadamente seu aluno. Vejamos, agora, em que consiste a motivação e como o professor deve agir para consegui-la.

1 – EM QUE CONSISTE A MOTIVAÇÃO?

A motivação consiste em apresentar a alguém estímulos e incentivos que lhe favoreçam

determinado tipo de conduta. Em sentido didático, consiste em oferecer ao aluno os estímulos e incentivos apropriados para tornar a aprendizagem mais eficaz.

Os recursos didáticos, os procedimentos de ensino, o conteúdo, as atividades práticas e exercícios são valiosas fontes de incentivo. A maior fonte, no entanto, é a personalidade do professor.

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Por isso, os alunos geralmente preferem as matérias selecionadas por professores amigos, ou associadas a situações agradáveis e a recursos e procedimentos de ensino adequados. Por sua vez, as matérias menos preferidas pelos alunos são aquelas associadas a indivíduos antipáticos, a situações desagradáveis e a recursos procedimentos inadequados.

Com relação ao professor, convém lembrar que ele atua não só pelo que diz e faz, mas pelo que ele é como um todo. “O ato pedagógico não pode ser simplesmente o ato de uma incitação intelectual ao conhecimento; é também uma forte relação afetiva entre o professor e os alunos, relação afetiva que deve ser vivida com todas as dificuldades que pressupõe. A criança vive uma ansiedade, uma angústia muito profunda, na busca do seu desenvolvimento, do seu desabrochamento e, se a classe não lhe proporciona uma segurança, um encorajamento, uma confiança, se torna para ele um lugar de projeção das dificuldades familiares, em vez de ser o lugar de elucidação pelo menos parcial ou de compensação, a comunicação não se estabelece, o que traduzirá um malogro para a cultura”. (PERRETI, A. Citado por SNYDERS, G. Op. Cit. p. 228.)

2 – A ORGANIZAÇÃO E DIREÇÃO DE UMA

CLASSE ESCOLAR 2.1 – A sala de aula – A organização física da sala deve favorecer a utilização dos métodos mais adequados

de ensino. 2.2 – Disciplina na sala de aula – Vários processos são utilizados para se conseguir disciplina:

a) O uso da força – Consiste em exigir disciplina ao aluno utilizando-se de pressões

exteriores como castigo e ameaças. b) A chantagem efetiva – Consiste em cativar a amizade do aluno ou da classe para se

alcançar disciplina. c) O uso da responsabilidade – Consiste em criar oportunidades para a

autodireção e a autodisciplina. – Para desenvolver nos alunos a autodireção e a autodisciplina é muito importante

observar os seguintes aspectos: d) Utilizar maneiras positivas de orientar os alunos. e) Considerar cada incidente em que a disciplina é quebrada, em direção às pessoas

implicadas no fato, suas necessidades e seu passado. f) Promover um clima no qual o respeito e a confiança mútua sejam possíveis. g) Ajudar as crianças a compreender a razão de ser dos regulamentos escolares. h) Ajudar as crianças a prever as conseqüências de seus próprios atos. i) Procurar as causas do comportamento infantil, de maneira objetiva e racional, ao

invés de reprimir a criança ou forçá-la a mudanças para as quais não está preparada.

j) Ajudar as crianças a compreender as causas de seu próprio comportamento e das ações dos outros, e a desenvolver meios realistas de solucionar seus próprios conflitos.

2.3 – O relacionamento na sala de aula

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– O bom relacionamento na sala de aula é muito importante. O professor, como líder,

é o grande responsável pelo bom relacionamento. O clima psicológico na sala de aula depende, em grande parte, do tipo de liderança adotado pelo professor.

Existem três tipos básico de liderança: Liderança autoritária –Tudo o que deve ser feito é determinado pelo líder. Liderança democrática – Todas as atividades desenvolvidas são objeto de discussão e

decisão do grupo. O líder coordena o grupo. Liderança permissiva – O líder desempenha um papel bastante passivo, dando

liberdade completa ao grupo de indivíduos, a fim de que estes determinem suas próprias atividades.

– O melhor tipo de liderança é o democrático. O mais importante, no entanto, é a

busca da verdade.

BIBLIOGRAFIA

– BERTAUX, P. e outros. A educação do futuro. Lisboa, Unesco - Bertrand, 1975. – BORDENAVE, J. D. e Pereira, A, M. Estratégias de ensino-aprendizagem.

Petrópoles, Vozes, 1983. – BRUNER, J. S. O processo da educação. São Paulo, Nacional, 1971. – CASTRO, A. A. F. D. de. Bases para uma didática do estudo. São Paulo, Faculdade

de Filosofia, Ciências e Letras USP, 1969. – FLEMING, R. F. Currículo moderno. Rio de Janeiro, Lidador, 1970. – FREIRE, P. A. Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro, Paz e Terra,

1967. – GONÇALVES, R. Didática geral. Rio de Janeiro, Freitas Bastos, 1980. – KEINECK, A. M. S. Metodologia do ensino e recursos institucionais. Porto Alegre,

NBS, 1982. – LIBANEO, J. C. Didática. – NÉRICI, T. G. Metodologia de ensino. São Paulo, Atlas, 1981. – PILETTI, Claudino. Didática Geral. São Paulo, Editora Ática, 21ª. Edição. – REIS, A e JOULLIÉ, V. Didática Geral através de módulos instrucionais – Petrópolis,

Vozes, 1982. – TURRA, C. M. e outros. Planejamento de ensino e avaliação. Porto Alegre, Sagra,

1982.

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