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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE AGRONOMIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DO SOLO DINÂMICA DO NITROGÊNIO EM ARGISSOLO EM FUNÇÃO DE IRRIGAÇÃO E ADUBAÇÃO NITROGENADA DO MILHO EM PLANTIO DIRETO Fernando Arnuti (Dissertação de Mestrado)

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

FACULDADE DE AGRONOMIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DO SOLO

DINÂMICA DO NITROGÊNIO EM ARGISSOLO EM FUNÇÃO DE IRRIGAÇÃO E ADUBAÇÃO NITROGENADA DO MILHO EM

PLANTIO DIRETO

Fernando Arnuti

(Dissertação de Mestrado)

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

FACULDADE DE AGRONOMIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DO SOLO

DINÂMICA DO NITROGÊNIO EM ARGISSOLO EM FUNÇÃO DE IRRIGAÇÃO E ADUBAÇÃO NITROGENADA DO MILHO EM PLANTIO

DIRETO

FERNANDO ARNUTI

Engenheiro Agrônomo (UFSM)

Dissertação apresentada como um dos requisitos à obtenção do

Grau de Mestre em Ciência do Solo

Porto Alegre (RS) Brasil Março de 2014

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FERNANDO ARNUTI Engenheiro Agrônomo (UFSM)

DISSERTAÇÃO

Submetida como parte dos requisitos

para a obtenção do Grau de

MESTRE EM CIÊNCIA DO SOLO

Programa de Pós-Graduação em Ciência do Solo

Faculdade de Agronomia

Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Porto Alegre (RS), Brasil

Aprovada em: ___/___/___ Pela Banca Examinadora

Homogado em: ___/___/___ por

EGON JOSÉ MEURER Orientador-Departamento de Solos /UFRGS

ALBERTO V. INDA JUNIOR Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ciência do Solo

CARLOS ALBERTO BISSANI Departamento de Solos/UFRGS

IBANOR ANGHINONI Departamento de Solos/UFRGS

PAULO REGIS FERREIRA DA SILVA Departamento de Fitotecnia/UFRGS

PEDRO ALBERTO SELBACH Diretor da Faculdade de Agronomia

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Aos meus pais José Francisco Arnuti e Idilce Maria Marin Arnuti, pelo amor, apoio, educação e ensinamentos.

Dedico este trabalho

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AGRADECIMENTOS

À minha Família, pelo apoio e incentivo.

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

(CNPq), pela concessão da bolsa de estudo.

À Universidade Federal do Rio Grande do Sul e ao Programa de Pós-

Graduação em Ciência do Solo.

Ao Professor Orientador Dr. Egon José Meurer, pela amizade, incentivo

e liberdade na condução do presente estudo.

Ao Professor Dr. Paulo Regis Ferreira da Silva, por ter cedido o

experimento para a condução deste estudo, pelos ensinamentos e exemplo

profissional.

A todos os professores do Programa de Pós-Graduação em Ciência do

Solo, pelos ensinamentos nas disciplinas cursadas.

Ao amigo laboratorista Adão Luis Ramos dos Santos, pelo auxílio nas

coletas de solo, orientação nas técnicas analíticas e pela boa vontade em

sempre ajudar.

Aos funcionários do Departamento de Solos: Jader Amaro e José

Ferreira da Silva, pela atenção e auxílio prestados sempre que solicitados.

Aos colegas do Programa de Pós Graduação em Ciência do Solo, pela

convivência e amizade. Em especial, agradeço aos colegas Moacir Tuzzin de

Moraes, Sérgio Ely Valadão Gigante de Andrade Costa, Bruna Raquel Winck,

Daniel Hanke, Douglas Adams Weiler, Janquieli Schirmann, Michael Mazurana,

Filipe Selau Carlos e Magno Batista Amorim.

Em especial aos colegas e amigos Amanda Posselt Martins e o José

Bernardo Moraes Borin, que partilharam comigo momentos difíceis, mas,

principalmente, momentos de grande alegria e descontração.

Aos colegas do Laboratório de Química do Solo: Rosele Clairete dos

Santos, Rogério Otávio Schmidt e Tatiana Brum Fontoura pela amizade e

agradável convívio no dia-a-dia.

Aos amigos do Departamento de Plantas e Lavouras, em especial,

Guilherme Borba Menezes, Cristhiano Gehlen e Guilherme Garcia Alberti pela

ajuda na realização deste trabalho a campo.

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Aos Bolsistas de Iniciação Científica, Manuela Marinho, Tamires Nunes

de Almeida, Diego Cecagno, Isadora Jaeger, Rodrigo Silva, Gabriela Nichel e

Fabrício Balerini pela valorosa contribuição de campo e de laboratório que

originaram esta dissertação.

“No passado, era uma possibilidade; hoje, é uma realidade; realidade essa que

somente foi possível graças a Deus e à ajuda de cada um de vocês, aos quais

agradeço de coração”.

Muito Obrigado!!!

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DINÂMICA DO NITROGÊNIO EM ARGISSOLO EM FUNÇÃO DE IRRIGAÇÃO E ADUBAÇÃO NITROGENADA DO MILHO EM PLANTIO

DIRETO1 Autor: Fernando Arnuti Orientador: Prof. Dr. Egon José Meurer RESUMO A aplicação de altas doses de nitrogênio (N) no cultivo do milho é prática rotineira em lavouras com altos índices de produtividade. Entretanto, são poucos conhecidos os efeitos de volumes de irrigação após a aplicação de altas doses de N em cobertura na dinâmica do N no perfil do solo. O objetivo desta pesquisa foi avaliar como o manejo da adubação nitrogenada em cobertura e os volumes de irrigação afetam o deslocamento do amônio, nitrato e cátions básicos no perfil do solo. Para isso, foi utilizado uma área experimental de 22 anos de duração em um Argissolo Vermelho Distrófico típico, em Eldorado do Sul, RS. O estudo foi conduzido no ano agrícola 2012/13, com a cultura do milho. Os tratamentos constaram da combinação de três manejos de N em cobertura e dois volumes de irrigação. Os manejos de nitrogênio em cobertura constaram de testemunha sem aplicação de nitrogênio em cobertura, aplicação única (300 kg N ha-1) e aplicações parceladas (150+150 kg N ha-1) na forma de ureia. A aplicação da dose única de N em cobertura foi realizada no estádio V5-6. O parcelamento da aplicação de 300 kg N ha-1 em cobertura foi realizado nos estádios V5-6 (150 kg N ha-1) e V11-12 (150 kg N ha-1). Os volumes de irrigação foram de 20 e 100 mm, aplicados aos nove dias após a primeira adubação nitrogenada de cobertura no estádio V7-8. O maior volume de irrigação (100 mm) aplicado nove dias após a aplicação da dose única de N (300 kg N ha-1) em cobertura aumentou os teores de nitrato nas camadas de 20-30 e 30-40 cm. Houve correlação positiva entre os teores de nitrato e os cátions básicos (cálcio e magnésio) nas camadas abaixo de 15 cm de profundidade, aos dez dias após a segunda adubação nitrogenada de cobertura. O parcelamento da adubação nitrogenada para altos rendimentos do milho é uma alternativa eficiente para diminuir os teores de nitrato nas camadas subsuperficiais do solo. Entretanto, isso não foi vantajoso quando comparado com a aplicação única de N em cobertura para rendimento de matéria seca e quantidade de nitrogênio acumulado na parte aérea no espigamento e rendimento de grãos, independentemente do volume de irrigação. Palavras-chaves: lixiviação, cátions básicos, parcelamento da adubação nitrogenada, rendimento de grãos.

1 Dissertação de Mestrado em Ciência do Solo. Programa de Pós-Graduação em Ciência do

Solo, Faculdade de Agronomia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. (89 p.) Março, 2014. Trabalho realizado com apoio financeiro do CNPq.

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NITROGEN DYNAMICS IN ULTISOL AS A FUNCTION OF IRRIGATION AND NITROGEN FERTILIZER MANAGEMENT IN CORN UNDER NO-TILL2

Author: Fernando Arnuti Adviser: Prof. Dr. Egon José Meurer ABSTRACT Application of high nitrogen (N) rates in corn is recommended practice to achieve high grain yield. However, little is known about N dynamics in soil profile after addition of high N rates combined with different irrigation volumes. Thus, the objective of this research was evaluate how management of N topdressing fertilization and irrigation volumes affect the movement of mineral N (N-NH4

+ and N-NO3-) and basic cations in the soil profile. For this, a long-term

trial (22 years), in Eldorado do Sul/RS, was used. The soil of the area is classified as an Ultisol (Rhodic Paleudult). The study was conducted in the agricultural year 2012/13, with cover crop (black-oat) in winter season and corn in summer season. The treatments consisted of three N topdressing managements combined with two volumes of simulated irrigation. The N topdressing managements were the control (without application), single application (300 kg N ha-1) and split application (150+150 kg N ha-1) in urea form. Single topdressing dose was applied at V5-6 stage. The split topdressing application was performed in stages V5-6 (150 kg N ha-1) and V11-12 (150 kg N ha-1). The irrigation volumes were 20 and 100mm, applied at nine days after the first N topdressing (V7-8 stage). The highest irrigation volume (100 mm) was applied nine days after the single application of 300 kg N ha-1 results in an increase of nitrate content in 20-30 and 30-40 cm soil layers. There was positive relationship between nitrate content and basic cations contents (calcium and magnesium) in soil layers below 15 cm depth, at ten days after the second N topdressing. The split of N topdressing fertilization for high corn yields is an efficient alternative to reduce the nitrate leaching in subsoil. However, it was not advantageous, when compared with single N topdressing application, for shoot dry matter yield, amount of accumulated N in shoots at silking and grain yield, regardless of irrigation volume. Keywords: leaching, basic cations, split of nitrogen fertilization, grain yield.

2 M.Sc. Dissertation in Soil Science. Programa de Pós-Graduação em Ciência do Solo,

Faculdade de Agronomia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. (89 p.) March, 2014.

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SUMÁRIO

Pág.

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................ 1

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .......................................................................... 3

2.1 Dinâmica do nitrogênio no solo ................................................................. 3 2.1.1 Mineralização e imobilização do N................................................... 4 2.1.2 Nitrificação ....................................................................................... 6 2.1.3 Volatilização de amônia ................................................................... 9

2.1.4 Desnitrificação ............................................................................... 10 2.1.5 Lixiviação de nitrogênio ................................................................. 11

2.1.6 Lixiviação de cátions básicos ......................................................... 15 2.2 Nitrogênio na planta ................................................................................ 16 2.3 Manejo da adubação nitrogenada no milho em sistema plantio

direto ................................................................................................................. 17

3. HIPÓTESES E OBJETIVOS......................................................................... 20

4. MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................. 21 4.1 Localização e caracterização da área experimental ............................... 21

4.2 Manejo do experimento, delineamento experimental e tratamentos ....... 22 4.3 Amostragem e determinações no solo e na planta ................................. 25 4.4 Análise estatística ................................................................................... 27

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................... 28

5.1 pH do solo............................................................................................... 28 5.2 Teores de amônio (N-NH4

+) e nitrato (N-NO3-) no perfil do solo ............. 34

5.3 Teores de cátions no perfil do solo ......................................................... 41 5.3.1 Cálcio e magnésio trocáveis .......................................................... 41 5.3.2 Potássio disponível ........................................................................ 50

5.4 Características agronômicas .................................................................. 54

6. CONCLUSÕES ............................................................................................. 57

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................ 58

8. APÊNDICES ................................................................................................. 69

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RELAÇÃO DE TABELAS

Pág.

Tabela 1. Caracterização química do solo por camada do Argissolo Vermelho Distrófico típico antes da aplicação dos manejos de nitrogênio em cobertura e volumes de irrigação (estádio V5-6) no ano agrícola 2012/13 ....... 22

Tabela 2. Atributos físicos do solo por camada do Argissolo Vermelho Distrófico típico da área experimental no ano agrícola 2012/13 ....................... 22

Tabela 3. Manejos de adubação de nitrogênio no ciclo de desenvolvimento do milho irrigado ............................................................................................... 24

Tabela 4. Valor de pH em função de volumes de irrigação e manejos de nitrogênio em cobertura na segunda época de amostragem do solo, realizada dez dias após a segunda adubação nitrogenada de cobertura do milho irrigado, na média de camadas de solo ................................................... 33

Tabela 5. Cálcio trocável no solo em função de manejos de nitrogênio em cobertura na primeira época de amostragem do solo, realizada aos dez dias após a primeira adubação nitrogenada de cobertura do milho irrigado, na média dos volumes de irrigação e camadas de solo ................................... 44

Tabela 6. Coeficiente de correlação linear entre os teores de cátions básicos e nitrato nas diferentes camadas de solo e volumes de irrigação de 20 e 100 mm em duas épocas de amostragem de solo ................................... 46

Tabela 7. Magnésio trocável no solo em função de volumes de irrigação e manejos de nitrogênio em cobertura na primeira época de amostragem do solo, realizada aos dez dias após a primeira adubação nitrogenada de cobertura do milho, na média de camada de solo ............................................ 48

Tabela 8. Teor de potássio em função de volume de irrigação e manejos de nitrogênio em cobertura na primeira época de amostragem do solo, realizada aos dez dias após a primeira adubação nitrogenada de cobertura do milho irrigado, na média de camadas de solo .............................................. 52

Tabela 9. Rendimento de matéria seca e quantidade de nitrogênio acumulado na parte aérea no espigamento e rendimento de grãos de milho em função de manejos de nitrogênio em cobertura e volumes de irrigação ..... 55

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RELAÇÃO DE FIGURAS

Pág.

Figura 1. Ciclo resumido do nitrogênio no solo. ................................................. 4

Figura 2. Fluxos da decomposição dos resíduos orgânicos pelos microrganismos. Fonte: Bissani et al. (2008). ..................................................... 6

Figura 3. Representação esquemática dos processos e as causas da acidez do solo ocasionada pela matéria orgânica do solo e fonte amídica de N (a) e fonte amoniacal de N (b), desconsiderando a assimilação direta do NH4

+ pelas plantas. Fonte: Adaptado de Helyar & Porter (1989). .................. 8

Figura 4. Diagrama esquemático do compartilhamento de carga pelos átomos de P+5 e N+5 com o oxigênio. Fonte: McBride (1994). .......................... 14

Figura 5. Manejo de nitrogênio em cobertura, volume de irrigação e época de amostragem do solo ao longo do ciclo do milho irrigado. A primeira adubação nitrogenada de cobertura () foi realizada no estádio V5-6 com as doses de 0, 150 e 300 kg N ha-1. A segunda adubação nitrogenada de cobertura () foi realizada no estádio V11-12, com aplicação de 150 kg N ha-1 na dose parcelada. O (●) indica a primeira e segunda época de amostragens do solo, realizada nos estádios V7-8 e V14-15, respectivamente. A () indica a diferenciação dos volumes de irrigação 20 e 100 mm no estádio V7-8. ............................................................................... 24

Figura 6. Distribuição das precipitações pluviométricas e irrigações suplementares durante o desenvolvimento do milho, ano agrícola 2012/13. 1 Estádios fenológicos de acordo com a escala de Ritchie et al. (1993). O (N) indica os manejos de nitrogênio em cobertura nos estádios V5-6 e V11-12. O (●) indica a primeira e segunda época de amostragens do solo nos estádios V7-8 e V14-15, respectivamente. A () indica a diferenciação dos volumes de irrigação no estádio V7-8. .............................................................. 25

Figura 7. Valores de pH no solo em função de manejos de nitrogênio em cobertura e de camadas de solo para os volumes de irrigação de 20 mm (a) e 100 mm (b) na primeira época de amostragem, realizada aos dez dias após a primeira adubação nitrogenada de cobertura do milho irrigado. Nessa época de amostragem, foram aplicadas no estádio V5-6 as doses de 150 e 300 kg N ha-1. As barras, na horizontal, representam a DMS do teste de Tukey, com nível de 5% de significância. ..................................................... 29

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Figura 8. Valores de pH no solo em função de manejos de nitrogênio em cobertura e camadas de solo, na segunda época de amostragem realizada aos dez dias após a segunda adubação nitrogenada de cobertura do milho irrigado, na média de volumes de irrigação. (1) O parcelamento da aplicação de 300 kg N ha-1 em cobertura foi realizado nos estádios V5-6 e V11-12. (2) A aplicação da dose única de N em cobertura foi realizada no estádio V5-6. As barras, na horizontal, representam a DMS do teste de Tukey, com nível de 5% de significância. ..................................................................................... 32

Figura 9. Valores de pH em função de volumes de irrigação e camadas de solo, na segunda época de amostragem de solo, realizada aos dez dias após a segunda adubação nitrogenada de cobertura do milho irrigado, na média de manejos de nitrogênio em cobertura. As barras, na horizontal, representam a DMS do teste de Tukey, com nível de 5% de significância. ...... 33

Figura 10. Nitrogênio amoniacal no solo em função de manejos de nitrogênio em cobertura e de camadas de solo para os volumes de irrigação simulados de 20 mm (a) e 100 mm (b) na primeira época de amostragem, realizada aos dez dias após a primeira adubação nitrogenada de cobertura do milho irrigado. Nessa época de amostragem, foram aplicadas no estádio V5-6 as doses de 150 e 300 kg N ha-1. As barras, na horizontal, representam a DMS do teste de Tukey, com nível de 5% de significância. ..................................................................................................... 34

Figura 11. Nitrogênio amoniacal no solo em função de manejos de nitrogênio em cobertura e camadas de solo para os volumes de irrigação de 20 mm (a) e 100 mm (b) na segunda época de amostragem, realizada aos dez dias após a segunda adubação nitrogenada de cobertura no milho irrigado. (1) O parcelamento da aplicação de 300 kg N ha-1 em cobertura foi realizado nos estádios V5-6 e V11-12. (2) A aplicação da dose única de N em cobertura foi realizada no estádio V5-6. As barras, na horizontal, representam a DMS do teste de Tukey, com nível de 5% de significância. ...... 37

Figura 12. Nitrogênio nítrico no solo em função de manejos de nitrogênio em cobertura e de camadas de solo para os volumes de irrigação de 20 mm (a) e 100 mm (b) na primeira época de amostragem, realizada aos dez dias após a primeira adubação nitrogenada de cobertura do milho irrigado. Nessa época de amostragem, tinham sido aplicadas no estádio V5-6 as doses de 150 e 300 kg N ha-1. As barras, na horizontal, representam a DMS do teste de Tukey, com nível de 5% de significância. ....................................... 38

Figura 13. Nitrogênio nítrico no solo em função de manejos de nitrogênio em cobertura e de camadas de solo para os volumes de irrigação de 20 mm (a) e 100 mm (b) na segunda época de amostragem, realizada aos dez dias após a segunda adubação nitrogenada de cobertura no milho irrigado. (1) O parcelamento da aplicação de 300 kg N ha-1 em cobertura foi realizado nos estádios V5-6 e V11-12. (2) A aplicação da dose única de N em cobertura foi realizada no estádio V5-6. As barras, na horizontal, representam a DMS do teste de Tukey, com nível de 5% de significância. ...... 40

Figura 14. Cálcio trocável em função de volumes de irrigação e camadas de solo, na primeira época de amostragem, realizada aos dez dias após a

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primeira adubação nitrogenada de cobertura do milho irrigado, na média de manejos de nitrogênio em cobertura. As barras, na horizontal, representam a DMS do teste de Tukey, com nível de 5% de significância. ........................... 42

Figura 15. Cálcio trocável no solo em função de manejos de nitrogênio em cobertura e de camadas de solo para os volumes de irrigação de 20 mm (a) e 100 mm (b) na segunda época de amostragem, realizada aos dez dias após a segunda adubação nitrogenada de cobertura no milho irrigado. (1) O parcelamento da aplicação de 300 kg N ha-1 em cobertura foi realizada no estádio V5-6 e V11-12. (2) A aplicação da dose única de N em cobertura foi realizada no estádio V5-6. As barras, na horizontal, representam a DMS do teste de Tukey, com nível de 5% de significância. ............................................ 44

Figura 16. Magnésio trocável em função de volumes de irrigação de 20 e 100 mm e camadas de solo, na primeira época de amostragem de solo, realizada aos dez dias após a primeira adubação nitrogenada de cobertura do milho irrigado, na média de manejos de nitrogênio em cobertura. As barras, na horizontal, representam a DMS do teste de Tukey, com nível de 5% de significância. .......................................................................................... 47

Figura 17. Magnésio trocável no solo em função de manejos de nitrogênio em cobertura e camadas de solo para os volumes de irrigação de 20 mm (a) e 100 mm (b) na segunda época de amostragem, realizada aos dez dias após a segunda adubação nitrogenada de cobertura no milho irrigado. (1) O parcelamento da aplicação de 300 kg N ha-1 em cobertura foi realizado nos estádios V5-6 e V11-12. (2) A aplicação da dose única de N em cobertura foi realizada no estádio V5-6. As barras, na horizontal, representam a DMS do teste de Tukey, com nível de 5% de significância. ...... 49

Figura 18. Potássio no solo em função de manejos de nitrogênio em cobertura e camadas de solo na primeira época de amostragem realizada aos dez dias após a primeira adubação nitrogenada de cobertura do milho irrigado, na média de volumes de irrigação. Nessa época de amostragem, foram aplicadas no estádio V5-6 as doses de 150 e 300 kg N ha-1. As barras, na horizontal, representam a DMS do teste de Tukey, com nível de 5% de significância. .......................................................................................... 51

Figura 19. Potássio no solo em função de manejos de nitrogênio em cobertura e camadas de solo para os volumes de irrigação de 20 mm (a) e 100 mm (b) na segunda época de amostragem, realizada aos dez dias após a segunda adubação nitrogenada de cobertura no milho irrigado. (1) O parcelamento da aplicação de 300 kg N ha-1 em cobertura foi realizado nos estádios V5-6 e V11-12. (2) A aplicação da dose única de N em cobertura foi realizada no estádio V5-6. As barras, na horizontal, representam a DMS do teste de Tukey, com nível de 5% de significância. ............................................ 53

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RELAÇÃO DE APÊNDICES

Apêndice 1. Análises da variância para os atributos químicos do solo na primeira época de amostragem. ....................................................................... 70

Apêndice 2. Análises da variância para os atributos químicos do solo na segunda época de amostragem........................................................................ 72

Apêndice 3. Análises da variância para as características agronômicas do milho. ................................................................................................................ 74

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1. INTRODUÇÃO

O milho é uma cultura exigente em nutrientes, especialmente o

nitrogênio, sendo que, na maioria das vezes, a quantidade naturalmente

disponível no solo é insuficiente para suprir a demanda da cultura. Assim, o uso

de fontes externas desse nutriente representa um dos maiores custos no

cultivo do milho.

Dentre os fertilizantes nitrogenados, a ureia é o mais utilizado, por ser

mais concentrado (46% de N) e apresentar menor custo por unidade de

nutriente, o que favorece também o transporte e sua aplicação na lavoura.

Contudo, na maioria das pesquisas e independentemente da cultura, o

aproveitamento do N proveniente deste fertilizante pelas culturas agrícolas é,

em média, de 50% ou menos.

O Rio Grande do Sul é o sexto maior produtor de milho do país,

cultivando cerca de um milhão de hectares, com produtividade média de 5,2

Mg ha-1 (EMBRAPA, 2013). Este cereal é cultivado na maior parte das áreas

em sistema plantio direto, sendo a aveia-preta a principal planta de cobertura

do solo no inverno. A palha dessa gramínea tem alta relação entre carbono e

nitrogênio (C/N), ocasionando imobilização temporária do N mineral pelos

microrganismos e diminuindo sua disponibilidade no solo, o que acarreta em

maiores doses de fertilizantes nitrogenados para suprir as necessidades de

espécies gramíneas.

Nos últimos anos, a quantidade de N aplicado no milho aumentou

acentuadamente, devido principalmente ao melhoramento genético das

cultivares, que incrementou a resposta das plantas a maiores doses de adubos

nitrogenados. Essa mudança, sob o ponto de vista agronômico, resultou na

obtenção de altos patamares de produtividade, almejados tanto por técnicos

como produtores. Dessa forma, a aplicação de altas doses de N no milho já é

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prática rotineira em lavouras que buscam altos índices de produtividade. Essa

aplicação tem sido realizada nos estádios iniciais de desenvolvimento do milho

(V4-5), período em que a cultura tem acentuado crescimento vegetativo.

Porém, como o sistema radicular é ainda pouco desenvolvido, pode ocorrer

perda de N, sobretudo na forma de nitrato (NO3-) por lixiviação. O NO3

- pode

percolar no perfil do solo e contaminar águas superficiais e subterrâneas. Isto

ocorre devido à predominância de cargas negativas na camada superficial do

solo e à baixa interação química do NO3- com os minerais do solo, que fazem

com que esse ânion percole acompanhando o movimento descendente da

água.

Como alternativa para minimizar a lixiviação de NO3- no perfil do solo, o

parcelamento da adubação nitrogenada de cobertura tem sido uma estratégia

eficiente. Isso é resultante da melhor sincronização entre a aplicação e o

período de alta demanda do nutriente. Entretanto, deve-se ressaltar que o

parcelamento contribui para onerar o custo de produção, devido ao gasto

adicional com a aplicação.

Neste contexto, são escassos os estudos a campo que avaliem o efeito

de diferentes volumes de irrigação após a aplicação da adubação nitrogenada

em cobertura no cultivo do milho. Esta pesquisa avaliou a dinâmica do

nitrogênio no perfil de um Argissolo influenciada pelo parcelamento da

adubação nitrogenada de cobertura e volume de irrigação durante o cultivo e

seus reflexos no rendimento do milho.

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Dinâmica do nitrogênio no solo

Na natureza, o N pode ocorrer em oito estados de valência ou níveis de

oxidação, como: NH4+, NH3 (amônio e amônia; valência -3), N2 (nitrogênio

elementar; valência 0), N2O (óxido nitroso; valência +1), NO (óxido nítrico;

valência +2), NO2- (nitrito, valência +3), NO2 (dióxido de nitrogênio; valência +4)

e NO3- (nitrato; valência +5), o que lhe permite desempenhar seu complexo

papel nos processos vitais (Trivelin & Franco, 2011). Na Figura 1, é

apresentado um esquema do ciclo do N no sistema solo-planta-atmosfera,

evidenciando a complexidade das transformações desse elemento.

O ciclo do N no milho apresenta entradas (fontes) e saídas (drenos),

cujo balanço pode refletir em curto, médio e longo prazo na produtividade das

culturas. As principais entradas de N no milho são a adição de fertilizantes

minerais e a fertilização orgânica. As saídas são devidas à remoção e à

exportação pelas culturas, à volatilização da amônia, à desnitrificação (que

corresponde à conversão de NO3- a N2O e, então, a N2) e à lixiviação de NO3

-,

para as camadas mais profundas, além da área de exploração do sistema

radicular das culturas.

O estudo da dinâmica do N no cultivo do milho não é simples, tendo em

vista que o aproveitamento do N de fertilizantes pelas plantas é, geralmente,

menor do que 50 % (Trivelin & Franco, 2011).

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Figura 1. Ciclo resumido do nitrogênio no solo.

2.1.1 Mineralização e imobilização do N

Em geral, em solos, apenas uma pequena fração, normalmente inferior a

5% da quantidade de N total, está em forma mineral, nítrica (NO3-) ou

amoniacal (NH4+), que são as formas de N assimiladas pelas plantas e pelos

organismos do solo. Mais de 95% do N do solo encontra-se na forma orgânica

(Ceretta, 1995), sendo somente uma pequena parte mineralizada pela

microbiota do solo durante o ciclo de uma determinada cultura (Stevenson,

1982), a qual poderá se tornar disponível às plantas (Keendey, 1982).

Para ser absorvido pelas plantas, o N orgânico presente na matéria

orgânica do solo deve ser antes transformado para a forma mineral. Nesse

processo (mineralização), há conversão do N orgânico primeiramente para

NH4+. Este processo é realizado por diversos microrganismos heterotróficos do

solo, que utilizam os compostos orgânicos como fonte de carbono, nitrogênio e

energia. As condições ótimas para mineralização do N orgânico do solo são

aquelas que favorecem a atividade dos microrganismos: pH de 6,0 a 7,0

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condições aeróbicas, umidade em torno de 50 a 70% da capacidade de

retenção de água pelo solo e temperatura entre 40 e 60 ºC (Moreira & Siqueira,

2002).

Do ponto de vista eletroquímico, a mineralização do N orgânico

geralmente aumenta o pH do meio, devido ao consumo de prótons (H+).

Inicialmente, a ação de enzimas extracelulares (proteinases, peptidases, etc.),

convertem polímeros em monômeros, os quais são transportados para o

interior das células onde são metabolizados, resultando na produção de NH3,

que é liberado da célula para a solução do solo. A amônia produzida nessa

reação se equilibra no solo consumindo H+ e formando NH4+, conforme reação

a seguir: [NH3 + H+ NH4+] (Moreira & Siqueira, 2002).

A imobilização do N é um processo que ocorre concomitantemente com

a mineralização, porém no sentido inverso. A imobilização é definida como a

transformação do N inorgânico (NH4+, NH3, NO3

-, NO2-) em formas orgânicas

microbianas (Cantarella, 2007). A microbiota assimila os compostos

inorgânicos nitrogenados, incorporando-os nos aminoácidos que irão participar

da síntese de proteínas de suas células durante a formação de biomassa no

solo (Camargo et al., 1999). Com a redução gradativa do carbono dos

resíduos, inicia-se o processo de predação e morte dos microrganismos por

falta de fonte de energia. Nesta etapa, o N acumulado na biomassa microbiana

começa a ser reciclado, ficando novamente disponível às plantas (Bartz, 1998).

Os processos de mineralização-imobilização representam um subciclo

dentro do ciclo do N no solo. A prevalência de um processo sobre o outro

depende da razão entre os teores de carbono e nitrogênio (relação C/N) do

material em decomposição (Figura 2). Se esta relação for baixa, em geral

menor que 25 a 30, há liberação rápida de NH4+, que pode ser absorvido pelas

plantas. Acima desses valores de relação C/N, ocorre imobilização temporária

do N pelos microrganismos. A condição de equilíbrio, na qual a mineralização é

aproximadamente igual à imobilização, ocorre quando a relação C/N do

substrato está na faixa de 20 a 30 (Moreira & Siqueira, 2002).

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Figura 2. Fluxos da decomposição dos resíduos orgânicos pelos microrganismos. Fonte: Bissani et al. (2008).

A magnitude e a duração da imobilização microbiana do N do solo têm

consequências agronômicas importantes, pois afetam a disponibilidade de

nitrogênio às culturas, com implicações no modo, época e dose de fertilizante a

ser aplicado (Cantarella, 2007). Logo, a adição ao solo de materiais orgânicos

pobres em N, como resíduos de gramíneas (C/N alta), faz com que os

microrganismos recorram ao N inorgânico disponível na solução do solo para

sustentar o crescimento da população, promovida pela abundância de carbono

orgânico lábil. Se, por outro lado, os resíduos forem ricos em N (C/N baixa),

como os de leguminosas, as necessidades microbianas serão facilmente

preenchidas e o N excedente é liberado na forma mineral (Figura 2).

2.1.2 Nitrificação

A nitrificação pode ser definida como uma oxidação biológica em que o

NH4+, tanto o proveniente da mineralização da matéria orgânica do solo, quanto

o de fertilizantes amídicos ou amoniacais, é convertido a NO3- por

microrganismos do solo. Os principais fatores reguladores da nitrificação são o

oxigênio e o pH do solo. A nitrificação ocorre em valores de pH entre 5,0 e

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10,0, com valor ótimo por volta de 8,5 (Sarahwat, 2008). A nitrificação

predomina em solos oxigenados, sendo que o NH4+ existente é convertido em

NO3- em três ou quatro semanas, aproximadamente, dependendo do pH do

solo (Cantarella, 2007; Sousa & Lobato, 2002). Do mesmo modo, Gomes et al.

(1998) observaram que para o sulfato de amônio em condições aeróbicas, o

amônio foi totalmente transformado para a forma nítrica após 20 a 30 dias de

sua aplicação.

Essa transformação é efetuada em duas etapas: na primeira, o NH4+ é

convertido em nitrito (NO2-) por bactérias do gênero Nitrosomonas e, na

segunda etapa, o NO2- é oxidado a NO3

- por bactérias do gênero Nitrobacter. A

nitrificação microbiana do NH4+ a NO3

- é realizada por bactérias

quimioautotróficas, que usam a nitrificação como fonte de energia para fixar o

CO2 (Moreira & Siqueira, 2006).

Para que a nitrificação ocorra, condições ótimas de população de

microrganismos nitrificantes, pH, temperatura, oxigênio, umidade e

disponibilidade do substrato são importantes. A temperatura ótima para a

nitrificação situa-se entre 25 a 35ºC, condição na qual há melhor

desenvolvimento das bactérias responsáveis por esse processo (Sarahwat,

2008). A alta umidade, com reduzida aeração do solo, prejudica a nitrificação,

que é dependente de oxigênio. A taxa de nitrificação no solo é máxima na

umidade relativa à capacidade de campo (Sarahwat, 2008).

Do ponto de vista da química do solo, a reação de nitrificação libera

hidrogênio (H+), o qual resulta em acidificação do solo. A magnitude da

acidificação ocasionada pela nitrificação depende, entretanto, da origem do

NH4+ e do destino do NO3

- resultante da reação (Figura 3). Na mineralização do

N, há inicialmente o consumo de um próton, tendo como produto o NH4+.

Posteriormente, cada molécula de NH4+ é transformada em NO3

- pelo processo

de nitrificação, liberando dois prótons para o meio (Figura 3a). Se o NO3- for

absorvido pelas plantas, o balanço da acidez passa a ser neutro, pois para

cada íon de NO3- absorvido a planta excreta um íon de OH- ou HCO3

- para

manter a eletroneutralidade. Contudo, se o NO3- for lixiviado, o processo de

nitrificação originará um saldo de um íon H+ para cada íon NH4+ nitrificado

(Ernani, 2008). A mesma dinâmica vale para o caso do N oriundo de fontes

amídicas (como é o caso da ureia).

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Figura 3. Representação esquemática dos processos e as causas da acidez do solo ocasionada pela matéria orgânica do solo e fonte amídica de N (a) e fonte amoniacal de N (b), desconsiderando a assimilação direta do NH4

+ pelas plantas. Fonte: Adaptado de Helyar & Porter (1989).

O NH4+ que é proveniente de um fertilizante nitrogenado de fonte

amoniacal (Figura 3b) sempre terá caráter acidificante, podendo resultar no

saldo de um ou dois íons H+ para cada molécula de NH4+ nitrificada,

respectivamente, se o NO3- gerado na nitrificação for absorvido pelas plantas

ou lixiviado (Ernani, 2008).

Com a percolação do NO3- no perfil, ocorre necessariamente o arraste

de um cátion acompanhante (como Na+, K+, Ca2+ ou Mg2+), para manter a

eletroneutralidade da solução do solo, acentuando ainda mais a acidificação do

solo. Sendo assim, quando altas quantidades de fertilizantes nitrogenados são

adicionadas, o pH pode diminuir ao longo do tempo, principalmente em solos

arenosos ou de baixo poder tampão, nos quais haja intensa lixiviação de

nitrato. Em solos argilosos e com altos teores de matéria orgânica, esse efeito

acidificante é pouco significativo, principalmente quando a lixiviação de nitrato

for pequena (Ernani, 2008).

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2.1.3 Volatilização de amônia

A perda de nitrogênio por volatilização de amônia (NH3) para a

atmosfera é um dos principais fatores responsáveis pela baixa eficiência dos

adubos nitrogenados, sobretudo para a ureia aplicada sobre a superfície do

solo (Bouwmeester et al., 1985). A NH3 perdida por volatilização é proveniente

da mineralização da matéria orgânica ou do fertilizante aplicado, sendo este o

fenômeno mais intenso, mediante o aumento no pH do solo (Melo, 1978). De

modo geral, as perdas de N por volatilização variam de 30-70% do N aplicado a

lanço, em sistema plantio direto (Lara Cabezas et al., 1997a), apresentando um

pico no sexto dia após aplicação da ureia em cobertura (Sangoi et al., 2003).

Para que ocorra a volatilização do N da ureia, primeiramente, esta, ao

ser aplicada ao solo, é hidrolisada a NH4+ pela ação da enzima urease, como

mostrado na reação [CO(NH2)2 + 3H2O → 2NH4+ + 2OH- + CO2] (Bolan &

Hedley, 2003). Esta reação origina aumento temporal do pH na zona de

aplicação, o que afeta o equilíbrio entre amônia e amônio conforme a seguinte

reação [NH4+ + OH- NH3 + H2O]. Logo, em condições de pH alcalino, o

equilíbrio é deslocado para a direita da reação, predominando a forma gasosa

NH3 (Cantarella, 2007).

Uma alternativa para minimizar as perdas de N por volatilização e

aumentar assim sua eficiência é o tratamento prévio desse fertilizante com

inibidores da urease (Scivittaro et al., 2010), que atuam sobre a molécula da

ureia por um período pré-determinado, minimizando a volatilização de NH3.

Eles agem retardando as reações que levam à volatilização de NH3, até que a

ureia possa ser dissolvida e incorporada ao solo pela chuva. Outra maneira de

reduzir ou eliminar perdas por volatilização é a incorporação da ureia no solo

pela irrigação, devido à alta solubilidade desse fertilizante. Segundo Kissel et

al. (2004), em um solo franco-arenoso, 10 a 20 mm de irrigação são

considerados suficientes para incorporar a ureia e reduzir ou mesmo eliminar

perdas de NH3 em áreas de solo descoberto. Contudo, a presença de restos

culturais tende a aumentar a exigência da lâmina de água a ser aplicada.

Os restos culturais podem também limitar o contato direto dos grânulos

da ureia com o solo, limitando sua difusão no solo (Rodrigues & Kiehl, 1992) e

favorecendo sua volatilização (Lara Cabeza, et al., 1997b). Por outro lado, em

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sistema de plantio direto, o aumento da matéria orgânica nas camadas

superficiais do solo favorece a retenção do NH4+, pelo incremento da

capacidade de troca de cátions do solo, e limita o aumento do pH, ao aumentar

a capacidade de tamponamento do solo, podendo, deste modo, limitar a

volatilização da NH3 (Rojas, 2009).

2.1.4 Desnitrificação

A desnitrificação consiste na redução do NO3- para formas gasosas que

se perdem para a atmosfera (N2 e N2O). Este é o principal processo biológico

pelo qual o N reativo retorna à atmosfera na forma de N2. Esta reação ocorre

somente em solos com baixa disponibilidade de O2, porque os microrganismos

anaeróbios utilizam o nitrato como receptor de elétrons na cadeia respiratória

(Cantarella, 2007). Do ponto de vista da química do solo, a desnitrificação

consome prótons e alcaliniza o solo, revertendo parte da acidez produzida

durante a nitrificação, conforme a reação: [2NO3- + 5H2 + 2H+ → N2 + 6H2O].

Este processo ocorre mais pronunciadamente em solos saturados, mas

também pode ocorrer naqueles não saturados, em sítios anaeróbios

localizados no interior de agregados do solo (Cantarella, 2007). Sistemas

conservacionistas, que preservam a palha ou restos vegetais na superfície do

solo, geralmente têm maiores perdas de N por desnitrificação por manterem o

solo úmido por mais tempo e por fornecerem mais carbono, comparativamente

ao sistema convencional de cultivo, com revolvimento do solo. Além disso, em

solos normalmente bem drenados, a desnitrificação pode ocorrer como

resultado do preparo inadequado, compactando-o e dando origem a áreas

encharcadas pelo acúmulo da água das chuvas ou da irrigação (Sousa &

Lobato, 2004).

O estabelecimento de sítios anaeróbios no solo varia em função da

estrutura e umidade do solo. Devido a esses fatores, a desnitrificação também

varia muito no tempo e no espaço. Mudanças de curto prazo, como fortes

chuvas e irrigação, são fenômenos que estão associados a aumentos

temporários nas taxas de desnitrificação em um determinado solo (Robertson,

2000).

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As perdas por desnitrificação em solos em condições aeróbicas são, em

geral, medidas com alto grau de incerteza, variando de 5 a 25% do N aplicado

(Meisinger et al., 2008). A maior parte do nitrogênio desnitrificado está na forma

de N2, embora uma pequena parcela seja liberada como N2O. O

Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC) estimou que cerca de 1%

do N proveniente de fertilizantes nitrogenados seja emitido como N2O

(Eggleston et al., 2006).

2.1.5 Lixiviação de nitrogênio

Nos últimos anos, a quantidade de N aplicado na cultura do milho

aumentou devido principalmente ao melhoramento genético dos híbridos,

tornando as cultivares mais exigentes e requerendo, portanto, maiores

quantidades de N para se obter altas produtividades (Matson et al., 1998). Sob

o ponto de vista agronômico, este aumento na quantidade de N utilizado é

interessante, porque na maioria das vezes se reflete em maiores

produtividades. Mas, do ponto de vista ambiental, é um agravante, caso não

sejam adotadas práticas de manejo que visem controlar ou reduzir as perdas

de NO3- para o lençol freático.

Essa questão é de suma importância, porque no milho o N é o nutriente

exigido em maior quantidade e a quase totalidade do N mineral, nos solos sem

restrição de oxigênio, se encontra na solução e na forma de NO3-, íon com

pouca interação com a fase sólida do solo. Assim, o N lixiviado pode atingir o

lençol freático e contaminar águas subterrâneas, tornando-se um problema

ambiental e de saúde pública. A Organização Mundial de Saúde recomenda

que a água potável não apresente concentração maior do que 50 mg L-1 de

NO3- (ou 10 mg L-1 de N-NO3

-) e este limite tem sido adotado por muitos

países, que têm estabelecido legislação para controlar a concentração de NO3-

nas águas (Howarth & Marino, 2006). Dessa forma, ainda que esta questão

seja incipiente no Brasil, em muitos países a prevenção já atinge a esfera da

propriedade agrícola, implicando que os agricultores devem adequar suas

práticas de manejo de fertilizantes nitrogenados para atender a esse padrão

(Wortmann, 2006).

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A lixiviação consiste no movimento vertical de íons ou de moléculas no

perfil do solo para profundidades abaixo daquelas exploradas pelas raízes. É o

processo mais importante que ocorre com o nitrogênio em áreas com alta

precipitação pluviométrica, principalmente nos solos de países de clima tropical

e subtropical (Ernani, 2008). As quantidades de NO3- no perfil, susceptíveis à

perda, são muito variáveis: dependem da quantidade de nitrogênio adicionado,

do tipo de adubo, da taxa de mineralização do nitrogênio nativo, da remoção

pelas colheitas, do tipo de cultura e do volume de água percolada. Esses

fatores são influenciados pelas características do solo (CTC, pH, textura,

estrutura, matéria orgânica, relação C/N, etc.) e pelas condições

meteorológicas (precipitação, principalmente) (Reichardt & Timm, 2012).

Além dos fatores citados, o preparo do solo também tem influência na

magnitude do processo de lixiviação. O potencial de lixiviação de NO3- pode ser

maior em solo sob plantio direto em comparação ao plantio convencional, pela

maior infiltração de água no solo (Hill, 1990) e porosidade contínua (Azooz &

Arshad, 1996), principalmente em períodos chuvosos. Segundo Sainz Rozas et

al. (2000), o fluxo preferencial de água no solo ocorre pelos macroporos e pode

transportar significativa quantidade de NO3- de recente adição ao solo. No

entanto, o fertilizante que se difunde entre os agregados, nos microporos,

estaria mais protegido de subsequentes lixiviações, principalmente, em solos

argilosos. Em solos arenosos que, em geral, não apresentam fluxo preferencial,

a lixiviação de nitrato pode ocorrer de forma uniforme através do perfil do solo

(Sainz Rozas et al., 2000). Sexton et al. (1996) observaram que o NO3- lixiviado

aumentou rapidamente quando as doses de N aplicadas na cultura do milho

excederam 100 kg ha-1 em um solo arenoso; para doses de N acima de 250 kg

ha-1, o NO3- lixiviado aumentou exponencialmente.

Em anos com precipitações pluviométricas bem distribuídas, a lixiviação

pode não ser problema, por haver um balanço entre a água adicionada e a

evapotranpiração da cultura. Porém, quando as chuvas são intensas, ela é

preocupante e, para minimizá-la, há preferência pela aplicação parcelada dos

fertilizantes nitrogenados. Estimativas da movimentação de NO3- são

apresentadas por alguns autores. Wild (1972) observou que a lixiviação do

NO3- atingiu a taxa de 0,5 mm mm-1 de chuva em um Alfissol bem estruturado

da Nigéria. Em um solo arenoso da Carolina do Norte (EUA), a taxa variou de 1

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a 5 mm mm-1 de chuva (Terry & McCants, 1970). No Brasil, Suhet et al. (1986)

citam que, decorridos setenta dias após a adubação, a maior parte dos 200 kg

N ha-1 adicionados na forma de ureia, encontrava-se em camadas mais

profundas do solo (60 a 90 cm). Com base em dados experimentais, esses

autores, estimaram um índice de lixiviação de NO3- entre 1,0 e 1,5 mm de

descida no perfil do solo por mm de chuva ocorrida em solos argilosos.

Do ponto de vista eletroquímico, existe grande diferença entre a

adsorção ao solo de NO3- e a de outros oxiânions, como o PO4

3-, o SO42- e o

H2BO3-, pelos sítios que têm carga positiva na superfície, como os óxidos de Fe

e Al. O NO3- não é adsorvido especificamente, sua adsorção é apenas

eletrostática, dependendo exclusivamente da carga do solo (Alcântara &

Camargo, 2005). Além disso, o nitrato é muito suscetível à competição com

outros ânions, como o fosfato, que é normalmente adicionado à superfície do

solo por meio de fertilizantes e outros insumos (Kinjo & Pratt, 1971). Nos solos

em geral, a quantidade de NO3- na solução do solo é muito maior que a do íon

fosfato. O ânion fosfato tem preferência pelos sítios de adsorção, sendo esta

preferência relacionada à carga compartilhada (Figura 4). A carga

compartilhada é determinada pela relação entre a valência do átomo central

pelo número de oxigênios coordenados pelo átomo. Quanto menor a carga

compartilhada, maior é a carga negativa efetiva residente em cada átomo de

oxigênio e mais forte é a ligação com os colóides do solo, que têm carga

positiva na superfície (McBride, 1994).

Assim, o fosfato tem maior afinidade pelos sítios de adsorção,

favorecendo a permanência do nitrato livre na solução do solo. A baixa

adsorção do nitrato na superfície dos colóides deve-se, também, à matéria

orgânica, que é a principal fonte de carga elétrica negativa em solos altamente

intemperizados. O mesmo ocorre em solos com predominância de minerais de

argila do tipo 2:1, que também têm cargas negativas. Assim, a matéria orgânica

e as argilas repelem o íon nitrato, o que favorece o deslocamento desse ânion

com a água que percola no perfil do solo (Kinjo et al., 1978). A menor

capacidade de troca de ânions dos horizontes superficiais deve-se ao efeito

físico da matéria orgânica do solo, ao bloquear os sítios de carga positiva das

superfícies dos óxidos de Fe e Al (Marcano-Martinez & McBride, 1989).

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Black & Waring (1976) verificaram intensa mobilidade de NO3- na

camada de 0 a 15 cm, confirmando a hipótese de haver baixa adsorção de

NO3- nesta zona, devido à maior densidade de cargas negativas decorrentes

da presença de matéria orgânica. Constaram, também, que a mobilidade se

tornava maior quanto maior a dose de N aplicado.

Figura 4. Diagrama esquemático do compartilhamento de carga pelos átomos

de P+5 e N+5 com o oxigênio. Fonte: McBride (1994).

A adsorção de nitrato em solos de carga variável tende a aumentar em

profundidade e este fenômeno está associado ao incremento da quantidade de

cargas elétricas positivas nesta direção (Dynia, 2000), sobretudo em solos

altamente intemperizados. Isso porque esses solos podem apresentar balanço

positivo de cargas (ΔpH>0) nas camadas subsuperficiais, em razão da pouca

atuação da matéria orgânica e da presença de óxidos de ferro e alumínio com

carga líquida positiva. Esse cenário tende a dificultar a lixiviação desse

oxiânion (Araújo et al., 2004), implicando em diminuição da eutrofização de

aquíferos nesses ambientes. Cahn et al. (1992) verificaram que a adsorção de

NO3- variou de pequenas proporções na camada de 0 a 15 cm até 25-50% na

camada 90 a 120 cm, ou seja, a adsorção de NO3- aumentou com a

profundidade.

Gava (2003), em uma revisão de trabalhos sobre perda de N por

lixiviação, entre os anos de 1978 e 1999, observou que em 78% dos

experimentos conduzidos em diferentes solos e culturas, fertilizados em média

com a dose de 92 kg N ha-1, o total de perda de N por lixiviação foi pequeno:

1,26 kg ha-1 em média. Coelho et al. (1991) observaram perdas por lixiviação

de apenas 4% do N aplicado como ureia (60 kg N ha-1) na cultura do milho em

Latossolo Vermelho-Escuro. Assim, com base nesse e em outros resultados da

literatura, esses autores sugerem que as perdas por lixiviação não constituem,

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de forma generalizada, o principal fator que afeta o aproveitamento do N de

fertilizantes pelo milho.

No Brasil, existem poucos trabalhos que relatam perdas de NO3- por

lixiviação em sistemas agrícolas. Cantarella (2007) reuniu vários trabalhos da

literatura brasileira, mostrando que, de modo geral, as perdas de NO3- por

lixiviação relatadas para a cultura de milho têm sido baixas. As explicações

mais prováveis são o uso de doses de N relativamente baixas, a textura

argilosa dos solos e o parcelamento da adubação nitrogenada, no qual a maior

parte do N é aplicada no período de ativa absorção de N pelas plantas. A

imobilização de N pela microbiota do solo também colabora para reduzir esse

tipo de perda (Coelho et al., 1991).

2.1.6 Lixiviação de cátions básicos

O manejo adequado da adubação nitrogenada é importante tanto do

ponto de vista econômico (perda de nutrientes) como do ambiental (risco de

contaminação do lençol freático). Em períodos de alta intensidade de

precipitações pluviométricas, pode haver drenagem do excesso de água, o que

favorece a movimentação descendente de ânions. O nitrato por ser mais

abundante nos solos, é provavelmente o ânion mais importante nos processos

de lixiviação de cátions básicos no perfil do solo. Este ânion provém da

nitrificação do íon amônio, seja ele originado da matéria orgânica do solo ou de

adubos nitrogenados (Raij, 1991).

Em decorrência disso, este ânion pode funcionar como “carregador” dos

cátions básicos solúveis (Ca, Mg, Na e K) no perfil do solo. Estes cátions

somente lixiviam se estiverem eletricamente neutros, ou seja, só há lixiviação

de cátions se eles estiverem acompanhados de um ânion.

Uma das consequências da lixiviação dos cátions básicos solúveis é a

acidificação do solo, seguida pela substituição por prótons (H+) e/ou cátions

ácidos (como o Al3+) no complexo de troca catiônica (Ziglio et al., 1999). Os

íons H+ competem com os cátions por sítios de adsorção (Helyar, K., 2003) e

os íons como Al3+ e Fe3+ (valência +3), por exemplo, são mais fortemente

atraídos para as proximidades das partículas com cargas negativas, em

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detrimento do sódio e potássio (valência +1) e do cálcio e magnésio (valência

+2). Com isso, o alumínio e o ferro permanecem mais no solo, enquanto os

outros cátions tendem a serem lixiviados (Bohnen, 2000), ocorrendo diminuição

nos valores de pH e aumento da saturação por alumínio, responsáveis pela

queda da produtividade das culturas (Raij, 1981).

Nesse sentido, após 16 meses da adição de ureia como fonte de N,

Cahn et al. (1993) observaram intensa lixiviação de Ca2+ e Mg2+ e acidificação

das camadas superficiais do solo. Já no trabalho de Di & Cameron (2004), ficou

evidenciada a participação do nitrato na lixiviação de cátions básicos no perfil

do solo. Esses autores trabalharam com a aplicação de inibidores de

nitrificação (diciandiamida), resultando na redução em 50, 52 e 65% da

lixiviação de Ca, Mg e K, respectivamente. Blevins et al. (1983) observaram

que, após 10 anos de cultivo de milho no sistema de semeadura direta, sem

aplicação de calcário, ocorrem perdas acentuadas de Ca trocável do solo. A

diminuição na concentração desse nutriente foi de 55 para 12 mmolc dm-3, na

camada de 0-5 cm do solo, e de 60 para 19 mmolc dm-3, na camada de 5-15

cm, quando as doses de nitrato de amônio aplicadas em cobertura foram

aumentadas de 0 para 336 kg ha-1 de N. Estes autores atribuíram a exaustão

de Ca2+ das camadas mais superficiais do solo à presença de íons

acompanhantes gerados pela adubação nitrogenada, que promoveram a

lixiviação dos cátions de caráter básico.

2.2 Nitrogênio na planta

Dezessete elementos são considerados essenciais para o crescimento e

desenvolvimento das plantas, dentre estes o nitrogênio é um dos nutrientes

minerais requeridos em maior quantidade pelas plantas e o que mais limita o

crescimento e o desenvolvimento. Ele faz parte de proteínas, ácidos nucléicos

e muitos outros importantes constituintes celulares, incluindo membranas e

diversos hormônios vegetais. Mediante deficiência de nitrogênio, as plantas

apresentam sintomas típicos, como clorose gradual nas folhas mais velhas, em

função de quantidades reduzidas de clorofila, e redução no crescimento da

planta (Souza & Fernandes, 2006).

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O N está disponível no solo em diversas formas, incluindo NH4+, NO3

-,

aminoácidos, peptídeos e formas complexas insolúveis. As espécies vegetais

diferem na sua preferência por fontes de N, mas o absorvem principalmente

sob as formas inorgânicas, como NO3- ou NH4

+.

Na planta, as formas amoniacal e nítrica exercem diferentes efeitos no

crescimento, na produção de biomassa e na reprodução (Lane & Bassirirad,

2002). Em plantas de milho supridas com mistura de N-NO3- e N-NH4

+,

observou-se maior crescimento (Xu et al., 1992; Stromberger et al., 1994) e

maiores rendimentos de grãos e de biomassa (Warncke & Barber, 1973) do

que aquelas supridas exclusivamente ou predominantemente com nitrato.

Umas das razões pelas quais se obtém rendimentos mais altos com a

absorção de uma parte do N como NH4+ é que este cátion é assimilado

diretamente pela planta para formação de aminoácidos. Já o ânion NO3- deve

ser reduzido a NH4+ para assimilação do N pela planta. A redução de NO3

- no

interior da planta requer energia (o NO3- é reduzido a NH4

+ que, depois, é

convertido em aminoácidos na planta). Esta energia é proporcionada por

carboidratos, os quais podem ser utilizados para o crescimento ou para a

formação do grão.

O nitrogênio absorvido da solução do solo é incorporado na planta na

forma de aminoácidos. À medida que aumenta o fornecimento de N, as

proteínas sintetizadas a partir de aminoácidos promovem o crescimento das

folhas, aumentando a área fotossintética (Dechen & Nachtigall, 2007). A taxa

de absorção de N aumenta proporcionalmente com o aumento do crescimento

até atingir seu pico máximo entre o início do florescimento e o início do

enchimento de grãos (Fornasieri Filho, 2007). Estima-se que a necessidade de

N para produção de uma tonelada de grãos de milho é de 18 a 20 kg N, dos

quais 15 kg migram aos grãos, portanto exportados da área (Fancelli, 2000).

2.3 Manejo da adubação nitrogenada no milho em sistema plantio direto

Manejar adequadamente a adubação nitrogenada no milho envolve um

complexo processo de tomada de decisão, tais como: condições

edafoclimáticas, sistema de cultivo (plantio direto ou convencional), época de

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semeadura (época normal ou safrinha), responsividade do material genético,

rotação e sucessão de culturas, época e modo de aplicação, fontes de

nitrogênio e aspectos econômicos e operacionais (Acosta, 2009). Isso enfatiza

a regra de que as recomendações de nitrogênio devem ser cada vez mais

específicas e não generalizadas. Diante deste cenário, o manejo de adubação

nitrogenada difere do manejo dos demais nutrientes, porque a tomada de

decisão envolve aspectos técnicos, econômicos e ambientais (Ceretta &

Silveira, 2002), uma vez que esse nutriente está sujeito a perdas por erosão,

lixiviação, desnitrificação e volatilização (Amado et al., 2002).

Atualmente, pode-se dizer que os aspectos mais importantes no manejo

da adubação nitrogenada na cultura do milho, inserida no sistema de plantio

direto, refere-se à época de aplicação e à necessidade de seu parcelamento

(Coelho, 2007). Manejar a adubação quanto à época de aplicação e

parcelamento das doses significa compatibilizar a dinâmica do N no solo com a

fisiologia da planta. Desta forma, para a tomada de decisão alguns aspectos

devem ser considerados, como a demanda de N pelo milho durante seu

desenvolvimento. A absorção de N pelo milho é intensa no período de

crescimento vegetativo (entre os 25 a 45 dias), quando a planta chega a

acumular cerca de 43% do que necessita. Nas fases de crescimento vegetativo

pleno (8 a 10 folhas ao florescimento), a planta ainda irá absorver mais de 31%

de suas necessidades totais, o que mostra a importância da adequada

disponibilidade do N no solo até que seja atingido o período de florescimento

(Muzilli et al., 1989).

Outro aspecto a ser considerado diz respeito às doses de N a serem

aplicadas, pois doses maiores que 120 kg ha-1 exigem maiores cuidados no

manejo. O N tem uma dinâmica no solo que difere particularmente dos demais

nutrientes, especialmente em relação à sua grande mobilidade por predominar

na forma mineral como NO3- em solos de sequeiro, ânion sujeito a intensa

lixiviação (Ceretta et al., 2007). Assim, a observação desses aspectos

possibilita várias alternativas de épocas de aplicação de N na cultura do milho,

como a aplicação antes do início do cultivo (pré-semeadura), por ocasião da

semeadura (adubação de base) ou durante o ciclo da cultura (adubação de

cobertura).

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A aplicação de N em pré-semeadura foi uma alternativa de manejo

introduzida com a adoção do sistema plantio direto e a semeadura do milho em

sucessão à aveia preta. Esta estratégia baseia-se no argumento de que o N

pode ser imobilizado momentaneamente pela matéria orgânica, em especial

pelos resíduos com alta relação C/N, e se tornar disponível para a cultura do

milho posteriormente nos estádios de maior demanda, pois os fatores que

favorecem a mineralização do N retido na fração orgânica (alta temperatura e

umidade) são os mesmos que promovem o crescimento do milho (Cantarella &

Duarte, 2004). A alternativa de se aplicar o N em pré-semeadura do milho tem

despertado grande interesse, porque apresenta algumas vantagens

operacionais, como maior flexibilidade no período de execução da adubação,

pelo maior rendimento operacional de máquinas, pela maior facilidade de

distribuição a lanço, economia de tempo e de mão-de-obra, menor custo

operacional de máquinas e redução no gasto de combustível, lubrificante e

reparos (Ceretta, 1998; Coelho et al., 2003).

Como regra geral, os fertilizantes nitrogenados são aplicados de forma

parcelada. Normalmente, uma parte da dose recomendada é aplicada na linha

por ocasião da semeadura, pelo uso de fórmulas de NPK, e o restante da dose

é aplicada a lanço, em superfície, após a emergência das plantas em uma

(estádio V4) ou duas aplicações (estádio V4 e V8) de cobertura, conforme

estádio de desenvolvimento da planta (Ceretta et al., 2007). Esta estratégia de

parcelamento da aplicação permite diminuir as perdas por lixiviação após a

semeadura e tem maior coincidência com as fases de maior necessidade das

culturas.

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3. HIPÓTESES E OBJETIVOS

Hipóteses

A mobilidade do nitrogênio mineral no perfil do solo é afetada pelo

volume de irrigação e manejo da adubação nitrogenada de cobertura. Há

maiores perdas de N-NO3- por lixiviação com a aplicação de altos volumes de

irrigação e quando a adubação nitrogenada de cobertura é realizada em uma

única aplicação. Nessa situação, haverá também maior deslocamento de

cátions básicos no perfil do solo.

Objetivos

a) Verificar como os manejos da adubação nitrogenada de cobertura e

os volumes de irrigação aplicados aos nove dias após a primeira adubação

nitrogenada de cobertura no milho afetam o deslocamento do nitrogênio

mineral no perfil do solo.

b) Avaliar como o parcelamento da adubação nitrogenada de cobertura e

os volumes de irrigação aplicados aos nove dias após a primeira adubação

nitrogenada de cobertura afetam o rendimento de grãos do milho.

c) Avaliar como a mobilidade do nitrato afeta o deslocamento de cátions

básicos no perfil do solo durante o cultivo do milho.

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4. MATERIAL E MÉTODOS

4.1 Localização e caracterização da área experimental

O experimento foi conduzido a campo, durante o ano agrícola 2012/13,

na Estação Experimental Agronômica, da Universidade Federal do Rio Grande

do Sul, no município de Eldorado do Sul (300 05’ latitude Sul, 510 39’ longitude

Oeste e altitude de 42 m), região ecoclimática da Depressão Central do Estado

do Rio Grande do Sul.

O clima da região é subtropical úmido, de verão quente, do tipo

fundamental “Cfa”, conforme classificação climática de Köppen. A temperatura

média anual é de 18,8 °C, sendo a média das mínimas de 13,9 °C e a média

das máximas de 24,4 °C. A precipitação média anual é de 1.455 mm,

apresentando, frequentemente, períodos de deficiência hídrica entre os meses

de novembro a março, período que abrange o florescimento, a formação e o

enchimento de grãos de milho na semeadura realizada em outubro

(Bergamaschi et al., 2013).

A área experimental está sendo cultivada em sistema de semeadura

direta desde 1992. Na primavera/verão, é realizada a rotação entre as culturas

de soja e milho, sendo que metade da área experimental é cultivada com milho

e o restante com soja. No outono/inverno, são cultivados nabo forrageiro

(Raphanus sativus), ervilhaca comum (Vicia sativa) ou aveia preta (Avena

strigosa) como coberturas antecessoras ao milho e aveia preta ou aveia branca

(Avena sativa) como culturas antecessoras à soja.

O solo da área experimental é classificado como Argissolo Vermelho

Distrófico típico (Streck et al., 2008), com textura superficial franco argilo

arenosa.

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Alguns atributos químicos e físicos do solo por ocasião da instalação do

experimento no ano agrícola 2012/13 são apresentados nas Tabelas 1 e 2.

Tabela 1. Caracterização química do solo por camada do Argissolo Vermelho Distrófico típico antes da aplicação dos manejos de nitrogênio em cobertura e volumes de irrigação (estádio V5-6) no ano agrícola 2012/13

Camada pH MO Cátions trocáveis

H+Al CTCpH7,0 K V m N-NH4+ N-NO3

- Ca Mg Al

-- cm -- H2O g kg-1

--------------- cmolc kg-1

--------------- mg dm-3

---- % ---- -- mg kg-1

-- 0 a 5 5,1 27,6 4,2 1,5 0,3 4,3 10,5 210 59 4 16,2 17,8 5 a 10 5,0 17,0 3,1 1,1 0,4 4,2 8,9 163 53 7 14,5 9,4 10 a 15 4,6 14,5 2,1 0,9 1,2 5,3 8,6 130 38 27 6,8 11,4 15 a 20 4,3 15,4 1,9 1,0 2,3 7,0 10,1 112 31 42 10,3 10,0 20 a 30 4,2 16,3 1,8 0,9 3,7 10,1 13,0 98 22 56 5,0 6,7 30 a 40 4,2 16,0 1,8 0,9 4,3 11,3 14,3 94 21 59 7,8 8,0

pH em água; MO: matéria orgânica; Ca, Mg, K, Al determinados conforme Tedesco et al. (1995). V: percentual da saturação por bases; m: percentual da saturação por Al.

Tabela 2. Atributos físicos do solo por camada do Argissolo Vermelho Distrófico típico da área experimental no ano agrícola 2012/13

Camada Ds Porosidade Textura

Macro Micro Total Argila¹ Silte Areia

----- cm ----- g cm-3 --------------- m³ m³ --------------- ----------------- % ----------------- 0 a 5 1,46 0,12 0,31 0,43 26 33 42

5 a 10 1,72 0,08 0,26 0,33 26 19 55 10 a 15 1,65 0,10 0,27 0,36 28 18 54 15 a 20 1,66 0,09 0,27 0,36 32 18 51 20 a 30 1,58 0,10 0,29 0,37 36 19 45 30 a 40 1,57 0,09 0,30 0,38 43 16 41

Ds: densidade do solo, ¹ Método da pipeta (Embrapa, 1997).

4.2 Manejo do experimento, delineamento experimental e tratamentos

Antecedendo à instalação do experimento, no cultivo de inverno, foi

realizada a semeadura da aveia preta na primeira quinzena de abril, com

adubação de base de 200 kg ha-1 da fórmula 05-30-15. A adubação

nitrogenada de cobertura foi realizada no perfilhamento em única aplicação

com ureia, distribuída na forma manual a lanço (45 kg N ha-1). A dessecação

da aveia preta foi realizada aos quarenta e cinco dias antes da semeadura do

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milho (31/08/2012), sendo que a mesma apresentou rendimento de massa

seca de 5,5 Mg ha-1.

Em sucessão ao cultivo da aveia preta, foi realizada em 15/10/2012 a

semeadura do milho na linha em sistema de semeadura direta, com auxílio de

semeadora manual (saraquá), com espaçamento entrelinhas de 0,50 m

utilizando-se o híbrido Pionner 30R50H, com tecnologia Bt e RR. O ajuste das

densidades de plantas foi efetuado no estádio V2-3, aos 15 DAE, pelo

desbaste manual para obtenção de uma população final ao redor de 80.000

plantas ha-1. A adubação na semeadura foi baseada na análise do solo e

seguiu as indicações técnicas para a obtenção de altos rendimentos (CQFS -

RS/SC, 2004). Desta forma, a adubação de base para o milho constou de 30,

120 e 120 kg ha-1 de N, P2O5 e K2O, respectivamente, utilizando 600 kg ha-1 da

fórmula comercial 05-20-20. A adubação de base com 30 kg N ha-1 foi

realizada em todos os manejos de N, para o estabelecimento inicial das plantas

de milho.

O experimento foi conduzido no delineamento blocos ao acaso, em um

bifatorial, disposto em parcelas subdivididas, com quatro repetições. Nas

parcelas principais (35 x 4 m) foram aplicados dois volumes de irrigação e nas

subparcelas (5 x 4 m) três manejos de nitrogênio em cobertura. Os manejos de

nitrogênio em cobertura foram realizados ao acaso nas parcelas principais.

Neste trabalho, os manejos de nitrogênio considerados foram à testemunha

(sem nitrogênio em cobertura), aplicação única de 300 kg N ha-1 e aplicação

parcelada de 300 kg N ha-1 em cobertura (150 + 150 kg N ha-1), aplicados nos

estádios V5-6 na escala de Ritchie et al. (1993) (primeira adubação

nitrogenada de cobertura) e V11-12 (segunda adubação nitrogenada de

cobertura) na cultura do milho irrigado (Tabela 3). A fonte de N utilizada foi à

ureia com inibidor da urease (Super N®), na concentração de 0,05%. As

adubações nitrogenadas foram realizadas manualmente, a lanço, sendo que

após foi efetuada uma irrigação por aspersão de 20 mm para dissolver os

grânulos e favorecer a incorporação ao solo do N proveniente da ureia.

Nas parcelas principais, foram aplicados os volumes de irrigação de 20 e

100 mm, aos nove dias após a primeira adubação nitrogenada de cobertura

(estádio V7-8), pelo sistema de irrigação por aspersão (Figura 5). A quantidade

de água aplicada foi aferida pela leitura indicada por quatro pluviômetros

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dispostos nas parcelas principais. Este período de nove dias após a adubação

nitrogenada para diferenciação dos volumes de irrigação corresponde a um

intervalo que pressupondo ocorra à transformação do amônio em nitrato

(nitrificação).

Tabela 3. Manejos de adubação de nitrogênio no ciclo de desenvolvimento do milho irrigado

Denominação dos manejos em cobertura

Dose total aplicada

Manejo da adubação

Base 1ª

cobertura 2ª

cobertura

------------------------------ kg N ha-1

------------------------------ Testemunha 30 30 0 0

300 kg N ha-1

(Dose parcelada)(1)

330 30 150 150 300 kg N ha

-1 (Dose única)

(2) 330 30 300 0

(1) A dose parcelada de nitrogênio em cobertura foi realizada com a aplicação de 150 kg N ha

-1

nos estádios V5-6 e V11-12. (2)

A dose única de nitrogênio foi realizada apenas no estádio V5-6.

Figura 5. Manejo de nitrogênio em cobertura, volume de irrigação e época de amostragem do solo ao longo do ciclo do milho irrigado. A primeira adubação nitrogenada de cobertura () foi realizada no estádio V5-6 com as doses de 0, 150 e 300 kg N ha-1. A segunda adubação nitrogenada de cobertura () foi realizada no estádio V11-12, com aplicação de 150 kg N ha-1 na dose parcelada. O (●) indica a primeira e segunda época de amostragens do solo, realizada nos estádios V7-8 e V14-15, respectivamente. A () indica a diferenciação dos volumes de irrigação 20 e 100 mm no estádio V7-8.

Durante o ciclo do milho, foram realizadas irrigações suplementares,

pela irrigação por aspersão. Na Figura 6, estão indicadas a distribuição e o

volume das precipitações e irrigações suplementares no ciclo do milho. No

total, foram realizadas dezoito irrigações, aplicando-se uma lâmina em torno de

25 mm, resultando uma aplicação total de 439 mm de água. Esta, somada aos

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371 mm de precipitação pluviométrica que ocorreu ao longo do ciclo resultaram

no fornecimento de 810 mm de água.

Figura 6. Distribuição das precipitações pluviométricas e irrigações suplementares durante o desenvolvimento do milho, ano agrícola 2012/13. 1 Estádios fenológicos de acordo com a escala de Ritchie et al. (1993). O (N) indica os manejos de nitrogênio em cobertura nos estádios V5-6 e V11-12. O (●) indica a primeira e segunda época de amostragens do solo nos estádios V7-8 e V14-15, respectivamente. A () indica a diferenciação dos volumes de irrigação no estádio V7-8.

4.3 Amostragem e determinações no solo e na planta

Foram realizadas duas amostragens do solo para as determinações

químicas do solo, sendo elas realizadas após o estabelecimento do milho

(Figura 5). Nos meses de novembro (23/11) e dezembro (15/12) de 2012 foram

realizadas as amostragens, totalizando 288 amostras de solo (2 épocas x 24

parcelas x 6 profundidades).

A primeira época de amostragem do solo (estádio V7-8) ocorreu dez

após a aplicação da primeira adubação nitrogenada de cobertura e um dia

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após a diferenciação dos volumes de irrigação (20 e 100 mm) (Figura 5). A

segunda época de amostragem do solo (estádio V14-15) ocorreu dez dias após

a segunda adubação nitrogenada de cobertura.

As amostras de solo foram coletadas com trado holandês, nas camadas

de 0,0 - 0,05; 0,05 - 0,10; 0,10 - 0,15; 0,15 - 0,20; 0,20 - 0,30 e 0,30 - 0,40 m.

Em cada subparcela, foram amostradas seis subamostras, em dois pontos

centrais, sendo dois pontos sobre a linha de adubação e quatro pontos laterais

na entrelinha. Estas subamostras foram posteriormente misturadas para

compor uma amostra composta. Imediatamente após a coleta, as amostras de

solo foram acondicionadas em caixas térmicas contendo gelo. Para análise de

Ca e Mg trocáveis, K disponível e pH-H2O, as amostras foram submetidas à

secagem em estufa de circulação forçada de ar à temperatura de 55±5ºC, até

atingir peso constante. Após secas e peneiradas em peneira de 2 mm, foram

analisadas.

As determinações de N mineral nas amostras do solo foram realizadas

por meio de arraste de vapor em semimicro Kjeldhal, segundo Tedesco et al.

(1995), sendo o N-mineral extraído das amostras úmidas do solo com solução

KCl 1 mol L-1. Uma alíquota de 20 ml da solução extraída com KCl foi usada

para determinação do N-mineral. Numa primeira destilação, foi adicionado MgO

para determinação de N-NH4+ e, posteriormente, numa segunda destilação da

mesma amostra, foi adicionada Liga Devarda para a determinação de N-NO3-.

Os teores de cálcio e magnésio trocável foram extraídos com KCl 1 mol

L-1, o de potássio disponível foi extraído com HCl 0,05 mol L-1 e H2SO4 0,0125

mol L-1 (Mehlich-1) e o pH-H2O (relação 1:1) conforme metodologias descritas

por Tedesco et al. (1995).

No espigamento, ocorrido aos 72 dias após a emergência, foram

coletadas quatro plantas representativas na área útil de cada subparcela para

determinação do N acumulado nesse estádio e o rendimento da massa seca da

parte aérea. As plantas foram secadas em estufa de circulação forçada de ar à

temperatura de 55±5ºC, até atingir peso constante.

O N acumulado nas plantas (colmo+folhas+espigas) por ocasião do

espigamento no milho foi determinado por digestão ácida e destilação de

arraste de vapor em semimicro Kjeldhal, conforme metodologia descrita por

Tedesco et al. (1995).

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O rendimento de grãos foi obtido pela colheita manual das espigas das

plantas da área útil de cada subparcela (em média, 10 m²). As espigas foram

secas em estufa a 55±5ºC, sendo os resultados expressos com 13% de

umidade.

4.4 Análise estatística

Os resultados obtidos foram submetidos à análise da variância

(ANOVA), com posterior aplicação do teste de médias Tukey (ρ<0,05),

conforme os seguintes modelos:

a) pH, N-NH4+, N-NO3

-, Ca, Mg e K do solo

Yijkl = µ + Bi + Ij + erro a (ij) + Mk + IjMk + erro b (ijk) + Cl + erro c (il) + IjCl

+ MkCl + IjMkCl + erro d (ijkl)

onde: µ= média geral do experimento; B= blocos (i=1,2,3); I= irrigação

(j=1,2); M= manejo de N em cobertura (k=1,2,3); C= camada (l=1,2,3,4,5,6) e

Erro= erro experimental.

b) Rendimento de matéria seca e quantidade de nitrogênio acumulado na parte

aérea no espigamento e rendimento de grãos

Yijk = µ + Bi + Ij + erro a (ij) + Mk + IjMk + erro b (ijk)

onde: µ= média geral do experimento; B= blocos (i=1,2,3); I= irrigação

(j=1,2); M= manejo de N em cobertura (k=1,2,3) e Erro= erro experimental.

Para os atributos do solo, foi feita uma análise estatística separada para

cada época de amostragem, por não haver sentido prático de sua comparação

com as demais variáveis em estudo.

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5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A discussão dos resultados terá, como enfoque principal, as relações

entre o manejo da adubação nitrogenada de cobertura e os volumes de

irrigação com alteração do pH do solo e dos teores de nitrogênio mineral (N-

NH4+ e N-NO3

-), cálcio trocável, magnésio trocável e potássio disponível no

solo. Inicialmente, serão apresentados os aspectos relacionados a pH e

nitrogênio mineral. Na sequência, serão tratados os efeitos da percolação do N-

NO3- no movimento de cátions básicos (Ca, Mg e K) no perfil do solo. Por fim,

serão apresentados o rendimento da matéria seca e a quantidade de N

acumulado por hectare na parte aérea no espigamento e rendimento de grãos.

5.1 pH do solo

Independentemente de épocas de amostragens do solo, volumes de

irrigação, modo de aplicação do N em cobertura e camadas de solo avaliadas,

observou-se que o pH do solo foi menor do que 5,0, enquadrado na faixa

“Muito baixo”, conforme a CQFS RS/SC (2004). Isso indica a necessidade de

aplicação de calcário para favorecer as condições ideais para o cultivo de milho

em sistema plantio direto consolidado, ou seja, pH entre 5,5 e 6,0 (CQFS

RS/SC, 2004).

O pH-H2O inicial do experimento foi mais elevado nas camadas

próximas à superfície do solo reduzindo gradativamente à medida que aumenta

a profundidade (Tabela 1). Em decorrência dos baixos valores de pH em

profundidade, há um acréscimo do Al trocável, o que é esperado devido ao fato

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de que à medida que diminui o pH abaixo de 5,5 os teores de Al3+ trocável

aumentam sensivelmente (Volkweiss, 1989).

Na primeira época de amostragem de solo (estádio V7-8), realizada aos

dez dias após a primeira adubação nitrogenada de cobertura, houve interação

tripla (ρ<0,05) de volumes de irrigação, manejo de nitrogênio em cobertura e

camada de solo para os valores de pH do solo (Figura 7). Nessa época de

amostragem do solo, a segunda adubação nitrogenada de cobertura não tinha

sido aplicada. Assim, na primeira época foram avaliados os efeitos de três

doses de N (0, 150 e 300 kg ha-1) em cobertura e os dois volumes de irrigação

(20 e 100 mm). De modo geral, os maiores valores de pH do solo foram

verificados nas camadas mais superficiais (0-5 e 5-10 cm) para ambos os

volumes de irrigação (Figura 7a, b).

Figura 7. Valores de pH no solo em função de manejos de nitrogênio em

cobertura e de camadas de solo para os volumes de irrigação de 20 mm (a) e 100 mm (b) na primeira época de amostragem, realizada aos dez dias após a primeira adubação nitrogenada de cobertura do milho irrigado. Nessa época de amostragem, foram aplicadas no estádio V5-6 as doses de 150 e 300 kg N ha-1. As barras, na horizontal, representam a DMS do teste de Tukey, com nível de 5% de significância.

Esse resultado difere do esperado, uma vez que a lixiviação de NO3- é o

principal fator causador de acidificação e se esperaria menor valor de pH em

superfície do que em camadas mais profundas do solo. Entretanto, o maior teor

de matéria orgânica do solo nessas camadas (Tabela 1) resulta em

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tamponamento do pH do solo, que é a capacidade de resistir a mudança do pH

(Silva et al., 2010).

No menor volume de irrigação (20 mm), a aplicação da maior dose (300

kg N ha-1) de N em cobertura diminuiu o pH do solo na camada superficial em

relação à testemunha sem aplicação de N em cobertura, dez dias após a

primeira adubação nitrogenada de cobertura (Figura 7a). O decréscimo nos

valores de pH foi de 0,5 unidade na camada de 0-5 cm e de 0,3 unidade na

camada de 5-10 cm. Lange et al. (2006) observaram decréscimo no pH do solo

até 20 cm de profundidade com a aplicação de 160 kg N ha-1 em cobertura na

forma de ureia, em um Latossolo Vermelho Distrófico típico cultivado com

milho.

Estes resultados estão de acordo com a maioria dos trabalhos existentes

na literatura. Um dos fatores mais importantes de acidificação do solo é o

processo de nitrificação do amônio oriundo da matéria orgânica e/ou dos

fertilizantes nitrogenados, que liberam dois íons H+ na solução do solo para

cada molécula de NH4+ transformada em NO3

- (Raij, 1991). Além disso, a

acidificação do solo também está associada à depleção de cátions básicos,

devida à lixiviação de NO3- (Bouman et al., 1995). A remoção desses cátions

aumenta as concentrações de íons H+ e Al3+ no complexo sortivo, aumentando

suas concentrações na solução do solo. Conforme Raij (2011), a aplicação de

100 kg N ha-1, na forma de ureia, necessita de uma contrapartida de 180 kg ha-

1 de CaCO3 (PRNT = 100) para neutralizar a acidez formada.

Os resultados obtidos para o pH do solo quando se aplicou um volume

de irrigação equivalente a 100 mm foram diferentes ao relatado para o volume

de 20 mm. O decréscimo no valor do pH foi maior para a menor dose de

nitrogênio aplicada (150 kg N ha-1) em relação à testemunha sem aplicação de

N em cobertura até a profundidade de 20 cm (Figura 7b). Esperava-se que a

aplicação de 300 kg N ha-1 em dose única fosse diminuir o pH do solo, o que

não se verificou. Ao contrário, nesta dose, o pH do solo não diferiu (ρ>0,05) até

a profundidade de 15 cm quando comparado com a testemunha sem aplicação

de N em cobertura (Figura 7b). A ausência do efeito dessa maior dose de N

sobre o pH do solo pode estar relacionada a uma possível desnitrificação do

NO3-. Este processo consome prótons e alcaliniza o solo, revertendo à acidez

produzida durante a nitrificação.

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Comparando as doses de N (150 e 300 kg ha-1) em cobertura nessa

época de amostragem, verifica-se que na aplicação da maior dose, o pH do

solo foi maior nas camadas de 0-5 e 5-10 cm em relação à menor dose e

aplicação do maior volume de irrigação (100 mm) (Figura 7b). Provavelmente,

este acréscimo do pH do solo é devido à exsudação de hidroxilas (OH-) pelas

gramíneas ao absorverem o NO3-, para manter a eletroneutralidade,

promovendo, desta maneira, aumento do pH do solo (Raven, 1985). Por outro

lado, nas mesmas camadas, mas no menor volume de irrigação (20 mm), o pH

do solo foi menor com a aplicação da maior dose de N (300 kg ha-1) em relação

à menor dose (150 kg ha-1) (Figura 7a).

Para as camadas mais profundas (maiores que 10 cm de profundidade),

não houve diferença (ρ>0,05) nos valores de pH do solo, independentemente

da dose aplicada (150 e 300 kg N ha-1) e volumes de irrigação (Figura 7a, b).

Na segunda época de amostragem do solo (estádio V14-15), realizada

aos dez dias após a segunda adubação nitrogenada de cobertura, foram

verificadas interações duplas (ρ<0,05) de manejos de N em cobertura e

camadas de solo, volumes de irrigação e camadas de solo e volumes de

irrigação e manejo de N em cobertura para pH do solo (Figuras 8 e 9; Tabela

4). Nessa época de amostragem, esse atributo não foi influenciado pelos

volumes de irrigação (20 e 100 mm). O volume de água (irrigação +

precipitação) que ingressou no intervalo da aplicação da segunda adubação

nitrogenada de cobertura e a segunda época de amostragem do solo foi de 58

mm de água.

No parcelamento da dose de 300 kg N ha-1 em cobertura,

independentemente dos volumes de irrigação o pH do solo foi menor até 15 cm

de profundidade em comparação à testemunha sem aplicação de N em

cobertura e à aplicação única de N (300 kg N ha-1) (Figura 8). Como discutido

anteriormente, o processo de nitrificação do NH4+ libera dois prótons (H+) para

cada molécula de NH4+ transformada em NO3

-. Assim, a aplicação de N em

cobertura realizada dez dias antes da amostragem do solo possivelmente

resultou nesse decréscimo dos valores de pH do solo. Conyers et al. (1996)

verificaram que, após doze anos de condução, a aplicação anual de 100 kg ha-

1 de N na forma de ureia parcelada em três aplicações no trigo proporcionou

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um decréscimo médio de 0,4 unidade de pH do solo em relação ao solo que

não recebeu N mineral (Fenton & Helyar, 2002).

O pH do solo não diferiu (ρ>0,05) entre a aplicação única de N (300 kg N

ha-1) em cobertura em relação à testemunha nas camadas de 15-20, 20-30 e

30-40 cm, independentemente do volume de irrigação (Figura 8). Esses

resultados estão em desacordo com os obtidos por Costa et al. (2008), que

observaram acidificação do solo nas camadas 20-40 cm com a aplicação de

300 kg N ha-1 em cobertura na forma de ureia, em um Latossolo Vermelho

distrófico de textura argilosa sob pastagem de capim-marandu.

Figura 8. Valores de pH no solo em função de manejos de nitrogênio em

cobertura e camadas de solo, na segunda época de amostragem realizada aos dez dias após a segunda adubação nitrogenada de cobertura do milho irrigado, na média de volumes de irrigação. (1) O parcelamento da aplicação de 300 kg N ha-1 em cobertura foi realizado nos estádios V5-6 e V11-12. (2) A aplicação da dose única de N em cobertura foi realizada no estádio V5-6. As barras, na horizontal, representam a DMS do teste de Tukey, com nível de 5% de significância.

Independentemente do manejo de N em cobertura, o pH do solo

aumentou em 0,3 unidades na camada de 10-15 cm com a aplicação do maior

volume de irrigação (100 mm) em relação ao menor volume de irrigação (20

mm) (Figura 9). Contudo, nas camadas de 0-5, 5-10, 15-20, 20-30 e 30-40 cm

o pH não diferiu (ρ>0,05) em função de volumes de irrigação.

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Figura 9. Valores de pH em função de volumes de irrigação e camadas de

solo, na segunda época de amostragem de solo, realizada aos dez dias após a segunda adubação nitrogenada de cobertura do milho irrigado, na média de manejos de nitrogênio em cobertura. As barras, na horizontal, representam a DMS do teste de Tukey, com nível de 5% de significância.

Na dose de 300 kg N ha-1 em cobertura, seja em aplicação única ou de

forma parcelada (150 kg N ha-1) o pH do solo foi menor no menor volume de

irrigação (20 mm), na média de camadas de solo (Tabela 4). Os decréscimos

nos valores do pH do solo foram de 0,4 e 0,3 unidade, para a aplicação única e

parcelada de N, respectivamente. Já no maior volume de irrigação (100 mm),

apenas a aplicação parcelada de N em cobertura diminuiu o pH do solo (0-40

cm).

Tabela 4. Valor de pH em função de volumes de irrigação e manejos de nitrogênio em cobertura na segunda época de amostragem do solo, realizada dez dias após a segunda adubação nitrogenada de cobertura do milho irrigado, na média de camadas de solo

Volume de irrigação (1) Testemunha(2) Adubação de 300 kg N ha-1

Única(3) Parcelada(4)

------------------- mm ------------------- ------------------------ pH (H2O) ------------------------ 20 4,6 Aa 4,3 Bb 4,2 Ba 100 4,4 Aa 4,5 Aa 4,2 Ba

(1) Os volumes de irrigação foram diferenciados no estádio V7-8.

(2) Sem nitrogênio em

cobertura. (3)

Aplicação única de 300 kg N ha-1

no estádio V5-6. (4)

Aplicação parcelada de 150 kg N ha

-1 nos estádios V5-6 e V11-12. Médias seguidas pela mesma letra maiúscula, na linha,

e pela mesma letra minúscula, na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5%.

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Comparando os volumes de irrigação para a aplicação em dose única,

verifica-se que no maior volume de irrigação (100 mm) o pH no perfil do solo foi

menor em relação ao menor volume de irrigação (20 mm) (Tabela 4). Este

comportamento não foi observado para a aplicação parcelada de N e

testemunha sem aplicação de N em cobertura.

5.2 Teores de amônio (N-NH4+) e nitrato (N-NO3

-) no perfil do solo

Os teores iniciais de N-NH4+ e N-NO3

- no perfil do solo foram maiores

nas camadas superficiais (0-5 e 5-10 cm), e decresceram nas camadas mais

profundas (Tabela 1).

Na primeira época de amostragem de solo (estádio V7-8), realizada aos

dez dias após a primeira adubação nitrogenada de cobertura houve interação

tripla (ρ<0,05) de volumes de irrigação, manejos de N em cobertura e camadas

de solo para os teores de N-NH4+ e N-NO3

- no perfil do solo (Figuras 10 e 12).

Figura 10. Nitrogênio amoniacal no solo em função de manejos de nitrogênio

em cobertura e de camadas de solo para os volumes de irrigação simulados de 20 mm (a) e 100 mm (b) na primeira época de amostragem, realizada aos dez dias após a primeira adubação nitrogenada de cobertura do milho irrigado. Nessa época de amostragem, foram aplicadas no estádio V5-6 as doses de 150 e 300 kg N ha-1. As barras, na horizontal, representam a DMS do teste de Tukey, com nível de 5% de significância.

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Nessa amostragem, a segunda adubação nitrogenada de cobertura

ainda não tinha sido aplicada. Assim, foram avaliados os efeitos de três doses

de N (0, 150 e 300 kg ha-1) em cobertura e dois volumes de irrigação (20 e 100

mm). A aplicação das doses de 150 e 300 kg N ha-1 em cobertura resultou em

maiores teores de N-NH4+ nas camadas de 0-5, 5-10 e 10-15 cm em relação à

testemunha sem aplicação de N em cobertura, em ambos os volumes de

irrigação (Figura 10). Esse resultado é esperado, uma vez que a ureia (fonte

amídica) aplicada é hidrolisada pela enzima urease presente no solo e em

resíduos vegetais, produzindo NH4+. Costa et al. (2008) observaram aumento

linear nos teores de NH4+ no solo com o incremento de doses de N na camada

de 0-20 cm, utilizando fonte amídica.

No menor volume de irrigação (20 mm), os teores de N-NH4+ nas

camadas superficiais do solo (0-5 e 5-10 cm) aumentaram à medida que

aumentou a dose de N aplicada (Figura 10a). Esse resultado é similar ao

verificado por Bonfim-da-Silva (2005) e Batista (2006). Além disso, o maior teor

de NH4+ com a aplicação da maior dose de N pode estar relacionado ao baixo

pH do solo na camada superficial (pH=4,4). De acordo com Bussink (1992), em

condições de pH ácido, a espécie química predominante é NH4+. Isto pode ser

explicado pelo processo de nitrificação, que é mediado pelas bactérias dos

gêneros Nitrosomonas e Nitrobacter, sendo essas muito sensíveis a valores de

pH menores que 6,0 e têm atividade nula em pH menor que 4,5 (Moreira &

Siqueira, 2006).

Por outro lado, no maior volume de irrigação (100 mm), a dose de 150

kg N ha-1 em cobertura resultou em maior teor de N-NH4+ nas duas camadas

superficiais (0-5 e 5-10 cm) quando comparada com a dose de 300 kg N ha-1 e

com a testemunha sem aplicação de N em cobertura (Figura 10b).

A maior dose de N (300 kg ha-1) em cobertura resultou em maior teor N-

NH4+ em relação à menor dose (150 kg ha-1) e a testemunha sem aplicação de

N em cobertura na camada de 20-30 cm para ambos os volumes de irrigação,

o que não foi verificado na camada de 30-40 cm (Figura 10a, b). Deve-se

ressaltar que, logo após a adubação de cobertura, foi aplicada uma lâmina de

água por irrigação para incorporar a ureia ao solo, contribuindo para a

diminuição da volatilização de N como NH3, o que pode ter aumentado o teor

de NH4+ no solo. Em experimento em colunas, Singh et al. (1984) observaram

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que, em solo de textura franco arenosa, a ureia lixiviou com a água de irrigação

e as maiores concentrações foram observadas na frente de umedecimento. De

acordo com Araújo et al. (2004), a lixiviação de NH4+ é uma realidade com a

aplicação de doses usualmente recomendadas de adubos nitrogenados,

mesmo em Latossolos muito argilosos e com altos teores de óxidos de ferro e

gibbsita. Conforme Sparks (1995), a lixiviação de N na forma NH4+ é reduzida

pela adsorção desse cátion no complexo de carga negativa do solo, embora a

capacidade de adsorção do NH4+, de acordo com a serie liotrópica, seja menor

em relação à de outros cátions como Ca e Mg.

Apesar de não ter sido realizada a análise estatística entre épocas de

amostragem do solo, verifica-se que, na segunda época de amostragem do

solo os teores de N-NH4+ na camada superficial foram numericamente

inferiores aos verificados na primeira amostragem, independentemente de

manejo de N em cobertura e volume de irrigação (Figura 11). Possivelmente,

as condições de temperatura e aeração favoreceram a conversão de N-NH4+ a

N-NO3-, o que justifica as menores concentrações de N-NH4

+. Condições

ótimas de nitrificação ocorrem quando a concentração de oxigênio do ar é

cerca de 20%, semelhante à do ar atmosférico, o que é esperado na camada

de solo de 0 a 20 cm, e a temperatura varia entre 30-35ºC, com ótimo a 25ºC

(Sarahwat, 2008). De acordo com Villas Bôas et al. (1999), o NH4+ no solo é

transformado biologicamente em NO3-, após uma a três semanas, com a

temperatura do solo oscilando entre 25 e 30 ºC. Além disso, essa diminuição

do N-NH4+ pode ter decorrido dos processos de lixiviação e absorção pelas

plantas.

Na segunda época de amostragem de solo (estádio V14-15), realizada

aos dez dias após a segunda adubação nitrogenada de cobertura houve

interação tripla (ρ<0,05) de volumes de irrigação, manejos de N em cobertura e

camadas de solo para os teores de N-NH4+ e N-NO3

- no perfil do solo (Figuras

11 e 13). Nessa época de amostragem, esses atributos não foram

influenciados pelos volumes de irrigação (20 e 100 mm).

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Figura 11. Nitrogênio amoniacal no solo em função de manejos de nitrogênio

em cobertura e camadas de solo para os volumes de irrigação de 20 mm (a) e 100 mm (b) na segunda época de amostragem, realizada aos dez dias após a segunda adubação nitrogenada de cobertura no milho irrigado. (1) O parcelamento da aplicação de 300 kg N ha-1 em cobertura foi realizado nos estádios V5-6 e V11-12. (2) A aplicação da dose única de N em cobertura foi realizada no estádio V5-6. As barras, na horizontal, representam a DMS do teste de Tukey, com nível de 5% de significância.

A aplicação única de 300 kg N ha-1 em cobertura aumentou os teores de

N-NH4+ em relação à aplicação parcelada e à testemunha sem aplicação de N

em cobertura na camada superficial (0-5 cm) em ambos volumes de irrigação

(Figura 11a, b). Esperava-se que o parcelamento da aplicação de N em

cobertura resultasse em maiores teores de N-NH4+ nessa camada em relação à

aplicação única, devido à aplicação da ureia ter sido realizada dez dias antes

da amostragem de solo.

O resultado verificado para o N-NH4+ na camada subsuperficial (20-30

cm) na primeira época de amostragem se repetiu na segunda época de

amostragem do solo no maior volume de irrigação simulado (100 mm) (Figuras

10 e 11b). A aplicação de 300 kg N ha-1 em cobertura em dose única aumentou

os teores de N-NH4+ na camada de 20-30 cm de solo quando comparada com

a aplicação parcelada e com a testemunha sem adubação de N em cobertura.

Os volumes de irrigação e os manejos de nitrogênio em cobertura

alteraram os teores de N-NO3- no perfil do solo, similarmente ao verificado para

o N-NH4+. Na primeira época de amostragem de solo (estádio V7-8), realizada

dez dias após a primeira adubação nitrogenada de cobertura, a aplicação da

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maior dose de N (300 kg ha-1) em cobertura aumentou os teores de N-NO3- em

todas as camadas de solo avaliadas quando comparada a testemunha sem N

em cobertura, para ambos os volumes de irrigação (Figura 12a, b).

Figura 12. Nitrogênio nítrico no solo em função de manejos de nitrogênio em

cobertura e de camadas de solo para os volumes de irrigação de 20 mm (a) e 100 mm (b) na primeira época de amostragem, realizada aos dez dias após a primeira adubação nitrogenada de cobertura do milho irrigado. Nessa época de amostragem, tinham sido aplicadas no estádio V5-6 as doses de 150 e 300 kg N ha-1. As barras, na horizontal, representam a DMS do teste de Tukey, com nível de 5% de significância.

A percolação de N-NO3- para as camadas subsuperficiais (20-30 e 30-40

cm) foi evidenciada pelos teores encontrados dez dias após a aplicação da

maior dose (300 kg N ha-1) em cobertura, para ambos os volumes de irrigação

(Figura 12a, b). O aumento do teor de N-NO3-, em ambos os volumes de

irrigação, é consequência dos 86 e 166 mm de água (precipitação pluvial +

irrigação) que ingressaram no sistema, no intervalo entre a primeira adubação

nitrogenada de cobertura e a primeira época de amostragem de solo. Além

disso, a aplicação da maior dose (300 kg ha-1) de N em cobertura foi realizada

na fase inicial de desenvolvimento do milho (estádio V5-6), período em que as

plantas apresentavam sistema radicular pouco desenvolvido.

Esse aumento do teor de N-NO3- na camada 20-30 cm deve-se à alta

mobilidade do íon NO3-, que é praticamente pouco retido no solo, o que,

dependendo da carga elétrica do solo, facilita sua lixiviação e promove perdas

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desse nutriente no solo, oferecendo ainda risco de contaminação do lençol

freático (Alcântara & Camargo, 2005; Fey et al., 2010). Além disso, a menor

capacidade de troca de ânions dos horizontes superficiais pode ter sido devida

ao efeito físico da matéria orgânica do solo, ao bloquear os sítios de carga

positiva das superfícies dos óxidos de ferro e alumínio (Marcano-Martinez &

McBride, 1989).

Na segunda época de amostragem do solo (estádio V14-15), realizada

aos dez dias após a segunda adubação nitrogenada de cobertura, o

parcelamento da dose de N (300 kg ha-1) em cobertura aumentou os teores de

N-NO3- nas camadas de 0-5 e 5-10 cm em relação à aplicação em dose única e

a testemunha sem aplicação de N em cobertura, no menor volume de irrigação

(20 mm) (Figura 13a). Por outro lado, no maior volume de irrigação (100 mm), a

aplicação em dose única (300 kg N ha-1) em cobertura aumentou os teores de

N-NO3- em relação ao parcelamento da dose de N e a testemunha na camada

mais superficial (0-5 cm) (Figura 13b).

Em ambos os volumes de irrigação, os teores de N-NO3- nas camadas

de 20-30 e 30-40 cm foram maiores com a aplicação em dose única (300 kg ha-

1) de N em cobertura quando comparado com a testemunha sem aplicação de

N em cobertura (Figura 13a, b). É provável que parte do N aplicado via

fertilizante mineral não foi aproveitada pelo milho, uma vez que o N-NO3- foi

encontrado abaixo de 20 cm de profundidade. Costa (2008) observou que 70%

das raízes do milho, independentemente do sistema de preparo do solo, se

concentrou na camada de 0-15 cm, corroborando com dados obtidos por Silva

et al. (2000). Assim, os maiores teores de N-NO3- observados nas camadas de

20-30 e 30-40 cm podem estar relacionados à textura do solo desse estudo.

Segundo Mazurana et al. (2011), a taxa de infiltração de água no Argissolo

Vermelho-Amarelo distrófico, com textura franco-argilosa, em sistema plantio

direto, é de aproximadamente 26,5 mm h-1.

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Figura 13. Nitrogênio nítrico no solo em função de manejos de nitrogênio em

cobertura e de camadas de solo para os volumes de irrigação de 20 mm (a) e 100 mm (b) na segunda época de amostragem, realizada aos dez dias após a segunda adubação nitrogenada de cobertura no milho irrigado. (1) O parcelamento da aplicação de 300 kg N ha-1 em cobertura foi realizado nos estádios V5-6 e V11-12. (2) A aplicação da dose única de N em cobertura foi realizada no estádio V5-6. As barras, na horizontal, representam a DMS do teste de Tukey, com nível de 5% de significância.

No parcelamento do N (150 +150 kg ha-1) em duas épocas de cobertura,

os teores de N-NO3- foram menores nas camadas 20-30 e 30-40 cm quando

comparado com a aplicação em dose única (300 kg ha-1) de N em ambos os

volumes de irrigação e épocas de amostragem (Figura 12 e 13). Isso pode ser

comprovado pelo maior acúmulo de N-NO3- na camada superficial, fato

verificado em ambos os volumes de irrigação, aos dez dias após a segunda

adubação nitrogenada de cobertura. Os resultados reforçam a recomendação

feita por Ernani (1999) e Bortolini (2000) de que, em solos arenosos, que

apresentam maior facilidade de lixiviação de NO3-, a fertilização nitrogenada

em altas doses deve ser manejada em maior número de aplicações do que em

solos argilosos. Primavesi et al. (2006) verificaram que o parcelamento de até

cinco aplicações de ureia para a dose de 500 kg N ha-1, nos períodos das

chuvas, em pastagens de capim “coast-cross”, não proporcionou perdas

significativas de NO3- para o lençol freático. Segundo Coelho (1994), com

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parcelamento da adubação nitrogenada pode-se aumentar a eficiência do uso

do nitrogênio, reduzindo as perdas por lixiviação.

As observações deste experimento são pontuais, tanto sob o aspecto

espacial como temporal e, por se tratar de um sistema aberto, processos tais

como diferenças sazonais de umidade do solo e variações de temperatura do

solo, não foram quantificados e, certamente, contribuíram para afetar os teores

de N-NH4+ e N-NO3

- no perfil do solo.

5.3 Teores de cátions no perfil do solo

Na sequência, serão apresentados e discutidos os resultados referentes

à influência de manejos do N em cobertura e volumes de irrigação nos teores

de cálcio e magnésio trocáveis e no potássio disponível no perfil do solo.

Diferentemente do que ocorre com outros nutrientes, como o nitrogênio e o

enxofre, que podem ser perdidos por volatilização, ou fósforo, que pode ficar

menos diponível pela quimiossorção, cálcio, magnésio e potássio não

apresentam formas voláteis e os mecanismos de adsorção específica são

pouco significativos (Benites et al., 2010). Logo, as saídas desses nutrientes

em sistemas agrícolas ocorrem principalmente pelas colheitas ou pelos

processos de lixiviação e erosão. Além disso, a mobilidade vertical desses

cátions no solo é influenciada por vários fatores tais como: doses de corretivo,

tempo de reação, precipitação, condições físicas do solo, capacidade tampão

do solo e presença de ânions, orgânicos ou inorgânicos (Quaggio, 2000).

Diante disso, a maior ênfase foi dada ao N-NO3- por ser o ânion

inorgânico mais abundante no solo e, provavelmente, o mais importante no

processo de lixiviação dos cátions básicos.

5.3.1 Cálcio e magnésio trocáveis

Independentemente da época de amostragem do solo, volume de

irrigação, manejo de N em cobertura, os teores de Ca2+ e Mg2+ trocáveis no

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perfil do solo, se enquadram na classe “Média” e “Alta”, respectivamente,

conforme a CQFS RS/SC (2004).

Os maiores teores iniciais de Ca2+ e Mg2+ trocável foram observados na

camada superficial (0-5 e 5-10 cm) com decréscimo desses teores no perfil do

solo (Tabela 1).

Na primeira época de amostragem do solo (estádio V7-8), realizada dez

dias após a primeira adubação nitrogenada de cobertura, houve efeito somente

para a interação dupla (ρ<0,05) de volume de irrigação e camadas de solo para

o Ca2+ trocável (Figura 14). O manejo de nitrogênio em cobertura não

apresentou interação com nenhum fator, logo, é apresentado o efeito simples

para o Ca2+ trocável (Tabela 5). Nessa época de amostragem do solo, a

segunda adubação nitrogenada de cobertura não tinha sido aplicada. Assim, na

primeira época de amostragem foram avaliados os efeitos de três doses de N

(0, 150 e 300 kg ha-1) em cobertura e dois volumes de irrigação (20 e 100 mm).

Figura 14. Cálcio trocável em função de volumes de irrigação e camadas de

solo, na primeira época de amostragem, realizada aos dez dias após a primeira adubação nitrogenada de cobertura do milho irrigado, na média de manejos de nitrogênio em cobertura. As barras, na horizontal, representam a DMS do teste de Tukey, com nível de 5% de significância.

Independentemente dos manejos de N em cobertura e volumes de

irrigação, os maiores teores de Ca+2 e Mg2+ trocáveis foram observados nas

camadas superficiais (0-5 e 5-10 cm) (Figura 14 e 16). Os maiores teores

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desses nutrientes na camada superficial no sistema plantio direto são devidos

ao acúmulo de matéria orgânica (Tabela 1) e a reciclagem desses nutrientes

por resíduos vegetais das culturas deixados na superfície do solo (Bayer &

Mielniczuk, 1997).

No maior volume de irrigação (100 mm) os teores de Ca2+ trocável foram

menores na camada 0-5 cm em comparação ao menor volume de irrigação (20

mm) (Figura 14). Por outro lado, nas demais camadas os teores de Ca2+

trocável foram menores no volume de irrigação de 20 mm (Figura 14). Esse

resultado foi inesperado, pois o maior volume de irrigação deveria ter diminuído

os teores Ca2+ trocável nessas camadas, considerando que o nitrato que lixívia

no perfil do solo pode carrear cátions, principalmente K+, Ca2+ e Mg2+ para

camadas mais profundas, pois os elementos químicos necessitam estar

eletricamente neutros na solução do solo (Ernani, 2008).

Na primeira época de amostragem do solo, os teores de Ca2+ trocável

não diferiram (ρ>0,05) entre os manejos de N em cobertura (Tabela 5).

Possivelmente, este resultado pode estar relacionado ao pequeno intervalo

entre a primeira adubação nitrogenada de cobertura (estádio V5-6) e a primeira

época de amostragem do solo (estádio V7-8), que influenciaram na conversão

de N-NH4+ para N-NO3

-. Deve-se ressaltar que o Ca é retido no complexo de

troca com mais força que o Mg e o K, sendo o cátion predominante na CTC dos

solos. Isso se explica por sua posição na série liotrópica

(Al3+>Ca2+>Mg2+>K+=NH4+>Na+), decorrente do seu raio iônico hidratado (Melo

et al., 2009). Conforme Tisdale et al. (1993), o raio hidratado desses cátions se

distingue da seguinte forma: K+ = 0,53 nm, Ca2+ = 0,96 nm e o Mg2+ = 1,08 nm.

A valência e o raio iônico hidratado são as propriedades que definem a

dinâmica desses íons no solo, refletindo na força de atração na superfície dos

colóides com carga contrária. A força de atração é crescente com a valência do

íon, porém quanto maior o raio iônico hidratado, menor é à força de adsorção

e, portanto, maior a mobilidade do solo. Assim, o K+ é mais móvel por ser

monovalente, seguido do Mg2+, por ter raio iônico hidratado maior do que o do

Ca2+ (Benites et al., 2010).

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Tabela 5. Cálcio trocável no solo em função de manejos de nitrogênio em cobertura na primeira época de amostragem do solo, realizada aos dez dias após a primeira adubação nitrogenada de cobertura do milho irrigado, na média dos volumes de irrigação e camadas de solo Adubação nitrogenada de cobertura Cálcio trocável

------------------------------------ kg ha-1

------------------------------------ ---------- cmolc kg-1

-----------

Testemunha(1) 2,73 150(2) 2,63 300 2,66

Média 2,67 ns (1)

Sem nitrogênio em cobertura. (2)

Aplicação de 150 e 300 kg N ha-1

no estádio V5-6. ns: não significativo.

Na segunda época de amostragem do solo (estádio V14-15), realizada

dez dias após a segunda adubação nitrogenada de cobertura, houve interação

tripla (ρ<0,05) de volume de irrigação, manejos de N em cobertura e camadas

de solo para o Ca2+ trocável (Figura 15). Nessa época de amostragem, esse

atributo não foi influenciado pelos volumes de irrigação (20 e 100 mm).

Figura 15. Cálcio trocável no solo em função de manejos de nitrogênio em

cobertura e de camadas de solo para os volumes de irrigação de 20 mm (a) e 100 mm (b) na segunda época de amostragem, realizada aos dez dias após a segunda adubação nitrogenada de cobertura no milho irrigado. (1) O parcelamento da aplicação de 300 kg N ha-1 em cobertura foi realizada no estádio V5-6 e V11-12. (2) A aplicação da dose única de N em cobertura foi realizada no estádio V5-6. As barras, na horizontal, representam a DMS do teste de Tukey, com nível de 5% de significância.

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A aplicação de N em cobertura diminuiu os teores de Ca2+ trocável nas

camadas superficial (0-5 e 5-10 cm) em comparação à testemunha sem

aplicação de N em cobertura, em ambos os volumes de irrigação (Figura 15a,

b). Possivelmente, esse decréscimo ocorreu devido ao acúmulo de Ca2+ nas

raízes e parte aérea do milho, proporcionado pelo maior desenvolvimento das

plantas.

No menor volume de irrigação (20 mm), os teores de Ca2+ trocável não

diferiram nas camadas de 10-15, 15-20, 20-30 e 30-40 cm entre a aplicação

parcelada da dose de 300 kg N ha-1 em cobertura e testemunha sem aplicação

de N em cobertura (Figura 15a). Entretanto, no maior volume de irrigação (100

mm), apenas nas camadas de 15-20 e 20-30 cm foi observado este

comportamento (Figura 15b).

A aplicação de 300 kg N ha-1 em cobertura em dose única aumentou os

teores de Ca2+ trocável nas camadas de 10-15, 15-20, 20-30 e 30-40 cm

quando comparada com a testemunha sem adubação de N em cobertura no

maior volume de irrigação (100 mm) (Figura 15b). Possivelmente, o ânion NO3-,

proveniente da mineralização dos resíduos orgânicos e ou do fertilizante

nitrogenado, promoveu a movimentação descendente desse cátion no perfil do

solo, pela associação iônica na solução do solo com a neutralização

momentânea de cargas (Pearson et al., 1962; Oliveira et al., 2002a).

Corroborando com esses resultados, a aplicação de N em cobertura e o

volume de irrigação de 100 mm aumentaram o Ca2+ trocável nas camadas

inferiores do perfil do solo (Tabela 6). A mobilidade vertical do Ca no perfil do

solo é desejável, uma vez que sua presença nas camadas subsuperficiais do

solo promove o crescimento radicular.

No menor volume de irrigação (20 mm), o parcelamento da aplicação da

dose de 300 kg N ha-1 em cobertura aumentou os teores de Ca2+ trocável na

camada 20-30 cm de profundidade em relação à aplicação única de 300 kg N

ha-1 em cobertura (Figura 15a). Por outro lado, no maior volume de irrigação

(100 mm), a aplicação única de 300 kg N ha-1 em cobertura incrementou os

teores de Ca2+ trocável nas camadas 15-20 e 20-30 cm em comparação ao

parcelamento da dose de 300 kg N ha-1 (Figura 15b). Oliveira et al. (2002b),

avaliando doses de N em cobertura (na forma de ureia) e o efeito dos resíduos

num solo arenoso, durante onze meses cultivado com cana-de-açúcar,

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constataram perdas médias de 320 kg ha-1 de Ca por lixiviação. Os autores

relatam que durante o ciclo de cultivo o volume total de água foi de 2.015 mm,

fato que favoreceu o deslocamento desse cátion. Malavolta & Violante Netto

(1989) citam que a lixiviação de Ca no perfil é mais intensa em solos de textura

arenosa a média e que, se no solo ocorrer a presença de maiores quantidades

de ânions, estes podem neutralizar as cargas positivas do Ca, arrastando-o

para camadas mais profundas no solo.

Tabela 6. Coeficientes de correlação linear entre os teores de cátions básicos e nitrato nas diferentes camadas de solo e volumes de irrigação de 20 e 100 mm em duas épocas de amostragem de solo

Camadas -------------- 20 mm -------------- ------------- 100 mm -------------

--- (cm) --- Ca2+ Mg2+ K+ Ca2+ Mg2+ K+

-------------------------------------------- Estádio V7-8 -------------------------------------------- 0-5

N-NO3-

-0,30ns -0,17ns -0,42ns 0,57ns 0,82* 0,10ns 5-10 0,15ns 0,19ns 0,72* -0,27ns 0,70* 0,04ns

10-15 0,38ns 0,54ns -0,73* -0,41ns 0,27ns 0,81* 15-20 -0,29ns -0,21ns -0,58ns -0,02ns 0,51ns 0,77* 20-30 0,05ns -0,39ns -0,48ns 0,25ns -0,04ns 0,58ns 30-40 -0,12ns -0,32ns 0,67* 0,66* 0,19ns 0,56ns ------------------------------------------- Estádio V14-15 -------------------------------------------

0-5

N-NO3-

-0,74* -0,76* -0,85* -0,50ns -0,12ns -0,91* 5-10 -0,61ns -0,12ns -0,54ns -0,05ns 0,25ns -0,04ns

10-15 -0,27ns -0,47ns -0,41ns 0,57ns 0,55ns -0,62ns 15-20 -0,29ns -0,35ns -0,52ns 0,91* 0,71* -0,30ns 20-30 -0,51ns 0,18ns 0,14ns 0,95* 0,75* -0,84* 30-40 -0,01ns 0,05ns 0,21ns 0,91* 0,68* 0,04ns

* significativo a 5 % pelo teste t. ns: não significativo.

Assim como o Ca2+ trocável, o Mg2+ trocável no perfil do solo também foi

afetado pelos manejos de N em cobertura e volumes de irrigação. Na primeira

época de amostragem de solo (estádio V7-8), realizada aos dez dias após a

primeira adubação nitrogenada de cobertura, houve interações duplas (ρ<0,05)

de volumes de irrigação e camadas de solo e volumes de irrigação e manejo de

nitrogênio em cobertura para o Mg2+ trocável. Nessa época de amostragem do

solo, a segunda adubação nitrogenada de cobertura não tinha sido aplicada.

Assim, na primeira época de amostragem foram avaliados os efeitos de três

doses de N (0, 150 e 300 kg ha-1) em cobertura.

O maior volume de irrigação (100 mm) diminuiu o teor de Mg2+ trocável

na camada de 0-5 cm em comparação ao menor volume de irrigação (20 mm)

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(Figura 16). Contudo, na camada de 10-15 cm verificou-se um aumento do teor

de Mg2+ trocável com o maior volume de irrigação (100 mm). Possivelmente,

esse acréscimo no teor de Mg2+ trocável na camada de 10-15 cm no maior

volume de irrigação (100 mm) deve-se à percolação desse cátion da camada

de 0-5 cm.

Os teores de Mg2+ trocável nas camadas de 15-20, 20-30 e 30-40 cm

não diferiram (ρ>0,05) entre os volumes de irrigação, aos dez dias após a

primeira adubação nitrogenada de cobertura (Figura 16).

Figura 16. Magnésio trocável em função de volumes de irrigação de 20 e 100

mm e camadas de solo, na primeira época de amostragem de solo, realizada aos dez dias após a primeira adubação nitrogenada de cobertura do milho irrigado, na média de manejos de nitrogênio em cobertura. As barras, na horizontal, representam a DMS do teste de Tukey, com nível de 5% de significância.

A aplicação única de 300 kg N ha-1 em cobertura aumentou os teores de

Mg2+ trocável no perfil do solo quando comparado com a aplicação parcelada e

à testemunha sem aplicação de N em cobertura no maior volume de irrigação

(100 mm) (Tabela 7). Por outro lado, no menor volume de irrigação (20 mm), a

aplicação parcelada aumentou o Mg2+ trocável no perfil do solo em relação à

aplicação única de 300 kg N ha-1 em cobertura (Tabela 7).

Comparando os volumes de irrigação para a aplicação em dose única,

verifica-se que o maior volume de irrigação (100 mm) aumentou os teores de

Mg2+ trocável na média de camada de solo em relação ao menor volume de

irrigação (20 mm) (Tabela 7). Entretanto, o parcelamento do N (300 kg ha-1) em

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cobertura e a testemunha sem aplicação de N em cobertura não diferiram

(ρ>0,05) para os volumes de irrigação.

Tabela 7. Magnésio trocável no solo em função de volumes de irrigação e manejos de nitrogênio em cobertura na primeira época de amostragem do solo, realizada aos dez dias após a primeira adubação nitrogenada de cobertura do milho, na média de camada de solo

Volume de irrigação(1) Testemunha(2) Dose de adubação (kg N ha-1)

300(3) 150(4)

----------------- mm ----------------- ---------------------- cmolc kg-1

---------------------- 20 1,4 ABa 1,3 Bb 1,5 Aa 100 1,4 Ba 1,6 Aa 1,4 Ba

(1) Os volumes de irrigação foram diferenciados no estádio V7-8.

(2) Sem nitrogênio em

cobertura. (3)

Aplicação única de 300 kg N ha-1

no estádio V5-6. (4)

Aplicação de 150 kg N ha-1

no estádio V5-6. Médias seguidas pela mesma letra maiúscula, na linha, e pela mesma letra minúscula, na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5%.

Na segunda época de amostragem do solo (estádio V14-15), realizada

dez dias após a segunda adubação nitrogenada de cobertura, houve interação

tripla (ρ<0,05) de volumes de irrigação, manejo de N em cobertura e camadas

de solo para o Mg2+ trocável (Figura 17).

O teor de Mg2+ trocável foi menor com a aplicação única de 300 kg N ha-

1 em cobertura nas camadas de 0-5 e 5-10 cm em relação à testemunha sem

aplicação de N em cobertura no menor volume de irrigação (20 mm) (Figura

17a). Entretanto, nas mesmas camadas, mas no maior volume de irrigação

(100 mm), o teor de Mg2+ trocável foi similar entre a aplicação única de 300 kg

N ha-1 em cobertura e a testemunha sem aplicação de N em cobertura (Figura

17b).

O modo de aplicação do N (aplicação única e parcelada) em cobertura

não afetou os teores de Mg2+ trocável nas camadas de 10-15, 15-20, 20-30 e

30-40 cm no menor volume de irrigação (20 mm) (Figura 17a). Por outro lado,

no maior volume de irrigação (100 mm), a aplicação única de 300 kg N ha-1 em

cobertura aumentou os teores de Mg2+ trocável nas camadas de 15-20, 20-30 e

30-40 cm em relação ao parcelamento de 300 kg N ha-1 (Figura 17b).

Corroborando com esses resultados, constata-se uma correlação positiva entre

NO3- e Mg2+ trocável no solo (Tabela 6). Deve-se enfatizar que a descida do

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Mg2+ trocável no perfil do solo não significou perda total, pois houve acúmulo

desse cátion na camada subsuperficial. O acúmulo do Mg2+ foi favorecido, em

parte, pelos maiores teores de argila nessas camadas (Tabela 1).

Figura 17. Magnésio trocável no solo em função de manejos de nitrogênio em

cobertura e camadas de solo para os volumes de irrigação de 20 mm (a) e 100 mm (b) na segunda época de amostragem, realizada aos dez dias após a segunda adubação nitrogenada de cobertura no milho irrigado. (1) O parcelamento da aplicação de 300 kg N ha-1 em cobertura foi realizado nos estádios V5-6 e V11-12. (2) A aplicação da dose única de N em cobertura foi realizada no estádio V5-6. As barras, na horizontal, representam a DMS do teste de Tukey, com nível de 5% de significância.

Esse fato ameniza, em parte, o efeito do uso de altas doses de N e o

excesso hídrico. Além disso, Raij (2011) comenta que as perdas dos cátions

básicos do solo por lixiviação ocorrem com a introdução no sistema de fontes

de acidez ou doadores de prótons (H+), basicamente o NH4+ ou materiais com

N que liberam o NH4+. Portanto, ocorre o aparecimento de H+, prontamente

incorporado ao solo em forma não dissociada, bloqueando cargas negativas e

liberando bases em quantidades equivalentes. O N-NO3- não adsorvido no solo

permanece em solução quando os cátions são liberados, aumentando o teor de

sais na solução, que ficam livres para acompanhar a água de percolação.

Assim, a acidificação do solo pode ser vista pela remoção de cátions básicos

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do perfil do solo até o limite do sistema radicular (Raij, 2011). Com base nesses

dados, pode-se inferir que alta dose de fertilizante nitrogenado e alto volume

hídrico potencializam a descida do Mg2+ trocável nas camadas subsuperficiais.

Adomaitis et al. (2013) encontraram perda de 80 kg ha-1 ano de Mg2+,

lixiviado para as camadas subsuperficiais do solo (até 80 cm de profundidade)

pela aplicação anual de altas doses de fertilizantes minerais (222, 192 e 192 kg

ha-1 de N, P2O5 e K2O) por quarenta anos.

5.3.2 Potássio disponível

Os teores de K disponível no perfil do solo são enquadrados na classe

“Alto” (CQFRS/SC, 2004). Esses teores podem ser devidos às sucessivas

adubações potássicas durante 22 anos. Além disso, esse alto valor pode provir

da intemperização do material de origem do solo, que é rico em feldspato de K

(Meurer et al., 1996). Os teores iniciais de K+ disponível foram maiores na

camada superficial (0-5 cm) com decréscimo desses teores no perfil do solo

(Tabela 1).

Na primeira época de amostragem de solo (estádio V7-8), realizada aos

dez dias após a primeira adubação nitrogenada de cobertura, houve interações

duplas (ρ<0,05) manejo de nitrogênio em cobertura e camadas de solo e

volumes de irrigação e manejos de nitrogênio em cobertura. Nessa época de

amostragem do solo, a segunda adubação nitrogenada de cobertura não tinha

sido aplicada. Assim, na primeira época de amostragem foram avaliados os

efeitos de três doses de N (0, 150 e 300 kg ha-1) em cobertura e dois volumes

de irrigação (20 e 100 mm).

A aplicação da maior dose de N (300 kg ha-1) em cobertura não diferiu

(ρ>0,05) os teores de K+ disponível no solo nas camadas de 0-5, 5-10, 10-15 e

15-20 cm em comparação à testemunha sem aplicação de N em cobertura

(Figura 18). Contudo, com a aplicação da dose de 150 kg N ha-1 em cobertura

os teores de K+ disponível foram menores nas camadas de 0-5, 5-10 e 15-20

cm em relação à testemunha sem aplicação de N em cobertura.

Apesar das variações na distribuição do teor de K+ disponível no perfil do

solo ser independente do manejo do N em cobertura, houve acúmulo desse

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nutriente nas camadas de 0-5, 5-10 e 10-15 cm, aos dez dias após a primeira

adubação nitrogenada de cobertura (Figura 18). A adição do adubo potássico

superficialmente ou na linha de semeadura, o contínuo aporte de resíduos e o

mínimo revolvimento do solo propiciam grande concentração de K na superfície

do solo (Anghinoni, 2007). Além disso, o K pode ser quase totalmente liberado

a partir da palha antes de decomposição do tecido, pois está presente em

órgãos da planta como um íon e não está vinculado a compostos orgânicos

(Marschner, 1995).

A aplicação de N em cobertura aumentou os teores de K+ disponível na

camada de 30-40 cm, aos dez dias após a primeira adubação nitrogenada de

cobertura em relação à testemunha sem aplicação de nitrogênio em cobertura

(Figura 18). Provavelmente, a baixa interação do K com as cargas negativas do

solo e os baixos valores de pH do solo afetaram o deslocamento desse

nutriente no perfil do solo. Conforme Quaggio (2000), os baixos valores de pH,

como no caso deste experimento, aumentaram a lixiviação de K, mesmo em

solo argiloso normalmente considerado pouco propício para essa ocorrência.

Deste modo, em solos minerais ácidos, a lixiviação de cátions segue a ordem:

K+ > Mg2+ >Ca2+ > Al3+ (Raij, 1989).

Figura 18. Potássio no solo em função de manejos de nitrogênio em cobertura

e camadas de solo na primeira época de amostragem realizada aos dez dias após a primeira adubação nitrogenada de cobertura do milho irrigado, na média de volumes de irrigação. Nessa época de amostragem, foram aplicadas no estádio V5-6 as doses de 150 e 300 kg N ha-1. As barras, na horizontal, representam a DMS do teste de Tukey, com nível de 5% de significância.

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No maior volume de irrigação (100 mm), a aplicação única de N em

cobertura aumentou os teores de K+ disponível na média de camadas de solo

em relação à aplicação parcelada de N e a testemunha sem aplicação de

nitrogênio (Tabela 8). Este efeito pode estar associado ao aumento do pH do

solo (Figura 7b), que aumenta o número de cargas elétricas negativas do solo

(Albuquerque et al., 2000), e assim, parte do K da solução passa a ser

adsorvido eletrostaticamente às cargas criadas, tornando menos suscetível à

lixiviação (Ernani et al., 2007). Contudo, no menor volume de irrigação (20 mm)

não foi verificado diferença entre os manejos de nitrogênio em cobertura.

Os teores de K+ disponível na média de camadas do solo não foram

afetados pelos volumes de irrigação em ambos os manejos de nitrogênio

(aplicação única e parcelada) em cobertura (Tabela 8). Entretanto, na ausência

de N em cobertura (testemunha), os volumes de irrigação afetaram os teores

de K+ disponível no perfil do solo. Nesse manejo, o maior volume de irrigação

(100 mm) diminuiu o teor de K+ disponível no perfil do solo em relação ao

menor volume de irrigação (20 mm).

Tabela 8. Teor de potássio em função de volume de irrigação e manejos de nitrogênio em cobertura na primeira época de amostragem do solo, realizada aos dez dias após a primeira adubação nitrogenada de cobertura do milho irrigado, na média de camadas de solo

Volume de irrigação(1) Testemunha(2) Dose de adubação (kg N ha-1)

300(3) 150(4)

----------------- mm ----------------- ------------------------ mg kg-1

------------------------ 20 146 Aa 137 Aa 130 Aa 100 125 Bb 146 Aa 129 Ba

(1) Os volumes de irrigação foram diferenciados no estádio V7-8.

(2) Sem nitrogênio em

cobertura. (3)

Aplicação única de 300 kg N ha-1

no estádio V5-6. (4)

Aplicação de 150 kg N ha-1

no estádio V5-6. Médias seguidas pela mesma letra maiúscula, na linha, e pela mesma letra minúscula, na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5%.

Na segunda época de amostragem do solo (estádio V14-15), realizada

aos dez dias após a segunda adubação nitrogenada de cobertura, houve

interação tripla (ρ<0,05) de volumes de irrigação, manejo de N em cobertura e

camadas de solo para o Mg2+ trocável (Figura 19). Nessa época de

amostragem, esse atributo não foi influenciado pelos volumes de irrigação (20

e 100 mm).

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Figura 19. Potássio no solo em função de manejos de nitrogênio em cobertura

e camadas de solo para os volumes de irrigação de 20 mm (a) e 100 mm (b) na segunda época de amostragem, realizada aos dez dias após a segunda adubação nitrogenada de cobertura no milho irrigado. (1) O parcelamento da aplicação de 300 kg N ha-1 em cobertura foi realizado nos estádios V5-6 e V11-12. (2) A aplicação da dose única de N em cobertura foi realizada no estádio V5-6. As barras, na horizontal, representam a DMS do teste de Tukey, com nível de 5% de significância.

A aplicação única de 300 kg N ha-1 em cobertura diminuiu os teores de

K+ disponível nas camadas de 0-5, 5-10, 10-15 e 15-20 cm em relação à

testemunha sem aplicação de nitrogênio em cobertura, no menor volume de

irrigação (20 mm) (Figura 19a). Possivelmente, o decréscimo observado deve-

se à alta demanda inicial de K pelo milho. Segundo Karlen et al. (1988), as

plantas, em geral, acumulam cerca de 40% de todo o K necessário para seu

desenvolvimento em apenas 52 dias após a emergência. Além disso, o

acúmulo de resíduos vegetais na superfície do solo, em razão da baixa

mobilização do solo, em sistemas conservacionistas tem contribuído para a

maior proliferação de raízes nas camadas superficiais (Yibirin et al., 1993). Por

outro lado, no maior volume de irrigação (100 mm), esse comportamento foi

similar nas camadas de 0-5, 5-10, 10-15, 15-20 e 20-30 cm (Figura 19b).

No menor volume de irrigação (20 mm), a aplicação única de 300 kg N

ha-1 em cobertura aumentou o teor de K+ disponível na camada de 30-40 cm

em relação à testemunha sem aplicação de nitrogênio em cobertura (Figura

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19a). Contudo, para a mesma camada, mas no maior volume de irrigação (100

mm), o teor de K+ disponível não foi afetado com a aplicação única de 300 kg N

ha-1 em relação à testemunha sem aplicação de N em cobertura (Figura 19b).

5.4 Características agronômicas

Não foi constatada interação (ρ<0,05) entre os volumes de irrigação e o

manejo de N em cobertura quanto aos seus efeitos sobre o rendimento de

matéria seca da parte aérea e N acumulado no espigamento e o rendimento de

grãos, sendo então discutidos os efeitos simples pelas médias desses fatores

(Tabela 9).

O milho apresentou resposta à aplicação de N em cobertura para essas

três variáveis analisadas. Entretanto, deve-se ressaltar que o parcelamento do

nitrogênio em cobertura não foi vantajoso quando comparado com a aplicação

única de N em cobertura (Tabela 9). Essa ausência de resposta ao

parcelamento está de acordo com os resultados encontrados por Fontoura &

Bayer (2009), ao observaram que, em sete anos de experimento, o

parcelamento da adubação nitrogenada não se refletiu em aumento de

rendimento em relação à aplicação em dose única. Além disso, a melhoria da

fertilidade do solo com o passar do tempo, principalmente no sistema plantio

direto, pode ter contribuído para a redução na magnitude de importância do

modo de aplicação dos fertilizantes (Ceretta et al., 2007). Possivelmente, a

ausência de resposta para o rendimento de grãos quanto ao modo de

aplicação deve-se ao fato de que logo após a aplicação do N as parcelas foram

irrigadas, reduzindo-se as perdas por volatilização. Ao irrigar a área logo após

a aplicação da ureia ocorre redução substancial da volatilização de NH3, em

consequência do aumento do contato entre o fertilizante e as partículas de

solo. Com isso, há aumento da adsorção de NH4+ às cargas negativas do solo

(Silva et al., 1995).

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Tabela 9. Rendimento de matéria seca e quantidade de nitrogênio acumulado na parte aérea no espigamento e rendimento de grãos de milho em função de manejos de nitrogênio em cobertura e volumes de irrigação

Volume de irrigação(1)

Testemunha(2)

Adubação de 300 kg N ha

-1

Média Única

(3) Parcelada

(4)

------------------- mm ------------------- ---- Rendimento matéria seca da parte aérea (Mg ha-1

) ---- 20 14,10 18,54 19,97 17,54 a 100 13,73 17,90 19,73 17,12 a

Média 13,92 B 18,22 A 19,85 A ------------ N acumulado no espigamento (kg ha

-1) ------------

20 128 346 339 271 a 100 152 304 321 259 a

Média 140 B 325 A 330 A ----------------- Rendimento de grãos (Mg ha

-1) -----------------

20 8,61 15,14 15,42 13,05 a 100 10,02 15,16 15,17 13,45 a

Média 9,32 B 15,15 A 15,29 A (1)

Os volumes de irrigação foram diferenciados no estádio V7-8. (2)

Sem nitrogênio em cobertura.

(3) Aplicação única de 300 kg N ha

-1 no estádio V5-6.

(4) Aplicação parcelada de 150

kg N ha-1

nos estádios V5-6 e V11-12. Médias seguidas pela mesma letra maiúscula, na linha, e pela mesma letra minúscula, na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5%.

A aplicação de N em cobertura, seja em dose única ou parcelada,

aumentou o rendimento de matéria seca da parte aérea e N acumulado no

espigamento e o rendimento de grãos quando comparado à testemunha sem

aplicação de N em cobertura (Tabela 9). Provavelmente, essa menor absorção

deve estar associada à predominância de processos de imobilização em

relação à mineralização do N. A maior imobilização microbiana ocorre nas

camadas superficiais do solo no sistema plantio direto (Vargas & Scholles,

1998), podendo ser suficientemente altas para, isoladamente, afetar a

absorção de N pelas plantas.

O maior rendimento de grãos proporcionado pela adubação nitrogenada

(Tabela 9) provavelmente se deu em virtude do nitrogênio ter favorecido o

crescimento da planta e o incremento da área foliar, resultando em maior

síntese de fotoassimilados. Assim, a adubação nitrogenada deve ter favorecido

a translocação de N e fotoassimilados dos órgãos vegetativos, sobretudo das

folhas para os grãos.

É importante ressaltar que, embora a área experimental apresente pH <

5,0, a produtividade de grãos atingiu altos patamares, produzindo em média

cerca de 9,3 Mg ha-1 na testemunha sem N em cobertura (Tabela 9). As

prováveis explicações para isto são a complexação do Al por ligantes

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orgânicos, os elevados níveis de fertilidade e a utilização de irrigação no

experimento. A adoção do plantio direto por longo período (22 anos), por ter

favorecido o acúmulo de matéria orgânica e de nutrientes na camada

superficial do solo, devido ao baixo revolvimento nesse sistema, pode ter

promovido a atenuação da fitotoxidez de Al devido a sua complexação por

ligantes orgânicos (Salet et al., 1999) e à diminuição da atividade das formas

tóxicas de Al pela maior concentração iônica na solução do solo (Salet, 1998;

Giongo, 2002). Evidencia-se, assim, a contribuição do sistema plantio direto

consolidado como responsável pelo incremento da produtividade.

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6. CONCLUSÕES

Considerando as condições em que o trabalho foi desenvolvido e com

base em apenas um ano de avaliação, pode-se concluir que:

a) Na segunda época de amostragem do solo, no maior volume de irrigação

(100 mm) o nitrato, cálcio e magnésio percolaram no perfil do solo com a

aplicação única em cobertura de 300 kg N ha-1.

b) O parcelamento da adubação nitrogenada para altos rendimentos no milho é

uma alternativa eficiente para diminuir os teores de nitrato nas camadas

subsuperficiais do solo.

c) A aplicação única e parcelada de nitrogênio em cobertura e os volumes de

irrigação não afetam o rendimento de matéria seca e quantidade de nitrogênio

acumulado na parte aérea no espigamento e o rendimento de grãos de milho.

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WARNCKE, D.; BARBER, S. Ammmonium and nitrate uptake by corn (Zea mays L.) as influenced by nitrogen concentration and NH4

+ / NO3- ratio.

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8. APÊNDICES

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Apêndice 1. Análises da variância para os atributos químicos do solo na primeira época de amostragem.

Variável: pH (H2O)

FV GL SQ QM Fc Pr>Fc

BLOCO 2 0.018607 0.009304 0.242 0.8052 IRRIGA 1 0.469393 0.469393 12.208 0.0730 Erro 1 2 0.076896 0.038448

MANEJO 2 1.574402 0.787201 17.023 0.0013 IRRIGA*MANEJO 2 0.444902 0.222451 4.810 0.0425

Erro 2 8 0.369952 0.046244 CAMADA 5 2.970096 0.594019 67.185 0.0000

Erro 3 10 0.088415 0.008841 IRRIGA*CAMADA 5 0.112941 0.022588 1.628 0.1699

MANEJO*CAMADA 10 0.539787 0.053979 3.889 0.0006 IRRIGA*MANEJO*CAMADA 10 0.585531 0.058553 4.219 0.0003

Erro 4 50 0.69393 0.013879 Total corrigido 107 7.944852

Variável: amônio

FV GL SQ QM Fc Pr>Fc

BLOCO 2 3.87223 1.936115 0.193 0.8384 IRRIGA 1 65.62922 65.62922 6.533 0.1250 Erro 1 2 20.09245 10.04623

MANEJO 2 1725.837 862.9183 93.715 0.0000 IRRIGA*MANEJO 2 840.3482 420.1741 45.632 0.0000

Erro 2 8 73.66334 9.207918 CAMADA 5 1394.879 278.9759 80.499 0.0000

Erro 3 10 34.6559 3.46559 IRRIGA*CAMADA 5 1052.638 210.5276 35.104 0.0000

MANEJO*CAMADA 10 1235.192 123.5192 20.596 0.0000 IRRIGA*MANEJO*CAMADA 10 593.0785 59.30785 9.889 0.0000

Erro 4 50 299.8631 5.997261 Total corrigido 107 7339.749

Variável: nitrato

FV GL SQ QM Fc Pr>Fc

BLOCO 2 2.87768 1.43884 15.463 0.0607 IRRIGA 1 38.62841 38.62841 415.124 0.0024 Erro 1 2 0.186106 0.093053

MANEJO 2 3583.555 1791.778 985.907 0.0000 IRRIGA*MANEJO 2 445.1284 222.5642 122.464 0.0000

Erro 2 8 14.53912 1.817389 CAMADA 5 1227.18 245.436 332.785 0.0000

Erro 3 10 7.375209 0.737521 IRRIGA*CAMADA 5 145.8536 29.17072 10.774 0.0000

MANEJO*CAMADA 10 1200.544 120.0544 44.340 0.0000 IRRIGA*MANEJO*CAMADA 10 569.3637 56.93637 21.028 0.0000

Erro 4 50 135.3796 2.707592 Total corrigido 107 7370.611

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Variável: calcio

FV GL SQ QM Fc Pr>Fc

BLOCO 2 0.035207 0.017604 0.086 0.9210 IRRIGA 1 4.0368 4.0368 19.678 0.0472 Erro 1 2 0.410289 0.205144

MANEJO 2 0.16668 0.08334 0.258 0.7785 IRRIGA*MANEJO 2 1.730439 0.865219 2.682 0.1284

Erro 2 8 2.580526 0.322566 CAMADA 5 38.20111 7.640221 144.758 0.0000

Erro 3 10 0.527793 0.052779 IRRIGA*CAMADA 5 2.220611 0.444122 4.221 0.0028

MANEJO*CAMADA 10 1.787787 0.178779 1.699 0.1071 IRRIGA*MANEJO*CAMADA 10 1.22525 0.122525 1.164 0.3365

Erro 4 50 5.261385 0.105228 Total corrigido 107 58.18387

Variável: magnésio

FV GL SQ QM Fc Pr>Fc

BLOCO 2 0.015556 0.007778 0.122 0.8915 IRRIGA 1 0.018148 0.018148 0.284 0.6474 Erro 1 2 0.127785 0.063893

MANEJO 2 0.028289 0.014144 0.649 0.5482 IRRIGA*MANEJO 2 0.717963 0.358981 16.461 0.0015

Erro 2 8 0.174459 0.021807 CAMADA 5 4.5739 0.91478 45.112 0.0000

Erro 3 10 0.202778 0.020278 IRRIGA*CAMADA 5 0.34873 0.069746 2.504 0.0423

MANEJO*CAMADA 10 0.463711 0.046371 1.665 0.1158 IRRIGA*MANEJO*CAMADA 10 0.505993 0.050599 1.817 0.0817

Erro 4 50 1.392689 0.027854 Total corrigido 107 8.57

Variável: potássio

FV GL SQ QM Fc Pr>Fc

BLOCO 2 667.1188 333.5594 2.296 0.3034 IRRIGA 1 453.2552 453.2552 3.120 0.2194 Erro 1 2 290.5947 145.2973

MANEJO 2 2791.261 1395.63 4.992 0.0392 IRRIGA*MANEJO 2 4118.117 2059.059 7.365 0.0153

Erro 2 8 2236.586 279.5732 CAMADA 5 49640.59 9928.119 268.209 0.0000

Erro 3 10 370.1634 37.01634 IRRIGA*CAMADA 5 1087.547 217.5093 1.937 0.1047

MANEJO*CAMADA 10 4781.23 478.123 4.258 0.0003 IRRIGA*MANEJO*CAMADA 10 1464.579 146.4579 1.304 0.2542

Erro 4 50 5615.058 112.3012 Total corrigido 107 73516.1

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Apêndice 2. Análises da variância para os atributos químicos do solo na segunda época de amostragem.

Variável: pH (H2O)

FV GL SQ QM Fc Pr>Fc

BLOCO 2 0.15405 0.077025 1.050 0.4879 IRRIGA 1 0.042801 0.042801 0.583 0.5249 Erro 1 2 0.14678 0.07339

MANEJO 2 1.780206 0.890103 22.755 0.0005 IRRIGA*MANEJO 2 0.488569 0.244284 6.245 0.0232

Erro 2 8 0.312937 0.039117 CAMADA 5 2.333119 0.466624 36.359 0.0000

Erro 3 10 0.128339 0.012834 IRRIGA*CAMADA 5 0.263794 0.052759 3.531 0.0082

MANEJO*CAMADA 10 0.746983 0.074698 5.000 0.0001 IRRIGA*MANEJO*CAMADA 10 0.259487 0.025949 1.737 0.0983

Erro 4 50 0.747028 0.014941 Total corrigido 107 7.404092

Variável: amônio

FV GL SQ QM Fc Pr>Fc

BLOCO 2 3.141874 1.570937 1.693 0.3713 IRRIGA 1 94.17336 94.17336 101.489 0.0097 Erro 1 2 1.85583 0.927915

MANEJO 2 143.6816 71.8408 79.057 0.0000 IRRIGA*MANEJO 2 50.69222 25.34611 27.892 0.0002

Erro 2 8 7.26973 0.908716 CAMADA 5 238.5513 47.71026 106.676 0.0000

Erro 3 10 4.472426 0.447243 IRRIGA*CAMADA 5 188.7963 37.75927 69.640 0.0000

MANEJO*CAMADA 10 513.9161 51.39161 94.783 0.0000 IRRIGA*MANEJO*CAMADA 10 251.6113 25.16113 46.405 0.0000

Erro 4 50 27.11014 0.542203 Total corrigido 107 1525.272

Variável: nitrato

FV GL SQ QM Fc Pr>Fc

BLOCO 2 0.127674 0.063837 0.120 0.8928 IRRIGA 1 2.285223 2.285223 4.296 0.174 Erro 1 2 1.063785 0.531893

MANEJO 2 792.0986 396.0493 529.376 0.0000 IRRIGA*MANEJO 2 92.88487 46.44243 62.077 0.0000

Erro 2 8 5.985152 0.748144 CAMADA 5 1023.069 204.6138 402.378 0.0000

Erro 3 10 5.085115 0.508511 IRRIGA*CAMADA 5 86.88656 17.37731 29.055 0.0000

MANEJO*CAMADA 10 448.8555 44.88555 75.048 0.0000 IRRIGA*MANEJO*CAMADA 10 455.8215 45.58215 76.212 0.0000

Erro 4 50 29.90467 0.598093 Total corrigido 107 2944.068

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73

Variável: cálcio

FV GL SQ QM Fc Pr>Fc

BLOCO 2 0.266991 0.133495 0.373 0.7281 IRRIGA 1 0.171204 0.171204 0.479 0.5605 Erro 1 2 0.715024 0.357512

MANEJO 2 0.541785 0.270893 0.552 0.5964 IRRIGA*MANEJO 2 5.950052 2.975026 6.059 0.0250

Erro 2 8 3.928096 0.491012 CAMADA 5 43.90267 8.780535 165.633 0.0000

Erro 3 10 0.53012 0.053012 IRRIGA*CAMADA 5 3.489863 0.697973 8.265 0.0000

MANEJO*CAMADA 10 9.870393 0.987039 11.687 0.0000 IRRIGA*MANEJO*CAMADA 10 2.186681 0.218668 2.589 0.0130

Erro 4 50 4.222635 0.084453 Total corrigido 107 75.77552

Variável: magnésio

FV GL SQ QM Fc Pr>Fc

BLOCO 2 0.043646 0.021823 0.310 0.7635 IRRIGA 1 0.087837 0.087837 1.247 0.3803 Erro 1 2 0.140869 0.070434

MANEJO 2 0.005524 0.002762 0.043 0.9578 IRRIGA*MANEJO 2 0.91748 0.45874 7.203 0.0163

Erro 2 8 0.509496 0.063687 CAMADA 5 3.016374 0.603275 39.413 0.0000

Erro 3 10 0.153065 0.015306 IRRIGA*CAMADA 5 0.32923 0.065846 3.500 0.0086

MANEJO*CAMADA 10 0.91252 0.091252 4.851 0.0001 IRRIGA*MANEJO*CAMADA 10 0.500387 0.050039 2.66 0.0110

Erro 4 50 0.940591 0.018812 Total corrigido 107 7.557019

Variável: potássio

FV GL SQ QM Fc Pr>Fc

BLOCO 2 398.265 199.1325 2.975 0.2516 IRRIGA 1 1211.963 1211.963 18.104 0.0510 Erro 1 2 133.8916 66.94578

MANEJO 2 17639.54 8819.77 27.802 0.0003 IRRIGA*MANEJO 2 994.4727 497.2364 1.567 0.2665

Erro 2 8 2537.873 317.2341 CAMADA 5 9906.944 1981.389 26.283 0.0000

Erro 3 10 753.8714 75.38714 IRRIGA*CAMADA 5 1681.036 336.2072 4.856 0.0011

MANEJO*CAMADA 10 12253.73 1225.373 17.699 0.0000 IRRIGA*MANEJO*CAMADA 10 2375.932 237.5932 3.432 0.0017

Erro 4 50 3461.639 69.23279 Total corrigido 107 53349.16

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Apêndice 3. Análises da variância para as características agronômicas do milho.

Variável: rendimento de matéria seca na parte aérea

FV GL SQ QM Fc Pr>Fc

BLOCO 2 2.608811 1.304406 0.345 0.7436 IRRIGA 1 0.772939 0.772939 0.204 0.6956 Erro 1 2 7.566144 3.783072

MANEJO 2 112.7779 56.38894 24.506 0.0004 IRRIGA*MANEJO 2 0.131211 0.065606 0.029 0.9720

Erro 2 8 18.40791 2.300989 Total corrigido 17 142.2649

Variável: quantidade de nitrogênio acumulado na parte aérea no espigamento

FV GL SQ QM Fc Pr>Fc

BLOCO 2 4267.519 2133.76 0.184 0.8443 IRRIGA 1 669.4141 669.4141 0.058 0.8323 Erro 1 2 23137.04 11568.52

MANEJO 2 140286.8 70143.39 18.781 0.0010 IRRIGA*MANEJO 2 3415.356 1707.678 0.457 0.6486

Erro 2 8 29878.94 3734.868 Total corrigido 17 201655

Variável: rendimento de grãos

FV GL SQ QM Fc Pr>Fc

BLOCO 2 4.246678 2.123339 1.321 0.4309 IRRIGA 1 0.70805 0.70805 0.440 0.5752 Erro 1 2 3.2151 1.60755

MANEJO 2 139.5757 69.78784 86.365 0.0000 IRRIGA*MANEJO 2 2.3803 1.19015 1.473 0.2854

Erro 2 8 6.464422 0.808053 Total corrigido 17 156.5902