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DIANE SANTOS MELO VIABILIDADE DA GLICERINA BRUTA NA ALIMENTAÇÃO DE SUÍNOS EM TERMINAÇÃO LAVRAS – MG 2012

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DIANE SANTOS MELO

VIABILIDADE DA GLICERINA BRUTA NA

ALIMENTAÇÃO DE SUÍNOS EM

TERMINAÇÃO

LAVRAS – MG

2012

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DIANE SANTOS MELO

VIABILIDADE DA GLICERINA BRUTA NA ALIMENTAÇÃO DE

SUÍNOS EM TERMINAÇÃO

Dissertação apresentada à Universidade Federal de Lavras, como parte das exigências do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia, área de concentração em Nutrição de Monogástricos, para a obtenção do título de Mestre.

Orientador

Dr. Vinícius de Souza Cantarelli

Coorientadores

Dr. Márcio Gilberto Zangeronimo

Dr. Paulo Borges Rodrigues

Dr. Raimundo Vicente de Sousa

LAVRAS – MG

2011

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Ficha Catalográfica Preparada pela Divisão de Processos Técnicos da Biblioteca da UFLA

Melo, Diane Santos. Viabilidade da glicerina bruta na alimentação de suínos em terminação / Diane Santos Melo. – Lavras : UFLA, 2012.

106 p. : il.

Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Lavras, 2011. Orientador: Vinicius de Souza Cantarelli. Bibliografia.

1. Biodiesel. 2. Glicerol. 3. Metabolismo. 4. Qualidade da carne.

I. Universidade Federal de Lavras. II. Título.

CDD – 636.408557

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DIANE SANTOS MELO

VIABILIDADE DA GLICERINA BRUTA NA ALIMENTAÇÃO DE

SUÍNOS EM TERMINAÇÃO

Dissertação apresentada à Universidade Federal de Lavras, como parte das exigências do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia, área de concentração em Nutrição de Monogástricos, para a obtenção do título de Mestre.

APROVADA em 16 de Dezembro de 2011.

Dr.Paulo Borges Rodrigues

Dr. Peter Bitencourt Faria

Dr. Márvio Lobão Teixeira de Abreu

Dr. Rony Antônio Ferreira

Dr. Vinícius de Souza Cantarelli Orientador

LAVRAS – MG

2011

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus pela saúde, sabedoria e por colocar,

perto de mim pessoas queridas, que me ajudaram nessa caminhada.

Ao meu pai Emídio e minha mãe Maria Marta pelo amor incondicional e

incentivo nos momentos de dificuldade. Aos meus irmãos Alexander, Veruska e

Emídio Júnior pelo carinho, que mesmo a distância, me trouxe conforto. Aos

meus queridos cunhados Rodrigo e Franciane pela assistência prestada. Aos tios

e primos pelo incentivo.

À Universidade Federal de Lavras (UFLA), ao Programa de Pós-

Graduação em Zootecnia e ao Departamento de Zootecnia pela oportunidade de

realização do curso.

Ao CNPq (Conselho Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento) pelo

financiamento do projeto que gerou esta dissertação e pela concessão da bolsa de

estudo.

Ao professor Vinícius de Souza Cantarelli pela orientação, amizade,

ensinamentos e confiança durante a realização deste trabalho.

Ao professor Peter Bitencourt Faria pela amizade, assistência, incentivo

e contribuição pelos seus conhecimentos.

Aos meus coorientadores, professor Márcio Gilberto Zangeronimo pela

ajuda indiscutível nas análises estatísticas, atenção e sugestões. Ao professor

Paulo Borges Rodrigues pelas importantes sugestões feitas para conclusão deste

trabalho.

Aos membros da banca examinadora professor Márvio Lobão Teixeira

de Abreu e professor Rony Antonio Ferreira.

Aos funcionários da Secretaria do Departamento de Zootecnia,

principalmente, à Keila Cristina de Oliveira, Joelma Xavier dos Santos , Flávio

Monteiro de Oliveira e Carlos Henrique de Souza.

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Aos funcionários de campo do Departamento de Zootecnia em especial

ao Borginho, Leandro, Hélio e Fabiano pela colaboração nas etapas de condução

dos experimentos.

Aos laboratoristas do Departamento de Zootecnia Márcio, Eliane e José

Virgílio.

A todos os professores do Departamento de Zootecnia e Medicina

Veterinária pelos ensinamentos repassados.

Ao frigorífico Nutrili, por ter auxiliado na realização deste trabalho.

A importante ajuda dos amigos do Núcleo de Estudos de Suinocultura

(NESUI): Amanda, Bárbara, Bruna, Carolina Fernandes, Carolina Teixeira,

César, Daniel; Danúbia, Evandro, Fernando, Flávio, Gabriel Antônio, Hebert,

Ítalo, Juliano, Leonardo Francisco, Leonardo Rafael, Letícia Morais, Letícia

Mendonça, Luis Gustavo, Louise, Marseile, Rhuan, Richardson, Thiago, Tila e

Túlio.

Ao Nikolas e Tiago Birro pela contribuição na montagem dos

experimentos.

A Verônica pela amizade e importantíssima contribuição neste trabalho.

A amizade e apoio incondicional de TODOS os meus amigos que

moram e frequentam o Jamba. Em especial a Nádia, Simoni, Paulinho, Lucas,

Ana Flávia, Jairo, Luciana, Mileny, Alex e Rafa Marques que me

proporcionaram muitos momentos de felicidade.

As amigas de república Stella, Ana Catarina e Gabrielle pela amizade e

incentivo.

A TODOS os antigos e novos amigos pelo carinho.

O meu MUITO OBRIGADA!!!

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RESUMO GERAL

Foi conduzido um experimento com os objetivos de avaliar os efeitos de níveis crescentes de glicerina bruta na alimentação de suínos em terminação sobre o desempenho, qualidade da carcaça e da carne e viabilidade econômica, para isso foram utilizados 30 suínos machos castrados e 30 fêmeas (peso inicial de 79,3 ± 4,0 kg). Para o desempenho foi determinado o ganho de peso diário (GPD); consumo de ração diário (CRD) e conversão alimentar (CA). Para a viabilidade econômica foi determinada a receita bruta (RB) e líquida (RL); custo total (CT) e rentabilidade (RENTAB). Foi utilizado DBC com cinco tratamentos que consistiram da inclusão de 50, 100, 150 e 200 g/kg de glicerina bruta e um tratamento controle (dieta sem glicerina), seis repetições e dois animais por unidade experimental (um macho castrado e uma fêmea). As análises feitas para a qualidade da carcaça foram o rendimento da carcaça quente (RCQ); perda de líquido da carcaça resfriada (PCR); rendimento de carne na carcaça resfriada (RCCR); espessura de toucinho (ET) e área de olho de lombo (AOL) e para qualidade da carne analisou-se as características físico-químicas e bromatológicas dos músculos Longissimus dorsi e Semimembranosus. O delineamento utilizado foi DBC, em esquema fatorial 2 x 4 + 2, sendo duas categorias sexuais (macho castrado e fêmea), quatro níveis de inclusão de glicerina bruta (50, 100, 150 e 200 g/kg) e dois tratamentos sem glicerina, totalizando dez tratamentos com seis repetições e a unidade experimental representada por cada carcaça. Houve efeito quadrático (P<0,05) para GPD e CA. As fêmeas apresentaram médias maiores (P<0,05) para RCCR e AOL e menor ET do que os machos. O RCCR foi maior (P<0,05) e ET menor (P<0,05), quando o nível de 50g/kg foi comparado ao controle. Entretanto, ao comparar o nível de 200g/kg, a AOL foi menor (P<0,05) do que o grupo controle. Houve redução linear (P<0,05) da AOL com o aumento dos níveis de glicerina. Para viabilidade econômica a RB, RL e RENTAB houve efeito quadrático (P<0,05). Para qualidade da carne, houve interação (P<0,05) entre machos e glicerina para o teor de vermelho e cinzas no pernil. Os machos apresentaram maior (P<0,05) teor de ET no pernil e no lombo quando comparados às fêmeas. No pernil, o teor protéico das fêmeas foi maior (P<0,05) do que os machos. No lombo, verificou-se que os animais da dieta controle obtiveram maior (P<0,05) teor protéico do que os de 100g/kg de glicerina e o pH final dos machos foi maior (P<0,05) do que das fêmeas. Conclui-se que níveis próximos de 100g/kg de glicerina bruta na ração de suínos em terminação é o recomendável. Níveis crescentes de glicerina bruta, a partir de 150 g/kg comprometem negativamente os parâmetros analisados, sendo o pior nível o de 200 g/kg.

Palavras-chave: Biodiesel. Glicerol. Metabolismo. Qualidade da carne

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GENERAL ABSTRACT

An experiment was conducted with the objective to evaluate the effects of increasing levels of crude glycerine in the diet for finishing pigs on performance, carcass and meat quality and economic viability, for it were used 30 barrows and 30 females (initial weight 79.3 ± 4.0 kg). For the performance was determined average daily gain (ADG), daily feed intake (DFI) and feed conversion (FC). For the economic viability was determined the gross revenue (GR) and net revenue (NR), total cost (TC) and profitability (PROFIT). The randomized block design was used (initial weight), with five treatments that consisted of inclusion 50, 100, 150 and 200 g/kg of crude glycerine and a control treatment (diet without glycerine), six replicates and two animals per experimental unit (a barrow and a female). The analyzes for carcass quality were hot carcass yield (HCY); loss of liquid from chilled carcass (LLCC); yield of chilled carcass meat (YCCM), backfat thickness (BT) and ribeye area (REA) and for quality meat was analyzed the physico-chemical and bromatological characteristics of Longissimus dorsi and Semimembranosus. The experimental design was a randomized block (initial weight) in a factorial 2 x 4 + 2, being two sex categories (barrow and female), four levels of inclusion crude glycerine (50, 100, 150 and 200 g/kg ) and two treatments without glycerine, a total of ten treatments with six replications and experimental unit represented by each carcass. There was a quadratic effect (P<0.05) for ADG and FC. Females showed higher average (P<0.05) for YCCM and REA and lower BT than the barrows. The YCCM was higher (P<0.05) and BT lower (P<0.05), when the level of 50g/kg was compared to the control group. However, when comparing the level of 200g/kg, REA was lower (P<0.05) than the control group. There was a linear decrease (P<0.05) of REA with increased glycerine levels. For economic viability GR, NR and PROFIT there was a quadratic effect (P<0.05), being the worst level of 200 g/kg. For meat quality, there was an interaction (p<0.05) between barrows and glycerine for the red and gray content in the ham. Barrows had higher (P<0.05) BT level in the ham and loin compared to females. In the ham, the protein content of female pigs was higher (p<0.05) than the barrows. In the pork loin, it was found that the animals in the control diet had higher (p<0.05) protein content than 100g/kg of crude glycerine and the final pH of barrows was higher (p<0.05) than that female pigs. It was conclude that levels around 100g/kg of crude glycerine in diets for finishing pigs is recommended. Increasing levels of crude glycerine, from 150 g/kg, although increasing HCY undertake negatively the analyzed parameters, being the worst level of 200 g/kg.

Keywords: Biodiesel. Glycerol. Metabolism. Meat quality.

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LISTA DE FIGURAS

CAPÍTULO 1

Figura 1 Produção de Biodiesel e Glicerina Bruta.......................................... 15

Figura 2 Fórmula molecular do glicerol ......................................................... 16

Figura 3 Ilustração do metabolismo do Glicerol ............................................ 20

CAPÍTULO 2

Figura 1 Ganho de peso diário (GPD) de suínos em terminação,

alimentados com rações contendo níveis crescentes de

glicerina bruta................................................................................... 50

Figura 2 Conversão alimentar (CA) de suínos em terminação, alimentados

com rações contendo níveis crescentes de glicerina bruta ............... 51

Figura 3 Rendimento da carcaça quente (RCQ) das fêmeas em

terminação, alimentadas com rações contendo níveis crescentes

de glicerina bruta .............................................................................. 54

Figura 4 Área de olho de lombo (AOL) de suínos em terminação,

alimentados com rações contendo níveis crescentes de glicerina

bruta.................................................................................................. 56

Figura 5 Receita bruta (RB) dos suínos em terminação, alimentados com

rações contendo níveis crescentes de glicerina bruta ....................... 58

Figura 6 Receita líquida (RL) dos suínos em terminação, alimentados com

rações contendo níveis crescentes de glicerina bruta ....................... 59

Figura 7 Rentabilidade (RENTAB) dos suínos em terminação,

alimentados com rações contendo níveis crescentes de glicerina

bruta.................................................................................................. 59

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CAPÍTULO 3

Figura 1 Teor de vermelho do pernil de suínos em terminação alimentados

com diferentes níveis de glicerina .................................................... 78

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LISTA DE TABELAS

CAPÍTULO 2

Tabela 1 Composição química e características da glicerina bruta utilizada .. 43

Tabela 2 Composição nutricional e valores calculados das dietas

experimentais ................................................................................... 44

Tabela 3 Médias de ganho de peso diário (GPD), consumo de ração diário

(CRD) e conversão alimentar (CA) de suínos em terminação

alimentados com diferentes níveis de glicerina bruta na dieta ......... 49

Tabela 4 Médias do rendimento da carcaça quente (RCQ), perda de

líquido da carcaça resfriada (PCR), rendimento de carne na

carcaça resfriada (RCCR), espessura de toucinho (ET) e área de

olho de lombo (AOL) de suínos em terminação, alimentados com

diferentes níveis de glicerina bruta na dieta ..................................... 53

Tabela 5 Receita bruta, custo total, receita líquida e rentabilidade de

suínos em terminação, alimentados com glicerina bruta.................. 58

CAPÍTULO 3

Tabela 1 Composição química e características da glicerina bruta utilizada .. 71

Tabela 2 Composição nutricional e valores calculados das dietas

experimentais ................................................................................... 71

Tabela 3 Médias dos componentes físico-químicos dos cortes do lombo de

suínos em função do nível de glicerina da alimentação e sexo ........ 75

Tabela 4 Médias dos componentes físico-químicos dos cortes do pernil de

suínos em função do nível de glicerina da alimentação e sexo ........ 76

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Tabela 5 Composição bromatológica dos cortes de lombo de suínos em

função do nível de glicerina na alimentação e sexo ......................... 81

Tabela 6 Composição bromatológica dos cortes de pernil de suínos em

função do nível de glicerina na alimentação e sexo ......................... 82

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SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 Introdução geral .......................................................... 13 1 INTRODUÇÃO ................................................................................ 13 2 REVISÃO DA LITERATURA ............................................................ 15 2.1 Produção e caracterização da glicerina e glicerol .............................. 15 2.2 Absorção e metabolismo do glicerol .................................................... 18 2.3 Energia metabolizável da glicerina bruta para suínos ...................... 21 2.4 Efeitos da utilização da glicerina bruta sobre o desempenho de

suínos ..................................................................................................... 23 2.5 Efeitos da utilização da glicerina bruta sobre a qualidade da

carcaça de suínos .................................................................................. 25 2.6 Efeitos da utilização da glicerina bruta sobre a qualidade da carne 27 REFERÊNCIAS ................................................................................ 33 CAPÍTULO 2 Viabilidade da glicerina bruta na alimentação de

suínos em terminação ............................................................................ 38 1 INTRODUÇÃO ................................................................................ 40 2 MATERIAL E MÉTODOS .................................................................. 42 2.1 Local de realização do experimento .................................................... 42 2.2 Animais e instalações ............................................................................ 42 2.3 Delineamento experimental.................................................................. 42 2.4 Dietas experimentais ............................................................................. 43 2.5 Procedimento experimental .................................................................. 45 2.6 Análise estatística .................................................................................. 48 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................................... 49 4 CONCLUSÃO ............... ........................................................................ 61 REFERÊNCIAS ............... ..................................................................... 62 CAPÍTULO 3 Qualidade da carne de suínos com uso de glicerina

na alimentação ................................................................................ 65 1 INTRODUÇÃO ................................................................................ 67 2 MATERIAL E MÉTODOS.................................................................. 69 2.1 Local de realização do experimento .................................................... 69 2.2 Animais e instalações ............................................................................ 69 2.3 Delineamento experimental .................................................................. 70 2.4 Dietas experimentais ............................................................................. 70 2.5 Procedimento experimental.................................................................. 72 2.6 Análise estatística .................................................................................. 73 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................................... 75 4 CONCLUSÃO ................................................................................ 84 REFERÊNCIAS ................................................................................ 85 ANEXOS ................................................................................ 88

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CAPÍTULO 1 Introdução Geral

1 INTRODUÇÃO

A suinocultura brasileira utiliza o milho como principal fonte energética

nas dietas dos animais. A participação desse cereal na alimentação dos suínos

corresponde, em média, a 70%. Por tratar-se de uma commodity, este grão tem

oscilações do seu preço no mercado nacional e internacional.

Os motivos para as variações no preço são devido à oferta e a demanda

do produto. Alguns fatores interferem na produção e produtividade do milho,

por conseguinte, na diminuição da oferta deste cereal no mercado. Fatores

climáticos como geadas e altas estiagens; utilização do milho para produção de

biocombustíveis (etanol), nos Estados Unidos e utilização do milho tanto para

alimentação animal quanto humana, acarreta uma redução dos estoques

mundiais dessa commodity. Devido à baixa oferta e ao excesso de demanda, o

preço do milho eleva-se consideravelmente. Assim sendo, a sua substituição nas

dietas animais por outras fontes alternativas é de interesse para redução de

custos com alimentação animal.

O Brasil está entre os maiores produtores e consumidores de biodiesel

do mundo, com uma produção anual, em 2010, de 2,4 bilhões de litros

(AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEO - ANP, 2011), e com um excedente

de glicerina, decorrente da produção de biodiesel, em torno de 240 mil

toneladas. O uso da glicerina na alimentação de suínos pode ser uma alternativa

interessante na redução do custo das rações animal, devido ao aumento da oferta

deste coproduto no mercado e pelo seu valor energético, similar ao milho, que

pode ser explorado na alimentação.

Estudos das potencialidades e restrições ao uso da glicerina na

alimentação animal tornam-se importantes para adequada formulação das dietas

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visando atender às exigências nutricionais dos animais. Entretanto, os trabalhos

nacionais e internacionais, que exploram esse assunto, não são conclusivos

quanto aos efeitos da glicerina bruta, na viabilidade técnica e econômica, ao

utilizar níveis de até 200g/kg na alimentação de suínos. Níveis crescentes de

glicerina bruta de até 200 g/kg podem melhorar a rentabilidade na suinocultura,

por diminuir os custos das dietas. Na literatura, são escassos os trabalhos que

analisam a viabilidade econômica, sendo esta importante, uma vez que, em

formulações de dietas o custo dos ingredientes que as compõem é tão importante

quanto o conhecimento dos fatores nutricionais desse alimento.

Outra vantagem seria na melhora do desempenho, qualidade da carcaça

e da carne dos suínos. Assim sendo, o presente trabalho teve como objetivos:

avaliar a influência de níveis crescentes de glicerina bruta até o nível de 200

g/kg nas dietas, sobre os parâmetros de desempenho, carcaça e qualidade da

carne, assim como, a viabilidade econômica do uso da glicerina bruta na dieta de

suínos em terminação.

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2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Produção e caracterização da glicerina e glicerol

A glicerina é obtida através de um processo de transesterificação de

óleos vegetais ou gordura animal com álcoois (metanol ou etanol) através de

catalisadores que podem ser básicos, ácidos ou enzimáticos (Figura 1). Os

catalisadores básicos (geralmente, hidróxido de sódio ou de potássio) são mais

comuns, pois proporcionam uma reação mais rápida. Os três componentes (óleo,

álcool e catalisador) são agitados a uma temperatura em torno de 50°C, na qual

ocorre a transformação de triglicerídeos em moléculas menores de ésteres de

ácidos graxos (BIODIESEL BR, 2010), e tendo como coproduto a glicerina,

com teores de glicerol que variam de acordo com a matéria-prima utilizada e o

tipo de processo de produção (BIODIESEL BR, 2010).

Figura 1 Produção de Biodiesel e Glicerina Bruta

Fonte: Parente (2003)

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No final da etapa de transesterificação, glicerol e ésteres formam uma

massa líquida de duas fases e são separados por decantação ou centrifugação. A

fase superior contém ésteres etílicos ou metílicos do biodiesel. A fase inferior

contém a glicerina bruta (BIODIESEL BR, 2010).

Após a obtenção da glicerina bruta, é necessário o seu processo de

purificação, etapa considerada de alto custo. Os processos de purificação da

glicerina incluem filtração, destilação a vácuo, descoloração e troca de íons para

a remoção, principalmente, de K+ e Na+, que são componentes dos catalisadores

utilizados (OOI et al., 2004).

Normalmente, utilizam-se glicerina e glicerol como palavras sinônimas, embora

o termo glicerina refira-se a um líquido que possui uma mistura de substâncias,

dentre elas o glicerol. O glicerol ou propano-1,2,3-triol (Figura 2) é um

composto orgânico pertencente à função álcool, líquido à temperatura ambiente

(25ºC), inodoro, viscoso, de sabor adocicado e apresenta alta higroscopicidade,

solubilidade na água e etanol, insolúvel em éter e clorofórmio. Seu ponto de

fusão é de 17,8°C e ebulição de 290°C (INTERNATIONAL UNION OF PURE

AND APPLIED CHEMISTRY - IUPAC, 1993).

Figura 2 Fórmula molecular do glicerol

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A glicerina possui três graus de pureza (baixa, média e alta), onde as

variações mais pronunciadas que ocorrem são nas concentrações de água,

glicerol, ácido graxo e metanol, sendo classificadas pelo teor de glicerol como

glicerina de baixa pureza (50 a 70% de glicerol), glicerina de média pureza (71 a

90% de glicerol) e glicerina de alta pureza (acima de 90% de glicerol)

(BIODIESEL BR, 2010).

A glicerina de baixa pureza, normalmente não é comercializada pelos

fabricantes, devido ao procedimento de reciclagem do metanol remanescente da

transesterificação que é recuperado para o sistema e, neste processo, há a

retirada de água, ácidos graxos livres entre outras substâncias, produzindo a

glicerina semipurificada de média pureza, essa sim, disponível para

comercialização. As características físicas, químicas e nutricionais da glicerina

bruta dependem do tipo de ácido graxo (proveniente da gordura animal ou do

óleo vegetal), do tipo de catálise e processo de produção do biodiesel. No

entanto, a procura pela glicerina purificada é muito maior, pelo seu valor

econômico (RIVALDI et al., 2008).

A glicerina é permitida como aditivo em alimentos e também,

considerada como substância “GRAS” (Generally Regraded as Safe) pelo FDA

(Food and Drug Administration). No Brasil, seu uso em produtos alimentícios é

assegurado pela Resolução de nº386, de 5 de agosto de 1999 (COSTENARO,

2009).

Schröder e Südekum (1999), demonstraram que a glicerina de baixa

pureza pode ser usada para ruminantes. Entretanto, a glicerina de média pureza

(bruta), além de possuir maior teor de glicerol tem menores teores de água,

metanol, ácidos graxos livres e ésteres, o que a torna mais interessante do ponto

de vista nutricional.

A glicerina pura é a melhor para o uso na alimentação animal, pois já é

usada largamente na alimentação humana, na indústria farmacêutica e de

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cosméticos. Porém, envolve o custo adicional da purificação, tornando-se

impraticável a inclusão da glicerina pura na alimentação animal

(HANCZAKOWSKA et al., 2010; THOMPSON; HE, 2006). Sendo assim,

parece ser mais adequado o uso da glicerina de média pureza.

Por ser uma alternativa nutricional interessante na alimentação animal, a

glicerina precisa ter sua absorção e metabolismo intermediário conhecidos, pois

estes fatores poderão influenciar no aproveitamento deste coproduto pelo

animal.

2.2 Absorção e metabolismo do glicerol

O glicerol absorvido no intestino delgado pode ser proveniente da

glicerina ou ser componente de triglicerídeos da dieta. Quando oriundos das

dietas, os triglicerídeos são hidrolisados pela lípase pancreática para formar

ácidos graxos livres e glicerol, sendo este solúvel em água e facilmente

absorvido no intestino delgado, ou podem ser absorvidos após uma hidrólise

parcial dos triglicerídeos formando os monoglicerídeos. O glicerol é também

absorvido pelo estômago, no entanto, em uma taxa mais lenta que a absorção

intestinal (TAO et al.,1983).

Segundo Froger et al. (2001), existem Proteínas Integrais de Membrana

(PIM) que são componentes normais de membrana celular, responsáveis pelo

equilíbrio osmótico através do transporte de água e pequenos solutos, como o

glicerol. Elas são classificadas em dois subgrupos: aquaporinas (transporte

somente de água pelos “canais de água”) e aquagliceroporinas (transporte de

glicerol pelos “canais de água”). As aquagliceroporinas AQP3, AQP7 e AQP9

são classes de canais de água, também permeáveis ao glicerol. A AQP3 é uma

proteína necessária ao transporte de glicerol no intestino de ratos e humanos,

mas também encontrada nos olhos, rins, estômago, baço, eritrócitos e células da

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epiderme (MACDOUGALD; BURANT, 2005). A AQP7 é encontrada em alta

quantidade no tecido adiposo e pode funcionar como canal de liberação do

glicerol do tecido adiposo. Estudos verificaram que ratos deficientes na AQP7

tiveram reduzida liberação do glicerol e apresentaram severa hipoglicemia em

jejum induzido. No fígado encontra-se a AQP9 essa gliceroporina regula a

entrada de glicerol no fígado para ser utilizado como substrato gliconeogênico

(MAEDA et al., 2004).

Em ratos, a absorção intestinal do glicerol varia de 70 a 89%, e em

suínos e aves mais de 97% (BARTELT; SCHNEIDER, 2002). A alta absorção,

decorrente do pequeno peso molecular do glicerol, é por transporte passivo ao

invés de formar uma micela, como ocorre com as médias e grandes cadeias de

ácidos graxos com sais biliares (GUYTON, 1991). Devido ao glicerol ser um

soluto hidrofílico, acredita-se que seja absorvido, principalmente, por transporte

paracelular. Segundo Yuasa et al. (2003), a permeabilidade paracelular é

limitada pelo tamanho dos poros paracelular e diminui com o aumento da

molécula.Estudos evidenciam que a taxa de absorção de glicerol no lúmen

intestinal equivale a 1/4 da absorção de glicose e que a concentração entre os

compostos não é afetada (TAO et al., 1983).

Em ratos existem dois transportes de absorção do glicerol no intestino,

um transporte ativo e um passivo. O primeiro depende de um sistema de

cotransporte, sendo responsável por 70% do transporte do glicerol em baixas

concentrações. Por outro lado, Yuasa et al. (2003) em estudos “in situ” no jejuno

e cólon, verificaram que a absorção do glicerol é saturável e, possivelmente, o

transporte de glicerol pode ter um envolvimento com um cotransportador (Na –

dependente). Segundo esses autores, ao infundir 0,2 mM de glicerol no intestino

delgado de ratos, a fração de glicerol absorvido foi de 92%. A absorção não foi

alterada quando a dose de 1,0 mM foi administrada. Entretanto, ela reduziu para

73% quando a concentração da substância foi elevada para 40 mM. Portanto, a

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absorção de glicerol pode ser dependente da concentração de glicerol

(saturável).

Uma vez absorvido, o glicerol é transportado para o fígado, onde é

metabolizado pelas enzimas glicerol quinase e glicerol-3P-desidrogenase

formando o glicerol-3-fosfato, um intermediário da lipogênese, da via

gliconeogênica e das vias glicolítica e do ácido tricarboxílico (LIN, 1977; TAO

et al., 1983). O destino metabólico do glicerol irá depender do “status”

energético do animal. A oxidação do glicerol produz, em média, 22 ATP para

cada mol de glicerol (BEST, 2006) (Figura 3). No metabolismo celular, o

glicerol 3-fosfato é um metabólito central e possui triplo papel: fornecer o

esqueleto de carbono para a gliconeogênese, agir como um carregador de

equivalentes redutores do citosol para a mitocôndria para fosforilação oxidativa

e agir como estrutura de triglicerídeos (TAO et al.,1983).

Figura 3 Ilustração do metabolismo do Glicerol Fonte: Adaptado de Best (2006)

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21

De acordo com Lin (1977), o fígado é responsável por,

aproximadamente, 3/4 da capacidade total do corpo metabolizar o glicerol. Já o

rim é o órgão responsável por cerca de 1/5 desta capacidade de metabolização

do glicerol e também pela essencial reabsorção do glicerol, evitando-se excessos

de perdas na urina.

Em suínos, existe limitação na ativação de enzimas para utilização de

glicerol. Altos níveis de inclusão de glicerina na alimentação proporcionam

baixo conteúdo energético, pois o sistema enzimático (glicerol quinase) torna-se

saturado na conversão do glicerol para glicerol-3-fosfato, sendo o glicerol em

excesso excretado pela urina (DOPPENBERG;VAN DER AAR, 2007).

Portanto, a fim de evitar o fornecimento de glicerina em excesso e a

excreção de glicerol pelo animal, a concentração de glicerol presente na

glicerina utilizada em dietas deve ser analisada e sua energia metabolizável

determinada.

2.3 Energia metabolizável da glicerina bruta para suínos

A glicerina para ser utilizada em substituição parcial ao milho, como

fonte de energia na alimentação animal, precisa ter a energia metabolizável

conhecida para cada fase de vida do suíno. Devido à imaturidade enzimática e

fisiológica, leitões têm menor capacidade de metabolizar o glicerol quando

comparados a animais na fase de terminação.

Lammers et al. (2008a), realizaram 5 experimentos com leitões e suínos

em terminação. Para avaliar o valor nutricional da glicerina bruta (86,95% de

glicerol), proveniente do óleo de soja, utilizaram níveis crescentes (0, 50, 100 e

200 g/kg) desse coproduto. Foi verificado diminuição da energia metabolizável

da glicerina bruta para leitões, à medida que o nível de glicerina foi aumentando

na dieta: 50 g/kg de glicerina na dieta (3.601kcal/kg), 100 g/kg (3.239kcal/kg) e

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22

200 g/kg (2.579kcal/kg). Este fato não foi verificado para suínos em terminação,

quando alimentados com os mesmos níveis de glicerina. A diminuição da

energia metabolizável em leitões, também, foi constatada por Bartelt e Schneider

(2002), ao utilizarem glicerina pura (99,9% de glicerol), sendo 50 g/kg

(4.177kcal/kg), 100 g/kg (3.436kcal/kg) e 150 g/kg (2.524kcal/kg). Segundo

Lammers et al. (2008a), em todos os tratamentos a energia metabolizável ficou

entre 86 e 88% da energia bruta da glicerina, a exceção ocorreu para leitões

alimentados com 200 g/kg de glicerina na dieta, no qual a energia metabolizável

foi de 83% da dieta bruta, indicando declínio potencial na capacidade dos leitões

metabolizarem mais de 100 g/kg de glicerina bruta. O resultado de regressões

combinadas estimou que a energia metabolizável fosse de 3.207 kcal/kg de

glicerina bruta para animais em crescimento. Entretanto, Bartelt e Schnider

(2002), utilizando até 150 g/kg de glicerina pura, estimaram um valor de 3.525

kcal/kg.

Em estudos recentes, Kerr et al. (2009) estimaram a energia

metabolizável em leitões, com o uso da glicerina bruta de diferentes plantas de

biodiesel provenientes do óleo de soja e gordura animal. Esses autores

constataram que a energia metabolizável variou de 2.535 a 5.206 kcal/kg,

refletindo o conteúdo de glicerol, metanol e ácidos graxos presentes na glicerina

e relatou que em média, independente da fonte de glicerina, a energia

metabolizável da glicerina bruta foi 85,4% da energia bruta. Resultados

compatíveis foram encontrados por Mendoza et al. (2010), relatando que a

energia metabolizável da glicerina pura (97,7%), ao utilizar os níveis de 0 e 30%

na dieta de suínos em crescimento foi de 3.584 kcal/kg e para a dieta controle

(sem glicerina) foi de 3.820 Kcal/kg, na matéria seca. De acordo com esses

autores, o menor valor da energia metabolizável da glicerina foi em decorrência

das maiores perdas de energia na urina da dieta com 300 g/kg de glicerina

comparada à dieta controle.

Page 24: DISSERTAÇÃO_ Viabilidade da glicerina bruta na alimentação de ...

23

Entretanto, Carvalho (2011) encontrou valores mais elevados para a

energia metabolizável da glicerina bruta em estudo com 32 leitões, testando dois

tipos de glicerina: mista (gordura animal e óleo vegetal) e de óleo de soja. Sendo

a energia metabolizável encontrada para a glicerina de óleo de soja (4.556

kcal/kg) e para a mista (4.488 kcal/kg), na matéria natural.

A variação dos valores de energia metabolizável estimadas por

diferentes autores está relacionada às concentrações de glicerol, à presença de

outros compostos, como sódio e ácidos graxos presentes nas glicerinas da dieta

animal e a diferentes fases de vida dos suínos estudados. Portanto, o valor

nutricional da glicerina na alimentação animal dependerá de sua composição

química e da categoria animal trabalhada. Concentrações de metanol, sódio e

ácidos graxos deverão ser monitoradas, evitando quantidades excessivas nas

dietas de suínos e uma potencial diminuição da energia metabolizável e

comprometimento do desempenho destes (LAMMERS et al., 2008a).

2.4 Efeitos da utilização da glicerina bruta sobre o desempenho de suínos

Groesbeck et al. (2008), testando níveis de 30, 60 ou 120 g/kg de

glicerina associada ou não com o óleo de soja, em dietas para leitões,

observaram, efeito positivo no consumo de ração e melhoria no ganho de peso

em dietas com níveis crescentes de óleo de soja e/ou óleo de soja com glicerina,

no entanto, dietas com glicerina não tiveram efeito na conversão alimentar.

Segundo estes autores a inclusão de até 120 g/kg de glicerina proporciona

melhora na palatabilidade da dieta, por conseguinte, no consumo de ração. O

mesmo resultado foi encontrado por Zijlstra et al. (2009), em estudo com leitões

alimentados com até 80 g/kg de glicerina, no qual observou aumento no peso

final dos animais comparado à dieta controle, sem glicerina. Em contrapartida,

Della Casa et al. (2009) verificaram efeito negativo no consumo de ração, ganho

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24

de peso e conversão alimentar para suínos em crescimento e terminação,

alimentados com ração contendo 100 g/kg de glicerina bruta. Em pesquisas

anteriores, Kijora et al. (1995) utilizando 300 g/kg de glicerina bruta de origem

vegetal, para suínos em crescimento e terminação, constataram menor ganho de

peso e pior conversão alimentar, mas sem afetar o consumo de ração.

Lammers et al. (2008b) em um experimento com 96 leitões, utilizando

níveis de 50 e 100 g/kg de glicerina bruta (84,51% de glicerol) não observaram

alteração nas características de desempenho quando utilizado até 100 g/kg de

glicerina bruta na dieta. Estes resultados são similares quando houve adição de

até 50 g/kg da glicerina em rações à base de farelo de trigo e soja (MOUROT et

al., 1994).

Em estudos recentes Berenchtein et al. (2010), recomendam que até o

nível de 90 g/kg de glicerina bruta na ração não prejudica o desempenho de

suínos na fase de crescimento e terminação. Assim como Mendoza et al. (2010),

que indicaram o nível de até 150 g/kg de glicerina purificada na dieta de suínos

em terminação como não tendo efeito prejudicial no desempenho dos animais.

Hansen et al. (2009), em estudo com suínos em crescimento e terminação,

utilizando níveis de glicerina bruta (0, 40, 80, 120 e 160 g/kg) relataram que na

primeira semana experimental o consumo de ração e ganho de peso diário dos

animais diminuiu linearmente com aumento dos níveis de glicerina bruta na

dieta. Entretanto, quando considerado todo o período de estudo, níveis

crescentes de glicerina bruta não afetaram negativamente o desempenho dos

animais. Este fato indica que suínos se adaptam à crescente inclusão desse

ingrediente energético na dieta. Carvalho (2011), também, não observou efeito

da glicerina mista (gordura animal e óleo de soja) ou da glicerina proveniente do

óleo de soja, até o nível de 120 g/kg de inclusão quando utilizada nas dietas de

leitões.

Page 26: DISSERTAÇÃO_ Viabilidade da glicerina bruta na alimentação de ...

25

Schieck et al. (2010), testando 3 tratamentos para suínos em fase de

crescimento, sendo: o tratamento controle, sem adição de glicerina bruta na

dieta, e os outros dois tratamentos contendo 80 g/kg de glicerina na dieta, sendo

que as dietas com glicerina foram fornecidas ao longo do período experimental

(longo prazo) e em curto período experimental (curto prazo). Os resultados desse

estudo indicaram que suínos do tratamento a longo prazo (LP) tiveram consumo

de ração maior que o tratamento controle (C), sendo o controle semelhante ao

tratamento a curto prazo (CP). O ganho de peso dos animais foi maior para LP

quando comparado aos demais tratamentos e a conversão alimentar tendeu a ser

melhor para C e CP, do que para LP.

Diante do exposto, observa-se a discrepância dos resultados de

desempenho dos suínos ao utilizar níveis crescentes de glicerina (bruta ou pura).

Essa variação de resultados reflete a variabilidade química das glicerinas e a

relação do seu efeito com as diferentes fases produtivas dos animais.

2.5 Efeitos da utilização da glicerina bruta sobre a qualidade da carcaça de suínos

Em pesquisas recentes, Della Casa et al. (2009), não encontraram

nenhuma diferença nas características de carcaça com a suplementação de

glicerina purificada com 0, 50 ou 100 g/kg na dieta de suínos nas fases de

crescimento e terminação. Assim como, Mendoza et al. (2010) utilizando

glicerina purificada para animais em terminação e verificaram que a inclusão de

até 150 g/kg de glicerina não proporcionou efeitos prejudiciais sobre as

características de carcaça dos suínos. O mesmo foi reportado por Berenchtein et

al. (2010), utilizando glicerina semipurificada. Estes autores explanaram que o

nível de até 90 g/kg de glicerina na dieta de suínos em crescimento e terminação

não afeta negativamente a qualidade das carcaças dos suínos.

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26

Entretanto, Schieck et al. (2010) observaram que suínos na fase de

crescimento, alimentados com 80 g/kg de glicerina na dieta, durante todo o

período experimental, obtiveram maior peso da carcaça quente quando

comparados aos animais do grupo controle (sem glicerina) e aos animais

alimentados com 80 g/kg de glicerina, porém, em curto período experimental.

Neste mesmo estudo, não houve diferença entre os tratamentos para rendimento

de carcaça, espessura de toucinho e área de olho de lombo.

Há evidências de que a inclusão de glicerina na dieta de suínos em

terminação pode melhorar a capacidade de retenção de água da carne de suínos

(MOUROT et al., 1994). Esses autores reportaram que em suínos alimentados

com dietas de 50 g/kg comparado com dieta sem glicerina bruta, houve menor

perda de líquido dos músculos. Doppenberg e Van Der Aar (2007), também,

sugeriram que a glicerina adicionada à dieta de suínos em terminação aumenta a

capacidade de retenção de água da carne suína.

A retenção de água é de grande importância, porque a carne é

comercializada com base no peso da carcaça suína. Há inconsistência dos

resultados quanto à capacidade da glicerina, utilizada na alimentação animal, ter

efeito na capacidade de retenção de água nos músculos dos suínos. O tempo da

retirada da alimentação antes do abate pode explicar algumas das inconsistências

(LAMMERS et al., 2008b).

A razão para retenção de água pode ser a variação no teor de NaCl

do glicerol bruto utilizado. Adição de NaCl no post mortem faz a capacidade de

retenção de água aumentar na carne devido ao inchaço das miofibrilas, que são o

local de absorção de água na carne (OFFER; TRINICK, 1983; VOYLE;

JOLLEY; OFFER, 1984).

Portanto, glicerol bruto na dieta pode influenciar a perda por

gotejamento devido ao seu conteúdo de NaCl. Caso, o glicerol bruto contenha

uma quantidade substancial de NaCl e se os pesquisadores não o considerarem

Page 28: DISSERTAÇÃO_ Viabilidade da glicerina bruta na alimentação de ...

27

nas formulações das dietas, o maior teor de NaCl pode afetar a força iônica do

músculo, fazendo as miofibrilas incharem por causa da água (OFFER;

TRINICK, 1983; VOYLE; JOLLEY; OFFER, 1984). Somado a esse fato,

o glicerol tem propriedades osmóticas que possibilitam maior retenção de

líquidos. Caso a glicerina tenha um teor maior de glicerol, as propriedades

osmóticas do glicerol podem levar a uma maior capacidade de retenção de água.

De acordo com o explanado, espera-se que a glicerina bruta tenha influência na

qualidade da carne de suínos.

2.6 Efeitos da utilização da glicerina bruta sobre a qualidade da carne

A carne é composta por tecido adiposo, conjuntivo e muscular sendo que

este último é o maior componente da carne. A massa muscular produzida por um

animal e a velocidade de crescimento depende do número de fibras musculares

(hiperplasia) que compõe um músculo e do diâmetro de cada fibra (hipertrofia)

(FORREST et al., 1979). A unidade estrutural essencial de todos os músculos é a

fibra. Em animais saudáveis, os diâmetros das fibras musculares diferem de um

músculo para o outro e entre as espécies, raças e sexos (FORREST et al., 1979).

Eles aumentam com a idade, plano de nutrição e exercício (FORREST et al.,

1979).

O tecido muscular é composto basicamente por três tipos de fibras

musculares: oxidativas de contração lenta (Tipo I, vermelhas e aeróbicas),

intermediárias de contração rápida (Tipo II B, oxidativas - glicolíticas) e as

glicolíticas de contração rápida (Tipo II A, brancas, anaeróbicas) (PRICE;

SCHWEIGERT, 1976). As características fisiológicas e metabólicas e o

tamanho final do tecido muscular, uma vez cessado o crescimento, dependem

grandemente da proporção dos tipos de fibras. Os músculos que contêm muitas

fibras do tipo I são chamados de músculos vermelhos, por serem mais escuros

Page 29: DISSERTAÇÃO_ Viabilidade da glicerina bruta na alimentação de ...

28

do que os outros músculos. Os músculos vermelhos são adaptados para

contrações duradoras, lentas (PRICE; SCHWEIGERT, 1976). Os músculos

brancos, que contêm maior número de fibras tipo II estão adaptados para a

contração rápida por curto período de tempo (PRICE; SCHWEIGERT, 1976). O

músculo Longissimus dorsi contém mais fibras do tipo II e o músculo

Semimembranosus fibras do tipo IIB.

As fibras vermelhas tendem a ser menores, contêm mais mitocôndrias,

concentrações maiores de mioglobina e lipídios e uma irrigação sanguínea mais

abundante, porque grande parte de sua energia provém do metabolismo

aeróbico. Entretanto, os músculos brancos possuem maiores quantidades de

glicogênios e baixa concentração de mioglobina. Como a mioglobina armazena

oxigênio para o metabolismo aeróbico, ela é mais importante nas fibras não

glicolíticas (PRICE; SCHWEIGERT, 1976).

Com relação ao desenvolvimento muscular, fêmeas suínas são mais

eficientes que os machos castrados na produção de carne, uma vez que estes

tiveram de forma geral carcaças com maior quantidade de gordura que as fêmeas

(ROSA et al., 2008). A frequência de ocorrência de cada tipo de fibra no

músculo é influenciada pela genética, nutrição e manejo dos animais.

Quanto à genética, a seleção superintensiva de suínos para alta

eficiência na conversão alimentar e para produção de carne magra, provocou

com isso, prejuízo na capacidade de depositar gordura. Linhagens genéticas de

suínos com essa capacidade são mais susceptíveis a ter carne PSE - do

inglês pale, soft and exudative (carne pálida, flácida e exsudativa) (FORREST et

al., 1979).

Na carne PSE ocorre diminuição do pH, pois após o abate, com a

interrupção do fornecimento de oxigênio ao tecido muscular, inicia-se a

transformação do músculo em carne. A ausência de oxigênio nas células

musculares desencadeia processos bioquímicos, para obtenção de energia,

Page 30: DISSERTAÇÃO_ Viabilidade da glicerina bruta na alimentação de ...

29

ligados ao metabolismo anaeróbio, na tentativa de manter a sobrevivência das

células. Ocorre então, o consumo das reservas de glicogênio (glicólise

anaeróbia) e consequente formação de ácido láctico, acarretando a queda do pH,

que representa o principal determinante da qualidade final da carne (FORREST

et al., 1979).

Com a queda do pH, as proteínas atingem seu ponto isoelétrico e, com

isso, a água intimamente associada às proteínas é separada dessas moléculas

devido à anulação das cargas elétricas que as mantinham ligadas. A própria

acidificação do músculo, com a carcaça ainda quente, provoca a desnaturação de

proteínas. Lawrie (2005), demonstrou que no Longissimus dorsi de suínos,

quanto mais baixo é o pH nos 90 minutos post mortem, mais baixa é a

capacidade de reter água. Tanto a rápida queda do pH, quanto pH final muito

baixo tenderiam a desnaturar as proteínas musculares e baixar sua capacidade de

reter água. Lawrie (2005), mostrou que a desnaturação da miosina parecer ser a

causa predominante da exsudação no músculo PSE e que a intensidade da

desnaturação aumenta com a velocidade e a queda do pH post mortem. A

temperatura alta, o esforço imediatamente antes do abate e o atraso no

resfriamento da carcaça faz a condição de carne PSE se manifestar (LAWRIE,

2005).

Entretanto, se devido a uma deficiência de glicogênio, o pH permanece

após 24 horas acima de 6,2, tem-se o indício de uma carne DFD – do inglês

dark, firm, dry (carne escura, dura e seca). A carne DFD é um problema causado

pelo estresse crônico antes do abate, que esgota os níveis de glicogênio. Há

evidências que o principal fator de indução do aparecimento da carne DFD seja

o manejo inadequado dos suínos antes do abate que conduz à exaustão física do

animal. O pH final é a causa das características físicas da cor escura e alta

capacidade de retenção de água da carne e ocorre devido à pequena quantidade

de ácido lático produzido (FORREST et al., 1979).

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30

Quanto ao fator nutricional, quando a dieta é fornecida com qualidade

adequada, o crescimento muscular é normal, porém, se a dieta não atender os

requerimentos nutricionais dos animais, estes terão desenvolvimento muscular

atípico (diminuição da massa muscular) (LAWRIE, 2005). Como na

suinocultura o custo com alimentação animal é elevado, constantemente tem-se

buscado alimentos alternativos que atendam às exigências dos animais, porém, a

baixo custo. Entretanto, esses alimentos precisam ser estudados a fim de

conhecer seus efeitos nas características físico-químicas e bromatológicas da

carne suína. A glicerina é um alimento energético alternativo que tem sido

pouco explorado quanto aos seus efeitos na qualidade da carne, principalmente,

quanto à sua capacidade em modificar a coloração e o perfil de nutrientes dela.

A cor é considerada a mais importante característica sensorial na

aparência da carne, podendo não apenas valorizá-la, mas também, depreciá-la. A

carne de suínos caracteriza-se por possuir cor uniforme, entre rosada e

avermelhada, possuindo uma pequena camada de gordura branca (SARCINELL;

VENTURINI; SILVA, 2007).

A contração das fibras musculares, a diminuição do volume ocupado

pelos miofilamentos e também a precipitação de algumas proteínas,

anteriormente solúveis dentro das células, aumentam a dispersão e reflexão da

luz pela carne, conferindo-lhe aparência mais pálida, o que é claramente

evidenciado nas carnes PSE e, contrariamente, não observado nas DFD, que

acabam absorvendo mais a luz incidente. Segundo Realini et al. (2004), a maior

luminosidade encontrada em carnes pode ser em decorrência de maior

quantidade de gordura intramuscular, pois a gordura apresenta coloração clara.

Portanto, a composição bromatológica da carne suína pode influenciar esses

parâmetros. A carne suína é composta por 76,7% de água, 2,9% de gordura

intramuscular, 19% de proteínas e 1% de minerais e vitaminas (LAWRIE,

2005).

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31

Efeitos da glicerina são explanados por Mourot et al. (1994), que

avaliando a inclusão de 50 g/kg de glicerina bruta, proveniente de sebo ou óleo

vegetal, não relataram efeito no desempenho dos animais, suínos em

crescimento e terminação, porém observaram maior capacidade de retenção de

água no músculo Longissimus dorsi, resultando em uma carne de melhor

qualidade. Neste trabalho não houve influência dos diferentes níveis de inclusão

de glicerina sobre os parâmetros de perda de peso por descongelamento e perda

de peso por cozimento. O mesmo foi ressaltado por Gomide (2010), que em

estudo com suínos em terminação, utilizando os níveis de glicerina bruta (40, 80,

120 e 160 g/kg) em substituição parcial ao milho, observaram diminuição linear

na perda de líquido por descongelamento e diminuição da força de cisalhamento

para inclusões crescentes de glicerina.

No entanto, Kijora et al. (1995), avaliando a inclusão de até 300 g/kg de

glicerina bruta de fonte vegetal para suínos em terminação não observaram

efeitos na qualidade da carne destes animais. O mesmo foi constatado por Kijora

e Kupsch (1996) que utilizando glicerina bruta ou purificada, em até 100 g/kg de

inclusão em dietas de suínos em terminação, não observaram qualquer efeito na

adição de glicerina bruta nas características de qualidade da carne.

Em pesquisas recentes Berenchtein et al. (2010) verificaram que a

glicerina bruta pode ser utilizada como ingrediente energético nas rações de

suínos em crescimento e terminação até o nível de 90 g/kg, sem afetar a

qualidade da carne dos animais. Trabalhando com níveis crescentes de até 160

g/kg de glicerina bruta na dieta de animais em crescimento e terminação, Hansen

et al. (2009), também, não observaram efeito da glicerina bruta na qualidade da

carne suína. Entretanto, Lammers et al. (2008b), apesar de não encontrarem

efeito da glicerina bruta na qualidade da carne, verificaram que animais

alimentados com dietas contendo glicerina (50 e 100 g/kg) tinham pH final

maior, no músculo Longissimus dorsi, quando comparados à dieta controle (sem

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glicerina). Utilizando glicerina purificada na dieta de suínos na fase de

crescimento e terminação, Della Casa et al. (2009), em estudo com níveis de 50

e 100 g/kg e Mendoza et al. (2010), com níveis de 50, 100 e 150 g/kg, não

detectaram efeito da glicerina nos parâmetros de qualidade da carne.

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REFERÊNCIAS

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CAPÍTULO 2 Viabilidade da glicerina bruta na alimentação de suínos em terminação

RESUMO

Objetivou-se avaliar a viabilidade técnica, econômica e da carcaça utilizando glicerina bruta nas rações de suínos em terminação. Para isso, em um experimento prévio, foi determinada a energia metabolizável da glicerina bruta para suínos em terminação, cujo valor foi de 3.475 kcal/kg. Para o desempenho e viabilidade econômica foram utilizados 30 suínos machos castrados e 30 fêmeas, (peso inicial de 79,3 ± 4,0 kg), distribuídos em DBC, cinco tratamentos ( dietas com 50, 100, 150 e 200 g/kg de glicerina bruta) e um tratamento controle (dieta sem glicerina), seis repetições e dois animais por unidade experimental (um macho castrado e uma fêmea). Na análise de desempenho foram avaliados o ganho de peso diário (GPD), consumo de ração diário (CRD) e conversão alimentar (CA). Na viabilidade econômica, foram avaliados: a receita bruta (RB), custo total (CT), receita líquida (RL) e rentabilidade (RENTAB). Para as análises das características de carcaça, o delineamento foi em DBC, em esquema fatorial 2 x 4 + 2, sendo duas categorias sexuais (macho castrado e fêmea), quatro níveis de inclusão de glicerina bruta (50, 100, 150 e 200 g/kg) e dois tratamentos com dieta controle, totalizando dez tratamentos e seis repetições, sendo a carcaça a unidade experimental. Nas características de carcaça avaliou-se o rendimento da carcaça quente (RCQ), perda de líquido da carcaça resfriada (PCR), rendimento de carne na carcaça resfriada (RCCR), espessura de toucinho (ET) e área de olho de lombo (AOL). Para GPD e CA houve efeito quadrático (P<0,05). A inclusão de glicerina bruta de 200 g/kg teve efeito (P<0,05) negativo nesses parâmetros. Para as variáveis RCCR, AOL e ET, houve diferença (P<0,05) entre machos castrados e fêmeas, sendo que pelo teste de Dunnett, RCCR foi maior (P<0,05) e ET menor (P<0,05) no nível de 50g/kg em relação aos suínos alimentados com dieta sem glicerina. Houve uma redução linear (P<0,05) da AOL com o aumento da inclusão de glicerina, sendo o maior nível (200 g/kg) com menor (P<0,05) AOL em relação aos suínos alimentados com dieta sem glicerina. Para a viabilidade econômica a RB, RL e RENTAB houve efeito quadrático (P<0,05). Assim, conclui-se que níveis próximos de 100g/kg de glicerina bruta nas rações de suínos em terminação proporcionou melhores índices para os parâmetros avaliados. O uso de glicerina a partir de 150 g/kg, apesar de aumentar RCQ, comprometeu negativamente o desempenho dos animais e a viabilidade econômica do seu uso.

Palavras-chave: Desempenho. Carcaça. Finanças.

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ABSTRACT

The objective was to evaluate the technical viability, economic and carcass using crude glycerine in diets for finishing pigs. For this, in a previous experiment was determined metabolizable energy of crude glycerine for finishing pigs, and the value determined was 3.475 kcal/kg. For performance and economic viability were used 30 barrows and 30 female pigs, (initial weight of 79.3 ± 4.0 kg), distributed in a randomized block design, with five treatments (diets with 50, 100, 150 and 200 g/kg of crude glycerine) and a control treatment (diet without glycerin), six replicates and two animals per experimental unit (one barrow and one female). In performance analysis were assessed the average daily gain (ADG), daily feed intake (DFI) and feed conversion (FC). For economic viability were assessed: gross revenue (GR), the total cost (TC), net revenue (NR) and profitability (PROFIT). For the analysis of carcass characteristics, the design was a randomized block design in a factorial 2 x 4 + 2, being two sex categories (barrow and female), four levels of inclusion crude glycerine (50, 100, 150 and 200 g/kg) and two treatments with control diet, with a total of ten treatments and six replications, carcass being the experimental unit. Carcass characteristics were evaluated hot carcass yield (HCY), loss of liquid from chilled carcass (LLCC), yield of chilled carcass meat (YCCM), backfat thickness (BT) and ribeye area (REA). For ADG and FC was a quadratic effect (P<0.05). The inclusion of crude glycerine 200 g/kg had effect (P<0.05) negative in these parameters. For variables YCCM, REA and BT there was difference (P<0.05) between barrows and females, and that by Dunnett's test, YCCM was higher (P<0.05) and BT lower (P<0.05) at the level of 50g/kg compared to pigs fed diet without glycerine. There was a linear decrease (P<0.05) of REA with increasing inclusion of glycerine, being the highest level (200 g/kg) with lower (P<0.05) REA compared to pigs fed diet without glycerine. For the economic viability of the GR, NR and PROFIT was a quadratic effect (P<0.05). Thus, it is conclude that levels around 100g/kg of crude glycerine in diets for finishing pigs provided the best indexes for the parameters evaluated. The use of glycerine from 150 g/kg, despite increasing HCY, endanger negatively animal performance and economic viability of its use.

Keywords: Performance. Carcass. Finances.

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1 INTRODUÇÃO

A suinocultura brasileira utiliza o milho como principal fonte energética

nas dietas dos animais. A participação desse cereal na alimentação dos suínos

em terminação corresponde em média a 70%. Contudo, por tratar-se de uma

commodity, este grão tem oscilações de preço no mercado nacional e

internacional, devido à baixa oferta e ao aumento da demanda que ocorre em

alguns períodos do ano. Com isso, nos períodos de entressafra ocorre a elevação

do preço desse cereal e, por conseguinte, no custo da ração. Ao considerar que

na suinocultura, aproximadamente 75% dos custos são provenientes da

alimentação, fica evidente a busca por novas fontes de alimentos energéticos.

Em outro cenário, o Brasil está entre os maiores produtores e

consumidores de biodiesel do mundo, com uma produção de 2,4 bilhões de litros

em 2010 (AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEO - ANP, 2011), e com um

excedente de glicerina, decorrente da produção de biodiesel, em torno de 240

mil toneladas. O excesso de glicerina tem se tornado um problema, visto que os

mercados que normalmente utilizam este coproduto, como as indústrias

farmacêuticas, de cosméticos, tabacos e alimentícias, o utiliza, obrigatoriamente,

na forma purificada (BIODIESEL BR, 2010). Entretanto, poucas são as

empresas que trabalham na purificação, uma vez que este processo é oneroso

(HANCZAKOWSKA et al., 2010; THOMPSON; HE, 2006). Sendo assim,

novas formas de utilização deste coproduto são necessárias para manter a

sustentabilidade da produção do biodiesel.

A glicerina bruta tem grande potencial como alimento energético

alternativo de uso aplicável na alimentação de suínos, por possuir energia

metabólica similar ao milho (LAMMERS et al., 2008). Estudos recentes

comprovam o uso da glicerina bruta com resultados satisfatórios no desempenho

e qualidade da carcaça de suínos, mostrando que a glicerina pode ser uma fonte

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de energia dietética quando utilizada em substituição parcial ao milho

(LAMMERS et al., 2008; MENDOZA et al., 2010). Todavia, a maioria desses

estudos utilizou níveis de até 160g/kg do coproduto. Assim sendo, faltam

informações sobre as vantagens no desempenho, qualidade da carcaça e,

principalmente, a viabilidade econômica da glicerina, quando utilizada em níveis

superiores aos encontrados na literatura.

Neste sentido, o objetivo deste trabalho foi avaliar o potencial efeito da

glicerina bruta, ao utilizar níveis de até 200g/kg de glicerina bruta, sobre os

parâmetros de desempenho, qualidade da carcaça e, por fim, a sua viabilidade

econômica para suínos em terminação.

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2 MATERIAL E MÉTODOS

2.1 Local de realização do experimento

O experimento foi conduzido no período de novembro a dezembro de

2010, no Centro Experimental de Suínos, do Departamento de Zootecnia da

Universidade Federal de Lavras (UFLA), no município de Lavras, região Sul do

Estado de Minas Gerais, latitude 21014’30’’ (S), longitude 45000’10’’ (O) e 910

metros de altitude.

2.2 Animais e instalações

Foram utilizados 30 suínos machos castrados e 30 suínos fêmeas da

Topigs, com peso inicial de 79,3 kg ± 4,0 kg e final de 106,2 ± 4,5, procedentes

de uma granja comercial situada em Juiz de Fora, MG.

Os animais foram distribuídos em 30 baias de piso concreto (2,3 x 1,5

m), dotadas de comedouros semiautomáticos e bebedouros tipo chupeta, no

galpão de terminação. Em cada baia foram alojados dois animais (um macho

castrado e uma fêmea). A temperatura mínima no galpão foi de 19,5 ± 3,4°C e a

máxima de 26,2 ± 2,8°C.

O abate dos animais, para obtenção das características de carcaças foi

realizado no frigorífico Nutrili, localizado no município de Lavras - MG.

2.3 Delineamento experimental

O delineamento experimental, para avaliar o desempenho e a viabilidade

econômica dos suínos, foi em blocos casualizados (peso inicial), sendo cinco

tratamentos com quatro níveis crescentes de glicerina bruta (50, 100, 150 e

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200g/kg) e um tratamento controle (sem glicerina), seis repetições e dois animais

por unidade experimental (um macho castrado e uma fêmea).

Para a avaliação da carcaça, os animais foram distribuídos em

delineamento em blocos casualizados (peso inicial), em esquema fatorial 2 x 4 +

2, sendo um macho castrado e uma fêmea, quatro níveis de inclusão de glicerina

bruta (50, 100, 150 e 200 g/kg) e dois tratamentos controle (sem glicerina).

Totalizando 10 tratamentos, seis repetições e a unidade experimental

representada por um animal.

2.4 Dietas experimentais

A glicerina bruta utilizada neste experimento foi proveniente da

produção de biodiesel (processo de transesterificação), a partir do óleo de soja

obtido da Petrobras localizada no município de Montes Claros. A composição

química e as características da glicerina bruta foram informadas pela Petrobras

(Tabela 1). A energia metabolizável da glicerina bruta foi determinada pela

metodologia de Matterson, Potter e Stutz (1965) e o valor determinado foi de

3.475 kcal/kg de ração, na matéria natural (MELO, 2011).

Tabela 1 Composição química e características da glicerina bruta utilizada

Características Resultados ¹ Sódio, g/kg 25,1 Metanol, g/kg 0,2 Resíduos Orgânicos, g/kg <0,1 Umidade, g/kg 111,2 Cinzas, g/kg 60,6 Densidade, g/ml 1,264 Glicerol, g/kg 831,2 Cor amarelo

¹Laudo fornecido pela Petrobrás

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As dietas experimentais foram isocalóricas e isonutritivas, formuladas à

base de milho e farelo de soja, suplementadas com vitaminas, minerais e

aminoácidos de forma a atender as exigências sugeridas pela Topigs. A

composição nutricional e os valores calculados das dietas experimentais

encontram-se na (Tabela 2).

Tabela 2 Composição nutricional e valores calculados das dietas experimentais

Níveis de glicerina (g/kg de matéria natural) Ingredientes

0 50 100 150 200 Milho 707,0 654,5 603,0 551,0 499,0 Farelo de soja 229,0 238,0 247,0 258,0 266,0 Glicerina bruta 0,0 50,0 100,0 150,0 200,0 Óleo de Soja 20,00 16,80 13,30 9,00 5,90 Fosfato bicálcico 11,20 11,20 11,20 11,20 11,20 Calcário calcítico 7,70 7,70 7,70 7,70 7,70 Sal (NaCl) 3,60 0,43 0,00 0,00 0,00 Premix Mineral1 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 Premix Vitamínico2 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 DL-Metionina 99% 0,09 0,10 0,10 0,10 0,15 L-Lisina 78% 1,50 1,35 1,20 1,00 0,90 L-Treonina 98% 0,07 0,07 0,07 0,07 0,07 Antibiótico3 0,20 0,20 0,20 0,20 0,20 Caulim 17,64 16,73 14,23 9,73 6,88 Valores calculados Energia Metabolizável (Kcal/kg)

3.250 3.250 3.250 3.250 3.250

Proteína bruta (g/kg) 162,0 162,0 162,0 162,0 162,0 Lisina digestível (g/kg) 8,19 8,21 8,23 8,27 8,31 Metionina digestível (g/kg) 2,50 2,50 2,50 2,50 2,50 Treonina digestível (g/kg) 5,50 5,50 5,50 5,50 5,50

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“Tabela 2, conclusão”

Níveis de glicerina (g/kg de matéria natural) Ingredientes

0 50 100 150 200 Fósforo disponível (g/kg) 3,00 3,00 3,00 3,00 3,00 Cálcio (g/kg) 6,50 6,50 6,50 6,50 6,50 Sódio (g/kg) 1,60 1,60 2,68 3,93 5,17 1,Composição, por kg do produto: cálcio, 98.800 mg; cobalto, 185mg; cobre, 15,750mg; ferro, 26.250 mg; iodo, 1.470 mg; manganês, 41.850 mg; zinco, 77.999 mg. 2 Composição, por kg do produto: ácido fólico, 116,55 mg; ácido pantotênico, 2.333,5 mg; biotina, 5,28 mg; niacina, 5.600 mg; piridoxina, 175 mg; riboflavina, 933,3 mg; tiamina, 175 mg; Vit. A, 1.225.000 U.I.; Vit. D3, 315.000 U.I.; Vit. E, 1.400 mg; Vit. K3, 700 mg; Vit B12, 6.825 mg; Selênio, 105 mg; Antioxidante: 1.500 mg. 3Antibiótico à base de tilosina granulada. Energia metabolizável de 3.475 kcal/kg de ração.

2.5 Procedimento experimental

O período experimental foi de 30 dias, no qual, água e ração foram

fornecidos à vontade. Diariamente, foi feita a limpeza das baias, a ração

fornecida e os desperdícios foram pesados e registrados para determinação do

consumo de ração diário de cada baia. Os animais foram pesados no início e

final do período experimental, para determinação do ganho de peso e a

conversão alimentar determinada pela relação consumo de ração diário e ganho

de peso diário.

Ao final do período experimental, os animais foram submetidos ao

jejum alimentar por 16 horas. Após o jejum, os animais foram pesados para

determinar o peso final. Os 60 animais foram encaminhados ao frigorífico e

foram abatidos sob condições humanitárias, através de insensibilização elétrica

(eletronarcose), com realização posterior da sangria e evisceração.

Ao final da linha de abate foram pesadas as carcaças para determinação

do peso e rendimento da carcaça quente. As carcaças foram divididas

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longitudinalmente ao meio e pesadas. Em seguida foram resfriadas a uma

temperatura média de 1°C por 24 horas. Após as 24 horas de resfriamento, a

meia carcaça esquerda de cada animal foi seccionada na altura da última costela,

para a exposição do músculo Longissimus dorsi e do toucinho para a

determinação da espessura de toucinho (ET). Todas as mensurações foram feitas

de acordo com as normas da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos –

ABCS (1973).

Para as características de carcaça foram analisados o rendimento da

carcaça quente (RCQ); perda de líquido da carcaça resfriada (PCR); área de olho

de lombo (AOL); espessura de toucinho (ET) e o rendimento de carne na

carcaça resfriada (RCCR), esta última, por meio de análise de predição,

conforme a fórmula descrita por Guidoni (2000):

RCCR = 65,92 – (0,685 × ET) + (0,094 × PL) – (0,026 × PCQ)

Sendo:

RCCR = rendimento de carne na carcaça (%);

ET = espessura de toucinho;

PL= profundidade de lombo;

PCQ= perda da carcaça quente.

As medidas de profundidade de lombo e espessura de toucinho no ponto

P2 foram tomadas no dia da pesagem da carcaça resfriada.

Viabilidade econômica:

Para avaliar a viabilidade econômica da glicerina bruta foram levantados

preços das matérias-primas no mercado e calculado o custo da ração, segundo

Cantarelli et al. (2007) conforme descrito abaixo.

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O cálculo para Receita Bruta (RB) foi baseado no peso vivo final (PVf)

dos animais e o valor em reais recebido pelos suínos:

RB = PVf *R$

Com base nos preços dos ingredientes das dietas praticados em Lavras,

em novembro de 2011, foi determinado o custo com alimentação (Calimentação)

de cada suíno, através do consumo total de ração de cada animal, durante o

período experimental, e do custo das dietas experimentais, conforme fórmula:

Calimentação = consumo total de ração*custo da dieta

O custo do peso inicial do suíno (Csuíno) foi calculado para isolar a

variável peso inicial. Levou-se em conta o preço do suíno no início do período

experimental, de acordo com o preço do quilograma praticado pela Bolsa de

Suíno de Minas Gerais no mês de novembro de 2011, cujo cálculo foi realizado

pela fórmula:

Csuíno = peso do animal * preço do quilograma do suíno vivo

O custo total (Ctotal) foi calculado pela soma do custo com a

alimentação (Calimentação) mais o custo do peso inicial do suíno (Csuíno), de

acordo com a fórmula descrita a seguir:

Ctotal = Calimentação + Csuíno

Por fim, a Receita Líquida (RL) foi calculada subtraindo-se o custo total

(Ctotal) da Receita Bruta (RB):

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RL = RB – Ctotal

A rentabilidade (RENTAB) foi calculada pela relação da Receita líquida

(RL) com a Receita Bruta (RB):

RENTAB = RL/RB

2.6 Análise estatística

Os dados foram analisados pelo programa estatístico SAS (SAS

INSTITUTE, 1996). As variáveis relacionadas à qualidade da carcaça com

respostas de efeitos significativos na análise de variância (Teste F) para os

fatores níveis de glicerina e sexo e/ou interação entre essas variáveis, foram

submetidas à regressão e ao teste de médias Dunnett, usado para comparar cada

nível de glicerina com a dieta referência (sem glicerina), (α= 0,05). Assim como

as variáveis relacionadas ao desempenho e à viabilidade econômica com efeitos

significativos na análise de variância (Teste F) para os fatores níveis de glicerina

foram submetidas à regressão e ao teste de médias Dunnett (α= 0,05).

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3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados de ganho de peso diário (GPD), consumo de ração diário

(CRD) e conversão alimentar (CA) de suínos em terminação estão representados

na Tabela 3.

Tabela 3 Médias de ganho de peso diário (GPD), consumo de ração diário (CRD) e conversão alimentar (CA) de suínos em terminação alimentados com diferentes níveis de glicerina bruta na dieta

Glicerina (g/kg) Variável Controle

50 100 150 200

CV

(%)

CDR (g/d) 2.754 2.685 2.976 2.971 2.939 8,08

²GPD (g/d)1 968 874 1.029 902 700* 6,02

³CA1 2,87 3,09 2,93 3,31* 4,20* 7,92

* Difere do tratamento controle pelo teste Dunnett (P<0,05) 1 Efeito quadrático significativo para níveis de glicerina (P<0,05). ²Y = -0,0357X² + 7,627X + 592,25 (R² = 0,96) ; ³Y = 0,0001 X² - 0,0188X + 3,7675 (R² = 0,99).

Não foi observado efeito (P>0,05) da glicerina bruta no consumo de

ração diário (CRD) dos animais. Em trabalhos recentes (BERENCHTEIN et al.,

2010; HANSEN et al., 2009; MENDOZA et al., 2010), também não foi

observado diferenças no CRD ao utilizarem níveis de até 160, 90 e 150 g/kg de

glicerina na ração de suínos em terminação, respectivamente. No entanto, Della

Casa et al. (2009) verificaram efeito negativo no CRD para suínos em

terminação, alimentados com ração contendo 100 g/kg de glicerina bruta.

Houve efeito quadrático (P<0,05) para o ganho de peso diário (GPD),

sendo o nível de 106,8 g/kg de glicerina que proporcionou o maior GPD

(Figura 1).

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Figura 1 Ganho de peso diário (GPD) de suínos em terminação, alimentados com rações contendo níveis crescentes de glicerina bruta

Ao comparar os níveis de glicerina com o grupo controle (sem

glicerina), o nível de 200g/kg apresentou menor (P<0,05) GPD.

O efeito quadrático e o menor GPD para o nível de 200 g/kg, pode ser

devido à limitação na ativação de enzimas para utilização de glicerol em suínos.

Altos níveis de inclusão de glicerina na alimentação proporcionam baixo

conteúdo energético, pois o sistema enzimático (glicerol quinase) pode tornar-se

saturado na conversão do glicerol para glicerol-3-fosfato, sendo que o glicerol

em excesso é excretado pela urina (DOPPENBERG; VAN DER AAR, 2007).

Assim, a diminuição do aproveitamento da energia pode ter ocasionado menor

GPD nos animais alimentados com 200 g/kg de glicerina.

O mesmo foi observado por Mendoza et al. (2010), que ao estimar o

valor da energia metabolizável da glicerina purificada para suínos em

terminação, verificaram menor valor para o nível de 300 g/kg de glicerina

quando comparado à dieta sem esse coproduto. De acordo com esses autores, o

menor valor da energia metabolizável para o nível de 300g/kg foi em

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51

decorrência das maiores perdas de energia na urina de animais que receberam

essa dieta.

Kijora et al. (1995), em estudo com 300 g/kg de glicerina para suínos

em terminação, observaram menor GPD apesar de não verificarem diferença no

CDR, assim como neste estudo. Della Casa et al. (2009),verificaram efeito

negativo no GPD para suínos em terminação, alimentados com ração contendo

100 g/kg de glicerina bruta. Contudo, Hansen et al. (2009), utilizando níveis de

glicerina bruta de até 160 g/kg para suínos em crescimento e terminação,

relataram que na primeira semana experimental o CRD e o GPD dos animais

diminuíram linearmente com aumento dos níveis de glicerina bruta na dieta.

Entretanto, quando considerado todo o período de estudo, níveis crescentes de

glicerina bruta não afetaram negativamente o desempenho dos animais. Este fato

indica que suínos tiveram que se adaptar à inclusão desse ingrediente energético

na dieta.

Para conversão alimentar (CA), houve efeito quadrático (P<0,05), sendo

o nível de 94,0 g/kg de glicerina bruta que proporcionou melhor CA (Figura 2).

Figura 2 Conversão alimentar (CA) de suínos em terminação, alimentados com rações contendo níveis crescentes de glicerina bruta

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Houve piora (P<0,05) da CA nos níveis de 150 e 200g/kg de glicerina

bruta, quando estes foram comparados ao grupo controle. A CA piorou, pois

houve uma tendência de aumento do CRD a partir de 100 g/kg de glicerina bruta

na ração, em contrapartida houve piora do GPD que diminuiu a partir do nível

de 150 g/kg de glicerina bruta. Kijora et al. (1995) utilizando até 300g/kg de

glicerina bruta para suínos em terminação, constataram pior conversão alimentar

para o maior nível. O mesmo não foi observado por pesquisas recentes

(BERENCHTEIN et al., 2010; HANSEN et al., 2009; MENDOZA et al., 2010).

Esses autores não verificaram diferença na CA dos animais ao trabalharem com

os níveis de 160, 90 e 150 g/kg de glicerina, respectivamente.

Diante do exposto, observa-se a discrepância dos resultados de

desempenho dos suínos ao utilizar níveis crescentes de glicerina (bruta ou pura).

Esta variação de resultados reflete, possivelmente, a variabilidade química das

glicerinas, principalmente com relação à concentração de glicerol presente.

Sendo que, a utilização de grande quantidade de glicerina com alto teor de

pureza pode provocar saturação das enzimas responsáveis pelo metabolismo do

glicerol e, por conseguinte, prejudicar o desempenho dos animais.

Os resultados de rendimento da carcaça quente (RCQ), perda da carcaça

resfriada (PCR), rendimento de carne na carcaça resfriada (RCCR), espessura de

toucinho (ET) e área de olho de lombo (AOL) de suínos em terminação estão

representados na Tabela 4.

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53

Tabela 4 Médias do rendimento da carcaça quente (RCQ), perda de líquido da carcaça resfriada (PCR), rendimento de carne na carcaça resfriada (RCCR), espessura de toucinho (ET) e área de olho de lombo (AOL) de suínos em terminação, alimentados com diferentes níveis de glicerina bruta na dieta

Glicerina (g/Kg) CV(%) controle 50 100 150 200 MÉDIA �� RCQ (%) ��

MACHO 81,48 81,82 80,91 81,25 80,58 81,21 ³FÊMEA¹ 80,50 80,03 83,49* 82,08* 81,69* 80,27 MÉDIA 80,99 80,93 82,20 81,67 81,14 1,4

�� PCR (%) �� MACHO 2,95 3,02 2,80 2,94 2,96 2,93 FÊMEA 3,30 3,04 3,42 2,79 2,94 3,10 MÉDIA 3,12 3,03 3,11 2,86 2,95 17,67

�� RCCR (%) �� MACHO 56,62 58,29 57,47 57,94 56,8 57,21B FÊMEA 61,04 60,57 60,67 61,40 61,25 60,99A MÉDIA 58,83 59,43 59,07 59,67 59,03 2,63

�� ET (mm) �� MACHO 19,47 17,20 18,28 17,72 18,94 18,60A FÊMEA 13,94 14,33 13,73 12,93 13,56 13,70B MÉDIA 16,71 15,77 16,01 15,33 16,25 11,81

�� AOL (cm²) �� MACHO 43,50 43,17 43,33 41,00 37,83 42,75B FÊMEA 49,17 46,00 46,60 44,67 45,17 46,32A

4MÉDIA² 46,34 44,59 44,97 42,84 41,50* 7,04 * Difere do tratamento controle pelo teste de Dunnett (p<0,05). AB difere macho e fêmea pelo teste F (p<0,05) ¹ Efeito quadrático significativo (p<0,05) ² Efeito linear significativo (p<0,05) ³Ŷ = - 0,0004X² + 0,1034X+ 76,117 (R² = 0,71); 4Ŷ = - 0,0228X + 46,325 (R² = 0,83).

Houve interação significativa entre categoria sexual e glicerina para

rendimento da carcaça quente (RCQ), com efeito quadrático (P<0,05) da

glicerina apenas para as fêmeas (Figura 3).

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54

Figura 3 Rendimento da carcaça quente (RCQ) das fêmeas em terminação, alimentadas com rações contendo níveis crescentes de glicerina bruta

Quando o RCQ foi comparado ao tratamento controle (sem glicerina),

houve aumento (P<0,05) apenas para os níveis 100, 150 e 200 g/kg de glicerina

bruta.

O aumento do RCQ pode ser explicado por um menor teor de gordura

perirrenal e intermuscular nos suínos alimentados com dietas contendo os níveis

100, 150 e 200 g/kg de glicerina bruta. Como as fêmeas suínas são mais

eficientes que os machos castrados na produção de carne (LATORRE et al.,

2003; ROSA et al., 2008) e a deposição de gordura é inversamente

correlacionada com o número total de fibras musculares em suínos (LAWRIE,

2005), então possivelmente, houve diminuição da gordura visceral das fêmeas

suínas, sem contudo haver redução da espessura de toucinho.

Não houve efeito (P>0,05) da glicerina bruta na perda de líquido da

carcaça por resfriamento (PCR). No entanto, há evidências de que a inclusão

de glicerina na dieta de suínos em terminação pode melhorar a capacidade de

retenção de água da carne de suínos (MOUROT et al., 1994). Estes autores

reportaram que em suínos alimentados com dietas de 50 g/kg comparado com

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dieta sem glicerina bruta, houve menor perda de líquido dos músculos.

Doppenberg e Van Der Aar (2007), também, sugeriram que a glicerina

adicionada à dieta de suínos em terminação aumenta a capacidade de retenção de

água da carne suína. Entretanto, Berenchtein et al. (2010), Della Casa et

al.(2009) e Mendoza et al. (2010), em estudo com glicerina utilizando níveis de

até 100, 150 e 90 g/kg, respectivamente, não encontraram efeito da glicerina na

capacidade de retenção de líquido da carcaça.

A inconsistência dos resultados para a perda de líquido nos músculos,

pode estar relacionada ao conteúdo de sal (NaCl) e glicerol presente nas

glicerinas utilizadas nesses estudos.

O glicerol pode ter efeito na retenção de líquido na carcaça por trata-se

de um álcool que apresenta três hidroxilas (grupos OH-). Este grupo tem alta

polaridade. As fortes características hidrofílicas do grupo hidroxila são capazes

de formar ligações de hidrogênio com moléculas de água e com isso, poderia

haver retenção de água no músculo. Entretanto, a glicerina utilizada no atual

trabalho não teve efeito na retenção de líquido na carcaça resfriada,

possivelmente por possuir uma concentração de sal (NaCl) e glicerol que não foi

suficiente para ter efeito na retenção de líquido da carcaça resfriada.

Houve maior (P<0,05) rendimento de carne na carcaça resfriada

(RCCR), área de olho de lombo (AOL) e menor (P<0,05) espessura de toucinho

(ET) para as fêmeas quando comparadas aos machos castrados. A explicação

pode ser pelo fato das fêmeas suínas serem mais eficientes que os machos

castrados na produção de carne (LATORRE et al., 2003; ROSA et al., 2008),

que é inversamente correlacionada à deposição de gordura (LAWRIE, 2005),

assim sendo, já era esperado que fêmeas suínas possuíssem maior RCCR e AOL

e menor ET. Todavia, houve diferença (P<0,05) para o RCCR e ET, sendo que a

dieta com 50 g/kg de glicerina bruta, apresentou maior RCCR e menor ET

quando comparada ao grupo controle.

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56

Na equação de predição para cálculo do RCCR, proposta por Guidoni

(2000), a ET é considerada. Como a ET foi menor no nível de 50 g/kg de

glicerina, então o RCCR foi maior, pois certamente foi influenciado pelo menor

valor de ET.

Para AOL houve efeito linear (P<0,05) da glicerina, sendo que o grupo

de suínos alimentados com ração sem glicerina (grupo controle) obteve maiores

médias para AOL quando comparados aos suínos alimentados com ração

contendo 200 g/kg de glicerina bruta. (Figura 4).

Figura 4 Área de olho de lombo (AOL) de suínos em terminação, alimentados com rações contendo níveis crescentes de glicerina bruta

Segundo Lin (1977) e Tao et al. (1983), uma vez absorvido, o glicerol é

transportado para o fígado, onde é metabolizado pelas enzimas glicerol quinase e

glicerol-3P-desidrogenase formando o glicerol-3-fosfato, um intermediário da

lipogênese, da via gliconeogênica e das vias glicolítica e do ácido tricarboxílico.

Assim sendo, esperava-se um efeito positivo sobre a retenção de aminoácidos ao

utilizar níveis crescentes de glicerina na ração. Entretanto, no atual trabalho, não

foi isso o que ocorreu. O que se observou foi uma diminuição da AOL ocorrida

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57

por uma provável utilização de aminoácidos na gliconeogênese como fonte de

energia.

À medida que os níveis de glicerina foram aumentados, a AOL

diminuiu. Isso pode ter ocorrido, pois em suínos existe limitação na ativação de

enzimas para utilização de glicerol. Altos níveis de inclusão de glicerina na

alimentação podem proporcionar baixo conteúdo energético, pois o sistema

enzimático (glicerol quinase) pode torna-se saturado na conversão do glicerol

para glicerol-3-fosfato, sendo o glicerol em excesso excretado pela urina

(DOPPENBERG; VAN DER AAR, 2007). Com a diminuição do metabolismo

do glicerol, e sua menor utilização na gliconeogênese para produção de ATP, o

músculo, para manter sua homeostase, pode promover a catálise proteica

visando à formação de ATP e, por conseguinte, diminuição da AOL.

Entretanto, Berenchtein et al. (2010), Della Casa et al. (2009) e Schieck

et al. (2010) que trabalharam com níveis de glicerina, para suínos em

terminação, até o nível máximo de 100, 90 e 80 g/kg, respectivamente, não

encontraram diferença nos parâmetros de qualidade da carcaça. Estes autores,

provavelmente, não observaram efeito da glicerina sobre os parâmetros de

qualidade da carcaça, pois utilizaram níveis baixos de glicerina nas dietas.

Os resultados da receita bruta (RB), custo total (CT), receita líquida

(RL) e rentabilidade (RENTB) estão demonstrados na Tabela 5.

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Tabela 5 Receita bruta, custo total, receita líquida e rentabilidade de suínos em terminação, alimentados com glicerina bruta

Glicerina (g/kg) Variável Controle

50 100 150 200 CV (%)

²Receita Bruta (R$)1 330,62 321,78 336,01 324,52 306,14* 1,53

Custo Total (R$) 293,60 290,54 294,47 292,72 290,78 1,61

³Receita Líquida (R$)1 37,02 31,23 41,53 31,80 15,36* 18,42 4Rentabilidade (%)1 11,16 9,71 12,38 9,81 5,03* 17,59

* Difere do tratamento controle pelo teste de Dunnett (p<0,05) ¹ Efeito quadrático significativo (p<0,05), ²Ŷ = - 0,0033X² + 0,6984X+ 295,95 (R² = 0,96); ³Ŷ = - 0,0027X² + 0,5538X + 10,89 (R² = 0,98); 4Ŷ = - 0,0007X² + 0,153X + 4,0725 (R² = 0,98).

Para a RB, RL e RENTB houve efeito quadrático (P<0,05) com melhor

nível de glicerina bruta de 105,8 g/kg (Figura 5), 102,6 g/kg (Figura 6) e 109,3

g/kg (Figura 7), respectivamente.

Figura 5 Receita bruta (RB) dos suínos em terminação, alimentados com rações contendo níveis crescentes de glicerina bruta

Page 60: DISSERTAÇÃO_ Viabilidade da glicerina bruta na alimentação de ...

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Figura 6 Receita líquida (RL) dos suínos em terminação, alimentados com rações contendo níveis crescentes de glicerina bruta

Figura 7 Rentabilidade (RENTAB) dos suínos em terminação, alimentados com rações contendo níveis crescentes de glicerina bruta

O nível de 200 g/kg de glicerina bruta apresentou-se (P<0,05) com

valores inferiores de RB, RL e RENTB quando comparado ao grupo controle

(sem glicerina).

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60

A RB foi maior no nível de 105,8 g/kg de glicerina bruta, sendo que esta

leva em consideração o peso vivo final do suíno e o valor pago por ele. Como os

animais alimentados com ração contendo 200 g/kg de glicerina bruta

apresentaram menor peso vivo final do que o grupo controle (sem glicerina) e

não houve (P>0,05) efeito da glicerina no CT, então a RB do maior nível de

glicerina (200 g/kg) apresentou-se com valor inferior ao do grupo controle.

A RL é a diferença da RB pelo CT. Como o CT foi o mesmo para todas

as dietas, então, a RL foi maior para o nível de glicerina bruta que proporcionou

maior RB.

RENTAB é a relação da RL pela RB; assim sendo, a RENTB foi maior

no nível de glicerina bruta que proporcionou à maior RL em relação à RB.

Os resultados apresentados indicam que o nível ótimo econômico de

glicerina bruta na ração, de suínos em terminação, está entre 100 e 110 g/kg.

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4 CONCLUSÃO

Os níveis de glicerina bruta mais indicados para melhorar a viabilidade

técnica e econômica estão entre 100g de glicerina bruta por quilograma de ração.

O uso da glicerina bruta a partir de 150 g/kg, apesar de aumentar RCQ,

comprometeu negativamente o desempenho dos animais e a viabilidade

econômica do seu uso.

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REFERÊNCIAS

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CAPÍTULO 3 Qualidade da carne de suínos com uso de glicerina na alimentação

RESUMO

O objetivo deste trabalho foi avaliar os efeitos do fornecimento de diferentes níveis de glicerina na alimentação sobre a qualidade da carne de suínos em terminação. Foram utilizados suínos, 30 machos castrados e 30 suínos fêmeas que apresentaram peso inicial de 79,3 + 4,0 kg. Foi utilizado delineamento em blocos casualizados (peso inicial) em esquema fatorial 2 × 4 + 2, sendo duas categorias sexuais (macho castrado e fêmea), quatro níveis de glicerina bruta (50, 100, 150 e 200 g/kg) e dois grupos controle (macho castrado e fêmea alimentados com dieta sem glicerina) , totalizando dez tratamentos com seis repetições e a unidade experimental representada por um animal. Após o abate, foram realizadas as análises físico-químicas e bromatológicas dos músculos Longissimus dorsi (lombo) e Semimembranosus (pernil) do lado esquerdo das carcaças. Os resultados mostraram interação (P<0,05) entre machos castrados e os níveis de glicerina para o teor de vermelho (a*) e cinzas para o pernil. Os resultados indicaram que suínos machos castrados apresentaram maior (P<0,05) teor de extrato etéreo no pernil e no lombo quando comparados às fêmeas. No pernil, o teor proteico das fêmeas suínas foi superior (P<0,05) aos dos machos castrados. Entretanto, no lombo suíno, verificou-se que os animais alimentados com ração sem glicerina obtiveram maior (P<0,05) teor proteico do que os animais alimentados com ração contendo 100g/kg de glicerina bruta. Observou-se que nos cortes do lombo o pH final dos machos castrados foi maior (P<0,05) do que das fêmeas suínas. Contudo, apesar do uso da glicerina ter ocasionado a redução dos valores de proteína no lombo e variações na cor vermelha e teor de cinzas no pernil, de forma geral não provocou mudanças relevantes sobre as características físico-químicas e bromatológicas da carne de suínos, podendo ser utilizada até o nível de 200 g/kg na alimentação destes animais.

Palavras-chave: Biocombustível. Composição bromatológica. Composição físico-química.

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ABSTRACT

The objective of this study was to evaluate the effects of providing different levels of glycerin in the diet on meat quality of finishing pigs. Pigs were used, 30 barrows and 30 females that showed initial weight of 79.3 + 4.0 kg. Randomized block design were used (initial weight) in a factorial 2 x 4 + 2, being two sex categories (barrow and female), four levels of crude glycerin (50, 100, 150 and 200 g/kg) and two groups control (barrow and female fed diet without glycerol), a total of ten treatments with six replications and the experimental unit represented by an animal. After slaughter were carried out the analyzes physico-chemical and bromatological of Longissimus dorsi (loin) and Semimembranosus (ham) on the left side of the carcasses. The results showed interaction (P<0.05) between barrows and levels of glycerin to the red content (a*) and ash to the ham. The results indicate that barrows had higher (P<0.05) ether extract content in the ham and loin compared to females. In the loin, the protein content of females pigs was higher (P<0.05) than the barrows. However, the pork loin, it was found that animals fed a diet without glycerol had higher (P<0.05) protein content than animals fed a diet containing 100g/kg of crude glycerin. It was observed that the loin cuts the final pH of the barrows was higher (P<0.05) than the females pigs. However, despite the use of glycerin have caused the reduction of protein values in the loin and variations in the red color and ash content in the ham, generally did not cause significant changes on the physico-chemical and bromatological characteristics of pork, which may be used until the level of 200 g/kg in feeding of these animals.

Keywords: Biofuel. Bromatological composition. Physical-chemical composition.

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1 INTRODUÇÃO

A busca por combustíveis alternativos ao petróleo transformou-se em

objetivo comum de centros de pesquisa em todo o mundo nos últimos anos.

Desta forma, vem aumentando a cada dia usinas produtoras de combustíveis que

não utilizam fontes fósseis como matéria-prima. Em destaque está a produção do

biodiesel. No entanto, o crescimento da produção de biocombustíveis tem

gerado um excedente de glicerina, que o mercado tem encontrado dificuldade

para uso deste subproduto.

A disponibilidade de glicerina aumentou (AGÊNCIA NACIONAL DO

PETRÓLEO - ANP, 2011), trazendo redução do preço, e outras formas de

utilização foram criadas com intuito de melhorar o aproveitamento. Desta forma,

o uso de glicerina ou glicerol na alimentação animal pode ser uma alternativa

interessante, não só na redução do custo das dietas, mas também, para contribuir

com a sustentabilidade da produção de biodiesel. O principal uso da glicerina na

alimentação animal seria como fonte energética para inclusão diretamente na

alimentação animal.

Para a produção de suínos, a alimentação é um dos fatores de maior

custo no sistema produtivo devido à grande utilização de soja e milho na

composição das rações. Além disso, a qualidade da carne pode sofrer influências

significativas de acordo com o tipo e a quantidade de alimento fornecido. E,

apesar da grande perspectiva de uso da glicerina na produção de suínos, estudos

relacionados a alterações em relação aos aspectos físico-químicos e

bromatológicos da carne ainda são escassos.

Desta forma, mais estudos devem ser realizados com a glicerina bruta,

uma vez que, o glicerol é utilizado na lipogênese e mesmo na gliconeogênese

(LIN, 1977), o que poderia contribuir para aumento nos teores de lipídeos na

carne, redução da catálise de aminoácidos e maior acúmulo de proteína no

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músculo, além da possibilidade de alteração dos parâmetros de qualidade da

carne dependendo do nível de inclusão na dieta, principalmente de suínos em

terminação.

O objetivo, nesse estudo, foi avaliar os efeitos do fornecimento de

diferentes níveis de glicerina na alimentação sobre a qualidade da carne de

suínos em terminação.

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69

2 MATERIAL E MÉTODOS

2.1 Local de realização do experimento

O experimento foi conduzido no Centro Experimental de Suínos, do

Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Lavras (UFLA), entre

os meses de setembro e novembro, no município de Lavras, região Sul do

Estado de Minas Gerais, latitude 21014’30’’ (S), longitude 45000’10’’ (O) e 910

metros de altitude.

O abate dos animais foi realizado na Nutrili, frigorífico localizado em

Lavras - MG. Local onde as amostras dos músculos Longissimus dorsi e

Semimembranosus foram obtidas para análises de qualidade da carne. As

análises físico-químicas e bromatológicas foram realizadas no Laboratório de

Tecnologia de Carnes e Pescado do Departamento de Ciência dos Alimentos da

UFLA.

2.2 Animais e instalações

Foram utilizados 30 suínos machos castrados e 30 suínos fêmeas de alto

potencial genético, com peso inicial de 79,3 + 4,0 kg e terminados com peso de

106,2 + 4,5 kg. Os animais foram procedentes de uma granja comercial situada

em Juiz de Fora, MG.

Os animais foram distribuídos em 30 baias de piso concreto (2,3 x 1,5

m), dotadas de comedouros semiautomáticos e bebedouros tipo chupeta, no

galpão de terminação. Em cada baia foram alojados dois animais (um macho

castrado e uma fêmea). A temperatura mínima no galpão foi de 19,5 ± 3,4°C e a

máxima de 26,2 ± 2,8°C.

Page 71: DISSERTAÇÃO_ Viabilidade da glicerina bruta na alimentação de ...

70

2.3 Delineamento experimental

Os animais foram distribuídos em delineamento em blocos casualizados,

com esquema fatorial 2 x 4 + 2, sendo um macho castrado e uma fêmea, quatro

níveis de glicerina bruta na dieta (50, 100, 150 e 200 g/kg) e dois tratamentos

com dieta sem glicerina. Totalizando 10 tratamentos, seis repetições e a unidade

experimental representada por um animal.

2.4 Dietas experimentais

As dietas experimentais foram isocalóricas e isonutritivas, formuladas à

base de milho e farelo de soja, suplementadas com vitaminas, minerais e

aminoácidos, de forma a atender as exigências sugeridas pela linhagem de alto

potencial genético para ganho de carne magra. A composição química e as

características da glicerina bruta utilizada encontram-se na (Tabela 1). A

composição nutricional e os valores calculados das dietas experimentais

encontram-se na (Tabela 2). A energia metabolizável da glicerina bruta utilizada

nas dietas experimentais, cujo valor determinado foi de 3.475 kcal de glicerina

bruta por kg de ração, foi determinada em experimento prévio (MELO, 2011).

Page 72: DISSERTAÇÃO_ Viabilidade da glicerina bruta na alimentação de ...

71

Tabela 1 Composição química e características da glicerina bruta utilizada

Características Resultados ¹

Sódio, g/kg 25,1

Metanol, g/kg 0,2

Resíduos Orgânicos, g/kg <0,1

Umidade, g/kg 111,2

Cinzas, g/kg 60,6

Densidade, g/ml 1,264

Glicerol, g/kg 831,2

Cor Amarelo claro

¹Laudo fornecido pela Petrobrás

Tabela 2 Composição nutricional e valores calculados das dietas experimentais

Níveis de glicerina (g/kg de matéria natural) Ingredientes

0 50 100 150 200 Milho 707,0 654,5 603,0 551,0 499,0 Farelo de soja 229,0 238,0 247,0 258,0 266,0 Glicerina bruta 0,0 50,0 100,0 150,0 200,0 Óleo de Soja 20,00 16,80 13,30 9,00 5,90 Fosfato bicálcico 11,20 11,20 11,20 11,20 11,20 Calcário calcítico 7,70 7,70 7,70 7,70 7,70 Sal (NaCl) 3,60 0,43 0,00 0,00 0,00 Premix Mineral1 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 Premix Vitamínico2 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 DL-Metionina 99% 0,09 0,10 0,10 0,10 0,15 L-Lisina 78% 1,50 1,35 1,20 1,00 0,90 L-Treonina 98% 0,07 0,07 0,07 0,07 0,07 Antibiótico3 0,20 0,20 0,20 0,20 0,20 Caulim 17,64 16,73 14,23 9,73 6,88 Valores calculados Energia Metabolizável (Kcal/kg)

3.250 3.250 3.250 3.250 3.250

Proteína bruta (g/kg) 162,0 162,0 162,0 162,0 162,0

Page 73: DISSERTAÇÃO_ Viabilidade da glicerina bruta na alimentação de ...

72

“Tabela 2, conclusão”

Níveis de glicerina (g/kg de matéria natural) Ingredientes

0 50 100 150 200 Lisina digestível (g/kg) 8,19 8,21 8,23 8,27 8,31 Metionina digestível (g/kg) 2,50 2,50 2,50 2,50 2,50 Treonina digestível (g/kg) 5,50 5,50 5,50 5,50 5,50 Fósforo disponível (g/kg) 3,00 3,00 3,00 3,00 3,00 Cálcio (g/kg) 6,50 6,50 6,50 6,50 6,50 Sódio (g/kg) 1,60 1,60 2,68 3,93 5,17

1 Suplemeto mineral contendo , por kg do produto: selênio, 500 mg; ferro, 180 g; cobre, 20 g; manganês, 80 g; zinco, 140 g; iodo, 4 g; cobalto, 4 g e excipiente q.s.q. 1000g 2 Suplemento vitamínico contendo, por kg do produto: vitamina A, 8.000.000 UI; vitamina D3, 1.200.000 UI; vitamina E, 20g; vitamina K3, 2.500 mg; vitamina B1, 1.000 mg; riboflavina (B2), 4.000 mg; piridoxina (B6), 2.000 mg; vitamina B12, 20.000 mcg; niacina, 25.000 mg; ácido pantotênico, 10 g; ácido fólico, 600 mg; biotina, 50 mg; vitamina C, 50 g; antioxidante, 125 mg e excipiente q.s.q. 1.000 g 3 Antibiótico à base de tilosina granulada.

2.5 Procedimento experimental

Ao final de um período experimental de 30 dias, após jejum e dieta

hídrica por 16 horas, os animais foram abatidos através de insensibilização

elétrica (eletronarcose), com realização posterior da sangria e evisceração.

Após 24 horas de resfriamento das carcaças em câmara fria (+5ºC), foi

realizado a coleta de amostras dos músculos Longissimus dorsi (lombo) e

Semimembranosus (pernil) do lado esquerdo das carcaças. As amostras foram

transportadas refrigeradas para o Laboratório e em seguida congeladas para

posterior determinação das características físico-químicas e bromatológicas dos

cortes.

As determinações de pH foram realizadas com potenciômetro

DIGIMED DM-20 acoplado a um eletrodo. O valores de pH inicial (pHi) foram

tomados no músculo Longissimus dorsi aos 45 minutos após o abate e; os

valores de pH final (pHf) foram tomados nos músculos Longissimus dorsi e

Page 74: DISSERTAÇÃO_ Viabilidade da glicerina bruta na alimentação de ...

73

Semimembranosus às 24 horas após resfriamento. Para cor, foi utilizado

colorímetro MINOLTA CR 200b (Osaka - Japão), operando no sistema

CIEL*a*b*, com iluminante D65. Para a cor ainda foram determinados os

índices de saturação (C*) e o ângulo de tonalidade (h*), que foram calculados

pelas seguintes fórmulas (RAMOS; GOMIDE, 2007): C* = (a*2 + b*2)1/2 e; h*

= tan-1 (b*/a*).

A análise de perda de água por descongelamento foi realizada segundo

metodologia preconizada por Farouk e Price (1994). Para determinação da perda

de peso por cocção (PPC), as amostras foram pesadas em balança semianalítica,

METTLER M P1210 (Toledo, Brasil), envolvidas em papel alumínio e

submetidas a cozimento em chapa elétrica à 150º C até atingir 72º C (AMASA,

1978). Para determinação da maciez foi utilizada metodologia de Froning e

Uijttenboogarte (1988), onde as amostras foram obtidas com amostrador

cilíndrico de 1,27cm de diâmetro e posteriormente seccionadas no sentido

transversal das fibras musculares, utilizando uma sonda Warner Bratzler

acoplada a um Texturômetro modelo TA XT-2.

As amostras para a análise bromatológica foram preparadas com a

retirada da pele, tecido adiposo e aponeuroses, seguida de homogeneização. As

análises de umidade, proteína, extrato etéreo e cinzas foram realizadas conforme

Horwitz (2000), em duplicata.

2.6 Análise estatística

Os dados foram analisados pelo programa estatístico SAS (SAS

INSTITUTE, 1996). As variáveis com respostas de efeitos significativos na

análise de variância (Teste F) para os fatores níveis de glicerina e sexo e/ou

interação entre essas variáveis, foram submetidas à regressão e o teste de médias

Page 75: DISSERTAÇÃO_ Viabilidade da glicerina bruta na alimentação de ...

74

Dunnett usado para comparar cada nível de glicerina com a dieta controle (sem

glicerina), (α= 0,05).

Page 76: DISSERTAÇÃO_ Viabilidade da glicerina bruta na alimentação de ...

75

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados evidenciam (P<0,05) que suínos machos castrados

possuem maior pH final no lombo quando comparados às fêmeas em terminação

(Tabela 3).

Tabela 3 Médias dos componentes físico-químicos dos cortes do lombo de suínos em função do nível de glicerina da alimentação e sexo

Variável Glicerina CV(%) Lombo controle 50 100 150 200 MÉDIA

PPD MACHO 15,21 15,76 16,31 16,69 15,07 15,81 15,21 FÊMEA 15,56 17,25 14,19 17,61 16,43 16,21 MÉDIA 15,39 16,51 15,25 17,15 15,75

L* MACHO 50,02 50,28 48,98 51,23 51,40 50,38 4,07 FÊMEA 49,24 50,60 49,58 49,47 48,82 49,54 MÉDIA 49,63 50,44 49,28 50,35 50,11

a* MACHO 7,160 6,93 6,60 6,42 7,56 6,93 13,72 FÊMEA 6,680 6,39 6,62 7,23 6,85 6,75 MÉDIA 6,92 6,66 6,61 6,83 7,21

b* MACHO 3,32 3,03 3,02 3,64 4,05 3,41 28,92 FÊMEA 2,68 3,10 3,38 2,83 3,10 3,02 MÉDIA 3,00 3,07 3,20 3,24 3,58

C* MACHO 7,99 7,63 7,29 7,40 8,60 7,78 14,3600 FÊMEA 7,29 7,13 7,44 7,78 7,58 7,44 MÉDIA 7,64 7,38 7,37 7,59 8,09

h* MACHO 24,63 22,98 24,55 29,29 28,05 25,90 23,1000 FÊMEA 20,72 25,40 26,86 21,07 24,65 23,74 MÉDIA 22,68 24,19 25,71 25,18 26,35

PPC MACHO 25,38 23,93 25,93 26,92 28,78 26,19 14,45 FÊMEA 24,53 25,19 26,71 27,65 25,61 25,94 MÉDIA 24,96 24,56 26,32 27,29 27,20

pHi MACHO 6,04 6,09 6,22 5,95 6,02 6,06 4,05 FÊMEA 6,09 6,04 6,08 6,03 6,07 6,06

MÉDIA 6,07 6,07 6,15 5,99 6,05

Page 77: DISSERTAÇÃO_ Viabilidade da glicerina bruta na alimentação de ...

76

“Tabela 3, conclusão”

Variável Glicerina CV(%) Lombo controle 50 100 150 200 MÉDIA

pHf MACHO 5,33 5,34 5,40 5,32 5,33 5,34 A 1,14 FÊMEA 5,37 5,30 5,33 5,30 5,30 5,32 B MÉDIA 5,35 5,32 5,37 5,31 5,32

FC (kgf) MACHO 4,41 4,26 4,17 4,16 4,24 4,25 18,07 FÊMEA 4,37 4,27 4,53 4,72 4,53 4,48 MÉDIA 4,39 4,27 4,35 4,44 4,39

PPD = Perda de Peso por Descongelamento; L* = Luminosidade; a* = Teor de vermelho; b* = Teor de amarelo; C* = Índice de saturação da cor; h* = Ângulo de tonalidade da cor; pHi = ph inicial aos 45 minutos; pHf = pH final as 24 horas; PPC = Perda de Peso por Cozimento; FC = Força de Cisalhamento; CV = Coeficiente de Variação. * Difere do tratamento controle pelo teste Dunnett (P<0,05) 1 Efeito quadrático significativo para níveis de glicerina (P<0,05).

Observa-se na tabela 4, que para os cortes de pernil foi verificado

(P<0,05) interação da glicerina bruta com machos castrados para o teor de

vermelho (a*), sendo o pior nível o de 132,8 g/kg de glicerina bruta (Figura 1).

Tabela 4 Médias dos componentes físico-químicos dos cortes do pernil de suínos em função do nível de glicerina da alimentação e sexo

Variável Glicerina CV(%) Pernil controle 50 100 150 200 MÉDIA

PPD (g/100g) MACHO 12,98 15,81 14,56 14,50 14,70 14,51 16,3 FÊMEA 14,55 13,74 12,73 14,78 15,29 14,22 MÉDIA 13,77 14,78 13,65 14,64 15,00

L* MACHO 44,47 45,25 44,22 47,77 45,63 45,47 4,74 FÊMEA 45,43 45,50 46,51 45,44 44,11 45,40 MÉDIA 44,95 45,38 45,37 46,61 44,87

a* ²MACHO ¹ 8,56 8,80 8,40 7,16 8,78 8,34 12,8

FÊMEA 8,01 7,55 8,28 8,58 8,47 8,18 MÉDIA 8,29 8,18 8,34 7,87 8,63

Page 78: DISSERTAÇÃO_ Viabilidade da glicerina bruta na alimentação de ...

77

“Tabela 4, conclusão”

Variável Glicerina CV(%) Pernil controle 50 100 150 200 MÉDIA

b* MACHO 3,09 3,37 2,89 3,57 3,94 3,37 23,09 FÊMEA 3,20 2,90 3,76 3,26 3,33 3,29 MÉDIA 3,15 3,14 3,33 3,42 3,64

C* MACHO 9,14 9,43 8,90 8,05 9,63 9,03 12,55 FÊMEA 8,67 8,12 9,13 9,20 9,12 8,85 MÉDIA 8,91 8,78 9,02 8,63 9,38

h* MACHO 19,90 20,88 18,87 26,73 24,15 22,11 19,80 FÊMEA 21,51 21,29 24,12 20,82 21,45 21,84 MÉDIA 20,71 21,09 21,50 23,78 22,80

PPC (g/100g) MACHO 22,99 23,71 20,39 27,55 23,92 23,71 20,07 FÊMEA 23,23 24,59 22,28 24,27 24,46 23,77 MÉDIA 23,11 24,15 21,34 25,91 24,19

pHf MACHO 5,38 5,41 5,52 5,40 5,41 5,42 1,78 FÊMEA 5,46 5,41 5,44 5,43 5,37 5,42 MÉDIA 5,42 5,41 5,48 5,42 5,39

FC (kgf) MACHO 4,86 4,42 4,37 4,91 4,30 4,57 14,85 FÊMEA 4,31 4,18 3,98 4,23 4,59 4,26 MÉDIA 4,59 4,30 4,18 4,57 4,45

PPD = Perda de Peso por Descongelamento; L* = Luminosidade; a* = Teor de vermelho; b* = Teor de amarelo; C* = Índice de saturação da cor; h* = Ângulo de tonalidade da cor; pHi = ph inicial aos 45 minutos; pHf = pH final as 24 horas; PPC = Perda de Peso por Cozimento; FC = Força de Cisalhamento; CV = Coeficiente de Variação. * Difere do tratamento controle pelo teste Dunnett (P<0,05) 1 Efeito quadrático significativo para níveis de glicerina.(P<0,05); ²Ŷ = 0,0002x² - 0,0531x + 11,135 (R² = 0,62).

Page 79: DISSERTAÇÃO_ Viabilidade da glicerina bruta na alimentação de ...

78

Figura 1 Teor de vermelho do pernil de suínos em terminação alimentados com diferentes níveis de glicerina

Na literatura alguns poucos trabalhos que foram desenvolvidos com o

objetivo de determinar os efeitos da glicerina, oriunda de diferentes fontes sobre

características de qualidade de carne suína, não relataram alterações dos

parâmetros avaliados. Mendoza et al. (2010), trabalhando com nível de inclusão

de até 150 g/kg de glicerina, reportaram um comportamento semelhante ao

encontrado neste trabalho, apresentando resultados médios próximos aos deste

estudo para o lombo.

Resultados semelhantes aos deste estudo também foram encontrados por

Berenchtein et al. (2010) que, trabalhando com glicerina semipurificada

(80g/100g de glicerol) como ingrediente energético das rações de suínos em

crescimento e terminação até o nível de 90g/kg, não verificaram efeito (P<0,05)

sobre os valores de pH, perda de peso por gotejamento e luminosidade.

Lammers et al. (2008) avaliando níveis de 0, 50 e 100 g/kg de inclusão de

glicerina na dieta, também não relataram influência da dieta sobre os parâmetros

de qualidade de carne.

Page 80: DISSERTAÇÃO_ Viabilidade da glicerina bruta na alimentação de ...

79

Não foi observado (P>0,05) influência dos tratamentos e diferença

(P>0,05) entre machos castrados e fêmeas sobre os valores de perda de peso por

descongelamento, entretanto, os valores foram superiores ao relatados por Bridi

et al. (2003), Bridi et al. (2006) e Mendoza et al. (2010). Este comportamento

pode ter ocorrido devido aos menores valores de pH da carne em ambos os

cortes. Pois, a capacidade de retenção de água da carne depende da evolução do

pH post mortem e quanto mais baixos esses valores, menor é a capacidade de

retenção de água no músculo, implicando em maior exsudação de líquidos

(PRICE; SCHWEIGERT, 1976).

Não foi verificada (P>0,05) influência dos níveis de glicerina, sexo ou

interação sobre os valores de L*, b* e C* dos cortes lombo e pernil (Tabela 3 e

4). Estes resultados indicam que independente do nível de utilização da

glicerina, esta não promoveu redução, principalmente do teor de amarelo, na

carne, como preconizados por alguns autores com uso de outros ingredientes em

substituição ao milho (FRAGA et al., 2008; WATANABE et al., 2010).

Entretanto, para o teor de vermelho (a*), houve interação da glicerina × sexo.

Todavia, Serrano et al. (2009) não verificaram interação glicerina × sexo sobre

os valores de cor.

O valor do índice de saturação da cor (C*) apresenta significado em

relação à pureza e intensidade da cor, enquanto o ângulo de tonalidade (h*)

refere-se à cor propriamente dita (POMERANZ; MELOAN, 1971). Neste

trabalho independente do nível de glicerina e sexo para o lombo, foi encontrado

um valor de h* variando de 22,68 a 26,35º o que mostra de acordo com escala de

cor no Sistema CieLab, uma tonalidade variando de vermelho ao laranja

(Vermelho de 0 a 25º e Laranja de 25 a 70º), porém com baixa intensidade, com

C* de 7,36 a 8,09. No pernil, foi encontrado valores de h* entre 20,70 e 23,78º,

mostrando uma cor predominantemente vermelha, porém, também com baixo

índice de saturação (8,62 a 9,37), Tabela 4. Segundo Brown et al. (2008), a

Page 81: DISSERTAÇÃO_ Viabilidade da glicerina bruta na alimentação de ...

80

presença de pigmentos carotenoides na alimentação dos animais pode

influenciar esses índices, uma vez que eles são dependentes das variações da

intensidade de a* e b* na carne.

Considerando os critérios adotados por Warner, Kauffman e Russel

(1997), para classificar as carnes como PSE, normal e DFD de acordo os valores

de pH final, L* e a perda de água por gotejamento no lombo (carnes são

classificadas como Normal quando apresentam valor de pH final menor que 6,0,

valor de L* entre 42 e 50 e perda de água menor que 5g/100g; PSE quando o

valor de pH final é menor que 6,0, valor de L* maior que 50 e perda de água

maior que 5g/100g e DFD quando o valor de pH final é maior que 6,0, valor de

L* menor que 42 e perda de água por gotejamento menor que 5g/100g). Os

resultados neste trabalho, não indicaram carnes com características de ocorrência

de anomalias, apesar dos maiores valores de perda de peso por descongelamento

e valores de Luminosidade próximos a 50. Essas alterações ocorreram devido à

relação do pH com as miofibrilas e os pigmentos da carne, uma vez que o valor

em que ele se estabiliza na carne, pode influenciar os parâmetros de cor e a

capacidade de retenção de água da carne (FORREST et al., 1979; PRICE;

SCHWEIGERT, 1976; QIAO et al., 2001).

Na avaliação de pH inicial, não houve diferença (P>0,05) em relação aos

tratamentos e sexo (Tabela 3) e os valores foram superiores a 5,8, indicando que

não houve redução acentuada de pH com a carcaça ainda quente (temperaturas

acima de 30ºC), o que poderia segundo Forrest et al. (1979), ter causado

desnaturação proteica no músculo.

Por outro lado, Mourot et al. (1994) utilizando 50 g/kg de glicerina,

oriunda de sebo ou óleo vegetal em dietas para suínos em crescimento e

terminação, verificaram que a glicerina acarretou maior capacidade de retenção

de água no músculo Longissimus dorsi (lombo), proporcionando uma carne de

qualidade superior. O mesmo foi observado por Gomide (2010), que encontrou

Page 82: DISSERTAÇÃO_ Viabilidade da glicerina bruta na alimentação de ...

81

menor perda de líquido por descongelamento ao utilizar níveis crescentes de até

160g/kg de glicerina bruta para suínos em terminação. Contudo, neste trabalho

não houve influência dos diferentes níveis de inclusão de glicerina sobre os

parâmetros de perda de peso por descongelamento e perda de peso por

cozimento.

Nas análises da composição bromatológica para cortes do lombo,

verificou-se que os animais alimentados com ração sem glicerina bruta

apresentaram maior (p<0,05) teor proteico quando comparados aos animais

alimentados com ração contendo 100g/kg de glicerina bruta (Tabela 5). Não

houve diferença significativa (p>0,05) para umidade e cinzas no lombo.

Entretanto, machos castrados apresentaram maior (p<0,05) extrato etéreo

quando comparados às fêmeas (Tabela 5).

Tabela 5 Composição bromatológica dos cortes de lombo de suínos em função do nível de glicerina na alimentação e sexo

Variável Glicerina (g/Kg) CV(%) Lombo controle 50 100 150 200 MÉDIA

UMIDADE MACHO 73,22 73,76 73,96 73,59 73,71 73,65 1,71 FÊMEA 73,68 74,21 74,63 74,43 74,59 74,31 MÉDIA 73,45 73,99 74,30 74,01 74,15

CINZAS MACHO 1,21 1,12 1,07 1,26 1,20 1,17 14,36 FÊMEA 1,29 1,11 1,14 1,20 1,26 1,20 MÉDIA 1,25 1,12 1,11 1,23 1,23

PROTEÍNA MACHO 22,91 22,40 21,12 20,60 21,47 21,70 8,29 FÊMEA 22,98 20,83 20,29 21,54 22,09 21,54 MÉDIA 22,95 21,62 20,71* 21,07 21,78

E.ETÉREO MACHO 2,32 2,57 3,02 3,36 3,10 2,87A 41,55 FÊMEA 2,33 1,89 2,06 1,22 1,66 1,83B MÉDIA 2,33 2,23 2,54 2,29 2,38

* Difere do tratamento controle pelo teste Dunnett (P<0,05)

Page 83: DISSERTAÇÃO_ Viabilidade da glicerina bruta na alimentação de ...

82

De acordo com (LIN, 1977; TAO et al., 1983), o glicerol é um

precursor para a síntese de glicose, triacilglicerois e de fosfolípidos no fígado e

no tecido adiposo. Além disso, o glicerol atua como agente da gliconeogênese, o

que resultaria na economia dos aminoácidos gliconeogênicos. Desta forma,

sugere-se que a maior disponibilidade de glicerol na alimentação animal possa

dimuir a catálise proteica. Porém essa redução da catálise proteica ocorreria à

medida que o glicerol fosse utilizado na gliconeogênese. Porém, isso não foi

verificado no atual trabalho, por causa de uma provável utilização de

aminoácidos na gliconeogênese como fonte de energia.

Em relação aos cortes do pernil, as fêmeas apresentaram maior (p<0,05)

teor proteico e menor (p<0,05) extrato etéreo do que os machos castrados

(Tabela 6).

Tabela 6 Composição bromatológica dos cortes de pernil de suínos em função do nível de glicerina na alimentação e sexo

Variável Glicerina (g/Kg) CV(%) Pernil controle 50 100 150 200 MÉDIA

UMIDADE (g/100g)

MACHO 74,18 74,88 73,75 73,12 72,14 73,61 2,36 FÊMEA 74,01 73,90 74,45 74,30 73,72 74,07 MÉDIA 74,10 74,39 74,10 73,71 72,93

CINZAS (g/100g)

MACHO ¹ 1,08 0,95 1,22 1,20 1,14 1,12 12,17 FÊMEA 1,33 1,20 1,20 1,14 1,22 1,22 MÉDIA 1,21 1,08 1,21 1,17 1,18

PROTEÍNA MACHO 22,12 21,94 20,75 23,01 21,58 21,88 B 7,43 FÊMEA 22,60 22,33 23,45 22,57 23,24 22,84 A MÉDIA 22,36 22,14 22,10 22,79 22,41

E.ETÉREO MACHO 2,09 2,39 3,39 3,62 3,73 3,04 A 39,74 FÊMEA 1,90 2,10 1,96 1,75 1,83 1,91 B MÉDIA 2,00 2,25 2,68 2,69 2,78

* Difere do tratamento controle pelo teste Dunnett (P<0,05) 1 Efeito quadrático significativo para níveis de glicerina (P<0,05).

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83

Os resultados deste trabalho corroboram com os resultados de Fialho et

al. (1998), Latorre et al. (2003) e Rosa et al. (2008). Nestes trabalhos, os autores

observaram que as fêmeas suínas são mais eficientes que os machos castrados na

produção de carne, uma vez que estes tiveram de forma geral carcaças com

maior quantidade de gordura que as fêmeas.

Para umidade não foi verificado (p>0,05) efeito da glicerina bruta e

diferença entre machos castrados e fêmeas (Tabela 6).

De forma geral, o uso de até 200 g/kg de glicerina na alimentação não

promoveu alterações que prejudicassem os aspectos físico-químicos e da

composição bromatológica da carne de suínos, mostrando ser um ingrediente

com grande potencial de uso na suinocultura, melhorando os aspectos de

produção através de redução de custos e aproveitamento sustentável deste

resíduo da indústria do biodiesel.

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84

4 CONCLUSÃO

Na alimentação de suínos, a glicerina bruta mostra ser um ingrediente

que não ocasiona modificações dos aspectos físico-químicos e bromatológicos

da carne de lombo e pernil, não influenciando as características de qualidade e

valor nutricional, independente do nível de inclusão utilizado.

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85

REFERÊNCIAS

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ANEXOS

ANEXO A - TABELAS

Tabela 1 A Análise de variância e coeficiente de variação para ganho de peso diário de suínos em terminação alimentados com níveis crescentes de glicerina bruta

Fonte de GL SQ QM Fc P>F Bloco 5 87058,267 17411,65 6,01 0,0015 Glicerina 3 329445,458 109815,2 37,88 0,0000 Linear 1 125259,408 125259,4 43,21 0,0000 Quadrático 1 191352,041 191352 66,01 0,0000 Desvio 1 12834,008 12834,01 4,43 0,0482 Adicional 1 40004,008 40004,01 13,80 0,0014 Erro 20 57975,733 2898,787

CV (%) = 6,02

Tabela 2 A Análise de variância e coeficiente de variação para consumo de ração diário de suínos em terminação alimentados com níveis crescentes de glicerina bruta

Fonte de GL SQ QM Fc P>F Bloco 5 620705,467 124141,1 2,31 0,0820 Glicerina 3 349424,458 116474,8 2,17 0,1231 Adicional 1 93019,008 93019,01 1,73 0,2028 Erro 20 1072752,533 53637,63

CV (%) = 8,08

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89

Tabela 3 A Análise de variância e coeficiente de variação para conversão alimentar de suínos em terminação alimentados com níveis crescentes de glicerina bruta

Fonte de variação GL SQ QM Fc P>F Bloco 5 2,43835 0,48767 7,24 0,0005

Glicerina 3 5,76881 1,922937 28,53 0,0000 Linear 1 4,088521 4,088521 60,67 0,0000

Quadrático 1 1,680104 1,680104 24,93 0,0001 Desvio 1 0,000188 0,000188 0,00 0,9584

Adicional 1 1,28754 1,28754 19,10 0,0003 Erro 20 1,34789 0,067395

CV (%) = 7,92

Tabela 4 A Análise de variância e coeficiente de variação para rendimento da carcaça quente de suínos em terminação alimentados com níveis crescentes de glicerina bruta

Fonte de variação GL SQ QM Fc P>F Bloco 5 4,196 0,839 0,650 0,6631 Glicerina (G) 3 11,699 3,900 3,019 0,0395 Sexo (S) 1 5,590 5,590 4,328 0,0432 G*S 3 29,784 9,928 7,686 0,0003 Glicerina da fêmea 3 36,414 12,138 9,397 0,0001 Linear 1 3,816 3,816 2,955 0,0925 Quadrático 1 22,272 22,272 17,243 0,0001 Desvio 1 10,325 10,325 7,994 0,0070 Glicerina do macho 3 5,069 1,690 1,308 0,2834 Adicional 2 5,243 2,622 2,030 0,1432 Erro 45 58,124 1,292

CV (%) = 1,40

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Tabela 5 A Análise de variância e coeficiente de variação para rendimento de carne da carcaça resfriada de suínos em terminação alimentados com níveis crescentes de glicerina bruta

Fonte de GL SQ QM Fc P>F Bloco 5 19,861 3,972 1,64 0,1701 Glicerina (G) 3 3,385 1,128 0,46 0,7084 Sexo (S) 1 134,536 134,536 55,40 0,0000 G*S 3 7,164 2,388 0,98 0,4091 Adicional 2 60,874 30,437 12,53 0,0000 Erro 45 109,288 2,429

CV (%) = 2,63

Tabela 6 A Análise de variância e coeficiente de variação para perda de líquido da carcaça resfriada suínos em terminação alimentados com níveis crescentes de glicerina bruta

Fonte de GL SQ QM Fc P>F Bloco 5 2,166 0,433 1,52 0,2015 Glicerina (G) 3 0,403 0,134 0,47 0,7031 Sexo (S) 1 0,166 0,166 0,58 0,4484 G*S 3 1,073 0,358 1,26 0,3001 Adicional 2 0,535 0,268 0,94 0,3974 Erro 45 12,792 0,284

CV (%) = 17,67

Tabela 7 A Análise de variância e coeficiente de variação para espessura de toucinho de suínos em terminação alimentados com níveis crescentes de glicerina bruta

Fonte de GL SQ QM Fc P>F Bloco 5 49,321 9,864 2,76 0,0295 Glicerina (G) 3 5,578 1,859 0,52 0,6706 Sexo (S) 1 232,100 232,100 64,92 0,0000 G*S 3 10,521 3,507 0,98 0,4102 Adicional 2 98,819 49,409 13,82 0,0000 Erro 45 160,895 3,575

CV (%) = 11,81

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Tabela 8 A Análise de variância e coeficiente de variação para área de olho de lombo de suínos em terminação alimentados com níveis crescentes de glicerina bruta

Fonte de GL SQ QM Fc P>F Bloco 5 50,043 10,0086 1,04 0,4055 Glicerina (G) 3 93,189 31,0630 3,23 0,0310 Linear 1 77,748167 77,7482 8,09 0,0067 Quadrático 1 8,840833 8,8408 0,92 0,3427 Desvio 1 6,600167 6,6002 0,69 0,4117 Sexo (S) 1 219,308 219,3080 22,81 0,0000 G*S 3 38,456 12,8187 1,33 0,2754 Adicional 2 174,995 87,4975 9,10 0,0005 Erro 45 432,657 9,6146

CV (%) = 7,04

Tabela 9 A Análise de variância e coeficiente de variação para receita bruta de suínos em terminação alimentados com níveis crescentes de glicerina bruta

Fonte de variação GL SQ QM Fc P>F

Bloco 5 1813,823 362,7647 14,71 0,0000

Glicerina 3 2724,104 908,0346 36,83 0,0000

Linear 1 1022,759 1022,759 41,49 0,0000

Quadrático 1 1594,955 1594,955 64,70 0,0000

Desvio 1 106,3895 106,3895 4,32 0,0509

Adicional 1 347,5824 347,5824 14,10 0,0012

Erro 20 493,067 24,65335

CV (%) = 1,53

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Tabela 10 A Análise de variância e coeficiente de variação para custo total de suínos em terminação alimentados com níveis crescentes de glicerina bruta

Fonte de variação GL SQ QM Fc P>F

Bloco 5 5879,532 1175,906 53,04 0,0000

Glicerina 3 61,11948 20,37316 0,92 0,4496

Adicional 1 10,36056 10,36056 0,47 0,5021

Erro 20 443,4256 22,17128

CV (%) = 1,61

Tabela 11 A Análise de variância e coeficiente de variação para receita líquida de suínos em terminação alimentados com níveis crescentes de glicerina bruta

Fonte de variação GL SQ QM Fc P>F

Bloco 5 1287,563 257,5126 7,70 0,0004

Glicerina 3 2112,434 704,1446 21,06 0,0000

Linear 1 986,3053 986,3053 29,49 0,0000

Quadrático 1 1072,675 1072,675 32,08 0,0000

Desvio 1 53,4534 53,4534 1,60 0,2207

Adicional 1 237,7549 237,7549 7,11 0,0148

Erro 20 668,8488 33,44244

CV (%) = 18,42

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93

Tabela 12 A Análise de variância e coeficiente de variação para rentabilidade de suínos em terminação alimentados com níveis crescentes de glicerina bruta

Fonte de variação GL SQ QM Fc P>F

Bloco 5 150,6776 30,13552 10,53 0,0000

Glicerina 3 168,8462 56,28208 19,66 0,0000

Linear 1 82,90056 82,90056 28,96 0,0000

Quadrático 1 83,17927 83,17927 29,05 0,0000

Desvio 1 2,766403 2,766403 0,97 0,3374

Adicional 1 17,91041 17,91041 6,26 0,0212

Erro 20 57,25943 2,862972

CV (%) = 17,59

Tabela 13 A Análise de variância e coeficiente de variação para o teor de vermelho do pernil de suínos em terminação alimentados com níveis crescentes de glicerina bruta

Fonte de variação GL SQ QM Fc P>F

Bloco 5 4,58080000 0,91616000 0,82 0,5426

Glicerina (G) 3 3,57924167 1,19308056 1,07 0,3742

Sexo (S) 1 0,05333333 0,05333333 0,05 0,8281

G*S 3 10,97955000 3,65985000 3,28 0,0321

Adicional 1 0,00840167 0,00840167 0,01 0,9269

Erro 45

CV (%) = 12,80

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94

Tabela 14 A Análise de variância e coeficiente de variação para luminosidade do pernil de suínos em terminação alimentados com níveis crescentes de glicerina bruta

Fonte de

variação GL SQ QM Fc P>F

Bloco 5 24,26916667 4,85383333 1,04 0,4100

Glicerina (G) 3 19,61585000 6,53861667 1,40 0,2590

Sexo (S) 1 1,32003333 1,32003333 0,28 0,5983

G*S 3 37,70065000 12,56688333 2,69 0,0611

Adicional 1 3,46560667 3,46560667 0,76 0,3886

Erro 45

CV (%) = 4,74

Tabela 15 A Análise de variância e coeficiente de variação para teor de amarelo do pernil de suínos em terminação alimentados com níveis crescentes de glicerina bruta

Fonte de

variação GL SQ QM Fc P>F

Bloco 5 2,71008542 0,54201708 0,89 0,4972

Glicerina (G) 3 1,53340625 0,51113542 0,84 0,4807

Sexo (S) 1 0,19891875 0,19891875 0,33 0,5709

G*S 3 4,07193958 1,35731319 2,23 0,1016

Adicional 1 0,51615375 0,51615375 0,73 0,3985

Erro 45

CV (%) = 23,09

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Tabela 16 A Análise de variância e coeficiente de variação para perda peso por descongelamento do pernil de suínos em terminação alimentados com níveis crescentes de glicerina bruta

Fonte de

variação GL SQ QM Fc P>F

Bloco 5 30,12288542 6,02457708 1,08 0,3900

Glicerina (G) 3 12,89063958 4,29687986 0,77 0,5197

Sexo (S) 1 6,87810208 6,87810208 1,23 0,2751

G*S 3 17,34425625 5,78141875 1,03 0,3897

Adicional 1 5,39100375 5,39100375 1,12 0,2963

Erro 45

CV (%) = 16,30

Tabela 17 A Análise de variância e coeficiente de variação para perda peso por cocção do pernil de suínos em terminação alimentados com níveis crescentes de glicerina bruta

Fonte de

variação GL SQ QM Fc P>F

Bloco 5 85,0890167 17,0178033 0,74 0,5988

Glicerina (G) 3 129,3877417 43,1292472 1,88 0,1518

Sexo (S) 1 0,0004083 0,0004083 0,00 0,9967

G*S 3 46,2069083 15,4023028 0,67 0,5764

Adicional 1 5,95980167 5,95980167 0,29 0,5925

Erro 45

CV (%) = 20,07

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96

Tabela 18 A Análise de variância e coeficiente de variação para força de cisalhamento do pernil de suínos em terminação alimentados com níveis crescentes de glicerina bruta

Fonte de

variação GL SQ QM Fc P>F

Bloco 5 1,42004167 0,28400833 0,67 0,6454

Glicerina (G) 3 1,05004167 0,35001389 0,83 0,4856

Sexo (S) 1 0,78030000 0,78030000 1,85 0,1821

G*S 3 1,50095000 0,50031667 1,19 0,3282

Adicional 1 0,44548167 0,44548167 1,19 0,2809

Erro 45

CV (%) = 14,85

Tabela 19 A Análise de variância e coeficiente de variação para pH final do pernil de suínos em terminação alimentados com níveis crescentes de glicerina bruta

Fonte de

variação GL SQ QM Fc P>F

Bloco 5 0,07763542 0,01552708 1,67 0,1680

Glicerina (G) 3 0,05510625 0,01836875 1,97 0,1358

Sexo (S) 1 0,00725208 0,00725208 0,78 0,3834

G*S 3 0,01982292 0,00660764 0,71 0,5525

Adicional 1 0,00018375 0,00018375 0,02 0,8911

Erro 45

CV (%) = 1,78

Page 98: DISSERTAÇÃO_ Viabilidade da glicerina bruta na alimentação de ...

97

Tabela 20 A Análise de variância e coeficiente de variação para índice de saturação da cor do pernil de suínos em terminação alimentados com níveis crescentes de glicerina bruta

Fonte de

variação GL SQ QM Fc P>F

Bloco 5 4,07744167 0,81548833 0,65 0,6656

Glicerina (G) 3 3,84300833 1,28100278 1,02 0,3972

Sexo (S) 1 0,15413333 0,15413333 0,12 0,7287

G*S 3 9,91831667 3,30610556 2,62 0,0659

Adicional 1 0,01568167 0,01568167 0,01 0,9070

Erro 45

CV (%) = 12,55

Tabela 21 A Análise de variância e coeficiente de variação para ângulo de tonalidade para a cor do pernil de suínos em terminação alimentados com níveis crescentes de glicerina bruta

Fonte de

variação GL SQ QM Fc P>F

Bloco 5 154,8217937 30,9643587 1,59 0,1886

Glicerina (G) 3 54,5275729 18,1758576 0,93 0,4350

Sexo (S) 1 6,5195021 6,5195021 0,33 0,5666

G*S 3 202,9487063 67,6495688 3,47 0,0262

Adicional 1 24,08567042

24,0856704

2 1,02 0,3177

Erro 45

CV (%) = 19,80

Page 99: DISSERTAÇÃO_ Viabilidade da glicerina bruta na alimentação de ...

98

Tabela 22 A Análise de variância e coeficiente de variação para cinzas do pernil de suínos em terminação alimentados com níveis crescentes de glicerina bruta

Fonte de

variação GL SQ QM Fc P>F

Bloco 5 0,16706667 0,03341333 1,68 0,1649

Glicerina (G) 3 0,12056667 0,04018889 2,02 0,1287

Sexo (S) 1 0,04687500 0,04687500 2,36 0,1336

G*S 3 0,17602500 0,05867500 2,95 0,0459

Adicional 1 0,01944000 0,01944000 1,05 0,3117

Erro 45

CV (%) = 12,17

Tabela 23 A Análise de variância e coeficiente de variação para umidade do pernil em terminação alimentados com níveis crescentes de glicerina bruta

Fonte de

variação GL SQ QM Fc P>F

Bloco 5 19,41341875 3,88268375 1,28 0,2937

Glicerina (G) 3 14,47753958 4,82584653 1,59 0,2084

Sexo (S) 1 4,61900208 4,61900208 1,53 0,2251

G*S 3 11,47457292 3,82485764 1,26 0,3021

Adicional 1 0,95634375 0,95634375 0,37 0,5461

Erro 45

CV (%) = 2,36

Page 100: DISSERTAÇÃO_ Viabilidade da glicerina bruta na alimentação de ...

99

Tabela 24 A Análise de variância e coeficiente de variação para proteína do pernil de suínos em terminação alimentados com níveis crescentes de glicerina bruta

Fonte de

variação GL SQ QM Fc P>F

Bloco 5 26,62561042 5,32512208 1,93 0,1139

Glicerina (G) 3 3,68788958 1,22929653 0,45 0,7217

Sexo (S) 1 14,00760208

14,0076020

8 5,08 0,0306

G*S 3 17,16738958 5,72246319 2,08 0,1212

Adicional 1 0,0000005 0,0000005 0,00 0,9997

Erro 45

CV (%) = 7,43

Tabela 25 A Análise de variância e coeficiente de variação para extrato etéreo do pernil de suínos em terminação alimentados com níveis crescentes de glicerina bruta

Fonte de

variação GL SQ QM Fc P>F

Bloco 5 7,71391042 1,54278208 1,45 0,2309

Glicerina (G) 3 2,02110625 0,67370208 0,63 0,5984

Sexo (S) 1 22,70125208

22,7012520

8 21,34 0,0001

G*S 3 5,10598958 1,70199653 1,60 0,2069

Adicional 1 3,45840042 3,45840042 3,55 0,0662

Erro 45

CV (%) = 39,74

Page 101: DISSERTAÇÃO_ Viabilidade da glicerina bruta na alimentação de ...

100

Tabela 26 A Análise de variância e coeficiente de variação para índice de saturação da cor do lombo de suínos em terminação alimentados com níveis crescentes de glicerina bruta

Fonte de

variação GL SQ QM Fc P>F

Bloco 5 4,79201042 0,95840208 0,80 0,5541

Glicerina (G) 3 4,12918958 1,37639653 1,16 0,3405

Sexo (S) 1 0,74251875 0,74251875 0,62 0,4351

G*S 3 3,63725625 1,21241875 1,02 0,3965

Adicional 1 0,01276042 0,01276042 0,01 0,9172

Erro 45

CV (%) = 14,36

Tabela 27 A Análise de variância e coeficiente de variação para ângulo de tonalidade da cor do lombo de suínos em terminação alimentados com níveis crescentes de glicerina bruta

Fonte de

variação GL SQ QM Fc P>F

Bloco 5 137,0786687 27,4157337 0,80 0,5576

Glicerina (G) 3 29,8575396 9,9525132 0,29 0,8322

Sexo (S) 1 35,5868521 35,5868521 1,04 0,3153

G*S 3 235,1413729 78,3804576 2,29 0,0958

Adicional 1 68,87602042

68,8760204

2 1,42 0,2394

Erro 45

CV (%) = 23,10

Page 102: DISSERTAÇÃO_ Viabilidade da glicerina bruta na alimentação de ...

101

Tabela 28 A Análise de variância e coeficiente de variação para luminosidade do lombo de suínos em terminação alimentados com níveis crescentes de glicerina bruta

Fonte de

variação GL SQ QM Fc P>F

Bloco 5 21,46328542 4,29265708 1,04 0,4119

Glicerina (G) 3 10,08623958 3,36207986 0,81 0,4961

Sexo (S) 1 8,71255208 8,71255208 2,10 0,1559

G*S 3 21,85835625 7,28611875 1,76 0,1730

Adicional 1 1,65502042 1,65502042 0,33 0,5677

Erro 45

CV (%) = 4,07

Tabela 29 A Análise de variância e coeficiente de variação para teor de vermelho do lombo de suínos em terminação alimentados com níveis crescentes de glicerina bruta

Fonte de

variação GL SQ QM Fc P>F

Bloco 5 4,45610000 0,89122000 1,02 0,4222

Glicerina (G) 3 2,58821667 0,86273889 0,99 0,4110

Sexo (S) 1 0,13230000 0,13230000 0,15 0,6999

G*S 3 4,17841667 1,39280556 1,59 0,2092

Adicional 1 0,08816667 0,08816667 0,11 0,7453

Erro 45

CV (%) = 13,72

Page 103: DISSERTAÇÃO_ Viabilidade da glicerina bruta na alimentação de ...

102

Tabela 30 A Análise de variância e coeficiente de variação para teor de amarelo do lombo de suínos em terminação alimentados com níveis crescentes de glicerina bruta

Fonte de

variação GL SQ QM Fc P>F

Bloco 5 2,65157500 0,53031500 0,59 0,7047

Glicerina (G) 3 1,72275000 0,53031500 0,64 0,5925

Sexo (S) 1 1,34000833 1,34000833 1,50 0,2288

G*S 3 3,73074167 1,24358056 1,39 0,2613

Adicional 1 0,69984000 0,69984000 0,59 0,4466

Erro 45

CV (%) = 28,92

Tabela 31 A Análise de variância e coeficiente de variação para perda de peso por cocção do lombo de suínos em terminação alimentados com níveis crescentes de glicerina bruta

Fonte de

variação GL SQ QM Fc P>F

Bloco 5 65,08274167 13,01654833 0,90 0,4932

Glicerina (G) 3 57,58981667 19,19660556 1,32 0,2820

Sexo (S) 1 0,12403333 0,12403333 0,01 0,9268

G*S 3 38,04225000 12,68075000 0,87 0,4634

Adicional 1 18,37066667 18,37066667 1,16 0,2868

Erro 45

CV (%) = 14,45

Page 104: DISSERTAÇÃO_ Viabilidade da glicerina bruta na alimentação de ...

103

Tabela 32 A Análise de variância e coeficiente de variação para perda de peso por descongelamento do lombo de suínos em terminação alimentados com níveis crescentes de glicerina bruta

Fonte de

variação GL SQ QM Fc P>F

Bloco 5 12,58048542 2,51609708 0,42 0,8342

Glicerina (G) 3 25,10882292 8,36960764 1,38 0,2636

Sexo (S) 1 2,01310208 2,01310208 0,33 0,5675

G*S 3 26,10935625 8,70311875 1,44 0,2477

Adicional 1 5,80637042 5,80637042 1,05 0,3118

Erro 45

CV (%) = 15,21

Tabela 33 A Análise de variância e coeficiente de variação para força de cisalhamento do lombo de suínos em terminação alimentados com níveis crescentes de glicerina bruta

Fonte de

variação GL SQ QM Fc P>F

Bloco 5 3,77909167 0,75581833 1,22 0,3214

Glicerina (G) 3 0,19602500 0,06534167 0,11 0,9564

Sexo (S) 1 1,12240833 1,12240833 1,81 0,1874

G*S 3 0,46229167 0,15409722 0,25 0,8620

Adicional 1 0,00748167 0,00748167 0,01 0,9154

Erro 45

CV (%) = 18,07

Page 105: DISSERTAÇÃO_ Viabilidade da glicerina bruta na alimentação de ...

104

Tabela 34 A Análise de variância e coeficiente de variação para pH final do lombo de suínos em terminação alimentados com níveis crescentes de glicerina bruta

Fonte de

variação GL SQ QM Fc P>F

Bloco 5 0,02977500 0,00595500 1,61 0,1831

Glicerina (G) 3 0,02475000 0,00825000 2,23 0,1019

Sexo (S) 1 0,01920000 0,01920000 5,19 0,0289

G*S 3 0,00431667 0,00143889 0,39 0,7616

Adicional 1 0,00600000 0,00600000 1,26 0,2671

Erro 45

CV (%) = 1,14

Tabela 34 A Análise de variância e coeficiente de variação para pH inicial do lombo de suínos em terminação alimentados com níveis crescentes de glicerina bruta

Fonte de

variação GL SQ QM Fc P>F

Bloco 5 0,239835 0,047967 0,80 0,5609

Glicerina (G) 3 0,161190 0,053730 0,89 0,4558

Sexo (S) 1 0,002852 0,002852 0,05 0,8292

G*S 3 0,091023 0,030341 0,50 0,8292

Adicional 1 0,000070 0,000070 0,00 0,9717

Erro 45

CV (%) = 4,05

Page 106: DISSERTAÇÃO_ Viabilidade da glicerina bruta na alimentação de ...

105

Tabela 35 A Análise de variância e coeficiente de variação para proteína do lombo de suínos em terminação alimentados com níveis crescentes de glicerina bruta Variável analisada: Proteína - lombo

Fonte de

variação GL SQ QM Fc P>F

Bloco 5 7,40591875 1,48118375 0,48 0,7917

Glicerina (G) 3 8,87558958 2,95852986 0,95 0,4268

Sexo (S) 1 0,53130208 0,53130208 0,17 0,6820

G*S 3 12,69577292 4,23192431 1,36 0,2711

Adicional 1 26,16901042 26,16901042 7,51 0,0088

Erro 45

CV (%) = 8,29

Tabela 36 A Análise de variância e coeficiente de variação para umidade do lombo de suínos em terminação alimentados com níveis crescentes de glicerina bruta

Fonte de

variação GL SQ QM Fc P>F

Bloco 5 3,20583542 0,64116708 0,40 0,8473

Glicerina (G) 3 0,73305625 0,24435208 0,15 0,9281

Sexo (S) 1 6,05630208 6,05630208 3,75 0,0608

G*S 3 0,35620625 0,11873542 0,07 0,9738

Adicional 1 4,17384375 4,17384375 2,63 0,1116

Erro 45

CV (%) = 1,71

Page 107: DISSERTAÇÃO_ Viabilidade da glicerina bruta na alimentação de ...

106

Tabela 37A Análise de variância e coeficiente de variação para extrato etéreo do lombo de suínos em terminação alimentados com níveis crescentes de glicerina bruta

Fonte de

variação GL SQ QM Fc P>F

Bloco 5 4,99936042 0,99987208 1,04 0,4097

Glicerina (G) 3 0,66857292 0,22285764 0,23 0,8736

Sexo (S) 1 20,42325208

20,4232520

8 21,25 0,0001

G*S 3 3,65042292 1,21680764 1,27 0,3011

Adicional 1 0,01001042 0,01001042 0,01 0,9231

Erro 45

CV (%) = 41,55

Tabela 38 A Análise de variância e coeficiente de variação para cinzas do lombo em terminação alimentados com níveis crescentes de glicerina bruta

Fonte de

variação GL SQ QM Fc P>F

Bloco 5 0,19814167 0,03962833 1,41 0,2450

Glicerina (G) 3 0,17657500 0,05885833 2,09 0,1188

Sexo (S) 1 0,00300833 0,00300833 0,11 0,7455

G*S 3 0,03360833 0,01120278 0,40 0,7549

Adicional 1 0,06868167 0,06868167 2,72 0,1063

Erro 45

CV (%) = 14,36