É possível gerar um mundo diferente - Consulado da...

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Ano III nº10 Maio 2007 Pratique e colecione a idéia da Marlene artesanato com bagaço de cana Páginas 17 e 18 É possível gerar um mundo diferente Entrevista especial: páginas 14 e 15 Educar diferente pela igualdade de gênero Páginas 8 e 9 “Faça do lixo, um luxo” do grupo Mulheres com Fibra Páginas 4 e 5 Lavanderia é exemplo de empreendimento Páginas 10 e 11

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Ano III nº10 Maio 2007

Pratique e colecione a idéia da Marlene artesanato com bagaço de cana Páginas 17 e 18

É possível gerar um mundo diferenteEntrevista especial: páginas 14 e 15

Educar diferente pela igualdade de gêneroPáginas 8 e 9

“Faça do lixo, um luxo” do grupo Mulheres com Fibra

Páginas 4 e 5

Lavanderia é exemplo de empreendimento Páginas 10 e 11

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� REVISTA DO INSTITUTO �CONSULADO DA MULHER

Ainda é grande a desigual-dade que separa pobres de rico(a)s; homens de mulheres; preto(a)s de branco(a)s. Por outro lado, já se foi também o tempo em que trabalho era si-nônimo de carteira assinada.

De 1940 a 1980, de cada 10 postos de trabalho gera-dos, sete eram formais. Após 1990, essa tendência se inver-teu. Hoje, de cada 10 postos de trabalho, no máximo, três têm registro em carteira.

Essa situação reforça o em-preendedorismo popular como alternativa para a geração de trabalho e de renda. Po-

rém, ainda sim, a(o)s nova(o)s empreendedora(e)s devem con-siderar mais suas habilidades do que apenas identificar e aprovei-tar oportunidade para ganhar dinheiro. É necessário construir uma nova sociedade, com me-nor desigualdade social e maior respeito ao meio ambiente.

A Economia Solidária tem justamente esse objetivo. No Brasil, esse movimento conta com mais de 15 mil empreen-dimentos, com destaque para a presença das mulheres: 63% dos grupos com menos de dez pessoas são compostos por elas. E não é à toa que elas são tão numerosas já que essa alterna-tiva financeira caracteriza-se pelo valor “cuidado”, valor tido como feminino e que considera as pessoas e o meio ambiente como prioridades!

Para conhecer mais sobre essa temática, percorra as páginas dessa edição e participe das ativi-dades do Consulado da Mulher.

Referências: IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), OIT (Organiza-ção Internacional do Trabalho), Atlas da Economia Solidária 2005 e Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas).

Empreendedora(e)spor um mundo

mais justo

Christiano Basile, coordenador de Trabalho e Renda

M U L H E R , H O M E M

Existem coisas que já vêm definidas no nosso corpo, como o sexo biológico (fêmeas ou machos), DNA, tipo de sangue, órgãos etc. Há muitas outras que variam. Apesar de mulhe-res e homens serem da mesma espécie, vivem em condições desiguais. Ou seja, a maioria das vezes, elas recebem salários menores, não são reconhecidas pelo trabalho doméstico e estão em poucos cargos de comando, seja em empresas, governos ou universidades.

Mas essa situação não é na-tural. Não se nasce com ela. Cada região ou país tem sua particularidade. Por exemplo: até a década de 1930, as mu-lheres não podiam votar no Brasil. Hoje, são mais de 51% do eleitorado, segundo o TSE

Você já parou para se per-guntar se já nascemos com quali-dades femini-nas ou masculi-nas? Ou se aprendemos a ser mulheres e homens com a família e a sociedade?

(Tribunal Superior Eleitoral), 2006. Já em alguns países de religião muçulmana, até os dias atuais as mulheres são proibidas de trabalhar fora de casa. Por outro lado, na Suécia, pais e mães têm o mes-mo tempo de licença no traba-lho para cuidar de suas crianças e compartilham as responsabili-dades sobre elas.

As variações de região para região mostram que a humani-dade pode caminhar para um futuro com igualdade e justiça social. A busca concreta pela mudança começa quando se toma consciência que se é parte dela. Pense, faça e multiplique uma nova forma de ver e viver no mundo. Comece por você mesma(o)!

E D I T O R I A L

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� REVISTA DO INSTITUTO �CONSULADO DA MULHER

Transformar o que ninguém queria em algo útil é o mote de Sirlanda Viapiana, 46 anos, inte-grante do grupo Mulheres com Fibra, empreendimento popular de Joinville (SC). Apoiado pelo Consulado da Mulher, o proje-to utiliza as fibras de bananeira rejeitadas nas plantações da re-gião como fonte de criatividade e renda.

“As fibras são retiradas do cabo que segura as bananas no cacho. Depois de tratado, esse material, além de ser mais re-sistente que o couro animal, permite que a gente o molde em vários for-matos”, explica Sirlanda. Hoje, o Mulheres com Fibra conta com 15 participantes, a maioria vinda da área rural de Joinville.

No começo, a maior difi-culdade era a infra-estrutura.

“Faça do lixo, um luxo”

Reciclagem de fibras de bananeira como fonte de criatividade e renda

M I R E - S E N O E X E M P L O

“Para tratar essa fibra, é preci-so um fogão e uma geladeira para conservá-la”, conta Sir-landa. “Então, para começar o negócio, primeiro é necessário ter muita força de vontade e buscar parcerias ou crédito”, completa.

Sirlanda diz que o traba-lho de u sa r produtos re-ciclados com-pensa. “Além de preservar o meio ambien-te, aumenta o valor da peça pronta”, ensi-na. Mas, para a empreendedo-ra, o melhor de tudo é o ganho de auto-estima das participan-tes. “A maio-ria dos nossos companheiros

trabalha nas plantações de ba-nana. Quando percebemos que dependemos do mesmo mate-rial, nos sentimos iguais, com a mesma importância”, revela.

CONSULADO DA MULHER �

É preciso um trabalho de equipe para tratar as fibras de bananeira...

... que, depois de picadas, vão para o cozimento e serão armazenadas nos refrigeradores.

O que era lixo no bananal vira

matéria-prima com a criatividade

das Mulheres com Fibra.

Da esquerda para a direita: Sirlanda Viapiana, Luiza Meyer,Vanda Neves,Olga Bledmel,Shirley Kohn, Eunice Rocha Girardi, Ana Maria Machado e Nulcemar Kroetz.

M I R E - S E N O E X E M P L O

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� REVISTA DO INSTITUTO �

Q U E N T I N H A S D O C O N S U L A D O

CONSULADO DA MULHER

Q U E N T I N H A S D O C O N S U L A D O

Oficina de auxiliar de cozinha

Joinville (SC) - Em maio, o Consulado da Mulher de Join-ville, em parceria com a Puras, empresa de alimentação, passa a disponibilizar para a comu-nidade mais uma atividade. A oficina de Auxiliar de cozinha: preparo para o mercado de tra-balho oferece vinte vagas.

A iniciativa que tem oito encontros abordará desde téc-nicas culinárias até cuidados com os alimentos. O último deles acontece no restaurante da própria Puras, e vai mostrar às(os) participantes o lado prá-tico do ensino.

Mais informações: (47) 3433-3773

Início da atuação em Manaus

Manaus (AM) - Com um novo formato, o Instituto Con-sulado da Mulher ficará locali-zado na própria unidade que fabrica microondas e condicio-nadores de ar das marcas Bras-temp e Consul, com ações feitas diretamente na comunidade. O lançamento está previsto para agosto deste ano.

Além disso, a novidade re-flete o engajamento dos(as) colaboradores(as) e da comu-nidade de Manaus, sempre atuantes nas campanhas so-ciais propostas pelo Instituto. Para Dayla Souza, coordenado-ra local, a expectativa é enor-me. “Minha dedicação será de corpo e alma a essa missão. Espero assim contribuir para a construção de muitas histórias de felicidade”, afirma.

Seminário de inclusão digital

Núcleo (SP) - A metodolo-gia Primeiros trajetos no mundo digital, criada pelo Consulado da Mulher, foi apresentada em maio no evento Mapeando a inclusão digital no Brasil: desa-fios e perspectivas.

A ação, que aconteceu em Brasília, teve como objetivo promover a troca de experiên-cias relacionadas a iniciativas de todo o país. Além disso, identificou as possibilidades de cooperação entre os prin-cipais atores sociais – governo, empresas, organizações comu-nitárias etc - para os próximos passos do projeto. A realização foi do Ministério da Ciência e Tecnologia, Instituto Brasilei-ro de Informação em Ciência e Tecnologia, Ministério das Relações Exteriores e Departa-mento de Temas Científicos e Tecnológicos.

Mais informações: (11) 6940-1708

“Tira dúvidas” sobre formação

de preços

Rio Claro (SP) - Se você tem um empreendimento mas não sabe como cobrar pelo seu trabalho, participe do “tira dú-vidas” do Instituto Consulado da Mulher. É gratuito e a lin-guagem é acessível. O Instituto oferece plantão de atendimento individual para auxiliá-la(o) nes-sa questão. Para Fabiano Casti-lho, coordenador de Trabalho e Renda, esse serviço é essencial para orientar as pessoas a cal-cular o preço de seu produto. “Também valoriza o trabalho e as(os) ajuda a administrar corre-tamente o dinheiro”, explica.

Mais informações: (19) 3532-4446

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� REVISTA DO INSTITUTO �CONSULADO DA MULHER

Por que meninas têm de brincar de mamãe e bebê, preparar comidi-nha, e os meninos com miniaturas de automóveis, soldados, quartéis generais e jogos de rua? Quem de-terminou isso?

Ainda hoje existe uma educação mui-to diferenciada para homens e mulheres e, na maioria das vezes, com vantagens e privilégios para os garotos. As brinca-deiras dos meninos, em sua maior parte, são feitas na rua, reproduzindo o que é esperado do homem quando crescer: ir para fora buscar o sustento da família. E as das meninas acontecem em casa, com o forte incentivo que cresçam cuidando do lar e dos afazeres domésticos.

Quando se afirma que “menino não brinca de boneca”, se quer dizer que ele nada tem a ver com os trabalhos de sua residência. No entanto, pesquisas feitas no mundo inteiro apontam exatamente o con-trário, que homens e mulheres têm a mes-ma capacidade tanto para ciências exatas ou governar um Estado quanto para executar

“Meu filho e mi-nha filha me ajudam em casa com as tare-fas domésticas e am-bos já brincaram de carrinho, boneca e jogaram bola. Acho que os dois devem ter os mesmos direi-tos e deveres, assim como escolhas, ao contrário da criação que recebi dos meus pais. Muitas pesso-as ainda hoje ficam admiradas quando vêem o meu filho de 17 anos lavan-do a louça, como se fosse uma função apenas da mulher. Aqui em casa não tem isso. Quando o conjunto (mãe, pai, filho e filha) usa ou suja determinado cômodo da casa, o limpa depois”.(Ruth Baettcher, voluntária e participante do Consulado da Mulher em Joinville (SC). Mãe de uma moça de 15 anos e um rapaz de 17).

E U P O S S O E U P O S S O

Educar diferente

Joinville

Aqui você encontra pães de mel deliciosos, trufas, salgados, tortas doces e salgadas.

E mais: cesta completa de café da manhã e preparo de coquetéis.

Pedidos e encomendas com Maria Apareci-da Gralha da Silva pelos fones:

(47) 3027-7864 ou (47) 9114-6485

O preço é um doce! A entrega, melhor ainda!Pão de mel Mana

o trabalho de casa. Isso significa que casinha e panelas têm tudo a ver com os rapazes também.

Como mudar essas diferen-ças entre meninos e meninas? Aí está o importante papel da família e da escola ao mostrar que diferenças entre os sexos, não significa desigualdade. O garoto pode cuidar da boneca (do bebê) e a menina brincar de carrinho (dirigir automóvel).

Com um número cada vez maior de mulheres no mercado de trabalho, não se justifica mais o homem deixar de participar das tarefas de casa. A educação deve ser compartilhada pelo pai e pela mãe. Dessa forma, o(a) filha(o) se sente protegido(a) pelos dois, como também encontra neles um espelho para a sua vida. Quando

um menino, por exemplo, vê o pai trocar fraldas, dar comida para o bebê, tal como a mãe, enxerga uma outra realidade. Ele passa a se identificar com um amigo, com uma “outra mãe”, de quem não tem medo e pode amar. Assim, quando crescer não terá receio do amor e não será agressivo com sua esposa.

Que tal dizer, assim como Ruth, “eu posso”, e começar a educar diferentemente seus(suas) filhos(as)? Que tal orientá-los(as) na direção de um mundo melhor e de igualdade para todos(as)? Pense nisso! Participe das ações do Consulado.

Referências bibliográficas:

MURARO, Rose Marie - Educando me-ninos e meninas para um mundo novo, Zit Editora. RIBEIRO, Marcos - Educação de meninos e meninas, site www.pailegal.net

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10 REVISTA DO INSTITUTO 11CONSULADO DA MULHER

Clientes

A cooperativa divulga seus serviços por meio de folhetos distribuídos nos bairros e visitas a condomínios.

P A R A T R A B A L H A R E R E N D E R P A R A T R A B A L H A R E R E N D E R

• Roupa comum: R$ 9,00 o quilo • Roupa social: R$ 6,00 por peça • Calça de linho: R$ 5,00 por unidade • Calça Oxford: R$ 4,50 a peça

Também lavamos e passamos edredons, tapetes e cortinas. Oferecemos serviços de limpeza e costura. Temos preços especiais para

restaurantes, hotéis e demandas em grande escala.

Entre agora em contato conosco pelo fone (19) 3524-6460.

Temos o melhor preço da cidade! E ainda facilitamos o pagamento para 15 e 30 dias. Confira!

Lavanderia é exemplo de

empreendimento

Nosso Sonho é mais do que um nome. É uma realização para o grupo que completa três anos oferecendo serviços de la-vanderia na Usina do Trabalho de Rio Claro (SP). O empreen-dimento evoluiu muito, desde a sua fundação em 2004 e, hoje, suas integrantes, donas do pró-prio negócio, recebem R$ 350 por mês.

O segredo do sucesso? “Muita dedicação”, segundo Roseli Oliveira da Silva, mem-bro da cooperativa. “É também preciso fazer tudo com muito amor e carinho. Um cliente sa-tisfeito é gratificante para nós”, diz. Mas, como trabalhar e fazer render nesse negócio, como diz a própria chamada no alto des-ta página? Roseli conta, abaixo, como o empreendimento se organiza, define estratégias de negócios e busca clientela.

Planejamento

São feitas reuniões semanais para distribuição das atividades

de cada uma dentro da lavan-deria. Isso conforme as habilida-des e as preferências das parti-cipantes. Também são definidos objetivos e tomadas decisões nesse fórum. Tudo de forma participativa, por votação.

Organização do dia de trabalho

As tarefas do dia são esta-belecidas conforme a deman-da. Adota-se um esquema de revezamento pré-estabelecido. De manhã, algumas lavam, en-quanto outras passam. À tarde, invertem-se os papéis.

Qualidade

Duas cooperadas organi-zam o serviço, verificam se as roupas estão sendo bem passa-das, sem manchas, dentro dos padrões estabelecidos. Se uma mancha é encontrada na hora de passar, a peça retorna para a lavagem. Somente são entre-gues os produtos frutos de um trabalho bem acabado.

Para a cooperativa, o segredo de um bom negócio é gostar do que faz

Teve interesse pelos serviços da lavanderia

Nosso Sonho?

Quer conhecer mais sobre empreende-

dorismo popular em lavanderia?

Entre em contato pelo telefone

(19) 3525-6189.

Lavanderia “Nosso sonho”: preço único em Rio Claro

1. Márcia de Sousa Feitosa; 2. Da esquerda para direita: Roseli Oliveira da Silva, Maria Villani de Sousa Feitosa e Nícia Leite Araújo; 3. Maria Villani de Sousa Feitosa; 4. Da esquerda para direita: Nícia Leite Araújo e Roseli Oliveira da Silva.

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1� REVISTA DO INSTITUTO 1�CONSULADO DA MULHER

Lili e sua atuação na comunidade“No primeiro dia, pensei que

todo mundo estaria me espe-rando e, na realidade, não ha-via ninguém. Na hora eu pensei que estava fazendo um trabalho à toa, já que o Consulado havia montado a infra-estrutura e nin-guém aparecera! Saímos então, de casa em casa, chamando as pessoas para a oficina. Hoje, a vida de toda(o)s se transformou. Percebi então, que a distância se resumia à falta de acesso ao conhecimento.”

Olinda “Lili” Zacharia, psicóloga, so-bre sua experiência como voluntária nas ações do Consulado da Mulher de Joinville, no bairro Rio do Ferro.

E X P R E S S Ã O D E C I D A D A N I A E X P R E S S Ã O D E C I D A D A N I A

As vozes do voluntariado

Rute acredita na educação

“Eu e meu marido passáva-mos em frente à casa do Con-sulado quase todos os dias. Em um deles resolvemos conhecer, e logo começamos a participar como voluntários. A maior mo-tivação para nós é a economia solidária, que elimina a ’doa-ção’, e leva em conta o apren-dizado de todo(a)s”.

Rute da Costa Lima, terapeuta e es-teticista, voluntária no Espaço da Beleza do Consulado da Mulher de Rio Claro.

Mara, voluntária em um novo Consulado

“Aqui em Manaus sempre fizemos campanhas. Agora, com o Consulado da Mulher, a expectativa se torna maior ain-da. Já conversei com a coorde-nadora, Dayla Souza, e serei a pessoa número um nessa nova etapa”.

Mara Damasceno, colaboradora da Whirlpool S.A., sobre o lançamento do Consulado da Mulher de Manaus

Serginho quer a transformação da

realidade

“O principal objetivo do Consulado da Mulher para mim é a troca de conhecimentos, que podem ser aplicados na construção de uma sociedade melhor e mais justa”.

Sérgio Coutinho, colaborador da Whirlpool S.A. e voluntário do Núcleo do Consulado da Mulher, em São Paulo.

Atuar como voluntária(o) na comunidade e no Consulado é fazer parte da transformação da sociedade para um mundo melhor e mais justo.

É trocar experiências e saberes para incenti-var a cidadania e a emancipação de mulhe-res e homens. Esta disposição está presente

nas pessoas que se dedicam a realizar oficinas, apoiar empreendimentos, participar de ativida-des nos bairros nos programas do Consulado da Mulher.

Veja aqui os relatos de Lili, Rute, Mara e Serginho, voluntária(o)s da Instituição.

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P Á G I N A S C O L O R I D A S

1� REVISTA DO INSTITUTO CONSULADO DA MULHER 1�

É possível gerar um mundo

diferenteConservar o meio ambiente é

necessário. Trabalhar também. Seguindo essa linha, a onda do desenvolvimento sustentável, que une esses dois aspectos, veio para ficar! E para falar do assunto, a Revista do Consula-do da Mulher convidou Simone Ramounoulou, diretora execu-tiva no Brasil da organização The Natural Step que atua com projetos nas áreas de educação, desenvolvimento humano, pes-quisa científica e planejamento estratégico com foco na susten-tabilidade. Confira!

Revista do Consulado: Como a sociedade vê o desenvolvimento sustentável?

Simone Ramounoulou: Acre-dito que a visão de sustentabilida-de ainda tem de ser muito bem aprendida e aplicada em todos os níveis. Refiro-me desde as gran-des companhias até as menores empresas e também ao quintal da casa da gente. É uma questão de conscientização. As pessoas preci-sam saber o que está acontecen-do com o planeta e trabalhar para melhorá-lo. Não adianta todos(as) só ficarem com medo do aqueci-mento global ou da falta de água. É preciso fazer algo para evitá-los.

Revista do Consulado: De que maneira as pessoas podem contribuir para essa causa?

Simone: Aí está o papel da grande mídia em apresentar so-luções e não apenas os desastres, como furacões, tempestades, se-cas etc. Quando, por exemplo, economizamos energia elétrica, água, ou cuidamos do nosso lixo, colaboramos para manter nosso planeta, cidade, bairro e, assim, melhoramos nossas vidas.

Revista do Consulado: E no campo de trabalho, como você vê a aplicação da sustentabilidade na atuação com mulheres?

Simone: Eu acredito que o pa-pel da mulher é muito grande. Ela tem a possibilidade, a capacidade, a força interior de criar e nutrir no-vos processos, trazer novas opor-tunidades e educar as pessoas que estão em sua volta. E isso até com seu próprio exemplo e garra. Mas é preciso que não haja competi-ção e, sim complemento entre seu trabalho e o dos homens ou de outras mulheres. É possível atuar dessa forma. Creio que a susten-tabilidade exista e apareça com a dimensão que ela tem hoje, por-que proporciona transformação, gera um mundo diferente.

Revista do Consulado: Falta algo para que essa transformação aconteça?

Simone: Sim. Está faltando parar, olhar e entender o que está acontecendo e, em seguida, cola-borar. Mas não só conosco, aqui no Brasil, como no mundo inteiro. É importante fazer com que as mu-lheres percebam que elas têm mui-ta responsabilidade nisso, já que são capazes de trazer o novo, de fazer com que as coisas evoluam, bem como de se desenvolver no trabalho, na reconstrução da socie-dade e na família. Elas têm o dom de envolver quem está próximo(a). Daí a sua importância.

Revista do Consulado: Que conselho você daria para as pesso-as que querem formar um negócio sustentável hoje?

Simone: Fazer o que é bom para elas, aos negócios, à sociedade e ao meio ambiente. A gente não pode destruir uma coisa para construir outra. Precisamos criar processos simples, que não estraguem o que está em nossa volta e melhorem o que é possível. Diálogo também é importante. As pessoas devem ter

uma atitude amigável e construti-va uma com as outras. Não devem ser agressivas ou exigentes. Se não competimos, não criamos conflitos, geramos uma ação diferente, de construção e de desenvolvimento. Dessa forma, há mudanças na cul-tura do empreendimento todo. Não é só teoria, é verdade! Mas, não adianta apenas falar. Se a gente fala e não faz, não resolve. É preciso mu-dar a maneira como vemos o mun-do e as pessoas que estão nele.

P Á G I N A S C O L O R I D A S

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1� REVISTA DO INSTITUTO 1�CONSULADO DA MULHER

O que é desenvolvimento

sustentável?A partir da segunda metade

do século XIX, pesquisas afir-mam que a destruição do meio ambiente e suas conseqüências no mundo são resultado do descontrolado crescimento da população e da super explora-ção dos recursos naturais.

Com a intenção de discutir e encontrar soluções para esse problema, a Organização das Nações Unidas (ONU) promo-veu em 1972 uma conferência, que criou a Declaração sobre o Ambiente Humano. O docu-mento define desenvolvimento sustentável como aquele que atende as necessidades da população hoje possibilitando que seus(suas) filhos(as) e netos(as) possam usar os mes-mos recursos que a natureza oferece atualmente.

Mas, o que isso quer dizer? Que todos(as) devem preser-var o meio em que vivem, pre-ferindo produtos reciclados,

fazendo coleta seletiva e plantando árvores. Também com o desenvolvimento de

empreendimentos que trabalhem com o re-aproveitamento de

materiais. Enfim, pela reconstrução do pla-neta e por um futuro digno às próximas ge-rações.

Revista do Consulado: Como você vê o surgimento de coopera-tivas e empreendimentos popula-res que têm criado uma nova for-ma de trabalho e renda, aliada ao meio ambiente?

Simone: Eu vejo que grupos pequenos podem fazer grandes diferenças. Então, iniciativas como as do Consulado da Mulher são im-portantes pelo fato de reunir pes-soas, de tê-las trabalhando juntas, aplicando o que cada uma sabe. Tudo isso cria uma nova cultura. Se vários grupos pequenos se unem, formam um grande. E vários gran-des, criam um maior ainda. Traba-lhar em rede é essencial, inicialmen-te, naquilo que as pessoas já sabem fazer, pois dá a elas a oportunidade de ter acesso a novos conhecimen-tos, aprimorar-se e enxergar o mun-do de forma ampla. Mais uma coi-sa: a gente também tem de saber que mudanças acontecem pouco a pouco. É preciso cuidado, paciên-cia e muita força de vontade para mudar e transformar a nossa vida, o meio em que vivemos. En-fim, o nosso planeta.

P R A T I Q U E A I D É I A D A

Marlene

Marlene Maciel Barbuio mexe com reciclagem há seis anos e faz parte do grupo de consorciadas de artesanato da Usina do Trabalho, em Rio Claro (SP). A idéia de utilizar bagaço de cana veio com o lançamento de uma oficina de artesanato criada pelo Fórum de Mulheres da cidade, em 2004.

Marlene, que atua neste fórum há 10 anos, lembra de quando a oficina foi divulgada, mas não pôde participar. No entanto, três anos depois, no-vamente teve vontade de tra-balhar com o material. “E, aí o que fazer?”, pensou. A primei-ra ação foi pedir emprestada a apostila do curso a uma amiga. “Comecei a desenvolver pro-dutos de forma autodidata e, confesso, que o primeiro lote de peças não ficou bom. Mas persisti e, hoje, compartilho meus conhecimentos com vo-cês leitora(e)s”, conta.

Veja a receita de Marlene na página seguinte e cole-cione esta idéia.

Artesanato com materiais reciclados:

bagaço de cana

Mensagens da artista

“Trabalho artesanal requer carinho e aten-ção. Produza as peças com o amor que elas merecem. Você tam-bém pode gerar renda com elas!”

“Acho importante a atuação do Consulado na questão da mulher, independentemente de sua classe social, raça ou idade. A sociedade deve olhar cada vez mais para a causa fe-minina com respeito e acolhimento”.

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cion

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ta id

éia

P Á G I N A S C O L O R I D A S

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1� REVISTA DO INSTITUTO 1�CONSULADO DA MULHER

aplique com a mão na peça que de-seja decorar, utilizando uma camada bem espessa. Comece de baixo para cima. Sugestões de peças: vaso, caixi-nha e garrafa pet.

8. Por fim, seque no sol para evitar que embolore. Após ficar bem seco, passe cola branca para impermeabili-zar e, em seguida, o verniz.

9. Para o acabamento, a artesã sugere flores, sementes e outros itens naturais.

P R A T I Q U E A I D É I A D A

MarleneH A H A H A

Você vai precisar de:Para fazer a cola: 2 copos de fari-

nha de trigo, 4 a 5 copos de água e 3 colheres de sobremesa de lysoform.

Para fazer a massa: bagaço de cana (usar quantidade para que a massa fique consistente), cola casco-rez (cola branca), cola preparada no passo anterior e 1 vaso cerâmica.

Para fazer o molho: barrilha ou soda (carbonato de sódio conhecido como barrilha), água e bagaço de cana.

Para o cozimento do bagaço: vina-gre ou limão, água e bagaço de cana.

Para fazer o acabamento: verniz (que pode ser o verniz cristal ou aparente).

Modo de fazer:1. Limpe completamente o bagaço.

2. Corte-o em pedaços pequenos e o deixe de molho 48 horas na bar-rilha ou soda para executar a limpeza e desinfecção.

3. Lave o bagaço de cana para tirar as impurezas e, logo após, cozinhe-o com vinagre ou limão por 40 minutos.

4. Deixe esfriar e bata-o no liqui-dificador com bastante água (mais água que cana), lave-o de novo e es-prema para tirar o excesso de água.

5. Seque o bagaço ao sol para evi-tar criação de fungos e bactérias.

6. Faça uma massa misturando o material com farinha de trigo e 3 colheres de sobremesa de lysoform, utilizando luvas.

7. Pegue a massa resultante e

Artesanato com bagaço de cana

cole

cion

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C a r t a d o ( a ) l e i t o r ( a ) e a n ú n c i o sParticipe comentando a(s) matéria(s) e/ou a re-vista. Se você é um(a) participante do Instituto e, também, quer falar sobre seus produtos ou servi-ços, envie-nos seu anúncio. Ele será avaliado den-tro da fisolofia do Consulado para divulgação.

As cartas ou e-mails devem ser enviados com nome completo, RG, endereço e telefone. A revista se reserva o direito, de sem alterar o conteúdo, resumir e adaptar os textos publicados. As correspondências devem ser endereçadas à seção Cartas, na Rua Olímpia Semeraro, ��, Jardim Santa Emília, CEP: 0�1��-�01, aos cuidados da Comunicação do Consulado da Mulher, pelo e-mail [email protected], ou entre-gues diretamente na recepção das unidades do Insti-tuto em Rio Claro (SP), Joinville (SC) e Manaus (AM).

MENINOS E MENINAS CRESCEM DIVIDIDOS E DEPOIS VIVEM RECLA-MANDO. pODE?!?

assim vão as coisas neste

MUNDO...

VIXI!!! se o mundo tÁ DE cabeça pra baixo, o jeito é A GENTE SE VIRAR!

Nas oficinas do consulado a gente sempre reflete sobre gênero, meio ambiente, tra-balho e renda. Tudo por um mundo melhor e diferente.

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Ano III Nº10 Maio/Junho 2007A Revista do Consulado da Mulher é uma publicação

bimenstral do Instituto do Consulado da Mulher.Coordenação da Publicação

Alexandra Ebert, Inês Meneguelli Acosta e Silvana S. Nascimento.Conselho Editorial

Alexandra Ebert, Anna Paula Colacino, Bruno Galhardi, Cássia Monteiro, Célia Regina Lara, Christiano Basile, Gláucia Matos Adeniké,

Guilherme Diefenthaeler, Jonatas Oliveira, Leda Böger, Maria de Fátima Olberg, Paula Watson, Renata Watson e Silvana S. Nascimento.

CapaFoto de destaque: grupo Mulheres com fibra, de Joinville (SC), composto por:

Ana Maria Machado, Debora Barauna, Luiza Meyer, Nulcemar Kroetz, Olga Bledmel, Rosane Kohn, Shirley Kohn, Sirlanda Viapiana e Vanda Neves.

Foto pequena: Marlene Barbuio, artesã de Rio Claro (SP)Fotos

Eduardo Souza (São Paulo - SP): Página 11 (Serginho) ; Marcelo Caetano (Joinville - SC): capa (Mulheres com Fibra) e páginas 4, 5, 12 (Lili); Danielo Chaves da Ênfase Comunicação (Rio Claro SP): capa (Marlene) e páginas 11, 12 (Ruth),

17 e 18; Arquivo pessoal: Página 2; Divulgação: Página 9 (foto do produto solidário no anúncio); Whirlpool S.A.: Página 11 (Mara).

TextosJornalista responsável: Alexandra Ebert (MTB: 42674)

Estagiário de comunicação: Bruno GalhardiEducador(a) social: Jonatas Oliveira e Maria de Fátima Olberg

Editorial: Christiano BasileMulher, homem: Silvana S. Nascimento

Projeto Gráfico, Diagramação e IlustraçõesTraço Comunicação (www.watsons.com.br)

Tiragem6.000 exemplares

Instituto Consulado da MulherNúcleo São Paulo SP: (11) 6940 1665 • Unidade Rio Claro SP: (19) 3532 4446

• Unidade Joinville SC: (47) 3433 3773 • www.consuladodamulher.org.brParceria