Edição nº 76, Junho 2019 — Sivan 5779 — Ano 23...

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Edição nº 76, Junho 2019 — Sivan 5779 — Ano 23 — chevrakadisha.org.br/pdfa/ I N F O R M A No próximo dia 30/06, a Chevra realiza cerimônia para marcar o término das obras de restauro do Cemitério Israelita de Cubatão. Tombado desde 2010 pelo Con- selho de Defesa do Patrimônio Cultural de Cubatão – Condepac, o campo santo estava em estado crítico devido à poluição local. “Por estar muito próximo à refinaria de Cubatão, o cemitério é submetido a uma chuva ácida violenta”, explica o vice- presidente Guilherme Faiguenboim. Assumido pela Chevra em 1996, o campo santo foi fundado nos anos 1920 pela So- ciedade Beneficente e Religiosa Israelita de Santos para garantir o sepultamento digno, conforme os rituais judaicos, de suas associadas, que viviam à margem da comunidade judaica estabelecida. A ins- crição reproduzida de uma lápide no Rio de Janeiro ilustra bem a situação dramá- tica dessas imigrantes que, por realizarem atividades controversas, acabavam sendo sepultadas em cemitérios municipais sem sequer o sobrenome. POLACAS – Com 75 sepulturas – a mais antiga de 1924 e a mais recente de 1966 –, o Cemitério Israelita de Cubatão é objeto Chevra restaura Cemitério Israelita de Cubatão Evento no dia 30/06 terá a presença de autoridades municipais e religiosas de interesse documental justamente por preservar a memória das chamadas “pola- cas”, mulheres judias que deixaram o leste europeu no final do século 19 e no início do século 20, em busca de melhores condi- ções de vida, e acabaram sendo levadas à prostituição na Baixada Santista. “Em muitas das lápides, além do nome em português e hebraico e de símbolos judai- cos, especialmente a Estrela de David, há al- gumas fotografias das falecidas e inscrições, a maioria das quais faz referência à asso- ciação – ‘homenagem da Sociedade Bene- ficente e Religiosa Israelita de Santos’ ou ‘última homenagem da associação’ – e às companheiras: ‘homenagem de Sabina’, ‘lembrança de sua última amiga’, ‘última homenagem de Regina’, ‘lembrança de suas amigas Chindale, Helena e Rosa’, ‘recordação da esposa de Goldenberg e de suas conhecidas’”, contam Monica Musatti e Roney Cytrynowicz no livro ‘Associação Cemitério Israelita de São Paulo – 85 anos’ (ed. Narrativa-um, 2008). A cerimônia no dia 30 de junho será re- alizada a partir das 11 horas da manhã e é aberta a todos os interessados. Cemitério Israelita de Cubatão Rua São Vicente, s/ nº, bairro Fazenda Cafezal, Cubatão – SP Lápide encontrada no Cemitério Municipal São Francisco Xavier (RJ). Erguido pelas “Polacas”, o Cemitério de Inhaúma (RJ) só foi inaugurado 35 anos após a morte de Leonora. (baseado em N. Falbel, Judeus no Brasil: Estudos e Notas, p.485) Reprodução

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Edição nº 76, Junho 2019 — Sivan 5779 — Ano 23 — chevrakadisha.org.br/pdfa/

I N F O R M A

No próximo dia 30/06, a Chevra realiza

cerimônia para marcar o término das

obras de restauro do Cemitério Israelita de

Cubatão. Tombado desde 2010 pelo Con-

selho de Defesa do Patrimônio Cultural de

Cubatão – Condepac, o campo santo estava

em estado crítico devido à poluição local.

“Por estar muito próximo à refi naria de

Cubatão, o cemitério é submetido a uma

chuva ácida violenta”, explica o vice-

presidente Guilherme Faiguenboim.

Assumido pela Chevra em 1996, o campo

santo foi fundado nos anos 1920 pela So-

ciedade Benefi cente e Religiosa Israelita

de Santos para garantir o sepultamento

digno, conforme os rituais judaicos, de

suas associadas, que viviam à margem da

comunidade judaica estabelecida. A ins-

crição reproduzida de uma lápide no Rio

de Janeiro ilustra bem a situação dramá-

tica dessas imigrantes que, por realizarem

atividades controversas, acabavam sendo

sepultadas em cemitérios municipais sem

sequer o sobrenome.

POLACAS – Com 75 sepulturas – a mais

antiga de 1924 e a mais recente de 1966 –,

o Cemitério Israelita de Cubatão é objeto

Chevra restaura Cemitério Israelita de Cubatão

Evento no dia 30/06 terá a presença de autoridades municipais e religiosas

de interesse documental justamente por

preservar a memória das chamadas “pola-

cas”, mulheres judias que deixaram o leste

europeu no fi nal do século 19 e no início

do século 20, em busca de melhores condi-

ções de vida, e acabaram sendo levadas à

prostituição na Baixada Santista.

“Em muitas das lápides, além do nome em

português e hebraico e de símbolos judai-

cos, especialmente a Estrela de David, há al-

gumas fotografi as das falecidas e inscrições,

a maioria das quais faz referência à asso-

ciação – ‘homenagem da Sociedade Bene-

fi cente e Religiosa Israelita de Santos’ ou

‘última homenagem da associação’ – e às

companheiras: ‘homenagem de Sabina’,

‘lembrança de sua última amiga’, ‘última

homenagem de Regina’, ‘lembrança de

suas amigas Chindale, Helena e Rosa’,

‘recordação da esposa de Goldenberg e de

suas conhecidas’”, contam Monica Musatti

e Roney Cytrynowicz no livro ‘Associação

Cemitério Israelita de

São Paulo – 85 anos’

(ed. Narrativa-um,

2008).

A cerimônia no dia

30 de junho será re-

alizada a partir das

11 horas da manhã

e é aberta a todos os

interessados.

Cemitério Israelita de Cubatão

Rua São Vicente, s/

nº, bairro Fazenda

Cafezal, Cubatão – SP

Lápide encontrada no Cemitério Municipal São Francisco Xavier (RJ). Erguido pelas “Polacas”,

o Cemitério de Inhaúma (RJ) só foi inaugurado 35 anos após a morte de Leonora. (baseado em N. Falbel,

Judeus no Brasil: Estudos e Notas, p.485)

Reprodução

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CK Informa

Caixas de vela coletivasNos cemitérios do Butantã e do Embu foram

instaladas caixas de vela coletivas nas pontas

de quadra. Assim, todos os visitantes podem

acender velas de forma mais confortável.

Vale lembrar, porém, que, no judaísmo, a co-

locação de uma pedrinha branca na sepultura

é uma reverência in memoriam. Por essa razão,

há pedras disponíveis em todas as quadras.

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História

Alemã que escapou do nazismo graças à mulher de Guimarães Rosa deixou imóvel para a ChevraDoações auxiliam a entidade em sua missão de zelar pela memória da comunidade judaica

Recentemente, a Che-

vra efetuou a venda

de um apartamento de

43 m2, situado em São

Paulo. Os recursos ob-

tidos serão revertidos

para a manutenção dos

quatro cemitérios isra-

elitas do Estado (Vila

Mariana, Butantã, Embu

e Cubatão), bem como

no atendimento de ca-

sos sociais.

A mitzvá, porém, é da

sra. Maria Margareth

Bertel Levy (z’l), que

deixou para a entidade

o imóvel. Sem herdeiros, ela faleceu há oito

anos e foi sepultada no Cemitério Israelita

do Butantã.

Filha de judeus poloneses, Margarida, como

era chamada, nasceu em Hamburgo, Alema-

nha, em 1908, e chegou ao Brasil em 1938,

ao lado do marido, o cirurgião dentista Hugo

Levy, graças ao apoio crucial de amigos que

ajudaram o casal a esca-

par da barbárie nazista.

Entre esses amigos es-

tava uma funcionária

do consulado do Brasil

em Hamburgo, Aracy de

Carvalho, que, posterior-

mente se tornaria mulher

do consagrado escritor

Guimarães Rosa, autor

de ‘Grandes Sertões: Ve-

redas’, ele também atu-

ante na representação

diplomática do Brasil na

cidade alemã.

Ao se reencontrarem na

capital paulista na déca-

da de 1940, Margarida e Aracy estabeleceram

sólida amizade. Tanto que, após fi car viúva,

Margarida, já idosa, recebia os cuidados do

fi lho do primeiro casamento de Aracy, Eduar-

do Tess, que a considerava uma segunda mãe.

Coincidentemente, as duas amigas faleceram

no início de 2011, ambas aos 102 anos, com

poucos dias de diferença.

“À medida que a violência

nazista se espalhava por toda a

Alemanha, as fi las nos consula-

dos aumentavam, anunciando

a catástrofe que estava por vir.

Como funcionária responsável

pela avaliação da documentação

entregue pelos judeus na Seção

de Passaportes, Aracy assumia

riscos que colocavam sua car-

reira e vida em perigo. Desde

1938, Aracy agia nos bastidores

do consulado-geral do Brasil em

Hamburgo burlando, do seu jeito,

as restrições antissemitas impos-

tas pelo governo brasileiro. Dessa

forma, posicionava-se, também,

como oponente à política de

“arianização” imposta pelo Esta-

do alemão e administrada pelos

dirigentes do Partido Nacional-

Socialista.” (SCHPUN, 2011, p.

133- 248, in www.arqshoah.com)

Dona Margarida e Dona Aracy (sentada)

Reprodução internet

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Chevra Kadisha Informa

EXPEDIENTE – Coordenação: Boris Ber. Edição: Roberta Jovchelevich (Mtb. 22.908). Projeto gráfi co e diagramação: Formato Editoração e Design. Impressão: Gráfi ca Santa Terezinha. Tiragem: 17.000 exemplares.

• ACISP (sede administrativa): Av. Pedroso de Morais, 457 – 5º andar, cj. 501, CEP 05419-000 – São Paulo-SP – Brasil Telefone (11) 3329-7070. • Em caso de falecimento, entre em contato pelo tel. (11) 3329-7070 (opção 1) ou pelo celular (11) 99155-3550. • Atendimento 24 horas, durante o Shabat e festas judaicas: (11) 99155-3550.• www.chevrakadisha.org.br. Curta nossa página no Facebook

CK Informa

Convidada pela Miração

Filmes a falar sobre envelhe-

cimento para uma série en-

comendada pela TV Cultura,

a economista Elca Rubins-

tein escolheu o Cemitério

Israelita do Butantã como

um dos cenários. “Gosto

de vir nesse cemitério, co-

nheci muita gente que está

enterrada aqui, é um lugar

que me traz muita paz”, diz.

Aos 73 anos, ela será

ordenada rabina no fi nal

deste ano – para tanto

faz o curso de rabinato

em uma instituição norte

americana. “A vida não acabou e, com a

minha idade, trago experiência de vida e

a audácia de poder ser autêntica, indepen-

dente e fi el às minhas ideias”, pondera.

Cultura

Futura rabina grava no Cemitério Israelita do Butantã série sobre envelhecimento

RESERVA – No Butantã, Elca tem uma

reserva ao lado da sepultura de sua mãe,

no setor O. “É um privilégio ter escolhido

em vida. É fonte de doçura saber que vou

ser enterrada e que quem vier nos visitar

fará o Kavod para nós duas juntas.”

Ao diretor da série, Sergio Roizenblit,

Elca falou sobre o conforto emocional

transmitido pelos rituais judaicos relacio-

nados ao luto. “O Kadish exige a presença

de 10 pessoas para ser rezado porque o

judaísmo considera que a única forma de

enfrentar o luto é estar rodeada de pessoas

que estejam em sintonia com você em um

momento difícil.”

Ela explicou ainda que o caixão judaico

é padronizado e que todos os judeus

são enterrados da mesma forma, com a

mesma vestimenta branca, respeitando

o princípio da igualdade, para que não

haja distinção. “O caixão é fechado para

que a lembrança seja da pessoa viva”,

destacou.

A série está sendo fi nalizada e ainda

não tem data de exibição.

CK Informa

Elca, ao centro, durante depoimento à Miração Filmes

Visita AcadêmicaEstudantes da Escola da Cidade – Faculdade de Arquitetu-

ra e Urbanismo, de São Paulo, durante visita ao Cemitério

Israelita do Butantã, na manhã do último dia 29 de maio.

Sob orientação da professora Paula Janovitch (de preto, ao

centro), os alunos estiveram no setor ‘N’, para conhecer

a história das sepulturas que vieram do antigo cemitério

de Santana. Também foram apresentados a alguns rituais

e tradições do judaísmo, como a colocação de pedrinhas

no túmulo, uma reverência in memorian, e a lavagem das

mãos com água corrente antes de deixar o cemitério.

CK Informa

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Chevra Kadisha Informa

Restrição de visitaConfi ra no calendário abaixo as datas de junho a setembro próximo em

que, de acordo com a Halachá (tradição judaica), não é permitido visitar

os cemitérios.

Reservas

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CK Informa

Calendário Gregoriano Festividade Data Hebraica Dia da Semana

04 a 15/06

Rosh Chodesh Sivan

1º Sivan a 12º Sivan

Terça a Sábado

08/06 Véspera de Shavuot 5º Sivan Sábado

09/06 Primeiro dia de Shavuot 6º Sivan Domingo

10/06 Segundo dia de Shavuot 7º Sivan Segunda-feira

03/07 1º Rosh Chodesh Tamuz 30º Sivan Quarta-feira

04/07 2º Rosh Chodesh Tamuz 1º Tamuz Quinta-feira

02/08 Rosh Chodesh Av 1º Av Sexta-feira

16/08 Tu B’Av 15º Av Sexta-feira

31/08 1º Rosh Chodesh Elul 30º Av Sábado

01/09 2º Rosh Chodesh Elul 1º Elul Domingo

30/09 1º Rosh Hashaná 5780 1º Tishrei Segunda-feira

Cessão de uso é através da ChevraA aquisição de uma cessão de uso per-

pétuo de campa nos cemitérios israelitas

é feita exclusivamente na Chevra Kadisha

– Associação Cemitério Israelita de São

Paulo. A entidade não tem vendedores nem

representantes e eventual transferência de

cessão de uso deverá ser tratada junto à ad-

ministração, conforme rege o Estatuto. Em

caso de dúvida ou reserva, entre em contato

pelo telefone (11) 3329-7070 ou então pelo

e-mail [email protected].

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