Educação em Pauta - Edição 2

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, Agentes Mirins de Saúde Estudantes da rede municipal dão exemplo de cidadania participando de ação contra a dengue. Pág. 11 Salvador Cidade das Letras O programa de alfabetização de jovens e adultos já está em 262 bairros periféricos e suburbanos de Salvador. Pág. 03 ANO 1 Nº 2 AGOSTO DE 2009 Educação tem mais saúde Promover atividades para o desenvolvimento de hábitos saudáveis ainda nos primeiros anos de vida dos estudantes é o que pretende o Programa de Educação para Saúde Infantil (Pesi), lançado pela Secretaria Municipal da Educação, Cultura, Esporte e Lazer (Secult). Inicialmente vai beneficiar 10 Centros de Educação Infantil, mas a previsão é de atender aos 47 CMEIs já nos próximos meses. Os alunos assistidos pelo Pesi passam por avaliações de nutricionistas, dentistas, fisioterapeutas e assistentes sociais. Págs. 06 e 07 Liberdade Negra Situada no bairro mais negro da América Latina, a Coordenadoria Regional de Educação (CRE) da Liberdade, que engloba 30 escolas municipais, vem desenvolvendo ações de valorização do povo negro e combate ao racismo. Pág. 10

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Educação em Pauta - Edição 2

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Agentes Mirins de SaúdeEstudantes da rede municipal dão exemplo de cidadania participando de ação contra a dengue.

Pág. 11

Salvador Cidade das LetrasO programa de alfabetização de jovens e adultos já está em 262 bairros periféricos e suburbanos de Salvador.

Pág. 03

ANO 1 Nº 2 AGOSTO DE 2009

Educação tem mais saúdePromover atividades para o desenvolvimento de hábitos saudáveis ainda nos primeiros anos de vida dos estudantes é o que pretende o Programa de Educação para Saúde Infantil (Pesi), lançado pela Secretaria Municipal da Educação, Cultura, Esporte e Lazer (Secult). Inicialmente vai beneficiar 10 Centros de Educação Infantil, mas a previsão é de atender aos 47 CMEIs já nos próximos meses. Os alunos assistidos pelo Pesi passam por avaliações de nutricionistas, dentistas, fisioterapeutas e assistentes sociais.

Págs. 06 e 07

LiberdadeNegraSituada no bairro mais negro da América Latina, a Coordenadoria Regional de Educação (CRE) da Liberdade, que engloba 30 escolas municipais, vem desenvolvendo ações de valorização do povo negro e combate ao racismo.

Pág. 10

3ANO I Nº 2 - AGOSTO DE 2009

Trabalhar inclusão social através da Educação é a prioridade desta gestão. Investir em programas que valorizem o desenvolvimento da cidadania e eleve a dignidade dos nossos pequenos cidadãos é o nosso desafio, e é nesta direção que estamos caminhando dia a dia.

Recentemente, implantamos, na rede municipal, o Programa de Educação para Saúde Infantil (Pesi), que vai proporcionar um cuidado todo especial com as nossas crianças envolvendo os pais, exigindo uma dedicação ainda maior dos nossos profissionais da Educação. Aprendendo desde os primeiros anos de vida a ter uma alimentação saudável e a cuidar do corpo e da alma, certamente, teremos cidadãos mais saudáveis no futuro.

Mas este não é o único programa da Secretaria Municipal da Educação, Cultura, Esporte e Lazer (Secult), voltado para a formação integral dos nossos meninos e meninas. Salvador Graffita, Fiema, Salvador Cidade das Letras são apenas alguns que abordamos nesta edição.

Ainda temos muitos outros que iremos mostrar nas próximas edições. São programas com preocupação com a cidadania, valorização dos profissionais e também com o propósito de aproximação com a comunidade, em especial com a família dos nossos alunos, que reforçam as ações já desenvolvidas nas escolas. Entendemos que uma boa educação se faz quando escola, família e comunidade andam lado a lado.

Desejamos a todos uma boa leitura e reafirmamos o nosso compromisso de fazer Educação com Amor.

Até o próximo número.

Carlos Ribeiro SoaresSecretário de Educação

Expediente

Uma publicação trimestral da Secretaria Municipal da Educação, Cultura, Esporte e Lazer – SECULT

Secretário: Carlos Ribeiro Soares Subsecretário: Eliezer Cruz.Jornalista Responsável: Neire Matos.

Redação: Angela Natsumi, Antonio Gusmão, Lucas Rocha, Carla Costa, Camila Vieira e Mayanna Miranda.

Fotos: ASCOM / Secult.Publicidade: Ana Amélia Carvalho.

Relações Públicas: Consuêlo Navarro, Mayara Góes e Patrícia Cal.

Municipal Vivaldo da Costa Limafazendo a diferença na educação

Nos dicionários, a palavra escola significa estabelecimento de ensino, mas para a Secretaria Municipal da Educação, Cultura, Esporte e Lazer (Secult) o seu conceito denota muito mais que isso. Os educadores que fazem parte da Rede Municipal de Ensino entendem que a escola exerce o papel fundamental para a formação do cidadão. Este é o espaço voltado para o desenvolvimento das capacidades cognitivas e das particularidades de cada criança, além de contribuir para a promoção do conhecimento social delas.

Uma prova disso é a Escola Municipal Vivaldo da Costa Lima, localizada no Centro Histórico de Salvador (Pelourinho). Hoje, a escola possui 16 professores e atende 345 alunos nos turnos matutino e vespertino (crianças com idade entre 5 e 14 anos, que fazem parte do grupo 5 da Educação Infantil até o 5º ano do Ensino Fundamental) e noturno, quando são ministradas aulas do Segmento da Educação de Jovens e Adultos (SEJA).

Desde o ano de 2007, a Vivaldo da Costa Lima desenvolve projetos voltados à inclusão social e formação do cidadão participante na comunidade onde vive. Isso porque, segundo o vice-diretor Wendel Souto, um dos principais problemas enfrentados pela escola é a evasão escolar, pois a maioria dos estudantes ajuda as suas famílias na subsistência e vivem em situação de rua, muitas vezes não tendo condições de frequentar a escola diariamente.

AÇÕES

No primeiro semestre deste ano, a escola já desenvolveu dois projetos: “Alimentando-se de Saber” e “Fazer o bem para o seu próprio bem”. O primeiro tem o objetivo de combater o índice de evasão escolar valorizando os alunos, a família e a cultura local com atividades como visita aos museus do Centro Histórico, oficinas de leitura, pintura e desenhos realizadas em salas de aula.

Na opinião de Wendel, a Vivaldo está situada em um local privilegiado e toda sua história contribui para a educação dos alunos. “Hoje o Pelourinho é um dos principais pontos turísticos de Salvador e um dos maiores patrimônios históricos e culturais brasileiros. Como educadores, temos a responsabilidade de levar para o dia a dia das crianças atividades saudáveis, que incentivem a leitura, a arte e contribua para a formação de cidadãos mais conscientes e responsáveis. Os alunos precisam se sentir motivados com a escola, alimentar-se de cultura e nós estamos em um lugar que oferece tudo isso”, explica.

O projeto “Fazer o bem para o seu próprio bem” tem a finalidade de incentivar a solidariedade. Nessa ação, fruto da parceria com a Faculdade São Salvador, estudantes de diversas

áreas, como Enfermagem, Direito, Fisioterapia e Contabilidade, prestam serviços gratuitos à comunidade local. Segundo o vice-diretor da escola, este projeto contribuiu de maneira significativa para o aumento do número de matrículas. “Além de levar o conceito de responsabilidade social para pais, alunos e os moradores do entorno, muitas famílias conheceram melhor a Vivaldo, gostaram do nosso trabalho e trouxeram as crianças para dentro das salas de aulas”, conta. Para o segundo semestre, a escola já preparou mais dois projetos: “Pelourinho e a Nossa Diversidade” e “Tecnologias”.

Caio Ramos, de 14 anos, aluno do 5º ano, estuda desde 2008 na Vivaldo. Para ele, ir à escola todos os dias é um prazer, pois é lá que brinca com os amigos e aprende a se expressar melhor com as atividades aplicadas pelos professores. “Moro na Baixa dos Sapateiros e minha mãe não deixa brincar na rua porque é perigoso. Aqui me divirto com meus colegas no intervalo. Também adoro quando tem aula de informática e quando a pró leva a gente para visitar os museus”, diz. Caio conta que participa das ações realizadas pela escola, onde aprendeu a respeitar os mais velhos e aprimorou a sua escrita.

s pessoas são simples, as razões também. Escrever o próprio nome ou poder pegar o ônibus de volta

para casa sem precisar pedir ajuda. Ler, escrever, enxergar. “Realmente, no cotidiano, em tudo de mais simples e pessoal, você acaba tendo que depender dos outros. É como ser cego”, define Maria da Glória da Silva, diarista, que, aos 45 anos, decidiu que já era hora de deixar de viver na escuridão.

Maria se formou na terceira turma do ano de 2007 do Programa Salvador Cidade das Letras/Brasil Alfabetizado e não economiza elogios ao falar do trabalho desenvolvido pela Secretaria Municipal da Educação, Cultura, Esporte e Lazer (Secult) em Salvador. “Não há palavras para definir a sensação de deixar de compartilhar os segredos com outras pessoas, pois muitas vezes tiveram que ler cartas e mensagens endereçadas a mim. Hoje, me declaro totalmente viva.”

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2007, existiam, na capital baiana, 300 mil analfabetos e analfabetos funcionais. Com a finalidade de reduzir esse número, a Secretaria disponibilizou uma equipe

com dedicação exclusiva ao programa e, hoje, o programa já atinge 262 bairros periféricos e suburbanos de Salvador.

O Brasil Alfabetizado é um programa do Ministério da Educação (MEC), realizado em Salvador desde 2005 pela Secretaria Municipal da Educação, Cultura, Esporte e Lazer (Secult), integrando a política da Educação de Jovens e Adultos da cidade. “A aceitação é ótima e a cada ano que passa a organização, estruturação e o número de pessoas interessadas melhora, o que nos dá mais vontade de trabalhar e lutar para que os professores e alunos visem a alfabetização como uma leitura de mundo”, diz e explica a subcoordenadora de área do polo da Liberdade, São Caetano e Cabula, Luzia Souza.

As turmas são formadas através de alfabetizadores cadastrados na sede do programa, que recebem uma bolsa-auxílio no valor de R$ 250 e curso de capacitação. “Depois de 26 anos ensinando crianças, o programa me deu a oportunidade de realizar um sonho, ensinar àqueles que não tiveram a oportunidade de aprender quando pequenos. A minha maior satisfação foi ver a garra e disposição de um aluno de 78 anos em querer aprender o que

um dia achou ser impossível, e, no final, ainda ter tempo de me agradecer”, relata a alfabetizadora, Vera Maria Batista dos Santos.

Em 2009, os profissionais envolvidos buscam ampliar a ação através de parcerias com instituições não-governamentais, associações de moradores, movimentos sociais, instituições religiosas, entre outros. “Estamos dando mais um passo: em vez de deixarmos a procura de locais e alunos nas mãos apenas dos alfabetizadores, abrimos o leque para que instituições interessadas também possam fazer isso com mais estrutura e conforto”, explica Luzia.

Em 2008, o programa alfabetizou 16 mil alunos e para este ano a previsão é atingir 20 mil estudantes. O Salvador Cidade das Letras/Brasil Alfabetizado – curso de alfabetização de jovens e adultos – tem duração de oito meses, com carga horária total de 320 horas. As aulas acontecem de segunda a quinta nos espaços indicados pelos alfabetizadores, localizados em instituições comunitárias, de ensino superior e sedes de movimentos sociais, associações de moradores, clubes de mães, grupos religiosos e em escolas da rede municipal ou estadual.

ESCOLA DESTAQUEEM

OUTROS PROJETOS DESENVOLVIDOS PELA ESCOLA:

EM 2007» Bom Apetite Salvador: história da formação da culinária baiana.» Lendo, Crescendo e Construindo: projeto de incentivo à leitura

EM 2008» Alfabetizando, Incluindo e Conquistando: destinado à compreensão e apropriação das regras de escrita e da leitura. » Vivaldo Cultural Noturno: oferece aos alunos contatos com diversas linguagens artísticas.» Permaneça na escola: projeto para a redução da evasão escolar.

“Fazer o bem para o seu próprio bem”

A

DECIFRANDO O MUNDO As primeiras letras são descobertas por quem não teve a oportunidade de aprender a ler e escrever em idade regular. Alfabetizados, homens e mulheres enxergam, além das palavras, a chance de realizar sonhos.

educAÇÃO

3ANO I Nº 2 - AGOSTO DE 2009

Trabalhar inclusão social através da Educação é a prioridade desta gestão. Investir em programas que valorizem o desenvolvimento da cidadania e eleve a dignidade dos nossos pequenos cidadãos é o nosso desafio, e é nesta direção que estamos caminhando dia a dia.

Recentemente, implantamos, na rede municipal, o Programa de Educação para Saúde Infantil (Pesi), que vai proporcionar um cuidado todo especial com as nossas crianças envolvendo os pais, exigindo uma dedicação ainda maior dos nossos profissionais da Educação. Aprendendo desde os primeiros anos de vida a ter uma alimentação saudável e a cuidar do corpo e da alma, certamente, teremos cidadãos mais saudáveis no futuro.

Mas este não é o único programa da Secretaria Municipal da Educação, Cultura, Esporte e Lazer (Secult), voltado para a formação integral dos nossos meninos e meninas. Salvador Graffita, Fiema, Salvador Cidade das Letras são apenas alguns que abordamos nesta edição.

Ainda temos muitos outros que iremos mostrar nas próximas edições. São programas com preocupação com a cidadania, valorização dos profissionais e também com o propósito de aproximação com a comunidade, em especial com a família dos nossos alunos, que reforçam as ações já desenvolvidas nas escolas. Entendemos que uma boa educação se faz quando escola, família e comunidade andam lado a lado.

Desejamos a todos uma boa leitura e reafirmamos o nosso compromisso de fazer Educação com Amor.

Até o próximo número.

Carlos Ribeiro SoaresSecretário de Educação

Expediente

Uma publicação trimestral da Secretaria Municipal da Educação, Cultura, Esporte e Lazer – SECULT

Secretário: Carlos Ribeiro Soares Subsecretário: Eliezer Cruz.Jornalista Responsável: Neire Matos.

Redação: Angela Natsumi, Antonio Gusmão, Lucas Rocha, Carla Costa, Camila Vieira e Mayanna Miranda.

Fotos: ASCOM / Secult.Publicidade: Ana Amélia Carvalho.

Relações Públicas: Consuêlo Navarro, Mayara Góes e Patrícia Cal.

Municipal Vivaldo da Costa Limafazendo a diferença na educação

Nos dicionários, a palavra escola significa estabelecimento de ensino, mas para a Secretaria Municipal da Educação, Cultura, Esporte e Lazer (Secult) o seu conceito denota muito mais que isso. Os educadores que fazem parte da Rede Municipal de Ensino entendem que a escola exerce o papel fundamental para a formação do cidadão. Este é o espaço voltado para o desenvolvimento das capacidades cognitivas e das particularidades de cada criança, além de contribuir para a promoção do conhecimento social delas.

Uma prova disso é a Escola Municipal Vivaldo da Costa Lima, localizada no Centro Histórico de Salvador (Pelourinho). Hoje, a escola possui 16 professores e atende 345 alunos nos turnos matutino e vespertino (crianças com idade entre 5 e 14 anos, que fazem parte do grupo 5 da Educação Infantil até o 5º ano do Ensino Fundamental) e noturno, quando são ministradas aulas do Segmento da Educação de Jovens e Adultos (SEJA).

Desde o ano de 2007, a Vivaldo da Costa Lima desenvolve projetos voltados à inclusão social e formação do cidadão participante na comunidade onde vive. Isso porque, segundo o vice-diretor Wendel Souto, um dos principais problemas enfrentados pela escola é a evasão escolar, pois a maioria dos estudantes ajuda as suas famílias na subsistência e vivem em situação de rua, muitas vezes não tendo condições de frequentar a escola diariamente.

AÇÕES

No primeiro semestre deste ano, a escola já desenvolveu dois projetos: “Alimentando-se de Saber” e “Fazer o bem para o seu próprio bem”. O primeiro tem o objetivo de combater o índice de evasão escolar valorizando os alunos, a família e a cultura local com atividades como visita aos museus do Centro Histórico, oficinas de leitura, pintura e desenhos realizadas em salas de aula.

Na opinião de Wendel, a Vivaldo está situada em um local privilegiado e toda sua história contribui para a educação dos alunos. “Hoje o Pelourinho é um dos principais pontos turísticos de Salvador e um dos maiores patrimônios históricos e culturais brasileiros. Como educadores, temos a responsabilidade de levar para o dia a dia das crianças atividades saudáveis, que incentivem a leitura, a arte e contribua para a formação de cidadãos mais conscientes e responsáveis. Os alunos precisam se sentir motivados com a escola, alimentar-se de cultura e nós estamos em um lugar que oferece tudo isso”, explica.

O projeto “Fazer o bem para o seu próprio bem” tem a finalidade de incentivar a solidariedade. Nessa ação, fruto da parceria com a Faculdade São Salvador, estudantes de diversas

áreas, como Enfermagem, Direito, Fisioterapia e Contabilidade, prestam serviços gratuitos à comunidade local. Segundo o vice-diretor da escola, este projeto contribuiu de maneira significativa para o aumento do número de matrículas. “Além de levar o conceito de responsabilidade social para pais, alunos e os moradores do entorno, muitas famílias conheceram melhor a Vivaldo, gostaram do nosso trabalho e trouxeram as crianças para dentro das salas de aulas”, conta. Para o segundo semestre, a escola já preparou mais dois projetos: “Pelourinho e a Nossa Diversidade” e “Tecnologias”.

Caio Ramos, de 14 anos, aluno do 5º ano, estuda desde 2008 na Vivaldo. Para ele, ir à escola todos os dias é um prazer, pois é lá que brinca com os amigos e aprende a se expressar melhor com as atividades aplicadas pelos professores. “Moro na Baixa dos Sapateiros e minha mãe não deixa brincar na rua porque é perigoso. Aqui me divirto com meus colegas no intervalo. Também adoro quando tem aula de informática e quando a pró leva a gente para visitar os museus”, diz. Caio conta que participa das ações realizadas pela escola, onde aprendeu a respeitar os mais velhos e aprimorou a sua escrita.

s pessoas são simples, as razões também. Escrever o próprio nome ou poder pegar o ônibus de volta

para casa sem precisar pedir ajuda. Ler, escrever, enxergar. “Realmente, no cotidiano, em tudo de mais simples e pessoal, você acaba tendo que depender dos outros. É como ser cego”, define Maria da Glória da Silva, diarista, que, aos 45 anos, decidiu que já era hora de deixar de viver na escuridão.

Maria se formou na terceira turma do ano de 2007 do Programa Salvador Cidade das Letras/Brasil Alfabetizado e não economiza elogios ao falar do trabalho desenvolvido pela Secretaria Municipal da Educação, Cultura, Esporte e Lazer (Secult) em Salvador. “Não há palavras para definir a sensação de deixar de compartilhar os segredos com outras pessoas, pois muitas vezes tiveram que ler cartas e mensagens endereçadas a mim. Hoje, me declaro totalmente viva.”

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2007, existiam, na capital baiana, 300 mil analfabetos e analfabetos funcionais. Com a finalidade de reduzir esse número, a Secretaria disponibilizou uma equipe

com dedicação exclusiva ao programa e, hoje, o programa já atinge 262 bairros periféricos e suburbanos de Salvador.

O Brasil Alfabetizado é um programa do Ministério da Educação (MEC), realizado em Salvador desde 2005 pela Secretaria Municipal da Educação, Cultura, Esporte e Lazer (Secult), integrando a política da Educação de Jovens e Adultos da cidade. “A aceitação é ótima e a cada ano que passa a organização, estruturação e o número de pessoas interessadas melhora, o que nos dá mais vontade de trabalhar e lutar para que os professores e alunos visem a alfabetização como uma leitura de mundo”, diz e explica a subcoordenadora de área do polo da Liberdade, São Caetano e Cabula, Luzia Souza.

As turmas são formadas através de alfabetizadores cadastrados na sede do programa, que recebem uma bolsa-auxílio no valor de R$ 250 e curso de capacitação. “Depois de 26 anos ensinando crianças, o programa me deu a oportunidade de realizar um sonho, ensinar àqueles que não tiveram a oportunidade de aprender quando pequenos. A minha maior satisfação foi ver a garra e disposição de um aluno de 78 anos em querer aprender o que

um dia achou ser impossível, e, no final, ainda ter tempo de me agradecer”, relata a alfabetizadora, Vera Maria Batista dos Santos.

Em 2009, os profissionais envolvidos buscam ampliar a ação através de parcerias com instituições não-governamentais, associações de moradores, movimentos sociais, instituições religiosas, entre outros. “Estamos dando mais um passo: em vez de deixarmos a procura de locais e alunos nas mãos apenas dos alfabetizadores, abrimos o leque para que instituições interessadas também possam fazer isso com mais estrutura e conforto”, explica Luzia.

Em 2008, o programa alfabetizou 16 mil alunos e para este ano a previsão é atingir 20 mil estudantes. O Salvador Cidade das Letras/Brasil Alfabetizado – curso de alfabetização de jovens e adultos – tem duração de oito meses, com carga horária total de 320 horas. As aulas acontecem de segunda a quinta nos espaços indicados pelos alfabetizadores, localizados em instituições comunitárias, de ensino superior e sedes de movimentos sociais, associações de moradores, clubes de mães, grupos religiosos e em escolas da rede municipal ou estadual.

ESCOLA DESTAQUEEM

OUTROS PROJETOS DESENVOLVIDOS PELA ESCOLA:

EM 2007» Bom Apetite Salvador: história da formação da culinária baiana.» Lendo, Crescendo e Construindo: projeto de incentivo à leitura

EM 2008» Alfabetizando, Incluindo e Conquistando: destinado à compreensão e apropriação das regras de escrita e da leitura. » Vivaldo Cultural Noturno: oferece aos alunos contatos com diversas linguagens artísticas.» Permaneça na escola: projeto para a redução da evasão escolar.

“Fazer o bem para o seu próprio bem”

A

DECIFRANDO O MUNDO As primeiras letras são descobertas por quem não teve a oportunidade de aprender a ler e escrever em idade regular. Alfabetizados, homens e mulheres enxergam, além das palavras, a chance de realizar sonhos.

educAÇÃO

ANO I Nº 2 - AGOSTO DE 2009 5

DEU CERTO

O projeto teve início em 2005, a partir da ideia do prefeito João Henrique, em transformar a pichação desordenada e ilegal em arte, emprego e inclusão social, inserindo os pichadores na limpeza da cidade e valorização do patrimônio público.

Desenvolvido pela Secult desde 2008 já rendeu

bons frutos para os grafiteiros e a sociedade. O trabalho ganhou uma nova dimensão e está colorindo, além dos muros das escolas, outros cantos da cidade. A Feira de São Joaquim recebeu um toque especial com a arte do grafite. Agora é a vez da orla de Salvador que começou a ser revitalizada pelos artistas, com ilustrações nos

muros alusivas à Copa do Mundo de 2014. O trecho começa no Jardim de Alah e seguirá até Itapuã. Este ano, o projeto ainda uniu forças com o Programa Educacional de Erradicação às Drogas (Proerd) e ensina arte, preservação do patrimônio público e cidadania aos estudantes.

stão enganados aqueles que pensam que o grafite é uma arte exclusiva do universo masculino. Figuras

femininas estão despontando nos muros das cidades brasileiras e na capital baiana não é diferente. O Programa Salvador Graffita já ganhou a credibilidade da população e o toque refinado da mulher nessa arte tem contribuído significativamente para esse sucesso.

Quem passa em frente a uma escola da rede municipal pode perceber os traços femininos nas ilustrações dos muros grafitados pela equipe do programa. Hoje, mais de 100 escolas já foram beneficiadas e a ideia da Secretaria Municipal da Educação, Cultura, Esporte e Lazer (Secult) é chegar a todas as 414 unidades que compõem a rede. Dessa maneira, esses artistas mostram que inclusão social se faz superando limites, derrubando preconceitos e pintando muros.

É verdade que a presença da mulher no grafite ainda é tímida no país. Mas há sinais por toda parte de que isso já começou a mudar. Um sinal claro dessa evolução foi o sucesso do 3º Encontro Nacional de Grafiteiras, que aconteceu em Salvador no mês de julho, quando as meninas deram um show de pintura na cidade. O evento, uma

ação inédita na Bahia, promoveu um intercâmbio entre grafiteiras de todo o Brasil, com o objetivo de fortalecer a participação feminina na arte. Foram realizadas oficinas, discussões, debates e, é claro, pintura de muros com temas de valorização à figura da mulher.

Na maioria das cidades brasileiras, os artistas não contam com financiamento das instituições locais. Mas em Salvador é diferente. A prefeitura profissionalizou antigos pichadores e montou uma equipe com 35 grafiteiros, que recebem salários fixos de R$ 504, além de auxílio-alimentação e transporte

Rebeca Lawinsky é estudante da Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia e há muito tempo dedica sua vida à pintura. Profana, como é conhecida entre os colegas, estava à procura de emprego e encontrou diversas dificuldades até conhecer o Salvador Graffita. Hoje é referência entre os artistas do programa e uma das líderes da Rede Nacional de Grafiteiras. Além de demonstrar o seu dom nos muros e viadutos da cidade, ela também leva seus conhecimentos aos alunos das escolas municipais, através de aulas e oficinas, que são oferecidas pela Secult.

Mônica Santos Reis é uma das primeiras integrantes do Salvador Graffita e conta que o salário disponibilizado pela secretaria é que ajuda a sustentar as despesas da casa e dos dois filhos. Mas ela relata que antes da existência do programa, as coisas não eram tão fáceis assim. “A sociedade confundia grafitagem com pichação e reprimia os profissionais. Hoje, essa iniciativa maravilhosa da prefeitura fez com que a sociedade aceitasse a nossa arte, sem preconceitos”, declara Mônica.

Essa participação feminina no meio tem repercutido entre as pessoas da área e conquistado a confiança até mesmo dos artistas mais experientes, como é o caso de Jackson Barbosa, conhecido como Pinel, que caminha com a lata de spray há 11 anos. Ele afirma que as mulheres têm características exclusivas que fazem a diferença. “Suas pinturas têm mais identidade. Elas estão sempre preocupadas com os mínimos detalhes. A mulher tem mais facilidade de demonstrar os sentimentos, o que faz com que todos percebam de imediato que aquele trabalho foi feito por uma garota”, explica.

E

MULHERES FAZEM A DIFERENÇANA ARTE DO GRAFITE

Salvador Graffita cresce a cada dia

Secretaria Municipal da Educação, Cultura, Esporte e Lazer (Secult) implanta na cidade de Salvador diversas ações que

contribuem para a disseminação da prática esportiva e de recreação nas suas unidades escolares, como também em diversos bairros da capital baiana. Ginástica Rítmica, Karatê, Sexta da Alegria, Ruas de Lazer, Domingo na Praça e Adote uma Quadra são alguns dos projetos desenvolvidos pela Secult, através da Coordenadoria de Esportes e Lazer (Coel).

No total, 30 projetos integram as atividades realizadas por essa coordenadoria que tem como principal objetivo promover e desenvolver políticas de esporte, lazer e entretenimento, de forma moderna e eficiente, através de ações que gerem a melhoria da qualidade de vida e integração social. Os programas beneficiam, por ano, em média 200 mil pessoas entre crianças, adolescentes, jovens e adultos sempre com ações de importância relevante para prática esportiva no município, principalmente no que diz respeito ao esporte e à educação.

A coordenadora do programa de Educação Esportiva, Ivone Portela, explica que as ações elaboradas nas escolas são executadas de acordo com a programação do Calendário Esportivo no qual, anualmente, são apresentados para a comunidade todos os eventos esportivos e recreativos, como jogos, festivais e torneios. “Todas as ações envolvem os alunos e incentivam a participação deles em outros eventos dessa natureza”, explica.

Ainda de acordo com Ivone, um bom exemplo dessas ações são os Jogos Estudantis Municipais que têm mobilizado e incentivado os educandos para o reconhecimento da importância da prática do esporte, além de funcionar como uma grande estratégia de integração social dos estudantes e professores das escolas municipais.

A

O núcleo de Ginástica Rítmica (GR) para estudantes, entre 06 e 11 anos, que duas vezes por semana, no contraturno das aulas, praticam, gratuitamente, o esporte, orientadas por professoras e estagiárias de educação física.

Atualmente, 700 alunas praticam a GR. Elas recebem, gratuitamente, todo o material necessário para a prática do esporte, como colans, sapatilhas, arcos, fitas e bolas. “A escola incentiva muito

para que eu continue na GR e eu me sinto muito feliz, pois consigo me desenvolver e adquirir habilidades para participar de festivais e concursos com outras meninas de unidades particulares”, conta Rafaela Soares, estudante da municipal Senhor do Bonfim, que planeja seguir a carreira de ginasta.

A instrutora de Ginástica Rítmica, Tatyana Silveira, conta que desde o início do projeto, há dois anos, foi possível identificar

de imediato as mudanças das estudantes que logo apresentam disciplina, aumento da autoestima, valorização, respeito mútuo e melhoria na higiene. Segundo ela, todas as alunas podem praticar a GR, não sendo necessário possuir nenhum padrão físico, “mas é de fundamental importância que elas possuam bom desempenho em sala de aula e tenham um excelente comportamento para continuarem participando das aulas” , explica.

Segundo TempoDestinado a crianças e adolescentes de baixa renda com idades que variam de 6 a 12 anos, que frequentam as quadras no turno oposto ao das aulas. Os integrantes contam com professores e monitores que lhe ensinam fundamentos de basquete, vôlei, handebol, tênis e esportes individuais como a capoeira e o jiu-jitsu.

Nossa PraiaPlanejamento e ordenamento de locais e horários destinados à prática de atividades esportivas, comerciais e de lazer nas praias de Salvador.

Adote uma QuadraCriado para que a iniciativa privada participe “adotando” os espaços esportivos da cidade e entrando em parceria com a prefeitura.

Domingo na Praça: Biblioteca e BrinquedomóvelUma “brinquedoteca” e minibiblioteca itinerante que funciona dentro de um veículo. Em seu acervo estão livros para todas as idades, jornais e revistas, jogos e brinquedos educativos para crianças e adolescentes.

Ruas de LazerAtividades de lazer durante as manhãs de domingo e as tardes de sábado, em diferentes locais da cidade, atendendo solicitações das associações de bairro.

Quiosque da CoelSão tendas armadas no Jardim de Alah, na Av. Paralela e Praia de Boiadeiro, no subúrbio ferroviário de Salvador. São agentes públicos realizando ações educativas, educadores físicos orientando e passando informações básicas sobre a prática da atividade física.

Prazer de ViverPrograma de atividade física em parceria com o IPS direcionada para idosos. É um programa que busca desenvolver atividades físicas, culturais e recreativas com o objetivo de melhorar a saúde e a qualidade de vida do seu público. Conta com aulas de Hatha Yoga, alongamento e atividades culturais e recreativas diversas.

Praia EsportivaProjeto de iniciação esportiva nas praias de Boiadeiro (subúrbio ferroviário) e Itapuã. Atua no desenvolvimento de prática esportiva entre crianças e adolescentes em modalidades como frescobol, vôlei de praia, beach soccer, peteca e atividades recreativas. Acontece a cada 15 dias.

GINÁSTICA RÍTMICA

ALGUNS PROJETOS

ESPORTE, CULTURA E LAZER

EDUCAÇÃO NO RITMO CERTO

ANO I Nº 2 - AGOSTO DE 2009 5

DEU CERTO

O projeto teve início em 2005, a partir da ideia do prefeito João Henrique, em transformar a pichação desordenada e ilegal em arte, emprego e inclusão social, inserindo os pichadores na limpeza da cidade e valorização do patrimônio público.

Desenvolvido pela Secult desde 2008 já rendeu

bons frutos para os grafiteiros e a sociedade. O trabalho ganhou uma nova dimensão e está colorindo, além dos muros das escolas, outros cantos da cidade. A Feira de São Joaquim recebeu um toque especial com a arte do grafite. Agora é a vez da orla de Salvador que começou a ser revitalizada pelos artistas, com ilustrações nos

muros alusivas à Copa do Mundo de 2014. O trecho começa no Jardim de Alah e seguirá até Itapuã. Este ano, o projeto ainda uniu forças com o Programa Educacional de Erradicação às Drogas (Proerd) e ensina arte, preservação do patrimônio público e cidadania aos estudantes.

stão enganados aqueles que pensam que o grafite é uma arte exclusiva do universo masculino. Figuras

femininas estão despontando nos muros das cidades brasileiras e na capital baiana não é diferente. O Programa Salvador Graffita já ganhou a credibilidade da população e o toque refinado da mulher nessa arte tem contribuído significativamente para esse sucesso.

Quem passa em frente a uma escola da rede municipal pode perceber os traços femininos nas ilustrações dos muros grafitados pela equipe do programa. Hoje, mais de 100 escolas já foram beneficiadas e a ideia da Secretaria Municipal da Educação, Cultura, Esporte e Lazer (Secult) é chegar a todas as 414 unidades que compõem a rede. Dessa maneira, esses artistas mostram que inclusão social se faz superando limites, derrubando preconceitos e pintando muros.

É verdade que a presença da mulher no grafite ainda é tímida no país. Mas há sinais por toda parte de que isso já começou a mudar. Um sinal claro dessa evolução foi o sucesso do 3º Encontro Nacional de Grafiteiras, que aconteceu em Salvador no mês de julho, quando as meninas deram um show de pintura na cidade. O evento, uma

ação inédita na Bahia, promoveu um intercâmbio entre grafiteiras de todo o Brasil, com o objetivo de fortalecer a participação feminina na arte. Foram realizadas oficinas, discussões, debates e, é claro, pintura de muros com temas de valorização à figura da mulher.

Na maioria das cidades brasileiras, os artistas não contam com financiamento das instituições locais. Mas em Salvador é diferente. A prefeitura profissionalizou antigos pichadores e montou uma equipe com 35 grafiteiros, que recebem salários fixos de R$ 504, além de auxílio-alimentação e transporte

Rebeca Lawinsky é estudante da Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia e há muito tempo dedica sua vida à pintura. Profana, como é conhecida entre os colegas, estava à procura de emprego e encontrou diversas dificuldades até conhecer o Salvador Graffita. Hoje é referência entre os artistas do programa e uma das líderes da Rede Nacional de Grafiteiras. Além de demonstrar o seu dom nos muros e viadutos da cidade, ela também leva seus conhecimentos aos alunos das escolas municipais, através de aulas e oficinas, que são oferecidas pela Secult.

Mônica Santos Reis é uma das primeiras integrantes do Salvador Graffita e conta que o salário disponibilizado pela secretaria é que ajuda a sustentar as despesas da casa e dos dois filhos. Mas ela relata que antes da existência do programa, as coisas não eram tão fáceis assim. “A sociedade confundia grafitagem com pichação e reprimia os profissionais. Hoje, essa iniciativa maravilhosa da prefeitura fez com que a sociedade aceitasse a nossa arte, sem preconceitos”, declara Mônica.

Essa participação feminina no meio tem repercutido entre as pessoas da área e conquistado a confiança até mesmo dos artistas mais experientes, como é o caso de Jackson Barbosa, conhecido como Pinel, que caminha com a lata de spray há 11 anos. Ele afirma que as mulheres têm características exclusivas que fazem a diferença. “Suas pinturas têm mais identidade. Elas estão sempre preocupadas com os mínimos detalhes. A mulher tem mais facilidade de demonstrar os sentimentos, o que faz com que todos percebam de imediato que aquele trabalho foi feito por uma garota”, explica.

E

MULHERES FAZEM A DIFERENÇANA ARTE DO GRAFITE

Salvador Graffita cresce a cada dia

Secretaria Municipal da Educação, Cultura, Esporte e Lazer (Secult) implanta na cidade de Salvador diversas ações que

contribuem para a disseminação da prática esportiva e de recreação nas suas unidades escolares, como também em diversos bairros da capital baiana. Ginástica Rítmica, Karatê, Sexta da Alegria, Ruas de Lazer, Domingo na Praça e Adote uma Quadra são alguns dos projetos desenvolvidos pela Secult, através da Coordenadoria de Esportes e Lazer (Coel).

No total, 30 projetos integram as atividades realizadas por essa coordenadoria que tem como principal objetivo promover e desenvolver políticas de esporte, lazer e entretenimento, de forma moderna e eficiente, através de ações que gerem a melhoria da qualidade de vida e integração social. Os programas beneficiam, por ano, em média 200 mil pessoas entre crianças, adolescentes, jovens e adultos sempre com ações de importância relevante para prática esportiva no município, principalmente no que diz respeito ao esporte e à educação.

A coordenadora do programa de Educação Esportiva, Ivone Portela, explica que as ações elaboradas nas escolas são executadas de acordo com a programação do Calendário Esportivo no qual, anualmente, são apresentados para a comunidade todos os eventos esportivos e recreativos, como jogos, festivais e torneios. “Todas as ações envolvem os alunos e incentivam a participação deles em outros eventos dessa natureza”, explica.

Ainda de acordo com Ivone, um bom exemplo dessas ações são os Jogos Estudantis Municipais que têm mobilizado e incentivado os educandos para o reconhecimento da importância da prática do esporte, além de funcionar como uma grande estratégia de integração social dos estudantes e professores das escolas municipais.

A

O núcleo de Ginástica Rítmica (GR) para estudantes, entre 06 e 11 anos, que duas vezes por semana, no contraturno das aulas, praticam, gratuitamente, o esporte, orientadas por professoras e estagiárias de educação física.

Atualmente, 700 alunas praticam a GR. Elas recebem, gratuitamente, todo o material necessário para a prática do esporte, como colans, sapatilhas, arcos, fitas e bolas. “A escola incentiva muito

para que eu continue na GR e eu me sinto muito feliz, pois consigo me desenvolver e adquirir habilidades para participar de festivais e concursos com outras meninas de unidades particulares”, conta Rafaela Soares, estudante da municipal Senhor do Bonfim, que planeja seguir a carreira de ginasta.

A instrutora de Ginástica Rítmica, Tatyana Silveira, conta que desde o início do projeto, há dois anos, foi possível identificar

de imediato as mudanças das estudantes que logo apresentam disciplina, aumento da autoestima, valorização, respeito mútuo e melhoria na higiene. Segundo ela, todas as alunas podem praticar a GR, não sendo necessário possuir nenhum padrão físico, “mas é de fundamental importância que elas possuam bom desempenho em sala de aula e tenham um excelente comportamento para continuarem participando das aulas” , explica.

Segundo TempoDestinado a crianças e adolescentes de baixa renda com idades que variam de 6 a 12 anos, que frequentam as quadras no turno oposto ao das aulas. Os integrantes contam com professores e monitores que lhe ensinam fundamentos de basquete, vôlei, handebol, tênis e esportes individuais como a capoeira e o jiu-jitsu.

Nossa PraiaPlanejamento e ordenamento de locais e horários destinados à prática de atividades esportivas, comerciais e de lazer nas praias de Salvador.

Adote uma QuadraCriado para que a iniciativa privada participe “adotando” os espaços esportivos da cidade e entrando em parceria com a prefeitura.

Domingo na Praça: Biblioteca e BrinquedomóvelUma “brinquedoteca” e minibiblioteca itinerante que funciona dentro de um veículo. Em seu acervo estão livros para todas as idades, jornais e revistas, jogos e brinquedos educativos para crianças e adolescentes.

Ruas de LazerAtividades de lazer durante as manhãs de domingo e as tardes de sábado, em diferentes locais da cidade, atendendo solicitações das associações de bairro.

Quiosque da CoelSão tendas armadas no Jardim de Alah, na Av. Paralela e Praia de Boiadeiro, no subúrbio ferroviário de Salvador. São agentes públicos realizando ações educativas, educadores físicos orientando e passando informações básicas sobre a prática da atividade física.

Prazer de ViverPrograma de atividade física em parceria com o IPS direcionada para idosos. É um programa que busca desenvolver atividades físicas, culturais e recreativas com o objetivo de melhorar a saúde e a qualidade de vida do seu público. Conta com aulas de Hatha Yoga, alongamento e atividades culturais e recreativas diversas.

Praia EsportivaProjeto de iniciação esportiva nas praias de Boiadeiro (subúrbio ferroviário) e Itapuã. Atua no desenvolvimento de prática esportiva entre crianças e adolescentes em modalidades como frescobol, vôlei de praia, beach soccer, peteca e atividades recreativas. Acontece a cada 15 dias.

GINÁSTICA RÍTMICA

ALGUNS PROJETOS

ESPORTE, CULTURA E LAZER

EDUCAÇÃO NO RITMO CERTO

ANO I Nº 2 - AGOSTO DE 2009 7

e depender de saúde nutricional, os estudantes do município terão um aprendizado muito

mais produtivo a partir deste semestre. A Secretaria Municipal da Educação, Cultura, Esporte

e Lazer (Secult) acaba de lançar o Programa Educacional para Saúde Infantil – Pesi. A ação pretende

despertar nas crianças o interesse por alimentos e hábitos saudáveis ainda nos primeiros anos de vida.

Inicialmente, o Pesi atende alunos de 10 Centros Municipais de Educação Infantil (CMEI),

com a expectativa de chegar a todos os 47 que compõem a rede. Essas unidades contam com

a participação integral de profissionais de diversas áreas, como nutricionistas, dentistas,

fisioterapeutas, psicólogos e assistentes sociais. Eles vão seguir a rotina das crianças e promover

a saúde nutricional, além de acompanhar o desenvolvimento motor dos estudantes.

Mas esse trabalho não vai ficar restrito ao público interno da escola. Toda comunidade local

será orientada sobre a importância de uma boa refeição, através da realização de palestras e

oficinas. Além disso, os profissionais terão o cuidado de conversar com cada pai de aluno sobre a

importância da higiene bucal e ensinar técnicas corretas de escovação. As merendeiras também

serão capacitadas e terão seus cardápios sempre atualizados.

A nutricionista da Secult, Ana Lúcia Barreto, dedicou quase toda a sua vida profissional

à educação alimentar e explica que a boa refeição e o desempenho escolar caminham

no mesmo sentido. Ela conta que a alimentação orientada e em intervalos regulares

auxiliam na atividade cerebral, bem como no equilíbrio do corpo. “Estudos evidenciam

que aqueles que têm acesso a todos os nutrientes rendem muito mais na escola”, afirma.

Segundo as diretrizes do Ministério da Saúde, a alimentação escolar deve atender

cerca de 15% das necessidades diárias dos estudantes. Mas esse percentual é muito pouco

diante da realidade de grande parte dos alunos das escolas municipais de Salvador, que

estão em sua maioria nas zonas periféricas da cidade, onde as famílias contam com renda

per capita baixa e as crianças têm como única refeição do dia a oferecida na escola.

É nesse contexto que a Secretaria de Educação vem trabalhando para oferecer

uma alimentação saudável e capaz de cobrir toda a necessidade de seus alunos,

principalmente os mais jovens, que estudam nos CMEIs em tempo integral. Nessas

unidades, a Secult disponibiliza até cinco refeições diárias, com atendimento rigoroso de

suas 38 nutricionistas.

Maria Auxiliadora dos Santos é mãe de três alunos da rede municipal e tem a vida

marcada pelas dificuldades financeiras. Além de se mostrar aliviada por receber seus

meninos em casa todos os dias bem alimentados, ela não esconde a satisfação por ser

MATÉRIA DE CAPA

Alimentação orientada

S

EDUCAÇÃO TEM MAIS SAÚDE

beneficiada com o atendimento desses profissionais de saúde, disponibilizados pela Secretaria de Educação. “Não me lembro

mais o dia em que levei meus filhos a um dentista. Fisioterapeuta mesmo, nunca entrei num consultório”, revela a mãe, que

está ansiosa pelo atendimento de Fisioterapia, já que seu segundo filho tem dificuldades de locomoção.

ANO I Nº 2 - AGOSTO DE 2009 7

e depender de saúde nutricional, os estudantes do município terão um aprendizado muito

mais produtivo a partir deste semestre. A Secretaria Municipal da Educação, Cultura, Esporte

e Lazer (Secult) acaba de lançar o Programa Educacional para Saúde Infantil – Pesi. A ação pretende

despertar nas crianças o interesse por alimentos e hábitos saudáveis ainda nos primeiros anos de vida.

Inicialmente, o Pesi atende alunos de 10 Centros Municipais de Educação Infantil (CMEI),

com a expectativa de chegar a todos os 47 que compõem a rede. Essas unidades contam com

a participação integral de profissionais de diversas áreas, como nutricionistas, dentistas,

fisioterapeutas, psicólogos e assistentes sociais. Eles vão seguir a rotina das crianças e promover

a saúde nutricional, além de acompanhar o desenvolvimento motor dos estudantes.

Mas esse trabalho não vai ficar restrito ao público interno da escola. Toda comunidade local

será orientada sobre a importância de uma boa refeição, através da realização de palestras e

oficinas. Além disso, os profissionais terão o cuidado de conversar com cada pai de aluno sobre a

importância da higiene bucal e ensinar técnicas corretas de escovação. As merendeiras também

serão capacitadas e terão seus cardápios sempre atualizados.

A nutricionista da Secult, Ana Lúcia Barreto, dedicou quase toda a sua vida profissional

à educação alimentar e explica que a boa refeição e o desempenho escolar caminham

no mesmo sentido. Ela conta que a alimentação orientada e em intervalos regulares

auxiliam na atividade cerebral, bem como no equilíbrio do corpo. “Estudos evidenciam

que aqueles que têm acesso a todos os nutrientes rendem muito mais na escola”, afirma.

Segundo as diretrizes do Ministério da Saúde, a alimentação escolar deve atender

cerca de 15% das necessidades diárias dos estudantes. Mas esse percentual é muito pouco

diante da realidade de grande parte dos alunos das escolas municipais de Salvador, que

estão em sua maioria nas zonas periféricas da cidade, onde as famílias contam com renda

per capita baixa e as crianças têm como única refeição do dia a oferecida na escola.

É nesse contexto que a Secretaria de Educação vem trabalhando para oferecer

uma alimentação saudável e capaz de cobrir toda a necessidade de seus alunos,

principalmente os mais jovens, que estudam nos CMEIs em tempo integral. Nessas

unidades, a Secult disponibiliza até cinco refeições diárias, com atendimento rigoroso de

suas 38 nutricionistas.

Maria Auxiliadora dos Santos é mãe de três alunos da rede municipal e tem a vida

marcada pelas dificuldades financeiras. Além de se mostrar aliviada por receber seus

meninos em casa todos os dias bem alimentados, ela não esconde a satisfação por ser

MATÉRIA DE CAPA

Alimentação orientada

S

EDUCAÇÃO TEM MAIS SAÚDE

beneficiada com o atendimento desses profissionais de saúde, disponibilizados pela Secretaria de Educação. “Não me lembro

mais o dia em que levei meus filhos a um dentista. Fisioterapeuta mesmo, nunca entrei num consultório”, revela a mãe, que

está ansiosa pelo atendimento de Fisioterapia, já que seu segundo filho tem dificuldades de locomoção.

ANO I Nº 2 - AGOSTO DE 2009 9GENTE DA GENTE

ESCOLA ABERTA NOS FINAIS DE SEMANA

A RECONSTRUÇÃO DO ENCANTAMENTO

PELO CONHECIMENTO

s dias de semana nas escolas municipais não são diferentes das demais instituições de ensino brasileiras:

estudantes cheios de energia enchem as salas de aula e buscam informações sonhando com o futuro. Já nos finais de semana, 46 escolas da rede municipal têm uma rotina diferenciada. Ao invés do silêncio, alegria. No lugar de carteiras vazias, criatividade. E nas quadras, esporte, cultura e lazer.

Esse é o Programa Escola Aberta. Mais de 12 mil pessoas, entre estudantes, pais e moradores das comunidades enchem as unidades de ensino nos finais de semana e participam das atividades propostas. São mais de 300 oficineiros divididos em três grupos: cursos de Formação Inicial para o Trabalho e Artes Manuais, Esporte e Entretenimento e Educação e Cidadania.

Nos encontros, são desenvolvidas oficinas de capoeira,

origami, informática, xadrez, panificação, dança afro, violão, culinária, manicure, estamparia, reforço escolar, leituração, entre outros. O Escola Aberta é um projeto de inclusão social que visa a construção da educação e cultura para a paz, utilizando as dependências das escolas aos finais de semana em benefício da população, aproximando assim alunos, comunidade e escola.

A literatura de cordel é uma manifestação cultural popular também conhecida como folheto. Originalmente oral, os cordéis possuem conteúdo diverso, são escritos de forma rimada e alguns são ilustrados com xilogravuras. As estrofes mais comuns são as de dez, oito ou seis versos. Os autores são chamados de cordelistas, que recitam seus versos de forma melodiosa e cadenciada.

No Brasil, o cordel é uma produção típica do Nordeste e hoje se faz também presente no Sul do país. A origem do nome remete aos folhetos impressos em Portugal, onde ficavam expostos e pendurados em barbantes. Essa literatura também existe na Sicília (Itália), na Espanha e no México.

EDUCAÇÃO EM DADOS

ALGO MAIS

encantamento pelo conhecimento é o maior e mais eficiente elemento na construção de um

bom professor. Talvez tal afirmação pareça elementar, mas a rotina de muitas salas, espalhadas em diversas unidades de ensino, ainda expressam claramente que o desânimo e ausência do desejo pelo conhecimento são verdadeiros inimigos da carreira docente.

A história recente da educação brasileira é marcada por inovações e reviravoltas no processo de formação de professores. A mais conhecida e comentada foi a extinção do magistério de Ensino Médio. Para alguns, um grande avanço, pois permitiu o ingresso em massa no cotidiano acadêmico. Para outros, uma tragédia pedagógica sem precedentes, que estrangulou a docência nas séries iniciais do Ensino Fundamental e não apresentou um modelo de formação de professor que substituísse as vivências de escola que o saudoso magistério permitia – assunto polêmico, de difícil consenso e de forte impacto na Educação Básica Brasileira.

Em alguns municípios do estado da Bahia ainda existe o curso de magistério, mantido pela Secretaria de Educação do Estado. Também é comum a oferta de

vagas em alguns concursos públicos de cidades do interior, que mesmo sem espaço na legislação educacional vigente, são sustentados pelo argumento de que seria impossível manter a folha de pagamento de municípios menores se os professores fossem licenciados, além das diversas vagas ociosas, caso o pré-requisito fosse o ensino superior.

O cenário que é apresentado é denso e turvo, muitas vezes desanimador. Equívocos nas legislações e políticas públicas, conflitos nas concepções de formação de professor, cargas horárias excessivas e ambiente escolar desconfigurado. No corpo e na alma sobra sentimento de pessimismo e falta desejo. Seria possível falar em encantamento pelo conhecimento? Sala de aula investigativa? Validação do tempo pedagógico e aprendizagem? Quem poderia responder a tais indagações? Eles?... Nós?... Vós? Não! Todos.

Se não for por todos não será por nenhum. Mais uma vez pode parecer óbvio e elementar, mas sem a famosa construção coletiva o caminho será muito mais longo, portanto, faz-se necessário criar atalhos, não individualistas, nem tão pouco mágicos. E olhe que caminhos mágicos e fáceis já foram apresentados e caíram por terra, justamente por apresentar modelos prontos para que simplesmente os

professores executassem. Professor só executa quando é protagonista da construção, afinal trabalhar com conhecimento exige isto, e nada além.

“O Caminho só será viável quando forem todos de mãos dadas”, Carlos Drummond afirmou em um de seus poemas. De mãos dadas será possível reconstruir o encantamento pelo conhecimento e todos perceberão o que irá acontecer, ou melhor, poderão sentir a transformação. É difícil esconder a luz.

O

stimular o pensamento através da poesia, valorizar a cultura popular e promover a conscientização e

sensibilização dos alunos com as questões ambientais. Essas são as propostas do I Concurso de Cordel Ambiental realizado pela Secretaria Municipal da Educação, Cultura, Esporte e Lazer (Secult), através da Coordenação de Ensino e Apoio Pedagógico (Cenap).

Segundo o coordenador da Cenap, Manoel Calazans, a ideia surgiu a partir da necessidade de chamar atenção dos alunos para as questões sobre preservação da natureza e também de valorizar essa linguagem textual pouco difundida nas escolas.

O concurso possibilitou o envolvimento de pais, alunos e educadores da Rede Municipal de Ensino, estimulando a curiosidade sobre as temáticas trabalhadas e, acima de tudo, o juízo crítico dos educandos. “É um tema muito relevante. Aqui, na escola, trabalhar com o meio ambiente já não é novidade, mas o concurso ajudou a estimular a criação de textos em forma de cordel”, afirma a professora da Municipal Amai Pro,

Denise Machado, que participou do concurso. Ao longo do mês de junho, foram desenvolvidos diversos

encontros no Teatro Diplomata com um grupo de cordelistas para promover a integração dos alunos e orientar na produção dos cordéis. “As crianças embarcaram na viagem do espetáculo e isso foi muito bom”, diz o ator do grupo, Diogo Lopes. Em sua opinião, o concurso é de grande relevância, pois permite o resgate da história e o conhecimento mais profundo da cultura.

O concurso foi dividido em quatro categorias: Categoria 1 – estudantes do 4º ao 6º ano, Categoria 2 – 7º ao 9º ano, Categoria 3 – alunos do Segmento da Educação de Jovens e Adultos (SEJA 1 e 2) e Categoria 4 – Professores da Rede Municipal de Ensino. Cada unidade escolar entregou os quatro melhores cordéis à Coordenadoria Regional de Educação (CRE) e no dia 8 de julho, os três melhores de cada categoria, escolhidos por comissão da Secult, apresentaram-se no Teatro Diplomata e foram premiados.

E

O

Manoel Calazans, professor da Rede Municipal e coordenador de Ensino e Apoio Pedagógico da SMEC.

A relação das escolas participantes está disponível no site da Secult, no link Projetos/Escola Aberta.

NÚMEROS DO ESCOLA ABERTA

- 12 mil participantes- 307 oficinas- 46 escolas

CORDEL AMBIENTAL ENVOLVE ALUNOSE DESPERTA CONSCIÊNCIA CRÍTICA

ANO I Nº 2 - AGOSTO DE 2009 9GENTE DA GENTE

ESCOLA ABERTA NOS FINAIS DE SEMANA

A RECONSTRUÇÃO DO ENCANTAMENTO

PELO CONHECIMENTO

s dias de semana nas escolas municipais não são diferentes das demais instituições de ensino brasileiras:

estudantes cheios de energia enchem as salas de aula e buscam informações sonhando com o futuro. Já nos finais de semana, 46 escolas da rede municipal têm uma rotina diferenciada. Ao invés do silêncio, alegria. No lugar de carteiras vazias, criatividade. E nas quadras, esporte, cultura e lazer.

Esse é o Programa Escola Aberta. Mais de 12 mil pessoas, entre estudantes, pais e moradores das comunidades enchem as unidades de ensino nos finais de semana e participam das atividades propostas. São mais de 300 oficineiros divididos em três grupos: cursos de Formação Inicial para o Trabalho e Artes Manuais, Esporte e Entretenimento e Educação e Cidadania.

Nos encontros, são desenvolvidas oficinas de capoeira,

origami, informática, xadrez, panificação, dança afro, violão, culinária, manicure, estamparia, reforço escolar, leituração, entre outros. O Escola Aberta é um projeto de inclusão social que visa a construção da educação e cultura para a paz, utilizando as dependências das escolas aos finais de semana em benefício da população, aproximando assim alunos, comunidade e escola.

A literatura de cordel é uma manifestação cultural popular também conhecida como folheto. Originalmente oral, os cordéis possuem conteúdo diverso, são escritos de forma rimada e alguns são ilustrados com xilogravuras. As estrofes mais comuns são as de dez, oito ou seis versos. Os autores são chamados de cordelistas, que recitam seus versos de forma melodiosa e cadenciada.

No Brasil, o cordel é uma produção típica do Nordeste e hoje se faz também presente no Sul do país. A origem do nome remete aos folhetos impressos em Portugal, onde ficavam expostos e pendurados em barbantes. Essa literatura também existe na Sicília (Itália), na Espanha e no México.

EDUCAÇÃO EM DADOS

ALGO MAIS

encantamento pelo conhecimento é o maior e mais eficiente elemento na construção de um

bom professor. Talvez tal afirmação pareça elementar, mas a rotina de muitas salas, espalhadas em diversas unidades de ensino, ainda expressam claramente que o desânimo e ausência do desejo pelo conhecimento são verdadeiros inimigos da carreira docente.

A história recente da educação brasileira é marcada por inovações e reviravoltas no processo de formação de professores. A mais conhecida e comentada foi a extinção do magistério de Ensino Médio. Para alguns, um grande avanço, pois permitiu o ingresso em massa no cotidiano acadêmico. Para outros, uma tragédia pedagógica sem precedentes, que estrangulou a docência nas séries iniciais do Ensino Fundamental e não apresentou um modelo de formação de professor que substituísse as vivências de escola que o saudoso magistério permitia – assunto polêmico, de difícil consenso e de forte impacto na Educação Básica Brasileira.

Em alguns municípios do estado da Bahia ainda existe o curso de magistério, mantido pela Secretaria de Educação do Estado. Também é comum a oferta de

vagas em alguns concursos públicos de cidades do interior, que mesmo sem espaço na legislação educacional vigente, são sustentados pelo argumento de que seria impossível manter a folha de pagamento de municípios menores se os professores fossem licenciados, além das diversas vagas ociosas, caso o pré-requisito fosse o ensino superior.

O cenário que é apresentado é denso e turvo, muitas vezes desanimador. Equívocos nas legislações e políticas públicas, conflitos nas concepções de formação de professor, cargas horárias excessivas e ambiente escolar desconfigurado. No corpo e na alma sobra sentimento de pessimismo e falta desejo. Seria possível falar em encantamento pelo conhecimento? Sala de aula investigativa? Validação do tempo pedagógico e aprendizagem? Quem poderia responder a tais indagações? Eles?... Nós?... Vós? Não! Todos.

Se não for por todos não será por nenhum. Mais uma vez pode parecer óbvio e elementar, mas sem a famosa construção coletiva o caminho será muito mais longo, portanto, faz-se necessário criar atalhos, não individualistas, nem tão pouco mágicos. E olhe que caminhos mágicos e fáceis já foram apresentados e caíram por terra, justamente por apresentar modelos prontos para que simplesmente os

professores executassem. Professor só executa quando é protagonista da construção, afinal trabalhar com conhecimento exige isto, e nada além.

“O Caminho só será viável quando forem todos de mãos dadas”, Carlos Drummond afirmou em um de seus poemas. De mãos dadas será possível reconstruir o encantamento pelo conhecimento e todos perceberão o que irá acontecer, ou melhor, poderão sentir a transformação. É difícil esconder a luz.

O

stimular o pensamento através da poesia, valorizar a cultura popular e promover a conscientização e

sensibilização dos alunos com as questões ambientais. Essas são as propostas do I Concurso de Cordel Ambiental realizado pela Secretaria Municipal da Educação, Cultura, Esporte e Lazer (Secult), através da Coordenação de Ensino e Apoio Pedagógico (Cenap).

Segundo o coordenador da Cenap, Manoel Calazans, a ideia surgiu a partir da necessidade de chamar atenção dos alunos para as questões sobre preservação da natureza e também de valorizar essa linguagem textual pouco difundida nas escolas.

O concurso possibilitou o envolvimento de pais, alunos e educadores da Rede Municipal de Ensino, estimulando a curiosidade sobre as temáticas trabalhadas e, acima de tudo, o juízo crítico dos educandos. “É um tema muito relevante. Aqui, na escola, trabalhar com o meio ambiente já não é novidade, mas o concurso ajudou a estimular a criação de textos em forma de cordel”, afirma a professora da Municipal Amai Pro,

Denise Machado, que participou do concurso. Ao longo do mês de junho, foram desenvolvidos diversos

encontros no Teatro Diplomata com um grupo de cordelistas para promover a integração dos alunos e orientar na produção dos cordéis. “As crianças embarcaram na viagem do espetáculo e isso foi muito bom”, diz o ator do grupo, Diogo Lopes. Em sua opinião, o concurso é de grande relevância, pois permite o resgate da história e o conhecimento mais profundo da cultura.

O concurso foi dividido em quatro categorias: Categoria 1 – estudantes do 4º ao 6º ano, Categoria 2 – 7º ao 9º ano, Categoria 3 – alunos do Segmento da Educação de Jovens e Adultos (SEJA 1 e 2) e Categoria 4 – Professores da Rede Municipal de Ensino. Cada unidade escolar entregou os quatro melhores cordéis à Coordenadoria Regional de Educação (CRE) e no dia 8 de julho, os três melhores de cada categoria, escolhidos por comissão da Secult, apresentaram-se no Teatro Diplomata e foram premiados.

E

O

Manoel Calazans, professor da Rede Municipal e coordenador de Ensino e Apoio Pedagógico da SMEC.

A relação das escolas participantes está disponível no site da Secult, no link Projetos/Escola Aberta.

NÚMEROS DO ESCOLA ABERTA

- 12 mil participantes- 307 oficinas- 46 escolas

CORDEL AMBIENTAL ENVOLVE ALUNOSE DESPERTA CONSCIÊNCIA CRÍTICA

ANO I Nº 2 - AGOSTO DE 200911FAZENDO ESCOLA

REFORÇO NA LUTACONTRA A DENGUE

om Dia, eu sou um Agente Mirim e estou aqui para lhe dar orientações de como evitar a dengue”. Com esta frase,

os 5295 alunos, do 5º ano do Ensino Fundamental, iniciam suas visitas às casas de vizinhos e reforçam a Campanha de Combate à Dengue da Prefeitura Municipal do Salvador. Munidos de informações sobre a doença e formas de prevenção e identificados com bonés e crachás percorrem as ruas do bairro conscientizando os moradores da comunidade.

Durante as visitas, que duram em média 10 minutos, os estudantes questionam e orientam o morador sobre como devem ser realizadas a manutenções de caixas-d’água, calhas, lajes, tonéis, depósitos de água, plantas, pneus velhos e até mesmo como o lixo doméstico deve ser manuseado e armazenado. Além disso, explicam os sintomas da doença para que o morador esteja sempre em alerta e procure, em caso de aparecimento dos primeiros sinais, um serviço de saúde. Após a visita, cada estudante preenche um formulário no qual descreve quantos moradores receberam as orientações, como foi a receptividade e outras observações que considerem relevantes. Para finalizar, a residência do morador recebe o selo: “O Agente Mirim de Saúde visitou esta casa”.

A aluna, Letícia Nascimento, 9 anos, moradora do subúrbio, conta que ser uma Agente Mirim mudou sua vida, pois ela está sendo conhecida em seu bairro e sabe que seu trabalho tem

ajudado a diminuir os casos da doença na cidade. “Sou muito exigente e quando vejo pessoas fazerem coisas erradas eu oriento para que se reeduquem. Na minha casa, minhas irmãs e meus pais já aprenderam direitinho o que devem fazer”, diz a estudante.

Apesar de ser de uma família humilde, Letícia demonstra que a sua classe social não impede que ela seja um ser humano transformador e de destaque na sociedade. “Ao visitar as casas, eu percebi que a maioria das pessoas sabe que a dengue é grave, mas que simplesmente não fazem nada para que esse quadro melhore. Após a minha visita, eles vêm me agradecer por ter alertado e feito eles perceberem que todos devem fazer a sua parte”, conta a aluna.

A ação é uma parceria entre as secretarias municipais da Educação, Cultura, Esporte e Lazer (Secult) e da Saúde (SMS). A assessora de ensino, Bernadete Mattos, explica que antes de iniciar o trabalho em campo, todos os alunos, professores e gestores receberam um treinamento e orientações de profissionais da SMS. “Mas é bom deixar claro que eles não estão atuando como agentes de endemias e sim exercem a função de multiplicadores de informações”, esclarece Bernadete.

A meta inicial era de que cada estudante realizasse 20 visitas, número já ultrapassado. De acordo com a diretora da Escola São Braz, Olga Pessoa, os alunos da unidade estão bastante

empolgados e sempre que podem realizam as atividades na casa de parentes, amigos e em todos os lugares que vão. “Eles estão mobilizados e com muita vontade de ajudar. Através das crianças, nós conseguimos chamar a atenção dos adultos e fazer com que ações simples dentro de casa evitem a proliferação”, explica Olga.

“Quanto mais informação, melhor. Apesar de vermos esse tema sendo bastante divulgado na televisão, receber esses alunos na porta de casa exige que tenhamos maior responsabilidade. Já tive um caso aqui na minha casa e não quero que aconteça de novo”, diz Liney Lima, moradora do bairro de Plataforma.

De acordo com a coordenadora do Programa Municipal de Controle da Dengue, Eliaci Couto, a ajuda dos Agentes Mirins está sendo de fundamental importância para a erradicação do mosquito, pois os adultos percebem que realmente não é difícil e que até as crianças sabem como fazer. Segundo Couto, a região do subúrbio já teve uma redução em relação à infestação do mosquito de 6,1 para 5. “Com certeza uma das causas dessa redução é devido às ações das escolas municipais que ajudam e colaboram com a divulgação. Fico muito contente em ver que eles fazem de tudo para mobilizar a comunidade, apresentam peças, fazem caminhadas, com cartazes e faixas, e isso vem dando resultado. Eles são realmente essenciais para nossa vitória”, afirma.

Ao conhecer o trabalho da CRE Liberdade em torno da Lei 10.639/03, o cineasta e professor da rede municipal, Bruno D´Almeida, manifestou o desejo de participar de aulas que abordassem a temática. Formado em Letras Vernáculas pela Universidade Federal da Bahia e com formação livre pela Academia Internacional de Cinema (AIC), em São Paulo, Bruno coordenou a Lampião Filmes, produtora experimental de vídeos para alunos da Unifacs. Já venceu o prêmio Galgo de Ouro, do XVI Gramado Cine Vídeo em 2008, no Rio Grande do Sul. Também ficou em primeiro lugar no IV Aruanda Fest, na Paraíba, com o programa de TV Cena 7.

Niclécia Gama, Moacir Pacheco e Ana Regina Passos – Escola Abrigo Filhos do PovoMaria Auxiliadora Alves, Carmem Leite, Celidalva Lima e Jacira Sturaro – Escola Marcos Vinicius VilaçaSandra Raquel e Isabel Meira – Escola Cidade Nova Débora Simões – Escola Adalgisa S. Pinto Gildásio Oliveira – Escola Cardeal da SilvaElisângela Cerqueira – Escola Julieta VianaRenildo de Araújo e Paulo Sérgio Santos – Escola Pau MiúdoVaíde Reis – Escola Paroquial Paulo VI

s dados do censo de 2000 contabilizam um percentual de 45% de negros (pretos e pardos) em nosso país.

O Brasil é o segundo país com a maior população negra no planeta, ficando atrás somente da Nigéria. Mesmo assim, brasileiros seguem ao longo de sua escolaridade desconhecendo a história da África e de seus antepassados africanos no Brasil.

Situada no bairro mais negro da América Latina, a Coordenadoria Regional de Educação (CRE) da Liberdade, que engloba 30 escolas municipais, vem desenvolvendo ações, desde 2005, de valorização do povo negro e combate ao racismo. O trabalho está de acordo com Lei 10.639, que trata da obrigatoriedade do ensino nas escolas públicas e particulares da história africana e sua contribuição para a formação da cultura brasileira.

Essa luta antiga, travada desde os tempos das senzalas, ganhou mais força e visibilidade nas escolas municipais que compõem a CRE e também na Rede Municipal de Ensino com o “I Documentário sobre Práticas Pedagógicas: Diversidade Cultural na Sala de Aula”. O vídeo coloca professores e alunos como protagonistas de uma história que visa mudança de comportamento, elevação de autoestima e também o reconhecimento pelas grandes vitórias alcançadas numa trajetória marcada pelo preconceito, agressões e injustiças. Com roteiro e direção do professor Bruno D´Almeida, o dia a dia em sala de aula e as diversas abordagens da cultura afro são transmitidos aos alunos e educadores.

O documentário tem duração de 28 minutos e reúne 12 professores em atividade. Dentre as aulas registradas, está a da professora Niclécia Gama, da Escola Municipal Abrigo Filhos do Povo, que desenvolveu trabalhos sobre as Casas Ndebeles africanas para ensinar língua portuguesa, geometria, geografia e história. “Após as aulas, os alunos começaram a pesquisar fora da escola, interessando-se pelo assunto e percebendo as influências do que estudaram na arquitetura, na cultura e na sociedade. Aí vemos a mágica do conhecimento acontecer”, afirmou Gama. Para ela, participar do documentário tornou visível um trabalho que valoriza a prática docente e rende índices expressivos na autoestima tanto do educador quanto do educando. “Ele passa a se ver como autor e gestor do seu conhecimento, com mais intensidade”, ressalta Gama.

Para D´Almeida, muito da história do povo brasileiro ainda está por ser conhecida, reconhecida e divulgada,

para que a sociedade assuma a participação do elemento africano em todas as áreas de desenvolvimento e tecnologias, possibilitando um referencial de identidade cultural e histórico para negras e negros do país. “Durante as filmagens pude perceber que hoje os professores não trabalham o assunto por obrigatoriedade e sim motivados, retratando um olhar diferenciado com o aluno negro” , ressalta o cineasta.

Esse é o primeiro documentário do Núcleo de Produção Audiovisual, que funciona atualmente na CRE Liberdade. De acordo com a coordenadora da CRE, Joselani Bahia, nenhuma atividade foi realizada em datas comemorativas ou feita

exclusivamente para o documentário. “Tudo foi feito no decorrer do ano letivo, durante o planejamento pedagógico dos professores e da escola, e recuperado para a produção audiovisual”, explica.

O vídeo foi produzido com apoio da Universidade Salvador (Unifacs), diretoria Audiovisual Dimas e a Fundação Gregório de Matos (FGM). Lançado no dia 30 de abril, com duas sessões na sala Walter Silveira, a partir do segundo semestre será levado a todas as escolas municipais com a realização do circuito itinerante, iniciando pelas escolas da CRE.

LIBERDADE NEGRAO

“B

Perfil Bruno D´Almeida Professores que participaram do documentário:

ESPAÇO DO ESTUDANTE

ANO I Nº 2 - AGOSTO DE 200911FAZENDO ESCOLA

REFORÇO NA LUTACONTRA A DENGUE

om Dia, eu sou um Agente Mirim e estou aqui para lhe dar orientações de como evitar a dengue”. Com esta frase,

os 5295 alunos, do 5º ano do Ensino Fundamental, iniciam suas visitas às casas de vizinhos e reforçam a Campanha de Combate à Dengue da Prefeitura Municipal do Salvador. Munidos de informações sobre a doença e formas de prevenção e identificados com bonés e crachás percorrem as ruas do bairro conscientizando os moradores da comunidade.

Durante as visitas, que duram em média 10 minutos, os estudantes questionam e orientam o morador sobre como devem ser realizadas a manutenções de caixas-d’água, calhas, lajes, tonéis, depósitos de água, plantas, pneus velhos e até mesmo como o lixo doméstico deve ser manuseado e armazenado. Além disso, explicam os sintomas da doença para que o morador esteja sempre em alerta e procure, em caso de aparecimento dos primeiros sinais, um serviço de saúde. Após a visita, cada estudante preenche um formulário no qual descreve quantos moradores receberam as orientações, como foi a receptividade e outras observações que considerem relevantes. Para finalizar, a residência do morador recebe o selo: “O Agente Mirim de Saúde visitou esta casa”.

A aluna, Letícia Nascimento, 9 anos, moradora do subúrbio, conta que ser uma Agente Mirim mudou sua vida, pois ela está sendo conhecida em seu bairro e sabe que seu trabalho tem

ajudado a diminuir os casos da doença na cidade. “Sou muito exigente e quando vejo pessoas fazerem coisas erradas eu oriento para que se reeduquem. Na minha casa, minhas irmãs e meus pais já aprenderam direitinho o que devem fazer”, diz a estudante.

Apesar de ser de uma família humilde, Letícia demonstra que a sua classe social não impede que ela seja um ser humano transformador e de destaque na sociedade. “Ao visitar as casas, eu percebi que a maioria das pessoas sabe que a dengue é grave, mas que simplesmente não fazem nada para que esse quadro melhore. Após a minha visita, eles vêm me agradecer por ter alertado e feito eles perceberem que todos devem fazer a sua parte”, conta a aluna.

A ação é uma parceria entre as secretarias municipais da Educação, Cultura, Esporte e Lazer (Secult) e da Saúde (SMS). A assessora de ensino, Bernadete Mattos, explica que antes de iniciar o trabalho em campo, todos os alunos, professores e gestores receberam um treinamento e orientações de profissionais da SMS. “Mas é bom deixar claro que eles não estão atuando como agentes de endemias e sim exercem a função de multiplicadores de informações”, esclarece Bernadete.

A meta inicial era de que cada estudante realizasse 20 visitas, número já ultrapassado. De acordo com a diretora da Escola São Braz, Olga Pessoa, os alunos da unidade estão bastante

empolgados e sempre que podem realizam as atividades na casa de parentes, amigos e em todos os lugares que vão. “Eles estão mobilizados e com muita vontade de ajudar. Através das crianças, nós conseguimos chamar a atenção dos adultos e fazer com que ações simples dentro de casa evitem a proliferação”, explica Olga.

“Quanto mais informação, melhor. Apesar de vermos esse tema sendo bastante divulgado na televisão, receber esses alunos na porta de casa exige que tenhamos maior responsabilidade. Já tive um caso aqui na minha casa e não quero que aconteça de novo”, diz Liney Lima, moradora do bairro de Plataforma.

De acordo com a coordenadora do Programa Municipal de Controle da Dengue, Eliaci Couto, a ajuda dos Agentes Mirins está sendo de fundamental importância para a erradicação do mosquito, pois os adultos percebem que realmente não é difícil e que até as crianças sabem como fazer. Segundo Couto, a região do subúrbio já teve uma redução em relação à infestação do mosquito de 6,1 para 5. “Com certeza uma das causas dessa redução é devido às ações das escolas municipais que ajudam e colaboram com a divulgação. Fico muito contente em ver que eles fazem de tudo para mobilizar a comunidade, apresentam peças, fazem caminhadas, com cartazes e faixas, e isso vem dando resultado. Eles são realmente essenciais para nossa vitória”, afirma.

Ao conhecer o trabalho da CRE Liberdade em torno da Lei 10.639/03, o cineasta e professor da rede municipal, Bruno D´Almeida, manifestou o desejo de participar de aulas que abordassem a temática. Formado em Letras Vernáculas pela Universidade Federal da Bahia e com formação livre pela Academia Internacional de Cinema (AIC), em São Paulo, Bruno coordenou a Lampião Filmes, produtora experimental de vídeos para alunos da Unifacs. Já venceu o prêmio Galgo de Ouro, do XVI Gramado Cine Vídeo em 2008, no Rio Grande do Sul. Também ficou em primeiro lugar no IV Aruanda Fest, na Paraíba, com o programa de TV Cena 7.

Niclécia Gama, Moacir Pacheco e Ana Regina Passos – Escola Abrigo Filhos do PovoMaria Auxiliadora Alves, Carmem Leite, Celidalva Lima e Jacira Sturaro – Escola Marcos Vinicius VilaçaSandra Raquel e Isabel Meira – Escola Cidade Nova Débora Simões – Escola Adalgisa S. Pinto Gildásio Oliveira – Escola Cardeal da SilvaElisângela Cerqueira – Escola Julieta VianaRenildo de Araújo e Paulo Sérgio Santos – Escola Pau MiúdoVaíde Reis – Escola Paroquial Paulo VI

s dados do censo de 2000 contabilizam um percentual de 45% de negros (pretos e pardos) em nosso país.

O Brasil é o segundo país com a maior população negra no planeta, ficando atrás somente da Nigéria. Mesmo assim, brasileiros seguem ao longo de sua escolaridade desconhecendo a história da África e de seus antepassados africanos no Brasil.

Situada no bairro mais negro da América Latina, a Coordenadoria Regional de Educação (CRE) da Liberdade, que engloba 30 escolas municipais, vem desenvolvendo ações, desde 2005, de valorização do povo negro e combate ao racismo. O trabalho está de acordo com Lei 10.639, que trata da obrigatoriedade do ensino nas escolas públicas e particulares da história africana e sua contribuição para a formação da cultura brasileira.

Essa luta antiga, travada desde os tempos das senzalas, ganhou mais força e visibilidade nas escolas municipais que compõem a CRE e também na Rede Municipal de Ensino com o “I Documentário sobre Práticas Pedagógicas: Diversidade Cultural na Sala de Aula”. O vídeo coloca professores e alunos como protagonistas de uma história que visa mudança de comportamento, elevação de autoestima e também o reconhecimento pelas grandes vitórias alcançadas numa trajetória marcada pelo preconceito, agressões e injustiças. Com roteiro e direção do professor Bruno D´Almeida, o dia a dia em sala de aula e as diversas abordagens da cultura afro são transmitidos aos alunos e educadores.

O documentário tem duração de 28 minutos e reúne 12 professores em atividade. Dentre as aulas registradas, está a da professora Niclécia Gama, da Escola Municipal Abrigo Filhos do Povo, que desenvolveu trabalhos sobre as Casas Ndebeles africanas para ensinar língua portuguesa, geometria, geografia e história. “Após as aulas, os alunos começaram a pesquisar fora da escola, interessando-se pelo assunto e percebendo as influências do que estudaram na arquitetura, na cultura e na sociedade. Aí vemos a mágica do conhecimento acontecer”, afirmou Gama. Para ela, participar do documentário tornou visível um trabalho que valoriza a prática docente e rende índices expressivos na autoestima tanto do educador quanto do educando. “Ele passa a se ver como autor e gestor do seu conhecimento, com mais intensidade”, ressalta Gama.

Para D´Almeida, muito da história do povo brasileiro ainda está por ser conhecida, reconhecida e divulgada,

para que a sociedade assuma a participação do elemento africano em todas as áreas de desenvolvimento e tecnologias, possibilitando um referencial de identidade cultural e histórico para negras e negros do país. “Durante as filmagens pude perceber que hoje os professores não trabalham o assunto por obrigatoriedade e sim motivados, retratando um olhar diferenciado com o aluno negro” , ressalta o cineasta.

Esse é o primeiro documentário do Núcleo de Produção Audiovisual, que funciona atualmente na CRE Liberdade. De acordo com a coordenadora da CRE, Joselani Bahia, nenhuma atividade foi realizada em datas comemorativas ou feita

exclusivamente para o documentário. “Tudo foi feito no decorrer do ano letivo, durante o planejamento pedagógico dos professores e da escola, e recuperado para a produção audiovisual”, explica.

O vídeo foi produzido com apoio da Universidade Salvador (Unifacs), diretoria Audiovisual Dimas e a Fundação Gregório de Matos (FGM). Lançado no dia 30 de abril, com duas sessões na sala Walter Silveira, a partir do segundo semestre será levado a todas as escolas municipais com a realização do circuito itinerante, iniciando pelas escolas da CRE.

LIBERDADE NEGRAO

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Perfil Bruno D´Almeida Professores que participaram do documentário:

ESPAÇO DO ESTUDANTE

AÇÕES DESENVOLVIDAS

ANO I Nº 2 - AGOSTO DE 2009

esde o final de 2008, o Fundo Municipal para o Desenvolvimento Humano e Inclusão Educacional

de Mulheres Afrodescendentes (Fiema) promove, através de oficinas, cursos e palestras, a inserção social e a qualificação profissional desse segmento da população. O objetivo é instruir e valorizar a sua identidade cultural, com a finalidade de gerar políticas públicas fortes que visem a real inclusão dessas mulheres na sociedade.

O fundo desenvolve diversas ações e oferece oportunidades para autonomia econômica das mulheres afrodescendentes, moradoras de comunidades carentes, onde estão inseridas as escolas municipais de Salvador. Além disso, são realizadas diversas discussões sobre gênero e raça, com intuito de formar cidadãs conscientes dos seus deveres e direitos.

Para ter acesso às comunidades e suas reais necessidades, o Fiema realizou o Seminário Mulheres Negras: Promovendo a Inclusão Educacional. No encontro, foi possível discutir problemas e propostas de intervenções para promover a inclusão das mulheres afrodescendentes no processo da educação. Foram temáticas relacionadas ao acesso e permanência na Educação Básica, à gestão escolar e à autonomia financeira.

A partir dos resultados obtidos no evento, estão sendo elaborados novos projetos que se adequem às necessidades e dificuldades apresentadas pelo público presente. Entre os problemas enfrentados pelas mulheres como dificultadores para retomar os estudos e buscar maior capacitação profissional, foram apontados: a falta de discussão qualificada sobre educação das mulheres negras em Salvador, cursos realizados normalmente durante a semana e difícil acesso à tecnologia.

Para fortalecer as ações do fundo, o primeiro passo foi a contratação de mais três profissionais de diferentes áreas, totalizando seis integrantes responsáveis pela produção e execução de novas ideias. Também foi regularizado o Conselho Deliberativo,

empossado no dia 27 de março de 2009, tendo como presidente o secretário da Educação, Carlos Ribeiro Soares, e mais quatro membros – o secretário Municipal da Reparação, Ailton Ferreira; a superintendente Especial de Políticas para as Mulheres, Ariane

Carla; a representante do Ministério Público Estadual, Márcia Virgens e a representante do Movimento de Mulheres Negras, Silvia Cerqueira. É papel do Conselho interferir diretamente nas decisões da gestora, Adriana Nascimento, e da equipe técnica.

D

» Letras da Diversidade | Destinado às professoras alfabetizadoras do programa Salvador Cidade das Letras/Brasil Alfabetizado, com o objetivo de fortalecer a reflexão sobre práticas pedagógicas na Educação de Jovens e Adultos, ressaltando a importância da inclusão das temáticas de raça e gênero. Este ano, a proposta é diferente do anterior, incluindo visitas culturais a museus e cinema e, também, aos pontos turísticos de Salvador. Já foram atendidas, diretamente, 40 mulheres.

» Inclusão Digital para Mulheres Afrodescendentes | Aula de informática básica e oficinas de raça e gênero. Esta ação conta com a parceria da Superintendência de Política para Mulheres (SPM). Número de mulheres atendidas: 60.

CONSELHO

» Escola na Prevenção à Violência contra as Mulheres Foi realizado este ano como parte da programação da Jornada Pedagógica da Escola Municipal Arte Alegria, e em outras unidades de ensino da rede, com palestras sobre violência doméstica e sua interferência na aprendizagem dos alunos e a Lei Maria da Penha. Parceria com a SPM. 528 mulheres participaram dos encontros.

» Fazendo Arte na Escola | Aulas de técnicas de estamparia, empreendedorismo, raça e gênero, realizadas aos sábados, em parceria com o Programa Escola Aberta, também da Secretaria Municipal da Educação, Cultura, Esporte e Lazer (Secult), Sebrae, SPM e Fundação de Administração e Pesquisa Econômico Social (Fapes). Até o final do primeiro semestre de 2009, 300 mulheres haviam sido beneficiadas.

Além das ações próprias, o Fiema vem realizando participações em projetos voltados para a valorização das mulheres negras como: Oficina do Empreendedor, juntamente com o Sebrae, realizado no Colégio Estadual Carneiro Ribeiro; Diálogo com a Família, uma homenagem da CRE Subúrbio I ao Dia Internacional da Mulher, com palestras sobre a Mulher no Mundo do Trabalho, Raça e Gênero e Lei Maria da Penha; e II Conferência Municipal de Promoção da Igualdade Racial, realizada pelas secretarias municipais da Reparação (Semur), e de Promoção da Igualdade (Sepromi) e Conselho Estadual de Desenvolvimento da Comunidade Negra (CDCN).Em cooperação técnica com o Fundo de População das Nações Unidas (Unfpa), realiza ainda trabalho junto às estudantes da rede municipal para a redução dos índices de mortes maternas em Salvador.

ESPECIAL

FIEMA INTENSIFICA AÇÕES DE VALORIZAÇÃO DA MULHER NEGRA

ACÕES DESENVOLVIDAS