Eleições 2014 - 31 de agosto de 2014

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Especial MANAUS, DOMINGO, 31 DE AGOSTO DE 2014 [email protected] (92) 3090-1019 Eleições 2014 Eleições 2014 Especial Fortalecimento familiar para tirar crianças das ruas A ssistência social à crian- ça e ao adolescente. Este é tema deste do- mingo com os candida- tos ao governo do Amazonas. Os políticos falam sobre os programas sociais para afas- tar crianças e jovens do mundo das drogas e consequentemente das ruas e da criminalidade. “Um projeto de quem acredita na vida”. Assim definiu seu pla- no de governo, voltado para a assistência social à criança e ao jovem, o candidato Marcelo Ramos (PSB). Segundo ele, a primeira coisa para conseguir tirar a criança das ruas e o jovem do mundo das drogas é cumprir o Estatuto da Criança e do Adolescente. “A primeira coisa que vamos fazer é cumprir as regras do Estatuto da Criança e do Ado- lescente. Queremos salvar a vida das nossas crianças”, disse. Ra- mos criticou a forma com que os jovens são tratados no Centro de Reabilitação de Menores In- fratores Dagmar Feitoza. “Hoje, a Dagmar Feitoza é uma prisão. Vamos transformá-la em um centro de recuperação, por- que acreditamos na vida e por meio de educação de qualidade e diálogo com a família sabe- mos que poderemos conquistar isso”, destacou, acrescentando que a família é parte fundamen- tal em todos os programas de educação e assistência social em seu governo. “Vamos fortalecer os laços da escola e a comunidade, pois não vamos desistir de nossas crian- ças e adolescentes. O jovem que abandonar a escola, será procurado, não vamos deixá-lo desistir da escola”, finalizou. Maior atenção Para o candidato pela coliga- ção Renovação e Experiência, senador Eduardo Braga (PMDB), o foco é promover o fortaleci- mento dos vínculos familiares. Implantação nos municípios- polo dos Centros de Referência Especializados de Assistência Social (Creas), que atenderão ao serviço de proteção e aten- ção às famílias e indivíduos em situação de risco pessoal e social (violência física, psicológica, ne- gligência, violência sexual, situ- ação de rua, abandono). “Nosso programa de governo contém uma grande abrangência com relação às ações de assistên- cia social. O foco é promover o fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários, a pro- teção da família, a autonomia e o protagonismo dos indivíduos e comunidades”, declarou Braga. O senador lembrou ainda que de 2003 a 2009, quando es- tava à frente do governo do Estado, trabalhou em parcerias com o governo federal para a implantação do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) e que a assistência social ga- nhou maior organicidade en- tre seus serviços e benefícios, programas e projetos. Segundo ele, algumas dire- trizes foram elaboradas para serem seguidas em seu governo, como a criação de uma nova cultura de humanização nas uni- dades de atenção ao cidadão que possa instaurar padrões de relacionamento ético entre ges- tores, técnicos e usuários. Acolhimento Já o candidato à reeleição, José Melo (Pros), pretende tirar essas crianças e adolescentes das ruas por meio da implanta- ção de Centros de Referências da Assistência Social (Creas) a 24 municípios do interior, bem como serviços de acolhimentos de crianças a outros municí- pios. “Nosso programa prevê a implantação do Creas a 24 municípios que ainda não pos- suem o serviço. Assim como a instalação dos serviços de Acolhimento de Crianças e Ado- lescentes em Coari, Itacoatiara, Manacapuru, Manaus e Parin- tins e a criação de um sistema de notificação para regular o fluxo de encaminhamento de crianças e adolescentes a esses serviços”, destacou. Melo pontuou também a importância do fortalecimento familiar e do envolvimento da comunidade para afastar os jo- vens do mundo das drogas. “Queremos estabelecer um pacto. Trazer às famílias para essa luta jun- to à comuni- dade, além de defender o programa Todos pela Vida, onde são envol- vidas ações nas áreas de assistência social, segurança públi- ca, educação, cultura e esporte. Com atividades nos bairros, envolvendo associações comunitárias, bairros e escola e, com isso, afastar os jovens das situ- ações de droga e violência, oferecendo formação pro- fissional e acesso à cultura, esporte e lazer”, salientou. Outro programa de assistên- cia social previsto em seu plano de governo é a continuidade do programa Viver Melhor, iniciado no governo Omar Aziz (PSD), além da expansão dos Centros de Convivência da Família, com a construção de novas unidades em Manaus e no interior do Estado, que vai injetar mais recursos no Programa de Aten- dimento Itinerante (Barco PAI), com a permanência de bar- cos nas calhas dos rios Juruá e Purus, entre outros. No segundo tema proposto pelo EM TEMPO, os candidatos ao governo do Estado revelam suas propostas e programas para afastar os menores das drogas e da criminalidade PROPOSTAS Postulantes ao car- go de governador do Estado do Amazonas dizem o que pensam e quais as propostas e programas para o amparo dos menores que se arriscam nas ruas da capital MOARA CABRAL Equipe EM TEMPO Crianças se arriscam nas ruas de Manaus, em um verdadeiro malabarismo, para garantir o sus- tento de suas famílias RICARDO OLIVEIRA Creches e escolas de tempo integral Com uma proposta ide- alista, o candidato do PSTU, Herbert Amazonas, afirma que é preciso ter políticas públicas voltadas para esses jovens que vão desde creches, escolas de tempo integral e projetos culturais e esportivos para ocupar e afastar as crian- ças e jovens desse vício que destrói cada vez mais famílias e lares. O candida- to criticou a gestão atual, dizendo que o governo não tem feito sua parte. “Em nosso plano de governo, tratamos desse assunto no item educação, pois defen- demos que é por meio da educação e de políticas pú- blicas que atendam princi- palmente a periferia é que conseguiremos combater esse mal em nossa so- ciedade. Grande parte das famílias é desestruturada e é responsabilidade do governo cuidar das nossas crianças e jovens, por meio de programas de esporte e cultura, além da educação e outros”, defendeu. A reportagem tentou con- tato com os candidatos, Chi- co Preto (PMN), Abel Alves (Psol) e Luiz Navarro (PCB), por meio dos contados 99XX-XX11, 99XX-XX81 e 91XX-XX89 respectivamen- te, mas as chamadas não foram atendidas. ELEIÇÕES 2014 - 01.indd 1 29/8/2014 23:26:02

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Eleições 2014 - Caderno especial do jornal Amazonas EM TEMPO

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MANAUS, DOMINGO, 31 DE AGOSTO DE 2014 [email protected] (92) 3090-1019

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Fortalecimento familiar para tirar crianças das ruas

DE AGOSTO DE 2014 [email protected] (92) 3090-1019

Eleições 2014Eleições 2014Eleições 2014Eleições 2014Eleições 2014ortalecimento familiar

para tirar crianças das ruas

Assistência social à crian-ça e ao adolescente. Este é tema deste do-mingo com os candida-

tos ao governo do Amazonas. Os políticos falam sobre os programas sociais para afas-tar crianças e jovens do mundo das drogas e consequentemente das ruas e da criminalidade. “Um projeto de quem acredita na vida”. Assim defi niu seu pla-no de governo, voltado para a assistência social à criança e ao jovem, o candidato Marcelo Ramos (PSB). Segundo ele, a primeira coisa para conseguir tirar a criança das ruas e o jovem do mundo das drogas é cumprir o Estatuto da Criança e do Adolescente.

“A primeira coisa que vamos fazer é cumprir as regras do Estatuto da Criança e do Ado-lescente. Queremos salvar a vida das nossas crianças”, disse. Ra-mos criticou a forma com que os jovens são tratados no Centro de Reabilitação de Menores In-fratores Dagmar Feitoza.

“Hoje, a Dagmar Feitoza é uma prisão. Vamos transformá-la em um centro de recuperação, por-que acreditamos na vida e por meio de educação de qualidade e diálogo com a família sabe-mos que poderemos conquistar isso”, destacou, acrescentando que a família é parte fundamen-tal em todos os programas de educação e assistência social em seu governo.

“Vamos fortalecer os laços da escola e a comunidade, pois não vamos desistir de nossas crian-ças e adolescentes. O jovem que abandonar a escola, será procurado, não vamos deixá-lo desistir da escola”, fi nalizou.

Maior atençãoPara o candidato pela coliga-

ção Renovação e Experiência, senador Eduardo Braga (PMDB), o foco é promover o fortaleci-mento dos vínculos familiares. Implantação nos municípios-polo dos Centros de Referência Especializados de Assistência Social (Creas), que atenderão ao serviço de proteção e aten-ção às famílias e indivíduos em situação de risco pessoal e social (violência física, psicológica, ne-gligência, violência sexual, situ-ação de rua, abandono). “Nosso programa de governo contém uma grande abrangência com relação às ações de assistên-

cia social. O foco é promover o fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários, a pro-teção da família, a autonomia e o protagonismo dos indivíduos e comunidades”, declarou Braga.

O senador lembrou ainda que de 2003 a 2009, quando es-tava à frente do governo do Estado, trabalhou em parcerias com o governo federal para a implantação do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) e que a assistência social ga-nhou maior organicidade en-tre seus serviços e benefícios, programas e projetos.

Segundo ele, algumas dire-trizes foram elaboradas para serem seguidas em seu governo, como a criação de uma nova cultura de humanização nas uni-

dades de atenção ao cidadão que possa instaurar padrões de relacionamento ético entre ges-tores, técnicos e usuários.

AcolhimentoJá o candidato à reeleição,

José Melo (Pros), pretende tirar essas crianças e adolescentes das ruas por meio da implanta-ção de Centros de Referências da Assistência Social (Creas) a 24 municípios do interior, bem como serviços de acolhimentos de crianças a outros municí-pios. “Nosso programa prevê a implantação do Creas a 24 municípios que ainda não pos-suem o serviço. Assim como a instalação dos serviços de Acolhimento de Crianças e Ado-lescentes em Coari, Itacoatiara, Manacapuru, Manaus e Parin-tins e a criação de um sistema de notifi cação para regular o fl uxo de encaminhamento de crianças e adolescentes a esses serviços”, destacou.

Melo pontuou também a importância do fortalecimento familiar e do envolvimento da comunidade para afastar os jo-vens do mundo das drogas.

“Queremos estabelecer um pacto. Trazer às famílias para

essa luta jun-to à comuni-dade, além de defender o programa Todos pela Vida, onde são envol-vidas ações nas áreas de assistência social, segurança públi-ca, educação, cultura e esporte. Com atividades nos bairros, envolvendo associações comunitárias, bairros e escola e, com isso, afastar os jovens das situ-ações de droga e violência, oferecendo formação pro-fi ssional e acesso à cultura, esporte e lazer”, salientou.

Outro programa de assistên-cia social previsto em seu plano de governo é a continuidade do programa Viver Melhor, iniciado no governo Omar Aziz (PSD), além da expansão dos Centros de Convivência da Família, com a construção de novas unidades em Manaus e no interior do Estado, que vai injetar mais recursos no Programa de Aten-dimento Itinerante (Barco PAI), com a permanência de bar-cos nas calhas dos rios Juruá e Purus, entre outros.

No segundo tema proposto pelo EM TEMPO, os candidatos ao governo do Estado revelam suas propostas e programas para afastar os menores das drogas e da criminalidade

PROPOSTASPostulantes ao car-go de governador do Estado do Amazonas dizem o que pensam e quais as propostas e programas para o amparo dos menores que se arriscam nas ruas da capital

MOARA CABRALEquipe EM TEMPO

Crianças se arriscam nas ruas de Manaus, em um verdadeiro malabarismo, para garantir o sus-tento de suas famílias

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Creches e escolas de tempo integralCom uma proposta ide-

alista, o candidato do PSTU, Herbert Amazonas, afi rma que é preciso ter políticas públicas voltadas para esses jovens que vão desde creches, escolas de tempo integral e projetos culturais e esportivos para ocupar e afastar as crian-ças e jovens desse vício que destrói cada vez mais famílias e lares. O candida-to criticou a gestão atual,

dizendo que o governo não tem feito sua parte. “Em nosso plano de governo, tratamos desse assunto no item educação, pois defen-demos que é por meio da educação e de políticas pú-blicas que atendam princi-palmente a periferia é que conseguiremos combater esse mal em nossa so-ciedade. Grande parte das famílias é desestruturada e é responsabilidade do

governo cuidar das nossas crianças e jovens, por meio de programas de esporte e cultura, além da educação e outros”, defendeu.

A reportagem tentou con-tato com os candidatos, Chi-co Preto (PMN), Abel Alves (Psol) e Luiz Navarro (PCB), por meio dos contados 99XX-XX11, 99XX-XX81 e 91XX-XX89 respectivamen-te, mas as chamadas não foram atendidas.

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2 MANAUS, DOMINGO, 31 DE AGOSTO DE 2014Eleições 2014Eleições 2014

Agenda dos candidatos

Candidato irá participar de reunião interna com coor-denadores da campanha.

EDUARDO BRAGA

Candidato passará o dia em reunião com os coorde-nadores de campanha.

MARCELO RAMOS

Candidato fará visita a apoiadores de campanha pela manhã e à tarde tem reunião com a equipe de propaganda.

HERBERT AMAZONAS

Candidato fará caminhada no bairro Alvorada, Zona Centro-Oeste, e no fi m da tarde caminhada no núcleo 16 do bairro Cidade Nova, Zona Norte.

ABEL ALVES

Candidato faz caminhada nos municípios de Urucuru-tuba e Itacoatiara.

JOSÉ MELO

Candidato não divulgou agenda de campanha para este domingo.

CHICO PRETO

Candidato não terá agenda de campanha hoje.

NAVARRO

Eleição do Photoshop: candidatos cada vez mais bonitos

Candidato ao governo, Marcelo Ramos admitiu que fez pequenas alterações nas fotos de campanha. Assim como os candidatos a vereador Mirtes Salles e Mário Frota

O Photoshop é uma ferra-menta muito utilizada na publicidade. Com o sost ware, dá para

modifi car diversos aspectos de uma imagem – mexer o fundo da imagem, aumentar ou di-minuir formas, acrescentar ou remover objetos e, inclusive, re-juvenescer a face de alguém. E é isso que muitos eleitores estão percebendo este ano, por meio das imagens de divulgação dos candidatos que circulam afi xadas em carros e outdoors. Sem rugas, com sorrisos largos e dentes super brancos, tem candidato que parece que “remoçou” dez, 15 anos - e tudo sem passar pelo bisturi!

O deputado estadual Marcelo Ramos (PSB), candidato ao go-verno, diz que o tratamento das imagens é necessário, mas com ressalvas. “A pessoa tem que se apresentar bem para o eleitor, mas não pode descaracterizar. Tem gente que parece que faz

campanha com a cara de outro!”, declara. Em relação a si mesmo, Ramos diz que não admite mu-danças drásticas. “Tenho uma cicatriz no queixo que aparece na foto – a minha não tem nenhum exagero. Aliás, estão di-zendo até que, pessoalmente, sou mais bonito que no material da campanha. Se fi zeram mudanças em mim, me enfeiaram”, ri.

O vereador Mário Frota (PSDB), candidato a deputado estadual, se considera fotogênico e acredi-ta que a foto tem que ser melhor que o “original”. “Eu sempre fui fotogênico – modéstia à parte. Na televisão, por exemplo, tem que passar pelo camarim, onde passam um produto na gente, porque a imagem tem que ser bonita. Então, quando você tira a foto, tem que buscar um bom profi ssional, que tenha uma téc-nica. Esse tratamento é normal”, opina, e completa: “o sujeito não pode sair pior do que é”.

Em sua campanha, Frota diz que as imagens de divulgação passam pelo crivo da esposa e dos assessores mais próximos.

No entanto, o candidato lamenta os excessos de Photoshop nas revistas direcionadas ao público masculino. “Tenho um jornalzinho e, nas fotos que apareço na tribuna, não tem como alterar, mas a foto da capa é diferente,

mais trabalhada. É aquilo que estava até comentando com uns amigos – quando era mais jovem, comprava a revista Play-boy, porque além de apreciar as reportagens, via que as mulheres eram aquilo mesmo, bonitas e naturais. Mas depois que cria-ram o Photoshop, não dá nem

para saber se a mulher é de verdade. Tiram mancha, tiram celulite, tiram tudo. De repente é até uma mulher de 90 anos que modifi caram tanto que ela parece que tem 20! A tecnologia faz mudar tudo”, diz.

O mais incrível ainda é notar que quem mais sofre com os pa-drões de beleza impostos pela sociedade, a mulher, não sofreu alterações extremas. A deputa-da federal Rebecca Garcia (PP), candidata a vice-governadora, é uma em que é possível notar poucas alterações. Outra que também “corresponde à reali-dade” é Mirtes Salles, candidata a deputada estadual, que afi rma ter recebido poucas alterações na sua imagem de campanha.

“Mulher sofre uma pressão a mais para fi car bonita, mas tem que respeitar a idade. Quem tem 40 anos não pode parecer que tem 20 na foto da campanha, até porque é perigoso mexer muito e o eleitor não te reco-nhecer”, observa Mirtes.

Ela diz que caprichou na hora da foto – fez cabelo,

maquiagem e escolheu uma roupa bacana, mas tudo ade-quado para a situação. “Tive sorte por es-colher um bom fotógrafo, que trabalhou a luz. Mas não dá para ter excessos, cabelo e ma-quiagem de festa, essas coi-sas. Acho que mudar demais é propaganda enganosa para o eleitor. Aliás, nas caminhadas, vou de cabelo preso, tênis, uma roupa mais confortável por cau-sa do calor, e tem gente que estranha, porque está acos-tumada a me ver de blazer, maquiada”, revela.

Contra excessos, a candida-ta diz que programas como o Photoshop devem ser utilizados com parcimônia. “Tirar peque-nos defeitos, ok. Mas tirar todas as rugas, acho demais. Tem candidato que só reconheci pelo nome e outro que parece estar usando um batom mais forte que eu!”, alfi neta.

RETOQUES Para os candidatos Marcelo Ramos, Mirtes Salles e Mário Frota, o retoque nas imagens que serão usadas na campanha até é aceito se for feito de forma sutil, sem muitos exa-geros ou mudanças

MELLANIE HASIMOTOEquipe EM TEMPO

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3MANAUS, DOMINGO, 31 DE AGOSTO DE 2014 Eleições 2014Eleições 2014

Último candidato ao governo do Amazo-nas entrevistado na série “Com a Pa-

lavra”, dedicada ao período eleitoral, o comunista Luiz Navarro (PCB) enumera os projetos que possuem des-taque no plano de governo do partido comunista, que pretende liderar o Estado, com a colaboração popular. De acordo com Navarro, o objetivo da legenda é marcar presença, dando ao eleitor possibilidade de mudar a fase da política local.

Construtor Civil, Luiz Navar-ro participa pela terceira vez da corrida pelo governo do Amazonas. Na entrevista con-cedida ao EM TEMPO, Navarro defendeu mudanças no mode-lo Zona Franca e destacou a intenção de estatizar o trans-porte público do Estado.

EM TEMPO - Quais os motivos que o levam a participar mais uma vez da disputa pelo governo do Estado?

Luiz Navarro – Sempre tive-mos nossos ideais e quando se aproximou o período do pleito, percebemos que não tínhamos no partido pessoas formadas com capacidade sufi ciente de enfrentar uma eleição. Vimos que duas mulheres assumi-ram o poder no Amazonas, a desembargadoras Maria das Graças Figueiredo e Socorro Guedes, e achamos que algu-ma coisa pode ser diferente a partir daí. A mulher é mais sensível pra determinadas coi-sas, e principalmente essas duas desembargadoras que são éticas em suas funções. Com todas essas mudanças, para mim, ainda existe espe-rança para a política.

EM TEMPO - Levando em

considera-ção a expe-riência ad-quirida em sua vida p ú b l i c a , o senhor identifica alguma di-ferença entre os últimos pleitos e o atual?

LN - Temos um grupo po-lítico no poder há 33 anos, e qualquer um dos dois can-didatos que estejam desta-cados na liderança vão con-tinuar com a mesmice sem modifi car coisa nenhuma no Estado, porque não interessa a eles fazer modifi cações. En-tão, não tenho como apontar muitas mudanças.

EM TEMPO - O que pode ser considerado destaque no plano de governo do Par-tido Comunista Brasileiro, no Amazonas?

LN - O transporte fl uvial é um dos destaques no nosso plano de governo, porque nós pretendemos separar trans-porte de carga do de passagei-ros. Os grandes acidentes no Amazonas são motivados por essa mistura dos dois. Preten-demos adquirir barcos velozes para que possamos encurtar a distância de Manaus e as cidades do interior.

Mais destaque ainda é a proposta que visa estatizar o transporte coletivo rodoviário, e o transporte coletivo fl uvial para aplicar a tarifa zero. Só o Estado tem a condição de adquirir veículos que possam levar conforto tanto à po-pulação que viaja de modo fl uvial, quanto à que viaja no modo rodoviário.

EM TEMPO - Na sua pers-pectiva, quais são os princi-pais gargalos do Estado?

LN - A mobilidade urba-na na capital. Tenho certe-

za que o “entravamento” do tráfego, com ônibus se mo-vendo a 10 quilômetros por hora, deixará a economia extremamente prejudicada. Por isso, este será um dos principais problemas que va-mos resolver, associados com o prefeito de Manaus.

EM TEMPO - Então, caso seja eleito, o se-nhor será favorável a uma ação conjunta com o Executivo municipal?

LN - Não gosto do termo ação conjunta porque isso é muito repetitivo. Eu prefi ro associação. É claro que va-mos sentar e conversar para verifi car as necessidades de Manaus. Meu governo será feito por meio de conselhos populares, não podemos dei-xar privatizado o transporte porque o objetivo do em-presário é o lucro e deixá-lo concentrado em sua mão. O lema do meu governo será dar conforto à população.

EM TEMPO - Houve uma tentativa de se montar um “blocão” entre os par-tidos de esquerda, mas a ideia não ganhou for-ça. Por que a esquerda do Amazonas não consegue estabelecer essa união?

LN - Existem muitas diver-gências no modo de fazer políti-ca. O modo do PCB é um modo, onde se vê que o capitalista vem enganando o trabalhador com um chavão de que é pre-ciso fazer o bolo econômico crescer para depois distribuir, e durante os meus longos anos de vida eu nunca vi empresário distribuir nada.

Ele sempre enriquece e o trabalhador só empobrece, então nós precisamos mudar isso. Está provado que o sis-tema capitalista está falido, o mundo deu exemplo porque os ricos só mantiveram seus

privilégios com os impostos da população. Acabou a fa-lácia deles de que o mercado regularizaria tudo.

EM TEMPO - Recente-mente, o prazo de valida-de do modelo Zona Franca foi prorrogado por mais 50 anos. Mas é evidente que o Estado precisa de outros modelos econômicos para fazer com que o ribeirinho não tenha que sair da sua terra por falta de opções de emprego. O que a sua cam-panha encara como nova alternativa econômica para o Amazonas?

LN - O modelo Zona Franca está errado. Eu votaria pela Zona Franca? Sim. Eu votaria. Mas esse modelo só tem enri-quecido os industriais, eles não se preocupam com o desen-volvimento do Estado, não se preocupam com a melhoria de condições de trabalhador, haja vista, os baixíssimos salários.

A população amazonense pouco recebe de benefícios desses industriais. É neces-sário que com conselhos de desenvolvimento econômi-co, nós possamos encontrar uma forma de fazer com que os empresários pas-sem a pagar melhores sa-lários e a contribuir com o desenvolvimento do Estado.

Precisamos reforçar através da Agência de Fomento do Amazonas (Afeam), o setor primário. Voltarmos à vista para os nossos processos an-tigos de exportação de cas-tanha, juta, borracha. Temos que voltar as vistas para o extrativismo, que é onde está nossa riqueza. Queremos in-centivar a exploração do nió-bio, que por sinal tem jazida incomensurável. Não entendo por que o Governo não co-loca isso às claras, parece até que o nióbio está sendo explorado às escondidas.

LUIZ NAVARRO

‘AINDA existe esperança PARA A POLÍTICA’

O PCB sempre teve seus ideiais e quando chegou o processo elei-toral, percebemos que não tínhamos dentro da nossa legenda pessoas capacitadas para dispu-tar o governo, por isso, coloquei meu nome na disputa novamente. Eu acredito na mudança”

JOELMA MUNIZEquipe EM TEMPO

Temos um grupo políti-co no poder há 33 anos, e qualquer um dos dois candidatos que estão destacados na liderança vão conti-nuar com a mesmice sem mudar coisa algu-ma”

O transporte fl uvial é um dos des-taques no nosso plano de governo. Pretende-mos adquirir barcos velo-zes para que possamos encurtar a distância de Manaus ao interior”

FOTOS: DIEGO JANATÃ

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4 MANAUS, DOMINGO, 31 DE AGOSTO DE 2014Eleições 2014Eleições 2014

Apresentar preso ao juiz em 24 horas prejudica o réu

O projeto de lei do Senado que obriga a apresentação de presos em fl agrante a um juiz, no prazo máximo de 24 horas, é no mínimo imprati-cável, por atentar contra o direito de defesa do réu, além do “incomensurável custo de deslocamento”, segun-do entendimento de pelos menos duas entidades que representam os profi ssio-nais envolvidos no assunto: as associações de Magis-trados do Brasil (AMB) e de Delegados (Adepol).

Chovendo no molhadoRelator, o senador Hum-

berto Costa (PT-PE) nem percebe que o projeto é inó-cuo: prisões já são notifi ca-das imediatamente ao juiz e para a família.

ImpraticávelEm julho, se essa lei existis-

se, só em São Paulo seriam necessárias mais de 350 au-diências por dia com juízes, para apresentar presos.

Pernas curtasEntidades de juízes e de-

legados negam que a Con-venção de Direitos Huma-nos determine apresentação ao juiz em 24 horas, como diz o projeto.

Só um factoideNo Senado, o projeto é

recebido com reservas pela estranha pressa da ministra Ideli Salvatti (Di-reitos Humanos), ansiosa por uma “bandeira”.

Marina ‘bomba’ em pesquisas e nas redes sociais

Nas pesquisas e nas redes sociais, os eleitores mal con-seguem esconder o encanta-mento pela candidata do PSB a presidente, Marina Silva. Além da pesquisa Datafolha de sexta-feira, que aponta

seu crescimento estonte-ante, ela lidera os números nas redes sociais. Sua página ofi cial no Facebook, de longe a mais acessada nos últimos dias, acumulou quase 700 mil “curtidas” desde a morte de Eduardo Campos.

Até no TwitterMarina (PSB) e Dilma (PT)

são mencionadas no Twitter entre 30 e 60 vezes por hora. Já Aécio (PSDB) não passa de dez menções.

FenômenoNo Facebook, Marina ri-

valiza com grandes páginas da rede: acumulou 280 mil “likes” na última semana. A página ofi cial do Barcelona, 400 mil.

DecepçãoO ex-presidente do Supre-

mo Joaquim Barbosa pro-meteu barbarizar no Twit-ter, mas até agora tem só 30 mil seguidores.

Traições a galopePerplexos com o cresci-

mento da candidatura de Ma-rina Silva, agora empatada em primeiro lugar nas pes-quisas com Dilma Rousseff , petistas ilustres já começam a buscar “convergências” com ela.

DiferençasMarina foi chamada de

“Lula de saias” por José Dir-ceu, até porque sua trajetória é semelhante à do ex-pre-sidente, mas só na origem humilde. Ela aprendeu a ler só aos 16 anos de idade, mas, além disso, e ao contrário de Lula, tomou gosto pelos estudos e pela leitura.

É Brasil, MarinaQuando lhe contaram,

sexta-feira, que tinha 34% no Datafolha, empatando com Dilma, Marina Silva achou que os números se referiam somente a São

Paulo. “É Brasil?”, exultou. Mal acreditava.

Projetos de presidenteO votenaweb.com.br, que

avalia o trabalho de políticos, classifi ca Aécio (PSDB) como o de melhores projetos entre os presidenciáveis, 88% de aprovação. Dilma, 82%. Ma-rina teve só dois projetos no Senado.

Esforço desconcentradoApesar do número de se-

questros relâmpago dispa-rar em todo o país, está parado na Câmara o pro-jeto 6.726, que autoriza as operadoras a infor-mar a localização de celulares às polícias, mediante requisição.

Faz sentidoO site da Secretaria Ge-

ral da Presidência foi infec-tado por um vírus. Ao ser acessado, o domínio www.secretariageral.gov.br é con-gelado, com o aviso: “inva-sores podem estar roubando suas informações”.

Obstrução à vistaNa pauta do “esforço con-

centrado” da primeira sema-na de setembro está prevista a votação, na Câmara dos Deputados, do projeto que anula a criação dos “conse-lhos populares”. O PT prome-te obstruir.

Promessa é dívidaDe 2007 a 2013, o governo

federal diz ter investido R$ 9 bilhões em creches, mas das 6.427 prometidas pela então candidata Dilma (PT), na campanha de 2010, ela só entregou cerca de 500.

Pensando bem......em vez da frustração

porque não lhe faziam per-guntas, no debate da Band, Luciana Genro (PSOL) deve-ria se sentir frustrada por sua carência de votos.

PODER SEM PUDOR

Cláudio HumbertoCOM ANA PAULA LEITÃO E TERESA BARROS

Jornalista

Cruel recepção

www.claudiohumberto.com.br

Vai ser como massa de pão: quanto mais baterem, mais ela sobe”

DEPUTADO JÚLIO DELGADO (PSB-MG), otimista com os números de Marina nas pesquisas

Duas dezenas de jornalistas aguardavam no aeroporto Santos Dumont, no Rio, a chegada de Ulysses Guimarães, candidato do PMDB à Presidência da República, naquele ano de 1989. Mas, no desembarque, eles se depararam com outro candidato, Aureliano Chaves (PFL), que chegara antes. As chances dos dois eram mínimas, mas Ulysses sempre gerava boas notícias, ao contrário de Aureliano. Ninguém se mexeu e a saia já era demasiado justa quando o pefelista pediu:

- Sei que vocês esperam o Ulysses, mas podem perguntar que eu falo.Como jornalista é bicho muito mal-educado, ninguém perguntou nada e Aureliano

foi embora, cabisbaixo e constrangido.

Blogueiro fi liado aos tucanos colocou na internet vídeo em que ex-presidente Lula pede voto para a presidenciável Marina Silva

Militante do PSDB produziu vídeo falso de ex-presidente

Na peça publicitária falsa exibida, o ex-presidente Lula recomenda o voto em Marina Silva

Motivo de desen-tendimento en-tre as campanhas de Dilma Rousse-

ff (PT) e Marina Silva (PSB), o vídeo falso em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva aparece declarando apoio à candidata pesse-bista tem como autor um blogueiro filiado ao PSDB.

Leandro Lima do Nasci-mento, 26, admite ter sido o responsável pela mon-tagem, mas afirma não ter tido intenções eleito-rais com ela. Segundo ele, seu site é humorístico e isso está claro em várias mensagens na página.

Postado no YouTube na noite de quarta-feira (27), o vídeo veio à tona no dia seguinte e é uma edição feita a partir de peça publicitária da candidata ao Senado Ma-rina Sant’Anna (PT-GO).

Lula aparece dizendo: “Eu conheço a Marina há

mais de 30 anos. Por isso, tenho certeza de que ela é hoje a candidata mais preparada para ajudar a combater as desigualdades sociais”. No original, o tre-

cho termina com “em Goi-ás” - palavras suprimidas na montagem.

Vídeo“Vi o vídeo da candidata

a senadora Marina e vi a oportunidade de fazer uma

piada”, diz Nascimen-to, que é n a t u r a l de Porto Alegre do Norte (MT), mas mora em Goiânia. “É pela piada, pela brincadei-ra. Como se diz na internet, pela zoeira”.

Questionado pela “Folha” sobre sua filiação partidária, o blogueiro a princípio negou fazer parte de qualquer sigla. Entretanto, os registros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostram Nascimento como integrante do diretório mato-grossense do PSDB.

Confrontado com a infor-mação, Nascimento disse: “Já fui filiado a partido, mas hoje não estou filia-do”. “Acredito que na po-lítica partidária brasileira tanto faz quem ganhar que é a mesma coisa”.

FREIRE

Dirceu: ‘cientista político da Papuda’O deputado federal Ro-

berto Freire (SP), presidente nacional do PPS, partido que compõe a chapa da campanha presidencial de Marina Silva (PSB), classifi cou o ex-minis-tro da Casa Civil José Dirceu como “cientista político da Pa-puda”. A declaração foi dada durante lançamento ofi cial do programa de governo da pes-sebista, em São Paulo.

Ao ser perguntado sobre o que achava sobre a de-claração do ex-ministro, de

que Marina Silva seria “um Lula de saias”, Freire se recusou a fazer qualquer comentário, apenas inda-gou, sorrindo: “o cientista político da Papuda?”

Dirceu foi condenado no processo do mensalão do PT e cumpre pena de 7 anos e 11 meses em regime semiaberto pelo crime de corrupção ativa. De novembro do ano passado ao início de julho deste ano, porém, o ex-ministro fi cou preso em regime fechado no

complexo penitenciário da Papuda, em Brasília.

Outros políticos presentes no evento, entretanto, comen-taram a frase de Dirceu. O presidente do PSB, Roberto Amaral, disse ter gostado da comparação. “Entendo como um elogio. O Lula é um grande homem e um grande político. Agradeço ao José Dirceu pela comparação”, afi rmou Ama-ral, que foi ministro da Ciência e tecnologia do governo Lula de janeiro de 2003 a 2004.

REPRODUÇÃO

O deputado Roberto Freire é presidente do PPS, partido da chapa de Marina Silva, do PSB

Após a repercussão do vídeo falso, tanto a cam-panha de Dilma como a de Marina defenderam inqué-rito para apurar a autoria da peça. A montagem já foi retirada do ar pelo Google,

controlador do YouTube, a pedido da coligação lidera-da pelo PT.

Os petistas também en-traram com ação no TSE por propaganda eleitoral irre-gular e pediram que o MPE

(Ministério Público Eleito-ral) investigue o caso. Em nota, o PSB defi niu o vídeo como “tosco e fraudulento” e afi rmou que recorreria às mesmas instituições para descobrir o autor.

Candidatas pedem apuração policial

MONTAGEMLeandro Nascimento, 26, admite ter sido o responsável pela monta-gem, mas afi rma não ter tido intenções eleitorais com ela. Segundo ele, seu site é humorístico e isso está claro em várias mensagens na página

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5MANAUS, DOMINGO, 31 DE AGOSTO DE 2014 Eleições 2014Eleições 2014

Deputados evitam faltas após corte nos saláriosApós pressão, parlamentares evitam faltar as sessões plenárias. Cada dia sem ir ao plenário custa R$ 668 ao bolso

Desde que o presidente da Assembleia Legis-lativa do Amazonas (Aleam), deputado

Josué Neto (PSD), anunciou o desconto em folha das faltas não justifi cadas pelos parla-mentares, nove deles regis-traram ausências justifi cadas junto à mesa diretora. A de-terminação de Josué começou a valer no último dia 7, e visa combater o chamado “reces-so branco” durante o período eleitoral, onde as cadeiras da casa estão em jogo.

Dentre os deputados que computaram faltas estão Mar-celo Ramos (PSB), candidato ao governo do Estado, (quatro faltas); Adjuto Afonso (PP), (três faltas); Sinésio Campos (PT), Wilson Lisboa (PCdoB) e Arthur Bisneto (PSDB) (com duas faltas); Sidney Leite (DEM) e Luiz Castro (PPS) (com uma falta). No caso de Ramos, em todas as situações ele solicitou a não remune-

ração pelos dias de sessão plenária perdidas.

Questionado pela reporta-gem, o candidato socialista ao governo reconheceu as fal-tas, ressaltando que o mês foi atípico em sua folha de frequência. Segundo ele, os dias foram utilizados para acompanhar a missa de 7º dia em homenagem ao então presidenciável, Eduardo Cam-pos, vítima de acidente aéreo no interior de São Paulo, e a apresentação de Marina Sil-va (PSB), como candidata da sigla após o ocorrido.

“Reconheço que faltei, e por isso solicitei por meio de do-cumento protocolado junto à mesa diretora, que as diárias fossem descontadas do meu salário. Mesmo assim, penso que tenho crédito na casa, pois nunca faltei”, criticando os colegas que apresentam presença no painel eletrônico, entretanto não participam das discussões em plenário.

“Tem muito colega que tem o nome estampado no painel, mas não tem a dignidade de

acompanhar de fato a sessão e ouvir os discursos dos cole-gas. E isso para mim, não é novidade, só que no período eleitoral as coisas fi cam mais claras. Isso é ruim, pois somos obrigados a estar presentes na Assembleia apenas nas ter-ças, quartas e quintas-feiras,

de 9h a 12h”.A justifi cativa apresentada

por Adjuto Afonso foi à par-ticipação na 11ª Feira e Con-ferência da Indústria Naval, que aconteceu entre os dias 12,13 e 14 deste mês. Sinésio Campos, que é presidente da

Comissão de Geodiversidade, Recursos Hídricos, Minas, Gás e Energia da Aleam, alegou que suas faltas estão relacio-nada às atividades externas da comissão, uma delas reali-zada no município de Autazes no último dia 26.

Wilson Lisboa (PCdoB), vice-presidente da Comissão de Saúde, Previdência, Assistên-cia Social e Trabalho, declarou que nos dias 19 e 27 precisou se ausentar por conta de uma visita ao hospital Francisca Mendes, localizado na Zona Norte de Manaus e posterior-mente por razões pessoais.

O deputado estadual Arthur, dia 19 e 27, justifi cou, mas não explicou os motivos para as faltas, apenas solicitou o não pagamento das diárias. A exemplo de Adjuto Afonso, Sidney Leite remeteu à par-ticipação na 11ª Feira e Con-ferência da Indústria Naval, realizada no Rio de Janeiro, o motivo da sua falta.

O representante do Partido Popular Socialista (PPS), Luiz Castro, informou que precisou

se ausentar para participar de reuniões políticas em Brasília. “Para tratar de assuntos de interesse do legislativo”.

Francisco Souza (PSC) fal-tou no último dia 20 e pe-diu que a remuneração do dia não lhe fosse concedida. Seu colega Ricardo Nicolau (PSD) justifi cou a necessida-de de cumprir agenda fora da capital, mas não forne-ceu maiores informações. A reportagem tentou contato com todos os parlamentares citados na matéria, mas até o fechamento desta edição ape-nas Marcelo Ramos atendeu as ligações. Para embasar o texto foram utilizados dados disponibilizados no portal da transparência mantido pela Aleam na internet.

Desconto em folhaDe acordo com declarações

do presidente da Assembleia Legislativa do Amazonas (Ale-am), deputado Josué Neto (PSD), qualquer deputado que faltar as sessões plenárias que ocorrem regimentalmente de terça as

q u i n t a s -feiras, de 9h às 12h, terá um des-conto de R$ 668,00 no seu salário.

Josué que também é candidato à reeleição, sus-tentou que não será conivente com o “recesso branco”. E pediu aos colegas que tenham consciência e responsabilida-de com o mandato vigente. “Não há motivos para polemi-zar. Afi nal de contas, um depu-tado é um funcionário como qualquer outro e se faltar tem que haver desconto por dia não trabalhado”, falou.

Para minimizar os impac-tos do processo eleitoral no dia a dia da casa, o próprio parlamentar já es-peculou uma possível mu-dança nos dias de sessão. O desconto autorizado por Josué está previsto no re-gimento interno da Aleam, o salário de um deputado é de R$ 20.042,35.

Marina é um ponto de dúvidas Filha do líder seringuei-

ro Chico Mendes, Angela Mendes reagiu, ontem, à declaração da candidata à Presidência pelo PSB, Ma-rina Silva, que disse, duran-te debate da Band, que o ambientalista era “parte da elite”. Angela disse acreditar que a declaração não passou de “uma infeliz comparação”. No entanto, ela faz críticas ao plano de governo da candida-ta e alegou que Marina “é um enorme ponto de interroga-ção” e garantiu não que ela não é sua candidata.

Eu respeito Marina pela

sua trajetória de luta, como tantas outras mulheres e homens batalhadores, que tiveram que vencer grandes barreiras para vencer na vida, mas o fato dela ter tido uma história de luta com meu pai e ser acreana, como eu, não a capacita para ser presi-dente do Brasil, não neste momento. Porque, para mim, até agora tudo que ela dis-se são incógnitas. Ela tem um plano bem utópico, mas não mostrou como vai fazer para chegar lá, que propostas concretas tem para alcançar essa utopia de um Brasil que

ela imagina que vai conseguir fazer”, destaca.

Outro ponto levantado por Angela é o questionamento sobre “a nova política” que Marina pretender fazer. “O Brasil não está preparado para este novo modelo que Marina quer impor até porque ela quer um novo a partir de um conceito antigo, inclusive eu me perco nos conceitos dela de política nova e tudo que se refere ao programa de Marina é uma incógni-ta”, diz. De acordo a fi lha do líder, as propostas não estão claras, mas garante

que o respeito para Marina continua inabalável. “Jamais ninguém vai ver eu fazendo comentário desrespeitoso a ela, mas não concordo com a política dela”, destaca.

O Sindicato dos Trabalha-dores Rurais de Xapuri (AC), também reagiu para as de-clarações da candidata. Em nota, a categoria destaca ainda que não concorda com a política ambiental defen-dida por Marina enquanto ministra do Meio Ambien-te, entre 2003 e 2008, e ainda idealizada por ela nos dias atuais.Filha de Chico Mendes disse que não votará em Marina

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AÇÃO FILHA DE CHICO MENDES

DESCONTO Na semana passada, o presidente da As-sembleia, Josué Neto, declarou que os parla-mentares que faltaram as sessões pediram para serem desconta-dos na folha o valor de R$ 668,00 por dia

JOELMA MUNIZEquipe EM TEMPO

Determinação do presidente da casa é para evitar o chamado “recesso branco” aos parlamentares, que costumam se dedicar nas campanhas eleitorais e acabam deixando o trabalho no plenário

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Redes sociais movimentam opiniões sobre eleiçõesCada vez mais, a ferramente cybernética está incerida nas campanhas e dividindo opiniões

Na noite da última quinta-feira (28), 22h, o candidato ao governo do PSB,

deputado Marcelo Ramos, aparece no topo da lista dos assuntos mais comentados pelos usuários amazonenses do microblog Twitter, segui-do de Abel Alves (Psol) e do governador José Melo (Pros). Os chamados ‘tuiteiros’ acompanhavam, na ocasião, o primeiro debate entre os candidatos, realizado na TV Band, ao passo em que ex-pressavam as mais diversas opiniões sobre os embates.

Ferramentas que ganham todos os dias novos milhares de adeptos, as redes sociais são, nestas eleições, os princi-pais meios por onde jovens e adultos do Amazonas expres-sam opiniões sobre a disputa pelo governo. O terreno virtual, no entanto, é alvo estratégico das campanhas, que usam as ferramentas para mobi-lizar cabos eleitorais, além de disseminar e combater críticas a adversários.

Somente durante o pri-meiro embate entre os can-didatos, pelo menos 3 mil ‘tuítes’ (mensagens) foram publicadas na ferramenta

por cen-tenas de usuários. O levan-t a m e n t o da repor-t a g e m sobre a movimen-tação dos internautas du-rante a campanha eleva

esse número a um patamar ainda maior. Desde o início da campanha, em julho, pelo menos 20 mil usuários cita-ram o nome dos principais candidatos no Twitter.

Para o escritor e sociólo-go aposentado Francilmar Mendes, as redes sociais proporcionam a jovens e adolescentes uma sensa-ção de segurança para se envolver em diversos as-suntos, entre eles, a polí-

tica. “Um grande número de internautas comentando sobre política não significa que eles são engajados po-liticamente. Em um terreno que eles já conhecem, o virtual, não há limites. So-mente liberdade”, afirmou.

Terreno virtual onde infor-mações negativas podem ganhar proporções imensu-ráveis, as redes sociais estão, nestas eleições, no centro das atenções dos comitês de campanha dos candidatos. A movimentação de opiniões e informações publicadas é alvo constantes monito-ramentos pelas equipes de campanha. Nesse setor, tra-balham equipes de marketing e advogados, prontos para mover ações contra ataques de adversários.

Professor de direito da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Barcelos Júnior Mesquita, afi rma que os ataques cibernéticos não representam mais novidades à Justiça, que já tem dire-cionamentos rápidos para as ações movidas. “A Justi-ça eleitoral já tem grande experiência nessas questões e os advogados sabem de que forma protestar a fa-vor de seus clientes. Ações desse tipo recebem rápidas respostas”, afi rmou.

Em terreno virtual, tudo pode virar piada. Minu-tos depois de qualquer acontecimento, milhares de imagens contendo ti-radas humorísticas po-dem se espalhar na rede e se emplacarem como novos ‘memes’, aquelas montagens engraçadas que viram febre nas re-des sociais. O caso mais recente aconteceu exata-mente após o debate da última sexta-feira.

Milhares de internautas comentaram sobre o can-didato do PMDB, senador Eduardo Braga, que ouviu de Marcelo Ramos a frase: “você pode até criticá-los, mas tem que fazer ajoe-lhado no milho”. Minutos depois, blogueiros amazo-nenses já espalhavam mon-tagens de Braga, Melo e o ex-governador Omar Aziz (PSD) cumprindo a suges-tão do socialista.

Usuários assíduoes das redes sociais ouvidos pela

reportagem afi rmaram que, mesmo com empe-nhados comitês de cam-panha, os candidatos não conseguem controlar a movimentação em terre-no virtual. “Eles podem até ter equipes para mo-nitorar, mas, com certe-za, não há como controlar centenas de adolescente comentando ou fazendo piada sobre eles”, afi r-mou Beatriz Domingues, estudante de jornalismo.

PrioridadesO analista de mídias

sociais, Jhonatas Ballut, confi rma a constatação de Beatriz e afi rma que os usuários tendem a priorizar comentários engraçados ou criativos. “Não é comum ver usuários elogiando po-líticos gratuitamente. Ou fazem piadas, ou tecem comentários críticos e cria-tivos. Os elogios fi cam por conta do batalhão virtual dos candidatos”, afi rmou.

Candidatos viram ‘meme’

TUITAÇO Somente no primeiro debate entre os can-didatos ao governo do Amazonas, pelo menos 3 mil “tuítes” foram publicadas nas redes sociais. Movimentação fi cou entre Marcelo Ramos e José Melo

RAPHAEL LOBATOEquipe EM TEMPO

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7MANAUS, DOMINGO, 31 DE AGOSTO DE 2014 Eleições 2014Eleições 2014

Uso de avião por Campos é investigadoO procurador-geral eleitoral,

Rodrigo Janot, instaurou um procedimento preparatório eleitoral para investigar a pres-tação de contas do PSB sobre a utilização do jato Cessna 560XL por Eduardo Campos, então candidato do partido à Presidência, que sofreu um aci-dente no último dia 13 matando sete pessoas. O uso da aerona-ve não havia sido informado à Justiça Eleitoral.

O Ministério Público Elei-toral quer apurar se o uso do avião respeitou a legislação no que trata da prestação de contas parcial das candidatu-

ras. Neste caso, a arrecadação e gastos de campanha devem ser informados.

A Procuradoria vai solicitar ao comitê de campanha do PSB a documentação que comprove a movimentação fi nanceira para a utilização da aeronave na campanha presidencial. O partido terá de encaminhar ao Ministério Público recibos eleitorais que comprovam a prestação de contas parcial.

Também vai pedir à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) informações sobre quem pos-sui a propriedade do avião.

SuspeitasHá suspeitas de que a AF

Andrade, proprietária do avião, tenha usado recursos de em-presas fantasmas para com-prar o jato. Uma das hipóteses é que o dinheiro usado para adquirir a aeronave seja caixa dois dos empresários ou do pró-prio PSB. As revelações foram feitas pela revista “Veja” e pelo jornal “Folha de S.Paulo”.

“Surge relevante a apura-ção dos fatos noticiados pela grande mídia tendo em con-ta a resolução 23.406/2014 do Tribunal Superior Eleitoral quanto a arrecadação e gas-

tos de recursos de campanha para as eleições de 2014, sendo atribuição do Ministério Público Eleitoral a estrita observân-cia da aludida norma, espe-cialmente em se tratando de disputa ao cargo de presidente da República”, defendeu Janot em parecer que determinou a instauração da investigação.

De acordo com o MP, do-cumentos entregues à Polícia Federal pelos representantes da AF Andrade informam que a aeronave teria sido vendida para três empresários pernam-bucanos e parcelada em 16 depósitos bancários.Aeronave usada por Eduardo Campos será investigada

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AÇÃO PROCURADORIA

O presidente da Con-ferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), cardeal Ray-

mundo Damasceno afi rma que as igrejas não são “currais elei-torais” e não devem infl uenciar os eleitores nas escolhas dos seus candidatos nas eleições de outubro. Dom Damasceno disse que a Igreja Católica não faz “distinção” de candidatos por sua religião, nem pede que os católicos escolham nomes liga-dos à sua opção religiosa. “Não fazemos nenhum curral eleitoral. Orientamos, falamos, mas não fazemos comitês eleitorais em nossos templos. A liberdade é fundamental”, afi rmou. Ques-tionado sobre a candidatura de Marina Silva (PSB) à Presi-dência, que é declaradamente evangélica, o cardeal disse que os fi éis são “livres” para esco-lherem seus candidatos, mas devem fazê-lo de “maneira cons-ciente”. Marina aparece como

segunda colocada nas recentes pesquisas de intenções de votos e venceria a presidente Dilma Rousseff (PT) em um eventual segundo turno.

“O eleitor deve conhecer suas propostas, seu passado, seu projeto de governo. Não faze-mos essa acepção de pessoas. Temos que escolher o melhor candidato pensando no Brasil, e não em interesses pessoais ou de grupos. Cristão ele é como cidadão, tem os mesmos direi-tos e deveres e, como tal, tem que participar da vida política”, afi rmou. Dom Damasceno co-brou que os candidatos atuem na política de forma “coerente com os seus princípios”. “Tem que manifestar sua fé em sua vida social, no trabalho, e atuar pensando no bem do país. Não fazemos discriminação.”

A CNBB vai realizar no dia 16 de setembro, em Aparecida (SP), debate com os sete candidatos à Presidência da República com

melhores colocações nas pes-quisas de intenções de votos. Foram convidados, além de Ma-rina, a presidente Dilma Rous-seff (PT), Aécio Neves (PSDB), Pastor Everaldo (PSC), Eduardo Jorge (PV), Eymael (PSDC) e Lu-ciana Genro (Psol).

A entidade ainda não confi r-mou a presença de todos, mas dom Damasceno disse esperar

que compa-reçam para que possam apresentar seus posi-cionamentos sobre temas considera-dos impor-tantes para os cristãos.

Oportunidade“A fi nalidade é proporcionar

aos nossos fi éis a oportunida-de de conhecerem melhor os candidatos para que possam exercer com consciência e responsabilidade os seus di-reitos. A CNBB não toma po-sição político-partidária, ajuda o eleitor a tomar sua decisão livremente, conscientemente.”

As perguntas serão formula-das por bispos da CNBB e por jornalistas de emissoras católi-cas. Haverá também confronto direto entre os candidatos no quarto bloco do debate.

A CNBB pretende conquis-tar apoio dos candidatos ao projeto de lei, de iniciativa popular, com mudanças no sistema político nacional. A proposta inclui temas como o fi nanciamento público ex-clusivo das campanhas, re-gulamentação das consultas populares na Constituição (o plebiscito e o referendo- ampliação da participação feminina na política e imple-mentação de dois turnos de eleições) um para os eleitores escolherem os programas partidários e outro para a escolha dos candidatos.

A entidade espera reunir 1,5 milhão de assinaturas para formalizar a apre-sentação da proposta no

Congresso Nacional e vai intensifi car a coleta de apoio nas festividades do 7 de setembro. O projeto de lei tem o apoio de outras enti-dades, como a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e o Movimento Contra a Corrupção Eleitoral.

“Vamos ver se o Congresso se sensibiliza com a refor-ma política. Queremos evi-tar que o poder econômico tenha esse papel, que ele não participe do fi nancia-mento das campanhas. Os partidos se assemelham uns aos outros aí fi ca di-fícil para o eleitor saber o que o candidato defende, o que propõe para o país”, afi rmou o cardeal.

Reforma política é a questãoNão fazemos ne-nhum curral elei-toral. Orientamos, falamos, mas não fazemos comitês

eleitorais em nossos templos. A liberdade

é fundamental.

Raymundo Damasceno, presidente CNBB

Igrejas não são ‘currais eleitorais’, afi rma CNBBCardeal Raymundo Damasceno afi rma que igrejas não devem infl uenciar os eleitores nas escolhas dos seus candidatos

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8 MANAUS, DOMINGO, 31 DE AGOSTO DE 2014Eleições 2014Eleições 2014

EXPEDIENTEEDIÇÃO Isabella Siqueira de Castro e Costa e Náis Campos

REPORTAGEMMoara Cabral,Joelma Muniz e Raphael LobatoAssessorias

REVISÃODernando MonteiroGracicleide Drumond João Alves

DIAGRAMAÇÃOLeonardo Cruz, Klinger Santiago,Kleuton Silva, Marcelo Robert e Pablo Filard

Mário Henrique Silva TRATAMENTO DE FOTOSAdriano Lima

TSE assegura que as urnas não são totalmente segurasTribunal diz que os mecanismos para evitar sabotagens na eletrônica “nem sempre ‘garantidamente’ impedem uma fraude”

A cada eleição, a confi a-bilidade da urna ele-trônica usada no país é colocada em xeque.

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) admite que os mecanis-mos para evitar sabotagens na urna eletrônica “nem sempre ‘garantidamente’ impedem uma fraude”, mas defende que o sistema é aperfeiçoado à medida que é exposto a riscos e vulnerabilidades. Espe-cialistas consultados afi rmam que o sistema eletrônico de votação utilizado no país não é totalmente confi ável e não permite auditoria.

“O que a Justiça Eleitoral tem buscado fazer é tornar eventuais fraudes impingidas ao processo eleitoral inviáveis, impondo, ao eventual atacante, uma sucessão muito numerosa de barreiras, tornando o esforço de se atacar muito superior ao eventual benefício da fraude.

Tais bar-reiras nem s e m p r e ‘garant i -damente’ impedem uma frau-de, porém são conce-bidas de tal forma que o invasor ou atacante, em sua tentativa, com grande margem de certeza, deixe suas marcas, permitindo posterior identifi cação do autor, sua localização e o instante da ação do ataque”, afi rma Giuse-ppe Janino, secretário de Tecno-logia de Informação do TSE.

O funcionário do TSE tam-bém reconhece que “é incor-reto afi rmar categoricamente que um sistema seja total-mente seguro” e “igualmente incorreto afi rmar que ele seja totalmente inseguro”. Segun-do Janino, o sistema eleitoral é dinâmico e é aprimorado

quando exposto a riscos.

Testes públicosO TSE realizou testes pú-

blicos para analisar a con-fi abilidade da urna eletrônica apenas duas vezes, em 1999 e 2012. Uma equipe da Uni-versidade de Brasília (UnB) descobriu uma lacuna no sis-tema de segurança no último exame. Embora a tecnologia evolua com o tempo, o tribunal não permitiu novos testes pú-blicos. “É importante também deixar claro que há um com-promisso entre segurança e custo. Como exemplo, se me desloco de carro da minha casa para o trabalho e ganho um salário de R$ 1 mil/mês, não faria sentido eu gastar mais de R$ 1 mil/ mês para, por exemplo, comprar um car-ro blindado ou contratar uma escolta. Em suma, as barrei-ras devem ser implantadas de

acordo com riscos e vulnera-bilidades reais e não baseado em suposições infundadas”, completou Janino.

Suspeitas de fraudesQuestionado sobre o histó-

rico de suspeitas de fraude, o TSE reconheceu que algu-mas ocorrências foram iden-tifi cadas. “Há alguns casos de suspeição de fraudes, invaria-velmente levantadas por can-didatos derrotados no pleito. Todas as denúncias formaliza-das foram devidamente apu-radas e consideradas impro-cedentes pelas instituições competentes que realizam as perícias”, respondeu Janino sobre casos suspeitos.

O tribunal, no entanto, não respondeu quantos casos são suspeitos e de que forma se procedeu a investigação que julgou os casos improcedentes.

Ainda sobre os mecanis-mos de segurança, o TSE afi rma que o sistema pode ser fi scalizado por agentes do Ministério Público ou por partidos. “A versão ofi cial dos sost wares de cada elei-ção é assinada digitalmen-te”, disse Janino.

Para o engenheiro Amilcar Brunazo Filho, supervisor do Fórum do Voto Eletrônico, a técnica não impossibilita ataques de pessoas. “O Bru-ce Schneier, um dos cinco mais conhecidos e premia-dos criptógrafos e autor dos livros mais vendidos sobre segurança em TI, em seu livro ‘Segurança.com’ disse uma frase signifi cativa: ‘Se

você acredita que a tec-nologia pode resolver seus problemas de segurança, então você não conhece os problemas e nem a tecnolo-gia.’ Ele escreveu isso para explicar que concluiu que segurança de sistemas tem a ver com as pessoas que operam o sistema e não com as tecnologias adotadas”, defendeu Brunazo Filho.

O engenheiro também cita o Ph.D. Ronald Rivest. “Ele é o inventor da téc-nica de assinatura digital que o TSE usa, e nega que sua técnica seja sufi ciente para garantir, por si só, a integridade do sost ware em sistemas eleitorais”, disse.

Mecanismos são monitorados

Especialistas e o próprio Tribunal Superior Eleitoral (TSE) admitem que as urnas eletrônicas não possuem dispositivos que assegurem totalmente a integridade das informações contidas

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