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ISSN 1808-7191 ANO 23 - Nº 133 - JAN/FEV 2020 A REVISTA DO MÉDICO VETERINÁRIO Indexação Qualis www.revistanossoclinico.com.br • Correção de defeitos cutâneos por exérese tumoral em membros pélvicos • Lobectomia em cão com carcinoma hepatocelular: Relato de caso clínico • Reprodução em Lagarto (Chamaleon calyptratus): Relato de caso • Sutura ílio trocantérica modificada com utilização de âncora para correção de luxações coxofemoral traumática em cães: Relato de dois casos COLUNAS: Dicas do Laboratório Conhecimento Compartilhado Nutrição Animal Medicina Felina Gestão & Marketing Bem-Estar Animal Comportamento Empresarial Fisioterapia Odontologia Medicina Tradicional Chinesa Comportamento Felino Gestão Veterinária Entre Clínicas Prevenção & Tendências Endocrinologia Anclivepa Direct Terapia Celular Homeopatia Nutrição & Bem-Estar Neurologia em membros pélvicos de cão: relato de caso ............................... • Uso de fixador ortopédico externo para correção de fratura completa em espiral em terço médio da diáfise de tíbia com desvio de eixo ósseo em mini coelho • Percepção de tutores de cães com halitose com o uso de lenço bucal

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ISSN 1808-7191

ANO 23 - Nº 133 - JAN/FEV 2020

A REVISTA DO MÉDICO VETERINÁRIO

Indexação Qualis

www.revistanossoclinico.com.br

• Correção de defeitos cutâneospor exérese tumoral em membrospélvicos

• Lobectomia em cão comcarcinoma hepatocelular: Relatode caso clínico

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1Nosso Clínico, Ano XXIII, n.133, janeiro/fevereiro, 2020

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2 Nosso Clínico, Ano XXIII, n.133, janeiro/fevereiro, 2020

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Brasil melhor em 2020?

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Sim. E não porque sou otimista eterno, como também é o brasileiro médio, mas porque acabo de ler diversas análiseseconômicas, inclusive dos pessimistas, e este ano será bem melhor do que os últimos cinco. O Cristo Redentor não vai decolar, masentraremos melhor em 2021! Você é pessimista? Meio sadim? Sim? Então, não precisa ler este editorial, pois ele é para Midas,gente com energia positiva, que acredita!

Independente do viés político, merecemos o melhor em 2020, porque somos bons e cuidamos de vidas, muitas! E o setorpet, como venho externando desde o século passado, crescerá pelos próximos 30 anos, acima do crescimento relativo do PIBnacional. Sim, você escolheu uma ótima área da economia. Aliás, você está lendo uma revista de 22 anos de vida, que pela idade jádiz a que veio: seriedade, constância, metodologia, tradição. E sei como é árdua a tarefa de manter mídia impressa "competindo"com mídias na Internet! Figuerola o faz com maestria, pois conhece o meio, conhece os stakeholders, e tem as maiores virtudes, éhonesto e humilde!

Se você investiu na sua carreira ou empresa, pelos últimos quatro anos, no meio da maior crise nacional da história, e estávivo, faturando, mesmo com dificuldades, parabéns! Saiba que para os próximos cinco anos você colherá os lindos frutos. É um dosconceitos econômicos: os que tem recursos e coragem para investir durante turbulências, colherão excelentes resultados.

As melhores e verdadeiras previsões econômicas são de origem exclusiva. Sem acesso a elas, a massa segue a onda. Fiqueconosco, na NOSSO CLÍNICO, pois aqui haverá notícias quentes, além, claro, de todo conteúdo maravilhoso dos autores que nosbrindam com seus conhecimentos. Sempre apoiei esta Revista, porque adoro qualquer meio de divulgação, informação e crescimentoprofissional, faz parte de minha missão.

A década que hora se inicia será de movimentações no mercado de aquisições e fusões. O mercado pet continuaráfragmentado, mas bem menos. Grandes grupos surgirão, o que poderá ser muito interessante a sua carreira ou negócio. A históriase repetirá: EUA, Europa e Brasil; estamos 20 a 30 anos atrasados. Enxergo como positivo todo processo doravante; muito a serfeito, excelentes oportunidades, grandes parcerias, inovações e novos negócios à vista.

Prepare-se para este futuro ao invés de reclamar. A propósito, se você tem tendência a crer que nossa profissão ou o setorpet não dão dinheiro, se você vive reclamando que o Conselho ou entidades de classe nada fazem por você, este texto não lhe seráútil, e você precisa de muita ajuda. Você tem "miopia de marketing" (T. Levitt). Pare de reclamar e raciocine porque durante ospiores anos da crise muitos cresceram, investiram, prosperaram! Sorte? Auxílio externo? Que seja, mas lembre-se de que elesestavam com mente e espírito abertos a receber e isto fez toda diferença! É a roda da abundância girando, mas você prefere criticaro texto porque beira a "auto-ajuda"... e continua pobre, triste, estressado, cansado e negando o óbvio! E pior que pobre no bolsoé ser no espírito!

Acredite e aposte na sua carreira e negócio. Conte com profissionais para ajudá-lo, o caminho torna-se mais fácil. Muitosdeles escrevem aqui e você tem seus contatos! Feliz 2020, com muito profissionalismo! Um beijo grande no coração!

Marco Antônio GiosoCRMV-SP 5642

Nosso Clínico, Ano XXIII, n.133, janeiro/fevereiro, 2020

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MEDICINA VETERINÁRIA PARA ANIMAIS DE COMPANHIA

S U M Á R I O ANO 23 - N° 133 - JANEIRO / FEVEREIRO 2020

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A revista Nosso Clínico tem sua publicação bimestral,com trabalhos de pesquisa, artigos clínicos e revisão de lite-ratura destinados aos Médicos Veterinários, estudantes e pro-fissionais de áreas afins. Além de atualizações, notas e infor-mações, cartas ao editor e editoriais.

Todos os trabalhos devem ser inéditos e não podem sersubmetidos simultaneamente para avaliação em outros peri-ódicos, sendo que nenhum dos autores será remunerado.

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Os trabalhos não aceitos, bem como seus anexos, nãoserão devolvidos aos autores.

Artigos científicos inéditos, revisões de literatura e rela-tos de caso enviados à redação serão avaliados pela equipeeditorial. Em face do parecer inicial, o material é encaminha-do aos consultores científicos. A equipe decidirá sobre a con-veniência da publicação, de forma integral ou parcial, enca-minhando ao autor, sugestões e possíveis correções.

Para esta primeira avaliação, devem ser enviados pela internet([email protected]) arquivo de texto no formato.doc com o trabalho e imagens digitalizadas no formato .jpg. Nocaso dos autores não possuírem imagens digitalizadas, cópias dasimagens acompanhadas da identificação de propriedade e autor,deverão ser enviadas via correio ao departamento de redação. Osautores devem enviar a identificação com endereço, telefone ee-mail para contatos.

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“Certificamos que o artigo enviado a Revista Nosso Clínico éum trabalho original, não tendo sido publicado em outras revis-tas, quer no formato impresso, quer por meios eletrônicos, e con-cordamos com os direitos autorais da revista sobre o mesmo ecom as normas para publicação descritas. Responsabilizamo-nosquanto às informações contidas no artigo, assim como em rela-ção às questões éticas.”

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Normas para Publicação de Artigos na Revista NOSSO CLÍNICO

Nosso Clínico. - - vol. 1, n.1 (1998) - . -- São Paulo : Editora Troféu,1998 -il. : 21 cm

Bimestral.Resumos em inglês, espanhol e português.ISSN 1808-7191.

1998 - 2008, 1-112020, 23 (n.133 - JAN/FEV 2020)

1. Veterinária. 2. Clínica de pequenos animais. 3. Animais silvestres.4. Animais selvagens.

Para mais informações visite:

www.arcabrasil.org.br

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Foto Capa:Mayara Barros Ursulino

NOSSO ENDEREÇO ELETRÔNICOHome page: www.revistanossoclinico.com.brRedação: [email protected]/Administração: [email protected]/Eventos: [email protected]: [email protected]

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Linfedema em membros pélvicos de cão: Relato de Caso

Correção de defeitos cutâneos por Exérese Tumoral em membrospélvicos

Reprodução em Lagarto Chamaleon calyptratus: Relato de Caso

Lobectomia em cão com carcinoma hepatocelular: Relato deCaso clínico

Sutura ílio trocantérica modificada com utilização de âncora paracorreção de luxações coxofemoral traumática em cães: Relato dedois Casos

Percepção de tutores de cães com halitose com o uso de lençobucal

Uso de fixador ortopédico externo para correção de fraturacompleta em espiral em terço médio da diáfise de tíbia comdesvio de eixo ósseo em Mini Coelho (Oryctolagus cuniculus)

Colunas: Especialidades

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Érica Pereira da SilvaMédica Veterinária do Centrovet -Arapiraca, AL

Diego Fernando da Silva LessaMédico Veterinário da Cardiovet -Riberão Preto, SP

Diogo Ribeiro Câmara,Pierre Barnabé Escodro,Márcia Kikuyo Notomi*

([email protected])Professores adjunto do Curso deMedicina Veterinária da UniversidadeFederal de Alagoas - Viçosa, AL

* Autora para contato

RESUMO: O Linfedema é constituído por um acúmulo de fluido noespaço intersticial, caracterizado por um edema que sucede ao distúrbiodo sistema linfático.A tumefação a princípio é mole e pode estardeterminada a região do corpo que apresenta uma disfunção linfáticasuperficial e, apenas em raras ocorrências, atinge o sistema linfáticoprofundo. O edema pode desaparecer durante o repouso, no entanto,frequentemente evoluem podem se tornar maiores e firmes, decorrenteda fibrose reativa. Este trabalho apresenta um relato de caso sobre

linfedema localizado em membros posteriores e com atrofia/hipoplasia de linfonodos poplíteos de umcão macho, com 4 meses de idade no diagnóstico, além de características clínicas e laboratoriais de umlinfedema primário. O animal foi acompanhado durante o período de 2 anos onde se evidenciou umfibroedema, provocando uma rigidez da textura da derme e do tecido subcutâneo e predisposição ainfecções bacterianas secundárias.Unitermos: cão, sistema linfático, edema, fibroedema

ABSTRACT: Lymphedema is constituted by a fluid accumulation in the interstitial space, characterized byan edema that happens by a disturbance of lymphatic system. At first the swelling was soft and wasdelimited to the area of the body where superficial lymphatic dysfunction was located and, just in rareoccurrences, it reaches the deep lymphatic system. The edema can disappear during the rest, however,frequentlyhad evaluated and became larger and firm, due it reactive fibrosis. This paper presents a casereport of canine lymphedema case on located canine lymphedema in subsequent members and withatrophy / hypoplasia of popliteal nodes of a male dog, was 4 months of age with clinical characteristicsand laboratories exams of a primary lymphedema. The animal was accompanied during the period of 2years whereKeywords: dog, lymphatic system, edema, fibroedema

RESUMEN: El linfedema está constituido por una acumulación de líquido en el espacio intersticial, que secaracteriza por un edema que sigue al trastorno del sistema linfático. La hinchazón al principio es suave ypuede estar restricta en una región del cuerpo que tiene una disfunción linfática superficial y rara vezocurre en el sistema linfático profundo. El edema puede desaparecer durante el descanso, sin embargo,a menudo puedeevolucionar y volverse más grande y firme debido a la fibrosis reactiva. Este artículopresenta un informe de caso sobre linfedema localizado en las extremidades posteriores y con atrofia /hipoplasia de los ganglios linfáticos poplíteos de un perro macho de 4 meses de edad en el momento deldiagnóstico, así como las características clínicas y de laboratorio de un linfedema primario. El animal fueseguido durante 2 años donde se evidenció un fibroedema, que causó una rigidez de la dermis y texturadel tejido subcutáneo y predisposición a infecciones bacterianas secundarias.Palabras clave: perro, sistema linfático, edema, fibroedema

“Lymphedema in dog pelvicmembers: case report”

“Linfedema en miembros pelvicosde perros: reporte de caso”

em membros pélvicosde cão: relato de caso

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IntroduçãoO Linfedema é constituído por um acúmulo de fluido no

espaço intersticial2, caracterizado por um edema que sucede aodistúrbio do sistema linfático6. O edema linfático é ocasionadopelo acúmulo de fluido hiperprotéico na derme e tecido subcutâ-neo, porém não se faz presente nos tecidos profundos da paredemuscular7, isso se dá a partir de um distúrbio no equilíbrio naquantidade de fluido no espaço intersticial que precisa ser depura-da e a capacidade dos sistemas linfáticos e venoso de retirar essefluido2.

A tumefação a princípio é mole e se encontra em uma deter-minada região do corpo que tem como causa uma disfunção lin-fática superficial e, apenas em raras ocorrências, atinge o sistemalinfático profundo. O edema pode desaparecer durante o repou-so, no entanto, pode se tornar firme ao passar do tempo devido àcomplicação da fibrose reativa. Em humanos, o edema pode agra-var em casos de temperatura elevada, menstruação e gestação,ocasionando assim, aumento de peso, alteração funcional e modi-ficação do fator estético do organismo7,8.

O distúrbio linfático é mais descrito em crianças, cães, bovi-nos e suínos, podendo ser caracterizado por um edema generali-zado, ou pelo edema restrito de membros (JONES et al. 2000). Aforma hereditária já foi apresentada em humanos, cães e bovinosda raça Hereford, relacionada a uma herança autossômica domi-nante com expressão variável6.

O diagnóstico de linfedema se baseia nos sinais clínicos,onde o médico veterinário deve se atentar a idade do aparecimen-to dos sinais clínicos, a progressão da doença, grau de envolvi-mento (unilateral versus bilateral, membro pélvico versus mem-bro anterior), e se o animal possui alguma cirurgia anterior, trau-ma, ou exposição a agentes infecciosos; e histórico do paciente3,11.Para excluir as causas secundárias de linfedema, o diagnósticoinicial deve incluir bioquímica sérica, urinálise, análise fecal, testede microfilárias, radiografia de tórax, ultrassonografia abdomi-nal, as biópsias de pele que geralmente mostram vários graus deedema linfáticos anormais, e a linfangiografia ou linfocintilogra-fia que ajuda nas investigações sobre a capacidade do sistemalinfático incluem linfangiografia ou linfocintilografia11.

Este trabalho apresenta um relato de caso sobre linfedemacanino localizado em membros posteriores, com atrofia/hipopla-sia de linfonodos poplíteos de um cão macho de 4 meses de idadecom características clínicas e laboratoriais de um linfedemaprimário.

Nos estágios iniciais de linfedema, não observa-se o desen-volvimento de fibrose, a terapia clínica pode diminuir o inchaçoe tornar o paciente mais confortável3. Segundo Webb et al. (2004),o tratamento clínico do linfedema envolve o uso de massagemsuave e ligaduras elásticas. Fossum et al. (1992) indicam o uso deligaduras pesadas ou talas para exercer pressão no membro, ten-do um cuidado minucioso com a pele, susceptível a infecção,controle de peso, e uso adequado de antibióticos para tratar eprevenir celulite e linfangite.

Os fármacos utilizados no tratamento de linfedema têm in-cluído diuréticos, corticosteróides, anticoagulantes, e inibidoresde fibrolisina, porém nenhum destes tratamentos tem promovidoeficácia; enquanto que as benzopironas (tipo: cumarina, rutosídeose rutina) é o tratamento mais promisor do linfedema em humanose cães, devido esses compostos ter como proposta a ação na pro-teólise pela estimulação de macrófagos, proporcionando uma tra-jetória com o intuito de reduzir as concentrações de proteínas do

tecido11.Os tratamentos médicos atualmente validados não conse-

guem curar ou impedir a evolução do linfedema e, nenhuma pro-cedimento cirúrgico tem provado ser benéfica de forma consis-tente em seres humanos com o linfedema3, portanto, está enfer-midade deve ser estudada para proporcionar uma melhor quali-dade de vida ao animais e evitar consequências severas como anecessidade da amputação de um membro ou a morte do animal.

Este trabalho apresenta um relato de caso sobre linfedemacanino localizado em membros posteriores, com atrofia/hipopla-sia de linfonodos poplíteos de um cão com características clíni-cas e laboratoriais de um linfedema primário.

Relato de CasoFoi atendido no ambulatório de Pesquisa e Extensão Veteri-

nária da UFAL, um cão macho, SRD de quatro meses, com aqueixa principal de hipotricose generalizada, com presença deeritema, pápulas e escamas, principalmente em membros e regiãodorsal. Também foi notado um aumento de volume de intensidademoderada nos membros posteriores (Figura 1A). Ambos os mem-bros estavam edematosos, iniciando em epífise proximal do fêmuraté extremidade distal dos membros, resultado positivo ao testede Godet, sem aumento de temperatura e indolor a palpação oulocomoção. Apesar das lesões cutâneas apresentadas, não foramconstatadas alterações dos parâmetros vitais no exame clínico,com exceção do linfonodo poplíteo que não foi identificado. Rea-lizou-se raspado cutâneo profundo com obtendo resultado nega-tivo, e uma citologia corada com panótico, onde foi identificada

Figura 1A e 1B:Canino com 4

meses de idade,hipotricose

generalizada compresença de

eritema, pápulas eescamas,

principalmente emmembros e região

dorsal. Aumento devolume de

intensidademoderada, em

ambos os membros,mais intenso no

lado esquerdo

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3-5 malassezia sp. por campo e bactérias. O animal recebeu otratamento de desverminação (pomoato de piratel e praziquantel)e um tratamento com fungicida a base de itraconazol foi aplicadodurante 30 dias e banhos com shampoo de clorexidine a 4%. Emum novo raspado cutâneo e citologia realizados, foram observan-do raras leveduras, porém identificadas 5-7 ninfas e adultos deDemodex canis por campo (40x). O novo tratamento com banhosde amitraz e ivermectina oral, semanalmente, foi instituído du-rante 60 dias, com a obtenção de dois raspado cutâneo negativono intervalo de 30 dias, antes da interrupção.

Após 4 meses do início do tratamento, houve uma melhorasignificativa no aspecto da pele e cobertura pilosa, com exceçãoda região da tumefação nos membros posteriores que apresenta-vam com hipotricose e o agravamento da edemaciação dos mem-bros, principalmente o membro esquerdo (Figura 2). Foram rea-lizados um hemograma, proteína plasmática total e exame de uri-na, sem observações de alterações significativas.

Figura 2: Após 4 meses, região da tumefação nos membros posteri-ores com hipotricose e o agravamento da edemaciação dos mem-bros, principalmente o membro esquerdo.......................................................................................................................

A avaliação ultrassonográfica em modo B do tronco linfáti-co localizado na região metatársica mostrou irregularidade, au-mento da ecogenicidade e textura heterogênea da parede do vaso.O diâmetro do segmento avaliado mediu aproximadamente 3,9mm de diâmetro sendo em alguns pontos esse valor maior suge-rindo dilatação do vaso. Não foi possível visualizar nenhum lin-fonodo regional.

O teste de absorção do corante azul patente foi realizado,aplicando 0,4 mL de corante azul patente a 5%, por via subcutânea,no espaço interdigital. O método foi avaliado no período de umaa três horas após injeção do corante, observando uma distribuiçãodifusa do corante após a injeção mostrando uma ausência de trans-porte linfático intacta (Figura 3).

Durante o período de evolução de 2 anos, houve o aumentogradativo do edema dos membros, desenvolvimento de fibrose eespessamento do tecido cutâneo e subcutâneo, o que foi ocasio-nando uma dificuldade de locomoção, onde os membros se roça-vam ao caminhar, claudicação ocasional, presença de dobrascutânea e a fragilidade epidérmica com atraso na cicatrização(Figura 4), que desencadearam em dois episódios de piodermitesbacterianas locais no qual o tratamento sistêmico foi necessário.

Figura 3: Teste de azul patente positivo em cachorro: uma hora (A),duas horas (B), e três horas (C) após administração subcutânea docorante

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DiscussãoEm cães, o diagnóstico de linfedema primário baseia-se na

exclusão de causas que desencadeiam uma deficiência no siste-ma linfático, como doenças inflamatórias, infecciosas e neoplási-cas; em conjunto com o resultado do azul violeta ensaio de ab-sorção de corante de patente subcutânea5. No caso relatado, osachados no exame físico, ultrassonografia e o teste de azul demetileno indicam a um caso de linfedema primário canino. Prin-cipalmente, diante da não identificação do linfonodo poplíteo,semelhante a outros relatos de linfedema primário em cães9,2,10.

Em cães com linfedema primário, este linfonodo não erapalpável e nem identificado por linfangiografia; e os vasos lin-fáticos distais do membro apresentavam-se muito aumentado detamanho, número e tortuosidade. Frequentemente, os edemas dosmembros traseiros, a obstrução linfática ocorre na altura da lo-calização dos nodos linfáticos poplíteos9, de acordo com o obser-vado.

O linfedema secundário a um trauma cutâneo é descrito porFossum; Miller, (1992) em cães, entretanto acometendo apenas omembro. Em humanos, um linfedema inflamatório localizado foirelacionado a infecções de demodex na orelha1 e dermatofitose,como resultado de linfangite e/ou celulite. Entretanto, a malasse-ziose ou sarna demodécica, afecções apresentadas inicialmentepelo paciente, não foram relacionadas como causa de linfedemade membros.

O animal já apresentava a tumefação dos membros posteri-ores aos 4 meses de idade, e apesar do linfedema envolver umaou mais extremidades, é visto mais comumente nos membrosposteriores11. Embora o edema ter afetado os membros bilateral-mente, o membro esquerdo apresentou os sinais mais intensos,concordando Fossum et al, (1992) que descreve que a intensidadedo inchaço é muitas vezes maior em um membro do que o outro.

Corroborando com a palpação, o exame de ultrassonogra-fia, não identificou os linfonodos poplíteos, porém observou adilatação distal dos vasos linfáticos secundária ao processo obs-trutivo4. Quando os vasos se dilatam, eles podem perder a suacontratilidade e as válvulas linfáticos podem ficar permanente-mente afuncionais em resposta à distensão excessiva crônica3.

O teste da aplicação do azul de metileno, por via subcutânea,

determinou uma mancha difusa, sem a identificação de uma cir-culação linfática intacta. A coloração pouco marcante pode estarrelacionada a realização tardia do exame, feita após dois anos dodiagnóstico, e o membro do animal apresentava sinais marcadoscronicidade decorrente de fibroedema presente7.

Na evolução de dois anos, gradativamente o edema se tor-nou crônico, com ocorrência de fibrose, e o edema tendeu a sermenos evidente, observado pela perda do sinal de Godet. Fossumet al. (1992) refere que com a fibrose ocorreu uma redução sen-sível à resposta ao tratamento com massagens; conforme o ede-ma se torna crônico, ocorre fibrose e o edema, progressivamente,tende a manifestar menos resultando em depressões menos evi-dentes até estas ficarem ausentes2,10. Um espessamento fibróticoé formado em consequência do fibroedema, provocado pelo au-mento da concentração de proteínas, fazendo com que ocorra arigidez da textura da derme e do tecido subcutâneo7 e decorrentedessa alteração, o paciente apresentou-se menos ativo do que onormal devido ao peso do membro ao arrastá-lo no momento emque caminha, justificando a claudicação tardia3.

A piodermites superficiais locais observadas após traumaou espontaneamente comprovam a predisposição dos membrosacometidos a infecções, que apresentam uma maior ocorrência,devido o edema ser rico em proteínas e acaba sendo favorávelpara o crescimento bacteriano7.

ConclusãoO caso apresentado sugere um caso de linfedema primário

canino. Independente da causa, a progressão do linfedema leva auma redução na qualidade de vida do animal pela limitação físicaprovocada pelo aumento de volume, pela rigidez cutânea pro-vocada pelo fibroedema e a predisposição a infecções bacteri-anas cutâneas, além do aspecto estético exuberante. Diante dospoucos recursos terapêuticos disponíveis, novos estudos devemser realizados em busca de tratamento mais eficazes para a enfer-midade.

REFERÊNCIAS

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Figura 4: Após 2 anos,houve o aumentogradativo do edema dosmembros,desenvolvimento defibrose e espessamentodo tecido cutâneo esubcutâneo...........................................

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10 Nosso Clínico, Ano XXIII, n.133, janeiro/fevereiro, 2020

IntroduçãoAs neoplasias estão entre as principais causas de morte nos

animais domésticos35, podem ter comportamento benigno ou ma-ligno e serem classificadas em epiteliais (ex. carcinoma de célu-las escamosas, tumores de glândulas sebáceas e sudoríparas, decélulas basais, papiloma), mesenquimatosas (ex. lipoma, heman-giossarcoma, fibroma), de células redondas (ex. mastocitoma,histiocitoma) e melanocíticas (ex. melanoma e melanocitoma)5,29.

Os Mastocitomas são tumores malignos que se originam dosmastócitos e estão entre as neoplasias cutâneas mais comuns noscães27. A maior prevalência ocorre em cães entre 8 anos, nas ex-tremidades e regiões inguinal e perineal6,19. O diagnóstico érealizado pelo exame clínico, citológico e histopatológico6,11.

“Correction of skin defects for tumor exerts in pelvic members”

“Correo de defectos cutáneos por exérese tumoral en miembros pélvicos”

Murilo Felipe LopesAcadêmico de Medicina Veterináriada Pontifícia Universidade Católica doParaná (PUC-PR), Curitiba, PR

Guilherme Fernando de CamposM.V. Aprimorando de ClínicaCirúrgica da Pontifícia UniversidadeCatólica do Paraná (PUC-PR),Curitiba, PR

Amanda Stephanie RodriguesFreitas SilveiraM.V. Aprimoranda de ClínicaCirúrgica da Pontifícia UniversidadeCatólica do Paraná (PUC-PR),Curitiba, PR

Danielle Moro SantanaM.V. Aprimoranda de ClínicaCirúrgica da Pontifícia UniversidadeCatólica do Paraná (PUC-PR),Curitiba, PR

Rafael Ricardo Huppes*([email protected])Professor de Técnica e ClínicaCirúrgica de Pequenos Animaisda Unicesumar - Maringá, PR

Jorge Luiz Costa Castro([email protected])M.V., Prof. Adjunto de Técnica eClinica Cirúrgica, PontifíciaUniversidade Católica do Paraná(PUC-PR) - Curitiba, PR

* Autor para contato

RESUMO: O mastocitoma é uma neoplasia maligna e está entre os tumores cutâneos mais frequentesnos cães. Seu diagnóstico é realizado pelo exame clínico, citológico, histopatológico e estadiamento. Otratamento baseado na remoção cirúrgica ampla, quimioterapia e/ou radioterapia. A cirurgia reconstrutivapossibilita a reparação de defeitos provenientes de grandes exéreses tumorais, assim como feridaspresentes em membros, aonde a escassez de pele livre impossibilita a utilização de diversas técnicas. Osretalhos de padrão subdérmico e axial estão entre as melhores opções para se realizar a oclusão destesdefeitos. O objetivo desse trabalho é relatar quatro casos de mastocitoma em membro pélvico em cãesatendidos na rotina da Clínica Veterinária Escola – PUC-PR, submetidos à exérese tumoral seguido dofechamento da ferida por meio da criação de retalho de padrão subdérmico e axial da artéria epigástricasuperficial caudal e genicular para correção do defeito, enfatizando principalmente os resultadossatisfatórios que foram obtidos na cirurgia de todos os animais.Unitermos: neoplasia, retalho de padrão axial, cirurgia reconstrutiva

ABSTRACT: Mastocytoma is a malignant neoplasm and is among the most frequent tumors in dogs. Hisdiagnosis was clinical, cytological, histopathological and staging. The treatment is a broad arthritis,chemotherapy and/or radiation therapy. A reconstructive surgery allows the removal of defects of largetumor quantities, as well as those presented in limbs, instead of a skin exclusion made impossible by theuse of various techniques. The patches of subdermal and axial pattern are among the options to performthe occlusion with comet defects. The objective is to run the finger in relation to cases of mastocytoma ina pelvic episode in dogs attended in the routine of Veterinary Clinic School, suffering with tumor injury inthe posterior phase of wound closure through the generation of the standard and axial flap of the arteryepigastric superficial caudal and genicular The correction of the defect, emphasizing the positive resultsthat were performed in the surgery of all the animals.Keywords: neoplasia, axial pattern retai, reconstructive surgery

RESUMEN: El mastocitoma es una neoplasia alineada y está entre los tumores cutáneos más comunesen perros. Su diagnóstico se realiza por examen clínico, citología, histopatología y estadificación.Tratamiento basado en una extensa remoción quirúrgica, quimioterapia y / o radioterapia. La cirugíareconstructiva permite la reparación de defectos de grandes esfuerzos tumorales, así como heridaspresentes en los miembros, donde la escasez de piel suelta imposibilita el uso de diversas técnicas. Lospatrones de manchas subdérmicas y axiales están entre las mejores opciones para la oclusión de esosdefectos. El objetivo de este trabajo es relatar cuatro casos de mastocitoma en el miembro pélvico enperros atendidos en la rutina de la Clínica de la Facultad de Veterinaria - PUC-PR, sometidos a la excisióntumoral seguida del cierre de la herida mediante la creación de un patrón axial y subdérmico al por menorde la arteria epigástrica superficial caudal y genicular para corrección del defecto, enfatizandoprincipalmente los resultados satisfactorios que se obtuvieron en la cirugía de todos los animales.Palabras clave: neoplasia, rendimiento de patrón axial, cirugía reconstructora

Correção de defeitos cutâneos por

em membros pélvicos

A cirurgia reconstrutiva possibilita a reparação de defeitosprovenientes de grandes traumas ou exéreses tumorais. A técnicaé baseada numa somatória de possibilidades que demandam docirurgião conhecimento e habilidade. O sucesso depende exclu-sivamente do respeito em relação aos princípios da cirurgia re-construtiva, escolhendo técnicas atraumáticas, planejadas, evitan-do o excesso de tensão sobre a ferida4,17,22.

Grandes feridas em membros, na maioria das vezes, repre-senta um grande desafio para o cirurgião veterinário devido àescassez de pele local e opções para a oclusão destes defeitos. Osretalhos de padrão subdérmico e axial são versáteis, pois pos-suem, respectivamente, vascularização proveniente do plexo sub-dérmico e de uma artéria e veia cutânea diretamente da sua base.

Nosso Clínico,Ano XXIII, n.133, p.10-18, 2020.................................................

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Podendo o retalho de padrão axial ser rotacionado até 180 grauspara ocluir defeitos4,33,36.

O objetivo desse trabalho é relatar quatro casos de mastoci-toma em membro pélvico em cães atendidos na rotina da CVE –PUC-PR, submetidos à exérese tumoral seguido da criação deretalho de padrão subdérmico da prega inguinal e axial da artériaepigástrica superficial caudal e genicular, enfatizando a eficáciadas técnicas, observadas diante da ausência de recidiva nos cães.

Revisão de LiteraturaO mastocitoma representa 21% dos tumores cutâneos nos

cães27 e possuí etiologia desconhecida2. O diagnóstico pode serobtido através do exame clinico, citológico que sugere o grau demalignidade e a histopatológico que classifica a neoplasia em:bem diferenciado (grau I), moderadamente diferenciado (grau II)e pouco diferenciado (grau III), segundo o sistema de classifi-cação histológica mais comumente usados, descritos por Bostock(1973) e Patnaik et al. (1984). Com intuito de simplificar, Kiupelet al. (2011) propôs um sistema baseado na graduação de tumo-res em baixo grau (bem diferenciado) ou alto grau (indiferencia-do), considerado esse o padrão atual para a classificação dos mas-tocitomas2,27. Estudos evidenciaram que o sistema imposto porKiupel (2011) se mostrou superior ao de Patnaik na previsão demortalidade e metástase ligadas ao mastocitoma25,28,32,34.

O comportamento biológico do mastocitoma é muitas vezesinesperado, de modo geral tumores de grau II e III possuem altopotencial metastático e estão relacionados ao menor tempo desobrevida do animal27. O tratamento pode ser realizado atravésda cirurgia, radioterapia e/ou quimioterapia19,27. Existe algumasdiscussões quanto às dimensões de margens ideias para se con-seguir resultados curativos através da cirurgia, em geral para re-moção de neoplasias malignas e com alta probabilidade de re-cidiva deve-se respeitar as margens de 2-3 cm de tecido normalem todas as direções do tumor, podendo ser ampliada em casosde tumores agressivos ou infiltrativos2,27. Mastocitomas de grau Iou II em que a excisão cirúrgica for completa e não houver sinaisde metástase, normalmente não se faz necessário a terapia adju-vante, sendo assim o animal considerado curado. Porém nos ca-sos em que existe alta probabilidade de recidiva local e se é ob-servado metástase, fica indicado as terapias paliativas e adju-vantes2,20.

A cirurgia reconstrutiva é baseada na utilização de técnicasde reconstrução tecidual com intuito de corrigir ou melhorar de-feitos cutâneos traumáticos como os provenientes de exérese tu-moral, anomalias congênitas ou feridas extensas e com tecidosinviáveis4,33. A escolha da técnica reconstrutiva depende de fato-res como a localização e tamanho da ferida, direção das linhas detensão assegurando o fechamento do defeito sem tensão, elasti-cidade e quantidade disponível de pele adjacente, disponibilidadeda área doadora e qualidade do leito receptor4. A tensão cutânea éestabelecida pela força das fibras de colágeno e elastina nos teci-dos dérmicos e hipodérmicos33 e varia conforme a raça, espécie elocalização da pele36.

Como opções de manejo de feridas, temos os retalhos depadrão axial e subdérmico, os enxertos cutâneos e a cicatrizaçãopor segunda intenção. Porém algumas dessas técnicas são impos-sibilitadas pela ausência de pele adjacente disponível ao redor daferida36. Os retalhos pediculados representam “tiras” de epider-me e derme com incorporação vascular, que são destacadas par-cialmente de locais doadores para a oclusão imediata de defeitos16.

Esses podem ser classificados de acordo com sua localização emrelação ao leito receptor, forma como a pele é movida e seu supri-mento sanguíneo, podendo ser: locais, distantes, de padrão axialou subdérmico33,36. Os retalhos de padrão subdérmico possuemsuprimento vascular proveniente do plexo subdérmico da sua basee para sua criação são destacadas pele nas proximidades do de-feito e giradas para preencher a lesão. Esses se dividem em: reta-lhos de avanço de pedículo único ou bipediculados e os retalhosrotacionais4,17,36.

Os retalhos de padrão axial levam em sua base uma artéria euma veia cutânea direta. Esses são mobilizados até defeitos cutâ-neos presentes dentro do seu raio, podendo ser girado até 180graus sem causar comprometimento circulatório4,33. Suas van-tagens incluem a capacidade de oclusão de defeitos extensos semtensão e de forma precoce, serem colocados sobre tecidos pou-cos vascularizados pois não dependem do leito da ferida para suavascularização, terem maior tolerância ao movimento e possuírem50% mais chance de sobrevida comparado aos retalhos de plexosubdérmico, em que a perfusão provém unicamente do plexo sub-dérmico17,33,36. Em geral os retalhos de padrão axial possuem for-matos retangulares ou em L e a sua criação demanda planejamen-to, mensuração e mapeamento do leito da pele. Deve-se atentarquanto à base do retalho, que deve ser maior que a largura docorpo do mesmo e no mínimo 1,5 vezes maior que o comprimen-to do defeito, assim como o angiossoma da artéria cutânea diretaque determinará a área do retalho que poderá ser erguida17,36.

Em cães foram descritos retalhos de padrão axial utilizandoramos das artérias: auricular caudal, omocervical, toracodorsal,torácica lateral, braquial superficial, epigástrica superficial cra-nial e caudal, ilíaca circunflexa profunda, genicular e caudal su-perficial laterais4,22.

A capacidade do retalho em alcançar os defeitos pode serinterferida pela espécie, elasticidade da pele e conformação cor-pórea (ex. distância do tronco até o membro)36.

Para o fechamento de defeitos em regiões dos membros pélvi-cos os retalhos de padrão subdérmico e axial das artérias epigás-tricas superficial caudal e genicular podem ser empregadas. Ana-tomicamente as artérias epigástricas superficial caudal tem ori-gem dos ramos da artéria e veia pudenda externa que saem docanal inguinal e suprem os três pares de glândulas mamárias cau-dais e a genicular de um ramo da artéria safena e se estende sobreo aspecto medial do joelho4,33,36.

O retalho utilizando a epigástrica superficial caudal emrelação aos membros é indicada para feridas presentes na coxa,joelho, perna, tornozelo, podendo em cães de corpo longo e mem-bros curtos, se estender até a articulação tibiotársica ou abaixodesta. Já o retalho da artéria genicular pode ser aplicado no repa-ro de defeitos do joelho à articulação tibiotársica4,33,36.

Relato dos Casos ClínicosAtendido na Clínica Veterinária Escola da PUC-PR um gru-

po de cães com nódulos em membro pélvico, com diagnósticosugestivo de mastocitoma. Os animais foram conduzidos ao esta-diamento da neoplasia por meio dos exames de imagem (radiogra-fia e ultrassonografia) que não evidenciaram sinais de metástas-es, seguido do estudo prévio para realizar a exérese tumoral eoclusão do defeito. Considerando a localização dos tumores, op-tou-se pelo uso do retalho de padrão subdérmico de rotação daprega inguinal e de padrão axial da artéria epigástrica superficialcaudal e genicular.

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Objetivando principalmente a estabi-lização do crescimento neoplásico e a ci-torredução pré-operatória, optou-se pelaterapia adjuvante em três dos cães, comprotocolos de quatro (Animal 01), duas(Animal 02) e seis (Animal 04) sessões qui-mioterápicas com vimblastina 3mg/m², ten-do excelente resposta. As exéreses dos tu-mores foram realizadas respeitando mar-gens cirúrgicas de 3 cm e as sínteses dosretalhos foram feitas seguindo a mesmareferência: Sutura do subcutâneo empadrão sultan invertido com fio poligleca-prone 25 n°3-0 e pele com pontos simplesisolados utilizando nylon n°3-0.

O exame histopatológico confirmoumastocitomas que variaram de grau I (Ani-mal 01) e II (Animal 02 e 03) com mar-gens livres de células neoplásicas e grau IIcom margens comprometidas (Animal 04).

Alguns cães apresentaram intercor-rências pós-operatória como seroma (Ani-mal 02), hematoma, necrose na borda doretalho e deiscência por autotrauma (Ani-mal 03), que foram corrigidas com drena-gem, terapia tópica com pomada a base decolagenase e cloranfenicol, bandagens,limpeza diárias e a reintervenção para novasíntese do retalho. Passados 14 dias dosprocedimentos cirúrgicos, realizada retira-da de pontos. O tratamento foi continuadoem todos os animais com 5 sessões qui-mioterápicas no mesmo protocolo supra-citado, exceto no animal 03, por uma opçãodo tutor.

DiscussãoA escolha do plano terapêutico para

cada animal dependeu do local, extensãoe o grau de malignidade do tumor27, de-cidindo-se pela excisão cirúrgica ampla

Figura 1: Animal 01 Retalho da artéria epigástrica superficial caudal. A) Delimitação da mar-gem; B) Ferida operatória e retalho da artéria epigástrica superficial; C) Rotação do retalhosobre a ferida D) Pós-operatório imediato

Figura 2: Animal 02 Retalho da artéria genicular. A) Delimitação das margens cirúrgicas; BC) Transoperatório; D) Pós-operatório imediato

Localizaçãodo nódulo

Tamanhodo nódulo

Retalhoutilizado

Animal Espécie Raça Idade

Cranial ecaudal ao

joelho direito

4 x 2 cm e1 x 1 cm,

respectivamente

Epigástricasuperficial

caudal01 Canina SRD 09

Região medialdo calcâneo

esquerdo3,7 x 3,7 cm GenicularPitbull 11Canina04

GoldenRetriever

Articulaçãodo joelhoesquerdo

5 x 5 cm Genicular02 Canina 13

Lateral dojoelho

esquerdo

Rotaçãoda pregainguinal

1,5 x 1 cmPinscher 08Canina03

Tabela 1: Grupo de Animais submetidos a Cirurgia Reconstrutiva

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Figura 4: Animal 04 Retalho da artéria genicular. A) Massa em calcâneo; B) Delimitação do retalho; CD) Transoperatório; E) Pós-operatórioimediato do membro em extensão e F) Flexão

Figura 3: Animal 03 Retalho de rotação da prega inguinal. A) Delimitação das margens cirúrgicas; BC) Transoperatório; D) Pós-operatórioimediato

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aliada a quimioterapia18. Como método di-agnóstico, os cães foram submetidos a ci-tologia aspirativa10,12. E o estadiamento,que descartou quaisquer sinais demetástase, foi realizado também por meioda citologia, associada da radiografia detórax e ultrassonografia de abdome2, vistoque segundo Blackwood et al. (2012) eLondon (2013) os sítios de acometimentode metástases mais frequentes do mastoc-itoma são o fígado e/ou baço.

As terapias instituídas pré e pós-op-eratórias com protocolos quimioterápicos

Figura 5: Animal 01 A) 5° dia B) 14° dia e C) 45° dia pós-operatório.................................................................................................................................................................

Figura 6: Animal 02 A) 7° dia pós-operatórioantes B) e após drenagem de seroma Figura 7: Animal 03 A-B) 7° dia pós-operatório

com Vimblastina objetivaram a estabiliza-ção do crescimento neoplásico, a ci-torredução para facilitar a exérese do tu-mor2,31 e a prevenção contra metástases,visto que cerca de 15% dos cães com mas-tocitomas de baixo grau têm disseminaçãolinfonodal regional no momento da apre-sentação da doença28

As exéreses tumorais foram criadasrespeitando as margens de 2 cm8,27 e notransoperatório foi realizada lavagem doleito cirúrgico com solução fisiológica a0,9% com intuito de remover o sangue ecélulas esfoliadas contaminantes presentessobre a área35. As técnicas de reconstruçãovariaram de animal para animal, visto queos cães apresentavam raças divergentesentre si e consequentemente elasticidadede pele desiguais36 e defeitos cutâneos detamanho variáveis, impossibilitando a pa-dronização de apenas uma técnica. Sendoassim a escolha entre retalhos de padrãoaxial ou subdérmico foi influenciado basi-camente pela localização e tamanho daferida, elasticidade e quantidade disponívelde pele adjacente ao defeito4,22,30.

O sucesso dos retalhos está ligadoprincipalmente com a preservação da cir-culação local, evitando o comprometimen-to circulatório e consequente isquemia,retardo cicatricial, deiscência, necrose efalha no retalho17. Para evitar o excesso detensão na incisão causando afastamentodas bordas e comprometimento circulató-rio, as incisões sempre deverão ser feitas

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Figura 8: Animal 04. AB) 2° dia pós-operatório observado hematoma; C-D) 7° dia a deiscênciapor auto trauma.................................................................................................................................................................

paralelas às linhas de tensão, com exceçãonos membros, aonde a mobilização de peleao longo da sua circunferência é mais fácil,tornando mais indicado realizar incisõesna direção próximo distal, assim como foirealizado nos cães do estudo22,36.

Para criação do retalho da artériaepigástrica superficial caudal utilizada noanimal 01, que foi posicionado emdecúbito dorsal para a realização da incisão

de pele ao longo da linha média e paralelaas mamas4. Fez-se necessário a inclusãode apenas das duas glândulas mamáriascaudais no retalho devido às dimensões daferida cirúrgica, sendo que de acordo comTobias (2011) o comprimento máximodesse pode incluir até a terceira glândula.

Para criação do retalho da artéria ge-nicular, os animais 02 e 04 foram coloca-dos em decúbito lateral e em seguida feito

incisões paralelas ao vaso. Por se tratar devaso pouco extenso, foram preconizadosa criação de retalhos curtos para reduzir achances de necrose4,33.

Para a criação do retalho de rotaçãono animal 03, o paciente foi posicionadoem decúbito lateral e seguindo o que foiproposto por Tobias (2011) e Castro(2015), realizado uma incisão curva partin-do da extremidade do defeito até a peleadjacente a ser rotacionada, seguida dadivulsão do tecido e rotação do retalhosobre o defeito. Este retalho combina asparticularidades do retalho de transposiçãoe do retalho de avanço, pois a pele gira eestica para ocluir o defeito sem criar umaferida secundária que necessitaria posteri-ormente de um fechamento separado22.

Alguns fatores foram extremamenterelevantes para a realização das cirurgias,pois de acordo com Macphail (2015) ePavletic (2010) estão intimamente ligadosaos índices de complicações e insucessosdos procedimentos, sendo esses: o estudoprévio de cada técnica antes da realizaçãodo procedimento, o correto posicionamen-to dos animais durante a cirurgia e o cuida-do com excesso de tensão ou retorsão doleito doador para não comprometer a vas-cularização local.

O diagnóstico definitivo do mastoci-toma nos cães foi obtido por meio do his-topatológico baseado na proposta de Pat-naik et al. (1984), aonde observou-se osgraus: I (Animal 01) e II (Animal 02, 03 e04). O estudo das margens para identificara persistência de células neoplásicas nolocal é importante para prognosticar o mas-tocitoma27 e foi realizado nas amostras eevidenciou margens livres em todos elas,com exceção do animal 04, que devido aoseu grau histológico segundo Neto et al.(2008) está mais propenso a sofrerressecção cirúrgica incompleta, porém hácontrovérsias, pois a avaliação das margenspode ser influenciada pela presença de tu-mores agressivos ou inflamados, aondemastócitos estão dispersos na periferia dotecido incisado incapacitando a diferen-ciação com segurança de células neoplási-cas ou fisiológicas atraídos pela quimio-taxia2,27 e pelo encolhimento da amostra,aonde as margens cirúrgicas mapeadasantes da cirurgia diferem das histologica-mente analisada, ocorrendo de 30% a 42%,devido a fatores como a fixação no for-mol, à retração do tecido após a excisão,extensão do mastocitoma e a desidrataçãodurante o processamento13,24.

Normalmente a ressecção completa

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dos tumores de baixo grau (bem diferenciado) evoluem para cura26,já os de alto grau (diferenciação intermediária ou pouco diferen-ciado) apresentam comportamento mais agressivo e maiores índi-ces de recidivas e metástase, podendo ser indicado para esses aterapia adjuvante com quimioterapia1,20,27. Mas como alguns ca-sos fogem à regra devido ao mastocitoma ter um comportamentobiológico inesperado e considerando que após a ressecção cirúr-gica aparentemente completa de tumores de alto grau, a recidivalocal pode ocorrer de 23% a 40% dos casos2,7 e seguindo a re-comendação de Patnaik (1984), que todos os mastocitomas de-vem ser encarados como potencialmente malignos, ficou padroni-zado a realização de margens de segurança (2 cm) e a quimiote-rapia pós-operatória em todos os animais, como citado anterior-mente, com intuito de prevenir recidiva e metástases2,23.

Complicações nos procedimentos incluíram a deiscência dosítio doador, que está ligada a cicatrização e pode ser definidacomo a ruptura/separação das bordas ou superficies da ferida,podendo acontecer horas ou até várias semanas após os procedi-mentos36, causada pelo auto trauma e necrose da ponta do retalho(Animal 03) e seroma (Animal 02), o que corrobora com as com-plicações pós-operatórias mais comuns relatadas por Tobias (2011)e Williams (2013), que observaram a deiscência em 1/3 dos ca-sos, tendo essa como principais causas a utilização da técnicainadequada, fechamento da ferida sob tensão excessiva, feridacontaminada, formação de hematoma, edema ou seroma, presençade corpo estranho, neoplasia subjacente, fatores sistêmicos e autotrauma9,22,36. As descargas serosanguinolentas e purulentas, sero-ma, necrose e infecção também são citadas como complicaçõespós-operatórias36

Avaliações pós-operatórias foram feitas até o 480° (Animal1), 370° (Animal 2), 180° (Animal 3), 125° de após a cirurgia(Animal 4) e não foram encontradas evidências de recidivas, oque mostra a eficácia do tratamento realizado respeitando as mar-gens cirúrgicas e as terapias pós-operatórias utilizando vimblas-tina utilizada para retardar ou prevenir metásteses aumentandoassim a sobrevida de todos os pacientes13.

Considerações FinaisOs retalhos utilizados corrigiram completamente os defeitos

cirúrgicos, isso porque foram seguidos os princípios da cirurgiareconstrutiva, respeitando as margens cirúrgicas, reparando os de-feitos evitando excesso de tensão no leito doador, não comprom-etendo circulação. Dois pacientes dos quatro relatados apresent-aram complicações pós-operatórias consideradas esperadas, queatravés do manejo adequado foram corrigidas, colaborando paraa eficácia do tratamento.

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Introdução e Levantamento BibliográficoCamaleão do Iêmen (Chamaeleo calyptratus) é uma espécie

de lacertídeo de médio porte pertencente à família dos camaleões.É um animal endêmico das fronteiras da Arábia Saudita com oIêmen e é encontrado principalmente nos pântanos secos e flo-restas altas. São animais arborícolas encontrados preferencial-mente em copas de árvores ou arbustos densos. Toleram o climaseco e é a única espécie de camaleão que possui grande tolerân-

Reprodução em

RESUMO: O camaleão do Iêmen (Chamaeleo calyptratus) é um lacertídeo de médio porte, arborícola, extremamenteprolífero e que atinge a maturidade sexual em poucos meses após seu nascimento. Neste relato de caso é expostoo acompanhamento médico veterinário de três exemplares de camaleão do Iêmen (dois machos e uma fêmea) doprimeiro mês de vida até a finalização do ciclo reprodutivo discorrido neste trabalho: Passando pela formação deuma hierarquia dentro da colônia, seleção do casal seguida de isolamento do macho não dominante, descrição dossinais comportamentais reprodutivos de macho e fêmea, cópula, postura (47 ovos), incubação e nascimento dosfilhotes (41 animais vivos). Foi realizado o acompanhamento gestacional com exames não invasivos (ultrassonografiae radiografia) a fim de gerar baixos níveis de estresse para os animais e com isso ter pouca ou nenhuma influênciadireta na gestação, além disso, foi relatado todo o manejo instituído para manutenção destes animais em cativeiro,visando o crescimento saudável e o sucesso reprodutivo. Concluiu-se que através do acompanhamento médicoveterinário, exames complementares e manejo adequado o sucesso reprodutivo foi atingido.Unitermos: camaleão do Iêmen, reprodução, exóticos, répteis

ABSTRACT: The veiled chamaleon (Chamaeleo calyptratus) is an extremely prolific, arboreal, mid-size lacertid thatreaches sexual maturity within months after its birth. This report shows the veterinary medical accompaniment ofthree veiled chameleon specimens (two males and one female) from the first month of life until the completion of thereproductive cycle discussed in this paper: Passing through the formation of a hierarchy inside the colony, selectionof the couple followed by isolation of the non-dominant male, description of male and female reproductive behavior,copulation, laying (47 eggs), hatching and birth (41 live animals). Gestational accompaniment was performed withnon invasive examinations (ultrasound and radiography) in order to ensure low levels of stress for the animals andhave little or no direct influenceon pregnancy. In addition, all the management instituted to maintain and reach healthygrowt hand reproductive success for these animals was reported in this paper. It was concluded that through theveterinary accompaniment, complementary examinations and proper management, reproductive success wasachieved.Keyword: reproduction, exotic, reptiles, veiled chameleon

RESUMEN: El camaleón del Yemen (Chamaeleo calyptratus) és un lacertideo de porte mediano, arboreo, muy prolíficoy que se torna sexualmente maduro en pocos meses de vida. En este reporte está expuesto la manutención médicaveterinaria de tres ejemplares de camaleón del Yemen (dos varones y una hiembra) desde su primer mes de vidahasta el final del ciclo reproductivo: estabelecimiento de jerarquía en colonia, formación de pareja y separación delvarón sumiso, descripción de los señales reproductivos, cópula, puesta (quarenta y siete huevos), incubación, yeclosión (quarenta y uno animales vivos). Fueron elejidos exámenes no invasivos como ultrasonido y radiografiaspara disminuir estrés en el acompanhamiento gestacional y no influenciar directamente la gestación. Está reportadatoda la manutención en cautiverio para crecimiento y exito reproductivo. Se concluye que el seguimiento médicoveterinário, examenes complementarios y manejo adecuado traen exito a la reprodución de esta especie animal.Palabra clave: reproducción, exótico, reptiles, camaleón del Yemen

Eduardo Perez Manzo Jr.*([email protected])Médico VeterinárioPós-Graduado em Clínicae Cirurgia de AnimaisSilvestres e ExóticosPAP em Clínica e Cirurgiade Serpentes no InstituoButantãConsultório de AnimaisSilvestres - TUKAN

Marco Antônio M. Scott([email protected])Médico VeterinárioUltrassonografista

Fernando Figliollini([email protected])Médico VeterinárioPós-Graduado em Clínicae Cirurgia de AnimaisSilvestres;

Erica Pereira Couto([email protected])Médica VeterináriaMestre em Medicina eBem-Estar AnimalPós-Graduada em Clínicade Animais Silvestres;Consultório de AnimaisSilvestres - TUKAN

* Autor para contato

Chamaleon calyptratus:Relato de caso

cia a mudanças de temperaturas (devido à variação climática deonde é endêmico), mas preferem serem mantidos entre 24 e 35graus1.

Esta espécie é reconhecida pelas cores fortes e marcantes,caracterizadas em listras, manchas e pontos distribuídos na late-ral do corpo e cabeça. Sua cabeça possui uma crista em forma de“elmo” bem desenvolvida que auxilia no dimorfismo sexual. Ascores predominantes são o verde intenso distribuído pelo corpo e

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Figura 1:Macho jovem decamaleão do Iêmenapresentando seupadrão de cor normal.......................................

“Lizard breeding Chamaleoncalyptratus - Case report”

“Relato de caso - Reproducción enlacertideo Chamaleon calyptratus”

Nosso Clínico,Ano XXIII, n.133, p.20-28, 2020

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o amarelo, azul e preto distribuídos entre as listras, manchas epontos, vale lembrar que a capacidade de mimetismo encontradanesta espécie de camaleão é incrível1.

Os machos do camaleão do Iêmen possuem o corpo robustoque varia entre 43 e 60 cm da cabeça a ponta da cauda, possuemum “elmo” bem desenvolvido e geralmente apresentam as coresmais vibrantes em relação às fêmeas, já estas, apresentam o cor-po menos robusto e cores menos vibrantes, assim como o “elmo”mais discreto e menos protuberante, seu corpo varia de 25 a 40 cm.Quando filhotes estas características são bem mais discretas, quaseimperceptíveis, porém a sexagem é simples devido à presença deum esporão bem evidente nos membros posterior dos machos(Figura 2), visível desde o nascimento do animal1.

Devido ao desequilíbrio entre cálcio (Ca) e fósforo (P) geradona alimentação com a utilização de grilos negros (relação entreCa:P em grilos negros é de 1:3, enquanto é indicado para o orga-nismo 2:1), recomenda-se a suplementação alimentar dos cama-leões com cálcio e vitamina D, além da exposição a raios UVprovenientes de lâmpadas especificas para répteis diariamente porpelo menos 8 horas (correspondência ao fotoperíodo). A utiliza-ção destas lâmpadas propicia a síntese endógena de vitamina Dpelo organismo, simulando assim a exposição diária ao sol3,4.

Em camaleões do Iêmen a coloração está relacionada amuitos fatores de interação social, entre eles, a reprodução. Paraentender as alterações ocorridas na cor é fundamental conhecer ofenótipo apresentado por machos e fêmeas no momento de re-pouso. Machos adultos apresentam um padrão de cor com o fun-do verde pálido ou bege, listras verticais amareladas e linhas hori-zontais escuras com a tonalidade variando do cinza ao preto (Fi-gura 1). Em rituais de corte os machos apresentam um contrastemaior entre as cores escuras e claras, intensificando sua coloraçãoe tornando-se mais vistosos, enquanto os machos que estão acua-dos ou na presença de predadores tornam-se opacos e com o con-traste fraco entre as cores5.

Já as fêmeas adultas possuem menos marcações e definiçãoem seu corpo. Geralmente apresentam a cor verde oliva com mar-cações não definidas variando entre bege e o marrom. Suas mar-cações geralmente não formam padrões e são mais evidentes ape-nas na lateral do corpo (Figura 3). Quando maduras e férteis, asfêmeas apresentam marcações azuladas circulares na lateral docorpo, isso ocorre aproximadamente a cada 4 meses. Quandoexpostas a presença do macho neste padrão de cor, são receptivase geralmente aceitam a corte, 24 horas após a cópula as fêmeasacrescentam pontos alaranjados pelo corpo, simbolizando a nãoreceptividade a outros machos. Quando se encontram neste padrãode cor e permanecem na presença de outros indivíduos, sua corse torna escura e acinzentada, simbolizando o estresse e a nãoreceptividade5.

Figura 2: Círculo vermelho evidenciando o esporão encontrado emambos os membros posteriores de neonatos machos de Camaleãodo Iêmen.......................................................................................................................

São animais territoriais com animais da mesma espécie epreferencialmente devem ser mantidos sozinhos. Machos apre-sentam comportamento agressivo com outros indivíduos do mes-mo sexo e toleram bem as fêmeas apenas no período reprodutivo,já as fêmeas são mais tolerantes e podem aceitar melhor a pre-sença de outros indivíduos no mesmo território. Com animais deoutras espécies são tímidos e geralmente não buscam o contato1.Em um estudo que testou o comportamento de filhotes de cama-leão do Iêmen criados em situação de isolamento (geralmenteocorre com répteis cativos), mostrou que estes animais tendem anão apresentar comportamento territorial quando expostos a ou-tros animais, diferente dos animais criados em grupos, onde aexposição constante e disputa por alimento faz com que os ani-mais passem a demonstrar comportamento de defesa de território.Dificilmente esta espécie apresenta comportamento de ataque físi-co, apresentando então apenas sinais como vocalizações e rituaisde defesa do território com apresentação de porte, pernas estiva-das e estufando o corpo2.

Este camaleão possui o hábito alimentar onívoro, porém amaior parte do ano apresenta hábito primordialmente insetívoro.Em cativeiro geralmente são mantidos com a alimentação a basede grilos negros (Gryllus assimilis)1. Devido à forma com quesão mantidos em cativeiro estes animais tendem a apresentar umasérie de deficiências nutricionais que podem desencadear umadiversidade de patologias clínicas3,4.

Figura 3: Fêmea jovem de camaleão do Iêmen apresentando seupadrão de cor normal.......................................................................................................................

Esta espécie é extremamente prolífera, atingindo a matu-ridade sexual em cativeiro a partir dos 4 meses de idade. Em seuhabitat natural a reprodução ocorre entre setembro e outubro epoucas semanas após a cópula ocorre à postura de 15 a 85 ovos.A fêmea deposita seus ovos em buracos no chão e o tempo médiode eclosão é de aproximadamente 5 meses. Em cativeiro as có-pulas ocorrem geralmente no início da primavera, além disso, asfêmeas mantidas em cativeiro devido ao manejo e controle ambi-ental conseguem fazer até 4 posturas por ano, a incubação durade 4 a 5 meses entre temperaturas de 25°C e 30°C. É conhecido o

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fato que as fêmeas conseguem armazenar o esperma após a có-pula, o que permite que o animal mesmo após a primeira posturaconsiga efetuar outras durante o ano sem a necessidade de outracópula6. Os filhotes nascem completamente independentes dospais, não existe nenhum tipo de cuidado parental. Geralmentesuas cores são de tonalidades de verde pastel com tamanhos entre5,5 cm até 7,5 cm, não existem diferenças gritantes entre machose fêmeas quando neonatos, mas é possível diferenciá-los pela pre-sença de um esporão bem visível nas patas traseiras dos machos6.Nos répteis ovíparos o ciclo reprodutivo das fêmeas é divididopor Pimm et all. (2014), em 5 fases distintas, que são:1. Pré-vitelogênese: folículos se encontram dentro do ovário,nível de estrógeno sobe.2. Vitelogênese: deposição de vitelo inicia e os folículos iniciamseu crescimento, alto nível de estrógeno se mantém.3. Ovulação: pico de progesterona e testosterona sinalizam folícu-los prontos que logo após são expulsos do ovário para o oviduto,estrógeno volta ao nível basal.4. Gravidez: folículos fertilizados iniciam o processo de desen-volvimento, progesterona e testosterona mantêm-se em níveis ele-vados para manutenção da gestação.5. Oviposição: ovos prontos são ovipostos depois da reduçãodos níveis de progesterona e testosterona.

Um estudo realizado por Kummrow (2010a) utilizou comométodo diagnóstico gestacional em camaleões do Iêmen a so-matória entre duas técnicas não invasivas que são análise dehormônios fecais e ressonância eletromagnética. É possível notarque a análise fecal identificou um pico de estrógeno sinalizando afase de pré-vitelogênese, este alto índice de estrógeno manteve-se durante a toda fase de vitelogênese. Este hormônio propicia adeposição de vitelo nos folículos, além de mobilizar gordura paraas fêmeas e iniciar outras mudanças fisiológicas necessárias paraelas na próxima etapa. A queda significativa de estrógeno juntocom o pico de progesterona marca o período ovulatório e iníciodo período gestacional. Durante todo período gestacional, aprogesterona se mantém elevada impedindo uma nova fase devitelogênese e garantindo a manutenção da gestação, neste mes-mo período ocorre gradualmente o aumento da testosterona queno final da gestação gera um pico. As quedas nos níveis de proges-terona e testosterona indicam e iniciam a oviposição, além disso,este trabalho também mostra que a duração entre cada um destesciclos reprodutivos é de pelo menos 132 dias8. Este trabalho de-termina as fases da gestação utilizando o acompanhamento e con-firmação através da ressonância magnética em paralelo as análi-ses de hormônios fecais e acaba indo de encontro os as fases de-limitas por Pimm et all. (2014).

Em cativeiro devido ao cuidado intensivo aplicado aos ani-mais e a disponibilidade de alimento em abundância, muitasfêmeas acabam por não interromper o ciclo reprodutivo, o quegera muitas vezes posturas fora da sazonalidade esperada paraespécie em seu ambiente natural7. Este fator pode gerar diversosproblemas para as fêmeas, entre eles: desgaste nutricional e físi-co, além de patologias relacionadas ao trato reprodutivo, destas,a distocia é a mais comum7.

A distocia é uma desordem causada pela incapacidade dafêmea em ovipor ovos gerados durante a estação reprodutiva. Estapatologia pode ocorrer por uma diversidade de fatores, entre eles,o pequeno tamanho da fêmea (jovens e imaturas), deformidadesno trato reprodutivo, tamanho desproporcional de ovos e ou mácondições nutricionais da fêmea. Em geral, a distocia pode ser

considerada obstrutiva ou não obstrutiva. A obstrutiva é mais se-vera, a fêmea não consegue evoluir os ovos formados através doperistaltismo fisiológico do ovicduto, pode gerar traumas mecâni-cos e adjacentes dentro da cavidade celomática. Já a não obstru-tiva é menos severa e de características crônicas, ovo retido den-tro do ovicduto sem causar lesões mecânicas ou adjacentes emum primeiro momento (mais comum em testudines)9.

Uma opção como método de diagnóstico efetivo na avali-ação gestacional é o ultrassom. Pimm et all. (2014) utilizarameste e outros métodos não invasivos para fazer o acompanhamen-to gestacional de um grupo de camaleões do Iêmen a fim de des-crever e aperfeiçoar o acompanhamento reprodutivo desta espécie.Pimm et al. (2014) relata que todas as fêmeas foram submetidasao ultrassom quinzenalmente durante todo o período reproduti-vo, estas, foram contidas fisicamente sem utilização de sedativosna posição ventro-dorsal para realização do exame, a probe doequipamento de ultrassom foi posicionado de maneira longitudi-nal e vertical para melhor avaliação dos folículos, estes forammedidos através da altura, comprimento e área de superfície emtodas as etapas, as medias encontradas foram em média:1ª etapa: 94x76 mm por 58 mm² de área de superfície.2ª etapa: 101x85 mm por 69 mm² de área de superfície.3ª etapa: 127x80 mm por 83 mm² de área de superfície.

A diferenciação de folículos para ovos foi detectável apenasna terceira etapa, onde a hiperecogenicidade possibilitou a iden-tificação das cascas em formação7. A distocia também foi possí-vel de ser avaliada através da comparação entre os exames domesmo animal. Estes exames apresentaram subsequentementegrande similaridade no tamanho dos ovos/folículos, indicandoassim um possível processo patológico7. Neste trabalho Pimm etal. (2014) conclui que através de exames ultrassonográficos épossível identificar o desenvolvimento folicular e a transição defolículos para ovos (apenas no final da gestação onde a cascaapresenta maior ecogenicidade), além disso, é possível ter signi-ficante auxílio no diagnóstico de distocias.

Relato de CasoForam atendidos 3 camaleões do Iêmen neonatos (dois ma-

chos e uma fêmea) com aproximadamente um mês de idade e trêsgramas cada para acompanhamento clínico e instrução de mane-jo (Figura 4).

Figura 4: Trio de camaleões do Iêmen juvenis com aproximadamente60 dias de acompanhamento médico veterinário (da esquerda paraa direita fêmea, macho, macho alfa)

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Estes animais foram criados em grupo dentro de um teláriode dimensões 42cm x 42cm x 66cm, alimentados diariamente comninfas de grilos negro (Gryllus assimilis) e suplementação diáriade cálcio com vitamina D3 (primeiros 2 meses de vida, depois acada 48 horas) aplicada diretamente nos insetos (Figura 5). Atemperatura do telário foi mantida em duas zonas distintas, quentee fria. Sendo a quente, mantida à aproximadamente 32°C e friaem aproximadamente 25°C, podendo ocorrer discretas alteraçõesde acordo com a variação climática externa (nunca excedendomáxima de 35°C e mínima de 20°C). Os animais foram mantidoscom iluminação especificas para répteis (emissão de raios UVBe UVA) em fotoperíodo de aproximadamente 10 horas diárias(controlados de forma automática através de um timer eletrôni-co), a umidade ambiental foi mantida de forma manual com bor-rifadas de água de 2 a 3 vezes ao dia com objetivo de mantê-laentre 60 e 70%, além disso, a umidade gerada pelas borrifadasforma orvalho nas plantas, maneira mais comum de ingestão deágua por camaleões do Iêmen. Estes animais foram criados ape-nas em ambientes internos visando melhor controle ambiental emenores variações nos padrões ideais propostos pela equipe médi-co veterinária. Este grupoapresentou pouca ou nenhu-ma alteração comportamentale social no primeiro mês,porem um dos indivíduosmachos apresentou maiortaxa alimentar e consequen-temente maior ganho de pesoque o outro indivíduo macho.

Porém com 6 meses de acompanhamento a alimentação pas-sou a ser oferecida de forma individualizada. Para isso foi uti-lizado adultos de grilos negros (Gryllus assimilis) oferecidos comuma pinça anatômica de aço inoxidável (aproximadamente 20cm de comprimento), larva de tenebreo e barata (cineria e/ou bla-berus) esporadicamente. Esta alteração no manejo garantiu o aces-so dos animais a porções de alimento necessárias para seu desen-volvimento pleno. Em raras ocasiões eram soltos alguns griloscomo enriquecimento ambiental, como também alimentado dire-tamente na mão, devido à facilitação do manejo dos animais man-tidos como pets.

Durante o crescimento dos camaleões outros insetos foramoferecidos além dos grilos citados anteriormente. Foram utiliza-das baratas (Blapticadubia, Nauphoeta cinérea e Hellfordellatartara), larvas de besouro (Tenebriomolitor) e raras moscas dafruta (Drosophilas sp.), porém a quantidade ofertada, a aceitaçãodos animais e a frequência de utilização, não chega a apresentarsignificância no montante final deste relato. O telário sempre foimantido com plantas não toxicas, como hibisco, romãs e jabuti-cabeira (Hibiscus sp., Punica granatum e Plinia cauliflora) de-vido ao comportamento onívoro apresentado por esta espécie decamaleão, em raras ocasiões foi relatado pelo tutor a ingestão dematerial vegetal pelos animais juntamente com um inseto.

A fêmea com aproximadamente 7 meses de idade, passou aapresentar alterações no padrão de cor, tornando-se mais intensae aparecendo manchas circulares de tonalidade azul esverdeadapor toda a extensão lateral do corpo (Figura 7, esquerda), já omacho passou a apresentar constantemente cores mais vivas echamativas (Figura 7, direita). Nenhuma alteração comporta-mental foi observada entre os dois indivíduos além da alteraçãonas cores. Este foi o momento do primeiro exame ultrassonográ-fico, onde se optou pela realização para exame de rotina e acom-panhamento de órgãos internos.

Figura 5: Macho jovem de ca-maleão do Iêmen se alimentan-do na mão do tratador com gri-los negros (Gryllus assimilis)suplementados com cálcio

Com três meses de acompanhamento médico veterinário,notou-se que iniciaram discretas apresentações comportamentaisde territorialismo entre os dois machos, apresentando mudançasde cor, comportamentos de expansão do corpo e preferência naordem alimentar, indicando uma discreta formação de hierarquia.Neste momento o macho de menor porte foi separado do grupo enão se seguiu o acompanhamento corpóreo deste indivíduo, houverelato por seu tutor que o mesmo se mantinha na parte de baixodo telário, logo, longe da zona quente (luz).

Com o casal determinado, o manejo continuou como descri-to acima por mais três meses. Sem grandes interações sociais en-tre o macho e fêmea, os animais conviviam de maneira pacífica equase não se encontravam dentro do telário parecendo coexistirde maneira alheia um ao outro (Figura 6).

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Figura 6: Casal formado de camaleões do Iêmen após a separaçãodo segundo macho do grupo

Figura 7: Esquerda: fêmea de camaleão do Iêmen apresentandopadrão de coloração simbolizando receptividade mesmo alguns diasapós a cópula. Direita: macho de camaleão do Iêmen com cores vi-vas e evidentes devido à presença da fêmea.......................................................................................................................

Para a realização do exame ultrassonográfico não foi uti-lizado nenhum fármaco sedativo, apenas contenção física, issofoi possível devido ao manejo instituído pelo tutor, facilitandoassim realização do exame devido ao tranquilo comportamentodo animal. O macho não apresentou nenhuma alteração no exa-me, já a fêmea apresentou diversas formações (incontáveis) ova-ladas de pequeno porte, com a média longitudinal aproximadade 75 mm de diâmetro. Estas formações apresentavam uma finamembrana e alta ecogenicidade no seu interior, não sendo pos-sível diferenciar o posicionamento anatômico destas estruturas(Figura 8).

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Passou-se a controlar quinzenalmente o peso dos dois ani-mais (Tabela 1), nota-se que a fêmea apresenta um ganho cons-tante de peso a partir do primeiro exame ultrassonográfico, en-quanto isso, o macho permanece relativamente estável durantetodas as medições.

Os animais foram mantidos juntos durante 5 dias após a có-pula, neste período a fêmea tornou-se mais reclusa e passou aapresentar outro padrão de cor, acinzentado e opaco. Não houveoutra cópula observada e relatada pelo tutor nestes dias. Optou-se então por separar os animais em telários distintos a fim dediminuir o estresse gerado na fêmea pela presença constante domacho. Após a cópula a suplementação do alimento com cálcio e vi-tamina D3 para fêmea passou a ser feita diária, visando suprir aalta demanda metabólica na formação e desenvolvimento dosovos, além disso, os insetos passaram a ser fornecidos ad libitum,oscilando para a fêmea de 8 a 10 insetos soltos no telário por diaou oferecidos com a pinça anatômica.

Com aproximadamente 15 dias a fêmea apresentou ganhode peso discreto, além de um pequeno aumento na circunferênciaabdominal e torácica (medidas não mensuradas), o consumo dealimento caiu de forma moderada e neste momento foi realizadoo segundo exame ultrassonográfico (Figura 10). Este pode de-tectar o crescimento significativo das estruturas ovoides, com amédia longitudinal aproximada de 132 mm de diâmetro, estas seapresentavam espalhadas por cerca de 2/3 da cavidade celomáti-ca. Uma fina membrana não muito diferente do primeiro exameenvolvia todas as estruturas. Não foi possível contabilizar, porémpelo menos 30 estruturas foram identificadas. Não foi possíveldiferenciar a localização anatômica destas estruturas (útero ouovário).

Com 20 dias após a cópula foi introduzido um ninho qua-drado de plástico com substrato de vermiculita e esfagno úmidosno recinto. Não foi notada interação do animal com o ninho du-rante o período diurno, porém em diversas ocasiões foi relatadopelo tutor que a vermiculita amanhecia revirada e espalhada pelofundo do telário.

Com aproximadamente 30 dias após a cópula, a fêmea per-deu totalmente o interesse pelo alimento, sua circunferência

Figura 8: Imagem ultrassonográfica mensurando um folículo noprimeiro exame realizado na fêmea de cameleão do Iêmen.......................................................................................................................

Após 8 dias do início da mudança de padrão nas cores dafêmea, em um momento de manutenção do telário onde os ani-mais não estavam no ambiente convencional, houve a cópula. Nãohouve ritual de corte ou alteração comportamental dos animais.O macho apenas foi em direção da fêmea que por sua vez logoexpos a cloaca e permitiu à cópula, o momento foi rápido comduração inferior a 1 minuto (Figura 9).

Figura 9: Registro do momento exato da cópula pelo tutorFigura 10: Imagem ultrassonográfica mensurando um folículo no se-gundo exame realizado na fêmea de camaleão do Iêmen

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Tabela 1: Controle de peso dos animais duranteo acompanhamento veterinário

Período Fêmea Macho

1ª Pesagem (antes da cópula) 80 g 70 g

2ª Pesagem (10 dias após a cópula) 86 g 76 g

3ª Pesagem (30 dias após a cópula) 111 g 82 g

4ª Pesagem (20 dias após a postura) 76 g 78 g

5ª Pesagem (130 dias após a postura) 97 g 93 g

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abdominal e torácica aumentou notavelmente e sua movimentaçãodiminuiu drasticamente, além disso, seu peso chegou ao ápice deganho (Tabela 1).

Após 35 dias da cópula ocorreu à postura de 45 ovos commédias aproximadas de tamanho: 2,1cm x 1,1cm, todos deposita-dos no ninho artificial, foram colocados para incubação pelo tu-tor (Figura 11). O animal apresentou severos sinais de desgaste eapatia. No mesmo dia foi trazido para exame clínico e realizadoum exame radiográfico. Neste exame foi visualizado 2 estruturasovoides de tamanho similar aos ovos da postura (Figura 12),sem alterações de casca, estrutura ou posicionamento, foi deixa-do um novo ninho no telário.

Após 130 dias da realização da postura os ovos não apre-sentam ganhos significativos no tamanho total, preservando di-mensões muito similares ao momento da postura, porém apresen-tam sinais de ingurgitação, tornaram-se mais cilíndricos e volu-mosos (Figura 13). O macho e a fêmea apresentaram discretoganho de peso, como descrito na quinta e última pesagem (Tabe-la 1) e não apresentaram nenhum sinal de alteração clínica oucomportamental atípica. Estão sendo mantidos isolados e, alimen-tados a cada 72 horas apenas com grilos negros e baratas comsuplemento de cálcio com vitamina D3.

Após 145 dias de incubação os filhotes começaram a nascer(Figura 14), foram 41 filhotes no total. Durante o processo deincubação alguns ovos goraram, 2 ovos no inicio da incubação, 2ovos no final da incubação e dois não nasceram, além disso, umfilhote morreu apenas com 2 dias após o nascimento. O acom-panhamento médico veterinário não teve continuidade após onascimento.

Figura 11: Ninho plástico com vermiculita e esfagno umedecidos apósa postura de 45 ovos, inserido um clipe de papel para comparaçãode tamanho dos ovos

Figura 12: imagem radiológica sem sedação no posicionamento láte-ro-lateral direito do camaleão do Iemên fêmea após a postura de 45ovos. Nota-se a presença de duas estruturas ovaladas na região sa-cral, próximas ao abdômen.......................................................................................................................

A equipe médico veterinária opta por manter a fêmea semintervenções farmacológicas por mais alguns dias, nestes, o ani-mal não apresentou interesse pela alimentação e manteve-se pou-co ativo, porém sem apresentar sinais severos de apatia ou sinaisvisíveis de desconforto. O ninho foi mantido no recinto e em doisdias ocorre a postura de dois ovos, totalizando 47 ovos.

Neste mesmo dia a fêmea volta a apresentar interesse peloalimento e gradativamente volta a ganhar peso. Durante todo esteperíodo de acompanhamento o macho não apresentou alteraçõesde nenhuma natureza, voltando ao padrão de cores convenciona-is quando não mais exposto à presença da fêmea, nem mesmovisual.

O casal foi mantido separado e acompanhado por mais 30dias. Neste período não há alterações comportamentais ou nopadrão de cor, vale ressaltar que após 20 dias da última postura afêmea volta ao seu escore corporal e peso similares ao início dociclo reprodutivo (Tabela 1).

Figura 13: Ovos alinhados em incubadora após 130 dias da postura

Figura 14: Filhotes de camaleão do Iêmen logo após o nascimento.......................................................................................................................

DiscussãoNesse relato os animais foram criados em um ambiente arti-

ficial visando simular o máximo possível o ambiente natural en-contrado em seu biótopo, como descrito por Jones (2000). Suaalimentação em cativeiro não consegue simular a diversidade en-contrada em seu habitat, porém a alimentação com grilos negros,algumas espécies de baratas, larvas de tenebriomolitor e suple-mentação de cálcio com vitamina D3 apresenta ótimos resulta-dos na manutenção destes animais em ambientes domésticos sen-do evidenciado por este relato de caso onde os animais apresen-taram ótimo crescimento e concluíram-se ciclo reprodutivo antesde um ano de idade3,4 .

No primeiro mês de acompanhamento médico veterinárioos animais foram mantidos juntos e não houve grandes interaçõessociais e manifestações comportamentais entre os indivíduos,como descrito por Ballen et al. (2014) para camaleões do Iêmenneonatais, porém um dos camaleões machos apresentou maior

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taxa de crescimento e por volta dos 3 meses de idade apresentoualguns indícios de territorialismo e liderança, em uma hierarquiaconstruída de forma discreta no ambiente, corroborando assimcom o comportamento descrito nos trabalhos de Ballen et al.(2014) e Jones (2000). Foram visualizados pelo tutor discretosrituais de dominância, como mudanças no padrão de cor, prefe-rência na ordem alimentar e escolhas de melhores posicionamen-tos no telário, padrões descritos por Ballen et al. (2014) comoterritorialismo entre os indivíduos.

Após ocorrer a seleção do casal e o isolamento do machosubmetido, o comportamento entre macho e fêmea foi pouco sig-nificante ou inexistente até a manifestação dos primeiros sinaisde maturidade sexual (apresentados com mudanças no padrão decor pela fêmea e a intensificação nas tonalidades de cor pelomacho. Estas mudanças são relatadas de forma semelhante porKelso e Verrell (2002). Neste momento a equipe médico veteri-nária inicia a utilização de exames complementares como oultrassom, para avaliar os órgãos internos dos animais.

Conforme relatado por Pimm et al. (2014) o uso de examesultrassonográficos para avaliação do ciclo reprodutivo de cama-leões do Iêmen é de grande valia, o estresse gerado por este exa-me é baixo e em poucos minutos após a realização do exame oanimal está novamente bem e ativo. Além disto, as informaçõesobtidas são de grande auxílio na avaliação clínica e acompanha-mento veterinário dos animais. Para realização deste exame nãoforam utilizados sedativos ou intervenções químicas, apenas con-tenção física como descrito por Pimm et al. (2014). Umedecer oanimal com água antes do exame ultrassonográfico facilitou arealização do mesmo, pois ao colocar o gel (base hidrofílica),este não ficou apenas na probe do equipamento, se espalhandomelhor pelo campo analisado e melhorando a qualidade de ima-gem obtida.

Através do uso de ultrassonografia foi possível acompanharo crescimento dos folículos (75 mm no primeiro exame realizadoe 132 mm no segundo exame realizado) e a evolução gestacionaldo animal, porém não foi possível quantificar os ovos, tornandoo montante final uma surpresa reservada apenas para o momentoda ovoposição, também não foi possível diferenciar com eficáciao real posicionamento dos ovos e folículos, estes tomam grandeparte da cavidade celomática quando em estágios mais avança-dos do ciclo reprodutivo. Uma boa forma de diferenciar a faseevolutiva da gestação foi comparando os dados obtidos no exa-me ultrassonográfico, a média de dias estimados para gestaçãoda espécie e o ganho de peso da fêmea durante a evolução dosdias, a variação de peso não foi citada nos trabalhos de referên-cia, porém, são descritas neste relato de caso. A diferenciaçãoprecisa entre folículos e ovos foram possíveis apenas no últimoexame ultrassonográfico, onde a membrana que os recobre apre-sentava-se mais espeça e visivelmente diferente dos outros exa-mes realizados. Infelizmente neste acompanhamento clínico médi-co veterinário não foi possível realizar coletas de sangue paraacompanhamento dos parâmetros hematológicos e bioquímicosdos animais, pois o tutor não autorizou a realização dos mesmos,o que poderia corroborar conforme descritos por Cuadrado et al.(2002).

Nota-se também que a utilização de exames radiográficos,apesar de apresentarem informações estáticas e não dinâmicassão de ótimo auxílio no acompanhamento da evolução gestacio-nal destes animais. Neste relato de caso foi possível identificar apermanência de 2 ovos logo após a realização da postura de 45

ovos, porem através da avaliação radiográfica foi possível rea-lizar tomadas de decisões menos invasivas, neste caso não houvenecessidades de intervenções farmacológicas e tampouco foi con-siderado uma distocia/retenção de ovo. Para diminuir a exposiçãoda fêmea e dos ovos à exposição de radiação e diminuir o es-tresse gerado pela contenção física no momento do exame optou-se por realizar este exame apenas no final do acompanhamentomédico veterinário.

Na literatura ainda é descrito a ressonância magnética comoopção de acompanhamento gestacional em camaleões do Iêmen8,mas seu alto custo e baixa acessibilidade impossibilitou a utiliza-ção desta metodologia neste relato de caso.

Outro método não invasivo descrito na literatura é o con-trole dos hormônios fecais relacionados ao ciclo reprodutivo (es-trógeno, progesterona e testosterona)8,11, porém é de difícil aces-so, o que acaba por inviabilizar seu uso na rotina clínica.

Outro ponto interessante no decorrer deste acompanhamen-to médico veterinário foi a idade dos animais onde aconteceu acópula, que apesar de prematuro (aproximadamente 8 meses deidade) ainda é muito superior ao relatado em literatura de apenas4 meses de idade para animais de vida livre1.

ConclusãoConclui-se que o exame seriado ultrassonográfico é uma

ótima metodologia não invasiva de acompanhamento reproduti-vo em camaleões do Iêmen, além disso, quando somado a exa-mes radiográficos, torna-se possível aumentar consideravelmentea segurança reprodutiva e sucesso gestacional dos indivíduos emquestão. No entanto, garantir o acesso a um ambiente similar aoseu biótopo natural, com parâmetros controlados e uma alimen-tação saudável e balanceada também são fundamentais no auxí-lio para o preparo dos indivíduos para um ciclo reprodutivo desucesso.

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