Ervas Sabor e Saúde_1

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Plantas e Ervas Medicinais www.jardinseplantas.com.br CATÁLOGO

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  • Plantas e ErvasMedicinais

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    C A T L O G O

  • S T U D I O D E A R T E

    Criao e montagem:

    Tel.: (11) [email protected]

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    Desenvolvimento tcnico

    [email protected]

    Ivan

    Ivan

  • Plantas e Ervas Medicinais

    O homem conhece os benefcios medicinais das plantas h sculos. Registros da medicina romana, egpcia, persa e hebraica mostram que ervas eram utilizadas de forma extensiva para curar praticamente todas as doenas conhecidas pelo homem. Muitas ervas contm poderosos ingredientes que, se usados corretamente, podem ajudar a curar o corpo. Nos seus primrdios, a indstria farmacutica baseava-se na sua capacidade de isolar esses ingredientes e torn-los disponveis em uma forma mais pura. Contudo, os herbalistas alegam que a natureza colocou na mesma erva outros ingredientes que se equilibram com os ingredientes mais poderosos. Esses outros componentes, embora relativamente menos poderosos, podem ajudar a servir de intermedirio, sinergista ou contrapeso quando trabalham de forma harmnica com o ingrediente mais poderoso. Portanto, ao usar essas ervas na sua forma completa, o processo de cura do corpo utiliza os ingredientes oferecidos pela natureza de uma forma mais equilibrada.

    Muitos crem que as propriedades curativas das plantas so to eficazes quanto os remdios industrializados e sintetizados, mas sem os efeitos colaterais destes. Em pases e comunidades nas quais o acesso a mdicos e hospitais limitado, os remdios feitos de ervas so a forma principal de

    medicina. As ervas podem ser muito potentes, portanto importante regular sua dosagem. A maioria dos remdios vendidos sem receita mdica so muito fortes. Atualmente, em muitos pases industrializados, as ervas so receitadas por mdicos e preparadas e vendidas em farmcias de manipulao. As ervas realmente tm muitas funes curativas no corpo, mas devem ser usadas adequadamente, nunca indiscriminadamente. Lembre-se de que nem toda a planta benfica. H plantas venenosas e algumas so at fatais, principalmente se utilizadas por muito tempo. Certas ervas devem ser usadas apenas durante o tratamento, no mais do que seis meses de cada vez. Visto que as ervas contm ingredientes ativos, voc deve estar ciente de que alguns desses elementos podem interagir de forma negativa com outros medicamentos sendo administrados. Portanto importante consultar um profissional da rea de sade quando houver alguma dvida quanto segurana.

    Como regra geral, a maioria das ervas de gosto amargo so medicinais e potentes. As ervas de sabor agradvel so potencialmente menos txicas e podem ser usadas mais freqentemente. Todas as razes e cascas so fungicidas e bactericidas; do contrrio, os organismos patognicos as destruiriam no solo. Razes, cascas e outras ervas, quando totalmente secas e mantidas nesse estado, retm seu valor medicinal durante anos.

    ivantoomEste catlogo apenas um informativo, o uso de qualquer planta ou erva com fins medicinais, requer a orientao de um especialista. No utilize medicao alternativa sem a orientao mdica.

    ivantoomIMPORTANTE:

    Ivan

  • Plantas e Ervas Medicinais

    ndice por nomenclatura latina(Os tens marcados com ** referem-se a descries sob ponto de vista antroposfico).

    A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V X Y Z

    A Achillea millefolium - Aquilia, Mileflio Achillea millefolium ** Aquilia, Mileflio Aconitum napellus - Acnito Aconitum napellus ** Acnito Acorus calamus - Clamo-aromtico Adonis vernalis - Adonis da primavera Adonis vernalis ** Adonis Aegopodium podagraria ** Podagraria Aesculus hippocastanum - Castanheiro-da-ndia Ageratum conyzoides - Pico roxo, Erva de So Joo Agrimonia eupatoria - Agrimnia Alcea rosea - Malvasco, Malva-da-ndia Alchemilla vulgaris ** Alquemila Althaea officinalis - Altia, Malva-do-pntano Amaranthus viridis - Bredo, Carur Anacardium occidentale - Cajueiro Anagallis arvensis - Anagalis, Pimpinela-escarlate Anethum graveolens - Endro Angelica archangelica - Anglica Antennaria dioica - Antenria, P-de-gato Apium graveolens ** Salso selvagem Arctium lappa ** Bardana Arctostaphylos uva-ursi - Uva-ursina Aristolochia debilis - Aristolquia Aristolochia serpentaria - Aristolquia Aristolochia clematitis - Aristolquia-clematite Arnica montana - Arnica Arnica montana ** Arnica Artemisia abrotanum ** Aurnia Artemisia absinthium - Absinto Artemisia absinthium ** Absinto Artemisia cina ** Semen contra Artemisia dracunculus ** Estrago Artemisia vulgaris ** Losna Asteraceae/Compositae ** Compostas Atropa belladona - Beladona Avena sativa - Aveia

    B Baccharis trimera - Carqueja Ballota nigra - Marroio-negro Bellis perennis - Margarida Berberis vulgaris - Uva-espim Betula pendula - Btula Bidens pilosa - Pico-preto

    Ivan

    IvanBibliografia

  • Bixa orellana ** Urucum Bixa orellana - Urucum Borago officinalis - Borragem Brassica nigra - Mostarda preta Bryonia alba - Brinia-branca Bryophillum calycimum ** Folha da fortuna Bupleurum falcatum ** Bupleurum Buxus sempervirens - Buxo

    C Calendula officinalis - Calndula, Malmequer Calendula officinalis ** Calndula, Malmequer Calluna vulgaris - Urze Cannabis sativa - Cnhamo Capsella bursa-pastoris - Bolsa-de-pastor Capsicum annuum - Pimenta Cardos medicinais ** Cardos Carduus marianus ** Cardo mariano Carlina acaulis - Carlina Carum carvi ** Cominho Centaurea cyanus - Fidalguinhos Centaurium erythraea - Fel-da-terra, Centurea-menor Centella asiatica - Cairu asitico Cephaelis ipecacuanha - Ipeca, ipecacuanha Cetraria islandica - Lquen-da-islndia, Musgo-da-islndia Chamaemelum nobile - Macela-dourada Chamomilla suaveolens - Matricria Chelidonium majus - Quelidnia Chenopodium ambrosioides - Erva de Santa Maria Chenopodium album - Quenopdio Cichorium intybus - Almeiro silvestre Cichorium intybus ** Almeiro selvagem Cicuta virosa ** Cicuta aqutica Cimicifuga racemosa ** Cimicfuga Cinchona pubescens - Quinino Claviceps purpurea - Cravagem do centeio Clematis recta ** Clematis Cnicus benedictus - Cardo Santo Cnicus benedictus ** Cardo santo Colchicum autumnale - Clquico, Aafro do prado Coleus barbatus ** Falso boldo Conium maculatum ** Cicuta maior Conium maculatum - Cicuta maior Convallaria majalis - Lrio-dos-vales, Lrio-de-maio Conyza canadensis - Conizina-do-canad Coriandrum sativum - Coentro Corydalis cava - Coridlis-oca Crocus sativum - Aafro Crocus sativum ** Aafro Cucurbita pepo - Abbora Cuphea calophylla - Sete sangrias Curcuma aromatica - Curcuma Cymbopogon citratus - Capim limo Cynara cardunculus - Cardo santo Cynara scolymus ** Alcachofra Cytisus scoparius - Giesta, Giesteira-das-vassouras

    D Daphne mezereum - Mezereo Datura stramonium - Estramnio

  • Daucus carota ** Cenoura Delphinium consolida - Conslida-real Dictamnus albus - Dictamo-branco Digitalis lanata - Digital lanosa Digitalis purpurea - Dedaleira Dorema ammoniacum ** Dorema Drosera rotundifolia - Rorela Dryopteris filix-mas - Feto-macho

    E Echinacea purpurea - Equincea Equisetum arvense - Cavalinha-dos-campos Erythroxylum coca - Coca Eucalyptus sp. - Eucaliptos Eupatorium cannabinum ** Eupatrio Eupatorium perfoliatum ** Eupatrio Euphorbia hirta - Erva-de-santa-luzia Euphrasia officinalis - Eufrsia

    F Fagopyrum tataricum - Trigo mourisco Ferula assafoetida - Frula, Funcho gigante Ferula gummosa - Frula Filipendula ulmaria - Filipndula, Ulmria Filipendula ulmaria ** Ulmria Foeniculum vulgare - Funcho Fragaria vesca - Morango silvestre Fragaria vesca ** Morango Fraxinus excelsior - Freixo-europeu Fumaria officinalis - Fumria

    G Galega officinalis - Galega Galeopis dubia ** Galeopis Galium odoratum - Asprula-odorfera Galium verum - Erva-coalheira Gentiana lutea - Genciana Geum urbanum - Erva benta Geranium robertianum - Erva-de-so-roberto Geum urbanum ** Geum Ginkgo biloba - Ginco Glechoma hederacea - Hera terrestre Glechoma hederacea ** Hera terrestre Glycyrrhiza glabra - Alcauz Guaiacum officinale ** Pau santo

    H Hedeoma pulegioides ** Hedeoma Helleborus niger ** Helleborus Heliantus annus ** Girassol Heracleum sphondylium ** Heracleum Herniaria glabra - Herniria Hyoscyamus niger - Meimendro negro Hypericum perforatum - Milfurada Hyssopus officinalis - Hissopo Hyssopus officinalis ** Hissopo

  • I Inula helenium ** nula

    J Juglans regia - Nogueira Juniperus communis ** Zimbro Juniperus sabina ** Sabina

    K

    L Labiateae/Lamiaceae ** Labiatas Lactuca virosa - Alface Selvagem Lactuca virosa ** Alface Selvagem Lamium album ** Urtiga branca Lavandula officinalis ** Alfazema Leonurus cardiaca ** Leonurus Leonurus sibilicus - Leonurus Levisticum officinale ** Levstico Lycopodium clavatum - Licopdio Lycopus virginicus ** Lycopus

    M Mandragora officinarum - Mandrgora Marrubium vulgare ** Marroio branco Matricaria chamomilla - Camomila Matricaria chamomilla ** Camomila Melissa officinalis ** Melissa Mentha piperita ** Hortel pimenta Mentha pulegium ** Poejo

    N Nasturtium officinale ** Agrio

    O Ocimum basilicum ** Alfavaca Oenanthe aquatica ** Oenanthe Onopordon acanthium ** Onopordon Origanum majorana ** Manjerona Origanum vulgare ** Organo Orthosiphon stamineus ** Ortosifo Oxalis acetosella - Azedinha, Oxlis azeda

    P Paeonia officinalis ** Penia Papaver somniferum - Dormideira, Papoula Petasites officinalis - Petasites Petroselinum crispum ** Salsa Peucedanum ostruthium ** Imperatria Phyllanthus niruri - Quebra-pedra, Erva-pombinha Pimpinella anisum ** Anis, Erva-doce Plantago lanceolata - Tanchagem Podophyllum peltatum - Limo bravo Polygonum bistorta - Bistorta

  • Populus nigra - Choupo negro Portulaca oleracea - Beldroega, Ora-pro-nobis Potentilla erecta ** Potentilla Primula veris - Primavera, Prmula Prunus cerasus - Gingeira Prunus Dulcis - Amendoeira Prunus laurocerasus ** Lauroceraso Prunus Spinosa - Abrunheiro bravo Prunus spinosa ** Pruneira Pulmonaria officinalis - Pulmonria Pulsatilla vulgaris ** Pulsatilla Punica granatum - Romzeiro

    Q Quercus robur - Carvalho

    R Ranunculaceae ** Ranunculceas Raphanus sativus - Rbano Rhamus frangula - Amieiro negro Rheum palmatum - Ruibardo palmado Ricinus communis - Rcino Rosaceae ** Rosceas Rosa canina ** Rosa selvagem Rosmarinus officinalis ** Alecrim Rubus idaeus - Franboeseiro Rumex acetosa - Lngua de vaca Rumex crispus - Lngua de vaca Rumex scutatus - Lngua de vaca Rumex ssp. - Lngua de vaca Ruta graveolens - Arruda

    S Salix alba - Salgueiro branco Salvia officinalis ** Slvia Sambucus nigra - Sabugueiro negro Sanguisorba officinalis - Pimpinela Sanguisorba officinalis ** Sanguisorba Sanicula europaea ** Sancula Saponaria officinalis - Saponria Satureja hortensis ** Saturia Scilla maritima - Cebola do mar Scilla maritima ** Cila Scoparia dulcis - Vassourinha-doce Senecio vulgaris - Sencio Silybum Marianum - Cardo de santa maria Sinapis alba - Mostarda branca Smilax sp. ** Salsaparilha Solanum americanum - Maria-pretinha Solanum asperulanatum - Jupeba Solanum dulcamara - Doce-amarga Solanum fastigiatum - Jurubeba-do-sul Solanum paniculatum - Jurubeba Solanum variabile - Jurubeba-falsa Solidago virgaurea - Vara dourada Sophora japonica - Sfora do japo

    T

  • Tanacetum vulgare - Atansia, Tanaceto Taraxacum officinalis - Dente de leo Taraxacum officinalis ** Dente de leo Taxus baccata - Teixo Taxus baccata ** Teixo Teucrium marum ** Teucrium Teucrium scordium ** Teucrium Teucrium scorodonia ** Teucrium Theobroma cacao - Cacau Thuja Occidentalis ** Tuia Thymus serpyllum ** Tomilho doce Thymus vulgaris ** Tomilho Trifollium repens - Trevo branco Trigonella foenum-graecum - Feno grego Tropaeolum majus - Tropaeolum majus Tussilago farfara - Tussilagem

    U Umbelliferae (Apiaceae) ** Umbelferas Urtica dioica - Urtiga

    V Vaccinium myrtillus - Mirtilo Valeriana officinalis - Valeriana, Erva de gato Veratrum album - Veratro Verbascum densiflorum - Verbasco Verbascum phlomoides - Verbasco flomide Viscum album - Visco branco Viscum album ** Visco branco

    X

    Y

    Z Zingiber officinale - Gengibre

    Substncias ativas das ervas medicinais

    Sinnimos e referncias: Adonanthe vernalis, Ageratum conycoides, Althea rosea, Amaranthus hybridus, Amaranthus hypochondriacus, Amaranthus polygamus, Amaranthus retroflexus, Amaranthus spinosus, Ambrina ambrosoides, Ambrina antihelmintica, Amygdalus communis, Anagallis phoenicea, Archangelica officinalis, Atriplex ambrosoides, Baccharis genisteiloides, Betula verrucosa, Bistorta major, Carduus benedictus, Cerasus vulgaris, Chamomilla recutita, Chenopodium antihelminticum, Chrysanthemum vulgare, Consolida regalis, Corydalis solida, Cucurbita maxima, Cuphea balsamona, Daphne genkwa, Datura inoxia, Datura metel, Delphinium staphisagria, Drimia maritima, Erigeron canadensis, Frangula alnus, Fraxinus ornus, Galium aparine, Gnaphalium dioica, Hydrocotyle asiatica, Imperatoria ostruthium, Leonurus heterophyllus, Leontodon taraxacum, Matricaria discoidea, Petroselinum hortense, Phyllanthus urinaria, Phyllanthus tenellus, Plantago major, Plectranthus barbatus, Potentilla Tormentilla, Ricinus hibridus, Ricinus leucocarpus, Rumex acetosella, Rumex aquatica, Rumex obtusifolius, Sarothamnus scoparius Scoparia procumbens, Scoparia ternata, Solanum caribaeum, Solanum jubeba, Solanum manoelii, Solanum nodiflorum, Spiraea ulmaria, Urginea maritima, Verbascum thapsiforme,

  • Noes Bsicas de Antroposofia

    Rudolf Lanz

    Esta pgina contm parte do livro referenciado acima que, para um melhor entendimento, recomendamos seja lido desde o seu incio em:

    http://www.sab.org.br/edit/nocoes

    Direitos reservados Editora Antroposfica

    Rua da Fraternidade, 174 - 04738-020 So Paulo, SP - [email protected]

    Tel. (011) 246-4550 - Tel./Fax (011) 247-9714

    A ENTIDADE HUMANA

    A bblia nos conta que Deus formou o primeiro homem do "p da terra", fazendo ressaltar, dessa maneira, que o corpo do homem constitudo pela mesma matria do mundo que o circunda. De fato, a qumica confirmou que todos os elementos que constituem o corpo encontram-se tambm na natureza ao seu redor. O mesmo clcio, fsforo, ferro, hidrognio ou carbono entram na composio de ambos. Essas substncias entram no corpo e dele saem num fluxo contnuo, seja pela respirao, seja pela nutrio. Os processos do metabolismo so amplamente conhecidos, e a cincia materialista at compara o corpo a um grande laboratrio qumico. Veremos que esta imagem contm algo de certo, embora esteja, na realidade, longe de corresponder completamente verdade.

    O conhecimento da matria, inclusive aquela que constitui o nosso corpo nos dada pelos nossos sentidos. O conjunto dessas substncias forma o reino mineral, e podemos dizer que na sua parte corprea os seres dos outros reinos (vegetal, animal e humano) contm as mesmas substncias que se chamam "inrganicas" no reino mineral. A matria inrganica encontra sua expresso mais tpica no cristal. Conceitos qumicos, fsicos e matemticos explicam todos os fenmenos do mundo fsico (inorgnico), seja a transformao de formas de energia, seja a combinao de elementos simples em substncias mais complicadas.

    Podemos dizer que, de maneira geral, as causas de todos esses fenmenos se encontram no mundo sensvel ou fsico. A relao entre causas e efeitos constante e permite estabelecer as chamadas "leis da natureza". Extrapolando as leis descobertas nos ltimos sculos, os astrnomos e astrofsicos estabeleceram teorias sobre os fenmenos extra-terrestres, afirmando a identidade das leis da natureza sobre todo o Universo. Essa atitude, seja dito entre parnteses, uma conquista da cincia moderna; um observador grego ou medieval nunca teria ousado submeter os mundos extra-telricos s mesmas leis que explicam os fenmenos terrestres.

    Se compararmos o mundo inorgnico, de um lado, e os seres do reino vegetal, animal e humano, de outro, veremos que estes se diferenciam daqueles pelo que chamamos de vida. Assistimos a fenmenos novos que o reino mineral desconhece: crescimento, formas tpicas, regenerao, reproduo metabolismo, etc. Vemos tambm que os elementos qumicos formam substncias de estrutura mais complexa e de grande labilidade qumica, como a albumina, o protoplasma, etc. Observamos, finalmente, que os seres orgnicos tm uma existncia limitada no tempo; eles nascem e morrem, enquanto uma pedra nunca cessa de ser uma pedra, a no ser que foras vindas de fora, e no inerentes sua prpria essncia, venham a modificar ou destruir-lhe a forma.

    Parece, pois, que h nos seres orgnicos algo alm da pura substancialidade e que subtrai a matria s leis inerentes sua prpria natureza. No momento da morte, esse "algo" deixa de existir, ou pelo menos de atuar: o corpo morto passa a ser um cadver, e como tal a sua substncia volta a obedecer exclusivamente s leis do mundo inorgnico: o organismo se decompe, perdendo a sua forma e estrutura especficas e retornando ao reino do "p da terra".

  • Podemos, portanto, afirmar que os seres orgnicos seguem leis opostas, ou pelo menos alheias, s leis qumicas e fsicas do mundo mineral.

    Alm disso, verificamos que cada ser orgnico tem a sua forma particular. Podemos imaginar duas sementes compostas, quimicamente falando, dos mesmos elementos; apesar disso, uma formar uma planta de um determinado tipo, e outra, uma planta de outra espcie e de aspecto totalmente diferente, pois cada uma segue, para a sua estrutura, um modelo prprio. Essa autonomia da forma orgnica vai muito longe. Cada planta, por exemplo, tem sua silhueta tpica. Se lhe podamos a folhagem, ela a restabelecer automaticamente, At os seres mais elevados, como o homem e os mamferos tm essas faculdades dentro de certos limites: uma ferida "cicatriza", isto , a forma original se restabelece como se alguma fora plasmadora central comandasse o comportamento dos tecidos vizinhos no sentido de uma volta ao aspecto anterior.

    Poderamos continuar essa comparao. Descobriramos que os minarais realizam a sua existncia apenas no espao, no sofrendo qualquer processo de desenvolvimento (vamos deixar de lado fenmenos particulares, como a radioatividade espontnea ou o envelhecimento dos metais) enquanto as plantas (e os animais, e o homem) tm uma evoluo no tempo.

    O cristal "auto-suficiente". Ele existe e dura por si, no podendo ser produzido "de fora". O organismo vivo necessita de influncia exteriores para a sua existncia: a luz solar e a corrente ininterrupta da respirao e do metabolismo so fatores imprescindveis para o crescimento e todas as demais manifestaes da vida.

    At aqui nada de novo para um leitor que costuma observar, sem preconceitos e de olhos abertos, os fenmenos ao seu redor. A biologia moderna procura minimizar as diferenas entre os reinos inrganico e orgnico, afirmando que este , por assim dizer, uma continuao, sem hiato, daquele. Para isso, invoca a existncia de seres orgnicos decadentes, ou virus, que constituem formas de transio. Na realidade nunca se deve recorrer s formas decadentes ou de transio, mas aos representantes tpicos de ambos os reinos para fazer uma comparao eficiente. E nesse caso, a presena daquele "algo" j citado inegvel.

    Mas o que ser esse "algo"?

    Doutrinas vitalistas do passado e do presente ensinam que h uma fora vital permeando os seres orgnicos. Mas, com o emprego desse termo, coloca-se apenas um rtulo numa incgnita, sem qualquer verdadeira explicao. Essa atitude certamente no seria apropriada a um cientista.

    A Antroposofia oferece a seguinte explicao: os seres orgnicos possuem, alm do seu corpo mineral ou fsico, um conjunto individualizado e delimitado de foras vitais, ou seja, um segundo corpo no-fsico que permeia o corpo fsico. Esse segundo corpo o conjunto das foras que do "vida" ao ser e impedem a matria de seguir as suas leis qumicas e fsicas normais. Rudolf Steiner, fundador da Antroposofia, chamou esse segundo corpo de "corpo plasmador" ou "corpo de foras plasmadoras". Por motivos cuja explicao ultrapassa o mbito deste livro, esse corpo vital tambm chamado "corpo etrico".

    O corpo etrico no existe, pois, nos minerais; existe sim, nas plantas, nos animais e no homem.

    Assim como o corpo fsico constitudo de substncias fsicas, o etrico tira a sua substncia de um plano etrico geral (temos que empregar este termo "substncia", embora estejamos conscientes de que em domnios no-fsicos no se devam, a rigor, empregar termos tirados do plano sensorial; mas a nossa linguagem elaborada para as coisas deste mundo, e no h palavras apropriados para exprimir exatamente o sentido e a essncia de fenmenos de outros planos. Essa observao vlida para todos os termos que empregaremos a seguir). Como o corpo fsico uma aglomerao individualizada de substncias qumicas, assim o corpo etrico um verdadeiro "corpo", embora no seja perceptvel aos nossos sentidos comuns.

    Aqui surge uma primeira grande dvida: como que a Antroposofia pode afirmar a existncia de tal corpo? No ser uma afirmao gratuita, simples postulado ou hiptese, em nada mais vlida do que tantas outras hipteses ou teorias inventadas pela cincia e pelas religies? Assim seria, fosse o corpo etrico apenas um conceito, uma abstrao. Mas na realidade o corpo etrico pode ser observado, sua existncia pode ser vivenciada, suas funes podem ser analisadas e investigadas por experincia prpria e direta.

    Mas como?

  • Os nossos sentidos comuns s nos mostram objetos e foras fsicas, Mas a cincia espiritual nos revela que o homem possui, alm dos sentidos fsicos, sentidos superiores que lhe possibilitam observar fenmenos de planos mais elevados. Ou antes: ele possui esses sentidos em estado latente, podendo despert-los por meio de um treino adequado, sobre o qual falaremos mais tarde. Afirma a Antroposofia que, em pocas remotas, todos os homens possuiam esses sentidos, os quais lhes proporcionavam uma vidncia supra-sensvel. Mesmo em pocas posteriores, havia sempre indivduos privilegiados que tinham essa clarividncia, ao passo que a maioria dos homens j a havia perdido (veremos mais tarde por que e em que condies isso se deu). No futuro, os homens voltaro a possuir esses sentidos superiores em pleno funcionamento. A Antroposofia indica o caminho que permite ao homem moderno, com a conservao da sua plena conscincia, despert-los pouco a pouco.

    O corpo etrico pode ser "visto" (naturalmente no se trata de viso pelos olhos fsicos) pelos indivduos que atingiram um certo grau de clarividncia. Em todas as pocas da Histria houve tais iniciados e suas descries so concordantes sobre os demais "objetos" da Antroposofia.

    Na realidade, a Antroposofia no afirma nada de novo nesse ponto. O esoterismo hindu, egpcio, tibetano ou grego conhece esse corpo etrico e as correntes mais recentes reproduzem essa velha sabedoria em termos cientficos modernos, de acordo com o grau de evoluo alcanada pelo homem do sculo XX.

    O corpo etrico mantm a vida e atua contra a morte; esta aparece como transio para um estado puramente mineral. Assistimos, nos seres vivos, a um processo de mineralizao cuja presena no corpo humano pode ser facilmente observado; constitui um enfraquecimento progressivo das foras plasmadoras do corpo etrico, at o momento da morte, que marca o triunfo total das foras mineralizantes.

    curioso observar, a esse respeito, que inspirados pensadores do passado j afirmaram que a vida um contnuo morrer. Basta comparar um rcem-nascido e um ancio para compreender a profunda verdade dessa afirmao; no rcem-nascido, a vitalidade est no seu mximo: o corpo mole, elstico, plasmvel; a conscincia, o intelecto e todas as atividades psquicas ainda no so desenvolvidas e a criana vive, por assim dizer, entregue s suas funes vitais e vegetativas. No adulto, e mais ainda no ancio, o corpo ressecado, desvitalizado, as funes biolgicas so reduzidas e sujeitas a estados patolgicos (disfunes, atrofias, esclerotizao, mineralizao, etc.); em contrapartida, as faculdades mentais, a conscincia e o domnio de si so plenamente desenvolvidos, atingindo um ponto culminante na serenidade e na sabedoria contemplativa da velhice (desde que a fraqueza fsica no seja um empecilho).

    As numerosas doenas da velhice (esclerose, gota, clculos, etc.) so uma indicao do triunfo das foras mineralizantes sobre as foras etricas. Os depsitos, muitas vezes cristalinos, constituem uma invaso de matria "morta" no corpo vivo.

    Seja permitido aqui, observar que as foras etricas no se enquadram na "causalidade" mecnica e deterministas que prevalece no mundo fsico. Por exemplo, a planta cresce "para cima", em sentido oposto fora de atrao terrestre.

    J vimos que o mineral encontra sua forma mais expressiva no cristal, ou seja, na matria em estado slido. Os fenmenos vitais ocorrem s em meio mido ou lquido. No existe vida sem gua. Se voltarmos mais uma vez ao nosso exemplo do rcem-nascido e do ancio, veremos que o corpo do primeiro contm proporcionalmente muito mais gua.

    Os prprios depsitos (clculos, artrite) constituem solidificaes em lugares onde o organismo plenamente vitalizado deve conter apenas lquidos, colides ou outras formas ainda plsticas e maleveis.

    Em resumo, a planta (e por extenso o animal e o homem) aparece composta de substncias fsicas (matria) que se colocam "ao longo" de um corpo etrico, que poderia ser comparado a um campo de foras invisveis. Assim como a limalha de ferro se coloca nas linhas do campo magntico, assim a matria "enche" a forma no fsica do corpo etrico. Mas enquanto o campo esttico, o corpo etrico, alm de dar forma, provoca tambm toda a dinmica das funes vitais. Ele atua no espao e no tempo, de acordo com leis especficas do plano etrico. Alm disso, o campo magntico ainda um fenmeno produzido por foras inerentes matria, ao passo que as foras etricas so de ordem superior.

    Vejamos agora se podemos estabelecer uma diferenciao entre o reino vegetal e o reino animal (e humano). Uma observao emprica e sem preconceitos pode revelar-nos os seguintes fatos:

    Tanto o animal como a planta vivem. Mas enquanto a planta aparece como um ser adormecido, em estado de "sono", o animal vive em estado de viglia, caracterizado por uma conscincia que j se manifesta nos animais mais primitivos. Ou antes, o animal passa por estados alternados de sono e de viglia. Nestes

  • ltimos, ele sente e reage; tem impulsos (procura de alimento, de parceiros sexuais), pode "aprender", etc.

    Verificamos, ainda, que a planta aberta: a superfcie da folha (mdulo constitutivo da planta, de acordo com a genial descoberta de Goethe) est exposta e permevel s foras de fora. Ela no tem vida "interior". O animal, por seu lado, parece-nos mais "fechado", mais isolado do mundo externo; e isso no apenas fisicamente. Existe nele uma espcie de espao interior, que no apenas fsico (estruturao do sistema do corpo, rgos com funes definidas, etc.) mas tambm anmico. No animal h um "mundo prprio" de reaes, instintos, atitudes, gracas ao qual ele ocupa um lugar isolado dentro da natureza, enquanto a planta entregue ao mundo, a cada momento atravessada pelas suas influncias.

    Ao passo que a planta se realiza no tempo, com o surgimento gradativo das suas partes, o animal est pronto e completo desde o seu nascimento. Ele cresce em tamanho mas no se diversifica (vamos desprezar aqui fatos como a metamorfose dos insetos, que tem outra explicao).

    Novamente podemos dizer que as observaes sucintas que precedem no constituem novidade alguma para um observador curioso.

    O que a Antroposofia acrescenta de novo uma descoberta de suma importncia; todos os fenmenos aludidos so ligados existncia de um veculo que no existe nas plantas, mas que est presente nos animais. Esse veculo que permite ao animal ter sensaes, simpatias e antipatias, instintos e paixes. No homem ele torna possvel toda a gama do sentir, desde o instinto at os sentimentos mais nobres e sublimes.

    Tambm esse veculo aparece como um "corpo", mas de uma "substancialidade" ainda mais refinada e sutil do que a do corpo etrico. Um grau mais elevado de vidncia permite ao iniciado perceber esse corpo por meio de outra srie de rgos superiores (dos quais falaremos mais tarde). Esse corpo, veculo das sensaes e sentimentos, pode ser chamado de "corpo se sentimentos". Rudolf Steiner deu-lhe o nome de "corpo astral". Sem querer entrar aqui em detalhes sobre as razes dessa denominao, quero lembrar apenas que antigas correntes esotricas vislumbram uma relao entre as foras planetrias (em latim: astra) e os rgos do homem e sua vida anmica. Da o nome "corpo astral".

    Estamos, pois, em presena de mais um "corpo" que permeia o corpo visvel do homem e do animal. Ambos possuem, portanto, alm do corpo fsico e do corpo vital (ou etrico), esse terceiro membro da sua entidade, pelo qual participam de um terceiro plano, o chamado plano astral.

    Esse corpo astral "superior" ao corpo etrico, dominando-o. Ele provoca no corpo fsico e no corpo etrico, a especializao de funes, que se traduz pelos rgos ocos. Enquanto a folha, unidade constitutiva da planta, plana e pode ser considerada como bidimensional, o corpo de qualquer animal contm esses espaos tridimensionais vazios, e cuja primeira apario se d no estado de gstrula do embrio. Esse vazio foi, desde tempos remotos, posto em relao com o ar, e de fato, o elemento atribudo ao mundo animal era o ar (no sentido da diviso antiga do mundo em quatro elementos). Como o conjunto das foras anmicas tambm chamado "alma", podemos estabelecer paralelos interessantes entre as palavras latinas: anima (alma), animus (vento, ar, sopro) e animal (animal).

    A presena de elemento "ar" se manifesta de manifesta de muitas maneiras. Os animais superiores possuem a faculdade de manifestar seus estados anmicos pela voz, pelo grito, utilizando para isso o ar. Enquanto a respirao das plantas (diferente da fotossntese) uma corrente contnua, ela se efetua na maioria dos animais como alternao rtmica da inspirao e da expirao. Quanto mais um animal se afasta das funes puramente vegetativas (que o aproxima mais da planta), mais o elemento "ar" passa a dominar sua vida.

    Mas voltemos nossa caracterizao do animal frente ao reino vegetal. Dissemos que o animal mais fechado, mais separado do mundo. Para compensar esse isolamento, o animal inova em trs domnios:

    1) Ele se move em seu ambiente. O movimento lhe permite tomar a atitude ou buscar o lugar mais propcio para a realizao dos seus intentos (fuga, sexo, fome, etc.). Todo movimento dirigido.

    2) Ele emprega um sistema sensorial e nervoso que estabelece o contacto com o mundo.

    3) Ele vive e age com uma certa conscincia.

    Essa conscincia f-lo reagir de maneira tpica e caracterstica a cada espcie. No se trata evidentemente

  • de uma conscincia lcida, individual, pois no podemos falar de indivduos entre os animais. Todos os exemplares de uma espcie se comportam e reagem de maneira igual, como se um impulso de grupo lhes orientasse a vida. Por esse motivo, Rudolf Steiner no atribui aos animais uma "alma" individual, mas antes uma alma de grupo que se manifesta atravs dos corpos astrais de todos os membros de uma espcie.

    Falando mais especificamente do corpo astral humano, a clarividncia revela que o seu "aspecto" depende dos sentimentos que prevalecem no indivduo observado. O vidente fala em "colorao" desse corpo astral, embora naturalmente no se trate de cores fsicas. Quanto mais puro e menos egostas os sentimentos, mais claro e brilhante o corpo astral, ao qual se d tambm o nome de "aura". Dai o costume de representar o corpo ou a cabea de pessoas "santas" envoltos em uma aura clara e luminosa ("mandorla" na ndia, "aurola" na pintura ocidental), Era uma tradio cujas origens remontam s pocas em que ainda se podia perceber o corpo astral como resultado de uma clarividncia geral.

    Demos agora mais um passo procurando diferenciar o homem do animal, Devemos perguntar se o homem apenas um animal evoludo, com certas faculdades existentes neste ltimo, porm mais aperfeioadas e desenvolvidas; ou se o homem fundamentalmente diferente de qualquer animal, possuindo algo a mais que o distingue dele.

    As teorias evolucionistas tradicionais seguem a primeira hiptese, fazendo o homem descender em linha reta do animal. As grandes religies viam no homem um ser basicamente diferente do animal. A Antroposofia da mesma opinio. Com efeito, os animais no tm individualidade; eles so dirigidos por almas de grupo; todas as tartarugas ou abelhas reagem de maneira idntica e tpica, como se seus impulsos fossem dirigidos de fora (Para estas consideraes deve-se tomar, como exemplos tpicos, os animais selvagens - os domsticos j sofreram a influncia do homem), No homem aparece a verdadeira individualizao. Cada homem um ser nico, singelo, diferente de todos os demais seres humanos.

    Enquanto os animais atingiram um estado de viglia ao qual no hesitamos em dar o nome de conscincia, s o homem tem conscincia de si prprio, a autoconscincia que o faz ter plena noo de si mesmo frente ao mundo.

    Isso pressupe uma srie de faculdades que no encontramos no animal:

    1) S o homem pode pensar, opor-se ao mundo numa relao sujeito-objeto. Ele pode representar de maneira abstrata as suas vivncias sensoriais e elevar-se a representaes, conceitos e idias. No seria impossvel ensinar a um rato ou a um cachorro achar o seu caminho num labirinto; mas s o homem pode, uma vez percorrido o trajeto certo, sentar junto a uma mesa, representar-se a imagem abstrata do labirinto e fazer dele um desenho. Qualquer abelha constri favos perfeitamente hexagonais; mas s o homem pode compreender as relaes e o princpio de construo de um hexgono regular.

    2) O animal est entregue s suas sensaes e sentimentos. Cessando a causa que lhe provoca uma sensao ou sentimento, acaba tambm o estado anmico. O homem possui a durabilidade dos sentimentos, por alm da presena da causa. Mais ainda, ele pode provocar um sentimento por uma pura representao mental: eu posso pressentir os gozos gastronmicos pela simples imaginao de um suculento jantar.

    3) O homem tem memria, o animal, no! - Esta afirmao parece temerria quando se pensa na alegria de um cachorro quando seu dono volta aps uma ausncia prolongada. Mas uma coisa memria, outra, o fato de reconhecer. No caso do animal, a sensaco, agradvel ou no, repete-se quando a mesma causa est presente. A presena do dono provoca sempre, a cada vez, a mesma reao; mas para isso, necessria a presena fsica do fato causador. O cachorro pode at sofrer quando lhe falta essa presena. Mas s o homem pode representar-se, sob a forma de imagens, um ser ou uma situao da qual no h mais vestgio. A memria, como faculdade de recordar mentalmente qualquer situao vivida, uma faculdade exclusivamente humana.

    4) Das trs faculdades descritas nasce a capacidade do homem de livrar-se das influncias do meio, isolando-se por completo e podendo at resistir a essas influncias. Nenhum animal pode dominar seus instintos por uma deciso autnoma. O homem pode dominar-se, renunciar a um prazer ou satisfao de um desejo; ele pode ponderar vrios motivos, representar-se as consequncias futuras de um ato ou lembrar concretamente as consequncias de um ato passado. Tudo isto impossvel ao animal.

    5) Em consequncia disso, s o homem pode ter a liberdade de agir, de escolher entre vrios atos possveis. Somente ele pode agir moral ou imoralmente; o animal segue trilhas fixas e predeterminadas pelas caractersticas da sua espcie. Ele irresponsvel.

  • O homem possui, pois um centro autnomo da sua personalidade, o qual constitui o mago da sua essncia, e do qual tem uma experincia direta e insofismvel. Quando fala desse centro ele diz "eu", e esse eu ou ego, verdadeira parcela espiritual, que o distingue do animal.

    Alm e acima dos trs "corpos" inferiores (fsico, etrico e astral) o homem possui, pois, um quarto elemento constitutivo da sua identidade. Ou melhor: ele esse eu (ego) ao qual os trs corpos servem apenas de base ou envoltrio.

    Pelo seu EU, o homem participa de um plano superior ao plano astral ou anmico, plano que podemos chamar de espiritual; possui um elemento espiritual individualizado e singelo que constitui o centro do seu ser. O eu lhe d a sua personalidade, o eu pensa, sente e deseja atravs dos seus corpos inferiores, o eu ama e odeia, cobia e renuncia, comete atos bons e atos maus.

    Desde h muitos sculos, os poetas falam de "fogo" da personalidade, do amor e do dio. E com muita razo, pois o elemento do fogo , por assim dizer, o apangio espiritual do eu. Vemos, pois, os quatro membros da entidade relacionar-se, de certa forma, com os quatro "elementos" dos gregos.

    Como elemento espiritual autnomo, o eu no est sujeito s limitaes do espao e do tempo. Ele eterno, independente e alheio s caractersticas passageiras dos seus corpos inferiores. Estes esto a servio de eu, constituindo seu veculo na vida terrena.

    A presena do eu faz o homem. Dessa presena recebem os corpos inferiores suas feies e funes diferentes das que existem nos animais e nas plantas. Assim, por exemplo, o pensar e a memria esto ligados ao corpo etrico, o qual, na planta, serve exclusivamente a tornar possvel a "vida", No ele que pensa, mas constitui, por exemplo, para a memria, o meio no qual se "guardam" as experincias passadas. Da mesma maneira, o crebro imprescindvel para o pensar; mas naturalmente no o crebro que pensa; ele serve ao homem apenas como veculo fsico para o pensar.

    O mineral, a planta e o animal so criaes. O homem criao e criador. Criado por foras exteriores a ele, libertou-se dessas foras criadoras, tornando-se autnomo e criador. Ele continua a obra de criao; como pensador, filsofo ou artista, acrescenta ao mundo algo de novo. Sua liberdade est em oposio ao determinismo inelutvel que domina os reinos inferiores.

    Por meio do eu, o homem pode dominar e purificar seus sentimentos, instintos e paixes. O esprito , de certa forma, um adversrio daquilo que, em ns, meramente anmico. Toda tica tem a sua razo de ser nesse antagonismo.

    Veremos, mais adiante que o princpio da evoluo reina em toda a existncia, embora de maneira bem diversa da imaginada pelo darwinismo e outras escolas bio-histricas. O homem nem sempre foi homem, e dever alcanar futuramente estados superiores ao meramente humano.

    O homem se desenvolve no somente pela aquisio de novos conhecimentos e tcnicas. Ele evolui sobretudo pelo aperfeioamento das suas faculdades anmicas, mentais e morais, A sua prpria "egoidade", o grau da sua conscincia e da sua maneira de pensar tm evoludo no passado e evoluiro no futuro. Ele vive e viver adquirindo novas faculdades.

    J vimos que o corpo astral o veculo para sensaes e sentimentos, instintos e atividades psquicas conscientes e inconscientes. Do convvio do eu com ele e com os corpos inferiores nasceu um conjunto autnomo de atitudes e faculdades, que se chama vulgarmente de "alma".

    A alma distinta da corporalidade e do eu, constitui, pois como que um elemento de ligao entre o eu e o mundo. O eu sente e age atravs desse instrumento.

    Contudo essa alma no homognea, Ela possui faculdades que fizeram sua apario gradativamente no decorrer da Histria.

    Diremos que a "alma" se manifesta de trs formas. Para maior simplicidade a Antroposofia at fala em trs almas (Aristteles e outros j haviam falado em vrias almas), ou seja:

    1) A alma sensvel ou ainda alma da sensao: ela traz a conscincia das sensaes, a vivncia de uma impresso sensorial, por exemplo, de uma cor, de uma obra musical, de uma dor. Atravs da alma sensvel, o homem vivencia o mundo.

  • 2) A alma do intelecto ou do sentimento: por meio dela o homem formula pensamentos. Ele pe em ordem as sensaes recebidas, ele compreende o mundo, ele constri o universo interno de representaes mentais, de pensamentos e de idias. A abstrao e o pensar so resultados da existncia dessa alma do intelecto. Cincia e filosofia so seus frutos.

    3) A alma consciente ou alma da conscincia: traz ao homem a conscincia dos contedos no-materiais do mundo ("idias") e da sua prpria individualidade e o choque entre o seu ego e o mundo. Ele se sente distanciado, abandonado; em consequncia, sofre por seu isolamento, duvidando de tudo e no se dando mais por satisfeito com explicaes fornecidas pela alma racional.

    Um grande esforo necessrio para que o homem possa transpor o abismo que a prpria alma consciente rasgou entre ele e o mundo. Num trabalho rduo, ele deve restabelecer a ligao entre a parcela espiritual do seu eu e a espiritualidade universal.

    Esse esforo j nos leva ao desenvolvimento futuro da humanidade. Com efeito, as trs almas so o fruto da simples existncia do eu e dos trs corpos inferiores. Sem qualquer atuao consciente do eu, as trs almas se desenvolveram pouco a pouco ao longo da histria do homem.

    No futuro, o eu, que entrementes ter atingido a plena maturidade e autoconscincia, dever tomar o seu destino nas prprias mos. Ele impregnar com suas prprias foras e propriedades os trs corpos inferiores, comeando pelo corpo astral, que lhe oferece menor resistncia do que os corpos etrico e fsico, mais "densos" e menos maleveis.

    Nesse trabalho rduo e difcil de "espiritualizaco" consciente dos corpos inferiores, o eu criar, por assim dizer, novos membros futuros, novas camadas de seu ser. Ele se abrir ao esprito csmico para transformar os impulsos recebidos "de cima" em aperfeioamento e purificao dos corpos astral, etrico e fsico.

    O corpo astral assim espiritualizado por um trabalho consciente do homem constituir, pois, um futuro novo "corpo" do homem. Steiner lhe deu o nome de "personalidade espiritual" (em alemo: Geistselbst). O corpo etrico transformado, segunda etapa da evoluo futura, o "esprito vital" (Lebensgeist), O corpo fsico, quando imagem pura e regenerada do mundo espiritual, chamado de "homem- esprito" (Geistmensch). Com essas perspectivas do futuro chegamos bem longe da atualidade. No presente, como j vimos, o homem constituido pelos quatro membros da sua entidade, acima descritos.

    O eu, sua verdadeira entelquia, o centro do seu ser. Ele o indivduo.

    O corpo astral recebe os impulsos e impresses dos mundos fsicos e superiores. Com ele o homem reage, pensa e entra em intercmbio com a realidade.

    O corpo etrico lhe d a vida e fornece o instrumento para o pensamento, a memria e outras faculdades.

    Finalmente, o corpo fsico a base material da sua existncia atual. Ele fornece a matria para os instrumentos que permitem ao homem participar do mundo fsico.

  • Mileflio (Aquilia)

    Achillea millefolium L.Asteraceae (Compositae)

    O mileflio uma planta herbcea perene com caules eretos e terminados por ricas panculas compostas de pequenos captulos de flores brancas ou rosadas. As folhas tanto terrestres como caulinas so lanceoladas e duas a trs vezes penatissectas. Os frutos so aqunios. uma espcie comum na Europa e na sia, onde se encontra beira dos campos, nos prados, sobre as encostas secas e mesmo na floresta.

    So colhidas as partes no lenhosas do caule com folhas ou simplesmente a flor. O caule cortado mo no comeo da florao e secado com calor natural ou artificial (at 35C). A flor colhida igualmente mo, cortando com a unha os captulos individuais com 1 cm de caule aproximadamente. Estas partes ativas devem ser conservadas em local seco e na obscuridade. Contm um leo essencial, produto da destilao da matricina presente nas partes vegetais. Este leo tem uma colorao azulada que se deve presena de azulenos. O mileflio contm igualmente alcalides, a aquilena e a estiquidrina, taninos, sucos amargos e outras substncias. utilizado em administraes internas contra as perturbaes gstricas, a diarria, os gases intestinais, como hemosttico e contra as dores da menstruao. A infuso feita com duas colheres de ch de partes ativas por chvena de gua e deve ser consumida no prprio dia. O mileflio no deve ser tomado em doses fortes nem durante um perodo prolongado. Sobre as feridas supurantes, as erupes, o eczema, para lavagem das mos rachadas, como gargarejo e na higiene ginecolgica, utiliza-se uma decoco cerca de duas vezes mais concentrada.

    Veja tambm: Achillea millefolium sob ponto de vista antroposfico.

  • Compostas - Compositae (Asteraceae)Motivo Formador e Foras Teraputicas(Sob ponto de vista antroposfico)

    "Durante uma excurso na montanha, depois que as sinuosidades do caminho nos permitiram observar as diferentes partes da paisagem, atingimos finalmente o cume, e um olhar nos permitiu condensar numa vista nica as nossas vises parciais e provisrias o que acontece com o botnico, aps ter estudado numerosas familias de plantas, quando chega na famlia mais evoluda e melhor organizada, a das compostas. Essa famlia recapitula, de alguma maneira, todo o universo das angiospermas (plantas com flores), mas num nvel mais elevado, e permite perceber, atravs disso, um novo comeo...".

    O mundo vegetal se elevou na formao "rvore" em quatro etapas: samambaias arborescentes, palmeiras, conferas e dicotilednias lenhosas; a rvore um conjunto de uma multido de pequenas plantas em uma s; o captulo uma juno de vrias flores (todas elas fazendo parte de uma inflorescncia) em uma unidade perfeita e superior. No captulo, o receptculo (cho da inflorescncia) corresponde ao tronco da rvore, mas, bem entendido, em razo do lugar onde ele se forma (a esfera floral), ele substancialmente diferente, poderamos denominar um "tronco de flores" (Indicao de Rudolf Steiner).

    , pois, um motivo fundamental simples, mas capaz de tantas variaes que apareceram os cerca de 800 gneros que constituem essa

    famlia com cerca de 13.000 espcies. No podemos ento comparar essa riqueza formadora quela das orquidceas, onde todos reconhecemos uma extraordinria imaginao criadora (muitas vezes de aparncia estranha), ampliando em um s tema "seis ptalas" e produzindo alguns milhares de formas florais surpreendentes. Mas as orquidceas com flores isoladas so raras, estando presentes em grande parte apenas nas regies tropicais, enquanto as compostas, reunidas em extensas associaes, esto espalhadas por toda a superfcie terrestre.

    Quando chega a primavera, na regio europia a famlia das compostas produz o Tussilago e o Taraxacum; Essas duas plantas alegram os prados europeus e depois delas surgem o salsifis selvagem (Trapopogon) e as margaridas (Leucanthemum) No incio do vero encontramos nos pastos alpinos a Arnica; ao longo dos caminhos o Cichorium (almeiro selvagem); e depois aparecem, fiis ao encontro anual, a Camomilla, a Achilea millefolium, diversos cardos europeus, o Solidaga virgo urea, o Senecio jacobina, o Eupatorium e seus muitos irmos, nos prados, no mato, no litoral, etc. O ano declina com as Asterceas e as Dlias, os crisntemos brilham at no inverno e s cedem ao gelo.

    As compostas conquistaram todas as zonas terrestres em todas as partes do mundo; elas s evitam o extremo norte e as florestas tropicais. Elas tm preferncia por habitats descobertos, muito expostos luz, pradarias ou savanas da Amrica, estepes e gramados da frica, da sia, da Austrlia e da Nova Zelndia. Elas ascendem muito alto nas montanhas (Edelweiss, Achilea), se aventuram nos desertos, no temendo as praias nem os solos salgados, contanto que a luz lhes seja oferecida em toda a sua plenitude.

    Em todos esses domnios elas so quase sempre plantas herbceas, ou no mximo sub-arbustos. Pouqussimas so arbustos ou trepadeiras; o parasitismo lhes totalmente estranho e quase no existe venenos entre elas. Podemos facilmente reconhecer o tipo compostas atravs dos captulos, que so o motivo essencial do processo "compostas" Uma planta que tem essa vocao no se atrasa na gnese de um tronco lenhoso ou no enlaamento volvel ao redor de uma planta estranha.

    Viver na esfera floral a lei principal que rege a existncia das compostas; as tribos e os gneros nas quais os botnicos subdividem essa famlia so unicamente determinados pelo estudo de sua estrutura floral.

  • Distinguimos nas compostas, de imediato, as tubulifloras (flores em forma de tubo) e as ligulifloras (flores em forma de lingetas). As primeiras se subdividem em doze tribos principais. Foi j mencionado que, no captulo das compostas, toda inflorescncia se assemelha a uma s flor de ordem superior. Por isso as folhas terminais formam uma espcie de clice (invlucro); os brotos terminais formam um receptculo, que pode ser horizontal, convexo ou, mais raramente, cncavo; as brcteas das pequenas flores so apenas escamas, suas spalas se tornam uma mecha plumosa (pappus) ou sedosa, que mais tarde coroa alguns frutos nferos e lhes d a faculdade de voar.

    As floretas do centro desempenham o papel de gineceu e de androceu de uma flor normal, as floretas que contornam a flor desempenham o papel de ptalas. Distinguimos os caracteres que permitem uma classificao dessa numerosa famlia, estudando a maneira do aparelho vegetativo (caule, folhas) influenciar o captulo, transferindo-o. O invlucro pode ser foliceo, escamoso, feito de fileiras apertadas de folhas - as brcteas escamosas das floretas podem estar presentes ou no; o pappus pode ser plumoso, sedoso, coriceo, etc. O que nos salta aos olhos, no fundo, o grau de perfeio segundo o qual a idia da composta se realiza nos casos particulares.

    Um captulo perfeitamente constitudo (radiado) traz, no centro, floretas tubulares e contornam essas floretas, na periferia, uma coroa de floretas em lingetas, ou ligulares, que resultam de uma fenda completa da corola tubular em sua extenso, no plano horizontal, e de seu desenvolvimento exagerado Neste caso, as floretas tubulares no centro so geralmente bissexuadas (elas possuem estames ou pistilos), ao passo que as floretas liguliformes no bordo da inflorescncia so femininas (elas possuem apenas um pistilo). Quando todo o captulo consiste em lingetas ou floretas ligulares, elas so bissexuadas. Mas pode acontecer que todo o captulo consista em floretas tubulares, por exemplo, os cardos. Ao contrario, o almeiro e o dente de leo possuem apenas floretas liguladas. O girassol, a margarida e a Arnica parecem ser captulos perfeitos nessa relao, pois, eles equilibram perfeitamente a periferia e o centro, a margem e miolinho (cerne). A inflorescncia com floretas liguladas na margem, ao desabrochar, se estende no plano horizontal e, devido a isso, assume uma simetria bilateral: a face inferior deixadas s influncias da terra, se hipertrofia, enquanto que a face superior se atrofia. Quanto floreta tubular, ela ascende verticalmente e assume uma simetria radial. O peso no tem efeito sobre a inflorescncia composta de floretas tubulares, ao passo que o peso dominou a inflorescncia composta de floretas ligulares na margem.

    As compostas, cuja inflorescncia formada apenas por floretas ligulares, no se caracterizam apenas pelo fato de que todas as flores de seu captulo desabrocham na horizontal (Taraxacum, Cichorium), elas se distinguem tambm por sua aptido em formar ltex, sobretudo em seus rgos inferiores. No raro que esse leite vegetal ascenda at as flores propriamente ditas. Ns j expusemos anteriormente alguma coisa sobre a formao do ltex e a posio horizontal das flores como sintoma de caractersticas lunares, como reminiscncias de uma vida primordial semi-vegetal, semi-animal. Esse lado da existncia vegetal, que reflete-se misteriosamente em todas as famlias, no pode faltar naquela que as resume e forma o "final" de sua grande sinfonia. ento que encontramos algumas compostas realmente txicas, como a Lactuca virosa.

    As compostas tubulifloras e as radiadas no possuem ltex. Por outro lado, elas formam em suas sementes muitos leos fixos; encontramos nesse grupo plantas oleaginosas como o girassol, a Guizola oleigera da Nigria. J falamos desses processos oleaginosos. Ns sabemos que os processos de calor csmico e solar intervm na formao dessas substncias. A gnese do leo como a antpoda da gnese aquosa do ltex.

    Entre as compostas radiadas, encontramos muitas plantas aromticas e condimentares, ou seja, aptas a produzirem em abundncia leos etricos ou essncias. Elas so a camomila, a Achilea millefoleum, o estrago, a arnica e outras. sobretudo entre as ligulifloras que encontramos plantas alimentceas, tais como a salsifis, a alface, a endivia. bastante natural que uma famlia to fecunda em flores produza muitas plantas ornamentais com extraordinria variabilidade de formas e cores, por exemplo, a Dahlia. Encontramos tambm compostas contendo corantes, como a camomila dos tintureiros; ela manifesta processos luminosos intensos. Alm disso, devemos mencionar a inulina, essa substncia curiosa, intermediria entre a formao do acar e a do amido. Lembrando o glicognio ou "amido do fgado", a inulina uma reserva que se forma no outono e no inverno, no lugar do amido, nos rgos subterrneos das compostas, para se transformar, na primavera, em acar e subir pela planta que cresce. Forma-se ento a frutose (tolerada pelos diabticos) e no uma mistura de frutose e glicose, como na transformao habitual do amido.

    Resumindo: o tipo composta se apresenta como algo plstico, varivel, ele no de maneira alguma esclerosado, ele ligado intensamente ao mundo das luzes; esse tipo foge das trevas, da umidade, da proliferao. um ser etrico, vigoroso, profundamente so, que finca razes na terra, onde ela est aberta ao cosmos. A esfera astral inicialmente lhe aborda com fora, e orienta suas foras formadoras na direo de um processo floral intenso; a esfera astral no violenta o domnio vegetativo nas compostas, no ultrapassa a fronteira das foras formadoras etricas, o que provocaria o aparecimento de venenos. As cores dos captulos so geralmente claras, luminosas e os perfumes so delicados, suaves, mas secos, jamais agressivos ou nostlgicos, sempre discretos e reservados. Tudo isso caracteriza essa astralidade particular. Um princpio mais elevado, ordenador e estruturador se une a essa astralidade, a qual no suficiente para levar a flor a seu mximo de arte e perfeio no que concerne sua forma, sua aparncia, suas cores, seus perfumes, etc. Esse princpio faz com que a totalidade do mundo das flores seja submetida a uma ordem superior. A orqudea toda uma flor individual, a composta de algum modo, uma flor elevada segunda potncia (ao quadrado). As orqudeas permanecem "decadas", as compostas so configuradas e estruturadas ao extremo.

  • Mileflio (Aquilia)

    Achillea millefolium L.Asteraceae (Compositae)

    Com suas folhas inferiores geralmente voltadas s formas arredondantes do elemento aquoso, a Achillea millefolium faz com que predominem foras areas de diviso, foras essas parcialmente voltadas s regies superiores, onde ocorrem os processos de florescimento. Dessa maneira as folhas, mesmo as inferiores, so impregnadas de leos essenciais ou etricos. O processo de florescimento, em compensao, retardado at a planta ter sido totalmente edificada. Broto aps broto, folha aps folha, vo se desenvolvendo, sustentados por um caule firme, duro, at que o vero tenha atingido o pice, o solstcio. Nessa poca a ascenso vertical da achillea se coroa com guarda-chuvas de "flores" (cada "flor" um pequeno captulo). A florao se instala desde essa poca at fins do outono e mesmo no incio do inverno. Suas flores, to durveis e firmes, podem ser observadas secas nos jardins durante todo o inverno.

    O processo floral se anuncia em vrias etapas. Ele no se inflama, ou seja, no cresce rapidamente gerando substncias txicas como nos vegetais alcalodicos que, em tempo muito breve de vida, exaurem a vegetabilidade da planta para o processo floral. O odor sombrio e picante da folha torna-se, na flor, mais doce. A planta permeada por uma essncia azul-esverdeada. O amargor penetra por toda a planta.

    Em suas cinzas encontramos, alm de um grande contedo de slica, uma enorme quantidade de potssio (48%). Essa substncia se manifesta no vigor dos caules. Um intenso processo salino vitalizado em seu curso, que se inicia embaixo, indo at o pice da planta. Um processo moderado de aromatizao se mistura com o processo salino, e caminha de baixo para cima. Essas duas tendncias esto admiravelmente equilibradas. Alm disso, o processo sulfrico prprio da Achillea. O enxofre est integrado na protena de uma maneira particularmente harmoniosa e tenaz. E por isso que os sucos frescos obtidos por esmagamento da planta se conservam durante muito tempo sem nenhuma alterao.

    Na esfera da protena, encontramos sal potssico e processos sulfurosos, as tendncias da raiz e as da flor so de maneira to maravilhosa que R. Steiner considerou a A. millefolium uma singular obra prima vegetal.

    Sua ao teraputica comea pelo estmulo do metabolismo, o estmago fortalecido, o apetite aumenta; e, alm disso, esse remdio favorece a atividade do fgado e a gnese do sangue. Acrescenta-se a isso um poder hemosttico. Finalmente o millefolium contribui para um bom

    andamento dos processos construtores e acelera a cura das feridas; a slica, que tem importncia nesse processo, se acha presente nessa planta, como j foi mencionado (veja na descrio da Arnica). As substncias amargas extradas do millefolium fortificam a funo digestiva. Usado externamente sob forma de compressas, a Achillea acalma parcialmente as dores, as cibras e as clicas, graas s suas essncias e substncias canforadas.

    Veja tambm: Achillea millefolium.

  • Arnica

    Arnica montana L.Asteraceae (Compositae)Sob ponto de vista antroposfico

    No dia 24 de fevereiro de 1823, Eckermann anotou: "Esse dia foi ainda muito preocupante no que concerne Goethe pois, por volta de meio-dia, no houve a mesma melhora que ontem. Num acesso de fraqueza, ele disse sua nora: "eu sinto que em mim chegado o momento do combate entre a vida e a morte". Contudo, tarde, o doente estava completamente consciente e mostrava mesmo uma alegria bem-humorada: Vocs so muito desconfiados dos remdios que receitam", disse ele a Rehbein, "Voc me mima muito. Quando se tem diante de si um doente como eu, necessrio agir de maneira napolenica". Ele bebeu uma xcara de decoco de Arnica que, na vspera, administrada por Huschke no momento mais perigoso, provocara a crise benfica. Goethe fez uma descrio charmosa dessa planta e exaltou seus efeitos energticos.

    Um amigo do autor deste livro lhe perguntou ao que poderia se assemelhar essa descrio de Goethe, e o autor, imitando o poeta, escreveu:

    "Voc pode notar que essa magnfica planta pertence s livres alturas, se instala nas rochas primitivas e cresce nos degraus do trono de Deus. Ela se enraiza no frescor fluente dos prados elevados, ela faz parte da primavera e do comeo do vero, ela precisa de ar puro e das foras da manh.

    Sua roseta de folhas circular, de um verde dourado, mas ela j prenuncia o seu segundo ciclo vital, o do clice, e prepara o terceiro ciclo, o das flores. Dessa maneira a haste delicada ascende verticalmente para as alturas; no h mais espiral foliar, um par de folhas so arrastadas no impulso; o boto floral est situado acima da haste e faz desabrochar seus invlucros florais, se bem que os turbilhes, de um fogo amarelo-

    alaranjado, se fazem notar na luz do sol da poca de So Joo.

    Que perfume apimentado e suave! O que trabalha na folha, continuando essa elaborao at a flor? Os elementos sublimes qua reinam sobre essas pontas da planta inteiramente formada por eles, ponta que os recebe, os aperfeioa, e os recebe sobre forma de calor e perfume. Quem emite esse perfume? Como eu poderia descrev-lo? Eu gostaria de cham-lo de poder curativo, mas Goethe poderia ainda enunciar de maneira mais clara essa ao sensorial e moral, que se realiza no reino dos odores o que foi preparada no reino das cores, e nos revelar o que o mundo vegetal deixa transparecer no domnio do ar".

    "De todas as matrias, a energia que est condensada na Arnica. S a sua lembrana libera em meu corao torrentes de fogo. Mas, nessa planta a fora est ligada a delicadeza das formas. Nada de duro, nada de spero se ope fora celeste formadora; esta planta, o Deus solar a elegeu no frescor de sua juventude e de sua vida. Vejam ento essa flor, como ela se abre e como ela se estende na luz, na incandescncia solar. O vento alpino seu semeador. Ela coloca em suas mos a coroa plumosa de seus frutos. Ela os dispersa nos prados. Assim, no outono, pequenas fascas de fogo seguem Persefone no seio da terra. Mas o calor do sol desperta, aquece a sombra mida; a raiz sente essa vida que a penetra, ela cresce, ela brota na segunda metade do ano; ela segue ento caminhos solares no domnio terrestre.

  • Eu consagro ento a Arnica, entre todos os deuses, a Helios. Mas a quem, entre os homens? Ao discpulo de Asclepios, que percorre as altitudes solitrias. Eis a planta da cura rpida, da deciso enrgica. Se ocorre uma violncia vinda do exterior, golpes ou cortes, a Arnica est pronta para socorrer. As foras vitais afluem, o pulso se refora, o corao toma coragem, aquilo que se desgarrou nas hemorragias ou hematomas, volta para o seu curso normal. Os msculos e tendes se esticam; a forma lesionada se regenera; mesmo o sistema nervoso, que difcil de curar.

    A revolta orgnica contra o dano, a que ns chamamos dor, se atenua, refluda. num estilo "napolenico" que o mal atacado, que a deciso tomada. Eu sentia que a vida e a morte comeavam a combater em mim, e eis que as tropas da vida, com essa flor como pendo, trouxeram a vitria. Rejuvenescido pela convalescena, eu fao os elogios Arnica, e ela mesma que se elogia atravs de minha voz, ela, a natureza inesgotvel que cria essa flor e traz a cura, porque ela cria eternamente".

    O poeta se calou, mas o seu poderoso olhar, que havia retomado seu antigo brilho solar, errava ao longe, sonhador, vidente, como se estivesse em vastos espaos onde nada devesse ser dito.

    Efetivamente a arnica uma verdadeira planta de montanha; ela escolhe os pastos descobertos nos Alpes, os rios luminosos do sol das altitudes; mais ela brota no alto, mais se torna aromtica. Mas ela gosta da umidade fresca das pastagens e mesmo das turfeiras, sempre exigindo um substrato silicoso. Ela evita o calcrio, pois ele a perturba; mesmo em quantidades pequenas, os adubos artificiais a matam.

    sobre a influncia do elemento aquoso que a Arnica forma suas folhas alongadas, inteiras, parecidas com as do Plantago, ou seja, de formas muito simples; sua cor ou verde dourado ou prata leitoso, na maioria das vezes h dois ou trs pares de folhas opostas aplicadas no solo em forma de roseta. A haste floral ascende energicamente, trazendo vigorosos botes do captulo; ela traz, no mximo, um par de folhas minsculas; caules secundrios brotam a partir do eixo primrio, trazendo os botes florais.

    Mas, freqentemente o captulo principal unitrio. A partir da poca de So Joo, quando o sol est no ponto mximo de seu curso anual, o captulo ostenta com seu miolo, flores tubulares e um colarinho de lgulas cor de fogo que irradiam de uma maneira um pouco turbilionada, pois cada lingeta segue seu prprio impulso. Quando a lingeta amadurecer, os aqunios cor de cinzas e de prata esperaro o momento que o vento os disperse. Depois disso, o sol desce de seu ponto mximo de seu curso anual, e as aes do sol se unem com a terra, aprofundando-se no seio da terra, e a Arnica, cuja vida area terminou, tambm comea a desenvolver uma vida subterrnea. O rizoma, que cresce horizontalmente, emite brotos subterrneos que terminam por um talo, de onde nascer uma nova roseta, de onde poder sair, no ano seguinte, uma nova haste floral. Dessa maneira, o crescimento vertical e horizontal se alternam ritmicamente. Aps a maturao da flor, a planta se esvai junto com o sol do vero, a planta morre, mas a parte subterrnea dura anos. Podemos retirar os rizomas da terra e ver que possuem vestgios de seis ou sete "antigos talos" que se enredam com os novos, formando um todo vivo e bem enraizado. Isso exprime uma fora conservadora da vida, que d ao rizoma uma consistncia e uma estrutura prprias: podemos esperar desse rizoma de Arnica aes teraputicas especiais sobre os nervos.

    Na Arnica, uma grandiosa qumica da natureza est acontecendo. Encontramos vrias substncias interessantes na flor, flavonas, corantes aparentados com o caroteno, colinas, substncias que agem no corao, fitosterina; na planta inteira, taninos; no rizoma, inulina, amido, gomas abundantes, substncias amargas. Os leos essenciais se formam, com qualidades diferentes, na flor, na folha, e no rizoma. Uma, por exemplo, pode ter propriedades anti-inflamatrias, outras, aes fortemente irritantes sobre a pele (a pele faz parte do domnio neuro-sensorial, que acessvel s aes das razes). Um teor sutil de silcio tambm interessante, como atividade teraputica.

    Ns j falamos muito, anteriormente, do papel que desempenha o processo da slica na vida das plantas. As relaes desse processo com o metabolismo luminoso do vegetal, e com fenmenos de estruturao, so evidentes. A slica pode assumir, sobre a forma coloidal, uma consistncia fluida, mas ela pode tambm adotar as estruturas cristalinas mais elevadas e preciosas (quartzo). A opala, a gata, e o quartzo so as trs principais etapas dessa metamorfose. Assim ela pode acompanhar a protena orgnica nos seres vivos, desde os estados mais amorfos, at os mais diferenciados. A slica portadora e um instrumento dessa evoluo. Ela leva suas aes, pela via do metabolismo, at as partes do corpo onde o vivo inanimado, mas onde o plo formador se afirma intensamente: tegumentos de rgos, pele, ossos; vegetais "silicosos", manifestam freqentemente uma fora estruturadora que se exprime at a extrema pequenez; todos j viram no microscpio esses organismos parecidos com magnficas jias: algas silicosas (especialmente diatomceas), tecidos de gramneas, de palmeiras, de equisetos, etc.

    Mas na Arnica esse elemento formador est, por assim dizer, "in statu nascendi", ele no se estende na criao de formas materiais acabadas e rgidas; ele permanece no nvel das foras formadoras, envoltas nos tecidos vivos, plsticos, pouco estruturados, de alguma maneira infantis. Por outro lado, essa planta est totalmente penetrada por emanaes gneas e aromticas que se exprimem nas essncias de que est saturada. Levar os processos formadores para o domnio metablico, e processos metablicos construtores para o domnio dos nervos, essas so as misses teraputicas especiais da Arnica.

    Anteriormente ns esboamos o que uma observao baseada no Goetheanismo pode descobrir nessa planta medicinal. Agora devemos completar e alargar essas vises com a ajuda de alguns resultados da investigao antroposfica. Numa srie de conferncias que ele fez para mdicos, Rudolf Steiner se exprimiu, aproximadamente, da seguinte maneira: a propsito das

  • aes medicinais da Arnica:

    preciso falar especialmente das afeces sobre os nervos e medula espinal. Essas ltimas, como se sabe, so dificilmente tratadas. Para ter acesso as afeces dos nervos, muito importante compreender que existe no nervo uma tendncia a desagregao, ao esmigalhamento; as foras vitais construtivas, expansivas, recuam notadamente. O nervo pode justamente servir a organizao do eu, o princpio espiritual do ser, porque a vitalidade, no dito nervo, est enfraquecida. Ele tende a se esfacelar e deve ser impedido pela organizao do eu, e pelo corpo astral. Quando essas duas organizaes no so fortes o bastante para dominar essas tendncias degenerativas, vemos aparecer as diversas nevralgias ou nevroses, com sintomas semi-psicticos.

    Quando essas organizaes so muito fracas e no preenchem seu papel de equilbrio, necessrio procurar um remdio apropriado, que d ao sistema nervoso aquilo que lhe falta. O remdio deve, por assim dizer, criar no sistema nervoso um "fantasma", que estanca as tendncias degenerativas, como fariam no estado normal, as duas organizaes. Uma substncia que pode desempenhar esse papel a slica. Entretanto, a slica deve ser colocada de uma forma que tenha afinidade por nosso sistema nervoso. precisamente a forma que tem na planta chamada Arnica, em alta diluio, 15 ou 25, mesmo 30 potncia decimal, vocs vero que, na maioria dos casos, a injeo age; seu efeito consiste em fazer com que o doente adquira a necessidade e o impulso de fazer algo contra os seus estados nervosos.

    importante que o doente chegue a perceber que o remdio tira os estados mrbidos de seu sistema nervoso, e a organizao astral ou do eu, que estavam presas nos processos mrbidos, so liberadas. O remdio as livra do processo mrbido. Numa doena nervosa, a organizao do eu e o organismo astral se ocupam intensamente do processo nervoso. E necessrio ento introduzir no processo nervoso algo que incite esses dois organismos. E justamente o que faz a maravilhosa configurao que encontramos na Arnica, e que realmente um "mixtum compositum" de todo tipo de coisas, realmente uma espcie de imitao microscpica de outro tipo de coisas macrocsmicas..."

    A silcea um tipo de reativo sutil sujeito as influncias mais diversas provindas do universo exterior. Vrias vezes ns assinalamos que ela ligada faculdade que as plantas tm de perceber a luz. As plantas que a elaboram se deixam mais facilmente influenciar pelos raios csmicos. A silcea faz como que o cosmos encontre na planta uma espcie de rgo sensorial que a percebe.

    A Arnica, que cresce muito bem em solos silicosos, transmite essas aes luminosas aos diversos sais minerais que ela absorve, principalmente os sais de potssio e de clcio. Por isso, a parte mineral da Arnica pode agir um pouco como uma impresso plstica das aes csmicas "percebidas" pela silcea. Alm disso, a Arnica contm, finamente elaborados, taninos que so particularmente aptos a perceber essas estruturas de origem luminosa imprimidas nos constituintes minerais da planta. Os rgos que vemos sarar, adquirem, graas aos taninos, "apetite" pelo remdio.

    Mas a Arnica desenvolve tambm em seus tecidas substncias balsmicas. Elas tm uma ao tranqilizante, graas a qual a substncia medicinal da Arnica (que carrega a sensao e o sentimento at o corpo astral) no sentida como um incmodo, como um corpo estranho. Alem disso, a protena incorporada de uma maneira maravilhosa s substncias gomosas, d ao remdio uma afinidade especial pelo corpo etrico, que vitalizante de todas as protenas. Dessa maneira, ns mobilizamos foras vitalizantes antagonistas nesse domnio nervoso, que tem poucas foras, e combatemos as tendncias ao esfacelamento. Por fim, os leos essenciais do ao medicamento uma certa orientao em direo da organizao do eu, como j vimos no alecrim e outros. Podemos pretender que a Arnica introduz no ser humano um "fantasma da organizao do eu".

    "Quando administramos uma substncia proveniente da Arnica montana, cuidadosamente dosada, por injeo (os outros procedimentos no sero to ativos), constataremos, pelo menos em regras gerais, que o sistema nervoso fortemente influenciado. O tratamento ter sucesso se pudermos definir que o doente se sente mais forte e pensa poder triunfar sozinho sobre os seus problemas".

    Esta planta medicinal verdadeiramente universal possui ainda outros efeitos que seria importante mencionar, mas eles esto ligados quilo que foi dito. Em todo caso: quando um mdico, por uma razo qualquer, levado a escolher uma planta, e uma s em toda a farmacopia vegetal, ele se volta Arnica, que, segundo as lendas, triunfa das "foras do lobo" (em alemo, a planta se chama wolferlei), do lobo que ameaa as puras influncias vitalizantes do sol, do lobo Fenris que foi descrito no mito germnico.

    Vide tambm: Arnica montana.

  • Arnica

    Arnica montana L.Asteraceae (Compositae)

    A arnica uma planta herbcea perene que possui um rizoma subterrneo e um caule ereto, ramificado e glanduloso, terminado por um captulo de flores amarelas. As folhas da roseta terrestre so ovais, aplicadas contra o solo; as folhas do caule so lanceoladas, opostas e inseridas no local dos ns. O fruto um aqunio negro munido de penugem. A arnica cresce nas montanhas europias e norte-americanas, mas comea a ser muito rara como espontnea, e por isso protegida em numerosos pases.

    Toda a planta tem valor farmacutico. Colhe-se sobretudo a flor, mas freqentemente tambm o rizoma. A flor deve ser colhida sem o disco e sem invlucro: so apanhadas apenas as flores tubulosas e liguladas. Os rizomas so limpos e secados rapidamente. Os captulos contm vestgios de leo essencial, carotenides, um suco amargo, a anircina, uma saponina, o arnidiol, esteris, a isoquercetina, o astragadol, etc. O rizoma contm taninos, at 6,3 % de leo essencial e resina. Ambas as partes tm uma ao estimulante, e mesmo irritante, sobre as mucosas gstrica e intestinal, assim como uma ao irritante sobre os rins. A arnica tem igualmente efeitos benficos sobre a circulao sangunea e a atividade cardaca, sob a condio de ser prescrita e dosada por um mdico. Emprega-se sobretudo um extrato alcolico, a tintura de arnica. Esta tintura era muito apreciada antigamente para tratar as feridas, como desinfetante e cicatrizante. Decoces e infuses de arnica entram tambm na composio de gargarejos, banhos e pensos.

    Vide tambm: Arnica montana sob ponto de vista antroposfico.

  • Erva de So Joo

    Ageratum conyzoides L.Sin.: Ageratum conycoides LAsteraceae (Compositae)

    Planta herbcea anual reproduzida por semente, raiz principal pivotante, com abundante razes secundrias distribudas superficialmente no solo, folhas pecioladas ovais-lanceoladas opostas que exalam um suave odor quando amassadas, inflorescncia por corimbos de 5 a 20 captulos por conjunto com flores de colorao rosa ou branco-azulada.

    uma planta nativa na Amrica tropical e hoje amplamente dispersada por regies tropicais e subtropicais do mundo. Foi levada para muitas regies como ornamental ou para uso em medicina popular. No Brasil pode ser encontrada em quase todo o territrio, mas pouco frequente no extremo-sul. Os principais nomes populares so: Mentrasto, Erva-de-so joo, Pico-roxo, Catinga-de-bode. A origem do nome vem do grego "agraton", significando "que no envelhece" (termo aplicado antigamente a plantas perenes; difcil explicar esse nome para uma planta de ciclo to curto, mas certamente existem plantas perenes dentro do gnero) e "knyza", o nome da planta na Grcia.

    Tem um certo valor ornamental e econmico. Na Malsia usada como forrageira para cabras, bovinos e muares. Na Regio Nordeste do Brasil, plantas secas so s vezes usadas para aromatizar roupas brancas. As flores so visitadas por abelhas. Em medicina popular a planta usada em infuses, extratos e tinturas, como carminativa, febrfuga e diurtica. Encerra alcalides com ao vaso-constritora, tendo por

    isso um efeito anti-inflamatrio, analgsico e cicatrizante. uma planta selecionada para o Programa de Aproveitamento de Plantas Medicinais Brasileiras, da Central de Medicamentos (CEME). A planta abriga caros fitosedeos, como Amblyseius newsami, sendo que na China verificou-se que em pomares com presena dessa planta o referido caro predador efetua razovel controle da praga Panonychus citri, caro vermelho dos citros. Estudos na UNESP, em Jaboticabal, indicaram menor incidncia dos caros Brevipalpus phoenicis e Phyllocoptruta olevora em pomares de citros onde havia a presena de mentrasto. Assim, essa planta pode ser um componente aproveitvel em programas de manejo integrado de pragas, na citricultura.

    Tambm uma planta infestante, sendo considerada como planta daninha em cerca de 50 pases e indicada como invasora em cerca de 40 culturas. No Brasil a importncia como infestante no tem sido muito grande, ocorrendo especialmente em pomares, inclusive sob a copa de laranjeiras. Pode abrigar nematides como dos gneros Meloidogyne, Pratylenchus e Rotylenchulus. Pode ser infectada pelo virus do enrugamento foliar do tabaco.

    Vide tambm: Hypericum perforatum - Erva de So Joo;A empresa "A Natureza" comercializa Glechoma hederacea com o nome de "Herva So Joo".

  • Erva-de-So-Joo

    Hypericum perforatum L.Guttiferae (Hypericaceae)

    O gnero Hypericum conta aproximadamente com 370 espcies anuais, arbustivas e semi-arbustivas perenes e semi-perenes, encontradas principalmente nas regies temperadas. Uma grande variedade de grupos prov muitas plantas finas de jardinagem para a maioria das aplicaes. Hypericum pode derivar do grego hyper, "acima", e eikon, "pintura". de vez que as flores eram colocadas sobre imagens religiosas para afastar o mal no Dia de Solstcio de vero do norte (24 de Junho, Dia de So Joo).

    Hypericum perforatum, chamado popularmente de milfurada, erva de So Joo perfurada e erva comum de So Joo, um arbusto vertical, rizomatoso, perene, de base lenhosa, com folhas alternas e ssseis, picotadas de pontos vermelhos translcidos. A planta nativa na Europa e sia temperada e pode ser encontrada tambm nos Estados Unidos e Canad chegando a ser uma espcie vulgar. Ela medra no solo seco e ensolarado de encostas, margens de estrada, prados, bosques e sebes, onde geralmente cresce at uma altura mdia de 60 cm. As inflorescncias abundantes, de um amarelo-dourado, desabrocham em pleno Vero. Numerosas flores amarelas luminosas florescem de junho a setembro. As flores so mais abundante e esto no auge luminoso ao redor do dia tradicionalmente celebrado como o aniversrio de So Joo Batista. O fruto uma cpsula.

    Para fins medicinais colhe-se a planta inteira e particularmente as cimeiras, na poca da plena florao e com tempo ensolarado. So secadas sombra, sob corrente de ar, ou num secador, a temperatura de 35C no mximo. Os antigos alegavam que as propriedades mgicas do Hypericum perforatum eram, em parte, devidas ao pigmento vermelho fluorescente, um flavonide denominado hipericina que escoa como sangue das flores esmagadas. Alm da hipericina, contm taninos (as flores at 16%), glicosdeos: rutina, hiperina, ocatecol peflavite (vitamina P), flavonides, xantonas, cidos carboxlicos fenlicos, leos essenciais, carotenides, alcanos, derivado de floroglucinol, fitosteris, e cidos gordurosos alcolicos de cadeia mdia. O Tanino, em uma concentrao mdia aproximada de 10%,

    provavelmente o responsvel pela ao adstringente da Erva de So Joo e o efeito precipitador de protena, contribuindo para o tradicional uso tpico da planta como um agente curador de feridas.

    O Hypericum ligeiramente sedativo e nitidamente colagogo (secreo biliar). Os seus efeitos anti-inflamatrios fazem dele um bom produto para tratamento de inflamaes crnicas do estmago, do fgado, da vescula, dos rins; igualmente eficaz nas afeces ginecolgicas. A erva usada interiormente para enurese (especialmente em crianas), ansiedade, tenso nervosa, perturbaes na menopausa, sndrome pr-menstrual, cobreiro, citica, e fibrosites. No deve ser dado aos pacientes com depresso crnica. Externamente para queimaduras, contuses, danos (feridas especialmente profundas ou dolorosas que envolvem danos em nervos), chagas, citica, neuralgia. convulso, deslocamentos, e contuses. Trabalha bem com Hamamelis virginiana ou Calndula officinalis para contuses. Usado em homeopatia para dores e inflamaes causadas nervos danificados.

    O leo do Hypericum preparado por macerao das cimeiras floridas, em azeite ou leo de girassol. Deixando-se o recipiente durante quinze dias ao sol, sacudindo-o de tempos em tempos. Este leo bom contra as queimaduras (incluindo as do sol) e as hemorridas. Um consumo exagerado de produtos base de milfurada pode provocar uma alergia que se agrava sob o efeito da luz solar (foto-sensibilizao).

  • Erva de So Joo tem Propriedades Antibacteriais

    Healthy News You Can UseIssue #106 June 20, 1999By Joseph Mercola, D.O.

    Erva de So Joo (Hypericum perforatum) extensamente usada como um remdio natural para depresso e tambm pode ajudar a tratar cortes infectados e arranhes. Baixa concentrao de uma substncia qumica encontrada na Erva de So Joo chamada hiperforina pode matar certas bactrias, inclusive do tipo Staphylococcus aureus, uma causa comum de infeces da pele. No estudo, concentraes de hiperforina to baixas quanto 0.1 microgramas por mililitro foram efetivas contra espcies de bactrias gram-positivas. Porm, Hiperforina no foi efetiva para erradicar o fungo Candida albicans, responsvel pela maioria das infeces por levedura.

    interessante a nota de que este popular antidepressivo tem algumas propriedades anti-bacterianas. Alguns clnicos tambm acreditam que o mecanismo principal de ao da Erva de So Joo atua de fato como um tratamento anti-viral. Embora a Erva de So Joo claramente tenha algumas aes benficas para aqueles com depresso, acredito que realmente seja uma ajuda mais segura e no envia o desequilbrio nutricional e neuro-emocional a um nvel mais intenso que precipite a depresso.

    Erva de So Joo e o tratamento de depresso

    Extrato Hypericum da erva de So Joo mais seguro que a droga antidepressante imipramine e de mesma forma efetiva para tratar pacientes com depresso moderada.British Medical Journal December 11, 1999;319:1534-1539.

    Hypericum foi testado em mais de 3,000 pacientes contra placebo e vrios medicaes. Linde, Ramirez et al conduziram uma meta-anlise de 23 testes de amostras randomizadas (15 dos quais comparavam hypericum com placebo e 8 dos quais comparavam com tratamentos por outras drogas); A amostragem incluiu 1.757 pacientes externos com desordens depressoras principalmente moderadas ou moderadamente severas. O resultado global extrado desta anlise indica que hypericum mais efetivo que placebo e igual em eficcia comparado a antidepressantes padres para o tratamento de desordens deprimentes moderadas a moderadamente severas. Alm disso, menos efeitos colaterais foram notados em pacientes tratados com hypericum (19.8%) que nos tratados com antidepressantes padres (52.8%).Linde K, Ramirez G, et al. St. Johns wort for depressionan overview and meta-analysis of randomized clinical trials. BMJ 1996; 313:253-258.

    Num teste duplo-cego de quatro semanas com 105 pacientes no internos com depresso moderada de pequena durao, 67% dos pacientes que tomaram extrato de hypericum (300 mg trs vezes ao dia) melhoraram, comparado com 28% de pacientes que tomaram placebo. Nenhum efeito colateral significativo foi notado. Sommer H, Harrer G. Placebo-controlled double-blind study examining the effectiveness of a hypericum preparation in 105 mildly depressed patients. J Geriatr Psychiatry Neurol 1994; 7(Suppl 1):S9-11.

  • Num estudo de seis semanas de durao, hypericum foi comparado com um antidepressante heterocclico padro. A dose de extrato de hypericum foi de 300 mg, trs vezes ao dia, e a de imipramina foi de 25 mg, trs vezes ao dia. As pontuaes da Taxa de Depresso na Escala de Hamilton diminuiram de 20.2 para 8.8 no grupo de hypericum e de 19.4 para 10.7 no grupo de imipramina. Alm disso, menos efeitos colaterais e mais moderados foram notados nos pacientes tratados com hypericum do que nos tratados com imipramina.Vorbach EU, Hubner WD, Arnoldt KH. Effectiveness and tolerance of hypericum extract LI 160 in comparison with imipramine: randomized double-blind study with 135 outpatients. J Geriatr Psychiatry Neurol 1994; 7(Suppl 1):S19-23.

    St. Johns Wort and the Treatment of Depression

    Vide tambm: Ageratum conyzoides - Erva de So Joo;A empresa "A Natureza" comercializa Glechoma hederacea com o nome de "Herva So Joo".

  • Calndula, Malmequer

    Calendula officinalis L.Asteraceae (Compositae)

    Planta anual cultivada desde a Idade Mdia, pelas suas qualidades ornamentais: os seus maravilhosos captulos cor de laranja-vivo desabrocham continuamente desde o Vero at ao Outono. As folhas inferiores so espatuladas, as caulinares lanceoladas, ssseis e alternas. Os captulos terminais so compostos de flores tubulosas estreis e de flores liguladas frteis. O fruto um aqunio curvo coberto de asperidades (em baixo direita). As calndulas so originrias da Europa meridional. So cultivadas atualmente como planta ornamental e medicinal. Neste ltimo domnio, so preferidas as variedades de captulo denso, cor de laranja menos intenso, contendo uma elevada taxa de substncias ativas.

    So colhidos os captulos inteiros ou apenas as lgulas. A colheita faz-se manualmente, com tempo soalheiro, e as flores so secadas sobre grades de canas, sombra, num local bem arejado, temperatura mxima de 35C. Contm uma calendulassaponina-cido-triterpenide, outros glicosdeos ou calendulosdeos, sucos amargos e um leo essencial. So usadas para estimular a atividade heptica, a secreo biliar e tambm para atenuar os espasmos gstricos ou intestinais. Os seus efeitos so, portanto, espamolticos e colagogos. Em aplicaes externas, a decoco, a tintura ou a pomada de calndulas aconselhada para as feridas rebeldes, escaras, lceras nas pernas, inflamaes purulentas e erupes cutneas. A indstria cosmtica emprega as calndulas para amaciar a pele, para banhos e aplicaes locais, pois so um excelente cicatrizante. A cor viva alaranjada das ptalas secas muitas vezes aproveitada para melhorar o aspecto de outras substncias medicinais.

    Vide tambm: Calendula officinalis sob ponto de vista antroposfico.

  • Calndula, Malmequer

    Calendula officinalis L.Asteraceae (Compositae)Sob ponto de vista antroposfico

    A regio mediterrnea o centro de disperso dessa poderosa planta medicinal, mas aps a Idade Mdia ela foi aclimatada em vrias outras regies. No existe jardim rstico no qual ela no esteja presente como decorao. Tornando-se novamente selvagem, ela povoa os terrenos baldios cheios de entulho, e outros locais da periferia das cidades. A Calndula selvagem quase dez vezes menor do que aquela plantada nos jardins.

    fcil e rpido fazer germinar a semente da Calndula (na realidade no se trata de semente, mas de um fruto seco ou aqunio, encontrado em todas as compostas). uma planta com numerosas folhas, que manifesta uma vitalidade singular, tendendo a se proliferar. Seus caules ramificados carregam belos captulos, cuja ordenao geomtrica agrada ao olhar. So de uma acentuada tonalidade amarelo-laranja. Um captulo de Calndula dura poucos dias, mas substitudo por outros. Acelerao e proliferao mesmo no domnio floral. O que mais se admira nessa planta a transio rpida das foras aquosas de intumescimento para as foras de luz e de calor solar. Procuraremos em vo, no captulo, pappus ou pelos plumosos dirigidos para o vo. Os frutos se formam apenas em suas flores liguladas, e no em suas flores tubuladas, que permanecem estreis. Sua estao preferida o pleno vero. Todo o ciclo vital da planta termina em um ano.

    Ao apertarmos as folhas da Calndula, permanece na mo um odor ora agradvel, ora suspeito, evocando a putrefao e os sepulcros. Este odor emana igualmente das flores e provm de uma substncia resinosa. Poderamos acreditar que essa planta luxuriante se protege da decomposio embalsamando-se viva. Luxria, alis, retida e ordenada a partir da regio floral.

    A anlise qumica aponta: leos etricos, muitos corantes da famlia dos carotenos (caroteno, licopeno e xantofila), substncias amargas na erva e na flor, saponina, fitosterina, um pouco de cido

    saliclico e mucilagens. Estes princpios ativos so sintomas de processos formativos da planta, processos estes que acabamos de abordar. As essncias ou leos etricos evocam a esfera csmica e calrica do Eu, o caroteno faz pensar nos processos silicosos e luminosos, as substncias amargas na fora com que o etrico atrai a esfera astral, as resinas falam da ao destes processos no fsico, e as mucilagens impedem a planta de sucumbir em um endurecimento, em uma mineralizao.

    O principal domnio teraputico da Calndula o tratamento das feridas, principalmente daquelas mal curadas, que se inflamam, que esto supurando. Quando um msculo ferido, os constituintes superiores (Eu e corpo astral) perdem momentaneamente a possibilidade de chegar a ser um instrumento natural. Eles esto deslocados e procuram muito intensamente retornar. Isso se exprime atravs da dor e da inflamao, mas o tecido dissociado escapa atividade do corpo etrico, ameaa se putrefazer, torna-se um corpo estranho onde o processo da supurao procura elimin-lo. As foras etricas liberadas apelam aos tecidos circundantes, a regenerao das substncias, a um novo crescimento, mas essa reconstituio no deve ser feita sem lei, sem planejamento. As foras formativas etricas devem recobrir os constituintes superiores, conferindo um modelo e uma direo para que eles possam se reintegrar harmoniosamente no todo do organismo. A Calndula nos mostra, no reino vegetal, um reflexo de toda esta situao, e isso que nos faz compreender a sua ao benfica, quer atravs da lavagem das feridas, quer a