Estética Da Imagem Na Tv Dig

download Estética Da Imagem Na Tv Dig

of 12

Transcript of Estética Da Imagem Na Tv Dig

  • 7/24/2019 Esttica Da Imagem Na Tv Dig

    1/12

    Facultad de Periodismo y Comunicacin Social / UNLP

    anclajes

    113

    Quando a televiso foi inventa-da seu formato de tela foi criadoimitando o cinema. Naquela oca-sio a bitola da pelcula era de 16milmetros, cujas dimenses ti-nham a proporo de aspecto de4:3, sendo quatro na largura portrs na altura. Este aspecto foi uti-

    lizado para a criao da televiso.Com os avanos tecnolgicos nafabricao da pelcula, o cinemaevoluiu para registro das imagensem pelcula com 35 mm de largu-ra evoluindo para a proporo 5:3,posteriormente evoluiu para o ci-nemascope com aspecto 9:5, comutilizao das lentes Panavision ediversos outros aspectos com re-gistro de imagens mais largas quea dimenso da pelcula graas ao

    uso das lentes anamrficas quecomprimem oticamente as ima-gens registradas na pelcula de 35mm, com a proporo 4:3, as quaisganham novamente o aspectomais largo na projeo, onde assalas de exibio se utilizam doprocesso inverso, com lentes queesticam a largura no processoconhecido por anamorphics widescreen.

    porWillians Cerozzi Balan

    Willians Cerozzi Balan

    [email protected]

    Doutor em TV Digital, pela UniversidadeMetodista de So Paulo, Brasil. Professor doDepartamento de Comunicao Social da FAACFaculdade de Arquitetura, Artes e Comunicaoda UNESP, Universidade Estadual Paulista Jliode Mesquita Filho.

    A Esttica da Imagem na TV digital

    ResumenEste texto reflexiona sobre las tcnicas yel proceso de produccin de la imagen y sucomposicin artstica a la televisin digital enalta definicin, mientras que existirn los dosformatos (4:3 y 16:9) hasta la desconexin dela seal analgica. Dentro de este perodo, losconsumidores de la programacin de televisinque tienen receptores analgicos continuarnviendo las imgenes en formato 4:3. Ese hechodetermina que las producciones en alta defini-cin, con la captura de imgenes con mayor reade visualizacin y con alta relacin de contraste(>1000:1) debern mantener los elementos dela narracin visual en el rea ms pequea y larelacin de contraste de la televisin analgica(30:1), con el riesgo de distorsionar visualmente,las mensajes producidos por los directores.

    Palabras claveEsttica Televisiva - composicin de imgenes -16:09 - TV digital

    AbstractThis text reflects on the techniques and the

    process of image production and its artistic

    composition to digital television in high defini-

    tion, whereas the 4:3 and 16:9 formats will exist

    until shutdown of the analog signal. Within this

    period, consumers of television programming

    that have analog receivers will continue to see

    the images in 4:3 format. That fact determines

    that the productions in high definition, while

    capturing images with larger viewing area and

    have high contrast ratio (>1000:1) must be main-

    tain the elements of visual storytelling within the

    smallest area and with the contrast ratio of the

    analog tv (30:1), at the risk of distorting visually

    the messages produced by the directors.

    Key wordsTelevisual aesthetic - image composition -

    16:9 - digital TV

    Artculo:Recibido: 21/10/2013Aceptado: 11/11/2013

  • 7/24/2019 Esttica Da Imagem Na Tv Dig

    2/12

    anclajes

    114

    N77/

    noviembrede2013-febrerode2014RevistaTram[p]asdelacomunicacinylacultura

    ISSN

    2314-274X

    Nuevas lgicas de ver y de hacer televisin en la Argentina y en Brasil. AMRICA LATINA DIGITAL

    Com a evoluo tecnolgicaa televiso ganhou cor, melhordefinio, melhores recursos deproduo, porm a proporo deimagem no formato 4:3 s pode

    ser alterado com a tecnologia di-gital para captao, registro, edi-o e exibio de imagens. Coma evoluo tecnolgica tornou--se possvel aproximar a imagemapresentada na televiso compa-tvel com a apresentada no cine-ma: maior rea de exposio dasimagens com o aumento da varre-dura horizontal: a proporo 16:9.Devido tecnologia de captao,armazenamento, processamento etransmisso da imagem na TV di-gital, vrios formatos se tornarampossveis, tanto na imagem est-tica quanto na imagem em movi-mento.

    Os formatos para transmissoda imagem digital definidos parao Brasil so:

    LDTV(Low Definition Television)para transmisso de TV digital paradispositivos mveis. Transmite as

    imagens na resoluo 320x240pixels, menos da metade da qua-

    lidade da imagem da TV analgicaatual, mas tem a finalidade de sercaptada por dispositivos mveis,cujas telas variam em dimensesentre 3,5 polegadas e 9 polegadas.

    Telas pequenas que no compor-tam alta resoluo.SDTV (Standard Definition Te-

    levision) com melhor qualidadede imagem que o sistema atual,contempla a transmisso digitalcom resoluo de 720 pixels porlinha com 480 linhas, podendo serna proporo 4:3 ou 16:9, em re-soluo de imagem standard cujaqualidade j se apresenta muitosuperior que a transmisso em TVanalgica. Sendo a resoluo ho-rizontal da imagem neste formatode 720 pixels,1 a transmisso naproporo 16:9 se utiliza do for-mato de compresso anamorphicswidescreen.

    EDTV(Extended Definition Tele-vision) com qualidade de alta defi-nio de qualidade intermediria.Este formato apresenta imagensem alta definio, com resoluo

    de 1440 pixels na horizontal com1080 linhas, cuja definio em

    imagem digital o dobro da qua-lidade em relao TV analgica.

    HDTV (High Definition Televi-sion) cerca de 5 vezes mais qua-lidade de imagem que o atual.

    Tambm chamado full-HD aresoluo mxima atualmente al-canada pela TV Digital, com 1920pixels por linha com 1080 linhascom varredura progressiva, esteformato o ideal em TV de altaresoluo.

    A figura 1 seguinte apresentacada formato, respectiva resolu-o de imagem, a quantidade dequadros para formao da ima-gem e o formato de tela corres-pondente.

    A figura 2 demonstra o espaofsico de tela para cada tipo de pa-dro de transmisso com as dife-rentes resolues horizontais (pi-xel por linha) e verticais (nmerode linhas).

    A figura comparativa (Fig.2)mostra que no espao fsico detela ocupado para cada tipo deresoluo, a resoluo de imagem

    em 1920x1080 permite mais ele-mentos de imagem, pixels, o queresulta na exibio com maioresdetalhes da imagem.

    Embora existam diferentes n-meros de linhas na formao daimagem na TV em diferentes pa-ses, todos os sistemas analgicosutilizam a relao de aspecto naproporo 4:3. Sendo o formato16:9 o padro de aspecto definidopara a imagem na TV Digital, sur-gem diversos problemas envolven-do a produo e a exibio:

    toda produo televisiva ocor-rida at agora, incluindo todo ma-terial em arquivo nos centros dedocumentao, esto no formato4:3;

    todo parque tcnico atual des-de as pequenas at as grandes re-des so compostos por cmeras,gravadores, switchers de vdeo,

    Figura 1: Formatos de transmisso da TV Digital. Figura organizadae produzida pelo autor

  • 7/24/2019 Esttica Da Imagem Na Tv Dig

    3/12

    Facultad de Periodismo y Comunicacin Social / UNLP

    anclajes

    115

    geradores de caracteres, distribui-dores de vdeo, monitores de vdeo

    e todos os demais equipamentosperifricos, que processam o vdeoem 4:3;

    as emissoras devero trans-mitir o sinal de vdeo da progra-mao no sistema analgico e nosistema digital, simultaneamente,at o desligamento do analgico;

    a transmisso digital permitea transmisso de sinal em HDTV.EDTV, SDTV e LDTV, nos aspectos4:3 e 16:9;

    a transmisso analgica per-mite apenas a transmisso no for-mato 4:3;

    quase 90 % dos televisoresexistentes no Brasil recebem so-mente sinal analgico, nos apa-relhos receptores convencionais,os quais podem exibir a imagemsomente no formato 4:3 (SBTVD,2010);

    Existem diversas possibilidades

    de converso do aspecto de ima-gem. Como todo processo em im-plantao, a produo de TV nesseprocesso de transio deve levarem conta que, mesmo tendo umpequeno pblico possuidor de re-ceptores de TV com tela formato16:9, as novas obras audiovisuaisdevero ser elaboradas conscien-temente para os dois pblicos.Gradativamente o nmero de re-ceptores com tela mais larga iraumentar, medida que os atuaistelevisores analgicos se tornaroobsoletos e sero abandonados.Pelo menos esta a premissa querege o perodo com transmissonos dois sistemas simultaneamen-te. Esta obrigatoriedade da produ-o para dois destinos impe limi-taes em vrios quesitos:

    composio visual: respeitan-do as reas teis do 4:3, mantendo

    nas laterais imagens vlidas paraquem as v em widescreen, porm

    sem colocar nestas reas, denomi-nadas saveguard elementos signi-ficativos da narrativa visual;

    relao de contraste: a ima-gem captada por cmera HDTVcom capacidade para registraralta relao de contraste ser vis-ta tambm por receptores anal-gicos, cuja relao de contrasteainda baixa, logo, detalhes sutiscom baixa relao de contrastesero vistos num receptor digitalem HDTV porm no sero visua-lizadas em um receptor analgico,prejudicando a entrega da mensa-gem como o produtor/diretor pre-tendia;

    imagens antigas: principal-mente as de arquivo, que sero in-tercaladas com as atuais, as quaisdevero ser tratadas com cuidadosespeciais;

    definio de imagem: as no-

    vas cmeras em alta resoluopermitem o registro de detalhesvisveis em HDTV, mas os recepto-res analgicos no tem capacida-de de exibio dos detalhes. Por-tanto ao compor uma cena o di-

    retor deve tomar o cuidado de nocolocar elementos significativos

    para a narrativa visual em altosdetalhes sob o risco deste nvel dedetalhamento no ser percebidopelo pblico que v em receptoranalgico;

    Relao de contraste da imagemanalgica e digital

    O contraste a capacidade depercepo entre a parte mais clarae a parte mais escura de uma cena.A relao de contraste entre o per-sonagem em um plano e as ima-gens de fundo que determina apercepo da forma, a qualidade elegibilidade visual da imagem comsuas formas e estticas. Uma ima-gem em primeiro plano, que temao fundo imagem com contrasteparecido, torna-se impercept-vel e suas formas podem no serretransmitidas ao telespectador

    como deveriam.Uma das limitaes significati-

    vas na formao da imagem quena televiso analgica a relaode contraste de 30:1. A partemais clara de uma cena deve ser

    Figura 2: Formatos de transmisso da TV Digital. Figura organizadae produzida pelo autor

    A Esttica da Imagem na TV digitalpor Willians Cerozzi Balan

  • 7/24/2019 Esttica Da Imagem Na Tv Dig

    4/12

  • 7/24/2019 Esttica Da Imagem Na Tv Dig

    5/12

    Facultad de Periodismo y Comunicacin Social / UNLP

    anclajes

    117

    luz incidida no cantor com roupasbrancas seja atenuada para que oquadro completo da imagem este-ja dentro da relao de contraste30:1. Assim a cena ser visualizadasem saturar a roupa branca nemborrar a roupa preta.

    A qualidade no melhor so-mente pela quantidade de pixelsque formam a imagem em alta de-finio, mas tambm pela relaode contraste maior, que permiteuma imagem ter nuances maissutis entre as partes mais claras elevemente mais escuras em umacena. Mais ainda, no prprio ros-to do personagem. So as nuancesentre sombra e luz que permitema percepo da tridimensionalida-de na TV, cuja tela bidimensio-nal e, em consequncia, permite a

    percepo da textura do materialseja ele a pele, um plstico, ma-deira, tecido, pedra, etc. A texturado material s percebida na telada TV devido rugosidade e capa-cidade reflexiva caracterstica decada material, iluminada por umaluz no muito suave, cujas som-bras nas pequenas rugosidadespermitem a percepo da texturacaracterstica de cada material.Juntando a capacidade da c-mera HD em registrar elementosmenores da imagem, com maiornmero de detalhes na formaodesta imagem, com a alta relaode contraste, torna a cmera HDuma ferramenta necessria, pelasimagens maravilhosas que propor-ciona, mas tambm a torna umavil, quando estas imagens vistas

    num televisor que tem pixels su-ficientes para exibir os mnimosdetalhes e relao de contrastesuficiente para exibir as mnimasdiferenas de sombra e luz, tam-bm ter de ser vista em televiso-res analgicos que podem exibirno mximo 450 pixels por linha,com 525 linhas e com uma relaode contraste de no mximo 30:1. um verdadeiro banho de guafria para o produtor e diretor: ternas mos uma ferramenta queoferece uma imagem cristalina eter que preparar as cenas de formaque possam ser vistas tambm emreceptores comuns. Por analogia como se o diretor tivesse nas mosum avio supersnico e precisas-se pilotar como se fosse um aviomonomotor.

    Figura 4: Escala de cinza para HDTVaspecto 16:9

    Figura 6: Imagem original em HD vista em TV HD.Visualizao normal. Produzida pelo autor

    Figura 5: Escala de cinza com relao de contraste30:1aspecto 4:3

    Figura 7: Mesma imagem vista em TV analgico. Visua-lizao das partes claras saturadas Produzida pelo autor

    A Esttica da Imagem na TV digitalpor Willians Cerozzi Balan

  • 7/24/2019 Esttica Da Imagem Na Tv Dig

    6/12

    anclajes

    118

    N77/

    noviembrede2013-febrerode2014RevistaTram[p]asdelacomunicacinylacultura

    ISSN

    2314-274X

    Nuevas lgicas de ver y de hacer televisin en la Argentina y en Brasil. AMRICA LATINA DIGITAL

    Convivncia dos formatos daimagem em 4:3 e 16:9

    O quesito composio visual o que mais deve receber cuidados,

    quando a preocupao a convi-vncia de formatos. A montagemcenogrfica, elementos de cena,centro de interesse e posio depersonagens deve ser planejadacuidadosamente e os gabaritosque demarcam a rea 4:3 em ummonitor de proporo 16:9 devemser utilizados obrigatoriamenteutilizando-se do total da rea 16:9com saveguard da rea 4:3. A fi-guras 8 e 9 apresentam o gabaritoreferencial para determinao dasreas 16:9, rea til do aspecto 4:3e o saveguard, espao que deve terimagens vlidas, porm no devemter elementos significativos paracompreenso da narrativa visual.

    A figura 10 mostra imagem pro-duzida originalmente em 16x9 vi-sualizada em um televisor com ca-pacidade 16x9. A figura 11 mostraa mesma imagem convertida pelo

    formato crop para ser visualizadaem um televisor 4x3. E a figura 12a exibio em formato Letter-box.

    Observa-se na figura 10 que acena clssica est em tamanhooriginal, vista em tela com aspectocompatvel, do filme Indiana Jo-

    nes, onde a visualizao de todosos elementos do quadro so per-cebidos em um mesmo momen-to o que desperta no espectadoruma emoo de alta estimulao.

    A narrativa visual no foi altera-da, proporcionando ao espectadorperceber toda situao dramticaprevista pelo diretor. Porm nafigura 11, nota-se que a conver-so edge crop, altera a cena comos cortes laterais, prejudicando anarrativa dramtica. Para minimi-zar este tipo de problema, o mto-do de converso letter-box (Fig.12)deveria ser o preferido, pois o re-sultado visual apresenta todos oselementos visuais necessrios paraa narrativa prevista pelo diretor,apenas com o inconveniente dasbarras pretas nas partes superior einferior da tela.

    Converso da imagem 16:9 oumaior para exibio em 4:3

    A mudana da proporo da telade TV de 4:3 para 16:9 poder im-plicar em mudanas na disposiodos elementos que compem e

    estruturam a imagem e a criaodo centro de interesse de cena.Diretores de cena, diretores de TVe diretores de fotografia discutemos problemas causados em suasobras ocasionados pela adaptaode formato. Ao elaborar o pla-

    no de cena, centro de interesse erespectiva composio visual, osdiretores tomam por base a reatil da tela, os espaos de cena,onde os elementos narrativos da

    imagem fazem parte do contextoda linguagem. Uma obra produzi-da originariamente para ser vistaem tela mais larga ao ser adapta-da para uma tela 4:3 pode perderelementos que podem ser funda-mentais para a narrativa visualdesejada.

    A prtica da exibio na tele-viso 4:3, de filmes produzidosoriginalmente com aspectos delargura maior, utiliza dois forma-tos de converso: o edge crop eo pan and scan.

    Edge Crop: nesta converso, mantida a altura do quadro ori-ginal, de forma que as margenssuperior e inferior fiquem encai-xadas na altura do quadro da TV.Em consequncia necessriocortar parte da largura. O cortepode ocorrer proporcionalmentena lateral esquerda e na lateral

    direita, ou pores maiores de umlado e menores de outro, conformeo centro de interesse da cena ori-ginal. Nesta converso se procurapreservar na rea visvel da ima-gem, o mximo possvel da narra-tiva visual.

    Figura 8: Saveguardda rea 4:3 em captao 16:9Cena do telejornal BBC NewsBBC LondresEsquema produzido pelo autor

    Figura 9: Saveguardaplicado em cena da novelaPassione-Rede GloboEsquema produzido pelo autor

  • 7/24/2019 Esttica Da Imagem Na Tv Dig

    7/12

    Facultad de Periodismo y Comunicacin Social / UNLP

    anclajes

    119

    Pan and Scan: este recurso deconverso utilizado em cenasque possuem elementos impor-tantes para a narrativa visual namargem esquerda e na margemdireita da cena, posicionados detal forma que se o recurso cropfor utilizado parte da narrativa seperder. O pan and scan con-siste em re-editar a cena, criandoum movimento panormico para

    que o espectador possa ver osdois lados da cena em um movi-mento como se fosse um movi-

    mento de cmera. Este movimen-to est representado nas figuras13 a 16.

    Estes dois processos de conver-so, Edge-Crop e Pan and Scan,alteram a linguagem originaladotada pelo diretor da obra. Ce-nas cujos enquadramentos foramcuidadosamente planejados paraque a narrativa visual tambmconta a histria do contedo dra-

    mtico, ao serem recortadas oureeditadas podem comprometeros objetivos originais do diretor.

    Figura 10: Imagem 16x9 na TV 16x9Esquema produzido pelo autor

    Figura 11: Imagem 16x9 naTV 4x3. Converso: Edge CropEsquema produzido pelo autor

    Figura 12: Imagem 16x9 naTV 4x3. Converso: Letter-BoxEsquema produzido pelo autor

    Figura 9: Imagem originalCena do filme Indiana Jones-Paramount

    Independente de o formato ori-ginal estar no aspecto 16:9, 14x9,9x5, ou outras, a converso deverespeitar as margens esquerda edireita da cena, de forma que seencaixasse dentro dos limites datela formato 4:3. Este formatoaqui apresentado como forma deconverso dos filmes para DVD,conhecido por letter-box, tam-bm aplicado na converso de

    formatos para a TV Digital, defi-nido a seguir.

    Letter-box: esta converso

    A Esttica da Imagem na TV digitalpor Willians Cerozzi Balan

  • 7/24/2019 Esttica Da Imagem Na Tv Dig

    8/12

    anclajes

    120

    N77/

    noviembrede2013-febrerode2014RevistaTram[p]asdelacomunicacinylacultura

    ISSN

    2314-274X

    Nuevas lgicas de ver y de hacer televisin en la Argentina y en Brasil. AMRICA LATINA DIGITAL

    mantm a proporo 16:9 (ou si-milar) dentro de um quadro 4:3.O inconveniente que, para noocorrer distoro geomtrica navertical da imagem original, as

    partes superior e inferior do qua-dro so completados com barraspretas. Estas barras so maioresou menores, dependendo da pro-poro da imagem original.

    Quando se trata de filmes paraexibio em DVD, as conversescitadas so as mais utilizadas umavez que a exibio se d em am-biente domstico. A exibio defilmes na TV aberta, por opo desua programao, em tela cheia,ou seja, o formato letter-box no uma opo, por isso os formatosedge-crop e pan and scan per-manecem como preferenciais nasemissoras de TV por opo de seusdiretores de programao, quepreferem a tela cheia a transmitirbarras horizontais pretas acima eabaixo das cenas.

    Converso da imagem original4:3 para exibio no aspecto 16:9

    Edge Blank ou Pillar-box: for-mato mais convencional e utili-zado pela maioria das emissoras,consiste em encaixar a imagemoriginal 4:3 no quadro da tela16:9, ajustando-se a margemsuperior e inferior dentro dos pa-dres de varredura originais. Aolado da imagem 4:3 os espaos

    Figura 14: Converso Pan Scan

    Inicio do movimento panormicoEsquema produzido pelo autor

    Figura 15: Converso Pan Scan

    Meio do movimento

    Esquema produzido pelo autor

    Figura 16: Converso Pan Scan

    Final do movimento panormicoEsquema produzido pelo autor

    laterais so preenchidos em pretoou com outros recursos que sodescritos a seguir. Com esta op-o de converso, a rea til daimagem original vista tanto em

    receptores analgicos quanto emreceptores digitais. (Fig. 17 e19).Anamorphics WideScreen: a

    imagem 4:3 esticada na hori-zontal, para que suas margenslaterais se encaixem no quadrodo televisor 16:9 (Fig.18). o queacontece atualmente quando seassiste a programa gerado pela TVanalgica em um receptor de LED,LCD ou Plasma. No receptor existea configurao para que a imagemseja vista no formato original 4:3,porm os telespectadores prefe-rem ver a tela cheia, mesmo que,com isso, a imagem fique distorci-da na horizontal. Como a imagem esticada lateralmente, as formascirculares ficam ovais e as pessoasficam mais gordas. Curiosamente,aps certo tempo de exposio aeste tipo de converso, o telespec-tador se acostuma e no se sente

    mais incomodado com o estranha-mento da deformao.Para minimizar o impacto visual

    das tarjas pretas laterais, inds-trias desenvolveram equipamen-tos para gerar grafismos a sereminseridos nos espaos pretos comvrias opes de configurao.Permite inserir um grafismo pre-

    viamente preparado, dentro daunidade visual do programa emquesto, padres prontos comvisuais coloridos ou diversas tex-turas, ou permite a criao de

    um grafismo dinmico, no qual oequipamento colhe informaesda imagem em tempo real duran-te a exibio e retira amostras denveis de intensidade, tom e corese cria um grafismo dinmico quevai preenchendo os espaos pre-tos automaticamente. Este recursotem por objetivo tornar a imagem4:3 vista em televisor 16:9 comum trato esttico mais agradvel.

    Crop: trata-se de cortar a ima-gem 4:3 nas margens superior einferior, na proporo que permitaencaixar as margens laterais daimagem nas margens laterais datela 16:9. Este formato tem ge-rado discusses entre os diretoresdos programas por alterar planose enquadramentos minuciosa-mente planejados para a narrati-va visual. Cada cena produzidasegundo a sensao que ela deve

    passar ao telespectador, com baseno contedo dramtico. A posi-o do personagem, o ngulo deenquadramento, a disposio doselementos cenogrficos e objetosde cena, a profundidade, a proxi-midade do rosto dos atores dentrodo quadro visual da TV, so plane-jados para se obter o maior envol-

  • 7/24/2019 Esttica Da Imagem Na Tv Dig

    9/12

    Facultad de Periodismo y Comunicacin Social / UNLP

    anclajes

    121

    Figura 17: Imagem 4:3 vista no TV16:9 configurado para 4:3 no re-ceptorCena da novela Escrito nas Estrelas

    Rede Globo

    Figura 19: Formato Edge Blank ouPillar-boxCena da novela Ribeiro do TempoRede Record

    Figura 20: Imagem 4:3 em tela 16:9com grafismo Edge-Blank

    Cena da escalada-Jornal da Noite

    Rede Bandeirantes

    Figura 18: Converso AnamorphicsWideScreen

    Cena da novelaEscrito nas EstrelasRede GloboIlustraes produzidas pelo autor

    vimento possvel do telespectadorcom a trama apresentada. A utili-zao dos formatos de conversoEdge-Crop, Pan and Scan e Crop,

    distorcem a expectativa dramticaplanejada pelo diretor. Por estasrazes Cicero Marques da TV SBT,Brasil, informa sobre o uso destesformatos de converso, que nor-malmente no utilizado, pois j

    causou polmicas com diretoresque no concordam com cortes emovimentos de cenas fora do ro-teiro original4.

    Na figura 21 se observa a cenaoriginal, em enquadramento planomdio, que gera no telespectador asensao do dilogo normal, maisameno do dia a dia, com nvel deateno de mdia estimulao. A

    mesma cena apresentada na fi-gura 22 com o mtodo de conver-so crop. Observa-se que este for-mato de converso forou a mu-

    dana do enquadramento de umplano mdio para um close, fora docontexto dramtico, em um planode enquadramento fora da sensa-o dramtica planejada pelo ro-teirista e desejado pelo diretor.

    A Esttica da Imagem na TV digitalpor Willians Cerozzi Balan

  • 7/24/2019 Esttica Da Imagem Na Tv Dig

    10/12

    anclajes

    122

    N77/

    noviembrede2013-febrerode2014RevistaTram[p]asdelacomunicacinylacultura

    ISSN

    2314-274X

    Nuevas lgicas de ver y de hacer televisin en la Argentina y en Brasil. AMRICA LATINA DIGITAL

    Daniel Filho, diretor brasileirode cinema e televiso descreve oclose como sendo os olhos dotelespectador passando pelos per-sonagens, remetendo-o a sentir o

    que os personagens esto sentin-do, olhos mais atentos ao rosto dequem fala, emoo mais acirrada,diferente do plano mdio, quandoa conversa mais amena. Explicaque o corte de plano, a determi-nao do que ser close, plano ge-ral ou panormica, deve funcionarorganicamente. (...) Em uma reu-nio, seja familiar, entre amigosou de negcios, tente se afastarno fisicamente, mas como sefosse um espectador. (...) Se duaspessoas estiverem conversando,conforme a emoo de cada uma,seu olhar se detm em uma ou emoutra. s vezes seus olhos pas-sam por todos os presentes, parasentir como eles esto. Repararque se algo mais forte dito, suavista fica mais atenta ao rosto dequem diz, ou de quem recebe afala. Voc est vendo um close. Se

    a conversa fica mais amena, seusolhos captam o plano geral5. Es-clarece ainda que pode ser quea prpria cmera se aproximan-do em close ajude o espectador acaptar o que o personagem estsentindo. A cmera se aproximaporque voc quer ficar mais pertodos atores, da cena, lentamente. orgnico mesmo. (...) Ao pensarnuma cena, bom estudar comose chega ao plano emocional, quepode ser um close absurdo ou umcara no canto da tela com umatremenda paisagem ao fundo. Esse o segredo: conduzir a cena parachegar nesse plano sem que o es-pectador perceba6.

    Isto justifica o porqu dos di-retores discordarem de algunstipos de converso tecnicamentepossveis, porm com distorodos envolvimentos desejados pelo

    diretor junto ao telespectador. Aobservao a estes quesitos comcerteza propiciar aos produtorese diretores, a realizao de obrasaudiovisuais de entretenimento

    e dramaturgia com condies deconviver com os dois formatos detela durante e aps o prazo previs-to para a implantao total da TVDigital no Brasil, sem distoresentre o que o diretor quer passare o que realmente o telespectadorvai receber.

    Outros aspectos da produotambm devem ser observadoscomo materiais cenogrficos,elementos de cena, maquiageme figurino.Por esta razo JaimeMonjardim, diretor de cinema eteleviso e Nelson Farias, Diretorde Engenharia da Rede Globo con-cordam que os materiais utilizadosem cenografia, objetos de cena, ostecidos dos figurinos, precisam sermais reais. Os elementos cenogr-ficos da categoria alimentos pre-cisam ser produzidos como outrosmateriais ainda no definidos, pois

    os atuais, feitos em silicone, resinae espuma, no convencero maiso telespectador. Monjardim expli-ca Estamos investindo em carac-terizao, preparao de equipes,cenografia, estudos e pesquisas,novos materiais, tipo de madeira,figurino. Quando a gente fez a no-vela Pginas da Vida, tivemos apreocupao de reconstruir o Le-blon muito fielmente. Ns usamosum material de cimento que foicriado para que a textura que vocv a olho nu quando anda pelo Le-blon fosse a mesma da cidade ce-nogrfica7. Nelson Farias, Diretorde Engenharia da Rede Globo, ex-plica ns tivemos que mudar v-rios processos de gravao de dra-maturgia porque h uma srie dedetalhes que passam a ser visveisna casa do telespectador. A TV temque ser mais do que real8(MON-

    JARDIM, 2008) e esclarece queO HD [tecnologia de alta defini-o] enxerga tudo, sem exceo(...) com essas imagens, aumentaa preocupao com maquiagem,

    figurino e cenografia. Cabe ao di-retor promover esse avano para anova era. (MONJARDIM, 2007)

    At que o sistema analgicoseja desligado, as duas tecnolo-gias convivero simultaneamente.Isto implica que as produes emalta definio (1920 x 1080 pixels,com relao de contraste acimade 1000:1 e relao de aspectoda tela 16:9) ainda sero vistasem televisores de baixa definio(relao de contraste 30:1 for-mato de tela 4:3), o que tambmacontecer nos pases que estoimplantando a TV Digital. Nestecenrio, necessrio refletir e seperguntar: como trabalhar a pro-duo de imagens e a composiovisual na TV digital com recursosavanados quando a maioria dostelespectadores no ter recur-sos para ver estas imagens nos

    televisores analgicos? E, comodeterminar novos modelos arts-ticos imagticos para esta novatecnologia, que requer radical-mente muito mais preciso nosprocedimentos de produo? Porestas e outras razes necessrioresgatar o assunto, apresentar aspossibilidades de produo meto-dolgica e sistematizada e servirtanto aos profissionais experien-tes quanto aos que se iniciam narea como forma metodolgicapara a produo televisiva comos novos recursos oferecidos pelaTV Digital em alta definio. Oestudo dos recursos desta novatecnologia da produo dos in-meros segmentos da construo eveiculao da imagem na TV Digi-tal deve diagnosticar as alteraesque ocorrem quando esta com-parada com a tecnologia anterior.

  • 7/24/2019 Esttica Da Imagem Na Tv Dig

    11/12

    Facultad de Periodismo y Comunicacin Social / UNLP

    anclajes

    123

    O resultado esttico de uma obradepende diretamente da tecnologia

    utilizada para sua produo. Umjornal impresso em preto e brancono pode publicar fotos coloridascuja composio visual coloridaseja a narrativa desejada pela men-sagem. Assim tambm ocorre coma TV em alta definio. imperativomanter sempre presente a realida-de que durante os prximos anosos telespectadores ainda receberoas imagens de TV em televisorescomuns. O Engenheiro Carlos Finida TV Globo, Brasil, explica quea grande questo saber comoproduzir, editar e exibir contedonesse novo formato em um curtoespao de tempo. Para isso, ne-cessrio conhecimento, treinamen-to e tambm investimento. Aqui naGlobo, estamos trabalhando muitonessa rea9. (FINI, 2008)

    O grande desafio dos produtoresde TV ser produzir imagens em

    alta definio com alta relao decontraste cujo contedo esttico,dependente da tecnologia de pro-duo e exibio para ser obser-vado, possa ser captado, editado,ps-produzido e visto no receptorconvencional sem distores damensagem. Se os produtores decontedo no se atentarem paraestas caractersticas correro orisco de ter sua obra distorcida narecepo analgica. LembrandoMcLuhan, o meio a mensagem.Se as caractersticas da tecnologiaHDTV durante a convivncia coma tecnologia da TV analgica noforem respeitadas em suas espe-cificidades tcnicas e tecnolgicasna produo, a mensagem chegardistorcida ao receptor. Esta situa-o continuar at o momento emque a televiso analgica for defi-nitivamente desativada.

    Notas

    1 Juno dos termos Picture e Element.PIX a abreviatura de Picture em

    ingls. o menor elemento que compe

    a imagem. Quanto maior a quantidade

    de pixels mais detalhes so registrados e

    percebidos em uma imagem. Os pixels so

    dispostos em fileiras e colunas no sensor de

    imagem de uma cmera de TV ou mquina

    fotogrfica digital, que vistos partir de

    uma certa distncia no so percebidos

    individualmente mas sim pelo conjunto,

    formando assim, a imagem. Este vocbulo

    j foi incorporado ao Dicionrio da Lngua

    Portuguesa.

    2 Difusores: acessrio para iluminao

    que suaviza e espalha a luz emitida pelo

    refletor;

    3 Dimmer: equipamento que permite

    controlar a intensidade da luz do refletor

    desde a emisso da potncia total da luz

    at totalmente apagada;

    4 Ccero Marques. SBT HD Convivncia de

    Formatos, 2007;

    Daniel Filho, O Circo Eletrnico, FazendoTV no Brasil, p.201;

    5 Daniel Filho, O Circo Eletrnico, Fazendo

    TV no Brasil, p.225;

    6 Jaime Monjardim, diretor de cinema e

    televiso;

    7 Nelson Farias, diretor de Engenharia da

    Rede Globo, 2008;

    8 Eng. Carlos Fini, TV Globo Brasil, 2008;

    A Esttica da Imagem na TV digitalpor Willians Cerozzi Balan

  • 7/24/2019 Esttica Da Imagem Na Tv Dig

    12/12

    anclajes

    124

    N77/

    noviembrede2013-febrerode2014RevistaTram[p]asdelacomunicacinylacultura

    ISSN

    2314-274X

    Nuevas lgicas de ver y de hacer televisin en la Argentina y en Brasil. AMRICA LATINA DIGITAL

    Referncias

    DTV Site oficial da Televiso Digital

    Brasileira. Disponvel em

    http://www.dtv.org.br

    FARIAS, Nelson. Diretor de Engenhariada Rede Globo, Processos de Gravao de

    Dramaturgia in RJTV TV Globo Rio, edio

    de 16/06/2008, Rio de Janeiro, 2008.

    FAVILLA, Renato. Gerente de Engenharia da

    TV Tem, afiliada da Rede Globo, Engenheiro

    da Linear Equipamentos Eletrnicos.

    Entrevista concedida. 2010.

    FERNANDES, Hlio. Gerente de Operaes

    da TV Globo So Paulo. Entrevista

    concedida. So Paulo, TV Globo, 2010.

    FILHO, Daniel. O Circo Eletrnico, Fazendo

    TV no Brasil. Rio de Janeiro, Zahar, 2001.

    FINI, Carlos In: Alta definio revoluciona

    vida de profissionais da TV. Disponvel

    em http://g1.globo.com/Noticias/

    Tecnologia/0,,MUL178254-6174,00.html.

    Acesso em: 16 jul.2008.

    INDIANA JONES. Filme. Direo: Steven

    Spielberg, [1981]. 4 Fotografias, color. EUA:

    Paramount Pictures, 1981.

    JACOMINO. nio Srgio. Superintendente

    da Rede Paranaense de Televiso (Globo).

    Entrevista concedida. 12 dez 2008.MACHADO, Arlindo. O mito da alta

    definio. In: SQUIRRA, Sebastio; FECHINE,

    Yvana (Orgs.). Televiso digital, desafios

    para a comunicao. Porto Alegre: Sulina,

    2009. p. 223-230.

    MARQUES, Ccero. SBT HD Convivncia de

    Formatos. So Paulo, SET, 2005.

    MCLUHAN, Marshall. Os meios de

    comunicao como extenso do homem,

    8.ed. So Paulo: Cultrix, 1996.

    MONJARDIM, Jayme. TV digital a revoluo

    da imagem. site G1 da TV Globo disponvel

    em: http://g1.globo.com/Noticias/

    Tecnologia/0,,MUL178264-6174,00.html,

    Acesso em: 20 jun.2008.

    OLIVEIRA SOBRINHO, J.B. 50 Anos de

    Televiso no Brasil. So Paulo: Editora

    Globo, 2000.

    SBTVD Site do Frum do Sistema Brasileiro

    de TV Digital Terrestre. Disponvel em:

    http://forumsbtvd.org.br

    SET Site da Sociedade Brasileira de

    Engenharia de Televiso. Disponvel em:

    http://www.set.com.br

    SQUIRRA, Sebastio; FECHINE, Yvana

    (Org.). Televiso Digital: Desafios para a

    Comunicao. Porto Alegre, Sulina. 2009.