Estudo Do to Em Linha de Balanco

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    UIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

    ESCOLA POLITCICA

    DEPARTAMETO DE COSTRUO E ESTRUTURAS

    ADRIAO OLIVEIRA MATOS

    ESTUDO DO PLAEJAMETO EM LIHA DE BALAO

    DE UMA OBRA EM PAREDES-PAIIS COM APLICAES

    DE PRICPIOS DA COSTRUO EXUTA

    Salvador2006

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    ADRIANO OLIVEIRA MATOS

    ESTUDO DO PLAEJAMETO EM LIHA DE BALAO

    DE UMA OBRA EM PAREDES-PAIIS COM APLICAES

    DE PRICPIOS DA COSTRUO EXUTA

    Monografia apresentada ao Curso deEspecializao em Gesto e Tecnologiada Produo de Edifcios da EscolaPolitcnica da Universidade Federal daBahia.

    Orientador: Prof. Dr. Emerson de Andrade Marques FerreiraCo-orientador: Profa. Dra. Dbora de Gis Santos

    Salvador2006

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    minha me Sonia, um farol, que

    sempre me norteou a ter f e

    perseverana nos momentos de

    incerteza. Marysa, minha fonte

    inesgotvel de inspirao, meu arrimo,voc faz meus olhos brilharem. E a toda

    minha famlia, Pai, irmos e sobrinhos,

    pelo apoio. Essa vitria no minha, se

    no for de vocs. Muito obrigado.

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    AGRADECIMETOS

    Professora Dbora de Gis Santos, pela orientao, crtica e pacincia.

    empresa Norcon, por permitir utilizar as suas obras como instrumento de

    pesquisa e dados.

    Aos colegas engenheiros, tcnicos, estagirios e envolvidos na obra estudada

    neste trabalho, pela pacincia e boa vontade em esclarecer as dvidas em seu local de

    trabalho.

    A Deus, Nossa Senhora e Amigos Protetores, que esto sempre a me proteger nas

    preces de minha me.

    Aos que acreditaram na concluso do trabalho.

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    A vitria cabe ao que mais persevera.Napoleo Bonaparte

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    RESUMO

    Muito antes da vida contempornea impor a vivncia da realidade futura antes dela se

    concretizar devido s necessidades imediatas, os profissionais da construo civil assim j

    viviam, atravs de planejamentos e previses de aes a serem executadas. O desafio sempre

    foi determinar, com antecedncia, os problemas e as dificuldades a serem evitados no

    momento de executar os servios. Para tanto, o primordial determinar o que fazer, quem

    fazer, com o que, onde e, principalmente, quando e em que prazo. Neste trabalho so

    levantados temas e propostas de estudos que envolvem a programao de uma obra, atravs

    de uma ferramenta alternativa utilizada pela construtora no empreendimento em estudo, e

    tambm a introduo de novas tendncias de gesto de processos na programao de obras

    industrializadas. A idia do trabalho provocar o debate sobre uma forma alternativa de

    planejar e controlar uma obra de maneira simplificada, prtica e eficiente, que utiliza a tcnicade Linha de Balano, assim como enfocar os efeitos sobre esse planejamento decorridos da

    aplicao da forma de gesto de processos da construo enxuta em obras com paredes-

    painel.

    PALAVRAS-CHAVE: Planejamento; Gesto de Processos; Linha de Balano.

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    ABSTRACT

    A lot before the contemporary life to impose us the existence of the future reality before her to

    sum up due to the immediate needs, the professionals of the civil construction lived like this

    already, through planning and actions forecasts for execute. The challenge always went

    determine, in advance, problems and the difficulties for avoided in during the services. For so

    much, the primordial is to determine what to do, who to do, with the one that, where and,

    mainly, when and in that period. In this work they are lifted up themes and proposed of

    studies that involve work programming, through an alternative tool used for the manufacturer

    in the enterprise in study, and also the introduction of new tendencies of processes manager in

    the programming of industrialized works. The ideas work is to provoke the debate about an

    alternative form of to plan and to control a work in a simple way, practice and efficient, that it

    uses the Line of Balance technique, as well as focusing the effects about this planning in the

    application in the way of processes manager of the lean construction in works with wall-

    panel.

    KEYWORDS: Planning; Processes Manager; Line of Balance.

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    LISTAS

    LISTA DE ILUSTRAES

    1 - Paredes-painis na bateria ............................................................................................ 18

    2 Pr-laje na horizontal ...................................................................................................... 18

    3 Transporte em prtico ..................................................................................................... 19

    4 Transporte em caminho ................................................................................................. 19

    5 Assentamento das paredes-painis .................................................................................. 20

    6 Escoramento .................................................................................................................... 207 Modelo de processo na filosofia gerencial tradicional ................................................... 22

    8 Modelo de processo de Construo Enxuta .................................................................... 23

    9 Duas formas de planejar uma mesma obra (hipottica) .................................................. 27

    10 Definio de Linhas de Balano ................................................................................... 31

    11 Clculo de ritmo ............................................................................................................ 36

    12 Planta de situao do empreendimento Plano de ataque ........................................... 45

    13 Seqncia de execuo dos servios nos blocos ........................................................... 46

    14 Unidade Bsica (Pavimento tipo) ................................................................................. 49

    LISTA DE QUADROS

    1 WBS da Empresa ............................................................................................................ 47

    2 WBS do estudo ............................................................................................................... 48

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    SUMRIO

    1 ITRODUO ............................................................................................................. 10

    Justificativa ............................................................................................................... 10Objetivos ................................................................................................................... 11

    1.2.1 Objetivo geral ................................................................................................... 11

    1.2.2 Objetivo primrio ............................................................................................. 11

    1.2.3 Objetivo secundrio ......................................................................................... 12

    2 REVISO BIBLIOGRFICA ..................................................................................... 13

    2.1 Consideraes Gerais ................................................................................................ 132.2 Tcnica Construtiva de Painis Portantes ................................................................. 13

    2.2.1 Industrializao da construo civil no Brasil ................................................. 14

    2.2.2 Descrio e caractersticas do sistema ............................................................. 16

    2.2.3 Usinagem, transporte e montagem ................................................................... 17

    2.2.3.1 Usinagem .............................................................................................. 17

    2.2.3.2 Transporte ............................................................................................ 18

    2.2.3.3 Montagem ............................................................................................ 192.3 Princpios da Construo Enxuta .............................................................................. 21

    2.3.1 Base conceitual ................................................................................................. 21

    2.3.2 Princpios para a Gesto de Processos ............................................................. 24

    2.3.2.1 Reduzir a parcela de atividades que no agregam valor ...................... 25

    2.3.2.2 Reduzir a variabilidade ........................................................................ 25

    2.3.2.3 Reduzir o tempo de ciclo ...................................................................... 26

    2.3.2.4 Simplificao atravs de reduo de nmeros de partes ...................... 28

    2.4 Tcnica de Programao de Obra por Linha de Balano .......................................... 29

    2.4.1 Emprego da tcnica de Linha de Balano ........................................................ 30

    2.4.2 Caractersticas da aplicao da tcnica em edifcios ........................................ 31

    2.4.3 Metodologias de aplicao da Linha de Balano ............................................. 32

    2.4.4 Emprego da Linha de Balano (LDB) ............................................................. 33

    2.4.4.1 Tempo de durao das atividades ........................................................ 34

    2.4.4.2 Tempo de durao das unidades bsicas (D.U.) .................................. 34

    2.4.4.3 Durao total da obra ........................................................................... 35

    2.4.4.4 Eliminao de folgas entres atividades ................................................ 36

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    2.4.4.5 Determinao do nmero de equipes ................................................... 37

    2.4.4.6 Estratgia de execuo da obra ............................................................ 37

    3 METODOLOGIA ......................................................................................................... 39

    4 ESTUDO DE CASO: APLICAO DA TCICA DE LDB EM UMA

    EMPRESA .................................................................................................................. 41

    4.1 Descrio da Empresa e da Obra ............................................................................. 41

    4.2 Caractersticas da Obra ao Incio do Trabalho ......................................................... 42

    4.3 Propostas para a Elaborao do Planejamento por Linha de Balano ..................... 43

    5 RESULTADOS ECOTRADOS .............................................................................. 51

    6 COSIDERAES FIAIS E RECOMEDAES ............................................. 54

    REFERCIAS ............................................................................................................... 57

    APDICES .................................................................................................................... 59

    AEXOS .......................................................................................................................... 70

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    1ITRODUO

    1.1Justificativa

    Todo gerenciamento de uma obra parte do princpio de que a execuo dos

    servios seguir uma seqncia natural de precedncias. Entretanto, para se saber e

    determinar qual servio comear quando o seu antecessor permitir, no preciso vivenciar a

    necessidade.

    A capacidade de ordenar e idealizar servios que sero executados fora do tempo

    de preciso, com suas necessidades de recursos humanos, econmicos, fsico-espaciais e

    tecnolgicos, e prazo a habilidade de planejar ou programar.

    Nas empresas de construo civil, a programao prvia de servios tem como

    meta projetar os servios da obra, de maneira que se possa escolher, com antecedncia, os

    mtodos construtivos e os meios de produo. A finalidade do planejamento obter

    resultados equacionados entre o maior desempenho no processamento e o maior rendimento

    nos custos de execuo.

    Existem vrias ferramentas para planejar e acompanhar o desenvolvimento das

    atividades de execuo para a indstria da construo civil. A obra o produto final da

    construo civil e, como tal, a maioria dos seus processos se repete ao longo do

    empreendimento. Para projetos que tenham caractersticas lineares e de servios repetitivos, a

    tcnica de programao indicada a Linha de Balano, que possui como vantagens

    elaborao e acompanhamento, praticidade e facilidade de interpretao das atividades.

    Contudo, o sucesso de qualquer tcnica de planejamento a sua associao a uma

    gesto de processo que garanta no s a eficincia, como tambm a eficcia do sistema de

    produo da obra. Desta forma, o presente trabalho associou Linha de Balano a aplicao

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    dos princpios da construo enxuta e a industrializao da construo, por intermdio da

    montagem de paredes-painel.

    A aplicao dos princpios da nova filosofia de gerenciamento da construo

    enxuta uma tendncia que a construo civil vem utilizando para garantir os resultados da

    gesto de processos em suas obras.

    Alm da tcnica de planejamento e da gesto de processos, outro fator que deve

    ser levado em considerao para um bom desempenho o sistema construtivo. O sistema de

    construo por painis portantes em si j possui muito dos princpios da construo enxuta, o

    que pode ser considerado um facilitador, assim forma-se um terceiro sustentculo no estudo

    da aplicao em obra desses trs elementos.

    1.2Objetivos

    1.2.1 Objetivo geral

    O presente estudo tem como objetivo geral conferir o desempenho de duas

    tcnicas de programao atravs da otimizao das tarefas por meio de aglutinao. Elas tm

    em comum uma obra que possua em suas caractersticas principais a repetio de servios e a

    industrializao no seu sistema de produo.

    1.2.2 Objetivo primrio

    Avaliar os resultados da aplicao dos princpios da construo enxuta em um

    planejamento de pequenos lotes de produo, utilizando a tcnica de Linhas de Balano em

    obras de painis portantes e pr-lajes.

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    1.2.3 Objetivo secundrio

    Comparar a transparncia de informaes entre as tcnicas de programao Linha

    de Balano e a utilizada pela obra, em termos de visualizao dos recursos materiais e

    humanos, simplificao e rapidez na interpretao dos dados, e facilidade de elaborao.

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    2 REVISO BIBLIOGRFICA

    2.1 Consideraes Gerais

    Na rea da construo civil brasileira tem-se observado e debatido que esse setor

    da economia pouco tem se aproximado das caractersticas da industrializao, no que diz

    respeito ao planejamento das suas etapas de produo e, mais especificamente, ao controle e

    ritmo de execuo. Tal fato, na grande maioria das obras, resulta em projeto e execuo

    distantes entre si, talvez pela forma nica com que cada produto gerado, com suas incertezas

    de mercado, variabilidade da demanda, condies ambientais, e tambm pelo total

    desconhecimento, por parte das empresas, do controle dos processos da produo.

    A falta de planejamento, com a no aplicao de uma tcnica de programao

    adequada, faz que muitas vezes o empreendimento seja realizado com mtodos construtivos

    equivocados, deixando de ser uma produo enxuta para, conseqentemente, se aproximar de

    uma produo em massa.

    Neste captulo sero abordados os temas relativos ao planejamento e linha de

    produo em pequenos lotes no setor da construo civil, por meio de conceitos e tcnica de

    programao e industrializao, ou seja, da construo enxuta, linha de balano e aplicao de

    elementos pr-moldados, respectivamente. Estas abordagens vo alicerar a metodologia

    empregada.

    2.2 Tcnica Construtiva de Painis Portantes

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    2.2.1 Industrializao da construo civil no Brasil

    Aps a Segunda Guerra Mundial, a Europa necessitava de uma resposta tcnica e

    econmica para erguer e promover a indstria da construo; logo, a opo pelo Grande

    painel pr-fabricado foi a soluo encontrada, convertendo essa tecnologia em um logotipo

    daquele perodo (CAMPOS, 2003).

    As utilizaes em massa dessa tecnologia na rea da habitao, ocorridas naquela

    poca, criaram uma espcie de estigma, que ligava a construo com pr-fabricado. Isso

    ocorreu durante anos, devido uniformidade, monotonia, e rigidez na arquitetura, ou seja,

    nenhuma flexibilidade (Op. cit.).

    Tornar-se-ia muito estreita, permanecer ainda hoje, com a definio de

    industrializao calcada nos padres da Europa na poca do ps-guerra, sendo que esse

    modelo vem sendo revisado e reformulado nos seus pases de origem desde a dcada de 1980

    (Op. cit.).

    No Brasil, as construes pr-fabricadas de concreto surgiram na dcada de

    sessenta (1960), porm o sistema popularizou-se nos anos 1980 com as obras industriais (Op.

    cit.).

    Segundo Pedreira de Freitas (1993), nesta mesma poca uma forte crise assola o

    setor da construo civil do Brasil, fazendo com que houvessem expressivos cortes nos

    oramentos, atingindo muitas obras. Em conseqncia dessa situao, surgiu uma crescente

    procura para a construo de habitaes.

    Isso fez com que aumentasse a procura por uma alternativa na forma convencional

    de construo, que igualava as pequenas e grandes obras na adoo de suas tcnicas

    construtivas mais comuns na poca, como:

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    Execuo de estruturas em concreto armado e posterior complementao de

    seus vazios com elementos que possibilitem a vedao.

    Execuo de elementos de vedao com blocos, que possuam caractersticasestruturais (Op. cit.).

    Nos dois sistemas o nmero de elementos existentes que complementam o

    conjunto total da obra grande, tornando difcil equacionar a execuo com produtividade e

    qualidade. Entretanto, com a adoo de itens complementares, pode-se garantir a qualidade

    sem prejuzo da produtividade e do custo (PEDREIRA DE FREITAS, 1993).

    Na procura por novos processos construtivos, que conciliassem bons ndices de

    produtividade, qualidade e baixo custo, o Arquiteto Pedreira de Freitas conheceu na Colmbia

    uma tcnica de construo, de origem alem, adaptada para o pas importador. Aps anlise

    de viabilidade, resolveu introduzir tal sistema no Brasil, com adaptaes aos fatores

    climticos, econmicos e culturais do nosso pas (Op. cit.).

    Atravs de Pedreira de Freitas, o sistema de painis pr-fabricados de concreto,

    que justapostos formam pavimentos e edifcios completos, apresentado a um empresrio que

    decide experimentar o sistema em um loteamento. instalada uma usina de pr-fabricado

    que, no prazo de trinta dias, entrega um edifcio de quatro pavimentos (Op. cit.).

    De acordo com Franco (2005), com todos os objetivos tcnicos atingidos, tais

    como estanqueidade, isolamento trmico e acstico, baixos custos de manuteno e produo,

    alto ndice de produtividade, satisfao do cliente e competitividade de mercado, o sistema

    permite novos desafios, ou seja, a produo de edifcios de oito pavimentos.

    Assim, a partir de 1980, a tcnica de painis portantes est instalada no Brasil

    (PEDREIRA DE FREITAS, 1993), em Aracaju, capital do estado de Sergipe, atravs de uma

    das maiores empresas do ramo da construo civil do estado e da regio. O processo de

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    industrializao no estado passa a tomar formas mais robustas com a introduo de elementos

    de pr-lajes e pr-vigas nas obras (NORCON, 2006).

    A partir da, e a cada ano, a industrializao passou a ditar o ritmo dos

    empreendimentos no mercado sergipano, tanto das obras que possuem elementos pr-

    fabricados, pois assim conseguem aumentar sua produtividade, quanto das obras que no

    possuem pr-fabricados, pois so foradas a acompanhar o ritmo para no perder mercado

    (NORCON, 2006).

    2.2.2 Descrio e caractersticas do sistema

    Conforme Pedreira de Freitas (1993), o sistema foi pensado e criado para ser

    executado por elementos pr-moldados de concreto armado, preparados em centrais fora ou

    dentro do canteiro de obra. Os elementos bsicos que compem o conjunto de pr-moldados

    so painis portantes, pr-lajes, escadas e alguns elementos complementares.

    Por ter como caracterstica a completa pr-fabricao, o investimento inicial desse

    sistema alto, pois com o elevado ndice de repetio dos painis, necessrio o uso de

    frmas metlicas. Entretanto, a longo prazo, com o uso constante, o custo das frmas vai

    sendo amortizado e, conseqentemente, a edificao tem seu custo reduzido.

    Os painis portantes, como j explanado, tm funo estrutural e de vedao ao

    mesmo tempo, tm a superfcie lisa nos dois lados para as paredes internas e com pequenos

    detalhes arquitetnicos para as paredes da fachada; possuem instalaes embutidas, dispensa

    revestimento e acabado para o servio de pintura. As pr-lajes, da mesma forma, dispensam

    acabamento na sua superfcie inferior, restando parte superior uma concretagem com funo

    de substituir a camada de regularizao. As escadas so pr-fabricadas, assim como os outros

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    elementos, e se apiam em consolos aparafusados nas paredes (PEDREIRA DE FREITAS,

    1993).

    Todas as peas transformadas no conjunto da obra so capazes de transmitir e

    suportar, respectivamente, esforos verticais e horizontais, devido a ventos ou eventuais

    abalos ssmicos, alm de garantirem os isolamentos trmicos, acsticos e a estanqueidade

    atravs de pingadeiras postas estrategicamente nas emendas da fachada.

    2.2.3 Usinagem, transporte e montagem

    2.2.3.1 Usinagem

    O local onde se processa a usinagem, denominado de unidade industrial ou central

    de produes, deve possuir um conjunto mnimo de equipamentos, frmas metlicas

    especiais, uma usina prpria de concreto e equipamento de iamento que suporte um peso

    mnimo de trs toneladas. As pr-lajes so armados e concretados na horizontal; j os painis

    portantes so armados na horizontal e concretados na vertical, em um conjunto de frmas

    denominadas bateria, que usa o calor de hidratao do concreto como acelerador de cura.

    As baterias trabalham tambm como vibrador, para facilitar o concreto auto-adensvel

    (ilustraes 1 e 2). O concreto dosado para atingir uma resistncia adequada no momento da

    desforma.

    Usinagem - Processo industrial de produo de peas em grande escala

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    Ilustrao 1. Paredes-painis na bateria. Ilustrao 2. Pr-laje na horizontal.

    2.2.3.2 Transporte

    Da fabricao das peas at sua aplicao na obra existem trs etapas de

    transporte. Dentro da Unidade Industrial, o transporte pode ser feito por vrios tipos de

    equipamentos, tais como ponte-rolante, prtico, e at mesmo gruas de capacidade de trs

    toneladas, dependendo da estrutura da usina (ilustrao 3). A segunda etapa de transporte, que

    compreende da usina at o local de montagem, feita por intermdio de caminhes (ilustrao

    4): as painis portantes seguem em suportes que os mantm em posio vertical, e por isso em

    maior quantidade; j as pr-lajes seguem na posio horizontal e so transportados em menor

    quantidade. Na ltima parte da operao de transporte, que se limita ao canteiro de obra, odeslocamento dos painis feito por intermdio de gruas que suportem at trs toneladas.

    Em toda a seqncia de transporte, compreendida entre a fabricao e a

    montagem, havendo a necessidade de estocagem, intermediando cada operao, deve-se

    obedecer regra de que os painis portantes so armazenados de modo vertical, usando para

    isso suportes, e as pr-lajes so estocadas de forma horizontal e intercaladas por anis de

    borracha.

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    Ilustrao 3. Transporte em prtico. Ilustrao 4. Transporte em caminho.

    2.2.3.3 Montagem

    A seqncia de montagem segue um plano pr-estabelecido. A sada ou arranque

    da fundao deve ter um controle rgido, pois a partir da os outros elementos seguem

    automaticamente os posicionamentos definidos.

    A garantia de prumo e alinhamento feita de maneira simples, por gabaritos e

    escoras metlicas que travam as peas, tanto na parte inferior como na parte superior. O

    assentamento dos painis portantes feito sem armaduras de traspasse, garantindo o

    engastamento de um painel no outro; e colocado apenas um lastro de argamassa em toda a

    extenso de contato da pea com as lajes, para garantir a regularizao para seu apoio

    (ilustrao 5).

    A seqncia de montagem feita de modo a colocar, inicialmente, uma pea

    portante, e logo aps, formando um ngulo de 90, outra parede de travamento. A unio entre

    as peas garantida por pontos de solda pr-determinados que so concretados em seguida

    com graute.

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    Montadas as paredes, inicia-se a montagem das pr-lajes, que devem ser

    distribudas sobre cimbramentos, devidamente niveladas por escoras metlicas de regulagem

    com roscas finas (ilustrao 6).

    Ilustrao 5. Assentamento das paredes-painis. Ilustrao 6. Escoramento.Fonte: SANTOS, 1998.

    Distribudas as lajes, so colocados os conduites, as ferragens negativas e lanado

    o concreto de complemento de forma a atingir a espessura final da laje indicada em projeto.

    Devido rigidez das pr-lajes, pode-se executar o concreto de complementao, de forma

    bem acabada para eliminar a camada de regularizao antes do material de acabamento do

    piso.Ao fim da montagem, o acabamento fica muito simplificado, pois so eliminados

    servios intermedirios. A exemplo das instalaes eltricas, que ficam resumidas apenas

    enfiao e ao assentamento dos acabamentos, as instalaes hidrossanitrias so executadas

    atravs de kits prontos e apenas encaixadas; as esquadrias, portas e janelas, que j vem

    prontas, so encaixadas nos vos de medidas uniformes; os materiais de revestimento de piso

    e parede so aplicados diretamente com cola nos painis; como no revestimento, a pintura

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    executada diretamente sobre as lajes e painis; nas fachadas so feitos apenas tratamento de

    estanqueidade nas juntas e aplicao de textura, pois os painis de fachada so executados

    com detalhes arquitetnicos, reduzindo assim custos com acabamento exteriores.

    2.3 Princpios da Construo Enxuta

    O setor da construo civil sofre com a eficincia e a eficcia do sistema de

    produo, no tocante Gesto de Processos. Com o objetivo de solucionar essa deficincia

    que, desde os anos de 1990, o conceito de Produo Enxuta tem sido estendido, adaptado e

    adequado para a atualidade da construo civil. Esse novo conceito denominado de

    Construo Enxuta.

    Nessa parte do trabalho sero levantados os princpios e conceitos da Construo

    Enxuta, cuja abordagem relevante para o entendimento da relao desse conceito com o

    mtodo construtivo escolhido para a investigao.

    2.3.1 Base conceitual

    O entendimento do novo conceito de processo de produo a diferena entre as

    duas formas de gerenciamento: a tradicional e a produo enxuta (FORMOSO, 2005). Para o

    autor, hoje em dia tem-se, ainda, o entendimento de processo de produo como um conjunto

    de atividades de converso, que transforma os insumos (materiais, informaes) em produtos

    intermedirios (alvenaria, estrutura, revestimento) ao final em edificao, conforme ilustrado

    na ilustrao 7.

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    Ilustrao 7: Modelo de processo na filosofia gerencial tradicional.

    De acordo com Formoso (2005), esse entendimento pode ser ainda fragmentado

    em processos menores ou subprocessos, o que no deixa de ser um processo de converso.

    Uma execuo de estrutura envolve a execuo frmas, montagem de armaduras,

    concretagem, cura, desfrma e rescoramento. Dentro dessa lgica de entendimento de

    processo de produo, o esforo de reduo de custo total est direcionado para a reduo de

    custo de cada fragmento de processo (subprocesso), e tambm o valor do produto de um

    subprocesso est associado ao custo dos seus insumos.

    Dentro dessa viso gerencial dominante so detectadas deficincias, tais como: a

    no considerao de atividades entre os processos de converso, e que, no agregam valor

    como inspeo, transporte, espera por material, retrabalho, etc.; classicamente sabe-se que se

    gasta com eles aproximadamente 67% do tempo em um canteiro de obras (Op. cit.).

    Assim, existe uma grande tendncia de concentrar esforos na melhoria dos

    subprocessos e no no sistema de produo, bem como a no execuo ou processamento dos

    produtos, conforme as necessidades dos clientes, gera produtos no funcionais. H ainda outra

    deficincia que a desconsiderao do processo como um conjunto de elementos distintos, a

    saber: processamento, transporte, inspeo e espera ou pior concentrao dos esforos na

    melhoria no processamento sem considerar as atividades de transporte e espera (Op cit.).

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    Aps esta contextualizao, para se chegar ao entendimento do conceito da

    produo enxuta necessrio compreender a diferena entre processo e operao (Op. cit.).

    De acordo com Shingo (1996, 103), Processos transformam matrias-primas em

    produtos. Operaes so as aes que executam essas transformaes.

    Conforme San Martin (1999) apudSantos (2000, p. 8) tem-se as seguintes definies

    para processo e operao:

    Processo o fluxo definido pelos materiais, constitudo por uma seqncia de

    eventos, em que esses so transformados no produto final. Esses eventos podem ser caracterizados

    como converso ou processamento, inspeo, espera ou transporte.

    Operao o fluxo definido pelas pessoas ou mquinas, constitudo pela seqncia

    de aes (ou trabalhos) executadas sobre os materiais. Essas aes tambm podem ser

    caracterizadas como converso ou processamento, inspeo ou transporte / deslocamento e ainda

    outras que no coincidem com as atividades dos fluxos de processos.

    O modelo de processo da construo enxuta, por sua vez, assume que um processo

    consiste em um fluxo de materiais, desde a matria prima at o produto final, sendo o mesmo

    constitudo por atividades de transporte, espera, processamento (ou converso) e inspeo,

    (ilustrao 8). As atividades de transporte, espera e inspeo no agregam valor ao produto

    final, sendo por essa razo denominadas atividades de fluxo (FORMOSO, 2005).

    Ilustrao 8: Modelo de Processo de Construo Enxuta (KOSKELA, 1992).

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    Em resumo, Toda atividade constitui o encontro fsico, na produo, dos fluxos de

    processos e de operaes, sendo os processos a maneira como os materiais so arranjados para a

    realizao de um determinado servio, e as operaes os movimentos realizados pelos operrios e

    equipamentos para possibilitar tal realizao (SAN MARTIN, 1999 apudSANTOS, 2000).

    2.3.2 Princpios para a Gesto de Processos

    Juntamente com o conceito bsico da construo enxuta, Koskela (1992) props

    onze princpios para melhorar a eficincia do processo construtivo. Esses resultaram no que se

    conhece hoje como modelo Transporte, Fluxo e Valor (TFV), descrito em sua tese (Koskela,

    2000):

    Reduzir a parcela de atividades que no agregam valor;

    Aumentar o valor do produto final;

    Reduzir a variabilidade;

    Reduzir o tempo de ciclo;

    Diminuir o nmero de partes ou ciclos;

    Aumentar a transparncia do processo;

    Aumentar a flexibilidade de sada;

    Introduzir melhoria contnua no processo;

    Focar o controle no processo global;

    Manter um equilbrio entre melhorias nos fluxos e nas converses;

    Fazerbenchmarking.

    Nesse tpico sero abordados os princpios da Construo Enxuta, que de acordo

    com a gesto de processos so mais adequados para esse trabalho. Dentro da definio de

    cada princpio ser feita uma exemplificao prtica de sua aplicao, relacionando mais

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    especificamente com o mtodo construtivo de painis portantes, mtodo escolhido para este

    estudo.

    2.3.2.1 Reduzir a parcela de atividades que no agregam valor

    Esse o princpio mais importante do conceito da produo enxuta, onde se pode

    no s melhorar, mas tambm aperfeioar a eficincia dos processos de produo, atravs da

    reduo das perdas, e at mesmo da eliminao de atividades (FORMOSO, 2005).

    Para atingir esse princpio necessrio que primeiro se trace o fluxo do processo,

    identificando as atividades, para que se possa control-las e at, na melhor das situaes,

    elimin-las. No sistema de painis portantes pode-se perceber a essncia do princpio em

    vrias atividades que sofreram alteraes.

    Um exemplo foi implantado na obra pesquisada: ao invs de fazer a abertura de

    passagem de tubulao e depois o assentamento cermico com acabamento nos furos,

    simplesmente inverteu-se a seqncia de processamento, ou seja, primeiro assenta-se a

    cermica e depois furam as passagens de tubulao, eliminando assim o tempo gasto pelo

    pedreiro com o acabamento e aumentando a produtividade. Outro exemplo o fato de usar

    um concreto mais fluido, ou seja, auto-adensvel, para no precisar gastar tempo e um nmero

    elevado de profissionais com o espalhamento do concreto.

    2.3.2.2 Reduzir a variabilidade

    A obra, produto da construo civil, possui caractersticas prprias e bem

    diferenciadas de qualquer outro produto. Por isso, a variabilidade est fortemente presente nas

    atividades de produo de uma obra. A variabilidade dos processos anteriores est mais

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    focada nos fornecedores; a do prprio processo ligada mais especificamente execuo das

    atividades, e, por fim, a variabilidade na demanda refere-se s necessidades dos clientes.

    A necessidade de reduzir a variabilidade vem dos princpios de que a

    padronizao do produto a garantia da qualidade prevista na especificao, ou seja, a

    tendncia reduzir as atividades que no agregam valor e o tempo de execuo dos servios.

    No sistema de painis portantes pode-se avaliar a variabilidade como um problema de baixo

    efeito e impacto, pois em todas as suas etapas de produo a padronizao est presente,

    desde a escavao, passando pela estrutura, que elimina alvenaria por completo e seus

    acabamentos, instalaes j embutidas nos painis, e, por fim, revestimentos que so

    aplicados diretamente nas paredes e lajes.

    2.3.2.3 Reduzir o tempo de ciclo

    Segundo Formoso (2005), o tempo de ciclo definido como a soma de todos os

    tempos para produzir um produto (tempo de transporte, espera, inspeo e de processamento).

    Neste trabalho, o produto uma obra de construo civil. A aplicao desse princpio leva

    compresso do tempo disponvel como forma de eliminar as atividades de fluxo que no

    agregam valor. A reduo do tempo de ciclo tem origem no just in time e a sua aplicao

    agrega outras vantagens:

    Entrega mais rpida ao cliente. Ao invs de espalhar produtos em

    processamento por toda a obra, as equipes devem se concentrar na concluso de pequenos

    lotes de produo. Essas unidades podem ser entregues mais cedo aos clientes. Com isso,

    existe uma amortizao dos custos de desembolso, j que haver um retorno mais cedo.

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    A gesto de processos torna-se mais fcil. A quantidade de produtos

    inacabados em estoque, denominado de trabalho em processo, menor, facilitando o controle

    da produo e o aproveitamento do espao fsico disponvel.Aumento do efeito aprendizagem. Com a diminuio do volume de produtos

    em processamento h uma tendncia diminuio de sobreposio de servios. medida que

    os erros forem aparecendo nesses pequenos lotes de produo, o aprendizado com a correo

    das causas dos problemas, pode ser aproveitado para melhorar a execuo dos prximos lotes.

    Estimativas futuras de demanda so mais precisas. Com os lotes de produo

    menores e os prazos de entrega reduzidos, as empresas tm uma estimativa mais precisa de

    demanda e mercado.

    Para exemplificar, a ilustrao 9 mostra duas maneiras diferentes de planejamento

    estratgico de execuo de um empreendimento hipottico. Na primeira proposta de

    planejamento, o tempo de ciclo grande, fazendo com que haja superposio de servios. No

    segundo caso, o tempo de ciclo reduzido, os lotes de produo so menores e, com isso,

    todos os benefcios acima citados so aplicados.

    Ilustrao 9: Duas formas de planejar uma mesma obra (hipottica).

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    2.3.2.4 Simplificao atravs de reduo de nmeros de partes

    Quando comparadas a execuo de uma obra pelo mtodo convencional e uma

    obra com a tcnica de painis portantes verifica-se que no segundo caso esse princpio foi

    extremamente usado, pois houve uma reduo na quantidade de atividades que no agregam

    valor para sua execuo, j que servios auxiliares de preparao e concluso foram

    eliminados.

    O maior exemplo da aplicao desse princpio nas obras de painis portantes

    justamente o uso de seus painis, pois com eles h diminuio considervel de etapas para

    execuo da vedao vertical de uma edificao. Elimina-se alvenaria, vergas, chapisco e

    massa de regularizao de paredes, reboco e emboo.

    Os princpios da Construo Enxuta tm origem nos conceitos da produo

    enxuta; esse novo padro tem suas idias surgidas nos anos de 1950, no Japo, seguindo a

    Gesto da Qualidade Total e o Just inTtime, sendo o Sistema Toyota de Produo seu ponto

    mais alto de aplicao (FORMOSO, 2005).

    O Sistema Toyota de Produo caracteriza-se pela produo com estoque zero,

    ou sem estoque, o que equivale dizer que cada processo abastecido com os itens necessrios,

    na quantidade necessria, no momento necessrio, ou seja, just-in-time (SHINGO, 1996),

    isso que dizer, no tempo certo, sem gerao de estoque, situao que causa srios problemas

    em uma obra, tais como os citados por Macedo (2004):

    a) Custo financeiro;

    b) Custo de gerenciamento de estoque;

    c) Necessidade de espao fsico;

    d) Possibilidade de deteriorizao, roubo, vandalismo;

    e) No permite a visualizao dos problemas.

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    A Construo Enxuta tem suas razes na indstria automotiva japonesa que, por

    sua vez, visa a reduo do tempo de ciclo de produo, do tempo de espera, do desperdcio e a

    produo em pequenos lotes, diferente do Taylorismo e Fordismo. Dentro dessa viso

    industrial, o processo construtivo que mais se aproxima da linha de produo automotiva o

    de painis portantes.

    2.4 Tcnica de Programao de Obra por Linha de Balano

    Os empreendimentos que utilizam tcnica construtiva com elementos pr-

    fabricados conseguem reduzir a quantidade de servios em sua execuo. Conseqentemente,

    com a reduo de parte dos servios, h uma reduo no seu tempo de execuo, ou seja,

    reduo no tempo de transporte, inspeo, processamento e espera, no chamado tempo de

    ciclo. A reduo do desperdcio de tempo faz com que os servios sejam executados de forma

    ritmada e com uma programao paralela. No caso mais especfico de obra com painis

    portantes os servios, alm de serem ritmados e com reduzido desperdcio de tempo, so

    excessivamente repetitivos. Por isso, a tcnica de planejamento de obras mais indicada para

    empreendimentos com essas caractersticas a Linha de Balano.

    Segundo Ichihara (1998) apud Prado (2002), a Linha de Balano uma das

    tcnicas de programao mais conhecidas pelos pesquisadores para projetos de construes

    lineares. Essa tcnica originou-se na indstria da manufatura e aps a Segunda Guerra

    Mundial foi adotada na indstria da construo civil.

    No Brasil ela foi introduzida a partir da dcada de 1970 no planejamento da

    construo de conjuntos habitacionais. A Linha de Balano apresenta cronograma de barras

    em duas dimenses, permitindo a visualizao de vrias informaes a respeito das

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    atividades, tais como quem vai executar, onde, quando e em que ritmo. Ainda utilizada para

    planejamento de longo prazo (SANTOS, 2005).

    2.4.1 Emprego da tcnica de Linha de Balano

    A tcnica de Linha de Balano aplicada para programar atividades repetitivas

    que venham a ocorrer ao longo de vrios postos de trabalho em um canteiro de obras. Essa

    tcnica vem sendo aplicada com mais freqncia em obras de conjunto habitacional,

    rodovirias, de saneamento e de edifcios altos. Neste ltimo caso, a tcnica usada de forma

    simples e seqencial nas atividades de repetio, nos diversos apartamentos ou pavimentos

    (MENDES JR; HEINECK, 1998).

    No Brasil, a tcnica de Linha de Balano ainda pouco aplicada. Entretanto, ela

    vem adquirindo espao nos canteiros de obra, pois no se encontra com facilidade outra

    tcnica de programao que permite a interpretao de tantos tipos de informaes de uma s

    vez.

    A Linha de Balano uma tcnica essencialmente grfica (ilustrao 10). As

    atividades so representadas em um diagrama de espao/tempo, no qual o eixo vertical

    representa as unidades bsicas e o eixo horizontal, o tempo (ABRAHAM, 1998 apud

    PRADO, 2002); outras caractersticas so: facilidades de elaborao, fcil visualizao da

    necessidade de recursos materiais e humanos, alm de ser simples e de rpida interpretao

    grfica.

    Este trabalho aproveitou as caractersticas da Linha de Balano para empreg-la

    na programao e no acompanhamento da obra em estudo, a qual possui atividades bem

    definidas, equipes reduzidas e fixas, quantidade de servio reduzido e timo ritmo de

    execuo.

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    Ilustrao 10: Definio de Linha de Balano (PRADO, 2002).

    2.4.2 Caractersticas da aplicao da tcnica em edifcios

    A Linha de Balano uma tcnica que, em geral, mais apropriada para obras

    lineares, entretanto, para obras de edifcios pode-se aplic-la com modificaes em suas

    caractersticas. No caso de edifcios aconselhvel que seja admitida como unidade repetitiva

    os pavimentos tipo, que a forma mais utilizada ou o apartamento. Sendo assim, deve-se

    observar na programao de edifcios com Linha de Balano a diferena no clculo do ritmo

    de execuo das atividades. Com a definio da unidade bsica de repetio da obra, seja o

    apartamento ou o pavimento, fica o ritmo definido como a quantidade de unidades bsicas

    (apartamentos ou pavimentos) que se deve concluir em um dado prazo de tempo (semana ou

    ms), para que a concluso seja atendida no prazo final. A Linha de Balano sugere que todas

    as atividades da obra sejam executadas em um s ritmo, tornando a programao

    completamente paralela, onde no haja desperdcio de tempo entre o fim de uma atividade e o

    incio de outra, ou, no caso, desperdcio de tempo na passagem de uma unidade bsica para

    outra (MENDES JR; HEINECK, 1998).

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    Devido ao dimensionamento corriqueiro de apenas uma equipe para cada

    atividade a ser executada nas obras de construo de edifcios, o ritmo passa a ser o mesmo da

    durao da equipe na unidade bsica (apartamento ou pavimento), ou seja, o ritmo natural.

    Como conseqncia mais provvel, as atividades antecessoras e predecessoras tero ritmos

    diferentes, ocasionando uma programao no paralela de atividades, ou seja, haver servio

    sendo executado em todos os pavimentos, o que, em termos prticos, no ser problema se a

    obra tiver um prazo longo de execuo (MENDES JR; HEINECK, 1998).

    2.4.3 Metodologias de aplicao da Linha de Balano

    Conforme o exposto sobre a Linha de Balano com relao sua

    empregabilidade, tais como forma simples, seqencial e de fcil elaborao e aplicabilidade,

    como tambm sobre as caractersticas da tcnica construtiva escolhida para a elaborao desse

    trabalho, observa-se que trs mtodos de aplicao da Linha de Balano podem ser sugeridos

    (MENDES JR; HEINECK, 1998).

    A primeira metodologia de programao mais adequado para obras onde os

    nveis de detalhamento dos servios so altos e o prazo no reduzido, o que permite utilizar

    intervalos de tempo entre as vrias fases construtivas. Essa metodologia consiste em agrupar

    as atividades em etapas construtivas (Op. cit.).

    Permanecendo com os autores, a segunda metodologia pode ser usada com um

    nmero menor de atividades, agrupando-as em pacotes de trabalho relacionados. Neste caso, a

    maioria das atividades programada seqencialmente. Poucas so programadas em paralelo,

    como, por exemplo, Colocao de Portas e Esquadrias de Alumnio, e outras programadas

    separadamente, como as de Revestimento Externo e Acabamentos das Instalaes. Nesta

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    metodologia, os conflitos entre as atividades (precedncias) devem ser resolvidos em cada

    pavimento medida que se vai programando (Op. cit.).

    A terceira metodologia procura mesclar a programao pela Linha de Balano e o

    PERT/CPM, focando mais a ateno no caminha crtico, determinado para uma rede no

    pavimento tipo. Essa programao feita seguindo uma rede de atividades, comeando pelo

    caminho crtico (Op. cit.).

    Analisando cada metodologia de programao, conclui-se que o primeiro tipo no

    adequado ao estudo de caso proposto, pois este possui altos nveis de detalhamento e longo

    prazo de execuo; a terceira metodologia, assim como a primeira, dentro das caractersticas

    da obra de painis portantes, onde possui poucas atividades, a menos adequada ao estudo; a

    segunda metodologia a mais adequada ao tipo de obra em estudo, tendo em vista a tendncia

    ao uso de duas formas de programao, em seqncia e em paralelo, sendo a programao

    realizada na planilha eletrnica.

    2.4.4 Emprego da Linha de Balano (LDB)

    A adoo da Linha de Balano como tcnica de programao parte,

    primeiramente, da escolha da obra a ser realizada, que se baseia em fatores construtivos,

    definio da unidade base, disponibilidade financeira, convenincia de financiamentos,

    facilidade de venda, layoutdo canteiro e facilidade de aplicao do mtodo.

    O empreendimento escolhido para gerar os dados necessrios da programao por

    LDB, neste trabalho, possui sete blocos de apartamentos com aproximadamente 2.758,32 m

    cada; por sua vez, a unidade de bloco possui nove pavimentos, sendo o trreo tambm com

    quatro unidades residenciais, perfazendo um total de 40 apartamentos por bloco, e 280 no

    total.

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    No pacote de execuo do empreendimento tambm constam obras

    complementares de infra-estrutura (gua, esgoto, telefone, energia, gs e calamento), alm de

    quadra esportiva, salo de jogos, salo de festas e portaria.

    Para facilitar a aplicao da tcnica da Linha de Balano tomou-se como unidade

    bsica o pavimento tipo, por ser o de maior repetitividade.

    A partir das decises acima adotadas, o passo seguinte a obteno de dados que

    alimentaro a programao.

    2.4.4.1 Tempo de durao das atividades

    Determinada a unidade bsica, pode-se utilizar a tcnica do WBS - Work

    Breakdown Structure, ou mais especificamente EAP - Estrutura Analtica de Projetos, para a

    elaborao do parcelamento da obra em pacotes de servios. Faz-se ento a alocao dos

    quantitativos de servio em cada unidade bsica.

    Com os quantitativos j definidos e a tabela de composio de servio unitrio ou

    a tabela de composio de preos unitrios para oramentos, define-se a quantidade de mo de

    obra necessria para cada servio, assim como os profissionais e os ajudantes para cada

    atividade. Com essas equipes estipuladas, determinado o tempo de durao de cada

    atividade da unidade (LOSSO; ARAJO, 1995).

    2.4.4.2 Tempo de durao das unidades bsicas (D.U.)

    Estabelecidas as duraes de todas as atividades necessrias para a elaborao de

    uma seqncia, que tenha uma lgica de precedncia normal exeqvel para uma obra, inicia-

    se a elaborao do PERT/CPM. A partir da rede feita pode-se estabelecer a durao da

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    unidade bsica, por meio da soma das duraes de cada atividade necessria (LOSSO;

    ARAJO, 1995).

    2.4.4.3 Durao total da obra

    Segundo Losso e Arajo (1995), o prazo mximo de durao do empreendimento

    estipulado por fatores externos tcnica da Linha de Balano, devido a fatores

    condicionantes, referentes viabilidade do empreendimento, tais como demanda de mercado,

    planejamento de investimento, financiamento e retorno financeiro, concorrncia, bem como

    prazo mnimo de execuo. Dentro desse prazo mximo, encontra-se o prazo de folga por

    eventuais atrasos, tempo para implantao do canteiro de servios e execuo da fundao.

    Portanto, para a determinao da durao total da obra deve-se subtrair do prazo

    mximo os meses que no participam efetivamente da execuo. Partindo desse princpio,

    encontra-se o ritmo de execuo (ilustrao 11), onde:

    Tb - Tempo de base

    Tr - Tempo de ritmo

    Tm - Tempo de mobilizao

    R - Ritmo de execuo da unidade bsica

    DT - Durao total da obra

    DU - Durao total da execuo da unidade bsica

    n - Nmero de unidades bsicas

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    Ilustrao 11: Clculo de ritmo (PRADO, 2002).

    2.4.4.4 Eliminao de folgas entre atividades

    Aps encontrar o ritmo de execuo da unidade bsica, o passo seguinte

    determinar o nmero de equipes para execuo de cada atividade. Entretanto, nesse passo da

    seqncia de clculo, bastante provvel encontrar atividades com ritmos diferentes, ou seja,

    na rede PERT/CPM as duraes calculadas no so iguais ou mltiplas do mesmo ritmo

    (LOSSO; ARAJO, 1995).

    Isso significa que, com esse desbalanceamento de ritmo, haver interceptao da

    curva de um processo sobre um ou mais processos posteriores, devido diferena de

    inclinao e os chamadosBuffers (abertura no tempo insuficiente para as datas de incio dos

    processos) (PRADO, 2002).

    Conforme (Op. cit.), essas folgas no tempo, sempre que possvel, devem ser

    evitadas, pois podem causar paradas nas tarefas, utilizao ineficiente de equipamentos e

    ociosidade nas equipes, aumento de custos, bem como atraso no prazo final de entrega daobra.

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    Dessa forma, a melhor soluo para contornar essa situao alterar a rede

    PERT/CPM inicial, de forma que se obtenham tarefas com ritmos iguais ou mltiplos entre si.

    Utiliza-se, portanto, o seguinte critrio para facilitar o emprego da tcnica da

    Linha de Balano, evitando os indesejveisBuffers (LOSSO; ARAJO, 1995):

    Examinam-se as atividades que possuem duraes diferentes, ou no mltiplas

    entre si.

    Detectadas estas atividades, alteram-se suas duraes tornando-as mltiplas,

    aumentando ou diminuindo o nmero de integrantes das equipes.

    Observam-se as atividades que poderiam ser executadas pela mesma equipe,

    logo poderiam formar duraes mltiplas entre si.

    2.4.4.5 Determinao do nmero de equipes

    Conforme Losso e Arajo (1995), finalizada a reorganizao de todas as

    atividades, de modo que obedeam a um mesmo ritmo de execuo, parte-se para a

    determinao do nmero de equipes necessrias para cada servio. As equipes so

    determinadas pela diviso da durao de cada atividade pelo ritmo j calculado.

    2.4.4.6 Estratgia de execuo da obra

    Antes de elaborar o desenho da Linha de Balano, recomendvel uma anlise da

    maneira de execuo da obra dentro do canteiro. Para Schmitt (1992) apudPrado (2002), a

    definio de como a obra ser realizada depende de fatores como:

    Fatores construtivos;

    Definio da unidade base;

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    38

    Disponibilidade financeira;

    Convenincia de financiamentos;

    Facilidade de venda;

    Layoutdo canteiro;

    Facilidade de aplicao do mtodo da Linha de Balano.

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    39

    3 METODOLOGIA

    Com a inteno de fazer um estudo de verificao da facilidade de programao e

    interpretao da Linha de Balano em obras que possuam o sistema construtivo em painis

    portantes e produo em linha, conforme os princpios da construo enxuta, pode-se

    caracterizar o trabalho como um estudo de caso.

    Para iniciar este estudo de caso, primeiramente fez-se necessrio escolher a

    unidade que constitui o caso para estudo, ou seja, uma obra com execuo em painis

    portantes.

    A coleta de dados deve ser feita, antes de tudo, por intermdio: da anlise e

    interpretao da composio de insumos, projetos, planejamento; da observao direta

    semanal, nos casos de servio com ciclo de repetio semanal, como a estrutura, e observao

    direta diria, nos casos de servios com ciclo de repetio com esse mesmo espao de tempo,

    como a aplicao da textura na fachada; da entrevista no estruturada com os engenheiros de

    obra e programador, mestre, tcnicos e funcionrios; e dos registros fotogrficos (ver

    apndice A) e comparao dos dados da atual obra com a fornecida no relatrio de estgio

    curricular obra Pacifico Norte, que possui o mesmo sistema construtivo (MATOS, 1999).

    Na programao, o princpio da construo enxuta, o qual se refere reduo do

    tempo de ciclo, ser empregado utilizando o maior nmero de servios a ser executado por

    uma s equipe no pavimento, ou seja, agrupando servios e concentrando equipes na

    concluso mais cedo desses servios, a fim de iniciar o mais breve possvel a prxima tarefa.

    Ainda na programao, a estratgia ser planejar a estrutura de forma a executar

    os blocos em srie, ao invs de espalhar servios inacabados por todo o canteiro. Antecipar os

    servios com acabamentos mais grossos e postergar os servios de acabamento mais fino,

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    para que haja um histograma com distribuio mais uniforme. A maioria das atividades ser

    programada em seqncia, com poucas programadas em paralelo, que ser o caso da fachada

    e o deslocamento da grua.

    Determinando uma seqncia de elaborao da programao desse estudo podem-

    se listar as seguintes etapas:

    Escolher um empreendimento que possua caracterstica de linha de produo;

    Determinar a unidade bsica de repetio, apartamento ou pavimento tipo,

    retirando-se toda rea que no haja repetio;

    Adquirir o maior nmero possvel de fontes de coletas de dados tais como

    projetos, programao da obra, composio dos servios e dados de servio semelhantes aos

    de outros empreendimentos;

    Levantar o quantitativo dos servios da unidade de repetio;

    Levantar in loco atravs de entrevistas, pesquisas e observaes, todos os

    dados complementares s fontes anteriormente citadas. Ainda, levantar tempo e quantidade de

    homens para execuo de determinados servios;

    Preparar a EAP da programao com no mnimo dois nveis de detalhamento;

    Calcular atravs do ndice de produtividade, i=( H x h) /Q, onde H a

    quantidade de operrios, h representa o tempo em hora e Q a quantidade de servio;

    Determinar a durao total da unidade bsica, atravs da soma dos tempos

    necessrios para execuo de todos os servios da unidade de repetio;

    Determinar a equipe de operrios para cada servio;

    Identificar as atividades afins e agrup-las para execuo de apenas uma equipe

    de operrios;

    Determinar a durao total da obra;

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    Calcular o ritmo de execuo da unidade bsica [R=(n 1) / TR], onde n o

    nmero de pavimento e TR o tempo de ritmo;

    Eliminar as interferncias entre as curvas das tarefas, com re-estudo dosservios que no possuam o mesmo ritmo ou possuam ritmos mltiplos entre si; e

    Lanar em planilha eletrnica os dados da LDB.

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    4 ESTUDO DE CASO: APLICAO DA TCICA DE LDB

    EM UMA EMPRESA

    4.1 Descrio da Empresa e da Obra

    A empresa escolhida para fornecimento de dados na programao de obra, pelo

    mtodo de Linha de Balano, foi a Norcon - Sociedade Nordestina de Construes S/A, pelo

    fato dela ser a pioneira no uso de elementos pr-fabricados em obras, no estado de Sergipe, e

    por possuir obras no sistema de painis portantes quando do estgio inicial deste estudo.

    A construtora Norcon iniciou, em 1958, suas atividades na construo civil, com

    obras industriais e pblicas. Dez anos aps, ela direcionou suas atividades para o ramo das

    obras residenciais. Em 1980 criada a unidade industrial, com o intuito de suprir as

    necessidades de suprimento habitacional que o mercado de Sergipe possua, para consumo

    prprio. Inicialmente destinada fabricao de blocos de concreto, a unidade industrial passa

    a vislumbrar novas atuaes, face aos altos custos com insumos e ao descontentamento de

    seus proprietrios com a tcnica construtiva convencional. A partir do ano de 1984, Aracaju,

    capital do estado de Sergipe, passa a ter obras com pr-lajes e pr-vigas.

    Na dcada de 1990, a Norcon investe ainda mais em industrializao, e dessa vez

    com caractersticas de uma linha de produo. o incio das obras com painis portantes.

    Justamente por essa caracterstica de linha de produo industrial e obra enxuta,

    em termos de quantidades de servios, que esse tipo de empreendimento foi escolhido para

    o estudo proposto por esse trabalho.

    A obra pesquisada situa-se na cidade de Aracaju, e realizada pela Norcon. O

    foco central do trabalho, para coleta de dados, possui 12.013,69 m de rea de terreno,

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    19.436,58 m de rea total construda, onde esto includas rea da guarita, clube e lixo com

    128,34 m e sete edifcios totalizando 19.308,24 m.

    Cada edifcio possui 40 unidades de apartamento, cada apartamento com 56,48

    m. Em mdia, so nove pavimentos e o trreo com 225,92 m e 49,91 m de rea de

    circulao comum por pavimento, alm de gabarito de altura de 33,27 m.

    O empreendimento tem um padro mdio, com trs quartos, sala, cozinha, rea de

    servio e banheiro. Revestimento nas reas molhadas e piso cermico em todos os

    compartimentos.

    4.2 Caractersticas da Obra ao Incio do Trabalho

    No incio do estudo de caso, a obra encontrava-se no estgio de mobilizao de

    equipamentos para o servio de terraplenagem mecanizado e a implantao do canteiro de

    obra.

    A programao sugerida pela gerncia de planejamento do empreendimento para

    controle e acompanhamento da execuo dos principais servios, foi o cronograma de barras

    ou grfico de Gantt, por meio do aplicativo de gerenciamento de projetos, utilizando o MS

    Project.

    Para essa programao, a empresa tomou algumas decises, levando em

    considerao os seus conhecimentos adquiridos de experincias vividas e atuais, tais como:

    - Prazo de execuo da obra (trinta meses);

    - Nvel de detalhamento nas atividades da programao, em vista do volume de

    servio que a obra proporciona; neste exemplo, foram dois nveis de detalhamento;

    - Tamanho da equipe, vinculado ao ritmo que se deseja atingir ou ao volume de

    servio;

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    - Produtividade esperada e ritmo a ser imposto, o que influencia no nmero de

    equipes simultneas, para uma s atividade, em apartamentos ou pavimentos diferentes;

    - Estratgia de execuo, ou seja, plano de ataque;

    - Utilizao de tecnologia e equipamentos para construo, o que influencia nas

    decises adotadas.

    No que se refere ao plano de ataque, a equipe de planejamento da empresa optou

    por executar o empreendimento em trs etapas. A primeira etapa, composta por trs blocos de

    apartamentos, infra-estrutura principal, quadra, piscina, guarita e clube, tem prazo de entrega

    de quatorze meses. O plano de ataque dessa primeira etapa ficou da seguinte forma: primeiro

    ocorreu simultaneamente a execuo dos blocos um e dois, depois o bloco trs, em seguida

    toda a rea comum e a infra-estrutura principal. A segunda etapa formada pela execuo dos

    blocos quatro e cinco, bem como suas reas comuns durante dez meses. A terceira e ltima

    etapa, semelhante segunda, formada pela execuo dos blocos seis e sete, alm de suas

    reas comuns, em um perodo de nove meses.

    4.3 Propostas para a Elaborao do Planejamento por Linha de Balano

    A expresso planejamento faz com que se pense em um conjunto de processos que

    estabelece uma coordenao de aes ou tomadas de decises, objetivando um resultado.

    O planejamento tem por funo prever todos os trabalhos ou servios a serem

    realizados antes do seu incio, com tanta antecedncia que se possa escolher mtodo

    construtivo, forma de produo, produtividade, mo-de-obra, equipamentos e mquinas,

    canteiro de obras, tcnica de programao e at recursos financeiros.

    Segundo Gehbauer (2002), o planejamento pode ser dividido em setores

    diferentes, mas de estreita relao uns como os outros: Planejamento dos mtodos de

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    execuo; Planejamento da obra; Planejamento dos recursos operacionais e financeiros; e

    Planejamento do canteiro de obras.

    Neste trabalho o setor do planejamento que mais sugeriu um estudo, e, por

    conseguinte, um debate dos resultados, foi o planejamento da obra, pelo fato de ser a rea

    onde se encontra uma maior deficincia de anlise e controle das informaes disponveis no

    planejamento.

    O estudo comeou a tomar forma com a idia de planejar um empreendimento

    pela tcnica de Linha de Balano aplicada em conjunto com os princpios da construo

    enxuta. Entretanto, esse planejamento no poderia ser de uma obra que possusse

    caractersticas convencionais, de maneira a evidenciar as vantagens da referida tcnica. A

    proposta era pesquisar uma obra que possusse caractersticas diferenciadas sobre as demais

    disponveis no mercado de Aracaju, pelo fato desta tcnica construtiva estar sendo bem aceita

    no mercado, a ponto da empresa expandir esse tipo de empreendimento para outras cidades

    em estados vizinhos, alm da reduo de mo-de-obra e agilidade na execuo dos servios.

    Esses diferenciais foram relacionados por ordem de prioridades que

    influenciariam na escolha da obra, como: tcnica construtiva, semelhana com uma linha de

    produo industrial; tecnologias empregadas; programao por tcnica diferente da Linha de

    Balano; e baixa quantidade de servio em sua unidade de repetio ou quantidade de

    servios semelhantes em sua unidade de repetio, que pudessem ser agrupados.

    A partir desses critrios, a obra foi selecionada, e todas as decises para o incio

    da programao foram tomadas, conforme descrito no item 4.2. Verificou-se tambm que a

    empresa utilizaria o mtodo de diagrama de barras no empreendimento, o que levou adoo

    da Linha de Balano para este trabalho.

    O plano de ataque arquitetado tem semelhanas e diferenas com o elaborado para

    o empreendimento, sem que isso comprometesse a entrega no prazo final estipulado pela

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    empresa, a exemplo da execuo da obra por etapas, edifcios de cada etapa individualmente,

    de forma consecutiva, ou seja, inicia-se um servio em um bloco aps o trmino de outro.

    Iniciando o condomnio pela parte frontal da avenida principal, em direo ao fundo do

    terreno; primeiramente foi planejado o conjunto de trs blocos, E; F e G, e toda a rea

    de convivncia, guarita, clube, quadra, piscina e infra-estrutura (ilustrao 12); em seguida,

    mais dois blocos, A e B; e por ltimo, a etapa com os blocos C e D. Para a execuo

    da estrutura a grua posta entre dois prdios, para que haja apenas trs deslocamentos em

    todo o perodo da obra, e no acabamento da fachada utilizada uma plataforma telescpica.

    Ilustrao 12: Planta de situao do empreendimento - Plano de ataque.

    Por convenincia, decidiu-se atacar os servios de modo seqencial, de forma a

    comear um trabalho apenas depois de terminado o servio predecessor e sempre em uma

    direo, havendo inverso apenas na execuo dos servios desenvolvidos na fachada

    (ilustrao 13).

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    Assim, assumiu-se uma ligao com a construo enxuta de reduo do tempo de

    ciclo, conseqentemente, aumento do efeito aprendizagem e diminuio de produtos

    inacabados.

    Bloco E Bloco F Bloco G Bloco A Bloco B Bloco C Bloco D

    Ilustrao 13: Seqncia de execuo dos servios nos blocos.

    Visando tornar a programao por Linha de Balano facilitada, foram necessrias

    simplificaes. Por exemplo, o empreendimento possua obras complementares, como a infra-

    estrutura, a guarita e o clube, as quais foram desconsideradas.

    O WBS ou EAP foi montado, tomando-se como base a estrutura da obra,

    retirando-se dele os itens preliminares; fundao; servios no tico; montagem de elevadores;

    servios no acabamento como assentamento de acabamentos eltricos, hidrulicos e portas;

    assentamento de bancadas; vistorias; limpeza final da torre; entrega de apartamentos e toda a

    rea comum, de lazer e comunitrio. Foram acrescentados na programao da obra novos

    itens, servios que ficaram subtendidos como, por exemplo, Estrutura de Piso e Paredes, alm

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    de Fachada. Esses ltimos tiveram que ser mais detalhados, a fim de calcular os perodos de

    execuo (quadros 1 e 2).

    A unidade bsica de repetio na execuo da estrutura o pavimento tipo, e por

    esse motivo decidiu-se permanecer com esse nvel de detalhamento.

    item Tarefa item Tarefa

    1 Incio 33 Montagem de elevadores

    2 SERVIOS PRELIMIARES 34 OBRA FIA O TIPO

    3 Projetos 35Aquisio dos materiais para prumadashidrossanitrias

    4 Administrao Local 36 Prumadas hidrossanitrias/guas pluviais

    5 Servios Preliminares 37 Assentamento de shaft em banheiro

    6 Equipamentos e Despesas de Manuteno 38 Regularizao dos painis

    7 Servios Gerais de Canteiro 39 Impermeabilizao de box e ralos

    8 IFRA-ESTRUTURA 40 Execuo de contrapiso - quarto/sala

    9 Execuo de sapatas/pescoos 41 Execuo de contrapiso - wc/cozinha

    10 Instalaes e camadas do terreno 42 Assentamento de cermica

    11 ESTRUTURAS DE PISO E PAREDES 43 Tratamento de fissuras/selador

    12 Paredes do trreo 44 Massa corrida

    13 Estruturas de piso e paredes 45 Rejuntamento de piso e parede

    14 Montagem de escadas pr-moldadas 46 Colocao de batentes/portas/ferragens

    15 PISO TCICO E TICO 47 Execuo de furao de pisos e ralos

    16 Alvenaria de platibanda 48 Colocao de kits esgotos

    17 Alvenaria de calhas 49 Enfiao eltrica/prumadas

    18 Montagem de telhado e Rufos 50 Forro de gesso

    19 Reboco do tico 51 1 demo de pintura

    20 Regularizao de calhas e aplicao de mantas 52 Assentamento de bancadas de cozinha

    21 Instalaes e desvios na cobertura 53 Esquadria e vidros

    22 Execuo de casa de mquinas 54 2 demo de pintura

    23 OBRA BRUTA O HALL 55 Assentamento de acabamento de portas

    24 Elevao de alvenaria 56 Acabamentos eltricos

    25 Aperto na alvenaria 57 Louas/Metais e carenagens

    26 Regularizao de painis 58 Limpeza final na torre

    27 Chapisco e taliscas 59 EQUIPAMETOS COMUITRIOS

    28 Emboo interno 60 Quadra, Piscina, Guarita e Clube

    29 Textura/Escadaria Hall 61 IFRA-ESTRUTURA

    30 FACHADA 62 Infa-estrutura

    31 Plataforma e textura de fachada 63 ETREGA DE APARTAMETOS

    32 MOTAGEM DE ELEVADORES 64 IncioQuadro 1: WBS da Empresa.

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    item Tarefa item Tarefa

    1 ESTRUTURAS DE PISO E PAREDES 23 Regularizao de painis

    2 Montagem de paredes 24 Tratamento de juntas/selador

    3 Montagem de escadas pr-moldadas 25 Aplicao de textura4 Concretagem de pilares 26 OBRA FIA O TIPO

    5 Montagem de pr-laje 27 Prumadas hidrossanitrias/guas pluviais

    6 Instalao eltrica/Tubulao 28 Assentamento de shaft em banheiro

    7 Armao de negativo 29 Regularizao dos painis

    8 Concretagem da pr-laje 30 Execuo de contrapiso - quarto/sala/wc/cozinha

    9 OBRA BRUTA O HALL 31 Tratamento de fissuras/selador

    10 Elevao de alvenaria 32 Assentamento de cermica

    11 Aperto na alvenaria 33 Assentamento de soleiras/peitoris/soco de boxes

    12 Chapisco e taliscas 34 Rejuntamento de piso e parede

    13 Emboo interno 35 Execuo de furao de pisos e ralos14 Regularizao de painis 36 Colocao de kits esgotos

    15 Execuo de contrapiso 37 Enfiao eltrica/prumadas

    16 Assentamento de cermica 38 Forro de gesso

    17 Rejuntamento de piso 39 Esquadria e vidros

    18 Tratamento de juntas/selador 40 Colocao de portas/ferragens

    19 Pintura/Textura/Escadaria Hall 41 Massa corrida

    20 Assentamento de shaft na escada 42 1 demo de pintura

    21 FACHADA 43 2 demo de pintura

    22 Instalao de plataforma 44 Limpeza final na torreQuadro 2: WBS do estudo.

    Para o clculo do quantitativo de operrios necessrios para a execuo do

    servio, levantado em cada pavimento, pode-se verificar exemplos na planilha do apndice B.

    Nessa planilha esto contidos os nomes de cada servio, os profissionais necessrios sua

    execuo, os ndices de produtividade e a quantidade de dias para a realizao do servio. Ela

    formada pelos dados do levantamento quantitativo dos servios, quantidade de dias para

    execuo e ndice de produtividade. Automaticamente o nmero de homens necessrios para a

    execuo do servio respondido pela planilha, que possui a funo para o clculo de tal

    valor.

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    O levantamento quantitativo da unidade bsica (pavimento tipo) (ilustrao 14)

    foi obtido atravs de anotaes de projetos da obra, entrevistas com o engenheiro, o mestre e

    os tcnicos de edificao e instalao. Por outro lado, os ndices de produtividade para a

    determinao da quantidade de mo-de-obra (apndice B) foram calculados aps obteno

    dos valores unitrios dos quantitativos dos servios, atravs de entrevistas com os operrios

    envolvidos na produo, alm de apropriao in loco, comparao e atualizao com

    relatrio de estgio curricular Obra Pacfico Norte, (MATOS, 1999), que possui

    caractersticas construtivas semelhantes obra em discusso.

    Foram feitos agrupamentos de servios, juntando-se os servios do hall com os

    dos apartamentos, a fim de chegar ao quantitativo da unidade bsica. Isso foi feito para que,

    dessa forma, uma equipe pudesse fazer o maior nmero possvel de atividades, respeitando a

    caracterstica de cada profissional; por exemplo, pedreiro de acabamento com revestimento

    cermico no participa na programao de servios com argamassas, e assim, da mesma

    forma, ocorreu com outros profissionais.

    Ilustrao 14: Unidade Bsica (Pavimento Tipo).

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    5 RESULTADOS ECOTRADOS

    Com vistas aos resultados encontrados, por intermdio da programao do

    empreendimento pela tcnica de Linha de Balano e no planejamento, sugerido pela empresa

    atravs do grfico de Gantt (apndice C e anexo A), pode-se verificar que, no planejamento

    elaborado neste trabalho, h uma tendncia reduo no tempo gasto para execuo dos

    servios. Essa observao leva a acreditar que essa contrao no tempo total pode ter sido

    ocasionada pelas seguintes ocorrncias:

    - A obra possui caractersticas de uma linha de produo, devido sua tcnica

    construtiva que lembra uma linha de montagem automotiva. Por esse motivo a programao

    da obra por Linha de Balano seguiu uma tendncia linear e contnua, no atacando um

    servio em um bloco, antes de ter terminado o mesmo servio no bloco anterior (Figura 7),

    como pode ser verificado nas duas programaes no exemplo servio de estrutura e obra bruta

    no hall.

    - A obra, como j foi dito, por causa da sua tcnica construtiva, possui

    semelhanas com uma linha de produo e, por conseguinte, a maioria dos princpios da

    construo enxuta est nela aplicada, como a reduo de nmero de partes de servios com o

    agrupamento dos mesmos, a exemplo do agrupamento do acabamento do hall e dos

    apartamentos, para que fossem executados ao mesmo tempo.

    possvel perceber ainda que no sistema construtivo adotado neste estudo, os

    princpios da construo enxuta esto explicitamente aplicados em muitos dos servios. Por

    exemplo, o princpio que se refere reduo das atividades que no agregam valor pode ser

    notado nos servios de instalaes eltricas, onde, os eletrodutos, quadro de distribuio,

    conexes, caixinhas de interruptores e tomadas, j vm embutidos nos painis portantes,

    desde a unidade industrial, ao invs de ter que assent-los na obra; nas instalaes

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    hidrossanitrias, as paredes j so produzidas com rasgos para assentamento dos kits prontos;

    as portas j so adquiras prontas e assentadas com espumas de poliuretano; a realizao de

    furos nas lajes feita somente aps o assentamento cermico para evitar tempo de espera nos

    acabamentos; etc.

    A reduo de variabilidade vista, entre outros exemplos, no prprio sistema

    construtivo que elimina junto com a alvenaria, os seus acabamentos, proporcionando a

    aplicao direta dos revestimentos, e assim padronizando o acabamento. O princpio da

    reduo de nmero de partes, a exemplo do princpio anterior, a eliminao da alvenaria,

    elimina a necessidade de rebocar a parede, ou seja, no h necessidade de preparar a parede

    para receber o revestimento.

    Com o agrupamento de equipes nas unidades bsicas, para concentrao de

    esforos para o trmino mais cedo dos servios, conseqentemente ocorre a reduo do tempo

    de ciclo, e com a estratgia de execuo de um bloco por vez, desde os servios estruturais,

    houve reduo de produtos inacabados em estoque, diminuio de frente de trabalho e,

    certamente, a entrega ao cliente antecipada.

    Observando-se ainda na programao (ver apndice B), pode-se verificar que

    devido sua versatilidade foi possvel no s representar os servios, seus locais, os

    profissionais envolvidos na execuo e suas datas, como tambm os dias corridos, ou seja, as

    semanas excluindo os sbados, domingos, feriados e frias coletivas da empresa, para uma

    comparao mais aproximada; a montagem e desmontagem da grua; e o histograma. Os

    servios foram representados em cores dspares, com tonalidade diferente nos servios que

    possuam mais de uma equipe em pavimentos distintos para que possam ser melhor

    visualizados.

    Na programao por LDB verifica-se apenas uma etapa, a primeira, das trs

    previstas que completam o conjunto da obra. Isso aconteceu durante o acompanhamento de

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    campo, pelo fato da realizao deste trabalho coincidir com o perodo da execuo dessa

    primeira etapa. Entretanto, a programao das duas outras etapas, pela lgica dos resultados

    encontrados e da invariabilidade de servios que o sistema possui pode ser estendida, o que

    permite concluir que o avano programado seguir o mesmo raciocnio e ter, de forma

    proporcional, os mesmos resultados.

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    6 COSIDERAES FIAIS E RECOMEDAES

    Toda obra o produto final da construo civil, possuindo cada uma

    caractersticas prprias, no s na concluso, mas tambm no desenvolvimento da execuo,

    tais como custo, prazo, porte e complexidade, e as vrias solues de tcnicas e meios de

    produo empregados.

    O planejamento prvio possibilita a tomada de decises, otimizando a execuo e

    minimizando, e at mesmo eliminando, perdas, falhas e improvisaes, que ocorram na obra.

    A funo do planejamento servir de ferramenta que gerencie e controle toda a fase de

    execuo, utilizando o cronograma e o oramento para balizar os prazos e os custos da obra.

    Muitas so as tcnicas para se planejar uma obra: neste trabalho tentou-se planejar

    uma obra que possusse a tcnica construtiva de painis portantes, utilizando como ferramenta

    a Linha de Balano juntamente com os princpios da construo enxuta mais apropriados

    tcnica construtiva.

    Explicitado anteriormente, descrito como objetivo, o presente trabalho teve como

    finalidades fazer uma verificao entre as duas tcnicas de planejamento, uma propriamente

    aplicada em obra pela empresa, e a outra, Linha de Balano, proposta por esse trabalho, de

    modo a avaliar os resultados da aplicao dos princpios da construo enxuta no

    planejamento e verificar as vantagens da aplicao da Linha de Balano em obras com painis

    portantes.

    Conclui-se que a Linha de Balano pode ser preparada em planilhas eletrnicas, o

    que ameniza os argumentos de que uma das suas dificuldades comparadas ao MS Projectera

    o fato da tcnica no possuir aplicativos eletrnicos prprios para sua elaborao, o que

    dificultava sua correo, ou ajustes aps o planejamento concludo.

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    Outro ponto a ser verificado a dificuldade de planejar na Linha de Balano

    servios que sejam independentes, e ocorram ao mesmo tempo que outros servios na unidade

    bsica. Como exemplo, tem-se a execuo da fachada que como a tcnica construtiva em

    avaliao aponta, pode iniciar aps a concluso da estrutura; para sua demonstrao e

    visualizao na Linha de Balano necessria uma adaptao, j que a tcnica usa o

    pavimento como diviso, diferentemente do MS Project, que utiliza os servios, o que facilita

    a programao de servios concomitantes.

    Contrapondo aos dois primeiros questionamentos, deve-se verificar que a Linha

    de Balano comparada ao grfico de Gantt, como ferramenta de programao, mais eficiente

    na gesto da produo, na mesma proporo que ela difunde melhor, por assim dizer, o seu

    entendimento e a visualizao das informaes na obra. Isso ocorre desde a gerncia at os

    profissionais da obra, empenhados na execuo, que so capazes de entender rapidamente

    quem, os profissionais envolvidos nos servios em seus quantitativos parciais e totais; onde, a

    unidade bsica, pavimento ou apartamento, em que os operrios esto trabalhando e quando

    devem estar e fazendo algo.

    A repetitividade contnua da execuo de servios proposta pela tcnica de LDB

    proporciona uma melhoria na especializao da mo-de-obra, no efeito aprendizagem e, como

    conseqncia desse ltimo, melhora a motivao, pois a equipe aumenta a produtividade o

    mais rpido possvel.

    Quanto aos resultados da aplicao dos princpios da construo enxuta na

    programao, pode-se concluir que com a aglutinao de alguns servios a serem executados

    por uma mesma equipe, pacote de trabalho, houve uma reduo no tempo de ciclo da unidade

    bsica e, conseqentemente, uma reduo no tempo de ciclo de execuo de cada edifcio.

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    Com essa reduo, conclui-se que h menos trabalho em progresso, e o efeito

    aprendizagem mais bem aproveitado; alm disso, possveis erros podem ser solucionados

    logo nos primeiros lotes de unidades bsicas.

    A praticidade e a simplicidade que a obra oferece, devido a sua tcnica

    construtiva, visto que, ela se torna, praticamente, reduzida a montagem e acabamentos,

    tornando-se quase uma obra linear, permite e facilita a utilizao da programao por Linha

    de Balano, devido a suas vantagens j comentadas anteriormente.

    A partir do estudo realizado, pertinente a sugesto de novas linhas de estudo

    para trabalhos futuros:

    - Estudar os resultados da aplicao dos princpios da construo enxuta, a partir

    da reduo do tempo de ciclo, nos custos do oramento do empreendimento.

    - Estudar no histograma da obra se h reduo de mo-de-obra com a aplicao da

    reduo de tempo de ciclo.

    - Aplicar em outra tcnica construtiva no convencional, a comparao das

    tcnicas de planejamento associadas aos princpios da construo enxuta.

    - Agregar ao estudo um planejamento de compra e entrega de materiais,

    equipamentos e contratao de mo-de-obra, utilizando a mesma metodologia deste trabalho.

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    REFERCIAS

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    PEDREIRA DE FREITAS, A. C. L. Sistemas de painis portantes. In: ENCONTRO

    NACIONAL DE TECNOLOGIA DO AMBIENTE CONSTRUDO, v. 1, So Paulo. Artigotcnico, 1993, p. 331-337. 1993. Disponvel em: .

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    APDICES

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    APDICE A: FOTOS

    Primeiro dia, montagem de paredes.

    Segundo dia, montagem de paredes.

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    Terceiro dia, montagem de paredes e lajes.

    Quarto dia, montagem de lajes e armao.

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    Quinto dia, armao e concretagem.

    Primeiro dia, tratamento de fachada.

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    APNDICE B Exemplo de planilha para clculo de quantitativo demo-de-obra

    Montagem de paredes Assent de soleiras/peitoris/boxes 4 apto

    QUANT. 87 QUANT. 50,92

    FUNO NDICIE DIAS N DE HOMENS FUNO NDICIE DIAS N DE HOMENS

    Soldador 0,26 2,69 1,00 Pedreiro 0,65 1 4,00

    Op. De grua 0,27 2,69 1,00 Servente 0,08 1 1,00

    Pedreiro 0,26 2,69 1,00

    Carpinteiro 0,39 2,69 2,00 Exec. de contrapiso - quarto/sala/wc/coz 4 apto

    Servente 2,69 2,69 10,00 QUANT. 225,92

    FUNO NDICIE DIAS N DE HOMENS

    Execuo de contrapiso hall Pedreiro 0,3771 2 5,00

    QUANT. 6,9 Servente 0,07 2 1,00

    FUNO NDICIE DIAS N DE HOMENS

    Pedreiro