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ESTUDO DOS NÍVEIS DE PLANEJAMENTO DE ESPAÇO DA COOPERATIVA DE SERVIÇOS AGROFLORESTAIS E INDUSTRIAIS NO MUNICÍPIO DE BARCARENA - PA Cintia Blaskovsky (UEPA) [email protected] Breno Richard Brasil Santos (UEPA) [email protected] Leandro da Costa Corrêa (UEPA) [email protected] Thiago Henrique Vieira Galvão (UEPA) [email protected] WALBER SOUZA DO RÊGO (UEPA) [email protected] O planejamento do espaço destinado para as instalações de empresas, qualquer que seja seu ramo de atividade, é de vital importância para a adequação conjunta com suas operações, pois erros de localização podem condená-las ao fracasso, por mmais que, internamente, elas possuam fatores geradores de alta produtividade. Seus custos logísticos totais, por exemplo, podem não ser compensatórios, diante de fatores como a distância de fornecedores, carência de mão-de-obra qualificada, entre outros. Este artigo visa analisar a situação da localização das instalações já existentes de uma empresa formada por uma cooperativa produtora de sandálias e brinquedos educativos cujas matérias-primas são oriundas de resíduos de madeira e de borracha de uma grande empresa mineradora do município de Barcarena - Pará. Através do modelo de planejamento do espaço, o qual analisa as instalações desde um nível mais geral até um mais específico de detalhamento, de modo que se possa chegar a proposições de melhorias da mesma. Palavras-chaves: Planejamento do Espaço; Localização; Layout; Cooperativa. XXX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Maturidade e desafios da Engenharia de Produção: competitividade das empresas, condições de trabalho, meio ambiente. São Carlos, SP, Brasil, 12 a15 de outubro de 2010.

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ESTUDO DOS NÍVEIS DE

PLANEJAMENTO DE ESPAÇO DA

COOPERATIVA DE SERVIÇOS

AGROFLORESTAIS E INDUSTRIAIS NO

MUNICÍPIO DE BARCARENA - PA

Cintia Blaskovsky (UEPA)

[email protected]

Breno Richard Brasil Santos (UEPA)

[email protected]

Leandro da Costa Corrêa (UEPA)

[email protected]

Thiago Henrique Vieira Galvão (UEPA)

[email protected]

WALBER SOUZA DO RÊGO (UEPA)

[email protected]

O planejamento do espaço destinado para as instalações de empresas,

qualquer que seja seu ramo de atividade, é de vital importância para a

adequação conjunta com suas operações, pois erros de localização

podem condená-las ao fracasso, por mmais que, internamente, elas

possuam fatores geradores de alta produtividade. Seus custos

logísticos totais, por exemplo, podem não ser compensatórios, diante

de fatores como a distância de fornecedores, carência de mão-de-obra

qualificada, entre outros. Este artigo visa analisar a situação da

localização das instalações já existentes de uma empresa formada por

uma cooperativa produtora de sandálias e brinquedos educativos cujas

matérias-primas são oriundas de resíduos de madeira e de borracha de

uma grande empresa mineradora do município de Barcarena - Pará.

Através do modelo de planejamento do espaço, o qual analisa as

instalações desde um nível mais geral até um mais específico de

detalhamento, de modo que se possa chegar a proposições de

melhorias da mesma.

Palavras-chaves: Planejamento do Espaço; Localização; Layout;

Cooperativa.

XXX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Maturidade e desafios da Engenharia de Produção: competitividade das empresas, condições de trabalho, meio ambiente.

São Carlos, SP, Brasil, 12 a15 de outubro de 2010.

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1. Introdução

A Cooperativa de Serviços Agroflorestais e Industriais (COOPSAI), foi fundada em 13 de

janeiro de 1995 tendo nos seus quatro primeiros anos se dedicado ao mercado de trabalho

como prestadora de serviços gerais no processo de terceirização de grandes projetos

empresariais de Barcarena, no estado do Pará. A partir do quinto ano de existência, em

parceria com a Albras e a Prefeitura de Barcarena desenvolveu uma Unidade de Reciclagem e

Compostagem de Lixo na Vila dos Cabanos ampliando sua responsabilidade social no seu

contexto participativo, melhorando as condições ambientais e sanitárias das comunidades

locais.

Participando do programa denominado “Nosso lixo tem futuro”, com a finalidade de

transformar lixo em produto e cidadania, a COOPSAI amplia para uma unidade fabril com

objetivo de produzir sandálias e brinquedos educativos e recreativos a partir de correias de

borracha e madeira descartada pela Albras e outras coligadas da Companhia Vale do Rio

Doce (CVRD), configurando uma nova fase da COOPSAI. Contudo, desenvolvendo

atividades de ocupação e renda para aproximadamente 240 cooperados que são remunerados

de acordo com sua produção mensal advinda do reaproveitamento dos resíduos.

Porém, seus produtos precisam competir em preço e qualidade e dessa forma há que se

observar as inovações tecnológicas e adequação do seu arranjo físico industrial para atender a

demanda de produtos e manter a competitividade de oferta.

O presente trabalho compreende analisar como estão dispostos os níveis de planejamento de

espaço (NPE) da COOPSAI, partindo do nível de planejamento global até um nível de

planejamento mais específico, identificando a ocorrência de seus fluxos (materiais, pessoas e

informações), justificando os reais motivos das decisões tomadas referentes ao arranjo físico

industrial atual.

2. Referencial teórico

Quando há um pensamento de iniciar o projeto de uma instalação de negócios, geralmente se

pensa no layout dos departamentos, das salas, dos utensílios, ou seja, em questões cujo nível

de detalhamento é grande. Porém, quando não há um planejamento das instalações em níveis

mais amplos, todos os esforços empregados em níveis de maior detalhamento podem não

surtir o efeito desejado, pois decisões mais estratégicas com relação à localização das

instalações, número de filiais, tamanho das plantas etc, podem comprometer o funcionamento

das mesmas. Segundo Lee (1998, p.13): “O layout ou planejamento do espaço é o foco central

do projeto de instalações e domina o pensamento da maioria dos gerentes. Mas o layout da

fábrica ou do escritório são apenas um nível de detalhe”.

Apesar de não terem a merecida atenção, na concepção das instalações de uma empresa, o

detalhamento mais amplo é importante, pois questões estratégicas maiores são decididas em

primeiro lugar. Lee (1998, p. 15) sugere que:

Esses níveis com maior impacto estratégico e custo de planejamento mais baixo

recebem a menor atenção. Conseqüentemente, muitas vezes, as decisões com maior

impacto estratégico são tomadas com o conhecimento menos confiável.

Nota-se que as decisões referentes à localização estão ligadas à questões estratégicas.

Segundo Martins e Laugeni (2001, p. 90): “A seleção do local para implantação de uma

empresa, fábrica ou depósito de produtos é uma decisão ligada à estratégia operacional”.

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Moreira (1998, p. 47) argumenta que: “Qualquer que seja o tipo de negócio em que esteja

envolvida a empresa, mas principalmente se ela for uma indústria, as decisões sobre

localização são estratégicas e fazem parte integral do processo de planejamento”. Para Ballou

(2001, p.379): “As decisões de localização envolvem a determinação do número, da

localização e do tamanho das instalações a serem usadas.” Conforme Gaither e Frazier (2006,

p.169):

Para muitas empresas, planos de capacidade de longo prazo e localizações das

instalações são as decisões estratégicas mais importantes a serem tomadas.

Considerando a estratégia de uma empresa como um resumo de seus produtos, processos e

principais tarefas de produção é importante que as decisões quanto a localização sejam

acuradas, pois caso hajam muitos erros, a empresa pode incorrer em altos custos logísticos.

Uma ferramenta útil para tomada de decisões é separar em níveis de planejamento. Lee (1998,

p.13) informa que: “É útil pensar no planejamento do espaço em cinco níveis [...]”. a tabela 1

informa os níveis de planejamento do espaço.

Nível Atividade UPE típica Ambiente

Global Localização e seleção Locais Mundo ou País

Supra Planejamento Características de Construções ou Local Local

Macro Layout da Construção Células ou Departamentos Construção

Micro Layout de Departamento Características de Células ou Estações de

Trabalho

Células ou estações de

trabalho

Sub-

micro

Projeto das Estações de

Trabalho Localização de Ferramentas Estação de trabalho

Fonte: Adaptado de Lee (1998, p. 14)

Tabela 1 - Os níveis de planejamento do espaço

2.1 NPE global

Neste nível de planejamento são tomadas decisões quanto à localização em um nível mais

amplo de planejamento, nas quais são determinados aspectos externos gerais das instalações

como: informações de bens, processos e serviços a serem produzidos e aspectos geográficos e

macroeconômicos.

Não é exigido um grande número de pessoas, pois envolve alguns altos executivos e um ou

dois gerentes industriais. Para Lee (1998, p.15): “O custo do planejamento do nível 1 é

pequeno”. Em níveis mais inferiores são exigidos cada vez mais pessoas, análises e

engenharia detalhada.

A determinação da localização de instalações de empresas depende de inúmeros fatores.

Martins e Laugeni (1998, p.91) colocam que: “Para uma decisão adequada quanto à

localização deve-se determinar: a capacidade que é necessária, quando é necessária e a

localização dessa capacidade”. De acordo com Bowersox e Closs (2007, p. 463): “Ganhos

com economias de escala na produção e reduções no custo de transporte são objetos de

atenção nos estudos de localização de centros de distribuição”. Gaither e Frazier (2006, p.

169) enfatizam que:

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O planejamento das instalações inclui determinar quanta capacidade de produção a

longo prazo é necessária, quanta capacidade adicional é necessária, onde as

instalações de produção devem estar localizadas, e o layout e características das

instalações.

Não devem ser levados em consideração apenas fatores com baixo custo, como preço de

imóveis e custos de mão-de-obra, pois quando a operação global das instalações é levada em

consideração, seu custo pode ser alto devido à outras operações. Sobre este assunto, Lee

(1998, p.16) destaca que:

A determinação do número e localização exige muito mais do que a simples procura

das taxas de mão-de-obra mais barata e das maiores vantagens tributárias. As

habilidades disponíveis de mão-de-obra e suas atitudes em relação ao trabalho,

serviços de apoio à produção de ferramentas e suprimentos de materiais, políticas e

às vezes geopolítica também devem ser consideradas.

A investigação nesse nível mais amplo de análise pode revelar, por exemplo, que uma

empresa pode estar instalada em um país com instabilidade política, o que pode incorrer em

encargos geopolíticos para a mesma, assim como destruir sua capacidade de produção ou

estar sujeita ao esgotamento de matérias-primas.

O local mais indicado para abrigar as instalações de uma empresa não é o que detêm os

menores custos de operação, porém é o que gera instalações otimizadas e produtivas em seus

processos. Para Lee (1998, p.16):

Os resultados do planejamento correto das instalações otimizadas para os mercados

e localizadas próximo aos mais importantes recursos – recursos que, cada vez mais,

envolvem conhecimento, habilidade e infra-estrutura, em lugar de matérias-primas.

2.2 NPE supra

A análise do nível de planejamento do espaço supra considera aspectos externos (marginais) e

internos (gerais) das instalações. Segundo Lee (1998, p. 16): “No nível de planejamento do

supra-espaço ocorre o planejamento do local”, ou seja, considera número, tamanho e

localização de prédios, no tocante à aspectos internos e, infra-estrutura, como estradas,

distribuição de água, gás e ferrovias, no tocante à aspectos externos e de apoio.

A decisão quanto ao local já é mais precisa, porém ainda há impactos estratégicos, pois o

planejamento ainda tem conseqüências em longo prazo e de longo alcance.

A análise deve ser capaz de prever impactos na vizinhança na implantação e operação das

instalações, além da saturação e possíveis expansões das mesmas.

2.3 NPE macro

Na análise macro do planejamento do espaço são estabelecidos o foco e a organização básica

de espaços da organização. Segundo Lee (1998, p.16):

No nível de planejamento do macro-espaço, um macro-layout planeja cada prédio,

estrutura ou outra sub-unidade da instalação. Normalmente esse é o nível mais

importante de planejamento, pois estabelece o foco ou a organização básica da

fábrica.

Neste nível de análise é determinado o projeto físico geral da instalação considerando apenas

aspectos internos aos limites da instalação, tais como:

Número, tamanho, uso e disposição de prédios e área de acesso

Infra-estrutura interna necessária (energia, água, gás, escadas, etc.)

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Disposição externa de cada prédio, estrutura ou sub-unidade

Nota-se, portanto que ao se concretizar essa fase do planejamento do espaço já é possível

visualizar a localização geral de departamentos e os fluxos gerais (materiais, informações e

pessoas) e, por conseguinte a influência da mesma nos custos das operações, na flexibilidade

para aumento de capacidade e a necessidade de investimentos, no que diz respeito à máquinas

e equipamentos. Erros nesta fase comprometer as instalações da empresa, conforme coloca

Lee (1998, p.17): “[...] uma instalação mal planejada pode resultar em aumento dos custos de

manuseio, confusão e inflexibilidade”.

2.4 NPE micro

Nesta fase do planejamento do espaço é determinado o arranjo interno de cada prédio,

estrutura ou sub-unidade. São consideradas a localização, o tamanho e a disposição das salas,

de maneira que seu uso seja definido de forma precisa. A infra-estrutura interna necessária de

cada prédio também é determinada. Como resultado tem-se o micro layout das instalações.

Conforme Gaither e Frazier (2006, p. 197):

Planejar o layout da instalação significa planejar a localização de todas as máquinas,

utilidades, estações de trabalho, área de atendimento aos clientes, áreas de

armazenamento de materiais, corredores, banheiros, bebedouros, divisórias internas,

escritórios e salas de computador, e ainda os padrões de fluxo de materiais e de

pessoas que circulam nos prédios.

Alguns aspectos sociotécnicos e ergonômicos (em uma abordagem mais ampla) são

dominantes nesse nível, pois a análise é mais focada do que nas demais. Segundo Lee (1998,

p. 17): “A localização de equipamentos e móveis específicos é determinada no planejamento

do micro-espaço.”.

2.5 NPE submicro

Este nível do planejamento do espaço é que possui maior grau de detalhamento, pois

considera aspectos internos às salas sob aspectos ergonômicos. É definida a melhor disposição

dos recursos (estações ou postos de trabalho) internos à sala. Segundo Lee (1998, p. 18): “As

estações de trabalho e os operários são a preocupação do quinto nível”.

Os erros produzidos neste nível de planejamento podem induzir problemas mais específicos,

pois são relativos à má disposição dos elementos que compõe o posto de trabalho. Lee (1998,

p. 21) coloca que: “Quando necessárias, as mudanças normalmente são menos perigosas em

termos de interrupção da produção”.

3. Metodologia

Como método para este estudo de caso, primeiramente houve a definição do local a ser

pesquisado, seguido de uma investigação teórica e uso de material para a apropriação do

assunto, assim como de conceitos e cenários similares. Após esta etapa, realizamos a

construção de um roteiro de procedimentos para a análise de cada nível de planejamento de

espaço, estabelecendo a seguinte ordem de análise: NPE Global, NPE Supra, NPE Macro,

NPE Micro e NPE Submicro. Assim, viabilizando o levantamento de dados in loco, onde a

partir de todos estes pontos recolhidos, fosse possível realizar considerações sobre as

informações captadas, identificando as principais dificuldades e propondo soluções a este

arranjo físico industrial.

4. Estudo de caso

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4.1 Nível global

O presente trabalho tem, conforme exposto anteriormente, como objeto de estudo a

Cooperativa de Serviços Agroflorestais e Industriais (COOPSAI). A cooperativa tem como

atuação o estado do Pará, unidade utilizada para análise global. A partir da delimitação do

Estado, define-se, doravante nessa análise global, a Unidade de Planejamento de Espaço

(UPE) como sendo Cidade.

A COOPSAI está localizada em Barcarena - PA, mesmo município onde se encontra seu

principal fornecedor, Albras. O mercado atendido pela cooperativa é majoritariamente a

cidade de Belém e municípios próximos da Região Metropolitana de Belém (RMB).

Figura 1 - Mapa de fluxos em análise global

Como pode ser observado, os fluxos (materiais, pessoas e informações) são resumidos e

simplificados na figura 1, visto que a comunicação da COOPSAI se dá prioritariamente

dentro do município com seu fornecedor e fora deste com a RMB. Quanto ao arranjo físico

associado, pode-se afirmar que é um arranjo por produto, uma vez que os materiais seguem

sempre um caminho fixo, linear desde o fornecedor até o mercado consumidor. Como

justificativas para a localização da unidade no município destacam-se prioritariamente a

proximidade da unidade da Albras, visto que a desenvolvimento da COOPSAI é um projeto

de Responsabilidade Social e Ambiental da empresa em virtude da geração de renda e

qualidade de vida aos cooperados e pessoas da região e com característica principal de

redução de impactos ambientais causados pelos lixos industriais.

4.2 Nível supra

Em se tratando do nível supra, delimitamos a localização da Cooperativa para a rodovia PA

483, Km 21 na Vila Murucupi. A planta encontra-se em local isolado da concentração urbana,

portanto o aumento de fluxos de pessoas e materiais gerados com a implantação do projeto

não gerou impactos para a população, exceto no trânsito dos rejeitos da Albras para a

COOPSAI, os quais aumentam momentaneamente o fluxo de materiais pela cidade.

Quanto ao fluxo de pessoas o caminho é basicamente o mesmo dos materiais, uma vez que os

cooperados moram em sua grande maioria no município de Barcarena. Os fluxos podem ser

resumidos na figura 2, abaixo.

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Figura 2 - Análise de fluxos no nível supra (Fornecedor - COOPSAI)

Complementando a análise, estendemos os fluxos para o mercado consumidor, e o resultado

foi semelhante.

Figura 3 - Análise de fluxos no nível supra (Fornecedor – COOPSAI - Belém)

Os fluxos de informações seguem o mesmo trajeto, já que a COOPSAI de certa forma é

periodicamente vistoriada pela Albras, e a cooperativa faz parte do programa de

Responsabilidade Social e Ambiental desta. A extensão, o mercado é a principal fonte de

informação para o planejamento da produção, que, mesmo de forma simplista, é realizado.

4.3 Nível macro

Aprofundando a análise partimos para o nível macro, o qual é delimitado pelo terreno da

unidade estudada. Como a COOPSAI possui apenas uma planta, esta será analisada.

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Figura 4 – Análise macro: mapa do terreno

Os fluxos de materiais estão separados por produtos - sandálias e brinquedos. O depósito de

matéria-prima dos brinquedos (madeira) tem armazenagem inadequada, ficando exposta ao ar

livre, sujeito as condições climáticas, como sol e chuva, o que prejudica a qualidade do

material devido a umidade elevada, fungos e outros, para os produtos finais da cooperativa.

Além dessa área de armazenagem de madeira, há também, outra área coberta para esse

mesmo fim, o que em parte preserva a madeira das intempéries do ambiente, no entanto a

disposição desses materiais ainda é feita de maneira desordenada, sem qualquer processo de

separação, classificação ou tratamento.

Ao se observar as instalações no nível macro, pode-se perceber, entre os prédios um arranjo

físico por produto, uma vez que sempre se segue a mesma sequência de fluxo de materiais e

informações.

4.4 Nível micro

Em um nível mais detalhado de análise, partimos para o nível micro, onde será explorada a

linha de produção de brinquedos em virtude de este ser o produto de maior importância para a

cooperativa, além de ser a única linha a qual obtivemos acesso.

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Figura 5 – Layout atual da linha de produção de brinquedo

O leiaute atual não apresenta conformidades para uma produção constante de brinquedos, e de

certa forma não apresenta uma estrutura que possa o enquadrar em algum tipo de arranjo

físico conhecido. As máquinas estão dispostas aleatoriamente. A matéria-prima alojada em

partes dispersas dificulta na organização e problematiza ainda mais a qualidade do produto

final. Não existem corredores definidos para o trânsito dos cooperados, sendo até perigosa a

circulação. Há várias mesas no meio do processo produtivo sem utilização definida, podendo

atrapalhar os fluxos. Essa configuração dificulta até mesmo a análise dos fluxos, visto que são

completamente aleatórios e desestruturados.

Figura 6 – Visão geral do layout proposto

Foram analisados os brinquedos que seriam produzidos, o seu processo e o espaço disponível

para esta produção. Assim, concluímos que a melhor opção de acordo com o que dispomos, é

a produção por processo. Quando todos os agentes que irão compor esta operação

(informação, pessoas, maquinas e etc.) fluírem pela operação, será percorrido processo a

processo, de acordo com suas necessidades. Abaixo mostramos onde estão localizados os

processos. No layout atual, realizamos a análise técnica adequada, entre o processo de

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produção dos brinquedos, em conjunto com o espaço disponível. Podemos observar no layout

proposto, a realocação das máquinas de acordo com a norma regulamentadora 12 (NR-12),

distância entre as máquinas é 1,30m e distância das áreas de circulação é de 1,20 m. Estas

distâncias proporcionam ao cooperado a segurança na produção. As máquinas foram

analisadas de acordo com a sua principal função, demonstrando, então, no layout proposto o

agrupamento de acordo com a similaridade das operações, como detalhado a tabela a seguir:

Ordem Área Máquinas

1 Aplainar Plaina e Desengrosso

2 Cortar Serra Circular, Serra Fita e Esquadrejadeira

3 Perfurar Furadeira Horizontal e Furadeira Vertical

4 Outras máquinas Tupia

5 Tornear Torno e Cavilha

6 Lixar Lixadeira Horizontal, Lixadeira Vertical e Lixadeira Manual.

Tabela 2 – Agrupamento das máquinas no novo layout

Figura 7 – Visão detalhada do layout proposto

4.5 Nível submicro

No que diz respeito a análise do submicro espaço, escolhemos para ser o objeto de estudo

nesta etapa, o posto de trabalho do operador que manuseia a máquina esquadrejadeira. Onde,

este tipo de máquina tem a função de dimensionar peças, as quais são serradas em ângulos ou

retas. A mesma apresenta uma mesa móvel, também conhecida como carro deslizante

esquadrejador, o que agiliza e melhora a precisão de corte.

Este posto de trabalho foi escollhido devido às especificações necessárias com relação ao

conforto e segurança que o operador precisa ter para manuseá-la. A seguir vemos um exemplo

de uma máquina esquadrejadeira:

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Figura 8 – Foto de uma esquadrejadeira (à esquerda) e foto de um operador usando a máquina na

COOPSAI (à direita)

Para garantir a qualidade de vida do operador, a máquina esquadrejadeira, por possuir partes

móveis, deve apresentar um espaçamento que garanta a segurança do operário, ou seja, não

deve estar muita próxima das paredes ou de outras máquinas e equipamentos.

Segundo a NR 12 (1997), “entre partes móveis de máquinas e/ou equipamentos deve haver

uma faixa livre variável de 0,70m (setenta centímetros) a 1,30m (um metro e trinta

centímetros), a critério da autoridade competente em segurança e medicina do trabalho”.

Além de tudo, o operador deve possui os Equipamentos de Proteção Individual (EPI)

necessários para sua proteção, tais como óculos, luvas e protetores auditivos; observando a

qualidade aceitável de uso.

Sobre este tema, a NR 6 destaca que:

A empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente, EPI adequado ao

risco, em perfeito estado de conservação e funcionamento, nas seguintes

circunstâncias:

a) sempre que as medidas de ordem geral não ofereçam completa proteção contra os

riscos de acidentes do trabalho ou de doenças profissionais e do trabalho;

b) enquanto as medidas de proteção coletiva estiverem sendo implantadas; e,

c) para atender a situações de emergência.

Além destas medidas, para dar maior confiabilidade na segurança do trabalhador, o operador

deve estar familiarizado com o equipamento, ou seja, faz necessário que o mesmo receba

treinamento para garantir seu desempenho na tarefas realizadas.

Com relação ao arranjo físico associado a esta estação, podemos identificar um arranjo por

processo, pois nota-se um sequenciamento de tarefas que se classificam em funções

específicas. No caso da estação analisada, a mesma realiza a função de cortes mais precisos e

específicos nos insumos de madeira utilizados. Antes de chegar à estação analisada, a matéria-

prima passa pela máquina de serra circular que realiza apenas cortes padrões na madeira (de

45º e 90º). Após a passagem pela esquadejadeira, inicia-se o processo de lixagem que é

realizado nas estações onde estão as máquinas: lixadeira vertical e lixadeira horizontal. Este

processo é ilustrado na figura 9 a seguir:

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Figura 9 – Mapeamento dos processos envolvendo a máquina esquadrejadeira

5. Considerações Finais

A análise do Arranjo Físico é de suma importância para o projeto de instalações industriais,

seja em um momento embrionário, seja em uma ampliação. Pode-se perceber que não é uma

tarefa simples, principalmente quando, na concepção do projeto, tais pontos não são

considerados. Decisões a nível global podem influenciar diretamente no sucesso do

empreendimento. Tendo em vista o estudo de caso proposto, sugerimos algumas melhorias.

No nível supra, como sugestão podemos citar a necessidade de aprofundar estudos com

considerações aos custos, para propor se viável, a utilização do modal misto de rodoviário e

hidroviário, já que poderia reduziria significativamente os custos relacionados ao transporte

da mercadoria aos clientes. Partindo da cooperativa, em hipótese, os produtos seriam

encaminhados até o porto Arapari, onde seriam conduzidos para o centro de Belém usando

balsas, reduzindo também o tempo despendido ao transporte.

No nível macro sugerimos o melhor aproveitamento do espaço dentro da fábrica, através da

construção de prateleiras verticais, que ordenará melhor o estoque e facilitará o manuseio da

matéria-prima, além de se adotar melhores critérios para seleção e separação de materiais, de

modo que a qualidade dos produtos seja incrementada.

Sugestões nos níveis micro e submicro já foram expostas anteriormente, não restando mais

sugestões do grupo para tal. Por fim consideramos que a ausência de um planejamento a nível

de espaços das instalações dificultaram a coleta e análise de dados ao longo do trabalho. A

disposição, por muitas vezes confusa, dos fluxos relacionados de certa forma justificam os

níveis global e supra, no entanto a partir do nível macro são necessários vários ajustes.

Para almejarmos a excelência, o presente trabalho não é um fim em si próprio, podendo ser

ampliado para um estudo mais aprofundado para mapear os fluxos dos processos referentes

aos principais produtos da cooperativa.

Referências

BALLOU, RONALD B. Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos:Planejamento, Organização e Logística

empresarial. 1ª ed. São Paulo: Bookman, 2001.

BOWERSOX, DONALD J. CLOSS, DAVID J. Logística Empresarial: O processo de Integração da Cadeia

de Suprimentos. Tradução: Equipe do Centro de Estudos em Logística. 1ª ed. São Paulo: Atlas, 1998.

BOWERSOX, DONALD J. CLOSS, DAVID J. COOPER, M. BIXBY. Gestão Logística da Cadeia de

Suprimentos. Tradução: Camila Teixeira Nakagawa e Gabriela Teixeira Nakawa. 1ª ed. Porto Alegra: Bookman,

2006.

GAITHER, NORMAN. FRAZIER, GREG. Administração da Produção e Operações. Tradução: José Carlos

Barbosa dos Santos. 8ª ed. São Paulo: Thomson Learning, 2006.

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