Exame Físico Neonatal

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EXAME FÍSICO NEONATAL/EXAME NEUROLÓGICO Fabiana Moreira Pontes / Sérgio Henrique Veigas Capítulo do livro Assistência ao Recém, - Nascido de Risco, editado por Paulo R. Margotto, 2ª Edição, 2004 Antes de receber o RN, o neonatologista deve preencher a História Materna para avaliar o grau de risco da gravidez e parto. Acompanhar a evolução do parto (ficar atento às manobras obstétricas e o uso de medicamentos), oferecer apoio emocional e efetivo à parturiente e seus familiares se presente na sala de parto. Logo após a assistência imediata (consulte o capítulo de ASFIXIA PERINATAL) o RN deverá ser mantido em ambiente aquecido até a estabilização da temperatura. Diminuir o máximo possível o período de separação mãe – filho, liberando o RN para o Alojamento Conjunto, tão logo as condições clínicas permitam. O objetivo é que o bebê vá direto da sala de parto para o Alojamento Conjunto. Neste período inicial, observar rigorosamente o RN (o ritmo respiratório, palidez, cianose, tremores, gemidos, hipo ou hipertonia, malformações, tipo de choro, etc..). Avaliar a idade gestacional, pesar e classificar o RN, assim como a placenta, estimando o risco patologias (monitorização da glicemia com fitas reagentes para RN PIG, GIG, sorologia para infecção congênita, etc..). Aplicar 1 mg IM de vitamina K 1 (Kanakion) para prevenção da doença hemorrágica do RN. Instilar uma gota de nitrato de prata a 1% em cada um dos olhos do RN para prevenção da oftalmia gonocócica e em. Aplicar o Engerix B (0,5 ml IM) para todos os RN na prevenção da Hepatite pelo vírus B. Fazer o exame físico completo após o nascimento. Este exame deverá ser minucioso e tem, como objetivos: - Detectar anormalidades anatômicas - Determinar estado de saúde do RN Histórico materno Paridade, antecedentes maternos (uso de drogas, tabagismo, álcool), informações sobre gestações, trabalho de partos e partos anteriores, intercorrências no pré- natal. Histórico familiar

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Neonatologia

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EXAME FSICO NEONATAL

EXAME FSICO NEONATAL/EXAME NEUROLGICO

Fabiana Moreira Pontes / Srgio Henrique Veigas

Captulo do livro Assistncia ao Recm, - Nascido de Risco, editado por Paulo R. Margotto, 2 Edio, 2004

Antes de receber o RN, o neonatologista deve preencher a Histria Materna para avaliar o grau de risco da gravidez e parto. Acompanhar a evoluo do parto (ficar atento s manobras obsttricas e o uso de medicamentos), oferecer apoio emocional e efetivo parturiente e seus familiares se presente na sala de parto.

Logo aps a assistncia imediata (consulte o captulo de ASFIXIA PERINATAL) o RN dever ser mantido em ambiente aquecido at a estabilizao da temperatura. Diminuir o mximo possvel o perodo de separao me filho, liberando o RN para o Alojamento Conjunto, to logo as condies clnicas permitam. O objetivo que o beb v direto da sala de parto para o Alojamento Conjunto.

Neste perodo inicial, observar rigorosamente o RN (o ritmo respiratrio, palidez, cianose, tremores, gemidos, hipo ou hipertonia, malformaes, tipo de choro, etc..). Avaliar a idade gestacional, pesar e classificar o RN, assim como a placenta, estimando o risco patologias (monitorizao da glicemia com fitas reagentes para RN PIG, GIG, sorologia para infeco congnita, etc..). Aplicar 1 mg IM de vitamina K1 (Kanakion) para preveno da doena hemorrgica do RN. Instilar uma gota de nitrato de prata a 1% em cada um dos olhos do RN para preveno da oftalmia gonoccica e em. Aplicar o Engerix B( (0,5 ml IM) para todos os RN na preveno da Hepatite pelo vrus B.

Fazer o exame fsico completo aps o nascimento. Este exame dever ser minucioso e tem, como objetivos:

Detectar anormalidades anatmicas

Determinar estado de sade do RN

Histrico materno

Paridade, antecedentes maternos (uso de drogas, tabagismo, lcool), informaes sobre gestaes, trabalho de partos e partos anteriores, intercorrncias no pr-natal.

Histrico familiar

Enfermidades atuais e significantes em membros da famlia, consanginidade.

Histrico neonatal

Ocorrncias no pr-parto e sala de parto, Boletim de Apgar, necessidade de reanimao, amamentao.

Placenta

Peso, colorao, odor, relao do peso da placenta com peso do RN (classificao da placenta e do RN atravs das respectivas curvas- consultar o capitulo Avaliao da Idade Gestacional), cordo umbilical.

Avaliao da idade gestacional (consulte o captulo de Avaliao da Idade Gestacional)

Medidas ao Nascer

* Peso

* Comprimento: RN deitado sobre a rgua e a medida feita do calcanhar protuberncia occipital

* Permetro ceflico: dever ser a maior medida da circunferncia craniana. cerca de 2 cm maior na apresentao plvica. At 32 semanas maior que o permetro abdominal, de 32 a 36 semanas so aproximadamente iguais, e aps 36 semanas ser menor.

Lembrar sempre de Classificar o RN (consulte captulo de Avaliao da Idade Gestacional)

EXAME FSICO

* Iluminao e aquecimentos adequados

* Inspeo cuidadosa do RN e avaliar sempre: estado geral: fcies, atitude espontnea, postura e choro

Colorao da pele: palidez, ictercia, cianose e pletora.

Esforo respiratrio: ritmo, profundidade, utilizao de msculos acessrios, batimento de asa de nariz (BAN), sons emitidos. Caso necessrio determinar o Boletim de Silverman Anderson

Sinais vitais: temperatura, freqncia cardaca, freqncia respiratria, presso arterial.

Pele

Textura, cianose, ictercia (Zonas de Krammer), palidez.

Descamao fisiolgica em ps maturos (ps e mos) e escamas endurecidas na ictiose congnita.

Nevos pigmentosus (mancha monglica): assemelha-se pequena equimose. Mais comum na regio sacra. Desaparece na segunda infncia.

Linfomas csticos : presentes em qualquer parte do corpo.

Escleredema: edema endurecido mais freqentemente visto em infeces neonatais graves e cardiopatias com dbito cardaco diminudo. No depressvel.

Petquias e prpuras : no desaparecem a digito-presso. So de etiologia mecnica (tocotraumatismo ), fragilidade capilar (infeco) e plaquetopenia. Localizao ao nvel do pescoo e cabea no tm maiores repercusses; em tronco e membros deve-se investigar.

Hemangioma: so manchas vermelho-violceas mais comumente observadas na nuca regio frontais e plpebras superiores. Desaparecem em alguns meses.

Com o desenvolvimento a pele torna-se espessa, opaca e queratinizada. Avalia-se a visibilidade dos vasos e sulcos. Lanugem: so pelos finos sobre o corpo, esto em menor proporo em regio de atrito. Surgem por volta da 19 a 20 semana e tm mxima apario entre 27 a 28 semana de vida intra uterina.

Superfcie plantar: avaliam-se as rugas que se dirigem dos dedos para o calcanhar. Quando h oligoidrnmio, acentuam-se as rugas.

Crnio

Medida e classificao nos grficos

Pode ocorrer micro, macro, hidro, e hidranencefalia

*Craniossinostose: fechamento precoce das suturas.

*Cfalo-hematoma: consistncia mais elstica aparece em horas e desaparece em meses. Localizao parietal.

*Bossa serossangunea: cacifo positivo, limites imprecisos, involuo rpida.

*Fontanelas: anterior mede de 1 a 4 cm. A posterior est presente em 3% dos RN normais e deve medir at 0,5 cm. Abaulamentos esto presentes na meningite, hipertenso intracraniana, hemorragia intracraniana, hidrocefalia, edema cerebral e insuficincia cardaca congestiva.

*Crnio- tabes: diminuio da consistncia dos ossos do crnio. A palpao assemelha-se a uma bola de ping-pong.

*Rudos intracranianos: raros em RN, mesmo quando h sopro cardaco audvel. Se presentes sugerem fstulas arteriovenosas.

*Encefalocele: exteriorizao de tecido nervoso por defeito nos ossos crnio, mais comum a nvel occipital.

Cartilagem da orelha e plpebras: a cartilagem da orelha torna-se mais firme com o decorrer da gestao. O descolamento da plpebra tem inicio na 22 semana e sua abertura completa por volta da 28 semana Face

Observar simetria, aparncia sindrmica, implantao das orelhas, distncia entre os olhos (hiper ou hipotelorismo aumento ou diminuio da distncia), tamanho do queixo, nariz e lngua.

Olhos

Abrir as plpebras, palpar globo ocular, pregas epicnticas, verificar o reflexo vermelho normal usando oftalmoscpio, hemorragia subconjuntival, estrabismo (freqente no RN), pupila branca (catarata congnita, retinoblastoma, fibroplasia retrolental), opacificao da crnea (glaucoma congnito, rubola congnita, rutura membrana de Descement), secreo ocular: at 48 horas (credeizao) e aps, infeco.

Ouvidos

Forma, tamanho, implantao da orelha, audio, apndice pr-auriculares. Alteraes na forma e implantao da orelha se relacionam agenesia renal. NarizForma, tamanho, permeabilidade, canal nasolacrimal, secreo nasal (se serossanguinolenta, pensar em sfilis congnita).

Boca

Colorao dos lbios, integridade (lbio leporino), palato (fenda palatina), lngua, dentes congnitos, rnula (tumorao cstica no assoalho da boca, sem indicao de exreses e imediata), prolas de Epstein (pontos brancos no palato), vula bfida. A posio da mandbula (retrognatia) e o arqueamento do palato (ogival) dependem da no atividade motora na vida intra-uterina da lngua contra o palato e o relaxamento da mandbula.

Pescoo

Pesquisar massas, fstulas, mobilidade, excesso de pele.

*Torcicolo congnito: contratura do msculo esternocleidomastideo na segunda semana de vida. Resoluo espontnea na maioria dos casos, podendo evoluir para assimetria facial e posio viciosa da cabea.

*Teratoma cervical: grande tumorao cervical na parte mediana do pescoo. Possibilidade de malignizao. Pode causar obstruo respiratria (consulte o captulo de Distrbios Respiratrios do Recm-Nascido)

*Higroma cstico: tumorao cstica de tamanho variado. Crescimento rpido. Invade o assoalho da boca, o mediastino a as axilas. Pode causar obstruo respiratria.

*Bcio congnito: causa idioptica ou filho de me que recebe iodo na gestao. Consistncia elstica em forma de colar cervical, pouco mvel, podendo causar obstruo respiratria.

Trax

Permetro torcico em RN a termo em mdia de 1 a 2 cm menor que o ceflico. Simetria, maior dimenso a Antero-posterior. Discretas retraes sub e intercostais so comuns em RN sadios pela elasticidade das paredes torcicas. Retraes supra-claviculares so sempre patolgicas.

Clavculas

Ausncia de clavculas, disostose cleido craniana (cleidocrniodisostose), ou fraturas (a maioria e do tipo galho-verde, que podem causar pseudoparalisia do plexo braquial). A conduta conservadora (no requer imobilizao, atadura) a no ser nos casos de fratura completa com diminuio ou ausncia de movimentao do brao no lado afetado.

Mamas

Verificar assimetria e distncia intermamilar. Ao nascer comum o aumento das glndulas mamrias com a secreo leitosa ou sanguinolenta. Podem observar a presena de mamilos extranumerrios.

Exame cardiovascular

Inspeo: cianose, padro respiratrio (taquipnia, dispnia, amplitude respiratria), abaulamento precordial, turgncia jugular, ictus (mais propulsivo em sobrecarga de volume e persistncia do canal arterial (PCA).

Palpao: pulsos nos quatro membros, comparao dos superiores com os inferiores (sincronia, ritmo e intensidade). Palpao do precrdio (ictus, sua impulsividade, frmitos).

Presso arterial: no brao e perna direitos. Presso pulstil (presso arterial sistlica - diastlica): normal em RN a termo de 25 a 30 mmHg e em RN prematuro de 15 a 25 mmHg. Se estiver estreitada significa falncia miocrdica ou colapso vascular. Se alargada, malformao arteriovenosa, truncus arteriosus, PCA. Aguardar queda da presso arterial pulmonar para avaliao.

Ausculta:

*Identificar B1:

( bordo esternal esquerdo superior (BEE). Definir sua intensidade e presena de desdobramento (Anomalia de Ebstein). Sua intensidade diminui na insuficincia cardaca congestiva (ICC) e conduo atrioventricular prolongada.

( bordo esternal esquerdo inferior. Aumenta de intensidade com o aumento de fluxo pela valva atrio-ventricular, PCA, insuficincia mitral, retorno venoso pulmonar totalmente anmalo (RVPTA) etc.

*Identificar B2:

no bordo external esquerdo BEE superior. Hiperfonese sugere hipertenso arterial sistmica ou pulmonar. Desdobramento amplo, pensar em estenose pulmonar, anomalia de Ebstein, RVPTA e Tetralogia de Fallot (T4F).

*Identificar B3 e B4:

na base ou pice. O B3 surge com o aumento de fluxo pela valva trio-vantricular, PCA e ICC. O B4 surge em miocardiopatias com menor elasticidade do ventrculo esquerdo (VE).

*Estalido:

patolgico aps a fase de transio. Audvel em dilataes de grandes vasos: truncus arteriosus, T4F, obstruo na sada do ventrculo esquerdo (VE) ou ventrculo direito (VD)

*Sopro:

Identificar como sendo sistlico, diastlico ou contnuo. Quantificar de 1+ a 6+. Identificar se proto, meso, telessistlico ou diastlico. Quanto ao timbre, informar se suave, rude ou aspirativo. Podero estar ausentes ao nascimento mesmo em cardiopatias graves; 60% dos RN normais tero sopro nas primeiras 48 h de vida

Exame pulmonar

Inspeo: o tem semiolgico de maior valor no exame pulmonar. Avaliar o padro respiratrio quanto freqncia, amplitude dos movimentos, tiragem, retrao xifoidiana, batimentos de asas do nariz, estridor expiratrio, gemido. Utilizar o Boletim de Silverman-Anderson (Fig 1)

Parmetros012

GemnciaAusenteAudvel com estetoAudvel sem esteto

Batimento de asa de narizAusenteDiscretoAcentuado

Tiragem intercostalAusente3 ltimas intercostaisMais de 3 intercostais

Retrao esternalAusenteDiscretaAcentuada

BalancimAusenteDiscretoacentuado

Fig 1: Boletim de Silverman-Anderson

Sinal da danarina do ventre avalia paralisia diafragmtica unilateral. Na expirao completa o umbigo deve tocar uma caneta situada sobre o mesmo. Na inspirao o umbigo se deslocar para cima e para o lado paralisado.

Ausculta : deve ser bilateral e comparativa. Auscultar as regies axilares. Avaliar a presena de creptos roncos e diminuio do murmrio vesicular.

Abdome

Inspeo : observar a forma do abdome; se escavado (hrnia diafragmtica), se houver abaulamento supra umbilical (atresia duodenal ou distenso gstrica), abaulamento infra-umbilical (distenso de bexiga e graves retardos de crescimento intra- uterino RCIU -), circulao colateral, ondas peristlticas.

Palpao : diastse de msculos reto abdominais, ascite, fgado, bao, rins, bexiga e massas. So 3 as principais causas de distenso abdominal no RN : ascite, visceromegalias e distenso gasosa.

Massas abdominais : cerca de metade so de origem genitourinrias. Nos rins podem ocorrer hidronefrose, nefroblastoma, cisto solitrio, rins policsticos e trombose de veia renal. No fgado, hematoma, hemangioma, cisto heptico, de coldoco, de ovrio. No trato gastrointestinal, duplicao de duodeno, de jejuno, ou de leo, volvo, teratoma e neuroblastoma.

*Tcnicas para palpao de rins : 1-) com o brao esquerdo, coloque o RN em posio semi-sentada e com a mo direita, palpar o hipocndrio, estendendo o polegar anteriormente e os dedos na face posterior. 2-) eleve os membros inferiores do RN com a mo esquerda e com a direita palpe o hipocndrio com os dedos posteriormente e o polegar anteriormente realizando movimentos de bscula.

Ausculta : procurar rudos hidroareos. Sua ausncia significativa para leo paraltico.

Genitlia

Masculina : comprimento do pnis, orifcio uretral (hipo ou epispdia), prepcio, testculos (na bolsa escrotal ou canal inguinal),presena de hrnias e hidroceles (transiluminao).

Feminina : tamanho do clitris, fuso dos grandes lbios, orifcio da vagina e uretra, distncia anovulvar e fstulas. Quase 100% dos RN apresentam excesso de tecido himenal ao nascimento que desaparece em semanas.

Fimose: comum no RN a aderncia do prepcio glande.

Hidrocele: aumento dos testculos com transiluminao positiva e no reduo com as manobras habituais.

Hipospdia: meato uretral na face perineo-escrotal do pnis; excesso de pele dorsal. Associa-se a alteraes dos testculos como criptorquidia.

Epispdia: falha no fechamento da uretra na parede dorsal. Pode acometer toda a uretra, inclusive com extrofia vesical.

Ectopia testicular: 5% dos RN apresentam testculos no palpveis ao nascimento. Verificar os canais inguinais.

Imperfurao himenal: pode levar reteno de secrees uterinas e vaginais e causar abaulamento himenal e s vezes reteno urinria por compresso extrnseca.

Hrnias

Genitlia ambgua

Anomalias anonetais: estenose anal, nus perineal anterior, fstula anocutnea, nus vulvar, fstula anovulvar, fstula anovestibular, fstula retrovestibular, atresia retal, imperfurao anal, estenose anal membranosa.

* Genitlia externa: a descida testicular para a bolsa escrotal ocorre por volta do 3 trimestre e a bolsa escrotal se toma mais enrrugada prximo ao termo. O tamanho final do cltoris adquirido bem antes da deposio de gordura nas estruturas vizinhas e por isso aparenta falsamente hipertrofiado.

Coluna

Colocar RN em decbito ventral. Procurar tumores, hipertricose, manchas hipercrmicas, seio pilonidal. Correr os dedos pela coluna.

*Meningomielocele e mielocele: tumoraes planas ou pedunculadas decorrentes de falha ssea no canal raquidiano (espinha bfida). Mais comum na regio sacral e lombar. Fazer avaliao do nvel de sensibilidade, avaliao motora e esfincteriana. Fossetas ou hipertricose podem indicar espinha bfida oculta.

*Teratoma sacrococcgeo: tumoraes arredondadas, de tamanho variado podendo ser gigante. Pele que o recobre , em geral, ntegra. Passveis de malignizao.

Membros

Realizar com o RN em decbito dorsal. Verificar simetria e propores, examinar articulaes procura de luxaes.

*Fraturas

*Paralisias: as paralisias braquiais podem ser de 3 tipos total, da parte superior do brao (Duchenne) e do antebrao (Klumke). O brao permanece em aduo (encostado no trax). Na paralisia de Erb-Duchenne as perturbaes sensitivas so pequenas e localizadas na parte superior do ombro.

*Paralisia de membros inferiores rara e se deve a tocotraumatismos graves ou anomalia congnita da medula espinhal.

*Artrogripose (imobilidade articular): pode ser congnita ou devido a dficits neurolgicos, dficits musculares, compresso fetal por oligoidrmnio. Problemas neurolgicos parecem ser a causa mais comum: meningomielocele, deficincia das clulas motoras da medula anterior, espasticidade pr-natal, anencefalia, hidranencefalia e holoprosencefalia. Na histria, verificar movimentos fetais, oligohidrmnios e exames radiolgicos.

*P torto congnito: a anomalia congnita de membros mais comum. Diferenciar entre p torto congnito e posicional.

*Prega palmar nica: uni ou bilateral, est presente em 2,5% dos nascimentos normais.

*Osteocondrodisplasia: evidente encurtamento dos membros (nanismo diastrfico).

*Luxao congnita do quadril: o diagnstico deve ser o mais precoce possvel, pela boa resposta ao tratamento. Pesquis-lo em todas as oportunidades do exame fsico do RN, pois poder estar ausente em alguns momentos. Verificar simetria das pregas cutneas. Raio X.

*Manobra de Ortolani: articulaes coxo-femurais em flexo e joelhos em flexo. Seguram-se as pernas e as coxas com as mos, colocando-se os dedos sobre o grande trocanter e realizando-se a aduo a abduo da articulao. Positivo quando se percebe um click com os movimentos.

*Manobra de Barlow: flexionar joelhos e quadris. Seguram-se pernas e coxas coma as mos colocando-se os dedos sobre o grande trocanter, mantendo as articulaes em abduo mdia, realizando-se movimentos pressionando o grande trocanter anteriormente e sentindo-se o deslocamento da articulao.

Mecnio e Urina

99% dos RN urinam nas primeiras 48 h de vida, sendo que 23% o fazem na sala de parto. O volume urinrio nas primeiras 24 h de vida de cerca de 15 ml.

As causas mais comuns de incapacidade de urinar nas primeiras 24 h so: prepcio imperfurado, estenose de uretra, valva de uretra posterior, bexiga neurognica, ureterocele, tumores renais, rins multicsticos, hipovolemia, baixa ingesta, agenesia renal bilateral (Sndrome de Potter), necrose tubular (secundria a hipxia), trombose de veia renal, sndrome nefrtica congnita e pielonefrite congnita; 90% dos RN tem a primeira eliminao de mecnio nas primeiras 24 h de vida. Causas de atraso na eliminao so: obstruo intestinal, mucoviscidose, hipermagnesemia, doena de Hirsprung.

Exame Neurolgico

A-EXAME NEUROLGICO DO RECM NASCIDO DE TERMO

Avaliao do grau de maturidade neurolgica do RN, bem como faz uma busca ativa de patologias neurolgicas ou sistmicas que repercutem no s.n.c. no perodo perinatal, estabelecendo sua topografia.

VIABILIDADE

Local tranqilo, iluminao adequada, aquecida entre 24 e 27 Celsius. O RN deve ter sido alimentado duas horas antes do exame, e neste despido paulatinamente.

ESTADO DE SONO e VIGLIA ADEQUADO (PRECHTIL, 1960)

Os estados onde o exame mais bem realizado so os 3, 4, 5. E nos prematuros so os 1, 2, 3.

1.Olhos fechados, respirao regular, sem movimentos, (sono quieto)

2.Olhos fechados, respirao irregular, sem movimentos grosseiros, (sono ativo).

3.Olhos abertos sem movimentos grosseiros, (despertar quieto).

4.Olhos abertos com movimentos grosseiros e sem choro,(despertar ativo).

5.Olhos abertos ou fechados e chorando.

6.Outros estados, ex. coma.

SISTEMATIZAO

O exame neurolgico deve seguir uma seqncia estabelecida, aproveitando as melhores oportunidades para a realizao de manobras tranqilas ou vigorosas.

. Observao: Em UTI neonatais, devido aos cuidados intensivos e medicaes, o exame sofre prejuzos, assim sua realizao deve ser mais tranqila e completas possveis, evitando-se concluses errneas.

O EXAME

- OBSERVAO

Prolongada

- POSTURA: Flexo generalizada e lateralizao da cabea,at o final do 1- ms.

-MOVIMENTAO ESPONTNEA: Lentos sem sincronia, s vezes brusco, mais vivos nos membros inferiores.

-EMISSO DE SONS: Choro inarticulado at o final do 1- ms.

-TONUS:

Semiflexo generalizada.

-PALPAO.

-MANOBRA DO ARRASTO: quando os membros superiores esto fletidos.

-ROTAO DA CABEA EM PRONO.

-MANOBRA DE TOBLER: seguro pelos ps,cabea para baixo v-se a flexo dos membros.

-MANOBRAS DO CACHECOL,PROPULSO DOS MEMBROS INFERIORES E RECHAO DOS MEMBROS INFERIORES, Todas demonstrando a postura flexora dos membros.- REFLEXOS SUPERFICIAIS:

- Ver CUTNEO PLANTAR.

- REFLEXOS ARCAICOS: So atividades prprias do RN de termo, sadio, caricaturas de movimentos voluntrios. A persistncia de alguns depois de determinada idade indica patologias.

-VORACIDADE (PIPER): Estmulos nos lbios e cantos da boca, e o RN fazem rotao da cabea e desvio da boca procurando o estmulo. Observa-se at o 2- ms de vida.

-SUCO: Observa-se at o 8- ms de vida.

-PREENO REFLEXA DOS ARTELHOS: Pressiona-se a base dos artelhos, observa-se a flexo destes. Obtido at o 12- ms de vida.

-CUTNEO PLANTAR: Estimulam-se as bordas externas do p, obtendo-se a extenso do primeiro pododctilo e/ou a abertura em leque dos demais. Obtido at o 9- ms de vida.

-EXTENSO CRUZADA: Estimula-se a planta do p do membro em extenso mantido pelo examinador, observa-se flexo e abduo seguida de extenso e aduo do membro oposto. Obtido no 1- ms de vida.

-PREENSO PALMAR: Obtido at o 6-ms de vida.

-MANOBRA DO ARRASTO: RN em decbito dorsal, traciona-se os braos que esto fletidos, a cabea que inicialmente esta inclinada para trs desloca-se para a posio mediana e aps cai para frente. reflexo at o 3- ms de vida.

-REFLEXO DE MORO: Observa-se at o 6- ms de vida.

-REFLEXO TONICO CERVICAL ASSIMTRICO (MAGNUS DE KLEIJN): O reflexo do esgrimista observado at o final do 3- ms de vida.

-APOIO PLANTAR: Segurando-se o RN pelas axilas toca-se com a planta dos ps com leve presso a mesa de exame obtendo-se alinhamento do corpo, observado at o 3- ms de vida.

-MARCHA REFLEXA: Bem estruturada no 1- ms, sendo observada at o 4- ms de vida.

-ROTAO DA CABEA EM PRONO: O RN eleva a cabea rapidamente e faz rotao lateral, observada no 1- ms de vida .

-REFLEXO DE GALANT: O RN suspenso no ar estimulado nos flancos obtendo-se encurvamento do tronco.

-REFLEXOS DE LANDAU I e II: Sua ocorrncia pequena no perodo neonatal, observando-se aps os trs meses de idade. No Landau I ao suspender o RN no ar observamos extenso da cabea, da pelve e das pernas, obtido at o 12- ms de vida. No Landau II ao fletirmos cabea do RN observamos abaixamento da pelve e flexo dos membros inferiores, este reflexo observado alm do 12- ms de vida.

-PARES CRNIANOS:

So observados atravs de observao e de manobras provocadoras.

-NERVO PTICO (2-PAR) : Utilizando um feixe luminoso ou um objeto colorido aproximamos dos olhos do RN e obtemos uma breve fixao.

-NERVOS OCULOMOTOR (3- PAR), ABDUCENTE (6-PAR), Podem ser avaliados juntamente com o VESTIBULO COCLEAR (8- PAR), utilizando-se as seguintes manobras:

-OLHOS DE BONECA: Com o RN inclinado nos braos do examinador, fazemos rotao de sua cabea, os olhos no acompanham a manobra, permanecendo na posio original.

-REFLEXO VESTBULO-COCLEAR: Com o RN suspenso pelas axilas, com a cabea solta, fazemos suave translocao do mesmo para a direita e para esquerda, observamos a rotao da cabea para o lado da manobra. Em seguida com a cabea presa pelos dedos indicadores do examinador repetimos a manobra e observamos a movimentao dos olhos.

-REFLEXO COCLEO-PALPEBRAL: Avaliamos a funo coclear atravs de estmulo sonoro prximo ao ouvido do RN e a resposta o piscamento.

-REFLEXOS MIOTTICOS:

Os mais freqentemente observados so:

NASO-PALPEBRAL, BICIPITAL,TRICIPITAL,PATELAR, AQUILEU.

- SENSIBILIDADE

Pode ser avaliada atravs da retirada em bloco ou de um seguimento estimulao dolorosa.

- MEDIDAS DA CABEA:

Finalizando o exame neurolgico importante obter as medidas da cabea, avaliando as DISTNCIAS ANTERO-POSTERIOR (DAP), BIAURICULAR (DBA) e o PERMETRO CEFLICO. Avaliando-se atravs de grficos, bem como estabelecer o NDICE CEFLICO obtido atravs da diviso do DBA pelo DPA, que constante durante todo 1- ano de vida.

B-O EXAME NEUROLGICO DO RECEM NASCIDO PREMATURO

Vrios estudos demonstram que no podemos simplesmente transferir o exame do RN de termo para o prematuro, alm das caractersticas da imaturidade neurolgica, da dificuldade de se estabelecer o nvel de viglia ,temos que considerar os cuidados teraputicos intensivos a que muitos esto submetidos. Porm atravs de alguns reflexos presentes independentes da idade mesmo que de forma incompleta e inconstante podemos avali-los juntamente com aspectos somticos e mesmo sem ter valor prognstico confirmado estabelecermos o grau de maturidade neurolgica e possveis neuropatologias presentes.

Entre eles podemos destacar: PREENSO PALMAR E DOS ARTELHOS, MORO,GALANT, VORACIDADE, RETIRADA A ESTIMULAO DOLOROSA, PISCAMENTO, CUTNEO-PLANTAR, MIOTTICOS, TONUS PASSIVO E ATIVO

REFERNCIA BIBLIOGRFICAS

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