FACULDADE BOA VIAGEM – DeVry Brasil CENTRO DE...

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FACULDADE BOA VIAGEM – DeVry Brasil CENTRO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO EMPRESARIAL Daniel Costa Assunção RELAÇÕES DE MENTORIA, NO CONTEXTO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA GERENCIAL, ASSOCIADAS À GESTÃO POR RESULTADOS E À CULTURA ORGANIZACIONAL: UM ESTUDO NUMA INSTITUIÇÃO FEDERAL DE ENSINO. Recife, 2015

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FACULDADE BOA VIAGEM – DeVry Brasil

CENTRO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO

MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO EMPRESARIAL

Daniel Costa Assunção

RELAÇÕES DE MENTORIA, NO CONTEXTO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA GERENCIAL, ASSOCIADAS À GESTÃO POR RESULTADOS E À CULTURA

ORGANIZACIONAL : UM ESTUDO NUMA INSTITUIÇÃO FEDERAL DE ENSINO.

Recife, 2015

Daniel Costa Assunção

RELAÇÕES DE MENTORIA, NO CONTEXTO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA GERENCIAL, ASSOCIADAS À GESTÃO POR RESULTADOS E À CULTURA

ORGANIZACIONAL : UM ESTUDO NUMA INSTITUIÇÃO FEDERAL DE ENSINO.

Recife, 2015

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação da Faculdade Boa Viagem – DeVry Brasil como requisito necessário para obtenção do título de Mestre em Gestão Empresarial, sendo objeto de defesa oral, perante banca examinadora, em sessão pública.

Orientadora: Profª. Drª. Sônia Maria Rodrigues Calado Dias

Catalogação na fonte -

Biblioteca da Faculdade Boa Viagem - DeVry, Recife/ PE

A851r Assunção, Daniel Costa Relações de mentoria, no contexto da administração pública gerencial, associadas à gestão por resultados e a cultura organizacional: um estudo numa Instituição Federal de Ensino / Daniel Costa Assunção – Recife: FBV | DeVry, 2015. 140 f. : il.

Orientador(a): Sônia Maria Rodrigues Calado Dias.

Dissertação (Mestrado) Gestão Empresarial -- Faculdade Boa Viagem | Devry.

Inclui apêndice.

1. Mentoria. 2. Gestão por resultados na administração pública. 3. Cultura organizacional. I. Título.

DISS 658[15.2]

Ficha catalográfica elaborada pelo setor de processamento técnico da Biblioteca da FBV | DeVry

AGRADECIMENTOS

A Deus por ter me dado oportunidade e forças para conseguir concluir mais essa etapa em

minha vida;

A minha família, em especial, meus pais Rose Viana e Edmundo Assunção, pela educação de

qualidade que tive oportunidade de acessar e de tê-los sempre por perto para apoiar e torcer

nas minhas conquistas, decisões e no meu crescimento;

A minha namorada e amiga, Willyane Freire, que, com muito amor, carinho e paciência,

compartilhou comigo as dificuldades e me deu forças para que eu pudesse lutar na busca de

mais essa conquista;

A minha orientadora, Professora Sônia Calado, pelo incondicional apoio e pelo privilégio de

conhecer e usufruir de um grande ser humano, uma excelente professora e uma grande

mentora que me apoiou em todo o processo desde as suas inesquecíveis aulas às suas palavras

nas orientações.

À professora Drª. Hajnalka Gati que foi fundamental para o meu desenvolvimento durante o

percurso do mestrado e, através de suas aulas e orientações, auxiliou-me ao alcance dos meus

objetivos acadêmicos;

À Professora Profª. Drª. Juliana Yanaguizawa pelo apoio, a disponibilidade e o encorajamento

fundamentais em diferentes etapas de minha carreira profissional, pessoal e acadêmica;

À Coordenadora do Mestrado pelo apoio durante o percurso acadêmico e à Faculdade pela

qualidade na oferta dos serviços;

A todos professores que me auxiliaram no meu desenvolvimento acadêmico e me

incentivaram e valorizaram a minha pesquisa;

Aos colegas que compartilharam momentos de descontração, aprendizagem, respeito e

crescimento na minha vida acadêmica e pessoal.

À Magnífica Reitora da Instituição estudada, aos gestores e aos respondentes que me

auxiliaram a desenvolver o estudo;

Aos amigos de trabalho que torceram, apoiaram-me e trocaram experiências para que a

pesquisa fosse engrandecida a partir da experiência institucional. Aos amigos, de forma geral,

pela torcida e o estímulo para continuar buscando meus objetivos.

“Não basta saber, é preciso também aplicar; não basta querer, é preciso também agir”. Goethe

RESUMO

O desenvolvimento da sociedade se integra à qualidade nos serviços públicos prestados. A tecnologia, o acesso às informações e a globalização proporcionaram ao cidadão maior acesso ao conhecimento dos seus direitos e à necessidade de busca deles para suas respectivas melhorias. É fundamental que a Administração pública aprimore seus conceitos de excelência, de gestão por resultados e envidem esforços para desenvolver técnicas de medição e estratégias de melhorias. Nesse contexto atual das organizações públicas, o desenvolvimento das pessoas associado aos resultados organizacionais sob a moderação da cultura organizacional adotada foi objeto desta pesquisa. Foram parte da pesquisa servidores da Instituição, considerando seu tempo de serviço e sua atuação em cargo de gestão. Os dados quantitativos foram analisados sob a perspectiva da estatística descritiva, mediante respostas em questionários, assim como os dados qualitativos foram pela análise de conteúdo mediante a captação de dados a partir três grupos focais. Analisou-se a existência de funções de mentoria associadas à adequação dos procedimentos da Instituição ao modelo de Gestão Baseada em Resultados no Setor Público. Estes procedimentos abordam a evolução do desempenho da Instituição de ensino estudada referente à satisfação do público atendido pelos serviços, à melhoria dos seus serviços/produtos/processos organizacionais, à satisfação das pessoas, à gestão dos fornecedores, ao cumprimento das metas e à aplicação dos recursos orçamentários e financeiros. Apresentaram-se como resultados a existência de funções de mentoria que contribuem significativamente para o desenvolvimento e a promoção dos indivíduos na organização e uma compreensão acentuada pelos membros da organização acerca do papel da Instituição na agregação de valores à educação transformadora para o Século XXI. Outrossim, apontou-se a Instituição ainda em fase de construção de um cenário estratégico para a gestão de pessoas e transitório de um modelo burocrático ao Gerencial, do qual leva a cultura organizacional a focar na gestão de processos, com características ainda burocráticas, retraindo um contexto favorável à aplicabilidade de práticas de gestão focadas em resultados, no desenvolvimento de pessoas e de equipes com altos desempenhos organizacionais. É relevante que a Instituição desenvolva mais recursos e estratégias para que continuadamente haja o crescimento de relações interpessoais que culminem e sejam propiciadas o desenvolvimento das fases da mentoria e, por sua vez, relações eficazes e com aprendizagem dialógica entre mentor-mentorado.

palavras chave: Mentoria. Gestão por resultados na Administração Pública. Cultura Organizacional.

ABSTRACT

The development of society integrates quality in public services. The technology, access to information and globalization provided to citizens greater access to knowledge of their rights and their need to search their respective improvements. It is essential that the public administration to improve its concepts of excellence, management for results and dedicated efforts to develop measurement techniques and improvement strategies. In this current context of public organizations, the development of people associated with the organizational results under the moderation of the adopted organizational culture was objective of this research. Were part of the research, the Institution servers from the perspective of his seniority and his performance in office management. Quantitative data were analyzed from the perspective of descriptive statistics through answers on questionnaires, as well as the qualitative data by content analysis by capturing data from three focus groups. It analyzed the existence of mentoring functions associated with the adequacy of the institution's procedures to the Management Model Based on results in the Public Sector, which covers the evolution of the performance of the educational institution studied regarding the satisfaction of the citizens who depend on them, improving of their services / products and business processes, to meet the people, the management of suppliers, the achievement of targets and implementation of budgetary and financial resources. Were presented as results the existence of mentoring functions that significantly contributed to the development and promotion of individuals in the organization and a sharp understanding by members of the institution's role in the organization add value to the manufacturing Education of the XXI Century. Furthermore, he pointed to the institution still in the construction phase of a strategic scenario for the management of people and transitional bureaucratic model to Management, which leads to organizational culture to focus on management processes, with even bureaucratic characteristics, retracting one context favorable to the applicability of management practices focused on results, the development of people and teams with high organizational performance. It is important that the institution develop more resources and strategies so that there is continuously growing interpersonal relationships that culminate and be afforded the development of the stages of mentoring and, in turn, effective relationships and dialogical learning between mentoring.

Key words: Mentoring. Managing for results in the Public Administration. Organizational Culture

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Rede de Stakeholders...............................................................................................16 Figura 2 - Abordagem teórica da Dissertação...........................................................................18 Figura 3 - Evolução dos construtos da Dissertação................................................................. 19 Figura 4 - Abordagem adotada sobre a evolução da Administração Pública Burocrática à Gerencial...................................................................................................................................20 Figura 5 - Abordagem no estudo sobre Capital Humano..........................................................24 Figura 6 - Pilares das Relações de Mentoria.............................................................................28 Figura 7 - Abordagem da Gestão Baseada em Resultados no estudo.......................................39 Figura 8 - Perspectivas de um modelo de Gestão por Resultados no Setor Público.................42 Figura 9 - Perspectiva Resultados do Modelo de Gestão Baseada em Resultados...................48 Figura 10 - Relações de Mentoria.............................................................................................50 Figura 11 - Diretrizes da cultura organizacional no estudo......................................................51 Figura 12- Características da Cultura Organizacional..............................................................52 Figura 13 - Dimensões da orientação da Cultura Organizacional............................................53 Figura 14- Distribuição da frequência dos domínios de função de carreira.............................74 Figura 15- Distribuição da frequência dos domínios de função psicossocial...........................77 Figura 16-Distribuição do grau de concordância dos entrevistados acerca das características de gestão: Alta liderança, políticas estratégicas e planos, cidadãos e sociedade, gestão de pessoas e TI..............................................................................................................................................95 Figura 17- Distribuição do grau de concordância dos entrevistados acerca das características de gestão: Gestão de processos, governança, conhecimento e resultados..................................................................................................................................95 Figura 18- Distribuição do grau de concordância dos entrevistados com as afirmativas acerca da cultura organizacional, segundo os domínios: inovação, poder, equipe e processo..........105 Figura 19- Distribuição do grau de concordância dos entrevistados com as afirmativas acerca da cultura organizacional, segundo os domínios: tarefa, função e pessoas............................105 Figura 20- Distribuição do grau de concordância dos entrevistados com as afirmativas acerca da cultura organizacional, segundo os domínios: inovação, poder, equipe, processo, tarefa, função e pessoas......................................................................................................................106

LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Justificativas teóricas da integração entre os construtos...........................................16 Tabela 2 - Processo Evolutivo da Administração de Recursos Humanos no Brasil ................23 Tabela 3 - Funções Psicossociais e de Carreira na Mentoria....................................................33 Tabela 4 - Perspectivas da Gestão Baseada em Resultados x Dimensões atreladas ................42 Tabela 5 - Perspectivas de Resultados x Características...........................................................48 Tabela 6 - Tipologias da Cultura Organizacional.....................................................................53 Tabela 7 - Pilares do processo de gestão da cultura organizacional.........................................59 Tabela 8 - Construto x Questões abordadas neste estudo.........................................................65

Tabela 9 - Distribuição da frequência das práticas de mentoria nas funções de carreira.........73 Tabela 10 - Distribuição da frequência das práticas de mentoria nas funções psicossociais...76

Tabela 11 - Distribuição do grau de concordância dos profissionais acerca das características da gestão baseada em alta liderança.........................................................................................81 Tabela 12 - Distribuição do grau de concordância dos profissionais acerca das características da gestão baseada em políticas, estratégias e planos................................................................82 Tabela 13 - Distribuição do grau de concordância dos profissionais acerca das características da gestão baseada em cidadãos e sociedade.............................................................................84 Tabela 14 - Distribuição do grau de concordância dos profissionais acerca das características da gestão baseada em gestão de pessoas..................................................................................85 Tabela 15 - Distribuição do grau de concordância dos profissionais acerca das características da gestão baseada em TI..........................................................................................................87 Tabela 16 - Distribuição do grau de concordância dos profissionais acerca das características da gestão baseada em gerenciamento de processos..................................................................88 Tabela 17- Distribuição do grau de concordância dos profissionais acerca das características da gestão baseada em governança............................................................................................90 Tabela 18- Distribuição do grau de concordância dos profissionais acerca das características da gestão baseada em conhecimento........................................................................................91 Tabela 19- Distribuição do grau de concordância dos profissionais acerca das características da gestão baseada em resultados..............................................................................................93 Tabela 20- Distribuição do grau de concordância dos profissionais acerca da cultura orientada para inovação...........................................................................................................................96 Tabela 21- Distribuição do grau de concordância dos profissionais acerca da cultura orientada para o poder..............................................................................................................................98 Tabela 22 - Distribuição do grau de concordância dos profissionais acerca da cultura orientada para a equipe.............................................................................................................................99 Tabela 23 - Distribuição do grau de concordância dos profissionais acerca da cultura orientada para o processo.......................................................................................................................100 Tabela 24- Distribuição do grau de concordância dos profissionais acerca da cultura orientada para a tarefa............................................................................................................................101 Tabela 25 - Distribuição do grau de concordância dos profissionais acerca da cultura orientada para a função...........................................................................................................................102 Tabela 26- Distribuição do grau de concordância dos profissionais acerca da cultura orientada para as pessoas.......................................................................................................................103 Tabela 27 - Grupo Focal.........................................................................................................108 Tabela 28- Resumo dos objetivos específicos x respectivos resultados.................................121

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................12

1.1 Contextualização................................................................................................................12 1.2 Pergunta de pesquisa..........................................................................................................14 1.3 Objetivos............................................................................................................................14 1.4 Justificativas teóricas.........................................................................................................15 1.5 Justificativas práticas.........................................................................................................16 1.6 Estrutura do trabalho..........................................................................................................18 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.....................................................................................20 2.1 Da Administração Pública Burocrática à Gerencial.......................................................... 20 2.2 O capital humano na Administração Pública......................................................................24 2.3 Relações de Mentoria na Administração Pública...............................................................27 2.4 A Gestão Baseada em Resultados no Setor Público e as Relações de Mentoria...............38 2.5 Características da Cultura Organizacional atrelada à Administração Pública...................50

3 METODOLOGIA ..............................................................................................................63

3.1 As abordagens de pesquisa utilizadas...............................................................................64 3.2 Os instrumentos para a coleta de dados............................................................................65 3.3 O processo de coleta de dados..........................................................................................66 3.4 Processo de análise de dados............................................................................................67 3.5 Locus.................................................................................................................................68 3.6 Sujeitos.............................................................................................................................69 3.7 População e Amostra........................................................................................................69 3.8 A opção pelo estudo de caso ............................................................................................70 3.9 Limites e limitações da pesquisa.......................................................................................71

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS............................................................72

4.1 As relações e funções de Mentoria na Instituição.............................................................72 4.2 Os procedimentos da Instituição atrelados à gestão baseadas em resultado.....................79 4.3 As características da Cultura Organizacional................................................................... 96 4.4 A associação das relações de Mentoria na gestão por resultados numa Instituição de Administração Pública Federal de Ensino e a influência da Cultura Organizacional............108 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................123

REFERÊNCIAS....................................................................................................................128

APÊNDICES..........................................................................................................................134

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1 – INTRODUÇÃO

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO

Tendo em vista fatores como a globalização, a democratização, no início da década de 1980, e

a expansão dos direitos sociais propiciada pela Constituição de 1988, as Instituições públicas

brasileiras vêm sofrendo transformações, até os dias atuais, frutos do processo histórico de

aperfeiçoamento da República do Brasil. Cada vez mais, a sociedade tem acesso a

informações e ao conhecimento dos seus direitos e, por sua vez, busca melhorias contínuas no

âmbito do serviço público (PEREIRA, 1995; MELO, 2002; GAETANI, 2003).

A submissão hierárquica, a uniformidade excessiva e a influência política na ocupação de

cargos foram sendo substituídos pela busca de melhores desempenhos, de iniciativas

inovadoras e da oferta de cargos a pessoas com maior capacidade técnica, humanística e

gerencial. Além de que, com o passar do tempo, necessitou-se da adoção de procedimentos

concernentes ao desenvolvimento da meritocracia no serviço público (PEREIRA,1995;

MOTTA, 2007; SILVESTRE; ARAÚJO, 2013).

Diante disso, visando à prestação de melhores serviços públicos, foram estruturadas reformas

gerenciais, de modo que se buscou impulsionar, na Administração Pública, mecanismos

capazes de desburocratizar e controlar os processos, buscar agilidade operacional e consolidar

políticas públicas efetivas. E, por sua vez, ampliar e melhorar a estrutura de pessoal das

Instituições que compõem o serviço público (MOTTA, 2004; DIAS; MATTOS, 2012).

Outrossim, com o passar do tempo, essas Instituições passaram a estruturar metas e estratégias

por meio do planejamento estratégico e da adoção de critérios de uma gestão baseada em

resultados. Para essa estruturação, necessitou-se que houvesse adequações às características

peculiares da Administração Pública, dando condições de um maior controle e

acompanhamento das ações assim como adequação das metas aos recursos orçamentários de

cada órgão e o devido alinhamento aos resultados institucionais (MOTTA, 2007; PALUDO;

PROCOPIUCK, 2014).

Com isso, a estruturação da Administração Pública requereu novos procedimentos de

coordenação e controle das atividades, impactando na reorganização das formas de trabalhos

na organização das equipes, nas prestações de contas a órgãos controladores e nas formas de

oferta de serviços ao cidadão (MACHADO et al., 2012; SILVESTRE; ARAÚJO, 2013).

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Daí decorre afirmar a necessidade de se criarem novos paradigmas na gestão pública que,

quando atrelados aos contextos da sociedade informacional, o capital humano passa a ser o

fator diferencial dentro das organizações na busca por resultados. Para isso, considerou-se que

as adequações gerenciais e administrativas estivessem atreladas à capacidade organizacional

de desenvolver competências, de proceder com a gestão de desempenho e da potencialização

de melhores condições laborais para o alcance da performance (NEWCOMER, 1999;

BRANDÃO; GUIMARÃES, 2001).

Daí decorre afirmar que, tendo o ser humano como principal responsável pela evolução dos

processos organizacionais e, por sua vez, da busca por resultados, surgiu-se a preocupação da

manutenção da qualidade e da sustentabilidade do conhecimento na organização publica em

estudo mediante um processo acelerado de expansão da Rede Federal. Esse processo

culminou com um número significativo de novos servidores que necessitam de transferência

de conhecimento, partilha de experiências, orientação e condições para desenvolver-se por

meio da aprendizagem organizacional (GALVÃO, 2002).

Nessa perspectiva, em que a manutenção e a ampliação dos resultados tornaram-se

imprescindíveis as organizações, surgiu-se a necessidade de compreender como saberes

antigos e experimentados poderiam atrelar-se a saberes novos e atualizados e, por sua vez,

transformar-se em condições para a busca por resultados. Para enfrentar desafios como esses,

os gestores da Administração Pública possuem ao seu dispor um conjunto de conceitos,

modelos, técnicas e estratégias capazes de moldar-se a um novo processo decisório e de

gerenciamento (NEWCOMER, 1999; MOTTA, 2007).

A adaptação do indivíduo ao meio depende da dinâmica interna para transmitir informações

provindas do ambiente organizacional. Assim, as organizações sedimentam significados a

partir da construção social dos indivíduos. Nessa perspectiva, consideram-se as relações de

mentoria como fundamentais para viabilizar melhores condições organizacionais e

humanísticas às Instituições Públicas e ao seu crescimento. O processo de mentoria pode ser

capaz de propiciar o desenvolvimento dos servidores, adaptação a novos espaços,

aprendizagem e desenvolvimento organizacional e a estruturação de um positivo clima

organizacional (KRAM, 1985; DAVEL;VERGARA, 2001).

Considerando que as Instituições Públicas devem inserir-se no contexto da Administração

Pública Gerencial e adotar uma gestão focada em resultados, buscou-se analisar o

desenvolvimento de profissionais na organização propiciados pelas relações de mentoria e

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canalizados em melhor desempenho organizacional estando, por sua vez, moderados por uma

cultura organizacional adequada.

Para isso, este estudo abordou a Mentoria como fenômeno capaz de estimular, construir e

consolidar o saber e a aprendizagem organizacionais. A Gestão Baseadas em Resultados no

Setor Público como capaz de reunir dimensões que integradas priorizam a busca pelo alcance

de resultados. As relações de mentoria como capazes que propiciam o desenvolvimento do

indivíduo, fornecendo-o melhores condições de associar tal desenvolvimento ao resultado

organizacional e a Cultura Organizacional como elemento moderador dessas relações.

Deste modo, a compreensão de como as relações de mentoria poderão se associar à gestão dos

resultados na Administração Pública e à cultura da organização como mediadora dessas

relações foi discutida nesta dissertação na perspectiva de observar possíveis contribuições que

o fenômeno da mentoria pode promover à Administração Pública.

1.2. PERGUNTA DE PESQUISA

Como relações de mentoria, no contexto da Administração Pública Gerencial, estão

associadas a uma gestão por resultados e a uma cultura organizacional em uma Instituição

Federal de Ensino?

1.3. OBJETIVOS

1.3.1 Objetivo geral

Identificar as relações de mentoria, no contexto da Administração Pública Gerencial, e sua

associação à gestão por resultados e à cultura organizacional, em uma Instituição Federal de

Ensino.

1.3.2 Objetivos específicos

Identificar a existência e o desenvolvimento de relações e funções de mentoria existentes

numa Instituição de Administração Pública Federal de Ensino;

Compreender os procedimentos adotados para a Gestão Baseada em Resultados numa

Instituição de Administração Pública Federal de Ensino;

Identificar as características da Cultura Organizacional de uma Instituição de Administração

Pública Federal de Ensino;

Verificar a associação das relações de mentoria na Gestão por Resultados numa Instituição de

Administração Pública Federal de Ensino;

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Verificar a influência da Cultura Organizacional como moderadora entre a associação das

relações de mentoria e Gestão Baseada em Resultados numa Instituição de Administração

Pública Federal de Ensino.

1.4. JUSTIFICATIVAS TEÓRICAS

O fenômeno da mentoria, no Brasil, ainda é pouco discutido e, considerando as pesquisas

existentes, a abrangência, muitas vezes, ainda se restringe ao âmbito das empresas privadas,

de modo a desenvolver o capital humano e, por sua vez, favorecer a motivação e a

produtividade dos colaboradores das organizações. O mentorado nas organizações públicas

ainda é pouco estudado e, por sua vez, quando em Instituições de Ensino Superior,

contemplam mais o processo de mentoria entre docentes e discentes, na relação de ensino-

aprendizagem, assim como em orientações científicas.

Assim sendo, observou-se a necessidade de abranger o estudo para a Administração Pública,

de modo a contemplar a área administrativa e gestacional de uma Instituição de Ensino.

Tratam-se de servidores envolvidos na área administrativa, responsáveis pela estruturação de

procedimentos e o desenvolvimento de macroprocessos e microprocessos organizacionais,

que integram a construção de uma educação pública com qualidade para a sociedade. Desse

modo, este estudo se justifica pela relevância de propiciar estudos que perpassem pelos

construtos Cultura Organizacional, Mentoria e Gestão por Resultados focados na

Administração Pública.

Essa proposta visa incentivar a formação e o reconhecimento de relações de mentoria dentro

das Instituições de ensino da Administração Pública associadas à consolidação de uma gestão

por resultados a que se propõem essas Instituições, sob a ótica da cultura organizacional como

fator moderador para a estruturação e o surgimento dessas relações.

Abaixo, apresenta-se a Tabela 1 que demonstra a justificativa teórica e a relevância dessa

pesquisa. O referido levantamento foi realizado na Plataforma Capes e no Sciello e teve como

resultado a ausência de estudos comuns que integrassem os três construtos desta dissertação.

Conforme a Tabela 1, observa-se a carência de pesquisa nos construtos (Mentoria-Gestão por

Resultados), (Mentoria-Administração Pública) e (Mentoria-Cultura Organizacional-

Administração Pública-Gestão por Resultados). Com isso, apresenta-se a justifica teórica que

culmina com a intenção de desenvolver esse estudo.

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Tabela 1 – Justificativas teóricas da integração entre os construtos.

Fonte: Disponível em www.capes.gov.br e www.scielo.org> acesso em 18 de julho de 2015.

Além disso, pode-se considerar que a compreensão de características e perfis adequados ao

desenvolvimento de mentores integrados aos demais construtos se relacionam direta e

indiretamente na oferta de serviços públicos educacionais com mais qualidade e compromisso

para sociedade.

1.5. JUSTIFICATIVAS PRÁTICAS

No âmbito prático, este estudo visa à contribuição do desenvolvimento de novos servidores na

Instituição por meio da transferência e da construção de conhecimento organizacional

mediante relações de mentoria, ou seja, entre pessoas mais experientes e iniciantes na

Instituição. Essas são capazes de estimular o potencial do saber como instrumento de alcance

de resultados em Instituições Públicas de Ensino.

Para delinear as justificativas práticas, serão abordadas as partes interessadas pela pesquisa

por meio de uma rede de stakeholders, abaixo representada na Figura 1, que perpassa pela

Instituição:

Figura 1- Rede de Stakeholders

Fonte: o autor

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Abaixo, serão apresentadas as justificativas práticas da pesquisa representadas pelo

apontamento dos stakeholders e seus respectivos interesses.

A própria Instituição compõe a parte interessada na pesquisa, pois visa à identificação de

fatores em potencial que contribuam com a melhor gestão dos seus recursos humanos

integrados aos melhores resultados oriundos do mentoramento. Desse modo, considera-se que

a Rede Federal e outras Instituições Públicas e de Ensino Superior também devem se

interessar em buscar, nesta pesquisa, subsídios para estabelecer relações de mentoria formais

ou informais.

Os gestores de pessoal dessas Instituições também são considerados como partes interessadas,

pois as transformações da Administração Pública requereram estratégias organizacionais que

visassem ampliar a abrangência da atuação do setor de recursos humanos, ultrapassando os

processos burocráticos e alcançando fatores relacionados ao desenvolvimento humano para

melhorar o desempenho organizacional.

Os técnicos administrativos trabalham nos setores administrativos e acadêmicos da Instituição

e também podem ser caracterizados como interessados pois eles são diretamente alcançados à

medida que as relações de mentoria contribuam com o seu desenvolvimento profissional e

pessoal.

Em se tratando de uma Instituição de Ensino Superior, os professores também podem ser

considerados como interessados porque o fortalecimento do saber organizacional amplia suas

condições para o desenvolvimento de um ensino com maior qualidade, a partir de melhorias

estruturadas na Instituição.

Os pesquisadores também são parte interessada, pois as temáticas abordadas e suas relações

ainda são incipientes nos processos de pesquisas e, a partir desse estudo, poderão surgir outras

lacunas capazes de propiciar novas pesquisas.

Do ponto de vista dos educandos das Instituições de Ensino Superior, o processo de

mentorado também os beneficia por meio de serviços mais qualificados obtidos a partir de

melhores desempenhos oriundos dos processos de mentoria.

O governo também se caracteriza como interessado, uma vez que essas Instituições estarem

vinculadas a ele e, por isso, os resultados também são monitorados por órgãos de controle e

pela própria sociedade. Além disso, os fornecedores que também se relacionam prestando

serviços com aqueles que atuam na Instituição poderão ser impactados com a existência de

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melhores relações interpessoais. Por fim, o pesquisador dessa dissertação também é parte

integrante dos interessados em estratégias que são exitosas no âmbito da Instituição.

1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO

Essa dissertação foi estruturada em cinco capítulos. O primeiro apresentou a parte introdutória

do estudo mediante a contextualização, a explicitação do problema e os objetivos da pesquisa,

assim como as justificativas teóricas/práticas. O segundo capítulo abordou a fundamentação

teórica formada pelos construtos Mentoria, Cultura Organizacional, Gestão Baseada em

Resultados cujos saberes atrelados à Administração Pública foram abordados de forma

transversal. A representação dessa estrutura pode ser visualizada na figura abaixo:

Figura 2 – Abordagem teórica da dissertação

O terceiro capítulo contemplou o caminho metodológico percorrido para a obtenção dos

dados do estudo, a população investigada, o lócus e os procedimentos para coleta de

informações e sua análise. O quarto capítulo integrou o aporte teórico às respostas

apresentadas pelos questionados para construir discussões e resultados pertinentes aos

objetivos da pesquisa. No quinto capítulo, foram apresentadas as considerações finais acerca

do estudo, assim como proposições para estudos futuros.

Como pôde ser visto na Figura 2, o ambiente organizacional pertencente à Administração

Pública Federal teve como macroanálise as peculiaridades que compõem esse tipo de

organização, sobretudo, suas características de atendimento à administração de recursos

públicos e de prestação de contas à sociedade por meio de princípios norteadores sob a ótica

da legalidade.

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Figura 3 –Evolução dos construtos da dissertação

A Figura 3 demonstra a evolução dos construtos e a capacidade integrativa entre eles e as

devidas justificativas que conduziram ao alinhamento de referenciais teóricos que buscassem

compreender o problema que orienta esta dissertação.

E, nesse contexto da Administração Pública, foram associados para análise os construtos

Mentoria e Gestão por Resultados sob a moderação de uma Cultura Organizacional, conforme

foram apresentados no referencial teórico, no próximo capítulo.

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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA BUROCRÁTICA À GERENCIA L

A Administração Pública pode ser caracterizada como o “conjunto de órgãos e entidades

destinados a satisfazer, de forma regular e contínua, as necessidades sociais nos termos da lei”

(GRANJEIRO, 2002, p.23).

A Administração Pública é o processo estruturado de planejamento, organização, orientação,

execução, avaliação e aprimoramento da Instituição pública visando ao atendimento às

necessidades e expectativas dos cidadãos em prol do bem comum (OLIVEIRA, 2014, p.4).

Para compreender as transformações da Administração Pública Burocrática para a Gerencial,

considerou-se as diretrizes da Figura 4 abaixo:

Figura 4 – Abordagem adotada sobre a evolução da Administração Pública Burocrática à

Gerencial

Fonte: o autor

A Administração Pública passou por diferentes etapas durante o decorrer dos anos em virtude

das transformações econômicas, políticas, tecnológicas e sociais. A Administração Pública

Burocrática surgiu como substituta à Administração Patrimonialista em que o rei era

compreendido como o Estado. A Administração Pública Burocrática gerou empecilhos na

aceleração e qualidade nos serviços, assim como ocorreu sem processos sistemáticos que

redefinissem as carreiras, como explana Pereira (1996) abaixo:

a crise da administração pública burocrática começou ainda no regime militar não apenas porque não foi capaz de extirpar o patrimonialismo que sempre a vitimou, mas também porque esse regime, ao invés de consolidar uma burocracia profissional no país, através da redefinição das carreiras e de um processo sistemático de abertura de concursos públicos para a Alta Administração, preferiu o caminho mais curto do recrutamento de administradores através das empresas estatais (PEREIRA, 1996, p.3).

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Deste modo, a necessidade de reformar o estado e reconstruí-lo foi estabelecida pela crise

vivenciada seja pelas oscilações econômicas e políticas, seja pela capacidade de se adequar à

eficiência e à eficácia no atendimento às demandas dos cidadãos com a devida celeridade na

gestão dos recursos (PEREIRA; SPINK, 1998; MOTTA, 2007; PALUDO; PROCOPIUCK,

2014).

Por outro lado, a globalização também teve um papel efetivo nas transformações ocorridas na

Administração Pública, pois, até o fenômeno da integração mundial dos mercados e dos

sistemas produtivos, o estado tinha como um dos seus objetivos proteger a economia da

competição dos países internacionais. Contudo, após a mundialização, requereu-se a

redefinição de novas funções do estado nos âmbitos nacional e internacional, ou seja,

buscaram-se facilidades e oportunidades para valorização da economia nacional também no

âmbito internacional para ampliação da sua competitividade (BATISTA, 1999; BRANDÃO;

GUIMARÃES, 2001).

Com o novo cenário da mundialização, além de regulação e intervenção em áreas como

educação, saúde, cultura, desenvolvimento tecnológico, investimentos em infraestrutura,

necessitava-se que os agentes econômicos tivessem capacidade e qualidade para competir em

nível mundial. Daí decorre afirmar que a necessidade do surgimento de um novo tipo de

Administração Pública que pudesse destacar o papel do estado para eficiência dos recursos

ocorreu quando o estado se transformou no grande Estado social e econômico do século XX

(PEREIRA, 1996).

Essa transformação impactou no crescente número e na busca por uma maior eficácia nos

serviços sociais como educação, saúde, cultura, previdência, assistência social, pesquisa

científica, provisão de serviços públicos e de infraestrutura, estabilidade da moeda, além da

regulação do sistema econômico interno e das relações internacionais (WIIG, 2000; MELO,

2002; PALUDO; PROCOPIUCK, 2014).

Deste modo, percebe-se que o crescimento da qualidade e da quantidade de serviços a serem

ofertados à população, a reestruturação na inserção no serviço público, a competitividade

internacional, as transformações políticas, econômicas, culturais e sociais, assim como o

surgimento de metas acompanhadas da necessidade de controle foram fatores que

estimularam a adequação das atividades no serviço público às estratégias de gestão pública do

século XXI (PEREIRA, 1995; NEWCOMER, 1999; WIIG, 2000).

22

Estas estratégias vêm direcionadas a promover o atingimento de processos que culminem com

os resultados concernentes à finalidade da Instituição. Afinal, “todo e qualquer modelo

administrativo deve estar direcionado a facilitar a consolidação das atividades-fim da

instituição pública, ou seja, do público ao qual ela deve atender as necessidades e, até, as

expectativas; e não ficar focando as atividades-meio, pois essas servem, apenas, para atender

as necessidades operacionais das atividades-fim” (OLIVEIRA, 2014, p.11).

Assim, considera-se a necessidade de serviços eficientes e focados nas atividades-fins

essenciais para a reestruturação dos processos gerenciais do estado como necessários às

melhores condições de prestações de serviços aos cidadãos. Essa reestruturação correspondia

às pressões da sociedade assim como às próprias impossibilidades do crescimento da

burocracia instaurada (PEREIRA; SPINK, 1998; BRANDÃO; GUIMARÃES, 2001;

MACHADO et al., 2012).

Essa necessidade de reestruturação também foi ampliada, pois, por muito tempo, no Brasil, a

estabilidade no serviço público contribuiu com grandes impactos negativos na qualidade do

serviço, na desmotivação e na falta de disposição para exercer sua profissão. Desse modo, a

Constituição de 1988 favoreceu também a renovação das pessoas que atuam no serviço

público porque exigiu que o ingresso se condicionasse à existência de concurso público assim

como de competências e conhecimentos para se inserir no cenário das instituições públicas

(GAETANI; 2003; MOTTA, 2007).

Nesses contextos supracitados, surge a Administração Pública Gerencial que se pauta na

construção de metas e objetivos a serem alcançados e monitorados continuadamente com foco

nos resultados adequando-se, por sua vez, ao planejamento traçado, aos recursos

orçamentários disponíveis e à profissionalização no serviço público (PONTES, 2014;

PEREIRA, 1995).

Ressalta-se que essa administração pública gerencial se caracteriza pela substituição do foco

na forma de execução das atividades pelo foco no resultado. Considera-se que, dentre outros,

as políticas públicas são meios de consolidação do processo gerencial na Administração

Pública, uma vez que surge a partir da necessidade da sociedade e se executa mediante o

estabelecimento de um programa governamental com metas, objetivos, recursos e explanação

dos resultados a serem alcançados (DUTRA, 2002; SCHLESINGER et al., 2008).

23

Além disso, pode-se considerar que essas transformações que ocorreram na Administração

Pública também foram acompanhadas pelo processo evolutivo da Administração de Recursos

Humanos no Brasil, conforme Machado et al. (2012) explana abaixo:

Tabela 2 - Processo Evolutivo da Administração de Recursos Humanos no Brasil

Tempo Evolução

Até a década de 1960 houve uma maior preocupação operacional

Dos anos 1960 até 1980 consolidação do foco gerencial que, por sua vez, foi direcionado ao desenvolvimento organizacional.

A partir de 1980 surgimento da fase da gestão estratégica. Fonte: Machado et al.

Desse modo, observa-se que, tanto as premissas da Administração Pública Gerencial como as

diretrizes da Administração de Recursos Humanos focadas na gestão estratégica têm como

fator imprescindível o fortalecimento do potencial humano para contribuir com os resultados

do serviço público, com melhorias para a sociedade e com o desenvolvimento do próprio

servidor em seu ambiente laboral (PEREIRA,1996; FLEURY; FLEURY, 2001).

A gestão pública eficiente necessita absorver e construir possibilidades para que os

funcionários públicos saibam e gostem de trabalhar com as questões coletivas e dominem os

dados relevantes para atuar nas atividades que lhe são designadas em função do bem da

sociedade (OLIVEIRA, 2014).

É sabido que na esfera pública, as transformações ocorridas nas características gerenciais

ainda não são acompanhadas por todas as Instituições, contudo, essas têm passado por um

processo continuado de transformações para delinear a transição entre o burocrático e o

gerencial. Daí decorre afirmar que os processos seletivos para ingresso nos espaços públicos e

as adequações do perfil do colaborador às atividades a serem exercidas atenuam a manutenção

de padrões de um serviço público com morosidade e baixa qualidade (PONTES, 2014;

PEREIRA, 1998; STEWART, 2002).

Com isso, surge um cenário de choque cultural entre colaboradores antigos e novos que exige

uma cultura organizacional que modere e fomente um modelo de gestão organizacional

pautado no desenvolvimento do ser humano, na valorização do ser humano, em

transformações que transcendam a melhoria de desempenho das organizações e na gestão com

foco em resultados (SCHLESINGER et al., 2008; OLIVEIRA, 2014; PALUDO;

PROCOPIUCK, 2014).

24

2.2 O CAPITAL HUMANO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

A globalização, o avanço tecnológico, além da competição nacional e internacional entre as

organizações, também tornaram o ser humano e sua capacidade de criar, principalmente, na

era do conhecimento, como componente primordial e decisório para o desenvolvimento

organizacional e a criação de diferenciais nas organizações (STEWART, 2002).

Para isso, o capital humano será compreendido, ao longo desse item, conforme as diretrizes da

Figura 5 abaixo:

Figura 5 – Abordagem no estudo sobre Capital Humano

Fonte: o autor

Por outro lado, para o crescimento das potencialidades e do desenvolvimento desse capital

humano, buscado pelas organizações, também se necessita de que elas ofertem condições

físicas, sociais, humanas, gerenciais e organizacionais que propiciem o florescimento da

capacidade intelectual e criativa dos colaboradores que nelas atuam (NEWCOMER, 1999;

EDVINSSON; MALONE, 1998).

Da mesma forma que as pessoas nas organizações privadas são relevantes para utilizar sua

força de trabalho e o desenvolvimento de ideias para a criação/melhoria de produtos e

serviços, no serviço público, o capital humano tem sido indispensável para alcançar resultados

que são planejados a curto, médio e longo prazo nas Instituições Públicas, principalmente, a

partir da consolidação na Administração Pública Gerencial (EDVINSSON; MALONE,1988;

DAVENPORT; PRUSAK, 2013).

Dentre as transformações na Administração Pública, para se inserir no contexto do alcance de

resultados, é necessária a busca de estratégias que promovam o desenvolvimento do ser

humano e de suas competências e habilidades, estimulando-as a cumprir seu papel de servir à

sociedade.

Para isso, necessitou-se de maiores orientações, profissionalização, aprendizagem

organizacional, troca de experiências e melhores condições para que os servidores

25

cumprissem seu papel da melhor forma possível. Afinal, o maior desafio das organizações,

nos dias atuais, é aprender a converter conhecimento dos colaboradores em conhecimento

organizacional (NEWCOMER, 1999; SCHLESINGER et al., 2008). Essa conversão gera

limitações e preocupações, pois:

As inquietações e a complexidade dessa “nova era” começam pelas próprias tentativas de possibilitar a verbalização ou explicitação do recurso conhecimento. Um recurso que, ao contrário dos outros, como os recursos financeiros, naturais ou a mão-de-obra, é dificilmente compreendido, classificado, medido ou transmitido. É um recurso invisível, intangível, de difícil imitação e que teve, ao longo da história, diferentes significados e funções (SCHLESINGER et al. 2008, p.13).

Esse recurso intangível e tão significativo para as organizações necessita de oportunidades

que motivem o servidor a interagir, transmitir e apreender conhecimentos. Essa partilha

consiste em elemento fundamental para a criação de novos produtos, processos e serviços. A

interação ocorre a partir da execução das atividades corriqueiras, de diálogos informais, de

treinamentos formais e de processos de mentoria (NEWCOMER, 1999; CARDOSO;

FREIRE, 2003).

Essa fluidez na geração de conhecimento é surgida a partir de relações que misturam

experiências condensadas, como afirma Davenport e Prusak (2003):

Conhecimento é uma mistura fluida de experiência condensada, valores, informação contextual e insight experimentado, a qual proporciona uma estrutura para a avaliação e a incorporação de novas experiências e informações. Ele tem origem e é aplicado na mente dos conhecedores. Nas organizações, costuma ser embutido não só em documentos ou repositórios, mas também em rotinas, processos, práticas e normas organizacionais (DAVENPORT; PRUSAK, 2003, p.6).

O conhecimento, que é de domínio de cada colaborador, não se configura como propriedade

das organizações. Afinal, “o conhecimento que existe dentro das pessoas faz parte da

complexidade e da imprevisibilidade humana” (DAVENPORT, PRUSAK, 2003, p.6).

Contudo, a gestão dele é imprescindível para o surgimento de ideias para a oferta de serviços

qualificados, que surgem atrelados à capacidade de desempenho criativo dos integrantes da

organização e de suas atuações grupais (KOLB,1997).

Nesse sentido, “as organizações atualmente necessitam criar um ambiente no qual as pessoas

compartilhem o conhecimento, internalizem-no e apliquem-no para criação de novos

conhecimentos materializados em produtos, processos e serviços” (SCHLESINGER et al.,

p.14). A aplicação da experiência nos negócios e os insights baseados nela transformam as

ideias sobre o que deve acontecer em função daquilo que efetivamente acontece. Esses

insights levam as organizações a reconhecerem os valores de especialistas que possuam a

26

experiência e a utilizem como conhecimento organizacional (CARAVANTES;

PEREIRA,1981; DAVEL; VERGARA, 2001).Nessa perspectiva, considera-se o

conhecimento como aquele que se desenvolve a partir da experiência:

ao longo do tempo através da experiência, que abrange aquilo que absorvermos de -cursos, livros e mentores, e também de aprendizagem informal. Experiência refere-se àquilo que fizemos e àquilo que aconteceu conosco no passado. Um dos principais benefícios das experiências é que proporciona uma perspectiva histórica para olharmos e entendermos novas situações e eventos (DAVENPORT; PRUSAK, 2003, p.9).

É importante considerar que a tecnologia também é primordial para a partilha de

conhecimento e a potencialização criativa dos colaboradores das organizações a partir de

práticas e estratégias que introduzam valor significativo para o grupo ou para determinados

setores (DAVEL; VERGARA, 2001; DEMO, 2011).

Nessa perspectiva, pode-se afirmar que gerir o conhecimento dos seus colaboradores é o

grande desafio das organizações. Para isso, uma das estratégias que podem auxiliar a

instrumentalização do conhecimento individual ou das equipes em comprometimento com os

resultados planejados é desenvolver nas organizações públicas métodos de administração

participativa, dos quais consolidem a democratização de propostas de decisão para os diversos

níveis hierárquicos da instituição pública (OLIVEIRA, 2014).

Adequar o capital humano ao processo de passagem do modelo burocrático para o gerencial

requer estimular o desenvolvimento de resiliência, através da flexibilidade mental, emocional

e comportamental dos indivíduos. É necessário também envolvê-los nos processos gerenciais

desde a estruturação das informações e participação nas decisões à participação na

consolidação dos resultados (CHANLAT, 1993).

Nas instituições públicas, a participação na estruturação das informações básicas é essencial

para o desenvolvimento dos processos de comunicação, construção de conhecimento bem

como relacionamento profissional. A participação nas decisões propicia processos de

cooperação e compartilhamento de autoridades e responsabilidades assim como o

desenvolvimento do profissional. Enquanto que a participação na consolidação de resultados

culmina em processos de distribuição de resultados entre os profissionais, de

compartilhamento de posicionamentos pessoais e profissionais e programas de evolução

profissional (PONTES, 2014; OLIVEIRA, 2014).

27

Essa realidade institucional “é criada por meio de significações compartilhadas que são

internalizadas pelos indivíduos a partir de suas experiências cotidianas e que lhes servem

como base para construção do conhecimento” (MACHADO et al., p.43).

O processo de consolidação de uma gestão estratégica e participativa que envolva o

profissional nas diferentes etapas organizacionais auxilia no conhecimento holístico e no

envolvimento dele nas demandas institucionais e na proposição de ideias para a otimização

dos recursos disponíveis e a obtenção e melhores resultados pela Instituição Pública.

Há a necessidade da “melhoria das performances profissional e organizacional, mas,

principalmente, o desenvolvimento das pessoas em um sentindo mais amplo. Somente assim a

competência e o desempenho representariam, ao mesmo tempo, um valor econômico para a

organização e um valor social para o indivíduo” (BRANDÃO; GUIMARÃES, 2001, p.13).

Assim, tendo em vista que a excelência na Administração Pública depende de pessoas

capazes, integradas, habilidosas e com capacidade para orientar e ser orientado para

desenvolver e desenvolver-se em seu exercício laboral, considerar-se-á o fenômeno da

mentoria como uma das estratégias que poderá se associar ao alcance e à Gestão por

Resultados na esfera pública.

2.3 RELAÇÕES DE MENTORIA NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

A mentoria é um processo de relação interpessoal capaz de promover o desenvolvimento

humano. Essa relação é promovida por dois integrantes denominados mentor e o mentorado.

O mentor consiste em uma pessoa mais madura, mais experiente, que ensina, orienta, indica a

promoções, propicia crescimento, aconselha e possui características que levam o mentorado a

buscar apoio, possuir admiração, respeito, transformando-se, inclusive, num exemplo a ser

seguido (KRAM, 1988).

Enquanto que o mentorado é a pessoa que se beneficia com as orientações, as experiências, os

aconselhamentos e os direcionamentos apresentados pelo mentor. Em alguns casos, nem

mesmo aquele que exerce o papel de mentor sabe que possui essa capacidade de

mentoramento e o respectivo impacto na vida pessoal e profissional daqueles que são

mentorados (KRAM, 1985; BURKE; MCKEEN, 1989).

A mentoria pode influenciar no processo de desenvolvimento de carreira do mentorado, no

comportamento organizacional, no clima organizacional, no suporte psicossocial, na

construção de uma nova cultura organizacional, no desempenho organizacional, nas relações

28

interpessoais, no desenvolvimento de líderes, no desempenho organizacional e na satisfação

de pessoal (FLEURY; OLIVEIRA JUNIOR, 2001; ALLEN; EBY; 2007; RAGINS; KRAM,

2007). Para a abordagem da Mentoria, nesse estudo, foram delineados os seguintes pilares, na

figura 6:

Figura 6 – Pilares das Relações de Mentoria

Fonte: o autor

Conforme figura supracitada, as relações de mentoria serão abordadas por meio de suas

definições, funções, fases e relações no âmbito da Administração Pública.

2.3.1 Relações de Mentoria

As relações de mentoria são atreladas a uma percepção do mentorado que busca identificação

com um determinado indivíduo a ser tomado como referência, de modo que as experiências

vivenciadas pelo mentor darão subsídios para a construção das experiências futuras do

mentorado (RAGINS; KRAM, 2007).

As relações de mentoria são construídas por um processo dialógico envolvendo o mentor e o

mentorado, em que ambos devem estar aptos a exercer ou se abrir ao exercício de um

processo de mentoramento que resulte em crescimento e aprendizagem entre os envolvidos.

Assim, cabe ao indivíduo que almeja ser mentorado a capacidade para aprender por meio da

orientação e da observação. Por outro lado, ao mentor, destina-se a capacidade para

desenvolver percepções capazes de torná-lo hábil para ensinar os conhecimentos junto ao

mentorado (KRAM, 1985; BURKE; MCKEEN, 1989; RAGINS, 1997).

É importante observar que nem todos os sujeitos possuem a capacidade e a habilidade para

participar de um processo de mentoria, uma vez que essas relações são construídas e

efetivadas, na maioria das vezes, quando ambos possuem características em sua personalidade

29

como humildade, interesse, discrição, comprometimento, força de vontade, confiabilidade e

habilidade para ensinar na prática (RAGINS; KRAM, 2007).

Na relação de mentoria, a habilidade para desafiar, identificar talentos, delegar tarefas

desafiadores e ter desprendimento do saber também são imprescindíveis para transferência de

conhecimento. Possuir visão holística, paciência e capacidade de criar expectativas também

são parte do rol de princípios para um mentoramento. Assim como, no caso do mentor, a

aceitação e o estímulo ao crescimento de seu mentorado (HIGGINS; KRAM, 2001; ALLEN;

EBY; 2007).

Daí decorre afirmar que o relacionamento entre mentor e mentorado perpassa pela capacidade

integrativa das características demográficas, de personalidade e das habilidades de

relacionamento de ambos envolvidos. Contudo, o desejo de mentorar não necessariamente

significa a efetivação da mentoria.

Os aspectos positivos das relações de mentoria são a ampliação no desenvolvimento dos

profissionais na Instituição, o fortalecimento nas relações interpessoais, a intensificação na

troca de experiências, a valorização do capital intelectual, a criação de ambientes saudáveis, o

surgimento de patrocínios e treinamentos dos talentos que surgem na Instituição e a

aprendizagem organizacional (ARNOLD; JOHNSON, 1997; RAGINS; KRAM, 2007).

Os mentores demonstram sua utilização de poder e influência para prover desenvolvimento ao

mentorado dentro da Instituição ou em redes de relacionamentos fora da organização.

Proporcionar o acesso a grupos com poderes de auxiliá-lo a adquirir mobilidade na carreira

também é uma das competências que direcionam o mentoramento (EBY; 2007).

A performance do mentorado também reflete na competência do mentor de vislumbrar as

potencialidades dele. Essa competência afeta o mentor com reputação, credibilidade, com

ampliação das redes de relacionamentos e até pode impactar em status junto à sociedade e a

membros importantes na organização (ARNOLD; JOHNSON, 1997; CHANDLER; KRAM,

2007).

Ao mentorado, também cabe o sentido de satisfação de estar dando subsídios para o

crescimento de outras pessoas e saber que tem outros profissionais incipientes tendo seu

trabalho como um modelo. O mentorado também aposta no mentoramento e pode adquirir

promoções, ampliação de salários ou recebimento de gratificações, oportunidades de

treinamento, satisfação com a carreira e participação em redes de relacionamentos. É

30

compreensível que tais transformações na vida profissional do cidadão revigora o seu

comprometimento organizacional (CHAO; GARDNER,1992).

A mentoria e seus benefícios estendem-se ao ambiente organizacional, de forma geral, quando

as organizações criam conexões fortes entre seus membros e facilitam a capacidade de

aperfeiçoamento dos talentos individuais (RAGINS; COTTON, 1999).

Ter a perspectiva de senso realização individual e na sua carreira são alguns dos sentimentos

pertencentes àqueles que virão sua sabedoria e experiência a serviço da sociedade

(LEVINSON, 1978).

São benefícios obtidos pelo mentor, a partir do mentoramento, o reconhecimento, a

aprendizagem social e emocional, a satisfação, a criatividade ampliada, a recompensa

organizacional, novos conhecimentos, comprometimento, feedback, suporte do mentorado e

energização. Além do sentimento de auto-realização, fortalecimento/surgimento do papel de

liderança, status e sentimento de imortalidade são resultados comuns para aqueles que

mentoram (RAGINS; COTTON, 1999).

Outros benefícios para o mentor são satisfação interna com os pares e a empresa, melhorias

nas relações com os clientes internos e externos, na oportunidade de transmitir conhecimento,

trocar experiência e de ter relações profissionais fortalecidas. O mentoramento também é

capaz de promover a ampliação de uma comunicação interna mais eficaz e o conhecimento de

redes de pessoas com talentos e que os retransmitem em prol de melhorias institucionais

(SCANDURA, 1998).

Por outro lado, ao mentorado as relações de mentoria podem promover avanço na carreira,

satisfação no trabalho, promoções, maiores salários, comprometimento organizacional,

motivação, acesso na empresa, performance, influência e competência interpessoal (RAGINS

& COTTON, 1999).Os processos de mentoria são sobretudo benéficos à organização, pois

criam estratégias de sucessão e transferência de conhecimento bem como aumento no

comprometimento dos membros da organização (BOZIONELOS, 2006; CHANDLER,

KRAM, 2007).

Alguns casos de mentoria ocorrem com chefias imediatas que atuam na Instituição. Nesses

contextos, tende-se, pela própria natureza da relação, a ter mais designações de oportunidades

e desenvolvimento da carreira do mentorado. Contudo, em sua maioria das vezes, essa relação

se realiza por meio de um contrato de trabalho estabelecido pelo tempo de trabalho juntos,

podendo, quando no término da relação chefia-subordinado, dar-se continuidade à relação de

31

mentoria, caso tenha havido um bom desempenho do profissional mentorado, tal como o

encerramento da relação (PONTES, 2014; SCANDURA, 1998).

As relações de mentoria, quando ocorridas entre chefe e subordinado, existem potenciais

problemas que podem ocorrer quando essa relação de mentoria perpassa por uma triangulação

de chefia, pois, em casos de não cumprimento de meta, baixo desempenho, tende-se a

descontentamento, desentendimentos, rancores e a culminância em disfunções de mentoria

(BURKE; MCKEEN, 1989).

É sabido que as relações de mentoria podem ocorrer externamente à Instituição, contudo, no

contexto da organização, tem-se maior vantagem quando essas relações ocorrem com

membros fazem parte da organização. Essa vantagem é atrelada à capacidade maior de prover

recursos organizacionais e maior conhecimento das peculiaridades da Instituição para

melhorar auxiliar o mentorado. O mentor interno pode ter maior acessibilidade, pode prover

indicações para melhores posições na organização e intervir para o lançamento de tarefas

desafiadoras (RAGINS, 1997; HIGGINS; KRAM, 2001).

Por outro lado, a vantagem de se ter relações de mentoria externas auxilia na capacidade de

mobilidade interorganizacional e transições na carreira a médio ou longo prazo, uma vez que

sempre os profissionais buscam desenvolver novas habilidades que o conduzam e beneficiem

para atuar no mundo do trabalho e obter diferentes experiências (RAGINS, 1997).

Tradicionalmente, na organização, as pessoas tendem a valorizar e buscar mais

relacionamentos de mentoria que dêem suporte nas funções de carreira, embora, é relevante

considerar o papel consolidador que desempenha as funções psicossociais para a promoção de

aprendizagem, durabilidade e sustentação da relação. Essas últimas funções, quando aplicadas

de forma correta, impulsiona o surgimento de casos exitosos de encorajamento, confiabilidade

e guiamento (NOE, 1988; RAGINS; KRAM, 2007).

Com as funções psicossociais, o mentorado busca realizar mais perguntas, demonstra suas

fragilidades e medos; expressa opiniões mais completas, relata situações delicadas na

Instituição e estabelece um alto nível de confiança (ALLEN; EBY; 2007; CHANDLER,

KRAM, 2007).

A interferência das relações de mentoria equivalem à organização um aumento de

desempenho, maior produtividade, aculturação de novos servidores, planos de sucessão,

desenvolvimento de lideranças, redução da rotatividade e socialização entre seus membros

(ARNOLD; JOHNSON, 1997).

32

O relacionamento mentor-mentorado é uma atividade que deve e pode ser apoiada na

Instituição, mas não de forma obrigatória. O que diferencia um relacionamento de mentoria é

a sua naturalidade, voluntariedade, sem obrigações formais. Mentores e mentorados não são

juntados por autoridades mais altas, mas isso pode acontecer (RAGINS; KRAM, 2007).

Os respectivos chefes dos mentorados podem se transformar em seus mentores, o que se

caracteriza como positivo para o resultado direto nas ações que se envolvem, mas também

acontecem situações específicas, tais como: o poder do mentor enquanto chefe no controle de

designações e oportunidades, a realização de avaliações formais do mentorado e a dinâmica

do poder na relação, comportamentos os quais podem resultar em disfunções no

relacionamento (CHANDLER; KRAM, 2007).

No próximo item, serão explanadas as funções que podem ser exercidas no processo de

mentoria, de acordo com o objetivo que é destinado o mentoramento.

2.3.2 Funções de Mentoria

As funções de mentoria definem os papeis que o mentor pode desenvolver durante o

mentoramento por meio de estratégias no âmbito profissional ou psicossocial. As funções se

subdividem em funções de carreira e funções psicossociais. As primeiras dependem do nível

de influências para o crescimento profissional do mentorado enquanto que as funções

psicossociais dependem do nível de intimidade, de confiança e mutualidade (NOE, 1988;

MCKEEN, 1989; KRAM, 2007).

As funções de carreira auxiliam o indivíduo a avançar no processo de hierarquia

organizacional e as funções psicossociais abrangem o nível pessoal, ampliando o sentimento

de competência por meio de relacionamentos interpessoais (CHAO; GARDNER, 1992;

KRAM,1996; ARNOLD; JOHNSON, 1997; DREHER; DOUGHERTY, 1997).

Normalmente, as relações de mentoria tendem a dar maior valorização ao suporte nas funções

de carreira, porém, sabe-se que é de grande relevância conjugar os interesses no âmbito

organizacional aos interesses de relação interpessoal. Para tal, sabe-se que, no processo de

aprendizagem e de relação entre seres humanos, necessita-se do suporte das funções

psicossociais (KRAM, 1985; NOE, 1988; BURKE; MCKEEN, 1989; ALLEN; EBY; 2007;

RAGINS; KRAM, 2007).

Às funções psicossociais ficam destinadas o papel de dar subsídios às relações de mentoria

mediante aconselhamento, amizade e identificação entre os envolvidos, cujo suporte em alto

nível dessas funções acarretam em relações de confiança, de encorajamento e de condução.

33

Assim sendo, os mentorados passam a aprender a atuar em parceria, a gerenciar sua

aprendizagem, a desejar assumir riscos, a vencer medos, a controlar ansiedades e a criar a

capacidade para lidar com problemas (NOE, 1988; LANKAU; SCANDURA, 2002;

RAGINS; KRAM, 2007;).

As funções psicossociais auxiliam na construção de uma autoestima em nível pessoal dentro e

fora da organização. As funções de carreira estimulam e preparam o crescimento hierárquico

do indivíduo na organização. Além disso, essas últimas auxiliam na aprendizagem para a

ocupação de papeis de dentro da organização e para o bom desempenho em cargos superiores

(NOE, 1988; MCKEEN, 1989; ALLEN; EBY, 2007).

De acordo com Ragins & Kram (2007), as funções de mentoria são subdivididas conforme

tabela abaixo:

Tabela 3 - Funções psicossociais e de Carreira na Mentoria

Funções de carreira Funções psicossoais Apadrinhamento/Patrocínio Modelagem Exposição/Visibilidade Aceitação/confirmação Treinamento “Coaching” Aconselhamento Proteção Amizade Tarefas desafiadoras

Fonte: Ragins e Kram (2007)

O desmembramento e o nível de existência dessas funções e suas características se

desenvolvem e variam de acordo com as diferentes relações de mentoria. Abaixo, serão

delineadas as características de cada uma delas (CHAO; GARDNER, 1992; KRAM, 1996;

ARNOLD; JOHNSON, 1997; DREHER; DOUGHERTY, 1997).

2.3.2.1 Funções de carreira

a) Apadrinhamento/Patrocínio

A função de apadrinhamento ou patrocínio se constrói a partir de apoio ao mentorado em

começo de carreira para a sua ascensão profissional seja pela indicação formal ou informal de

oportunidade para o mentorado. No ponto de vista dessa função, cabe ao mentor reconhecer

as potencialidades e buscar meios para consolidar a progressão do indivíduo (NOE, 1988;

RAGINS; KRAM, 2007).

b) Exposição/Visibilidade

A função de exposição ou visibilidade ocorre quando o mentor dá condições e envolve o

mentorado em espaços para a realização de contatos e a criação de oportunidades junto a

34

pessoas de alto nível que possam viabilizar sua promoção e reconhecer suas habilidades,

competências e desempenho (NOE, 1988; CHAO; GARDNER, 1992; KRAM; 1996;

ARNOLD; JOHNSON, 1997). É importante destacar que, em ambas as funções de carreira, o

mentor está sujeito a riscos que podem ser convertidos em alterações nos resultados de

mentoria.

c) Treinamento “Coaching”

É a função que desenvolve o conhecimento do indivíduo para galgar aprimoramento e

crescimento na organização por meio de apresentação e orientação de estratégias do mentor

ao mentorado, com vistas a alcançar os objetivos, reconhecimento e progresso na carreira. Ao

transmitir os conhecimentos ao mentorado, o mentor também se desenvolve e apreende novas

experiências (NOE, 1988; KRAM, 1996).

d) Proteção

Essa função refere-se à proteção que o mentor propicia ao mentorado com vistas a evitar que

informações negativas sejam transmitidas, amenizando-o na exposição de riscos e críticas

desnecessárias que acarretem a formação de uma imagem negativa do mentorado (RAGINS;

KRAM, 2007).

e) Tarefas desafiadoras

Essa função de carreira equivale à relação direta entre o mentor e o mentorado, de modo ao

primeiro ofertar desafios ao segundo e apoiá-lo no desenvolvimento de competências

específicas, treinamentos específicos e feedback com vistas à melhoria contínua. Essas tarefas

desafiadoras são imprescindíveis para o mentorado galgar oportunidades e posições de maior

responsabilidade (MCKEEN, 1989; RAGINS; KRAM, 2007). .

2.3.2.2 Funções Psicossoais

a) Modelagem

A modelagem é uma das características mais consideradas durante o processo de mentoria, no

qual o mentorado busca se guiar pelas atitudes, valores e os comportamentos do mentor para

formar as suas próprias atitudes e posturas. Tal posicionamento passa a ter um mentorado que

admira, respeita e imita o mentor (NOE, 1988; BURKE; MCKEEN, 1989; KRAM, 1996).

b) Aceitação/confirmação

Trata-se de uma função psicossocial que proporciona autoconhecimento de ambas as partes

tanto do mentor quanto do mentorado num processo de feedback. No caso do mentor, o

35

reconhecimento à sua sabedoria e às suas experiências proporciona satisfação da valorização

por parte daqueles que recebem a mentoria. No caso do mentorado, como forma de agregar as

competências apreendidas para o mundo do trabalho, o processo de reconhecimento e retorno

também se dá a partir de estímulo ao encorajamento e apoio por parte do mentor (ALLEN;

EBY, 2007).

c) Aconselhamento

A função psicossocial de aconselhamento se constrói mediante a confiança do mentorado em

função do mentor para explorar assuntos pessoais que possam interferir no âmbito

organizacional. Deste modo, o mentor apresenta alternativas para as dúvidas, as ansiedades e

medos. O aconselhamento visa à condução do mentorado por meio de sugestões e orientações

embasadas nas experiências de vida do mentor (RAGINS; KRAM, 2007).

d) Amizade

A amizade, uma relevante função psicossocial, estrutura-se a partir da interação social do

mentor e do mentorado com mútuas relações de afetividade, respeito no trabalho e no âmbito

pessoal. Essa função facilita as relações de mentoria, uma vez que ambos se sentem mais

livres e conhecedores uns dos outros. Essas relações facilitam a melhoria da qualidade e da

satisfação daqueles que se envolvem e influenciam nos resultados profissionais pela facilidade

de acesso, conhecimento do outro e nível de intimidade (NOE, 1988).

As funções de mentoria também se adequam às etapas de aproximação e de permanência da

relação de mentoramento assim como os resultados oriundos dessa relação. Essas funções são

exercidas nas diferentes fases que perpassam o processo mentoramento, contudo, em alguns

dos casos, podem surgir problemáticas que impliquem em disfunções, dos quais revertem as

relações em situações negativas para a relação entre mentor e mentorado.

2.3.2 Disfunções de mentoria

As disfunções de mentoria ocorrem quando a relação não está correspondendo às expectativas

de uma das partes ou de ambas partes. Elas podem surgir a partir de vários contextos como

mudanças na organização, quebra de confiança, não atendimento às expectativas, decepções

e/ou estresse durante a relação de mentoramento. O histórico de relações de mentoria com

disfunções pode, inclusive, descredibilizar a construção de novas relações de mentoria na

própria organização (SCANDURA, 1998).

36

O surgimento de disfunções de mentoria também pode ocorrer devido às características nas

personalidades dos mentores ou mentorados, dentre elas, a vaidade, submissividade,

introspecção ou pouca habilidade de relacionamento, características demográficas diferentes,

além do comportamento excessivo de poder. Entende-se que relacionamentos negativos

oriundos das disfunções geram danos impactantes nas organizações (SCANDURA;

LANKAU, 2002; DE JANASZ; SULLIVAN; WHITING; BIECH, 2003).

Para que se possa atenuar os impactos negativos do encerramento ou afastamento nas relações

de mentoria, é aconselhável que a relação seja acompanhada e monitorada continuadamente

com diálogos e feedbacks para que as dificuldades sejam consertadas com ações corretivas ou

preventivas (CHAO; GARDNER, 1992; ARNOLD; JOHNSON, 1997; DREHER;

DOUGHERTY, 1997).

Por outro lado, essas disfunções acarretam no surgimento de relações negativas, como

sabotagem, dificuldades, submissividade, decepções, frustrações, influenciando, inclusive,

direta e indiretamente, no alcance de resultados organizacionais e possíveis reduções de

desenvolvimento do mentorado (SCANDURA, 1988; RAGINS; KRAM, 2007).

Os aspectos negativos ocorrem com frustações nas indicações e na exposição do mentorado a

tarefas desafiadoras. Além disso, a não correspondência das expectativas tanto de mentor

quanto de mentorado pode gerar disfunções de mentoria, ou seja, a desintegração da relação

(ARNOLD; JOHNSON, 1997; PEREIRA; SPINK, 1998).

Essas disfunções geram separação e redefinição na mentoria e podem ocorrer de acordo com

as fases da mentoria. Abaixo, serão detalhadas a subdivisão das etapas e do tempo necessário

para o desenvolvimento de cada fase da mentoria.

2.3.4 Fases da Mentoria

A mentoria é dividida em fases e essas possuem características peculiares, de acordo com as

diferentes etapas que estão sendo vivenciadas. Podemos classificar as fases em:

a) iniciação: nessa fase, são iniciados os primeiros traços que culminam com as relações de

mentoria, tais como admiração, identificação com valores comuns, observação. Assim,

identificam-se as potencialidades de interação entre as partes e o surgimento de perspectivas

de assistência técnica assim como aconselhamento e orientação pessoal. Essa fase dura cerca

de 6 meses a 1 ano.

37

b) cultivação: nessa etapa, as funções de mentoria e as relações interpessoais são

consolidadas, de modo a superar incertezas iniciais das relações entre mentor-mentorado. Essa

fase dura cerca de dois a cinco anos.

c) separação: essa fase ocorre quando surgem mudanças significativas no âmbito da

organização ou nos contextos psicológicos, implicando em transformações em um dos

envolvidos ou em ambos de modo a afetar o processo de mentoria. A separação pode

acontecer seja na vertente física seja na vertente psicológica. Essa fase dura no período de 6

meses a dois anos.

d) redefinição: Essa fase de redefinição ocorre depois da fase de separação e se dá quando,

após as transformações, o relacionamento ou é finalizado ou desenvolve características

significativamente diferentes (KRAM, 1985; BURKE; MCKEEN, 1989; ALLEN; EBY,

2007; RAGINS; KRAM, 2007).

2.3.5 Relações de Mentoria na Administração Pública

As relações de mentoria na Administração Pública podem ser consideradas como

instrumentos de aprendizagem e da socialização de conhecimento entre os servidores públicos

mais antigos e novos. A mentoria propicia o processo de apoio ao desenvolvimento do

servidor na sua integração com a cadeia de atividades, sua adaptação e a melhoria dos

processos na Instituição assim como estimula o processo de integração institucional

(ARNOLD; JOHNSON, 1997; PEREIRA; SPINK, 1998; ALLEN; EBY,2007; RAGINS;

KRAM, 2007).

A apreensão de novos conhecimentos propiciada pelas relações de mentoria proporciona ao

indivíduo novos comportamentos capazes de facilitar um desempenho organizacional mais

eficaz e eficiente. Tais ações ocorrem porque são oriundas a partir do embasamento de

experiências passadas e das orientações de pessoas que vivenciaram situações semelhantes

(HALE, 2000; FLEURY; OLIVEIRA JUNIOR, 2001; DUTRA, 2002).

É importante considerar que, nos dias atuais, na Administração Pública, as pessoas buscam

suas melhorias mediante concursos públicos que lhe propiciem oportunidades e lhe

possibilitem um melhor desenvolvimento cognitivo e profissional. Segundo Hale (2000), a

mentoria viabiliza a transferência do conhecimento e o desenvolvimento requerido por essas

pessoas dada ao usufruto de conhecimentos, comportamentos, valores e habilidades novas.

38

Com isso, pode-se afirmar que ao contribuir com o desenvolvimento do indivíduo na própria

Instituição minimiza os índices de rotatividade na organização.

Daí decorre afirmar que as relações de mentoria também podem facilitar a capacidade de a

organização atrair, desenvolver e reter profissionais experientes, qualificados e envolvidos em

prol do sucesso da mesma. Assim, considera-se que esses profissionais que possuem

conhecimento tácito e possuem o sentimento de pertencimento dentro da organização têm

maiores condições de encontrar meios capazes de gerir ações em busca de resultados no setor

público (CHAO; GARDNER, 1992; KOLB, 1997; KRAM, 2007).

Também se considera como fator relevante para o desenvolvimento de relações de

mentoramento no âmbito público que haja a emergência do novo modelo de Administração

Pública, no qual se represente uma ruptura de o cumprimento de normas, típico do modelo

tradicional de administração, para dar lugar à nova abordagem que enfatiza a realização

direcionada para resultados. E, em substituição ao modelo vertical baseado na hierarquia e na

autoridade, dar-se lugar a uma estrutura complexa de network (DREHER; DOUGHERTY,

1997; HIGGINS; KRAM, 2001; SILVESTRE, ARAUJO, 2013).

As estruturas administrativas no setor público, ao emergirem nesse novo modelo de gestão,

preservam a autonomia, equilibrando-se com o controle e funcionando num modelo mais

integrado, que propicie à sociedade melhores serviços, conforme se observa abaixo:

A implementação de mecanismos de coordenação que preservem a coerência dos processos e que devolvam ao poder político a capacidade de gerir, planejar, conduzir e tomar decisões está na essência do aparecimento de um novo modelo da Administração Pública. (...) Essa nova fase da administração teve reflexo em três áreas importantes: nas formas de trabalho em equipe, na forma como a organização prestam contas do trabalho feito e nas formas de fornecimentos de serviços públicos (SILVESTRE, ARAUJO, 2013, p.53).

Considerando esse novo contexto gerencial nas organizações públicas, no qual se integra

trabalho em equipe, prestação de contas e de serviços qualificados, é importante reconhecer

como o desenvolvimento do mentorado na organização pode ser integrado à busca por uma

excelência organizacional e uma Gestão Baseada em Resultados concreta. Nesse sentido, se

compreenderá no próximo item as premissas que regem esse tipo de Gestão no setor público.

2.4 A GESTÃO BASEADA EM RESULTADOS NO SETOR PÚBLICO E AS

RELAÇÕES DE MENTORIA

2.4.1 Premissas da Gestão Baseada em Resultados no Setor Público

39

A Gestão por Resultados se apresenta como uma conquista do povo brasileiro originada do

processo histórico de aperfeiçoamento da República no Brasil. Buscar melhoria contínua nos

serviços ao cidadão, readequações nos sistemas de informações contábeis/gerenciais

integrados a uma gestão de recursos humanos baseadas em competências e saberes

apreendidos culminaram com o surgimento da Gestão por Resultados no setor público. O

objetivo é melhorar a eficácia, a eficiência e a qualidade dos serviços prestados no setor

público (PEREIRA; SPINK, 1998; BRANDÃO; GUIMARÃES, 2001).

“A Gestão Baseada em Resultados no Serviço Público (GBRSP) deve adotar como símbolo

cognitivo a ideia de que este serviço é feito por pessoas para atender pessoas” (MACHADO et

al., 2012, p.36). Todavia, as melhorias dos serviços prestados ao cidadão requerem que a

Administração Pública seja dotada de um agrupamento de métodos e técnicas integrados a um

modelo de gestão voltado para o desempenho organizacional em função dos resultados,

alocando os recursos efetivamente (MACHADO et al., 2012).

Orientar a Gestão por Resultados, para Machado et al. (2012, p.112), consiste em “dotar as

estruturas, os processos e a administração dos recursos disponíveis, de um modelo de gestão

que possibilite uma integração consistente entre as políticas de governo e os resultados

institucionais planejados por cada um dos órgãos que compõem as esferas do governo”.

Para explanar as diretrizes da Gestão baseada em Resultados, esse construto obteve a seguinte

estruturação apresentada na Figura 7:

Figura 7 – Abordagem da Gestão Baseada em Resultados no estudo.

Nessa perspectiva, é importante considerar que a Emenda Constitucional nº 19/98 introduziu

o princípio da eficiência na Administração Pública, no Brasil, e, por sua vez, a incorporação

40

de ferramentas de Gestão focada em resultados (BRASIL, 1988). Dentre os pontos que

abrangem essa Gestão, podem-se destacar:

- a qualidade dos atos de gestão;

-a mensuração da economicidade na alocação dos recursos públicos;

- a contribuição com o desenvolvimento sustentável;

- a utilização de indicadores como instrumento de avaliação e de orientação administrativa;

- a busca pela racionalidade e o custo de oportunidade para orientar decisões estratégicas na

instituição

- a análise da viabilização de novas políticas públicas, mediante análise de necessidades da

sociedade (BRANDÃO; GUIMARÃES, 2001; ESCOLA NACIONAL DE

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, 2001).

Segundo Machado et al. (2012), a busca por modelos de gestão visou também contemplar as

especificidades do setor público na condução, gestão, avaliação das ações dos órgãos

públicos. Com isso, buscou-se promover soluções para problemas como déficit fiscal,

desigualdades, exclusões sociais, insegurança, acesso à educação, à saúde e à falta de

atendimento aos direitos sociais, bem como a necessidade e exigência de uma maior

transparência pública.

É importante destacar que a Gestão por Resultados deve estar em consonância com os

princípios constitucionais, elencados no artigo 37 da Constituição Federal, no qual dispõe que

“a Administração Pública direta e indireta de qualquer dos poderes da União, dos Estados, do

Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios da legalidade, impessoalidade,

moralidade, publicidade e eficiência” (BRASIL, 1988).

A Gestão baseada em Resultados interliga o funcionamento da organização e se atrela ao

planejamento desde a concepção até a avaliação dos alcances dos resultados. A estruturação

de um processo orientado para resultados deve considerar as seguintes diretrizes abaixo:

- preparação de estudos e diagnósticos contemplando oportunidades, limitações e prioridades;

- estabelecimento de estratégias e de diretrizes para alcançá-las;

- definição de programas, projetos e seus respectivos indicadores;

- mapeamento de índices de avaliação;

- avaliação permanente dos resultados;

- divulgação e controle dos resultados;

41

- adequação e reinício de análises (PEREIRA; SPINK, 1998; MOTTA, 2004).

É possível afirmar que a gestão por resultados é influenciada tanto pelo indivíduo quanto pela

organização, pois ambos se influenciam mutuamente em relação ao desempenho e às

competências uns dos outros. É sabido que tal desempenho também é atrelado ao processo de

planejamento, acompanhamento assim como de avaliação institucional, individual e por

equipes a partir de uma gestão estratégica que vislumbre os processos interativos e holísticos

da organização. Assim, buscou-se desenvolver um modelo que englobasse as perspectivas da

Gestão Baseada em Resultados no Serviço Público (PALUDO; PROCOPIUCK, 2014).

2.4.2 Perspectivas de um modelo de Gestão Baseada em Resultados no Serviço Público

A Gestão Baseada em Resultados no Serviço Público implica em alterações na visão de

atuação de uma entidade e no desenvolvimento de um ambiente propício a essa gestão, pois

coloca tanto a satisfação das pessoas como o centro da sua vida organizacional para atender

com qualidade e excelência os serviços destinados aos cidadãos (TRIBUNAL DE CONTAS

DA UNIÃO, 2004; MINISTÉRIO DE PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E GESTÃO,

2006).Propiciar um ambiente para o desenvolvimento da gestão baseada em resultados no

serviço público enfrenta as questões relacionadas com:

a institucionalização organizacional de todos os requerimentos novos, a exemplo de uma postura orientada por uma liderança ativa; avaliação de desempenho (das pessoas) e do resultado (das áreas); e estímulo à aprendizagem contínua”(...) a ideia é manter um estímulo permanente para as pessoas envolvidas em buscar sempre os melhores níveis de qualidade e eficiência na prestação de serviços públicos (MACHADO et al., 2012, p.13).

Os fundamentos que regem esse modelo proposto são alicerçados em princípios

constitucionais inerentes à natureza pública com vistas a socializar procedimentos de

excelência de gestão contemporânea adaptados às necessidades, particularidades e realidades

de cada organização (MINISTÉRIO DE PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E GESTÃO,

2006; FNQ, 2006).

Esses fundamentos de excelência do modelo proposto consideram dimensões como

pensamento sistêmico, aprendizagem organizacional, cultura de inovação, gestão

participativa, gestão por processos, valorização das pessoas, visão de futuro, orientação para

resultados, controle social, accountability e confiabilidade (FNQ, 2006; EFQM, 2006;

MACHADO et al, 2012).

Conforme Figura 8, abaixo, abordam-se perspectivas que abrangem o modelo de Gestão

baseada em Resultados no Serviço Público adotado nesse estudo:

42

Figura 8 - Perspectivas de um modelo de Gestão por Resultados no Setor Público

Fonte: Adaptado de Machado et al., 2012

A seguir, a Tabela 4 apresenta o delineamento dessas perspectivas com suas características

desmembradas para compreensão e integração ao estudo.

Tabela 4 – Perspectivas da Gestão Baseada em Resultados x Dimensões atreladas das perspectivas.

DIMENSÕES ATRELADAS PERSPECTIVAS

- Modelo de decisão e comunicação - Cultura da Excelência - Análise do desempenho da organização

Liderança da Alta Administração

Formulação das estratégias Desdobramentos e operacionalização Compatibilização com as ações do PPA e da LOA

Políticas, estratégias e planos

Imagem e conhecimento mútuo Interação com o cidadão usuário Relacionamento com a sociedade

Cidadãos e Sociedade

Sistemas de Trabalho Capacitação e Desenvolvimento Qualidade de Vida

Gestão de Pessoas

Infraestrutura Governo Electrônico (e-gov) Processos virtuais

Gestão de TI

Gestão de processos financeiros Gestão de processos de apoio Gestão de processos de suprimento Gestão de orçamento e finanças Gestão de custos

Gestão de Processos

Padrões de Comportamento Estruturas e processos organizacionais Controle Relatórios Externos

Governança

Gestão de RH Gestão do Conhecimento

43

Estruturação dos processos organizacionais Base tecnológica e funcional

Resultados relativos à sociedade Resultados orçamentários e financeiros Resultados relativos a suprimento Resultados relativos aos processos finalísticos e aos processos de apoio Resultados-chave do desempenho

Resultados

Fonte: Machado et al. (2012).

Para fins de compreensão, serão detalhadas as características das perspectivas do modelo de

Gestão por Resultados na Administração Pública.

2.4.2.1. Liderança da Alta Administração

Essa perspectiva considera que, quando se objetiva a excelência nas atividades

organizacionais, é necessário o envolvimento e comprometimento das pessoas. Nesse caso, à

Alta Direção é cabível desenvolver uma série de práticas que estimule a integração, a ética e

demonstre suas habilidades de planejamento, comunicação e acompanhamento (TRIBUNAL

DE CONTAS DA UNIÃO, 2004; MINISTÉRIO DE PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E

GESTÃO, 2006; FUNDAÇÃO NACIONAL DA QUALIDADE, 2006; EUROPEAN

FOUNDATION FOR QUALITY MANAGEMENT, 2006; MACHADO et al., 2012).

Essa perspectiva é fragmentada nas seguintes dimensões:

- Modelo de decisão e comunicação: aborda as estratégias e ações que compõem o processo

decisório da Alta Administração assim como a socialização de informações à parte

interessada. Essa fase aborda o exercício da liderança e seu relacionamento com as partes

envolvidas, a tomada de decisões e o processo de comunicação.

- Cultura da Excelência: consiste na abordagem de como são estabelecidos e disseminados

os valores da organização, seus padrões de trabalho, as práticas de gestão e as condições

necessárias para se buscar a excelência assim como verificar o cumprimento e as metas delas.

- Análise de desempenho da organização: demonstra a capacidade de avaliar o alcance das

estratégias e os objetivos da organização, dando subsídios para a tomada de decisões e

melhorias nas práticas de gestão (BATISTA, 1999; GALVÃO, 2002; MACHADO et al.,

2012)

44

2.4.2.2 Políticas, Estratégias e Planos

Essa perspectiva busca induzir a organização a traçar planos e avaliar a implementação do

planejamento, por meio da criação de indicadores de desempenho e da visualização do

atendimento das metas em consonância com as necessidades da sociedade.

O desdobramento dessa perspectiva ocorre mediante a análise da formulação e da

implementação das estratégias assim como a contabilização com as ações do Plano Plurianual

(PPA) e da Lei Orçamentária Anual (LOA) (TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO, 2004;

MINISTÉRIO DE PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E GESTÃO, 2006; FUNDAÇÃO

NACIONAL DA QUALIDADE, 2006; EUROPEAN FOUNDATION FOR QUALITY

MANAGEMENT, 2006; MACHADO et al., 2012).

2.4.2.3 Cidadãos e Sociedade

Nessa perspectiva, abrangem-se a atuação da organização e o cumprimento de suas

competências institucionais em prol dos usuários dos seus serviços e o conhecimento de suas

necessidades. Outrossim, corresponde à divulgação para apresentação de sua imagem

institucional e ao esforço para o relacionamento com a sociedade, contemplando suas

satisfações. As dimensões dessa perspectiva são: “imagens e conhecimento”, “interação com

o cidadão-usuário” e “relacionamento com a sociedade” (TRIBUNAL DE CONTAS DA

UNIÃO, 2004; MACHADO et al., 2012).

2.4.2.4 Gestão de Pessoas

Essa perspectiva consiste em elencar as contribuições da organização para estimular e

propiciar a contribuição dos colaboradores mediante o desenvolvimento, a valorização assim

como a partilha do seu potencial intelectual em prol dos objetivos individuais, das equipes e

organizacionais. Foram definidas como dimensões dessa perspectiva:

- sistemas de trabalho: esse sistema se atrela ao estudo e à análise de perfis e de alocação

assim como as oportunidades de participação nos processos organizacionais;

- capacitação e desenvolvimento: a capacidade de estimular e identificar as necessidades dos

colaboradores para promover o desenvolvimento das pessoas por meio de seu acesso a saberes

e experiências;

- qualidade de vida: busca-se promover um ambiente laboral saudável e seguro, de modo a

promover o bem-estar e melhores condições de ergonomia na organização. Abrange-se

também a capacidade de satisfazer e motivar o colaborador assim como as suas principais

45

necessidades (KOLB, 1997; CARDOSO; FREIRE, 2003; EUROPEAN FOUNDATION FOR

QUALITY MANAGEMENT, 2006).

2.4.2.5 Gestão de Tecnologia da Informação

O processo de gestão da tecnologia da informação também se configura como um dos

elementos principais para a obtenção dos resultados, pois desenvolve métodos que facilitem o

alcance da eficiência organizacional e da execução das estratégias. A gestão de tecnologia

funciona como um canal para dialogar com a sociedade e melhorar os processos finalísticos e

de apoio à organização (TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO, 2004; MINISTÉRIO DE

PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E GESTÃO, 2006; FUNDAÇÃO NACIONAL DA

QUALIDADE, 2006; EUROPEAN FOUNDATION FOR QUALITY MANAGEMENT,

2006; MACHADO et al., 2012).

2.4.2.6 Gestão de processos

Os processos transformam os recursos e as atividades inter-relacionadas em insumos em

produtos e serviços. A gestão por processos busca adotar procedimentos concernentes às

atividades dos colaboradores, de modo a se buscar maior padronização, celeridade, acesso às

informações e eficiência.

Essa perspectiva orienta a organização na compreensão e no gerenciamento, mediante a

adoção de processos com vistas à obtenção do domínio dos recursos empregados pela

Instituição para prever seus resultados, a melhoria do desempenho assim como a

implementação sistemática de inovações (PRÊMIO NACIONAL DE QUALIDADE, 2006;

MINISTÉRIO DE PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E GESTÃO, 2006; MACHADO et al,

2012).

Nessa perspectiva, são adotadas as seguintes dimensões (ESCOLA NACIONAL DE

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, 2001):

- processos finalísticos: equivalem aos processos principais da Instituição vinculados à sua

finalidade.

- processos de apoio: consistem naqueles processos que dão suporte ao alcance dos processos

principais e a si mesmos, mediante fornecimento de insumos, produtos, serviços,

equipamentos, tecnologia, manutenção, infraestrutura, recursos humanos, dentre outros, de

acordo com as peculiaridades de cada Instituição.

46

- processos de suprimento: abordam os processos referentes aos suprimentos da organização

concernentes aos produtos, materiais ou serviços adquiridos.

- gestão orçamentária e financeira: refere-se ao suporte financeiro e orçamentário eficaz

para obter os resultados planejados e desejados pela instituição.

- gestão de custos: apresenta-se como auxílio à administração pública contemporânea nos

sistemas de custos que levam o gestor público a perceber:

a) em que medida cada tipo de despesa contribui para os resultados obtidos;

b) quais atividades que agregam valor ao resultado final de suas ações;

c) qual é a taxa de consumo de recursos pelas atividades;

d) quanto custam os processos de trabalho ou programas governamentais;

e) onde ocorre o desperdício e onde há eficiência na aplicação de recursos contínuas

(ESCOLA NACIONAL DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, 2001, p.5).

2.4.2.7 Governança

A perspectiva governança para o setor público se subdivide da seguinte forma: padrões de

comportamento, estrutura e processos organizacionais, controle e relatórios externos.

Os padrões de comportamento englobam como os líderes e os demais da Instituição possuem

seus comportamentos e como se dão os códigos de condutas adotados por ela.

A dimensão “estrutura e processos organizacionais” se desmembra em responsabilidade

estatutária, responsabilidade pelo dinheiro público, comunicação com as partes interessadas

(sociedade) e papéis e responsabilidades, nas quais a boa governança deve definir claramente

como se dão tais ações e procedimentos aos moldes da Instituição.

O controle refere-se à necessidade e à exigência de serem estabelecidas formas efetivas para o

controle das ações e da aplicação dos recursos públicos. A dimensão controle é desmembrada

em gestão de risco, auditoria interna, controle interno, orçamento e administração financeira.

A dimensão “relatórios externos” consiste nas formas de prestação de contas da utilização dos

recursos públicos e, para isso, faz-se necessário a elaboração de relatórios externos que

garantam à sociedade o acesso às informações. São itens desmembrados dessa dimensão

relatório anual, uso de normas contábeis apropriadas e medidas de desempenho (PRÊMIO

NACIONAL DE QUALIDADE, 2006; MINISTÉRIO DE PLANEJAMENTO,

ORÇAMENTO E GESTÃO, 2006, MACHADO et al., 2012).

47

2.4.2.8 Gestão do Conhecimento

Nessa perspectiva, busca-se identificar procedimentos e melhorias de acesso à informação, de

maior contribuição para o alinhamento e a partilha desses procedimentos e do uso das

informações para o cumprimento dos objetivos institucionais. Assim como, essa perspectiva

visa propiciar melhores qualificações e ganhos na produtividade.

As dimensões que abrangem a gestão do conhecimento são:

- gestão de recursos humanos: implementação de práticas que facilitam a transferência, a

disseminação e o compartilhamento de informações, experiências e conhecimento.

- a estruturação dos processos organizacionais: implementação de práticas que propiciem a

geração e a disseminação de conhecimento organizacional.

- a base tecnológica e funcional: aplicação de mecanismos que deem suportem à gestão da

informação na Instituição (BATISTA, 1999; GALVÃO, 2002).

2.4.2.9 Resultados

O termo “resultados” se refere à produção das atividades atreladas ao planejamento e aos

requisitos dos seus modelos de gestão. Com a análise dessa perspectiva, objetiva-se

transformar teorias e planos em execução assim como em medição de desempenho para

cumprimento e contínua avaliação de metas (MINTZBERG, 2003; PALUDO;

PROCOPIUCK, 2014).

A perspectiva denominada “resultados” aborda a “evolução do desempenho da organização

referente à satisfação de seus cidadãos, à melhoria dos seus serviços/produtos e dos processos

organizacionais; à satisfação, à avaliação, bem-estar, educação e capacitação das pessoas; à

gestão dos fornecedores, ao cumprimento das metas e a aplicação dos recursos orçamentários

e financeiros” (MACHADO et al.,2012, p.240).

Para a perspectiva resultados, de acordo como o modelo de Gestão Baseada em Resultados,

foram definidas as seguintes dimensões de abordagem, que, quando aplicados a essa

Dissertação, deve-se considerar a influência das relações mentoras e da cultura organizacional

com vistas à consolidação dessa perspectiva.

Essas características de abordagem da perspectiva resultados detalham as dimensões que a

compõem, de forma geral, integrando os níveis atuais e de tendência para se referenciar e se

comparar aos resultados de cada dimensão e compreender a efetividade deles.

48

Figura 9 – Perspectiva Resultados do Modelo de Gestão Baseada em Resultados

Fonte: Machado et al. (2012)

Apresentam-se abaixo, na tabela 5, as características de abordagem de cada uma das

dimensões da perspectiva “resultados”:

Tabela 5 – Perspectivas de Resultados x Características.

Características de abordagem Perspectivas Resultados Níveis atuais, níveis de tendência e referenciais para comparar a satisfação da sociedade/usuários em relação à prestação dos serviços, imagem da instituição, responsabilidade social, universo potencial e interação com a sociedade.

resultados relativos à sociedade/cidadãos

Níveis atuais, níveis de tendência e referenciais para comparar a aplicação dos recursos orçamentários e financeiros, redução de custos dos processos e nível de execução dos programas e projetos.

resultados orçamentários e financeiros

Níveis atuais, níveis de tendência e referenciais para comparar os resultados da satisfação das pessoas, bem-estar, aprendizagem, avaliação, capacitação e desenvolvimento das pessoas e eficácia dos sistemas de trabalho

resultados relativos às pessoas

Níveis atuais, níveis de tendência e referenciais para comparar com os resultados do desempenho relativos a suprimentos.

resultados relativos a suprimento

processos finalísticos: níveis atuais, níveis de tendência e referenciais para comparar com os resultados do desempenho em relação aos processos finalísticos. processos de apoio: Níveis atuais, níveis de tendência e referenciais para comparar com os resultados do desempenho em relação aos processos de apoio. resultados-chave do desempenho: são os resultados referentes às políticas, estratégias e planos, incluindo informações comparativas pertinentes.

resultados relativos aos processos

Fonte: (MACHADO et al., 2012, p. 240-241)

A efetividade desses resultados possibilita à Instituição inserir-se na nova fase da

Administração, ou seja, a Gerencial, do qual adotar estratégias que auxiliem o aprimoramento

de cada uma dessas perspectivas, sobretudo, a de resultados, uma vez que engloba, de forma

geral, a efetividade das demais.

49

Essa fase gerencial dinamiza, como afirma Silvestre e Araújo (2013), relações de equipe

associadas à prestação de contas e de serviços qualificados, nesse sentido, essas estratégias

necessitam estimular a continuidade e a busca de esforços comuns em prol de resultados. Com

isso, a aprendizagem organizacional propiciada por mentoramentos pode subsidiar a

efetividade nesses resultados.

2.4.3 As relações de Mentoria e a Gestão baseada em Resultados no Setor Público

Segundo Davenport e Prusak (2003, p.63), “organizações saudáveis geram e usam o

conhecimento. À medida que interagem com seus ambientes, absorvem informações,

transformam-nas em conhecimento e agem com base numa combinação desse conhecimento

com suas experiências, valores e regras internas”. Com isso, quando se empreende para se

ampliar o estoque de conhecimento corporativo, tende-se a liderar o desenvolvimento da

estratégia do conhecimento, concentrando os recursos da organização no tipo do

conhecimento orientado para o resultado (MINTZBERG, 2003).

Dada à relevância do conhecimento institucional ser transferido e construído, faz-se

necessário incentivar a integração de pessoas perspicazes e a estruturação por parte da

organização da identificação dos componentes do conhecimento que agreguem valor ao

sucesso organizacional. Nessa perspectiva, as relações de mentoria vêm sendo buscadas como

fontes de geração de conhecimento organizacional (DAVENPORT; PRUSAK, 2003;

SCHLESINGER, 2008).

Tendo a organização adotado como premissa o desenvolvimento dos indivíduos que nela

atuam, pode-se ratificar que, à medida que haja possibilidades de encorajamento, de novos

desafios e de reconhecimento dos potenciais, eles transformam-se em potenciais instrumento

de alcance dos resultados (GALVÃO, 2002; OLIVEIRA, 2014).

Para isso, é necessário que as relações de mentoria auxiliem o crescimento da carreira do

indivíduo, de modo a levá-lo a identificar as suas potencialidades profissionais, envolvendo-

os em projetos relevantes para organização, em atividades desafiadoras e propiciando sua

promoção (KRAM, 1996; ALLEN; EBY,2007).

Deste modo, a possibilidade de ascensão do indivíduo na carreira também o auxilia a

melhorar as relações interpessoais, a motivação e a intenção de maior permanência na

Instituição. Tais fatores estão diretamente vinculados ao desempenho organizacional e à

redução da rotatividade na Instituição (DE JANASZ; SULLIVAN; WHITING; BIECH, 2003;

50

RAGINS; KRAM, 2007; MOTTA; CALDAS, 2009). Assim, a Figura 10 retrata um percurso

que pode ser compreendido a partir das relações de mentoria na Administração Pública:

Figura 10: Relações de Mentoria

Fonte: o autor

Desse modo, busca-se que as Instituições Públicas vinculem a busca dos seus resultados à

consolidação de culturas organizacionais que prezem por valores de aprendizagem, de

compartilhamento, de liderança, de integração, de valorização das potencialidades do

servidor. Além disso, é necessário o estímulo ao bom desempenho atrelado à cultura do

planejamento, do acompanhamento, do cumprimento de metas e da contínua avaliação no

serviço público (PALUDO; PROCOPIUCK, 2014).

É sabido que a fluência desse processo de satisfação do servidor na organização que atua está

vinculada à influência de diferentes fatores, como é o caso da ética, das crenças, dos valores

individuais, da capacidade cognitiva, da vontade de aprender, dos afetos, dos históricos, dos

contextos vivenciados e das próprias características organizacionais (SCHEIN, 2009). Nessa

perspectiva, observar-se-ão a seguir as características da cultura organizacional e suas

relações com uma Gestão baseada em Resultados.

2.5 CARACTERÍSTICAS DA CULTURA ORGANIZACIONAL ATREL ADA À

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

2.5.1 Cultura Organizacional: características e aspectos relevantes

A cultura organizacional se define como um sistema de valores, ações e crenças que são

compartilhados, adotados e que orientam o comportamento dos membros de cada organização

(SCHEIN, 2009).

51

A cultura organizacional consiste num sistema de significados compartilhados mantidos por

membros da Instituição, de modo que esses a diferenciam das demais organizações. A cultura

organizacional é composta por elementos tangíveis e não-tangíveis. Os primeiros

representados por artefatos tecnológicos, instrumentos de trabalho, disposição do espaço

físico enquanto que os segundos se definem como as ideologias, crenças, valores, normas,

costumes e histórias da organização (RITTER, 2008).

A cultura organizacional vem funcionando como elemento fundamental para guiar e permear

outros fatores que se agregam à condução do corpo organizacional. Conduzir as funções da

cultura organizacional, na sociedade do conhecimento, buscando a manutenção dos valores, a

constante diversidade e a viabilização do surgimento de estímulo ao potencial criativo dos

indivíduos, é um dos grandes desafios que perpassam pela consolidação da cultura da

organização no século XXI (SANTOS, 2000). A Figura 11 apresenta a composição das

diretrizes escolhidas para abordar a cultura organizacional atrelada à Administração Pública

neste estudo:

Figura 11 – Diretrizes da cultura organizacional no estudo

A cultura organizacional é interiorizada em cada membro da organização de forma distinta e

correspondente aos seus próprios valores individuais, de seus grupos de convivência, à sua

história e às suas crenças. Contudo, por se tratar de uma cultura que se sobrepõe à individual e

às integrações das culturas em conjunto, as transformações da cultura organizacional, em sua

52

maioria, ocorrem paulatinamente (LACOMBE, 2009; DIAS, 2013). A seguir, apresentam-se

características universais da cultura organizacional:

Figura 12- Características da Cultura Organizacional

Fonte: adaptado Dias (2013)

Essas características estão intrínsecas a um processo de desenvolvimento e fomento da

definição da cultura organizacional. Elas formam um processo dinâmico, integrado e

dialógico (organização-colaborador) inerente às organizações e aos indivíduos que dela

participam. Ao receber orientações acerca dos procedimentos formais e informais da

organização, o colaborador a adquire e a interioriza. Reafirma-a em sua conduta e também

pode ser partícipe do processo de transformação. Essa transformação é capaz de redefinir o

sistema de significados que compõem as atitudes dos membros da organização (MOTTA;

CALDAS, 2009; SCHEIN, 2009).

A cultura organizacional apresenta um sistema de significados compartilhados, que determina o limite no qual se desenvolve a ação social. Estabelece os limites que regulam as relações sociais através de comportamentos padronizados e institucionalizados, aceitos por todos os indivíduos da organização. (DIAS, 2013, p.91).

Pode-se afirmar que a cultura da organização é construída pelos pilares que a regem e

mediante as relações entre os indivíduos e sua identificação com as formas de conduta

estabelecidas pela organização de modo a orientar comportamentos, a reconstrução de valores

e o processo de socialização no qual vivencia cada indivíduo que se insere na organização

(MOTTA; CALDAS, 2009). O sistema de significados compartilhados introduz elementos

diferenciados que identificam e caracterizam uma organização perante outras, assim como um

grupo do outro no interior da mesma” (DIAS, 2013, p.91). Com isso, surgem-se diferentes

características e, por sua vez, tipologias de cultura organizacional.

53

2.5.2 Tipos de Cultura Organizacional

As tipologias da cultura organizacional surgem a partir da relação de características comuns

integradas de uma organização, nas quais formam as diferentes culturas organizacionais. É

importante destacar que, em sua maioria das vezes, não se tem uma cultura pura, mas uma

mesclagem cultural, onde se sobressaem características que podem direcioná-la a um tipo de

cultura (SCHEIN, 2009; DIAS, 2013).

Considera-se relevante compreender a estrutura organizacional e suas correspondências com

as diferentes tipologias culturais para orientar a cultura da organização, o entendimento por

parte de seus colaboradores assim como servir de ferramenta de manutenção e transformação

das atividades organizacionais. Outrossim, a tipologia cultural define o que diferencia uma

organização da outra e o que se deve perpetuar, não obstante a rotatividade de pessoal e as

transformações dos fatores externos que interferem na Instituição (MOTTA; CALDAS,

2009).

As tipologias da Cultura organizacional, adotadas nesse estudo, serão aquelas definidas pelo

autor Dias (2013), cujas características se atrelam à orientação de cada tipo de cultura,

conforme as dimensões a seguir na Figura 13:

Figura 13 – Dimensões da orientação da Cultura Organizacional.

Fonte: Adaptado de Dias (2013)

Em seguida, para melhor compreensão, na Tabela 6, serão especificadas as características que

orientam a organização e a que tipologias culturais se referem.

Tabela 6 – Tipologias da Cultura Organizacional

CARACTERÍSTICAS ORIENTAÇÃO

Trata-se de uma cultura agressiva, cuja direção e liderança são exercidas de modo paternalista, patriarcal, carismático. Tendem a dominar o seu meio e eliminar a oposição. No caso interno, aqueles que dispõem do poder se esforçam para mantê-lo.

poder

54

Há uma valorização de competitividade e superação de concorrentes externamente impactando, inclusive, na concorrência internamente entre colaboradores. Estabelece-se uma série de funções definidas de acordo com as normas, regras e procedimentos organizacionais, proporcionando à organização ordem e racionalidade entre os membros.

Função

Busca-se valorizar a experiência atrelada à capacidade de resolver problemas. O poder e a influência ficam a cargo daqueles que têm melhor desempenho no trabalho e focam em resultados.

Tarefa

A estrutura da organização está em prol dos seus colaboradores e não o contrário. Busca-se valorizar a individualidade e o cotidiano da organização deve estar orientado para satisfação das necessidades dos colaboradores, adoção de decisões em consenso dos membros do grupo.

Pessoas

Nesse caso, as pessoas não possuem feedback ou há lentidão para obtê-lo. Os membros não possuem possibilidade de avaliar o resultado do seu desempenho. Caracteriza-se por um risco baixo, onde as decisões ou ações realizadas por si só não têm apenas efeitos sobre o êxito ou fracasso. Seus respectivos valores são perfeição técnica, alta consideração dada aos detalhes, as minúcias aos processos. Esse tipo de cultura gera estabilidade, ordem, previsibilidade e estrutura hierárquica formalizada.

Processo

A cultura busca a dinamicidade, a construção de estratégias que estimulem o potencial criativo e empreendedor. Estão atrelados a lideranças visionárias, que focam em ações inovadoras e são orientadas para o risco.

inovação

Possuem perfil colaborativo e orientada pela cooperação entre colaboradores equipe Fonte: Adaptado de Dias (2013)

Esse quadro consegue reunir, de forma ampla, as principais características e definições que

auxiliam a organização a compreender a cultura organizacional que prevalece e as possíveis

necessidades de mudança nos elementos da cultura organizacional ou a adoção de uma

congregação a partir da identificação da tipologia cultural.

A adoção dos tipos diferentes de cultura influencia direta e indiretamente na formação de

culturas fortes e fracas que se diferenciam pelo impacto no comportamento dos colaboradores,

na facilidade de agregação e na partilha da cultura organizacional assim como na construção

do poder de coesão e compromisso organizacional daqueles que participam da organização

(LOUIS, 1981; SANTOS, 2000).

Outrossim, a homogeneidade, a estabilidade das relações grupais e a intensidade da

construção da experiência dos membros do grupo auxiliam na congregação de elementos

formais e informais e na sustentabilidade dos padrões adotados (MCGREGOR, 1980; OTT,

1989; MORGAN, 1996).

A variação cultural se integra às crenças, atitudes e valores que compõem o comportamento

dos executivos e trabalhadores. Com o passar do tempo, reconhece-se que há estratégias e

práticas gerenciais que são capazes de transformar uma cultura organizacional. Essas

transformações para o sucesso organizacional não dependem de alterações apenas na estrutura

organizacional, nos padrões de controle e de autoridade, na divisão de trabalho e na

55

comunicação interna organizacional (SCHINEIDER, 1990). Ao se desejar mudanças efetivas,

devem-se primar fundamentalmente pelas mudanças em atitudes e percepções de seus

indivíduos, além de se compreender as raízes e origens da referida cultura organizacional.

Desse modo, os elementos da cultura organizacional são partes imprescindíveis para serem

consideradas no processo de transformação da cultura organizacional (MCGREGOR, 1980;

OTT, 1989).

2.5.3 Elementos da Cultura Organizacional

Os elementos da cultura organizacional se compõem de componentes tangíveis e intangíveis e

agregados formam a diversificação, a classificação e a que se propõe a cultura organizacional.

Os principais elementos que sustentam o núcleo central da cultura de uma organização são os

pressupostos básicos, os valores e as crenças que são definidas pelos membros iniciantes da

organização. Daí decorre afirmar que os elementos estruturantes se formarão em função do

percurso traçado por esses três principais pilares (SANTOS, 2000, RITTER, 2005).

Os valores constituem-se em concepções compartilhadas capazes de influenciar o

comportamento dos indivíduos e orientar decisões de membros que atuam na organização. Os

três principais sistemas de valores são considerados como elementares, estratégicos e

instrumentais. Os elementares ultrapassam as fronteiras culturais e podem ser compartilhados

por culturas muito diferentes. São eles o amor, a liberdade. Os estratégicos são aqueles que

orientam a dinâmica social da organização em detrimento dos seus valores pessoais. Os

valores instrumentais são associados à nossa atualidade e funcionam para utilização cotidiana

(SCHEIN, 2009; DIAS, 2013).

Os valores são constituídos como elementos comuns e fundamentais para as definições e

diretrizes da formação de uma cultura organizacional. Os valores organizacionais se

caracterizam pela partilha de concepções do que se considera importante e desejável com

vistas a ser aceito pelos membros da organização e subsidiá-los na tomada de decisões. Esses

valores são fundamentais no processo decisório, pois são referências para as pessoas

solucionarem problemas e escolherem alternativas (MCGREGOR, 1980; OTT, 1989;

MOTTA; CALDAS,2009).

Apesar de os valores organizacionais serem utilizados como referência para tomar decisões,

estes não se dissociam dos valores que constituem a personalidade do sujeito. O

conhecimento dos sistemas de valores individuais e conjunturais são imprescindíveis para a

56

manutenção dos padrões de excelência assim como para a construção de sistemas

organizacionais com efetividade na motivação, no alcance dos resultados, na alocação de

pessoal, no sistema de recompensas e no processo de seleção (SCHEIN, 2009).

Os valores cumprem, principalmente, três funções essenciais: a orientação do comportamento

dos membros, a formação de outros elementos da cultura e a criação e o reforço para

manutenção da identidade da organização (SANTOS, 2000; MOTTA; CALDAS, 2009).

As crenças são manifestadas no âmbito organizacional na medida em que seus colaboradores

coletivamente são conscientes e acreditam em aspectos específicos daquela organização

(MOTTA; CALDAS, 2009; SCHEIN, 2009; DIAS, 2013).

Os elementos estruturais da organização também merecem destaque, uma vez que está

relacionado à condução dos aspectos formais da organização incorporados por meio dos

níveis de autoridade, de decisão, das normas, das políticas, das estratégias, dos

procedimentos, das formas de controle e do processo hierárquico. Esses elementos da cultura

organizacional conduzem o sujeito a atuar seja individualmente seja em forma de grupo,

viabilizando-o no exercício das funções dessa cultura em prol da efetividade da organização

(SCHINEIDER, 1990; RODRIGUEZ, 2005).

2.5.4 Funções da Cultura Organizacional

As funções da cultura organizacional são aquelas que estabelecem quais principais objetivos

para a formação de uma cultura na organização. Segundo Dias (2013), são três as funções da

cultura organizacional:

- A busca pelo sentimento de identidade organizacional capaz de contribuir com a cultivação

do espírito de unidade.

- O estabelecimento de compromisso com e para a coletividade que promovam o

desenvolvimento organizacional.

- A socialização dos membros com a exigência de padrões comportamentais comuns que

permitem a interação e a redução de desigualdades entre os membros.

Em complemento, Robbins (2005) apresenta as diversas funções que a cultura desempenha

dentro de uma organização:

Em primeiro lugar, ela tem o papel de definidora de fronteiras, ou seja, cria distinções entre uma organização e as outras. Segundo, ela proporciona um senso de identidade aos membros da organização. Terceiro, facilita o comprometimento com

57

algo maior do que os interesses individuais de cada um. Quarto, estimula a estabilidade do sistema social. A cultura é a argamassa social que ajuda a manter a organização coesa, fornecendo os padrões adequados para aquilo que os funcionários vão fazer ou dizer. Finalmente, a cultura serve como sinalizador de sentido e mecanismo de controle que orienta e dá forma às atitudes e comportamento dos funcionários (ROBBINS, 2005, p.378).

De modo geral, as funções da cultura organizacional abrangem:

- a busca do controle; - o espírito de cooperação e socialização; - a cultivação de identidades; - a percepção do funcionamento da organização; - a coerência na tomada de decisão; - a comunicação compartilhada; - a coesão e a estabilidade na organização e nos seus membros; - a formação da unidade; - aprendizagem e o intercâmbio de experiências; - os limites de inovação; - as diretrizes para criatividade; - a redução da formalização; - a integração e a motivação; - a formação de modelos de referência; - a contínua busca de qualidade (SANTOS, 2000; RITTER, 2005). As funções da cultura organizacional também abrangem a função normativa e moral, na qual

estabelecem regras de conduta, padrões éticos e morais que reproduzam as características

valorizadas pela organização.

No caso das funções de adaptação interna e externa, na primeira, tratam-se das adaptações dos

membros internos à integração dos processos internos e, por sua vez, às relações grupais, aos

padrões, às adequações comportamentais e às diretrizes estabelecidas. Na segunda, as funções

perpassam pelas missões, metas, meios, controles, corretividades e as estratégias da

organização e suas interfaces com a externalidade (LOUIS, 1981; SCHEIN, 2009).

2.5.5 O processo de formação e gestão da cultura organizacional

Segundo Schein (2009), as culturas emergem de fatores como crenças, valores e suposições

dos fundadores da organização, das experiências de aprendizagem compartilhadas entre os

membros dos grupos à medida que se desenvolve a organização assim como surgem as novas

crenças, valores e suposições delineadas pelos novos membros e líderes.

O processo de formação da cultura organizacional se dá em três etapas principais: criação,

evolução e consolidação. A criação consiste na escolha e nas diretrizes propostas pelos líderes

fundadores que estruturam os elementos tangíveis e intangíveis que comporão o acervo

58

cultural da empresa. Todavia, com o passar do tempo, tais diretrizes se consolidam e são

interiorizadas pelos colaboradores da organização (SCHEIN, 2009).

Em seguida, o surgimento de novos líderes e integrantes, os contextos internos e externos e o

surgimento de novos problemas exigem novas adaptações para renovação e sobrevivência.

Afinal, o processo de consolidação requer uma constante renovação na cultura organizacional

e uma capacidade de adaptação às novas condições conjunturais dos ambientes

(SCHINEIDER, 1990).

Outrossim, em um determinado momento em que as renovações da cultura organizacional não

estão mais sujeitas ao acompanhamento das transformações do ambiente externo como

econômicas, socioambientais, comerciais, políticas, legais, dentre outros, prescindem de uma

mudança cultural profunda. Deste modo, mantêm-se alguns pressupostos básicos para

preservação de sua identidade primária e se estruturam novas metas, missões e valores no

âmbito individual e grupal (SANTOS, 2000; LACOMBE, 2009).

Pode-se afirmar que a formação e a consolidação de uma cultura organizacional estão

vinculadas à permanência de seus colaboradores e o aperfeiçoamento das habilidades e

competências deles, uma vez que a rotatividade excessiva implica em dificuldades na

consolidação da cultura. A constituição desse processo da cultura organizacional ocorre no

contexto das relações interpessoais e é apreendido pelo desenvolvimento de experiências

grupais (SANTOS, 2000; MOTTA; CALDAS, 2009).

“A cultura só surge quando suposições individuais levam a experiências compartilhadas, que

solucionam os problemas de sobrevivência e integração interna do grupo. A cultura é criada

por experiências compartilhadas, mas é o líder que inicia esse processo ao impor suas crenças,

valores e suposições” (SCHEIN, 2009, p.211).

Deste modo, a cultura organizacional pode ser intencionalmente construída e, por sua vez, a

evolução e a consolidação têm a intervenção dos líderes como desmembradores para

incorporar as características da cultura à organização com o passar do tempo (RODRIGUEZ,

2005). Contudo, não é de exclusividade dos líderes integrantes e dos grupos a missão de

consolidar a cultura organizacional.

É importante considerar o papel dos dirigentes e dos gestores de recursos humanos para

reconhecer o estágio que se encontra a cultura da organização e suas relações com o

planejamento estratégico para nortear o processo de gestão da cultura organizacional (DIAS,

2013; LACOMBE, 2009).

59

Para que se busque a consolidação da cultura organizacional, na Tabela 7, Dias (2013)

apresenta os pilares do processo de gestão da cultura organizacional:

Tabela 7 - Pilares do processo de gestão da cultura organizacional CARACTERÍSTICAS PILARES

Trata-se da elaboração de um mapeamento da cultura da organização para reconhecimento dos pontos fortes e fracos.

Diagnóstico da cultura organizacional

Devem-se analisar se as escolhas estratégicas estão de acordo com a cultura da organização e as estratégias da organização de modo geral. Além disso, devem-se propor as mudanças necessárias às readequações no ambiente organizacional.

Escolhas Estratégicas

Trata-se da escolha de uma rede com pessoas-chave na organização de todos os níveis hierárquicos, pois serão fundamentais para serem modelos de referência para outros colaboradores.

Criar redes de agente de mudança

Planejar e orientar as mudanças de acordo com as necessidades da organização e da consolidação de sua cultura organizacional.

Projetar as mudanças estruturais necessárias

Eliminar ou estabelecer controles. Projetar as mudanças de processos necessárias

Analisar e adequar critérios de promoção, integração, de adequação de perfil às atividades, de feedback, além da formação, da motivação e da valorização dos colaboradores.

Rever as políticas de pessoal

Estruturar processos de reavaliação e diagnósticos contínuos do desenvolvimento da cultura organizacional.

Continuar e monitorar o desenvolvimento da cultura organizacional

Adaptado de Dias (2013).

Com isso, observa-se que os pilares do processo da gestão da cultura organizacional

abrangem o monitoramento, controle, planejamento da proposição de transformações, criação

de multiplicadores de mudanças e de redes de disseminação dos valores culturais da

Instituição.

Essa rede em prol da construção de uma identidade organizacional ratifica o papel de cada

membro na organização para que, inteirados em conjunto com outros membros, possam

estruturar a consolidação da cultura organizacional.

Os elementos tangíveis e intangíveis pelos quais perpassam a formação cultural requer que

estejam alinhados tanto os valores daqueles que compõem a organização e dos seus líderes

como as escolhas e diretrizes estratégicas as quais regem a organização.

2.5.6 A Cultura Organizacional como moderadora entre as Relações de Mentoria e a Associação da Gestão por Resultados numa Instituição Pública

A cultura organizacional na Administração Pública vem dando espaços à estruturação das

metas e controles gerenciais que agregam características não formais e formais e implicam

60

nos comportamentos dos servidores das Instituições (PEREIRA, 1996; SANTOS, 2000;

MOTTA; CALDAS, 2009; SCHEIN, 2009; DIAS, 2013).

Nas Instituições públicas, a cultura organizacional também é impactada pela rotatividade, pois

os cargos de gestão exercidos dependem, na maioria dos casos, daqueles que estão na Alta

Direção da Instituição. Esses cargos possuem modificações por meio de indicações ou

processos de eleição, dos gestores da Alta Direção, nesse último.

Alguns valores e padrões são mantidos, porém alguns outros são equivalentes ao perfil de

liderança que busca a autoridade máxima da instituição e seus respectivos indicados para

atuar na gestão. A cultura também se adéqua à área que atua a Instituição Pública assim como

o grau de complexidade dos resultados que buscam cada Instituição (SANTOS, 2000;

RITTER, 2005).

A cultura na esfera pública também resiste às mudanças, pois ainda existem colaboradores

com visões e comportamentos focados na Administração Pública Burocrática enquanto que

outros buscam perspectivas de adequação da Administração Pública Gerencial, implicando

em choques culturais entre os membros que passam pelo processo de transição (PEREIRA,

1998; WIIG, 2000; STEWART, 2002).

Considerando a possibilidade de a cultura atuar como moderadora das relações de mentoria e

da gestão por resultados, pode-se considerar a cultura como componente intangível da

organização, quando socializada entre os membros da organização, e capaz de impulsionar a

produção de resultados efetivos. Afinal, segundo Dias (2013, p.141) “uma cultura

compartilhada facilita a obtenção dos objetivos estratégicos da organização” e possui o

elemento humano como elo de construção para a cultura organizacional:

O elemento humano e, portanto, sua formação, são elementos determinantes no desenvolvimento da cultura da empresa. As pessoas aparecem como recursos ativos das organizações por seu desenvolvimento, iniciativas e potencial, que contribuem para a criação e consolidação da cultura empresarial. A gestão de recursos humanos deverá estar centrada em ações de caráter proativo, procurando não somente resolver os problemas de curto prazo, mas tentar projetá-los no longo prazo (DIAS, 2013, p.282).

Considerando que “um dos maiores desafios para as organizações atualmente é a manutenção

de uma cultura criativa em seu interior” (DIAS, 2013, p.324) e que a existência da

criatividade é precondição do processo inovativo organizacional. É necessário estabelecer

condições de manutenção permanente de seus colaboradores contribuírem com a introdução

de mudanças, respeitando os valores e elementos agregados da cultura organizacional.

61

Daí decorre afirmar que essas transformações exigem que setores, colaboradores e, sobretudo,

a estrutura da organização possuam em sua cultura organizacional base na inovação, na

aceitabilidade e envolvimento por parte de seus colaboradores para que as ideias inovadoras

se convertam em produtos, serviços ou processos eficazes (FLEURY; OLIVEIRA JUNIOR,

2001; NEWELL, 2002; SCHINEIDER, 1990).

O embasamento da cultura de uma organização focada na perspectiva da inovação considera a

transformação contínua e capacidade de adaptação aos conflitos e aos cenários internos/

externos. Essa transformação se dá de acordo com as necessidades de transformações

organizacionais e de identificação das oportunidades para inovar, facilitando para as pessoas o

acesso a diretrizes para estruturar as transformações nas Instituições (SANTOS, 2000).

Essa transformação contínua necessita da adoção de uma cultura de aprendizagem, na qual é

construída com basilares apropriados para que seus colaboradores adquiram competências

para solucionar problemas da Instituição.

O processo de aprendizagem por meio das relações de uns com outros, deve-se tornar-se parte

de uma cultura organizacional que media relações de mentoria, uma vez que para se

consolidar resultados organizacionais “será mais importante estar comprometido ao processo

de aprendizagem do que qualquer solução particular de um problema” (MOTTA; CALDAS,

2009, p.369).

Pode-se concordar com Davenport e Prusak (2013, p.14) ao afirmar que, nos dias atuais, nas

organizações “as pessoas sempre procuram, usam e valorizam o conhecimento, pelo menos

implicitamente. As empresas contratam funcionários mais pela experiência do que pela

inteligência ou a escolaridade porque entendem o valor do conhecimento desenvolvido e

comprovado ao longo do tempo”.

A cultura organizacional, que busca moderar relações de mentoria exitosas, embasa-se na

cultura da aprendizagem, de modo que seus membros estejam aptos e possuam características

inerentes à habilidade de compartilhar e usufruir da partilha. A acessibilidade ao

conhecimento e o domínio de habilidades e experiências peculiares dos indivíduos são fatores

imprescindíveis para tornar as pessoas ainda mais dependentes uma das outras nas

organizações (SCHINEIDER, 1990; RODRIGUEZ, 2005).

A cultura da transmissão da troca de experiências viabiliza a formação de olhares que

conduzam o indivíduo a consolidar suas ações a partir de perspectivas históricas e a

identificação de melhores comportamentos para atuar diante das situações. “O conhecimento

62

se desenvolve ao longo do tempo através de experiência, que abrange aquilo que absorvemos

de cursos, livros e mentores e também do aprendizado informal” (DAVENPORT; PRUSAK,

2013, p.9).

Para isso, vale ressaltar que as relações de mentoria são parte do processo construtivo da

busca pela Gestão por Resultados, mediante a utilização do conhecimento e de sua

socialização como instrumento facilitador de alcance dos resultados.

Para que uma cultura organizacional seja moderadora de um processo de gestão que busca

estimular relações de mentoria e influenciar os resultados institucionais, depende-se de

escolhas estratégicas para que o desenvolvimento humano seja a base de sustentação para que

os organismos públicos busquem continuadamente a excelência nos seus serviços e produtos.

63

3. METODOLOGIA

Segundo Ludke e André (1986), cabe à metodologia demonstrar a compreensão do processo,

nortear o comportamento do investigador, legitimar os resultados e controlar aspectos das

ações do ponto de vista da axiologia em relação às escolhas do investigador.

O método científico caracteriza-se pela escolha de procedimentos sistemáticos para descrição

e explicação de uma determinada situação sob estudo. A metodologia deve explicitar,

principalmente, o processo da investigação científica com vistas ao conhecimento dos

caminhos traçados para produção dos resultados.

Este capítulo apresentou os procedimentos e as técnicas desenvolvidas para a coleta e análise

dos dados que, embasados pela teoria, demonstrou os resultados desta pesquisa e respostas

fundamentadas para um determinado problema, contribuindo para a discussão e o

desenvolvimento do conhecimento em áreas específicas (FACHIN, 2001).

O presente trabalho situou-se na categoria de pesquisa exploratória, devido ao caráter de

buscar uma maior familiarização do problema, tornando-o mais explícito e passível de novas

hipóteses. Diante da própria ausência de pesquisas que integrem a relação de construtos

abordados neste estudo, há uma necessidade de explorar a investigação em um nível maior de

detalhamento (DUARTE; BARROS, 2010).

A pesquisa exploratória facilitará o surgimento de novas informações assim como a

delimitação do estudo, podendo descobrir novas hipóteses, novas intuições ou, até mesmo, o

aprimoramento de ideias no âmbito da Administração Pública atrelada à relação dos

construtos escolhidos (COOPER; SCHINDLER, 2003).

O presente estudo, quanto à forma de abordagem, representou uma pesquisa qualiquantitativa

porque contemplará a análise dos dados sob a ótica dos paradigmas qualitativos e

quantitativos. Há divergências entre as abordagens qualitativa e quantitativa que acarretam

diferentes epistemologias, estilos de pesquisa e formas de construção teórica. No entanto, é

sabido que os métodos quantitativos e qualitativos, apesar de suas especificidades, não se

excluem (MINAYO, 1993). Quanto à natureza, considerou-se uma pesquisa aplicada, visando

à geração de conhecimentos aplicados à solução de problemas específicos (SEVERINO,

2007).

64

3.1 AS ABORDAGENS DE PESQUISA UTILIZADAS

No campo dos estudos organizacionais, foram utilizadas as abordagens metodológicas tanto

de caráter quantitativo como qualitativo. Conforme Cooper e Schindler (2003), essa

concatenação das técnicas de análise qualitativa e quantitativa permite que os dados possuam

um maior nível de credibilidade e validade para a investigação e o investigador.

A pesquisa qualitativa, abordada nesta dissertação, teve condições de descrever a

complexidade do universo de significados que abrangeram variáveis qualitativas, tais como a

dinâmica social, o contexto, os valores e as crenças em que esteve inserido o pesquisado.

Além disso, aprofundou a compreensão das particularidades do comportamento dos

indivíduos.

Por outro lado, os dados quantitativos foram captados através de questionários encaminhados

aos sujeitos selecionados de acordo com os critérios da pesquisa, mediante o sistema Survey

Monkey, composto por assertivas referente a cada construto. As informações foram

quantitativamente agrupadas por meio de gráficos e planilhas.

Para análise dos dados quantitativos, foi construído um banco de dados na planilha eletrônica

Microsoft Excel, a qual foi exportada para o software SPSS, versão 18 onde foi realizada a

análise. Para avaliar as práticas de mentoria pelas funções de carreira e psicossociais na

Instituição, foram calculadas as frequências percentuais construídas e as distribuições de

frequência. Além disso, foi aplicado o teste Qui-quadrado para comparação de proporção para

avaliar se existe diferença significativa na prática das atividades. Todas as conclusões foram

tiradas considerando o nível de significância de 5%.

Os dados quantitativos auxiliaram na identificação do estudo dos objetivos específicos que se

direcionavam a compreender os construtos separadamente. Os dados encontrados foram

relevantes também para selecionar os grupos focais e a compreensão, de forma geral, das

concepções, interesses e sentimentos que compunham a mente dos membros da organização

que participaram do estudo.

Por outro lado, o foco no âmbito qualitativo foi contemplado nas questões abertas realizadas

nos grupos focais, uma vez que se permitiu a observação da relação dinâmica entre o sujeito e

o mundo real no qual ele está inserido. Tal observação implicou num vínculo indissociável

entre o mundo subjetivo e objetivo, de modo a construir novos significados e a compreender

melhor o contexto do problema em estudo (TRIVIÑOS, 1997; COOPER; SCHINDLER,

2003; MINAYO, 2007; DUARTE; BARROS, 2010).

65

Foi nesse contexto descrito pelos autores, que a abordagem da pesquisa teve o prevalecimento

da pesquisa qualitativa, mesmo tendo o suporte da pesquisa quantitativa, uma vez que se

visou compreender o fenômeno da associação entre a Mentoria e a Gestão por Resultados,

relação mediada pela cultura organizacional. Pôde-se detalhar também abaixo os

procedimentos metodológicos no âmbito da estruturação da população, da amostra, da forma

de coleta e do tratamento dos dados.

3.2 OS INSTRUMENTOS PARA A COLETA DE DADOS

3.2.1 Questionários

O questionário, esquema pré-estabelecido de perguntas estruturadas para coletar dados do

pesquisador, subsidiou este estudo. Esse foi o método utilizado para coleta de dados iniciais

com os servidores da Reitoria de uma Instituição Pública Federal de Ensino (DUARTE;

BARROS, 2010; GIL, 2011).

Os questionários desta pesquisa tiveram questões mais diretas, ou seja, fechadas. Vale

ressaltar que estas questões tiveram a escala de questionário estruturado de acordo com a

escala de Likert com cinco pontos. Nela, o pesquisador apresento assertivas ao pesquisado

que, por sua vez, explanou seu grau de discordância ou concordância para apresentar a

direção da opinião do questionado (COOPER; SHINDLER, 2003; GIL, 2011).

Os questionários (Apêndice A) foram distribuídos com perguntas fechadas, de acordo com os

construtos Mentoria, Cultura Organizacional e Gestão Baseada em Resultados. Os

questionários do construto Mentoria foram embasados pela teoria de Noé (1988). O

questionário referente ao construto Cultura Organizacional foi desenvolvido a partir da

extração das características das tipologias culturais apresentadas por Dias (2013). Já o

questionário do construto Gestão por Resultados foi construído a partir das características

trazidas pelo modelo de Gestão baseada em Resultados no Setor Público desenvolvido por

Machado et al. (2012). Abaixo, a Tabela 8 demonstra como se deu a divisão das questões:

Tabela 8 – Construto x Questões abordados neste estudo. Construto Quantidade de questões Questões Mentoria 30 1.1 a 1.30

Cultura Organizacional 39 2.1 a 2.39 Gestão por Resultados 50 3.1 a 3.50

Fonte: o autor.

66

3.2.2 Grupo Focal

Os grupos de foco constituem uma das técnicas de entrevista exploratória mais empregadas

que visa à percepção de aspectos valorativos e normativos utilizado como referência para um

grupo em particular. Nesse estudo, existiram 3 grupos representados por 5 servidores,

reunidos para discutir o assunto em estudo, tendo o autor desta pesquisa como moderador da

ação em grupo. A entrevista em grupo contribuiu com a melhor compreensão da problemática

apresentada assim como com a investigação do tema em profundidade (GATTI, 2005; GIL,

2011).

Essa entrevista se deu por meio de um guia (Apêndice B), que ordenou e estruturou as

indagações formuladas aos diferentes grupos, acontecendo de forma semiestruturada, ou seja,

por meio de um roteiro prévio, que poderia ter sido alterado durante o processo (GATTI,

2005; GIL, 2010).

O grupo focal foi selecionado de acordo com o agrupamento de pessoas com três

características escolhidas pelo autor, a partir da construção do conhecimento no âmbito da

mentoria, de modo a perceber a necessidade de serem selecionadas pessoas de um lado

experientes e do outro com necessidades de orientações pelo seu processo de iniciação na

Instituição. O gestor também pôde ser contemplado, uma vez que esse compreende uma

diferenciação pelo grau de responsabilidade e relevância que exerce. As características foram

“tempo de serviço entre 1 a 6 anos” (grupo dos servidores novos), “tempo de serviço entre 20

a 30 anos” (grupo dos servidores antigos) e o grupo dos gestores na Instituição.

3.3 PROCESSO DE COLETA DE DADOS

Os dados foram coletados em duas etapas. Na primeira etapa, foram encaminhados

questionários com perguntas fechadas aos servidores da Reitoria de uma Instituição de ensino,

por e-mail, mediante o uso do aplicativo Survey Monkey. Em seguida, foram realizadas a

análise dos dados quantitativos e a observação dos resultados desses questionários por itens

comuns e representativos.

No segundo momento, após o agrupamento de pessoas, de acordo com dados demográficos,

foram formados 3 grupos, que permitiram as subdivisões das características comuns. A

formação dos grupos considerou as características “tempo de serviço dos respondentes” ou

“estar inserido num cargo de gestão”.

Após a formação dos grupos focais, o moderador apresentou as diretrizes da entrevista e da

pesquisa assim como definições necessárias para a compreensão da abordagem dos dados

67

teóricos aplicados à prática com vistas ao maior aprofundamento. Durante as discussões, os

dados foram gravados e analisados para a captação de citações dos autores e da análise da

concepção, de modo geral, do grupo acerca da temática.

No grupo focal, os membros foram motivados a refletir sobre os principais objetivos da

Instituição e o alcance de seus respectivos resultados. Para isso, foi selecionada a perspectiva

“resultados” como parte do modelo de Gestão por Resultados no Serviço Público que

abrange:

- resultados relativos à “sociedade/cidadãos”; - resultados relativos “aos orçamentários e financeiros”; - resultados relativos às pessoas; - resultados relativos a suprimento; - resultados relativos aos processos.

Os entrevistados foram conduzidos a explanar suas considerações acerca das relações de

mentoria existentes e sua associação ao alcance dos resultados nas atividades da Instituição,

assim como a opinião dos grupos acerca da cultura organizacional como moderadora dessa

associação.

3.4 PROCESSO DE ANÁLISE DE DADOS

3.4.1 Dados quantitativos

Os dados quantitativos revelados mediante respostas das questões fechadas dos questionários

foram analisados e tratados por meio de um banco de dados na planilha eletrônica Microsoft

Excel, a qual foi exportada para o software SPSS, versão 18. Foi realizada a análise e, em

seguida, descrito os dados obtidos, apontando suas tendências de centro e dispersão por meio

da estatística descritiva (MINAYO, 2007).

Os questionários foram subdivididos em quatro partes, conforme explanação a seguir:

Parte I- abordagem dos dados demográficos, visando ao conhecimento do perfil dos

questionados.

Parte II - abordagem do construto Mentoria, por meio do questionário I, cujo foco foi

analisar a existência de relações de mentoria e as funções predominantes numa Instituição.

Foi baseado no modelo de questionário apresentado por Noé (1988).

Parte III - abordagem do construto Cultura Organizacional, por meio do questionário II, cujo

foco foi analisar a orientação da cultura e sua interação com o resultado no âmbito da

Instituição, mediante diretrizes das tipologias culturais elaboradas por Dias (2013).

68

Parte IV - abordagem do construto Gestão por Resultados, por meio do questionário III, cujo

foco foi analisar a existência e a atuação da gestão por resultados na Instituição, conforme

modelo estabelecido por Machado et al. (2012).

3.4.2 Dados qualitativos

A concatenação dos dados das questões abertas do grupo focal permitiu as análises,

inferências e interpretações. Os dados qualitativos foram tratados por meio da análise de

conteúdo, de acordo com as diretrizes da autora Bardin (2011), cujos dados foram agrupados

através dos discursos dos sujeitos entrevistados.

Esse agrupamento permitiu codificar e, em seguida, por diferenciação e depois

reagrupamento, separar os dados em categorias, ou seja, classificar elementos constitutivos de

um conjunto de informações que, por sua vez, foram interpretados, compreendidos e

atribuídos inferências. Essas inferências se estruturam por meio da compreensão do que tem

por trás das palavras apresentadas (BARDIN, 2011).

A análise de conteúdo designa-se por um “conjunto de técnicas de análise das comunicações

visando obter procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das

mensagens (indicadores ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às

condições de produção/recepção (variáveis inferidas) dessas mensagens” (BARDIN, 2011,

p.48). O processo analítico deu-se pela análise das variáveis da perspectiva “resultados”

apresentadas na entrevista em grupo e nos conteúdos expressos.

3.5 LÓCUS

O Lócus da pesquisa foi uma Instituição de Ensino, tendo como pilares a Ciência e a

Tecnologia, na perspectiva da indissociabilidade do tripé acadêmico ensino-pesquisa-

extensão. Esta Instituição possui uma estrutura multicampi, cujas diretrizes e políticas

institucionais são estabelecidas por um órgão central, denominado Reitoria.

A referida Instituição é uma Autarquia Federal Educacional, cujo quadro de servidores atende

a estudantes em diferentes modalidades de ensino e foi criada no ano de 2008. Essa

Instituição oferece educação superior, básica e profissional, em diferentes modalidades de

ensino, de acordo com conhecimentos técnicos, tecnológicos e profissionais interagindo com

as comunidades locais e os arranjos produtivos locais. São ofertados cursos Técnicos

Integrados, Subsequentes, EJA (Educação de Jovens e Adultos), Tecnológicos e Superiores,

além das Licenciaturas, nas modalidades presenciais e/ou a distância.

69

Trata-se de uma Instituição da Administração Pública Federal, que oferta educação para a

sociedade, e deve se inserir no contexto da Administração Pública Gerencial, na qual o foco

nos resultados é uma das principais diretrizes que conduzem a composição dos processos na

esfera organizacional.

Nessa perspectiva, a busca por resultados, por meio da eficácia e da eficiência dos recursos,

exige que os processos organizacionais sejam sustentáveis e, ao mesmo tempo, estruturados

com melhorias contínuas. Assim, considerando o processo de expansão da Instituição e a

inserção e renovação no quadro de pessoal, pode-se afirmar a necessidade de estímulo de

métodos, procedimentos organizacionais e relações consolidadas que viabilizem a construção

do conhecimento organizacional e a transferência de saberes relevantes ao alcance dos

resultados.

Nessa perspectiva, justifica-se a escolha pelo Lócus em virtude da relevância do fenômeno da

mentoria para construir e integrar conhecimentos antigos e experimentados a conhecimentos

novos, disposição para cumprir desafios, maior profissionalização e maior capacidade de

criatividade. Conhecimentos que, quando integrados e alinhados à missão institucional, são

capazes de fortalecer os resultados estabelecidos.

3.6 SUJEITOS

Os sujeitos da pesquisa foram os servidores lotados na Reitoria, cuja a caracterização dos

critérios foi estabelecida por ter tempo de serviço de 1 a 6 anos ou tempo de 20 a 30 anos de

serviço na Instituição estudada. É sabido que, normalmente, os mentores são definidos e

descritos como pessoas mais velhas e com mais experiência e de nível mais alto na Instituição

e, por outro lado, os mais novos como mentorados (DE JANASZ, SULLIVAN; WHITING;

BIECH, 2003).

3.7 POPULAÇÃO E AMOSTRA

A população, estabelecida pelo conjunto definido de elementos que possuem determinadas

características, estabeleceu a lotação na Reitoria como condição para participar da pesquisa.

A amostragem da pesquisa foi classificada como amostragem não probabilística “intencional

(ou julgamento), uma vez que para definir a amostra foi estabelecido um critério de

julgamento pessoal do pesquisador. O critério estabelecido foi que os respondentes

obtivessem tempo de serviço entre 1 a 6 anos ou 20 a 30 anos. Nessa perspectiva, foram

selecionados 49 daqueles que compõem a população e também condizem com a

caracterização definida.

70

Na primeira fase da pesquisa, o questionário foi encaminhado à população selecionada de

forma aleatória e 49 daqueles que compõem essas características responderam para

caracterização geral da Instituição, das suas relações, dos seus processos e dos seus membros.

Na segunda fase, a amostragem também foi intencionalmente definida, a partir de

características com o desenvolvimento das relações de mentoria, ou seja, tempo de atuação na

Instituição. Para isso, buscaram-se estruturar os 3 grupos focais, compostos por 5 membros

cada e, no total, formaram-se 15 dos membros respondentes da primeira fase. O primeiro

grupo selecionou aleatoriamente aqueles que tinham tempo de serviço abaixo de 6 anos, o

segundo grupo, daqueles que têm tempo de serviço acima de 20 anos, e o terceiro grupo,

daqueles que estão no exercício da gestão (GIL, 2011).

3.8 A OPÇÃO PELO ESTUDO DE CASO

Para responder ao problema geral formulado pela pesquisa, quanto ao aspecto dos

procedimentos adotados, optou-se por um estudo de caso, que se caracteriza por um estudo

profundo de um ou poucos objetos, de modo que proporcione um maior detalhamento e uma

visão global do problema. No que concerne a esta pesquisa, considerou-se um estudo de caso,

pois além do Locus possuir características particulares, a Gestão Baseada em Resultados de

cada órgão assim como a sua própria cultura organizacional possuem peculiaridades que

dificultam a generalização dos objetos pesquisados (SEVERINO, 2007; GIL, 2011).

Lakatos (2007, p. 274) refere-se ao estudo de caso como um “levantamento com mais

profundidade de determinado caso ou grupo humano sob todos os seus aspectos (...), pois se

restringe ao caso que estuda, ou seja, um único caso, não podendo ser generalizado”. Mesmo

que, posteriormente, fiquem evidentes certas semelhanças com outros casos ou situações, as

realidades desse estudo se adequarão às realidades da Instituição que está sendo pesquisada e

aos seus respectivos sujeitos e subgrupos (LUDKE; ANDRÉ, 1986).

A escolha do estudo de caso ocorreu pela necessidade de que as estratégias de

desenvolvimento humano dentro das organizações públicas fossem mais claramente definidas

e pudessem contribuir com explicações para fenômenos que ocorrem nessas organizações em

específico.

A capacidade heurística do estudo de caso contribuiu com a escolha para essa pesquisa por

oferecer insights e conhecimentos que clarifiquem vários sentidos do fenômeno estudado e

por possibilitar à pesquisa descobrir novas significações e ampliar as experiências no âmbito

do setor público (ANDRÉ, 2005).

71

Assim, o estudo de caso é o meio mais adequado para compreensão do fenômeno das relações

de mentoria atreladas aos resultados da Instituição estudada.

3.9 LIMITES E LIMITAÇÕES DA PESQUISA

É sabido que toda pesquisa científica possui limites e limitações. Desse modo, serão descritos

as limitações e limites pertinentes a esta pesquisa. O tamanho do questionário foi uma das

limitações da pesquisa, pois para cada construto necessitou-se elencar características para que

se pudesse avaliar a predominância delas na Instituição.

Outra limitação foi a questão de, por falta de tempo e envolvimento com o trabalho rotineiro,

as pessoas tiveram dificuldades de responder e acessar pelo survey monkey. Contudo, para

amenizar as dificuldades de acesso e para ter maior celeridade foram impressos questionários

e entregues aos membros para, em seguida, ocorrer a entrada manual dos dados, daqueles que

entregaram o questionário respondido impresso.

A dedicação à jornada de trabalho, a entrada em e-mail no spam e o envolvimento com

demandas para serem cumpridas podem ter influenciado uma menor participação daqueles

que o responderam.

A pesquisa foi realizada dentro dos limites metodológicos de um estudo de caso assim como a

amostra abordou grupos com características específicas e selecionadas pelo pesquisador como

relevante.

72

4. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Neste capítulo, apresentou-se a análise dos resultados obtidos com a realização da pesquisa

por meio de questionários e da formação dos grupos focais, com vistas a compreender as

relações de mentoria associadas à Gestão por Resultados sob a moderação da cultura

organizacional da Instituição Pública estudada.

Os dados quantitativos subsidiaram a análise dos objetivos específicos, que buscaram

identificar a existência das relações e das funções de mentoria na Instituição em estudo, os

procedimentos adotados pela Instituição condizentes com uma Gestão Baseada em

Resultados, assim como as características da Cultura Organizacional da Instituição,

respectivamente.

Esta pesquisa englobou uma realidade de administração pública referindo-se aos três

construtos que integraram o aporte teórico dessa dissertação (mentoria, cultura organizacional

e gestão baseada em resultados no setor público). Nela, pôde-se ter como parte integrante dos

pesquisados 49 servidores representados por diferentes grupos como técnicos administrativos,

professores, gestores, mulheres, homens, pessoas mais antigas ou mais novas na Instituição.

A maioria dos envolvidos com a pesquisa são técnicos-administrativos de nível superior. Os

participantes são de áreas como pedagogia, geografia, engenharia, secretaria executiva,

administração, auditoria, jornalismo, psicologia, ciências contábeis, biomedicina, assim como

tiveram a representação de técnicos administrativos de nível médio, representados por

Assistentes em Administração.

Outrossim, houve também a representação de docentes do quadro de pessoal da Instituição,

envolvidos nas áreas de engenharia, administração, geografia, letras, agronomia, ciências

contábeis, psicologia, turismo e eventos.

O maior público de respondentes é do sexo feminino, representado por 65% deles. Quanto à

escolaridade, a maioria dos questionados foi de 55% daqueles que possuem ou estão

matriculados em uma pós-graduação lato sensu ou strictu senso. Além disso, 26% dos

questionados são oriundos de uma remoção realizada com outros campi.

4.1 As relações e funções de Mentoria na Instituição

A caracterização dessas relações e funções da Mentoria correspondentes à Instituição

estudada foram compreendidas pela análise dos dados apresentados no questionário I, que

73

contemplavam assertivas capazes de identificar a existência das relações de mentoria e a

predominância das funções que estão presentes na organização.

De acordo com os dados apresentados, pôde-se observar que a grande maioria da população

ratifica a existência de relações de mentoria na Instituição. Enquanto que as características

que prevaleceram nas funções de mentoria de carreira e psicossoais exercidas na Instituição e

constituintes do modelo internacional também foram percebidas na agregação das respostas

dos questionários.

Na tabela 9, tem-se a distribuição de frequência das práticas de mentoria na função de

carreira. Através dela, verificou-se que a “exposição/visibilidade” foi a função de carreira

mais frequente (81,3%), seguida do “apadrinhamento/patrocínio” (67,3%) e “tarefas

desafiadoras” (64,4%). Dentro do domínio exposição e visibilidade, percebeu-se que a

delegação de tarefas, que coloca o funcionário em contato com outros profissionais ou colegas

mais experientes, é a prática mais frequente (89,8% dos casos).

Ainda, observou-se que o p-valor foi significativo em todas as práticas e domínios avaliados,

exceto na prática: foca a atenção em irregularidades, erros (p-valor = 0,269), indicando que a

proporção de profissionais que nunca/raramente, ocasionalmente, frequentemente/sempre

passam por esta função é idêntica.

Tabela 9- Distribuição da frequência das práticas de mentoria nas funções de carreira.

Domínios de função de carreira Frequência p-valor¹ Nunca/ Raram.

Ocasion. Freq./ Sempre

Apadrinhamento/patrocínio 19(19,4%) 13(13,3%) 66(67,3%) <0,001

1.27 Encorajou-me a assumir novas oportunidades

5(10,2%) 8(16,3%) 36(73,5%) <0,001

1.15 Dar assistência ao mentorado em troca de esforços destes

14(28,6%) 5(10,2%) 30(61,2%) <0,001

Exposição/Visibilidade 5(5,2%) 13(13,5%) 78(81,3%) <0,001

1.1 Delegou-me tarefas que me colocaram em contato com outros profissionais ou colegas mais Experientes

1(2,0%) 4(8,2%) 44(89,8%) <0,001

1.10 Designou-me responsabilidades que ampliaram contatos para oportunidades futuras

4(8,5%) 9(19,1%) 34(72,3%) <0,001

Treinamento Coaching 43(14,7%) 68(23,3%) 181(62,0%) <0,001

1.29 Conversa comigo sobre sua carreira

12(24,5%) 11(22,4%) 26(53,1%) 0,013

74

1.2 Sugeriu-me estratégias específicas para alcançar meus objetivos profissionais

10(20,4%) 12(24,5%) 27(55,1%) 0,005

1.3 Compartilhou e pediu sugestões na solução de algum problema

3(6,1%) 7(14,3%) 39(79,6%) <0,001

1.4 Compartilha ideias comigo 5(10,4%) 9(18,8%) 34(70,8%) <0,001

1.26 Aumenta a capacidade do mentorado de fazer melhor

2(4,1%) 12(24,5%) 35(71,4%) <0,001

1.17 Foca a atenção em irregularidades, erros.

11(22,9%) 17(35,4%) 20(41,7%) 0,269

Proteção 21(21,9%) 22(22,9%) 53(55,2%) <0,001

1.16 Assume a culpa ou crédito em situações complicadas

9(18,8%) 11(22,9%) 28(58,3%) 0,001

1.8 Evitou solicitar-me tarefas nas quais eu não estava suficientemente

12(25,0%) 11(22,9%) 25(52,1%) 0,022

Tarefas desafiadoras 23(15,8%) 29(19,9%) 94(64,4%) <0,001

1.9 Costuma dar feedback sobre meu desempenho profissional

14(28,6%) 9(18,4%) 26(53,1%) 0,009

1.11 Designou-me tarefas que contribuíram com a aprendizagem

1(2,1%) 10(20,8%) 37(77,1%) <0,001

1.12 Compartilha suas experiências para auxiliar-me na resolução dos problemas

8(16,3%) 10(20,4%) 31(63,3%) <0,001

¹p-valor do teste Qui-quadrado para comparação de proporção (se- p-valor < 0,05 existe uma frequência mais prevalente na prática avaliada).

Fonte o autor

Abaixo, observa-se a figura 14 representando a distribuição da frequência de cada uma das

funções de carreira:

Figura 14. Distribuição da frequência dos domínios de função de carreira

.

Fonte: o autor

75

Destaca-se a opinião dos indivíduos acerca do papel significativo e representativo nas

relações de mentoria de carreira na Instituição. Muitos dos mentores foram identificados pela

sua influência no desenvolvimento profissional e crescimento hierárquico do mentorado e na

apreensão de habilidades e competências, a partir da designação de atividades construtivas e a

indicação para novos desafios.

A delegação de tarefas que puseram o mentorado em contato com outros profissionais mais

experientes visando à formação de networking, à exposição das potencialidades e a

oportunização para sugestão de ideias solucionadoras foram as estratégias destacadas para a

consolidação das funções de carreira na Instituição. O encorajamento para assumir novas

oportunidades também recebeu destaque.

Infere-se, pois, que a influência junto a outros membros organizacionais e o auxílio no

desenvolvimento das atividades, através da troca de experiências e a construção de práticas

gestoras conjuntas, foi imprescindível para a construção de relações de mentoria na Instituição

pesquisada.

Percebeu-se que as funções de carreira que mais se destacaram foram as funções de

exposição/visibilidade e apadrinhamento devido à capacidade dos mentores de dar condições

ao mentorado, de colocá-los em contato com pessoas importantes para a execução de

atividades importantes ou de indicá-los para promoções na organização respectivamente. Daí,

destaca-se que, em funções como essa, o mentor e o mentorado ficam sujeitos a riscos que

podem ser resultantes em disfunções de mentorias, quando não realizados com as devidas

precauções (SCANDURA, 1998).

Na Instituição estudada, a mentoria foi apresentada como um ponto que tem fortalecido as

relações institucionais. Além disso, admiração mútua e o reconhecimento do seu papel entre

mentorado e mentor também integram um componente de inspiração e modelagem. Dada à

existência dessas relações, a Instituição vem fortalecendo suas ações por meio da aquisição de

confiança entre os membros para assumir riscos e dar o seu melhor nas oportunidades

existentes (NOE, 1988; RAGINS; KRAM, 2007).

O rol de habilidades gerenciais identificadas nos mentores da Instituição foram a capacidade

para apoiar no desenvolvimento de atividades, a designação de tarefas que contribuíram com

a aprendizagem de novas habilidades, a sugestão de estratégias específicas para alcançar

objetivos profissionais e o auxílio ao desenvolvimento de pontos fortes do mentorado.

76

Daí decorre afirmar a relevância da mentoria para o crescimento dos colaboradores da

Instituição pesquisada. Esse crescimento provoca benefícios a curto, médio e longo prazo e

independe de transformações políticas, mudanças departamentais ou alterações de chefias,

pois está inerente ao próprio indivíduo e, por sua vez, à capacidade e interesse que ele pode

desenvolver para contribuir com os resultados organizacionais (ALLEN; EBY, 2007).

Assim, observa-se que na organização tem se buscado não somente a melhoria nas

performances profissional e organizacional, mas a melhoria que abranja um sentido mais

amplo, de modo que resultados organizacionais representem valor de desenvolvimento para a

organização agregado a valor social para o indivíduo (BRANDÃO; GUIMARÃES, 2001).

Nessa perspectiva do valor social para o indivíduo, também se buscou observar a percepção

dos respondentes quanto à frequência das práticas de mentoria nas funções psicossociais

como se observa na Tabela 10. Verificou-se que a aceitação/confirmação é o domínio mais

frequente entre os profissionais avaliados (76,5%), seguido da modelagem (61,6%) e

aconselhamento (54,4%). No domínio aceitação/confirmação, a função “tem demonstrado

respeito por mim como indivíduo” é o mais frequente (87,8%).

Percebe-se, com isso, que o reconhecimento do outro como parte do processo de mentorado,

assim como o interesse em ser aconselhado e ter um modelo a seguir também conduz as

reações daqueles que estão presentes na Instituição. Essa perspectiva se apresenta, em quase

sua totalidade, limitando-se ao âmbito da labolaridade.

Ainda, observou-se que o p-valor foi significativo em todas as práticas e domínios avaliados,

exceto na prática: “não está interessado em autopromoção” (p-valor = 0,066), “procura a

opinião do mentorado no que diz respeito à visão da instituição” (p-valor = 0,472), “convida-

me para jantar/almoçar” (p-valor = 0,122) e “tem interagido comigo fora do ambiente de

trabalho” (p-valor = 0,225), indicando que estas práticas acontecem aleatoriamente e que não

há uma frequência definida.

Tabela 10- Distribuição da frequência das práticas de mentoria nas funções psicossociais.

Domínios de Função Psicossocial Frequência p-valor¹ Nunca/

Raram. Ocasion. Freq./

Sempre Modelagem 20(13,7%) 36(24,7%) 90(61,6%) <0,001

1.13 Despertou-me, por meio de seu comportamento, o interesse de segui-lo como exemplo

8(16,3%) 14(28,6%) 27(55,1%) 0,003

77

1.20 Não está interessado em autopromoção

12(24,5%) 13(26,5%) 24(49,0%) 0,066

1.6 Tem comportamento, atitudes e valores que merecem respeito e admiração

0(0,0) 9(18,8%) 39(81,3%) <0,001

Aceitação/Confirmação 18(7,4%) 39(16,0%) 186(76,5%) <0,001 1.24 Conversa com o mentorado sobre suas experiências

9(18,4%) 5(10,2%) 35(71,4%) <0,001

1.5 Apoiou-me no desenvolvimento de atividades

1(2,1%) 5(10,4%) 42(87,5%) <0,001

1.7 Tem demonstrado respeito por mim como indivíduo

1(2,0%) 5(10,2%) 43(87,8%) <0,001

1.23 Ajuda o mentorado a desenvolver pontos fortes

4(8,3%) 10(20,8%) 34(70,8%) <0,001

1.25 Consegue que o mentarado faça mais do que espera fazer

3(6,1%) 14(28,6%) 32(65,3%) <0,001

Aconselhamento 38(19,7%) 50(25,9%) 105(54,4%) <0,001 1.30 Demonstra habilidade para ouvir-me 10(20,4%) 9(18,4%) 30(61,2%) <0,001

1.21 Mantém em segredo as dúvidas e sentimentos compartilhados pelo mentorado

12(25,5%) 8(17,0%) 27(57,5%) 0,002

1.18 Procura a opinião do mentorado no que diz respeito à visão da instituição

12(25,0%) 18(37,5%) 18(37,5%) 0,472

1.22 Demonstra compreensão à pessoa do mentorado

4(8,2%) 15(30,6%) 30(61,2%) <0,001

Amizade 35(23,8%) 35(23,8%) 77(42,4%) <0,001 1.19 Confia no mentorado para guardar segredos

7(14,3%) 10(20,4%) 32(65,3%) <0,001

1.28 Convida-me para jantar/almoçar 14(28,6%) 12(24,5%) 23(46,9%) 0,122

1.14 Tem interagido comigo fora do ambiente de trabalho

14(28,6%) 13(26,5%) 22(44,9%) 0,225

¹p-valor do teste Qui-quadrado para comparação de proporção (se- p-valor < 0,05 existe uma frequência mais prevalente na prática avaliada).

Fonte: o autor

Figura 15. Distribuição da frequência dos domínios de função psicossocial.

Fonte: o autor

78

Conforme analisado, na Figura 15, as funções psicossociais também se apresentaram de forma

bem representativa, onde a assertiva “aceitação/confirmação” revelou-se como a que mais

ocorre na Instituição, proporcionando autoconhecimento e interação a partir de feedbacks

mutuamente entre mentor-mentorado. Daí decorre afirmar que essas características impactam

diretamente no estímulo à valorização do servidor e das suas ideias, assim como ao interesse

em se manter em processo de dialogicidade e respeito mútuo (RAGINS; COTTON, 1999).

Outrossim, analisou-se um número relevante dos que concordaram que o mentor atua como

um exemplo para o desenvolvimento do mentorado, a partir de observações e orientações.

Essa ratificação de merecimento de admiração por parte da maioria do mentorado demonstra a

caracterização de relações de inspiração e a valorização do mentorado para o mentor. Essas

relações levam o mentorado a confiar, ainda mais, ao assumir riscos, aceitar conselhos e dar o

seu melhor nas oportunidades existentes para demonstração de resultado profissional (NOE,

1988; RAGINS; KRAM, 2007).

O respeito como indivíduo, a capacidade de ouvir, a realização de diálogos sobre suas

experiências, a partilha de ideias, o encorajamento, a consideração individual e os

comportamentos e atitudes que merecem respeito e admiração são os pilares que dão suporte

às relações interpessoais que sustentam o processo de mentoria na Instituição estudada (NOE,

1988; RAGINS; KRAM, 2007).

Revela-se, ainda, que as atividades fora do ambiente organizacional não é uma constância e,

por isso, não pode ser considerado como existente no processo de mentoria dessa Instituição.

Esses dados demonstraram, de forma geral, que as relações de mentoria que se destacaram

estão relacionadas às funções de carreira, ou seja, àquelas premissas que condizem com o

desenvolvimento profissional, mesmo que também se perceba que, no exercício das atividades

laborais, haja uma demonstração de habilidades humanísticas por parte daqueles que foram

associados como mentores.

Sendo assim, não houve uma exclusão das funções psicossoais, porém com destaque para

aquelas que abordam os fatores das relações interpessoais no ambiente de trabalho, em

detrimento daquelas que abrangem o nível pessoal da relação fora dele.

Esse diagnóstico retrata que o processo de aprendizagem e de relações com o outro na

laboralidade necessita que as funções de carreira sejam complementadas pelas funções

psicossoais. Além disso, é sabido que o aporte das psicossoais conduzem à eficácia no

79

processo de aprendizagem social, imprescindível às relações de mentoria e a consolidação das

oportunidades e vantagens trazidas por estas relações (KRAM, 1985; NOE, 1988; MCKEEN,

1989; ALLEN; EBY, 2007; RAGINS; KRAM, 2007).

Ampliar a capacidade do mentorado de fazer melhor suas tarefas e demonstrar compreensão

pela pessoa mentorada também obtiveram destaques na concepção dos respondentes,

demonstrando como uma função de carreira pode se integrar a uma psicossocial e formar um

ciclo contínuo de dependência para o alcance da excelência na relação da mentoria.

Nessa perspectiva, a existência de um processo de mentoria eficaz e de funções de mentoria

exercidas com índices predominantemente positivos permite que seja afirmado que se trata de

uma organização que possui uma capacidade de gerir um ambiente de aprendizagem em que

profissionais se envolvem para discutir saberes experimentados e (re) construir novos

conhecimentos.

Tais premissas condizem com características necessárias a uma cultura de aprendizagem

organizacional, que preza pela humanização entre seus colaboradores, busca a democracia

cognitiva, a padronização e a instrumentalização da autonomia para a criação do fluxo

contínuo de aprendizagem e construção de novos conhecimentos que impactem em melhores

serviços à sociedade (DAVENPORT, PRUSAK, 2013).

Nesta perspectiva, a socialização das informações, nos dias atuais, são as estratégias mais

efetivas para o desenvolvimento das organizações e das pessoas que a compõem. A

construção dos processos de mentoria é parte das necessidades organizacionais no século

XXI, onde possam minimizar os impactos do turnover e a manutenção/aceleração de

processos organizacionais com vistas às melhorias para o colaborador e para organização

(NEWCOMER, 1999).

Daí decorre afirmar, que o conjunto de objetivos, estratégias e conhecimentos oriundos dessas

relações quando agregados à premissa da inserção na Administração Pública Gerencial, é

pertinente a adoção de novas e qualificadas técnicas e posturas em busca da Gestão por

Resultados.

4.2 Os procedimentos da Instituição atrelados à gestão baseadas em resultados

Nos dias atuais, as Instituições buscam, cada vez mais, profissionais que possuam

flexibilidade cognitiva para capitanear as necessidades de transformações organizacionais,

seja pelos cenários internos, seja pelos externos. Além disso, a aceleração dessas

80

modificações requer que esses profissionais se tornem capazes de compreender a relevância

de transmitir os saberes apreendidos e converter o conhecimento tácito em explícito em prol

de um conhecimento organizacional sustentável (DAVENPORT; PRUSAK, 2013).

A promoção dos colaboradores organizacionais depende também dessa capacidade de

reconhecer o fluxo contínuo do conhecimento em prol da formação do crescimento

organizacional e da estruturação de padrões que atendam às normas internas, aos clientes

internos e externos assim como acelerem os processos.

Nessa perspectiva, essas organizações têm buscado estimular e propiciar aos seus

colaboradores condições para criar procedimentos operacionais padrões, instruções

normativas, regulamentos, dentre outros, que auxiliem a organização a materializar medidas

de socialização e atenuação da retenção de conhecimento restrito a uma ou poucas pessoas.

A padronização, o monitoramento do desempenho e da efetividade, a criação de planos, o

gerenciamento correto das informações, o uso dos recursos tecnológicos, a criação de

parâmetros para analisar as dificuldades internas e externas para subsidiar a criação de ações

corretivas e preventivas são fatores primordiais para orientar a Gestão Baseada por

Resultados.

Para isso, faz-se necessário estruturar procedimentos e qualificar pessoas para a utilização

deles em busca de melhorias contínuas nos serviços prestados aos cidadãos. Ter modelos de

gestão focado no desempenho organizacional é imprescindível para o cumprimento de normas

e procedimentos. Nesse sentido, os entrevistados apresentaram suas considerações acerca da

Instituição em estudo no que concerne aos procedimentos adotados que estejam atrelados à

Gestão por Resultados (TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO, 2004; MINISTÉRIO DE

PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E GESTÃO, 2006; FUNDAÇÃO NACIONAL DA

QUALIDADE, 2006; EUROPEAN FOUNDATION FOR QUALITY MANAGEMENT,

2006; MACHADO et al., 2012).

Os procedimentos serão observados a partir das perspectivas do modelo de Gestão Baseada

em Resultados no Serviço Público, adotado nesta dissertação, considerando-se a apresentação

dos dados nos subtítulos 4.2.1 a 4.2.9:

4.2.1 Liderança da Alta Administração

Para compreender a perspectiva desse item, tem-se, na tabela 11, a distribuição do grau de

concordância dos profissionais acerca das características da Gestão baseada em Alta

81

Liderança. Através dela, verifica-se que o percentual de 37,5% dos profissionais concorda que

essas características são pertencentes à Instituição. Mesmo sendo verificada maior número de

profissionais concordando, o teste de comparação de proporção não foi significativo (p-valor

= 0,263), indicando que o número de profissionais discordantes, neutros e que concordam que

as características de Gestão baseada em Alta Liderança são aplicadas na empresa é idêntico.

Tabela 11- Distribuição do grau de concordância dos profissionais acerca das características da gestão baseada em alta liderança.

Características da alta liderança Concordância p-valor¹ Discordo/

Discordo totalmente

Neutro Concordo/ Concordo totalmente

3.22 Você considera que as pessoas são motivadas à busca do alcance de resultados na Instituição

16(32,7%) 13(26,5%) 20(40,8%) 0,470

3.23 Você sabe quais são as principais metas de sua Instituição

8(16,7%) 12(25,0%) 28(58,3%) 0,001

3.24 Você é orientado ao alcance de suas metas

17(34,7%) 13(26,5%) 19(38,8%) 0,565

3.25 Há exercício de liderança que conduz o equilíbrio e o relacionamento entre os colaboradores

17(34,7%) 15(30,6%) 17(34,7%) 0,922

3.26 São evidenciadas como as principais decisões são tomadas, comunicadas e implementadas às partes interessadas

19(40,4%) 13(27,7%) 15(31,9%) 0,551

3.27 Há avaliação do alcance das estratégias, verificando o estágio de cumprimento dos objetivos, metas gerenciais e operacionais

15(31,3%) 20(41,7%) 13(27,0%) 0,444

3.28 Há líderes envolvidos pessoalmente em assegurar que o modelo de gestão da organização seja desenvolvido, implementado e melhorado de forma contínua

16(32,7%) 18(36,7%) 15(30,6%) 0,867

Total 108(31,9%) 104(30,6%) 127(37,5%) 0,263 ¹p-valor do teste Qui-quadrado para comparação de proporção (se- p-valor < 0,05 a proporção de discordantes, neutros e concordantes difere

significativamente). Fonte o autor

Ao se analisar a compilação dos dados da perspectiva que engloba características da Alta

Administração, observou-se que o nível de concordância da adoção de atitudes concernentes a

uma Gestão Baseada em Resultados predominou, mas o quantitativo daqueles que discordam

se equipararam quanto à significância. Desse modo, não se pode considerar que essa

perspectiva tem domínio em sua totalidade nos processos organizacionais.

82

As características que foram destacadas como parte do processo de gestão foram o

conhecimento das metas da instituição e da existência de mecanismos de motivação de

pessoas na busca de resultados na Instituição. Daí decorre afirmar que essa Instituição possui

potencialidades para a formação de uma gestão participativa com a socialização do

conhecimento, de modo que o saber auxilie o colaborador a possuir uma visão holística e se

compreender no processo para alcançar resultados (OLIVEIRA, 2014).

Infere-se que esse envolvimento dos indivíduos no processo de gestão é de extrema

necessidade pois, além de conhecer essas metas, saber o porquê da existência delas, poder

alterá-las, saber como elas foram criadas e aonde se quer chegar com elas induz o colaborador

a doar-se mais às ações enquanto parte da construção do processo estratégico.

Com isso, observa-se a relevância da Alta Administração para instituir diretrizes no processo

de melhoria contínua assim como na construção de diretrizes na comunicação institucional.

4.2.2 Políticas, estratégias e planos

No segundo item, tem-se a perspectiva “Políticas, estratégias e planos” a qual se visou avaliar

a capacidade de indução da Instituição para instruir, traçar e avaliar planos, estratégias

atreladas às macropolíticas e à criação de indicadores para análise de desempenho.

Na tabela 12, tem-se a distribuição do grau de concordância dos profissionais acerca das

características da Gestão baseada em Políticas, Estratégias e Planos. Através dela, verifica-se

que o percentual de 36,7% dos profissionais discorda/discorda totalmente de que essas

características são pertencentes à Instituição.

Mesmo sendo verificada maior número de profissionais é de discordantes, o teste de

comparação de proporção não foi significativo (p-valor = 0,118), indicando que o número de

profissionais discordantes, neutros e que concordam que as características de gestão baseada

em políticas, estratégias e planos são aplicadas na empresa é idêntico.

Tabela 12- Distribuição do grau de concordância dos profissionais acerca das características da gestão baseada em políticas, estratégias e planos.

Características das políticas, estratégias e planos

Concordância p-valor¹

Discordo/ Discordo

totalmente

Neutro Concordo/ Concordo totalmente

3.29 Busca-se avaliar a implementação do planejamento, de forma a visualizar o atendimento das metas estabelecidas de

17(34,7%) 18(36,7%) 14(28,6%) 0,767

83

acordo com as necessidades da sociedade 3.30 Há o estabelecimento de metas a curto, médio e longo prazo.

19(38,8%) 14(28,5%) 16(32,7%) 0,679

3.31 Há desdobramentos das estratégias em planos de ação para todos os setores da organização

20(42,6%) 11(23,4%) 16(34,0%) 0,273

3.32 Há uma busca pela correta alocação dos recursos para garantir a implementação dos planos de ação.

15(31,9%) 15(31,9%) 17(36,2%) 0,918

3.16 Há objetivos traçados, definidos e compartilhados com os membros da Instituição

13(26,5%) 18(36,7%) 18(36,7%) 0,600

3.17 Caracteriza-se por previsão de desempenho e resultados futuros

25(52,1%) 8(16,7%) 15(31,3%) 0,010

3.4 Os servidores conhecem os resultados que devem alcançar o setor que ele atua

15(30,6%) 11(22,4%) 23(46,9%) 0,102

Total 124(36,7%) 95(28,1%) 119(35,2%) 0,118 ¹p-valor do teste Qui-quadrado para comparação de proporção (se- p-valor < 0,05 a proporção de discordantes,

neutros e concordantes difere significativamente).

Fonte: o Autor

Os questionados avaliam que há objetivos traçados, definidos e compartilhados com os

membros da Instituição e que os servidores conhecem os resultados que devem alcançar. A

busca pela correta alocação dos recursos para garantir a implementação dos planos de ação

também é comum nas ações da Instituição.

Infere-se que tais objetivos e metas estão também vinculados às diretrizes de uma Rede

Federal e ao Ministério da Educação. Com isso, as políticas, estratégias e planos buscam estar

em consonância com os órgãos norteadores, com as devidas adequações às realidades da

localidade e às exigências dos órgãos de controle.

Desse modo, pode-se considerar que, cada vez mais, essas estratégias, planos e políticas

possuam uma maior uniformidade e capacidade de internalização pelos seus membros, de

modo que se reverta em conhecimento do papel que deve ser exercido na Instituição por cada

um deles.

4.2.3 Cidadãos e Sociedade

Quanto a esta perspectiva, observou-se a percepção dos questionados quanto aos objetivos da

prestação dos serviços para a sociedade. Através dela, os questionados puderam expressar o a

capacidade da Instituição de interagir com os cidadãos e ofertá-los serviços personalizados e

com qualidade, com o devido respeito à legalidade e à impessoalidade. Constatou-se que os

servidores acreditam que há a existência de conhecimento mútuo entre as necessidades das

84

partes envolvidas (Instituição- cidadão), além do reconhecimento público e da credibilidade,

por parte da sociedade em relação à Instituição.

É importante destacar que essa perspectiva da Gestão Baseada em Resultados está atrelada

diretamente às missões das organizações públicas. Na Tabela 13, tem-se a distribuição do

grau de concordância dos profissionais acerca das características da Gestão baseada em

cidadãos e sociedade. Através dela, verifica-se que a maioria dos profissionais

concorda/concorda totalmente (57,6%) de que essas características são pertencentes à

Instituição.

Além disso, o teste de comparação de proporção para esta característica avaliada foi

significativo (p-valor < 0,001) indicando que o número de profissionais concordantes é

significativamente maior do que os profissionais que discordam ou que são neutros acerca da

avaliação desta característica.

Ainda, o item onde houve maior concordância foi: “há credibilidade e reconhecimento

público da sociedade e há promoção da responsabilidade pública e estímulo aos colaboradores

para participar e promover a inclusão social e a interação com a sociedade (ambos com

59,2%).

Tabela 13- Distribuição do grau de concordância dos profissionais acerca das características da gestão baseada em cidadãos e sociedade.

Características dos cidadãos e

Sociedade

Concordância p-valor¹ Discordo/

Discordo totalmente

Neutro Concordo/ Concordo totalmente

3.33 Pressupõe o reconhecimento da comunidade e da sociedade como partes interessadas da organização

8(17,4%) 13(28,3%) 25(54,3%) 0,007

3.34 Há credibilidade e reconhecimento público da sociedade

1(2,0%) 19(38,8%) 29(59,2%) <0,001

3.35 Há promoção da responsabilidade pública e estímulo aos colaboradores para participar e promover a inclusão social e a interação com a sociedade

9(18,4%) 11(22,4%) 29(59,2%) 0,001

Total 18(12,5%) 43(29,9%) 83(57,6%) <0,001 ¹p-valor do teste Qui-quadrado para comparação de proporção (se- p-valor < 0,05 a proporção de discordantes,

neutros e concordantes difere significativamente).

Fonte o autor

Nesse sentido, observa-se que os pesquisados concordam, em sua maioria, que

frequentemente há reconhecimento por parte da sociedade no papel transformador que essa

85

Instituição de ensino desenvolve para a sociedade. Na opinião dos servidores, há o senso de

responsabilidade por parte deles e estímulo para transformarem suas habilidades e

competências em um ensino qualificado, inclusivo e que proporcione desenvolvimento social.

Essa dimensão, quando integrada à Gestão Baseada em Resultados, amplamente, possui

extrema relevância, pois remete-se diretamente ao principal objetivo da Instituição, que é

servir ao público. Afinal, às Instituições públicas cabe a prestação de serviços à sociedade

com vistas a auxiliá-la no exercício pleno da cidadania.

4.2.4 Gestão de Pessoas

A percepção dos questionados acerca da perspectiva gestão de pessoas é descrita na Tabela

14, a partir da distribuição do grau de concordância dos profissionais quanto às características

da gestão baseada nessa perspectiva. Através dela, verifica-se que a maioria dos profissionais

discorda/discorda totalmente (46,4%) de que essa seja uma característica da Instituição.

Além disso, o teste de comparação de proporção para esta característica avaliada foi

significativo (p-valor < 0,001), indicando que o número de profissionais discordantes é

significativamente maior do que os profissionais que concordam ou que são neutros acerca da

avaliação desta característica. O item em que houve maior concordância foi: caracteriza-se

pelo trabalho em equipe para o processo de solução de problemas e tomada de decisões

(49,0%).

Tabela 14- Distribuição do grau de concordância dos profissionais acerca das características da gestão baseada em gestão de pessoas.

Características da gestão de pessoas

Concordância p-valor¹ Discordo/ Discordo

totalmente

Neutro Concordo/ Concordo totalmente

3.37 Há identificação de necessidades de capacitação e compatibilização das necessidades operacionais, estratégias e pessoais.

12(25,5%) 12(25,5%) 23(48,9%) 0,076

3.36 Há desenvolvimento gerencial das pessoas que ocupam cargos de chefia

14(29,8%) 19(40,4%) 14(29,8%) 0,587

3.38 Há a promoção de um ambiente de trabalho seguro e saudável assim como a promoção do bem estar do colaborador

13(26,5%) 22(44,9%) 14(28,6%) 0,225

3.10 Os membros da organização sentem que realmente fazem parte do

14(28,6%) 20(40,8%) 15(30,6%) 0,531

86

seu grupo de trabalho 3.1 Os servidores são convidados a participar do planejamento da instituição

17(35,4%) 13(27,1%) 18(37,5%) 0,646

3.2 Os servidores participam e dão ideias para a estruturação das metas do setor em que trabalha

16(32,7%) 10(20,4%) 23(46,9%) 0,075

3.3 Os servidores conhecem a missão da instituição

16(32,7%) 11(22,4%) 22(44,9%) 0,156

3.18 Caracteriza-se pelo trabalho em equipe para o processo de solução de problemas e tomada de decisões

24(49,0%) 13(26,5%) 12(24,5%) 0,066

Total 226(46,4%) 120(24,6%) 141(29,0%) <0,001 ¹p-valor do teste Qui-quadrado para comparação de proporção (se- p-valor < 0,05 a proporção de discordantes,

neutros e concordantes difere significativamente). O autor

Foi observado a opinião dos questionados acerca das contribuições da organização para

adquirir dos seus colaboradores sua capacidade intelectual e criativa em busca do alcance dos

objetivos organizacionais assim como promover a este seu desenvolvimento e valorização

integrada aos âmbitos profissional, individuais, grupais e organizacionais.

Segundo eles, existe com frequência a análise das necessidades operacionais e estratégicas de

formação continuada das pessoais visando ofertar-lhes conhecimentos para o seu

desenvolvimento cognitivo. Sendo assim, pode-se inferir que essa Instituição busca preparar

as pessoas para o trabalho com base no desempenho individual, visando à adaptação adequada

do indivíduo a seu cargo, funções e tarefas.

A disponibilização de um ambiente laboral adequado também foi analisada no que tange às

condições de segurança, de ergonomia e bem-estar como integrantes da dimensão de gestão

de pessoas no modelo focado em resultados.

A gestão de pessoas também englobou a capacidade da gestão de estimular a participação dos

membros no lançamento de ideias, na estruturação das metas do setor, na composição do

planejamento, na solução de problemas em equipe e no sentimento de pertença. Na opinião da

maioria dos questionários, aponta-se uma concordância quanto ao envolvimento dos

servidores na proposição de sugestões e a existência de uma gestão que busca a participação.

Diante deste cenário, à organização fica a responsabilização de identificar fatores que

promovam melhorias, buscando realizar processos de (re) invenção organizacional, em que o

clima e os resultados se retroalimentem continuadamente. Afinal, criar um clima favorável à

realização de pessoal, cultivar o ambiente propício ao desenvolvimento de pessoal e

categorizar estratégias de recompensa e valorização aprimora a capacidade do sujeito de ter

87

satisfação laboral (NEWCOMER, 1999; DAVENPORT; PRUSAK, 2003; SCHLESINGER et

al., 2008).

4.2.5 Gestão de TI

Na Tabela 15, tem-se a distribuição do grau de concordância dos profissionais acerca das

características da gestão baseada em TI. Através dela, verifica-se que 37,1% dos profissionais

concordam/concordam totalmente que essas características são pertencentes à Instituição.

Outrossim, o teste de comparação de proporção não foi significativo (p-valor = 0,501),

indicando que o número de profissionais discordantes, neutros e que concordam que as

características de gestão baseada em TI são aplicadas na empresa é idêntico.

Tabela 15-Distribuição do grau de concordância dos profissionais acerca das características da gestão baseada em TI.

Características da TI Concordância p-valor¹ Discordo/

Discordo totalmente

Neutro Concordo/ Concordo totalmente

3.39 Há alocação de recursos tecnológicos para desenvolver os objetivos da instituição de forma eficiente

14(28,6%) 16(32,7%) 19(38,8%) 0,679

3.8 O processo eficiente de informação guia o trabalho e a ação administrativa

13(27,1%) 18(37,5%) 17(35,4%) 0,646

Total 27(27,8%) 34(35,1%) 36(37,1%) 0,501 ¹p-valor do teste Qui-quadrado para comparação de proporção (se- p-valor < 0,05 a proporção de discordantes,

neutros e concordantes difere significativamente).

Fonte: o autor

A gestão da tecnologia da Informação também é parte integrante de uma gestão baseada em

resultados, pois o avanço da tecnologia vem permitindo às organizações a aceleração nos seus

processos e no desenvolvimento de melhores condições para gerir os recursos humanos,

físicos, financeiros e materiais. Com isso, pode-se observar a tecnologia como parte

transversal dos elementos que direcionam a organização no alcance de resultados.

A gestão da Tecnologia da informação, nos dias atuais, tem sido fator primordial para o

crescimento e o monitoramento do desempenho organizacional. Deste modo, é necessário que

haja uma qualificada gestão focada nos resultados institucionais, alocando os recursos

tecnológicos de acordo com o atingimento dos objetivos traçados. Segundo a pesquisa,

frequentemente, há a correta disposição dos recursos quando associado aos resultados

institucionais.

88

Com isso, pode-se informar que a adoção de recursos tecnológicos avançados auxilia a

instituição na competitividade, no atendimento ao público com qualidade e celeridade e no

gerenciamento e controle de processos e projetos. A maioria dos questionados concorda que

existe um processo eficiente de informação capaz de guiar o trabalho e estruturar a ação

administrativa. Além disso, a gestão integrada para guiar as ações da Instituição e o aspecto

tecnológico não pode prescindir de aspectos políticos e organizacionais (TRIBUNAL DE

CONTAS DA UNIÃO, 2004; MINISTÉRIO DE PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E

GESTÃO, 2006; FUNDAÇÃO NACIONAL DA QUALIDADE, 2006; EUROPEAN

FOUNDATION FOR QUALITY MANAGEMENT, 2006; MACHADO et al., 2012).

4.2.6 Gestão de Processos

Na Tabela 16, tem-se a distribuição do grau de concordância dos profissionais acerca das

características da Gestão Baseada em Gerenciamento de Processos. Através dela, verifica-se

que o percentual 35,1% dos profissionais coincidiram com o quantitativo daqueles que

concordam/concordam totalmente e discordam/discordam totalmente de que essas

características são pertencentes à Instituição.

O teste de comparação de proporção não foi significativo (p-valor = 0,458), indicando que o

número de profissionais discordantes, neutros e que concordam que as características de

gestão baseada em gerenciamento de processos são aplicadas na empresa é idêntico.

Tabela 16- Distribuição do grau de concordância dos profissionais acerca das características da gestão baseada em gerenciamento de processos.

Características da gestão de

processos

Concordância p-valor¹ Discordo/

Discordo totalment

e

Neutro Concordo/ Concordo totalmente

3.15 Há mecanismos de acompanhamento do alcance de resultados na Instituição

18(36,7%) 16(32,7%) 15(30,6%) 0,867

3.5 Há mecanismo de controle de alcance dos resultados na instituição

21(43,8%) 11(22,9%) 16(33,3%) 0,210

3.11 Há mecanismos para o desenvolvimento de procedimentos para a execução do trabalho dos servidores

17(36,2%) 11(23,4%) 19(40,4%) 0,331

3.12 Considera que os membros buscam o crescimento, a gestão eficiente dos recursos e o cumprimento dos objetivos da

12(25,5%) 17(36,2%) 18(38,3%) 0,517

89

Instituição 3.14 Há uma gestão focada em cumprimento de metas e nos processos e recursos necessários para alcançá-lo

14(28,6%) 18(36,7%) 17(34,7%) 0,767

3.19 Busca-se a melhoria contínua estimulando a busca pela eficiência, o planejamento, a avaliação, o controle e a excelência dos resultados

19(39,6%) 13(27,1%) 16(33,3%) 0,570

Total 101(35,1%)

86(29,8%) 101(35,1%) 0,458

¹p-valor do teste Qui-quadrado para comparação de proporção (se- p-valor < 0,05 a proporção de discordantes, neutros e concordantes difere significativamente).

Fonte: o autor.

Considera-se que uma parte dos questionados reconhece a gestão de processos como um dos

pilares que devem sustentar a administração pública para o cumprimento das metas e a

manutenção dos padrões institucionais. Além disso, o desenvolvimento de estratégias de

acompanhamento também subsidia a Instituição na análise dos seus pontos críticos.

No âmbito da gestão baseada em resultados, essa dimensão aborda os processos finalísticos,

de apoio, de suprimento, orçamentário e financeiro, além da gestão de custos. Os “processos

finalísticos”, ou seja, aqueles principais que abordam a finalidade da Instituição em estudo,

tratam-se daqueles que envolvem a pesquisa, a extensão e o ensino.

Enquanto que os “processos de apoio” dão suporte aos processos finalísticos da Instituição,

fornecendo subsídios com produtos, insumos, serviços, equipamentos, tecnologia, recursos

humanos para cumprimento da finalidade Institucional.

Esses dois tipos de processos buscam integrar-se à gestão orçamentária, financeira, de

suprimento e de custos para implementação dos objetivos e das diretrizes estabelecidos pela

Instituição assim como a destinação de recursos de acordo com os objetivos e planos das

áreas. Nesse contexto, conforme apresentado pelos questionados, a organização que se destina

esta pesquisa possui mecanismos para o desenvolvimento de procedimentos para a execução

do trabalho dos servidores. Outra característica que também se pode destacar é que os

membros da organização buscam o crescimento, a gestão eficiente dos recursos e os objetivos.

É importante reconhecer e aplicar estratégias continuadas de acompanhamento a curto, médio

e longo prazo da execução dos processos finalísticos e dos de apoio com vistas ao alcance dos

resultados.

90

4.2.7 Governança

Na Tabela 17, tem-se a distribuição do grau de concordância dos profissionais acerca das

características da gestão baseada em governança. Através dela, verifica-se que a maioria dos

profissionais concorda/concorda totalmente (56,4%) de que essa seja uma característica da

Instituição.

Além disso, o teste de comparação de proporção para esta característica avaliada foi

significativo (p-valor < 0,001), indicando que o número de profissionais concordantes é

significativamente maior do que os profissionais que discordantes ou que são neutros acerca

da avaliação desta característica. Ainda, o item onde houve maior concordância foi: há

prestação de contas da utilização de recursos públicos e a publicação de relatórios externos

para garantir a informação à sociedade (81,3%).

Tabela 17-Distribuição do grau de concordância dos profissionais acerca das características da gestão baseada em governança

Características da governança

Concordância p-valor¹ Discordo/

Discordo totalmente

Neutro Concordo/ Concordo totalmente

3.40 Há códigos de conduta formal para o colaborador

15(32,6%) 17(37,0%)

14(30,4%) 0,859

3.41 Há estabelecimento de formas efetivas de controles de ação e de aplicação dos recursos públicos

11(22,9%) 10(20,8%)

27(56,3%) 0,003

3.42 Há prestação de contas da utilização de recursos públicos e a publicação de relatórios externos para garantir a informação à sociedade

6(12,5%) 3(6,3%) 39(81,3%) <0,001

Total 32(22,5%) 30(21,1%)

80(56,4%) <0,001

¹p-valor do teste Qui-quadrado para comparação de proporção (se- p-valor < 0,05 a proporção de discordantes, neutros e concordantes difere significativamente).

Fonte: o autor.

Foi constatado que há governança na Instituição estudada e que as informações compiladas

registraram que, apesar de existirem códigos de conduta formal para o servidor da Instituição,

estes não englobam todas as áreas necessárias. Há também uma concordância significativa da

realização pela Instituição de prestação de contas da utilização dos recursos públicos e os

relatórios externos para garantir à sociedade o acesso à informação, conforme estabelecido em

legislação. Além disso, foi identificado que existem na Instituição formas efetivas de

controles de ação associado à aplicação dos recursos públicos.

91

A governança na Instituição foi identificada como uma perspectiva que engloba padrões de

comportamento e dos processos organizacionais, além da realização de controle (auditorias) e

relatórios externos. Os códigos de condutas e os padrões são definidos por manuais,

regulamentos, regimentos e resoluções em caráter público.

4.2.8 Gestão do Conhecimento

Na Tabela 18, tem-se a distribuição do grau de concordância dos profissionais acerca das

características da gestão baseada em conhecimento. Através dela, verifica-se que a maioria

dos profissionais concorda/concorda totalmente (50,3%) de que essa seja uma das

características da Instituição.

Além disso, o teste de comparação de proporção para esta característica avaliada foi

significativo (p-valor < 0,001), indicando que o número de profissionais concordantes é

significativamente maior do que os profissionais discordantes e neutros acerca da avaliação

desta característica. Ainda, o item onde houve maior concordância foi: você considera que as

relações de mentoria que você possui facilitou o alcance de resultados (68,8%).

Tabela 18- Distribuição do grau de concordância dos profissionais acerca das características da gestão baseada em conhecimento.

Características do Conhecimento

Concordância p-valor¹ Discordo/

Discordo totalmente

Neutro Concordo/ Concordo totalmente

3.43 Há implementação de práticas que facilitam a transferência, disseminação e o compartilhamento de informações e conhecimento

12(25,0%) 15(31,3%) 21(43,8%) 0,269

3.44 Há aplicação de práticas que servem de suporte à gestão do conhecimento organizacional para difusão de conhecimento

18(37,5%) 11(22,9%) 19(39,6%) 0,305

3.7 Existe integração entre pessoas experientes e iniciantes na instituição no auxílio ao alcance de resultados

7(14,3%) 18(36,7%) 24(49,0%) 0,011

3.21 Você considera que as relações de mentoria que você possui facilitou o alcance de resultados

6(12,5%) 9(18,8%) 33(68,8%) <0,001

Total 43(22,2%) 53(27,5%) 97(50,3%) <0,001 ¹p-valor do teste Qui-quadrado para comparação de proporção (se- p-valor < 0,05 a proporção de discordantes,

neutros e concordantes difere significativamente).

Fonte o autor

Constata-se que o percentual de 49% equivale aos questionados que concordam que a

integração entre as pessoas experientes e iniciantes é uma das estratégias mais relevantes de

92

transferência/construção do conhecimento na organização. Outrossim, um percentual

significativo delas reconhece que a gestão por resultados é facilitada a partir de relações de

mentoria concretas.

Infere-se que, numa sociedade informacional, aquelas instituições que conseguem que seus

condutores tenham sapiência para gerir o conhecimento daqueles que compõem a organização

agregam elementos imprescindíveis para a alta performance (STEWART, 2002;

DAVENPORT; PRUSAK ,2003). Essa gestão dos diferentes tipos de conhecimentos e sua

consonância com o alcance dos resultados institucionais é primordial e vital à construção dos

processos organizacionais.

É sabido que esse conhecimento não se desenvolve individualmente, por isso, necessita-se

que a Instituição venha buscando implementar práticas que facilitam a transferência,

disseminação e partilha das informações assim como a existência das relações de mentoria

associadas a resultados saudáveis à organização e ao ser humano (SCHLESINGER et al.,

2008).

Assim, observa-se que a Instituição estudada vem atuando com estratégias como a busca por

envolvimento do servidor, orientações e de relações de mentoria efetivas que pudessem

melhores condições para desenvolver as atividades laborais. Essa Instituição demonstrou a

busca pelo fortalecimento nas conversões de conhecimento e na transformação dele em novas

estratégias, novas metas, reconstrução de valores e fortalecimento das relações interpessoais.

4.2.9 Resultados

Na tabela 19, tem-se a distribuição do grau de concordância dos profissionais acerca das

características da Gestão Baseada em Resultados. Através dela, verifica-se um percentual

significativo de profissionais concorda/concorda totalmente (37,3%) de que essa seja uma das

características da Instituição.

Além disso, o teste de comparação de proporção para esta característica avaliada foi

significativo (p-valor = 0,015) indicando que o número de profissionais concordantes é

significativamente maior do que os profissionais que discordam ou que são neutros acerca da

avaliação desta característica.

A perspectiva resultados pode ser considerada como a que sustenta a Instituição, uma vez que

ela perpassa o encadeamento de etapas atreladas aos objetivos traçados, necessitando de

93

proceder com um monitoramento e parâmetros eficazes para se desenvolver o

acompanhamento junto aos respectivos responsáveis.

No caso da organização estudada, abordaram-se parâmetros como a efetividade no

desenvolvimento dos processos finalísticos, nas políticas, estratégias e planos, na satisfação e

no desenvolvimento de pessoas assim como na redução de custos aplicados aos programas e

projetos.

Tabela 19- Distribuição do grau de concordância dos profissionais acerca das características da gestão baseada em resultados.

Características dos Resultados

Concordância p-valor¹ Discordo/

Discordo totalmente

Neutro Concordo/ Concordo totalmente

3.6 Considera que os servidores da Instituição possuem conhecimento, habilidades e atitudes para alcançar os resultados dos seus respectivos setores

10(20,4%) 13(26,5%) 26(53,1%) 0,012

3.45 Há efetividade no desenvolvimento dos processos finalísticos da Instituição

16(32,7%) 17(34,6%) 16(32,7%) 0,980

3.47 Há efetividade nos resultados referentes às políticas, estratégias e planos

13(26,5%) 21(42,9%) 15(30,6%) 0,346

3.48 Há resultados de satisfação das pessoas, do bem-estar, da aprendizagem, da capacidade e do desenvolvimento das pessoas na Instituição

15(31,9%) 19(40,4%) 13(27,7%) 0,551

3.49 Há redução de custos dos processos e aplicação de nível de execução dos programas e projetos

14(29,8%) 19(40,4%) 14(29,8%) 0,587

3.50 Há um nível de rotatividade alto na Instituição

5(10,2%) 15(30,6%) 29(59,2%) <0,001

3.13 Os resultados nessa Instituição são melhor alcançados, pois existem pessoas dispostas a compartilhar aprendizagem e experiências

11(22,9%) 23(47,9%) 14(29,2%) 0,087

3.9 Há estímulo e busca à alta produtividade da instituição

18(37,5%) 13(27,1%) 17(35,4%) 0,646

Total 102(26,4%) 140(36,3%) 144(37,3%) 0,015 ¹p-valor do teste Qui-quadrado para comparação de proporção (se- p-valor < 0,05 a proporção de discordantes,

neutros e concordantes difere significativamente). Fonte o autor

A grande maioria concorda que os servidores possuem conhecimento, habilidades e atitudes

para alcançar os devidos resultados dos setores que atuam. Outrossim, eles se subdividem na

compreensão de uma parcial efetividade no desenvolvimento dos processos finalísticos e das

políticas, estratégias e planos.

94

Os resultados concernentes à satisfação das pessoas, do bem-estar, da aprendizagem e do

desenvolvimento de pessoas na Instituição também divide as opiniões deles. Foi identificado

também que há pessoas dispostas a compartilhar aprendizagem e experiência assim como uma

gestão focada no cumprimento de metas e processos associados aos recursos necessários para

alcançá-los.

A disposição destas pessoas auxilia na busca pela excelência nos bens e serviços ofertados

uma vez que se depende de que o talento das pessoas seja utilizado e a criatividade delas

funcione como alternativas na criação de ações corretivas e preventivas em meio às

dificuldades gerenciais e operacionais. Outrossim, monitorar resultados é necessário para que

ações e metas sejam congruentes, constantemente acompanhadas e (re) avaliadas (Machado et

al., 2012).

Oliveira (2014, p.98) afirma que o desenvolvimento de ações que propiciem melhorias

contínuas, duradouras e sustentadas na Administração Pública, por parte daqueles que atuam

na busca dos resultados, ou seja, seus respectivos colaboradores, ocorre quando eles

“reconhecem a necessidade de mudar, identificam seus benefícios, assumem o compromisso

dos resultados desejados e dos meios para alcançar esses resultados”.

Concorda-se com Oliveira (2014) ao relatar ainda que o processo contínuo de melhorias na

Instituição depende de uma via de mão-dupla entre a Instituição e o servidor, de modo que o

mesmo deva buscar ser parte dos resultados, mas, por outro lado, cabe à Instituição propiciar

condições para o efetivo alcance deles.

Finalmente, abaixo, nas Figuras 16 e 17, retrata-se a comparação da predominância das

características que baseadas no modelo de Gestão Baseada em Resultados na Instituição

pública que foi pesquisada. Após testes de comparação de proporção para analisar a

disparidade de concordância, conseguiu-se compreender que as perspectivas que mais

influenciam o processo de gestão dessa Instituição são a gestão do conhecimento, a de

resultados, a de governança e, em maior destaque, a de cidadãos e sociedade.

As perspectivas “Alta Administração”, “Políticas, estratégias e planos” e “gestão de

processos” e “gestão da tecnologia da informação” foram identificadas como aquelas que,

apesar de serem características que a maioria das pessoas concordam que a Instituição tem

aderência, após análise comparativa, observa-se que a diferença com aqueles que discordam

não é discrepante, o que significa que a população se divide em opiniões a respeito da

existência dessas características.

95

Figura 16. Distribuição do grau de concordância dos entrevistados acerca das características de

gestão: Alta liderança, políticas estratégicas e planos, cidadãos e sociedade, gestão de pessoas e TI.

Figura 17- Distribuição do grau de concordância dos entrevistados acerca das características de gestão: Gestão de processos, governança, conhecimento e resultados.

Ao observar os dados supracitados e em concordância com Machado et al. (2012), pode-se

ratificar que, além de um conjunto de técnicas que demonstraram a estruturação para a

consolidação de uma Administração Pública Gerencial, o gerenciamento nessa Instituição é

organizado na perspectiva de construir e apoiar o fomento de atitudes gerenciais eficientes.

Para isso, observou-se a organização como responsável pela busca de uma cultura

organizacional que utiliza com efetividade os recursos públicos escassos, continua

satisfazendo os usuários finais dos bens e serviços produzidos e estimula a existência de

relações interpessoais e profissionais fortalecidas em prol da aglutinação de equipes e da

gestão do conhecimento. A partir dos dados encontrados, analisa-se que as reformas

organizacionais, que vêm sofrendo a Instituição, dada à sua criação há 6 anos, mesmo que a

96

partir da agregação de unidades centenárias já existentes, encontram-se potenciais de uma

Instituição que consolida objetivos a partir de modelos de gestão de referência.

Esta gestão compõe-se pela complexidade de conhecimento técnico-científico agregado a

doutrinas políticas e econômicas que culminam em políticas sociais, em programas

governamentais e administração de recursos para convergir em elementos que ofertem

educação com qualidade e excelência para a sociedade.

Não obstante a significativa existência das relações de mentoria e a compreensão de que a

Instituição adota muitas das características que conduzem a uma gestão baseada em resultados

no setor público, buscar-se-á compreender como esse rol de identidade organizacional vem se

congregando com as características da cultura organizacional que se destacaram.

4.3 As características da Cultura Organizacional

Foram apresentadas características condizentes com os tipos de cultura organizacional

definidas por Dias (2013), cuja denominação foi estabelecida por critérios os quais orientaram

a identidade organizacional da Instituição. Segundo os parâmetros de Dias (2013), quanto à

orientação da cultura, foram observadas as opiniões dos questionados para compreender o tipo

que mais se enquadra à Instituição estudada. A classificação do tipo de direcionamento da

cultura foi denominada quanto ao poder, à função, à tarefa, às pessoas, ao processo, à

inovação ou à equipe. Serão abordadas, primeiramente, de forma pontual o agrupamento das

características dos tipos de cultura de acordo com a opinião dos respondentes e, em seguida, a

definição das características predominantes.

Na Tabela 20, tem-se a distribuição do grau de concordância dos profissionais acerca da

cultura orientada para inovação. Através dela, verifica-se que a maioria dos profissionais

discorda/discorda totalmente que a cultura orientada para inovação é praticada na instituição

(44,2%). Ainda, observa-se que essa discordância com a prática da cultura orientada para

inovação é significativa em relação aos concordantes e neutros (p-valor <0,001). Além disso,

verifica-se que a maior discordância está no item: Os funcionários são incentivados a

dedicarem parte do tempo para projetos de sua própria escolha (59,2%).

Tabela 20- Distribuição do grau de concordância dos profissionais acerca da cultura orientada

para inovação.

Características da cultura orientada para inovação

Concordância p-valor¹ Discordo/

Discordo totalmente

Neutro Concordo/ Concordo totalmente

97

2.1 A organização onde você trabalha é flexível, adaptável e experimenta com frequência novas ideias.

16(32,7%) 12(24,4%) 21(42,9%) 0,288

2.2 Os funcionários são incentivados a dedicarem parte do tempo para projetos de sua própria escolha.

29(59,2%) 9(18,4%) 11(22,4%) 0,001

2.3 Os gestores se propõem às tarefas de estimular os riscos, a obtenção de conhecimento e a criatividade para que a organização se diferencie das outras.

26(55,3%) 8(17,0%) 13(27,7%) 0,004

2.4 A instituição busca criar uma visão de futuro, administrar o caos e disciplinar a imaginação.

22(45,8%) 13(27,1%) 13(27,1%) 0,185

2.5 As chefias não existem de forma tradicional, ou seja, não se comportam enquanto tais, diluindo a hierarquia no relacionamento com os demais funcionários.

22(45,8%) 9(18,8%) 17(35,4%) 0,068

2.6 Apresenta uma hierarquia achatada, plana e os títulos e as distinções de status tendem a ser minimizados.

22(45,8%) 12(25,0%) 14(29,2%) 0,174

2.7 O espaço de trabalho é dinâmico, empreendedor e criativo.

24(49,0%) 13(26,5%) 12(24,5%) 0,066

2.8 O lema que une os membros da instituição é estar envolvido com inovação e desenvolvimento.

21(42,9%) 12(24,5%) 16(32,7%) 0,288

2.9 O estilo de gestão encoraja basicamente ações e ideias inovadoras na solução de problemas e a iniciativa individual.

22(44,9%) 15(30,6%) 12(24,5%) 0,199

2.10 Novas ideias podem ser propostas por quaisquer membros das empresas mesmo que estes não tenham cargo de chefia.

10(20,8%) 20(41,7%) 18(37,5%) 0,174

Total 214(44,2%) 123(25,4%) 147(30,4%) <0,001 ¹p-valor do teste Qui-quadrado para comparação de proporção (se- p-valor < 0,05 a proporção de discordantes,

neutros e concordantes difere significativamente). Fonte: o autor

Essa cultura orientada para inovação tem pressupostos no estímulo à criatividade

organizacional. A Instituição estudada está em fase de transição, de modo que a cultura da

inovação tem sido aprimorada e fortalecida. Segundo os respondentes a organização possui

características como flexibilidade, adaptabilidade, abertura a experimentos de novas ideias.

98

Infere-se que há estímulo por parte da Instituição nas áreas de extensão e pesquisa com editais

de fomento à submissão de propostas da construção de ideias que impactem no

desenvolvimento científico, na inovação ou na sociedade.

Nessa perspectiva, mesmo ainda em fase de consolidação, a inovação já se faz presente e tem

demonstrado capacidade estimular a construção do conhecimento organizacional.

Na Tabela 21, tem-se a distribuição do grau de concordância dos profissionais acerca da

cultura orientada para o poder. Através dela, verifica-se que a maioria dos profissionais

concorda/concorda totalmente que a cultura orientada para o poder é praticada na Instituição

(42,1%). Ainda, observa-se que a prevalência de profissionais concordantes é

significativamente maior do que os discordantes ou neutros (p-valor < 0,001).

Além disso, verifica-se que a maior concordância está no item: o poder é o elemento essencial

na relação entre os membros da organização diante de qualquer outra possibilidade, como, por

exemplo, a colaboração, a coordenação etc (44,9%).

Tabela 21- Distribuição do grau de concordância dos profissionais acerca da cultura orientada para o poder.

Características da cultura orientada para o poder

Concordância p-valor¹ Discordo/

Discordo totalmente

Neutro Concordo/ Concordo totalmente

2.12 O poder é o elemento essencial na relação entre os membros da organização diante de qualquer outra possibilidade, como, por exemplo, a colaboração, a coordenação etc

8(16,3%) 19(38,8%) 22(44,9%) 0,036

2.13 Os membros da organização procuram exercer o máximo de poder possível, tentando obter vantagens competitivas diante de seus colegas.

12(24,4%) 16(32,7%) 21(42,9%) 0,288

2.14 O dia a dia dessas organizações está governado pelo interesse e pela dedicação da organização para dominar tanto o entorno como as diferentes áreas e pessoas que forma a estrutura interna da organização

6(12,2%) 23(47,0%) 20(40,8%) 0,006

2.15 A direção e a liderança se exercem de um modo paternalista, patriarcal, carismático, onde uma mistura de temor reverencial e respeito e amor se espalha pelo restante da organização.

12(25,0%) 17(35,4%) 19(39,6%) 0,444

Total 38(19,4%) 75(38,5%) 82(42,1%) <0,001 ¹p-valor do teste Qui-quadrado para comparação de proporção (se- p-valor < 0,05 a proporção de discordantes, neutros e concordantes difere significativamente).

99

Após resultados apresentados, o poder foi reconhecido pelos respondentes como parte

integrante do processo no trabalho. Esse poder como elemento que compõe as ações

Institucionais pode minimizar possíveis erros, acelerar processos, manter respeito hierárquico

e facilitar no alcance de interesses comuns. Nessa perspectiva, tal poder também, quando

utilizado equilibradamente e com vistas ao cumprimento de regras, normas e objetivos é

capaz de integrar adequadamente a outro tipo de cultura vigente.

Na Tabela 22, tem-se a distribuição do grau de concordância dos profissionais acerca da

cultura orientada para a equipe. Através dela, verifica-se que a maioria dos profissionais

concorda/concorda totalmente que este tipo de cultura é praticado na Instituição (37,3%).

Mesmo observada maior prevalência de concordância, o teste de comparação de proporção

não foi significativo (p-valor = 0,325), indicando que o número de profissionais discordantes,

neutros ou concordantes são idênticos, não havendo diferença significativa.

Tabela 22- Distribuição do grau de concordância dos profissionais acerca da cultura orientada para a equipe.

Características da cultura orientada para a equipe

Concordância p-valor¹ Discordo/ Discordo

totalmente

Neutro Concordo/ Concordo totalmente

2.16 Enfatizam o perfil colaborativo e a cooperação entre os funcionários

15(30,6%) 17(34,7%) 17(34,7%) 0,922

2.17 Tendem a selecionar funcionários para atuar nos espaços observando sua capacidade de completar uma equipe de trabalho

21(44,7%) 11(23,4%) 15(31,9%) 0,198

2.18 Os relacionamentos tendem a ser mais positivos com seus colegas e particularmente com os gerentes

16(33,3%) 14(29,2%) 18(37,5%) 0,779

2.19 É propiciada a troca de experiências entre as pessoas

11(22,4%) 15(30,6%) 23(46,9%) 0,102

2.23 Considero que a cultura organizacional da Instituição estimula e propicia o desenvolvimento das relações de mentoria

17(35,4%) 14(29,2%) 17(35,4%) 0,829

Total 80(33,2%) 71(29,5%) 90(37,3%) 0,325 ¹p-valor do teste Qui-quadrado para comparação de proporção (se- p-valor < 0,05 a proporção de discordantes,

neutros e concordantes difere significativamente). Fonte: o autor Ter uma cultura orientada para a equipe facilita a agregação de qualidades de cada servidor

para cooperar e colaborar com o bom andamento das atividades e metas a serem cumpridas

pela equipe. Essa foi mais uma oportunidade na qual os questionados também confirmaram a

existência da troca de experiências entre as pessoas e que características apresentadas eram

condizentes com uma cultura orientada para equipe. Como a dotação dessa cultura, os

100

questionados ratificam que os relacionamentos tendem a ser mais positivos com seus colegas

e gerentes.

Os questionados se subdividem ao afirmarem que a cultura organizacional estimula e

propicia o desenvolvimento de relações de mentoria, embora um percentual significativo

também se manteve neutro. Com isso, faz-se necessário que as relações interpessoais sejam

conduzidas por uma cultura organizacional que possibilite e valorize a aprendizagem.

Na tabela 23, tem-se a distribuição do grau de concordância dos profissionais acerca da

cultura orientada para o processo. Através dela, verifica-se que a maioria dos profissionais

concorda/concorda totalmente que a cultura orientada para o processo é praticada na

instituição (51,1%).

Ainda, observa-se que essa concordância com a prática desta cultura na Instituição é

significativamente maior em relação aos discordantes e neutros (p-valor < 0,001). Além disso,

verifica-se que a maior concordância está no item: As pessoas demoram a receber feedback e

este é escasso ou inexistente, assim não sabem como avaliar sua atividade e por isso sua

dedicação se centra no processo a ser desenvolvido (53,2%).

Tabela 23- Distribuição do grau de concordância dos profissionais acerca da cultura orientada

para o processo.

Características da cultura orientada para o

processo

Concordância p-valor¹ Discordo/ Discordo

totalmente

Neutro Concordo/ Concordo totalmente

2.20 As pessoas demoram a receber feedback e este é escasso ou inexistente, assim não sabem como avaliar sua atividade e por isso sua dedicação se centra no processo a ser desenvolvido

10(21,3%) 12(25,5%)

25(53,2%) 0,014

2.21 A titulação e as formalidades são altamente consideradas e a estrutura é rigidamente hierárquica

11(22,4%) 12(24,5%)

26(53,1%) 0,013

2.22 Os rituais estão centrados em reuniões onde os conteúdos são fundamentalmente as normas da organização, o funcionamento interno, a reorganização dos procedimentos.

13(26,5%) 13(26,5%)

23(47,0%) 0,130

Total 34(23,4%) 37(25,5%)

74(51,1%) <0,001

¹p-valor do teste Qui-quadrado para comparação de proporção (se- p-valor < 0,05 a proporção de discordantes, neutros e concordantes difere significativamente).

Fonte: o autor.

A cultura orientada para o processo é aquela que, na opinião dos questionados, predomina na

organização pelo foco no funcionamento da organização internamente e na criação de

procedimentos e normas organizacionais. Há também uma preocupação centrada no processo

a ser desenvolvido em detrimento de possíveis feedbacks que possam alterar os métodos

normalmente seguidos.

101

A Instituição apresentou o foco nos procedimentos para a execução da ação, impulsionando as

pessoas a se aterem em minúcias que nem sempre farão a diferença no resultado. Pode-se

inferir que a cultura orientada para o processo não é o suficiente para construir uma cultura

que agrega resultados, mas estruturar processos e normatizá-los é imprescindível para gerir

com qualidade as ações, os planos e as estratégias.

Deste modo, as características adotadas como uma cultura orientada para o processo

demonstra a Instituição em transição que facilita sua adequação a uma Administração Pública

Gerencial. A organização orientada para o processo “está surgindo como a forma

organizacional dominante para o século XXI”. Segundo o autor, “as organizações somente

poderão obter o alinhamento e o desempenho necessários num ambiente de competição global

e mudança permanente se conseguirem se focar nos seus processos” (GONÇALVES, 1997,

p.11).

Com isso, observa-se que as organizações estão focadas em torno dos seus processos e centra

seus esforços em seus clientes. Daí decorre afirmar que se faz necessário repensar os papeis

dos administradores e dos colaboradores na Instituição. Necessita-se estruturar processos,

reinventar os sistemas de gestão de recursos humanos do treinamento a esquemas de

reconhecimentos de esforços, além da moldagem da cultura dando suporte à maneira de

trabalhar (GONÇALVES, 1997).

Na Tabela 24, tem-se a distribuição do grau de concordância dos profissionais acerca da

cultura orientada para a tarefa. Através dela, verifica-se que os profissionais que

concordam/concordam totalmente que a cultura orientada para a tarefa é praticada na

Instituição equivale a 37,7%. Ainda, mesmo se observando uma maior prevalência de

concordância, o teste de comparação de proporção não foi significativo (p-valor = 0,104),

indicando que o número de profissionais discordantes, neutros ou concordantes são idênticos,

não havendo diferença significativa.

Tabela 24- Distribuição do grau de concordância dos profissionais acerca da cultura orientada para a tarefa.

Características da cultura

orientada para a tarefa

Concordância p-valor¹ Discordo/

Discordo totalmente

Neutro Concordo/ Concordo totalmente

2.24 Valoriza-se a experiência unida à capacidade para resolver problemas.

9(18,7%) 15(31,3%) 24(50,0%) 0,028

2.26 Sua estrutura está caracterizada pela flexibilidade com funções pouco

18(38,3%) 19(40,4%) 10(21,3%) 0,212

102

definidas 2.27 Valoriza-se mais alcançar os objetivos que a forma de consegui-lo

10(20,4%) 19(38,8%) 20(40,8%) 0,156

2.29 Tudo está orientado para a obtenção dos resultados previamente estabelecidos

15(31,3%) 13(27,0%) 20(41,7%) 0,444

2.25 O poder e a influência se encontram naquelas pessoas que melhor desempenham seu trabalho, por isso a orientação predominante é para os resultados

9(41,3%) 10(21,7%) 17(37,0%) 0,233

2.11 Valorizam a competitividade e a superação dos concorrentes

15(31,3%) 20(41,7%) 13(27,0%) 0,444

Total 76(27,5%) 96(34,8%) 104(37,7%) 0,104 ¹p-valor do teste Qui-quadrado para comparação de proporção (se- p-valor < 0,05 a proporção de discordantes, neutros e concordantes difere significativamente).

Como pode se observar, não há diferença significativa entre os que ratificam e os que

discordam quanto à existência da cultura orientada para a tarefa. A maioria concorda com um

valor organizacional, do qual se busca valorizar a experiência unida à capacidade para

resolver problemas. Nesse sentido, observa-se o saber experimental como capaz de auxiliar na

transformação nos resultados que buscam as organizações.

Além disso, os pesquisados concordam que a Instituição valoriza mais alcançar os objetivos

que a forma de o conseguir e também mantém as diretrizes orientado para a obtenção dos

resultados previamente estabelecidos. Deste modo, tais características presentes na Instituição

também demonstram as potencialidades dela de aprimorar o seu fortalecimento em condições

para a inserção na Administração Pública Gerencial.

Na Tabela 25, tem-se a distribuição do grau de concordância dos profissionais acerca da

cultura orientada para a função. Através dela, verifica-se que os profissionais que

concordam/concordam totalmente que a cultura orientada para a função é praticada na

Instituição representam 47,7%.

Ainda, observa- se que essa concordância com a prática desta cultura na Instituição é

significativamente maior em relação aos discordantes e neutros (p-valor < 0,001). Além disso,

verifica-se que a maior concordância está no item: As normas burocráticas ocupam um papel

fundamental no ambiente interno da organização (59,6%).

Tabela 25- Distribuição do grau de concordância dos profissionais acerca da cultura orientada para a função.

Características da cultura orientada

para a função

Concordância p-valor¹ Discordo/ Discordo

Neutro Concordo/ Concordo

103

totalmente totalmente 2.30 As funções são perfeitamente definidas, estabelecidas previamente e coordenadas entre si por uma série de normas, regras e procedimentos

15(31,3%) 19(39,6%) 14(29,1%) 0,646

2.31 Há uma preocupação pela efetividade, mais que pela eficácia. Privilegia a hierarquia, o status e os procedimentos

6(12,5%) 20(41,7%) 22(45,8%) 0,009

2.32 As normas burocráticas ocupam um papel fundamental no ambiente interno da organização

9(19,1%) 10(21,3%) 28(59,6%) 0,001

2.33 O que se valoriza é a competência na realização da função, a antiguidade na organização e a lealdade à legalidade interna

2(4,3%) 21(45,7%) 23(50,0%) <0,001

2.34 No ambiente interno, predominam a estabilidade, a segurança e o formalismo

6(12,5%) 16(33,3%) 26(54,2%) 0,002

Total 38(16,0%) 86(36,3%) 113(47,7%) <0,001 ¹p-valor do teste Qui-quadrado para comparação de proporção (se- p-valor < 0,05 a proporção de discordantes,

neutros e concordantes difere significativamente).

Fonte: O autor.

Considerando os dados apresentados na tabela, é possível afirmar que a cultura orientada

para função também se integra com um significado expressivo para os membros da

Instituição. Valorizam-se a competência para o funcionamento na atividade, a confiança e

antiguidade. Tratando-se de uma organização pública, as normas burocráticas também

ocupam um papel fundamental no ambiente interno da organização. Todavia, a não

existência das funções bem definidas denota a não predominância dessa cultura na Instituição.

Na Tabela 26, tem-se a distribuição do grau de concordância dos profissionais acerca da

cultura orientada para as pessoas. Através dela, verifica-se que a maioria dos profissionais

discorda/discorda totalmente que esta cultura seja praticada na Instituição (38,5%). Ainda,

observa-se que essa discordância com a prática desta cultura na instituição é

significativamente maior em relação aos concordantes e neutros (p-valor < 0,013). Além

disso, verifica-se que a maior discordância está no item: O valor predominante é a satisfação

das necessidades dos seus membros e todo cotidiano da organização está orientado para essa

finalidade (55,3%).

Tabela 26- Distribuição do grau de concordância dos profissionais acerca da cultura orientada para as pessoas.

Características da cultura orientada para as pessoas

Concordância p-valor¹ Discordo/ Discordo

Neutro Concordo/ Concordo

104

totalmente totalmente 2.35 A estrutura da organização está a serviço de seus membros

15(31,9%) 22(46,8%) 10(21,3%) 0,098

2.36 Valoriza-se a individualidade e não se compreendem ou nem se aceitam o planejamento e exigência de um tipo de comportamento determinado dos membros da organização

7(15,2%) 17(37,0%) 22(47,8%) 0,022

2.37 São valorizadas a criatividade, a originalidade e o esforço por contribuir com algo diferente

17(34,7%) 17(34,7%) 15(30,6%) 0,922

2.38 O valor predominante é a satisfação das necessidades dos seus membros e todo cotidiano da organização está orientado para essa finalidade

26(55,3%) 16(34,0%) 5(10,6%) 0,001

2.39 As funções que devem cumprir a organização são distribuídas segundo as preferências pessoais, as decisões são adotadas por consenso entre os membros do grupo, as tarefas desagradáveis são repartidas equitativamente

20(41,7%) 20(41,7%) 8(16,6%) 0,050

2.28 Os responsáveis pelo sucesso são os funcionários e são utilizados sistemas que premiam a produção individual ou do grupo

25(51,0%) 12(24,5%) 12(24,5%) 0,032

Total 110(38,5%) 104(36,4%) 72(25,1%) 0,013 ¹p-valor do teste Qui-quadrado para comparação de proporção (se- p-valor < 0,05 a proporção de discordantes,

neutros e concordantes diferem significativamente). Fonte: O autor.

A partir dos dados acima, infere-se que há ainda uma necessidade de se estimular e integrar

práticas individualizadas em prol da formação de equipes fortalecidas a partir de estratégias

de relações interpessoais comprometidas, estímulo à estruturação do saber em comunidade e

uniformidade das ações.

É importante considerar que, por se tratar de uma Instituição em fase de construção da sua

institucionalidade, a estruturação dos processos, dos recursos e dos procedimentos adotados

têm sido consolidadas e construídas paulatinamente.

Assim, considera-se necessário que sejam estimuladas ações efetivas que resultem na

transformação de opiniões e no impacto de comportamentos que alinhem às necessidades de

pessoal da organização. Nas figuras 18, 19 e 20 foram agrupados e expostos os dados para

demonstração da predominância da identidade da organização.

105

Figura 18- Distribuição do grau de concordância dos entrevistados com as afirmativas acerca da cultura organizacional, segundo os domínios: inovação, poder, equipe e processo.

Figura 19- Distribuição do grau de concordância dos entrevistados com as afirmativas acerca da cultura organizacional, segundo os domínios: tarefa, função e pessoas.

Fonte o autor

106

Figura 20-Distribuição do grau de concordância dos entrevistados com as afirmativas acerca da cultura organizacional, segundo os domínios: inovação, poder, equipe, processo, tarefa, função e pessoas.

Fonte o autor

A partir do levantamento de dados dos questionários, observou-se que ainda há um processo

de consolidação e construção de uma cultura organizacional. Essas experiências sociais

apresentadas nas respostas demonstram que a maioria das pessoas considera que a cultura

organizacional da Instituição é orientada para o processo, porém possui elementos

influenciados pela cultura orientada para a função, o poder e para a tarefa.

Tendo sido a cultura orientada para processos a que maioria dos questionados considera ser a

adotada pela Instituição, necessita de cautela no que concerne à sua interação com a realidade,

pois muitas centram-se nos processos internos e nos seus detalhes e podem não acompanhar

algumas realidades externas que venham a interferir na execução das ações. Por outro lado,

traz-se uma certa estabilidade internamente, um funcionamento ordenado e previsível (DIAS,

2013).

Essa orientação cultural também prima pela alta consideração aos detalhes e as minúcias dos

processos, requerendo, por sua vez, profissionais organizados, formalistas, que conhecem com

perfeição os procedimentos para colocá-los em prática.

107

Além disso, características como a burocracia e a instituição de normas, pertinentes à cultura

de processos, também são inerentes à administração pública e culminam com a necessidade

de formalismo nos processos.

A rigidez hierárquica também é uma característica que, muitas vezes, é adotada pela

Administração Pública para fins de controle e responsabilização de atos. Daí decorre afirmar

que as formalidades e titulações também são parte das exigências dos processos

desenvolvidos no serviço público.

Além disso, muitos concordaram que a Instituição experimenta novas ideias e que essas

podem ser propostas por membros mesmo que esses não sejam cargos de chefia. A troca de

experiências entre os membros organizacionais e a cooperação entre os funcionários também

são características que perpassam pelo entorno da consolidação do processo organizacional.

Demonstrou-se, através dos resultados, que tanto a experiência como a capacidade de resolver

problemas são consideradas pela Instituição.

Daí decorre afirmar que a capacidade de absorver ideias e de interação de experiências entre

os membros da Instituição é primordial para instituir o sistema de significados mantidos pelos

membros que distinguem uma organização da outra, conforme ratifica Dias (2013, p.92), “o

sistema de significados compartilhados é o conjunto de características chaves que a

organização valoriza”.

Dando sequência à análise dos dados, proceder-se-á com a explanação dos dados qualitativos,

captados a partir da realização de grupos focais, visando ao auxílio da pesquisa no que tange

aos questionamentos apresentados nos objetivos específicos que versaram sobre a associação

das relações de mentoria e a Gestão Baseada em Resultados assim como a moderação da

cultura organizacional.

Esses dados qualitativos foram captados a partir dos 3 grupos focais realizados, subdivididos

de acordo com as seguintes dimensões: servidores-gestores, servidores-mais antigos e

servidores-mais novos. Esse agrupamento foi considerado pela apresentação de características

comuns apresentadas nos dados demográficos, a saber: servidor mais novo na Instituição,

servidor antigo na Instituição e servidor que ocupa cargo de gestão. Abaixo, seguem as

informações referentes aos três grupos focais.

108

Tabela 27- Grupo Focal Grupo Focal Abreviação do

grupo Abreviação do grupo +

número Quantitativo de

pessoas

servidores-gestores GFSG GFSG + número 5

Servidores antigos GFSA GFSA + número 5

Servidores novos GFSN GFSN + número 5 Fonte o autor

4.4 A associação das relações de mentoria na gestão por resultados numa Instituição de

Administração Pública Federal de Ensino e a influência da Cultura Organizacional

4.4.1 A associação das relações de mentoria e a Gestão por Resultados

No grupo focal dos servidores novos, quando questionados sobre opinião acerca da associação

das relações de mentoria existentes para o alcance dos resultados na Instituição, houve

unanimidade ao afirmar que as relações de mentoria possuem relações diretas e, até mesmo

indireta, para o alcance dos resultados. É sabido que essa assertiva, segundo o modelo de

Gestão baseada em Resultados, no setor público, envolve uma cadeia de fatores desde a

satisfação do cidadão que adquire os serviços/produtos à gestão dos recursos internos e o

desenvolvimento dos processos organizacionais.

Como pode ser visto abaixo, tanto as funções psicossociais de mentoria quanto as de carreira,

havendo destaque para essas últimas, foram destacadas e ratificadas como aquelas que

desenvolvem mecanismos de crescimento, inspiração motivacional e estímulo intelectual para

absorver comportamentos e melhores diretrizes no exercício da laboridade.

No grupo focal dos servidores novos, segundo o GFSN 3, não se deve reconhecer a mentoria

como uma via de mão única, onde apenas se transfere conhecimento. Concorda-se com esse

representante, uma vez que a aprendizagem e a transmissão de informações devem ser

caracterizadas por benefícios para ambos envolvidos. Ensinar e aprender é um processo

dinâmico e que exige mutualidade para sua eficácia, como se observa no discurso abaixo:

“Eu acho que o processo de mentoria é uma troca, uma parceria, todo mundo ganha. Nesse processo, todo mundo aprende e ensina, como explica Paulo Freire. Nos espaços que passei dentro da Instituição, tive pessoas que me apoiaram, orientaram, aconselharam e dividiram comigo o peso das atividades” (GFSN 3).

“As coisas fluem melhor, com certeza, tendo uma mentora como a que eu tenho que, por coincidência, é minha chefe. A gente tem abertura para falar e escutar. Fica mais fácil de trabalhar, alcançar os resultados, aceitar orientações, fazer as atividades com mais vontade. Nós todos somos sempre envolvidos nas ações, nas ideias e sempre temos muitos desafios a cumprir. Recentemente, montamos o plano de ação e todos

109

puderam expressar suas opiniões, dúvidas e ver o que não tinha cumprido para melhorar” (GFSN 5).

Deste modo, observa-se que, no grupo, há relações consolidadas de mentoria, dos quais há um

reconhecimento de mentores que prestaram orientação, aconselhamento e atuação como

coaching. Mencionam-se também as tarefas desafiadoras que são lançadas e o envolvimento

do mentorado na construção de ideias também dão suporte à execução de uma gestão

participativa.

Observa-se que as perspectivas da gestão por resultados “gestão de Pessoas”, “gestão do

conhecimento”, “políticas, estratégias e planos” e gestão por processos puderam ser

explanadas no discurso do (GFSN 5), ao afirmar que há uma fluência nas atividades da

organização, quando há pessoas que sabem gerir outras pessoas, captar ideias e reconhecer a

importância de cada membro da organização para o seu devido funcionamento.

Outrossim, designar pessoas com perfis para a ocupação de pastas é uma das estratégias

necessárias para a boa condução das atividades organizacionais. O gestor que tem aptidão

para detectar potencialidades, avaliar profissionais com indicativos de capacidade de

crescimento, prover treinamentos e conhecer as ferramentas institucionais, inevitavelmente,

conquista a equipe para integrar o seu desenvolvimento ao crescimento da Instituição.

Tais assertivas demonstram a capacidade da Instituição em estudo para desenvolver a

habilidade gerencial na Administração Pública. E, com isso, a captação de ideias atreladas a

objetivos organizacionais, a utilização correta com o devido acompanhamento dos planos de

ação e a construção de diretrizes para um planejamento estratégico, operacional e/ou tácito

com mais propriedade.

As funções de patrocínio e de coaching se destacaram no discurso abaixo, ao afirmar que

houve indicações e reconhecimento do trabalho para que pudesse receber promoções na

organização. O destaque dado ao respeito do mentor pelo mentorado permite observar que

esse grupo em suas relações mentoras valoriza a função de aceitação/confirmação do papel do

mentorado. Enquanto que a de coaching é citada no apoio de estratégias específicas para

alcançar objetivos profissionais:

“Foram poucos, mas eu tive alguns mentores. Posso dizer que muitas escolhas na Instituição dependi das estratégias que ele me mostrava. Essas duas pessoas foram como um guia para mim. Todos nós precisamos de pessoas mais experientes nos dando suporte (…). ''(GSFN 4).

“(…) Hoje, olhando para trás, percebo que existiram pessoas que funcionaram nesse sentido de me fazer reconhecer como um profissional melhor, mais capaz, com mais

110

condições de se envolver em novos desafios. Sem dúvida, aceitei algumas indicações que recebi porque passei a acreditar mais em mim mesmo (GSFN 3).

(...) houve o reconhecimento do meu trabalho. Pude participar de desafios nas atividades e funções que vim ocupando porque sempre tinha indicações. Sempre é bom ter o reconhecimento de que seu trabalho é parte do resultado. (GSFN 1)

No discurso do GSFN 3, expressa-se a influência do processo de mentoria nas escolhas

futuras da carreira do indivíduo, pois, muitas vezes, os seres humanos necessitam de pessoas

que o impulsionem e reconheçam a capacidade do outro de adquirir maiores

responsabilidades, contribuir com outras áreas na organização ou utilizar novos

conhecimentos.

Nesse grupo focal, também se observa o aconselhamento como uma característica que se

destaca e fortalece as relações de mentoria institucionais. Muitas vezes, as sugestões do

mentor ao mentorado são baseadas em experiências positivas e, até mesmo negativas,

vivenciadas por eles mesmos, como se afirma o GSFN 2:

“A mentoria, sem dúvida, ajuda, e muito, na gestão de resultados. Somos muitas vezes surpreendidos com erros rotineiros porque muitas vezes não se compartilham as informações para que possamos evitar esse mesmo erro. A mentoria tem essa vantagem de nos dar oportunidade de errar “novos erros” ou acertar mais”(GSFN 2).

Destaca-se uma concepção apresentada pelo GSFN 2, no qual, em seu discurso, assegurou

que a mentoria auxilia nas metas que eles têm que cumprir institucionalmente, mas também

atrela o papel do mentor no desenvolvimento da função psicossocial. Infere-se que, à medida

que se compartilham experiências negativas e se prestam orientações, estimulando a não

repetição, também se influencia numa melhor execução da atividade.

O apoio no desenvolvimento de tarefas que contribuíram com as habilidades e a partilha de

experiências para auxiliar na resolução de problemas também foram destacadas nesse grupo.

A função de carreira que envolve as tarefas desafiadoras, das quais habilidades podem ser

desenvolvidas e talentos podem ser descobertos, necessitou-se do apoio dos mentores para

impulsionar e acompanhar o crescimento daquele considerado como mentorado. Como se

apresenta abaixo o discurso do (GFSN 3):

“Cheguei no setor e não conhecia muito da Instituição, mas fui convidado, depois de um tempo, para assumir tarefas com maior nível de complexidade. A princípio tive resistência e receio, porém essa pessoa, que considero como mentora, me convenceu que era capaz.(...) vontade de aprender eu tinha, mas precisei me sentir impulsionado. Recebi orientações de como funcionava a Instituição, como funcionavam as normas, o que significavam os documentos elaborados pela Instituição e os procedimentos da área que iria atuar” (GFSN 3).

111

“Muitas vezes, lembro que tive receios de tirar dúvidas e como chegar até meu chefe e essa pessoa que tenho como mentora se disponibilizava a me representar, a me dizer os melhores momentos de buscar informações e os locais que me auxiliariam a resolver os problemas” (GFSN 3).

O (GFSN 3) atrela a importância do mentor para nos orientar acerca dos procedimentos

corretos e de que forma as normas, as leis e os regulamentos podem auxiliar na atividade a

qual foi designado o mentorado.

Em suma, o grupo focal dos servidores novos reafirmam a função de carreira como

dominadora das relações de mentoria existentes na Instituição, em especial, as de patrocínio e

tarefas desafiadoras. Não obstante, as funções vinculadas a aconselhamento e a confirmação

também foram citadas pelos questionados.

A associação com os resultados institucionais, a partir de relações de mentoria efetivas, é

notória por parte daqueles que expressam que o seu desenvolvimento teve, em sua maioria,

objetivo organizacional e, por sua vez, foi cumprido e ampliado a partir de conduções do

mentorado.

Infere-se que a cultura da aprendizagem e da oportunização favorecem os servidores de menor

de tempo de serviço na Instituição. Muitas vezes, esses membros demonstram potencialidades

de assumir desafios pela demonstração de cuidados com a coisa pública e a expertise

adquirida em vivências anteriores à Administração Pública. Até mesmo, outras relações de

mentoria que existiram durante a vida, sobretudo profissional, poderá ter interferência no

desempenho desse servidor.

Outro grupo que foi entrevistado foi o dos servidores gestores. Este vem revelar o papel dos

mentores para que, por meio das funções patrocínio e visibilidade, fossem identificadas,

aperfeiçoadas e apreendidas estratégias de desenvolver as habilidades e comportamentos para

um processo gerencial mais eficaz.

Relata-se que as oportunidades de capacitação e de orientações internamente e externamente

também beneficiaram as competências a serem exercidas na solução de problemas e no

cumprimento das metas estabelecidas pela Alta Direção:

“As relações de mentoria são muito importantes para que haja desenvolvimento do servidor e esses sejam vislumbrados a assumirem cargos de chefia. Não tenho dúvidas que as oportunidades que tive não foram restritas a minha vontade de aprender, muito pelo contrário, tive pessoas que me informaram com detalhes como funcionava a Instituição e como proceder algumas atividades que me auxiliaram a passar por algumas áreas chave da Instituição (...)” (GFSG 5).

112

Daí decorre afirmar que a aprendizagem organizacional seja para melhor lidar com as pessoas

que compõem a organização seja para executar as atividades que são delegadas durante o

processo gestor é fundamental para a construção de um desempenho que se promovam

benefícios e intervenções nas comunidades acadêmicas e locais.

Essas comunidades são compostas por cidadãos que dependem dos serviços públicos para

alcançar melhores condições de vida. No caso específico da Instituição estudada, trata-se de

serviços educacionais que atendam um maior número de pessoas, a partir da interiorização do

ensino com qualidade e promoção de inclusão social.

Ao analisar o discurso do (GFSG 2) também se pode considerar que as orientações e

aconselhamentos prestados por mentores que desenvolvam o mentorado, por meio de funções

como patrocínio, aconselhamento, treinamento e tarefas desafiadoras, permite a continuidade

e o estímulo à formação de um ciclo vicioso no processo de formação de mentores.

Afinal, segundo o representante, o seu reconhecimento pela relevância das relações entre

mentor e mentorado o impulsiona a estimular e ser partícipe na ampliação de mais relações

eficazes.

“Tive muitas oportunidades dentro da Instituição. É fato que tive algumas pessoas que me reconheceram e enxergaram minha vontade de crescer e capacidade para me envolver nas demandas e metas da Instituição. Dei meu melhor sempre e obtive indicações para promoções. Hoje, sou gestora e consigo me realizar no que faço ao lado da equipe que trabalho. A aprendizagem que obtive dos mentores que encontrei na Instituição me auxiliaram hoje a poder transitar entre os níveis gerenciais desde o estratégico até operacional para demonstrar àqueles que comigo trabalham que somos capazes de buscar resultados em conjunto e aprendendo um com outro” (GFSG 2) .

Assim, características de liderança e gestão, de fornecer feedback quanto ao desempenho, de

conhecimento da Instituição holisticamente e da capacidade de atuar nos planos, estratégias e

metas institucionais são algumas das associações que as relações de mentoria atuam com a

Gestão por Resultados.

Infere-se que obter mentores qualificados e envolvidos com o desenvolvimento amplo do

mentorado possui relação com o desenvolvimento da capacidade de gerir conhecimento,

pessoas, processos, além de políticas e estratégias.

O maior desafio daqueles que exercem o papel de gerenciamento é conduzir suas equipes à

busca de resultados que estejam integrados ao planejamento estratégico da Instituição. É

importante ressaltar que, quando o mentorado adquire capacidade para ser multiplicador de

um processo de mentoria em equipes que eles liderem, transforma-se em parte integrante de

113

um processo de retroalimentação para ampliar o desenvolvimento de funções psicossociais e

de carreira na Instituição:

“É muito mais fácil conseguir envolvimento da equipe quando a gente consegue falar a mesma língua que eles, quando eles percebem que a gente está ali para apoiar nas decisões e orientar aonde queremos chegar. Penso assim e sei que muitos resultados que a gente conseguiu alcançar foi porque teve um norte nos planos de ações, nas reuniões de planejamento, no envolvimento com os campi, além do acompanhamento, por meio dos instrumentos que criamos de suporte e controle. Procuro hoje dar àqueles que estão subordinados a mim um pouco do que recebi dos mentores e líderes que passaram na minha vida. Não só aqui na Instituição, mas até fora mesmo. Aprendi muito com gestores a ser um melhor gestor, que não se limita a querer resultados, pois, temos que reconhecer o outro como ser humano” (GFSG4).

“Ainda hoje sempre que tenho dificuldades de gerir as metas da Instituição e as atividades rotineiras ou as que têm um nível de complexidade maior recorro a essa pessoa que considero uma espécie de mentor de muita gente porque, além de termos como referência para aqueles que chegam à Instituição, ele também sempre está disposto a ajudar. Sem falar na inteligência, na capacidade intelectual e humildade dele” (GFSG 1).

Considerando as perspectivas da Gestão baseada em Resultados, reflete-se acerca do discurso

de (GFSG 4) que aponta as relações de mentoria associadas ao desenvolvimento de estratégias

organizacionais e comunicacionais para lidar com o planejamento dos setores. Além disso, a

construção de instrumentos que acompanham e avaliam os resultados de cada setor integrado

a objetivos estratégicos da Instituição também foram considerados no discurso.

Esse acompanhamento e avaliação de resultados estão diretamente vinculados à Instituição

enquanto prestadora de contas dos recursos utilizados em todas áreas organizacionais aos

órgãos de controle em relação ao exercício anterior.

O documento que instrumentaliza a prestação de contas a órgãos de controle interno e

externos anualmente, em atendimento à obrigatoriedade no art 70 da Constituição Federal, é

intitulado relatório de gestão. Esse relatório é elaborado ao final do exercício e apresentado

aos órgãos mediante disposições de instruções normativas do Tribunal de Contas da União

(TCU).

É importante destacar que há a obrigatoriedade da prestação, além de necessitar que o

controle interno ocorra de forma integrada entre os Poderes Legislativo, Executivo e

Judiciário, atendendo às seguintes finalidades apresentadas no Art. 74 da Constituição

Federal:

I – avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a execução dos programas

do governo e dos orçamentos da União.

114

II – comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e eficiência, da gestão

orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos e entidades da Administração Federal, bem

como da aplicação de recursos públicos por entidades de direito privado;

III- exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem como dos direitos e

deveres da União

IV – apoiar o controle externo no exercício da sua missão institucional (BRASIL, 1988, p.60)

Confere-se nesse relatório de gestão o atingimento das metas institucionais, as estratégias de

atuação frente às responsabilidades da Instituição, gestão e desempenho orçamentário e

financeiro, além dos indicadores institucionais. Esses indicadores envolvem dimensões

acadêmicas, socioeconômicas e os previstos no termo de acordo de metas.

A amplitude do relatório também abrange áreas como gestão de pessoal, ambiental e

tecnologia da informação. O controle dos dados institucionais para elaboração e compilação

desses relatórios é de responsabilidade do setor organizacional de Planejamento e

Desenvolvimento Institucional, uma vez que visa, além de fornecer análises institucionais, o

conhecimento dos resultados anuais dos exercícios anteriores e o assessoramento à gestão na

racionalização de ações de controle da gestão orçamentária e financeira das Instituições

Públicas.

No grupo focal dos gestores, observou-se que mentores podem auxiliar a compreender e a

promover a transferência de conhecimento para compartilhar as peculiaridades institucionais

existentes na construção de documentos, planos e conhecimentos gerais da organização. Faz-

se necessário, além de conhecer holisticamente a Instituição em que se trabalha, saber lidar

com efetividade perante os recursos públicos, conforme explana (GFSG 3):

“Aprendi que no serviço público os documentos e os procedimentos baseados na legislação são nossos basilares para que consigamos melhorar os processos administrativos, a eficiência nas atividades, a destinação correta dos recursos e o cuidado com os bens públicos” (GFSG 3).

Dada à relevância desses documentos que contêm as diretrizes da Instituição a curto, médio e

longo prazo, necessita-se que tenhamos, cada vez mais, multiplicadores, em especial os

servidores mais antigos, que disseminem, transfiram suas relações com as rotinas que seus

membros são inseridos.

Tendo em vista que cabe aos gestores participarem de reuniões decisórias, é correto afirmar

que ele exerce papel fundamental no cumprimento das metas, dos prazos e de acordo com as

115

reais necessidades. As reuniões e orientações advindas das autoridades superiores da

Instituição requerem um processo comunicacional eficaz para fins de alinhamento com os

interesses da Alta liderança. Nesse sentido, concorda-se com o representante do grupo gestor

que se autoafirma em exercício da mentoria, pois acredita que busca:

“(...) transmitir as tarefas de forma mais amena com aqueles que estão sob sua liderança. A comunicação faz toda a diferença para que as pessoas compreendam aonde queremos chegar e de que forma chegar. Ter a adesão das pessoas para dar o seu melhor para conseguir atingir os objetivos da gestão é um desafio para nós gestores. Devemos dar o nosso melhor na comunicação, na liderança, na motivação, no acompanhamento, na definição de metas, etc (…).

Assim, pode-se concluir que no grupo focal, o qual pertencem os gestores da Instituição, as

relações de mentoria associa-se à Gestão por Resultados à medida que esses se inter-

relacionam na construção das próprias características do gestor. Essa construção se deu a

partir de orientações, aprendizagem organizacional, conhecimento das realidades

institucionais e na indicação do mentorado para atuar em tarefas desafiadoras e de confiança.

No caso do grupo focal de servidores mais antigos, percebe-se que o avanço tecnológico tem

auxiliado na manutenção de padrões e dados na Instituição, mas, ainda assim depende dos

mentores para que eles possam a auxiliar as experiências passadas.

“Hoje em dia, a tecnologia tem ajudado bastante o processo de mentoria porque muitas vezes precisávamos dar explicações e buscar históricos de situações para facilitar os trabalhos de pessoas menos experientes que buscavam se desenvolver na Instituição. Agora, os dados tecnológicos nos ajudam a transmitir mais rapidamente as informações e a dar sugestões para que a tecnologia possa ajudá-los a melhorar os procedimentos a serem adotados baseado em experiências passadas” (GFSA 1)

Infere-se que a tecnologia tem auxiliado a materialização das necessidades de transformações

identificadas por mentores para resolução de problemas, podendo facilitar a divulgação e a

retificação de processos e ações.

“Desde que entrei na Instituição, há muitos anos atrás, sempre fui orientada por pessoas mais experientes que servir ao público com qualidade e promover a utilização e gestão racional dos recursos para evitar o desperdício de recursos é dever de todos nós que somos servidores públicos (GFSA 3).”

Daí decorre afirmar que se transmite de gerações a gerações de possíveis mentores o dever de

atender ao cidadão com qualidade, transparência e excelência, preocupando-se com a gestão

eficiente dos recursos e, em seguida, presta-se contas à sociedade e aos órgãos de controle.

O atendimento às necessidades do público e a gestão do poder público requerem decisões

inteligentes e capazes de atingir um maior número de beneficiários dentro da organização

assim como ela no todo. Pode-se considerar que as perspectivas de gestão por resultados

116

“Tecnologia da Informação” e “Cidadãos e Sociedade” também foram identificadas como

parte associada ao desenvolvimento da relação mentor-mentorado.

Neste grupo de servidores antigos, é explicitado que a tomada de decisões institucionais e a

ampliação da maturidade para assumir oportunidades que surgiram na organização

necessitaram de um processo de ensino-aprendizagem informal em que duas pessoas buscam

se reconhecer como parte do desenvolvimento do outro. Pode-se inferir que esse

desenvolvimento implica em congruências cognitivas que, quando alinhados os interesses

individuais, das equipes e da organização, propiciam melhores condições ao desempenho

organizacional.

“Foi importante ter pessoas que conheciam a Instituição e que me ajudaram a conhecer melhores caminhos para seguir. A disponibilidade para orientar não vem de todos, mas sempre nos encontramos com pessoas com vontade de ensinar e passar algumas experiências que eles tiveram. Eu posso dizer que a minha vida profissional foi composta por pessoas que me ajudaram com dúvidas, acesso a pessoas, indicações para oportunidades (…). Com certeza, facilitou o desenvolvimento de alguns desafios que enfrentei, obtive maior produtividade e um maior discernimento ao tomar algumas decisões institucionais (GSGA 5)”

Assim como ocorreu no grupo focal de servidores gestores e servidores novos, também se

repete no grupo focal dos gestores dos servidores antigos, no qual houve a confirmação de

que a performance organizacional se dá quando os esforços das áreas de planejamento,

financeiro, de conhecimento, de recursos humanos e de tecnologia se integram e dialogam

com objetivos claros. Constata-se que os grupos evidenciam seus casos de intervenção do

fenômeno da mentoria dentro da Instituição.

Os grupos revelam diferentes casos de mentoria e, até mesmo, semelhantes. Contudo,

observa-se que as expectativas da mentoria se diferem pela crença que tem em virtude de seu

papel na Instituição.

No caso dos gestores, preocupam-se com a multiplicação de mais mentores e a adoção da

modelagem para que as pessoas recebam uma mentoria semelhante à recebida. No caso dos

servidores mais novos, os novos desafios, as indicações e as promoções representam a

realidade desses servidores. Enquanto que os servidores antigos buscam criar métodos de

perpetuação dos valores e comportamentos que acreditem ter pertinência.

Essas relações de mentoria demonstraram que os respondentes afirmaram ter associação do

desenvolvimento do sujeito com o seu aprimoramento e intuito para auxiliar a organização a

cumprir suas metas e objetivos. Assim, buscar-se-á compreender a capacidade da cultura para

moderar as relações de mentoria e a Gestão Baseada em Resultados.

117

4.4.2 A moderação da Cultura Organizacional

Durante o percurso dessa dissertação, puderam-se ser explanados as relações de mentoria, as

características da cultura organizacional, os procedimentos que adotam vinculados ao modelo

de Gestão por Resultados e suas integrações. Nesse item, aborda-se-arão tais construtos sob o

olhar da cultura organizacional como moderadora dos fenômenos que ocorrem nessa

Instituição.

Para compreender a moderação da cultura na criação de oportunidades de mobilização de uma

Gestão focada em Resultados assim como que estimule a construção de relações de mentoria

duradouras e efetivas, é indicado observar, na opinião dos entrevistados, o sistema de valores,

das crenças e das ações que permeiam a Instituição (SCHEIN, 2009).

Como se ver abaixo, o grupo focal dos servidores novos, ao ser questionado acerca da

influência da cultura organizacional adotada pela Instituição como moderadora das relações

entre o processo de mentoria e a Gestão por Resultados, comentou-se que:

“Nos últimos tempos, existe uma cultura na Instituição de dá oportunidades às pessoas mais jovens, quando elas demonstram conhecimento técnico ou têm potencial de alçar maiores voos. Já fui beneficiado com isso porque minha última chefia tinha uma grande liderança. Tinha muito conhecimento sobre o setor e envolvia as pessoas nas atividades, mesmo sendo jovem e nova na Instituição. Ela era um exemplo de vida para mim e muita gente. Sempre tava ajudando todo mundo e se envolvendo em todas atividades. Não nos víamos sós” (GFSN 3).

“Assim que cheguei na Instituição, já fui convidado a substituir uma pessoa num cargo de chefia para que eu pudesse demonstrar meus talentos. Com o passar do tempo, fui adquirindo experiência e conhecendo a Instituição melhor. Fui convidado a assumir novos desafios. (…). O meu crescimento aqui dependeu muito do meu querer aprender e da vontade de desafiar-me, porque oportunidade tive muitas. Desde que entrei até a dois meses passados, eu estava à frente de cargos de chefias. Cresci muito e hoje sei que posso me envolver em diversas novas atividades que antes acreditava não puder realizar”(GSFN 5).

“(...) sabemos que em outras Instituições o distanciamento é radical (entre docentes e técnicos administrativos) e ainda mais arraigado. Aqui, os técnicos têm oportunidades e assumem cargos de chefia” (GSFN 1 ).

Percebe-se que se tem imperado uma cultura que estimula o crescimento dos indivíduos,

mesmo que mais novos institucionalmente. Essa cultura de oportunização é pertinente ao

florescimento de relações de mentoria, pois se potencializa com indicações, apadrinhamentos,

exposições, aconselhamentos e orientações.

Pode-se ratificar que há um processo de reoxigenação institucional quando impera essa

característica nos comportamentos de gestores e administradores de recursos humanos ao

reconhecer o potencial das mentes que chegam à Instituição. A criação de novos métodos

118

organizacionais e a proposição de ideias criativas que auxiliem a gestão a reduzir custos, criar

padrões, a valorizar o capital humano são imprescindíveis ao alcance de resultados

(MACHADO et al., 2012; DAVENPORT; PRUSAK, 2013).

Outra questão é a dotação de um valor organizacional de que, mesmo sendo uma Instituição

de Ensino, não se restringe ao professorado o papel de gerir a Instituição. A característica de

buscar profissionalizar e indicar, em sua maioria, a cargo de chefia, técnicos, sobretudo,

àquelas áreas mais específicas à gestão pública tem possibilitado a Instituição atuar com mais

profissionalismo e adoção de soluções técnicas com celeridade e planejamento. Por outro

lado, àquelas áreas que dependem do conhecimento acadêmico, é de responsabilidade

daqueles que possuem tal expertise.

Reconhece-se uma abertura da Instituição à quebra de paradigmas ao buscar atingir resultados

com a agregação da experiência de pessoas antigas à criatividade para encontrar novas

soluções com a integração de novas ideias. Esse processo de integração institucional

enriquece e alinha os objetivos institucionais e, por sua vez, embasa o surgimento de relações

de mentoria e potencializa o desenvolvimento de resultados mais efetivos.

Não obstante a essas situações de indicações e crescimento célere na Instituição, também se

observa que essa mesma questão também pode antecipar ou intensificar algumas disfunções

de mentoria, pois, quando não aprimoradas e reavaliadas para alcançar a melhoria contínua,

podem surgi-las, por meio de afastamentos, desavenças ou até encerramento da relação. Como

se vê com o (GFSN 2) do grupo focal de servidores novos:

“(...) cresci significativamente e sei que se não tivesse tido um mentor, que durante cinco anos, me conduziu a vários postos de trabalhos, por causa da sua importância institucional, não haveria conseguido. Infelizmente, esse mesmo mentor que me deu várias oportunidades, devido a algumas situações nos afastamos, mas reconheço que cresci porque tive essa pessoa durante esse tempo me dando oportunidade” (GFSN 2).

Considerando as afirmações dos membros envolvidos no grupo focal de servidores novos,

pode-se constatar que há uma concordância que a Instituição tem mobilizado forças para se

consolidar no contexto da Administração Pública Gerencial, no qual o caminho até o

resultado é um ciclo vicioso de transformações nos processos, no gerenciamento do

conhecimento e da tecnologia como integrantes imprescindíveis da cadeia de gestão

(PEREIRA, 1995).

Quanto ao grupo focal dos servidores gestores, observou-se que há muitas modificações de

acordo com os cenários políticos dentro da Instituição e vem tendo muitas adequações aos

119

cenários macroorganizacionais. Cenários estes os quais a tecnologia e globalização foram

impactantes para que os órgãos públicos se adequassem à busca pela valorização de pessoas,

pelo estímulo aos trabalhos em equipe e pela aceleração na busca pelos resultados (KOLB,

1997; GRANJEIRO, 2002; GAETANI, 2003).

Abaixo, declaram-se gestores como interessados em obter um quadro de pessoal mais

qualificado e criativo para apoiar a Instituição:

“Hoje em dia, buscamos no setor de recursos humanos prover formação continuada interna e externa para os grupos de gestores, administrativos e professores. Estamos buscando realizar mais formações continuadas e conseguimos vagas em Mestrado para estimular o aperfeiçoamento dos nossos servidores. É importante que a gente valorize o potencial do servidor e ele queira se desenvolver aqui conosco (GFSG1)”.

“(…) Posso dizer que há a intenção e a tentativa de se instaurar uma cultura de inovação porque estamos, com o passar do tempo, ampliando o fomento de projetos de pesquisa, extensão e inovação. Vem crescendo significativamente a participação das bolsistas, professores e técnicos administrativos envolvidos em ações e ideias novas que impactam no desenvolvimento científico e tecnológico (GFSG 3)”.

“a cultura com certeza influencia as relações de mentoria. Tudo vai depender da identidade que a Instituição deseja criar diante de seus membros, diante da sociedade” (GFSG 4).

Nesse sentido, analisa-se o estímulo à gestão do conhecimento aliado à gestão de pessoas,

como pilar para a fortaleza do saber institucional, a formação dessas pessoas como parte

integrante do desenvolvimento institucional por meio do seu crescimento profissional.

Fomentar o conhecimento se integra tanto à busca de aporte em pessoas mais experientes e

com conhecimentos tácitos como ao alinhamento dos conhecimentos que foram obtidos às

necessidades de cada indivíduo como às da organização (CARAVANTES; PEREIRA, 1981;

FLEURY; OLIVEIRA JUNIOR, 2001).

Como explanado acima pelo (GFSG 3), a comunidade acadêmica, não só da Reitoria, mas dos

campi também, tem sido bastante beneficiada com o fomento de projetos que contemplam e

estimulam a indissociabilidade do tripé ensino-pesquisa-extensão em consonância com a

missão organizacional de prestar uma educação de qualidade à sociedade.

Nessa perspectiva, infere-se que quando se cria uma cultura na organização de possibilitar que

seus membros se integrem em projetos que beneficiem a Instituição e a comunidade acarreta

em desenvolvimento dos envolvidos.

Finalmente, observa-se que no grupo focal dos servidores antigos, retrata-se a organização

estudada em processo de nova institucionalidade, pois se consolidou a partir da agregação de

120

unidades centenárias, unidades mais recentes e unidades novas que foram surgindo com a

expansão da Rede Federal de Ensino.

Esse processo se dá em função das peculiaridades históricas, vícios e transformações nos

cenários externos e internos que necessitam se integrar para a criação de uma identidade

organizacional mais efetiva.

A nova institucionalidade tem sido construída há seis anos, tempo em que houve a junção dos

campi e a criação de um órgão central (reitoria) que estabelecesse políticas, estratégias,

diretrizes para o desenvolvimento da educação, da formação de profissionais qualificados e do

atendimento às metas do Governo Federal.

Esse processo de criação de características institucionais e de identidade organizacional vem

se consolidando e se moldando às peculiaridades ocorridas, a partir das transformações

organizacionais, tecnológicas e ao processo de inserção de novas pessoas com novas visões

organizacionais que vem crescendo nas Instituições públicas.

(...) tem se mudado as formas de transferência de conhecimento. Estávamos muito mais limitados ao que as pessoas transmitiam verbalmente a respeito dos processos administrativos. (...) Hoje, a instituição tem crescido nisso. Tem-se buscado criar mais regulamentos, procedimentos que orientem mais as pessoas formalmente, o que não eliminará que pessoas mais experientes possam ser úteis ao desenvolvimento das menos experientes. (GFSA 5).

“(...) Passou-se a ter mais controle das atividades, pois além dos órgãos de controle a sociedade também exige ainda mais resultados das Instituições. A comunicação das decisões e a participação das pessoas também tem sido melhorada. Acredito que isso tem facilitado muito as relações na Instituição. Tem-se valorizado os saberes daqueles que são antigos e exaltado a força e a disposição dos novos.”(GFSA 3)

Pode-se inferir que, na opinião desse grupo focal de servidores mais antigos, as pessoas,

independente de procedimentos estruturados, são dependentes das outras para receber

orientações e executar algumas atividades nos moldes da Instituição.

No entanto, a padronização, apesar de ser primordial para a aceleração dos processos, não se

deve excluir a busca de pessoas que auxiliem as outras a acelerar processos, a resolver

situações atípicas, a personalizar algumas ações, a dar novas ideias e a produzir resultados.

Abaixo, apresenta-se a tabela 28 com os itens avaliados nos objetivos específicos e os

respectivos resultados.

121

Tabela 28 – Resumo dos objetivos específicos x respectivos resultados

122

Em suma, os grupos focais demonstraram que a Instituição ainda está em processo de

construção da sua identidade organizacional, com tendência a um crescimento institucional

potencializado pelos valores inovadores que regem alguns grupos e a ampliação de ingresso

de profissionais ainda mais qualificados para atuar no serviço público.

A Instituição tem buscado selecionar pessoas capazes para assumir cargos de chefia, ocupar

espaços importantes na Instituição para prover melhorias tecnológicas, políticas, de gestão de

pessoas e de materiais e suprimentos. Ao se analisar os grupos focais, ressalta-se a cultura

organizacional como moderadora em ações que culminam em resultados, os quais surgem em

contextos diferentes. Administrar as transformações é um dos grandes desafios que perpassam

pela consolidação da cultura da organização no século XXI, pois a cultura organizacional vem

funcionando como elemento fundamental para conduzir o corpo organizacional numa

sociedade informacional, que constantemente vem se transformando.

123

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A existência e as potencialidades das relações de mentoria foram identificadas na Instituição

de ensino estudada. Percebeu-se que essas relações vêm atuando como facilitadoras para o

estímulo e o alcance de padrões de excelência e de uma prática de desenvolvimento e

autoconhecimento do indivíduo. Essas práticas vêm também auxiliando os indivíduos a

potencializar os aspectos positivos e mobilizar competências para as limitações e os aspectos

negativos da Instituição.

Foi observado que o processo de mentoria na Instituição vem aprimorando a partilha de

conhecimentos e experiências assim como a identificação de profissionais capazes de atuarem

com responsabilidade e afinco no seu desenvolvimento próprio. Esse desenvolvimento está

atrelado à capacidade que os colaboradores demonstraram de atuar num ciclo de

conhecimento que, nascidos de experiências práticas, orientados e vivenciados por mentores,

podem retornar em forma de cadeia de valor, gerando novos dados e informações de cunho

valoroso à organização.

Constatou-se que as funções de mentoria que predominam na Instituição são as que os

comportamentos visam ao apoio no avanço do nível hierárquico na organização, ou seja, as de

carreira, em especial, a de exposição e visibilidade. Essa função, quando associada a uma das

características identificadas na cultura da Instituição, ou seja, a oferta de melhores

oportunidades a pessoas jovens e recentemente chegadas à Instituição, permite-se concluir

que as promoções e as ocupações de pessoas com essas características podem se associar às

intervenções dos mentores.

As relações de mentoria se destacaram em práticas como a designação de tarefas que

proporcionam aprendizagem de novas habilidades, no contato com outros profissionais mais

experientes e no encorajamento para assumir novas oportunidades. Além disso, na solicitação

de apoio à resolução de problemas e na submissão de ideias que contribuam com melhorias

organizacionais.

Outrossim, analisou-se a adequação dos procedimentos da Instituição às perspectivas do

modelo de Gestão Baseado em Resultados no Setor Público, adotado no estudo, do qual

englobava identificar o desenvolvimento de um padrão de excelência dependente da adoção

de melhores padrões na prestação dos serviços públicos, na satisfação dos clientes e na

conjugação de esforços para melhoria contínua com o uso eficiente dos recursos públicos.

124

Dentre as perspectivas do modelo, aquela que mais é compreendida como parte da

organização está vinculada diretamente à sua missão institucional e à responsabilidade

inerente aos organismos públicos, que é o caso da perspectiva “Cidadãos e Sociedade”. Tal

abordagem estabelece que toda a organização deve ser orientada por sua responsabilidade

social e por um relacionamento ético e transparente com a sociedade, revelando que a

Instituição e seus colaboradores têm ciência e compreensão de seu compromisso com o

serviço qualificado ao cidadão.

Apontou-se que os seus respectivos colaboradores, ao prestarem serviços à sociedade,

reconhecem a relevância deles e os aprimoram para o cumprimento das suas competências

institucionais e intensificação da satisfação dos usuários. Há também uma compreensão por

parte deles que a Instituição possui um grande valor e credibilidade perante a sociedade, o que

lhes convida a mantê-los em sintonia para a manutenção da imagem que os rege diante do

usuário final no que concerne à educação ofertada.

Foi também validada pela comunidade acadêmica entrevistada a adoção de procedimentos

condizentes com as perspectivas do modelo de gestão baseada em resultados: “gestão do

conhecimento”, “resultados” e “governança”. Essa predominância demonstra a Instituição

como propulsora do gerenciamento do saber e com potencialidades de se direcionar os efeitos

das atividades produzidas pela organização ao atendimento do planejamento e aos requisitos

do modelo de gestão.

Assim como a existência de governança também confirma a compreensão dos entrevistados

no que diz respeito à adoção de padrões de conduta, comportamentos e responsabilidades

estruturadas e focadas no estabelecimento de processos organizacionais. Evidencia-se a

existência de códigos de conduta formal, a busca por formas efetivas de controle das ações,

como é o caso de auditorias internas e externas, e a efetivação de mecanismos para a

prestação de contas dos recursos públicos.

O gerenciamento do conhecimento vem sendo demonstrado como fator fundamental para que

a Instituição se direcione à administração do saber à prática. A capacidade de gerir esse bem

valioso no século XXI conduz a gestão na tomada de melhores decisões com relação a

estratégias, aos processos, aos canais de comunicação, à gestão de pessoas e à eficiência nos

serviços prestados. Desse modo, gerir resultados não se restringe ao estabelecimento de

metas, indicadores, processos, mas à concatenação deles a estratégias que alinhem e

125

gerenciem recursos, informações e condições de desenvolvimento para subsídios ao

desempenho organizacional do indivíduo.

A investigação sobre a cultura organizacional, por meio da análise das características que

diferem as organizações das outras dada aos seus valores, crenças, comportamentos,

demonstrou a relevância estratégica da cultura organizacional. O senso de competências e o

crescimento na carreira não se limita à identidade pessoal do indivíduo, mas abrange diversas

das dimensões da sua vida: profissional, pessoal, acadêmica, familiar, etc.

A cultura que se destacou foi a orientada para o processo, na qual se foca no constante e

minucioso detalhamento deles para se realizar determinada tarefa. Essa cultura demonstra que

a organização tende a realizar práticas direcionada pelos processos, desenvolvendo-se na

capacidade aprimorada para sistematizar e gerenciar os seus processos de trabalho. Esses

processos organizacionais são compreendidos como recursos e atividades inter-relacionadas

que transformam insumos em serviços e produtos.

Não obstante a apresentação acentuada da cultura orientada para o processo, demonstrou-se

possuir influências da cultura orientada para a função, para o poder e para a tarefa. Com isso,

analisa-se que a identidade organizacional ainda está em fase de consolidação tanto pela busca

de uma nova institucionalidade quanto pela sua fase de transição entre o modelo burocrático

para a Administração Pública Gerencial Estratégica.

De um lado, essa nova institucionalidade vem sendo buscada, uma vez que essas Instituições

foram criadas a partir de um processo de hibridez, onde instituições com diferentes culturas,

tempos de existência e servidores com diferentes características se agregaram a uma única

Instituição.

Além disso, muitas transformações no cenário nacional assim como oriundas de novas

demandas, na quais essas Instituições passaram a administrar, como é o caso de novas

modalidades de ensino, novos processos de Expansão Federal, novos programas

governamentais e novas diretrizes também impactaram numa maior necessidade de busca da

unidade da organização.

Do outro lado, focar em processos denota que a Instituição, apesar de possuir relações de

mentoria fortalecidas e seus respectivos membros conhecerem e estarem dedicados ao

cumprimento da missão institucional, nem se encontra no modelo burocrático do passado,

mas também está ainda em transição para Administração Pública Estratégica Gerencial. Com

isso, a cultura organizacional vem atuando como moderadora de retração pela sua mediação

126

ainda se pautar num processo de transição da gestão burocrática e uma gestão gerencial

estratégica.

Os seus servidores conhecem sua relevância para uma oferta de educação gratuita, inclusiva,

com qualidade e que promovam desenvolvimento para a sociedade, contudo, são estimulados

a cumprir as demandas, conforme os modelos dos processos já estabelecidos, sem conhecer,

muitas vezes, a quais resultados devem chegar, os porquês devem chegar e a sua participação

naquele resultado, quando observado holisticamente.

Observa-se um senso de identidade e o interesse de cultivação dessa identidade

organizacional, pois identificam-se subgrupos fortalecidos e coesos. Com isso, compreende-se

que a cultivação do espírito de unidade requer o alinhamento macroorganizacional às

potencialidades das equipes de modo a facilitar a obtenção dos objetivos estratégicos da

organização.

Nessa perspectiva, a associação das relações de mentoria à gestão baseadas em resultados no

setor público têm sido materializada pela formação de padrões, pelo fortalecimento de redes

de relações, mesmo que no âmbito microorganizacional, por responsabilização de pessoas

com potencial de crescimento e por aperfeiçoamento na profissionalização das atividades na

Instituição.

A ampliação da capacidade individual, da aprendizagem social, da autonomia e do aporte de

pessoas com maiores experiências para minimizar erros têm influenciado na qualificação do

desempenho do colaborador, na sua satisfação no trabalho, no desenvolvimento do seu

potencial criativo e na sua performance. Essas características têm auxiliado a organização a

quebrar paradigmas e, paulatinamente, transitar e a evoluir dos modelos burocráticos aos da

Administração Pública Gerencial.

Constatou-se que promover oportunidades para que sejam fomentados o conhecimento

especializado por parte dos servidores públicos e moldados por pessoas que atuam na

Instituição, mediante o conhecimento tácito delas, é indispensável à determinação das

vantagens organizacionais.

Afinal, para que as instituições públicas minimizem seus problemas de gestão e incentivem a

performance organizacional, faz-se necessária a criação de espaços de aprendizagem, nos

quais sejam fortalecidas relações que estruturem habilidades de ensinar, facilitar, aprender,

desaprender e reaprender. Daí decorre afirmar que o elemento humano é fator fundamental

para que os valores individuais inerentes a cada membro se unifique de tal forma que os

127

pontos fortes se sobreponham aos fracos e se criem valores organizacionais que agreguem

elementos inovativos capazes de se adaptar aos conflitos e os cenários internos e externos. E,

ao se estimular a valorização de suas características, tem-se o fomento da automotivação e da

autoestima para atuar em soluções de novos problemas ou criar novas soluções para

problemas antigos.

É observado que as pessoas estão encorajadas a se desenvolver na carreira e compreendem a

necessidade de oferta de serviços públicos com excelência, porém a organização como um

todo ainda prioriza o processo em detrimento do resultado.

Observa-se que a cultura ainda está sendo (re) criada em função dos contextos que ainda a

mantém mediadas por uma gestão burocrática dada aos vínculos burocráticos. Assim, os

colaboradores se implicam no contexto da organização e, independentemente do seu nível na

pirâmide gerencial, compreendam seus papeis dentro de um todo e incorporem-se o resultado

e suas premissas nos objetivos organizacionais.

Foram constadas importantes iniciativas que demonstram as potencialidades da organização

em uma cultura que aprimora e desenvolve uma gestão de conhecimento integrada. Além da

sua busca pela ampliação de formações continuadas, de espaços de qualidade de vida, de

formações integrativas para os novos servidores, de mentores aptos a reconhecer talentos e

dispostos a compartilhar conhecimento assim como equipes fortalecidas em microprocessos.

Nessa perspectiva, para que os valores dos membros da organização sejam canalizados a

apoiar o alcance de resultados é fundamental ciar um ambiente propício para promover

inspiração das pessoas e a potencialização das mentes criadoras de ideias que alinhem seus

objetivos e desenvolvimento aos da organização.

Para estruturar e mobilizar as fortalezas e oportunidades internas, a partir da capacidade da

gestão estratégica baseada em resultados encontrada na Instituição, é necessária a

responsabilização dos membros e gestores, a modernização de processos laborais, a

valorização à inovação e à captação de ideias e a adoção de estratégias de alinhamento das

relações de mentoria à gestão de pessoas, de resultados, de conhecimento e da tecnologia.

Para estudos futuros, sugere-se compreender as necessidades de fortalecimento e unidade para

a consolidação da cultura organizacional da Instituição não só no âmbito da Reitoria, mas

também integrada aos campi. Observa-se, ainda, possíveis barreiras entre os docentes e

técnicos-administrativos no desenvolvimento de relações de mentoria.

128

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A – QUESTIONÁRIO APÊNDICE

MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO EMPRESARIAL

QUESTIONÁRIO DE PESQUISA

Daniel Costa Assunção

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Dissertação de Mestrado: Relações de Mentoria, no contexto da Administração Pública Gerencial, associadas à gestão por resultados e à cultura organizacional: um estudo numa Instituição de Ensino

Orientadora: Profª Drª Sônia Maria Rodrigues Calado Dias, Ph.D.

Caro pesquisado,

Apresentamos este questionário abaixo, que é parte integrante dos instrumentos que embasarão o estudo da minha Dissertação de Mestrado, realizado na Faculdade de Boa Viagem. A dissertação abordará os construtos Mentoria, Cultura Organizacional e Gestão baseada em Resultados.

O questionário está dividido em 4 partes:

1) Dados Demográficos

2) Mentoria

3) Cultura Organizacional

4) Gestão baseada em Resultados

Salientamos que todos os dados expostos por você serão confidenciais, não identificados e utilizados exclusivamente para a pesquisa. Por isso, contamos com sua colaboração para a captação de os melhores resultados possíveis para a pesquisa e a ciência.

Quaisquer dúvidas ou esclarecimentos, ficamos à disposição através do e-mail [email protected].

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QUESTIONÁRIO

DADOS DEMOGRÁFICOS Gênero: F ( ) M ( ) Nascimento: _______/_______/________ Escolaridade: _____________________________________________________________ Formação: _______________________________________________________________ Função/Cargo que exerce:____________________________________________________ Tempo de serviço: _________________________________________________________

PARTE I - QUESTIONÁRIO MENTORIA:

Relações de Mentoria As relações de mentoria ocorrem por meio da integração entre duas pessoas, nas quais, ambas se desenvolvem e uma atua como mentor e outra como mentorado. O mentor é assim denominado quando ele apoiou ou apoia no desenvolvimento da carreira do seu mentorado, por meio de orientações, aconselhamentos, troca de experiências e ensinamentos. Esse mentor pode ser ou ter sido um chefe, um colega, um amigo, um familiar. As relações de mentoria que serão focadas nesta dissertação são aquelas que ocorrem dentro da organização estudada. Evocação de Mentores: Antes de iniciar o processo de resposta do questionário, por gentileza, pense pessoas que podem ser consideradas como mentores na Instituição em que atualmente você trabalha. Em seguida, de acordo com a escala abaixo, marque a alternativa que esteja condizente com sua opinião. 1 – Nunca, 2 – Raramente, 3 – Ocasionalmente, 4 - Frequentemente e 5 - Sempre 1.1 Delegou-me tarefas que me colocaram em contato com outros profissionais ou colegas mais experientes 1.2 Sugeriu-me estratégias específicas para alcançar meus objetivos profissionais 1.3 Compartilhou e pediu sugestões na solução de algum problema 1.4 Compartilha ideias comigo 1.5 Apoiou-me no desenvolvimento de atividades 1.6 Tem comportamento, atitudes e valores que merecem respeito e admiração 1.7 Tem demonstrado respeito por mim como indivíduo 1.8 Evitou solicitar-me tarefas nas quais eu não estava suficientemente preparado 1.9 Costuma dar feedback sobre meu desempenho profissional 1.10 Designou-me responsabilidades que ampliaram contatos para oportunidades futuras 1.11 Designou-me tarefas que contribuíram com a aprendizagem de novas habilidades 1.12 Compartilha suas experiências para auxiliar-me na resolução dos problemas 1.13 Despertou-me, por meio de seu comportamento, o interesse de segui-lo como exemplo 1.14 Tem interagido comigo fora do ambiente de trabalho 1.15 Dar assistência ao mentorado em troca de esforços destes. 1.16 Assume a culpa ou crédito em situações complicadas. 1.17 Foca a atenção em irregularidades, erros. 1.18 Procura a opinião do mentorado no que diz respeito à visão da instituição. 1.19 Confia no mentorado para guardar segredos. 1.20 Não está interessado em autopromoção. 1.21 Mantém em segredo as dúvidas e sentimentos compartilhados pelo mentorado. 1.22 Demonstra compreensão à pessoa do mentorado. 1.23 Ajuda o mentorado a desenvolver pontos fortes. 1.24 Conversa com o mentorado sobre suas experiências. 1.25 Consegue que o mentarado faça mais do que espera fazer. 1.26 Aumenta a capacidade do mentorado de fazer melhor.

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1.27 Encorajou-me a assumir novas oportunidades 1.28 Convida-me para jantar/almoçar 1.29 Conversa comigo sobre sua carreira 1.30 Demonstra habilidade para ouvir-me

PARTE II - QUESTIONÁRIO CULTURA ORGANIZACIONAL

A cultura organizacional se define como um sistema de valores, ações e crenças que são compartilhados, adotados e que orientam o comportamento dos membros de cada organização (SCHEIN, 2009). Serão apontados pelo questionado, de acordo com seu nível de concordância, os itens que estão de acordo com sua opinião. Nível de concordância: 1 discordo totalmente, 2-discordo, 3-nem concordo nem discordo, 4-concordo e 5-concordo totalmente. Na instituição que você trabalha: 2.1 A organização onde você trabalha é flexível, adaptável e experimenta com frequência novas ideias. 2.2 Os funcionários são incentivados a dedicarem parte do tempo para projetos de sua própria escolha. 2.3 Os gestores se propõem às tarefas de estimular os riscos, a obtenção de conhecimento e a criatividade para que a organização se diferencie das outras. 2.4 A instituição busca criar uma visão de futuro, administrar o caos e disciplinar a imaginação. 2.5 As chefias não existem de forma tradicional, ou seja, não se comportam enquanto tais, diluindo a hierarquia no relacionamento com os demais funcionários. 2.6 Apresenta uma hierarquia achatada, plana e os títulos e as distinções de status tendem a ser minimizados. 2.7 O espaço de trabalho é dinâmico, empreendedor e criativo. 2.8 O lema que une os membros da instituição é estar envolvido com inovação e desenvolvimento. 2.9 O estilo de gestão encoraja basicamente ações e ideias inovadoras na solução de problemas e a iniciativa individual. 2.10 Novas ideias podem ser propostas por quaisquer membros das empresas mesmo que estes não tenham cargo de chefia. 2.11 Valorizam a competitividade e a superação dos concorrentes 2.12 O poder é o elemento essencial na relação entre os membros da organização diante de qualquer outra possibilidade, como, por exemplo, a colaboração, a coordenação etc. 2.13 Os membros da organização procuram exercer o máximo de poder possível, tentando obter vantagens competitivas diante de seus colegas. 2.14 O dia a dia dessas organizações está governado pelo interesse e pela dedicação da organização para dominar tanto o entorno como as diferentes áreas e pessoas que forma a estrutura interna da organização. 2.15 A direção e a liderança se exercem de um modo paternalista, patriarcal, carismático, onde uma mistura de temor reverencial e respeito e amor se espalha pelo restante da organização. 2.16 Enfatizam o perfil colaborativo e a cooperação entre os funcionários 2.17 Tendem a selecionar funcionários para atuar nos espaços observando sua capacidade de completar uma equipe de trabalho 2.18 Os relacionamentos tendem a ser mais positivos com seus colegas e particularmente com os gerentes. 2.19 É propiciada a troca de experiências entre as pessoas 2.20 As pessoas demoram a receber feedback e este é escasso ou inexistente, assim não sabem como avaliar sua atividade e por isso sua dedicação se centra no processo a ser desenvolvido 2.21A titulação e as formalidades são altamente consideradas e a estrutura é rigidamente hierárquica. 2.22 Os rituais estão centrados em reuniões onde os conteúdos são fundamentalmente as normas da organização, o funcionamento interno, a reorganização dos procedimentos. 2.23 Considero que a cultura organizacional da Instituição estimula e propicia o desenvolvimento das relações de mentoria 2.24 Valoriza-se a experiência unida à capacidade para resolver problemas. 2.25 O poder e a influência se encontram naquelas pessoas que melhor desempenham seu trabalho, por isso a orientação predominante é para os resultados.

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2.26 Sua estrutura está caracterizada pela flexibilidade com funções pouco definidas. 2.27 Valoriza-se mais alcançar os objetivos que a forma de consegui-lo. 2.28 Os responsáveis pelo sucesso são os funcionários e são utilizados sistemas que premiam a produção individual ou do grupo 2.29 Tudo estará orientado para a obtenção dos resultados previamente estabelecidos. 2.30 As funções são perfeitamente definidas, estabelecidas previamente e coordenadas entre si por uma série de normas, regras e procedimentos. 2.31 Há uma preocupação pela efetividade, mais que pela eficácia. Privilegia a hierarquia, o status e os procedimentos. 2.32 As normas burocráticas ocupam um papel fundamental no ambiente interno da organização. 2.33 O que se valoriza é a competência na realização da função, a antiguidade na organização e a lealdade à legalidade interna. 2.34 No ambiente interno, predominam a estabilidade, a segurança e o formalismo. 2.35 A estrutura da organização está a serviço de seus membros. 2.36 Valoriza-se a individualidade e não se compreendem ou nem se aceitam o planejamento e exigência de um tipo de comportamento determinado dos membros da organização. 2.37 São valorizadas a criatividade, a originalidade e o esforço por contribuir com algo diferente. 2.38 O valor predominante é a satisfação das necessidades dos seus membros e todo cotidiano da organização está orientado para essa finalidade. 2.39 As funções que devem cumprir a organização são distribuídas segundo as preferências pessoais, as decisões são adotadas por consenso entre os membros do grupo, as tarefas desagradáveis são repartidas equitativamente

PARTE III – QUESTIONÁRIO DE GESTÃO BASEADA EM RESULTADOS

Gestão Baseada em Resultados Significa dotar as estruturas, os processos e a administração dos recursos disponíveis, de um modelo de gestão que possibilite uma integração consistente entre as políticas de governo e os resultados institucionais planejados de cada um dos órgãos que compõem as esferas de governo. Nível de concordância: 1-discordo totalmente, 2- discordo, 3-nem concordo nem discordo, 4- concordo, 5- concordo totalmente. Dimensões da Gestão Baseada em Resultados no Setor Público 3.1 Os servidores são convidados a participar do planejamento da instituição. 3.2 Os servidores participam e dão ideias para a estruturação das metas do setor em que trabalha. 3.3 Os servidores conhecem a missão da instituição. 3.4 Os servidores conhecem os resultados que devem alcançar o setor que ele atua. 3.5 Há mecanismo de controle de alcance dos resultados na instituição. 3.6 Considera que os servidores da Instituição possuem conhecimento, habilidades e atitudes para alcançar os resultados dos seus respectivos setores. 3.7 Existe integração entre pessoas experientes e iniciantes na instituição no auxílio ao alcance de resultados. 3.8 O processo eficiente de informação guia o trabalho e a ação administrativa. 3.9 Há estímulo e busca à alta produtividade da instituição 3.10 Os membros da organização sentem que realmente fazem parte do seu grupo de trabalho 3.11 Há mecanismos para o desenvolvimento de procedimentos para a execução do trabalho dos servidores. 3.12 Considera que os membros buscam o crescimento, a gestão eficiente dos recursos e o cumprimento dos objetivos da Instituição. 3.13 Os resultados nessa Instituição são melhores alcançados, pois existem pessoas dispostas a compartilhar aprendizagem e experiências. 3.14 Há uma gestão focada em cumprimento de metas e nos processos e recursos necessários para alcançá-lo 3.15 Há mecanismos de acompanhamento do alcance de resultados na Instituição. 3.16 Há objetivos traçados, definidos e compartilhados com os membros da Instituição.

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3.17 Caracteriza-se por previsão de desempenho e resultados futuros. 3.18 Caracteriza-se pelo trabalho em equipe para o processo de solução de problemas e tomada de decisões. 3.19 Busca-se a melhoria contínua estimulando a busca pela eficiência, o planejamento, a avaliação, o controle e a excelência dos resultados. 3.20 Você conhece a missão da Instituição 3.21 Você considera que as relações de mentoria que você possui facilitou o alcance de resultados 3.22 Você considera que as pessoas são motivadas à busca do alcance de resultados na Instituição 3.23 Você sabe quais são as principais metas de sua Instituição 3.24 Você é orientado ao alcance de suas metas 3.25 Há exercício de liderança que conduz o equilíbrio e o relacionamento entre os colaboradores 3.26 São evidenciadas como as principais decisões são tomadas, comunicadas e implementadas às partes interessadas 3.27 Há avaliação do alcance das estratégias, verificando o estágio de cumprimento dos objetivos, metas gerenciais e operacionais 3.28 Há líderes envolvidos pessoalmente em assegurar que o modelo de gestão da organização seja desenvolvido, implementado e melhorado de forma contínua 3.29 Busca-se avaliar a implementação do planejamento, de forma a visualizar o atendimento das metas estabelecidas de acordo com as necessidades da sociedade 3.30 Há o estabelecimento de metas a curto, médio e longo prazo. 3.31 Há desdobramentos das estratégias em planos de ação para todos os setores da organização 3.32 Há uma busca pela correta alocação dos recursos para garantir a implementação dos planos de ação. 3.33 Pressupõe o reconhecimento da comunidade e da sociedade como partes interessadas da organização. 3.34 Há credibilidade e reconhecimento público da sociedade. 3.35 Há promoção da responsabilidade pública e estímulo aos colaboradores para participar e promover a inclusão social e a interação com a sociedade. 3.36 Há desenvolvimento gerencial das pessoas que ocupam cargos de chefia. 3.37 Há identificação de necessidades de capacitação e compatibilização das necessidades operacionais, estratégias e pessoais. 3.38 Há a promoção de um ambiente de trabalho seguro e saudável assim como a promoção do bem estar do colaborador. 3.39 Há alocação de recursos tecnológicos para desenvolver os objetivos da instituição de forma eficiente. 3.40 Há códigos de conduta formal para o colaborador. 3.41 Há estabelecimento de formas efetivas de controles de ação e de aplicação dos recursos públicos. 3.42 Há prestação de contas da utilização de recursos públicos e a publicação de relatórios externos para garantir a informação à sociedade. 3.43 Há implementação de práticas que facilitam a transferência, disseminação e o compartilhamento de informações e conhecimento. 3.44 Há aplicação de práticas que servem de suporte à gestão do conhecimento organizacional para difusão de conhecimento. 3.45 Há efetividade no desenvolvimento dos processos finalísticos da Instituição. 3.46 Há efetividade no desenvolvimento dos processos de apoio da Instituição. 3.47 Há efetividade nos resultados referentes às políticas, estratégias e planos. 3.48 Há resultados de satisfação das pessoas, do bem-estar, da aprendizagem, da capacidade e do desenvolvimento das pessoas na Instituição. 3.49 Há redução de custos dos processos e aplicação de nível de execução dos programas e projetos. 3.50 Há um nível de rotatividade alto na Instituição.

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APÊNDICE B – ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA (GRUPO FOCA L)

1) Na opinião do grupo, as relações de mentoria existentes se associam ao alcance dos

resultados nas atividades da Instituição? Por quê?

2) Na opinião do grupo, a Cultura Organizacional atua como moderadora entre a associação

das relações de mentoria e a gestão baseada em resultados na Instituição em que você

trabalha? Se sim, de que forma?