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Faculdade Boa Viagem - Devry
Centro de Pesquisa e Pós-Graduação em Administração
Mestrado Profissional em Gestão Empresarial
Paava de Barros de Alencar Carvalho
O USO DA GESTÃO DO CONHECIMENTO POR EMPREENDEDORES Y NO
DESENVOLVIMENTO DE EMPREENDIMENTOS: UM LEVANTAMENTO NO
PAPO DE UNIVERSITÁRIO.
Orientadora: Profª. Drª Elizabeth Regina Tschá
Recife, 2013
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Paava de Barros de Alencar Carvalho
O USO DA GESTÃO DO CONHECIMENTO POR EMPREENDEDORES Y NO
DESENVOLVIMENTO DE EMPREENDIMENTOS: UM LEVANTAMENTO NO
PAPO DE UNIVERSITÁRIO.
Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado Profissional em
Gestão Empresarial, Centro de Pesquisa e Pós-Graduação em
Administração, Faculdade Boa Viagem - Devry, para obtenção do título
de Mestre em Administração.
Orientadora: Profª. Drª Elizabeth Regina Tschá
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Dedico a Hercílio, Sinara, Cilinho e Aaron (The
BACs) e familiares, com todo meu amor,
carinho e dedicação.
Dedico ainda a todos professores, jovens e
empreendedores que têm plena convicção de
que tornam o nosso mundo melhor a cada dia,
por meio do seu protagonismo.
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AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus pela vida e pela saúde que me permitiram mais esta conquista.
E também por ter me protegido ao longo desses 63.440km rodados no trajeto Salgueiro-Recife.
Agradeço aos meus painho e mainha (Hercílio de Alencar Carvalho e Sinara Maria de Barros
de Alencar Carvalho) pelo carinho e atenção. Ao longo de toda essa jornada eles me
acompanharam, trouxeram fontes de pesquisa, compartilharam meus aperreios e superações,
me forçaram a dormir, caminharam comigo, me fortaleceram. Tenho certeza que este sonho só
foi possível porque tive vocês comigo, pois este sonho não era só meu, era nosso.
Agradeço aos meus irmãos pelo carinho e solidariedade demonstrada nas idas ao TIP
(rodoviária) em plenas sextas-feiras às 6h para me pegar e aos domingos às 23h para me deixar
(compartilhando momentos de conversas prazerosas e me ajudando a economizar com os táxis).
Agradeço também pelos aperreios que me deram na tentativa de tentar ajudar... (rs).
Agradeço a Felipe Filgueira, meu amor, pela parceria, companhia e paciência. Também pelas
idas e vindas sofridas até a rodoviária e por ter me ajudado a não surtar. Você foi meu braço
forte, meu par, meu porto, meu sossego, meu incentivo. Obrigada por tudo, tudinho.
Agradeço aos meus familiares pela fé, torcida, carinho e acolhida.
Agradeço as minhas professoras de graduação Carol, a mentora que me conduziu para esse
desafio, e a Suzana pelas horas de conversa, descontração e apoio.
Agradeço ao Prefeito Marcones Sá, por ter respeitado e apoiado essa luta. E agradeço aos meus
companheiros de trabalhos por terem sido solidários enquanto precisei me ausentar e por terem
feito um trabalho maravilhoso.
Agradeço ao Papo de Universitário por terem aceitado participar dessa pesquisa.
Agradeço aos companheiros de sala de aula, por compartilharem comigo toda esta emoção
desde o início. Como já diziam, foi “com muito sangue, suor e prazer” que realizamos tudo
isso.
Agradeço às professoras Hajnalka (Haj/Rói), que a cada aula me contagiava com a beleza e
nobreza de ser professora, me acalmava com seus serenos olhos azuis e me animava a cada
aprendizagem, ela me traz uma paz que ainda não sei explicar. Sônia Calado que me trouxe “o
despertar da Galatéia” e psicologia positiva. Dorinha pela elegância e simplicidade ao ensinar
métodos qualitativos e Lúcia por ter nos conduzido nos bastidores, para que tudo ocorresse
bem. E agradeço aos professores Augusto, por ter me divertido muito e aprendido com todos
aqueles cálculos, e James pela pergunta mágica que apontou a solução para as minhas
correlações.
Por fim, agradeço a minha professora-orientadora Elizabeth Tschá, pela paciência, sinceridade
e atenção em analisar meu perfil me direcionando para a pesquisa de algo me fizesse ainda mais
feliz. Ela buscou o brilho nos meus olhos e, juntas, realizamos esta pesquisa.
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“Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante.
Não por vaidade, mas para corresponderes à
obrigação sagrada de contribuir sempre mais e
sempre melhor, para a construção do mundo.”
Dom Helder Câmara
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RESUMO
Este estudo buscou compreender como a gestão do conhecimento auxilia empreendedores Y no
desenvolvimento de empreendimentos por meio de um levantamento feito no Papo de
Universitário. O referencial teórico apresenta alguns esclarecimentos acerca da geração Y com
foco no comportamento apresentado pela mesma. Em seguida, aborda-se os diversos conceitos
de empreendedorismo com foco nas características do empreendedor, a gestão do conhecimento
com foco no que ela é, o que representa o conhecimento, como acontecem os modos de
conversão do conhecimento, quais são as barreiras enfrentadas na processo de gestão e como
se deu o processo de criação do empreendimento Papo de Universitário. A abordagem
metodológica adotada foi a de pesquisa exploratória e descritiva, de métodos mistos, ou
qualitativa e quantitativa, e a estratégia de pesquisa foi a de um levantamento feito no Papo de
Universitário. Os dados foram coletados por meio de entrevistas, questionário, observações e
documentos. As metodologias de análises adotadas foram análise de conteúdo, análise de
documento e análise estatística. Como principais resultados, tem-se que as características
empreendedoras e da geração Y estabelecem correlação numéricas e teóricas, o conhecimento
influencia no processo de criação, desenvolvimento e realização de empreendimentos e a gestão
do conhecimento quanto mais conhecida, melhor será sua utilização dos modos de conversão
nesse processo empreendedor e menores serão as barreiras enfrentadas. Finalmente, concluiu-
se, a partir das constatações, que existe um perfil predominante para o empreendedor Y e que a
gestão do conhecimento é, e pode ser cada vez mais, uma ferramenta que favorece a criação, o
desenvolvimento e a realização de visões empreendedoras.
Palavras-chave: Gestão do Conhecimento, Empreendedorismo, Geração Y, Criação de Novos
Empreendimentos.
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ABSTRACT
This study sought to understand how knowledge management helps Y entrepreneurs in
developing enterprises through: a survey done in Papo de Universitário. The theoretical
referential provides some clarification of Generation Y focused on behavior exhibited by it.
Then, it discusses the various concepts of entrepreneurship focusing on the characteristics of
the entrepreneur, knowledge management focusing on what it is, what is knowledge, as happens
the modes of knowledge conversion, what are the barriers faced in knowledge management
process and how was the process of creating the enterprise of Papo de Universitário. The
methodological approach adopted was exploratory and descriptive, mixed methods or
qualitative and quantitative, and the search strategy was a survey done in Papo de Universitário.
Data were collected through interviews, questionnaires, observations and documents. The
methods of analysis were adopted content analysis, document analysis and statistical analysis.
As main results, we have that entrepreneurial characteristics and Generation Y establish
numerical and theoretical correlation, knowledge influences in the creation, development and
implementation of enterprises, how much the knowledge management is known, better will be
the use of conversion modes in this entrepreneurial process and smaller will be the barriers
faced. Finally, it was concluded from the findings that there is a predominant profile for Y
entrepreneur and that knowledge management is, and may be increasingly a tool that fosters the
creation, development and realization of entrepreneurial visions.
Key-words: Knowledge Management, Entrepreneurship, Generation Y, Creating New
Ventures.
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LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Quantidade de registros dos termos nos portais de periódicos............................... 21
Quadro 2 - Comparativo dos Períodos das Gerações. .............................................................. 26
Quadro 3 - Gerações e seus principais marcos históricos ........................................................ 27
Quadro 4 - Comparativo das características das gerações. ....................................................... 29
Quadro 5 - Características da Geração Y por diversos autores. ............................................... 31
Quadro 6 - Evolução do termo empreendedorismo ao longo da história. ................................ 36
Quadro 7 - Características do empreendedor segundo seus respectivos pesquisadores. .......... 39
Quadro 8 - Fases da visão ......................................................................................................... 45
Quadro 9 - Diferenças nos sistemas de atividades de gerentes e empreendedores. ................. 45
Quadro 10 - Diferenças básicas entre as formações gerencial e empreendedora. .................... 46
Quadro 11 - Pontos de conexão entre as características da geração Y e o comportamento
empreendedor dando origem ao conceito de Empreendedores Y. ........................................... 47
Quadro 12 - As características das sociedades. ........................................................................ 52
Quadro 13 - Diferenças entre Conhecimento Tácito e Conhecimento Explícito. .................... 56
Quadro 14 - Condições promotoras da criação do conhecimento organizacional. .................. 60
Quadro 15 - Os atritos mais comuns e formas de superá-los. .................................................. 66
Quadro 16 - Apresentação dos sujeitos da pesquisa ................................................................. 76
Quadro 17 - Quadro metodológico da coleta de dados ............................................................ 79
Quadro 18 - Objetivos específicos e suas respectivas formas de análise dos dados. ............... 84
Quadro 19 - Categorização do Objetivo Específico 1: Mapear o perfil do empreendedor Y. . 87
Quadro 20 - Principais correlações encontradas....................................................................... 91
Quadro 21 - Pontos de conexão entre as características da geração Y e o comportamento
empreendedor com seus respectivos coeficientes de correlação. ............................................. 94
Quadro 22 - Categorização do Objetivo Específico 2: Identificar o entendimento dos
empreendedores Y sobre Gestão do Conhecimento. .............................................................. 107
Quadro 23 - Categorização do Objetivo Específico 3: Identificar os modos de conversão e
compartilhamento do conhecimento utilizados pelos Empreendedores Y. ............................ 115
Quadro 24 - Categorização do Objetivo Específico 4: Identificar o processo de criação dos
empreendimentos desenvolvidos pelos Empreendedores Y a partir da Teoria Visionária de
Filion. ...................................................................................................................................... 128
Quadro 25 - Energia destinada ao Papo de Universitário ....................................................... 132
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Quadro 26 - Categorização do Objetivo Específico 5: Identificar as barreiras enfrentadas no
processo de Gestão do Conhecimento desenvolvido pelos Empreendedores Y. ................... 136
Quadro 27 - Objetivos específicos e suas respectivas teorias norteadoras. ............................ 167
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Fatores que impulsionam o surgimento de inovações. ............................................ 38
Figura 2 - Interação entre elementos da visão para criação da visão. ...................................... 42
Figura 3 - As três categorias de visão. ...................................................................................... 44
Figura 4 - Ciclo de aprendizagem. ........................................................................................... 55
Figura 5 - A espiral do conhecimento. ..................................................................................... 58
Figura 6 - Espiral da criação do conhecimento organizacional. ............................................... 60
Figura 7 - Modelo de cinco fases do processo de criação do conhecimento organizacional. .. 61
Figura 8 - O ciclo do conhecimento. ........................................................................................ 62
Figura 9 - Triangulação da pesquisa. ........................................................................................ 77
Figura 10 - Relação entre categorias ........................................................................................ 82
Figura 11 - Desenho da categorização das variáveis para cada objetivo específico. ............... 82
Figura 12 - Fluxo da triangulação com documentos ................................................................ 84
Figura 13 - Categorização dos dados. ....................................................................................... 83
Figura 14 - Gráfico das frequências para as características da geração Y ............................... 89
Figura 15 - Gráfico das frequências empreendedoras apresentadas ......................................... 90
Figura 16 - Sustentabilidade na revista do Papo de Universitário ............................................ 99
Figura 17 - Gráfico da frequência de uso das ferramentas de compartilhamento do
conhecimento .......................................................................................................................... 117
Figura 18 - Reunião do Papo de Universitário ....................................................................... 119
Figura 19 - Banner para o 3º Fórum de Jovens Líderes ......................................................... 122
Figura 20 - Foto do evento 3º Fórum de Jovens Líderes ........................................................ 120
Figura 21 - Foto do site do Papo de Universitário .................................................................. 124
Figura 22 - Foto da fanpage do Papo de Universitário ........................................................... 125
Figura 23 - Foto da fanpage do Papo de Universitário com destaque para o número de amigos
que curtiram a página e têm acesso a tudo que é publicado ................................................... 126
Figura 24 - Gráfico das frequências das barreiras apresentadas ............................................. 137
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LISTA DE SIGLAS
AL Alagoas
CPEJE Congresso Pernambucano de Jovens Empreendedores
EUA Estados Unidos da América
FOCCA Faculdade de Olinda
GEM Global Entrepreneurship Monitor
GUESSS Global University Entrepreneurial Spirit Students' Survey
GY Geração Y
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
OCDE Organisation de Coopération et de Développement Économiques
ONU Organização das Nações Unidas
SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
TV Televisão
UNESCO United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 14
1.1 Pergunta de pesquisa ............................................................................................... 19
1.2 Objetivos ........................................................................................................................ 19
1.2.1 Objetivo geral ............................................................................................................. 19
1.2.2 Objetivos específicos .................................................................................................. 19
1.3 Justificativas .................................................................................................................. 20
1.3.1 Justificativa teórica .................................................................................................... 20
1.3.2 Justificativa prática ................................................................................................... 22
1.4 Estruturação da dissertação ........................................................................................ 23
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...................................................................................... 25
2.1 Geração Y ...................................................................................................................... 25
2.2 Empreendedorismo e o empreendedor ....................................................................... 32
2.2.1 Teoria Visionária ....................................................................................................... 40
2.2.2 O empreendedor da geração Y: Empreendedores Y .............................................. 47
2.3 Gestão do Conhecimento .............................................................................................. 49
2.3.1 Conhecimento ............................................................................................................. 53
2.3.2 Modos de Conversão e Compartilhamento do conhecimento ............................... 57
2.3.3 Meios e ferramentas do conhecimento ..................................................................... 63
2.3.4 Barreiras do conhecimento e estímulos para a Gestão do Conhecimento ............ 65
2.4 Desenho da conexão dos constructos teóricos. ........................................................... 69
3 METODOLOGIA ................................................................................................................ 71
3.1 Delineamento da pesquisa ............................................................................................ 71
3.1.1 Desenho metodológico da pesquisa .......................................................................... 73
3.2 Locus .............................................................................................................................. 75
3.3 Sujeitos da pesquisa ...................................................................................................... 76
3.4 Instrumentação do estudo ............................................................................................ 76
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3.4.1 Pré-teste ...................................................................................................................... 80
3.5 Análise dos Dados ......................................................................................................... 81
3.6 Limites e limitações do estudo ..................................................................................... 85
4 ANÁLISE E DISCUSSÃO .................................................................................................. 87
4.1 Perfil do empreendedor Y ............................................................................................ 87
4.2 O entendimento da Gestão do Conhecimento .......................................................... 107
4.3 O uso dos modos de conversão do conhecimento ..................................................... 115
4.4 A criação dos empreendimentos a partir da Teoria Visionária de Filion ............. 127
4.5 Barreiras enfrentadas no processo de Gestão do Conhecimento desenvolvido pelos
Empreendedores Y. .......................................................................................................... 136
5 CONCLUSÕES E SUGESTÕES ..................................................................................... 140
5.1 Conclusões ................................................................................................................... 140
5.2 Sugestões ...................................................................................................................... 143
5.2.1 Sugestões de ações .................................................................................................... 143
5.2.2 Sugestões de pesquisas ............................................................................................. 144
REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 145
APÊNDICE A - Protocolo de observação .......................................................................... 156
APÊNDICE B - Diário de campo ........................................................................................ 157
APÊNDICE C - Entrevista .................................................................................................. 158
APÊNDICE D - Questionário .............................................................................................. 159
APÊNDICE E – Matriz de correlações............................................................................... 166
APÊNDICE F - Quadro Teórico ......................................................................................... 167
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1 INTRODUÇÃO
A história da humanidade vem sendo escrita baseada na divisão de Eras. Segundo Rodriguez e
Rodriguez (2001), iniciamos na Sociedade Agrícola, passamos para a Sociedade Industrial, em
seguida para a Sociedade da Informação e desta para a Sociedade do Conhecimento.
A transição entre Eras se dá por diversos motivos. Essa transição para uma nova economia
baseada em informação e conhecimento é motivada por fatores como a informação eliminando
barreiras globais, o compartilhamento de conhecimento e pela valorização dos valores
intangíveis (RODRIGUEZ Y RODRIGUEZ, 2001).
A Era do Conhecimento tem levado as empresas a tentarem compreender qual é o seu
verdadeiro valor. De acordo com Edvinsson e Malone (1998), as empresas buscam entender a
lacuna entre seu valor, de acordo com a balança patrimonial, e o indicado pelo mercado, sendo
esse um dos maiores desafios com que se defronta qualquer empresa na atualidade.
O conhecimento, reconhecido como algo sagrado pelas sociedades antigas, na Era do
Conhecimento se reafirma como fonte de vantagem competitiva. Para Bautzer (2009), o
conhecimento sempre foi considerado sagrado pelas sociedades antigas e, desde a Antiguidade
Clássica, aquele que detinha o conhecimento conquistava status e diferenciação em relação ao
grupo.
Com o passar do tempo e a chegada da Era do Conhecimento, discute-se mais uma vez o poder
do conhecimento em esferas de realidades aumentadas. Observa-se o nascimento de uma época
em que o progresso acelerado e a economização do tempo nos remeteu para novos horizontes
(BAUTZER, 2009).
As pessoas e o conhecimento passaram a ser o foco de interesse social e coletivo. “Se antes a
terra, e depois o capital eram os fatores decisivos da produção, hoje o fator decisivo é, cada vez
mais, o homem em si, ou seja, seu conhecimento” (Papa João Paulo II, 1991).
Uma economia baseada no conhecimento não tem limite de crescimento. Ela produz riqueza
refinando ideias e conceitos preexistentes, transformando o saber em uma turbina na economia
(ROMER, 1999).
Um ponto relevante da história que contribuiu para a chegada dessa nova Era foi a origem do
Capital Intelectual na Sociedade do Conhecimento, logo após a Segunda Guerra Mundial. De
acordo com Fialho; Montibeller Fº; Macedo; Mitidieri (2006), essa época foi marcada por
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grandes inovações e transformações, assim a informação e o conhecimento passaram a ter um
papel essencial.
A identificação da existência de indivíduos conhecidos como empreendedores do conhecimento
tornou-se a condição básica para o surgimento de novos empreendimentos na Sociedade do
Conhecimento. Eles são os agentes responsáveis pelo desencadeamento e condução de processo
de criação e disseminação do conhecimento em suas novas organizações, dando vantagens à
organização, sobretudo se o conhecimento gerado e incorporado aos produtos, serviços e
processo forem inovadores (DRUCKER, 2000).
Assim, os empreendedores têm se tornado os protagonistas dessa nova economia. Drucker
(2011, p.1) afirma que está acontecendo “um redirecionamento profundo da economia, de
gerencial para empreendedora”.
Diante dessas mudanças evolutivas, destaca-se portanto o personagem do empreendedor e sua
influência na alteração do cenário econômico mundial. Esta mesma visão é corroborada por
Zen e Fracasso (2008), que entendem que o empreendedor tem desempenhado um papel
fundamental no desenvolvimento econômico das nações.
O papel do empreendedor no cenário econômico é ressaltado desde sua essência, sobretudo a
partir dos estudos de Shumpeter. O referido autor definiu o empreendedor como um catalisador
das mudanças econômicas, pois está associado ao desenvolvimento econômico, à inovação e
ao aproveitamento de oportunidades (SCHUMPETER, 1984).
O empreendedor é aquele que destrói a ordem econômica existente pela introdução de novos
produtos e serviços, pela criação de novas formas organizacionais ou pela utilização de novos
recursos ou materiais. Tal processo é, então, denominado destruição criativa (SCHUMPETER,
1984).
Neste contexto, a gestão do conhecimento e o empreendedorismo se entrelaçam. O fato da
inovação que, para ser criada, disseminada e usada, depende do conhecimento, é a
“superestrela” do espírito empreendedor (DRUCKER, 2011). Além disso, para detectar
oportunidades de negócios, é preciso ter intuição, intuição requer entendimento, e entendimento
requer um nível mínimo de conhecimento (FILION, 1999).
As visões empreendedoras apoiam-se no conhecimento. Filion (1991), conecta o empreendedor
à Sociedade do Conhecimento ao definir o empreendedor como um ser visionário, capaz de
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imaginar e realizar visões, utilizando-se, para isso, cinco fundamentos: energia, liderança,
redes, conhecimento de si e conhecimento do setor.
Diversos são os tipos de empreendedores. O empreendedor mais conhecido é o empreendedor
empresário ou individual, aquele que cria seu próprio negócio, mas também existe o
empreendedor corporativo que inova dentro de um negócio já existente, ou seja, é possível
empreender dentro de uma organização já constituída (SCHUMPETER apud ZEN;
FRACASSO, 2008). Assim, os empreendedores que vislumbram e desenvolvem oportunidades
de negócios ou de melhorias para a organização onde trabalham são denominados
intraempreendedores (ZEN; FRACASSO, 2008).
O empreendedorismo social foi impulsionado pelo aumento da exclusão social e tecnológica de
grande parte da população. Portanto, a preocupação é com as demandas sociais não satisfeitas
pelo poder público e até mesmo por empresas privadas (ZEN e FRACASSO, 2008). Já os
empreendedores coletivos surgem como forma de reduzir os custos e compartilhar os riscos no
desenvolvimento de um novo negócio (ZEN e FRACASSO, 2008), fortalecendo assim as
possibilidades de sucesso dos empreendimentos.
O empreendedorismo no Brasil, popularizado a partir da década de 90, tem sido estimulado por
meio de políticas públicas oferecidas pelos governos, sejam eles federal, estadual ou municipal.
É notável a criação de secretarias e leis para os empreendedores, como a entrada em vigor da
Lei Geral da Micro e Pequena Empresa, em 2007, e da Lei do Microempreendedor Individual,
em 2008.
Incentivos como esses têm contribuído para a crescente abertura de novos empreendimentos no
país. Nos últimos cinco anos, em média, mais de 600 mil novos negócios, anualmente, foram
registrados no Brasil. E os Microempreendedores Individuais (MEI), não computados naqueles
números, já somam mais de 1,5 milhão de registros.
Vários números demonstram que o empreendedorismo está consolidado no país – e crescendo.
Em 2011, o Brasil foi considerado o 12º país mais empreendedor do mundo pelos estudos da
Global Entrepreneurship Monitor (GEM 2011), com um crescimento de 14,9% de novos
empreendimentos.
Assim, o empreendedorismo no Brasil representa uma importante influência na esfera
econômica e social. Em 2011, segundo relatório do GEM 2011, 26,9% dos indivíduos adultos
da população eram proprietários ou administradores de algum negócio. O Brasil conquistou a
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15ª posição quando comparado a todos os outros 54 países da base GEM, com proporção de
39,38% dos entrevistados afirmando conhecer pessoas que abriram negócios nos últimos dois
anos.
De 2002 a 2011 as taxas de empreendedorismo no Brasil cresceram. Em relação aos
empreendedores nascentes, as taxas cresceram 4,67%, em relação ao novos empreendedores
cresceram 9,17%, os empreendedores iniciais cresceram 13,53% e os empreendedores
estabelecidos cresceram 11,15% (GEM Brasil 2002:2011).
Um outro fator a ser considerado é o que tem levado os empreendedores brasileiros a abrir seus
empreendimentos. E entre as motivações consideradas pelo GEM 2011, o empreendedor no
Brasil, em sua maioria, tem empreendido por oportunidade, contudo existem os que
empreendem por necessidade.
Os empreendedores por necessidade são aqueles que encontram no empreendedorismo a
satisfação para sua necessidade de emprego e renda. Ele encontram no empreendedorismo a
única opção de renda (GEM, 2011).
Já os empreendedores por oportunidade são os que aprendem a aproveitar as oportunidades
oferecidas pelo mercado. Desta forma, toda a sociedade é beneficiada, seja com o aumento da
criação de empregos, seja com o aumento da riqueza do país, visto que isto reflete diretamente
na economia do país (GEM, 2011).
Os empreendedores por necessidade e o por oportunidade estabelecem um paralelo com a teoria
formulada por Guerreiro-Ramos (1989) sobre comportamento e ação. De acordo com o teórico,
o comportamento é socialmente condicionado a eventos episódicos, ficando à mercê de
necessidades e contingência, sendo motivado por conveniência/necessidade (GUERREIRO
RAMOS, 1989).
Isto corresponderia ao que se está chamando de comportamento empreendedor motivado por
necessidade. Em contrapartida, Guerreiro-Ramos (1989) propõe o termo ação. A necessidade
que estimula a ação. Esta, que pressupõe escolha, consciência, reflexão e proação,
correspondendo ao comportamento do empreendedor jovem motivado (BULGACOV et al.,
2011).
Os números mostram que, entre as motivações para empreender, os brasileiros empreendem
mais por oportunidade. De acordo com os dados do GEM Brasil 2011, 10,23% empreendem
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por oportunidade, enquanto apenas 4,56% empreendem por necessidade e 2,24% empreendem
pelas duas razões.
Mais de um quarto da população brasileira adulta (entre 18 e 64 anos), está envolvida com
empreendedorismo. Segundo dados do GEM (2011), existem 27 milhões de brasileiros de 18 a
64 anos envolvidos na criação ou administração de algum tipo de negócio.
Entre esses empreendedores, os jovens formam a maioria. A faixa etária dos empreendedores é
um fator a ser considerado, uma vez que, 30,67% dos empreendedores brasileiros estão entre
18 e 34 anos, ou seja, pertencem a uma mesma geração, a geração Y (GEM, 2011).
Entende-se por geração o contexto que une o tempo de vida e os momentos históricos vividos.
As experiências acumuladas neste contexto interferem diretamente na atuação da geração, nos
seus comportamentos e ações (MANNHEIM, 1964).
No entanto, não há consenso sobre os limites das gerações. Mas, embora não haja consenso
entre os pesquisadores sobre os períodos exatos de cada geração, as seguintes classificações
podem ser encontradas nos diversos estudos: Geração Y, composta por nascidos a partir de
1978, a Geração X por nascidos entre 1965 e 1977, os Baby Boomers são os nascidos até 1964
(VELOSO; DUTRA; NAKATA, 2008).
Essa classificação se dá por questões de estudos que comprovam as diferentes características,
estilos e comportamentos de cada geração. Segundo Veloso, Dutra e Nakata (2008), é tal
diversidade de idade que gera comportamentos particulares a cada faixa etária.
Nesse contexto, ressalta-se que a juventude, representada atualmente pela geração Y, tem
apresentado um comportamento mais empreendedor que as demais. De acordo com Cardoso,
Brugger e Vera (2013), essa é a geração que vai mudar o mundo e a juventude brasileira é mais
otimista, mais empreendedora e mais ambiciosa que a média mundial.
Além disso, o empreendedorismo entre os jovens é estrategicamente importante para o governo.
Uma vez que tem sido considerado como uma das estratégias que os agentes públicos estão
utilizando, de forma crescente, para reduzir o desemprego entre eles e inseri-los no mercado de
trabalho (RIVERIN; JEAN, 2005; OCDE, 2005).
Dentro desse contexto, este estudo busca compreender como a gestão do conhecimento auxilia
empreendedores da geração Y na criação de empreendimentos. Neste caso, será estudada a
geração Y, a qual contempla os nascidos a partir da década de 80 até o ano 2000, representando
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os jovens atuais e traz fortes características que se conectam com o empreendedorismo.
Portanto, o foco será dirigido para o jovem empreendedor, ou empreendedores Y.
O mesmo será desenvolvido por meio de uma pesquisa de levantamento (survey) no Papo de
Universitário, uma rede formada por jovens empreendedores de diversas áreas do conhecimento
e que buscam, juntos, unir forças para empreender em prol de um mundo cada vez melhor.
1.1 Pergunta de pesquisa
Como a Gestão do Conhecimento auxilia empreendedores Y no desenvolvimento de
empreendimentos?
1.2 Objetivos
Os objetivos apresentados a seguir representam o que se pretende alcançar com este estudo,
contemplando os três pilares principais da pesquisa, que são: gestão do conhecimento,
empreendedorismo e geração Y.
1.2.1 Objetivo geral
Compreender como a Gestão do Conhecimento auxilia empreendedores Y no
desenvolvimento de empreendimentos, por meio de um levantamento feito no Papo de
Universitário.
1.2.2 Objetivos específicos
1. Mapear o perfil dos Empreendedores Y.
2. Identificar o entendimento dos empreendedores Y sobre Gestão do Conhecimento.
3. Identificar os modos de conversão e compartilhamento de conhecimento utilizados
pelos Empreendedores Y.
4. Identificar o processo de criação dos empreendimentos desenvolvidos pelos
Empreendedores Y a partir da Teoria Visionária de Filion.
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5. Identificar as barreiras enfrentadas no processo de Gestão do Conhecimento
desenvolvido pelos Empreendedores Y.
1.3 Justificativas
As justificativas apresentadas a seguir, representam as relevâncias teóricas e práticas deste
estudo. As práticas buscam contemplar os stakeholders que poderão ser beneficiados com o
estudo, como empreendedores, administradores e o governo. Já as justificativas teóricas visam
preencher lacunas científicas, especialmente porque não foram encontrados nas bases
pesquisadas registros que unam os três pilares principais desta pesquisa: gestão do
conhecimento, empreendedorismo e geração Y.
1.3.1 Justificativa teórica
Grande parte das novas empresas é criada por jovens empreendedores. Jovens com menos de
35 anos e que pouco se conhece sobre as especificidades desse grupo de empreendedores
(BORGES; FILION; SIMARD, 2008).
Poucos são os autores, no campo do empreendedorismo, que analisaram especificamente os
jovens, até então. Lorrain e Laferté (2006) apresentaram este diagnóstico explicando que,
apesar da participação significativa dos jovens na criação de empresas e dos mecanismos
colocados em prática para incentivá-los a fazer ainda mais, há um problema a ser considerado:
pouco se conhece sobre as especificidades do jovem empreendedor.
Além disso, vale salientar a falta de autores brasileiros configurando o perfil do empreendedor
no espectro brasileiro. “Fica evidente a diversidade de visões acadêmicas que emergem
tentativas de agregar esforços compartilháveis a fim de se compreender o fenômeno da geração
e expansão de negócios privados e ações públicas por um prisma mais nacional” (PAIVA
JÚNIOR; CORDEIRO, 2003, p. 6).
E torna-se necessário o desenvolvimento de pesquisas que sirvam como base e apoio para o
estudo desses constructos. Motta (2001) afirma que existe a necessidade de desenvolvimento
de modelos de gestão tipicamente nacionais, que levem em conta nossas especificidades na
teorização e na análise organizacional, tendo em vista o estrangeirismo, em nossos modelos de
gestão e análises, o que, para o autor, dificulta o processo de encontrarmos soluções para nossos
próprios problemas.
21
Um outro fator que influenciou esta pesquisa foi a ausência de registros de produções científicas
nos portais de periódicos que contemplem Gestão do Conhecimento, Empreendedorismo e
Geração Y em uma mesma pesquisa. As bases pesquisadas foram os portais CAPES e SCIELO.
Quadro 1 - Quantidade de registros dos termos nos portais de periódicos
Termo Pesquisado SCIELO CAPES*
Em 17 mar. 2013 Em 05 nov. 2013 Em 17 mar.
2013
Em 05 nov.
2013
Empreendedorismo 131 147 572 864
Gestão do Conhecimento 460 516 2.871 580
Geração Y 320 362 604 883
Empreendedorismo e
Gestão do Conhecimento
3 3 1 (Soeiro De
Carvalho;
Marques Dos
Santos, 2011)
1 (Soeiro De
Carvalho;
Marques Dos
Santos, 2011)
Empreendedorismo na
Geração Y
1 Autores:
DUQUE,
OROZCO;
YENNI,
VIVIANA;
ORTIZ RIAGA,
CAROLINA.
2 Nenhum Nenhum
Gestão do Conhecimento
na Geração Y
Nenhum 6 Nenhum
Nenhum
Empreendedorismo,
Gestão do Conhecimento
e Geração Y
“Não foram
encontrados
documentos para
sua consulta”
“Não foram
encontrados
documentos para
sua consulta”
Nenhum
Nenhum
Fonte: Elaboração própria. Acessos em: 17 mar. 2013 e 05 nov. 2013.
*Ao pesquisar no Portal de Periódicos da CAPES, os termos procurados devem ser colocados
entre aspas, caso contrário, os resultados não serão os procurados.
Como apresentado no quadro acima, várias pesquisas já foram registradas contemplando
separadamente os termos empreendedorismos, gestão do conhecimento e geração Y. Foram
registradas também pesquisas que contemplaram os constructos do empreendedorismo e da
gestão do conhecimento em um mesmo estudo. No entanto, apenas duas pesquisas foram
registradas unindo o empreendedorismo e a geração Y e nenhuma pesquisa contemplou, até
22
então, os três constructos (empreendedorismo, gestão do conhecimento e geração Y) em um
mesmo estudo.
1.3.2 Justificativa prática
A importância da atuação dos jovens empreendedores para a criação de novas empresas. No
Brasil, em 2006, 54% das empresas que estavam em fase de implementação (empresas
nascentes) e 57% das empresas com menos de 42 meses de vida (novas empresas) tinham à sua
frente um jovem empreendedor com menos de 35 anos (SCHLEMM et al., 2007).
Em 2011, os jovens continuam destacando-se na atuação empreendedora. De acordo com o
Relatório Executivo GEM (2011), o Brasil permanece concentrando a atuação empreendedora
na faixa dos 25 a 34 anos.
Nas últimas décadas, o percentual de jovens na população brasileira, segundo o IBGE, tem sido
registrado em torno de 25% da população. Entre esses jovens brasileiros, Bulgacov (2011)
observa que a maior parte deles é de autoempregadores, empregam poucas pessoas em seus
negócios e com pouca estrutura para enfrentamento de riscos. Baixo índice de escolaridade,
entre outros fatores, encaminham o negócio no sentido de uma probabilidade maior de fracasso
(BULGACOV et al., 2011).
Por outro lado, os jovens que empreendem por oportunidade, ainda representam um grupo
relativamente pequeno. Eles identificam oportunidades e têm melhores habilidades para
sustentá-las. Além disso, “destaca-se que o apoio e a sustentabilidade do jovem empreendedor
dependem do contexto geral e de políticas educacionais” (BULGACOV et al., 2011, p. 696).
É perceptível também o interesse do governo, representante do poder público, em apoiar e
incentivar o empreendedorismo. Já que o mesmo tem representando um fator importante para
a geração de emprego, renda e inclusão social. Especialmente entre os jovens, que acabam
encontrando no empreendedorismo seu primeiro emprego.
O compartilhamento do conhecimento proporcionado por uma boa gestão do conhecimento
pode estimular o empreendedorismo. Para o relatório GUESSS Brasil 2011, há espaço para que
a gestão do conhecimento gerado nas instituições de ensino superior, os contatos entre alunos,
entre professores e alunos, entre os professores em si e entre esses atores e demais facilitadores
da sociedade estimulem mais, e com qualidade, o interesse e a geração de iniciativas
23
empreendedoras entre os estudantes universitários brasileiros (LIMA; LOPES; NASSIF;
SILVA, 2011).
Os empreendedores Y encontrarão neste estudo uma fonte de conhecimentos para dar suporte
a sua atuação no mercado, amenizando os riscos de mortalidade dos empreendimentos
desenvolvidos.
Neste sentido, é apresentada uma pesquisa que contribui para a melhoria e fortalecimento destes
empreendimentos gerados pelos empreendedores Y, em especial os empreendimentos com
respaldo na gestão do conhecimento, por meio de um refletir sobre o entendimento e a própria
prática.
Desta forma, acredita-se que as justificativas supracitadas apresentam argumentos para se
desenvolver o referido estudo.
1.4 Estruturação da dissertação
O capítulo 1 contextualiza o tema de pesquisa, apresentando o problema de pesquisa a ser
investigado, seus objetivos, bem como as justificativas teórica e prática para a realização deste
estudo e a estruturação desta dissertação.
O capítulo 2 apresenta a fundamentação teórica. Nele, as bases teóricas são apresentadas,
contextualizadas e conectadas. Inicialmente é abordado o pilar da Geração Y. Em seguida, o
empreendedorismo e sua conexão com a Geração Y e o último grande pilar é a Gestão do
Conhecimento. Este capítulo está estruturado da seguinte maneira: 2.1 Geração Y; 2.2
Empreendedorismo e o empreendedor; 2.2.1 Teoria Visionária; 2.2.2 Empreendedores Y; 2.3
Gestão do Conhecimento; 2.3.1 Conhecimento; 2.3.2 Modos de conversão e compartilhamento
do conhecimento; 2.3.3 Meios e ferramentas para o compartilhamento do conhecimento; 2.3.4
Barreiras do conhecimento e estímulos para a Gestão do Conhecimento; 2.4 Desenho da
conexão dos constructos teóricos.
O capítulo 3 apresenta os procedimentos metodológicos que nortearam o desenvolvimento
desta pesquisa: o delineamento da pesquisa, raciocínio lógico do estudo, o levantamento, sua
população, coleta de dados, metodologia da análise dos dados e os limites e limitações
encontrados.
24
O capítulo 4 apresenta as análises e as discussões dos dados encontrados.
O capítulo 5 traz as conclusões e sugestões finais.
Dessa forma, observa-se que o primeiro capítulo é representado pela introdução. O capítulo
seguinte apresenta a fundamentação teórica desenvolvida para esta pesquisa. O capítulo 3 trata
da metodologia adotada. O capítulo 4 apresenta as análises e discussões dos achados. E o último
capítulo traz as conclusões e sugestões finais.
25
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Neste capítulo são apresentadas e contextualizadas as bases teóricas escolhidas para esta
pesquisa.
2.1 Geração Y
Cotidianamente, as organizações enfrentam o desafio de conviver de forma harmônica com
diferentes grupos formados por pessoas com características diversas. “Uma dessas diversidades
costuma ser a idade, que gera comportamentos peculiares a cada faixa etária” (VELOSO;
DUTRA; NAKATA, 2008, p. 1).
A geração é contexto em que o tempo de vida e o momento histórico se combinam. “A conexão
geracional [...] não é outra coisa senão uma modalidade específica da mesma posição dada pela
proximidade do ano de nascimento no âmbito histórico-social” (MANNHEIM, 1964, p. 529).
Abrams (1982) corrobora esse conceito ao dizer que gerações é o lugar em que dois tempos
diferentes, o do curso da vida e o da experiência histórica, são sincronizados. O tempo
biográfico e o tempo histórico fundem-se e transformam-se criando, desse modo, uma geração
social.
Somente a aproximação das idades não é suficiente para enquadrar as pessoas em uma mesma
geração. É necessário identificar um conjunto de vivências históricas macrossociais
compartilhadas que refletem alguns princípios de visão de mundo e valores comuns, porém, “as
fronteiras que separam as gerações não são claramente definidas, não podem deixar de ser
ambíguas e atravessadas e, definitivamente não podem ser ignoradas” (BAUMAN, 2007, p.
373).
Assim, percebe-se que não existe acordo na literatura para definição exata dos períodos para as
gerações e os períodos variam de acordo com os autores estudados, conforme apresentado no
quadro a seguir:
26
Quadro 2 - Comparativo dos Períodos das Gerações.
Autores /
Gerações
Baby Boomers Geração X Geração Y
TAPSCOTT
(1999)
1946-1964
1965-1976 1977-1997
LOMBARDÍA;
STEINS; PIN
(2008)
1951-1964 1965-1983 1984-1990
VELOSO;
DUTRA;
NAKATA; (2008)
Até 1964 1965-1977 1978 em diante
LANCASTER;
STILLMAN (2011)
1946 e 1964 1965 e 1981 1982 e 2000
Fonte: Elaboração própria (2013), adaptado de SILVA; OLIVEIRA (2004), baseados em TAPSCOTT
(1999); LOMBARDÍA; STEINS; PIN (2008); VELOSO; DUTRA; NAKATA (2008), LANCASTER;
STILLMAN (2011).
Os autores escolhidos como referência para este estudo foram Veloso; Dutra e Nakata (2008),
segundo os quais, a Geração Y é composta por nascidos a partir de 1978, a Geração X por
nascidos entre 1965 e 1977, os Baby Boomers são os nascidos até 1964. Eles foram escolhidos
porque aproximaram seus períodos dos definidos pela GEM (Global Entrepreneurship Monitor)
para jovens empreendedores.
Atualmente, todas essas gerações estão interagindo na sociedade. Para melhor compreender
cada um de seus atores, torna-se necessário conhecer os contextos históricos que marcaram as
vidas de cada uma dessas gerações, uma vez que os jovens que experienciam os mesmos
problemas históricos concretos estão inseridos na mesma geração (MANNHEIM, 1952).
Os tradicionalistas viveram a depressão econômica, a I e II Guerra Mundial. Com isso, pegaram
os países destruídos e tiveram que reconstruir o mundo. As principais características atribuídas
a esta geração foram: são práticos, dedicados, gostam de hierarquias rígidas e bem definidas,
são fiéis às empresas em que trabalham, tendo sido algo comum iniciar e concluir a carreira em
uma só empresa (LANCASTER; STILLMAN, 2011; OLIVEIRA, 2010; LOIOLA, 2009).
Os Baby Boomers usufruíram da euforia do pós-guerra, não conheceram o mundo destruído,
lutaram para manter a paz e são considerados otimistas. Acompanharam o nascimento do rock´n
roll, puderam pensar em valores pessoais e em proporcionar boa educação para os filhos. Nem
sempre se relacionam bem com seus superiores, o que acaba firmando uma relação de amor e
ódio com os mesmos. Mas são focados e gostam de agir em consenso com os outros
(LANCASTER; STILLMAN, 2011; OLIVEIRA, 2010; LOIOLA, 2009).
27
A Geração X assistiu ao assassinato de grandes líderes políticos, como os irmãos Kennedy e
Martin Luther King, formaram o movimento hippie na luta por mais paz e amor para o mundo
e acompanharam o surgimento da TV e da Coca-Cola (LANCASTER; STILLMAN, 2011;
OLIVEIRA, 2010; LOIOLA, 2009).
Além disso, se permitiram pensar em qualidade de vida, liberdade no trabalho, nas relações e
começaram a tentar equilibrar vida profissional e pessoal, especialmente através dos avanços
tecnológicos alcançados nas comunicações. Porém, também enfrentaram fortes crises, como o
desemprego em 80, assim também tornaram-se céticos e superprotetores (LANCASTER;
STILLMAN, 2011; OLIVEIRA, 2010; LOIOLA, 2009).
A Geração Y, por sua vez, herdou um mundo consideravelmente estável e cresceu em uma
época de valorização da infância, acompanhados pela internet, computadores, videogames e
uma educação mais sofisticada. Desenvolveram uma autoestima aguçada e por isso não se
sujeitam a atividades que não os motiva. Sabem trabalhar em rede, são colaborativos,
inovadores e apresentam fortes tendências empreendedoras.
O quadro 3 resume o contexto vivenciado por cada geração anteriormente citada.
Quadro 3 - Gerações e seus principais marcos históricos
GERAÇÃO PERÍODO MARCOS/PROBLEMAS HISTÓRICOS
Tradicionalistas Antes de 1946 Depressão econômica;
Primeira Guerra Mundial;
Segunda Guerra Mundial;
Baby Boomers Entre 1946 e 1964 Euforia do Pós-Guerra;
Nascimento do rock´n roll;
Geração X Entre 1965 e 1981 Assassinato de importantes líderes políticos (ex.:
irmãos Kennedy e Luther King);
Movimento hippie;
Surgimento da TV e da Coca-Cola.
Geração Y Entre 1982 e 2000 Videogame;
Internet;
Computadores em larga escala, TV por assinatura,
MP3player, iPhones, iPad, tablets etc.
Fonte: Elaboração própria, 2013. Baseada em LANCASTER; STILLMAN, 2011; OLIVEIRA, 2010;
LOIOLA, 2009.
Além dos marcos históricos, percebe-se que a classificação em gerações também se dá pelos
diferentes aspectos característicos de cada uma delas. Tais aspectos refletem o comportamento
28
particular dessas gerações e podem ser classificados em aspectos sociais e políticos, valores e
comportamentos, estilo de vida e tecnologia, comprometimento e autoridade no trabalho e, por
fim, informação e comunicação.
Nos aspectos sociais e políticos, as gerações de baby boomers e a Y apresentam um ponto em
comum. Eles têm em comum o otimismo, enquanto a geração X ficou configurada como cética
e politicamente apática (SILVA; OLIVEIRA, 2011).
Nos aspectos de valores e comportamentais, percebe-se uma mudança gradual. Os baby
boomers são, predominantemente, workaholic, ou seja, são extremamente comprometidos e
dedicados ao trabalho. Já a geração X passou a ser mais informal e buscou encontrar o equilíbrio
entre a vida profissional e pessoal. E a geração Y é particularmente agitada, veloz e informal
(SILVA; OLIVEIRA, 2011).
Quanto ao estilo de vida e as tecnologias, uma grande diferença é notada. A geração Y
apresenta-se altamente conectada e dependente das tecnologias, a geração X se adaptou bem às
novas tecnologias e sente-se à vontade para usá-la. Já os baby boomers tinham como prioridades
a conquista de bens materiais como a casa própria, carro e direito ao entretenimento (SILVA;
OLIVEIRA, 2011).
Nas questões de comprometimento e autoridade no trabalho, encontra-se uma diferença
marcante entre boomers e Y. Os baby boomers são considerados extremamente fieis as suas
empresas, enquanto a geração Y é particularmente infiel, gerando, muitas vezes, um alto índice
de turnover (rotatividade) (SILVA; OLIVEIRA, 2011).
Quanto às informações e a comunicação, a quantidade e a disponibilidade das mesmas
influenciou o comportamento das gerações. Os baby boomers normalmente carecem de
explicações profundas e detalhadas para que possam tomar boas decisões. A geração X
caracterizou-se mais pela necessidade de feedback e a geração Y enfrenta o desafio de lidar
com o excesso de informações que são geradas no seu meio, especialmente na internet (SILVA;
OLIVEIRA, 2011).
Estes aspectos característicos de cada geração foram organizados no quadro abaixo, adaptado
de SILVA e OLIVEIRA (2011), à luz de KUNTZ, 2009, com o intuito de facilitar uma visão
comparativa das peculiaridades de cada geração.
29
Quadro 4 - Comparativo das características das gerações.
ASPECTOS /
GERAÇÕES BABY BOOMERS GERAÇÃO X GERAÇÃO Y
Sociais e políticos
Otimistas em relação à
mudança do mundo
político, viveram uma
fase de engajamento
contra ditaduras e
poderes tiranos.
Céticos e
politicamente apáticos,
refletem as frustrações
da geração anterior e
assumem a posição de
expectadores da cena
política.
Otimistas em relação
ao futuro e
comprometidos em
mudar o mundo na
esfera ecológica. Têm
senso de justiça social
e se engajam em
voluntariados.
Valores e
comportamentais
Workaholics,
valorizam o status e o
crescimento
profissional. São
políticos, formam
alianças para atingirem
seus objetivos.
Gostam da
informalidade no
trabalho e buscam o
equilíbrio entre a vida
profissional e pessoal.
São extremamente
informais, agitados,
ansiosos e impacientes
e imediatistas.
Acompanham a
velocidade da internet.
Estilo de vida e
tecnologia
São responsáveis pelo
estilo de vida que se
tem hoje, de
conquistas materiais,
como casa, carro e
acesso ao
entretenimento.
Sentem-se à vontade
com a tecnologia e já
têm gosto pelo
consumo de
equipamentos
eletrônicos.
Tecnologia e
diversidade são coisas
naturais na vida. Usam
todos os recursos do
celular e precisam
estar conectados.
Comprometimento e
autoridade no
trabalho
Funcionários fiéis às
organizações em que
trabalham, fazem
vínculo com a
empresa.
Não se fidelizam às
organizações,
priorizam os interesses
pessoais e não veem
com bons olhos um
currículo de anos
numa mesma empresa.
A falta de cerimônia
com os pais leva à
indiferença sobre
autoridade. Admiram a
competência real e não
a hierarquia. Geram
alto índice de turnover
(rotatividade) nas
empresas.
Informação e
comunicação
Necessitam de
justificativas
profundas e
estruturadas para
tomar decisões.
Trabalham com
entusiasmo quando
possuem foco definido
e têm necessidade de
feedback.
Vivem com sobrecarga
de informações,
dificultando a
correlação de
conteúdo.
Fonte: Elaboração própria, adaptado de Silva e Oliveira (2011), à luz de Kuntz, 2009 - Você S/A –
ed. 135.
Um outro fator a ser destacado é a origem do termo Geração Y. Quando a antiga União
Soviética exercia forte influência sobre países de regime comunista, chegava a definir a
primeira letra dos nomes que deveriam ser dados aos bebês nascidos em determinados períodos.
Entre 1980 e 1990 a letra principal era a Y. Isso não teve tanta influência no ocidente capitalista,
mas posteriormente muitos estudiosos adotaram essa letra como referência aos jovens nascidos
nesse período. Surgiu assim o termo Geração Y (OLIVEIRA, 2010).
30
A Geração Y era, e para alguns ainda é, considerada uma geração perdida, sem rumo. “Durante
algum tempo, os jovens nascidos nas décadas de 1980 e 1990 foram rotulados como aqueles
que cresceram sem um ideal para lutar, sem um inimigo para fazer a revolução. Hoje o que
vemos é que a forma de revolucionar é outra [...]” (OLIVEIRA, 2010, p. 13).
Ora essa geração é considerada fútil, ora dotada de grandes valores. De acordo com Loiola
(2009), os jovens da geração Y já foram considerados distraídos, superficiais e egoístas
(LOIOLA, 2009). Porém, essa geração “abusada” também apresenta fortes valores morais e
querem mudar o mundo para melhor (OLIVEIRA, 2010; LOIOLA, 2009; PORTES, 2008;
LANCASTER, STILLMAN, 2011).
É uma geração de filhos desejados e protegidos. De acordo com Lombardía, Steins e Pin (2008,
p. 6), a geração Y é composta de “filhos desejados e protegidos por uma sociedade preocupada
com sua segurança. As crianças Y são alegres, seguras de si e cheias de energia. É a geração
dos Power Rangers e da internet, da variedade, das tecnologias que mudam contínua e
vertiginosamente”.
Também são considerados questionadores por natureza. E esses questionamentos juntamente
com sua inquietação tem provocado uma revolução silenciosa, segundo Loiola (2009). No
entanto, em 2013, percebemos que esta revolução não tem sido apenas silenciosa. Os jovens
foram para as ruas reivindicar direitos, combater a corrupção, questionar os políticos que estão
em cargos de poder e lutar por aquilo que acreditam ser justo.
O novo modelo e os novos paradigmas vividos pela Geração Y, inicialmente, assustaram as
gerações anteriores. Porém, com a aposentadoria de milhões de Baby Boomers, abrigo de
décadas experiência e sabedoria, surgiu a necessidade do compartilhamento de todo esse
conhecimento de mercado (LANCASTER; STILLMAN, 2011).
É preciso formalizar, reunir e documentar o conhecimento adquirido ao longo de toda essa
geração. Para isso, a Geração Y apresenta-se como a grande colaboradora para o processo, pois,
devido a sua intimidade com a tecnologia, usará a mesma para reinventar os meios de como a
informação é armazenada, acessada e distribuída, assumindo um papel ativo na colaboração
com as outras gerações para divulgar o conhecimento (LANCASTER; STILLMAN, 2011).
A Geração Y destaca-se entre as outras gerações quando o assunto é trabalho em equipe e
colaboração. Para Lancaster e Stillman (2011), a Geração Y será a grande colaboradora. Essa
geração foi criada à base de cooperação, em casa e nos trabalhos coletivos escolares, e que fazia
31
quase tudo em equipe. Eles sentem os pais e colegas como parceiros, não como rivais,
opositores. Criaram uma desenvoltura com as mídias sociais que lhes permite colaborar com o
mundo todo. A Geração Y está levando para o trabalho essas capacidades e características,
renovando as fronteiras de como as gerações trabalham juntas e como são administradas.
Além da colaboração, uma outra característica apontada por vários autores é o potencial criativo
e inovador da Geração Y. Segundo Portes (2008), a Geração Y compreende líderes
peculiarmente inovadores e quase irrequietos. Embora em sua grande maioria seja
extremamente talentosa, sincera e criativa, demonstra possuir este lado impaciente que ora os
impulsionam e projetam, ora atrapalham.
Com frequência os Y são considerados impacientes. Isso pelo fato de que, não raro, estes jovens
estão sujeitos a decisões precipitadas com vistas a objetivos maiores, o que os leva algumas
vezes a darem “passos maiores que as pernas” (PORTES, 2008).
A geração Y é empreendedora. Em pesquisas realizadas pela revista Exame.com (2012), os
jovens atuais, ou seja, a geração Y apresenta forte interesse pelo empreendedorismo. 56%
desses jovens querem empreender sendo donos do seu próprio negócio. Isso reflete o interesse
dessa geração por trabalhar em algo em que eles se identifiquem.
Há um conjunto de características atribuídas à Geração Y por diversos autores. Com esse
conjunto de características torna-se possível identificar o perfil da Geração Y. No quadro a
seguir encontra-se a relação das característica identificadas pelos autores anteriormente citados.
Quadro 5 - Características da Geração Y por diversos autores. Características Autores
É bem informada e tem fácil e rápido acesso às informações; Garcia, Stein e Ramón, (2008); Oliveira, (2010);
Lancaster e Stillman, (2011); Portes, (2008);
Martin, (2005); Dwyer, (2009).
Está inserida em um contexto de jogos baseada em superar
novos desafios, foco em resultados e superar recordes;
Oliveira, (2010); Lancaster e Stillman, (2011);
Portes, (2008); Martin, (2005); Dwyer, (2009);
Hurst e Good (2009).
Quer fazer a diferença no mundo; Garcia, Stein e Ramón, (2008); Broadbridge,
Maxwell e Ogden (2007); Oliveira, (2010);
Lancaster e Stillman, (2011); Portes, (2008);
Martin, (2005); Hurst e Good (2009).
É tecnológica, digital; Garcia, Stein e Ramón, (2008); Oliveira, (2010);
Lancaster e Stillman, (2011); Portes, (2008);
Martin, (2005); Dwyer, (2009).
É impaciente; Garcia, Stein e Ramón, (2008); Broadbridge,
Maxwell e Ogden (2007); Oliveira, (2010);
Lancaster e Stillman, (2011); Portes, (2008);
Martin, (2005); Dwyer, (2009); Hurst e Good
(2009).
32
Pensa na sustentabilidade; Portes, (2008); Martin, (2005); Dwyer, (2009);
Hurst e Good (2009).
A visão do líder é colaborativa; Oliveira, (2010); Lancaster e Stillman, (2011);
Portes, (2008); Martin, (2005); Dwyer, (2009);
Hurst e Good (2009).
Pessoa com iniciativa e grande capacidade de resolver
problemas;
Broadbridge, Maxwell e Ogden (2007); Oliveira,
(2010); Lancaster e Stillman, (2011); Portes,
(2008); Martin, (2005); Hurst e Good (2009).
Desenvolve-se bem em espaços criativos; Garcia, Stein e Ramón, (2008); Broadbridge,
Maxwell e Ogden (2007); Oliveira, (2010);
Lancaster e Stillman, (2011); Portes, (2008);
Martin, (2005); Dwyer, (2009).
Comprometida à medida em que o negócio está alinhado aos
seus valores;
Garcia, Stein e Ramón, (2008); Broadbridge,
Maxwell e Ogden (2007); Oliveira, (2010);
Portes, (2008); Martin, (2005); Dwyer, (2009);
Hurst e Good (2009).
Alegria, autoconfiança e energia (empoderamento); Garcia, Stein e Ramón, (2008); Broadbridge,
Maxwell e Ogden (2007); Oliveira, (2010);
Lancaster e Stillman, (2011); Portes, (2008);
Martin, (2005); Dwyer, (2009); Hurst e Good
(2009).
Quer ter a sensação de estar contribuindo; Garcia, Stein e Ramón, (2008); Broadbridge,
Maxwell e Ogden (2007); Oliveira, (2010);
Lancaster e Stillman, (2011); Portes, (2008);
Martin, (2005); Dwyer, (2009); Hurst e Good
(2009).
É inovadora; Garcia, Stein e Ramón, (2008); Broadbridge,
Maxwell e Ogden (2007); Oliveira, (2010);
Lancaster e Stillman, (2011); Portes, (2008);
Martin, (2005); Dwyer, (2009); Hurst e Good
(2009).
Quer ser ouvida, participar e interagir com os processos; Garcia, Stein e Ramón, (2008); Broadbridge,
Maxwell e Ogden (2007); Oliveira, (2010);
Lancaster e Stillman, (2011); Portes, (2008);
Martin, (2005); Dwyer, (2009); Hurst e Good
(2009).
Precisa de feedback, quer saber se está se saindo bem; Garcia, Stein e Ramón, (2008); Broadbridge,
Maxwell e Ogden (2007); Oliveira, (2010);
Lancaster e Stillman, (2011); Portes, (2008);
Martin, (2005); Dwyer, (2009); Hurst e Good
(2009).
Quer se expressar por meio do trabalho; Broadbridge, Maxwell e Ogden (2007); Oliveira,
(2010); Lancaster e Stillman, (2011); Portes,
(2008); Martin, (2005); Hurst e Good (2009).
Quer colaborar, trabalhar em equipe, estimular a
cooperação.
Garcia, Stein e Ramón, (2008); Oliveira, (2010);
Lancaster e Stillman, (2011); Portes, (2008);
Martin, (2005); Dwyer, (2009); Hurst e Good
(2009).
Fonte: Elaboração própria (2013), baseada em Garcia, Stein e Ramón, (2008); Broadbridge, Maxwell e
Ogden (2007); Oliveira, (2010); Lancaster e Stillman, (2011); Portes, (2008); Martin, (2005); Dwyer,
(2009); Hurst e Good (2009).
2.2 Empreendedorismo e o empreendedor
O entendimento sobre o empreendedorismo e o ser empreendedor é diverso. De acordo com
Ogbor (2000), a natureza problemática do conceito de empreendedorismo é refletida nos
33
esforços dos pesquisadores que tentam explicar quem é o empreendedor e o que constitui o
empreendedorismo.
Por não haver consenso é comum encontrar definições diferentes sobre o termo. Em geral,
alguns autores defendem a ideia de que não existe consenso em relação ao tema do
empreendedorismo (BOAVA; MACEDO, 2009; COLBARI, 2007).
A origem da palavra empreender deriva do latim, imprendhere, que significa propor-se, tentar,
pôr em execução (AURÉLIO, 2008). Do latim derivou a palavra francesa entrepreneur, usada
no século XII para designar aquele que incentivava brigas (PINTO, 2011). Já a tradução inglesa,
entrepreneurship, é derivada de entreprender palavra francesa utilizada no século XVII para
“denominar um indivíduo que assumia o risco de criar um novo negócio” (LEITE, 2012, p.25).
Com o tempo, o termo empreendedorismo evoluiu. Os primeiros registros foram encontrados
na Idade Média e sofreram alterações ao longo da história, refletindo o sentimento de diferentes
contextos.
A partir de um resgate histórico, identifica-se que a primeira definição de empreendedorismo,
no mundo ocidental, é referida a Marco Polo. Este, segundo Dornelas (2001), era o
empreendedor que assume os riscos de forma ativa, físicos e emocionais, sendo diferente do
capitalista que assume os riscos de forma passiva.
Na Idade Média, o empreendedor era visto como a pessoa encarregada de gerenciar projetos de
produção em larga escala, muitas vezes com incentivos financeiros do governo.
No século XVII, aparece a relação entre assumir riscos e o empreendedorismo. Assim como a
criação do termo empreendedorismo que diferencia o fornecedor do capital, o capitalista ou
investidor financeiro, daquele que assume riscos, empreendedor. Porém, apenas no século
XVIII, que capitalista e empreendedor foram enfaticamente diferenciados.
Há registros de que o primeiro a defender os empreendedores, partindo de uma visão
economista, foi Cantillon. Para ele, o empreendedor ("entrepreneur") era aquele que adquiria a
matéria-prima por um determinado preço, a revendia por um preço incerto e se obtivesse lucro,
além do esperado, era porque teria inovado. Assim, entende-se que o empreendedor teria
liberdade plena para usufruir ao máximo dos frutos do seu trabalho (FILION, 1999).
Posteriormente, o economista francês J. B. Say, considerado um dos pais do
empreendedorismo, define o empreendedor como aquele que transfere recursos econômicos de
34
um setor de produtividade mais baixa para um setor de produtividade mais elevada e de maior
rendimento (BRITTO; WEVER, 2003).
Chegando ao século XX, tem-se a definição do economista moderno, Joseph Schumpeter. Para
ele, o empreendedor é considerado “aquele que destrói a ordem econômica existente pela
introdução de novos produtos e serviços, pela criação de novas formas de organização ou pela
exploração de novos recursos e materiais” (SCHUMPETER, 1949, apud DORNELAS, 2008,
p. 37).
Desta forma, o empreendedor torna-se o agente destruição criativa, apresentada como o
movimento contínuo de criação e destruição de produtos que aquece e transforma a economia
dos países. Neste contexto, ele diz que, “é o produtor que, via de regra, inicia a mudança
econômica, e os consumidores são educados por ele, se necessário; são, por assim dizer,
ensinados a querer coisas novas, ou coisas que diferem em um aspecto ou outro daqueles que
tinham o hábito de usar” (SCHUMPETER, 1982, p. 48).
A criação de novos produtos foi associada a cinco formas de combinações produtivas, são elas:
1) a introdução de um novo produto ou melhoria da qualidade de um já existente; 2) introdução
de novos métodos de produção; 3) abertura de um novo mercado; 4) a conquista de uma nova
fonte de oferta de matéria-prima ou de bens semimanufaturados e 5) o estabelecimento de uma
nova organização de qualquer indústria (SCHUMPETER, 1982).
Passando para um visão comportamentalista, Weber (2002) com seu livro “A ética protestante
e o espírito do capitalismo”, de 1904, inspirado nos conceitos de Benjamim Franklin,
apresentou o perfil de empreendedor relacionado a um “espírito do capitalismo” e a uma
maneira diferenciada de ser, agir e pensar que o distinguia dos demais empresários.
A visão comportamentalista ou behaviorista concentra-se nas tentativas de definição dos perfis
das personalidades do empreendedor e em compreender seu comportamento (BORGES;
CASADO, 2009; KETS DE VRIES, 1977). Para Filion (1999), entre os anos 1970 e 1980, os
behavioristas dominaram o empreendedorismo, em grande parte, em função dos trabalhos de
David McClelland (1961, 1972) e dos avanços nas ciências do comportamento.
David McClelland, psicólogo da Universidade de Harvard, estruturou seu conceito com base
no comportamento empreendedor e conseguiu detectar dez características tipicamente
empreendedoras. Foram elas: Busca de oportunidade e iniciativa; Persistência; Correr riscos
calculados; Exigência de qualidade e eficiência; Comprometimento; Busca de informações;
35
Estabelecimento de metas; Planejamento e monitoramento sistemáticos; Persuasão e rede de
contatos; Independência e autoconfiança (EMPRETEC, 2013).
Este mesmo autor, McClelland, foi quem deu origem ao método de formação e estímulo à
formação empreendedora adotado pela ONU e inicialmente implantado nos EUA. Este método
chegou ao Brasil pelo SEBRAE e recebeu o nome de Empretec (EMPRETEC, 2013).
Uma outra abordagem foi desenvolvida por Timmons. Seus estudos focaram os modelos de
gestão empreendedora desenvolvida pelos empreendedores bem sucedidos. Segundo Timmons
(1989, p.1), empreender é a habilidade de criar e construir algo a partir do nada, “é aptidão para
pressentir uma oportunidade onde os outros veem caos, contradição e confusão”.
E ele identificou três traços predominantes nos empreendedores de sucesso, que foram:
responde positivamente aos desafios, tem iniciativa pessoal e tem grande perseverança e
determinação (TIMMONS, 1989).
Já para Filion, o empreendedor é visto como aquele que cria e realiza visões. Trata-se de um
ser imaginativo, visionário, intuitivo e que é diferente do empresário, uma vez que considera
empresário aquele que cumpre o que se manda, são gerentes (FILION, 1991; 2000).
Um conceito que buscou unir o empreendedorismo à gestão do conhecimento foi o de Peter
Drucker. Para ele, o empreendedor pode ser representado por um “espírito empreendedor” que
está diretamente relacionado à inovação (DRUCKER, 2011). Em seu livro “Inovação e Espírito
Empreendedor”, Drucker (2011) destaca ainda a importância e a influência dos jovens nesta
ação.
Um outro perfil empreendedor foi apresentado por Pinchot. Este novo conceito referia-se ao
intraempreendedor, ou seja o empreendedor que empreende dentro da organização na qual
trabalha, sem necessariamente precisar criar a sua empresa para ser empreendedor. Ele
empreende e transforma o contexto no qual já está inserido Pinchot (1983).
Uma das definições mais recentes sobre os empreendedores, que consegue contextualizar um
pouco de cada uma das referências anteriores, é a de Dornelas. O qual afirma que os
empreendedores estão “eliminando barreiras comerciais, e culturais, encurtando distâncias,
globalizando e renovando os conceitos econômicos, criando novas relações de trabalho e novos
empregos, quebrando paradigmas e gerando riqueza para a sociedade” (DORNELAS, 2008, p.
6).
Estas mudanças foram sintetizadas no quadro 6.
36
Quadro 6 - Evolução do termo empreendedorismo ao longo da história.
Idade Média: é o ator e pessoa encarregada de projetos de produção em grande escala.
Século XVII: pessoa que aceita correr riscos de ter prejuízo em um contrato de preço fixo com
o governo.
1725 - Richard Cantillon: aquele que corre risco pessoal moderado. É diferente de um capital
de fornecimento. É um empresário.
1803 - Jean Baptiste Say: distinguiu os lucros do empreendedor dos lucros de capital.
1876 - Francis Walker: diferenciou os que forneciam fundos e recebiam juros, daqueles que
lucravam com capacidades de gestão.
1904/1920 - Weber: O comportamento empreendedor.
1934 - Joseph Schumpeter: empreendedor é um inovador e desenvolve tecnologia inexistente.
Agente da “destruição criativa”.
1961 - David McClelland: empreendedor é um energético, tomador de risco moderado.
1964 - Peter Drucker: empreendedor maximiza oportunidades. Drucker também identificou a
sete fontes de inovação, entre elas destacou o poder da aquisição de novos conhecimentos e o
envolvimento da juventude nas ações empreendedoras.
1975 - Albert Shapero: empreendedor toma a iniciativa, organiza alguns mecanismos
econômico e social, e aceita riscos de fracasso.
1980 - Karl Vesper: empreendedor é visto de forma diferente por economistas, psicólogos,
empresários e políticos.
1983 - Gifford Pinchot: intraempreendedor é um empreendedor dentro de uma organização já
estabelecida.
1985 - Robert Hisrich: o empreendedorismo é o processo de criar algo diferente com valor,
dedicando o tempo e o esforço necessário, assumindo que acompanha riscos financeiros,
psicológicos e sociais, e recebendo as recompensas monetária e satisfação pessoal.
1989 - Timmons: gestão empreendedora e as habilidades que garantem o sucesso.
Fonte: Elaboração própria, adaptada de HISRICH, Robert D. 1986. p. 96.
Conforme apresentado, o empreendedorismo tem sido analisado por pesquisadores de
diferentes áreas do conhecimento e isto tem refletido diretamente nas visões criadas sobre o
conceito do empreendedorismo.
As principais visões desenvolvidas foram refletidas nas seguintes correntes: visão dos
economistas, visão dos behavioristas e a escola dos traços de personalidade.
A visão dos economistas é representada por Say e Schumpeter, entre outros. Para este, os
empreendedores influenciam e interferem diretamente na economia, são agentes econômicos e
catalisadores do cenário econômico (SCHUMPETER, 1983).
37
Na visão dos behavioristas (comportamentalistas), Weber (2002) passou a associar os
empreendedores como seres de comportamento diferenciado, pessoas com um ethos
empreendedor, uma forma particular de realizar projetos com uma ética própria. E McClelland
(1971), também colaborador desta visão, focou seus estudos na análise do comportamento
diferenciado dos gerentes de grandes empresas.
Já a visão da escola dos traços de personalidade busca associar o empreendedorismo a
determinados traços de personalidade, considerando os empreendedores como pessoas dotadas
de uma personalidade especial (TIMMONS, 1994). Além de Timmons (1978), outro autor de
destaque desta escola é Peter Drucker (2011). Para este, o empreendedor é um ser inovador e,
entre suas sete fontes de inovação, o conhecimento novo é a principal delas (DRUCKER, 2011).
Este movimento empreendedor ou este fenômeno do empreendedorismo tem gerado impactos
na economia. Tais impactos podem ser percebidos na geração de novos empregos e no aumento
da geração de renda. De acordo com Dolabela (2008, p.23), acredita-se hoje que o
empreendedor seja o motor da economia, um agente de mudanças.
O empreendedorismo é um fenômeno que interfere diretamente na economia e o empreendedor
é o principal agente de transformação econômica. Para o economista Schumpeter (1934), o
empreendedor está diretamente associado ao desenvolvimento econômico, à inovação e ao
aproveitamento de oportunidades, pois a “destruição criativa” gerada pelos
inovadores/empreendedores é a força impulsora da economia.
Para que haja essa manifestação da destruição criativa de forma positiva, torna-se necessário o
suporte do conhecimento. “O conhecimento é o elemento básico da mudança e da inovação. É
através dele que criamos e que somos ou não capazes de agregar pessoas ao redor de ideologias”
(BAUTZER, 2009, p.34).
Para ilustrar a influência do conhecimento na inovação, Mattos e Guimarães (2005, p. 8)
desenvolveram a seguinte ilustração:
.
38
Fonte: Bautzer, 2009.
A depender das características dessas informações recebidas ou encontradas, os
empreendedores preferem, quase sempre, obtê-las através de interação pessoal com pessoas que
conhecem ou de quem têm referências, em vez de obtê-las pelos canais institucionalizados ou
à distância. Esses encontros constituem um suporte necessário para o desenvolvimento do
conhecimento e são o instrumento-chave para apoiar o aprendizado, criando sinergia na
organização (JULIEN, 2010).
Transformar conhecimento, nascido de uma ideia, de uma oportunidade, em riqueza, através da
realização da visão concebida a partir do sonho, é uma tarefa que requer do empreendedor
diversas características (PINTO, 2011). Entre elas encontram-se algumas características que
foram apresentadas anteriormente nos discursos dos autores e sintetizadas no quadro a seguir.
Conjunto de
conhecimentos
consolidados
Forças socioambientais
Fluxo de
informações
Receptividade
a mudanças
Fluxo de
informações
Inovação
Figura 1 - Fatores que impulsionam o surgimento de inovações.
39
Quadro 7 - Características do empreendedor segundo seus respectivos pesquisadores.
Características do empreendedor Autores e pesquisadores
Apresenta tenacidade, perseverança e
comprometimento.
Filion (2000); Dolabela (2008); Timmons
(1989); Dornelas (2005).
Possui capacidade de tolerar ambiguidade e
incerteza
Filion (2000); Dolabela (2008); Timmons
(1989)
Faz bom uso de recursos Filion (2000)
Assume riscos moderados Filion (2000); Mcclelland (1961); Leite
(2012); Dolabela (2008); Beaudeau (1797);
Cantillon (1725); Timmons (1989); Dornelas
(2005).
É imaginativo ou visionário. Filion (2000); Dolabela (2008); Dornelas
(2005).
Volta-se para resultados Filion (2000); Dolabela (2008); Timmons
(1989)
Recebimento de feedback, procurando
aprender com ele
Mcclelland (1961); Dolabela (2008)
Luta contra a autoimposição de padrões Mcclelland (1961)
Alta necessidade de realização Leite (2012); Dolabela (2008); Dornelas
(2005).
Sabe resolver problemas Leite (2012)
Necessidade de status Leite (2012)
Possui elevados níveis de energia Leite (2012); Dolabela (2008); Dornelas
(2005).
Possui autoconfiança Leite (2012); Julien (2010); Dolabela (2008);
Dornelas (2005).
Desapego emocional Leite (2012)
Necessidade de satisfação pessoal. Leite (2012); Dornelas (2005).
Liderança Julien (2010); Filion (2000); Dolabela (2008);
Dornelas (2005).
Tem iniciativa Julien (2010); Filion (2000); Dolabela (2008)
Tem certa humildade diante da sorte Julien (2010); Timmons (1989)
Trabalha em rede Julien (2010); Dolabela (2008);
Boa intuição Julien (2010); Dolabela (2008)
Aprende a aprender para ganhar experiência Julien (2010); Dolabela (2008)
Tem um modelo, alguém que influencia Dolabela (2008)
Conhece bem o ramo em que atua Dolabela (2008)
É inovador Schumpeter (1934); Dornelas (2005); Drucker
(1909, 1964, 2011).
Maximiza oportunidades Drucker (1909, 1964, 2011); Dornelas (2005).
É inquieto Schumpeter (1934)
Bem humorado Timmons (1989)
Fonte: Elaboração própria, 2013.
Entre estas características, nota-se a relação que muitas delas tem com o perfil da geração Y,
por exemplo: inovação, criatividade, impaciência, alegria, autoconfiança e energia
(empoderamento), quer fazer a diferença no mundo, gosta de desafios, quer se expressar por
meio do trabalho.
40
Com essas informações, percebe-se que o paradigma original mudou. De acordo com Ogbor
(2000), o paradigma original do empreendedor rotulava o mesmo como um modelo masculino
de mito heroico, dominante, racional, europeu/norte-americano. Porém, como apresentado no
quadro acima, esse paradigma mudou e passou a contemplar mulheres, jovens, empreendedor
individual, intraempreendedor, empreendedores coletivo e social.
Cada empreendedor apresenta diferentes motivos para empreender. Para Zen e Fracasso (2008),
os diferentes empreendedores têm motivações, barreiras e desafios que divergem em
características, mas convergem na busca pela construção de novos empreendimentos. Estes, por
sua vez, são uma extrapolação de seus mundos subjetivos (FILION, 2000).
O que os empreendedores fazem está intimamente ligado à maneira como
interpretam o que está ocorrendo em um setor em particular do meio. Seu
conhecimento de um mercado específico ou do desenvolvimento de um novo
produto ou de um novo processo fabril irá levá-los a ter uma visão de alguma
coisa diferente e a comercializá-la. Definem maneiras de fazer as coisas que
refletem o que eles próprios são, e o sucesso deles depende do quanto aquilo
que foi definido é adequado e diferente e o quanto isso satisfaz as necessidades
variáveis das pessoas. Os empreendedores não apenas definem situações, mas
também imaginam visões sobre o que desejam alcançar. Sua tarefa principal
parece ser a de imaginar e definir o que querem fazer e, quase sempre, como
irão fazê-lo. (FILION, 2000, p. 3).
Entre esses contextos, o teórico escolhido para o desenvolvimento científico deste estudo, no
que tange respeito às teorias do empreendedorismo, foi Louis Jacques Filion com a Teoria
Visionária do Empreendedorismo. A qual foi detalhada na seção seguinte.
2.2.1 Teoria Visionária
O empreendedor é um ser visionário. Segundo Filion (1991), empreendedor é aquele que
imagina, desenvolve e realiza visões. Sendo as visões “uma projeção de uma imagem desejada
e buscada para o futuro” (FILION, 2001, p.23).
A criação e desenvolvimento da visão estão associados a um metamodelo que recebe suporte
em cinco pilares. Os pilares são: as relações, a liderança, a energia, o conhecimento do setor e
o conceito de si, esta última deriva de weltanschauung, palavra original em alemão (FILION,
2000).
O conceito ou conhecimento de si, ou weltanschauung, é a maneira como o indivíduo percebe
o mundo, seus valores, atitudes, intenções e humor. Ela é “a base sobre a qual se desenvolve o
processo de estabelecimento da visão do empreendedor” (FILION, 1991, p. 65).
41
A energia refere-se ao tempo dedicado para as atividades empreendedoras e a intensidade com
que são executadas. Essa energia, quando aplicada na criação e manutenção da rede de
relacionamentos, gera um fluxo constante de informações que possibilitam reajustes contínuos
na melhoria dos empreendimentos (FILION, 1991).
A liderança resulta do conhecimento de si, da energia e das relações, mas também influencia
mutuamente estas três. Para Filion (1991), é pouco provável que um líder vá além de suas visões
e esta visão é o que provoca o desejo de realização.
As relações são consideradas o fator mais influente de todo o processo de criação da visão. Tais
relações encontram na família um sistema básico que moldará a visão inicial do empreendedor,
em seguida as relações externas a esta formarão as visões secundarias, as quais terão, juntas,
importância fundamental no desenvolvimento da visão central do empreendedor (FILION,
1991).
A compreensão do setor refere-se a saber como as empresas se estruturam e funcionam na
atividade escolhida. É o conhecimento sobre práticas do mercado, necessidades dos clientes,
concorrência, fatores críticos de sucesso e vantagens e desvantagens competitivas (FILION,
2000).
Como contextualizado acima, percebe-se que estes cinco pilares se influenciam
reciprocamente, ou seja, conceito de si, conhecimento do setor, energia, liderança e as relações
estão em constante interação, conforme apresentado na figura 2.
42
Fonte: adaptado de Filion, 1991, p. 119.
Para que este modelo possa funcionar, existem algumas condições que são necessárias. Essas
condições, de acordo com Filion (1991, p.66) são: canalizar as energias numa direção particular;
concentrar-se num determinado campo de atividade e num determinado lugar; adquirir
experiência e conhecimento no assunto; desenvolver, metodicamente, o pensamento vertical e
o pensamento horizontal no campo de atividade em questão; capacidade de pensar e fazer
escolhas; aptidão e desejo de se comunicar; inabalável determinação de realizar e concluir
alguma coisa e perseverança para trabalhar por resultado a longo prazo.
Além destas condições, alguns passos devem ser dados para iniciar o processo de
desenvolvimento da visão. Para Filion (1991, p.67) cinco passos são precisos, são eles: 1)
Avaliação de suas próprias áreas de interesse; 2) Avaliação de seus próprios pontos fortes e
fracos; 3) Estimulação da imaginação pela feitura de estudo de casos biográficos; 4)
Focalização de uma área de interesse que apresente efeitos sinérgicos com algum dos seus
pontos fortes e 5) Desejo de iniciar o processo de desenvolvimento de uma visão.
Um outro elemento identificado, posteriormente, foi a oportunidade. De acordo com Filion
(2013), a criação de uma oportunidade dar-se pela necessidade de um nicho relacionado à
VISÃO
RELAÇÕES
CONCEITO
DE SI
COMPREENSÃO
DO SETOR
ENERGIA
LIDERANÇA
Figura 2 - Interação entre elementos da visão para criação da visão.
43
localização e ao contexto do mercado alvo, um modelo conceitual relacionado às características
do produto ou serviço e pela sua diferenciação.
Para garantir um bom desempenho na criação das oportunidades, o processo deve estar
associado a três elementos. Essas oportunidades precisam adotar a coerência própria do
empreendedor, um sonho realístico e a diferenciação refletida na inovação (FILION, 2013).
A Teoria Visionária, traz três categorias de visões. Segundo Filion (1993), as visões são
emergentes, central e complementares. Elas reagem entre si de forma intensa e constante.
Visões emergentes representam as ideias ou conceitos de produtos e serviços imaginados pelo
empreendedor. Juntas, elas formam um grupo de possibilidades de negócios, do qual o
empreendedor escolherá uma entre tantas e a mesma progredirá para a visão central. Novas
visões emergentes poderão surgir sendo as mesmas ligadas à visão central (FILION, 1993).
Visão central é o resultado de uma ou mais visões emergentes, ou seja, de uma ou mais ideias
empreendedoras. Esta se divide em visão externa, que é a projeção no futuro do lugar o qual o
empreendedor pretende ocupar no mercado. E a visão interna, que define o tipo de organização
que o empreendedor precisa montar para ocupar no mercado o lugar que deseja (visão externa).
Percebe-se portanto que uma complementa a outra, devendo as mesmas ser claras, coerentes e
confiáveis, sob a pena de insucesso da visão central (FILION, 1993).
Visões complementares são visões de apoio à visão central. As visões complementares
encerram habilidade de comunicação, conhecimento no campo de atuação e liderança (FILION,
1993).
E para evoluir de uma categoria para outra o empreendedor precisa unir alguns fatores. O
empreendedor precisa de um alto nível de articulação pessoal, coerência e tenacidade, todos
eles importantes fatores para o sucesso ou o fracasso de sua estratégia (FILION, 1993).
44
Figura 3 - As três categorias de visão.
Fonte: Filion, 1945, p. 111.
Essas visões também podem ser dividas em 4 passos, que representam cada fase do processo
de desenvolvimento da visão. Essas fases são: embrião, desenvolvimento, forma e alvo
(FILION, 1999).
A primeira fase, o embrião, parte da visão emergente. E, segundo Filion (1999), seu conteúdo
é elaboração do produto ou serviço.
Durante o desenvolvimento, a segunda fase, a visão emergente é mais detalhada. Isso acontece
à medida que são elaborados estudos de mercado, produto e viabilidade (FILION, 1999).
Já a terceira fase, a forma, é projetada na visão central. Nela são desenvolvidas as ideias da
empresa, o que ela é, de que estrutura precisa e onde se quer chegar (FILION, 1999).
E, concluindo o desenvolvimento da visão, chega-se a quarta fase, o alvo. O alvo contextualiza
a categoria de visão secundária ou complementares, e nele são definidos os objetivos
específicos a conquistados (FILION, 1999).
Esse desenvolvimento foi sintetizado no quadro a seguir.
Visões
emergentes
Visões
emergentes
VISÃO CENTRAL
EXTERIOR
INTERIOR
Visões
complementares
Visões
complementares
45
Quadro 8 - Fases da visão
O empreendedor, portanto, é um ser visionário e esta é a principal diferença entre ele e o perfil
do gerente. De acordo com Filion (2013), muitas vezes esses perfil são confundidos, porém as
diferenças são marcantes.
Por este motivo e com o objetivo de esclarecer as diferenças existentes entre esses dois
personagem, Filion (2000) elaborou um quadro comparativo, o qual será apresentado a seguir:
Quadro 9 - Diferenças nos sistemas de atividades de gerentes e empreendedores.
GERENTES EMPREENDEDORES
Trabalham com a eficiência e o uso efetivo dos
recursos para atingir metas e objetivos
Estabelecem uma visão e objetivos e identificam
os recursos para torná-los realidade
A chave é adaptar-se às mudanças A chave é iniciar as mudanças
O padrão de trabalho implica análise racional O padrão de trabalho implica imaginação e
criatividade
Operam dentro da estrutura de trabalho existente Definem tarefas e funções que criem uma
estrutura de trabalho
Trabalho centrado em processos que levam em
consideração o meio em que ele se desenvolve
Trabalho centrado na criação de processos
resultantes de uma visão diferenciada do meio
Fonte: Filion, 2000, p. 3.
Estas características diferenciadas também são percebidas na formação de gerentes e na
empreendedora, conforme apresentado por Filion (2000), no quadro 10.
Fonte: Filion (1999).
46
Quadro 10 - Diferenças básicas entre as formações gerencial e empreendedora.
FORMAÇÃO GERENCIAL FORMAÇÃO EMPREENDEDORA
Baseada em cultura de afiliação Baseada em cultura de liderança
Centrada em trabalho de grupo e comunicação de
grupo
Centrada na progressão individual
Trabalha no desenvolvimento de ambos os lados do
cérebro, com ênfase no lado esquerdo
Trabalha no desenvolvimento de ambos os
lados do cérebro, com ênfase no lado direito
Desenvolve padrões que buscam regras gerais e
abstratas
Desenvolve padrões que buscam aplicações
específicas e concretas
Baseada no desenvolvimento do autoconhecimento
com ênfase na adaptabilidade
Baseada no desenvolvimento do
autoconhecimento (conceito de si) com ênfase
na perseverança
Voltada para a aquisição de know-how em
gerenciamento de recursos e na própria área de
especialização
Voltada para a aquisição de know-how
direcionado para a definição de contextos que
levem à ocupação de um lugar no mercado
Fonte: Filion, 2000, p. 4.
Em suma, “os gerentes perseguem os objetivos fazendo uso efetivo e eficiente dos recursos.
Eles normalmente trabalham dentro de estruturas previamente definidas por outra pessoa”
(FILION, 2000, p. 3). Já os empreendedores representam por meio de seus empreendimentos
uma extrapolação do seu próprio ser e suas atitudes estão intimamente relacionadas à maneira
como eles enxergam o mundo. (FILION, 2000).
O empreendedor é também considerado alguém que, usualmente, trabalha sozinho e proativo.
Tal proatividade induz os empreendedores a identificar coisas novas que precisam aprender,
“tendo em vista as coisas novas que desejam realizar” (FILION, 1991, p. 64). Sendo assim, ele
acredita que adquirir novos conhecimento constantemente é fundamental, especialmente os
conhecimentos relacionados com o que deseja fazer (FILION, 1991).
No Brasil, o autor brasileiro que contextualiza o empreendedorismo seguindo esta visão de
Filion é Dolabela. Para Dolabela (2008, p.23), a visão parte de um sonho e “o empreendedor é
alguém que sonha e busca transformar seu sonho em realidade”.
Um outro autor é o pernambucano Emanuel Leite. De acordo com Leite (2012, p. 26), “ser um
representante do espírito empreendedor significa gerar negócios bem-sucedidos ao transformar
visões em realidades lucrativas”.
Essas três abordagens de Filion (1999), Dolabela (2008) e Leite (2012) caracterizam o
empreendedor como um ser visionário, que sonha e reúne energias para realizar aquilo que traz
“brilho nos olhos”.
47
2.2.2 O empreendedor da geração Y: Empreendedores Y
Grande parte dos novos empreendimentos que surgiram nas últimas décadas foram criados por
jovens empreendedores. Este fato curioso relatado nas pesquisas do GEM e de pesquisadores
como Filion; Borges; Simard (2008), Schlemm et al., (2007), Bulgacov; Cunha; Camargo;
Meza; Bulgacov (2011) apontou uma questão: qual a conexão entre a Geração Y e o
empreendedorismo?
Tina Seelig, diretora executiva do Programa de Empreendimentos Tecnológicos da
Universidade de Stanford, em seu livro “Se eu soubesse aos 20...” mostra como os seus jovens
universitários sentem-se dispostos e motivados a empreender especialmente quando são
provocados ou estimulados através de jogos e desafios (SEELIG, 2011).
No Brasil, segundo Bulgacov et al. (2011, p. 702), “um quarto da população brasileira de jovens
entre 18 e 24 anos denomina-se empreendedora”. E o relatório GUESSS Brasil 2011 aponta
que os alunos brasileiros apresentam uma forte tendência empreendedora, que se acentua ainda
mais quando manifestam seu interesse de carreira para cinco anos após sua formatura (LIMA;
LOPES; NASSIF; SILVA, 2011).
Tais empreendedores apostam no empreendedorismo por necessidade ou para aproveitar
oportunidades percebidas. Os empreendedores por necessidade são aqueles que encontram no
empreendedorismo a satisfação para sua necessidade de emprego e renda. Já os empreendedores
por oportunidade são os que aprendem a aproveitar as oportunidades oferecidas pelo mercado
(GEM, 2011).
No quadro abaixo o comportamento/características da Geração Y (tabela criada no capítulo 2.1
Geração Y) foi comparado com comportamento/ características de Empreendedor (tabela criada
no capítulo 2.2 Empreendedorismo e o empreendedor) e alguns pontos de conexão foram
apontados.
Quadro 11 - Pontos de conexão entre as características da geração Y e o comportamento empreendedor
dando origem ao conceito de Empreendedores Y.
Comportamento/Características
da Geração Y
Pontos de conexão com
comportamento/ características
de Empreendedor
Perfil do
Empreendedor Y
É bem informada e tem fácil e
rápido acesso às informações;
Conhece bem o ramo em que atua;
Aprender a aprender para ganhar
experiência
Bem informado
48
Está inserida em um contexto de
jogos com: superar novos desafios,
foco em resultados e superar
recordes;
Volta-se para resultados; Alta
necessidade de realização; Correm
riscos moderados
Assume riscos calculados/
Foco em resultados
Quer fazer a diferença no mundo; Liderança, é inovador Líder
É tecnológica, digital; Possui capacidade de tolerar
ambiguidade e incerteza
Tolera incertezas
É impaciente; Inquieto Inquieto/Impaciente
Pensa na sustentabilidade; Faze bom uso de recursos Foca na sustentabilidade
A visão do líder é colaborativa; Liderança Cooperador/Colaborativo
Pessoas com iniciativa e grande
capacidade de resolver problemas;
Saber resolver problemas, tem
iniciativa
Proativo/ Tem iniciativa/
Resolve problemas
Desenvolve-se bem em espaços
criativos;
É imaginativo (visionário);
Maximiza oportunidades;
É inovador
Visionário/ Detecta
oportunidades/ Criativo
Comprometida à medida em que o
negócio está alinhado aos seus
valores;
Comprometidos com o que fazem Comprometidos
Alegria, autoconfiança e energia
(empoderamento);
Possui autoconfiança;
Elevados níveis de energia
Autoconfiante
Quer ter a sensação de estar
contribuindo;
Comprometido com o que fazem Comprometido/
Persistente
É inovadora; É inovador Inovador
Quer ser ouvida, participar e
interagir com os processos;
Luta contra a autoimposição de
padrões
Participativo
Precisa de feedback, quer saber se
está se saindo bem;
Recebimento de feedback,
procurando aprender com ele
Precisa de feedback
Quer se expressar por meio do
trabalho;
Necessidade de satisfação pessoal;
Necessidade de status
Busca satisfação pessoal e
status
Quer colaborar, trabalhar em
equipe, estimular a cooperação.
Trabalhar em rede;
Cooperador
- Boa intuição
- Apresenta tenacidade e
perseverança
- Tem certa humildade diante da
sorte
- Desapego emocional
- Tem um modelo, alguém que
influencia
Fonte: Elaboração própria, 2013.
49
De acordo com este quadro teórico, das 17 (dezessete) características encontradas nas pesquisas
sobre Geração Y, todas apresentaram ao menos uma conexão com o comportamento e
características do ser empreendedor, porém nem todas as características do empreendedor
ligaram-se com a Geração Y.
Sendo assim, pode-se observar similaridades entre as características do perfil empreendedor e
a geração Y, o que nos pode levar a um novo conceito: empreendedor Y. Percebe-se ainda que
nem todos os empreendedores são da Geração Y, mas a Geração Y apresenta uma grande
tendência para ser empreendedora.
Este fato deu origem ao conceito de Empreendedores Y.
Ao encerra esta seção compreendendo o conceito do empreendedor Y, a próxima seção
apresentará um outro constructo, a gestão do conhecimento.
2.3 Gestão do Conhecimento
A origem dos estudos científicos sobre administração foi contextualizada pela Teoria Científica
da Administração do engenheiro Taylor. Ele conquistou seguidores como Carl Barth (1860-
1939), Henry L. Gantt (1861-1919), Harrington Emerson (1853-1931), Frank Gilbreth (1868-
1924) e Lilian Gilbreth (1878-1961). Seu foco era o chão da fábrica (MAXIMIANO, 1997).
A ênfase era o chão de fábrica e suas tarefas, o enfoque era a produção e o estudo dos tempos
e movimentos. Havia o desconhecimento, pela gerência, das rotinas de trabalho e do tempo
necessário para sua realização, além da falta de uniformidade das técnicas ou métodos de
trabalho (MAXIMIANO, 1997).
Apesar das críticas recebidas, considera-se que Taylor atingiu seus objetivos. Criou os conceitos
básicos da padronização, organizou a operação, definiu racionalmente a forma mais eficiente
para cada tarefa de produção e especializou seus operários. Tudo isso há mais de um século
(FERREIRA, 2012; MAXIMIANO, 1997).
Em seguida, com a Teoria Burocrática (WEBER) e a Teoria Estruturalista (BURNHAM), o
foco dos estudos passou a ser a estrutura e a estrutura, as pessoas e o ambiente, respectivamente.
Uma abordagem mais humana surgiu em oposição às Teoria Científica e Clássica com a Teoria
das Relações Humanas (MAYO, 1927) que por meio do experimento de Hawthorne,
50
comprovou a influência do ambiente na produtividade no trabalho. E a Teoria Comportamental
(MASLOW, HERZBERG, MCGREGOR, SIMON) trouxe fatores como as necessidades
humanas e os fatores motivacionais que estimulam as pessoas no trabalho.
A Teoria dos Sistemas (BERTALANFFY, 1945) surgiu da necessidade de interação entre as
teorias anteriores e trouxe uma visão do todo e a interdependência entre os diversos setores das
organizações.
As teoria citadas anteriormente foram desenvolvidas no contexto e período da Era Industrial.
E, conforme apresentado, os estudos sobre a administração como ciência começaram pelo chão
de fábrica de um ambiente industrial e foram evoluindo com o tempo e as inovações
tecnológicas.
Com o advento da nova economia, uma série de modificações aconteceram e “os executivos
passaram a prospectar mais ainda o futuro e a focar em um novo elemento: o conhecimento”
(CARVALHO, 2008).
A sociedade passou assim a vivenciar a chamada “Sociedade do Conhecimento”
(RODRIGUEZ Y RODRIGUES, 2001).
O conhecimento passou a ser um elemento indispensável para a sobrevivência das
organizações. De acordo com Drucker (1988, p.19), “para se manterem competitivas – e até
mesmo para sobreviverem – as empresas deverão converter-se em organizações baseadas em
conhecimento, e com bastante rapidez”.
Em suma,
Durante muitos anos, a mão-de-obra e o capital foram considerados os únicos
fatores diretamente ligados ao crescimento econômico. O conhecimento, a
educação e o capital intelectual eram considerados fatores externos, de
incidência relativa na economia. Esse conceito mudou [...]. O crescimento
econômico e a produtividade dos países desenvolvidos se baseiam cada vez
mais no conhecimento e na informação. [...] sem dúvida, o enorme e rápido
desenvolvimento das novas tecnologias da informação e telecomunicações é
claramente responsável por essa nova economia e está contribuindo para criar
o que conhecemos atualmente como a sociedade da informação (MATTOS E
GUIMARÃES, 2005, p. 3).
Assim, surge a Gestão do Conhecimento, ainda na década de 80, com o objetivo de “gerenciar
o conhecimento acumulado de funcionários, a fim de transformá-los em ativos da empresa”
(BAUTZER, 2009, p.35) e fazer com que os conhecimentos (tácito e explícito) se tornem
disponíveis para outras pessoas.
51
Com a chegada da sociedade do conhecimento, várias abordagens teóricas, no campo
organizacional, emergiram (aprendizagem, gestão estratégica, etc.) com o intuito e a
necessidade de se entender como as organizações trabalham com o conhecimento visando
conseguirem vantagens competitivas sustentáveis (DRUKER, 1993 apud TSCHÁ, 2011).
Dessa forma, a gestão do conhecimento surgiu para gerenciar os conhecimentos. Drucker
(1993), ela chegou a fim de gerenciar a criação e o compartilhamento dos conhecimentos
organizacionais (DRUKER, 1993).
A gestão do conhecimento é um processo. Angeloni (2003), Bryant (2003), Nonaka e Takeushi
(1997) sugerem, que a gestão do conhecimento é o processo destinado a criar e a compartilhar
conhecimentos, com o intuito de incorporá-los aos produtos, sistemas e serviços de uma
organização
A Gestão do conhecimento busca apreender o conhecimento para as organizações. Isso pode
ser visto como um conjunto de processos que gerem a criação, o uso e a disseminação do
conhecimento (DAVENPORT; PRUSAK 1998, OLIVEIRA; NEVES 2008).
A Gestão do Conhecimento tornou-se um recurso estratégico para um bom desempenho das
pessoas e das empresas. “Sua aquisição e aplicação sempre representaram estímulo para as
conquistas de inúmeras civilizações. É o gerenciamento do conhecimento que passou a
possibilitar novas tecnologias de gestão às organizações de todo o mundo” (BAUTZER, 2009,
p.34).
Para compreender melhor a Era do Conhecimento, torna-se importante conhecer as mudanças
que atingiram as eras que a antecederam. De acordo com Rodriguez y Rodriguez (2001),
começaremos pela Sociedade Agrícola que, com o advento da revolução industrial, passou à
Sociedade Industrial e depois de mudanças no cenário dos valores econômicos e sociais chegou
à Sociedade do Conhecimento.
Vale ressaltar, porém que o nascimento de uma nova sociedade não resulta no desaparecimento
da anterior, mas sim em uma mudança de foco de poder e do relativo crescimento em valor
quando comparadas umas às outras (RODRIGUEZ; RODRIGUEZ, 2001).
As mudanças percebidas na sociedade durante os últimos três cenários foram representadas no
quadro a seguir, que representa a evolução da sociedade agrícola para a sociedade industrial (na
qual sugiram os estudos científicos da administração anteriormente citados) e, em seguida, a
transformação gerada pela sociedade do conhecimento.
52
Quadro 12 - As características das sociedades.
Fonte: TSCHÁ, 2011, p. 30.
Nesse contexto, percebe-se que da Sociedade Agrícola para a Industrial o trabalho artesanal
perdeu espaço para o trabalho das máquinas e os recursos de valor, que antes eram baseados
em terras e recursos naturais, passaram a ser máquinas e equipamentos.
À luz dos conceitos de Taylor, Fayol e Weber (fundadores dos estudos científico, clássico e
burocrático da administração), as organizações da Sociedade Industrial obedeceram a modelos
mais rígidos, hierárquicos e burocráticos, impulsionando a consolidação do capitalismo e
tornaram-se responsáveis por ganhos de eficiência que predominaram até a primeira metade do
século XX (TSCHÁ, 2011). No entanto, com o tempo, o capitalismo foi evoluindo com os
avanços das tecnologias de informação e da comunicação, os quais, segundo Mota (1998),
levaram ao esgotamento da sociedade industrial, conduzindo ao ingresso desta na sociedade do
conhecimento, que se colocou como um fator chave para o desenvolvimento econômico de
regiões e de países.
Desta forma, a transição para Sociedade do Conhecimento voltou-se para inovação, tecnologia,
trabalho intelectual, o conhecimento passou a ser o recurso de valor, as pessoas voltaram a ser
53
valorizadas como parte fundamental dos processos e a cooperação quebrou os ciclos sucessivos
de competição que marcaram as Eras Agrícola e Industrial.
Outros fatores apontados por Danvenport e Prusak (1998) que ocasionaram atual explosão do
conhecimento foram a globalização da economia, que levou as organizações a buscarem uma
nova vantagem sustentável para se distinguirem em seus mercados e o downsizing, que levou a
um alto índice de desemprego, principalmente pela substituição do homem pela máquina.
Assim, o conhecimento, mais uma vez, se destaca como fonte para ação empreendedora. Uma
vez que este mesmo downsizing que marcou o fenômeno do “fim do emprego”, observado
fortemente na década de 90, levou à busca de novas formas de tecnologia como alternativa para
empregabilidade. Neste cenário, o empreendedorismo surge como um caminho para solução
desses problemas (PAIVA JÚNIOR; CORDEIRO, 2002).
Após apresentada a contextualização da gestão do conhecimento, o conhecimento, matéria-
prima desse enredo será apresentado na próxima seção.
2.3.1 Conhecimento
Diante do atual cenário econômico, o conhecimento tornou-se a fonte segura de vantagem
competitiva. Nonaka (1991, p.27) afirma que, “numa economia onde a única certeza é a
incerteza, apenas o conhecimento é fonte segura de vantagem competitiva. No entanto, poucos
gerentes compreendem a verdadeira natureza da empresa que cria conhecimentos – e muito
menos sabem gerenciá-la”.
O conhecimento, portanto, tornou-se uma fonte de poder. De acordo com Toffer (1990), o
conhecimento é a mais democrática fonte de poder e seu controle é o ponto crucial da futura
luta mundial pelo poder em todas as organizações humanas.
Para o empreendedorismo o conhecimento é fonte de riqueza. “A inovação baseada no
conhecimento é a ‘superestrela’ do espírito empreendedor. Ela ganha publicidade. Ela ganha
dinheiro. Ela é o que as pessoas normalmente querem dizer quando falam sobre inovação”
(DRUCKER, 2011, p 149). E para inovar a partir do conhecimento, normalmente, é preciso
contar com a convergência de vários tipos de conhecimento, entre eles os científico e
tecnológico.
54
Para a cidadania, conhecimento significa consciência. “A base instrumental da consciência
crítica e criativa, para melhor intervir na realidade como sujeito capaz de conduzir seu destino,
dentro das circunstâncias externas dadas” (DEMO, 2009, p.53).
Para a competitividade, conhecimento é inovação. “Conhecimento significa a fonte essencial
de inovação e competência formal dos recursos humanos” (DEMO, 2009, p.53).
De acordo com a ONU, educação e conhecimento formam o eixo da transformação produtiva
com equidade, o fator fundamental da cidadania e da competitividade. Sendo o
desenvolvimento humano sustentado como questão de oportunidade, a maneira mais
competente de a fazer é manejar e construir conhecimento (DEMO, 2009).
Na educação, o conhecimento é ensinado. Edgar Morin (2002) elaborou uma revisão do
relatório da UNESCO sobre a educação para o século XXI, coordenado em 1998 por Jacques
Delors, e apontou sete tipos de saberes necessários à educação do futuro: 1.As cegueiras do
conhecimento: o erro e a ilusão; 2. Os princípios do conhecimento pertinente; 3. Ensinar a
condição humana; 4. Ensinar a identidade terrena; 5. Enfrentar as incertezas; 6. Ensinar a
compreensão e 7. A ética do gênero humano. Entre os sete saberes, o conhecimento deve ser
tratado como necessidade primeira de cada cidadão e é essencial para a formação humana e
crítica da sociedade.
Para o ensino superior, conhecimento deve ser promovido nas universidades. “A universidade
poderia ser uma das instituições mais relevantes da sociedade e da economia, desde que fosse
o lugar privilegiado da construção do conhecimento e da educação de novas gerações” (DEMO,
2009, p. 52).
Mas o que é esse tão desejado conhecimento?
Embora ainda não exista um consenso sobre a sua definição, alguns autores buscam formar um
conceito comparando dados, informação e conhecimento. Para Davenport e Prusak (1998), os
dados por si só têm pouca relevância ou propósito e representam um conjunto de fatos distintos
e objetivos. As informações, refletem o significado da palavra ‘informar’ que quer dizer ‘dar
forma a’. Por isso considera-se que as informações têm por finalidade influenciar o receptor
provocando mudanças a sua perspectiva e insights. Elas devem informar para fazer a diferença.
E o conhecimento não é puro nem simples.
Conhecimento é uma mistura fluida de experiências condensadas, valores,
informação contextual e insight experimentado, a qual proporciona uma
55
Figura 4 - Ciclo de aprendizagem.
estrutura para a avaliação e incorporação de novas experiências e informações.
Ele tem origem e é aplicado na mente dos conhecedores. Nas organizações,
ele costuma estar embutido não só em documentos ou repositórios, mas
também em rotinas, processos, práticas e normas organizacionais
(DAVENPORT; PRUSAK, 1998, p. 6).
Dados, informações, conhecimento e sabedoria possuem conceitos diferentes, mas estão
relacionados entre si. Na análise de Child (2000), o conhecimento deve ser diferenciado de
dados e informação, pois os dados são elementos brutos, a informação é uma etapa subsequente
que passa a permitir que interferências sejam feitas e o conhecimento tem um maior valor
agregado, uma vez que permite que a informação seja considerada e revista criticamente com
referência ao contexto de sua aplicabilidade. Já a experiência com a aplicação do conhecimento
leva à sabedoria, no sentido de que uma avaliação feita sobre quando e de que forma o
conhecimento pode ser aplicado, especialmente em face a situações não usuais.
Esta abordagem pode ser representada conforme a figura apresentada abaixo.
Fonte: Kolb (1984) e Child (2001).
O conhecimento também pode ser considerado como algo voltado para ação. Como afirma
Sveiby (1998), o conhecimento é tácito, orientado para ação, sustentado por regras e está em
constante mutação.
A teoria da gestão do conhecimento considera a dimensão ontológica e da dimensão
epistemológica do conhecimento. Takeuchi e Nonaka (2008), afirmam que ontologia relaciona-
se aos indivíduos e a epistemologia em tipos de conhecimento.
A dimensão ontológica parte do princípio de que todo conhecimento é produzido pelos
indivíduos. De acordo com Tschá (2011, p. 36), “uma organização não pode criar conhecimento
sem os indivíduos, este é um processo que amplia organizacionalmente o conhecimento criado
individualmente e o cristaliza como parte da rede de conhecimentos da organização”.
Para a epistemologia, o conhecimento está dividido em tácito e explícito. De acordo com
Takeuchi e Nonaka (2009), existem dois tipos de conhecimento que são: o conhecimento tácito
e o conhecimento explícito.
Dado Informação Conhecimento Sabedoria
56
[...] o conhecimento em si é formado por dois componentes dicotômicos e
aparentemente opostos – isto é, o conhecimento explícito e o conhecimento
tácito.
O conhecimento explícito pode ser expresso em palavras, números ou sons, e
compartilhado na forma de dados, fórmulas científicas, recursos visuais, fitas
de áudio, especificações de produtos ou manuais. O conhecimento explícito
pode ser rapidamente transmitido aos indivíduos, formal e sistematicamente.
O conhecimento tácito, por outro lado, não é facilmente visível e explicável.
Pelo contrário, é altamente pessoal e difícil de formalizar, tornando-se de
comunicação e compartilhamento dificultosos. As instituições e os palpites
subjetivos estão sob a rubrica do conhecimento tácito. O conhecimento tácito
está profundamente enraizado nas ações e na experiência corporal do
indivíduo, assim como nos ideais, valores ou emoções que ele incorpora
(TAKEUCHI; NONAKA, 2009, p.19).
Em suma, o conhecimento explícito é formal e sistemático. Ele é o ponto final do processo. Já
o conhecimento tácito é altamente pessoal, se encontra profundamente arraigado na ação e no
comprometimento do indivíduo com determinado contexto, consiste em parte de habilidade
técnica e tem importante dimensão cognitiva (NONAKA, 1991).
Estas diferenças entre os conhecimentos tácito e explícito são apresentadas com mais detalhes
no quadro a seguir.
Quadro 13 - Diferenças entre Conhecimento Tácito e Conhecimento Explícito.
Conhecimento Tácito Conhecimento Explícito
Subjetivo Objetivo
Da experiência (corpo) Da racionalidade (mente)
Simultâneo (aqui e agora) Sequencial (lá e então)
Análogo (prático) Digital (teoria)
Envolvem: percepções, modelos mentais, emoções,
crenças, valores, ideais
Envolve conhecimentos de fato
É adquirido principalmente pela prática É adquirido principalmente pelas informações
Difícil de expressar e transmitir por métodos
sistemáticos ou lógicos
Facilmente expresso em palavras e números
Difícil de articular, codificar e formalizar Facilmente articulado, codificado e formalizado
De difícil compartilhamento, exigindo participação
e envolvimento.
Facilmente compartilhado.
Fonte: TSCHÁ (2011, p. 37) adaptado de Nonaka e Takeuchi (1997, p. 67)
De acordo com a epistemologia sul, ou Teoria do Conhecimento, o conhecimento é crença
verdadeira justificada (NONAKA; TAKEUCHI, 1995) e todos os saberes, ou conhecimentos,
são válidos e dignos, o que implica dizer que “nenhum saber poderá ser desqualificado antes de
57
ter sido posta à prova a sua pertinência e validade em condições situadas” (NUNES, 2010,
p.279).
O conhecimento pode ser aprendido e compartilhado. Para Peter Senge (The fifth discipline,
2000), é possível aprender a aprender e esta será uma das maiores necessidades apresentadas
pelas organizações nesta nova sociedade do conhecimento.
Para Garvin (1993, p.63), “as empresas devem analisar seus sucessos e fracassos, avaliá-los de
maneira sistemática e registrar os ensinamentos de modo aberto e acessível para os
empregados”. Esse processo, que foca nas possíveis formas de tornar o conhecimento aberto e
acessível para a empresa, foi sistematizado na Espiral do Conhecimento, elaborada por Nonaka
e Takeuchi e descrita com maiores detalhes a seguir.
2.3.2 Modos de Conversão e Compartilhamento do conhecimento
O modelo de criação do conhecimento é dinâmico e está ancorado no pressuposto de que “o
conhecimento humano é criado e expandido através da interação social entre o conhecimento
tácito e o conhecimento explícito” (NONAKA, 2009, p. 59). Essa interação é chamada de
conversão do conhecimento e trata-se de um processo social entre pessoas e não um processo
individual.
O processo de conversão do conhecimento é fundamental para a criação de conhecimentos para
organização. De acordo com Nonaka (1991, p. 32) “a conversão do conhecimento individual
em recurso disponível para outras pessoas é a atividade central da empresa criadora de
conhecimento”. Sendo assim, o papel da gestão do conhecimento é criar condições para que o
conhecimento seja desenvolvido e compartilhado dentro da empresa, a medida em que
transforma-o de tácito para explícito (BAUTZER, 2009).
O compartilhamento do conhecimento pode ajudar as organizações que aprendem a melhorar
seus comportamentos. “A organização que aprende é a que dispõe de habilidades para criar,
adquirir e transferir conhecimentos, e é capaz de modificar seu comportamento, de modo a
refletir os novos conhecimentos e ideias” (GARVIN, 1993, p. 54).
Sendo a interação entre os conhecimentos tácito e explícito que dá origem à criação e
compartilhamento de conhecimento, Angeloni (2003, p.108) ressalta que, “por meio dos modos
de conversão do conhecimento, identificam-se os modos de compartilhamento de
58
conhecimento, tácito e explícito”. Isto acontece por meio da espiral do conhecimento formulada
por Nonaka e Takeuchi. E está representada na figura abaixo:
Figura 5 - A espiral do conhecimento.
Fonte: NONAKA; TAKEUCHI (1997).
A socialização é de conhecimento tácito para tácito. Ela cria o conhecimento compartilhado e
é fruto da interação entre experiências dos indivíduos. Ela pode ser alcançada por meio da
observação, imitação e prática, mas “a chave para aquisição do conhecimento tácito é a
experiência” (NONAKA; TAKEUCHI, 2008, p. 61).
A externalização é o processo mais complexo da espiral e o mais desejado pelas organizações.
Trata-se de uma conversão do conhecimento tácito (subjetivo) para o conhecimento explícito
(objetivo). O principal foco da externalização é extrair e compartilhar o conhecimento
aprendido através das experiências vividas nas organizações, transformando tal conhecimento
em patrimônio da organização.
Como o conhecimento tácito abrange modelos mentais e crenças, além do know-how, a
evolução do tácito para o explícito é de fato um processo de articulação da própria visão de
mundo. Nonaka (1991, p.36) ressalta que “converter conhecimento tácito em conhecimento
explícito significa descobrir meios de expressar o inefável”.
O processo pelo qual as organizações fazem a conversão do conhecimento tácito em
conhecimento explícito pode ser contextualizado da seguinte maneira: primeiro, vincula-se
59
objetos e ideias contraditórias por meio de metáfora; em seguida, resolve-se as contradições
mediante a analogia; e por fim cristaliza-se os conceitos emergentes e incorporando-os em um
modelo, hipótese ou conceito, que torna o conhecimento disponível para a organização
(NONAKA, 1991; 2008).
A combinação acontece quando a conversão é de explícito para explícito. Esse processo dá
origem ao conhecimento sistêmico e pode ocorrer por meio de documentos, reuniões, redes de
comunicação computadorizadas, conversas telefônicas, treinamentos (TSCHÁ, 2011;
NONAKA; TAKEUCHI, 2008).
E a internalização, por sua vez, é o processo de conversão do conhecimento tácito para o
explícito. Para Nonaka e Takeuchi (2008, p. 67), “está intimamente ligada ao aprender
fazendo”. Quando as experiências são internalizadas nas bases de conhecimento tácito da
pessoa, através dos modos de conversão anteriormente citados (socialização, externalização e
combinação), na forma de modelos mentais ou know-how tornam-se um valioso patrimônio.
A internalização pode ser auxiliada por meio da verbalização do conhecimento explícito em
manuais ou relatos orais.
Na empresa criadora de conhecimento todos esses modos devem aparecer. Para Nonaka (1991),
todos esses quatro modos devem estar presentes, em constante interação dinâmica, constituindo
uma espécie de espiral do conhecimento.
Resgatando as dimensões epistemológica e ontológica, percebe-se que a organização não cria
conhecimento por si mesma e o conhecimento tácito dos indivíduos que a compõe é a base da
criação do conhecimento organizacional. “A criação do conhecimento organizacional é um
processo em espiral, iniciando no nível individual e subindo através das comunidades
expandidas de interação, que atravessa os limites seccionados, departamentais, divisionais e
organizacionais” (NONAKA; TAKEUCHI, 2008, p. 70).
Esta relação entre a espiral do conhecimento e a criação do conhecimento organizacional é
ilustrada na figura a seguir.
60
Figura 6 - Espiral da criação do conhecimento organizacional.
Fonte: NONAKA; TAKEUCHI, 2008, p. 70.
A criação do conhecimento organizacional exige consigo algumas condições. De acordo com
os autores desta teoria, as condições são: intenção, autonomia, flutuação e caos criativo,
redundância e requisito variedade. Seus conceitos estão apresentados no quadro abaixo.
Quadro 14 - Condições promotoras da criação do conhecimento organizacional.
Condições Promotoras
do Conhecimento
Conceito
Intenção Refere-se à intenção da organização que impulsiona o espiral do
conhecimento organizacional. Essa intenção é definida como as
aspirações da organização às suas metas. Os esforços para atingir a
intenção geralmente tomam forma de estratégia no ambiente da
empresa. Ela proporciona os critérios mais importantes para o
julgamento da veracidade de uma determinada porção de
conhecimento. Do ponto de vista da criação do conhecimento
organizacional, a essência da estratégia reside no desenvolvimento da
capacidade organizacional para adquirir, criar, acumular e explorar o
conhecimento.
Autonomia Refere-se à autonomia dada aos membros de uma organização, os quais
devem ter permissão para agir autonomamente até onde permitam as
circunstâncias. Dessa maneira, a organização pode aumentar as
chances de introduzir oportunidades inesperadas e também aumentaria
a possibilidade de motivação dos indivíduos para a criação de novos
conhecimentos, uma vez que eles sentem-se partes do processo. As
ideias originais emanam dos indivíduos autônomos, difundem-se na
equipe e tornam-se ideias organizacionais.
Flutuação e Caos
Criativo
Representa uma ordem cujo padrão é difícil de prever inicialmente.
Eles estimulam a interação entre a organização e o ambiente externo.
Quando introduzida em uma organização, seus membros enfrentam
uma “decomposição” de rotinas, hábitos ou estruturas cognitivas. Em
61
suma, a flutuação pode desencadear o caos criativo na organização que
induz e fortalece o compromisso subjetivo dos indivíduos.
Redundância É a existência de informação que vai além das exigências operacionais
imediatas dos membros da organização. O compartilhamento de
informações redundantes promove a partilha do conhecimento tácito,
pois os indivíduos podem sentir o que os outros tentam articular. Nesse
sentido, ela acelera o processo de criação do conhecimento.
Requisito variedade A diversidade interna de uma organização precisa dialogar com a
complexidade do ambiente para lidar com seus desafios. A variedade
pode ser realçada pela combinação de informações de maneiras
diferentes, flexíveis e rápidas para toda organização. E com o objetivo
de maximizar a variedade, toda organização precisa ter acesso rápidos
à mais ampla variedade de informações necessárias, percorrendo um
menor número de passos.
Fonte: Elaboração própria, adaptada de NONAKA; TAKEUCHI, 2008.
Diante das condições promotoras da criação do conhecimento organizacional, Nonaka e
Takeuchi (2008) desenvolveram um modelo de cinco fases do processo de criação do
conhecimento organizacional. Para eles, esse modelo deve ser considerado um exemplo ideal
do processo e suas cinco fases são: compartilhamento do conhecimento tácito, criação dos
conceitos, justificação dos conceitos, construção de um arquétipo e nivelação do conhecimento
(NONAKA; TAKEUCHI, 2008). Este modelo está ilustrado na figura 7.
Figura 7 - Modelo de cinco fases do processo de criação do conhecimento organizacional.
Fonte: NONAKA; TAKEUCHI, 2008, p. 82.
O modelo inicia-se com o compartilhamento do conhecimento tácito. Em seguida, ele é
convertido para conhecimento explícito na forma de um novo conceito. Na terceira fase, o
62
conceito criado deve ser justificado e a organização determina se vale a pena investir no mesmo.
Na sequência, os conceitos são convertidos em um arquétipo que pode tomar forma de protótipo
ou um mecanismo operacional. A última fase estende o conhecimento criado para todas as
divisões da organização e até mesmo para os constituintes externos, o que foi chamado de
nivelamento do conhecimento (NONAKA; TAKEUCHI, 2008).
Um outro modelo para o ciclo do conhecimento também foi desenvolvido. Nele, as
organizações do conhecimento ligam três processos de uso estratégico da informação: a criação
de significado, a construção do conhecimento e a tomada de decisão. Estes componentes
formam “um ciclo contínuo de aprendizagem e adaptação que podemos chamar de ciclo do
conhecimento” (CHOO, 2003, p.50).
Este ciclo foi representado na imagem a seguir.
Figura 8 - O ciclo do conhecimento.
Fonte: CHOO, 2003, p.50.
Nesse ciclo do conhecimento três fases são desenvolvidas. De acordo com Choo (2003), as
corretes de experiência do ambiente organizacional são isoladas, rotuladas e integradas em
mapas mentais, com o intuito de dar sentido às informações. Em seguida, como consequência
da criação de significado, as pessoas interpretam o ambiente e compartilham interpretações
comuns do que está acontecendo. Nisso surge um conjunto de significados compartilhados e
modelos mentais que servirão de base para organização planejar e tomar decisões (CHOO,
2003).
63
De fato, como foi apresentado nos dois modelos, a criação de novos conhecimentos é o produto
da interação dinâmica entre diferentes papéis, diferentes indivíduos. As pessoas normalmente
não recebem de maneira passiva novos conhecimentos, ao contrário, interpretam-nos
ativamente, para encaixá-los em sua própria situação e perspectiva (NONAKA, 1991).
Diante deste processo, é importante que as organizações percebam que a transformação do
conhecimento inicia-se no indivíduo. Para Bautzer (2009, p.35), “toda transformação do
conhecimento tem início no indivíduo, passa pela instância de grupo e somente após o interesse
identificado pela empresa é que ele se torna organizacional propriamente dito”.
Para este estudo, o modelo de Nonaka e Takeuchi será utilizado como referência.
Após apresentados os modos de conversão, a próxima seção apresenta os meios e ferramentas
que auxiliam esses modos no seu processo.
2.3.3 Meios e ferramentas do conhecimento
O compartilhamento do conhecimento acontece por meios formais e informais. De acordo com
Tschá (2011, p. 41), “enquanto pelos meios informais a troca de conhecimento ocorre de forma
não estruturada e espontânea, pelos meios formais o compartilhamento é formalizado e mais
estruturado”.
O tipo de conhecimento a ser compartilhado interfere no meio em que será utilizado. Davenport
e Prusak (1998) explicam que o conhecimento explícito por ser embutido em documentos e
bancos de dados, já o conhecimento tácito geralmente exige o contato pessoal.
Os meios informais, por exemplo, favorecem o compartilhamento do conhecimento tácito. Uma
vez que, já que existe uma interação direta entre o detentor do conhecimento e o receptor
(STEWART, 1998).
Os meios formais facilitam portanto, o compartilhamento do conhecimento explícito. Isso pode
acontecer por meio de palavras, números ou sons, e compartilhado na forma de dados, fórmulas
científicas, recursos visuais, fitas de áudio, especificações de produtos ou manuais (NONAKA;
TAKEUCHI, 2000).
Nas organizações o conhecimento pode estar localizado em fontes formais e informais. Para
Aguiar (2006), as fontes formais são: manuais e instruções de serviços, normas da empresa e
de órgãos oficiais de normalização, livros de registros, bases e bancos de dados, mapas,
64
desenhos técnicos, plantas, relatórios etc. E as fontes informais são representadas pelos registros
e capacidades mentais – não formalmente estruturados – de indivíduos ou de grupos,
constituídos pelas experiências, criatividade e intuição das pessoas que trabalham na empresa.
Para dar suporte aos meios, formais e informais, existem ferramentas que são utilizadas para o
compartilhamento do conhecimento. Entre elas, segundo alguns autores como DAVENPORT;
PRUSAK (2008), TSCHÁ (2011), NONAKA; TAKEUCHI (2008), ANGELONI (2008),
GARVIN (1993), destacam-se as seguintes:
Bancos de dados: é um depósito de dados relevantes, ou aparentemente não, que dão
suporte às informações das organizações. Em inglês é chamado de database.
Benchmarking: o benchmarking é utilizado porque conhecimento pode ser aprendido com
os outros. Segundo Garvin (1993), evidentemente, nem todo conhecimento vem de
reflexões e autoanálises. Às vezes, os insights mais valiosos decorrem da observação do
ambiente externo para o desenvolvimento de novas perspectivas. O termo mais abrangente
para o processo é benchmarking.
Documentos ou Repositórios de conhecimentos: estão estruturados em conjuntos de
conhecimentos armazenados, principalmente em documentos escritos. Podem ser de três
tipos: conhecimento externo (inteligência competitiva); conhecimento interno estrutural,
(relatórios, produtos, procedimentos e técnicas) e não estrutural; conhecimento interno
tácito (o conhecimento que reside na mente das pessoas, e não é passível de mensuração
ou de transferência para formas estruturadas de representação e armazenamento)
(DAVENPORT & PRUSAK, 1998). Sendo assim, pode-se dizer que os mesmos têm por
objetivo recolher, preservar e disseminar de forma sistemática, os recursos de
conhecimento da organização (TSCHÁ, 2011).
Feiras, fóruns e passeios: nestes o objetivo é promover momentos de interação informais,
fazendo com que os participantes circulem, conheçam pessoas, troquem experiências e
ampliem a network.
Intranet: são redes privadas e completas que permitem o gerenciamento de informações
necessárias à organização através de processo e protocolos de internet, de maneira que os
recursos de hipertexto contidos nelas permitem que se capturem algum conhecimento tácito
dos especialistas, tornando-os explícito (ANGELONI, 2003; TSCHÁ, 2011).
Mapas de conhecimento: estes mapas buscam mapear os conhecimentos e suas
respectivas fontes nas organizações, disponibilizando para todos os conhecimentos
identificados e onde encontrá-los (DAVENPORT; PRUSAK, 1998).
65
Narrativas: narrar é contar histórias, experiências, contextualizadas. Segundo Terra
(2000), “narrar é uma abordagem bastante poderosa para comunicar iniciativas de
mudança, de modo que as pessoas envolvidas sintam-se parte de uma empresa que está
tentando chegar a um lugar melhor” (TERRA, 2000, p. 151).
Portais corporativos: trata-se de um sistema online centrado no usuário, integrando e
divulgando conhecimentos e experiências de equipes e usuários (ÁVILA; FREITAS
JÚNIOR, 2008).
Redes: dentro das empresas o conhecimento também pode ser gerado em redes informais
e auto organizadas. Os detentores do conhecimento unem de forma espontânea, ou por
interesses próprios, motivados por interesses comuns e compartilham conhecimentos com
o objetivo principal de resolver problemas em conjunto (DAVENPORT; PRUSAK, 1998).
Entre as redes, as redes sociais têm se destacado neste contexto.
Reuniões face a face: gerentes adquirem dois terços de sua informação e conhecimento
nessas reuniões ou em conversas telefônicas (DAVENPORT; PRUSAK, 1998).
É importante lembrar que cada ferramenta deve ser escolhida de acordo com a cultura da
organização, da região, do país. Isso permitirá uma atuação mais eficaz da ferramenta.
E, como regra geral, quanto mais rico e tácito for o conhecimento, mais tecnologia deverá ser
utilizada para possibilitar o compartilhamento direto do conhecimento entre as pessoas
(DAVENPORT; PRUSAK, 1998).
A partir da exposição das ferramentas e meios que auxiliam o processo de conversão do
conhecimento, na próxima seção serão apresentadas as barreiras que geram atritos durante esse
processo.
2.3.4 Barreiras do conhecimento e estímulos para a Gestão do Conhecimento
Diversos fatores podem interferir no fluxo da gestão do conhecimento. Entre eles há muitos
fatores culturais que inibem o compartilhamento do conhecimento (DAVENPORT; PRUSAK,
1998).
Tais fatores culturais foram chamados de atritos e no quadro abaixo, elaborado por Davenport
e Prusak (1998), são apresentados os atritos mais comuns e as possíveis soluções que já foram
encontradas para diminuí-los e até mesmo eliminá-los.
66
Quadro 15 - Os atritos mais comuns e formas de superá-los.
Atrito Soluções possíveis
Falta de confiança mútua; Construir relacionamentos e confiança mútua
através de reuniões face a face;
Diferentes culturas, vocabulários e quadros de
referência;
Estabelecer um consenso através de educação,
discussão, publicações, trabalho em equipe e
rodízio de funções;
Falta de tempo e de locais de encontro; ideia
estreita de trabalho produtivo;
Criar tempo e locais para transferências do
conhecimento: feiras, salas de bate-papo,
relatos de conferências;
Status e recompensa vão para os possuidores
do Conhecimento;
Avaliar o desempenho e oferecer incentivos
baseados no compartilhamento;
Falta de capacidade de absorção pelos
recipientes;
Educar funcionários para a flexibilidade;
propiciar tempo para aprendizado; basear as
contratações na abertura de ideias;
Crença de que o conhecimento à prerrogativa
de determinados grupos, síndrome do "não
inventado aqui";
Estimular a aproximação não hierárquica do
conhecimento; a qualidade das ideias é mais
importante que o cargo da fonte;
Intolerância com erros ou necessidade de
ajuda.
Aceitar e recompensar erros criativos e
colaboração; não há perda de status por não se
saber tudo.
Fonte: DAVENPORT; PRUSAK (1998, p.117-118).
As barreiras podem ser classificadas em individuais e organizacionais. De acordo com Ichijo
(2008), as barreiras individuais representam a resistência às mudanças da auto identidade e as
barreiras organizacionais referem-se aos problemas com os paradigmas da empresa.
Entre as barreiras individuais, os indivíduos precisam compreender e perceber que o novo
conhecimento “faz sentido”, uma vez que eles já estavam adaptados a uma antiga rotina. Esta
mudança gerada por um novo conhecimento, colocará o indivíduo em situações para as quais
não tem respostas ou rotinas claras, rompendo com anos de treinamento e de resultados
(ICHIJO, 2008). Isto reflete também em uma ameaça à autoimagem, pois para agregar novos
conhecimentos as pessoas precisam mudar um pouco de si (POLANYI, 1958).
Já as barreiras organizacionais são representadas por: 1) necessidade de uma linguagem
legítima (a língua é o código para o aprendizado individual), 2) histórias organizacionais
(representam memória organizacional que permite aos indivíduos a adequação do seu próprio
comportamento ao ambiente de trabalho), 3) procedimentos (o novo conhecimento vai alterar
procedimento que há anos são responsáveis pelo sucesso da organização e uma nova “bíblia”
técnica será criada) e 4) paradigmas da empresa (os paradigmas influenciam dados,
67
informações, missão e a visão da organização, os quais precisarão passar por adaptações)
(ICHIJO, 2008).
As barreiras também podem ser estruturadas sobre paradigmas e modelos mentais.
Os paradigmas são costumes herdados, pensamentos coletivos adotados por uma comunidade.
De acordo com Plastino (2001), paradigma é um conjunto de perspectivas dominante em torno
da concepção do ser, do conhecer e do homem, é uma construção teórica e inseparável do
conjunto da vida social no qual se insere. O conceito de paradigma é, por assim dizer,
inseparável da compreensão da historicidade do conhecimento.
Já os modelos mentais, representam a forma particular com que cada pessoa vê o mundo e o
compreende. Segundo Tschá (2011), o termo modelo mental surgiu em 1943 no livro The
Nature of Explanation, escrito pelo psicólogo escocês Kenneth Craik. Para este autor, cada um
traduz os elementos do ambiente em modelos mentais, manipulando suas representações
simbólicas.
Eles (modelos mentais) são construidos com base nas experiências vividas. Para Crook e
Gunther (2005), o termo ‘modelos mentais’ é usado para descrever os processos cerebrais que
usamos para dar sentido ao nosso mundo. Trata-se da forma como cada indivíduo percebe a
“realidade” a sua volta. Eles provêm de experiências, mitos, crenças, processos educativos, que
tornam cada pessoa um ser único na sua capacidade diferenciada de perceber e interagir com o
ambiente.
Porém, da mesma maneira que existem as barreiras que dificultam a gestão do conhecimento,
existem também fatores que auxiliam e servem como estímulos para o sucesso da gestão do
conhecimento. Para Davenport; Prusak (1998) e Oliveira; Neves (2008), os estímulos para o
sucesso da Gestão do Conhecimento são: cultura orientada para o conhecimento; infraestrutura
técnica e organizacional; apoio da alta gerência; vínculo ao valor econômico ou setorial;
orientação para processos; clareza de visão e linguagem; elementos motivadores não triviais;
nível da estrutura do conhecimento e múltiplos canais para a transferência do conhecimento.
A cultura orientada para o conhecimento representa uma das condições mais importantes para
a gestão do conhecimento, talvez por isso seja a mais difícil de ser estabelecida. Ela deve ser
formada por uma orientação positiva para o conhecimento, pela ausência de inibidores do
conhecimento e um projeto de gestão do conhecimento compatível e apropriado para a cultura
de cada organização (DAVENPORT; PRUSAK, 1998).
68
A infraestrutura técnica e organizacional aumentam as probabilidades de uma gestão do
conhecimento bem sucedida. A mais fácil de ser desenvolvida é a infraestrutura técnica,
viabilizada por meio de tecnologia, especialmente de comunicação e suas ferramentas. Já a
infraestrutura organizacional exige o estabelecimento de um conjunto de funções, estruturas e
qualificações (DAVENPORT; PRUSAK, 1998).
O apoio da alta gerência é crucial para o sucesso da gestão do conhecimento. Esse apoio pode
ser dado através de: envio de mensagens à organização mostrando a importância da gestão do
conhecimento para o sucesso dela, abertura de espaço e provisão de recursos gerar a
infraestrutura projetada e esclarecimento do tipo de conhecimento que, de fato, é mais
importante e relevante para a empresa (DAVENPORT; PRUSAK, 1998).
A vinculação ao valor econômico ou setorial se dá pelo fato da gestão do conhecimento se
tornar um pouco cara, inicialmente, por isso ela deve ser atrelada a esses fatores como impulso
para geração de riquezas materiais e imateriais (DAVENPORT; PRUSAK, 1998).
A orientação para processos, embora alguns gerentes considerem irrelevante, pode auxiliar no
processo de condução e orientação das equipes, estabelecendo um norte para os envolvidos.
A clareza de visão e linguagem é importante para evitar interpretações divergentes e otimizar a
comunicação.
Elementos motivadores não triviais devem ser projetados especialmente para o longo prazo,
estimulando os colaboradores a criar, compartilhar e usar os conhecimentos (DAVENPORT;
PRUSAK, 1998).
O nível da estrutura do conhecimento traz como incentivo a elaboração de uma estrutura
mínima para a busca dos conhecimentos que deve estar elaborada com base em categorias e
palavras-chave, entre outros recursos que facilitem a pesquisa.
Os múltiplos canais para a transferência do conhecimento são representados pelas ferramentas
apresentadas no eixo anteriormente desenvolvido e buscam intensificar as condições e meios
para aquisição e compartilhamento do conhecimento.
Além desses, outros cinco fatores promotores do conhecimento foram apontados. São eles:
incutir uma visão de conhecimento, a gestão de conversações, a mobilização de ativistas do
conhecimento, a criação do contexto correto e a globalização do conhecimento local (ICHIJO,
2008).
69
A gestão de conversações deve facilitar a comunicação entre os membros da organização,
preocupando-se com um bom entendimento das questões e evitando ruídos. Incutir uma visão
de conhecimento “implica comunicar a visão organizacional até que os membros comecem a
executá-la” (ICHIJO, 2008, p. 129).
A mobilização de ativistas do conhecimento tem seis propósitos voltadas para criação do
conhecimento, que são: foco e inicialização da criação do conhecimento, redução de custo e
tempo, alavancagem de iniciativas por toda organização, melhoramento das condições dos
engajados, preparação dos participantes para novas tarefas e inclusão da perspectiva da
microcomunidade no debate mais amplo de transformação organizacional (ICHIJO, 2008).
A criação do contexto correto “examina as conexões próximas entre a estrutura organizacional,
a estratégia e a promoção do conhecimento” (ICHIJO, 2008, p. 132).
E a globalização do conhecimento local, especialmente devido à época de globalização, torna-
se crucial para a vantagem competitiva de uma organização que o conhecimento criado seja
disseminado por todas as unidades da empresa de forma rápida e eficiente (ICHIJO, 2008).
2.4 Desenho da conexão dos constructos teóricos.
Este desenho busca apresentar as conexões conceituais estabelecidas entre os constructos
teóricos dessa pesquisa: empreendedorismo, geração Y e gestão do conhecimento.
Ele foi elaborado a partir de uma interseção apresentada entre os constructos. Tal interseção
iniciou-se pelo empreendedorismo e seus fundamentos: a inovação e o espírito empreendedor,
apresentados por Drucker (2011).
Em seguida, observou-se que o espírito empreendedor apresentou características que se
conectam, conceitualmente, diretamente com as características atribuídas a geração Y. Que por
sua vez, tem sido reconhecida pela quantidade de conhecimento que tem gerado
(LANCASTER; STILLMAN, 2008).
Enquanto isso, o segundo pilar do empreendedorismo, a inovação, também depende do
conhecimento. Como já afirmava Drucker (2011), o conhecimento é a super estrela da inovação.
Dessa maneira, mais uma vez, a geração Y empreendedora conecta-se à gestão do
conhecimento. Essas conexões são apresentadas no desenho a seguir.
70
Fonte: Elaboração Própria (2013).
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GC
71
3 METODOLOGIA
Neste capítulo é apresentada a metodologia escolhida para o desenvolvimento do estudo.
3.1 Delineamento da pesquisa
A escolha do caminho metodológico para o desenvolvimento da pesquisa deve se dar levando-
se em conta os caminhos que melhor favorecem a coerência entre o objeto de pesquisa e a forma
de abordá-lo, de modo que se consiga realizar os objetivos almejados.
O conceito de pesquisa refere-se a uma atividade científica que provoca a busca e elaboração
de novos conhecimentos. Segundo Minayo (1993), a pesquisa é considerada uma atividade
básica das ciências na sua indagação e descoberta da realidade. É uma atitude e uma prática
teórica de constante busca que define um processo intrinsecamente inacabado e permanente,
que procura a aproximação sucessiva da realidade que nunca se esgota, fazendo uma íntima
combinação entre teoria e dados.
Em função disso, esta pesquisa constituiu-se como de natureza qualitativa e quantitativa.
Qualitativa por servir para pesquisas voltadas para o desenvolvimento de conceitos, o
esclarecimento de situações, atitudes e comportamentos, ou o enriquecimento do significado
humano deles (GODOI; BANDEIRA-DE-MELO; SILVA, 2006, p. 348).
Nesta pesquisa, a abordagem qualitativa, buscou entender a relação existente entre os
constructos do empreendedorismo, geração Y e gestão do conhecimento. A abordagem
qualitativa justifica-se por ter como objetivo principal compreender as crenças, atitudes, valores
e motivações sobre o comportamento dos indivíduos em determinados contextos sociais
(GASKELL, 2008).
Já o uso da abordagem quantitativa se justifica por buscar correlações. Soares (2005, p. 2)
explica que “no desenvolvimento da pesquisa de natureza quantitativa devem-se formular
hipóteses e classificar a relação entre as variáveis para garantir a precisão dos resultados,
evitando contradições no processo de análise e interpretação”. Neste estudo, foi analisada a
correlação entre os dois constructos principais: geração Y e empreendedorismo.
Ao unir esses dois métodos, quantitativo e qualitativo, pôde-se alcançar um nível de
credibilidade e validade maior dos resultados da pesquisa evitando-se assim, o reducionismo
72
por só uma opção de análise. Duffy (1987, p. 59) discorre que, “quando se usa as técnicas
qualitativas e quantitativas conseguem-se dados mais ricos, completos, globais e reais”.
A metodologia mista foi escolhida por levar em consideração os aspectos qualitativos e
quantitativos das análises. Para Tashakkori e Creswell (2007, p.4), “a pesquisa de métodos
mistos é definida como aquela em que o investigador coleta e analisa os dados, integra os
achados e extrai inferências usando abordagens ou métodos qualitativos e quantitativos em um
único estudo ou programa de investigação”.
Os métodos mistos encorajam o uso de variadas visões de mundo transformando paradigmas e,
a pesquisa de métodos mistos, é prática. Isso traz liberdade para o pesquisador que quer usar
todos os métodos possíveis para abordar um problema (CRESWELL; CLARK, 2013).
No que diz respeito aos fins, esta pesquisa foi caracterizada como um estudo do tipo
exploratório e, ao mesmo tempo, descritivo. Exploratório pois tem a intenção de conhecer sobre
um universo pouco pesquisado: como a gestão do conhecimento auxilia empreendedores Y na
criação de empreendimentos; além disso, o próprio conceito de “empreendedor Y” foi definido,
já que o mesmo não existia. Descritiva por também intencionar o aprofundamento de
informações sobre os constructos e a relação que eles mantêm.
O estudo exploratório se mostra adequado ao delineamento qualitativo escolhido. Para Cooper
e Schindler (2003), o estudo exploratório é útil quando não se tem ideia clara dos problemas
que serão enfrentados durante o estudo, principalmente quando a área explorada é nova, pois
variáveis importantes podem não estar claramente definidas. Além disso, segundo Oliveira
(2011), o estudo exploratório é recomendável como uma pré-etapa para o desenvolvimento do
estudo descritivo, que também foi adotado nesta pesquisa.
O estudo descritivo também adequou-se ao delineamento quantitativo e qualitativo escolhido.
Oliveira (1997, p. 114) salienta que o estudo descritivo possibilita abranger aspectos gerais e
amplos de um contexto social. Este mesmo autor salienta que, por meio de um estudo descritivo,
pode-se desenvolver uma análise para identificação de fenômenos, explicações das relações
causais e feitas dos fenômenos ou, mais precisamente, a análise do papel das variáveis que, de
certa forma, influenciam ou causam aparecimento dos fenômenos.
A investigação foi desenvolvida por meio de uma pesquisa de levantamento com métodos
mistos, ou seja, uma abordagem qualitativa e quantitativa.
73
A pesquisa de levantamento, ou survey, teve como objetivo produzir estatísticas e coletar
informações diretamente com as pessoas envolvidas no estudo. Para Fowler (2011, p.11), “o
objetivo do levantamento é produzir estatísticas, isto é, descrições quantitativas ou numéricas
sobre alguns aspectos da população” e a principal forma de coletar essas informações é por
meio de perguntas feitas diretamente às pessoas envolvidas na pesquisa, sendo suas respostas
os dados a serem analisados.
Para desenvolver a pesquisa de levantamento foi necessário o uso de três componentes. Os
componentes foram indicados por Fowler (2011), e são: amostragem, formulação de questões
e coleta de dados.
Levou-se em consideração as orientações do autor que discorreu que na amostragem deve ser
selecionado um subgrupo que represente a população estudada. Para formulação de questões, a
clareza e o sentido das questões devem estar nítidos. Já a coleta de dados pode ser realizada de
diversas formas, seja pela internet, por telefone ou outros meios.
Esta seção abordou o delineamento central da pesquisa. Na próxima seção é apresentado o
quadro metodológica da mesma.
3.1.1 Desenho metodológico da pesquisa
Desenho metodológico da pesquisa pode ser apresentado, de forma sequencial, com todas as
suas etapas, conforme a ilustração a seguir.
74
Fonte: Elaboração própria (2013).
Formulação do Problema / Pergunta de
Pesquisa
Como aGestão doConhecimentoauxiliaempreendedores da geraçãoY nodesenvolvimento deempreendimentos?
Definição dos Objetivos
Geral:
Compreender como a Gestão do Conhecimento auxiliaempreendedores da geração Y no desenvolvimento deempreendimentos, um levantamento feito no Papo deUniversitário.
Específicos
Mapear o perfil dos Empreendedores Y.
Identificar o entendimento dos empreendedores Y sobreGestão do Conhecimento.
Identificar os modos de conversão e compartilhamento doconhecimento utilizados pelos Empreendedores Y.
Identificar o processo de criação dos empreendimentosdesenvolvidos pelos Empreendedores Y a partir da TeoriaVisionária de Filion.
Identificar as barreiras enfrentadas no processo de Gestãodo Conhecimento desenvolvido pelos Empreendedores Y.
Teorias escolhidas
Geração Y; Empreendedorismo e oempreendedor; Empreendedores Y;Gestão do Conhecimento;Conhecimento; Modos de conversãoe compartilhamento doconhecimento; Meios e ferramentaspara o compartilhamento doconhecimento; Barreiras doconhecimento e estímulos para aGestão do Conhecimento.
Planejamento da Pesquisa
abordagem qualitativa e quantitativa, estudoexploratorio e descritivo, levantamento.
Elaboração do Instrumento
Entrevistas, questionários,observação e documentos.
Pré-teste
Identificação dos ajustesnecessários nosinstrumentos de pesquisapara obtenção de dadospara realização da mesma.
Instrumentação das variáveis
Aplicação dosinstrumentos.
Análise e discussão dos dados
A análise dos dados foi feita por meio da análise de conteúdo, análise de documentos e análise
estatística por teste de correlações.
Redação da Dissertação
ConclusõesSugestões
75
3.2 Locus
O locus utilizado é o Papo de Universitário, uma rede de jovens empreendedores Y que surgiu
em Recife-PE e conquistou espaço nacional, especialmente no trabalho com jovens
universitários.
O Papo de Universitário nasceu com uma única motivação: buscar modelos inspiradores de
estudantes de ensino médio, graduandos ou veteranos em qualquer lugar do Brasil. São movidos
por inquietações ligadas à forma como são educados dentro das escolas e universidades públicas
ou privadas. O Papo de Universitário tem o objetivo de informar o estudante, que não tem tempo
a perder, partindo do pressuposto de que é possível realizar sonhos e fazer grandes realizações
ainda dentro da graduação e não apenas depois dela (PAPO. Evento.).
Sua origem veio de uma visão empreendedora desenvolvida pelo seu fundador, Marcos
Rodrigues, durante o projeto Células Empreendedoras, desenvolvido pelo professor doutor
Genésio Gomes. Tal projeto busca fazer com que os universitários percebam o que traz brilho
nos olhos de cada um, encontrando no Células um meio favorável para realização de sonhos.
Ao longo de sua existência o Papo de Universitário vem se desenvolvendo e tentando superar
alguns obstáculos, como o amadorismo, a falta de organização e administração financeira.
Atualmente, o Papo de Universitário é formado por uma rede de jovens empreendedores Y de
vários estados do Brasil. E conta com um site: <www.papodeuniversitario.com.br>, fanpage
(www.facebook.com/papodeuniversitario), livro, programa de TV e revista.
Diretamente envolvidos na administração do empreendimento estão 7 jovens, são eles: Marcos,
Flávio, Adriano, Leandro, Carlos, Alberto e Paava.
A sede do Papo de Universitário está localizada no endereço Rua Barão de São Borja, 331, Boa
Vista, Recife-PE, CEP 50.070-310. Neste local são desenvolvidas as reuniões de equipe,
planejamento e atendimento ao público.
Os sujeitos integrantes do Papo que participaram dessa pesquisa estão apresentados na próxima
seção. Entre eles, temos o fundador (Marcos), seu sócio com atribuições administrativas
(Flávio), dois coordenadores de marketing e um coordenador logístico.
76
3.3 Sujeitos da pesquisa
Da população, todos os integrantes foram entrevistados. Para Stevenson (1981), a população
consiste no todo pesquisado.
Toda essa população aderiu à pesquisa e seus sujeitos são jovens entre 21 e 30 anos, todos
solteiros, 3 dos 5 graduados em administração de empresas, todos estudaram em escolas
privadas, exceto um que fez o ensino médio na rede pública, são profissionais de várias áreas
de atuação. Todos trabalham no Papo e em mais um emprego, exceto o que ainda é graduando
e só trabalha no Papo. A renda é variável, indo do voluntário graduando ao fundador que recebe
o melhor salário no momento e
todos moram na região metropolitana do Recife (incluindo Olinda).
Essas informações apresentadas foram condensadas no quadro 16.
Quadro 16 - Apresentação dos sujeitos da Pesquisa
Fonte: Elaboração própria (2013).
3.4 Instrumentação do estudo
Na instrumentação do estudo serão apresentadas as formas escolhidas para coletar os dados por
meio de instrumentos e processos, bem como serão apresentadas as formas de analisar os dados.
Nome Adriano Carlos Flávio Leandro Marcos
Idade: 21 24 25 30 29
Estado civil: solteiro solteiro solteiro solteiro solteiro
Escolaridade:
graduando em
Engenharia de
Controle e
Automação
graduado em
Administração
de Empresas
graduado em
Administração
de Empresas
graduado em
Administração
de Empresas
graduado em
Computação,
Psicologia e
pós-graduando
em Gestão de
Marketing e
Vendas.
Estudou em
escola: privada privada privada
pública e
privada privada
Profissão: Coordenador
de Marketing autônomo Empresário
Servidor
Público e
Administrador
Psicólogo e
palestrante
Trabalha: Só no Papo
No Papo e no
Jornal do
Commercio
No Papo e na
Ludo Cursos
No Papo e no
IPA
No Papo e em
clínica
Renda
mensal: voluntário
de R$ 679,00 a
2.034,00 até R$ 678,00
de R$ 2.035,00
a R$ 3.390,00
acima de
R$ 3.390,00
Cidade em
que reside: Olinda Olinda Recife Abreu e Lima Olinda
77
Os métodos escolhidos para a coleta de dados foram: entrevista por pauta (APÊNDICE C),
observação participante (APÊNDICES A e B), documentos (apresentados ao longo das
análises) e questionário (APÊNDICE D), a partir dos quais foi feita a triangulação para análise
dos dados. “A triangulação supera as limitações de um método único por combinar diversos
métodos e dar-lhes igual relevância. Torna-se ainda mais produtiva se diversas abordagens
teóricas forem utilizadas, ou ao menos consideradas, para a combinação de métodos” (FLICK,
2009, p. 32).
Figura 9 - Triangulação da Pesquisa.
Fonte: Elaboração própria, 2013.
As entrevistas em profundidade, por pauta foram realizadas com os empreendedores Y do Papo
de Universitário. A entrevista, definida por Haguette (1997, p. 86), é como um “processo de
interação social entre duas pessoas na qual uma delas, o entrevistador, tem por objetivo a
obtenção de informações por parte do outro, o entrevistado”.
Para desenvolvê-la, as especificações das questões do roteiro devem ser claras e objetivas.
Dessa forma, serão explícitas o bastante para auxiliarem o sujeito a relacionar suas respostas
aos aspectos da situação de estímulo, ainda que suficientemente geral, para evitar que o
entrevistador a estruture (MERTON; KENDALL, 1946).
Foi considerada em profundidade, pois cada integrante foi entrevistado individualmente. Por
pauta, porque teve um roteiro previamente elaborado que consistiu em 8 perguntas norteadoras,
Entrevista:
em profundidade e por pauta
Documentos:
sites, fanpage, fotos e vídeos
Questionário:
questões abertas e fechadas
Observação:
paticipante
78
do tipo abertas, e os pontos abordados contemplaram cada um dos objetivos específicos. Esse
roteiro encontra-se no APÊNDICE C.
Em suma, essas entrevistas foram individuais, em profundidade, presenciais e semiestruturadas.
E foram realizadas no dia 16 de novembro, das 14h30 às 20h, em uma sala de aula da Focca
(Olinda-PE), durante a Fliporto, mediante agendamento, via whatsapp, no dia anterior com os
participantes.
Ao todo, elas resultaram em 1 hora e 53 minutos gravados. A transcrição foi feita pela autora
durante três dias. E, posteriormente, os textos foram comparados, lado a lado, em um planilha
do excel.
A observação foi mais um recurso utilizado. Segundo Flick (2009, p.203-204), “além das
competências da fala e da escuta, utilizadas nas entrevistas, a observação é outra habilidade
cotidiana metodologicamente sistematizada e aplicada na pesquisa qualitativa”.
A observação participante foi buscada para ser comparada aos demais dados encontrados. É
considerada em profundidade por “uma estratégia de campo que combina, simultaneamente, a
análise de documentos, a entrevista de respondentes e informantes, a participação e a
observação direta e a introspecção” (DENZIN, 1989, p.157-158).
Essa observação participante foi feita durante encontros, reuniões e eventos realizados pelo
Papo de Universitário. Para isso, foi elaborado um protocolo de observação apresentado no
APÊNDICE A e um diário de campo apresentado no APÊNDICE B.
A observação foi participante e no locus da pesquisa. A primeira teve duração de 1h, das 13h30
às 14h30 em um sala da Focca (Olinda-PE), no dia 16 de novembro, durante a Fliporto. E a
segunda teve duração de 9h, sendo das 13h às 22h do dia 24 de novembro, durante a realização
do 3º Encontro de Jovens Líderes do Nordeste (esse encontro foi promovido pelo Papo de
Universitário). Além dessas, outras observações foram feitas durante reuniões desenvolvidas
entre os integrantes do Papo, antes e depois da realização do Fórum de Jovens Líderes,
resultando em mais 5h30 de observação.
Os documentos coletados foram fotos, vídeos, matérias do site, revista e publicações na
fanpage. De acordo com Bardin (2004), os documentos apontam registros da motivação,
atitudes, valores, crenças, tendências e a compreensão das ideologias que podem existir em nas
diretrizes de uma organização.
79
Os documentos, dados brutos coletados, foram todos selecionados e apresentados ao longo das
análises dos dados. Os documentos são fontes de dados brutos para o pesquisador e a sua análise
exige um conjunto de verificação para que lhes sejam atribuídos significados (FLORES, 1994).
Por esse motivo, mais um vez, a triangulação vai contribuir com o processo de análise, uma vez
que, foi a partir das observações e entrevistas que esses dados ganharam significado.
Já o questionário foi aplicado com todos os 5 integrantes do Papo de Universitário, no dia 17
de novembro de 2013, antes das entrevistas, em uma sala de aula durante a Fliporto, evento no
qual eles estavam com uma sala temática na faculdade de Olinda FOCCA. O mesmo foi
estruturado com 50 perguntas, entre elas, abertas e fechadas, com o objetivo de colher dados
complementares para cada um dos objetivos e que serviram especialmente para a análise
quantitativa da pesquisa.
O quadro metodológico abaixo visa relacionar os objetivos específicos da pesquisa com os
instrumentos de coleta utilizados para coleta de dados.
Quadro 17 - Quadro metodológico da coleta de dados
Objetivo Específico Instrumento de coleta Processo de coleta
1. Mapear o perfil dos
Empreendedores Y.
Entrevista (semiestruturada,
2 questões do roteiro),
observação (diário de campo
e protocolo) e questionário
(seção 3, com 7 questões
abertas, 2 dicotômicas e 2 de
escala likert).
A entrevista foi individual,
em profundidade, presencial
e semiestruturada. As
entrevistas foram realizadas
no dia 16 de novembro, das
14h30 às 20h, em uma sala
de aula da Focca (Olinda-
PE), durante a Fliporto.
A observação foi
participante e no locus da
pesquisa. A primeira teve
duração de 1h, das 13h30 às
14h30 em um sala da Focca
(Olinda-PE), no dia 16 de
novembro, durante a
Fliporto. E a segunda teve
duração de 9h, sendo das
13h às 22h do dia 24 de
novembro, durante a
realização do 3º Encontro de
Jovens Líderes do Nordeste
(esse encontro foi
promovido pelo Papo de
Universitário). Além dessas,
outras observações foram
feitas durante reuniões
desenvolvidas entre os
integrantes do Papo, antes e
2. Identificar o entendimento dos
empreendedores Y sobre Gestão
do Conhecimento.
Entrevista (semiestruturada,
1 questão do roteiro) e
questionário (1 questão
aberta).
3. Identificar os modos de
conversão e compartilhamento do
conhecimento utilizados pelos
Empreendedores Y.
Entrevista (semiestruturada,
1 questão do roteiro),
observação (diário de campo
e protocolo), documentos
(matérias publicadas em sites,
jornais e revistas, postagens
na fanpage, relatórios de
eventos e a revista do Papo de
Universitário) e questionário
(2 questões de escala likert).
4. Identificar o processo de criação
dos empreendimentos
desenvolvidos pelos
Empreendedores Y a partir da
Teoria Visionária de Filion.
Entrevista (semiestruturada,
1 questão do roteiro),
documentos (matérias
publicadas em sites, jornais e
revistas, postagens na
fanpage, relatórios de eventos
e a revista do Papo de
Universitário) e questionário
80
(12 questões abertas, 8
dicotômicas e 6 de múltipla
escolha).
depois da realização do
Fórum de Jovens Líderes,
resultando em mais 5h30 de
observação.
O questionário foi
elaborado com 50 questões
abertas e fechadas
(dicotômicas e de escalas
likerts). O mesmo foi
aplicado durante as
entrevistas.
Os documentos coletados
foram matérias publicadas
em sites, jornais e revistas,
postagens na fanpage,
relatórios de eventos e a
revista do Papo de
Universitário.
5. Identificar as barreiras
enfrentadas no processo de
Gestão do Conhecimento
desenvolvido pelos
Empreendedores Y.
Entrevista (semiestrutura, 1
questão), observação (diário
de campo e protocolo) e
questionário (1 questão de
escala likert).
Fonte: Elaboração própria (2013).
3.4.1 Pré-teste
O pré-teste é um teste prévio para prova e validação do questionário. Segundo Malhotra (2006),
o pré-teste é um teste do questionário com uma pequena amostra de entrevistados, com o intuito
de identificar e eliminar problemas potenciais. Para Gil (2008), devem ser considerados no pré-
teste os seguintes aspectos: forma das perguntas, clareza e precisão dos termos, ordem das
perguntas, quantidade de perguntas e introdução.
O pré-teste foi aplicado com um sócio do Papo de Universitário que administra uma unidade
do empreendimento em Maceió. O questionário foi enviado e respondido por e-mail uma
semana antes da coleta de dados.
Durante esse pré-teste percebeu-se que o questionário inicial estava incompleto e precisando
estruturar melhor algumas questões sobre o perfil da geração Y e o entendimento sobre a gestão
do conhecimento.
Devido a isso, o questionário, o roteiro da entrevista e o protocolo de observação foram
alterados e ficaram como apresentado nas seções anteriores.
81
3.5 Análise dos Dados
A análise dos dados foi feita por meio da análise de conteúdo, análise de documentos e análise
estatística por teste de correlações.
A análise de conteúdo é uma técnica de investigação objetiva. Ela tem por finalidade a descrição
objetiva, sistemática e quantitativa do conteúdo manifesto da comunicação (BERELSON,
1948).
Nesta pesquisa quantitativa e qualitativa foi considerada a visão mais atualizada de Bardin e
Franco. Bardin (2011), considera a análise de conteúdo como um conjunto de técnicas de
análise das comunicações (quantitativos ou não) que aposta no rigor do método como forma de
não se perder na heterogeneidade de seu objeto, visa obter, por procedimentos, sistemáticos e
objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores e conhecimentos relativos às
condições de variáveis inferidas na mensagem.
Na análise de conteúdo acontece uma investigação a partir da análise da mensagem, seja ela
verbal (oral ou escrita), gestual, silenciosa, figurativa, documental ou diretamente provocada.
Analisa-se a mensagem em busca de um significado e de um sentido (FRANCO, 2008).
Entre as análises de conteúdo, a análise por caixas foi escolhida. Segundo Bardin (2004), o
procedimento por caixas parte do princípio de que o pesquisador já tem, de antemão, as caixas
nas quais colocará as informações obtidas. Isso é aplicável quando a organização do material
decorre diretamente de um modelo teórico hipotetizado.
As caixas representam categorias. Elas podem ser divididas em categoria geral, categorias
empíricas e subcategorias. Neste estudos as caixas, ou categorias, se aplicam pois as categorias
investigadas foram previamente estabelecidas pela pesquisadora, por meio da extração da
essência dos constructos: empreendedorismo, geração Y e gestão do conhecimento.
As categorias gerais são os principais constructos do estudo: gestão do conhecimento, o
conhecimento, empreendedorismo e geração Y. Delas deviram as categorias empíricas ou
subcategorias, as quais são indicadores que descrevem o campo semântico dos conceitos
trazidos nas categorias gerais (BARDIN, 2004).
Essa relação entre as categorias está representada na figura a seguir.
82
Figura 10 - Relação entre categorias
Fonte: Elaboração própria (2013), à luz de Bardin (2004).
Essa categorização também foi feita para cada objetivo específico. De forma que, para cada
objetivo específico foram definidas categorias gerais, empíricas e as subcategorias. Essas
categorizações específicas serão apresentadas a seguir, na seção de categorização dos dados.
A categorização para cada objetivo específico está representada pela figura abaixo.
Figura 11 - Desenho da categorização das variáveis para cada objetivo específico.
Fonte: Elaboração própria (2013).
No contexto das pesquisas, a categorização deve ser feita com o intuito e facilitar o trabalho e
a interpretação dos dados, deixando os dados organizados de maneira sistematizada. Isso porque
a categoria é um “agrupamento de informações similares em função de características comuns”
(LEGENDRE, 1993, p.64).
Para categorização dos dados, os mesmos são divididos em três níveis. De acordo com Olivera
(2005), os dados obtidos na pesquisa devem ser classificados em categorias teóricas ou gerais,
categorias empíricas e unidades de análise.
As categorias gerais ou teóricas representam os principais constructos teóricos do estudo. Elas
são identificadas a partir de “um construto teórico sobre o que se decidiu estudar e que serviu
de aporte para análise dos dados. Uma vez sistematizados os conteúdos que engredam a
fundamentação teórica, foi possível identificar as mesmas” (TSCHÁ, 2011, p. 116).
CATEGORIAS GERAIS
CATEGORIAS EMPIRICAS
SUBCATEGORIAS
OBJETIVOSCATEGORIAS
GERAIS
CATEGORIAS EMPIRICAS
SUBCATEGORIAS
83
Assim, as categorias gerais ou teóricas deste estudo conduzem ao objetivo geral elaborado:
“Compreender como a gestão do conhecimento auxilia empreendedores Y no desenvolvimento
de empreendimentos, estudo de caso do Papo de Universitário”.
Essa categorização dos dados foi representada pela figura a seguir.
Fonte: Elaboração própria, adaptada de Tschá, 2011.
Essa categorização também foi feita para cada objetivo específico. De forma que, para cada
objetivo específico foram definidas categorias gerais, empíricas e as subcategorias. Tal
categorização resultou nos quadros da apresentação dos dados de cada objetivo específico.
A análise de documentos busca apresentar complementações para os outros métodos. Segundo
Bell (1993), serve para complementar as informações obtidas por outros métodos, com a
intenção de encontrar, nesses documentos, informações úteis para o objetivo do estudo.
Para o desenvolvimento da análise documental torna-se necessário distinguir dados,
documentos e análise. O dado suporta uma informação sobre a realidade (FLORES, 1994), o
documento representa uma impressão deixada por um ser humano em objetos físicos (BELL,
1993) e a análise consiste na detecção de unidades de significado em um contexto e no estudo
das relações entre elas e em relação ao todo (FLORES, 1994).
O processo de análise documental integrado ao fluxo da triangulação, está apresentado na figura
a seguir.
Categoria Empírica:
Perfil do empreendedor Y
Criação de empreendimentos
Modos de conversão do
conhecimento
Criação, compartilhamento e uso
do conhecimento
Barreiras do conhecimento
Categoria Geral ou Teóricas:
Gestão do Conhecimento
Conhecimento
Empreendedorismo
Geração Y
Unidade de análise:
Dimensão individual –
integrantes do Papo de
Universitário
Dimensão grupal – o Papo de
Universitário (empreendimento)
Figura 12 - Categorização dos dados.
84
Figura 13 - Fluxo da triangulação com documentos
Fonte: Calado; Ferreira (2005) adaptado de Igea et al., (1995).
A análise estatística foi feita por meio de testes do correlação. As correlações, ou teste de
correlação é uma análise estatística utilizada para determinar se uma variável relaciona-se com
outras variáveis da mesma população pesquisada (LAPONI, 2005). Nesta pesquisa, as variáveis
relacionadas foram as características do perfil empreendedor e as características do perfil da
geração Y.
Para a análise correlacional, foi escolhido o teste de correlação de Pearson e as questões
elaboradas para este fim foram estruturadas em escalas likerts. De acordo com Bandeira (2010,
p.4), “o teste de correlação de Pearson é o mais utilizado, requerendo, entretanto, que o
pesquisador tenha coletado as duas medidas em escala intervalar ou de razão”.
Para sintetizar o que foi apresentado nesta seção, foi elaborado um quadro resumo dos métodos
utilizados para análise de cada objetivo específico. Esse quadro está representado a seguir.
Quadro 18 - Objetivos específicos e suas respectivas formas de análise dos dados.
Objetivos específicos Análise dos dados
1. Mapear o perfil dos Empreendedores Y. Análise estatística por correlação e análise de
conteúdo.
2. Identificar o entendimento dos
empreendedores Y sobre Gestão do
Conhecimento.
Análise de conteúdo e análise de documentos.
3. Identificar os modos de conversão e
compartilhamento do conhecimento
utilizados pelos Empreendedores Y.
Análise estatística, análise de conteúdo e análise
de documentos.
4. Identificar o processo de criação dos
empreendimentos desenvolvidos pelos
Empreendedores Y a partir da Teoria
Visionária de Filion.
Análise de conteúdo e análise de documentos.
85
5. Identificar as barreiras enfrentadas no
processo de Gestão do Conhecimento
desenvolvido pelos Empreendedores Y.
Análise estatística, análise de conteúdo e análise
de documentos.
Fonte: Elaboração própria (2013).
Após a apresentação das formas escolhidas para a análise de dados, a próxima seção apresenta
os limites e limitações encontrados no desenvolvimento do estudo.
3.6 Limites e limitações do estudo
O limite imposto pela pesquisadora foi de entrevistar apenas empreendedores Y, ou seja, os que
têm entre 18 e 35 anos que fazem parte do Papo de Universitário. Isso resultou na coleta de
dados de 100% dos integrantes diretos do Papo de Universitário.
Os colaboradores indiretos não foram considerados, por não representarem oficialmente a ideia
e a essência do Papo de Universitário.
Outros limites referem-se às escolhas para fundamentação teórica. O constructo da geração Y
foi limitado por Veloso, Dutra e Nakata, já o Empreendedorismo teve como principal fonte a
abordagem de Filion e a Gestão do Conhecimento foi analisada sob a ótica de Nonaka e
Takeuchi.
Limites também foram colocados para as análises dos dados. O objetivo específico 1 foi
analisado por meio de análise estatística por correlação e análise de conteúdo. Já os objetivos
específicos 2 e 4 foram analisados por meio da análise de conteúdo e análise de documentos. E
os objetivos 3 e 5 foram analisados por meio de análise estatística, análise de conteúdo e análise
de documentos.
Uma limitação encontrada foi a falta de disponibilidade dos participantes para responderem o
questionário online e a entrevista via Skype, o que anteriormente havia sido planejado na
metodologia. Devido a isso, adotou-se a entrevista individual, presencial e semiestruturada.
Outra limitação foi o pequeno número de pessoas usadas para um levantamento, 5 pessoas. No
entanto, essa pequena quantidade representou 100% dos integrantes do Papo de Universitário.
E, mais uma limitação, foi não ter usado os softwares Surveymonkey e Google Drives, uma vez
que suas versões gratuitas impõem limites de até 10 e até 15 perguntas, respectivamente, para
cada questionário. E o questionário desenvolvido para esta pesquisa possui 50 questões.
86
Depois de apresentados os limites e limitações desta pesquisa, o próximo capítulo discorre sobre
a análise e discussão dos achados.
87
4 ANÁLISE E DISCUSSÃO
Neste capítulo foi desenvolvida toda a apresentação e análise dos dados por meio da análise de
documentos, análise de conteúdo e análises estatísticas, conforme foi apresentada e planejada
no capítulo anterior.
4.1 Perfil do empreendedor Y
Visando cumprir o primeiro objetivo específico que consistiu em mapear o perfil do
Empreendedor Y, procedeu-se com o processo de categorização dos dados e posteriormente a
análise dos resultados achados.
O processo de categorização se deu com a identificação das categorias, gerais, empíricas e
subcategorias. Como categoria geral tem-se o empreendedorismo, o empreendedor e geração
Y. A categorização das categorias gerais findou na categorização da categoria empírica
identificada como “o perfil do empreendedor Y”, que se subdividiu em um conjunto de
características , aqui nesta seção caracterizada como subcategorias relacionadas aos seguintes
conceitos: inovador, inquieto, foca na sustentabilidade, criativo, tolera incertezas, otimiza
recursos, líder, resolve problemas, visionário, comprometido, autoconfiante, precisa de
feedback, participativo, cooperador, busca satisfação pessoal e status, persistente, detecta
oportunidade, assume riscos calculados e é bem informado.
Para esquematizar a categorização do objetivo específico 1, foi elaborado o quadro a seguir.
Quadro 19 - Categorização do Objetivo Específico 1: Mapear o perfil do empreendedor
Y.
Categorias
Gerais Empírica Subcategorias
Empreendedorismo:
É o resultado da realização de
uma, ou de um conjunto de
ideias inovadoras.
Perfil do Empreendedor Y:
perfil elaborado por um
conjunto de característica em
comum entre o perfil
empreendedor e a geração y.
Inovador: cria coisas novas ou
agrega valor às já existentes.
Inquieto: impaciente, sempre em
movimento.
Foca na sustentabilidade: faz bom
uso dos recursos.
Criativo: inovador, cria coisas
novas ou modifica recursos da já
existentes.
Tolera incertezas: sabe lidar com
ambiguidades e incertezas.
Impaciente: inquieto, não espera
muito.
Otimiza recursos: é sustentável.
88
O empreendedor:
É um ser visionário que imagina
e realiza visões.
Líder: influencia outras pessoas,
especialmente de forma
colaborativa.
Resolve problemas: tomam
iniciativa e solucionam questões.
Visionário: projeta visões e
maximiza oportunidades.
Comprometido: assume e honra
compromissos.
Geração Y:
Representa um conjunto de
pessoas aproximadas pelo
tempo de vida e momentos
históricos vivenciados a partir
de 1978.
Autoconfiante: confia em si
mesmo.
Precisa de feedback: quer saber se
está indo bem.
Participativo: é ativo e participa
das ações.
Cooperador: colabora com outras
pessoas.
Busca satisfação pessoal e status: que ser reconhecido e satisfazer
suas necessidade de auto realização.
Persistente: determinado.
Detecta oportunidades: é
visionário, oportunista.
Assume risco calculados: sabe
analisar oportunidades e arrisca-se
para alcançá-las.
Bem informado: tem fácil e rápido
acesso às informações, conhece
bem o ramo em que atua.
Tecnológico e digital: Tecnologia
e diversidade são coisas naturais na
vida. Usam todos os recursos do
celular e precisam estar conectados.
Fonte: elaboração própria (2013).
Os dados coletados por meio de questionários e entrevistas demonstram que de um total de 45
características atribuídas à Geração Y (18) e ao empreendedorismo (27), 7 tiveram unanimidade
nas respostas.
As 18 características apontadas para a Geração Y foram citadas por Garcia, Stein e Ramón,
(2008); Broadbridge, Maxwell e Ogden (2007); Oliveira, (2010); Lancaster e Stillman, (2011);
Portes, (2008); Martin, (2005); Dwyer, (2009); Hurst e Good (2009).
Já as 27 características atribuídas ao empreendedorismo foram defendidas por Filion (2000);
McClelland (1961); Leite (2012); Dolabela (2008); Beaudeau (1797); Cantillon (1725);
Timmons (1989); Dornelas (2005), Drucker (2011), Schumpeter (1934) e Julien (2010).
A unanimidade ocorreu, porque todos os entrevistados responderam que sempre apresentam as
seguintes características: está inserido em um contexto de jogos baseada em superar novos
desafios; quer ter a sensação de estar contribuindo; quer ser ouvido, participar e interagir com
89
os processos; quer se expressar por meio do trabalho; quer colaborar, trabalhar em equipe,
estimular a cooperação; foco em resultados e superar recordes; trabalha em rede.
As demais características também apresentaram um bom resultado, pois ficaram todas acima
da média. A escala era de 5 a 25, e todas as frequências ficaram acima de 15, conforme
apresentado nos gráficos a seguir.
Figura 14 - Gráfico das frequências para as características da geração Y
Fonte: elaboração própria (2013).
E o gráfico para as características empreendedoras é apresentado na próxima página.
90
Figura 15 - Gráfico das frequências empreendedoras apresentadas
Fonte: elaboração própria (2013).
Após o processo de coleta de dados, visando identificar a correlação entre perfil empreendedor
e perfil geração Y de modo a identificar o perfil do empreendedor Y, foi construída uma matriz
de correlações.
Os resultados encontrados culminam em correlações positivas, negativas e nulas. As nulas
ocorreram devido ao desvio padrão nulo resultante da unanimidade das respostas dadas pelos
entrevistados para essas características.
Entre as 45 características, 59 correlações foram positivas e relevantes, ou seja, superior a 0,50.
Apareceram também 51 correlações negativas e relevantes, ou seja, abaixo de -0,50. Vinte e
cinco deram igual a zero, isso significa que as duas variáveis não dependem linearmente umas
das outras. Dez correlações foram perfeitamente positivas e apenas três correlações foram
perfeitamente negativas.
91
A matriz de correlações contendo todas as correlações encontradas nesse estudo está disponível
no APÊNDICE E. Para esta seção, foi elaborado o quadro abaixo apresentando as principais
correlações estabelecidas, ou seja, as perfeitas, as acima de 0,50 e as abaixo de -0,50.
Quadro 20 - Principais correlações encontradas.
Características da Geração Y Características empreendedoras correlacionadas
Código Característica Código Característica Coeficiente
de correlação
1GY É bem informado e tem
fácil e rápido acesso às
informações
10E Sabe resolver problemas 1 (perfeita)
18E Tem humildade diante da sorte 0,930
23E Conhece bem o ramo em que atua 0,791
25E Maximiza oportunidades 0,707
2E Possui capacidade de tolerar
incertezas e ambiguidades
0,645
14E Desapego emocional 0,620
5E É imaginativo, visionário -0,645
24E É inovador -0,645
1E Apresenta tenacidade, perseverança e
comprometimento
-0,791
16E Liderança -0,791
26E É inquieto -0,791
2GY Está inserido em um
contexto de jogos
baseada em superar
novos desafios
Não apresentou correlação devido à
falta de desvio padrão.
3GY Quer fazer a diferença
no mundo
23E Conhece bem o ramo que atua 0,875
14E Desapego emocional 0,686
11E Possui necessidade de status -0,557
6E Volta-se para resultados -0,612
7E Recebe feedback procurando
aprender com ele
-0,612
1E Apresenta tenacidade, perseverança e
comprometimento
-0,875
4GY É tecnológico, digital 23E Conhece bem o ramo que atua 1 (perfeita)
10E Sabe resolver problemas 0,791
14E Desapego emocional 0,784
18E Tem humildade diante da sorte 0,784
25E Maximiza oportunidades 0,559
11E Possui necessidade de status -0,514
1E Apresenta tenacidade, perseverança e
comprometimento
-1 (perfeita)
5GY É impaciente 16E Liderança 1 (perfeita)
26E É inquieto 1 (perfeita)
5E É imaginativo, visionário 0,612
24E É inovador 0,612
25E Maximiza oportunidades -0,559
2E Possui capacidade de tolerar
incertezas e ambiguidades
-0,612
18E Tem humildade diante da sorte -0,686
10E Sabe resolver problemas -0,791
6GY Pensa na
sustentabilidade
5E É imaginativo, visionário 0,667
24E É inovador 0,667
92
1E Apresenta tenacidade, perseverança e
comprometimento
0,612
4E Assume riscos moderados -0,612
13E Possui autoconfiança -0,612
17E Tem iniciativa -0,612
23E Conhece bem o ramo em que atua -0,612
10E Sabe resolver problemas -0,645
2E Possui capacidade de tolerar
incertezas e ambiguidades
-0,667
18E Tem humildade diante da sorte -0,881
7GY A visão do líder é
colaborativa
14E Desapego emocional 0,891
23E Conhece bem o ramo em que atua 0,802
4E Assume riscos moderados -0,535
8E Luta contra a autoimposição de
padrões
-0,535
9E Alta necessidade de realização -0,535
12E Possui elevados níveis de energia -0,535
13E Possui autoconfiança -0,535
15E Necessidade de satisfação pessoal -0,535
17E Tem iniciativa -0,535
21E Aprende a aprender para ganhar
experiência
-0,535
1E Apresenta tenacidade, perseverança e
comprometimento
-0,802
11E Possui necessidade de status -0,871
6E Volta-se para resultados -0,873
7E Recebe feedback procurando
aprender com ele
-0,873
8GY Pessoa com iniciativa e
grande capacidade de
resolver problemas
18E Tem humildade diante da sorte 0,881
2E Possui capacidade de tolerar
incertezas e ambiguidades
0,667
10E Sabe resolver problemas 0,645
4E Assume riscos moderados 0,612
13E Possui autoconfiança 0,612
17E Tem iniciativa 0,612
23E Conhece bem o ramo em que atua 0,612
1E Apresenta tenacidade, perseverança e
comprometimento
-0,612
5E É imaginativo, visionário -0,667
24E É inovador -0,667
9GY Desenvolve-se bem em
espaços criativos
23E Conhece bem o ramo em que atua 0,875
14E Desapego emocional 0,686
11E Possui necessidade de status -0,557
6E Volta-se para resultados -0,612
7E Recebe feedback procurando
aprender com ele
-0,612
1E Apresenta tenacidade, perseverança e
comprometimento
-0,875
10GY Comprometida à
medida em que o
negócio está alinhado
aos seus valores
8E Luta contra a autoimposição de
padrões
1 (perfeita)
9E Alta necessidade de realização 1 (perfeita)
12E Possui elevados níveis de energia 1 (perfeita)
15E Necessidade de satisfação pessoal 1 (perfeita)
93
21E Aprende a aprender para ganhar
experiência
1 (perfeita)
20E Boa intuição 0,791
22E Tem um modelo, alguém que
influencia
0,784
11E Possui necessidade de status 0,772
5E É imaginativo, visionário 0,612
6E Volta-se para resultados 0,612
7E Recebe feedback procurando
aprender com ele
0,612
24E É inovador 0,612
25E Maximiza oportunidades 0,559
2E Possui capacidade de tolerar
incertezas e ambiguidades
-0,612
14E Desapego emocional -0,686
11GY Alegria, autoconfiança
e energia
(empoderamento)
23E Conhece bem o ramo em que atua 1 (perfeita)
10E Sabe resolver problemas 0,791
14E Desapego emocional 0,784
18E Tem humildade diante da sorte 0,784
25E Maximiza oportunidades 0,559
11E Possui necessidade de status -0,514
1E Apresenta tenacidade, perseverança e
comprometimento
-1 (perfeita)
12GY Quer ter a sensação de
estar contribuindo
Não apresentou correlação devido à
falta de desvio padrão.
13GY É inovadora 10E Sabe resolver problemas 0,791
14E Desapego emocional 0,784
18E Tem humildade diante da sorte 0,784
25E Maximiza oportunidades 0,559
11E Possui necessidade de status -0,514
1E Apresenta tenacidade, perseverança e
comprometimento
-1 (perfeita)
14GY Quer ser ouvida,
participar e interagir
com os processos
Não apresentou correlação devido à
falta de desvio padrão.
15GY Precisa de feedback,
quer saber se está se
saindo bem
2E Possui capacidade de tolerar
incertezas e ambiguidades
0,667
3E Faz bom uso de recursos 0,612
4E Assume riscos moderados 0,612
13E Possui autoconfiança 0,612
17E Tem iniciativa 0,612
20E Boa intuição -0,645
5E É imaginativo, visionário -0,667
24E É inovador -0,667
22E Tem um modelo, alguém que
influencia
-0,721
16GY Quer se expressar por
meio do trabalho
Não apresentou correlação devido à
falta de desvio padrão.
17GY Quer colaborar,
trabalhar em equipe,
estimular a cooperação
Não apresentou correlação devido à
falta de desvio padrão.
94
18GY Foco em resultados e
superar recordes
Não apresentou correlação devido à
falta de desvio padrão.
Fonte: Elaboração própria (2013).
As característica: estão inseridos em um contexto de jogos baseada em superar novos desafios
(2GY), quer ter a sensação de estar contribuindo (12GY), quer ser ouvida, participar e interagir
com os processos (14GY), quer se expressar por meio do trabalho (16GY), quer colaborar,
trabalhar em equipe, estimular a cooperação (17GY), foco em resultados e superar recordes
(18GY) e trabalha em rede (19E) não apresentaram correlações devido à falta de desvio padrão.
Isso foi gerado pela unanimidade das respostas dos entrevistados para as mesmas.
O quadro da seção 2.2.2 que trata da conexão teórica e qualitativa entre os constructos do
empreendedorismo e da geração Y foi resgatado para esta seção. No entanto, nesta nova versão,
ele está apresentado com os seus respectivos coeficientes de correlação.
Quadro 21 - Pontos de conexão entre as características da geração Y e o comportamento
empreendedor com seus respectivos coeficientes de correlação.
Comportamento/Características da
Geração Y
Pontos de conexão com
comportamento/ características de
Empreendedor
Coeficientes de
correlação
É bem informada e tem fácil e rápido
acesso às informações;
Conhece bem o ramo em que atua; 0,791
Aprender a aprender para ganhar
experiência
Zero
Está inserida em um contexto de jogos
com: superar novos desafios, foco em
resultados e superar recordes;
Volta-se para resultados; Não foi possível
calcular
Alta necessidade de realização; Não foi possível
calcular
Correm riscos moderados Não foi possível
calcular
Quer fazer a diferença no mundo; Liderança 0,250
Inovador -0,102
É tecnológica, digital; Possui capacidade de tolerar
ambiguidade e incerteza
0,408
É impaciente; Inquieto 1 (perfeita)
Pensa na sustentabilidade; Faze bom uso de recursos 0,408
A visão do líder é colaborativa; Liderança 0,134
Pessoa com iniciativa e grande
capacidade de resolver problemas;
Saber resolver problemas 0,645
Tem iniciativa 0,612
Desenvolve-se bem em espaços
criativos;
É imaginativo (visionário); -0,102
Maximiza oportunidades; 0,280
É inovador -0,102
Comprometida à medida em que o
negócio está alinhado aos seus
valores;
Comprometido com o que faz 0,250
Alegria, autoconfiança e energia
(empoderamento);
Possui autoconfiança; -0,250
Elevados níveis de energia -0,250
95
Quer ter a sensação de estar
contribuindo;
Comprometido com o que fazem Não foi possível
calcular
É inovadora; É inovador -0,408
Quer ser ouvida, participar e interagir
com os processos;
Luta contra a autoimposição de padrões Não foi possível
calcular
Precisa de feedback, quer saber se está
se saindo bem;
Recebe feedback procurando aprender
com ele
0,167
Quer se expressar por meio do
trabalho;
Necessidade de satisfação pessoal; Não foi possível
calcular
Necessidade de status Não foi possível
calcular
Quer colaborar, trabalhar em equipe,
estimular a cooperação.
Trabalhar em rede;
Não foi possível
calcular
- Boa intuição Apresentou
correlações
- Apresenta tenacidade e perseverança Apresentou
correlações
- Tem certa humildade diante da sorte Apresentou
correlações
- Desapego emocional Apresentou
correlações
- Tem um modelo, alguém que influencia Apresentou
correlações
Fonte: Elaboração própria, 2013.
Esta dissertação foi escrita, desde o início, fazendo referência ao termo Empreendedor Y. Esse
termo derivou de uma conexão estabelecida, teoricamente, entre os constructos do
empreendedorismo e da geração Y (APÊNDICE F).
A aproximação teórica entre geração Y e o empreendedorismo foi apresentada na seção 2.2.2
da fundamentação teórica, chamada “O empreendedor da geração Y: o empreendedor Y. E,
nesta seção, essa conexão teórica é analisada qualitativa e quantitativamente a partir dos dados
coletados.
Os gráficos, apresentados anteriormente, corroboram a visão dos autores [Garcia, Stein e
Ramón, (2008); Broadbridge, Maxwell e Ogden (2007); Oliveira, (2010); Lancaster e Stillman,
(2011); Portes, (2008); Martin, (2005); Dwyer, (2009); Hurst e Good (2009), Filion (2000);
McClelland (1961); Leite (2012); Dolabela (2008); Beaudeau (1797); Cantillon (1725);
Timmons (1989); Dornelas (2005), Drucker (2011), Schumpeter (1934) e Julien (2010)] usados
na fundamentação teórica para caracterizar os empreendedores e a geração Y, uma vez que,
todas as características ficaram acima da média de frequência com as respostas dos
entrevistados.
96
Na matriz de correlações, também apresentada na seção anterior e no APÊNDICE E, observa-
se que existe correlação entre as características encontradas para a Geração Y e para o
empreendedorismo. Esse fato reforça, de maneira quantitativa, a conexão teórica existente entre
esses dois constructos e que deu origem ao termo adotado nesta dissertação, o termo
"Empreendedores Y".
A partir da união dessas informações, as discussões são apresentadas.
A característica da geração Y "é bem informado, tem rápido e fácil acesso às informações"
(1GY) defendida por Oliveira (2010) ao dizer que os Y são extremamente informados, obteve
uma correlação positiva perfeita com a "saber resolver problemas” (10E), característica
empreendedora defendida por Leite (2012). Isso indica que, quanto mais bem informado, maior
será a capacidade desse jovem resolver seus problemas. E a correlação com a característica
“conhece bem o ramo em que atua”, apontada por Dolabela (2008), foi validada ao obter um
coeficiente de correlação igual a 0,791. Além disso, essa mesma característica também se
correlacionou positivamente com outras quatro características (tem humildade diante da sorte,
maximiza oportunidades, possui capacidade de tolerar incertezas e ambiguidades, desapego
emocional) e negativamente com outras cinco (é imaginativo e visionário, é inovador, apresenta
tenacidade, perseverança e comprometimento, liderança e é inquieto).
No entanto, contrariando a característica do “ser bem informado” atribuída por Garcia, Stein e
Ramón, (2008); Oliveira, (2010); Lancaster e Stillman, (2011); Portes, (2008); Martin, (2005);
Dwyer, (2009), o Entrevistado B alegou que algumas atividades são realizadas sem que eles,
do Papo, conheçam bem o ramo no qual estão entrando e acabam por apostarem no amadorismo.
A gente lança uma revista sem tanto conhecimento, a gente faz um evento sem
tanto profissionalismo como poderia ser. São erros que o pessoal que já tá na
área há mais tempo não comete (Entrevistado B).
Com essa mesma característica, "é bem informado, tem rápido e fácil acesso às informações",
houve uma contradição entre teoria e prática, ao apresentar uma correlação negativa com
liderança de -0,791. Tendo em vista o fato de que, para Julien (2010), Filion (2000) e Dornelas
(2005), empreendedores devem ser líderes e líderes devem ser pessoas bem informadas.
A característica “está inserido em um contexto de jogos baseada em superar novos desafios”,
atribuída à geração Y por Lancaster e Stillman (2011), devido à influência dos jogos e
videogames na vida dessa geração, obteve frequência máxima entre os entrevistados.
97
Sobre essa característica, o entrevistado apresenta o seguinte depoimento:
Eu e outro dividimos a coordenação, então hoje o que existe é uma competição
entre nós dois, para ver quem é o melhor. Porque, se um ficar muito abaixo do
outro, tchau (Entrevistado A).
Todos os entrevistados disseram que sempre apresentam essa característica. Diante do exposto,
é possível observar que os entrevistados encaram a vida como um grande e complexo jogo.
A geração Y quer fazer a diferença no mundo. Essa geração abusada também apresenta fortes
valores morais e querem mudar o mundo para melhor (OLIVEIRA, 2010; LOIOLA, 2009;
PORTES, 2008; LANCASTER, STILLMAN, 2011). Para o Entrevistado A, essa geração Y:
Já está fazendo [a diferença no mundo], né. Está trazendo de volta aquilo que
faltava, que é a vontade de brigar pelas coisas boas, por nossos direitos
(Entrevistado A).
Esta visão é compatível com o que o entrevistado A pensa sobre a geração Y. Essa característica
apresentou duas correlações positivas relevantes, foram elas com as seguintes características
empreendedoras: conhece bem o ramo em que atua (ρ = 0,875) e desapego emocional (ρ =
0,686). E quatro correlações negativas com: possui necessidade de status (ρ = -0,557), volta-se
para resultados (ρ = -0,612), recebe feedback procurando aprender com ele (ρ = -0,612) e
apresenta tenacidade, perseverança e comprometimento (ρ = -0,875).
No entanto, as características conectadas teoricamente na seção 2.2.2 da fundamentação teórica,
não alcançaram coeficientes de correlação relevantes. A característica empreendedora liderança
ficou com ρ = 0,250 e a inovador ficou com ρ = -0,102.
A geração Y é tecnológica e digital. Para Silva e Oliveira (2011), tecnologia e diversidade são
coisas naturais na vida da geração Y. Eles usam todos os recursos do celular e precisam estar
conectados. O Entrevistado E percebe essa característica da seguinte maneira:
A geração da gente é mais conectada e o grande conector é o fato da gente ter
nascido vendo a internet. A gente sabe o que é viver com internet e sem
internet. Para nossos pais, se a internet acabasse agora, eles ficariam muito
bem. Mas se a internet acabasse pra gente, iria ser aquele ‘e agora? O que vou
fazer da minha vida?’ A gente já nasceu encurtando distancias e os nossos
filhos não vão conseguir entender como era a vida sem celular. (Entrevistado
E).
98
Nessa fala o Entrevistado E expressa e afirma quão importante é, para geração Y, estar
conectado. Com isso, reafirma o que Silva e Oliveira (2011) afirmaram ao dizer que essa
geração usa todos os recursos do celular e precisam estar conectados.
Essa característica apresentou 5 correlações positivas. Entre elas, uma correlação perfeita com
“conhece bem o ramo que atua” (ρ = 1), isso significa que, quanto mais tecnológica e digital,
mais se conhece o ramo que atua. Esse fato pode também estar associado à quantidade de
informações que é disponibilizada nas tecnologias e, especialmente, na internet. As demais
correlações positivas foram: sabe resolver problemas (ρ = 0,791), desapego emocional (ρ =
0,784), tem humildade diante da sorte (ρ = 0,784), maximiza oportunidades (ρ = 0,559).
Ela também apresentou duas características negativas. Uma perfeita negativa com “apresenta
tenacidade, perseverança e comprometimento (ρ = -1) e outra com “possui necessidade de
status” (ρ = -0,514).
Já a característica empreendedora conectada teoricamente, “possui capacidade de tolerar
ambiguidade e incerteza” (FILION, 2000; DOLABELA, 2008; TIMMONS, 1989), obteve uma
correlação positiva de ρ = 0,408, porém essa correlação não foi mais relevante que as citadas
anteriormente.
O empreendedor Y é impaciente. Isso pelo fato de que, não raro, estes jovens estão sujeitos a
decisões precipitadas com vistas a objetivos maiores, o que os leva algumas vezes a darem
“passos maiores que as pernas” (PORTES, 2008). Sobre essa característica o Entrevistado E
diz que:
Eu acho que a geração da gente é um geração mais inquieta, de modo geral
[...] A gente também entra num emprego e depois de três meses quer saber
porque não foi promovido ainda (Entrevistado E).
Com essa fala, o entrevistado corrobora a afirmação de Pontes (2008), expressando a
impaciência marcante de sua geração.
A característica “ser impaciente” (GARCIA, STEIN, RAMÓN, 2008; BROADBRIDGE,
MAXWELL, OGDEN, 2007; OLIVEIRA, 2010; LANCASTER, STILLMAN, 2011;
PORTES, 2008; MARTIN, 2005; DWYER, 2009; HURST, GOOD, 2009) da geração Y obteve
duas correlações positivas perfeitas com liderança (ρ = 1) e ser inquieto (ρ = 1), esta última
validou a conexão teórica estabelecida anteriormente. Além dessas, a impaciência
correlacionou-se com outras seis características empreendedoras. Duas positivas com: é
99
imaginativo, visionário (ρ = 0,612) e é inovador (ρ = 0,612). E quatro negativas com: maximiza
oportunidades (ρ = -0,559), possui capacidade de tolerar incertezas e ambiguidades (ρ = -0,612),
tem humildade diante da sorte (ρ = -0,686) e sabe resolver problemas (ρ = -0,791).
Embora não esteja entre as características mais marcantes, o empreendedor Y pensa na
sustentabilidade. Para Silva e Oliveira (2011), a geração Y é otimista em relação ao futuro e
comprometida em mudar o mundo na esfera ecológica, social e econômica.
Pensar na sustentabilidade apresentou mais correlações negativas do que positivas. As 3
correlações positivas ocorreram com: é imaginativo, visionário (ρ = 0,667), é inovador (ρ =
0,667) e apresenta tenacidade, perseverança e comprometimento (ρ = 0,612). Já as sete
negativas foram com: assume riscos moderados (ρ = -0,612), possui autoconfiança (ρ = -0,612),
tem iniciativa (ρ = -0,612), conhece bem o ramo em que atua (ρ = -0,612), sabe resolver
problemas (ρ = -0,645), possui capacidade de tolerar incertezas e ambiguidades (ρ = -0,667) e
tem humildade diante da sorte (ρ = -0,881).
Dentro das práticas desenvolvidas pelo Papo de Universitário, observa-se que, na revista do
Papo de Universitário, encontra-se uma sessão relacionada a sustentabilidade. Esse exemplo é
apresentado a seguir.
Figura 16 - Sustentabilidade na revista do Papo de Universitário
Fonte: Revista Papo de Universitário online (2013).
100
Deste modo, entende-se que o Papo de Universitário preocupa-se com a sustentabilidade e
busca promovê-la, por meio de suas ferramentas de comunicação.
No entanto, considerando os três pilares da sustentabilidade, o social, o econômico e o
ambiental, foi observado que, na prática, o Papo de Universitário precisa fortalecer o pilar
econômico melhorando sua administração financeira e adotando uma postura mais profissional
diante da mesma.
Para os empreendedores Y, a visão do líder é colaborativa. Para Lancaster e Stillman (2011), a
geração Y destaca-se entre as outras gerações quando o assunto é trabalho em equipe e
colaboração. Durante as observações e de acordo com as respostas apresentadas no
questionário, todos os participantes do Papo atuam como líderes. A liderança é,
predominantemente, situacional. E isso faz com que, na prática, um colabore com o outro.
Essa característica está entre as que mais tiveram correlação com as características
empreendedoras. Porém, das 14 correlações apresentadas, apenas duas foram positivas. Uma
foi o desapego emocional (ρ = 0,891) e a outra é conhecer bem o ramo em que atua (ρ = 0,802).
Embora o desapego emocional tenha aparecido com uma correlação positiva com a visão do
líder colaborativa. O líder fundador e principal referência no Papo de Universitário diz que:
[...] Sou muito mais emoção do que razão, às vezes eu acho que eu sou mais
razão, mas não é (sic) e querer fazer a diferença. Eu quero deixar um legado,
quero deixar algo que meu filho se orgulhe, que contribua com as pessoas, que
elas possam olhar e dizer “caraca véi (sic), que massa velho, muito bom!”
(Entrevistado E).
Com esse depoimento, o Entrevistado E, não corrobora a visão de Leite (2012) atribuída aos
empreendedores, uma vez que, o entrevistado assume o seu apego emocional com as atividades
que desenvolve.
As outras 12 correlações negativas foram estabelecidas com: assume riscos moderados (ρ = -
0,535), luta contra a autoimposição de padrões (ρ = -0,535), alta necessidade de realização (ρ
= -0,535), possui elevados níveis de energia (ρ = -0,535), possui autoconfiança (ρ = -0,535),
necessidade de satisfação pessoal (ρ = -0,535), tem iniciativa (ρ = -0,535), aprende a aprender
para ganhar experiência (ρ = -0,535), apresenta tenacidade, perseverança e comprometimento
(ρ = -0,802), possui necessidade de status (ρ = -0,871), volta-se para resultados (ρ = -0,873) e
recebe feedback procurando aprender com ele (ρ = -0,873).
101
O empreendedor é uma pessoa com iniciativa e grande capacidade de resolver problemas. Para
Lancaster e Stillman (2011), a geração Y é proativa e gostam de solucionar problemas. O
Entrevistado D corrobora essa ideia ao dizer que:
Nada é fácil. Pra conseguir as coisas você precisa suar bastante. Aprendi a
fazer acontecer (Entrevistado D).
Essa característica estabeleceu correlações com 10 características empreendedoras, entre as
quais 7 foram positivas. Nestas, a maior correlação foi ρ = 0,881 com “tem humildade diante
da sorte (JULIEN, 2010; TIMMONS, 1989), as conexões teóricas foram validadas com
coeficiente de 0,645 para “sabe resolver problemas” (LEITE, 2012) e de 0,612 para “tem
iniciativa” (JULIEN, 2010; FILION, 2000; DOLABELA, 2008).
As demais correlações foram: possui capacidade de tolerar incertezas e ambiguidades (ρ =
0,667), assume riscos moderados (ρ = 0,612), possui autoconfiança (ρ = 0,612), conhece bem
o ramo em que atua (ρ = 0,612), apresenta tenacidade, perseverança e comprometimento (ρ = -
0,612), é imaginativo, visionário (ρ = -0,667) e é inovador (ρ = -0,667).
O empreendedor Y desenvolve-se bem em espaços criativos. Para Lancaster e Stillman (2011),
a capacidade de encontrar soluções criativas e inteligentes é um ponto forte da Geração Y no
trabalho. O entrevistado A concorda ao dizer que:
Acho que a nossa geração é uma das mais criativas que já teve, ou senão a
mais (Entrevistado A).
As conexões teóricas estabelecidas para esta característica não foram validadas com correlações
relevantes, pois ficaram com ρ = -0,102 em é imaginativo ou visionário (FILION, 2000;
DOLABELA, 2008; DORNELAS, 2005) e inovador (SCHUMPETER, 1934; DORNELAS,
2005; DRUCKER, 2011), e ρ =0,280 em maximiza oportunidades (DRUCKER, 1909, 1964,
2011; DORNELAS, 2005).
No entanto, a mesma estabeleceu uma significativa correlação de ρ = 0,875 com “conhece bem
o ramo em que atua” (DOLABELA, 2008). As demais correlações foram: desapego emocional
(ρ = 0,686), possui necessidade de status (ρ = -0,557), volta-se para resultados (ρ = -0,612),
recebe feedback procurando aprender com ele (ρ = -0,612) e apresenta tenacidade, perseverança
e comprometimento (ρ = -0,875).
102
O empreendedor Y é comprometido à medida que o negócio está alinhado aos seus valores. De
acordo com Portes (2008), a geração Y encontra significado no trabalho quanto o mesmo está
em harmonia com seus valores humanos.
Apesar da característica conectada teoricamente, “comprometido com o que faz”, ter sido
validada com um coeficiente baixo de 0,250, esta foi a característica da geração Y que mais
alcançou correlações com as características do perfil empreendedor.
Entre as 15 correlações formadas, 5 são positivas perfeitas com: luta contra a autoimposição de
padrões (MCCLELLAND, 1961), alta necessidade de realização (LEITE, 2012; DOLABELA,
2008; DORNELAS, 2005), possui elevados níveis de energia (LEITE, 2012; DOLABELA,
2008; DORNELAS, 2005), necessidade de satisfação pessoal (LEITE, 2012; DORNELAS,
2005) e aprende a aprender para ganhar experiência (JULIEN, 2010; DOLABELA, 2008).
E apenas duas correlações foram negativas. São elas: possui capacidade de tolerar incertezas e
ambiguidades (ρ = -0,612) e desapego emocional (ρ = -0,686). As demais correlações positivas
foram: boa intuição (ρ = 0,791), tem um modelo, alguém que influencia (ρ = 0,784), possui
necessidade de status (ρ = 0,772), é imaginativo, visionário (ρ = 0,612), volta-se para resultados
(ρ = 0,612), recebe feedback procurando aprender com ele (ρ = 0,612), é inovador (ρ = 0,612)
e maximiza oportunidades (ρ = 0,559).
O empreendedor Y tem alegria, autoconfiança e energia (empoderamento). Para Lombardía,
Steins e Pin (2008, p. 6), os Y são alegres, seguros de si e cheios de energia. A alegria e energia
foram afirmadas pelos entrevistados durante os questionários e as observações. Nestas, os
observados apareceram sempre alegres, de bom humor e com energia para encarar as atividades
que estavam desenvolvendo, apesar de terem passado a noite em festa. A autoconfiança pode
ser afirmada no depoimento abaixo.
Ninguém faz aquilo que eu faço com os meus diferenciais, podem me
substituir, mas nunca vão fazer tão bem quanto eu (Entrevistado D).
Essa característica obteve 7 correlações relevantes. Entre elas, duas perfeitas. Uma perfeita
positiva com “conhece bem o ramo em que atua”, ou seja, quanto mais conhecem o ramo em
que atuam, mais autoconfiança adquirem. E outra negativa com “apresenta tenacidade,
perseverança e comprometimento”.
103
O empreendedor Y quer ter a sensação de estar contribuindo. Para Lancaster e Stillman (2011),
isso quer dizer que para os Y, a felicidade no trabalho é atribuída à compreensão de como fazem
a diferença para o chefe, amigos e cliente. Isso é percebido nas falas abaixo:
A gente tenta trazer tudo o que falta para a pessoa (estudante). Se a pessoa
sente que tá faltando um curso de liderança, a gente tenta trazer um
especialista dessa área para pode orientá-los. Esses são os palestrantes. Como
acontece no Fórum de Jovens Líderes (Entrevistado A).
Busca formas de enriquecer o conhecimento para o seu público, como foco
em encaminhá-lo para o seu crescimento profissional, coisas que normalmente
não são abordadas em sala de aula (Entrevistado C).
A gente tem uma lacuna muito grande de conhecimento na graduação e o Papo
tenta levar educação empreendedora, educação criativa, educação financeira
para os universitários saírem mais capacitados (Entrevistado B).
Na minha cabeça só faz sentindo um empreendimento se você trouxer algo
útil para a vida das pessoas. Na graduação em computação eu percebi que eu
podia interferir na realidade. Na graduação em psicologia eu percebi que
poderia ajudar as pessoas a se ajudarem e a se tornar a melhor versão delas
mesmas (Entrevistado E).
Essa sensação de estar contribuindo foi apresentada com frequência máxima por todos os
integrantes do Papo de Universitário, ou seja, 100% deles responderam que sempre buscam
essa sensação.
O empreendedor Y é inovador. Segundo Portes (2008), a Geração Y compreende líderes
peculiarmente inovadores e quase irrequietos.
Essa característica conseguiu 6 correlações, sendo 4 positivas e 2 negativas. Entre as negativas,
houve uma perfeita com “apresenta tenacidade, perseverança e comprometimento” (FILION,
2000; DOLABELA, 2008; TIMMONS, 1989; DORNELAS, 2005). E a maior correlação
positiva foi de ρ = 0,791 com “sabe resolver problemas” (LEITE, 2012). As restantes foram
com: desapego emocional (ρ = 0,784), tem humildade diante da sorte (ρ = 0,784), maximiza
oportunidades (ρ = 0,559) e possui necessidade de status (ρ = -0,514).
Nesse ponto, apareceu um conflito entre as respostas, uma vez que os entrevistados atribuíram
frequências diferentes para o ser inovador da geração Y e ser inovador como empreendedor.
Essa diferença resultou em um coeficiente de correlação negativa entre as mesmas de -0,408.
O empreendedor Y quer ser ouvido, participar e interagir com os processos. De acordo com
Oliveira (2010), isso ocorre porque a geração Y foi acostumada a interagir constantemente com
videogames e computadores.
104
Esta característica foi mais uma unanimidade entre os observados. Observou-se que eles ficam
impacientes quando não participam de algumas atividades e buscam interagir sempre com os
processos, especialmente em momentos antes, durante e após a realização dos eventos.
Esse fato foi confirmado com as respostas dos questionários. Neles, todos os respondentes
disseram que sempre apresentam essa característica.
Precisa de feedback, quer saber se está se saindo bem. Para Lancaster e Stillman (2011), essa
característica é atribuída ao fato de que eles não querem perder tempo cometendo erros e gostam
de receber elogios.
Embora a correlação com “recebe feedback procurando aprender com ele” tenha sido de ρ =
0,167, os entrevistados reforçam a importância dos feedbacks nos seus depoimentos.
Feedback é bom, porque muitas vezes, como eu considero que estou em
aprendizagem na empresa, a gente acaba cometendo alguns erros, escorrega
aqui, escorrega ali, e você precisa que alguém mostre o que você mesmo não
consegue enxergar (Entrevistado A).
Sou crítico, procuro sempre o melhor de uma forma simples, sempre respeitar
as pessoas ao meu redor, sei escutar pois acho importante ouvir as críticas e
aquilo de errado que posso estar fazendo para melhorar (Entrevistado C).
Os momentos de feedback no Papo de Universitário acontecem, principalmente, durante e
depois dos eventos. Os feedbacks aparecem, na maioria das vezes, por meio de reuniões formais
e informais e no facebook do mesmo.
Essa característica obteve as seguintes correlações: possui capacidade de tolerar incertezas e
ambiguidades (ρ = 0,667), faz bom uso de recursos (ρ = 0,612), assume riscos moderados (ρ =
0,612), possui autoconfiança (ρ = 0,612), tem iniciativa (ρ = 0,612), boa intuição (ρ = -0,645),
é imaginativo, visionário (ρ = -0,667), é inovador (ρ = -0,667) e tem um modelo, alguém que
influencia (ρ = -0,721).
O empreendedor Y quer se expressar por meio do trabalho, de acordo com Lancaster e Stillman
(2011), não basta encontrar um emprego, é preciso achar algo com significado e alcançar a
autorrealização.
Uma unanimidade apresentada pelos entrevistados foi a vontade de querer se expressar por
meio do trabalho. O Entrevistado E sintetiza essa ideia ao afirmar que:
Hoje, o Papo é muito do que eu sou. [...] eu quero deixar um legado
(Entrevistado E).
105
O empreendedor Y quer colaborar, trabalhar em equipe, estimular a cooperação. Para Lancaster
e Stillman (2011), a geração Y é a grande colaboradora. E todos os nossos entrevistados
marcaram em seus questionários que sempre apresentam essas vontades.
Outro fato observado foi que, apesar das dificuldades e desavenças, durante os eventos eles
estão sempre cooperando uns com os outros e trabalhando em equipe.
Só que, apesar de considerarem-se seres que preferem a cooperação do que a competição,
nossos entrevistados não acreditam que isso seja um bem comum da Geração Y, como afirmam
Oliveira, (2010); Lancaster e Stillman, (2011); Portes, (2008); Martin, (2005); Dwyer, (2009);
Hurst e Good (2009). Isso foi observado nas falas a seguir:
Estamos vivendo onde pessoas passam por cima das outras sem nem pensar
duas vezes, não procuram o crescimento do grupo mas apenas de si mesma,
não generalizo pois vejo em diferentes locais sempre alguém que busca fazer
a diferença e tento engajar na ideia (Entrevistado C).
Na atualidade, eu não concordo que o pessoal seja tão colaborativo. Hoje a
gente tá mais no universo do competitivo. O meu parceiro de trabalho pode
ser a minha maior competição, às vezes (Entrevistado A).
O empreendedor Y tem foco em resultados e quer superar recordes. Para Oliveira (2010), os Y
querem continuar no trabalho o que já experienciavam nos jogos buscando quebrar os recordes
e mudar de fase. Os entrevistados acreditam que sempre apresentam essa característica e
expressam isso por meio das falas abaixo:
O melhor é que a gente tá vendo resultado. Vendo que aquilo que a gente
sonhou um dia desses, a gente está conseguindo realizar num espaço de tempo
muito rápido (Entrevistado E).
Esse é o segredo. É você se juntar com pessoas que são boas naquilo que você
é ruim, mas com foco, com objetivo (Entrevistado E).
Pessoas que fazem a diferença são pessoas focadas. Elas botam o objetivo na
frente e sempre correm atrás dele, até conquistar (Entrevistado A).
Já acabei namoro por causa de tá trabalhando muito, já faltei aniversário,
casamento, já faltei tudo pelo trabalho. Eu acho que o momento da minha vida
de ralar de domingo a domingo para quando eu ficar mais velho e tiver meu
filho eu ter tempo pra ele também (Entrevistado B).
Outras características empreendedoras, que inicialmente não foram conectadas teoricamente
com a Geração Y, apresentaram correlações com a mesma.
106
A boa intuição, apontada por Julien (2010) e Dolabela (2008), como o faro para perceber
oportunidades, foi correlacionada positivamente com “comprometida à medida em que o
negócio está alinhado aos seus valores” (ρ = 0,791) e negativamente com “precisa de feedback,
quer saber se está se saindo bem” (ρ = -0,645).
Apresentar tenacidade e perseverança, característica defendida por Filion (2000), Dolabela
(2008), Timmons (1989) e Dornelas (2005), que representa a energia e doação concedida pelos
empreendedores para os seus negócios, obteve 9 correlações relevantes com as características
da geração Y. Entre essas, apenas uma foi positiva com “pensa na sustentabilidade” e as demais
foram negativas, sendo 3 negativas perfeitas com: é tecnológico e digital, inovador e alegre,
autoconfiante e enérgico. No entanto, as últimas apresentadas impõem um conflito teórico, uma
vez que, pelo significado da palavra, tenacidade está diretamente relacionada a energia.
Tem humildade diante da sorte. De acordo com Julien (2010) e Timmons (1989), essa
característica faz com que os empreendedores não se percam na arrogância. A maior correlação
obtida por essa categoria foi de ρ = 0,930 com é bem informado. Isso demonstra que, quanto
mais bem informado, mais humilde é o empreendedor diante da sorte. As demais correlações
relevantes obtidas por essa característica foram com: é tecnológico e digital (ρ = 0,784), pessoa
com iniciativa (ρ = 0,881), alegria, autoconfiança e energia (ρ = 0,784), inovador (ρ = 0,784),
é impaciente (ρ = -0,686) e pensa na sustentabilidade (ρ = -0,881).
O desapego emocional que, segundo Leite (2012), não permite que o seu relacionamento
emocional atrapalhe o seu empreendimento, obteve 8 correlações, sendo apenas uma negativa
com comprometida à medida em que o negócio está alinhado aos seus valores (ρ = -0,686). Isso
demonstra que quanto maior o desapego emocional, menor será o comprometimento com
trabalhos que não estejam de acordo com os valores humanos dos empreendedores Y.
Os empreendedores Y, por fim, também têm um modelo, alguém que influencia. Durante as
entrevistas, todos os respondentes disseram que foram influenciados por alguém para
empreender. Os entrevistados A e F inspiram-se nos pais, o Entrevistado E inspira-se no avô, o
entrevistado C inspira-se no avô e no tio e o Entrevistado D inspira-se em pessoas bem
sucedidas que conhece. No entanto, essa característica defendida por Dolabela (2008) ao
escrever “O segredo de Luíza”, obteve uma correlação negativa com precisa de feedback (ρ =
-0,721).
107
Após o mapeamento do perfil do empreendedor Y, a próxima seção apresenta o que eles
entendem por gestão do conhecimento.
4.2 O entendimento da Gestão do Conhecimento
Nesta seção é dada a resposta para o segundo objetivo específico identificando-se o
entendimento dos empreendedores Y sobre gestão do conhecimento.
Para análise de conteúdo desse objetivo, foi elaborada uma categorização. Nela, as categorias
gerais foram: gestão do conhecimento e o conhecimento. As categorias empíricas foram
divididas em criação do conhecimento, compartilhamento do conhecimento, uso do
conhecimento, dados, informações e sabedoria. Já as subcategorias são: intenção, autonomia,
flutuação e caos criativo, redundância, variedade, tácito e explícito.
O quadro abaixo foi elaborado para apresentar essa categorização.
Quadro 22 - Categorização do Objetivo Específico 2: Identificar o entendimento dos
empreendedores Y sobre Gestão do Conhecimento.
Categorias
Gerais Empíricas Subcategorias
Gestão do Conhecimento:
conjunto de processos
adotados para gerenciar o
conhecimento acumulado de
funcionários, a fim de
transformá-los em ativos da
empresa, fazendo com que os
conhecimentos (tácito e
explícito) tornem-se
disponíveis para outras
pessoas.
Criação do conhecimento:
fruto da interação entre
conhecimentos.
Intenção: é definida como as
aspirações da organização às
suas metas.
Autonomia: refere-se à
autonomia dada aos
membros de uma
organização, os quais devem
ter permissão para agir
autonomamente até onde
permitam as circunstâncias.
Flutuação e caos criativo: representam uma ordem cujo
padrão é difícil de prever
inicialmente. Eles estimulam
a interação entre a
organização e o ambiente
externo.
Redundância: é a existência
de informação que vai além
das exigências operacionais
imediatas dos membros da
organização.
Requisito variedade: a
variedade pode ser realçada
pela combinação de
informações de maneiras
diferentes, flexíveis e rápidas
para toda organização.
108
Compartilhamento do
conhecimento: resultado dos
processos de conversão do
conhecimento.
Uso do conhecimento: aplicabilidades dos
conhecimentos adquiridos.
Conhecimento:
É crença verdadeira
justificada. É fonte de poder.
É uma mistura fluida de
experiências condensadas,
valores, informação
contextual e insight
experimentado, a qual
proporciona uma estrutura
para a avaliação e
incorporação de novas
experiências e informações.
Dados: têm pouca relevância
ou propósito e representam
um conjunto de fatos
distintos e objetivos.
Informações: têm por
finalidade influenciar o
receptor provocando
mudanças a sua perspectiva e
insights.
Conhecimento: é uma
mistura fluida de
experiências condensadas,
valores, informação
contextual e insight
experimentado, a qual
proporciona uma estrutura
para a avaliação e
incorporação de novas
experiências e informações.
Tácito: não é facilmente
visível e explicável. São
intuições, práticas,
princípios.
Explícito: é fácil transmitir.
Pode ser expresso em
palavras, números ou sons, e
compartilhado na forma de
dados, fórmulas científicas,
recursos visuais, fitas de
áudio, especificações de
produtos ou manuais.
Sabedoria: a experiência
com a aplicação do
conhecimento.
Fonte: Elaboração própria (2013).
Gestão do conhecimento é uma ferramenta essencial para o empreendedorismo. De acordo com
Nonaka e Takeuchi (1998), gestão do conhecimento é um conjunto de processos adotados para
gerenciar o conhecimento acumulado de funcionários, a fim de transformá-los em ativos da
empresa, fazendo com que os conhecimentos (tácito e explícito) se tornem disponíveis para
outras pessoas.
A gestão do conhecimento foi dividida em 3 categorias empíricas, foram elas: criação do
conhecimento, compartilhamento do conhecimento e uso do conhecimento. A seguir, cada uma
delas será discutida.
A criação do conhecimento, que, de acordo com Nonaka e Takeuchi (2008), é fruto da interação
entre os conhecimentos tácitos e explícitos. Ela pode ser estimulada por meio de cinco fatores,
109
são eles: intenção, autonomia, flutuação e caos criativo, redundância e variedade (NONAKA E
TAKEUCHI, 2008).
A intenção para criação do conhecimento está relacionada com as metas do empreendimento.
Para Nonaka e Takeuchi (2008), ela é definida como as aspirações da organização às suas metas.
No Papo de Universitário observa-se que existe uma coerência, entre os entrevistado, a respeito
das metas do empreendimento. Esse fator é evidenciado nas falas abaixo:
A gente tenta trazer tudo o que falta para a pessoa (estudante). Se a pessoa
sente que tá faltando um curso de liderança, a gente tenta trazer um
especialista dessa área para pode orientá-los. Esses são os palestrantes. Como
acontece no Fórum de Jovens Líderes (Entrevistado A).
[O Papo] Busca formas de enriquecer o conhecimento para o seu público,
como foco em encaminhá-lo para o seu crescimento profissional, coisas que
normalmente não são abordadas em sala de aula (Entrevistado C).
Conhecimento. A gente tem uma lacuna muito grande de conhecimento na
graduação e o Papo tenta levar educação empreendedora, educação criativa,
educação financeira para os universitários saírem mais capacitados
(Entrevistado B).
Crescimento pessoal e profissional, autoconhecimento (Entrevistado D).
Construir informações de extensão que possam criar um diferencial
competitivo na graduação. A ideia é que o estudante universitário ele possa
encontrar no Papo o que ele não encontra na faculdade (Entrevistado E).
Essas evidências demonstram que, a partir das informações coletadas com o público alvo do
Papo de Universitário, seus integrantes elaboram metas e executam suas atividades entendendo
onde querem chegar. Dessa forma há a evidência da intenção para criação do conhecimento
proposta por Nonaka e Takeuchi (2008).
A autonomia para criação do conhecimento refere-se à autonomia dada aos membros de uma
organização, os quais devem ter permissão para agir autonomamente até onde permitam as
circunstâncias (NONAKA; TAKEUCHI, 2008).
No Papo de Universitário essa autonomia é percebida nos entrevistados, pois os mesmos
afirmam que a liderança no Papo é situacional e todos têm liberdade para agir e liderar, deste
que suas ações estejam alinhadas com as metas do trabalho. Um exemplo observado durante o
desenvolvimento do evento 3º Fórum de Jovens Líderes, foi que enquanto o Entrevistado B
110
tinha autonomia para escolher os palestrantes, o Entrevistado D tinha autonomia para
desenvolver a logística, os entrevistado A e C tinham autonomia para direcionar o marketing,
no entanto, vale ressaltar que eles sempre mantinham contato para conectar as ações por meio
de reuniões e telefonemas. Esse fator também foi analisado na seção 4.2.1.1.
No entanto, isso nem sempre aconteceu e já é fruto do amadurecimento da organização, pois os
entrevistados também afirmaram que o líder costumava ser muito centralizador. Por esse
motivo os demais não tinham tanta autonomia.
A flutuação e o caos criativo representam uma ordem cujo padrão é difícil de prever
inicialmente. Para Nonaka e Takeuchi (2008), eles estimulam a interação entre a organização e
o ambiente externo. Os momentos de caos são observados com frequência no Papo de
Universitário devido ao rápido crescimento da plataforma do empreendimento. Em apenas 3
anos de atividade o Papo conta com um livro publicado, site, fanpage, revista, 3 eventos grandes
(Papo de Universitário, CPEJE e Fórum de Jovens Líderes), palestras itinerantes e um programa
de TV. Embora esse crescimento tenha sido considerado bom, registrou-se que em 2013 o
CPEJE teve o menor público dos últimos anos.
Por esses motivos, a equipe precisou ser ampliada e o seu fundador foi forçado a delegar mais
funções e responsabilidades. Assim, foi gerada uma flutuação na qual, corroborando o que
dizem Nonaka e Takeuchi (2008), os novos membros e a nova estrutura provocaram uma
decomposição de rotinas e hábitos. Sobre esses acontecimentos, os entrevistados relatam que
perceberam as seguintes diferenças:
A organização. Nosso chefe era muito centralizador, ele centralizava todo o
trabalho. Hoje ele tá aprendendo a delegar funções. E eu acho que colaborei
com isso, com feedbacks (Entrevistado A).
Organizacional, mais foco nos objetivos (Entrevistado C).
A gente tem ouvido mais o mercado. E a gente tá percebendo que ainda tá
nadando no oceano azul, ainda (Entrevistado E).
A profissionalização. A gente tem conseguido deixar a coisa mais profissional.
Antes era tudo muito de cabeça, muito empírico e hoje eu já consegui elaborar
uma planilha para gerenciar tudo. Eu acho que o principal é isso, organizar a
casa para cada um saber o que cada um faz, porque antes todo mundo era tudo
e agora todo mundo tá fixo e tem um cargo (Entrevistado B).
Porém, essa última fala não foi fortalecida por outro entrevistado que afirmou:
111
Cresceram os contatos. Mas o Papo, empresa, não mudou muito em termos de
profissionalismo (Entrevistado D).
De acordo com as falas apresentadas, percebe-se que todos os entrevistados sentiram as
flutuações e o caos criativo, apresentados por Nonaka e Takeuchi (2008), ao demonstrarem ter
percebido as mudanças, a falta de ordem para um evento inesperado, ou que tenha acontecido
antes do tempo previsto e que, com o tempo, aprenderam a lidar.
O fator redundância, subcategoria do processo de criação de conhecimento, favorece o
compartilhamento do conhecimento tácito. Ela é a existência de informação que vai além das
exigências operacionais imediatas dos membros da organização (NONAKA; TAKEUCHI,
2008). Tal redundância é observada tanto em reuniões internas do Papo de Universitário, como
em palestras ministradas pelos membros. Exemplos disso são apresentados enquanto cada
membro compartilha com os outros, durante as reuniões de avaliação, o que fizeram e deu certo
e o que fizeram que deu erro. Percebe-se que apesar dos atritos que são gerados durante esses
momentos, os observados acabam fortalecendo seus laços e analisando melhor seus papéis na
organização.
O requisito variedade sugere que o maior número de informações estejam rapidamente
disponíveis para todos os membros da organização. Essa variedade pode ser realçada pela
combinação de informações de maneiras diferentes, flexíveis e rápidas para toda organização
(NONAKA; TAKEUCHI, 2008).
No Papo de Universitário, esse requisito tem sido alcançado sem muitos problemas. A equipe
ainda é pequena, conta oficialmente com 5 membros responsáveis diretos pela mesma, e todos
eles estão conectados diariamente, seja por meio de e-mail compartilhados, telefonemas,
whatsapp, grupo fechado no facebook e reuniões presenciais.
O compartilhamento de conhecimento é resultado dos processos de conversão do conhecimento
(NONAKA; TAKEUCHI, 2008). Sobre o compartilhamento do conhecimento, o Entrevistado
E diz que:
[...] Na minha cabeça, não faz sentido não compartilhar informação. Reter
informação, sonegar informação, reter informação privilegiada, sabe? O que
eu compartilho com os meninos do Papo, eu compartilho com qualquer pessoa
que me procure. E o livro gratuito foi uma forma de fazer isso, o projeto é uma
forma de fazer isso, os eventos, tudo é uma forma de fazer isso. Eu gosto de
falar as coisas para quem quer ouvir, sabe? E não tem formação e informação
112
melhor pra quem é do que pra quem não é não [do Papo]. Eu penso isso, penso
que a gente é hoje, mas não é amanhã [...] Eu passo a informação toda para a
galera que tá com a gente, da mesma forma que poderia passar a informação
para qualquer pessoa que me procure (Entrevistado E).
Com essa fala analisa-se que compartilhar conhecimento é um dos focos do empreendimento.
Cabe ressaltar que o empreendimento estudado direciona suas atividades para serviços
educacionais e para viabilizar tais atividades, os mesmos constantemente compartilham o que
aprenderam, o que ora é conhecimento tácito, ora é explícito.
O uso do conhecimento torna o conhecimento mais significativo. E, segundo Nonaka e
Takeuchi (2008), refere-se a aplicabilidade dos conhecimentos adquiridos. O Entrevistado E dá
um exemplo desse processo ao falar que:
Na graduação em computação eu percebi que eu podia interferir na realidade.
Na graduação em psicologia eu percebi que poderia ajudar as pessoas a se
ajudarem e a se tornar a melhor versão delas mesmas (Entrevistado E).
O conhecimento adquirido no empreendimento estudado (Papo de Universitário) tem sido
aplicado para organização interna, como apresentado em um dos depoimentos do Entrevistado
B, citado anteriormente, e também como fonte de elaboração de produtos e serviços. Esse
requisito é apresentado no depoimento abaixo:
Era muito fácil também transformar um livro em evento, consequentemente
era muito fácil transformar um livro e um evento num site, e que também era
muito fácil transformar um livro, um evento e um site numa revista e um
programa de tv. Tinha muito conteúdo e a gente transformou numa plataforma
(Entrevistado E).
De acordo com as evidências apresentadas por meio das falas do entrevistado E, analisa-se que
os conhecimentos adquiridos com as experiências vividas estão sendo empregados na sua
atuação empreendedora, conforme sugerido pela teoria de Nonaka e Takeuchi (2008).
Ao analisar esses 5 requisitos apresentados até aqui, conclui-se que o Papo de Universitário
apresenta um ambiente propício para a criação, compartilhamento e uso do conhecimento.
A próxima categoria analisada é o conhecimento. Ele e sua relação com dados, informações e
sabedoria.
113
O conhecimento possui um significado diferente para cada pessoa que o interpreta. Para Nonaka
e Takeuchi (1995), conhecimento é crença verdadeira justificada. Quando perguntado sobre o
que é o conhecimento, o entrevistado A respondeu:
Conhecimento é como se fosse uma caixinha de surpresas na sua vida. Você
nunca vai ter todo o conhecimento do mundo dentro de você. Conhecimento
hoje é muito importante. Principalmente o conhecimento educacional, o
conhecimento social e o profissional. Quanto mais conhecimento, mais portas
estão abertas (Entrevistado A).
Nesse depoimento, observa-se que o entrevistado reconhece que nunca saberá de tudo e que o
conhecimento é importante para abrir as portas, ou oportunidades.
A maioria dos entrevistados enfatizou o conhecimento associado à prática, ou seja, o
conhecimento tácito. O conhecimento tácito, segundo Nonaka e Takeuchi (2008), não é
facilmente visível ou explicável, são intuições, práticas e princípios. Essa afirmação é validada
com os seguintes registros:
Conhecimento é informação aplicada. Porque não faz sentindo eu saber de
uma coisa que não boto em prática. Conhecimento é prático (Entrevistado E).
Conhecimento é o conteúdo que a gente tem para desenvolver as atividades
(Entrevistado B).
Foi o que eu conquistei praticando cada atividade e que me deram a base e o
conhecimento muito importantes para eu ter visão. (Pensamento) É parte do
C.H.A. eu tenho conhecimento, tenho habilidades e tenho atitude para fazer
tudo aquilo (Entrevistado D).
Eu tenho os dados ali, que são diferentes da prática. A prática já é o
conhecimento (Entrevistado D).
Os entrevistados também estabeleceram uma diferença entre o conceito de dados, informações,
conhecimento e sabedoria. Corroborando, por meio das falas abaixo, o ciclo de aprendizagem
defendido por Kolb (1984) e Child (2001), no qual os dados são brutos e sem significados, as
informações surgem quando agrega-se sentido aos dados, o conhecimento é resultado da
interação e análise das informações e a sabedoria reflete a experiência adquirida com o uso dos
conhecimentos.
Além disso, também concordaram com a sequência estabelecida por Kolb (1984) e Child
(2001): dados > informações > conhecimento > sabedoria. Esse fato é apresentado nos
depoimentos abaixo.
114
Acho que existem diferenças [entre dados, informações, conhecimento e
sabedoria], mas todos estão relacionados. A sabedoria ficaria em último lugar,
porque sem os dados e as informações, você não adquire conhecimento e sem
conhecimento você não tem sabedoria (Entrevistado A).
Acho que existe diferença entre eles. Eu tenho um dado, por exemplo, 70%
do público dos nossos eventos é composto por mulheres. Tá, mas o que eu vou
fazer com isso? Informação. Que é algo mais detalhado. [...] e sabedoria é o
que você fez com aquilo que ficou. Sabedoria é quando você liga os pontos. E
eu acho que tem uma ordem, a ordem é dado, informação, conhecimento e
sabedoria (Entrevistado E).
Acho que existe sim diferença. Entre dados e informação eu nem sei, talvez
não tenham muita diferença, mas conhecimento são os dados que você
consegue reter e conseguir com a experiência, aquilo que é seu. E a sabedoria
é como você usa isso (Entrevistado B).
A sequência é informação, conhecimento e sabedoria (Entrevistado B).
Quando perguntados sobre de que maneira a gestão do conhecimento auxilia na criação de
novos empreendimentos, os entrevistados deram os seguintes depoimentos:
A gestão do conhecimento, partindo de um ponto de vista crítico, auxilia
bastante o desenvolvimento do empreendimento. Porque quando você presta
atenção e avalia de uma forma crítica, um empreendimento que já existe, você
vai encontrar o que falta nele, as falhas dele, você vai buscar se aquela sua
ideia é um jeito de suprir essas faltas, essas falhas (Entrevistado A).
Compartilhando conhecimento, surgem mais opiniões, novas ideias. Dessa
forma empreendimentos são criados e com a gestão do conhecimento
organizamos o trabalho e auxilia-se na administração e identificação de gastos
(Entrevistado C).
Auxilia sim, é o que vai ajudar a conhecer o mercado (Entrevistado D).
Não é só uma questão de adquirir conhecimento, é muito mais de conectar os
pontos. Pontos e pessoas. Porque implantar novos processos, novas ideias, não
é um trabalho individual. De um ciência só. Eu acho que é muito mais de você
ter o feeling para perceber que tudo é muito similar e que você precisa conectar
outras pessoas que têm um complemento de habilidades que você não tem.
Esse é o segredo. É você se juntar com pessoas que são boas naquilo que você
é ruim, mas com foco, com objetivo (Entrevistado E).
Diante dos achados, observa-se que os entrevistados acreditam que a gestão do conhecimento
é fundamental para a criação de novos empreendimentos. Esta afirmação é corroborada por
Peter Drucker (2011), quando o mesmo apresenta o conhecimento como a super estrela da
inovação empreendedora.
Após identificar o entendimento dos empreendedores sobre a gestão do conhecimento, a
próxima seção apresenta os modos de conversão do conhecimento que são utilizados pelos
mesmos.
115
4.3 O uso dos modos de conversão do conhecimento
Visando cumprir o terceiro objetivo, Identificar os modos de conversão e compartilhamento do
conhecimento utilizados pelos Empreendedores Y, procedeu-se com o processo de
categorização dos dados e posteriormente a análise e discussão dos resultados.
O processo de categorização se deu com a identificação das categorias, gerais, empíricas e
subcategorias. Como categoria geral tem-se conversão e compartilhamento do conhecimento.
A categorização das categorias gerais findou na categorização das categorias empíricas
identificadas como modos, meios e ferramentas, que se subdividiram em um conjunto de
subcategorias relacionadas aos seguintes conceitos: modos (socialização, externalização,
combinação e internalização), meios e ferramentas (banco de dados, benchmarking,
documentos ou repositórios de conhecimentos, feiras, fóruns e passeios, intranet, mapas do
conhecimento, narrativas, portais coorporativos, redes, reuniões face a face).
O quadro abaixo foi elaborado para apresentar essa categorização.
Quadro 23 - Categorização do Objetivo Específico 3: Identificar os modos de conversão
e compartilhamento do conhecimento utilizados pelos Empreendedores Y.
Categorias
Gerais Empíricas Subcategorias
Conversão e
compartilhamento do
conhecimento: conjunto de
processos que transformam e
criam conhecimentos.
Modos: diferentes formas de
conversão do conhecimento.
Socialização: conversão do
conhecimento tácito para um
novo conhecimento tácito.
Cria conhecimento
compartilhado.
Externalização: conversão
do conhecimento tácito para
o explícito. Cria
conhecimento conceitual.
Combinação: conversão do
conhecimento explícito em
um novo conhecimento
explícito. Cria conhecimento
sistêmico.
Internalização: conversão
do conhecimento explícito
para o tácito. Cria o
conhecimento operacional.
Meios: formas de
propagação
Formais: organizados
previamente e já definidos
Informais: espontâneos e
voluntários
Ferramentas: instrumentos
e processos utilizados na
conversão do conhecimento.
Bancos de dados: é um
depósito de dados relevantes,
ou aparentemente não, que
116
dão suporte às informações
das organizações.
Benchmarking: o
benchmarking é utilizado
porque conhecimento pode
ser aprendido com os outros.
Documentos ou
Repositórios de
conhecimentos: estão
estruturados em conjuntos de
conhecimentos armazenados
principalmente em
documentos escritos.
Feiras, fóruns e passeios: nestes o objetivo é promover
momentos de interação
informais, fazendo com que
os participantes circulem,
conheçam pessoas, troquem
experiências e ampliem a
network.
Intranet: são redes privadas
e completas que permitem o
gerenciamento de
informações necessárias à
organização através de
processo e protocolos de
internet.
Mapas de conhecimento: estes mapas buscam mapear
os conhecimentos e suas
respectivas fontes nas
organizações.
Narrativas: narrar é contar
histórias, experiências,
contextualizadas.
Portais corporativos: trata-
se de um sistema online
centrado no usuário,
integrando e divulgando
conhecimentos e
experiências de equipes e
usuários.
Redes: dentro das empresas
o conhecimento também
pode ser gerado em redes
informais e auto organizadas.
Reuniões face a face: gerentes adquirem dois
terços de sua informação e
conhecimento nessas
reuniões ou em conversas
telefônicas.
Fonte: Elaboração própria (2013).
117
De acordo com os dados coletados, todos os modos de conversão do conhecimento,
apresentados na fundamentação teórica por Nonaka e Takeuchi (2008), sendo eles a
socialização, a externalização, a combinação e a internalização, acontecem no locus da
pesquisa.
Para o processo de conversão do conhecimento, algumas ferramentas podem ser utilizadas em
meios formais ou informais com o objetivo de facilitar ou auxiliar a conversão (NONAKA;
TAKEUCHI, 2008). O uso dessas ferramentas de compartilhamento do conhecimento também
foi analisado.
As frequências de uso dos meios ou ferramentas no processo de compartilhamento do
conhecimento também foram calculadas e transformadas no gráfico a seguir.
Figura 17 - Gráfico da frequência de uso das ferramentas de compartilhamento do
conhecimento
Fonte: Elaboração própria (2013).
Nesse gráfico observou-se que todas as ferramentas apresentadas teoricamente são utilizadas
pelos empreendedores. No entanto, uma ficou com frequência abaixo da média: documentos ou
repositórios de conhecimento.
118
Os modos de conversão estudados foram socialização, externalização, combinação e
internalização, conforme apresentados por Nonaka e Takeuchi (2008).
A socialização cria o conhecimento compartilhado. Para Nonaka e Takeuchi (2008), a
socialização é a conversão de um conhecimento tácito em outro conhecimento tácito.
Esse modo é reforçado pela empatia entre os integrantes. O Papo de Universitário caracteriza-
se também como um grupo de amigos trabalhando em equipe. Essa amizade e a afinidade de
valores, favorecem a empatia entre os mesmos.
Quando observado o processo de socialização do conhecimento no locus, notou-se que, os
participantes estão sempre interagindo e compartilhando experiências, especialmente em rodas
informais de conversa. E todos eles reconhecem que sempre compartilham o conhecimento por
meio da socialização, ou seja, por meio da observação, imitação, prática e conversas informais.
E o entrevistado C diz que:
Compartilhando conhecimento, surgem mais opiniões, novas ideias
(Entrevistado C).
Um dos momentos de socialização foi registrado na reunião ilustrada a seguir.
119
Figura 18 - Reunião do Papo de Universitário
Fonte: Facebook do Entrevistado D.
Em seguida, foi observado o processo da externalização. Para Nonaka e Takeuchi (2008), esse
processo sucede a socialização sendo desencadeado pelo diálogo ou reflexão coletiva
significativos e permitidos pela articulação do conhecimento tácito.
A externalização é o processo mais cobiçado atualmente pelas empresas. No Papo de
Universitário observa-se que a externalização acontece à medida em que os membros expõem
suas experiências e práticas adquiridas ao longo dos anos de trabalho. Isso acontece, em sua
maioria, quando o assunto é a organização de eventos como o demonstrado na figura a seguir.
120
Figura 19 - Foto do evento 3º Fórum de Jovens Líderes
Fonte: facebook de Marcos Rodrigues.
Nesses eventos, por de palestras principalmente, a externalização, proposta por Nonaka e
Takeuchi (2008), é realizada, pois, em momentos como esses, os palestrantes expõem,
verbalizam e transmitem de forma explícita o conhecimento tácito conquistado com suas
experiências.
Dando sequência à espiral do conhecimento, surge a combinação. De acordo com Nonaka e
Takeuchi (2008), esse modo é desencadeado pela rede de conhecimento criado recentemente e
pelo acumulado em outros momentos. Ela combina dois conhecimentos explícitos e cristaliza-
os em novos produtos, serviços e processos. Para o entrevistado:
A ideia é que o Papo conecte os pontos mostrando que as coisas [entre
faculdade e mercado] fazem sentido (Entrevistado E).
Essa combinação foi percebida enquanto os entrevistados apresentavam conhecimentos
explícitos e decidiam sobre os serviços que ofereceram nos eventos observados.
Por fim, eles chegam à internalização transformando conhecimentos explícitos em tácitos. Para
Nonaka e Takeuchi (2008), a internalização é o aprender fazendo, é transformar um
121
conhecimento explícito em tácito criando o conhecimento operacional. Sobre isso, o
entrevistado declara:
Você cresce com a sua experiência e o empreendedorismo é prática, é você
aprender, errar e aprender. Então todo conhecimento sobre aquilo que a gente
já passou, que a gente já viveu, é o que consegue dar certo no próximo
empreendimento. E a gente tem que errar cada vez melhor (Entrevistado B).
Nessa fala, o entrevistado evidencia a combinação idealizada por Nonaka e Takeuchi (2008) ao
expressar a relação que os seus conhecimentos possuem com a prática, o aprender fazendo.
Sobre as ferramentas utilizadas para o compartilhamento do conhecimento, 10 delas (banco de
dados, benchmarking, documentos ou repositórios de conhecimentos, feiras, fóruns e passeios,
intranet, mapas de conhecimento, narrativas, portais corporativos, redes, reuniões face a face),
apresentadas por Davenport e Prusak (2008), Tschá (2011), Nonaka e Takeuchi (2008),
Angeloni (2008) e Garvin (1993), foram analisadas.
Em primeiro lugar, sendo apontadas como as ferramentas utilizadas com maior frequência estão
as feiras, fóruns, passeios e narrativas. As feiras, fóruns e passeios têm como objetivo promover
momentos de interação informais, fazendo com que os participantes circulem, conheçam
pessoas, troquem experiências e ampliem a network (TSCHÁ, 2011).
O Papo de Universitário, pelo que foi observado e documentado, é reconhecido pelos fóruns e
feiras que oferece para o mercado. O último evento realizado, o 3º Fórum de Jovens Líderes de
Alta Performance do Nordeste, contou com a presença de 2.000 participantes. E, para os
entrevistados, a participação nesses eventos são oportunidades fantásticas de aprendizagem
para eles mesmos e para os demais participantes.
Já as narrativas referem-se a contar histórias, experiências, contextualizadas. Segundo Terra
(2000), “narrar é uma abordagem bastante poderosa para comunicar iniciativas de mudança, de
modo que as pessoas envolvidas sintam-se parte de uma empresa que está tentando chegar a
um lugar melhor” (TERRA, 2000, p. 151).
Essas narrativas também foram apresentadas durantes os eventos acima citados, bem como em
momentos de reuniões no dia a dia. Durante essas atividades, constantemente os integrantes do
Papo fizeram uso de experiências pessoais para contextualizar exemplos em suas palestras e
reuniões. Com isso, nota-se que eles aproximam-se do público ouvinte e geram empatia.
122
A figura a seguir representa uma foto tirada por print screen do site do evento.
Figura 20 - Banner para o 3º Fórum de Jovens Líderes
Fonte: site do Papo de Universitário. Disponível em:
<www.papodeuniversitarioa.com.br>. Acesso em 15 nov. 2013.
Em seguida, apareceu o uso de benchmarking e intranet. O benchmarking é utilizado porque
conhecimento pode ser aprendido com os outros. Segundo Garvin (1993), evidentemente, nem
todo conhecimento vem de reflexões e autoanálises. Às vezes, os insights mais valiosos
decorrem da observação do ambiente externo para o desenvolvimento de novas perspectivas. O
termo mais abrangente para o processo é benchmarking.
Já a intranet são redes privadas e completas que permitem o gerenciamento de informações
necessárias à organização através de processo e protocolos de internet, de maneira que os
recursos de hipertexto contidos nelas permitem que se capturem algum conhecimento tácito dos
especialistas, tornando-os explícito (ANGELONI, 2003; TSCHÁ, 2011).
O benchmarking é feito com as experiências acumuladas de outros empregos anteriores ou
paralelos a atuação no Papo de Universitário. E a intranet apontada foi o aplicativo WhatsApp,
o qual é utilizado diariamente para a comunicação entre os entrevistados.
123
O terceiro bloco de ferramentas utilizadas uniu portais corporativos, redes e reuniões face a
face. Um portal corporativo trata-se de um sistema online centrado no usuário, integrando e
divulgando conhecimentos e experiências de equipes e usuários (ÁVILA; FREITAS JÚNIOR,
2008). Sobre as redes, dentro das empresas o conhecimento também pode ser gerado em redes
informais e auto organizadas. Os detentores do conhecimento unem de forma espontânea, ou
por interesses próprios, motivados por interesses comuns e compartilham conhecimentos com
o objetivo principal de resolver problemas em conjunto (DAVENPORT; PRUSAK, 1998).
Entre as redes, as redes sociais têm se destacado neste contexto. Já nas reuniões face a face
gerentes adquirem dois terços de sua informação e conhecimento nessas reuniões ou em
conversas telefônicas (DAVENPORT; PRUSAK, 1998).
O Papo de Universitário possui um portal corporativo que representa o site do empreendimento:
<www.papodeuniversitario.com.br>. As redes são formais e informais. Entre elas, destacam-se
as redes sociais: facebook e twitter. E as reuniões face a face acontecem na sede do
empreendimento ou bares e restaurantes, no mínimo semanalmente.
No portal corporativo, conforme ilustrado a seguir, são compartilhados textos, notícias, vídeos,
informações sobre o Papo de Universitário e eventos.
124
Figura 21 - Foto do site do Papo de Universitário
Fonte: Site do Papo de Universitário (2013). Disponível em:
<www.papodeuniversitario.com.br>. Acesso em: 24 nov. 2013.
125
Figura 22 - Foto da fanpage do Papo de Universitário
Fonte: facebook/papodeuniversitario. Acesso em 25 nov. 2013.
Por fim, entre as ferramentas menos utilizadas pelos entrevistados estão os bancos de dados,
mapas de conhecimento e documentos ou repositórios de conhecimento. Segundo Tschá (2011),
banco de dados é um depósito de dados relevantes, ou aparentemente não, que dão suporte às
informações das organizações. Em inglês é chamado de database.
De acordo com as observações que foram feitas, os bancos de dados formados por amigos das
redes sociais e mailing list são utilizadas com mais frequência do que as apontadas pela maioria
126
dos entrevistados. Uma vez que os mesmos são utilizados diariamente na divulgação e
promoção de eventos, sites e fanpage.
Na foto abaixo, conseguida por meio de um print screen da fanpage do Papo de Universitário,
observa-se que o empreendimento já conquistou mais de vinte e sete mil curtidas. Isso
representa que eles já contam, apenas nessa fanpage, com um banco de dados de 27.430 pessoas
tendo acesso a todo conhecimento que é compartilhado por meio da mesma.
Figura 23 - Foto da fanpage do Papo de Universitá rio com destaque para o número de
amigos que curtiram a página e têm acesso a tudo que é publicado
Fonte: Facebook/papodeuniversitario. Acesso em: 24 nov. 2013.
Sobre os documentos ou repositórios de conhecimentos, lembra-se que eles estão estruturados
em conjuntos de conhecimentos armazenados, principalmente em documentos escritos. Podem
ser de três tipos: conhecimento externo (inteligência competitiva); conhecimento interno
estrutural, (relatórios, produtos, procedimentos e técnicas) e não estrutural; conhecimento
interno tácito (o conhecimento que reside na mente das pessoas, e não é passível de mensuração
ou de transferência para formas estruturadas de representação e armazenamento)
(DAVENPORT & PRUSAK, 1998). Sendo assim, pode-se dizer que os mesmos têm por
objetivo recolher, preservar e disseminar de forma sistemática, os recursos de conhecimento da
organização (TSCHÁ, 2011).
127
Já os mapas de conhecimento buscam mapear os conhecimentos e suas respectivas fontes nas
organizações, disponibilizando para todos os conhecimentos identificados e onde encontrá-los
(DAVENPORT; PRUSAK, 1998).
No estudo do Papo de Universitário, os mapas de conhecimento existem apenas na memória
dos entrevistados, ou seja, ainda não foi produzido nenhum material sobre os mesmos. E os
documentos ou repositórios de conhecimento, de acordo com as observações, de fato não são
muito utilizados pelos entrevistados.
Após apresentar os modos e ferramentas utilizados pelos entrevistados, na próxima seção é
apresentado o processo de criação dos empreendimentos desenvolvidos pelos jovens estudados,
baseando-se na Teoria Visionária de Filion.
4.4 A criação dos empreendimentos a partir da Teoria Visionária de Filion
Nesta seção é dada a resposta para o quarto objetivo específico identificando-se o processo de
criação dos empreendimentos a partir da Teoria Visionária de Filion (Apêndice F).
Visando cumprir o quarto objetivo específico que consistiu em identificar o processo de criação
dos empreendimentos a partir da Teoria Visionária de Filion (APÊNDICE F), procedeu-se com
o processo de categorização dos dados e posteriormente a análise e discussão dos resultados.
O processo de categorização se deu com a identificação das categorias, gerais, empíricas e
subcategorias. Como categoria geral tem-se a visão e o empreendimento. As categorizações das
categorias gerais findaram na categorização das categorias empíricas identificada como visões
emergentes, centrais e complementares, bem como se tem a categoria empírica elementos que
dão suporte a visão e categorias empíricas: individual e coletiva. As categorias empíricas se
subdividiam em um conjunto de características, aqui nesta seção caracterizada como
subcategorias relacionadas aos seguintes conceitos: visão central (interna e externa), elementos
que dão suporte a visão (conceito de si, energia, liderança, compreensão do setor e rede de
relações), individual (empresário, intraempreendedor e carreira) e coletivo (social e
empresário).
Para esquematizar a categorização do objetivo específico 4, foi elaborado no próximo quadro.
128
Quadro 24 - Categorização do Objetivo Específico 4: Identificar o processo de criação
dos empreendimentos desenvolvidos pelos Empreendedores Y a partir da Teoria
Visionária de Filion.
Categorias
Gerais Empíricas Subcategorias
Visão: uma projeção de uma
imagem desejada e buscada
para o futuro.
Central: é o resultado de
uma ou mais visões
emergentes, ou seja, de uma
ou mais ideias
empreendedoras.
Interna: define o tipo
de organização que o
empreendedor precisa montar
para ocupar no mercado o
lugar que deseja (visão
externa).
Externa: é a projeção no
futuro do lugar o qual o
empreendedor pretende
ocupar no mercado.
Emergentes: representam as
ideias ou conceitos de
produtos e serviços
imaginados pelo
empreendedor formando um
grupo de possibilidades de
negócios.
Secundárias ou
complementares: são visões
de apoio à visão central e que
encerram habilidade de
comunicação, conhecimento
no campo de atuação e
liderança.
Elementos de suporte:
Fatores que formam e dão
suporte para a realização das
visões.
Conceito de si: forma como a
pessoa se vê (auto-imagem),
na qual estão contidos os
valores de cada um, sua visão
do mundo e sua motivação;
Energia: diz respeito a
quantidade/qualidade do
tempo dedicado ao trabalho e
a disposição de estar
constantemente aprendendo à
medida que desenvolve
atividades na empresa.
Liderança: a qualidade de
comandar terceiros no
processo de concretizar a
visão; importante porque
define a amplitude do que o
empreendedor quer realizar
(suas ambições como pessoa
e como empresário).
Relações: refere-se as fontes
de aprendizado do
empreendedor e abrange não
só as relações primárias
(família, amigos, pessoas que
129
admira), que determinam em
grande parte o que ele é mas
sobretudo, o network que ele
terá que buscar para expandir
seus conhecimentos como
apoio para realizar e
aprimorar a sua visão.
Compreensão do setor: saber como as empresas se
estruturam e funcionam na
atividade escolhida,
conhecimento sobre praxes
do mercado, necessidades dos
clientes, concorrência, fatores
críticos de sucesso e
vantagens competitivas.
Empreendimento: é o
resultado da realização de
uma, ou de um conjunto de
ideias inovadoras.
Individual: atua sozinho. Empresário (MEI): Micro
Empreendedor Individual.
Intraempreendedor: empreende dentro da
empresa que trabalha.
Carreira: promove e investe
no sua própria carreira.
Coletivo: trabalha em
conjunto com outros
empreendedores.
Social: atua em prol de bens
comunitários.
Empresário: dono de
empresas.
Fonte: elaboração própria (2013).
Para a Teoria Visionária de Filion, os empreendedores são seres visionários que imaginam,
desenvolvem e realizam visões, sendo essas visões uma extrapolação do próprio ser
empreendedor (FILION, 1991).
As visões são classificadas como emergentes, central (interna e externa) e complementares ou
secundárias. Para contextualizar cada uma delas, foram utilizados trechos dos depoimentos que
narram a história do Papo de Universitário, desde o seu surgimento às suas perspectivas de
futuro.
O processo de visão inicia-se com as visões emergentes. As visões emergentes representam as
ideias ou conceitos de produtos e serviços imaginados pelo empreendedor formando um grupo
de possibilidades de negócios (FILION, 1991).
Surgiu de um livro que fui inventar de escrever sobre graduação, o nome do
livro era ‘Manual do Herói’. Só que uns amigos meus me disseram que esse
nome era muito de quem ‘se acha’ e daí eu comecei a me perguntar o que
realmente seria um nome interessante. Eu curto muito um site chamado ‘Papo
130
de Homem’ e eu falei ‘por que não chamar Papo de Universitário?!’. E ele ia
falar sobre o que é a vida de universitário, o que eu ainda era naquela época.
E quando a gente fez a marca, pronto, foi a melhor coisa do mundo! Porque
Papo de Universitário, com certeza absoluta, é muito mais forte que ‘Manual
do herói’. Manual do herói não ia conectar a quantidade de jovens que o Papo
conecta. Quando você fala: ‘aqui nessa sala é o Papo de Universitário’. Quem
é universitário sabe que o vai ser discutido lá dentro é o que eles querem. E
você também dá voz para o cara. Eu acredito que muita gente não tem a
autoestima elevada para se ver como herói, eles se veem mais como aquele
que está sendo salvo por alguém, não se vê como alguém que está disposto a
salvar alguém. Então esse livro foi a peça particular, que foi dele que eu peguei
as minhas duas graduações e fiz um apanhado, de tudo que funcionava, e
escrevi um manual que a galera pudesse ler e praticar. Com o tempo, outras
ideias foram chegando, eu já tinha uma popularidade grande antes do Papo, o
que eu usei para potencializar (o Papo). O background das palestras e eventos
foi necessário para popularizar logo a marca. Era muito fácil também
transformar um livro em evento, consequentemente era muito fácil
transformar um livro e um evento num site, e que também era muito fácil
transformar um livro, um evento e um site numa revista e um programa de tv.
Tinha muito conteúdo e a gente transformou numa plataforma (Entrevistado
E).
Nesse depoimento o Entrevistado E evidencia o grupo de possibilidades geradas pelas visões
emergentes e corrobora a teoria de Filion (1991). E, a partir dessas, ele chegou à visão central
do Papo de Universitário.
A visão central do Papo de Universitário surgiu pelo inconformismo do seu fundador. Para
Filion (1991), a visão central é resultado de uma ou mais visões emergentes ou ideias
empreendedoras. Esse processo foi apresentado nas falas abaixo:
[A criação do meu primeiro empreendimento aconteceu] Pelo inconformismo.
Foi no projeto Células [Células Empreendedoras], quando eu fui fazer meu
primeiro CPEJE [Congresso Pernambucano de Jovens Empreendedores].
Começou numa sala de aula e no terceiro encontro eu pedi para migrar para o
auditório da FIR [faculdade na qual estudava]. Genésio [professor criador do
Células] participou do encontro e a gente conseguiu juntar 160 pessoas. Então
se a gente conseguiu juntar tudo isso eu divulgando só na minha sala, imagina
se eu divulgasse em outras salas, faculdades, enfim (Entrevistado E).
O fundador do Papo expôs ainda o motivo pelo qual escolheu investir no Papo, e não em outras
ideias empreendedoras, no depoimento abaixo.
Educação. Eu acho que a educação ainda é a resposta para muita coisa. E eu
acho que o mundo tá do jeito que tá porque temos poucos protagonistas
positivos. A gente bota muito a responsabilidade da vida da gente nos outros
[...](Entrevistado E).
131
A visão central divide-se em interna e externa durante o ciclo de criação do empreendimento.
Essas visões são apresentadas na sequência.
A visão central interna, de acordo com Filion (1991), define o tipo de organização que o
empreendedor precisa montar para ocupar no mercado o lugar que deseja (visão externa). A
visão interna do Papo de Universitário foi apresentada no depoimento abaixo.
Eu imagino o Papo com uma rede, em diversos estados, e com sistema
colaborativo, e com a plataforma bem sólida, com revista rodando em todas
as faculdades, as pessoas já reconhecendo a marca, sabendo o que é o Papo, a
gente entrar na TV forte. Tudo aconteceu muito rápido, mas eu acredito que
nos próximos dois anos a gente já vai estar com tudo muito sólido
(Entrevistado B).
Já a visão central externa é a projeção no futuro do lugar o qual o empreendedor pretende ocupar
no mercado (FILION, 1991). Durante a sua construção, observou-se que o Papo começou com
o CPEJE, transformou-se em um livro, criou o Fórum de Jovens Líders, criou sede em outro
estado (AL), virou uma empresa, criou site, programa de TV e revista.
Atualmente, os entrevistados ainda querem mais e imaginam-se “sendo a maior plataforma para
o público universitário do Brasil. Com Tv, revista, portal, livro e eventos (Entrevistado E).
As visões secundárias ou complementares são visões de apoio à visão central e que encerram
habilidade de comunicação, conhecimento no campo de atuação e liderança. Essas visões foram
observadas em cada network estabelecida com o Papo.
Os elementos de suporte são fatores que formam e dão suporte para a realização das visões.
Para Filion (2000), os 5 elemento de suporte a visão são as relações, liderança, energia, conceito
de si e conhecimento do setor.
O elemento das relações refere-se as fontes de aprendizado do empreendedor e abrange não só
as relações primárias (família, amigos, pessoas que admira) e o network que ele terá que buscar
para expandir seus conhecimentos como apoio para realizar e aprimorar a sua visão.
Todos os entrevistado destacaram a importância das relações estabelecidas com o network,
quando perguntados sobre a importância das relações deles para a consolidação do
empreendimento, os entrevistados responderam que:
132
Antes não, mas agora, com o Papo eu acho que sim (Entrevistado A).
Sim, foram e são importantes, mas não é a principal (Entrevistado C).
Sim, e elas ainda podem ser bem mais. Como o projeto ainda está sendo
consolidado, eu tenho muita rede no Brasil todo, pelo movimento de empresa
júnior, então para o trabalho de expansão isso vai ser muito forte (Entrevistado
B).
Foram e são sim (Entrevistado D).
Demais! Eu acho que rede de relacionamento é tudo. Porque deixa a marca
popular. A gente está aqui hoje [na Fliporto], por causa da rede de
relacionamentos (Entrevistado E).
Os entrevistados também ressaltaram a importância das relações familiares. E todos os
entrevistados responderam, em seus questionários e entrevista, que receberam influências das
relações primárias para empreender.
O elemento energia, segundo Filion (2013), diz respeito a quantidade/qualidade do tempo
dedicado ao trabalho e a disposição de estar constantemente aprendendo à medida que
desenvolve atividades na empresa.
Na seção elaborada para mapear o perfil dos empreendedores Y, registrou-se que essas pessoas
possuem elevados níveis de energia. Nesta seção, esse fato foi fortalecido no empreendimento
estudado, quando seus integrantes responderam que investem e já investiram, as seguintes
quantidades de energia, em horas, de trabalho e aprendizagem.
Quadro 25 - Energia destinada ao Papo de Universitário
Energia
empregada no
trabalho
Entrevistado
A
Entrevistado
C
Entrevistado
B
Entrevistado
D
Entrevistado
E
Há quanto
tempo está no
empreendimento
11 meses 11 meses 6 meses 3 anos 1 ano e
3 meses
Quantas horas
de trabalho
dedica por dia
6h 6h ou mais 8h 3h 16h
Fonte: Elaboração própria (2013).
Nesse quadro, observa-se que o Entrevistado E (fundador do Papo) respondeu que está no
empreendimento há 1 ano e 3 meses, ou seja, há menos tempo que o Entrevistado D, no entanto,
133
ele quis fazer referência ao tempo em que o Papo de Universitário tem sido divulgado com esse
nome. No entanto, o mesmo afirma em entrevista que “o Papo é resposta de três anos de vida”
(Entrevistado E). E o Entrevistado D, por sua vez, vem o acompanhando desde então.
Sobre a energia como tempo associado à qualidade do trabalho, os entrevistados afirmaram que
enquanto estão trabalhando no Papo só pensam no Papo e muitas vezes quando estão em outras
atividades estão pensando no Papo. No entanto, é comum perceber que durante alguns
momentos, especialmente em reuniões, a atenção dos entrevistados fica dividida entre reuniões,
telefonemas e redes sociais.
O elemento conceito de si representa, para Filion (2013), a forma como a pessoa se vê
(autoimagem), na qual estão contidos os valores de cada um, sua visão do mundo e sua
motivação. Sobre esse conceito, os entrevistados deram as seguintes respostas:
Sou crítico, procuro sempre o melhor de uma forma simples, sempre respeitar
as pessoas ao meu redor, sei escutar pois acho importante ouvir as críticas e
aquilo de errado que posso estar fazendo para melhorar, estamos vivendo onde
pessoas passam por cima das outras sem nem pensar duas vezes, não procuram
o crescimento do grupo mas apenas de si mesma, não generalizo pois vejo em
diferentes locais sempre alguém que busca fazer a diferença e tento engajar na
ideia (Entrevistado C).
Sou tranquilo, gosto muito de pessoas, geralmente me relaciono bem com as
pessoas, com a equipe, acho isso um ponto forte. E um dos problemas que eu
estou tentando resolver é a questão de foco. Eu acabo fazendo muita coisa ao
mesmo tempo e eu estou cada vez mais reduzindo, diminuindo planos, para
tentar focar em poucas atividades e acho que agora estou conseguindo
diminuir isso para fazer um trabalho legal (Entrevistado B).
Cara motivado que sempre procura fazer acontecer. Ninguém faz aquilo que
eu faço com os meus diferenciais, podem me substituir, mas nunca vão fazer
tão bem quanto eu (Entrevistado D).
Realizador, protagonista, entusiasta, autoestima muito elevada, uma certa
arrogância (que é um ponto que eu preciso melhorar), cabeça dura em alguns
pontos, muito mais emoção do que razão, às vezes eu acho que eu sou mais
razão, mas não é (sic), é querer fazer a diferença. Eu quero deixar um legado,
quero deixar algo que meu filho se orgulhe, que contribua com as pessoas elas
possam olhar e dizer “caraca véi que massa velho, muito bom!” (Entrevistado
E).
Sou um aprendiz, mas posso me considerar um líder. Tiver um crescimento
rápido dentro da empresa e hoje tenho até uma equipe (Entrevistado A).
134
A liderança, resgatada nesse último depoimento, é mais um elemento-chave da Teoria
Visionária de Filion, que também foi avaliado. Para Filion (2000), liderança é a qualidade de
comandar terceiros no processo de concretizar a visão.
Por unanimidade, os entrevistados afirmam que, de fato, existe um líder e que o líder fundador
do empreendimento foi quem os convenceu ou conquistou para ingressar no Papo. Afirmaram
ainda que sua visão é colaborativa, trabalha em equipe e toma decisões compartilhadas. Outra
unanimidade foi que todos consideram que atuam como líderes e que, em momentos diferentes,
pessoas diferentes são reconhecidas como líderes.
Sobre a questão do respeito, 80% dos entrevistados afirmaram que o líder fundador impõe
respeito, no entanto, um entrevistado acredita que não é sempre que isso acontece. Isso deve-se
ao fato do líder chegar sempre atrasado e ser, algumas vezes, desorganizado.
Sobre o líder fundador também foi avaliado se o mesmo é centralizador. De acordo com os
entrevistados, o líder já foi bastante centralizador. Por esse motivo vários processos fracassaram
e agora ele tem melhorado na função de delegar tarefas e compartilhar responsabilidades.
Um ponto falho apontado pelos entrevistados sobre o líder fundador, foi a sua desorganização
e impontualidade. Essa crítica, foi reconhecida e amadurecida pelo apontado. O mesmo afirmou
que durante as entrevistas que precisa corrigir esses pontos.
A compreensão do setor, outro elemento de suporte e definida por Filion (2000), quer saber
como as empresas se estruturam e funcionam na atividade escolhida, conhecimento sobre
praxes do mercado, necessidades dos clientes, concorrência, fatores críticos de sucesso e
vantagens competitivas.
Sobre tal conhecimento, todos os entrevistados acreditam quem o Papo de Universitário não
tem concorrentes. Isso deve-se ao fato de que a plataforma do mesmo ser a única, no norte e
nordeste que une livro, site, revista, eventos e programa de TV. No entanto, observa-se que a
Rede Globo, por exemplo, já apresentou programas de TV para jovens empreendedores e tem
investido nessa fatia de mercado.
Os entrevistados também avaliaram as vantagens e desvantagens do Papo de Universitário no
mercado. Para eles, as vantagens competitivas são diversas, como observa-se nas falas a seguir:
135
O Papo traz tudo que falta na faculdade pros estudantes. Tudo que a gente
sente que o aluno está em defasagem na universidade a gente tenta trazer para
complementar. Foi dessa ideia que o Papo nasceu (Entrevistado A).
Ligar marcas ao público universitário (Entrevistado C).
Primeiro, o tamanho da plataforma. A gente não é só uma revista, não é só um
portal. A gente tem revista, portal, programa de televisão, e tudo junto ganha
uma força muito grande, então tudo se vende mais fácil. E eu acho também
que com foco universitário, aqui no nordeste, não há nada tão grande. Então é
um público segmentado e uma plataforma grande (Entrevistado B).
Informações a baixo custo, os eventos são promovidos por baixo custo
(Entrevistado D).
Plataforma, diversidade e atualização de conteúdo (Entrevistado E).
Sobre as desvantagens apontaram as seguintes questões:
Por ser uma empresa emergente ainda no mercado a gente ainda não tem noção
de tudo que a gente pode abranger (Entrevistado A).
Ser uma empresa nova e como um segmento novo no mercado (Entrevistado
C).
Primeiro o conhecimento da equipe. A gente lança uma revista sem tanto
conhecimento, a gente faz um evento sem tanto profissionalismo como
poderia ser. São erros que o pessoal que já tá na área há mais tempo não
comete (Entrevistado B).
Sempre falta um caixa para investir nas ações. Fluxo de Caixa (Entrevistado
D).
Muita coisa em pouco tempo. A gente se meteu em fazer muita coisa em pouco
tempo. Por exemplo, em um ano de projeto foi um programa de tv, um portal,
uma revista, dois eventos (Entrevistado E).
Dessa forma, compreende-se que os empreendimentos criados pelos empreendedores Y
entrevistados resultaram de visões que apontaram oportunidades e que foram fortalecidas pelas
relações primarias e secundárias estabelecidas pelos empreendedores.
Sobre os tipos de empreendimentos desenvolvidos, registrou que apenas um entrevistado
empreendedor por necessidade e oportunidade, já os demais empreendem todos por
oportunidade.
136
Os entrevistados também foram analisados por suas categorias de empreendimentos. Nessa
análise, todos os cinco entrevistados apresentaram atuação intraempreendedor, tanto no Papo,
quanto nos demais empregos. Nenhum deles é registrado como Micro Empreendedor
Individual. Todos demonstram empreender em suas carreiras, buscando foco em resultado e o
crescimento contínuo. Apenas dois são empreendedores empresários. E todos demonstram
interesse pelo empreendedorismo social, já tendo realizado algumas ações nesse sentido.
Apresentadas as diferentes maneiras que deram origem aos empreendimentos dos entrevistados,
a próxima seção trata das barreiras enfrentadas pelo mesmo no processo de gestão do
conhecimento.
4.5 Barreiras enfrentadas no processo de Gestão do Conhecimento desenvolvido pelos
Empreendedores Y.
Nesta seção é dada a resposta para ao quinto objetivo específico que consistiu em identificar as
barreiras enfrentadas no processo de Gestão do Conhecimento desenvolvido pelos
Empreendedores Y utilizando o aporte teórico para analisar e discutir os dados (Apêndice F).
Visando cumprir o quinto objetivo específico, procedeu-se com o processo de categorização
dos dados e posteriormente a análise e discussão dos resultados achados.
O processo de categorização se deu com a identificação das categorias, gerais, empíricas e
subcategorias. Como categoria geral tem-se as barreiras do processo de criação de
conhecimento. As categorizações das categorias gerais findaram na categorização das
categorias empíricas identificada como barreiras individuais e organizacionais As categorias
empíricas culminaram nas subcategorias atritos.
Para esquematizar a categorização do objetivo específico 5, foi elaborado o quadro abaixo.
Quadro 26 - Categorização do Objetivo Específico 5: Identificar as barreiras enfrentadas
no processo de Gestão do Conhecimento desenvolvido pelos Empreendedores Y.
Categorias
Gerais Empíricas Subcategorias
Barreiras do processo de
criação: fatores que podem
interferir no fluxo da gestão
do conhecimento.
Individuais: representam a
resistência às mudanças da
auto identidade e as barreiras
organizacionais referem-se
aos problemas com os
paradigmas da empresa.
Atritos: forças contrárias ao
processo de criação. Eles
podem ser:
Falta de confiança
mútua; Organizacionais:
137
1) necessidade de uma
linguagem legítima (a língua
é o código para o
aprendizado individual),
2) histórias organizacionais
(representam memória
organizacional que permite
aos indivíduos a adequação
do seu próprio
comportamento ao ambiente
de trabalho),
3) procedimentos (o novo
conhecimento vai alterar
procedimento que há anos
são responsáveis pelo
sucesso da organização e
uma nova “bíblia” técnica
será criada) e
4) paradigmas da empresa
(os paradigmas influenciam
dados, informações, missão e
a visão da organização, os
quais precisarão passar por
adaptações)
Diferentes culturas,
vocabulários e quadros
de referência;
Falta de tempo e de
locais de encontro; ideia
estreita de trabalho
produtivo;
Status e recompensa
vão para os possuidores
do Conhecimento;
Falta de capacidade de
absorção pelos
recipientes;
Crença de que o
conhecimento à
prerrogativa de
determinados grupos,
síndrome do "não
inventado aqui";
Intolerância com erros
ou necessidade de
ajuda.
Fonte: Elaboração própria (2013).
Embora as barreiras tenham sido encontradas, apareceram com baixa frequência. E a que obteve
maior frequência, a ideia de que status e recompensa vão sempre para os possuidores de
conhecimento, ficou com frequência mediana entre às vezes e raramente.
Figura 24 - Gráfico das frequências das barreiras apresentadas
Fonte: Elaboração própria (2013).
As barreiras são dificuldades geradas no processo de compartilhamento do conhecimento.
Segundo Davenport e Prusak (1998), tais barreiras, especialmente os fatores culturais, são
chamados de atritos.
138
Entre as principais barreiras consideradas na fundamentação teórica e observadas no locus da
pesquisa estão: falta de confiança mútua; diferentes culturas, vocabulários e quadros de
referência; falta de tempo e de locais de encontro; ideia estreita de trabalho produtivo; status e
recompensa vão para os possuidores do Conhecimento; falta de capacidade de absorção pelos
recipientes; crença de que o conhecimento à prerrogativa de determinados grupos, síndrome do
"não inventado aqui"; Intolerância com erros ou necessidade de ajuda (DAVENPORT;
PRUSAK, 1998, p.117-118).
Durante as entrevistas, todas essas barreiras apareceram, porém com baixa frequência. Esse fato
foi relacionado às relações estabelecidas no empreendimento e que, segundo Davenport e
Prusak (1998) servem como as possíveis soluções para as barreiras enfrentadas.
A com menor incidência sobre os entrevistados foi a intolerância com erros ou necessidade de
ajuda. Esses fatos corroboram afirmativas anteriores nas quais, por unanimidade, os
entrevistados disseram que suas relações no empreendimento são de amizade, ou até irmandade,
na qual permite-se a aprendizagem pelo erro e há espaço para trocas de feedback e avaliações
de desempenho.
Entre as barreiras identificadas no processo de gestão do conhecimento no Papo de
Universitário, a que apresentou-se com maior frequência foi a ideia de que status e recompensa
vão para os possuidores de conhecimento, ou seja, a crença de que quem tem conhecimento,
retém status. No entanto, observa-se que nas relações estabelecidas há espaço para trocas de
feedback e avaliações de desempenho, o que possibilita momentos de compartilhamento do
conhecimento.
Em segundo lugar, a barreira encontrada foi representada por diferentes culturas, vocabulários
e quadros de referência. No entanto, todos os entrevistados e observados pertencem a uma
mesma geração, adotam o mesmo vocabulário, trabalham em equipe e possuem quadros de
referências similares.
A falta de tempo e de locais de encontro foi a terceira barreira enfrentada pelos entrevistados.
A falta de tempo dar-se pela quantidade de atividades acumuladas pelos mesmo, especialmente
com eventos e outros empregos, e tem sido solucionada por meio de reuniões face a face e
ferramentas tecnológicas. Já a falta de locais de encontro foi suprida com o aluguel de um
imóvel para instalação da sede do Papo de Universitário em agosto de 2013.
139
Já a falta de capacidade de absorção pelos recipientes ficou em quarto lugar na ordem das
barreiras. Para essa, as soluções adotadas têm sido a adoção de diversas ferramentas de
comunicação adotadas, como revista, reuniões e palestras para públicos diversos.
O atrito da falta de confiança mútua foi mencionado por apenas dois dos entrevistado com
frequência intermediária, já os outros três afirmam que ele nunca acontece. Esse fato aponta
uma divergência nas relações estabelecidas. Uma vez que as mesmas ora foram apontadas, por
unanimidade, como relações de amizade ou até irmandade, ora foram apontadas, por dois
entrevistados, como relações frias e bem calculadas.
E, como penúltimo atrito, ficou a crença do conhecimento à prerrogativa de determinados
grupos, ou seja, a síndrome do "não inventado aqui, não serve aqui". As soluções adotadas e
observadas pela entrevistadora para amenizar esse pequeno atrito tem sido a adoção de
diferentes ideias, vindas dos diversos integrantes do empreendimento.
Assim, concluímos mais um capítulo dessa dissertação. O próximo capítulo será sobre as
considerações finais e as sugestões apresentadas para o leitor.
140
5 CONCLUSÕES E SUGESTÕES
Neste capítulo são apresentadas as considerações finais e sugestões desenvolvidas a partir deste
estudo.
5.1 Conclusões
Nesta seção são apresentadas as conclusões do estudo, relacionando os dados analisados com
os objetivos do estudo, bem como os confrontando com o referencial teórico adotado nesta
dissertação, visando apresentar como a gestão do conhecimento auxilia empreendedores Y no
desenvolvimento de empreendimentos.
Todavia, antes de discorrer sobre as conclusões do estudo, vale salientar que a base para
construção desta dissertação emergiu da necessidade e do desejo de não aceitar um paradigma
imposto para a juventude, o qual a enquadrava como jovens inativos, perdidos e acomodados.
Ao longo desses dois anos de estudo, muitas coisas mudaram. O movimento “Vem pra rua”
emergiu, milhares de pessoas estavam nas ruas, o Brasil se mobilizou para gritar por democracia
e cobrar justiça. E à frente desses processos encontravam-se muitos jovens.
Essa inquietação e rebeldia apresentadas por esses jovens, aproximam-se de dois perfis. Um
atribuído à geração Y e outro ao espírito empreendedor.
Os dados expostos, ao longo desta dissertação, reforçaram essa ideia e apresentaram a
participação majoritária dos jovens no empreendedorismo brasileiro.
Nesta pesquisa, foram ressaltadas ainda as mudanças de Eras vividas pelas sociedades. A Era
da predominância da agricultura passou, a da indústria também e hoje considera-se a
predominância da Era do Conhecimento.
O conhecimento como a fonte de poder mais democrática, como um bem a ser compartilhado
e como a fonte mais rica para a criação de empreendimentos.
Dessa forma, este estudo buscou unir esses três constructos: empreendedorismo, geração Y e
gestão do conhecimento. E trouxe a seguinte pergunta: “Como a Gestão do Conhecimento
auxilia empreendedores Y no desenvolvimento de empreendimentos?”.
141
Para encontrar uma resposta, foi feito um levantamento no empreendimento Papo de
Universitário, composto por jovens empreendedores ativos. E a pesquisa exploratória e
descritiva, utilizou métodos mistos (é quantitativa e qualitativa) e a análise das dados foi feita
por análise de conteúdo, análise de documento e análise e análise estatística.
O caminho para a resposta foi percorrido passando pelos seguintes objetivos específicos:
1. Mapear o perfil dos Empreendedores Y.
2. Identificar o entendimento dos empreendedores Y sobre Gestão do Conhecimento.
3. Identificar os modos de conversão e compartilhamento do conhecimento utilizados
pelos Empreendedores Y.
4. Identificar o processo de criação dos empreendimentos desenvolvidos pelos
Empreendedores Y a partir da Teoria Visionária de Filion.
5. Identificar as barreiras enfrentadas no processo de Gestão do Conhecimento
desenvolvido pelos Empreendedores Y.
Ao responder o primeiro objetivo, observou-se que os jovens entrevistados apresentam
comportamento empreendedor ativo, bem como não só pertencem à geração Y, como também
comportam-se ativamente como a mesma.
Ao unir esses fatos e observar que as características atribuídas à geração Y conectam-se
teoricamente e apresentam correlações significativas com o empreendedorismo, pode-se
afirmar que a população escolhida representa uma parte da sociedade diferenciada, que foi
denominada de empreendedores Y.
Entre essas correlações, as características que se destacaram e montaram o perfil do
empreendedor Y ativo foram: é bem informado, tem rápido e fácil acesso às informações, sabe
resolver problemas, conhece bem o ramo em que atua, maximiza oportunidades, possui
capacidade de tolerar incertezas e ambiguidades, desapego emocional, é imaginativo e
visionário, é inovador, apresenta tenacidade, perseverança, liderança, é inquieto, está inserido
em um contexto de jogos baseada em superar novos desafios, quer fazer a diferença no mundo,
é tecnológica e digital, é impaciente, pensa na sustentabilidade, é otimista em relação ao futuro,
a visão do líder é colaborativa, desenvolve-se bem em espaços criativos, comprometida à
142
medida que o negócio está alinhado aos seus valores, luta contra a autoimposição de padrões,
alta necessidade de realização, possui elevados níveis de energia, necessidade de satisfação
pessoal, aprende a aprender para ganhar experiência, tem alegria, autoconfiança e energia,
precisa de feedback, assume riscos moderados, boa intuição, tem um modelo, alguém que
influencia, quer se expressar por meio do trabalho, quer colaborar, trabalhar em equipe,
estimular a cooperação, tem foco em resultados e quer superar recordes, boa intuição e
humildade diante da sorte.
Entre os empreendedores, foi estudado e percebido que eles possuem um entendimento sobre o
que é o conhecimento e sua gestão. Para eles, dados, informações, conhecimento e sabedoria
são diferentes, mas estão diretamente relacionados entre si.
E reconhecem um fato percebido, o de que o conhecimento influenciou diretamente na criação
dos seus empreendimentos. Tal conhecimento vem por meio da prática e só tem sentido se
aplicado à prática. Isso aponta também para a espiral do conhecimento que é desenvolvida pelos
empreendedores e neste caso destaca a internalização do conhecimento.
A socialização foi percebida nas conversar informais, a externalização percebida enquanto os
empreendedores iam adquirindo maturidade para articular os conhecimentos operacionais, a
combinação enquanto dois conhecimentos explícitos interagiam nos debates e, por sua vez, a
internalização que imbutia aquilo que tinha sido aprendido fazendo, principalmente ao longo
de eventos.
No entanto, foi observado que, embora eles entendam o conceito de gestão do conhecimento,
os modos de conversão do conhecimento não são reconhecidos facilmente por eles. Isso
acontece porque os empreendedores Y, que contribuíram com essa pesquisa, não dominam os
conceitos desses modos de conversão.
Com isso, algumas barreiras para a gestão do conhecimento foram observadas. No entanto,
observou-se que esses atritos ora são, ora poderiam ser, resolvidos por meio de diálogos e do
uso mais frequente e diversificado das ferramentas que favorecem o compartilhamento do
conhecimento.
Foi percebida ainda a influência gerada à medida que os conhecimentos adquiridos,
especialmente pela prática, pelo aprender fazendo, passando pela internalização, auxiliaram
esses jovens na criação, desenvolvimento e realização das suas visões empreendedoras.
143
O Papo de Universitário é fruto dessas visões criadas, desenvolvidas e realizadas a partir de
conhecimentos adquiridos com a promoção de eventos. Esses eventos deram origem a um livro,
um site, fanpage, mais eventos, revista e programa de TV, dando origem à maior plataforma,
do norte e nordeste do Brasil, de marketing para universitários.
Dessa forma, conclui-se que, quanto mais os empreendedores Y passarem a entender a gestão
do conhecimento e seus modos de conversão, melhor irão aproveitar suas ferramentas, menores
serão as barreiras apresentadas e melhor irão gerir seus conhecimento permitindo que outras
visões empreendedoras sejam criadas, desenvolvidas e realizadas.
Após a apresentação das conclusões, as sugestões de ação e pesquisa serão apresentadas para o
leitor.
5.2 Sugestões
Nesta seção são apresentadas sugestões de ação para os stakeholders e sugestões de novas
pesquisas para preencher outras lacunas teóricas.
5.2.1 Sugestões de ações
Para os stakeholders, foco das justificativas práticas, foram elaboradas as seguintes sugestões:
Orientar os empreendedores Y a aumentarem o uso das ferramentas que contribuem
para o compartilhamento do conhecimento.
Auxiliar os empreendedores Y no desenvolvimento de conhecimentos sobre a gestão do
conhecimento, auxiliando os mesmos a superarem as barreiras que geram atritos contra
o compartilhamento de conhecimento.
Disponibilizar este estudo como uma fonte de pesquisa para o empreendedorismo no
Brasil.
Elaborar um banco de dados, um site ou fanpage para que sejam compartilhadas as
experiências empreendedoras vividas por vários jovens incentivando outros a
empreender.
Orientar jovens empreendedores a atuarem com respaldo na gestão do conhecimento.
144
5.2.2 Sugestões de pesquisas
Por tratar de uma pesquisa exploratória, este estudo é, provavelmente, apenas uma estreia de
um novo foco de estudo nas áreas de empreendedorismo, geração Y e gestão do conhecimento.
Diante disso, são oferecidas algumas sugestões para futuras pesquisas:
Analisar a atuação empreendedora das diversas gerações atuantes no mercado.
Identificar se a Geração Y busca a cooperação ou prefere a competição.
Aprofundar as análises das correlações encontradas para o Empreendedor Y.
Como se dá a Gestão do Conhecimento na geração Z.
Identificar quais são os principais conhecimentos que dão origem a visão
empreendedora.
Repetir esta pesquisa em diferentes locus e com mais respondentes.
Apresentadas as sugestões, a próxima seção traz a relação de todas as referências utilizadas no
desenvolvimento deste estudo.
145
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156
APÊNDICE A - Protocolo de observação
Objetivos específicos:
1. Mapear o perfil dos Empreendedores Y.
2. Identificar o entendimento dos empreendedores Y sobre Gestão do Conhecimento.
3. Identificar os modos de conversão e compartilhamento do conhecimento utilizados
pelos Empreendedores Y.
4. Identificar o processo de criação dos empreendimentos desenvolvidos pelos
Empreendedores Y a partir da Teoria Visionária de Filion.
5. Identificar as barreiras enfrentadas no processo de Gestão do Conhecimento
desenvolvido pelos Empreendedores Y.
Pontos observados:
Comportamento dos empreendedores Y: como eles são e como se relacionam.
Como os empreendedores Y criam ou criaram seus empreendimentos.
De que forma os empreendedores Y fazem a gestão do conhecimento. Na prática eles
sabem o que isso representa?
De que forma eles compartilham o conhecimento.
Quais são as principais barreiras detectadas por eles no compartilhamento do
conhecimento.
O que eles fazem para superar essas barreiras encontradas.
De que forma o uso da gestão do conhecimento está relacionado com o processo de
criação dos empreendimentos desenvolvidos pelos Empreendedores Y.
157
APÊNDICE B - Diário de campo
Ponto observado Dia e hora Observações
Comportamento dos
empreendedores Y: como
eles são e como se
relacionam.
Como os empreendedores
Y criam ou criaram seus
empreendimentos.
De que forma os
empreendedores Y fazem
a gestão do conhecimento.
Na prática eles sabem o
que isso representa?
De que forma eles
compartilham o
conhecimento.
Quais são as principais
barreiras detectadas por
eles no compartilhamento
do conhecimento.
O que eles fazem para
superar essas barreiras
encontradas.
De que forma o uso da
gestão do conhecimento
está relacionado com o
processo de criação dos
empreendimentos
desenvolvidos pelos
Empreendedores Y.
158
APÊNDICE C - Entrevista
Roteiro:
Comportamento dos empreendedores Y: como eles são e como se relacionam.
Como os empreendedores Y criam ou criaram seus empreendimentos.
De que forma os empreendedores Y fazem a gestão do conhecimento. Na prática eles
sabem o que isso representa?
O que é conhecimento?
De que forma eles compartilham o conhecimento.
Quais são as principais barreiras detectadas por eles no compartilhamento do
conhecimento.
O que eles fazem para superar essas barreiras encontradas.
De que forma o uso da gestão do conhecimento está relacionado com o processo de
criação dos empreendimentos desenvolvidos pelos Empreendedores Y.
Pauta Resposta
Comportamento empreendedor: o que
representa?
Comportamento empreendedor: como
você se vê? Você é empreendedor?
Como se deu a criação do seu
empreendimento?
O que te motiva a continuar com o Papo?
Sendo o empreendedor um ser visionário,
aquele que imagina, desenvolve e realiza
visões, quais foram as suas primeiras
visões empreendedoras?
Por que elas deram certo? Por que deram
errado? E o que serviu de lição para o
Papo?
Como você imagina o Papo nos próximos
anos? (mercado e estrutura)
O que é conhecimento?
Como é feita a gestão do conhecimento
no seu empreendimento?
Quais são as barreiras encontradas?
De que forma você avalia o
empreendedorismo na sua geração?
De que forma a gestão do conhecimento
tem auxiliado você na criação de
empreendimentos?
159
APÊNDICE D - Questionário
Olá! Este questionário será utilizado como fonte de coleta de dados para minha dissertação de
mestrado, por isto peço que você, por gentileza, me ajude nesta missão! Desde já agradeço sua
colaboração.
Seus dados demográficos:
1. Nome:________________________________________________________________.
2. Idade: _________anos.
3. Estado civil: casado ( ) solteiro ( ) separado ( ) Outros ( )______________________.
4. Escolaridade:
Graduação completa ( ) ou incompleta ( ) qual?________________________________.
Pós-graduação completa ( ) ou incompleta ( ) qual?____________________________.
5. Estudou em escola: Pública ( ) Privada ( ) outros ( )_________________________.
6. Profissão:_____________________________________
7. Trabalha: sim ( ) não ( ). Se sim, onde? _______________________________________
8. Renda mensal: até R$ 678,00 ( ), R$ 679,00 a 2.034,00 ( ), R$ 2.035,00 a R$ 3.390,00 ( ),
acima de R$ 3.390,00 ( ), voluntário ( ).
9. Cidade em que reside: ____________________
Sobre sua atuação no locus da pesquisa:
10. Há quanto tempo está no Papo de Universitário? ___________
11. Por que você entrou para o Papo de Universitário?
a) Porque me convidaram.
b) Porque achei a proposta interessante e pedi para entrar.
c) Porque me identifiquei com o grupo e quis ajudar.
d) Porque tenho alguém no grupo que é meu ídolo.
e) Porque estava sem fazer nada e quis arriscar.
f) Outro ___________________________________________________________
12. O Papo de Universitário representa a sua primeira experiência profissional?
Sim ( ) Não ( ).
13. Foi o seu primeiro emprego remunerado? Sim ( ) Não( ).
14. Quantas horas de trabalho você dedica, em média, ao Papo de Universitário por dia?
________
15. O Papo de Universitário representa a sua única forma de atuação empreendedora no
momento? Sim ( ) Não( ).
16. Caso você também esteja trabalhando em um outro local, que local seria esse?
______________________________________________________________________
17. Como você avalia as relações estabelecidas no Papo de Universitário?
160
Sim Não Às
vezes
Relações patrão x empregado bem definidas
Relações de amizade ou até irmandade
Relações fria e bem calculadas
Relações de admiração mútua
Relações que permitem a aprendizagem pelo erro
Relações de confiança e respeito
Há espaço para trocas de feedback e avaliações de
desempenho
18. Como você avalia o perfil de liderança do Papo de Universitário?
Sim Não Às
vezes
Existe um líder
A visão do líder é colaborativa, trabalha em equipe e
toma decisões compartilhadas
Eu também atuo como líder
Em momentos diferentes, pessoas diferentes podem
ser reconhecidas como líderes
Nosso líder impõe respeito
O líder é centralizador
O líder é desorganizado
Outros:
Questões com o objetivo de mapear o perfil dos empreendedores Y:
19. O Papo de Universitário tem concorrentes?
20. Quem é o público alvo do Papo de Universitário?
21. Quais são as vantagens que o Papo de Universitário oferece ao mercado?
22. Quais são as desvantagens que o Papo de Universitário enfrenta para conquistar o mercado?
23. Quais necessidades o Papo de Universitário busca satisfazer em seus clientes?
24. Como você se avalia? Qual a autoimagem com a qual você se define incluindo valores, visão
de mundo e motivação?
___________________________________________________________________________
_________________________________________________________________
25. Para você, o que representa o empreendedorismo?
___________________________________________________________________________
_________________________________________________________________
26. Você se considera empreendedor? ( ) Sim ( ) Não
27. Das características abaixo quais você considera ter e em que frequência?
161
Características
Nunca
Rar
amen
te
Às
vez
es
Quas
e se
mpre
Sem
pre
Apresenta tenacidade, perseverança e comprometimento.
Possui capacidade de tolerar ambiguidade e incerteza
Faz bom uso de recursos
Assume riscos moderados
É imaginativo ou visionário.
Volta-se para resultados
Recebimento de feedback, procurando aprender com ele
Luta contra a autoimposição de padrões
Alta necessidade de realização
Sabe resolver problemas
Necessidade de status
Possui elevados níveis de energia
Possui autoconfiança
Desapego emocional
Necessidade de satisfação pessoal.
Liderança
Tem iniciativa
Tem certa humildade diante da sorte
Trabalha em rede
Boa intuição
Aprende a aprender para ganhar experiência
Tem um modelo, alguém que influencia
Conhece bem o ramo em que atua
É inovador
Maximiza oportunidades
É inquieto
Bem humorado
28. Você se sente parte de uma geração diferenciada? ( ) sim ( ) não.
29. Se sim, em que frequência você percebe as seguintes características em sua geração?
Características
Nunca
Rar
amen
te
Às
vez
es
Quas
e se
mpre
Sem
pre
É bem informada e tem fácil e rápido acesso às informações;
Está inserida em um contexto de jogos baseada em superar novos
desafios, foco em resultados e superar recordes;
162
Quer fazer a diferença no mundo;
É tecnológica, digital;
É impaciente;
Pensa na sustentabilidade;
A visão do líder é colaborativa;
Pessoa com iniciativa e grande capacidade de resolver problemas;
Desenvolve-se bem em espaços criativos;
Comprometida à medida em que o negócio está alinhado aos seus
valores;
Alegria, autoconfiança e energia (empoderamento);
Quer ter a sensação de estar contribuindo;
É inovadora;
Quer ser ouvida, participar e interagir com os processos;
Precisa de feedback, quer saber se está se saindo bem;
Quer se expressar por meio do trabalho;
Quer colaborar, trabalhar em equipe, estimular a cooperação.
Questões com o objetivo de identificar o processo de criação dos empreendimentos
desenvolvidos pelos Empreendedores Y a partir da Teoria Visionária de Filion.
30. Como iniciou o seu primeiro empreendimento?
___________________________________________________________________________
________________________________________________________________
31. Como surgiu o Papo de Universitário?
___________________________________________________________________________
________________________________________________________________
32. Você sente que empreende por: ( ) oportunidade, ( ) necessidade, ou ( ) os dois.
33. Você atua em rede, ou seja, em parceria com outros empreendedores? ( ) sim ( ) não
34. Na sua família existem outros empreendedores?
( ) sim, quem? __________________. ( ) não.
35. Em quem você se espelhou para empreender?
( ) Em alguém da família
( ) Em um amigo
( ) Em pessoas que conhecia/conheço
( ) Em personagens da ficção
Outros_________________.
163
36. Outros empreendimentos seus já deram errado? Sim ( ) Não ( )
Porque_____________________________________________________________________
__________________________________________________________________
37. O que das experiência anteriores você aprendeu para usar no Papo de Universitário?
38. Quanto tempo você dedicou para construir o Papo de Universitário?
39. Por que você escolheu investir no Papo de Universitário?
40. Como você imagina o Papo de Universitário nos próximos anos em termo de posicionamento
no mercado de trabalho e sua estrutura organizacional?
41. Durante o tempo em que você colabora com o Papo de Universitário, quais mudanças você
tem percebido?
42. Alguma ideia sua já foi adotada pelo Papo de Universitário?
43. As suas redes de relações, networkings, foram importantes, ou ainda são, para a consolidação
do Papo de Universitário?
44. Quem te ajudou a desenvolver o Papo de Universitário?
( ) família
( ) amigos
( ) conhecidos
( ) sócios
( ) fãs do Papo de Universitário
( ) estudantes que conhecem o Papo de Universitário
( ) pessoas com quem já trabalhei
( ) outros ______________________________________________
Questões com o objetivo de identificar o entendimento dos empreendedores Y sobre
Gestão do Conhecimento:
45. O que você entende por conhecimento? Existe diferença entre dados, informações,
conhecimento e sabedoria? Se sim, quais?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
____________________________________________________________
Questões com o objetivo de Identificar os modos de conversão e compartilhamento do
conhecimento utilizados pelos Empreendedores Y.
46. Das formas apresentadas abaixo, com que frequência você as utiliza para compartilhar
conhecimentos no seu empreendimento?
Formas
Nunca
Rar
amen
te
Às
vez
es
Quas
e se
mpre
Sem
pre
164
Por meio da observação, imitação e prática.
(Socialização)
Utilizando metáfora e analogias para cristalizar
conceitos. (Externalização)
Por meio de documentos, reuniões, redes de comunicação
computadorizadas, conversas telefônicas, treinamentos.
(Combinação)
Por meio de manuais ou relatos orais. (Internalização)
47. Com que frequência as seguintes ferramentas ou meios são utilizados para o
compartilhamento do conhecimento no Papo de Universitário?
Ferramentas/Meios
Nunca
Rar
amen
te
Às
vez
es
Quas
e se
mpre
Sem
pre
Bancos de dados: é um depósito de dados relevantes, ou
aparentemente não, que dão suporte às informações das
organizações.
Benchmarking: o benchmarking é utilizado porque
conhecimento pode ser aprendido com os outros.
Documentos ou Repositórios de conhecimentos: estão
estruturados em conjuntos de conhecimentos armazenados
principalmente em documentos escritos.
Feiras, fóruns e passeios: nestes o objetivo é promover
momentos de interação informais, fazendo com que os
participantes circulem, conheçam pessoas, troquem
experiências e ampliem a network.
Intranet: são redes privadas e completas que permitem o
gerenciamento de informações necessárias à organização
através de processo e protocolos de internet.
Mapas de conhecimento: estes mapas buscam mapear os
conhecimentos e suas respectivas fontes nas organizações.
Narrativas: narrar é contar histórias, experiências,
contextualizadas.
Portais corporativos: trata-se de um sistema online centrado
no usuário, integrando e divulgando conhecimentos e
experiências de equipes e usuários.
Redes: dentro das empresas o conhecimento também pode ser
gerado em redes informais e auto organizadas.
Reuniões face a face: gerentes adquirem dois terços de sua
informação e conhecimento nessas reuniões ou em conversas
telefônicas.
165
Questões com o objetivo de identificar as barreiras enfrentadas no processo de Gestão
do Conhecimento desenvolvido pelos Empreendedores Y.
48. Das barreiras identificadas a seguir, com que frequência você as encontra no processo de
gestão do conhecimento no seu empreendimento?
Barreiras
Nunca
Rar
amen
te
Às
vez
es
Quas
e se
mpre
Sem
pre
Falta de confiança mútua;
Diferentes culturas, vocabulários e quadros de referência;
Falta de tempo e de locais de encontro; ideia estreita de
trabalho produtivo;
Status e recompensa vão para os possuidores do
Conhecimento;
Falta de capacidade de absorção pelos recipientes;
Crença de que o conhecimento à prerrogativa de
determinados grupos, síndrome do "não inventado aqui";
Intolerância com erros ou necessidade de ajuda.
Outras:
49. Como você relaciona o conhecimento ao empreendedorismo?
___________________________________________________________________________
_________________________________________________________________
50. De que maneira você acredita que a gestão do conhecimento auxilia na criação de novos
empreendimentos?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Muito obrigada! Você me ajudou!
Paava Carvalho
167
APÊNDICE F - Quadro Teórico
Neste quadro, cada objetivo específico está relacionado com as suas respectivas teorias
norteadoras, as quais serviram de base para a realização dos estudos.
Quadro 27 - Objetivos específicos e suas respectivas teorias norteadoras.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS TEORIAS NORTEADORAS
1. Mapear o perfil dos Empreendedores Y. ABRAMS – Geração Y
DOLABELA – Empreendedor Sonhador
FILION – Empreendedor Visionário
LANCASTER; STILLMAN – Geração Y
LEITE - Empreendedor Realizador
MANNHEIM - Gerações
2. Identificar o entendimento dos
empreendedores Y sobre Gestão do
Conhecimento.
NONAKA; TAKEUCHI (2008),
ANGELONI (2008),
DAVENPORT; PRUSAK (1998).
3. Identificar os modos de conversão e
compartilhamento do conhecimento
utilizados pelos Empreendedores Y.
NONAKA; TAKEUCHI (2008).
4. Identificar o processo de criação dos
empreendimentos desenvolvidos pelos
Empreendedores Y a partir da Teoria
Visionária de Filion.
FILION – Empreendedor Visionário
5. Identificar as barreiras enfrentadas no
processo de Gestão do Conhecimento
desenvolvido pelos Empreendedores Y.
NONAKA; TAKEUCHI (2008),
ANGELONI (2008),
DAVENPORT; PRUSAK (1998).
Fonte: Elaboração própria (2013).