Felizmente Ha Luar
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FELIZMENTE HÁ LUAR!
Luís de Sttau Monteiro Luís de Sttau Monteiro
Luís Infante de Lacerda Sttau Monteiro
nasceu no dia 03/04/1926 em Lisboa e faleceu no dia 23/07/1993 na mesma cidade. Partiu para Londres com dez anos de idade, acompanhando o pai que exercia as funções de embaixador de Portugal. Regressa a Portugal em 1943, no momento em que o pai é demitido do cargo por Salazar.
Licenciou-se em Direito em Lisboa, exercendo a advocacia por pouco tempo. Parte novamente para Londres, tornando-se condutor de Fórmula 2.
Já novamente, no nosso país, colabora em várias publicações, destacando-se a revista Almanaque e o suplemento "A Mosca" do Diário de Lisboa, e cria a secção Guidinha no mesmo jornal. Em 1961, publicou a peça de teatro Felizmente Há Luar, distinguida com o Grande Prémio de Teatro, tendo sido proibida pela censura a sua representação.
Peça em dois actos
• Publicada em 1961 – Grande Prémio de Teatro da Associação Portuguesa de Escritores – censurada;
• 1962 – tentativa do Teatro Experimental do Porto – sem resultado;
• 1ª Representação – Paris – 1969; • Representação em Portugal – 1978 – Teatro
Nacional. • 2001 – Teatro Experimental do Porto
Contexto da acção da peça (período pós invasões francesas)
• Napoleão – Imperador de França • Aliança de Portugal com a Inglaterra • Partida da corte portuguesa para o
Brasil • Administração do Reino entregue a
uma Junta Provisória
Contexto da acção da peça (cont.)
• Instabilidade social; • Perseguições políticas constantes
reprimindo: a liberdade de expressão, a circulação de ideias e as tentativas para implementar o liberalismo;
• Repressão contra os conjurados de 1817; • Condenação à morte de Gomes Freire de
Andrade.
Personagens
• Gomes Freire de Andrade
• Matilde
• Sousa Falcão
• Manuel, Rita
• D. Miguel Forjaz • Principal Sousa • Beresford • Vicente • Morais Sarmento /
Andrade Corvo
Gomes Freire de AndradeGomes Freire de Andrade
• Personagem central (mas ausente)
• Homem instruído, militar honesto • Símbolo da modernidade e do
progresso • Adepto das novas ideias liberais • Símbolo da luta pela liberdade
Matilde Matilde
• Mulher de carácter forte
• Corajosa
• Denunciadora da hipocrisia do Estado e da Igreja
• Símbolo da mulher que ama e sofre.
Sousa FalcãoSousa Falcão
• Amigo inseparável do general Gomes Freire
• Representa a impotência perante os governadores
• Dominado pelo desânimo
• Assume a sua cobardia perante o exemplo de Gomes Freire.
Manuel / RitaManuel / Rita• Representantes do povo oprimido e esmagado
• Símbolos da consciência popular
• Impotentes para alterar a situação
• Símbolos do desespero, da desilusão, da frustração
VicenteVicente
• Elemento do povo
• Traidor da sua classe – renega as suas origens
• Representa a hipocrisia e o oportunismo
• Materialista – pretende uma ascensão social rápida
Andrade Corvo / Morais SarmentoAndrade Corvo / Morais Sarmento
Representam:
• Cobardia
• Traição
• Subserviência
• Vilania
Junta Governativa
Nobreza Clero Exército
D. Miguel Pereira Forjaz William Carr BeresfordD. José A. M. Sousa
(Principal Sousa)
A nobreza orgulhosa
A prepotência
A corrupção
O absolutismo
representa
D. Miguel Forjaz
O poder da Igreja
O ódio aos revolucionários
O ódio aos franceses
O comprometimento da Igreja com o poder
O conservadorismo da Igreja
representa
Principal Sousa
Beresford
O exército
O castigo e a denúncia de traidores
A superioridade inglesa
O desprezo por Portugal
O sentido prático
representa
Linguagem
• Recursos de estilo
• Expressões populares
• Provérbios
• Frases sentenciosas
Recursos de estilo
• Aliteração (pág. 111)
• Antítese (pág. 91)
• Comparação (pág. 28)
• Diminutivo (pág. 78)
• Hipálage (pág. 57)
• Hipérbole (pág. 56)
• Imagem (pág. 67)
• Interjeição (pág. 29)
Recursos de estilo (cont.)
• Interrog. Ret. (pág.57)
• Ironia (pág. 23)
• Metáfora (pág. 53)
• Onomatopeia (pág. 21)
• Paralelismo (pág. 21)
• Personificação (pág. 77)
• Repetição (pág. 23)
• Trocadilho (pág. 88)
Felizmente há luar!
Luz Som M ovim entaçãoCénica
Caracterizaçãodas
Personagens
Im p ortâ n c ia d as d id ascá lias
Luz Movimenta-se em palco/muda de tonalidade/altera a intensidade
Permite perceber:
-a mudança de cenário;
- a mudança de espaço;
- o destaque das figuras em palco.
Diminui de intensidade no final de cada acto
SOM (didascálias)
Ruído dos tambores
Ameaçador
Obriga ao silêncio
Sinos a rebate
Clima de terror
Prisão dos revolucionários
Vozes humanas
Dramatismo
Execução
Aumenta de intensidade no final de cada acto
Movimentação cénica(didascálias)
• Indicação aos actores
• Saída/entrada de personagens
• Posição das personagens em cena
• Expressão fisionómica dos actores
• Linguagem gestual
Caracterização das personagens(através das didascálias)
• Tom de voz/flexões
• Expressão do estado de espírito
• Sugestão do aspecto exterior
Síntese da Acção
Prisão do General
Perseguição política ao General Gomes Freire
Condenação à morte
Revolta desesperada de Matilde e Sousa Falcão
Resignação do povo
Felizmente há luar! Simbologia
• A Saia Verde
• A Fogueira
• O Luar
• O Título
A Saia Verde
Em vida Na morte
•Esperança
•Felicidade
•Liberdade
•Alegria do reencontro
•Tranquilidade
A Fogueira
Presente Futuro
•Tristeza
•Escuridão
•Esperança
•Liberdade
O Luar
Noite
•Morte
•Mal
•Infelicidade
Luz
•Vida
•Saúde
•Felicidade
Felizmente Há Luar!
Opressores Oprimidos
•Efeito dissuasor porque ilumina o
castigo
•Coragem e estímulo para a revolta contra a
tirania
O TÍTULOO TÍTULO
1) página 131 – D. Miguel: salientando o efeito dissuasor das execuções, querendo que o castigo de Gomes Freire se torne num exemplo
2) página 140 – Matilde: na altura da execução são proferidas palavras de coragem e estímulo, para que o povo se revolte contra a tirania
Século XIX Metáfora do Século XXSéculo XIX Metáfora do Século XXSéculo XIX - 1817 Século XX - 1961
Regime absoluto Regime autoritário – Estado Novo
Anti-liberalismo e nacionalismo Salazar opõe-se ao liberalismo e defende o nacionalismo
Existência da Censura levada a cabo pela Inquisição
Existência da Censura levada a cabo pelo Comité de Censura
Exploração das classes mais baixas que viviam na ignorância
Exploração das classes mais baixas; elevada taxa de analfabetismo
Grande contraste entre os poderosos e o povo que vivia na miséria
Grande contraste entre os poderosos e o povo que vivia na miséria
Sociedade rural, atrasada em relação à Europa
Sociedade rural, atrasada em relação à Europa
A guerra com os exércitos napoleónicos ainda está presente na memória do povo
Início da guerra colonial, responsável pela emigração e exílio de muitos jovens
Forças repressoras: polícia PIDE: sustentáculo do regime
Os que se opunham ao governo eram presos e condenados injustamente
A condenação sem provas levou muitos militantes anti-fascistas e intelectuais às masmorras da PIDE
O povo e alguns militares portugueses, conscientes da situação em que viviam, tentavam derrubar o governo
Militantes anti-fascistas opõem-se à ditadura procurando mudar o regime
Do Conselho de Regência faziam parte membros da Igreja
O regime apoiou-se na Igreja Católica
A Regência assentava numa política maniqueísta
Quem não é por nós é contra nós
O regime salazarista assentava numa política maniqueísta
Quem não é por nós é contra nós
Delatores recebiam dinheiro para identificarem presumíveis conspiradores
Muitos informantes, pagos para denunciarem, ajudaram o regime
1834
Triunfo do Liberalismo
1974
Triunfo da Democracia
Séc.XIX
Séc.XX
Séc. XIX / Séc. XX
• Épocas de crise - violência do poder e ausência de liberdade.
• Épocas em que aparecem manifestações reclamando o direito à justiça e à liberdade.
• Épocas que anunciam o nascimento de novos tempos (liberalismo oitocentista e o 25 de Abril de 74)
Classificação da obraClassificação da obra
• Trata-se de uma drama narrativo de carácter épico que retrata a trágica apoteose do movimento liberal oitocentista, em Portugal. Apresenta as condições da sociedade portuguesa do séc. XIX e a revolta dos mais esclarecidos, muitas vezes organizados em sociedades secretas. Segue a linha de Brecht e mostra o mundo e o homem em constante transformação; mostra a preocupação com o homem e o seu destino, a luta contra a miséria e a alienação e a denúncia da ausência de moral; alerta para a necessidade de uma sociedade solidária que permita a verdadeira realização do homem.
Influência de Bertolt BrechtInfluência de Bertolt Brecht
• De acordo com Brecht, Sttau Monteiro proporciona uma análise crítica da sociedade, mostrando a realidade, do modo a levar os espectadores a reagir criticamente e a tomar uma posição.
• - o actor deve conseguir "afastar-se"da personagem• - o espectador deve conseguir "afastar-se" da historia
narrada
CARACTERÍSTICAS DA OBRA CARACTERÍSTICAS DA OBRA
• - personagens psicologicamente densas e vivas• - comentários irónicos e mordazes• - denúncia da hipocrisia da sociedade• - defesa intransigente da justiça social• - teatro épico: oferece-nos uma análise crítica da sociedade, procurando
mostrar a realidade em vez de a representar, para levar o espectador a reagir criticamente e a tomar uma posição
• - intemporalidade da peça remete-nos para a luta do ser humano contra a tirania, a opressão, a traição, a injustiça e todas as formas de perseguição
• - preocupação com o homem e o seu destino• - luta contra a miséria e a alienação• - denúncia a ausência de moral• - alerta para a necessidade de uma superação com o surgimento de uma
sociedade solidária que permitia a verdadeira realização do homem.
Teatro ModernoTeatro Moderno
• A ruptura com a concepção tradicional da essência do teatro é evidente: o drama já não se destina a criar o terror e a piedade, isto é, já não é a função catártica, purificadora, realizada através das emoções, que está em causa, pela identificação do espectador com o herói da peça, mas a capacidade crítica e analítica de quem observa. Brecht pretendia substituir “sentirsentir” por “pensarpensar”.
TEMPOTEMPO
a) tempo histórico: século XIXb) tempo da escrita: 1961, época dos conflitos
entre a oposição e o regime salazaristac) tempo da representação: 1h30m/2hd) tempo da acção dramática: a acção está
concentrada em 2 diase) tempo da narração: informações respeitantes
a eventos não dramatizados, ocorridos no passado, mas importantes para o desenrolar da acção
ESPAÇO
• espaço físico: a acção desenrola-se em diversos locais, exteriores e interiores, mas não há nas indicações cénicas referência a cenários diferentes
• espaço social: meio social em que estão inseridas as personagens, havendo vários espaços sociais, distinguindo-se uns dos outros pelo vestuário e pela linguagem das várias personagens
Grupos SociaisGrupos Sociais
(1) O povo oprimido: (um Antigo Soldado; 1º, 2º e 3º Popular; uma voz, outra voz; uma velha; dois polícias; Manuel, o mais consciente dos populares, e Rita sua mulher.
(2) Os delatores (denunciantes): Morais Sarmento e Andrade Corvo; Vicente, que numa primeira fase vive os problemas dos seus companheiros, passa para o grupo dos delatores.
(3) Os governadores: Beresford; D. Miguel e Principal Sousa.