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  • 8/17/2019 Fichamento Citação

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    SOUZA, Jessé. Ralé brasileira: Quem é e como vive. Belo Horizonte:

    Eitora U!"#, $%%&.

    'ntrou()o *+.-$/0:

    "A impressão mais compulsivamente repetida [...] é a de que todos os problemas sociais e

     políticos brasileiros já são conhecidos e que já foram devidamente "mapeados"". 1

    !![...]a realidade# a "le$itima%ão da desi$ualdade" no &rasil contempor'neo# que é o que

     permite a sua reprodu%ão cotidiana indefinidamente# nada tem a ver com esse passado

    lon$ínquo. (la é reprodu)ida cotidianamente por meios "modernos"# especificamente

    "simb*licos"". +p.1,

    !![...]cientistas sociais de todos os mati)es# políticos de todos os partidos# jornalistas de todos

    os jornais e canais de -[...] confundam o tempo todo /quantifica%ão0 e o fetiche dos

    /nmeros0 com /interpreta%ão0 e /e2plica%ão0. 3 isso que e2plica que a forma como a

    sociedade brasileira percebe# hoje em dia# seus problemas sociais e políticos seja /coloni)ada0

     por uma visão /economicista0 e redutoramente quantitativa da realidade social. +p.1415,

    " a verdade# a for%a do liberalismo economicista# hoje dominante entre n*s# s* se tornou possível pela constru%ão de uma falsa oposi%ão entre mercado como reino paradisíaco de

    todas as virtudes e o (stado identificado com a corrup%ão e o privilé$io.[...] é o que permite#

    no &rasil de hoje# que a eterni)a%ão dos privilé$ios econ6micos de al$uns poucos seja

    /vendida0 ao pblico como interesse de todos na luta contra uma corrup%ão pensada como

    /mal de ori$em0 e supostamente apenas estatal. " +p.15417,

    "[...]A cren%a fundamental do economicismo é a percep%ão da sociedade como sendo

    composta por um conjunto de homo economicus# ou seja# a$entes racionais que calculam suas

    chances relativas na luta social por recursos escassos# com as mesmas disposi%8es de

    comportamento e as mesmas capacidades de disciplina# autocontrole e

    autorresponsabilidade." +p.17,

    "9omo toda visão superficial e conservadora do mundo# a he$emonia do economicismo serve

    ao encobrimento dos conflitos sociais mais profundos e fundamentais da sociedade brasileira:

    a sua nunca percebida e menos ainda discutida /divisão de classes0." +p.1;,

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    "[...] a sociedade moderna < e mais ainda numa sociedade /seletivamente moderni)ada0#

    como a brasileira# onde s* o que conta é a economia# o dinheiro e as coisas materiais que se

     pe$am com a mão < é a percep%ão economicista do mundo que permite a le$itima%ão de

    toda espécie de privilé$io porque nunca atenta para as precondi%8es sociais# familiares e

    emocionais que permitem tanto a $=nese quanto a reprodu%ão no tempo de todo privilé$io de

    classe ." +p.>?4>1,

    "[...] @ capital cultural# sob a forma de conhecimento técnico e escolar# é fundamental para a

    reprodu%ão tanto do mercado quanto do (stado modernos. 3 essa circunst'ncia que torna as

    /classes médias0[...] em uma das classes dominantes desse tipo de sociedade. A classe alta se

    caracteri)a pela apropria%ão# em $rande parte pela heran%a de san$ue# de capital econ6mico#

    ainda que al$uma por%ão de capital cultural esteja sempre presente. "+p.>1,

    " @ processo de moderni)a%ão brasileiro constitui[...] também uma classe inteira de

    indivíduos# não s* sem capital cultural nem econ6mico em qualquer medida si$nificativa #

    mas desprovida#[...] 3 essa classe social que desi$namos neste livro de /ralé0 estrutural."

    +p.>1,

    "[...] A le$itima%ão do mundo moderno como mundo /justo0 está fundamentada na

    /meritocracia0# ou seja# na cren%a de que superamos as barreiras de san$ue e nascimento das

    sociedades pré4modernas e que hoje s* se leva em conta o /desempenho diferencial0 dos

    indivíduos.!!+p.>>,

    !![...] -odas as institui%8es modernas tomam parte nesse teatro da le$itima%ão da domina%ão

    especificamente moderna. @ mercado /di)0# ainda que não tenha boca: eu sou /justo0# porque

    dou a remunera%ão /justa0# verdadeiramente equivalente ao desempenho. @ (stado também

    /di)0 o mesmo: eu fa%o concursos pblicos abertos para todos# e o melhor deve vencer. adamais /justo0 do que isso.!!+p.>>,

    !!@ atual está$io do debate intelectual e pblico brasileiro apenas contribui para o

    desconhecimento sistemático do $rande drama hist*rico da sociedade brasileira desde o início

    de seu processo de moderni)a%ão: a continua%ão da reprodu%ão de uma sociedade que

    /naturali)a0 a desi$ualdade e aceita produ)ir /$ente0 de um lado e /sub$ente0 de outro. sso

    não é culpa apenas de $overnos. Bão os consensos sociais vi$entes# dos quais todos n*s

     participamos# que ele$em os temas di$nos de debate na esfera pblica# assim como ele$em aforma de +não, compreend=4los."+p.>C,

  • 8/17/2019 Fichamento Citação

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    1a+2tulo $: Senso comum e 3usti4ica()o a esi5ualae.

    !! @ tema da $=nese da identidade nacional peculiar a cada sociedade moderna é fundamental

     para a compreensão da forma como essa sociedade e seus membros se percebem a si pr*prios.[...] esse sentido# o mito de pertencimento nacional fa) parte de uma espécie de /ncleo

     político0 do senso comum.!! +p.C1,

    "[...] 9omo a enorme maioria das pessoas não é especialista no funcionamento da sociedade#

    mas necessita conhecer re$ras básicas de convívio social para levar suas vidas adiante# o

    /senso comum0 preenche precisamente essa lacuna /pra$mática0."+p.C1,

    "[...] Dara vários pensadores importantes da modernidade# como os fil*sofos e soci*lo$osalemães EFr$en Gabermas e Heor$ Bimmel# a e2ist=ncia de um vínculo forte e or$'nico entre

    especialistas +artistas# escritores# pensadores# publicistas# cientistas etc., e não especialistas é

    uma das quest8es fundamentais para a e2ist=ncia efetiva tanto de indivíduos aut6nomos e que

     pensam com a pr*pria cabe%a# quanto para a e2ist=ncia de uma esfera pblica política

    verdadeiramente democrática."+p.C>,

    "[...]Bem indivíduos capa)es de discutir e refletir com autonomia não e2iste democracia

    verdadeira. Bem práticas institucionais e sociais que estimulem e $arantam a possibilidade decrítica e a independ=ncia de opinião e de a%ão# não e2istem indivíduos livres. @ problema é

    que não é fácil perceber os modos insidiosos pelos quais as práticas dos poderes dominantes

    constroem a ilusão de liberdade e i$ualdade. ( não há campo melhor para se desconstruir e

    criticar as ilus8es que reprodu)em o poder e o privilé$io em todas as suas formas que o

    universo do senso comum."+p.C>,

    " @ que asse$ura# portanto# a /justi%a0 e a le$itimidade do privilé$io moderno é o fato de que

    ele seja percebido como conquista e esfor%o individual. esse sentido# podemos falar que a

    ideolo$ia principal do mundo moderno é a /meritocracia0# ou seja# a ilusão#[...] de que os

     privilé$ios modernos são /justos0. Bua justi%a reside no fato de que /é do interesse de todos0

    que e2istam /recompensas0 para indivíduos de alto desempenho em fun%8es importantes para

    a reprodu%ão da sociedade."+p.CI,

    "[...] @ /privilé$io0 individual é le$itimado na sociedade moderna e democrática#

    fundamentada na pressuposi%ão de i$ualdade e liberdade dos indivíduos# apenas e enquanto

    e2ista essa pressuposi%ão.[...] esse sentido# toda determina%ão social que constr*i indivíduos

    fadados ao sucesso ou ao fracasso tem que ser cuidadosamente silenciada. "+p.CI,

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    "[...]@ /esquecimento0 do social no individual é o que permite a celebra%ão do mérito

    individual# que em ltima análise justifica e le$itima todo tipo de privilé$io em condi%8es

    modernas. 3 esse mesmo /esquecimento0# por outro lado# que permite atribuir /culpa0

    individual Jqueles /a)arados0 que nasceram em famílias erradas# as quais s* reprodu)em# em

    sua imensa maioria# a pr*pria precariedade."+p.CI,

    "[...] @ fato de o senso comum nunca perceber a presen%a das classes e da economia moral

    que vai determinar o comportamento peculiar de cada classe é o que e2plica precisamente que

    a /determina%ão social0 dos comportamentos individuais seja sistematicamente escondida e

    /esquecida0. 9omo esse aspecto central é dei2ado Js sombras# pode4se culpar /indivíduos0

     por destinos que eles# na verdade# não escolheram."+p.CC,

    "[...]As classes sociais se reprodu)em# portanto# de maneira duplamente invisível:

     primeiramente porque a constru%ão das distintas capacidades de classe é reali)ada no ref$io

    dos lares e lon$e dos olhos do pblicoK depois# invisível ao senso comum# que s* atenta para o

    resultado# apresentado como /mila$res do mérito individual0# dei2ando as precondi%8es

    sociais e familiares desse /mila$re0 cuidadosamente fora do debate pblico."+p.C7,

    "[...]o mito da brasilidade tem a ver tanto com a constru%ão de uma fic%ão de homo$eneidade

    e de unidade entre brasileiros tão desi$uais quanto com /horror ao conflito0. 3 verdade que

    todo mito nacional tem a ver com refor%o de uma unidade real ou ima$inária como forma de

    criar um sentimento de solidariedade do tipo /estamos todos no mesmo barco0. Las esse

    sentimento de pertencimento comunitário não precisa demoni)ar o conflito"+p.C7,

    "@ /ima$inário brasileiro0 e seu horror ao conflito é tão conservador de situa%8es fáticas de

    domina%ão injusta quanto a ilusão da /meritocracia0# ou seja# a /ideolo$ia espont'nea0 do

    mundo moderno que discutimos acima. A /demoni)a%ão0 do conflito como o /mal0 em si énão s* a melhor maneira de conservar privilé$ios esprios# mas# também# a melhor forma de

    reprimir qualquer forma de aprendi)ado# seja na dimensão individual ou na coletiva."+p.C;,

    " esse sentido# o senso comum possui uma face bifronte[...]Dor um lado o senso comum nos

    transmite conhecimentos pra$máticos fundamentais como nos esclarecer sobre como

    descontar um cheque# pe$ar um 6nibus ou andar no tr'nsito das $randes cidades. Dor outro#

    reprodu) os esquemas do poder dominante# que s* podem se perpetuar enquanto tal se as

    causas da domina%ão e da desi$ualdade injustas nunca puderem ser reveladas."+p.C;,

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    9olé$io Mom &osco Naravella

    -urma: > O ano nte$ral

    Aluno: Adrian Loa$ne erP 9arvalho

    Misciplina: Bociolo$ia